Edição 2

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CA M SO

ho rár édi DE U io cos qu qu RG ere e d ÊN m e 26 scum CIA 4% de prem au me nto

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

COM A

COPA NO

HORIZONTE Conheça o dossiê que Caxias usará para fazer com que o maior evento esportivo do planeta também passe por aqui em 2014

Roberto Hunoff e o tombo das exportações | Renato Henrichs e a rejeição ao passe livre | Os pontos de interrogação da Uergs | Dallas, uma família caxiense | Julinho está chegando | Zezinho está partindo

Maicon Damasceno/O Caxiense

Caxias do Sul, dezembro de 2009 | Ano I, Edição 2 | R$ 2,50

|S12 |D13 |S14 |T15 |Q16 |Q17 |S18


Índice

www.OCAXIENSE.com.br

A Semana | 3

GALERIAS DE FOTOS

Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4

Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

Exportações da metalurgia local caíram quase pela metade

Dilemas nada saudáveis | 6 A arte de atender em quatro minutos e pedir aumento

Equação difícil | 9

Uergs, a universidade sem aula, aguarda soluções

Guia de Cultura | 11

O Natal celebrado em múltiplas manifestações artísticas

Uma vista privilegiada é o que o casal de 4,5 metros de altura tem do alto do Monumento Nacional ao Imigrante. O fotógrafo Maicon Damasceno subiu à altura dos olhos do imigrantes esculpido por Antônio Caringi e registrou o que suas pupilas enxergariam se não fossem de bronze.

Artes | 14

A presença de uma ausência, a travessia da escuridão e o relevo da fotografia

E-MAILS

(Escreva para ocaxiense@ocaxiense.com.br)

Operação Copa 2014| 15

Como a cidade planeja beliscar o maior evento esportivo do planeta

Tenho certeza de que iniciativas como essa qualificam ainda mais a imprensa caxiense, que sempre agiu de forma séria, responsável e de acordo com os interesses da comunidade. Aproveito, ainda, para desejar boa sorte nessa nova fase e colocar-me inteiramente à disposição de todos os colaboradores do jornal. Vereador Mauro Pereira Caxias do Sul

Negócios em família | 18

Dallas, uma diversificada cidadela comercial à beira da estrada

Guia de Esportes | 21

Rivalidade sul-americana nas águas caxienses e mais uma final do basquete

O jornal está maravilhoso, notícias da nossa cidade em todos os setores. Muito bem pensado e organizado. Parabéns a todos que pensaram e criaram este jornal. Afinal, devemos valorizar o que é nosso. Leoni Brandalise Caxias do Sul

Estratégias grenás | 22 A vida e as ideias de Julinho, o novo treinador do Caxias

No último sábado, dia 5, as bancas da cidade receberam a concretização do sonho de um idealista, o jornalista Felipe Boff, que conseguiu agregar informação de qualidade nas 32 páginas do jornal O Caxiense. O novo periódico surge com reportagens aprofundadas – fruto de uma equipe experiente. Sucesso e boa sorte! André Paulo Costamilan Caxias do Sul

Vão-se os anéis | 24

Zezinho, o craque que ajudou o Ju em campo, agora ajudará nas finanças

Glórias do basquete | 26 Caxias comemora seu primeiro título estadual trabalhando

TWITTER

(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

Renato Henrichs | 27

@wagnerjo Comecei a ler @ocaxiense. O jornal é bem feito. Grandes reportagens. Jornal para leitores exigentes. Parabéns. Wagner J. de Oliveira às 18h26 de 5 de dezembro

Usuários aprovam a Visate, mas a metade reprova o passe livre

@vagneresp Andei lendo @ocaxiense hoje: Bons textos, grandes reportagens, enfim, jornalismo de qualidade. Vagner Espeiorin às 19h37 de 5 de dezembro

Expediente

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita. Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação e Assinaturas: Fernanda Massignani Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo Tiragem: 10 mil Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sextafeira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br . Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 |Anual: 2x de R$ 60 ou uma de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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O Caxiense

12 a 18 de dezembro de 2009

@ramontisott @ocaxiense está bem bom. Gostei especialmente do texto do Mugnol sobre o filme e da descrição do festival pela Cíntia. Parabéns. Vida longa! Ramon Tisott às 13h24 de 6 de dezembro @marciovanelli tô com @ocaxiense impresso aqui na mão! muito vanguarda a proposta gráfica. vamos cair pra dentro da leitura agora!! Márcio Vanelli às 11h33 de 7 de dezembro @guireolon Parabéns, @ocaxiense! Reportagens consistentes, escrita diferenciada, subversão! Jornalismo de qualidade, ou melhor, de verdade! Guilherme Reolon às 14h05 de 7 de dezembro @claratpozza gostei muito da diagramação e do projeto gráfico do jornal O Caxiense, e creio que o conteúdo também seja de alta qualidade. lerei agora! Clara Pozza às 12h30 de 10 de dezembro

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


emAnA A Semana

Maicon Damasceno/O Caxiense Maicon Damasceno/O Caxiense

Ônibus seguirão seguirão com com aa Visate Visate por pormais mais10 10anos; anos;prefeitura prefeiturapromete prometeasfaltar asfaltar105 105km kmno nointerior interior

Obras custarão R$R$ 1212 milhões Obrasde deinfraestrutura infraestruturanos nosPavilhões Pavilhõesda daFesta Festada daUva, Uva,apresentadas apresentadaspor porGelson GelsonPalavro, Palavro, custarão milhões

Contratação Contratação

coletivo coletivoprecisa precisaainda aindamelhorar melhorarbasbastante. Ribeiro diz que a apossibilidade tante. Ribeiro diz que possibilidade Esquadrão Esquadrãogrená grenáganha ganha do dopreço preçodas daspassagens passagensdedeônibus ônibus reforços reforços Infraestrutura urbanos Infraestrutura urbanoscair cairexiste, existe,mas masque quepara paraisso isso é épreciso revisar algumas medidas. preciso revisar algumas medidas. Festa da Uva terá novo salão da Uva terá novo salão O Caxias apresentou mais três atle- “Tem que rever gratuidades como o O Caxias apresentou mais três atle- “Tem que rever gratuidades como o paroquial paroquial ee mais mais vagas vagas tas tasna naterça-feira. terça-feira.Assinaram Assinaramcontrato contrato passe passelivre, livre,passagens passagensdos dosportadores portadores oolateral-direito A dedenecessidades lateral-direitoFabinho, Fabinho,ooatacante atacante A Comissão Comissão Comunitária Comunitáriada da necessidadesespeciais especiaise dos e dosidoidoMauro Festa Festa da da Uva Uva 2010 2010 apresentou, apresentou,na na MauroSilva Silvaeeoocentroavante centroavanteAloísio. Aloísio. sos. sos.Essas Essasgratuidades gratuidadesrepresentam representam Mauro segunda-feira, MauroSilva SilvaeeAloísio Aloísiojájátrabalharam trabalharam R$ segunda-feira, novidades novidadesna nainfrainfraR$0,30 0,30em emcada cadatarifa”, tarifa”,diz. diz.OOestudo estudo com estrutura foi estrutura para para aa edição ediçãodo dopróximo próximo comootreinador treinadorJulinho JulinhoCamargo. Camargo. foiencomendado encomendadopelo peloprefeitura prefeituradede “Trabalhei ano. ano. A A maior maior parte parte das dasobras obras––que que “Trabalheicom comele eleno noGrêmio Grêmioentre entre Caxias Caxiase erealizado realizadopelo peloPrograma Programadede 2005 custarão Apoio 2005ee2006, 2006,ganhei ganheimuitos muitostítulos, títulos, custarão R$ R$ 12 12 milhões milhões––jájáestá estáem em ApoioàsàsPrefeituras Prefeituras(PAP) (PAP)dadaFSG. FSG. foi andamento. andamento. “Deve-se “Deve-se pensar pensarque queos os foium umperíodo períodobem bemfeliz felizda damiminha investimentos Subterrâneos Subterrâneos nhacarreira”, carreira”,revela revelacom comgratidão gratidão investimentos não não são são somente somentepara para Aloísio, que tem como característica 2010, mas permanentes, trazendo Sistema 2010, mas permanentes, trazendo Aloísio, que tem como característica Sistemade deesgoto esgotoainda ainda de jogo as arrancadas de velocidade. benefícios para as festas seguintes e benefícios para as festas seguintes e de jogo as arrancadas de velocidade. sofre efeitos do mau tempo sofre efeitos do mau tempo Na também também para para eventos eventos que queserão serãoreareaNaquinta, quinta,foi foiapresentado apresentadooolaterallaterallizados OOsistema esquerdoItaqui, Itaqui,revelado reveladono noGrêmio Grêmio lizados aqui”, aqui”, informa informa Carlos CarlosBúrigo, Búrigo, esquerdo sistemadedeesgotos esgotosdedeCaxias Caxias e que chegou já falando em título: “É diretor de Captação de Recursos. do Sul também sofreu diretor de Captação de Recursos. e que chegou já falando em título: “É do Sul também sofreucom coma achuva chuva uma Algumas constante umaoportunidade oportunidademuito muitoboa boapara para Algumas das das melhorias melhoriasna nainfrainfraconstantee eo otemporal temporalcom comventos ventosdede minha carreira. O pensamento é ser estrutura, conforme o presidente da até 120 km/h da semana passada. De minha carreira. O pensamento é ser estrutura, conforme o presidente da até 120 km/h da semana passada. De campeão, ser vencedor”. Na sextaComissão, Gelson Palavro, são saídas acordo com o secretário municipal Comissão, Gelson Palavro, são saídas campeão, ser vencedor”. Na sextaacordo com o secretário municipal para o ar quente no Pavilhão 2; pavifeira, foram apresentados mais três de Obras e Serviços Públicos, Celso para o ar quente no Pavilhão 2; pavifeira, foram apresentados mais três de Obras e Serviços Públicos, Celso mentação de mais 8 mil metros; mais reforços: o zagueiro Caçapa, o meia Empinotti, chuva muito forte em reforços: o zagueiro Caçapa, o meia mentação de mais 8 mil metros; mais Empinotti, chuva muito forte em vagas nos estacionamentos; remodeMarcelo Costa e o atacante Everton. curto período de tempo causa grande Marcelo Costa e o atacante Everton. vagas nos estacionamentos; remodecurto período de tempo causa grande lação dos portões de acesso e consestrago nos subterrâneos. “Em pratilação dos portões de acesso e consestrago nos subterrâneos. “Em pratitrução de um salão paroquial com camente toda a cidade houve entupitrução de um salão paroquial com camente toda a cidade houve entupicapacidade para 450 pessoas. Para mentos de bocas-de-lobo e tubulações QUARTA ||99de dezembro capacidade para 450 pessoas. Para mentos de bocas-de-lobo e tubulações Gelson Palavro, as obras ajudam, mas sujas por lixo”, explica o secretário. QUARTA de dezembro Gelson Palavro, as obras ajudam, mas sujas por lixo”, explica o secretário. seria necessário um investimento Pesquisa A prefeitura está fazendo a manutenPesquisa seria necessário um investimento A prefeitura está fazendo a manutenmaior, de tempo e dinheiro, para se ção desses locais, mas o mais grave, Usuários aprovam serviço maior, de tempo e dinheiro, para se ção desses locais, mas o mais grave, chegar a um resultado melhor. “Não segundo Empinotti, foi o rompimento Usuários aprovam serviço de transporte coletivo chegar a um resultado melhor. “Não segundo Empinotti, foi o rompimento dá para mexer em tudo, mas a vontada galeria da Rua Alfredo Chaves, ao de transporte coletivo dá para mexer em tudo, mas a vontada galeria da Rua Alfredo Chaves, ao de seria essa”, idealiza o presidente. O Caxiense antecipou na quartalado do Parque dos Macaquinhos. de seria essa”, idealiza o presidente. O Caxiense antecipou na quartalado do Parque dos Macaquinhos. feira o resultado da pesquisa que feira o resultado da pesquisa que revela que 77% dos usuários da Visate revela que 77% dosprestado usuáriospela da Visate aprovam o serviço emTERÇA | 8 de dezembro aprovam o serviço prestado pela em- QUINTA | 10 de dezembro presa. Foram ouvidas 2.432 pessoas, TERÇA | 8 de dezembro QUINTA | 10 de dezembro presa. Foram ouvidas 2.432 pessoas, Tecnologia Dívida em 38 linhas diferentes do perímetro Tecnologia Dívida em 38 linhas diferentes donovembro perímetro urbano, entre os dias 16 de Táxis terão GPS em Saldo negativo do Juventude entre os Adias 16 de novembro eurbano, 5 de dezembro. pesquisa também Táxis terão GPS em Saldo negativo do Juventude Caxias do Sul é de R$ 9,4 milhões e 5 de dezembro. mostra que o nívelAdepesquisa aceitaçãotambém do Caxias do Sul é de R$ 9,4 milhões mostra que o nível de Municipal aceitação do Cerca de 200 táxis vinculados à cotrabalho da Secretaria de A direção do Juventude divulgou Cerca de 200 táxis vinculados à cotrabalho da Secretaria Municipal de dotime Juventude operativa Rádio Táxi terão navegador Trânsito, Transporte e Mobilidade é queAa direção dívida do é de R$divulgou 9,4 operativa Rádio Táxi terão navegador Trânsito, Transporte e Mobilidade é que a dívida do time é deo R$ 9,4 GPS em Caxias do Sul. A partir de ja- de 70%. Os dias de passe livre tiveram milhões. No ano passado Ju teve GPS em Caxias do Sul. A partir de jade 70%. Os dias de passe livre tiveram milhões. No ano passado o Ju teve neiro de 2010, a novidade do Sistema apenas 48% de aceitação e o preço das receita de R$ 13,53 milhões e despesa neiro de 2010, a novidade do Sistema apenas 48% de aceitação e o preço das receita de R$ 13,53 milhões e despesa de Posicionamento Global será imtarifas teve 59% dos usuários satisfeide R$ 16,28 milhões. Em 2009, até de Posicionamento Global será im-dos tos. tarifas teve 59% Municipal dos usuários de R$ 16,28 milhões. Em 2009, até plantada para otimizar o trabalho O secretário de satisfeiTrânsi- outubro, praticamente gastou o dobro plantada para otimizar o trabalho dos tos. O secretário Municipal de Trânsioutubro, praticamente gastou o dobro motoristas. Com localização precisa to, Transportes e Mobilidade, Vini(R$ 12,71 milhões) do que arrecadou motoristas. Com localização precisa to, Transportes e Mobilidade, Vini(R$ 12,71 milhões) do que arrecadou de roteiros, os passageiros também cius Ribeiro, reconhece que mesmo (R$ 6,06 milhões). Para este ano, a de roteiros, passageiros também cius aRibeiro, mesmo (R$ 6,06demilhões). Para este ano, ganharão emossegurança e agilidade. com grande reconhece aceitação oque transporte previsão receita contempla aindaa ganharão em segurança e agilidade. com a grande aceitação o transporte previsão de receita contempla ainda

SEGUNDA SEGUNDA || 77 de de dezembro dezembro

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

R$R$ 4,05 milhões dada venda dede joga4,05 milhões venda jogadores. Com isso, o presidente Sérgio dores. Com isso, o presidente Sérgio Florian prevê que o resultado negatiFlorian prevê que o resultado negativovo aoao final dodo período seja dede pouco final período seja pouco mais dede R$R$ 6 milhões. OO Juventude mais 6 milhões. Juventude ainda iráirá receber dada incorporadoainda receber incorporadorara paulista Abyara, que comprou a a paulista Abyara, que comprou antiga sede campestre nono final dede antiga sede campestre final 2007, R$R$ 14,37 milhões divididos emem 2007, 14,37 milhões divididos 2020 parcelas. OO valor total dada venparcelas. valor total venda,da, nana gestão dede Iguatemy Ferreira gestão Iguatemy Ferreira Filho, foifoi dede R$R$ 52,62 milhões. Filho, 52,62 milhões.

Transporte Transporte

Contrato Contratocom coma aVisate Visateé é prorrogado prorrogadopor por1010anos anos AA Câmara dede Vereadores aproCâmara Vereadores aprovou a prorrogação do contrato com vou a prorrogação do contrato com a Visate por mais 10 anos. Apenas a Visate por mais 10 anos. Apenas quatro vereadores foram contrários quatro vereadores foram contrários ao projeto: Daniel Guerra (PSDB), ao projeto: Daniel Guerra (PSDB), Assis Melo (PCdoB), Denise Pessôa Assis Melo (PCdoB), Denise Pessôa (PT) e Renato de Oliveira (PCdoB). (PT) e Renato de Oliveira (PCdoB). Segundo Melo, discutir pela prorSegundo Melo, discutir pela prorrogação foi uma simplificação do rogação foi uma simplificação do debate: “Não está sendo colocada debate: “Não está sendo colocada aqui a qualidade no transporte. Será aqui a qualidade no transporte. Será que o trabalhador que espera um que o trabalhador que espera um ônibus lotado por uma hora acha que ônibus lotado por uma hora acha que isso é qualidade de transporte?”. isso é qualidade de transporte?”.

SEXTA | 11 de dezembro SEXTA | 11 de dezembro Interior Interior

Estrada até Criúva será Estrada até Criúva será asfaltada asfaltada

O trecho de 22 quilômetros que liga O trecho quilômetros que liga a Rota do Sol,de na22 altura de Vila Seca, Rota dode Sol, na altura de Vila Seca, aoadistrito Criúva será asfaltado. ao distrito de Criúva será A obra faz parte da segundaasfaltado. etapa obra faz parte da segunda do etapa doAPrograma de Asfaltamento do Programa de Asfaltamento do Interior (PAI) que asfaltará 105 quiInterior (PAI) que asfaltará 105 quilômetros em Caxias do Sul. Também lômetros em Caxias do Sul. Também será asfaltada nesta etapa a estrada será asfaltada nesta etapa a estrada que liga Vila Seca até São Marcos. que liga Vila Seca até São Marcos. Outros trechos priorizados serão nos Outrossem trechos priorizados serãoaonos distritos acesso pavimentado distritos sem acesso pavimentado ao perímetro urbano da cidade. As obras perímetro urbano da cidade. As obras custarão perto de R$ 60 milhões. custarão perto de R$ 60 milhões.

12 a 18 de dezembro de 2009 O Caxiense 12 a 18 de dezembro de 2009 O Caxiense

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Roberto Hunoff

roberto.hunoff@ocaxiense.com.br | www.ocaxiense.com.br/roberto-hunoff

Exportações em declínio

Julio Soares, Divulgação/O Caxiense

A apresentação do sócio-diretor da Kienbaum – Kesenberg & Partners, José Antônio de Freitas, nesta semana, na reunião-almoço da CIC Caxias do Sul, foi um alerta para as empresas que querem crescer e conquistar mercados. Pesquisa realizada por sua empresa junto a 18 organizações da Região Sul, com faturamento entre R$ 100 milhões e R$ 1,3 bilhão, envolvendo 1,2 mil executivos, constatou que 50% deles não estão aptos a serem promovidos nos próximos cinco anos e menos de 15% têm preparo para promoção vertical imediata. Sua advertência: as empresas querem e precisam crescer, mas não existem pessoas capazes de serem líderes e executarem as estratégias de expansão.

Faruramento acumulado (por mercado - em %)

Fora do Estado

Crescimento ameaçado O especialista em administração e marketing, gestão estratégica de pessoas e governança de empresas familiares afirmou que de 4% a 12% do quadro de funcionários deve ser formado por líderes capazes de definir e executar as estratégias. Observou, no entanto, que para crescer 12% ao ano as empresas necessitam elevar de 18% a 20% o número de líderes. Sem fazer isto, alertou, as organizações crescem, mas perdem muito em rentabilidade. “Este é um grande gargalo que precisa ser resolvido para gerar valor aos acionistas e perpetuar o crescimento das companhias.”

Consumo de aço em alta O vice-presidente da Marcopolo e presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul, José Antônio Fernandes Martins, estima que o Estado elevará em mais de 30% o consumo de aço no ano que vem. A projeção é alcançar algo próximo a 1,45 milhão de toneladas, acima, inclusive, das 1,38 milhão de 2008, considerado ano mágico para a economia brasileira. Do consumo total gaúcho as indústrias de Caxias do Sul absorvem mais de 50%.

Sem espaço para aumentos O incremento no consumo do aço pode levar ao aumento nos preços, como ocorreu em anos passados. Martins não acredita nesta possibilidade. Tudo porque China e Ucrânia, grandes produtores do insumo, têm capacidade instalada acima do que seus mercados devem consumir. Exemplificou com os dados chineses: a capacidade de produção é de 716 milhões de toneladas/ano; a produção é de 557 milhões e o consumo de 480 milhões. Ou seja, sobrará aço para exportar. Além disso, o insumo chinês pode chegar ao Brasil com preço até 25% abaixo do praticado por usinas locais, que elevaram seus valores de 6% a 14%, dependendo do tipo do aço, em setembro e outubro. “Não há clima, nem espaço para novos aumentos”, resumiu o empresário.

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O Caxiense

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Mesmo apresentando desempenho negativo, o mercado doméstico amenizou as dificuldades deste ano do setor. As vendas para fora do Estado cederam apenas 6% e para empresas gaúchas pouco mais de 7,5%. O faturamento total do setor foi de R$ 11,8 bilhões contra R$ 13,3 bilhões do ano anterior. Para 2010 a expectativa é de recuperação de 10%, retornando aos patamares de 2008, melhor ano da história do setor. Com isso também devem ser recuperadas as vagas ainda em aberto. O saldo do ano será negativo em 3.722 empregos, ou seja, o segundo semestre recuperou apenas metade das vagas fechadas nos primeiros seis meses do ano. O estoque de empregos formais é de 46,2 mil.

Responsáveis em 2007 por 18% do faturamento da indústria metalúrgica de Caxias, as exportações terão participação de apenas 10% neste ano. Em 2008 a representatividade havia sido de 15%. A retração nas vendas externas, em quase 40%, teve influência decisiva no desempenho negativo de 11% da indústria metalúrgica em 2009. A atividade vendeu pouco mais de R$ 1,2 bilhão para o exterior. Deste total mais de 80% foram produtos da indústria automotiva. Na avaliação do diretor corporativo e de relações com investidores da Randon, uma das maiores exportadoras da cidade, os mercados externos devem retomar suas compras em 2010. Mas nada que justifique euforia.

Dentro do Estado

Ajuste fiscal

Fonte: SIMECS

20,07

18,26

18,11

15,24

60,45

62,82

61,36

63,03

19,48

18,92 2006

20,53 2007

21,73 2008

10,53 66,82

Exportações 2005

22,65 2009

Curtas Associados da CDL Caxias têm a oportunidade de conhecer as perspectivas para o crédito no comércio no próximo ano. A partir das 20h de terça-feira, 15, no auditório da CIC Caxias, o tema será exposto por Roque Pelizzaro Júnior, presidente da Confederação Nacional, e Vitor Koch, da Estadual. O evento também servirá para apresentação de pesquisa sobre as projeções do comércio caxiense para o Natal. Com capacidade para receber até 1,1 mil pessoas, a antiga casa noturna Beats voltou a funcionar agora sob a denominação de Pepsi Club. O espaço abrirá às quintas-feiras e sábados. Das conhecidas instalações pouco sobrou. A fachada do prédio, total-

mente colorida e envidraçada, já dá uma mostra do que foi a mudança. A arquiteta Adriane Cesa assumiu a presidência da Associação Sala de Arquitetos de Caxias do Sul em substituição a Andreia Biazus Rossatto. Na solenidade foi homenageado José Luiz Pinheiro Machado com o Prêmio Sala de Arquitetos, que chega à 4a. edição. A nova diretoria do CIC de Bento Gonçalves realizou nesta semana sua primeira reunião de trabalho. O presidente Henrique Tecchio tem, entre suas prioridades, valorizar o quadro social. Pretende intensificar ações para que os benefícios aos associados sejam diretos, imediatos e claros.

A Lupatech confirmou adesão ao Programa de Parcelamento de Débitos da Procuradoria Geral da Fazenda Nacional e Secretaria da Receita Federal, o já famoso Refis. São débitos relacionados ao Imposto de Renda, Cofins, PIS, CSLL e INSS, num total de R$ 9,1 milhões, valor a ser quitado em 120 parcelas. Com a adesão o resultado do quarto trimestre do ano terá impacto positivo de aproximadamente R$ 3,4 milhões.

Novo banco a caminho

A diretoria da Randon aguarda para este mês autorização do Banco Central para iniciar as operações de seu banco. A partir desta comunicação a expectativa é de funcionamento em meados no primeiro semestre de 2010. O objetivo da instituição, que terá capital inicial de R$ 25 milhões, é o de atuar no mercado financeiro nacional e desenvolver produtos e serviços que levem ao incremento dos negócios da companhia. A iniciativa surgiu a partir da percepção de tendência pela instalação de instituições financeiras de nichos de mercado. A Marcopolo foi pioneiro na cidade nesta linha com o Banco Moneo, em funcionamento desde 2005.

Renovação visual

A Volare, unidade da Marcopolo voltada à montagem de micro-ônibus, investiu na renovação de sua identidade visual, apresentada nesta sextafeira. Esta é a primeira reestilização e modernização da logomarca em 11 anos de existência da unidade. O diretor-geral Nelson Gehrke destaca que outro motivo decisivo na mudança é o perfil jovem e versátil do consumidor dos produtos Volare.

CIC Jovem O odontólogo Fabrício Ruzzarin assumiu o comando da CIC Jovem de Caxias do Sul em substituição a Guilherme Fedrizzi. Com ele, tomaram posse Maicol Reis, como vice-presidente de Projetos, e Gustavo Perini, como vice-presidente Administrativo.

Mais dois anos A posse festiva do empresário Milton Corlatti para o seu segundo mandato como presidente da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) Caxias do Sul ocorre na segundafeira, dia 14, durante a última reunião-almoço da entidade no ano. A CIC manterá para o biênio 2010/2011 os vices Carlos Hei-

nen, para a Indústria; Nelson Sbabo, para o Comércio; e Fúlvia Stedile Angeli Gazola, para os Serviços. Oficialmente a diretoria toma posse no dia 4 de janeiro de 2010. Na segunda-feira serão conhecidos os empresários que farão parte das diretorias departamentais e apresentado o Relatório de Gestão 2008-2009.

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .

Julio Soares, Divulgação/O Caxiense

Carência de líderes


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O Caxiense

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Questão de emergência

“O NEGÓCIO É ENGANAR” A fila que se forma na UBS do Desvio Rizzo legitima o que a Secretaria não reconhece: o atendimento por cotas de pacientes

A declaração acima é de um médico que despacha cada paciente em no máximo quatro minutos. O sindicato pede aumento de 264,83% para ele

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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br assam nove minutos do meio-dia de uma quarta-feira. Na Unidade Básica de Saúde (UBS) Cinquentenário, uma mulher abre a porta de um dos consultórios do postinho e grita: “Sirlei!”. Depois vai embora. Sirlei, que estava sentada em um banco de madeira em frente à porta, se levanta e entra na sala. É a sua vez de consultar o médico. Mas a conversa dela não dura mais do que quatro minutos. Do lado de fora é possível ouvir quando o médico carimba um documento e diz “pronto”. Sirlei então se levanta, vai até a porta sozinha e repete o gesto da mulher que foi atendida antes dela: anuncia o nome da próxima paciente e vai embora. A cena vai se repetindo a cada quatro minutos – às vezes menos, mas nunca mais do que isso. É sempre igual: uma pessoa sai da sala, chama a seguinte e vai embora. No banco de

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madeira em frente ninguém conversa. Apenas ficam atentos à porta, pois a qualquer momento podem ter seu nome anunciado. A cena causa estranheza a quem se depara com ela pela primeira vez. Mas não impressiona os pacientes. Eles já estão acostumados. A repórter pergunta: “Dá tempo para conversar sobre o quê nesses quatro minutos?”. “Nada”, diz um deles, enquanto os outros repetem a mesma resposta ou acenam positivamente com a cabeça. O último paciente deixa o consultório às 11h44min. Exatamente um minuto depois, o médico finalmente se levanta, apaga a luz e vai embora, sem sequer olhar para o banco onde já há outras pessoas aguardando atendimento do médico que ocupará aquela mesma sala depois. O montador de móveis Vanderlei Silva, 43 anos, um dos pacientes que passaram pela sala desse profissional que resolve tudo em quatro minutos, diz que não gosta de reclamar dos

médicos, porque não entende de medicina. Mas confessa que esse contato relâmpago não lhe agrada. “Eu monto móveis e meu trabalho começa sempre na conversa. Não é só chegar e montar. Eu penso que médico deve fazer o mesmo.” O médico é Higino Marçal Pessôa, um cirurgião geral que atua na UBS como clínico geral. Ele tem uma cota diária de 16 pacientes para atender – de vez em quando o número varia. Mas o tempo que ele leva para cumprir a tarefa é quase sempre o mesmo: cerca de uma hora. São três horas a menos do que a Secretaria Municipal da Saúde (SMS) afirma que o profissional deveria ficar na unidade. Procurado pela reportagem, Pessôa não demonstra nenhum constrangimento. Pelo contrário. “Para o tipo de atendimento que faço, não são necessários mais do que quatro minutos”, explica. Ele ainda reclama do tipo de trabalho que é obrigado a fazer na UBS. “Primeiro, eu não sou clínico.

Segundo, costumo dizer que sou o Doutor Ao. Eu encaminho as pessoas ao ortopedista, ao ginecologista, ao oftalmologista... Minha função é essa. Quando não tenho apenas que receitar algum medicamento. E ninguém precisa de muito tempo para fazer isso.” Para o médico, o tempo da consulta não tem relação nenhuma com a qualidade de atendimento. “Chega um sujeito com dor de garganta, eu mando ele abrir a boca e identifico o problema. Aí você sugere que eu faça o quê? Peça pra ele ficar mais sete minutos sentado na minha frente porque tem alguém do lado de fora cronometrando o tempo que eu levo para atendêlo?” Na última semana, o Sindicato dos Médicos de Caxias do Sul (Sindimed) retomou as negociações com a prefeitura para aumentar o salário dos profissionais que trabalham na rede pública municipal. O presidente do sindicato, Marlonei Silveira dos Santos, se reuniu com o prefeito José Ivo

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anos, já aprendeu: se quiser ser atendi- cadeira liberar para poder descansar da precisa chegar bem cedo. Na última enquanto aguardava sua vez de ser quarta-feira, ela era a primeira da fila. atendido. O movimento só iria acalTinha chegado no postinho do Alvo- mar no final da manhã. Mas naquele rada às 4h15min para garantir que horário não adiantaria mais procurar conseguiria uma vaga para a sogra de a UBS. “Se quiser ser atendido tem 85 anos, que tem trombose e dificulda- que chegar cedo. Sexta-feira passada des para ficar de pé aguardando a UBS precisei de dentista, vim para a fila às abrir. “Ela é idosa e esses pacientes po- 6h e consegui. Hoje precisava de um dem marcar a consulta antes. Mas a clínico, cheguei às 6h30min e também marcação acontece em um único dia, consegui”, conta a dona-de-casa Izete quando são preenchidas as vagas para Consorte, 37 anos. toda a semana. E como é bastante genIzete nem sabe como é a unidade te, nem sempre se consegue. Por isso, básica depois das 10h30min, porque para garantir a vaga mesmo, tem que sempre foi ao local antes desse horávir cedo e ficar na fila”, explica. rio e nunca foi atendida depois. Aliás, Rosimari repete a rotina uma vez pouca gente sabe. Dos pacientes que por semana, pois para cada procedi- estavam perto da dona-de-casa na mento é necessário ir para a fila e pe- quarta-feira, nenhum soube dizer se gar uma ficha. A situação estava tão o movimento era pequeno ou grande cansativa para a costureira que ela to- no final da manhã. “Acho que depois mou uma atitude. “Condições de pa- das 10h não adianta vir porque não vai gar plano particular para minha sogra mais ter vaga para nenhum médico. eu não tenho. Então, comprei um Fus- Acho que nem vai ter mais médico por ca. Assim, consigo dormir um pouco aqui”, arriscou Daiana de Oliveira, 24 mais quando preciso vir ao posto e anos, que trabalha com marketing e facilito meu deslocamento quando te- divulgação. nho que ir atrás de outras coisas.” Isso só acontece porque grande parQuem não teve a felicidade de poder te dos médicos atende os pacientes da comprar um Fusca resiste à rotina a cota e vai embora, deixando os pacienpé mesmo, como o segurança Rogé- tes que sobraram para o dia seguinte. rio Moraes, 42 anos. Ele diz que faz A situação está tão arraigada que mesrapidinho o trajeto da mo desgostando do casa dele até a UBS, em tipo de atendimento 15 minutos. Mas não se “A prefeitura que recebem as pesconforma com a espera continua soas acabam se conà qual é obrigado a se fingindo formando. sujeitar. “Eu trabalho Na UBS Cinquenque nos 10 horas por dia de pé tenário, onde a repore quando preciso vir ao paga e nós tagem cronometrou médico tenho que ficar continuamos o tempo de atendimais duas ou três horas fingindo que mento de um dos na mesma situação, senclínicos, a vigilante trabalhamos”, do que às vezes, depois Daniela de Oliveide tudo isso, nem consi- diz Santos ra, 30 anos, reclama go consulta”, conta. por perder a manhã E não consegue mescada vez que precimo. Não apenas no Alvorada. Na uni- sa de qualquer tipo de atendimento dade básica do bairro Desvio Rizzo, às médico. Lá, as consultas devem ser 8h30min de quarta-feira a recepção marcadas de manhã cedo, como nos estava lotada. Tão lotada que tinha outros postos, mas o primeiro médico gente do lado de fora esperando uma só chega no posto depois das 10h. “Em

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Sartori (PMDB) para pedir aumento atendem a uma cota de pacientes e deà categoria, e o tempo de atendimento pois vão embora, independentemente nas UBSs voltou à tona. Santos defen- do tempo que levaram para cumprir de que para cumprirem o horário os essa tarefa. médicos do SUS, que têm piso atual Essa cota é calculada dividindo a de R$ 2.055,70 por quatro horas de quantidade de horas que eles deveriam trabalho, devem receber R$ 7,5 mil, ficar na unidade por 15 minutos, que um acréscimo de 264,83%. Aplicando seria o tempo médio de atendimento esse mesmo índice nas para cada paciente. Asoutras faixas, médicos sim, médicos com conde seis horas ganha- “Sou o Dr. Ao. tratos de quatro horas riam cerca de 12,5 mil. Encaminho as atendem a 16 pessoas O sindicalista acredi- pessoas ao e aqueles que possuem ta na negociação para acordos de seis horas evitar novas paralisa- ortopedista, atendem a 24. ções, como a ocorrida ao ginecologista, A secretária munina metade do ano, e ao oftalmologista. cipal da Saúde, Maria afirma que, ganhando Minha função do Rosário Antoniabem, os médicos cumzzi, diz que não recoprirão o horário nas é essa”, diz nhece legalmente esse o Dr. Pessôa unidades básicas. cálculo. Mas em todas Santos não quis dar as unidades básicas de entrevista sobre os saúde – que são geproblemas de descumprimento de ho- renciadas pela Secretaria comandada rário e as reclamações dos usuários. por ela – há cartazes avisando sobre Mas ao falar sobre o aumento de sa- as cotas. Os funcionários dos postos lário solicitado, declarou: “Se nos pa- agendam as consultas conforme essas garem o que estamos pedindo, cum- cotas. E os pacientes já aprenderam priremos o horário. Do contrário, a que se não chegarem cedo no posto de prefeitura continua fingindo que nos saúde não conseguirão fazer sua conpaga e nós continuamos fingindo que sulta, pois o número de atendimentos trabalhamos”. não pode ultrapassar o limite estabeSantos não é servidor público. Mas lecido. ao defender a categoria se coloca como É por isso que quem busca atendium deles. E encontra respaldo nos co- mento de saúde pública precisa chelegas de profissão. O médico Higino gar cedo na unidade, antes mesmo Marçal Pessôa concorda com a decla- dela abrir suas portas. Quem passar ração do sindicalista e emenda: “O ne- cedinho por uma delas vai ver filas se gócio é enganar. Nesses consultórios formando, às vezes antes do dia amado SUS tem um bobo de um lado e um nhecer. E a situação é tão comum – e bobo do outro”, diz, referindo-se ao necessária – que em frente à UBS do médico e ao paciente. Alvorada cartazes pendurados na cerca externa dividem os pacientes Isso que Pessôa classifica em duas filas: uma para clínico geral como enganação é o que revolta os pa- e outra para ginecologista. Um outro cientes que buscam atendimento nos cartaz, ao lado da porta, também avisa postos de saúde do SUS. A maior parte que serão distribuídas no máximo 14 das reclamações dessas pessoas surge fichas para cada especialidade, uma justamente porque muitos médicos, maneira de prevenir o 15º da fila sobre em vez de ficarem quatro ou seis horas a possibilidade de ele ter saído de casa na UBS, como prevê o contrato que à toa. eles assinaram com o poder público, A costureira Rosimari Deitos, 37

Na UBS do Alvorada, a fila de espera se forma antes do alvorecer. Mas só vai até o 14° paciente de cada especialidade médica. Ao 15°, resta voltar para casa e tentar outro dia

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nhecendo seus pacientes, com todas as cos minutinhos.” suas peculiaridades e problemas. O posicionamento de Silícia é um No PSF, que funciona em 16 das 41 contraponto nessa rede na qual quaunidades, o médico tem uma carga de se todos os envolvidos acham que o oito horas por dia – cumpridas dentro sistema é ruim e não acreditam em da UBS ou em atividades externas – e mudança. O médico Higino Pessôa recebe um salário de R$ 5.250. A se- se formou há 36 anos, sempre trabacretária Maria do Rosário não acredi- lhou no SUS e garante que a situação ta que o programa resolva o problema. só piora. Ele diz que não abandonou Mas a médica clínica Silícia Ane Tres, a saúde pública ainda porque gosta do que atende na UBS Esplanada, garante que faz, embora não goste da maneira que onde há PSF os horários são cum- como é obrigado a executar suas tarepridos. “É um trabalho de equipe e fas. “Eu tenho 62 anos, já trabalhei em muito envolvente, que não acontece só hospitais, plantões, na universidade, e dentro do consultório. Não tem como tenho meu consultório. Já vi de tudo. estabelecer uma cota e ir embora. O Quando você chegar na minha idade médico é obrigado a fazer as oito horas vai entender que não tem o que fazer. e, às vezes, até mais.” Essa tua reportagem também não vai Os enfermeiros e técnicos da UBS dar em nada, porque o sistema é asratificam a declaração sim. A saúde pública da médica e garantem nesse país é uma engaque os profissionais “Essa tua nação.” dessa unidade cumSilícia se formou no reportagem prem o horário, incluano passado e acha que sive aqueles que pos- também não talvez por isso tenha suem outras atividades vai dar em mais esperança do que fora do posto de saúde. nada, porque o muitos de seus coleSilícia, por exemplo, gas mais experientes. sistema é assim. tem outros dois emA médica defende que pregos – no Postão e É uma a remuneração podeem uma clínica priva- enganação”, diz ria ser maior, que o da. Mesmo assim, não o Dr. Pessôa profissional de saúde abre mão de atender deveria ser mais valoriatentamente seus pazado. Mas acredita que, cientes. “Não acredito em qualidade apesar do sistema, é possível prestar num atendimento muito rápido, por- atendimento de qualidade. “Eu gosque isso não resolve os problemas das to do que eu faço, e gosto quando os pessoas. Às vezes, elas não precisam pacientes saem do meu consultório só de exames e remédios, mas também satisfeitos. O dia em que eu não gostar de apoio psicológico ou simplemente mais disso, vou deixar meu lugar para de atenção. E isso não se faz em pou- outro.” Maicon Damasceno/O Caxiense

qualquer empresa, se você não cum- de proletarização. “Eles não se deram pre horário, é demitido. Mas aqui não. conta ainda de que os médicos de hoje Só que não adianta achar ruim. Isso é não ganham mais tanto quanto gaassim mesmo. Eu morei no bairro Fá- nhavam antigamente”. tima e lá era a mesma coisa: cada vez Maria do Rosário também acredique precisava ir no postinho, passava a ta que essa mesma evolução de penmanhã na função.” samento deve acontecer com os paA secretária municientes, que precisam cipal da Saúde, Maria deixar de colocar os do Rosário Antonia- “Eles não se médicos em uma conzzi, concorda com as deram conta dição superior e passar queixas dos pacientes. ainda de que a exigir mais qualidade Mas, assim como eles, no atendimento que reos médicos também apresenta um cebem. “As pessoas não certo conformismo. de hoje não podem mais endeusar Ela é categórica ao ganham mais os médicos. Têm que afirmar que o médico tanto quanto cobrar qualidade deles. presta concurso púSe começar a acontecer antigamente”, blico e, portanto, tem uma pressão coletiva, obrigação de cumprir diz secretária vai ficar mais fácil muo horário. Mas não tem dar.” a mesma firmeza no Apesar de todas esmomento de exigir disciplina desses sas convicções e posições firmes, Maprofissionais. ria do Rosário não sabe como resolver Para Maria do Rosário, o problema o impasse que se coloca entre médicos, não é apenas salarial. É também cultu- pacientes e poder público. “Acredito ral e próprio da profissão. Ela entende que isso só vai mudar a longo prazo. que demitir os médicos, como ocor- No momento, não tenho uma solução reria na iniciativa privada, não resol- para apresentar.” veria o problema. “Eu demitiria esses profissionais e contrataria outros que Uma das soluções, no entanto, fariam o mesmo. Enquanto não mu- pode ser encontrada dentro da própria dar a cultura dessas pessoas, não va- rede pública, no Programa de Saúde mos conseguir mudar o sistema.” da Família (PSF). Nele, o médico não A secretária afirma que irá negociar centraliza o atendimento, que é divio salário dos médicos, embora adiante dido com enfermeiros, técnicos de enque os R$ 7,5 mil propostos pelo sin- fermagem, dentistas e agentes comudicato são impraticáveis. Para ela, os nitários de saúde. Eles trabalham em médicos ainda não perceberam que equipes, visitando famílias, escolas e a profissão deles, assim como várias centros comunitários, dando orientaoutras, está sofrendo o que classifica ções e palestras e, principalmente, co-

Rosimari e os demais pacientes ficam sujeitos à limitação das fichas de consulta, exposta em cartaz na entrada da Unidade Básica de Saúde

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Problemas de Aprendizagem

UMA UNIVERSIDADE SEM

RESPOSTAS

Uma sala de aula improvisada, um professor, um vestibular por vir e nenhuma definição sobre o futuro. É a situação da Uergs local

A

por Cíntia Hecher cintia.hecher@ocaxiense.com.br

sacos plásticos. Levemente acanhado, comentou: “se soubesse que iam bater fotos eu teria dado uma arrumaboa notícia é a realização de um novo da aqui”. Mas a bagunça do local tem processo seletivo para a Universidade motivos. Foi provocada pelo acúmulo Estadual do Rio Grande do Sul (Uergs) de equipamentos vindos de outro la– depois de cinco anos sem concurso boratório da Uergs, o de química. Este no polo de Caxias do Sul –, ainda que fica no primeiro andar, praticamente somente para um dos cursos ofereci- num porão. No início do ano, uma das dos, o de Tecnologia em Agropecuária janelas foi arrombada e parte do mate- Agroindústria. A má é que não exis- rial foi levada, mas nada de grande vate definição quanto a infraestrutura e lor. O que sobrou foi transferido para professores. o laboratório de física até segunda orA questão é histórica: em 2005, a dem, por razões de segurança. Uergs estabeleceu um prazo – a lonVoltando à secretaria, onde há uns gínqua segunda quinzena de janeiro poucos armários e plantas que quede 2006 – para resolver o problema bram o visual sisudo de repartição da falta de uma sede definitiva. As pública, uma porta à esquerda revela atividades universitáa existência de uma rias já eram realizadas biblioteca. Ela consisem salas do Instituto Reforma das te de cinco estantes de Educacional Cristóvão futuras ferro com livros rede Mendoza, no bairquisitados pela biblioinstalações ro Cinquentenário, em grafia das disciplinas. caráter temporário. deveria ter Uma ampla janela iluUma das hipóteses le- iniciada em mina bem a sala e suas vantadas foi a transfe- março de 2008 mesas, sendo que em rência das aulas para uma delas encontrame ter sido Bento Gonçalves, o se dois computadores que gerou protesto dos entregue três destinados para pesalunos. A carência de meses depois quisa. À direita, em local adequado foi faoutra porta, uma placa tor decisivo para não indica a Sala dos Prohaver vestibular naquele ano, nem nos fessores. É um ambiente minúsculo e anos seguintes. estreito, com outros dois computadoSurpresa para a própria secretária res e uma mesa de reuniões. Na pada Uergs na cidade, Lúbia da Silva rede, há um lembrete de que aquele é Machado, o recente anúncio do vesti- somente um pouso passageiro: duas bular (marcado para 24 de janeiro de folhas de um material de divulgação 2010) não veio acompanhado de outra informam sobre futuras instalações novidade. “Pelo que se sabe, as aulas definitivas da instituição. continuarão aqui mesmo no CristóA secretária Lúbia não sabe de onde vão”, explica Lúbia. O segundo andar vieram os papéis. Neles, consta que do colégio abriga uma sala de aula e tudo deveria funcionar no antigo prédois laboratórios destinados à Uergs. dio da Escola Estadual Olga Maria Kayser, no bairro de mesmo sobreEm uma quarta-feira ensolara- nome. Lá, a obra de restauração teria da de novembro, o funcionário Denir início em março de 2008 e, 90 dias Alexandre Machado levou as chaves depois, entregaria três salas de aulas das salas, com seus pesados chaveiros estruturadas, com capacidade para 40 de madeira, para passear. Abriu pri- alunos cada. Dessa forma, a Uergs pomeiro o laboratório de informática, deria oferecer ensino em três turnos. muito bem iluminado, com 12 computadores. Em seguida, a única sala de Como nada disso aconteceu, aula foi mostrada, com duas grandes os estudantes protestaram. Fizeram janelas que proporcionam a visão da abaixo-assinados e manifestações. copa de uma árvore que ladeia o pré- Mais do que isso, organizaram um dio. As classes estavam bem organiza- grupo e, segundo um dos alunos, todas, olhando para frente, mas não ha- maram a iniciativa de procurar um via nenhum material além do quadro local para a universidade. O ex-prebranco e de uma tela para projeção. sidente da Associação de Moradores Machado então apontou para o labo- do Bairro (Amob) Kayser Agenor Roratório de física, abarrotado de peque- drigues afirma que quem indicou o nas balanças, microscópio, cadeiras, antigo prédio da escola foi o próprio alguns computadores empilhados e governo do Estado, por intermédio da caixas, além de ementas de disciplinas Secretaria Estadual de Educação e da e folhas de chamada depositadas em Uergs. “O governo cedeu o local tem-

Entulhos ocupam peça do antigo colégio do Kayser que deveria sediar a instituição

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radora, que até cogita, futuramente, fazer algum curso na instituição. Mas os Monteiro não querem sair de lá sem nada. Consideram-se vítimas de descaso e merecedores de alguma compensação por terem tomado conta do lugar. “Queria que olhassem para nós com carinho”, suspira a mulher. Neste semestre, nenhum estudante teve aula na Uergs. A única turma em atividade é de professores: 40 docentes da universidade em outras cidades participam de um curso de formação em Caxias até janeiro. Aliás, alunos da universidade sobraram poucos. Quatro deles, de Tecnologia em Agroindústria, estão fazendo o estágio final do curso. Os seis remanescentes de Engenharia de Bioprocessos e Biotecnologia, que realizou somente dois vestibulares até hoje e não tem previsão de um terceiro, passaram a ter aula na unidade de Bento Gonçalves. Em Caxias, só existe um professor lotado: Cleber Rabelo da Roza. Mestre em Agronomia pela Unesp e doutor em Ciências de Alimentos pela Unicamp, ele divide sua atuação como professor do polo de São Francisco de Paula e de graduações na área de saúde da Unisinos. Roza assumiu a coordenação da unidade em novembro, depois que a

só conseguiu 23 alunos. Em 2004 foi a vez do curso de Tecnologia em Agropecuária - Sistemas de Produção, com 40 vagas, 31 delas ocupadas. As formaturas, sempre de gabinete, começaram a ocorrer em 2007. A última foi em abril deste ano. Ezequiel Henrique Nicoletti é um dos poucos alunos formados pela universidade em Caxias. Entrou em 2004 para o curso de Tecnologia em Agropecuária e conclui-o em 2008. Sua formatura foi de gabinete, em uma turma de... somente ele! “Um ano antes, mais uns sete alunos se formaram”, relembra. Segundo Nicoletti, os computadores do laboratório de informática estão defasados, são os mesmos desde que ele entrou na Uergs. “De uns dez, deve funcionar só um”, afirma. O exaluno também se queixa de ter utilizado menos do que gostaria os laboratórios de física e química. O formando Anderson Santini Streit tem melhores lembranças de seus dias de aula. Também aluno de Tecnologia em Agropecuária, está só aguardando a data de apresentação do estágio. “Penso que até o final do ano estarei formado.” Mas nada de festa. Ele e mais um colega farão a colação de grau em gabinete. Da turma original, 31 alunos foram Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

porariamente para o município, que, chegar encontraram um ambiente sem destinação, o cedeu à Amob”, ex- imundo e depredado, que funcionava plica. como ponto de prostituição e de venda Independentemente da paternidade de drogas. À ocupação, segundo eles, da ideia, o fato é que ela foi aceita por seguiram-se muitas provações, como todos. Então, prefeitura e diretoria da arrombamentos e furtos. Que contiUergs firmaram um convênio para nuam até hoje. O último teria sido no instalar a instituição no início de novembro: prédio. O Município conladrões entraram cordou em repassar ao Prefeitura em uma das salas e Estado R$ 120 mil para repassou levaram sapatos da financiar o projeto de R$ 120 mil ao família. transferência. Ainda hoje Os prédios, na Estado para o dinheiro se encontra época que os Monparado nos cofres esta- adequar a teiro se mudaram, duais. também eram ocufutura sede. Entretanto, de acordo Até hoje o pados para atividacom Clarissa Costa, ardes físicas – aulas de dinheiro não quiteta do setor de Proginástica para terjetos Especiais do gover- foi aplicado ceira idade e lutas, no, o projeto da sede da como karatê –, além Uergs está pronto desde do projeto Vincu2007. Passou pela Secretaria Estadual lação, que oferecia atendimento pside Obras Públicas e posteriormente cológico a alunos da rede municipal foi encaminhado à Central de Lici- de ensino e a seus familiares. Com a tações (Celic) para aprovação, que só extinção do Vinculação, a prefeitura chegou em dezembro de 2008. Com cortou a luz do local. Foi quando a a demora na avaliação, o orçamento família começou a se revoltar. Depois da obra ficou defasado e teve de ser de reclamar às autoridades, inclusive devolvido à Secretaria de Obras para ao vice-prefeito, Alceu Barbosa Velho atualização. Agora, segundo Claris- (PDT), o problema foi resolvido – a sa, o setor de Projetos Especiais está conta de luz agora está no nome de cobrando agilidade na adequação José Eron. Mesmo tendo consciência do projeto de reforma da escola Olga de que era uma moradia temporária,

Cleber da Roza é o único professor

Maria Kayser. A expectativa dela é de que nos primeiros meses de 2010 nova licitação seja encaminhada. “Caxias é prioridade”, diz a arquiteta. Enquanto isso, a futura sede da universidade continua servindo de moradia. Há 11 anos o antigo prédio do colégio é o endereço da família Monteiro. São cinco pessoas – José Eron, a esposa (que não quer seu nome publicado no jornal), as duas filhas e a neta –, protegidas pela poodle Catuxa, que, de lacinhos vermelhos no pelo branco, recebe os visitantes com latidos enfurecidos. A família afirma estar lá a convite do então presidente da Amob do Kayser, Agenor Rodrigues. Segundo ele, o prédio precisava de alguém para cuidá-lo, então a família Monteiro foi encaminhada para lá. “Era uma família que precisava de um lugar para viver. O acordo foi que eles cuidariam de lá, sem pagar aluguel. Esse valor economizado seria investido, então, em uma poupança ou material de construção, pois eles possuíam terreno no bairro Mariani. Assim, eles nos ajudavam e nós os ajudávamos”, explica. Os Monteiro contam que ao

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No Cristóvão, Uergs tem laboratórios de física e química

os Monteiro realizaram alguns investimentos. Alegam ter feito por conta a reposição do portão de entrada furtado, por exemplo. No total, a família calcula já ter gasto R$ 5 mil no prédio. Aliás, são dois prédios. O menor foi reformado e, recentemente, passou a abrigar a filha mais velha e a neta do casal Monteiro. O maior possui seis aposentos. De três deles, no primeiro andar, os moradores não possuem a chave. Uma das salas é reservada à Amob do bairro, mas não é utilizada. “Eles aparecem no máximo uma vez por ano”, relata a mulher de José Eron. Outra está vazia. E outra sedia o Clube de Mães Risoleta Neves, nas tardes de terça-feira. No final do corredor, ainda no primeiro andar, fica a casa propriamente dita, com sala, cozinha e dois quartos. No térreo, hoje usado como um porão, o que já foi a cozinha da escola é uma peça cheia de entulhos. Os moradores contam que uma comitiva da prefeitura e outra da Uergs estiveram por lá para avaliar o local à época da definição do prédio como sede da universidade. Depois disso, ninguém mais apareceu. “Não somos nós a impedir, queremos que a universidade venha pra cá”, comenta a mo-

Prédio no Kayser está ocupado pela família de José Eron

titular do cargo renunciou. O profes- aprovados, mas “cinco ou seis desissor acredita que a universidade pas- tiram já no primeiro semestre, pois o sará por mudanças e que logo haverá curso foi mais puxado que o imaginaconcursos para professores. Ele apos- do”, relata Streit. ta que no segundo semestre de 2010, A aluna Viviane Mussoi, que foi coquando as aulas da nova turma inicia- lega de Nicoletti e Streit e está em fase rem, a realidade será diferente. final de relatório de estágio, diz que Em meados de novembro, as espe- por conta da movimentação estudanranças de Roza eram depositadas na til necessária (como reivindicar vereleição da nova diretobas para a Uergs) teve ria regional, que para de relegar um pouco o ele demonstrariam o Família que estudo. “O aluno está “caráter democrático e mora no local dentro de uma instipluralista” da instituituição para estudar, ção. No entanto, o que onde deveria não para ir atrás de ocorreu foi radicalmen- estar funcionando outras pendências”, te o contrário. A vitória a universidade reclama. Esse tipo de de Eliane Kolchinski, diz já ter preocupação, reforça atual diretora do polo Viviane, tira o foco do de Encantado, continua investido aprendizado. sendo contestada pelas R$ 5 mil Mais preocupante, duas chapas derrotadas. no prédio porém, é o próprio futuro da Uergs. O certo Até aqui, o históé que nenhuma admirico da Uergs em Caxias do Sul é de nistração quer correr o risco de ser a maior oferta do que procura. O pri- responsável pelo fechamento da única meiro vestibular foi em 2002, para o instituição de ensino superior de carácurso de Engenharia de Bioproces- ter público e, portanto, gratuito da cisos e Biotecnologia. Foram 25 vagas dade. Em meio a dúvidas se o vestibuofertadas e 22 preenchidas. No ano lar trará mais soluções ou problemas, seguinte, o processo seletivo para o fica a expectativa. A resposta virá em mesmo curso ofereceu 32 vagas, mas meados do próximo ano.

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Guia de Cultura

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Vanessa Bohn, Divulgação/O Caxiense

Um festival para múltiplas habilidades e outro para quem tiver coragem de subir ao palco

A banda Vera Loca, que mistura influências do rock gaúcho, faz show sábado no Vagão Bar. A abertura fica por conta da Tia Chica

MÚSICA l Só Si Kisé | Pagode. Sábado, 22h | Festa Preview Summer apresenta grupo com repertório de sucessos do pagode brasileiro. Expresso Pub Café R$ 12 | Garibaldi, 984, Centro | 30254474 | 150 pessoas l DJ Iziquiel Carraro | Música eletrônica. Sábado, 22h30 | Festa com músicas para dançar tocadas pelo DJ da casa. La Boom Snooker Entrada franca (feminino) e R$ 6 (masculino) | Feijó Junior, 1.023, sala 02, São Pelegrino | 3221-6364 | 1.200 pessoas l Electric Blues Explosion | Blues. Sábado, 22h30 | Banda caxiense com covers que misturam blues com rock & roll. Mississippi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br l Grupo Libertá | Sábado, 22h30 | Grupo com repertório variado, que traz desde música gaúcha e sertaneja até MPB, passando pela axé music. Libertá Danceteria R$ 10 (feminino) e R$ 15 masculino | 13 de maio, 1684, Cristo Redentor | 3222.2002 | 700 pessoas l Gustavo Reis | MPB e reggae. Sábado, 22h30 | O músico faz acústico com sucessos da MPB e do reggae. São Patrício Bar Entrada franca | Tronca esquina com Marechal Floriano, Centro | 30285227 | 50 pessoas l Bete Balanço | Pop rock. Sábado, 23h |

A banda toca seu repertório recheado de sons nacionais, como Barão Vermelho e Tim Maia. Em seguida, o DJ residente Eddy continua a festa. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RSC-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas l DJ Guilherme | Música eletrônica. Sábado, 23h | O DJ anima a festa Quase Tudo Por R$ 1,99, com a presença de go-go boys. Studio54Mix R$ 10 | Visconde de Pelotas, 87, Centro | 9104-3160 | www.studio54mix.com l SambAí | Pagode. Sábado, 23h | O quinteto catarinense mostra suas músicas próprias e covers dos melhores grupos de pagode do Brasil. Depois, a festa continua com o som DJ Anderson. As 100 primeiras pessoas que chegarem na festa garantem um CD promocional do grupo como brinde. Europa Lounge Garden R$ 20 (ingressos limitados) | Feijó Júnior, 1.062, Via Decoratta | 3536-2914 ou 9922-0297 | 400 pessoas l The Rovers | Rock. Sábado, 23h | Banda de Porto Alegre traz show cover de Led Zeppelin. Roxx Rock Bar R$ 10 com nome na lista ou R$ 12 | Júlio de Castilhos, 1343, Centro | 30213597 | 400 pessoas l Vera Loca | Rock gaúcho. Sábado, 23h | A banda Tia Chica faz a abertura do show. A Vera Loca traz seu som próprio, com o sucesso Borracho y Loco, que mistura influências das bandas que agitaram o cenário roqueiro gaúcho. Vagão Bar R$ 15 com nome na lista até meia-noite e R$ 18 sem nome na lista ou após

meia-noite | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.natrilhadovagao.blogspot.com | 350 pessoas l DJs Léo Z e Elias Cappellaro | Música eletrônica. Sábado, meia-noite | Na primeira noite aberta ao público em geral da nova casa de shows da cidade, os dois DJs residentes farão a discotecagem, com imagens doVJ residente Gustavo Zanotto. Pepsi Club R$ 20 (feminino) e R$ 35 (masculino) | Vereador Mário Pezzi, 1450, Exposição | 3419-0900 | 1.100 pessoas l Beijo Vulgar | Rock. Domingo, 21h | Banda caxiense mostra seu trabalho autoral e covers de clássicos do rock. Roxx Rock Bar R$ 6 com nome na lista ou R$ 8 | Júlio de Castilhos, 1343, Centro | 30213597 | 400 pessoas l Mouai e Garage Incorporated | Rock. Domingo, 20h | A primeira banda faz show com composições próprias e covers de bandas como Papa Roach. A segunda faz um tributo ao Metallica. Expresso Pub Café R$ 7 | Garibaldi, 984, Centro | 30254474 | 150 pessoas l Roberto e Maikol | MPB e pop rock. Domingo, 20h | A dupla apresenta sucessos da MPB e do rock nacional em show que integra o 19º Encanto de Natal. Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech l Swing Natural | Pagode. Domingo, 20h | O grupo traz sucessos dos grandes nomes do pagode para a roda de samba. Depois, a festa continua com o DJ Anderson. Europa Lounge Garden R$ 10, com nome na lista R$ 5 (femi-

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nino) e R$ 20, com nome na lista R$ 15 (masculino) | Feijó Júnior, 1.062, Via Decoratta | 3536-2914 ou 9922-0297 | 400 pessoas l Alexon Mendes | Pop Rock. Segunda, dia 14, 19h | Show acústico com o melhor do pop rock. Expresso Pub Café Entrada franca | Garibaldi, 984, Centro | 3025-4474 | 150 pessoas l Contramão | Segunda, dia 14, 21h | Festival que é realizado uma vez por mês e que tem como característica o palco livre, à espera de músicos com instrumentos nas mãos. Vagão Bar Entrada franca | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www. natrilhadovagao.blogspot.com | 350 pessoas l Ária Trio | Instrumental. Terça, dia 15, 20h30 | Trio caxiense, formado pelos professores da escola de música Teclas e Cordas Esmeralda Frizzo no piano, Ricardo Biga na harmônica e Valdir Verona na viola de 10 cordas e no violão, lança o CD AD Libitum. A apresentação traz vários estilos musicais, como MPB, blues, tango e música regional, entre outros. Teatro Municipal Pedro Parenti da Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima R$ 10 antecipado e R$ 20 na hora | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697 l No Balanço | Pagode. Quarta, dia 16, 22h | Grupo faz show com sucessos do pagode. Depois, a festa continua com o DJ Maychael Moraes. Expresso Pub Café R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Garibaldi, 984, Centro | 3025-4474 | 150 pessoas

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l Só Batidão | Sertanejo. Quarta, dia 16, 22h30 | A banda traz seu show com o melhor do sertanejo universitário. Depois, a festa é por conta dos DJs Gilson Stuani e Nazo DB. Portal Bowling – Martcenter R$ 10, com flyer R$ 5 (feminino) e R$ 20, com flyer R$ 10 (masculino) | RST453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas l A4 | Pop rock. Quinta, dia 17, 23h | Músicas próprias e pop rock nacional e internacional fazem parte do repertório dessa banda. Depois do show, a festa é por conta do DJ residente Eddy. Portal Bowling – Martcenter R$ 5 (feminino) e R$ 10 (masculino) | RSC-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas l Bob Shut | Indie rock. Quinta, dia 17, 20h | O show será por conta do lançamento do calendário artístico 2010, criado pelos artistas plásticos Giovana Mazzochi e Marcos Clasen. A dupla realizou 14 obras com pitadas de humor e interferências fotográficas, clicadas por Douglas Trancoso, vocalista e baixista da banda. Leeds Pub Entrada franca | Os 18 do Forte, 314, Lourdes | 3238-6068 | www.leeds.com. br | 150 pessoas l H5N1 | Pop rock. Sexta, dia 18, 23h | A banda caxiense tem um set repleto de músicas do pop rock nacional e internacional, como Foo Fighters e Detonautas. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RSC-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas l Projeto CCOMA | Sexta, dia 18, 21h30 | A dupla caxiense lança novo CD, intitulado Incoming Jazz, que mistura ritmos como música tribal, tambores, música eletrônica, elektrobossa e future jazz. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

DANÇA l Academia Energia | Sábado, 21h | Apresentação de dança que faz parte da programação da IV Magia de Natal no Vale Iluminado, em Galópolis. Praça Matriz de Galópolis Entrada franca | Galópolis | 3901-1465 l Outro Lugar | Domingo, 20h | A Escola Preparatória de Dança (EPD) apresenta espetáculo de dança contemporânea com coreografia do professor Evandro Pedroni e de alguns alunos. Teatro Municipal Pedro Parenti da Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima Entrada franca, mediante retirada de

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ingresso na secretaria da Escola Preparatória de Dança | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697

FESTIVAL l 1° Festival das Artes | Domingo, das 10h às 21h | Organizada pela Cooperativa de Artistas da Serra Gaúcha (Cooparte), esta é a primeira edição do festival, que traz atividades em diversos âmbitos das artes. A abertura do evento será realizada pelo músico Eugênio Coletti, que canta acompanhado de violino e violoncelo, às 10h. A partir das 10h30, as atividades literárias ficam sob o comando de Alice Brandão, João Batista da Silva, Luci Barbijan, Marilene Caon Pieruccini, Raimundo Bertulezza e Regina de Queiróz Gazzola. Por R$ 20, eles comercializam livros de forma inusitada, intitulada Descubra Sua Sorte e Seu Amor e Ganhe Um Livro à Sua Escolha: junto com o livro, os escritores fazem previsões por meio do I Ching, do Tarô e do Tacho das Vaidades. A segunda sessão de literatura começa às 14h30. Às 11h, apresentação de teatro de bonecos e sombras Pinocchio, com Clara Valduga. Às 11h30, apresentação de dança de Luiza Laste. Às 11h45, Festival de Curtas com os filmes Ilha das Janelas Fechadas, de Le Daros, Colônia 2020, animação de Jorge Valmini, e Garoto Minuano – Estagiário, de Marcos Malacarne. Às 14h as atividades reiniciam com show nativista de Osmar Ferreira. Às 15h, show pop rock de Ricardo Dini e Oitavos. Às 15h30, exibição do curta Júlio 24 Horas, de Jorge Valmini. Às 15h40, apresentação de estátua viva com Elisa Rosa Mendes. Voz e violão de Janice Comper será apresentada às 16h30, seguida pela peça de teatro Jorval Conta..., de Jorge Valmini. Cardo Peixoto se apresenta às 18h com MPB e às 18h30 tem a segunda sessão do Festival de Curtas. Às 18h40 tem nova apresentação de estátua viva, seguida pela música de César Casara e Y Tangos. O encerramento contará com a apresentação de MPB de Le Daros. Salão de Artes do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho R$ 3 | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3218-6192

NATAL l Banda Marcial Cristóvão de Mendoza | Sábado, 20h30 | Alunos da Escola Estadual Cristóvão de Mendoza fazem apresentação alusiva ao Natal com sua banda marcial. Praça Dante Alighieri Entrada Franca l Coro da UCS | Quinta, dia 17, 20h | O coro da Universidade de Caxias do Sul homenageia o poeta argentino Ariel Ramirez com a apresentação Na-

vidad Nuestra. Com arranjo de Gabriel Segade, o espetáculo apresenta seis canções, criadas em 1964 com a colaboração do poeta Félix Luna: La Annunciación, La Peregrinación, El Nacimiento, Los Pastores, Los Reyes Magos e La Huida. Igreja São Leonardo Murialdo Entrada Franca | Dr. Montaury, 710, Centro

20h | Com a participação do cantor Edgar Pozzer e seguida pela Caminhada Luminosa Noturna, que começa às 21h e tem saída do Morro da Cruz, as atividades fazem parte da programação do IV Magia de Natal no Vale Iluminado, em Galópolis. Igreja Matriz Entrada franca | Galópolis | 3901-1465

l Anchieta | Musical. Sexta, dia 18, 21h | Show de canto e dança do Colégio Anchieta, de Porto Alegre. O espetáculo faz parte da programação do 16° Natal Esperança, promovido pela Subprefeitura de Santa Lúcia do Piaí e pelo Clube de Mães Sorriso. Salão Paroquial de Santa Lúcia do Piaí Entrada franca | Avenida Antonio Frizzo, s/n | 3266-1234 | www.santaluciadopiai.com.br

l Coro Municipal de Caxias do Sul | Sexta, dia 18, 21h | O coro com músicas natalinas é a apresentação da noite, precedida pela novena com o grupo Amigos de Jesus, às 20h. Os eventos fazem parte da programação do IV Magia de Natal no Vale Iluminado, em Galópolis. Igreja Matriz Entrada franca | Galópolis | 3901-1465

l Encenação do Nascimento de Jesus | Sábado, 21h | O nascimento de Jesus será encenado por atores da comunidade de Santa Lúcia do Piaí, com participação especial do tenor Dirceu Pastori, da soprano Sandra Fisch e do tecladista Paulo Johann. Depois, terá a chegada do Papai Noel e um show de fogos de artifício iluminando o céu do distrito. O evento faz parte da programação do 16° Natal Esperança, promovido pela Subprefeitura de Santa Lúcia do Piaí e pelo Clube de Mães Sorriso. Em caso de chuva, o evento será no Salão Paroquial. Praça central do distrito de Santa Lúcia do Piaí Entrada franca | www.santaluciadopiai.com.br l Encenação do Presépio Vivo | Sábado, 21h | Comunidade verá apresentação referente ao 19º Encanto de Natal. Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech l Chegada do Papai Noel | Domingo, 21h | Atração faz parte da programação do IV Magia de Natal no Vale Iluminado, em Galópolis. Praça Matriz Entrada franca | Galópolis | 3901-1465 l Carreata de Natal | Segunda, dia 13, 21h | Promovida pela Câmara de Dirigentes Lojistas, a carreata faz parte da programação do IV Magia de Natal no Vale Iluminado, em Galópolis. Praça Matriz Entrada franca | Galópolis | 3901-1465 l Escola Companhia Raio de Sol | Terça, dia 15, 20h30 | A escola infantil realiza sua apresentação de final de ano, seguida pela caravana da Coca-Cola com o Papai Noel, às 21h15. As atrações fazem parte da programação do IV Magia de Natal no Vale Iluminado, em Galópolis. Igreja Matriz Entrada franca | Galópolis | 3901-1465 Novena de Natal | Quinta, dia 17,

CINEMA l 2012 | Ficção. De sábado a quinta, 15h, 18h20 e 21h20 | O filme traz mais uma versão do fim do mundo, desta vez marcada pelas previsões maias de que no ano de 2012 o mundo acabará, tomado pelas catástrofes. Censura 12 anos, 161 minutos, legendado. Pepsi GNC 2 - Shopping Iguatemi Caxias Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos, sêniors com mais de 60 anos e membros do Clube do Assinante RBS). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional) Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 9,50 (membros do Clube do Assinante RBS), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780 - Distrito Industrial | 3209-5910 l 2012 | Ficção. De sábado a quinta, 14h45, 18h05 e 21h05 | Censura 12 anos, 161 minutos, dublado. Pepsi GNC 6 - Shopping Iguatemi Caxias l A princesa e o sapo | Animação. De sábado a quinta, 13h30, 15h30, 17h30, 19h30 e 21h40 | Jovem que deseja abrir seu próprio restaurante a todo custo se depara com um sapo que diz ser príncipe. Ao beijá-lo, após promessa de ajudá-la financeiramente, o príncipe não retoma sua forma humana. Pelo contrário: a jovem é que vira sapo. Censura livre, 97 minutos, dublado. Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias l Atividade Paranormal | Terror. De sábado a quinta, 14h10, 16h10, 18h10, 20h10 e 22h10 | O filme conta a história de um casal de jovens que, ao se mudar para uma nova casa, passa por experiências paranormais inexplicáveis. Censura 14 anos, 86 minutos, legendado. Pepsi GNC 3 - Shopping Iguatemi Caxias

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


l Copacabana | Drama. Quinta, dia 17, 15h | Exibição faz parte do projeto Matinê às 3. Dirigido por Carla Camuratti, filme retrata senhor que, com a proximidade de seu aniversário de 90 anos, relembra os acontecimentos mais marcantes de sua vida, todos relacionados ao bairro carioca. Censura 14 anos, 90 min. Sala de Cinema Ulysses Geremia Entrada franca. A participação pode ser confirmada por agendamento de sua entidade, retirando ingresso no local ou por reserva de ingresso, pelo telefone 3901.1312, com Tatiéli | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares l Jogos Mortais VI | Terror. De sábado a quinta, 20h15 | Sexto filme da série que aterroriza brincando com a vida de pessoas. Desta vez, o detetive Hoffmann é o único sobrevivente do maníaco Jigsaw e acaba tendo que dar início a um novo jogo. Censura 18 anos, 100 min., legendado. UCS Cinema l Lua Nova | Aventura. De sábado a quinta, 16h40, 19h20 e 21h50 | Nova aventura da saga Crepúsculo, do vampiro adolescente Edward (Robert Pattinson), desta vez com uma entrada para o mundo de seus inimigos ancestrais: os lobisomens. A jovem Bella (Kristen Stewart) se apaixona por um deles, Jacob (Taylor Lautner). Censura 12 anos, 130 minutos, legendado. Pepsi GNC 4 - Shopping Iguatemi Caxias l Lua Nova| Aventura. De sábado a quinta, 13h50, 16h20, 19h00 e 21h30 | Censura 12 anos, 130 min., dublado. Pepsi GNC 5 - Shopping Iguatemi Caxias l Planeta 51 | Animação. De sábado a quinta, 14h30 | Um astronauta americano percebe que sua descoberta, o Planeta 51, é habitado por pequenos seres verdes. Censura livre, 91 min., dublado. Pepsi GNC 4 - Shopping Iguatemi Caxias l Se nada mais der certo | Drama. De sábado à quinta, 20h | Jornalista com problemas financeiros junta-se a uma mãe solteira em depressão, a um taxista que julga precisar de ajuda psiquiátrica e a uma mulher que se veste como homem. Juntos, eles decidem aplicar um golpe. Filme nacional dirigido por José Edu-

cardo Belmonte. Censura 16 anos, 120 min. Sala de Cinema Ulysses Geremia R$ 5 (público geral) e R$ 2 (estudantes e idosos) | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares

Paulo Araújo, Divulgação/O Caxiense

l Código de conduta | Ação. De sábado a quinta, 18h15 | Homem que presencia a esposa e a filha serem mortas perde a fé no sistema judiciário ao ver o assassino ser condenado a apenas cinco anos de prisão. Anos depois, ele começa a se vingar do sistema, e um dos escolhidos é o promotor do caso. Censura 16 anos, 103 minutos, legendado. UCS Cinema R$ 10 e R$ 5 (para estudante e sênior) | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | Galeria Universitária

l Tá chovendo hambúrguer | Animação. De sábado a quinta, 16h30 | Para acabar com a fome mundial, cientista cria um clima relacionado à comida, com neve de purê de batatas e tempestade de hambúrgeres. Porém, um problema de proporções globais não estava em seus planos. Censura livre, 88 min., dublado. No domingo, dia 13, haverá sessão especial às 9h30, com entrada franca, por conta do Vestibular de Verão da Universidade de Caxias do Sul. UCS Cinema

TEATRO l Oficina de Ator | Quarta, dia 16, quinta, dia 17, e sexta, dia 18, das 10h às 12h30 e das 14h às 16h | Oficina de direção e atuação. Ao final, os alunos apresentarão espetáculo teatral. Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Inscrições gratuitas e limitadas | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

EXPOSIÇÕES l Sobre Cartas e Mundos | Até 20 de dezembro, das 9h às 12h (segunda a sexta) e das 15h às 21h (sábado e domingo) | Exposição da artista Miriam Gomes, coordenada pela Unidade de Artes Visuais. Salão de Exposições do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 l 3xNeusa - Retorno ao primitivo, Joinbike, Printemp | Até 23 de dezembro, das 9h às 12h (segunda a sexta) e das 15h às 21h (sábado e domingo) | Fotografias de Paulo Araújo que acompanham vários períodos da vida da atriz Neusa Thomasi. Saguão de Exposições do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312,

SARAU Panazzolo | 3901-1316 l Temporada de Sarau – Desconstruções Humanas | Sábado, 20h30 | O sarau será realizado com o tema A Arquitetura da Felicidade, com o microfone aberto para manifestações culturais. Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316

Em exposição, a vida da atriz Neusa Thomasi pelas lentes de Paulo Araújo

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Artes artes@ocaxiense.com.br

SEM TÍTULO | Saura Maschio Apenas após uma atenta observação a artista plástica Saura Maschio captura a realidade com fotografia. A revelação da foto não encerra o processo. A imagem ainda é aplicada sobre uma textura acrílica em papel. O resultado, quase monocromático, lembra o negativo de uma foto em alto-relevo.

Bepin A

por Marilene Caon Pieruccini

Foi o acendedor de lampiões quem avisou. Acamado, pediu ao neto Bepin. - Vá à casa do compadre Pacheco prestar minhas homenagens. - Mas, nono... - Não tem mas, nem meio mas. Vai. É só prestar atenção nos outros e fazer o que eles fazem. Ainda de madrugada, Bepin vestido de domingo, partiu em direção à casa do Coronel. A mata escura amedrontava. Não entendia por que o nono o mandara, quando sabia o quanto não gostava de atravessar a mata desde que ouvira a história da Nineta. Lembrava só o que ela contou, quando foi encontrada, toda suja, as roupas manchadas de sangue, depois de sete horas de buscas. - Ao menos se tivesse lua... A sombra escura das árvores faziao imaginar que estava atravessando uma região de almas perdidas. O vento do medo machucava as entranhas.

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Resolveu conversar com seu cavalo. A voz não saiu. Distante uns trezentos passos, percebeu alguma coisa se movimentando, escondendo-se aqui e ali. Parecia ser muito grande. O cavalo, sentindo a reação do cavaleiro, estacou e bufou forte. - E agora, meu Deus do céu? Voltar, não posso. Seguir, estou com medo. Valei-me, Nossa Senhora! Fechou os olhos. Tirou o terço do bolso da calça e começou a rezar. Encurvado pelo pavor, o corpo vazio de água, desfiava as contas. Ao invés das avemarias comuns, balbuciava: coragem, razão... E isso até que o amarelo do lampião indicou que chegara à casa do Coronel. Parou. Respirou fundo. Acalmou as pernas que tremiam incontroláveis. Só então apeou do cavalo. Entrou na casa. Impressionou-se ao ver toda aquela gente com calças imensas e botas esporeadas. Quando o homem a sua direita lhe passou uma cuia de chimarrão, o conselho do avô veio à cabeça atrapalhada. Levantou-se, andou até o caixão e, com a bomba, aspergiu o morto.

por DHYNARTE DE BORBA E ALBUQUERQUE

me dei conta

da carência

quando rocei o braço no abraço do travesseiro e senti tua ausência presente

quente.

súbita.

a noite passada passou túrgida. a ilusão do presente desmanchou ante a frequência das desistências.

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Maicon Damasceno/O Caxiense

Mais do que futebol

2014

Transformação do Aeroporto Regional em Aeroporto Internacional Sob Demanda, para receber delegações e turistas de outros países, é menos complicada do que aparenta

UM DESEMBARQUE

BEM-VINDO EM

Uma ou mais delegações, milhares de turistas, investimentos e divulgação. É para receber tudo isso, na Copa do Mundo do Brasil, que Caxias do Sul já se mobiliza

E

por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br xiste uma cidade que dorme e acorda ligada no que Hong Kong tem pra dizer ao mundo. Uma outra ainda debruça-se a dobrar tortéis e enrolar agnolinis. O tempo que move essa gente que passa dias e noites desenvolvendo a tecnologia que fabrica até um motor a propulsão de hidrogênio é o mesmo tempo, mas em outra velocidade, que põe um alfaiate a cortar o pano e costurar ternos sob medida. Depois da chegada do trem, há quase 100 anos, a cidade nunca mais foi a mesma, e ao mesmo tempo, nunca lutou tanto para manter-se tão igual. Santa dicotomia que diversifica esse povo. E talvez por essa distância entre dois mundos na mesma cidade Caxias acabe por receber uma delegação internacional de futebol na ainda distante Copa do Brasil 2014. Impossível não lembrar do ranço de uns e outros acusando a cidade de querer ser mais do que ela pode ser. E o velho ranço reapareceu quando a cidade fez coro para tentar participar da Copa 2014. Como coadjuvante, é claro, já que Porto Alegre é uma das 12 cidades que vão sediar jogos da Copa. Mas Caxias luta para trazer pelo menos uma delegação para descansar e treinar aqui na cidade. Tem intelectual metido a poeta que já apimentou debate informal dizendo que esse ranço, na verdade, é inveja. E sendo ranço ou inveja disfarçada, esse sentimento é o que move a cidade. Afinal, como bem destaca a Carta de Intenções Caxias do Sul 2014, documento organizado especialmente para seduzir delegações internacionais a fixar base na cidade – ao qual O Ca-

xiense teve acesso com exclusividade –, Caxias é o segundo polo metal-mecânico do Brasil e o maior produtor de hortifrutigranjeiros do Rio Grande do Sul. Pelos cadastros da Secretaria Municipal da Fazenda, Caxias tem registrados mais de 30 mil estabelecimentos econômicos para um universo de 412.053 habitantes. Ou seja, existe uma empresa para cada 13 moradores. Esse empreendedorismo é responsável por mais de 150 mil empregos formais, dos quais 50% concentrados nas indústrias de transformação e na construção civil. Reunindo tudo isso, o PIB da cidade é de R$ 8,4 bilhões, equivalente a 5,83% do PIB estadual. Esse trunfo econômico leva outra característica essencial de Caxias, e que por muitas vezes vira pano de fundo das grandes decisões: a gastronomia. Caxias oferece mais de 130 estabelecimentos gastronômicos, com capacidade para 11,5 mil pessoas. Julinho Camargo, treinador de futebol recém chegado a Caxias, por exemplo, elogia a santíssima trindade da Serra: galeto, massa e pizza. E isso só reforça o que já virou um dito popular de quem prova das especiarias da Serra. No entanto, a decisão de Caxias lançar-se na disputa para receber uma delegação internacional não foi à mesa. Foi até protocolar. Felipe Gremelmaier (PMDB), secretário municipal de Esporte e Lazer, levou a ideia ao prefeito José Ivo Sartori (PMDB) assim que soube que o Brasil receberia o maior evento esportivo do planeta. Timidamente, chegou pelas beiradas, sem muito estrondo. Conversou com o chefe de gabinete, Edson Néspolo. Como o assunto mereceu maior des-

taque, logo a seguir entraram na discussão os demais homens do núcleo de aço da gestão de Sartori: Antonio Feldmann (secretário da Cultura) e Carlos Antonio Búrigo (secretário de Gestão e Finanças). Feldmann, Búrigo e Néspolo são os homens mais importantes e estratégicos do governo Sartori. Ao entrar pela porta da frente e sentar diante deles, Gremelmaier, mesmo antes de perceber a importância política do assunto, teve sua ideia encampada. Gremelmaier não é ingênuo, mas de todos desse grupo é o que tem uma relação mais sentimental com o futebol. “Uma vez eu lembro de estar sentado na mesa, ainda criança, almoçando com minha família, e dizer que ainda iria a uma Copa do Mundo. Só não sabia que a Copa do Mundo poderia vir até mim”, brinca, trazendo ao presente aquele antigo sonho de garoto. Gremelmaier não esconde de ninguém sua paixão pelo Caxias. Não é difícil encontrá-lo vestindo o pano grená. Na semana que antecedia o penúltimo jogo do Juventude na sua inglória luta contra o rebaixamento à série C, Gremelmaier, na voz de torcedor do Caxias, corneteava Marília, uma alviverde apaixonada que trabalha na Secretaria do Esporte e Lazer. No entanto, nessa disputa que a cidade se impôs, Gremelmaier vai vestir a camisa alviverde também. Do mesmo lado, enfim, Caxias e Juventude aglutinam suas forças na equipe oficialmente intitulada de Comitê Executivo para o assunto Missão Caxias: Copa Brasil 2014. Os envolvidos nesse comitê, sejam eles de diferentes áreas, ou mesmo de dentro da facção grená, reconhecem

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que o futuro Centro de Formação de Atletas e Cidadãos (CFAC) do Juventude é um dos alicerces dessa candidatura. Segundo informações do dossiê Caxias do Sul Copa 2014, o novo CFAC será construído em uma área de 44 hectares adquirida pelo clube. E os desafios do futuro parecem impiedosos para o Juventude. O CFAC atualmente está com suas obras paralisadas, mas deverá estar concluído até 2013, um ano antes da Copa do Mundo no Brasil e no mesmo ano em que será realizada no país a Copa das Confederações. As tensões para saber quem vai ser o sucessor de Sérgio Florian no comando do Juventude, com uma dívida de R$ 9,4 milhões, colocam o assunto CFAC em segundo ou até terceiro plano. Por enquanto. Até lá, o Juventude pretende voltar a investir nesse que era um sonho alviverde, mas já foi encampado pela Caxias que deseja receber uma delegação da Copa do Mundo. “A estrutura dos dois clubes é excelente para os treinamentos. Se alguma delegação vier a Caxias, estamos pensando em usar o Centenário para os treinos abertos, porque cabe mais gente, e o Jaconi para treinos fechados”, antecipa Guilherme Sebben, secretário do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego. Outro diferencial é o Instituto de Medicina do Esporte, da UCS. Atualmente a estrutura toda ocupa 20 mil metros quadrados da Cidade Universitária. E no meio desse emaranhado de ferro e cimento existe a Clínica de Fisioterapia, o Laboratório do Movimento Humano e o Instituto de Medicina do Esporte e Ciências Aplicadas

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“O fato de ele vir a ser internacional não tem nada a ver com o tamanho da pista ou com estrutura. A reforma que vamos fazer agora vai deixar o terminal de passageiros melhor, mais bonito. Mas não precisa nada disso para ser internacional. Não vira internacional porque tem freeshop”, brinca Elustondo, enquanto observa o céu da cidade, num final de tarde estranhamente lindo e azul depois de uma tarde chuvosa. Aliás, Elustondo justifica que, em média, o aeroporto de Caxias tem menos voos cancelados do que o Salgado Filho, em Porto Alegre. É preciso considerar, é claro, que Caxias tem um número de voos bem menor do que Porto Alegre. No entanto, o administrador observa: “Em Porto Alegre a repercussão do fechamento é menor, porque logo a seguir vai ter outra aeronave voando para o destino desejado”.

No IME é possível reabilitar atletas de alto rendimento. E esse é um dos muitos trunfos da candidatura de Caxias. Porque vai que a cidade receba a seleção da Argentina, por exemplo, e um cara como o Messi, atacante eleito o melhor jogador do mundo neste ano, acabe se contundindo na Copa do Brasil 2014. E vai que, hipoteticamente falando, o Brasil acabe na final enfrentando a Argentina. O IME então poderá ser o responsável pela reabilitação de Messi, e quiçá, ser o “culpado” por recolocar em campo o algoz da seleção canarinho. Ninguém quer rever no Maracanã a cena de tristeza profunda após o apito final da partida em que o Brasil esmoreceu diante do Uruguai, em 1950. Mas, se necessário for – e que o seja, pelo bem de Caxias –, o IME vai reabilitar até o Messi. Durante a apuração para esta reportagem ninguém, Elustondo é um oficialmente falando, homem articulado. declarou sua preferên- Quando criança, Também por expericia pela delegação de Gremelmaier ência no outro lado da algum país. Só a copoltrona, enxerga medisse que ainda munidade do Orkut lhor o que acontece no Copa do Mundo 2014 iria a uma saguão dos aeroportos. em Caxias do Sul, com Copa do Mundo. E por isso tem auto28 integrantes, faz figa “Só não sabia ridade para conduzir para que a Itália venha a comunidade a uma que a Copa para Caxias. E, na verreflexão: “Outra coisa, dade, a expectativa, poderia vir as pessoas têm de enainda que velada, é de até mim” tender que não é avião que uma seleção euroque traz passageiro, e péia aporte na cidade. sim passageiro que traz O próprio dossiê apresenta as seme- avião”. lhanças climáticas de Caxias para A Festa da Uva, que é o maior eveno período em que ocorre a Copa do to da cidade, recebeu na última ediMundo, com média mensal de 11,5°C ção, em 2008, 970 mil visitantes. Um em julho. evento não tem nada a ver com outro. Com ou sem a Esquadra Azurra, na A Festa da Uva tem sua limitação de carona dessa ruidosa e rentável mu- alcance, enquanto a Copa do Mundo vuca virá uma leva de turistas. E de é o maior acontecimento esportivo do preferência que entrem pelo Aeropor- planeta. Mesmo assim, se imaginarto Hugo Cantergiani, em Caxias, sem mos que durante o mês da Copa, quem escala na capital gaúcha ou no centro sabe um pouco antes e um pouco dedo país. Mas para que aeronaves de pois disso, o mesmo número de pessooutros países possam pousar na cida- as que esteve em aqui para a Festa da de é preciso transformar o Aeroporto Uva desembarque em Caxias, é de faRegional em Aeroporto Internacional zer qualquer gringo sorrir com cifrões Sob Demanda. Essa adequação não é espelhados no fundo dos olhos. tão simples quanto cobrar um pênalti Mas antes de se falar em dinheiro, sem goleiro, mas é bem viável. Todos em receita financeira, é preciso manos passos para a reformulação cons- ter os pés no chão. Tradicionalmente, tam na Carta de Intenções Caxias do se há uma entidade em Caxias que Sul 2014. se mobiliza por Caxias, é a Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de “O que torna um aeroporto in- Caxias do Sul (CIC). Não é preciso ternacional?”, provoca Henrique Elus- listar ações, só recordar a constante tondo, administrador do Aeroporto cobrança da CIC em relação à Rota Hugo Cantergiani. E insiste, como se do Sol. Dito isso, depois de Felipe Grefosse um repórter ansioso pela infor- melmaier apresentar sua proposta ao mação: “Então, o que torna um aero- núcleo de aço da gestão Sartori, a CIC porto internacional? O aeroporto de entrou como força aglutinadora, nem Uganda é menor do que o nosso”, diz, tanto centralizadora. recostando-se na cadeira. “Precisamos apenas atender aos requisitos para naBasta perceber que o dossiê cionalizar os voos internacionais”. Ou Copa 2014 foi organizado e compilado seja, Caxias precisa adaptar seu aero- pela Secretaria do Turismo. Mas é ineporto para que aeronaves vindas de gável o papel representativo da CIC, outros países possam pousar no Bra- não apenas na cidade, mas fora dos sil, nacionalizando assim o voo. domínios do próprio Estado. “A CIC Para que o aeroporto vire, do dia tem mantido uma proximidade com pra noite, internacional, Elustondo diz o governo, mas sempre tivemos uma que é preciso colocar uma unidade da boa relação também com a comuniPolícia Federal, Receita Federal e Vi- dade em geral, não apenas a empresagilância Sanitária. “Isso mesmo, uma rial. Isso nos capacita a eventualmente sala para cada um e pronto”. Simples coordenar alguma ação de integração como cobrar um pênalti, pelo menos. entre diferentes instâncias da econo-

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ao Movimento Humano (IME).

Mudanças viárias, como ligação da Visconde com a São Leopoldo, estão no dossiê

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51,51%. E em 2008 saltou para 67,18%. O município possui 19 hotéis registrados no Ministério do Turismo, oferecendo 1.389 unidades habitacionais e 2.909 leitos. Luciane Perez, turismóloga da Secretaria de Turismo de Caxias e uma das responsáveis pela organização do dossiê Caxias do Sul Copa 2014, conta um fato curioso e que por si só explica a mudança de paradigma que a cidade vai sofrer se vier uma delegação. Em junho deste ano, Caxias recebeu a visita de Paul Whelan, da empresa suíça Match. A Match é responsável pelas reservas em todos os hotéis das cidades com jogos ou que recebe delegações, além de venda antecipada de ingressos da Copa do Mundo. “O Paul encontrou-se com alguns donos de hotéis e explicou que os árabes, por exemplo, quando escolhem um hotel para se hospedar, destroem todo o prédio e constroem um novinho em folha”, recorda Luciane.

concorrer. “Não é porque estou falando contigo, que é caxiense, mas o projeto de Caxias é, se não o melhor, um dos melhores que recebemos. Estou sendo muito sincero. Caxias é uma das cidades com mais potencial para atrair uma delegação.” Quem garante é Eduardo Antonini, coordenador do Comitê Executivo RS 2014. O projeto de Caxias é parte importante do grande portfólio que o governo do Estado está organizando em formato de livro para ser distribuído durante a Copa da África. Antonini revela que as cidades interessadas em divulgar seus municípios podem se integrar à equipe do governo estadual desde que, é claro, cada um viabilize sua ida. Para entender a importância da CIC neste processo de persuasão – afinal de contas, os empresários da cidade fazem isso muito bem, vide o peso dos contratos da iniciativa privada com o Brasil e o mundo –, Corlatti e Geremias revelam não apenas o desejo, Nenhuma delegação entrou mas o plano de pelo menos uma parem contato com Caxias. É que antes te do comitê caxiense ir para a África da Copa do Brasil 2014 tem a Copa já um pouco antes da próxima Copa da África, em junho de 2010. E é lá na a fim de mostrar a nossa cara. “Não África do Sul que vai ocorrer a primei- queremos ir lá ver os jogos da Copa. ra etapa da tão sonhada disputa entre Temos de ir um mês antes e ver como centenas de cidades brasileiras para eles vão superar as dificuldades, como ver quem traz uma delegação para eles estarão se preparando. E, claro, casa. Aqui no Estado, a mostrar aos chefes das primeira a organizarconfederações o que tese foi Caxias, e junto “Precisamos mos de melhor”, conta com a nossa candida- trabalhar muito Geremias. tura, outras cidades Se a delegação da Itáantes para agregaram-se ao meslia vai ou não pousar mo coro. É o caso de colher durante no Aeroporto Hugo Farropilha, São Mar- e depois, Cantergiani, a nona da cos, Flores da Cunha, como fez 3ª Légua não sabe, nem Antônio Prado, Nova está lá muito preocupaa Alemanha”, Pádua e Nova Roma. da. Certo mesmo é que “Essas cidades enten- enfatiza em 2014 ainda vai ser dem que se uma de- Geremias Rech possível comprar agnolegação vier a Caxias lini fresco na feira da vai acabar levando tuEstação Férrea, e que ristas para elas também. E entendem as empresas de Caxias desenvolverão que sozinhas não conseguiriam atrair produtos que continuarão a mudar a ninguém”, avalia Jaison Barbosa, se- vida de muita gente. “Se mesmo decretário de Turismo de Caxias. E se pois dessa mobilização não vier uma a inveja, como diz aquele intelectual delegação, nosso legado terá sido reumetido a poeta, move Caxias, é bom nir diferentes setores na construção de saber que Canela e Bento Gonçalves já um projeto e realizar melhorias para a andam mexendo seus pauzinhos e vão cidade”, defende Gremelmaier. Maicon Damasceno/O Caxiense

mia local”, pontua Milton Corlatti, Casara não mora no epicentro de presidente da entidade. tudo. Está a 2 mil quilômetros da ÁfriAlém de Corlatti, a CIC emprestou ca do Sul. Entretanto, recentemente Geremias Rech, seu diretor de Política esteve por lá e comprova: “A maioria Turística, ao movimento que pretende dos estádios está pronta. Mas algumas trazer uma delegação de futebol a Ca- obras de infraestrutura estão incomxias. Pé no chão como poucos, Rech pletas. O Gautrain, por exemplo, que diz que uma Copa muda um país. “Eu vai ligar Joanesburgo a Pretória e ao tive a oportunidade de ir à Alemanha Aeroporto Internacional de Joanesantes e depois da Copa. burgo para desafogar É só ver o incremento o tráfego de automóde investimentos que “As pessoas veis, só fica pronto em a Alemanha fez para a 2011, um ano depois têm de entender Copa, seja em estrutuda Copa da África, mas ra, transporte ou turis- que não é avião me parece que até 2010 mo, e ver como era an- que traz estará ligando o estátes”, avalia Geremias. passageiro, e dio ao aeroporto, pelo Segundo estatísticas menos”. sim passageiro da World Tourism OrAlexandre Henrichs ganization, em 2005 que traz avião”, mora em Joanesburgo a Alemanha recebeu ressalta Henrique e vivencia um proble21,5 milhões de turis- Elustondo ma sério da cidade. tas. Em 2006, ano da “O transporte público Copa da Alemanha, é feito através de vans. foram 23,5 milhões. Em 2008, o país Os caras são muito mal educados nas teve 24,9 milhões de turistas circulan- ruas e todo mundo tem broncas com do. Se pensar em um ano antes e um eles. Deu muita confusão quando coano depois da Copa, é um aumento de locaram os primeiros ônibus a circumais de 3 milhões de visitantes. lar na cidade, porque esses caras das Geremias não tinha à mão esses da- vans têm o monopólio do transporte dos, mas tinha a fonte. E mesmo sem de passageiros.” citar os números exatos já antecipava seu raciocínio: “O prefeito será outro, Enquanto isso, aqui em Caxias, talvez nem eu mesmo esteja aqui na é unanimidade, mas sempre em tom CIC, os secretários serão outros. Mas baixo, declarado com as portas feo importante é deixar um material chadas, a falta de um grande hotel em consistente para que quem tiver de condições de receber uma delegação. dar subsídios à Fifa possa fazê-lo com Nestor De Carli, presidente do Sindipropriedade. Sou prático, não adianta cato de Hotéis, Restaurantes, Bares e trabalhar na hora em que estiver uma Similares da Região da Uva e do Videlegação aqui. Precisamos trabalhar nho, reconhece que é preciso investir muito antes para colher durante e de- ainda mais e qualificar também os pois, como fez a Alemanha”. funcionários da rede de hospedagem e entretenimento. “A Escola Técnica Pensando em colher muito du- está vindo aí também para que posrante a Copa, a África do Sul mudou, samos formar mais funcionários a um e bastante. Mas não ainda o suficiente. custo bem menor”, pondera Nestor, O Caxiense entrou em contato com defendendo a categoria ao afirmar que dois brasileiros que moram na África o número de leitos é suficiente para e já vivem o clima de Copa do Mun- atender a demanda da cidade. do. Alexandre Henrichs é gerente de Caxias é o segundo município do vendas da Randon em Joanesburgo Estado em ocupação hoteleira, ficane Maurício Casara, gerente de minas do atrás apenas de Porto Alegre. Nos U&M Mining, na Zâmbia. Os dois re- últimos três anos a ocupação vem auvelam que Joanesburgo renovou a rede mentando, especialmente no inverno. hoteleira e investiu na construção de Em 2006, a taxa de leitos ocupados shoppings, mas existem dois entraves. foi de 48,66%. Em 2007, pulou para

Centro de Formação de Atletas e Cidadãos (CFAC) do Juventude, que deve estar pronto em 2013, é um dos alicerces da mobilização da cidade para receber uma delegação

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Comércio Sortido

DALLAS PROSPERA NA BR-116

A história da marca que abençoa mercado, lojas de móveis e artesanato, imobiliária, floricultura e salão de beleza

Irmãos, cunhados e filhos da família Rech construíram, a partir do estabecelecimento fundado pelo patriarca Zulmiro, uma diversificada rede comercial

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br cena se passa há 40 anos. Os irmãos Rech brincam tranquilamente na BR116, em frente à casa onde moram, no bairro Jardim Eldorado. De tão pouco movimento na estrada, as crianças até se deitam no asfalto. Gostam de observar as boiadas, que no trajeto de ida aos prados de Ana Rech param para passar a noite do outro lado da rua, onde há um campo. Hoje não há mais bois cruzando a estrada, nem mais o campo. Também não é mais a mesma a casa dos irmãos Rech. No lugar dela há um mercado. Em cima dele há um salão de beleza e, ao lado, uma grande loja. Do outro lado do super há uma imobiliária, uma loja de móveis e, logo depois, uma floricultura. Passariam por estabeleci-

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mentos comerciais comuns aos olhos do motoristas apressados que dirigem pela BR não fosse o curioso fato de que todos têm o mesmo nome: Dallas. A marca Dallas se iniciou em 1981, com a construção do mercado, sem a pretensão de batizar um conjunto de empreendimentos. Zulmiro Rech vendeu até o Fusca da família a fim de conseguir dinheiro para erguer o primeiro negócio. A ideia era chamálo de Super Rech, mas já havia outro com esse nome na cidade. Mas os Rech tinham em mente mais duas opções: Cisne e Dallas. Segundo a família, “dalas” significa caminho entre as montanhas. Como o mercado está na Serra, pareceu-lhes, então, uma denominação muito adequada. O “L” duplo teria sido para dar um ar internacional, sem inspiração direta na cidade de Dallas, Texas, nos Estados Unidos.

Etimologicamente, a palavra só tem registro com a grafia “dallas”. Suas raízes são distintas e inexatas. Designava tanto uma casa no vale, na origem gaélica, quanto uma estância no prado, conforme o inglês arcaico. Pouquíssima gente, no entanto, sabe o porquê da escolha do nome. Clientes, desde a fundação do mercado, acham que Dallas é o sobrenome da família de Zulmiro. O que não deixa de ser, de certa forma. Seus sete filhos, Helena, Jorge, Marcos, Elidia, Oscar, Sérgio e Marta, não se importam em serem conhecidos na cidade como “os Dallas”. Foram eles que com o passar dos anos assumiram a administração do mercado. Zulmiro, por problemas de saúde, mudou-se para a tranquila Piratuba, em Santa Catarina. Helena e Jorge, os filhos mais

velhos, decidiram então que havia espaço e disposição para se arriscar em novos comércios. A única regra acordada foi que nenhum dos irmãos poderia abrir um empreendimento igual ou parecido com o que já existia, pois a ideia, logicamente, não era competir entre si, e sim juntar forças. “Não poderia ser uma padaria, por exemplo, porque isso entraria em atrito com o mercado que já tínhamos”, explica Oscar, 49 anos. E novos estabelecimentos foram surgindo, todos sob administração da família, que acabou se revelando intuitiva para o comércio. O primeiro deles foi a loja de artesanato, que hoje também vende roupas. Depois veio o salão de beleza, a loja de móveis, a floricultura e, por último, a imobiliária. Nem todos estão sob o comando apenas dos irmãos. Cunhados e cunhadas

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antenas e uma agropecuária. Nenhum deles faz concorrência com a família, e só estão lá por causa disso.

Dentro dos próprios negócios Dallas há uma curiosa variedade de produtos. A floricultura, por exemplo, vende também botijões de gás e bombonas de água mineral. A explicação de Oscar, proprietário da floricultura, torna tudo mais claro para quem pensa que flores não combinam com gás e água. “Precisávamos de algo que desse mais lucro do que a floricultura. Além disso, queríamos que as pessoas saíssem do mercado e já passassem aqui para comprar outras coisas.” O melhor dia de vendas, conta OsHelena não para. Verifica se car, é aos sábados, quando as pessoas tudo está em ordem. Conversa com têm mais tempo para comprar itens clientes, organiza os carrinhos de para o jardim de suas casas. Na flocompras que ficam na frente do mer- ricultura, delicadas rosas e bocascado, dá indicações para um eletricis- de-leão dividem espaço com grandes ta que se equilibra numa alta escada, cactos. Há também uma área especial com uma furadeira em para pequenas mudas mãos, para trocar uma de alface ou salsa, que lâmpada. O barulho Empreendimentos ficam armazenadas orda furadeira e de dois reúnem, ganizadamente sob um grandes exaustores que toldo. no total, 17 tentam em vão dimiTamanha delicadenuir o calor quase não membros da za reunida às margens permitem que se ouça família. A da BR-116 parece cona música pop nacional única regra é trastar com a violência da rádio que o mercada estrada. Ao refletir ninguém abrir do sintoniza, a única sobre o que mais lhe estação que pega bem um negócio igual marcou em todos esao do outro no local. ses anos morando e Às vezes, Helena dá trabalhando à beira uma passada na imobida BR, Oscar coloca a liária administrada pelo marido, Jua- mão no queixo e busca a resposta na rez. Ele já era corretor e trabalhava na memória: “Os acidentes que já vi”. Um área há anos, mas só há pouco mais de deles, ocorrido há anos, Oscar nunca dois meses a mulher diminuiu o espa- vai conseguir esquecer. Quando era ço do mercado para que Juarez se ins- ainda criança, viu duas irmãs serem talasse na sala anexa. “Ela conseguiu atropeladas bem em frente a sua casa. fazer ele ficar perto também”, brincam “Já vi muitas mortes aqui”, acrescenta. as cunhadas. Com Juarez, trabalham Quando acontece um acidente, Oscar também as duas filhas do casal. é o primeiro a correr para ajudar. Os estabelecimentos Dallas, embora Há aproximadamente um ano, os com o mesmo nome e separados por Dallas organizaram um abaixo-assipoucos metros de distância, são inde- nado exigindo sinaleiras nos dois senpendentes. “Cada um faz seu caixa”, tidos da BR. Reuniram assinaturas de ressalta Lígia, 41 anos, esposa de Mar- clientes, amigos e vizinhos e conseguicos. O dinheiro só é pauta das reuniões ram fazer a reivindicação ser atendida. de família quando algo realmente não “Não passava dois dias sem acidentes está bem. Como o caso de alguns dos aqui na frente. Com a sinaleira, acanegócios que não deram certo. Uma baram as mortes e os desastres”, diz lancheria, um café e uma ferragem Lígia. Dallas sucumbiram às dificuldades financeiras. Durante esses momentos, Lígia trabalha ao lado da floos irmãos e seus respectivos cônjuges ricultura de Oscar, nos Móveis Dallas, reuniram-se e decidiram em conjunto com o marido, Marcos. Lígia teve a fechar os estabelecimentos. oportunidade de ver o empreendiHelena explica que todos os irmãos mento passar de uma loja que tinha já tiveram seus insucessos, mas res- apenas 10 colchões, em 1992, para um salta: perde-se só dinheiro, nunca a negócio que hoje emprega 10 funciounião. “Nos ajudamos muito quando nários e vende também móveis e eleestamos com problemas. Não com di- trodomésticos. nheiro, mas com apoio moral, espiriTrabalhar com o marido requer um tual.” A sintonia do trabalho em famí- pouco de prática, segundo ela. Para lia há quase 30 anos é, segundo Oscar, dar certo, a técnica é saber separar legado de Zulmiro. “Até hoje nunca ti- muito bem o pessoal do profissional. vemos problema em trabalhar juntos. “Depois que saímos, às 19h, somos Isso veio de berço, nosso pai sempre marido e mulher. Os assuntos ‘negóincentivou para que a gente se desse cios’ e ‘dinheiro’ são proibidos depois bem. E somos assim desde criança.” desse horário e durante o almoço.” Outra ocasião em que a reunião da Lígia começou a fazer parte do clã família se fez necessária foi quando empresarial Dallas ao casar-se com precisaram decidir sobre o aluguel das Marcos, mas já era da família, uma salas que ficam no terreno da família. vez que ela e o marido são primos de Hoje, há três negócios instalados entre segundo grau. A filha deles, Priscila, o mercado e a floricultura Dallas. Um 16 anos, está acostumada ao ambiente comércio de materiais elétricos, um de de trabalho dos pais desde os 13 dias

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ingressaram quase automaticamente no “grupo” Dallas. Somando também os filhos que ajudam nos negócios, os empreendimentos reúnem 17 membros da família Rech. O mercado Dallas, administrado hoje por Helena, 52 anos, e Elidia, 44 anos, é ainda o mais conhecido no grupo. Mas por mais que tenha crescido não perdeu características singelas de um negócio familiar. No interior do mercado há uma mesinha redonda, com quatro banquinhos, onde os clientes podem sentar e, de cortesia, tomar o café feito por uma das funcionárias quando o dia não está muito quente.

Mercado de Helena, com as filhas Nycolle (E) e Géssica, anexou a imobiliária do marido

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Nara, 41 anos. para lá e para cá pintando diferentes Como foi possível que uma deusa unhas de pés e mãos, Ivana observa se transformasse em um urso só mes- se todos os clientes estão sendo atenmo a habilidade de Nara em reciclar didos. e aproveitar quase tudo o que enconMesmo com várias mulheres no satra pode explicar. Boa parte da loja é lão, há silêncio, quebrado apenas pelos feita de materiais alcaminhões que passam ternativos. Tijolos de na BR. Há uma planta, demolição, carpetes provavelmente vinda e feltros acolhem as No início, Ivana da Floricultura Dallas, roupas femininas, até tentou pendurada no teto. “Este masculinas e infan- chamar seu salão já tem 18 anos. Dutis comercializadas rante o primeiro ano se salão de Estética na loja. Também há chamou Estética Visuespaço para um ba- Visual. “Não al, mas percebi que não zar, que vende pra- adiantava. adiantava. As pessoas ticamente de tudo, As pessoas chamavam de Dallas, inclusive artesanaassociando ao mercado”, chamavam to feito por Nara. explica Ivana. Há dois “Comecei venden- de Dallas” meses Ivana empregou do algumas coisas no salão o filho de 17 no mercado, depois anos, Moisés. Ele está esmontamos a loja.” Nara, uma grande treando no mercado de trabalho como fã dos detalhes, adora fazer pequenas secretário. mudanças na loja. A atenção aos detalhes, aliás, é uma Ivana teve seu primeiro emprecaracterística dos empreendimentos go, como auxiliar-geral, no Mercado do grupo, que têm em sua maioria Dallas, quando era adolescente. O lomulheres na administração. A cabelei- cal foi o palco do início do romance reira e proprietária da Estética Dallas, entre ela e Sérgio, que era o açougueiIvana, 42 anos, cuida de um grande ro. Antes dos dois se casarem, ela cosalão de paredes azul-celeste localiza- meçou a fazer cursos de esteticista. Foi do em cima do mercado. O estofado quando decidiu abrir o salão. Hoje, das almofadas das cadeiras combina praticamente toda a família Rech corcom a cor da parede e com um arranjo ta o cabelo com ela. “Nós formamos perto da porta que exibe um simpático quase que uma comunidade”, diz a “Volte Sempre”. Enquanto um senhor cabeleireira. com tonalizante nos cabelos espera a Se uma comunidade é formada tinta secar e as funcionárias andam por características em comum, a dos

Dallas é certamente a fé. Católica atuante, a família não dispensa uma Bíblia em cada um dos estabelecimentos. Alguns têm o hábito de promover um momento de reflexão com todos os funcionários durante o expediente. Mas todos, incluindo namorados e namoradas dos filhos, se encontram nos finais de semana e fazem a novena. “No domingo à noite, rezamos e depois fazemos uma confraternização. Chega a ter umas 25 pessoas”, orgulha-se Helena. Na casa de Nara o encontro é nas segundas-feiras, quando os parentes se dedicam ao estudo bíblico durante duas horas. Com a presença de uma missionária, eles se reúnem com o objetivo de compreender melhor o Evangelho, o que acreditam ser uma dificuldade de grande parte dos católicos. “Se não tivermos fé, como vamos nos manter unidos?”, questiona Lígia. Todos vão à missa nos domingos e mantêm a tradição de se confessar regularmente. Inclusive as crianças. Mas nada é perfeito, acrescenta Helena. “Somos uma grande família, com um monte de alegrias, mas também com um monte de problemas, como todas as outras.” Os Dallas afirmam que atualmente não se preocupam tanto em criar novos negócios e expandir o grupo, como faziam antes. Estão, aos poucos, deixando essa tarefa aos filhos. “Estamos pensando mais em viver a vida de hoje”, constata Lígia, com a certeza de que o estão fazendo bem. Maicon Damasceno/O Caxiense

de vida. “O que eu mais tenho saudades é do tempo em que nossos filhos ainda eram crianças e estavam sempre correndo e brincando por aí”, lembra Lígia. Os filhos dos Dallas ainda estão por lá, só que não mais brincando. Ficam no computador, ajudam nos negócios, fazem as tarefas da escola. “Agora estamos esperando os netos pra ter crianças de novo por aqui”, diz Lígia. “Nossa! Calma!”, interrompe rindo Nathalye, sobrinha de Lígia. Nathalye, 19 anos, é filha de Jorge e Nara, donos da Loja Dallas. Como cresceu ali dentro, a vontade de trabalhar junto veio naturalmente. A jovem está cursando Administração de Empresas e há quatro anos ajuda os pais no caixa e no atendimento aos clientes. “Gosto do comércio. No futuro, espero, quem sabe, poder abrir outras lojas”, planeja, fazendo jus à tradição da família. A loja é, certamente, o mais colorido de todos os negócios Dallas. Na calçada há uma roda infantil amarela e vermelha que contrasta com a parede rosa forte. E um boneco de Papai Noel quase de tamanho humano tocando saxofone recebe os clientes na porta. O maior destaque, porém, não é a parede rosa, nem o Papai Noel. É um grande urso feliz apoiado numa árvore que ocupa quase todo o prédio da loja. “Esse urso veio de um sambódromo de São Paulo. Era uma deusa da prosperidade, e estava jogada num canto. Fizeram um bom preço”, conta

A fachada da Loja Dallas, de longe a mais chamativa, é fruto da criatividade de Nara, expert no reaproveitamento de materiais alternativos

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Guia de Esportes guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Jonas Ramos, Divulgação/O Caxiense

O domingo convida a assistir a um clássico sul-americano às margens da represa VÔLEI l Caxias x Brasil, segundo jogo da Superliga de Vôlei | sábado, às 19h | O Caxias do Sul/RS/Fátima/Medquímica/UCS/SPFC vai receber o Brasil Vôlei Clube, uma das equipes favoritas ao título, que conta em seu elenco com atletas da Seleção Brasileira, como o líbero Serginho e o levantador Marlon. Haverá recreação para as crianças presentes e distribuição de brindes à torcida. O campeonato, que se estende até 1º de maio de 2010, está sendo considerado o maior já realizado pela Confederação Brasileira de Vôlei. Ao todo serão 17 equipes disputando um dos títulos mais importantes para a modalidade no Brasil. O desafio da equipe comandada pelo técnico Jorginho Schmidt, campeão da Superliga na temporada 94/95, é terminar a primeira fase entre as oito melhores e se classificar para os playoffs. Ginásio Poliesportivo da UCS R$ 4 para funcionários da UCS e estudantes mediante identificação e R$ 8 para público em geral | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis

CANOAGEM

Equipe caxiense recebe o Brasil Vôlei

l Desafio Internacional Brasil x Argentina de Canoagem | domingo, 13h às 18h | A Represa São Miguel, em Caxias do Sul, será palco de um desafio entre canoístas de Brasil e Argentina, consideradas as duas potências da modalidade na América do Sul. A seleção brasileira será defendida com a participação de 12 atletas do Programa UCS Olimpíadas, que disputarão provas de K1 500m, K1 200m e K1 100m revezamento; K2 500m, K2 200 e K100 revezamento; K4 500m e K4 200m masculino e feminino. O evento, realizado pela Secretaria Municipal de Esporte e Lazer (SMEL), faz parte da programação da Festa da Uva 2010, com apoio da Confederação Brasileira de Canoagem e da Associação Caxiense de Esportes Náuticos. Brasil e Argentina concentram a maioria dos canoístas medalhistas em competições internacionais no território latino-americano. Entre os destaques brasileiros está o atleta Edson Isaías da Silva, 4º colocado no Ranking Mundial 2009 e campeão panamericano. Complexo Dal Bó Entrada gratuita | Represa São Miguel, próximo à sede do Programa Caxias Navegar, no bairro Fátima, em Caxias do Sul

l Campeonato Aberto de Canoagem de Caxias | domingo, 13h às 18h | O evento ocorre paralelamente ao Desafio Internacional de Canoagem. O campeonato pretende incentivar jovens e adolescentes a praticarem o esporte. Dentre as diversas modalidades, destacam-se K1, K2 e K4. As provas duram entre cinco e 10 minutos, e os vencedores serão premiados com medalhas. Complexo Dal Bó

Sede Recreativa do Clube Juvenil Entrada gratuita | Rua Marquês do Herval, 197

CICLISMO

BASQUETE l Final do Campeonato Estadual de Basquete Feminino | domingo, a partir das 19h | A equipe de basquete UCS/Galópolis/Pupila/Prefeitura de Caxias do Sul, do Programa UCS Olimpíadas, disputa neste final de semana o título do Campeonato Estadual Adulto Feminino. A partida contra o GAO Osório será domingo, dia 13, no Ginásio Poliesportivo da UCS, a partir das 19h, com transmissão ao vivo pela TV COM. Na última edição da competição, em 2000, a equipe de Caxias enfrentou o GAO e saiu campeã após vencer o playoff final por 2 x1. O técnico do time local, Leonardo Rosa, acredita que o grupo está bem preparado. “Conquistamos um bom entrosamento no decorrer da competição.” Os atletas aindam treinam neste sábado e mesmo no domingo para os últimos ajustes. Os caxienses estão invictos na competição, com quatro vitórias em quatro jogos. Contra o GAO Osório foram duas partidas, vencidas por 60 a 52, em Caxias do Sul, e por 55 a 54, em Osório. Ginásio Poliesportivo da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis l Campeonato Brasileiro Feminino Sub 15 | terça, dia 15, a sábado, dia 21, a partir das 13h | O campeonato é disputado por oito times divididos em dois grupos. Jogam todos contra todos e o vencedor do grupo A enfrenta e segundo colocado do grupo B, e vice-versa. Os vencedores jogam a grande final. Os estados classificados para o campeonato deste ano são Paraná, São Paulo, Rio de Janeiro, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Mato Grosso, Pernambuco e Maranhão. Serão realizados quatro jogos por dia. A abertura será às 19h de terça. No mesmo dia haverá jogos às 13h, 15h, 17h e 20h. Na quarta, quinta e sexta os jogos são às 14h, 16h, 18h, e 20h. No sábado ocorrerão os jogos finais pela manhã, às 8h, 10h e 12h, e às 14h será disputada a decisão do título.

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l Passeio Ciclístico | sábado, às 8h | A atividade partirá da Escola Municipal Marianinha de Queiroz com destino ao Jardim Botânico e passagem pela Barragem da Maestra via estrada velha. A organização é dos alunos das 7ª e 8ª séries do colégio, que buscam estimular o uso dos meios de transporte saudáveis ligados a uma proposta de desenvolvimento sustentável, tais como o transporte coletivo e a bicicleta. Haverá vários pontos de parada, nos quais professores darão explicações sobre o ciclo da água, o funcionamento de uma barragem e informações sobre as plantas do Jardim Botânico. Um ônibus de apoio acompanhará os ciclistas. As inscrições começam a partir das 7h15. Escola Marianinha de Queiroz Inscrição gratuita | Travessão Linha Leopoldina, Bairro São Cristóvão, Encruzilhada de Ana Rech, 3020

ATLETISMO l 5º Circuito Caxiense de Provas de Pista Festa da Uva 2010 | segunda, dia 14, às 19h | A primeira etapa do circuito de atletismo conta com as categorias infantil (2 mil metros) e adulta (5 mil metros). A premiação ocorrerá após a última etapa, em 4 de março. As inscrições já estão encerradas. Ginásio do Sesi Entrada gratuita | Rua Ciro de Lavra Pinto, s/n

FUTEBOL l Campeonato Integração | sábado, a partir das 14h | O 23o. Campeonato Integração terá finais de Masters e Veteranos neste sábado. A decisão do título deveria ter ocorrido no fim de semana passado, mas devido ao Sul-Brasileiro do Sesi alguns atletas envolvidos no Integração tiveram de viajar a Joinville e a comissão organizadora do campeonato, seguindo o regulamento, optou por realizar somente a rodada final das categorias Suplentes e Titulares. Campo do Madrid Entrada gratuita | Avenida Benjamin Custódio de Oliveira, s/n, bairro Madrid 12 a 18 de dezembro de 2009

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Comando grená

Maicon Damasceno/O Caxiense

A VISÃO DE JOGO DE Julinho

O novo treinador do Caxias é apaixonado pela bola desde cedo, mas pensa e planeja cada movimento como um estrategista

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por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br ão há paixão, encanto ou arrebatamento que demova alguns dos preconceitos com o mundo da bola. Nem mesmo aquele transe, segundos antes do pedaço de couro, geralmente branco, deslizar veloz rente à trave e estufar as redes. O grito de gooooool, o abraço apertado no companheiro de arquibancada, às vezes desconhecido, e aquela sensação deliciosa de prazer saciado, tudo isso é tratado com certo desdém por quem só enxerga um amontoado de gente correndo pra lá e pra cá sabe-se lá pra fazer o quê. E pior, todo mundo tem um amigo que sempre associa o futebol àquela selvageria dos gladiadores duelando contra leões no Coliseu. Insensibilidade compreensível. Afinal de contas não é toda família que coloca a bola num lugar de destaque. Incrível, pelo menos para o ambiente do futebol, é quando essa arrebatadora paixão compartilha de uma boa dose de conhecimento, inteligência e estratégia. Quando o porto-alegrense Julinho Camargo, 38 anos, foi apresentado como o novo treinador do Caxias, teve gente que fez cara feia. “Ignorância”, gritaria lá do fundo do balcão aquele torcedor ambientado com a semiótica do futebol. Aos que ainda torcem o nariz para Julinho, é de bom tom dizer que o treinador é um dos responsáveis pela formação de uma penca de jogadores revelados pelo Grêmio nos últimos anos. Treze dos 33 atletas vice-campeões brasileiros pelo Grêmio em 2008 haviam sido formados no Estádio Olímpico. Entre eles, Léo, Rafael Carioca, Willian Magrão e Hélder, Thiego, Felipe Mattioni e Douglas Costa. À sombra de Celso Roth, Julinho não levou crédito algum. O recado, em tom de silêncio, além do tapinha nas costas, soava ríspido como se o resultado fosse tão somente uma obrigação. Um último parágrafo ainda sobre o Grêmio. No comando da base tricolor, Julinho conquistou importantes títulos na categoria juniores: o Brasileiro Sub-20 e a Taça Belo Horizonte. Entre 2005 e 2007 foi tricampeão gaúcho e entre 2005 e 2006 venceu ainda a Copa FGF. Se Julinho vai ter o mesmo faro para títulos no profissional como Tite,

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idolatrado pela campanha em 2000, ou mesmo Mano Menezes, renegado por trocar o Caxias pelo Grêmio durante a temporada de 2005, mas nunca questionado por suas aptidões técnicas, só o tempo dirá. Enquanto esse novo Caxias sob o comando do ourives Julinho não entra em campo, o elenco segue trabalhando a semana toda, em dois turnos. Nos bastidores, Julinho tem sido essencial na captação de jogadores para a formação do elenco grená. Só nesta semana, quatro atletas foram contratados. Pelo menos três deles, Itaqui, Aloísio e Mauro Silva, disseram ter escolhido o Caxias porque já trabalharam com Julinho. Aloísio é o que deixou mais pistas para desvendar o segredo do técnico: “Vim de olhos fechados quando soube que trabalharia com o Julinho. Ele me ensinou muito, antes eu não era um jogador de verdade, não tinha senso tático nenhum, hoje sou um jogador muito melhor”, revela Aloísio. Esse senso tático não acompanha Julinho desde as fraldas. Foi sendo lapidado com o tempo, e principalmente por sua imersão no futebol de salão. O responsável por lhe desvendar o maravilhoso mundo das possibilidades táticas, revela Julinho, foi Alexandre Zilles, mais conhecido como Barata. “Aprendi sobre tática com o Barata. Ele foi meu professor na UFRGS. Sempre vi mais organização e tática no futsal e motivação no futebol de campo.” Outro treinador fundamental na formação de Julinho é Paulo César Carpeggiani. “O Carpeggiani é o único treinador a quem me sujeito a ser auxiliar”, revela Julinho, não em tom de menosprezo aos demais profissionais do mercado. Julinho, antes de aceitar treinar o Caxias, estava no Vitória da Bahia, trabalhando com Carpeggiani. “Se fosse por grana, ficaria no Vitória, com o Carpeggiani, tinha proposta até, mas aceitei vir para o Caxias pelo desafio, pela história do Caxias e pela idoneidade do presidente (Osvaldo Voges)”, justifica. Julinho tem dito aos atletas que convida para jogar no Caxias que “o clube pode até pagar pouco, em função da contenção orçamentária, mas paga”. Quando ainda jogava bola, Julinho não via o mercado com bons olhos.

Julinho veio do Vitória, onde era auxiliar de um ídolo, Paulo César Carpeggiani

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Era um outro tempo. Uma época mais futebol de salão”. romântica do esporte, em que era mais Essa tripla jornada explica o entenfácil optar por não jogar futebol do dimento mais complexo da semiótica que virar profissional. “Eu tenho qua- do futebol, que deu tantos títulos a se 40 anos. Há 20, pra jogar futsal no Julinho e aparece como a base do trainterior tu ganhava 300 pila. O Mor- balho que ele pretende desenvolver no ruga ganhava uns 4 mil. E o Morruga Centenário. Imaginar que um garoto, foi o melhor jogador de futsal que vi então com 18 anos, já vivenciava com jogar. Bem melhor do que o Falcão, na leitura crítica o que ocorria nos graminha opinião. Se fosse hoje o Mor- mados e no futsal, tanto com a bola ruga ia ganhar muito nos pés quanto com a mais do que o Falcão. prancheta nas mãos, Foi por isso que acabei Novo treinador soa mais estranho do entrando para a facul- do Caxias foi que a ficção. No entandade.” to, era realidade.

responsável pela formação de muitos atletas vice-campeões brasileiros pelo Grêmio em 2008

Julinho aproveitou aquele período para enxergar os gramados com mais temperança. Distante dos velhos conceitos e atento aos ensinamentos de Barata, o estrategista, passou a acreditar mais na vitória como treinador do que duelando como um gladiador. Apurando sua visão como a de um falcão (hoje, grená) poderia alcançar melhores resultados na sua carreira. E, de novo, surpreende o fato de Julinho pensar em tudo isso, com tamanha segurança e consciência, ainda muito jovem. Falando em juventude, Julinho revela que é daqueles treinadores ressabiados com o comportamento dos atletas fora do estádio. “Não é nem de ficar de olho”, impõe-se. “Sou treinador que exige bom comportamento. Vivemos uma vida de cigano, seis meses em cada lugar. É como médico, que não tem final de semana. O futebol é um trabalho como qualquer outro e é competitivo por natureza. Faz mais de 10 anos que eu não fico mais de 10 dias em Capão da Canoa, e isso que eu passei minha infância e adolescência tirando férias por lá”, reflete. Julinho é exigente também nos treinamentos. O Caxias trabalha há duas semanas com uma rotina de dupla jor-

a mesma linha”, diz, convicto do seu desafio. “Futebol é resultado. Não tem outro caminho”, reconhece Julinho, como se repetisse um mantra emanado desde que alguém resolveu colher do futebol mais dividendos do que sorrisos e choros apaixonados. E esse caminho do Caxias passa necessariamente por um consenso do que pensam Osvaldo Voges, Julinho Camargo e grande elenco. E nesse grande elenco está toda a comissão técnica e os diretores do clube.

Sem perceber, Julinho traveste“Sou um cara realista, temos se de maestro ao revelar como gosta de ter os pés no chão. O Caxias tem de trabalhar na beira do gramado. um orçamento restrito para o GauMesmo que em campo estejam ho- chão. Por isso, estamos usando nosso mens fardados pelas cores grená, azul conhecimento do mercado pra contrae branca, e não trajando ternos escu- tar bem. E pensamos juntos para miros, Julinho age como se regesse uma nimizar os erros”, defende. Essa imerorquestra que precisa atuar em unís- são no futebol o tira do convívio com a sono. “O futebol tem evoluído muito família, que ele tanto preza. E quanto em termos táticos. Isso tem facilitado mais discorre sobre sua maneira de bastante o trabalho de quem tem co- trabalhar, mais alimenta a saudade nhecimento e inteligência. Gosto de da esposa, Flávia, e do filho, Luan, de trabalhar com jogadores inteligentes. nove meses. “O berço dele já está cheio E de um tempo para cá o próprio fe- de bolas de futebol”, lembra, com um edback dos jogadores tem mudado sorriso que não havia revelado duranporque estão compreendendo mais os te toda a entrevista. aspectos táticos”, observa. Julinho ainda não sabe como vai “Não sou dono da lidar com essa distânverdade, mas tento cia. Talvez a família mostrar o caminho”, “Vim de siga morando em Pordiz, modesto, olhando olhos fechados to Alegre e ele aqui. através da porta da sala “Não encontrei ainda quando de imprensa, cuja vista apartamento mobié o prado verde do Cen- soube que liado para alugar em tenário, cenário dos trabalharia Caxias”, conta, desanovos capítulos da vida com o Julinho”, pontado. É a vida de de Julinho. “Eu tenho cigano de que Julinho diz o o entendimento de que falava. Essa é só a vida não ficarei pra sempre centroavante de um dos treinadores aqui. Eu vou passar e Aloísio das centenas de clubes o Caxias vai ficar. Mas profissionais em ativiescolhi o Caxias por dade no Brasil. Vida, três motivos: a marca do clube, cada repita-se. Mesmo que num primeiro vez mais forte, a torcida e a idoneidade momento pareça estranho, para os do presidente. A cidade é forte e com- mais desapaixonados, 22 homens chupetitiva e a proposta do Caxias segue tando uma bola pra lá e pra cá. Maicon Damasceno/O Caxiense

Rever o passado parece ter deixado Julinho mais à vontade. Como se tivesse sido lançado para dentro de um túnel do tempo, Julinho mergulhou fundo no baú de memórias de onde trouxe as cenas que revelam sua relação com o futebol. Voou para a infância e, com alegria, disse que a família toda é envolvida com o esporte. “Meu tio, o Bandera, foi jogador profissional. Fez carreira na década de 60, atuando pelo Inter, Pelotas e São José. Já na década de 80, o meu primo, o Bandera Filho, jogou no Inter, depois teve uma passagem importante no Palmeiras.” Mantendo o tom de voz tranquilo e sereno, Julinho reclinou o corpo para frente e, aproximando-se da bancada, revelou o início de sua trajetória: “Sempre fui um aficionado pelo futebol. Jogo desde que me conheço por gente. Dos oito aos 11 anos, joguei no Grêmio, dos 12 aos 16, no Inter. No futsal fiquei dos 15 aos 26 anos e joguei as séries Ouro, Prata e Bronze. Aos 17, entrei na faculdade para estudar educação física na UFRGS. Aos 18, comecei a treinar as categorias de base do Grêmio. Esse período foi intenso. De manhã ia pra faculdade, à tarde treinava no Grêmio e à noite jogava

nada, manhã e tarde. E no dia 30 de dezembro, antevéspera de Réveillon, uma das maiores comemorações do planeta, o Caxias vai para Santa Cruz jogar um amistoso com o time local. Quer moleza?, vai comer maria-mole, diria aquele gozador lá no fundo do balcão do bar. “Gosto de atuar no jogo, mas não sou daqueles treinadores que fazem cena para as câmeras de televisão. Gosto de sentir o clima da partida e de interferir quando necessário, seja para aquecer a partida ou para acalmar o jogo.”

Mauro Silva e Aloísio (C) já trabalharam com o treinador. Fabinho trabalhará pela primeira vez. Os três devem jogar o amistoso contra o Santa Cruz no dia 30

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Despedidas alviverdes

dEsfalquE

EM CAMPO PARA REFORÇAR

O caixa

Meia-atacante Zezinho, 17 anos, será vendido para ajudar o clube a sanar as dívidas milionárias

“Algumas pessoas disseram que eu era magro demais para ser jogador”, lembra Zezinho

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por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br tarde estava quente. Sem pressa, ele pagou o taxista que o levou até a Rua Borges de Medeiros, no Centro de Caxias do Sul. Com passos lentos, o adolescente atravessou o estacionamento do Estádio Alfredo Jaconi e esticou a mão direita para o cumprimento. Olhar disperso, como que procurando algo para ser fitado, respondeu a todas as perguntas. Exceto uma: quanto ganha por mês. José Luis dos Santos Pinto, o Zezinho, é um garoto calmo fora de campo. Dentro dele é o contrário: com a bola nos pés, quer ir para cima dos adversários. Suas atuações nos últimos 20 meses pelo Juventude fizeram com que inúmeras propostas fossem feitas ao clube. A maioria delas foi negada pela direção, que fixou em R$ 40 milhões a multa contratual do garoto de 17 anos. Mas até o final deste ano o jovem talento deve deixar o Jaconi, para crescer na carreira e para ajudar o time que o garimpou a saldar parte das dívidas – atualmente o saldo negativo do caixa é de R$ 9,4 milhões. De férias em Uruguaiana, na Fronteira Oeste do Rio Grande do Sul, o menino que chegou ao estádio naquela rara tarde de primavera com sol calçando chinelos e vestindo bermuda, regata e boné gosta de pescar quando não está jogando bola. “É o que faço quando fico perto do restante da família, meus primos e tios que moram na fronteira. Se tenho alguma folga no final de semana, vou até um lugar em Farroupilha. Gosto de ficar sossegado”, conta o guri. Além da pesca, quando está de folga Zezinho gosta de dormir na parte da manhã. Outras opções: passear em shoppings, fazer compras e assistir filmes e partidas do campeonato inglês na televisão. Mas como todo adolescente de sua geração com condições, ele não deixa de lado o videogame. O Playstation é companheiro em casa, nas concentrações e nas viagens do grupo de jogadores. Passando o telefone celular de uma mão para a outra, Zezinho recorda quando foi apresentado pelo Juventude, em abril de 2008. Na ocasião, um contrato de três anos foi assinado no início da primeira gestão do presidente Sérgio Florian. Na época, o jogador começou a treinar com o grupo profissional. “É muito importante essa valorização que o clube me possibilitou”, avaliza Zezinho, que pesa 66 quilos e tem 1,74m de altura. A história do garoto no futebol começou em 2004. Zezinho jogava pela Escolinha Cosmos de Futsal, em Uruguaiana, sem compromisso. Na época, foi incentivado a fazer um teste na categoria pré-mirim do alviverde. “Algumas pessoas disseram que eu era magro demais para ser jogador. Mesmo assim fiz o teste em Caxias do Sul, passei para a infantil, depois juvenil e, dessa categoria, fui direto para a profissional”, orgulha-se o garoto que pretende tirar a Carteira Nacional de Habilitação (CNH) logo depois de 14 de março de 2010, data em que completa 18 anos. Zezinho chegou ao Jaconi indicado por Claudião, ex-treinador de goleiros alviverde.

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Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

Habilidade do craque não foi suficiente para evitar o rebaixamento do Ju. Ele, porém, foi campeão em 2009: conquistou o Sul-Americano Sub-17 pela Seleção

Os principais apoiadores para a em- tembro, contra o Fortaleza, no Jaconi. preitada foram o irmão mais velho, Ramón, e a mãe, Ieda Santos da Silva Zezinho dificilmente olha nos (o pai é falecido). “Ele é um bom meni- olhos do interlocutor. É tímido. Mas no. Está no caminho certo”, conta ela, a timidez desaparece quando está ao que é funcionária do clube e avessa a lado dos jogadores. Aí fica extroverfotografias. “Sabe, tive problemas no tido. Nos treinos, conversas ao pé do ano passado, depois que minha foto ouvido com o atacante Mendes e com saiu em um jornal. o então técnico Ivo Tivemos de reforçar Wortmann intercalam a segurança da casa”, “Contra a as atividades físicas. limita-se a contar dona Portuguesa, três Para Zezinho, o volanIeda, que entende mui- jogadores se te Lauro é um ícone. to de futebol. A posi“Ele é uma ótima pesção original do filho revezaram soa, dentro e fora de era a lateral-esquerda. para marcar campo”, elogia o adoAo ser promovido o Zezinho. lescente. Wortmann para os juvenis, ele foi Ele é ousado”, enaltece as virtudes deslocado para o meio do comandado de 17 de campo e começou diz o técnico anos: “Ele tem qualia se destacar. “É um Ivo Wortmann dade sempre. No jogo jogador diferenciado”, contra a Portuguesa elogia a mãe, que veio (10 de novembro), três para Caxias do Sul em jogadores se revezaram 2004 com outros três filhos. para marcar o Zezinho. Apesar da A família fora convidada pela di- pouca idade, ele tem personalidade. É reção para fixar residência na Serra, ousado”. a fim de evitar que Zezinho sentisse Antes de atuar no profissional do saudades. “Nada poderia atrapalhar”, Juventude, seu ídolo era Alexandre lembra o jogador, que estreou como Pato, revelação do Inter que atualmenprofissional contra o Inter, na final do te defende o Milan (Itália). De cabeça Gauchão de 2008. Faltavam três mi- baixa enquanto pensa nas respostas, nutos para o jogo acabar quando o en- Zezinho diz que sempre guarda orientão técnico Zetti colocou Zezinho em tações da mãe e do empresário, o pecampo. O Colorado venceu por 8 a 1. lotense Augusto Nogueira, 52 anos, A primeira partida de Zezinho há 30 radicado em Porto Alegre. “Eles como titular foi contra o Inter de Santa me dizem para não ser esnobe, para Maria. O jogo era válido pelo segundo não deixar a fama subir à cabeça. Às turno do Gauchão (Taça Fábio Koff). vezes me dão um puxão na orelha”, O adversário foi derrotado por 3 a brinca. Em 2007, Nogueira tornou-se 0 (dois gols de Mendes e um de Ivo), procurador do jovem, para satisfação no Jaconi. Zezinho não marcou, mas de dona Ieda. “Vários empresários estava muito contente. Antes, havia procuravam meu filho. O Augusto participado de cinco partidas, sempre nos trouxe tranquilidade”, pondera a entrando no segundo tempo. Em 2009 mãe. “Com essa valorização, sei que fez dois gols, ambos na Série B: o da minha responsabilidade aumentou, vitória por 1 a 0 sobre a Portuguesa, no assim como o assédio da imprensa. Estádio Canindé (SP), em 4 de agosto, Muitas coisas mudaram em minha e um na vitória de 2 a 0, em 19 de se- vida e amadureci bastante com essas

situações”, analisa o garoto. Responsável por atletas da dupla Gre-Nal e, além de Zezinho, pelo volante papo Gustavo, 17 anos, Nogueira faz questão de estar próximo dos jogadores. “Passo orientações sobre amizades e mulheres. É muito fácil se perder nessa profissão. Os jovens têm uma ascensão muito rápida e precisam aprender a ser atleta dentro e fora de campo. Tenho uma ligação próxima com a dona Ieda. Posso dizer que sou um pai para o Zezinho”, conta o empresário. Nogueira está prestes a negociar a revelação alviverde. Uma terceira proposta do Arsenal (Inglaterra) é aguardada até o final do ano, mas o procurador não descarta a possibilidade de o atleta atuar em outro clube do Brasil. “Estamos analisando propostas. A mais recente seria a do Arsenal, mas ainda não recebemos nada oficial”, disse na terça, dia 8. O valor pelo qual o atleta será negociado, segundo Nogueira, gira em torno de 5 ou 6 milhões de euros – ou entre R$ 13 milhões e R$ 15 milhões.

bro de 2008 e janeiro de 2009 disputou o Campeonato Brasileiro Sub-20, a Copa São Paulo de Futebol Júnior e a Copa Santiago de Futebol Juvenil). Entretanto, o período que o meia-atacante teoricamente estaria de férias não foi exatamente de descanso. Após um vídeo dos treinamentos do Arsenal ser colocado no Youtube, o jogador do Ju admitiu ter feito testes no clube inglês, famoso por contratar promessas do futebol. Depois de muita repercussão, o vídeo foi retirado do site. Após o término da Série B, Zezinho, por orientação do empresário, se isolou em Uruguaiana. O foco de Nogueira é encaminhar um bom negócio, tanto para o clube quanto para o atleta. “Se eu sair do Ju, que seja direto para a Europa”, sentencia Zezinho, olhando para o chão e com um discreto sorriso no rosto. O jornal inglês The Sun noticiou, na semana passada, que o meia-atacante alviverde e o atacante da Bósnia Edin Dzeko, do Wolfsburg (Alemanha), já estariam de malas prontas para o Arsenal. Ambos “Posso dizer seriam contratados a Neste ano, apesar que sou pedido do treinador do rebaixamento do um pai Arsene Wenger. O Juventude para a Série para o acerto com Zezinho, C, Zezinho conseguiu conforme a publicação um título. Foi cam- Zezinho”, britânica, seria por 1,6 peão Sul-Americano afirma o milhão de libras (R$ pela Seleção Brasilei- seu procurador, 4,57 milhões). Ou seja, ra Sub-17. O jogador Augusto um valor inferior ao marcou dois gols na almejado pelo emprecompetição disputada Nogueira sário. Se houver uma em abril em Iquique, negociação para o Exno Chile. Um deles, terior, o jogador provana final, no empate em 2 a 2 contra velmente permanecerá no estádio Ala Argentina. O Brasil conquistou o fredo Jaconi até completar 18 anos, em título nos pênaltis – Zezinho tam- março de 2010. Para Sérgio Florian, bém deixou o dele. “O título foi mui- presidente do clube até 31 de dezemto importante para a minha carreira”, bro, o talento de Zezinho desabrochou resume. Após o torneio, a direção lhe com um trabalho paciente, que evitou deu 10 dias de folga, pois até então ele pular etapas. “É uma joia rara”, resunão havia tirado férias (entre dezem- me Florian.

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Persistência nas quadras

Comemorando com suor: a semana seguinte à vitória em casa foi, como sempre, de trabalho para os atletas

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por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br terça-feira, dia 8. Todi chega atrasado ao treino. Ele sabe que o técnico irá chamar a sua atenção. Mesmo tendo recém vencido o Campeonato Gaúcho, o treinador Rodrigo Barbosa prima pela pontualidade. Com sua mochila nas costas, o ala desce de elevador em direção ao ginásio. Os colegas estão fazendo um aquecimento, comandados pelo preparador físico Fabrício Juliano. Todos gritam apontando o relógio quando o enxergam entrar pela porta central do ginásio. Não se chega atrasado a um treino. Pelo menos não a um treino do Rodrigo. A sorte é que, desta vez, o treinador está mais atrasado ainda, devido a uma reunião de última hora. O movimento é rápido. Um gingado e uma esquiva deslocam a marcação. A bola é passada com velocidade e perfeição para o jogador que aparece despercebido ao lado. Ele voa até a cesta e toda a arquibancada grita. Esse é o som da vitória. Entre um guincho estridente dos tênis friccionando o piso de madeira, o som da torcida ecoado em uníssono toma a forma de uma canção da vitória. Como um espectro do passado, essas cenas e sons ressurgem à memória dos jogadores que agora treinam em um ginásio vazio. Todos ainda estão sob os efeitos das vitórias. O Caxias do Sul/Festa da Uva 2010 é campeão do Rio Grande Sul. Grande parte do mérito dessa conquista se deve à devoção de algumas pessoas, entre elas o técnico Rodrigo

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Barbosa e o presidente do time, Rogério Caberlon. A equipe foi formada há cinco anos, e as participações no campeonato gaúcho renderam quatro finais – só a deste ano, finalmente, vencida. “Diziam que o nosso time era só para cumprir tabela e chegamos na final na nossa primeira participação,” relembra Caberlon.

Em sua quarta final, o Caxias do Sul/ Festa da Uva 2010 conquistou o título gaúcho. Agora, quer participar da NBB Janeiro, Telemar, Botafogo e Municipal. “Nossa equipe aqui é como uma família. No Rio, além do salário atrasar, havia um descaso com a saúde do jogador”, comenta.

Na quadra estão os jogadores Bruno, Guilherme, Maurício, Thulius, Rubinho, Dida, Mateus, Bego, Michel, Daniel, Leo, Douglas e Todi. Com um elenco misto, Ao lado do prepade jogadores profissionais rador físico se enda fora da cidade e semi- “O segredo contra o treinador profissionais (ou seja, que das categorias de para ser exercem outras atividades base e auxiliar da além de jogar basquete) campeão equipe principal, de Caxias, o time foi cam- é trabalhar Leandro Rombaldi. peão invicto. O treinador e treinar Ele voltou a trabadiz que não teria sentido lhar com o basquemais que montar uma equipe só te justamente este com atletas de fora. “Me- os outros”, diz ano. “É dificil ficar tade dos nossos jogadores o treinador assistindo de fora. é natural daqui. Temos Rodrigo Barbosa O basquete é como que valorizar os atletas uma dependência da cidade. Isso é um fator química pra mim, que não irá mudar, é uma filosofia do só que boa”, revela. time.” Após um breve treino de arremesO pivô Rubinho, 32 anos, além de sos, os jogadores se preparam para o jogar basquete, é engenheiro civil. No coletivo. Nos seus rostos percebe-se seu currículo consta atuação pelos um sorriso contido de quem ainda clubes União, Sogipa e Ulbra. Ele é está sob a ressaca do título. A única um dos atletas de Caxias. Quando não pessoa que parece se comportar como está envolvido com suas obras, Rubi- se nada houvesse acontecido é o técninho pratica a sua maior paixão, o bas- co Rodrigo. A cada jogada errada ou quete. Segundo ele, a relação entre os previsível, um sinal de desaprovação. jogadores é muito boa. “Nunca houve “O segredo para ser campeão é trarivalidades entre os atletas daqui com balhar e treinar mais que os outros”, os de fora.” O armador Guilherme, 25 resume ele. anos, atravessou alguns estados para Conforme o preparador físico Fachegar até Caxias. É do Rio de Janei- brício Juliano, além da resposta do ro, e já defendeu Flamengo, Rio de trabalho em quadra, um dos grandes

fatores para a conquista do título gaúcho foi a dedicação aos treinos por parte dos jogadores. “Fazemos treinos diários de duas horas, pela manhã e à noite. No fim de semana é mais intenso. O grupo é responsável e regrado. Ninguém faz corpo mole”, elogia. O resultado se apresenta em saúde: nenhuma lesão nesta temporada. Com um orçamento de R$ 100 mil, que inclui salários dos jogadores e comissão técnica, gastos com infraestrutura e transporte, o treinador Rodrigo Barbosa montou uma equipe entrosada. “Mantivemos grande parte do elenco do ano passado e adicionamos alguns reforços. A cada temporada a estrutura melhora.” O passo seguinte a ser alcançado pela equipe é a inscrição no Campeonato Brasileiro de Basquete, também chamado Novo Basquete Brasil (NBB). “Capacidade técnica nós temos. O que nos falta é apoio financeiro”, diz o treinador. As dificuldades se enumeram. O Campeonato Gaúcho tem três meses de duração. O Brasileiro, oito. Só a taxa de inscrição custa R$ 40 mil. “Essa é a proposta pela qual todos lutamos. Contudo, ainda é muito irrealista. Preciso quase 10 vezes mais do que o orçamento que tivemos este ano para jogar o NBB”, calcula. O presidente da equipe, Rogério Caberlon, é enfático: “Queríamos ser campeões gaúchos e fomos. Este é o nosso melhor time. Nosso sonho agora é participar do Brasileiro. Vamos precisar de uma empresa que invista forte. Eu quero alcançar este objetivo.”

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Renato Henrichs

renato.henrichs@ocaxiense.com.br | www.ocaxiense.com.br/renato-henrichs

Para avaliação

Dado mais relevante do levantamento feito pela FSG a respeito do transporte coletivo urbano caxiense, sob encomenda da Secretaria de Trânsito, Transporte e Mobilidade: 52% dos usuários ouvidos são contrários ao passe livre no último domingo de cada mês. Esses usuários acham que, no dia de catraca liberada, seria melhor pagar a passagem do que enfrentar filas nas paradas, excesso de lotação e mesmo badernas no interior dos ônibus.

Assim fica difícil

De acordo com a assessoria jurídica e Comissão de Constituição e Justiça da Câmara, são inconstitucionais ou ilegais os projetos do vereador Marcos Daneluz (PT) que tentam moralizar parte do trabalho da Casa. Daneluz tentou instituir carga horária semanal e controle com cartão-ponto para os servidores em cargos de comissão. Inútil: a proposta teve parecer pela inconstitucionalidade. O petista também propôs limitar os gastos do Legislativo com publicidade. Em vão: o projeto foi declarado ilegal.

Promoção adicional

(Da série “vamos fazer desse limão uma limonada?”) O episódio do corte de energia elétrica em alguns presépios ao menos abriu espaço em setores da mídia para o evento promovido pela comunidade de Ana Rech. De outra forma, o Encanto de Natal – que não dispõe de recursos para aplicar em publicidade paga – jamais teria tanta divulgação nesses mesmos setores. Aliás, o evento não teve divulgação adequada antes da barbeiragem política do secretário Celso Empinotti, de Obras, inquestionável do ponto de vista legal.

Questão interna

Os cooperados da Unimed NordesteRS vão realizar nova assembleia na próxima quarta-feira, dia 16, para discutir a situação do comando atual da cooperativa médica, alvo de uma discussão judicial depois que reunião anterior, promovida em 10 de novembro, chegou a destituir diretores atuais. Todas as partes envolvidas na questão – de diretoria executiva ao conselho fiscal – não querem falar a respeito da pauta. Preferem tratá-la como “questão interna”.

Três vezes prefeito de Flores da Cunha, Raymundo Paviani recebeu homenagem de vereadores florenses, que denominaram “Casa Raymundo Paviani” o prédio do Legislativo local. Do alto de seus 90 anos, Paviani emocionou-se com o reconhecimento em vida, o que não é comum no poder público. “Ainda mais partindo de um vereador muito mais jovem e que não é do meu partido”, ressaltou.

O BNDES é mais importante que o Congresso Edson Tomiello, o “Trovão”, presidente da empresa Neobus, ao receber esta semana o título de Administrador do Ano da Aanergs

perguntas para

Carlos Búrigo

Secretário municipal de Gestão e Finanças O orçamento municipal de 2010 teve um aumento de apenas 0,87% em relação a este ano. A administração não acredita na recuperação da economia brasileira? Acreditamos na recuperação da economia, tanto que após a reestimativa da receita total de 2009, onde teremos uma redução significativa nos impostos que refletem o desempenho econômico do país, estimamos um crescimento de 5% sobre a arrecadação final de 2009 para 2010. Mas, como a execução orçamentária de 2009 será menor que a estimada, quando comparamos o orçamento projetado de 2009 para 2010, o crescimento é de apenas 0,87%. A administração Sartori vem se notabilizando por uma série de obras de vulto – da barragem do Arroio das Marrecas a planos habitacionais, passando por asfaltamento de estradas do interior. São investimentos importantes, mas que podem significar comprometimento das finanças do Município no futuro. Como o prefeito que vai substituir Sartori, em 2013, encontrará a prefeitura? Todos os empréstimos contratados, seja os da prefeitura ou os do Samae,

têm estudos minuciosos, de acordo com a receita do Município e do Samae atual e para os próximos 20 anos, elaborados e analisados, dentro do rigor da legislação vigente, dentro da Secretaria do Tesouro Nacional do Ministério da Fazenda. Esses estudos atestam nossa capacidade de contrair os empréstimos e, ao longo dos próximos anos, pagá-los sem comprometer as finanças do município.

Troncalização

Agora que está assegurada a permanência da Visate por mais 10 anos, está na hora de ser colocado em prática o processo de troncalização do transporte coletivo. Estudos demonstram que a troncalização de linhas urbanas seria uma das medidas adequadas para minimizar os problemas do trânsito na cidade, tirando de circulação do Centro pelo menos 40 ônibus. Mas, pelo jeito, alguém sentou em cima do projeto.

A Câmara discutiu esta semana a criação de mais cargos em comissão na prefeitura. Não há CCs em demasia? Para uma estrutura do tamanho da prefeitura de Caxias do Sul, comparando com qualquer outro município do mesmo porte, temos um número de CCs menor. Poderíamos ter mais. Quem executa as atividades do Executivo são os servidores de carreira, mas quem gerencia, apresenta as diretrizes e dá velocidade e ritmo às ações são os CCs. Os cargos votados esta semana não são novos, apenas foi a renovação dos 16 já existentes na Comissão de Planejamento Municipal (Coplam). No Samae sim, são novos. Isso em função das obras como saneamento e barragem, que necessitam de maior controle e agilidade.

Emagrecimento

Maicon Damasceno/O Caxiense

O juiz Leoberto Brancher está de volta. Pasmem aqueles que odeiam Caxias: o lendário juiz da Vara da Infância e da Juventude dos anos 90 voltou por vontade própria. Depois de 11 anos em Porto Alegre, ele diz que veio em busca de qualidade de vida, apesar de estar impressionado com o crescimento da cidade – e de seus problemas. Brancher responde agora pelo Juizado de Pequenas Causas.

Merecimento

Luiz Chaves/Divulgação/O Caxiense

Qualidade de vida

Cartão de visita

A segunda etapa do Programa de Asfaltamento do Interior (PAI) terá lançamento festivo, nesta segundafeira, em cerimônia nos Pavilhões da Festa da Uva. Mais de 100 quilômetros de estradas do município receberão cobertura asfáltica. Para não dizer que cuida apenas do interior, o prefeito José Ivo Sartori tem outra boa notícia, de interesse da população urbana e dos viajantes, e importante para a imagem da cidade. A Avenida Salgado Filho, que liga o Aeroporto Regional à Perimetral Sul – primeiro contato

dos passageiros dos vôos da Gol com Caxias –, também vai ser asfaltada no próximo ano. Aliás, a denominação correta do Aeroporto Regional é Hugo Cantergiani ou Campo dos Bugres? Apesar de os caxienses preferirem Hugo Cantergiani, os pilotos da Gol, por exemplo, sempre anunciam a chegada aqui como Aeroporto Campo dos Bugres. Quando as condições climáticas permitem o procedimento de aterrisagem, é claro.

w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

O orçamento do Município projetado para 2010, aprovado quartafeira na Câmara de Vereadores, aumentou apenas 0,87% em relação a este ano. Sequer corrige os índices inflacionários do período. Na justificativa, a prefeitura diz que a crise fez com que a arrecadação ficasse mais magra. Também vai ficar mais magro no início do ano que vem o secretário de Gestão e Finanças, Carlos Búrigo. Ele já marcou: no dia 19 de janeiro próximo, se submeterá a uma cirurgia de redução de estômago, a ser feita pelo especialista Luciano dos Santos Neto. O dono da chave do cofre do governo Sartori pretende passar dos seus atuais 148kg para 90kg. Búrigo pesava 115 kg quando transferiu-se para Caxias do Sul, há pouco mais de cinco anos.

Veterano

O concurso vestibular que a Universidade de Caxias do Sul realiza neste domingo é o de número 49 do coordenador Ivo Adamatti. Ele foi indicado para a função por meio de portaria assinada em 25 de junho de 1976, pelo então reitor Abrelino Vicente Vazatta. É o funcionário que há mais tempo detém um cargo específico na UCS.

Horário médico

Ao prestar concurso, os médicos do Município aceitaram um horário mínimo de atendimento à população. Seu descumprimento deve ser objeto de rigorosa apuração/fiscalização/punição interna.

12 a 18 de dezembro de 2009

O Caxiense

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Fotos

A fotografia digital mudou o modo

como as pessoas registram seu dia a dia. O jornalismo também foi afetado por essa revolução digital. Imagens podem ser publicadas quase que simultaneamente aos fatos. É isso que o Caxiense oferece no Flickr. www.flickr.com/photos/ocaxiense/

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