Notícias Hospitalares - Edição 78

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GESTÃO

DA

SAÚDE

EM

DEBATE

OPINIÃO

O especialista espanhol Joan Costa-i-Font revela quem sai ganhando na parceria público-privada ANO

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SEMESTRE

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Eficiência em Gestão

Hospitais do Pará e do Rio de Janeiro comprovam os resultados de qualidade das OSS na administração da saúde pública

ENTREVISTA

O secretário estadual de Saúde, Felipe Peixoto, fala sobre os investimentos realizados pelo governo do Rio de Janeiro na rede pública




anĂşncio


78ª edição 2º Semestre / 2015

Capa

Hospitais públicos do Pará e do Rio de Janeiro que contam com a gestão da Pró-Saúde.

Expediente

Qualidade atestada e reconhecida

Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar

Esta edição da revista Notícias Hospitalares é especial por diferentes motivos. O primeiro é nossa reportagem de capa, que apresenta um amplo panorama dos hospitais do Pará e Rio de Janeiro.

DIRETORIA ESTATUTÁRIA PRESIDENTE Dom Eurico dos Santos Veloso VICE-PRESIDENTE Dom Hugo da Silva Cavalcante, OSB SECRETÁRIO Cônego Doutor José Gomes de Moraes TESOUREIRO Monsenhor Marco Eduardo Jacob Silva DIRETORIA EXECUTIVA DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Jocelmo Pablo Mews (interino) DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO Danilo Oliveira da Silva DIRETORA JURÍDICA E DE FILANTROPIA Wanessa Portugal DIRETOR DE OPERAÇÕES Jocelmo Pablo Mews NOTÍCIAS HOSPITALARES Diretora Responsável Wanessa Portugal Coordenadora de Comunicação Georgia Rodrigues Projeto Editorial Doxa Conteúdo & Design Produção editorial Ricardo Viveiros & Associados – Oficina de Comunicação Jornalista responsável Ada Caperuto - MTB 24082 Revisão Márcia Nunes Projeto Gráfico Adriano Frachetta Design Mister Pixel - Agência Criativa Editoras Georgia Rodrigues e Marisa Ramazotti Colaboraram nesta edição Arlindo Junior, Juliana Tavares, Laura de Araújo e Thaís Rodrigues Costa Fotografia Oséias Alexandre (LookStudio Fotografias) / Shutterstock / Divulgação Sespa/José Pantoja www.noticiashospitalares.com.br

Os demais motivos são as conquistas dos últimos meses. Um importante mérito foi alcançado pelo Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC) e o Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC), do Rio de Janeiro, que receberam o Prêmio Dr. Pinotti – Hospital Amigo da Mulher. E, por suas iniciativas sustentáveis, o IEC também mereceu o Prêmio Amigo do Meio Ambiente 2015, láurea igualmente conquistada pelo Hospital Estadual Anchieta (HEA), também do Rio, pelo Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC), de São Paulo, e pelo Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), do Pará. Celebramos também a renovação de nossa parceria na administração do HMMC e o aniversário de diversas unidades por nós geridas, em diferentes unidades da Federação. Confira ainda nesta edição as seções Expansão, apresentando o Centro de Educação Infantil (CEI) Santa Rita, no município de São Paulo, e a nova Unidade de Pronto Atendento (UPA), em Itaboraí (RJ); Prevenção, que alerta sobre os riscos da modernidade tecnológica que podem levar à surdez precoce; a seção Entrevista, com Felipe Peixoto, Secretário Estadual de Saúde do Rio de Janeiro; e Opinião, com artigo do especialista espanhol em Organizações Sociais de Saúde, Joan Costa-i- Font. Boa leitura!

IMPRESSÃO Stilgraf Artes Gráficas e Editora Ltda. Tiragem 10.000 exemplares Contato imprensa@prosaude.org.br

Dom Eurico dos Santos Veloso, Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG) Presidente da Pró-Saúde

E D I TO R I A L

Revista Notícias Hospitalares


ÍNDICE

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Revista Notícias Hospitalares

Conheça o Centro de Educação Infantil (CEI) Santa Rita, na zona leste da capital paulista, e a Unidade de Pronto Atendimento (UPA), de Itaboraí, no Rio de Janeiro.

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Sala de Espera

ENTREVISTA

capa

O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC) e o Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC), do Rio de Janeiro, foram reconhecidos com o Prêmio Dr. Pinotti 2015 – Hospital Amigo da Mulher.

O secretário estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Felipe Peixoto, fala sobre os investimentos feitos nas 70 unidades que formam a rede pública no estado, e que são as responsáveis pelo atendimento a 20 mil pessoas diariamente.

Exemplos da região Norte e Sudeste mostram como os investimentos das OSS podem mudar a realidade do atendimento na saúde pública. Nos Estados do Rio de Janeiro e do Pará resultados eficientes são alcançados através do gerenciamento em 360 graus.


26 EXCELÊNCIA Quatro hospitais administrados pela Pró-Saúde, no Rio de Janeiro, Pará e São Paulo, receberam o Prêmio Amigo do Meio Ambiente 2015.

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Eficiência em gestão

PREVENÇÃO

A Pró-Saúde integra os rankings de melhores empresas publicados pelas revistas Exame e IstoÉ Dinheiro e pelos jornais Valor Econômico e Estadão.

Especialista revela o que pode ser feito para evitar a PAINPSE, a surdez por exposição a ruídos ocupacionais, que começa a afetar adolescentes e jovens que abusam do volume para ouvir música nos fones de ouvido.

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SA L A D E ES P E R A

Um ano de excelência na Bahia Pró-Saúde completa doze meses de gestão em duas unidades de Salvador

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Um ano de gestão do Hospital Alayde Costa e da UPA 24h Subúrbio

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A Pró-Saúde completou em agosto seu primeiro ano de administração do Hospital Alayde Costa e da UPA 24h Subúrbio, ambos em Salvador (BA). Para celebrar os avanços obtidos no período, os coordenadores e diretores das unidades convidaram para um encontro representantes do bairro do Subúrbio Ferroviário, onde as unidades estão localizadas. Na reunião, a Pró-Saúde falou a respeito do trabalho realizado e de ações desenvolvidas nas duas unidades, além de ter promovido atividades de integração entre a comunidade local e a entidade. Durante esse primeiro ano de gestão foram realizados, nas duas unidades, 62.723 atendimentos gerais, 9.512 atendimentos pediátricos, 3.616 atendimentos ortopédicos e 531 em Clínica Médica/UTI.

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Hospitais do Rio de Janeiro são contemplados pelo Prêmio Dr. Pinotti O Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC) e o Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC), ambos do Rio de Janeiro, foram reconhecidos com o Prêmio Dr. Pinotti 2015 – Hospital Amigo da Mulher, pelo trabalho desenvolvido para ampliar o acesso e melhorias de qualidade no atendimento à saúde da mulher. A Pró-Saúde administra integralmente o IEC e, também, a Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do HECC, sob contrato de gestão com o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Oferecido pela Câmara dos Deputados, o prêmio tem abrangência nacional. Seu objetivo é reconhecer trabalhos que ampliem o acesso da mulher à saúde e promovam melhorias na qualidade do atendimento. “O Instituto Estadual do Cérebro acumula importantes conquistas para a população. Administrado desde sua inauguração pela Pró-Saúde, a gestão beneficia, principalmente, as mulheres, uma vez que a incidência de doenças neurológicas é maior no público feminino”, destacou Paulo Niemeyer Filho, diretor clínico do IEC, especializado em neurocirurgia de alta complexidade.


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Hospital Regional Público da Transamazônica mantém certificado de Acreditado Pleno

Entre os meses de junho e julho, quatro hospitais administrados pela Pró-Saúde celebraram aniversário com ações especiais voltadas aos colaboradores e comunidade, o que reforçou a integração com a população atendida. Em Altamira (PA), o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRTP) comemorou oito anos de serviço. Administrada pela Pró-Saúde desde a inauguração, em julho de 2007, a unidade conta com 97 leitos e três Unidades de Terapia Intensiva (UTIs). O HRTP é referência no atendimento de alta e média complexidades, com mais de 20 especialidades médicas e odontológicas e 530 colaboradores. O Hospital Municipal de Mogi das Cruzes, de São Paulo, completou seu primeiro ano de existência. Durante três dias do mês de junho, a unidade celebrou com festa para os colaboradores, prestação de contas para a comunidade e uma missa de Ação de Graças. Também celebrando seu primeiro ano de atividades, o Hospital Público Estadual Galileu, em Ananindeua (PA), recebeu bênção ecumênica e lançou oficialmente a Reconstrução e Alongamento Ósseo, serviço cirúrgico inédito no Pará. Em um ano, o hospital realizou 3.500 internações.

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O Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira (PA), passou pela avaliação de manutenção de certificação da Organização Nacional de Acreditação (ONA), entidade não governamental que certifica a qualidade de serviços de saúde no Brasil, com ênfase na segurança do paciente. Entre os dias 11 e 13 de maio, auditores da entidade avaliaram os processos e o sistema de gestão de qualidade do hospital, tendo como parâmetros a excelência nos serviços e a segurança oferecida aos pacientes e funcionários. O objetivo do hospital era manter a certificação ONA 2 - Acreditado Pleno, conquistada pela instituição em 2012. O Hospital Regional é o único da região Transamazônica e Xingu com atendimento realizado integralmente pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e um dos sete hospitais públicos do País a ter esse reconhecimento.

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Quatro unidades administradas pela Pró-Saúde fazem aniversário

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E N T R E V I STA

Crescimento e qualidade, da atenção básica às especialidades Com 20 mil atendimentos diários e 70 unidades de saúde, o estado do Rio de Janeiro vem investindo recursos financeiros e humanos na melhora da qualidade do setor. O secretário Estadual de Saúde do Rio de Janeiro, Felipe Peixoto, revela os resultados, que são notados em toda a rede, das UPAs aos grandes hospitais, onde a humanização é prioridade.

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iteroiense formado em Administração pela Universidade Federal Fluminense (UFF) e pósgraduado em Direito Público, Felipe Peixoto assumiu a Secretaria Estadual de Saúde do Rio de Janeiro em janeiro deste ano. Antes de ser integrante da gestão do governador Luiz Fernando Pezão (PMDB), ele comandou a Secretaria Estadual

de Desenvolvimento Regional, Abastecimento e Pesca. Em sua cidade natal, onde foi vereador por três mandatos, integrou a Comissão de Saúde e Desenvolvimento Social. Nesta entrevista à revista Notícias Hospitalares, o secretário fala sobre os investimentos e as obras de saúde no estado e comenta o papel das Organizações Sociais de Saúde (OSS) nessa dinâmica.


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E N T R E V I STA

Felipe Peixoto: “A opção pelas OSS teve por objetivo melhorar a gestão e oferecer cada vez mais atendimento de qualidade à

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população.

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Para começar, gostaria que o senhor nos revelasse alguns números da saúde pública no estado do Rio de Janeiro e sua evolução recente. Quantos hospitais estaduais existem, quantas pessoas são atendidas anualmente? O Rio de Janeiro foi o estado que, proporcionalmente, criou mais unidades e serviços especializados em saúde nos últimos anos. Nossa rede é composta por mais de 70 unidades de saúde, entre hospitais, Unidades de Pronto Atendimento (UPAs), institutos e Clínicas da Família. Além disso, temos unidades como o Centro de Diagnóstico por Imagem (Rio Imagem) e a Farmácia Estadual de Medicamentos Especiais (Rio Farmes). Para se ter uma ideia da gama de atendimentos que prestamos, no ano passado, a Secretaria de Estado de Saúde realizou 604.931 exames de diagnóstico por imagem em toda a nossa rede. E, este ano, apenas em nossas unidades móveis de ressonância magnética e tomografia, já registramos mais de 258 mil exames realizados. Antes da criação das UPAs, os hospitais estaduais de emergência realizavam, juntos, 2,5 mil atendimentos por dia. Hoje, esse número é de 20 mil atendimentos diários. Também acabamos de expandir o número de leitos de UTI, credenciando 250 leitos, além do Reuni [programa de integração de serviços públicos de saúde das esferas federal, estadual e municipal], que foi o pontapé inicial para a integração. Quais são as maiores demandas da população e os principais objetivos da atual gestão no campo da saúde? Hoje, o principal desafio é manter uma rede tão complexa de portas abertas,

por conta das dificuldades financeiras que enfrentamos – assim como ocorre em todo o País. Não fechamos e nem interrompemos nenhum tipo de atendimento à população do estado. Muito pelo contrário. Estamos vencendo desafios, colocando as contas em dia e avançando, inaugurando novas unidades e batendo recordes de atendimento nas UPAs 24 horas. Oferecemos também serviços de excelência em diversas áreas, como o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer, que acaba de ser certificado como centro de referência internacional para pós-graduação em neurocirurgia pela Federação Mundial de Sociedades de Neurocirurgia. Nosso programa de cirurgia bariátrica e o Programa Estadual de Transplantes (PET) são motivos de orgulho e modelos de atendimento especializado. É com isso que a população do estado do Rio pode contar para os próximos anos: melhora na excelência do atendimento, sem se esquecer dos primeiros cuidados e das emergências 24h. Essa é uma meta que busco incansavelmente, e é isso que quero para o futuro, oferecer uma saúde de qualidade. Um trabalho que, aliás, persigo em minha gestão é este: aumentar a humanização da saúde. O senhor pode nos adiantar o que está sendo feito e o que será realizado nos próximos anos em matéria de construção e reforma de hospitais e também quanto aos programas específicos, como os de combate à dengue? O País vive uma crise e, no estado do Rio de Janeiro, a situação não é diferente. Apesar disso, estamos crescendo e aumentando o número de atendimentos à população. Este ano já entregamos seis Clínicas da Família,


Como é trabalhada a questão regional na saúde? De que maneira o governo lida com as particularidades das diversas regiões do estado?

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Estudos comparativos mostram que a gestão por OSS traz mais eficiência aos hospitais públicos, com menores gastos médios por internações. É isso que um estado moderno precisa. A regionalização é importantíssima. A rede de exames móveis é um exemplo. Temos prestado auxílio a municípios que não podem oferecer à sua população exames com equipamentos de qualidade e presteza no atendimento. Os serviços móveis de imagem ajudam os municípios a economizar mais de R$ 42 milhões por ano. Os Consórcios Intermunicipais de Saúde funcionam plenamente no nosso governo. Eu e o governador Luiz Fernando Pezão temos essa diretriz como uma de nossas prioridades e participamos de todas as reuniões nas regionais, que contemplam os 92 municípios. É essencial olharmos para as políticas públicas apresentadas pelas prefeituras. Principalmente em momentos de crise, quando aplicamos recursos no que é realmente necessário e importante de fato para a população.

O Rio de Janeiro é um estado com expressiva atuação de OSS. Do ponto de vista da administração pública, quais são os benefícios de adotar esse sistema? O que o senhor aponta como as principais vantagens para a população fluminense? A opção pelas OSS teve por objetivo melhorar a gestão e oferecer cada vez mais atendimento de qualidade à população. Elas representam uma resposta do estado do Rio de Janeiro ao problema da falta de profissionais de saúde, sobretudo médicos, um desafio que se repete em todo o Brasil. Na prática, não há mudança no perfil do serviço, pois as unidades de saúde se mantêm públicas, ou seja, não há privatização do atendimento, como muita gente pensa. Além disso, fiscalizamos todo o serviço. Estudos comparativos entre a gestão direta da administração pública e a gestão por OSS apontam maior eficiência nos hospitais das OSS, com menores gastos médios por internações e outros procedimentos. E é isso que um estado moderno precisa, principalmente quando esse modelo é integrante do Sistema Único de Saúde (SUS), o que garante a eficiência das políticas públicas de saúde, com estabelecimento de metas qualitativas e quantitativas a serem cumpridas.

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abrangendo os municípios de São Fidélis, Conceição de Macabu, Cardoso Moreira, Seropédica, Itaguaí e São Francisco de Itabapoana. A Região Serrana ganhará em breve uma unidade de referência no tratamento de câncer. O Hospital Estadual de Oncologia da Região Serrana terá capacidade para cerca de 200 leitos, 30 destinados às crianças. Serão investidos cerca de R$ 95,4 milhões em obras e equipamentos. Esse hospital poderá atender até 500 mil pessoas, em uma parceria entre o governo estadual e federal. Também estão em obras o Rio Imagem II, em Niterói, e o Hospital Estadual da Mãe, em São Gonçalo, e estamos investindo em melhorias no Hospital Azevedo Lima. Já o combate à dengue é uma atribuição dos municípios. Mas nós sempre participamos, ao lado das prefeituras, das campanhas e do tratamento à população, em ação engajada entre as três esferas de governo. Acabamos de criar a campanha “Time Jovem Dengue“, em que alunos da nossa rede de ensino, em parceria com a Secretaria Estadual de Educação, passam por formação para combater o mosquito transmissor da dengue, chikungunya e zika.

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Ex pansão

Pró-Saúde amplia sua presença nos Estados de São Paulo e do Rio de Janeiro Convênios entre a Pró-Saúde e o poder público oferecem um novo modelo de prestação de serviços à UPA do município de Itaboraí (RJ) e entregam à comunidade de Cidade Tiradentes (SP) um novo CEI.

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ntre julho e agosto, a PróSaúde ampliou os serviços que presta à população de dois estados da região Sudeste. De um lado, zona leste da capital de São Paulo, mães e pais contam com um novo Centro de Educação Infantil

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(CEI), com capacidade para receber 211 crianças de até três anos de idade. De outro, no Rio de Janeiro, uma Unidade de Pronto Atendimento (UPA) 24 horas passou a ser gerida pela entidade. O CEI Santa Rita, operado em

convênio com a Prefeitura de São Paulo desde 3 de julho, já atende 200 alunos de 0 a 3 anos. Mas está nos planos da administração aumentar o número de matrículas, a partir da maior aproximação com os moradores do bairro. “O papel


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responsabiliza pela administração do CEI, conduzindo a verba pública de maneira organizada para que todas as necessidades sejam supridas, como alimentação, materiais pedagógicos, equipamento de segurança e funcionários qualificados”, explica a diretora. O novo CEI conta com 38 funcionários, nove salas de aula, brinquedoteca, biblioteca, parque, solarium, refeitório e lactário. A equipe que trabalha no local é multidisciplinar e acompanha de perto a aprendizagem de cada uma das crianças, assim como a alimentação e seu

desenvolvimento físico, emocional, psicológico e social. O próximo passo para garantir que o trabalho do CEI seja ainda mais eficiente para as crianças e suas famílias é o fortalecimento do vínculo com a comunidade. A inauguração do Centro e uma “Festa Julina”, logo na primeira semana de atividades, serviram como oportunidade inicial de contato. Agora, o principal canal entre a escola e os pais deve ser, além de eventos, as reuniões com a Comissão de Pais e a análise dos resultados dos formulários e das pesquisas enviados aos responsáveis pelos alunos.

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da Pró-Saúde é garantir o bom funcionamento do CEI Santa Rita, zelando por um ambiente seguro e acolhedor, tanto para as crianças como para toda a comunidade da Cidade Tiradentes”, diz Joyce Bispo de Moura, diretora da unidade. Construído pelo município, o CEI é a quarta parceria entre a prefeitura paulistana e a Pró-Saúde em educação infantil. A entidade já administra os CEIs dos bairros Jardim São Jorge, Jardim Eliane e Lageado, todos localizados na zona leste. Essa união teve início em 1998 e atualmente são atendidas 759 crianças. “A Pró-Saúde se

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UPA 24h Itaboraí

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No estado do Rio de Janeiro, mais exatamente no município de Itaboraí, a população também passou a contar com os serviços prestados pela Pró-Saúde. Foi assinado em agosto mais um convênio entre a entidade e o Governo do Estado do Rio de Janeiro. Vigente por seis meses, o contrato prevê a operação da UPA 24 horas da cidade, que fica na região metropolitana. A unidade recebe casos emergenciais de baixa e média complexidades, com capacidade para realizar 450 atendimentos diários. O edifício conta com três consultórios para adultos, dois de pediatria e uma sala para atendimento odontológico. Existem ainda salas para sutura, aplicação de medicamentos e nebulização, procedimentos diversos, isolamento, para o caso de pacientes com doenças infectocontagiosas, e 17 leitos, divididos entre ala adulta e infantil. A UPA possui também um laboratório de radiologia e um para análises clínicas. Comandando toda essa estrutura, trabalham no local oito clínicos, seis pediatras e dois dentistas, escalonados entre os turnos diurno e noturno. Nas primeiras semanas de gestão, a administração da UPA se concentrou na contratação de funcionários e a reorganização do fluxo de atendimento, assim como no levantamento de ambientes e mobiliários que precisam de melhorias. Uma restruturação dos ambientes também está sendo planejada. “Nesse primeiro mês estamos organizando a casa para que possamos dar uma assistência ainda melhor aos pacientes. Nas próximas semanas, todo o processo já estará concluído”, explica o diretor da UPA, Júlio Mendes.


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expansão de projetos que tenham apresentado bons resultados. No entanto, quem mais se beneficia dessa parceria, sem dúvida, é o paciente. Por meio da gestão compartilhada, há uma redução importante da burocratização a curto prazo. Sob a perspectiva de

““

Um dos diferenciais mais relevantes para a contratação de uma organização social de saúde está no aperfeiçoamento do fluxo de trabalho.

longo prazo, a melhora na qualidade do atendimento e no investimento em infraestrutura diminui a necessidade de a população procurar serviços de saúde fora do sistema público. Muitos países poderiam se

beneficiar da descentralização da gestão na saúde, sobretudo aqueles que, assim como o Brasil, apresentam características heterogêneas. Em nações desse porte, é relevante que o gerenciamento hospitalar seja feito de maneira próxima ao paciente e isso requer maior autonomia aos hospitais. Vale ressaltar que a tendência na área da saúde é a introdução de mais incentivos para gerenciar os hospitais públicos como se fossem particulares, sempre com competência e transparência. A experiência dos Estados Unidos nos ensina que, quando o financiamento é privado, os projetos de lei elaborados para o setor da saúde tendem a aumentar e todos saem ganhando: governo, organizações e, a quem mais interessa, a sociedade. Dr. Joan Costa-i-Font Professor associado do Departamento de Política Social do Instituto Europeu da London School of Economics (The LSE European Institute)

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pesar de a ideia inicial ter partido de algumas experiências de integração realizadas no estado americano da Califórnia, o Reino Unido e a Holanda são os pioneiros quando se trata da colaboração entre setor privado e governo na gestão de hospitais públicos. Nos primeiros experimentos, o objetivo era separar o financiamento da prestação do serviço e introduzir a autonomia na gestão hospitalar. A concorrência entre os fornecedores provou ser um bom aliado na busca pela qualidade no atendimento. Um dos diferenciais mais relevantes para a contratação de uma organização social de saúde está no aperfeiçoamento do fluxo de trabalho, com metas transparentes e bem delineadas, que auxiliam a equipe a ter uma visão ampla dos processos, colaborando com a identificação e correção de possíveis falhas e também com a

opini ão

Quem sai ganhando na parceria público-privada

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CA PA

O paciente em primeiro lugar Exemplos das regiões Norte e Sudeste mostram como os investimentos de organizações sociais podem mudar a realidade do atendimento na saúde pública

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egundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), uma parceria público-privada na saúde tem como principal objetivo somar forças em prol daqueles que procuram por atendimento na rede pública, fortalecendo os serviços prestados e educando a população quanto ao seu papel na prevenção de

enfermidades. Nos Estados do Rio de Janeiro e do Pará, esses resultados são alcançados por um modelo de gerenciamento que tem única finalidade: proporcionar o melhor atendimento ao paciente. Na opinião de Joan Costai-Font, professor associado de política econômica do Instituto Europeu da London

School of Economics (LSE), a descentralização da gestão do sistema público de saúde viabiliza o atendimento focado nas necessidades de cada região. “Hospitais de países grandes como o Brasil devem ser administrados próximos ao paciente”, acredita o especialista que também é pesquisador do LSE na área de Saúde.


Pará: aproximação com os usuários A questão da mobilidade era um dos fatores que dificultavam o acesso ao sistema público de saúde no Pará, onde o atendimento se concentrava em Belém, capital do estado. Isso começou a mudar no início do milênio com a construção de hospitais em outras regiões, a exemplo do Hospital Regional do Sudoeste do Pará (HRSP) que fica em Marabá, no sudeste paraense. Voltado ao atendimento de média e alta complexidades, referência em traumato-ortopedia, o HRSP iniciou a parceria entre a Secretaria de Estado de Saúde Pública do

Pará (SESPA) e a Pró-Saúde em outubro de 2006. Além do avanço no atendimento, a unidade investe no sentido de agregar mais qualidade aos serviços prestados. Um exemplo é a conquista da certificação Green Kitchen pela cozinha do hospital, por seus procedimentos sustentáveis. Em 2007 foi criado, na região sudoeste, o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), já no sistema de cogestão entre governo e PróSaúde – um dos sete hospitais públicos no País a receber o título

de Acreditado II. Ampliando a oferta de atendimento para os casos de alta complexidade, o governo do Pará construiu em Santarém o Hospital do Baixo Amazonas (HRBA) em 2006, que passou a ser gerenciado pela Pró-Saúde dois anos depois. É ali que a dona de casa Maria José Cruz de Sousa, 58 anos, realiza sessões semanais de quimioterapia para tratar um câncer. “Antes tínhamos que ir para outro local, muitas vezes sem condição financeira, ficando longe da família”, comenta ela.

Estrutura do HRPT Localizado na cidade de Altamira, o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT) conta com 97 leitos distribuídos nas áreas de enfermaria (74), berçários de alto risco (4) e Unidades de Terapia Intensiva (UTI) para adultos (9), crianças (5) e recém-nascidos (5).

Estrutura do HRBA

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Cerca de 1,2 milhão de habitantes são atendidos no Hospital Regional do Baixo Amazonas.

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CA PA I EC P N

Em Ananindeua, região metropolitana de Belém, está instalado o Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE), que recebe casos de média e alta complexidades e atende cerca de três milhões de habitantes. A unidade também atua em outras vertentes para ampliar e otimizar os serviços prestados. Uma delas é o Centro de Tratamento de Queimados (CTQ), único a atender os portadores de queimaduras na região Norte. Outra é o projeto “Classe Hospitalar”, uma parceria entre as

o local por vezes mais agradável que a própria escola. Em fevereiro de 2014, o governo do Pará entregou o Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), também em Ananindeua. Com perfil de público majoritariamente adulto, com 97% dos casos de traumato-ortopedia, a unidade serve como um hospital de retaguarda para os demais da região. Os projetos com foco em humanização são um dos diferenciais no atendimento do Galileu. Um deles, o Âncora, faz do familiar

secretarias de estado da Saúde e Educação para oferecer atividades escolares durante o período em que crianças e jovens estejam internados. Clara Leite Correa, 8 anos, paciente do HMUE há 4 anos, afirma que a liberdade de fazer atividades lúdicas, como desenhar e pintar, e o bom relacionamento com os colegas que participam do projeto, acaba tornando

um instrumento fundamental para a melhora do paciente (vide mais detalhes no box). O diretor operacional do Pará, Marcelo Bittencourt, explica como funciona a definição do parente. “A família elege quem tem a melhor condição para acompanhar, cuidar e ser treinado. Por isso que se chama “Âncora”: a família se apoia naquela pessoa para ela ser a referência”,

Conheça alguns dos projetos que valorizam a humanização Hospital Regional do Sudeste do Pará (HRSP) Projeto Amor Maior

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Grupo de apoio às mães das UTIs Neonatal e Pediátrica que visa favorecer a minimização do sofrimento por meio das relações interpessoais entre mães, familiares e equipe.

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Grupo Amigos de Sangue

Iniciativa que mobiliza doadores de sangue voluntários no hospital, organizando e incentivando campanhas internas com atendimento psicossocial.

comenta. Na avaliação de Hélio Franco de Macedo Junior, assessor especial do governo do estado para assuntos da saúde, a resolubilidade é o que legitima a escolha pela cogestão público-privada, com a administração por meio de Organizações Sociais de Saúde. “Um dos pressupostos do Sistema Único de Saúde é ter o serviço mais próximo de onde as pessoas moram e, de lá para cá, esses hospitais têm enviado pouquíssimos pacientes para Belém. São gerências que têm demonstrado na prática a vantagem de terem sido contratadas”, ressalta Junior. Segundo o diretor operacional da Pró-Saúde no Pará, Paulo Czrnhak, mais um exemplo da efetividade na parceria entre governo e PróSaúde deverá se confirmar com o Hospital Oncológico Infantil (cujo funcionamento está previsto para o último trimestre do ano).


Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) Caminhada para Saúde e Bem-Estar

Promove a adoção de um estilo de vida saudável aos colaboradores e à comunidade em geral.

Expedicionários da Saúde

Equipe de médicos que oferece atendimento em regiões distantes.

Hospital Público Estadual Galileu (HPEG) Projeto Âncora

Gameterapia

Iniciativa que visa treinar um membro da família do paciente que está em vias de receber alta, mas ainda precisa de cuidados especiais para finalizar o tratamento em casa.

Pacientes fazem exercícios utilizando o jogo Nintendo Wii.

de

fisioterapia

Hospital Metropolitano de Urgência e Emergência (HMUE) Classe Hospitalar

Oferece aulas e atividades escolares às crianças e adultos matriculados no sistema de Educação de Jovens e Adultos (EJA) que estão internados.

Programas de Residências Médicas Em convênios com a Universidade do Estado do Pará (UEPA), Universidade Federal do Pará (UFPA), Centro Universitário do Pará (CESUPA), Universidade da Amazônia (UNAMA) e Faculdade Metropolitana da Amazônia (FAMAZ).

Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT) Ações em dias comemorativos

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Ações pontuais em dias importantes do calendário e no aniversário dos usuários, para aproximar a comunidade do ambiente hospitalar.

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CA PA Revista Notícias Hospitalares

Rio de Janeiro: profissionalização das UTIs No Rio de Janeiro, de acordo com o diretor operacional da Pró-Saúde no Estado, Lafaete Teixeira, o trabalho nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) é o principal projeto nos hospitais públicos. Quando a Pró-Saúde iniciou a cogestão do primeiro hospital, em janeiro de 2013, o desafio foi fazer com que as UTIs funcionassem de maneira eficaz e harmoniosa. “Elaboramos um diagnóstico da situação e, de maneira geral, mantivemos as lideranças, mas adequamos a equipe médica à Regulamentação n. 07/2010 da Anvisa, que determina o quantitativo que uma unidade desse tipo deve ter”, informa o diretor médico das UTIs, Ederlon Rezende. As mudanças foram percebidas no Hospital Estadual Rocha Faria (HERF), localizada no bairro de Campo Grande, zona oeste carioca. Administrado pela Pró-Saúde desde 2012, o hospital tornou-se o primeiro da rede estadual a ser credenciado na Iniciativa Hospital Amigo da Criança, desenvolvida pela Organização Mundial da Saúde

A UTI Pediátrica do Hospital Carlos Chagas (foto) nasceu com o modus operandi da Pró-Saúde

(OMS) e pelo Fundo das Nações Unidas para a Infância (Unicef). Um dos projetos nesse sentido é o Jovem Mãe, voltado a gestantes de até 18 anos, que orienta práticas que podem facilitar o parto e cuidados com o bebê. Participante do programa, a estudante Larissa dos Santos, de 14 anos, elogiou as orientações sobre amamentação e as visitas periódicas dos médicos da equipe. Atendendo casos de alta complexidade, o Hospital Estadual

Getúlio Vargas (HEGV), no bairro da Penha, intensificou a eficiência na prestação da assistência imediata – com destaque para a cirurgia vascular, cujo número de pacientes socorridos cresceu, de acordo com a administração do hospital. Além disso, a unidade criou um mecanismo para buscar atender os anseios dos moradores das comunidades da Penha e do Alemão. A administração da PróSaúde incluiu no Conselho Diretivo o líder comunitário Luís Cláudio

Com um novo status perante a comunidade local, o Hospital Getúlio Vargas (foto) demonstra a sua qualidade através da eficiência no pronto-

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atendimento


dos Santos, que faz a ponte entre a população e o hospital. “Antes havia várias barreiras nesse contato com a direção do hospital, mas hoje as portas estão abertas”, garante ele. Localizado em Marechal Hermes, o Hospital Estadual Carlos Chagas (HECC) registrou melhora geral no desempenho, além de inaugurar

afirma Rodrigo Barros, coordenador médico da UTI Adulto. Criando proximidade com os usuários, a equipe da UTI Pediátrica do HECC promove reuniões para explicar aos responsáveis pela criança o quadro de saúde e a proposta terapêutica. “Todos os procedimentos recebem a minha

O pequeno Eduardo, de um ano, fica sob a vigilância da mãe enquanto recebe o atendimento no Carlos Chagas

as UTIs Pediátrica e de Adultos. “A Pró-Saúde viabilizou uma série de programas que nos ajuda a coletar os dados de modo seguro e, com isso, é possível oferecer uma saúde melhor”,

autorização, eles me explicam tudo e fico mais segura”, afirma Priscila Oliveira da Silva, que acompanha o filho de um ano, Eduardo, internado desde maio deste ano.

Referência em maternidade de alto risco, o Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (HEAPN), na região metropolitana, apresentou ganhos expressivos em pouco mais de dois anos de gestão compartilhada. Um dos diferenciais do atendimento é a “Enfermaria da mãe”, espaço de descanso entre uma amamentação e outra. Outro é o Centro do Trauma, um dos poucos do gênero disponíveis no Rio de Janeiro. Os pacientes do HEAPN com quadro de saúde estabilizado, mas ainda impossibilitados de voltar para casa, são enviados para unidades de retaguarda, como o Hospital Estadual Anchieta (HEAN), no bairro do Caju, que atende várias especialidades. Vítima de um acidente de moto, Jonathan Oliveira dos Santos, de 17 anos, é um participante ferrenho dos projetos de humanização oferecidos pela unidade, sobretudo o de música, que traz artistas voluntários semanalmente.

O que mudou com a Pró-Saúde no HEAN

2º Semestre / 2015

Após mais de seis décadas, o Hospital Estadual Anchieta fechou as portas para reforma e reabriu no ano passado com a cogestão da Pró-Saúde e um modelo de atendimento com foco na qualidade assistencial, segurança do paciente e humanização.

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CA PA

Excelência comprovada no IEC Recentemente, o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC) – primeiro centro especializado em neurocirurgia do País – conquistou um certificado de reconhecimento internacional para pós-graduação em neurocirurgia pela Federação Mundial de Sociedades de Neurocirurgia.

Revista Notícias Hospitalares

Por sua vez, o Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC), na região central da capital, realizou, em dois anos, mais de duas mil cirurgias em uma especialidade que até então tinha o seu atendimento disperso pelas unidades hospitalares do Rio de Janeiro: a neurocirurgia. A unidade também investe em ações lúdicas para auxiliar na

recuperação dos usuários. O grupo “Trupe da Alegria”, por exemplo, visita mensalmente o hospital com o objetivo de levar mensagens positivas a pacientes e acompanhantes. A agilidade e o permanente investimento em melhorias é o que faz da parceria público-privada uma escolha estratégica de acordo com Felipe Peixoto, secretário de Saúde do

Rio de Janeiro. “Os mecanismos utilizados pelas OSS permitem uma gestão moderna e eficiente, aumentando o número de usuários atendidos e a qualidade dos serviços de saúde pública” . Segundo ele, atualmente 47 unidades da rede estadual operam sob o sistema de OSS, sendo 30 unidades de pronto atendimento.

Equipe médica do Instituto do Cérebro durante uma das cirurgias realizadas no gerenciamento da

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Pró-Saúde


Conheça algumas das ações especiais com foco na humanização Maternidade do Hospital Estadual Rocha Faria (HERF) Amigas do Leite

Pai Canguru

Incentiva a doação de leite materno, que é enviado para as crianças internadas na UTI Neonatal.

Enfaixado ao colo do pai diariamente por 15 minutos, o bebê que está prestes a sair da incubadora recebe estímulos do contato paterno.

Hospital Estadual Getúlio Vargas (HEGV) Projeto Coração Parado Com foco na captação de coração, o projeto contempla outros órgãos e tecidos, sobretudo córneas, elevando a posição do estado do Rio de Janeiro no ranking nacional desse tipo de captação.

Hospital Estadual Adão Pereira Nunes (HEAPN) Banco de Leite Visa arrecadar leite para as crianças internadas na UTI Neonatal e para mães soropositivas.

Hospital Estadual Anchieta (HEAN) Pet Terapia Realizado quinzenalmente, o projeto leva cachorros e outros animais para interagirem com os pacientes.

Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC) Dia Mundial da Conscientização da Epilepsia – “Purple Day”

Equipe do IEC vestindo a camisa do Purple Day

2º Semestre / 2015

Nesta data, os colaboradores vestem blusas roxas e enfeitam o corredor do ambulatório e a recepção da Epilepsia. Além disso, há um cronograma de atividades com apresentações musicais do grupo “Trupe da Alegria”.

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PERFIL

Tempo doado por médicos pode mudar vidas Projeto Horas da Vida conta com 1.200 profissionais voluntários, em quatro estados brasileiros.

Revista Notícias Hospitalares

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abendo dos obstáculos que muitos brasileiros encontram para ter acesso à saúde de qualidade, o médico paulista João Paulo Ribeiro encontrou seu modo de fazer mais por essas pessoas: doar seu tempo. Em 2012, conversando com amigos que atuam na mesma área, descobriu que muitos deles também já estavam no voluntariado. Por que não articular esses profissionais e aumentar o alcance desse tipo de iniciativa? Foi assim que surgiu o Horas da Vida, organização que está presente nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Porto

Alegre e Florianópolis, e conta com 1.200 profissionais de saúde voluntários, de 30 especialidades – entre clínica geral, pediatria, odontologia, oftalmologia e enfermagem. Juntos, eles realizam 500 atendimentos por mês. A associação também conta com voluntários de outras áreas, que integram a equipe organizadora de mutirões, e apoiadores de empresas e da sociedade civil. A Horas da Vida é uma instituição que proporciona atendimento médico gratuito a pessoas assistidas por ONGs parceiras. Os profissionais oferecem consultas, em seus próprios consultórios

ou em mutirões organizados pela Horas da Vida ou outras entidades, bem como exames laboratoriais e de imagem e distribuição de óculos, além de promover aulas e palestras. A organização, que atende entidades como a Casa do Zezinho e a APAE de São Paulo, também trabalha em conjunto com os programas sociais ofertados por organismos como o Grupo Cultural AfroReggae, Fundação Bachiana Filarmônica, Associação Beneficente Santa Fé e a organização Saúde da Criança (que estão presentes nos quatro estados onde o projeto atua).


Como fazer parte

Os médicos Ruben Ariano e João Paulo Ribeiro, criadores do Horas da Vida

““

São 1.200 profissionais de saúde voluntários, de 30 especialidades, ques realizam 500 atendimentos por mês .

2º Semestre / 2015

Profissionais da saúde com interesse a se unir ao grupo devem entrar em contato com o Horas da Vida e especificar a quantidade de horas e a frequência com que podem realizar o atendimento gratuito. Não há uma quantidade mínima de tempo exigida – é possível doar desde uma hora por mês até três horas por semana. “Não existe um perfil único de profissional. Basta ter o desejo de ajudar as pessoas que necessitam de cuidados médicos e muitas vezes não possuem condição de pagar uma consulta particular ou aguardam horas para receber

atendimento em hospitais lotados. A doação pode ser oferecendo horas em seu próprio consultório, horas de palestras ou recursos financeiros”, afirma João Paulo Ribeiro. Pessoas físicas e jurídicas também podem apoiar a organização através de doações, em dinheiro ou equipamentos e materiais de saúde. Organizações de saúde também podem firmar parcerias, como o caso do Hospital do Coração, em São Paulo, universidades e laboratórios de medicina diagnóstica. Visite www.horasdavida.org.br e descubra como fazer parte dessa iniciativa em favor da saúde.

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EXC E L Ê N C I A

Pró-Saúde é reconhecida como entidade “Amiga do Meio Ambiente” A associação foi premiada no 8º Seminário Hospitais Saudáveis, realizado em setembro pela Secretaria de Estado da Saúde de São Paulo

A

Revista Notícias Hospitalares

Pró-Saúde tem na questão ambiental um de seus pilares, aspecto amplamente conhecido por todos aqueles que trabalham na associação – das operações hospitalares aos escritórios. Agora, as medidas de sustentabilidade postas em prática pela entidade e a busca pela inovação nesse setor também foram reconhecidas pelo Prêmio Amigo do Meio Ambiente 2015, entregue em São Paulo no dia 1º de

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setembro, durante o 8º Seminário Hospitais Saudáveis (SHS). Quatro hospitais administrados pela Pró-Saúde foram premiados por iniciativas originais de sustentabilidade: Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (IEC), Hospital Estadual Anchieta (HEA), ambos do Rio de Janeiro, Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC), em São Paulo, e Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), da cidade paraense de Altamira.

A variedade regional, aliás, dominou o evento. Para Vital de Oliveira Filho, coordenador do prêmio, esse fato representa a força da agenda da sustentabilidade na área da saúde. “Existe uma percepção no setor para que se inclua na agenda dos agentes a questão ambiental, apoiada por uma rede nacional e mesmo global de hospitais engajados na causa da sustentabilidade”, afirmou.

Matheus Gomes, diretor do HMMC; Luciane Madruga, diretora de Apoio Assistencial do HRPT; José Donizetti Stoque, diretor do IEC; Aguinaldo Porto Corrêa, diretor Operacional da Pró-Saúde; e Danilo Oliveira da Silva, diretor de Desenvolvimento da Pró-Saúde


Iniciativas premiadas

Sustentabilidade no SUS Foram escolhidas 15 iniciativas entre os 93 projetos inscritos. O prêmio, apoiado pela Pró-Saúde e encabeçado pela Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, tem abrangência nacional e pretende dar destaque às principais iniciativas de sustentabilidade no setor público de saúde, especificamente no atendimento ao Sistema Único de Saúde (SUS). Na avaliação dos cases enviados, o comitê julgador procura por medidas que busquem, no setor público, orientar e conscientizar a população, colocando o segmento da saúde como um incentivador da causa ambiental. O subsecretário de Saúde do Estado de São Paulo, Wilson Pollara, elogiou a articulação do setor. Aspecto reforçado, de acordo com ele, pelo projeto experimental realizado no Hospital das Clínicas de São Paulo para obtenção de energia por turbinas a gás, um método limpo e econômico. Vale lembrar que o complexo hospitalar da capital é, segundo Pollara, um dos maiores consumidores de energia do estado.

“A consciência ambiental está se firmando em diversas instituições, já que esse é o único caminho para termos um planeta habitável no futuro”, disse.

Balanço do Seminário A premiação “Amigo do Meio Ambiente” foi acompanhada no auditório do Hospital Sírio Libanês por mais de 400 pessoas – um

público que reuniu representantes de hospitais, universidades e associações de saúde de diversas partes do País. O evento durou dois dias, contando com conferências, oficinas e mesas-redondas articuladas pelo tema “O desafio do setor de saúde frente às mudanças climáticas”. Crise hídrica, uso racional de energia, produção e consumo sustentável de alimentos e emissão de gases de efeito estufa por hospitais foram alguns dos temas abordados nos encontros. O Hospital Regional do Baixo Amazonas e o Hospital Regional Público do Sudeste, ambos no Pará, e também administrados pela Pró-Saúde, são outras unidades que ganharam destaque no Seminário Hospitais Saudáveis 2015. Eles receberam uma placa comemorativa em reconhecimento aos esforços voltados para a redução dos impactos ambientais no ambiente hospitalar. A Pró-Saúde também foi agraciada com a placa, na categoria Sistema de Saúde. Em oito anos, participaram do SHS cerca de 130 palestrantes nacionais e 25 internacionais, desenvolvendo temas em sintonia com a Rede Global de Hospitais Saudáveis e Verdes. Entre os objetivos da agenda global, estão a questão de descarte de resíduos, o uso de substâncias químicas, o consumo de água e energia e a tecnologia de construção civil. O braço brasileiro do grupo nasceu em 2012 e já conta com 123 membros institucionais, seis sistemas de saúde que representam 145 hospitais e 600 serviços de saúde de diversos portes, além de 422 membros individuais, como profissionais da saúde e da área de meio ambiente.

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No Rio de Janeiro, o projeto inscrito pelo Instituto Estadual do Cérebro e pelo Hospital Estadual Anchieta, que compõem o Complexo Estadual do Cérebro, conta com uma série de ações de sustentabilidade ao longo da cadeia operacional dos hospitais, como descarte correto de pilhas e baterias, campanhas de conscientização para consumo racional da água e de energia e eliminação do uso de dispositivos com mercúrio. Além disso, os hospitais cariocas promovem palestras sobre educação ambiental, ministradas para os funcionários e para a comunidade. Já o paulista HMMC conquistou seu lugar entre os vencedores graças ao case “Instalações Verdes”. O projeto abrange ações como uso de energia solar para aquecimento da água de torneiras e chuveiros e reutilização da água da chuva em descargas. Além disso, o hospital mantém um espaço verde no terceiro andar do prédio – a primeira edificação sustentável de Mogi das Cruzes. Enquanto isso, o vencedor paraense é responsável pela iniciativa “Uso Racional do Sangue”. Nele, os resíduos orgânicos com hemocomponentes são segregados do restante dos materiais e descartados de maneira a mitigar seu impacto no meio ambiente. O hospital conta com duas iniciativas nesse sentido: uso racional do sangue em pediatria por aliquotagem; e segregação dos resíduos infectantes e biológicos da Agência Transfusional em sacos vermelhos. O sistema vai ao encontro do Programa de Gerenciamento de

Resíduos de Serviços de Saúde, da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa).

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EFICIÊNCIA EM GESTÃO

Pró-Saúde está entre as 500 maiores instituições do País Vigor financeiro da associação é atestado pelos ranking dos jornais Valor Econômico e O Estado de S. Paulo e das revistas Exame e IstoÉ Dinheiro.

Revista Notícias Hospitalares

O

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s investimentos da Pró-Saúde em seu modelo de gestão estão rendendo frutos. A edição 2015 de três principais rankings empresariais do Brasil, o especial “Maiores e Melhores”, da revista Exame, o “Valor 1000”, publicado pelo jornal Valor Econômico, e “As Maiores da Dinheiro”, organizado pela revista IstoÉ Dinheiro, colocaram a PróSaúde entre as 500 principais instituições do País. No ranking da Editora Abril, a Pró-Saúde ficou na 414ª colocação entre as 1.000 maiores instituições, 70 posições acima da edição de 2014. Além disso, ela foi a corporação que mais cresceu no setor em que foi classificada: serviços. O aumento foi de 33,4% em vendas líquidas, descontada a inflação do período. No especial do Valor, a entidade ficou em 325º lugar, também em um universo de 1.000 companhias. Já na classificação das mil maiores empresas

selecionadas pela IstoÉ Dinheiro, a colocação foi a 331ª.

Maiores e Melhores

O estudo da Editora Abril, que está em sua 42ª edição e elege as maiores companhias, é realizado em parceria com a Fundação Instituto de Pesquisas Contábeis, Atuariais e Financeiras (Fipecafi).

São analisados 18 setores da economia, como serviços, indústria, varejo e bens de capital. Para chegar aos 1.000 nomes relevantes, a equipe analisa os dados de 3.000 empresas, levando em conta 80.000 aspectos financeiros. “Os indicadores que pesam são os que mostram a excelência empresarial, como a taxa de crescimento da receita, a liquidez corrente e a riqueza gerada por empregado. Da coleta de dados até a publicação do anuário, consomem-se cerca de seis meses de trabalho”, conta Ernesto Yoshida, editor do especial. “Figurar entre as 1.000 maiores significa fazer parte da elite empresarial, estar no pelotão de frente dos negócios no Brasil. Entendemos que Melhores e Maiores é uma espécie de ‘bíblia dos negócios’ no Brasil, uma


publicação reconhecida por estar há mais de 40 anos no mercado”, acrescenta Yoshida.

As Maiores da Dinheiro O guia corporativo “As Maiores da Dinheiro” revelou as melhores empresas do Brasil em 2015. A seleção da revista considera quem se destacou em gestão

Valor 1000 Publicado há 15 anos, o Valor 1000 é desenvolvido em conjunto com a Fundação Getulio Vargas e a Serasa Experian. Nesta edição, além de figurar entre as 500 maiores companhias no ranking geral, a Pró-Saúde obteve posição de destaque no segmento de Serviços Médicos. No quesito rentabilidade, a associação ficou em 6º lugar. A receita de 2014 foi a 8ª maior do setor, e o giro do ativo o 4º mais expressivo em todo o setor.

analisou as empresas em quatro dimensões financeiras: receita, lucratividade, porte e consistência histórica dos resultados.

Estadão

financeira, governança corporativa, responsabilidade social, recursos humanos, inovação e qualidade, nos mais diferentes setores. Classificada na comparação entre 2013 e 2014, registrou uma variação de 38,5% em sua receita – um dos principais aspectos levados em conta para definir o ranking.

2º Semestre / 2015

na 331ª posição, a Pró-Saúde,

Na pesquisa Empresas Mais, elaborada pelo jornal O Estado de S. Paulo, ocupa o 6º lugar, entre as 10 maiores instituições do País no setor de Saúde. Realizado em parceria com a Fundação Instituto de Administração (FIA), o levantamento relaciona quais são as empresas de mais alto impacto na economia brasileira, em 22 setores. A metodologia aplicada

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P R E V E N ÇÃO

Volume alto nos fones de ouvido pode provocar surdez Especialista revela o que pode ser feito para evitar a PAINPSE, problema que atinge não apenas trabalhadores expostos continuamente a ruídos ocupacionais, mas também quem tem o hábito de ouvir música em volumes elevados, como os adolescentes e jovens.

Revista Notícias Hospitalares

C

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erca de 9,7 milhões de brasileiros têm algum tipo de deficiência auditiva. Isso representa 5,1% do total de 190,7 milhões de pessoas que vivem no País. De acordo com os dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), levantados pelo Censo de 2010, a deficiência auditiva severa foi declarada por mais de 2,1 milhões de pessoas. Destas, 344,2 mil são surdas e 1,7 milhão têm grande dificuldade para ouvir. Uma das ocorrências mais comuns é a Perda Auditiva Induzida por Níveis de Pressão Sonora Elevados (PAINPSE). O problema pode atingir trabalhadores de diversos ramos de atividade, como as indústrias siderúrgica, metalúrgica, gráfica e têxtil. No entanto, o doutor Edson Ibrahim Mitre, presidente do Departamento Científico de

Otorrinolaringologia da Associação Paulista de Medicina, alerta que a PAINPSE pode resultar da exposição a qualquer som de alta intensidade, até mesmo da música que escutamos em nossos celulares e demais dispositivos sonoros. “Todos esses fatores oferecem potencial risco de lesão acústica que, em alguns casos, é irreversível.” O trauma acústico que pode levar à PAINPSE também decorre de uma situação eventual, como o barulho do estouro de um rojão em um estádio de futebol ou a permanência prolongada em um local onde há uma furadeira em funcionamento.

É importante notar que existe a chamada alteração transitória de limiar auditivo. Por exemplo, quando uma pessoa vai a uma festa em que há música em alto volume, é comum que saia de lá com a sensação de que está ouvindo menos. Porém, no dia seguinte, quando as células nervosas da audição repousaram, ela volta a escutar normalmente. No entanto, Mitre explica que, se


Alguns cuidados para prevenir o problema da PAINPSE No trabalho

• O protetor deve ser de fácil

• A empresa também deve

colocação, manuseio e manu-

contar com um Programa de

tenção, oferecendo capacidade

Conservação Auditiva (PCA);

de atenuação do ruído;

• A primeira providência é o

• O funcionário deve receber ava-

uso de Equipamento de Pro-

liação audiológica periódica;

teção Individual (EPI), incluin-

• Devem ser realizadas ações edu-

do o protetor auditivo;

cativas junto aos trabalhadores.

dispositivo sonoro até a metade

• Em casa, se for utilizar um

do máximo;

equipamento que emite ruído

• Se estiver ouvindo música com

elevado, como uma furadeira, o

fone e a pessoa ao seu lado também

recomendável é utilizar um plug

conseguir captar os sons, isso signi-

(protetor) de espuma;

fica que o volume está alto demais;

• Para ouvir música, os fones de con-

• Se você estiver com fone e alguém

cha são os mais recomendados;

lhe chamar, mas você não escutar, o

• Coloque sempre o volume do

volume também está alto.

ficam inseridos no canal auditivo, são as piores escolhas. “Quanto mais próximo do canal auditivo, maior a intensidade sonora e o risco de lesão. Agora voltaram a ser usados os fones de concha, sob o argumento de que a qualidade sonora é melhor, mas nós, como profissionais, enxergamos como mais adequados.” O médico explica que, no Brasil, não existe legislação em relação à saída máxima de som. E qual é esse limite? “Qualquer intensidade sonora maior que 80 decibéis (dB) oferece risco. Eu faço campanha

com meus filhos. Oriento e eles repassam essas informações aos amigos. Fico apavorado quando entro no elevador e alguém está ouvindo fone tão alto que nós podemos escutar”, diz Mitre. É importante ficar atento aos sinais de que você pode estar com um problema auditivo. Os mais frequentes são: sensação de ouvido abafado, diferença de capacidade auditiva entre os dois ouvidos e zumbido agudo ou parecido com o barulho de chuva. “A lesão acontece de maneira gradual e nem sempre a pessoa se dá

2º Semestre / 2015

isso ocorrer com frequência – por exemplo, alguém que trabalhe com festas – pode se transformar na morte das células nervosas da audição, o que é irreversível e só pode ser corrigido com o uso de aparelhos auditivos. O problema é que, hoje, mesmo os adolescentes de 12 ou 13 anos já apresentam perdas auditivas devido ao uso intenso de fones de ouvido. “Vejo isso não apenas em meu consultório, mas nos de muitos colegas, onde chegam pacientes cada vez mais jovens.” Segundo Mitre, os fones do tipo plug, que

Vida pessoal

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P R E V E N ÇÃO

conta. Na maioria dos casos de lesão ocupacional, quem percebe são os familiares, ou porque a pessoa não escuta o que falam ou porque o volume da televisão está cada vez mais alto. A insônia e a irritabilidade podem ser outros sinais. Mas é muito raro a pessoa

dizer que não está escutando. A maioria somente nota isso quando percebe um chiado ou zumbido.” Para os mais jovens, um sinal pode ser a piora no desempenho escolar. “Hoje, as escolas exigem testes de audiometria, mas fazem isso no

primeiro ano e, depois, quando o problema pode realmente se manifestar, não é mais feito. Acredito que isso deveria ser alvo de uma campanha de saúde pública, nós fazemos algumas pela Sociedade Brasileira de Otologia, mas é preciso ampliar esse alcance.”

Graus de perda auditiva

Leve: de 25 e 40 dB A pessoa ouve os sons das vogais e muitas das consoantes (F, S, P, T, K) podem estar inaudíveis, assim como o tique-taque do relógio.

Moderada: de 45 a 70 dB Quase nenhum som da fala pode ser percebido em nível de voz natural. Apenas sons fortes, como choro de crianças e aspirador de pó funcionando, serão audíveis. A comunicação com o mundo torna-se bastante limitada.

Severa: de 70 a 90 dB

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Nenhum som da fala é audível em nível de conversação natural. Pouquíssimos sons (latidos de cachorro, sons graves de piano ou o toque do telefone) podem ser entendidos.

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Profunda: acima de 90 dB Nenhum som é entendido, apenas o barulho de serra elétrica, motocicleta e helicóptero pode ser captado. Fonte: site da disciplina de Otorrinolaringologia da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (adaptado).


www.prosaude.org.br



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