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Cinquentenário de O propulsor
O PROPULSOR é uma revista técnica de engenharia, propriedade do Centro Cultural dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante Portuguesa, publicada regularmente ao longo dos seus 50 anos de vida, a qual sempre se dedicou a prestigiar e elevar a classe profissional que que a criou.
OPropulsor está no final do seu quinquagésimo ano ao serviço dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da
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Marinha Mercante e dos seus leitores em geral, sem até agora ter recebido a merecida festa de homenagem a que tem direito e, certamente ainda irá ter.
A razão principal para este lapso, ou melhor, esta falha, é a pandemia do Covid 19, que temos vindo a suportar, sem ainda podermos antever o seu final.
O Director e o seu corpo redactorial já não são jovens, bem como a generalidade dos seus leitores, o que levou a considerar-se que tentar organizar uma cerimónia seria fácil, mas difícil seria ter participantes que pelo seu número elevassem o nível e o brilho dessa cerimónia. Não se fez, mas há-de fazer-se, em momento mais apropriado, com o número de participantes adequado ao evento e com acções que possam trazer algo de positivo e meritório para os sectores onde temos tido influência e temos, pelo rigor, profissionalismo, dedicação e competência espalhado prestígio e competência da nossa classe profissional.
NOTAS PARA A HISTÓRIA DE “O PROPULSOR”
É costume dizer-se, que devemos sempre considerar o passado, para entendermos o presente e atacarmos com determinação o futuro. O Propulsor já tem uma história de 50 anos o que, para uma revista editada e publicada por amadores, membros de um determinado grupo profissional, de pequenas dimensões, é um feito extraordinário não igualado (que nós saibamos) por nenhum outro grupo profissional. Isso dá-nos satisfação e orgulho, mas se queremos verdadei-
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ramente deixar algo para as gerações vindouras, temos de ir além dessas sensações, deixando algo do nosso conhecimento, devidamente realçado, para incentivar e dar luz e ânimo a quem vier a seguir. Este escrito pretende deixar elementos, notas, dados para uma futura história de “O Propulsor”, quiçá em conjunto com a história do Centro Cultural dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante (CCOEMMM), que detém a sua propriedade, ou conjuntamente com a história do Sindicato dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante (SOEMMM) para a qual, nesta secção, têm vindo a ser publicados excelentes artigos pelo nosso colega Jorge Rocha. O que aqui queremos deixar são notas para a história de “O Propulsor”. Para isso, vamos destacar alguns momentos importantes da vida da nossa revista técnica, reconhecendo a subjectividade de tal escolha, mas com a consciência que a determinação tem de suplantar a dúvida e a indecisão para que as coisas avancem.
A ORIGEM
Quando nos idos anos do início da década de setenta, do século passado, um grupo de Oficiais Maquinistas da Marinha Mercante empreendeu que era importante “e mesmo vital acompanhar a marcha do progresso” e para isso decidiu criar um Boletim Técnico a que deu o nome de “O Propulsor”, atribuindo-lhe a missão de ser ”a arma de divulgação e actualização técnica”, não fazia, certamente, ideia, que passados 50 anos e depois das várias transformações porque foi passando, não tinha falhado qualquer das datas de edição programadas e ainda cá estava, continuando o seu trabalho de divulgação e actualização técnica. No início, em 1971, “O Propulsor” era propriedade do Sindicato Nacional dos Oficiais Maquinistas da Marinha Mercante. Viviam-se tempos de ditadura, das corporações e do corporativismo. Havia o “lápis azul”, forma popular de designar a censura salazarista, que usava um lápis grosso daquela cor, para cortar ou impedir a publicação de tudo o que lhes não parecesse acompanhar os seus gostos e opiniões. É por isso de realçar a coragem e determinação daquele Colegas que com a criação e implementação do citado Boletim Técnico iriam ficar sob as atenções da PIDE e do “lápis azul”. Dizia o seu primeiro Director, o Colega Francisco Diogo Ponces, na primeira nota de abertura, o que se segue.
Nota de abertura de “O Propulsor” nº 1 – 1971
Assim como a vontade de alguns pôde criar o impulso necessário para o arranque deste Boletim, também a vontade de todos poderá decerto manter e ampliar-lhe a marcha no futuro. Acreditamos sinceramente nesta verdade, porque estamos certos de que representa a concretização de um anseio velho de algumas dezenas de anos. Cooperação e amizade eis a fórmula mágica que fará do nosso Boletim o nosso orgulho. Olhemos “O PROPULSOR” como algo que merece um pouco do nosso esforço e cooperemos. No mundo vertiginoso em que vivemos é imperioso e mesmo vital acompanhar a marcha do Progresso. Façamos, pois, de “O PROPULSOR” a arma de divulgação e actualização técnica. Nesses anos, da Primavera Marcelista, além da criação de “O Propulsor”, foram organizados jogos florais, e, aproveitando a abertura do Ministro Veiga Simão, foi apresentada uma Proposta nossa para a Reforma do Ensino Náutico em Portugal. O dinamismo e a vontade de mudança dos nossos Colegas daquele tempo não esmoreceram, antes pelo contrário, não só foram publicando, por vezes temas complicados e alvo de observação e decisão do antes referido “lápis azul”, como foram evoluindo na sua concepção do que era uma revista e onde devia estar alocada. Foi assim que se movimentaram para que a propriedade da revista deixasse de ser do Sindicato passando a ser do Centro Cultural. Diria o director da altura na sua nota de abertura:
Na página 3 aparece, pela primeira vez, uma alteração aparentemente de pequena monta; onde se referia que o boletim “O Propulsor” era propriedade do Sindicato dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante, passa a referir-se, que é propriedade do Centro Cultural do Sindicato dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante. Isto acontece porque por decisão estatutária aprovada em A.G. o Cen-
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tro Cultural passa a ter autonomia administrativa e, portanto, vida própria, embora, como órgão indissoluvelmente ligado ao Sindicato a que pertence, tenha como missão actuar como elemento dinamizador (não exclusivo), das actividades culturais e técnico profissionais da classe que o Sindicato representa. Esta autonomia que procura preservar o património cultural amealhado pelas gerações que o tem criado desde os primórdios do vapor até aos nossos dias, impõe-nos, contudo, algumas responsabilidades que convém recordar: • Qualquer iniciativa cultural tem que ser participada • Tem que ser objectiva. • Tem que ser aproveitada. • Tem que ser continuada.
Pelo que se torna necessário que participemos, sejamos objectivos, atentos e perseverantes. As edições seguintes foram sendo sempre árduas, difíceis e motivo de dúvidas, hesitações, interrogações, devidas às dificuldades que se levantam a uma “empreitada” desta natureza. É porque fazer uma revista, publicá-la e distribuí-la, exige um grande esforço e muitos recursos, tanto económicos como humanos. Todavia, as capacidades e a resiliência que nos são facultadas pela dura vida do mar, foram tornando possível ir fazendo o caminho e passados cerca de dezassete anos aí estávamos nós a comemorar a publicação do número 100. Um marco histórico! Vejamos o que disse o Director da revista na sua nota de abertura.
Nota de abertura de “O Propulsor” n.º 100
Cem números publicados representam à nossa escala editorial uma meta que de início nos pareceu inatingível tal o espectro de dificuldades que então se anteviam. E se as dificuldades têm existido e os obstáculos têm, entretanto aqui e além surgido, a verdade é que têm sido sempre ultrapassados. Mas não será lícito esquecer a não pequena influência que sempre temos sentido e que é a exercida pela aceitação que a nossa revista tem tido por vários sectores quer nacionais quer estrangeiros. Se estamos razoavelmente, que não em excesso, satisfeitos pelo trabalho realizado no passado, estamos também razoavelmente optimistas com o que se poderá conseguir no futuro, com o optimismo reforçado pela convicção de que as forças que nos permitiram chegar a este centenário, vão, decerto, apoiar-nos para em conjunto suportarmos os esforços que terão que ser despendidos para atingirmos o próximo. Estamos certos de que com a satisfação destes factores será possível conseguir-se a leitura do número 200 do «Propulsor» do futuro. Ora aí está, contra todos os escolhos do caminho, foram-se dando passos no sentido da próxima centena de números publicados, o que viria a acontecer a meio do ano de 2005, tendo sobre o feito o Director escrito o seguinte.
Nota de abertura de “O Propulsor” n.º 200
“Estamos certos de que será possível conseguir-se a leitura do número 200 do “Propulsor do Futuro”. Assim rezava o último parágrafo da “Nota de Abertura” do N.º 100. Pois é verdade, aquele futuro chegou, apesar de algumas dificuldades, especialmente económicas, as quais se conseguiram ultrapassar. Essas dificuldades nunca conseguiram diminuir o ritmo de “O Propulsor”, nunca um número deixou de ser publicado ou se tenha atrasado sequer. Se não vemos o futuro muito risonho é devido à conjuntura não ser muito favorável – menos navios, menos colegas a serem formados – mas haverá sempre uma adaptação aos tempos e seguiremos em frente. Visto a esta distância, o N.° 300 deverá ser mais difícil de alcançar, mas nunca se sabe, “já só” faltam 17 anos... Mãos à Obra! De facto, lançámos mãos à obra com grande arreganho e muita vontade
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de traçar um novo rumo, definir uma outra rota e dar toda a força avante na máquina principal. A ideia foi alterar o formato, passando daquele estilo de bolso para um tamanho maior, pouco menos do que o A4. Alterámos o logotipo para um hélice estilizado que ao mesmo tempo simbolizava o conteúdo do nosso Curso na Escola Náutica, bem como a nossa actividade a bordo que não se limita a máquinas marítimas, mas também a outras especialidades como a electrónica, a pneumática, o controle e os computadores, ou seja, a mecatrónica. Além disso, passámos a usar quadricromia em vez do preto e branco. Foi um passo arrojado, mas frutuoso, na medida em que a revista passou a ter outra divulgação e muito boa aceitação, se bem que, por motivos que escapavam ao nosso controle, como a crise que se veio a instalar em 2008, que forçou as empresas a fazer uma redução das suas despesas e, por isso, da publicidade, os nossos objectivos de crescimento económico não foram alcançados, antes pelo contrário. Sobre essa ambição e sobre o passo dado, disse o Director.
Nota de abertura 210 - 2004 Viagem inaugural
O Propulsor começa agora a acertar um novo rumo em direcção ao futuro. Nesta edição, a revista inicia uma nova rota que lhe permitirá chegar a outras paragens, mostrar-se a outras gentes, obter novos leitores, conseguir mais, melhores colaboradores, cativar mais anunciantes e conquistar mais massa crítica que é a energia necessária ao desenvolvimento. Nascida da vontade de um dedicado grupo de Oficiais de Máquinas da Marinha Mercante desejosos de prestigiar a sua classe profissional, acompanhando a marcha do progresso, pela divulgação e actualização técnica, a revista “O Propulsor” surgiu orientada ao sector marítimo, ainda que tratando de todos as áreas da tecnologia. Passados 35 anos de publicações bimestrais consecutivas, que trouxeram ao prelo 209 edições da revista, sente-se que os objectivos iniciais foram cumpridos, na totalidade, com grande mérito, ficando para sempre a classe dos Oficiais e Engenheiros Maquinistas da Marinha Mercante agradecida a todos os que colaboraram nesta missão, tornando-a, assim, possível. O espaço de acção que Ihe foi atribuído foi ocupado e a pressão sobre as paredes limitadoras estava a aproximar-se dos limites de segurança. Por vários motivos, dos quais podem realçar seguintes: cada vez, são menos os Engenheiros Maquinistas no mar, ao mesmo tempo que cada vez, são mais em terra; são eles os nossos principais leitores, mas, estando em terra, gostarão de ver tratados na sua revista os temas que interessam ao seu sector ou empresa; por outro lado, são acompanhados por outros Engenheiros de outras especialidades que, assim, se sentirão atraídos para a leitura da revista. Assim, sem esquecer a origem, continuando a dar ao sector marítimo a importância a que tem direito, vamos tornar-nos anfíbios, podendo desta forma navegar por terra e mar e, se o sonho for grande, até pelo ar. Demos a esta nota de abertura o título de “viagem inaugural” que, como todos sabemos, normalmente se aplica às primeiras viagens dos navios, com a ideia de ser uma primeira viagem de qualquer meio de transporte em qualquer sector de actividade. A viagem que hoje estamos a iniciar pode levar-nos até onde a nossa capacidade o permitir. Iremos privilegiar os artigos originais em desfavor das traduções, a revista passará a estar dividida em secções, abrangendo diversas áreas técnicas do conhecimento, de forma a habituar os leitores a procurar o que verdadeiramente lhes interessa, culminando com um artigo maior e porventura mais elaborado
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a editar na secção técnico/científico. Neste número teremos as seguintes secções: ambiente, actualidades, cultura geral, energia, entrevista, legislação, segurança e técnico/ científico, no entanto, pensamos acrescentar outras, nomeadamente: manutenção, cartas ao director e ficamos abertos a outras sugestões. Para levarmos a cabo a missão a que nos propomos vamos necessitar de uma maior colaboração dos nossos leitores, quer com o fornecimento de artigos ou notícias que se enquadrem em qualquer uma das secções acima referidas quer com críticas e sugestões. Todo o apoio da vossa parte será bem-vindo.
A SUSPENÇÃO DA ACTIVIDADE
A crise económica e social que então se viveu, no mundo e aqui no nosso país, criou-nos uma dificuldade intransponível seguindo o caminho que vínhamos fazendo até então: a revista quase não tinha receitas, mas os custos mantinham-se bem altos, o que obrigava o Sindicato a suportar as despesas que deveriam ser suportadas pelo Centro Cultural. Esta situação agravada pelo facto de a crise também ter afectado a capacidade económica do Sindicato, estava a provocar a asfixia das duas organizações. As direcções de ambas as organizações concluíram que deveriam interromper, provisoriamente, a publicação de “O Propulsor”, até se conseguirem reunir os recursos financeiros e humanos para se poder voltar a publicar regularmente. Foram momentos, dias, semanas, muito difíceis de gerir, mas era isso que nos competia e foi isso que fizemos, comunicando-o através da:
Circular nº 01/2014
Aos leitores de “o propulsor” Assunto: Suspensão temporária de publicação da revista técnica de engenharia “O Propulsor”. Caro(a) Leitor(a) de “O Propulsor”, Nesta altura em que deveria estar a chegar a casa dos seus leitores a nossa revista “O Propulsor”, cabe-me a triste missão de informar que a publicação da mesma vai ser suspensa, temporariamente, em princípio até Outubro. Durante 44 anos a nossa revista foi publicada, sem qualquer interrupção, de dois em dois meses. Agora vimo-nos forçados a tomar
esta medida, devido a dificuldades económicas. Os anunciantes foram reduzindo até quase desaparecerem, muitos dos “Amigos de O Propulsor” deixaram de pagar as suas voluntárias contribuições e o Sindicato não está em condições económicas que lhe permitam continuar a suportar tão significativos défices. A nossa decisão visa uma suspensão temporária, que evite o encerramento definitivo. Por isso, apontarmos o mês de Outubro para voltar ao activo. Todavia, tal só será possível com a ajuda e dedicação dos nossos leitores, a qual poderá chegar-nos de uma das seguintes formas: 1. Se é “Amigo de O Propulsor” e tem contribuições em atraso, contacte-nos para regularizar a situação; 2. Se é “Amigo de O Propulsor” e está em dia, pense na actualização da sua contribuição; 3. Se não é “Amigo de O Propulsor” e quer ajudar, faça-se Amigo; 4. Se tem uma empresa ou é sócio de alguma, mesmo pequena, anuncie em “O Propulsor”; 5. Se tem funções de responsabilidade na empresa onde trabalha, pense na forma de conseguir que a mesma anuncie em “O Propulsor”.
Nós acreditamos que é possível, se nos mobilizarmos, relançar a revista para mais um período de quarenta e quatro anos. Para isso, Contamos consigo! O Presidente do Centro Cultural As nossas previsões e expectativas não foram alcançadas: não conseguimos nem recuperar as contribuições dos “Amigos de O Propulsor” nem aumentar o número de anunciantes. Mas não desistimos, fomos reunindo para analisar a situação e encontrar soluções e, finalmente, decidimos seguir um caminho diferente, evitando o fecho definitivo. Foi então decidido fazer uma revista mais curta, cerca de 16 páginas, mas passar a publicar mensalmente e, não em papel, mas no formato digital. Foi assim que em Janeiro de 2015 foi editada a nossa primeira revista em formato digital.
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Nota de abertura d1- 2015 Futuro de “O Propulsor”
Depois de alguns meses de suspensão, exigida por dificuldades económicas, como então informámos os nossos leitores, durante os quais não foi possível adquirir os recursos, para a podermos manter como ela
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era há 43 anos, a nossa revista volta a aparecer em público agora em formato digital. Uma ideia foi unanime, para as direcções do Centro Cultural e do Sindicato: não podíamos deixar cair, morrer, parar um património tão importante para a nossa classe e que levou 43 anos a construir. Mas, como não se pode gastar aquilo que não se tem, tivemos de optar por uma solução menos onerosa, mais expedita e que, ao fim e ao cabo, vem integrar este mundo de tecnologia e informação massiva em que nós vivemos. Iremos ter doze números digitais, sendo um deles, a meio do ano, também editado em papel, porventura com mais páginas do que as 40 que normalmente tinha. Hoje é o primeiro dia do futuro de O Propulsor. De lá para cá, já publicámos 83 revistas no formato digital, o que, diga-se de passagem, só tem sido possível porque sempre temos tido o apoio de duas empresas, propriedade de colegas nossos, que ao manterem os seus anúncios, sem interrupção, têm permitido a nossa continuidade, uma vez que, apesar de a redacção trabalhar pro bono a revista continua a ter os seus custos. As duas empresas são a OZEC - Equipamentos Industriais e a AGUACICLO - Tecnologias do Ambiente, da mesma forma há que realçar, também, o apoio que a ENIDH nos tem dado.
Colaboradores e os directores de “O Propulsor”
Ao longo destes 50 anos de serviço prestado, à nossa classe profissional e a todos os leitores em geral, muito há a agradecer aos nossos colaboradores, que com as suas contribuições foram fornecendo o combustível para que a máquina funcionasse durante tanto tempo sem parar, com excepção do atrás referido pequeno período de suspensão, que serviu, digamos, para uma revisão geral. Sem eles não teria sido possível. Obrigado a todos. Todavia, não podemos deixar de realçar aqueles que ao longo de boa parte destes anos, assumiram a responsabilidade, no dia a dia, a tempo inteiro, de garantir todo o trabalho necessário para que a revista saísse sempre, sem qualquer interrupção ou atraso. Esses Colegas foram: João Pinto Carreira, Francisco Rui de Brito Martinho, Jorge dos Santos Pereira, Eduardo Fernandes Lopes, João Correia Neves e Fernando de Oliveira Reis e da actual redacção um destaque especial para Jorge Manuel Trindade Rocha. Os directores da revista, que não foram muitos em cinquenta anos, assumiram sempre a responsabilidade da chefia da máquina, com grande rigor e dedicação, assegurando que o combustível era bem utilizado. Todos foram importantes, todos deram o seu melhor, mas é justo realçar o colega Francisco Diogo Ponces que tendo sido um dos fundadores da revista, assumiu o cargo de director desde o número 1 até ao número 112, uma maratona que durou 18 anos. Sobre ele escreveu o colega J. Lobato na:
Nota de abertura 113 - Francisco Diogo Ponces
Sugeri e foi aceite, que estas palavras sobre o Francisco Diogo Ponces ficassem no lugar que foi o seu - A Nota de Abertura - durante anos a fio. A partir deste espaço - ao longo de 18 anos - ele enviou-nos as suas reflexões invariavelmente justas e oportunas, que ainda hoje pela sua importância são mensagens que importa reler e ponderar. Acompanhei-o ao longo de mais de cinquenta anos, não tão próximo dele como desejaria, mas não tão distanciado que me fizesse perder a visão global daquilo que foi a sua vida e carreira profissional. Desde o Bairro Social da Boa-Hora (Ajuda) onde morámos, crescemos e brincámos juntos, numa fase da vida em que dois ou três anos de diferença faz separar e apreciar os “grandes” pelos “miúdos”. Depois veio o tempo da Escola Marquês de Pombal onde, de entre os milhares de alunos que a frequentavam, o Ponces fazia parte de uma escassa dezena de eleitos que frequentava o Curso de Mecânica de Automóveis, o que na altura equivalia às ditas tecnologias de ponta do presente. Seguiu-se a Escola Náutica, a carreira do mar, primeiro na Sociedade Geral e depois na actividade das pescas em Aveiro. Daí o salto para terra e o ingresso nos quadros de uma importante companhia petrolífera. Foi talvez a partir daí e dessa altura que o seu perfil de profissional sério, ponderado e competente se começou a revelar, em especial perante a grande maioria dos colegas com quem contactava nas suas constantes deambulações pelo País, no desempenho das suas funções e em que os seus conselhos e recomendações eram sempre apreciadas e atenta-
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mente escutadas e acolhidas. Seguiu-se então um período em que os nossos contactos se intensificam. Estávamos em 1971, em plena Primavera marcelista, e o então ministro Veiga Simão convidava o País a participar na grande discussão sobre a Reforma do Sistema Educativo em Portugal. De entre nós, um pequeno grupo que progressivamente se foi alargando, apercebeu-se da grande oportunidade que se nos deparava em termos de Classe. Desdobrámo-nos em esforços e superámos muitas deficiências da preparação que nos tinha sido dada e não pouco do sistema em que estávamos inseridos. Reactivou-se o Centro Cultural, participámos activa e empenhadamente em infindáveis reuniões para formular programas que desembocaram no que veio a ser a nossa Proposta para a Reforma do Ensino Náutico em Portugal, organizaram-se Jogos Florais e lançou-se a Revista “O Propulsor”. O Ponces esteve em todo esse movimento, tranquilo, moderado, sempre influente, participante e escutado. Direi mesmo que o seu grande valor derivou de talvez ser o impulsionador de toda aquela azáfama, quase sem se aperceber ou dar a entender que o era. E tanto assim foi que quando “O Propulsor” nasceu, o nome do seu Director estava naturalmente encontrado. De facto, ele havia sido também o seu Fundador. Depois veio o grande acontecimento que foi para todos os portugueses o 25 de Abril que, além de devolver aos portugueses a liberdade tão longamente ansiada trouxe também consigo, e infelizmente, indesejadas clivagens na sociedade portuguesa a que a nossa classe não ficou imune. Verificaram-se excessos e comportamentos menos salutares e de um dia para o outro, companheiros e amigos de sempre se viram afastados por concepções ideológicas divergentes. Também essa situação o Francisco Ponces soube vivê-la como só ele o poderia fazer. Fez a sua opção, interiorizou-a e com ela viveu consciente e convictamente à sua maneira. Foi tema que nunca abordámos, mas não posso aceitar pelo conhecimento que dele tinha, que o lado que escolheu não passasse pela busca do bem para todos os homens, pelo seu progresso e bem-estar, por uma humanidade mais justa e mais pacífica. Não poderia ser outra, era essa a sua maneira de estar no mundo. Prestigiou-se a si e à classe a que pertenceu, desempenhando com dignidade e reconhecida competência o lugar de Professor da Escola Náutica Infante D. Henrique. Foi inspirador e grande amigo de muitos de nós e teve méritos que o qualificam para ser apontado como exemplo para os que nos vão continuar. Na sua passagem terrena deixou obra e um nome prestigiado. A tristeza visível nos rostos dos que o acompanharam à sua última morada, naquela fria manhã de Dezembro, reflectia bem esse sentimento.
Nome DIRECTORES DE O PROPULSOR DESDE O INÍCIO ATÉ HOJE Revista nº Meses Ano Revista nº Meses Ano
Francisco Diogo Ponces 1 Janeiro/ Fevereiro 1971 até 112 Novembro/ Dezembro 1989
Alfredo Nobre Marques 116 Maio/Junho 1990 até 116 Maio/Junho 1990
Augusto Valente dos Santos 117 Julho/ Agosto 1990 até 148 Setembro/ Outubro 1995
Norberto Joaquim Pereira Duarte 149 Novembro/ Dezembro 1995 até 168 Janeiro/ Fevereiro 1999
Jaime Simões de Abreu 169 Março/Abril 1999 até 206 Maio/Junho 2005
Rogério António Pinto 207 Julho/ Agosto 2005 Até hoje