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Efeitos dos Compostos Bioativos do Açaí nas Doenças Cardiovasculares: Uma Revisão

Effects of Açaí Bioactive Compounds on Cardiovascular Diseases: A Review esporte

Efeitos dos Compostos Bioativos do Açaí nas Doenças Cardiovasculares: Uma Revisão

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RESUMO: As doenças cardiovasculares (DCV) são responsáveis por alterarem o funcionamento do sistema circulatório, podendo trazer sequelas para o organismo como insuficiência cardíaca, risco de acidente vascular cerebral e até a morte do indivíduo. Essas doenças tem o tabagismo, hipertensão arterial, obesidade, má alimentação, sedentarismo e entre outros como fatores de risco. Estudos apontam que alimentos funcionais podem reduzir o impacto desses fatores, diminuindo as chances de desenvolver uma DCV. Dentre esses alimentos há o açaí, uma fruta típica do norte do Brasil, que vem ganhando popularidade e sua devida importância por suas propriedades antioxidantes, anti-inflamatória, antimicrobiana e com efeito cardioprotetor. O presente estudo tem como objetivo investigar os efeitos que os compostos bioativos existentes no açaí possuem nas doenças cardiovasculares.

ABSTRACT: Cardiovascular diseases (CVD) are responsible for altering the functioning of the circulatory system, which can bring sequels to the body such as heart failure, risk of stroke and even death of the individual. These diseases have smoking, high blood pressure, obesity, poor diet, sedentary lifestyle and among others as risk factors. Studies show that functional foods can reduce the impact of these factors, decreasing the chances of developing a CVD. Among these foods there is açaí, a typical fruit from northern Brazil, which has been gaining popularity and its due importance for its antioxidant, anti-inflammatory, antimicrobial and cardioprotective properties. The present study aims to investigate the effects that the bioactive compounds in açaí have on cardiovascular diseases.

................. Introdução ..................

As doenças cardiovasculares (DCV) são responsáveis por alterarem o funcionamento do sistema circulatório, o qual é formado por coração, vasos sanguíneos e linfáticos. Essas doenças muitas vezes são silenciosas nos primeiros momentos, impedindo que a pessoa perceba que algo está errado no seu organismo até que as consequências apareçam, podendo ser sérias e repentinas. Tais patologias podem causar sequelas para o resto da vida do paciente, como insuficiência cardíaca e maiores riscos para acidente vascular cerebral, além de ser uma das principais causas de morte no mundo (COZZOLINO; COMINETTI, 2013; BRASIL, 2021). Há diversos fatores que podem desenvolver uma doença cardiovascular, como, por exemplo, o tabagismo,

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hipertensão arterial, diabetes mellitus, obesidade, má alimentação e sedentarismo. Para evitar esse problema, compostos bioativos, também conhecidos como compostos fitoquímicos, presentes em alimentos funcionais, relacionados à saúde cardiovascular possuem potencial ação contra os fatores de risco para as DCV, reduzindo as chances de desenvolvimento dessas doenças (COZZOLINO; COMINETTI, 2013; PIMENTEL et al., 2019). Segundo a Resolução da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) n. 18, de 1999, alimento funcional é o alimento ou ingrediente que proporciona benefícios à saúde com suas propriedades funcionais, produzindo efeitos metabólicos e fisiológicos que auxiliarão no melhor funcionamento do organismo. Dentre esses alimentos, alguns apresentam ação benéfica ao sistema cardiovascular, como a soja, aveia, óleos de animais marinhos ricos em ômega-3, frutas vermelhas como morango, amora, açaí, etc (PIMENTEL et al., 2019). O açaí (euterpe oleracea) é considerado uma superfruta típica do norte do Brasil, que vem se popularizando cada vez mais, por suas capacidades nutricionais, dentre elas sua combinação lipídica, seus teores relevantes de proteínas e fibras alimentares, além de seus antioxidantes. Ademais, também apresenta ação anti-inflamatória, antimicrobiana e anticarcinogênica, justificando o título de superfruta pelo fato de que sózinho já contém propriedades para uma dieta saudável. Tais compostos atuam na prevenção de doenças cardiovasculares, neurodegenerativas, convulsões, etc (LIRA et al., 2021). Os compostos da polpa de açaí consistem em 31% de flavonoides, 23% de compostos fenólicos, 11% de lignoides e 9% de antocianinas. Além de ser rico nessas substâncias, o fruto foi alegado por ter um efeito farmacodinâmico, especialmente no sistema cardiovascular, afetando a dislipidemia e a hipertensão arterial. Seu efeito farmacodinâmico está relacionado com sua capacidade antiproliferativa, anti-inflamatória, antioxidante e seus efeitos cardioprotetores, uma vez que pode diminuir os processos oxidativos causados pelo excesso de radicais livres (ALEGRE et al., 2018; BAPTISTA, 2018). Diante do exposto, o presente estudo tem como objetivo investigar os benefícios que os compostos bioativos do açaí podem trazer para a saúde humana, em específico para o sistema cardíaco, prevenindo assim, doenças cardiovasculares. ............. Metodologia ......................

O presente trabalho teve como técnica a revisão bibliográfica narrativa de artigos científicos atuais. Para a pesquisa dos artigos foram aplicados a combinação de descritores em Ciências da Saúde (DeCS): doenças cardiovasculares; antocianina; prevenção de doença, conciliada com a palavra açaí. Tais descritores vieram a ser tirados nas bases de dados Google Acadêmico, livros e Scientific Eletronic Library Online (SCIELO), em português e inglês. Os artigos encontrados são atuais, pesquisados no intervalo de tempo entre os anos 2012 e 2022.

......... Resultados e Discussão ..........

No mundo todo, se calcula que as doenças cardiovasculares retratam a primeira causa de morte e de incapacidade ajustada pela idade. Segundo o cenário de projeções para 2020, em paralelo com 1990, as estimativas das taxas de mortalidade por infarto agudo do miocárdio (IAM) apontam porcentagens oscilantes de aumento, conforme a região investigada, variando, por exemplo, de 8% para homens em regiões desenvolvidas a 17% para homens na América latina. Desse modo, tais dados exibem que uma verdadeira epidemia cardiovascular vem sendo gradualmente situado nos países em desenvolvimento, entre eles o Brasil. Em contrapartida, uma alimentação rica em antioxidantes e fibras alimentares ameniza o desenvolvimento de DCV (CUPPARI, 2014). Nos últimos anos, o açaí tem se popularizado pelo seu alto teor de antioxidantes, sendo denominado como uma superfruta do mercado mundial (YAMAGUCHI et al., 2015). Os antioxidantes são compostos que atuam reduzindo os efeitos proporcionados pelos radicais livres e compostos oxidantes. São de extrema importância já que, combate aos processos oxidativos tem-se pequenos danos ao DNA e às macromoléculas, diminuindo as chances de desencadear as doenças cardiovasculares (OLIVEIRA; ROCHA, 2015).

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Compostos antioxidantes nas doenças cardiovasculares

Os compostos fenólicos identificados no açaí são fitoquímicos que apresentam atividade antioxidante, evitando a formação de radicais livres ou desacelerando o processo oxidativo, neutralizando a estrutura química. Com isso, a ingestão de alimentos com compostos fenólicos é benéfica à saúde, prevenindo doenças crônico-degenerativas, como as doenças cardiovasculares (NOVAES et al., 2013; CORREA et al., 2015). Dessa forma, já se sabe que os compostos fenólicos agem no organismo humano com sua atividade antioxidante, protegendo o organismo, inclusive o sistema cardíaco, modulando as enzimas de detoxificação, diminuindo a concentração plaquetária e a prevalência de aterosclerose, alterando no metabolismo do colesterol e reduzindo a pressão sanguínea. (VIDAL et al., 2012). São encontradas também no açaí as antocianinas, que são compostos hidrossolúveis que além de, conter a cor vermelha escura presente no açaí, também ajudam com o maior potencial antioxidante. Pois, quanto mais escuro a polpa mais será a riqueza de antocianinas. Suas propriedades farmacológicas até agora encontradas são as anticarcinogênica, antimicrobiana, anti-inflamatória, e antioxidante que por sua vez, previnem a oxidação do LDL e asseguram a melhor circulação sanguínea protegendo o organismo contra o armazenamento de placas de gordura. (OLIVEIRA; ROCHA, 2015). Segundo Wang et al. (2014), foi examinado em um estudo a ingestão de proantocianina a respeito do risco de DCV, os resultados obtidos nas meta-análises indicaram que a relação entre a ingestão desses compostos e o risco de desenvolvimento de doenças cardíacas é inversamente proporcional (WANG

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et al., 2014). Outro composto bioativo do açaí é o flavonoide, que tem a capacidade de fornecer substâncias de grande valor para atuar como atributo anti-inflamatório, antialérgico, e com o aumento da imunidade. Tal composto possui também uma grande ação antioxidante capaz de melhorar a circulação sanguínea, tendo um importante desempenho em viroses hepáticas, hepatotoxinas, úlceras e tumores. (BARCELLOS, 2017). Um estudo mostrou que aqueles que consumiram 200mg/dia de flavonoides totais tiveram menor risco de mortalidade, inclusive o risco de morte por DCV (LIU et al., 2017). A isquemia miocárdica é uma DCV, causada pela redução do fluxo sanguíneo que deveria estar sendo direcionado ao coração, com isso, essa diminuição priva o órgão de receber oxigênio suficiente. Durante a isquemia, são liberados diversos componentes como as citocinas, comunicação entre os leucócitos e as células endoteliais e a produção de radicais livres (ERs) que podem causar prejuízos oxidativos (ALEGRE et al., 2018). Um dos problemas é que o excesso de radicais livres no organismo pode ser prejudicial. Para controlar essa produção contínua de radicais pela isquemia, existe um sistema de defesa antioxidante que controla os danos causados por ERs, que podem prejudicar células sadias do corpo. Esse sistema pode ser enzimático e não enzimático. O não enzimático é mantido por compostos antioxidantes vindos de origem alimentar que possuem a presença de vitaminas, minerais e compostos fenólicos. Os flavonoides e outros compostos bioativos presentes no açaí podem então atuar como antioxidantes não enzimáticos, inativando espécies reativas, reduzindo assim esses radicais livres prejudiciais e, portanto, reduzindo os prejuízos oxidativos associados ao quadro de isquemia miocárdica (ALEGRE et al., 2018).

vasculares Fibras alimentares e doenças cardio-

A fibra alimentar, também presente no açaí, é conceituada como a parte comestível de plantas e carboidratos análogos que não podem ser digeridas completamente pelas enzimas digestivas do intestino delgado, com fermentação no intestino grosso. O consumo na quantidade correta de fibras alimentares pode diminuir o risco de desenvolvimentos de algumas doenças crônicas como a hipertensão arterial, acidente vascular cerebral, doença arterial coronariana, diabetes mellitus e algumas desordens gastrointestinais. Exemplos de alimentos ricos em fibras são aveia, frutas e hortaliças, leguminosas e cereais (DIAS, 2016). Há duas hipóteses sobre a ação das fibras na redução de colesterol na corrente sanguínea, na primeira hipótese as fibras solúveis aumentam a expulsão de ácidos biliares, resultando que o fígado remova o colesterol do sangue para formar novos ácidos e sais biliares. E a outra hipótese é que o propionato, produto da fermentação das fibras impede a formação hepática de colesterol. Com essa diminuição nos níveis de colesterol, há menos riscos de haver um entupimento por placas de gordura nas artérias, que poderia causar uma doença cardíaca (OLIVEIRA; ROCHA, 2015). Além disso, o consumo frequente de fibra alimentar solúvel, presente no açaí pode melhorar a saúde das DCVs por meio da redução de lipídios, como já foi mencionado, regulação do peso corporal, controle nos níveis de glicose sanguínea e da pressão arterial e diminuição da inflamação crônica (SATIJA; HU, 2012). Estudos de coorte sumariados sugeriram que a ingestão de fibra está inversamente associada ao risco de doença cardiovascular e que uma alimentação rica em produtos hortícolas está associada a um menor risco de desenvolver doença cardíaca. Verificou-se que 25 gramas por dia é a quantidade mínima para se atingir proteção ao nível cardiovascular e um aumento para 30 a 35 g/dia proporciona um maior efeito de proteção ao sistema cardíaco. (GONÇALVES, 2017)

.......... Considerações Finais ............

Tornou-se evidente que a polpa do açaí, com seus inúmeros compostos bioativos como compostos fenólicos, flavonoides, antocianinas e fibras alimentares, podem ajudar na prevenção de doenças cardiovasculares, reduzindo os números altos de radicais livres, diminuindo o processo oxidativo e o percentual lipídico. Entretanto, apenas o consumo do açaí isolado não é suficiente para evitar uma doença cardíaca, mas sim a combinação de uma alimentação saudável em parceria com atividades física regulares. Vale ressaltar ainda, que o consumo do açaí sem adição de açucares é o mais indicado para uma dieta saudável.

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Sobre os autores

Profa. Dra. Liejy Agnes dos Santos Raposo Landim – Nutricionista. Mestre em Alimentos e Nutrição/ UFPI. Docente do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho- UNIFSA, Teresina, Piauí, Brasil. Ana Paula Moreira Ferreira; Antônia Milena de Sousa Lima; Ana Vitória Tajra Dias Soares; Amanda Araújo Barros; Ingrid França Araújo; Jacielly Macedo Silva - Discentes do Curso de Bacharelado em Nutrição do Centro Universitário Santo Agostinho- UNIFSA, Teresina, Piauí, Brasil.

PALAVRAS-CHAVE: Açaí. Compostos fitoquímicos. Doenças cardiovasculares. KEYWORDS: Açaí. Phytochemical compounds. Cardiovascular diseases.

RECEBIDO: 12/3/22 – APROVADO: 28/3/22

REFERÊNCIAS

ALEGRE, P et al. Euterpe Oleracea Mart. (Açaí) Reduz o estresse oxidativo e melhora o metabolismo energético da lesão de isquemia-reperfusão miocárdica em ratos. Arquivos Brasileiros de Cardiologia, v. 114, p. 78-86, 2019. BAPTISTA, K.C.R et al. Avaliação do efeito do açaí (Euterpe oleracea) em modelo de endometriose, e descrição dos dados de toxicidade e do efeito anticancerígeno do açaí em modelos experimentais. 2018. Tese de Doutorado. BARCELLOS, P.S. et al. Avaliação bioquímica e toxicológica do extrato dos frutos de Euterpe Oleracea Mart (açaí). Revista do centro de ciências da saúde, v. 12, n. 2, 2017. BRASIL. Ministério da Saúde. Gabinete do Ministro. Prevenção é o melhor remédio contra doenças cardiovasculares. 2021. Disponível em: https://www.gov.br/saude/pt-br/assuntos/ noticias/2021-1/setembro/prevencao-e-o-melhor-remedio-contra-doencas-cardiovasculares. CORRÊA, V.G. et al. “Estimativa do consumo de compostos fenólicos pela população brasileira. Revista Nutrição, v.28, p. 185-196, 2015. COZZOLINO, S. M. F.; COMINETTI, C. Bases bioquímicas e fisiológicas da nutrição: Nas diferentes fases da vida, na saúde e na doença. Manole, 1ª Ed. 2013. CUPPARI, L. Nutrição Clínica no Adulto. Guias de Medicina Ambulatorial e Hospitalar – Nutrição Clínica no adulto – 3ª Ed. 2014 – Lilian Cuppari. DIAS, L.P.P. et al. Consumo de fibras e sua associação com fatores de risco cardiometabólicos em indivíduos em prevenção secundária para doenças cardiovasculares: estudo multicêntrico. 2016. GONÇALVES, S. F. S. Ingestão nutricional em prevenção cardiovascular. 2017. Trabalho de Conclusão de Curso. [sn]. LIRA, G. B. et al. Processos de extração e usos industriais de óleos de andiroba e açaí: uma revisão. Research, Society and Development, v. 10, n. 12, p. e229101220227-e229101220227, 2021.

LIU, X. et al. Ingestão total de flavonóides na dieta e risco de mortalidade por todas as causas e doenças cardiovasculares na população geral: uma revisão sistemática e meta-análise de estudos de coorte. Nutrição molecular e pesquisa alimentar, v. 61, n. 6, pág. 1601003, 2017. NOVAES, G.M. et al. Compostos antioxidantes e sua importância nos organismos. CEU Arkos La Universidad Vallartense, p.535-539, 2013. OLIVEIRA, AG; COSTA MCD; ROCHA, SMBM. Benefícios funcionais do açaí na prevenção das doenças cardiovasculares. Journal of Amazon Health Science v.1, n.1, 2015. PIMENTEL, C. V.M. B. et al. Alimentos funcionais e compostos bioativos. Manole, 1ª Ed. 2019. SATIJA, A; HU, FB Benefícios Cardiovasculares da Fibra Alimentar. Curr Atheroscler Rep 14, 505-514 (2012). https:// doi.org/10.1007/s11883-012-0275-7. VIDAL, A. M.; DIAS, D. O.; MARTINS, E. S. M.; OLIVEIRA, R. S.; NASCIMENTO, R. M. S.; CORREIA, M. das G. da S. A ingestão de alimentos funcionais e sua contribuição para a diminuição da incidência de doenças. Caderno de Graduação - Ciências Biológicas e da Saúde - UNIT - SERGIPE, [S. l.], v. 1, n. 1, p. 43–52, 2012. WANG, X. et al. Ingestão de flavonóides e risco de DCV: uma revisão sistemática e meta-análise de estudos de coorte prospectivos. British Journal of Nutrition , v. 111, n. 1, pág. 1-11, 2014. YAMAGUCHI, K.K.L.; PEREIRA, L.F.R.; LAMARÃO, C.V.; LIMA, E.S. Amazon acai: Chemistry and biological activities: A review. Food Chemistry, v. 179, p. 137-151, 2015.

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