Notícias Hospitalares - Edição 80

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G ES TÃ O

DA

SAÚDE

EM

DEBATE

COM AS BÊNÇÃOS DO PAPA No encontro com o Papa Francisco, o presidente da Pró-Saúde, dom Eurico dos Santos Veloso, destacou os benefícios da humanização na melhoria do atendimento e o esforço da entidade para conquistar a certificação de qualidade da Organização Nacional de Acreditação (ONA) para as unidades de saúde que administra

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SEMESTRE

EXCELÊNCIA Programa MAIS EFICIENTE reúne todas as ações que buscam melhorar a eficiência e integrar os processos internos das unidades administradas pela Pró‑Saúde

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ENTREVISTA Simão Jatene, governador do Pará, fala sobre os resultados dos investimentos na área da Saúde em seu Estado



A Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar vai completar meio século de atuação em 2017 e tem muitos motivos para celebrar: Está entre as maiores instituições de gestão de serviços de Saúde e administração hospitalar do Brasil. Sua representação se estende a todas as regiões do País. Tem a responsabilidade de administrar quase três mil leitos hospitalares. Gerencia o trabalho de cerca de 20 mil profissionais, dos quais 3,5 mil são médicos. É certificada pelo Ministério da Saúde como Entidade Beneficente de Assistência Social na área da Saúde. Todos esses fatores reforçam sua atuação no âmbito da gestão do Sistema Único de Saúde (SUS). Sua filosofia de trabalho, com eficiência e qualidade, contribui para ampliar o acesso da população aos serviços médicos.

BRAINSTORM

RUMO AOS 50!


Por sua doação... por aliviar nosso sofrimento... por curar nosso corpo... OBRIGADO, DOUTOR! Por confortar nossa alma.

A Pró-Saúde homenageia todos os profissionais médicos por sua atuação humanitária.

BRAINSTORM

OBRIGADO, DOUTOR!


G ES TÃ O

DA

SAÚDE

EM

DEBATE

COM AS BÊNÇÃOS DO PAPA No encontro com o Papa Francisco, o presidente da Pró‑Saúde, dom Eurico dos Santos Veloso, destacou os benefícios da humanização na melhoria do atendimento e o esforço da entidade para conquistar a certificação de qualidade da Organização Nacional de Acreditação (ONA) para as unidades de saúde que administra

ANO

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SEMESTRE

Revista Notícias Hospitalares 80ª edição 2º Semestre / 2016

2016

O Papa Francisco e dom Eurico dos Santos Veloso, presidente da Pró‑Saúde EXCELÊNCIA Programa MAIS EFICIENTE reúne todas as ações que buscam melhorar a eficiência e integrar os processos internos das unidades administradas pela Pró‑Saúde

ENTREVISTA Simão Jatene, governador do Pará, fala sobre os resultados dos investimentos na área da Saúde em seu Estado

Foto — Divulgação/Vaticano

Editorial

Capa

Uma questão de fraternidade

Expediente Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar DIRETORIA ESTATUTÁRIA PRESIDENTE Dom Eurico dos Santos Veloso VICE-PRESIDENTE Dom Hugo da Silva Cavalcante, OSB SECRETÁRIO Cônego Doutor José Gomes de Moraes TESOUREIRO Monsenhor Marco Eduardo Jacob Silva DIRETORIA EXECUTIVA DIRETOR ADMINISTRATIVO E FINANCEIRO Miguel Paulo Duarte Neto DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO Danilo Oliveira da Silva DIRETORA JURÍDICA E DE FILANTROPIA Wanessa Portugal DIRETOR DE OPERAÇÕES Jocelmo Pablo Mews DIRETORA DE GESTÃO DE PESSOAS Elizabeth Leonetti NOTÍCIAS HOSPITALARES Diretora Responsável Wanessa Portugal Projeto Editorial Doxa Conteúdo & Design Produção Editorial Ricardo Viveiros & Associados – Oficina de Comunicação Jornalista responsável Ada Caperuto (MTB 24082) Projeto Gráfico Adriano Frachetta Design Brainstorm Editora Marisa Ramazotti Revisão Malvina Tomáz Colaboraram nesta edição Adriana França, Ana Maria Negreiros, Edson Fonseca, Raquel Rodrigues, Guilherme Pereira, Laura de Araújo, Letícia Cardoso e Thaís Rodrigues Costa

www.noticiashospitalares.com.br Impressão Stilgraf Tiragem 7.000 Contato imprensa@prosaude.org.br

Dom Eurico dos Santos Veloso, Arcebispo Emérito de Juiz de Fora (MG) Presidente da Pró‑Saúde

2º semestre / 2016

Fotografia Acervo Pró-Saúde / Shutterstock / Divulgação Sespa, Feira Hospitalar, Jullius Nascimento e Warley Leite

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sta edição traz em destaque as conquistas da Pró-​­Saú­de na busca da Acreditação hospitalar. Na reportagem, nossos entrevistados enumeram as exi­gên­cias técnicas e gerenciais para atingir esse grau de excelência. Sem dúvida, atender a esses parâmetros é uma questão de obri­ga­to­rie­da­de. Sem eles, não é possível conquistar um certificado que atesta que aquela organização está qualificada para oferecer atendimento do mais alto nível aos pa­cien­tes. Paralelamente, a entidade prioriza o atendimento humanizado, pois acredita que o amor ao próximo é um valor inerente aos cuidados com a saúde. Está comprovado que o enfermo que se sente acolhido, tem a chance de se recuperar mais depressa. Tenho certeza de que nossa bem-​­sucedida atua­ção no pleno acolhimento aos pa­cien­tes deve-​­se não apenas à nossa equipe de colaboradores, mas também ao grande apoio que recebemos dos vo­lun­tá­rios, que a ­ tuam em todas as unidades que ge­ren­cia­mos no Brasil. São eles que, gra­cio­sa­men­te, fazem a diferença na vida de muitos pa­cien­tes, ajudando-​­os a suportar os momentos difíceis de um tratamento de saú­de. Recentemente estive em Roma, onde participei da solenidade de Canonização de Madre Teresa de Calcutá e do Jubileu do Vo­lun­ta­ria­do, Agentes da Misericórdia. Durante este último evento, pude constatar quanto devemos valorizar o papel desses agentes da misericórdia. É por isso que gosto sempre de dizer que, sim, é preciso trabalhar com pro­fis­sio­na­lis­mo e excelência, mas é igualmente necessário humanizar e acolher nossos semelhantes. Uma boa leitura!

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Índice

10 ENTREVISTA

Revista Notícias Hospitalares

Simão Jatene, governa‑ dor do Pará, fala sobre as ações no âmbito da Saúde realizadas por sua gestão e revela os resultados dos in‑ vestimentos nessa área.

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SALA DE ESPERA

EXPANSÃO

CAPA

Unidades geridas pela Pró‑Saúde integram Pacto Global da ONU para as áreas de direi‑ tos humanos, relações de trabalho, meio ambiente e combate à corrupção.

Com nova UBS e uma Unidade de Fisioterapia voltada à terceira ida‑ de, a Pró‑Saúde amplia sua presença em Mogi das Cruzes (SP).

Um raio X dos ca‑ minhos que levam à excelência no se‑ tor hospitalar mostra as conquistas da Pró‑Saúde em sua busca pelo selo de Acreditação con‑ cedido pela ONA.


23 PERFIL Atuação no combate ao Zika Vírus: conheça o tra‑ balho do Ambulatório de Microcefalia do Instituto Estadual do Cérebro Paulo Niemeyer (RJ) e do Hospital Universitário de Jundiaí (SP).

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EXCELÊNCIA

PREVENÇÃO

Pró‑Saúde se mo‑ derniza com o MAIS EFICIENTE, programa que inclui novas ferra‑ mentas para facilitar a gestão e a dinâmica das unidades adminis‑ tradas pela entidade.

Os principais males que podem atingir os homens, e as recomendações do Ministério da Saúde para prevenir doenças fatais. 2º semestre / 2016

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Sal a de Esper a

IEC recebe Prêmio Excelência da Saúde

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Pró-Saúde apresenta case no Congresso Médico e Jurídico

Revista Notícias Hospitalares

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Em 8 de outubro, o Instituto Es­ta­dual do Cérebro Paulo Nie­me­yer (IEC), do Rio de Janeiro (RJ), foi ho­me­na­gea­do durante a pre­mia­ção Excelência da Saú­de 2016, que ocorreu no Gua­ru­já (SP). A unidade administrada pela Pró-​­Saú­de foi eleita Excelência da Saú­de em “Atenção ao pa­cien­ te”, por ter participado do primeiro projeto do País voltado para o acolhimento de crian­ças com microcefalia expostas ao Zika Vírus e de gestantes com diag­nós­ti­co positivo para a doen­ça. Esse projeto foi reconhecido pelo governo federal como modelo a ser seguido no País. Jocelmo Pablo Mews, diretor de Operações da Pró-​­Saú­de, e Wanessa Portugal, diretora Jurídica da entidade, receberam o prêmio. “Este reconhecimento é o resultado do trabalho de todos os profissionais do IEC que a ­ liam a atenção aos pa­cien­tes ao atendimento de ponta, com serviços altamente qualificados. O resultado é a taxa de 100% de satisfação dos usuá­rios”, destacou Mews.

O diretor de Desenvolvimento da Pró-​­Saú­de, Danilo Oliveira da Silva, apresentou, em agosto, no 4º Congresso Brasileiro Médico e Jurídico, em Vitória (ES), o modelo de prestação de serviços da entidade na gestão de saú­de pública. O case escolhido foi a ex­pe­riên­ cia da gestão no Hospital Re­gio­nal do Baixo Amazonas (HRBA), de Santarém (PA). “A Pró-​­Saú­de assumiu a administração em 2008, em um momento de muitas dificuldades. Em parceria com o governo, rea­li­za­mos um trabalho com foco na qualidade do atendimento e segurança do pa­cien­te, resultando na conquista da Certificação ONA 3, em 2015”, destacou. Ele também mencionou os fatores de sucesso no modelo de gestão feito por uma Organização So­cial, citando um estudo do Banco Mun­dial, que aponta be­ne­fí­cios das par­ce­rias firmadas com OSs, como aumento da produtividade, qualidade da assistência, redução de custos, satisfação do usuá­rio e resolutividade. Promovido pela Agência Brasileira de Gestão So­cial e Tecnologia (Abrages), o evento contou com apoio da Pró-​­Saú­de.


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Hospitais recebem Prêmio Amigo do Meio Ambiente

A Organização das Nações Unidas (ONU) divulgou, em setembro, a lista com os sig­na­tá­rios que inte-

gram o Pacto Global, um conjunto de práticas in­ter­na­cio­nal­men­te aceitas nas áreas ­­ de direitos humanos, relações de trabalho, meio am­ bien­te e combate à corrupção. Dos 40 hospitais brasileiros que fazem parte da comunidade in­ter­ na­cio­nal definida pela ONU, três são administrados pela Pró-​­Saú­de: os es­trean­tes Hospital Público Es­ta­ dual Galileu, em Belém, e Hospital Regional Público do Baixo Amazonas, em Santarém, ambos no Pará, e o Hospital Municipal Nossa Senhora da Luz dos Pinhais, em Pinhais (PR), signatário do Pacto Global desde 2011. Para obter o reconhecimento, os hospitais atenderam a dez prin­cí­pios nos quais, todos os anos, os hospitais são ava­lia­dos pela instituição mun­dial. Entre eles, destacamos os seguintes: apoiar e respeitar a proteção de direitos humanos; apoiar a liberdade de as­so­cia­ção e o reconhecimento efetivo do direito à ne­go­cia­ção coletiva; eliminar todas as formas de trabalho forçado ou compulsório; abolição efetiva do trabalho infantil; eliminar a discriminação no emprego; e promover a transparência de seus atos.

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O Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC), de Mogi das Cruzes (SP), e o Hospital Re­gio­nal do Baixo Amazonas (HRBA), de Santarém (PA), receberam o Prêmio Amigo do Meio Am­bien­ te (AMA), promovido pela Secretaria de Estado de Saú­de de São Paulo, e entregue em 14 de setembro, durante o IX Seminário Hospitais Saudáveis (SHS). O Hospital Público Es­ta­dual Galileu (HPEG), de Belém (PA), foi reconhecido com uma menção honrosa. A Pró-​­Saú­de foi uma das promotoras do evento, rea­li­za­do em São Paulo. A 9ª edição do Prêmio AMA recebeu a inscrição de 112 projetos de hospitais que integram o Sistema Único de Saú­de (SUS) e selecionou os 15 melhores. Este é o segundo ano consecutivo que o HMMC é reconhecido, desta vez com o projeto “Mobilidade Sustentável”, o único que abordou o tema. Já o HRBA recebeu o prêmio pelo projeto “Compostagem e Horta Orgânica”, ini­cia­do em outubro de 2015. A unidade também ganhou menção honrosa pelo “Projeto Caracol”, ini­cia­ti­va que utiliza materiais descartáveis para a confecção de jogos pedagógicos voltados às crian­ças internadas. A mesma distinção foi recebida pelo HPEG por dois projetos: “Na busca por práticas sustentáveis: a cria­ção do sistema de votação eletrônica para ava­lia­ção da rea­ção e treinamentos” e “A utilização de tec­no­lo­gias leves na recepção de um hospital de referência no estado do Pará: práticas de empoderamento em educação am­bien­tal”.

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Unidades administradas pela Pró-​­Saúde integram Pacto Global da ONU

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Entrevista Revista Notícias Hospitalares

O governador Simão Jatene revela os resultados dos investimentos que vêm sendo feitos em Saúde e explica por que o estado do Pará é uma das unidades da Federação que mais recursos aplica nesta área

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Saúde em

expansão


N

ão é a primeira vez que Simão Jatene (PSBD) ocupa o cargo de governador do Pará. Este é, na verdade, seu terceiro mandato como chefe do executivo es­ta­dual. Natural de Belém, mas cria­do em Castanhal, nordeste do Pará, Jatene tem 65 anos; é gra­ dua­do em Economia pela Universidade Federal do Pará (UFPA) e fez pós-​­gra­dua­ção na Universidade Es­ta­dual de Campinas (Unicamp). Foi secretário de Estado de Planejamento no pe­río­do de 1983 a 1985 e de 1995 a 1998, e secretário-​­geral do Ministério da Reforma Agrária entre 1985 e 1990. Foi também secretário es­pe­cial de Produção de 1998 a 2001. Nesta entrevista, ele fala sobre as ações na área da Saú­de que vêm sendo desenvolvidas desde que assumiu o cargo, no ano passado.

e, se for necessário nos reinventar, nós nos reinventamos. E é justamente isso que estamos tentando. Há cerca de doze anos, apenas Belém tinha leito para atendimento em alta e média complexidades. Hoje temos em Ananindeua, Marabá, Santarém, Altamira, Redenção, Breves, Paragominas e Tailândia, atendendo às vá­rias re­giões do estado com serviços de alta qualidade. Basta lembrar que esse esforço se iniciou no nosso primeiro mandato, quando decidimos implementar grandes hospitais pelo Estado, como o Metropolitano e os regionais de Santarém, Marabá, Redenção e Altamira. Naquela época, parecia loucura e muitos criticaram, mas o tempo e os atendimentos provaram que era mais que um desejo, era uma necessidade. Pos­te­rior­men­te, a partir do segundo mandato, retomamos esses investimentos, e foram entregues mais hospitais de grande porte, como a Nova Santa Casa, o Jean Bitar, o Galileu, o Hospital Re­ gio­nal do Leste do Pará, em Paragominas. Ini­cia­mos o ­atual mandato, logo no seu primeiro ano, entregando um sonho antigo, que era o Oncológico Infantil, a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) em Tucuruí e estamos avançando em outras obras fundamentais, como a am­ plia­ção dos regionais, o Novo Abelardo Santos, os regionais de Itaituba e Castanhal

2º semestre / 2016

Quais mudanças o senhor po­de­ria apontar entre a a ­ tual gestão e as duas an­te­rio­res, quando governou o estado do Pará? Eu diria que o mais importante nem é o que mudou, mas o que não mudou. Sabe o que não mudou? Eu não desisti de sonhar. E hoje, muito mais do que antes, tenho a convicção de que só é possível transformar sonhos em rea­li­da­de na medida em que tivermos a capacidade de encurtar dis­tân­cias e de aproximar diferenças para superar desigualdades. Para

sermos maiores e melhores. Para isso, é preciso acreditar e praticar valores como a verdade, a justiça e o respeito, que não dependem de semelhanças ou proximidades. São valores que podem ser exercidos por todos, a qualquer tempo, em qualquer lugar. Este Brasil em crise econômica, mas, sobretudo, moral e ética, impõe um novo comportamento: é preciso perseguir permanentemente o objetivo de aproximar a ética da política. Isso é novo. Isso é maior. Isso é melhor. É disso que tratamos quando nos dispomos a sonhar e rea­li­zar sonhos. E é por isso que não desisto de sonhar. Em cada gestão tivemos uma ex­pe­riên­cia distinta e chegamos nesta gestão com a clareza de que os de­sa­fios estavam postos e que eram e ainda são gigantescos. O cidadão é cada vez mais cons­cien­te e exigente, e o poder público precisa dar respostas a questões cada vez mais complexas, envolvendo in­va­ria­vel­men­te qualidade de vida e um futuro melhor. E para servir bem, mais e melhor, precisamos estar dispostos a cortar na própria carne, reduzindo despesas, enxugando a máquina pública e buscando, por outro lado, aumentar a nossa disponibilidade de recursos e melhorar a qualidade do gasto público. Ainda que para isso tenhamos de renovar o que imobiliza, consertar o que nos desconcerta, cobrar respeito de quem respeitamos

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Entrevista Revista Notícias Hospitalares

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e reforçando o processo de qualificação de vá­rios hospitais pelo in­te­rior do Estado, trabalhando com a saú­de básica, que evita muitas vezes que demandas que podem ser so­lu­cio­na­das de maneira mais simples sejam encaminhadas para os regionais, que nasceram para atender casos de média e alta complexidades. Portanto, sem dúvida, reconhecemos que alguns de­sa­fios permanecem, até porque são históricos e precisam ainda ser superados. Mas não dá para negar que estamos conseguindo avançar. O Pará, de acordo com in‑ formações oficiais, é uma das unidades da Federação que mais investe recur‑ sos do orçamento es­ta­dual em Saú­de. De que manei‑ ra o senhor tem conseguido conduzir essa estratégia? Quan­to foi investido no se‑ tor em 2016 e quais as perspectivas para 2017? No pe­río­do de 2011 a 2014, o estado do Pará foi um dos que mais investiu em Saú­ de, tanto em obras, como em equipamentos e serviços. A nossa perspectiva para 2017 é assegurar o nível de recursos executados em 2016, buscando garantir fontes de fi­nan­cia­men­to de operações de crédito para terminar as obras em andamento, como o Hospital Re­gio­nal de Itaituba, o novo Hospital Abelardo Santos (Icoa­ra­ci), o Hospital Re­gio­ nal de Castanhal, reforma

e am­plia­ção dos hospitais de Abae­te­tu­ba e Barcarena, além do término de vá­rias unidades de saú­de que estão sendo requalificadas. Também queremos assegurar recursos para obras que já estão programadas, como o Hospital Geral de Capanema, o Centro Integrado de Inclusão e Rea­bi­li­ta­ção (CIIR), reforma e adequação do prédio centenário da Santa Casa e a construção dos hospitais de Mojui dos Campos e Castelo dos Sonhos. Também queremos assegurar os nossos principais programas com a manutenção dos termos de habilitações de serviços perante o Ministério da Saú­de; os programas de controle da vigilância em saú­de com redução de agravos à população; a implantação das ações do Programa Pará 2030 na área da Saú­de, articulado com outras políticas sociais e implementar me­lho­rias nas unidades já existentes, inclusive aumentando o apoio aos mu­ni­cí­pios na melhoria da atenção primária de saú­de. Sem dúvida, esse é um esforço que deve ser coletivo, pois o Estado depende também de par­ce­rias para executar essas ações. Quais são hoje os principais programas de saú­de rea­li­ za­dos em todo o Estado? Quais são suas propostas nesse sentido para 2017 e até o final de seu mandato? O atendimento em saú­de pública, seja no Estado, seja

em qualquer lugar, não pode ser esporádico. É permanente. E, às vezes, ocorre de maneira si­len­cio­sa, mas efi­cien­te. Um exemplo é o combate à malária, que por tanto tempo foi uma doen­ça que assustou vá­ rios mu­ni­cí­pios. O número de registros caiu de quase 14 mil em 2014, para 10 mil no ano passado. Esse trabalho para diminuição dos casos no Estado ajudou o País a melhorar as estatísticas e a ser reconhecido pela Organização Pan-​­Americana de Saú­de (Opas/OMS), por meio da pre­mia­ção Malaria Cham­pions of the Americas 2015, por sua contribuição ao esforço brasileiro. Quan­do analisamos dados de um pe­río­do maior, lembramos que saí­mos de quase 200 mil registros em 2010, para os 10 mil de 2015. Que­re­mos, no entanto, reduzir ainda mais. Entre as ações desenvolvidas pelo Estado que con­tri­buí­ ram para esse resultado está a distribuição de milhares de mosquiteiros com inseticida para fa­mí­lias que moram em áreas ­­ de alto risco, uma forma simples que ajuda a evitar a picada do mosquito. O Estado também dispõe de mais de 800 Unidades de Diag­nós­ti­co e Tratamento, onde são feitos os exames laboratoriais para diag­nós­ti­co da malária e dis­ tri­buí­dos os medicamentos. Também avançamos muito em relação às doen­ças, como Dengue, Zika e febre


Chikungunya, transmitidas pelo mosquito Aedes Aegypti. Outro ganho importante que faço questão de destacar é que, até pouco tempo, não se imaginaria que no in­te­ rior do Pará e da Amazônia se fa­riam transplantes, ci­rur­ gias etc. E hoje isso é uma rea­li­da­de. Só no primeiro semestre deste ano foram rea­li­za­dos mais de 100 transplantes. O número coloca o Estado como o 13º em quantidade de transplantes em todo o Brasil e o 1º em toda a re­gião Norte. E essas são apenas algumas das ações que estamos rea­li­zan­do. E mesmo sob grande pressão e dificuldades enfrentadas por todos os entes da Federação em 2015, con­ ti­nua­mos a investir fortemente em saú­de, mas reforço que esse deve ser um esforço coletivo, com os mu­ni­cí­pios e o governo federal, pois o desafio ainda é imenso.

No período de 2011 a 2014, o estado do Pará foi um dos que mais investiu em Saúde, tanto em obras, como em equipamentos e serviços. tem se de­sa­fia­do constantemente em todas as áreas ­­ e na Saú­de não é diferente. Con­ti­nua­mos expandindo serviços e investindo na qualidade do atendimento. Como disse, há cerca de doze anos, não tínhamos um leito sequer de média e alta complexidades na rede pública. Hoje, essa é uma rea­li­da­de com os hospitais regionais. Quais se­riam outras medi‑ das em pauta no que tange a am­plia­ções de hospi‑ tais e demais unidades de atendimento à população? Estamos construindo mais três hospitais de média e alta complexidades. O Hospital Abelardo Santos, em Icoa­ra­ci,

e os hospitais regionais de Itaituba e Castanhal. Além disso, estamos em processo de licitação para a construção do hospital re­gio­ nal de Capanema. Também temos obras de am­plia­ ção nos hospitais regionais de Santarém e Marabá. O Estado também está investindo na requalificação dos hospitais municipais, em vá­rias re­giões. Vale lembrar que também investimos na Clínica Monteiro Leite e em vá­rios serviços de he­ mo­diá­li­se no in­te­rior para atender a população. Recentemente entregamos o hospital municipal de Santa Luzia do Pará, e antes disso a Unidade de Alta Complexidade em Oncologia (Unacon) Dr. Vitor Moutinho, em Tucuruí, es­pe­cia­li­za­da no tratamento e na prevenção do câncer, bem como a am­plia­ção do hospital de Conceição do Ara­guaia. Foram atitudes como essas que, inclusive, garantiram que no Pará o número de leitos tenha crescido nos últimos anos, ao contrário do que se observou no País, conforme já vá­rias vezes demonstradas no no­ti­ciá­rio na­cio­nal. Sei que ainda temos muito a fazer, mas nem consigo imaginar qual seria a si­tua­ ção se isso não tivesse sido feito. Seguimos em frente, com a certeza de que, somando esforços e dividindo tarefas e deveres, estamos garantindo cada vez mais direitos para todos aqueles que mais precisam.

2º semestre / 2016

­ ual a importância hoje Q dos hospitais regio‑ nais para o sucesso das ações no âmbito da saú­ de em seu governo? Os hospitais regionais de média e alta complexidades são fundamentais e a população, es­pe­cial­men­te a que mais precisa, sabe disso. Lembro que ainda em nosso primeiro governo, quando decidimos construí-​­los e assumimos que a gestão das unidades se faria por Organizações Sociais, muitos duvidaram que essa ini­cia­ti­ va daria certo. Não faltaram

críticas. Mas vivi no in­te­rior e sei das necessidades, então achei que o risco valia a pena e aceitamos o desafio. Hoje, o número de atendimentos e as certificações concedidas por organizações nacionais nos mostram que esse é o caminho. Mesmo com a crise econômica na­cio­nal, o Estado

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E xpansão

Cidade paulista passa a contar com nova UBS e Unidade de Fisioterapia voltada à terceira idade

A Unidade de Fisioterapia está localizada no distrito de Braz Cubas e a nova UBS, no bairro

Revista Notícias Hospitalares

Alto do Ipiranga

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D

Mogi das Cruzes ganha novas unidades administradas pela Pró‑Saúde

esde setembro, a cidade de Mogi das Cruzes, na re­gião metropolitana de São Paulo, conta com mais dois equipamentos públicos administrados pela Pró-​­Saú­de: a Unidade Clínica Am­bu­la­to­rial (Unica) Dr. Aristides Cunha Filho (Unidade Clínica de Fisioterapia e Reabilitação), no distrito de Braz Cubas, e a Unidade Básica de Saú­de (UBS), no bairro Alto do Ipiranga. As unidades foram entregues à população na comemoração dos 445 anos da cidade, onde a Pró-​­Saú­de administra também o Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC) e o Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (Samu). As novas unidades ampliarão o acesso dos mo­gianos à assistência básica, desafogando outros postos da re­gião e, ao mesmo tempo, oferecendo mais es­pe­cia­li­da­des e serviços. Isso porque a Unidade de Fi­sio­te­ ra­pia e Rea­bi­li­ta­ção fun­cio­na como anexo ao Hospital Municipal, atendendo a população

idosa com atividades como fi­sio­te­ra­pia, hidroginástica e terapia ocu­pa­cio­nal.

Mais do que o básico Inaugurada em 20 de setembro e aberta ao público em 11 de novembro, a Unica Dr. Aristides Cunha Filho (Unidade Clínica de Fisioterapia e Reabilitação) fica ao lado do HMMC. Voltada para o atendimento de pessoas com mais de 60 anos de idade, antes da inauguração, a nova unidade já pos­suía 600 pa­cien­tes cadastrados. A capacidade de atendimento mensal é de 2,7 mil pa­cien­tes. A equipe da Unica é multidisciplinar. Apesar de levar a fi­sio­te­ra­pia no nome, suas funções irão além disso. Oferecendo atividades dedicadas à rea­bi­li­ta­ção motora pré e pós-​­intervenção te­ra­pêu­ti­ca e rea­bi­li­ta­ção motora por incapacidade fun­cio­nal ou déficit de mobilidade física, a Unica também contará com grupos de terapia ocu­pa­cio­nal, hidroginástica, atividades


Unica conta

físicas e lúdicas, orien­ta­ção nu­tri­cio­nal e até aulas de informática. Com isso, a nova unidade deve fortalecer o bairro Braz Cubas como um centro de serviços de Saú­de da re­gião, promovendo a qualidade de vida de modo integrado. São 1,5 mil metros quadrados de área, dis­tri­buí­dos em dois pavimentos, com garantia de acessibilidade para todos os pa­ cien­tes. Entre os am­bien­tes projetados, estão uma academia, con­sul­tó­rios de fi­sio­te­ra­pia e nutrição, piscina, salas de informática e terapia ocupacional. O lugar também conta com salas para técnicas especiais de fisioterapia, como ci­ne­sio­te­ra­pia, que utiliza exer­cí­cios para a circulação e a musculatura, e termoterapia, capaz de pro­por­cio­nar me­lho­rias, por meio de mudanças na temperatura corporal, além de espaços como sala de tria­gem e ves­tiá­rios.

Somando para a cidade

consultórios,

técnicas especiais

dos quais três

da fisioterapia

odontológicos

Calcula-​­se que cerca de 10% dos atendimentos da cidade serão rea­li­za­dos na nova UBS. A farmácia local disponibilizará gratuitamente 127 tipos diferentes de medicamentos. A estrutura contempla também uma sala de observação, uma de demonstração em Saú­de, uma de vacinas e outra de procedimentos de enfermagem. O diretor Ope­ra­cio­nal da Pró-​­Saú­de, Aguinaldo Corrêa, destaca o papel da nova unidade para Mogi das Cruzes. “A Pró-Saú­de sente-​­se muito feliz em poder am­pliar a parceria firmada com a Prefeitura e com a Secretaria Municipal de Saú­de, que sempre dedicaram todo o apoio necessário para que os cidadãos pudessem ter acesso à saú­de pública de qualidade”, afirma. “Assim como acontece com o Hospital Municipal, administrado pela entidade desde o início de suas atividades, também vai acontecer aqui na UBS Alto do Ipiranga”, garante.

2º semestre / 2016

A UBS Dr. José Carlos Duar­te Gue­des, no bairro Alto do Ipiranga, foi aberta ao público em 8 de setembro e já nasceu como a maior da cidade. Com capacidade para rea­ li­zar cerca de 2,8 mil consultas por mês, ela tem 750 metros quadrados de área cons­truí­da e deve atender diretamente moradores de, pelo menos, cinco bairros. Graças à nova unidade, a fila de espera para atendimentos ginecológicos e pe­diá­ tricos diminuiu. É a única da cidade que possui três consultórios odontológicos.

UBS terá oito

com salas para

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Capa

Do total de hospitais públicos acreditados no Brasil, a Pró‑Saúde responde pela gestão de cinco unidades, ou 11,63%, mas a meta é atingir, até o final de 2016, o percentual de 19%. Saiba como a entidade vem avançando nesse sentido

Em busca da

Revista Notícias Hospitalares

E

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excelência

xcelência, qualidade, melhoria do atendimento à população. Essas palavras resumem o que leva um hospital a buscar a certificação ONA (Organização Na­ cio­nal de Acreditação). Não é diferente para a Pró‑Saú­de, que vem conquistando a certificação para diversas unidades que administra em todo o País. Para isso, rea­li­za um trabalho de organização e métodos, de acordo com os cri­té­rios da ONA, mas, por sua missão, também valoriza ao extremo o aspecto do atendimento humanizado, no qual colaboradores e vo­lun­tá­rios têm um papel fundamental. Hoje, no Brasil, existem 250 hospitais acreditados pela ONA no total, entre todos os níveis, públicos e privados, dos quais a maioria está nesta última categoria (mais de 80%). De toda a rede de hospitais públicos que atendem o Sistema Único de Saú­de (SUS) no País, apenas 43 estão chancelados pelo certificado por pos­suí­rem um dos três tipos de certificação concedida pela ONA (veja quadro na próxima página). Desse total, a Pró-​­Saú­de responde

pela gestão de cinco unidades ou 11,63%, mas a meta é atingir, em 2017, o per­cen­tual de 19% — ou seja, a entidade quer, cada vez mais, alcançar a excelência para seus hospitais. De acordo com Simone Luna, analista de Qua­li­da­de da Pró-​­Saú­de, esses 19% deverão ser alcançados com a conquista da certificação ONA 1 por mais dois hospitais da rede que a entidade gerencia. Por enquanto, estão certificados com a ONA 1 o Hospital Público Es­ta­dual Galileu (HPEG), em Belém (PA); o Hospital de Ur­gên­cias da Re­ gião Su­does­te (Hurso), em Santa Helena de ­Goiás (GO); e o Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC), em Mogi das Cruzes (SP). São detentoras da certificação ONA 3 duas unidades localizadas no Pará: o Hospital Re­gio­nal do Baixo Amazonas (HRBA), em Santarém, e o Hospital Re­gio­nal Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira. Traduzindo os números em ações, o diretor de Operações da Pró-​­Saú­de, Jocelmo Pablo Mews, comenta que a entidade possui uma


equipe multidisciplinar formada por ­médicos, enfermeiros, far­ma­cêu­ti­cos e consultores administrativos dedicados à qualidade e à segurança do pa­cien­te. “Nossa meta é implantar uma cultura de qualidade em todas as unidades. A acreditação será a consequência de um trabalho as­sis­ten­cial voltado para as melhores práticas, garantindo a otimização contínua dos serviços prestados à população”, afirma.

a requisitos legais, maior interação entre as ­­áreas, facilitando, assim, a comunicação e reduzindo erros e retrabalho, além de pro­por­cio­nar maturidade à unidade, através de planejamento, interação de processos e análise de eventos”, sintetiza a analista.

De fato, mais do que o atestado, o que se deseja é que o pa­cien­te perceba o valor agregado que há por trás disso. “É importante para o hospital manter os serviços com qualidade, de maneira padronizada. A acreditação também é uma ferramenta que aperfeiçoa uma assistência mais segura e humanizada, colaborando para uma gestão efi­cien­te dos serviços de Saú­de”, completa o diretor. O presidente da ONA, Arlindo de Almeida, explica que para uma instituição de saú­de, a acreditação é uma ferramenta para a melhoria constante de seus processos, o que pode levar à excelência no atendimento, aos melhores resultados assistenciais e também à gestão mais efi­cien­te dos recursos. “Dessa forma, quando um hospital decide aderir à acreditação revela responsabilidade e comprometimento com a segurança, com a ética pro­fis­sio­nal, com os procedimentos que rea­li­za e com a garantia de qualidade do atendimento à população. A acreditação é uma ava­lia­ção de terceira parte, externa, isenta e que analisa a qualidade da organização a partir de padrões prees­ta­be­le­ci­dos. Para alcançá‑los, o hospital precisa aprender a enxergar a sua atua­ção de outra maneira, reconhecer falhas e identificar em quais processos os pa­cien­tes precisam estar mais envolvidos, por exemplo. A acreditação tira a liderança da zona de conforto e exige que os colaboradores participem mais das discussões e tenham análise crítica, com aprendizado e melhoria constante da assistência”, afirma o médico. Em linhas simples, para um hospital conquistar a certificação ONA ele precisa ter alcançado alguns parâmetros i­deais de operação, como explica Simone Luna: “Alinhamento dos processos com foco na segurança do pa­ cien­te e, consequentemente, atendimento

Arlindo de Almeida explica que o processo de acreditação começa por ini­cia­ti­va das instituições de saú­de, são elas que solicitam a certificação. Então, existe um primeiro investimento que consiste na escolha de uma Instituição Acreditadora Cre­den­cia­da (IAC) para, assim, submeter-​­se a uma ava­lia­ção. Geralmente, as instituições precisam promover me­lho­rias nos processos e na estrutura para conseguir a acreditação e isso varia de caso para caso. Para identificar esses pontos críticos, muitos hospitais fazem, antes da ava­lia­ção, um Diag­nós­ti­co Or­ga­ni­za­cio­nal. Arlindo de Almeida acrescenta que, em geral, os hospitais públicos levam mais tempo para conseguir a acreditação. Isso acontece, principalmente, porque a alta direção tem menos poder de decisão. “A gestão passa por processos que nem sempre são ágeis, como licitações. Os planos de carreira e políticas de formação também são definidos fora da instituição, o que dificulta o processo de melhoria contínua da qualidade. Além disso, o fun­cio­ná­rio público,

Passo a passo para a qualidade

Os tipos de acreditação (Nível 1): instituições que atendem ao princípio de segurança em todas as ­áreas de atividade. ■■ Acreditado Pleno (Nível 2): instituições que, além de atenderem ao princípio de segurança, apresentam gestão integrada, com processos que ocorrem de maneira fluida e plena interação entre as atividades. ■■ Acreditado com Excelência (Nível 3): instituições que, além de atender aos critérios de segurança e gestão integrada, possuem culturas organizacionais voltadas para a melhoria contínua dos processos, com indicadores de acompanhamento e autoavaliação. ■■ Acreditado

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Boa gestão e humanização

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Na Pró-​­Saú­de, além do atendimento estrito aos cri­té­rios exigidos pela certificadora, a humanização é um dos elementos essenciais à melhoria no atendimento. E esse trabalho conta com a fundamental ajuda dos vo­lun­tá­rios que ­atuam em todas as unidades administradas pela entidade no Brasil inteiro. “Para os cristãos, nada mais é que colocar em prática a sua so­ cia­bi­li­da­de e so­li­da­rie­da­de no espírito de fraternidade que lhe é dado pelo Cria­dor como conatural à sua natureza. Contudo, precisa ser educada, formada e exige de nós acolhimento e disponibilidade constantes. A fraternidade não cresce em nós apenas por termos o mesmo sangue. Exige de nós formação e abertura amorosa, permanentemente”, afirma Dom Eurico dos Santos Veloso, arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG) e presidente da Pró-​­Saú­ de, sobre a importância do trabalho voluntário. No início de setembro, o re­li­gio­so esteve em Roma (Itália), para participar da Canonização de Madre Teresa de Calcutá, e também participou do Jubileu do Vo­lun­ta­ria­do, Agentes da Misericórdia. Neste ano, o evento, que reú­ ne pes­soas de todo o mundo, dedicou-se de modo es­pe­cial às vítimas do terremoto

que atingiu o centro daquele país em agosto. “Foi possível constatar a importância desses agentes de misericórdia para todos os presentes, convidados ou convocados pelo Papa Francisco. Além disso, cabe lembrar que Madre Teresa, durante toda a sua existência, foi uma dispensadora generosa da misericórdia divina, através do acolhimento e da defesa da vida humana dos nascituros e daqueles abandonados e descartados pela so­cie­ da­de. Ela foi e continua sendo o exemplo incansável do Agente da Misericórdia de Deus”, disse o presidente da Pró-​­Saú­de. Para Dom Eurico, não basta acreditar. “É preciso cuidar, oferecendo o necessário, incentivando, corrigindo erros ou metas, oferecendo meios de atua­li­za­ção, tendo uma coor­de­na­ção efi­ cien­te, valorizando tudo de bom que é feito, sendo gratos a todos pelo bem que rea­li­zam, pelas qualidades colocadas em prática, pelos dons dis­tri­buí­dos. A convocação do vo­lun­ta­ria­ do, pe­rio­di­ca­men­te, é um valor que não pode ser esquecido: para rever, ava­liar, planejar e celebrar. É algo que deve fazer parte de toda a nossa caminhada na missão de sempre servir”, conclui o presidente da Pró-​­Saú­de.


em geral, costuma ser mais resistente a inovações e a mudanças nas formas de trabalho. Implantar uma cultura de segurança do pa­cien­te, com o engajamento efetivo de toda a equipe, torna-se, então, um processo mais lento”, opina o presidente da ONA. “Acredito que o processo de qualidade e melhoria contínua deve ser implementado em todo serviço de saú­de para garantir o melhor atendimento ao usuá­rio, seja ele na rede pública, seja na privada. No caso da rede pública, é um grande desafio, considerando os aspectos econômico-​­financeiros, estruturais, além de uma cultura or­ga­ni­za­cio­nal que precisa ser trabalhada através da implantação de processos, protocolos e políticas, envolvendo e sensibilizando as pes­soas e o corpo clínico”, comenta Jocelmo Mews.

Peculiaridades regionais

Hospital a hospital O HRBA está localizado em Santarém, oes­te do Pará, cidade de quase 300 mil habitantes e o terceiro maior centro po­pu­la­cio­nal daquele Estado. Distante 800 quilômetros da capital, a unidade hospitalar está certificada com a ONA 3. De acordo com o diretor-geral Hebert Moreschi, a questão geo­grá­fi­ca teve um peso importante nessa conquista, principalmente, na busca de formação de pes­soas, assistência técnica para os equipamentos e in­te­rio­ri­za­ção médica. Para isso, foram rea­li­ za­dos pesados investimentos em treinamento interno das equipes, com base em um ma­pea­ men­to de todas as necessidades, para que os profissionais pudessem estar no nível de um hospital ONA 3. “Hoje, o ensino é um braço forte do hospital, voltado para as re­si­dên­cias médica e mul­ti­pro­fis­sio­nal. Os de­sa­fios geo­ grá­fi­cos e logísticos são contornados com pro­fis­sio­na­lis­mo, o que faz com que tenhamos processos bem consistentes”, afirma o diretor. Igualmente certificado com a ONA 3, o HRPT está localizado em Altamira, norte do Pará, também a 800 quilômetros da capital. Sua população é de pouco mais de 100 mil habitantes. Para o diretor-​­geral do HRPT, Edson Primo, é motivo de orgulho estar entre os melhores hospitais públicos do País, principalmente, pelo fato de a unidade estar às portas da Floresta Amazônica, em uma re­gião de difícil acesso — o que, ­aliás, implicou de­sa­fios de logística e de recursos humanos. “Isso nos dá a certeza de que estamos no caminho correto, para fazer um SUS diferente, uma assistência segura para a população local e, principalmente, que os esforços para que este objetivo

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Se para um hospital público não é um desafio simples conquistar a certificação ONA, mais complexo esse processo se torna para quem está longe dos grandes centros econômicos do Brasil, onde nem sempre existe acesso facilitado aos recursos ne­ces­sá­rios para isso. De acordo com Arlindo de Almeida, hoje em dia, uma das maiores dificuldades encontrada pela ONA para implantar processos de acreditação tem a ver com o fato de vivermos em um país continental e muito diverso. “O Brasil possui muitas diferenças regionais, em cada local temos características muito específicas que geram necessidades diferentes para as organizações de Saú­de. A in­fraes­ tru­tu­ra precária, as longas dis­tân­cias em determinadas re­giões prejudicam os fluxos de atendimento e a gestão de suprimentos. Até a gestão de pes­soas é afetada pela localização de uma instituição de saú­de, já que fora de grandes centros é mais difícil recrutar e reter talentos. Ou seja, cada organização precisa superar uma série de de­sa­fios para ter um bom nível de qualidade”, afirma ele. Com a maioria de hospitais acreditados localizados fora dos centros de in­fluên­cia de grandes metrópoles do Sul e do Sudeste do País, a Pró-​­Saú­de conhece bem esse panorama.

“Nossa maior dificuldade é adequar os processos a cada rea­li­da­de. Podemos citar as dificuldades com logística e mão de obra es­ pe­cia­li­za­da como obstáculos que precisam ser tratados de maneira cri­te­rio­sa. Outro fator importante é contar com verba pública que, na maioria das vezes, não chega no tempo certo, o que pode comprometer e muito o bom atendimento à população”, explica o diretor de Operações da Pró-​­Saú­de.

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contornar alguns obstáculos, de acordo com o diretor-geral, Saulo Mengarda. Segundo ele, por ser um hospital 100% público, a administração partiu de uma rea­li­da­de e uma imagem muito desgastada na opi­nião da população em geral. “Mudar esse conceito é um trabalho árduo e diá­rio, com todos os envolvidos no dia a dia do hospital, do pa­cien­te ao médico, pois os recursos são escassos e devem ser otimizados da melhor forma possível”, declarou, citando como principais de­sa­fios a logística envolvida para a manutenção do hospital, o reduzido quadro técnico capacitado e, até mesmo, as re­sis­tên­cias culturais para que todos com­preen­des­sem que mudanças são ne­ces­sá­rias para alcançar os be­ne­fí­cios ob-

Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA)

Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT)

Hospital Público Estadual Galileu

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(HPEG)

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fosse alcançado valeram a pena”. Segundo ele, o maior investimento para buscar essa conquista foi o in­te­lec­tual, para fazer com que as pes­soas assimilassem a cultura da qualidade e segurança do pa­cien­te. “Cria­mos uma estrutura voltada à educação con­ti­nua­da, com capacitação e desenvolvimento dos recursos humanos, visto que ins­ti­tu­cio­nal­men­te estes são entendidos como o fator que real­men­te sustenta o processo de certificação”, revela. Também do Pará, o HPEG é acreditado ONA 1. A capital do estado, que conta com quase 1,5 milhão de habitantes, já possui mais contato com outros centros econômicos. Mesmo assim, obter o selo de qualidade exigiu

tidos com o processo de melhoria contínua. O município de Santa Helena de ­Goiás tem uma população de pouco mais de 36 mil habitantes e dista 200 quilômetros da capital do estado de ­Goiás. É lá que se localiza o Hurso, certificado ONA 1. De acordo com o diretor-geral, Reginaldo Costa Biffe, ini­cial­ men­te, foi implantado o núcleo da qualidade, com a contratação de profissionais com ex­ pe­riên­cia em processos de certificação. “Depois, promovemos a preparação de todos os dirigentes e líderes da instituição, inserindo conceitos e ferramentas da qualidade para a cria­ção de uma cultura focada na identificação e na melhoria de todos os processos que envolvem a qualidade na assistência. Rea­li­za­mos vá­rios treinamentos internos ao longo dos três primeiros anos de construção do processo de qualidade”. Inserido na re­gião metropolitana de São Paulo, o município de Mogi das Cruzes não apresenta problemas comuns a outras cidades mais distantes. Lá, está instalado o HMMC, certificado ONA 1. O diretor-geral, Matheus Gomes, menciona os principais investimentos para buscar a qualificação: adequação do sistema de vigilância e monitoramento; busca por parceiros/terceiros qualificados; adequação do Time de Resposta Rápida (TRR); capacitação de gestores e colaboradores; e implantação de um soft­ware de gestão da qualidade. “É importante destacar que o HMMC conquistou a certificação com apenas oito meses


de operação de todos os setores, em meio à abertura de novos serviços”, ressalta o diretor. A próxima unidade hospitalar administrada pela Pró-​­Saú­de a integrar esse seleto grupo de acreditados será o Hospital Universitário da Faculdade de Medicina de Jun­diaí (HU), na re­ gião metropolitana de Campinas. A cidade tem cerca de 400 mil habitantes e registra o 11º melhor Índice de Desenvolvimento Humano (IDH) do Brasil. O HU encontra-​­se em processo de ajustes para se adequar aos padrões da ONA. De acordo com o superintendente, Itibagi Rocha Machado, a unidade busca a melhoria contínua em assistência, formação de profissionais médicos e desenvolvimento de seus colaboradores. A certificação será a ma­ te­ria­li­za­ção desse objetivo. “Estruturalmente, temos alguns pequenos acertos a serem feitos. Na questão dos recursos humanos, estamos ava­lian­do o que é necessário, dentro de um planejamento, para atingirmos as metas quantitativa e qualitativa. Estamos no processo final de levantamento de valores para esses investimentos”, explica, acrescentado que a meta é obter a acreditação em até dois anos.

o hospital precisa con­ti­nuar trabalhando pela consistência dos novos processos e políticas até alcançar um nível proa­ti­vo de soluções de problemas. Os processos precisam sempre ser revistos, e a organização deve aprender a prio­ri­zar as mudanças que são mais importantes para a segurança do pa­cien­ te e a qualidade da assistência. É importante que, uma vez acreditado, o hospital continue a aprimorar a sua gestão e possa progredir gra­dual­men­te. Para permitir que isso ocorra, os líderes devem sempre engajar as suas equipes nos processos de mudança, na busca pelos padrões exigidos pela acreditação”, aponta Arlindo de Almeida, da ONA.

Colaboradores do Hurso em uma das atividades de capacitação

E depois?

Equipe do HMMC em reunião multidisciplinar

O Hospital Universitário de Jundiaí está se adequando para buscar

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Reor­ga­ni­za­ção, treinamento, mudança de cultura, transformação de padrões, melhoria contínua, ma­pea­men­to de demandas, diag­nós­ti­cos de me­lho­ria, validação de processos, sensibilização de dirigentes e líderes, implantação da cultura da qualidade e segurança do pa­cien­te. Esses e outros processos estão no dia a dia de todos os hospitais que buscam a acreditação. E o que vem depois? Para quem obteve a ONA 1 é fácil concluir que a próxima etapa será avançar nas demais acreditações. E qual o trabalho a ser rea­li­za­do para atingir esse fim? “As ini­cia­ti­vas para melhoria da qualidade va­riam bastante de organização para organização. Em todos os níveis, existem dificuldades que devem ser superadas. Para quem está começando, o maior desafio é engajar as equipes de trabalho e promover uma mudança de cultura em prol da segurança do pa­cien­ te. Mas mesmo após a primeira acreditação,

a certificação da ONA

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Opinião

Hospital público pode ser sinônimo de qualidade em saúde Arlindo de Almeida

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creditação dos serviços de Saú­ de e segurança do pa­cien­te são temas delicados, es­pe­cial­men­te quando falamos em saú­de pública. É sabido que a maioria da população tem queixas contra o Sistema Único de Saú­ de (SUS). Em pesquisa do Datafolha com usuá­rios do Sistema, 87% declararam insatisfação com os serviços oferecidos. Ainda que prontos-​­socorros cheios e longas filas sejam rea­li­da­des constantes na vida de muitas pes­soas, é crescente o número de hospitais públicos que trabalham para melhorar sua assistência, visando à segurança do pa­cien­te. Hoje, no Brasil, existem mais de seis mil hospitais públicos e privados. Desses, 263 pos­suem algum tipo de certificação. Aqueles que foram acreditados pela metodologia da Organização Na­cio­nal de Acreditação (ONA) somam 250, dos quais 36 são públicos. Embora seja um número pequeno, se comparado ao universo total, é uma quantidade importante a ser valorizada. Está provado que hospitais públicos podem atingir a qualidade no mais alto nível. A gestão pública, municipal, es­ta­dual ou federal, lida com uma rede de Saú­de complexa, que inclui da atenção primária à quaternária. Quan­do uma instituição pública passa pelo processo de acreditação, ela conquista o acesso a uma ava­lia­ção externa que ajuda a nor­tear sua gestão. A acreditação deve ser usada como uma diretriz para alcançar padrões de excelência.

Atingir a maturidade necessária para a acreditação é uma tarefa árdua. Muitos hospitais levam anos se preparando. O trabalho é diá­rio e acontece em todos os níveis hierárquicos da organização, por isso, a cultura or­ga­ni­za­cio­nal voltada para a segurança do pa­cien­te é imprescindível. Em geral, hospitais com gestão pública levam mais tempo para conseguir a acreditação. Isso acontece, entre outros motivos, pelas limitações de autonomia: a alta direção tem menos poder de decisão. A instituição depende, por exemplo, de processos de licitação (nem sempre ágeis) para compra de equipamentos, reforma de espaço físico e contratação de serviços. A definição de planos de carreira ou a simples liberação para participar de congressos depende das Se­cre­ta­rias de Saú­de — o que não impede, mas dificulta o processo de melhoria contínua da qualidade. Para que um hospital público alcance a acreditação é preciso não só o envolvimento da instituição, mas o claro incentivo das Se­cre­ta­rias de Saú­de e dos governos. Hoje, temos exemplos marcantes nos estados, que têm feito amplo esforço para qualificar suas redes. São ini­cia­ti­vas que devem ser comemoradas e seguidas. Hospitais públicos que conquistam a acreditação devem servir de exemplo para outras instituições e para todos nós. São grandes exemplos de superação e de que é possível fazer mais e melhor. Arlindo de Almeida é médico e presidente da Organização Nacional de Acreditação (ONA)


Perfil

Ambulatório de Microcefalia oferece atendimento especializado

O Instituto Estadual do Cérebro (IEC), no Rio de Janeiro, conta com serviços de diagnóstico e tratamento de vítimas da síndrome congênita que tem atingido um número cada vez maior de crianças

Médicos prestam orientações e fazem acompanhamento dos casos

mplo programa com exames detalhados, acompanhamento médico, aconselhamento materno, medicação e tratamentos complementares. Assim é o atendimento no Ambulatório de Microcefalia do Instituto Es­ta­dual do Cérebro Paulo Nie­me­yer (IEC), que é gerido pela Pró-​­Saú­de, sob contrato com a Secretaria de Estado de Saú­de do Rio de

Janeiro, e também no Hospital Universitário de Jundiaí (SP), onde a entidade presta assessoria administrativa, por meio de um contrato com a Fundação Dr. Jayme Rodrigues. O novo ambulatório iniciou suas atividades em 1º de março de 2016 e já atendeu quase 160 crian­ças oriundas da rede pública municipal com suspeita de microcefalia oca­sio­na­da pelo Zika Vírus. A ini­cia­ti­va

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Perfil

Na primeira consulta, as crianças passam por cinco diferentes especialistas e, na segunda, fazem os exames de maior

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complexidade

Uma das mães que buscam atendimento no novo ambulatório

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do IEC

deu-​­se devido ao grande número de casos surgidos neste ano: até 11 de agosto, 88 crian­ças que passaram pelo atendimento tiveram a microcefalia diag­nos­ti­ca­da. “Todos nós ficamos chocados com esses casos de microcefalia e pensamos no que po­de­ría­mos fazer. Apesar da es­pe­ cia­li­za­ção do Instituto ser a neurocirurgia, temos os equipamentos ne­ces­sá­rios para fazer todos os exames e condições de dividir a agenda dos con­sul­tó­rios para atender essas fa­mí­lias”, explicou Paulo ­Nie­me­yer Filho, diretor médico do IEC. Com uma equipe médica composta de neuropediatras, ra­dio­lo­gis­tas, fisioterapeutas, fonoaudiólogos e oftalmologistas, esse trabalho foi reconhecido pelo Ministério da Saú­de como modelo a ser seguido no País. O processo de diag­nós­ti­co é feito ao longo de três visitas. A primeira consiste em cinco consultas, com pe­dia­tra, neuropediatra, fisioterapeuta, fonoaudiólogo e assistente so­cial. Na segunda, as crian­ças rea­li­zam os exames de maior complexidade, como

tomografia computadorizada e ressonância magnética. Na última etapa, as fa­mí­lias recebem o diag­nós­ti­co detalhado, com a orien­ta­ção sobre os cuidados ne­ces­sá­ rios nos primeiros anos de vida da crian­ça. “O importante é que essas pes­soas tenham o maior número possível de respostas para que saibam como lidar com a nova rea­li­ da­de a partir do diag­nós­ti­co da síndrome congênita. Essas crian­ças exigem uma atenção integral com tratamentos que devem ser feitos em casa também, como a estimulação à mastigação e aos movimentos de membros in­fe­rio­res e su­pe­rio­res”, explica a médica Fernanda Fia­lho, coor­de­na­do­ra da Pe­dia­tria e responsável pelo projeto. Além de fazer o diag­nós­ti­co completo, confirmando ou não a ocorrência da microcefalia, o intuito do programa é também gerar dados para estudos cien­tí­fi­cos. A pesquisa na área é feita no laboratório de Neuropatologia da unidade, coor­de­na­do pela neuropatologista Leila Chimelli, ganhadora de um prêmio in­ter­na­cio­nal da American As­so­cia­tion of Neuropathologists (As­so­cia­ção Americana de Neuropatologistas), sobre a deformação causada no cérebro dos fetos infectados. “Participei de um dos exames iniciais feitos no Brasil sobre a infecção por Zika, em fevereiro deste ano, na Pa­raí­ba, onde surgiram os primeiros casos diag­nos­ti­ca­dos e quando foram detectadas calcificações nos cérebros infectados. De lá para cá, já analisei outros casos e estou terminando um estudo completo que será publicado na Acta Neuropathologica, da Alemanha, o pe­rió­di­co de maior impacto na área de Neuropatologia”, afirmou Leila.


Pesquisa global O Hospital Universitário (HU), de Jun­diaí (SP), que também é administrado pela Pró-​­Saú­de, é um dos 28 polos de pesquisa sobre o Zika Vírus no Estado de São Paulo. Desde março deste ano, a unidade está responsável por investigar a transmissão do patógeno em gestantes e suas repercussões nas crian­ças. O projeto de pesquisa, intitulado “Infecção vertical pelo Zika Vírus e suas repercussões na área materno-​­infantil” é o único no mundo a acompanhar a mãe durante a gestação e os bebês após o nascimento. O coor­de­na­dor da Coor ­te Jun­diaí, Saulo Duar­te Passos, explica que a meta é rea­li­ zar o estudo com 500 gestantes, e que todo o projeto deve demorar cinco anos para ser con­cluí­do. Coor­te é um termo utilizado para designar um grupo de in­di­ví­duos que têm em comum um conjunto de características e que são observados durante um pe­río­do de tempo com o intuito de analisar sua evolução. Os pesquisadores coletam amostras de sangue, saliva e urina de gestantes de alto risco ou com suspeita de ter o vírus. O ma­te­rial é

Amostras seguem para o Laboratório de Biologia Molecular da FMJ

Passos, coordenador da Coorte Jundiaí, do Hospital Universitário

da gestante e do bebê, entre outras tarefas. Profissionais da Saú­de também con­tri­buem como vo­lun­tá­rios e psicólogos que exercem papel fundamental no auxílio às fa­mí­lias. Recentemente, o projeto de pesquisa foi apresentado durante um congresso in­ ter­na­cio­nal rea­li­za­do em São Paulo, por ini­cia­ti­va da Universidade de São Paulo (USP), do Instituto Pasteur e da Fundação Oswaldo Cruz (Fiocruz). A partir desse evento, foi cria­da uma rede permanente de troca de informações entre pesquisadores do mundo inteiro. Dessa forma, o projeto de pesquisa rea­li­za­do pelo HU, em conjunto com a FMJ, contribuirá no cenário mun­ dial de maneira positiva para que se possa esclarecer as dúvidas que ainda existem sobre Zika Vírus e doen­ças re­la­cio­na­das.

Equipe da pesquisa sobre o Zika Vírus faz a

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encaminhado para o Laboratório de Bio­lo­ gia Molecular da Faculdade de Medicina de Jun­diaí (FMJ), com o objetivo de identificar e detalhar o agente. A equipe da FMJ responsável pela análise das amostras foi treinada por profissionais do Instituto Pasteur de Dakar, do Senegal, que tiveram importante participação no combate ao ebola no continente africano. Uma vez por mês, as gestantes realizam exames mais apurados, na capital, com equipamentos de última geração. O projeto conta com a ajuda de vo­lun­tá­rios, que rea­li­zam tria­gem de gestantes, preen­chi­men­to de dados, orien­ta­ção, monitoramento da saú­de

Saulo Duarte

coleta de sangue de uma voluntária

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Eventos

Participação consistente

O governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, foi recebido no estande da Pró-Saúde por dom Eurico dos Santos Veloso

Durante todos os dias do evento foram realizadas palestras para

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os visitantes

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Pró‑Saúde fez uma de suas melhores participações na Hospitalar Feira + Fórum, com intensivo programa de palestras apresentado em seu estande

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m sua participação na 23ª terceira edição da Hospitalar Feira + Fórum, de 17 a 20 de maio deste ano, a Pró‑Saú­de teve uma das maiores presenças de público já registradas. “Nos quatro dias de evento, mais de 1.500 pes­soas estiveram no estande da entidade”, informou o diretor de Desenvolvimento, Danilo Oliveira da Silva. Contudo, uma dessas presenças merece ser destacada. Após a abertura ofi­cial

do evento, o governador do Estado de São Paulo, Geraldo Alckmin, visitou o estande da entidade e foi recebido pelo presidente da Pró-​­Saú­de, dom Eurico dos Santos Veloso, arcebispo emérito de Juiz de Fora (MG). Durante a visita, o governador cumprimentou a diretora Jurídica, Wanessa Portugal, de quem recebeu uma apresentação ins­ti­tu­cio­nal em vídeo. Além de demonstrar os serviços, em seu estande, a Pró-​­Saú­de promoveu ampla programação de palestras sobre ações desenvolvidas pela entidade em seus projetos em todo o País. As apresentações foram transmitidas ao vivo, na página ofi­cial da entidade no Fa­ce­book. No primeiro dia de feira, Eduar­do Eberhardt, coor­de­na­dor do Serviço de Fi­sio­ te­ra­pia, do Hospital Público Es­ta­dual Galileu (HPEG), localizado em Belém (PA), falou sobre os be­ne­fí­cios da Gameterapia, nova abordagem na rea­bi­li­ta­ção fun­cio­nal de pa­cien­tes atendidos nas unidades de Internação e de Terapia Intensiva. Em seguida, foi a vez de Giulliana Moralez, coor­de­na­do­ra do Serviço de Terapia Intensiva, do Hospital Es­ta­dual Getúlio Vargas (HEGV) e do Hospital Es­ta­dual Carlos Chagas, ambos no Rio de Janeiro (RJ). Ela falou sobre a implantação de novas técnicas de gestão na UTI do HEGV, que se transformaram em referência para outras unidades. No dia 18 de maio, Thaisa Cristina Affonso, enfermeira e diretora As­sis­ten­cial do Hospital de Ur­gên­cias da Re­gião Su­does­te (Hurso), em Santa Helena de ­Goiás (GO), ministrou a palestra “Qua­li­fi­ca­ção e desenvolvimento de fornecedores com foco na segurança do pa­cien­te”. Ela explicou como o Hurso desenvolveu uma metodologia para certificar a qualidade dos fornecedores que prestam serviços para a unidade. A ferramenta de ava­ lia­ção da gestão hospitalar elaborada pela Pró-​­Saú­de para o monitoramento do desempenho de serviços de Saú­de foi o tema da palestra de Paulo Vinícius Souza Viol, gerente de Operações da Pró-​­Saú­de, na mesma data. Em 19 de maio, Matheus Gomes, diretor-geral do Hospital Municipal de Mogi das Cruzes (HMMC), em Mogi das Cruzes (SP), palestrou sobre “Es­tra­té­gias da implantação para a conquista da certificação ONA no


Hospital Municipal de Mogi das Cruzes”. Por sua vez, Lu­cia­ne Ramos Madruga, diretora de Apoio As­sis­ten­cial do Hospital Re­gio­ nal Público da Transamazônica (HRPT), de Altamira (PA), abordou a busca da excelência da gestão e a conquista da ONA 3 da Organização Na­cio­nal de Acreditação. Na sexta-​­feira, 20 de maio, o jornalista, escritor e presidente da Ricardo Viveiros & As­so­cia­dos – Oficina de Comunicação, promoveu a palestra “Ge­ren­cia­men­to de crise de comunicação na Saú­de”. Após a apresentação, Viveiros autografou exemplares do livro Eu, herói (Editora Azulsol, 2016), que teve apoio so­cio­cul­tu­ral da Pró-​­Saú­de.

com o consultor, a Pró-​­Saú­de investiu na gestão da segurança do pa­cien­te com a cria­ ção de uma equipe dedicada a esse tema.

Eventos paralelos

Premiação

Além de rea­li­zar palestras em seu próprio estande, a Pró-​­Saú­de participou do primeiro dia do 39º Congresso Brasileiro de Administração Hospitalar e Gestão em Saú­de/IX Congresso Latino-​­Americano de Administradores da Saú­de. O evento foi rea­li­za­do pela Federação Brasileira de Administradores Hospitalares (FBAH) e teve a Pró-​­Saú­de como um de seus promotores e o conselheiro Marcus Henrique Wächter como coor­de­na­dor da Comissão Cien­tí­fi­ca do Congresso de Gestão Financeira e Custos. No dia 17, o diretor de Operações da Pró‑Saúde, Jocelmo Pablo Mews, ministrou a palestra “A contribuição das ferramentas de gestão de processos para a melhoria da performance dos hospitais — casos de sucesso”. Ele abriu a palestra com um vídeo ins­ti­tu­cio­nal da Pró-​­Saú­de e seguiu com a abordagem das unidades que conquistaram a certificação ONA. Também explicou quais são as ferramentas desenvolvidas pela Pró-​­Saú­de para gerir os hospitais. Em 18 de maio, Fernando Paragó, consultor médico Corporativo em Segurança do Pa­cien­ te da Pró-​­Saú­de ministrou a palestra “Avanços na segurança do pa­cien­te: seus indicadores e o impacto no custo da assistência”. Ele trouxe um histórico sobre o tema e ressaltou que, nas últimas duas décadas, foi registrada uma evolução nessa área. De acordo

Paulo Nie­me­yer Filho, diretor Médico do Instituto Es­ta­dual do Cérebro Paulo Nie­me­yer (IEC), no Rio de Janeiro (RJ), foi o grande ho­me­na­gea­do desta edição da Hospitalar Feira + Fórum. O neurocirurgião participou, em 18 de maio, acompanhado de dom Eurico dos Santos Veloso e da diretora Jurídica, Wanessa Portugal, de coquetel e jantar rea­li­za­dos para a entrega do Prêmio Hospitalar 2016 – Personalidade do Ano na área da Saú­de. O evento ocorreu no Museu Brasileiro da Escultura, em São Paulo (SP).

Fernando Paragó, consultor Médico Corporativo em Segurança do Paciente da Pró-Saúde, durante palestra no Congresso da FBAH

O diretor-geral do Paulo Niemeyer

HRBA, ao lado de

Filho, diretor

dom Eurico dos

Médico do IEC,

Santos Veloso,

recebeu o Prêmio

mostra certificado

Hospitalar 2016

de segundo

- Personalidade

melhor projeto de

do Ano na área

gestão hospitalar

da Saúde

do Brasil

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E xcelência

Uma das turmas que participou de treinamento na sede administrativa da Pró-Saúde

Pró‑Saúde se moderniza com o

Revista Notícias Hospitalares

Novas ferramentas que facilitam a gestão e a dinâmica das unidades devem estar em toda a rede até o primeiro semestre de 2017

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O

que é um hospital efi­cien­te? Além de atender os pa­cien­tes com atenção e rapidez, a dinâmica dos “bastidores” precisa estar afinada. É ela que garante, afinal, que os estoques de medicamentos estejam sempre em dia e que não falte nenhum médico ou enfermeiro. Em cada um dos vá­ rios serviços que integram um hospital, como

hotelaria, limpeza, alimentação, gestão de pes­soas, compras e qualidade, existe uma sequência de processos que deve ser adotada para sua rea­li­za­ção. Um sistema de compras, por exemplo, possui etapas, como definição dos produtos a serem comprados, quantidade, orçamento, checagem, compra, ava­lia­ção da qualidade e eficácia. Esse conjunto de etapas é chamado de “processos”. Melhorar a efi­ciên­cia desses processos rea­ li­za­dos pelos colaboradores é o desafio do MAIS EFICIENTE, programa de modernização de gestão lançado neste ano pela Pró-​­Saú­de. Composto de ferramentas de tecnologia da informação, ele tornará as unidades cada


vez mais organizadas. “O MAIS EFICIENTE reú­ne todas as ações que buscam melhorar a efi­ciên­cia e integrar os processos internos das unidades administradas pela Pró-​­Saú­de. Para cada tipo de serviço que compõe o leque da unidade de saú­de, haverá uma ferramenta específica de modernização dos processos”, explica Jocelmo Pablo Mews, diretor de Operações da entidade. Neste ano, a Pró-​­Saú­de vem preparando seus colaboradores para a implantação de dois sistemas: o SISQUAL, que organiza os ex­pe­dien­tes de trabalho, abarcando controle de escalas, horas extras e afastamentos, por exemplo, e o Protheus – TOTVS, direcionado às ­­áreas administrativas, como finanças, contabilidade e gestão de pes­soas.

Eficiência para o atendimento

Gestão integrada e mais moderna Já o Protheus, desenvolvido pela brasileira TOTVS, é uma ferramenta que promove a integração com diversos soft­wares de gestão, permitindo que a sede administrativa possa acompanhar, em tempo real, o que acontece nas unidades. Esse dinamismo possibilita que a assessoria e o apoio da sede para as unidades ocorram em tempo real com base na padronização do sistema de BackOffice, que inclui atividades contábeis, financeiras, fiscais, de patrimônio e de gestão de pes­soas. Na prática, isso significa que os processos não dependerão mais de controles ma­nuais ou planilhas eletrônicas “avulsas” e sem integração com o restante do sistema. Desde setembro, todos os colaboradores usuários do sistema estão passando por treinamentos na sede da entidade, em São Paulo. O plano é que, até o primeiro semestre de 2017, os dois sistemas estejam implantados em todas as unidades administradas pela Pró-​­Saú­de. O diretor de Operações destaca que são poucas redes de saú­de no Brasil que contam com esse tipo de tecnologia. Pensando na saú­de pública, a relevância da ini­cia­ti­va da Pró-​­Saú­de aumenta. “Com o SISQUAL e o TOTVS, daremos um salto na forma de ge­ ren­ciar as unidades, rea­li­zan­do os processos de gestão interna com mais efi­ciên­cia, segurança e transparência. Ambos os sistemas fazem parte do leque de soluções mais modernas existentes no País e no mundo, em termos de administração hospitalar”, observa.

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Imagine que um técnico de enfermagem que atua na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) de um hospital falte ao trabalho. Como substituir o colaborador a tempo, garantindo o fun­cio­ na­men­to da UTI? É em si­tua­ções assim que o SISQUAL, programa desenvolvido em Portugal, socorre hospitais, facilitando o trabalho dos gestores da área com rapidez e sem margem de erro. “O sistema tem condição de sugerir o colaborador disponível com o melhor perfil para cumprir o horário, substituindo o colega que faltou. Alguém, por exemplo, já fa­mi­lia­ri­za­ do com am­bien­tes de UTI”, exemplifica Mews. Com o sistema, os líderes que ­atuam nas unidades de saú­de poderão vi­sua­li­zar, em tempo real, o desempenho de sua equipe. Assim, farão a gestão de escalas, horas extras, fé­rias, afastamentos e outras si­tua­ções de trabalho de maneira muito mais efi­cien­te, ágil e assertiva. A ferramenta também ajuda o líder a

definir corretamente o cumprimento de turnos de trabalho de cada colaborador, com mais tempo para organização e planejamento.

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Prevenção

Saúde do homem:

prevenção pode evitar doenças fatais Ainda é baixo o índice de homens que têm o hábito de fazer prevenção de saúde — um cenário que precisa mudar, começando pela adoção de hábitos saudáveis e pela realização de exames periódicos

Revista Notícias Hospitalares

V

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ocê sabia que homem também precisa fazer exame pré-​­natal? Muita gente não sabe, mas em agosto, o Ministério da Saú­de (MS) lançou um programa específico para a saú­de masculina, composto por duas cartilhas: Homem que se cuida curte todas as fases da vida de seus filhos — pré-​­natal também é coisa de homem! e Diag­nós­ti­co: homens morrem mais que mulheres, e doen­ ças que mais matam podem ser prevenidas. O plano tem como base os dados coletados em uma pesquisa telefônica rea­li­za­da pelo MS em 2015, por meio de sua Ouvidoria, com 6.141 homens. O objetivo é aproveitar o acompanhamento da gestação da mulher e incentivá-​­los a fazer exames de prevenção nos postos de atendimento, como parte de um plano para aumentar as estatísticas de atendimento a homens na rede pública de saú­de do Brasil. Com a ini­cia­ti­va, o MS

quer aproveitar o momento em que a gestante faz o pré-​­natal para atrair os homens nessa fase em que estão “mais sensíveis” — a ideia é boa, já que 80% dos homens consultados afirmaram acompanhá-​­las nos exames. Com isso, a proposta é aproveitar o momento para vincular o homem à Unidade Básica de Saú­de, ofertando os testes rápidos e de rotina, como lipidograma, hemograma e exame da glicose, além de atua­li­zar as vacinas (febre amarela, difteria e tétano-​­dT, Hepatite B e Tríplice viral — sarampo, caxumba e ru­ béo­la), algo que não é feito por 64% dos homens, de acordo com o levantamento. O MS revela que, a cada três pes­soas adultas que morrem por “causas externas”, dois são homens. Em média, os homens vivem 7,3 anos a menos que mulheres. Na faixa etária entre 20 e 59 anos são registrados mais óbitos do que entre as mulheres por doen­ças


re­la­cio­na­das à circulação (infarto, AVC), doen­ ças mentais e sofrimento psíquico, cânceres, colesterol elevado e pressão alta. Em 2015, o SUS gastou R$ 860 milhões com atendimento e internação desses casos. Homens também morrem por males dos brônquios, pulmões e aparelho digestivo — neste último caso, a maior parte deles de doen­ças provocadas por consumo excessivo de ál­cool. No entanto, 31% dos homens consultados pelo MS não buscam atendimento prévio em postos de saú­de. A justificativa da maioria (55,1%) é de nunca ter necessitado do serviço. O MS aponta que barreiras socioculturais interferem na prevenção à saú­de, como es­te­reó­ti­pos de gênero: homens pensam que não ficam doen­tes; assumem o papel do “herói” provedor e cuidador; ou têm medo de descobrir doen­ças. Em outras palavras: nada de prevenção. A pesquisa do MS também analisou a adoção de hábitos saudáveis pelos homens e os resultados não são os melhores: 57% deles têm sobrepeso (entre estes 18% estão obesos); 25% consomem bebida al­cóo­li­ca e 10% dirigem al­coo­li­za­dos; 13% fumam; e apenas 31% mantêm uma alimentação saudável.

O maior perigo

A prevenção é o melhor caminho A prevenção é o caminho para o envelhecimento com qualidade de vida. A adoção de hábitos saudáveis, a prática de atividade física regular, a alimentação ba­lan­cea­da e o uso moderado de bebidas al­coó­li­cas são cruciais para diminuir os problemas de saú­de do homem. A identificação precoce de doen­ças aumenta as chances de um tratamento eficaz. Por isso, alguns exames devem fazer parte da rotina deste público. Mudanças de hábitos alimentares, com menos alimentos gordurosos e ultraprocessados são fundamentais. Aferir a pressão com frequência e acompanhar as taxas de colesterol são importantes para evitar doen­ ças crônicas como a dia­be­tes e a hipertensão. Outros testes importantes a serem rea­li­za­dos dizem respeito às doen­ças se­xual­men­te transmissíveis, como o teste de HIV, hepatite B (HBsAg) e do vírus da hepatite C (anti-​­HCV). Os homens com mais de 50 anos e com sintomas de problemas na próstata, como dificuldade para urinar, jato urinário fraco ou sensação de es­va­zia­men­ to incompleto da bexiga, devem ir ao médico para investigar o problema. Fonte: Blog da Saúde/MS

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O es­pe­cia­lis­ta José de Ribamar Calixto, membro do Departamento de Uro-​­Oncologia da So­cie­da­de Brasileira de Urologia (SBU) aplaude a ini­cia­ti­va do MS e torce para que o plano não fique apenas no papel, pois defende que faltam campanhas específicas para esse público. “Precisamos de um programa que estimule o homem a cuidar de sua saú­ de e faça a prevenção de doen­ças”, opina. De acordo com informações do Instituto Na­ cio­nal do Câncer (INCA), no Brasil, o câncer de próstata só perde, em número de casos, para os tumores de pele não melanoma que atingem esse público. Em valores absolutos, é o sexto tipo mais comum no mundo e o mais prevalente entre os homens, representando cerca de 10% do total de cânceres. Estimam-​­se 61.200 casos novos de câncer

de próstata para o Brasil em 2016. Esses valores correspondem a um risco estimado de 61,82 casos novos a cada 100 mil homens. Segundo o doutor Calixto, a falta de comunicação sobre os cuidados básicos é um fator que aumenta a incidência da doen­ça. O médico acentua que faltam ini­cia­ti­vas por parte das instituições de saú­de para lidar com o problema. “Soma-​­se a isso a dificuldade cultural de acesso aos programas de saú­de preventiva. O homem tem uma dificuldade de chegar no médico. Quan­do ele decide procurar ajuda, o tumor já se instalou”, esclarece.

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Especial

Médicos durante passagem de plantão na UTI do Hospital Estadual de Urgência e Emergência, em Vitória

Pesquisa revela o perfil do

profissional de

Revista Notícias Hospitalares

Medicina

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U

m levantamento rea­li­za­do pelo Departamento de Medicina Preventiva da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (FMUSP), sob coor­de­na­ção do professor Dr. Mário Scheffer, permite-nos identificar quem são os profissionais que a ­ tuam em todo o Brasil. A publicação Demografia Médica no Brasil, 2015, produzida com apoio do Conselho Re­ gio­nal de Medicina de São Paulo (Cremesp)

e do Conselho Federal de Medicina (CFM), com mais de 200 páginas, traz informações precisas sobre essa categoria. Ao levantar essas informações, o objetivo da FMUSP é permitir o planejamento de ações na área da Saú­de, coe­ren­tes com os anseios da so­cie­da­de. O estudo estatístico com­preen­de a população de médicos, considerando fatores como idade, sexo, tempo de gra­dua­ção, fixação ter­ri­to­rial, ciclo de vida


pro­fis­sio­nal, mobilidade, postos de trabalho, es­pe­cia­li­za­ção, remuneração, vínculos, carga horária, produção, entre outros aspectos. De acordo com o levantamento, a população médica cresce mais que a geral, mas persistem desigualdades na sua distribuição. O Brasil conta com 432.870 registros de médicos, o que corresponde à razão na­cio­nal de 2,11 médicos por grupo de mil habitantes. A tendência é que a população de médicos continue crescendo mais que a população em geral do País. Para ter uma ideia, de 2000 a 2010, o efetivo médico subiu 24,95% contra um aumento po­pu­la­cio­nal de 12,48%. Em 2014, enquanto a taxa de crescimento dos médicos foi de 14,9%, a da população foi de 5,4%. O Brasil possui uma taxa de 10,21 diplomados (recém-​­formados) em Medicina por 100 mil habitantes, que é uma taxa próxima da aplicada nos paí­ses da Organização para a Coo­pe­ra­ção e Desenvolvimento Econômico (OCDE), hoje em 10,56. O indicador brasileiro é maior do que o existente em paí­ses como Suí­ça (9,4), Espanha (9,0), Estados Unidos (6,5) e França (6,0). Essa taxa deverá aumentar ainda mais nos próximos anos, pois com a expansão de cursos e vagas em Medicina, anual­men­te, entram muito mais médicos no mercado de trabalho do que saem. Em 2014, o número de novos médicos saltou para 19.993, contra 7.707 que deixaram de exercer a Medicina, seja por morte, seja por aposentadoria, por exemplo. A previsão é de que a partir de 2020 sejam formados no Brasil mais de 32 mil médicos por ano.

Distribuição regional

O dia 18 de outubro foi escolhido para celebrar o Dia do Médico não apenas no Brasil, mas em outros paí­ses de tradição católica, como Portugal, Espanha, Itália, Bélgica, Polônia e Inglaterra. Isso porque é a data de nascimento de São Lucas, o protetor dos médicos. São Lucas foi um dos seguidores de Jesus, segundo a tradição, escreveu um dos livros do Evangelho e o livro de Atos dos Apóstolos. Nesses livros, contou muitas his­tó­rias de Cristo, incluindo algumas das muitas curas e milagres que presenciou. São Lucas estudou Medicina em Antioquia (­atual Turquia), e foi chamado pelo apóstolo Paulo de “amado médico” na epístola aos Colossenses. É considerado patrono dos médicos desde o século XV.

mu­ni­cí­pios com até 50 mil habitantes, onde moram 65,5 milhões de pes­soas, estão pouco mais de 7,4% dos profissionais da área, ou seja, em torno de 31 mil médicos. Enquanto no Norte moram 8,4% da população brasileira, nela trabalham 4,4% dos médicos do País. O Nordeste abriga 27,8% dos brasileiros e 17,4% dos médicos. Já o Sudeste responde por 42% da população e por 55,4% dos médicos. As re­giões mais proporcionais são o Sul e o Centro-​­Oeste, que abrigam, respectivamente, 14,3% e 7,5% da população e têm 15% e 7,9% dos médicos do País.

Especialidades Dos médicos em atividade no Brasil, 59% — ou 228.862 — têm pelo menos um título de es­pe­cia­lis­ta. Os outros 159.341 profissionais (41% do total), denominados generalistas pelo estudo, não têm título emitido por so­cie­da­de de es­pe­cia­li­da­de ou por programa de Residência Médica — com isso, o per­cen­tual de es­pe­cia­lis­tas no Brasil também fica próximo ao de paí­ses da OCDE. E mais: nações como Alemanha, Holanda, Canadá, França e Austrália têm proporção de es­pe­cia­lis­tas entre 60% e 52%. Ao encontrar um médico es­pe­cia­lis­ta, há uma chance de 50% de que ele seja clínico,

2º semestre / 2016

Apesar dos significativos números absolutos, ainda há um cenário de desigualdade na distribuição, na fixação e no acesso aos profissionais — ainda que este não seja um aspecto exclusivo de nosso país. A maioria deles permanece concentrada nas re­giões Sul e Sudeste, nas capitais e nos grandes mu­ni­cí­pios. Nas 39 cidades com mais de 500 mil habitantes, que juntas concentram 30% da população brasileira, estão 60% dos médicos do País. Já nos 4.932

Dia do Médico

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Especial

pe­dia­tra, ci­rur­gião geral, ginecologista, anes­te­ sio­lo­gis­ta ou car­dio­lo­gis­ta. Isso porque essas seis es­pe­cia­li­da­des respondem por 49,1% de todos os títulos de es­pe­cia­lis­tas em vigor no País. A Clínica Médica concentra o maior número de títulos (35.060), seguida da Pe­ dia­tria (34.637), da Cirurgia Geral (29.200), da Ginecologia e Obstetrícia (28.280), da Anes­ te­sio­lo­gia (20.898) e da Car­dio­lo­gia (13.420). Na outra ponta está a Genética Médica, que conta com 241 es­pe­cia­lis­tas. Já as seis es­ pe­cia­li­da­des consideradas básicas ou gerais (Clínica Médica, Cirurgia Geral, Ginecologia e Obstetrícia, Medicina de Família e Comunidade e Medicina Preventiva e So­cial) concentram 40,3% do total de es­pe­cia­lis­tas.

Revista Notícias Hospitalares

Postos de trabalho

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De acordo com a pesquisa, 21,6% dos médicos trabalham apenas no setor público, enquanto 26,9% estão exclusivamente no setor privado. Como há sobreposição — 51,5%, dos médicos ­atuam concomitantemente nas esferas pública e privada — pode-​­se afirmar que 78,4% dos médicos têm vínculos com o setor privado e 73,1%, com o setor público. No entanto, existe uma desigualdade de concentração dos médicos a favor do setor privado, se consideradas as populações cobertas pelo Sistema Único de Saú­de (75% da população utiliza exclusivamente o SUS) e pela assistência médica suplementar (25% da população, além do direito ao SUS, tem plano ou seguro de saú­de). Em 2014, segundo estimativa do IBGE, o País tinha 201.032.714 habitantes. Em junho de 2015, de acordo com os números da Agência Na­cio­nal de Saú­de Suplementar (ANS), os clien­tes de planos de saú­de eram 50.516.992. Os demais 150.515.722 brasileiros recorrem exclusivamente ao SUS. Assim, em nível na­ cio­nal, a população atendida pela assistência médica suplementar tem aproximadamente três vezes mais médicos à sua disposição que a população atendida pela rede pública. O estudo esmiuçou diferenças de perfil entre os profissionais dos setores público e privado. A pesquisa também analisou outras variáveis

acerca das diferenças entre os setores público e privado. No geral, no setor privado há mais homens, com idade média alta (52 anos), com rendimentos mais elevados. Já o setor público concentra mais mulheres e os jovens, com rendimentos mais baixos. Apenas 17,4% dos médicos com mais de 60 anos ­atuam no setor público. Já 40,1% dos profissionais com até 35 anos servem no SUS, contra 18,7% nessa faixa etária que a ­ tuam no setor privado. Os homens são maioria no grupo que trabalha concomitantemente nos dois setores. Já as mulheres são maioria na esfera pública (52,7%), contra 47,3% dos homens, que também são predominantes no setor privado (64%). Entre as re­giões, o Nordeste é a que tem mais médicos no setor público e em ambas as esferas do que apenas no setor privado. Os médicos que a ­ tuam apenas no setor privado ou em ambos os setores ganham mais do que aqueles atuan­tes apenas no SUS. Mais da metade dos médicos (51,5%) que ­atuam no setor público trabalham em hospitais, dos quais 33,3% atuam em estabelecimentos públicos de administração direta ou sob a gestão de Organizações Sociais, 14,2% em hospitais uni­ver­si­tá­rios e 11,7% em Santas Casas ou entidades filantrópicas. Depois dos hospitais, os médicos do SUS ­atuam em serviços de atenção primária em saú­de (23,5%), que são as unidades básicas e o programa Saú­de da Família e, por fim (4,8%) trabalham em serviços de atenção secundária e es­pe­cia­li­za­da, que são os am­bu­la­tó­rios de es­pe­cia­li­da­de, UPA, CAPS, entre outros. Já entre os médicos que a ­ tuam no setor privado, o lugar de trabalho mais frequente é o consultório particular (40,1%), tendo o hospital privado como segunda opção (38,1%). Os outros locais são a clínica ou ambulatório privado (31,1%), universidade privada (5,3%), serviço médico de empresa (4,8%) e la­bo­ra­tó­rios e serviços de diag­no­se e terapia (1,8). Há ainda uma parcela de 2,2%, tanto no setor público quanto no privado, que citou outros locais, como cargo em indústria far­ma­cêu­ti­ca ou auditoria do INSS. A íntegra do estudo pode ser encontrada no seguinte endereço: <goo.gl/CW8ql3>.


BRAINSTORM

Carinho também é remédio

Uma homenagem especial da Pró-Saúde a todos aqueles que se dedicam aos que mais precisam. A sua colaboração torna nossa vida repleta de humanidade e amor. 5 de dezembro, Dia Internacional do Voluntário.


BRAINSTORM

HOSPITAL PÚBLICO ESTADUAL GALILEU, DE BELÉM (PA)

UMA CONQUISTA DE TODOS NÓS O Hospital Público Estadual Galileu (HPEG), em Belém (PA), conquistou a certificação ONA 1, concedida às instituições que atendem aos critérios de segurança do paciente em todas as áreas de atividade, incluindo aspectos estruturais e assistenciais. Nosso muito obrigado ao empenho de todos os colaboradores por essa conquista, um mérito compartilhado, que ajuda a fortalecer nossa missão de prestar um atendimento humanizado e de qualidade.


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