Edição 14

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Ex p ale osiç RO rta ão pa par UPA ra a n cial d D ece os E F ssi ves E da tid ST de os A de da pre s r ser ainh vá as -lo s

O DESAFIO

DA SUCESSÃO

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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. Maicon Damasceno/O Caxiense

Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 14 | R$ 2,50

Décadas de êxito de uma empresa familiar podem se multiplicar ou ruir a partir de um momento decisivo: a passagem de comando para a geração seguinte

Renato Henrichs analisa a disputa pela reitoria da UCS | Roberto Hunoff constata que as liquidações de verão entraram para a agenda dos caxienses | A psicologia da recuperação no Jaconi | Um líder abençoado no Centenário


Índice A Semana | 3

Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4

O Sindicato dos Metalúrgicos equivocou-se: o lucro da Randon Inplementos caiu 57%

Sucessão | 5

Como as empresas enfrentam a derradeira hora da troca de comando

TWITTER

(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense) BriGa FerreNha

as razões (e versões) de cada um no conflito Sindicato x randon

Caxias do Sul, fevereiro de 2010 | Ano I, Edição 13 | R$ 2,50

Olhar

para a

Velha

caxiaS

Mascarados pela contemporaneidade, prédios antigos do Centro guardam a história da formação da cidade. A revelação dessa trajetória surge como alternativa para mantê-los de pé

Ideias interessantes | 8

A areia vira painel de mensagens diárias para um salva-vidas de Arroio do Sal

Guia de Cultura | 10

Maicon Damasceno/O Caxiense

Um drama precioso no cinema e lamentos blueseiros lançados em CD

Festa da Uva | 12

Exposição reúne parte dos vestidos das rainhas, enquanto os outros aguardam um museu que os preserve

(Re)Descobertas musicais | 14

Quem é Patrick Dimon, cantor de sucesso nos anos 80 que encerra a Festa da Uva

Guia da Festa | 15

13ª edição | @marisirena @ocaxiense A capa desta edição está realmente bonita! Fiquei curiosa para conhecer mais da obra do Giacomin. Mariana Sirena, às 9h02 de 1º de março @viniciusbusatta @ocaxiense Parabéns pela reportagem sobre os prédios antigos, rica em informação, irei caminhar pelo centro com outros olhos. Vinicius Busatta, às 8h54 de 1º de março

@danieldalsoto A capa do @ocaxiense é uma verdadeira obra de arte, daquelas de pôr em moldura. Qualidade do jornal está excelente. Daniel Dalsoto, às 10h05 de 27 de fevereiro @fran_becher @ocaxiense Linda a capa!! Caxias tem que começar a discutir suas políticas patrimoniais antes que os prédios “tombem” literalmente!! Franciele Becher, às 19h16 de 27 de fevereiro @gabi_marcon Expressionismo na capa d’@ocaxiense. É de encher os olhos, refletir sobre o que éramos e o que somos, de atiçar os sentidos e buscar conteúdo. Gabriela Marcon, às 11h52 de 27 de fevereiro @MartaDetanico @ocaxiense Realmente, a capa do jornal é uma obra de arte. Com certeza o conteúdo é muito além da expectativa. Marta Detanico, às11h35 de 27 de fevereiro

Último fim de semana para se divertir com música, dança e teatro nos Pavilhões e ver nossa festa passar pela Sinimbu

Eleição para reitor da UCS | @RTommaso Parabéns a @ocaxiense pela cobertura da eleição para reitor. Sempre lançando as noticias em primeira mão. Raphael Di Tommaso, às 22h48 de 2 de março

Artes | 16

Imagem no espelho, uma vida rasgada e diferenças harmoniosas

ORKUT

Estrelas do tabuleiro | 17

13ª edição | O povo precisa muito de cultura para alimentar sua alma. Parabéns à equipe do jornal. Rejane Romani, em 2 de março

Caxias recebe os melhores enxadristas do país e um craque internacional

História de fé | 18

Marcelo Costa, o líder que pretende conduzir a nação grená à prometida Série B

Vocês estão escrevendo uma nova história do jornalismo no Rio Grande do Sul. Parabéns para toda a equipe. Éverton Rigatti, em 1º de março

Guia de Esportes | 20

FACEBOOK

Tiro, bocha, vôlei, paddle, xadrez, futebol (profissional, amador e sete), capoeira e boxe

(Acompanhe em www.facebook.com/ocaxiense) 13ª edição | Tá muito linda a capa! O jornal está maravilhoso, com astral, com matérias interressantes e pertinentes. Parabéns! Nika Ferronato , às 15h53 de 3 de março

Motivação alviverde | 21

Juventude treina a psicologia para se recuperar no 2º turno do Gauchão

Monet passou por Caxias. Esta foi a sensação quando admirei esta maravilhosa capa e por conseguinte a matéria bem elaborada e articulada em relação ao urbano de nossa Caxias. Tocando em frente. Vereador Gustavo Toigo , às 22h22 de 27 de fevereiro

Renato Henrichs | 23

Três candidatos disputam a reitoria da Universidade de Caxias do Sul

Expediente

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. Antônio Júlio Giacomin/O Caxiense

NOVO

Roberto Hunoff atesta a reação do mercado de trabalho em janeiro | Renato Henrichs fala da disputa eleitoral pela reitoria da UCS | A colônia que mora nos Pavilhões e um guia para aproveitar a festa | O Caxias garimpa talentos | Os planos de um juventudista de estirpe

Maurício Casiraghi, Divulgação/O Caxiense

www.OCAXIENSE.com.br

O Caxiense

6 a 12 de março de 2010

Capa | Diogo Mello da Rosa (vice-campeão brasileiro menor de marcha atlética 2009) e Pedro Olavo Pereira (campeão sul-americano de atletismo 2004), atletas da UCS/Sesi/Prefeitura de Caxias do Sul, fotografados por Maicon Damasceno na pista de atletismo do Sesi. Agradecemos | Kenpo Sports (3035-8585), Sesi e Universidade de Caxias do Sul, em especial à supervisora do Departamento de Atletismo, Gisele Anália Nogueira Vieira. Erramos | No Guia da Festa da última edição, publicamos equivocadamente as datas da semana anterior; os horários do espetáculo Tholl – Imagem e Sonho e do corso alegórico de quarta-feira também estavam incorretos. | No início do texto da página 20 da última edição (Um sonho em jogo), faltou o seguinte trecho: No lado de fora do gramado, uma legião de pais acompanhava o teste dos filhos. Alguns, silenciosos, caminhavam de um lado ao outro, ora chutando uma pedra de cascalho, ora esfregando as mãos no rosto, em declarado sinal de ansiedade. Outros, como Euclides Preto, 56 anos, não conseguiam se conter. “Henrique, fecha o meio. Henrique, olha as costas. Henrique, pega ele. Henriqueeee! Henriqueeeee! Henrique, não deixa ele sozinho, pega junto.”

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


A SemAnA Maicon Damasceno/O Caxiense

Rodrigo Lopes, Divulgação/O Caxiense

Cristofer Giacomet, Divulgação/O Caxiense

UCS oferece bolsa para estudantes; Caxias pode ter sismógrafo permanente

Yeda defende “marcha sobre Brasília”, Kastelão inaugura mercado e Caberlon assina contrato da barragem Marrecas

SEGUNDA | 1° de março Política

Yeda palestra na CIC Palestrante da reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) a governadora Yeda Crusius defendeu uma “marcha sobre Brasília”. Yeda conclamou o empresariado a unirse ao governo como única forma de derrubar a barreira da União que, para ela, impede a conclusão do trevo na RS-122, no acesso para Flores da Cunha. “Sozinha não conseguirei viabilizar esta obra. Temos a solução, que não adiantarei, mas preciso do apoio de vocês para marchar sobre Brasília em nome de Caxias.”

TERÇA | 2 de março Tremores

Caxias deve reivindicar sismógrafo permanente Caxias do Sul poderá ter um sismógrafo permanente. A proposta vem em resposta aos tremores de terra que assustaram moradores do bairro Jardim América no final de 2009 e começo de 2010. A Secretaria do Meio Ambiente está preparando um dossiê que será encaminhado ao Ministério de Ciência e Tecnologia, para que o órgão federal escolha a

cidade para a instalação do equipamento. Além disso, a prefeitura aguarda a resposta do estudo realizado pelos técnicos do Observatório Sismológico da Universidade de Brasília (UNB) sobre os tremores de terra que atingiram a cidade.

Supermercado

Grupo Kastelão amplia rede Os últimos retoques na fachada do prédio não deixam dúvidas: o Grupo Kastelão Smart inaugura até o final do mês o quinto supermercado da rede na Serra. Já de olho nas vendas turbinadas pelas comemorações da Páscoa, o empreendimento chega em ponto mais do que estratégico: na Avenida Rio Branco, quase defronte à Igreja São Pelegrino, parada obrigatória de turistas, e próximo ao futuro San Pelegrino Shopping Mall, previsto para abrir as portas no segundo semestre. O novo supermercado soma-se às quatro lojas do grupo, três em Caxias do Sul (nos bairros Panazzolo e Bela Vista e no distrito de Fazenda Souza) e uma no município de Vale Real.

QUARTA | 3 de março Samae

Comitiva insiste para MP investigar gasto Foi entregue o pedido de recon-

sideração do processo de investigação dos gastos da Samae, com um abaixo-assinado de cerca de 6 mil assinaturas anexado. Uma comitiva que contava com as vereadoras do PT, Denise Pessôa e Ana Corso, e representantes do Sindicato dos Servidores Públicos de Caxias do Sul, da Central Única de Trabalhadores (CUT) e de diversas Associações de Moradores de Bairros da cidade entregou a documentação no Ministério Público Estadual, em Porto Alegre.

QUINTA | 4 de março Marrecas

Acordo para a construção é assinado Foi assinado o contrato que autoriza o início da construção da barragem do Sistema Marrecas. A obra será executada pelo consórcio formado pelas empreiteiras Sanenco e Fidens, empresas de Minas Gerais, e tem prazo de execução previsto em 18 meses, quando a barragem deve estar abastecendo parte da população de Caxias. O investimento será de mais de R$ 65 milhões. “O Marrecas, posso dizer seguramente, no fim de 2011 vai estar concluído, e é água para 250 mil pessoas”, disse o diretor-geral do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), Marcus Vinicius Caberlon, em seu discurso, depois de assinar o contrato. A capacidade de

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acumulação de água da nova barragem, que será de concreto, é de até 33 bilhões de litros, com previsão inicial de retirada de 900 litros de água bruta por segundo. A barragem terá 435m de extensão e 60m de altura.

SEXTA | 5 de março Educação

UCS oferece 4.268 bolsas Além das quase 3,5 mil bolsas do ProUni, programa do governo federal, a Universidade de Caxias do Sul (UCS) está oferecendo este ano a Bolsa UCS. Ao todo, 4.268 estudantes receberão o benefício. Essa medida se deve à Lei Federal n° 12.101, criada no dia 27 de novembro de 2009 e ainda não regulamentada, que obriga as universidades a oferecerem 20% da sua receita em gratuidades para que obtenham a isenção de contribuições para a seguridade social. Além disso, a instituição deve disponibilizar, no mínimo, uma bolsa de estudo integral para cada nove alunos pagantes. “Nós nos antecipamos à lei e já estamos preenchendo as vagas”, informa Isidoro Zorzi, reitor da UCS. “Para o aluno ter direito à bolsa integral ele precisa comprovar que a sua renda familiar é de até um salário mínimo e meio por pessoa. Para a bolsa parcial, este número tem de ser inferior a três salários mínimos”, explica o reitor.

6 a 12 de março de 2010

O Caxiense

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Malefícios

Força das liquidações

Alerta

O executivo da Randon também assinalou a razão principal para que a diretoria do conglomerado tenha visão conservadora e cautelosa em relação ao futuro do país. Para Astor Schmitt, em algum momento, certamente não neste ano por ser eleitoral, o descontrole das contas públicas, principalmente nas despesas de custeio e pessoal, exigirá mão firme do governo. Ele acredita que será preciso reduzir a velocidade atual de expansão das despesas para que não se repitam episódios recentes da história brasileira. Portanto, barbas de molho é o que recomenda o executivo.

Polêmico PPR

A greve de 14 dias da Randon Implementos passou ao largo na apresentação do desempenho das Empresas Randon na quinta-feira, em Porto Alegre. As conversas ficaram no âmbito reservado, até porque a empresa assim o quer. Mas é certo que o assunto não está encerrado. Virão novos capítulos por aí, que poderão envolver inclusive a Justiça Comum. Já a avaliação do balanço mostra claramente que o Sindicato dos Metalúrgicos equivocou-se. O lucro líquido da Randon Implementos caiu quase 57% no ano passado, para menos de R$ 62 milhões. Ou seja, a distribuição dos valores, seguindo as regras estabelecidas em comum acordo, cairia na mesma proporção. A Suspensys foi a que deu maior lucro: R$ 65 milhões. Na Randon Implementos a divisão se dá entre mais de 3 mil funcionários e, na Suspensys, entre pouco mais de 1 mil. É lógico que as diferenças são gritantes, mas fazem parte das regras estabelecidas. Se há descontentamento ou visão de injustiça que se inicie agora um processo de diálogo para criar novos parâmetros para os exercícios futuros.

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O Caxiense

6 a 12 de março de 2010

A recuperação da atividade produtiva de Caxias do Sul em janeiro confirmou-se oficialmente nesta semana por meio da apresentação dos levantamentos realizados pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços e Câmara dos Dirigentes Lojistas. A economia em geral avançou 19% sobre janeiro do ano passado, mas declinou 6,7% na comparação com dezembro, algo absolutamente natural. O que chama atenção, no entanto, é que os históricos 40% de queda em janeiro

no comércio se limitaram a 20%. A avaliação é a de que as liquidações de início de ano, com a temática do verão, começam a fazer parte das estratégias dos consumidores. Na indústria houve crescimento de 23% sobre janeiro passado e queda de 1,6% em relação a dezembro. Na área de serviços recuo de 8,4% para dezembro e alta de 18,6% sobre janeiro de 2009. Em 12 meses a economia acumula perdas de 3,3%, que devem ser recuperadas até o final do terceiro trimestre.

Ligcheque

Jan./2010 Dez./2009 Nov./2009

65,78

11,57

90,54

Fonte: CIC

99,71

SPC

44,73 12,22

54,20

54,97 78,32

Informações fornecidas pelo SPC

TOTAL

Em recuperação

Valorização do crédito

As vendas externas apresentaram alta de 45% em janeiro, somando US$ 54 milhões. Com isso, elevaram de 8% para 9% a participação na receita total. Já as importações cederam 12,5%, para US$ 31 milhões.

A inadimplência cresceu 12% em janeiro na comparação com dezembro, totalizando mais de R$ 1,2 milhão de dívidas adicionais, mas a recuperação de crédito subiu 27%. A quitação de valores em atraso chegou a R$ 1,7 milhão.

Moda 2011

As tendências da moda para as coleções Primavera-Verão 2010/2011 e Preview do Inverno 2011 serão o centro das atenções nos dias 8 e 9 de março. O Núcleo de Moda do Sindicato da Indústria do Vestuário e o Comitê de Estilo do Sindicato das Indústrias da Fiação e Tecelagem realizam a 6ª edição do Integra Moda

Serra Gaúcha, que se firma como a primeira confirmação de tendências do estado do Rio Grande do Sul. A base do trabalho foi coletada pelas estilistas Cecília Seibel e Thais Neves em viagens pela Inglaterra, Suécia, Itália e França. As atividades ocorrerão na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul.

Curtas A jornalista Tânia Carvalho será a palestrante desta segunda-feira, dia 8, na reunião-almoço da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. O evento, realizado em parceria com o Conselho da Mulher Empresária/Executiva da CIC, será alusivo ao Dia Internacional da Mulher.

Vai até o dia 12 o prazo de inscrições ao projeto Vocação para o Sucesso realizado pelo Departamento de Jovens Empresários da CIC. A iniciativa, destinada aos formandos de Administração de Empresas na UCS, concede 50% de uma bolsa de estudo de pós-graduação a quem inscrever trabalhos no projeto. Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Marco Nunes, Divulgação/O Caxiense

Na condição de diretor corporativo da Randon e de vice-presidente da Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul, Astor Schmitt, elencou quatro motivos para sustentar posição contrária à Proposta de Emenda à Constituição em tramitação no Congresso Nacional que reduz a jornada de trabalho para 40 horas semanais. Tomando por base as experiências de outros países, garante que não haverá elevação na geração de empregos, mas promoverá o crescimento da informalidade, principalmente entre micro e pequenas empresas. Por onerar os custos e não agregar valor, a medida prejudicará a competitividade. A decorrência será o aumento de preços dos produtos. Por fim, lembrou que em países onde a jornada é menor, como França, o crescimento do PIB é infinitamente inferior ao da China. Fez, no entanto, a ressalva que não defende o modelo chinês, mas usava apenas a comparação para mostrar que a redução de jornada não traz benefícios. Pelo contrário, tudo indica que quem pagará a conta será o consumidor.

Alento

Queda forte

O Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho firmou convênio com o SebraeRS para realizar o projeto Desenvolver o setor plástico da Serra Gaúcha, com o objetivo de aumentar o faturamento das micro e pequenas empresas por meio da melhoria na gestão, aprimoramento e ampliação da relação comercial em sua carteira de clientes. O projeto foi apresentado nesta sexta-feira. Após a adesão das empresas, que é gratuito, será feito um diagnóstico personalizado para que, a partir dos dados captados, seja realizado um levantamento do que cada uma necessita. O projeto inclui oito municípios da região de abrangência do Simplás e Simplavi (Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Vale dos Vinhedos), onde estão localizadas mais de 400 empresas do setor e responsáveis por mais de 8 mil empregos diretos.

Expansão

A entrega do ônibus mil da Geração 7 da Marcopolo para o Expresso Caxiense foi motivo de comemoração nos Pavilhões da Festa da Uva. Para Caxias do Sul veio Nenê Constantino, presidente do grupo controlador da Gol e de um conjunto de empresas de transporte de passageiros com mais de 6 mil veículos. Recebeu uma chave que simbolizou a entrega do ônibus e a Marcopolo doou uma miniatura do veículo para o Minimundo de Gramado. Até abril o Expresso Caxiense espera receber mais três ônibus Geração 7 modelo Paradiso 1200, top de linha, que farão o trajeto Caxias do Sul-Porto Alegre. A empresa ainda vai adquirir, em seu processo de renovação de frota, mais dois ônibus para fretamento. Já a Marcopolo tem em carteira mais 500 pedidos de modelos da Geração 7 para entregar nos próximos três meses. A empresa tem produzido atualmente média diária de 15 unidades destes veículos.

Considerado um dos melhores sommelieres do mundo, o presidente da Federação Italiana Sommelier Albergatori Ristoratori (FISAR), Roberto Rabachino, aprovou vinhos elaborados em Caxias do Sul. Condutor de uma degustação vertical de vinhos finos caxienses, em evento realizado pela Festa da Uva, deu destaque especial à variedade moscatel. E deu um recado certeiro e direto: “O único problema é que brasileiros não acreditam no próprio

vinho. E acabar com isto é uma das funções de um evento como a Festa da Uva”. Os vinhos caxienses degustados foram o espumante champenoise rosé brut Piagentini, Chardonnay 2009 da Cooperativa Aliança, Reserva tannat 2007 da Quinta Don Bonifácio e espumante moscatel Chateau Lacave. A degustação teve o apoio da Escola de Gastronomia UCS–ICIF, do Instituto Brasileiro do Vinho e da Federação Sommelier Internacional do Brasil.

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Maurício Casiraghi, Divulgação/O Caxiense

Desafios empresariais

Gemir com os filhos Wilian, Wagner e Diego: troca de comando precoce para sustentar crescimento da Sumig

DOLORIDA,

MAS VITAL

R

por ROBERTO HUNOFF roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

eza o dito popular que a primeira geração constroi, a segunda usufrui e a terceira acaba com o empreendimento. Exemplos a confirmar essa teoria existem aos milhares no mundo e Caxias afora. Basta recuar um pouco no tempo. São empresas que fecharam, foram vendidas ou fragmentadas porque a sucessão dos fundadores acabou mal conduzida ou sequer realizada. Em Caxias do Sul pode-se citar a Eberle, empresa que deu origem ao segmento metal-mecânico da cidade, que terminou vendida. Hoje nem marca mais é, substituída por Mundial na área de utilidades domésticas e aviamentos e Voges na de motores. Kalil Sehbe, que cerrou suas portas, e Gazola, hoje controlada por empresários de fora da cidade, são dois outros exemplos. A boa notícia é que esta realidade parece ter ficado no passado, embora ainda existam informações de verdadeiros desastres sucessórios que levaram ao fim de um projeto. Atualmente a regra mais comum tem sido preparar, com tempo, a sucessão do comando com objetivo claro de perenizar a companhia, sonho e luta de muitos anos de

um ou mais empreendedores.

Especialista nesta área, o advogado caxiense Zulmar Neves, com atuação ramificada por vários estados brasileiros, sustenta que a sucessão deixou de ser um mito nas organizações, um assunto que desencadeie conflitos familiares ou de amizades. “Hoje o fundador tem a consciência de que precisa desenvolver a cultura da sucessão bem mais cedo.” Isto porque, segundo o advogado, o empreendedor tem outra visão de vida e se deu conta de que precisa usufruir do capital que acumulou ao longo de seu trabalho. “Ele sabe que não pode trabalhar sempre, que deve se aposentar como um trabalhador comum e gozar a vida. Mas só é possível mudar o seu modelo de vida se ele formar sucessores.” Além do mais, acidentes estão muito mais próximos do que se imagina. Um empreendedor dificilmente aceita essa tese, mas ela é real. O advogado lembra o caso da Medabil, empresa de Nova Bassano, que perdeu seu diretorpresidente Attilio Bilibio no acidente com o avião da TAM, em São Paulo, em julho de 2007. Desde então a organização é administrada com auxílio de consultores que estão preparando um

Não há regra para uma sucessão sem traumas. Mas é prudente preservar a empresa da própria família para perpetuar o negócio

novo comando. “Nenhum empresário sultoria. “A indicação precisa levar em admite que um acidente o vá tirá-lo do conta uma série de competências, téccargo. Mas esta realidade é muito for- nicas e de personalidade.” te. Por isso, deixar o processo encaminhado, senão consolidado, definindo De acordo com o advogado, o e preparando substitutos, é muito im- processo sucessório não pode ser feito portante.” de forma intempestiva, mas trabalhaZulmar Neves recodo por no mínimo um nhece que o processo ano. Antes disso, as de sucessão é dolorido “O empresário famílias precisam ser e mexe com as pessoas. sabe que não preparadas para a muPor isso os envolvidos dança, a fim de que se pode trabalhar precisam estar maduevite aquilo que é alros para participar des- sempre, que deve tamente prejudicial à ta mudança. Normal- se aposentar organização. “Permitir mente a iniciativa é do como um que a família invada a fundador, preocupado empresa de forma detrabalhador em dar continuidade à sorganizada e pense companhia. Por conta comum e gozar a que ela é uma continuidessa visão, é próprio vida”, diz Zulmar dade do lar é sinônimo dele querer interferir de confusão. A compana escolha, indicando nhia precisa ser vista como sucessor aquele que entende es- como um organismo independente e a tar mais preparado. “Este é um primei- família deve diferenciar muito bem o ro erro”, afirma o advogado. que é ser dono e o que é ser sócio.” Nem sempre a condução futura da Zulmar Neves destaca que neste empresa se dá pelas mãos de alguém ponto também tem papel fundamental mais técnico. Zulmar Neves afirma que a consultoria. Por meio dela os famié preciso encontrar no escolhido um liares precisam compreender e separar perfil conciliador, que consiga harmo- propriedade, sociedade e gestão. “Tudo nizar a família em torno da empresa. deve ser feito com o objetivo de preserPara clarear essa situação é importante var a empresa da família. Apossar-se a visão externa por meio de uma con- como donos e não como sócios muito

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13 a 19 de março de 2010

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O advogado destaca que todo o processo precisa ser concretizado com a elaboração de um acordo de sócios, onde se disciplina tudo, como se dá a integração e formação dos herdeiros e como eles podem participar dos vários organismos da governança corporativa, cada qual dentro do seu perfil. Alguns poderão ser executivos, outros somente acionistas ou então membros do Conselho de AdministraNão há regra única para se inição. Para chegar a esse estágio é feita a ciar a sucessão, mas a recomendação é análise do Plano de Desenvolvimento que o processo se instale alguns anos Individual para ver as competências de antes do empreendedor se aposentar, cada um e como pode contribuir ou o que deveria ocorrer, no máximo, aos não com a sociedade. 70 anos. De acordo com Zulmar, se Não há, segundo Zulmar Neves, houver a decisão de procurar alguém uma regra única para a sucessão. Varia no mercado, este tempo nunca será não apenas de empresa inferior a dois anos. O para empresa, mas de mesmo vale para a supessoa para pessoa. O cessão interna. “O sucessor fundamental é que haja O advogado também diálogo, transparência precisa ser defende que o fundae humildade em reco- educado para dor continue na emnhecer e apoiar aquele entender que ele presa, atuando como indicado para o cargo. mas delenão é dono, é um estrategista, Para o advogado, a sugando todas as funções cessão nas Empresas gestor, depende operacionais. “Esta tem Randon é um bom do cumprimento sido a nova realidade exemplo a ser seguido. de metas”, do empresariado. Ele Ele destaca que o fungozar a vida, destaca advogado precisa dador Raul Randon senão nada terá valido conseguiu delegar o a pena.” poder e as tarefas de Um caso raro de sucomando sem brigas, conflitos ou dis- cessão, pode-se dizer precoce, acaba putas, sequer com genros e noras. “A de ser concretizado na Sumig, empreharmonia construída foi espetacular. sa caxiense com 30 anos de atividades Todos entenderam que David, diretor- e especializada em tochas e máquipresidente desde abril do ano passado, nas para solda e corte. Seu fundador, era o ideal para o pós-Raul Randon. Gemir Susin, aos 58 anos, repassou o Pode ser que no futuro isso mude, e comando e as operações para os três ele (David) está preparado para isto, filhos: Wilian, 29 anos; Wagner, 27; e porque o sucessor também precisa ser Diego, 26. “Foi uma solução tão traneducado para entender que ele não é quila que ao escritório sobrou tão sodono, é um gestor, é provisório no car- mente colocar no papel o acordo de go, depende de desempenho e do cum- sócios,” recorda Zulmar. primento de metas para ficar no cargo.” O advogado reconhece que o procesA tranquilidade pode ser atriso é mais fácil de ser consumado sem buída, neste caso, ao fato de que os três problemas quando há apenas um em- filhos têm vínculo profissional com a preendedor. Quando há dois ou mais empresa desde os 14 anos, exercendo fundadores a tendência é de que haja atividades nas diferentes áreas até enembate. Neste caso se fortalece ainda contrar aquela que melhor atendesse às mais a necessidade da escolha a partir suas aptidões. O processo desencadede uma série de competências, e não ado e concluído no ano passado atrisomente técnicas. bui 33% da sociedade para cada filho, Outra preocupação de Zulmar Ne- cabendo ao fundador apenas 1%, mas ves é que o processo sucessório seja do também a importante tarefa de fazer a conhecimento do mercado e da socie- política institucional de promoção da

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O Caxiense

13 a 19 de março de 2010

Maicon Damasceno/O Caxiense

dade, para que todos percebam que a escolha a ser feita é a mais correta e que o eleito é realmente aquele com capacidade de liderar e dar continuidade. “O público precisa reconhecer no novo líder alguém capaz, e não imposto por questões pessoais.” Agindo dessa forma ele entende que o mercado não mudará a visão que tem da empresa, porque o perfil do eleito é exatamente aquele que melhor permite a percepção de que se mudou com o objetivo de melhorar.

Magrão, Scalco, Divulgação/O Caxiense

provavelmente prejudicará a empresa, e por decorrência a família, que poderá ficar sem o negócio.”

Zulmar cita como exemplar a passagem de cargo de Raul para David Randon

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companhia junto aos mercados e de- com os irmãos Alexandre e Daniel, senvolvimento de produtos e parcerias. montou há uma década um projeto, O gerente-geral Wilian Susin obser- com conhecimento do então diretorva que o principal objetivo da mudan- presidente Raul Randon, que entendia ça é profissionalizar a empresa para dar como ideal para o crescimento da emsustentação ao seu crescimento. “Não presa. Foi o passo inicial da sucessão, dava mais para continuar tocando este que se consolidou em abril de 2009. negócio sozinho. PreciO projeto criou um sava de tempo para me modelo administrativo dedicar às estratégias, “Não houve por times, já olhando mas também para curpara o futuro. Neste ruptura de tir um pouco mais da meio tempo ocorreram vida”, reconhece Gemir modelo, porque ajustes, mas o modelo é Susin. o mesmo, igual ao exea transição Com 200 funcioná- foi pensada cutado pelo fundador. rios, a Sumig atua em David Randon recoe resolvida todo o país e no Extenhece que o start foi rior. Tem área cons- no âmbito da dado por Raul. “Ele truída de 8 mil metros holding familiar”, sabia que tinha um lequadrados e prepara diz David gado, construído com investimento de mais o irmão Hercílio, já 2 mil. falecido, que precisa de A mudança também repercutirá for- continuidade. Ele ergueu uma organitemente na gestão do negócio. A meta é zação de sucesso ao longo de 60 anos e consolidar algumas ferramentas, como entendeu que chegara o momento de o planejamento estratégico e orçamen- passar o bastão adiante, até porque estário, até agora praticados timidamen- tava se aproximando dos 80 anos.” te. Na sequência deve vir o Conselho de Administração. “Quero consolidar David relata que Raul Randon a marca Sumig no Brasil e no mundo percebeu que a empresa, sua equipe como referência no segmento de solda e familiares estavam amadurecidos e corte. Por isso, preciso do esforço e para a sucessão. Tanto que foi claro ao do empenho ainda maior dos meus su- afirmar que queria alguém da família cessores.” na operação executiva. “A partir daí Gemir Susin salienta que não sentiu os irmãos começaram a dialogar para qualquer reação negativa do mercado. encontrar a melhor fórmula. Cada um Ao contrário, houve satisfação porque dos sócios expôs o que entendia ser os novos controladores são conhecidos necessário para alguém assumir o carde longa data dos clientes e fornecedo- go de presidente, suas atitudes, papel, res. “Eles estão aqui há mais de uma habilidades e formação.” Por consenso, década. Em alguns casos mais familia- a família chegou ao nome de David rizados do que eu mesmo.” Randon. Ele destaca que pretende aproveitar O diretor-presidente argumenta que melhor a vida, curtindo pescarias, um clientes e fornecedores tomaram code seus hobbys, e viagens, mas princi- nhecimento das mudanças na medida palmente visitar feiras para entender em que eram consolidadas, demonsainda mais sobre o negócio da Sumig. trando que haveria continuidade. “Não A carga de trabalho é que tende a ser houve ruptura de modelo, porque a reduzida: “Não mais de sete horas”. transição da primeira para a segunda geração foi pensada e resolvida no Primogênito de uma família de âmbito da holding familiar. Houve um cinco irmãos, David Randon sucedeu trabalho e um acordo entre os cono pai, Raul Randon, na função de pre- troladores da DRAMD, que responde sidente da diretoria executiva da Ran- pelo controle da empresa.” don, conglomerado de oito empresas, David Randon argumenta que todos com atuação no segmento de imple- os irmãos têm capacidade para assumir mentos rodoviários, autopeças e servi- este cargo, mas a sua escolha deu-se ços. Sua principal meta é tornar o gru- porque entendiam que neste momento po ainda mais internacional por meio ele era o mais indicado. “Isto é imporde associações, aquisições de negócios tante porque primeiro acertamos no e incremento das vendas externas. âmbito familiar e depois levamos aos Para chegar a esta condição, no en- executivos da empresa. E, nestes oito tanto, David Randon, juntamente anos, fui me preparando para exercer

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esta função e dar continuidade normal ao projeto maior.” A continuidade de David à frente da empresa dependerá exclusivamente do seu desempenho e da transparência junto aos acionistas e familiares. Ele lembra que agora é um executivo, que deve explicações das suas atitudes e de toda a operação para um órgão maior, que é o Conselho de Administração.

o da Marcopolo, maior encarroçadora de ônibus do mundo. A mudança, que deve ocorrer ao longo deste ano, se dará no âmbito do Conselho de Administração, pois há quase uma década toda a diretoria executiva é formada por profissionais do mercado. O último movimento na sucessão da Marcopolo deu-se há dois anos, quando Paulo Bellini, fundador e presidente, José Antônio Fernandes Martins, vice-presidente, e Valter Gomes Pinto, diretor, firmaram acordo de sócios. Por meio dele, Martins abriu mão das ações ordinárias que detinha na empresa, garantindo que o controle decisório ficasse com Bellini e Gomes Pinto. O atual vice-presidente recebeu em troca ações preferenciais da companhia. Desde então há um trabalho com parentes dos majoritários para definir a sucessão. Participam os dois filhos de Paulo Bellini, James e Mauro, e a filha e o genro de Valter Gomes Pinto. “As mudanças serão graduais, e não de uma única vez”, afirmou o presidente da Marcopolo em entrevista à Revista AutoData em 2008. Garantiu, no entanto, que o conceito de gestão profissional será mantido.

Como deu certo o modelo do primeiro processo sucessório, a Randon já alinhava o próximo passo, que inclui a terceira geração. Mensalmente os controladores têm se reunido para discutir o presente e o futuro. “Há dois anos começamos a debater o envolvimento da terceira geração com a empresa. Com apoio de consultoria estamos fazendo trabalho individual de cada um dos integrantes, avaliando as qualidades e analisando o desempenho no futuro. Cada um terá sua profissão e seus interesses, mas queremos que também se preocupem com a empresa no futuro.” David Randon admite que uma das razões para que a sucessão tenha se dado sem conflitos é o fato de ser apenas uma família, situação diferente de muitas organizações. Para ele, Raul Randon, antes de sair da presidência, Também estão em andamento teve o discernimento de dar o pontapé mudanças na Agrale, empresa fundainicial para a mudança. “Em segundo da por Francisco Stedile, já falecido, lugar, como irmãos e irmãs, precisa- e hoje comandada pelo genro Hugo mos separar muito bem o problema Zattera, casado com a herdeira Véra. familiar dos societários. Uma coisa é o As informações oficiosas indicam a indivíduo como parente, outra é a fun- formação de uma comissão, com parção na empresa. E todos precisam en- ticipação de representante de cada um tender isto e estar abertos para tal. Por dos cinco herdeiros, para discutir o fim, é preciso harmofuturo da companhia. A nia para ter um bom decisão, certamente, vai trabalho.” demorar algum tempo. Na Marcopolo, David Randon reUm estudo feito pela o processo conhece que há sim Family Business Conmuitas diferenças en- sucessório está sulting Group Internatre a sua forma de ad- encaminhado tional, rede que conministrar e a de Raul desde 2008, grega especialistas em Randon. “Ele é um empresas familiares, e deve ser empreendedor, que vê aponta que 65% das uma oportunidade e, consumado organizações sob esta por sua sensibilidade, no decorrer classificação tendem a se lança no negócio deste ano desaparecer. O dado é sem saber se dará reassustador, pois 40% sultado ou não. Eu e das empresas listadas meus irmãos somos mais investidores, na Fortune 500 são controladas por famais frios e criteriosos na análise do mílias ou são de propriedade familiar, negócio. Isto é natural.” e cerca de 65% a 80% das companhias do mundo são familiares. No Brasil são Além de Randon e Sumig, casos mais de 80% as organizações controlaconsolidados de sucessão, há outros das por famílias e que respondem por processos em andamento. Um deles é até 70% do PIB da América Latina.

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Personagens do verão

LIÇÕES

À BEIRA-MAR

Um salva-vidas descobriu que escrever mensagens na areia pode ser uma boa forma de chamar a atenção dos veranistas

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

em alguém, “SER POBRE OU RICO NÃO É DEFEITO. MAS SER MAL EDUCADO É. E DOS GRANDES”.

alavras na areia são rapidamente apagadas. Senão pela maré, pelo vento, Na maioria das vezes, as frases pela chuva ou pelos passos apressa- surgem para Medeiros quando ele está dos dos desatentos. Com a ajuda de lendo notícias ou assistindo telejorum graveto, uma pá, o cabo de um nais, o tipo de programa pelo qual é guarda-sol ou com o próprio dedo, aficionado. “As frases são informações não importa como e o quê você escre- baseadas no dia a dia. Acredito que veu. As palavras não resistirão ao dia grandes ideias têm que ser repassadas, seguinte. Podem ser nomes próprios e eu vejo grandes ideias.” ou declarações de apaixonados. Ou Muitas delas dizem respeito ao Cópodem servir para afastar a solidão de digo de Trânsito Brasileiro, forma que um salva-vidas, que encontrou nas efê- Medeiros encontrou de fazer sua parte meras palavras na areia uma maneira na tentativa de diminuir os acidentes. de ser notado. “MENOR DE 10 ANOS SÓ NO BANÀs 9h da manhã de um domingo, CO DE TRÁS E COM CINTO” e “ o céu está fechado em Arroio do Sal, CAPACETE FOI FEITO PARA SER praia conhecida pela grande quanti- USADO NA CABEÇA E NÃO NO dade de veranistas caxienses. Poucos BRAÇO” são algumas das mensagens trouxeram seu guarda-sol para a beira que frequentaram as areias de Arroio do mar, e o agito do dia anterior dá lu- do Sal neste verão. O mar e suas armagar a casais passeando e crianças brin- dilhas também são temas constantes cando. de Medeiros. “Porque, independenteAtraídos por grandes letras na areia, mente da bandeira, os perigos estão quase todos que passam pela guarita de sempre lá. Só porque a bandeira está salva-vidas nº 41 interverde (que indica mar rompem a caminhada, sem ondas) não quer a corrida, a conversa. “As frases são dizer que tem que enMesmo sem sol, o catrar lá pra África. Os informações lor é quase sufocante. buracos continuam”, E a lembrança de dias baseadas no explica, acrescentando: ainda mais quentes dia a dia. “Tem gente que não fez com que as letras Acredito sabe como é o mar. maiúsculas que davam Vejo pessoas que enque grandes forma a uma frase simtram nadando que nem ples, porém preocu- ideias têm que aqueles cachorrinhos, pante, se encaixassem ser repassadas”, os chiuauas.” perfeitamente: BOM explica Medeiros Os alertas aos baDIA SERRA GAÚnhistas são, para Tânia CHA. AQUECIMENMaria de Almeida, 62 TO GLOBAL. VOCÊ AINDA NÃO anos, veranista de Arroio do Sal há 30, VIU NADA. AINDA HÁ TEMPO. as frases mais marcantes que MedeiGrande parte dos veranistas de Ar- ros costuma escrever. Mesmo assim, roio do Sal já está habituada a ver fra- ela diz que não sabe até que ponto as ses como essa na beira da praia, bem mensagens têm impacto em quem as cedinho da manhã ou durante a tarde. lê. “Ele sempre escreve que as pessoas Costuma ver também o autor delas, devem se divertir mas, ao mesmo temLuiz Carlos de Medeiros, 46 anos, que po, ter muito cuidado com o mar. Mas sempre está lá, orgulhoso, próximo de acho que não ajuda muito. Para os josuas criações diárias. Desde 1991, data vens não adianta falar, eles vão para a de sua primeira Operação Golfinho, o arrebentação. E os velhos não vão muisalva-vidas Medeiros escreve na areia to para o fundo. As palavras são lindas, com uma pá, em frente à sua guarita, mas pouca gente as põem em prática”, para conscientizar os veranistas. Os lamenta. temas vão desde cuidados no trânsito Medeiros sabe que muitos dos veraaté uso da camisinha e preservação do nistas só leem as frases e seguem seu meio ambiente. E variam de acordo caminho. Mas não deixa de acredicom a inspiração de Medeiros, já que tar que, de alguma forma, conseguiu na mesma semana em que escreveu transmitir uma mensagem a eles. O “SONHOS EGOÍSTAS JAMAIS TOR- objetivo, afinal, nem sempre é só consNAR-SE-ÃO REALIDADE” também cientizar. Às vésperas de um caloroso rabiscou, talvez para dar uma indireta Gre-Nal, por exemplo, o salva-vidas

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Medeiros busca conscientizar sobre questões relevantes, como trânsito e meio ambiente

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Maurício Casiraghi, Divulgação/O Caxiense

O salva-vidas aprecia a atenção dos banhistas que param em frente à guarita 41: “Eles dizem que se sentem em casa comigo”

ousou desenhar na areia o símbolo do A solidão de observar as pessoas seu time, o Internacional. A cobrança no mar, porém, pode ser deprimente. dos gremistas foi tanta que desde en- O expediente de um salva-vidas é intão ele prefere desenhar dividual e dura quatro apenas a bandeira do horas por manhã e seis Brasil. horas por tarde – tra“Ele passa mais Ao mesmo tempo balha-se um dia pela segurança para que fala com qualquer manhã e outro pela um, Medeiros mantém quem é veranista, tarde, de novembro os olhos fixos no ocea- porque a gente até o final de fevereiro. no. Olhos estes que são sabe que tem Além de atuar sozinho, dotados de muitos e um salva-vidas, pelo um amigo ali, e compridos cílios. E que menos em Arroio do não são protegidos por não só um Sal, não vive momenóculos de sol. Durante profissional”, tos de ação todos os o expediente na praia, elogia Helena dias. De 1991 para cá, Medeiros veste apenas Medeiros resgatou 70 chinelos, sunga preta, pessoas da água. Ou cinto laranja e regata vermelha e ama- seja, não foram todas as semanas que rela, das cores da Operação Golfinho. ele precisou desbravar as ondas do mar De adereços, carrega só uma aliança para salvar uma alma de afogamento. na mão esquerda, um colar com a imaPor causa das frases, a guarita 41 de gem de Jesus dentro de um pequeno Arroio do Sal não é igual às outras. É a coração e um apito, que balança pen- mais movimentada, e reúne, de acordurado em seu pescoço. do com Medeiros, veranistas de outros Agora que entramos em março, Me- balneários que passam por lá só para deiros troca a sunga pela farda e volta ver o que ele escreveu. “Eles dizem que a atuar como policial no pequeno mu- se sentem em casa comigo.” nicípio de Vale Verde, próximo a Santa A quantidade de pessoas que para Cruz do Sul, sua cidade natal. Lá é co- em frente à guarita não é exagero do nhecido como Sargento Medeiros. salva-vidas. A areia é tão boa vitrine que seria uma ideia lucrativa fazer nela A ideia de escrever na areia propagandas de pizzarias, por exemveio de repente, segundo o salva-vidas. plo. “Mas o capitão não deixa”, brinca “Como uma forma de os banhistas se ele. ligarem ao salva-vidas, porque estamos Mas quem tem um grande público aqui só para trabalhar para eles”, expli- tem também uma grande responsabilica. “Acho bem humano e bacana esse dade. Medeiros conta que ouve comentrabalho que ele faz. Ele passa mais se- tários de pessoas ansiosas, dizendo que gurança para quem é veranista, porque querem voltar à guarita no dia seguinte a gente sabe que tem um amigo ali, e só para ver o que ele vai escrever. “É não só um profissional”, apóia Helena uma expectativa. Eu tento me esmerar Panvenhagen, 64 anos, frequentadora mais por causa disso. Mas bah, cara, é da praia há 12 anos. uma responsa.”

A preocupação é dividida com a esposa, Ivani, que apareceu na praia no meio da entrevista com uma garrafa de suco para o marido. Casados há quatro anos, os dois se conheceram em Santa Cruz, enquanto ele fazia o policiamento do banco onde ela trabalha. Ele elogiava os olhos verdes de Ivani e sempre a convidava para comer peixe. “Até que um dia eu intimei ele. Estamos os dois com mais de 40, não temos mais tempo para ficar de flerte.” Depois da intimação e do peixe, que finalmente saiu, o namoro começou. Medeiros é católico, mas não tem restrições a outras religiões. Tanto que vai na igreja protestante com Ivani, já que acredita que “Deus é um só”. E, quando o tema é a fé, ele não escreve apenas na areia. Há frases gravadas nas paredes da guarita vermelha: “Tudo posso naquele que me fortalece” e “Jesus Cristo é o Senhor”. E, num banquinho de madeira, palavras pequenas que só podem ser lidas de perto: “Não te deixes vencer com o mal. Mas vence o mal com o bem”.

decidiu fazer um teste para ser salvavidas em Torres e passou. Não teve dificuldade para ser aprovado, pois se criou nadando nos rios santa-cruzenses. Entretanto, não deixa de ressaltar que “a diferença entre um rio e o mar é de um fusquinha para um caminhão”. Medeiros diz que nunca presenciou uma morte trabalhando como salvavidas nos verões, na maioria deles em Arroio do Sal. Ainda assim, critica as pessoas que acham que as fatalidades só vão acontecer com os outros. Para ele, o pequeno número de afogamentos que ocorre hoje se deve, em grande parte, ao método de prevenção implantado pela Operação Golfinho, que avisa o banhista muito antes de alguma coisa acontecer. Por exemplo: dias atrás Medeiros viu no mar um homem com o filho pequeno na garupa. Os dois estavam sobre um banco de areia, muito próximo a perigosos buracos e grandes ondas. Ele nadou até lá e disse ao homem: “Você não ama o seu filho”. Foi o jeito peculiar de Medeiros chamar a atenção daquele pai e Medeiros só co- “Entrei no impedir um acidente. nhece o mar há 19 mar e pensei Mas, de forma geral, é anos. Foi à praia pela isso que os salva-vidas primeira vez achando ‘puxa, isso consideram método de que se contentaria ape- aqui é o meu prevenção. nas em olhar e ir embo- mundo, a minha Prevenir é melhor ra. Enganou-se. “Entrei outra querência”, do que remediar, alino mar e pensei ‘puxa, ás, poderia ser o lema isso aqui é o meu mun- lembra Medeiros, de Medeiros, já que do, a minha outra que- que só viu o mar muitas das frases que rência’”, diz, acrescen- depois de adulto cria têm a intenção de tando que a primeira evitar algum tipo de continua sendo Santa acidente e valorizar a Cruz, cidade que, para ele, tem o céu vida. “A VIDA É BELA. BASTA VIVÊmais azul e até cheiro diferente. LA COM DIGNIDADE”, resumiu ele Foi logo depois de ver o mar que ele certo dia.

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Guia de Cultura guiadecultura@ocaxiense.com.br

Cinema | Preciosa

Lee Daniels Entertainment, Divulgação/O Caxiense

Diamante bruto por CÍNTIA HECHER A sensação é tão forte que ao levantar da cadeira do cinema, antes de dar o primeiro passo em direção à saída, é preciso dar uma daquelas respiradas fundas. É um soco no estômago. Não. É um tapa na cara. Mais humilhante. Porque Preciosa – Uma história de esperança, dirigido por Lee Daniels e concorrente ao Oscar em seis categorias - inclusive de melhor filme -, não é alerta para uma sociedade em frangalhos ou mensagem para uma nação. É um relato cruel que não consegue fazer uma ponte com a realidade, mas isso porque não se quer acreditar que algo assim seja possível. Uma adolescente de 16 anos violentada repetidamente pelo pai, grávida do segundo filho dele e que sofre humilhações inomináveis da própria mãe. Clareece Precious Jones (Gabourey Sidibe) vive nisso. Em uma casa escura com a mãe (Mo’Nique), que a chama de gorda e burra tantas vezes que acaba por convencê-la de que ela não serve para nada. Tudo se revela ciúme doentio de uma mulher que vê a filha como rival e não como carne da própria carne. Com a visão distorcida por achar que Precious roubara “seu homem”, a mãe já não enxergava abuso sexual, mas sim uma competição pelo namorado. Vê-se isso na maneira como a primeira filha de Precious, portadora da Síndrome de Down, é tratada. A mãe a enxerga como um animal que serve somente como meio de conseguir dinheiro do governo para não precisar trabalhar. Precious nunca reage, só se conforma. Em dado momento, ela desaba em sala de aula ao dizer que o amor nunca fez nada por ela - só batia, violentava, fazia ela se sentir sem valor. Para fugir desses momentos de pura violência e terror, a adolescente apela para a fantasia, onde é desejada, glamourosa e famosa. Ela encontra apoio e conhece afeto depois de entrar em uma escola alternativa, onde começa a tomar as rédeas de sua vida. Com ajuda da professora Blu Rain (Paula Patton), aprende finalmente a ler e escrever e passa a se abrir mais, o que revela o mundo perturbador em que vive. As luzes se acendem na sala de cinema e as pessoas ao redor não levantam. Ficam pasmas e se pegam torcendo para que aquela personagem fictícia se cure de todo o mal que a cerca. Porque os comentários imediatos são algo como “e pensar que isso acontece de verdade”. E ela acaba não sendo tão fictícia assim. Tudo o que Precious quer é ser normal, mas isso ela nunca será. Não espere um filme fácil de digerir, mas não deixe de se encantar por uma menina que consegue ser ela mesma depois de tantos tombos. E isso é muito melhor que ser normal. l Preciosa – Uma história de esperança | Drama. De sábado a quinta, 14h | Iguatemi Jovem com vida difícil e experiências traumáticas muda para nova escola, onde imaginação é seu refúgio. De Lee Daniels. Com Gabourey Sidibe e Mariah Carey. 16 anos, 110 min., leg..

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Atormentada pela violência e pelo desprezo, Precious Jones encontra amizade e conforto na professora Ms. Rain

CINEMA

l Cheri | Drama. De quinta a domingo, 20h | Ordovás Cortesã aposentada se apaixona por jovem. Tudo corre bem até a mãe do rapaz tramar um casamento arranjado para ele. Dirigido por Stephen Frears. Com Michelle Pfeiffer e Katty Bates. l Idas e vindas do amor | Comédia Romântica. De sábado a quinta, 14h10, 16h40, 19h30 e 22h | Iguatemi Casais e solteiros vivenciam altos e baixos de encontrar, manter ou terminar relacionamento no dia dos namorados. Dirigido por Garry Marshall. Com Julia Roberts, Jessica Alba e Ashton Kutcher. 12 anos, 125 min., leg.. l Nine | Musical. De sábado a quinta, 19h e 21h45 | Iguatemi Enquanto enfrenta crise de meia idade, cineasta tenta harmonizar sua vida profissional e pessoal, às voltas com esposa, amante, musa, amiga, jornalista, prostituta e sua mãe. Dirigido por Rob Marshall. Com Daniel Day-Lewis, Penelope Cruz e Nicole Kidman. 14 anos, 119 min., leg.. l O amor acontece | Comédia Romântica. De sábado a quinta, 13h50, 16h30, 19h10 e 21h50 | Iguatemi Escritor viúvo é autor de livro sobre como lidar com perdas. Em viagem, se apaixona por jovem que, ao assistilo em um seminário, percebe que ele ainda não superou a morte da esposa. Dirigido por Brandon Camp. Com Jennifer Aniston e Aaron Eckhart. 12 anos, 106 min., leg.. l Simplesmente complicado | Comédia romântica. De sábado a

quinta, 14h20, 16h50, 19h20 e 21h40 | Iguatemi Mulher mantém relação amigável com ex-marido, de quem se separou há 10 anos, mas acaba tendo um caso com ele. No meio disso, aparece um novo pretendente. De Nancy Meyers. Com Meryl Streep, Alec Baldwin e Steve Martin. 14 anos, 118 min., leg.. l Um olhar no paraíso | Drama. De sábado a quinta, 16h10 | Iguatemi Menina de 14 anos é assassinada e acompanha do céu como sua família e amigos vão seguindo a vida. Dirigido por Peter Jackson. Com Mark Wahlberg e Rachel Weisz. 14 anos, 135 min., leg.. AINDA EM CARTAZ - Alvin e os Esquilos 2. Comédia. De sábado a quinta, 14h e 16h. Iguatemi | Avatar. Ficção científica. De sábado a quinta, 18h (dub.) e 21h20 (leg.). Iguatemi. De sábado a quinta, 20h (dub.) UCS | Xuxa e o Mistério da Feiurinha. Infantil. De sábado à quinta, 16h. UCS | Zumbilândia. Comédia. De sábado a quinta, 21h30. Iguatemi | O Carteiro e o Poeta. Romance. Quinta, dia 11, às 15h. Entrada franca. Ordovás| Percy Jackson: o ladrão de raios. Aventura. De sábado a quinta, 13h40, 16h20 e 18h50. Iguatemi INGRESSOS - Pepsi GNC Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terçafeira: R$ 6,50 (promocional). Sextafeira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780,

Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS Cinema: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | Sala de Cinema Ulysses Geremia – Centro Municipal de Cultura Dr. Ordovás Filho: R$ 5, R$ 2 (meia entrada) e entrada franca no projeto Matinê às 3. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 39011316

EXPOSIÇÕES l Decididas | De segunda a sexta, das 8h às 20h | Ensaio fotográfico de mulheres com câncer de mama, atendidas pela Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) de Caxias do Sul. Jardim de Inverno – Sesc Entrada franca | Moreira César, 2462, Centro | 3221-5233 l Mulheres nos trilhos da história de Caxias do Sul | Segunda, dia 8, 19h30 | Lançamento da exposição de gravuras e textos de 25 artistas e escritoras caxienses, que integram a Agenda Feminina 2010 da Coordenadoria da Mulher da Prefeitura Municipal, em homenagem ao Dia Mundial da Mulher. Sala de Exposições do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 l Simbiose | De segunda a sexta, das 8h30 às 18h, e sábados, das 10h às 16h | Obras de Arlete Santarosa e Lana Lanna, que consistem em sequência de xilogravuras e gravuras de metal representando conexão de ideias, de

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pensamento e de criação. O resultado foi obtido após diversas experiências com materiais, o que proporcionou um conjunto de imagens que se justapõem e se completam. Galeria Municipal de Arte Gerd Bornheim – Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima Entrada franca | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697 AINDA EM EXPOSIÇÃO - Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva. De segunda a sexta, das 9h às 17h | Museu Municipal | 32212423

LITERATURA l Quase Amor | Sábado, das 10h às 12h | Lançamento do primeiro romance do jornalista e professor Rodrigo de Oliveira Santos. O autor aborda temas polêmicos, como a participação do negro na formação de Caxias do Sul. No texto, um romance interracial é usado para mostrar as mazelas do amor em si. A ambientação parte da época da colonização da cidade por imigrantes e chega até os dias de hoje. O livro é ficcional, mas os cenários são reais e bem conhecidos. Livraria Do Arco da Velha R$ 15 | Os Dezoito do Forte, 1.690, Centro | 3028-1744

MÚSICA

l Contramão Especial de Aniversário | Rock. Segunda, dia 8, 21h | O Vagão Bar comemora seu terceiro aniversário no mês de março e as festividades já têm início na segundafeira, com uma edição especial do festival Contramão. A partir das 21h, algumas das bandas já consideradas “da casa” se apresentam. Pelo palco, passarão o rock da Revólver, sucessos dos anos 70 e 80 com a Disco, o rock gaúcho da Ligante Anfetamínico (com um dos donos do bar, Marcelo Pedroso, o Pubby, na guitarra), o pop rock da Ton e os Karas e o power rock da Zava. Entre músicas próprias e covers competentes, o bar se mantém baseado no cenário rock & roll não só da cidade, mas do Estado. Já foram iluminados pelos canhões de luz do palco nomes como os hard rockers da Rosa Tattoada, o psicodélico Júpiter Maçã, o rockeiro Alemão Ronaldo, o infame Edu K, do De Falla, e o punk rock da Tequila Baby. Renascido das cinzas pelas mãos de Pubby e de César Casara, o Vagão sofreu no início do ano uma reforma que retirou paredes e renovou seu visual, que não lembra em quase nada o Galleria Estação Cultural, espaço que funcionou lá de 1999 a 2006. O Galleria era o espaço oficial do alternativo, com shows que iam de bandas de death metal com malucos se cortando no palco até singelos shows de chorinho e saraus onde poemas, músicas e peças de teatro se encontravam mensalmente.

Música | The Blues Beers

No decorrer deste mês, outras atrações figurarão na lista de shows a comemorar o aniversário. Dentre elas, a Graforréia Xilarmônica e seu rock gaúcho bem humorado, a Pública e seu rock de inspiração britânica e a Astafix, capitaneada pelo ex-guitarrista do CPM 22 e influenciada por metal e hardcore. Vagão Bar Entrada franca (com nome na lista) | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.vagaobar.com.br

Força e delicadeza por CÍNTIA HECHER

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Declarasamba. Pagode. 22h30. Expresso Pub Café. 3025-4474 | Grupo Freak. Música eletrônica. 23h. Nox Versus. 3027.1351 | Garoto Verão 2010. Música eletrônica. 23h. Studio54Mix. 9104-3160 | Hard Rock Night. Hard rock. 23h30. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Jack Brown. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Libertá. Nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Mayron de Carvalho. MPB e pop rock. 22h30. Badulê American Pub. 3419-5269 | Mersey Trio. Rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Retrato Falado. Rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Taxi Free. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | There’s a killer on the dancefloor. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Domingo: 37 Não é Febre. Pagode. 20h. Europa Lounge Garden. 3536-2914 ou 84012029 | Atitude.Com. Samba. 16h. Expresso Pub Café. 3025-4474 | Terça (9) e quarta (10): Los Infernales. Blues/latino. 22h. Mississippi. 30286149 | Quinta (11): Salib, Hunger e Feijão. Blues. 22h. Mississippi. 30286149 | Sexta (12): Rafa Gubert e Tita Sachet. Blues/rock. 22h30. Mississippi. 3028-6149 Luciana Ruzzarin Basso, Divulgação/O Caxiense

l Elvis in Concert | Rock. Sábado, 21h30 | Banda se apresenta na Festa Rock, um baile de casais organizado pelo Clube Ballroom. Depois do show, a festa continua com seleção de sucessos

do estilo. Ballroom R$ 15 (feminino), R$ 20 (masculino) e R$ 30 (casal) | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159

Um contratempo atrasou as gravações do CD Gambling and living, da banda caxiense The Blues Beers, mas o resultado foi recompensador. A saída do vocalista anterior, substituído pela cantora Camila Dengo, provocou toda uma adaptação técnica, mas o recado da banda continua o mesmo: blues, antes de tocar, é preciso sentir. Acompanhada pelo guitarrista Cristian Rigon, o baixista Josué Baciquet, o baterista Leonardo Reis e o harmonicista Rafael Reis, Camila trouxe um diferencial para a banda: a suavidade. Em seu um ano e alguns meses como integrante, de acordo com o guitarrista Cristian Rigon, a vocalista acabou mudando o foco da The Blues Beers – mas de uma maneira positiva. Agora, a preocupação para os shows e futuras composições são referências femininas do blues, como Koko Taylor e Etta James, grandes nomes do gênero. Ao ouvir Left my heart away, primeira faixa do disco, já deparamos com uma voz convidativa e delicada. Para Rigon, esse elemento feminino dá uma amaciada no blues, tirando o peso e a sujeira masculina da jogada. Sensual por natureza, o blues atinge mais ainda esse objetivo quando uma mulher assume os vocais. É um daqueles blues arrastados que lembram Janis Joplin cantando as dores de um amor abandonado. Agraciado pelo Fundoprocultura, o álbum possui composições que são, basicamente, criações da mente de Rigon apresentadas ao grande grupo, que trabalha em cima e põe as letras, em inglês – menos nas duas instrumentais, Dark wine e Blues and Beers, exclusivas do guitarrista. As 10 faixas tratam daqueles assuntos já clássicos do gênero (amor, desejo e lamentos), como em I’m done with you, que fala de como as coisas mudarão depois do fim de um caso que só trouxe tristeza. A maior mudança quem sofreu foi a faixa 10, Special Woman. Composta pelo baterista Leonardo Reis, ela tem uma letra considerada “sacana”. Enfim, perfeita para um homem apaixonado cantar para sua musa. Mas como fazer? Uma menina cantando let me be your man não soa verossímil ou tentador. O baterista, então, foi para os vocais. Para compensar qualquer eventual falta de familiaridade com o microfone, o vocal ganhou um efeito, e parece que a amada de Léozão o escuta cantando em sua secretária eletrônica. Gambling and living é forte como o blues e delicado como só uma mulher poderia fazê-lo. As apostas estão na mesa, e a The Blues Beers tem ótimas cartas. l The Blues Beers | Blues. Domingo, 20h | Lançamento do CD Gambling and living. Teatro Municipal Pedro Parenti – Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima R$ 10 | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 32213697

Banda caxiense lança CD pelo Fundoprocultura domingo na Casa da Cultura

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Festa da Uva

Andressa Grillo Lovato, rainha de 2008: “A gente fica com uma dorzinha na hora de emprestar. Tem que ver que exposição é, quanto tempo dura”

VESTIDOS ENTRE ACHADOS & PERDIDOS

A falta de um museu para os trajes das rainhas expõe parte importante da memória da Festa aos efeitos do tempo – entre eles, o esquecimento e o descaso

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br traje de uma rainha da Festa da Uva costura tantos significados importantes que é quase tão representativo para uma soberana quanto a própria coroa. Por isso, preservar os vestidos significa dar valor à história da festa, à história de um povo. Na prática, porém, com o passar dos anos e a falta de um lugar que abrigasse os vestidos das 24 rainhas que a Festa da Uva já teve, os trajes encontram-se espalhados em diferentes lugares. Alguns estão escondidos em caixas ou guardados em salas fechadas de museus. Outros não resistiram às idas e vindas das exposições a que foram submetidos e se perderam. Uma das grande tristezas de Margareth Trevisan, rainha de 1972, foi ter emprestado coroa e vestido à Festa da Uva há cerca de 20 anos. Na época, a comissão organizadora havia montado nos Pavilhões uma espécie de museu para as rainhas. Como morava em Joinville, Santa Catarina, Margareth autorizou que a mãe e a irmã emprestassem o traje para a exposição. Tempos depois, já em Caxias, quando foi buscar o vestido e a coroa, Margareth recebeu apenas a camisa de renda e o bolero dentro de uma caixa. Nada do restante do vestido. Nada de coroa. “Procurei, procurei. Pedi que alguém

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procurasse pra mim, passei todos os meus contatos e nunca me deram retorno. O museu foi demolido, disseram que o vestido ficou não sei com quem e ninguém sabia de nada. Eu sou uma rainha sem coroa”, diz Margareth, por telefone, de São José (SC). Quando decidiu emprestar o traje, ela não imaginou que poderia perdêlo. “O que se pensa de um museu? Ainda mais de uma festa tão badalada? Ingenuamente doei, achando que ia ser legal. Nunca teria doado se soubesse. Achei que a comissão ia ter cuidado.” Mesmo sem vê-lo há anos, Margareth tem a imagem do vestido bem clara na mente. “Era cor de uva, com uma saia longa e uma faixa com bordados em alto relevo de cachos de uva, combinando com o bolero. Era super bonito. Usei ele demais”, diz a rainha, que só pode resgatá-lo nas fotografias. O que sobrou da peça ela guarda em casa como relíquia. No mês passado, a pesquisadora e especialista em indumentária da Universidade de Caxias do Sul Véra Stedile Zattera e a diretora do Departamento de Memória e Patrimônio Cultural, Liliana Henrichs, conseguiram o feito de juntar 12 vestidos de rainhas da Festa da Uva – ou partes deles – no Museu Municipal. As peças, todas feitas pela costureira Corina Wainstein, com-

põem a exposição Corina, elegância Deliz De Zorzi. O vestido saiu da casa e tradição nos figurinos da Festa da dela – onde fica protegido dentro de Uva, aberta ao público até o dia 10 de uma caixa, enrolado em um papel para abril. não amarelar – especialmente para a Os trajes estão protegidos por pare- exposição. Diferente de Margareth, ela des de vidro com frestas, para evitar conta que já emprestou o traje à Festa que bactérias se desenvolvam. “É um da Uva e a outros eventos diversas veacervo valioso que dificilmente vai se zes e nunca teve problemas. Mas marreunir de novo. É inéca em cima. Recomendito tantos vestidos no da todos os cuidados mesmo lugar”, comen- “O museu foi possíveis e, de vez em ta Liliana. “O que está quando, telefona para demolido, aqui é o que conseguiver quando o vestido mos, mas pretendemos disseram volta. Tirando as expomostrar mais. Está que o vestido sições, o vestido só saiu mais do que madura a ficou não sei com dos cuidados de Deliz ideia de fazer um muquando ela foi morar quem. Sou uma seu da parte do vestuáem Florianópolis, perírio para que eles sejam rainha sem odo em que ficou cuivistos sempre. Eu mes- coroa”, diz dadosamente guardado ma luto por isso desde Margareth na casa da mãe. Quan1984”, diz Véra. do a exposição de CoOlhando para a rina terminar, a rainha saia do vestido de Zila Turra, rainha diz que vai levá-lo de volta para casa. de 1958, a pesquisadora explica que, “Tenho o maior carinho por ele.” com o tempo e o uso, algumas peças Deliz relembra que foi com o vestido não resistiram – como a parte de cima que hoje está à mostra no museu que daquele traje. “Alguns se romperam, conheceu cidades como Rio de Janeiro, pelo próprio suor da pessoa que o ves- São Paulo, Brasília e Curitiba na época tiu tantas vezes, mas não se pensa em de seu reinado. “Usava todos os dias, refazer essas peças, porque o momento não tinha outro jeito.” Como o traje já foi.” era branco, o cuidado tinha que ser redobrado para que não sujasse. “Agora “É uma honra ter o vestido ficou bege”, explica, olhando com sauaqui”, diz, sorrindo, a rainha de 1989, dades para a vestimenta e para a foto

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rasgo. A saia é feita de seda pura, segundo Denise, e materiais assim são difíceis de preservar. “Não daria para costurar, porque se enfiar uma agulha o tecido se abre de tão frágil que está”, diz a restauradora. Na última Festa da Uva o vestido de Adélia chegou a ser exposto, mas Denise duvida que isso volte a acontecer, já que a fragilidade do traje mais antigo do evento não permite mais nem que ele seja pendurado em manequins.

líquia.” O vestido, bordô com detalhes em pérolas, tem uma saia de armação com um “segredinho”: um bolso feito especialmente para carregar maquiagem e celular. O traje chegou a passar por reformas, pois tinha um fecho na lateral, nada prático para a rainha que tinha sempre que se vestir às pressas em banheiros ou ônibus. Andressa conta que insistiu para que a costureira colocasse o fecho atrás. Com isso, ficou tudo quase perfeito. A única coisa que Uma enorme caixa decorada Andressa não gostava no vestido era o com desenhos da Hello Kity protege peso. Quase seis quilos de pano e péroo vestido da rainha de 2008, Andressa las que chegavam a deixá-la corcunda Grillo Lovato, dentro do armário do com o passar das horas. seu quarto. Hoje, aos 23 anos, AndresO traje sempre foi carinhosamente sa suspira quando pensa em quão rápi- lavado a mão, pois é preciso ter “todo do o tempo passou. Quando recebeu O um cuidado especial”. Andressa só o Caxiense em sua casa, a rainha acom- emprestou uma vez, à CIC, onde ficou panhava pela televisão uma reprise do exposto durante um mês. “Eles desegundo corso alegórico da Festa deste volveram e não aconteceu nada com ano, pois ainda não tinha conseguido o vestido. Mas a gente fica com uma assisti-lo pessoalmente. “Ela está boni- dorzinha na hora de emprestar. Tem ta”, afirmou ao ver a rainha atual, Ta- que ver que exposição é, quanto tempo tiane Frizzo. dura. A minha mãe fica com mais ciúAndressa não pensames do que eu.” va que vestiria seu traje Ela afirma que é a novamente depois que “Foi um alívio favor da ideia dos orpassou o título a Ta- saber que está ganizadores da Festa tiane no ano passado, no museu. da Uva: criar um memas voltou a usá-lo em morial do vestuário que fevereiro para fazer as Achava que ficará em exposição fotos que estamparão estava perdido. permanente nos Paviseu rosto na galeria das Sempre fiquei lhões. Além das imasoberanas, nos Pavi- com a consciência gens que hoje estão à lhões. “Até vesti erradisposição só durante a pesada por causa Festa da Uva, este espado”, revela. Olhar para o vestido disso”, diz Roxane ço abrigaria também os que está guardado em vestidos das soberanas. casa ajuda, segundo “Seria muito melhor ela, a lembrar dos dois anos em que se pudéssemos ver os vestidos em um esteve no lugar onde Tatiane está hoje. memorial do que ver ele ficar mofando “Para mim representa uma conquista, numa caixa em casa. Se quiserem que minha e da minha família. Tem toda eu doe, vou doar, mas só quando estiuma história por trás. Não é só um ver tudo pronto pra isso”, diz Andressa, vestido, um pano bordado. É uma re- prevenida. Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

em que aparece com ela, aos 20 anos. em que desfilei era uma carrocinha pu“Era uma emoção usar um traje des- xada por dois cavalos”, relembra. ses. Cada vestido é uma obra, não deve ficar escondido”, explica a rainha de Numa salinha nos fundos do 1984, Marisa Dotti, cujo vestido está Museu Municipal, o vestido da já faexposto quase ao lado do de Deliz. lecida Adélia Eberle descansa ao lado Marisa apoia a ideia de do vestido de Olivia criar um local para toTerezinha Morganti. dos os trajes. “Se tiver “Está mais do Adélia, filha do empreum museu, o meu com que madura a sário Abramo Eberle, e certeza vai para lá.” nascida, portanto, em ideia de fazer berço de ouro, foi a Foi com a ajuda um museu primeira rainha que a desta reportagem que a para que eles Festa da Uva teve, em rainha da Festa da Uva (os vestidos) 1933. Olivia, soberana de 1975, Roxane Torelli, sejam vistos em 1950, não era de fadescobriu onde está seu mília nobre e também vestido hoje. Para ela, o sempre”, não era de Caxias, mas destino dele era até en- defende Véra de Bento Gonçalves. tão uma incógnita. Há Por causa da rivalidade muitos anos, entregara entre as cidades, Olivia a peça ao museu e nunca mais soube- nunca foi aceita pelo povo caxiense. ra dela. Na época, foi alertada por Ane Seis décadas depois, nada disso paMarie Brugger, rainha de 1978 – as rece importar. Os vestidos da primeira duas eram amigas próximas, tinham rainha da festa e da rainha bento-gonrepresentado o mesmo clube, o Juven- çalvense estão dividindo a mesma caitude. “A Brugger me ligou e pediu: ‘Ro- xa, que só é aberta em ocasiões muito xane, tu doou o vestido? Porque já me especiais na Oficina de Conservação falaram que sumiu tudo do meu’. Mas do museu. Pela idade, ambas as peças daí eu já tinha dado e não quis pedir de não podem pegar pó, calor e luz. volta. Só que nunca mais o vi”, conta. A sala, silenciosa e fresca, abriga O vestido de Roxane, composto por os mais variados objetos doados pela uma saia de cetim azul calipso e uma comunidade, muitos resgatados em blusa rosa clara com mangas compri- porões e sótãos pelos próprios funciodas, está hoje na exposição de Corina. nários. O vestido de Adélia, segundo a “Foi um alívio saber que ele está no restauradora Denise Brosina Spiandomuseu. Achava que estava perdido. rello, chegou em 1998. “No momento Sempre fiquei com a consciência pesa- em que a Festa não consegue guardar, da por causa disso”, afirma. o museu é parceiro e se dispõe a fazer Roxane não tem o vestido, mas guar- isso. Mas ele já veio em estado de deda ainda a coroa de ouro, que não quis gradação apurado”, explica Denise. entregar para o museu. “Ela está guarPoucas pessoas sabem – pois as fodada e vai ficar para os meus filhos, tos que retratam Adélia são em preto mesmo eu tendo dois homens.” O ade- e branco –, mas o vestido da rainha de reço é uma lembrança de luxo de uma 1933 é verde e amarelo, com detalhes festa que não foi muito glamourosa. “A de cetim e veludo italiano preto. Apefesta de 75 não aconteceu numa épo- sar dos esforços do museu para conserca de grandes gastos, tanto que o carro vá-lo, o vestido apresenta um grande

Deliz De Zorzi, rainha de 1989: “É uma honra ter o vestido aqui. Tenho o maior carinho por ele”; a saia foi tudo que restou do traje de Zila Turra, rainha de 1958

EDITAL DE CITAÇÃO - CÍVEL

4a Vara Cível – Comarca de Caxias do Sul Prazo de: 20 (VINTE) dias. Natureza: Ação Monitória Processo: 010 / 1.05.0014410 – 1. Autor: Aravel Ararangua Veículos Ltda. Réu: Alexandro Ceconi de Souza e outros. Objeto: CITAÇÃO de ALEXANDRO CECONI DE SOUZA, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), efetuar pagamento da soma em dinheiro, além das cominações legais, ou, querendo, no mesmo prazo oferecer embargos, sem prévia segurança do Juízo. Efetuando o réu o cumprimento do objeto da ação ficará isento de custas e honorários. Caso não opostos embargos constituir-se-ão em Título Executivo Judicial, convertendose o mandado em executivo, com prosseguimento na forma do processo de execução (entrega de coisa ou quantia certa contra devedor solvente), e, presumir-se-ão como verdadeiros os fatos articulados na inicial. Caxias do Sul, 13 de Janeiro de 2010. SERVIDOR: Claudiomiro Agustini da Silva. JUÍZA DE DIREITO: Keila Lisiane Kloeckner Catta-Preta.

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Música nos Pavilhões

A VOZ MULTICULTURAL Patrick Dimon, grego naturalizado brasileiro que canta em italiano, espanhol e outros cinco idiomas, faz o show de encerramento da Festa da Uva

Patrick Dimon foi lançado na televisão pelo apresentador Chacrinha, mas também se apresentou nos programas do Bolinha e de Raul Gil, numa época em que cantores não tinham suas músicas baixadas na internet e que os fãs precisavam comprar os discos. “Não existia jabá, como hoje existe. Hoje você tem que pagar para aparecer,

bre ressonante e claro da voz de Patrick crianças (que já devem ser adultas) foDimon surge. Basta observar o cantor ram registradas com o nome de Patrick que leva a mão ao peito, se curva leve- Dimon em homenagem ao cantor. E os mente para frente e abraça espectado- pelos do antebraço do músico eriçam res. A voz que comunica na linguagem quando ele conta histórias de seu auge. da sensação irrompe daquele músculo Uma delas, nos anos 80, é a de um fã que bombeia sangue e paraplégico que ficou irradia vitalidade. Foi aguardando o ídolo do com essas vibrações “Farei uma volta lado de fora de uma sonoras e emotivas que ao mundo boate, no Paraná, pois Patrick conquistou um não tivera autorização musical, mas fã em Caxias do Sul. para entrar e assistir ao sempre com show. Patrick Dimon O advogado Gue- sucessos insistiu e ameaçou não rino Pisoni Neto já italianos”, cantar se o rapaz não conhecia suas músientrasse. Por falta de promete Patrick cas quando assistiu ao espaço mais adequado show do cantor num para a noite para cadeirantes, teve jantar do Instituto Vê- de domingo de ficar na pista, mas neto. “Ele sentou na entrou. “Todo meu minha mesa, conversashow dediquei para mos. Tínhamos muita afinidade. Gos- esse ser humano, para essa criatura, to de todas as músicas, mas as italianas ignorei as pessoas. Tinha muita gente, ele canta com o coração”, atesta. Ciente mas falei para todo mundo para dar da preferência de Pisoni, ao preparar alegria, esperança e paz para aquela Divulgação/O Caxiense

Arquivo Pessoal Guerino Pisoni Neto, Div./O Caxiense

nflamado pelo calor de 40 graus do verão grego na ilha de Corfu, cognominada de Kerkyra, o chão foi atingido com 7.500 pratos que eram quebrados pelo magnata Aristóteles Onassis em uma casa noturna ao ar livre. A opulenta atitude mostrava o apreço do milionário pelo jovem cantor que se apresentava. Acompanhado de sua mulher, Jaqueline Kennedy Onassis, e dos hollywoodianos Elizabeth Taylor, Richard Burton, Ursula Andress, Onassis havia desembarcado do magnificente iate Christina – com oitenta cabines, duas piscinas e salão de festas para mais de 300 pessoas. Estava gostando tanto do show do soprano ligeiro que lhe dava uma gorjeta de 500 dólares a cada música cantada. Anos depois do esfuziante encontro, o cantor grego nascido na ilha de Samos, a mesma do matemático e filósofo Pitágoras, ven-

Patrick desde os oito anos, quando entoava canções religiosas bizantinas. Foi num festival em Punta Del Este, Uruguai, onde representava seu país natal, que Patrick foi descoberto por Antônio Paladino, responsável pelas trilhas sonoras das novelas da Globo na gravadora Som Livre. Pigeon Without a Dove tocava nas cenas do personagem André Cajarana, representado pelo ator Tony Ramos, na novela Pai Herói. “Esta música foi adaptada do Guarani, de Carlos Gomes, um clássico”, explica, cantarolando a trilha de abertura do programa de rádio Voz do Brasil.

Divulgação/O Caxiense

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por PAULA SPERB paula.sperb@ocaxiense.com.br

Pigeon whitout a dove (numa tradução livre, “pombinho sem uma pombinha”) é o maior sucesso do artista, famoso na época dos LPs, que animou o aniversário de Pisoni (C)

deria mais de 5 milhões de discos em para cantar e até para gravar. Eu nunca 180 países com seu sucesso Pigeon Wi- entrei por essa linha porque o valor do thout a Dove, gravado em 1979. artista não é pelo que paga. Você vê na Adorado por muitos, mas um ilus- televisão e escuta na rádio coisas que tre desconhecido para boa parte dos não quer. Porque pagam, sou obrigavisitantes da Festa da Uva, Patrick do a ver e ouvir esse tipo de coisa”, diz Dimon se apresentará Patrick, garantindo que em Caxias do Sul nesnunca cedeu aos mote domingo, às 20h, no “Não existia jabá, dismos musicais, que show de encerramento decadentes. como hoje existe. considera do evento. “Como eu Ao cantar músicas de canto em sete idio- Hoje você tem décadas atrás, Patrick mas, farei uma volta que pagar para Dimon questiona o que ao mundo musical, aparecer, para vai restar de frutífero, mas sempre com sufalando, cantar e até para musicalmente cessos italianos”, conta para as gerações futuPatrick, que cantará gravar”, compara ras: “Tem alguma coisa acompanhado de cin- o cantor, falando que marque que está co músicos. Poliglota e dos anos 80 fazendo sucesso? Não naturalizado brasileiro, tem. Este momento é o Patrick Dimon morou do descartável, do conem diversos países acompanhando sumo. Temos que ter cuidado, porque o pai, que foi vice-cônsul da Grécia a vida continua. Nossos filhos, a nova na Argentina e Brasil. A música, que geração que está vindo, eles querem “pacifica, acalma e reabastece nos mo- ver alguma coisa de qualidade. Como mentos difíceis da vida” – um lema do vai ser?” cantor –, está presente no cotidiano de Não é das cordas vocais que o tim-

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sua festa de aniversário de 50 anos, em julho de 2009, sua mulher convidou Patrick Dimon para cantar aos 354 convidados da comemoração beneficente, que recolheu fraldões para o Lar da Velhice e para Fundação de Assistência Social (FAS), no salão da Igreja Nossa Senhora da Salete. Na festa também estavam o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) e o secretário de Cultura, Antonio Feldmann. O cantor marcou peremptoriamente os convidados. Tanto que retorna para encerrar a Festa da Uva, show que também deve ser inolvidável para os que escutarem as músicas com uma percepção que vai além da membrana timpânica. “Eu não canto para mim, eu canto para o público. Envolvo as pessoas, o público canta comigo. Sei que vou cantar em cima de um palco, mas vou tentar o máximo que as pessoas venham comigo”, diz Patrick, que costuma cantar em meio ao público e raramente no palco. “Detesto esse distanciamento.” No Brasil, no mínimo duas

pessoa”, conta Patrick. O cantor já se apresentou em Caxias outras vezes, no Clube Guarany e no Recreio da Juventude. Daqui, gosta do galeto al primo canto, “ algo sensacional que se come em Caxias”, e afirma: “é uma cidade modelo do Brasil”. Até semana passada, as principais lojas musicais caxienses não tinham nada da obra de Patrick Dimon para vender. Nem Guerino Pisoni Neto tinha mais o seu CD. “Mandei lavar a caminhonete e voltou sem”, lamentava. Mas, no show de domingo, três CDs do cantor estarão à venda: um de músicas italianas, outro cantado em espanhol e uma coletânea de sucessos. Ao vivo ou em compact disc, Patrick Dimon deixará sua contribuição multicultural a Caxias. Após o show, porém, o sociável artista deverá se isolar no camarim ou no quarto do hotel. Cumprirá seu ritual particular: “Faço uma retrospectiva para evoluir. Analise o que você fez, para que isso te traga benefícios, para que você progrida e cresça. Nunca um show é igual ao outro”.

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Guia da Festa

Corso alegórico investe no profissionalismo artístico, inova nos figurinos e alegorias e dá show de criatividade na Sinimbu

INGRESSOS NOS PAVILHÕES - Parque de Eventos: Geral, R$ 10. Melhor idade, R$ 5. Camarotes para shows: Área Vip, R$ 20. Camarote Prata, R$ 20. Camarote Ouro, R$ 25. Venda na Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima e nos Pavilhões.

Música

| Acorda. Música latina. 20h. Estação da Convivência |

Recital

Querência da Poesia Chucra | 20h | Estação do Gaúcho

Dança

SÁBADO

l César Menotti & Fabiano | Sertanejo. 22h | Vencedora em 2008 do prêmio Grammy Latino de Melhor Álbum Romântico, a dupla apresentará sucessos como Ciumenta e Caso Marcado. Estação da Música – Palco Principal TAMBÉM SE APRESENTANDO - Quinteto de Sopros da Orquestra Municipal. 10h e 12h. Estação das Soberanas | Ciro Zé. 11h. Estação da Convivência | Grupo Família Potter. 12h e 14h. Estação da Colônia | Cadu Magalhães. 12h. Restaurante Tulipa | Caixa Azul. MPB. 12h. Estação da Convivência | Grupo Vozes da Terra. 12h. Salão da Igreja | As Princesinhas. Nativista. 13h. Estação do Gaúcho | Os Oitavos. Indie rock. 13h. Estação da Convivência | Sertanejo Show. 14h. Estação da Música Palco Auxiliar | Estrela Pampeana. Nativista. 14h. Estação do Gaúcho | Linha de Frente. Rap. 14h. Estação da Convivência | Coral da Universidade da Terceira Idade. 15h e 17h. Estação das Soberanas | Programa Abelino. 15h. Estação do Gaúcho | ToolBox. Rock. 15h. Estação da Convivência | Grupo A Festa Chegou. 16h. Estação da Colônia | Júlio Cesar. 16h, 18h e 20h. Estação das Soberanas | Prenda Catarinense. Nativista. 17h. Estação do Gaúcho | Mr. Medley. Rock. 16h. Estação da Convivência | TB e Banda. 17h. Estação da Convivência | Tia Maria e Feliz Benato. Nativista. 18h. Estação do Gaúcho | Coral São Brás. 18h. Estação da Colônia | Yari’s. Música peruana. 12h. Restaurante Tulipa

CTG Rincão da Lealdade. Tradicionalista. 18h, 19h e 20h. Estação da Serra | JUPEM. Dança polonesa. 15h e 17h. Estação da Serra | Grupo de Dança Compacto Espaço Cultural. 18h30. Estação da Convivência | Tablado Andaluz. Flamenco. 20h. Estação da Convivência

Teatro

C.I.A. Uerê. 10h. Estação do Abraço | Tem gente teatrando. 10h. Réplica | Grupo Aprontação Experimental. Das 13h às 18h. Alameda em frente aos parreirais | Grupo EDZ. Das 14h às 18h. Estação da Convivência

DOMINGO

Música

l Lennon Z e The Sickboys Trio | Rockabilly. 11h | Banda caxiense toca rockabilly de raiz, nascido nos anos 50, incorporando ao show performances, roupas e acessórios da época. Estação da Convivência l Bob ShuT | Indie rock. 14h | Show com músicas próprias lançadas no primeiro CD da banda caxiense, como Tua chave, O dia mais bonito e Por isso, e covers de Weezer, Franz Ferdinand e Placebo, entre outros. Estação da Convivência l Festa da Rádio Mais Nova | 14h | A dupla sertaneja Hugo e Tiago apresenta sucessos como Vira-lata, Inesquecível e Pirataria. A festa também conta com a animação de Tchê Garotos, Fat Duo, Grupo Rhaas, Luigi Mangini e MC Jean Paul. Estação da Música

l Patrick Dimon | 20h | Encerramento da Festa da Uva. Showman grego apresenta repertório diversificado, com sucessos mundiais que marcaram época. Cantando em várias línguas, Patrick interpretará, entre outros, hits da língua espanhola como Besame mucho, Solamente una vez e Quizás, quizás, quizás. A abertura fica por conta da cantora caxiense Patrícia Vianna. Estação da Música TAMBÉM SE APRESENTANDO Elio Beaux. 10h, 12h e 14h. Estação das Soberanas | Coral Ana Rech. Típica italiana. 11h e 13h. Estação das Soberanas | Toco e Buja. Samba rock. 12h. Salão da Igreja | H5N1. Pop rock. 12h. Estação da Convivência | José Vermar. Nativista. 14h. Estação do Gaúcho | William Pontes Leite. 15h. Estação do Gaúcho | Airton Arruda. Nativista. 16h. Estação do Gaúcho | Cissa Mazzochini. Música italiana. 16h. Estação da Convivência | Paulo Johann. MPB. 16h e 18h. Estação das Soberanas | Programa Sabiazinho. 18h. Estação do Gaúcho | Coral Expressões RGE. 18h e 20h. Estação da Serra

Dança

CTG Paixão Cortes. Tradicionalista. 12h, 14h e 16h. Estação da Serra | Fare Amicci. 15h e 17h. Estação da Serra | Atlantics. 15h. Estação da Convivência | Estrela do Oriente. Dança do ventre. 15h30. Estação da Convivência | Família Hip Hop. 17h. Estação da Convivência | CTG Lanceiros Negros. Tradicionalista. 19h. Estação da Serra

Festa da Uva | Corso Alegórico

Uma sutil transgressão por MARCELO ARAMIS Estranho e inovador este Corso Alegórico da Festa da Uva 2010. Os organizadores renovaram conceitos e deram um tombo no senso comum. O trabalho dos artistas foi uma revolução discreta. Mas o desfile logo quebrou o silêncio e os paradigmas. Quem queria ver colonos abrindo trilhas à foice ou as nonas fazendo pão, voltou para casa decepcionado, confuso e com uma pulga atrás da orelha. A ousadia cumpriu o seu papel. Quem esperava que, finalmente, a Festa da Uva cedesse ao luxo e à extravagância das alegorias cariocas, frustrou-se novamente. A essência da festa foi mantida e derrubou a utopia do Carnaval da Uva. A maior inovação está nos figurinos e carros alegóricos. O corso é um espetáculo de sutilezas. Com vestidos de caudas torcidas e braceletes que lembram raízes, mulheres germinam as conquistas dos imigrantes. Carregam cestos de vime inacabados: um convite para continuar as tramas; asas surgem de troncos e fazem referência à gralha azul. A coreografia dos figurantes faz tremular bandeiras que eles carregam nas costas. É o voo da gralha, que semeou pinhões e a base do desenvolvimento de Caxias; lambrequins, rendas em madeira, migram para lapelas de paletós, na forma de prendedores de roupa; a uva, eixo simbólico da festa, aparece em adereços móveis que montam um grande parreiral na Sinimbu. Um dos pontos altos do desfile é também o que mais choca a expectativa acomodada. O carro – uma bandeira do Brasil desconstruída – representa o desrespeito às origens, a ditadura militar e a guerra. Vestidos de preto, atores encenam a claustrofobia e a dor da repressão. O público faz cara feia. A festa não é para celebrar os bons momentos? É, mas não só. A pluralidade étnica de Caxias desfila com naturalidade. Do gaúcho, aproveitou-se a boa postura para conduzir a prenda. Sem bombachas e vestidos armados, casais de CTGs surpreendem na delicadeza poética das coreografias. Das bailarinas do flamenco e da dança do ventre, restou a consciência corporal. Sem os trajes típicos, elas se vestiram de história. Negros, pardos e brancos desfilaram em todos os quadros, trajados de caxienses. O desfile precisa consolidar a atuação profissional dos artistas e os técnicos terão que limitar a criatividade à viabilidade de execução, dissonância evidente em algumas alegorias. É cedo para dizer se o corso 2010 será um marco. No entanto, é impossível ignorá-lo como um desfile que se preocupou mais em formar do que atrair plateia.

Teatro

l Corso Alegórico | Sábado, 18h |

TAMBÉM SE APRESENTANDO C.I.A. Uerê. 10h. Estação do Abraço | Tem gente teatrando. 10h. Réplica | Grupo Aprontação Experimental. Das 13h às 18h. Alameda

Último desfile da Festa da Uva 2010, é dividido em 10 quadros que contam a história de Caxias do Sul. Rua Sinimbu R$ 15 (arquibancada promocional – coberta em pé ou descoberta sentados) e R$ 25 (arquibancada coberta) | Venda: Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697

l Molhados na Chuva | 14h, 15h e 16h | Espetáculo Pérola das Colônias. Estação da Colônia

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Artes artes@ocaxiense.com.br

FABRICANDO

A

DESTINOS por MARCELO MOURA

lguém se levantou às oito da manhã do dia dezenove de novembro, bocejou longamente e foi direto para o banheiro. Ao se olhar no acusador, ele constatou que não havia necessidade de fazer a barba, também viu uma pequena espinha no alto da testa, quase onde nasciam seus cabelos escuros, mas nada grave. Estava ligeiramente atrasado, pelo menos era isso que indicava seu algoz, marcando oito horas e oito minutos. Rapidamente ele vestiu suas decências, abotoou seu emprego, pôs suas visões nos olhos, recolocou o noivado no anelar e saiu. Ao mesmo tempo, do outro lado da cidade, alguém guiava na auto-estrada. Cabelo impecável, unhas bem feitas e pintadas de vermelho, de suas orelhas pendiam pequenos e belos satélites, naquela manhã ela usava seu espírito preto, leve e sensual, o que mais gostava.

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Quando estava na metade do caminho, ela ouviu o imortal tocar, sem pestanejar inclinouse para trás e, com uma das mãos, pegou sua vida no banco traseiro, abriu-a, retirou o aparelho e atendeu a inconveniente ligação. Era seu chefe, precisavam urgentemente dela na cruz, automaticamente ela acelerou. Às oito e quinze do dia dezenove de novembro, um jovem apressado atravessava a rua em direção ao seu novo emprego, e uma mulher preocupada voava baixo pela auto-estrada. Ele girava o noivado no dedo, costumava fazer isso quando estava nervoso, ela ouvia o imortal tocar pela segunda vez, precisava atender... Um instante, um acidente, o algoz do jovem havia feito seu trabalho, seus ponteiros pararam às oito dezesseis, a mulher acabou morrendo pela cruz. No asfalto morno da estrada restaram, lado a lado, um noivado partido e uma vida rasgada.

Arlete Santarosa e Lana Lanna | Fusões |

Personalidades distintas fundem-se nos três painéis de xilogravura e metal intercalados com decoupage. Há harmonia na diferença proposta pelas artistas plásticas.

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Esporte intelectual

REIS ENTRE

PEÕES

Além da presença dos Grandes Mestres (título dado os jogadores que atingem 2.500 pontos do rating da Federação Internacional de Xadrez) brasileiros e de países como a Argentina, Paraguai, Uruguai, Suécia e Sérvia, o evento contará com a participação do número 11 do mundo, o ucraniano Vasyl Ivanchuk. O enxadrista chegou

sua mulher, além de um passeio turís- drez poderá ter na sua primeira rodada tico pela região. Ivanchuk como adversário. Todos estaO organizador do torneio, André rão mesclados, jovens, crianças, idosos Ricardo Boff, espera que o número de e Grandes Mestres. Nove é a pontuação inscritos chegue perto máxima, sendo que a de 300. Os 13 melhores vitória vale um, o emcolocados receberão “Nesta forma pate meio e a derrota prêmio em dinheiro, zero. de competição sendo que o campeão embolsará R$ 4 mil. não consigo me Mesmo sendo um Em 2008, o evento reu- preparar, pois campeonato no qual niu 224 enxadristas. O desconheço os o título provavelmente vencedor foi o Grande será de um enxadrista adversários. Vai Mestre brasileiro Rafael profissional, alguns Leitão. Boff conta que ser um torneio caxienses entusiastas esta edição será o maior interessante”, do esporte participatorneio aberto de xa- prevê Ivanchuk rão com um objetivo drez realizado no Brasil à parte: ser o represeneste ano. “Pelo menos tante da cidade melhor 21 Grandes Mestres e Mestres Inter- colocado. O médico e enxadrista Danacionais já confirmaram presença. De niel Panarotto, 40 anos, é um particiJosé Eduardo Coutelle /O Caxiense

o feudo de um tabuleiro, manejando um exército de cavalos e soldados, torres de guarda e bispos aliados ao poder de monarcas e suas esposas, jogadores simulam guerras intelectuais entre duas nações de igual poderio, simplesmente denominadas brancas e pretas. Sobre o campo de batalha, esquadrinhado em 64 casas, só há um objetivo: derrubar o rei adversário. Entretanto, uma saída mal elaborada, um movimento irrefletido ou até um simples peão de desvantagem já podem decretar a derrota. Da mesma forma que um texto deve ter um começo atraente para conquistar o leitor, as primeiras jogadas de uma partida de xadrez devem seguir uma estratégia

Salão Verde da sede campestre do Recreio da Juventude, no sábado (a partir das 9h30) e no domingo (8h), em 150 mesas instaladas uma ao lado da outra. Imagine ter a chance de jogar uma partida contra Henrique Mecking, o Mequinho, considerado o maior enxadrista brasileiro de todos os tempos. Seria como enfrentar Robinho ou Ronaldinho Gaúcho num campo de futebol.

Maicon Damasceno/O Caxiense

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por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br

Caxias recebe neste fim de semana alguns dos melhores enxadristas brasileiros, além do número 11 do mundo, em um torneio aberto

O organizador, André Ricardo Boff, espera reunir 300 participantes, boa parte deles atraídos pela presença do ucraniano Vasyl Ivanchuk (D)

que permita o seu desenvolvimento ao a Caxias ainda na segunda-feira, dia longo do jogo. Ainda mais quando a 1º, comunicando-se com uma mistura disputa envolve enxadristas de alto ní- de espanhol, ucraniano e português. vel técnico, que são capazes de projetar Poucos jogadores de seu nível aceitam mentalmente mais de 15 jogadas e suas participar de campeonatos abertos, diversas variações. porém isto não é problema para ele. Neste fim de semana, “Nesta forma de comos apreciadores do xapetição não consigo me drez terão uma opor- “Minha relação preparar, pois descotunidade única: não nheço os adversários. com o Ivanchuk apenas ver os grandes Me impressionei com generais desse jogo em seria semelhante o número de bons joação, mas poder desa- a jogar tênis gadores que estarão fiá-los. O 11º Torneio contra o Guga presentes. Vai ser um Aberto Internacional torneio interessante”, nos tempos de de Xadrez Festa da Uva conta Ivanchuk. 2010 reunirá alguns campeão de Convidado para dar dos melhores enxadris- Roland Garros”, maior visibilidade ao tas brasileiros e gran- diz Calliari campeonato, o ucrades nomes internacioniano é favorito indisnais num campeonato cutível, e tratado como em que qualquer pessoa que pagar a estrela. É, também, um investimento: taxa de inscrição (R$ 100 antecipada- vem a Caxias recebendo cachê e com mente ou R$ 120 na hora) poderá par- todos os custos de transporte, alimenticipar. Os confrontos acontecerão no tação e hospedagem pagos, para ele e

todas as edições, esta é a que atingirá o maior nível técnico de competidores e o maior número de inscritos.” O método utilizado para os jogos no campeonato é o sistema suíço. Todos os enxadristas terão nove partidas, mesmo os que forem derrotados nas primeiras rodadas. Os inscritos estarão inseridos em uma tabela por ordem de rating. Ela será, inicialmente, dividida em duas. O primeiro da tabela 1 enfrenta o primeiro da tabela 2, e assim por diante. A segunda rodada contará com três grupos: os vencedores, os perdedores e os que empataram. O mesmo processo se repete até a nona rodada. Os jogadores são sempre “emparceirados” com os adversários que tenham a mesma pontuação. Não há final. Quem somar mais pontos é o campeão. Este processo permite que os competidores joguem a maioria das partidas com outros jogadores do mesmo nível técnico. Nesta forma de torneio, um menino de 12 anos com uma breve noção de xa-

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pante assíduo das competições em Caxias e, claro, também estará nesta. Ele começou a jogar xadrez aos 13 anos, e deixou-o de lado apenas durante o curso de Medicina. Na última edição do torneio, Panarotto ficou na 45ª colocação, somando seis pontos. Outro que aguardava com ansiedade a chegada dos mestres do xadrez é Paulo Calliari. Aos 59 anos, ele já participou de diversos campeonatos representando Caxias. Iniciou no xadrez aos 21, com o intuito de aumentar a capacidade de concentração, característica exigida durante o curso de engenharia mecânica. Calliari concorda que poder assistir aos Grandes Mestres será uma oportunidade ímpar. E esta será realmente a sua posição: espectador. “Minha relação com o Ivanchuk seria semelhante a jogar tênis contra o Guga nos seus tempos de campeão de Roland Garros. Certamente, seremos coadjuvantes dos Grandes Mestres brasileiros e internacionais.” O Caxiense

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Capitão grená

Fortalecido depois de superar algumas decepções nas andanças da carreira, meio-campo voltou a brilhar no Centenário

CHEGA de CAMINHAR

PELO DESERTO

Abençoado por Deus, Marcelo Costa conduz o Caxias por uma estrada de esperança

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por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br

quando tivesse tempo de despir-se da tarefa de pedreiro.

s mãos que hoje ostentam uma aliança dourada já carregaram pedra, já fizeram cimento, já ergueram muros. Aquelas paredes pareciam trancafiar no ostracismo um jovem e talentoso jogador de futebol. Marcelo Costa estava fadado a encarar a triste sina de um dos personagens de Amarcord, filme do italiano Federico Fellini, que dizia: “Meu avô era pedreiro, meu pai era pedreiro, eu sou pedreiro, e não tenho a minha casa para morar”. Euclides Costa, pai de Marcelo, era um pedreiro sem casa própria. Veio de Campinas do Sul, próximo de Erechim, para Caxias do Sul, em 1993, trabalhar na construção civil. O pai veio para Caxias abrir caminho para uma nova vida. Uma esperança renovada, em uma terra fértil, cheia de oportunidades. Assim que pôde se estabelecer mandou vir a família. Em 1994, Marcelo veio para a Serra, com a mãe Nelci e o irmão Márcio. Aquele moleque que passava as tardes chutando uma bola em algum campinho de Campinas do Sul teve de amadurecer depressa. Aos 14 anos já trabalhava com o pai. A bola, ele só reencontrava

Aos 29 anos, Marcelo Costa é o destaque do time do Caxias. “O Marcelo é o nosso principal jogador. Mas eu, como comandante do vestiário, nunca vou deixar que ele ou outro atleta se sintam mais importantes do que o outro”, avisa o treinador Julinho Camargo. Marcelo chegou no Centenário com a missão de ser a voz da experiência, dentro e fora de campo. “Gosto não só do jeito que ele joga, mas da conduta dele, por isso é o meu capitão”, revela Julinho. “O Julinho foi muito feliz na declaração dele. Porque vou te dizer uma coisa, o Caxias não tem problema nenhum de vestiário. E se tivesse eu te diria, sempre fui muito transparente. Aqui no Caxias, do Sidivan (terceiro goleiro, de 17 anos) ao Marcelo Costa é todo mundo igual”, referenda o assessor de futebol Vanderlei Bersaghi, o Pé. “Nós sempre quisemos trazer o Marcelo Costa pra jogar aqui no Caxias. Agora, por que ele não deu certo lá no Juventude e está dando certo aqui, não sei te dizer. Trouxemos o Gil Baiano, desacreditado no Juventude, e virou herói no Caxias. O Luciano, a mesma

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coisa. Mas quando sai alguém do Caxias e vai pro Juventude não dá certo. O futebol tem dessas coisas que não se entende”, ensina Pé, abrindo os braços como se dissesse: quer que eu te diga mais o quê?

pítulo 33, é narrada a história de uma pessoa que, por mostrar-se submissa a Deus, voltou a ter saúde e alegria. Nos versículos 25 e 26 está escrito: “Sua carne se robustecerá com o vigor da sua infância, e ele tornará os dias da sua juvenMarcelo, como “O Marcelo é o tude. Deveras, orará a um bom homem de nosso principal Deus, que lhe será proCristo, tem conduzido jogador. Mas eu pício; ele, com júbilo, o time grená por um verá a face de Deus, e caminho de esperança, nunca vou deixar este lhe restituirá a sua com fé. “Passei mo- que ele ou outro justiça”. mentos bem difíceis atleta se sintam Deus não entra em na minha vida, como mais importantes campo. Não assopra em 2009, em que não pra bola entrar, ou faz joguei, não fiz gol ne- do que o outro”, o goleiro adversário esnhum, não cheguei em avisa Julinho corregar diante do pêcasa pra ver a minha nalti. Mas Deus, como esposa feliz porque diz em Jó, “restituirá a tinha feito uma boa partida. Mas eu sua justiça”. E justiça seja feita, o Caxias sempre pensava: ‘Procura em Deus o merece. Seja através dos pés ou da fé teu refúgio’. E quando ninguém mais de Marcelo e tantos outros jogadores acreditava em mim, tudo mudou. Por do elenco. Mas é visível a influência do isso confio tanto na palavra “restitui- capitão. “Ele nos passa muita tranquição”, que diz a Bíblia. Acredito que lidade em campo. Sabe quando a gente tudo isso que vem acontecendo na mi- precisa acalmar o jogo, ou quando prenha vida é obra de Deus”, conforta-se cisa acelerar”, reconhece Edenilson, o Marcelo, emocionado. jovem volante de 20 anos formado no Lendo a Bíblia, no livro de Jó, é pos- clube. sível entender uma das faces da restiExperiência mesclada à juventuição tão desejada pelo atleta. No ca-

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tude. Esse Marcelo Costa, que passou por tantos clubes, do Juventude ao Grêmio (aquele da Batalha dos Aflitos), ao Palmeiras, passando pelo Nacional da Ilha da Madeira, de Portugal, conquistou a maturidade bem cedo. “Quando eu fazia teste em algum clube, sempre dizia que ia precisar de uma ajuda de custo, porque era o único jeito de jogar bola e continuar ajudando o meu pai”, recorda Marcelo. O meia do Caxias também teve a porta fechada, e quase abandonou o futebol por causa da necessidade de levar sustento para dentro de casa. “Tem uma pessoa que é fundamental na minha vida, que me levou ao futebol, a quem eu agradeço muito, que é o preparador físico Luiz Paim”, revela Marcelo. “Ele foi me buscar três vezes, porque eu sempre acabava abandonando o futebol porque não tinha salário pra ajudar em casa.” O primeiro teste, e o primeiro não, Marcelo teve no Caxias. “Vim fazer teste quando tinha 14, 15 anos. Todos os meus amigos eram do Caxias e disseram pra fazer teste aqui, porque assim poderiam torcer por mim. E esses caras hoje estão muito felizes de me ver vestindo a camisa do Caxias”, diz, sorrindo. Depois de uma semana de testes, Marcelo acabou dispensado. E assim foi, tentando aqui e ali, até ser aceito no Juventude, em meados de 1996, 1997. “Eu ganhava R$ 190 mais vale transporte. Era bom, porque era mais ou menos a mesma quantia que eu ganhava ajudando meu pai como pedreiro. Já no último ano de juvenil me passaram aos juniores. E no segundo ano de juniores me passaram ao profissional.” Se Marcelo Costa é o cara que hoje fala em nome do grupo, que tem habilidade para cobrar dos colegas uma postura diferente em campo, mas com respeito e educação, tudo isso é fruto de uma comunhão de fatores, todos ligados à família. “Aprendi com meu pai que para você ser respeitado você tem de respeitar.” Marcelo deixou de ser um menino, que só via prazer na sua relação com a bola, aos 19 anos.

“Eu conheci minha esposa em 1998. e, como vi que ele estava muito triste Namorei 15 dias e depois já fui morar por perder quatro jogadores, disse que com ela, porque era dureza morar na ficaria até o final daquela temporada. concentração”, diverte-se. Por ter sido fiel ao clube, no final da“No ano seguinte, minha mulher quele ano, o presidente me ligou dizenengravidou. Não foi sem querer, pla- do: ‘Conversa lá com o Grêmio, porque nejamos o filho. Meu pela gente tá tudo cerpai teve filhos muito to’. E vim para o Grêcedo e hoje isso é bom, “Fazer gols mio”, recorda Marcelo. porque podemos fazer bonitos não Esse é o tipo de homuitas coisas juntos, basta. Pra entrar mem que virou capitão ele é jovem ainda, tem do Caxias. Homem de 49 anos só. E queria a na história do caráter, de palavra, que mesma coisa com os Caxias é preciso cumpre o que diz. Esse meus filhos. Mas aí ter títulos. E é é o cara que deixa feliz me dei conta de que o isso que busco do preparador físico ao futebol não seria mais mais corneteiro torcesó um sonho pra mim, aqui”, afirma dor da geral do Centemas virou uma obriga- o capitão nário. Homens de poução, porque meu filho ca fé, que desconfiavam ia depender de mim, do Marcelo, hoje têm do meu trabalho. Eu olhava em casa e de dar o braço a torcer. Marcelo é um pensava: ‘vou ter de comprar leite, fral- predestinado. Não fala nesses termos, das, colocar na escola, levar no médi- pelo menos não em uma reportagem, co... aquela vida, aquela criança precisa mas reconhece que depois de aceitar de você’. Desde lá fiquei bem mais de- Jesus tudo mudou em sua vida. pendente do futebol”, reconhece. Mesmo depois do banho de água Marcelo e a esposa Michele, 27 anos, fria, em terras lusitanas, Marcelo teve têm dois filhos: Michel, 9, e Miguel, 6. outra decepção. Emprestado ao Pal“Cada um deles trouxe uma bênção. meiras, foi mais um jogador da recente Quando nasceu o Michel, o Juventu- história do clube paulista a ser lançado de aumentou meu salário e me deram à cova dos leões. “O problema do Palum apartamento. Aí quando o Miguel meiras é que quando um dirigente asnasceu, fui vendido para Portugal, com sume a presidência, os outros, do gruum excelente salário.” Pena que a ida po contrário, vão lá e ficam malhando para a Europa, em 2004, não foi como as contratações do treinador, compram ele desejava. Talvez, mesmo sem en- torcedores para fazer baderna no estátender, Marcelo passaria pela primeira dio. É difícil jogar lá. Eu vinha de uma provação de Deus, recebida logo após boa sequência no Grêmio, vencemos a seu batismo na igreja evangélica Alian- Série B, fomos campeões gaúchos em ça Bíblica. cima do Inter, que todo mundo chamava de Time de Diamante, e fui deixado “A gente pensa que vai para de lado no Palmeiras”, justifica. um clube da Europa e vai ser melhor do que no Brasil. Mas o Nacional, da Amarrado ao Palmeiras, MarIlha da Madeira, não tinha estrutura celo veio parar no Juventude por emnenhuma. Se tu deixasse a chuteira préstimo. “O Juventude me pagava embarrada lá no vestiário, no outro 30% do salário e o Palmeiras 70%. Dedia ainda estaria toda suja. Não ti- veriam pagar, porque não recebi quase nham nem roupeiro. Quatro dos atle- nada do Palmeiras. Eles não pagavam tas que foram comigo voltaram depois pra me forçar a quebrar o contrato” de quatro meses. Eu tinha contrato de Marcelo aguentou. Passou por mais cinco anos, mas não aguentaria todo uma provação de Deus. E não é só a esse tempo. Fui falar com o presidente torcida do Caxias que pressente um

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novo e bom momento do clube. Marcelo também. A fé do jogador permite ainda mais um paralelo com as escrituras bíblicas. Antes das referências à Palavra de Deus, leia, recorte e guarde o objetivo de Marcelo como camisa 10 grená: “Quero ser reconhecido como um dos grandes jogadores que entraram aqui no Centenário. Fazer gols bonitos, fazer boas apresentações não basta. Pra entrar na história do Caxias é preciso ter títulos. E é isso que busco aqui no Caxias”. A palavra “título” sempre soa estranha ao torcedor do Caxias. Porque ou ela traz à tona uma certa nostalgia de um tempo que parece cada vez mais distante, ou faz parte de um futuro ainda muito obscuro e espinhoso. Mas é preciso sonhar. E sonhar com os pés no chão, de olho no Campeonato da Série C. Voltar à Série B é o sonho de muitos grenás espalhados por esse Brasil. E houve tantos Moisés que quase conduziram o time à terra prometida que chega a dar um nó no peito só de imaginar passar mais um ano vagando pelo deserto da Série C sem achar o rumo para a B. Mas quem lê a Bíblia sabe que, no meio do caminho, Deus apresentou Josué a Moisés. Com a morte de Moisés, coube a Josué a glória de conduzir o povo judeu para dentro da terra prometida. As qualidades de Josué eram a fé, a coragem, a obediência e a devoção à Lei de Deus. Era também um excelente guerreiro. E não mediu esforços para varrer da terra a brutalidade e a corrupção do povo de Canaã. No livro de Josué, capítulo 11, versículo 23, está escrito: “Assim, tomou Josué toda esta terra, segundo tudo o que o Senhor tinha dito a Moisés; e Josué a deu em herança aos filhos de Israel, conforme as suas divisões e tribos; e a terra repousou da guerra”. Se Marcelo Costa vai cumprir no Caxias a missão que Josué teve, de conduzir seu povo à terra prometida, só Deus sabe. Certo é afirmar que o guerreiro Marcelo Costa está pronto para liderar o exército grená em muitas vitórias. Que assim seja. Amém.

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Guia de Esportes Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Juventude joga a primeira do returno em casa contra o Ypiranga; Caxias tenta engatar sequência de vitórias jogando no Estádio dos Plátanos

TIRO l Campeonato Brasileiro e Gaúcho de Tiro | Sábado e domingo, 8h | Serão disputadas duas modalidades de tiro: fossa olímpica e skeet. As provas fazem parte da 1ª etapa do Campeonato Gaúcho e 2ª etapa do Campeonato Brasileiro de Tiro. Os jogos começaram sexta-feira, com a modalidade fossa duble. Clube Caxiense de Caça e Tiro Entrada gratuita | Estrada de Ana Rech, em direção à Barragem do Faxinal (seguindo as bifurcações sinalizadas)

BOCHA l Torneio Brasileiro de Bocha Ponto Rafa e Tiro Masculino | Sábado e domingo, 8h15 | O torneio masculino reúne 28 equipes, todas com média de cinco integrantes, divididos em quatro grupos. As três primeiras classificadas de cada grupo passam para a rodada seguinte. Os jogos devem se estender até domingo à tarde, quando serão realizadas as finais. Cancha de Bocha do Clube S.E.R. Medianeira, Sociedade Recreativa Santa Lúcia (Cohab), Ás de Ouro, Carmo Campo Clube, Grêmio Esportivo Gianella e ASCE Entrada gratuita | Informações: 99861376, com Aléssio Jr. Rombaldi

VÔLEI DE PRAIA l Campeonato Sesi Vôlei de Praia | Sábado, 8h45 | Neste sábado ocorre a 2ª rodada do campeonato de vôlei de praia em trios que faz parte dos jogos do Sesi. Ao todo, 10 equipes femininas e 11 masculinas disputam vagas para a fase final, que ocorrerá no dia 13 de março. Sede Campestre da Voges Entrada gratuita | Grercio Reis, s/n, km 72 da Rota do Sol, Desvio Rizzo Placar - 1ª rodada masculina: Marcopolo 2 x 1 Randon A; Agrale A 2 x 1 Mundial; Voges A 2 x 1 Agrale B;

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Randon C 2 x 1 Invensys; Agrale B 1 x 2 Marcopolo; Randon B 2 x 1 Frasle; Invensys 1 x 2 Agrale A | 1ª rodada feminina : Randon A 1 x 2 Marcopolo B; Fras-le 1 x 2 Mundial; Agrale 1 x 2 Randon B; Tecbril 1 x 2 Invensys; Voges 2 x 1 Fras-le; Invensys 2 x 1 Randon A. l Superliga de Vôlei Masculino | Sábado, 19h | A equipe da UCS joga contra o Blumenau pela 10ª rodada do campeonato neste sábado, no Ginásio Poliesportivo da universidade. O time treinado por Jorginho Schmidt, que venceu seis jogos no returno, busca se manter entre os primeiros colocados do campeonato. Ginásio Poliesportivo da UCS Ingressos a R$ 8 e R$ 4 (funcionários da UCS e estudantes, mediante identificação) | Francisco Getúlio Vargas, s/n, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis

PADDLE l 7ª Kviva Festa da Uva Paddle Open | Sábado e domingo, 9h | O campeonato deve reunir de 50 a 60 duplas entre os naipes feminino e masculino. No sábado, os competidores serão divididos em grupos. Os melhores passam para fase eliminatória, no domingo. Kviva Academia Escola Entrada gratuita | Tenente Alvarenga Souto Mayor, 680C, Pioneiro

XADREZ l 11° Torneio Aberto Internacional de Xadrez | Sábado, 9h30, e domingo, 8h | O torneio é aberto, qualquer pessoa pode participar. Grandes nomes nacionais e internacionais do xadrez - entre eles o número 11 do mundo, o ucraniano Vasyl Ivanchuk – já confirmaram presença. As incrições custam R$ 120 na hora, e podem ser realizadas no local até as 9h. Sede Campestre do Clube Recreio da Juventude Entrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525, Sagrada Família

FUTEBOL l Santa Cruz x Caxias | Domingo, 19h30 | O Caxias deve começar a partida com uma formação parecida a que começou o jogo contra o Universidade, com a volta de Itaqui. No gol, Fernando Wellington; na lateral direita Alisson (ou Edenílson); na zaga, Anderson Bill e Neto; na lateral esquerda, Edu Silva deve começar; no meio campo, Marcos Rogério, Itaqui, Edenilson e Rodrigo Antonio (Marcelo Costa sentiu lesão e deve ser poupado); na frente, Cristian Borja e Everton. Estádio dos Plátanos Ingressos a R$ 20 e R$ 10 (estudantes – com requerimento de matrícula ou histórico escolar – e pessoas acima de 60 anos | Gaspar Silveira Martins, 1.448, Centro, Santa Cruz do Sul l Juventude x Ypiranga | Segunda (8), 20h30 | Para este confronto o técnico Osmar Loss deve definir no treino da manhã de domingo o esquema de jogo – se com três ou dois zagueiros. A tendência é repetir a formação que venceu em Santa Maria (3-5-2), com possibilidade de retorno do lateral direito Luiz Felipe. Estádio Alfredo Jaconi Ingressos: R$ 15 (arquibancadas), R$ 7 (idosos e estudantes com comprovante), R$ 40 (cadeira para não sócio), R$ 30 (cadeira para sócio), R$ 12 (cadeira para menores de 12 anos) e R$ 15 (torcida adversária). Menores de 12 anos e associados com a mensalidade em dia não pagam | Hércules Galló, 1.547, Centro | Informações: 3027-8700 | l Copa União | Sábado, a partir das 13h30 | A 22ª Copa União de Clubes terá sua abertura neste sábado, com as categorias sênior e juvenil, nos campos dos times mandantes. Entrada gratuita Jogos - Categoria juvenil, 13h30: São Francisco x São Cristóvão; Bevilacqua x Pedancino; Botafogo x Forquetense | Categoria sênior, 15h30: Bevilacqua x Juvenil; Diamantino x São Virgílio; São Francisco x São Cristóvão; Cana-

rinho x Pedancino; Botafogo x Forquetense l Futebol Sete Série A | Sábado, 14h15 | Esta é a 1ª etapa do campeonato que faz parte da agenda dos jogos do Sesi. Ao todo, 11 equipes disputam o torneio, que seguirá até 15 de maio. Fras-le, Agrale e Marcopolo Entrada gratuita | Fras-le: RS 122, Km 66, 10.945, Forqueta | Agrale: BR-116, Km 145, 15.104 | Marcopolo: Rota do Sol, Km 73, Linha São Giácomo, em frente à Euro Telhas Jogos - 14h15: Agrale x Madal; Marcopolo x Agritech Lavrale | 15h15: Fras-le x Mundial; Agrale x Pisani; Randon x Guerra

CAPOEIRA l 1° Festival Internacional Esportivo e Turístico de Capoeira Esquiva de Oxóssi | Sábado, 15h, e domingo, 16h | O evento reunirá delegações do Brasil e do Uruguai. A abertura está programada para as 15h, no Ginásio Enxutão. No domingo, às 16h, o campeonato artístico será realizado no Parque Getúlio Vargas (Macaquinhos). A organização espera a presença de 50 a 60 participantes. Duas modalidades serão disputadas: acrobacia e jogos de duplas, nos naipes masculinos e femininos. Ginásio do Enxutão e Parque dos Macaquinhos Entrada gratuita | Enxutão: Luiz Covolan, 1.560, Bairro Santa Catarina, próximo à casa de Pedra |

BOXE l 3° Grande Prêmio de Boxe Olímpico Festa da Uva 2010 | Sábado, 20h | Pugilistas de SC, PR e de diversas cidades gaúchas participam do campeonato, com mais de 10 categorias diferentes. Além disso, serão realizados desafios de muay thai e kickboxing. Ginásio MF Ingressos a R$ 15 | Professor Vieiro, 160, Madureira

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Ju reanimado

O clube esmeraldino tem atualmente 33 jogadores profissionais. Entre eles, apenas cinco tem 30 anos ou mais, como é o caso do lateral esquerdo Calisto (C)

UMA VITÓRIA

PSICOLÓGICA O

por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br

Juventude não ganhava um jogo há mais de um mês. Havia entrado em campo nas últimas oito vezes, e nada. Foi derrotado nos dois jogos pela Copa do Brasil. No Gauchão, havia conquistado apenas uma vitória, contra o Universidade, no dia 23 de janeiro. Antes da estreia no segundo turno do Estadual, diante do Inter-SM, em Santa Maria, na quarta-feira (3), jogadores e o técnico Osmar Loss estavam diferentes. Os discursos estavam afinados, mas Loss resumiu a bronca: “Eles estão colocando um peso muito grande nos erros. Eles acertam 10, mas erram uma bola. E esses erros têm pesado porque os resultados não estão aparecendo. É natural errar. Não é o caso de mudar o tipo de treino, mas sim o sentimento dentro do jogo.” As palavras exatas usadas para mobilizar o grupo ele não contou, mas deram resultado. O Ju fez 4 a 2 na casa do adversário, a primeira vitória fora do Estádio Alfredo Jaconi, a segunda na competição. Vitória que

deu novo ânimo ao grupo. O resultado positivo não é a salvação de um Juventude que tenta se reestruturar, mas sem dúvida um indício de que as coisas podem estar mudando. Podem, pelo menos na cabeça do grupo. Loss não é psicólogo, mas é competente, e seu currículo prova isso – tem mais de 30 títulos comandando times das categorias de base do Inter. Aceitou o desafio de treinar o primeiro grupo profissional sabendo, ou melhor, imaginando, o que poderia enfrentar. “O Loss trabalha cerca de 15 horas por dia, é dedicado. A gente vê isso”, corrobora o presidente do clube, Milton Scola. Entretanto, aos olhos do torcedor, decepcionado com o time rebaixado na temporada passada, isso pode não importar. O verdadeiro juventudista quer ver sua equipe vencendo. Depois da derrota para o Corinthians-PR por 1 a 0, que culminou com a eliminação na Copa do Brasil, na noite de 24 de fevereiro, Loss estava bravo. Muito. Entrou rápido na sala de imprensa, foi quase monossilábico nas

Técnico alviverde investe na conversa e no apoio dos mais experientes aos mais jovens para motivar o time

respostas. Não baixou a guarda e falou isso porque sempre atuei em equipes firme. “A perspectiva no 2º turno do vencedoras aqui no Juventude”, lemGauchão é classificar entre os quatro brou. Para o Baixinho, o nervosismo é primeiros da chave. Vamos lutar por a principal dificuldade para se jogar fuisso. Temos de atuar com competência tebol. “É difícil colocar a culpa no trae treinar para aprimorar nosso esque- balho de uma só pessoa. O Loss é um ma de jogo. Pedir compreensão nesse cara acostumado a vencer. Vamos para cada jogo motivados, momento é complicamas sempre acontece do, mas quem acoma mesma história. É panha nosso trabalho “Quando parava complicado”, disse, ansabe que estamos lu- o carro numa tes de pegar sua bolsa e tando para melhorar a situação”, disse. Duran- sinaleira, sentia ir para casa. te o jogo, foi xingado e vergonha. Mas O sentimento expressado por Lauro, as vaiado pela torcida. De- sou um cara pois das entrevistas, um vencedor, não cobranças da torcida e as próprias exigências suspiro e uma passada fizeram Loss analisar de mão nos cabelos. De posso ficar nessa a situação. “Repensei cabeça baixa, ele deixou situação. Nem o muitas coisas depois a bancada e retornou grupo”, diz Loss do jogo contra o Copara o vestiário. rinthians-PR. Fiz tudo Antes dele, o volante Lauro se apresentou para dar explica- o que estava ao meu alcance com as peções. Falou que estava triste, frustrado. ças que tinha. Digo para vocês: quan“Estamos tentando recolocar o clube do parava o carro numa sinaleira, por nos trilhos. Não temos vencido jogos. exemplo, sentia vergonha. Mas espera Uma vitória nos daria um novo âni- aí, eu sou um cara vencedor, não posmo. Particularmente, fico triste com so ficar nessa situação. Nem eu nem o

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Formado na base do AméricaRJ, Calisto foi titular em todos os jogos do Ju neste ano. É a primeira vez que ele atua no futebol do Sul do país – teve passagens por CRB-AL, Anapolina-GO, Bahia, Vasco, Atlético-MG e Rubin Kazan, da Rússia, entre outros clubes. “A pressão é grande, não só da torcida, da diretoria e da comissão técniLoss conversa ca. Nós nos cobramos “Hoje os jovens bastante com o grupo. também. Somente Antes, durante e depois não escutam com resultados posidos treinos e jogos. os mais velhos. tivos vamos trazer o Como estrategista que Acham que torcedor para o nosso é, repensou o modo de lado”, projeta o lateral viveram muito. atuar da equipe para esquerdo do Ju. O priiniciar o 2º turno do Quando jovem, meiro passo foi dado Gauchão, após observar me cobraram, em Santa Maria – aliás, o grupo nos cinco dias e muito”, dois passos: Calisto fez que teve disponíveis o segundo gol e cruzou lembra Calisto para treinar. “Além de a bola certinha na catermos um espírito dibeça de Fred, que marferente, mais vencedor, cou o terceiro. precisamos nos agrupar mais rapidaEntre os que mais escutam – e pemente dentro de campo. Dessa forma dem conselhos – está um dos desevitaremos que o adversário aproveite taques do Ju na Copa São Paulo de espaços. O projeto do segundo turno Futebol Júnior: Hiago de Oliveira começa nesse jogo contra o Inter-SM”, Ramiro. O jovem de 18 anos, nascido prometeu na terça-feira (2). E cum- em Ariquemes (RO), está no alviverde priu, para alívio da papada. Depois dos desde julho de 2009. Antes, jogou por 4 a 2, veio o desabafo. “Essa vitória veio três anos no Rio Branco de Americana para tirar um peso das costas de todos (SP), onde se formou nas categorias de do clube. É óbvio que temos de corrigir base. “Tenho conversado mais com o erros, mas parece que algumas coisas Denner, pois estou atuando no ataque viraram hoje. Esse resultado positivo, ao seu lado. Mas o Calisto e o Silvio fora de casa, é fundamental para os jo- Luiz, além do Lauro, têm me orientagadores apostarem no nosso projeto”, do bastante. Após retornar da Copinha resumiu à rádio Caxias, rouco de tanto fui promovido ao profissional. Desde gritar na beira do gramado do Estádio então, a comissão técnica tem cobrado, Presidente Vargas, em Santa Maria. principalmente, responsabilidade”, fala Para repassar ao grupo seus pensa- o garoto, que mora nos alojamentos do mentos e propostas Loss conta com o Jaconi. apoio dos jogadores mais experientes. Hiago conversa como adulto. TalDos 33 atletas do elenco profissional, vez sua maturidade tenha chamado a apenas cinco têm 30 anos ou mais: os atenção da comissão e dos dirigentes volantes Lauro (36) e Umberto (30), o da base para lhe darem a oportunidade lateral esquerdo Calisto (34), o goleiro de mostrar serviço no grupo principal. Silvio Luiz (32) e o atacante Marcos Seu futebol também tem apresentado Denner (33). Ou seja, 85% dos atletas amadurecimento desde que estreou são jovens. Do total, 12 são formados com a camisa verde e branca, no dia 13 nas categorias de base. Um dos que de fevereiro, contra o São Luiz (empate contribuem para dar tranquilidade aos em 3 a 3 no Jaconi). Na época, ele disse mais novos é o lateral esquerdo Orlan- que não esperava a hora de começar a do Calisto Souza. Para ele, os garotos partida, num misto de agonia e ansiedo Ju sabem ouvir. “Isso é bom, por- dade. “Agora está tudo certo”, brinca. que hoje em dia os jovens não escutam O jovem marcou seis gols na Copa SP tanto os mais velhos. Eles acham que – cinco de pênalti – e praticamente já viveram muito. Quando fui jovem, me conquistou o lugar deixado por Zezicobraram, e muito”, recorda o carioca nho, emprestado ao Santos por dois de Duque de Caxias. anos. grupo. Foi aí que os motivei. E se eu perceber que perdi o controle da situação, pedirei para sair”, argumentou o treinador um dia antes do jogo contra o Inter-SM, referindo-se, na última frase, a comentários de torcedores e de parte da imprensa sobre seu suposto desligamento devido à fraca campanha.

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Ao lado de Hiago, os zagueiros cidade. “A maioria vem de fora. Se está Bressan, 17 anos, e Victor, 20 anos, o aqui, precisa gostar, principalmente de volante Goiano, 18 anos, o goleiro Foll- vestir a camisa do Ju. Todos eles têm mann, 17 anos, e mais recentemente seus direitos e deveres”, explica. Ela o volante e zagueiro Marquinhos, 18 acompanha as equipes sub-15, sub-17 anos, deixaram as equipes juvenil e e sub-20, e avalia o desempenho com júnior para trabalhar com os profis- as comissões técnicas. “Um time cansionais. A proposta da atual direção do sado fisicamente não produz. Um erro clube (devido à realidade financeira) de passe pode ter relação com emoções também objetiva colocar esses garotos e pensamentos. Também trabalho com na vitrine. Segundo o vice-presidente os preparadores físicos. A cada semade futebol, Juarez Ártico, o clube já na tenho 160 avaliações feitas, duas recebeu propostas por um dos cita- (uma antes e outra depois do treino) dos acima, mesmo sem ele ter atuado. para cada jogador”, especifica. Sobre o “Uma das maneiras de fazermos caixa trabalho motivacional, na verdade ela é vender jogadores. Não escondemos apresenta subsídios para os técnicos isso”, anuncia o presidente Milton Sco- argumentarem com os jovens. “São la. eles (treinadores) que comandam e Para formar jogadores e tentar dei- convivem diariamente com os jogadoxá-los preparados para o disputado res. Acima de tudo, somos educadores, mundo do futebol o Juventude conta pois esses meninos estão em desenvolcom o trabalho de uma psicóloga jun- vimento”, aponta a psicóloga. to às categorias de base. E não pense No departamento profissional o asque suas ações se resumem a palestras sunto é diferente. Sem o apoio de uma motivacionais. “Também faço isso, especialista, sobra para a comissão quando solicitado, mas desenvolvemos técnica administrar todos os problevárias técnicas com os 80 meninos que mas que aparecerem. Entre os mais remoram aqui no estádio. Meu objetivo centes estão a eliminação da Copa do é desenvolver habilidades mentais, ou Brasil e o baixo desempenho do time seja, faço um treino cognitivo, ou neu- no Estadual, apesar da classificação rofeedback. Não consigo com todos às quartas de final da primeira fase. devido à quantidade de garotos, mas Mesmo com a vitória fora de casa os o foco é performance”, conta Evanea números continuam desfavoráveis ao Scopel, 32 anos, há dois no Ju. treinador do Ju: em 12 jogos são sete Especialista no assunto, ela já traba- derrotas, três empates e duas vitórias. lhou com esportistas de hóquei na gra- Como já foi citado, Osmar Loss não é ma, tênis, surfe, triatlo e, é claro, fute- psicólogo, mas, às vezes, tem atuado bol. Entre as instituições que utilizam como tal. Afinal, como ele mesmo diso método estão os cluse, “o grupo estava insbes Flamengo e Milan, tável emocionalmente, da Itália, a companhia “São trabalhadas principalmente pela Gol (para os pilotos de a tomada de falta de resultados”. avião) e multinacionais O próximo desadecisão e a (para executivos). “São fio será segunda-feira trabalhadas a tomada concentração. (8), às 20h30, no Esde decisão e a concen- Se o atleta pensa tádio Alfredo Jaconi, tração. Por meio de e age rápido, contra o Ypiranga, de um aparelho é possíErechim, que bateu o surpreende o vel registrar e analisar Esportivo por 3 a 2 e a atividade elétrica do adversário”, tem o mesmo número cérebro e definir pa- explica Evanea de pontos que o Ju – 3. drões de atuação. No Como o segundo turfutebol, isso é muito no é mais curto (tem importante. Se o atleta pensa e age rá- sete partidas, uma a menos que a Taça pido, surpreende o adversário”, explica Fernando Carvalho), e trata-se de um Evanea. O Ju não tem esse equipamen- jogo em casa, vencer novamente será to – a psicóloga tem, e pediu ao clube fundamental para elevar a moral da que adquira um também. papada. Afinal, a torcida espera um outro Juventude nesta fase do GauAlém disso, Evanea promove a chão. Talvez o mesmo que venceu o integração dos garotos com o clube e a Inter de Santa Maria.

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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Destituição

Nem tudo é festa com a indicação do deputado Pepe Vargas (PT) à presidência da Comissão de Finanças e Tributação da Câmara Federal. O jornalista Flavio Pereira, de O Sul, por exemplo, diz o seguinte: “O governo premiou o deputado Pepe Vargas que, como relator, protelou o projeto que põe fim ao fator previdenciário, prolongando a agonia dos aposentados.”

Exageros

A Brigada Militar utilizou uma violência descabida. E a Câmara dos Deputados, com o patrocínio dos deputados Manuela d’Ávila e Pepe Vargas, também exagera. Vai realizar uma audiência publica para discutir a violência da Brigada no episódio patrocinado por sindicalistas da empresa Randon Implementos que culminou com a prisão, por pouco mais de uma hora, do vereador Assis Melo PC do B), presidente do Sindicato dos Metalúrgicos. Segundo o deputado caxiense, o objetivo da audiência é evitar que a BM criminalize os movimentos sociais.

À vista

No ano passado, 71% dos contribuintes caxienses pagaram em cota única o Imposto Predial e Territorial Urbano, o IPTU. Este ano, o índice caiu para 68%. Mesmo assim, a prefeitura arrecadou de uma vez só R$ 37 milhões – de um total previsto de R$ 55 milhões. São 145 mil contribuintes – ou domicílios devidamente legalizados que pagam esse imposto.

Cautelosa

A construção do tão aguardado futuro Aeroporto Regional de Caxias do Sul vai demorar tanto quanto a definição de seu local? Na segunda-feira, em reunião na CIC, em vez de anunciar a área escolhida, a governadora Yeda Crusius preferiu falar a respeito da responsabilidade de o governo do Estado fazer a escolha certa. Boa nas frases desde que assumiu a condição de candidata à reeleição, ela simplesmente proferiu: “Não há atraso. Há cautela.”

perguntas para

Valter Gomes Pinto

O empresário, diretor do Conselho de Administração da Marcopolo, é considerado uma figura emblemática da Festa da Uva, com a qual colabora há várias edições (independentemente de quem ocupa a prefeitura ou preside a empresa) Qual é o significado que a Festa da Uva tem para o senhor? A Festa da Uva significa para mim a mais importante das ocasiões para mostrar a pujança de Caxias no Sul no cenário brasileiro e internacional e de valorizar todas aquelas pessoas que aqui vivem, a maioria descendentes daqueles italianos que aqui chegaram em 1875.

des regionais e brasileiras, programas de adesão de grandes patrocinadores e organização geral dos eventos. Diego Netto, Divulgação/O Caxiense

Prêmio

Vereador Daniel Guerra (PSDB), ao mostrar-se favorável às resoluções do Tribunal Superior Eleitoral que obrigam candidatos a apresentarem suas fichas criminais e os partidos a mostrar as doações para campanhas

Qual é o seu sentimento em relação a essa homenagem, prestada pela prefeitura, pela comissão e pela direção da empresa, nomeando-o “embaixador” da Festa da Uva? Foi muito gratificante receber a homenagem de todos companheiros, autoridades e soberanas de várias Festas da Uva. Minha colaboração nestes últimos anos tem sido sempre com a intenção de retribuir um pouco a acolhida que sempre recebi, desde 1964, de todos os setores da sociedade local. Creio que contribuí com as últimas diretorias, principalmente nas áreas de divulgação em diversas cida-

Encontro

O presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) e vice-presidente da comissão social da Festa da Uva, Milton Corlatti, entende que a vinda do governador José Serra, prevista para a tarde deste sábado, valoriza a festa e a cidade. Maicon Damasceno/O Caxiense

Cinco meses depois de uma conturbada assembleia, cujo resultado acabou contestado por força judicial, o conselho fiscal da Unimed-Nordeste volta à carga. Vai promover no próximo dia 15, no auditório da CIC, assembléia geral extraordinária cuja pauta, agora oficializada, é deliberar sobre a destituição do conselho de administração e da diretoria executiva da cooperativa médica. A convocação dos 1.083 sócios da Unimed vem assinada pelos médicos André Leite, coordenador do conselho fiscal, e Jordão Chaves de Andrande, membro efetivo.

Três candidatos

Transparência sempre é bem-vinda

Apesar do sucesso do evento deste ano, fica no ar uma sensação de que o “modelo” atual da festa precisa ser mudado. Que mudanças o senhor acredita que se fazem necessárias? Considero o modelo do evento vitorioso, que só é possível realizar com o entusiasmo e a participação de centenas de colaboradores voluntários e a cessão do tempo de tantos executivos que se dedicam à Festa. Entretanto, os tempos mudaram e o resultados das pesquisas que são realizadas durante a Festa apontam muitas sugestões – que serão analisadas – para aperfeiçoar o modelo atual. Talvez a principal seja encontrar um novo local para os desfiles de carros alegóricos, já que o Centro de Eventos já atende as principais demandas dos visitantes e turistas. O mesmo deve valer para a presença do ex-ministro da Justiça e précandidato ao governo do Estado pelo PT, Tarso Genro. Ele também estará na festa neste sábado à tarde. Quem sabe os dois não tomam um suco de uva juntos?

Em campanha

Pré-candidato do PMDB gaúcho ao Senado, o ex-governador Germano Rigotto utilizou a sexta-feira (5) para uma peregrinação por redações de jornais e emissoras de rádio da cidade. Há tempos não realizava esse tipo de visita, muito comum no início de sua trajetória política, nos anos 70. Nas entrevistas, Rigotto não se furtou a falar a respeito das contradições patrocinadas pelo PMDB nacional, da falta de reconhecimento da governadora Yeda Crusius ao trabalho desenvolvido por ele no Piratini e também de sua frustração diante da proposta de reforma tributária. Veja no site d’O Caxiense (www.ocaxiense.com.br) a entrevista com Rigotto.

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Encerrado o prazo para inscrições, no final da tarde desta sexta-feira, três candidatos oficializaram suas candidaturas à reitoria da Universidade de Caxias do Sul: o atual reitor Isidoro Zorzi, que busca a reeleição; a ex-pró-reitora de Graduação, Nilva Rech Stédile, e o professor do Centro de Ciências da Administração, Nestor Basso. O escritor José Clemente Pozenato anunciou sua desistência ainda na quinta-feira (leia abaixo) e a diretora do Centro de Ciências da Comunicação, Marliva Gonçalves, sequer cogitou se candidatar ao cargo, apesar de o seu nome ter sido lançado por dirigentes do Diretório Central de Estudantes.

Calendário

Nesta segunda-feira (8) o Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul encaminhará ao Conselho Universitário (Consuni) a lista indicativa de candidatos. De acordo com o calendário eleitoral, o período de 9 a 14 de março será dedicado à campanha eleitoral (apresentação das candidaturas e divulgação das respectivas propostas). De 15 a 20 de março será realizada a votação junto a professores, estudantes e funcionários. A lista indicativa deverá ser encaminhada ao Conselho Diretor até o dia 23. O que significa dizer que, antes do fim do mês, será conhecido o reitor da UCS para 2010-2014.

Justificativa Do professor e escritor José Clemente Pozenato, ao justificar a desistência de concorrer à reitoria da Universidade de Caxias do Sul: “Analisando as implicações pessoais e institucionais, entendi que, mesmo levando em conta a solicitação de colegas professores, vi que não era possível. O calendário eleitoral estabelecido pelo Conselho Universitário é falho. Um dos objetivos era ampliar o debate, mas como debater em quatro dias de campanha? Lamento que, mais uma vez, as coisas aconteçam assim, no afogadilho.”

Tecnopolicial O delegado Bolívar Llantada, que teve rica passagem por Caxias e hoje é titular da Delegacia de Homicídios da Capital, brilhou nas investigações do assassinato do secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos. Com o auxílio do Instituto Geral de Perícias, Llantada aplicou modernos recursos da tecnologia (como exames de DNA) na investigação policial. A polícia chegou ao suposto assassino a partir do sangue coletado no local do crime e de exames de materiais genéticos.

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