Co M m Ú de unid LT ve ad IP rá co e aca LA ma dê E nd mi SC ar ca a U de OL CS cid HA até e qu 20 em 14 |S13 |D14 |S15 |T16 |Q17 |Q18 |S19
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. Maicon Damasceno/O Caxiense
Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 15 | R$ 2,50
A união de municípios, entidades e lideranças, o novo estudo de viabilidade e a promessa de recursos federais aceleram a marcha pela retomada do transporte ferroviário na região
A Festa da Uva em números | Carnaval 2010: menos luxo, mais esforço | Tradicionalistas laçam e jogam nos Pavilhões | Zico, o torcedor papo que se fecha no vestiário | Bindé, o lateral que foi saído antes de sair do Caxias
Índice
www.OCAXIENSE.com.br
A Semana | 3
(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)
Um resumo das notícias que foram destaque no site
Exp aler osiç RO ta ão pa U pa ra rcia PA a ne l do D cess s ve E F idad stid EST e de os A da pres s ra ervá inha -los s
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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
O DESAFIO
Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
Hospital Saúde, em expansão, quer reassumir a liderança no setor em Caxias
Projeto nos trilhos | 5
Com o início do estudo de viabilidade, cresce a mobilização em torno do trem regional
Opções para reitoria | 9
Alunos, funcionários e professores da UCS decidem entre três candidatos quem deve comandar a instituição
Caxias gaudéria | 11
Cidade recebe a maior festa do tradicionalismo esperando milhares de competidores e visitantes
DA SUCESSÃO Décadas de êxito de uma empresa familiar podem se multiplicar ou ruir a partir de um momento decisivo: a passagem de comando para a geração seguinte
Paraquedas na Sinimbu | @ Henriette_SrtaH Parabéns ao jornal @ocaxiense pela bem bolada estratégia de marketing. Inovadora, tal como o perfil do periódico! Henriette Vaccari , às 17h05 de 8 de março @zarabatanacafe @ocaxiense uma boa ideia sempre vem acompanhada de um ótimo produto. Parabéns! Equipe Zarabatana Café, às 15h31 de 8 de março
Renato Henrichs analisa a disputa pela reitoria da UCS | Roberto Hunoff constata que as liquidações de verão entraram para a agenda dos caxienses | A psicologia da recuperação no Jaconi | Um líder abençoado no Centenário
@SamyGranel Isso é fantástico! Parabéns! RT @ocaxiense RT @tonificante Paraquedas com notícias para divulgar novo jornal da cidade. Samantha Hunoff, às 11h26 fr 8 de março 14ª edição | @bubstessari Eu achei muito bacana a matéria do salva-vidas que escreve mensagens na areia. Li no site do @ocaxiense agorinha mesmo! Bruna Tessari, às 15h21 de 8 de março
Guia de Cultura | 12
Cinema em um minuto, musical em cartaz e Neguinho da Beija-Flor no Carnaval atrasado
@danieldalsoto Edição do @ocaxiense de hoje mais uma vez com 100% qualidade. A reportagem do @marcelomugnol matou a pau de novo! Parabéns! Daniel Dalsoto, às 17h28 de 6 de março
Artes | 14
Folia de resistência | 15
@julianadebrito Com o tempo do final de semana, lendo com mais calma @ocaxiense. Textos muito bem escritos e fotos lindas. Realmente diferenciado. Juliana de Brito, às 12h50 de 6 de março
Festa da Uva | 17
Estande nos Pavilhões | @viniviniciuss A melhor coisa da Festa da Uva foi receber um exemplar cortesia de @ocaxiense, o melhor jornal da cidade. Vinícius Tibola, às 21h50 de 4 de março
Sentimentos, paisagens e paradoxos urbanos Carnaval de rua faz neste fim de semana o desfile mais suado dos últimos anos A grandeza de nosso evento maior medida em números nada convencionais
ORKUT Gustavo Rech, Tonificante/O Caxiense
Vestiário alviverde | 18 Zico, o papo fanático que nunca assistiu a um jogo do Juventude
Tática grená | 20
Uma brusca rescisão de contrato mostra como o Caxias lida com o assédio aos seus jogadores
Guia de Esportes | 22
Golfe, futebol profissional e amador e vôlei de quadra e de praia
Renato Henrichs | 23
Expediente
O Caxiense
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Muito boa essa ideia de divulgação! Parabéns! Rodrigo Fiatt, em 8 de março
(Acompanhe em www.ocaxiense.com.br/multimidia) Orquestra da UCS | Muito bom saber que teremos mais movimentos culturais pela cidade, ainda mais com essa periodicidade e com entrada franca, tornando-se acessível para todas classes.Cultura Caxias! Nelson Santos Vanin, às 18h45 de 11 de março
VÍDEOS
(Acompanhe em www.ocaxiense.com.br/multimidia)
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
Cada vez melhor esse jornal. Parabéns! Renata Sirtoli, em 8 de março
Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
Assine
Paraquedas na Sinimbu | Simplesmente perfeita a ideia dos jornais vindo do céu! Parabéns! Luciana Ruzzarin Basso, em 9 de março
Que loucura! Jornal inteligente, feito por pessoas inteligentes, o resultado só poderia ser esse! Parabéns! Joanes Araujo, em 8 de março
Números da Festa da Uva, o Carnaval desapadrinhado e as ideias do presidente da Câmara são motivos de expectativa
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Roberto Hunoff | 4
Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 14 | R$ 2,50
l O projeto do trem regional é explicado em vídeo que mostra o trajeto e locais das estações.
ÁUDIO
(Acompanhe em www.ocaxiense.com.br/multimidia) l Os jornalistas Roberto Hunoff, Valquíria Vita e Graziela Andreatta comentam assuntos da cidade no Podcast da Redação.
S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .
A Semana
Jorge Barbosa, Divulgação/ O Caxiense
Anahi Fros, Divulgação/O Caxiense
Tiago Tessari, Divulgação/O Caxiense
Iniciativas públicas e privadas respeitam o meio ambiente
Alimentos sem o uso de agrotóxicos são vendidos em novo endereço; ureia pode ser solução para a capina e reformas no Faxinal buscam licenciamento ambiental
SEGUNDA | 8 de março Trânsito
Perimetral Norte tem tráfego desviado Até 25 de março, a Perimetral Norte tem desvios de trânsito no sentido Leste-Oeste, no trecho entre a Rua Moreira César e a Rua Governador Roberto Silveira, sendo todo o seu trânsito transferido para a Rua Fortunato Mosele, em mão única, retornando à Perimetral Norte pela Rua Governador Roberto Silveira; a Perimetral Oeste passará a ter um estreitamento na pista entre as ruas das Manacás e Luiza Ronca; e a Rua São José estará com bloqueio total ao trânsito, entre as ruas Visconde de Pelotas e Dr. Montaury.
TERÇA | 9 de março Economia
Cesta básica custa R$ 496 O caxiense desembolsou R$ 496,08 para adquirir os 47 itens que compõem a Cesta de Produtos Básicos. O novo valor representa aumento de 0,32%, ou R$ 1,57, sobre o registrado em janeiro. O dado consta do estudo mensal realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da Universidade de Caxias
do Sul. A alface foi o item que teve o maior aumento dentre os produtos, chegando a 26,66%. Seguiram-se, pela ordem, coxa de frango, com 14,23%; açúcar, 6,85%; frango inteiro, 6,15%; e leite longa vida, 6%.
QUARTA | 10 de março
leska Pletsch, incluir alimentos livres de agrotóxicos na rotina alimentar imediatamente resulta em ganhos no bem-estar físico. “Os principais exemplos são maior resistência a resfriados e outras doenças, menor incidência de alergias e melhoria no sistema digestivo em geral”, explica.
Orgânicos
QUINTA | 11 de março
Fruteira Ecológica em novo endereço
Capina
Consumidores de produtos cultivados sem o uso de agrotóxicos têm ampliada a oferta de opções e serviços. A Fruteira Ecológica, um dos primeiros estabelecimentos a comercializar alimentos orgânicos em Caxias do Sul e atuante há oito anos, inaugurou nesta semana novo ponto, na Rua Bento Gonçalves, 2.483, entre as ruas Coronel Flores e Moreira César – a menos de uma quadra do antigo endereço. Fruto da crescente demanda por produtos livres de aditivos químicos, o espaço busca adequar-se também à quantidade de novos itens que diariamente chegam ao mercado de orgânicos, conforme o proprietário, Ary Cargnino. Além de frutas, verduras, legumes e grãos cultivados sem defensivos agrícolas, estão inclusos nessa categoria alimentos processados, como café, sucos, pães e doces, e produtos de higiene pessoal. Conforme a nutricionista Va-
Codeca pode utilizar ureia A Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca) procura alternativas para a capina. O período chuvoso no final do ano passado fez o mato crescer, o que tem gerado muitas solicitações de roçadas em vários pontos. No ano passado, a capina química com glifosato foi rejeitada pelo Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema). “Estamos debatendo com o Condema, que sugeriu uso de água quente e até fogo. Além disso, há cerca de 15 dias solicitamos à Fepam um parecer sobre o uso da ureia no combate às ervas invasoras junto ao meio-fio“, explica o diretor-presidente da Codeca, Adiló Didomenico.“O produto possui utilização em larga escala sem prejuízos ambientais. Em contato informal com outros órgãos públicos observamos a mesma tendência, pois a ureia é um composto
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orgânico de uso difundido entre a população”, afirma Didomenico.
SEXTA | 5 de março Samae
Mais de 100 bairros ficarão sem água Cerca 114 bairros de Caxias do Sul ficarão sem abastecimento de água por um dia, atingindo aproximadamente 250 mil pessoas. Isso porque o sistema Faxinal, que atende cerca de 60% da cidade, precisa realizar reformas e manutenções. A certeza dada pelo diretor-geral do Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae), Marcus Vinicius Caberlon, é de que todos terão água na segundafeira. A interrupção do fornecimento de água ocorrerá a partir das 22h deste sábado, quando a bomba do sistema Faxinal será desligada. Algumas regiões terão o abastecimento interrompido ainda antes, por volta das 16h, como nos loteamentos Vitória e Conquista. As obras são para adequação aos padrões ambientais necessários e modernização do sistema. “O licenciamento ambiental estamos fazendo de trás para frente, já que o sistema foi criado antes disso. E estamos modernizando para melhorar a capacidade, no sentido de quantidade. A qualidade continua a mesma, muito boa”, afirma Caberlon.
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O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
Confiança
Incremento Com matriz em Estrela, o Grupo Florauto abriu oito lojas em sete anos de existência. Vendeu 430 unidades no primeiro ano de operação e chegou a 3.933 em 2009, representando incremento de 35% sobre o resultado do ano anterior. Para 2010 a meta é crescer 20%, superando 4,5 mil veículos. Caxias deverá responder por 30% deste total, algo como 1,5 mil unidades. Para atender a demanda de serviços o quadro anterior de 82 funcionários foi reforçado com mais 30 e a previsão é de outras 10 contratações ao longo do ano. “A partir de agora a estratégia é consolidar nossas operações depois de sete anos de investimentos”, afirmou Marco Antônio Flores, diretor-presidente da Florauto.
Novidade
A Minuano Soluções Empresariais foi criada em Caxias do Sul para atuar em consultoria e assessoria especializada no ramo da administração de empresas. Os focos principais serão gestão e desenvolvimento empresarial, incluindo assessoria jurídica, de comunicação e marketing, de contabilidade e informática. O empreendimento reúne as empresas Dinâmica Comunicação Empresarial, Unit Informática, Contasul Organizações Contábeis e os advogados Mário Antônio Zart e Paulo Caravantes. A Câmara dos Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul confirmou para 27 de março a realização de mais uma edição do evento Homens na Cozinha. O encontro gastronômico ocorrerá a partir das 20h, nos pavilhões da Festa da Uva. Os ingressos, ao preço de R$ 120, estão à venda com os 140 cozinheiros. A expectativa é reunir público superior a 1,5 mil pessoas, dentre elas a governadora Yeda Crusius, convidada a participar.
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O Caxiense
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O Hospital Saúde, de Caxias do Sul, apresentou expansão de 16% em sua receita no ano passado em relação a 2008. Gerou 45 novos postos de trabalho, em alta de 13% no quadro, e realizou 10% mais cirurgias. O cres-
Terminou sem acordo a audiência de conciliação realizada nesta semana no Tribunal Regional do Trabalho (TRT) entre as diretorias da Randon e do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de Caxias do Sul para tratar do dissídio coletivo aberto em função de descontentamento com o Programa de Parti-
cimento é atribuído ao novo formato administrativo da instituição, que tem programada nova ampliação na estrutura, nos equipamentos e funcionários para 2010. O objetivo é reassumir a liderança no mercado caxiense.
Parceria
Intercâmbio
Os empresários Davi Pistorello, Victor Borkoski e Ricardo Polo representam a indústria do plástico da Serra Gaúcha no evento Tecnology Days, que ocorre de 13 a 21 de março, em Lossburg, na Alemanha. Eles foram indicados pela diretoria do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho,
Menor participação
A Marcopolo reduziu em mais 10% a sua participação no capital social da MVC, fabricante de soluções em plásticos de engenharia para diversas aplicações. A partir de agora, o Grupo Artecola, de Campo Bom, passa a deter 64% do capital. De acordo
Alfa, a parceria marca nova etapa na história do laboratório, que até agora sempre trabalhou com atendimento ambulatorial. Inicialmente está sendo usada área provisória no interior do hospital, mas a intenção é construir espaço específico no decorrer do ano.
Divulgação/O Caxiense
Dentre as ações já consolidadas neste ano destaca-se a parceria com o Alfa Laboratório, que assumiu a coleta e realização de exames de pacientes internados e laboratoriais do Hospital Saúde. Para Estefânia Weirich, diretora de Atendimento e Marketing do
convidado para o evento. O Technology Days apresentará novas tecnologias de injeção de pós e sala limpa, de processos, organização de vendas, otimização de produção e projetos Turnkey. A iniciativa é da Arburg, uma das empresas líderes mundiais na produção de máquinas injetoras e de acessórios. com Gilmar Lima, diretor-geral da MVC, que tem matriz em São José dos Pinhais (PR), a medida objetiva manter a estratégia de crescimento da empresa. Já a Marcopolo foca ainda mais sua atuação nos ônibus, seu produto-fim. Divulgação/O Caxiense
Julio, Objetiva/Divulgação/O Caxiense
Oficialmente desde quinta-feira à noite, Caxias do Sul sedia a maior distribuidora Ford do Rio Grande do Sul. A Florauto investiu, em parceria com a Rodobrás Transportes, R$ 6 milhões na construção de 4 mil metros quadrados de área, já atendendo aos novos padrões mundiais estabelecidos pela marca para a sua rede de concessionários. Além do novo prédio, a Florauto locou mais 4,4 mil metros quadrados onde localizou os serviços de funilaria e a loja de seminovos. Até então, a distribuidora atuava em espaço limitado a 3,2 mil metros quadrados. Uma das prioridades na nova sede é o pós-venda. Dentre as medidas está a criação de 13 boxes para reparos que exigem até duas horas de trabalho e 27 para serviços mais complexos. Na recepção o cliente confere em tela de LCD a programação dos carros na oficina, o profissional que fará o serviço e a previsão de entrega. O showroom de 1,2 mil metros quadrados comporta 40 veículos.
Cardápio beneficente
Audiência
Crescimento
Nova âncora
Com a abertura nesta semana da Etna, loja de decoração e móveis, o Iguatemi preenche mais um espaço destinado a lojas-âncoras em seu projeto de expansão. A próxima, e possivelmente última, será a Riachuelo, que tem abertura anunciada para o dia 22 de abril. A Etna entra no lugar da rede Americanas, ocupando área de 3 mil metros quadrados. Com isso, é pouco provável o ingresso da
O VII Seminário de Boas Práticas do Comitê Regional Serra Gaúcha do PGQP ocorre na segundafeira, dia 15, a partir das 19h, no miniauditório da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. Para este encontro a Diretoria de Desenvolvimento e Competitividade da entidade convidou Hiparcio Stoffel, que apresentará o case da INDEXtech, uma das empresas
Americanas, até porque não se vê disponível no shopping espaço com tal dimensão. A rede demorou em se decidir e o shopping cansou de esperar e de perder dinheiro. Em sua primeira loja no Rio Grande do Sul, que marcou o lançamento do novo conceito da rede, a Etna coloca à disposição do público mais de 10 mil itens. Também garantiu emprego para 86 pessoas.
Curtas
vencedoras do Prêmio Qualidade RS. O evento é gratuito e as inscrições podem ser feitas pelo telefone 32188009. O superintendente regional da Caixa Econômica Federal para a Serra Gaúcha, Renato Scalabrin, palestrará na reunião-almoço de segunda-feira, dia 15, às 12h, na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de
cipação dos Resultados. Diante do impasse, a vice-presidente do TRT, Maria Helena Mallmann, determinou prazo até 29 de março para a empresa apresentar sua contestação e documentos, sobre os quais os metalúrgicos terão de se manifestar até o dia 15 de abril. A audiência foi acompanhada pela procuradora Beatriz de Holleben Junqueira Fialho, representando o Ministério Público do Trabalho. O sindicato, para registrar a passagem de um mês do conflito com a Brigada Militar quando da manifestação em frente à Randon Implementos, realizou ato público nesta sexta-feira na Câmara de Vereadores e abriu exposição de fotos sobre o incidente.
Casas populares
Por meio do Programa Caxias Minha Casa, criado com o intuito de viabilizar o programa federal Minha Casa, Minha Vida na cidade, estão sendo construídas 4.528 unidades habitacionais. A maioria – 2.865 – atende demandas de famílias com renda de três a seis salários mínimos. Para a faixa de zero a três salários são mais 1.567 unidades. E apenas 96 para quem ganha de seis a dez salários mínimos. O mais recente projeto é o Residencial Terra Nossa, da Construtora Ricardo Ramos, que terá 360 unidades para a faixa de três a seis salários. O investimento de R$ 20,7 milhões garantirá apartamentos de dois dormitórios, em condomínio fechado, com box privativo.
Caxias do Sul. Ele falará sobre o tema Caixa: o banco das soluções integradas. O Diretório Acadêmico de Direito da Universidade de Caxias do Sul programou para 15 de março, no Bloco M do UCS Teatro, a aula inaugural do primeiro semestre do ano letivo. Haverá palestras às 9h, 18h e 20h.
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Soluções de transporte
O TREM REGIONAL
O
“
GANHA EMBALO
Maicon Damasceno/O Caxiense
Reativação da linha férrea está sendo novamente estudada – desta vez, com promessa de recursos para implantação e muito otimismo
Levantamento custeado pelo governo federal irá dizer se os trilhos voltarão a integrar cinco cidades da Serra
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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br século XIX foi do transporte ferroviário, o século XX foi do transporte rodoviário e o XXI voltará a ser o século do transporte ferroviário.” A frase é do coordenador de projetos do laboratório de transportes da Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), Rodolfo Philippi, que coordena o estudo técnico de reativação do trem regional em Caxias do Sul. Philippi é engenheiro civil, com mestrado em engenharia de transportes e doutorado em andamento na mesma área. Esse não é o primeiro levantamento que ele realiza sobre a viabilidade de retomada do transporte ferroviário e também não é a primeira vez que ele acredita, mesmo antes de concluir as pesquisas, que é possível fazer o trem voltar à ferrovia. “Acredito que esse seja um movimento inevitável.” O estudo em questão irá analisar a necessidade e as condições econômicas para a reativação do trem regional, que pretende unir novamente Caxias a Bento Gonçalves, passando por Farroupilha, Carlos Barbosa e Garibaldi, nesta ordem. Os pesquisadores irão ouvir as pessoas que se deslocam entre essas cidades para saber se usariam o trem, quantas viagens seriam necessárias, que tipo de veículo seria mais adequado. E, a partir daí, vão estimar o custo do empreendimento. “Reativar uma ferrovia exige um investimento muito alto. Por isso, é preciso fazer um levantamento sério que diga, com certeza, se a reativação é possível e quanto custaria, porque ela tem que ser financeiramente viável”, explica Philippi. Só a pesquisa, encomendada pelo governo federal, já consumirá um valor considerável: R$ 400 mil. O trabalho de campo começa em 22 de março, pelas entrevistas com os potenciais usuários. Eles serão abordados em locais de grande circulação de pessoas dos municípios vizinhos, como rodoviárias e pontos de parada nas estradas. Depois disso serão feitos os levantamentos técnicos sobre o itinerário do trens, as condições da estrada de ferro (ou do que sobrou dela) e a ocupação das áreas da linha férrea por moradias. Esse estudo também deve dizer se o itinerário atual é o melhor ou se precisará de adaptações, como mudanças no trajeto ou ampliação da rede. Tudo deve estar concluído até a metade deste ano, para quando está prevista a apresentação das conclusões à comunidade regional. A Metroplan, órgão do governo do Estado responsável por promover o desenvolvimento integrado dos municípios, deve contribuir com a pesquisa informando o número de passageiros que circulam entre as cinco cidades envolvidas. Esse dado ainda não foi contabilizado, mas, para se ter uma ideia, a Ozelame, que é apenas uma das empresas que operam essas linhas, transporta cerca de 5 mil pessoas por dia na área que seria diretamente beneficiada pelo trem. Um levantamento preliminar indica ainda que a Universidade de Caxias do Sul (UCS) seria responsável, so-
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O Caxiense
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Trecho de 65 quilômetros que liga Bento Gonçalves a Caxias, chegando até a Estação Férrea, no bairro Rio Branco, deverá passar por adaptações técnicas
zinha, pelo deslocamento diário de 6 a de Caxias do Sul, onde a maior parmil estudantes provenientes de Bento te dos 15,3 quilômetros está ocupada Gonçalves – e essa espor moradias e estabetimativa não leva em lecimentos comerciais. conta a quantidade de O estudo de Também faltam trilhos gente que percorre o viabilidade do e dormentes. Mas isso mesmo itinerário de não deve fazer tanta trem custará carro. Todos eles podediferença na reimplanrão passar a utilizar o R$ 400 mil e tação do trem regional transporte ferroviário. deverá ficar porque os veículos se“O trem é vantajoso pronto em riam diferentes dos anpara quem percorre estigos, o que impediria julho, quando sas distâncias. É seguro um reaproveitamento (o número de aciden- será discutido dessas estruturas. tes é bem menor), po- com a população O estudo dirá qual o lui menos, é pontual e melhor tipo de vagão tem uma credibilidade para operar nesse tramuito maior. Sem contar o conforto”, jeto e as adequações necessárias para enumera Philippi. viabilizar um transporte ferroviário A expectativa positiva do engenhei- moderno. Afinal, os tempos mudaram, ro se baseia nas experiências bem- e o peso, a capacidade e o tamanho dos sucedidas na Europa, onde esse meio veículos também. Sem contar as necesde transporte é muito usado, inclusive sidades das cidades, que hoje, quase pela classe média. Na apresentação 40 anos depois da última viagem de oficial do estudo, no último dia 5, um passageiros, em 1977, já são bem difevídeo produzido especialmente para a rentes. solenidade indicava que as pretensões O diretor de infraestrutura da Câda região são semelhantes. Ele come- mara de Indústria, Comércio e Serçava com imagens de trens chegando viços de Caxias do Sul (CIC), Nelson em estações de Barcelona (Espanha), Sbabo, lembra que a Maria Fumaça anBordeaux e Nice (França). dava a 40 km/h e, por isso, contornava sem problemas as curvas da ferrovia O caminho até se concretizar no meio da Serra Gaúcha. “Os trens esse sonho à moda europeia é longo modernos andam a 120 km/h. Será e trabalhoso. Mas não é impossível. que eles conseguiriam fazer as mesmas Todo o itinerário compreendido pela curvas nessa velocidade?”, indaga-se. ferrovia na região continua pertencenAs prováveis modificações do trajeto do ao governo federal. Há uma faixa não devem ser as únicas. Sbabo lembra de 65 quilômetros por 30 metros de que grande parte do fluxo de pessoas largura cruzando as cinco cidades que da região para Caxias se concentra na não foi vendida nem destinada para UCS, e a estação atual fica no bairro outros fins, o que já é um bom começo. Rio Branco. “É preciso construir uma Claro que muito dessa quilometragem estação que vá até a universidade. E, se está degradado. Com exceção do tre- o aeroporto realmente for confirmado cho entre Garibaldi e Bento Gonçal- em Vila Oliva, o que eu acredito que ves, preservado porque é utilizado pela aconteça, o trem precisará ir até lá. Maria Fumaça com fins turísticos, há Ou seja, a cidade terá que se adaptar danos e invasões em quase todos os à nova realidade. Não dá para ser rooutros locais. A situação mais grave é mântico. Precisamos nos enquadrar
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O Caxiense
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nos novos tempos.” O transporte de carga não E se Sbabo diz, não há motivos para está previsto no estudo que será readuvidar de seu empenho. Ele é um dos lizado agora. Mas Sbabo lembra que grandes entusiastas e aglutinadores da paralelamente à pesquisa sobre a reacomunidade em busca de reivindica- tivação das viagens de passageiros está ções que beneficiem a região. Por mais acontecendo um movimento para criar de 30 anos comandou o movimento a Ferrosul, empresa a ser constituída pró-Rota do Sol e não descansou nem pelos governos de Rio Grande do Sul, depois que ela ficou pronta. “Agora es- Santa Catarina e Paraná, a fim de levar tamos brigando pelas melhorias que mercadorias até o porto de Rio Grande são necessárias.” por estrada de ferro. Essa ferrovia se Em seu escritório, na sede da Formo- ligaria à Ferronorte, linha em funciolo Materiais para Construção, há ade- namento que se estende de Belém do sivos defendendo o aeroporto de Vila Pará até Mato Grosso com o objetivo Oliva na mesa, nas pastas e na agenda de transportar cargas despachadas que ele utiliza. É que Sbabo tem certe- para o exterior por meio do porto de za de que esse é o melhor lugar para a Paranaguá (PR). Como não há ligação pista que levará produtos da região ao entre o Mato Grosso e o Paraná por país e ao mundo por via aérea. “É só ferrovia, hoje as cargas atravessam esse questão de tempo até a governadora trecho de caminhão. Mas se os planos Yeda Crusius confirmar Vila Oliva.” da Ferrosul derem certo, tudo será feiEm relação à estrada de ferro, a con- to sobre trilhos em um futuro muito vicção é a mesma. Sbabo tem certeza próximo. de que ela voltará a ser utilizada para Sbabo conta que já existe no Paraná transportar passageiros entre as cida- a Ferroeste, que corta o Estado. Para des. E vai além. Para o empresário, mais interligar-se com o Mato Grosso faltado que levar pessoas, a ferrovia poderá ria um pequeno trecho em São Paulo, novamente transportar cargas, o que questão que pode ser resolvida facilrepresentaria mais um grande avan- mente, com a ampliação de uma ferroço para o desenvolvimento regional. via em operação. “Com essa pequena “Até os anos 70 nós mudança em São Paulo trazíamos tudo para e a constituição da Fercá de trem. O cimenrosul, que já está bem to vinha de Canoas e “O trem adiantada, conseguiEsteio e a cal vinha de é seguro, remos unir o país todo Rio Pardo, em vagões polui menos, é em uma única grande que carregavam até pontual e tem ferrovia de carga.” 30 toneladas. Quando E o trem regional, o trem acabou, pre- credibilidade onde entraria nessa cisávamos de três ca- maior. Sem história? “A Ferrosul minhões para trazer contar o passaria por Santa Tea mesma quantidade. conforto”, reza (cidade vizinha de Como só tínhamos Bento Gonçalves). Nós um caminhão, ele fa- enumera Philippi poderíamos aproveitar zia três viagens para o trecho entre Caxias e carregar o mesmo que Bento durante a madruo trem trazia em uma só e muito mais gada, por exemplo, quando o fluxo de rapidamente. Será que alguém duvida passageiros seria menor ou inexistente, da vantagem?” para levar as cargas daqui até a estação
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Anderson Alcântara, Bom Sinal, Divulgação/O Caxiense
O primeiro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) fabricado no país, em funcionamento na cearense Cariri, tem muitas peças caxienses
de Santa Tereza, de onde partiriam em direção ao porto de Rio Grande. Assim beneficiaríamos os passageiros e também as empresas”, explica Sbabo. Essa, claro, não seria a única maneira de a indústria local se beneficiar. Ao primeiro sinal de reativação das ferrovias no Brasil, as fábricas daqui já se movimentaram para produzir componentes para os trens. O primeiro Veículo Leve sobre Trilhos (VLT) feito no país tem diversas peças caxienses: pega-mãos, sistema de refrigeração e controle dos painéis de fiação, engates de terminais, sistemas elétricos e revestimentos internos. É usado pela empresa Bom Sinal na linha férrea de Cariri (CE). Companhias como a Lavrale, com tradição em maquinários agrícolas, também já estão se inserindo neste novo mercado. A Lavrale é uma das fornecedoras de plaquetas para sistemas de freios de trens. A Techbus, especializada em ônibus, faz janelas e portas para trens. A Randon S.A. fa-
brica vagões inteiros para cargas desde pertence ao grupo dos otimistas, que 2004 – no ano passado, foram produzi- acreditam que esse quadro vai mudar. Ele lembra que hoje há uma ferrovia das 420 unidades. O gerente de marketing da Randon, ligando São Luís do Maranhão ao ToClaude Padilha, conta que desde 1996, cantins, com planos de chegar até São Paulo. “E esses planos quando foi iniciado são concretos. Há licium processo de pritações em andamento, vatização de ferrovias “(O caminhão) com participação da no país, o transporte fazia três viagens iniciativa privada.” de cargas por via férpara carregar Padilha ressalta que o rea cresce em média movimento de reativa6,5% ao ano, mais do o o que o trem ção do trem que ocorre Produto Interno Bruto trazia em uma. agora é diferente dos (PIB) nacional. “Esse Será que alguém anteriores. “O que se crescimento só não é duvida da via antes era muita maior porque a malha vontade e pouca ação. ferroviária brasileira, vantagem?”, Hoje continua existinem vez de aumentar, questiona Sbabo do aquela mesma vondiminuiu no último tade, porém acompaséculo.” Padilha diz que 25% das cargas no país são transporta- nhada de ações”, compara. O transporte ferroviário praticamendas por ferrovias, índice que em países de dimensões territoriais semelhantes te desapareceu no Brasil ao longo do às do Brasil, como China, Rússia e Es- século XX. O incentivo ao transporte rodoviário fez com que por muitos tados Unidos, chega a 40%. O executivo da Randon também anos as estradas fossem priorizadas,
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assim como a indústria automobilística nacional, deixando as ferrovias de fora dos planos de progresso, o que fez com que elas fossem se deteriorando até praticamente acabar. O país chegou a ter 40 mil quilômetros de linhas férreas em funcionamento. Hoje, segundo Nelson Sbabo, não passam de 10 mil quilômetros, sendo que em apenas metade desse total transita mais de um trem por dia. Não é a primeira vez que se fala em reativação do trem na Serra. A primeira mobilização pela retomada ainda na década de 80, apenas alguns anos após o abandono da ferrovia, mas não avançou. No final dos anos 90, a reinvidicação voltou à pauta das autoridades. O Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) colocou à disposição de Caxias uma verba para a realização de estudos sobre o transporte ferroviário regional. A proposta foi aceita, e uma pesquisa iniciada em 1998 e concluída em 2000
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Guilherme Poletti, Randon, Divulgação/O Caxiense
indicou, pela primeira vez, que havia desta vez será diferente. “Agora, não certeza, sai do papel”, afirma. viabilidade econômica e social para existe mais uma vontade que é apenas Se depender do envolvimento da pocolocar o trem novamente em funcio- de um município. Há um programa do pulação, a previsão de Thimoteo irá se namento. governo federal que contempla as fer- concretizar. Há muito tempo não havia O secretário municirovias e isso fará toda a uma reivindicação que unisse tanto pal de Trânsito da épodiferença.” a comunidade. Um exemplo recente ca, Edson Marchioro, “Não existe O coordenador exe- mostra como é difícil conciliar intereslembra que o resultado mais vontade cutivo do projeto de ses. Na reivindicação do novo aeroporfoi bastante positivo reativação do trem to regional, Caxias do Sul defende uma para Caxias e cidades apenas de um regional entre Caxias área (no distrito de Vila Oliva) e Bento vizinhas por onde pas- município. Há e Bento, Paulo Thi- Gonçalves, outra (em Mato Perso, Flosava a ferrovia. Mas, um programa do moteo, que é também res da Cunha, lugar mais próximo de segundo ele, não havia governo federal consultor especial do Bento). um plano nacional que Trensurb, afirma que Com o trem é diferente. Ele vai atencontemplasse a reati- que contempla esse programa do go- der cinco cidades. Isso tem promovido vação das vias férre- as ferrovias”, verno federal prevê in- uma união poucas vezes vista. No lanas e, como os trechos diz Marchioro centivos, inclusive com çamento da pesquisa sobre a viabilidapertencem ao governo financiamentos, para de do projeto, o prefeito de Bento, Rofederal, não havia nada reativar trens regionais berto Lunelli (PT), e o de Caxias, José que o município pudesse fazer. “Nós tí- nos lugares onde for confirmada a sua Ivo Sartori (PMDB), fizeram discursos nhamos interesse e sabíamos que havia viabilidade. Ele lembra que é o próprio afinados sobre a dimensão regional viabilidade. Mas não tínhamos como governo federal quem encomendou dos benefícios da reativação do trem. fazer, porque não dependia apenas da esse estudo que está sendo feito agora, Além disso, não são apenas as preprefeitura.” o que demonstra a seriedade com que feituras que estão empenhadas nesse Além de viável, aquele estudo apon- o assunto está sendo tratado no país. objetivo. A Aglomeração Urbana do tou o trecho Caxias – Bento Gonçalves “Essa reativação não é mais apenas um Nordeste (Aune), a Metroplan, a Unicomo prioritário para um programa de desejo de uma região. Ele é parte de versidade de Caxias do Sul (UCS), os reativação dos trens para passageiros. um projeto nacional concreto, o que políticos da região dos mais diferenEle foi incluído em um grupo de nove torna esse movimento que acontece tes partidos – todos estão envolvidos. trechos selecionados em todo o país, agora diferente dos anteriores.” E, diferentemente do que aconteceu apenas dois no Rio Grande do Sul. Thimoteo está otimista também em nos outros momentos em que o trem Além da Serra, a outra região benefi- relação aos prazos de implantação do regional entrou em discussão, agora ciada seria a de Pelotas, em um trajeto trem na Serra. O relatório completo estão todos confiantes no sucesso da ligando essa cidade a Rio Grande. sobre a região deve estar concluído iniciativa. A prioridade foi confirmada pelo até julho deste ano, quando se planeO deputado federal Pepe Vargas BNDES em 2002, em um relatório da ja fazer audiências públicas nas cinco (PT) está animado com a mobilizainstituição, e foi um dos fatos que mo- cidades diretamente envolvidas para ção. Ele lembra que em 2000, quando tivaram a prefeitura a iniciar o projeto apresentação e discussão das propostas era prefeito e um outro estudo já hade recuperação da Estação Férrea. “Nós elaboradas a partir do estudo. Depois via apontado que o trem poderia ser firmamos um convênio com a Rede disso, ele acha que em reativado, o quadro era Ferroviária Federal, que nos autorizou pouco tempo o projeto outro, não apenas na a fazer intervenções na área da Estação escolhido já poderá ser “Essa reativação região, mas também no Férrea, na época completamente aban- colocado em prática. é parte de um país – o que, em se tradonada”, lembra Marchioro. “Essa é uma expectatando de uma ferrovia projeto nacional Investimentos privados fizeram tiva minha, que não federal, deixava tudo avançar a revitalização daquela região, tem nada de oficial, concreto, o que mais difícil. “Naquela que se transformou em um badalado mas acredito que após torna esse vez, havia um interesse espaço cultural da cidade, e a Secreta- a conclusão desse estu- movimento do BNDES em reativar ria de Cultura instalou-se no prédio da do, em dois anos, poos trens, mas era só o diferente dos Estação. Apenas os trilhos permanece- deremos ver esse trem BNDES. Agora existe anteriores”, ram sem utilização, já que o projeto de funcionando.” um programa federal reimplantação dos trens foi consideraThimoteo não tem afirma Thimoteo concreto. Há recursos do prioridade somente em documen- dúvidas de que o transpara reativar o trem e tos. porte ferroviário é viáfinanciamentos para as vel na região, muito menos de que as empresas interessadas em operar as liApesar do histórico de descon- cidades daqui têm força suficiente para nhas. Ou seja, é muito diferente. Acrefiança e de estudos que nunca foram colocá-lo em ação. “Se a população efe- dito que, desta vez, tem tudo para esse além da teoria, Marchioro acredita que tivamente se envolver, esse trem, com projeto sair do papel.”
A Randon, que fabricou 420 vagões para cargas no ano passado, aposta na expansão da malha ferroviária nacional
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Reminiscências | A última viagem
Chega de saudade
por RENATO HENRICHS
Aprendi os primeiros números vendo o trem passar. Quando criança, morava perto o suficiente para ouvir o apito da Maria Fumaça. Não havia como resistir: saía em debandada para ver o número da locomotiva e, depois, reproduzi-lo num caderno. Ainda não tinha chegado à adolescência quando a fumegante Maria Fumaça foi substituída por locomotivas a diesel, vermelhas, impassíveis, talvez o único sinal de modernização da Viação Férrea do Rio Grande do Sul, depois RFFSA. O trem era uma das poucas ligações com Porto Alegre, o principal meio de transporte, uma referência absoluta, que me acompanhou para o resto da vida, e também uma das primeiras lições de distinção social, com seus vagões de 1ª e 2ª classes – a 1ª com poltronas estofadas; a 2ª com bancos de madeira. No início da década de 70, era bonito ver o trem pela Avenida Rio Branco, interrompendo o trânsito por alguns minutos. A viagem demorava no mínimo cinco horas até a Capital, algo inadmíssível diante das duas horas de ônibus. A explicação era e é lógica: a ligação ferroviária permanecia praticamente a mesma de seis décadas antes. Nada de investimentos – o mesmo traçado da linha, os mesmos vagões e a mesma lentidão. Ao contrário de países como Estados Unidos e Rússia, o Brasil não soube pesar a economia do transporte ferroviário. Importava mais garantir a expansão da indústria automobilística. A opção pela rodovia foi sucateando as linhas férreas. De útil e charmoso, o trem de passageiros passou a obsoleto, deficitário e inadequado. Não demorou para ser descartado. Em 1977, veio a notícia: ele seria desativado. Ficariam apenas as composições de carga, também logo canceladas. Não havia por que manter algo tão anacrônico. E o que restou do trem era exatamente isso: um anacronismo. A decisão de participar da última viagem do trem veio em atendimento a uma nostalgia mal resolvida e a uma curiosidade jornalística irrefreável. De repente, velhas lembranças, antigos valores atropelados por um modelo de desenvolvimento equivocado seriam definitivamente sepultados. Alguém já escreveu que a nostalgia ferroviária é uma árvore frondosa. Ela impregna corações e mentes com uma força insuspeita. E foi com essa força que tomei um dos quatro vagões que seguiriam na tarde daquele sábado até Porto Alegre. Para minha decepção, apenas alguns amigos compartilharam a viagem de um símbolo do desenvolvimento de Caxias do Sul – e do seu passado. Mas pior foi outra constatação: a de que não tinha mais o menor sentido fazer o percurso naquele meio. Não havia nostalgia que resistisse aos bancos desconfortáveis, ao embalo entediante, às manobras bruscas nas estações, à demora para se chegar ao destino. A opção governamental tinha matado qualquer resquício de boas lembranças. De início, tudo era curtição. À medida em que a composição avançava, os cerca de 20 passageiros (para uma capacidade de 240 lugares) começavam a se dar conta de que também eram anacrônicos. Guardavam suas histórias, observavam a paisagem, mas certamente tiveram essa senação. Eu, pelo menos, me vi ultrapassado, tentando registrar/guardar o fim de uma era. Não havia argumentos, motivação, memória ou lógica para justificar a permanência do trem – não do jeito em que ele se encontrava. Por culpa de quem, não interessava mais. A chegada à Capital, no início da noite, não teve maior significado. Foi apenas melancólica.
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Eleições Universitárias
HORA DE
DECIDIR Três candidatos disputam a reitoria da UCS. A votação começa nesta segunda-feira
Quem for escolhido para o cargo de reitor terá que administrar uma instituição com mais de 35 mil alunos e um orçamento anual de R$ 281 milhões
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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br uando Nilva Lúcia Rech Stédile ingressou na Universidade de Caxias do Sul (UCS) para cursar Enfermagem, Nestor Basso já tinha se formado em Administração de Empresas e Isidoro Zorzi já era professor do curso de Filosofia há mais de 10 anos. Na época, nenhum dos três poderia prever que enfrentaria o outro em uma eleição para concorrer à reitoria da maior instituição de ensino superior da região. Os caminhos deles, aliás, demoraram muito tempo para se cruzar. É que as épocas em que entraram na faculdade não é a única diferença entre eles. O trio que disputa o cargo de reitor para os próximos quatro anos é de áreas de interesse completamente distintas. E as experiências profissionais que eles tiveram, embora tenham se cruzado dentro da universidade, não possuem qualquer afinidade fora dela. Nilva se formou enfermeira com bacharelado e licenciatura, porque queria trabalhar com saúde, mas também como docente dessa área. “Minha mãe foi professora, e desde que eu comecei o curso de Enfermagem pensava em ser professora também”, conta. Por causa disso, por muito tempo, Nilva exerceu as duas atividades. Dinâmica, conseguia conciliar os horários de enfermeira em um hospital com os da docência na universidade logo após formada. Mas ela precisou fazer escolhas ao longo da carreira.
Ao passar em um concurso para exercer uma atividade na área de saúde pública, abriu mão do hospital. E mais tarde, ao cursar um mestrado na área da Educação, precisou novamente decidir. Dessa vez, optou definitivamente pela vida acadêmica, à qual se dedica exclusivamente desde 1996. Aos 48 anos, Nilva é a mais jovem dos três candidatos a reitor da UCS. Mas também tem experiência universitária. É professora desde 1986, portanto, há mais de 20 anos, e ocupou seu primeiro cargo de gestão em 1988. Na administração atual, chegou a ocupar o cargo de pró-reitora de Graduação, do qual acabou saindo de maneira tumultuada e barulhenta. Ao lado de Alexandre Viecelli e João Ignacio Pires Lucas, pediu demissão da função alegando descontentamento com as políticas da universidade. E fez isso um pouco antes das pró-reitorias dela, de Viecelli e de João Ignacio serem extintas, o que fez com que os três fossem acusados de ter abandonado o cargo antes que fossem dispensados. Nilva foi a primeira a apresentar o nome para concorrer à reitoria, antes mesmo de a universidade fixar as regras para esta eleição. No primeiro debate, realizado no UCS Teatro e transmitido ao vivo pela UCS TV, bateu de frente com o reitor Isidoro Zorzi, a quem acusou de reativo e centralizador. “Eu sou a candidata da oposição.” Nilva concorre ao cargo com apoio do movimento UCS: em defesa do futuro, criado por ela e pelos colegas João
Ignacio e Viecelli. Eles defendem um tão. Ocupou cargos nessa área em três perfil de liderança para a função de momentos distintos da universidade. reitor da UCS e têm a concordância O primeiro foi quando Abrelino Vade professores que hoje detêm cargos zatta era reitor, nos anos 70. Na época na administração da universidade, de Ruy Pauletti, assumiu a função de como Rejane Rech e o diretor do Cen- diretor administrativo e diretor geral tro de Ciências da Saúde, Paulo Gedoz do Hospital Geral (HG), entre 1998 e de Carvalho. “A universidade precisa 2002. E, mais recentemente, durante planejar o futuro a longo prazo para a gestão de Luiz Antônio Rizzon, foi se adaptar mais rapidamente às novas pró-reitor administrativo. Ao ser quesexigências do mercado, e não simples- tionado sobre com qual desses reitores mente esperar as coisas ele se identifica mais, acontecerem para reaBasso se desvia. “Isso gir”, afirma a candida- “A universidade não vem ao caso”. ta. Ele sustenta que precisa planejar Nilva não é a única sua participação neste a se opor à administra- o futuro a longo processo eleitoral não ção de Zorzi, que nesse prazo para se tem relação com suas processo eleitoral en- adaptar mais identificações dentro frenta também o canda universidade, mas rapidamente às didato Nestor Basso. sim com sua experiAparentemente menos novas exigências ência administrativa. agitado do que Nilva, do mercado”, Além de professor e Basso se concentra nos defende Nilva pró-reitor da UCS, foi números e na experisecretário municipal da ência administrativa Fazenda, na adminisque possui, embora não poupe críticas tração Mario Vanin, e também diretor à personalidade do reitor atual. de empresas como as Lojas Colombo. Ele é formado em Administração “Eu proponho uma gestão profissional de Empresas e Direito. Mas sua área para a universidade, que use as melhode atuação sempre foi a administrati- res práticas de gestão do mercado.” va, inclusive dentro da universidade. Basso concorre à reitoria com apoio Quando começou a trabalhar na UCS do Centro de Ciências da Adminisfoi para assumir o cargo de pró-reitor tração e representa um grupo de proadministrativo. Somente seis meses fessores e funcionários descontentes depois disso é que ele foi para as salas com a gestão de Zorzi. Ele centra suas de aula. críticas principalmente no ambiente Ao longo da carreira acadêmica, de trabalho, que, segundo ele, é ruim. Basso se destacou em funções de ges- Ao afirmar isso no primeiro debate
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ser uma tarefa fácil para Zorzi nem almente as melhores, com base no que para qualquer um dos candidatos que todos os envolvidos com a universidavencer essa eleição. A UCS é a maior de – alunos, professores e funcionários instituição de ensino superior da re- – querem para ela. gião. Tem cerca de 32 mil alunos nos Basso fala em gestão profissional. seus cursos de graduação e de tecnó- Na opinião dele é preciso tratar a inslogo e cerca de 35 mil se a esses forem tituição como uma empresa, usando somados os estudantes de pós-gradua- ferramentas de gestão modernas e leção, da Universidade da Terceira Idade vando para o ambiente universitário e do Programa de Línguas Estrangeiras estratégias de administração de gran(PLE). Entre funcionários e professo- des corporações, como as que visam res, são mais 2,2 mil pessoas. É mais implantar um bom clima de trabalho gente do que a população da maioria na certeza de que isso fará com que as das cidades da região. pessoas produzam melhor. Se for falar em dinheiro, a estrutura E Zorzi sustenta que manterá a linha assusta ainda mais. O orçamento da atual de consultar o Conselho UniverUCS para 2010 é de R$ 224,9 milhões. sitário sempre que houver decisões Se nesse cálculo forem incluídas as es- importantes para serem tomadas e se colas técnicas de Caxias e Farroupilha focar no objetivo central da instituição: – o Cetec e a Etfar –, o Centro de Tele- a formação acadêmica e a participação comunicações, que engloba a rádio e a ativa da universidade na pesquisa e em TV universitárias, e o Hospital Geral, decisões importantes para os municíessa conta sobe para R$ 281 milhões. pios e a região onde ela está inserida. Sem contar na responsabilidade que Quem quiser votar para reitor não é administrar uma instituição que tem tem muito tempo para pensar e decium papel importante no desenvol- dir sobre quem é o melhor candidato vimento da região. Mais do que dar para o cargo. A eleição começa nesta aulas de cursos superiores, a universi- segunda-feira, 15 de novembro, e vai dade forma profissionais que cuidarão até o meio-dia do próximo sábado, dia do futuro dessas cidades e desenvolve 20. Podem votar os alunos dos cursos pesquisas que podem de graduação, pós grabeneficiar seu cresciduação, tecnólogo, da mento e colocar os mu- Zorzi afirma que Universidade da Ternicípios da Serra em continuará o ceira Idade e do PLE, posição de destaque no além de professores trabalho atual, país. e funcionários dessas Os três candidatos com foco na áreas. à reitoria da UCS têm formação Essa votação não será objetivos comuns em acadêmica, no necesariamente decisirelação à universidava. A relação dos votos mercado e nas de. Ambos sustende cada um dos canditam a importância de necessidades datos será encaminhaposicioná-la bem no da região da ao Conselho Diretor mercado e investir nas da Fundação Universipesquisas. O que muda dade de Caxias do Sul, entre os três é a maneira como cada que até o final do mês deve anunciar um deles planeja atingir esse objetivo. qual dos três será o novo reitor. Essa é Nilva pretende fazer isso criando um a segunda vez que a comunidade acaambiente de discussão saudável dentro dêmica é consultada. A primeira foi na da universidade. Ela entende que é ne- última escolha. Zorzi, que concorreu cessário ampliar os fóruns de debates com outros três candidatos, foi o mais para que as decisões tomadas sejam re- votado e acabou confirmado no cargo. Maicon Damasceno/O Caxiense
realizado entre os candidatos no UCS comunidade entre elogios e críticas. Teatro, arrancou aplausos da plateia “Toda a mudança traz desconforto, presente. principalmente quando ela fere inteO candidato tem 62 anos de idade e resses individuais. Mas esses interesses mais de 30 anos de experiência como individuais não podem se sobrepor aos professor e administrador. Por isso, ga- coletivos.” rante que conhece bem os dois lados. Zorzi extinguiu os programas sociais Sustenta que para ter que existiam dentro qualidade de ensino e da universidade, argupesquisa é necessário “Eu proponho mentando que quem ter um clima de traba- uma gestão deve fazer ação social é lho agradável, o que só poder público, e conprofissional para ocentrou se consegue em emprea filantropia sas – e universidades – a universidade, em bolsas estudantis, já bem administradas. Na que use as que o foco principal de avaliação dele, unir os melhores práticas uma universidade deve talentos a uma gestão ser a formação acadêde gestão do profissional é o camimica de seus alunos. nho para elevar o nível mercado”, O reitor atual extinde produção acadêmica diz Basso guiu cargos com o obda UCS. “Não podemos jetivo de horizontalizar ter mais uma gestão as decisões sobre os carrancuda, como a que temos hoje.” rumos da universidade e de seus proO reitor atual e candidato à reeleição, gramas, embora tenha sido acusado, Isidoro Zorzi, não aceitou muito bem muitas vezes, de fazer isso por querer essa crítica. “Cada um tem a cara que centralizar o poder. “Todas as decisões Deus lhe deu”, argumenta, justificando importantes que eu tomei passaram que sua seriedade pode estar trans- pelo Conselho Universitário, e quase mitindo uma impressão equivocada a todas elas foram aprovadas por unanirespeito de sua administração na reito- midade”, afirma. ria da UCS. “O que o reitor precisa ter Ele também iniciou um processo de é competência para exercer o cargo”, mudança nos currículos dos cursos, complementa. numa tentativa de deixá-los mais comZorzi tem 67 anos de idade e é pro- petitivos em um mercado no qual surfessor da UCS desde que ela foi cons- gem, a todo o momento, instituições tituída como universidade, em 1967, de ensino superior prometendo forou seja, há 43 anos. Com formação em mação rápida e moderna. E implantou Filosofia e Sociologia, sempre atuou uma série de cursos novos, como Decomo professor ou gestor nessas áreas sign Gráfico, Tecnologias Digitais, Ende conhecimento. genharia Civil e Música, entre muitos Zorzi tem uma vida inteira dedica- outros. “O objetivo foi criar cursos que da à universidade e ocupa cargos de inserissem a universidade no contexto gestão nela desde os anos 70, quando da região e na demanda da sociedade.” assumiu o Departamento de Filosofia, Pelo seu comportamento nos dePsicologia e Sociologia, uma época em bates, Zorzi aparenta ser o candidato que o curso de Administração cursado mais tranquilo dos três – talvez pela por Basso não existia e em que Nilva experiência ou por um traço próprio ainda estava na escola. de sua personalidade. E, apesar das Mas sua primeira experiência como críticas que recebe, naturais pela posireitor ocorreu somente nesta gestão, ção que ocupa, sustenta apenas que irá marcada por uma série de polêmicas continuar o trabalho que já iniciou. e mudanças radicais que dividiram a Comandar a universidade não deve
Nilva é enfermeira e professora universitária desde 1986; Zorzi entrou na UCS em 1967; e Basso dá aulas e trabalha como administrador há mais de 30 anos
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Cultura gaúcha
OS PAVILHÕES VIRAM pampas
Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense
Uma festa desse porte atrai
Fecars são divididas em dois grupos: com cartas, mais especificamente um as campeiras e os jogos. O diretor do baralho espanhol: truco cego, truco de departamento campeiro, José Delmar amostras e solo. As outras três são a Pinheiro, é o responsável por coorde- bocha campeira, a tava (jogo do osso) e nar todas as provas de laço que envol- a tetarfe, um jogo quatro-em-um: tejo vem o melhor amigo (arremeço de disco de do peão: o cavalo. Elas madeira), tava, argolas são divididas em várias “A Fecars é e ferraduras. categorias, nas quais Martins é tradicioa Copa do o peão demonstra sua nalista de origem, carhabilidade de cavalgar, Mundo do rega a bagagem cullaçar e domar animais campeirismo. tural desde o berço. xucros. “Esta edição Reúne as Natural de Alegrete, será muito competitiva. viveu o dia a dia da lida 30 regiões O pessoal está se apricampeira. O diretor morando, e apenas os tradicionalistas de esportes conta que melhores do Rio Gran- do Rio Grande”, nos primeiros anos de de do Sul vão compe- diz Tisott estudo, ainda guri, antir”, conta José Delmar. dava nove quilômetros Conforme ele, o peão a cavalo todos os dias urbano tem avançado muito em nível para ir de casa até a escola. Estes jogos técnico – e também em quantidade. simples, como o do osso ou da ferradu“São pessoas que têm outras atividades ra, representam muito para ele. Agora e gostam da lida campeira como lazer. vivendo em Canoas, com o luxo que Aprendem a laçar e logo começam a a cidade pode oferecer, relembra com Maicon Damasceno/O Caxiense
idade industrial fundada por imigrantes italianos, Caxias do Sul sedia, este ano, o maior evento da cultura gaúcha. A Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars) começa quarta-feira (18) e se estende até domingo. Centenas de gaúchos e prendas se deslocarão de todos os rincões do Estado até os Pavilhões da Festa da Uva. O vice-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT) conta que esta será a primeira edição realizada na Serra. “O Fecars foi cedido gentilmente pela cidade de Santo Augusto para Caxias, pois ela comemora os 100 anos do trem, 125 anos de emancipação política e 135 de imigração italiana. Santo Augusto tem um contrato com o Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG) para sediar o evento pelos próximos três anos”, explica. A cancha de carreira, cuja co-
quiser assistir às disputas nos quatro dias. Rubens conta que a Fecars é cria do MTG, fundado em 1947. “A Fecars é a Copa do Mundo do campeirismo. É o maior evento no Estado. Ele reúne as 30 regiões tradicionalistas do Rio Grande do Sul, que devem levar de 100 a 150 pessoas cada”, relata o presidente. Uma seletiva foi realizada em todas as regiões do Estado e classificou os melhores competidores de cada categoria para representar a sua região na Festa Campeira. Caxias do Sul é considerada a capital mundial dos Centros de Tradições Gaúchas (CTGs). A cidade tem 83 centros filiados, e cerca de 70% deles têm atividades de laço. O presidente da Fecars calcula que Caxias tenha mais de 3 mil laçadores. Assim, nada mais justo que o maior evento tradicionalista seja em solo caxiense.
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por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br
Maior evento do tradicionalismo amarra o cavalo em Caxias do Sul a partir de quarta-feira, dia 18
A cancha coberta, que recebeu milhares de pessoas durante a Festa da Uva, agora será usada para seu fim legítimo: as provas campeiras, antes realizadas a céu aberto
bertura foi antecipada para reeber as milhares de pessoas que assistiram aos shows da Festa da Uva, finalmente estreará em um evento campeiro. “Esta é a única cancha coberta do Estado. Será o seu primeiro grande teste. Ninguém gosta de laçar na chuva. Um pouco de comodidade é sempre bom”, diz Alceu. O vice-preito salienta que um evento deste porte movimenta a economia e cria várias opções de empregos temporários. “No final de semana teremos um público comparável ao da Festa da Uva”, acredita Alceu, que também ajuda na coordenação geral do evento. E as previsões podem ser confirmadas só pela quantidade de concorrentes entre as diversas modalidades de jogos e atividades campeiras. O presidente da Fecars, Rubens Antonio Tissot, estima que mais de 4 mil competidores estejam presentes. Isso desconsiderando todas as demais pessoas que acompanharão as provas, os entusiastas do tradicionalismo e os curiosos que visitarão a festa. Vale lembrar que não haverá cobrança de ingressos para quem
o interesse de muitos municípios, dá visibilidade para a cidade-sede. Senadores, deputados e a governadora Yeda Crusius são esperados, além de vários prefeitos e vice-prefeitos, que disputarão uma prova de laço. Ainda que nos próximos três anos o Fecars volte a ser em Santo Augusto, a edição de 2010 selará a força de Caxias no circuito tradicionalista do Estado. O vice-prefeito ressalta o investimento feito para isso, que resultou em uma infraestrutra de primeiro nível. “Nenhuma outra cidade vai conseguir concorrer com Caxias.” Alceu, tido como um grande laçador, vai competir com os demais prefeitos e vices inscritos na prova de laço. “Virão em torno de 20 concorrentes. Eu sou o atual campeão”, orgulha-se. Sua taça está guardada em local de destaque em casa. “Nas quatro vezes que competi, fiquei com dois vices e um 1º lugar. Agora, disputando em Caxias, a cobrança será dobrada.” As competições realizadas na
competir. Esse grupo tem aumentado muito e quase se compara, em número, ao dos peões de origem.” Na função de diretor, José Delmar vistoriou diversas vezes o local das competições. “As medidas que tinham de ser tomadas, eu já realizei. Nos últimos dois meses fui oito vezes a Caxias para vistoriar as canchas”, conta. Normalmente, o evento é realizado em locais abertos. Esta será a primeira vez em um lugar fechado. “A cancha coberta será uma questão atípica. Santo Augusto tem o maior parque com mata virgem. Mas, em termos de instalações, Caxias do Sul se diferencia. É o único lugar com estrutura fechada. Apesar disso, muitas peões de algumas regiões vão ficar acampados. O gaúcho é muito apegado aos cavalos, e muitos querem dormir junto com eles.” Também serão disputados jogos tradicionais do Rio Grande do Sul praticamente desconhecidos para a maioria da população. Martins Guterres, diretor de esportes, conta que serão seis modalidades. Destas, três são jogadas
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saudosismo a infância. Martins destaca que esses jogos atraem a atenção de gente que nem faz ideia da serventia de uma ferradura para um cavalo. “O departamento cultural dos CTGs tem grande responsabilidade por não deixar com que os jogos se acabem para as gerações futuras. Eu, como diretor de esportes, viajo o Estado para mostrar como se praticam.” Ele conta que o truco cego ainda é o jogo mais popular, mas o mais badalado atualmente é a bocha campeira. Assim como olhar para as estrelas é ter um retrato do passado, os habitantes de Caxias terão a oportunidade de ver lampejos da história do Rio Grande nestes quatro dias. Quarta-feira a cidade receberá peões e prendas que continuam cultuando tradições repassadas de pai para filho. E isso é exatamente o que faz o presidente da Fecars, Rubens Antonio Tisott. “Nossa função é deixar uma herança para o jovens. Como recebi dos meus pais, estou passando para os meus filhos. Assim, a cultura não está se perdendo.”
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Guia de Cultura
Cinema | Nine
O jeito italiano de amar – e filmar por PAULA SPERB Guido é um diretor de cinema atormentado por uma crise de criatividade no auge do cinema italiano dos anos 60. Sim, poderíamos estar falando de Guido Anselmi, o personagem de Marcelo Mastroianni no filme metalinguístico 8 ½ (1963), do diretor Federico Fellini. Mas este Guido, que também é perseguido por mulheres deslumbrantes, é Guido Contini (Daniel Day-Lewis), que passa pelo mesmo conflito no musical Nine. Nove, o título do filme, é o próximo filme, que está sempre muito próximo de ser filmado. Tem atriz principal, a diva inspiradora Claudia (Nicole Kidman), a figurinista Lilli (Judi Dench), as sugestões da mulher e também atriz Luisa Contini (Marion Cotillard). O filme tem tudo, até coletiva de imprensa com a jornalista da Vogue Stephanie (Kate Hudson) e um nome grandioso, “Itália”, mas não pode ser filmado, pois não tem algo essencial: o roteiro. Nine é dirigido por Rob Marshall, do musical Chicago, ganhador de 6 Oscars, incluindo o de melhor filme. Marshall repete, mais uma vez com sucesso, a transposição de um musical da Broadway para as telas. Em Chicago, a cidade é cantada nos anos 20, revelando a corrupção, o sensacionalismo da imprensa e a decadência das celebridades locais. Em Nine, originalmente um musical lançado em 1982 no teatro, a cidade é a Roma dos anos 60, com vespas dirigidas por morenos de sapatos de bico fino e italianas glamourosas na garupa. Ícone do cinema italiano, a ainda voluptuosa Sophia Loren, nascida em Roma, interpreta a mãe de Guido e simboliza o imaginário popular criado pela sétima arte sobre a Itália. O musical é uma constante energia sensual feminina que explode com a performance musical das atrizes. A música se funde aos diálogos suavemente, assim como o colorido se transforma em preto e branco em certas cenas. A amante Carla (Penélope Cruz) seduz Guido permanentemente ao se reinventar, aparecer e desaparecer. O destaque, entretanto, é de Stacy Fergsun, a cantora Fergie, que interpreta a prostituta Saraghina. Eis a cena que surpreende e já vale o ingresso: Fergie canta Be italian, acompanhada de dezenas de bailarinas que dançam com cadeiras e pandeiros tocados na cadência da música. A letra fala do jeito italiano de amar. Figurinos e luzes vermelhas inspiram a paixão que corre no sangue do italiano. E a areia é incorporada à coreografia – outro toque genial de Rob Marshall, que conseguiu imortalizar mais um musical. l Nine | Musical. De sábado a quinta, 14h20 | Iguatemi Enquanto enfrenta crise de meia-idade, cineasta tenta harmonizar sua vida profissional e pessoal, às voltas com esposa, amante, musa, amiga, jornalista, prostituta e sua mãe. Dirigido por Rob Marshall. Com Daniel Day-Lewis, Penelope Cruz e Nicole Kidman. 14 anos, 119 min., leg..
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O Caxiense
13 a 19 de março de 2010
O atormentado diretor Guido Contini (Daniel Day-Lewis) busca conforto na figurinista Lili (Judi Dench) em Nine
CINEMA
l A culpa é do Fidel | Drama. Quinta (18), 20h. Entrada franca | Sesc Menina de nove anos tem nova compreensão do mundo depois da morte do tio comunista, que abala sua vida familiar. Dirigido por Julie Gravas. Com Nina Kervel-Bey. 14 anos, 99 min., leg.. l Austrália | Drama. Quinta (18), 15h. Entrada franca | Ordovás Arrogante aristocrata inglesa precisa unir-se a vaqueiro para não perder fazenda na Austrália. Dirigido por Baz Luhrman. Com Hugh Jackman e Nicole Kidman. 14 anos, 165 min., leg.. Matinê às 3. l Canção de Baal | Drama. Sábado, 20h. Entrada franca | Ordovás Poeta e cantor recebe convite para jantar em sua homenagem, no qual é sarcástico com os demais convidados. Direção de Helena Ignez. Com Carlos Carega e Beth Goulart. 77 min.. 6º Festival de Verão do RS de Cinema Internacional. l Ilha do medo | Suspense. De sábado a quinta, 13h30, 16h10, 19h e 21h40 | Iguatemi Dupla de agentes federais investiga desaparecimento de assassina, fugitiva de hospital que abriga maníacos criminosos. Dirigido por Martin Scorsese. Com Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo. 14 anos, 138 min., leg.. l Lembranças | Romance. De sábado a quinta, 14h30, 16h30, 19h10 e 21h20 | Iguatemi Casal de jovens têm relação ameaçada enquanto tenta lidar com tragédias
na família. Dirigido por Allen Coulter. Com Robert Pattinson e Emilie de Ravin. 12 anos, 95 min., leg.. l Netto e o domador de cavalos | Drama. Quarta (17), 20h. Entrada franca | Ordovás Filme reconta lenda do Negrinho do Pastoreio. Dirigido por Tabajara Ruas. Com Werner Schunemann e Tarcísio Filho. 95 min.. 6º Festival de Verão do RS de Cinema Internacional. l Os dispensáveis | Drama. Terça (16), 20h. Entrada franca | Ordovás Criança de 11 anos começa a desenvolver traços de personalidade semelhantes aos que detestava no pai, que se suicidou. Direção de Andreas Arnstedt. Com Andrè Hennicke e Steffi Kühnert. 100 min., leg.. 6º Festival de Verão do RS de Cinema Internacional. l Ping pong | Drama. Domingo, 20h. Entrada franca | Ordovás Garoto de 16 anos, cujo pai cometeu suicídio, aparece sem avisar na casa do tio e causa conflitos familiares. Direção de Matthias Luthard. Com Sebastian Urzendowsky. 86 min., leg.. 6º Festival de Verão do RS de Cinema Internacional. l Um amigo meu | Drama. Quinta (18), 20h. Entrada franca | Ordovás Jovem que leva a vida de forma indiferente se vê diante de homem com temperamento oposto. Direção de Sebastian Schipper. Com Daniel Brühl e Jürgen Vogel. 81 min., leg.. 6º Festival de Verão do RS de Cinema Internacional. AINDA EM CARTAZ - Alvin e os Esquilos 2. Comédia. De sábado a quinta, 14h e 16h. Iguatemi. De sábado a quinta, 17h30. UCS | Avatar.
Ficção científica. De sábado a quinta, 18h (dub.) e 21h10 (leg.). Iguatemi. De sábado a quinta, 20h (dub.). UCS | Idas e vindas do amor. Comédia Romântica. De sábado a quinta, 14h10, 16h40, 19h30 e 22h. Iguatemi | O amor acontece. Comédia Romântica. De sábado a quinta, 21h30. Iguatemi | Percy Jackson: o ladrão de raios. Aventura. De sábado a quinta, 13h50, 16h20 e 18h50. Iguatemi | Simplesmente complicado. Comédia romântica. De sábado a quinta, 16h50, 19h20 e 21h50. Iguatemi | Xuxa e o Mistério da Feiurinha. Infantil. De sábado à quinta, 16h. UCS. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | Ordovás: Nesta semana, todas exibições com entrada franca. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2.462, Pio X | 3221-5233
TEATRO l Mamãe, como eu nasci? | Sexta (19), 8h30, 14h e 15h30 | Espetáculo da ACB Teatral, do Rio de Janeiro, abre a Semana do Teatro. Na oportunidade, serão lançadas as
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atividades preparatórias da 14ª Mostra de Teatro Estudantil. Agendamento de escolas na Unidade de Teatro, pelo fone 3901-1316. Casa da Cultura Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697
SARAU l Litteris Te Deum | Sábado, 19h | Grupo promove sarau poético. Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316
EXPOSIÇÃO l Simbiose | De segunda a sexta, das 8h30 às 18h e sábados das 10h às 16h | Há pouco em comum entre os processos de criação da xilogravura e da gravura em metal. Na exposição Simbiose, Arlete Santarosa e Lana Lanna assumiram o desafio de promover um encontro entre as duas modalidades. Cada painel foi criado como um quebra-cabeças. Lana recebeu as xilos de Arlete e deu sequência ao desenho, em metal. Arlete fez o mesmo com as peças de Lana. O jogo teve apenas uma regra: manter a individualidade de cada artista. Em vez de debates inflamados sobre diferenças, as artes de Arlete e de Lana conversam sobre semelhanças. Descobriram que além de utilizar matrizes, ambas têm predileção pela monocromia, são incompreendidas e sofrem de solidão. De tantas semelhanças encontradas e mágoas compartilhadas, metal e madeira se abraçam em 13 painéis. Os opostos se atraem e se confundem. Mais do que um encontro ou um diálogo, Simbiose é um casamento perfeito. Galeria Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697 AINDA EM EXPOSIÇÃO - Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva. De segunda a sexta, das 9h às 17h. Museu Municipal. 32212423 | Decididas. De segunda a sexta, das 8h às 20h. Sesc. 3221-5233 | Mulheres nos trilhos da história de Caxias do Sul. De segunda a sexta, das 9h às 21h; sábado e domingo, das 15h às 21h. Ordovás. 3901-1316.
LITERATURA
l Livro Livre | Sábado e domingo, das 15h30 às 20h30 | O programa troca livros por outros do mesmo gênero, gratuitamente e sem necessidade de devolução. Edição especial em homenagem ao Dia Nacional da Poesia, no domingo. Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 l Donaldo Schüler | Sextas e sábados, a partir do dia 26 | Escritor gaúcho oferece três cursos, de março a junho, com aulas mensais. Os temas são Finnegans Wake de James Joyce, Eros nas artes e na literatura
e Poesia – poetas modernos. Inscrições na livraria Do Arco da Velha, fone 3028-1744. Os cursos iniciam em 26 de março. Hotel Bergson R$ 250 cada curso, em até 3 parcelas | Os 18 do Forte, 1.818, Centro | 32141122
Exposição de carros antigos e shows com as bandas de rock Infiltrados, Blues de Bolso, AC/DC Cover RS, Ligante Anfetamínico e Vagabundos Iluminados. Classic Motors Co. Entrada franca | Bento Gonçalves, 2.931, esq. La Salle, São Pelegrino | 3226-1431
DANÇA
l Neguinho da Beija-Flor | Samba. Domingo, 19h |
l Aulas abertas | De segunda (15) a quinta (18), das 15h às 17h, e sexta (19), das 11h às 13h | Aulas direcionadas a bailarinos, com 15 vagas disponíveis, ministradas por Daggi Dornelles, Andrea Spolaor e Adriana Menegat. Inscrições por telefone ou e-mail: ciadedanca@caxias. rs.gov.br. Cia. Municipal de Dança – Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 – ramal 203 l Som Brasil | Sábado, 22h | Antes da banda Marmanduke animar a festa, haverá uma pocket aula de dança com o professor Giovani Monteiro. Clube Ballroom R$ 15 (feminino), R$ 20 (masculino) e R$ 30 (casal) | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159
TRADICIONALISMO 22ª FESTA CAMPEIRA DO RIO GRANDE DO SUL (FECARS) Quinta (18): Recepção e credenciamento. 9h | Recepção da Chama Crioula. 17h | Taça Executivos Municipais. 18h | Reunião Diretoria Campeira e Regiões Tradicionalistas. 19h | Cristiano Quevedo. Nativista. 21h | Joca Martins. Nativista. 22h30. Sexta (19): Abertura. 8h | Provas campeiras. Provas de laço patrão, veterano, vaqueano, rapaz, guri, piá, capataz ou posteiro, pai e filho, prenda e peão; prova de rédeas piá, guri e peão; gineteada. 10h | Congresso Técnico de Esportes. 20h | Escolha da música-tema da Semana Farroupilha 2010. 21h | Pedro Ortaça. Nativista. 22h. Sábado (20): Provas campeiras. Provas de laço patrão, veterano, vaqueano, rapaz, guri, piá, capataz ou posteiro, pai e filho, prenda, diretor campeiro de RT, coordenador regional e peão; prova de pealo paleta, sobrelombo e bolcado; prova de cura de terneiro; prova de chasque; gineteada. 8h | Jogos Tradicionalistas. Truco cego; truco de amostra; jogo de solo; jogo da tava; bocha campeira. 8h | Seminário Estadual de Prendas e Peões. 9h | Laço vaca parada. 14h | Mano Lima. Nativista. 21h30. Domingo (21): Provas campeiras. Desempate das provas de laço; laço peão equipe, prova Braço de Diamante; prova Braço de Ouro; finais do laço de vaca parada. 8h | Seminário de Cultura Campeira. 9h | César Oliveira e Rogério Mello. 18h | Encerramento e entrega de troféus. 19h |
MÚSICA l V Classic Rock | Sábado, 14h |
O famoso puxador da escola de samba carioca Beija-Flor de Nilópolis vem para encerrar o Carnaval fora de época de Caxias do Sul, com toda empolgação e animação características da festividade. Com 32 anos de carreira, o sambista apresentará canções como O Campeão, Divina e seu mais recente trabalho, o samba Mulher, mulher, mulher. Espaço Multicultural – Pavilhões da Festa da Uva R$ 10 | Ludovico Cavinato, 1.431, N. Sra. da Saúde l Barlavento | Sexta (19), 20h | Quarteto de saxofone apresenta o espetáculo instrumental Pixurum. Serão executadas músicas de compositores brasileiros e argentinos, passando pelos estilos do frevo, choro, samba, milonga, chamamé e tango. A participação especial de um percussionista convidado completa a apresentação. Durante o show, os músicos falam da história do saxofone e sobre as vidas dos artistas interpretados. Sesc R$ 5 (comerciários), R$ 7 (empresários, estudantes e sênior) e R$ 10 (público em geral) | Moreira César, 2.462, Pio X | 3221-5233 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Acervo. Rock. 23h. La Barra. 30280406 | Alexandre Slide e Cabelo. Pop rock. 22h30. Absolut Bar. 9130-5331| Cristiano Ferreira. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar 3028-6149 | Fire. Música eletrônica. 23h. Studio54Mix. 9104-3160 | Edinho Magalhães. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Ki Karisma e Pura Curtição. Pagode. 22h30. Expresso Pub Café. 3025-4474 | Libertá. Música nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Magnitude. Pagode. 23h. Move Caxias. 32141805 ou 8407-4942 | Miss Take. Rock. 23h30. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Puta Madre. Rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Smack – A festa do beijo. Música eletrônica. 23h. Nox Versus. 3027.1351 | Sunny Music. Músicas do anos 70 e 80. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Toco & Buja. Música Popular Brasileira e pop rock. 22h30. Badulê American Pub. 34195269 | Ton e os Karas. Rock anos 80. 23h. Vagão Bar. 3223-0007. Domingo: Akele Jeito. Pagode. 20h. Europa Lounge Garden. 3536-2914 ou 84012029 | Atitude.Com. Samba. 16h. Expresso Pub Café. 3025-4474 | Pura Cadência. Pagode. 21h. Move Caxias. 3214-1805 ou 8407-4942. Sexta (19): Acústicos & Valvulados. Rock. 22h30. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Pública e Os Oitavos. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007.
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Cinema | Festival do Minuto
O encanto de um instante por CÍNTIA HECHER
O Festival do Minuto é conhecido mundialmente por abrigar produções audiovisuais que duram no máximo os 60 segundos que lhe dão o nome. Obras de diversas partes do mundo são reunidas e, até domingo, 50 delas estão em exibição no UCS Cinema. Esses filmes foram pré-selecionados pela coordenadoria do Festival e estão concorrendo ao prêmio de Melhor Minuto de 2009. Um júri composto por sete membros definirá o ganhador de R$ 1 mil. A decisão deve ser mais difícil do que aparenta. Com temáticas variadas e curto espaço de tempo, o que mais se percebe é ênfase na estética. A maioria dos filmes apresentados não possui diálogo. Tudo deve ser entendido nas entrelinhas das imagens. Outra preocupação é passar alguma ideia de crítica social ou algo do gênero. Em certos momentos há produções que beiram ao clichê e à presunção. Não que um minuto não seja suficiente para revolucionar o mundo, mas alguns talvez não tenham encontrado a medida certa. Mas há trabalhos que genuinamente encantam. Pela delicadeza com que foram construídos, pelos efeitos ou o que quer que seja. Encontram-se vários nesse amontoado de minutos. Um deles é o mexicano Volátil, onde uma menina se descobre pássaro ao ler um livro. Outro é Un inventário (26 días después), da Argentina. Mostra as lacunas deixadas por quem foi embora, como um espaço na estante entre os livros ou uma gaveta vazia. Mas 26 dias depois a escova de dentes continuava lá, mostrando-se ao desgostoso olhar de quem está só. Quem já dividiu espaço de escova de dentes entende o ar melancólico. Se o assunto é brincar com efeitos, os mais certeiros apostam na simplicidade. No russo Hands, duas mãos, uma branca e uma negra, se encontram e se unem. O alemão I can do it on my head mostra, em stop motion, como nosso dia pode ficar cheio. Literalmente. Mas também mostra como uma boa noite de sono significa dia novo, tudo novo. Literalmente. Mais um é A cigarette for two, em preto e branco, em que um casal toma o café da manhã. Quando ela fuma, ele que sopra a fumaça. Um tema constante é a desconstrução do tempo. Ou, mais especificamente, a reconstrução. Diversos curtas utilizam a mesma proposta: uma reversão do tempo, como a velhinha que passeia pela casa e vira criança no brasileiro Destempo. Lógica semelhante se vê em Retrocesso, que mostra de trás para frente, começando pelos créditos, um assassinato em massa em um colégio. Um destaque Festival do Minuto é a animação italiana Pa-NO-rama. Nela, um velhinho com cara de rabugento viaja de trem. Quando ele olha pela janela, chove lá fora. Quando ele dorme ou pesca a dentadura do chão, saindo de perto da janela, uma música celestial começa a tocar e a paisagem se torna colorida e ensolarada. É bem a ideia do minuto como medida-base de tempo: podemos perder os melhores momentos em um instante de desleixo.
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l Festival do Minuto | Sábado e domingo, às 15h | UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | 3218-2595 O Caxiense
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Artes artes@ocaxiense.com.br
Clara Mioranza Koppe Pereira
| Imagens urbanas | O paradoxo de estar só e conviver com os outros é um dos dilemas urbanos retratados pela artista plástica na xilogravura. Contato e solidão, necessidades puramente humanas, fazem emergir as paisagens em preto e branco.
CALENDA por JAYME PAVIANI Guardo as imagens dos postes e a chuva quando a noite e o relógio eram onze horas úmidas. À beira da estrada pinheiros em disparada como arcos de catedrais compondo a devoção. No dia seguinte o riacho vinha cheio de lendas varas, folhas e tábuas da lei da devastação.
A MALA AINDA NÃO ESTAVA CHEIA
I
por UILI BERGAMIN
a embora. Sobre a cama, quase tudo pronto. Dizia-se farta do relacionamento. Farta de paixões e de homens. Mas eu via, em seu olhar, no modo como ajeitava a roupa, que ainda havia espaço. Amá-la, ainda não estava cheia.
EDITAL DE CITAÇÃO - CÍVEL
4a Vara Cível – Comarca de Caxias do Sul Prazo de: 20 (VINTE) dias. Natureza: Ação Monitória Processo: 010 / 1.05.0014410 – 1. Autor: Aravel Ararangua Veículos Ltda. Réu: Alexandro Ceconi de Souza e outros. Objeto: CITAÇÃO de ALEXANDRO CECONI DE SOUZA, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), efetuar pagamento da soma em dinheiro, além das cominações legais, ou, querendo, no mesmo prazo oferecer embargos, sem prévia segurança do Juízo. Efetuando o réu o cumprimento do objeto da ação ficará isento de custas e honorários. Caso não opostos embargos constituir-se-ão em Título Executivo Judicial, convertendose o mandado em executivo, com prosseguimento na forma do processo de execução (entrega de coisa ou quantia certa contra devedor solvente), e, presumir-se-ão como verdadeiros os fatos articulados na inicial. Caxias do Sul, 13 de Janeiro de 2010. SERVIDOR: Claudiomiro Agustini da Silva. JUÍZA DE DIREITO: Keila Lisiane Kloeckner Catta-Preta.
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Festa popular
CONFETES
Ester, 73 anos, da escola de samba Reino do Sol e da Lua, costura desde os 20 e tem samba no pé até o dia amanhecer
DE MARÇO
A
por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br previsão do tempo parece ajudar. A princípio, o fim de semana será de temperatura agradável, céu parcialmente nublado, mas nada de chuva. Pelo menos não o suficiente para atrapalhar os desfiles do Carnaval de Caxias – na sexta-feira (12) e neste sábado – nem sua festa de encerramento, domingo, no Espaço Multicultural dos Pavilhões. Repleto de dificuldades, o Carnaval vai ganhar a rua, especificamente a extensão da Rua Sinimbu que vai da Andrade Neves à Visconde de Pelotas. Em outubro do ano passado a prefeitura anunciou o corte total de verbas para as 19 escolas de samba da cidade, acabando com o incentivo que era dado anualmente. O argumento foi de que boa parte do dinheiro público foi consumido em bebidas, cigarro e festas em vez de ser investido nas escolas. Muitas das notas fiscais recusadas pela administração municipal e seus respestivos valores tornaram-se, então, dívidas dos participantes de cada instituição carnavalesca. Quem aceitou quitá-las, na maioria com parcelas a perder de vista, ou desistiu do desfile deste ano, ou tirou dinheiro do bolso para bancar as atividades e gastos referentes à produção de sua escola de samba. Mesmo sem o repasse anual, o Mu-
nicípio ainda fornece infraestrutura (como as arquibancadas, aproveitadas dos desfiles da recém adormecida Festa da Uva) e sonorização. O total investido pela prefeitura, incluindo o pagamento da comissão julgadora e até lanches para servidores públicos que trabalharão na folia, é de R$ 176 mil. De acordo com o secretário de Cultura, Antonio Feldmann, a prefeitura sempre será apoiadora do Carnaval, como também é de outros eventos culturais. Para ele, a festa é um “evento popular legítimo” e, mesmo com a questão jurídica e política que a envolve atualmente, a manifestação cultural merece suporte. “O que se mostrou com a Festa da Uva se reflete no Carnaval, que é a cidade multicultural que temos. Sempre há público que prestigia. Respeitamos isso e procuramos promover e apoiar ações que enfoquem a diversidade cultural”, diz Feldman. A torcida é para que tudo ocorra dentro da normalidade, com a “elevação da bandeira da paz”, arrisca o secretário. Em comum, as escolas que desfilarão possuem fiéis seguidores e apaixonados pelo Carnaval, cada uma conseguindo da sua maneira o material e os recursos necessários para desfilar. Com a falta de verba, o número de componentes das escolas minguou, as fantasias tiveram que ser reaproveita-
Sem repasse da prefeitura às escolas, atrasado no calendário e desfalcado, o Carnaval caxiense não perde o rebolado das de outros anos ou pedidas empres- última escola a desfilar na sexta-feira, tadas e os músicos farão sua parte na fica num lugar surpreendente: em pleharmonia ou na bateria de graça ou a no Centro de Caxias, na própria Sibaixo custo. nimbu por onde desfila o Carnaval. Em A Reino do Sol e da Lua, fundada em frente ao Shopping Pratavieira, entre 2006, foi ainda mais atingida pela falta comércios de roupas, esconde-se uma de dinheiro. De acordo com sua presi- casa simples, com uma grande árvore dente, Luzia Santos Alves, até o tema no jardim e um cachorro preso por deste ano teve que ser conta da grande momudado para se adapvimentação do local. tar às contas. Agora “O que se Nos fundos do terreno, as fantasias são reformeninas trabalham nas mostrou com a madas para compor o fantasias. clima de A Dama de Festa da Uva se Quem ajuda a colar Vermelho, enredo que reflete no adereços e montar peconta a história dos ci- Carnaval, que é ças é a rainha da escola, ganos e do misticismo Márcia Alves. Porém, a cidade que os envolve. O tema ela tem um problema anterior, ela não conta. multicultural que pode destronar “É segredo, imagina! que temos”, fácil alguém em sua Vamos usar ano que analisa Feldmann posição: o tornozelo vem”, anima-se. direito enfaixado. Uma Autointitulada a semana antes do desfimais nova presidente de escola de sam- le, caíra de uma escada e torcera o pé. ba do Brasil, Luzia tem 20 anos, mas Questionada sobre o que faria se não assumiu a agremiação aos 18. Com sua sarasse a tempo, a rainha morena e cara de menina, comanda trabalhado- miúda sorriu timidamente e anunciou res que vieram até de Osório para cola- que iria desse jeito mesmo. É o amor borar com a escola. E a importação de ao Carnaval e, principalmente, fidelimão-de-obra não se limita a isso. Na dade à escola. semana passada, estava em negociação Sonorizando o ambiente, um grande um reforço à bateria vindo de Santa aparelho de som sintoniza uma rádio Maria, que acrescentaria uma ala de 60 FM tocando pop rock. Não, eles não pessoas. vivem com samba no pé o tempo inteiO barracão da Reino do Sol e da Lua, ro, por mais que no topo do aparelho
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oso. “Tivemos que mudar tudo. Sorte que temos nosso próprio barracão, onde podemos guardar o material utilizado anteriormente. Vou usar armações de seis anos atrás, acredita? Esse mar de plumas que tem aí é tudo de outros anos”, explica. A vice-presidente Daniela Padilha acompanha tudo de maneira contida, mais ocupada com ligações, aquisição de material e correria para trazer e buscar coisas para o barracão. Mesmo já sendo encarregada de um bom número de tarefas, ela ainda sente que não dá 100%. “Fica meio fora de mão porque eu dou aula à noite”, conta. O esforço será recompensado quando os aproximadamente 300 foliões pisarem na Sinimbu neste sábado, às 22h30. Mais afastado do Centro é o barracão da Unidos da Tia Marta, segunda escola da noite de sexta. Próxima ao aeroporto, a casa de esquina comporta não somente o material da escola de samba, mas também o íncrivel número de quatro famílias. No porão, Marta Clari Vieira Lopes, a Tia Marta, professora aposentada, recebe visitantes com o rosto coberto de purpurina. Dobrava blusas de TNT (o
filho, sobrinha de Porto Alegre, todos comparecem. Essa noite, fui dormir às 4h30 e às 8h30 já estava aqui de novo”, contava Tia Marta. Ela conta que o cancelamento do repasse da prefeitura afastou os foliões. “Muita gente fugiu, tanto que, dos 373 integrantes, apenas 200 irão desfilar.” Serão 15 alas pequenas, de no máximo 12 participantes cada. Tia Marta se diz magoada, se sente ofendida, como se chamassem ela e sua escola de ladrões. Para ela, falta compreensão dos gastos necessários. O principal é a manutenção de instrumentos para as 70 pessoas que compõem a bateria, destaca, mostrando dois tamborins com a pele partida e apontando outros tantos à direita do barracão, todos decorados com as cores da escola: laranja, preto e vermelho. Outra despesa, essa bastante contestada, é com bebida e comida nos ensaios, que acontecem ao lado de sua casa. Tia Marta se defende: “Ponho bebida para os meus meninos, sim. Tem gente que trabalha, vem de longe, se sacrifica. Aí chegam aqui e não tem nenhum agrado? Tem que ter comida e bebida, sim”. Convalescente, sob os cuidados Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
se encontrasse um CD dos sambasOs percalços aparecem para enredo caxienses de 2009. O pessoal todas as escolas, das mais humildes aparentemente guarda forças para o às mais tradicionais. Até a campeã de ensaio, à noite. 2009, Protegidos da Princesa, sofreu Luzia, além de graciosamente tentar com a falta de verba. Segundo seu preadministrar as restrisidente, Jovelino Souções orçamentárias da za, isso exigiu um reagremiação, será uma “Não vamos aproveitamento maior das puxadoras do sam- deixar de desfilar de material. “Estamos ba e ainda desfilará em adequando fantasias outra escola. Esse cari- por falta de nada. antigas com materiais nho pelo Carnaval vem Podemos perder novos”, explica. de berço. A avó de Lu- pontos, mas não Localizado embaixo zia, Ester Vitoriana dos vamos deixar o do Clube Gaúcho, no Santos, tem 73 anos bairro Pio X, o bar(“74 em abril”, observa) Carnaval racão da escola é um e veio da Bahia. Ela fica morrer”, espaçoso salão onde em uma pequena sala diz Luzia se encontram espalhaà esquerda, antes de das diversas armações, chegar no barracão immanequins, fantasias e provisado nos fundos, repleta de pra- adereços. Numa salinha ao lado, Elisateleiras com tecidos, fantasias prontas beth Vieira trabalha em uma das máe separadas por cor, vidros cheios de quinas de costura. Iria virar a noite lá, canutilhos e miçangas e dezenas de co- entre linhas e tecidos. Mas é um esfornes de linhas das mais diversas cores. ço que ela faz sorrindo. “A vantagem é Mais duas máquinas de costura, além ver o que tu fez na avenida. Tu chorou, daquela em que Ester trabalha, encon- se estressou, mas o trabalho está lá.” tram-se lá. Isso porque a filha, Nereida A palavra-chave é parceria. O CluSantos, a ajuda na empreitada. “Ela é be Gaúcho ajuda a financiar a escola, estilista, eu opero a máquina.” principalmente na promoção dos enCheia de vitalidade, Ester costura saios. Mães de pessoas que irão desfi-
No Pio X, integrante da Protegidos da Princesa cuida dos destaques, que remetem à tecnologia; no Centro, a rainha Márcia colabora na fantasia da ala das baianas
desde os 20 anos e, se precisar, ainda faz bainha de calça, acabamentos, reformas – é só passar lá. Da máquina de costura à Sinimbu, é um pulo. Para Ester, é a glória. “Sambo até o dia nascer”, garante. Enquanto isso, no barracão, quatro meninas se unem para trabalhar com cola quente, grampeadores e o que for necessário para montar as fantasias. De uma escola de Porto Alegre vieram 40 costeiros, aquelas armações que os foliões usam nos ombros. Mesmo com limitações financeiras e uma correria que tira o sono, Luzia tem certeza que um bom trabalho será feito. O importante é o envolvimento da comunidade, que neste ano será representada por mais ou menos 150 pessoas na rua. Ela só lamenta que, como alguns elementos tiveram que ser emprestados, não houve uma valorização do trabalho local. Dificuldade também na harmonia, que consiste nos cantores e em músicos empunhando violões e cavaquinhos. “Estamos tentando negociar. Conseguimos um que veio ensaiar uma vez. Mas não vamos deixar de desfilar por falta de nada. Podemos perder pontos, mas não vamos deixar o Carnaval morrer”, afirma Luzia.
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lar juntam-se à lista de trabalhadores e costuram em casa. Tudo para manter a agremiação de 42 anos em pé. O enredo deste ano é A verde e rosa canta e joga no tabuleiro de emoções. De acordo com o carnavalesco Alex Pires, os jogos que servem de tema não se limitam aos esportivos, mas também os da sedução, de sentimento e até o jogo da vida, representado pelas cartas de tarô carregadas pela ala das baianas. Inspirado no resultado de 2009, Alex aposta no bicampeonato. Para tanto, é preciso inovar e surpreender. “Teremos muitas novidades, coisas nunca feitas antes. O que posso adiantar é que não sairemos com esplendores, que tradicionalmente apresentamos grandiosos. Teremos dois elementos-chave que são surpresa”, prometia. Contrariando a maioria das escolas, que pegaram fantasias e adereços emprestados, principalmente de Porto Alegre, a Protegidos da Princesa preferiu reaproveitar tudo que foi possível. “Teremos oito alas, todas montadas aqui. Carnaval não se ganha só na fantasia”, ressalta Alex. A única exceção é o traje do casal de mestre-sala e portabandeira. Sem a verba municipal, o Carnaval da escola será menos luxu-
chamado tecido não tecido, comum de apaixonados, o Carnaval de Rua de em vestimentas carnavalescas) decora- Caxias está longe de terminar. E guardo com arabescos dourados. Algumas dará 2010 como o ano da superação. partes do tecido, comprado em São Os desfiles começaram na sexta, com Paulo, estavam mais apagadas e gas- Acadêmicos de São Miguel, Unidos da tas que outras, impedindo um brilho Tia Marta, Nação Verde Branco, Imuniforme. É que as blusas já foram uti- pério da Zona Norte, Mancha Verde, lizadas. Agora, viram outras peças de Acadêmicos do São Vicente e Reino do roupa, como vestidos para crianças do Sol e da Lua. Prosseguem neste sábado, desfile. “Sem verba, temos luxo recicla- com Unidos da Zona Norte (19h30), do”, diz Tia Marta. Acadêmicos de Vila Leon (20h30), PéO tema deste ano é rola Negra (21h30), Tia Marta entre os sete Protegidos da Prinpecados e as sete virtu- “Ponho bebida cesa (22h30), Unidos des. Somente um carro para os meus do É o Tchan (23h30), será usado no desfile e, Império do Jardim para complicar, o pneu meninos, sim. América (0h30) e Imdele estourou. O corte Tem gente que pério de Casa Azul e de recursos foi mais sen- vem de longe, se Branco (1h30). tido na confecção das sacrifica. Aí não No domingo, a folia roupas, mas um auxílio se estende nos Paviveio, de certa forma, do tem nenhum lhões, a partir das 15h, poder público. Alguns agrado?”, indaga com os grupos de pavereadores colaboraram Tia Marta gode Swing Natural, financeiramente com Di Bobeira, Grupo K, doações, como Édio Elói Só Si Kisé, Vitrine do Frizzo (PSB), Geni Peteffi (PMDB) e Samba, Black XB e Declarasamba. Às Denise Pessôa (PT), além de um ve- 19h, o Carnaval mais suado dos últireador de Gramado. Mesmo assim, o mos tempos termina em grande estilo, trabalho é puxado. “Meu irmão e mi- com Neguinho da Beija-Flor, show de nha irmã ajudam na costura. Marido, R$ 40 mil (pagos pela prefeitura).
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Festa da Uva
De GRÃO EM GRÃO, A DIMENSÃO DA FESTA
Um único estande vendeu 395 edredons, um piloto voou 130 vezes, um grupo de senhoras fritou 10 mil pastéis e a rainha ficou doente por um dia um pedaço de vidro em uma delicada escultura. O artista plástico Dejair Santos, usando lixa, cola e martelo, se apresentou à plateia, esculpindo um cacho de uva. O artista começou sua carreira inspirado num fato um tanto exótico. Muito ligado à espiritualidade, em uma das suas meditações Dejair teve uma visão: um crucifixo de vidro. “Depois disso, desenhei esse crucifixo num guardanapo e o esculpi. Foi aí que me tornei profissional”, explica. As esculturas, mesmo sendo pe-
Quest e Roupa Nova. Tantos compromissos exigiam que Tatiane estivesse confortável. Foi pensando nisso que um dia ela apareceu nos Pavilhões usando sandálias rasteirinhas em vez dos tradicionais sapatos de salto. “Elas (as princesas Aline e Kátia) fizeram careta no início, mas depois acompanharam. O objetivo era que nós estivéssemos confortáveis, já que tínhamos que andar muito.” E as soberanas praticamente palmilharam os 400 mil metros quadrados do ParMaicon Damasceno/O Caxiense
Alexandra Baldisserotto, Div./O Caxiense
não somos de primeiro mundo, usamos essa tabela com 50% a menos. Nos Estados Unidos, se houvesse uma festa dessas, seriam 500 banheiros”, explica o gerente geral da Tecnisan, Cesar Augusto Viezzer. Caminhões especializados faziam a sucção dos dejetos dos sanitários, e no lugar deles eram despejados 20 litros de água com bactericida, para que a pequena cabine azul voltasse a cheirar bem. O processo era feito diariamente, e se a quantidade de água fosse multiMaicon Damasceno/O Caxiense
Festa da Uva é uma festa de números. Mesmo que a Comissão Comunitária insista que o importante é a satisfação de ter atendido bem os visitantes, sabese que, no final, a maior festa da região será medida por cálculos. Mas enquanto os números oficiais da 28ª edição não são divulgados pelos organizadores – que prometem fazê-lo só ao final do mês –, é possível citar outros que, Berenice Stallivieri, Div./O Caxiense
A
por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br
Samae teria matado a sede de 3/4 da cidade; réplica poderia ter alimentado família por dois anos; lixo caberia em 34 caminhões; Tatiane reinou só duas horas num sábado
sem revelar a bilheteria ou as toneladas de uvas distribuídas, também dão a dimensão do evento. Nos 18 dias de Festa, um grupo de mães amassou, fechou e fritou 10 mil pastéis. Dez mil pastéis seriam suficientes para o lanche diário de uma família de cinco pessoas durante dois anos inteiros – isso, claro, se alguma família fosse capaz de ingerir fritura todos os dias. Os pastéis, de queijo, presunto, chocolate ou carne – este último, o campeão de vendas –, eram vendidos a R$ 3 pelo Clube de Mães Santa Rita de Cássia, que ocupou o espaço de uma das réplicas dos Pavilhões. “Vendemos até mais do que esperávamos”, avalia a presidente do clube, Marlene Colleoni. Além da fartura da comida, havia água de sobra na Festa. O Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae) distribuiu 300 mil copos, que matariam a sede de 3/4 de uma população de 400 mil habitantes. Com tanta gente comendo e bebendo, também era preciso ter banheiros. Muitos banheiros. Além dos sanitários que ficavam dentro dos Pavilhões, a comissão da Festa contratou uma empresa que colocou à disposição 250 banheiros ecológicos (ou químicos). Os sanitários foram intensamente usados nas noites de shows, que reuniram grande público. “Nas últimas edições, sempre faltavam banheiros. Mostramos para a comissão que esse era um número bom e que ficava dentro das normas. Existe uma tabela internacional para isso. Mas, como aqui
plicada pelo número de vezes que isso foi feito somente para a Festa da Uva, o valor resultaria em 90 mil litros, o equivalente a 90 piscinas infantis do modelo mais comum. Mil e setecentas pessoas participaram como figurantes dos desfiles da Festa. É praticamente a mesma quantidade de alunos do Colégio São José, um dos maiores de Caxias. Uma das participantes foi a aposentada Inêz Maciel Dias, 57 anos. A saia que ela usou durante os desfiles, depois de lavada, está estendida numa espécie de varal em cima do fogão a lenha da sua cozinha. A peça, junto com as outras partes do traje branco, serão devolvidas à organização dos desfiles neste fim de semana, quando os amigos que Inês fez nos ensaios do corso também vão aproveitar para fazer um piquenique nos Pavilhões: “Fiz amizades duradouras”. Não só o desfile, mas toda esta Festa da Uva pode ser descrita com uma palavra: diversidade. Quem andou atento pelos Pavilhões teve a oportunidade de ver ágeis desenhistas fazendo caricaturas – inclusive em calcinhas –, nervosos hamsters se amontoando uns sobre os outros dentro de uma gaiola num estande de venda de animais, frágeis bonsais à procura de um lar, chopp de uva bem gelado, a visita da rainha do salame, pratos da comida árabe e uma moça vestida de índia que abraçava calorosamente a quem chegava, bradando: “Bem-vindo à Festa da Uva!”. Em um dos dias, os visitantes puderam ver que é possível transformar
quenas como o cacho de uva feito nos Pavilhões, podem demorar até um dia para serem produzidas. Como isso não seria possível na Festa da Uva, Dejair levou-a semipronta, e, assim, demorou duas horas para terminá-la.
que de Eventos, área equivalente a 66 campos de futebol.
Duas coisas que os caxienses não veem normalmente são comuns durante Festa da Uva: uma grande quantidade de gente carregando edreDuas horas foi o mesmo tempo dons e passeios de helicóptero sobreque a rainha Tatiane Frizzo conseguiu voando os Pavilhões. E olha que esta trabalhar num dos sábados da Festa. A edição nem foi boa para o piloto Verotina frenética da soberana teve que nir Carlos da Silva, já que a aeronave dar uma pausa quanteve problema no úldo ela adoeceu por ter timo final de semana apanhado frio num dos Os 250 banheiros e não pôde voar. “Era desfiles noturnos. “Co- ecológicos, se para ter colocado 2 mecei me tratando em mil pessoas no ar. Este casa, mas passei a tossir estivéssemos no ano, foram 483.” Foram muito, tive dor de gar- primeiro mundo, 130 voos, com duração ganta e dor muscular”, deveriam ter de cinco minutos. No relembra. Como o mé- sido 500 – mas total, o piloto passou dico pediu que Tatiane 10 horas e 50 minutos repousasse, a rainha parecem ter no ar durante a Festa, cumpriu compromis- cumprido bem quantidade insignifisos com a imprensa das o seu papel cante perto de seus 45 14h às 16h daquele sáanos de profissão. bado e foi para casa. O sócio-proprietário Normalmente, o dia a dia da rainha dos Bordados Benevi, Rogério Menee das princesas era puxado. Religiosa- gotto, não tem motivos para reclamar mente às 9h, Tatiane tinha que estar desta edição. Foram 395 edredons vensentada na cadeira do salão de beleza didos em seu estande, e a loja, no total, para fazer cabelo e maquiagem. De vendeu R$ 129 mil na Festa da Uva. lá, as soberanas iam para o Parque de “Para ser período de calor, é bastante.” Eventos e todos os dias almoçavam Se todos os estandes se saíram bem com os convidados do prefeito José Ivo como o de Menegotto, não há motivos Sartori (PMDB). Na Festa, ficavam o para não dizer que esta foi uma festa de dia todo, cumprindo uma agenda ex- números memoráveis. E mesmo os não tensa de eventos, e sempre sorrindo. memoráveis comprovam sua grandioTatiane e as princesas só relaxavam nas sidade: ao todo, foram 100 toneladas horas dos shows. Entraram num con- de lixo orgânico e 43 toneladas de selesenso e escolheram alguns para acom- tivo recolhidos nos Pavilhões, quantipanhar até o fim: Armandinho, Jota dade que encheria 34 caminhões.
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Personagens alviverdes
O roupeiro gosta de passar a maior parte do tempo dentro do vestiário – afinal, é o responsável por todo o material de trabalho dos jogadores
Organização é com ele MESMO
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por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br ocê conhece um papo fiel, daqueles ferrenhos, que conhece o time na ponta da língua mas nunca assistiu a um jogo da equipe? Não pensou que um torcedor desse tipo poderia existir? Pois esse cidadão é funcionário do Esporte Clube Juventude e tem no currículo os maiores títulos da papada: Série B (1994), Gauchão (1998) e Copa do Brasil (1999). Poucas palavras saem da boca do homem tímido, natural de Ijuí, município da região Noroeste do Rio Grande do Sul, que no dia 15 de janeiro deste ano completou 31 anos como funcionário do alviverde – é o segundo mais antigo, perdendo somente para o médico Iran Cercato, 68 anos, há 32 no Ju. Nilton Antônio Soares, ou Zico, sempre foi roupeiro. Começou a trabalhar com 15 anos no São Luiz, time da sua terra natal – com o qual o Juventude empatou em 3 a 3 na última rodada do primeiro turno do Gauchão e venceu por 4 a 2 na primeira rodada do segundo turno. Em 1978, o presidente do clube e prefeito de Ijuí era Emidio Odósio Perondi, ex-presidente da Federação Gaúcha de Futebol (FGF). “Naquela época o São Luiz se licenciou do Gauchão, não iria disputar a com-
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petição. O Perondi havia concorrido para deputado federal e vencido a eleição, pela Arena. Se eu ficasse, pegaria quartel (cumpriria o serviço militar obrigatório), mas escapei porque ele mandava em tudo por lá. Eu iria com ele para Brasília, mas a história mudou”, recorda Zico, 50 anos. A mudança a que o roupeiro se refere é a amizade entre Perondi e Gastão Brito, então presidente do Ju. “O Seu Gastão e o Clébio Furtado, então gerente de futebol do Ju, conversaram com o Perondi. O Perondi me chamou e sugeriu que eu viesse trabalhar no Juventude. Até hoje estou aqui”, conta, com um leve sorriso no rosto. Era janeiro de 1979 quando o jovem das Missões veio para a Serra. Sem filhos, Zico nunca se casou. “Mas namoro bastante”, confidencia. Já naquele tempo a diferença de estrutura entre os clubes era grande. “Com o Grêmio e Inter era difícil comparar. Depois, era o Juventude”, elogia Zico. Religioso, o roupeiro – profissão que antigamente era chamada de mordomo – é devoto de São Pedro, padroeiro do Juventude, e de Nossa Senhora de Caravaggio. No vestiário, um pequeno altar com uma grande imagem do santo, rodeada por estátuas menores,
Popularmente conhecido pelo apelido, Zico é responsável, há 31 anos, pela rouparia do time esmeraldino
é iluminada por meia dúzia de velas. Antes de começar a conversa e pedir por Zico, qualquer um no clube responde: “Já viu no vestiário?”. E era lá que o Nilton Soares estava, quieto, com o uniforme todo verde, acendendo outra vela para São Pedro. Na finaleira da Série B, quando o Ju brigava dentro de campo para evitar o rebaixamento, Zico tratou de providenciar um local para colocar a imagem de São Pedro na beira do gramado. Infelizmente, não deu certo. Mas este ano ele acredita que uma área específica para o santo será construída junto ao gramado. Zico revela uma tática retomada em 2010, contada em parte nas páginas deste jornal no mês passado: antes de cada jogo, os uniformes são levados para serem abençoados no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio, erguido no distrito de mesmo nome pelos imigrantes italianos em Farroupilha. “Se a partida é no Jaconi, vamos eu e o Juarez Marcarini (assessor do departamento de futebol). Se é fora, paramos com o ônibus para fazer uma oração.” Zico começou a ir para Caravaggio semanalmente com Luiz Felipe Scolari, o Felipão, zagueiro do Ju em 1982. Porém, nos últimos anos a prática tinha sido deixada de lado. Algum
devoto mais fervorosa poderia até atribuir a isso a penitência que o Ju vem pagando: dois rebaixamentos em três anos consecutivos. Agora, a realidade será, no segundo semestre, disputar a Série C. Torcedor do Juventude, Zico faz amizades facilmente. Seja em aeroportos ou mesmo quando delegações adversárias estão no Jaconi. “Quando caímos para a Série B, vários amigos que conheço pelo país me encontravam nos aeroportos e me pediam o que tinha acontecido com o Ju. Claro que não sabia responder, apenas que o rebaixamento era um fato”, lamenta. Hoje, Zico confessa que, às vezes, chega a pensar que “a ficha ainda não caiu” quando vislumbra viagens para a disputa da Terceira Divisão. “Quando caímos para a C fiquei um tempão sem sair de casa. Não conseguia sair para nada. Foi o pior final de ano que tive.” Como diz o ditado popular, “depois da tempestade vem a bonança”. É isso o que espera Nilton Soares para o time que escolheu. Desde a apresentação do grupo, em 2 de janeiro deste ano, ele garante que o clima mudou. “Deu uma reviravolta grande aqui dentro com a troca de direção. Quero te dizer uma coisa: o grupo é bom, mas
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Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
ainda não se acertou. Temos time para ser guma coisa é esquecida, para quem vai socampeão da Série C, ou, no mínimo, ficar brar? Ao final de cada dia o roupeiro do Ju entre os quatro primeiros colocados”, opi- deixa o material de trabalho previamente na Zico, olhando para o infinito, enquanto arrumado. “São cerca de 300 quilos de bapensa em uma história para contar. gagem a cada viagem. Quando tem treino A primeira que lhe vem à mente é a da em dois turnos, o trabalho aumenta. Nem origem do seu apelido. Zico chegou no fi- saio para almoçar, fico no vestiário”, connal da década de 1970 em ta. Por isso, Zico é, depois Caxias do Sul. Na época, dos porteiros, o primeiro a Valmir Louruz (técnico Cada viagem do chegar e o último a sair do campeão da Copa do Bra- Ju para atuar estádio. sil pelo Ju em 1999) era zaQuem nunca viu na tefora do Jaconi gueiro do clube, e Claudio levisão, durante uma parBarbosa, o Cacau (aquele demanda pelo tida de futebol, um deterdo Grêmio), meio-campis- menos 300 quilos minado atleta parar para ta. Nilton Soares tinha uma de bagagem, trocar as chuteiras? Pois, vasta cabeleira, semelhanna maioria das vezes, é entre chuteiras, te à do maior artilheiro da o roupeiro quem manda história do Flamengo, com camisas, calções, para o campo o pedido do 508 gols em 731 jogos. Não meiões e bolas jogador. Em média, cada deu outra: apesar de não boleiro separa três chujogar um décimo do que o teiras por jogo. “Tenho craque jogava, ganhou o apelido de Zico. de cuidar de todas elas”, ressalta Zico, que “Foram o Valmir e o Cacau os autores. também é alvo de brincadeiras por parte Todo mundo me conhece por Zico. Até dos jogadores. “Uns me chamam de louco, tem uma história engraçada, bem recen- porque fico conversando com as chuteiras te: o doutor Iran chegou para o presidente e as bolas no vestiário.” Milton Scola e disse, antes do jogo contra o São Luiz pelo returno (dia 3 de março), Além de zelar pela segurança que aquela era a terra do Nilton Antônio do patrimônio esmeraldino – em jogos Soares. De bate-pronto Scola respondeu: fora do Jaconi é comum pessoas estranhas ‘De quem?’ Bastou para o doutor cair na acessarem o vestiário durante o jogo com risada e dizer: ‘Do Zico!’”. “chaves extras” –, Zico adota uma espécie de simpatia. Em 31 anos de clube, nunca Para saber o que Zico faz é sim- assistiu a uma partida Ju. Nunca mesmo, ples: ele arruma antes de cada viagem ou ele garante. Só fica no vestiário, “com o jogo em casa todos os materiais a serem ouvido colado no radinho”. “Rezo e escuusados pela comissão técnica e jogadores to o rádio, mas não tenho coragem para do grupo profissional. Dezenas de meias assistir. Tenho de ficar no vestiário. Se tu soquete, toalhas, gelo, água, chuteiras, quiseres chamar de simpatia, pode, mas bolas e dois jogos completos (meiões, ca- não é. Sempre fui assim.” Ele não fala em misas e calções) dos três fardamentos do datas para mudar o hábito, porém, asseguJuventude (o tradicional listrado, o verde e ra que poderá fazê-lo este ano, caso suas o branco). A lista é imensa. E a responsa- promessas a São Pedro e Nossa Senhora do bilidade aumenta nas viagens. Vai que al- Caravaggio sejam atendidas.
Zico ora para São Pedro e leva o fardamento para benzer em Caravaggio
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Bastidores da bola
COMEÇOU A
SÉRIE C
A ida de Bindé para o Criciúma, futuro adversário do Caxias, revela o intrincado jogo que precede as disputas em campo
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conversar, eu estava concentrado. Eles queriam saber que notícia era essa de que eu ia jogar no Criciúma. Explim dia de calmaria. Era tudo o que o quei que não tinha nada a ver. Eu não Caxias precisava para estrear bem no tinha acertado nada com eles”, explica segundo turno do Gauchão. Há duas Alexandre Bindé, 26 anos, nascido em semanas o elenco treinava forte, cor- Três Passos e apresentado no Caxias no rigindo falhas percebidas na primeira dia 23 de abril de 2009. fase do campeonato. O jogo, marcado A tal da notícia, negada pelo lateral para 4 de março, no Centenário, trazia direito, era a seguinte: “Eu que descoconsigo uma ansiedade redobrada. As- bri que havia uma história do Bindé sim como no primeiro turno, o esqua- ter assinado contrato com o Criciúdrão grená teria mais uma vez a opor- ma. É que a gente tem muito contatunidade de estrear em casa. to no futebol, porque tem de ficar de Na abertura do Gauchão, dia 16 de olho. No futebol tem sempre alguém janeiro, desabou uma tempestade em de olho no teu jogador. Desses meus Caxias do Sul. O futebol quase virou contatos aí, um deles me contou que polo aquático, e a partida foi então tinha visto num site de Santa Catarina interrompida no primeiro tempo. O a notícia de que o Bindé tinha assinasegundo só ocorreu no dia seguinte. do contrato com o Criciúma. Aí falei Por pouco o time grená não perdeu na hora com o Soster. Naquela noite, na estreia, diante do eu e o Soster tiramos o Inter-SM. Aquela baBindé da concentração, talha em dois dias, sob “No futebol um dia antes do jogo”. chuva e sol, terminou 1 tem sempre Do outro lado da cidaa 1 e deixou uma chaga alguém de de, em uma das empreprofunda no Caxias. A sas do Grupo Voges, o olho no teu chaga dos pontos perpresidente do Caxias, didos que tanto fize- jogador”, alerta Osvaldo Voges, revela: ram falta ao clube para Vanderlei “Te conto os bastidores classificar-se à etapa fi- Bersaghi, o dessa história do Binnal do primeiro turno. dé. Estávamos tendo Pé, assessor Por isso o Caxias precom o atleta uma relacisava tanto de um do Caxias ção do mais alto nível. dia de sossego antes Uma semana antes do da reestreia no Gauocorrido, ele pediu um chão. Afastados de qualquer zunzum vale, e nós demos. Aí, surge no final da que desviasse o foco dos jogadores tarde, na véspera do jogo contra o Unipara o confronto contra o Univer- versidade, que tinha vazado na mídia sidade, no dia 4 de março, elenco e de Santa Catarina a ida do Bindé pra comissão técnica estavam concen- lá. Já tínhamos também a informação trados no Hotel Samuara. Um lugar de que o Argel Fucks (ex-treinador do bucólico, onde o único ruído é o som Caxias) também estava acertando com dos passarinhos. Mas aquela calmaria o Criciúma. Então chamamos o Bindé toda foi interrompida por um carro pra conversar. Ele nos disse que o emveloz que chegou na concentração. presário estava lhe oferecendo a outros clubes. Até aí, normalíssimo. Mas o ArEra uma noite estrelada aquela gel ligar pro Bindé pra pedir se ele tava de quarta-feira, 3 de março, véspera do sabendo do Criciúma, e o jogador dijogo. Saíram do carro Júlio Soster, ge- zer ‘tô sabendo, mas não assinei nada’... rente de futebol, e Vanderlei Bersaghi, Peraí, o Argel vai ser nosso adversário o Pé, assessor de futebol. Como dois na Série C, e quando saiu daqui não foi agentes da polícia secreta, entraram no nada ético, nem profissional. Aí ficou a hotel com um objetivo bem definido. dúvida. E na dúvida eu não administro”. Soster e Pé procuravam por Alexandre Enquanto isso, no intervalo de um Bindé. O lateral direito do Caxias, que treinamento do São José, em Porto aos poucos parecia ter conquistado a Alegre, Argel, ex-jogador do Internatitularidade, não esperava uma visita cional, com uma passagem conturbada dessas, com tom de conversa particular. pelo Caxias em 2009, atende o celular. O que teria feito Bindé para os dois ho- Quando ouve que o assunto era a transmens mais importantes do futebol do ferência de Bindé para o Criciúma, seu Caxias voarem até a concentração na futuro clube no segundo semestre, véspera da estreia no returno? Bindé veste-se novamente com armadura de parecia bem integrado ao clube, trei- um combativo zagueiro, intimidador nara normalmente naquela manhã. e brigador. Entre uma exasperação e “O Pé e o Soster me chamaram para outra, Argel despista, dizendo que o
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por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br
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No Centenário, a tática é antecipar renovações de contrato com atletas importantes
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Alexandre Bindé, “saído” antes de sair por conta: “Eu não queria sair do Caxias. Tinha marcado meu casamento e já tinha entregue convite para o Pé e para o presidente”
empresário de Bindé foi quem o procurou, e não o ele quem teria procurado o jogador, como descobriram os dirigentes do Caxias.
sa de um litígio. “Isso não é verdade, sempre me pagaram tudo certinho. Uma semana antes eu até tinha pedido um vale porque tinha estragado meu carro. E pra ti ver como eu não queQuando perguntado se havia ria sair do Caxias, eu tinha marcado mesmo acertado com meu casamento para o o Criciúma, Argel entra dia 8 de maio, no CTG de sola: “Interessa o que “Fiquei como do quartel, e já tinha pra ti se eu acertei com o ruim da entregue convite para o Criciúma?”. Ao reo Pé e para o presihistória. Fiquei pórter cabe responder dente”, afirma o lateral. já perguntando: “Gos- chateado porque taria de saber como o terminou de Bindé tinha consenhor consegue divi- um jeito trato até 14 de maio dir seu trabalho, com com o Caxias. “Na estranho”, duas equipes em dois segunda-feira, dia campeonatos diferen- lamenta o 1º de março, o meu tes, já que o senhor lateral Bindé empresário me ligou está agora trabalhando dizendo que tinha no Gauchão e já está uma possibilidade de mantendo contatos com o Criciúma eu ir para o Criciúma. Ele me disse para a contratação de jogadores”. Ar- ‘mas como tu tem contrato por mais gel tenta uma finta: “Não tô te enten- dois meses, e tu tá jogando, vamos dendo...”. Então o repórter chega mais deixar mais pra frente, se tu não reforte: “É que no site do Criciúma o novar vamos ver’. Mas era tudo sonsenhor já é anunciado como treina- dagem, nada certo. Só especulação, dor, foi até assistir um jogo lá”. O re- coisa normal no futebol. Mas fazer o truque vem com um chega-pra-lá: “Se que, o Caxias preferiu assim...”, reclaeu acertei com o Criciúma é porque ma Bindé, chateado com a situação. tenho o aval do meu presidente do Todos os envolvidos com as decisões São José. Não tem mobilização nenhu- do futebol, em situações também exma para montar o time do Criciúma. tracampo, disseram que não preocupa E não te interessa também se tiver”. esse flerte com outros clubes. É natural Mobilização existe, ou Bindé não teria e faz parte do mundo da bola sondar sido retirado da concentração naquela jogadores, tanto para vir quanto para noite. “O Argel foi quem sugeriu levar sair. No entanto, o que incomodou Voo Bindé para o Caxias, um ano atrás”, ges foi o fato de um jogador estar negoelucida o empresário do jogador, Pau- ciando com o futuro treinador do futulo Ricardo Carvalho, que diz ter leva- ro grande adversário do Caxias na sua do uma série de atletas para o México maior batalha, a Série C. “O Argel pode em alegados oito anos de experiência ter sido um jogador razoável, é um bom no futebol. E entrega: “O Argel é meu treinador, sabe da bola, mas tem de enamigo, me sondou a respeito do joga- tender que, se quiser um jogador do dor, queria saber qual era a situação Caxias, ele que ligue para o presidente contratual dele, isso faz uns 15 dias”. do clube ou para o pessoal do futebol, e Esse tempo a que se refere o empresá- não fique ligando direto para o atleta.” rio reconduz nossa história ao início, Enquanto se discute ética, enquanto o naquela tarde de 3 de março, quando Caxias segue na sua proposta de “condescobriu-se que alguns sites já apre- tratos inteligentes”, como chama Sossentavam Bindé como a nova contrata- ter, essa tática de renovação antecipada ção do Criciúma. A notícia esquentou dos contratos, Bindé, o homem, pai de ainda mais a orelha da direção grená família, o cara que enfim confirmaria porque noticiava-se que Bindé estava perante o juiz seu casamento, segue rescindindo com o Caxias por cau- à sombra de toda essa discussão. “Fi-
quei como o ruim da história. Fiquei Bindé era mais um que estávamos chateado porque terminou de um jeito avaliando. Essa atitude dele foi sufiestranho, que nunca tinha acontecido ciente para reprovarmos ele. Faltou comigo. Fica chato pra mim. O pes- postura. E também não vamos segurar soal do elenco veio falar comigo, dis- quem não quer ficar”, defende Voges. se a eles que não tinha acertado. Eles Soster, mesmo tendo tido pouco conficaram preocupados quando soube- tato com o atleta, de certa forma o deram que o Caxias rescindiu comigo.” fende: “Pelo que conheço, sempre foi Depois de baixada a poeira, o Criciú- cumpridor de tudo, sempre foi tranma apresentou oficialmente Bindé no quilo. Acho que ele foi vítima do emclube, na última quinta-feira (11). No presário. Porque um empresário forte e site do jornal A Tribuna, a reportagem experiente não faria isso. Nunca vi um dizia: “Indicado do futuro técnico Ar- empresário desempregar um atleta tigel Fucks, ele fez sua última partida há tular. Tem empresário que só ganha diuma semana, por isso acredita estar nheiro quando provoca a transferência pronto, para a partida de sábado, caso do jogador”, afirma o experiente Soster. a documentação esteja liberada. Sobre suas características, ele aposta na força Mudar essa relação de come velocidade. ‘Posso fazer tanto o 4-4-2 pra e venda, através de empresários e (marcador), ou como o ala (armador), investidores, é tão difícil como duplidepende do que o treinador optar’, des- car o tamanho da goleira ou exibir retacou”. play no estádio. E há jogadores como “Vou te dizer uma coisa, o Bindé não o próprio Bindé que entendem que tem culpa nessa história. Ele foi ingê- nada deva ser mudado. Primeiro, pornuo. O Bindé é um guri bom, nunca que sempre foi assim, e segundo, pordeu problema pra gente, nunca teve que o jogador tem de cuidar de jogar uma advertência. Quem esculhambou bola, não de procurar clube para jogar. foi esse empresário dele”, diz Pé, sem Durante toda a apuração desta reporpapas na língua. Mas ele era um dos tagem, o que ficou evidente é o desupoucos jogadores do atual elenco grená so de um conceito também esquecido que não haviam sido procurados pelo fora dos gramados. A ética, o respeito. clube para renovar contrato. Soster Mas como aplicar esse conceito se quarevela os demais: Mauro, Caçapa, Lê, se ninguém o compreende, se quase Rodrigo Antonio, Edu Silva e Diogo. ninguém o vê sendo aplicado? E o jo“A partir desta semana gador de futebol, que, vamos conversar e avacomo diz Bindé, tem de liar, mas nosso objetivo “Empresário se preocupar em jogar é renovar com todos. forte e experiente bola? Como faz para Depois, para a Série C, não faria isso. aprender esses conceipodem vir outros, mas tos? Talvez tendo a sorcomo o elenco do Ca- Nunca vi um te de jogar em clubes xias é pequeno, pode empresário onde a ética e o respeiser sim que renovemos desempregar to vêm grampeados ao com todos esses”, avisa. um atleta contrato de trabalho. Da primeira leva de Talvez não tenha sido renovações antecipa- titular”, sempre assim no Cadas, o Caxias assinou espanta-se Soster xias. Mas neste monovos contratos com mento, nesta transação Marcelo Costa (que específica, talvez Binmesmo assim andou sendo sondado dé tenha aprendido da pior maneira pelo Ceará), Anderson Bill e Marcos como aplicar a ética. Ou como deveria Rogério. “Nossa postura não vai mu- ter aplicado. Aprendeu na dor, na desdar. Vamos continuar a fazer nossas pedida. Há lições que ficam e outras reuniões semanais, onde avaliamos que saem depois do banho. Resta saber o desenvolvimento de cada atleta. O com qual delas Bindé vai preferir ficar.
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Guia de Esportes Claiton Stumpf, Divulgação/O Caxiense
Júlio Soares, Divulgação/O Caxiense
guiadeesportes@ocaxiense.com.br
No Caxias Golf Club, o primeiro evento do ano ocorre no fim de semana; no Ginásio Poliesportivo da UCS, time da casa pega o Santo André na quinta-feira, dia 18
GOLFE l Torneio Maria Alice Rezende | sábado e domingo, 9h | Este é o primeiro evento do golfe caxiense no ano. No domingo, os jogos serão classificatórios para o Campeonato do Clube. As rodadas seguintes ocorrerão nos dias 27 e 28 de março. Caxias Golf Club Entrada gratuita | Estrada do Golfe 1.111 - Fazenda Souza
FUTEBOL l Esportivo x Juventude | sábado, 19h30 | Para o clássico contra o Esportivo, o técnico Osmar Loss não terá à disposição o volante Julio César, que ainda sente dores no músculo posterior da coxa direita. O provável time: Silvio Luiz; Fred, Victor e Jorge Fellipe; Bruno, Tiago Renz, Gustavo, Roberson e Calisto; Hiago e Marcos Denner. A direção do Ju coloca ônibus para Bento à disposição dos associados, gratuitamente, com saída às 16h, defronte ao portão 2 do Jaconi. Montanha dos Vinhedos Ingressos antecipados até meio-dia de sábado: R$ 15 a arquibancada e R$ 30 a cadeira. Podem ser comprados na Catera Esportes, no centro de Bento.
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Na hora, R$ 20 arquibancada e R$ 40 a cadeira | Avenida Alviazul, s/nº, Bairro São João, Bento Gonçalves l Pelotas x Caxias | segunda (15), 20h30 | O Caxias deve começar a partida com o goleiro Fernando Wellington, os laterais Edu Silva (esquerdo) e Álisson (direito), a dupla Anderson Bill e Neto na zaga, no meio-campo Marcos Rogério, Itaqui, Edenílson e Marcelo Costa (caso seja vetado pelo Departamento Médico, abre-se a possibilidade de Everton jogar recuado para a entrada de Aloísio ou Palácios no ataque, ou uma nova chance para Rodrigo Antônio) e, no ataque, Cristian Borja e Everton. O Pelotas, com três pontos, ocupa a 4ª posição, na cola do Caxias. O time vem de uma derrota contra o Universidade, em Canoas. Boca do Lobo Ingressos a R$ 10, para torcedores do Pelotas, R$ 20 para torcedores do Caxias e R$ 10 para estudantes com comprovante e pessoas acima de 60 anos | Parque Dom Antonio Zattera, 300, Pelotas | (53) 3302-7498 l Copa União | sábado, a partir das 13h30 | Neste sábado será realizada a 2ª rodada da Copa União nas categorias sênior e juvenil. O campeonato é ama-
dor e abrange todas as regiões de Caxias, com entrada gratuita. Juvenil, 13h30: São Francisco x Botafogo, Pedancino x São Cristovão, Forquetense x Bevilacqua. Sênior, 15h30: São Francisco x Conceição, São Virgílio x São Cristovão, Bevilacqua x Botafogo, Forquetense x Pedancino, Juvenil x Diamantino. l Futebol Sete Série A | sábado, 14h15 e 15h15 | Neste sábado serão realizados os jogos da 2ª rodada da 1ª fase. 14h15: Suspensys x Agrale, Guerra x Marcopolo | 15h15: Pisani x Madal, Voges x Fras-le, Agritech Lavrale x Randon. Placar da última rodada: Fras-le 2 x 1 Mundial, Madal 5 x 1 Suspensys, Agrale 1 x 2 Pisani, Marcopolo 4 x 1 Agritech Lavrale, Randon 3 x 1 Guerra. Quadras da Pisani, Voges e Sesi Entrada gratuita
VÔLEI l Superliga de Vôlei | quinta (18), 20h | O time de Caxias volta a se apresentar em casa nesta quinta-feira à noite, contra o Santo André, pela 13ª rodada da competição. A seguir, no sábado (20), joga novamente no Ginásio Po-
liesportivo da UCS, contra o São Caetano, às 11h. Faltando seis partidas para o fim do returno, a equipe treinada por Jorginho Schimdt está entre as oito primeiras da tabela, grupo que se classifica para a fase eliminatória, objetivo inicial do treinador no campeonato nacional masculino. Ginásio Poliesportivo da UCS Ingressos: para jogo único, R$ 4 para funcionários da UCS e estudantes (mediante identificação) e R$ 8 para público em geral. Para rodada dupla (jogos de quinta e sábado), R$ 5 para funcionários da UCS e estudantes e R$ 10 para público em geral | Francisco Getúlio Vargas, s/n, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis l Campeonato Sesi Vôlei de Praia | sábado, 8h45 | Neste sábado ocorre a final do campeonato de vôlei de praia em trios, nos naipes masculino e feminino. As equipes Randon B, Invensys, Marcopolo B, Marcopolo A, Voges e Mundial disputam os jogos finais do campeonato de Vôlei de Praia feminino em trios, a partir das 8h45. No naipe masculino, a Agrale A, Fras-le, Randon B, Randon C, Voges A e Marcopolo se enfrentam em busca do título. Sede Campestre da Voges Entrada gratuita | Grercio Reis, s/n, Km 72 da Rota do Sol (RSC-453), Desvio Rizzo
S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .
Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
Números
O número de alunos na rede pública estadual da região reduziu de 66 mil para 59 mil este ano. Em compensação, cresceu 3% em Caxias do Sul. Este ano são 31.150 estudantes matriculados nas escolas estaduais da cidade. O percentual de aumento dá uma idéia do tamanho da migração de novas famílias para Caxias do Sul nos últimos meses. Por sinal, o ano letivo de 2010 começou praticamente sem sobressaltos. Pontos para a coordenadora da 4ª CRE, Marta Fattori.
Água na torneira
A interrupção no abastecimento d’água no fim de semana é devida a obras na estação de tratamento da do Parque da Imprensa. A capacidade do reservatório será ampliada de 900 para 1.100 litros de água tratada por segundo – o máximo que a aquela estrutura comporta. A partir de agora, somente com a entrada de operação do sistema Marrecas é que será possível atender ao crescente consumo. As barragens atuais trabalham no limite.
perguntas para
Gelson Palavro O que mais uma Festa da Uva significou? A Festa Nacional da Uva é um evento que aproxima vários segmentos de nossa cidade e de nossa região, é um exemplo de união e de comemoração. Poder contribuir diretamente nesta Festa é uma oportunidade de trabalhar e conviver ao lado de centenas de pessoas em prol de uma mesma causa.
Chamadas
Os três candidatos espalharam pela Cidade Universitária folhetos de divulgação de suas propostas para a Reitoria da UCS. Chamada utilizada por Nestor Basso: “Autosustentabilidade para a
Apesar do sucesso do evento, fica no ar uma sensação de que o “modelo” atual da festa precisa ser mudado. Que mudanças se fazem necessárias? Eu, particularmente, acredito que este modelo ainda pode ser mantido e melhor aproveitado. Mas possíveis mudanças, sempre com o objetivo de melhorar o evento, devem ser avaliadas pela próxima Comissão Comunitária.
Aprovada
A Brigada Militar passou no teste de zelar pela segurança dos visitantes da Festa da Uva deste ano. Apenas 45 ocorrências – a maioria furtos – foram registradas durante os 18 dias do evento. Sinal de que a simples presença dos soldados do 12° BPM intimidou ações de marginais. Seria ótimo que essa mesma sensação estivesse presente nos demais dias do ano em toda a cidade.
Vamos ver
O presidente da Liga, Cassiano Fontana, o Amarelinho, confia no êxito do Carnaval fora de época, apesar do corte de verbas públicas que tirou parte do entusiasmo de muitos foliões: “É na dificuldade que a gente cresce”.
Visita
O ápice da visita do ex-ministro Tarso Genro a Caxias, no último sábado, não foi nos pavilhões ou no desfile da Festa da Uva. Ocorreu no encontro com o empresário José Fernandes Martins, do Conselho de Administração da Marcopolo.
excelência acadêmica”. Slogan de Nilva Rech Stédile: “O futuro está em nossas mãos”. De Isidoro Zorzi: “Para que a UCS siga no caminho da responsabilidade e da transparência”.
Aliás
Chega a ser ridícula a comparação de tarifas d’água entre Porto Alegre e Caxias do Sul. O órgão responsável pelo abastecimento de água na Capital, o Dmae, anunciou esta semana que não haverá reajuste em 2010, uma situação bem diferente da vivida pelos caxienses que já convivem com os 21,42% de aumento da tarifa daqui. Com o Guaíba ao lado, a população de Porto Alegre não precisa de investimentos maciços como os necessários em Caxias para garantir (trazer) água – em futuro nem tão distante.
A prefeitura agiu bem ao suspender os repasses ao Carnaval caxiense. Se a Liga Carnavalesca e as escolas de samba não tiveram a preocupação de prestar contas de dotações passadas, não havia como insistir no erro. Só não dá para entender por que a prefeitura patrocinou a campanha publicitária do Carnaval, incluindo aí a divulgação do show de Neguinho da Beija-Flor.
Estratégico para a Festa –, tivemos falhas; algumas delas conseguimos corrigir a tempo, outras infelizmente não e farão parte dos nossos relatórios, desta forma a próxima Comissão poderá avaliálas e corrigi-las.
Qual é o seu sentimento em relação a esta edição? Tudo correu bem, algo ficou pelo caminho? Sempre podemos melhorar algo. Mesmo com planejamento – nesta edição tivemos um consultor que nos ajudou a elaborar um Planejamento
Alavanca
De boas intenções... Por enquanto é uma possibilidade: o presidente da Câmara, Moisés Paese (PDT), reuniu-se esta semana com o diretor da Penitenciária Industrial, Marlon Moraes de Oliveira, para discutir a contratação de apenados do regime semi-aberto. Também participaram do encontro a professora Juracema Velho e a escritora Maria Helena Balen, patrona da Feira do Livro do ano passado, que é professora voluntária de detentos na PICS. De acordo com essa conversa inicial, o Legislativo caxiense ofereceria vagas
de estágio para apenados que estiverem estudando regularmente. “O ritmo de contratações obedecerá à demanda e às necessidades da Câmara”, anunciou o vereador. Ao destacar a importância social da iniciativa, Paese diz que pretende passar a idéia, para a iniciativa privada e para a opinião pública, de que a ressocialização do preso passa pelo estudo e por esse tipo de oportunidade de trabalho. A proposta, porém, implica em um novo tipo de controle interno, a fim de que a boa intenção não se transforme num problema.
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O chamado espaço multicultural da Festa da Uva (cancha de rodeios) ganhou uma denominação popular, aliás dentro da lógica. Como o local teve desde o início o dedo e o apadrinhamento do vice-prefeito Alceu Barbosa Velho, passou a ser conhecido simplesmente por... Alceuzão.
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Presidente da comissão comunitária da Festa da Uva 2010
Divulgação/O Caxiense
Rede ampliada
Vice-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), ao comentar possíveis resistências de pedetistas à aliança com o PMDB para disputar o governo do Estado com José Fogaça e Pompeo de Mattos de vice
Maicon Damasceno/O Caxiense
Em tempos de informatização, é incompreensível a demora da Comissão Comunitária da Festa da Uva em divulgar os números do evento. Ainda mais quando se sabe que a participação da prefeitura – ou melhor, do contribuinte caxiense – foi grande na viabilização da programação. Quantas pessoas passaram pelas bilheterias ou quantos patrocínios foram garantidos são dados que podem (ou deveriam) ser levantados num simples acionar de uma tecla. Ou não?
Multicultural
É muito barulho de prato para pouca panela
O jornal O Metalúrgico, órgão de divulgação do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul, passou a se chamar 12 de Fevereiro. Segundo a direção da entidade, uma homenagem àquilo que classifica de “símbolo da luta dos trabalhadores por uma sociedade mais justa, com desenvolvimento e valorização do trabalho, com o devido reconhecimento de quem produz a riqueza: a classe trabalhadora”. Mas o 12 de fevereiro poderia ser reconhecido também como o dia em que a Brigada Militar, ao detê-lo, ajudou a alavancar a carreira política do vereador Assis Melo (PC do B), presidente do sindicato e candidato a deputado federal.
Indicação
Inicia segunda-feira a fase de votação no processo para escolha do reitor da UCS. Professores, funcionários e estudantes deverão escolher entre três candidatos: Zorzi, que busca a reeleição, e os pró-reitores Nilva Stédile e Nestor Basso. Resultado à parte, é bom lembrar que a votação é indicativa. Ou seja, deverá orientar a definição, que caberá aos integrantes do Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul.
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Gustavo Rech, Tonificante/O Caxiense