3 minute read

Dia histórico! Portugal deixou definitivamente de usar carvão na produção de eletricidade

DIA HISTÓRICO! PORTUGAL DEIXOU DEFINITIVAMENTE DE USAR CARVÃO NA PRODUÇÃO DE ELETRICIDADE

Desde o dia 19 de Novembro, Portugal deixou definitivamente de usar carvão na produção de electricidade, graças ao fim dessa actividade na Central Termoeléctrica do Pego, o que motivou o regozijo dos ambientalistas e a satisfação de muitos portugueses que se preocupam com o ambiente.

Advertisement

“O futuro da central do Pego não deve passar por queimar biomassa, opção ineficiente que põe em causa objectivos mais ambiciosos de mitigação das alterações climáticas”, considerou a organização, em comunicado.

Sábado, 20 de Novembro, depois de a

Central do Pego ter esgotado o stock de carvão que tinha, foi o primeiro dia de produção de electricidade sem recurso à queima de carvão. Para a ZERO, “esta data histórica em que se deixa de utilizar em Portugal o combustível mais poluidor em termos de emissões de gases com efeito de estufa causadoras das alterações climáticas, antecipando um objectivo que estava inicialmente traçado para 2030, não deixa de ser um alerta para a necessidade de planear antecipadamente e assegurar uma transição energética justa para o país rumo à neutralidade carbónica em 2050 ou desejavelmente antes”. Deixar de usar carvão na produção de electricidade é um elemento crucial da descarbonização, tema que ganhou destaque e causou polémica na conferência do clima (COP26), que terminou com alguns países a recusarem-se a acabar com o uso deste combustível. A central a carvão do Pego, que era responsável por 4% das emissões do país, foi a instalação com o segundo maior peso nas emissões de dióxido de carbono em Portugal na última década, a seguir à Central Termoeléctrica de Sines, cujo encerramento ocorreu em Janeiro deste ano. Em termos absolutos, a média anual de emissões de gases com efeito de estufa (GEE) pela central do Pego entre 2008 e 2019 foi de 4,7 milhões de toneladas de dióxido de carbono. Com a retirada agora consumada das duas centrais a carvão, “Portugal deverá registar uma enorme quebra de emissões de carbono, dado que o recurso a centrais de ciclo combinado a gás natural, caminho temporário para uma solução 100% baseada em fontes renováveis, se traduz em emissões de pouco mais de um terço por cada unidade de electricidade produzida em comparação com o carvão”, assinala a ZERO. Apesar dos equipamentos de despoluição instalados, a central a carvão do Pego era também uma fonte significativa de emissão de diversos poluentes, como os óxidos de azoto, dióxido de enxofre, partículas e metais pesados, cujas quantidades lançadas para a atmosfera em Portugal sofrerão uma redução importante.

O fim da actividade desta central suscita agora a questão das alternativas, sendo o recurso à queima de biomassa uma das soluções preconizadas, mas que os ambientalistas alertam não ser “sustentável”. “Trata-se de uma solução ineficiente e contraditória com os objectivos de retenção do carbono na floresta e no solo e não se traduz numa significativa mais-valia face a outras soluções de mitigação climática”, afirmam. Para os ambientalistas a concessão do ponto de ligação da Central do Pego deverá ter em consideração apenas projectos que resultem da “utilização de fontes de energia verdadeiramente renováveis e que de forma alguma se coloque a possibilidade de recurso a biomassa, tendo em consideração que esta não é, nem será de forma alguma renovável”. Alertam ainda para a escassez de biomassa residual florestal em território nacional, atendendo a que num raio de intervenção de 80 quilómetros são já inúmeras as centrais de biomassa e indústrias florestais que competem pela matéria florestal residual. Acresce ainda que o espírito da proposta recente da Comissão Europeia, de Julho de 2021, que faz parte do pacote “Preparados para os 55”, é de que “a partir de 31 de Dezembro de 2026, (…) os Estados-membros não podem conceder apoio à produção de electricidade a partir de biomassa florestal em instalações exclusivamente eléctricas”. Nessa medida, a ZERO questiona como está e como vai ser aplicado o Fundo para a Transição Justa nas centrais de Sines e Pego e na refinaria de Matosinhos, e defende um plano que fortaleça a vitalidade económica e social das regiões afectadas, promovido pelas empresas envolvidas em colaboração com trabalhadores, autarquias locais, organizações não-governamentais e outras entidades competentes. “Sem diálogo, concertação social e criação de soluções alternativas atempadas, não estamos de forma alguma a fazer uma transição energética justa”, considera esta associação, alertando desconhecer, no caso da central de Sines, “o uso de qualquer verba do Fundo para a Transição Justa até agora”.

This article is from: