ANO 14 | 1º SEMESTRE 2015
Humanização e reconhecimento
Em Catanduva (SP), as Unidades de Saúde da Família têm as melhores avaliações do Ministério da Saúde.
EXCELÊNCIA
Administrado pela Pró-Saúde, o Hospital Regional do Baixo Amazonas conquistou a certificação ONA III
SAMU e UPAs
Integrantes da Política Nacional de Atenção às Urgências, unidades têm seus recursos multiplicados e alcançam 75% do País
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Revista NotĂcias Hospitalares
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Revista Notícias Hospitalares
Parabéns aos colaboradores do HRBA pela conquista da certificação máxima de qualidade
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Hospital Regional do Baixo Amazonas - Santarém (PA)
77º edição 1º Semestre / 2015
E D I TO R I A L
Revista Notícias Hospitalares Capa
Programa de hidroginástica das Unidades de Saúde da Família de Catanduva (SP). Foto - Oséias Alexandre (LookStudio Fotografias)
Expediente Pró-Saúde – Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar DIRETORIA ESTATUTÁRIA PRESIDENTE Dom Eurico dos Santos Veloso VICE-PRESIDENTE Dom Hugo da Silva Cavalcante, OSB SECRETÁRIO Cônego Doutor José Gomes de Moraes TESOUREIRO Monsenhor Marco Eduardo Jacob Silva DIRETORIA EXECUTIVA DIRETORA ADMINISTRATIVA E FINANCEIRA Sarah Anny Dahan DIRETOR DE DESENVOLVIMENTO Aguinaldo Porto Corrêa DIRETORA JURÍDICA E DE FILANTROPIA Wanessa Portugal DIRETOR DE OPERAÇÕES Danilo Oliveira da Silva NOTÍCIAS HOSPITALARES Diretora Responsável Wanessa Portugal Coordenadora de Comunicação Georgia Rodrigues Produção editorial Ricardo Viveiros & Associados – Oficina de Comunicação Projeto editorial Doxa Conteúdo & Design Jornalista responsável Ada Caperuto - MTB 24082 Revisão Márcia Nunes Projeto Gráfico Adriano Frachetta Design Mister Pixel - Agência Criativa Editoras Georgia Rodrigues e Marisa Ramazotti Colaboraram nesta edição Juliana Tavares, Laura de Araújo, Márcio José dos Santos e Thaís Rodrigues Costa
Impressão Leograf - Gráfica e Editora Ltda. Tiragem 10.000 exemplares
Nesta edição, destacamos os benefícios alcançados pela saúde pública no município paulista de Catanduva, cuja gestão vem sendo conduzida pela Pró-Saúde há cinco anos. A humanização é o que sobressai nesta reportagem, que conversou com o secretário da saúde, diretoria da Pró-Saúde no município, bem como médicos, demais profissionais e pacientes. É precisamente este o principal diferencial quando se deseja alcançar mais qualidade no atendimento em saúde – um aspecto extremamente valorizado por nós em tudo o que fazemos. É sob esta mesma ótica, a da relevância das pessoas no serviços de saúde, que apresentamos as conquistas de diferentes unidades por nós administradas, com destaque para a região Norte do País. É, também, de lá que vem outra importante demonstração de modernização no atendimento hospitalar. Convidamos a secretária-adjunta da Saúde do Pará para falar sobre as estratégias do governador Simão Jatene para a pasta nos próximos quatro anos de sua administração. Neste âmbito, destacamos os avanços trazidos pela regionalização dos hospitais e a ampliação das unidades em todo o estado. A expansão, também, ocorre no Sudeste, com a apresentação, nesta edição, das novas Unidades de Pronto Atendimento administradas pela Pró-Saúde em Uberaba, no estado de Minas Gerais. De São Paulo, mostramos como funciona o programa Telessaúde, sistema de suporte para equipe médica, que deve tornar mais rápidos os diagnósticos e melhorar a qualidade do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS). Falamos em pessoas, em humanização, mas também abordamos a importância das inovações construtivas em um momento em que também o setor de saúde está buscando caminhos para a sustentabilidade. Na reportagem da seção “Prevenção” é possível entender melhor a influência dos equipamentos hospitalares no caminho dos ganhos de qualidade para profissionais e pacientes.
Contato imprensa@prosaude.org.br
Dom Eurico dos Santos Veloso, presidente
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Fotografia Oséias Alexandre (LookStudio Fotografias) / Shutterstock / Divulgação Sespa/José Pantoja
A importância da humanização
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ÍNDICE
10 ENTREVISTA
Revista Notícias Hospitalares
Secretária-adjunta da Secretaria de Estado da Saúde do Pará, Heloísa Guimarães declara que uma das principais estratégias da atual administração é a regionalização das ações, iniciativas, campanhas e equipamentos hospitalares.
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Sala de Espera
Expansão
capa
O Hurso, de Santa Helena de Goiás, foi acreditado ONA I. Inaugurado em 2011 e gerenciado pela Pró-Saúde, o hospital vem construindo uma estrutura de excelência.
Conheça as novas unidades administradas pela PróSaúde em Minas Gerais: o Hospital Regional de Uberaba e as duas Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) do município.
Depois de modificar seu modelo de gestão da saúde pública, o município de Catanduva, no interior de São Paulo, conquista excelente avaliação do Ministério da Saúde, no Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQ-AB).
26 PERFIL Criado no final do ano passado, o Programa Telessaúde São Paulo Redes, da prefeitura da capital, estará disponível em 340 pontos de atendimento e deve tornar os diagnósticos mais rápidos e eficientes.
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URGÊNCIA
PREVENÇÃO
Integrantes da Política Nacional de Atenção às Urgências, SAMU e UPA têm seus recursos multiplicados. Com isso, serviços de emergência alcançam 75% da população.
Tendência mundial, os hospitais que adotam critérios de sustentabilidade privilegiam iniciativas e dispositivos para reduzir impactos ambientais, garantindo também mais qualidade aos ambientes destinados à saúde.
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SA L A D E ES P E R A
HURSO conquista Acreditação ONA I
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A Organização Nacional de Acreditação (ONA) homologou, em novembro do ano passado, o Hospital de Urgências da Região Sudoeste (HURSO), de Santa Helena de Goiás (GO) como acreditado ONA I. Acompanhada pelo Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP), a equipe da Fundação Carlos Alberto Vanzolini realizou a avaliação do Hospital e seus processos. Inaugurado em 2011 e gerenciado pela Pró-Saúde, o HURSO vêm construindo uma estrutura interna de excelência para atender corretamente seus pacientes. Agora, o Hospital se prepara para conquistar a Acreditação Plena – ONA II.
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Hospital da Transamazônica mantém certificação ONA II Em agosto de 2014, o Hospital Regional Público da Transamazônica (HRPT), em Altamira (PA), passou pela avaliação de certificação da Instituição Acreditadora, Fundação Carlos Alberto Vanzolini, que focou a qualidade dos serviços dentro das diretrizes do processo de Acreditação ONA (Organização Nacional de Acreditação). O objetivo do hospital era manter a certificação ONA II, conquistada em 2012. Ao final das visitas, o HRPT, que atende os nove municípios do sudoeste do estado, foi mais uma vez recomendado Acreditado Pleno – ONA II. O Hospital é o único da região Transamazônica e Xingu com atendimento de 100% pelo Sistema Único de Saúde (SUS) a obter este reconhecimento.
NOVO ORGANOGRAMA
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Eleições e novo organograma na Pró-Saúde
HERF recebe certificado em categoria ouro O Banco de Leite da Maternidade do Hospital Estadual Rocha Faria (HERF), no Rio de Janeiro, recebeu, em fevereiro, o Certificado de Excelência em Bancos de Leite Humano, na categoria ouro. O prêmio é concedido pelo Programa Ibero-americano de Bancos de Leite Humano (IberBLH), patrocinado pela Coordenação Geral de Saúde da Criança e Aleitamento Materno do Ministério da Saúde e desenvolvido pela Fundação Oswaldo Cruz. Um dos fatores que levou a unidade a conquistar a certificação foi o projeto Amigas do Leite, serviço de coleta domiciliar que já ajudou a reduzir em 90% o consumo de leite industrializado no hospital. Quase 670 litros já foram coletados, beneficiando 459 bebês.
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Em 23 de março, o presidente da Pró-Saúde, Dom Eurico dos Santos Veloso, anunciou o novo organograma da entidade. Na oportunidade, ele agradeceu aos colaboradores pelo trabalho desenvolvido na entidade e apresentou os novos membros das diretorias Administrativa e Financeira e de Desenvolvimento, Sarah Anny Dahan e Aguinaldo Porto Corrêa, respectivamente. Em 13 de abril, em Assembleia Geral Extraordinária, a Pró-Saúde elegeu sua nova Diretoria Estatutária. A chapa liderada pelo atual presidente, Dom Eurico dos Santos Veloso, foi reeleita pelos associados da entidade. Os demais integrantes são: Dom Hugo da Silva Cavalcante (vice-presidente), Cônego Doutor José Gomes de Moraes (secretário) e Monsenhor Marco Eduardo Jacob Silva (tesoureiro).
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E N T R E V I STA
Saúde para todos
Revista Notícias Hospitalares
Uma das principais estratégias do Governo do Estado do Pará, a regionalização das ações, iniciativas, campanhas e equipamentos hospitalares já vem surtindo efeitos positivos nos índices de qualidade da saúde.
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raduada em Medicina pela Universidade Federal do Pará, com pós-graduação pela Faculdade de Ciências Médicas de Minas Gerais, Heloísa Guimarães integra a equipe do governador Simão Jatene (PSDB), em seu segundo mandato como governador do estado do Pará. Membro da Sociedade Brasileira de Cardiologia e Hemodinâmica, a secretária-adjunta da Secretaria de Estado de Saúde Pública (Sespa) desenvolve atividades profissionais em Belém desde 1995 e ocupava o cargo de secretária-adjunta da Sespa desde 2012. Nesta entrevista, ela fala sobre os principais avanços da saúde pública no Pará, explica as estratégias de regionalização dos equipamentos hospitalares, demonstrando as vantagens dessa ação adotada pela administração estadual, e comenta sobre as Organizações Sociais de Saúde (OSS). Notícias Hospitalares – Esta é a primeira vez que a Srª atua na equipe do Dr. Simão Jatene ou já teve a oportunidade de trabalhar no governo? O que difere a atual gestão da saúde das anteriores?
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Heloísa Guimarães – Esta não é a primeira vez que trabalho como gestora. Também assumi, como secretária-adjunta, em maio de 2012, já com algum tempo da gestão do Dr. Hélio Franco. Sou funcionária pública atuando na área da saúde desde 1998 e trabalhava em uma gestão intra-hospitalar que era um departamento mais restrito e não essa dimensão toda que temos hoje do nosso Estado. O que difere é que cada gestor tem seu ritmo, suas prioridades. Neste momento, nosso principal foco é construir linhas de regionalização, ou seja, fazer com que o paciente consiga ter acesso à saúde bem próximo de sua moradia, sendo atendido com mais conforto, de maneira digna. O governador quer se envolver diretamente com a saúde nesses quatro anos. Estamos finalizan-
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do um plano referente ao pacto pela saúde, a exemplo do que já foi feito com a educação. O projeto está adiantado e este pacto deve trazer modernização à gestão. NH – Em recente entrevista, questionado sobre a saúde pública, o governador Simão Jatene mencionou como importante avanço as Caravanas Pro Paz. Qual sua opinião sobre isso, no que se refere às ações da saúde abrigadas na caravana, e quais são as ações para incrementar a participação da saúde nesse programa de promoção e apoio social?
Heloísa Guimarães: “Nosso principal foco é criar linhas de
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regionalização”
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HG – As Caravanas Pro Paz, durante os últimos anos, foram muito importantes, em particular por atenderem municípios que estão abaixo da linha da pobreza, nas regiões do Marajó e Baixo Amazonas, principal foco da Caravana Fluvial. Além de reforçar atendimentos em atenção primária, destaco as atenções de média complexidade, em que podemos realizar ultrassom, levar ortopedista, cardiologista, neurologista, dermatologista, endocrinologista, reumatologista e demais especialidades médicas em que há dificuldade de acesso às consultas. Outro viés a destacar é a grande quantidade de exames preventivos de câncer em mulheres realizada. Ao detectar precocemente e fazer o tratamento, conseguimos diminuir bastante os índices de avanço da doença, salvando vidas. Na Caravana Oftalmológica foram ofertadas cerca de 18 mil cirurgias de catarata, com um índice de sucesso impressionan-
te, tanto que essa é a solicitação com maior demanda e pedidos de retorno ao local. NH – O Governo do Pará apostou na descentralização da saúde pública, com a construção de vários hospitais regionais, representando importante avanço para comunidades do interior do Estado. Qual sua avaliação sobre essa ação? HG – É uma estratégia muito correta, que o governo do estado vem desenvolvendo ao longo dos últimos quatro anos. Vamos continuar nessa linha, uma vez que os hospitais regionais estão no topo da pirâmide. A saúde precisa ser pensada como uma hierarquia, da atenção primária até a alta complexidade. Mas esse tipo de equipamento deve estar integrado à região e não ser uma ilha de excelência. Esse é o nosso grande desafio, fazer com que, cada vez mais, a regulação seja eficaz e possa aproximar a qualidade desses hospitais das regiões de saúde onde eles estão inseridos. NH – A redução da malária no Pará é um fato importante para a saúde pública e controle de endemias; a prevalência da doença caiu de quase 200 mil casos em 2010 e 2011, para 8 mil em 2014. Os hospitais regionais desempenham um papel primordial também no combate de doenças tropicais? HG – As doenças tropicais são essencialmente combatidas na atenção primária. A vigilância epidemiológica e vigilância sanitária,
o manejo clínico, a distribuição de mosquiteiros, enfim, todo esse conjunto de ações fez mudar números drásticos em relação aos casos de malária, favorecendo a população. Mas é lógico que precisamos estar cientes da importância de ter uma retaguarda, contar com uma UTI qualificada dentro do hospital regional para os casos mais graves, esse é um suporte importante. NH – Das propostas apresentadas pelo governador em sua campanha de reeleição, quais os projetos da área da Saúde que são prioridade e que farão diferença até o final do mandato?
NH – Em que estágio estão as obras dos novos hospitais de alta e média complexidade, que estão sendo construídos em Belém, Itaituba, Castanhal, Capanema e Icoaraci? HG – Em Belém, é o Hospital Abelardo Santos, localizado no Distrito de Icoaraci, que está em um ritmo normal da obra, com previsão de entrega até dezembro desse ano. Em Itaituba, estamos com 60% da obra já construída e a previsão de entrega é para março de 2016. Em Castanhal, concluímos agora toda a parte de fundação e, agora, a população começará a ver o hospital ser erguido. Em Capanema foi licitado, mas ainda não temos a previsão do início da obra. NH – Há previsão de ampliação dos hospitais regionais atualmente em operação, considerando o crescimento demográfico? HG – Sim, recentemente ampliamos o hospital do Baixo Amazonas em Santarém, dobramos o número de leitos de UTI adulto e vem sendo expandido tam-
bém o serviço de hemodiálise. Em Marabá estão em andamento grandes obras, com implantação dos centro de hemodiálise e de hemodinâmica, bem como aumento no número e leitos. Vamos ampliar outros hospitais, mas esses são os dois grandes, cujos projetos estão em andamento. NH – O governador é um grande incentivador do modelo de gestão de saúde por OSS (Organização Social de Saúde) no Estado. Gostaria que a Srª destacasse as vantagens e as facilidades deste modelo para o estado e para a saúde em geral. HG – A desburocratização é algo que nos salta aos olhos quando temos uma gerência de serviços sob OSS. Você consegue ser mais rápido, mais resolutivo, nas aquisições de equipamentos. O corpo clínico todo envolvido, desde o atendente de enfermagem até o médico mais especializado, tem uma resposta mais adequada, um tratamento mais efetivo, que segue melhor a linha de protocolo. É um hospital mais fechado, que consegue atingir metas, indicadores pré-estabelecidos, com mais facilidade que os hospitais com outro modelo, pela série de envolvimento.
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HG – Nós temos três grandes desafios hoje e, como meta, um deles é a regionalização da saúde. Precisamos fazer com que as treze regiões de saúde sejam independentes na alta e na média complexidade e que façam relações na alta complexidade; e que possamos cobrir a região de saúde e dar essa oferta. E aí vem o segundo ponto que é ofertar mais, melhorar o acesso do cidadão, de modo que ele possa se ver realmente como elemento da saúde. Um terceiro ponto, para complementar, é fazer uma fila única para melhorar esse acesso, baseado no critério de classi-
ficação de risco. Para isso, estamos trabalhando fortemente na regulação, para que o paciente mais grave, mais complexo, possa ter acesso prioritário.
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Ex pansão
Pró-Saúde assume UPAs no Triângulo Mineiro
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Pró-Saúde participou do chamamento público do Município de Uberaba, em 2014, para gerenciar as Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Mirante e São Benedito e o novo hospital, que está em construção. O contrato entre a Prefeitura e a entidade foi assinado em novembro.
No início do ano, a Pró-Saúde iniciou a gestão das Unidades de Pronto Atendimento (UPAs) Mirante e São Benedito, ambas em Uberaba.
Em 1º de janeiro de 2015, a Pró-Saúde assumiu a gestão das duas UPAs e trabalha, em consonância com a prefeitura, para finalizar o projeto do hospital. A obra do edifício que abrigará a unidade hospitalar tem sido tocada pela prefeitura, enquanto a entidade cuida da compra de equipamentos e contratação
de pessoal. “O município é um dos polos regionais de saúde em Minas Gerais. Por isso, precisa de uma instituição de referência na área, capaz de receber pacientes da região e alguns provenientes dos estados de São Paulo e Goiás”, explica Enylo Faria, diretor Operacional do projeto.
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UPA Mirante
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Implantação gradual O hospital entrará em operação de maneira gradual, em três fases. A cada uma delas serão postos em atividade 40 leitos de clínica médica e 10 de Unidade de Terapia Intensiva (UTI). Ao todo, a capacidade será de 30 pacientes na UTI e 120 na clínica médica. Estão previstos, além disso, serviço de pediatria e cirurgias de pequeno e médio portes. Faria explica que, num primeiro momento, o hospital receberá pacientes encaminhados por outras unidades, sem o funcionamento de uma emergência. De acordo com as necessidades observadas, poderão ser implementados serviços de pronto socorro e SAMU.
Pacientes aprovam UPA e contratação de pessoal. Além disso, foi implantada a padronização para aquisição de materiais e medicamentos, conforme Regulamento de Compras aprovado pela Secretária Municipal de Saúde.
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Desde janeiro, já foram realizadas nas UPAs Mirante e São Benedito melhorias no processo de acolhimento de pacientes e classificação de risco, além de reparos na estrutura, reestruturação de equipamentos
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CA PA
Atendimento humanizado é diferencial em Catanduva
Mudanças no modelo de gestão propiciaram significativa melhoria na saúde. População é a principal beneficiada.
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atendimento médicohospitalar da rede pública de Catanduva, no interior paulista, é um dos melhores do País. Em 2012, superou a média regional, estadual e nacional no IDSUS, ranking resultante de pesquisa do Ministério da Saúde, que avalia, com pontuação de zero a 10, o desempenho
e os resultados obtidos ao longo de um determinado período de tempo. Além disso, em outra iniciativa da Pasta — o Programa Nacional de Melhoria do Acesso e da Qualidade da Atenção Básica (PMAQAB) —, as 21 equipes das Unidades de Saúde da Família (USFs) do município receberam as maiores avaliações. Dezesseis alcançaram qualificação
“Muito acima da média” e as outras cinco, “Acima da média”. As USFs, que integram o Sistema Único de Saúde (SUS), são administradas pela Pró-Saúde desde 2010. Nesses cinco anos, a cidade e região beneficiam-se com o modelo implementado na rede, cuja organização reverte-se em ganhos para todos, a população e os
equipes. As 21 USFs têm a mesma liberdade de elaboração de atividades e fluxo de trabalho. Para que tenham alta produtividade e o melhor aproveitamento possível do tempo dos profissionais, utilizam programa denominado Controle de Agendamento e Atendimento nas Unidades (CAANU), monitorado mensalmente. Esse instrumento identifica as necessidades dos usuários de cada unidade, traçando seu histórico médico, o que contribui para o acompanhamento e atendimento eficaz do paciente. O clínico geral Carlos Henrique Nappi explica que, na agenda, são determinados por data os grupos de atendimento de acordo com patologias básicas: hipertensão/ diabetes; saúde da mulher e da gestante; puericultura e saúde da criança e do adolescente; saúde do homem; saúde do idoso; e saúde mental. Há, também, visitas domiciliares, programadas de acordo com a solicitação de usuários ou seus familiares, ou pela própria avaliação da equipe multiprofissional. A agenda comporta, ainda, as atividades dos grupos operacionais ou oficinas de saúde, abrangendo temas de interesse geral e promovendo maior
integração entre pacientes e profissionais. Há, ainda, os Grupos de Educação Continuada para os recursos humanos de cada unidade, da equipe multiprofissional e do Núcleo de Apoio à Saúde da Família (NASF). As reuniões são semanais, visando à interação coesa e sinérgica dos profissionais.
Sergio Donizeti Felix, diretor administrativo da Pró-Saúde em Catanduva.
João Marcelo Porcionato, Secretário Municipal da Saúde de Catanduva
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profissionais. “Os usuários foram entrevistados e se mostraram satisfeitos com o atendimento”, reforça Fabiana Lora, supervisora técnica e integrante do Núcleo de Qualidade e Segurança do Paciente (NQSP). Fazendo parte da equipe da Pró-Saúde desde setembro do ano passado, o diretor administrativo Sergio Donizeti Felix explica que a Atenção Básica é um conjunto de ações voltado à promoção da saúde, prevenção de agravos, tratamento e reabilitação. Nesse sentido, uma das ações implementadas para cumprir as metas estabelecidas pelo Ministério da Saúde foi a reestruturação do modelo de atendimento médico por meio de agendamento. “Atualmente, a capacidade instalada situa-se em torno de 400 consultas/mês. No entanto, o número acaba sendo maior no dia a dia, porque ocorrem muitos encaixes de emergências. As mudanças contribuíram para mantermos um controle e identificarmos onde há demanda reprimida e em quais locais é possível assimilar a procura”. A agenda, em consonância com os critérios da Atenção Básica do Ministério da Saúde, apresenta divisões específicas, seguidas pelas
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CA PA I EC P N
Equipe administrativa da Pró-Saúde
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Equipes multidisciplinares
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Fabiana Lora comenta que as equipes são compostas por profissionais de diferentes especialidades. “Temos um médico clínico geral, um enfermeiro, um auxiliar de limpeza, um administrativo, um de enfermagem, um dentista e um auxiliar de saúde bucal.” O atendimento é ampliado com quatro grupos do NASF, cada um deles integrado por fisioterapeuta, psicólogo, nutricionista, preparador físico e psiquiatra. A cada dia, eles atuam em diferentes unidades. O trabalho é realizado sempre em conjunto, explica a fisioterapeuta Fernanda Luzia da Silva Azaribe, sobre sua especialidade clínica. “Além do dia a dia do núcleo, faço as visitas domiciliares em curto prazo, dando orientação ou encaminhamento, quando os pacientes não têm condições de ser atendidos
na unidade. Se necessário, eles são direcionados a um dos dois centros de referência do município. Também atuamos em parceria com o orientador físico no nosso grupo de intervenções”. Todo esse conjunto de ações, de acordo com Felix, tem mudado para melhor o sistema de saúde pública em Catanduva. “O interessante é que o controle da agenda fez diminuir o número de consultas e não o contrário, como poderíamos pressupor. Tivemos uma redução no tempo de espera. As ações preventivas de grupo, o trabalho com o NASF e todos os avanços empreendidos deram uma resposta muito positiva em termos de capacidade de atendimento. A organização acabou contribuindo para isso”, comenta o diretor administrativo.
Especialista na área de Saúde da Família, João Marcelo Porcionato, secretário da Saúde de Catanduva desde setembro do ano passado, é um grande defensor da Atenção Básica. “Desde que assumi o cargo, muitas coisas mudaram. Uma delas foi o NASF, que hoje segue o modelo correto, que é de matriciamento. Isso tem sido muito produtivo. A população não é preparada para a prevenção, mas temos de mudar essa cultura. Existem estudos que comprovam que se você tiver uma atenção primária bem feita, conseguirá a diminuição das internações e da busca por pronto atendimento, dentre outros benefícios. Temos recebido relatórios muito positivos nesse sentido. O trabalho conjunto da Secretaria e da Pró-Saúde é uma parceria muito boa”, conclui Porcionato.
Humanização Trabalhar com equipes multidisciplinares tem demonstrado ser bastante positivo para as USFs, mas esse modelo pode gerar casos peculiares, como foi o da paciente Aparecida (*), atendida inicialmente pela nutricionista Gabriela Rosa. Dependente química e moradora de rua, ela apresentava um comportamento agressivo. Embora a psiquiatria não seja sua especialidade, Gabriela acabou criando um vínculo com Aparecida, já que ocasionalmente estava na recepção no dia em que, após várias tentativas, ela permitiu ser cuidada pelos médicos. É aí que entra a questão da humanização. Embora a nutricionista não esteja preparada para lidar especificamente com um quadro de problemas
emocionais como esse, o compartilhamento de casos em reuniões permitiu que ela soubesse agir, dentro da orientação que recebeu como profissional da área de Saúde da Família. A profissional estreitou o vínculo com a paciente e, assim, a equipe conseguiu fazer com que entrasse efetivamente em tratamento. Hoje, Aparecida tem no pessoal do NASF um porto seguro para retomar o convívio social. Há resultados exitosos também no atendimento domiciliar, como testemunha a paciente Sandra Maria Costa, 64 anos, que teve paralisia infantil e apresenta problemas de mobilidade. Há quatro anos, ela começou a ser atendida por uma equipe de três profissionais da Unidade
Jardim Alpino. “Tem sido ótimo. Antes, eu não conseguia ficar em pé, sentia fortes dores nas pernas e braços. A doutora veio, passou um remédio para a dor e uma vitamina, e agora eu me sinto muito melhor”,
conta ela. Além das visitas mensais da médica, Sandra recebe quinzenalmente a fisioterapeuta e uma enfermeira. “Estou fazendo os exercícios que ela passou e tenho melhorado. Quando acontece algum problema ou se precisamos remarcar uma consulta, nem precisa ir até lá, basta ligar”, diz, acrescentando que também a coleta de
material para exames periódicos é feita em casa, enquanto os remédios estão disponíveis gratuitamente no posto de saúde. (*) o nome da paciente foi preservado
Reunião da equipe multidisciplinar (acima) e pacientes em uma das unidades do NASF
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atendimento aos
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CA PA
Grupos e prevenção Um dos principais diferenciais do trabalho realizado nos NASF são as atividades de prevenção. Isso ocorre por meio de diferentes grupos, abrangendo públicos como gestantes, obesos e terceira idade, explica o educador físico Guilherme Henrique Soares Ribeiro, que coordena atividades de ginástica, caminhada, alongamento e hidroginástica. “Também nesse caso trabalhamos com equipes multidisciplinares. Muitas vezes, temos a parceria de fisioterapeutas e até psicólogas, quando necessário.” Seu trabalho é
realizado principalmente com pessoas da terceira idade, mas nada impede que sejam incluídos outros grupos. “Durante uma aula, notei que havia um garotinho de uns cinco anos observando atentamente. Percebi que ele queria participar e perguntei a ele se gostava de futebol. Muito retraído, ele disse que sim, e então o coloquei para ter aulas em uma escola de futsal com a qual mantemos parceria”, conta Guilherme. Esse modelo de atendimento também tem contribuído para avanços na medicina preventiva, como explica
a auxiliar de enfermagem Mariana Mendonça Alves Pansa. “Nos grupos, abordamos muito os temas de exames preventivos, como o Papanicolau. Quando estamos em um período específico – como o “Outubro Rosa”, por exemplo, fazemos uma escala de pequenas palestras, às vezes algum evento, um café da manhã ou uma caminhada, para trazer as mulheres à unidade. Percebo que os pacientes estão ficando bem contentes com o atendimento do NASF”.
Hidroginástica é uma das atividades de prevenção para o público da
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terceira idade
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Em 2015, a Pró-Saúde completará cinco anos gerenciando os seguintes serviços de saúde pública de Catanduva:
USF Dr. Michel Curi - Av. Palmares nº
USF Dra. Isabel Etturi - Rua Coroados
1980, Nosso Teto
nº 100, Parque Flamingo
Uma das unidades do
USF Dr. Sérgio Banhos - Av. Cruzeiro
USF Dr. José Rocha - Av. Caxias do
do Sul nº 305, Residencial Pachá
Sul nº 850, Ângelo Gaviolli
Unidade de Pronto Atendimento
USF Dr. Alcione Nassori - Rua César
USF Dr. Athos Procópio de Oliveira
(UPA), no bairro de Vila Souto.
Guzzi nº 100, Solo Sagrado
- Rua Camanducaia nº 200, Jardim
NASF em Catanduva
Imperial SAMU (Serviço de Atendimento
USF Dr. Geraldo Mendonça Uchoa -
Móvel de Urgência)
Rua Bragança nº 320, Vila Lunardelli
USF Dr. José Pio Nogueira de Sá - Rua Guarapari nº 81, Gabriel
USF Dra. Gesabel Clemente Marques
USF Dr. Napoleão Pellicano - Rua
de La Habla - Rua Nardi Ignotti nº
São Bento nº 40, Jd. Alpino USF Dr. Carlos Eduardo Bauab - Av.
160, Pedro Nechar USF Dr. José Ramiro Madeira - Rua
Hernandes
USF Dr. Olavo Barros - Rua Inglaterra
São Domingos nº 2370, Theodoro
nº 760, Monte Líbano
Rosa Filho
Aricanduva nº 457, Conjunto Euclides USF Dr. João Miguel Calil - Rua
Malheiros - Rua Alvorada do Sul nº
Araraquara nº 1000, Santo Antônio
Lourenço nº 265, Bom Pastor
77. Vila Engrácia
USF Dr. Armindo Mastrocola - Rua
USF Dr. Sergio da Costa Perez - Rua
Mococa nº 355, Santa Rosa
Bocaina nº 430, Jd. Del Rey
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USF Dr. Luiz Carlos Figueiredo USF Dr. Milton Maguollo - Rua
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P ROÓP ISAÚ N I ÃO DE Revista Notícias Hospitalares
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ATENÇÃO PRIMÁRIA À SAÚDE: UMA POLÍTICA DE ESTADO DE FUNDAMENTAL RELEVÂNCIA Os sistemas de saúde ocidental, incluindo o brasileiro, foram concebidos com base na política de Estado da Grécia antiga, eternizados pelos romanos, modernizados por Maquiavel e iluminados pela Renascença, que instaurou um Estado de cidadania. Mais tarde, na era industrial, houve mudanças intensas devido às relações de trabalho e à urbanização das cidades, o que motivou a população a exigir, cada vez mais, melhoria da saúde e bem-estar de todos, culminado na criação de sistemas de saúde inspirados no seguro social da Alemanha, de Bismark, no modelo de seguridade social do Plano Beveridge, da Inglaterra, ou no mix de sistema adaptado às “terras de Colombo”. No Brasil, surge o modelo de saúde com base na assistência misericordiosa, que percorre 500 anos, enfrentando epidemias e revoltas. Ao longo dos anos, medidas paliativas foram adotadas e, com a evolução, privilegiaramse a internação e o uso da tecnologia. Em 1988, o país é brindado, por meio da Constituição Cidadã, com o Sistema Único de Saúde (SUS), que idealizou princípios de universalidade, igualdade e equidade, valorizando ou reconhecendo que as ações
... saúde: estado de completo bemestar físico, mental e social, e não simplesmente a ausência de doença ou enfermidade. Alma-Ata, 1978 de saúde não seriam somente hospitalocêntrico, mas também um sistema com acesso a todos, privilegiando a prevenção e a recuperação da saúde, a partir da valorização da Atenção Primária à Saúde, interpretada por alguns desatentos como assistência menor, elementar, superficial, limitada ou rudimentar e não como de fato e de direito deve ser encarada: com fundamental importância. No âmbito da Saúde Pública, a Atenção Primária expressa a sua verdadeira significância como uma política de Estado e um sistema que cuida de seus cidadãos de forma integral, pautado em ações preventivas e reforçado pelas nações de todo o mundo reunida em AlmaAta, em 1978.
A eficiência de um Sistema de Saúde Pública que prioriza a Atenção Primária é comprovada por países com excelentes indicadores sociais, como Canadá, Inglaterra e Cuba, os quais têm a aprovação de quase toda a população (90%), pois instituíram, há décadas, uma política de Estado com base em ações e estratégias de melhoria da qualidade de vida do cidadão, por meio desse sistema. É evidente que houve grandes avanços, exemplo expressivo foi a redução da mortalidade infantil, cujo índice, em 1990, era de 53,7 óbitos por mil nascidos vivos e, em 2011, passou para 17,7. Sabemos que há um longo caminho a ser percorrido e que a Atenção Primária não depende somente de uma política de saúde, mas também de políticas sociais, que incentive a educação. Cabe a cada indivíduo refletir sobre isso e reivindicar a melhoria da qualidade de vida.
Dr. Jorge Rebporedo, Phd, Doutor em Saúde Pública, Presidente da Sociedade Latino-americana de Auditoria em Serviços de Saúde Allan Jacqueson Barbosa Lobo Administrador Hospitalar, Pró-Saúde
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Integrantes da Política Nacional de Atenção às Urgências, SAMU e UPA têm seus recursos multiplicados
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os últimos anos, o Brasil aperfeiçoou os serviços de emergência públicos, firmando-se como exemplo positivo no cenário internacional. O Serviço de Atendimento Móvel de Urgência (SAMU) e as Unidades de Pronto Atendimento (UPA) estão entre os principais modelos. Ambos fazem parte da Po-
lítica Nacional de Atenção às Urgências, lançada em 2003. “Ela busca ampliar o acesso e acolhimento aos casos agudos demandados aos serviços de saúde em todos os pontos de atenção, contemplando a classificação de risco e a intervenção adequada e necessária aos diferentes agravos”, afirma a assessoria de comunicação do Ministério da Saúde.
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Serviços de emergência alcançam 75% da população
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PURRÓG SAÚ Ê N CD I AE
SAMU de Mogi é o melhor do país O SAMU existe desde 2006 e funciona 24 horas por dia, com equipes de médicos, enfermeiros, auxiliares de enfermagem e condutores, que atendem urgências clínica, pediátrica, cirúrgica, ginecológica, obstétrica, de natureza traumática e de saúde mental. O
atendimento de urgência e emergência é realizado em qualquer local: residências, locais de trabalho e vias públicas. Atualmente, o serviço possui 185 Centrais de Regulação das Urgências, com cobertura de 151,6 milhões de habitantes –
número que representa 75,5% da população brasileira. A Pró-Saúde é responsável pelo SAMU de Mogi das Cruzes, município da Grande São Paulo. De acordo com o Ministério da Saúde, o serviço oferecido por essa unidade é o melhor do País.
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UPAs da Pró-Saúde seguem protocolo internacional
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As UPAs foram criadas pelo Ministério da Saúde, em 2008, e atuam em conjunto com o SAMU. As unidades ficam abertas 24 horas, inclusive nos finais de semana, e servem como um setor intermediário entre as Unidades Básicas de Saúde (UBSs) e os hospitais. Essas unidades são equipadas para socorrer pessoas com problemas de depressão, febre
alta, fraturas, infartos e outros casos de média complexidade, evitando que esses pacientes sejam encaminhados aos prontos-socorros, o que contribui para desafogar os hospitais. Nas UPAs, o paciente é avaliado de acordo com a classificação de risco, podendo ser liberado ou permanecer em observação por até 24 horas. A Pró-Saúde
é responsável por sete UPAs em todo o País: nos estados da Bahia, do Tocantins, Paraná, Minas Gerais e de São Paulo. Para priorizar o atendimento mais urgente e/ou emergente, a entidade cumpre o Protocolo de Acolhimento e Triagem de Risco, com base nas normas do Sistema Único de Saúde (SUS).
Crescimento
pacientes infartados têm mais chances de sobreviver e ficar sem sequelas. Já as UPAs foram beneficiadas pelo Projeto Padrão UPA 24h, fixado pela portaria nº 342/2013. O documento aumentou em 50% os valores de incentivo para a construção de novas unidades. As UPAs de Porte 1 devem receber R$ 2,2 milhões; as de porte 2, R$ 3,1 milhões,
e as de porte 3, R$ 4 milhões. O documento também definiu que os serviços de urgência da Rede de Atenção às Urgências podem receber até R$ 3,5 milhões, conforme o porte. Além disso, a portaria estabeleceu prazos rígidos para a conclusão das obras e o início de funcionamento das UPAs, que devem ser construídas com base no projeto padrão do Ministério da Saúde.
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Nos últimos anos, o SAMU e as UPAs tiveram os recursos ampliados. Desde 2011, o número de veículos do SAMU cresceu 39%, passando de 2.350 unidades para 3.277. Entre os avanços recentes do programa, está a inserção, em 2014, do medicamento trombolítico para vítimas de infarto agudo do miocárdio, nas ambulâncias do SAMU. Com essa incorporação,
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PERFIL
Em São Paulo, médicos terão suporte online para agilizar diagnósticos Programa Telessaúde São Paulo, sistema de suporte para equipe médica, tornará diagnósticos mais rápidos e melhorará a qualidade do atendimento no Sistema Único de Saúde (SUS)
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vai e vem de pacientes em hospitais e em toda a rede pública de saúde não deixa dúvida: é uma rotina frenética. Na cidade de São Paulo, existem 451 Unidades Básicas de Saúde (UBS), que, em 2014, realizaram oito milhões de atendimentos – cerca de 22 mil por dia. Nesse cenário, dar conta da demanda e acertar o diagnóstico na primeira consulta é uma tarefa e tanto. Com tempo
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curto e grande variedade de casos, muitas vezes o clínico responsável pelo primeiro atendimento precisa encaminhar o paciente para um segundo profissional. No final de 2014, com o propósito de tornar o diagnóstico mais rápido e eficiente e reduzir a fila de pacientes em busca de especialistas, a prefeitura paulistana lançou o Programa Telessaúde São Paulo Redes, que começa a ser implantado este ano e estará disponível em 340
pontos de atendimento até 2016. “Por meio do sistema, os médicos poderão pedir aconselhamentos e pareceres, obtendo espaço para sanar dúvidas e discutir com os consultores do programa os casos complexos”, explica Iara Alves de Camargo, coordenadora das Redes de Atenção e Áreas Temáticas da Secretaria Municipal da Saúde. “Além disso, os profissionais se sentirão seguros ao interagir com os pacientes”, pontua.
Intercâmbio de informações
coordenadora das Redes de Atenção e Áreas
opinião. As respostas são elaboradas em até 72 horas, mas, nas urgências, ocorrem em tempo real. O programa paulistano cobrirá todas as áreas da medicina, como cardiologia, neurologia, psiquiatria, pediatria e endocrinologia. Em prontos-socorros, hospitais e UPA, o serviço estará disponível 24 horas por dia.
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Iara Alves de Camargo,
Com investimento de R$ 3 milhões, o novo programa funcionará nos moldes do Telessaúde Redes, do Governo Federal. Por meio dele, médicos e enfermeiros das UBS, Centros de Apoio Psicossocial, Supervisões de Vigilância, hospitais e prontos-socorros solicitam a um núcleo técnico-científico serviços como consultoria, diagnóstico e segunda
Temáticas da Secretaria Municipal da Saúde de São Paulo
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E V E N TO S
Pró-Saúde garante participação em dois grandes eventos da saúde no mês de maio
Entidade contará com estandes na Feira Hospitalar e no 24o Congresso das Santas Casas
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Pavilhão de Exposições do Expo Center Norte, na Zona Norte paulistana, é o local escolhido para receber a Hospitalar 2015 – segundo maior evento da indústria da saúde em âmbito mundial e o mais importante da América Latina.
Neste ano, a feira ocorrerá de 19 a 22 de maio e terá seis eventos simultâneos, divididos por segmentos, para apresentar as principais tendências e inovações da
cadeia produtiva do setor. A expectativa é que mais de 91 mil profissionais, como dirigentes de clínicas, hospitais e laboratórios, médicos, enfermeiros, distribuidores e compradores internacionais, visitem os estandes de 1.250 empresas. Ao todo, 34 países serão representados na Feira Hospitalar. Na oportunidade, a Pró-Saúde Associação Beneficente de Assistência Social e Hospitalar contará com estande exclusivo para receber parceiros e trocar informações acerca
dos serviços prestados em diversos estados do país.
Campinas
Eventos apresentam as principais tendências e inovações no setor de saúde
Outro evento de destaque no mês de maio, com a participação institucional assegurada da entidade, é o 24º Congresso de Presidentes, Provedores, Diretores e Administradores Hospitalares de Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo, que acontecerá entre os dias 12 e 15, no Royal Palm Plaza Resort, bairro
Jardim Nova Califórnia, em Campinas. Organizado pela Federação das Santas Casas e Hospitais Beneficentes do Estado de São Paulo (Fehosp), o 24º Congresso de Provedores promoverá quatro dias de palestras com o mote “Reinventando a Saúde: o espetáculo não pode parar”. Prestação de contas na esfera estadual, modelos de gestão e remuneração, sustentabilidade e recursos humanos serão alguns dos temas explorados. Para o diretor de
Desenvolvimento da PróSaúde, Aguinaldo Corrêa, a participação nos eventos é uma oportunidade de se manter atualizado na área, absorver as novidades e, ao mesmo tempo, trocar experiências com entidades do setor. “Na busca pela constante qualidade e pelo aprimoramento na prestação de serviços, com foco no paciente, é fundamental que estejamos em sintonia com os principais acontecimentos do setor e que haja trocas de conhecimento”, frisou.
Hospitalar 2015
24º Congresso das Santas Casas
Data: 19 a 22 de maio de 2015
Data: 12 a 15 de maio de 2015
Horário: 12 h às 21 h
Local: Royal Palm Plaza Resort –
Local: Expo Center Norte – Rua José
Campinas (SP)
Bernardo Pinto, 333 – Vila Guilherme
Estande nº 20
– São Paulo - Estande: Rua nº 47 – Pavilhão Vermelho
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EXC E L Ê N C I A
HRBA conquista certificação máxima de qualidade, inédita na região
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dministrado pela Pró-Saúde, o Hospital Regional do Baixo Amazonas (HRBA) “Dr. Waldemar Penna”, em Santarém (PA), é a primeira instituição pública da Região Norte a conquistar uma das maiores e mais conceituadas certificações de qualidade do Brasil, a ONA III – Acreditado com Excelência. “A conquista é resultado do esforço da Pró-Saúde para implementar os processos, visando à qualidade e segurança do paciente. A equipe do HRBA está de parabéns, pois a acreditação com excelência é motivo de orgulho para todos nós”, comemora o diretor de Operações da Pró-Saúde, Danilo Oliveira da Silva. A certificação III, que é a Acreditação com Excelência, reconhece a cultura organizacional de melhoria contínua da gestão, revelando a maturidade da instituição em todas as suas dimensões, destacando-se a segurança do paciente e alta resolutividade médica. Depois de avaliação feita pela Fundação Carlos Alberto Vanzollini, que abrange critérios como qualidade, segurança e humanização no processo assistencial, a unidade foi contemplada com o certificado, que tem validade até dezembro de 2017. Para chegar ao nível de Excelência, o hospital passou por uma crescente
evolução, iniciada em maio de 2008, quando a Pró-Saúde assumiu a administração e implantou um modelo moderno de gestão, reconhecido pelo Ministério da Saúde, conforme os padrões internacionais de administração hospitalar. Credenciado no Ministério da Saúde e habilitado a fazer captação de órgãos para transplante, o HRBA é referência em oncologia, neurocirurgia, traumatologia, cirurgia de alta complexidade e hemodiálise. O Hospital cobre uma região de 20 municípios, somando população superior a um milhão de pessoas. O HRBA é o único hospital SUS do Pará e da Região Norte a obter o ONA III. No Brasil, apenas 1,2% dos hospitais (entre públicos e privados) possuem a certificação máxima. No País, em um universo de oito mil hospitais aproximadamente, 100 possuem o título de Acreditação ONA III, e na Região Norte, apenas o Estado do Pará tem instituições acreditadas. “Só hospitais alinhados às melhores práticas obtêm esta certificação. Isso significa para a nossa população que o Hospital Regional preza pela melhor assistência na qualidade em saúde ofertada pela medicina mundial”, enfatizou o diretor geral do HRBA, Hebert Moreschi.
Mais reconhecimento Em novembro de 2013, o HRBA foi certificado pelos ministérios da Educação e da Saúde como Hospital de Ensino e Pesquisa - o primeiro do interior da Amazônia. Cerca de mil acadêmicos de diferentes cursos e universidades e mais de 56 profissionais participam da Residência Médica e Multiprofissional.
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ES P EC I A L
Supremo valida Lei das OSS
Norma legal validada regulamenta o repasse de recursos públicos para projetos realizados por organismos que atuam no desenvolvimento dos setores de saúde, educação, ciência, tecnologia e inovação.
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m abril, o Supremo Tribunal Federal (STF) validou a Lei nº 9637/1998, conhecida como a Lei das Organizações Sociais. Com a decisão favorável dada pela maioria dos ministros, 7 votos a 2, ficou garantida a constitucionalidade do repasse de recursos públicos para tais entidades. Está convencionado, portanto, que as entidades da área de saúde e educação, como é o caso da Pró-Saúde, e outras que atuam nos segmentos de ciência, tecnologia e inovação, podem receber recursos do governo para auxiliar
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na implementação de políticas em suas respectivas áreas. Na prática, todas as OSS passam a contar com um instrumento legítimo para o aperfeiçoamento de projetos e programas em parceria com órgãos públicos. A decisão foi comemorada não apenas pela Pró-Saúde, como por diversas entidades que vinham acompanhando o trâmite desta questão no Supremo, a exemplo de dois organismos fundamentais ao desenvolvimento científico e tecnológico do País, a Sociedade Brasileira para o Progresso da Ciência
(SBPC) e o Conselho Nacional de Educação (CNE). Na votação do STF, o plenário seguiu o voto do relator, ministro Luiz Fux, pela validade da Lei das Organizações Sociais, mas com observância dos critérios de fiscalização previstos no Artigo 37 da Constituição Federal, que determina obediência aos princípios da legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A decisão também confirma o poder do Ministério Público e do Tribunal de Contas da União (TCU) para fiscalizar a aplicação correta dos recursos recebidos pelas entidades.
P R E V E N ÇÃO
Quando o edifício faz parte da cura Tendência mundial, os hospitais que adotam critérios de sustentabilidade privilegiam iniciativas e dispositivos para reduzir impactos ambientais, garantindo também mais qualidade aos ambientes destinados à saúde.
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e acordo com o documento “Agenda global hospitais verdes e saudáveis”, produzido pela The Global Green and Healthy Hospitals – associação sem fins econômicos de alcance mundial –, cerca de um quarto de todas as doenças e mortes que ocorrem no mundo na atualidade pode ser atribuído ao que a Organização Mundial da Saúde (OMS) define como
“fatores ambientais” (veja box na página 34). Adotar critérios sustentáveis, portanto, é uma regra para todos os segmentos da sociedade. Neste sentido, os equipamentos de saúde de qualquer porte podem e devem fazer sua parte para adequarem-se ao conceito que vem sendo chamado de “hospitais verdes”. Dar diretrizes para que isso ocorra de maneira organizada, dentro de parâmetros mundialmente
aceitos, é um dos propósitos da “Agenda”. Mas, afinal, o que é um “hospital verde”? Segundo o professor Valter Caldana, diretor da Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade Mackenzie, de São Paulo, para ser sustentável, uma edificação da área de saúde deve prever duas abordagens. A primeira está focada na questão de consumo de energia e água e demais geradores de impactos,
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Walter Caldana, do
Quatro passos para se tornar um “hospital verde”:
Mackenzie: “Um hospital, hoje, precisa ser
Passo 1 Treinamento e conscientização do pessoal interno.
extremamente flexível no sentido da concepção
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dos espaços”
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como a produção de resíduos sólidos e gases. A segunda é uma abordagem mais ampla, que verifica também a sustentabilidade do ponto de vista socioambiental, ou seja, a maneira como aquele empreendimento se relaciona com a comunidade onde está inserido. “Nas duas visões, além de todas as questões ‘normais’ para qualquer edifício do século XXI, no caso dos hospitais existe uma preocupação especial, dada a importância social que tem esse equipamento”, afirma o especialista. Do ponto de vista construtivo, o professor lembra que, primeiro, é preciso diferenciar hospitais novos
dos que estão em operação. Nos primeiros, serão necessárias pequenas ou grandes reformas para ajustá-los aos critérios de sustentabilidade. No segundo, esses conceitos devem ser adotados no próprio projeto (veja quadro ao lado). No caso de edifícios novos, ainda, deve ser levada em conta a racionalização das instalações. “Um hospital, hoje, precisa ser extremamente flexível no sentido da concepção dos espaços, a especialização deve se dar apenas onde é imprescindível – como no centro cirúrgico, laboratórios e radiologia. Os demais espaços devem ter uma grande flexibilidade
porque o hospital se reconstrói constantemente; é uma obra que não acaba nunca, quanto mais flexível, mais facilmente você a reconfigura com elementos móveis. Com isso, gera-se menos resíduos e reduz-se o impacto ambiental interno e externo.” Outro ponto relevante é a questão da assepsia, que deve estar fundamentalmente ligada a controles de qualidade no que diz respeito à troca constante do ar. “Significa que terá uma relação direta com a ventilação natural, porque quanto mais você se garante como assepsia ambiental, melhor será seu controle de infecção hospitalar.”
Passo 2 Avaliar aspectos do consumo de energia e água, bem como a produção de resíduos sólidos e gases. Em seguida, buscar soluções mais sustentáveis, por meio de dispositivos e equipamentos que reduzam esses impactos. Passo 3 Feitas as intervenções de pequena monta, implementar as reformas de maior porte, com o mesmo objetivo: redução de consumo e impactos ambientais. Passo 4 Ampliar o escopo para a questão socioambiental, posicionando o equipamento de saúde como um polo gerador de informação, conhecimento e qualidade de vida perante a comunidade.
P R E V E N ÇÃO
Fatores ambientais de risco à saúde, de acordo com a OMS: • Água imprópria para consumo; • Saneamento e higiene deficientes; • Poluição de ar em espaços abertos e fechados; • Riscos ocupacionais; • Acidentes industriais e automobilísticos; • Mudança climática; • Má gestão dos recursos naturais.
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• Más práticas de uso do solo;
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