“Sávio Reale fala das conquistas da ‘GLS’” ; “Militante dos direitos humanos antes de tudo” .

Page 1

MAGAZINE • GLS

PÁGINA C4

O TEMPO

BELO HORIZONTE • SÁBADO • 21 DE JANEIRO DE 2006

Militante dos direitos humanos antes de tudo Walkíria La Roche é eleita para comandar o recém-criado Centro de Referência Homossexual de Minas Gerais e fala dos seus planos CRISTINA PELEGRIN/DIVULGAÇÃO

SORAYA BELUSI

Após coordenar por quatro anos consecutivos o Centro de Referência da Diversidade Sexual e permanecer 11 anos à frente da Associação de Travestis e Transe.mais de Minas Gerais (Asstrav). a transexual Walkfria La Rache foi eleita no último dia 7 de janeiro para coordenar o recém-criado Centro de Referência Homossexual de Minas Gerais (CRH). Artista reconhecida nacionalmente. Walkfria se apresenta toda quinta-feira e sábado. a partir das 23h30, na boate Josefine. Militante do movimento GLBT. Walkfria deve tomar posse no infcio de fevereiro e conversou com o Magazine sobre sua trajetória em defesa dos direitos da comunidade GLBT e das ações que pretende implementar na coordenação do CRH. OTEMPO - Qual o objetivo da criação do CRH? Wa&íria La Roche- Na verdade. é preciso voltar um pouco na história. Antes da criação do CRH. a Associação de Lésbicas de Minas Gerais. representada pela Soraya Menezes, apresentou à Assembléia Legislativa um projeto de lei para coibir qualquer tipo de discriminação devido à orientação sexual. ainda no final dos anos 90. E. na verdade, para que se garanta a aplicação das leis 8.176. municipal, e 14.170, estadual. deveria existir um órgão como o que foi criado pela Prefeitura de Belo Horizonte e no qual eu estive à frente. Só que esse projeto foi ampliado e reformulado para que pudéssemos garantir outros direitos negados à comunidade. como. por exemplo. a igualdade na saúde, a questão das escolas. A partir de projetos defendidos e elaborados pelo Centro de Referência do Homossexual. pretendemos atingir essas outras instâncias e trabalhar muito a questão da inclusão social. Só vamos garantir a efetiva ação do CRH através de parcerias com outras instituições. E queremos pautar nosso trabalho por uma perspectiva educativa e pedagógica e não punitiva.

Que tipo de postura há de se ter para que o CRH não seja apenas 1111 órgão de fachada, sem representação efetiva na sociedade? Acredito na educação. na capacitação das polícias. dos órgãos de saúde. e aí vamos conseguir executar todas as tarefas com maior facilidade. Se a sociedade e a comunidade GLBT tivesse conhecimento de seus direitos e deveres, ficaria mais fácil. Mas entendo a questão da fachada. Nós. do movimento homossexual nacional, brigamos muito para que o projeto federal Brasil Contra a Homofobia não

Atransexual Walkíria La Roche, que faz shows semanais, às quintas e sábados, na boate Josefine fosse só uma carta de princípios e saísse efetivamente do papel. E o CRH já é fruto de uma aprovação do governo federal para a criação de 12 instituições destinadas à comunidade gay e Belo Horizonte recebeu uma delas. Precisamos dessa parceria com o governo. Felizmente ou infelizmente estaremos subordinados. E Minas Gerais é um país inteiro de diferenças. Por isso. vamos montar uma Câmara Gestora. A coordenação vai executar. mas quem vai definir. estudar e sugerir é a câmara. composta por representantes da comunidade GLBT. Que tipo de ações devem ser reaizadas de forma rápida e urgente? Rápido e urgente é. além de manter o direito de ir e vir, manter o direito de entrar e permanecer. Vou dar um exemplo desta situação. O MoVimento Gay de Alfenas (MGA) mandou uma demanda falando de duas transexuais que chegaram do exterior e compraram a cota de um clube. Frequentaram o lugar por dois finais de semana e foram obrigadas a frequentar o banheiro masculino. Além do assédio ao qual foram submetidas. elas foram chamadas pela direção do clube, impedidas de frequentar o espaço e procuraram o MGA. Agora. a pergunta é: por que não? E. quem irá autuar esse lugar? Esse é um exemplo de um caso tão simples. mas para a sociedade ainda muito complicado. Que requisitos te levaram ao cargo de coordenadora? Eu não concorri nem lancei o meu nome para ser um dos candida-

tos. Os próprios representantes do movimento gay chegaram à conclusão de que a escolha deveria ser feita através de voto democrático que seguiria alguns critérios. como ter bom relacionamento com instituições diversas (ONGs e órgãos públicos). ter trabalho reconhecido não só na capital, tempo de experiência. Sugeriram meu nome e fui eleita por sete votos contra quatro. O que me amedronta é a mudança de interesses políticos. a troca de cadeiras com o fim de mandatos.

Sávio Reale fala das conquistas da "GLS" DANIEL BARBOSA

Responsável pela coluna semanal da página GLS praticamente desde a fundação do jornal O TEMPO. em 1996. Sávio Reale deixou a função no início deste ano levando consigo uma experiência que considera revolucionária. Ele recorda que. antes da página, praticamente não existiam grupos de ativismo GLBT em Minas Gerais. "A GLS. sem dúvida, ajudou a preparar o terreno para a criação de todos os grupos que estão em atividade e também aqueles que já desapareceram ou se transformaram", diz. Ele destaca que a iniciativa pioneira em um jornal diário, de dedicar um espaço semanal fixo exclusivo para assuntos de interesse da comunidade gay, acabou por estimular publicações similares no interior de Minas Gerais e mesmo em outros Estados. Sávio considera que a partir desse tomada de posição por parte de veículos da mídia impressa, a homossexualidade passou a ser tratada de uma forma diferenciada, deixando, como diz, de figurar apenas nas páginas policiais e conquistando espaço em editoriais. matérias. entrevistas e até mesmo em páginas inteiras de cadernos de cultura país afora. "A página levou diversos assuntos para a mesa do almoço da família mineira e ajudou inúmeros homossexuais a elevarem sua auto-estima ao apresentar gays, lésbicas e

transgêneros sem drama com sua afetividade, sexualidade e orientação sexual. Abrimos ainda mais o caminho para as novas gerações. para os jovens homossexuais. com informação e respeito. de maneira que possam se assumir de maneira mais positiva", opina. Ele acrescenta que a página derrubou mitos e preconceitos e instaurou o debate. a conversa franca e a reflexão, dando voz à comunidade GL,BT. Em relação à sua coluna. ele diz que sempre procurou escrever sobre assuntos que refletissem sua própria história de vida. "Durante muitos anos procurei mostrar um pouco da diversão noturna. que era o espaço de maior visibilidade da comunidade GLBT. Ainda é. mas isso está mudando. À medida que ia diminuindo minha frequência às casas noturnas e outros ambientes de diversão. também passei a falar menos deles e sobre o que acontecia lá". explica o colunista que buscou ainda outra abordagem. "Sempre fui fiel àquilo em que acredito e procurei desmistificar essa idéia preconcebida de que todo gay é alienado, só se preocupa com sexo. moda e diversão. Procurei sempre um tom mais opinativo. político e participativo". diz. Ao falar sobre o que significou ser colunista da página GLS. ele é objetivo: "Um aprendizado enorme. auto-aceitação. autoconhecimento. altos e baixos na auto-estima. crescimento e. sobretudo. muito trabalho". EUG~NIO GURGEL - 3.12.2002

Critica-se adisputa de poder em relação acargos de &derança e que geram visi>tlidade. Como acabar com essa questão efazer com que acomlllidade GLBT se 1813 em prol de suas conquistas? Como minha trajetória começou como artista. minha realidade foi inversa da maioria dos outros militantes e representantes do movimento. Eu já era uma pessoa pública e usei a minha imagem para conseguir atingir os meus objetivos em prol dessa comunidade da qual faço parte. Eu não preciso dessa 'glamourização' enquanto militante. Fiquei até muito chocada com a baixaria na Internet por conta da disputa dessa cadeira. já que ela é remunerada. A pulga atrás da orelha fica por conta de ninguém ter pleiteado meu cargo no Centro de Referência da Diversidade Sexual, mantido pelo município. e que era trabalho voluntário e para o qual eu gastava dinheiro. Em relação à união das entidades, acho que é o único caminho viável. Sou militante dos direitos humanos. antes de tudo, e me pauto pelo que nos une". Oarticulista Sávio Reale recebe prêmio do Clube Rainbow na Cmnara Municipal

G MAGAZINE/DIVULGAÇÃO

Globo de Ouro tem tendência GLS Críticos coment;am premiação nos EUA que agraciou três filmes de temática gay MARCELO FIUZA

Chamado de "faroeste gay" por apresentar uma proibida relação homossexual entre dois vaqueiros nos EUA. "O Segredo de Brokeback Mountain" ganhou os Globo de Ouro de melhor filme. direção. roteiro e canção na última segunda-feira. O longa-metragem de Ang Lee (de "Hulk") foi o maior premiado da noite. que teve ainda honrarias para o ator Philip Seymour Hoffman. protagonista de "Capote". cinebiografia sobre o escritor Truman Capote (homossexual notório). Por sua

vez. a atriz Felicity Huffman ganhou o Globo de melhor atriz (drama). por interpretar um transexual no filme independente "Transamerica". Chama atenção o fato de que a cerimônia. considerada uma prévia do Oscar e organizada pela associação de jornalistas não-norte-americanos que cobrem cinema em Los Angeles, ter prestigiado. neste ano. em suas principais categorias. filmes de temática GLS. Isso sinaliza uma tendência da indústria e uma pressão social. na opinião do professor de cinema Luiz Nazário. "Essa ten-

• Travesti racha a oposição no Peru

USO • Depois de posar na "G Magaziie", Blaycker Seifert Mota, 22, será atração da festa da madrinha da bateria da Unidos do Arco Íris, dia 8, na boate Josefine. . A escola está aceitando passistas. lnfonnações: 3213-3458 ou 9285-8086

Saiu no diário peruano "Correio". A candidatura do travesti Manuel Andla Pérez. a Belissa. a um cargo legislativo no Peru deixou em incômoda situação ocandidato presidencial Alberto Moreno Rojas, da Frente Ampla de Esquerda. e provocou a saída ele ai-

gumas entidades da coligação. Andía. membro da Associação Internacional de Gays e Lésbicas da América Latina (ILGA). afirmou que sua filiação tem sido usada como "pretexto implícito" para que as organizações se mudem para outras coligações .

dência de produção de filmes com temática GLS vem crescendo nos últimos anos no mundo todo. até no Japão. onde os genitais são proibidos. Existe todo um mercado crescente que exige essa produção. até chegar à TV a cabo. Começa pela pornografia, passa pelos filmes de temática gay e chega ao cinema industrial. O que é natural, com questões recentes como a liberação do casamento gay na Europa, acaba havendo uma pressão da sociedade". explica o professor da Escola de Belas Artes da UFMG. Já para Pablo Villaça. crítico

do site www.cinemaemcena.com.br. trata-se de uma coincidência que pode. sim. gerar uma tendência. "Foram premiados os melhores trabalhos. O Philip está sensacional. Felicity é espetacular e ·o Segredo' é muito bom também. São dessas coincidências que acontecem e acabamos buscando justificativas. Não acho que tenha sido uma tendência fazer filmes com essa temática. mas como esses três trabalhos estão fazendo sucesso. inclusive de bilheteria. pode ser que eles originem uma leva de filmes GLS". opina. É aguardar para ver.

• Logo 'IV estréia dois documentários A Logo TV. canal pay-perview da operadora por assinatura Sky, exibe até o dia 27 de fevereiro. sempre às 15h. o documentário "Power Lesbians". apresentado pela polêmica Rebecca Loos. sobre o universo das mulheres pode-

rosas que mudaram o status das lésbicas em Los Angeles (EUA). A partir de 27 9e janeiro. vai ao ar o inédito "Pink Panters". da emissora inglesa BBC. que retrata as famílias de casais gays que decidem t.er filhos.


BELO HORIZONTE • SÁBADO, 21/1/2006

A reboque do Jançamentn de dois livros em torno da obra de Caellmo Veloso, especialistlls avaliam a relação entre o músico e o escritnr na mesma pessoa, letra de música e literatura BARILE - - - - - -JOÃO - -POMBO--- - - --

ntender por que no Brasil alguns compositores de canções populares acabaram se tornando autores de importantes livros é tarefa complexa. Como explicar que dois dos maiores composilmes brasileiros dos últimos 40 anos. Caetano Veloso e Chico Buarque. "tornaram-se" escritores? f\luita tinta já foi gasta tentando explicar o fenômeno. As livrarias estão repletas de volumes em que a relação entre poesia e canção é analisada. A publicação de "Folha Explica Caetano Veloso", de Guilherme Wisnick (PubliFolha, 200 págs .. R$ 19.90). e o "O Mundo não É Chato" (Companhia das Letras. 368 págs.• R$ 45), compilação de textos de Caetano Veloso organizada pelo poeta Eucanaã Ferraz. pode ser uma boa oportunidade para se arriscar a alguns palpites. Nomes já consagrados da canção brasileira. na última década Caetano e Chico acabariam se transformando em autores de romances e ensaios. com seus livros ganhando o aval de importantes críticos. "Verdade Tropical". de Caetano, arrancaria elogios de ninguém menos do que o exigente crítico Roberto Schwarz. que no início dos anos 90 já havia chamado a atenção para a qualidade literária de "Estorvo", de Chico. Os livros dos dois compositores não eram obras de amador. apenas o capricho de dois artistas que. por vaidade, resolveram se arriscar na literatura. :-.lacta disso. Uma possível explicação do fenômeno é dada pelo professor de literatura da Universidade de No\'a York. George Yudice. Estudioso da canção brasileira contemporânea. Yudice chama a atenção sobre a singularidade da obra do compositor Caetano Veloso. "Fico com ciúme quando penso que vocês. aí no Brasil. têm artistas intelectuais. como o Caetano, e os Estados Unidos não". afirma. referindo-se ao papel cio músico na cultura brasileira desde a década de 60. "Muitas declarações provocadoras dele, no bom sentido, sempre melhoraram o debate sobre a cultura no Brasil". Já o norte-americano radicado no BrasII e colunista do jornal ·o Estado de S. Paulo". ~latthe\\ Shirts, acredita que o fenômeno não seja exclusividade brasileira. "Bob Dylan. por exemplo, lançou um livro de memórias. um pouco na linha do livro do Caetano. John Lennon escreveu romances. embora sem a repercussão dos do Chico aqui dentro", analisa. Também para o poeta Affonso Romano de Santana. "drtistas intelectuais" não seriam exclusividade da cultura brasileira. "Todos os países têm essa relação entre o erudito e o popular. Aqui a música ocupa um megaespaço porque somos uma cultura auditiva, percentualmente há poucos leitores'. Com a ditadura militar. os músicos ocuparam. num certo momento, competentemenle, o e~paçu dos intelectuais exilados". avalia Affonso. Para o autor de "Que País É Este". a importância de Caetano está dentro da música popular. não dentro da história da poesia literária. "Ele levou para a letra dr música algumas contribuições da vanguarda dos anos 60. os jogos de palaHas, a visualidade. Isto é novidade na série musical. não na série literária". afirma Affonso, que em "Música Popular e Moderna Poesia Brasileira ... analisa as relações entre poesia de livro e poesia cantada no Brasil. "Em geral a música repete. às vezes com atraso. coisas feitas na literatura há muito."

E

'.

1

1

1

1

1

l

Boas i1Mndas O jornalista Humberto Werneck defende que não faz muito sentido pensar que Caetano e Chico tenham "virado" escritores. Segundo o autor de "Pequenos Fantasmas". de certa forma era esse o des ino de uma gernção que teve uma formação fortemente marcada pela literatura. "Eles foram adolescentes num momento brilhante da cultura brasileira. os anos JK. em que pipocavam estfmulos como o teatro de Arena. o Oficina, o Cinema l O\O, o violão de João Gilberto, a bossa no\'a, a arquitetura de Niemeyer, o urhanismo de Lúcio Costa e a construção de Brasília". explica. Werneck, que na década de 90 escreveu o texto de apresentação do livro "Chico Buarque - Letra r 1\!ú ica" lembra que no campo literário. a geração de Caetano e Chico se alimentou de novidades como a poesia concreta e a prosa de Guimarães Rosa. "~ão custa lembrar que o 'Grande Sertão: Veredas' e as novelas de ·corpo de Baile', de Rosa. chegaram às livrarias em 1956. ano do lançamento, também, de 'Dua::; Águas'. de João Cabral de Melo Neto. e do romance ·o Encontro Marcado', de Fernando Sabino. O último grande livro de Drummond. 'Lição de Coisas·. viria pouco depois, em 1962 ... Por fim. o jornalista ainda ressalta que quando Caetano mal chegava ao 20 anos e Chico aos 18, na segunda metade da década de 50. os jovens tinham à disposição o legendário Suplemento Dominical do "Jornal do Brasil". no qual o poeta e crítico Mário Faustino editava uma página importantíssima, a Poesia Experiência. "A revista 'Senhor' trazia contos de Clarice Llspector. Em São Paulo. Oécio de Almeida Prado comandava o Suplemento Literário de ·o Estado de S. Paulo' - em cujas páginas. aliás. estreou em 1966 um ficcionista de 22 anos chamado Francisco Buarque ele Hollancla. autor do conto 'Ulisses', antes de ficar famoso com a vitória de 'A Banda' num festival ele música".

De mãos dadas desde os setecentos Não é de hoje que urnção e pov;iJ :indam dr. mão dadas na cultura brn(;lleira ,Já no século XVTll, a~ modinhas do poeta dr tivro Domingo& Caldes Barbosa bagunça\cim o coreto da~ rdclçoes E-ntre poesia escrita r púl'Sia cant<idd O "Noel l<o)ja do· s lt'cen tos" conformr d lleld oetmiçac ,lo cr1t..w Fr1rncisco ele Assis Barbo.-;a pro\'Oct1r1a com •mas canções o ódio de muitos do~ .cu contemporâneos. literato8 da elite, que e dPse permam com o sucesso da modinha bra ileird em Portugal. "Hoje". escru( irritado um eruditc cld épo e. "só se oi. .c>m "antiga mo rosds dr u, piros de rcq(Jt:hros. <IE: llcuno~os refi11a dos. de garrichce. l:slo é con1 que e .nhald1r. a) mar ças; o que ensrnam os menrnos: o que canktm os moços e o que trazem na boca donas e donzelas." ~tais próximo <lo dias dlUdis do, poet<1 . e que t<1mbém e clE veram lt ti dS d1 ,m, te d merl'l em d€ s taque: Orrst Barbosa e ~irnuu 11 \101 df'i. Ort-stes. menos conhec1clo do que v autor de "Garota de Ipanema". é o composiLor de antológicos sambas brasileiros É ciele o delicioso "Positivismo". composto em parceria com oel Rosa. em 1H33. PoeLa refinado. levaria Manuel Bdntlri1d a f crever: "Grande poeta ela cançélo, esse Orestes! Se t1zt:ssem aqui um concurso. como fizeram na França. parn apurar qual o verso mais bonito da nossa língua. talvez eu votasse naquele do Orc>stes Pm que ele clí7: "Tu pisavas os astros distraída ... " Já a poesia de Vinicius dispen a apresentações Autor elas melhores letras dc1 bos!o)a nova. eh• também seria um cios maHire sonethtas llrdslle1ros no século onde a formd fixa linha saído da moda. Com suas letras. Vinicius representou o mais impowrnt.e momento ele Interseção entre a poesia erudita e populm no Rrnsil (,IPB)

Obras trazem altos e baixos Partindo daquela que seria a última fase de maior densidade na trajetória de Caetano (o show "Circuladô". de 1992), e sem uma orclem cronológica. o trabalho de Guilherme Wisnick é às vezes confuso e acaba padecendo do mal de querer ser muito profundo em poucas palavras. característica de quase todos os textos desse tipo de coleção. ;'v1as o livro tem mais virtudes que \ ícios. ~q ensaio. \Visnick mostra como a conílituosa relação entre bo ·sa nova e tropicalismo signilicou mais uma relação de re ·peito à tradição musical brasileira do que apenas um mero ato de ruptura de jovens cabeludos \estmdo roupas extraragantes. Atentos ao momento ele JJd:steurização que a bossa noexperimenta\ d no:s finaL 1tos ses enla. os 1ropicalístas cairiam de pau na turma cio banquinho e do v1olão. sem que isso signiíícasse pura rejeição à bossa nova. Basta pensarmos a relação de respeito (e amor) que Caetano mantém com o mawr cantor brasileiro. João Gilberto. Por fim, Wisnick tem o ménto inegá,el <k trazer uma questão que parece c1ssomhrar Caetano e Lodos aqueles que sempre acompanharam sua obra. não teria a visão otimista dos tropicalistas sobre a indústria cio consumo contribuído para a vulgarização e empobrecimento da cena musical do país? Já o livro "O Mundo não(.; Chato" pode ser resumido da mesma maneira como o escritor Ivan Lessa recentemente definiu o próprio Caetano Veloso: uma montanharussa. Alternam-se na publicação os ensaios que demonstram a inequívoca genialidade do autor de "Sampa" - qual é o crítico 'bad boy' paulistano de plantão. por exemplo. que teria estofo mental para escrever "Primeira Feira de Balanço"?-. com textos absolutamente desnecessários como o "Quem , ão se Orgulha de Gisele?". De qualquer maneira, trata-se de leitura obrigatória para quem se interessa pelos caminhos e descaminhos da canção brasileira. (JPB)

''ª


Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.