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SAMBANDO COM A QUIXABEIRA DA MATINHA


A MATINHA DOS PRETOS

FOTO THIAGO SALES

O povoado da Matinha surgiu na fazenda do Candeal e neste local existiam senzalas, pois seu proprietário Antonio Alves utilizava mão de obra escrava. Encontra-se na Matinha dos Pretos o povoado da Matinha que é sede do distrito do mesmo nome. Localiza-se na zona rural a 14 quilômetros da cidade de Feira de Santana, próximo do distrito de Maria Quitéria. A Matinha era um povoado que pertencia a este distrito. Os agricultores da Matinha dedicavam-se ao cultivo da mandioca, do feijão, do milho, e do fumo para auto consumo. Atualmente ainda encontramos esta mesma agricultura de subsistência. O comércio é pequeno, mas encontramos padarias, mercadinhos, açougues, bares e lojas de material de construção. Apesar da existência de comunidades como Candeal, Candeia Grossa, Jacú, Alto do Tanque, Moita da Onça I e II, Alecrim, Genipapo, Ponto e Olhos D’água das Moças que concentram a organização de praças e comércio ainda é predominante a existência de propriedades privadas como chácaras e fazendas.


COLERINHO DA BAHIA

FOTO: THIAGO SALES/ EDIÇÃO: KAICK OLIVEIRA

Marcos Gonçalves de Souza, mais conhecido como Colerinho da Bahia nasceu no Distrito de Retiro, Coração de Maria em 21 de junho de 1938. Foi para o Rio de Janeiro e serviu ao Exército Brasileiro. Ao morar em Santo Amaro teve contato com o samba de raiz. Quando chega na Matinha casa-se com Apolinária das Virgens Oliveira e compõe uma parceria com seu sogro Aureliano Alcântara de Oliveira conhecido como Aureliano Sambador, fundando a Quixabeira da Matinha. Colerinho possuía uma visão a frente do seu tempo percebendo o samba como principal manifestação cultural do local. Assim, ele sentiu a necessidade de organizar um grupo de samba para preservar e valorizar esta cultura. Morreu em 2005 deixando muitas lembranças marcantes para a história do samba de roda em Feira de Santana.

FOTO RAFAELA LIMA


A HISTÓRIA DA QUIXABEIRA O grupo Quixabeira da Matinha foi criado em 1989 buscando reconhecer o potencial da comunidade e dar visibilidade a cultura do samba desenvolvida no Distrito.

FOTO THIAGO SALES

Inicialmente o grupo realizava sambas de roda em festas de São Cosme e São Damião, Reizados e outras festas populares. Posteriormente o grupo começou a se apresentar nas mais diversas festas pela região e em outros estados. Hoje o grupo já se apresentou em outros estados como: Minas gerais, Pernambuco, Rio de Janeiro, São Paulo e foi levando o nome da Matinha por meio do samba de roda. A Quixabeira da Matinha é um movimento cultural de resistência, resiliência e propagação da cultura Africana. Como símbolo presente no nome, a árvore da Quixabeira resiste ao sol e a seca permanecendo verde e frondosa. Os povos Quilombolas também se espelham nessa árvore para se organizar enquanto grupo de valorização da cultura.

FOTO ZEZÉU


O SAMBA NA MATINHA

FOTO THIAGO SALES

No início o samba foi uma cultura silenciada sofrendo muito preconceito, esta repressão acontecia porque o samba é uma manifestação da cultura negra. O samba nasce no recôncavo baiano. Em 1907 o samba do Rio de janeiro foi permitido, mas os instrumentos que acompanhava o samba foram proibidos. Porém nem mesmo com a ausência dos instrumentos, a população se rendeu e o samba começou acompanhado com as palmas da mão. O samba de roda na Matinha acontecia em família, em noites de rezas. A partir disso a comunidade passou a interagir com o samba de roda e foi ficando mais popular. O samba de roda assumiu um grande espaço na memória dos antigos moradores do distrito da Matinha dos Pretos.

FOTO THIAGO SALES


A MÚSICA DA QUIXABEIRA

FOTO THIAGO SALES

A música Quixabeira é composta por vários trechos de outras músicas de diversos lugares da região da Bahia. E a Quixabeira da Matinha tem uma grande participação nesta música no verso “Alô meu Santo Amaro, Eu vim lhe conhecer, Eu vim lhe conhecer, Sambá santamarense, Pra gente aprender, Pra gente aprender“. Este trecho foi composto por Colerinho da Bahia, com base na sua história de vida. No entanto a música não colocou a parte do “relativo” da chula conhecido como “Ave Maria, Ave Maria, Ave Maria”. Apesar de não reconhecida a autoria, essa música deu visibilidade ao grupo Quixabeira.

FOTO THIAGO SALES


O SAMBA, RAÍZES DE UM POVO

FOTO THIAGO SALES

O samba é uma manifestação cultural de origem afro brasileira, sendo assim o grupo Quixabeira da Matinha fortalece o reconhecimento desta cultura no processo de construção da identidade da comunidade da Matinha dos Pretos. Entender o samba como motivação cultural construída pelos próprios moradores significa refletir a ideia de pertencimento, ou seja, a comunidade mergulha no samba e se empodera como cultura Quilombola.

FOTO THIAGO SALES


PRESERVAÇÃO E VALORIZAÇÃO CULTURAL

FOTO THIAGO SALES

O grupo da Quixabeira da Matinha sinalizou que a divulgação e preservação da cultura do samba de roda enfrenta dificuldades devido à falta de recursos e reconhecimento da mídia. Assim, existe a necessidade de difundir a cultura do samba de roda nos diversos espaços, garantindo a preservação e valorização do samba de raiz. Neste sentido, a Quixabeira da Matinha busca manter a essência do samba de roda mesmo diante das grandes influências modernas como a introdução de outros instrumentos.

FOTO THIAGO SALES

Dentre as ações realizadas pela Quixabeira da Matinha para garantir o processo de preservação podemos citar as apresentações realizadas em espaços culturais como o Mercado de Arte Popular e a Expofeira e o desenvolvimento do grupo Quixabeirinha que busca inserir as crianças e adolescentes no âmbito da cultura do samba de roda.


REFERÊNCIAS Almeida, Scheila Cristina Pereira de. Memória do samba de roda da matinha: preservação da cultura na zona rural. Monografia. Feira de Santana: UEFS, 2010. RODA DE CONVERSA com os membros da Quixabeira da Matinha. Feira de Santana: Associação Cultural Colerinho da Bahia, ago. 2017. CRÉDITOS Fotos: Thiago Sales, Rafaela Lima e Zezéu Produção: 8° ano A: Adila Almeida, Alexandre Vitório, Ana Larissa Lima, Cleyton Pereira, Emily Alcantara, Felipe Costa, Fernanda Pereira, Géssica Virgens, Iris Jesus, Karoline Silva, Marcus Cruz, Maria Clara Santos, Natalino Lima, Sergio Fonseca, Vitoria Cerqueira. 8° ano B: Adriel Paixão, Emily Alcantara, Franciele Santos, Gabriela Bernardes, Joana Virgens, Juliana Vitória, Kaick Oliveira, Katia Jesus, Larissa Jesus, Leane Virgens, Lorena Cruz, Marcos Rosa, Raquel Santos, Tailane Araujo, Vanessa Jesus, Vanessa Santana, Verena Alves. REVISÃO: Tatiana Melo, Paulo Oliveira, Layane Souza e Valter Almeida. EQUIPE GESTORA: Gervanne Augusto de Oliveira Gomes (diretora), Layane Carneiro de Souza (vice diretora) e Lorene Souza de Jesus. (vice diretora).


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