C go axie DIF sto ns Í sal es a CIL ga ind D do a E da torc EN ág em G ua O 21 o na LI ,42 riz R % pa ma ra is c o ara |S6 |D7 |S8 |T9 |Q10 |Q11 |S12
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. Maicon Damasceno/O Caxiense
Caxias do Sul, fevereiro de 2010 | Ano I, Edição 10 | R$ 2,50
DEDICAÇÃO DE
plantão Profissionais de saúde e administradores driblam falta de equipamentos, de espaço e de dinheiro no atribulado pronto-socorro do Hospital Pompéia
Roberto Hunoff mostra que um número ruim pode ser bom | Renato Henrichs interpreta o discurso de Henrique Meirelles | As uvas se aprumam para a festa | Frases e versos que escreveram o CA-JU | O trono do zoo está vago
Índice
www.OCAXIENSE.com.br
A Semana | 3
COMENTÁRIOS NO SITE
Um resumo das notícias que foram destaque no site
Ônibus turístico | O ônibus para o city tour será interessante para a cidade. A questão é o custo para os cofres públicos, já não se pode contabilizar apenas a compra do carro, e sim todo o seu custo de operação. O ideal para a cidade é abrir uma licitação para a iniciativa privada explorar o serviço, como ocorre na maioria das cidades.
Roberto Hunoff | 4
Os -5,1% da economia caxiense em 2009 são um resultado positivo
Vitrine de beldades | 5
Rodrigo Collaro, às 9h46 de 4 de fevereiro de 2010
Zoo sem rei | 8
Após anos de vida parada na jaula, o coração de Simba também parou
Artes | 9
Portais amorosos para os sonhos e sonhos de amor desfeitos em flor
Daiane Nardino, Divulgação/O Caxiense
Guia de Cultura | 10
Sertanejo paulista inaugura espaço caxiense dedicado a todos os gaúchos
Saúde para ajudar | 12
Abnegação dos profissionais da emergência salva vidas pelo SUS no Pompéia
Vêm aí os 21,42% | 15
O aumento da água ainda não desceu pela garganta dos caxienses
Tomazoni | Infelizmente a modernidade ainda é mais forte e a maioria não está nem aí. Caxias possuía cinco estúdios fotográficos enquanto Porto Alegre possuía apenas um, e nossa cidade tinha a maior parte das câmeras do país. J.M Costa, às 9h32 de 3 de fevereiro Eleição UCS | Gostaria de agradecer a iniciativa do jornal O Caxiense de publicar informações sobre o processo de eleições para reitor da UCS. É bom contar com um veículo de comunicação disposto a apresentar os fatos como são e manter a comunidade ciente dos rumos de uma instituição de tanta importância na formação profissional e no desenvolvimento da região como a Universidade de Caxias do Sul. Nilva Lúcia Rech Stedile, às 9h31 de 2 de fevereiro COMBATIVO AOS 80
Senador Pedro Simon: “O Congresso está gozando da nossa cara”
Caxias do Sul, janeiro de 2010 | Ano I, Edição 9 | R$ 2,50
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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
O CLÁSSICO
CA-JU
ESTÁ NO AR Dois times nivelados. Dois jogadores que passaram a vestir a camisa do rival. E dois técnicos que já foram rivais em outros gramados.
Guia de Esportes | 18
Caxias do Sul respira as emoções de seu grande clássico
Depois do clássico, é hora de pensar em se classificar: a 7ª rodada espera Ju e Caxias
CA-JU 266 | 19
As nuvens começam a se dissipar sobre Vila Oliva, e Roberto Hunoff afirma: o aeroporto internacional será lá | Renato Henrichs ouve o Samae sobre o aumento da água | Festa da Uva usa tecnologia para resgatar a história
O empate que freou a derrocada alviverde e renovou o fôlego no Jaconi
Maicon Damasceno/O Caxiense
Maicon Damasceno/O Caxiense
Tratada como misses, as uvas se preparam para encarar os jurados nos Pavilhões
Interatividade na Festa da Uva | Meus parabéns a Graziela Andreatta pela belíssima reportagem. As relações cada vez mais passam a ser virtuais. Isto não é o lado bom da coisa. Por outro lado, o lado bom traz em si avanços fantásticos no campo da comunicação em todos os níveis. Parabéns, mais uma vez, por um artigo que mostra tão bem este contraponto: Relações humanas versus tecnologia informacional. Ivoneti C. Rigon Bastiani, às 9h32 de 1º de fevereiro
Passagem de ônibus | Como já era previsto, um aumento vai ocorrer! Agora só o povo vai conseguir barrar este absurdo. Temos que ir para as ruas, alertar a todos que os vereadores aprovaram a prorrogação do contrato da Visate e agora nada vão fazer para impedir este aumento. Paulo Cesar Lopes, às 8h38 de 29 de janeiro
CA-JU 266 | 21
Como se deu a reação grená, verso a verso, na casa do adversário
Renato Henrichs | 23
Rodrigo Beltrão fala das diferenças entre o Orçamento Comunitário (OC) e o Orçamento Participativo (OP)
(Acompanhe em www.facebook.com/ocaxiense) Estacionamento do Zaffari Não vejo problemas. Quando eu deixo o carro, eu sempre compro algo, então não muda nada. Agora o pessoal que deixa durante a semana direto já é sacanagem. Mateus de Abreu, às 14h28 de 1º de fevereiro
Expediente
(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)
Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
@MartaDetanico @ocaxiense Parabéns pela cobertura do CA-JU. Estava no estádio, e o que vocês comentaram no minuto a minuto foi o que aconteceu. Muito show. Marta Detanico, às 0h47 de 5 de fevereiro
Assine
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120
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O Caxiense
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S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .
A Semana
Maicon Damasceno/O Caxiense
Maicon Damasceno/O Caxiense
Daiane Nardino, Divulga;/O Caxiense
Cidade ganhará novo hospital, fotografia perde uma casa e livros têm novas estantes
Com mais de 50 anos de história, Tomazoni fecha as portas; Maneco abre as suas na Cidade Universitária; ônibus turístico está nos planos da cidade
SEGUNDA | 1° de fevereiro Comércio
Zaffari passa a cobrar pelo estacionamento O supermercado Zaffari do Centro, na Rua Borges de Medeiros, 391, agora cobra pelo estacionamento interno do andar inferior. Para evitar que não clientes abusem do espaço, o estacionamento será cobrado de quem não realizar nenhuma compra no estabelecimento. Clientes que consumirem até R$ 50 têm 90 minutos de isenção no estacionamento. Mais do que este valor, o tempo passa para duas horas e meia.
TERÇA | 2 de fevereiro Turismo
Ônibus turístico em estudo O projeto de um ônibus turístico, nos moldes de Porto Alegre, está nos planos da Secretaria de Turismo de Caxias do Sul para este ano. O desejo de viabilizar um city tour (um passeio pelos pontos turísticos urbanos) já existe há anos, de acordo com o secretário municipal do Turismo, Jaison Barbosa. Para que a ideia saia do papel, ele diz que é preciso parcerias. “E não necessariamente parcerias com empresas fabricantes de ônibus. A própria Visate (Viação Santa Tereza) pode ser parceira”, diz, acrescentando que organizar uma reunião com poder público e empresas privadas é o próximo passo para o projeto de um ônibus turístico em Caxias. Mesmo Caxias sendo destaque nas empresas fabricantes de ônibus, o secretário aposta no investimento do poder público, já que a aquisição de um ônibus ficaria em torno de R$ 500 mil. Enquanto o ônibus turístico continua sendo apenas uma vontade, Caxias disponibiliza aos turistas o Projeto Andiamo, uma parceria entre duas agências de turismo, o Expresso
Vila Oliva e hotéis da região. No Andiamo, um ônibus da década de 1950 busca os turistas direto nos hotéis e os leva a pontos turísticos. “O roteiro é Caminhos da Colônia, Estrada do Imigrante, Vale Trentino, Ana Rech e La Cittá. A programação e o agendamento são feitos com antecedência e o preço varia”, explica Jacson Antonio Papi, diretor da Arte do Turismo.
Aeroporto
Abertura da Festa da Uva terá menos voos A semana de abertura da Festa da Uva, que começa oficialmente no dia 18 de fevereiro, terá três voos a menos no aeroporto Regional Hugo Cantergiani, de Caxias do Sul. Por ser semana de Carnaval, dois voos da Gol foram cancelados na segunda-feira, dia 15, e um na quinta-feira, dia 18. A justificativa da empresa Gol é que não há demanda no período do feriado. Depois do dia 18, a situação dos três voos diários da Gol no aeroporto volta ao normal.
QUARTA | 3 de fevereiro Fotografia
Tomazoni fecha as portas Desde a véspera do Natal de 2009, as três lojas da Tomazoni fecharam as portas para o recesso de final de ano e nunca mais voltaram a abrir. A Tomazoni, que atuava no mercado de fotografias de Caxias do Sul há mais de 50 anos, foi à falência por causa de dívidas de impostos. Odessa Tomazoni fala com pesar do fechamento das lojas. Viúva do dono do empreendimento, João Alberto Tomazoni, que faleceu em março de 2009, ela conta que tentou levar o negócio adiante, junto com duas irmãs e um cunhado do marido, mas que não teve ânimo para continuar. “Eu estou sozinha, aposentada. E tivemos dois filhos que não seguiram o ramo da fotografia. A perda dele foi muito triste. Eu cuidava da parte
financeira, e cada vez que ia nas reuniões com os contadores eu acabava só chorando. E tínhamos algumas dívidas. Daí resolvi não levar mais adiante”, conta Odessa. Ela acrescenta que uma nova loja de fotografia, de fora de Caxias e não mais ligada a família, vai ocupar o lugar da matriz. O ponto, segundo ela, já está alugado, mas Odessa não revela o nome do novo negócio, só afirma que a abertura será em breve. “Mas a Tomazoni faliu. Ela vai deixar de existir. A alma da Tomazoni era do meu marido. Ele era um amante da fotografia.”
QUINTA | 4 de fevereiro Negócios
Maneco assume livrarias da UCS O pró-reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS), Gilberto Henrique Chissini, confirmou que os pontos da antiga Livraria Universitária da UCS, fechada no final do ano passado, serão assumidos pela Livraria do Maneco. A previsão é que no final deste mês, antes do início das aulas, três lojas do Maneco – na Cidade Universitária, no Campus 8 e no Campus de Bento Gonçalves – já estejam abertas. O contrato vale pelos próximos cinco anos. Uma licitação pública com seis interessados foi o processo que decidiu o vencedor. “A melhor proposta foi a do Maneco, e como ele ofertou acima do preço mínimo, ganhou a licitação”, explica Chissini. Arcângelo Zorzi Neto, o Maneco, afirma que já está tudo encaminhado para assumir as lojas, inclusive a checagem dos estoques e a contratação de funcionários. Ele pretende que as livrarias abram no dia 22 de fevereiro, e adianta que as novas lojas serão diferentes da existente hoje no Centro, já que vão se voltar principalmente aos alunos e professores. “Mesmo assim, vamos atender a comunidade em geral.” Tanto Chissini quanto Maneco dizem não ter preocupação com o fato de
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o livreiro ser irmão do atual reitor da Universidade, Isidoro Zorzi. “Foi feito um trabalho profissional, uma licitação pública acompanhada pela diretoria da Fundação. O reitor nem participou dessa ação”, diz o pró-reitor. “Eu concorri com outras livrarias, fui apenas mais um concorrente. Saí vencedor com uma proposta bem acima da que estava sendo pedida. Não tenho absolutamente nada a temer. O Isidoro é reitor e eu sou proprietário da livraria”, completa Maneco.
SEXTA | 5 de fevereiro Saúde
Caxias ganha novo hospital O prédio alugado da Rua Sinimbu, que funcionou como Postão enquanto o atual estava sendo construído, será transformado em hospital. Até o final do ano, o lugar deve ganhar de 35 a 40 leitos, com equipamentos de hospital, médicos, residentes, enfermeiros e auxiliares, e funcionar como uma espécie de extensão do Hospital Pompéia. A adequação e manutenção do lugar será feita pela prefeitura, que se encarregará dos custos de implantação da nova estrutura, destinada a atender pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). A administração será de responsabilidade do Pompéia. Uma equipe será contratada para cuidar especialmente dessa extensão, que será administrada separadamente, como se fosse um outro hospital. Os pacientes devem ser levados do Pompéia para o prédio da Sinimbu com auxílio de ambulâncias. O custo da adequação ainda não está calculado. As visitas técnicas para avaliação da estrutura e elaboração de um projeto de distribuição de espaços devem começar na próxima semana. Esse mesmo prédio funcionou como hospital de campanha no inverno do ano passado, durante a gripe A, e foi decisivo para o controle da doença no município. A partir da restruturação, servirá de apoio também em outros casos.
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O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
Negativo, mas positivo
Christiane Finger, Div./O Caxiense
A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Caxias o Sul (CDL) agregou-se nesta sexta-feira ao Liquida Tchê, promoção de caráter estadual que integra o projeto Verão Premiado. A meta é elevar as vendas deste período em 15%, alcançando R$ 120 milhões, e criar no varejista o sentimento de que esta também é uma época de oportunidades. Que o digam alguns empresários participantes da promoção, que estão inclusive conseguindo sensibilizar seus fornecedores para reduzir os preços.
O desempenho econômico de Caxias do Sul fechou o ano de 2009 com retração de 5,1% na comparação com o exercício anterior. Indústria e comércio, com resultados negativos de 9,3% e 8,4%, respectivamente, determinaram o recuo, pois o segmento de serviços apurou alta de 4,3%. Os dados foram liberados esta semana pelas diretorias da CIC e CDL. À primeira vista o número preocupa, mas vira motivo de comemoração quando comparado com as estimativas preliminares para o ano logo depois do estouro da crise. Além disto, as projeções são otimistas para 2010. As lideranças empre-
sariais acreditam ser possível reverter o desempenho negativo ainda no primeiro trimestre do ano, salvo alguma ocorrência fora de controle. A indústria, a que mais sofreu no decorrer do ano, apresentou robusta expansão no último bimestre. Basta avaliar a utilização da capacidade instalada, que bateu em 76%, apenas quatro pontos abaixo do período précrise. Além disto, elevou suas vendas em dezembro em 60% na comparação com o mesmo mês de 2009, sintoma clássico de quem se prepara para atender demanda muito aquecida. E não dá para esquecer a abertura de 425 novos empregos formais no ano.
Acima da média O diretor da São Diego, especializada em vestuário e calçados, Valtuir Rizzo, destaca que conseguiu adquirir um lote de camisetas de um fornecedor de Santa Catarina com preços 30% inferiores aos praticados em dezembro. Para ele, isto permite que o varejo repasse mais benefícios aos consumidores, porque além do preço menor também liquida produtos atuais e não somente aqueles do estoque. Para Rizzo, que estima crescimento de 12% em janeiro e índice maior em fevereiro, os clientes começam a entender as vantagens de comprar nesta época, sem o estresse do Natal e com preços mais atrativos. A diretora da Livraria Rossi, Eloisa Rossi Vetorazzi, estima que em janeiro as vendas aceleraram 17% sobre igual período de 2009, mesmo sendo a época de safra do setor. Ela acredita na manutenção destes números em fevereiro.
Novo negócio
A Lupatech confirmou investimento de R$ 8 milhões em nova unidade produtiva. Será em Feliz, distante 40 quilômetros de Caxias, onde produzirá tubulação com revestimento especial para atender a demanda da Petrobras na extração do pré-sal e outros empreendimentos. Na área de quase 12,9 mil m² será possível produzir de 15 mil a 20 mil tubos mensais. No entanto, o diretor administrativo Gilberto Pasquale da Silva antecipa que em
Rede ampliada
A Marelli Ambientes Racionais, fabricante de mobiliário corporativo, inicia o ano abrindo lojas em duas cidades consideradas estratégicas: Santo André, no ABC paulista, e Blumenau, em Santa Catarina. A Marelli tem 30 showrooms nas principais cidades do país e cinco no Exterior: Argentina, Bolívia, Paraguai e Uruguai. As novas lojas se somam aos esforços para concretizar as metas da companhia, que projeta crescimento de 25% para este ano em relação a 2009. Outro foco é a qualidade na gestão, a principal e imediata meta, segundo o presidente Rudimar Borelli. Também projeta abrir operações exclusivas em Manaus, Goiânia e Maceió e por meio de parcerias em Osasco, Guarulhos, Santos, São José do Rio Preto, São José dos Campos, Campo Grande, Juiz de Fora, Curitiba e Londrina.
De 8 a 12 de fevereiro será oferecido o curso “Técnicas teatrais Divulgação/O Caxiense
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até dois anos será necessário ampliar o espaço. Ele acrescenta que não há no Brasil planta similar a esta e que a tecnologia a ser usada é pioneira, só existente no Exterior. Inicialmente serão abertos 40 empregos diretos e a expectativa de receita é de R$ 12 milhões nos primeiros anos de operação. O investimento inclui compra da área e sua reforma, ampliação e aquisição dos equipamentos. A produção deve se iniciar entre maio e junho.
Curtas
O Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul apresenta na segunda-feira, dia 8, o desempenho do setor em 2009. A tendência é de números negativos, acompanhando os resultados já expostos esta semana pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços.
História do varejo A Spaghetti Filmes concluiu nesta semana a captação de imagens para o vídeo institucional da Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul. A produção tem como foco principal contar a história da entidade ao lado do desenvolvimento do comércio caxiense. Também mostrará que a CDL está sempre em busca da tecnologia e da inovação para favorecer o asso-
Menos poluição
Poliana Lopes, Divulgação/O Caxiense
Liquida geral
como recurso de vendas”, com apresentação de Davi de Souza. O objetivo é capacitar vendedores e representantes comerciais para um melhor desempenho de negociação e resolução de conflitos, desenvolvendo a capacidade de criatividade e dinamismo para a satisfação pessoal e conquista de resultados. O número de vagas é limitado a 15 participantes. Informações pelos telefones 3221.0261 ou 3028.0261.
ciado. Quando foi fundada, em 1965, havia cerca de 2 mil estabelecimentos comerciais e mais de 1 mil indústrias para uma população de pouco mais de 150 mil habitantes. Hoje são mais de 30 mil registros de pessoas jurídicas, das quais 4 mil associadas à entidade. O comércio emprega pelo menos 25 mil pessoas e fatura cerca de R$ 2 bilhões por ano na cidade.
A GDF Suez, maior geradora privada de energia elétrica do Brasil, e a Ceran (Cia. Energética Rio das Antas) assinaram contrato de compra de Reduções Certificadas de Emissão (RCEs). A operação cobre o total de 900 mil RCEs de CO2 a serem gerados até o final de 2012 pela Hidrelétrica 14 de Julho, que integra o Complexo Energético Rio das Antas, formado pelas usinas Monte Claro e Castro Alves, totalizando capacidade de geração de 260 MW. O volume de créditos de carbono gerado é equivalente a emissões de 300 mil carros populares no período de um ano. O valor da transação comercial é de aproximadamente R$ 23 milhões.
Muito caro
Após mais uma alta, desta vez de 4,25%, o etanol deixou de ser vantajoso na maior parte do Brasil. Em janeiro, abastecer com álcool compensou apenas em três estados, e a gasolina passou a ser a melhor escolha para os motoristas. Esse é o resultado do último levantamento do Ticket Car. O uso do etanol só é vantajoso no Mato Grosso, Pernambuco e Goiás. Com as variações, o preço médio do álcool no país está cotado a R$ 2,011 e o da gasolina a R$ 2,718. No Rio Grande são, respectivamente, R$ 2,217 e R$ 2,651, diferença de apenas 16,4%. Para compensar, considerando a autonomia de cada combustível, a diferença deve ser superior a 30%.
Confiança
Os empresários da Região Sul do Brasil esperam cenário econômico favorável em 2010 e, após um ano de recuperação dos resultados, planejam ampliar investimentos. Esta é a tendência revelada pela amostra regional da pesquisa Panorama Empresarial da consultoria Deloitte. Dos questionários aplicados em todo o país, 119 são de corporações que atuam no Sul, cerca de 20% do total da amostra. A receita líquida das organizações da região que divulgaram seus resultados totaliza R$ 35 bilhões. Apesar da crise, 62% delas estimaram crescimento da receita em 2009 e 70% afirmaram ter aumentado investimentos. Para 2010, a amostra regional indica que 94% das empresas esperam crescimento da receita, com média de 12%. Os empresários apontam os segmentos de construção e petróleo e gás como aqueles com maior potencial de crescimento. De acordo com 96% das empresas locais, os investimentos serão destinados à modernização. O principal desafio, para 71% dos entrevistados, é o controle de custos sem comprometimento da qualidade.
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Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
Bastidores do Concurso
Tratada como rainha, uva é o motivo principal da festa e recebe atenção esmerada dos expositores Venturin (à esquerda) e Formigheri (à direita)
A FESTA É
FRUTO DA
E
por MARCELO ARAMIS nome.sobme@ocaxiense.com.br m 1931, quando nasceu para celebrar a colheita, a Festa da Uva se resumia a uma mostra de uvas no Recreio da Juventude. Ao longo de 28 edições, a festa cresceu ao redor da exposição das frutas, ganhou novos elementos, se reinventou. Com tantas atrações, manter a originalidade – e também a tradição – tornou-se um desafio. Hoje, 79 anos depois da primeira edição, a mostra ainda preserva sua essência e os Pavilhões continuam recebendo visitantes com um simples e antigo interesse: reverenciar o motivo da festa. Nesta edição, 359 expositores mostram os melhores cachos da safra e concorrem em 13 categorias. Cada produtor expõe três cachos por categoria inscrita – exceto na categoria conjunto, onde o que vale é a diversidade e o impacto visual do painel. Nessa categoria, a mais colorida do concurso, os produtores expõem no mínimo 10 variedades de uva. O cuidado e zelo na produção da uva transformam-se em talento e sensibilidade para montar um painel que mais parece com uma pintura. A qualidade da uva também é levada em conta, mas a composição da vitrine como um quadro de arte é diferencial dos premiados. O engenheiro agrônomo da Secretaria Municipal da Agricultura Pecuária e Abastecimento Gilmar Onzi explica que, na mostra por variedades isoladas, o júri avalia aspectos como a sanidade, a maturação a uniformidade dos cachos, a pu-
UVA
reza e o padrão varietal e comercial. Conforme Onzi, esses dois últimos critérios são os responsáveis pela incompreensão dos leigos sobre as amostras vencedoras. “Nem sempre os maiores cachos ganham. Muitas vezes um Merlot, por exemplo, é premiado com três cachos pequenos, uniformes e perfeitos. Uma uva para vinho não precisa ser grande”, esclarece. Para Onzi, a receita para conquistar uma das 27 passagens para a região vitícola do Vale do São Francisco (premiação do concurso) mistura qualidade de produção e experiência. “Tem que ter cuidado na produção para encontrar bons cachos. Mas também é preciso saber escolher os melhores do parreiral.” Na Estação da História e da Colheita, a exposição das frutas é perecível. “A uva tem uma boa durabilidade no painel. Cada produtor entrega três cachos para reposição. Mas é nos primeiros dias da festa que a uva está no seu melhor estado”, convida Onzi. Benvindo Formigheri, 67 anos, tem na memória a receita da boa produção. Colecionador de troféus no concurso da Festa da Uva, ele não revela todas as técnicas que desenvolveu para produzir cachos perfeitos em São Pedro da 3ª Légua. “O regulamento exige uva de qualidade. Tem que ser padrão. Agora, cada um tem que saber o que fazer para chegar no padrão”, compete. Formigheri marcou os melhores cachos e cobriu-os com um cone de plástico – o chapéu chinês – para proteger os grãos do ataque de
Os mais belos cachos de 359 expositores ocuparão 160 metros de painéis, concorrendo em 13 categorias
pássaros. No parreiral, as uvas são tra- como as uvas deveriam aparecer nestadas como candidatas de um concur- ta reportagem. Deveriam estar belas, so de misses. Formigheri selecionou claro. Mas não as suas escolhidas. Estas mais “candidatas” do que o necessário foram protegidas da lente do fotógrafo para a exposição: poucas passam pela e só serão vistas na exposição durante primeira etapa do concurso. “Não sei a Festa da Uva. Como um vestido de quantos desses cachos vão estar bons miss, que só é revelado no concurso, até o dia 17. Um grão apodrece ou é Formigheri protege suas uvas para bicado por um passarinho e o cacho já evitar cópia e surpreender concorrennão serve mais.” tes. No fundo, Formigheri conta com Um dos cuidados mais importantes o prêmio que já o levou aos vinhedos na produção de uvas é da Itália, Chile e Aro raleio. Desde o aparegentina. Nos últimos cimento dos primeiros “A uva tem que concursos, suas uvas grãos até o amadure- ficar no padrão têm ficado entre as cimento, Formigheri que as mulheres vencedoras em diverpercorre os parreirais sas categorias. Se o reesculpindo uvas. “Não vão escolher gulamento permitisse pode deixar a feminela quando virem premiação cumulativa, (ramificação superior no mercado”, Formigheri colecionado cacho) muito gran- diz o agricultor ria passagens além de de, o cacho não pode troféus. Mas concorda ser muito comprido e Benvindo com a regra. “Um ano as bagas têm que ser Formigheri viajo eu, no outro o todas do mesmo tamameu filho. Acho muito nho. O cacho tem que certa essa lei. Se tu gater formato de coração. A uva tem que nha seis prêmios teria que viajar com ficar no padrão que as mulheres vão a família inteira e ainda chamar os escolher quando virem no mercado”, parentes?! Não, senhor!”, diverte-se o teoriza. Para agradar as mulheres que campeão. escolhem as uvas no mercado, Formigheri raleia cacho por cacho em um O clima de concurso de beleza desafio de paciência e delicadeza. Tra- também está na propriedade de Euclibalha sentado em um banco que ele des, 62 anos. E o parreiral é a passaremesmo construiu para ficar à altura la. Além da uva, Venturin se preocupa das uvas. Enfrentando o clima quente com a limpeza do parreiral, apara a e abafado sob o parreiral coberto de grama e cultiva jardins. “A gente trabaplástico, Formigheri garante: “É servi- lha bastante pra manter a apresentação. ço pra homem”. Metade da produção é vendida para O agricultor é zeloso inclusive em quem vem comprar aqui mesmo”. No
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O local da exposição de uvas nos pavilhões é estratégico. A visita ao parque inicia pelo Centro de Eventos, onde 160 metros de painéis de uvas dão as boas-vindas e atiçam o paladar. Mais adiante, no Palácio das Uvas, a fruta é oferecida à moda italiana: farta. Conforme o responsável pela logística de armazenamento, José Taiarol, serão distribuídos de 250 a 300 toneladas. Ele explica que nesta edição a logística de distribuição foi aperfeiçoada e a Festa vai oferecer uvas com melhor qualidade. “A grande inovação é o sistema de paletização. O produtor entrega as caixas nos paletes (estrados de madeira) e a uva vai direto da empilhadeira para a câmara fria, com mínimo de manuseio”, explica. Outra novidade é o transporte. Da Companhia de Silos e Armazéns (Cesa), na RSC-453, onde está armazenada, a uva segue em caminhões frigoríficos para os Pavilhões. Uma câmara fria mantém a uva refrigerada no Palácio das Uvas. Para realizar a distribuição de uva, a Festa desembolsa mais de R$ 370 mil, entre a compra da uva, o armazenamento, o transporte e a distribuição. Taiarol calcula que sejam distribuídas de oito a 10 toneladas de uva a cada edição do desfile. No Palácio das Uvas, o consumo pode chegar a cerca de 30 toneladas aos domingos. “Só não se consome mais pela dificuldade logística.” Taiarol se refere à estrutura dos Pavilhões. Nas outras edições da Festa da Uva, os visitantes recebiam um ticket que dava direito a apenas uma entrada no Palácio. A partir da festa de 2008, o acesso foi liberado. Segundo Taiarol, a fila e a própria lotação
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Valter Munhagra, 55 anos, é um novo fornecedor da Festa da Uva. Por causa das perdas na safra, vai entregar somente três toneladas. Mas garante que vai oferecer o melhor do seu produto. “A minha uva não está bonita esse ano. Hoje foi um dia inteiro para colher só isso. E é só o que eu vou entregar. Teria vergonha de entregar uma uva feia para ser servida para o povo”, conforma-se Munhagra. A uva que não tem o padrão de qualidade exigido pela Festa da Uva é aceita para a produção de vinhos, mas o valor de mercado é bem menor. “Vender para a Festa da Uva vale muito a pena. Para cada quilo que eu entrego aqui, teria que entregar dois e meio na cantina para ganhar o mesmo valor. E na cantina o cara não sabe quando recebe. Às vezes, espera até um ano. Na Festa da Uva, dizem que o pagamento é certo.” Celso Cechin, 40 anos, teve mais sorte do que a maioria dos viticultores da região. A safra deste ano será maior do que a do ano passado. Das 150 toneladas que pretende colher dos seus parreirais, em Loreto, onde trabalha com a esposa e os pais, vai entregar seis para a Festa da Uva. “A gente não pode exigir que a Festa compre toda a produção. Tem que dar oportunidade para todo mundo.” O restante, Cechin vende para a produção de vinhos. E o descumprimento do preço mínimo da uva também afeta quem fez uma boa safra. “As cantinas alegam que venderam pouco e pagam pouco.” Essa é primeira vez que Cechin fornece para a Festa da Uva. “Tenho que vender o produto da melhor qualidade pra poder vender sempre”, espera o viticultor.
Maicon Damasceno/O Caxiense
vinhedo que se tornou cartão postal, do Palácio, principalmente aos finais a uva é cartão de visitas. “A exposição de semana, inibem a entrada de mais nos Pavilhões ajuda a divulgar a nossa visitantes na área de degustação. “Para marca, que é uma das mais conhecidas atender a toda a demanda, precisaríaem Caxias.” Em uma sala na entrada mos de um espaço muito maior.” Aindo parreiral, Venturin expõe os troféus da assim, a qualidade da uva oferecida que conquistou com as suas uvas. En- e a oportunidade de degustá-la no mitre o concurso da Festa da Uva e os de rante do Palácio, com uma vista panooutros municípios, já são mais de 40 râmica de Caxias, valem o esforço. prêmios. O primeiro é de 1975 e está em nome do pai dele, Severino Martini Quem vende a uva para a Festa Venturin, falecido há 12 anos. “Eu me já está acostumado com a exigência criei embaixo do parreiral e aprendi de qualidade e contente com o retormuito. Não sou agrônomo e não sei ex- no financeiro. Das 75 toneladas de plicar como agrônomo. sua produção na Linha Sei te falar da prática 40, Jandir Luvison, 53 que vai além dos livros.” “Não adianta anos, deve vender 15 Venturin escolhe as escolher antes. toneladas para a Fesuvas que vão para a ex- O cacho que ta, a R$ 1 ao quilo. posição nos Pavilhões Luvison perdeu quase na véspera da entrega. você vê hoje, metade da safra com a “Não adianta escolher amanhã não chuva de pedra. Agora, antes. O cacho que você ainda contabilizané o mesmo”, vê hoje, amanhã não é ensina o do o prejuízo, diz que o mesmo”. O ofício de gastou R$ 0,50 para produzir cachos dig- multicampeão produzir cada quilo de nos de prêmio e saber Venturin uva – isso, porque “na escolhê-los, Venturin colônia não se calcula herdou do pai e, com a mão de obra” – mas ajuda da esposa, transmite aos dois fi- está satisfeito com o que vai receber. lhos. “É a minha família que mantém “O preço está ótimo. Melhor do que isso daqui. É trabalho para quatro pes- vender na cantina ou na Ceasa”, avalia. soas durante quase o ano inteiro.” Os Há 24 anos, quando entregou a priprêmios de Venturin são tantos que há meira carga de uvas para a Festa, Luquem desconfie. “Tem gente que diz vison juntou dinheiro suficiente para que só ganham os puxa-sacos. Se fosse comprar uma caminhonete. O lucro por isso preferia nem ganhar. Partici- nessa safra ainda é pouco para realizar po porque gosto da Festa da Uva. Mas o novo projeto de Luvison – implantar quero ver premiados os que realmente o sistema de plasticultura – “mas já dá merecem.” pra começar a pensar”.
Uvas de concurso são protegidas contra o tempo e os pássaros, cuidadas grão a grão
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Na selva de pedra
FIM DE REINADO le poupou uma visão triste para as crianças. Assistir ao definhar do corpo e, por fim, à morte não é o melhor programa para os pequenos que buscam a alegria no contato com animais do zoológico. A jaula vazia causará indagações em quem conhecia Simba. Os monitores do Jardim Zoológico da Universidade de Caxias do Sul (UCS) que acompanham as turmas escolares terão mais uma tarefa, além de apresentar as características de cada animal: explicar o ciclo da vida. Em uma bacia bege, os estagiários Paula Camargo e Gregório Granada preparam o alimento dos muitos animais do zoológico que aguardam ansiosos pela primeira refeição do dia. Uvas, maçãs, bananas e figos picados
animação da Walt Disney Pictures. O felino chegou ao solo caxiense em julho de 2001, e em todos estes anos atraiu a atenção de centenas de crianças e adultos das mais variadas idades. Conforme a veterinária do Jardim Zoológico da UCS, Juliana Aquino Moreira, Simba se adaptou perfeitamente ao local, apesar das baixas temperaturas do inverno. O animal, apreendido em um circo de beira de estrada em Florianópolis há quase nove anos, foi trazido pela Sociedade Amigos dos Animais (Soama) e pela Patrulha Ambiental (Patram), que o entregaram ao Zoológico da UCS. Simba chegou em condições precárias e com sinais claros de maus tratos. “Ele viveu seus primeiros anos preso em uma pequena jaula, com alimentação insuficiente. Passava longos períodos de jejum e, às vezes, comia carcaças de
O processo de reabilitação de Simba foi rápido. Em pouco tempo recuperou o peso e assumiu o reinado em sua jaula, agora espaçosa e com diversos ambientes. Seu novo lar, no Jardim Zoológico da UCS, apresentava todas as conformidades exigidas para manter um leão. Algumas até consideradas um luxo, como uma espécie de miniatura de lago com peixes para oferecer-lhe diversão. Também foi plantada pequena vegetação para dar maior intimidade ao animal. Mesmo com essas regalias, Simba viveu uma vida de celibato. Foram longos anos isolados de qualquer contato com outro animal da sua espécie. Mas quando foi recebido no zoológico, sua jaula já tinha dono. Ou melhor, uma dona. Nala, nome de outro personagem do filme O Rei Leão, era uma leoa de meia-idade, mais velha que o então
observando o movimento das pessoas que lhe lançavam um olhar de curiosidade. De vez em quando, o felino brincava com os peixes que havia no seu lago particular, lançando a pata dianteira dentro d’água. No final da tarde, quando o sol começava a se pôr, Simba levantava-se e rugia alto, num pequeno espetáculo para as pessoas que ali estivessem. Apesar de todo o cuidado e carinho recebidos, o leão não suportou, no último ano, os problemas de saúde causados pela idade avançada. Ele deixou de responder aos medicamentos. Nos últimos 10 dias de vida, Simba passava cinco horas diárias no soro e alimentava-se somente de leite e carne moída. “Fizemos todo o possível para mantêlo vivo”, desabafa a coordenadora. A veterinária Juliana garante que Simba teve boa qualidade de vida no zoológiDaiane Nardino, Divulgação/O Caxiense
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por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br
Depois de oito anos e meio tendo Simba como estrela maior, o Jardim Zoológico da UCS ficou de jaula vazia
Resgatado de um circo de beira de estrada, Simba virou atração em Caxias, onde morreu aos 12 anos, de velhice
são dispostos aleatoriamente no recipiente. Até mingau eles preparam, sempre sob a supervisão da veterinária Juliana Aquino Moreira. Essa dieta é comum para muitos animais do zoológico. Para outros, frutas não são o alimento ideal. A caça, atividade de todos os carnívoros, se resume, no zoológico, a aguardar a bandeja de carne que é servida normalmente no fim da tarde. A grande jaula vazia, ao lado da cozinha, ainda causa saudades nas pessoas que tratavam do perigoso leão, mas que lá era o inquilino mais especial. O nome foi escolhido por meio de concurso entre os alunos das escolas que visitavam o zoológico. Simba é uma referência ao herói do filme O Rei Leão,
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outros animais. Também havia marcas na sua cabeça, pois a roçava na pequena jaula quando se movia”, conta, com tristeza, a coordenadora do zoológico, Márcia Maria Dosciatti de Oliveira. Embora tenha vivido a infância e juventude enclausurado em espaço claustrofóbico, Simba superou os primeiros anos difíceis, quando se negava a ser domado, e viveu até os 12, idade que compreende a velhice nos animais da sua espécie. De acordo com Juliana, esta é a média de idade alcançada por leões criados em cativeiro. Na natureza, segundo ela, vivem até menos devido à escassez de alimentos e demais dificuldades que este habitat apresenta.
jovem Simba. Apesar de ocuparem o mesmo espaço por um curto tempo, nunca tiveram nenhuma relação mais íntima. O casal sempre ocupou lugares diferentes na jaula, divididos por uma grade. Seu namoro se deu apenas de forma superficial, com o encontro da ponta dos focinhos. A coordenadora do zoológico, Márcia Dosciatti, explica que não seria adequado para os alunos que visitam o zoo observar a cópula dos felinos. “A meta do zoológico é desenvolver a educação ambiental”, reforça. Simba não era um animal de muitos amigos. Com seu porte imponente e longa juba, ele gostava de ficar em posição meditativa, encostado à grade,
co. “Morreu de velhice mesmo”, completa. No dia 12 de janeiro, após esgotar todas as suas energias, Simba fechou os olhos em definitivo. Sua lembrança estará sempre presente na memória de crianças, pais e funcionários do zoológico, e seu corpo, enterrado em um local não revelado no interior da Cidade Universitária, o deixará ligado de alguma forma às pessoas que o receberam de coração aberto. Hoje preenchido pela saudade, o espaço que Simba ocupava logo ganhará novo inquilino. Um puma, já integrado ao zoológico, será transferido para a jaula assim que passar a quarentena (para livrar o local de vírus e bactérias).
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Artes artes@ocaxiense.com.br
ii por R. M. PETEFFI eu, que nada tenho, nada quero, meu amor; tu, que tudo tens, basta-te nada. conheço da guarida o despacho turvo, trago na bolsa ..................................................[um salmão laranja, tenho as calças mais longas que as pernas e as duas moedas que trazia caíram-me dos bolsos ..................................[muito antes de começar a estrada. mas hoje sei que o mundo não é o que se conhece do mundo, sei que o serem as noites de prata não significa serem ..................................................[de prata as noites, sei que teus lábios não são meus lábios porque já os tive, amor... e tu!... que sabes tu do mundo? que pouco importa não caberem-te nos pés os sapatos .................................................[contanto sejam teus; que goza-se melhor a morte em mogno que em terra; que de deus não importa a forma, contanto que seja doirada. houve ontem, sim, lilases e tílias e dálias, .................................................[mas éramos tão jovens, amor! houve o peito cheio e a alma inteira; houve o cálice grande da ceia aberta; houve ontem o não haver-se hoje o que ontem houve .................................................[tão somente, amor. hoje não me estendo longamente sobre nenhuma relva... hoje já não vivo p’ra sempre, e talvez morresse amanhã, resolvesse a bétula caída ressuscitar neste quinto dia de outu-
Lourdes Guerra Sauthier | Sem título |
bro desta triste primavera de juventude... contudo, meu falar, se não me compreendes, .........................................[faz minha toda alheia estupidez.
Portais que transportam para um pequeno mundo de sonhos aparecem neste acrílico sobre tela. A artista pinta com cores que remetem ao amor e à leveza da vida.
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Guia de Cultura
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Marcos Hermes, Divulgação/O Caxiense
Musical adolescente estreia no cinema, rock & roll invade a cidade e show sertanejo inaugura espaço CINEMA l 2012 | Aventura. De sábado a quinta, 20h | Mensagem de catástrofe iminente que destruirá a Terra, baseada no calendário maia, é espalhada por radialista de uma estação pirata. Com John Cusack, Danny Glover e Woody Harrelson. Dirigido por Robert Emmerich. Censura 12 anos, 161 minutos, dublado. UCS Cinema R$ 10 e R$ 5 (para estudantes e sênior) | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | Galeria Universitária
Embrafilmes, Divulgação/O Caxiense
l A princesa e o sapo | Animação. De sábado a quinta, 17h | Jovem beija sapo para ele voltar a ser príncipe, mas algo dá errado: a jovem é que vira sapo. Censura livre, 97 minutos, dublado. Sábado e domingo, sessões também às 14h30. No domingo, o valor é de R$ 3. UCS Cinema
Sérgio Reis nos Pavilhões e Marcélia Cartaxo em A Hora da Estrela no Ordovás
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l Abraços Partidos | Drama. De sábado a quinta, 21h45 | Cineasta sofre acidente de carro que tira sua visão e seu grande amor, a atriz do seu filme. Depois de 14 anos do ocorrido, uma presença do passado traz à tona lembranças. Dirigido por Pedro Almodóvar. Com Penélope Cruz. Censura 14 anos, 129 minutos, legendado. Pepsi GNC 6 - Shopping Iguatemi Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional) Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453 nº 2.780, Distrito Industrial | 3209-5910
Reitman. Com George Clooney e Vera Farmiga. Censura 12 anos, 109 minutos, legendado. Pepsi GNC 3 – Shopping Iguatemi l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 21h30| Ex-fuzileiro naval é enviado ao planeta Pandora, onde encontra a raça humanoide Na’Vi. Dirigido por James Cameron. Classificação 12 anos, 166 minutos, legendado. Pepsi GNC 4 – Shopping Iguatemi l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 14h30 | Censura 12 anos, 166 minutos, dublado. Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 18h15 | Classificação 12 anos, 166 minutos, legendado. Pepsi GNC 6 – Shopping Iguatemi l A hora da estrela | Drama. De quinta a domingo, dia 14, 20h | Baseado em livro homônimo de Clarice Lispector, filme conta a história de nordestina que vai para a cidade grande. Ela começa a namorar mas uma colega de trabalho rouba o pretendente, sob orientação de uma cartomante. Dirigido por Suzana Amaral. Com Marcélia Cartaxo, José Dumont e Fernanda Montenegro. 96 minutos. Sala de Cinema Ulysses Geremia R$ 1,99 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares
l Alvin e os Esquilos 2 | Comédia. De sábado a quinta, 13h30, 15h30, 17h30 e 19h30 | Trio de esquilos participa de um concurso de bandas, mas um dos concorrentes é grupo formado por três fêmeas, as Chipettes. Dirigido por Tim Hill. Censura livre, 94 minutos, dublado. Pepsi GNC 4 - Shopping Iguatemi
l Dança comigo? | Drama. Quinta, dia 04, 15h | Advogado casado faz aulas de dança para se aproximar da professora e não é correspondido, mas gosta do exercício e continua frequentando as aulas, sem contar à esposa. Ela estranha seu novo comportamento e contrata um detetive particular para investigá-lo. Dirigido por Peter Chelsom. Com Richard Gere, Jeniffer Lopez e Susan Sarandon. A exibição faz parte do projeto Matinê às 3. Censura 14 anos, legendado, 95 minutos. Sala de Cinema Ulysses Geremia Entrada franca. A participação pode ser confirmada por agendamento de sua entidade, retirando ingresso no local ou por reserva de ingresso, pelo telefone 3901.1312, com Tatiéli | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares
l Amor sem escalas | Comédia romântica. De sábado a quinta, 18h45 e 21h15 | Homem de estilo de vida desapegado e com passagens frequentes por aeroportos e hotéis começa a se conscientizar de como seria a vida sem seu emprego quando tem que treinar nova funcionária. Dirigido por Jason
l High School Musical – O Desafio | Musical. De sábado a quinta, 15h, 17h, 19h e 21h | Versão nacional do sucesso americano, adolescentes voltam às aulas e resolvem participar de concurso de música. Dirigido por César Rodrigues. Com Olavo Cavalheiro e Wanessa Camargo. Censura livre, 97 minutos.
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l O fada do dente | Comédia. De sábado a quinta, 14h15 e 16h30 | Jogador de hockey vira fada do dente, mas realiza o trabalho do seu jeito. Dirigido por Michael Lembeck. Com Dwayne Johnson (The Rock) e Julie Andrews. Censura livre, 103 minutos, dublado. Pepsi GNC 3 – Shopping Iguatemi
l Coleção de Caixa de Fósforos | De terça, dia 9, a 7 de março, de segunda a sexta das 9h às 21h e sábados, domingos e feriados das 15h às 21h | Mostra organizada por Máximo da Luz expõe coleção com caixas de fósforo de diversas nacionalidades, das décadas de 40 a 70, de Aldoir Fogaça dos Santos. Saguão de Exposições – Centro
noite. Nox Versus R$ 15 (com nome na lista e até 0h30) e R$ 20 (após) | Darcy Zaparolli, 111, Villaggio Iguatemi | 3027.1351 | www. noxversus.com.br l Isaak e Vinni | Pop. Sábado, 21h | Acústico com samba rock, rock gaúcho, anos 80 e pop rock. Bier Haus Bar R$ 5 | Tronca, 3.086, Rio Branco | 3221-6769 l John e os Travoltas | Rock. Sábado, 23h | Depois do show, DJ Eddy. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RST-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas | www.portalbowling. com.br
go, 19h | Cantor realiza show com Osvaldir & Carlos Magrão e Volmir Martins. A partir das 15h haverá apresentações artísticas com Os Campeiros e, às 16h30, César de Freitas. Espetáculos fazem parte da inauguração do Espaço Multicultural da Festa da Uva. Espaço Multicultural – Pavilhões da Festa da Uva R$ 10 (geral) e R$ 120 (mesa para quatro pessoas em camarote). Ingressos antecipados nas Lojas Bulla e Essência Jovem | Ludovico Cavinatto, 1431, Nossa Senhora da Saúde | 3028-2200 l Contramão | Segunda, dia 8, 21h | Festival tem palco livre. Vagão Bar Entrada franca | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.
Planeta Disney, Divulgação/O Caxiense
l O fim da escuridão | Policial. De sábado a quinta, 14h20 e 19h15 | Policial veterano tem filha assassinada na porta de casa. A suspeita inicial de que ele era o alvo é deixada de lado quando descobre envolvimento dela com segredos do governo dos EUA. Dirigido por Martin Campbell. Com Mel Gibson. Censura 14 anos, 117 minutos, legendado.
das 9h às 21h e sábados, domingos e feriados das 15h às 21h | Inauguração de exposição que integra programação da Festa da Uva 2010. Sala de Exposições – Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316
Alexander Fernandes, Divulgação/O Caxiense
Pepsi GNC 2 – Shopping Iguatemi
Adolescentes cantam e dançam no High School Musical brasileiro; caxienses da Agente Ed lançam CD no sábado
Pepsi GNC 1 – Shopping Iguatemi l Premonição 4 | Terror. De sábado a quinta, 14h, 16h, 18h, 20h e 22h | No quarto filme da série, jovens escapam da morte em um autódromo e depois são perseguidos um a um. Dirigido por Davir R. Ellis. Com Bobby Campo. Censura 18 anos, 81 minutos, legendado. Pepsi GNC 5 – Shopping Iguatemi l Sherlock Holmes | Ação. De sábado a quinta, 16h45 e 21h40 | Em meados do século XIX, o detetive é acompanhado por Dr. Watson na captura de um bruxo serial killer. Dirigido por Guy Ritchie. Com Robert Downey Jr. e Jude Law. Censura 14 anos, 128 minutos, legendado. Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi
EXPOSÇÕES l Pinturas em giz pastel | Até dia 28 de fevereiro, de segunda a sexta das 8h30 às 18h30 e aos sábados das 8h30 às 12h30 | Obras da artista plástica Iva Spinelli. Espaço Cultural da Farmácia do Ipam Entrada franca | Dom José Barea, 2202, Exposição | 4009-3150 l Estação Ordovás | De terça, dia 9, a 7 de março, de segunda a sexta
Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316
MÚSICA l Cardo Peixoto | MPB. Sábado, 22h30 | Badulê American Pub Entrada franca até as 22h . Após, R$ 5,00. | Rua Marechal Floriano, 1.504, sala 1, Centro | 3419-5269 | 70 pessoas l Dan Ferreti | Samba rock e MPB. Sábado, 22h30 | São Patrício Bar Entrada franca | Tronca esquina com Marechal Floriano, Centro | 30285227 | 50 pessoas l Fabricio Beck Trio | Pop. Sábado, 23h | Depois do show, DJ Titi Branchi. La Barra Valor não divulgado | Coronel Flores, 810, São Pelegrino | 3028-0406 | www. labarra.com.br l Homo | Música eletrônica. Sábado, 23h | Festa itinerante faz 10 anos com presença das drags Leticia Dumont e Penelope Rhum. Na pista, DJs Sill (PoA) e Rodrigo Dias. Dose dupla de Bohemia e whiskies das 23h à meia-
l O Diabo Veste Prada | Música eletrônica. Sábado, 23h | Valma Classic apresenta concurso de moda e estilo. Depois, DJ Bebezão. Studio54Mix R$ 12 | Visconde de Pelotas, 87, Centro | 9104-3160 | www.studio54mix.com l Rosa Tattooada | Rock. Sábado, 23h30 | Banda apresenta seus sucessos. Abertura com LaCross. Roxx Rock Bar R$ 15 (até 23h30) e R$ 20 (depois) | Av. Júlio de Castilhos, 1.343, Centro | 3021-3597 | 400 pessoas l Reverba Trio | Surf rock. Sábado, 22h30 | Mississippi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br l Revólver e Agente Ed | Rock. Sábado, 23h | Bandas caxienses lançam CD e tocam músicas próprias e clássicos do rock. Vagão Bar R$ 15 ou R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www. vagaobar.com.br | 500 pessoas l Sérgio Reis | Sertanejo. Domin-
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vagaobar.com.br | 500 pessoas l Fernando Aver Jazz Trio | Jazz. Terça, dia 9, 22h | Leeds Pub R$ 5 | Os 18 do Forte, 314, N. Sra. de Lourdes | 3238-6068 | www.leeds.com. br l Raul Barboza | Quarta, dia 10, 20h30 | Embaixador de Chamamé, músico argentino que acompanhou Mercedes Sosa e Paco de Lucia, entre outros, realiza espetáculo com arcodeon. Teatro Municipal Pedro Parenti – Casa de Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima R$ 25 | Dr. Montauty, 1333, Centro | 3221-3697 l Alamo Leal & Blues Groovers | Blues. Sexta, dia 12, 22h | Festa de Mardi Grass 2010. Mississippi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br l DJ Mono | Carnaval. Sexta, dia 12, 21h | Balada com samba rock, MPB, marchinhas carnavalescas e sambas enredo. Bier Haus Bar R$ 5 | Tronca, 3.086, Rio Branco | 3221-6769
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Esforço de emergência
Médico coordenador do pronto-socorro, Walter Praetzel Porto atua na emergência do Pompéia há 16 anos, e já se acostumou a driblar as dificuldades
GUERREIROS
DA SAÚDE
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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br
s palavras fixadas em uma das portas de entrada do Hospital Pompéia dão o primeiro aviso: PROIBI A ENTRADA. Está escrito assim mesmo, sem o D de PROIBIDA, que caiu e nunca foi reposto. Atrás dessa porta de letreiro incompleto, há salas separadas entre si apenas por cortinas plásticas e, em cada uma delas, diversas camas e macas cheias de gente com dores, pés quebrados ou risco de infarto, entre outros problemas. O cenário não é convidativo. E o lugar está distante do ideal de como deve ser um pronto-socorro. Quem é obrigado a passar pela porta de entrada dá de cara com a sala dos pacientes graves. Se olhar para o lado direito, enxerga a ala dos que recém chegaram e correm risco grave. Se virar para a esquerda, vê a ala dos que já foram atendidos, estão fora de perigo e aguardam por um leito ou pela liberação. Entre essas salas, apenas uma cortina. Nenhuma porta, nenhum corredor. E entre os pacientes que ficam nelas, nenhuma divisão. Assim, uma vítima de acidente recém chegada, sangrando ou gemendo de dor, pode ficar ao lado de outra que acabou de ter uma convulsão e de frente para alguém que já está bem, mas ainda não recebeu autorização para deixar o hospital.
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Como o Hospital Pompéia é o único que atende casos de emergência – aqueles nos quais o paciente corre o risco iminente de morrer – na região e é a referência para traumas, todas as situações mais graves, como crimes ou acidentes de trânsito e de trabalho, acabam sendo encaminhadas para lá. E não há distinção entre os pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS) e os de planos privados. Vão todos para o mesmo lugar e dividem as mesmas salas. Claro que quem mais sofre são os pacientes do SUS. Após o atendimento de emergência – que é igual para todos –, as pessoas que não têm convênio e ainda precisam de cirurgia, de internação em UTI ou de um leito simples acabam ficando mais tempo no pronto-socorro à espera de uma vaga, problema que não enfrenta quem tem condições de pagar pelo atendimento na ala privada de um outro hospital, por exemplo. Essa demanda represada do SUS ajuda, com frequência, a lotar o lugar, que acabou recebendo o sombrio apelido de Vietnã. A designação chateia, mas não surpreende os profissionais que trabalham diretamente no pronto-socorro. Eles são conscientes das condições de trabalho e não têm como negar a inadequação do ambiente. A situação só não é pior porque há profissionais
Alguns chamam o pronto-socorro do Pompéia de Vietnã. Outros preferem se empenhar em vencer a batalha diária para salvar vidas
empenhados em fazer desse Vietnã um leitos, muitas vezes, é insuficiente para lugar melhor e salvar as vidas das pes- atender a uma demanda que não dá soas que chegam ali, apesar das adver- trégua nem de madrugada. O prontosidades. socorro recebe em média 1,8 mil pesO médico coordenador do pronto- soas por mês. Ou seja, são cerca de 60 socorro, Walter Praetzel Porto, traba- atendimentos por dia realizados em lha na emergência do Pompéia há 16 um espaço físico que não comportaria anos, e já se acostumou a driblar as tudo isso. dificuldades que dão ao lugar apelidos E ainda há um agravante: faltam leiaté piores do que Vietnã – ele prefere tos de UTI. “Em Caxias, há 20 leitos de não citar quais. Assim como também UTI do SUS: 10 no Pompéia e 10 no está habituado a abrir mão de férias Hospital Geral. E há uma região inteira para cuidar dos dodisputando esses lugaentes que precisam da res. No sistema privaemergência e que fi- “Ninguém quer do, existe mais do que cariam sem médico se trabalhar no o dobro disso para um ele viajasse. “Ninguém plantão. Faz 2 número de pacientes quer trabalhar no planbem menor”, compara anos que entro tão. Faz dois anos que Porto. eu entro em férias, mas em férias e venho Para tentar diminuir venho aqui para traba- trabalhar porque o problema, médicos lhar porque não encon- não encontro e enfermeiros destinatro substituto para o ram dois leitos que eles substituto”, meu lugar.” chamam de “UTIzinha Porto é cirurgião conta Porto do plantão”. Eles foram do aparelho digestivo, instalados em uma sala possui um consultório separada das demais, e também é professor. Todas essas ati- próxima a um posto de enfermagem, vidades lhe garantem uma renda muito com alguns equipamentos necessámelhor do que o pronto-socorro. Mas rios a um tratamento intensivo, como esse é o lugar onde se realiza, e talvez respiradores, por exemplo. Esse lugar por isso ele acabe contornando os pro- está reservado para os casos mais grablemas sem desanimar ou fazer refe- ves, quando não se consegue vagas nas rências pejorativas ao lugar. E olha que UTIs disponíveis no hospital. E eles as dificuldades são muitas. também são insuficientes. O médico conta que o número de “Na época da gripe A, tínhamos
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nove pacientes com respiradores aqui toqueiros quebrou o pé esquerdo em na sala do pronto-socorro. Isso é equi- quatro lugares e precisou ficar a tarpamento de UTI e esse não era o lugar de toda com o pé sangrando à espera ideal para eles ficarem. Mas as UTIs de uma vaga no bloco cirúrgico. Foi estavam lotadas e nos obrigamos a im- operado depois de algumas horas. O provisar. Conseguimos aparelhos em- homem que havia caído na obra não prestados de outros hospitais e demos resistiu e morreu no dia seguinte. Os um jeito”, conta Porto. outros dois foram liberados mais tarde. Para o médico, o problema é quando não se consegue dar um jeito. E isso é Por causa de tudo isso é que é muito mais comum do que se imagi- raro encontrar, entre os jovens, profisna. Ele lembra que essa falta de leitos sionais dispostos a encarar a rotina de de UTI obriga os médicos a fazerem uma emergência. Walter Praetzel Porto escolhas que não deveriam ser feitas. diz que essa é a área de atuação onde “Como se decide quem vai para a UTI? se trabalha mais e se ganha menos, o Às vezes tem um paque torna a tarefa pouciente com câncer que co atraente. Segundo precisa operar, só que “Aumentaram as o médico, o trauma é a operação só pode ser situações de a principal causa de feita se tiver leito de em pessoas até emergência, mas morte UTI disponível para ele 40 anos, e o Hospital ficar depois. Aí, chega o SUS não se Pompéia é referência uma pessoa de aciden- adaptou”, diz o nesse tipo de atendite que vai para uma ci- superintendente mento na região. Ou rurgia de emergência. quem trabalha do Pompéia, com seja, Como você vai dizer na emergência do para não operar essa déficit mensal Pompéia precisa estar pessoa porque a UTI de R$ 1 milhão acostumado a atenestá reservada para der todos os casos de outro paciente? E se, acidentes de trânsito, quando a UTI for liberada, o câncer ti- quedas e tentativas de homicídio que ver entrado em metástase, impedindo acontecem na região. a cirurgia? Isso é muito cruel.” Além disso, o ambiente é feio, muitas vezes triste, e exige constantemente A reportagem do jornal O a tomada de decisões difíceis. “Esse é Caxiense acompanhou uma tarde de o lugar para onde são encaminhados plantão no pronto-socorro do Hospital os pacientes mais graves. O pessoal do Pompéia na terça-feira, dia 2. Segundo Postão, por exemplo, só manda os paos profissionais que trabalham no lu- cientes para cá quando eles não sabem gar, foi um dia tranquilo, embora não o que fazer. Aqui não tem para quem tenha parado de chegar pacientes. Para encaminhar. Tem que resolver o prose ter uma ideia, a enfermeira Jane Ca- blema e pronto. Não é todo mundo que valheiro, 38 anos, iniciou o trabalho às suporta essa carga.” 13h e conseguiu sentar-se pela primeiPorto já se acostumou com as cenas ra fez para descansar por alguns minu- que presencia diariamente e com as ditos somente às 18h. “Tem dias que não ficuldades que enfrenta todas as vezes tem como sentar.” que precisa encaminhar um paciente Nesses minutinhos de intervalo, Jane da emergência pelo SUS. “Fico muito contou que adora trabalhar no pronto- sensibilizado quando atendo crianças. socorro e que não se importa com as Lembro do caso de uma criança de dificuldades. “Faz seis anos que eu tra- dois ou três anos que havia levado um balho aqui. Adoro o PS. Já trabalhei em tiro do pai. Nós abrimos o tórax dela UTI e em bloco cirúrgico, mas é aqui aqui no pronto-socorro mesmo. Mas o que me realizo.” tiro tinha atingido em cheio o coração. E isso foi tudo o que ela conseguiu Não deu para salvar. Isso me marcou contar, porque em seguida chegou muito.” uma ambulância e Jane teve que correr O médico não se incomoda em trapara atender o paciente. Era um traba- balhar para o SUS, e garante que nunca lhador da construção civil que havia aconteceu de alguém morrer ou deixar sofrido um Acidente Vascular Cerebral de fazer algum exame complexo por (AVC) e caído. Não foi possível desco- falta de vaga ou de disponibilidade. “Se brir como havia sido a queda, nem de eu digo que preciso mesmo de um exaque altura, pois seu estado era muito me que o SUS não oferece, por exemgrave. plo, o hospital banca e faz.” Sem conseguir respirar sozinho, ele precisou ser auxiliado por um respiraEssa responsabilidade assumidor artificial – aquele equipamento de da pelo Pompéia acaba acarretando em UTI, lembra? – na sala de emergência um prejuízo de aproximadamente R$ mesmo. O equipamento foi retirado da 1 milhão por mês. O superintendente UTIzinha e levado para o outro am- do hospital, Francisco Ferrer, explica biente, onde o médico e os enfermei- que a diferença entre o custo de manuros prestavam socorro, sob os olhares tenção do atendimento pelo SUS e os curiosos e um pouco assustados dos valores repassados pelo Ministério da demais pacientes. Saúde é muito grande. E ela aumenta A tarde havia iniciado aparentemen- todas as vezes em que é necessário fate calma, com poucas pessoas em esta- zer um procedimento que a saúde púdo grave. Mas a partir das 16h começa- blica não cobre. ram a chegar as primeiras ambulâncias Para se ter uma ideia do desequilíe os doentes levados por amigos ou fa- brio entre o que o hospital gasta e o que miliares. Entre eles, dois motociclistas recebe, nos leitos de UTI a defasagem que se acidentaram, um homem que é de 110%. Esses são leitos que nunca havia sofrido uma crise convulsiva e o ficam desocupados e que necessitaoperário da construção. Um dos mo- riam de ampliação para dar conta da
Estrutura precária assusta pacientes e exige dedicação extrema dos profissionais
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Reforma e ampliação do pronto-socorro, custeadas por verba de emenda parlamentar e por recursos próprios, deve ficar pronta em maio
demanda. “A emergência do Hospital parte do dinheiro irá para a reforma de Pompéia é referência para uma popu- um laboratório, conforme pré-requilação de 1 milhão de habitantes de 52 sito para o repasse do dinheiro. Com cidades da região. Com a nossa estru- recursos próprios, o superintendente tura, não tem como não haver super- pretende construir outros 71 metros lotação.” quadrados, que serão agregados ao Ferrer explica que o perfil epidemio- pronto-socorro. lógico da população O arquiteto que elamudou nos últimos borou o projeto, Maranos. Doenças que an- “A emergência cos Schio, explica que tigamente eram trata- do Pompéia é o número de leitos de das em hospitais, como emergência passará de verminoses, por exem- referência para dois para quatro, haplo, hoje podem ser 1 milhão de verá duas salas de obresolvidas em casa ou habitantes. servação e uma de isoem unidades básicas de Não tem como lamento. E os espaços saúde. No lugar delas, serão divididos entre cresceram os casos de não haver masculino e feminino. diabetes, hipertensão superlotação”, Além disso, todos os e violência, muito mais explica Ferrer leitos ficarão separados graves, com exigência por cortinas que facilide equipamentos metem o acesso dos médilhores e uma oferta maior de UTIs. cos e, ao mesmo tempo, preservem a “Aumentaram as situações de emer- privacidade do paciente. “Ainda não gência, mas o SUS não se adaptou.” é suficiente para atender a demanda. Para tentar compensar os gastos com Mas acreditamos que já vai melhorar o SUS, a prefeitura de Caxias do Sul re- bastante as condições de atendimento passa ao hospital cerca de R$ 500 mil e a situação de fluxo”, aposta Ferrer. mensais. O restante do prejuízo Ferrer tenta compensar nos atendimentos Para minimizar ainda mais o particulares e de convênios e com a problema, ele aposta em uma ajuda dos implantação de exames mais sofistica- governos municipal e estadual. Ferrer dos, que são disponibilizados também aguarda uma resposta positiva da Seaos pacientes do SUS. cretaria Estadual da Saúde para instaAlém disso, com a ajuda de empresas lar em Caxias uma Unidade de Prone de alguns políticos da região, Ferrer to Atendimento (UPA). Nesse lugar, tem conseguido financiar reformas e haveria toda a estrutura de uma UTI ampliações nas alas públicas. O próxi- – recurso que o Postão, por exemplo, mo beneficiado com esse tipo de aju- não possui – e uma ambulância para da será justamente o pronto-socorro, deslocar pacientes. Essa unidade faria que até maio deve estar totalmente o primeiro atendimento, e o paciente reformado. “No ano passado, nós só chegaria à emergência do Pompéia conseguimos, através de uma emen- se o caso fosse realmente grave. da parlamentar do deputado federal O superintendente também espera Pepe Vargas (PT-RS), R$ 500 mil para receber uma ajuda do Estado para a o Pompeia.” construção de mais oito ou 10 leitos de Desses R$ 500 mil, R$ 317,55 mil se- UTI, o que dobraria a capacidade exisrão usados na reforma de 278 metros tente hoje. O município se encarregaquadrados de área hospitalar – a outra ria de ajudar no custeio de manuten-
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ção desses leitos. “Não sei qual seria o cretas serão capazes de reverter a situvalor da obra, mas o gasto da prefeitura ação de superlotação na emergência. seria de R$ 130 mil por mês”, revela. “Todas essas ações devem diminuir o A contribuição do Município não problema. Mas para acabar com ele separaria por aí. Ferrer conta que recebeu ria necessária uma mudança em todo da prefeitura uma proposta para admi- o Sistema Único de Saúde.” O superinnistrar um hospital de atendimento tendente lembra que o Pompéia acaba clínico. A ideia é instalar esse novo superlotado porque o outro hospital da hospital no prédio da Rua Sinimbu que região que recebe pacientes do SUS é funcionou como Postão enquanto o o Geral, que não atende emergências, atual estava em obras – e que foi usado somente os casos menos graves, nos também como hospital de campanha quais não há risco do paciente morrer. durante a gripe A. “Esse hospital deve Apesar disso, Ferrer se orgulha de ter de 35 a 40 leitos administrados pelo o Pompéia ser o melhor hospital em Pompéia, que deve colocar uma equipe diagnósticos da cidade, oferecendo lá. Com isso, nós conseguiremos trans- exames que nenhum outro possui e ferir do nosso hospital os casos menos disponibilizando sua estrutura para graves, aliviando um pouco a lotação todos os pacientes, independentemenatual.” te de terem plano de saúde ou não. Ele A secretária municipal da Saúde, entende que Caxias é privilegiada, porMaria do Rosário Antoniazzi, garante que em outros hospitais públicos do que o município será parceiro em to- Estado a situação é muito diferente. dos esses projetos. Ela acredita que o “Com todos os problemas que temos governo do Estado também dará sua aqui, estamos no paraíso se nos comcontribuição. “Eu tive uma reunião pararmos à situação do Rio Grande do com o secretário Osmar Terra esta Sul.” semana e falei sobre a ampliação dos A secretária Maria do Rosário vai leitos de UTI. Ele ficou além. Ela lembra que a muito empolgado com emergência do Hospital Pompéia foi a ideia”, observa. Pompéia pode ser feia e O secretário Terra convidado a estar distante do ideal, deve vir para Caxias administrar um mas é o único lugar da pessoalmente para região que atende os discutir esse assunto e novo hospital, casos graves indistintambém a implantação de atendimento tamente. E faz isso há da UPA. A expectativa clínico, que será 95 anos. “Esse hospital de Maria do Rosário mantido pelo atende os pacientes que é que até a metade do não têm condições de ano esses novos leitos Município, na pagar pela saúde desde UTI já possam es- Rua Sinimbu de quando o SUS nem tar funcionando, com existia. Sempre teve apoio do Estado e do essa característica de Município. atender as pessoas em situação de vul nerabilidade. Portanto, presta um serA reestruturação do pronto- viço importantíssimo e histórico para socorro deve ficar pronta em 2 de maio, a cidade. E continua prestando, com a de acordo com cálculos do arquiteto consciência de quem sabe que precisa do Pompéia. Mas Ferrer admite que melhorar o atendimento, e não mede nem os planos nem as propostas con- esforços para isso.”
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Tarifaço do Samae
ÁGUA SALGADA Empresas como a TDi Indústria Metalúrgica serão as mais atingidas pela alta da tarifa: “Talvez tenhamos que repassar”, diz o gerente Marcelo Timm
NAS TORNEIRAS
Para enfrentar o reajuste de 21,42% a partir de março, moradores e empresários se preparam para economizar – e, em alguns casos, repassar o aumento
N
por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br ão será muito fácil esquecer este número: 21,42%. Ele mede o tamanho do aumento da conta de água que chegará na sua casa a partir de março. A porcentagem é cinco vezes maior o Índice Nacional de Preços ao Consumidor (INPC) do ano passado, que foi de 4,11%, e do que o Índice Nacional de Preços ao Consumidor Amplo (IPCA), que fechou 2009 em 4,31%. Ambos os índices são pesquisados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e registram a variação de preços dos consumidores brasileiros. Os resultados deles são utilizados para reajuste de diversos contratos e tributos, como o Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU), por exemplo. A decisão do reajuste na tarifa básica da água foi anunciada pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) no dia 27 de janeiro. Na ocasião, o diretor-geral da autarquia, Marcus Vinicius Caberlon, iniciou a coletiva de imprensa dizendo, sem rodeios: “Assim como todo o ano tem Páscoa e
tem Natal, tem também o reajuste de água”. Que início de ano é época de sentir o aumento da tarifa da água, isso todo mundo já sabia. Ninguém contava, no entanto, que o aumento fosse tão alto. A justificativa foi o volume de recursos aplicados em grandes obras, como as do Sistema Marrecas e do Plano de Despoluição dos Arroios. “Precisamos contemplar nesse projeto, feito pela nossa divisão financeira, nossos investimentos. E o reajuste nos garante condições financeiras de cumprir todos os investimentos programados”, afirmou o diretor-geral. Os repasses previstos para este ano, de fato, não são poucos. São quase R$ 63 milhões, e além do Marrecas e do Plano de Despoluição, envolvem, entre outras obras, a modernização das adutoras e estações de tratamento de água e a ampliação dos prédios do Samae. Investimentos que serão possíveis graças ao pagamento de contas de água dos 151.298 clientes de Caxias. Com o reajuste, a arrecadação do Samae passará de R$ 6 milhões para R$ 8 milhões mensais. A tarifa mínima de consumo resi-
dencial de água, que para quem utili- e implantar o novo projeto. zava cinco metros cúbicos era de R$ O reajuste de 21,42% para 2010 11,85, passa agora a custar R$ 14,40, um acréscimo de R$ 2,55. Para quem já foi decretado pelo prefeito José Ivo consome 10 metros cúbicos, o valor Sartori (PMDB), e não há reclamação passará de R$ 24,45 para R$ 29,70, um suficiente que conseguirá fazer com que esta decisão seja mudada, pelo meaumento de R$ 5,25. O reajuste causou menos revolta do nos na esfera administrativa. O índice que no ano passado, quando o Samae só pode baixar por força de uma decichegou a anunciar que aumentaria são judicial, que é o que vêm tentando o Partido Comunista 116%, numa tentativa do Brasil (PCdoB), frustrada de estabelecer uma tarifa social. “O reajuste nos com um pedido de Neste modelo de tarifa, garante condições investigação feito ao Ministério Público, e a conta da água ficaria de cumprir os de acordo com a cona União das Associações de Bairros (UAB) dição socioeconômica investimentos de Caxias. O presido cliente, e não apenas programados”, dente da UAB, Daltro com o consumo, pois diz diretor do da Rosa Maciel, conquem tivesse menos Samae, que seguiu agendar uma condições financeiras reunião com Caberlon poderia receber redu- arrecadará mais e Sartori, mas só ouviu ção no valor da água. A R$ 2 milhões/mês deles, durante mais de proposta não foi aceita, e o reajuste da taxa duas horas fechados de água de 2009 acabou fechando em no Salão Nobre da prefeitura, a mes18,95%. Mas Caberlon não tem medo ma explicação dada aos jornalistas. “O de polêmica, e já preparou a população prefeito admitiu que se tivesse havido afirmando que não desistiu da ideia. uma boa discussão antecipada nem ia Planeja, este ano, retomar a discussão ter polêmica. Serviu de lição de que
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Santos vai colar cartazes e distribuir avisos às 32 famílias moradoras
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isso não pode acontecer sem antes ter de R$ 291,65, o suficiente para o geuma discussão”, conta Maciel. Os argu- rente administrativo da TDi, Marcelo mentos, porém, não convenceram Dal- Timm, que até quarta-feira, dia 3, nem tro. A UAB também pretende pedir ao sabia que a água aumentaria, pensar Ministério Público que interceda, soli- em repassar esse aumento aos cliencitando a redução do percentual, pois tes. “Alguma coisa vai ter que ser feita. continua achando o reajuste abusivo. Talvez tenhamos que repassar. E já era “Este aumento está fora, é muito alto”, desde 2007 que não aumentávamos o diz o presidente, falando em nome de preço.” 216 associações de bairros. “O aumento é um abuso”, concorda Liane Spanemberg só usa água o vereador comunista Assis Melo. Para da chuva em sua casa, que fica na Lijustificar essa conclusão, ele utiliza nha 40. A família dela toma banho, faz como argumento o índice de cerca de limpeza e até bebe a água que vem da 6% de reajuste nos salários de grande caixa que recolhe a água pluvial. Na parte dos trabalhadores metalúrgicos casa de Liane, portanto, não há nenhuno ano passado – núma despesa com água. mero bem abaixo do Em compensação, ela “Este aumento percentual da água. possui um negócio que Numa conta de água, está fora, só funciona por causa é possível ver o valor da é muito alto”, diz da água que vem do tarifa básica, do consuSamae, pois o volume mo excedente, do con- Daltro, presidente necessitado é tão gransumo do preço básico da UAB. de que uma simples de água e da taxa de “O aumento caixa d’água da chuva esgoto. Na prática, o é um abuso”, não daria conta do traaumento se dá na tarifa balho, mesmo naqueles básica de água. Talvez concorda o períodos de cheia. Liavocê tenha feito um rá- vereador Assis ne é sócio-proprietária pido e aproximado cálda Lavanderia Europa, culo mental para saber que lava roupas, lençóis o quanto sua conta de água vai aumen- e edredons para toda a cidade. tar. E talvez, para o consumo de uma A lavanderia, que chega a gastar R$ residência, você não tenha achado este 500 em água, em janeiro consumiu aumento tão significativo assim. O R$ 363,04. Se o reajuste já estivesse próprio Samae admite que consegue valendo no mês passado, este valor lucrar apenas com os consumidores passaria a R$ 411,14, um aumento de industriais e comerciais, que gastam R$ 48,10. O planejamento de Liane e muito mais do que 10 metros cúbicos do pai, Jolar Paulo Spanemberg, outro de água. Porém, mesmo se você não é sócio da lavanderia, terá que ser ainda dono de empresa nem de loja, prepare- mais criterioso. “Antes já cuidávamos. se. Você poderá perceber reflexos da Juntávamos várias roupas para ocupar alta da água por trás de aumentos da a capacidade total da máquina”, diz ela. conta do clube que você frequenta, dos No total, são três máquinas de lavar restaurantes em que come, da escola roupa ligadas durante grande parte do que seus filhos estudam, do lugar onde dia. Uma delas é industrial, chamavocê manda lavar seu carro e suas rou- da por Liane de máquina-mãe, que pas e do preço de materiais e alimentos aguenta 30 quilos de roupas e precisa que compra – para citar apenas alguns de dois enxágues. A imponente máquiexemplos. na funciona normalmente quatro vezes ao dia, frequência que pode aumentar Na TDi Indústria Metalúrgica, muito no verão. Há também dois tan29 tanques com líquiques, para algumas pedos de diferentes coças que precisam ser res tomam conta de “Alguma coisa vai lavadas unicamente a uma parte do enorme ter que ser feita. mão. pavilhão. A empresa, Os funcionários da Talvez tenhamos lavanderia uma galvânica que dá procuram, banhos de cromo em que repassar. sempre que possível, peças de metal, depen- Desde 2007 não aproveitar tanto a água de totalmente da água aumentávamos do segundo enxágue para que a produção da máquina industrial, o preço”, diz continue acontecendo. quanto a que sai da O processo da TDi gerente de centrífuga. Movem o envolve o mergulho metalúrgica cano que sai das mádas peças em todos os quinas para que a água tanques, que parecem caia direto num balde. banheiras gigantes por causa da espu- “Às vezes o serviço se torna artesanal ma que formam. Em cada um deles há para poupar água”, explica Liane. um produto diferente, como níquel e Por enquanto, aumentar o preço das cromo. Mas esses produtos químicos lavagens está fora dos planos da Lacompõem apenas 10% do banho. Todo vanderia Europa. Usando a filosofia do o restante é água. As peças também são “quando aperta de um lado, se diminui enxaguadas em tanques cheios de água do outro”, Spanemberg explica que por pura, que somam 60 mil litros, troca- conta da alta da água serão cortados dos semanalmente. alguns gastos. Em janeiro, a TDi gastou R$ 1.366,81 Ele mostra um pedaço de papel onde com água. Fazendo o cálculo em rela- anotou os índices de reajuste do alução ao volume de metros cúbicos ex- guel que paga pela sala da lavanderia. cedentes, já que o aumento de 21,42% O aumento fica na base de 3% ao ano, não pode ser simplesmente calculado valor que considera inexpressivo perto sobre o valor total da conta, este valor dos 21,42%. “Esse do aluguel eu nem passaria a R$ 1.658,46, um acréscimo contesto”, compara.
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Há quem se vire com sistemas proprietário da Lavagem de Veículos 3 alternativos para não ter tanta despesa. Irmãos, Luiz Adailton Nunes de Lima. Uma cisterna e um poço abastecem a Nunca aconteceu, porque a lavagem Pranadar Aqua&Fitness, um comple- fica junto a um posto de gasolina na xo esportivo com natação, academia e Avenida São Leopoldo que há tempos outras atividades no bairro Panazzolo. está em obras por causa da continuiO coordenador da Pranadar, Jovir dade da Rua Visconde de Pelotas. Em Luis Demari, explica que a água arma- virtude da incerteza a respeito de como zenada pela caixa pluvial é usada para ficará exatamente o local após os tramanutenção e limpeza, e que a água balhos da prefeitura, Lima conta que vinda do poço, que já existe há 30 anos, ainda não foi possível concretizar a vai para os chuveiros. “Se tivéssemos vontade. que usar a água do Samae o custo seria Uma das grandes atingidas pela alta muito grande. Nossa conta de água é só da tarifa, a lavagem, que gasta entre a taxa mínima.” R$ 600 e R$ 800 de água por mês, vai Demari diz que não é contrário ao repassar o aumento, mesmo que não aumento. “Se tem que existir, que seja completamente, aos clientes. “É absurfeito.” O que ele não concorda é com o do e abusivo. Não posso repassar tudo desperdício de água, que, infelizmente, isso aí para a clientela. Vai ser o caos”, presencia diariamente. “A gente vê aqui diz Lima. na empresa que os alunos desperdiçam A 3 Irmãos chega a lavar 40 carros muita água. Ficam duas em dias de verão. horas debaixo do chuLava com o “sisteveiro. Eles não perdoam. “Os alunos ficam ma tradicional, o de Fico imaginando o que 2 horas debaixo antigamente”, como eles consomem em casa”, o proprietário, do chuveiro. Eles diz afirma. referindo-se ao uso Assim como a escola não perdoam. manual de mangueiPranadar, muitas empre- Fico imaginando ra e esponja. Da opisas utilizam poços arte- o que consomem nião de que quem sianos. “Se a gente depeninflaciona os preços em casa”, diz desse da água do Samae, em Caxias é a prefeiestávamos falidos”, diz Demari, da tura, Lima conta que Valdir Alves de Barros, Pranadar a partir de março já proprietário da VR Lavavai aumentar os pregem de Carros, que conços para dar conta segue se manter 100% com a água do da nova despesa. Certamente, ele será poço. um dos caxienses que não esquecerão Um poço artesiano era o sonho do o número 21,42% tão cedo. Maicon Damasceno/O Caxiense
Para Liane, se a justificativa para a no banho ou se passa horas debaixo nova tarifa de água é que o Samae pre- do chuveiro sem se preocupar. Num cisa de dinheiro, “ah, a gente também rateio de condomínio todo mundo vai precisa de dinheiro, para nossa infraes- pagar o mesmo valor de água. trutura e funcionários”. No caso do ResiEla admite que, por caudencial Solar Iracema, sa da nova tarifa, pensou “Ah, a gente um prédio de classe em aumentar o preço de também precisa média-alta num bairseus serviços. Porém, se ro nobre de Caxias, a para ela a única forma de dinheiro, conta de água pode de conseguir água é com para nossa chegar a R$ 2,8 mil. o Samae, o mesmo não infraestrutura Mas esse preço varia acontece com seus clien- e funcionários”, muito. Por exemplo: tes em relação à lavagem no mês de janeiro, em de roupas: “É só atraves- queixa-se Liane, que muitas famílias sar a rua que tem outra dona de uma estavam viajando de lavanderia”. Spanemberg lavanderia férias, a fatura ficou completa, preocupado: em R$ 1.506,20, o “Ainda que é um negócio equivalente a 530 mil família. Se der lucro tem salário, senão, litros de água gastos (ou 530 metros não tem”. cúbicos). Com a nova tarifa, esta conta passaria a R$ 1.829,20, um acréscimo Todo mundo sabe que vida em de R$ 323. condomínio não é fácil. São muitas Vice-síndico do condomínio, o enfamílias dividindo o mesmo pátio, o genheiro Lucien Santos jura que até mesmo elevador, tendo que aguentar agora a divisão da salgada conta nunca barulhos do cachorro do vizinho, das deu problema. Por causa do reajuste, crianças do vizinho, da música alta do porém, ele vai colocar avisos pelo prévizinho. Há aqueles também que têm dio e enviar correspondências aos 32 que suportar o excesso de gasto de moradores para que peguem leve no água do vizinho. Os moradores dos gasto de água. “Mas sei que isso vai da novos condomínios não sabem como consciência de cada um”, conforma-se. é isso, já que agora cada apartamento A água do Samae é usada no Solar vem com um contador individual de Iracema para consumo dos apartaágua. Mas quem mora num prédio mentos e do salão de festas. O prédio mais antigo enfrenta todo o mês a po- tem piscina, mas para enchê-la se vale lêmica divisão da conta. Não importa de um pequeno poço artesiano, que sose você tem consciência ambiental e zinho não teria condições de abastecer cronometra até os minutos que perde todos os oito andares.
Liane, que não usa água do Samae em casa, vai sentir o impacto do reajuste em sua lavanderia, mas afirma que não aumentará os preços para não perder clientes
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Guia de Esportes
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Rafaela Conte, Divulga;/O Caxiense
Com a 1ª fase do Gauchão chegando ao fim, Caxias e Ju se mobilizam para encaminhar a classificação
Papada torce pelo Ju em Santa Cruz do Sul, domingo, e grenás recebem o Ypiranga no Centenário, segunda; na 6ª Légua, domingo é dia de bocha
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BOCHA AO CEPO
FUTEBOL
l Campeonato de Bocha ao Cepo Feminino Festa da Uva 2010 | domingo, às 13h30 | O torneio é realizado anualmente e reúne cinco equipes, cada uma com 10 pessoas, de diferentes bairros da cidade. A bocha ao cepo é uma variação da bocha tradicional. A quadra usada é a mesma. A diferença está no fato de no fundo da quadra haver um cepo, um tronco. Sobre ele estão dispostas quatro bochas e o bolim (a bola pequena) ao centro. A equipe que conseguir acertar o maior número de bochas arremessando outra bocha contra elas – e derrubando-as do cepo – é a vencedora. Após os jogos, que não devem ultrapassar 30 minutos cada, será realizada a premiação das jogadoras campeãs. Salão Paroquial da Igreja de São Luiz da 6ª Légua Entrada gratuita | Localidade de São Luiz da 6ª Légua |
l Caxias x Ypiranga | segunda, às 20h30 | O último jogo da 7ª rodada da fase qualificatória da Taça Fernando Carvalho ocorre nesta segunda-feira, dia 8. O Caxias enfrenta o Ypiranga no Estádio Centenário. A equipe de Erechim ocupa a 3ª posição na Chave 1, o que a classifica, no momento, para a fase eliminatória. Paradoxalmente, o Caxias tem 6 pontos a mais que o adversário e ocupa a 6ª posição na Chave 2. Faltando apenas duas rodadas para o fim da primeira fase, a equipe grená precisa vencer os dois jogos e torcer pela derrota de Pelotas, São Luiz e Veranópolis para avançar à fase de matamata. Para o jogo contra o Ypiranga, o treinador Julinho Camargo poderá contar com o zagueiro Tiago Saletti e o goleiro Ricardo, que retornam de lesão. A atacante Cristian Borja recebeu o terceiro cartão amarelo no jogo contra o rival Juventude, na quinta-
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feira, e fica fora do confronto com o Ypiranga. No CA-JU, o técnico Julinho Camargo começou com Fernando Wellington; Alexandre Bindé, Anderson Bill, Neto e Ismael; Marcos Rogério, Itaqui, Marcelo Costa e Edenílson; Everton e Cristan. Estádio Francisco Stédile (Centenário) Ingressos: arquibancada a R$ 10 para o torcedor do Caxias e R$ 20 para torcedores do Ypiranga. Cadeira a R$ 20. Sócios em dia com o clube não pagam entrada. Acompanhantes de sócios, R$ 15. Crianças menores de 12 anos, acompanhadas de responsável e apresentando carteira de identidade ou certidão de nascimento, não pagam entrada. Estudantes e pessoas acima de 60 anos pagam R$ 5 | Rua Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano | l Juventude x Santa Cruz | domingo, às 19h30 | Faltando dois jogos para o fim da
primeira fase da Taça Fernando Carvalho, o Juventude se mantém na 4ª posição da Chave 1 e, por enquanto, conquista a última vaga para a fase final. O próximo adversário é o Santa Cruz, que apesar de estar minguando na penúltima posição da Chave 2 tem 5 pontos a mais que o time alviverde. O jogo será no Estádio dos Plátanos, em Santa Cruz do Sul. O técnico Osmar Loss deve iniciar a partida repetindo a escalação do CA-JU de quinta-feira. No clássico, o Juventude jogou com o goleiro Silvio Luiz; compondo a linha defensiva, Ferreira, Calisto, Jorge Felipe e Victor; no meio-campo, Umberto, Luiz Felipe, Lauro e Gustavo; e no ataque, Marcos Denner e Amoroso. Umberto e Ferreira, que receberam o segundo cartão amarelo no clássico, entram em campo pendurados. Estádio dos Plátanos Ingressos a R$ 20. Estudantes e pessoas acima de 60 anos, R$ 10 | Rua Gaspar Silveira Martins, s/nº, Centro, Santa Cruz do Sul |
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Maicon Damasceno/O Caxiense
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Gol do Juventude, que abriu o placar no Jaconi, nasceu da insistência nas jogadas pelo lado direito do ataque
UM EMPATE QUE REANIMA
C
por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br om a fisionomia cansada, mas satisfeito. Assim o treinador do Juventude, Osmar Loss, sentou ao lado do presidente do clube, Milton Scola, para conceder entrevistas pouco depois das 21h20 de quinta-feira, na sala de imprensa do Estádio Alfredo Jaconi. De banho tomado, respondeu sucintamente a todas as perguntas. Agitado na beira do gramado, Loss, 34 anos, comandou o Ju cheio de desfalques no empate em 1 a 1 no clássico CA-JU 266 (agora, são 88 empates, 93 vitórias alviverdes e 88 grenás). Improvisou em alguns setores e viu o seu time ter o melhor desempenho desde que iniciou o Gauchão. Com o resultado, o time que estreará na Copa do Brasil na próxima quarta, dia 10, contra o Corinthians-PR, permanece na zona de classificação para as quartas de final do 1º turno do Estadual – Taça Fernando Carvalho. O Grêmio lidera a Chave 1, com 11 pontos, seguido de Novo Hamburgo (7), Ypiranga e Juventude (5 cada), Espor-
tivo (3), Inter-SM (2), Porto Alegre (1) e Avenida (zero). A satisfação do treinador com o resultado do CA-JU se refere principalmente ao comportamento dos jogadores dentro de campo. “É difícil você ouvir alguém falar que gostou de um empate. Acredito que o Juventude foi um pouco melhor na maior parte do jogo. Mas isso vou deixar para vocês da imprensa e a torcida avaliarem. Os atletas estão de parabéns por terem assimilado a proposta de trabalho”, elogiou o treinador. Proposta que, segundo ele, é explicada aos atletas com muito pouco tempo. “Se eu treino forte, mato eles para os jogos. Se eu não treino, não haverá formação tática. Estamos evoluindo no Gauchão após cada jogo”, disse. Entre os destaques da partida disputada com os termômetros marcando cerca de 35ºC em Caxias do Sul, Loss citou Umberto. O volante, que treinou apenas dois dias no Jaconi e estreou contra o Veranópolis, fez sua segunda partida com a camisa alviverde. “Ele desempenhou o papel de líder. Estáva-
A atitude, tão cobrada pelo treinador Osmar Loss, finalmente apareceu em campo no 1 a 1 contra o Caxias Mesmo com apenas um resultado positivo na competição, dois empates e três derrotas, o clube esmeraldino está, desde a primeira rodada, na zona de classificação para as quartas de final do Campeonato Estadual, na Chave 1. “Tivemos atitude. E nada melhor do que um clásO CA-JU 266, na sico para medir isso. verdade, foi um duelo Cobrei dos jogadores, tático entre amigos. principalmente depois Loss e Julinho se co- “Foi o nosso da derrota para o Inter nhecem do tempo de melhor jogo no Beira-Rio. Contra o faculdade, ambos tra- no campeonato. Veranópolis já vi um Jubalharam nas bases E não teria ventude diferente. Hoje de equipes de Porto (quinta-feira) posso diAlegre, inclusive dis- como ser zer que é um Juventude putaram clássicos Gre- diferente em Nais. Mas nenhum um clássico”, próximo do que desejo, mas claro que ainda faljogo foi com equipes disse Lauro ta muito, principalmenprofissionais. Depois te pelo fato de termos de iniciar melhor a após a partida iniciado a preparação partida, o Caxias refísica atrasados em recuou. O Ju estava preparado e conseguiu administrar o lação aos outros times”, analisou Loss. Com investidas pelo lado direito meio-campo. Loss sabia que enfrentaria uma equipe que vinha de três vitó- de ataque é que o Juventude abriu carias consecutivas, ao contrário do seu minho para marcar o gol no CA-JU. retrospecto, de duas derrotas seguidas. O lateral Luiz Felipe apoiou sempre mos precisando de um jogador como ele atrás. No primeiro tempo foi volante. No segundo, foi terceiro zagueiro, porque o Julinho adiantou o Everton no lado direito e precisávamos fechar o espaço”, descreveu o técnico.
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acompanhado de perto pelo incansável Porto Alegre, que sofreu 19. A variação volante Lauro, com quem tabelou e fez no esquema de jogo impossibilitou os lançamentos. Depois de um escanteio avanços dos laterais adversários. Umcobrado por Luiz Felipe, aos 26 minu- berto, que é volante, foi recuado na setos do primeiro tempo, a bola foi alça- gunda etapa. “Apresentamos um bom da na área. Jorge Fellipe tentou marcar futebol. Tivemos ousadia em variar de cabeça, o goleiro grená Fernando a formação tática, só faltou o resultaWellington salvou, mas Amoroso chu- do”, analisou Umberto. Jorge Fellipe, tou prensado, forte, para abrir o placar com dores musculares, foi substituído no Jaconi. Amoroso, que participou de por Edenilso com dores musculares e parte dos treinamentos entre os titula- é dúvida para enfrentar o Santa Cruz, res durante a semana, foi uma das sur- penúltimo da Chave 2, com 10 pontos. presas no clássico. No Centro de For- Mas Loss terá o retorno de Fred. mação de Atletas e Cidadãos (CFAC), fez dupla de ataque com Bruno, numa Aplaudidíssimo ao ser substituformação diferente encaminhada por ído no segundo tempo para a entrada Loss – o treinador fez mistério até o úl- do meia Bruno, o volante Lauro explitimo minuto antes de começar o clássi- cou o que o Ju teve na quinta-feira à co. Quando a escalação foi divulgada, noite: espírito. “Ambos os times procua maior surpresa foi o volante Victor, raram jogar, foi um clássico franco, e o 20 anos. Juventude teve as melhores oportuniPouco notado em campo, o jovem dades e mais momentos de superioriconseguiu encorpar o dade. Mudamos muito meio-campo, atuando de atitude. É isso que o ao lado de Umberto, O chamado clube precisa resgatar, Lauro e Gustavo. “Ele elemento surpresa é isso que os jogadores estava sendo observaprecisam sentir. Dedo confronto do, como todos estão. vemos entrar sempre Ele é zagueiro de ori- foi o volante a 110 quilômetros por gem e começou a atuar Victor, 20 anos, hora na partida”, discomo volante. Optei que veio da base cursou Lauro, sentado pelo elemento surpreao lado de Umberto. alviverde para sa no clássico”, definiu Para ele, o Ju precisa Loss. Para a próxima encorpar o “abrir o olho”, pois está rodada, contra o Santa meio-campo tomando gols no final Cruz, no Estádio dos dos tempos – contra Plátanos (domingo, o VEC levou aos 48 19h30), o treinador terá o retorno do minutos do primeiro tempo; contra volante e zagueiro Fred e, talvez, do o Caxias, aos 43. “Foi o nosso melhor meia Zezinho, liberado do departa- jogo no campeonato. E não teria como mento médico. ser diferente em um clássico. Temos de olhar para frente, pois se estivéssemos Depois do gol, o Ju, que estava na Chave 2 seríamos o lanterna com melhor na partida, recuou e permi- esses 5 pontos. Pelo nosso momento, tiu que o Caxias tocasse mais a bola. demos um grande passo nesse CA-JU”, Numa das investidas, aos 43 minutos, argumentou o ídolo da papada. MarSilvio Luiz não conseguiu segurar um cos Denner, que marcou no confronto chute de Itaqui, de perna esquerda, de entre as equipes em 2009 pelo Caxias, fora da área. O goleiro papo se atrapa- pouco fez na partida e nem apareceu lhou e Everton apareceu sozinho para para dar entrevistas. igualar o marcador – 1 a 1. “O empaPara o presidente do Ju, que camite aconteceu justamente quando es- nhava de um lado para outro na latetávamos melhor no jogo. O time deu ral do estádio após o jogo, o time foi uma parada, esperando que o Vuaden bem. De camisa branca, molhada de marcasse uma falta no Marcelo Costa. suor, ele também salientou a atitude O jogo seguiu e veio o empate”, narrou pregada por Loss. “É um time jovem Loss. Aliás, fez uma ressalva sobre a ar- que conseguiu equilibrar o clássico. O bitragem: para o técnico, Vuaden dei- Caxias vinha de três vitórias. A torcida xou de marcar um pênalti no primeiro ficou um pouco desconfiada no início, tempo, em favor do Ju. Marcos Denner mas depois foi no embalo da equipe”, havia entrado livre na área quando di- opinou Scola. Questionado sobre a invidiu com o goleiro e caiu. A bola saiu satisfação de parte torcida com Loss, o pela linha de fundo e foi anotado es- presidente papo explicou calmamente: canteio. “É natural que os torcedores queiram O segundo tempo foi mais truncado, vencer. Eu também quero. O trabalho com poucas chances claras de gol, e foi do Osmar é de negociação e encaixe de o Ju quem esteve mais perto de ampliar peças. Estamos ainda na fase da mono escore. Segundo o técnico papo, em tagem. No segundo semestre essa equigeral a atuação do time lhe agradou pe deverá ter poucos acréscimos”. pelo fato de os jogadores terem assimiNão foi um CA-JU que atraiu muitos lado um comportamento que está sen- torcedores (o público total foi de 8.764) do moldado desde que chegou ao Jaco- ao Jaconi. Os grenás chegaram mais ni. “No time B do Inter, por exemplo, otimistas, mas foram os papos que sademorei seis meses para acertar a zaga. íram de cabeça erguida. A torcida juAqui no Ju, a cada jogo colocamos um ventudista sabe que falta qualidade ao pilar que vai aumentar a nossa susten- grupo, mas constatou que os jogadotação lá na frente”, comparou Loss. res, que já falam em classificação para Para o treinador, outro destaque do a próxima fase, assimilaram a proposta Juventude foi o sistema defensivo, que do treinador e da direção. Uma promostrou-se sólido após a instabilidade posta que tem por objetivo reabilitar o apresentada nas primeiras rodadas do clube depois de dois rebaixamentos em Gauchão – o Ju tomou 14 gols e fez 7 três anos. Para Loss, “o Juventude saiu em seis rodadas; a pior defesa é a do fortalecido desse empate”.
A papada vibrou com gol de Amoroso, surpresa na misteriosa escalação de Loss
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Everton, o atacante driblador que parecia mais preocupado em defender, viu refulgir sua estrela numa falha do goleiro e empatou o jogo
a poesia
cLássico
de um
é
por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br tão estranho. Um poeta taciturno escreve: Frágil ofício, me invento. Compor não é difícil difícil é conter em esboço o tormento, o meu ofício. Escreve trancafiado no seu quarto, sem preocupar-se com a vida lá fora, ou talvez cansado de ver aprisionado o velho ofício de todos nós, que se repetirá todos os dias até a morte. O verso não é vida, mas a sublimação dela. E nesses versos estão contidas as sinas de toda sorte de trabalhadores. Até mesmo dos jogadores de futebol. Ou alguém aí vai achar que a vida de quem passa os dias chutando uma bola é só alegria? Uma partida muda a vida de uma cidade. Isso até o poeta mais desligado do sentido real desse mundo que gira ao redor de uma bola, o mundo do futebol, consegue perceber. Em Caxias do Sul, no topo da Serra Gaúcha, não é diferente. Nessa terra em que se planta muito mais do que uva e se colhe mais
prosperidade do que sonha vossa vã filosofia, a bola embala corações grenás e alviverdes. Esse duelo silencioso de que fala o poeta não se reflete dentro de um campo de futebol. Porque o ofício do poeta é uma disputa entre ele e uma folha de papel que não oferece resistência alguma. O próprio poeta, seus medos e limitações, são seu único adversário. Em campo, os 22 jogadores enfrentam um sem fim de obstáculos. E quando se trata de um clássico CA-JU, então, tudo fica à flor da pele. Todo chute em direção ao gol adversário é um êxtase. Mesmo aquela bola que passou metros longe da trave. Essa constante arritmia cria uma catarse coletiva estranhamente bela. Enquanto escreve, o poeta finge conhecer o sentimento que paira no ar. E o poema só vira catarse depois de lido. Numa partida de futebol não. Todo instante, mesmo a entrada das torcidas no estádio, já deflagra uma catarse absurdamente intensa. E nada disso tem a ver com qualquer ritual pagão, nem apocalíptico. É tão somente futebol. São 11 jogadores de cada lado, cada um com uma função em campo. Os
Até versos podem brotar de um CA-JU repleto de agonia, sofrimento e alívio, pelo menos por parte da torcida grená grenás são comandados por Julinho Camargo. Os de verde obedecem às orientações de Osmar Loss. Dois estrategistas, que tiveram os mesmos professores, que se formaram na mesma universidade, que defendiam as mesmas cores. Amigos fora de campo, e que dentro dele carregam a mesma sina de reinventar o próprio ofício todos os dias. O CA-JU 266 começou antes da tarde de quinta-feira. Assim como o poema, que nunca começa na hora em que o poeta encara o papel branco. O CA-JU ocupa a mente de quem entende sua importância muitas horas antes de o árbitro apitar e o narrador gritar através do rádio: “Bola rolando”. Tem jogador que não dorme, tem outro que só dorme. Um não come nada, o outro devora até a comida do colega. Tem torcedor que só lembra de Deus nos dias que antecedem o clássico. E tem ainda aquele torcedor que prefere se fazer de surdo e mudo. Não quer saber nadinha do jogo por causa do marcapasso. Quinta-feira à tarde, sol escaldante. Muitas horas antes do início da partida, uma legião de torcedores partia
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rumo ao Jaconi. Os grenás saíram em caravana do Centenário. Os papos iam chegando aos poucos, alguns atrás das torcidas organizadas, outros sozinhos, ou acompanhados de amigos, parentes, vizinhos, toda sorte de companheiros de mesmo clube do coração. Policiais montados em cavalos, outros armados com escudos e capacetes laranjas, e sempre com cara de bravos, cercavam o local do espetáculo. “Olha, vizinha, se tivesse sempre tanto policial assim na rua, a gente ia se sentir mais tranquila pra ir no mercado”, observava uma moradora das redondezas do Jaconi. Debruçada no portão de entrada da casa, ela e a amiga assistiam ao vaivém de toda aquela gente interessada no que muitos chamam de “apenas um jogo de futebol”. Ao transpor os portões do estádio, ficava para trás o ruído dos cavalos trotando sobre o paralelepípedo e das sirenes das motocicletas dos policiais. Lá dentro, só o silêncio de um estádio ainda vazio. Como se ali pudesse ser o quarto do poeta taciturno. Não por muito tempo, é claro. Deixe-me dizer de vez: nenhuma solidão é necessária, mas aqui
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a solidão me pode nomear e nomeia a tarefa desta noite recôncava.
cujo nome é uma metáfora em si, tratou de fechar os olhos e chutar a bola pro gol. A euforia dos papos ensurdeceu a torcida grená. Alguns esfregavam os olhos com as palmas das mãos, tentando apagar da memória esse lance. A mesma tensão das arquibancadas, à espera de algum jogador do Caxias que chutasse pra longe esse perigo iminente, parecia ter hipnotizado os nove homens do esquadrão grená que estavam dentro da área, protegendo-se do adversário. Marcelo Costa e Edenílson, longe do lance, assistiram à derrocada com a mesma tristeza dos torcedores, sem poder fazer nada. Mais uma vez neste campeonato, o Caxias saía atrás no placar. Lentamente cheguei ao solar do húmus, fascinado de guardar a fragilidade de ter fôlego. Depois de mordido, o Caxias acordou. Parecia não importar-se mais com a morte, pois ferido já estava. Mesmo sem aquele ordenamento que vinha deixando todos boquiabertos, na base da raça o esquadrão grená foi
des. No lado do Caxias, alívio. Para a papada, a triste sina de não conseguir mais vencer o Caxias. Everton, que andava apagado no jogo, mais preocupado em defender do que atacar, viu sua estrela voltar a brilhar. (Somos) iguais nas mãos no arado na esperança e na colheita infinda igual edifício desde o início somos. No segundo tempo, repetiu-se o mesmo enredo. O Caxias foi melhor por um tempo, depois foi a vez do Juventude sobrepor-se. Fim de jogo, 1 a 1. Papos e grenás não conseguiram dizer um ao outro: “somos melhores”. Vão ter de dizer: “somos iguais”. Pelo menos, até o próximo CA-JU. Iguais na esperança de amanhecer vitoriosos. Ao final da partida, treinador e jogadores tentavam explicar o inexplicável. Como um crítico de cinema diante de um filme que já terminou e não poderá mais ser modificado. Triste sina de reinventar o seu ofício. Vestindo uma camisa de manga comprida azul, molhada de suor, como se tivesse corrido 90 minutos, Julinho Camargo disse ter ficado feliz em ver Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
batalha. A torcida empurrava o time. Aos poucos a ferradura norte do Jaconi foi sendo tomada por um mar de gente Mesmo rodeado de colegas em cam- vestindo grená, branco e azul. Alguns po, o jogador está nessa sozinho. Cada grudados no radinho a pilha roíam os um tem diante de si, antes da partida, dedos da outra mão. Devagar, e talvez uma folha em branco para escrever a por isso ainda mais doloroso, o Caxias sua história na partida. E escreve, di- foi sucumbindo ao Juventude. O temferentemente do poeta, diante do seu po passava e menos tempo o Caxias leitor-torcedor. Não é tinha de posse de bola. reservado ao jogador Como um tedioso de futebol um minu- O chute forte filme em câmera lenta to só de intimidade. estufou o peito o torcedor do Caxias No Jaconi, segundo a via seu time perder do goleiro apuração oficial, havia território. Até Everpouco mais de 8 mil Silvio Luiz. ton, um meia-atacante torcedores. Tem quem Destrambelhado, driblador, estava mais diga que havia ali quase o arqueiro preocupado em conter 15 mil. Não sei qual poo adversário do que ir não conseguiu eta desse planeta escrepra cima do Juventuveria um verso sequer reabilitar-se de. Marcelo Costa, o rodeado de tanta gente. a tempo maestro do Caxias, fiEssa noite profunda, cou sufocado por uma que veio de mansinho, marcação implacável. enquanto o sol rapidamente se pôs, en- Cristian Borja, o Gladiador Colombiatregou no colo de cada atleta do Caxias no, fez mais faltas do que sofreu. Dea árdua tarefa de sobrepor-se ao inimi- pois de um início de partida em que o go. Vestidos com a armadura grená, pi- filme das últimas partidas parecia que saram o gramado verde do Jaconi com iria se repetir, o Caxias suscitou lá de um só pensamento: vencer. Os 11 jo- um passado incômodo as cenas que
Na casa do adversário, Julinho armou um time que teve raça para reagir, retribuindo o apoio da torcida grená
gadores ouviam Fabiano Vieira, o preparador físico, lhes instigar o coração para o início da batalha. Como gladiadores, teriam de vencer o inimigo para não serem abatidos por ele. Breve, muito breve, todos os sons serão capazes de arrastar a árvore e a pedra, o mar e o cio, todo ser emociona-se e o que planta nem sempre é o que rega. Uma partida de futebol reserva mais surpresas num curto espaço de tempo do que vida no mesmo instante. Em campo, pode-se nascer, morrer e ressuscitar em dois minutos. Isso contando o tempo de comemorar o seu gol, entristecer-se por ceder ao empate e regozijar-se com a vitória que veio suada, no final da partida. Mas nem sempre aquele que planta é aquele que rega, como ensina o poeta. O Caxias vivia um êxtase difícil de segurar nessa semana que antecedia o CA-JU. Vinha embalado com três vitórias. A última, contra o Novo Hamburgo, de fazer calar o torcedor mais corneteiro. Do outro lado do mundo, em Dubai, ou mesmo aqui no Panazzolo, a euforia tomava conta dos grenás. O Caxias começou atropelando. No primeiro instante da partida já tinha ido pra cima do Juventude. Os olhares dos grenás estavam concentrados na
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nenhum torcedor grená gostaria de reviver. Um time sem poder de reação, envolvido pelos homens de verde. Afinal de contas, pior do que ser dominado por um adversário qualquer é ser dominado pelo Juventude, o eterno rival. Um abismo perfeito lavra a ocasião propícia de refugiar cada pergunta o pranto profundo, o horizonte espesso. Mesmo sem ler a poesia do poeta taciturno, o torcedor do Caxias já antevia o futuro. O Juventude, como um leão feroz, assustou o Caxias. Aos 26 do primeiro tempo, a papada empurrava o rival para dentro de um fosso. Escanteio para o Juventude. Quase todos os grenás dentro da área. Apenas Marcelo Costa e Edenílson estavam no centro do gramado, à espera de um possível contra-ataque. Luiz Felipe ajeitou a bola, no lado direito de ataque do Juventude. Lançou a bola, que atravessou a área do Caxias. Antes de qualquer grená tocar na pelota, Jorge Fellipe cabeceou. Silêncio da torcida visitante. Grito suspenso dos papos. O goleiro Fernando Wellington, do Caxias, ex-jogador do Juventude, voou para salvar. Não conseguiu segurar a bola. Entre gritos e sussurros, o pedaço de couro branco ficou picando próximo à pequena área. Amoroso,
à frente. Encontrando fôlego sabe-se lá o time brigar até o fim. Respira aliviade onde, talvez temendo a vergonha de do porque enfim encontrou o parceiro perder para o Juventude, os jogadores ideal para Anderson Bill na zaga. “O do Caxias voltaram a avançar em blo- Neto é um jogador experiente e nunco. Voltaram a escrever poesia, mesmo ca escondi que aguardava com ansiecom caligrafia torta e pensamentos re- dade ele ter condições físicas de estar cheados de tensão e nervosismo. em campo”, revelou Julinho. Neto, mais Sem o mesmo brilhantismo de outras comedido, preferiu atribuir seu bom partidas, ainda assim, Marcelo Costa momento ao entrosamento com o resfez a diferença. Depois de uma suces- tante da equipe: “Acho que todo o time são de ataques perigosos ao arqueiro vem jogando melhor, mais perto do papo, o maestro do Caxias, mesmo jeito que o Julinho, que é um cara muicaído, deu um toquito inteligente, deseja”. nho na bola, que rolou Se pudéssemos suave pelo gramado Papos e grenás transcrever essa partinão muito alinhado do não conseguiram da em versos, teríamos Jaconi. A bola deslizou dezenas de livros transdizer um ao e caiu certinha no pé bordando emoções. Se esquerdo de Itaqui, vo- outro: “somos Oscar Bertholdo, autor lante guerreiro do Ca- melhores”. Vão dos versos dispersos xias. Itaqui olhou para ter de dizer: por esta reportagem, frente, segurou a respiestivesse vivo, teria “Somos iguais”. ração, acumulou toda quem sabe um pouco força que podia e sol- Pelo menos até o de inveja dessa gente próximo CA-JU tou a perna esquerda. que faz poesia diante O chute forte estufou de uma legião de torceo peito do goleiro Sildores inquietos e apaivio Luiz. Destrambelhado, o arqueiro xonados. E aí, é insensível o que não do Juventude não conseguiu reabilitar- percebe a realidade dentro da poesia se a tempo. Ainda tentando levantar- ou aquele que não enxerga a poesia se do chão, assistiu de camarote, para no futebol? De um jeito ou de outro, o desespero do torcedor papo, o atacan- mundo vai seguir do mesmo jeito, com te Everton correr para perto da bola. alguns passando a vida escrevendo e Chutou do jeito que a pelota veio e outros, chutando uma bola. guardou no fundo das redes. Êxtase da E um clássico CA-JU nunca é e nuntorcida grená e desespero dos alviver- ca será só uma partida de futebol.
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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
Enquanto os petistas discutiam, Assis Mello (PC do B) foi mais prático: entrou com representação junto ao Ministério Público pedindo a revisão do reajuste da tarifa de água. Para Assis, o percentual de 21,42% é um abuso.
Desvio de foco
Os vereadores da situação reconhecem que o percentual de reajuste da tarifa de água é elevado. Reforçam, porém, o argumento de que o aumento tão expressivo é necessário para que o Samae possa fazer frente aos investimentos que deverão significar tranquilidade no abastecimento por mais 25 anos. Mesmo assim, aprovaram o pedido de informações apresentado pela bancada petista que, em última análise, acusa a autarquia de desviar o foco – e realizar obras (em especial de drenagem) para outras secretarias municipais.
Lula diz que vem
Em um inusitado encontro de 20 minutos com a comitiva da Festa da Uva no pista do Aeroporto Salgado Filho, na sexta-feira, o presidente da República prometeu vir a Caxias para prestigiar seu maior evento. Só avisou que não poderá comparecer à abertura da Festa, no dia 18. A visita presidencial deverá ser programada para depois do dia 26. Feita a promessa, Lula – que esteve no Estado para inaugurar obras do PAC – embarcou de volta a Brasília.
Sem proselitismo
Mais de 400 empresários caxienses acompanharam nesta sexta-feira a explanação do presidente do Banco Central, Henrique Meirelles, sobre as (boas) perspectivas da economia brasileira. A determinação do presidente da CIC, Milton Corlatti, em trazer Meirelles a Caxias para participar de uma reunião-almoço da entidade valeu a pena. O palestrante aceitou o convite no momento em que pôde apresentar uma sucessão de números positivos. Não por acaso o início da palestra denominou-se “Estabilidade macro-
Ana Amélia Lemos. Esse é o nome que tira o sono do ex-governador Germano Rigotto (PMDB). Se a comentarista televisiva sair candidata ao Senado, como quer o PP, vai tirar votos do político caxiense na disputa pela vaga a ser deixada por Sérgio Zambiasi, que não quer mais saber de Brasília. Em outra faixa, pelo menos até o momento não apareceu qualquer político que possa perturbar a permanência de Paulo Paim (PT) por mais oito anos como senador.
Vinicius Ribeiro, secretário da SMTTM, sobre a gratuidade para algumas categorias no transporte coletivo de Caxias do Sul
perguntas para
Rodrigo Beltrão
O vereador petista viu rejeitado esta semana seu pedido de informações a respeito do Orçamento Comunitário do município Quais as suas dúvidas em relação ao OC, relacionadas no pedido de informações rejeitado em plenário na Câmara? O Orçamento Comunitário carece de regramento específico, o que abre espaço para dúvidas. Nesse sentido, o pedido de informações buscava de forma objetiva entender quais as demandas levantadas, quais serão atendidas, qual o número de participantes em cada reunião e principalmente quais são os critérios de distribuição das verbas entre as comunidades. No ano passado, por exemplo, denunciamos na Câmara que um bairro teve presença de 20 pessoas e, posteriormente, as listas continham mais de 700 presentes. No seu entendimento, por que houve a rejeição do pedido? A base governista tem receio de discutir temas espinhosos como saúde, criação de cargos de confiança e participação popular. Se fosse aprovado o pedido de informações, através de dados oficiais poderíamos evidenciar que a participação popular diluiu-se e que as comunidades ficam com as migalhas enquanto que nos gabinetes fechados discutem-se as grandes obras. O poder legislativo está asfixiado e virou uma mera corrente de transmissão do governo. Qualquer resistência é encarada com prepotência e passa-se a patrola
governista por cima. Na semana passada cancelou-se uma Sessão Representativa com desculpas regimentais para calar a oposição. A rejeição do pedido também serviu como demonstração de força. O atual governo não admite ser fiscalizado.
Debate atrasado
Há diferenças acentuadas entre o que foi proposto pelo Orçamento Participativo, nos governos da Frente Popular, e o que está sendo realizado agora pelo OC? As diferenças entre os dois modelos são gritantes, embora a maquiagem seja parecida. No OP o valor colocado para deliberação do povo era de 100% do total de investimento, o que atualmente foi rebaixado para 10%. As comunidades participavam das discussões no OP sabendo exatamente quais valores seriam aplicados e o Conselho democraticamente eleito reunia-se semanalmente com o objetivo de fiscalizar os encaminhamentos. No Orçamento Comunitário, o governo detém o controle de todo o processo e somente depois de os cidadãos e cidadãs participarem é que ficam sabendo qual obra será executada e quais valores serão investidos. O atual processo triplicou o número de cargos, que servem mais como cabos eleitorais do que como agentes públicos. No OC efetivamente não há controle por parte da população.
econômica com crescimento”. Em nenhum momento Meirelles enalteceu o nome do presidente Lula, como faria qualquer outro político governista. Preferiu utilizar os termos “O Brasil está...” ou “Quando assumimos...”. Sem proselitismo, mostrou que, na prática, o Banco Central tem independência suficiente até para fazer um discurso isento. Talvez esse seja um dos motivos do êxito da política econômica do governo. Mas não garante a Meirelles ser o nome prioritário para formar chapa como vice de Dilma Roussef na disputa pela sucessão presidencial.
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Como acabar com as gratuidades no transporte coletivo caxiense? A Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana perdeu uma oportunidade de regulamentar o tema no ano passado, quando se preparava para prorrogar por mais uma década o contrato com a concessionária Visate. Discutir a questão agora e atrasar a definição do aumento da tarifa do ônibus urbano – que fatalmente virá em breve –, ganha um tom eleitoral despropositado.
Acadêmica
A UCS TV anuncia para as próximas semanas mudança radical em sua programação. Em atendimento ao que prega o Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul, a emissora deverá privilegiar as questões acadêmicas e educacionais. Por conta disso, alguns colaboradores da emissora começam a ser dispensados.
Migração
Vem aí o feriadão de Carnaval e, por conta dele, surgem ofertas de excursões para cidades fornecedoras de mão de obra à indústria caxiense. Basta conferir nos cartazes afixados em paradas de ônibus para saber de onde vem essa nova leva de trabalhadores que se instalam na cidade. Não mais (ou não apenas) dos Campos de Cima da Serra, mas da região da Campanha: Bagé, Livramento, Alegrete... Júlio Soares, Objetiva, Divulgação/O Caxiense
Sem tempo a perder
Para alguns é direito, para outros é privilégio
Diego Netto, Divulgação/O Caxiense
Os vereadores retornaram ao trabalho esta semana com toda a corda. As primeiras sessões ordinárias do ano tiveram debates pesados, desencadeados a partir das divergências em relação ao reajuste da tarifa de água e a um pedido de informações sobre o Orçamento Comunitário. Os principais atores: de um lado, os oposicionistas Ana Corso e Rodrigo Beltrão, ambos do PT; de outro, os governistas Geni Peteffi (PMDB) e Édio Elói Frizzo (PSB). Por ironia, a bancada governista derrubou o requerimento sobre o OC, mas aprovou – na base da concessão – o mesmo tipo de solicitação a respeito do Samae.
Corrida ao Senado
Diego Netto, Divulgação/O Caxiense
Embate verbal
6 a 12 de fevereiro de 2010
O Caxiense
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Tempo vale ouro. Inclusive durante as férias. Aproveite bem o seu. Leia O Caxiense.
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