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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
O PRÉ-SAL
TAMBÉM É
NOSSO Empresas caxienses começam a explorar o mar de oportunidades emergentes da maior descoberta da Petrobras
Renato Henrichs questiona sobre o transporte coletivo | Roberto Hunoff projeta a economia em 2010 | Um guia para a noite e um guia para o dia | Ju ainda precisa de um empate | Histórias do arqueólogo grená
Maicon Damasceno/O Caxiense
Caxias do Sul, dezembro de 2009 | Ano I, Edição 1 | R$ 2,50
Índice
www.OCAXIENSE.com.br
A Semana | 3
Um resumo das notícias mais relevantes dos últimos dias
VÍDEO
Roberto Hunoff | 4
O varejo caxiense quer mais carnês e menos cartões de crédito
Pré-sal | 5
Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
Empresas daqui buscam sua parte do tesouro brasileiro no fundo do mar
Praça Dante, 1989 | 8
Encontros, desencontros, versões e suspeitas sobre o comício que não aconteceu
Cuidado: polêmica | 11
Um debate ácido e afiado sobre como lidar com o mato que cresce nas ruas
Guia de Cultura | 15
Assista na íntegra a Volume Um! Em bom som!, longa-metragem do diretor Jorge de Jesus que conta boa parte da história do rock de Caxias do Sul.
De graça na praça, o musical Celebration; de graça na estação férrea, shows musicais
AUDIOSLIDE
Documentário | 18
Depoimentos sobre a Era de Ouro do Rock Caxiense
Jornalismo nada impessoal através do depoimento em áudio da repórter Cíntia Hecher. As impressões dela sobre o 2º Moinho da Estação Blues Festival são acompanhadas das imagens captadas pelo fotógrafo Maicon Damasceno.
Artes | 20
Um balão para amenizar a tristeza, a flor da poesia e a natureza em nanquim
TWITTER @gabileonardelli @ocaxiense tá no ar e é ótimo. Tava na hora de algo com essa qualidade e com esse time de profissionais! www.ocaxiense.com.br
Blues para sorrir | 21
As emoções do festival que já garantiu lugar no calendário cultural da cidade
Gabriel Leonardelli às 9h de 4 de dezembro de 2009
@drica_adami @ocaxiense Parabéns pelo site! Bem clean, fácil acesso às notícias e qualidade... Caxias merece! Sucesso e vida longa!
Qual é a música? | 24
As raízes do blues desembaraçadas nota por nota
Adriane Adami à 0h24 de 4 de dezembro de 2009
Guia de Esportes | 26
@dep_aoliveira @ocaxiense é o novo jornal de Caxias do Sul. O lançamento é amanhã! Sucesso!
Finais do basquete, aventuras ciclísticas e acrobacias nos céus de Ana Rech
Deputado Alberto Oliveira às 17h de 3 de dezembro
Memórias grenás | 27
@Lekb Amanhã tem lançamento do virtual @ocaxiense e no sábado em papel. Todo mundo pedindo nas bancas: eu quero um ocaxiense! Vamos avaliar.
Relíquias do passado do Caxias preservadas numa casa alviverde
Leandro Bortolon às 14h de 3 de dezembro
Espinhos alviverdes | 29
@adriantunes @ocaxiense pessoal, é isso ae, sangue novo nesta cidade!
Depois da dor do rebaixamento, o sofrimento de fazer as contas
Adriana Antunes às 16h12min de 1º de dezembro
Renato Henrichs | 31
@gustavotoigo @ocaxiense Informar com qualidade, buscar sempre a perfeição, ser instrumento de cidadania propiciando credibilidade. Comunicar é democratizar.
Três questões pertinentes sobre a prorrogação do contrato com a Visate
Expediente
Vereador Gustavo Toigo às 8h30min de 21 de novembro
Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita. Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação e Assinaturas: Fernanda Massignani Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo Tiragem: 10 mil Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sextafeira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br . Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 |Anual: 2x de R$ 60 ou uma de R$ 120
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Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
O Caxiense
05 a 11 de dezembro de 2009
@maureolon @ocaxiense Parabéns pela iniciativa e sucesso já na estreia. Maurício Reolon às 22h38min de 20 de novembro
@vfelipe Parabéns ao @ocaxiense e sucesso em sua luta e que tenhas total qualidade. Felipe Bertolucci às 15h de 19 de novembro
@ulianearosa @ocaxiense Agora sim, fico na expectativa de ver o jornal circulando! Uliane Rosa às 3h57min de 19 de novembro
@marcodaera Parabéns ao @ocaxiense! Longo e intenso sucesso. Marco R. Zeminhani às 16h de 19 de novembro
S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .
A Semana
Caxias declarou situação de emergência por causa dos estragos deixados por um ciclone
Ventos que atingiram 111 km/h, na quarta-feira, dia 2, destelharam a Escola Municipal Tancredo Neves, no bairro Belo Horizonte
Segunda | 30 de novembro inclusão
Semana da pessoa com deficiência Um único degrau pode impedir a entrada de um cadeirante em um prédio. Esse é o caso de Carlos Elói Lucena de Souza. “Devido à minha saúde, vou muito a médicos. Quando marco a consulta já pergunto se tem acesso para deficientes. Chegando lá, tem dois degraus.” Mas Souza não encontra somente dificuldades, ele se movimenta pela cidade através do transporte coletivo da Viação Santa Tereza (Visate). Atualmente a empresa possui 86 ônibus adaptados para o acesso de pessoas com deficiência. Nesta semana, Caxias do Sul discutiu como avançar na acessibilidade aos portadores de deficiência física. Propostas para melhorar o dia-a-dia dos deficientes foram pauta da 1ª Semana Gaúcha da Pessoa com Deficiência. Especialistas abordaram temas como empregabilidade, educação inclusiva, direitos, acessibilidade urbana e turismo, no auditório do bloco H da Universidade de Caxias do Sul (UCS).
TeRÇa | 1° de dezembro Menos burocracia
Junta Comercial agiliza processos Empresários que aguardavam de 10 a 12 dias por processos na Junta Comercial ganharão tempo. Foi inaugurado o Escritório Regional em Caxias do Sul, que promete atender demandas das empresas caxienses e da região. O período de espera agora será de no máximo cinco dias. O escritório funciona na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC). “É o fim da demora do andamento dos processos”, diz o presidente
da CIC, Milton Corlatti. A advogada responsável, Marilei Ferraro, diz que, além das empresas, os contadores serão os principais beneficiados com a instalação da Junta na cidade. “O escritório vai agilizar muito o trâmite dos processos. Vai facilitar bastante a vida dos contadores. Eles são o nosso principal contato com as empresas.” QuaRTa | 2 de dezembro estragos do tempo
Ciclone extratropical atinge Caxias
O que parecia um temporal típico de dias quentes destruiu ou destelhou cerca de 150 casas em Caxias do Sul na tarde de quarta-feira. A velocidade dos ventos do ciclone extratropical – nome do oficial do fenômeno que varreu a cidade – ultrapassou a marca de 100Km/h. Os bairros mais atingidos, conforme o tenente coronel Francisco Barden da Rosa, foram: Vila Ipê, Serrano, Belo Horizonte, Monte Carmelo, Santa Fé, 1º de Maio, Jardim Adorado, Parada Cristal, Santa Corona, Vitória e Vila Lobos. Oito escolas municipais foram danificadas pelas fortes chuvas na tarde de quarta. “É importante frisar a forma como os professores e diretores das escolas agiram durante o temporal de ontem. Porque nenhuma criança foi ferida. Os professores cuidaram para levar as crianças aos locais mais protegidos de cada escola”, salientou Barden na quinta-feira. Dentre as oito instituições de ensino, três tiveram as aulas suspensas: Rubem Bento Alves, na Vila Ipê, Presidente Tancredo de Almeida Neves, no Belo Horizonte, e Engenheiro Dario Granja Sant’Anna, em Santo Antônio de Ana Rech. Na sexta-feira à tarde, o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) assinou de-
creto declarando situação de emergência em Caxias do Sul. Com a medida, o município se habilita a pedir verbas para se recuperar dos prejuízos econômicos e sociais. Um dos critérios da Secretaria Nacional de Defesa Civil para declarar situação de emergência é ter 5% do PIB da cidade comprometido com os estragos. O secretário municipal de Habitação, Flávio Cassina, explicou que a prefeitura estava fazendo o levantamento das famílias que irão precisar da ajuda do município para reconstruir os telhados. Aquelas que já procuraram a Secretaria estão sendo auxiliadas com a doação de materias e, em alguns casos, de mão-de-obra. QuinTa | 3 de dezembro economia solidária
Recicladores ganharão central de comercialização
A relação entre as indústrias e os recicladores será otimizada com a criação da Central de Comercialização de Material Reciclável. Antes, os fardos de material reciclado eram insuficientes para as necessidades das indústrias. Com a Central, materiais de dez associações de recicladores conveniadas com a Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego serão vendidos. O repasse aprovado pela Câmara de Vereadores é de R$ 120 mil, montante que será investido na compra de toda a produção dos recicladores conveniados. Assim, os fardos serão acumulados e vendidos diretamente às indústrias. “O dinheiro vindo dessas vendas será então repassado diretamente para os recicladores, agregando valor ao trabalho deles e também gerando poder de negociação e maior ganho”, afirma Guilherme Sebben, secretário de Desenvolvimento Econômico.
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SeXTa| 4 de dezembro nossa cultura
Festa da uva terá estações temáticas
A inspiração ferroviária do tema da Festa Nacional da Uva 2010, “Nos trilhos da História, a Estação da Colheita”, servirá de guia aos visitantes dos Pavilhões durante o evento. Quem visitar o Parque de Exposições de 18 de fevereiro a 7 de março encontrará os espaços decorados como se fossem estações de trem. Será a primeira vez que essa ambientação, que já acontece nos desfiles de carros alegóricos, estará também nos Pavilhões. O diretor de Cultura da Comissão Comunitária da Festa, Antonio Feldmann, explica que, além de decorativas, as estações servirão para delimitar os espaços dentro dos Pavilhões. Ou seja, as atrações do parque de exposições serão identificadas por estações e os visitantes poderão fazer a visita conforme o interesse que tiverem. “Hoje, nós temos dentro dos Pavilhões e do Centro de Eventos produtos coloniais, vinhos, o espaço do gaúcho, do italiano e por aí vai, tudo meio misturado. A ideia é que cada tipo de atração seja identificada como uma estação. Então, em vez de pegar aquele corredor e ir encontrando os estandes, os caxienses e os turistas poderão se localizar pelas estações de trem”, antecipa. O diretor da Secretaria da Cultura, João Tonuz, diz que as estações serão espaços culturais. Cada uma terá um tema relacionado à história de Caxias, da região ou da Festa da Uva. E dentro dos espaços haverá atrações culturais como exposições, apresentações de teatro e música e ferramentas de interatividade. O número de estações não está definido e o projeto de como elas serão ainda está em andamento. Feldmann espera que a proposta seja apresentada oficialmente até o Natal.
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O Caxiense
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Roberto Hunoff
roberto.hunoff@ocaxiense.com.br | www.ocaxiense.com.br/roberto-hunoff
Maicon Damasceno/O Caxiense
Planejando 2010 As últimas semanas têm sido de muitos encontros empresariais visando ao planejamento de 2010. Ninguém quer ser surpreendido como no final de 2008, quando todos esperavam manutenção do ritmo de crescimento, mas a desaceleração da economia, por conta do blecaute nas instituições financeiras norte-americanas, forçou mudanças radicais no planejamento. Economistas do Santander estimam retomada do crescimento da economia mundial, mais uma vez liderada pela China, com 9%, seguida pela Índia, com 6,4%. Os Estados Unidos devem crescer 1,5% e a Europa ficará em 0,3%, com média de 1,3% para os desenvolvidos. Para o Brasil a projeção é de 5%, o que determinará forte redução no desemprego. O IGPM, um dos indicadores da inflação, ficará próximo dos 4,5% e a taxa selic média do ano será de 9,8%, encerrando o ano em alta: 11,75%. Os juros líquidos cederão levemente, de 5,5% atuais para 5,1%, e o câmbio se manterá estável em R$ 1,70.
Reação aos cartões de crédito O varejo resolveu apostar na seriedade do consumidor de Caxias do Sul. E melhorar a sua rentabilidade, reduzindo as vendas por meio dos cartões de crédito, que cobram de 10% a 11% pelo serviço que prestam. De acordo com o presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL), Luiz Antônio Kuyava, 60% dos comerciantes da cida-
Lenta retomada O ex-presidente do BC, Gustavo Loyola, que veio à cidade na semana passada por iniciativa do Banco Votorantin, alertou que a economia mundial terá índices menos vigorosos de crescimento diante dos históricos 4,5% de outros anos. Decorrência da crise passada que, em sua opinião, tinha potencial destrutivo semelhante a de 1929. Projeta crescimento de 2,5% na economia mundial, influência dos países emergentes. Elza Fiúza, ABr/O Caxiense
O desempenho da economia de Caxias do Sul evoluiu 3,8% sobre o mês anterior, mas ficou 6% abaixo de igual período de 2008. Pesquisa da CIC indica que no acumulado do ano o índice é 7,8% negativo e, nos últimos 12 meses, 7,1%. Mas há dois pontos representativos de que a recuperação é consistente. A utilização da capacidade instalada da indústria avançou para
10,9 0,8
Os riscos de as projeções não se confirmarem são mínimos, na visão de Loyola. Mas a precaver-se contra recrusdecimento da crise nos países ricos em razão de estratégias equivocadas, como antecipar ou adiar a retirada de incentivos. No Brasil os riscos são medidas inconsequentes para eleger um candidato a qualquer custo ou surgimento de proposta com discurso equivocado. Ainda como ameaças: agravamento da situação fiscal e necessidade de elevação maior dos juros para conter eventual inflação mais robusta.
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O Caxiense
05 a 11 de dezembro de 2009
2004
8,2
4,5 4,6
2005
2006
2007
7,2
Fonte: CIC
2009
-0,4 Economia
-2,4 Postos de trabalho
-7,1
Curtas Concessionária Citroën, com lojas em Caxias do Sul, Bento Gonçalves e Gramado, a Eiffel comemorou oito anos nesta semana. O diretor Justino Restelatto definiu 2009 como ano de desafios e de aprendizados. As vendas repetirão os bons números de 2008. Lojas Colombo investiu R$ 1,5 milhão na abertura de sua loja Premium no Iguatemi Caxias. Na segunda-feira, 30, data que marcou os 50 anos da rede, o presidente Adelino Colombo confirmou que a estratégia de crescimento privilegia este tipo de loja, maiores e com layout diferenciado.
As expectativas locais, estaduais e nacionais do varejo para 2010 serão pauta do encontro que a CDL promoverá no dia 15 de dezembro em sua sede. Também haverá exposição das ações movidas de forma a melhorar as relações com as administradoras de cartões de crédito. A iniciativa trará para Caxias do Sul o presidente da Confederação Nacional das Câmaras dos Dirigentes Lojistas, Roque Pelizzaro Júnior, empresário de Curitibanos, SC, e o representante da entidade estadual, Vitor Augusto Koch.
Convicção
5,6
2008
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul marcou para 7 de dezembro encontro para avaliação do difícil ano que se encerra e projeção do próximo exercício. Preliminarmente é possível adiantar que o faturamento do setor deve fechar com queda de 15% a 20%, decorrência do mau desempenho até agosto. A reação, que era esperada ainda para julho, veio somente em setembro. Para 2010 a expectativa é de recuperação na ordem de 5% a 10%, ou seja, números como os de 2008 somente em 2011.
Painel do varejo
75%, três pontos acima de setembro, e apenas três pontos abaixo de novembro de 2008. Outro dado é a geração de empregos. Em outubro foram abertos 1.897 vagas, das quais 1,3 mil na indústria, a grande responsável pelas demissões no primeiro semestre. O estoque em outubro era de 148.849 empregos formais, 466 abaixo do que havia em dezembro de 2008.
Economia X postos de trabalho (acumulado de 12 meses) 10,0
Alerta aos riscos
de já financiam diretamente as compras de seus clientes. Para ele, demonstração de amadurecimento do setor, que cria mecanismos financeiros próprios e aperfeiçoa a concessão do crédito. É a volta do tradicional carnê, que acaba virando instrumento de estímulo a novas compras quando o cliente vai à loja quitar sua prestação.
Indicadores consistentes de recuperação
14,7
O ex-presidente do Banco Central projeta crescimento de 5% para o Brasil e 1% para os países desenvolvidos. Por aqui a recuperação será puxada pelas famílias em razão da expansão do crédito e da massa salarial, com destaque para o setor imobiliário. Já o segmento de bens de capital só terá índices mais robustos no final do ano. Acredita em câmbio nos mesmos patamares de 2009, em torno de R$ 1,75, inflação de 4,2% e taxa de juros crescente no segundo semestre, atingindo 10% no final do ano.
O assunto é tratado de forma muito discreta, mas brevemente a Prefeitura de Caxias do Sul anunciará a transformação de área rural em urbana. O objetivo é consolidar a localização de condomínio residencial em espaço privilegiado.
Cenário metalúrgico
O que esperar do ano que vem
Recuperação interna
Em movimento
O Moinho da Estação ganhou nova atração gastronômica. O Restaurante Osaka, empreendimento de Guilherme Bergamaschi Eberle, investe na culinária japonesa. A rede conta agora com sete unidades – a de Caxias é a primeira no Sul do País e abriu emprego para 35 pessoas. Liderança e competitividade será o tema da palestra da reunião-almoço de segunda-feira da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços. A apresentação caberá ao sócio-diretor da Kienbaum – Kesenberg & Partners, José Antônio de Freitas.
Com atividade produtiva intensa desde outubro e perspectivas de carteira cheia para os seis primeiros meses do ano, o grupo Randon abriu processo de seleção para mais 500 funcionários. Com estes, elevará para 1,7 mil o número de admitidos desde setembro. Terá, assim, quadro total superior de 10,2 mil pessoas, acima do que havia no período pré-crise. Segundo o diretor corporativo Erino Tonon, as admissões atendem à ascensão da demanda do mercado de implementos rodoviários e de autopeças. Cada segmento absorverá 50% das novas vagas. Tonon confirmou o cancelamento das férias coletivas do fim de ano. A expectativa da empresa é de crescimento, em 2010, de 10% sobre este ano, que deve fechar em queda de 20% sobre os resultados de 2008. A Marcopolo também fechará o ano com 500 empregos a mais, totalizando 7,2 mil vagas em Caxias do Sul. Na Índia, onde mantém duas unidades em parceria com a Tata Motors, as admissões chegam a 2 mil nos últimos meses, elevando para 5 mil o quadro funcional.
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Visão industrial
CAXIAS DE OLHO NO
PRÉ-SAL
Como o empreendedorismo empreendedorismo pode pode colocar a cidade em destaque em destaque também no ramo do petróleo petróleo Carniel, da MCA: “É uma chance, e não pretendo desperdiçá-la”
R
por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br
nita para o mercado. Embora alguns negócios estejam começando a ser fechados, especialistas acreditam que as aul Carniel, 58 anos, trabalha no ramo empresas só terão respostas concretas metalúrgico desde os 12. Filho de pai a partir da metade de 2010, quando o também metalúrgico, sempre foi apai- governo federal deverá ter tomado toxonado pela profissão. Era interessa- das as decisões políticas e mercadolódo em descobrir novas possibilidades gicas que envolvem a exploração dessa dentro do setor e sonhava em ter o nova riqueza nacional. próprio negócio. Até que, de tanto O lado bom dessa indefinição é que procurar uma alternativa, descobriu as empresas dispostas a garantir sua que faltavam fabricantes de máquinas fatia ganham tempo para se preparar para confecção de joias. Era a infor- e entrar na disputa por espaço nesmação que ele precisava para abrir sua se novo mercado. No caso de Caxias, empresa, a MCA, que há 34 anos pro- as opções são inúmeras, por causa da duz essas máquinas em Caxias do Sul. diversificação da indústria local, que Como sua paixão e sua curiosidade tem potencial para fabricar desde os não cessaram, Carniel passou a buscar parafusos que prendem peças da planovas oportunidades de trabalho e taforma até os perfuradores de poços percebeu que poderia prestar serviço de petróleo. também para outras indústrias – meO outro ponto positivo para quem talúrgicas ou não. Foi assim que ele pretende se aventurar no setor é que chegou ao ramo do petróleo, a grande a estatal está buscando novos fornejoia do Brasil no momento. E acertou cedores e esteve no município para em cheio. apresentar os números tentadores do O empresário se transformou em pré-sal aos empresários interessados. um dos fornecedores da cadeia produ- Os cálculos iniciais dão conta de que tiva da Petrobras justamente quando a exploração de petróleo e gás em a estatal atinge um de seus melhores águas profundas movimente US$ 190 momentos na históbilhões de dólares. Ou ria. E a descoberta de seja, é muito dinheiro, petróleo e gás nas cae uma parte dele pode “É uma madas de pré-sal, que muito bem respingar podem elevar o Brasil à peça pequena. em Caxias do Sul. categoria de líder mun- Mas, sem ela, O gerente geral de dial de extração em não tem engenharia básica do águas profundas, tamCentro de Pesquisa petróleo”, bém deve impulsionar e Desenvolvimento o crescimento da fá- diz Raul Carniel, da Petrobras, Marcos brica caxiense. Afinal, fornecedor da Assayag, palestrou na ela estará trabalhando cadeia produtiva Câmara de Indústria, para o maior tesouro Comércio e Serviços da Petrobras nacional da atualidade (CIC) sobre o cenário – bem mais valioso do otimista que se deseque as joias que inspinha e garantiu: “Tem raram a fundação da MCA. espaço para todos. Além das plataforCarniel fala com orgulho de sua mas, serão construídos portos e vai empresa, que tem cerca de 80 funcio- aumentar a demanda de transporte. nários e faz parte do time de elite que As empresas só precisam ser inteligenproduz peças para a gigante Petrobras. tes e aproveitar isso”. No pavilhão da MCA é feita “a usinaComo o tipo de exploração que gem dos atuadores”. Aparentemente, será feita no pré-sal ainda é uma nosão peças em metal bem mais simples vidade, a Petrobras precisará de emdo que o nome que as designa. Elas presas que apresentem novas ideias e medem no máximo 80 centímetros tecnologias. A camada de onde serão – ou 800 milímetros, como o empre- retirados petróleo e gás tem 800 quisário faz questão de salientar: “Você lômetros de extensão, desde o litoral não pode escrever que a peça mede de Santa Catarina até o Espírito Santo, 80 centímetros, porque essa medida é e 200 quilômetros de largura. E, em para amador. Nós calculamos tudo em alguns pontos, a extração ocorrerá a milímetros.” sete quilômetros de profundidade. “A A precisão do empresário se justi- estrutura necessária é muito grande fica. Afinal, esses atuadores são fun- e a tecnologia empregada deve ser de damentais para o funcionamento da ponta. Portanto, as oportunidades seindústria petrolífera. As peças fabrica- rão muitas. E Caxias tem muitas emdas em Caxias são usadas no controle presas em condições de participar desdas válvulas que monitoram a passa- se processo. Elas podem entrar como gem de petróleo e gás extraídos pela fornecedoras ou subfornecedoras de estatal. “É uma peça pequena. Mas, peças, mão de obra e até de tecnolosem ela, não tem petróleo”, lembra gia”, comenta. Carniel. Outro indicador de que as oportuOs planos da Petrobras, de extrair nidades existem é a nova política da um bilhão de barris de petróleo por Petrobras de priorizar os produtos dia nos próximos 12 anos, se encai- nacionais. Um dos diretores da estaxam perfeitamente nos de Carniel, tal, Laerte Santos Galhardo, que tamque quer ver a MCA crescer com as bém esteve na cidade para palestrar novas oportunidades. “É uma chan- aos empresários, afirmou que 70% de ce que nós temos, e eu não pretendo todos os componentes envolvendo as desperdiçá-la.” obras de construção de estrutura e os itens de exploração do pré-sal devem É cedo para saber se os projetos ser nacionais. E isso vai beneficiar do empresário caxiense irão se concre- desde fabricantes de pequenas peças tizar, pois o pré-sal ainda é uma incóg- até empresas maiores, como Lupatech,
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O Caxiense
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Karly. O executivo explica que, no Brasil, a Madal Palfinger é a única empresa a fazer guindastes desse tipo. A indústria nacional ainda não possui toda Podem sair de Caxias do Sul os a tecnologia necessária para a consguindastes marinhos que serão utili- trução das estruturas, mas, para gazados pela Petrobras na rantir que o produto região de exploração do possa ser usado pela pré-sal. A Madal PalPetrobras, ele vai confinger é uma das produ- “Caxias centrar a maior parte toras mundiais dessas tem muitas da produção no país. estruturas metálicas de empresas “Vamos trazer alguns tecnologia avançada, em condições componentes de fora, que podem pesar de aqueles que não forem 500 quilos a 40 tonela- de participar”, fabricados aqui dendas, alcançar 36 metros afirma Assayag, tro. Mas os guindastes e erguer até 500 quilos gerente de serão montados no de carga. O gerente de engenharia Brasil, na unidade de produto da empresa, Caxias do Sul”, revela. Silvio Gatelli, explica da Petrobras Com isso, Karly já que a empresa já faz projeta um avanço guindastes usados pela da empresa nos próPetrobras e por empresas que atuam ximos anos. “Acredito que o pré-sal no Chile, Argentina e Peru. E ele ga- possa contribuir com um crescimento rante que a companhia tem condições de aproximadamente 15% ao ano da de atender a nova demanda. Madal Palfinger nos próximos três ou Segundo o diretor-presidente da quatro anos”, calcula. Madal Palfinger, Herbert Karly, a empresa vinha desenvolvendo guindastes O presidente da Lupatech, marinhos com proteção contra a sali- Nestor Perini, vai ainda mais longe. nização antes mesmo de a Petrobras Ele prefere não falar em percentuanunciar a exploração de petróleo em ais de crescimento, como Karly, mas águas profundas, o que deixou a uni- não esconde suas boas expectativas dade localizada em Caxias em posição em relação ao futuro. A empresa dele estratégica para o mercado. “Estáva- é atualmente uma dos fornecedoras mos trabalhando nesse produto devi- estratégicas da Petrobras, e cerca de do a uma necessidade mercadológica. 70% de todo o faturamento das suas O pré-sal veio para corroborar”, relata 21 unidades são provenientes do se-
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O Caxiense
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Weatherford e Madal Palfinger, que têm unidades instaladas em Caxias e já estão se preparando para esse novo mercado.
Madal Palfinger tomou a dianteira na fabricação de guindastes marinhos
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triplicar o tamanho da empresa nos próximos anos. Não só por causa do pré-sal. Mas é claro que estamos incluindo esse projeto no nosso planejamento estratégico”, revela Ely. Assim como as demais empresas que estão apostando na exploração de petróleo em águas profundas, Ely não tem certeza se conseguirá entrar nesse mercado. Mas ele acredita no potencial de trabalho que será gerado. “Mesmo que entrem companhias de fora nesse negócio, elas vão precisar de prestadores de serviço. Vale a pena correr o risco”, defende.
de Caxias do Sul têm potencial para colocar a cidade em posição estratégica para a Petrobras. Basta olhar com mais atenção para o futuro. “Para entrarmos nesse negócio, temos que fazer um exercício com o qual não estamos acostumados, pois não temos petróleo aqui do nosso lado. Mas precisamos nos acostumar, pois o pré-sal é o futuro”, analisa. O ex-presidente do Banco Central Gustavo Loyola, sócio da empresa de requisitada consultoria econômica Tendências, também acredita no potencial desse novo mercado. Mas faz um alerta. Em uma palestra para O presidente do Sindicato das empresários realizada recentemente Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas em Caxias do Sul, Loyola comparou e de Material Elétrico de Caxias do o pré-sal a um tipo de herança. “Uma Sul (Simecs), Oscar herança pode ser boa Azevedo, acredita que ou ruim, dependendo este é o momento para “Se os do uso que se faz dela. as empresas que ainda empresários Se bem utilizado, o não integram a cadeia pré-sal pode gerar empararem da Petrobras buscarem pregos, distribuição essa chance. Ele lembra para pensar, de renda e desenvolque as plataformas de encontrarão algo vimento. Se mal utiliexploração de petróleo que se encaixa no zado, pode acontecer e gás necessitarão do o mesmo que acontrabalho deles”, apoio de portos e de tece à Venezuela, que transporte e que setores diz Azevedo, não soube reverter o como o do plástico, me- do Simecs petróleo em riquezas talurgia e construção para o país”, alertou. civil poderão encontrar Apesar da pondeum espaço nesse vasto mercado de ração, Gustavo Loyola disse acreditar oportunidades. “Se os empresários pa- que no Brasil o recurso do pré-sal será rarem para pensar, certamente encon- bem utilizado pelo governo e pelas trarão algo que se encaixa no trabalho empresas. E para quem ainda tem dúdeles, porque esse é um mercado que vidas sobre como se pode classificar movimenta quase todos os setores da a mais nova aposta no futuro, o ecocadeia produtiva.” nomista dá uma pista: “Ganhamos na Azevedo lembra que as empresas loteria”. Maicon Damasceno/O Caxiense
tor de petróleo e gás. “O pré-sal abre E acredita no potencial de Caxias para uma possibilidade muito otimista. Se saber aproveitar as chances geradas antes tínhamos uma previsão de cres- pela estatal no mercado: “O mundo cimento para cinco anos, agora conse- não é estanque. Ele é globalizado. E guimos olhar 20 anos adiante. E com Caxias está inserida nesse contexto”. muito bons olhos”, conta. A Lupatech fornece seis tipos de E para garantir sua fatia no produtos para a Petrobras, e as uni- bolo da globalização não precisa ser dades de Caxias possuem um papel tão grande. Basta adequar seu emprefundamental no conendimento ao mercado texto. Em uma dee arriscar, independenlas, são fabricadas as O pré-sal injeta temente do tamanho da ferramentas usadas otimismo no empresa. A Sulcromo, na completação de indústria de cromagem poços de petróleo, ta- planejamento e metalização, possui refa que consiste em estratégico da 120 funcionários entre transformar um poço Sulcromo, que as duas unidades, em em uma unidade pro- quer duplicar Caxias do Sul e São Ledutiva. Em outra, fica opoldo. Há dois anos, o Centro de Pesquisa ou triplicar de faz a cromagem de peças e Desenvolvimento tamanho nos para a oficina da Petroda Lupatech (CPDL), próximos anos bras de Macaé, no Rio de onde são projetados Janeiro. componentes utilizaO gerente geral da dos no ramo da energia. Nesse lugar, empresa, Alexandre Ely, diz que, por onde apenas um número pequeno de enquanto, os trabalhos para a estatal pessoas tem acesso e só se consegue representam entre 20% e 30% dos serentrar com identificação eletrônica viços prestados pela Sulcromo no setor por meio de crachás e senhas espe- de petróleo e gás. É o seu maior cliente ciais, a empresa de Perini se prepara do segmento, mas não chega a ser depara o futuro. “O setor movimenta cisivo no faturamento total – quadro bilhões e bilhões de dólares. E nada que pode mudar com o pré-sal. impede que a Petrobras, que já é uma De olho no futuro, Ely revela que a grande empresa, em 10 anos seja a Sulcromo está investindo em tecnomaior do mundo na sua área. Quem logia e compra de novas máquinas e estiver trabalhando com ela e inves- equipamentos que possam ser úteis à tindo em tecnologia vai crescer junto”, realidade que se desenha para quem analisa Perini. trabalha na cadeia de petróleo e gás. O empresário aposta no pré-sal Ele aposta na nova descoberta para como um grande leque de oportuni- projetar a empresa na região Sudeste dades para a indústria, diretamente, e e, a partir daí, no restante do país. para toda a sociedade, indiretamente. “Nós temos planos de duplicar e até
Nestor Perini, da Lupatech, que tira do setor de petróleo e gás cerca de 70% do faturamento de suas unidades: “O pré-sal abre uma possibilidade muito otimista”
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Reminiscências políticas
Rodrigues (E), Monteiro, Lourdes, Gomes, Silvana, Marcon e Incerti foram algumas das testemunhas da confusão
o dia em que a
praça dante virou um inferno
E
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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br ra 30 de novembro de 1989. O grupo Os Serranos apresentava as primeiras músicas do show que animaria o comício do então candidato a presidente Fernando Collor de Mello na Praça Dante Alighieri, em Caxias do Sul. Na época, a praça ainda se chamava Ruy Barbosa e Collor ainda estava no PRN. A cidade também era bem menor do que hoje. Mas Collor nunca conheceria a praça. E o comício nunca seria realizado. O que era para ser uma manifestação democrática acabou em pancadaria e entrou para a história política de Caxias e do país como um dos episódios mais marcantes do segundo turno das primeiras eleições diretas para presidente depois da ditadura. De um lado, Collor, “o caçador de marajás”, jovem, com ideias que iriam renovar o país. Do outro, Lula, o metalúrgico sindicalista barbudo, líder das greves do ABC, que não sorria “porque não era modelo”, como chegou a declarar. Uma semana antes desse quase-comício completar 20 anos, o jornal O CAXIENSE reuniu sete pessoas que estavam na praça naquele dia de 89 e viram de perto o que aconteceu. A conversa começou em frente ao chafariz, a poucos metros do lugar onde havia sido montado o palanque, cenário do início da confusão, que teria sido apontada mais tarde como um dos episódios decisivos para a derrota
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de Lula em sua primeira candidatura à presidência da República.
Pancadaria e destruição impediram Collor de discursar em 30 de novembro de 1989 e colocaram Caxias numa nota de rodapé da história política do país
lítica. Estava tudo tomado por bandeiras dos candidatos”, acrescenta Monteiro, lembrando que nos anos 80 não “Os organizadores da campanha havia regras determinando dia e local de Collor estavam programando um para cada partido. Todos usavam a grande comício, como nunca havia praça ao mesmo tempo. E naquele dia sido feito antes em Caxias. Para se ter do comício do Collor não foi diferente. uma idéia, o palco, que tradicional“Collor era minoria. Não passavam mente era montado em frente à Casa de 20% as bandeiras dele. A maioria da Cultura, naquele dia foi colocado era do Lula e do Brizola, que tinha sido em plena Sinimbu, próximo ao Banco candidato no primeiro turno e estava do Brasil. Trancaram a rua para o co- apoiando Lula no segundo. Lembro mício”, lembra o professor José Carlos que, quando cheguei na praça, tomei Monteiro, 55 anos, que na época era um susto. Pensei: meu Deus, é o comívereador pelo PSB, um dos partidos cio de quem?”, diverte-se Lourdes Zaque se originaram do bot, 52 anos, que hoje PCB. é funcionária do SinA praça era muito “Era uma dicato dos Metalúrgidiferente. Havia mais cos e, na época, trabacoisa irracional. árvores, quase todas lhava para o PCdoB. com a copa bastante fe- Tinha gente Ela conta que foi chada, o que diminuía sangrando e para a praça sem neo espaço para o públi- muita sujeira. nhuma identificação co. Por causa disso, as política ou partidária, Era cenário pessoas que tinham ido por orientação dos colá para assistir ao co- de guerra ordenadores nacionais mício – ou ao show dos mesmo”, da campanha de Lula. Serranos – procuravam recorda Lourdes Segundo Lourdes, hase aglomerar em um esvia boatos dando conpaço pequeno, próximo ta de que eleitores do ao palco. O cenário também era outro. Collor poderiam provocar tumultos Nada de casinha para o Papai Noel, para culpar militantes do PT e usar laços vermelhos e, muito menos, re- o episódio na campanha. “Nós recenas em homenagem ao bom velhinho, bemos recomendações para não ir à como se vê hoje, embora o comício praça e, caso fôssemos, era para ficartivesse sido realizado a quase um mês mos quietos, sem nos manifestar, para do Natal. A política fervilhava, e Noel evitar confusão. Foi o que fiz. Mas, não passava de um coadjuvante. quando cheguei, vi aquele mar de ban“Que Natal, nada. Só se falava de po- deiras.”
O coordenador do Orçamento Comunitário (OC) no município, Gelson Marcon, 56 anos, que era presidente da Federação dos Bancários do Rio Grande do Sul, lembra que a candidatura de Lula em todo o país tinha apoio quase massivo dos sindicatos, que trabalhavam incansavelmente na campanha. Mas ele confirma o que Lourdes relata, e garante que nem os sindicatos nem os partidos de esquerda – e isso quando a esquerda era esquerda mesmo – haviam articulado qualquer manifestação na praça. Segundo Marcon, as pessoas foram ao comício por conta própria, sem se organizar previamente, para saber o que Collor falaria e, depois, informar aos coordenadores nacionais da campanha. “Tanto que as pessoas nos viam e pediam material de campanha para distribuir, mas não tínhamos nada. Estávamos desprevenidos. Eu nem imaginava que chegaria lá e veria mais gente identificada com o Lula do que com o Collor.” O fato é que intencionalmente ou não o tumulto aconteceu, exatamente como haviam prevenido os boatos. Só não se esperava que a pancadaria seria tão violenta. Teve gente machucada a pedradas, arranhões e pauladas. A praça foi destruída. E a Brigada Militar também não poupou os brigões, que transformaram o lugar em “cenário de guerra”, como descreve Lourdes. O metalúrgico Jorge Antonio Rodrigues, 52 anos, filiado ao PCdoB e
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integrante do Sindicato do Trabalhadores Metalúrgicos, conta que estava ao lado do palanque no momento e no lugar exatos em que a confusão se instalou. “Eu estava bem do lado do Castilhinho (Luiz Carlos Castilhos, que já morreu), que foi o pivô do começo de tudo. Ele tinha uma bandeira imensa do Lula e, naquele tempo, as bandeiras eram presas por sarrafos de madeira. Ele ficava balançando a bandeira na frente dos Serranos enquanto eles tocavam e, de repente, a bandeira se enroscou nos fios das caixas de som montadas no palco. Uma parte das caixas caiu e deu aquele estrondo, uma microfonia. Foi o que bastou para tudo começar.” Depois disso, segundo Rodrigues, as outras caixas que estavam no palco também vieram abaixo. Os músicos precisaram deixar o palanque e a guerra começou. “Do nada, surgiram pessoas com pedaços de pau nas mãos atacando todo mundo. Quem não tinha nada (para se defender) começou a arrancar coisas da praça. Pegavam pedras dos canteiros e atiravam em quem estivesse na frente.” Lourdes subiu em um dos banheiros públicos, que em 89 ainda não eram subterrâneos, para enxergar melhor o que estava acontecendo, e ficou assustada com a cena. “Era uma coisa irracional. Tinha gente sangrando, com raspões, arranhões, e muita sujeira. Era cenário de guerra mesmo. Não dava para acreditar no que estava acontecendo.”
O vereador Pedro Incerti (PDT), 54 anos, que era presidente do Sindicato dos Bancários e recém havia saído do PCB – o Partidão, como era chamada carinhosamente a sigla – viu tudo aquilo de canto e logo tratou de ir embora. “Eu tinha ido para a praça movido pela curiosidade, como muita gente que deveria estar lá pelo mesmo motivo. Queria ver de perto o caçador de marajás. E como a orientação das coordenações de campanha era ficar longe, me coloquei na entrada da galeria localizada no antigo Calçadão, de onde enxerguei tudo.” Incerti lembra de ter visto muitos militantes de sindicatos e de partidos que apoiavam Lula. Mas não achou que o comício terminaria em briga, pois as manifestações políticas eram comuns em Caxias desde o início dos anos 80, com as greves e a campanha das Diretas Já. Mas nunca tinham ocorrido conflitos violentos. “Era muita gente e eu só me dei conta do que estava acontecendo quando a confusão já estava armada. E nela tinha pessoal dos dois lados, do Collor e do Lula. Não tinha como saber quem atacava quem”, revela Incerti, que em seguida se retirou. Monteiro fez o contrário. Ele estava na Câmara de Vereadores, que em 89 ficava no prédio da Sociedade Caxiense de Mútuo Socorro (SCMS), na Rua Garibaldi, entre a Avenida Júlio de Castilhos e a Rua Sinimbu. “Chegou na Câmara a notícia de que estava
tendo quebra-quebra no comício do Collor. Então eu larguei tudo e subi correndo até a praça para ver se era verdade. Fui a pé mesmo. Quando vi a cena, demorei para acreditar.” Ele conta que ficou perplexo e inconformado, pois sabia da recomendação para não causar tumulto nesse comício. E a situação era desoladora. Quando o professor chegou, o palanque oficial havia sido destruído, os holofotes e equipamentos de som tinham desabado e bandeiras estavam em chamas. “Eu pensei: foi tudo por água abaixo.” Nem BM conseguia conter a multidão enfurecida. “A Brigada chegou primeiro com uma turma e empurrou o povo para o lado do Juvenil. E o povo empurrou a Brigada de volta. Aí vieram reforços. Foi quando encurralaram o pessoal de novo e desceram o pau no povo. Em seguida, os policiais cercaram a praça e limparam a área. Mas a confusão continuou nas ruas próximas”, relata Jorge. As brigas na praça duraram cerca de uma hora. Teriam iniciado por volta das 21h e encerrado às 22h. Mas Rodrigues lembra que, nos arredores, a confusão só acabou depois das 23h. A jornalista Silvana Gonçalves, 36 anos, escapou da confusão por pouco. Em 89, ela tinha 16 anos e ainda cursava o primeiro ano do ensino médio no Emílio Meyer, mas já era filiada ao PT. No dia do comício, estava envolvida com as eleições do Grêmio
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Estudantil. Quando conseguiu se liberar para ir à praça, as brigas já haviam começado. “Eu estava indo a pé e, no caminho, uma amiga que passava de ônibus fez um gesto para mim indicando que daria pau na praça porque o clima estava muito tenso. Mas, mesmo assim, eu segui.” Silvana foi para o local com três amigas da escola. Elas chegaram na praça no exato momento em que a polícia empurrava os manifestantes para fora do local. E, por mais que quisesse saber o que estava havendo, Silvana decidiu correr. “Não fazia muito tempo que tínhamos saído de uma ditadura e a repressão ainda era forte. Eu militava no movimento estudantil, então, já tinha aprendido que quando a Brigada chegase a ordem era correr. E corri. Desci a Rua Marechal Floriano correndo para não ser alcançada pela polícia, e em ziguezague para não ser atingida por uma pedra”, conta, em meio a risadas. Enquanto os militantes brigavam – ou corriam –, jornalistas de Caxias e de fora disputavam os poucos orelhões disponíveis para dar a notícia da confusão, que em poucas horas correu o país. Afinal, o comício que Collor deveria ter realizado em uma cidade do interior do Rio Grande do Sul tinha sido suspenso e, segundo as primeiras notícias, por causa da pancadaria iniciada por eleitores de Lula. Parte das ligações para os veículos de circulação nacional, e até para agências internacionais de notícias,
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partiram, no entanto, da casa de Mario David Vanin (PP), 67 anos, que era vice-prefeito de Caxias e coordenador da campanha de Collor no município. Vanin morava no último andar de um prédio bem de frente para o local onde estava montado o palanque para o comício. Por causa disso, a casa dele foi transformada em cabine telefônica, abrigo e arquibancada para todos os políticos de expressão regional e nacional que tinham vindo à cidade com o objetivo de apoiar Collor. Políticos como Nelson Marchezan, Victor Faccioni, Carlos Chiarelli e os prefeitos de diversos municípios da região correram para a casa de Vanin no momento do quebraquebra. “Eu fiquei sabendo do tumulto porque, da minha casa, ouvi o barulho e corri para a janela. De repente, pessoas que tinham vindo de outras cidades para apoiar o comício começaram a bater aqui em casa. Dei abrigo até para o Roy, um músico dos Menudos que faria um show depois dos Serranos.” Vanin foi acusado por muitos anos de ter sido o responsável por chamar a BM, que repreendeu com violência os manifestantes. Mas ele garante que a polícia já estava na praça preventivamente para fazer a segurança do comício. “Eu cheguei a ligar para a Brigada. Mas foi com o objetivo de pedir apoio na portaria do meu prédio, pois correu um boato de que Collor estaria em meu apartamento. Algumas pessoas começaram a tumultuar na frente do edifício, eu fiquei com medo e acabei pedindo apoio.”
to os demais. “No dia do comício, fui diversas vezes à praça, porque estava envolvido com a organização do evento. Passei por um grupo de umas 40 pessoas sentadas na escadaria do Banco do Brasil e me chamou atenção que nenhuma delas tenha me cumprimentado. Isso não era comum porque eu era bastante conhecido na cidade. Somente muitos anos depois fui refletir sobre aquilo. Eles poderiam ser, sim, homens da campanha do Collor, que não moravam em Caxias e estavam aqui para armar contra o pessoal do Lula.” Mansueto é o úncio dos entrevistados a discordar da possibilidade de conflito premeditado. A única unanimidade entre todos os entrevistados, hoje, é a de que Collor realmente não era o melhor candidato para vencer as eleições de 1989. Vanin não se conforma em ter acreditado no caçador de marajás. “Eu era um político vivido, já tinha sido prefeito e estava no segundo mandato como viceprefeito. Poderia ter desconfiado. Mas acreditei nele. Achei que seria o Juscelino Kubitschek moderno, mas me enganei.” Mansueto também assume o erro: “Se arrependimento matasse, eu estaria morto.” Com ou sem arrependimento, Collor venceu as eleições e assumiu a presidência, onde permaneceu até 1992, quando foi afastado por um processo de impeachment. Em Caxias, no entanto, onde aconteceu o quebra-quebra, Lula “ganhou de lavada”, como define Mansueto, com 121.043 votos – mais do que o triplo de Collor, para a satisfação dos militantes de esquerda que estavam na praça naquele dia de 89. “A gente não sabia que a repercussão seria tão negativa quando entramos naquela confusão. Ao vermos o palanque destruído, a sensação foi de vitória”, admite Lourdes. Monteiro emenda: “No fundo, no fundo, nosso sentimento era: em Caxias, o Collor não falou”. Maicon Damasceno/O Caxiense
Collor veio para Caxias de avião, mas acabou indo embora sem sequer sair do aeroporto. Mansueto Serafini Filho (PTB), 70 anos, que era o prefeito da cidade e também apoiou a eleição de Collor no segundo turno, estava no aeroporto com o candidato, que resistiu cerca de uma hora até ser
convencido de que não poderia falar cordam que o tumulto não foi arquiteaos caxienses. tado pela esquerda, embora seus parManuseto conta que Collor tomou tidos e sindicatos tenham se envolvido café, fez fotos com eleitores e con- na briga. “Num primeiro momento, versou com jornalistas. E, apesar de chegamos a pensar que havia sido estar recebendo notínosso pessoal e ficacias a todo momento mos nos acusando uns sobre o que ocorria no Collor tomou aos outros, tentando Centro, ele insistia em encontrar os culpados café, tirou fotos manter o comício. “Eu entre nós”, conta o José recebia telefonemas com eleitores e Carlos Monteiro. no aeroporto contan- conversou com Em todos os noticido da confusão. E a jornalistas no ários, os responsáveis cada pouco chegava eram sempre os eleitoaeroporto, alguém para atualizar res de Lula. E isso foi as informações sobre lembra o usado incansavelmente a situação. Pelos re- então prefeito nos programas eleitolatos, se percebia que Mansueto rais de Collor. “Eu lemnão havia condições de bro que eles mostravam se fazer um comício. as imagens de Caxias e Mas Collor, com aquele jeitão de bri- diziam: olha o que vai acontecer com o gão dele, insistia em ficar. Não foi fácil país se elegermos um sindicalista, porconvencê-lo a embarcar novamente no que o Lula, além de sindicalista, estava avião e ir embora de Caxias.” fazendo a campanha com apoio dos Se a desistência de Collor causou sindicatos”, lembra o coordenador do alívio a Mansueto, aos mais exaltados OC, Gelson Marcon. “Eu via aquilo e da praça provocou euforia. O advoga- pensava: será que nós prejudicamos a do Vitor Hugo Gomes, 42 anos, que na eleição do Lula?”, acrescenta a funcioépoca ainda era estudante, lembra da nária do Lourdes Zabot, do Sindicato satisfação que sentiu ao receber a no- dos Metalúrgicos. tícia de que o candidato do PRN não O metalúrgico sindicalizado Jorge discursaria em Caxias. “Naquele mo- Antonio Rodrigues diz que somente mento, nem eu nem as outras pessoas algum tempo depois ele e os compapensamos na repercussão negativa do nheiros começaram a se dar conta de fato. A gente só queria comemorar.” que poderia ter ocorrido uma armaGomes era vendedor da loja Móveis ção. Monteiro lembra que, embora o Sérgio e estava trabalhando no dia do caso de Caxias tenha deflagrado uma comício, inclusive no momento em enxurrada de acusações contra a esque o tempo fechou na praça. “A loja querda, não foi um acontecimento isoficava a duas quadras da praça, então lado. “Isso que aconteceu em Caxias as pessoas que passavam por ali con- se repetiu depois em outras cidades e tavam que estava dando a maior con- também foi usado nos programas de fusão no comício. Não deu outra: meu Collor. Só então ligamos os fatos e nos horário acabou e eu corri para a praça. demos conta de que estávamos sendo Quando cheguei lá, a polícia já tinha usados.” dispersado as pessoas. Deu tempo mesmo só para comemorar.” Esse entendimento não é apenas da esquerda. Até Mario Vanin admite Todos os entrevistados que a possibilidade de ter havido armação, estiveram na praça naquele dia con- embora não tenha tanta certeza quan-
Mario Vanin, que coordenou a campanha de Collor em Caxias, recebeu políticos em seu apartamento perto da Praça Dante
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Questão de química
SOLUÇÃO
Maicon Damasceno/O Caxiense
NOCIVA CONTRA ERVAS
DANINHAS
Conheça a fundo – mas sem se aproximar demais – o glifosato, combustível da polêmica entre Codeca e ambientalistas sobre como combater o mato nas ruas de Caxias
S
Bula recomenda o uso de macacão, óculos, botas, luvas e máscara
por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br entado na ponta da mesa de reuniões da sala da diretoria da Codeca, Adiló Didomenico tira lentamente os óculos, segura-os na mão e diz, desanimado: “Estamos retirando, por ora, o projeto da capina química em Caxias”. A decisão de tentar implantar o novo processo foi anunciada pela Companhia de Desenvolvimento de Caxias no final do mês de setembro, e desde lá tem sido a maior causa de desconforto e discórdia que Adiló vivenciou nos cinco anos em que ocupa a presidência da empresa pública. O causador de tanta agitação é um pesticida da categoria dos herbicidas chamado glifosato. Mais conhecido pelo nome comercial – Roundup, da multinacional Monsanto –, o glifosato é o herbicida mais vendido do mundo, principalmente para a produção agrícola. A atuação do componente químico foi estudada durante quatro anos por engenheiros da Codeca para substituir as roçadeiras hoje responsáveis pela árdua eliminação das ervas daninhas na área urbana. Com a proposta, ao invés das roçadeiras, os funcionários da Codeca diluiriam 0,8% de glifosato na água e, com um pulverizador, aplicariam a solução no entorno do meio fio, avançando até dois metros em direção ao centro das ruas. Os ganhos seriam tanto para a Codeca quanto para a cidade e o meio ambiente, garante Adiló. Com a extinção da capina manual, evitaria-se o rápido crescimento do mato, o prejuízo às árvores (que descascam quando atingidas involuntariamente pelas lâminas), a queima de óleo das roçadeiras e os acidentes como danos a vidros, faróis, latarias e, principalmente, a pedestres, que ao longo dos anos acarretaram duras indenizações cobradas da empresa. O glifosato, porém, leva junto com seu nome uma má fama, simplesmente pelo fato de ser um pesticida. Se ele é capaz de secar e matar plantas, surge a preocupação a respeito do dano que pode causar à água, aos animais e às pessoas. “O ingrediente ativo é de baixa toxicidade, mas a formulação
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comercial inclui um surfactante que aumenta a eficácia do produto, mas que também aumenta, e bastante, a toxicidade”, resume a doutora em epidemiologia e professora da Faculdade Cenecista de Bento Gonçalves, Neice Müller Xavier Faria. Além disso, mesmo que o Conselho Estadual do Meio Ambiente, por meio da Resolução 119/2006, autorize a capina química no Rio Grande do Sul, há uma lei municipal de 2004 que a proíbe em Caxias. Com a proposta da Codeca, Caxias seria a única cidade do Estado a utilizar a prática. Em outras localidades sabe-se apenas de tentativas frustradas. O município gaúcho de Cerro Largo suspendeu a aplicação da lei local que possibilitava o uso da capina com a utilização de substâncias químicas nas áreas urbanas em 2007. O mesmo ocorreu na cidade de Sete de Setembro na metade deste ano. Na segunda-feira, dia 30, Adiló surpreendeu ao admitir que estava com vontade de retirar o projeto, afirmando que houve uma má compreensão por parte da população, que, em vez de discutir a questão técnica e ambiental, levou para o lado político e ideológico. Ele acredita que as pessoas contrárias à prática são as que têm conceitos antigos. “Eles têm preconceito como eu também tinha”, diz Adiló. O presidente da Codeca ainda aguarda a decisão dos 22 membros do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema), que formou uma comissão para discutir a proposta. A definição deveria ter saído na manhã de quarta-feira, dia 2. Dois dos conselheiros, porém, adiaram a discussão, que já se arrasta há semanas, aumentando as expectativas dos contrários e dos favoráveis à capina química. Uma nova reunião ficou marcada para 17 de dezembro. Após conversar com seus engenheiros, um dia depois de admitir que poderia retirar o projeto, Adiló voltou atrás. Disse que pretende ampliar a discussão a partir de janeiro de 2010. A equipe vai, até lá, munir-se de mais argumentos para tentar implantar a capina. O mais forte deles, segundo o presidente, é o uso do herbicida na União Europeia.
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Alexandra Baldisserotto, Divulgação/O Caxiense
O diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomenico, chegou a dizer que desistiria na ideia, na segunda-feira, dia 30. Na quarta, dia 2, resolveu manter o projeto
No final de novembro, Adiló e uma diz o presidente, afirmando que não comitiva da Codeca e da prefeitura existe nenhum estudo científico que partiram rumo à Europa com o obje- apresente qualquer risco do produto. tivo de visitar a moderna destinação de resíduos utilizada pelos países do A opinião de outros especiaoutro lado do Atlântico. A viagem foi listas, entretanto, não é tão otimista, paga pela Codeca e prefeitura. tampouco tão tranquilizadora. MesVisitando Itália, Alemanha e Espa- mo sem nunca ter fumado um cigarro, nha, a comitiva analisou também a a doutora em Toxicologia e pesquisaprática de limpeza urbana. O uso da dora da Universidade de Passo Fundo capina química, autorizado há dois (UPF) Mara Regina Tagliari Calliaanos em todos os países da Europa, ri tem uma tosse seca insistente. Os encantou Adiló, que médicos chegaram a achou ali uma esperaninvestigar a hipótese ça de convencer Caxias Aplicação de uma tuberculose. do Sul de que essa é da capina A única explicação uma prática avançada que conseguiram enquímica e, principalmente, secontrar para o surgigura ao meio ambiente. exigiria que mento da tosse e de “Se eu tivesse ido para a moradores uma constante rinite Europa e eles tivessem evitassem alérgica foi a exposidito que estavam aboção que Mara teve ao o local lindo a capina química glifosato entre os anos seria uma questão en- pulverizado de 2001 e 2005. Nesse cerrada. É válido copiar por 24 horas período, a pesquisaboas ideias.” dora trabalhou com o O fracasso em tentar componente químico demonstrar que o projeto seria bené- durante testes em ratos e começou a fico à natureza foi o que mais frus- ter urticárias só de aplicar o produto. trou Adiló. “A Codeca tem 23 ações Mara começou a se interessar por pró-ambiente. Em tudo o que fazemos agrotóxicos em 1983, quando era esprocuramos melhorar”, diz, acrescen- tudante de Enfermagem na mesma tando que todas essas práticas não po- faculdade onde hoje dá aula a jovens. dem ser simplesmente jogadas no lixo Despertava sua curiosidade o grande (sem trocadilhos) por causa de uma número de bebês que nasciam com má ação mal interpretada. formação. Foi quando começou a esCaçador esportista há muitos anos, tudar Toxicologia. Adiló se diz um admirador do equilíAo longo dos anos, Mara participou brio entre homem e natureza, princi- e liderou pesquisas sobre o tema que palmente no que se refere à preserva- tanto a instigava. Analisando as reação dos pássaros. “Nas regiões onde se ções do glifosato em seres humanos, aplica os herbicidas na soja, não se en- percebeu efeitos no sistema reproducontra caça. Então eu tinha receio que tivo. “Há um aumento no número de esses produtos também prejudicariam abortos e partos prematuros nas famíos pássaros. Fui em busca de conheci- lias rurais que têm contato com o glimento, contratei pesquisas, testes de fosato”, afirma. campo, e eles deram residual zero, neAlguns dos sintomas que podem nhum risco, nenhuma contaminação”, surgir por causa do contato com o
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produto, de acordo com a pesquisadora, são irritação nos olhos, na pele, dor de cabeça, palpitação, náusea, entorpecimento, alteração respiratória, dano hepático e renal. “A ação do glifosato no corpo é cumulativa, ou seja, quanto mais produto no organismo, mais graves serão as consequências”, resume Mara.
óculos e máscara) foram produzidos para o hemisfério norte. É humanamente impossível usá-los num dia quente. O trabalhador desidrata. E se usar só a máscara não vai adiantar, porque o produto entra pela pele”, diz Mara. Só na cultura de soja, o glifosato é utilizado em 100% das lavouras. Esse argumento é suficiente para Mara justificar por que é contra a capina química. “Na rodovia eu concordo que tenha que usar, e é onde é permitido para acabar com o mato. Mas na área urbana, não. Porque já está no ar, na água, na cultura de frutas, vegetais, grãos”, enumera.
Os trabalhadores que teriam que aplicar o produto na capina química poderiam ser afetados, principalmente se não estiverem usando os equipamentos de proteção recomendados, segundo a professora Neice Müller Xavier Faria. “Os riscos mais reconhecidos são sintomas de intoxicação aguda, principalmente irritação Assim que a diretora de markede olhos, pele e mucosas. Conforme ting da Sociedade Amigos dos Ania intensidade da exposição também mais (Soama), Natasha Oselame Vapode ocorrer congestão lenti, ouviu a notícia nos pulmões.” da possível implantaHá uma certa dificulção da capina quími“Se um dade em documentar ca em Caxias, ela se doenças relacionadas ambientalista preocupou instantaaos agrotóxicos. Mas, consumir neamente com a segucomo alerta Neice, o um 1 quilo rança dos animais. Foi fato de não se ter relogo à internet atrás de sal, gistros de problemas de informações sobre não significa que eles eu tomo 1 litro o glifosato. O Google não ocorram. “Existem do produto”, diz não foi nada bondoso limitações dos profis- Silvestre, com o produto, e Nasionais em reconhecer tasha logo se alarmou da Codeca os sintomas, agravaao ler algumas disdas pela inexistência cussões sobre o glifode exames laboratosato em países como riais que documentem a intoxicação Argentina e Canadá. “Se tem tanta por glifosato. Na prática, só fazemos polêmica sobre o assunto, tem que ser diagnósticos de intoxicações agudas, e muito bem pensado. Não consigo enolhe lá. Além disso, muitos casos diag- tender a concepção da Codeca de que é nosticados não foram notificados. As- mais barato e melhor usar um produto sim, o mais provável é que exista sub- químico do que a capina manual, que registro dos casos ocorridos”, explica. fornece emprego e é mais barata”, opiA Codeca afirma que os funcioná- na Natasha. rios estariam devidamente protegidos Ela reforça que, se aprovada a medipara a aplicação. “Mas esses equipa- da, a Soama vai fiscalizar, e se souber mentos de proteção (macacão, luva, de casos de animais contaminados
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gratuitamente. Só foi contratado agora, pois alguém teria que assumir a responsabilidade técnica pela capina. “É preciso de um bom técnico, e nós estamos cheios de bons técnicos, que O princípio da precaução é, se- aplique as boas práticas de recuperagundo o professor de Direito Ambien- ção para seguir o trajeto natural do ser tal da Universidade de Caxias do Sul humano que é o desenvolvimento, o (UCS) Gilson Cesar Borges de Almei- andar pra frente”, argumenta Osório. da, a melhor tática a ser seguida em O engenheiro químico conta que sua situações delicadas, como esta de apli- mãe morreu aos 50 anos. Hoje, ele tem car pesticida dentro da cidade. “Há a 53. “E ao que se deve esse aumento da necessidade de apresentar um estu- expectativa de vida das pessoas? À do técnico à população. Quando vai boa técnica, à química, às mudanças”, ocorrer uma ação ambiental que possa acredita ele. causar dano ao meio e à qualidade de Juntos, os dois engenheiros alegam vida das pessoas e não existe certeza ter certeza de que o controle através de científica sobre as suas consequências, secantes das ervas é um avanço em terdeve-se adotar a cautela.” mos tecnológicos e ambientais. Com Além da capina manual e da capi- essa técnica, diminuiriam as emissões na química, existem outras formas de de gases das mais de 100 roçadeiras tirar o mato que ocupa parte de ruas da Codeca ligadas diariamente, que e calçadas. “Uma opção que poderia também atrapalham pelo barulho. “As ser estudada é uma máquina a vapor, pessoas não entendem que não existe acoplada a um trator. Ela ajuda na eli- mais nenhum centímetro de ambiente minação do mato, através da aplica- natural dentro do perímetro urbano ção sob alta pressão do vapor de água de Caxias. Buscamos então condições superaquecido”, explica Luís Carlos de viver da melhor forma possível, abDiel Rupp, engenheiro agrônomo e sorvendo as modificações ambientais coordenador do Cenque fomos obrigados a tro Ecológico de Ipê, implementar para não uma organização nãoexplica Um pulverizador morrermos”, governamental que Silvestre, que se destrabalha para viabilizar abastecido creve como um “amavanços sustentáveis na com glifosato bientalista na prática”. produção agrícola me- diluído em O engenheiro quídiante a adoção de tecmico explica que, pela água seria nologias alternativas. lei estadual, os 496 A capina a vapor, de capaz de municípios estão autoacordo com Diel Rupp, fazer o rizados a usar a capina seria mais cara que a trabalho de química. Ele não cita, química na hora de porém, nenhuma cida20 roçadeiras adquirir as máquinas. de que a esteja usando, No entanto, como o só diz que algumas herbicida não é barato, começaram a utilizar com o decorrer do tempo os gastos sem controle e acompanhamento e seriam equivalentes. Mesmo se não tiveram, por causa disso, “alguns profossem, o engenheiro acredita que a blemas”. O controle que seria adotado saúde das pessoas deve ser priorizada. em Caxias é o uso apenas em lugares “A química é certamente a pior esco- onde é extremamente necessário. Não lha. Não adianta investir milhões para haveria, portanto, capina química em despoluir um rio, se estamos jogando praças, jardins e áreas de bacias. veneno que irá direto para a água. No Para tranquilizar as pessoas, a Coverão, onde mais tem que aplicar her- deca planeja seguir um período de bicida, esse veneno evapora, vai para adaptação. “Se a lei for aprovada não as casas. As pessoas vão ser vítimas em vamos sair pulverizando a cidade, escala”, dispara o engenheiro. nem com aviões largando herbicida Ele acrescenta que o glifosato gera no dia seguinte. Vai ser um processo doenças também nas plantas, já que as lento e progressivo”, diz Silvestre. enfraquece. “Se usarem sempre glifoA respeito do produto testado, Adiló sato, vão gerar plantas resistentes a ele. afirma que os testes foram feitos com Não vai mais funcionar e daí terá que o glifosato, mas que poderia ter sido adicionar outro herbicida”, prevê. com algum outro componente químico. Na lista de produtos que o preAgostinho José Silvestre, en- sidente guardava cuidadosamente em genheiro agrônomo da Codeca, en- uma pasta havia também as opções tende que quando surge uma inovação Diuron, Imazapyr e Sulfentrazona. surge também uma rota de colisão “Está sendo proposto o glifosato, um com a sociedade. Ex-líder estudantil, aminoácido que apenas inibe o cresSilvestre conta que lutou pelo direito cimento natural da planta”, explica ao voto durante a adolescência. Consi- Osório, com a voz arrastada de quem dera-se, portanto, a favor da democra- já está cansado de falar a mesma coisa. cia, e por isso, a favor do debate que se Para se fazer entender, ao abrir o travou a respeito do projeto. grosso livro de química que carregaJoão Osório Martins, engenheiro va embaixo do braço, Osório mostrou químico da empresa, parece já ter per- uma tabela internacional de toxidadido a paciência com a tal discussão. des. Quanto mais para baixo da tabela, “É bem-vinda, porém com conhe- mais tóxico. Quanto mais para cima, cimentos técnicos. E tem gente que menos tóxico. E o glifosato lá estava, opina sobre os assuntos mais diversos quase no alto da tabela, junto da aspisem esses conhecimentos.” rina. “Ninguém está brincando aqui. Osório realizou a pesquisa sobre A diferença entre o remédio e o veneo glifosato para a Codeca anônima e no é a dosagem, eu sempre digo.”
Maicon Damasceno/O Caxiense
vai entrar com ação judicial contra a Codeca. “Pra que trazer essa polêmica pra Caxias quando já temos tantos problemas maiores?”, questiona.
A capina manual tem inconvenientes como os acidentes e a poluição das roçadeiras
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Silvestre completa dizendo que o glifosato pode ser menos tóxico do que o sal de cozinha. “Se um ambientalista consumir um quilo de sal de cozinha eu tomo um litro do produto (glifosato), sem problema nenhum. Tenho certeza de que ele vai falar com São Pedro antes do que eu”, provoca. Nenhum dos dois diz ter conhecimento de acidentes comprovados envolvendo o produto. “As pessoas na nossa região têm alimentação inadequada. Elas podem arrumar qualquer argumento para dizer que ficaram doentes por causa da aplicação do glifosato”, desacredita Silvestre. O engenheiro agrônomo afirma que não vê como o produto pode fazer mal à saúde, já que está nas prateleiras dos mercados. De fato, o glifosato é vendido em agropecuárias. O Roundup custa em média R$ 12 ao litro. É vendido para controlar plantas daninhas. Aos compradores, a loja informa sobre as rígidas precauções que devem ser observadas. A embalagem do galão traz, na frente, o desenho de uma caveira sobre ossos cruzados, com os dizeres “CUIDADO VENENO”. Ao lado, alguns desenhos indicam os cuidados, como o uso de material de proteção, que é obrigatório. Além de macacão, óculos, botas, luvas e máscara, é necessário também uma touca árabe e um avental. Constam na embalagem do produto informações sobre sua toxicidade: “Classificação Toxicológica III – Medianamente Tóxico” e “Classificação
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quanto ao Potencial de Periculosidade acredita Silvestre. Ambiental III – Produto Perigoso ao Entretanto, a agilidade que a nova Meio Ambiente”. capina traria – o pulverizador faria o Não é recomendado reutilizar a trabalho de 20 roçadeiras – é motivo embalagem depois de esvaziada (sua de preocupação para o Sindicato dos devolução é obrigatória), nem comer, Trabalhadores em Limpeza Urbana beber ou fumar durante o manuseio (Sindilimp). O presidente, Nestor Ale a aplicação. Chama ves Borges, diz que a a atenção no verso da Codeca teria garantido embalagem a indicaao sindicato que o qua“População ção de evitar o uso do dro de funcionários glifosato na presença terá de suportar não sofreria cortes, de ventos fortes ou nas capoeira alta mas que essa questão horas mais quentes do por alguns ficou no ar. “Tomamos dia, e também a de não decisão de que seremeses”, adverte o amos transportar o produto contra até que se junto com alimentos, diretor-presidente justifique com a quesmedicamentos, rações, da Codeca, tão técnica que não é animais ou pessoas. prejudicial à saúde púAdiló O glifosato também blica e dos trabalhadoDidomenico aparece na formulação res, e que ninguém vai de outros pesticidas ser demitido”, afirma vendidos sem qualquer Borges. restrição. Sua aplicação é indicada Por enquanto, a Fundação Estadupara pequenas áreas e calçadas. Basta al de Proteção Ambiental (Fepam) diluir em água o conteúdo já líquido e não está autorizando licenças para as colocar sobre as ervas daninhas. cidades gaúchas implantarem a capina química porque ainda não chegou Se bem controlada, afirma no mercado o glifosato com rótulo Osório, a capina química pode ser N/A, ou seja, não agrícola. A Federafeita apenas uma vez por ano, embora ção das Associações de Municípios do haja quem defenda que seja necessá- Rio Grande do Sul (Famurs) protocorio duas ou três. “Também não é bom lou na semana passada um pedido à cruzar a rua onde o produto foi aplica- Agência Nacional de Vigilância Sanido antes de 24 horas.” tária (Anvisa), solicitando que esta deMas o esforço vale a pena, segundo termine aos fabricantes que coloquem os engenheiros. “Tenho certeza de que a indicação no rótulo. as pessoas vão pedir pra passar glifoCom isso, a Fepam poderá liberar os sato na sua rua. Elas vão agradecer”, processos de todos os municípios que
estão entrando com pedidos. “Esperamos que o Ministério do Meio Ambiente nos passe nos próximos meses um regramento, dizendo o que pode e o que não pode, que a resolução estadual já esteja com regulamentação e que a Anvisa notifique os fabricantes. Daí nós poderemos voltar a esta discussão”, explica Adiló. A retomada do assunto deve ser tratado pela empresa pública de forma bem diferente da primeira vez, quando imaginou-se que seria uma decisão simples. Embora tenha que recuar hoje, Adiló Didomenico diz com convicção que este produto será a grande solução ambiental e para a qualidade da limpeza urbana no futuro. Enquanto isso, a cidade vai perder muito, alerta ele. O mato que cresce nas ruas e canteiros não espera pela decisão do Condema. E as chuvas que castigam Caxias impedem que os funcionários realizem a capina manual. Segundo números apresentados por Adiló, mais de 80% dos dias nos últimos três meses tinham sido chuvosos. “Para este ano e o começo do ano que vem vamos ter que aguentar a capoeira alta que tomou conta.” O maior pesar, para ele, é saber que mesmo depois de quatro anos de estudo outras cidades gaúchas podem ser as pioneiras na regulamentação da capina química. Caxias do Sul, a cidade que se destaca pela coleta de lixo mecanizada, um dos maiores orgulhos da Codeca, não deve ser, desta vez, a novidade.
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Guia de Cultura guiadecultura@ocaxiense.com.br
Silas de Abreu com arte de Everton Gargioni, Divulgação/O Caxiense
Sábado tem musical Celebration na praça e shows na estação férrea. Tudo grátis
A banda Zava (ex-Projeto Radiofônico) lançará seu segundo álbum, Dual, com 13 composições próprias, no dia 11
MÚSICA Quinteto de Metais da Orquestra Municipal de Sopros | Sábado, 10h | O quinteto apresenta o Recital de Natal, com músicas celebrando esta época do ano. O evento faz parte do Natal Brilha Caxias. Escola Municipal de Ensino Fundamental Padre João Schiavo Entrada franca | Lino Rech, 5535, Fazenda Souza Celebration | Musical. Sábado, 20h30 | O Coral Municipal de Caxias do Sul realiza a 50ª apresentação deste espetáculo, como parte do Natal Brilha Caxias. Ele mostra uma cultura rock, vinda dos sons dos anos 1950, 1960 e 1970, celebrando a pista de dança, a liberdade e a alegria de viver. Celebration leva a uma viagem no tempo, nos guiando por uma trilha sonora que inclui The Mammas and the Pappas, Bee Gees, ABBA e Donna Summer, entre tantos outros sucessos. Praça Dante Alighieri Entrada franca Sul Paion | Italiana. Sábado, 20h30 | O grupo faz show e lança DVD dentro das comemorações do 19º Encanto de Natal. A apresentação ocorre depois da Procissão Caminhos de Luz, às 19h, que termina com a realização da Missa dos Cantares na Igreja Matriz de Ana Rech. Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech
Os Seresteiros do Luar | Samba e choro. Sábado, 21h30 |
Pietro Ferretti e Bico Fino | MPB. Sábado, 22h30 |
A banda é composta por senhores que gostam do bom samba e do chorinho, clássico ritmo carioca. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3228-9046
Pietro e a banda Bico Fino apresentam acústico com sucessos da MPB. São Patrício Bar Entrada franca | Tronca esquina com Marechal Floriano, Centro | 3028-5227 | 50 pessoas
Black XB | Pagode. Sábado, 22h |
Zé Bitter Rock | Pop rock. Sábado, 22h30 |
O grupo traz sucessos do pagode dos anos 1990. Expresso Pub Café R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Garibaldi, 984, Centro | 3025-4474 | 150 pessoas Grupo Balançaê e DJ Anderson | Pagode. Sábado, 22h | O grupo porto-alegrense Balançaê traz a Caxias muito samba e pagode para a roda, cantando músicas de conjuntos consagrados do gênero. Depois, o DJ Anderson continua a festa. Europa Lounge Garden R$ 10, com nome na lista R$ 5 (feminino), e R$ 20, com nome na lista R$ 15 (masculino) | Feijó Jr., 1.062, São Pelegrino | 3536-2914 | 400 pessoas Grupo Libertá | Sábado, 22h30 | O Libertá é um grupo com repertório variado, que traz desde música gaúcha e sertaneja até MPB, passando pela axé music. Libertá Danceteria R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Treze de Maio, 1.684, Cristo Redentor | 3222-2002 | 700 pessoas
O show acústico é recheado de covers de bandas do pop rock nacional e internacional. Badulê American Pub Isento de couvert artístico até as 22h. Após, R$ 5 | Rua Marechal Floriano, 1504, sala 1, Centro | 3419-5269 | 50 pessoas Banda A4 e DJ Eddy | Pop rock. Sábado, 23h | A banda A4 traz, juntamente com músicas próprias, sucessos do pop rock nacional e internacional. A festa continua com a animação do DJ Eddy, residente. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453, Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas Cartolas e Ladrões de Diamantes | Indie Rock. Sábado, 23h | A banda caxiense Ladrões de Diamantes abre os trabalhos com seu som autoral de proposta experimental. Em seguida, a Cartolas, de Canoas, traz músicas próprias com influências que
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misturam Interpol, Kinks, Strokes, The Who, Supergrass e Franz Ferdinand com o rock gaúcho. Vagão Bar R$ 12 até meia-noite (com nome na lista). Depois, R$ 15 | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.natrilhadovagao.blogspot.com | 350 pessoas Cocktails Party | Música eletrônica. Sábado, 23h | A festa apresentará os novos cocktails da casa, com sorteio de doses e distribuição de drinks. Nox Versus R$ 15 com nome na lista e até 0h30, R$ 20 com cupom e R$ 25 sem | Darcy Zaparolli, 111, Villaggio Iguatemi | 30271351 | www.noxversus.com.br DJ Guilherme | Música eletrônica. Sábado, 23h | O som dançante embalará a Festa Troféu Personalidade do Ano. Studio 54 Mix R$ 10 | Visconde de Pelotas, 87, Centro | 9104-3160 | www.studio54mix.com DJ Iziquiel Carraro | Música eletrônica. Sábado, 23h | Iziquiel é especializado em música eletrônica, mas seu set apresenta um som variado, de acordo com o público. La Boom Snooker Entrada franca (feminino) e R$ 6 (masculino) | Feijó Jr., 1.023, sala 02, São Pelegrino | 3221-6364 | 1.200 pessoas Festa Take Care | Eletrônica. Sábado, 23h |
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Com o tema Take Care – Diversão com Proteção, a festa traz duas pistas para dançar a noite toda. Na Pista Sky, comandada pelos DJs Juliano Pontalti e Luciano Mayer, vai rolar o melhor do house. Na segunda pista, Center Motors, a batida eletrônica toma conta, sob o domínio dos DJs Jho e Gui Oliveira. Durante a noite haverá distribuição de presentes-surpresa. Luau Connection R$ 15 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Rodovia Monte Bérico, 3.900 | 32210277 | www.luauconnection.com.br | 1.200 pessoas Festa Toys | Música eletrônica. Sábado, 23h |
Exilados, The Teachers, Declarasamba e Projeto Ccoma | Domingo, a partir das 15h30 | A primeira banda, Exilados, toca músicas próprias com influência do rock e do blues. The Teachers é uma banda formada por professores e funcionários da Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) e faz covers de sucessos do pop rock. Declarasamba apresenta samba e pagode. O Projeto Ccoma, dupla que mostra seu som baseado em mistura de ritmos como música tribal, tambores, música eletrônica, elektrobossa e future jazz, lança seu quarto CD no evento. Os shows integram as
R$ 10, com nome na lista R$ 5 (feminino) e R$ 20, com nome na lista R$ 15 (masculino) | Feijó Jr., 1.062, São Pelegrino | 3536-2914 | 400 pessoas Alexon Mendes | Pop rock. Segunda, dia 7, 19h. Terça, dia 8, 19h | O músico traz um show acústico com o melhor do pop rock. Expresso Pub Café Entrada franca | Garibaldi, 984 | 30254474 | 150 pessoas D’Pagode e DJ Rodrigo Salvador | Pagode. Quarta, dia 9, 22h | O grupo D’Pagode apresenta sucessos do pagode nacional. Depois, DJ Rodrigo Salvador. Expresso Pub Café R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Garibaldi, 984 | 3025-4474 | 150 pessoas Vitor Hugo & Samuel e DJs Stuani e Nazo DB| Sertanejo. Quartafeira, 22h30 | A dupla traz as melhores canções do
rock. Quinta, dia 10, 23h | A banda e o DJ residente vêm com o melhor do pop rock. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453, Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas Gringos e Troyanos e DJs Jhonel Borges e Eddy | Pop rock. Sexta, dia 11, 23h | A banda apresenta sucessos do pop e, depois, a festa fica sob o comando dos DJs Jhonel e Eddy (residente). Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453, Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas Zava | Rock Alternativo. Sexta, dia 11, 23h | A banda caxiense Zava (ex-Projeto Radiofônico) lança seu segundo álbum. Intitulado Dual, traz 13 músicas, todas compostas pelos integrantes Vinícius Lima (guitarra e vocal), João Perez Arriva (guitarra) e André Quadros (bateria) e também pelo ex-baiMaicon Damasceno, Divulgação/O Caxiense
Comandada pelos DJs Alec Araújo (Porto Alegre), Fran Bortolossi (Farroupilha) e os residentes Flá Scola, Alibu e Thobias Wolff, a noite promete muita música eletrônica. Havana Café R$ 20, com flyer R$ 15 (feminino) e R$ 40, com flyer R$ 20 (masculino) | Moinho da Estação | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3215-6619 | www.havanacafe.com.br | 800 pessoas
50 (1° lote de camarote) e R$ 60 (2° lote de camarote) | Onde comprar: Cia. Básica, lojas Essência Jovem, lojas Estilo Radical, Lojas Bulla, Arena Country Bar e Morphine Produções (área VIP e camarotes) | Transporte: ônibus com saída na Escola Presidente Vargas (R$ 2 a ida, R$ 2 a volta). Haverá transporte até uma hora depois do término do show, no sentido Pavilhões/Centro | Informações: 3028-2200, Morphine Produções
Musical com sons das décadas de 50, 60 e 70, Celebration será apresentado pela 50ª vez pelo Coral Municipal de Caxias do Sul
Bad Medicine | Hard rock. Sábado, 0h30 | Cover da banda norte-americana Bon Jovi, trazendo seus maiores sucessos, como Always e Someday I’ll Be Saturday Night. Roxx Rock Bar R$ 12, com nome na lista R$ 10 | Júlio de Castilhos, 1.343, Centro | 3021-3597 | 400 pessoas João Bosco & Vinícius | Sertanejo. Sábado, 0h30 | A maior dupla de sertanejo universitário da atualidade traz suas canções românticas e dançantes para os caxienses. O show Acústico pelo Brasil traz sucessos como Vou Doar Meu Coração e Chora, Me Liga. Antes e depois do espetáculo, o som do DJ Adriano Piamoline, residente do Arena Country Bar, anima os presentes. A abertura dos portões será às 21h. Pavilhão 2 da Festa da Uva Ingressos antecipados a R$ 20 (1° lote), R$ 25 (2° lote), R$ 40 (1° lote da área VIP), R$ 50 (2° lote da área VIP), R$
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comemorações dos dez anos da FSG. Largo da Estação Férrea Entrada franca | Rua Augusto Pestana, s/n, São Pelegrino Xiru Pereira e Grupo | Nativista. Domingo, 17h | O grupo tradicionalista lança CD em show que integra as comemorações do 19º Encanto de Natal. Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech Roberto e Maikol | MPB e pop rock. Domingo, 18h | A dupla apresenta sucessos da MPB e do rock nacional. Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech Di Brincadeira e DJ Anderson | Pagode. Domingo, 20h | A banda porto-alegrense faz um show com músicas próprias. Depois, set cheio de sucessos do DJ Anderson. Europa Lounge Garden
sertanejo universitário. Depois, a festa é comandada pelo som country e pop dos DJs Stuani e Nazo DB. Portal Bowling – Martcenter R$ 10, com flyer R$ 5 (feminino), R$ 15, com flyer R$ 10 (masculino) | RST-453, Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas Orquestra Municipal de Sopros e Orquestra Sinfônica da UCS | Quinta, dia 10, 20h30 | A Orquestra da UCS realiza a última edição do ano de Programa Quinta Sinfônica com a participação da Orquestra Municipal de Sopros. Com regência do maestro Manfredo Schmiedt, mais de 100 músicos se apresentarão, além da soprano Elisa Machado e do tenor Eduardo Bighelini como solistas convidados. Serão apresentadas óperas italianas, nacionais e canções natalinas. Parque Getúlio Vargas (Macaquinhos) Entrada franca | Dom José Barea, s/nº, Exposição Xandoca e Banda e DJ Eddy | Pop
xista, Douglas Corso. Quem assume o instrumento de quatro cordas agora é Daniel Antoniazzi, que toca pela terceira vez com a banda. Zava tem influência de bandas como Queens of the Stone Age, Smashing Pumpkins e AC/ DC e trazem um rock enérgico. Vagão Bar R$ 8,00 até meia-noite (com nome na lista). Depois, R$ 10,00. | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223.0007 | www.natrilhadovagao.blogspot.com | 350 pessoas DANÇA Mostra da Escola Preparatória de Dança | Sábado, 20h | Os alunos apresentam dança contemporânea, hip hop, teatro, capoeira, flauta e dança tradicionalista. A escola faz parte da Cia. Municipal de Dança e atende cerca de 80 jovens, entre sete e 18 anos, matriculados na rede pública de ensino ou integrantes de instituições de assistência social. Salão de Artes do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312,
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Panazzolo | 3218-6192 Grupo Fare Amicci | Italiana. Domingo, 20h | O grupo apresenta dança italiana, precedida pela procissão Caminhos de Luz, que tem início às 19h. Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech EXPOSIÇÃO Guia Histórico-Fotográfico | Sábado, 9h | O Guia traz 16 fotografias, em formato de postal, de um roteiro visual pelos cenários de vida, ao longo do tempo, na área central de Caxias do Sul. Museu Municipal Entrada franca | Visconde de Pelotas, 586 | 3221-2423 Percursos Gráficos: Paisagens do Caminho | Até 13 de dezembro | A exposição tem obras de Fernanda Soares, que trabalhou com litografias, e de Angela Pohlmann, com gravuras em metal. Galeria Universitária Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis | 3218-2100 | www.ucs.br CINEMA 2012 | Aventura. De sábado a quintafeira, 15h, 18h20 e 21h20 | O filme traz mais uma versão do fim do mundo, desta vez marcada pelas previsões maias de que no ano de 2012 o mundo acabará, tomado pelas catástrofes. Censura 12 anos, 161 minutos, legendado. Pepsi GNC 2 - Shopping Iguatemi Caxias Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, menores de 12 anos, sêniors com mais de 60 anos) | Terça-feira: R$ 6,50 (promocional) | Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos) | RST-453, 2.780, Distrito Industrial | 3209-5910 2012 | Aventura. De sábado a quintafeira, 14h45, 18h05 e 21h05 | Censura 12 anos, 161 minutos, dublado. Pepsi GNC 6 - Shopping Iguatemi Caxias Atividade Paranormal | Terror. De sábado a sexta-feira, 14h20, 16h10, 18h10, 20h10 e 22h10 |
O filme conta a história de um casal de jovens que, ao se mudar para uma nova casa, passa por experiências paranormais inexplicáveis. Censura 14 anos, 86 minutos, legendado. Pepsi GNC 3 - Shopping Iguatemi Caxias Batismo de Sangue | Drama. Quarta, dia 9, 20h | Baseado no livro de memórias homônimo de Frei Betto, o documentário dirigido por Helvécio Ratton retrata a resistência à ditadura militar praticada por frades dominicanos de um convento paulista e seu apoio aos guerrilheiros da Ação Libertadora Nacional. A exibição integra a programação da Semana Comemorativa da Criação da Comissão de Direitos Humanos de Caxias do Sul. Censura 14 anos. 110 min. Sala de Cinema Ulysses Geremia Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | Janela da Alma | Documentário. Terça, dia 8, 20h | Dirigido por João Jardim e Walter Carvalho, o filme apresenta 19 pessoas com diferentes graus de deficiência visual falando sobre suas percepções de mundo e das outras pessoas. Destaque para participação de famosos como o escritor José Saramago, o cineasta Wim Wenders e a atriz Marieta Severo, entre outros. A exibição integra a Semana Comemorativa da Criação da Comissão de Direitos Humanos de Caxias do Sul. Censura livre, 73 min. Sala de Cinema Ulysses Geremia Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901.1316 | Jogos Mortais VI | Terror. De sábado a quinta, 20h30| Quarto filme da série que aterroriza brincando com a vida de pessoas. Desta vez, o detetive Hoffmann é o único sobrevivente do maníaco Jigsaw e acaba tendo que dar início a um novo jogo. Censura 18 anos, 100 minutos, legendado. UCS Cinema R$ 10 e R$ 5 (estudante e sênior) | Francisco Getúlio Vargas, 1130 | Galeria Universitária | Na quarta-feira não haverá sessão do filme. Justiça | Documentário. Segunda, dia 7, 17h | Filme dirigido por Maria Augusta Ramos que mostra o cotidiano do Tribunal de Justiça do Rio de Janeiro, retratando desde funcionários e juízes até os réus, personagens passageiras. A
exibição faz parte da mostra de filmes Desvendas, inclusa na programação da Semana Comemorativa da Criação da Comissão de Direitos Humanos de Caxias do Sul. 100 minutos. Sala de Cinema Ulysses Geremia Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | Lua Nova | Aventura. De sábado a quinta, 14h10, 16h40, 19h20 e 21h50 | Nova aventura da saga Crepúsculo, do vampiro adolescente Edward (Robert Pattinson), desta vez com uma entrada para o mundo de seus inimigos ancestrais: os lobisomens. Bella (Kristen Stewart) se aproxima por um deles, Jacob (Taylor Lautner). Censura 12 anos, 130 minutos, legendado. Pepsi GNC 4 - Shopping Iguatemi Caxias Lua Nova| Aventura. De sábado a sexta, 13h50, 16h20, 19h e 21h30 | Censura 12 anos, 130 min., dublado. Pepsi GNC 5 - Shopping Iguatemi Caxias Flores de Aço | Quinta, dia 10, 15h | Todas as quintas-feiras o Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho apresenta uma sessão especial de cinema Matinê às 3. O filme da próxima quinta-feira é um drama que retrata a amizade entre seis mulheres de diferentes idades e classes sociais lidando com seus problemas. Sala de Cinema Ulysses Geremia Entrada franca. A participação pode ser confirmada por agendamento de sua entidade, retirando ingresso no local ou por reserva de ingresso, pelo telefone 3901-1316, com Tatiéli | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 100 lugares Planeta 51 | Animação. De sábado a quinta, 14h, 16 e 18h | Um astronauta americano percebe que sua descoberta, o Planeta 51, é habitado por um grupo de pequenos seres verdes. Censura livre, 91 minutos, dublado. Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias Se Beber, Não Case | Comédia. De sábado a quinta, 20h e 22h | Noivo é perdido por três amigos na sua despedida de solteiro, realizada na véspera do casamento. Na manhã seguinte a ressaca é grande e eles resolvem refazer seus passos para encontrá-lo. Censura 14 anos, 100 minutos, legendado. Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias
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Substitutos | Ação. De sábado a quinta, 18h15 | O filme se passa em 2054, ano em que os humanos vivem isolados e interagem somente com máquinas. Nesse ambiente, um policial investiga, por meio de seu próprio robô, os assassinatos de outros robôs, cometidos por um vilão tecnológico. Censura 14 anos, 90 minutos, legendado. UCS CINEMA Tá chovendo hambúrguer | Animação. De sábado a quinta, 16h30 | Para acabar com a fome mundial, cientista cria um clima relacionado à comida, com neve de purê de batatas e tempestade de hambúrgueres. Porém, um problema de proporções globais não estava nos seus planos. Censura livre, 88 minutos, dublado. UCS CINEMA Volume Um! Em bom som! | Documentário musical. Terça, dia 8, 20h | O filme reúne depoimentos que contam a história do rock caxiense. Será lançado simultaneamente em cinco bares da cidade: Badulê American Pub, La Barra, Leeds Pub, Mississippi Delta Blues Bar e Vagão Bar. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3228-9046 EVENTOS DE NATAL O Verdadeiro Natal | Teatro de bonecos. Domingo, 18h | O espetáculo teatral, que apresenta uma história natalina, faz parte das atividades do Natal Brilha Caxias. Praça Dante Alighieri Entrada franca. Divino Natal de Criúva | Domingo, 19h | Será realizada a abertura da programação do Divino Natal de Criúva, com o Grupo Convivência, a apresentação da Árvore Cantante, da Escola Estadual João Pilatti, e Procissão Luminosa, seguida por confraternização no Salão Paroquial do distrito. Igreja Matriz de Criúva Entrada franca | Av. 15 de Novembro, s/n, Criúva Show de Natal | Domingo, 14h | Atividades culturais que integram o Natal Brilha Caxias. Praça de Eventos – Shopping Triches Entrada franca | Sinimbu, 2.070, Centro | 3223-1314
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Liana Pulita, Divulgação/O Caxiense
Nosso cinema
Fher Costa, hoje tocando em Londres, é um dos mais de 40 músicos entrevistados no documentário que será lançado terça-feira
as muitas cenas DO
rock local U
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por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br m filme não é só um filme. Por menor que seja, fazer um filme é uma entrega. E não precisa de claquete, não precisa de megafone, não precisa de mesa pra banquete. Porque no final das contas, um filme é só uma história desvelada na tela branca. É tão simples quanto desenhar qualquer coisa, mas ao mesmo tempo tão ou mais complexo do que a vida. E todo, todo o processo de um filme é como engravidar. Começa com o prazer da ideia. Numa dessas tardes marejadas de março, Jorge de Jesus me liga. Eufórico conta a ideia de roteiro de um filme sobre as bandas de rock de Caxias. Ele desferia uma artilharia pesada de justificativas: porque a gurizada de hoje não sabe a pedreira que era tocar numa cidade quase sem bares, porque tudo era mais difícil, porque ninguém tinha instrumento importado, porque o fulano tocou com beltrano, que virou ator. Jorge não percebia, mas sua excitação metamorfoseava-se num velho conceito: todo filme enquanto ideia é sempre o melhor filme do mundo. Em março de 2008, Volume um! Em Bom Som! era só uma ideia. Era só a verborragia de um produtor e DJ ensandecido, mesclada às memórias em ebulição de um ex-roadie, excolador de cartazes e ex-vocalista de uma banda só. Avança o tempo como
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num clipe hiperacelerado e temos o filme pronto. Finalizado em DVD, com capinha e tudo. O lançamento do primeiro longa-metragem de Jorge de Jesus, também conhecido como DJ Mono, ocorre na próxima terça-feira, dia 8, no Zarabatana, no Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho. Ainda no dia 8, Volume Um! Em Bom Som!, financiado pelo Fundoprocultura da Prefeitura de Caxias, terá sessões nos bares Mississippi, Vagão, La Barra, Badulê e Leeds. Também à noite, a partir das 21h, quem não estiver a fim de sair de casa poderá ver o filme na TV Câmara (Canal 16 da Net). Quem prefere o escurinho do cinema poderá conferir a estreia do documentário no UCS Cinema, dia 9. Aquele jorro de ideias que fervilhavam boca pra fora, na verdade, tinha sido concebido dois anos antes daquele telefonema de março de 2008. E tinha um mote certeiro: “Por que nenhuma banda da cidade de Caxias do Sul havia ‘dado certo’ no cenário nacional?”. Essa dúvida, disfarçada de indignação, sempre acompanhou Jorge. Entre um show e outro no extinto Revival Rock Bar, acomodado no balcão do bar da frente, espiando de soslaio bandas e mais bandas subirem e descerem do palco principal, Jorge divagava: “Cara, o que é que tem nessa cidade... sempre tivemos boas bandas, mas nenhuma deu certo”. Antes mesmo da ideia do filme o assunto lhe tirava o sono.
O longa Volume um! Em Bom Som! nasceu da pergunta: por que nenhuma banda de Caxias “deu certo” no cenário nacional?
E como encaixotar um amontoado de questionamentos dentro de um filme? E que tipo de documentário é esse, que recorte da história vai contemplar? Quem será entrevistado? Essas eram as minhas dúvidas em relação ao projeto do Jorge, projeto para o qual ele havia me convidado pra ser o assistente de direção (assim como nos outros dois curtas-metragens do Jorge, O Sapateiro e Um Dia na Vida). Porque na minha cabeça, se fosse pra falar da história da música em Caxias, tinha que entrevistar um dos poucos músicos geniais, que mora há 15 anos na cidade, Oscar dos Reis. “Não, Marcelo. Nem conheço direito o Oscar. Se ele é gênio pra ti, eu acredito, mas aí não vai rolar, porque é muita gente pra citar. Quero falar das bandas de rock de Caxias, porque convivi com essa galera toda que fez música nos anos 80 e 90”, esclareu Jorge. Aquela conversa no sofá da sala da casa do Jorge, a julgar pela expressão assustada dos produtores Lindonês Silveira e Liana Pulita, espectadores do nosso embate, deve ter sido calorosa. Na verdade eu já tinha gostado da ideia, mas não queria facilitar as coisas para o Jorge. Queria levantar questões nebulosas e capciosas, queria plagiar o Chacrinha, confundir a cabeça do Jorge. E depois de todas essas rajadas, sem fúria, ainda cobrei diariamente o roteiro. Mas o tal do roteiro, que nos guiaria para dentro dessa viagem vertiginosa por entre a vida das bandas
de rock de Caxias, só saiu pertinho do fim do filme. Volume Um! Em Bom Som! não é um documentário com base teórica fundamentada, não tem conceitos estéticos retirados dos compêndios da cinematografia mundial, não foi e nunca será estudado pelo Ismail Xavier. É um filme gestado pela paixão, gerado com um amor desmedido pela música. É criado por alguém que circulou pelos camarins das bandas, conferiu gravações dos discos, fixou cartazes de shows pelas esquinas escuras de Caxias. É dirigido por um cara entusiasmado com a sonoridade das bandas daqui e obcecado pela triste sina de poucos conseguirem seu lugar ao sol. “O documentário Volume Um! Em bom som! é sobre as memórias que eu tinha da minha adolescência, de como tinha uma certa saudade daquele espírito de rebeldia. Na verdade, todo adolescente acha que pode mudar o mundo. Tinha muito amigos que possuíam bandas de garagem, isso era lá por 85”, revela Jorge, com a incapacidade natural de todo realizador de explicar seu filme a poucos dias do lançamento. Mas o filme não trata apenas das bandas de rock criadas nos anos 80, como Bandida, Apocalypse, Neon, Transylvânia etc. Aliás, começa com uma colagem de fotos revelando que mundo era esse em 1970, ano em que Jorge nasceu, sob o signo de escorpião. Ano
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do tricampeonato da Seleção Brasileira. E ano em que os Beatles acabaram. E logo na sequência, Jorge inverte a linha do tempo pra revelar que antes disso, antes do fim dos Beatles, antes do seu nascimento, Caxias já tinha sua banda de rock, numa licença poética, Caxias já tinha seus Beatles: a Lobo da Estepe. “Entrevistar aqueles senhores da Lobo da Estepe, pra mim, era uma grande responsabilidade e por isso teve uma carga emocional muito grande”. Jorge chorou. Chorou copiosamente durante as gravações. Em parte porque havia se atrasado para o início das gravações. Motivo? Na noite anterior tinha sido DJ de uma festa lá na Criúva. É sério. E sem carona pra voltar teve de esperar o primeiro cavalheiro (não cavaleiro) trazê-lo de volta à cidade. Mas chorou também porque era a primeira entrevista, com os caras que iriam abrir o filme que ele sonhava há dois anos. Mesmo sem entender, nós da equipe, continuamos a mirar nossas lentes das câmeras nos integrantes da Lobo da Estepe. Mas eu não resisti. Inverti o ponto de vista e enquadrei o Jorge. Queria entender o que se passava. Em zoom de aproximação, através da lente da câmera, tentei invadir a mente do Jorge. Naquele momento, entendi uma coisa, aquelas memórias aprisionadas estavam sendo libertadas. E mesmo sem entender muito bem que filme eu estava ajudando o Jorge fazer, decidi
interferir o menos possível. em criar suas composições. À exceção Depois de rever o filme um zilhão da Lobo da Estepe, que na verdade era de vezes, Jorge aponta o período entre a versão da contracultura em contra1985 e 1990 como a Era de Ouro do ponto às bandas de baile. Rock Caxiense. “Naquela época tinha “Em nenhum momento eu quis um cenário bem legal na cidade e, na contar a história do rock de Caxias do minha tese, a gurizada tava meio que- Sul, quis fazer um recorte das minhas rendo dar seu grito. lembranças. Pessoas Colocar cartaz na esque tinha relacionado cola já era pra mim o como possíveis entreJorge de Jesus maior ato de rebeldia. vistadas foram retiPra um guri que tinha aponta o radas da pauta, assim 15 anos, somado com período como bandas que não os acontecimentos do entre os anos cheguei a tomar sequer Cio da Terra, e o Rock conhecimento naquela de 1985 e 1990 in Rio, maior festival época, como a No Ar. de rock do Brasil, sen- como a Essa banda chegou a do transmitido pela Era de Ouro fazer um som próprio televisão, era muito do Rock na época, tocaram até provocador. Foi nesem cima da marquise Caxiense se período que surgiu de uma loja no centro muita banda de garada cidade, mas não figem, muitos festivais, zeram parte da minha shows em escolas, era um tal de sair adolescência. E a outra era a Pauta Mea pé no sábado, sem qualquer roteiro, tal. Se quisesse fazer um filme sobre a e acabar encontrando uma banda to- história da música em Caxias ia ficar cando debaixo das arquibancadas do cavando, cavando e daqui a pouco, Juventude”, recorda. ia aparecer o cara que tocou violino na chegada dos primeiros imigrantes Volume Um! Em Bom Som! tem italianos”, explica Jorge, rindo da epoduração de 1h20min, mas nem as- péia não filmada. sim foi possível citar todas as bandas Assistindo ao filme, debruçado no entre meados de 60 até agora. Aliás, mesmo sofá, cenário da discussão em das bandas pós 2000, a única que está torno do roteiro, Jorge revela sua fruscontemplada é a Cabaret HiTec. Por tração: “Queria muito ter entrevistado quê? Aqui entra o charme do filme, o o pessoal da Nariz de Porcelana. Mas, enfoque malicioso, no melhor dos sen- infelizmente, como a maioria dos intidos, é revelar as bandas que tinham tegrantes não está mais morando em trabalho autoral, que se preocupavam Caxias, inclusive a vocalista mora na
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Europa, não tive como conseguir um depoimento fiel para inserir no filme. O mais engraçado é que na nossa equipe havia um músico que tinha tocado com a banda na época, o Paulo Scola (diretor de fotografia), mas ele se recusou a falar em nome da banda.” Agora que o filme acabou, agora que toda essa efervescência está prensadinha no DVD, responde aí: Qual é a música que representa toda essa geração retratada no documentário? “Me veio de bate-pronto a música Dizeres Não, da banda Halar-me. Eles chegaram a ficar na frente da Madonna, em 1993, como a música mais pedida na rádio local Stúdio FM. Acho que ela retrata bem a condição que a banda buscava com seu trabalho próprio, tocar em uma rádio e ter seu reconhecimento”, revela. Mas e será que essa palavra, “reconhecimento”, não esconde a fantasmagórica palavra “sucesso”? Como diz Luciano Balen (da extinta Café Brasil e hoje do CCOMA), quem tentou o sucesso, naufragou. Mas quem queria apenas fazer o seu som, evoluindo sempre, ultrapassou o pedágio. E Balen vai além, cita as bandas Apocalypse e Burning in Hell como as que foram mais longe. Não em busca da trilha do sucesso, mas do reconhecimento (aqui a palavra fica melhor empregada) do público. Esteja onde ele estiver. No Japão, no caso da Burning in Hell, ou na França, no caso da Apocalypse.
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Artes artes@ocaxiense.com.br
SEM TÍTULO | Suzana Maino Diversidade de espessuras e movimentos formam uma textura visual obtida com nanquim sobre papel. A natureza, tão colorida na realidade, é retratada em preto e branco pela artista plástica Suzana Maino. A escolha da técnica está relacionada ao prazer do resultado imediato do desenho.
ANDáVAMOS
TRISTES A
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por NATALIA BORGES POLESSO
ndávamos tristes. Era um verão estranho, calor de secar coisas. Perguntei a ela se queria um balão. Ela me olhou duvidosa da pergunta. Para que um balão? O vendedor derretia embaixo de uma árvore. Os balões murchando. Faziam um ramalhete colorido de dores. Achei que um balão pudesse alegrá-la. Ela concordou com a cabeça e fomos até a sombra da árvore. O vendedor nos olhou sem esperança e continuou fumando seu cigarro. Olhei para ela. Tinha os olhos cansados e sonolentos. Perguntei se queria o amarelo ou o azul. Ela olhou todos os balões e me perguntou por que eu havia oferecido somente aqueles. O amarelo me alegrava mais. O azul, confesso, estava meio murcho, e nenhuma das outras cores me faria gastar qualquer moeda que fosse. É para te animar, falei meio descrente. Amarelo é uma cor boa. Ela ficou um tempo olhando ao longe. Olhando algo que eu não via, que eu sequer sabia existir. E então num gesto meio aborrecido com a cabeça ela apontou o amarelo. Eu fui até perto do vendedor, olhei os balões todos coloridos e pedi um amarelo. Ele puxou a corda e me
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entregou o balão. Estendi a mão com duas moedas, mas ele me fez sinal negativo com a cabeça. Entregou o balão e virou as costas. Ele ainda olhou para trás, olhou para ela e baixou novamente os olhos, a cara sardenta se contraiu. Entreguei o balão a ela. Ela olhou o balão como quem aceita uma fatalidade, estendeu a mão e enrolou o barbante num dedo. Olhei ao redor, algumas pessoas aglomeravam-se ao longe. Seguimos assim para o funeral. Ela segurando o balão amarelo com a mesma cara triste que tinha antes, talvez mais triste. Uma lágrima presa no olho esquerdo. Eu, sem saber sua cor preferida. Acho que aquele verão havia secado algo entre a gente e secaria ainda mais. O balão amarelo voava tonto e pálido. A corda amarrando suas disposições, o balão como se fosse uma bola de ferro. O que nos unia era a minha simpatia pela cor e um dedo pendendo ao lado do corpo encurvado dela. Voltamos para o apartamento. Aquilo estava de doer. Metade das coisas encaixotadas, outra metade ainda por fazer. As roupas dela em cima da cama. Ela não havia dito nenhuma palavra desde o funeral. Foi até a janela e novamente olhou distante.
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Tu estás feliz?, me perguntou. Eu respondi que não sabia. Ela disse que esperava que alguém estivesse feliz por ali. Eu encolhi os braços e afundei a cabeça no meu próprio peito. Ela no quarto olhava o balão tão amarelo, amarelo demais. Pendurou-o na cabeceira da cama, como se para lembrar de algo. Lembrar talvez das tentativas, das escolhas, dos erros, dos arrependimentos, das palavras e dos olhares perdidos. Ainda talvez dos sonhos. Deitouse olhando para o teto. E chorou duas cascatas de coisas as quais não me caberia perguntar nada sobre. Chorou imóvel, sem soluços ou suspiros. Aqueles choros que saem resignados, choro de coisas perdidas. Choro de impossibilidades. Levantou-se e foi até a janela, onde eu observava o dia inerte. Me dá outro balão, ela pediu. E para que outro balão, eu retruquei. Para pendurar do teu lado da cama e te alegrar também. Mas eu não quero um balão. Então, ela me olhou ressentida e perguntou o que eu teria pensado para crer que um balão a alegraria tanto. Eu disse a ela que como tivesse aceitado o balão, pensei estar certo. Ela apoiou os dois cotovelos na janela e desta vez olhou tão longe e certo, que eu acreditei ter visto algo também.
por JOÃO CLAUDIO ARENDT
Abre-se o botão em pétalas não porque um deus nele opera nem porque na flor um coração qualquer habita Abre-se o botão em pétalas para a tarde ser mais luminosa, para que o pássaro, suspenso, colha a cor, o sumo, o aroma
Abre-se o botão em pétalas contra a visão dolosa das pedras
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Boa Música
O fôlego da Windy City: os incansáveis Johnson (E) e Branch, de Chicago, fizeram shows em dobro e ainda deram canjas no bar
UM BANHO DE
T
BLUES por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br
rês dias, quatro palcos, 25 bandas, 150 músicos, 82 pessoas trabalhando, 4 mil assistindo. Os números descrevem a pequena vila musical que se instalou em São Pelegrino, entre 19 e 21 de novembro, às margens dos trilhos desativados da Rua Dr. Augusto Pestana. Por conta do 2º Moinho da Estação Blues Festival, a curta rua sem saída reuniu sobre seus paralelepídedos anônimos e famosos, talentos locais e nomes nacionais e internacionais. Os mais badalados vieram de Chicago, terra que eletrificou o blues: Billy Branch e Carlos Johnson. E foi Chicago que inspirou o festival daqui. Em junho do ano passado, João Antônio Bagoso, o Toyo, e Rodrigo Parisotto, donos do Mississippi Delta Blues Bar – desde 2006 irradiando o gênero em Caxias –, foram curtir o 25º Chicago Blues Festival, o maior dos Estados Unidos. No meio do fervo, Toyo e Parisotto se olharam e começaram a pensar em como adaptar aquela estrutura gigantesca ao espaço restrito
Inundada em novembro por bons shows e público interessado, a antiga estação férrea afirmou-se como nascente de um grande festival
da estação férrea caxiense. O resultado germinal dessa ideia veio ainda em 2008, com a realização da primeira edição do festival no Moinho da Estação. Essa experiência foi fundamental para fermentar o sucesso de 2009. Neste ano, depois de ter distribuído bem as tarefas, coordenado as ações e conseguido boa divulgação, os organizadores só tinham uma coisa a temer: o clima. “Estamos na mão do tempo. Se os nossos objetivos não forem atingidos, é por causa dele”, afirmava Sinara Suzin no começo do festival. Um temporal na tarde do primeiro dia, quinta-feira, quase cancelou o show de abertura. Pouco antes, porém, o céu se abriu, e quem não se deixou intimidar pela intempérie começou a descobrir as regras e espaços da vila do blues. Na entrada, dentro de uma espécie de túnel, seguranças faziam a revista e funcionárias distribuíam pulseiras indicativas: a preta era o passe para circular livremente; a laranja significava a maioridade e, consequentemente, liberdade para comprar e consumir bebida alcoólica. Cada vi-
sitante ganhava um copo plástico com a estampa do festival. À direita, o palco principal se exibia para dezenas de fileiras de cadeiras plásticas vermelhas, sob uma cobertura branca que se estendia até os estandes dos expositores, também cobertos com lona. Perto dessa divisa ficava a matriz da casa de câmbio da vila, uma pequena cabine onde se trocava R$ 1 por um tíquete, a moeda local corrente. Um refrigerante custava três tíquetes; um chope, seis. Havia uma filial logo adiante, na praça de alimentação. À moda de uma quermesse bem organizada, tendas de bares, hamburgueria, pizzaria e confeitaria ofereciam seus serviços. E havia ainda as barracas diversas, de livraria a vinícola, de fábrica de harmônicas a agência de turismo. Apropriadamente afastada disso tudo estava a infraestrutura externa de saneamento: quatro banheiros químicos masculinos e seis femininos. No fim da tarde daquela quinta-feira, uma biruta vermelha instalada no topo do Mississippi Bar constrastava com o céu cravado de nuvens
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acinzentadas, anunciando que o mau tempo não iria embora tão cedo. Talvez isso tenha inibido uma maior participação do público. Ou talvez tenha sido o próprio fato de ser quinta-feira, ainda a um passo do fim de semana. A qualidade dos eventos da noite, em contraponto, era digna de grande plateia. A abertura ficou por conta da Big Band da Orquestra Municipal de Caxias do Sul. Com 19 músicos, começaram apresentando clássicos do jazz, preenchendo o ambiente com sons de piano, bateria, percussão e instrumentos de sopro, como saxofone e trompete. O pianista anunciou a substituição do jazz pelo soul, agregando vozes à Big Band. Acompanhado por seis backing vocals, entrou no palco o cantor Mozer de Oliveira. Depois de duas músicas, ele deu lugar à cantora Franciele Duarte, de vestido preto e branco e cabelo em coque, trazendo a aura de uma diva do soul. Os dois juntaram-se, ao final da apresentação, e cantaram Disco Inferno, da banda The Trammps, aquela do refrão dançante que repete “burn baby, burn”, clássico
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Otávio Rocha, da Blues Etílicos, a mais renomada banda nacional do gênero
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da disco music de 1976. Então o pia- mais uma vez os organizadores à bainista agradeceu ao público, agora às la: Parisotto no contrabaixo e Toyo na dezenas, e avisou que a orquestra faria harmônica. Questionado, em meio a o bis já ensaiado. “Ensaiar e não tocar risadas, se tinha criado o festival para é desperdício de dinheiro público”, tocar, Toyo disse que, por medo de que brincou. E encerrou o show com Vale pensassem exatamente isso, resumiu Tudo, de Tim Maia. suas apresentações à primeira noite. Simultaneamente, no palco Tennessee, Uncle Cleeds, caxiense de cabelos Na sexta-feira, em um círculo, rebeldes e óculos, mais com cara de a dona da noite anterior, Fran Duarte, hippie que de blueseiro, abria seu es- comandava exercícios de respiração petáculo. Ele empunhava o violão e no workshop de técnica vocal. O procantava um lamento sobre amor não fessor Biga, responsável pela organicorrespondido. Debaixo da tenda e de- zação das 11 oficinas realizadas entre fronte a uma parede com um coração sexta e sábado, contou que elas foram pichado, ele cantou: “I love my baby, pensadas para dar conta dos princimy baby don’t love me”. pais instrumentos e aspectos do blues. No palco MSDelta, a caxiense Pa- “Todos que participam, os músicos, cific 22 soava os primeiros acordes estão envolvidos em fazer acontecer, atentamente observapor isso o festival está da por cinco crianças crescendo”, vibrava. acompanhadas dos “Interpretando A tarde foi caindo e pais. Eram alunos da Maybe, de com ela desceu a neescola de música de Riblina, mas logo o céu cardo Bigarella, o Biga, Janis Joplin, nublado ficou visível. harmonicista da Pacific Franciele Duarte No palco principal, o 22. A audiência infantil lembrou ao trio Oly Jr. & Os Toparece ter se entediado público por caios misturava blues e em alguns momentos, música gaúcha, crianamparando a cabeça que Magic Slim do o que chamaram nas mãos ou peram- ficou encantado de Milonga Blues. No bulando pelo bar, mas com ela em 2008 intervalo, o palco MSum dos meninos saiu Delta abrigou a banda anunciando que um dia instrumental Reverba também irá formar sua banda. Trio, de Porto Alegre, que mostrou Em seguida, o palco principal abri- um som mais próximo da surf music gou o show da caxiense Juke Joint, da e do rockabilly. Perto dali ocorria o qual fazem parte os idealizadores do workshop de Pedro Strasser, com 25 festival, Toyo e Parisotto, respectiva- pessoas acompanhando caladas e admente na harmônica e no contrabaixo. miradas a performance do baterista da O vocalista, Portuga, vestindo terno Blues Etílicos. risca-de-giz e sapatos bicolores, conNo palco principal tinha início o versava em inglês com o público. show dos catarinenses da Headcutters. Antes do show seguinte, um inci- A banda de Itajaí tem uma história dente. Copos quebrados (ainda bem particular com o festival. No ano pasque eram de plástico), correria, es- sado, enquanto eles tocavam por aqui tupefação entre os presentes. A briga suas casas eram alagadas pelo temlogo foi apartada, mas não sem deixar poral que varria Santa Catarina. Este um dos envolvidos com a nuca empa- ano, o vocalista e harmonicista Joe pada de sangue. O vocalista e guitar- Marhofer comemorou no palco: “desta rista da Eletric Blues Explosion, Ro- vez, sem enchente em Itajaí!”. drigo Campagnolo, que estava com a No palco Tennessee, o quarteto mãe na plateia, lamentou a ocorrência Bluegrass Portoalegrense apresentou o mais de uma vez ao microfone. gênero que carrega no nome, uma mistura de música negra com o country De volta ao palco, agora do sul dos Estados Unidos. Sob a tenacompanhada pelo guitarrista curi- dinha, a banda se esmerava no violão, tibano Décio Caetano, um Elvis de bandolim, violino e baixo acústico, pele escura, topete e óculos ovalados, revezando-se na frente do microfone Franciele Duarte fez o principal show vintage. Um deles definiu a apresentada noite. Toyo também atacou de novo ção como “o único acústico de verdana harmônica. O convidado especial de dos anos 2000, à moda de mil-nofoi o baterista da Blues Etílicos, Pedro vecentos-e-antigamente”. Quem viu a Strasser, porém tocando saxofone. No performance – e ninguém se importou meio disso tudo, ficou fácil perceber em ficar debaixo de chuva para ver – por que Magic Slim, lenda da guitarra ficou bobo com a sonoridade diferente e atração do festival de 2008, saíra de do som “sem fiozinho, pode reparar”, Caxias encantado com a performance como ressaltou o integrante da banda, e a voz de Fran. Mais descontraída, umas das mais comentadas do festival. com vestido preto e botas de caubói O palco principal recebeu então os cano longo, a dona de uma das melho- cariocas da Beale Street, acompanhares e mais poderosas vozes do cenário dos por um guitarrista e um baterista musical caxiense emocionou com sua de Caxias. A atração do show ficou performance em Maybe, canção de Ja- por conta das duas baterias ao mesmo nis Joplin pedindo a volta do amado. tempo. Para completar, um dos guitarCom o encerramento das atividades ristas e o vocalista-baixista tocaram no palco principal, o formato de shows caminhando no meio das pessoas. O simultâneos nos outros palcos foi tes- público adorou. tado. No MSDelta tocou a Charque in À direita do palco, em um ônibus Blue, com integrantes de aspecto nerd preto, uma marca alemã oferecia, além e som muito competente. No Chicago, de seu licor à base de frutas, raízes e a banda foi Blues Beers. No Tennes- ervas, uma opção ao blues. O veículo see, a banda The Goodfellas trouxe acomodava em seu interior uma boate
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Nesse clima, levados pelas mãos de Etiene, Billy Branch e Carlos Johnson entraram juntos no palco. Branch continuava com a mesma roupa de antes, camiseta preta e terno claro, mas trocara o boné descompromissado por um chapéu estilo panamá, também de cor clara. Constrastava com Johnson, todo de preto. De regata, óculos escuros redondos e chapéu do mesmo estilo de Branch, Johnson carregava na orelha direita um pingente comprido e, no braço esquerdo, uma já desgastada tatuagem de guitarra.
agradeceu, em português, e comentou que Caxias é parecida com a cidade dele, parte do público começou a se dispersar. Mas os que resistiram logo fizeram crescer um coro pedindo “one more!” e, mesmo depois de sorrir e dizer que não, a banda voltou para fazer todo mundo dançar no bis. Depois, a festa continuou com shows de Azambujas com Fabiano Mittidieri, de Porto Alegre, no palco Chicago, e Ale Ravanello Blues Combo, no MSDelta. Este último durou horas a mais por conta da participação mais
com figurino levemente diferente, usando camiseta preta e chapéu claro. Desta vez, Billy Branch, vestindo camisa preta aberta até o segundo botão e deixando à mostra uma corrente que exibia um dente como enfeite, era o convidado, e somente tocou harmônica. A banda que os acompanhou era basicamente a mesma da véspera, só que com um guitarrista a mais. Os argentinos abriram o show, com o baterista cantando. Em seguida, entrou Johnson. Branch só foi depois para o palco, momento em que Johnson tirou Maicon Damasceno/O Caxiense
com telão, barzinho e um globo de luzes coloridas pendurado no teto, com o DJ mandando Candy, do Iggy Pop, e Fly Away, do Lenny Kravitz, entre outras, para as caixas de som. A primeira das atrações internacionais, o harmonicista Billy Branch, já havia chegado à vila blueseira. E a segunda, o guitarrista Carlos Johnson, também. Junto da banda de apoio, Johnson acompanhava de canto as entrevistas de Branch à imprensa. Senhor alto, moreno de olhos verdes, de sorriso amplo e amigável, Branch
Oguitarrista Décio Caetano (C), de Curitiba, que na primeira noite acompanhou Franciele Duarte, é acompanhado por mais músicos caxienses em sua segunda apresentação
estava muito bem-humorado. Com ajuda da intérprete Tatiana Montanari, contou que o show em Caxias seria especial. Marcaria o reencontro nos palcos com Johnson, amigo de mais de 30 anos com quem gravara um álbum em 2004, Don’t Mess With The Bluesmen. Enquanto esperava sua vez de subir ao palco, Branch tomava uma cerveja e distribuía galanteios. Caxias só tem mulheres bonitas, era o que ele dizia. Um dos grandes nomes do blues nacional começava seu show no palco principal. Fernando Noronha e sua banda Black Soul levantaram o ânimo do público que se espremia debaixo das cobertura por causa da chuva. A atração seguinte foi o caxiense Rafa Gubert. Com terno e camisa pretos, sem gravata, apresentou-se só com seu violão e seu vozeirão, exceto pela última música, quando foi acompanhado pela dança de Etiene Nadine Reis. A garçonete do Mississippi escapou um instante de seus afazeres atrás do balcão e trocou o uniforme por meia-calça arrastão (com aberturas largas que lembravam o desenho das bolas de futebol) e algo que parecia um maiô preto tomara-que-caia, enfeitado na cintura por uma grande fita preta com bolinhas brancas. Nos cabelos cacheados e curtos dela morava um prendedor vermelho em formato de flor. Etiene se contorcia no palco, pedia palmas ao público e interagia com Rafa Gubert enquanto ele cantava. Em uma referência à cena final de Crossroads, clássico filme sobre blues em que há um duelo de guitarras entre os personagens de Ralph Macchio (o menino que fez Karatê Kid, que interpreta um aspirante a bluesman) e Steve Vai (na trama, nada menos do que o guitarrista do demônio) no qual uma endiabrada mulata sobe ao palco para dançar o blues enlouquecidamente.
Muito animado, Branch fazia a contagem para o início das músicas batendo veementemente o pé direito no chão. Entre cantar e tocar a harmônica, comandava a bateria com o dedo indicador da mão direita em riste ou apontava para o canhoto Carlos Johnson, que, sentado em um banquinho, demonstrava seu talento na guitarra. A banda de acompanhamento, argentina, tinha um compenetrado baixista e um baterista que tocava com o queixo colado ao pescoço e com a boca aberta, fazendo-o parecer um peixe.
que especial dos norte-americanos ilustres. Nada cansados, Billy Branch e Carlos Johnson continuaram a tocar e divertiram os remanescentes da noitada.
os óculos escuros, sua marca registrada. Mesmo com a chuva que teimava em cair, o público não se intimidou. Bem pelo contrário: parecia hipnotizado pelo som da guitarra.
O terceiro e último dia do festival foi um sábado morno e chuvoso. A banda que abriu foi Azambujas, com a única mulher que cantava e tocava algum instrumento – um contrabaixo – no evento. No palco Chicago, ocorria a oficina de baixo acústico, comandada por Catuto, da Headcutters. À esquerda da sala, apoiaMuito à vontade do na parede, estava o no palco, os bluesmen Fazendo um som estojo preto onde ele americanos brincavam “sem fiozinho, guarda o baixo, com com seus instrumen- pode reparar”, aprox i mada mente tos e com o público. 1,90m de altura. Com Um imitava passari- a Bluegrass ângulos retos, parece nho com a harmônica, Portoalegrense um caixão. O baixisoutro dava um meio foi uma ta contou que o estojo sorriso e provocava das bandas precisa ficar no bagaa plateia. Então Billy geiro do carro quando Branch resolveu con- mais comentadas a banda viaja, pois não tinuar o show no meio do festival cabe dentro do veícudo povo. Desceu do lo. Isso gera piadas o palco e andou até onde tempo todo. “Na estrao cabo do microfone permitia. Parou da é direto gente buzinando e pedindo na frente da repórter, imitou mais pas- ‘onde que vai ser o enterro?’”, divertiasarinhos, continuou seu solo e, ao me- se Catuto, com sotaque catarinense xer no microfone, levou um choque, carregado. No palco principal, era a ao qual reagiu com risadas. Voltando vez da banda Andy & The Rockets. ao palco, dispensou a banda de apoio, Eles fazem um som mais próximo ao tirou o casaco e sentou em uma cadei- rockabilly e tocam clássicos como Bera ao lado do amigo Johnson. Contra Bop-A-Lula, de Gene Vincent, e Great a luz, via-se que Branch fumegava: em Balls of Fire, de Jerry Lee Lewis. contraste com o frio da noite, o corpo quente do blueseiro soltava fumaça. Um pouco depois, a Blues EtíCom seu espírito brincalhão, Bran- licos, banda mais reconhecida do cech não perdeu o jogo de cintura quan- nário blues nacional, começou seu do pegou uma folha e tentou ler o que show e animou o espaço apinhado de estava escrito: palavras em português. espectadores. A apresentação seguinte Em seguida, Johnson começou a can- foi de Rafa Gubert, repetindo a perfortar junto e mostrou sua voz grave. E, mance do dia anterior com Etiene. superando algumas falhas de som, o E chegou novamente a vez dos ameshow se encaminhou tranquilamen- ricanos. O show principal era do guite para o final. Quando Billy Branch tarrista Carlos Johnson, que entrou
O clímax foi quando Carlos Johnson desceu do palco e tocou sua guitarra no meio da plateia, cercado de câmeras e celulares de gente que queria registrar o momento. Inclusive Billy Branch teve seu momento paparazzo, filmando o amigo do palco. Os dois se despediram, no bis, com a mesma música do dia anterior. Era tarde, e parte do público também deu tchau ao festival. Sorte de quem ficou, que pôde ver, no palco Chicago, a jam session da Beale Street com Décio Caetano e Fran Duarte cantando Chain of Fools, de Aretha Franklin. No palco MSDelta, ao som da Headcutters, Johnson permanecia sentado discretamente numa mesa próxima à porta do bar, ainda carregando no rosto seus redondos óculos escuros. Quando finalmente aceitou o convite da banda para tocar, moveu-se lentamente entre os presentes e se instalou num banquinho. Entregaram-lhe uma guitarra cor de caramelo, um modelo bem menor do que o da semi-acústica que ele usa nos seus shows. O instrumento se acomodova com dificuldade no colo de Johnson, o que virou motivo de piada para ele. No decorrer da noite, entre uma música e outra, Johnson contou ao público sobre suas viagens e garantiu que em outros países e inclusive em Chicago o blues não é tão valorizado e amado quanto no Brasil. Dito isso e encerrada a canja, Johnson retornou à mesa. Logo, uma loira começou a pedir insistentemente seu chapéu. A moça não falava nada em inglês, e o guitarrista custou um pouco a entender que ela queria algo mais que o chapéu. “Hoje não”, respondeu Johnson. E deu seus óculos escuros.
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Raízes do ritmo
DOR PARA CURAR A
DOR Ecos de Crossroads: na homenagem de Rafa Gubert e Etiene Reis ao filme, durante o festival, a lembrança de que brancos também sabem tocar o blues
E
por RAFAEL JOSÉ DOS SANTOS m 1995, recém chegado em Nova York com uma bolsa de estudos, descobri que John Hammond iria dar um show no Museu de História Natural. Para quem não o conhece, John Hammond é um daqueles bluesmen que faz a música soar como se estivéssemos em algum lugar entre o Mississippi e a Louisiana. Chegando ao Museu (aliás, um lugar improvável para um show de blues), fui abordado por um norte-americano que me pediu informações sobre onde comprar o ingresso. Entramos juntos na fila do guichê e, após cinco minutos de conversa, ele me veio com algo mais ou menos assim: “Como um cara do Brasil sabe algo sobre blues?”. Fiquei extremamente ofendido e comecei a desfiar uma série de nomes de cantores, álbuns, canções, além de sugerir ao homem que sabíamos muita coisa no Brasil, mas eles sabiam quase nada de nós. O norte-americano ficou meio sem jeito e pediu desculpas. Entrou comigo no espaço reservado ao show, assistimos John Hammond, performance incrível como sempre, depois saímos juntos conversando. Hoje, só no espaço de tempo em que escrevo estas linhas, já trocamos uns três ou quatro e-mails. Em um deles ele lembra do episódio e me pergunta de gozação: “What does a guy from Brazil know about the blues? ;)” (O que um cara do Brasil sabe sobre o blues?). O blues forjou uma amizade que se estende há mais de dez anos, sem perda de contato, e cada visita do amigo é uma enxurrada generosa de livros e CDs. No mesmo e-mail o amigo Tony cita uma frase de Sonny Boy Willia-
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mson: “White guys want to play the bem, o blues ficou grávido / e deram blues so bad, but, man, all they do à criança o nome de rock & roll). Soa play the blues so bad”. O trocadilho familiar? Mr. Morganfield é mais codo velho bluesman só faz sentido em nhecido como Muddy “Mississippi” inglês devido ao duplo sentido da pa- Waters, um nome interessante: tanlavra “bad”, que no contexto significa to pode ser entendido como um hoquerer “muito” e tocar “muito mal”: mem chamado Muddy Waters vindo os caras brancos querem tanto tocar o do Mississipi, estado onde nasceu em blues, mas todos eles tocam realmente 1915, como, literalmente, “águas lamuito mal. macentas do Mississipi”, rio que se O filme Crossroads (1986, direção tornou sagrado para o blues. de Walter Hill com a impecável produção musical de Ry A vida de Muddy Cooder) trata disso de Waters é a metáfora modo interessante: um A vida de Muddy da história do blues: garoto branco de Nova Waters é a nascido no sul dos EsJersey diz que é um tados Unidos, Muddy bluesman ao velho ho- metáfora da migrou para Chicago, mem negro. O homem, história do onde faleceu em 1983. supostamente o Willie blues. Se o blues Só que em Chicago Brown amigo de Ro- é pai e mãe do o blues não morreu, bert Johnson, ironiza ganhou nova face, dio menino e a partir daí rock, Muddy zem, pela introdução começa um verdadeiro certamente é um da guitarra elétrica rito de iniciação, com de seus padrinhos pelas mãos de Muddy, uma peregrinação ao que, curiosamente, sul dos Estados Unidos. não era um virtuose O resto, só vendo o filme. no instrumento. Williamson, felizmente, não tinha De qualquer maneira, se o blues é razão. O próprio John Hammond é pai e mãe do rock, Muddy Waters cerprova disso, como também Eric Clap- tamente é um de seus padrinhos. Mas, ton, quando quer tocar blues, ou John e os avós da criança? O musicólogo Mayall. Caras brancos e brasileiros norte-americano Eric Lomax defende também sabem tocar o blues, é só ou- a idéia de que o blues origina-se do esvirmos o que rola por Caxias do Sul tilo dos cantores griot do Sudão, popara saber. Mas qual é a magia desse etas da tradição oral e narradores da estilo, na verdade um conjunto de es- vida cotidiana, mas sugere que se postilos que foram se formando através sa retroceder ainda mais, até as mede mesclas diversas? Muitos de minha lodias melancólicas do antigo oriente geração chegaram ao blues por um que ele caracteriza como “queixas” percurso inverso que começou com o (complaints) dirigidas a divindades ou rock. aos senhores de terras por camponeses O norte-americano McKinley Mor- submetidos a duras condições de traganfield nos diz: “Well you know the balho e altos impostos. O estilo teria blues got pregnant / And they named migrado para o Sudão, para o leste da the baby rock & roll” (Bem, vocês sa- África e de lá atravessado o Atlântico
na diáspora impingida aos negros. Em um álbum excepcional, produzido por Lomax, Roots of the Blues (Raízes do Blues, New World Records, 1977), há pistas desse percurso. Na primeira faixa aparecem, intercaladas, a música Louisiana, cantada por Henry Ratcliff, e uma Field Song from Senegal (Canção do campo, do Senegal), entoada por Bakari-Badji. O contraponto ilustra melhor que qualquer explicação escrita as similaridades na entonação, sobretudo o sentimento da solidão de quem canta. Roots of the Blues é mais que um álbum: é um documento imprescindível sobre a história dessa música que desaguou, como as águas do velho Mississipi, em tantas variantes musicais, do jazz ao rock. Quando indígenas norte-americanos falantes da língua Ojibwe batizaram o “grande rio” de misi-ziibi não podiam saber o que ele viria a significar mais tarde, muito menos imaginavam que o nome descesse ao hemisfério sul e se tornasse nome de um templo do blues nas encostas de uma serra em uma região de clima subtropical. No mesmo álbum organizado por Lomax é possível ouvir canções de trabalho (working songs) que o pesquisador gravou de um grupo de prisioneiros de uma penitenciária rural. Lomax afirma que no extremo sul dos Estados Unidos essas instituições penais eram como extensões das plantações de algodão. Compasso marcado pelas pás e picaretas, um lamento triste pauta o ritmo do trabalho: O Lord, Berta, Berta, O Lord, gal oh-ah (Oh Senhor, Berta, Berta, oh Senhor, garota.) O Lord, Berta, Berta, O Lord, gal
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well. (Oh Senhor, Berta, Berta, oh Senhor, garota.) Go ‘head marry, don’t you wait on me oh-ah, (Vá em frente e se case, não espere por mim) Go ‘head marry, don’t you wait on me well, (Vá em frente e se case, não espere por mim) Might not want you when I go free oh-ah, (Posso não querer você quando eu for livre) Might not want you when I go free well. (Posso não querer você quando eu for livre) “Berta, Berta” pode ser ouvida também em outro álbum que traça a história do blues e do jazz de modo magnífico: I heard you twice the first time, de Branford Marsalis (Sony, 1992). Eu diria que esse trabalho de Marsalis e a coletânea de Lomax são verdadeiros temas de casa para aqueles que querem saber do blues. Outra estrutura consagrada no blues é a da repetição e síntese, como no célebre Crossroad blues de Robert Johnson: I went to the crossroad, fell down on my knees I went to the crossroad, fell down on
my knees (Eu fui à encruzilhada e caí sobre meus joelhos)
figura do demônio. Os domínios de Legba são os cruzamentos dos caminhos, das estradas, os crossroads. Por outro lado recorre também o tema de Asked the Lord above “Have mercy, Fausto, o acordo com Mefistófeles que now save poor Bob, if you please” leva o demandante ao sucesso à custa (Pedi ao Senhor acima, “tenha de sua alma. Em Crossroads, o filme, piedade, salve o pobre Bob agora, por o diabo é o empresário e a compra da favor) alma (soul) é a submissão ao mercado que destruiria a essência do blues. Robert Leroy JoNão tenho certeza hnson, como Muddy se as lendas e mitos Waters, nasceu no Mis- Na contrapartida do blues devam ser sissipi. Há dúvidas em da escravidão, “esclarecidos” à luz de relação à exatidão do os negros do sul alguma historiografia, ano, mas fala-se em e se alguém já o fez, 1911. Faleceu, segun- entregam aos não sei se vou querer do a lenda, após tomar Estados Unidos ler. Isso pode soar até um whisky envenena- as raízes de como injúria, vindo do por um dono de bar sua própria de alguém que tem as enciumado por Johnciências humanas por son haver paquerado música. Ironia ofício, mas convenhasua mulher: morte de ou sutileza? mos: alguma magia bluesman. Entre 1936 deve encantar o mune 1937 gravou 41 faixas, do, mesmo para um das quais 13 canções foram repeti- sociólogo. das duas vezes, e está tudo registrado Uma das poucas racionalizações de na coletânea Robert Johnson – The que não se pode abrir mão é a lemComplete Recordings, que pode ser brança de que nada havia de românencontrada em CD, mas, se possível, tico nas plantações de algodão do sul recomendo fortemente a caixa com dos Estados Unidos: os cotton fields três bolachões de vinil lançada no Bra- eram lugar de sofrimento, penúria, e o sil pela Columbia em 1990. lamento negro era uma prece. Na conA lenda acerca do pacto que Robert trapartida da escravidão, os negros do Johnson teria feito com o diabo (afi- sul entregam aos Estados Unidos as nal, quem era o Lord above da encru- raízes de sua própria música. Ironia zilhada?) é significativa se lembrar- ou sutileza? mos que, no Brasil, o orixá Legba, ou Exu, foi sincretizado também com a Na primavera norte-americana
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de 1990, o fotógrafo Walter Carvalho desceu o Rio Mississippi registrando lugares e pessoas do blues, de Illinois à Louisiana. O trabalho está registrado na edição de março de 1992 da revista Íris Foto e fez parte de um projeto que incluiu o vídeo Blues, sob a direção de João Moreira Salles, e o álbum de mesmo nome lançado pela Som Livre em 1995. O subtítulo do CD Blues é: “pain created to heal pain”, “dor feita para curar a dor” da escravidão, da pobreza, do amor frustrado. Nas fotografias de Carvalho, no filme de Salles e no álbum, os personagens não são os grandes nomes do blues, mas mestres quase anônimos encontrados no caminho do “grande rio”, gente que parece trazer a alma na voz. Muddy Waters é um dos padrinhos do rock, mas há muitos outros que nunca chegaram ao chamado Grande Público: Dave Honeyboy Edwards, Eugene Powell, James Son Thomas e Big Jack Johnson são alguns. Quando vejo por aí algum garotão entoando o lamento do blues em uma harmônica, penso que a celebração não irá acabar e que as águas do Mississippi ainda vão rolar por muito tempo, lá nos Estados Unidos, aqui no Brasil ou em qualquer outro lugar onde a dor tenha que ser curada. Ou que simplesmente as pessoas queiram se divertir com algo mais denso de espiritualidade e imaginação que as irritantes pancadas computadorizadas que andam por aí.
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Guia de Esportes
guiadeesportes@ocaxiense.com.br
Fernando Macagnan, Clube Juvenil, Divulgação/O Caxiense
Ciclistas se aventuram nos morros de Galópolis; aeromodelos se exibem pelos ares de Ana Rech
Caxias Basquete/Festa da Uva enfrenta o Java/Feevale, de Estância Velha, na final do Estadual masculino, às 20h30 de sábado
BASQUETE Final do Campeonato Adulto de Basquete Masculino | sábado, 20h30 | O Caxias do Sul Basquete/Festa da Uva 2010 enfrenta pelo terceiro jogo dos play-offs finais o Java/Estância Velha/Feevale. Com a experiência de uma temporada em que sofreu somente uma derrota em 12 jogos, o Caxias conseguiu recuperar a vantagem e manter a invencibilidade no Estadual. Na fase classificatória, o time da serra venceu o Java no primeiro jogo, por 84 a 66, e no segundo, por 81 a 49. No terceiro, quinta-feira, dia 3, venceu de novo, por 68 a 52. A final será transmitida ao vivo pela TV COM e pela Rádio Caxias. Ginásio de Esportes do Clube Juvenil R$ 5, na bilheteria do clube. A compra da camiseta do time, por R$ 10, dá direito a passe livre | Marquês do Herval, 197, Madureira VÔLEI Superliga de Vôlei Masculina | quinta-feira, dia 10, 20h | A equipe do Caxias do Sul/Fátima/ Medquímica/UCS/SPFC, única representante do Rio Grande do Sul na competição, estreia no dia 10, contra o atual campeão mineiro, o Montes Claros, na Superliga Masculina de Vôlei 2009/2010. O campeonato, que se estende até 1º de maio, é considerado o maior já realizado pela Confederação Brasileira de Vôlei. Ao todo, serão 17 equipes disputando um dos títulos mais importantes para a modalidade. Essa é a oitava participação do time de Caxias do Sul na Superliga. Ginásio Poliesportivo da UCS R$ 4 (funcionários da UCS e estudantes) e R$ 8 (público em geral). Na compra do pacote para o jogo seguinte, R$
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5 (funcionários da UCS e estudantes) e R$ 10 público em geral Campeonato Estadual Mirim Masculino | domingo, 10h | A UCS/Prefeitura de Caxias do Sul, do Programa UCS Olimpíadas, disputa domingo a fase final do Campeonato Estadual Mirim Masculino. Por ter encerrado a fase anterior em primeiro, a equipe disputará a final em Caxias do Sul. As outras equipes na disputa pelo título são o Grêmio Náutico União, de Porto Alegre, o Colégio Sinodal, de São Leopoldo, e o Projeto Vôlei, de Nova Petrópolis. Ginásio II da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis | Amistoso da 1ª Semana Gaúcha da Pessoa com Deficiência | sábado, a partir das 18h | A UCS/CIDeF/Ozelame/Prefeitura de Caxias do Sul, equipe integrante do Programa UCS Olimpíadas, disputa sábado um amistoso contra o Magic Hands, como parte da 1ª Semana Gaúcha da Pessoa com Deficiência. Ginásio Poliesportivo da UCS Entrada a 1kg de alimento não-perecível | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis | CICLISMO Campeonato Nacional de Down Hill | sábado, a partir das 9h, e domingo, a partir das 9h | A Federação Gaúcha de Ciclismo, a Secretaria de Esportes e a equipe No Break organizam a 9ª e última etapa do Campeonato Nacional de Down Hill. A largada será no Morro das Antenas, em Galópolis, e a chegada e a premiação ocorrerão em frente à Igreja Matriz. No sábado pela manhã, a partir das 9h, serão realizados os
treinos livres. À tarde, ocorre a volta de qualificação. Domingo, também a partir das 9h, se realizam mais treinos livres, e às 13h começa a grande final. A largada da categoria Elite é às 15h. Morro das Antenas de Galópolis Evento gratuito TÊNIS Circuito S.C.A. de Tênis Gaúcho | sábado e domingo, a partir das 15h | Começou ontem a etapa final do Circuito S.C.A. de Tênis Gaúcho. A equipe do Recreio da Juventude estará composta por 20 atletas, divididos nas categorias de oito a 14 anos. Nesta etapa, uma das grandes atrações será a disputa do ranking de clubes, no qual os três melhores colocados serão premiados com troféus especiais. Sede Campestre do Recreio da Juventude Entrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525 | Informações: 3028-3555, Secretaria do Tênis. HANDEBOL Campeonato Estadual de Handebol da categoria cadete masculino | sábado e domingo, a partir das 15h | O Recreio da Juventude sedia a última fase do Campeonato Estadual de Handebol da categoria cadete masculino, iniciada ontem. Participam desta etapa as equipes Capão/Petrobrás, de Capão da Canoa, Margarida Lopes/ Ulbra-SM/Sest-Senat, de Santa Maria, 15 de Novembro de Campo Bom, ADC Canoas, UCS/Boca da Serra/ Pref. Caxias e Recreio da Juventude/ THK. As equipes jogam todas entre si, em pontos corridos. Ginásio do Recreio da Juventude Entrada gratuita (basta apresentar identidade) | Atílio Andreazza, 3.525
AEROMODELISMO X Encontro Nacional de Aeromodelismo da Serra Gaúcha (Enasg) | sábado e domingo, a partir das 9h | Mais de 250 aeromodelistas do Brasil inteiro irão expor seus pequenos aviões guiados por controle remoto. A infra-estrutura para receber o público conta com arquibandas e bares. O evento é resultado da parceria entre a Associação Caxiense de Aeromodelismo e a prefeitura e integra a agenda esportiva da Festa da Uva 2010. Sede da Ascaero, em Ana Rech Entrada gratuita | Antiga estrada que liga Ana Rech a Fazenda Souza | Informações: 9919-3012, com Fernando FUTSAL Final da Copa Penalty Nordestão de Futsal | domingo, 11h | A equipe de futsal do Recreio da Juventude, categoria mirim masculino, disputa o segundo jogo da final da Copa Penalty Nordestão de Futsal 2009. O jogo é contra a equipe do Vasco da Gama. Caso a somatória dos dois jogos dê empate, haverá uma prorrogação. Se persistir o empate, a equipe do Vasco será campeã. Ginásio Vasco da Gama Entrada gratuita | José Soares de Oliveira, 2.557, Pio X Decisão da 4ª Copa Regional de Futsal D’Itália | domingo, 14h20 | Os garotos da categoria Infantil (1994-1995) participam neste domingo da decisão da 4ª Copa Regional de Futsal D’Itália. A equipe da AABB, que foi campeã nas categorias Iniciação (2000/2001) e Pré-mirim (1998/1999), enfrenta o time do Corujão. Ginásio D’Itália, Ana Rech Entrada gratuita | Avenida Rio Branco, Ana Rech
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Liana Pulita, Divulgação/O Caxiense
Memórias da bola
O ARQUEÓLOGO DO
FUTEBOL
Ex-papo, Roth se dedica a resgatar e registrar a história de Flamengo, ACF e Caxias
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por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br hovia. A tarde arrastada de tédio atropelava a ansiedade das pessoas. Fosse um circo, a platéia ia rir de dobrar os joelhos assistindo aos guarda-chuvas zanzando ao vento. Se o cenário fosse um estádio de futebol, os jogadores precisariam de máscaras de mergulho para enxergar a bola. Mesmo assim, tamanho estrondo e agitação lá na rua, nada causaria mais barulho do que a sentença de Jorge Roth, 53 anos. “A essência do futebol acabou.” Roth é devoto do futebol. Acredita em Deus, mas não volta para casa sem antes reverenciar a bola. Roth já viu de tudo. Craque driblar meio time, artilheiro fazer golaço, clubes da cidade caírem da Série A para a C e perna de pau acertar o olho do adversário. Se fosse apenas um apaixonado pelo futebol, relataria essas cenas sem tantos detalhes, desculpando-se por não saber sequer o nome dos heróis – ou algozes. Mas Roth é mais do que um apaixonado pelo futebol. Roth não tem diploma de historiador. Não trabalha cercado por teoria nenhuma. Apenas observa. Simplesmente segue o faro da sua curiosidade. Fosse ele doutor em História talvez tivesse abandonado a bola. Preferiu trocar um diploma pela arqueologia empírica. Se alguém duvida, Roth mostra que é possível escavar em um estádio de futebol e encontrar relíquias valiosas. Mas para entender o valor de uma fotografia do Flamengo, clube tragado pelo tempo e pelas dívidas, e mais tarde metamorfoseado em S.E.R. Caxias, é preciso entender da filosofia da bola. Assim que sentenciou “A essência do futebol acabou”, Roth silenciou. Pediu licença para encontrar uma folha em branco na pasta de couro abarrotada de papéis, tirou ainda uma caneta, e prosseguiu: “Me desculpa, mas é que eu preciso rabiscar alguma coisa enquanto eu falo, senão é difícil encontrar as ideias”. Riscou a folha e provocou: “Em 1800 e poucos, quando foi criado o futebol, ninguém falava em ponto eletrônico. Mas com o passar do tempo a tendência é mudar...”. Levantou o olhar que fitava o risquee-rabisque e disse, de peito estufado, como se estivesse debatendo com algum filósofo existencialista: “A que ponto a evolução da vida interfere no esporte...”. Roth fala da vida atribulada de hoje e do ritmo alucinado dos jogadores em campo. Relaciona a cadência de outros tempos, em que a bola deslizava mais lenta pelo gramado e os jogadores pareciam passear em campo, assim como
os pedestres que circulavam pelas ruas da cidade sem qualquer atropelo. “Sinto falta da inocência do futebol. O futebol era mais agradável de se ver.” Seu ídolo era o Bebeto. Não aquele atacante parceiro do Romário na Copa dos Estados Unidos. O Bebeto do Caxias. O Bebeto citado por Roth era dono de um chute forte, em geral indefensável. “O único ídolo que eu tive foi o Bebeto. Nem da Seleção Brasileira eu tive ídolos.” “Nem o Pelé?”, questiona o repórter. “Nem o Pelé, porque ele jogava no Santos, não no Caxias.” Esse é o exemplo da inocência perdida da qual Roth sente falta. “Em 1999, a Rádio Caxias reuniu o Washington e o Bebeto, os grandes artilheiros do Caxias. Eu fiquei o tempo todo insistindo pra falar com eles. Ligava pra rádio e só dava ocupado. Aí no no finalzinho do programa consegui.” Sorri como uma criança que ganha do pai um afago fraterno, e prossegue: “Eu pedi desculpas ao Washington, no ar, e disse que o meu ídolo de verdade era o Bebeto”. Nelson Rodrigues já apontava como evolução do esporte – e, por que não, fim de certa inocência no futebol – o profissionalismo do bandeirinha. Hoje em dia o bandeirinha virou auxiliar, e ao invés de buscar a bola na lateral e entregá-la prontamente ao jogador, como um gandula, ele aperta um botãozinho no mastro da sua bandeirola e avisa ao árbitro qualquer irregularidade cometida em campo. Roth também já foi gandula. Entre 1971 e 1972, estudou no Senai. “Eu era da turma do professor Joel Bastos de Souza. E lá no Senai, os alunos mais comportados podiam ser gandulas naquela transição do Flamengo para a Associação Caxias de Futebol (ACF). Mas tinha uma coisa engraçada. A gente usava uma roupa bem puída que o Senai nos dava. E ficava aquela gurizada correndo pra lá e pra cá de camiseta rasgada devolvendo a bola aos jogadores.” Roth, que passa os dias e noites colhendo a história de Flamengo, S.E.R. Caxias e ACF, espalhada em fragmentos pela cidade, também já demarcou seu nome na história. Ele não foi o protagonista, mas um exímio figurante. Sem ele, a partida não teria a reposição de bola tão ágil. Infelizmente, da sua posição, não poderia mudar o resultado. Não poderia converter ou defender uma penalidade. Mas da sua posição viu o jogo como poucos. Trata-se de uma partida ocorrida em 20 de fevereiro de 1972. No estádio Baixada Rubra, do Flamengo, onde hoje é o Francisco Stedile, Roth foi o gandula da disputa entre ACF e Grêmio. O jogo acirrado, realizado sob o
Roth guarda em casa pastas com documentos, súmulas, fotos e camisas antigas
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Uniformes raros dos times caxienses são guardados como relíquias pelo colecionador. Quando morava no Rio, Roth jogava bola com a camisa grená em Copacabana
sol forte, infelizmente não saiu do 0 x 0. Mesmo assim, ficaria marcado para sempre na história por ter sido o primeiro jogo transmitido a cores. Um dia antes, na abertura da Festa da Uva, ocorreu a transmissão do desfile da Festa da Uva, também a cores. Estranhamente, esse desejo tresloucado pela bola não o conduziu aos gramados. Roth só jogou futebol na saudosa várzea. E, quem diria, batia sua bolinha em Copacabana, na época em que morou na cidade maravilhosa, entre 1981 e 1997. Aliás, em Copacabana ele só disputava as peladas vestindo uma camisa grená que lhe foi dada pelo jogador Zé Roberto Barbosa. O atleta, que era reserva de Jurandir, ponteiro esquerdo do Caxias, ficou apenas a temporada de 1976 no clube. “Era engraçado porque o pessoal vinha me perguntar que time era esse, porque no Rio de Janeiro não conheciam o Caxias.” A paixão por futebol é herança do pai. Gremista de coração, Attilio Roth só levava os filhos ao campo quando o tricolor vinha para Caxias. “Moro ainda na casa que era do meu pai, perto da rodoviária. E quem vivia nessa região acabava tocendo pro Juventude. Mas o meu pai sempre dizia que o Juventude e o Caxias nunca ganhariam nada. Pra ele, o Grêmio e o Inter nunca seriam superados pelos times pequenos do Interior. Ele só não previa que o Caxias acabaria ganhando um título gaúcho em cima do Grêmio, e o Juventude, em cima do Inter”, divertese. Das poucas fotos da família em porta-retratos, há uma do pai, vestindo a camisa do Juventude. Parece que a força das equipes da cidade, mesmo que repleta de altos e baixos, acabou sensibilizando o velho Roth. “Mas ele não era de ir muito ao estádio, não”, desconversa Roth filho. Mesmo assim, as cores do alviverde – sim, do alviverde – estão vívidas nas paredes da casa. Roth sempre teve uma quedinha pelos times menores. Isso ele reconhece ao revelar por que acabou deixando de lado o Grêmio e começou a torcer pelo Juventude. “É muito fácil torcer para os grandes. Eu sempre fui meio cigano, torci para vários times. Quando eu era
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criança meu pai torcia para o Grêmio. disputadas pelo Flamengo. Seu acervo Mas logo eu quis torcer para o Juven- é um trabalho arqueológico que contude, porque morávamos lá perto. tou com a colaboração de dezenas e Quando fui morar no Rio de Janeiro, dezenas de torcedores do Flamengo, não torci para o Flamengo, fui torcer da ACF e do Caxias. Aliás, colaborapara o Bangu. Mas aí, quando tra- ção que segue. balhei na Rádio Tupi, um apresentaSeguindo a linha dos avanços tecdor conhecido como O Garimpeiro nológicos, Roth grava em vídeo as da Notícia, me deu uma camisa do partidas do Caxias. Quando consegue América. Mas naquela conciliar sua agenépoca o América não da, acompanha ainda ganhava de ninguém, as categorias de base. “A esssência nem do Madureira”, Roth revela que já teve do futebol reconhece. mãe de jogador ligando Como se confi- acabou”, com urgência e certo denciasse o amor dispara desespero para conseaprisionado, Roth diz guir imagens do filho, Roth, ser acometido por um porque hoje se vive a arrebatador encanto saudoso da era da compra de atlesempre que se depara inocência ta pelo DVD. Parece com clubes de menor que envolvia que o currículo, perde expressão. “Sou um espaço a cada dia para o esporte apaixonado pelos tio DVD dos melhomes pequenos.” Mas e res lances. Ou alguém por que raios Roth acacompraria um jogador bou trocando a paixão alviverde pela quando visse a rosca ou bicicleta fugrená? Para entender é preciso voltar rada que deitou de gargalhadas o esum pouco no tempo. Quando os dois tádio? clubes de Caxias, Flamengo e Juventude, resolveram unir suas forças e difeDepois de horas de conversa, renças em nome da criação da Asso- divididas em duas tardes de dilúvio; ciação Caxias de Futebol, Roth acabou depois de revelar-se um devoto do virando um ferrenho torcedor dessa futebol, Roth diz não enxergar em equipe alvinegra da ACF. O uniforme si nenhum traço de fanatismo. E arlembrava o do glorioso Santos. gumenta: “Não sou fanático, sou um Em 1975, a associação entre os rivais observador. Procuro saber tudo sobre Juventude e Flamengo acaba. Cada o clube, como tamanho do estádio, caum pega suas coisas e volta para sua pacidade, as cores, data de fundação, casa. Roth revela que ao Flamengo mascote. Faço isso em todas as cidades coube a maior parte da dívida, tanto por onde passo. Conhecendo a vida que foi preferível mudar de nome a do clube da cidade, acabo conhecendo bancar a recuperação financeira da mais sobre a cidade onde o clube está. antiga agremiação. Passado o furacão Tem uns quantos que estão na arquida ACF, Roth decidiu continuar como bancada, dizem que vão torcer pelo torcedor da saudosa Baixada Rubra, clube, mas não sabem os nomes dos ou seja, preferia trocar mais uma vez jogadores! E se bobear não sabem nem de camisa ao invés de voltar a usar o o placar da partida, porque foram pro antigo pano verde e branco. Preferiu a estádio pra comer cachorro-quente. camisa grená. Mesmo assim, quem é fanático é o torDesde então, da criação da S.E.R cedor. Eu não”. Caxias, em 1975, mesmo que flertanRoth é mais do que um observado com outros times de outros esta- dor. Não cabe aqui parecer médico, dos brasileiros, Roth mantém-se fiel. nem psiquiátrico, mas Roth vai além É torcedor do Caxias e ponto. Mais da função de um observador. Porque do que isso, acabou construindo uma além de conviver nesse ambiente, carreira de historiador extra-oficial Roth colhe as informações e as guardo clube grená. Como prova do seu da. Mantém elas todas em casa. Roth amor, já recuperou todas, absoluta- esconde com certo ar de mistério as mente todas as súmulas das partidas relíquias. Só as revela se estritamente
necessário, e depois de certa insistência. Tanto que foi apenas no final do segundo encontro que buscou no segundo andar da casa – sem permitir que repórter e fotógrafo entrassem no recinto – pastas com fotos e uma sacola enorme repleta de camisas. A cada peça revelada, uma história. Sem conter a euforia ou a emoção por saber dos bastidores de cada momento, Roth diz ter material para publicar cinco livros. Na ordem: “O primeiro, sobre o Flamengo; o segundo, da Associação; o terceiro, do Caxias; o quarto, sobre os campeonatos das séries A, B, C e D; e um quinto, sobre o Campeonato Gaúcho. Mas esse último os pesquisadores Marco Damian e Cesar Freitas vão lançar antes de mim”. Em meio às muitas lembranças, Roth traz à tona o glorioso Campeonato Brasileiro de 1976. Naquele ano 45 clubes disputavam o título, que acabou ficando com o Internacional, e o Caxias ficou em 10°. Roth quase vem às lágrimas ao citar a partida histórica entre o Caxias de Felipão e o Inter de Figueroa. “O Caxias ganhou de 2 a 1. E foi um dos únicos a vencer o Inter naquele ano. O primeiro gol do Caxias foi do Osmar, que chutou uma falta no ângulo. Aí o Inter empatou. Quem desempatou foi o Bebeto. O Caxias rouba a bola na defesa, em poucos toques a bola é cruzada, atravessa a área do Inter e chega ao peito de Bebeto, que domina e chuta forte, um canhão no ‘fundo dos cordéis’, como diziam os antigos”. Esse relato resume como Roth encara a vida e o futebol. A graça da vida está na vitória do menor sobre o maior. Na vitória do Caxias em cima do imbatível Internacional de 1976. Na vitória sobre o desconcertante Grêmio de 2000, com Ronaldinho Gaúcho. Assim como Davi, que foi ungido por Samuel para derrotar Golias, Roth acredita que ainda vai reviver no Caxias momentos de glória. E que assim seja, porque a caminhada não promete ser fácil. Davi não temeu, porque estava ciente do seu desafio. Roth espera silenciosamente que os jogadores do Caxias também estejam cientes do desafio que os une. E que duelem como Davi, Bebeto, Felipão e companhia.
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Angústias alviverdes
Empate é vitória: presidente Sérgio Florian tentará zerar a dívida até 31 de dezembro, quando deixa o cargo
REBAIXADO E
ENDIVIDADO
“J
por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br uventude, um passado de glórias.” O primeiro verso da segunda estrofe do hino oficial do clube esmeraldino está sendo colocado em prática, literalmente. As conquistas da Série B, em 1994; do Gauchão, em 1998; e da Copa do Brasil, em 1999, ficaram para trás. Desde o segundo semestre de 2007, quando foi rebaixado para a Série B do Campeonato Brasileiro, o Juventude não conseguiu reunir forças e voltar à elite do futebol nacional. Este ano, após ser eliminado no Gauchão pelo rival Caxias, teve um início tímido na 2ª Divisão, reagiu, mas voltou a sucumbir. Resultado: após 38 rodadas e 18 derrotas – a última delas para o Guarani, em Campinas (SP), por 2 a 1, em 28 de novembro –, o clube foi rebaixado para a Série C. A única meta que restou ao atual presidente, Sérgio Florian, é entregar o cargo, em 31 de dezembro, com o caixa zerado. Em termos financeiros, esse empate seria uma grande vitória para o Juventude. Florian não revela o valor atual da dívida, mas sabe-se que não
é pequena. Nos bastidores do Estádio Alfredo Jaconi, fala-se de R$ 6 milhões a R$ 13 milhões – o mais provável é que gire em torno de R$ 10 milhões. Mas como essa derrocada aconteceu? Para Florian, foi uma sucessão de erros. “Uma série de coisas poderiam ter dado certo, mas hoje estamos aqui. Precisamos tirar energia de algum lugar para reagir”, resumiu, após a derrota para o Atlético-GO por 3 a 1 dentro do Jaconi, em 21 de novembro, na penúltima rodada da Série B. O resultado obrigava o Ju a vencer o Guarani em Campinas e, ainda, depender de placares paralelos. Antes disso, o time havia vencido a Portuguesa em casa por 1 a 0 e empatado no ABC Paulista sem gols com o São Caetano. O clima entre os jogadores era de confiança e descontração, inclusive durante os famigerados rachões – pelada geralmente disputada um dia antes de um jogo oficial, quando o goleiro vai para a linha e outro jogador ocupa a posição, entre outras trocas de posições. Os discursos eram de comprometimento. “O Juventude é um time de Série A. Estamos trabalhando tam-
Depois do tombo, o Ju começa a fazer as contas de quanto irá custar sua excursão ao abismo da Série C
bém a parte emocional. O momento é de Série B, mas vai passar. Tenho fé na competência”, disse o técnico Ivo Wortmann dois dias antes do jogo contra o Atlético-GO. “O ano inteiro estará sendo jogado nessa partida”, ressaltou o volante Walker. “Esse jogo tem um valor incalculável. Temos de minimizar riscos. Gosto do Juventude e não quero que ele regrida”, afirmou o baixinho Lauro. Justamente a competência citada por Wortmann sobrou para o time goiano, que fez três gols e garantiu o acesso à Série A em 2010. “Nada deu certo. Fomos punidos com essa vergonha que fizemos hoje”, lamentou o atacante Marcos Denner após a partida. A partir daí, o clima definitivamente mudou no Jaconi. A esperança de conseguir uma vitória em Campinas existia. Mas a fisionomia apreensiva era vista no rosto da maioria das pessoas que frequentam o clube diariamente, como nos juniores que retornavam dos treinos; no massagista Edson de Camargo, o Massa; e no gerente de futebol Fernando Rech (ex-atacante). O auxiliar técnico do treinador, Marcelo Mabília (ex-meia das conquis-
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tas do Gauchão e da Copa do Brasil), pregou que o momento era de poucas palavras e muito trabalho. “O clube já teve conquistas inesquecíveis, mas é preciso decidir nosso rumo.” A última partida no campeonato, em São Paulo, foi dramática. Os jogadores atrasaram 15 minutos a entrada no gramado do Estádio Brinco de Ouro da Princesa, em Campinas. O Guarani, já classificado para a Série A e então em terceiro lugar, aproveitou os erros do Ju, marcou um gol em cada tempo e garantiu o vice-campeonato ao vencer por 2 a 1 (o zagueiro Douglas descontou para os papos). Ao término do jogo, no final da tarde do dia 28 de novembro, enquanto fogos de artifício dos rivais comemoravam o rebaixamento em Caxias do Sul, parte dos atletas deixava o campo em lágrimas. Em silêncio, todos foram para o vestiário. O único a conceder entrevista, rapidamente, foi o volante Leanderson. “É triste. Não fomos rebaixados neste jogo. Nossa queda ocorreu ao longo da competição”, constatou. Mais tarde, o técnico tentou explicar o tombo. “Todos são responsáveis e têm sua parcela de culpa”, disse Wort-
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mann. “Não fomos competentes. Não tivemos sangue nas veias”, emendou, chorando, o presidente Florian.
gurou Florian. Criticado por alguns ex-presidentes e conselheiros esmeraldinos por ter se afastado do Conselho Dois dias após o rebaixamen- Consultivo (formado por 19 ex-preto à Série C, Florian tentou explicar sidentes), Florian concorda que será o momento difícil que o seu time do preciso muito critério para avaliar coração está vivendo. “A sensação é de que atletas permanecerão para o iníperda, mas o Juventude não morreu. cio da próxima temporada. “Aqueles Sei que o torcedor está com um senti- que mostraram comprometimento mento enorme de frusserão preservados. tração, mas o clube não Montar uma equipe pode ser penalizado ou Na 3ª Divisão, competitiva, adequada abandonado pelos torà realidade financeira, o Ju cedores. A torcida é o será um dos desafios”, combustível”, apelou o não terá o indica o presidente ao presidente, com a ca- dinheiro da seu sucessor. A queda beça erguida e uma ex- TV e o vertiginosa à Série C pressão triste no rosto. também foi ocasiocusteio de Atento às pergunnada pela troca constas dos jornalistas que passagens e tante de treinadores, ocuparam a sala de estadias um erro elencado por entrevistas no final da pela CBF Florian como decisivo. tarde de segunda-feira, Nos dois anos à frente no Jaconi, Florian citou do clube ocorreram o exemplo do Guarasete trocas de técnicos ni, que rebaixou o Ju: “O time foi re- do time profissional – Edson Gaúcho, baixado no Campeonato Paulista, no Zetti, Ivo Wortmann (duas vezes), PC primeiro semestre, e agora reverteu Gusmão, Gilmar Iser e Zé Teodoro. o quadro”. Para que o mesmo ocorra Citando o planejamento estratégico com os papos, opina ele, será preciso do clube, Florian diz que o Juventude reformular o planejamento estratégi- tem uma política definida que priorico montado até 2014 e atualizar pra- za a formação de jogadores e a profiszos. “É preciso fazer uma profunda sionalização na administração. “Esses reflexão de erros e equívocos. Além são os pilares”, sintetiza, lembrando disso, pretendo deixar o caixa do clu- que seu principal arrependimento be zerado ou perto disso. Temos um como presidente foi o de talvez não mês para tentar equilibrar as contas. ter sido mais enérgico em algumas Nosso principal objetivo é aproveitar situações. O Ju, por meio do prograa janela de negociações que se abre até ma Novos Talentos, criou núcleos de o final do ano para transferir jogado- formação nos bairros de Caxias do res”, explicou. Sul, oportunizando a 500 crianças a Sobre a dívida, o presidente garan- chance de, algum dia, jogar no time te que serão vendidos jogadores para principal ou em outra equipe do país saldá-la. A primeira e mais provável ou do Exterior. Outro projeto, a Escola venda é a o meia Zezinho, 17 anos, de Futebol alviverde, reúne mais 400 revelado nas categorias de base. Uma crianças e adolescentes. Nela surgiu terceira negociação neste ano com Zezinho, que em 2004 iniciou na catea equipe inglesa do Arsenal está em goria Pré-Mirim. andamento, intermediada pelo empresário do atleta, Augusto Nogueira. A ausência de Zezinho no time é Jornais ingleses já noticiaram que o apenas um dos problemas que aguarvalor da transação seria de 5 milhões dam o novo presidente do clube, que de euros (R$ 12,8 milhões). “Temos deve ser definido até o dia 17. No enoutras opções. As negociações não contro do Conselho Deliberativo reasão de agora; foram encaminhadas há lizado na noite de quinta-feira, no Samais de dois meses. Sem dúvida que lão Nobre Walter Dal Zotto, no Jaconi, nosso orçamento extrapolou este ano, o coordenador do Conselho Consultimas temos condições de entregar as vo, Alfredo Sehbe, salientou que todos contas em condições aceitáveis”, asse- devem dar o melhor de si para ajudar
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o clube. “Este é o momento de olhar- Apesar de o valor da transmissão dos mos para o futuro. Devemos olhar jogos ter diminuído mais da metade, a pelo parabrisa, e não pelo retrovisor.” CBF mantinha o custeio do transporte A proposta apresentada por Sehbe na e da estadia da delegação nas partidas reunião – de formação de uma chapa fora do Jaconi. de consenso que pode ser encabeçada por um ex-presidente – foi aprovada Entretanto, a partir de julho pelos conselheiros. O prazo definido do próximo ano, quando se inicia a para a apresentação da nova direção é disputa da Série C, será bem diferente: 15 de dezembro e, dois dias depois, a os clubes (como acontece com Caxias nominata será apreciada pelo Conse- e Brasil-Pe) é que arcam com as despelho Deliberativo. No mesmo encontro, sas até então bancadas pela CBF. Sem os ex-presidentes solicitaram à atual falar que não existe cota de TV. Em direção, o mais breve possível, a apre- 2007, último ano do Ju na Série A, a sentação de números sobre a dívida, União dos Grandes Clubes do Futebol recisão de contratos de atletas e quan- Brasileiro (Clube dos 13) destinou R$ tidade de funcionários do clube. “Esse 300 milhões para a transmissão de jolevantamento está pronto. Até segun- gos. O C13 divide a grana por grupos da-feira entregaremos as informações de associados e de não-associados. O ao Conselho Consultivo”, prometeu Ju recebeu, naquele ano, o mesmo vaFrancisco Rech, presidente do Conse- lor que Paraná e Figueirense: R$ 4,74 lho Deliberativo. milhões. Pelas regras da entidade orNesse contexto, como a nova dire- ganizadora, o associado que cai da Séção irá se preparar para disputar a 3ª rie A recebe 50% do valor de seu gruDivisão em 2010? Mesmo que o cai- po no primeiro ano, 30% no segundo xa seja entregue zerado (ou próximo ano, 25% no terceiro e, daí em diandisso), como projeta Sérgio Florian, a te, 20%. A regra também seria válida realidade financeira da próxima tem- para não-integrantes do C13. Dessa porada será diferente. Em 2007, o ano forma, em 2008, o Juventude teria redo rebaixamento para a Série B, a sede cebido R$ 2,37 milhões e, em 2009, R$ campestre (que agregava o Centro de 1,42 milhão. O clube não confirma os Treinamento) foi vendida para a Abya- valores. Em contrapartida, em 2007, ra Incorporadora, de São Paulo, por Flamengo, Corinthians, São Paulo, aproximadamente R$ 50 milhões. O Palmeiras e Vasco receberam do C13 então presidente IguaR$ 21 milhões cada; a temy Ferreira Filho dupla Gre-Nal, R$ 15 teria quitado dívidas milhões cada. e comprou uma nova A venda O Juventude conta área, de 50 hectares, de Zezinho atualmente com 7.989 onde está sendo im- deve ser sócios. Para este ano, plantado o Centro de a primeira a meta era passar dos Formação de Atletas 10 mil e retornar ao e Cidadãos (CFAC). medida para grupo de elite do futeFlorian iniciou seu aliviar bol. O plano caiu por primeiro mandato, em as milionárias terra com o fraco de2008, “empatado”. sempenho do grupo de dívidas Para administrar jogadores dentro das um clube de futebol, do clube quatro linhas e, talvez, atualmente, as principela falta de planejapais fontes de receita mento fora delas. Com são bilheteria, marketing/patrocínios, um aproveitamento de 38,6%, a hislicenciamento da marca, associados e, tória do alviverde caxiense na Série a mais importante, direitos de televi- B terminou às 19h11min do dia 28 de são. Essa verba tem sido a principal no novembro de 2009. Caberá ao novo caixa dos maiores times brasileiros. presidente mobilizar a nação juventuAté 2007, as cotas de TV, a estadia e dista para evitar um novo tropeço até as passagens aéreas pagas pela Con- o final do próximo ano, afinal, a Série federação Brasileira de Futebol (CBF) D está aí. Caso contrário, as glórias ajudavam – e muito – os cofres alvi- continuarão no passado. Como diz o verdes. Na Série B, não foi diferente. hino.
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Renato Henrichs
renato.henrichs@ocaxiense.com.br | www.ocaxiense.com.br/renato-henrichs
O campeão e o lanterninha na apresentação de projetos este ano na Câmara de Vereadores são dois novatos. O evangélico Renato Nunes (PRB) aparece em primeiro lugar, com 27 propostas protocoladas. O também novato Daniel Guerra (PSDB) está em último lugar, com apenas dois projetos. Depois de Nunes, os mais profícuos parlamentares são Mauro Pereira (PMDB), com 21 projetos apresentados, seguido por Denise Pessoa (PT) e Moisés Paese (PDT), ambos com 18.
É isso
Chamam a atenção os dois projetos do tucano Daniel Guerra, hoje um adversário do governo Sartori. O primeiro propõe alteração no Código de Posturas do município. Quer que todo escapamento – cano de descarga – dos ônibus do transporte coletivo urbano seja colocado na posição vertical, na parte traseira do ônibus. O outro projeto de Guerra vai mais longe: propõe a inclusão no site da Câmara de um link para acesso ao endereço eletrônico da Copa de 2014.
União de forças
Em nome da sempre lembrada unidade partidária, os candidatos à presidência superaram as acusações mútuas de compra de votos na eleição para o diretório municipal do PT e vão estar juntos no comando partidário. Guiovane Maria renunciou à disputa, o que possibilitou a consequente eleição do Alfredo Tatto como presidente. Apesar do pedido anterior de impugnação da candidatura e da chapa de Guiovane, ele ficará como vice.
Em conjunto
Mesmo diante desse acerto, está claro que os métodos utilizados por Guiovane Maria na disputa pelo diretório do PT provocaram um desequilíbrio partidário – que deverá ser superado aos poucos, com muito trabalho conjunto, dizem aqueles que acompanham de perto os meandros petistas. Esse desequilíbrio leva a uma política conjunta das tendências internas Mensagem com a Unidade na Luta, a fim de livrar o PT de uma liderança não tão condizente com a que o partido precisa para enfrentar a eleição de 2010.
Pré-candidato
Realizar um bom trabalho à frente de uma empresa pública tida como inviável pode render votos? O senador Sérgio Zambiasi (PTB) aposta que sim. Por isso, articula a candidatura do diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomenico, a uma vaga na Assembleia. Adiló saneou a Codeca, responsável hoje por um trabalho reconhecido na limpeza das ruas e recolhimento do lixo. A dificuldade será o PTB encontrar um candidato local à altura de Adiló para disputar a Câmara Federal.
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Sem vínculos
”
Não estamos aqui para defender a empresa, mas para defender um serviço de qualidade
Prefeito José Ivo Sartori (PMDB), ao anunciar a proposta de prorrogação, por mais 10 anos, da concessão do transporte coletivo à Visate
perguntas para
Vinicius Ribeiro
Secretário Municipal de Trânsito,Transportes e Mobilidade O sr. entende que a comunidade discutiu o suficiente o processo de concessão do transporte coletivo? Sim. Foram criadas as oportunidades necessárias para viabilizar a discussão. Infelizmente, não houve o interesse devido, por parte de quem é ou representa os usuários. Tenho recebido a análise de pessoas que dizem que o processo não foi democrático ou transparente, porém todas as formas de participação da comunidade tiveram divulgação na imprensa, seja por edital ou por releases. Noto que muitos dos que criticam não são usuários e não participaram de nenhuma discussão. Logo, trabalham com especulações ao invés de trabalharem com argumentos. Agora, o assunto não está esgotado. A Câmara de Vereadores, que é plural e representativa da população, deve estabelecer novas etapas de debate e propor as adequações que entender necessárias. Há uma sensação de que muitos dos problemas existentes no transporte coletivo (e no próprio trânsito da cidade) são decorrentes muito mais de deficiências da Secretaria do que da Visate. Como o sr. vê isso? Caxias chegou a um momento de inversão do modelo de transporte coletivo. A mudança deve ser radical e
Prazo vencido
Ao contrário do transporte coletivo urbano, cuja prorrogação à Visate é líquida e certa, outra concessão de serviço público em tramitação na Câmara terá processo licitatório. É a que permite a prestação de serviços funerários e crematórios no município. O projeto de lei complementar passou por diversas comissões internas, sempre com parecer favorável. Encontra-se no momento na Comissão de Direitos Humanos. Há uma preocupação em relação ao processo: o serviço atualmente é explorado por duas empresas competentes. Ambas fizeram visíveis investimentos para aperfeiçoar o trabalho oferecido à população. A licitação poderá significar a entrada de empresas de fora.
necessita investimentos públicos elevados e conscientização por parte dos usuários. A mudança radical do modelo se justifica porque no atual, que é centralizado, há um retrabalho muito excessivo, sobreposições de linhas, congestionamentos, atrasos, excesso de gratuidades e gerenciamento sem controle total da frota. Diante disso, vamos descentralizar o transporte. Todas as obras que a administração comunitária faz visam à priorização do transporte coletivo e a essa descentralização: viaduto do acesso Oeste, binário da Rio Branco e Moreira César, Fátima Baixo, duplicação dos trechos da perimetrais, abertura da Visconde, entre outros. Que repercussão a prorrogação do contrato da Visate terá na eleição do ano que vem? Enquanto homem público responsável, a decisão deve ter como foco o que é melhor para a cidade e não o processo eleitoral, seja qual for. A lealdade e a fidelidade são dois principios que não se compram no comércio. Sou leal e fiel a um governo do qual faço parte e que tomou uma decisão de forma conjunta através das discussões e não de especulações. A candidatura é a consequência de um trabalho pessoal e partidário. Essa discussão está sendo feita pelo PDT de forma séria e no foro adequado, ou seja, dentro do partido.
O presidente da CIC, Milton Corlatti, se antecipou aos problemas enfrentados agora pelo Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul. Trocou há meses Júlio Duso por Fúlvia Gazola na suplência da entidade empresarial no conselho. O gerente do Shopping Iguatemi é professor no curso de Administração da UCS. Lei assinada no último dia 27, pelo presidente Lula, impede que qualquer pessoa vinculada a fundações possa participar de seus conselhos. A medida está sendo avaliada pelo setor jurídico da universidade. O reitor Isidoro Zorzi garante que a lei em questão já nasceu ultrapassada.
Na Justiça
Decisão do juiz Carlos Frederico Finger, da 3ª Vara Cível, garantiu a permanência da atual diretoria da Unimed Nordeste-RS à frente da cooperativa médica. Assembléia convocada pelo Conselho Fiscal, no dia 10 de novembro, chegou a destituir a atual diretoria. Dos 213 cooperados participantes, 163 votaram pela saída da equipe diretiva do presidente Antônio Quevedo. Mas a Justiça decidiu que a votação é nula porque essa pauta não constava do edital de convocação. O cooperado André Leite, presidente do Conselho Fiscal, que discorda dos procedimentos administrativos do comando da Unimed, briga na Justiça e vai convocar nova assembleia. Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
Em movimento
Na exposição de motivos do projeto de lei sobre a concessão dos serviços funerários encaminhada ao Legislativo, o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) faz um apelo aos vereadores: “Tendo em vista que as atuais concessões findam no próximo mês de outubro e os atos preparatórios para o lançamento do Processo Licitatório exigem o cumprimento de prazos legais para sua efetivação, ficamos na expectativa da deliberação da matéria com a maior brevidade possível, para que o Poder Executivo possa proceder nas medidas possíveis”. Detalhe: o projeto foi encaminhado à Câmara em 21 de setembro último.
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05 a 11 de dezembro de 2009
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