Jornalesas - março de 2021

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Publicação trimestral l março 2021 l número L I X (59)


Trabalho de bastidores Então como têm corrido as coisas?

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stamos na 3.ª vaga e 2.º confinamento e já falamos com alguma experiência acumulada, embora as necessidades vão sempre aumentando. Esta pandemia tem sido reveladora de um admirável esforço de solidariedade a vários níveis, o que decididamente nos surpreendeu. Referimo-nos ao apoio do Rotary Clube de Portugal, da Junta de Freguesia do Bonfim, da União das Freguesias do Centro Histórico do Porto e da Câmara Municipal do Porto que nos forneceram equipamentos informáticos, nomeadamente computadores e câmaras, para os nossos alunos. No caso da Junta de Freguesia do Bonfim e da CMP, ainda houve lugar à cedência de verbas para minimizar as despesas. Porém, as ajudas também chegaram de empresas privadas e até de particulares, também professores cederam computadores e câmaras para permitir aos nossos alunos a participação plena nas aulas à distância, nos casos em que as famílias não o conseguem garantir. Desta lista de apoios, não podemos deixar de mencionar a Associação de Pais que nos tem acompanhado em todas as horas, sempre atenta às carências e disposta a colaborar nas soluções. Para tentar responder às necessidades, o AEAS emprestou todo o equipamento que podia disponibilizar. Entretanto, já tinham começado a chegar ao AEAS alguns dos equipamentos da 1.ª fase do Plano de Transição Digital do Ministério da Educação, tendo sido contemplados alguns dos alunos da Ação Social Escolar, do 1.º ciclo (45 packs) e do secundário (57 packs), do escalão A. Aguarda-se ainda a chegada dos restantes equipamentos. Do pack que é oferecido aos alunos consta: 1 computador portátil; 1 headset; 1 hotspot com carregamento mensal automático e uma mochila. Para que todo o equipamento esteja em condições de ser utilizado e o acesso à nossa plataforma de Ensino à Distância (Classroom) seja possível, um grupo de professores com conhecimentos de informática configurou

desde telemóveis, a tablets e computadores, para alunos, pais e professores. Porém, o apoio não termina nunca, pois é necessário estar em continuidade para resolver problemas de acesso/passwords, por exemplo . A nossa Escola funciona como “Escola de Acolhimento”, sendo frequentada diariamente por alunos do préescolar ao secundário. Alguns são alunos “em risco”, sinalizados pela CPCJ (Comissão de Proteção de Menores”) e/ou pelos professores, mas também há aqueles que não têm equipamento informático, ou precisam de apoio ao estudo. Além destes, a Escola recebe os filhos dos profissionais “da linha da frente”. Todos são acompanhados por professores e funcionários. As três unidades de Apoio à Multideficiência do Agrupamento (EB Fernão Magalhães+ EB Augusto Gil e ES Aurélia de Sousa) não interromperam o funcionamento. Estes são alunos com medidas adicionais e estão acompanhados pelos professores de Educação Especial e pelos funcionários. Durante este período em que as aulas presenciais, para a esmagadora maioria da população escolar, estão suspensas, têm sido facultadas refeições Takeaway (cerca de 60) e servidos almoços para os alunos que estão na escola, pelos motivos já referidos. Houve casos em que foi feita a entrega de refeições ao domicílio, depois de se conhecer a situação de confinamento em que algumas famílias se encontravam. Nestes tempos imprevistos, os professores têm revelado o seu profissionalismo e a sua dedicação, respondendo ao imenso desafio que são as aulas à distância, esforçando-se por manter um trabalho de continuidade junto dos seus alunos, procurando minimizar o prejuízo causado pela perda de contacto “olho no olho” e de interação. A Direção está em permanência na ESAS para responder às múltiplas situações que ocorrem diariamente. A Direção

R. Aurélia de Sousa 21, 4000-099 Porto Telefone: 936 411 219 raquelcouto@sapiens-porto.pt


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tarde estava chuvosa neste janeiro invernoso e frio. Um certo desassossego começava a apoderar-se da escola, fruto do agravamento da situação pandémica. Contudo, ainda houve motivação para participar no debate “Os Futuros da Educação”. Foram 10 professores oriundos de diversas áreas disciplinares e ciclos de ensino do AEAS que se reuniram, a 20 de janeiro, no auditório da ESAS para dar corpo a este desafio da Unesco que convida as suas escolas associadas a participar na iniciativa / projeto piloto “”Futures of Education -Learning to Become”: O objetivo central deste projeto centra-se numa discussão e debate global em 2020 sobre como o conhecimento e a aprendizagem podem moldar o futuro da humanidade e do planeta. A missão desta iniciativa procura gerar uma agenda de debate e de ação global sobre o futuro da educação num mundo de crescente complexidade e insegurança, sendo certo que o sucesso deste projeto global depende do envolvimento que articula jovens, educadores, professores, sociedade civil, governos e demais partes interessadas. O resultado destas consultas servirá de inspi-

ração para o trabalho da Comissão Internacional “Futures of Education” bem como o relatório final global da UNESCO, que será publicado em 2021. A interrupção letiva, decretada devido à pandemia covid19, impossibilitou a realização dos debates agendados com alunos e com pais, o que muito lamentamos. Entendemos não o fazer on line, pois consideramos que a riqueza do debate resulta das interações e que estas são claramente prejudicadas noutro registo que não o presencial. A equipa responsável pela dinamização dos debates: Catarina Cachapuz; Helena Sampaio; Luísa Ribeiro e Paulo Moreira Professores participantes: Ana Amaro; Carla Guedes; Hélder Costa; João Pedro Ribeiro; José Soares; Joana Cerejo (apenas nuvem de palavras e pensamentos soltos); Julieta Viegas; Maria Carmo Pires; Paula Cunha; Rita Pacheco; Victor Ferreira Texto de Catarina Cachapuz, Coordenadora do Clube Europeu/Unesco

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Nuvem de palavras dos professores


Tema 1 – Educação para a cidadania global: O nosso mundo em 2050 – o que queremos e não queremos ver.

Tema 2 – Educação para o desenvolvimento sustentável: O nosso mundo em 2050 – o que queremos e não queremos ver.

Pensamentos soltos…

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Democracia A consciencialização da cidadania surge naturalmente num ambiente aberto à participação de todos, que diretamente ou através dos seus representantes apresentam propostas ou sugestões que possam contribuir, para melhorar o bem comum e influenciar as decisões que afetam as vidas de alunos, professores, pais, etc.

as pessoas, através de uma escuta efetiva, respeito pelas opiniões diversas e liberdade de nos exprimirmos sem receios.

Direitos Humanos Porque os direitos humanos contemplam, nos seus 30 artigos, uma diversidade de considerações fundamentais para a educação, focando não só o direito à igualdade, Desafios globais liberdade de pensamento opinião, expressão, como tamEsta situação de Pandemia é seguramente o primeiro de bém o direito a uma instrução orientada no sentido do muitos outros desafios globais que vão ter lugar nos pró- pleno desenvolvimento da personalidade humana, não ximos anos. esquecendo também que também temos deveres para Grandes desafios que se colocam à Humanidade no sécu- com a comunidade. lo XXI: saúde, ambiente, educação, alimentação e paz e segurança internacionais. Educação A educação é a forma mais eficaz de assegurar a sobreviDesobediência vência e garantir a defesa dos direitos humanos Imperando o respeito, urge a necessidade de ultrapassar padrões e normas instituídas. A inteligência deriva da Empatia liberdade de optar segundo a sua consciência. Pré-requisito essencial do processo educativo. Presente entre todos os atores educativos (alunos, funcionários, Diálogo professores … ) Entender o próximo, sempre que possíO diálogo é a base para uma comunicação efetiva entre vel, tratá-lo com deferência.


Pensar

,

pensar, pensar

Sobre a Educação do Futuro - professores Pensamentos soltos…

Joana Coelho, 12ºJ

Ambiente O ambiente é frágil e deve ser tratado com muito cuidado como vimos nos últimos anos e como vamos poder ver num futuro muito próximo. Ambiente de aprendizagem Considerando o principal objetivo da educação a aprendizagem, torna-se fundamental criar / proporcionar um bom ambiente de aprendizagem. Assumir a responsabilidade Todos os intervenientes devem assumir a responsabilidade de conhecer os objetivos e se envolverem na concretização responsável dos mesmos. Ativismo Como combater a indiferença, a indolência e a passividade que se instala no ser humano, notória já na idade escolar e que persiste na idade adulta? Clima As alterações do clima são uma preocupação constante

e bem presente, devendo ter uma atenção especial de todos os cidadãos. Comunidade global Vivemos numa comunidade global e nenhum dos desafios globais pode ser resolvido com a intervenção de um só país. Conhecimento O conhecimento deve ser holístico, no respeito por cada uma das partes que o constitui. Quem sou eu? O que é a sociedade? O que significa ter um BI cultural ocidental, hodiernamente? Cooperação Deverão ser promovidos espaços de comunicação e de diálogo, onde se privilegie o intercâmbio de ideias e a cooperação. A prática do intercâmbio é geradora de uma consciência do mundo para além de si próprio, numa compreensão de realidades diferenciadas e muitas vezes em choque com a de cada jovem. Currículo Cabe aos agentes educativos definirem um currículo que promova o despertar da consciência para a necessidade da preservação do Planeta.

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Alterações climáticas A indiferença perante as alterações climáticas está a conduzir-nos a um planeta inabitável.


O que gostarias de ver no nosso mundo daqui a 30 anos ?

Vanda Leite, 12ºJ

Sofia Andrade, 12ºJ

Grande diversidade da flora e da fauna.

Desenvolver opções de vida mais sustentáveis.

Utilização de energias alternativas/ renováveis substituindo totalmente as energias fósseis.

Que em Portugal continuemos a ser uma democracia.

A evolução da medicina.

A evolução da economia circular.

Os polos sem redução de áreas de gelo.

Adoção de moeda única para o mundo.

Controlo sobre a meteorologia .

A diversidade de culturas, raças e línguas do mundo de hoje.

A criação de produtos que ultrapassem os limites da nossa imaginação

Haver campanhas de solidariedade (por exemplo, o banco alimentar) e mais pessoas a participarem nas mesmas.

Que as pessoas sejam valorizadas pelo ser e não pelo ter.

Crescente alfabetização, até ao ponto de todos terem direito à educação básica.

Que a música permaneça não só na minha vida, mas na de todos aqueles que a sabem apreciar

Maior igualdade de oportunidades.

A liberdade de expressão e a cooperação entre as pessoas, ou seja, as pessoas poderem transmitir as suas ideias/opiniões, de uma forma livre.

Que o nosso país continuasse a ser considerado um dos mais seguros do mundo e que os outros países caminhem neste sentido.

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Alunos das turmas de 11ºano F e H

R. de Latino Coelho 5, 4000-315 Porto Telefone: 22 536 9301


O que não queres ver no nosso mundo daqui a 30 anos ? 

O agravamento da desigualdade de género; violência doméstica os estereótipos e preconceitos que são criados.

A riqueza de países concentrada nas classes com cargos superiores.

Desigual distribuição dos rendimentos em circunstâncias de igual mérito ou de diferentes géneros.

O isolamento social que acompanhou a inovação tecnológica.

A falta de humildade por quem se sente, de alguma forma, superior.

Fome em qualquer lugar do mundo.

Pessoas sem-abrigo ou pessoas a pedirem dinheiro na rua.

A frustração de inocentes que são julgados e condenados injustamente.

A guerra devido ao conflito entre povos.

A hipocrisia que nasce e cresce na política.

A soberba e arrogância como proteção da insegurança e a ignorância que limita os nossos horizontes e que não nos permite ir mais além.

Substituição total das pessoas pelos robôs na vida quotidiana.

A extinção em massa de espécies.

As 5 ilhas de lixo, mais precisamente de plástico, que existem no mundo

O stresse hídrico e a escassez de água, visto que este recurso é essencial para a sobrevivência.

A enorme quantidade de dióxido de carbono que é emitida para a atmosfera e que contribui para o aquecimento global.

Que ainda usemos o petróleo ou outro tipo de energia não renovável.

Desperdíçar dos recursos naturais.

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Mais epidemias, pandemias, vírus, qualquer tipo de doenças altamente contagiosas.

Crianças a morrer de doenças cuja cura é conhecida.

Discriminação perante pessoas de outras raças, com outras orientações sexuais, ou com religiões diferentes.

Tráfico humano e assédio sexual, principalmente a menores.

Francisco Cardoso, 12ºJ

Alunos das turmas de 11ºano F e H

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XXIII encontro internacional de jovens cientistas das escolas associadas da UNESCO AE Sá da Bandeira - Santarém - 13 a 16 janeiro de 2021

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trabalho infantil é mais comum do que suspeitamos, sujeitando muitas crianças a perigos diversos. Um dos contributos para erradicar o trabalho infantil é o consumo responsável, ou seja, procurar adquirir um produto cuja elaboração não envolva exploração de seres humanos, tendo em conta, pelo menos, 2 dos 17 objetivos do desenvolvimento sustentável, concretamente os objetivos 8- trabalho digno e crescimento sustentável -e 12produção e consumos responsáveis.

Child labour is far more common than we suspect, subjecting many children to different dangers. One of the contributions to eradicate child labour is responsible consumption,that is, to acquire a product whose preparation does not involve the exploitation of human beings, taking into account at least 2 of the 17 sustainable development objectives: objective 8 - decent work and sustainable growth and 12 - responsible production and consumption.

Enquanto não eliminarmos o trabalho infantil, estamos a desviar as crianças da escola que é onde elas devem e merecem estar, dificultando assim a função de elevador social que a educação proporciona e, consequentemente, o desenvolvimento destes países vai sendo adiado.

Until we eliminate child labour, we are diverting children from school, which is where they should and deserve to be, making it difficult for education to work as a social elevator. As a consequence, the development of these countries is being delayed.

No nosso projeto, vamos analisar a nossa rotina diária e ver onde corremos o risco de entrar em contacto com produtos provenientes de trabalho infantil. Além disso, daremos algumas sugestões para sermos consumidores mais atentos e, assim, dar o nosso contributo para resolver este grave problema.

In our project, we will analyze our daily routine and see where we run the risk of coming into contact with products resulting from child labour. In addition, we will give some suggestions on how to become more attentive consumers and, thus, give our contribution to solve this serious problem.

Pretendemos, deste modo, tentar chegar aos alunos e professores e divulgar o princípio "PENSAR GLOBAL AGIR LOCAL", alertando para o que pode estar por detrás de uma simples camisola ingenuamente adquirida numa qualquer loja que, aparentemente, cumpre todas as regras de produção e consumo responsáveis. Mas, por trás de uma etiqueta, pode estar um flagelo que todos devemos combater.

With this, we intend to try to reach students and teachers and disseminate the principle "THINK GLOBAL - ACT LOCAL", warning about what may be behind a simple shirt, acquired in any store that, apparently, meets all the rules of production and consumption. However, behind a label there can be a scourge that we must all fight. Gonçalo Sarabanda e Marta Dias, 10º B


XXIII encontro internacional de jovens cientistas das escolas associadas da UNESCO

lá, sou o Gonçalo Sarabanda do 10ºB e estou aqui para falar da experiência da participação no XXIII Encontro Internacional de Jovens Cientistas das Escolas Associadas da UNESCO, organizado pela Escola Secundária de Sá da Bandeira, Santarém, e que decorreu entre 13 e 16 de janeiro de 2021. O Encontro, subordinado ao tema: Economia vs. Ética: como erradicar o trabalho infantil para forjar um futuro sustentado?”, decorreu num formato on line, devido à situação de saúde pública que vivemos. Gostei bastante e foi muito importante para mim participar em algo assim: uma conferência internacional, com gente de todo o mundo a falar do mesmo tema. Consegui aprender várias coisas acerca do tema discutido este ano (do qual não tinha conhecimento) - o Trabalho Infantil -, quer fosse pelas outras apresentações quer pela pesquisa que fiz para a minha apresentação. No geral correu bem a conferência, exceção feita a alguns percalços no primeiro dia devido à dificuldade de conectar, via Zoom, tanta gente e oriunda de tantos países diferentes, mas até isto se tornou divertido. A organização programou ... programou várias atividades de todo o tipo e criou grupos no WhatsApp com os alunos todos, o que também nos permitiu conversar e ficar a conhecer as pessoas to-

das. Na minha opinião, eram todos bastante simpáticos e conversadores. Para ser melhor, só se fosse mesmo presencialmente. Eu não participei nos outros anos, mas, ao que me parece, eles conseguiram criar e executar, como habitualmente, todo o programa que tinham planeado, principalmente recorrendo a gravações do Youtube de tours pela cidade e de espetáculos culturais. Foi interessante assistir às apresentações todas e ver as diferentes abordagens e opiniões sobre o tema, que dependiam do local de quem estava a apresentar. Ainda assim, houve convergência de assuntos abordados, independentemente do país que fazia a sua apresentação. Será isto o reflexo de uma cidadania global? Fiquei com bastante esperança de participar para o ano, sendo que já anunciaram o tema para o congresso de 2022:“Diversidade cultural: Culturas indígenas e fator de integração e sustentabilidade da Terra”. Gonçalo Sarabanda, 10ºB

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Testemunho de um dos participantes


Realizou-se, entre os dias 24 e 27 de novembro, mais uma Semana da Ciência e Tecnologia (SCT), este ano a 15ª, promovida pelo Lugar da Ciência da Escola Secundária/3 Aurélia de Sousa (LdC).

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evido à situação pandémica que se vive atualmente, a SCT foi pensada e implementada em moldes diferentes dos habituais. Do seu programa fizeram parte atividades on line e atividades presenciais, respeitando, sempre, as normas emanadas pela DGS. Para a divulgação da SCT utilizou-se a página do Agrupamento, sítio onde foi colocado o programa detalhado das atividades, procurando-se assim atingir um público mais vasto, fora da escola, em particular os Encarregados de Educação. Assim, no que diz respeito ao programa online, foram realizadas duas videoconferências:

“De um agente emergente a uma nova doença: a Covid 19 e nós” proferida pelo Professor Henrique Barros, médico e Presidente do Instituto de Saúde Pública da Universidade do Porto, foi destinada a alunos de todos os cursos do Ensino Secundário e aberta aos docentes interessados. Esta videoconferência foi vista e ouvida por, aproximadamente, 25 professores e 450 alunos.

Ainda em relação ao programa on line, foram disponibilizadas na página do agrupamento, ao longo da semana, sugestões de visionamento de documentários, vídeos e filmes relacionados com temas das ciências, desde a física, passando pela geologia até à astronomia. Quanto às atividades presenciais, foram visionados os seguintes filmes/documentários, também dirigidos aos alunos do ensino secundário:

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“Supervulcão”, que relata a eventual entrada em erupção da caldeira vulcânica do Parque de Yellowstone nos Estados Unidos da América com todas as consequências associadas a uma erupção vulcânica de gigantescas proporções. Visionaram o filme as turmas A, B, C e D do 10ºano de escolaridade que estão a abordar a componente de Geologia neste 1º período.

“A vida de um Físico”, proferida pelo Professor João Lopes dos Santos do Departamento de Física e Astronomia da Faculdade de Ciências da Universidade do Porto, teve como público alvo alunos do curso de Ciências e Tecnologias do Ensino Secundário. Também obteve uma avaliação positiva dos participantes, dos quais 250 foram alunos e 15 foram professores.

“O segredo da fotografia 51”, que aborda a vida de Rosalind Franklin, a cientista que trabalhou com raios X e permitiu a descoberta da estrutura helicoidal da molécula de ADN, abrindo assim caminho para a atribuição do prémio Nobel de Fisiologia ou Medicina, em 1962, a Watson, Crick e Wilkins.


Os alunos do 10ºB, orientados pela professora Marina Gonçalves, construíram um “Friso do Tempo Geológico” que colocaram na sala onde regularmente têm as suas aulas e colaboraram com a turma do 10ºD da professora Manuela Lopes, na construção de uma

escala geológica, ainda embrionária, que a ser continuada e melhorada, ocupará todo o “corredor dos laboratórios” da escola. Por fim, os professores do grupo de estágio 520, orientados pelo professor João Pedro Ribeiro, promoveram a atividade “O Museu vai à Escola”, dinamizada pelo Museu de História Natural da UP. Esta atividade abarcou a turma do 9ºE, com uma atividade sobre “Alimentação” e a turma B do 11ºano sobre “Elaboração e observação microscópica de figuras de mitose”.

Marina Gonçalves, Coordenadora do Lugar da Ciência

Em cada Semana da Ciência e Tecnologia, o dia 24 de novembro, designado Dia Nacional da Cultura Científica (criado em 1996), assinala o dia de nascimento de Rómulo de Carvalho (1906-1997), professor de Física e Química, autor de numerosos livros de divulgação da ciência, história da ciência e história do ensino em Portugal. Sob o pseudónimo de António Gedeão foi autor de vários livros de poesia.

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Além das já referidas atividades foram preparados jogos: um, com conteúdos da disciplina de Física e Química A, foi preparado em “Kahoot!” pelas professoras Arminda Ferreira e Margarida Macedo, tendo sido jogado pelos alunos do 10ºE e por outros dos cursos ciências e tecnologias. “Cronocubo” e “Roleta Geológica” foram jogos desenvolvidos pelos alunos do 10ºA sobre a Escala do Tempo Geológico, tendo sido utilizados em várias turmas do curso de ciências e tecnologias. A orientação foi da responsabilidade da professora Lucinda Motta.


Maria de Fátima Candeias Nasceu no Porto, onde se licenciou em Filologia Românica na Faculdade de Letras e onde fez o mestrado com uma tese sobre quatro obras de Mário Cláudio. Foi professora do ensino básico e secundário até 2012. Em 1999-2001 dedicou-se ao estudo do romance de formação no nosso século XX, do qual resultou um trabalho inédito. Recebeu o primeiro prémio no concurso "Saramago – uma história de 90 anos", da Fundação José Saramago, com o texto “Diário de uma homenagem”. O seu conto "Terra Naufragada" integra a antologia País Invisível, editada pelo Centro de Estudos Mário Cláudio.

https://www.wook.pt/livro/um-fiel-jardineiro-maria-de-fatima-candeias/23580442 Edições Colibri, outubro de 2019

Entrevista à Professora Fátima Candeias

http://cemarioclaudio.blogspot.com/2016/02/antologia-decontos-o-pais-invisivel_26.html

A profª Fátima lecionou na nossa escola 32 anos.

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Jornalesas: Desde quando sentiu vocação para a escrita? Desde que aprendi a escrever que gosto de o fazer. Na escola primária (como então se dizia), ou seja no 1º ciclo, na época em que estavam na berra os livros de aventuras de Os Cinco, tinha, com as minhas amigas, um clube para desvendar mistérios (com emblema e tudo) e comecei várias histórias em que entravam os membros do clube, histórias de aventuras a imitar as de Os Cinco (nunca acabei nenhuma porque, quando ia reler, achava aquilo uma porcaria e deitava ao lixo, felizmente!). Depois atacou-me a veia da “poesia”. Escrevi os primeiros “poemas” aos onze anos e fiquei a escrevê-los pela vida fora (então, na adolescência, nem queiram saber, era um fartote de má poesia!). Já como professora, e professora de Português, sublimava a carência da escrita a redigir para os meus alunos as correções dos testes (então no 11º e 12º anos, consolava-me, apurava-me naquelas respostas que, antipedagogicamente, iam sempre muito além do que deviam...). Jornalesas: Que escritores tem como referência? Tenho vários escritores como referência, todos portugueses (é, a língua é para mim determinante... nenhuma tradução chega aos calcanhares de um texto escrito em português por um mestre). Mas fiquemo-nos por Mário de Carvalho, Mário Cláudio, Saramago, Lídia Jorge e Lobo Antunes, da velha geração. Dos mais novos, gosto muito de Valter Hugo Mãe e Afonso Cruz. E

Prémio Nacional do Conto Manuel da Fonseca – XII Edição 2018 todos são uma referência. Quem me dera escrever como eles! Jornalesas: Em que medida o seu círculo familiar a impulsionou para o amor à Literatura? O meu círculo familiar foi determinante. O meu pai, que era médico, sabia imenso português, ensinou-me muito, e criou-me o amor pela leitura. Era um leitor apaixonado. A minha mãe também gostava muito de ler, mas não era tão pedagógica... Havia imensos livros lá em casa, alguns do avô da minha mãe, e todos eram encarados como relíquias, bens inestimáveis que se deviam amar e preservar. Aprendi a ler antes de ir para a escola, porque estava farta de pedir aos outros que me lessem, porque eu queria saber o que estava escrito e pedia tanto que acabava decorando tudo, até sabia onde se virava a página! Jornalesas: De onde veio a inspiração para o seu livro? A inspiração vem sempre do real quotidiano. é qualquer coisa que vejo ou ouço ou me contam, ou de que subitamente me lembro e sobre a qual me apetece escrever. Por exemplo, o primeiro conto do livro, “A Doença”, foi suscitado por duas frases que ouvi ao escritor Afonso Cruz, num painel de uma feira do livro aqui no Porto. Ele contou que um amigo tinha uma filha que não lia, até ao dia em que teve escarlatina e desatou a ler. O pai da menina dizia que, se o Plano Nacional de Leitura soubesse, punha os alunos todos com escarlatina...! Estava a ouvir o Afonso Cruz e a pensar que aquilo dava uma história. E deu.


Jornalesas: Como define o seu estilo de escrita? O meu estilo??!! Mas eu tenho um estilo?! Só os grandes escritores têm “um estilo”, uma voz própria que os distingue dos outros, os torna reconhecíveis mesmo que não esteja lá a sua assinatura. Quem me dera que fosse o meu caso, mas não é. Sou uma amadora, no mau sentido da palavra. Jornalesas: Que tipo de pesquisa fez para o seu livro? Para este não fiz pesquisa nenhuma. Mas tenho uma espécie de novela para a qual fiz imensa pesquisa, não só em livros como em jornais e documentos da primeira metade do século XX, porque a história passa-se no Porto, em 1932, e eu não sabia como era a cidade nessa altura: como era a Baixa, que filmes passavam nos cinemas, que cinemas havia, e que cafés, e que produtos se usavam (cremes, perfumes, produtos de limpeza, etc). E como a personagem principal é uma jovem que gosta de saber sobre a história da cidade, tive de ir pontualmente ainda mais para trás, por exemplo ao século XIX. Ah, e como uma parte da história se passava na Ribeira, palmilhei outra vez aquelas ruas, com outros olhos... E havia uma outra personagem, que entrava de viés mas era fundamental, que foi um ser real, um italiano mundialmente famoso, o senhor Marinetti, autor do Manifesto Futurista publicado em Paris em 1909, e criador do Movimento Futurista, importante nas letras e nas artes. Ora era preciso investigar sobre este senhor para me apropriar dele e transformá-lo em personagem minha... Jornalesas: Aconselhe-nos três livros. Três livros: 1 - “Eu confesso” , de Jaume Cabré (catalão) . Lê-se muito bem, é fantástico pela arquitetura narrativa que usa e pela história interessantíssima, e é importante porque, sem o parecer, é uma reflexão sobre o Mal, do mais canónico e geral (o nazismo, por exemplo) ao mais trivial e quotidiano e de que todos

nós somos capazes. 2“O Infinito num Junco” ,de Irene Vallejo. É absolutamente genial como a autora consegue fazer um livro divertidíssimo sobre a história...do livro! Bem humorado, bem escrito, contando dezenas de pequenas histórias engraçadíssimas, é um ensaio, um livro de viagens e aventuras, uma autobiografia... eu sei lá, é tudo num só. 3 (podem ser dois em alternativa?) -“Contra Mim”, de Valter Hugo Mãe. São memórias da infância do escritor passada em Paços de Ferreira e na Póvoa, contadas com imensa piada, e/ou “A Noite em que o Verão Acabou”, de João Tordo, para quem gosta de thrillers. Sabemos que tem feito trabalhos como leitora na biblioteca sonora – Biblioteca Sonora Municipal do Porto /S. Lázaro -, pois é detentora de uma voz cujo timbre e dicção a tornam extraordinária e apropriada para o desempenho dessa tarefa. Como surgiu essa atividade na sua vida? Que significado tem? Falemos dessa experiência. Soube da existência da Biblioteca Sonora numa visita de estudo que fiz à Biblioteca Municipal com os meus alunos do 12ºano da Aurélia, e a ideia agradou-me. As “crianças” em causa, que me moíam o juízo porque queriam que nas aulas lesse eu e não eles (!), logo ali me interpelaram para que fosse ler para a Sonora. Mas, então, não tinha tempo (o mínimo são quatro horas por semana) e adiei a questão para quando me reformasse. E assim fiz. Reformei-me, mandei um mail para a Biblioteca, chamaram-me para fazer teste de voz e fiquei. É trabalho voluntário. É engraçado quando os ouvintes nos fazem chegar as suas opiniões, é ainda mais gratificante, porque gravar a nossa leitura sabendo que ela vai ser ouvida por quem, infelizmente, não pode ler, é muito bom. Enternece-me pensar que posso ajudar alguém a passar bons momentos, a afugentar a tristeza, a divertir-se, a ser feliz. Faz bem saber que somos úteis. Aconselho quem goste de ler em voz alta que se ofereça! As vozes masculinas, por exemplo, são difíceis de arranjar... Jornalesas: Quer deixar-nos uma mensagem? Não posso deixar nenhuma mensagem porque isto já está muito longo, não há espaço no jornal.... LEIAM MUITO; LEIAM AINDA MAIS, E LEIAM SEMPRE! Equipa Jornalesas

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Jornalesas: Escreve todos dias? Qual o seu ritmo de trabalho? Escrevo quase todos os dias (quando o não faço é porque estou “encalhada”), mas não tenho propriamente um ritmo de trabalho. Nunca escrevo muito tempo seguido, cansome, preciso de parar, deixar que a poeira assente, ficar a remoer a um nível não muito consciente. Escrevo mais facilmente ao início da manhã, ou ao fim da tarde, ou então já pela noite dentro - mas nunca me obrigo a escrever. É um entretenimento, um prazer, não uma obrigação ou um dever.


Autorretratos Dói e teima em doer É uma dor que desgasta A cada minuto que passa… Sou único Não somos todos? Cabelo de asa de corvo Olhos negros, às vezes tristes… Brilhantes, e sonhadores… Francisco Cardoso, 12º J

Por dentro…sou uma ilha Cansado dos opressores De ser comandado Por ditadores Que me querem formatar! Deixem-me voar… Por céus anónimos, desconhecidos Com todos os meus sentidos Ser feliz Poder sonhar! Francisco Cardoso, 12º J

Mafalda Cruz, 12º J

Mar azul. Céu azul. Sei nadar, morrer afogado, Não voo e tenho asas. O Transparente não se vê, Respira-se, existe. É frio, mas aquece. Não sei…? Confusão. Qual pulga roxa… Cinzento pesado que se arrasta.

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Mafalda Cruz, 12º J

Rua Santos Pousada , 1222 4000-483 Porto Tlf. 225029821


Autorretratos Tudo gira tão depressa Tanto fora como dentro Será porque estou mais rápida? Ou o mundo está mais lento?

Sofia Andrade, 12ºJ

Pedem que me descreva Mas não me sei descrever Não sei ao certo quem sou Nem sei se é suposto saber! Não consigo dizer o que sinto É difícil descrever… As minhas pernas não se mexem Não as consigo mover! Se é sina ou mau presságio Isso pouco me importa Será suposto estar parada, Se tudo gira à minha volta?! Queria juntar-me ao grupo Fazer parte da sociedade Quero ser parte do mundo Mas falta-me a sanidade! Tantas dúvidas, questionamentos Fazem parte do meu ser Se há algo que me descreva São os tantos “eus” que pareço ter! Sofia Andrade, 12ºJ

Dentro um mar de emoções Procuro encontrar onde estou Queria descobrir de onde venho Queria perceber para onde vou Enfim… Queria saber quem sou! Lia Pedrosa, 12º J

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Lia Pedrosa, 12º J

Nem sempre aparento o que sinto Não engano e não minto Tento- esconder-me Ocultar este meu ser Escudo para não sofrer!


Autorretratos Sei o que sou, o que quero ser e para onde vou. Pretendo ser eu própria e não o que os outros querem que eu seja. A opinião dos outros requer atenção, Mas não me deixo influenciar, quando vejo que não têm razão. Carolina Machado, 12ºJ

Sei que não basta ter sonhos E esperar que eles se realizem sozinhos Tudo sabe melhor, é fruto de uma conquista De eu traçar os caminhos!

Sou simplesmente eu… com persistência, diligência ou dever com sensibilidade, perante a dor do outro De outra forma não sei ser!

Carolina Rodrigues Machado, 12ºJ

Vitória Venuto, 12º J

Estar e não estar Ser e não saber Ter tudo e não ter nada Encontrar o fim da estrada Querer começar a jornada…

Sentir e não sentir Desaparecer e transparecer Não sorrir, não chorar

16 l Jornalesas l março 2021 l L I X

Não deixar ver…

Querer ser pouco ou demasiado Ser lento ou apressado Ser futuro, ser passado Presente preso no espaço… Cansaço!

Vitória Venuto, 12º J


Autorretratos Será que eu não percebo… Ou são outros que fazem por não perceber? Desisto, sem tentar ser Fuga das coisas reais Liberdade que me permite ser mais! Ânsia pelo que virá! Cristiano Alves, 12ª J

Insegurança pelo amanhã Chão que temo perder Medo de amanhecer Num ser que desconheço agora Nesse futuro incerto …que demora! Cristiano Alves 12ª J

Poe entre linhas e esboços Cores puras e pinceladas vagas Procuro-me… Exploro a arte em mim e Conheço-me

Joana Coelho, 12ª J

17 l Jornalesas

Joana Coelho, 12ª J

Sem ter certezas de ser assim!


Escrita no feminino Celebrou-se no passado dia 8 de março o Dia Internacional da Mulher, sendo dedicada uma semana à questão da igualdade de género. Esta questão está incluída nos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável definidos pela ONU, na Agenda 2030.

18 l Jornalesas l março 2021 l L I X

N

um mundo mais aberto à participação feminina, podemos questionar se ainda se justifica a celebração desta data e a chamada de atenção da ONU para a igualdade de género. No entanto, se pensarmos nas constantes notícias que lemos e ouvimos sobre a violência contra as mulheres e sobre as questões do assédio que ganharam relevância com o movimento #Me too, somos levados a concluir que esta questão mantém toda a atualidade e relevância e que, para atingir a pretendida igualdade, há ainda um longo caminho a percorrer. Apesar de alguns governos dos países mais desenvolvidos procurarem legislar no sentido de favorecer a participação feminina na vida pública ou na assunção de cargos de chefia nas empresas, este objetivo é difícil de atingir, pois, tradicionalmente, as mulheres desempenham o papel de cuidadoras, o que lhes retira tempo e disponibilidade para se empenharem na vida pública. Outra questão importante é a da igualdade salarial entre homens e mulheres que exercem a mesma função, o que não se verifica frequentemente, mesmo em áreas que exigem uma grande especialização. Para vivermos num mundo mais feliz e mais justo, temos de conseguir uma efetiva igualdade entre homens e mulheres nas questões salariais, na participação política e no desempenho de cargos de responsabilidade e de direção nas diferentes áreas, sejam elas a política, a economia ou a sociedade. Na literatura, a escrita feminina só ganha relevância nos finais do século XIX e XX. Antes disso, muitas mulheres publicavam as suas obras sob pseudónimo, frequentemente masculino. A partir dessa altura, as mulheres transpuseram progressivamente o espaço doméstico que a sociedade lhes impunha e lutaram por uma maior participação. Exemplo disso mesmo são os movimentos sufragistas que lutavam pelo direito ao voto para as mulheres. Progressivamente, foram surgindo grandes escritoras integrando os movimentos literários emergentes, obtendo prémios importantes e granjeando o reconhecimento público. Mas existirá uma escrita feminina? Muitas são as autoras que rejeitam essa hipótese. No entanto, a chegada das mulheres ao mundo da publicação trouxe novas vozes e novos olhares sobre a realidade. É por isso que pretendemos dar destaque a escritoras portuguesas da atualidade, chamando a atenção para a sua obra literária e para os livros disponíveis na nossa Biblioteca. Fazemos assim um convite à leitura de textos de mulheres, escritoras portuguesas da atualidade de reconhecido mérito com diferentes vozes e sensibilidades que nos levarão a viajar em diversas realidades. Helena Sampaio - Profª Coordenadora das Bibliotecas AEAS


https://www.thinglink.com/scene/367041523281297409

Os peixes de Vieira na sociedade atual

s peixes são apresentados pelo Padre António Vieira, um dos oradores mais influentes do século XVII, tendo deixado inúmero sermões intemporais, onde critica muitas vezes a sociedade e os comportamentos dos seres humanos, como é o caso do “Sermão de Santo António”, uma das suas obras mais conhecidas. Este sermão foi pregado em São Luís do Maranhão em 13 de junho de 1654, com o objetivo de lutar contra a escravatura e outros pecados praticados pelos colonos portugueses, de uma forma alegórica, onde Vieira aparentemente se dirige aos peixes, realçando as qualidades e os vícios destes, mas, na verdade, aponta os pecados dos homens. Porém, porque dizemos muitas vezes que os peixes de Vieira continuam presentes na sociedade atual? Na minha opinião, apesar de o sermão ter ocorrido há muito tempo, há mais de trezentos anos, os defeitos dos homens que o pregador destaca, através da caracterização dos peixes, permanecem nas pessoas da atualidade. Em primeiro lugar, o autor descreve as virtudes dos peixes, em geral e em particular, afirmando que foram as primeiras criaturas criadas por Deus, sendo bons ouvintes e atentos ao seu sermão. Em contraste, os homens nunca deram ouvidos aos pregadores até agora: muitos continuam a ser pecadores e corruptos, sem qualquer arrependimento.

em autarquias, tal como é veiculado pela notícia que se segue, onde poderão obter informações sobre alguns atos de corrupção ocorridos nos últimos anos. https://www.dn.pt/edicao-do-dia/08-jun-2019/metade-dos -casos-de-corrupcao-tem-origem-em-autarquias10990594.html Recentemente, perante a pandemia que estamos a sofrer, existem vários rumores indicando que a corrupção ainda tem sido agravada. Por exemplo, recentemente, houve muitas críticas em relação às vacinações indevidas, pois há suspeitas de corrupção, com muitas pessoas ligadas ao poder político a serem vacinadas mais cedo do que o previsto, não constando da lista prioritária, como podemos ver na notícia seguinte. https://veja.abril.com.br/blog/radar/furar-fila-da-vacinacontra-covid-19-e-crime-de-corrupcao/ Concluindo, podemos verificar que as palavras de Vieira no sermão são ainda pertinentes relativamente à sociedade atual, mesmo já passados quase quatro séculos, pois os defeitos humanos que o autor destaca, alegoricamente através dos peixes, continuam a estar presentes na sociedade dos nossos dias. ZhiXu Ni, 11ºF

De seguida, o orador destaca os defeitos dos peixes, em geral e em particular, também presentes na sociedade humana atual. Assim, os homens continuam a ser oportunistas, pois “comem-se uns aos outros, e os maiores comem os mais pequenos”; exploram os mais desfavorecidos, aproveitando-se dos mais fracos. São também ambiciosas e egoístas ao ponto de só pensarem em si próprios, desejando sempre o melhor para si, mesmo que prejudiquem os outros. Este facto reflete-se na atualidade em várias situações, como é o caso do abuso do poder por parte dos políticos que se exploram o povo. Por curiosidade, segundo estudos recentes, a corrupção, um dos vícios que Vieira critica, ainda é muito frequente na atualidade, sendo que metade dos casos tem origem

Praça do Marquês de Pombal Tel. 225 022 121

19 l Jornalesas

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Ano de 2046…

Vitória Venuto, 12ºJ

“ Não precisam de se preocupar, o zombie-vírus não vai chegar ao nosso país.”

20 l Jornalesas l março 2021 l L I X

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ssas palavras flutuam na minha memória, enquanto as minhas coxas queimam de tanto cor-

rer. Desisti de anotar as coisas quando deixei de ter tempo para o fazer, por isso já não tenho diário…já não há registos do medo, do tempo de mim! Temos de chegar a um lugar seguro, juntos, custe o que custar! E, exatamente quando penso nisso, ele abranda e eu preciso de o “carregar”, arrastar… é urgente! Não questiono, eu sei o que aconteceu, apenas escolho ignorar. Entramos num quarto e barricamos a porta, mesmo sabendo que esta não iria aguentar. A minha respiração é ofegante, antecipando a sua queda, no chão duro e frio. “Não há necessidade de usar máscara, é completamente inútil!” As máscaras já não são uma opção… Baixo-me diante dele, observo, atentamente, a marca da dentada na sua perna. O meu coração grita mais alto, a cada minuto. Já nenhum de nós sabe o que fazer, percebemos, simplesmente, que não nos queremos perder um ao outro.

O segredo que partilhamos é o que levo comigo este tempo todo. Quando os nossos olhares se encontram, sei imediatamente o que ele está a pensar, abano a cabeça em resposta, em negação…Isso nem pensar… A memória retrocede: “Aproveitem o Natal.” E volto ao momento… Ele agarra o que protegi comigo, durante todo este tempo, abre-me a palma da mão, fecha-a e encorajame a fazê-lo! Abano a cabeça violentamente. Arranjaremos outra solução… Ele estala a língua, envolvendo as minhas mãos com as dele, para me forçar a agarrá-la e a levantar o meu braço para a usar. O meu olhar suplica em desespero, mesmo quando acena e fecha os olhos. “Não precisam de se preocupar, o vírus não vai chegar ao nosso país.” As palavras fazem eco… Porém…ao olhar para o cano da arma e ao observar o meu melhor amigo com ela apontada à cabeça, …o otimismo ausentou-se, para sempre… …na verdade, há outro tipo de vírus…chegou de outra forma, e, do mesmo modo, mata! Beatriz Vilas Boas 12º G


Ano de 2046… Como poderá estar Portugal daqui a 25 anos?

Liberdade subestimada

Há um novo “Führer” que lidera o mundo e que não ouve os cientistas. O planeta está cada vez mais deteriorado e o nosso Presidente também nada faz. Desde que saímos da UE nunca mais participou nem permitiu intervenções dos portugueses na salvação do planeta. A minha cidade, o Porto foi a cidade menos recetiva à ditadura, tendo havido, por isso, duas revoltas em catorze anos. Houve morte, sangue e dor e a nada levou! Hoje, na Avenida dos Aliados, há uma estátua do Presidente atual e do que lhe antecedeu, bem como uma estátua na Avenida da “Liberdade”, em Lisboa. As aspas não são por acaso, a liberdade foi subestimada e a censura foi implementada! Os meus filhos pedem à minha mãe: “Avó, conta-nos como foi!” 06.03.2046 – Xavier Cardoso, 10ºI

21 l Jornalesas

uando estudei a segunda Guerra Mundial, no 9º ano, e vi as ditaduras implementadas naquela época, sempre pensei: “Nunca na vida irá acontecer nada semelhante, em Portugal. Pelo menos enquanto eu cá estiver!” Mas eu estava tão errado! Um outro dia, um amigo meu, tomava café com a mãe, num desses cafés citadinos, e, nos seus diálogos, criticavam negativamente o Presidente vigente e, por esse motivo, foram os dois detidos. É preciso sublinhar que vivo no Porto (em Portugal!) e estou a viver sob uma ditadura implementada pelo partido “Basta!”. A minha família e eu sempre fomos de esquerda e contra qualquer regime ditatorial, no entanto, a polícia apresenta-se, inesperadamente, quase todos os meses para revistar a nossa casa à procura de algo para nos incriminar, sobretudo a mim, o menos conformado! Sinto ódio e raiva, de cada vez que aparecem, mas limito-me apenas a fazer o que me é dito… o medo soa mais alto! Sempre prestei muita atenção à política e me preocupei bastante com a rápida ascensão do partido “Basta!”. Tentei de tudo para travar isto, fiz a minha parte ao não votar na extrema-direita, mas…não fui a união nem fiz a força, sozinho, não sirvo. Agora, o dia 25 de abril é celebrado com paradas com o Presidente a desfilar, perante um povo que lhe acena porque gosta ou porque não tem outra alternativa. Fez más escolhas. Eu fujo aos festejos, enojamme, fico em casa retirado…fora disto! Já se passaram vinte e cinco anos! Lembro-me de Portugal como um país seguro e calmo, sem muita agitação, era um destino de sonho para gente de todos os cantos do mundo. Mas tudo mudou…vivemos em ditadura vai fazer 15 anos em outubro do corrente ano. Foi implantada quando tinha 25 anos e estava a entrar no mercado de trabalho. Comecei a vida adulta de forma complicada. Eu e todos os da minha geração. Foi então que procurei emigrar e levar os meus pais e irmão comigo, mas o nosso “líder” ameaçou deter todos os que saíssem do país. Começou por expulsar pessoas de diferentes etnias e implementou a prisão perpétua. Neste momento, existem rumores de que vai implementar a pena de morte.

Vitória Venuto, 12ºJ

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Ano de 2046… Hoje vivo o futuro…ano de 2046

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22 l Jornalesas l março 2021 l L I X

029 ficou marcado como o ano em que a pandemia da corona vírus (doença covid- 19) completou dez anos de existência. Uma medida global foi tomada, a que tinha a capacidade de nos salvar deste inferno em que vivemos estes últimos anos. Finalmente, todos os governos do mundo decidiram juntar-se e formarem um único corpo governamental, que ficou a ser conhecido como “MSP” (Magistrado de Saúde Pública). Qualquer diferença ideológica foi posta de lado, em prol da humanidade. A formação do MSP foi rápida, eficaz e calculada. Na verdade, este plano já estava na mente destes governantes há muito tempo. As primeiras medidas tomadas foram a proibição de se sair de casa aos fins-de-semana e, principalmente, a obrigatoriedade de se registar todos os indivíduos na “BOP” (Biblioteca Oficial da População). Assim, quem se registasse na BOP usaria com uma pulseira, que mudava de caso o indivíduo entrasse em contacto com o vírus. A população, em geral, considerava que essa era a sua única função, mas o MSP embutiu, nas ditas pulseiras, um micro GPS, permitindo, logo, a fácil localização de indivíduos infetados. A polícia circulava, incessantemente, nas ruas, a monitorizar a população e a verificar se todos usavam as pulseiras, e se a cor destas tinha mudado. Então, quando eles encontravam um infetado, enviavam-no para uma “ZFI” (Zona Focada de Infetados), onde toda a doença, crime e escumalha viviam. Quem entrava numa ZFI nunca mais saía, por isso alguns, nem entravam, preferindo o suicídio. No ano de 2037, a pandemia estava controlada. Contudo, devo dizer-vos que essa não era a história que a MSP contava, quem tinham gostado do poder não contava a verdade e paralisava as pessoas pelo medo! Assim, as ZFI alojavam, nesse momento, qualquer tipo de opositor ao MSP. A manipulação em massa de informação gerou uma revolta, na maior ZFI do mundo, resultando na fuga de todos os reclusos. Mas a história não foi feliz… o MSP fez com que o exército os exterminasse a todos.

Após este episódio triste, a terceira medida foi aplicada! Como tal, todos os cidadãos teriam de se deslocar à BOP para substituírem as suas pulseiras por anéis, quem não o fizesse seria executado. A relevância dos anéis sobrepunha-se ao problema da Pandemia, eram de tal maneira evoluídos, na sua conceção, que se tornaram objetores de consciência, conseguiam ler e controlar os pensamentos da população, permitindo a identificação e localização de opositores ao MSP de forma rápida e eficaz. Estamos no ano de 2046, e agora o mundo é uma prisão, um inferno sem saída: a maioria das pessoas vive nas ZFI, as cidades estão desertas… e o MSP persegue perpetuamente qualquer ser humano que cometa o crime de apenas pensar Vasco Sentieiro, 12ºG Cristiano, Alves, 12ºJ


Ano de 2046… Eu acredito!

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omo será o mundo daqui a vinte cinco anos ou mais???, Ninguém tem certezas, pois é o futuro e todos o desconhecemos. Mas quero acreditar que adotaremos medidas mais sustentáveis para o melhoramento de condições de vida no planeta Terra. Considero que, nas escolas e nas casas, vão ser implementadas normas de comportamento e valores ecológicos, tais como; reciclar, ter mais consciência no nosso consumo quotidiano (no respeita à manutenção das roupas, maquilhagem, alimentação…). Penso que haverá também um maior cuidado na leitura os rótulos, havendo a preocupação no cumprimento de todas as indicações; serão abolidas todas as empresas, extremamente poluentes, e que não respeitam os Direitos Humanos (tal como a exploração infantil, para obterem mão-de-obra barata) que ainda existem em 2021. E eu considero que a sociedade vai mudar, acredito nos jovens adultos e nas suas ideologias. Já se observam grandes mudanças em diferentes áreas: muitos tornam-se vegan/vegetarianos, ligam-se à extinção do plástico, reciclam roupas e calçado para não consumirem “fast fashion”, criam o hábito de andarem de transportes públicos ou compram carros ecológicos… Tudo isto pode parecer pouco, mas todos os que mudam pequenas coisas, nas suas vidas, estão a ajudar a que o mundo, daqui a vinte cinco anos, seja um lugar melhor! EU ACREDITO! Maria Isabel Martins, 12ºG

Sofia Andrade, 12ºJ


Ser mulher Um exemplo de vida foi a minha mãe. Era lutadora, forte, resistente e de uma enorme beleza.

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24 l Jornalesas l março 2021 l L I X

Ser mulher

razia nas mãos o pão de cada dia e, no sorriso que mostrava, escondia lágrimas choradas por não ter muito para dar. Foi com ela que aprendi a ser MULHER! Aprendi a ter coragem, a honrar a profissão (que amo e a quem me dediquei durante tantos anos), a ultrapassar os obstáculos, a resistir às tempestades e a viver com alegria, a minha vida dia-a-dia. Honro todas as MULHERES, por terem o dom de criar, mães extremosas, amorosas, pacientes. Tento transmitir, aos meus descendentes, valores que são intemporais: educação, respeito, humildade, gratidão, amor ao próximo e um sentimento de missão por cada profissão. Também fui um bocadinho mãe de tantos alunos que por mim passaram, gerações que me abraçaram, meninos a quem ralhei, aconselhei e acolhi. Tenho saudades de todos eles, que agora andam por aí! A MULHER tem um coração guerreiro, capaz de dominar o mundo, sendo frágil, e amorosa, assemelha-se a uma rosa com o seu perfume e os seus espinhos. Zélia Carneiro (Coordenadora dos Assistentes Operacionais da Escola Secundária Aurélia de Sousa)


Livros A Tábua de Flandres Autor: Artur Pérez-Revert Romance policial Júlia é uma jovem restauradora de obras de arte e o seu mais recente trabalho é o restauro de uma valiosa pintura do século XV que está prevista ir brevemente a leilão. Esta obra “A Partida de Xadrez”, do artista flamengo, Pieter Van Huys, representa uma partida de xadrez entre o Duque de Ostenburgo e o Cavaleiro Roger de Arras,

tendo ao fundo uma dama vestida de negro, a Dama de Ostenburgo, mulher do Duque e amante do Cavaleiro. Mas o que até então seria uma mera representação de uma cena doméstica revelou-se um mistério centenário, quando a jovem descobre na pintura uma inquietante inscrição: «Quis Negavit Equitem» (Quem matou o cavaleiro?). Após uma investigação histórica, com ajuda de seu amigo antiquário e confidente, César, e de um excêntrico e enigmático xadrezista, Muñoz, acerca das personagens retratadas na tela e decidida a desvendar o enigma deixado pelo artista flamengo, Júlia vê a sua vida mudar radicalmente. De que forma? Aquilo que parecia tratar-se apenas da investigação de um assassínio, ocorrido cinco séculos antes, torna-se agora um jogo mortal e bem real - onde as personagens do quadro eram representadas pelas peças do jogo e estas, agora, representam Júlia e os demais envolvidos –, a partida do quadro era a partida da vida. Tudo isto, o jogo, a vida e a morte, estavam nas mãos de um inteligente e cuidadoso jogador que age nas sombras. Mafalda Sanches, 11ºF

Numa narrativa pessoal e íntima, Michel Obama, ex-primeira-dama dos Estados Unidos, narra diversos momentos de uma vida repleta de concretizações, reveladoras da sua forte personalidade. Esta mulher inspiradora, tornou-se uma das mulheres mais simbólicas e fascinantes de nosso tempo. Como primeira-dama dos Estados Unidos — a primeira afro-americana a ocupar essa posição —, Michel revolucionou a afamada Casa Branca, mais acolhedora e familiar, mudando, por isso, o seu conceito e história. Para além disso, tornou-se uma poderosa porta-voz das mulheres e meninas, nos Estados Unidos e ao redor do mundo. Esta mulher guerreira, conta de modo intenso e profundo o longo caminho que percorreu, desde a infância, adolescência e juventude, bem como a sua história como primeira-dama, e como mulher de um dos Presidentes mais icónicos da História dos estados Unidos e do mundo. Anabela Braga da Cruz, profª de Português

25 I Jornalesas

Becoming, a minha história


As estagiárias da E.S.E. Os desafios que temos vindo a enfrentar com a Pandemia da Covid-19, bem como o período de confinamento, determinaram a necessidade de reorientação do nosso estágios e formação.

26 l Jornalesas l março 2021 l L I X

S

omos alunas da Escola Superior de Educação do Porto, estamos no 3º e último ano da Licenciatura de Educação Social e para a sua conclusão é necessário a realização de um estágio profissional. Dentro das opções para a realização do estágio decidimos escolher a Escola Secundária Aurélia de Sousa pois pretendemos futuramente trabalhar com crianças e jovens. Compreendemos que a educação é importante na vida de todos nós, pois é através dela que desenvolvemos o poder de emancipação e um pensamento mais crítico e consciente da realidade. Na nossa perspetiva, a educação permite que o Ser Humano se torne mais completo, que defenda os Direitos Humanos e que lute por um mundo mais equitativo. Neste âmbito, a Educação Social representa um papel crucial nas escolas, uma vez que estes profissionais trabalham para a emancipação, autonomia, respeito pelo outro, empatia, autorrealização, pensamento crítico, bem como outros valores fundamentais ao bem-estar social e individual. A área da Educação Social pretende intervir em situações de vulnerabilidade e exclusão social, o profissional de Educação Social trabalha com o objetivo de desenvolver ações e projetos de prevenção e (re)inserção social dos indivíduos, com vista a melhorar a sua condição de vida. Posto isto, a nossa intervenção na Escola Secundária Aurélia de Sousa pressupõe a realização de um projeto de Educação Social, que vá de encontro às caraterísticas e necessidades desta comunidade escolar. Para tal, numa primeira fase, procedemos à análise da realidade da Escola e dos elementos que a compõem, com o intuito de identificar as suas potencialidades, problemáticas, recursos e caraterísticas. Esta análise irá conduzir o modo como iremos realizar o nosso projeto, sendo que este deve ter um caráter transformativo e transformador e ser significativo para os elementos integrantes na escola. O contexto pandémico atual trouxe consequências para o sistema de ensino e, por conseguinte, para o modo como tem vindo a ser realizado o nosso trabalho na escola. Os desafios que temos vindo a enfrentar com a Pandemia da Covid-19, bem como o período de confinamento, determinaram a necessidade de reorientação do nosso estágios e formação. Consideramos que devido ao distanciamento físico que é necessário para travar a doença, a realização de algumas atividades está condicionada e permanecem as barreiras comunicacionais com a comunidade escolar. Tudo isto se deve à redução dos horários dos intervalos dos alunos, e também pelo medo de contágio e falta de motivação em permanecer na escola. Além disso, o

facto de o governo declarar a suspensão das atividades letivas e interrupção do calendário escolar não nos tem permitido manter uma rotina e uma ligação mais próxima e consistente com os elementos da escola. Tudo isto representa um conjunto de dificuldades para a nossa intervenção, visto que os projetos em Educação Social pressupõem um contacto próximo e permanente para que seja fomentada uma boa relação com base na confiança. É através desta relação que o nosso projeto ganha forma, pois a participação da comunidade escolar é um ponto determinante no mesmo. A participação fortalece os processos de desenvolvimento, tanto ao nível individual, como comunitário. Atualmente, com a suspensão das atividades letivas em regime presencial, o trabalho que tem vindo a ser concretizado por nós permanece em regime presencial com os alunos em acolhimento e apoio presencial na Escola Secundária Aurélia de Sousa. Sendo estes alunos maioritariamente do 1º e 2º ciclo, para conhecer a sua realidade, idealizamos realizar com eles atividades mais dinâmicas, para que consigamos cativálos. Deste modo estaremos a responder aos pressupostos da educação social, fomentando com estas crianças uma relação com base na confiança e que nos permita um melhor entendimento sobre a sua realidade. Assim, seremos capazes de pensar num projeto que responda às suas necessidades e que tenha em conta o seu interesse e as suas características. Realizamos duas atividades que tiveram a adesão dos alunos e a que eles demonstraram interesse. Para a primeira atividade nós construímos um cubo em maior dimensão com diferentes imagens em cada face. Com isto , pretendíamos que os alunos lançassem o cubo e que depois olhassem atentamente para a imagem da face que ficasse virada para cima, descrevendo-a e dizendo que ideias lhes transmitia a imagem. Na segunda atividade construímos mini ecopontos e lixo orgânico, cujo objetivo era os alunos identificarem cada imagem e depositarem-na no ecoponto ou lixo orgânico ao qual pertencia. Pretendíamos com esta atividade compreender que conhecimento os alunos apresentavam acerca do tema da Reciclagem. Esperamos que os alunos tenham gostado tanto como nós de realizar estas atividades. Foi uma dinâmica que nos permitiu conhecer melhor os alunos e de uma forma mais divertida e agradável. Pretendemos futuramente continuar a realizar mais atividades de caráter lúdico e educativo. As estagiárias, Inês Sá e Sofia Silva


Rómulo de Carvalho/ António Gedeão

índice

Trabalho de bastidores

2

Futuro da Educação

4

Pensar

5

O que gostarias de ver no nosso mundo daqui a 30 anos? O que não queres ver no nosso mundo daqui a 30 anos?

6

8 Eles não sabem que o sonho

XXXII Encontro de jovens cientistas

9

Lugar da Ciência

10

É uma constante da vida Tão concreta e definida Como outra coisa qualquer Pedra Filosofal, António Gedeão

Entrevista com Fátima Candeias

12

Autorretratos

14

Escrita no feminino

18

Os peixes de Vieira

19

Ano de 2046

20

Livros

24

Ser mulher

24

Estagiárias SPO

26

Rómulo de Carvalho

27

Editorial

28

O

Dia Nacional da Cultura Científica comemora-se desde 1997, no dia 24 de novembro, coincidindo com a data de nascimento de Rómulo de Carvalho, homem de grande cultura, que esteve ligado ao ensino, à investigação e à poesia. Rómulo de Carvalho nasceu em 1906 e desde cedo revelou talento literário. No entanto, terminado o liceu, ingressou no curso de Físico-Química da Universidade do Porto, com a intenção de ser professor. Foi docente ao longo de toda a sua vida e paralelamente desenvolveu atividade como investigador de ciência, publicando obras de divulgação científica e de História da Ciência em Portugal, sobretudo sobre o período entre os séculos XVIII e XIX. Também se interessou sobre a História do Ensino, tendo publicado uma obra monumental da História do Ensino em Portugal: desde a fundação da nacionalidade até ao fim do regime Salazar-Caetano. No início da década de 50, retomou a criação poética que tinha iniciado na sua juventude. António Gedeão publicou nesta época os seus primeiros livros de poesia: Movimento Perpétuo, Teatro do Mundo e Máquina de Fogo, tendo alcançado desde logo um lugar de destaque na criação poética portuguesa. A musicalização dos seus poemas Pedra Filosofal e Calçada de Carriche contribuíram para divulgar ainda mais a sua obra. A Biblioteca Nacional, por ocasião do centenário do nascimento do Poeta António Gedeão, realizou uma exposição sobre Rómulo de Carvalho, António é o meu nome, Rómulo de Carvalho. Os materiais da exposição, que incluem uma bibliografia e textos do autor, estão disponíveis online, podendo ser consultados em http://purl.pt/12157/1/apresentacao.html Helena Sampaio - Profª Coordenadora das Bibliotecas AEAS


Editorial Um abraço adiado Neste tempo suspenso, de vida adiada, de gestos contidos, ocorrem-me as palavras de António Ramos Rosa nos versos tantas vezes repetidos,” Não posso adiar o amor para outro século/ não posso“. Pensei no abraço que tenho guardado para quem terminou a vida profissional em tempos de pandemia, que decidi não adiar para mais tarde, para um futuro de contornos ainda indefinidos. Passou um verão, vieram dezembro e o Natal sem os nossos habituais encontros celebratórios, mas, dizíamos em virtuais contactos, em jeito de auto e heteroconsolação, vem aí o próximo verão que tudo tornará possível. As primeiras aproximações ao verão estão aí: os dias vão crescendo, as begónias (re) floriram, nos montes imagino explosões de amarelo das mimosas em flor, nos jardins que a janela alcança pressinto alguma agitação de aves, há já pontuais afagos de calor, mas dentro de casa os écrans continuam a debitar números inquietantes acompanhados de prognósticos reservados e prenúncios de novas vagas e variantes do vírus que nos confina. Instala-se o sentimento de que o verão do nosso reencontro poderá ser adiado mais uma vez. Entretanto, neste contexto, por óbvias razões, a Escola ocupa um lugar central em debates na esfera pública, mediática ou não, com convergentes opiniões sobre o impacto negativo, público e privado, presente e futuro, que a sua ausência física provoca. Depois de algum encantamento inicial, as possibilidades que o espaço virtual oferece são reavaliadas e reposicionadas, para sublinhar o valor inestimável do ensino presencial e o papel insubstituível da escola, com todas as suas valências. E é deste tempo suspenso, deste confinamento nostálgico, que penso na nossa escola e nos seus construtores atuais, na resistência necessária para superar as novas vicissitudes, e nos que, tendo concluído a sua vida profissional, não pudemos ainda celebrar. E não quero adiar, insisto, o meu abraço às docentes Alda Macedo, Ana Maria Costa, Luísa Mascarenhas, Maria João Cerqueira, Maria do Carmo Dias e Josefina Ferreira e às não docentes Alice Castelo, Graça Rodrigues e Virgínia Matos como testemunho do meu apreço pela sua vida profissional, grata pelos entusiasmos partilhados, pelo tempo comum que vivemos, pelas divergências e convergências que nos enriqueceram, pela forma como cada uma, carregando as suas circunstâncias e a sua singularidade, contribuiu para a construção de um chão comum com vontade de o tornar sempre mais habitável. Porto,1 de março de 2021 Delfina Rodrigues

FICHA TÉCNICA Coordenadores: Anabela Braga da Cruz (profª) Carmo Rola (profª), Filomena Moreira (profª) e Julieta Viegas (profª) Revisão de textos: Filomena Moreira (profª) e Anabela Dias Cruz (profª) Capa: Trabalho de Vitória Venuto, 12ºJ Paginação e Maquetagem: Julieta Viegas (profª)

Equipa redatorial:

Anabela Braga da Cruz, profª de Português; Beatriz Vilas-Boas, 12ºG; Carolina Machado, 12ºJ; Carmo Rola, profª de Desenho; Catarina Cachapuz, profª Ed. Física; Cristiano Alves, 12ºJ; Fátima Candeias, profª de Português; Filomena Moreira, profª de Português; Francisco Cardoso, 12ºJ; Gonçalo Sarabanda,10ºB; Helena Sampaio, profª Coordenadora das Bibliotecas AEAS; Inês Sofia, Estagiária SPO; Joana Coelho, 12ºJ; Julieta Viegas, profª Geografia; Maria Isabel Martins, 12ºG; Marta Dias, 10ºB; Mafalda Cruz, 12ºJ; Mafalda Sanches, 11ºF; Marina Gonçalves, Coordenadora do Lugar da Ciência; Sofia Andrade, 12ºJ; Sofia Silva, Estagiária do SPO; Vasco Sentieiro, 12ºG; Vitória Venuto, 12ºJ; Zélia Carneiro, Coordenadora dos Assistentes Operacionais; Xavier Cardoso, 10ºI; ZhiXu Ni, 11ºF e Turmas F e H do 11ºano. Ilustrações:

Carolina Machado, 11ºJ; Cristiano Alves, 11ºJ; Francisco Cardoso, 11ºJ; Joana Coelho, 11ºJ; Lia Pedrosa, 11ºJ; Mafalda Cruz, 11ºJ; Sofia Andrade, 11ºJ; Vanda Leite, 11ºJ e Vitória Venuto. Financiamento: Brun’s l Pão Quente; Café Onital; Clínica Dr. Alberto Lopes l Psicologia l Hipnoterapia; Doce Alto l padaria. pastelaria. take-away Estrela do Lima l Café Restaurante; Estrela Branca l Pão quente, pastelaria; Estudio Tai Chi Center l Taichi. Pilates. yoga; Glam l Instituto de Beleza; Jaime Loureiro & filhos Lda l artigos de escritório ; Sotinco l Tintas; Susana Abreu | cabeleireiros, estética e cosmética; UrbanClinic l Estética; Escola Secundária/3 Aurélia de Sousa.

março. 2021 http:// www.issuu.com (pesquisa: jornalesas) ESCOLA SECUNDÁRIA/3 AURÉLIA DE SOUSA Rua Aurélia de Sousa - 4000-099 Porto Telf. 225021773 novojornalesas@gmail.com

2,50 €

Os textos para a edição L I X (59) do Jornalesas foram redigidos segundo as normas do acordo ortográfico


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