Distribuição gratuita !"#
J&B 15
15.98 Famous Grouse
9.99 Ballantine’s 12
12.98
A N O I I I - N R . 1 6 - B I M E S T R A L - A B R I L 04 - D I R E C T O R : M I G U E L F E R R O M E N E SES
A ESPERA !"#
REPORTAGEM NO OCEANÁRIO COM...
PPÁÁGG. .411
10 | NP | FACES
FACES PESSOASDOPARQUE Por Victor M. Gil
Auto-retrato
chamando pelo médico. Corri para lá e a confusão era total: um pai em total desespero trazia nos braços um menino de 11 meses em paragem cardio-respiratória. Alguém conseguiu explicar que o menino tinha acompanhado os pais nos trabalhos da lavoura e tinham dado com ele a chupar o pipo do pulverizador de pesticida. Trazido de imediato para o hospital, tinha entrado em paragem minutos antes. O pesticida em causa pertencia a uma classe – os organofosforados – que provocava efeitos cardiovasculares muito graves e cuja ingestão era geralmente fatal. Das intoxicações com intuitos suicidas tínhamos, infelizmente, alguma experiência, pois era um dos métodos preferidos pelos suicidas naquela região. Impressionara-me a ocorrência dessas situações quer porque tinha da ruralidade uma visão idílica não sendo imediata a compreensão de que a solidão e o isolamento podiam levar ao desespero, quer pela brutalidade e radicalidade do processo adoptado. Contrariamente ao que se passava nos meios urbanos em que o suicida muitas vezes tomava doses excessivas de medicamentos mas muitas vezes incapazes de provocar a morte, a ingestão voluntária de organofosforados era, quase sempre, um caminho sem regresso, apesar do enorme esforço que despendíamos tentando reanimar a vítima. No caso do menino que acabavam de me trazer, a intoxicação fora acidental e portanto, presumivelmente, de uma quantidade pequena, pelo que talvez houvesse alguma esperança. Do tratamento destas situações, fazia parte a lavagem gástrica imediata e a administração por via endovenosa de um fármaco – a atropina – capaz de contrariar os efeitos do veneno. Além disso, a criança encontrava-se em paragem pelo que era necessário administrar de imediato manobras de reanimação. Não existia naquela urgência qualquer material adequado para entubar uma criança daquele tamanho e, mesmo que existisse, nas dramáticas circunstâncias em que actuava, só uma grande experiência de reanimação de crianças permitiria ser eficaz. Claro que não era o caso. Iniciei de imediato respiração boca-a-boca, cuspindo e bochechando com água para lavar o sabor acre do tóxico na minha boca, e massagem cardíaca. Era, entretanto, vital, canalizar uma veia para administrar a atropina. Na situação de colapso circulatório, as pequenas veias dos braços tinham desaparecido. Enquanto procurava, prosseguia as manobras de reanimação. Aventurei-me a tentar picar uma pequena veia do pescoço, a jugular externa, interrompendo momentaneamente a reanimação e tentando controlar as minhas mãos, que tremiam. Nunca tinha canalizado uma veia jugular num bebé daquele tamanho e os minutos que o separavam da morte eram cada vez menos. Como que guiado por uma força exterior a mim, consegui colocar um catéter na jugular e administrar a atropina. Em poucos minutos, o pulso voltou a sentir-se, a respiração espontânea voltou e os olhinhos fechados entreabriram-se. Os bombeiros esperavam à porta e achei estarem reunidas as condições mínimas para a transferência para o Hospital Distrital, já com pediatras e meios de tratamento. A situação era, ainda, crítica e as esperanças reduzidas. A ambulância partiu e voltei à sala da televisão onde a reportagem continuava a mostrar a visita do Papa a Fátima. Lembro-me que chorei convulsivamente. Pensei que a Senhora, entretida com tantos cânticos de louvor, se tinha esquecido daquele menino que eu não pudera salvar. Pedi aos bombeiros que voassem e assim o fizeram. Daí a uma hora tinha um telefonema da Pediatria do Hospital de Torres Vedras. Preparei-me para o pior. Peguei no telefone e esperei em silêncio; do outro lado um colega excitado dizia: “pouco tivemos que fazer porque a criança já cá chegou bem”. À saída da vila, na ambulância, o menino vomitara, talvez libertando restos do veneno. No Hospital Distrital, os especialistas aguardavam a criança e foram rápidos e eficazes. Afinal, talvez a Senhora não estivesse assim tão distraída... Sei que o menino ainda esteve dois dias em observação no Hospital de D. Estefânia e teve alta para casa. Espero que esse menino, hoje com 23 anos, seja um jovem saudável e feliz!
Victor Manuel Machado Gil, 49 anos, casado, 2 filhos, João e Margarida Sou Cardiologista do Hospital de Santa Cruz, onde trabalho há mais de 20 anos. Aí tenho desempenhado várias funções, integrei duas Direcções Clínicas, fui Director do Internato Médico, vogal da Comissão de Ética e presentemente sou responsável pela Secção de Cardiologia Nuclear do Serviço de Cardiologia e sou Coordenador da Consulta Externa do Hospital. Além disso, fui Secretário Geral e sou actualmente Vice-Presidente da Sociedade Portuguesa de Cardiologia, tendo sido Presidente da Comissão Científica do último Congresso Português de Cardiologia. Integro ainda a Direcção do Instituto do Coração. Sou Doutorado em Medicina e membro de várias sociedades científicas internacionais. Fora da actividade profissional, interesso-me pelas artes em geral, mas com destaque para a música. Sempre que posso frequento concertos (mais raramente ópera) mas devido a falta de tempo, ouço música sobretudo em casa. Ouço mais música dita “clássica” , com destaque para os “tardo-românticos” – Mahler, Bruckner – e tenho um especial carinho com a minha pequena colecção de Requiems (tenho neste momento 16). Ouço também Jazz e aí os meus gostos são diversificados, de Davies e Coltrane aos contemporâneos da ECM e, claro, cantoras de Jazz (tenho cerca de 70 CDs de Jazz singers) .
Construiria uma cidade para as pessoas, criando espaços de convívio, de desporto, de cultura e de lazer, em quantidade adequada. Criaria espaços e organizaria o espaço para as crianças, os idosos e os deficientes. Criaria muito verde no meio dos espaços habitacionais.
Uma história para contar
O lugar favorito
Das inúmeras histórias que povoam o quotidiano de um médico, veio-me à ideia uma que ainda hoje recordo com emoção. Era o dia 13 de Maio de 1982 e Sua Santidade o Papa estava de visita a Fátima. Nesse dia eu era o único médico de serviço na urgência do Hospital da Lourinhã, onde fazia o Serviço Médico à Periferia. Naquele tempo, passados os 2 anos de internato geral que habilitavam ao exercício não tutelado da profissão, éramos destacados para trabalhar um ano fora dos grandes centros, o que fazíamos sem qualquer apoio ou enquadramento, mas isso constituía um enorme desafio às nossas capacidades clínicas. Recordo vagamente que estava um dia soalheiro e, cerca das 15 horas, o tempo tinha parado e toda a gente estava sentada em frente ao televisor a assistir à reportagem de Fátima. Depois duma manhã relativamente agitada, a calma tinha chegado ao Hospital e eu próprio descansava e via a televisão. De repente, da sala ao lado onde ocorriam as admissões urgentes, ouviu-se um enorme alarido e gritos
Aquela passadeira de tábuas, junto aos pontões, que tem bancos virados ao Tejo
Como é que construiria uma cidade?
O que desenhava Jardins no meio dos prédios. Uma Igreja, um Centro de Saúde, um Auditório, um campo de jogos.
O que apagava Parte da floresta de cimento que ameaça o verde. O estacionamento selvagem ao fim-de-semana.
REPORTAGEM | NP |11
Os SENHORES do tanque central
Quando falamos dos oceanos e dos peixes que neles existem há um grupo de animais que está normalmente associado a um sentimento de medo: os tubarões. Decidimos visitar o Oceanário de Lisboa, conhecer melhor estes misteriosos animais e descobrimos que, afinal, a sua reputação não lhes faz justiça.
P
ara quem visita o Oceanário de Lisboa, há um aquário que capta especialmente a atenção, o tanque central. Este tanque fascina pelo seu enorme volume, pelo tamanho dos animais que alberga, e pela imensa diversidade de peixes, a qual é difícil de interiorizar com apenas alguns minutos de observação. Há um grupo, em particular, de habitantes deste aquário que depressa se destaca, provocando um misto de medo e fascínio, os tubarões. Os tubarões pertencem ao grupo de peixes designado por Elasmobranchii, juntamente com as raias e as mantas. Estes peixes distinguem-se da maioria dos restantes por possuírem um esqueleto composto por cartilagem, à semelhança das nossas orelhas e narizes, em vez de osso. Embora não estejam bem esclarecidas as razões para esta diferença, sabe-se que lhes confere algumas vantagens. Por um lado, aumenta a flutuabilidade do animal, pois a cartilagem é menos densa que o osso, por outro, aumenta a sua capacidade de manobra na caça de presas, a cartilagem é também bastante flexível. Esta é especialmente importante quando estes animais se movimentam em recifes de coral e baixios de areia.
12 | NP | REPORTAGEM No Oceanário podemos conhecer 18 espécies de tubarões, que provêm de locais tão diferentes como a Austrália e o Sul de Espanha, e que foram escolhidos, entre outras razões, por serem pouco agressivos. No entanto, estas representam apenas uma pequena fracção do número de espécies que existem em todo o mundo. Quando se fala de tubarões a imagem que surge é a dos grandes tubarões, como o tubarão branco, contudo conhecem-se cerca de 375 espécies de tubarões, que apresentam várias formas e tamanhos (desde 20 cm a 20 metros) e habitam os mais diversos habitats. Grande parte destas encontra-se ameaçada de extinção (ver caixa ”Tubarões em perigo.”), e são relativamente desconhecidos para a ciência. Apesar disso, ao longo do tempo têm-se conhecido alguns dados sobre a biologia destes peixes, alguns dos quais bastante interessantes. Uma das características mais temidas dos tubarões são os seus grandes dentes, mas o seu aspecto ameaçador esconde um processo de formação único. Os dentes dos tubarões são a sua garantia de sobrevivência, sendo essenciais para capturar as suas presas. No entanto, são muito frágeis e sofrem um enorme desgaste ao longo da vida, pelo que estão constantemente a cair. A solução para este problema é a sua substituição, ou seja, em vez de possuírem apenas uma fiada de dentes, como acontece nos humanos, os tubarões possuem várias fiadas de dentes, estando a maioria inseridas na gengiva. Assim, quando um dente cai, é imediatamente substituído por outro localizado atrás. A capacidade de capturar presas não depende apenas dos dentes, mas também de outras características, como a capacidade de detectar as presas através dos sinais eléctricos emitidos por estas (ver caixa “O Sexto Sentido”), e a veloci-
dade. Embora alguns tubarões sejam bastante lentos, outros são conhecidos pela sua rapidez. Esta rapidez é conseguida, em parte, devido ao hidrodinamismo conferido pelas suas escamas, as escamas placóides, que possuem uma estrutura que se assemelha a dentes, pelo que também se designam de dentículos, ao contrário das escamas dos outros peixes, que constituem pequenas placas ósseas. A eficácia destas
escamas é tal que, actualmente, estão a ser desenvolvidos fatos para os nadadores de alta competição que simulam a textura da pele de um tubarão, de modo a torná-los mais hidrodinâmicos. Estas características não são apenas curiosas, como também muito importantes para os tubarões, pois muitos vivem em mar aberto onde é muito difícil encontrar uma presa, pelo que têm que ter sentidos muito
desenvolvidos. Desta forma, quando encontram uma presa, têm que ser muito eficientes, pelo que a rapidez é essencial. Apesar de serem animais fascinantes, os tubarões têm provocado mais medo do que fascínio. São constantemente associados a uma imagem agressiva, alimentando-se de humanos por puro prazer. Esta imagem não é de forma alguma representativa destes animais, pensando-se que muitos dos
ataques de tubarões a humanos se devam a condições de fraca visibilidade na água ou a outros factores que levam a que o tubarão confunda a pessoa com uma das suas presas habituais. Na realidade, é muito superior o número de humanos mortos por hipopótamos territoriais, do que por qualquer espécie de tubarão e, embora o hipopótamo seja um animal muito mais agressivo e com dentes muito maiores do que qualquer tubarão, tem sempre sido associado a uma imagem pacífica e carinhosa (as fraldas, por exemplo). De facto, os tubarões devem ser encarados com precaução, mas não como animais que atacam sem qualquer razão. Na generalidade, os tubarões são animais tímidos e desajeitados. O seu esqueleto cartilagíneo torna-os bastante vulneráveis a lesões, a maioria tem que caçar por emboscada, e, se não for bem sucedido à primeira, rapidamente se afasta. De facto, um dos conselhos dados para o caso de se ser atacado por um tubarão é essencialmente dar luta, uma vez que o tubarão ficará facilmente com medo e afastar-seá. Por outro lado, um tubarão só se torna uma potencial ameaça após atingir um certo tamanho (2 metros segundo alguns autores), o que para muitos tubarões só acontece passados vários anos. Enquanto não chegam a esse tamanho, os tubarões são mais presas do que predadores (ver caixa “Comer ou ser comido?”). Actualmente é muito superior o número de tubarões mortos por humanos que o contrário. Em muitos locais do mundo, os tubarões são alvo de pesca excessiva por parte da espécie Humana, sendo utilizados para consumo, aproveitando-se a carne, a pele, o óleo, as barbatanas, o fígado e dentes. Acontece também que, muitas vezes, são capturados acidentalmente em redes de pesca. Uma vez que a maioria das espécies tem poucas crias de
cada vez e, na maioria, possui longos períodos de gestação, o seu estado de conservação é actualmente muito frágil (ver caixa “Tubarões em perigo”). Percebemos, então, que vale a pena perder um pouco mais de tempo no tanque central do Oceanário de Lisboa, e uma das razões para tal são os tubarões. Se o fizermos, rapidamente percebemos que os tubarões não são os monstros dos oceanos que normalmente se pensa que são, mas peixes que possuem características únicas e uma graciosidade de movimentos que facilmente se testemunha com uma observação atenta a este tanque. De facto, são dos peixes mais fascinantes dos oceanos, que merecem um olhar mais atento e menos temeroso. Não perca, portanto, a oportunidade de conhecer melhor estes belos animais e testemunhar, pessoalmente, o seu fascínio.
Sugestões de consulta:
-- Para conhecer com mais pormenor as espécies de tubarões que existem nas águas perto de Portugal pode consultar o seguinte livro: Moreno, J. A., 1995. Guia de los Tiburones de águas ibéricas, Atlántico Nororiental y Mediterráneo. Ediciones Pirámide, S. A., Madrid. - Se quiser obter mais informações sobre a biologia dos tubarões, estatísticas sobre os ataques a Humanos, e várias informações gerais sobre os tubarões, pode consultar o site Ichthyology at the Florida Museum of Natural History: Sharks, disponível em: http://www.flmnh.ufl.edu/fish/sh arks/sharks.htm
Estes foram alguns dos recursos bibliográficos que consultámos para a elaboração deste artigo.
André Moura e Filipa Samarra Finalistas de biologia, ramo Marinha, da Universidade dos Açores !"#
REPORTAGEM | NP |13
Tubarões em perigo
A
ctualmente existem 123 espécies de tubarões na Lista Vermelha de espécies ameaçadas da International Union for Conservation of Nature (IUCN). Grande parte destas encontra-se classificada como quase ameaçada, em perigo ou sem dados que permitam uma avaliação rigorosa, o que indica a falta de estudos que existe sobre estes animais.
O Sexto Sentido
P
ara além de possuírem sentidos dos mais apurados do oceano, os tubarões possuem ainda um sexto sentido. De facto, são capazes de capturar os sinais eléctricos emitidos pelos músculos em actividade, através de pequenos poros que têm no focinho. Estes poros recebem os sinais eléctricos e transportamnos até células sensíveis, designadas ampolas de Lorenzini. Se olharmos com atenção para o focinho de qualquer tubarão existente no Oceanário, podemos ver claramente os pequenos poros existentes no focinho.
Comer ou ser comido
O
s tubarões do Oceanário são alimentados com peixes e cefalópodes cerca de duas vezes por semana, existindo um esforço para que cada tubarão coma 100% do seu peso por ano. Mesmo assim, alguns tubarões de maiores dimensões já comeram cavalas ou outros peixes mais pequenos e outros tubarões ou raias mais pequenos, mas nem sempre estes são predadores. Muitas vezes são presas como já aconteceu no Oceanário, onde uma garoupa de grandes dimensões comeu um pequeno tubarão.
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14 | NP | PARQUEMPRESAS
Luzes, Câmara, Acção! O EURO 2004 vai começar! !"#$%&'(%)*#((#+(%
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hama-se “lead” ou “entrada” ao primeiro parágrafo de uma notícia ou entrevista. “Destaque” é a palavra que define aquela parte do artigo (informativo ou de comentário) ou entrevista que vem normalmente a letras mais carregadas e que, por algum motivo, o jornalista ou autor do texto quis destacar da sopa de letras que compõe o texto que assina. “Plano picado” é aquele plano feito de cima para baixo e “closeup” é um plano feito mesmo junto do objecto de cena que se quer registar. Por esta altura estará a pensar no porquê deste glossário técnico. Simples: milhares dos melhores peritos em entradas, destaques, planos picados e close-up estão a chegar a Lisboa e estarão todos juntos no Pavilhão Atlântico. E durante seis anos, este espaço foi trabalhado para receber, durante 72 dias, 24 horas por dia, os representantes do melhor que o jornalismo europeu tem para oferecer e Portugal quer e precisa de ser fotogénico. Não nos serve uma notícia qualquer. Terá que ser qualquer coisa do género: “Portugal vestiu-se a rigor para receber o Campeonato da Europa de Futebol de 2004 e o resultado não podia ser melhor: assistimos à melhor qualidade de futebol e como pano de fundo temos um país com um clima excelente e com uma capacidade organizati-
va admirável. Provaram merecer receber o EURO 2004 e este país costeiro foi, de facto, a melhor opção”. Grande plano dos estádios, plano picado de Portugal. Agora já não é uma questão de defendermos se o EURO 2004 foi uma boa aposta ou, ao contrário, se gastou mais do que se podia e devia com o evento, quando Portugal tem, obviamente, outro tipo de carências. Sejamos ousados ou Velhos do Restelo, chegamos a um ponto em que obrigatoriamente nos confrontamos com os factos: o EURO 2004 está aí daqui a um mês e meio e Portugal surpreendeu com a excelência da capacidade organizativa. Candidatámo-nos com promessas, vencemos com ideias e levámos a bom porto todos os compromissos. E uma dessas promessas fizemo-la há seis anos, à UEFA, em pleno processo de candidatura: implementar no magnífico Pavilhão Atlântico, o Centro Internacional de Media (CIM). A ideia já não é nova, existem CIMs desde o Europeu de 1996 em Inglaterra, mas nenhum a esta dimensão. Pela primeira vez, num Campeonato da Europa, televisão, rádio, imprensa escrita e fotógrafos de toda a Europa, estarão juntos no mesmo espaço físico. Mas isto do futebol é sempre meio ingrato… um pouco como qualquer competição. Existe sempre o factor contingência: por mais que os bastidores estejam preparados e todas
as precauções tenham sido tomadas, o que importa é o Jogo. A contingência do Jogo. Por isso vamos todos rezar para que se jogue o melhor nível de futebol. E quem tratará de assumir esse papel de Fernão Lopes dos tempos modernos? Naturalmente os jornalistas. Arrisco dizer que eles fazem tanto a guerra como o soldado, jogam tanto futebol como a equipa. E se umas boas chuteiras e uma boa preparação física são meio caminho andado para o jogador estar no seu melhor, que dizer do jornalista que vai encontrar todas as mordomias e não menos que a excelência das condições de trabalho no Pavilhão Atlântico? Porque acreditem numa coisa: os jornalistas são sensíveis a operações de charme. Então, se, ao lado das operações de charme encontram, de facto, a excelência nas condições de trabalho, a primeira palavra será pró e nunca contra. Depois é esperar que o jogo contribua para um bom retrato do nosso país. Pensem no jornalista como um Big Brother. Pensem num grande olho pelo qual o resto do mundo vai ver o nosso país. Esse olho é o jornalista. Pensem numa torre no meio de uma arena onde se desenrola o espectáculo do mundo: a torre é o CIM, qual livro de história da actualidade preenchido com os olhares dos Fernões Lopes do século XXI. Senhores e senhoras, aos seus lugares. Luzes, câmara, acção! O espectáculo vai começar.
PARQUEMPRESAS | NP |15
Milhares de jornalistas, provenientes do Mundo inteiro, vão estar no Atlântico para transmitir, quebrando todas as fronteiras, o Euro 2004. João Gonçalves, administrador desta “casa”, fala-nos do grande protagonismo deste equipamento no grande evento.
De uma forma resumida, qual é que será o papel desempenhado pela Atlântico, S.A., durante o Euro 2004? A Atlântico S.A. irá receber o IMC (Internacional Media Center) que será composto pelo MMC (Main Media Center) que engloba a imprensa escrita, agências noticiosas, repórteres e fotógrafos e pelo IBC (Internacional Broadcast Center), onde estarão as Televisões e as Rádios. Este Centro terá uma unidade de suporte no exterior, na parte lateral sul do Pavilhão – “TV Compound”. Para além disso irão ser instaladas pequenas áreas de serviços, como por exemplo, bancos, agências de viagens e de renta-car, bares, etc. destinadas ao apoio às pessoas que aqui se encontrem a trabalhar, devidamente acreditadas no âmbito deste Projecto. É ainda importante referir que o principal Centro de Acreditação, denominado RAC, estará igualmente sediado no Pavilhão Atlântico. Quantos jornalistas e de quantas nacionalidades é que estão à espera de receber? Entre profissionais de Televisão e
Rádio, estaremos seguramente a falar de milhares de pessoas. Não é possível apresentar neste momento um número correcto, tanto mais que dependerá das equipas que chegarem à fase final, dado que é incomparável o número de recursos que, por exemplo, a França, a Alemanha a Espanha ou a Inglaterra fazem deslocar comparativamente com a Croácia, a Letónia, ou até mesmo a Suíça, enquanto país mais pequeno. Por outro lado, existirá um outro Media Center, de pequena dimensão, instalado no Estádio do Dragão. Concluindo, serão por certo milhares de pessoas, em diferentes momentos, até porque o Centro funcionará 24 horas por dia e, estando preparado com todo o tipo de serviços e funcionalidades, proporcionará também, estamos em crer, a permanência destes profissionais para além do seu tempo de trabalho. Há quanto tempo é que se estão a preparar para este evento? O contrato foi assinado em 2001, altura em que se realizaram também as primeiras visitas, o que significa que há 3 anos que a estrutura está a
ser preparada com a realização de dezenas de reuniões e visitas técnicas com a UEFA, a EBS e a Sociedade Euro 2004. Em termos gerais trata-se de implantar uma estrutura nova no interior do Pavilhão, que movimentará 200 camiões que transportarão diferentes materiais para o interior deste edifício, já a partir do próximo dia 3 de Maio. O que é que vai mudar no Pavilhão Atlântico? À semelhança do que tem acontecido com outros grandes Eventos, poder-se-á dizer que mudará quase tudo, à excepção da estrutura fixa do edifício. Neste caso concreto estamos a falar de estruturas a instalar no interior do Pavilhão que obedecem a projectos de arquitectura especialmente concebidos para o efeito. Serão construídos diversos estúdios de rádio e televisão, zonas específicas de apoio e áreas de serviços, conforme anteriormente referido. O Pavilhão Atlântico ficará com certeza bastante diferente do que é, mas tal apenas confirma a denominação de Pavilhão Multiusos, e em termos estruturais,
técnicos e operacionais, este é o nosso maior recurso e o know–how a nossa mais-valia, factores que renovamos diariamente, e muito em especial em eventos desta natureza, transformando-os em motivação e desafio. Que tipo de estrutura de produção é que vai ter que criar para o evento? A Atlântico, S.A. irá essencialmente assumir a responsabilidade de coordenação global de toda a operação. A operação engloba os períodos de montagem que terão a duração de 4 a 5 semanas, com início no dia 3 de Maio e por um período de 33 dias, incluindo alugueres de espaços e prestação de serviços, assegurando que o Centro Internacional de Imprensa do EURO 2004 esteja concluído e apto a funcionar no dia 6 de Junho, iniciando-se o Campeonato dia 12 de Junho. De uma forma sucinta como é que descrevem um dia do Pavilhão Atlântico durante o EURO 2004? Agitado, árduo, exigente, com timings diferentes até porque a Atlântico, S.A. terá também a seu
cargo a coordenação e montagem do Fan Park, sendo ainda necessário manter e assegurar a actividade comercial da Empresa. Os 32, 33 dias, atrás referidos, corresponderão de facto a um período árduo de trabalho. Depois da abertura do Centro estaremos numa situação de velocidade cruzeiro que durará até ao dia 4 de Julho, para depois se iniciar uma outra fase, não tão complexa, mas igualmente trabalhosa, que será o período das desmontagens. Sintetizando, podemos definir todo este projecto como complexo e agitado, mas simultaneamente entusiasmante e motivador por nos sentirmos parte deste grande momento nacional. Que importância é que este evento trará para o próprio Atlântico e para o Parque das Nações? Associarmo-nos a um projecto de âmbito nacional, por mérito próprio. O Pavilhão Atlântico permanecerá uma vez mais na memória colectiva, desta feita enquanto emblema do Centro Internacional de Imprensa do EURO 2004. Para o Parque das Nações, será uma vez mais a consagração de um local de eleição por excelência.
16 | NP | VIAGENS
Viagem ao Oriente em !"#$%&"'()*)+
3º Acto – Vietnam No vigésimo dia da minha viagem pela Indochina cruzava a fronteira terrestre com o Vietnam, no norte, em Cau Treo . Para trás ficavam as estradas sinuosas, mas tranquilas e verdejantes de Laos onde raramente avistávamos outras viaturas, para dar lugar ao ritmo frenético das pistas vietnamitas. O contraste entre estes dois países atinge-nos directamente os sentidos. 5 milhões de almas, dão lugar a 80 milhões e cada uma parece ter uma tarefa bem definida que executa diariamente, como uma abelha numa colmeia.
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Viagem ao Oriente em quatro actos Gonçalo Peres
3º Acto – Vietnam No vigésimo dia da minha viagem pela Indochina cruzava a fronteira terrestre com o Vietnam, no norte, em Cau Treo. Para trás ficavam as estradas sinuosas, mas tranquilas e verdejantes de Laos onde raramente avistávamos outras viaturas, para dar lugar ao ritmo frenético das pistas vietnamitas. O contraste entre estes dois países atinge-nos directamente os sentidos. 5 milhões de almas, dão lugar a 80 milhões e cada uma parece ter uma tarefa bem definida que executa diariamente, como uma abelha numa colmeia. As primeiras horas no Vietnam são passadas na estrada onde inúmeras viaturas circulam em constantes ultrapassagens e desrespeito pelas regras de trânsito. Qualquer manobra implica o uso abusivo da buzina e quando em rota de colisão o veículo mais pequeno acaba sempre por se desviar. Também é frequente ver autocarros públicos sobre-lotados, com o tejadilho atulhado de bagagens, móveis, bicicletas e motas! O destino é Ninh Binh, onde já chegámos ao cair da noite. A cidade em si não tem muito para oferecer, mas o objectivo é visitar Tam Coc que fica a 9 km. A noite é passada num hotel onde nos refazemos da longa jornada de autocarro. Pela manhã bem cedo fazemonos à estrada em bicicletas que fazem lembrar as nossas “pasteleiras”. Percorremos um caminho muito pitoresco, com a cidade a ficar rapidamente para trás, substituída por pequenas povoações e depois por extensos campos de cultivo de arroz, que abundam neste país. Quarenta minutos mais tarde chegávamos a Tam Coc, um local de grande beleza natural onde grandes formações rochosas se erguem dos
campos de arroz. A melhor maneira de a visitar é em pequenos barcos a remos conduzidos por habilidosos remadores que nos levam por um percurso de rio, atravessando grutas que passam por baixo de algumas dessas formações rochosas. A única coisa que estraga o cenário idílico é a insistência de alguns vendedores que encontramos no caminho... uma constante no Vietnam a que acabamos por nos habituar. À tarde partimos para Hanoi, a capital do Vietnam, com um milhão de motas e bicicletas. Aí o trânsito é ainda mais caótico. Atravessar a rua é uma aventura. O truque é manter o passo e esperar que os motociclistas calculem a nossa trajectória e se desviem. Ao fim dum tempo apanhamos a técnica e até se torna engraçado ver quem chega primeiro ao outro lado da rua. Como estou habituado à condução de mota, no meio
do trânsito de Lisboa, consigo perceber melhor o que vai naquelas cabeças. Atenção que isto só resulta porque a grande maioria dos veículos são motas e bicicletas. Experimentem fazer isto aqui e são atropelados à primeira tentativa de atravessar uma avenida movimentada de automóveis! A zona mais agradável da cidade é a zona dos Backpackers (“mochileiros”), onde vários bares, restaurantes e ruas mais tranquilas nos abrigam da confusão. Perto dali, em pleno coração da cidade, fica o Lago Hoan Kiem, outro lugar bastante aprazível a que recorria para relaxar das longas caminhadas do dia. Sentava-me nos bancos à beira do lago a apanhar os raios de sol do final de tarde, enquanto aproveitava para escrevinhar uns apontamentos no meu diário de viagem. Em ambas as vezes fui abordado por estudantes vietnamitas que queriam praticar o seu inglês. A primeira vez por duas raparigas
e a segunda por um rapaz. Um intercâmbio interessante, na medida em que não só eles praticavam inglês, como eu aprendia um pouco mais sobre este povo, que, apesar da confusão de pessoas e trânsito e da insistência dos vendedores um pouco por todo o lado, sempre demonstrou uma simpatia e uma serenidade que aprendemos a respeitar e a admirar. No plano cultural a passagem por Hanoi incluiu o popular espectáculo de fantoches de água (Water Puppets), visitas ao Museu e ao Mausoléu de Ho Chi Minh, o grande herói do Vietnam, e ainda ao Museu da Prisão de Hoa Lo, ironicamente apelidada de “Hanoi Hilton” pelos prisioneiros americanos que aí estiveram detidos durante a guerra do Vietnam. No plano gastronómico desenvolvi mais uma obsessão – um espectacular bolo de banana no Cafe 252, curiosamente fre-
quentado por Catherine Deneuve durante as gravações do filme “Indochine” em 1991/92. Esta pastelaria/café ficava convenientemente no caminho de volta para o hotel e sempre que lá passava esgotava o stock de bolo de banana Após 2 dias em Hanoi partimos rumo a Hal ong Bay, Património Mundial da Unesco. Uma espécie de parque natural no oceano composto por quase 3.000 ilhas rochosas que se elevam do mar. Apanhámos um barco muito pitoresco todo em madeira que apenas levava o nosso grupo de intrépidos. Almoçámos a bordo, visitámos uma gruta gigantesca e tomámos banho no mar, para onde mergulhávamos da varanda superior do barco, duma altura de 3 a 4 metros. Ao fim da tarde chegámos à ilha de Cat Ba, onde vimos um magnífico pôr-do-sol, jantámos e fomos a um bar de Karaoke. Cantei “Stuck on You” do Lionel
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Richie! Não percebo o fanatismo desta gente por karaoke, mas é um divertimento que abunda em todo o lado. Já em Laos era a mesma coisa! De resto Cat Ba Island não tem assim nada de especial e na madrugada do dia seguinte já estávamos de volta a Hanoi, onde aproveitei para repor o stock de bolo de banana! Nesse dia andei de barco, de cyclo (aquelas cadeiras onde nos sentamos com um homem a pedalar atrás), de autocarro, de taxi e à noite apanhámos um comboio para Hué! Mais uma noite passada a dormir num comboio – bastante bom por sinal – e às 10 da manhã chegávamos a Hué. Entre 1802 e 1945 foi capital do Vietnam e aí viveram 13 imperadores da Dinastia Nguyen, deixando um legado cultural e arquitectónico que também é hoje Património Mundial da Unesco. Comparada com a movimentada e barulhenta Hanoi, Hué parece uma aldeia e até o meio de transporte mais comum é a bicicleta. Nesse dia fizemos uma visita guiada pela “Citadela”, um complexo com 10 km de perímetro, percorrido por um muro e um fosso de água e com 3 níveis no seu interior. No primeiro nível temos a cidade propriamente dita (onde ficava o nosso hotel). No centro, com 2,5 km de perímetro, temos o segundo nível rodeado por novo muro de 6 metros de altura onde o imperador exercia as funções oficiais. Dentro deste temos o terceiro nível, reservado à vida privada do imperador. Infelizmente, durante a Guerra do Vietnam os americanos bombardearam e destruíram grande parte dos edifícios dos 2 níveis interiores e mais importantes. Não deixa contudo de ser uma obra notável a não perder. O segundo dia em Hué foi bastante preenchido. Começámos por dar um passeio de barco pelo “Perfume River”, com
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Infelizmente, durante a Guerra do Vietnam os americanos bombardearam e destruíram grande parte dos edifícios dos 2 níveis interiores e mais importantes. Não deixa contudo de ser uma obra notável a não perder. O segundo dia em Hué foi bastante preenchido. Começámos por dar um passeio de barco pelo “Perfume River”, com paragem para visitar a Pagoda Thien Mu, uma das mais notáveis do Vietnam. A determinada altura deixámos o barco e tínhamos à nossa espera umas motos, com os respectivos condutores. Levaram-nos num divertido passeio pelo campo e algumas povoações. No caminho pará-
mos para almoçar num mosteiro, onde comemos uma refeição “divinal”, e ainda visitámos um dos mais emblemáticos túmulos de um antigo imperador, entre outros atractivos. Uma passagem por Hué não fica completa sem um jantar no restaurante “Lac Thanh”. Um local modesto e pequeno mas notabilizado pelo seu bem-disposto dono que é surdo e mudo, obrigando à comunicação através de sinais, e pelas paredes repletas de mensagens de viajantes de todo o mundo. Só foi pena sentir vergonha ao ver que as duas únicas frases em português raiavam ao escárnio... Fez-me pensar como é possível uma pessoa ter a
sorte de estar numa cidade tão agradável e ao mesmo tempo escrever uma coisa com tão mau gosto... Na manhã seguinte apanhámos um autocarro em direcção a Hoi An. No caminho visitámos a “Marble Mountain” - uma montanha com vários monumentos budistas e grutas que só me fazia pensar que estava num filme do Indiana Jones! Por volta das 16:30 chegávamos a Hoi An. Fiquei maravilhado! Esta cidade foi poupada pela guerra do Vietnam, uma vez que ambos os lados a usaram para lazer e todos os edifícios são antigos, mas muito bem conservados. É uma cidade pequena, com lindas ruas, simpáticos res!"#
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taurantes - excelentes para um jantar romântico à luz de velas numa varanda com vista para o rio - e muitas, muitas lojas com preços baratíssimos, onde podemos comprar mochilas, tshirts, candeeiros, quadros e principalmente, e pelo qual esta pequena cidade é particularmente famosa: roupa feita ao nosso gosto e à nossa medida dum dia para o outro ou em algumas horas. Bem me avisaram que era um bom sítio para fazer compras! Eu vinha decidido a viajar leve e não comprar nada, mas é impossível resistir... Logo na primeira noite comprei mais uma mochila de 45 litros. Uma “cópia original” da marca Loewe Alpine, regateada por 8 dólares! Depois comprei 2 candeeiros, mandei fazer umas calças tipo “cargo pants” à minha medida, com o tecido que escolhi, da cor que escolhi, os vários bolsos, altura do fecho dos joelhos, presilhas para cinto e fecho de abrir no tornozelo, tudo como
pedi: 9 dólares! Comprei ainda umas quantas tshirts e uma pintura. Lembrome de ter pensado que se a minha mãe ali estivesse “passava-se” com uma “overdose” de shopping! Para juntar à festa, o tempo estava óptimo e a cerca de 3 km do centro tínhamos a famosa “China Beach”, onde passei uma horas a nadar e a apanhar sol. O que mais podia querer? Estava rendido ao Vietnam! Depois das pacíficas e tranquilas cidades de Hué e Hoi An, foi a vez de voltar mais uma vez ao frenesim duma grande cidade Ho Chi Minh City, também conhecida por HCMC, ou ainda pelo nome mais famoso: Saigão. É a maior cidade do Vietnam, a verdadeira capital financeira e comercial, com ainda mais motas, bicicletas e carros que Hanoi, embora as avenidas sejam mais espaçosas e arejadas. Uma vez ao atravessar uma
avenida parei na borda do passeio por uns segundos e uma senhora bastante idosa e baixinha agarrou-me no braço. Pensei:“bem, vou fazer uma boa acção...”. Atravessámos os dois, ela agarrada ao meu braço, mas sempre a fazer pressão para a frente, com as motas a passarem-nos a escassos centímetros. Quando chegámos ao outro lado, fiquei na dúvida se fui eu que a ajudei a atravessar a rua, ou se foi ela que me estava a querer ensinar como se atravessa uma via movimentada no Vietnam... A primeira actividade em Saigão foi um passeio guiado de cyclo, que serviu para nos ambientarmos com as ruas e conhecer um pouco da história da cidade. Aproveitei ainda para visitar um dos museus dedicados à guerra do Vietnam e assim tomar conhecimento duma perspectiva diferente daquela transmitida pelos filmes. Nessa noite ainda fomos à discoteca “Apocalipse Now”, para matar saudades das “borgas” e auscultarmos o ambiente noctívago, embora o espaço fosse maioritariamente frequentado por turistas. Mesmo assim “soube” a novidade e a diferente, que é afinal o que procuramos quando saímos do nosso país. Entretanto a minha fama de professor de inglês teve tanto sucesso em Hanoi, que em Saigão as solicitações continuaram. Estava sentado num bar a beber uma Coca-Cola, quando um vietnamita, com os seus 50 anos, aspecto culto (professor, vim a saber de seguida), me aborda e convida a sentar na sua mesa onde estão duas alunas suas, a fim de uma delas praticar inglês. Ao princípio desconfio um pouco, mas acedo, com a condição de serem eles a sentarem-se na minha mesa. A rapariga em questão iria dentro de dois meses para os EUA e precisava de praticar para um exame. Foi divertido, também aprendi muita coisa e no fim
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nem me deixaram pagar a minha conta. Ficou combinado encontrar-me com ela naquele mesmo sítio depois do jantar, para continuar a lição. À hora marcada lá estava à minha espera,acompanhada da sua irmã mais nova com uns 8 anos. Ela tinha uns 15 ou 16 anos. Segui-a por ruelas estreitas,que ziguezagueavam entre habitações, até sua casa. Quando entrei fiquei surpreendido pelas dimensões grandes da sala e cozinha, bons materiais e electrodomésticos, dando a impressão que viviam bem.Tentei ajudar no máximo que pude com o inglês,dadas as limitações óbvias e acabei por conhecer também os pais que entretanto chegaram a casa. É sem dúvida estimulante e enriquecedor este intercâm-
bio e verificar que, ao contrário de alguns “preconceitos”, nunca houve “segundas intenções”. A visita ao Vietnam estava a chegar ao fim,mas no último dia ainda houve tempo para muita coisa, enquanto nos íamos aproximando da fronteira com o Camboja. De manhã visitámos os “Cu Chi Tunnels”, uma vasta rede de túneis construídos durante a guerra com os americanos e que permitiram aosViet Cong o controlo duma vasta área rural à volta de Saigão, sendo hoje uma atracção turística.A seguir ao almoço visitámos uma montanha sagrada – Black Lady Mountain – em que a entidade idolatrada é uma senhora preta (no mínimo estranho...) e para descermos temos uma espécie de escorre-
LEGENDA DAS FOTOS: Capa . Cu Chi Tunnels 1. Campos de Arroz, uma paisagem típica. 2. Tam Coc 3. Motas em Hanoi. 4. As minhas “alunas” em Hanoi. 5. Halong Bay 6. Pôr-do-Sol em Cat Ba Island 7. Hué – Citadela 8. Crianças em China Beach
ga gigante,cheio de curvas por onde deslizamos montanha a baixo nuns carrinhos com rodas! Para juntar à festa,à tarde tomámos contacto com uma das religiões mais bizarras do mundo – Caodaismo - através da visita ao “CaoDai Great Temple”. Caodaismo é uma tentativa de criar a religião ideal através da fusão de várias religiões (Budismo, Confucionismo, Cristianismo Islamismo, etc.). O templo reúne objectos e imagens das várias crenças e o resultado é no mínimo “colorido”... Em poucas palavras, um país que prima pela diversidade e pela determinação dum povo que aprendemos a respeitar e admirar. Próxima paragem: Camboja
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2 | NP | EDITORIAL
noticiasparque@netcabo.pt
Um “cheirinho” de EXPO
FichaTécnica Director: Miguel Ferro Meneses Director Adjunto: Filipe Esménio Redacção: Alexandra Ferreira, André Moura; Filipa Samarra; Mariana Gasalho, Pedro Pereira,Tiago Reis Santos, (Colaborações) António dos Santos; Gonçalo Peres, J. Wengorovius, Pedro Jordão, Reinaldo Martins Fotografia: Miguel Ferro Meneses Direcção Comercial: Luis Bendada Projecto Gráfico: Tiago Fiel Colaboração: Joana Ramalho Produção: Imaginarte Impressão: Imprejornal Rua Ribeiro Sanches 65-1200-787 Lisboa Tiragem: 5 500 Exemplares Proprietário: Imaginarte Sede Social, de Redacção e Edição: Rua Júlio Dinis nº. 6 1º Dto. 2685-215 PORTELA LRS Nr. de Registo ICS -123 919 Depósito Legal nº. 190972/03
O EURO 2004 irá trazer a Portugal milhares de adeptos deste desporto. A escolha do nosso país para a realização deste evento levantou uma onda de ânimo e euforia entre os portugueses obviamente correspondida pelo forte encaixe social que esta modalidade representa. Milhões de portugueses vêem, lêem, vivem, choram, discutem… futebol. Se formos ver bem acaba quase por ser um estilo de vida. Nos jornais que são comprados diariamente, o tópico de conversa mais comum (logo a seguir ao estado do tempo), a indústria, os clubes, os lobbys, os adeptos, os galhardetes nos espelhos dos automóveis, a espera que a semana de trabalho termine para poder assistir, nos estádios, em casa ou nos cafés, aos jogos do fim-de-semana. Talvez por ser mais fácil e simples de assimilar e discutir do que outros temas como política, religião ou arte, o facto é que quando se fala em desporto, fala-se em futebol. E o que é que o futebol oferece de volta aos seus fieis seguidores? Na vertente física do desporto é certamente uma minoria que acaba mesmo por o praticar. E para os que o praticam nem é dos que oferece o melhor dos equilíbrios do ponto de vista físico e de saúde. Do ponto de vista da indústria não produz nem oferece muitos postos de trabalho. Como desporto rei, acaba por prejudicar e abafar outros desportos que mereceriam certamente uma oportunidade de crescimento com retornos bem mais positivos para os portugueses. Não posso deixar de confessar que, quando se soube os resultados da nossa candidatura, fui a única pessoa na mesa a não manifestar grande entusiasmo, sofrendo as naturais consequências de ser “apupado” e confrontado com a questão cliché… “então e não vês que vai ser muito bom para o desenvolvimento de Portugal e para a nossa projecção lá fora?!” Fiquei consciente de que uma resposta seria quase como gritar Benfica mesmo no centro de uma claque do Sporting. Não querendo ser o retrógrado, estraga festas ou mau da fita, posso dizer que não fico muito entusiasmado por construirmos mais estádios. Não fico muito eufórico por termos os maiores estádios ou os maiores centros comercias da Europa. Ficaria satisfeito se, já que eles são erguidos e existem como “catedrais”, que, então, pudessem ser bem aproveitados. Já que milhões de seguidores se deslocam até eles, fossem criadas dentro deles, estruturas de pólos de desenvolvimento cultural ou social. E nós até estamos a precisar de mais centros comerciais! Não posso deixar, também, de manifestar que ficaria muito mais satisfeito com a realização de um evento como o America´s Cup que não só traria mais a requalificação de uma frente ribeirinha como iria “descongestionar” um pouco a tendência obsessiva que os portugueses têm com o futebol. Iria trazer um lufada de ar fresco e talvez uma aproximação com o mar (tão forte na nossa história) crianças e adultos a experimentarem vela, a praticarem desporto ou simplesmente a olharem para o mar ou, então, se preferissem, continuarem a passar as tardes de Sábado ou de Domingo num estádio ou num café a ver a bola. Fosse qual fosse o impacto e influência na vida dos portugueses, uma coisa era certa: teríamos mais uma zona ribeirinha de passeio e de lazer que ficava para milhares de pessoas. Um pouco como a Expo e o Parque das Nações. Essa é capaz de ser, para mim, uma das suas maiores vitórias. Uma zona que ficou para as pessoas. Um milhão delas visita-a, utiliza-a todos os meses. E nada supera a imagem de uma família, de uma criança, de um sénior a passearem ou sentados num dos bancos do Parque a olhar para o Tejo. Gostaria de pensar que o português é mais do que trabalhar durante a semana, ver a bola e ir ao centro comercial no fim-de-semana. Cheguei a ouvir um “tuga” que enquanto se babava ao ver a sua nova e reconstruída “catedral” a desfilar na televisão, criticava o Projecto Expo e o Parque das Nações como um obra perfeitamente desnecessária para Portugal. Mas chega de falar de futebol! Ele vive dentro de nós e vamos ter um EURO que iluminará o espírito português. O Parque das Nações será um dos grandes alvos de visita. O Centro de Imprensa é considerado como o 11º estádio e a zona do recinto voltará a sentir um “cheirinho da Expo” onde milhares de visitantes, das mais diversas origens, visitarão o lugar da grande exposição mundial e visitarão, por uma primeira vez, o Parque das Nações. O Parque voltará a estar na mira dos media e dos visitantes, como prova viva que ficou do projecto e que se desenvolve e cresce, agora, com uma comunidade de moradores, empresas, trabalhadores. Será, no mínimo, interessante ver como nos sairemos no papel de anfitriões deste grande evento. Da minha parte resta-me dizer… boa sorte Portugal! Miguel F. Meneses
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NUMA
TARDE
DE CHUVA Vemos o rosto perfeito. Pele branca, olhos azul água que quase rebentam no contraste do rímel com as pinturas que se vão desfazendo pelo choro dela
O
cabelo molhado escorria para uma poça que reflectia as luzes da cidade. Vários rastos de luzes surgem em cena e ela, parada na rua, não era mais do que a imagem de tudo o que é mais belo. Lentamente a cabeça sobe em direcção à chuva quente que desabava impiedosa cegando qualquer um que a enfrentasse. Os olhos abrem-se e logo a seguir as mãos. Um projector de luz branca incendeia-se sobre ela encandeando todos os que parasitam à sua volta. Ela é única. Um casaco negro cobre-lhe o corpo e acompanha-o. Segue em frente arrepiando qualquer ser que ouse olhar na sua direcção. Desliza elegantemente pelo meio da rua de alcatrão nu deixando tudo para trás. Um homem tenta tocar-lhe e a seguir outro e mais outro. Cercada pára e deixa cair uma lágrima que assenta na palma da sua mão. Estendendo o braço, olha para os homens à sua volta esmagando, de seguida, a lágrima, até à sua exaustão. Transformada em fogo, a lágrima transfigura os homens em sombras de cinza preta que insignificantemente desaparecem pela deslocação das asas do casaco negro a continuarem a descer a rua. A chuva for te começa a desfocar todas as luzes presentes e ela esboça o seu primeiro sorriso. Lindo... perfeito. Ouve-se uma música de fundo. Um trompetista sopra as primeiras notas em sua honra. E tudo encaixa numa perfeição de caos estético... algo nunca antes visto. Dez metros à sua frente está um vagabundo caído. Dez metros depois um príncipe emerge da calçada e a senhora dos brincos de ouro é enfeitiçada pelo seu olhar. É então que o sorriso dela se transforma numa breve e perfeita gargalhada. Deixa um breve olhar de relance para a sua obra que fica para trás e segue mais for te que nunca. A rua, agora rio de cores, abre-se à velocidade do seu andar. E tão pura e mais bela imagem que se descobre à medida que avançamos. O velho da lotaria sorri e liber ta-se deixando cair a sua sor te das mãos. Ele sabe que pode, finalmente, descansar e assistir àquele resto de fim do Mundo. E ela continua a descer e a sorrir enquanto que as pessoas se vão, lentamente, liber tando e rendendo à nova era. Do lado esquerdo, um rapaz chora o seu reflexo numa montra. Do lado de lá, um boneco vestido por uma marca obser va-o num riso de desprezo e ostentação. A rapariga, continuando a descer, sorri e sopra a destruição daquele grande vidro. Após a explosão, o manequim cai aos pés do rapaz deixando os restos de vidro caídos no chão que se revelam, afinal, serem simplesmente...transparentes. Por um breve segundo a chuva congela no ar. Dá-se uma explosão de luzes e sons. A chuva que caía segue, agora, um caminho inverso. Segue para cima como se uma força a sugasse intensamente. Mais depressa do que quando jorrava… evapora-se, agora, para os céus. Levando com ela... tudo. A velocidade ultrapassa a percepção. A rapariga encontra-se agora no meio da rua com os braços aber tos a olhar para aquele conjunto de luzes que se vão perdendo de vista lá para cima. Já não se ouve o trompete, nem se vêem pessoas… sequer. Estamos no inatingível… por alguns segundos. É tudo branco...é a imagem da serenidade. Muito lentamente algumas gotas começam a ganhar forma e, num ápice, descem novamente por ali a baixo à velocidade da luz em direcção aos olhos rapariga. A próxima imagem tem uma velocidade mais branda. Aproximamo-nos da rapariga que está sentada numa calçada por tuguesa. A cabeça baixa começa a descobrir-se. Vemos o rosto perfeito. Pele branca, olhos azul água que quase rebentam no contraste do rímel com as pinturas que se vão desfazendo pelo choro dela. É como um quadro que, com vida, vai desenhando novas e belas imagens. M.M.
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DA TERNURA EM POLÍTICA “A mulher disse: - No livro que estou a traduzir aparece uma citação de Baudelaire: a única acção política que ele entende é a revolta. E eu pensei de repente: a única acção política que eu entendo é o amor.” A Mulher Canhota, Peter Handk
É
assustador que, hoje, a América e Israel se confundam com o terrorismo na ameaça à paz e a um desenvolvimento solidário do Mundo. Sobre o terrorismo, quaisquer palavras serão redundantes, mas no que diz respeito à América e a Israel, temos o dever de não desistir da promessa histórica que, cada uma a seu tempo, constituiu. Israel, o país do Povo da Aliança e de Izak Rabin, é, hoje, governada por um homem bruto e arrogante, orientado para um único fim: sofisticar e perpetuar uma política de terrorismo de Estado. Quanto à América, país da liberdade e dos direitos humanos, é, hoje, governada por um inapto, dotado de uma visão messiânica, justiceira e expansionista do mundo. O fim precipitado do “Roteiro para a Paz”, a prisão de Guantanamo e a ocupação fraudulenta do Iraque representam a queda de uma possibilidade histórica e são, nesse sentido, uma derrota para a humanidade. Neste momento, colocam-se as seguintes questões: depois da morte injustificável de milhares de iraquianos inocentes não se terão extremado os ódios e a desconfiança dos muçulmanos face ao mundo ocidental? E estará o mundo mais seguro? E será a segurança o valor supremo? O que preocupa é, cada vez mais, os americanos parecem um povo autista, incapaz de perceber a maravilha de outras culturas, e de compreender que “temos o direito a ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito a ser iguais quando a diferença nos discrimina.” É, em parte, devido a essa incapacidade que a América reduziu a sua política externa a uma guerra superficial e leviana contra o terrorismo e à aceleração do processo de globalização. Mas, não será o mundo plano e normalizado da globalização americana – das cadeias de fast food, dos sound bytes da MTV e dos happy endings de Hollywood - uma violência e uma ameaça à diversidade e beleza humanas? Sempre que assisto à pose e ao discurso “musculado” dessa espécie de animais acossados que elegemos democraticamente, recordo uma frase de Che Guevara: “É preciso ser duro, sem perder a ternura.” Em política, talvez seja esse o valor supremo - a ternura. Ela faz falta para se sentir a urgência dos dois terços da população mundial que vive com menos de dois dólares por dias, para não deixarmos que os princípios cedam às conveniências, para percebermos que somos nós que pertencemos à Terra e não o contrário, para nos dislumbrarmos com os outros, para percebermos que um quadro de Rotkho ou um verso de Célan nos obrigam a mais, para termos sempre presente o conselho de Ghandi: “Quando estiveres indeciso diante de duas alternativas, pensa na pessoa mais pobre que conheças e escolhe a que melhor a sirva.” Sendo a ternura o seu valor supremo, a verdade é que raras vezes a política o reconhece. Até hoje, tem tido o destino precário do amor, traçado por Sócrates n´O Banquete:“Rude, miserável, descalço e sem morada, estirado sempre por terra e sem nada que o cubra, é assim que dorme, ao relento, nos vãos das portas e dos caminhos...”
J.Wengorovius
joao_wengorovius@hotmail.com
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DA TERNURA EM POLÍTICA “A mulher disse: - No livro que estou a traduzir aparece uma citação de Baudelaire: a única acção política que ele entende é a revolta. E eu pensei de repente: a única acção política que eu entendo é o amor.” A Mulher Canhota, Peter Handk
É
assustador que, hoje, a América e Israel se confundam com o terrorismo na ameaça à paz e a um desenvolvimento solidário do Mundo. Sobre o terrorismo, quaisquer palavras serão redundantes, mas no que diz respeito à América e a Israel, temos o dever de não desistir da promessa histórica que, cada uma a seu tempo, constituiu. Israel, o país do Povo da Aliança e de Izak Rabin, é, hoje, governada por um homem bruto e arrogante, orientado para um único fim: sofisticar e perpetuar uma política de terrorismo de Estado. Quanto à América, país da liberdade e dos direitos humanos, é, hoje, governada por um inapto, dotado de uma visão messiânica, justiceira e expansionista do mundo. O fim precipitado do “Roteiro para a Paz”, a prisão de Guantanamo e a ocupação fraudulenta do Iraque representam a queda de uma possibilidade histórica e são, nesse sentido, uma derrota para a humanidade. Neste momento, colocam-se as seguintes questões: depois da morte injustificável de milhares de iraquianos inocentes não se terão extremado os ódios e a desconfiança dos muçulmanos face ao mundo ocidental? E estará o mundo mais seguro? E será a segurança o valor supremo? O que preocupa é, cada vez mais, os americanos parecem um povo autista, incapaz de perceber a maravilha de outras culturas, e de compreender que “temos o direito a ser diferentes quando a igualdade nos descaracteriza e o direito a ser iguais quando a diferença nos discrimina.” É, em parte, devido a essa incapacidade que a América reduziu a sua política externa a uma guerra superficial e leviana contra o terrorismo e à aceleração do processo de globalização. Mas, não será o mundo plano e normalizado da globalização americana – das cadeias de fast food, dos sound bytes da MTV e dos happy endings de Hollywood - uma violência e uma ameaça à diversidade e beleza humanas? Sempre que assisto à pose e ao discurso “musculado” dessa espécie de animais acossados que elegemos democraticamente, recordo uma frase de Che Guevara: “É preciso ser duro, sem perder a ternura.” Em política, talvez seja esse o valor supremo - a ternura. Ela faz falta para se sentir a urgência dos dois terços da população mundial que vive com menos de dois dólares por dias, para não deixarmos que os princípios cedam às conveniências, para percebermos que somos nós que pertencemos à Terra e não o contrário, para nos dislumbrarmos com os outros, para percebermos que um quadro de Rotkho ou um verso de Célan nos obrigam a mais, para termos sempre presente o conselho de Ghandi: “Quando estiveres indeciso diante de duas alternativas, pensa na pessoa mais pobre que conheças e escolhe a que melhor a sirva.” Sendo a ternura o seu valor supremo, a verdade é que raras vezes a política o reconhece. Até hoje, tem tido o destino precário do amor, traçado por Sócrates n´O Banquete:“Rude, miserável, descalço e sem morada, estirado sempre por terra e sem nada que o cubra, é assim que dorme, ao relento, nos vãos das portas e dos caminhos...”
J.Wengorovius
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22 | NP | CRÓNICA
CERTEZAS Quando é que temos certezas? Ou melhor dizendo, quando é que pensamos realmente que temos a certeza de algo. De uma coisa em concreta, bem objectiva, inegável, irrefutável? Sem que possam existir margem para dúvidas? Não podemos. A vida ela mesma, á medida que se vai vivendo, é uma constante dúvida. È uma incerteza constante, latente. Vamos passar? Vamos chumbar? Vamos acabar o curso? Ela gosta de mim ou não? Será que ele gosta de mim o bastante para casar comigo e ter putos? Será que eu vou conseguir aquela promoção? Vai fazer bom tempo, quando fizermos férias naquela data? Uma vez que nem no tempo se pode confiar? Achas que a bolsa vai recuperar no próximo trimestre? Será que vou viver até ser avó? Ou simplesmente chegar á terceira idade sem ser abatido num ataque terrorista? Será que a reforma vai chegar para a velhice? Será? Será? Será que? Será que vamos morrer amanhã? Ninguém pode saber. A nossa vida não tem um prazo de validade definido, marcado. Temos uma data de entrada, de nascimento, mas não temos uma data marcada para o nosso regresso á terra. O nosso regresso ao seio da criação. Ao seio do principio e do fim último de todas as coisas. No fundo, a única certeza em que podemos confiar, é de que um dia sem o sabermos esse facto vai ocorrer. Um fim e um princípio que queremos adiar a todo o custo. A nossa missão, seja lá qual for, é aqui na terra, em vida. Mesmo sem termos certezas, deveremos cumprir a missão para a qual nascemos. Para a qual estamos predestinados. Não devemos esquecer nunca, que a nossa estadia efémera aqui na vida tem um propósito. Tem um fim específico. Quer sejamos médicos, bombeiros, polícias, gestores, padres, assassinos, terroristas, ladrões, ministros, marinheiros, solteiros, casados, homossexuais, bissexuais, transsexuais, freiras, todos temos um propósito em vida. Nem que seja nascermos para morrermos no minuto seguinte a termos nascido. António dos Santos
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DESPORTO | NP |23
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Eis as figuras da nossa Selecção em fases finais de europeus. É um torneio que nunca vencemos mas onde fizemos sempre boa figura. Estão aqui as fichas de jogo dos treze jogos disputados em três edições. Sete vitórias, três empates e três derrotas (duas delas após prolongamento), é sem dúvida um saldo muito positivo.
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França 1984 Alemanha -0 Portugal -0 Grupo 2 – 1ª jornada - 14-06-1984 Árbitro: R.Yushka (URSS) Alemanha: Shumacher; B. Förster, Stielike, K-H. Förster e Briegel; Rölff (67’ Bommer), Buchwald (67’ Matthäus), Brehme e K-H. Rummenigge; Völler e K. Allofs Treinador: J. Derwall Portugal: Bento; João Pinto, Lima Pereira, Eurico e Álvaro; Carlos Manuel, Jaime Pacheco, Frasco (79’ Veloso), Sousa e Chalana; Jordão (85’ Gomes) Treinador: Fernando Cabrita Portugal -1 Espanha -1 Grupo 2 – 2ª jornada – 17-06-1984+ Árbitro: M.Vautrot Golos: Sousa (Por) 52’; Santillana (Esp) 73’ Portugal: Bento; João Pinto, Lima Pereira, Eurico e Álvaro; Carlos Manuel, Jaime Pacheco, Frasco (76’ Diamantino), Sousa e Chalana; Jordão Treinador: Fernando Cabrita Espanha: Arkonada; Urkiaga (79’ Señor), Goicoechea, Maceda e Camacho; Gordillo, Julio Alberto (70’ Sarabia),Victor e Gallego; Santillana e Carrasco Treinador: M. Muñoz Portugal -1 Roménia -0 Grupo 2 – 3ª jornada – 20-06-1984 Árbitro: H. Fahnler Golo: Nené (Por) 81’ Portugal: Bento; João Pinto, Lima Pereira, Eurico e Álvaro; Carlos Manuel (63’ Nené), Frasco, Sousa e Chalana (15’ Diamantino); Gomes e Jordão Treinador: Fernando Cabrita Roménia: Moraru; Negrila, Stefanescu, Iorgulescu e Ungureanu; Irimescu (59’ Gabor), Rednic, Bölöni e Klein; Camataru (34’ Augustin) e Coras Treinador: M. Lucescu França -3 Portugal -2 (após prolongamento) Meia-final – 23-06-1984 Árbitro: P. Bergamo Golos: Domergue (Fra) 24’ 114’; Jordão (Por) 74’ 98’;
Platini (Fra) 119’ França: Bats, Battiston, Bossis, Roux e Domergue; Fernandez,Tigana, Platini e Giresse; Lacombe e Six Treinador: M. Hidalgo Portugal: Bento; João Pinto, Lima Pereira, Eurico e Álvaro; Jaime Pacheco, Frasco, Sousa (62’ Nené) e Chalana; Diamantino (46’ Gomes) e Jordão Treinador: Fernando Cabrita
Inglaterra 1996 Dinamarca -1 Portugal -1 Grupo D – 09-06-1996 Árbitro: M.Van der Ende Golos: B. Laudrup (Din) 22’; Sá Pinto (Por) 53’ Dinamarca: Schmeichel; Helveg, Rieper, J. Hogh e Risager; Thomsen (83’ Piechnik), B. Nielsen, H. Larsen (90’Vilfort) e M. Laudrup; Beck e B. Laudrup Treinador: R. Möller-Nielsen Portugal: Vítor Baía; Paulinho Santos, Fernando Couto, Hélder e Dimas; Oceano (37’ Folha), Paulo Sousa (79’ Tavares), Figo (62’ Domingos) e Rui Costa; João Pinto e Sá Pinto Treinador: António Oliveira Portugal -1 Turquia -0 Grupo D – 14-06-1996 Árbitro: S. Puhl Golos: Fernando Couto (Por) 66’ Portugal: Vítor Baía; Paulinho Santos, Fernando Couto, Hélder e Dimas; Paulo Sousa, Figo, Rui Costa e Folha (46’Tavares); João Pinto (77’ Porfírio) e Sá Pinto (65’ Cadete) Treinador: António Oliveira Turquia: Rustu; Recep, Alpay, Vedat e Ogün (46’ Zafer); Tugay, Saffet (63’ Kafkas), Yalçin e Abdullah; Sükür e Oguz (69’ Arif) Treinador: F.Terim Croácia -0 Portugal -3 Grupo D – 19-06-1996 Árbitro: B. Heynemann Golos: Figo (Por) 4’; João Pinto (Por) 33’ e Domingos (Por) 82’ Croácia: Mrmic; Simic, Soldo, Bilic e Jarni; Jurcevic, Pavlicic, Mladenovic e Prosinecki; Pamic e Vlaovic
Treinador: M. Blazevic Portugal: Vítor Baía; Secretário, Fernando Couto, Hélder e Dimas; Oceano, Paulo Sousa (70’ Tavares), Figo e Rui Costa (61’ Pedro Barbosa); João Pinto e Sá Pinto (46’ Domingos) Treinador: António Oliveira Rep. Checa -1 Portugal -0 Quartos de final – 23-06-1996 Árbitro: H. Krug Golo: Poborsky (Che) 53’ Rep. Checa: Kouba; Látal, Kadlec, Hornák e Suchopárek; Bejbl, Nemecek (90’ Berger), Nemec e Poborsky; Kuka e Smicer (46’ Kubik) Treinador: D. Uhrin Portugal: Vítor Baía; Secretário, Fernando Couto, Hélder e Dimas;Oceano (65’Folha),Paulo Sousa,Figo (82’ Cadete) e Rui Costa; João Pinto e Sá Pinto (46’ Domingos) Treinador:António Oliveira
Bélgica / Holanda 2000 Portugal -3 Inglaterra -2 Grupo A – 12-06-2000 Árbitro:A. Frisk Golos: Scholes (Ing) 3’; McManaman (Ing) 18’; Figo (Por) 22’;João Pinto (Por) 37’e Nuno Gomes (Por) 59’
Costa e Dimas;Vidigal,Paulo Bento,Figo e Rui Costa (87’ Costinha); João Pinto (56’ Sérgio Conceição) e Nuno Gomes (56’ Sá Pinto) Treinador: Humberto Coelho Portugal -3 Alemanha -0 Grupo A – 20-06-2000 Árbitro: Dick Jol Golos: Sérgio Conceição (Por) 35’, 54’ e 71’ Portugal: Pedro Espinha (90’ Quim); Beto, Fernando Couto, Jorge Costa e Rui Jorge; Costinha, Paulo Sousa (72’Vidigal), Sérgio Conceição e Capucho; Pauleta (67’ Nuno Gomes) e Sá Pinto Treinador: Humberto Coelho Alemanha:Kahn;Rehmer,Mathäus e Nowotny;Hamann, Deisler, Ballack (45’ Rink), Scholl (60’ Hassler) e Linke; Jancker (69’ Kirsten) e Bode Treinador: E. Ribbeck Turquia -0 Portugal -2 Quartos de final – 24-06-2000 Árbitro: Dick Jol Golos: Nuno Gomes (Por) 44’ e 56’ Turquia: Rustu; Fatih, Ogün (84’ Yalçin), Alpay e Tayfun; Okan (62’ Oktay),Tayfur, Ergun e H. Unsal; Sükür e Arif (62’ Suat) Treinador: M. Denizli Portugal:Vítor Baía; Sérgio Conceição, Fernando Couto, Jorge Costa e Dimas; Costinha (45’ Paulo Sousa), Paulo Bento, Figo e Rui Costa (87’ Capucho); João Pinto e Nuno Gomes (74’ Sá Pinto) Treinador: Humberto Coelho
Portugal:Vítor Baía;Abel Xavier,Fernando Couto,Jorge Costa e Dimas;Vidigal, Paulo Bento, Figo e Rui Costa (85’ Beto); João Pinto (75’ Sérgio Conceição) e Nuno Gomes (89’ Capucho) Treinador: Humberto Coelho Inglaterra: Seaman; G. Neville, Campbell, Adams (82’ Keown) e P. Neville; Ince, Beckham, Scholes e McManaman (58’Wise);Owen (46’Heskey) e Shearer Treinador: K. Keegan
França -2 Portugal -1 (golo dourado) Meia final – 28-06-2000 Árbitro: G. Benkö Golos:Nuno Gomes (Por) 19’;Henry (Fra) 51’e Zidane (Fra) 117’ (pen)
Roménia -0 Portugal -1 Grupo A – 17-06-2000 Árbitro: G.Veissière Golo: Costinha (Por) 90’
França: Barthez;Thuram, Blanc, Desailly e Lizarazu;Vieira, Petit (87’ Pires), Deschamps e Zidane; Anelka (72’ Wiltord) e Henry (105’Trezeguet) Treinador: R. Lemerre
Roménia: Stelea; Petrescu (64’ Petre), Ciobotariu, Filipescu e Chivu; Popescu, Galca, Munteanu e Hagi; Ilie (78’ Rosu) e Moldovan (69’ Ganea) Treinador: E. Jenei Portugal:Vítor Baía; Abel Xavier, Fernando Couto, Jorge
Portugal:Vítor Baía; Abel Xavier, Fernando Couto, Jorge Costa e Dimas (90’Rui Jorge);Costinha,Vidigal (61’Paulo Bento), Sérgio Conceição, Figo e Rui Costa (78’ João Pinto); Nuno Gomes Treinador: Humberto Coelho
Acontece no Parque das Nações
LOCAL | NP | 3
O Oceanário de Lisboa lança selos que contam com a paticipação da dupla de redactores do Notícias do Parque, Filipa Samarra e André Moura. O Clube Sénior do Parque das Nações muda de nome e de residência. “Concurso de ideias” para a produção do projecto que irá dar lugar à Igreja de Nossa Senhora dos Navegantes é bem recebido pela Ordem dos Arquitectos. Selos do Oceanário O Oceanário de Lisboa e os CCT correios assinalaram o Dia da Água com uma emissão comemorativa composta por seis selos, cada um dos quais, representativo de alguns animais emblemáticos. A autoria da imagem de um dos selos ficou a cargo de André Moura que, em conjunto com Filipa Samarra, têm vindo a desenvolver a rubrica “Um dia no Oceanário”. O artigo em causa, desenvolvido por estes dois finalistas de Biologia Marinha, retratava o dia das “famosas” lontras Amália e Eusébio, que aparecem num dos seis selos que compõem este bloco filatélico. As restantes imagens são da autoria de Mafalda Frade, bióloga do Oceanário. Esta cerimónia contou com a presença do presidente do Conselho de Administração do Oceanário de Lisboa, Dr. Vítor Tavares de Castro, e com o presidente do Conselho de Administração dos CTT, Dr. Carlos Horta e Costa.
Seniores e crianças mais próximos O conhecido como “Clube Sénior” mudou de nome e de instalações. A Associação Cultura Sénior vem marcar um novo passo num projecto que há mais de quatro anos reunia mais de seiscentos sócios num bem diversificado conjunto de actividades. Recentemente constituída juridicamente, esta associação mudou de instalações para um espaço cedido, na Rua Pedro e Inês, a poucos metros das instalações que permitiram este projecto nascer. Para a Parque Expo, que apadrinhou desde o início esta associação, é com orgulho que vê o projecto adquirir a sua própria independência. Nas antigas instalações vai nascer o Colégio Parque das Nações, que através de uma creche e jardim-de-infância, em funcionamento doze
meses por ano, irá receber cerca de cento e quarenta crianças com um diversificado conjunto de actividades integradas num ambiente familiar. A poucos metros da Associação Cultura Sénior, este colégio tem já pensadas algumas iniciativas que permitirão a participação desta associação assim como dos familiares das crianças inscritas no colégio. Intitulado “Clube dos Avós” este projecto irá proporcionar o intercâmbio entre duas faixas etárias que, apesar de uma grande distância de idades, irão coexistir muito perto uma da outra.
“Concurso de ideias” para a nova Igreja Numa reunião com a Ordem dos Arquitectos, foi expressa a vontade de apoiar o concurso de ideias de projectos de arquitectura que irá ser realizado tendo em vista a construção da nova igreja da Paróquia de Nossa Senhora dos Navegantes. Helena Roseta, presidente desta Ordem, recebeu alguns dos representantes desta paróquia do Parque das Nações e não só deixou clara esta vontade como, também, o disponibilizar de ajuda na angariação de futuros apoios que venham a suportar alguns dos custos necessários ao desenvolvimento deste concurso. Foi iniciado, também, um primeiro contacto com a Fundação Gulbenkian indicando um futuro apoio. Pode considerar-se, assim, mais um passo em frente num caminho que se adivinha longo, mas que tem deixado claro um percurso marcado pela exigência da qualidade e beleza ao encontro de um significado pastoral e, ainda, cultural. No que diz respeito ao futuro terreno, onde terá lugar a construção desta igreja, as conversações com a Parque Expo continuam e muito em breve será assinado o contrato de promessa de compra e venda do terreno localizado no PP6, na zona norte do Parque das Nações. !"#
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Temos uma área de 150 m2 Segunda a Sábado das 10h às 20h Alameda dos Oceanos, lote 4.32 01-B Parque das Nações 1990-238 Lisboa (Junto à CGD) Zona Norte Tel. 21 895 16 70
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4 | NP | ENTREVISTA
O Pavilhão Atlântico : o 11º Estádio Só o nome soa bem: CIM – Centro Internacional de Media. Não é o primeiro mas é o melhor de sempre. E é nosso. São milhares de jornalistas, computadores, câmaras e máquinas fotográficas ao serviço de uma e uma só causa: registar para a posteridade os melhores momentos do EURO 2004. Pela primeira vez na história dos europeus de futebol , televisão, rádio, imprensa e fotógrafos respiram o mesmo ar, no Pavilhão Atlântico. Fica a conversa com António Florêncio, Director de Media da Sociedade Euro 2004.
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EURO 2004. Está a cinco minutos do aeroporto, está ao lado da auto-estrada do Norte e auto-estrada do Sul, a poucos minutos dos dois estádios de Lisboa e implantado na zona que tem o maior interface de transportes do país. O jornalista mesmo que não esteja hospedado nos hotéis da Expo – que já estão cheios de jornalistas – mesmo que esteja na Baixa, quase que pode vir a pé! Todas estas coisas tornaram indiscutível uma tese que eu partilho de que o Pavilhão Atlântico, a partir do momento em que nós resolvemos juntar toda a Comunicação Social numa estrutura, o Pavilhão Atlântico deixou de ter concorrência. Por outro lado, protagonizámos com ele o aluguer mais longo da sua história: 72 dias de aluguer. Espero que isso também sirva para que o ano de 2004 seja um ano próspero, em termos de operação, para o Pavilhão Atlântico.
Porquê o Pavilhão Atlântico para receber o Centro Internacional de Media (CIM)? Temos que ir um bocadinho mais atrás e constatar que o CIM é uma solução para albergar rádio, televisão, imprensa escrita e fotógrafos, desde o Campeonato do Mundo de 1998. A FIFA fez isso em Paris no Mundial de 98, nunca tinha acontecido antes. Mantiveram essa solução no Campeonato do Mundo no Japão e a UEFA nunca tinha tido. E nós, no período de candidatura, em que fomos os “outsiders”, em que fomos os que começámos mais tarde, éramos os menos favoritos, nós tínhamos que embrulhar um bocado a nossa candidatura que era uma imensa promessa, não era mais do que isso. Era um dossier que dizia: “se vocês nos derem o Campeonato da Europa, nós prometemos ir fazer isto”. Não tínhamos nada feito. E numa visita da UEFA a Portugal, no Parque das Especialistas europeus acreNações, foi-lhes dito pela Federação Portuguesa de ditam que este vai ser o meFutebol e pelo Governo da lhor CIM de sempre. O que é altura que “se vocês nos que faz deste o melhor CIM? Uma das nossas promessas derem o campeonato da na candidatura Europa, nós – volto a falar vamos juntar das promessas – toda a comuniO que conta foi tentar orgacação social aqui nizar o melhor no Pavilhão é o futebol Campeonato da Atlântico”. Europa de semPortanto, isto foi, no fundo, cumprir mais pre. Convém que se diga que uma promessa que, feliz- até 1992, o Europeu era uma mente, temos cumprido prova disputada por 8 selectodas, e esta é a razão porque ções, com pouco interesse. fomos para o Pavilhão Não havia muita vontade das federações de os organizaAtlântico. Por outro lado, e eu sei isto, rem e esta versão actual com por experiência própria, por 16 equipas, nós só a temos ter estado em muitos desde 1996. Portanto, nós só campeonatos da Europa, a temos como pontos de comprimeira impressão é de uma paração o EURO 96 em importância fundamental. O Inglaterra e o EURO 2000 na jornalista chega e uma das Bélgica/Holanda, onde, tamprimeiras coisas que faz é ir bém, participámos e, de buscar a sua acreditação. E facto, nós fizemos essa pronão é difícil de imaginar… no messa solene de tentar orgamês de Junho, em princípio, nizar o melhor europeu de deve estar bom tempo, a sempre. Ora, isso passa pela localização da arena, o Tejo, Comunicação Social que é os restaurantes, … é natural- quem pode consagrar ou mente um excelente cartão destruir seja o que for. Mas de visita. Além disso, a loca- eu gostaria de dizer que esta lização geográfica do afirmação de termos o mePavilhão Atlântico parece lhor europeu de sempre, é que foi feita a pensar no um bocado aleatória. O que
ENTREVISTA | NP | 5
queremos dizer é que quere- escrita e aos fotógrafos conmos organizar o melhor dições de trabalho iguais. E europeu de sempre. Porque essa é a melhor vantagem, é eu estive no EURO 2000 com um nivelar por cima. E nós a Selecção Nacional e con- conseguimos, com a ajuda do tactei muito com a organiza- Governo português – porque ção. De facto, não foi um o Governo português, é, de prodígio de organização, facto, parte interessada neste antes pelo contrário. Mas a projecto e importante no qualidade do futebol que se pagamento do Pavilhão jogou no EURO 2000 foi fan- Atlântico: promessa da cantástica, talvez a melhor qua- didatura integralmente cumlidade de futebol na história prida agora por este das fases finais de campeo- Governo, que não estava no natos da Europa e campeo- poder na altura da candidanatos do Mundo. Portanto o tura – portanto estas vantaque é que fica? Quando se gens são um nivelamento por fala no EURO 2000, de um cima. modo geral, no mundo do Em termos de estrutura, futebol, as recordações do EURO 2000 são fantásticas como é que vai estar organiporque a qualidade do jogo zado o Pavilhão Atlântico? O CIM é tudo, às quatro acti- Mundiais, antes dos Jogos foi uma coisa ímpar e nós temos consciência de que vidades do jornalismo, se Olímpicos… isso faz-se. Mas no EURO 2000 podemos ter a isso não se fez. E melhor organização – que Era um dossier que dizia: “se vocês nos derem o nós trouxemos cá um grupo de joreu acho que isso já temos Campeonato da Europa, nós prometemos ir fazer isto” nalistas internacionais de grande – mas se se peso. Também é jogar mal, as recordações do EURO 2004 quisermos: juntámos as preciso dar-lhe mais alguma ficarão comprometidas. O grandes agências mundiais. coisa, não é só mostrar-lhes que conta é o futebol e ainda Depois, a parte dos broadcas- estádios em obras. Eles bem que assim é, mas não se ters é o IBC – International viram, primeiro, de manhã, o Broadcast Center, e a parte lançamento do Quinas no pode determinar, é aleatório. da imprensa escrita e dos Porto e à noite, o Portugal É a primeira vez que se fotógrafos é o MMC – Main Brasil. E trouxemos, recentereúne, no mesmo espaço físi- Media Center, que, na zona mente, um media tour no dia co, televisão, rádio, imprensa deambulatória na parte nor- no sorteio, no Pavilhão escrita e fotógrafos, num deste do Pavilhão Atlântico, Atlântico, no dia 30 de campeonato da Europa. a que dá para a FIL, é a zona Novembro e, ao fim do dia, de trabalho dos jornalistas, levámo-los a ver os dez estáQuais serão as vantagens? Claro que tem muitas vanta- com 200 postos de trabalho dios. E, de facto, joga tudo a gens porque até agora, não com ligações gratuitas à nosso favor. Nós temos o vou dizer que houve sempre Internet, que é a primeira vez Pavilhão Atlântico onde se uma discriminação, nem que isto se faz. Tudo junto é fez o sorteio e explicámos como é que ia ser o campeoestou a dizer isto por vir da o CIM. nato. Depois foram ver os imprensa escrita, mas a teleHouve já reacções interna- dez estádios que já estavam visão tinha sempre um lugar praticamente feitos – são à parte. Pagavam muito di- cionais a este CIM? Houve, porque nós já fize- todos novos, porque até os nheiro pelos seus direitos e precisavam de condições de mos dois media tours. Media três que foram remodelatrabalho muito boas. A rádio, tour é uma visita dos media a dos…. Por exemplo, no Leiria, por tabela, porque também Portugal. No EURO 2000 não nem a relva se manteve. São, são transmissores, a rádio se fez nenhum. Há quem diga de facto, todos novos. corria um bocado a reboque que isto é “terceiro mundis- Portanto, num país que tem da televisão. Enquanto a mo”, eu acho que não. Acho dez estádios novos, num país imprensa escrita e os fotó- que são coisas que vêm do que tem bom tempo, que tem grafos tiveram sempre menos antigamente e que vão 700 km de praia, onde as condições de trabalho, em demorar a passar. Somos pessoas recebem bem, onde termos de estruturas centrais muito ciosos da nossa coisa e se come bem, onde se bebe e eu não sei se é mais impor- gostamos de receber bem. Às bem, onde o custo de vida, tante o que diz a BBC ou o vezes de uma forma exagera- relativamente ao Norte da que escreve o “London da. Nós somos assim. Mas Europa é uma brincadeira… Times”. Acho que é muito isto de termos feito dois tudo isto, pensamos que vai mais importante o que diz o media tours não é caso funcionar a nosso favor, “London Times” porque fica. único. Eu próprio fui convi- relativamente aos media, Na televisão ouvimos, mas dado a ir aos Estados Unidos, selecções e adeptos que vêm. passa. Por isso, de facto, nós ao Japão, à Coreia, na minha Relativamente a estes que já quisemos dar à imprensa vida de jornalista antes dos cá vieram, há de facto um
Norte resolvemos ter esta estrutura aberta todos os dias com um horário mais reduzido, das 10h às 18 nos dias de treino e alargado nos dias de jogos. E, de facto, vamos ter uma sucursal do Atlântico no Dragão, por isso é só mordomias para os jornalistas.
grande entusiasmo, pouco habitual num campeonato, porque não é só futebol, são estas coisas todas que fazem com que seja, de facto, uma viagem atractiva para os jornalistas, além de virem cá especificamente para cobrirem o Europeu. Qual foi o critério de acreditação dos órgãos de comunicação para estarem no CIM? Nós não inventámos nada. Mesmo com algumas críticas que se fazem em Portugal ao EURO 2004, de toda a ordem, mas que cada vez são menos, porque o EURO está à vista e é cada vez mais difícil dizer mal do EURO 2004, nós esquecemos que isto é um acontecimento cíclico que é jogado de 4 em 4 anos, como o Mundial e as Olimpíadas, portanto tem regras. É tão simples como isso. E o interesse do EURO 2004, pelas razões de que eu falei, é tão grande, que nós tivemos que estabelecer quotas de número de acreditações que podíamos dar, porque o número de lugares nos estádios não cresce. Vamos ter uma bancada de imprensa na final, no Estádio da Luz com 1100 lugares: nunca houve uma bancada de imprensa tão grande, nem nas finais dos campeonatos do Mundo! Mas não cresce… Temos 2700 pedidos para a final. 1600 ficam de fora. Acreditados, mas no estádio é preciso acreditação e bilhete para o jogo. Os estádios de 30 000 lugares têm 600 para a imprensa escrita. Nunca
houve! Mas a procura é tanta, que nunca chega. Daí haver ordens de prioridade claramente estabelecidas. E falando de televisão e rádio, são diferentes porque quem paga os direitos de transmissão tem direito à acreditação, por enquanto para a imprensa escrita e para os fotógrafos é gratuito. Mas há critérios e o nome no topo da lista de cada país é sempre a agência de notícias. Em Portugal é a LUSA, que leva as suas notícias a todos os jornais deste país, nacionais, regionais, etc. Depois vêm os diários desportivos, depois os diários generalistas e depois por aí abaixo. Isto funciona assim para todos os países, variando o número de quotas. Nós, por sermos os organizadores, teremos o maior número de acreditados. Portanto, os critérios são transparentes. Mas há muita gente que não está contente. Recusámos mais de 300 pedidos de acreditação em Portugal. Acreditações portuguesas são responsabilidade minha. O processo das acreditações era o único que eu não gostava de fazer, mas tem que se fazer o agradável e o desagradável. O Porto terá uma estrutura semelhante ao Pavilhão Atlântico em Lisboa… Isso é que é uma estreia absoluta. Isso nunca ninguém fez. Nós temos uma “sucursal” do Pavilhão Atlântico no Porto, que é no Estádio do Dragão. Com a aglomeração de estádios no
Que equipa é responsável por estes “bastidores” do EURO 2004? A nossa equipa é muito vasta, mas teríamos uma vida complicadíssima se não pudéssemos contar com o Atlântico. João Gonçalves é o administrador com quem nós falamos, Ana Teresa Mota, das Operações, o Lucas, toda a equipa, que têm uma experiência vastíssima de grandes eventos no Pavilhão, mas nenhum tão grande como este, mas até, se calhar, mais complicados, porque envolvem público. Este não. O Pavilhão Atlântico – que é considerado o 11º estádio – organiza eventos como concertos que exigem segurança apertada. Portanto eles conhecem o edifício como ninguém. Têm um know how que se traduz nas solicitações que têm para fornecerem serviços fora do Pavilhão. Grandes concertos, grandes eventos. Lembro-me que o stage manager do concerto dos Rolling Stones, em Coimbra, foi um homem do Pavilhão Atlântico. Portanto sem a equipa do Atlântico, tínhamos a vida muito mais complicada, porque eles são extremamente competentes e conhecem aquilo muito melhor que nós. Além disso, no Parque das Nações, não vamos ter só o Atlântico, vamos ter também o Fan Park que vai funcionar no Pavilhão de Portugal e que será uma coisa de grandes dimensões. As pessoas vão para lá, têm ecrãs gigantes para ver os jogos, para jogar à bola. È um imenso parque de diversões com entrada gratuita, com animação e devidamente seguro. Todas as cidades terão uma coisa parecida.
6 | NP | CARTAZ
CARTAZ NO PARQUE CINEMA O CINEMA CONTA HISTÓRIAS - IPJ Abril Dia 27 Mostra das melhores curtas espanholas
Solo Amor, de Javier Rodriguez Melcón Un Dia Perfecto, de Jacob Rispa Siete Cafes por Semana, de Juan Macias Pantalones, de Ana Martinez Maio Dia 4 “Lost in translation - O Amor é um Lugar Estranho”, de Sofia Copolla Dia 25 - “Adeus Lenine”, de Wolfgang Becker Sessões às 15h30 e 18h00 Auditório do IPJ – 218920800
TEATRO «O Azul do Zé», de Chloé Siganos e Françoise Schein De 30 de Março a 25 de Maio , todas as terças-feiras às 11:00 «O Rapaz de Bronze», de Shopia de Mello Breyner De 31 de Março a 26 de Maio , todas as quartas-feiras, às 10:30 e às 11:30 Auditório do IPJ – 218920800
EXPOSIÇÕES GOBISSAUROS
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mais célebre e mais importante colecção mundial de esqueletos fósseis do Deserto de Gobi, Mongólia, e de Dinaussários-Robots do Museu de História Natural de Londres. Com o apoio da Parque Expo esta mostra conta com 14 esqueletos completos de dinossárius adultos, juvenis ou até em fase embrionária e mais de 30 ossos e fósseis, além do célebre robot Tyrannosauros Rex. Torre Vasco da Gama 218 967 056/218 969 034 – www.gobissauros.com
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Vá às Berlengas no Creoula
O
Oceanário de Lisboa organiza de 28 a 30 de Maio uma expedição às Berlengas a bordo da famosa embarcação da Marinha Portuguesa o Creoula. Esta riquíssima reserva natural situada ao largo de Peniche será objecto de uma autêntica lição de fauna e flora marinhas para todos os jovens com idades entre Os 14 e os 22 anos que estejam interessados em embarcar nesta aventura. Oceanário de Lisboa Inscrições – 218 917 002/218 917 006 / reservas@oceanario.pt ou info@oceanario.pt
“Oficina das Artes” no Vasco da Gama
FIL – Feira Internacional de Lisboa - Salão Internacional do Automóvel De 30 de Abril a 9 de Maio - TEKTÓNICA - Feira Internacional da Construção e Obras Públicas De 19 a 23 de Maio. - SIROR - Salão Internacional das Pedras Naturais De 19 a 23 de Maio - SK - Salão Internacional de Pavimentos e Revestimentos Cerâmicos De 19 a 23 de Maio - SIMAC - Salão Internacional de Materiais, Máquinas e Equipamentos para a Construção De 19 a 23 de Maio - EXPOFRANCHISE - Forum de Oportunidades de Negócios De 29 a 31 de Maio www.fil.pt
Música para bebés no Oceanário
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partir do próximo dia 24 de Abril o Oceanário de Lisboa abre portas a mais um projecto que vem marcar, uma vez mais, o já conhecido lema desta casa: “sempre diferente”. Desta vez a iniciativa está ligada ao conceito “Music for babies” permitindo aos mais novos um primeiro contacto com a arte musical numa ligação com a aptidão e desenvolvimento global da criança. Músicas populares, eruditas e originais envolvem figuras marinhas e mitológicas num espectáculo acompanhado por músicos e profissionais nas áreas da psicologia e educação. Este projecto engloba Concertos para Bebés (dos 0 aos 3 anos), todos os sábados às 09h00 e Ateliers de Música para Crianças (dos 4 aos 9 anos), Sábados às 11h00. Inscrições – telef. 218 917 002/218 917 006
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eatro, cinema, aventura, expressão dramática e artes plásticas são as actividades que estão a ser desenvolvidas no Centro Vasco da Gama aos Sábados desde o mês de Março, entre as 10H30 e as 13H00 (Piso 0, junto ao balcão de informações). A “Oficina das Artes” é um espaço destinado a crianças com idades compreendidas entre os 6 e os 12 anos. Os ateliers “Teatro de Papel” e “Imagem em Movimento” convidaram estas crianças a experimentarem por uma primeira vez o contacto com a representação em teatro e a observar o processo de animação em movimento para cinema. Para Maio e Junho estão preparados dois ateliers que certamente irão continuar a surpreender, a animar e a educar os mais jovens. 01 de Maio – Escavação de Dinossáurios Este atelier dá a conhecer a história da terra, desde a sua formação. As crianças são convidadas a realizar uma escavação, onde o objectivo é encontrar o esqueleto de um dinóssaurio, utilizando as técnicas e os métodos de escavação reais. Paralelamente, os participantes constroem o seu próprio “livro de campo”. 12 de Junho– Expressão Dramática No atelier dedicado à expressão dramática, as crianças aprendem o prazer da comunicação teatral, através de um jogo de carácter lúdico que estimula a expressão corporal, a voz e o reconhecimento do espaço. Em paralelo e de forma simbólica, este espaço auxiliará a Fundação Maria do Carmo Roque Pereira, uma Instituição Privada de Solidariedade Social. Reservas limitadas até 10 marcações telefónicas por Oficina. Centro Vasco da Gama - 21 893 06 00 www.centrovascodagama.pt !"#
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A ORIENTE 8 | NP | OPINIÃO
Jorge Barros luís direcção da AMCPN
Como é que vê, hoje, o projecto Parque das Nações? Vejo como um projecto bastante aquém. A questão da organização é decisiva, não porque venha resolver os problemas todos mas vem dar uma unidade que permitirá encarar soluções únicas para um conjunto de lacunas que encontramos aqui no Parque. Não é aceitável que, em simultâneo, se apresente esta zona como o símbolo da excelência e da modernidade de um país e que, ao mesmo tempo, se continue a defraudar as expectativas das pessoas que aqui compraram as suas casas. Qual é que considera ser a maior falha? A dimensão do projecto urbano. Criou-se um mito de que era possível fazer uma das maiores operações de reconversão urbana à escala mundial dos nossos tempos com um saldo zero. Não faz qualquer tipo de sentido. Pensar dessa forma significa legitimar o Parque das Nações como um condomínio fechado. Então quem está a investir aqui é quem está a pagar tudo isto. Quem está a pagar tudo isto tem direito sobre isto que os contribuintes não têm. Ora não faz sentido porque isto é para ser usufruído por toda a gente. E isto leva-nos à questão da elevada densidade urbana. O Sr. Presidente da República já cá esteve em diversas ocasiões e revelou a sua preocupação em relação a este assunto em concreto e nós ainda não vimos nada. tado dos nosso problemas junto dos poderes públicos de uma uma forma independente, a gestão desta zona? Não consigo imaginar essa possibilidade. Nós ouvimos falar forma, absolutamente, educada, urbana, civilizada, mas, se Qual a solução para esta questão? Com vontade política há soluções para tudo. Se os nossos calhar, somos forçados a fazer aquilo que outras populações numa dívida de cerca de 120 milhões de euros, de Loures à governantes quiserem olhar para o Parque das Nações como do país fazem para verem satisfeitos os seus legítimos direitos. Parque Expo. A Câmara só pode tomar posse deste território quando resolver este problema. Em ele se encontra, hoje, e não de uma forma meramente de mar- Ainda há bem pouco tempo tivemos uma relação a Lisboa, não tenho informaketing, eu julgo que é um passo fundamental para que possa- reunião com a DREL e soubemos que só ção sobre esta questão financeira. mos caminhar num bom sentido. A criação da Freguesia do agora é que o projecto está a ser feito. Nós Eu admito que, como quase No que respeita a trânsito, temos parOriente é um aspecto muito importante. Neste momento não andamos a falar com a Parque Expo, desde químetros, sinais de trânsito, ninguém 1999, sobre esta escola e somos servidos por ninguém. A Parque tudo em Portugal, respeita nem ninguém faz respeitar as desde essa altura que nos Expo continua a executar um conjunto regras. Aos fins-de-semana e em foi dito que o projecto já de trabalhos de manutenção para manter O Sr. Presidente da as coisas com o seu tempo outras alturas é permitido estacionar existia. Como morador uma aparência mínima desta zona. A de qualquer forma. Eu próprio já me CMLisboa continua a assobiar para o República já cá esteve em ainda acredito neste pro- acabem por se resolver. desloquei inúmeras vezes à esquadra jecto. Muito sinceramente lado, à espera. A CMloures faz saber que não tem dinheiro para pagar a dívida diversas ocasiões e reve- penso que os poderes públicos querem rapi- por causa de situações flagrantemente incorrectas que envolvem, damente apagar a memória da exposição por exemplo, o barrar o acesso a garagens e obtenho respostas que tem para com a Parque Expo. E nós internacional, fechar as contas do Parque simpáticas como, por exemplo, o facto de termos que ser comcontinuamos neste tipo de indefinição, lou a sua preocu das Nações e tentar investir num governo preensíveis com o facto de virem muitas pessoas, para esta zona, há pelo menos três anos, o que causa graves danos a quem mora, a quem investe aqui. Quando nós contribuinte, aqui. É uma opção perfeitamente legítima, mas, passear. Se tivéssemos uma entidade única, esta questão já não se pensamos na necessidade de construir escolas, centros de então, não se pode é continuar a alimentar a ilusão de que isto colocava e a polícia deixaria de ter motivos para não agir em consaúde, na necessidade de existir um planeamento urbano pla- é um espaço de excelência e que é um espaço de excelência formidade com a lei.Quero também sublinhar que uma parte nificado, não há uma entidade que assuma uma unificação. A que não custa nada ao contribuinte. Eu continuo convencido substancial do mau exemplo nasce aqui dentro. As pessoas que presença dos poderes, públicos, aqui limita-se ao usufruto da de que não é de todo impossível haver algum responsável polí- aqui vivem fazem o mesmo com o carro ou com o cão que suja imagem e não é gasto, aqui, um cêntimo por parte das autar- tico que, de uma vez por todas, dê um estímulo muito forte à as ruas e os passeios. É natural que os que vêm de fora façam o resolução do conjunto de problemas que aqui encontramos. mesmo. As pessoas sentem que já não vale a pena ter um comquias. Mas, para ser sincero, atribuo uma probabilidade, cada vez portamento exemplar. Não estamos a conceber uma sociedade Estará para breve uma solução para a questão da unificação mais pequena, de isso acontecer. Em relação à Freguesia, tal- policial, aqui. Agora estamos a pensar numa sociedade com o mínimo de regras. Não podemos ignorar que uma oportunidade vez um dia seja possível chegar a ela. autárquica? como esta, num país como Portugal, aparece uma vez no século. Eu admito que, como quase tudo em Portugal, as coisas com E a possibilidade de cada uma das câmaras assumirem, de Não se vai fazer outro Parque das Nações no nosso tempo de vida. o seu tempo acabem por se resolver. Nós, até hoje, temos tra-
pação
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FREGUESIA DO ORIENTE FREGUESIA DO ORIENTE Na sequência da entrega da nossa Petição na Assembleia da República, temos notícia de que irá ser apresentada por alguns Deputados uma proposta de lei para a criação da nossa Freguesia. Resta-nos esperar que a mesma seja acolhida favoravelmente.
Também o estabelecimento Gourmet Glamour (ramo alimentar), sito na Av. D. João II, em frente ao Hotel Mélia Confort, efectua 10% de desconto, para além de outras atenções, aos sócios da AMCPN, mediante a apresentação do respectivo cartão. FÉRIAS DESPORTIVAS
EQUIPAMENTOS ESCOLARES Em reunião que tivemos com a Sr.ª Directora Regional de Lisboa, foi-nos por esta garantido que, finalmente, irá avançar o projecto de construção de um novo equipamento escolar no PP3 (Zona Sul), junto ao Cabeço das Rolas. Se tudo correr como está a ser planificado, tal equipamento será inaugurado no ano lectivo de 2006. Foi-nos, igualmente, transmitido que está a ser preparado o avanço do projecto de construção da escola básica prevista no Plano de Pormenor 6 – zona norte. Também na área de equipamentos escolares, passaremos a dispor, a partir de Setembro póximo, de mais um colégio particular (creche e jardim de infância), na zona sul, denominado de Colégio Parque das Nações, sito na Rua Pedro e Inês, Lote 22 (antigas instalações do Clube Sénior), sobre o qual poderão dispôr de mais informação no nosso Site.
Dada a dificuldade que muitos pais nos têm manifestado de ter onde deixar as suas crianças nos períodos de férias escolares, decidiu a AMCPN, em colaboração com a GAMEKIDS, sediada na Portela, organizar actividades para os períodos da Páscoa e nos meses de Julho e Agosto, para jovens dos 6 aos 16 anos. O programa detalhado, bem como as condições, podem ser consultadas no site da AMCPN (www.amcpn.com), em ATL.. Poderão, também, ser disponibilizados pelo nosso e-mail: amcpn@netcabo.pt, ou pelo Tm 968039928. Saliente-se que esta programação está a ser, igualmente, desenvolvida na Portela, com o apoio da Junta de Freguesia e da Associação de Moradores, o que nos dá garantias de qualidade.
BENEFÍCIOS AOS ASSOCIADOS
Os preços apresentados poderão vir a sofrer alguma descida, caso o número de inscrições ou os patrocínios que estão a ser negociados o permitam.
A Clínica Médica das Naus, sita na Alameda dos Oceanos, Lote 3.10.09.C – Zona sul -, concede condições especiais aos nossos associados.
Finalmente, como algumas pessoas poderão não ter fácil acesso à internet, segue-se alguma informação condensada sobre a matéria:
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