FEIRA QUE TE QUERO VER (2018) - Escola Municipal Chico Mendes

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Dedicamos esse trabalho aos nossos pais, pelo carinho e apoio; aos professores orientadores; Ă SEDUC que nos oportunizou conhecer a ilustre personagem e Ă equipe da Biblioteca Central Julieta Carteado, na UEFS, que nos acolheu e muito contribuiu para que o nosso trabalho se concretizasse.

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Sumário Introdução ..................................................................................... 4 Quem foi Julieta Carteado: Vida e obra ................................. 5 Como olhamos para Julieta ...................................................... 7 Referências .................................................................................... 9

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Introdução O livro aqui apresentado é resultado das atividades desenvolvidas ao longo do projeto “Feira que te quero ver”, promovido pela Secretaria de Educação e Cultura – SEDUC, em parceria com as escolas municipais, e tem como objetivo principal difundir o patrimônio social, histórico e cultural do município. Esse ano, as personalidades de destaque ganharam espaço entre as produções das escolas municipais. Entre as personalidades de Feira de Santana, a Escola Municipal Chico Mendes escolheu falar sobre a bibliotecária Julieta Carteado Monteiro Lopes. Para a produção dos vídeos, das fotografias e do e-book, alunos e professores se dirigiram a Biblioteca Central Julieta Carteado, na Universidade Estadual de Feira de Santana. Nos foram disponibilizados alguns materiais que tornaram possíveis a pesquisa e a construção de narrativas acerca Estudantes e professores reunidos em frente à Biblioteca Central Julieta Carteado, 28/08/2018. Foto por Rita, bolsista PIBID na escola.

da personalidade. O exercício da pesquisa sobre

a

bibliotecária

aprendizagem

de

novos

oportunizou métodos

a de

pesquisa. A geração Google teve a oportunidade de conhecer uma grande biblioteca e levantar informações de outros locais, sob novos métodos, distintos dos habituais mecanismos digitais. apostilas,

Foram cartazes,

disponibilizadas fotografias,

algumas

verdadeiras

fontes históricas que autorizaram aos estudantes Foto por Jonathan Oliveira (7º B) dos colegas pesquisando.

conhecer

mais

a

personalidade

homenageada.

Foto por Jonathan Oliveira (7º B) dos colegas pesquisando.

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Além da visita e da consulta aos materiais disponibilizados pela biblioteca, a pesquisa também consistiu em uma entrevista a Rejane Maria Rosa Ribeiro, funcionária da biblioteca que conheceu e trabalhou com Julieta Carteado. As informações por ela concedidas colaboraram na construção de percepções sociais, entre os alunos e alunas, sobre Dona Julieta, percepções que serão retomadas mais a frente. A Biblioteca que carrega seu nome atua também como guardiã da sua memória: o nome na entrada, o busto na frente do prédio, o carinho com que, além de dona Rejane, outros funcionários da biblioteca lembram da referida personalidade. Tudo isso enuncia uma forte lembrança sobre Julieta Carteado, que reforça o carinho e o respeito dedicado por ela aos seus colegas e a biblioteca, que mantém o tratamento respeitoso de Dona Julieta, ainda hoje, entre aqueles que conviveram com ela, memória agora compartilhada entre estudantes e professores da Escola Busto de Julieta Carteado, localizado no jardim em frente a Biblioteca Central. Foto por Filipe Rodrigues (7º A).

Chico Mendes.

Letreiro da Biblioteca Central Julieta Carteado, homenagem a bibliotecária. Foto por Maria Clara (9º A).

Julieta Carteado: Vida e obra Nascida em 12 de Setembro de 1927, Julieta Carteado dedicou muitos anos de sua vida à Universidade Estadual de Feira de Santana – UEFS. Formada em biblioteconomia desde 1967. É especialmente a partir da sua formação que sua trajetória se destaca: ela coordenou a equipe de implantação da Biblioteca Central da UEFS, entre os anos 1975 e 1976, além de assumir a direção da biblioteca por dez anos, a primeira diretora da Biblioteca Central, biblioteca essa, que mais tarde, adotará seu nome como 5


homenagem póstuma. Enquanto mulher e negra, a exitosa trajetória profissional de Julieta chama a atenção e inspira reflexão. O retomar de sua experiência nos situa entre os meandros do racismo e do machismo, além de nos apresentar as estratégias de sujeitos que os enfrentaram e disputaram espaços sociais. Além de bibliotecária, Julieta Carteado foi poetisa, pintora, escritora, atuando também em um programa de incentivo a leitura (PROLER), em Feira de Santana. Essas múltiplas atividades desenvolvidas, não só atravessam como dão tons próprios a memória de Dona Julieta e o que ela significou e significa para a Biblioteca, a Universidade e, também, a cidade. Julieta foi autora de várias poesias e crônicas. Na sua grande maioria, textos com temáticas relacionadas ao amor, ao carinho, ao companheirismo, a fé. Na biblioteca, há uma cópia de um livro escrito por Dona Julieta sobre os grandes casais da história da humanidade (Romeu e Julieta, Marco Antônio e Cleópatra, Giusepe e Anita Garibaldi). Compõem o acervo da Biblioteca Central telas produzidas por ela e outras em sua homenagem. Na sala da direção da Biblioteca Central, dois outros quadros, não pintados por ela, mas sobre ela, registram parte da sua história e preservam a sua memória. Ambos os quadros de Mendes, professor da Universidade Estadual de Feira de Santana.

Quadros instalado na sala da direção da Biblioteca Central, feitos pelo Professor Mendes, da UEFS.

As formas que o Professor Mendes escolheu para representar Dona Julieta denunciam seus olhares e o que era capturado sobre ela. Nas duas telas, os cabelos 6


brancos enunciam uma condição de anciã, de figura respeitada, da mulher que há anos estivera presente no cotidiano não só da Biblioteca Central, mas de toda a Universidade. Julieta já foi membro do Conselho Superior de Ensino, Pesquisa e Extensão (CONSEP), um importante conselho que delibera sobre o andamento de toda a UEFS. A forma como os traços de Dona Julieta, assim como os jogos de cores e sombras foram dispostas sobre os quadros mostram, até mesmo no quadro em preto e branco, o registrar sem esconder da condição de mulher negra, importante fator a ser considerado ao retomar a trajetória de Dona Julieta. Segundo Filipe Rodrigues, estudante do 7º ano A, a partir da sua leitura sobre as telas acima expostas, o suposto olhar mais duro da primeira tela possibilita pensar os preconceitos que ela possivelmente sofreu. As memórias sobre ela, registradas nas fotografias, nas suas obras e nos relatos colhidos, não deixam e não podem deixar de considerar os obstáculos impostos pelo racismo e pelo machismo ao longo do caminho que percorrera. O nosso olhar sobre Julieta Ao relembrar Dona Julieta, algumas características reacendem a nossa memória. Durante a entrevista, Rejane Ribeiro contou do hábito que Dona Julieta tinha de, ao final do ano, distribuir cartões de Natal entre funcionários da biblioteca, cartões feitos à mão, com poesias também escritas por ela. A sua trajetória pessoal e familiar também conta de uma pessoa disposta a dedicar a vida para os outros. Dona Julieta foi noiva, no entanto, com a doença da mãe ela abriu mão do casamento para cuidar da sua mãe.

Equipe de Bibliotecárias da UEFS no Congresso em Belo Horizonte. A frete de vestido azul: Rejane Ribeiro (entrevistada); Mais atrás de vestido rosa: Julieta Carteado. Fonte: Acervo Pessoal de Rejane Ribeiro

Após o falecimento da mãe, ela se dedicou a cuidar do pai até que ele falecesse, também. E, por fim, dedicou a vida a cuidar de duas sobrinhas, filhas de um irmão que tinha se divorciado. Segundo Eduarda Ataíde e Flávia Letícia, estudantes do 7º ano C, a forma como ela viveu para os outros na sua história mostram a personalidade que encantou aqueles que conviveram com ela, pela sua bondade, generosidade e amorosidade.

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A história da sua morte serve como testemunha do seu carisma. Ela faleceu no dia 23 de Novembro de 1994, aos 67 anos, a caminho da UEFS. Como todos os dias, Dona Julieta pegou um ônibus para ir ao ponto onde aguardaria outro transporte para Cartão de Natal confeccionado por Dona Julieta. Fonte: Acervo pessoal de Rejane Ribeiro.

UEFS. Nesse

ônibus ela começou a passar mal. No momento, o motorista, com a autorização

dos demais passageiros, desviou a rota do ônibus em atenção especial a fragilidade da situação de Dona Julieta. Além disso, o motorista, que não tinha qualquer ligação com a família de Dona Julieta, sabia apenas que ela trabalhava na UEFS e ligou para a Universidade para informar o ocorrido. Para Maria Clara do 9º ano A, essa história e sua atuação junto aos projetos de leitura, em Feira de Santana, mostram como ela conseguiu impactar as pessoas a sua volta. Segundo Filipe Rodrigues do 7º ano A, apesar dos cargos que conseguiu, ela nunca se esqueceu da sua luta e do que passou, pois sua humildade e generosidade, não são características esperadas de pessoas que alcançam cargos importantes, como o exercido por ela. Ele se declara surpreso: “ não esperava que ela fosse negra”. A atitude de Filipe demonstra ações preconceituosas com a condição de mulher e negra no cargo de destaque social e econômico.

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ReferĂŞncias

RIBEIRO, Rejane Maria Rosa. Julieta Carteado Monteiro Lopes: mulher, poetisa, pintora e bibliotecĂĄria. Feira de Santana, 2011. RIBEIRO, Rejane Maria Rosa. Conversa com alunos e professores, na Biblioteca Central Julieta Carteado, no dia 28/08/2018.

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