Hortas do Dirceu - Equipamentos Primários

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VOLUME 4 _ EQUIPAMENTOS PRIMÁRIOS

HORTASDODIRCEU



H O R T A S D O D I R C E U

VOLUME P R I

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E Q U I PA M E N T O S Á R I O S


Especialização em Práticas Projetuais em Arquitetura, Engenharia e Agrimensura Centro de Tecnologia Universidade Federal do Piauí TERESINA|PI Outubro de 2012


H O R T A S DODIRCEU V O L U M E 4 _ E Q U I PA M E N T O S P R I M Á R I O S

cíntia bartz gabriela uchoa valério araújo lívia macêdo ana negreiros





SUMÁRIO

VOLUME 4 EQUIPAMENTOS PRIMÁRIOS INTRODUÇÃO LOCALIDADE CONCEITO CONCEPÇÃO volumetria materiais estrutura PROPOSTAS PROJETUAIS justificativa apoio plano de massa plantas imagens mercado plano de massa plantas imagens ponto de ônibus plano de massa plantas imagens estação de trem plano de massa plantas imagens



INTRODUÇÃO A faixa que as Hortas Comunitárias ocupam no Dirceu, com cerca de 4 km de extensão, ao longo da Av. Noé Mendes, é de propriedade da Chesf. Por lá passa a linha de transmissão de energia elétrica de alta tensão, o que a torna uma área não edificável, por medidas de segurança. Mas com a importância que as hortas adquiriram, com sua evolução e as benfeitorias que minimizam os gastos das Chesf com manutenção, é de interesse tanto deles quanto da prefeitura manter essa concessão de uso da terra para este fim. Neste caso, mediante pesquisas in loco, percebeu-se a necessidade de se propor melhorias para os horticultores e a comunidade ao redor, consumidora dos produtos e usuária do espaço. O ambiente a ser construído em meio a uma área aberta e ampla será mais atrativo se oferecer melhores condições para utilização do espaço em questão. O objetivo aqui é transformar a realidade, onde a diversidade de funções possa coexistir de forma harmoniosa, de modo que uma atividade não venha interferir na outra, já que essa variedade pode contribuir substancialmente para a qualidade e valorização da área coletiva. Com a análise espacial, ambiental e social da área de intervenção, alguns pontos importantes foram levantados, especialmente pelos próprios horticultores através de entrevistas. Esses pontos vão desde a melhoria nos canteiros em que trabalham, passando por questões de segurança, até a etapa final do processo que é a venda dos produtos. O resultado disso foi a elaboração de um projeto arquitetônico de alguns equipamentos considerados básicos para a requalificação da região que pudesse atender aos trabalhadores, como é o caso do “Apoio Individual” e o “Mercado”; e ao público, cuja frequência de deslocamento aumentará, como é o caso dos “Pontos de ônibus” e a “Estação Ferroviária”.


LO C A L I D A D E A área correspondente às Hortas no Grande Dirceu é considerada uma Zona Especial que, embora dentro do perímetro Urbano da Capital, é administrada pela Secretaria de Desenvolvimento Rural – SDR, órgão diretamente responsável pela estruturação desse espaço e pela assistência aos horticultores. A mistura de usos no entorno do eixo agrícola caracteriza e influencia substancialmente na dinâmica do espaço. Embora inserida em uma área predominantemente residencial, composta pelos conjuntos habitacionais que circundam as hortas, possui grandes eixos comerciais desenvolvidos ao longo das três principais avenidas que cortam o aglomerado residencial, a Av. José Francisco Almeida Neto, a Av. Joaquim Nelson e, principalmente, a Av. Noé Mendes, que acompanha toda a extensão deste importante eixo. Seguindo os parâmetros determinados pelo Plano Diretor, resultante de um diagnóstico realizado na referida área, serão elaborados e explanados neste caderno intervenções de médio porte através de propostas arquitetônicas para equipamentos primários apontados como uma necessidade para os produtores locais. Para atingir tal objetivo, a elaboração da proposta levou em consideração os interesses dos três principais autores desta história, a Chesf, proprietária de toda a faixa utilizada como horta, a Prefeitura Municipal de Teresina, representada pela SDR, que mantêm essa parceria em prol da valorização do espaço urbano e para assegurar o desenvolvimento social e financeiro da região, e os próprios Horticultores, que buscam sempre melhores condições para o cultivo das hortaliças e consequente valorização dos seus produtos.




C O N C E P Ç Ã O Por está inserido em uma área coletiva, a proposta a ser elaborada aqui deve atender não somente aos interesses dos horticultores, mas também de toda a população que pode usufruir do lugar. Deve-se colocar em evidência a qualidade de vida, oferecendo elementos físicos que proporcionem aos usuários aproveitar e usar os espaços em sua máxima capacidade. Elementos estes capazes de suportar as funções existentes e as atividades propostas para a valorização do meio. A diversidade de atividades existentes na zona de interferência cria certa dinâmica, particular da região, de fundamental relevância para a criação de espaços urbanos de excelência. As características intrínsecas do lugar é o principal condicionante para esse projeto, pois todas as interferências a serem realizadas deverão respeitar a complexidade existente emergir um número de pessoas indo e vindo já predisposto na atual situação. É por essa razão que todos os conceitos e regras para idealização e definição das diretrizes básicas foram bastante discutidos, a fim de criar uma relação sólida entre os conceitos, as idéias e os elementos de projeto. O primeiro conceito diz respeito à permeabilidade. Potencializando a faixa verde formada pelas hortas, que cria uma atmosfera aconchegante e atrativa para a população, tentou-se aqui manter toda a permeabilidade visual já existente. O bloco a ser inserido deve obedecer a esse critério garantindo também a permeabilidade física e dando mais vitalidade ao ambiente de tal maneira que, sua organização, ofereça às pessoas escolhas de caminhos através dele e para todos os pontos dentro do próprio bairro, colocando o observador em condição de integração. Portanto, todo e qualquer volume que se erguer neste espaço, além de cumprir sua função, tem que se impor de maneira silenciosa evitando torna-se uma barreira física e visual. Outro aspecto, tão ligado ao anterior, é a garantia do direito de livre circulação a todos os indivíduos, sem qualquer distinção. Dando continuidade ao cuidado que se teve no Desenho Urbano proposto para essa área, no qual esteve tão presente a intenção de se priorizar o pedestre, os equipamentos primários propostos foram cuidadosamente pensados para os seus usuários, com elementos que evitassem a exclusão de pessoas com mobilidade reduzida. Dessa forma os serviços ali instalados poderão atender ao público de forma digna, sem ferir aos direitos de cada cidadão. A sustentabilidade, um dos mais importantes conceitos não só dentro da arquitetura, mas em qualquer outra área, não poderia estar de fora desta proposta. Na questão Espaços Urbanos, a sustentabilidade está profundamente relacionada com o grau de permeabilidade e integração entre o espaço natural e o social. Conservando as condições ecológicas adequadas à comunidade local, as intervenções propostas respeitam o ambiente existente e apenas organiza o fluxo e as atividades, se inserindo no meio com o mínimo de impacto, visual e ambiental, possível. Embora a necessidade exija grandes espaços construídos, teve-se o devido cuidado desde a implantação até ao uso de materiais adequados para a região.


volumetria Atualmente, toda a área nas quadras onde passa a linha de transmissão foi transformada em horta e considerada como faixa de servidão, uma área não edificável. Mas durante os levantamentos realizados para o diagnóstico da área percebeu-se uma folga nessa faixa passivo a construção. Essa folga surgiu por causa da previsão de passagem de uma segunda linha de transmissão no mesmo espaço, mas que não será mais efetivada, assim a faixa de servidão, definida pela NBR 5422, ficou menor do que a área existente, deixando uma “sobra” variável em cada quadra. Com a estruturação realizada pelo Desenho Urbano proposto no Caderno anterior, a sobra encontrada foi trabalhada para a requalificação do espaço urbano criando áreas verdes, áreas para passeio e ciclovias, bem como reservando os locais para implantação dos equipamentos primários essenciais. Por ser uma faixa estreita, os

volumes a serem inseridos deveriam ter formas mais estreitas e alongadas para facilmente se adaptarem ao terreno e uma modulação que permitisse a distribuição das diferentes tipologias dentro de uma uniformidade e harmonia visual. Em cada uma das massas o principal cuidado foi o de abrigar de maneira funcional as funções necessárias e seguir as diretrizes conceituais pré-definidas para proposta. Nesse sentido os volumes tomaram formas horizontais, com um gabarito que não interferisse negativamente na paisagem existente. A permeabilidade foi garantida por grandes aberturas nos equipamentos e mantiveram a comunicação visual com o espaço, em alguns equipamentos, por causa da função que abriga, foi possível também manter a permeabilidade física, integrando os espaços existentes aos novos equipamentos.


material No entanto, por ser uma faixa de servidão da linha de transmissão, embora com a folga encontrada onde se é permitido alguma construção, esbarramos no limite de materiais aceitáveis. De acordo com a pesquisa realizada junto a Chesf, existe uma restrição no uso de alguns materiais dentro dos 35m, determinados pela NBR 5422 como zona de segurança para fios com tensão de 230 KV. Como exemplo tem o metal, que por ser bom condutor de eletricidade, dependendo do posicionamento em relação à Linha, pode induzir o aumento de campos magnéticos e em exposição se torna perigoso ao individuo, que em contato com ele pode se tornar uma espécie de fio terra. Outro seria a Madeira, material inflamável, que em caso de combustão pode atingir a rede elétrica e provocar consequências mais graves. Outros materiais como as estruturas em concreto e as alvenarias em tijolo, embora não sejam condutores, devem ser utilizados com cuidado, pois, talvez gere algumas outras consequências indesejáveis para os interesses da Chesf. Estes são materiais de mais fácil acesso e por essa razão podem incentivar os horticultores a ampliarem ou construírem abrigos irregulares, dificultando o controle ocupacional da área. Mais um ponto a ser considerado é que esses materiais são de difícil remoção e esse fato também pode ser desvantajoso para a empresa, pois caso necessitem realizar modificações o processo torna-se mais complicado, além de serem materiais com menos possibilidades de reaproveitamento.

Portanto, o material teve que ser cuidadosamente escolhido visando atender não só as exigências de projeto. As intervenções arquitetônicas tinham que se aterem as necessidades mínimas dos usuários sem gerar problemas em sua implantação, tanto de ordem urbana quanto dos interesses relativos à manutenção periódica feita pela Companhia. A estrutura das edificações tinha que ser leve e flexível de modo que permitisse certa mobilidade funcional e física, bem como atender aos critérios de sustentabilidade. Encontrar uma solução que contemplasse as necessidades projetuais e atendesse às restrições apontadas pela Chesf, foi uma tarefa de longos estudos, análises e discussões. Através de pesquisas de casos semelhantes e de materiais, verificando a disponibilidade na localidade e o terreno para implantação, que pudessem contribuir positivamente para a tomada de decisão, foi feito um balanceamento de todos os quesitos a serem atendidos e, assim, finalmente, se chegar a um ponto comum onde se teria mais segurança nos resultados obtidos. Embora com restrição, o Metal se mostrou o mais adequado para essa situação e seu uso se justifica pela racionalidade na aplicação do material. Levando em consideração que os pontos disponíveis para construção se encontram fora da área de servidão e que para atender a solução volumétrica era necessário uma estrutura que suportasse ao mesmo tempo a flexibilidade, a leveza e a maleabilidade na instalação e a reutilização da estrutura, o metal de fato é o material que mais se encaixa.


estrutura

O sistema estrutural foi cuidadosamente elaborado para que se atendessem aos critérios básicos de segurança exigidos pela área em questão. Mesmo os blocos de edificações estando implantados fora da faixa de servidão, ainda assim não se descartou integralmente os riscos existentes. Para racionalizar o processo construtivo e deixá-lo de fácil e rápida execução, todas as estruturas serão pré-fabricadas e montadas in loco e, de maneira geral, o sistema será o mesmo em todos os blocos aqui elaborados. Como a intenção era desenvolver blocos finos e longilíneos, o primeiro passo foi determinar a modulação básica a ser utilizada em todas as propostas e que se repetiria de acordo com a necessidade do programa. O módulo tem a dimensão de 6,20m x 6,20m, com dois pilares centralizados em relação à largura, de dimensões generosas, sustentando uma cobertura leve, que parte fica em balaço. Os pilares metálicos receberam uma proteção externa que impossibilita o contato direto do material com o usuário, evitando assim o risco existente das descargas elétricas o atingirem. Em sua constituição, portanto, possui internamente duas treliças metálicas, que receberão através das vigas, também treliçadas, todo o peso da estrutura de cobertura; e duas camadas de materiais não condutores de eletricidades no seu entorno. A primeira camada são placas de OSB, que fará um fechamento opaco e esconderá a estrutura principal, esta será revestida ainda por placas de policarbonato alveolar liso e translúcido deixando à mostra a textura do OSB. A cobertura é feita por uma telha de baixa inclinação e peso, deixando a estrutura mais esbelta. Por serem em sua maioria espaços abertos e públicos, essas dimensões reduzidas proporcionaram uma maior leveza ao bloco e um tratamento estético ao volume com maior requinte. O caimento das águas pluviais do telhado será voltado para dentro, com a utilização de uma calha central que fará a distribuição necessária das águas colhidas. Toda a cobertura é envolta por uma casca metálica que receberá também um trabalho de comunicação visual de identificação, tendo em vista que haverá uma repetição dos equipamentos ao longo da área das hortas conforme determinado no plano diretor desenvolvido. Para a vedação, utilizada em apenas alguns blocos, foi escolhido um material local aplicando-se uma técnica muito difundida no Brasil, a taipa de mão. Essa é uma técnica em que as paredes são armadas com madeira ou bambu, formando uma trama com peças horizontais e verticais amarradas com tiras de couro, cipó, barbante, prego ou arame, preenchidas com uma mistura uniforme de barro e fibra. Esse preenchimento é feito à mão, daí ser chamada de taipa de mão, socando o barro na trama nos dois lados ao mesmo tempo. O sucesso dessa técnica é garantido por seu baixo custo, matéria prima e sua resistência, se bem protegida, esse tipo de construção pode durar séculos. Embora seja uma técnica mais artesanal, para facilitar e agilizar o processo, a estrutura de madeira que faz toda a sustentação da parede foi dimensionada para serem produzidas em forma de painéis préfabricados, assim como o arquiteto Acácio Gil Borsoi pioneiramente utilizou, nos anos 60, na obra do Cajueiro Seco em Pernambuco. Atendendo à modulação definida anteriormente para as edificações, o tamanho escolhido para os painéis foi de 1,00 m x 3,00m, encaixando-se perfeitamente no sistema.


6.20m

2.00m 1.00m 1.00m

6.20m

1.00m 1.00m

1.00m 1.00m 1.00m 1.00m 1.00m 1.00m


Para um efeito estético mais requintado e diferenciado dos casos mais conhecido, como é o caso de casas da população de baixa renda, nesta proposta usaremos como complemento a essa técnica outra utilizada em uma casa, projetada pelo escritório brasileiro Plano B Arquitetura, em Arruda dos Vinhos, uma vila portuguesa localizada no distrito de Lisboa. Esse projeto teve seu processo construtivo descrito detalhadamente por um blog, onde seu projeto arquitetônico, estrutural e todas as etapas da construção e até mesmo a pós-ocupação foi publicado com riqueza de detalhes. Não só por razões estéticas foi adotado um revestimento para essa parede. A taipa necessita também de uma boa proteção em relação à umidade, tendo em vista que ela é feita à base d’agua, e por ela pode ser facilmente deteriorada. Nos casos coloniais essa proteção era feita por uma boa fundação e grandes beirais, aqui, assim como a casa em arruda, a edificação não possui na proposta esse segundo item, já que a cobertura está escondida por uma platibanda que acaba no mesmo limite da parede. Nesses casos a proteção será feita por duas camadas de diferentes revestimentos que dão um bom acabamento à parede, a diferença está no tipo de material derivado da madeira, que por eles foi utilizado a cortiça e aqui propusemos o OSB, e o policarbonato que está sendo usado o liso e não o ondulado. Esse artifício também possibilitou que em alguns pontos se fizesse um rasgo no aglomerado de madeira, deixando apenas o policarbonato por onde passa luz.



P R O P O S T A S P R O J E T U A I S

justificativa Todas as propostas elaboradas aqui neste volume são oriundas do Plano Diretor elaborado em volume anterior. Nele consta as principais necessidade do local e no âmbito das edificações foram listadas e divididas entre equipamentos primários e secundários. Aqui trataremos apenas dos primeiros que servirão para a melhoria na infraestrutura dos horticultores e se traduzem em quatro tipos de construções, um “Apoio Individual”, um “Mercado”, os “Pontos de ônibus” e a “Estação de Trem”. Atualmente, as condições estruturais das hortas não estão adequadas, o que desmotiva os participantes do programa. Muitos lotes encontram-se abandonados, aqueles que conseguem obter bons rendimentos reconhecem que é preciso dedicação e investimento em tempo e recursos próprios para fazer seu módulo prosperar. Mas na atual situação que se encontram, eles próprios não teriam como realizar intervenções devido à grande quantidade de restrições existentes por ocuparem a faixa de servidão. Por essa razão esse estudo toma uma relevante importância complementando a reorganização espacial sugerida no caderno que trata sobre o desenho urbano da região. Iniciando o processo vindo da escala micro para a escala macro, esses equipamentos têm como objetivo principal a estruturação do processo produtivo das hortas. O primeiro equipamento a ser trabalhado, é na área de plantio. Inicialmente foram criados lotes e distribuídos aos moradores cadastrados, onde cada um possuía uma manilha para o acúmulo de água para irrigação. Mas como não tinha nenhuma estrutura física que abrigassem os homens e mulheres que trabalhavam no local, especialmente do sol forte da capital, muitos construíram uma estrutura de palha sem orientação de um profissional, com baixa altura devido a exigência das Chesf que não permitia nenhuma construção na área de servidão que ultrapassasse a altura de 1,20m. Mesmo não ultrapassando a altura como o exigido, essas construções não se mostraram adequadas para as necessidades deles. Como foi o relato da maioria dos entrevistados, eles necessitam de um espaço que tenha segurança o suficiente para guardarem algumas ferramentas e instrumentos de trabalho, diminuindo ou excluindo a necessidade de levarem todos os dias de um lado a outro os materiais e facilitando o translado deles. Essas palhoças, além de não serem seguras para guarda de instrumentos, também geram riscos de incêndio na área que podem afetar a produção, os fios de alta tensão e a vida dos trabalhadores.


O segundo equipamento vem para oficializar uma transação já existente. Por está inserido em uma área predominantemente residencial onde a população tem fácil acesso aos produtos, a aquisição destes, que são essenciais no dia a dia de uma família, tem sido feita diretamente com o horticultor. É uma atividade que surgiu naturalmente com o convívio das duas classes, o produtor e o consumidor, mas que por não ter sido destinada para tal objetivo a área não possui nenhuma estrutura física para receber essa população adequadamente. É por essa razão que surgiu o projeto do Mercado destinado a atender ao comércio das hortaliças já existente. É um programa que veio para organizar a atividade e ao mesmo tempo criar um ponto de apoio de maior proporção, tendo em vista que os apoios inseridos na proximidade dos lotes têm suas limitações. Nesse bloco foram inseridos espaços destinados também a uma bateria sanitária, de uso tanto para os horticultores como para o público e uma copa restrita aos produtores, onde estes poderão fazer as refeições rápidas e ter água disponível para consumo pessoal. Essa melhoria no comercio existente puxa consigo outra necessidade. Como a tendência seria o aumento no fluxo de pessoas na região devido a infraestrutura proposta potencializando a atividade e atraído cada vez mais pessoas de outro bairros e não somente dos bairros circundantes, viu-se também a necessidade de se trabalhar os pontos captação de pessoas advindas dos transportes públicos. Temos então os dois últimos equipamentos cujo projeto arquitetônico será proposto, o Ponto de ônibus e a Estação ferroviária. Nestes casos, o que será feito é apenas uma melhoria, pois os equipamentos já existem na área, mas agora seriam mais adaptados a nova realidade e ao novo contexto urbano mantendo a harmonia das intervenções realizadas.


A

P

O

I

O

Em questões estruturais esse é o único bloco que se difere dos outros. A razão de isso acontecer é o fato de ser também a única construção a ser inserida dentro da faixa de servidão.

Esse é um módulo de 2m x 2m, com suas paredes estruturadas em pedra fechando apenas metade do módulo. As portas em madeira possuem espaçamentos que permitem a circulação o ar evitando que o ambiente junte muita umidade. Ao se abrirem integra o espaço interior com o exterior criando um ambiente único e um pouco mais confortável para o produtor agrícola. A cobertura é feita por uma placa de concreto com uma inclinação de 3% para evitar o acúmulo de água na parte superior. Parte dela fica em balaço sombreando a parte externa.

2.00m

Um volume de tamanhos reduzidos, pequeno e baixo, que tem como função abrigar os equipamentos de trabalho dos horticultores com segurança e criar uma área sombreada onde eles possam permanecer durante algum tempo se abrigando do sol.

2.00m Depósito Espaço protegido


1.50m


F FRONTAL

F POSTERIOR


1

1

PLANTA BAIXA programa de necessidades depรณsito - 1,45m2 espaรงo protegido - 2,00m2

CORTE 01

0

1

2

F LATERAL




M

E

R

C

A

D

O

Este bloco possui um programa simples, abrigando uma bateria sanitária, uma copa de apoio aos horticultores e uma área destinada à comercialização das hortaliças. Embora o programa seja pequeno, a principal atividade que existirá exige a disponibilidade de uma grande área aberta. O formato retangular, fino e longilíneo, garantiu ao volume uma horizontalidade essencial para o ambiente de inserção, mantendo o gabarito existente no entorno. Na distribuição das funções os ambientes fechados foram dispostos nas extremidades criando um grande vazio central, onde ficará o concentrado o público alvo do mercado. Esse fato acabou provocando um equilíbrio na forma que foi coroada com uma cobertura leve sobre todo o volume.

6.20m

6.20m

Esse vazio possibilitou também a permeabilidade física e visual da edificação. Localizado sempre num ponto estratégico, a tentativa era unificar os lados opostos das hortas facilitando o acesso ao ponto de venda sem privilegiar o lado em que está inserido. Estando próximo às circulações de pedestre, que atravessa a faixa verde, o mercado não se tornou uma barreira que precisaria ser desviada dificultando a circulação, ao contrário, nesse ponto específico ele se abre permitindo a transposição do indivíduo, seja para seu uso ou para simples passagem. A edificação, por ser modulada, permite uma melhor adaptação ao local de inserção. Cada módulo livre consegue suportar até quatro horticultores para exposição dos seus produtos, sendo, portanto, a capacidade variável de acordo com a necessidade prevista pelo cadastramento junto à Associação dos Horticultores em relação à quadra em que está implantado. Totalmente inserido no ambiente construído, o piso do mercado, mesmo sendo de material diferenciado, está em nível igual ao da circulação externa, na intenção de criar uma maior integração e facilitar a acessibilidade.

Venda Apoio Estar


IMPLANTAÇÃO

01

6

12


FACHADA LONGITUDINAL


1

PLANTA BAIXA programa de necessidades espaço de venda - 202,10m2 banheiros - 36,00m2 estar - 25,70m2 circulação - 80,40m2 copa - 7,60m2 DML - 4,00m2

0 1

6

12


FACHADA LATERAL


CORTE 01

0

1

6

12




PONTO

DE

ÔNIBUS

Utilizando pura e simplesmente o módulo base desenvolvido, com algumas das medidas reduzidas, para que fosse capaz de ser implantando no espaço reservado sem que houvesse nenhuma problemática em relação ao contato do ônibus e a estrutura durante a manobra. Nesse caso o módulo ficou de 4m x 6,20m. Por ter reduzido na cobertura, o pilar também sofreu alterações reduzindo 0,50m ficando com o tamanho de 1,50m. Como complemento à proteção contra sol e chuva para os passageiros durante a espera foram acrescentados brises em pontos específicos, de tal forma que eles não atrapalhassem o ângulo de visão da chegada dos ônibus. Assim como no Mercado o piso está no mesmo nível do restante da calçada evitando complicações em relação a acessibilidade possuindo apenas uma diferenciação no material do piso.


IMPLANTAÇÃO

0 1

6

12


FACHADA FRONTAL


1

PLANTA BAIXA programa de necessidades ponto de ônibus - 24,20m2

FACHADA POSTERIOR

0

1

6


FACHADA LATERAL


CORTE 01

0

1

6




E S TA Ç Ã O

FERROVIÁRIA

Nessa proposta em relação a estrutura existente muitas modificações foram propostas tomando como base experiências pessoais na utilização do transporte em questão e na observação do comportamento da comunidade ao redor dos pontos de estação. O volume é o resultado da duplicação da linha de modulação provocando a união de dois volumes horizontais de tamanho diferenciados. O primeiro deles é o que faz a captação do público, contendo a bilheteria e as roletas de acesso à parte interna da estação que permitem a entrada com grandes volumes e até mesmo uma bicicleta para quem utiliza os dois meios de transporte para um determinado percurso. Para esse último público, existe um bicicletário, espaço reservado para a guarda do veículo. Dentre as roletas existe uma que permite o acesso do cadeirante assim como qualquer outra pessoa, igualando os direitos de ambos. O segundo volume é todo destinado à espera dos passageiros e respeitou as medidas médias para abrigar o transporte público por completo dentro da estação. Com um espaço amplo e aberto, todo estruturado pelos pilares que regem a modulação. No entanto, por estar com sua fachada principal voltada para o sentido Noroeste, a edificação fica muito exposta à incidência solar direta do poente, recebendo um fechamento permeável para fazer uma proteção para a edificação e os seus usuários. A solução adotada foi a utilização de um brise, deslocado em relação à cobertura que embora seja uma barreira para a insolação, permite a livre circulação do ar. Na parte mais externa onde se encontra os acessos principais, e tem a pré-disposição para aglomerar pessoas em situação transitória por causa da bilheteria, a proteção foi feita com uma estrutura mais fechada, como uma empena cega, onde estará inserida a identificação da estação. De todos os blocos propostos esse é o único que possui um piso em nível superior ao da calçada, devido a altura do trem, necessitando de um cuidado especial para a acessibilidade. Com uma altura aproximada de 1,10m o acesso à estação pode ser feito de um lado por uma escada e do outro por uma rampa com inclinações que respeitam o acesso de portadores de necessidades especiais, permitindo assim, o acesso ao transporte e ao deslocamento por toda a horta para esse grupo, em regra geral, ainda pouco atendido.

Estação Bilheteria Bicicletario


IMPLANTAÇÃO

1

6

12


2

CORTE 01


1

PLANTA BAIXA programa de necessidades estação - 373,00m2 bicicletario - 23,40m2 bilheteria - 7,36m2 circulação - 106,30m2 banheiro - 1,90m2

0 1

6

12


FACHADA LONGITUDINAL


ESTAÇÃO

0 1

6

12


CORTE 02


FACHADA LATERAL

0

1

6

12









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