Edição 16

Page 1

Co m C em o a ON cri polí FIS me cia S s q re ÕE ue col po he S D de os O ria ra m stro DN ser s A ins de c olú ulp ve a is

|S20 |D21 |S22 |T23 |Q24 |Q25 |S26

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

OS PASSOS DA

INCLUSÃO

DIGITAL O acesso à tecnologia é apenas o ponto de partida. Há muito a se fazer para que o computador sirva à toda sociedade

Um talento incalculável desponta no Jaconi | Na saúde e na doença, o esquadrão grená avança unido | Renato Henrichs conversa sobre as folias do Carnaval caxiense | Roberto Hunoff analisa a redução da jornada de trabalho

Maicon Damasceno/O Caxiense

Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 16 | R$ 2,50


Índice

www.OCAXIENSE.com.br

A Semana | 3

TWITTER

Roberto Hunoff | 4

Anglo Americano | @anglocaxias @ocaxiense Obrigada ao jornal O Caxiense pelo apoio! Aula inaugural de Pós-Graduação contou com a informação precisa de @ocaxiense. Anglo Americano Caxias, em 18 de março

(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

Um resumo das notícias que foram destaque no site Os números de admissões e demissões dobimestre comprovam a força da recuperação econômica

História nos trilhos | 5

De prédios em ótimo estado a outros em ruínas, o patrimônio da Rede Ferroviária aguarda revitalização

Ciência contra o crime | 7

Polícia usa armas de ponta, como a análise de DNA, para solucionar crimes de difícil investigação

15ª edição | @jandirangeli Tchê! @ocaxiense tá melhorando a cada edição. Sucesso! Jandir Angeli Filho, em 18 de março @camillanegri Meu apoio total e irrestrito ao @ocaxiense. Vida inteligente no jornalismo de Caxias. Camilla Negri, em 17 de março @rtommaso @ocaxiense Sempre em cima da notícia! Raphael Di Tommaso, em 17 de março

Caminhos digitais | 9

@danieldalsoto Ouvindo o podcast do jornal @ocaxiense. Trilha sonora boa de novo, e o podcast está muito bom também! Parabéns! Daniel Dalsoto, em 15 de março

Guia de Cultura | 12

@juvirginiana O Caxiense, um jornal feito para caxienses! Bom demais! Jussara C. Godinho, em 16 de março

O que está sendo feito para socializar o avanço da tecnologia entre os caxienses Suspense de Scorsese e concertos de blues no Teatro Municipal

@JAMURBETTONI Agora alimentar a mente, no cardápio, @ocaxiense. Jamur Bettoni, em 15 de março

Cena cultural | 14

Sala de cinema do Ordovás traça novo roteiro para buscar mais público

@Dj_Danuza Isso sim que é jornal!!! Danuza Formentini, em 14 de março

Artes | 16

O insaciável desejo de ser amado e a infatigável capacidade de amar

@jubs_lp Como sempre a capa do @ocaxiense está linda! Juliana Vieira, em 14 de de março

Festa gauchesca | 17

O Caxiense no Alfredo Jaconi | @CJovemJuventude @ocaxiense Ótima iniciativa de vocês! Parcerias assim que precisamos! Sucesso para nós! Conselho Jovem do Juventude, em 14 de março

Peões se exibem na lida campeira e reverenciam a tradição nos Pavilhões

Percalços grenás | 18 Diante de dificuldades e desfalques, só a união salva

SER Caxias | @evilfun @ocaxiense ótima reportagem sobre a saída de Bindé do Caxias ! Parabéns!! Saulo Campagnolo, em 18 de março

Guia de Esportes | 20

Motociclistas tomam o terreno dos peões em campeonato de velocidade

ORKUT

Cálculos alviverdes | 21

M

Com Ú de unid LT ve ad IP rá co e acad LA man êm E SC da r a ica de OL UC ci H S at de A é 20 quem 14

Hiago, o jovem que adora matemática, faz o Ju sonhar com outros números

Renato Henrichs | 23

Expediente

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

2

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

15ª edição | Um grande passo para (o trem) sair do papel é a população (maior beneficiada) manifestar-se e decidir onde o governo deve investir nosso dinheiro. E parabéns ao fotógrafo que expressou na imagem a situação. J.M. Costa, em 15 de março

A Festa da Uva em números | Carnaval 2010: menos luxo, mais esforço | Tradicionalistas laçam e jogam nos Pavilhões | Zico, o torcedor papo que se fecha no vestiário | Bindé, o lateral que foi saído antes de sair do Caxias

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

A união de municípios, entidades e lideranças, o novo estudo de viabilidade e a promessa de recursos federais aceleram a marcha pela retomada do transporte ferroviário na região

Elói Frizzo responde sobre o enredo deste e dos próximos Carnavais

Assine

|S13 |D14 |S15 |T16 |Q17 |Q18 |S19

Maicon Damasceno/O Caxiense

Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 15 | R$ 2,50

PODCAST

(Acompanhe em www.ocaxiense.com.br/multimidia) l O site do jornal O Caxiense tem dois podcasts semanais. Na sexta-feira, a Redação comenta algumas das principais notícias que repercutiram na cidade. No começo da semana é publicado o podcast sobre a dupla CA-JU com os jornalistas Fabiano Provin e Marcelo Mugnol. Escute! Agradecemos | Maicon Rafael Borelli, Douglas Vagner Borelli, Luís Eduardo da Rocha, Mateus Boff e Jefferson Soares. Erramos | Na página 10 da última edição (Hora de decidir), publicamos equivocadamente que a votação para a reitoria da UCS se iniciaria “segunda-feira, 15 de novembro” – a data certa era 15 de março. | Na página 11 da última edição (Os Pavilhões viram pampas), afirmamos erroneamente que a Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars) abriria na “quarta-feira (18)” – o correto: “quinta-feira (18)”.

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


A Semana

Maicon Damasceno/O Caxiense

Rodrigo Lopes/O Caxiense

Maicon Damasceno/O Caxiense

Consulta para reitoria da UCS mobiliza comunidade acadêmica, que pode votar mais de uma vez

Pronto-socorro do Pompéia é ampliado, Igreja São Pelegrino ganha nova Casa Paroquial e UCS ouve alunos, professores e funcionários

SEGUNDA | 15 de março Estação Férrea

Convênio entre Caxias e União deve ser renovado O convênio entre o município e a União para possibilitar que sejam feitas intervenções na área da Estação Férrea deve finalmente ser renovado. O contrato venceu ainda em outubro de 2006 e o pedido de renovação estava sendo feito pela prefeitura desde julho daquele ano. O processo tramitava em Brasília, sem resultado positivo para o município. O secretário municipal de Cultura, Antonio Feldmann, conta que recebeu a notícia de uma das coordenadoras da Secretaria de Patrimônio da União, Ana Tulia de Macedo. Com assinatura desse convênio, a prefeitura poderá retomar os projetos de restauração dos prédios localizados na Estação. Além disso, poderá intervir nos pedidos judiciais de reintegração de posse das construções e terrenos pertencentes à União, mas que hoje são utilizados por residências ou estabelecimentos comerciais.

TERÇA | 16 de março Hospital Pompéia

Reforma do pronto-socorro deve ficar pronta em maio O pronto-socorro do Hospital Pompéia está em obras. Uma área atual de 278 metros quadrados, incluindo todo o pronto-socorro atual mais algumas salas, está sendo reformada e um novo espaço de mais 71 metros quadrados será construído para ampliar o local de atendimento

de urgências e emergências. Quando os trabalhos estiverem concluídos, o pronto-socorro terá 349 metros quadrados e o dobro da estrutura atual. O arquiteto que elaborou o projeto, Marcos Schio, explica que o número de leitos com equipamentos de UTI passará de dois para quatro, os leitos de observação subirão de 10 para 20, e serão criadas salas de isolamento, de curativo e de gesso, que hoje não existem. O superintendente operacional do hospital, Walter Beck, acrescenta ainda que a mudança, além de deixar o espaço maior, trará mais qualidade para o atendimento. Os recursos para as obras estão vindo de duas fontes. As reformas serão financiadas com R$ 317,55 mil provenientes de uma emenda parlamentar do deputado federal Pepe Vargas (PT-RS). E a parte nova, orçada em R$ 153,48 mil, será construída com recursos do próprio hospital.

QUARTA | 17 de março Igreja

São Pelegrino vai ganhar uma nova Casa Paroquial O bairro São Pelegrino perdeu no último mês uma de suas residências mais tradicionais. Talvez por não estar no nível da calçada da Avenida Itália, a demolição da Casa Paroquial, ao lado da igreja, não tenha chamado tanto a atenção. Mas o certo é que o atual canteiro de obras dará lugar ao espaço que vai abrigar tanto o atendimento dos fiéis quanto a nova moradia dos dois padres da congregação: o pároco Mario Pedrotti e o vigário Joone Fachinelli – desde fevereiro, os religiosos ocupam um apartamento provisório no Edifício

Francisco Oliva, defronte à igreja. O novo domicílio vai contemplar três dormitórios, sala, cozinha, banheiros, escritório, biblioteca e duas salas para atendimento pastoral. Como justificativa para a retirada, o padre argumenta que a antiga construção de madeira começou a funcionar como Casa Paroquial há 70 anos, em 1940, mas foi erguida muito antes.Madeiras infestadas de cupim, estruturas apodrecidas e instalações elétrica e hidráulica deficientes também pesaram na decisão. Os custos serão cobertos por uma reserva da igreja, que vinha prevendo a obra há 10 anos.

QUINTA | 18 de março Evento

Caxias recebe Salão Gaúcho de Turismo A 5ª edição do Salão Gaúcho de Turismo ocorre em Caxias até domingo. O evento é promovido pela Secretaria de Turismo, Esporte e Lazer em parceria com a prefeitura de Caxias do Sul no Parque da Festa da Uva. Pela primeira vez o evento é realizado fora de Porto Alegre. Nesta edição será realizado o Encontro Estadual de Prefeitos e de Secretários Municipais de Turismo e o I Encontro Nacional dos Coordenadores Regionais de Serviços Turísticos de 2010. O Salão Gaúcho do Turismo oferece aos visitantes a oportunidade de circular por uma exposição com os atrativos das 23 microrregiões turísticas gaúchas, conhecendo e obtendo informações sobre o Rio Grande do Sul, além de espaços temáticos de ecoturismo e aventura, apresentações artísticas, feira de artesanato, mostra de turismo rural e recreação

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

infantil. Para o secretário municipal de Turismo de Caxias do Sul, Jaison Barbosa, a interiorização do evento representou uma vitória para Caxias.

SEXTA | 19 de março Eleição UCS

Comunidade acadêmica pode votar mais de uma vez É possível votar mais de uma vez na consulta para a reitoria da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Os nomes de alunos de graduação que ao mesmo tempo estão matriculados no Programa de Línguas Estrangeiras (PLE), por exemplo, estão em dois pontos de votação diferentes. O mesmo pode acontecer com funcionários da UCS que estão cursando graduação ou pós-graduação na entidade. Segundo a Comissão Eleitoral, o voto é de responsabilidade de cada pessoa, que deve optar por votar em uma categoria. Fora a consciência ética de cada eleitor, não há nesta consulta uma forma de impedir que uma mesma pessoa vote mais de uma vez. Estão aptos a votar até o meio-dia de sábado alunos de graduação, pós-graduação, PLE, cursos de Tecnólogo e Universidade da Terceira Idade (UTI), além de professores e funcionários. “Previmos que isso (a votação dupla) poderia acontecer, tem professores que também são alunos e não tem como tirar de uma das listas”, explica a presidente da Comissão Eleitoral, Fernanda Maria Francischini Schmitz. Cerca de 30% dos alunos do PLE (o equivalente a 479) são também alunos da UCS em outras modalidades. “Proibida de votar mais de uma vez a pessoa não está, mas recomendamos que ela exerça a ética.”

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

3


Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Em franca recuperação

Mercado de trabalho

Na Câmara Municipal, o vereador Assis Melo (PC do B) sustentou que a proposta em tramitação no Congresso Nacional tem potencial para gerar mais de 2,5 milhões de postos de trabalho. Para o também presidente do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos, a redução é necessária e possível de ser feita sem causar maiores danos. Ele defendeu a mobilização dos trabalhadores para garantir a sua aprovação. A grande questão nesta polêmica é que mais uma vez não se discute a essência do problema. O governo coloca setores da sociedade em conflito para que não se debata o que é realmente necessário: reformas trabalhista, previdenciária e, principalmente, a tributária. É hora de capital e trabalho enxergarem que existem outros interesses, mais fortes, poderosos e corporativistas, nesta discussão.

Páscoa gorda

Os supermercadistas do Rio Grande do Sul esperam um incremento de 13,5% nas vendas de Páscoa na comparação com a data do ano passado. A pesquisa da Associação Gaúcha de Supermercados (Agas) apontou que o gasto médio do consumidor deverá ficar em R$ 162,60. Também mostrou que 70% dos entrevistados pretendem fazer suas compras nos supermercados. Pela ordem, os produtos de maior vendagem, conforme o levantamento da Agas, deverão ser refrigerantes, peixes, ovos de chocolate, bombons e chocolates. A população gaúcha responde pelo consumo de 9 milhões de ovos de chocolates, o equivalente a 12% do total da produção nacional – e algo próximo a uma receita de R$ 72 milhões para o setor. Já a expectativa dos lojistas locais, conforme uma pesquisa informal realizada pelo Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul (Sindilojas), é de vender 10% a mais do que no mesmo período do ano passado. Os chocolates devem liderar as vendas, mas outros produtos já tomam espaço entre os presentes de Páscoa, como brinquedos e jogos. Os preços dos chocolates terão elevação de 2% a 3% sobre o ano passado.

4

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

Fonte: Caged/Ministério do trabalho

11.741

10.760 7.674

5.963 6.694 Fev/2009

Fev/2010

Saldo: -731

Saldo: 3.086

Acumulado 2009 Saldo: -975

Novo voo

A informação não é oficial, mas tudo se encaminha para que, em breve, o Aeroporto Hugo Cantergiani seja servido por mais uma companhia aérea. A WebJet estaria avaliando a pos-

Medida correta

O Restaurante Dolce Itália, que funciona junto à Escola de Gastronomia UCS-ICEF, passa a servir almoço diariamente à comunidade, mudando a estratégia até agora adotada de somente abrir à noite, com reserva, para grupos de, no mínimo, 20 pessoas. A medida é positiva

Os empreendedores Marco Aurélio Leis Trindade e Rafaele Frasson Amalcaburio investiram na idealização do Espaço Fitness Marco Leis, que será apresentado no dia 23, às 19h30. A academia foi erguida em área de 300 metros quadrados do Villaggio Iguatemi e abriu seis vagas de trabalho. Com capacidade para 350 alunos, atenderá das 6h às 22h.

Emprendimento II

Acumulado 2010

Resultado de investimento de R$ 100 mil, a Cacau Show abriu, na quarta-feira, dia 17, sua segunda franquia em Caxias do Sul. O novo espaço, de 48 metros quadrados, localizado no piso térreo do Prataviera Shopping, é administrado pelos franqueados Luís Ernesto Webber e Salete Webber. Fundada em 1988, a Cacau Show tem 750 franquias e quatro fábricas, onde produz anualmente 10 mil toneladas de chocolates.

Saldo: 5.345

Mudança

19.287

Admissões Demissões

Simecs, Divulgação/O Caxiense

A favor

val e de menos dias úteis de trabalho, as contratações cresceram 36% sobre janeiro, chegando a 3.086, das quais 1,9 mil na indústria. No mesmo mês do ano passado o saldo foi negativo em 731 vagas. Nos últimos 12 meses foram criados 6.735 postos, crescimento de 4,5% na comparação com o período imediatamente anterior.

Empreendimento I

sibilidade de incluir a cidade, como escala, em um de seus novos horários para Congonhas, em São Paulo. O voo partiria de Porto Alegre e faria escalas em Caxias do Sul, Joinville e Curitiba.

A empresária Eroni Mazzocchi Koppe assume na sexta-feira, dia 26, a presidência do Centro Empresarial de Flores da Cunha para o biênio 2010-2011 em substituição a Deunir Argenta. A solenidade ocorrerá no Clube Independente de Flores da Cunha. Luizinho beber, Div./O Caxiense

O primeiro bimestre do ano, certamente, superou as mais otimistas estimativas de recuperação da economia. Basta avaliar o comportamento do mercado de trabalho em Caxias do Sul. No período foram criadas 5.345 novas vagas, das quais 3.650 na indústria. Em fevereiro, mês tradicionalmente mais fraco por causa do Carna-

13.942

Representantes do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs) e da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) integraram a comitiva de 60 industriais gaúchos que manifestou, em Brasília, contrariedade à Proposta de Emenda Constitucional que reduz a jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais e eleva o adicional na hora extra de 50% para 75% do valor da hora trabalhada. O empresariado reuniu-se com líderes partidários e deputados da bancada federal gaúcha. A partir dos contatos mantidos, o diretor executivo do Simecs, Odacir Conte, avalia que a matéria deve ser apreciada somente em 2011. Acrescenta que, se aprovada, a proposta elevará os custos de produção e provocará perda de competitividade.

12.716

Contra

porque permite que a população em geral tome conhecimento e usufrua do trabalho realizado em Flores da Cunha. O espaço, com capacidade para atender 78 pessoas, funcionará de segunda a sexta, das 12h às 14h. À noite segue a política de oferecer jantares para grupos mediante reserva.

Curtas A gerente regional do Sebrae/ RS, Andrea Balbinot, palestra para alunos da graduação e pós-graduação da Ftec e empreendedores de Caxias do Sul e região na próxima segundafeira, dia 22, às 19h, no auditório da instituição em Caxias. Andrea abordará a importância da atualização e da construção de alianças para quem quer empreender com sucesso.

cou para 26 de março, sexta-feira, a posse festiva da diretoria para a gestão 2010/2011. O evento ocorrerá às 19h30 no restaurante da CIC Caxias. O contador Fernando Spiller assumirá a presidência em substituição a Gervazio Parizotto. Dentre suas metas está a de buscar nova sede para o sindicato e ampliar a atuação em toda base territorial de 33 cidades.

A titular da Delegacia para Mulher, Thais Norah Sartori Postiglione, abrirá o ciclo de palestra do evento Café com Informação, iniciativa do Conselho da Mulher Empresária/Executiva da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. O encontro será no dia 25 de março, no restaurante do subsolo da entidade, das 8h30 às 10h.

O ex-governador gaúcho Germano Rigotto será o palestrante da reunião-almoço desta segunda-feira, dia 22, da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul. O político caxiense – pré-candidato a uma vaga no Senado – falará sobre o tema O Brasil e o novo ciclo de desenvolvimento. Após deixar o governo do Estado, em dezembro de 2006, Rigotto foi nomeado membro do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Presidência da República.

O Sindicato dos Contadores e Técnicos em Contabilidade de Caxias do Sul e Região Nordeste mar-

Show de móveis

Organizada pelo Sindicato das Indústrias do Mobiliário de Bento Gonçalves, a Movelsul Brasil deverá atrair em torno de 35 mil visitantes no período de 22 a 26 de março. A feira, que espera gerar US$ 300 milhões em negócios, alta de 10% sobre a edição de 2008, ocorrerá no Parque da Fenavinho, em Bento Gonçalves. Dentre as dezenas de novidades incorporadas, uma estreitará relações e proporcionará parcerias entre o setor moveleiro e a construção civil brasileira. Com o Projeto Móveis e Imóveis, criado pela diretoria da Movelsul Brasil, serão realizadas rodadas de negócios entre expositores da feira e grandes construtoras do país para encontrar as melhores condições de comercialização e adequações orçamentárias.

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Maicon Damasceno/O Caxiense

Patrimônio Histórico

O Depósito de Locomotivas, nos fundos da Secretaria Municipal da Cultura, é um dos imóveis tombados da antiga Rede Ferroviária na cidade

A PRÓXIMA PARADA DA

ESTAÇÃO FÉRREA

E

por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br ntender o significado da Estação Férrea para Caxias é mais do que simplesmente passar pelo local e olhar para ele. Há quem faça isso todos os dias sem conseguir enxergar além do prédio amarelo com a sigla V.F.R.G.S. no alto e algumas casas velhas ao redor. Muitos sequer observaram a inscrição lá na frente e não sabem que ela significa Viação Férrea do Rio Grande do Sul. Para enxergar além de paredes é necessário visitar o lugar com a predisposição de surpreender-se, com curiosidade. O exercício de se deixar impressionar não é difícil para quem visita o prédio, porque tudo está quase exatamente como era quando foi inaugurado, em 1910, há cem anos, para ser a estação do trem que ligava Caxias à capital Porto Alegre. O prédio fica no centro de um grupo de quatro construções históricas que compõem o chamado Largo da Estação Férrea – além da Estação de Passageiros, tem a Casa do Administrador, o Depósito de Cargas e o Depósito de Locomotivas. As construções formam o único conjunto arquitetônico com valor histórico que restou em Caxias do Sul, diferente dos museus Municipal e da Casa de Pedra. Na Estação de Passageiros, cinco lances de uma escada de pedra dão acesso a duas portas imensas de madeira e vidro que se abrem para receber a claridade e os visitantes. A recepção

é iluminada por janelas altas, envidraçadas e divididas em duas partes que se abrem para dentro, assim como as portas – reflexos da arquitetura de um tempo em que não havia energia elétrica, que só chegou a Caxias em 1913, e era preciso aproveitar a luz externa. Aquele lugar que em 1950 fervilhava hoje é quase só silêncio – uma irônica contradição para uma cidade cuja população mais do que dobrou de tamanho desde então. Em vez do burburinho e da agitação das pessoas que circulavam nesse espaço, alguns painéis colocados recentemente tentam contar em palavras essa história. A plataforma de embarque e desembarque está tão preservada – até os trilhos estão inteiros – que ao fechar os olhos é quase possível escutar o apito do trem chegando. Neste local, em vez do movimento de carros da Rua Augusto Pestana e da grande quantidade de veículos estacionados, o que se vê são os trilhos, grama e os outros três prédios históricos desse conjunto arquitetônico cercados por vegetação e tranquilidade. A Estação de Passageiros passou por uma restauração para poder abrigar a Secretaria Municipal de Cultura. Da sua plataforma é possível ver as outras três construções que compõem o conjunto arquitetônico, infelizmente, não tão bem-cuidadas. À direita da porta de acesso à plataforma é visível o antigo Depósito de Locomotivas. É uma casa aparentemente em ruínas, que

É longo o caminho a se trilhar para revitalizar a herança do trem em Caxias

pode ser notada por quem passa de gem de passageiros para Porto Alegre, carro ou a pé pelas ruas que cercam a e só aumentou depois de 1994, com a antiga gare central. Seu projeto de res- desativação definitiva das locomotivas, tauração está orçado em R$ 450 mil, que até aquele ano ainda eram usadas mas não foi executado porque o muni- para transportar cargas. A ferrovia cípio não tem autorização para mexer perdia a função e, consequentemente, no lugar, que é patrimônio da União. seus prédios também. Ali perto, uma pequena habitação era Em 2001, todo o complexo situado usada como Casa do Administrador. na área foi tombado pelo Instituto do Há gerações uma família ocupa a re- Patrimônio Histórico e Artístico do sidência sem autoriEstado (IPHAE). Inzação oficial. Do lado dependentemente de oposto do Depósito de “Existe uma quem fosse o dono dos Locomotivas está o an- questão social imóveis ou estivesse tigo Depósito de Car- nesse processo utilizando-os, ficava gas, que foi usado por proibido intervir nos também. Não uma empresa durante prédios sem autorizaanos, depois por cata- dá simplesmente ção específica e acomdores de lixo, até ser para tirar as panhamento técnico. A transformado em um pessoas de lá”, medida tenta impedir centro cultural onde os imóveis antidiz a procuradora que são realizadas oficinas gos fossem abaixo ou e projetos especiais da Caroline dessem lugar a edifícios Secretaria da Cultura. mais modernos, como aconteceu em outras O abandono desses espaços regiões da cidade. históricos pode ser explicado por uma A Rede Ferroviária foi completasucessão de equívocos e desatenção mente extinta em 2007, depois de um com o patrimônio cultural. Ao longo longo processo de privatização de aldos anos, os prédios foram sofrendo guns trechos, aqueles que eram ainda com as ações do tempo e da falta de comprovadamente viáveis. Após a lizelo, primeiro da extinta Rede Ferro- quidação do que restou da empresa, o viária Federal, que nunca fez questão patrimônio foi transferido ao governo de modernizar o espaço, e mais tarde federal. Em 2004, a prefeitura de Cada União, que deixou as construções xias fez um convênio com a Rede Fercomo estavam, sem se preocupar com roviária, que ainda existia apesar das sua conservação. condições precárias, para cuidar do O descuido se intensificou a partir de patrimônio da viação férrea na cidade. 1977, com a realização da última via- Foi o que possibilitou com que o mu-

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

5


6

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

nicípio iniciasse o processo de revita- nesse processo também. Não dá simlização do Largo da Estação e a restau- plesmente para tirar as pessoas de lá”, ração do prédio que sedia a Secretaria lembra a procuradora seccional da da Cultura. O convênio teve duração União em Caxias, Caroline Busetti. de apenas dois anos. Em julho de 2006, Caroline diz que instaurou centenas três meses antes de vencer o contrato, de procedimentos administrativos a o Município entrou com um pedido respeito de ocupações irregulares na de renovação, mas a Rede já estava em área. Em alguns casos houve acordo fase final. Era necessário inventariar o entre as partes. As situações mais grapatrimônio em todo o Brasil e a reno- ves que não terminaram em consenso vação não ocorreu. foram transformadas em ações judiSomente na semana passada, o secre- ciais. Uma delas é o caso de um contário municipal da Cultura, Antônio junto de moradias instaladas na região Feldmann, recebeu a primeira sinali- da extinta Pedreira Guerra. A União zação positiva depois de quase quatro conseguiu a reintegração de posse e anos esperando por uma autorização as famílias tiveram que deixar o local. oficial que permita ao município con- O caso dos Guinchos Kabika aguarda tinuar a restauração. Em reunião com sentença. uma das coordenadoras da Secretaria A procuradora acredita que o conde Patrimônio da União, Ana Tulia de vênio que está para ser firmado enMacedo, ele recebeu a notícia de que tre o município e o IPHAN para que o pedido caxiense estava sendo repas- possam ser feitas intervenções na área sado finalmente ao Instituto do Patri- da estação férrea pela prefeitura pode mônio Histórico e Artístico Nacional ajudar no andamento dos processos e (IPHAN), para que seja firmado o con- também na tomada de decisões a resvênio com o Município. peito do que fazer com os imóveis pri“O problema é que a gente não tem vados instalados na área pública. “São como saber quando isso vai realmen- casos complicados, porque existem cate chegar aqui. Adoraríamos que isso sas construídas dentro de um terreno acontecesse este ano, quando se com- considerado histórico.” pleta o centenário da chegada do trem. Mas quem ficou quatro anos esperanO projeto que resultou no tomdo fica com receio de fazer previsões bamento dos quatro prédios da Estamuito positivas”, pondera o secretário. ção Férrea de Caxias incluiu também Feldmann lembra que tudo é demora- o terreno onde essas construções estão do em se tratando das tratativas com localizadas, desde a Rua Augusto Pesa União, que sequer tinha os bens da tana até a Marechal Floriano. Todo o Estação Férrea regisespaço que hoje é usatrados em cartório. Foi do como rua e também só em 12 de fevereiro Uma locomotiva como estacionamento de 2010 que o Minisdeveria estar, por lei, está sendo tro do Planejamento, sendo usado apenas Paulo Bernardo Silva, construída para com fins culturais, capublicou no Diário circular pelos tegoria na qual não está Oficial da União uma trilhos da inserida a função de portaria determinando passagem ou parada de Estação Férrea o registro dos imóveis, veículos. processo que ainda tra- nos festejos do “Não vamos ser ramita. Feldmann conta centenário da dicais e proibir, de uma que até então a posse chegada do trem hora para a outra, o esdaqueles prédios estatacionamento naquele va registrada apenas na local, mas isso, mais ata de uma assembleia geral extraordi- cedo ou mais tarde, vai ter que acabar nária realizada em 30 de dezembro de acontecendo”, diz Feldmann. 1968, na qual foram subscritos todos O arquiteto Carlos Eduardo Pedone os bens da Rede Ferroviária Federal. lembra que o Plano Diretor de Caxias do Sul protege as áreas históricas da Os bens da Rede Ferroviária cidade e também em redor. Significa Federal incluem, além dos prédios do que, além de restaurar aqueles prédios Largo, a primeira estação de parada antigos e retirar carros do terreno tomde passageiros que vinham de Farrou- bado, a prefeitura terá que pensar em pilha em direção a Caxias, localizada uma maneira de melhorar os arredores em Forqueta, que hoje é usada como do Largo da Estação, por segurança do moradia. Também faz parte a segunda patrimônio e também uma questão esparada, no bairro Desvio Rizzo, que tética. “As áreas de interesse histórico quase não existe mais. O prédio está possuem regras para o seu entorno. O praticamente em ruínas. “Acredito que trânsito de veículos pode abalar as esde lá dê para aproveitar somente a pa- truturas e um grande estacionamento rede onde está a placa indicando a data destoa do visual histórico.” de fundação do lugar”, diz Feldmann. Uma locomotiva está sendo construHá ainda as invasões na faixa de do- ída para circular pelos trilhos da Estamínio da via férrea, que é de 30 metros ção Férrea nas festas do centenário da em toda a extensão da estrada de ferro chegada do trem em Caxias, em junho. – 15 metros para cada lado dos trilhos. Outras intervenções, como a construUm levantamento superficial aponta ção de um museu virtual que conte a para a existência de 6 mil moradias história do trem no Depósito de Loconstruídas irregularmente na área da comotivas ou a retirada de trânsito e rede ferroviária. estacionamento do local precisarão A Advocacia Geral da União (AGU) esperar. A expectativa é que todos esfez um estudo jurídico sobre o que po- ses planos e iniciativas se concretizem deria ser feito para retirar as famílias a partir da assinatura do convênio que da área. A pesquisa ainda está sendo dará à prefeitura autorização para inanalisada: “Existe uma questão social tervir na região da Estação.

De cima para baixo: Casa do Administrador, estação de Forqueta e ruínas do Rizzo

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Maicon Damasceno/O Caxiense

Detetive tecnológico

A coleta de perfil genético é feita com instrumentos simples, com o swab, uma espécie de cotonete usado para recolher amostras, antes de passar por uma análise complexa

A chave está

nO DNA U

por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br

m detalhe imperceptível, que passaria batido pelo mais ardiloso bandido, pode ser suficiente para colocá-lo na mira da polícia. Em tempos de novas metodologias científicas, descobertas químicas e genéticas e equipamentos avançados, qualquer distração do bandido está sujeita a se transformar em prova incontestável contra ele. Um fio de cabelo, um rastro de sangue ou um resíduo de saliva são suficientes para solucionar até o crime aparentemente perfeito. Parece ficção, seriado de tevê, filme americano. Mas aconteceu no Rio Grande do Sul. E não foi uma vez. Foram duas só nos últimos 15 dias. A descoberta do assassino do secretário de Saúde de Porto Alegre, Eliseu Santos, 63 anos, e a prisão do médico traumatologista de Caxias Paulo dos Santos Dutra, 50 anos, foram possíveis graças a exames de DNA realizados por peritos da polícia civil gaúcha. No caso do médico de Caxias, o que o colocou na cadeia foram a saliva encontrada no seio de uma paciente adolescente e resíduos de uma relação sexual (forçada, segundo a polícia) no corpo de uma agricultora de 49 anos. Amostras de DNA coletadas nas duas mulheres coincidiram com as encon-

tradas na escova de dentes de Dutra. No caso do secretário Eliseu Santos, foram amostras de sangue do assassino coletadas no local do crime. Embora tenha matado o secretário, o criminoso, também chamado Eliseu, de sobrenome Pompeu Gomes, tinha sido ferido deixara rastros de sangue antes de fugir. Os crimes investigados na Capital e em Caxias do Sul são completamente diferentes. O primeiro deles é homicídio; o segundo, abuso sexual. Mas eles possuem um detalhe em comum. Em ambos os casos, os suspeitos deixaram vestígios orgânicos que possibilitaram aos peritos coletar amostras de DNA. É o que bastou para a ciência entrar no jogo – e para ganhar. Os crimes sexuais são os que mais dão trabalho ao setor de genética forense do Laboratório do Instituto Geral de Perícias (IGP) do Estado, localizado em Porto Alegre, para onde vão todas as amostras de DNA colhidas no Rio Grande do Sul. Segundo a perita Trícia Albuquerque, cerca de 40% de toda a demanda do laboratório de genética são as agressões sexuais. Para esse laboratório que foram encaminhadas as provas recolhidas do corpo da adolescente e da agricultora que denunciaram o médico Paulo dos Santos Dutra. A coleta foi feita no De-

A ciência tem sido uma das principais aliadas da polícia gaúcha na elucidação de crimes, principalmente os sexuais partamento Médico Legal (DML) de pontaneamente, o que por lei é possíCaxias, quando elas fizeram o exame vel, já que ninguém pode ser obrigado de corpo de delito. a produzir prova contra si mesmo. A O odontolegista Lúcio André Eber- juíza Sonáli da Cruz Zluhan precisou le, do DML de Caxias, explica que a expedir um mandado de busca e apreamostra é colhida do corpo da vítima ensão de uma escova de dentes na casa com um equipamento chamado swab, do traumatologista. uma espécie de cotonete. Ele é friccioEm 16 anos de carreira, Sonáli já tinado contra o local que pode conter nha determinado apreensões de muiresíduos de DNA do suposto crimino- tos objetos, mas nunca de uma escova so, depois colocado em um envelope de dentes. “Já trabalhamos com vestíde papel – não pode ser gios em casos de criplástico, pois poderia mes. Mas com a escova haver alguma reação “Já trabalhamos de dentes, para mim, química – e enviado ao com vestígios em foi a primeira vez”. Laboratório de Perícias A escolha do objeto do IGP, em Porto Ale- casos de crimes. do médico que seria gre, onde é encaminha- Mas com a analisado pelo IGP era do para análise genéti- escova de dentes, fundamental para que ca junto com diversos para mim, foi a a amostra retirada dele outros materiais colefosse perfeita. A perita tados em cenas e situa- primeira vez”, Trícia, que foi quem reções de crime em todo afirma a cebeu o material, explio Rio Grande do Sul. ca que a escova de denjuíza Sonáli “Qualquer fragmento tes é um dos melhores orgânico que possa ser objetos para investigaanalisado é coletado e encaminhado ção genética. para análise, desde que haja uma soli“De todas as outras coisas que são citação do delegado”, explica Eberle. usadas pelas pessoas, essa é a que tem Conseguir o DNA do médico para menos chance de ser compartilhada poder compará-lo com o encontrado com outros. Portanto, as possibilidano corpo da adolescente e no da agri- des de se encontrar mais de um DNA cultora foi um pouco mais difícil do nela são mínimas, o que faz com que o que a coleta nas vítimas. O suspeito exame seja certeiro.” E foi exatamente não quis ceder nenhuma amostra es- o que aconteceu. O perfil identificado

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

7


Maicon Damasceno/O Caxiense

Amostras de DNA colhidas durante o exame de corpo de delito, realizado do DML, têm ajudado a esclarecer uma série de casos na região

nessa escova era idêntico ao encontrado no corpo das vítimas, o que possibilitou a prisão do médico.

Ou seja, não se analisa o DNA de uma vítima se não houver o de um suposto agressor para comparar”, explica.

Trícia explica que o material O Rio Grande do Sul foi o prigenético pode ser identificado a partir meiro Estado brasileiro a adotar os de qualquer amostra exames de DNA nas orgânica do corpo da investigações, e tem pessoa, até de um fio de O IGP do Rio feito isso desde 2000. cabelo. “A única dificul- Grande do Sul É também o líder em dade do fio de cabelo é foi o primeiro a quantidade de análises que o núcleo do DNA genéticas, ganhando usar os exames está somente na raiz”, até de São Paulo. ressalva. Quando se de DNA nas O delegado que inconsegue fazer a aná- investigações, vestiga a morte de lise, o resultado é sem- e é considerado Eliseu Santos, Bolívar pre perfeito, sem deixar Reis Llantada, que um dos melhores dos dúvidas. “Ela é feita trabalhou anos em Capor um aparelho que do país xias, explica que isso transforma as regiões acontece porque a sodo DNA analisadas em licitação desse exame uma espécie de gráfico. Se as amostras já entrou na rotina policial gaúcha. forem da mesma pessoa, os gráficos se- Sempre que ficam vestígios orgânicos rão exatamente iguais. Por isso esse é nas vítimas ou nas cenas dos crimes é um exame tão preciso.” possível recorrer ao recurso científico E também muito seguro, em todos do DNA. E ele vale mesmo quando o os sentidos. O material coletado não é suspeito não está ao alcance da polícia. apenas analisado com cuidado. Recebe No caso Eliseu, como o bandido estava um tratamento especial de armazena- foragido, foram feitas análises do DNA mento, em que as condições ambien- da mãe e de um dos irmãos dele, o que tais e a segurança são fundamentais. já bastou como prova. “Todas as amostras ficam em um free“Se o criminoso foi ferido na cena do zer identificadas por códigos, aos quais crime e deixou no cenário dos fatos o apenas algumas pessoas têm acesso. seu sangue, então o exame em pauta se Então, qualquer indivíduo que não torna viável. Outra situação é quando seja autorizado a trabalhar com essas a vítima lutou com o agressor antes amostras jamais saberá de quem elas de morrer. Colhe-se, então, material são, o que elimina as chances de mani- genético embaixo de suas unhas para pulação”, diz Trícia. confrontá-lo com o do suspeito. Cabe Além disso, os freezers são cadeados, também em crimes sexuais”, diz Bolíe há guardas que garantem que somen- var. te funcionários autorizados acessem o E esse não é o único recurso cientíprédio onde funciona o Laboratório de fico do qual a polícia se utiliza para a Perícias do IGP. “Mesmo que houves- elucidação de crimes. No Laboratório se um arrombamento de cinema, não de Perícias do IGP, além da divisão de adiantaria, porque o arrombador não genética, há dois setores que também conseguiria identificar as amostras.” trabalham com análises químicas e Trícia conta que o IGP faz, em média, científicas. Um deles é o de toxicolo30 análises de DNA por mês, embora gia, onde são analisadas amostras de algumas vezes a quantidade de pedidos sangue e urina para detectar se um ultrapasse esse número. Ao todo, seis criminoso estava sob efeito de drogas peritos trabalham diariamente apenas e apontar qual substância teria sido no setor de genética forense e, mesmo usada. O mesmo tipo de exame pode assim, eles nem sempre conseguem dar ser feito para esclarecer crimes de enconta da demanda. “E nós só fazemos venenamento. Em caso de cadáveres, a análise quando existe um suspeito. são usadas partes do corpo retiradas

8

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

no DML durante a necropsia. O outro setor do laboratório é o de química forense, que realiza exames para descobrir se há resíduos de chumbo, bário ou antimônio – elementos químicos presentes em projéteis de armas de fogo – na mão de um provável criminoso. É usado, por exemplo, em casos de supostos suicídios nos quais o delegado suspeita de que possa ter ocorrido, na verdade, um homicídio. Como esses resíduos só ficam nas mãos de quem atira, é possível saber a partir deles quem foi o atirador. E há ainda recursos nem tão científicos ou complexos, mas que também são usados rotineiramente pela polícia, como o do luminol, que combina o uso de um produto químico com uma espécie de lanterna para revelar vestígios de sangue. “Houve um caso em Caxias em que a mulher matou o companheiro com ajuda do enteado, porque ele estaria abusando de uma das filhas dela. O corpo foi guardado dentro de uma van e queimado, e o local onde o crime ocorrera foi lavado. Quando isso acontece, não tem como arrecadar material genético, tipo sanguíneo, fator Rh etc. que possam servir para teste de DNA. Mas restam outras provas subsidiárias. Nesse caso, usamos o luminol, que identifica as manchas de sangue mesmo depois que ele é lavado, e provamos que o homicídio ocorrera dentro da casa”, conta Bolívar.

seguirmos localizar a arma, teremos condições de comparar se o projétil saiu daquela arma ou não.” Há, ainda, o teste de impressões digitais das palmas das mãos ou das pontas dos dedos. Elas são colhidas nos locais de crime e depois podem ser comparadas com as dos suspeitos. O delegado conta que já existe um banco de dados eletrônico de impressões digitais no qual estão colocados os registros de todas as pessoas que tiveram alguma passagem recente pela cadeia ou daquelas que fizeram a carteira de identidade depois que o documento passou a ser confeccionado no computador. “Infelizmente, o IGP não conseguiu ainda digitalizar todas aquelas identidades feitas quando o sistema ainda era manual. Mas quando esse banco de dados estiver concluído, nós teremos condições de colher as impressões no local do crime, lançá-las num sistema e, em seguida, por meio de um programa de computador, identificar de quem são aquelas impressões”, projeta o delegado regional. Um banco semelhante está sendo organizado com amostras de DNA. O objetivo é digitalizar perfis de DNA de criminosos colhidos dos próprios suspeitos ou dos corpos de suas vítimas para que, em caso de reincidência, eles sejam facilmente identificados. Isso deve ajudar, principalmente, na solução de crimes sexuais, tipo de delito em que os agressores O delegado regiocostumam agir mais de nal de Polícia, Paulo Um banco de uma vez. Roberto Rosa da Silva, amostras de O delegado Paulo lembra que há ainda afirma que o uso de reDNA colhidas de cursos científicos tem uma série de análises e exames mais comuns, criminosos está sido fundamental para mas que também usam sendo organizado o trabalho policial. Ele técnicas e tecnologias para auxiliar conta que uma série especializadas e são de casos relacionados na resolução igualmente importana abuso e estupro tem tes na investigação. dos casos de sido elucidados na re“Nós temos o exame de reincidência gião graças às técnicas balística, por exemplo, modernas de investigaque é muito esclareceção. “Nós ainda temos dor em casos de homicídio e tentativas muito para evoluir. Mas o IGP do Rio de homicídio. É feita uma análise do Grande do Sul é um dos melhores do projétil retirado do corpo da vítima. país, e grande parte desse reconheciCom um mandado de busca e apre- mento vem das tecnologias e metodoensão na casa do suspeito, se nós con- logias científicas de que dispomos.”

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Maicon Damasceno/O Caxiense

Questões tecnológicas

Conhecimento passado adiante: Mateus Barcarolo, 16 anos, que faz curso de programação e manutenção de computadores, é monitor do Ciad de Vila Cristina

O ACESSo

É Só o COMEÇO

C

por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br

omputadores mais baratos, multiplicidade de aplicativos, velocidades de conexão mais altas, profusão de novos sites, redes sociais que não param de crescer. A primeira década do século XXI intensificou a digitalização do dia a dia do homem em um ritmo irrefreável. Entretanto, uma grande parcela da sociedade, por motivos econômicos ou culturais, ainda não faz parte do universo binário. O mundo digital tornase cada dia mais acessível, mas não é, ainda, um mundo de todos. Assim como nas décadas anteriores uma das principais metas governamentais era erradicar o analfabetismo, desde a última década as atenções se voltam para o desafio de fazer com que o maior número de pessoas tenha acesso ao correio eletrônico, consiga navegar na internet ou simplesmente aprenda a usar um computador. Muitos projetos foram e estão sendo desenvolvidos nessa área, inclusive em parcerias de diferentes esferas de governo. Um bom exemplo pode ser encontrado no bairro Reolon. É a Casa Brasil. Inicialmente, o governo federal investiu na adequação das instalações, na compra dos computadores e no pagamento dos funcionários por um período de dois anos. Hoje, o espaço é mantido pela prefeitura, via Fundação

de Assistência Social (FAS). A oportunidade de ter acesso ao mundo virtual afetou a vida de muitos moradores da comunidade, começando pelos próprios monitores. A coordenadora da unidade, Cristiane Ferreira, conta que boa parte dos colegas não acreditava que receberia uma chance de crescimento – um pessimismo que a iniciativa da Casa Brasil deixou no passado com aqueles a quem abrigou. Patrick Medeiros é monitor do telecentro da Casa Brasil, responsável por assessorar mais de 1 mil pessoas que utilizam os computadores ali todos os meses. Patrick conta que a maioria delas busca os equipamentos para criar ou atualizar currículos, isto é, usa a informática como ferramenta para conseguir trabalho e, por consequência, o sustento. Cristiane confirma o relato do colega com alegria, fazendo uma rápida estimativa: das últimas 15 pessoas que a haviam procurado para enviar currículos, 10 saíram empregadas. O telecentro tem 18 computadores, sendo quatro destinados exclusivamente à realização de trabalhos e pesquisas escolares. Todos os usuários preenchem uma ficha com nome e escolaridade na entrada e têm acesso livre para navegar por até 30 minutos. Para quem for realizar trabalhos, o tempo é indeterminado, e não é necessário fazer o registro. O laboratório conta ainda com impressora, que

Pulverizada em diversas iniciativas, públicas e privadas, a inclusão digital é um desafio emergente na cidade

é disponibilizada gratuitamente. Para subsolo, chega-se ao laboratório de os jovens e crianças, os frequentado- manutenção da Casa. Lá são reunires mais assíduos, são oferecidos jogos dos computadores e monitores com educativos – diversão e instrução a um problemas de funcionamento que são só tempo. Essa é uma das finalidades doados à instituição. O técnico do lado telecentro. Não apenas disponibili- boratório, Douglas Machado, conta zar o computador, mas oferecer o que que normalmente é preciso usar três fazer com ele. máquinas avariadas para montar uma Em uma sala contígua ao telecentro, que funcione. “Em 2009, consegui o técnico em multimontar 15 computadomídia Jerônimo Cruz res, que foram doados oferece o serviço de “É comum donos para usuários do telecriação de arte para de mercadinhos centro”, relata. O maempreendedores loterial que Douglas não e mecânicas cais. “É comum donos consegue aproveitar é de mercadinhos, pada- virem para transformado em peças rias ou mecânicas vi- criar cartões de decorativas estilizadas rem para criar cartões visita, cartazes, – e o restante vai para a de visita, cartazes, inreciclagem. informativos ou formativos ou folders”, explica. Neste semes- folders”, diz Cruz, Um outro projeto tre, uma outra fatia da Casa Brasil social, coordenado pela da comunidade será Secretaria Municipal contemplada com curdo Desenvolvimensos de edição de imagem em softwares to Econômico, Trabalho e Emprego, livres. abrange diversas regiões de Caxias. São A vida do próprio Jerônimo foi al- os 14 Centros de Inclusão e Alfabetizaterada com o ingresso na Casa Brasil, ção Digital (Ciad), que proporcionam há dois anos. Antes, trabalhava como acesso gratuito aos computadores e à metalúrgico. Integrado à equipe da internet. instituição, fez cursos, aprendeu a usar O distrito de Vila Cristina está aprodiversas ferramentas de informática, ximadamente a 30 quilômetros do produziu um curta-metragem e deve Centro, seguindo pela BR-116 em dicoordenar um projeto interno de rádio reção a Nova Petrópolis. Após ingresweb ainda este ano. sar em uma pequena estrada vicinal, Descendo as escadas em direção ao atrás da nuvem de poeira levantada

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

9


Fatos como esse ainda são comuns em pequenas escolas estaduais distantes dos centros urbanos. Mas a titular da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Marta Fattori, afirma que nos últimos três anos o governo estadual tem dado prioridade para a inclusão digital. Um dos programas com esse fim é o Sala de Aula Digital, que visa a construir ou atualizar os laboratórios já existentes das escolas com mais de 100 alunos em todo o Estado. Pelo projeto, cada colégio recebe 10 computadores e R$ 11,5 mil para custear as instalações. Mesmo com a infraestrutura necessária, o empecilho para que os alunos usem os laboratórios de informática pode estar nos próprios professores, entre os quais também há uma parcela

uma década depois, em 2000, o colégio Rachel Grazziotin inaugurou um dos primeiros laboratórios da rede estadual na cidade, e em 2002 foi implantada a conexão de banda larga. Por sua vez, o Imigrante foi um dos primeiros a ter correio eletrônico, em 2000. A 4ª Coordenadoria não informa exatamente quantas das escolas estaduais de Caxias disponibilizam computadores aos estudantes. Na rede municipal, das 85 escolas, 58 contam com laboratório de informática. Inclusão digital, ou atualização tecnológica, naturalmente, não é tema de casa apenas para professores. Muitos outros profissionais precisam disso. E outros, mesmo que não tenham essa necessidade, manifestam a vontade.

co. “Esperava sentar na frente do computador e já fazer alguma coisa, e não ficar lendo apostilas.” E foi exatamente o que ele encontrou. No primeiro dia de aula já aprendeu as noções básicas e acessou um site. Atualmente, Paulo usa o computador, entre outras atividades, para enviar mensagens à sua lista de contatos do e-mail. Ele aconselha a todos fazer um curso e aprender a usar o computador. “As pessoas não podem ter vergonha de não saber mexer num computador. Elas devem fazer um curso e aprender. Isso é um investimento. Até meus frentistas tinham de saber mexer no computador e eu não sabia. Não há mais limite de idade para aprender.” O caso de outra aluna, a dona de casa Marisa Frare Rech, 52 anos, é um pouMaicon Damasceno/O Caxiense

pelo contínuo tráfego de carros e caminhões, se encontra a subprefeitura, que abriga o Ciad da localidade. Carlos Ramon, funcionário público e presidente da Associação Comunitária do distrito, é responsável pela segurança do local. Essa política é aplicada em todos os demais Ciads: o município cuida das despesas e uma instituição da comunidade se encarrega da preservação do espaço. O resultado pode ser observado através dos números: em três anos de funcionamento dos Ciads, houve apenas o furto de um computador, na unidade do bairro Santa Fé. Logo após o almoço, a pequena sala com 12 computadores e iluminada por uma grande janela basculante já está repleta de jovens, principalmente meninas, que trocam informações em

Atualização de currículos, pesquisas escolares e acesso a redes sociais são os usos mais frequentes nos Ciads

sites de relacionamento. Um rapaz se destaca no meio do burburinho das adolescentes. Mateus Barcarolo, 16 anos, ocupa a função de monitor no período da tarde, turno inverso ao que estuda. “Estou no segundo ano do ensino médio e pretendo trabalhar aqui até me formar”, adianta Mateus, que também faz cursos de programador e de manutenção de computadores. O Ciad de Vila Cristina fica aberto das 13h às 18h. Ramon conta que, nesses três anos de funcionamento do laboratório junto à subprefeitura, muitos moradores da região tiveram oportunidade de aprender a trabalhar com algumas ferramentas digitais. E para atender um público ainda maior, o presidente da Associação diz que está providenciando cursos para adultos em horários alternativos, possivelmente aos sábados pela manhã. Além de promover a inclusão digital da comunidade – e servir aos viajantes da BR-116, que aproveitam uma parada na viagem para acessar e-mails no Ciad –, o telecentro oferece os computadores como ferramenta de trabalho e estudo para os professores e alunos da Escola Estadual Dr. Renato Del Mese, que ainda não possui laboratório próprio. Muitas vezes, relata Ramon, é lá que os professores pesquisam e elaboram suas provas.

10

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

de excluídos digitais. Estes precisam se Ter um domínio básico do computaadaptar à nova realidade tecnológica e dor passou a ser o desejo de muitos aprender a transmitir seus conteúdos adultos, que agora procuram cursos valendo-se das inúmeros ferramentas privados de alfabetização digital como que os computadores oferecem. A ca- o desenvolvido pela Topdown Inforpacitação desses profissionais vai, aos mática. poucos, ganhando dimensão. Até o fim Um dos alunos da escola é Paulo José do ano passado, dos 4 mil professores Pezzi, empresário do setor de combusda rede estadual na região, 1,4 mil ha- tíveis. Paulo, 65 anos, esteve rodeado viam recebido treinapor tecnologia por quamento do Núcleo Tecse toda a vida. Iniciou nológico do Estado. vários cursos de graduAlém disso, 300 alu- “As pessoas não ação, mas foi adminisnos foram capacitados podem ter trando postos de gasocomo monitores para vergonha de não lina que se encontrou prestar auxílio nos laPara saber mexer num profissionalmente. boratórios. seus negócios, comprou Esse esforço recen- computador. dezenas de computadote também ajudará a Devem fazer um res e máquinas de leituequilibrar o nível de curso e aprender”, ra de cartões de crédito. conhecimento tecnoInformatizou todos os diz o empresário lógico em escolas com seus postos, e ainda asexperiências distintas, Paulo Pezzi sim não sabia mandar das mais avançadas um e-mail. “Quando às mais atrasadas. Em comecei a trabalhar, eu 2011 fará 20 anos que o primeiro com- usava máquina de escrever. Sei datiputador foi instalado nas escolas esta- lografar com todos os dedos”, lembra, duais de Caxias. Em meados de 91, a com orgulho, simulando o movimento escola Professor Apolinário Alves dos dos dedos no ar. Mas o receio de PauSantos tornou-se pioneira na infor- lo era o mesmo de muitas pessoas que matização do seu banco de dados. Os têm ressalvas de aprender algo novo velhos arquivos foram substituídos por que julgam ser complicado: as aulas um computador, destinado a armaze- teóricas e as intermináveis leituras. O nar a vida escolar dos alunos. Quase que Paulo queria era um curso práti-

co diferente. A necessidade de aprender a manejar o computador surgiu em busca de uma alternativa mais barata de comunicação. Aconteceu quando o marido dela foi trabalhar na Argentina e os dois perceberam que a internet seria a ferramenta mais viável para se falarem. “Eu tomei a iniciativa. Tentei fazer outro curso antes, mas não aprendi nada. Aqui, todas as pessoas têm as mesmas dificuldades e aprendem juntas”, diz a persistente Marisa. Com poucos meses de currículo no mundo digital, ela já usa MSN, Orkut e e-mail para se comunicar com amigos e parentes. O diretor da Topdown, Luiz Antônio Kuyava, ressalta que o curso tem como objetivo fazer do computador uma ferramenta de comunicação, e não de trabalho. “Aprendemos como tratar as pessoas que têm medo de computador. Os alunos trabalham em conjunto. Os que têm mais facilidade ajudam os retardatários. Toda a turma trabalha unida”, explica. No curso Normal do colégio Cristóvão de Mendoza também se ensina a usar as ferramentas da internet, só que aplicadas ao conteúdo escolar. A idealizadora do projeto foi a professora de matemática e especialista em informática Terezinha Bernarde-

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Maicon Damasceno/O Caxiense

Mais de 1 mil pessoas utilizam os computadores da Casa Brasil, no bairro Reolon, todos os meses

te Motter. O trabalho dela consistiu que somente oferecer o acesso. “Alguns na aplicação de uma metodologia de anos atrás, inclusão significava ter aprendizagem específica. “A turma foi acesso. Ainda há muito a se fazer nesdividida em grupos, e cada um tinha sa área. Mas hoje, a grande questão é a missão de desenvolver um site sobre o acesso a um conteúdo digital. Incluir um tema determinaas pessoas em debates do. Elas começavam sob plataformas onlicriando pastas, depois “Alguns anos ne”, acredita. pesquisando imagens atrás, inclusão e textos e em seguida Mas o acesso, e significava ter publicavam o material”, mais especificamente o conta a professora. A acesso. Hoje, a acesso à internet, aininiciativa rendeu os grande questão é da são aspectos longe prêmios Professor do o acesso a um de serem superados. Brasil e Educador Inomaioria das cidades conteúdo digital”, Aainda vador Microsoft, além engatinha em da terceira colocação afirma o professor políticas públicas de no Educador América Schwartz distribuição de sinal. Latina para Bernardete. Muitas à espera do Outro programa inodesenrolar do debavador é o do professor e pesquisador te sobre um sinal público de internet, da Universidade de São Paulo (USP) semelhante ao que ocorre com a TV Gilson Schwartz. Ele lançou na última aberta e o rádio. Algumas cidades gaúquarta-feira (17) um projeto que pre- chas já tiveram experiências nesta área. tende aliar inclusão digital e ensino de O caso mais próximo de Caxias é o de forma lúdica, por meio de um jogo de Flores da Cunha. computador. O conceito ainda é novo Em 2008, torres foram instaladas em no Brasil, mas na Europa e nos Estados locais estratégicos dos bairros e no CenUnidos já está bem disseminado. O se- tro e ofereceram o sinal wireless para rious game, como é chamado, é uma os moradores da cidade vizinha. Os ferramenta para cativar o aluno a que- usuários precisaram apenas comprar rer aprender mais. O jogo de Schwartz o equipamento de recepção e solicitar chama-se Conflitos Globais América uma senha de acesso na prefeitura, paLatina. Assumindo o papel de um jor- gando uma taxa de R$ 25. O resultado nalista investigativo, o jogador deve foi um número de conexões superior à escrever uma reportagem sobre um capacidade da rede. Depois da última assunto de risco social. Assim, além de eleição, a nova administração resolveu aprender e explorar o uso do compu- mudar o sistema. O atual secretário da tador, o estudante direciona-o para a Administração, Sérgio Dal’alba, conta geração de conhecimento. “Você entra que o sinal continua em funcionamenno game e a missão é construir con- to, mas a distribuição de novas senhas teúdo. A partir daí são geradas redes foi cancelada. O sinal será privatizado, sociais entre professores e alunos, e as e a “internet gratuita”, como chegou a melhores reportagens são premiadas”, ser chamada, se tornará uma internet detalha o pesquisador. Para ele, a in- barata. “Estamos concluindo o edital, e clusão digital é algo muito maior do acredito que em maio já teremos uma

empresa vencedora. As pessoas terão em direção à liberação do sinal. O shouma internet mais veloz e com um pping Iguatemi oferece a rede wireless preço mais acessível. Legalmente, não aos clientes há três anos, e em outubro parecia correto a prefeitura agir como de 2009 o serviço se tornou gratuito. provedor”, justifica. Em dezembro do ano passado, a UniEm Porto Alegre, tida como referên- versidade de Caxias do Sul disponibilicia no país em projetos de inclusão di- zou o sinal para alunos e funcionários. gital, desde 2006 os parques Moinhos “Temos mais de 120 pontos em todas de Vento e Farroupilha (Redenção) as unidades, que tem a capacidade de e as praças da Alfândega e Esplanada atender 2,5 mil alunos simultaneada Restinga contam com sinal wireless mente. Colocamos o sinal nas áreas de aberto para que qualquer pessoa que convivência, de trânsito, bibliotecas e tiver um equipamento, seja celular, principais auditórios”, diz o supervisor notebook ou netbook, possa acessar do Núcleo de Processamento de Dados a internet. Outra inciativa da Capital, da UCS, Heitor Strogulski. Esse invesrealizada de forma experimental, foi timento inicial custou cerca de R$ 550 a utilização da tecnologia Power Line mil. Conforme Heitor, a universidade Communications (PLC), que trans- deve realizar a segunda etapa do promite dados pela rede elétrica. Uma jeto ainda no segundo semestre deste parceria entre a Companhia de Pro- ano, aumentando o número de poncessamento de Dados do Município tos de internet, e, em 2011, concluir a de Porto Alegre (Procempa) e a CEEE terceira etapa, que contemplará toda a resultou num projeto-piloto que ali- universidade com o sinal. mentou todo o bairro da Restinga com Na prefeitura, o movimento mais banda larga. recente é a criação do Comitê MuniEntretanto, conforme o diretor- cipal de Inclusão Digital (Cmid), em presidente da Prooutubro de 2009, com cempa, André Imar o objetivo de unificar e Kulczynski, no fim de “Todos os órgãos ampliar todas as políti2009 a Anatel regula- públicos serão cas de inclusão digital mentou o serviço, e o interligados com da cidade. O projeto projeto, que tinha fim segue sob coordenação de pesquisa, teve de ser conexão de banda do secretário municicancelado. Atualmen- larga. O Parque pal do Planejamento, te, nenhuma empresa dos Macaquinhos Paulo Dahmer. O ascomercializa o serviço também deve sessor técnico da secreno Brasil. “As redes de taria, Peterson Danda, energia elétrica preci- receber o sinal”, informa que o edital de sam de um grande in- adianta Peterson criação de uma Cidade vestimento para poder Digital está em fase de oferecer o serviço, e soconfecção. “Todos os mente as empresas de telecomunicação órgãos públicos serão interligados com podem fornecê-lo. Então, quem fará o conexão de banda larga. Além disso, investimento?”, questiona. o Parque dos Macaquinhos também Em Caxias, coube a algumas institui- deve receber o sinal”, antecipa Peterções privadas dar os primeiros passos son.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

11


Guia de Cultura guiadecultura@ocaxiense.com.br

Paranoia cercada de água por CÍNTIA HECHER Filmes sobre jogos mentais que colocam o espectador em dúvida quanto ao que é real ou não na trama não são novidade, mas sempre podem ser bem trabalhados. Com o diretor Martin Scorsese de timoneiro, o navio de Ilha do Medo atravessa com sucesso o oceano dessa linha do suspense com Leonardo Di Caprio interpretando Teddy Daniels, membro da polícia federal americana. Seu novo parceiro é Chuck Aule (Mark Ruffalo). Os dois desembarcam na Ilha Shutter, local desolado que abriga uma instituição psiquiátrica para criminosos. A ala A mantém os homens, a B, as mulheres. A C guarda os mais perigosos habitantes da ilha, não devendo ser visitada sem acompanhamento policial e de um dos psiquiatras de lá, Dr. Cawley (Ben Kingsley). No extremo do território, repousa um misterioso farol, que observa a ação. Em meio a uma tempestade que os mantém ilhados, literalmente, os federais se aproximam do porquê de estarem lá: o desaparecimento de uma das prisioneiras, Rachel. “Paciente”, como gosta de frisar Dr. Cawley. Ela estava lá por ter matado seus três filhos afogados, mas vivia na ilusão de estar em casa, com os filhos na escola. A busca por essa fugitiva se transforma num contínuo desvelar de cortinas que, ao invés de esclarecer, apimentam ainda mais uma história de paranoia, perseguição e loucura. Teddy tem motivos especiais para ter escolhido aquele serviço: lá estava preso o homem que ateou fogo no prédio onde morava sua esposa (Michelle Williams). O jovem viúvo insiste na crença de que ela morreu sufocada com a fumaça, e não queimada. “É importante saber disso”, ele diz. E é mesmo, ao descobrirmos a verdade com o desenrolar do filme. Ele vê a esposa em seus sonhos, fala com ela, que lhe aponta direções e, ao contrário do que se espera de quem morreu no meio do fogo, aparece molhada pedindo que ele a deixe ir. Ele não pode. E a chave da compreensão do filme é esse comportamento. Os artifício da trama não são novos, mas surgem em um viés diferenciado. Claro que, para que não se estrague porventura nenhuma surpresa, não se deve comentar muito sobre um filme de suspense. Basta lembrar, então, que esse é um gênero que Scorsese sabe manipular muito bem, vide Cabo do Medo. Ninguém vai ficar entediado na sala de cinema, isso é certo. A questão é: melhor viver como um monstro ou morrer como um bom homem? Cada qual tem sua cota de insanidade a cumprir ou a esconder. Em Ilha do Medo, a afirmação de Teddy de que loucura não é contagiosa parece não ser de grande valia. Lá, confundemse os sãos com os perturbados. Porque, no fundo, todos somos um pouco de cada.

CINEMA l A Vida Íntima de Pipa Lee | De quinta a domingo, 20h | Ordovás Mulher de 50 anos dedica a vida aos filhos e ao marido, 30 anos mais velho. Ao se mudarem para um bairro afastado, ela começa a se descobrir ao conhecer um rapaz, o que a faz lembrar de momentos difíceis de sua história. Dirigido por Rebecca Miller. Com Robin Wright-Penn, Keanu Reeves e Julianne Moore. 93 min., leg.. l Como Água para Chocolate | Drama. Quinta (25), 15h. Entrada franca | Ordovás Moça se apaixona por rapaz, mas não pode se envolver por conta da tradição. Ele então casa com a irmã dela para poder ficar por perto. Dirigido por Alfonso Arau. Com Marco Leonardi e Lumi Cavazos. 14 anos, 105 min., leg.. Matinê às 3. l O Livro de Eli | Ação. De sábado a quinta, 14h30, 17h, 19h30 e 22 | Iguatemi Em futuro pós-apocalíptico, herói solitário protege livro sagrado que pode conter segredo para salvação da humanidade. Dirigido por Albert e Allen Hughes. Com Denzel Washington e Gary Oldman. 16 anos, 118 min., leg.. l Vírus | Suspense. De sábado a quinta, 14h, 16h30, 19h20 e 21h10 | Iguatemi Um vírus mortal se espalhou pelo mundo. Quatro jovens viajam ao Golfo do México para sobreviver, mas seus planos começam a dar errado quando carro quebra em uma estrada isolada. Dirigido por Alex e David Pastor. Com Chris Pine e Piper Perabo. 12 anos, 84min., leg. AINDA EM CARTAZ - Alvin e os Esquilos 2. Comédia. De sábado a quinta, 14h40. Iguatemi. De sábado a quinta, 16h. UCS | Amor Sem Escalas. Comédia romântica. De sábado a quinta, 18h. UCS | Avatar. Ficção científica. De sábado a quinta, 18h20 (dub.). Iguatemi. De sábado a quinta, 20h (dub.). UCS | Idas e Vindas do

Amor. Comédia Romântica. De sábado a quinta, 16h40, 19h10 e 21h50. Iguatemi | Lembranças. Romance. De sábado a quinta, 16h20, 18h50 e 21h30. Iguatemi | Percy Jackson: o Ladrão de Raios. Aventura. De sábado a quinta, 13h50. Iguatemi | Simplesmente Complicado. Comédia romântica. De sábado a quinta, 13h40, 16h e 21h20. Iguatemi. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. No projeto Matinê às 3, entrada franca. | Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316

TEATRO l Semana do Teatro | De sábado (20) a sábado (27) Em comemoração a duas datas teatreiras, o Dia Internacional do Teatro para Infância e Juventude (20 de março) e Dia Internacional do Teatro e do Circo (27 de março), nasceu a Semana do Teatro. Até o próximo sábado, dia 27, o tema será debatido, apresentado, ensaiado e o que mais for possível. Não será uma semana somente de peças distribuídas em horários diversos para atender a diferentes tipos de público e de todas as idades. O objetivo é engrandecer a arte do teatro com o diálogo. Além de uma oficina e da descentralização de espetáculos, apresentados pelos bairros da cidade, destacam-se os debates que serão realizados, um impulso à qualificacação do teatro na cidade. OFICINA: Quarta (24), quinta (25)

e sexta (26), das 18h às 21h. R$ 30. Casa das Oficinas – Estação Férrea. Augusto Pestana, s/n, São Pelegrino. 3901-1316 | DEBATES - Teatro para a infância e a juventude. Sábado, 14h. Teatro Municipal | Do teatro popular à descentralização. Terça (23), 19h30. Teatro do Sesc l Maldito coração me alegra que tu sofras | Sexta (26), 21h | Com texto de Vera Karam e direção de Mauro Soares, a peça apresenta a atriz Ida Celina interpretando uma mulher de meia-idade que relata o cotidiano de sua vida amorosa. Tem gente teatrando R$ 10 (público em geral) e meiaentrada (classe artística, estudantes e sênior) | Olavo Bilac, 300, São Pelegrino | 3221-3130 l Mamãe, como eu nasci? | Sábado, 16h30 | Peça infantil do companhia carioca ACB Teatral trata com bom humor o tema da educação sexual. Casa da Cultura R$ 5 | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697 l Inscrições para o 12° Caxias em Cena | Até 14 de maio | O festival recebe inscrições de grupos e companhias interessadas em participar do evento, que devem enviar ficha de inscrição, ficha técnica, currículo do espetáculo, necessidades técnicas, material de divulgação, clipping e DVD/Vídeo do espetáculo na íntegra. O material pode ser entregue pessoalmente ou pelo e-mail caxiasemcena@caxias.rs.gov.br. Regulamento e ficha de inscrição estão disponíveis no site www.caxias.rs.gov.br. Unidade de Teatro da Secretaria Municipal de Cultura Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 39011316

EXPOSIÇÕES l Paisagens cósmicas | De terça a sexta, das 8h às 11h30 e das 13h30 às 18h | A exposição conta com 21 painéis que mostram imagens reais de objeParamount Pictures, Divulgação/O Caxiense

Cinema | Ilha do Medo

l Ilha do medo | Suspense. De sábado a quinta, 13h30, 16h10, 19h e 21h40 | Iguatemi Dupla de agentes federais investiga desaparecimento de fugitiva de hospital que abriga maníacos criminosos. Dirigido por Martin Scorsese. Com Leonardo DiCaprio e Mark Ruffalo. 14 anos, 138 min., leg..

12

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

Teddy Daniels (Leonardo Di Caprio) é um agente em missão num hospital de pacientes perigosos

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Delta Groove Productions, Divulgação/O Caxiense

Dos Estados Unidos para o Brasil, Mitch Kashmar se apresenta na Casa da Cultura

tos celestes, como planetas e galáxias. Entre eles, um painel maior descreve a evolução do universo desde o Big Bang. Museu de Ciências Naturais da UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis AINDA EM EXPOSIÇÃO - Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva . De segunda a sexta, das 9h às 17h. Museu Municipal. 3221-2423 | Mulheres nos trilhos da história de Caxias do Sul. De segunda a sexta, das 9h às 12h; sábado e domingo, das 15h às 21h. Ordovás. 3901-1316 | Simbiose. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h e sábados das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697

DANÇA l Noite Latina | Sábado, 22h | Antes de a banda La Soleá animar a festa, haverá pocket-aula de dança com o professor Giovani Monteiro. Clube Ballroom R$ 15 (feminino), R$ 20 (masculino) e R$ 30 (casal) | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159

LITERATURA l Donaldo Schüler | Sextas e sábados, de março a junho | Escritor gaúcho oferece três cursos com aulas mensais. NESTA SEMANA - Finnegans Wake de James Joyce. Sexta (26), das 16h às 18h. Tema: A mulher, geradora do universo cósmico e verbal | Eros nas artes e na literatura. Sexta (26), das 19h às 21h. Tema: Eros e Amor desde a Idade Média | Poesia moderna: liberdade, fragmentação e protesto. Sábado (27), das 10h às 12h. Tema: William Blake. | Inscrições: Livraria Do Arco da Velha. 3028-1744. Hotel Bergson R$ 250 cada curso, em até 3 parcelas | Os 18 do Forte, 1.818, Centro | 32141122 l Inscrições para o 44° Concur-

so Anual Literário de Caxias do Sul | Até 15 de abril | Concurso premia melhores obras literárias, contos, crônicas e poesias. Regulamento e ficha de inscrição na Biblioteca Pública Municipal. Biblioteca Pública Dr. Montaury, 1333, Centro | 32145937 ou 3221-1118

MÚSICA l A viagem do som – música contra o crack | Domingo, 16h | Bandas caxienses Stellar, Multiverso, Ladrões de Diamante e Exilados tocam músicas próprias e alguns covers em evento do Projeto Pôr-do-Sol, que beneficia a Fundação de Assistência Social (FAS). Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: A4. Pop Rock. 23h. Pepsi Club. 34190900 | Blue Label. Anos 80. 23h30. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Blues Heads. Blues. 22h. Leeds Pub. 32386068 | Braicon & Arnaldo. MPB e pop rock. 22h30. Badulê American Pub. 3419-5269 | Caô. Pagode. 23h. Europa Lounge Garden. 3536-2914 ou 84012029 | DJ Iziquiel Carraro. Pop/música eletrônica. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Double Dose Johnnie Walker Red. Música eletrônica. 23h. Nox Versus. 3027.1351 | Festa Latina. Música latina. 23h. Vagão Bar. 32230007 | Giovani Furlan & Banda. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Ladies on the dance floor. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Libertá. Nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | O diabo veste prada. Música eletrônica. 23h. Studio54Mix. 9104-3160 | Pura Ousadia e Alto Astral. Pagode. 22h. Expresso Pub Café. 3025-4474 | Puta Madre. Pop rock. 23h. La Barra. 3028-0406 | Domingo: Club.Com. Pagode. 20h. Europa Lounge Garden. 3536-2914 ou 8401-2029 | Terça (23): Pedro Strasser e banda. Blues. 22h30. Mississippi

Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quarta (24): Pagode Junior e DJ Rodrigo Salvador. Pagode. 22h. Expresso Pub Café. 3025-4474 | Só Batidão. Sertanejo Universitário. 22h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | The Headcutters. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quinta (25): CXRS. Rock. 23h. Vagão Bar. 32230007 | Sexta (26): Sunset Riders. Rock/Anos 80. 22h30. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Bob ShuT. Indie rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 |

TRADICIONALISMO l 22ª Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars) | Sábado e domingo | Sábado: Provas campeiras. Provas de laço patrão, veterano, vaqueano, rapaz, guri, piá, capataz ou posteiro, pai e filho, prenda, diretor campeiro de RT, coordenador regional e peão; prova de pealo paleta, sobrelombo e bolcado; prova de cura de terneiro; prova de chasque; gineteada. 8h | Jogos Tradicionalistas. Truco cego; truco de amostra; jogo de solo; jogo da tava; bocha campeira. 8h | Seminário Estadual de Prendas e Peões. 9h | Laço vaca parada. 14h | Mano Lima. Nativista. 21h30 | Domingo: Provas campeiras. Desempate das provas de laço; laço peão equipe, prova Braço de Diamante; prova Braço de Ouro; finais do laço de vaca parada. 8h | Seminário de Cultura Campeira. 9h | César Oliveira e Rogério Mello. 18h | Encerramento e entrega de troféus. 19h |

Música | Mississippi in Concert

Estrelas do blues no teatro por CÍNTIA HECHER

Grandes atrações do blues ganham o palco do Teatro Municipal Pedro Parenti, na Casa da Cultura, no Mississippi in Concert. Dos Estados Unidos, Mitch Kashmar traz sua gaita e sua voz potente, ambas elogiadas por grandes blueseiros, dentre eles William Clarke. O norte-americano começou cedo, no início dos anos 80, com uma banda que percorreu o sul californiano e apresentou-o aos ouvidos de diversos músicos do gênero. Com 19 anos, já chamava atenção, por exemplo, de gente como Kim Wilson, do Fabulous Thunderbirds. Kashmar tocou com nomes consagrados do blues, como John Lee Hooker, Johnny Adams, Big Joe Turner e outros. Inclusive, dividiu palco com Stevie Ray Vaughan, que se convidou para tocar com ele. Um grande elogio, certamente. Mas nem só desse ritmo é que se vive. Em uma pausa, Kashmar mostrou seus dotes para o rock, excursionando com a nova formação de uma banda de rock e funk dos anos 70 chamada War. Em 2008, um show reuniu a banda e o músico Eric Burdon, do The Animals. Em Caxias, é o blues nacional quem orgulhasamente divirá o palco com Kashmar. Direto de Itajaí (SC), o harmonicista e vocalista Joe Marhofer e sua banda, The Headcutters, juntam-se ao americano para uma parceria inédita. Joe emociona-se com mais esta oportunidade se apresentar ao lado de um nome reconhecido. “É sempre bom tocar com pessoas mais experientes, músicos com muita bagagem. É o tipo de experiência que agrega à nossa carreira, nos dando motivação desenvolver nosso próprio caminho”, explica o catarinense. A Headcutters, já conhecida do público caxiense, é banda reconhecida nacionalmente e de estilo clássico, combinando o figurino de chapéus e gravatas com muita energia e paixão pelo blues. Junto com essas atrações vem o gaitista Flávio Guimarães (“mestre do blues no Brasil”, elogia Joe), da banda Blues Etílicos, referência e vanguarda nacional do blues. Influência para muito brasileiro trabalhando com o som gringo. Com uma carreira de mais de 20 anos e sete álbuns solo, Guimarães faz blues com pegada brasileira. Já demonstrou sua virtuose na harmônica em gravações de artistas ecléticos como Cássia Eller, Ed Motta, Rita Lee e até o rapper Gabriel, o Pensador. Seu álbum mais recente, The Blues Follow Me, é um tributo ao bluesman Little Water e à classica gravadora Chess, de Chicago, famosa nos anos 50 e 60. Com a qualidade de estrelas, o Mississippi in Concert certamente irá agradar a qualquer um que queira conhecer, apreciar ou viajar no blues. Difícil vai ser conseguir ficar parado na cadeira do Teatro Municipal.

FOTOGRAFIA l Inscrições para o IV Clic Ambiental | Até 30 de abril | Concurso da Secretaria Municipal de Meio Ambiente que tem como tema os 100 anos da chegada do trem. O objetivo é conscientizar ecologicamente a população. Regulamento e inscrições no site www.caxias.rs.gov.br. Semma Rubem Bento Alves, 8.308 | 3901-1445

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

20 a 26 de março de 2010

l Mitch Kashmar, Flávio Guimarães, Joe Marhofer e Headcutters | Blues. Terça (23), 20h30 | Os músicos se apresentam no Mississippi in Concert. Quem for ao espetáculo também ganha ingresso para o show de Pedro Strasser e banda, logo depois, no Mississippi Delta Blues Bar. Casa da Cultura R$ 40 e R$ 20 (meia-entrada) | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697 O Caxiense

13


Maicon Damasceno/O Caxiense

Dilemas culturais

À procura de

público

Sala de cinema do Ordovás luta pela sobrevivência em meio a blockbusters e falta de reconhecimento

Há, em Caxias, audiência interessada em assistir filmes estrangeiros e obras de diretores consagrados, mas este número poderia aumentar

U

14

por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br m livro de visitas aguarda assinaturas na companhia de revistas ultrapassadas em uma mesa no saguão do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, que foi tomado pelo frio da noite de terça-feira. As 100 poltronas de estofado vermelho da Sala de Cinema Ulysses Geremia também aguardam visita para acomodar os cinéfilos que assistirão aos filmes em cartaz no 6º Festival de Verão do RS de Cinema Internacional. Antes das luzes se apagarem para o começo da sessão das 20h, que exibe o filme alemão Os Dispensáveis (2009), 13 telespectadores se acomodam nas cadeiras. Para Gilmar Marcílio, coordenador da sala de cinema desde abril de 2009, este pequeno número de espectadores não é negativo. “Trabalhamos com a expectativa de 20 a 30 pessoas por sessão. Somos realistas”, diz Marcílio. Isso porque o objetivo não é lucratividade ou lotações esgotadas, mas divulgar filmes que estejam fora do circuito comercial. Estão fora de questão obras que se encontram em DVD e em circuitos paralelos – outras salas de cinema da cidade. O intuito é exclusividade e ineditismo. A Ulysses Geremia, segundo Marcí-

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

lio, compete com qualquer sala do gênero, seja de Porto Alegre ou São Paulo, no quesito qualidade. Ainda mais agora, depois de aproximadamente R$ 7 mil gastos em adequações de lentes e lâmpadas. “As condições técnicas estão perfeitas”, afirma o coordenador. Porém, a sala, administrada pela prefeitura de Caxias do Sul por meio da Secretaria de Cultura, tem outras despesas. Para exibir um filme é necessário negociar com distribuidoras nacionais. Os filmes são alugados por certo período de tempo e o valor varia de acordo com a época do lançamento. A coordenação aguarda um hiato entre exibição e lançamento em DVD, o que diminui o preço dos filmes. O valor requisitado varia de R$ 800 a R$ 1,2 mil para disponibilizar a obra por 15 dias. “Não temos como bancar outros valores. Pegamos o que conseguimos pagar”, justifica Marcílio. Quem faz o contato com as distribuidoras é a produtora e assessora da coordenação, Sheila Zago, funcionária terceirizada e escolhida pela experiência e relação com o local, do qual já foi coordenadora. Agora atua como curadora, ajudando Gilmar Marcílio na escolha e pesquisa das próximas exibições, além de mediar a negociação entre distri-

buidora e cinema. O estagiário Conrado Hernandes de Oliveira também colabora com o trabalho.

Filmes escolhidos para agregar culturalmente e ingressos de baixo valor, quando não entrada franca – que é aplicada com frequência –, não têm Mesmo com pouco público, o di- bastado para atrair o público. Para nheiro recolhido na bilheteria vai para tentar modificar essa cena, o projeto o Fundo Especial de Cultura (FEC), da da coordenação em 2010 é captar esprefeitura, e acaba voltando para a sala pectadores para suas sessões, que norde cinema. Segundo Marcílio, a média malmente ocorrem às 20h, de quinta a de gastos do cinema mensalmente fica domingo. Uma das atitudes já tomaem torno de R$ 2 mil, entre filmes e das foi a adequação ao mundo virtuprojecionista. A palaal. Munida de contas vra “gastos” é rejeitada no Orkut e no Twitter, efusivamente pelo dire- “Trabalhamos este último contando, tor geral da Secretaria semana passada, com a expectativa até Municipal de Cultura, com 327 seguidores, João Tonus. “Gasto não, de 20 a 30 além de um blog, a isso é investimento”, pessoas por Ulysses Geremia vem define. De acordo com sessão. Somos sendo mais divulgada. ele, o espaço é essencial A escolha dos filmes realistas”, diz o para levar ao público também está passando iniciativas e criações coordenador do por critérios diferentes. independentes, além de espaço, Gilmar Agora, são levadas em filmes alternativos ao Marcílio consideração obras em circuito comercial traque apareçam atores dicional. consagrados ou filmes Para ele, a reflexão e o debate pro- pouco conhecidos de bons diretores, porcionados pelo local são fundamen- que assegurem qualidade. Mas tudo tais. “É investimento cultural. O obje- passa pelo crivo de Gilmar Marcílio, tivo não é fechar planilha financeira, que ressalva: “gente conhecida não é senão não seria incentivo à cultura”, diz aval para boas produções”. Tonus. A sala de cinema tem mérito e importância na diversidade cultural da Os próximos filmes em cartaz cidade. serão Nova York, Eu Te Amo, que é

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


pequeno porque o que está sendo buscado é a formação de espectadores.

zer”. Ampliar o público é a meta a ser conquistada. De acordo com o coordenador, desde a abertura, há nove anos, De acordo com Marcílio, a a média de público não variou, o que, maioria dos caxienses está habituada de certa forma, o tranquiliza. a assistir filmes de fácil compreensão Quando questionado qual será a ale apelo comercial. “Não que Avatar ternativa se as ações de divulgação da ou Se beber não case não tenham seu nova cara do cinema do Ordovás não valor como entretenimento. Claro que surtiram efeito, Marcílio é taxativo: têm. Mas existem outras opções”, diz o “Funciona! Com certeza”. coordenador. Um impulso que é realizado de temPara ele, o que aconteceu é que o pos em tempos é o projeto Cinema no público acabou se tornando “intelectu- Bairro, onde a Secretaria de Cultura almente preguiçoso e se limita a obras leva telão, projetor, caixas de som e que não exigem reflexão.” O jeito de DVD player para exibir filmes nos cenreverter isso é mostrar que filmes com tros comunitários de Caxias. “É monmais conteúdo são acessíveis e podem tado um pequeno cinema. Isso propitrazer tanta diversão cia acesso e estímulo”, quanto um blockbusexplica o diretor geral ter. “A formação é lenta, “Deve-se brigar da Secretaria de Culo processo é aos poupara que espaços tura. cos”, entende Marcílio. A opção de fechar a O que deve se atingir é assim cresçam. Sala de Cinema Ulysuma densidade analítica São lugares de ses Geremia por falta maior, sem preconceito divulgação, de público, asseguram com filmes “de pensar”. todos, não existe. O ainda mais pelo Para o coordenador, o contrário é o que deve objetivo final de toda a crescimento ser estimulado. “Deveestratégia “não é inte- de produção”, se brigar para que eslectualizar, mas sim tra- defende Tonus paços assim cresçam. zer reflexão”. São lugares de divulEle sabe que, pela gação, ainda mais pelo proposta cultural que a sala Ulysses processo de crescimento de produção Geremia carrega, nunca lotará a sala do gênero”, diz João Tonus. O espaço em uma sessão. E admite: gera frus- para cinema fora dos padrões, mas aintração. “Só quem está neste ramo sabe da assim atrativo e que traga entretenicomo ele é difícil, mas é o que amo fa- mento, está garantido. Maicon Damasceno/O Caxiense

uma colagem de doze curta-metragens gratuitamente para eventuais sessões em que os cineastas falam de amor na de cinema. Uma troca que não traria cidade norte-americana. No elenco, somente dividendos positivos para as nomes conhecidos como Natalie Port- instituições em si, mas principalmenman (que assina a direte para o público a ser ção de um dos curtas), atraído. Isso porque, de Kevin Bacon e Christi- “A escolha não acordo com Marcílio, o na Ricci, entre outros. é aleatória. É cinema do Ordovás é Em negociações, está um processo um perfeito desconhea exibição de A Fita cido para muitas pessoBranca, filme vence- demorado, as na cidade. dor da Palma de Ouro, onde se depura Entretanto, há quem prêmio principal do os filmes. usufrua da programaFestival de Cannes de Assisto até 10 ção do cinema, prin2009 e concorrente ao cipalmente a diurna. Oscar de melhor filme por semana”, Projetos como Matinê estrangeiro deste ano. conta Marcílio às 3 e CineKids atraem Teoricamente, isso bom público nas tardes chamaria público. do Ordovás. Com fil“A escolha não é aleatória”, diz Mar- mes escolhidos pela direção do Centro, cílio, que completa: “É um processo algumas sessões lotaram a sala. Nestes demorado, onde se depura os filmes. dois casos, a opção foi por filmes em Sou um verdadeiro cinéfilo, assisto até DVD. Com uma simples autorização 10 filmes por semana. Vou pesquisar das distribuidoras, sucessos podem ser futuras projeções nos cinemas de Por- exibidos gratuitamente. Isso porque o to Alegre, por exemplo”. Tudo para que público a ser atingido é outro. “Esses o resultado exposto na tela não resulte filmes têm apelo mais fácil. A Matinê em um olhar arrogante. “A proposta é é voltada mais para clubes de mães, semais eclética, para que contemple mais nhores, pessoas disponíveis no horário gostos.” das 15h. O CineKids só acontece durante as férias, para a gurizada”, explica Além da escolha de bons fil- Marcílio. mes, há a ideia de parceria com cursos O público esperado pela coordenade ensino superior, escolas de ensino ção existe. “É difícil traçar perfil. É ecmédio e empresas. A ação envolveria lético em idade, tem estofo intelectual, a divulgação da sala para esses esta- maior relação com literatura, artes”, belecimentos, oferecendo o espaço arrisca Marcílio. Para ele, o número é

Abrigada no Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho, a Sala Ulysses Geremia existe há nove anos

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

15


Artes artes@ocaxiense.com.br

Sérgio Lopes | Sem título |

Existe uma espécie de amigo que está sempre disponível ao afeto, alegra-se a cada reencontro, é compreensivo e nunca faz cobranças. Também perdoa com facilidade e costuma ser mais amistoso com a espécie humana do que com a sua. A esses amigos de verdade, os parceiros de estimação, Sérgio Lopes dedicou a mostra Uns e Outros, em técnica mista. Em painéis cobertos por densas camadas de pigmentos com aspecto de cimento, cães e gatos são retratados em poses de gente. As obras brincam com a incondicionalidade do amor dos animais de estimação, característica que, cada vez mais, dá a eles status para substituir amigos humanos. Elegantemente vestidos de terno e trajes militares, os bichos de grife de Sérgio Lopes encarnam personagens de uma nobreza incomum aos animais. Comportam-se assim para questionar os valores e as relações da raça humana, uma espécie carente de afetos.

PARA QUEM SOUBE ENSINAR

E

16

por NATALIA BORGES POLESSO

pensou, ser amada era o suficiente. Foi adulada e admirada incondicionalmente. Com o tempo sentiu que isso não bastava. Então, ela decidiu que amar era o suficiente, amar por dois ou três, quem sabe. Entregou-se até a última gota de si e teve prazer em doar-se assim. Com o tempo ela sentiu que aquilo não bastava. Então ela decidiu que queria amar e ser amada. E o fez. Com o tempo ela percebeu que aquilo também não bastava. Tão triste e incrédula que estava, resolveu morrer. Jogou-se de um prédio e de forma bem dramática pousou na calçada, toda quebrada. Percebeu que aquilo não adiantava. Era uma grande besteira morrer. Então, reviveu, mas aquela dor, aquela dor não passava. Então, foi a um psiquiatra. Ele receitou comprimidos muito fortes que a faziam morrer em vida. Ela gostou daquele estado por um tempo, mas viu que aquilo não bastava. Então, ela foi a um banco. E aplicou todo seu dinheiro em ações.

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

Ficou rica num instante. Esbanjou como pôde e quis e ainda sobravam cifras imensuráveis. Com o tempo ela viu que aquilo não bastava. Então, ela foi a uma vidente. A mulher lhe disse coisas assombrosas. Ela ouviu atentamente, deu-lhe toda a sua fortuna e matou uma galinha. Tingiu-se do sangue e esperou por seu destino. Nenhuma mudança ocorreu, a não ser ter ficado pobre. Viveu na rua por um tempo, roubando e usando drogas baratas para poder suportar aquela dor, aquela dor que não passava. Chegou a condições sobre-humanas, sim, sobre. E ali permaneceu desfrutando de sua sina. Com o tempo viu que aquilo não bastava. Então, ela pegou uma carona e foi viver no campo. Achou trabalho em uma estância. Não falava. Achavam que ela era muda ou louca. Ou muda e louca. Cega não era, por certo. Nem surda. Seu voto de silêncio levou-a a intrincados conceitos de vida e modo de vida. E quando abriu a boca pela primeira vez em tantos anos, desatou a falar. Foi um tratado

sobre a existência, um tratado filosófico sobre. Pediram que repetisse aos amigos e parentes dos estancieiros. Ela o fez. Pediram que repetisse mais uma vez, ela sem pestanejar, o fez. E assim muitas vezes. Com o tempo viu, aquele lero-lero não bastava. Então, ela resolveu publicar um livro. Para tanto, voltou a seu silêncio e abandono do externo e de uma só vez, escreveu tudo e como se não bastasse ainda escreveu mais um tratado. Saiu junto com o primeiro. Das coisas pequenas e simples. Quando ia engatar uma terceira obra, viu que aquilo não bastava. Então, ela foi vender os livros. Muitas pessoas compraram, muitas pessoas reproduziram as suas ideias. Um filme foi feito e ela foi convidada a participar. Com o tempo ela viu que aquilo não bastava. Então, ela comprou um telefone, mas não tinha pra quem ligar, e também, não poderia conversar com uma pessoa àquela altura da vida. Logo, ela jogou o telefone no lixo. E comprou um microfone e um amplificador. Agora sim, não precisaria falar a uma pessoa,

poderia falar a ninguém e a todos os interessados, ao mesmo tempo. E falou, falou, falou tanto que sua língua secou e paralisou. E então ela voltou ao silêncio, mesmo tendo um microfone, um amplificador e uma plateia. Ficava no meio de tudo, acima de todos com a língua inútil e os olhos mansos. Assim foi por incontáveis dias. Com o passar do tempo ela percebeu que aquilo não bastava. Então ela decidiu esquecer tudo. E como quem apaga um poema feio, escrito a lápis, ela se desfez de todas as memórias que tinha. O que restou foi um grande espaço em branco. Um enorme e envolvente vácuo. Um mar de folhas contínuas, uma igual à outra. Um espaço sucedendo o outro. Ela corria para um lado e acabava no mesmo sem deixar vestígio algum, e sem achar qualquer sinal de lembrança vivida ou mesmo inventada. O vazio foi ficando dolorido e aquela dor, aquela dor não passava. Com o tempo ela entendeu que aquilo não bastava. Então ela teve uma ideia. E pensou, ser amada era o suficiente.

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Pampa na cidade

FESTA PARA HONRAR

Maicon Damasceno/O Caxiense

A TRADIçÃO

Peões habilidosos, prendas garbosas, chimarrão e lida campeira preservam costumes na 22ª Fecars

Nas provas de laço, que estreiam em cancha coberta, cavaleiros disputam quem é melhor na captura dos animais

O

por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br cenário que há poucos dias contemplava a história do colonizador italiano ganhou, desde a última quinta-feira, um novo foco: as tradições gauchescas. Os Pavilhões da Festa da Uva foram tomados por milhares de peões e prendas das 30 regiões tradicionalistas do Estado que vieram fazer parte da 22ª Festa Campeira do Rio Grande do Sul (Fecars) – veja a programação, até domingo, no Guia de Cultura. De botas, bombacha e chapéu, as pessoas não se diferenciam muito umas das outras, confundindo a hierarquia de organizadores, diretores, peões e visitantes. O cheiro de terra e excremento dos cavalos não chama mais atenção do que os gritos entoados pelo narrador do evento próximo da cancha de carreira. “Está na hora. Já passamos cinco minutos. Que comece a prova de laço Executivos Municipais, que reúne prefeitos e vices de diversas cidades.” Às 18h05, a competição começa. No lombo dos cavalos, administradores públicos perseguem os bois com o laço rodopiando no ar. O vice-prefeito de Caxias, Alceu Barbosa Velho, se prepara para a primeira das cinco rodadas. Montado sobre a sua égua, persegue o boi que não tem para onde escapar. Observa os movimentos do animal e

atira o laço. “Deu boa a armada”, anuncia o narrador pelas caixas de som. A entrada gratuita reforça o convite. O bosque ao lado da cancha coberta está repleta de barracas montadas entre as árvores. Elas dividem o espaço com os principais personagens do torneio: os cavalos. O narrador chama a atenção da plateia, que a segunda rodada está prestes a começar. Os prefeitos ficam a postos, no lado esquerdo da cancha de rodeio. O boi é liberado e novamente Alceu vai em sua perseguição. Desta vez o animal corre junto da cerca divisória. O ruído cortante do laço girando no ar pode ser ouvido pelas pessoas mais próximas. Ele atira e consegue acertar as aspas do boi, novamente dominado. Em seguida, uma ambulância estaciona de frente para a cancha. O socorrista Adelar Lima confere a corrente que prende o portão de entrada para o local onde os peões estão disputando a prova. Ele pede que seja retirada. “Precisamos estar a postos e agir rápido caso aconteça algum acidente. Nunca se sabe quando alguém vai cair do cavalo”, conta Adelar, que estará, ao lado da técnica em enfermagem Ivone Colete, de plantão até o último dia do evento, neste domingo. A terceira e a quarta rodada ocorrem da mesma forma. Alceu se destaca dos demais competidores. É o único a ter

acertado as quatro laçadas. No lado sai em disparada. Alceu o persegue de oposto da arquibancada, a comissão olhos atentos. A torcida, apreensiva, se avaliadora analisa atentamente todos levanta. Com um movimento preciso, os lances dos peões. Um pequeno in- o laço atinge diretamente o pescoço do tervalo é feito para que os bois sejam animal. Alceu ergue o braço para o céu levados ao brete de partida. É a pausa e comemora o bicampeonato da comideal para sorver a principal bebida petição. “Ganhar aqui é muito bom”, do gaúcho. Em uma diz o vice-prefeito, que banca na entrada da vinha se preparando cancha, Luiz Ceron para o torneio. “Nindistribui gratuitamen- “Precisamos guém ganha do nada. É te água quente e erva- estar a postos preciso treino.” mate. “Hoje foram 200 e agir rápido. Em outro ponto dos litros de água. E olha Pavilhões, onde preNunca se sabe que começamos tarde, valece o sossego, está às 17h30”, contava na quando alguém instalada a Estância quinta-feira. Luiz é re- vai cair do da Leitura. O projeto, presentante em Caxias cavalo”, diz realizado pela Biblioda erva-mate Vier, que teca Pública, reúne o socorrista vai a todos os eventos mais de 400 livros sopromovidos pelo MTG. Adelar bre a cultura gaúcha. Ao lado dele sempre A bibliotecária Marta está Maurício Guerini, Troian Pulita conta que que o auxilia na preparação do chimar- a mini-biblioteca montada no parque rão. Para este sábado, a estimativa deles desperta o interesse de gente das mais era fornecer 500 litros de água quente. variadas idades. “Faço uma roda no O intervalo se encerra com o cha- chão e eu e as crianças nos sentamos. mado do locutor para a última rodada. Os pais costumam ficar nas poltronas Muitos peões já não disputam o título enquanto faço conto histórias e lendas e vão para a volta final apenas cumprir do folclore gaúcho para seus filhos.” tabela. As luzes começam a ser acesas O objetivo, explica Marta, é resgatar na arena coberta. Para ser campeão, a cultura da transmissão de histórias Alceu Barbosa Velho precisa acertar a orais. Histórias que os visitantes da Fesua última laçada. O narrador chama cars neste fim de semana terão de soo seu nome. O portão é aberto e o boi bra, para ouvir e passar adiante.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

17


Maicon Damasceno/O Caxiense

O avesso das coisas

Afastado dos trabalhos dos últimos dias por doença oftalmológica, Julinho destaca unidade do grupo grená

Superação grená Estranha combinação de fatores acabou unindo ainda mais o grupo do Caxias

H

18

por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br á quem diga que tudo é mais difícil para o Caxias. Talvez por isso só as pessoas de bom coração, com o perdão do trocadilho, aguentam assistir aos jogos no Centenário. Se até os corações mais regulados sofrem de uma estranha arritmia que dura exatos 90 minutos, imagine quem usa marca-passo. Uns chamam isso de sofrimento, outros acham que essa dor no coração é fruto de uma paixão que só acomete os grenás. Mas essa triste sina de vencer desafios e num piscar de olhos chover outra penca de desafios é o que deixa muito grená enlouquecido, ou como diz o mais positivo, porém eufemista: “essas dificuldades que aparecem de repente são o tempero na vida de um torcedor grená”. E que tempero esse, hein? Como diz o irônico, sentado no banco da praça: “tempero nos olhos dos outros é refresco”. E não é que o treinador e o auxiliar do Caxias acabaram sendo acometidos desse estranho refresco que só é bom no olho do outro? Primeiro foi Julinho Camargo. Desde a semana retrasada o treinador do Caxias está tratando de uma conjuntivite que pegou em cheio os olhos do sem-

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

pre atento falcão grená. Nada passara até então pelos olhos bem treinados de Julinho. Nem que fosse o menor dos detalhes. Nada passava batido. Estranhamente, como se do dia para a noite, a bandeira grená acordasse verde e branca, Julinho foi impedido de estar próximo dos seus jogadores e colegas da comissão técnica. E pra piorar – e confirmar a estranha sina de sofrer que o Caxias traz consigo – o time grená enfrentaria no início da semana seguinte, o Pelotas, fora de casa. Num confronto que o Caxias não vencia desde 2000. Sem Julinho Camargo na beira do gramado, restou ao auxiliar técnico Ivan Soares a missão de assumir a bronca. Tudo planejado. Nenhuma ação de Ivan, nem mesmo durante os treinamentos da semana retrasada, vinha de improviso, como se o auxiliar fosse um músico de jazz. Na verdade, Ivan, nem mesmo era o maestro desta orquestra. Ivan sabia apenas que tinha de fazer o time continuar a jogar por música como Julinho vinha fazendo. Espetacularmente, no jogo contra o Pelotas, o time superou até os mais otimistas. Jogando bem, ao natural – mesmo sem o capitão Marcelo Costa e o comandante Julinho Camargo – o time venceu por 3 a 2. Os dois gols

do Pelotas, não fosse uma desaten- ter da rádio Caxias, a diferença entre ção pontual, nem teriam ocorrido. uma conjuntivite e outra. “A conjuntiAssim como se o Caxias tivesse uma vite do Julinho é viral, é transmissível. pontaria perfeita, a sacola já teria co- Mas a do Ivan é bacteriana, não pega meçado ainda no primeiro tempo. assim no convívio”. Ao final da entreAlém de estrear como treinador, Ivan, vista, Soster olhou para o assessor de como a referência na casamata gre- imprensa, Luiz Carlos Erbes, coçou a ná, ajudou e foi ajudado pelo elenco a cabeça e disse: “Falei certo? Ficou bem derrubar um tabu que andava pior do explicado, né?”. Erbes fez sinal positique disco arranhado. O Caxias fez 3 vo, acenando para Soster. no Pelotas e venceu, assim como havia feito em 2000, quanNa verdade, essa do também aplicou 3. tal de conjuntivite peQuer ainda outro dado “Não trabalho gou de jeito até quem interessante? Naquele não foi acometido por com quem 2000 o Caxias acabou ela. Felizmente, não Campeão Gaúcho. Mas eu não confio. é o principal assunto como nem tudo são flo- Gosto de dentro de campo, nem res nessa trilha grená, ter pessoas mesmo nos treinamennão tardou, e logo veio tos, que no meio da secompetentes outro ramo de espimana passada estavam nhos. Ivan, o escudeiro do meu lado”, sob comando do prede Julinho, que vinha afirma Julinho parador físico Fabiano fazendo tudo como Camargo Vieira e do preparador idealizara o mestre, de goleiros, Rogério mesmo afastado do dia Maia. Mas fora de cama dia do clube, acabou sendo também po tem gente já matutando e ficando acometido pela mesma pimenta nos paranóico que diz sentir uma estranha olhos, e que não tem nada de refresco. coceira no olho. Da torcida o que mais Ivan descobriu no início da semana se ouve é uma estranha teoria conspassada que também estava com con- piratória, que deixaria até os roteirisjuntivite. Julio Soster, o gerente de fu- tas da Globo boquiabertos. Dizem os tebol grená, tentava explicar ao repór- mais fervorosos torcedores que isso é

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Como se vê, o clima com ou sem Julinho na beira do gramado e comandando os treinamentos é o mesmo – sem desmerecer é claro, a importância do técnico. “Sempre preguei aqui no clube uma coisa: nosso trabalho nunca foi personalista. O importante é que o clube tenha um trabalho forte. Tu fortaleces o todo, não sendo personalista”, justifica Julinho Camargo. E prossegue, em entrevista por telefone,

é claro: “Não trabalho com quem eu não confio. Gosto de ter pessoas competentes do meu lado. Não gosto daquele tipo de treinador que se cerca de pessoas incompetentes para que ele se evidencie. O grande treinador é o que está cercado de pessoas competentes”. Precisa explicar mais? Mas tem ainda um outro fato que revela como esse grupo está focado nos seus objetivos. Rebobina a fita. A cena se passa em Pelotas, Metade Sul do estado do Rio Grande do Sul. Mais precisamente, no vestiário do time visitante, no estádio da Boca do Lobo. Ivan andava preocupado. Não sabia como andava o sentimento dos jogadores, minutos antes de mais uma partida decisiva deste segundo turno do Gauchão. O auxiliar técnico, promovido a técnico momentâneo pensou, pensou e montou uma palestra especial. “Minha preocupação era com o foco deles. Na preleção, comecei com esse tópico, mas nem consegui terminar, porque os jogadores me interromperam dizendo que osso nem precisava falar porque eles estavam fechados com o clube e queriam ir pro jogo”, revela Ivan. No entanto, antes de atravessarem o túnel da Boca do Lobo, os jogadores pediram cinco minutos pra conversar sozinhos: “Eles disseram assim: ‘Nós somos uma família aqui no Caxias. Então vamos lutar pela nossa família”, recorda Fabiano Vieira, preparador físico do Caxias. Superação parece ser a palavra de ordem nessa família grená. E que venham os próximos confrontos, porque se depender da união desse grupo, pode mandar chover canivete, vendar os jogadores, amarrar as mãos do goleiro, que nada vai parar esses caras. Maior reverência a esses guerreiros seria ver a torcida lotar o estádio nesses últimos desafios do returno, sábado dia 20, contra o São José, e domingo, dia 28, contra o Inter.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

Maicon Damasceno/O Caxiense

tudo praga de Argel Fucks, ex-treinador do Caxias, e que hoje divide seu tempo treinando o São José no Gauchão e sondando atletas para montar elenco no Criciúma, time que vai comandar na série C. Como se dizia lá no início do texto, as coisas nunca são fáceis pro Caxias. Mas esmiuçando este estranho tema, pelo menos obtuso ao fabuloso mundo da bola, é possível extrair poesia do meio da m****. Todos esses inconvenientes, do longo afastamento de Julinho, do médio afastamento de Ivan, e da necessidade de tocar a vida mesmo sem a presença do comandante grená, comissão técnica (os que não estão com conjuntivite, que são muitos e todos competentes) e o elenco (responsável e fechado com o clube) abraçaram a causa e honraram o nome da agremiação, antes de mais nada. “Nossa responsabilidade não é maior sem o Julinho. Precisamos ter a mesma responsabilidade como se ele estivesse na beira do gramado com a gente”, defende Marcelo Costa, camisa 10 do time e capitão, que deve voltar a atuar contra o São José, no sábado, dia 20. “Ter o Ivan na beira do gramado e trabalhando no dia a dia com ele estreitou ainda mais a relação dele com o elenco”, valoriza Itaqui, volante do Caxias. Enquanto concedia entrevista ao Caxiense, o presidente Osvaldo Voges interrompeu o papo, brevemente, para cobrar de Itaqui um gol de falta. “Vai sair, presidente, anda passando perto”, retrucou o volante.

Itaqui garantiu que gol de falta sairá logo

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

19


Guia de Esportes Viviane Venato, Divulgação/O Caxiense

guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Parque de Rodeios de Vila Oliva vira cancha reta para motos no Campeonato de Arrancada, neste domingo

FUTEBOL l Caxias x São José | Sábado, 19h30min | Depois de uma semana atribulada, sem a presença do treinador Julinho Camargo, que ainda tratava da conjuntivite, foi a vez do auxiliar técnico Ivan Soares ser acometido da mesma doença. Mesmo com parte dos treinamentos tendo ficado sob orientação de Fabiano Vieira, preparador físico, a rotina de trabalho não foi alterada – Julinho manteve contato diário com o clube. É assim, desfalcado na comissão técnica, que o esquadrão grená recebe o São José em casa, para mais um confronto direto por melhores posições na tabela e quem sabe encaminhar bem a classificação para as finais do segundo turno. Depois de vencer o Pelotas fora de casa, o Caxias está com moral. Marcelo Costa, recuperado de dores musculares, está de volta ao time e vai ostentar a braçadeira de capitão. O Caxias deve começar a partida com o goleiro Fernando Wellington; os laterais Edu Silva (esquerdo) e Álisson (direito), a dupla de zaga Anderson Bill e Neto; no meio-campo, Marcos Rogério, Itaqui, Edenílson e Marcelo Costa; no ataque, Cristian Borja e Everton. O São José, do treinador Argel Fucks, assim como o Caxias, está com sete pontos. Mas o São José tem melhor saldo de gols. Por isso, é essencial vencer o Zequinha, ainda mais jogando no Centenário. Estádio Francisco Stedile (Centenário) Ingressos a R$ 10. Acompanhante de sócio, R$ 15. Cadeira, R$ 20. Estudantes e pessoas acima de 60 anos, R$ 5. Mulheres não pagam. Sócios com mensalidade em dia não pagam ingresso. Torcedores do São José, R$ 20 e R$ 10 (estudantes com comprovante e pessoas acima de 60 anos) | Rua Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano l Novo Hamburgo x Juventude | sábado, 20h30 | O Juventude tem a difícil missão de vencer o Novo Hamburgo, time finalista da Taça Fernando Carvalho e

20

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

ainda invicto no returno, na casa do adversário. O zagueiro Jorge Felipe estava sob observação médica e era dúvida para o jogo. O técnico Osmar Loss deve iniciar a partida com Carlão (Sílvio Luiz); Fred, Victor e Bressan; Luiz Felipe, Tiago Renz, Gustavo, Roberson e Calisto; Amoroso e Marcos Denner. Estádio do Vale Ingresso a R$ 15 | Rua Santa Teresa, 420, Liberdade | Novo Hamburgo l Copa União | sábado, 13h30 | Neste sábado será realizada a terceira rodada da Copa União, nas categorias sênior e juvenil. O campeonato é amador e abrange todas as regiões de Caxias. Jogos na categoria juvenil, 13h30: Bevilacqua x São Francisco, São Cristóvão x Botafogo, Forquetense x Pedancino | Categoria sênior, 15h30: Conceição x Bevilacqua, Pedancino x São Virgílio, Botafogo x São Franciso, Canarinho x Diamantino, São Cristóvão x Juvenil. Entrada gratuita l Campeonato Municipal de Futebol | sábado, 14h, e domingo, 13h15 e 15h15 | O Campeonato Municipal começa neste sábado. O jogo de abertura será entre o Às de Ouro e o Fiorentina, no Estádio Municipal, às 14h. No mesmo dia, pela manhã, será reinaugurado o campo de futebol, que passou por uma grande reforma. A primeira rodada do campeonato segue no domingo à tarde, em diversos campos da cidade. Estádio Municipal Antônio Barroso Filho Entrada gratuita | Av. Circular Pedro Mocelin, ao final da Av. Júlio de Castilhos, Cinquentenário domingo, 13h15: Unidos x Mundo Novo (Enxutão), União Industrial x Fonte Nova (Municipal 1), Kayser x Bom Pastor (Sta. Corona), Vera Cruz x Esperança (S. Família), Ouro Verde x R. Unidos da Esperança (De Lazzer) e Uruguai x Águia Negra (Fátima) | Domingo, 15h15: Vindima x Cristal (Enxutão), União de Zorzi x Guarani (Municipal 1), Século XX x Goiás (Sta. Corona), XV de Novembro x

Londrina (S. Família), São Victor Cohab x União Reolon (De Lazzer) e Hawai x Atlético (Fátima). l Campeonato Sesi Futebol Sete Livre Série A | sábado, 14h15, 15h15 e 16h15 | Neste sábado será realizada a terceira e última rodada da primeira fase da competição organizada pelo Serviço Social da Indústria (Sesi). Jogos às 14h15: Mundial x Voges, Agrale x Madal | 15h15: Agritech Lavrale x Guerra, Randon x Marcopolo | 16h15: Suspensys x Pisani Quadras da Mundial, Agrale e Randon Entrada gratuita | Mundial: BR-116, Km 145, 500, São Ciro | Agrale: BR116, Km 145, 15.104 | Randon: Estrada dos Imigrantes, s/n°, 3ª Légua l Circuito Caxiense de Futebol Sete Society | domingo, 14h | A última rodada do campeonato será realizada neste domingo. As 16 equipes concorrentes disputam as vagas para a fase final, programada para o dia 28. A entrada é franca. Entretanto, é necessária a apresentação do ingresso, que é distribuído gratuitamente. Ele pode ser obtido no Ginásio Arena ou no Departamento de Esportes do Sindicato dos Metalúrgicos, localizado na Rua Bento Gonçalves, 1.513. Sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul Entrada gratuita | Linha Rádio Nordeste, Capela Nossa Senhora das Dores, Travessão Cavour, Flores da Cunha | Informações: 9999-1705. Falar com Jair Oliveira l Veranópolis x Caxias | quintafeira (25), 17h | Estádio Municipal Antônio David Farina Ingressos a R$ 10. Torcedores do Caxias, R$ 20 | Rodovia RST-470, na entrada do bairro Medianeira | Veranópolis l Juventude x Porto Alegre | quarta-feira (24), 19h30 Estádio Alfredo Jaconi Ingressos: R$ 15 (arquibancadas), R$ 7

(idosos e estudantes com comprovante), R$ 40 (cadeira para não sócio), R$ 30 (cadeira para sócio), R$ 12 (cadeira para menores de 12 anos) e R$ 15 (torcida adversária). Menores de 12 anos e associados com a mensalidade em dia não pagam | Hércules Galló, 1.547, Centro | Informações: 3027-8700

VÔLEI l Superliga de vôlei | sábado, 11h | A equipe de Caxias enfrenta o São Caetano pela 14ª rodada do campeonato, no Ginásio Poliesportivo da UCS. O time treinado por Jorginho Schimdt venceu as expectativas iniciais no torneio e se encontra na faixa de classificação para a fase dos playoffs, em 6º lugar. Com poucas possibilidades no campeonato, o São Caetano não deve ser um adversário que imponha muita resistência ao time caxiense. Ginásio Poliesportivo da UCS Ingressos: R$ 4 (funcionários da UCS e estudantes em geral mediante identificação) e R$ 8 (público em geral) | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis

VELOCIDADE l 1ª Etapa do Campeonato de Arrancada de Motos em Pista de Terra | domingo, 10h | O Campeonato de Arrancadas envolve diversas categorias de motos, de acordo com a potência. O objetivo dos pilotos é percorrer os 200 metros da pista de terra no menor tempo. As inscrições podem ser realizadas na hora. A organização espera a participação de pelo menos 120 pilotos. Em dezembro do ano passado, a realização de uma prova experimental reuniu 84 competidores. A infraestrutura do evento conta com praça de alimentação, área para churrasco, banheiros e estacionamento gratuito. Parque de Rodeios Vila Oliva R$ 5 | BR-116, Km 145, nº 1.410, distrito de Vila Oliva | Informações com a Sozo Eventos Automotores: 3224-5613 ou 9112-0972

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Maicon Damasceno/O Caxiense

Equações futebolísticas

Meia-atacante de origem, posicionado mais à frente pelo técnico Osmar Loss, Hiago é a nova promessa alviverde

SOMAR SONHOS,

SUBTRAIR TRISTEZAS

T

por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br arde de sol neste fim de verão caxiense. Hiago não está em casa. Na verdade, procura uma nova morada. “Vai ser melhor morar sozinho porque assim vou poder dormir mais cedo”, defende Hiago de Oliveira Ramiro, um garoto de 18 anos, revelado na Copa São Paulo de Futebol Junior e que luta por um espaço no time de Osmar Loss. O meia, que tem virado atacante nas mãos do treinador alviverde, está com moral no clube. Tanto que teve a permissão da diretoria para deixar a concentração, onde mora com dezenas de outros aspirantes a jogador de futebol. Hiago não esconde o jeito moleque, nem por isso, é displicente ou imaturo. Seu papo é de gente grande, de quem reconhece e valoriza os mais velhos e experientes. Seja quando fala da mãe, Hilda de Oliveira Ramiro, 50 anos, que segundo ele, “ensina que eu seja sempre humilde”, ou de colegas de time, por assim dizer mais rodados, como Marcos Denner, Lauro e Sílvio Luiz. No entanto, impossível não esconder que é ainda um garoto quando fala de suas referências. Hiago, assim como uma penca de jovens que sonham com a carreira de jogador, admira ídolos como Kaká, Ronaldinho Gaúcho e Cristiano Ronaldo. E por que seria diferente? Ninguém esperava que Hiago tivesse como ídolos

Didi, Zizinho ou ainda Leônidas. Não se admira o que não se conhece. E nesse mundo multimídia conhecer é ver pela televisão. O que se vê é Robinho lançar moda usando brinco. Hiago também usa. A diferença é que, talvez, o de Robinho seja de brilhante, já o de Hiago, com certeza não é. Pela televisão, com os recursos de dezenas de câmeras espalhadas pelos gramados, é possível perceber o piscar de olhos do atacante, a gota de suor escorrer pela testa, ou ainda, o minucioso detalhe com que um craque sempre visado pelas lentes, como Cristiano Ronaldo, bate na bola. De olho cravado nos jogos dos campeonatos mundo afora, transmitidos pela televisão, é que se fazem jogadores dessa safra do Hiago. Não só assim, é claro. Nada extinguirá a relação entre jogador e treinador, ou mesmo entre jovens e experientes atletas. Ou ainda, aprender desde cedo a lidar com a pressão de uma torcida. Porque só ver um cara fazer um golaço, é como jogar futebol pelo videogame. É bom, mas nem tanto. Mas é preciso reconhecer, utilizando do lulês, que nunca antes na história desse mundo da bola a televisão teve tanta importância quanto hoje. “Quando eu jogava de meia, prestava mais atenção no Kaká, que parte muito rápido com a bola do meio em direção ao gol. Ou então, o Ronaldinho Gaúcho que tem um jeito diferente de lançar a bola e sempre certi-

Hiago, artilheiro do Ju na Copinha, busca seu lugar ao sol, agora, entre os profissionais

nho. Hoje em dia, como me passaram como Robinho e Adriano. Mas pretenpra atacante, vejo mais o Cristiano de que outros garotos cresçam deseRonaldo”, revela Hiago. O jogador, jando ser tão habilidosos como Hiago. destaque na Copinha, com seis gols (cinco deles de pênalti), que amanheSucesso é uma palavra que pace dentro do clube, bate-bola no gra- rece ter sido rasurada do dicionário. mado verde do Jaconi e aprendeu a E talvez aqui tenha sim uma crítica à respeitar os símbolos do Ju, não tira os televisão. Porque do dia pra noite, um olhos de Madrid, capital da Espanha. guri ou uma guria, podem virar celePode prestar atenção quem ainda não bridade. E nem por isso, o que dizem percebeu. Hiago ajeitando a bola para e fazem pode ser considerado sequer cobrar uma falta mossubstrato para enritra-se um discípulo de quecer a grama e torCristiano Ronaldo. O “Quando jogava ná-la ainda mais verde. atacante do Ju copia de meia, prestava Hiago não falou em os mesmos trejeitos, a nenhum momento de mais atenção no mesma postura antes sucesso. Mas falou em de cobrar uma falta Kaká. Hoje, como vencer. Falou em ser ou mesmo na hora da me passaram pra visto e lembrado. Falou arrancada, sem a bola. atacante, vejo em melhorar de vida. Boas referências não Se pouco mais de seis mais o Cristiano fazem mal a ninguém. meses depois de chegar E melhor do que isso Ronaldo”, ao Jaconi, o garoto já é perceber que o ga- diz Hiago ganhou a possibilidaroto sabe muito bem de de morar sozinho aonde quer chegar e de em um apartamento, é que forma. “Eu quero ser reconheci- sinal de que a vida tem sido generosa do, quem sabe ser tão falado como o com ele. Mas Hiago quer ainda mais. Adriano e o Robinho...”, deixa escapar o “Quero poder ajudar a minha família. garoto. De bate-pronto, como se desse Quem sabe comprar uma casa pra ela, uma finta no zagueiro, Hiago comple- ou trazê-la pra cá.” No meio do camitou sorrindo: “Não pelas coisas extra- nho desse garoto que amadureceu cedo campo. Mas ser reconhecido como um pode pintar até casamento. Hiago nabom jogador, sim”. Também neste caso, mora com Mainy, de 19 anos, que ele coHiago mostra que tem aprendido bem nheceu há quatro anos, em Americana. com a televisão. Não pretende copiar a Na mão direita, uma aliança dourada vida desvairada fora de campo de caras assegura que o namoro é coisa séria.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

21


cilidades em campo. “Tenho um raciocínio rápido. Entendo fácil as questões táticas que o treinador passa e também consigo decidir rápido o que fazer em campo, acho que é por causa dessa minha facilidade com a matemática.”

Quem diria, o jovem Hiago, além de um promissor jogador de futebol, é ainda matemático. Garoto nota 10 que anda lutando para sustentar O assunto toma conta da sala nas costas o número 10 do Juventude imprensa Dante Andreis, onde de. Mesmo sem perceber, Hiago segue Hiago concede entrevista para O Ca- praticando matemática. Porque dentro xiense. Nem assim o garoto intimida- de campo ele será avaliado pelo númese. É calmo, tranquilo, de fala mansa, ro de passes corretos que der, número mas não é acuado. de gols, número de joTemperamento que se gadas pela linha de funrevela da mesma for- “Eu sempre do, número de pênaltis ma em campo. Hiago gostei de e faltas convertido em é franzino e tem cara matemática, gol, número de jogos de garoto, aparenta ser que disputou, númesempre fui bem ainda mais novo, mas ros, números, números. não tem medo de cara no colégio, Falando ainda em núfeia, nem de zagueiro gosto de meros, o que ele precom mais de 30. “Tem números, tende que aumente ainum lado bom e ruim de mais com o passar cálculos”, lembra da ser mais leve. É ruim às do tempo e por merecivezes quando o zaguei- o garoto do Ju mento é o salário. Sem ro usa muito o corpo, revelar qual foi o aumas eu ganho na vemento que teve em funlocidade, na movimentação”, explica. ção de ter subido para os profissionais, Hiago amadureceu rápido, porque era Hiago diz apenas: “É melhor do que preciso. Com 11 anos saiu de casa, em eu ganhava antes claro, aumentou um Ariquemes, em Rondônia, para jogar pouquinho”. E aqui cabe outro detalhe futebol em São Paulo. Deixou para trás que revela um pouco mais sobre essa pai e mãe. Tudo em nome de um so- nova safra de aspirantes a jogador de nho. “Ninguém na minha família foi futebol. Hiago também tem empresájogador, nunca vi tio meu ou mesmo rio. Na verdade, ele tem dois: Bismarck meu pai jogando bola. Meu pai sem- Barreto Faria, o ex-jogador e pra sempre me apoiou, é meu fanzão, mas era pre ídolo vascaíno, e Jorge Machado. minha mãe quem ia comigo comprar “Eu tenho contrato com o Juventude chuteira ou fazer teste nos times”, con- até janeiro de 2011, quero ficar aqui, ta. Nelson Brites dos Santos, com 52 quero crescer aqui. Mas o meu empreanos, está desempregado. A mãe, Hil- sário, o Bismarck, acha que eu me dada, é professora do ensino fundamen- ria muito bem no futebol carioca, ele tal. “Eu terminei o segundo grau, mas acha que tenho um jeito de jogar que minha mãe sempre me cobra quan- daria certo lá. Quem sabe.” A torcida do vou começar a fazer faculdade”. do Ju talvez prefira vê-lo desenvolver Hiago tem driblado a mãe. Sem fi- seu futebol aqui mesmo, e quem sabe, rulas, claro, mas não foi a nenhuma ficar um pouco mais e jogar mais do faculdade ainda. “Penso em fazer que Zezinho, que deixou um gostinho educação física. Mas quem sabe fazer de quero mais na torcida. Um desejo contabilidade”, revela. Contabilidade? de ver um garoto que vai ser lapidado “É que eu sempre gostei de matemá- pelo clube, mas que possa dar alegrias tica, sempre fui bem no colégio, gosto aqui mesmo, no Alfredo Jaconi. É prede números, cálculos, e tem uma tia ciso agora somar os desejos do clube minha que tem um escritório de con- aos de Hiago, da comissão técnica e ditabilidade e acho que me daria bem”, retoria. O resultado? Subir para a série explica. Hiago diz que a habilidade B, com Hiago como artilheiro. Tá bom com os números lhe traz algumas fa- assim, torcedor?

22

O Caxiense

20 a 26 de março de 2010

Maicon Damasceno/O Caxiense

“Antes de eu ir pra Copinha, ela me disse que a gente tinha que noivar. Ela disse assim: ‘Vai que tu vá jogar em outro time, em outro lugar, e aí, como é que eu fico?’”, recorda, sorrindo, o jovem Hiago. O plano do atacante do Ju é trazer a noiva Mainy para morar com ele. “Minha sogra disse que não tem problema, desde que a gente passe antes num cartório pra casar”, diverte-se.

Atleta se prepara para outro compromisso: casar-se

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Razão sensível

A definição das candidaturas do PDT caxiense à Assembleia Legislativa não terminou com a reunião do diretório municipal. Realizado na quarta-feira, o encontro culminou com a indicação do vice-prefeito Alceu Barbosa Velho como candidato a deputado estadual. Mas o nome de Alceu não é consenso. Os outros dois concorrentes – Vinicius Ribeiro e Gustavo Toigo – não se convenceram com o resultado, e ainda querem ser candidatos ao posto. Para isso, Toigo apelará à Coordenadoria Regional. Vinicius quer formar dobradinha com Juliana Brizola, neta do ex-líder pedetista, com indicação da Juventude Trabalhista.

Imprudência

Embora bem intencionado, o presidente Moisés Paese (PDT) cometeu uma imprudência ao revelar sua intenção de contratar apenados do semiaberto, em regime de progressão de pena, para atuarem como estagiários em serviços burocráticos na Câmara de Vereadores. As resistências são grandes, mesmo que a pretensão seja a ressocialização dos apenados – necessidade defendida por qualquer pessoa de bom senso. Muitos vereadores entendem porém que, ao anunciar o projeto, Paese submeteu os presos a uma exposição pública antecipada que prejudica a proposta.

perguntas para

Édio Elói Frizzo

O vereador do PSB está disposto a encontrar saídas para o Carnaval caxiense

O senhor vai ser presidente da Liga do Carnaval? O pessoal que ajudou na organização do carnaval deste ano resolveu montar uma chapa para disputar a Liga, com a minha participação e de vereadores, como Denise Pessôa, Geni Peteffi e Mauro Pereira. Ou se resolve as pendências das escolas com a prefeitura ou a festa corre sério risco. Por causa dessas pendências, por exemplo, nenhuma escola consegue certidão negativa para ter apoio de empresas ou entidades. A nova direção da Liga poderá trabalhar para dar condições às escolas buscarem patrocínios e outros tipos de apoio. Em Porto Alegre, por exemplo, só uma cervejaria entra com um patrocínio de 150 mil reais no Carnaval. Por que não pode existir algo semelhante aqui? Estamos estudando todas essas coisas para ajudar a superar essa fase que o Carnaval caxiense enfrenta há dois anos. Chamamos inclusive aquelas escolas que queriam montar uma nova associação para se unirem a essa proposta, a essa chapa de consenso. Eu poderia ser o presidente dessa chapa. Afinal, temos que buscar a união e encontrar saídas para o impasse. A proposta é realizar um grande seminário, em maio, para definir essas coisas todas, buscar leis de incentivo, rediscutir o número de escolas... O Carnaval deste ano custou mais de R$ 300 mil, dinheiro bancado pela prefeitura – ou seja, pelo contribuinte. Não é muito dinheiro? Está na média. A prefeitura sempre ofereceu a infraestrutura. Este ano

manteve as arquibancadas da Festa da Uva, licitou aquele pessoal do carro de som, pagou o show do Neguinho da Beija-Flor. Só que eles (o pessoal da Liga) achavam que ia dar mais gente no show. De qualquer forma, o público não foi tão pequeno como o divulgado, mas foi menor do que o esperado. Nessas horas, as estimativas de público revelam um grande preconceito da imprensa, assim como acontece em relação ao próprio Carnaval. Não há como negar que o Carnaval continua sendo a festa mais popular do país. Mesmo em Caxias ele é importante. No sábado à noite, mesmo com ameaça de chuva, havia mais de 10 mil pessoas na Sinimbu. Existe o preconceito, mas temos que trabalhar também para que ele seja superado. Caxias não pode mais fazer de conta que essa manifestação cultural legítima e multiétnica não existe. E todas as manifestações culturais precisam do apoio do poder público. A nova chapa é favor do Carnaval fora de época? Temos que retomar as datas certas. Só precisamos jogar com os dias, para não coincidir com os desfiles do Rio e outras cidades. Aliás, a concorrência da televisão foi predatória. O público fica em casa assistindo os desfiles pela TV. Precisamos retomar a idéia dos blocos, para desfilarem na praça, oferecer alternativas populares, envolver a comunidade. Nem os clubes tradicionais realizam mais seus bailes de salão. Só sobrou o Águas de Março, do Recreio da Juventude. E ele é fora de época.

Justa comemoração

As comemorações do 35º ano da Codeca fizeram justiça à sua trajetória. Da valorização dos mais de 1 mil funcionários à abrangência das áreas de atuação, não foram esquecidos os referenciais de história (algo que muitas vezes quem está no poder quer negar). A homenagem aos acionistas fundadores – empresários e gestores públicos –, na última quinta-feira, foi marcante e oportuna. Focada em resultados e um salutar ambiente de trabalho, a Codeca cumpre e amplia sua missão, além de ter, reconhecidamente, motivos para comemorar.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

Cristofer Giacomet, Divulgação/O Caxiense

3 candidatos

Vereador Daniel Guerra (PSDB), ao anunciar futuro projeto em parceria com a FAS, voltado aos menores de rua e flanelinhas

Diego Netto, Divulgação/O Caxiense

A obrigatoriedade de os idosos passarem pela catraca nos ônibus é resultado de um termo de ajustamento assinado em 30 de setembro do ano passado entre a Visate e a Secretaria de Trânsito, Transportes e Mobilidade Urbana. A desculpa oficial é a necessidade de registrar quantas pessoas circulam pelos ônibus sem pagar passagem, item utilizado para calcular o valor da tarifa. A empresa sabe apenas que tem 31.328 idosos cadastrados para usufruir do transporte gratuito. Esse dado já não basta? A pergunta permeou o encontro realizado quintafeira na Câmara para discutir a obrigatoriedade do uso da catraca. Sobraram críticas a todos os envolvidos no tema. E a constatação de que é preciso um pouco mais de sensibilidade para lidar com o público da terceira idade.

Direcionados

Tenho certeza de que o prefeito, com sua sensibilidade, dará encaminhamento a essa iniciativa

No segundo encontro de vereadores nos bairros, sábado passado, havia mais parlamentares e assessores do que propriamente moradores, o que esvazia a proposta de uma aproximação Legislativo-comunidade. E mais: as cobranças feitas por presidentes de associações de bairros, os mais entusiastas da iniciativa, podem causar apenas frustração. Fica claro que as reivindicações dos presidentes de bairros devem ser direcionadas a prefeito, secretários municipais ou Orçamento Comunitário. Os vereadores não têm poder para resolver os problemas apresentados.

Só agora?

O Ministério Público tem boas razões para a interdição do presídio regional de Caxias do Sul. Afinal, a Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe) havia assinado acordo se comprometendo a substituir a cerca e construir um muro para tornar a casa de detenção inaugurada em setembro de 2008 menos vulnerável. O descumprimento ao acordo já durava cinco meses quando houve a fuga de três presos. Mas há um detalhe que também precisa ser considerado: o MP não deveria ter fiscalizado e exigido o cumprimento desse acordo antes do ocorrido?

Desenvolvimentista

Com tantas pedras pelo caminho rumo ao almejado Senado Federal (Eliseu Padilha, Ana Amélia Lemos e outros menos votados), o ex-governador Germano Rigotto (PMDB) vive um dilema. Não seria melhor buscar uma – a essa altura garantida – vaga na Câmara dos Deputados, como recomendam alguns amigos? Enquanto reflete sobre isso, Rigotto mantém um roteiro de palestras por todo o país. Nesta segunda-feira, será a vez da CIC caxiense ouvi-lo falar sobre um tema um tanto quanto governista: o Brasil e o novo ciclo de desenvolvimento.

Pai da criança

Do ex(?)-presidente do PMDB caxiense Guerino Pisoni Neto a respeito de nota publicada aqui sobre o espaço multicultural, o Alceuzão: “O Alceu Barbosa Velho não teve participação nenhuma na cobertura da cancha de rodeios da Festa da Uva. A ideia é do presidente da Festa da Uva. Gelson Palavro conversou comigo para cobrir a cancha de lona. Custava R$ 350 mil, um absurdo. Disse a ele que deveria pensar em fazer a cobertura definitiva. Fomos fazer um orçamento e a estrutura colocada custava R$ 1,1 milhão. Tivemos a autorização do prefeito e o trabalho foi feito. O Alceu ficou sabendo do assunto muito tempo depois”.

20 a 26 de março de 2010

O Caxiense

23



Turn static files into dynamic content formats.

Create a flipbook
Issuu converts static files into: digital portfolios, online yearbooks, online catalogs, digital photo albums and more. Sign up and create your flipbook.