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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. Maicon Damasceno/O Caxiense
Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 17 | R$ 2,50
A HISTÓRIA QUE NÃO SE CONTA Expulsos da região na metade do século XIX para dar lugar aos imigrantes, os índios Kaingang também foram apagados da memória
Renato Henrichs fala da expectativa pelo balanço da Festa da Uva | Roberto Hunoff conta que as mulheres de Caxias trabalham mais | Um refúgio culinário perto de Galópolis | Como anda a discussão do transporte coletivo
Índice A Semana | 3
Um resumo das notícias que foram destaque no site
Roberto Hunoff | 4
Os números do trabalho feminino caxiense
Problema a resolver | 5
O fantasma da reprovação apavora alunos, pais e professores no colégio estadual Emílio Meyer
(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense) Co m C em o a ON crim polí FIS es cia re SÕ qu co ES e p lh od e o DO eria s ra m stro DN ser s A inso de cu lúv lpa eis
Caxias do Sul, março de 2010 | Ano I, Edição 16 | R$ 2,50
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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
OS PASSOS DA
INCLUSÃO
DIGITAL O acesso à tecnologia é apenas o ponto de partida. Há muito a se fazer para que o computador sirva à toda sociedade
Atraso não remunerado | 7
O debate de alternativas para evitar um aumento da tarifa – e a promessa da Visate de não cobrar pela demora Um talento incalculável desponta no Jaconi | Na saúde e na doença, o esquadrão grená avança unido | Renato Henrichs conversa sobre as folias do Carnaval caxiense | Roberto Hunoff analisa a redução da jornada de trabalho
Prazer gastronômico| 9
Rodrigo Lopes/O Caxiense
Torpedos de celular abrem o apetite de uns poucos felizardos na noite caxiense
Guia de Cultura | 10
Um jovem virtuoso da guitarra embala as horas do dia
Artes | 12
16ª edição | @AlineZilli_Ueba @ocaxiense Adoramos o jornal, parabéns! Está cada dia melhor! Grande abraço! Aline Zilli, em 24 de março @SamyGranel Não são nem 5h da manhã e eu já estou lendo a 16ª edição do jornal @ocaxiense! =P Samantha Hunoff, em 20 de março @cristiansr Ao jornalismo inteligente do jornal @ocaxiense lindas capas e excentes reportagens de uma equipe que merece respeito. Cristian Rodrigues, em 19 de março
Inclusão digital | @chaydanda Parabéns a toda equipe do @ocaxiense pela reportagem sobre Inclusão Digital. Excelente. Completa e com muitas informações importantes. Chay Rodrigues Danda, em 22 de março
Passado Kaingang | 13
@petersondanda Excelente reportagem do @ocaxiense sobre a inclusão digital em Caxias do sul, vale a leitura! Parabéns ao Eduardo, Maicon e toda a equipe do @ocaxiense , jornalismo com compromisso social Peterson Danda, em 20 de março
Votos na balança | 16
Reitoria da UCS | @RoseBrogliato A melhor cobertura das eleições para reitoria da UCS aconteceu no @ocaxiense, sem dúvida. Isto também é um sinal? Rose Brogliato, em 22 de março
Leveza abstrata e paisagem de viagem Como viveram – e sumiram das páginas da História – os índios que habitavam Caxias antes dos imigrantes Depois de ouvir a comunidade acadêmica, a UCS decide a porta fechadas quem será o(a) novo(a) reitor(a)
(Acompanhe em www.facebook.com/ocaxiense)
O jovem Ju | 18
Médicos reivindicam aumento | R$ 2.055,70 não deve pagar nem a disciplina mais em conta de uma faculdade de medicina. Leonardo Brum, em 23 de março
A média de idade do time que vem jogando é de apenas 22 anos
Guia de Esportes | 20
Com perspectivas bem distintas, a dupla CA-JU vai a campo pelas rodadas finais do Gauchão
O que é Medicina mesmo? As ciências ditas humanas são tão mais “baratas” e tão importantes quanto... ainda assim R$ 2.055,70 é utópico para um professor do estado. Natalia Borges, em 23 de março
Histórias da bola | 21
Esse aumento deveria ser dado aos educadores de qualquer classe. Até médicos precisam de professores. Aline Dondé, em 23 de março
Confrontos marcantes, para lembrar e para esquecer, mobilizam o Caxias contra o Inter
Renato Henrichs | 23
O presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul explica o dilema da consulta acadêmica
Moinho da Estação | Sempre gostei desse lugar em Caxias...E quanto mais opções melhor, boa notícia!!! Simone Santos, em 23 de março
Expediente
Reitoria da UCS | A comunidade da UCS confia nos valores democráticos amplamente e livremente difundidos no Brasil desde o fim da ditadura. Julio Cesar Kunz, em 23 de março
Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
PLURK (Acompanhe em www.plurk.com/ocaxiense)
Assine
Médicos reivindicam aumento | Queria saber o que os “doutores” tem a mais que as outras categorias trabalham o mesmo número de horas e têm o mesmo salário. E no momento que a prefeitura aumentar o salário dos “doutores” ela vai aumentar também do restante do funcionalismo, também concursado? Vera Lucia Mariani da Silva, em 22 de março
Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
Capa | Kaiani Ribeiro, moradora da comunidade indígena Kaingang de Farroupilha, fotografada por Maicon Damasceno.
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Maicon Damasceno/O Caxiense
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O Caxiense
27 de março a 2 de abril de 2010
S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .
A Semana
Márcio Schenatto, Divulgação/O Caxiense
Maicon Damasceno/O Caxiense
Rodrigo Lopes/O Caxiense
Médicos do município pedem aumento de 264,83% e prometem greve
Moinho da Estação oferece mais uma alternativa para lazer; Helen Keller pede nova escola com acessibilidade; Paim defende criação de 3 milhões de empregos
SEGUNDA | 22 de março Comércio
1.200 DVDs piratas são apreendidos Cerca de 1.200 DVDs falsificados foram apreendidos em dois pontos de Caxias do Sul, no último sábado. Além disso, alguns vendedores ambulantes foram removidos. Conforme a prefeitura, as ações fazem parte de uma operação da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU), em conjunto com a Guarda Municipal para conter o comércio irregular. Denúncias podem ser feitas pelo telefone 3218.6139.
TERÇA | 23 de março Bancos
Punição para falta de sanitários Foi aprovada por unanimidade pela Câmara de Vereadores a proposta do vereador Gustavo Toigo (PDT) de alteração do Código de Posturas em relação a instalação de bebedouros e sanitários nas áreas de atendimento das agências bancárias da cidade. A nova redação prevê punição de mil VRMs (Valor de Referência Municipal), atualmente equivalendo a R$ 19.370,00 para quem não cumprir as exigências. O prazo para adaptação das agências bancárias será de 90 dias. Se a alteração for sancionada pelo prefeito José Ivo Sartori (PMDB), a instalação de banheiros, masculino e feminino, com acesso individual a deficientes físicos e bebedouros será fiscalizada. Também serão exigidos cartazes com grande visibilidade, indicando os locais.
QUARTA | 24 de março Aumento
Médicos reivindicam 264,83% Reunidos em assembleia, médicos que atuam no Sistema Único de Saúde (SUS) da cidade decidiram pela realização de greve a partir de 5 de abril.
Segundo o presidente do Sindicato Médico de Caxias do Sul, Marlonei dos Santos, a futura paralisação acontecerá pelo não atendimento das reivindicações da categoria. A principal delas é piso salarial de R$ 7,5 mil, para 20 horas semanais de trabalho. Os 368 médicos concursados têm piso atual de R$ 2.055,70 por quatro horas de trabalho. Marlonei defende que para cumprirem as horas exigidas em contrato os médicos do SUS, devem receber R$ 7,5 mil, um acréscimo de 264,83%. Aplicando esse mesmo índice nas outras faixas, médicos com jornada de seis horas ganhariam cerca de 12,5 mil.
Gastronomia
Moinho da Estação tem nova opção Depois de permanecer fechado por quase dois anos, o espaço do antigo Bongô Bar, no largo da Rua Augusto Pestana, passará a abrigar a nova Pizzeria Vesúvio. Rebatizada de Estação Vesúvio, a casa está prevista para inaugurar até a metade de abril. Com a chegada ao complexo Moinho da Estação, o endereço anterior da Vesúvio, na Rua Pinheiro Machado, 1.426 (antigo palacete da família Gazola), fechou as portas nesta segunda e passa a atender somente pela telentrega. Conforme o empresário Jadir Ribeiro, o local funcionará de segunda a segunda, a partir das 18h – de quinta a sábado, estenderá o atendimento até as 3h. Serão oferecidos 80 sabores de pizzas a la carte e pastas. A novidade ficará por conta das minipizzas individuais.
Helen Keller
Nova escola é solicitação no OC A reunião do Orçamento Comunitário do bairro de Lourdes reivindica uma nova escola para o Helen Keller. O novo prédio, segundo a diretora Maria Alice Rodrigues, atenderia as questões de acessibilidade que hoje não são supridas pela estrutura. A escola atual tem três andares e os alunos cadeirantes precisam de ajuda para subir os quatro lances de escada. Além disso o terreno do pátio não é plano, o que também dificulta
para os alunos que têm algum tipo de dificuldade. A escola hoje atende 140 alunos, que variam de crianças com menos de um ano de idade até alunos de 60 anos. Deste total, 49 tem algum tipo de comprometimento, sendo que seis precisam se locomover com cadeiras de rodas. “Para se deslocarem pela escola é necessário ajuda de outras pessoas sempre. Teria que ter rampas e banheiros adaptados, já que temos diferentes alunos: além dos de cadeiras de rodas, há os que têm obesidade mórbida, paralisia cerebral e os alunos da educação infantil”, afirma a diretora, que diz que a nova escola custaria de R$ 1,6 milhão a R$ 1,8 milhão. Maria Alice explica que a proposta será a construção de um novo prédio, já que não há como fazer reformas no atual. Um terreno público, de acordo com ela, está sendo estudado pelo Secretário Municipal do Planejamento, Paulo Dahmer, para abrigar a nova escola.
QUINTA | 25 de março Trabalho
Paim defende redução de jornada O senador Paulo Paim (PT-RS) esteve em Caxias do Sul na quarta-feira e palestrou no Sindicato dos Metalúrgicos sobre a Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 231/2005, que reduz a jornada de trabalho, das atuais 44 horas para 40 horas semanais e defende o aumento no adicional da hora extra de 50% para 75%. Segundo Paim, caso a proposta seja aprovada, a mudança poderá gerar mais de 3 milhões de empregos. “O avanço tecnológico substitui o trabalho do homem por máquinas. A tecnologia não vai retroceder. Para a automação acontecer com responsabilidade social temos que ter uma resposta a este avanço.” Paim diz que a aplicação das mudanças não corre risco de estimular demissões ou a informalidade e simplifica a fórmula do desenvolvimento econômico. “A partir da redução da jornada de trabalho, as empresas precisarão contratar mais empregados. Teremos mais pessoas trabalhando, recebendo e consumindo.”
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Iniciativa
Grupo Kastelão inaugura supermercado Conforme anunciado por O Caxiense no início do mês, o grupo Kastelão Smart acelerou o ritmo de obras para abrir sua quinta unidade na Serra de forma estratégica: às vésperas da Páscoa e de olho no incremento de vendas gerado por produtos como chocolates, ovos, cestas e afins. O novo súper inaugurou na quintafeira na Avenida Rio Branco, 136, quase defronte à Igreja São Pelegrino e próximo ao futuro San Pelegrino Shopping Mall – mais um indicativo de que toda aquela área deve ganhar status de ponto comercial mais nobre do bairro a partir do segundo semestre, quando está prevista a inauguração do shopping. Segundo o diretor do grupo, Ildemar Bressan, o novo ponto gerou 45 vagas de trabalho e chega com diferenciais em relação as outras unidades. O espaço total do prédio chega a 4,8 mil metros quadrados, sendo que 1,3 mil é ocupado pela loja. O restante dilui-se entre o depósito e os dois pavimentos de garagem – são 62 vagas, com duplo acesso de veículos, pela Avenida Rio Branco e pela Rua Feijó Júnior.
SEXTA | 26 de março Cultura
Caxias tem novo teatro O novo lar da companhia “Tem Gente Teatrando” chama-se Casa de Teatro, e literalmente está estabelecido em uma residência, na Rua Olavo Bilac, 300, São Pelegrino. A inauguração foi na sexta com a apresentação da peça “Maldito coração me alegra que tu sofras”. Conforme a coordenadora do grupo, Zica Stockmans, a Casa de Teatro surgiu da necessidade de os diversos grupos de Caxias terem oportunidade de ficar uma temporada com suas apresentações. “O Teatro Municipal é ótimo, mas também muito concorrido. Os teatros particulares são muito caros. Não é tão eficaz o espetáculo ficar apenas duas noites em apresentação. A ideia é manter por temporadas. Essa é uma tendência contemporânea”, revela.
27 de março a 2 de abril de 2010
O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
O consumidor gaúcho segue otimista com a situação econômica do país. A Pesquisa de Intenção de Consumo das Famílias do Rio Grande do Sul marcou 127,8 pontos numa escala de zero a 200 – acima de 100 o resultado é considerado otimista. Também revelou que 44% dos entrevistados estão seguros em relação ao próprio emprego, 64,5% acreditam que melhorarão na atual ocupação e 47,6% consideram que a renda familiar aumentou na comparação com março de 2009. Para o presidente do Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul, Ivanir Gasparin, os dados mostram que o consumidor definitivamente deixou a preocupação com a crise para trás. Realizada pela Confederação Nacional de Comércio, a pesquisa foi divulgada pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Estado.
Revitalização
Júlio, Objetiva, Div./O Caxiense
Parte de um amplo processo de revitalização da estrutura da sede, o restaurante da CIC de Caxias do Sul ganhou novo palco. A estrutura possui 45 centímetros de altura e 3 metros de profundidade. O fundo e as laterais foram revestidos em madeira e dois novos painéis serão criados para contemplar os patrocinadores e apoiadores do evento. Responsável por esta etapa inicial, o diretor de Política Turística e Enogastronomia, Adriano Medeiros, afirmou que o atendimento desta antiga reivindicação só foi possível por meio de parceria com a empresa Florense.
Fim de festa
Ocupantes de 41% das quase 157 mil vagas formais existentes no ano de 2008, as mulheres de Caxias do Sul têm jornada de trabalho superior às trabalhadoras de outras regiões do país. Isso decorre da alta concentração de empregos no segmento industrial. É o que revela, dentre outros dados, uma pesquisa realizada pelo Observatório de Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS) em parceria com o Dieese. O estudo mostra que 76,8% das mulheres formalmente empregadas trabalham de 41 a 44 horas por semana.
Outra constatação do levantamento é que a indústria tem a segunda maior diferença salarial: elas ganham apenas 56,8% do salário médio hora pago aos homens, abaixo apenas da atividade extrativa mineral. O setor da construção civil, por exemplo, remunera melhor as mulheres, na ordem de 4%, situação que se estende ao serviço público, onde os rendimentos médios femininos são quase 25% superiores aos dos homens. No geral, no entanto, as mulheres ganham, em situações iguais de trabalho, 73,6% da remuneração masculina.
Ocupações
Escolarizadas
O estudo também mostra que as mulheres são maioria nas atividades de serviços, ocupando 55% dos empregos, e na administração pública, 72%. No comércio há equilíbrio e, na indústria, os homens têm 69% das vagas. Na construção civil o predomínio é masculino: 92%. Para efeitos de comparação, na Região Metropolitana de Porto Alegre as mulheres já ocupam 45% das vagas formais, com distribuição por atividade econômica muito similar à de Caxias do Sul. A maior diferença é nos serviços públicos, onde elas têm participação de 64%.
Outra importante constatação é a de que as mulheres são mais escolarizadas do que os homens e ingressam no mercado de trabalho com mais idade. Em termos de escolaridade os homens são maioria até o médio incompleto. A partir daí as mulheres passam a predominar. Este fato comprova que a remuneração inferior a dos homens não tem relação alguma com menor qualificação. A maioria das trabalhadoras recebe entre 1,5 e dois salários mínimos, enquanto entre os homens a maior concentração está entre dois e três salários mínimos.
Curtas A XP Investimentos Caxias promoverá dia 31, quarta-feira, nas dependências da CIC, o evento As escolhas financeiras das mulheres contemporâneas. Haverá palestra da psicanalista e consultora em programas de educação financeira Márcia Tolotti; bate-papo com Neira Mello, presidente da Liga Feminina de Combate ao Câncer de Caxias do Sul; e apresentação de novas oportunidades de investimentos pela gestora comercial e assessora de investimentos da XP Caxias, Juliana Petriks. A primeira edição do evento Fim de Tarde CDL Jovem está programada para dia 29, segunda-feira, a partir das 19h, no Bergson ExecuDivulgação/O Caxiense
A Mostra Flores 2010, que se encerra neste domingo, é uma oportunidade para compras de malhas, confecções, móveis e vinhos. A estrutura montada no Parque da Vindima Eloy Kunz, em Flores da Cunha, também oferece farta gastronomia e muitas atrações artísticas. Não há cobrança de ingresso nem de estacionamento.
Só o salário é menor
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O Caxiense
27 de março a 2 de abril de 2010
tive Flat. A iniciativa mensal do CDL Jovem objetiva discutir assuntos da atualidade de maneira descontraída e promover uma troca de cartões entre os participantes. O primeiro palestrante, frei Jaime Bettega, falará sobre Espiritualidade nas organizações, diferencial para os novos tempos. O consultor ambiental da ERM Brasil, Bráulio Pikman, será o palestrante de segunda-feira, 29, da CIC de Caxias do Sul. Abordará o tema Mudanças climáticas - apoio ao mercado de carbono e mecanismo de Kyoto. Após o encontro, o profissional fará atendimento sem custo aos interessados na Sala Empresarial. As vagas são limitadas.
Empresa mundial
A fabricante de móveis Florense tem meta ousada: concorrer em condições de igualdade com os principais produtores mundiais, principalmente italianos. Investiu, para tanto, nos últimos dois anos, R$ 40 milhões na modernização dos equipamentos e na instalação do maior centro de acabamento do Brasil. Dotada de tecnologia ecologicamente correta, esta linha assegura a produção de móveis altamente sofisticados, com acabamento de laca alto-brilho e defeito zero sem similar nas Américas. “A etapa final se compara ao polimento automotivo. Vamos atender o grau máximo de exigência do consumidor,” assinala o vice-presidente Gelson Castellan. A meta de 2010 é faturar em torno de R$ 200 milhões, em alta de 20% sobre o consolidado no ano passado. Parte já virá desta nova linha, que pode ter ambientes comercializados a R$ 150 mil.
Distinção A contadora Magda Regina Wormann, da Meta Contabilidade, recebeu o prêmio Mulher em foco, instituído pelo SesconSerra Gaúcha e Sincontec Caxias. O objetivo dos sindicatos é o de homenagear uma profissional ou empresária contábil que contribui para o crescimento e fortalecimento do setor. Magda Regina foi a primeira diretora mulher do Sescon-Serra Gaúcha e atualmente atua na integração regional da entidade. A distinção foi entregue pelo presidente do Sescon-Serra Gaúcha, Tiago De Boni Dal Corno. Jonas Rosa, Divulgação/O Caxiense
Olhar à frente
Semana Santa
De terça a quinta-feira da semana que vem, a Secretaria Municipal da Agricultura promove a 14ª Feira do Peixe Vivo e a 2ª Feira do Vinho da Semana Santa na Praça Dante Alighieri. As atividades reunirão 10 produtores de peixes e seis cantinas de Caxias do Sul e região. Atente para os preços por quilo: carpa capim, R$ 6,80; carpa húngara, prateada e cabeça grande, R$ 5,80; jundiá, R$ 7,50; e bagre, R$ 9,50. Haverá venda de vinhos de mesa. Cada garrafa será comercializada a R$ 3,50 e das variedades Bordô, Moscato e Lorena a R$ 4. A bebida também será vendida em garrafões. Eles custarão R$ 10 ou R$ 12, com o casco; os vinhos de uvas das variedades Bordô, Moscato e Lorena serão vendidos a R$ 12 ou R$ 14 com casco.
Competitividade
A Primatas Serigrafia e o Centro Tecnológico RGR, de Caxias do Sul, marcaram presença nesta semana na etapa nacional do MPE Brasil - Prêmio de Competitividade para Micro e Pequenas Empresas, promovido pelo Sebrae em Brasília. Elas integraram o grupo de 13 empresas vencedoras da etapa gaúcha de 2009. O prêmio reconhece os pequenos negócios que promovem o aumento da qualidade, da produtividade e da competitividade pela aplicação de conceitos e utilização de boas práticas em gestão.
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Dramas educacionais
Maicon Damasceno/O Caxiense
ENSINA-ME
A NÃO REPROVAR
Mais da metade dos alunos do Emílio Meyer que foram até o fim do último ano letivo estão repetindo a série em 2010
A professora de Religião e orientadora Maria Elisa: “Ainda buscamos meios de cativar os estudantes”
por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br
O
som estridente e contínuo da campainha anuncia o fim do período da aula e o início do recreio. Quase no mesmo instante, dezenas de jovens descem as escadas correndo em direção à secretaria. Meninas andam em grupo e parecem se divertir com algum assunto particular. Os rapazes aproveitam os 10 minutos de intervalo para conversar e liberar a energia contida nas horas em que estiveram em aula. Os professores tentam fugir desse turbilhão e se abrigam na sala dos professores. Agora, os corredores e o pátio pertencem quase que exclusivamente aos alunos. Do saguão, a imagem do professor Henrique Emílio Meyer, fixada no alto da parede, observa a agitação. O sinal da campainha soa novamente, e em minutos os corredores ficam desertos. É quando a típica alegria juvenil cede lugar à preocupação. Nesse ambiente silencioso circula o fantasma da reprovação, transformando os três anos do ensino médio em um período sem data para acabar. A Escola Estadual Henrique Emílio Meyer, fundada em 1931, abriga cerca de 1.400 alunos, nos turnos da manhã, tarde e noite. É comandada por uma direção reeleita com mais de 90% dos votos. A vigilância sobre os estudantes é contínua. O horário de entrada e saída é mantido rigidamente. O uniforme é obrigatório, mesmo que muitos deem um jeitinho de não usá-lo. Seria, enfim, uma escola normal, não fosse o altíssimo grau de reprovação no ensino médio. Dos 882 adolescentes matriculados no ano de 2009, apenas 291, 33%
do total, conseguiram atingir ou ultrapassar as notas mínimas. O restante da conta é dramático: 386 reprovações (43,7%), 101 abandonos, 96 transferências e oito cancelamentos. Do total de alunos que concluíram o ano, 57% estão tendo que repeti-lo. A orientadora do turno da tarde e professora de religião Maria Elisa está preocupada com esse quadro, que se agravou no último ano. Para ela, os motivos do alto índice de repetência no ensino médio são muitos. O principal é a falta de apoio da família. “No ensino fundamental, os pais estão mais presentes, vêm às reuniões, estão inteirados sobre a vida escolar dos filhos, e assim o índice de reprovações é bem baixo”, compara a professora. A ligação dos responsáveis com a escola se altera – ou desaparece – nos três anos em que os estudantes passam da adolescência à juventude. “Esses alunos têm problemas que os pais nem imaginam. Eles chegam muito carentes devido ao distanciamento da sua relação familiar. Já houve casos em que ameacei chamar os pais e o aluno respondeu ‘que bom, eles vão olhar para mim.’” Na sala de orientação, sentada em frente a uma escrivaninha repleta de documentos, Maria Elisa continua tentando encontrar razões para o assombroso percentual de reprovação. Ela relata que muitas meninas abandonam os estudos porque engravidam e alguns rapazes optam por fazer o supletivo, pois já completaram 18 anos. Entretanto, o desinteresse geral dos alunos é a causa mais apontada para as repetências. “Se fores perguntar para alguns estudantes por que eles vêm à aula, te dirão que são obrigados pelos
pais, porque fazem o Senai ou têm contrato de estágio e precisam estar estudando”, explica Maria Elisa. A coordenadora da 4ª Coordenadoria Regional de Educação (CRE), Marta Fattori, diz que a situação do Emílio é atípica em Caxias. “As nossas orientações são iguais para todas as instituições. Escolas do mesmo porte do Emílio, como Cristóvão de Mendoza, Imigrante, Irmão José Otão, Maria Aracy Trindade Rojas, Melvin Jones, Santa Catarina e Escola Técnica apresentam índice de reprovação abaixo de 30%”, revela. Marta entende que o corpo docente e a direção do Emílio devem investigar as causas do problema. “Será que o projeto pedagógico está tendo resultados positivos? Muitos alunos do ensino médio podem chegar na escola sem os subsídios necessários para acompanhar o conteúdo. A escola tem de se adaptar e proporcionar um ensino especial para esses alunos que têm um ritmo mais lento”, sugere. Ao ouvir o sinal para o primeiro período após o intervalo, o professor de História e Geografia e coordenador do Conselho Escolar João Lucena se dirige à sala de aula do 2º ano. Os alunos, que deveriam estar alinhados em filas, agrupam-se formando pequenas ilhas. Trinta classes estão dispostas aleatoriamente. Após a chamada, o professor cobra os exercícios de tema. “Rodrigo, responda para os teus colegas a primeira questão”, pede o professor. No fundo da sala, se mostrando um pouco embaraçado, o aluno balança a cabeça negativamente. “Professor, fiz todas as outras questões, menos a 1. A partir da 2, podes pedir qualquer
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uma”, responde. Dos quase 30 adolescentes na sala, 15 levantaram o dedo quando o professor perguntou quem tinha feito o exercício. O burburinho contínuo de conversas paralelas prossegue por toda a aula. Uma divisão bem tênue separa a maioria das meninas, que preferem sentar na frente, dos rapazes que ocupam o fundo. “Nessa turma tenho vários repetentes. Para eles, a escola é um espaço de convivência. Eles não têm com quem conversar. Os pais não têm mais tempo para falar com eles. Ainda assim, estes alunos estão mais educados. Antigamente eles costumavam afrontar os professores, fato que não acontece mais”, avalia João. As colegas Bruna Natálie Renosto e Leila Regina Trombetta, do 3º ano, nunca rodaram. Ambas cursaram o ensino fundamental na Escola Estadual Abramo Eberle. Ao ingressar no Emílio, o choque foi imediato. “O primeiro ano foi muito difícil. Também estranhei esse monte de regras. Usar uniforme, horário para sair, horário para entrar”, lembra Bruna, que planeja cursar Gastronomia na universidade. As amigas contam que acompanhar o ritmo exigido pelos professores foi uma tarefa complicada. “No ano passado, peguei provão em Português”, diz Leila. Bruna fez o exame em Português e Química. Parte de uma minoria, elas não se impressionam ao dizer que, dos 30 alunos da turma 203 no ano passado, apenas nove alcançaram a nota mínima para avançar de série. Apesar do êxito de Bruna e Leila, a vice-diretora da manhã, Cristiane Silva, afirma que a migração de alunos de outras escolas é um fator importante
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O Caxiense
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nas reprovações no ensino médio. “Os alunos que rodam são, na maioria, oriundos de outras escolas, principalmente municipais, que não qualificam os seus estudantes ao nível exigido no Emílio. Neste ano, temos como meta diminuir as repetências, adequando o conteúdo aos novos estudantes”, anuncia a vice. Ela conta que foi montada uma turma de 1° ano em 2009 só com estudantes da 8ª série do Emílio e o índice de reprovação foi bem menor. Conforme Cristiane, as matérias que mais reprovam são matemática e química. Há 30 anos ensinando a tabela periódica, Vera Lúcia Venzan Varela acredita que pelo fato de ser uma disciplina exata os alunos têm mais dificuldades e ressalta que, por ter tido uma graduação muito exigente, acaba cobrando bastante dos estudantes. “Na verdade, quando precisam e se empenham, eles conseguem alcançar as notas. O problema é que muitos não querem mais estudar.” Contradizendo as informações da 4ª CRE, a professora diz que muitas instituições estaduais estão passando pela mesma situação que o Emílio. “Temos reuniões entre os professores de várias escolas, e o problema da reprovação é comum a todas. A educação fugiu da família e ficou centrada só na escola”, conclui. A professora de Matemática Ileane Cristina Scapin tem menos tempo de profissão, mas não é menos exigente com seus alunos. Ao longo dos três anos em que está no corpo docente da escola, ensinou centenas de adolescentes a realizar os mais diversos tipos de
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O Caxiense
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cálculos. “Muitos alunos têm dificuldades em matemática. Eu dou diversas oportunidades de se recuperarem, mas eles não querem. Acreditam que relacionando-se bem com os professores nós vamos passá-los”, relata a professora, que costuma dizer aos estudantes que conhecimento é a única coisa que não se pode retirar do indivíduo.
não tive coragem de contar. Ele soube pela minha mãe”, completa. Outro problema comum levantado pelos alunos é a situação da família. “Muitas pessoas querem estudar mas têm problemas em casa, e isso atrapalha bastante”, revela Henrique. Ele conta que rodou na 7ª série quando seus pais se separaram. A segunda reprovação se deu no 1° ano, quando entrou Os estudantes da no Emílio. “Quando turma 102 se preparam ingressei na escola eu para mais uma aula de “Trabalho no não conhecia ninguém Religião com a profese tinha vergonha de caixa de um sora e regente Maria perguntar.” A lista de Elisa. Dos quase 30 mercado. É justificativas continua. alunos é possível con- muito cansativo O grau de exigência tar nos dedos de uma conciliar as duas da escola, dizem eles, só mão o número dos eleva o número de reatividades”, que nunca reprovaram. provações. Jenifer diz Por estarem em maio- diz Joice, que que esse foi o seu caso. ria na sala e na escola, está cursando de A aluna fez o ensino os demais criaram um novo o 1ºano fundamental em uma sentimento de grupo escola municipal e não que permite não se senconseguiu se adaptar à tirem excluídos ao falar abertamente mudança. “O colégio em que estudada situação de repetência. Daiane é a va não tinha um bom ensino. Quando primeira a expor o seu caso. Reprovou rodei, meus pais ficaram muito deceppela primeira vez e está repetindo o cionados, com sentimento de culpa”, 1° ano. “Nos deparamos com dificul- revela a aluna, reprovada em quatro dades, dúvidas que ficaram para trás. matérias. Sempre fui assim, deixo as coisas para Há, ainda, a questão do trabalho. mais tarde. O conteúdo é muito am- Muitos estudantes se dividem entre plo. Mesmo repetindo de ano a gente as aulas e um emprego. “Trabalho no esquece o que foi passado”, explica. caixa de um mercado. É muito cansaEm 2009, ela sentava no fundo da sala. tivo conciliar as duas atividades”, conta Agora fica em lugar mais próximo da Joice. O mais velho da turma é Rafael. professora. A reprovação fez com que Tem 18 anos e repete pela terceira vez o Daiane se empenhasse mais nos estu- 1° ano. A ideia de trocar o colégio por dos. “Meu pai sabe que reprovei, mas um supletivo para tentar compensar o
atraso escolar é inevitável. “Pretendo terminar este ano no Emílio e depois fazer o Neja (Núcleo de Educação de Jovens e Adultos).” Enquanto os alunos se conformam, tentam estudar mais ou fazem planos de mudar para um supletivo, a escola toma algumas medidas para diminuir as reprovações. A orientadora Maria Elisa diz que o colégio não conta com professores substitutos. “Fizemos um acordo, quem estiver de folga ocupa a vaga de um professor que tiver de se ausentar. Não vamos mais dispensar alunos.” No ano passado, o colégio experimentou dar um ensino diferenciado aos repetentes. A turma 104 reuniu apenas alunos que já haviam reprovado e trabalhou com a valorização do indivíduo. Apesar disso, a maioria rodou novamente. “Fiquei muito desapontada. Ainda buscamos meios de cativar os estudantes”, diz Maria Elisa. A aproximação da família é uma das metas do Conselho Escolar para combater a repetência e a evasão. O coordenador João Lucena ressalta que se os pais estiverem presentes o desempenho do aluno será muito melhor. “Sábado (dia 27) teremos reunião com os pais das 11 turmas de 1° ano, que somam por volta de 400 alunos. Se vierem 100 deles, o encontro pode ser considerado um sucesso. Esse número é baixo porque, em alguns casos, o aluno reprovado assina o chamado pelo pai e ele nem fica sabendo. Alguns dos que recebem a solicitação não querem ir, pois sabem os filhos que têm. Para eles, o trabalho vem em primeiro lugar.”
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Incertezas coletivas
Pelo menos por enquanto: a Visate garante que não irá cobrar o atraso no reajuste que todos tentam evitar w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r
Maicon Damasceno/O Caxiense
DEBATER NÃO CUSTA NADA
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por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br preço da passagem de ônibus em Caxias é uma discussão cercada de temores. Os idosos e os estudantes, por exemplo. Estão receosos com a possibilidade de sofrer cortes nas isenções e descontos, respectivamente. Os demais passageiros, a grande maioria, preocupam-se com a ameaça de ter que desembolsar 30 centavos a mais nas catracas. No meio de tantas vozes divergentes – que convergem apenas na vontade de não ter que pagar mais –, porém, pode-se ouvir uma palavra tranquilizadora. É a da Visate. A concessionária do transporte coletivo, que em janeiro repassou ao Município o cálculo do aumento previsto, de R$ 2,20 para R$ 2,50, assegura que não irá cobrar dos usuários, mais adiante, esses meses de indefinição. “Não existe defasagem reaplicada à tarifa. O aumento vale a partir da data estabelecida pelo governo e veiculada na mídia”, diz a assessora de imprensa da empresa, Camila Borghetti. É uma garantia tímida, verdade. Mas ameniza (ou pelo menos não agrava) esse período de incerteza para quem depende de ônibus e faz as contas de quanto gasta para utilizá-lo. Ou de quanto não gasta, no caso de quem se beneficia do Dia do Passe Livre, uma das gratuidades mais questionadas. Uma possível revogação dessa gratuidade conduziria o prejuízo da rediscussão tarifária diretamente para os bairros mais pobres de Caxias. O Belo Horizonte é um deles. Numa casa simples, de fundos, que se alcança por um trajeto de chão batido e uma escadaria improvisada com tábuas, mora a família de Nair Antunes. Ela costuma aproveitar os domingos de passe livre, um por mês, principalmente para visitar uma cunhada em outro bairro humilde, o Fátima. Vai com o marido, José de Matos Santos, e os sete filhos. Se a gratuidade deixasse de existir, ela sentiria falta. “A gente sente quando não tem, né?” Nair, que trabalha em casa, cuidando de duas simpáticas crianças pequenas, filhas de vizinhas, não usa o transporte coletivo durante a semana. Mas sabe bem quanto ele custa. Quem exemplifica é José: “Precisamos ir em um aniversário perto de Galópolis e tivemos que pegar quatro ônibus, dois para ir, dois para voltar. Nisso tudo gastamos R$ 56”. Esses domingos em que a família de Nair pode passear unida, entretanto, não transcorrem sem problemas. Insegurança e carros superlotados são os principais, aponta a moradora. “Muito cheio, falta de respeito, muita gente sem educação”, queixa-se. O Dia do Passe Livre, como se vê, é motivo de reclamação mesmo de seus beneficiários. Mas isso também resulta do seu alcance. Graças a ele, anualmente, 97.200 passageiros andam de ônibus sem pagar. No último domingo de cada mês, os carros da Visate normalmente rodam sem cobrador, já que não há o que cobrar. Por outro lado, a ausência desse funcionário tira a segurança das viagens. É nesses dias que os veículos da empresa são mais
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Nair, moradora do Belo Horizonte que utiliza o Dia do Passe Livre para visitar uma cunhada no Fátima: “A gente sente quando não tem, né?”
depredados. transporte coletivo estabelecidas pela Mas a discussão sobre o Dia do Passe Lei Municipal 7.082/09. E ela diz que Livre engloba alternativas ao simples só serão permitidas novas gratuidades corte da gratuidade. As opções giram ou abatimentos tarifários se houver em torno de reduzir o número de dias, receita correspondente para supri-los. dos atuais 12 para seis, Também trata, por e mesmo de cobrar pasexemplo, do passe livre sagem, em valores mais “Nenhuma para idosos. Por lei febaixos. Ou com 50% gratuidade será deral, ele é obrigatório de desconto, custando tirada, senão vai para quem tem 65 anos R$ 1,10, ou com superou mais. A lei municidesconto: R$ 0,50, tari- dar pau. Se é pra pal antecipa em cinco fa módica. Segundo o mexer, que seja anos esse benefício, secretário municipal de nas dos idosos mas agora com uma Trânsito, Transportes e estudantes”, condição: vinculação e Mobilidade, Vinicius da gratuidade com a De Tomasi Ribeiro, isso afirma Daltro, renda do idoso, na faiajudaria a trazer maior da UAB xa dos 60 aos 65 anos, segurança, acrescenmediante a comprovatando-se a presença do ção de renda familiar cobrador, e ainda permitira o uso do inferior a cinco salários mínimos (atuônibus por famílias de baixa renda. almente, valendo R$ 510) ou de renda O presidente da União das Associa- per capita inferior a dois salários. ções de Bairros (UAB), Daltro da Rosa Uma opção em estudo é limitar o Maciel, tem opinião formada sobre a número de passagens liberadas para questão. A entidade tem cadeira cati- essa faixa etária a 40 por mês, até para va no Conselho Municipal de Trânsito, evitar abusos na utilização. “Teve idoTransporte e Mobilidade e participa- so que pegou ônibus 30 vezes num dia”, ção ativa na discussão. “Dizer que tem diz o secretário, com cara de espanto. muita máfia, insegurança, isso é discri- Outra proposta, menos realista, seria o minatório. Deve-se botar mais ônibus Município arcar com o valor total dos e pedir mais segurança para desenvol- passes para idosos e assim não gerar ver um bom trabalho. Quando nosso esse ônus aos demais usuários. pessoal dos bairros paga passagem duO presidente da Associação de Aporante a semana, sustenta o passe livre. sentados e Pensionistas de Caxias do No fim do mês, vem gente de tudo que Sul, Jorge Gilberto Leite, não acredita é lugar. O passe livre é muito bom para na possibilidade de mudança nessa a comunidade”, discursa Maciel. gratuidade. “O estatuto do idoso é intocável”, defende. O que mais lhe tirava Foi na UAB, no último dia 20, o sono era a obrigatoriedade – agora que o debate sobre essa e outras me- extinta – do idoso passar a catraca. didas possíveis para se deter o reajuste “Não querem que meus velhinhos atrada tarifa ganhou terreno. No Fórum palhem”, queixa-se Gilberto. de Usuários do Transporte Coletivo, o secretário Vinicius fez uma apresentaO presidente da UAB admite ção das alternativas, que, além do Dia que deve haver critérios para gratuido Passe Livre, envolvem isenções e dade. “Tem que evitar gratuidades sem descontos concedidos a idosos, estu- interesse nenhum, só para o bem pródantes, professores, policiais, cartei- prio. Tem gente que quer só para levar ros, portadores de deficiência física, vantagem. Tudo tem que ser estudado, integração tarifária e avaliadores po- mas nenhuma gratuidade será tirada, pulares. “O que foi apresentado foi o senão vai dar pau. Se é pra mexer, que impacto das gratuidades na tarifa”, as- seja nas dos idosos e estudantes”, afirsinala Vinicius. ma Daltro. As gratuidades e benefícios obeTanto secundaristas quanto univerdecem às diretrizes e obrigações do sitários têm 50% de desconto na tari-
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fa, além de professores e funcionários o fim deste debate (sem data prevista, de instituições de ensino, que têm o aliás). “Não quero que aumente a pasdireito assegurado pela Lei Municipal sagem, e para isso foi iniciada uma sé5.323/2000. Uma das propostas é regu- rie de ações para que isso não acontelar esse benefício pela renda familiar: ça. Direitos e benefícios permanecem. até dois salários mínimos, mantêm-se Deve-se discutir critérios para mantêos 50%; acima disso, o desconto é de los”, enfatiza o secretário. 25%. Para que qualquer mudança aconMembro da direção da União dos teça, ele garante que o principal préEstudantes Secundaristas de Caxias requisito é o apoio da comunidade. do Sul (Uces), a adolescente Ana Jú- “Os trabalhadores têm que querer. lia Souza Pereira diz que a entidade Eles que pagam a conta. Quem paga é acompanha a discussão, e se mobili- quem mais precisa do transporte”, reszaria para reagir a qualquer tentativa salta. Para Vinicius, o que é preciso é de tirar esse benefício das jovens mãos arrumar uma maneira de a tarifa não estudantis. “Muitos não têm condições aumentar. “Se continuar subindo desfinanceiras e precisam desse desconto sa forma vai quebrar, a não ser que se para estudar. Quanto maior o descon- trabalhe com receita. Quanto maior to, melhor. São mais oportunidades a tarifa, menos pessoas utilizarão o para ir à escola.” Para a irmã da diri- transporte. Consecutivamente, mais gente, Franciele, ex-presidente da Uces carros, mais congestionamento. É um e universitária de Serviço Social, essas efeito cascata.” decisões geralmente são tomadas nas Os números revelam a dimensão do épocas em que os estudantes dificil- tema. São 150 mil usuários por dia – mente se organizam, como o período 4,5 milhões por mês – que transitam de férias. “São táticas contra a mobili- pelos ônibus da Visate nos bairros da zação”, acusa. cidade. Com cadastro ativo, são 17 mil O coordenador do Diretório Central a partir dos 65 anos, 13 mil na faixa dos Estudantes (DCE) da Universidade dos 60 aos 65 anos, 26 mil estudantes de Caxias do Sul, Leonel Ferreira, diz e 2.780 deficientes e 218 avaliadores que a entidade dos universitários não populares (integrantes das Associaparticipou de nenhuma discussão so- ções de Moradores de Bairros). O ônus bre o assunto e que, portanto, não pode mensal de cada categoria é de R$ 0,13 se posicionar. Porém, ele tem uma opi- (estudantil), R$ 0,17 (idosos), R$ 0,04 nião pessoal. “A postura é defender o (deficientes), R$ 0,04 (integração), R$ passe estudantil para quem precise. Faz 0,05 passe livre no domingo e R$ 0,01 diferença esse valor, até (avaliadores). E nepelo custo do curso nhum deles quer sair que frequenta. Tem ca- “Pode ser que, no perdendo. sos de pessoas que não final do debate, Por enquanto, a úninecessitam desse bene- chegue-se à ca previsão possível é fício e acabam impaca de que a discussão tando no custo da pas- conclusão de sobre o preço da passagem como um todo”, que Caxias optou sagem ainda irá se esavalia Ferreira. pelas gratuidades tender por um tempo razoável. Ainda assim, e por uma Embora a discusquando o debate acasão esteja aberta, algu- tarifa elevada”, bar, a falta de consenso mas das alternativas já afirma Vinicius ou de uma determinaparecem inviáveis ao ção do órgãos responsecretário municipal sáveis pode resultar de Trânsito, Transportes e Mobilida- no aumento de R$ 2,20 para R$ 2,50. de, como a extinção do Dia do Passe “Pode ser que, no final do debate, cheLivre. Outras podem ter mais chances gue-se à conclusão de que Caxias opde aplicação, e muitas mais, segundo tou pelas gratuidades e por uma tarifa Vinicius, serão ouvidas e estudadas até elevada”, admite Vinicius.
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Mistérios culinários
O Segredo
Somente clientes conhecidos – e eventuais convidados destes – podem desfrutar do aconchegante restaurante escondido na área rural de Caxias, perto de Galópolis
é o prato da casa
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por RODRIGO LOPES xiste um lugar em Caxias que muita gente já ouviu falar, apenas alguns conhecem de fato e outros acham até que não passa de lenda. Funciona como uma espécie de confraria, recebe uma clientela fiel, a maioria conhecida entre si, e não está nem um pouco preocupado se a propaganda é a alma do negócio. Para eles, quanto menos pessoas souberem, melhor. Integrar a lista de contatos da Ju, do Bistrô Rural, é um privilégio para poucos. Ju é Juracema Oliveira Figueiredo, aquela que informa o cardápio, acreditem, via torpedo pelo celular. Retornar a ligação para o tal número é desnecessário. Para confirmar presença, basta responder ok e informar quantas pessoas vão – a quantidade de comida a ser preparada é definida a partir daí. O inusitado desse convite é um dos charmes do Bistrô Rural, espécie de segunda casa de Ju e do marido, o empresário Carlos Roberto Menetrier. O lugar funciona somente às sextasfeiras à noite e costuma receber praticamente os mesmos clientes, amigos do casal e amigos dos amigos, os únicos que conhecem o caminho. A ideia, aliás, é não colocar o espaço em nenhum roteiro gastronômico da Serra – como funciona no esquema de bocaa-boca, você só integrará a lista da Ju se for convidado por algum dos conhecidos dela. Ao anoitecer de sexta, os grupos co-
meçam a chegar, dividindo espaço no mesmo carro ou em caravana. Os “novatos” costumam seguir os “iniciados”, já que perder-se pelo caminho virou rotina. Na estreita e mal iluminada estrada de chão, não há placa indicativa do casarão, avisos de quantos quilômetros faltam, tampouco sinalização. Apenas uma tocha acesa na porteira da chácara indica que você, finalmente, achou. Sobre o endereço, sabe-se que o Bistrô fica na Linha Maternidade, em direção a Galópolis. E só. Chegando lá, nada de sofisticação ou frescuras. O “tchan” do lugar está na rusticidade dos móveis coloniais, nas antiguidades de família, nos pratos e canecas dependurados nas vigas, nas paredes de madeira e barro, no chão batido, nos panelões sobre o fogão a lenha e na fila de convivas de prato na mão, após Ju avisar, lenço na cabeça, badalando um sino ou no grito mesmo, que “a comida tá na mesa!”. O sistema é o self service, com todos pacientemente esperando sua vez de provar algumas das especialidades da chef. Que não são poucas, dependendo da sexta-feira em questão: filé de panela com purê de batata gratinado, camarão com aipim, codorna recheada com polenta cremosa, escalopes de filé com cogumelos, arroz com amêndoas e calzones dos mais variados recheios, de calabresa e brócolis a abobrinha, quatro queijos e margherita. Deu para sentir o cheiro? Na noite de 19 de março, o Bistrô abriu oficialmente a temporada 2010,
Um bistrô isolado em meio às montanhas subverte a máxima de que propaganda é a alma do negócio
depois de dois meses fechado. O motivo é mais do que justificável: nesse período, Ju trabalhou na colheita da pera, uma das tantas culturas mantidas no sítio e que servem de base para a preparação dos mais variados pratos – para se ter uma ideia, todo o cardápio leva ingredientes plantados e colhidos por ela e pelo marido – pêssego, ameixa, figo, amora, uva, alface, ervas e especiarias, nada chega de fora das cercanias do terreno. Nem o vinho e o suco de uva, fabricados artesanalmente para consumo do casal e dos clientes. Foi essa intimidade com a terra que deu o pontapé inicial para o embrião da bodega. Tudo começou há seis anos, quando Ju mantinha uma plantação de shitake. Consumidores dos cogumelos sugeriram unir o útil ao agradável – plantar, cozinhar e receber –, e Ju resolveu expandir os negócios. Uma casa de massas chegou a funcionar no velho porão, mas o que vingou mesmo foram os jantares que ela passou a improvisar para receber amigos nos finais de semana. A cobrança cresceu, e da saleta apertada, com apenas três mesas, para o bistrô tal e qual é hoje, foi um pulo. Desse grupo inicial, todos, sem exceção, frequentam o restaurante semanalmente. E meio sem querer, formaram uma confraria – até com código de posturas. O comerciante André Franzoi, 47 anos, e a artista plástica Adriana Menezes, 42 anos, são tão íntimos que, quando o negócio “aperta”, ajudam até a servir as mesas. “Não estou em um
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restaurante, estou em casa”, resume ele. Adriana, que ajudou a decorar o lugar, vai além. “Só volta aqui quem entra no clima harmônico da casa.” Os irmãos Ronaldo e Rosângela Brandão Karnal, dois dos frequentadores mais antigos, recordam de uma cliente que não entrou nesse clima. “Botou defeito em tudo, uma mala. Ninguém fez questão que voltasse”, lembra Ronaldo, que conhece grande parte da clientela pelo nome – e se não conhece, apresenta-se. Convidada de Rosângela e estreante na casa na noite desta reportagem, a advogada Eliana Giusto logo entendeu a “lei” do lugar. “Não se enturmou, tá fora.” Por esse clima informal de reunião entre amigos, as poucas mesas e cadeiras ficam ocupadas a noite toda. Ninguém se preocupa também com o avançado da hora. A palavra de ordem, depois da comilança, é relaxar nos almofadões do quiosque ao ar livre, no verão, ou defronte à lareira e ao fogo de chão, no inverno. Melhor ainda saboreando um café passado na hora ou aquelas sobremesas do tempo dos avós, como as compotas de pêssego e figo, o doce de abóbora em calda, as ambrosias, a mousse de chocolate, o sagu com creme de baunilha. E diante da “dolorosa”, nada de cartões de crédito. Dinheiro vivo ou cheque e a certeza de que, na próxima semana, o ritual se repetirá. Tudo começando com um torpedo no seu celular. Se você integrar a lista de contatos da Ju, claro.
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Guia de Cultura guiadecultura@ocaxiense.com.br
Luciana Ruzzarin Basso, Divulgação/O Caxiense
Música | Carpe Diem
O valor de um dia por CÍNTIA HECHER Nome de origem lituana. Influência norteamericana. Conflito? Que nada, é puro rock & roll. Não se deixe enganar pelos 19 anos do guitarrista Sasha Zavistanovicz, pelo cabelo de anjinho e carinha meiga. Esse menino tem fogo nas mãos. Seu primeiro CD, intitulado Carpe Diem, reconhecidamente a expressão em latim para aproveite o dia, recebe uma longa citação (também em latim) no belo encarte, decorado com algarismos romanos, que inicia com o conselho: colhe o instante, sem confiar no amanhã. Viva um dia de cada vez, fazendo o seu melhor. O álbum traz nove faixas, cada uma descrevendo instrumentalmente uma fase do dia, com títulos em inglês. A primeira faixa é Sunrise, com uma guitarra de influência hard rock. A segunda, Waking Up, começa com um galo cantando e chama para um dia agitado. Um piano calmo é acompanhado por um baixo marcando o ritmo em Lunch Break, terceira faixa, que mostra Sasha mais suave, mas sem perder nada da energia que o acompanha, não somente nas composições de Carpe Diem, mas também em suas apresentações ao vivo. As faixas seguintes desenham o passar do tempo, com o trabalho, o movimento da volta para casa, o sol se pondo, a noite e o sonhar. A última faixa, porém, é chamada The Nightmare, mais obscura e com pegada metal. Por que terminar com um pesadelo, afinal? “Sonho é bonzinho demais. O pesadelo é pra dar um equilibrada. É acordar agitado no dia seguinte”, explica Sasha. A temática foi escolhida para facilitar a composição. Muitos dos álbuns de bandas que o guitarrista gosta têm essa característica conceitual também. O hard rock com certeza é o denominador comum de cada uma das composições do CD e influência de Sasha, mas não só ele. O ecletismo o inspira, com a admiração por bandas de grande qualidade musical mas com sons totalmente diferentes, como Dream Theater e Guns N’ Roses, esta última berço do instrumentista favorito dele e fonte de seu desejo de tocar: o guitarrista cabeludo Slash. Sasha até faz parte de uma banda tributo a Guns N’ Roses, a Bad Obsession. Com direito a cartola e tudo. No show de domingo, no Teatro Pedro Parenti, interpretará as músicas do CD e alguns covers que admira, acompanhado pelos músicos Johnatan Macedo na outra guitarra, Benhur Lima no contrabaixo, Diego De Toni na bateria e Maurício Pezzi no teclado. Carpe Diem convida para curtir cada momento de maneira especial e única. Com linhas de guitarra que traduzem o passar das horas e fazem do rock sua melhor companhia, Sasha mostra a que veio. Outras bandas utilizaram a mesma expressão em latim em suas composições, como Metallica e o próprio Dream Theater. Não é exagero afirmar que o jovem Sasha vai pelo mesmo caminho. Talento e dedicação exemplar, sem dúvida, conduzem sua carreira. l Sasha Zavistanovicz | Domingo, 20h | Lançamento do CD Carpe Diem, contemplado pelo Fundoprocultura. Teatro Municipal – Casa da Cultura R$ 10 e R$ 15 (com CD) | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697
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Inspirado nas horas do dia, Sasha Zavistanovicz lança seu primeiro CD na Casa da Cultura
CINEMA
l Carlota Joaquina: Princesa do Brazil | Comédia. Terça (30), 20h. Entrada franca | Sesc Vida de Carlota Joaquina, que casou-se com o príncipe de Portugal e sentiu-se contrariada quando a corte portuguesa veio ao Brasil. Dirigido por Carla Camurati. Com Marieta Severo e Marco Nanini. 100 min.. l Como treinar o seu dragão | Animação. De sábado a quinta, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30 e 21h30 | Iguatemi Mundo de adolescente viking vira de cabeça para baixo quando ele conhece um dragão que desafia tanto ele quanto seus companheiros a encararem o mundo de um ponto de vista totalmente diferente. Dirigido por Dean DeBlois e Chris Sanders. Livre, 98 min., dub.. l Dupla Implacável | Ação. Quinta (1), 21h50. Pré-estreia | Iguatemi Agente da Embaixada Americana na França alia-se a um espião para impedir ataque terrorista em Paris. Dirigido por Pierre Morel. Com John Travolta e Jonathan Rhys Meyers. 12
anos, 93 min., leg.. l Histórias e Pessoas da Montanha | Documentário. Sábado, 18h | Ordovás Dirigido por Jorge Valmini, mostra a rotina dos integrantes do Projeto Gentencena nos núcleos Santa Lúcia do Piaí e Ana Rech. l Quem quer ser um milionário? | Drama. Quinta (1), 15h. Entrada franca | Ordovás Na Índia, jovem se inscreve em programa de TV e encontra em fatos de sua vida as respostas das perguntas feitas. Dirigido por Danny Boyle. Com Dev Patel e Freida Pinto. 16 anos, 120 min., leg.. Matinê às 3. l Vício Frenético | Drama/Ação. De sábado a quinta, 14h, 16h40, 19h10 e 21h50 | Iguatemi Policial viciado em analgésico e cocaína tem, ao trabalhar em um caso, seus padrões morais comprometidos pelo próprio envolvimento com atividades ilegais. Dirigido por Werner Herzog. Com Nicolas Cage e Eva Mendes. 18 anos, 121 min., leg.. AINDA EM CARTAZ - A Vida Íntima de Pipa Lee | Sábado e domingo,
20h. Ordovás | Alvin e os Esquilos 2. De sábado a quinta, 16h. UCS. No domingo, sessão extra às 14h, com ingresso único a R$ 3 | Idas e Vindas do Amor. Comédia Romântica. De sábado a quinta, 14h20 e 19h40. Iguatemi |Ilha do Medo | Suspense. De sábado a quinta, 13h30, 16h10, 19h e 21h40. Iguatemi | Lembranças. Romance. De sábado a quinta, 18h50 e 21h20. Iguatemi | O Fada do Dente. Comédia. De sábado a quinta, 18h. UCS | O Fim da Escuridão | Suspense. De sábado a quinta, 20h. UCS | O Livro de Eli. Ação. De sábado a quinta, 14h10, 16h50, 19h20 e 22h. Iguatemi | Percy Jackson: o Ladrão de Raios. Aventura. De sábado a quinta, 13h50. Iguatemi | Simplesmente Complicado. Comédia romântica. De sábado a quinta, 17h e 22h10. Iguatemi | Vírus. Suspense. De sábado a quinta, 16h30. Iguatemi. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12
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anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2462, Pio X | 3221-5233
INCENTIVO l Financiarte | Até 7 de abril | Inscrições abertas para projetos culturais. Esclarecimentos e instruções sobre preenchimento de formulários podem ser obtidos nas segundas-feiras, às 14h, na Secretaria Municipal de Cultura. O edital está disponível no www.caxias.rs.gov.br. Secretaria de Cultura Augusto Pestana, 50, São Pelegrino | 3901-1381
TEATRO l 12° Caxias em Cena | Até 14 de maio | O festival recebe inscrições de grupos e companhias, que devem enviar ficha de inscrição, ficha técnica, currículo do espetáculo, necessidades técnicas, material de divulgação, clipping e DVD/Vídeo do espetáculo na íntegra. O material pode ser entregue pessoalmente ou pelo e-mail caxiasemcena@caxias.rs.gov.br. Regulamento e ficha de inscrição: www.caxias. rs.gov.br. Secretaria Municipal de Cultura Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 39011316
SEMANA DO TEATRO l Show de improvisos | Sábado, 20h | Grupo caxiense In Peça apresenta espetáculo que mistura esporte e teatro: uma competição de improviso em que duas equipes recebem sugestões da plateia para as cenas. Teatro do Sesc R$ 10 (público em geral), R$ 7 (estudantes, idosos e empresários) e R$ 5 (comerciários) | Moreira César, 2462, Pio X | 3221-5233 l O Urso | Sábado, 20h30 | Comédia de costumes que brinca com a guerra dos sexos e revela mazelas de sociedade regida por moral rígida. Casa da Cultura R$ 20 (público em geral) e R$ 10 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697
Apresentações gratuitas: Grupo Arte Sem Lona. 14h. Praça Avelino Avrela, Cruzeiro | Laranjas Rolantes. 14h30. Praça da Bandeira, São Pelegrino | Ou isto ou aquilo. 14h30. Livraria do Maneco, Centro | Espetáculo A Megera Domada. 15h. Estacionamento em frente à UCS TV, Petrópolis | Jam Session de Teatro. 15h30. Parque dos Macaquinhos | A Lua. 16h. Parque da Lagoa, Desvio Rizzo | Espetáculo Multicircus. 16h. Shopping Iguatemi Caxias | Fanfarra. 17h. Parque dos Macaquinhos | Jorval Conta. 17h. Ordovás | Fragmentos do espetáculo Paranoia. 17h30. Praça Dante Alighieri.
FOTOGRAFIA
l IV Clic Ambiental | Até 30 de abril | Concurso promovido pela Secretaria Municipal de Meio Ambiente, cujo tema comemora os 100 anos da chegada do trem à Caxias. O objetivo é conscientizar ecologicamente a população e promover a educação ambiental. Regulamento e inscrições no site www.caxias.rs.gov.br. SMAM Rubem Bento Alves, 8308 | 3901-1445 l Mulher em foco | De segunda a sexta, das 8h às 20h | Fotografias de Franciele Teles e Carolina Delgado retratam beleza da mulher caxiense. Jardim de Inverno - Sesc Entrada franca | Moreira César, 2462, Pio X | 3221-5233 l Um olhar sobre a CIC | Até 6 de abril | Alunos do curso de Fotografia da Universidade de Caxias do Sul, Maurício Concatto, Adriana Kury, Flora Simon, Milena Leal, Isadora Secchi Silveira, Jonas Ramos e Luiz Coutinho, transmitem suas visões pessoais sobre o cotidiano da Câmara de Indústria e Comércio (CIC) de Caxias do Sul. Centro de Convivência da Universidade de Caxias do Sul Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2100 AINDA EM EXPOSIÇÃO - Corina, elegância e tradição nos figurinos da Festa da Uva . De segunda a sexta, das 9h às 17h. Museu Municipal. 3221-2423 | Mulheres nos trilhos da história de Caxias do Sul. Até domingo, das 15h às 21h. Ordovás. 3901-1316 | Paisagens cósmicas. Até quarta (31), das 8h às 11h30 e das 13h30 às 18h. Sala de Exposições Temporárias – Museu de Ciências Naturais da UCS. 3218-2100 | Simbiose. Até sábado, das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697
LITERATURA
l 2ª Maratona de Contação de Histórias de Caxias do Sul | Até quarta (31) | Inscrições abertas para evento que será realizado na Praça Dante Alighieri em 19 de abril durante o dia todo. Haverá contação de histórias da tradição popular universal pelo grupo de contadores de histórias da Biblioteca Pública Municipal e convidados. Evento alusivo à Semana do Livro. Biblioteca Pública Dr. Montaury, 1333, Centro | 32146083 ou 3221-1118, com Jane ou Clarina l 44° Concurso Anual Literário de Caxias do Sul | Até 15 de abril | Concurso premia melhores obras literárias, contos, crônicas e poesias. Regulamento e ficha de inscrição na Biblioteca Pública Municipal. Biblioteca Pública Dr. Montaury, 1333, Centro | 32145937 ou 3221-1118 l Livro Livre | Sábado e domingo, das 10h às 22 | Troca e leitura de livros, em frente às Lojas Renner. Shopping Iguatemi Caxias RSC-453, 2.780, Distrito Industrial | 3289-9292
PAINEL l Feminismo X sexismo: análise cultural e reflexão do papel de gênero | Sábado, 18h | O psiquiatra Caetano Frenner de Oliveira e o médico, escritor e poeta Marco Menezes participam do ciclo de painéis Cirandas do Pensamento debatendo temas como sexualidade, sexismo, machismo e pensamento feminino, passando por biografias de mulheres artistas. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316
DANÇA l Festa Anos 80 | Sábado, 22h | Antes do DJ Jamur Bettoni animar a festa, terá pocket aula de dança com o professor Giovani Monteiro. Clube Ballroom R$ 15 (feminino), R$ 20 (masculino) e R$ 30 (casal) | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159 l Dança de salão para casais | Sextas, 19h às 20h30 | Inscrições abertas, com início das aulas em 2 de abril.
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Clube Ballroom R$ 160 mensais | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159 l Tango para iniciantes | Quartas, 20h30 às 22h | Inscrições abertas, com início das aulas em 7 de abril. Clube Ballroom R$ 160 mensais | Coronel Flores, 810, sala 107, São Pelegrino | 3223-2159
MÚSICA l Na Estrada Rock Fest | Rock. Sábado, 23h30 | Segunda edição do festival promovido pelo bar, apresenta show das bandas caxienses Oltz, Rosa Vermelha e Pindorália, todas tocando músicas de composição própria. A Oltz tem uma base no universo pop com a mistura eclética de blues, rock, country, soul music, hard rock e música brasileira. A Rosa Vermelha é rock e tem influências como Nickleback, Incubus e Foo Fighters. A Pindorália tem inspiração na psicodelia do final dos anos 60 e mistura tendências contemporâneas a esse espírito experimental. Roxx Rock Bar R$ 10 ou 8 com nome na comunidade | Júlio de Castilhos, 1343, Centro | 3021-3597 Sábado: Astafix, Torvo e Pantera Cover. Metal. 23h. Vagão Bar. 32230007 | Dance Floor. Música eletrônica. 23h. Nox Versus. 3027.1351 | DJ Mause. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Fabrício Beck Trio. Rock. 23h. La Barra. 3028-0406 | Flash Back. Anos 70, 80 e 90. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Gustavo Reis. MPB e pop rock. 22h30. Badulê American Pub. 3419-5269 | Libertá. Nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | O diabo veste Prada. Música eletrônica. 23h. Studio54Mix. 9104-3160 | The Blues Beers. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Trahma. Pop Rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Vitrine do Samba, Unidade Sem Segredos e K-Samba. Pagode. 22h. Expresso Pub Café. 3025-4474 | Domingo: Pagode Junior. Pagode. 21h. Europa Lounge Garden. 3536-2914 ou 8401-2029 | Victor Hugo e Samuel. Sertanejo Universitário. 22h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Quinta (1): A4. Pop rock. 22h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Misstake e DJ Jorgeeenho. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Sexta (2): The Beaters. Rock/Beatles cover. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758.
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Artes artes@ocaxiense.com.br
VIAGEM
por JAYME PAVIANI Cheguei no tempo caminhando sobre as águas lendo aos navios a geografia do porto. Fluem planície e montanha e um rio banhando de fertilidade as margens.
Mirian Garcia
Os olhos limpos da viagem paisagem, casa e sonho, três estratagemas.
| Abstrato colorido | Uma experiência de contrastes. Essa é a proposta da obra de Mirian Garcia. O impacto das cores da tinta acrílica interage com a transparência do pastel seco, presente em diversas telas da artista. A obra faz parte de uma série que aventura-se na liberdade dos temas abstratos e é desafiada a pintar com cores vibrantes sem perder a leveza das pétalas, marca registrada de Mirian, conhecida pela pintura de florais.
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Andei oculto nas águas do antigo testamento.
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Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
Herança indígena
Na aldeia mais próxima, em Farroupilha, 98 índios preservam sua origem nos traços físicos. De memórias e costumes, pouco sobrou
ESQUECIDOS PELA HISTÓRIA
P
por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br ierre François Mabilde, engenheiro belga naturalizado brasileiro, fazia seu trabalho de agrimensor quando foi capturado por índios Kaingang em 1836. Os chamados selvagens coroados eram conhecidos por não poupar a vida de seus reféns, inclusive crianças e bebês de colo, pois seu choro poderia atrair inimigos. Mabilde, porém, carregava consigo uma luneta. Foi sua salvação. Ele mostrou a utilidade do objeto, a facilidade com que fazia as coisas todas parecerem mais próximas do que realmente estavam, e por isso lhe deixaram viver. Durante cerca de dois anos Mabilde foi prisioneiro dos Kaingang. Observou seus costumes, rituais, comidas. Descobriu, por exemplo, que os índios, indiferentes ao frio e ao calor, andavam completamente nus. Que por causa da necessidade de defesa tinham visão e olfato apurados, a ponto de reconhecer o odor do fumo mesmo depois de horas, sendo capazes de seguir a caminhada desse fumante sem dificuldade. Que depois de uma guerra vencida comemoravam tomando licor de jerivazeiro que eles mesmos produziam. E que, mesmo sendo poligâmicos, consideravam o adultério um dos mais graves crimes na tribo, ocasio-
nando pena de morte. Depois deste período, Mabilde conseguiu fugir. Com ele levou memórias de um grupo de índios que arrumava os cabelos finos e escuros em formato de coroa – os cabelos do centro eram arrancados à mão, como o restante dos pelos do corpo – e se alimentava, basicamente, de pinhão. Os coroados, ou Kaingang, que aprisionaram Mabilde, não são uma tribo exótica da Amazônia. Esses índios, cuja memória é hoje praticamente ignorada ou simplesmente inexiste, habitaram por muitos anos a região de Caxias do Sul antes da chegada dos imigrantes. O relato de Mabilde estampa as páginas do livro Colônia Caxias: Origens, de Mário Gardelin e Rovílio Costa, uma das poucas obras sobre os índios locais nas bibliotecas. Esmagada pelos livros que tratam da imigração italiana, a bibliografia existente em Caxias a respeito da cultura indígena só não é mais escassa do que o conhecimento dos seus moradores sobre o tema. Normalmente, quando se fala de índios, o termo que todos da região conhecem é o pejorativo “bugre”. Tanto que Caxias do Sul levava o nome Campo dos Bugres, que hoje identifica um viaduto. O termo bugre, segundo o livro de Gardelin e Costa, significa “incivilizado” e “falso”.
Anos antes da chegada dos imigrantes, Caxias era terra dos Kaingang – um povo expulso de sua terra e do próprio passado
Assim como muito do que se sabe de um grande acampamento indígena dos índios em Caxias, a indicação geo- já abandonado. Trata-se de um desgráfica do Campo dos Bugres original campado, cortado por uma nascente é confusa. O local mais apontado é o de água e rodeado por árvores com da região das atuais ruas Olavo Bilac, escadas de cipó que iam até as copas. Feijó Júnior, Ernesto Alves e Marechal O documentário também mostra Floriano. As quadras onde hoje es- dois montes de terra encontrados no tão o colégio São Carlos e a Praça da Campo dos Bugres. Seriam cemitérios, Bandeira, se estendendo até a Estação indicativos de que ali teria havido um Férrea, podem guardar valiosos res- embate entre dois grupos de indígenas quícios indígenas sem rivais – os mortos esque os moradores da tariam sepultados no As quadras onde próprio campo de bacidade saibam disso. O Campo dos Bugres estão o colégio talha. Essa história faz não era um local de reparte de uma das lenSão Carlos e a sidência permanente. das indígenas de CaOs Kaingang, grandes Praça da xias, a de que a Praça famílias seminômades Bandeira da Bandeira (onde fica que circulavam pela re- podem ocultar o Camelódromo) está gião, ocupavam o terconstruída em cima resquícios ritório eventualmente. de um cemitério com Olhando para a cidade da presença corpos de índios que em que se transformou dos índios aqui viveram, lutaram Caxias, fica difícil cone morreram. ceber índios morando Para o pesquisador nessas áreas. O documentário Cam- do Laboratório de Ensino e Pesquisa po dos Bugres, dirigido por Juliano Arqueológica da Universidade de CaFlores, ajuda a construir uma imagem xias do Sul (UCS) José Alberioni dos mais clara dessa presença. Reis, ainda há dúvidas de que a deNuma dramatização do filme, o ban- nominação Campo dos Bugres tenha deirante Antonio Machado de Souza, origem numa expressão documentada ao abrir uma estrada de comunicação ou se foi algo dito por alguém e conentre Montenegro e São Francisco de sagrado na oralidade. “Não foi esclaPaula, em 1864, chega à região onde recido o suficiente pela História. Não hoje é Caxias. Aqui, encontra vestígios encontramos até hoje evidências mate-
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Sítios arqueológicos como o buraco onde os índios teriam construído uma de suas peculiares casas, em Criúva, estão desaparecendo nos últimos anos
riais de lugar que atestariam a existên- altitudes”, completa o professor Albecia do Campo dos Bugres em Caxias. rioni. Pistas, hipóteses existem várias. Mas Os Kaingang migraram da região de ninguém foi atrás. O que não significa Palmas, no Paraná, por volta de 1808, que não exista”, explica quando a Coroa PorAlberioni, para quem o tuguesa declarou caça Campo dos Bugres está “A ocupação aos índios da região. mais para lenda do que Aqui, eles moraram em da memória para fato histórico. estruturas subterrânehistórica recente as, conhecidas como Foi a perspectiva foi apagada e buracos de bugre. de ser da mesma família socialmente Eram grandes cavidade um dos mais – senão des no solo cobertas o mais – conhecidos coberta pelo com um telhado. Por caciques da região que discurso do ficarem abaixo do nífez o analista de ensino índio mau”, vel do chão, protegiam do Núcleo de Estudos analisa Braga os moradores dos venAvançados da Facultos fortes e gelados. Os dade da Serra Gaúcha Kaingang construíram (FSG) Márcio André Braga pesquisar algumas dessas moradias, conforme sobre os Kaingang. O cacique Braga, Márcio Braga, mas também usaram habitante da região de Caxias do Sul, outras que já existiam há muito tempo, era líder de uma tribo de cerca de 2 mil feitas por seus ancestrais Jê. A partir de índios. “Ele tinha de 50 a 60 esposas. O escavações, sabe-se que algumas consnúmero de casamentos indicava status truções encontradas têm um tempo de social dentro do grupo. Quanto mais ocupação estimado em 700 anos. importante o cacique era, maior era a De acordo com Braga, os coroados sua possibilidade de ter mais casamen- eram caçadores-coletores (viviam de tos. Claro que nem todas essas esposas caça, pesca e coleta de frutos, folhas e eram biblicamente nupciadas. A maior raízes) e tinham como hábito o conparte eram selos políticos entre ele e sumo de pinhão. “É uma herança cooutros caciques”, conta Márcio Braga. nhecida do Kaingang. Ele se instalava Depois de um tempo de estudo, ele nessa região justamente por causa das descobriu que os traços indígenas na grandes reservas de pinhão.” O pinhão, sua família não tinham parentesco que depois os índios transformavam com o famoso cacique Braga, mas isso em pão, era conservado em cestos imnão o desestimulou a continuar a pes- permeáveis no fundo d’água. Era tão quisa. Assim, soube que os Kaingang cobiçado que motivava brigas com se originam do grande grupo Jê, etnia outras tribos, principalmente com os presente no centro e no sudeste do país botocudos (outra nação indígena que e no nordeste do Rio Grande do Sul, existia no Rio Grande do Sul), quando área histórica de ocupação Kaingang. estes tentavam pegar o pinhão maduro “Os Jê eram habitantes do planalto, das dos coroados.
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Braga confirma o que dizia Mabilde: to algum com os imigrantes italianos os Kaingang andavam nus. “No inver- quando estes chegaram a Caxias em no, nus com frio.” Não usavam muitos 1875. Isso porque o Império removera adereços, a não ser as pulseiras e cola- toda a população indígena para alderes feitos com sementes. Tinham a pele amentos no Norte do Estado, pois a de tom amarelado, eram de estatura região tinha de estar livre para receber média e, em geral, não eram muito os imigrantes. musculosos. “Usavam flechas feitas de Os índios foram empurrados para madeira, bambu, lasca de pedra, osso. fora de suas terras pelo avanço da coMas não era um índio arqueiro, era ín- lonização. “O alemão passou muito dio de floresta. Para se defender usava trabalho com o Kaingang na região borduna (um porrete grande e quadra- onde hoje seria Taquara, Nova Petródo) e faca”, descreve Braga. polis (os alemães fixaram-se nos vales Diferente dos Guarani, os Kaingang dos rios). Ali se deu um embate direnão eram antropófagos, e, talvez por to. Mas quando chegaram os italianos, isso, tinham uma grande preocupação o Império havia sido muito eficiente. com a ocultação do sangue. “Quando Restringiu e literalmente reduziu o esses grupos estavam em deslocamen- espaço de ocupação indígena. Isso tos e uma das mulheres menstruava, entre 1845 e 1850. Foi um processo ela era deixada um pouco para trás e longo”, diz Braga. “Quando os italiapassava por controle da menstruação nos chegaram aqui já não havia mais através de chás para suprimir a mens- índio nenhum. Na medida em que se truação. Assim, o sangramento não colonizavam as terras, os índios tamdeixava rastros nem chamava a aten- bém fugiam, porque as matas eram ção de animais e de destruídas”, completa a outros índios”, explica professora de História o pesquisador. e pesquisadora da UCS “Na medida Loraine Slomp Giron. em que se Uma população Os índios eram capcolonizavam representativa habitava turados e levados à a região de Caxias do as terras, os força até esses aldeaSul. Estudos mostram índios também mentos, onde ficavam que a ocupação vem fugiam, porque sob tutela do Estadesde o século III até do. Na época, havia o as matas eram o século XIX, quando chamado “bugreiro”, chegam os imigrantes. destruídas”, um caçador de índio, Braga fala de vários destaca Loraine contratado para fazer grupos de 600 a 700 especialmente este trapessoas cada. O docubalho. Até mesmo um mentário Campo dos Bugres men- conhecido líder indígena, o cacique ciona que durante o século XIX mo- Doble, foi pago por muito tempo pelo raram no planalto três mil Kaingang. Estado para caçar nativos fugidos. SeOs índios, porém, não tiveram conta- gundo o livro Anotações Históricas de
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car a posição dos índios em Caxias e privilegiar o europeu na sua formação inicial. “Existem estudos sobre a importância indígena no processo de ocupação do território rio-grandense. Eles mostram a hegemonia do europeu em O Império detrimento dos povos indígenas e a forma de removeu todos como estes sofreram a os índios para ação da Lei de Terras aldeamentos no de 1850, que promove norte do Estado a expulsão dos índios no sul do país”, afirma. a fim de deixar
aquela terra. Foi numa propriedade de Palanquinhos que o arqueólogo encontrou um talhador (artefato para rachar madeira e ossos) e dois fragmentos de cerâmica da tradição Taquara, resquícios inegáveis da presença de índios na região, há mais tempo do que os habitantes atuais podem imaginar.
Só a ideia de construir um parque com temática indígena foi suficiente para causar revolta em alguns moradores de Criúva. Como parte do Termo de Ajustamento de Conduta firmado com a Secretaria Municipal do Meio Ambiente por causa do corte de cerca de 1,5 mil árvores sem liHoje, grande parte das reservas cença para a instalação de pequenas indígenas que abrigam Kaingang está centrais hidrelétricas, a Hidrotérmica no Norte do Estado. Há, porém, uma construirá, a partir de abril, o Parque aldeia próxima de Caxias, nos arredoMunicipal Palanquinhos. No projeto res de Farroupilha. São 98 Kaingang apresentado à comunidade, quiosques que vivem em casas simples de macom tetos arredondados davam a im- deira no chão batido, em um cercado pressão de que o parque estaria base- de araucárias que a prefeitura farrouado na cultura indígena. Mas tanto o pilhense concedeu a eles há cerca de secretário Adelino Teles quanto a Hi- seis anos. Não fosse pelos traços fortes drotérmica desmentem a hipótese. e característicos dos rostos dos seus “Quando saiu na mídia, choveu de moradores, porém, o local não parereclamações de moradores de Criú- ceria uma aldeia. Algumas casas têm va, dizendo que não tinha nada a ver, antena parabólica e máquina de lavar. que lá é área de camponeses, não de E uma das construções chama logo a indígenas. Os moradores disseram atenção: uma igreja da Assembleia de que não iam aceitar se fosse indígena. Deus. Conversei com eles e disse que não ia O professor das crianças da comuser. Não queríamos de jeito nenhum nidade, Aurelino Góg Ribeiro, fez entrar em confronto com a comuni- uma pausa em sua aula para cerca de dade”, explica Teles. 15 alunos na tarde de terça-feira (23) “As construções foram projetadas para explicar que a aldeia é uma bapara ficarem o mais inseridas possível talha que o grupo venceu. Antes dela, na paisagem, e as figuras que compu- muitos índios ficavam em acampanham o projeto eram meramente ilus- mentos nas imediações da rodoviária trativas”, diz Karin Freitas, gerente de de Farroupilha. “Vivemos de venda de meio ambiente da Hidrotérmica, em artesanato, como cestas, bichinhos de relação aos quiosques madeira, flechas. Venem formato de ocas. demos em várias cidaPara Corteletti, há “Não se fala de des, até em Caxias.” um medo de relaciosabe de cor índio porque não osRibeiro nar o território caxiennomes de todas as se com esse passado. é interessante. crianças da tribo – “Não querem ouvir fa- A memória em muitas mantêm nomes lar de indígenas vivos Caxias tem por característicos, como ou mortos por perto. Raiz, Kaiani e Yafei. base o culto ao Os sítios arqueológiPouco sabe, porém, cos foram ocupados trabalho do do passado distante da há mais de 500 anos. italiano”, tribo. Admirado ao ver Mas, mesmo assim, ‘é constata Braga a capa do livro de Coríndio, não, não preciteletti, com a ilustração samos disso aqui’.” de como seriam os ínNas anotações do livro de Corte- dios ancestrais dos Kaingang (abailetti, um parque indígena em Criúva xo), revela um desejo: conhecer um faria sentido – e devolveria ao índio, arqueólogo que lhe fale mais sobre a ao menos, o direito da memória sobre sua história.
Maicon Damasceno/O Caxiense
Por conta dessa política de remoção dos índios, há uma falsa memória de que nossa história inicia com a chegada dos imigrantes. Para Braga, o que ocorre é um a região serrana apagamento social da Além da ausência memória anterior para livre para os de memória dos índios que a atual se justifi- imigrantes em Caxias, há uma que: “É um discurso desvalorização do seu de silêncio. A própria patrimônio. O arqueideia de os italianos não tocarem no ólogo Rafael Corteletti, autor do livro assunto ou repudiarem o índio aponta Patrimônio Arqueológico de Caxias para esta memória. Não se fala porque do Sul, faz um levantamento para denão é interessante. A memória cons- terminar o que há de pré-histórico na truída na cidade de Caxias tem por cidade, tema que, segundo ele, incobase histórica o culto ao trabalho do moda algumas pessoas e cutuca a feriitaliano, e aí se desmontariam alguns da da falta de políticas estatais de premitos sociais”, explica. Segundo ele, servação desse patrimônio no Brasil. na época não se podia anunciar para a Através do estudo de sítios arqueolóEuropa que no interior ainda havia le- gicos, Corteletti percebeu que, desde o vas de índios circulando nus, atacan- último registro de patrimônio – o das do os colonos, saqueando residências, casas subterrâneas, feito há 40 anos e muito menos dizer que estes reagiam pelo arqueólogo Fernando La Salvia –, com armas. 40% dos sítios não existem mais. Como a terra tinha que estar vazia Há registros de sítios arqueológicos para a chegada do imigrante, o Im- em Ana Rech, Criúva, Fazenda Souza pério retirou com todas as suas for- e Água Azul, entre muitas outras loças qualquer resquício indígena. Isso calidades. “As pessoas depredam butambém contribui para a dificuldade racos subterrâneos. Lembro de uma de encontrar material Kaingang hoje. escavação onde o dono do espaço, por Em Caxias, no Museu de Ciências Na- medo de perder a terra para a reserva turais da UCS há apenas objetos dos arqueológica, encheu o buraco de lixo Guarani, e o Museu Municipal guarda e cobriu, daí o buraco desapareceu. alguns pedaços de cerâmica e pontas Mas a existência desses buracos é real, de flecha resgatadas em escavações são indícios de que houve índios aqui”, que remetem a índios de período bem afirma Braga. anterior. “A ocupação de 1 mil anos Diferentemente de Braga, Corteletatrás faz parte da memória antiga, a ti pesquisa sobre índios muito mais dos 100 anos faz parte da memória antigos, das populações Jê. “Estamos histórica recente. Esta foi apagada e investigando sistematicamente esse socialmente coberta pelo discurso do grupo. Sabemos que eles tinham uma índio mau”, conta Braga. organização social estável lá pelo ano A professora de Sociologia e pes- 1500, tinham territórios estáveis, hiequisadora da UCS Vânia Herédia diz rarquia, grandes festas cerimoniais, que a historiografia contribui para eram agricultores, ceramistas, faziam uma visão hegemônica ao não desta- cestaria e tinham um projeto de cons-
trução dessas estruturas subterrâneas”, explica Corteletti.
Ilustração de Piter Fontana, Reprodção/O Caxiense
Caxias do Sul, de Jimmy Rodrigues, outro encarregado de expulsar os índios à bala foi Luiz Antônio Feijó Junior, que hoje dá nome a uma rua de Caxias – rua que desemboca na Praça da Bandeira.
No Museu Municipal, setas de flechas usadas por antepassados dos Kaingang; na ilustração, a morada indígena sob as araucárias – para colher o pinhão
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Disputa pela reitoria
O PESO DE CADA VOTO
Nilva Stédile é a indicada por alunos, professores e funcionários; Isidoro Zorzi acredita em vitória no Conselho, onde também vota; Nestor Basso corre por fora
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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br ove pessoas escolherão nesta segundafeira (29) quem ocupará o cargo da reitoria da Universidade de Caxias do Sul (UCS) até 2014. Os integrantes do Conselho Diretor, encarregados de decidir o futuro de uma instituição de 35 mil alunos e 2,2 mil funcionários, não estão lá por acaso. São representantes de entidades que de uma forma ou outra ajudaram a construir a universidade, e, por conta disso, são até hoje os principais agentes decisórios do que acontece na UCS. O Município de Caxias do Sul criou, em 1949, a Escola Superior de Belas Artes. A Mitra Diocesana criou a Faculdade de Ciências Econômicas em 1958. Dois anos depois, a Sociedade Hospitalar Nossa Senhora de Fátima criou a Faculdade de Direito. Prefeitura, Mitra e Fátima ocupam cadeiras do Conselho. A Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul, o Estado do Rio Grande do Sul e o Ministério da Educação apoiaram a universidade quando esta passou por uma forte crise administrativa em 1973. São as outras três entidades no Conselho. Dos nove votos que elegerão
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o novo reitor, quatro são do Estado – um representante do governo gaúcho, um da prefeitura e dois do MEC –, e quatro da sociedade – dois representantes da CIC, um da Fátima e um da Mitra. O último voto é do reitor. Este ano, pela segunda vez na história da UCS, houve uma consulta acadêmica para a escolha da reitoria. Alunos, professores e funcionários foram convidados a indicar quem achavam que teria maior capacidade de administrar a universidade pelos próximos anos: o atual reitor Isidoro Zorzi, o professor Nestor Basso ou a professora Nilva Stédile. A consulta apontou Nilva como preferida, com 50,17% dos votos. Uma votação tão expressiva que, se tivesse ocorrido em uma eleição, não haveria necessidade de segundo turno, pois os votos dos outros dois candidatos juntos não somariam essa porcentagem. Zorzi recebeu 36,31% e Basso, 11,77%. A maior diferença de voto entre os dois primeiros colocados foi na soma dos alunos: Nilva foi votada por 5.324 estudantes e Zorzi por 2.316. No cálculo dos votos de professores os números não ficaram tão distantes: Nilva recebeu 446 votos dos docentes e Zorzi, 384. A consulta foi encaminhada ao
Depois dos 10.748 votos da consulta acadêmica, chega a hora de o Conselho Diretor escolher, em nove votos, quem comandará a UCS Conselho Diretor, que, na sexta-feira à tarde ouviu as propostas dos três candidatos pela última vez antes da votação, em uma espécie de sabatina. Por ordem alfabética, Isidoro Zorzi apresentou as propostas e respondeu perguntas às 16h. Nestor Basso fez o mesmo às 17h, e Nilva Stédile, às 18h. Para alguns membros do Conselho, essa última etapa de entrevistas, a portas fechadas, com os candidatos foi mais significativa para a uma decisão final do que a própria consulta acadêmica. “A consulta... bom, a consulta é uma consulta”, resume Milton Corlatti, presidente da CIC e um de seus representantes. “O Conselho tem a liberdade de escolher quem ele quer. Não era consulta eletiva, era indicativa. O pessoal faz confusão disso”, completa o representante do Ministério da Educação, Roque Grazziotin. Quando o presidente do Conselho Diretor, João Paulo Reginatto, é questionado sobre o porquê da realização da consulta acadêmica, já que o que vale é a decisão do Conselho, ele repete a mesma frase duas vezes: “É uma boa pergunta.” Sem medo de parecer antidemocrá-
tico, Reginatto afirma que a validade da realização de uma consulta que escute alunos e professores deve ser analisada: “Na minha opinião, não deveria ter consulta. Se não vai decidir, por que vão consultá-los?”. Ele explica que o resultado da consulta não é, de forma alguma, visto como decisão final, já que quem responde pela instituição é o Conselho. “Pode ter uma influência subjetiva, mas objetivamente não. E é uma influência não coletiva, para uns têm mais peso, para outros menos. O voto é individual”, afirma Reginatto. “A consulta influencia, claro. O resultado pesa, mas não define. Cada conselheiro é livre para votar em quem quiser”, salienta Roque. Na quinta-feira (25), o representante da Mitra Diocesana de Caxias, Paulo César Nodari, ainda discutia com o bispo Dom Paulo Moretto o voto no Conselho. “A decisão não é minha, é da Mitra. Os três candidatos estiveram com ele (o bispo) e comigo, e nós ainda não decidimos”, explicava. A decisão da reitoria, segundo Nodari, é muito mais complexa do que simplesmente validar ou negar o resultado da consulta, que consagrou Nilva como vencedora. “Creio que o Conse-
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lho considerará a consulta universitária, mas isso não significa que deva necessariamente decidir por isso. Os conselheiros que lá estão representam instituições e os votos são delas. É uma questão de ouvir os candidatos mais uma vez. Não temos discriminação com ninguém”, afirmava um dia antes da sabatina. O representante do governo do Estado no Conselho, Ildoino Pauletto, era ainda mais cauteloso do que Nodari na hora de falar sobre possíveis cenários para a eleição na quinta-feira: “Os três candidatos têm condições de administrar a universidade. Temos na mão uma questão decisiva para a UCS. Seria até temerário se tivéssemos uma decisão agora.”
mãos deles (do Conselho). Eles saberão o que é melhor para a UCS.”
Isidoro Zorzi insiste que as pessoas não entenderam ainda o real sentido da consulta acadêmica e faz questão de ressaltar várias vezes que a participação dos alunos, funcionários e professores era apenas uma das etapas do caminho que levará à escolha do reitor. “O que a comunidade fez não foi eleição. É feita uma consulta porque a regra do jogo é essa. Cabe ao Conselho eleger o reitor, está no estatuto e até agora não abriram mão disso. Abriram a possibilidade de a comunidade se manifestar. Eles dizem ‘eu quero esse, aquele’. Tudo bem, então têm três. O papel da comuniNo movimento estudantil, que não dade é homologar a lista e entregá-la pra que o votará na segunda-feira, é possível perceber, Conselho escolha”, afirma Zorzi. além de muita expectativa para o anúncio do O atual reitor tem sido cobrado pela oposinovo reitor, uma divisão de opiniões. Para o ção por causa da afirmação que fez no debate coordenador de formação do Diretório Cen- realizado no UCS Teatro, na semana anterior tral dos Estudantes (DCE) e representante à votação, de que apoiaria o resultado da conda Chapa Movimentação, Vinicius Postali, o sulta. “Não é isso. Acato e referendo o resultaConselho deve concordar com a vontade ex- do da consulta, mas quem escolhe o reitor é o pressada pelos acadêmicos na consulta. “Acho Conselho. Eu só tenho que referendar o resulque se o Conselho tiver coerência, eles vão aca- tado da consulta. Mas é consulta. Se fosse uma tar, assim como há quatro anos referendaram eleição, eu só teria que apoiar quem ganhou”, o nome do Zorzi. Mas a gente vê que algumas afirma. entidades já tinham comprometimento com Outra cobrança que tem tirado a paciência candidatos antes da consulta. É do reitor é em relação ao treum quadro indefinido. Analicho de seu discurso de posse sando a formação do Conselho, “Na minha em 2006, quando venceu a vejo que existe uma ala mais opinião, consulta e foi escolhido pelo progressista, de ideias, de abrir não deveria conselho. “A Universidade ino Conselho, e uma ala mais dicou seu nome de preferência. ter consulta. Se conservadora”, interpreta. E o Conselho Diretor, dando Postali diz que se o Conselho não vai decidir início a uma nova era, referennão referendar o nome de Nilva por que vão dou a opção preferencial da para a reitoria a consulta se tor- consultá-los?”, comunidade acadêmica”, disse nará uma espécie de “pesquisa Zorzi naquele discurso. “E foi de mercado”. “Sofrer um golpe questiona uma nova era”, completa hoje. agora seria muito ruim para a Reginatto “Mas o pessoal não sabe toda a comunidade acadêmica, para história. Quem cobra isso não quem fez campanha e estimusabe o que é democracia. Delou a participação. Não podem nos dizer agora mocracia tem regras que foram estipuladas e que era só uma consulta.” que devem ser respeitadas, senão ela não exisO coordenador do DCE e representante da te.” chapa O DCE Por Você, Leonel Ferreira, resO reitor-candidato diz não existir democrasalta que a consulta teve problemas que põem cia sem transparência e abertura de informaem dúvida sua relevância, como a possibili- ções financeiras, e que nesse aspecto sua admidade de votos duplos (quem fosse professor e nistração não pode ser criticada. “Eu duvido aluno de pós-graduação ao mesmo tempo, por que exista universidade no Brasil que esteja tão exemplo, poderia ter votado duas vezes) e de aberta quanto a UCS. Eu viajei ontem (quartaprofessores, que, segundo ele, direcionaram feira, dia 24) a Bom Princípio, almocei e o fiz alunos a votar em determinado candidato. com meu dinheiro. Mas se vou a Brasília e me O DCE foi criticado por ter se posicionado hospedo, tenho que prestar contas do que gasdurante a campanha, apoiando o candidato tei. A comunidade acadêmica pode ver até a Zorzi. “Todos da comissão eleitoral tinham nota de tudo o que o reitor gastou.” posicionamento, mas só o DCE assumiu”, Zorzi está confiante na reeleição no Consedefende-se Leonel. Como coordenador do lho Diretor. Principalmente porque alega que DCE, ele encara com tranquilidade o fato de a consulta acadêmica não teve números reprea maioria dos estudantes terem ido contra o sentativos. Dos quase 40 mil que poderiam ter apoio da entidade estudantil. “Nos posiciona- votado, cerca de 11 mil o fizeram. “Isso dá 1/4 mos porque o estudante não teve acesso aos do total. Não foi a comunidade acadêmica que, candidatos, ao planejamento deles. Apoiamos entre aspas, elegeu a professora Nilva. A comuum candidato, mas o nosso candidato perdeu”, nidade ficou silenciosa”, avalia Zorzi. resume Leonel. Na segunda-feira, o reitor diz que estará Para a candidata Nilva Stédile, a adesão à na sala do Conselho Diretor como membro e votação é significativa, tendo em vista que o como candidato. “Evidentemente estarei com tempo de campanha foi curto e que o voto era as duas funções. Sou membro que, por acidenvoluntário. A felicidade por ter sido a mais vo- te, é candidato. O que se vai fazer. Não pode tada, porém, não faz com que ela se esqueça ter um clone.” que apenas uma etapa foi vencida. “A decisão Nos corredores e salas de aula da UCS, covirá com base no desempenho nessa última mentários tanto de estudantes quanto de proentrevista e também no resultado da consulta, fessores demonstram que independentemente que ganhou em termos de relevância e signi- do resultado haverá barulho. Um abaixo-assificado por eu ter mais de 50% dos votos. Se a nado tem circulado pela universidade pedindo consulta não fosse relevante para eles, ela não que o Conselho acate a decisão da maioria dos teria sido aprovada”, entende Nilva. votantes da consulta e referende a professora Nestor Basso, o terceiro colocado na consul- Nilva. Na segunda-feira, a partir das 17h, um ta acadêmica, prefere se manifestar o menos grupo de alunos promete ficar de vigília em possível sobre o assunto. “A universidade não frente ao Bloco A até a hora do resultado, que precisa de polêmica, mas de união. Fica nas deve sair logo após as 18h. w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r
INFORME COMERCIAL
ARTUR LORENTZ / PALESTRA NO SIMECS A Inovação no Rio Grande. Surge um novo amanhã. Este será o tema da palestra que o Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia, Artur Lorentz apresentará no dia 29 de março, 16 horas no auditório do SIMECS. Objetivo do evento promovido pelo SIMECS para as empresas dos segmentos automotivo, eletroeletrônico e metalmecânico de Caxias do Sul e região é disseminar informações sobre os benefícios da Lei Estadual de Inovação. Artur Lorentz irá prestar esclarecimentos sobre os incentivos fiscais da Lei de Inovação e os programas lançados recentemente como o Pró-Inovação / RS e o PGtec – Programa Gaúcho de Parques Científicos e Tecnológicos. Lorentz é engenheiro civil, administrador de empresas e empresário do setor da construção civil. Foi vice-prefeito de Santa Rosa, diretor-presidente da Sulgás e atual Secretário Estadual de Ciência e Tecnologia. As vagas para este evento são limitadas. Inscrições pelo fone: (54) 3228.1855. DISTINÇÃO INDÚSTRIA 2010 / INSCRIÇÕES O SIMECS informa às empresas do seu segmento que estão abertas até 09 de abril as inscrições para o Prêmio Fiergs/Ciergs Distinção Indústria Edição 2010. Com o propósito de estimular o desenvolvimento da indústria gaúcha, o prêmio Distinção Indústria foi instituído em 1971 e tem por objetivo distinguir novos produtos de empresas industriais do estado, que apresentem notáveis avanços tecnológicos em design, inovação em projetos que caracterizem ineditismo e tenham viabilidade de utilização e comercialização. Serão premiados com placa de ouro, até 3 (três) produtos ou projetos sendo que a comissão julgadora poderá conceder ainda, uma menção honrosa. Informações e inscrições pelo fone: (51) 33478702. MISSÕES TÉCNICO-COMERCIAIS As empresas que desejarem participar das Missões Técnico-Comerciais do SIMECS para o exterior, já podem manifestar seu interesse junto à entidade. O SIMECS está ultimando os preparativos para formar o grupo de empresários que em setembro visitará as feiras Automechanika em Frankfurt e IAA em Hannover, ambas na Alemanha. A Automechanika é uma feira voltada para o setor automotivo e especializada em equipamentos para oficinas, acessórios para automóveis, reparação de automóveis, plataformas elevatórias, carroçarias, pintura de veículos, entre outros. Enquanto isso, A IAA International é a Feira mais completa da indústria automotiva e terá a exposição de caminhões de carga, ônibus e trailers, logística, equipamento para garagem e automóveis. Oportunamente serão abertas as inscrições aos interessados. Informações: (54)3228.1855 AUTOMEC PESADOS / FEIRA DA MECÂNICA Já estão formados os grupos que irão participar de duas importantes feiras em São Paulo nos meses de abril e maio de 2010. O SIMECS promoverá visitação à Automec Pesados e a Feira Internacional da Mecânica. A Automec Pesados é um evento bienal especializado em peças, equipamentos e serviços para veículos pesados e comerciais. Já a Feira Internacional da Mecânica irá expor: máquinas para trabalhar metal, plástico, madeira, além de ferramentas e uma série de outros equipamentos. TAXA DO IBAMA A renovação do Cadastro Técnico Federal do Ibama e o envio do Relatório Anual de Atividades vencem no dia 31 de março. O alerta é da Comissão de Meio Ambiente do SIMECS. A finalidade do Cadastro Técnico Federal de Atividades Potencialmente Poluidoras e Utilizadoras de Recursos Naturais, é o controle e monitoramento das atividades potencialmente poluidoras ou a extração, produção, transporte e comercialização de produtos potencialmente perigosos ao meio ambiente, assim como de produtos e subprodutos da fauna e flora. As empresas devem ficar atentas a esta necessidade para que se mantenham legalizadas, prevenindo-se de multas e autuações. CAPACITAÇÃO DE FORNECEDORES No dia 28 de abril o SIMECS realizará em seu auditório importante palestra sobre Capacitação de Fornecedores. O evento tem por finalidade instrumentalizar as empresas metalúrgicas participantes para uma melhor relação cliente/fornecedor. Também visa garantir uma adequada interpretação e desdobramento dos requisitos dos clientes, para as áreas de desenvolvimento, fabricação e fornecimento de PPAP – Processo de Aprovação de Peças de Produção, por meio da implementação de ferramentas técnicas e de capacitação gerencial, permitindo o seu ingresso como fabricante e fornecedor no competitivo mercado de peças, componentes e serviços do setor automotivo. Será palestrante João José Bastos Graduado em Administração de Empresas pela Universidade de Caxias do Sul com foco em Gestão Estratégica da Qualidade. É auditor do Sistema ISO 9001 e Sistema TS 16949 e Sistema ISO 14000. Informações e Inscrições pelo fone: (54) 3228.1855. RELATÓRIO DE IMPACTO NO SISTEMA ELÉTRICO Acontecerá no dia 13 de abril, às 16 horas, no auditório do SIMECS a palestra RISE – Relatório de Impacto no Sistema Elétrico. O que o empresário precisa saber. Exigência para expansões ou novas ligações de energia elétrica na área da RGE. A apresentação do evento estará a cargo da Engenheira Danusia de Oliveira de Lima. Graduada em Engenharia Elétrica e Mestre em Sistemas de Potência pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul. Atuando desde 2001 na Rio Grande Energia S.A. – RGE, possui experiência em sistemas de distribuição, com ênfase em Proteção e Qualidade de Energia Elétrica. As inscrições são gratuitas para as empresas do segmento do SIMECS. Informações pelo fone: (54) 3228.1855. REDUÇÃO DA JORNADA DE TRABALHO Representantes do SIMECS integraram a comitiva de 60 industriais e entidades de classe patronais do Rio Grande do Sul que esteve em Brasília no dia 17 de março. Liderada pela FIERGS, a comitiva participou de uma ação de mobilização contra a Proposta de Emenda Constitucional (PEC 231/95) que reduz a jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais e aumenta o adicional na hora extra de 50% para 75% do valor da hora trabalhada. Na oportunidade os empresários gaúchos estiveram reunidos com líderes partidários e com os deputados da Bancada Federal do Rio Grande do Sul. A comitiva foi recebida pelo presidente da Câmara dos Deputados, Michel Temer. Segundo o diretor executivo do SIMECS Odacir Conte, a expectativa é de que esta matéria possa ser apreciada em 2011 e que se for aprovada, irá causar sérios transtornos às empresas, elevando os custos de produção e provocando perda de competitividade. O SIMECS esteve representado em Brasília por Astor Schmitt, Valter Gomes Pinto, Odacir Conte, Osmar Piola e Eduviges Rossa. REPARAÇÃO VEICULAR / CERTIFICAÇÃO IQA Um grupo de empresários do setor da Reparação Veicular associadas da ASERV – Associação Serrana das Empresas da Reparação Veicular – buscam melhorar suas empresas através da certificação de serviços automotivos IQA (Instituto da Qualidade Automotiva). Por meio da parceria envolvendo o SIMECS, ASERV e SEBRAE, está sendo disponibilizado mais uma oportunidade para as oficinas mecânicas. Essa certificação trará resultados no sistema de Gestão da Qualidade. A certificação IQA é acreditada pelo INMETRO. SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 - Caixa Postal 1334 Fone/Fax: (54) 3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul Rio Grande do Sul. www.simecs.com.br - simecs@simecs.com.br
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Juventude em campo
MENINADA
Dos 33 atletas do grupo principal, 15 tem até 20 anos. Nos últimos jogos, a idade média do time foi de 22 anos
ESMERALDINA uando assumiu a presidência do Esporte Clube Juventude, após vencer José Antônio Boff numa das mais acirradas disputas eleitorais da agremiação, Milton Scola deixou muito claro para toda a comunidade alviverde: será um ano de limitações, com poucos investimentos em novas contratações e valorização da prata da casa de forma a encaminhar a recuperação financeira, fortemente abalada nos últimos exercícios. A considerar que, em 2010, por força das circunstâncias, ou seja, a queda para Série C do Campeonato Brasileiro, o ingresso de reais se tornaria ainda mais restrito. E a política realista foi posta em prática. Poucas contratações, nada de jogadores de grande renome nacional, e valorização dos atletas formados nas categorias de base do clube. A escolha pelo técnico Osmar Loss, com 15 anos de experiência pelo Inter nesta área do futebol, respaldava a filosofia então
clube, não era a proposta inicial, situação que se consumou, principalmente porque jogadores mais experientes acabaram se lesionando, casos de Umberto, Ferreira e Júlio César. Já Sílvio Luiz passou para o banco nos últimos jogos, abrindo espaço para o jovem goleiro Carlão, que ganhou a titularidade por estar num momento técnico melhor. Na verdade, a revelação alviverde já trazia a experiência do ano passado, quando foi reserva de Juninho e de outros e, neste ano, de Tiago Rocha, hoje terceiro goleiro. Por opção de Osmar Loss também Lauro foi para o banco, entrando no decorrer dos jogos. Diante deste quadro e com grupo reduzido não restou saída que não a de usar mais os atletas da base, contrariando a ideia inicial. “A gente pensava em algo meio a meio”, confirmou o vice Juarez Ártico. Dos 33 jogadores que formam o atual elenco, 15 tem até 20 anos de idade. Nesta faixa há cinco com 17 anos: o goleiro Follmann, que ainda
dente sustenta que o grupo cumpriu a ção no vestiário para absorver a nova missão, que era de não cair para a se- cultura, diferente daquela a que eram gunda divisão do Gauchão. “Estamos acostumados. “O ingresso é gradual praticamente livres do rebaixamento. até para tirar aquela pressão natural”, Sem esta pressão o time tem tudo para reconhece o técnico. Em favor destes render mais e pode até contou a participação surpreender”, acrescenhistórica do Juventuta. de na Copa São Paulo, “Este grupo, Scola é muito claro e até as semiformado a partir chegando objetivo: o clube precifinais. sa lançar mais jogado- de limitações res formados na base financeiras, Que tipo de reflepara o grupo principal cumpriu a missão xos a utilização de jogapara valorizar e mosdores jovens acima do de manter o trar o seu patrimônio. planejado pode ter cau“É daí que sairão os re- Juventude na elite sado na base? Receio, cursos necessários para do Estadual”, medo, temor, pressão? a superação das difi- afirma Scola “Incentivo”, responde culdades financeiras”, sem qualquer dúvida acrescenta. o vice-presidente das Sobre a possibilidade de jogado- categorias de base, Antônio Cumerres potenciais serem “queimados” em latto, para quem a atual situação do decorrência de desempenhos muito clube exige a adoção desta estratégia. abaixo do que poderiam apresentar em Segundo ele, os jogadores formados outras condições, o presidente respon- no Juventude têm potencial e precisam de que é preciso arriscar. Para ele, não suprir as necessidades atuais do time é mais possível esperar a idade-limite titular. “O resultado histórico na Copa Maicon Damasceno/O Caxiense
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por ROBERTO HUNOFF roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
Gustavo Carlão 17 anos 20 anos
Luan 18 anos
Tiago Renz 19 anos
iniciada. A torcida precisava, sim, entender a nova realidade e apoiar aquele grupo formado por alguns veteranos e muitos jovens. O que não se esperava, no entanto, é que estes jovens tivessem que assumir a titularidade em número bem acima do que se pretendia. Nos últimos dois jogos do Juventude pelo segundo turno do Campeonato Gaúcho, dos 14 atletas que entraram em campo em cada partida, nove tinham até 20 anos. “A média de idade foi de 22 anos”, confirmou o técnico Osmas Loss, na quinta-feira à tarde, nos camarotes do clube onde assistia ao jogo do Caxias contra o Veranópolis, acompanhado do presidente Milton Scola e do vice de futebol, Juarez Ártico. Para o presidente Milton Scola, o uso de número tão representativo de atletas jovens, a maioria formada no
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Fred 20 anos
não jogou, mas está integrado ao grupo principal, o zagueiro Bressan, o volante Gustavo – ambos titulares nos últimos jogos -, o meia Hiago e o volante Goiano, também já aproveitados. Na avaliação de Osmar Loss, a média de idade de 22 anos está adequada aos padrões do futebol. Ressalva, no entanto, que para se obter o rendimento esperado é preciso tempo suficiente para trabalhar o grupo técnica e fisicamente. Não foi o caso do Juventude, que teve apenas duas semanas de preparação em janeiro antes de estrear no campeonato. Mas para Loss é inquestionável que houve evolução no segundo turno. “Estamos tendo mais tempo para trabalhar porque não há aquela sequência de dois jogos na semana como no início”, observa. Esta visão do técnico encontra respaldo em Milton Scola. A torcida pode até não gostar ou aceitar, mas o presi-
para colocar os jogadores em campo. “Os clubes europeus não estão olhando para atletas experientes. Eles buscam aqueles que têm 17, 18 anos. Por isso, este patrimônio precisa ser mostrado,” define. Assim é que outros jogadores da base devem ascender em breve entre os profissionais. Não nesta reta final do Gauchão, até porque no sábado o Juventude faz sua estreia no Estadual de Juniores. Mas para a Série C esta possibilidade é bastante concreta. “Pode ser que mudem algumas peças, mas a filosofia será a mesma”, antecipa. Scola sustenta que não está sendo feita uma avaliação do grupo, mas individual de cada atleta. De acordo com Osmar Loss, nenhum jogador da base é aproveitado nos profissionais sem uma preparação anterior. Lembra que os cinco de 17 anos tiveram um período de adapta-
Bressan 17 anos
São Paulo é argumento mais do que suficiente para que se acredite nestes meninos. Eles precisam ganhar oportunidades e provar nos titulares o que mostraram nos juniores. Logicamente que dentro de um processo gradual, com acompanhamento e preparação.” Cumerlatto também lembra a política do clube de formação de jogadores, que se inicia nas escolas de recreação e competição, e segue nas categorias seguintes a partir dos 13 anos até alcançar os juniores. Segundo o vice-presidente, este trabalho objetiva, essencialmente, criar nos atletas algo pouco comum no futebol atual: identificação e comprometimento com o clube do coração, aquele que lhe deu a oportunidade de vencer na vida como jogador. “Esta filosofia é respeitada em todo o Brasil e já seguida por alguns clubes. Com ela geramos o potencial que o Juventude precisa e, quando necessário ou surgi-
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mílias, dando o apoio e acompanhando a movimentação de terceiros”, explica.
De acordo com Cumerlatto, a Cumerlatto observa que o presença de Osmar Loss como técniclube continua tendo sucesso nas in- co dos profissionais é essencial para o vestidas que faz para aproveitamento dos jotrazer atletas para as vens. Pela experiência categorias de base. Ini- “A utilização de de 15 anos nas bases do cialmente havia receio vários atletas Internacional, é sensíem função da queda e aberto ao trabalho formados na base vel do time para a terceira de formação. “Toda a divisão do futebol bra- tem incentivado transição de um atleta sileiro. “Não é isto que e atraído mais é discutida e avaliada ocorre. Está bem claro jogadores para pela diretoria e comisnestes jovens que o Jusões técnicas das duas o Juventude”, ventude está, momencategorias. Ele sabe das taneamente na Série C, salienta dificuldades e recebe mas não é time para fi- Cumerlatto os jogadores de forma car nesta condição.” diferente, colocando os Para que o clube fordesafios, mas dando o me não apenas atletas, mas também apoio que é necessário.” cidadãos, há um grupo multifuncional Para o vice das categorias de base, encarregado de trabalhar o emocional a convivência com os profissionais é dos jogadores. Há psicopedagoga, que, fundamental para o crescimento dos dentre outras atividades, acompanha juniores ou juvenis, que conseguem a questão educacional, cobrando de- absorver sem dificuldades um eventual sempenho positivo, psicóloga, fisio- retorno para as suas categorias. Tanto é terapeuta, nutricionista e fisiologista, que atletas como o goleiro Follmann, tal qual é oferecido aos profissionais. que já figura no elenco principal, esAlém de diretores por categoria, res- tarão no Estadual de Juniores a partir ponsáveis por dar o suporte institu- deste sábado defendendo o Juventude. cional em nome do clube e defender “Eles sabem que a oportunidade virá os seus interesses.” Mais de 90% dos na hora certa.” jogadores da base já têm empresários. Enquanto isto, os torcedores espePor isso, precisamos estar atentos per- ram que os jovens esmeraldinos façam manentemente.” mais do que cumprir a missão primeiCrítico da Lei Pelé, que para ele be- ra. Querem vitória nos jogos contra neficiou empresários, um pouco os Avenida, na segunda, em Santa Cruz, atletas e quase nada os clubes, Cumer- e Grêmio, no dia 4 de abril, no Jaconi, latto destaca o trabalho junto aos fa- para que o Juventude esteja dentre os miliares. Sem isto, dificilmente a agre- oito classificados ao mata-mata, como miação teria condições de usufruir do no primeiro turno. Mas para isto é preretorno futuro do investimento feito. ciso paciência e muito carinho, como “É preciso ficar muito próximo das fa- os pais fazem com seus filhos.
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Maicon Damasceno/O Caxiense
rem oportunidades, os negócios para garantir a sobrevivência financeira da agremiação.”
Apesar da pouca experiência, Carlão conquistou a titularidade no gol do Ju
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Luiz Carlos Erbes, Divulgação/O Caxiense
guiadeesportes@ocaxiense.com.br
Líder do grupo, o Caxias espera o Inter no Centenário; o Juventude vai a Santa Cruz do Sul em busca de reabilitação contra o lanterna Avenida
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l Torneio de Tênis | sábado e domingo, 8h | A competição deve reunir aproximadamente 50 tenistas neste final de semana, no naipe masculino. Os jogos são individuais, nas classes de pontuação A, B e C. Os jogadores são divididos em grupos, e os dois melhores passam para a fase eliminatória. Devem competir tenistas de 18 a 60 anos. Mas o principal objetivo, conforme a organização, é proporcionar um momento de confraternização entre os praticantes do esporte. Quadra Tinoco Esportes, na Vila Olímpica da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis
FUTEBOL l Campeonato Municipal de Futebol | sábado, 13h15 e 15h15 | Neste sábado será realizada a segunda rodada do Campeonato Municipal de Futebol. Jogos das 13h15: Esperança x São Victor Cohab (Enxutão), Vindima x R. Unidos da Esperança (Municipal 1), Fiorentina x União de Zorzi (Municipal 2), Cristal x Fonte Nova (Serrano), Bom Pastor x Unidos (Fátima) | Jogos das 15h15: Esperança x Mundo Novo (Enxutão), Vindima x Fiorentina (Municipal 1), Águia Negra x Ouro Verde (Serrano), União Reolon x XV de Novembro (Fátima). Campos do Enxutão, Municipal 1 e 2, Serrano e Fátima Entrada gratuita l Copa União | sábado, 13h30 | Neste sábado será realizada a quarta rodada da Copa União, nas categorias sênior e juvenil. O São Francisco da 6ª Légua é líder na categoria juvenil, com
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três vitórias. Entre os sêniors, o Esporte Clube São Virgílio lidera, também com três vitórias. Os jogos são realizados nos campos dos times mandantes. Juvenil, 13h30: São Cristóvão x Bevilacqua, Botafogo x Pedancino e São Francisco x Forquetense | Sênior, 15h30: São Virgílio x Botafogo, São Cristóvão x Canarinho, Diamantino x Bevilacqua, Pedancino x Juvenil e Conceição x Forquetense. Campo do time mandante Entrada gratuita l Campeonato Sesi Futebol Sete Livre Série A | sábado, 14h15 e 15h15 | Os melhores colocados de cada grupo da fase inicial se classificaram para a segunda fase do campeonato, em que novamente os times jogam entre si em duas chaves. Jogos das 14h15: Voges x Guerra, Madal x Marcopolo | Jogos das 15h15: Pisani x Agrale, Randon x Fras-le. Centro Esportivo Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima l Circuito Caxiense de Futebol 7 Society | domingo, 8h30 | O campeonato encerra neste domingo. Os oito times classificados se enfrentam nas quartas de final, no início da manhã. As semifinais e a final ocorrem na sequência. Ao fim dos jogos, serão premiadas as três melhores equipes. A entrada é franca. Entretanto, é necessária a apresentação de um ingresso, distribuído gratuitamente. Ele pode ser obtido no Ginásio Arena ou no Departamento de Esportes do Sindicato dos Metalúrgicos, localizado na Rua Bento Gonçalves, 1.513. Jogos das 8h30: BSC x SE Planalto, Esporting GBC Casa Lataria x Torino, Nápoli x 1° de Maio, Aguirros Fútbol x Acadêmicos Sede do Sindicato dos Metalúrgicos de Caxias do Sul
Entrada gratuita | Linha Rádio Nordeste, Capela Nossa Senhora das Dores, Travessão Cavour, Flores da Cunha | Para mais Informações: 9999-1705. Falar com Jair Oliveira l Caxias x Internacional | domingo, 16h | Cada dia mais líder, o Caxias tem mais uma partida importante neste final de segundo turno, contra o Internacional. A principal ausência é o zagueiro Neto, xerife do time grená, expulso contra o Veranópolis. O meia Marcelo Costa, o volante Itaqui e o atacante Everton devem retornar ao time. Se o Caxias está embalado e vive o melhor momento da competição, o Inter está em crise. Depois de alguns tropeços no Gauchão, a torcida anda pegando no pé do time e do treinador Jorge Fossati. Mesmo assim, o Inter garante que virá à Serra com um time misto. Deve sair com: Muriel (que jogou no Caxias em 2009); Índio, Wagner e Ronaldo; Bruno Silva, Josimar, Glaydson, Andrezinho e Juan; Edu e Thiago Humberto. O Caxias deve entrar em campo com Fernando Wellington; Edu Silva, Anderson Bill, Saleti e Álisson; Marcos Rogério, Itaqui, Edenílson e Marcelo Costa; Cristian Borja e Everton. Estádio Centenário Ingressos a R$ 10. Acompanhante de sócio, R$ 15. Cadeira, R$ 20. Estudantes e pessoas acima de 60 anos, R$ 5. Mulheres e sócios com mensalidade em dia não pagam ingresso. Torcedores do Inter, R$ 30 | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano l Avenida x Juventude | segunda, 20h30 | O Juventude precisa vencer o Avenida, último colocado da Chave 10 para se reabilitar no campeonato e entrar no grupo que avança para a fase final. O alviverde não contará com o zagueiro Fred, que recebeu o terceiro cartão
amarelo. O volante Júlio César ainda estará fora devido a dores no músculo posterior da coxa direita, e o atacante Amoroso é dúvida – sofreu uma pequena lesão no joelho durante o treino de quinta-feira. Osmar Loss deve começar com Carlão; Victor, Bressan, Jorge Felipe e Calisto; Umberto, Tiago Renz, Gustavo e Roberson; Luan e Marcos Denner. Estádio dos Eucaliptos Ingressos a R$ 20. Mulheres, idosos e estudantes pagam meia | São José, 487, Santa Cruz do Sul
JOGOS ESCOLARES l Abertura do jogos escolares | sábado, 14h | A competição que reúne as escolas estaduais, municipais e particulares de Caxias terá sua solenidade de abertura neste sábado, às 14h, no Largo da Estação Férrea. Logo mais, às 15h, quase 800 estudantes disputam uma mini-rústica nas categorias mirim, infantil e juvenil. Os jogos, que se estendem até novembro, incluem vôlei, basquete, handebol, futsal, futebol, xadrez e atletismo. Em 2009, a escola campeã foi o Murialdo, de Ana Rech. Largo da Estação Férrea Entrada gratuita | Rua Augusto Pestana, São Pelegrino
RUGBY l Campeonato Gaúcho de Rugby 2010 | sábado, 16h | A primeira rodada do Campeonato Gaúcho ocorre no final de semana. Sábado, às 16h, a equipe do Serra Rugby enfrenta o San Diego, de Porto Alegre, atual campeão gaúcho. O rugby, pouco difundido no Brasil, é um dos esportes mais praticados no mundo. Clube Cruzeiro de São Gotardo Entrada gratuita | Distrito de São Gotardo, Flores da Cunha
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Memórias do clássico
Ex-goleiro grená, Bagatini teve a oportunidade de fazer, contra o Internacional, aquela que ele considera a defesa mais bonita de sua carreira
MUITO ALÉM DE UM
CONFRONTO O
por Marcelo Mugnol marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br
tempo. Com vaguidão, desprezo, idolatria, amor ou ódio, o tempo é impiedoso. Não tem começo, não tem fim. Antes de a bola rolar ele desvela o cenário e os sentimentos envolvidos numa partida de futebol. Seja ela decisiva ou só mais uma pelada entre amigos. Há quem se veja perdido entre os tique-taques das horas, tentando reprimir a arritmia, a boca seca, o olhar trêmulo. Com a bola cravada entre as travas da chuteira e o prado verde, naquele instante antes do apito inicial, o jogador pressente que o tempo parou. Mas ele nunca para. Um time recém patrolado por outro terá de enfrentar logo após o apito final horas e dias arrastados até o próximo confronto. Porque uma partida de futebol dura 90 minutos, mas seu resultado pode durar para sempre. E não só porque o placar foi absurdamente elástico, derrubou o treinador ou, ainda, deu o título a um determinado clube. Como escreveu Raduan Nassar, no livro Lavoura Arcaica: “Embora inconsumível, o tempo é o nosso melhor alimento”. E nada como um dia depois do outro para escrever-se uma nova história. Um dia, o Caxias perdeu de 8 a 1 para o Internacional. No outro, pode devolver a goleada, porque o ex-algoz anda levando surra de vara curta de quem passe pelo seu caminho. O tempo é implacável. Redistribui os papéis como se fosse um diretor de teatro contemplativo, que a tudo vê, mesmo a distância, amparado pelo pêndulo ritmado
do tempo. Caxias e Inter enfrentamse neste domingo, dia 28 de março de 2010. Já na estação do outono. Estação de contemplação, de revisão, que nos conduz do excitante e verborrágico verão ao sossegado e intimista inverno. Daquele primeiro confronto, em 13 de dezembro de 1947, quase tudo mudou. O futebol tinha outro tempero, outro perfume, outros porquês. Inter e Caxias não tinham sequer os estádios que hoje possuem. O time grená tinha até outro nome. Chamavase Flamengo. Inter e Flamengo disputaram seu primeiro duelo no Estádio dos Eucaliptos, a casa dos colorados antes do Gigante da Beira-Rio. O Inter tinha no gol Harri. O arqueiro do Flamengo chamava-se Ary. Os clubes disputavam o Campeonato de Aspirantes. O primeiro gol foi do Inter, aos 25 minutos do 1º tempo, com o atacante Eliseu. No 2º, Sady, do Flamengo, descontou, logo aos 10. Terminava em empate o que ficou marcado na linha do tempo do mundo da bola o primeiro confronto entre o time da Serra e o da Capital. Mais de 60 anos separam o primeiro gol grená contra o Inter do último, marcado por Lê, em 1º de novembro de 2009, na vitória de 1 a 0 sobre o Inter B, pela Copa Arthur Dalegrave. Rever disputas entre dois clubes causa uma estranha sensação. É como se as partidas não tivessem fim, como se uma fosse continuação da outra. É o tal do tempo “inconsumível”, uma entre tantas metáforas desenhadas por Raduan Nassar para descrever-nos nessa dura
Caxias e Inter enfrentam-se pela 147ª vez, neste domingo, rememorando confrontos históricos, antigos e recentes
caminhada através dos anos. sofria, em silêncio, porque sabia da dor do outro lado. Não apenas por ter sido analisar apenas os números vitorioso com o Caxias, nem por ter dos confrontos, as vitórias e derrotas, deixado saudade no clube. Mas porque gols feitos e sofridos, é reduzir o es- sabe a dor que é perder, e de goleada. porte a um trabalho mecanicista, em “Nesse jogo, quando deu o quarto que sequer importam as peças distri- gol, eu não vibrava mais. Ficava comebuídas por esse tabuleiro de grama. E dido, na casamata. Estavam decidos o resta o quê depois de jogo e o título. Não ticomputar que os times nha necessidade de eu grená e colorado dis- Mais de 60 vibrar mais, como forputaram 146 partidas anos separam ma de respeitar a dor do (isso aglutinando a o primeiro gol outro”, revela Tite, por história de Flamengo telefone, do seu apartagrená contra o e Caxias), segundo o mento em Porto Alegre. historiador extra-ofi- Inter, feito por Atualmente sem clube, cial do Caxias, Jorge Sady, do último, Tite reconstitui calmaRoth. Ou ainda, 158, marcado em mente a partida. entre Inter A, B, aspi 2009 por Lê, rante, amistosos e jo“Estávamos num gos oficiais, conforme contra o time B momento muito bom o site Arquivo Grená, da equipe. Um dos coordenado por Ramomentos em que o fael Bernardi Rizzon. Números criam Inter atingiu o ápice de sua condição tramas infinitas de percepção da rea- técnica. Jogávamos de forma bonita, lidade. Embora, descontextualizados, mas efetiva. Com muita triangulação desumanizem o futebol e o afastem do e muita agressividade, no ataque e na real sentido: emocionar o torcedor. defesa. O resultado foi atípico, não Mais vale a relação de êxtase e pieda- imaginava que fosse dessa forma. Mas de revelada por Adenor Bacchi, o Tite. tudo isso foi reflexo dos primeiros 45 O treinador estava do lado colorado minutos perfeitos da equipe. O time naquele 19 de abril de 2009, uma tarde estava muito focado, intenso na marcainesquecível de outono. Inesquecível ção, praticamente erro zero. E quando para os torcedores do Inter, pela gole- ia pro ataque convertia em gols”. ada de 8 a 1, e que lhes deu o título de Há quem tente justificar o que aconCampeão Gaúcho. E inesquecível para teceu. E há quem não consiga explicar o torcedor grená, que arrepia-se com por que sorria mesmo levando tantos as cenas dos oito gols como se fosse gols. Nelson D’Arrigo, presidente do o pior – e interminável – pesadelo de Caxias, em 2000, quando o clube vensuas vidas. Naquela tarde, Tite sorria ceu o Campeonato Gaúcho, já disse, porque erguia a taça pelo Inter, mas aqui n’O Caxiense: “Ao perdedor cabe
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Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
A torcida do Caxias, que ainda não esqueceu a derrota de 8 a 1 para o Inter, assistirá mais esperançosa ao confronto com o rival neste domingo
justificar a derrota”. Nem sempre é fácil, nem possível. E não há tempo que apague perder de 8 a 1. Mesmo que daqui para frente o Inter perca todas para o Caxias, daqui a 100 anos, os filhos dos filhos colorados ainda vão dizer que já venceram os grenás por 8 a 1. Assim como está escrito na história que o Caxias venceu o imbatível colorado em 1976. Era o primeiro jogo do Estádio Centenário, oficialmente Francisco Stedile, nome do então presidente grená. Em campo, além do hoje ilustre – e na época zagueiro ruim de bola – Luis Felipe Scolari, estava um outro homem de bigode, Cézar Angelo Bagatini. O goleiro, nascido em Encantado e que veio em 1968 para Caxias jogar nos juvenis do Flamengo, descreve a partida como se estivesse narrando um filme. Uma epopeia, na verdade, já que o Inter, no mesmo ano, conquistara o oitavo título gaúcho seguido, e havia vencido, em 1975, o título nacional. O jogo foi disputado dia 12 de setembro de 1976. Quinze mil pessoas estavam no estádio, especialmente construído para o Campeonato Brasileiro. O árbitro foi Armando Marques, de tantas Copas do Mundo. “Havia uma motivação a mais para os jogadores por estarmos enfrentando um dos times da dupla Gre-Nal. É nesse momento que o jogador aparece na vitrine. Jogarmos o Campeonato Nacional, então, foi uma motivação maior ainda, porque sabíamos que o jogo era importante, pela própria ascensão do Caxias. E ter vencido o Inter fechou com
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chave de ouro”, conta Bagatini, hoje com 58 anos. O Caxias venceu aquele jogo do Campeonato Brasileiro com gols de Osmar e Bebeto – este, segundo Jorge Roth, fazia sua estreia como centroavante grená. O Inter descontou no segundo tempo, com Valdomiro, conforme súmula do jogo publicada no site Arquivo Grená. Na primeira edição d’O Caxiense, Jorge Roth descrevia em detalhes os gols do Caxias nesta conquista importante diante do Inter, que no mesmo ano venceria mais uma vez o Brasileiro, não sem antes cair diante do Caxias, no Centenário. “O Caxias ganhou de 2 a 1. E foi um dos únicos a vencer o Inter naquele ano. O primeiro gol do Caxias foi do Osmar, que chutou uma falta no ângulo. O segundo foi do Bebeto. O Caxias rouba a bola na defesa, em poucos toques a bola é cruzada, atravessa a área e chega ao peito de Bebeto, que domina e chuta forte, um canhão no ‘fundo dos cordéis’, como diziam os antigos”. Na mesma partida, o goleiro Bagatini seguraria a vitória, com uma defesa de cinema. Fosse numa Copa do Mundo, Bagatini seria hoje tão conhecido e venerado como o inglês Gordon Banks (o homem que parou Pelé). “Nesse jogo, fiz a defesa mais bonita da minha carreira. O Inter veio numa triangulação e entrou na área. Saí num dos atacantes, que estava na marca do pênalti, mas este passou para o Valdomiro quase na pequena área, mais a frente. O Valdomiro chutou, eu saltei e defen-
di de mão trocada. O jogo estava 2 a 1”, recorda, sorrindo, Bagatini. Tite, justiça seja feita, não foi apenas algoz do Caxias. Já deu muitas alegrias ao torcedor grená, como treinador e jogador. Tite não lembra se era em 1978 ou 1979. Mas Roth e suas pesquisas confirmam: o referido jogo em que Tite fez gol no colorado ocorreu em 3 de agosto de 1980. “O Benites era o goleiro do Inter. Nós vencemos por 2 a 0. O Centenário estava lotado. Eu era um meia armador mais avançado, jogava ou com a 8, ou a 10. Meu gol foi assim: teve um cruzamento do lado esquerdo, não sei se de falta ou com a bola rolando. Me antecipei ao zagueiro e cabeceei no chão, no pé da trave. Saí vibrando na Ferradura. Não sabia se estava flutuando, ou o quê, era um momento de êxtase. Eu tinha 18 anos...”, recorda Tite, feliz como se tivesse acabado de fazer o gol. Roth recorda de pelo menos outras duas vitórias grenás diante do Internacional. “Destaco a vitória no octogonal do 1º turno do Campeonato Gaúcho em 15 de abril de 2000, ano do título grená. Mais uma vez tendo Tite como treinador. O Caxias venceu por 2 a 0, com gols de Delmer e Adão. E teve ainda, em 4 de fevereiro de 1999, na Copa SulBrasileira, mais uma vitória de 2 a 0, desta vez no Beira-Rio, com gols de Washington e Grizzo. Na época, Washington se tornava o maior artilheiro do Caxias, com 53 gols, recorde que depois veio a ser superado pelo Del-
mer”, lembra Roth. Entram e saem jogadores, como um teatro inextinguível, com um texto de improviso a cada nova geração. O cenário muda. Pode ser em dias de outono, de folhas secas espalhadas pelas calçadas ao redor dos estádios. Pode ser em noite de luar, de veranico de maio. Pode ser sob o olhar atônito de uma torcida que imagina viver um sonho ou pesadelo coletivo. Mas todos os que já vestiram as cores grená e colorada parecem reencontrar-se em cada nova batalha. E tudo vem à tona numa fração de segundos. Porque se Cristian Borja perder um gol na cara do goleiro, algum torcedor vai lembrar que Bebeto não teria perdido. Da mesma forma, no lado colorado, se Fabiano Eller furar e deixar o campo aberto para o Caxias fuzilar as redes do gol colorado, algum torcedor vai lembrar que Figueroa não teria permitido. Esse tempo de angústias e felicidades dribla os torcedores de futebol. Seja na era pré-histórica, quando o jogo tinha a cadência de uma partida entre amigos, ou mesmo era na pós-moderna, do avanço veloz dos alas em profusão. O tempo, não aquele dos 90 minutos de uma partida, mas o tempo inconsumível, revelado por Raduan Nassar, “é o maior tesouro de que um homem pode dispor”. O escritor complementa: “rico só é o homem que aprendeu, piedoso e humilde, a conviver com o tempo”. Na goleada ou na justa vitória por 1 a 0, com gol aos 47 do 2º tempo.
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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
No calor da hora
O anúncio dos resultados terá um desdobramento: a realização de amplo debate a respeito do futuro da Festa da Uva. A comissão comunitária e a direção da empresa estão cientes da necessidade de se discutir o atual modelo da festa. E essa discussão deverá acontecer no mais breve espaço de tempo possível. Para que os problemas enfrentados e também os acertos verificados não se percam.
Posto concorrido
É no mínimo estranha a posição de alguns peemedebistas diante da decisão de Germano Rigotto de disputar uma vaga no Senado. Todos dizem que apoiam o ex-governador, mas a cada dia surgem novas possibilidades. Uma delas é a reivindicação do, digamos, controverso deputado Eliseu Padilha de também concorrer a essa vaga. Além dele, agora Ibsen Pinheiro se apresenta como alternativa.
Privatização da BM
Com duas casas pagas à disposição de dois soldados, com a reforma de um carro Palio e a compra de uma motocicleta, a associação dos moradores do Colina Sorriso está garantindo policiamento no bairro. A essa quase privatização, a Brigada Militar dá o nome de Policiamento Comunitário. Na verdade, com a iniciativa, a BM corre sério risco de ter sua boa imagem arranhada. Isso porque o sistema passa a impressão de que, se há dinheiro, há segurança.
Jogado fora
A exposição de motivos do projeto que propôs a concessão do título de cidadão caxiense a Zé do Rio, assinado pela bancada petista da Câmara de Vereadores, apresenta tantos elogios, atribui tantas qualidades e méritos a ele que uma pergunta se impõe: como foi que o PT, nos oito anos de governo da Frente Popular, abriu mão de contar com os préstimos de tão peculiar personagem? No mínimo, ele poderia ter redigido discursos inflamados, uma característica do homenageado do próximo dia 15 (a data estava reservada antes mesmo da aprovação da proposta).
Vereadora Ana Corso (PT), ao afirmar que uma parcela da população não entende o trabalho da Comissão de Direitos Humanos da Câmara, de lutar pelos direitos de todos, sem distinção
perguntas para
João Paulo Reginatto
O presidente da Fundação Universidade de Caxias do Sul é categórico: quem escolhe o reitor da UCS é o Conselho Diretor
O processo eleitoral deixou clara o suficiente a prerrogativa do Conselho Diretor de escolher o reitor da Universidade de Caxias do Sul? O processo eleitoral, os editais e as informações a respeito deixaram bem claro: quem escolhe o reitor ou a reitora é o Conselho Diretor. Não há qualquer dúvida a respeito disso. Quando o processo foi para o meio acadêmico, houve uma distorção. Para algumas pessoas interessadas nisso, inclusive setores da imprensa, a consulta virou eleição. Acabaram partidarizando e ideologizando a consulta. Não era essa a intenção. A intenção era – e é – buscar o melhor reitor, qual a pessoa mais preparada para desempenhar a função. Com 1.200 professores na universidade, com todo esse universo, eu esperava ao menos cinco ou seis candidatos. Com mais inscritos, certamente não haveria o problema que se criou. Foi um erro fazer essa consulta generalizada com poucos candidatos.
Conclusiva é agora
O Conselho Diretor da Fundação Universidade de Caxias do Sul define o novo reitor da UCS em meio à mobilizações de estudantes que querem fazer valer o resultado da consulta realizada na semana passada – mesmo que eles soubessem do caráter indicativo da lista de nomes votados.
Mas o processo não foi encaminhado pelo próprio Conselho Diretor? Sim, esse é um problema. Mas foi o Conselho Diretor que o criou. Agora tem que embalá-lo e resolvê-lo. De qualquer forma, a decisão continua sendo independente. Quem toma a decisão, quem escolhe, são os integrantes do Conselho. É uma questão individual, com voto secreto. Jonas Ramos, Divulgação/O Caxiense
A apresentação do balanço da Festa da Uva 2010 ficará para depois da Páscoa. Na próxima semana, deverá haver a divulgação do resultado de uma pesquisa de satisfação realizada entre os visitantes do evento. Consta que os números são positivos. Tirando os investimentos feitos este ano no parque – da cobertura do Espaço Multicultural à construção do Salão Paroquial da festa –, a um custo de R$ 3,4 milhões, o balanço financeiro também será positivo. Público computado? Algo em torno de 850 mil pessoas
Jornada reduzida
Estar na comissão é matar um leão todos os dias
Por que o sistema de escolha não mudou? Não podia. É um procedimento estatutário. E, mesmo com as mudanças previstas nos estatutos, vai continuar sendo assim: a escolha é do Conselho, que pode ouvir a comunidade universitária a fim de reunir elementos para essa escolha, mas é quem escolhe. E o Conselho tem consciência de sua responsabilidade. O presidente do grupo é o responsável maior pela fundação. Existe uma implicação aí dentro e isso também não pode ser descartado. A reeleição do reitor Isidoro Zorzi é tida como certa. Talvez sem os votos dos dois representantes do Ministério da Educação, Roque Grazziotin e Marisa Formolo. A manifestação da vereadora Denise Pessôa, esta semana, lança uma pista a respeito do posicionamento de ambos. Diego Netto, Divulgação/O Caxiense
Balanço da festa
Depois de proferir palestra no auditório do Sindicato dos Metalúrgicos, quarta-feira, o senador Paulo Paim (PT) participou da festa de aniversário de um velho amigo, o empresário Adão Marques da Silva, dono da PHD Guindastes. Também estava presente o prefeito José Ivo Sartori. O clima reinante foi de camaradagem, apesar de a imensa maioria dos convidados ser contrária à proposta de emenda à Constituição defendida por Paim, que reduz a jornada de trabalho de 44 horas para 40 horas semanais e aumenta o adicional na hora extra de 50% para 75% do valor da hora trabalhada.
Sabor de veneno
Volta e meia a bancada do PT tenta encontrar alguma forma de desgastar o Samae ou a direção da autarquia. Desta vez, com motivos. Na sessão de quinta-feira da Câmara, conseguiu aprovar – por unanimidade – requerimento que solicita informações sobre a qualidade e a falta de água na cidade. Os petistas, com o respaldo dos demais parlamentares, querem saber a respeito de um problema recorrente: o motivo para a água ter coloração e sabor acentuado. O requerimento quer saber também a extensão da rede de abastecimento da cidade.
Impossibilitada
Nem na Festa da Uva, tampouco neste período pré-campanha eleitoral. A ministra Dilma Rousseff abandonou de vez a ideia de visitar Caxias enquanto ainda responde pela Casa Civil do Palácio do Planalto. A presença de Dilma aqui chegou a ser anunciada para este sábado. Ela visitaria obras que estão sendo feitas pela prefeitura com parte de financiamento da União (Loteamento Victorio Trez e barragem do Marrecas). O fim de semana de Dilma vai ser utilizado para os últimos ajustes ao PAC 2, antes de deixar o governo para disputar a presidência da República.
Coro de otimistas O vereador Mauro Pereira (PMDB) saiu em defesa do ex-governador Germano Rigotto, criticado pelo tom governista adotado na palestra proferida na última segunda-feira (22) na CIC. “Sei que algumas lideranças criticaram Rigotto por seu discurso otimista na CIC, mas as pessoas devem entender que ele faz parte, a convite de Lula, do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social. Vem acompanhando todo esse processo desde o tempo em que era deputado federal e presidia a comissão de reforma tributária. Conhecia todos os servidores que trabalharam no plano econômico, ainda no tempo de Itamar Franco, e depois, no período Fernando
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Henrique. E são os mesmos que trabalham até hoje. Quando Rigotto diz que a economia está bem estruturada, que é positiva, é porque conhece tudo isso e tem que ser coerente com o que está assistindo, vendo o momento atual e o futuro de uma forma otimista. Isso, na minha opinião, não é ser governista, é ser realista.” Também para Mauro, o presidente Lula foi inteligente ao manter a equipe econômica de Fernando Henrique, tida como responsável pela estabilização da economia. “Os técnicos são os mesmos, não mudou nada. Por isso dá para confiar na espinha dorsal da economia.”
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Leo Burnett Brasil
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