Edição 20

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C arm om BO an o a d LA do P pa upla AR ra C en A- AD fre JU nta es A r a tá s Sé e rie C Caxias do Sul, abril de 2010 | Ano I, Edição 20 | R$ 2,50

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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

A LETRA PERSISTENTE DE

POZENATO Aos 71 anos, o professor e escritor José Clemente Pozenato não quer descanso: arquiteta uma segunda trilogia

Rafael José dos Santos pede um busto para padre Giobbe | Roberto Hunoff analisa os números da inflação caxiense | Renato Henrichs discute a proposta de eleições para subprefeito | O presente e o futuro da Festa da Uva


Índice

www.OCAXIENSE.com.br

A Semana | 3

FACEBOOK

Roberto Hunoff | 4

Repasse de R$ 100 mil para filme | Que vergonha! Que provincianismo destes vereadores que aprovaram este assalto. Com tantos talentos locais... Vania Lain, em 12 de abril

(Acompanhe em www.facebook.com/ocaxiense)

Um resumo das notícias que foram destaque no site

Maicon Damasceno/O Caxiense

Próxima do limite, inflação caxiense desacelera em março

Vacina contra desinformação | 5 Campanha de imunização ataca o vírus H1N1 e a boataria negativa sobre as doses gratuitas

Estrela petista | 6

Em reunião-almoço, Dilma Rousseff abre apetites eleitorais na cidade

Doutor das palavras | 7

Os vereadores que votaram a favor nem se dão ao trabalho de pesquisar leis culturais, eles decoraram um texto e nele se agarraram. Lamentável. Janete Kriger, em 14 de abril Com isso tudo aprendi mais uma coisa: a maioria dos vereadores são facilmente manipulados pelo poder Executivo. Como é fácil governar assim. Lissandro Stallivieri, em 14 de abril

ORKUT

Com 25 livros e sempre um primeiro passo a dar, José Clemente Pozenato quer mais

Leitura profunda | 10

Doutor em Ciências Sociais, Rafael José dos Santos explica por que padre Giobbe merece um busto

Caxias do Sul, abril de 2010 | Ano I, Edição 19 | R$ 2,50

do Pe PO cu me dido R U ntá de NS rio R$ R é m 10 EA al 0 m IS rec il eb para A M ido A pe finali IS la crí zar tic a lo cal |S10 |D11 |S12 |T13 |Q14 |Q15 |S16 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

Guia de Cultura | 12

Um mestre francês exibe as cores da obsessão

O SABER MULTIPLICADO

Festa da Uva | 14

Em uma década, Caxias viu a UCS ganhar a companhia de 15 instituições de ensino superior. Juntas, elas atendem hoje a uma multidão de 36,5 mil alunos de graduação e pós na cidade

Artes | 16

Máscaras que bailam e grafites com sentimentos

Cena cultural | 17

A destinação de R$ 100 mil a um documentário de destino incerto

No Jaconi | 18

O Ju tenta escolher (e acertar) 10 entre uma lista de mais de 100 jogadores pretendidos

Guia de Esportes | 20 No Centenário | 21

O Caxias pretende gastar no máximo R$ 250 mil mensais para definir o time da Série C Vereador Marcos Daneluz propõe eleição para as subprefeituras

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

O Caxiense

17 a 23 de abril de 2010

(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense) @juniorfrainer Agradeço ao @ocaxiense pelo apoio dado aos eventos do Centro de Cultura Ordovás. Jornalismo sério com credibilidade. #euindico Junior Frainer, em 14 de abril

@danieldalsoto Acordei cedo e fui comprar o jornal @ocaxiense lá na banca da praça. Edição muito boa. Aliás, comprei 3 jornais! Parabéns. Daniel Dalsoto, em 10 de abril

Expediente

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TWITTER

@mmocelin @ocaxiense Adorei a matéria sobre o Bolsa Família, que fielmente mostrou AMBOS os lados – o que é raro de acontecer. Parabéns à Redação! Marcus Vinicius dos Reis, em 12 de abril

Renato Henrichs | 21

Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

Roberto Hunoff explica por que a cesta básica custa R$ 499,10 | Renato Henrichs fala do corporativismo dos médicos | Cabeleireira quer perder Bolsa Família | A história dos 75 anos do Caxias | O Ju não quer repetir os erros

@mauvanelli Hoje comprei minha primeira edição impressa de @ ocaxiense. Reportagem sobre as instituições de ensino está muito boa. Parabéns, equipe! Maurício Vanelli, em 13 de abril

Tênis, vôlei, futebol e velocidade

Assine

Amei esta capa! Roberta Mattana, em 10 de abril

Maicon Damasceno/O Caxiense

João Pratavieira, Divulgação/O Caxiense

Os números desta edição apontam os caminhos para as próximas

19ª edição | Cada capa melhor que a anterior. Jornalismo inteligente é para quem sabe fazer, não para quem gostaria de fazer. Parabéns! Marta Detanico, em 15 de abril

Curso com Ana Maria Bahiana | @marcosouto Excelente o primeiro dia do curso que a Ana Maria Bahiana está dando no Ordovás. Parabéns ao @ocaxiense pela iniciativa! Marcos Souto, em 13 de abril Repasse de R$ 100 mil para filme | @lbgomes Excelente a matéria Verba de Cinema desta semana em @ocaxiense. E o melhor, mostra a opinião dos nossos vereadores sobre o assunto. Indico. Lucas Bonan Gomes, em 12 de abril

Capa | Arte de Marcelo Aramis.

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


A Semana

Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

Manter gratuidades nas passagens de ônibus é unanimidade; Mato Sartori segue fechado

Um pequeno trem é atração para as crianças na Estação Férrea; à espera de mais um guarda, o Parque Municipal Mato Sartori continua sem data de inauguração

SEGUNDA | 12 de abril Transporte coletivo

Gratuidades são defendidas em audiência pública Na audiência pública realizada no plenário da Câmara de Vereadores a manutenção das gratuidades foi unanimidade, e poucas foram as alternativas reais para evitar o aumento do valor da passagem de R$ 2,20 para R$ 2,50. O presidente da Comissão de Legislação Participativa e Comunitária da Câmara (CLPC), vereador Rodrigo Beltrão (PT), defendeu o barateamento no valor da tarifa, a inclusão de novos usuários e o não retrocesso dos direitos adquiridos. Representantes populares levantaram possíveis alternativas para baratear a passagem sem abrir mão das gratificações. Entre elas, a reavaliação da idade de frota de cinco para seis anos, subsídios por parte dos governos municipais, estaduais e federais e a criação da Empresa Municipal de Transporte.

Cultura

a criação de 10 pontos de cultura em Caxias do Sul. A prefeitura entrará com R$ 600 mil de contrapartida, e os investimentos serão realizados em etapas, até 2011.

TERÇA | 13 de abril Hospital Geral

Médicos residentes paralisam por 24h Poucos dias após o fim da greve dos médicos concursados de Caxias do Sul, os cerca de 30 médicos residentes do Hospital Geral aderiram à paralisação nacional de 24h promovida pela Associação Nacional dos Médicos Residentes em todo o Brasil. A ação pretende pressionar o governo por reajuste de 38,7% da bolsa remunerada, instituição da 13ª bolsa e ampliação da licençamaternidade para seis meses.

QUARTA | 14 de abril Mato Sartori

R$ 1,8 milhão para projetos O Ministério da Cultura disponibilizou R$ 1,2 milhão para

Falta de um guarda adia inauguração A instalação do sistema de mo-

nitoramento por câmeras, a última fase da obra no Parque Mato Sartori – que começou em março de 2008 – foi concluída no final de fevereiro deste ano. Mas abertura dos portões foi novamente adiada por falta de segurança. Conforme o secretário do Meio Ambiente, Adelino Teles, na avaliação do prefeito o parque ainda não está pronto para atender o público. Teles já solicitou mais um guarda municipal à Secretaria de Segurança Pública, mas não definiu data de inauguração. “Está só dependendo do secretário (Roberto Soares Louzada) dar um ok.” O secretário da Segurança diz que o acréscimo de um guarda está sendo providenciado, mas não é empecilho à inauguração.

QUINTA | 15 de abril Educação

Duas novas faculdades Duas escolas particulares tradicionais de Caxias do Sul devem ingressar no mercado do ensino superior a partir do próximo ano. Uma delas é o Colégio La Salle Carmo, que pretende iniciar com cinco cursos, os mesmos que hoje são ministrados em nível técnico. A outra é o Instituto Leonar-

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do Murialdo, que ainda não divulga as áreas em que pretende atuar.

SEXTA | 16 de abril Tapete Mágico

Expresso da Leitura recebe 11 mil crianças Um pequeno trem está montado na Estação Férrea para receber, a partir de segunda-feira, 11 mil crianças das escolas públicas. O veículo faz parte do projeto Expresso da Leitura, em comemoração aos 100 anos de chegada do trem em Caxias, e está vinculado ao já existente projeto Tapete Mágico, que ocorre de 19 de abril a 12 de maio – quando, além de participar das contações de histórias, a criançada poderá dar uma volta no trem, que terá livros à disposição. O trem está em fase de finalização, segundo a coordenadora do Programa Permanente de Estímulo à Leitura (PPEL), Luiza Motta. “A previsão era fazer durante a Festa da Uva, mas viramos Caxias de pernas pro ar para achar uma empresa que produzisse as rodas para o trem. Como não conseguimos, fixamos a data para a estreia do Tapete.” O trem ficará na estação após o término do projeto.

17 a 23 de abril de 2010

O Caxiense

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

A Randon confirmou nesta semana dois projetos de aumento da produção. Firmou parceria para montagem e venda de semirreboques na cidade do Cairo, no Egito. A projeção é comercializar 1 mil unidades ao ano a partir de 2014. Para o primeiro ano de operação é esperada a venda de 500 veículos. Em Resende, no Rio de Janeiro, aportará R$ 30 milhões para a construção de uma fábrica da Suspensys, onde produzirá itens para caminhões e chassis de ônibus da MAN Latin America. A unidade, que operará a partir de 2011, abrirá de 250 a 300 empregos. De acordo com Alexandre Gazzi, diretor executivoautopeças da companhia, este sistema pode abrir oportunidades para demais empresas do grupo e junto a outros clientes.

Ineditismo

Ibrava, Divulgação/O Caxiense

Depois do ônibus movido a hidrogênio, a Tuttotrasporti, de Caxias do Sul, apresenta a versão trolebus que pode se movimentar com energia gerada a partir do lixo. O produto está em testes finais na cidade de São Paulo. Ideia que poderia ser assumida e incentivada por autoridades públicas locais. Mas parece que a proposta não repercutiu positivamente. Sabe-se lá por que!

Varejo

Chega à cidade na próxima quinta-feira, 22, mais uma das líderes do varejo nacional. A Riachuelo abrirá unidade na área ampliada do Iguatemi Caxias. Especializada em moda masculina, feminina e infantil e para o lar, a rede tem 109 lojas em todo o País e duas no Rio Grande do Sul: em Porto Alegre e em Santa Maria. Além de Caxias está programada a abertura de mais 10 lojas no ano. A Riachuelo pertence ao grupo Guararapes, maior confecção do Brasil. A empresa teve faturamento líquido de R$ 2,1 bilhões no ano passado e lucro de R$ 214 milhões, em altas de 14,3% e 56,4% respectivamente.

Congresso

O 4º Congresso Metalúrgico de Caxias do Sul está confirmado para 24 e 25 de abril no Samuara Hotel. O tema central será Futuro para quem Trabalha. Uma das mais esperadas palestras é a de Márcio Pochmann, presidente do Instituto de Pesquisas Econômicas Aplicadas. O presidente do sindicato, Assis Melo, encerrará o encontro falando sobre o dissídio coletivo deste ano.

Expansão

Conceber e executar projetos de decoração para eventos sociais é o foco de negócios da Fernando Weber - Flores & Decorações, que acaba de ser constituída em Caxias do Sul. À frente do empreendimento está Fernando Webber, administrador da Floricultura Guarany, empresa familiar com mais de 30 anos de atividades. A nova empresa surge como resposta ou mesmo evolução natural do segmento, um dos mais emergentes na região.

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O Caxiense

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Renomeação

Inflação no limite do teto oficial

A inflação caxiense deu uma forte recuada em março. Cedeu de 1,19%, apurado em fevereiro, para 0,55% e aponta tendência de declínio para os próximos meses. O índice de difusão, que projeta o futuro dos preços, caiu para 36,3%, o mesmo de dezembro, contra 43,1% de fevereiro. No entanto, o índice anualizado está bem acima dos demais indicadores nacionais, assim como em relação à meta de inflação oficial, que é de 4,50%, e quase no limite admitido de 6,5%. Já bateu em 6,26%. No primeiro trimestre, o Índice de Preços ao Consumidor, calculado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da UCS, é de 2,51%. No ano e, em março, o re-

sultado é similar aos nacionais. O grupo da habitação puxou o resultado de março para cima, com reajuste de 2,83% nos preços por forte influência de aluguéis, impostos e taxas. Os itens do vestuário tiveram aumento de 1,43%, evidenciando-se roupas e acessórios para senhoras. Já a alimentação recuou 2,34%, mesmo índice apurado em educação, leitura e recreação. Em 12 meses a inflação é puxada por produtos de saúde e higiene pessoal e de educação, leitura e recreação, altas respectivas de 21,59% e 23,04%. No ano, excetuando-se alimentação, os demais grupos têm reajustes superiores a 2%, chegando a 4% em transportes.

A rede de lojas Herval, pertencente ao Grupo Herval, de Dois Irmãos, mudou de nome. As 65 unidades passam a ser conhecidas como TAQI, mudança estratégica desencadeada ainda em 2005, quando pesquisa de mercado apontou para a necessidade do Grupo Herval reposicionar suas empresas nos diferentes mercados em que atuam. Agora, por meio da organização por segmentos e da nova sinalização, os consumidores visualizam melhor os produtos. As lojas TAQI têm 1,9 mil colaboradores, quase 50% do contingente total do grupo.

Fora do ranking

Índice de Preços ao Consumidor Mensal Acumulado

0,41

0,62

1,30 0,67

0,41 0,21

1,45

Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais (IPES/UCS) 6,26 5,69 4,44 3,67 3,05 2,37 1,90 1,51 1,19

0,39

0,46

0,66

0,60

0,75

0,55

0,15 0,06 04/09 05/09 06/09 07/09 08/09 09/09 10/09 11/09 12/09 01/10 02/10 03/10 Gilmar Gomes, Divulgação/O Caxiense

Lá fora

Missão

O presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul, Oscar de Azevedo, integra a missão gaúcha que visitará a cidade de Aberdeen, na Escócia, em busca de conhecimentos para a consolidação do polo de petróleo e gás no Rio Grande do Sul. Serão mantidos contatos com empresas europeias visando conhecer a realidade tecnológica e possibilitar negociações futuras para a formação de parcerias. A viagem, que ocorrerá de 19 a 25 de abril, é iniciativa do Comitê de Competitividade em Petróleo, Gás e Energia da Federação das Indústrias do Estado. A cidade de Aberdeen, banhada pelo Mar do Norte, é chamada de Capital do Petróleo e da Energia da Europa.

Revenda

A abertura de uma loja âncora no bairro São José é considerada primordial na meta da Center Motors Multimarcas de elevar seu faturamento em 35% neste ano. O investimento no novo ponto é

Crescimento A liderança é da rede Wall Mart, representada em Caxias pelo BIG e Nacional, com faturamento de R$ 3,9 bilhões. O levantamento da Agas apontou que o setor faturou R$ 11,8 bilhões no ano passado, em alta de quase 13% sobre o exercício anterior. De acordo com estimativa da entidade, as 208 empresas representam 85% do faturamento do setor gaúcho e empregam 58 mil funcionários, distribuídos em 748 lojas.

Orgânicos do casal de empresários Germano Heckler e Viviane Debastiani, que há três anos comanda a revenda, agora somando 30 colaboradores e média de 280 veículos para venda em suas cinco lojas em Caxias do Sul.

Curtas

A CDL Jovem realiza na segunda-feira, dia 19, às 19h, no Bergson Executive Flat, nova edição do Fim de Tarde CDL Jovem. Este encontro terá palestra com Gilmar Marcílio.

As principais redes de supermercados com capital caxiense, como Andreazza, Kastelão e Condor, estão fora do ranking de 2009 da Associação Gaúcha de Supermercados (AGAS). Dentre os 208 estabelecimentos listados aparecem apenas três de Caxias do Sul: Lupan Comércio de Alimentos na 126ª posição, Minimercado Simiel na 129ª e Melon Alimentos na 139ª. Pela ordem, tiveram faturamento em 2009 de R$ 4 milhões, R$ 3,8 milhões e R$ 3 milhões. Da região da Serra a melhor colocação, a 20ª, é da Cooperativa Agropecuária Petrópolis, com vendas na casa de R$ 84,3 milhões.

Rio Grande do Sul, Aod Cunha, palestra na reunião-almoço de segundafeira, 19, da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. Falará sobre A conjuntura internacional e perspectivas para a economia braO ex-secretário da Fazenda do sileira.

A Universidade e Prefeitura de Caxias do Sul promovem o III Encontro Caxiense para o Desenvolvimento da Agricultura Orgânica Sustentável e a I Reunião Sul-Brasileira sobre Agricultura Sustentável. A programação destinada a biólogos, produtores rurais, estudantes, pesquisadores, educadores, consumidores, agrônomos, veterinários e técnicos agrícolas ocorrerá na segunda e terça-feira, dias 19 e 20, no Teatro da UCS. Haverá mesas-redondas sobre aquecimento global, insumos para a agricultura orgânica, biodiversidade e segurança alimentar, normatização dos orgânicos e experiências em agricultura orgânica. A programação terá início às 8h30.

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Dose de precaução

Na UBS Centro de Saúde, a vacinação é aplicada em torno de 380 vezes por dia

VACINA CONTRA GRIPE E

DESCONFIANÇA

Campanha de imunização contra o vírus Influenza H1N1 enfrenta a propaganda negativa feita por boatos infundados

A

por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br campanha nacional de vacinação avança paulatinamente contra a gripe A – que registrou cinco óbitos em Caxias do Sul no ano passado e tem dois casos de suspeita em 2010 – devido à desconfiança da sua eficácia e à desinformação de parte da população atingida pela boataria que circula na internet. Esse receio pode ser percebido através dos números parciais divulgados na última quinta-feira (15). O prazo para a vacinação das gestantes, doentes crônicos, crianças de seis meses a dois anos e adultos entre 20 a 29 anos se encerra na próxima sexta-feira (23), e apenas o grupo dos pequenos superou 80% da meta inicial da campanha. A gerente da Vigilância Epidemiológica, Maria Ignez Estades Bertelli, enfatiza que a melhor forma de se prevenir contra a doença é a vacinação. “Estima-se que tenha 95% de eficácia contra o vírus. Esse número varia de acordo com o sistema imunológico de cada um. As pessoas idosas têm mais dificuldades em manter os anticorpos. Quanto mais jovem é a pessoa, melhor ela responde à vacina”, explica. A médica também lembra que lavar sempre as mãos, manter o ambiente arejado, evitar passar os dedos no rosto e usar objetos compartilhados, além de uma boa alimentação, são medidas importantes para não contrair o vírus Influenza H1N1. A Secretaria da Saúde registrou, em 2009, 660 casos de suspeita da doença

em Caxias. Destes, 321 amostras foram encaminhadas para diagnóstico e 84 foram confirmados. Para este ano, Maria Ignez diz que não há como estimar o número de ocorrências, mas conta que Estados Unidos e México, que tiveram alto índice da doença no ano passado, registraram decréscimo no último inverno (que ocorre a partir de dezembro no Hemisfério Norte). “Não temos como prever como será a proliferação do vírus este ano. Mas tudo indica que com a aplicação da vacina, e com a própria imunidade que algumas pessoas podem ter obtido, o número deve ser menor”, acredita. A campanha de vacinação já ultrapassou a metade de seu período, e o número de vacinados deve aumentar bastante nos próximos dias. Afinal, a ação destinada aos adultos entre 20 e 29 anos iniciou apenas em 5 de abril, e a das pessoas entre 30 e 39 começará somente em 10 de maio. Contudo, a preocupação maior continua sendo com os indivíduos que fazem parte dos ditos grupos de risco. A campanha para as crianças entre seis meses e dois anos pode ser considerada eficiente. Pouco mais de 86% da meta inicial já foram vacinadas. Já o grupo das gestantes e doentes crônicos ainda beira os 64%. Dificilmente atingirão a meta de 80% até a próxima sexta-feira, prazo final estipulado pelo Ministério da Saúde. Com relação aos boatos que maldizem a vacina, é fácil encontrá-los em vários sites da internet. Blogs, fóruns e

salas de bate-papo concentram teorias paciente e, quando ele percebe, já apliinfundadas, que pessoas leigas no as- quei a vacina.” O processo de vacinação sunto repassam, de forma viral, como é padrão, e se repete em torno de 380 sendo verdadeiras. Os detratores acu- vezes por dia na UBS. “Não dói nada”, sam a vacina de ter alta concentração conta Ederlem Laurentino, 26 anos, de mercúrio (que causaria autismo em que, acompanhada da amiga Lisandra crianças), conter céRubim da Costa, 29 lulas cancerígenas de anos, aproveitou o hoanimais, provocar má “Quanta gente rário de almoço para formação fetal em ges- morreu no ano se vacinar. “É bem metantes e, ainda, dizem passado dessa lhor do que a da febre que as doses distribuamarela”, acrescenta. ídas gratuitamente no gripe. As pessoas Lisandra diz não entenBrasil provêm das so- agora podem der por que tão poucas bras de outros países. receber a vacina pessoas estão se vaciO site do Ministério de graça e mesmo nando. “Quanta gente da Saúde (portal.saude. morreu no ano passado gov.br/saude) desmen- assim não vêm”, dessa gripe. As pessoas te a todas essas versões, lamenta Lisandra agora podem receber a entre outras tantas, e vacina de graça e mestira as possíveis dúvimo assim não vêm”, obdas sobre a eficácia da vacina. serva, indignada. A única reclamação delas é com relação aos grupos etários “Todo o processo da vacinação é que têm direito à vacina. As duas têm bem rápido. Não chega a levar mais do filhos de seis anos, que, embora esteque quatro minutos”, avisa o gerente da jam, expostos ao contato com outras UBS Centro de Saúde, Fernando dos crianças na escola, ficaram de fora da Santos Bitencourt. Lá, uma pequena campanha. fila, formada principalmente por joConforme o Ministério da Saúde, vens adultos, se forma pouco antes das foi necessário dividir a população em 14h. “Hoje é a vez da mamãe tomar a grupos pois não havia vacina para tovacina”, brinca a auxiliar de enferma- dos. A prioridade foi para os grupos de gem Silvani Valeri Curzel, com a me- risco já citados, e o restante foi dividinina que acompanha e aguarda a mãe do para as faixas etárias mais atingidas receber a injeção. pela primeira onda da gripe A. Mas, Com 20 anos de prática em enferma- para tranquilizar as jovens mães, a mégem, Silvani usa toda a sua experiência dica Maria Ignez avisa que em maio a para tirar o medo das pessoas. “Faço vacina deverá estar disponível no meruma brincadeirinha para distrair o cado.

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17 a 23 de abril de 2010

O Caxiense

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Debates políticos

Ex-ministra-Chefe da Casa Civil e pré-candidata a presidência da República pelo PT esteve em Caxias e palestrou na CIC

Por um lugar

ao lado de Dilma

A

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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br vinda da ex-ministra-Chefe da Casa Civil e pré-candidata a presidência da República pelo PT, Dilma Rousseff, na última sexta-feira, deu a largada à campanha dos presidenciáveis a Caxias do Sul, e deixou a cidade em clima de eleição. Ela chegou de avião, por volta das 12h15, para participar da reunião-almoço extraordinária promovida pela Câmara da Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul e, já na largada, foi cercada por militantes e políticos que disputavam um lugar na foto ao lado da favorita do presidente Lula. Dilma não veio sozinha. Nos compromissos no Rio Grande do Sul, ela foi acompanhada, quase todo o tempo, pelo ex-ministro da Justiça, Tarso Genro, e pelo ex-governador Olívio Dutra, que também estavam com ela em Caxias. Ao trio, juntou-se, ainda no aeroporto, cerca de 50 pessoas, entre deputados, vereadores e militantes do PT, PCdoB e da CUT. A pré-candidata não tem fama de carismática. Mas nem por isso deixou de sorrir aos militantes que aguardavam por ela. Pelo contrário, foi simpática e tirou fotos com todos eles, o

O Caxiense

17 a 23 de abril de 2010

que contribuiu para que a palestra que ela daria na CIC a partir do meio-dia, começasse com quase uma hora de atraso. A chegada na CIC foi por volta de 12h45min, onde ela foi recebida pelo presidente da entidade, Milton Corlatti, o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) e mais políticos. Novamente, Dilma enfrentou a disputa por um cumprimento, um abraço e uma pose para as câmeras de cinegrafistas e fotógrafos que aguardavam por ela no local. Dilma se apresentou com o cabelo alinhado, maquiagem, um blazer claro e uma blusa vermelha. Solícita e com a voz um pouco rouca, concedeu entrevista por 15 minutos. A disputa por Dilma continuava, só que dessa vez não era por uma pose ao lado dela, mas sim uma pergunta, já que o tempo seria curto, os jornalistas eram cerca de 50. Em uma das poucas perguntas que Dilma respondeu, sobre a relação dos governos do PT com o empresariado, afirmou que não havia mais motivos para desconfiança. Para justificar usou a frase “Nunca no Brasil todos ganharam tanto”, que seria repetida mais tarde em outros momentos. A entrada de Dilma no restaurante onde aconteceria a palestra também

Presença da candidata do presidente Lula na cidade mobilizou políticos e militantes

foi barulhenta. Havia pelo menos 350 pessoas no local e quase todas bateram palmas. Além da imprensa, ela foi cercada pelos participantes da reuniãoalmoço, que tornaram aparentemente mais longo o caminho entre a porta e o púlpito onde palestraria sobre o tema Brasil: construindo o futuro. No meio do trajeto, uma pausa para cumprimentar a Rainha e as princesas da Festa da Uva e, finalmente, a palestrante, pôde se acomodar para ser iniciado o evento. De lá de cima, finalmente, Dilma relaxou, pelo menos aparentemente. Deu tempo apenas de comer a salada, enquanto o presidente Milton Corlatti fazia o discurso de abertura. Aliás, o discurso dele foi o único momento em que a presença da ex-ministra pareceu menos festiva. Corlatti lembrou das reivindicações da comunidade regional – as antigas e também as novas. Ele cobrou o aeroporto internacional para cargas e passageiros, que há anos vem sendo solicitado, citou a necessidade da implantação de um modal ferroviário para Serra, recurso que, avisou, será uma bandeira dos empresários daqui e lembrou que a entidade é contra a redução da jornada de trabalho de 44 para 40 horas semanais. “Reclamar é

da cultura dos gringos”, amenizou. Dilma falou por uma hora e não tocou nos temas propostos por Corlatti. Apenas lembrou que a melhor maneira de se chegar a um entendimento é por meio do diálogo. A pré-candidata usou o espaço da palestra, na verdade, para discursar sobre os feitos do governo Lula. Ela destacou o Fome Zero, falou do Minha Casa Minha Vida, lembrou das políticas de incentivo ao emprego e salientou as medidas do governo de combate à crise. Em diversos momentos arrancou aplausos da plateia. O empresariado da região Dilma só mencionou na parte da palestra dedica ao pré-sal. Ela lembrou que os setores moveleiro e metal-mecânico daqui podem se beneficiar com as novas descobertas de petróleo. “Caxias está prontinha para pegar o barco do présal”, declarou. Dilma saiu da reuniãoalmoço com uma carta de reivindicação dos empresários da região. Sobre as eleições, ela não falou. Pelo menos não diretamente. Em suas considerações finais, a pré-candidata a presente da república, sem citar o processo eleitoral, lembrou que não faltará tempo e oportunidades para se realizar debates e confrontar projetos. “O Brasil saberá escolher”.

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Nossa literatura

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SURPRESA

Com cinco décadas de docência e 25 livros, o escritor e professor José Clemente Pozenato ensaia a aventura de uma nova trilogia w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r

Maicon Damasceno/O Caxiense

A CALMA EM BUSCA DA

por PAULA SPERB paula.sperb@ocaxiense.com.br barreira diáfana das janelas impede que o sopro do modesto zéfiro alcance o escritor e professor José Clemente Pozenato, 71 anos, nascido na silenciosa localidade de Santa Teresa, em São Francisco de Paula. Até os 12 anos, o menino que começou ler livros aos 3, viveu em uma terra onde os vizinhos mais próximos ficavam a uma légua e o vento célere carregava o gosto do charque desfiado e frito com farofa, uma tradição tropeira. O contato com a cultura italiana, decisivo para a processo de criação de sua ficção, se deu somente ao chegar em Caxias do Sul para estudar no Seminário Nossa Senhora Aparecida, em 1950. Paçoca, pamonha e cuscuz eram substituídos por galeto, massa e polenta. “A primeira surpresa foi descobrir que as pessoas têm dificuldade para ficar em silêncio. Outra foi a insistência para comer mais e o exagero dado ao trabalho”, diz Pozenato, ao explicar as diferenças culturais que prenderam atenção do menino que observava detalhes e decifrava o mundo. O ânimo de escrever surgiu ao perceber que havia quem escrevesse pior. E quem falasse também. Uma empregada da família se demitiu ao ter a pronúncia corrigida pelo pequeno José, que então soou inclemente. “Devia ter 7 anos naquela época, eu não perdoava. Me orgulhava de falar direito”, conta. Com tempo livre e uma biblioteca não conservadora, aberta à literatura contemporânea de José Lins do Rego e Erico Verissimo, começou a aprender as técnicas literárias. “Quem levava vantagem era Machado de Assis. Não há ninguém que tenha dominado tão bem a língua portuguesa”, classifica Pozenato, que além do português domina outras sete línguas, incluindo grego e latim. A habilidade com as letras conduziu Pozenato para a atividade do ensino. Ainda em São Francisco de Paula, teve a primeira experiência em lecionar. Seu pai e também professor, Jerônimo Pozenato, um disciplinador que militava pela liberdade de pensar, solicitava sua ajuda para os alunos com baixo desempenho. Oficialmente, são 51 anos de docência, iniciados no Seminário onde estudou. Graduado em Filosofia e Teologia, foi ordenado padre e abandonou o sacerdócio em 1972. E antes mesmo do surgimento da Universidade de Caxias do Sul (UCS) como a conhecemos, lecionou no embrião que foi a Faculdade de Filosofia. “Fui contratado para dar aula de Teologia para o curso de Letras. Falava de Deus e o diabo em Guimarães Rosa, a ausência de Deus em A Noite, de Erico Verissimo. Passaram a reivindicar que eu desse aula de Literatura”, recorda. Ao longo de décadas ensinando mais do que o conteúdo programático – “ter coragem para pensar sozinho e ter coerência, essas coisas a gente não ensina, é o modo como se age” –, muitos passaram pela lista de chamada da aula do professor. “Depois de um tempo, ver quem foi aluno e encontrou seu caminho é gratificante”, diz. Um dos que encontraram seu caminho é José 17 a 23 de abril de 2010

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Kenia Pozenato, Acervo Pessoal/O Caxiense

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1. Retrato de Pozenato feito por Kenia no dia em que se conheceram, durante uma aula, em janeiro de 1974 | 2. Sessão de autógrafos do livro O Caso do E-mail, na Saraiva, em Porto Alegre, em 2000 | 3. Lançamento da peça de teatro O Quatrilho, em 1990 | 4. Única foto do casamento de Kenia e José Clemente, em dezembro de 1974

Ivo Sartori, prefeito de Caxias do Sul. Pozenato desde sua entrada na UCS. “Foi um grande professor de Literatu- Atualmente, além de professor e pesra. Na faculdade tive aula de Ética, foi quisador, é coordenador do Mestrado uma das melhores disciplinas que fiz. em Letras, Cultura e Regionalidade. O O apelido que a gente dava a ele no fu- final de sua carreira de professor potebol era Rasteirinha, ele era mais bai- deria ter sido em dezembro de 2009. xinho, tinha problema Os professores da insnos óculos. Era uma tituição com 70 anos forma carinhosa de “Ter coragem ou mais precisaram chamá-lo. Embora seja para pensar se aposentar. Sentado, reservado, ele é muito sozinho e ter balançando a cadeira, espirituoso”, descrevecom a janela sempre coerência, essas o Sartori, que esteve fechada para o vento presente, em 1967, no coisas a gente não entrar, das 14h10 lançamento do primei- não ensina, é às 16h30, Pozenato faro livro de Pozenato, o modo como lou aos alunos sobre o Matrícula, em conjunprocesso de formação se age”, afirma to com Jayme Paviani, dos sistemas da literaOscar Bertholdo, Ary o autor tura brasileira na últiTrentin e Delmino ma aula do semestre. Gritti. “Foi na Avenida Ao encerrar a exposiJúlio de Castilhos, na Livraria Pauli- ção do conteúdo para a turma de dez nas. O livro tinha a capa em uma cor mestrandos, incluindo esta repórter, de vinho”, conta Sartori. O respeito sua face ganhou cores de uma taça com pelo caráter e pela produção literária goles derradeiros de vinho. O azul dos de Pozenato fez com que Sartori o con- glóbulos oculares ficou imóvel, tentanvidasse, em 2005, para ser o secretário do sem sucesso se esconder atrás das de Cultura de seu primeiro mandato. lentes dos óculos que, se não fosse pelo “Para minha surpresa e da cidade, fui autocontrole, seriam as únicas barreiconvidado. Foi um convite pessoal e ras para as lágrimas anunciadas, mas por isso aceitei”, diz Pozenato, que fi- contidas. “Me ocorreu que era a última cou apenas 16 meses no cargo. “O ônus aula do programa. Me deu um nó na que paga um administrador público garganta. A sorte é que eu não tenho só não compensa. Há um consenso na aula. Posso botar nos livros o que tenho opinião pública de que o político só pra dizer”, contou Pozenato em janeiro quer vantagem pessoal”, justifica. Mes- deste ano, quando ainda não sabia se mo assim, projetos implantados em haveria possibilidade de continuar na sua gestão seguem funcionando, como UCS ou não. Por uma solicitação dos o Programa Permanente de Estímulo demais professores do Mestrado, Poà Leitura (PPEL), que forma leitores e zenato segue coordenador – até julho, mediadores de leitura, promove a im- quando deve se afastar, mas ainda com portância do livro e a produção literá- chance de manter vínculo com a UCS ria e editorial. através da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior O trabalho como gestor em (Capes). “O Assis Brasil disse que o atividades administrativas acompanha bom da sala de aula é que só as paredes

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envelhecem, os alunos são sempre jo- e Ana Maria. vens”, cita, planejando atividades. “Não Kenia, ao contrário do marido, é pretendo parar. O principal plano é re- urbana e cresceu brincando na Praça tornar aos meus projetos de literatura.” Dante Alighieri (na época Ruy BarO romance é o único gênero capaz bosa), pois vivia no Hotel Menegotde captar a realidade com complexida- to, gerenciado pela mãe, Aida Maria de e, para Pozenato, a literatura busca Menegotto. Ambos de uma família de sentido. É uma procura que dura tem- muitos irmãos, mas ambos muito dipo indeterminado da ideia original até ferentes. “Ele é calmo, eu sou espoleta. a publicação do livro, em um processo Quando não raciocino, ele raciocina”, de criação interna difícil de entender compara. Kenia fala com ternura do para quem não convive com um escri- filho de Dentília da Silva, uma “mutor. “Quando ele está escrevendo é um lher silenciosa”. “Sempre calmo, e muihorror. Antes ele produz a obra no cé- tas vezes pai e mãe. Trocava fraldas, rebro. Quando ele começa a não falar, dava mamadeira. Até hoje as filhas dão a não escrever, sei que ele está fazendo abraço nele no Dia das Mães”, conta algo. Quando ele senta no computador, Kenia, que o descreve como “marido ele se prende à realidade. Enquanto a especial, pai carinhoso e dedicado, um obra não sai, ele fica assim”, conta Ke- filósofo”. Kenia e Pozenato se casaram nia Maria Menegotto Pozenato, espo- numa quarta-feira, 18 de dezembro, na sa do autor. Para uma professora da Catedral Santa Teresa, sem um casal sétima arte e um escritor que “se não de padrinhos que confundiu a data e escrevesse romance ia tratar de ser sem o fotógrafo contratado. A única diretor de cinema” é possível afirmar, foto do casamento é guardada com sem erro, que a cena do dia em que se zelo e mostra Kenia com o vestido de conheceram foi coisa de filme. Num gola alta que também foi usado no cadia quente de janeiro samento de sua filha do de 1974, Kenia assistia meio. “A melhor coisa a um curso de férias “Quando ele que me aconteceu foi para aperfeiçoamento está escrevendo casar com meu maride professores públi- é um horror. do. E daí veio todo o cos. O ministrante do restante, minhas filhas, curso, como em uma Quando ele minha vida acadêmica. película romântica, era começa a não Nunca houve briga em José Clemente Pozena- falar, sei que 35 anos”, recapitula. to, que achou a aluna ele está Na noite do Oscar de muito distraída por ra1996, quando a adapbiscar durante a aula e fazendo algo”, tação de O Quatrilho se aproximou: “É uma diz a esposa concorria ao prêmio de caricatura?”, perguntou melhor filme estrangeia Kenia, formada em ro, Kenia permaneceu Licenciatura em Desenho. “Não, não é a 9.966 quilômetros de distância de uma caricatura.” Kenia havia desenha- Pozenato, que estava em Los Angeles. do o retrato de Pozenato, hoje pendu- “Acompanhei a festa toda no Hotel Sarado na sala do apartamento do casal muara. Houve várias festas em Caxias, com três filhas: Maria Helena, Heloísa os Sehbe nos convidaram primeiro e

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“onde está a tradição?”, indagou-se. “O como personagens principais. Gatas, fato de eu ter chegado de fora com esse na verdade. Dometília e Sissi são as olhar treinado a observar me propor- mascotes da família, que têm direito cionou a escrever sobre a cultural ita- a um calendário com suas fotos penliana. Quem é dessa cultura acha que é durado na cozinha. Inspirada em um normal”, explica. livro japonês, a fábula terá os felinos A trilogia formada por O Quatrilho, como críticos da sociedade. Vai mosA Cocanha e A Babilônia pode ser trar “se é verdade o que Gilles Deleuze seguida de mais uma trinca. O Candi- diz, que o sentimento de território que dato deve ser o próximo livro de José os homens têm como meta foi aprendiClemente, que contará a história de do com os gatos”. Além das gatas, que um político que concorre a um cargo ocupam até os porta-retratos – “gosto pela primeira vez. Pozenato usará sua de gatos porque eles têm uma espécie experiência na disputa para deputado de rebeldia mental” –, casais de canáestadual pelo PSDB em 2002, quando rios e periquitos vivem no apartamenatuava na política universitária e acei- to da família. Mas o que realmente tem tou colocar seu nome à disposição para dado alegria é o nascimento da neta somar mais votos ao partido. Como es- Sabrina, filha de Heloisa, em março. critor, quer contar que a política parti- Pozenato sintetiza essa felicidade com dária é a mais transparente que existe. a seguinte frase: “a responsabilidade é “Quem não entra na política não tem substituída pela disponibilidade”. condições de saber como ela é por dentro”, conclui. A primeira cena já está Como a personagem Rosa Garescrita e deve ter sequência assim que done, de A Cocanha, ao embarcar no começarem as eleições deste ano. “De navio da Itália para a América, Pozerepente, vem à tona.” Também basea- nato considera mais importante o prido na sua experiência, meiro passo. Mas, para mas de um projeto de o autor, todos os mocerca de 20 anos, O “Sempre tive mentos de sua carreira Cínico é outro livro do com o que – e de seus livros – são autor com o primeiro me surpreender. decisivos, “nunca há capítulo pronto, e será o clímax”. Antes de se um romance sobre a Tem surpresas preocupar com o que universidade. “No Bra- quem sai enfrentaria na Amérisil há espaço para mos- à procura ca, Rosa sentiu medo trar por dentro uma delas”, diz ao olhar para a água universidade. Todos quando atravessava a imaginam que o saber José Clemente passarela para o naé o determinante de to- Pozenato vio. Humilde, o autor das ações, mas na verdiz que não concebia dade pode ser outro”, a capacidade que tem diz, enigmático. Apesar de os nomes de prender o leitor. Foi descobrindode suas obras serem uma das últimas a – depois do primeiro passo – a cada coisas decididas, os títulos provisórios linha escrita: “Sempre tive com o que estão escolhidos. O terceiro livro, O me surpreender. Tem surpresas quem Território, será uma fábula com gatos sai à procura delas”.

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1. José Clemente Pozenato na noite de entrega do Oscar, quando cedeu seu lugar para o cônsul do Brasil | 2. Kenia Pozenato, durante festa simultânea no Hotel Samuara, recebe o merecido Oscar | 3. Pozenato na filmagem da última cena de O Quatrilho, interpretando o fotógrafo – a cena levou mais de 3 horas para ser rodada

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aceitamos”, lembra ela. Pozenato via- dos foram necessárias três horas e sete jou uma semana antes para participar minutos de filmagem na antiga Estação de diversas cerimônias da Academia Férrea de Caxias. e conta que, até a véspera, a sensação era de que O Quatrilho ganharia o O Quatrilho é um dos 25 livros, prêmio. A Excêntrica entre romance, poesia, Família de Antônia, policial, ensaio, infantil mesmo com roteiro “Sempre calmo, e pesquisa, publicados fraco na opinião de e muitas vezes por Pozenato. “O romuitos, acabou levanmance de José Clemenpai e mãe. do a estatueta. E Pozete Pozenato tem o seu nato não viu a entrega Trocava fraldas, eixo temático na imido Oscar, pelo menos dava mamadeira. gração italiana no Rio não pessoalmente, pois Até hoje as filhas Grande do Sul. Mas é cedeu seu lugar para uma obra amplamente dão abraço nele João Clemente Baena universal, porque indaSoares, cônsul do Bra- no Dia das ga os caminhos da Hissil. “Também não ia Mães”, diz Kenia tória e o destino do hotomar lugar dos atomem entendido como res”, explica. O elenco um espaço existencial do filme dirigido por Fábio Barreto era onde sempre se cruzam caminhos não formado por artistas como Glória Pi- adivinhados nem suspeitados”, avalia res (Pierina), Patrícia Pillar (Teresa) e o doutor em Letras Flávio Loureiro Bruno Campos (Massimo) – cuja ida Chaves. Mesmo se considerando um a Hollywood foi decisiva para lançá- iluminista, Pozenato escreveu uma lo em carreira internacional, consoli- tese marxista de crítica social em O dada em seriados norte-americanos. Quatrilho. As mudanças na economia Pozenato vendeu os direitos do livro, da região e sua interferência nas relaabrindo mão de uma participação na ções compõem um dos pontos de uma bilheteria (na primeira semana, 2 mi- história em que a situação é particulalhões de espectadores assistiram ao rizada ao extremo através das relações filme) por recomendação de pessoas amorosas. A preocupação social está conhecidas. “Todos disseram ‘pega teu presente na vida do autor desde quandinheirinho e vai pra França. Todos do participava de programas populares que vão pelos direitos param na Justi- de alfabetização nos anos 60. A insça’. Peguei meu dinheirinho e fui via- piração para O Caso do Loteamento jar”, relata o escritor. O livro renderia Clandestino foi uma placa em um terquatro roteiros para filmes diferentes, reno, na qual estava escrito “FASPOmas a produção optou pelo enredo SO” (faço poço). Logo, Pozenato quescom mais apelo popular (tão popular tionou-se o que havia por trás, se falta que no ano de lançamento, 1995, ins- de tradição letrada ou falta de saneapirou uma versão pornográfica). Na mento. O Caso do Martelo também cena final de O Quatrilho, do diretor surgiu de uma sutileza. Ao tomar café Fábio Barreto, José Clemente Pozenato em uma casa no interior, percebeu que interpreta o fotógrafo. Para a sequência a bebida foi servida em uma bandeja de imagens que dura só alguns segun- com toalha de plástico, não de crochê –

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Fotos: Maicon Damasceno, Reprodução/O Caxiense

A lógica da trilogia

UM BUSTO PARA O

PADRE GIOBBE

Um sacerdote nos guia pelo mundo de personagens reais e ficcionais de Pozenato

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por RAFAEL JOSÉ DOS SANTOS missa seguia solene e em bom latim. Ao chegar a hora da consagração, o sacristão fez soar o aviso: era o momento de ficar de joelhos e abaixar as cabeças enquanto o sacerdote celebrava o mistério da fé, erguendo a hóstia que se transformaria no corpo de Cristo... um toque de celular irrompe impertinente. Era o mesmo barulho irritante que havia interrompido o sermão algum tempo antes. Padre Giobbe contém o impulso de soltar uma imprecação e pensa: “Que mundo é esse, meu Deus?!”. Padre Giobbe possuía aquela sabedoria de poucos para compreender as fraquezas humanas, mas não entendia coisas como celulares e internet. A cena acima é pura ficção, pois é sabido que padre Giobbe morreu lá por meados dos anos 1930, mas certamente ele teria tanta dificuldade de entender as tecnologias contemporâneas como teve para entender o rádio e outros ruídos de um mundo barulhento que se transformava rapidamente nas primeiras décadas do século XX. Um mundo no qual nunca mais haveria silêncio. Desde a chegada do grupo de imigrantes em que estavam Aurélio e Rosa Gardone, isso lá por 1884, até as vésperas da Segunda Guerra Mundial, muita coisa aconteceu, em Caxias e no mundo. Mas isso de mundo faz pouco sentido: as coisas acontecem nos lugares do mundo. Acontecem grandes e pequenos fa-

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tos, mas isso também é de se ponderar: a abolição da escravatura, a proclamação da República, a revolução federalista, tudo isso foram “grandes fatos”? Houve aquele episódio em que os colonos queriam enterrar um falecido em um cemitério ao lado da igreja, acho que em Santa Corona. Tiveram que enfrentar os soldados, pois no Brasil não se podia fazer cemitério e enterro assim, era necessário autorização do governo. Aquilo não foi um grande acontecimento? Padre Giobbe se lembrava do ocorrido, foi nos tempos em que os soldados de Júlio de Castilhos andavam pela região à caça de maragatos. Havia chimangos e maragatos, como décadas mais tarde haveria fascistas, comunistas, integralistas. Havia rixas entre “italianos” e “brasileiros”, como antes houve entre “italianos” e tiroleses (tiroleses italianos, não como os austríacos do Rio de Janeiro, que falavam alemão). Desde os tempos em que andava montado em sua mula pelas estradas das colônias, o sacerdote viu e ouviu muita coisa. Uma pena que não tenha deixado anotações, como aquele José Bernardino, funcionário público, que havia pedido transferência de Porto Alegre, ainda no tempo do imperador. Bernardino participara da Sociedade Parthenon Literário. Era poeta, anotava o que observava entre aquela gente das colônias para escrever um romance realista que nunca se concretizou. As anotações de Bernardino constituem material útil a algum escritor que

se interesse em contar a história. E se senrolava sob suas vistas, pois viviam às anotações de Bernardino juntásse- os dois casais sob o mesmo teto. Pois mos os pensamentos de padre Giobbe, vejam, não é que os dois que ficaram quanta história! para trás acabaram por viver maritalHistórias humanas: nem heroicas, mente, criando os dois meninos e genem desprezíveis. Humanas apenas, e rando outros? Parecia aquele jogo de isso é pouco? cartas, onde a cada mão trocam-se os As mulheres, por exemplo. Silencia- parceiros, “jogo demoníaco”, pensava o das, sempre que os homens falavam padre Giobbe. de negócios. Algumas teciam sonhos, acalentavam a esperança de viver um Anos depois, o casal saiu da romance onde a vida se revelasse me- colônia para viver em Caxias, que já se nos solitária e difícil. transformara em cidaUma delas sucumbiu de. Ele, que enriquecera às investidas de um Ela lia e sonhava. com negócios e especuadmirador que a cor- A vida era o lação, havia se tornado tejava desde o navio quê? O que havia importante industriaque os trouxe da Itália. lista. A República Velha no romance, Ele lhe emprestou um havia já virado “velha” livro, ela lia e sonhava. ou o que estava (antes não era apenas A vida era o quê? O à sua volta, República?), iam lonque havia no romance, desenrolando-se ge os tempos em que ou o que estava à sua uma notícia demorava em cotidiano volta, desenrolandotrês dias para chegar à se em cotidiano ár- árduo? cidade e o país entrava duo? Daí a sonhadora na fase final de sua inlançou-se em aventura venção. O nacionalisamorosa, da aventura nasceu uma me- mo varguista, a rádio Mayrink Veiga nina e traçou-se uma sina. Essa me- e o telégrafo se encarregavam disso. nina, mais tarde, veio a casar-se, mas As grandes e pequenas coisas acontetambém ela era sonhadora. Mesmo ciam ali, ali se consolidava uma nação, casada, apaixonou-se pelo marido de diferente daquela do Norte, do Rio de uma prima e fugiu com o moço que, Janeiro e de São Paulo, mas a mesma. aliás, era sobrinho do padre Giobbe. Assim: igual e diferente, pois as nações Foram para São Paulo, ela carregando também só existem nos lugares. sua filha, ele deixando para trás dois Um dos enteados do industrialista, meninos. estudante de Direito em Porto AleO fato é que até hoje ninguém diz ao gre, adere ao comunismo, briga com o certo se o homem e a mulher abando- padrasto e sai de casa. O rapaz viveu nados não sabiam do caso que se de- intensamente esse tempo, que já não

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era o tempo do padre Giobbe: era “um tempo de partido, Tempo de homens partidos”, como disse o poeta. Aliás, foi também um poeta que me contou essa história, e ao contar me lembrou desses versos.

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provável escritor deveria reivindicar uma neutralidade olimpiana, coisa impossível, e ele saberia disso melhor que ninguém. Ele seria, com certeza, alguém que saberia da pobreza das versões laudatórias, locais ou nacionais, que funcionam muito bem como A cidade de Caxias vive, à sua mitos fundadores, narrativas nas quais, maneira, os conflitos do país. Integra- em vez de pessoas de carne e osso – listas, comunistas, fascistas, os ismos como padre Giobbe, Flores da Cunha, comandam a vida política e as orien- Ângelo Gardone ou Getúlio Vargas –, tações dos jornais, mas tudo parece houvesse apenas heróis idealizados. andar ao sabor das marés e dos ventos, Mitos assim alimentam ideologias, das simpatias e antipatias: tudo marca- miopias culturais, reavivando velhos damente humano. preconceitos e criando Militante obediente, novos. Não é isso que o Lourenço Boschini ha- As grandes e contador dessas históvia conhecido e se apai- pequenas coisas rias faria, pois ele sabexonado por uma moça ria dos riscos e perigos. que conhecera na Festa aconteciam ali, Isso me leva a pensar da Uva, mas as urgentes ali se consolidava que haveria algo de mitarefas de colocar em uma nação, litante nesse escritor, pé “as vítimas da fome” diferente daquela não a militância políe os “famélicos da tertica cega, à esquerda ra” – como cantam os do Norte, do Rio ou à direita, mas a miversos do Hino da In- e de São Paulo, litância da desmistifiternacional Socialista mas a mesma cação: melhor serviço, – não o permitem viver impossível. um amor assim. Se paUma parte da histódre Giobbe ouvisse os pensamentos de ria, talvez aquela dos casais que viviam Lourenço, diria que era uma estranha sob o mesmo teto, poderia virar filme, modalidade de celibato. Mas ele era jo- quem sabe até concorrer ao Oscar de vem, queria melhorar o mundo. melhor filme estrangeiro (Ah, essa coiO militante Lourenço Boschini en- sa americana de filme estrangeiro!). tra na clandestinidade e cai na estrada: Outra, aquela da chegada dos imigranSão Paulo, Rio de Janeiro. Alista-se nas tes, poderia ser batizada, por exemplo, Brigadas Internacionais, luta na Espa- de A Cocanha, alusão à terra da fartura nha, onde descobre a insanidade da que alimentou as esperanças daqueles guerra: sangre y mierda. Lá ele conhe- que foram praticamente expulsos da ce um inglês, um tipo libertário que Itália rumo à América. Essa coisa de não se alinha aos comunistas e afirma expulsão não fui eu quem sugeriu, foi que Stálin é como “um porco que fez a o padre Giobbe. revolução para mandar sozinho na faCertamente, os anos 1930 e 1940, inzenda”. Quanta imaginação! tensamente barulhentos e polifônicos, Tudo isso são histórias de gentes e de seriam A Babilônia, mas seriam mesum lugar, mas que pela humanidade mo? das gentes poderia ser qualquer lugar. Bem, as sugestões estão dadas. Claro, dependendo do lugar mudaria alguma coisa, pois seriam outras as Aproveito o ensejo para lançar pessoas e suas histórias. Mas seriam uma campanha: um busto em bronze outras as vicissitudes e as intensidades do padre Giobbe na Praça Dante. Afidos dramas? Seria diferente a violência nal, um homem que trava uma dialétidos sectarismos? Seriam menos peno- ca socrática sobre Mussolini com um sas a sina e a culpa? colega, mas divide-se entre a atenção à Quem escreveria essas histórias, conversa e um pedaço de marmelada, compreendendo machadianamente a ah, esse homem só por isso mereceria complexidade humana, conversando um busto e uma placa: Ao Reverendo com Flaubert, chamando Drummond Padre Giobbe, a gratidão do município. para falar dos tempos? Seria alguém Ali de seu busto o venerando sacerdoque escreveria a partir de um lugar, te poderia distrair-se seguindo filas de mas desse lugar alcançaria o mundo, formigas no canteiro ao redor, assim falaria do mundo e de suas pessoas. não se aborreceria com as conversas, Talvez algum desavisado chamasse nem com os celulares tocando ou com esse escritor de regional, alguém me- o barulho dos carros em torno da pranos localista diria que seria um escritor ça. brasileiro. Se padre Giobbe não tivesse realPenso que teria que ser um escritor e mente existido, alguém teria que criáponto final. Sem adjetivos geográficos. lo. E só José Clemente Pozenato podePara escrever essas histórias seria ria fazê-lo. Mas é claro, sei que padre necessário, sobretudo, ser alguém que Giobbe existiu. Pozenato também praticasse uma escrita do distancia- sabe. Aliás, sabe melhor que ninguém, mento, pois só se focaliza com precisão pois mantinha com o velho sacerdote se houver distância para ajustar o foco. uma grande intimidade e vive, volta e Não quero com isso afirmar que o meia, a citá-lo por aí.

Edital de Interdição 1° Vara de Família - Comarca de Caxias do Sul. Natureza: Interdição Processo: 010/1.09.0015330 -2 (CNPJ:.0153301- 63.2009.8.21.0010) Requerente: Maria do Carmo Cesa Valduga. Requerido: Nair Maria Cesa Barison. Objeto: Ciência a quem interessar possa de que foi decretada a INTERDIÇÃO do REQUERIDO(A): Nair Maria Cesa Barison, por sentença proferida em 16/12/2009. LIMITES DA INTERDIÇÃO: sem limites. CAUSA DA INTERDIÇÃO: incapacidade total e permanente da parte interditanda para reger sua pessoa e administrar seus bens, por sofrer de doença codificada na classificação internacional de doenças sob n° 10F00.9, G30.9 e 110.. PRAZO DA INTERDIÇÃO: indeterminado. CURADOR(A) NOMEADO(A): Maria do Carmo Cesa Valduga. O prazo deste edital é o do art. 1.184 do CPC. Caxias do Sul, 18 de março de 2010. SERVIDOR: Geovana Zamperetti Nicoletto, escrivã. JUIZ: Antônio Claret Flôres Ceccato.

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Christophe Jeauffroy, F Comme Film, Divulgação/O Caxiense

Cinema | Ervas Daninhas

As cores de uma obsessão por CÍNTIA HECHER Pernas inquietas arrastando seus respectivos pés apressadamente no meio da multidão são comparadas a pequenos tufos de mato brotando no meio do concreto. Será que a humanidade pode ser definida como erva daninha? Não, este filme de Alain Resnais não tem intenção ecológica, embora seja, de certa forma, reflexivo. Até porque cinema francês sem isso perde um pouco de sua característica pátria. Ervas Daninhas trata de desejo. Ou, melhor, do que fazemos com ele. Resnais, mestre francês diretor de filmes como Hiroshima Meu Amor, traz mais um pouco da sua poesia visual e delirante às telas em seu trabalho mais recente. Aos 87 anos, o Resnais vai muito bem, obrigado. Ervas Daninhas, ganhador do prêmio especial do Festival de Cannes em 2009, é particularmente absurdo. No melhor sentido possível, que fique claro. Marguerite, uma senhora de cabelos vermelhos e personalidade irrequieta, tem a bolsa roubada logo após comprar um belo par de sapatos Marc Jacobs. Pouco depois, Georges, um homem distinto de cabelos brancos, vai a um shopping trocar a pilha do relógio. No estacionamento, ele encontra a carteira de Marguerite e logo se encanta com sua foto. Não do documento de identificação, mas do brevê de piloto. Aviação é paixão de ambos, e por isso ele prefere a segunda imagem: viva, espirituosa e feliz. Georges discute consigo mesmo e com seu passado – algo o atormenta e o mantém afastado daquela senhora. Para evitar qualquer tipo de contato, e quem sabe algum futuro dissabor, ele entrega a carteira à polícia, mesmo relutante. Mas não quer deixar de conhecer aquela mulher. E acaba conhecendo. Tem início, então, uma série de perseguições e obsessões entre Georges e Marguerite. Em uma valsa de amores possíveis e impossíveis, o filme retrata não o amor maduro, mas sim a loucura do amor em si. O desejo que não pode ser refreado, que leva às últimas consequências. São personagens que beiram a caricatura, que freiam possíveis tentativas filosóficas de interpretação. Resnais foge do obscuro e se concentra nas cores fortes. As primárias, amarelo, vermelho e azul, pipocam de tempos em tempos. Na bolsa roubada e no carro de design moderno de Marguerite. Na carteira perdida e nas luzes do cinema onde Georges se refugia num antigo filme de aviadores. Na casa a ser reformada, ganhando nova fachada. Repleta de closes, o filme mostra que a vida é essencialmente caótica. Por definição, ervas daninhas são indesejadas e interferem negativamente no ambiente em que se encontram. Essa conduta errática é a linha (torta) do filme de Resnais. l Ervas Daninhas | Drama. De quinta a domingo, 20h | Ordovás Homem encontra carteira roubada de mulher em um estacionamento. A partir disso, suas vidas se entrelaçam. De Alain Resnais. Com Sabine Azéma e André Dussollier. 14 anos, 104 min., leg.. Online | Assista aos trailers dos filmes em cartaz na cidade em www.ocaxiense.com.br.

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Uma carteira de mulher, com uma foto surpreendente, é o estopim de uma relação conflituosa em Ervas Daninhas

CINEMA l A Caixa | Suspense. De sábado a quinta, 14h20, 16h50, 19h e 21h15 | Iguatemi Casal recebe caixa e uma proposta: ao apertar seu botão, eles ganham U$ 1 milhão, mas uma pessoa morrerá. Dirigido por Richard Kelly. Com Cameron Diaz e James Marsden. 14 anos, 115 min., leg.. l A Vida dos Outros | Drama. Terça (20), 20h | Sesc História real do sistema de espionagem da Alemanha Oriental durante a Guerra Fria. Dirigido por Florian Henckel von Donnersmarck. Com Martina Gedeck e Ulrich Mühe. 14 anos, 137 min., leg.. l Caçador de Recompensas | Comédia romântica. De sábado a quinta, 14h, 16h20, 18h50 e 21h20 | Iguatemi Homem tem missão de prender sua ex-mulher, uma repórter que acaba perseguida por conta de matéria sobre assassinato. Dirigido por Andy Tennant. Com Jennifer Aniston e Gerard Butler. 14 anos, 110 min., leg.. l Nove Rainhas | Comédia. Quinta (22), 15h. Entrada franca | Ordovás Dois picaretas se unem para dar o golpe de suas vidas ao vender selos a milionário espanhol. Dirigido por Fabián Bielinsky. Com Ricardo Darín e Gastón Pauls. 12 anos, 108 min., leg.. Matinê às 3. AINDA EM CARTAZ - Caso 39. Suspense. De sábado a quinta, 13h50 e 19h20. Iguatemi | Chico Xavier – O Filme. Drama. De sábado a quinta, 14h10, 16h40, 19h10 e 21h50. Iguatemi | Como treinar seu dragão. Animação. De sábado a quinta, 13h30, 15h30, 17h30 e 19h30. Iguatemi | Dupla Im-

placável. Ação. De sábado a quinta, 21h30. Iguatemi | O Fada do Dente. Comédia. De sábado a quinta, 16h30. UCS | O Livro de Eli. Ação. De sábado a quinta, 20h30. UCS | Percy Jackson e o Ladrão de Raios. Aventura. 18h15. UCS | Um Sonho Possível. Drama. De sábado a quinta, 16h30 e 21h45. Iguatemi | Uma Noite Fora de Série. Comédia. De sábado a quinta, 13h40, 15h40, 17h40, 19h40 e 21h40. Iguatemi INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2462. 3221-5233.

TEATRO

l Homens de Perto | Sábado, às 20h30 e domingo às 20h | Comédia com os atores Zé Victor Castiel, Oscar Simch e Rogério Beretta, que interpretam três atores que ficam perdidos após a morte de um companheiro de palco, o único que sabia o espetáculo apresentado por eles de cor. Teatro São Carlos R$ 15 (estudantes e idosos), R$ 25 (público em geral antecipado) e R$ 30 (na hora) | Feijó Júnior, 778, 2º andar,

São Pelegrino | 3221-6387

SARAU l Sarau de São Jorge | Quarta (21), 19h | Músicas, poesias e bate-papo sobre vida e história do santo. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes,312, Panazzolo | 3901-1316

EXPOSIÇÕES

l Vitrine da História | De terça a sexta, das 9h às 17h | Lançamento da exposição de documentos relativos à emancipação política de Caxias do Sul e da elevação à categoria de cidade, que permanecerá até dezembro. Arquivo Histórico Municipal Entrada franca | Júlio de Castilhos, 318, N. Sra. Lourdes | 3228-5757 e 3218-6114 AINDA EM EXPOSIÇÃO - Amor à primeira vista. Sábado e domingo, das 9h às 22h; segunda e terça, das 9h às 18h. Hall da Sala de Cinema – Ordovás. 3901-1316 | Passagem Permanente. Até sexta (23). Campus 8 – UCS. 3289-9000 | Sentimentos. De segunda a sexta, das 9h às 21h; Sábados e domingos, das 15h às 21h. Ordovás. 3901-1316 | Um olhar sobre nossa terra. De segunda a sábado, das 17h às 21h. Galeria em Transição – Teatro do Moinho da Estação. 8404-1713

LITERATURA

l 10° Tapete Mágico e Expresso da Leitura | Segunda (19), 9h | Lançada pelo Programa Permanente de Estímulo à Leitura – PPEL/Livro

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


Meu, da Secretaria Municipal de Cultura, atividade desperta interesse de crianças de 120 escolas pela leitura e se estende até 12 de maio. Conta com apresentação da peça teatral As Aventuras no Trem da Leitura pela C.I.A. Uerê. Sala de Oficinas da Estação Férrea Entrada franca | Augusto Pestana, s/ n°, São Pelegrino | 3901-1386 2ª Maratona de Contação de Histórias | Segunda-feira (19), das 9h às 21h | A Secretaria da Cultura, por meio da Biblioteca Pública Municipal e da Escola de Ensino Fundamental Caminho do Saber, apresenta a 2ª Maratona de Contação de Histórias com os Contos da Tradição Popular Universal, na voz do grupo de contadores de histórias da Biblioteca Pública e de outros convidados. Haverá participação especial do grupo Três Marias – Conjunto de Sons com Cibele Tedesco, Franceli Zimmer e Franciele Duarte. O evento é aberto à comunidade. Praça Dante Alighieri Entrada franca | Inscrições pelos telefones 3214-6083 e 3221-1118, com Jane ou Clarina, de 22 a 31 de março Semana do Livro no Iguatemi | Até 25 de abril O Iguatemi promove atividades em comemoração à Semana do Livro até 25 de abril. No projeto Livro Livre, em parceria com a Secretaria da Cultu-

ra, o leitor deixa um livro e escolhe outro, com ajuda de uma bibliotecária. Nos sábados, dias 17 e 22 de abril, às 15h, a Livraria Saraiva abre espaço para a Hora da Criança – Especial Monteiro Lobato, com a professora Marta Pulita. E, nos dias 22 e 23 de abril, entre 15h e 16h, haverá Contação de Histórias com personagens do Sítio do Picapau Amarelo. Shopping Iguatemi Entrada gratuita | RSC-453, 2.780, Km 3,5 l Livro Livre | De terça (20) a sábado (25), Troca de livros do mesmo gênero, gratuitamente e sem necessidade de devolução. Saguão – Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312,– Panazzolo | 3901-1316

DANÇA E CORAIS Feira Internacional de Artesanato Mãos da Terra | De segunda a sexta, das 14h às 21h. Sábados, domingos e feriado, das 11h às 21h. Até 25 de abril Pavilhões da Festa da Uva Ingressos a R$ 5 (menores de 12 anos e pessoas acima de 60 não pagam) | Ludovico Cavinatto, 1.431, Nsa. Sra. da Saúde Sábado: Projeto CCOMA. World music. 16h e 19h | Grupo de Câmara do Coral Municipal de Caxias do

Sul. 17h | Musarte Inka. Músicas andinas. 18h e 20h | Domingo: Tablado Andaluz. Dança flamenca. 14h | Escola Preparatória de Dança. Cia. Municipal de Dança. 16h. | Projeto CCOMA. World music. 15h e 20h | Grupo de Câmara do Coral Municipal de Caxias do Sul. 17h | Musarte Inka. Músicas andinas. 17h e 19h | Segunda (19): Musarte Inka. Músicas andinas. 20h | Terça (20): Projeto CCOMA. World music. 20h | Tablado Andaluz. Dança flamenca. 20h| Quinta (22): Grupo de Câmara do Coral Municipal de Caxias do Sul. 20h | Sexta (23): Cia. Municipal de Dança. 20h. Entrada franca para crianças até 12 anos e pessoas acima de 60 anos, R$ 5 para público em geral | Centro de Eventos Festa da Uva | 3027-1733

MÚSICA Sábado: Dj Diego Oselame. Disco music. 21h30. Clube Ballroom. 32232159. Banda Disco. Disco music/ anos 80. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Cardo Peixoto. Samba rock/pop. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Future Sound of Brasil. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Grupo Caô. Pagode. 23h. Europa Lounge Garden. 3536-2914 | Guests Con Tequila. Música eletrônica. 23h. Nox Versus. 3027.1351 | Izequiel Carraro. Pop/música eletrônica. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Ksam-

ba. Pagode. 23h. Move. 8407-4942 | Libertá. Nativista e outros gêneros. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Maderos. Pop. 23h. Pepsi Club. 34190900 | Rihanna Party Edition Rated. Música eletrônica. 23h. Studio54Mix. 9104-3160 | Rock Brasil. Rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 32205758 | Tributo a Creedence. Rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Vintage. Anos 70, 80 e 90. 23h. La Barra. 3028-0406 | Domingo: Convicção. Pagode. 21h. Europa Lounge Garden. 3536-2914 ou 84012029 | DJ Negada Lucas. Pop. 17h. Zarabatana Café. 3228-9046 | Pagode Junior. Pagode. 23h. Move. 8407-4942 | Terça (20): A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Fat Duo. Música eletrônica. 23h. Move. 8407-4942 | Joel Rodrigues e Alexandro Weber. Jazz. 22h. Leeds Pub. 3238-6068 | Mersey Trio. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Quarta (21): Bóra Balançá. Sertanejo universitário. 22h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Flávio Ozelame Trio. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Quinta (22): Andy Boy e Tiago D'Andrea. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Sexta (23): Alemão Ronaldo e Impostores. Rock gaúcho. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Blackbirds. Beatles/The Who. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Full Gas. Rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Mahabharata. MPB. 21h30. Zarabatana Café. 3228-9046.

ARTESANATO MÚSICA

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Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Balanço da uva

Contabilizando quem foi aos Pavilhões, assistiu ao desfile ou participou de outras atividades, a Festa somou 849.010 visitantes, 9,42% a menos do que em 2008

NÚMEROS PARA PENSAR

A FESTA U

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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br

ma edição de muitos números, mas também muita discussão e uma análise profunda sobre o futuro da principal festa da cidade, que é também uma das maiores do país. A Comissão Comunitária divulgou na última quartafeira (14) o balanço da Festa da Uva de 2010, que teve 849.010 visitantes – 9,42% a menos do que em 2008, quando recebeu 937.310 pessoas. Antes da Festa começar, a perspectiva era atingir público de 1 milhão. Faltaram quase 150 mil para chegar a essa marca, sendo que no cálculo final foram somados espectadores e participantes de toda a programação, desde as Olimpíadas Coloniais até os desfiles de carros alegóricos. As explicações para esse resultado estão na data, no clima e até no cenário econômico. O diretor de Marketing da Comissão Comunitária, Júlio Duso, lembra que, enquanto a Festa de 2008 começou com tempo bom e em pleno feriado de Carnaval, a deste ano iniciou em meio a um friozinho fora de época e sem feriado no meio. O diretor de Captação de Recursos, Carlos Búri-

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go, acrescenta que a Festa precedeu um ano marcado por uma crise econômica, o que pode ter contribuído para o número de turistas ser menor. Apesar disso, não houve prejuízos. A contabilidade do evento ainda não está fechada, mas tudo indica que o resultado será positivo. A Festa custou R$ 10.297.012,32 e arrecadou, até o momento, R$ 12.540.272,33. Além disso, falta entrar no caixa da empresa Festa da Uva S.A. R$ 574.000 em leis de incentivo à cultura e emendas parlamentares. Como foram feitos investimentos no parque no valor de R$ 2.766.068,49, o lucro financeiro, no final, deve ser de R$ 51.191,52. Entre os números do balanço, saíram também dados positivos a respeito do público. Uma pesquisa realizada pela Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) a pedido da Comissão Comunitária procurou traçar um perfil dos visitantes. Dos entrevistados, 23% tinham menos de 20 anos; 35%, entre 20 e 29 anos; 33%, entre 30 e 49 anos; e 9% mais de 50 anos. “Houve um incremento de 7,5% no número de jovens. E isso é muito bom”, avalia o presidente da Comissão Comunitária, Gelson Pa-

Visitantes deram nota 8,9 à Festa da Uva 2010 – sinal de aprovação e indicativo para as próximas edições

lavro. Festa da Uva, herança ainda dos anos Foram entrevistadas 1.540 pessoas 50, quando surgiu o trinômio exposialeatoriamente entre 18 de fevereiro e ção-desfile-feira. O salto de qualidade 7 de março. Desse total, 63,9% eram da dessa combinação viria, segundo ele, cidade e 36,1% de outros municípios. com o aperfeiçoamento de uma visão A maior parte dos turistas de fora veio que desde 2006 se tornou quase uma do Paraná, de São Paulo e de Minas obsessão das comissões que assumiGerais. ram o evento: torná-lo cada vez mais Outra informação importante da festivo e multicultural. pesquisa foi a avaliação feita pelas Por isso que logo na entrada dos pessoas que foram aos pavilhões foi montaPavilhões e assistiram da a Estação do Abraaos desfiles. Elas deram “Sempre há ço, onde os visitantes nota 8,9 para o evento. coisas para serem eram saudados caloPara Palavro, essa clasrosamente. Grupos de sificação é um sinal de melhoradas. Mas teatro espalhados pelo que a Festa está no ca- essa nota é parque brincavam com minho certo e de que um sinal de os turistas e mais de 1 o foco das equipes que que o modelo mil apresentações artrabalham nela deve estísticas foram realizatar na qualidade, e não precisa apenas das simultaneamente. tanto na quantidade ser aperfeiçoado”, de visitantes. “Sempre diz Palavro A gastronomia há coisas para serem também ganhou atenmelhoradas. Mas essa ção especial, item que nota, no meu entendimento, é um si- deve ser reforçado ainda mais nas prónal de que o modelo que temos hoje é ximas edições. Segundo o levantameno correto e precisa apenas ser aperfei- to da FSG, 90% dos visitantes gastaram çoado.” com alimentação dentro do parque, Quando Palavro fala em modelo, se sendo que grande parte do consumo refere ao jeito tradicional de fazer a ocorreu no Salão Paroquial, conside-

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Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense

Ousadia foi a marca do corso alegórico, que ganhou nota 8,3 do público. Apesar disso, possibilidade de retirá-lo da Sinimbu volta à pauta

rado um dos grandes acertos da Festa justamente naqueles quadros que trada Uva. tavam da guerra, por exemplo, onde O espaço foi concebido na edição as pessoas desfilaram tristes. Mas acho de 2008, mas ficava em um local pro- que isso nos dá uma importante lição visório. Este ano, foi definitivamente para os próximas edições. Devemos construído junto às casas da Réplica continuar buscando essa fidelidade de Caxias, onde havia diversas outras histórica, porém cuidar um pouco atrações gastronômimais do quesito alegria, cas típicas locais. “A porque, afinal, é isso receita do Salão Paroque se busca em uma quial foi R$ 120 mil. “Espero que festa”, avalia Palavro. Deu para pagar todo o possamos um O diretor de desfiles investimento feito nele dia escolher da Comissão Comunie ainda sobrou R$ 15 como tema tária, vereador Vinicius mil”, informa Palavro, De Tomasi Ribeiro, saapontando que na pró- o aniversário bia que a mudança sexima edição o lugar da imigração ria arriscada. Mas ele deva ser ainda melhor alemã. Por que entende que era uma aproveitado. necessidade. “Nós pronão?” questiona A distribuição e a fissionalizamos o desfivenda de uva também Feldmann le, demos um sentindo foi um dos pontos a ele, usamos elementos altos desta Festa. Fohistóricos, tivemos a ram consumidas dentro dos pavilhões participação de artistas. Foi uma ino227.086 toneladas da fruta, que além vação.” de ser entregue gratuitamente era comercializada em três diferentes locais O presidente da Comissão Codo parque. Tinha até para quem queria munitária não sabe prever se, no futusó olhar: 357 produtores participaram ro, a Festa continuará existindo e se ela da exposição de uvas, na entrada do ainda será realizada no formato atual. Centro de Eventos. Mas aposta que, pelo menos por um bom tempo, ela deverá seguir os passos De todos os aspectos, o mais das últimas edições. polêmico – e também mais ousado – O secretário municipal de Cultura e foi o desfile de carros alegóricos. Após diretor cultural da Comissão Comunia estreia do corso, o presidente da Co- tária, Antonio Feldmann, entende que missão Comunitária deixou transpare- o evento ainda enfrenta um dilema que cer que não havia gostado do resulta- precisa ser resolvido. “Existe um debado. Chegou a determinar ajustes após te sobre o que a Festa da Uva pode ser. as primeiras apresentações. Mas, no O turista de fora gosta de vir aqui e ver final, o público gostou. Deu nota 8,3. a cultura italiana, suas músicas, sua coFoi um corso diferente dos anterio- mida, o vinho. Mas quem é daqui e não res, com número de figurantes menor é italiano também quer se ver nessa coe a representação dos distritos diluída memoração.” em meio às demais atrações. O objeFeldmann diz que o processo de distivo foi criar uma linguagem única e cussão sobre a identidade da Festa da uniforme, o que se concretizou. Além Uva começou em 2006, quando foi esdisso, o desfile seguiu uma lógica. Cada colhido como tema A Alegria de Estarum dos 10 quadros se propôs a contar mos Juntos. Mas acredita que ainda vai uma década da história de Caxias do demorar um pouco até essa questão ser Sul. Artistas e figurantes contavam por solucionada, pois, na opinião dele, ainmeio das coreografias e figurinos os fa- da existe na cidade uma certa resistêntos mais marcantes da cidade e a sua cia em aceitar mudanças e o que vem população. de fora. “Espero que possamos um “Os problemas que nós tivemos de dia escolher como tema o aniversário queixas em relação ao desfile foram da imigração alemã, por exemplo. Por

que não? Caxias também tem descendentes de alemães, e essa é uma festa comunitária, por isso todo mundo que vive aqui acaba se sentindo meio dono dela”, diz o secretário.

tarde, acabará ocorrendo. Vai chegar uma hora em que ela será inevitável”, prevê Vinicius. O estudo mais recente foi feito por ele mesmo, em 2008, quando também foi diretor de Desfiles. Na época, foram analisadas diversas alternativas. Uma delas foi a Via Vêneto (trecho da Perimetral Norte entre as ruas Ludovico Cavinatto e Moreira César), que acabou sendo descartada devido à importância que tem para o trânsito, principalmente durante a Festa da Uva. “Um dos lugares com boas possibilidades é a Rua Professor Luiz Facchin, no bairro São José. É plana, reta, larga e bem localizada”, diz Vinicius, lembrando que suas características são muito parecidas com as da Via Vêneto. Ela fica quase perpendicular à Moreira César e desemboca na Ludovico Cavinatto. Porém, seu movimento é menor e não prejudicaria o trânsito.

Fisicamente, a Festa da Uva também deve mudar. Os Pavilhões permanecerão, é claro, exatamente onde estão. Mas necessitarão de alterações. Uma delas, talvez a principal no momento, diz respeito à temperatura nos espaços de exposições. A Comissão Comunitária já tentou diversas técnicas para reduzir o calor interno – de instalação de ventiladores a aberturas no teto –, sem resultado. “Acredito que o único jeito de resolver definitivamente o problema seja tirar todo o telhado e levantar a estrutura. Mas custa caro”, pondera Gelson Palavro. Vinicius Ribeiro vai além. Ele defende a realização urgente de um plano de diretor para o parque. O assunto foi tema do trabalho de conclusão de Mas essa é uma discussão que curso em Arquitetura e Urbanismo do ficará para a próxima Comissão Covereador e prevê a elaboração de um munitária. A vantagem do grupo que projeto abrangente que dê uma identi- assumir é que a diretoria atual deixadade visual única e harmônica para o rá como modelo o planejamento feito lugar. “Os pavilhões foram inaugura- para a edição de 2010. Nesse trabalho, dos na Festa da Uva de 1975, quando iniciado na metade de 2009, está refoi celebrado o centenário da imigra- gistrado cada passo da preparação do ção italiana. De lá para cá, a cada edi- evento. ção é feita uma intervenção nova no Quem orientou a documentação foi lugar sem respeitar a identificação do o administrador de empresas e consulparque”, reclama. tor em planejamento Vinicius diz que não estratégico e markeé necessário demolir “Para um ting Ivan Polidoro. “A nada do que está feito, planejamento pessoa que assumir, nem excluir atrações mesmo que não tenha ser ideal, o do lugar. Defende apeexperiência nenhuma nas um estudo para trabalho precisa em Festa da Uva, saqualificar os espaços começar logo, berá exatamente o que existentes para receber Amanhã, se fazer, porque teve uma melhor os turistas. pessoa antes dela que for possível”, registrou cada etapa da A mudança deve aconselha função”, destaca. se estender também consultor Polidoro afirma que aos desfiles, que poo planejamento elimiderão ser retirados do na em quase 90% a imCentro. A possibilidade é discutida a provisação, o que permite um salto de cada edição há mais de uma década, qualidade na realização da Festa. Mas mas nunca foi levada adiante. “O de- faz um alerta: “Para um planejamento bate não é novo, mas vem ganhando ser ideal e resultar em uma Festa da mais força a cada ano. Por isso, acho Uva excelente, o trabalho precisa coque essa mudança, mais cedo ou mais meçar logo Amanhã, se for possível.”

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Artes artes@ocaxiense.com.br

BAILE DE MÁSCARAS por JULIANE CASSINI A luz naquele escuro Também dança E ilumina fracamente O rosto e as máscaras de cada um Vestidos arrastam E deixam rastros afrodisíacos O vinho licoroso sobe E facilita intimações A máscara é retirada E outra aparece Uma que não cai Por trás da penumbra e do teatro Os anseios e os medos se escondem E a dança continua.

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Guilherme Nerd | Sentimentos |

Aos 20 anos, Guilherme Nerd coleciona grafites e tem nas ruas de Caxias uma galeria permanente. Na exposição Sentimentos, Nerd levou a arte do muro para telas de pano. Com uma proposta de hiper-realismo, o “grafite de galeria” desafiou o artista a adaptar técnicas. Nerd grafitou sobre uma camada de tinta acrílica e afinou os traços do spray. Os retratos em escala de cinza revelaram-se avessos às letras e à tinta escorrida dos muros, mas a arte urbana sentiu-se em casa nas paredes da galeria.

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Nosso (?) cinema

UM DOCUMENTÁRIO

AFORTUNADO té poucos dias atrás, Neusa Michelin, 78 anos, nunca tinha ouvido falar do produtor de cinema Cícero Aragon. Também desconhecia o fato de que um documentário sobre Caxias do Sul, cujo orçamento beira R$ 1 milhão, está sendo produzido para o aniversário da cidade. Neusa não acompanhou as acirradas disputas verbais na Câmara de Vereadores sobre a concessão de um auxílio de R$ 100 mil a Aragon, responsável pelo documentário. Tampouco ficou sabendo que produtores de cinema locais se organizaram para protestar contra o repasse. Entretanto, por meio de notícias que invadiram sua casa, Neusa tomou conhecimento de um detalhe que a incomodou: estavam dizendo que nunca havia sido feito um documentário sobre Caxias. Viúva de Nazareno Michelin, proprietário da Michelin Filmes, empresa criada na década de 60, Neusa achou que devia ao marido pelo menos um pedido de reconhecimento. Afinal, durante toda vida Michelin reuniu imagens de Caxias, e com elas montou um vídeo de 50 minutos, seu último

tas delas estão empilhadas num armário no antigo estúdio do produtor, no grande apartamento onde hoje Neusa vive sozinha. Os filmes originais em latas e os aparelhos de projeção de Michelin foram doados à Universidade de Caxias do Sul, que não guarda, porém, nenhuma cópia do vídeo. Duas produtoras associadas de Porto Alegre, mesmo sem saber da existência do filme de Michelin, tiveram a mesma vontade dele em retratar a cidade. O documentário Caxias do Sul – Tradição e Inovação de um Povo, filmado durante fevereiro e março, está agora em fase de finalização. Os produtores, entre eles Cícero Aragon, lutam contra os dias para exibir o novo filme na data em que Michelin certamente teria orgulho de apresentar a sua produção: em junho deste ano, no aniversário de 100 anos da cidade. “Estará pronto para a segunda quinzena de junho. Estamos nos esforçando intensamente para isso, pois é o nosso compromisso”, diz Aragon. Ele defende o documentário que está produzindo como o único que retrata a cidade desde seu início até os dias de hoje: “Mas estamos felizes que exista

Aragon e o diretor do filme, Airton e dali se a prefeitura abriu o precedente Soares – que pouco antes da votação de dar esse valor?”, explica. apresentaram um trailer não oficial aos “Nós estamos esperando que quem 17 vereadores –, assistiram à votação tome a iniciativa de consertar esse pela TV do café da Câmara. Não che- mal-estar seja o prefeito. Aguardamos garam a se sentar nas cadeiras diante uma ação de reconciliação por parte do plenário, até porque isso causaria dele. Acreditamos que boa parte das um atrito com os muiproduções audiovisutos artistas e produais feitas em Caxias são tores de Caxias que lá importantes para a ci“Que a cidade estavam, carregando dade em qualquer mojá deva ter sido cartazes de protesto. mento, não só porque Depois do resultado, retratada, nós está fazendo 100 anos. se para Soares e Ara- imaginávamos. Se chegamos aonde gon o sentimento foi de chegamos, foi tamCada filme tem alívio, para os produtobém fruto do esforço res locais a sensação foi a sua forma de de pessoas da área da de desânimo e indig- contar, de olhar”, cultura daqui”, explica nação. “Nesse momen- diz o produtor o produtor da Spaghetto estamos desolados, ti Filmes, Lissandro Cícero Aragon chateados, nem força Stallivieri, que acompapara brigar nós temos. nhou as três sessões da Qualquer outro produCâmara que discutiram tor teria que passar por licitação ou por o projeto. um edital para conseguir uma verba. Os R$ 100 mil, porém, ainda não Por que com esse dinheiro, que é públi- terminaram o trabalho de captação de co, foi tão simples? Não é justo. Não é Aragon, que promete exibir o docujusto”, repetia, uma dia depois da vota- mentário para cerca de 2 milhões de ção, Nika Ferronato, sócia-proprietária pessoas – considerando todas as mída Video Top. dias, como cinema, TV por assinatura, Ainda na segunda-feira, Nika, Mar- TV aberta, DVDs e internet. Uma parFotos: André Susin, Divulgação/O Caxiense

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

Com ajuda de R$ 100 mil, Caxias do Sul - Tradição e Inovação de Um Povo deve ter melhor sorte que o vídeo recente de um produtor local

Já filmado, documentário ainda capta verbas: “Estará pronto para a segunda quinzena de junho. Estamos nos esforçando para isso, é o nosso compromisso”, diz o produtor

e mais importante trabalho, cerca de dois anos antes de morrer (em 2007). O filme, intitulado Caxias da Mata Virgem à Metrópole Industrial, está disponível em DVD ou ainda em VHS, e é pouquíssimo conhecido. Michelin, responsável por filmar, editar e custear o documentário, doou uma cópia à Secretaria do Turismo e uma à prefeitura. “Acho que engavetaram e esqueceram. Ele entregou, ninguém se interessou”, conta Neusa. Não se sabe quantas cópias do filme foram produzidas. “Foi bastante. Ele achou que teria algum sucesso, que alguém iria se interessar. Não é um trabalho superficial”, explica a viúva. O texto do filme foi escrito pelo pesquisador Mário Gardelin, narrado por Luiz Bolsoni e finalizado com trilhas escolhidas pela própria Neusa. Fora as duas cópias que Michelin entregou à prefeitura, algumas estão hoje com amigos e conhecidos do casal, e mui-

outro”, disse, ao saber, na quinta-feira (15), da produção de Michelin. “Que a cidade já deva ter sido retratada, nós imaginávamos. Assim como daqui a 10 anos, se alguém fizer algo que retrate-a também, será inédito. Cada filme tem a sua forma de contar, de olhar”, explica Aragon. Além da preocupação em exibir o documentário a tempo, o produtor tem se empenhado em terminar a captação de recursos para o filme. Na terça-feira (13), Aragon ganhou a ajuda da Câmara, que decidiu autorizar o repasse R$ 100 mil do município ao documentário. No dia da votação, os vereadores discutiram por mais de duas horas até chegar ao placar final: 10 votos favoráveis à liberação e 6 votos contrários. Não aprovaram a verba os vereadores da bancada do PT, composta por Ana Corso, Rodrigo Beltrão, Denise Pessôa e Marcos Daneluz, além de Renato Nunes (PRB) e Daniel Guerra (PSDB).

celo Mugnol (jornalista d’O Caxiense) e Emilio Caio Ferasso anunciaram que estavam se desligando da Comissão de Avaliação, Seleção e Fiscalização da área de cinema e vídeo do Financiarte em protesto contra o repasse. “De que serve o trabalho de ler uma série de projetos, avaliar suas viabilidades, ponderar os custos, fazer ressalvas quanto a possíveis superfaturamentos, se, do dia pra noite, o próprio secretário da Cultura resolve dar R$ 100 mil a quem ele bem entende?”, diz a carta enviado por eles ao secretário municipal da Cultura, Antonio Feldmann. Para Ferasso, se Feldmann tivesse pedido a opinião dos três avaliadores do Financiarte a respeito do dinheiro, eles teriam lhe dito que a verba era grande demais: “Ele não tinha que ter aceitado de primeira, teria que ter nos chamado. Não vamos voltar para o Financiarte. Que moral teremos de cobrar dos produtores que cortem daqui

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te da divulgação já está garantida: conforme Aragon, o filme tem entre seus apoiadores o Grupo RBS, que deverá contribuir com o equivalente a R$ 50 mil em mídia. No estúdio de Nazareno Michelin, há um quadro com uma foto em que ele aparece usando suspensórios e manuseando uma aparelhagem antiga de vídeo. A foto é um dos orgulhos de Neusa. Michelin, que estaria fazendo 80 anos em 2010, não poderá ver o documentário que os produtores de Porto Alegre apresentarão. Neusa pretende assisti-lo: “Não tem por que não ver”. Ela acredita que a qualidade das imagens deste documentário certamente será melhor dos que a das captadas pelo marido, o que entende como resultado natural da evolução da tecnologia. “Só não quero que o nome dele fique esquecido, porque ele era apaixonado por esta cidade.” 17 a 23 de abril de 2010

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Maicon Damasceno/O Caxiense

Preparativos alviverdes

Responsável pelo departamento de futebol, Juarez Ártico planeja com o presidente Milton Scola os próximos passos para a montagem do plantel

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negociações

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por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br vice-presidente de futebol do Juventude, Juarez Ártico, um papo de estirpe, sem rodeios, disse que nunca imaginou que sua tarefa seria tão complicada. Depois dos erros (a maioria) e acertos na montagem apressada do time que disputou o Gauchão, o dirigente novamente foi às compras, mas numa situação diferente da enfrentada em janeiro. Na verdade, seu trabalho começou ainda na metade do Estadual, quando começou a viajar para observar alguns jogadores pelo país. A lista de de atletas que interessam ao clube é grande, superior a 100. Entretanto, o plano é contratar 10, no máximo, estourando o orçamento. O Juventude tem tempo, afinal, a Série C começa somente depois da Copa do Mundo, em julho. Porém, Ártico e o presidente Milton Scola não querem cometer os mesmos equívocos do início do ano. “Tudo o que eu te falar hoje (quartafeira) ou amanhã pode ser diferente na sexta ou na segunda”, argumenta o vice de futebol. Ártico cita a segunda-feira porque é o dia em que saberá se o Pelotas avançará ou não no Gauchão. Ele não esconde o interesse do Ju em atletas que atuam no clube da zona sul do Estado. Por ética e respeito aos profissionais, prefere divulgar nomes somente quando os contratos estiverem assinados. “O Beto Almeida (técnico do Pelotas) é meu amigo. Falo com ele quase que diariamente. Ele foi, no final do ano passado, um dos treinadores que procurei para comandar o Juventude”,

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resume Ártico, sem citar nomes. Nos bastidores do Estádio Alfredo Jaconi, é dado como certo o interesse pelo goleiro Jonatas, 24 anos, destaque do time que disputa neste domingo contra o Inter, no Estádio Beira-Rio, às 16h, a final da Taça Fábio Koff, o segundo turno do Campeonato Gaúcho de 2010. Quem vencer enfrentará o Grêmio (conquistou o primeiro turno, Taça Fernando Carvalho) em duas partidas – 25 de abril e 2 de maio. Na manhã de quarta-feira Ártico ressaltou que um jogador seria anunciado à tarde. “Começamos de trás para frente”, despistou. Na quinta ele mudou o discurso e disse que o zagueiro Santiago, que havia confirmado previamente uma negociação com o Juventude, havia optado por outro clube, provavelmente atraído por um salário melhor. Extrapolando o orçamento, a direção do verdão pretende gastar até R$ 250 mil por mês com os salários da boleirada. “Isso significa gastos totais mensais de R$ 500 mil. Precisaremos apertar outras áreas. Mas vamos arriscar. Tudo isso está sendo feito com foco na torcida e nas ações de marketing desenvolvidas nos mais variados setores”, aponta Ártico, que confessa sentir saudades de dar uma volta com sua Suzuki Boulevard, uma motocicleta custom de 1.500 cilindradas. “O trabalho não deixa”, brinca. Complementando o pensamento, o dirigente reforça que o departamento de marketing necessita de um embalo do futebol para deslanchar. Nesse sentido, desde a semana passada funcionários do clube realizam encontros

Direção do Juventude pretende, numa lista com mais de 100 nomes, contratar pelo menos oito reforços para a Série C, a partir de julho

com diretores de escolas municipais é superior a 100 nomes.” e estaduais para divulgar as ações do projeto Geração Papo e sua proposta Ao citar a ideia da direção, de aposde envolvimento junto à comunidade tar no futuro, o vice de futebol fala séescolar. Entre outras atividades que rio. O perfil preterido pelo Juventude podem ser agendadas estão a visitação é de atletas que sejam líderes e que se de grupos de estudantes ao Jaconi e imponham dentro de campo. Isso pelo palestras em colégios, feitas por joga- fato de o objetivo ser maior, bem como dores do grupo profissional. os contratos. “Os jogadores que dePara que o retorno do futebol ajude o sembarcarem no Jaconi agora deverão marketing, e consequentemente opor- ficar para disputar a Terceira Divisão tunize que novas receitas adentrem os deste ano e o Gauchão e a Série B de cofres esmeraldinos, Ártico tem viaja- 2011.” Isso mesmo, Juarez Ártico já do bastante. Não só ele, mas os dire- está pensando no próximo ano. Ele até tores do departamento, deixa de lado a série de Raimundo Demore e especulações que acaJuarez Marcarini, e o ba desembocando no gerente de futebol, Tú- “Os jogadores que seu telefone celular. “É lio Cunha Lima. “Não desembarcarem difícil segurar as inforadianta trazer jogado- no Jaconi agora mações, pois as mesres sem vê-los atuar. mas não ficam somente deverão ficar No mês passado percom uma pessoa. Checorri 1,2 mil quilôme- para disputar a 3ª ga uma hora que vaza. tros para ver um atleta Divisão deste ano Tenho medo de antecique estava em nossos e o Gauchão e a par as coisas. Não gosto planos. As viagens porque qualquer Série B de 2011”, disso também servem para fator, por mais irrisório descartar um nome, projeta Juarez que seja, pode atrapacomo ocorreu naquele lhar uma negociação caso. O que estamos bem encaminhada”, fazendo é um time no papel, de atle- opina o dirigente. tas bons, que já atuaram nas Série B e Depois da não classificação às quarC, com o apoio da comissão técnica. tas de final do Estadual e das férias daClaro que a concorrência atrapalha um das aos jogadores, o processo de caça pouco, mas estamos trabalhando com às informações foi desencadeado deno planejamento de longo prazo”, pon- tro e fora do estádio. O zagueiro Sandera Ártico. Na quarta, dia 14, foi a vez tiago, dado como certo, não veio. Oudele assistir ao empate sem gols entre tras duas conversações estariam muito Lajeadense x Brasil-Fa, no Estádio do bem encaminhadas. Na sexta-feira, foi Florestal, em Lajeado. “Sempre que apresentado o atacante Júlio Madureipossível avaliamos todas as possibili- ra, 27 anos, que estava no São Bento, dades. Como te disse, a lista de opções de Sorocaba (SP), e atuou no ano pas-

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Edgar Vaz, Juventude, Divulgação/O Caxiense

O atacante Júlio Madureira, ex-Caxias, foi apresentado à torcida no estádio Alfredo Jaconi na sexta-feira

sado por Guaratinguetá-SP, Caxias e Vila Nova-GO. Na passagem pelo Caxias, Júlio marcou um gol no Ju, no CA-JU vencido pelo time grená por 2 a 0, no Estádio Alfredo Jaconi, na semifinal da Taça Fábio Koff do Gauchão de 2009 – Marcos Denner fez o outro gol (o resultado do campeonato as torcidas caxienses não gostam de lembrar: 8 a 1 para o Inter, mesmo resultado aplicado no Ju na final de 2008). No dia 20 (terça), às 15h, está programada a reapresentação dos 18 jogadores que a direção optou em manter no plantel, bem como a comissão técnica – treinador Osmar Loss, auxiliar Picolli, preparador físico Rodrigo Poletto e preparador de goleiros Daniel Pavan. No dia 9 a direção divulgou a lista dos 13 profissionais que estão fora dos planos da equipe esmeraldina: os goleiros Silvio Luiz e Tiago Rocha; os laterais Carlinhos e Gustavo Goiano; os zagueiros Jorge Fellipe e Ferreira; o volante Edenilso; os meias Bruno, Roberson, Julio Paulista e Danilo Rios; e os atacantes Marcos Denner e Amoroso. O volante Goiano e o

atacante Luan retornaram às categorias de base (Juniores). Dessa forma, voltam a trabalhar os goleiros Carlão e Follmann; os zagueiros Bressan, Victor e Fred (é volante de origem); os volantes Umberto, Lauro, Gustavo, Julio César e Tiago Renz; os laterais Luiz Felipe e Calisto; os meias Alan, Fabrício, Diego Rosa e Hiago; e os atacantes Maycon e Jander. A prioridade das contratações está voltada para um goleiro, dois ou três zagueiros, um lateral, dois meias, um volante e três atacantes. “Aí tem 10, mas esse número pode variar, dependendo dos recursos que aplicarmos. Agora é a hora de fazermos um sacrifício financeiro e repormos qualidade com alguma experiência”, especifica o presidente Milton Scola. Com o grupo formado, o objetivo é começar efetivamente pela parte que não foi feita no início do Gauchão, quando não houve tempo hábil: a preparação física. Do dia 20 até o final do mês de maio os trabalhos de condicionamento terão prioridade. Após, adentrando junho e acompanhando a Copa, será a vez das atividades técnicas

e táticas, seguidas de alguns amistosos. “Depois disso tudo pretendemos fazer uma pré-temporada de no máximo 10 dias, fora de Caxias do Sul, para finalizar e ajustar o time. Precisaremos estar preparados porque a primeira fase da Série C são oito jogos decisivos, todos clássicos. Depois virão os mata-matas para decidir quem sobe para a Série B”, resume Scola. Em meio às negociações para qualificar o plantel, o presidente tenta conseguir informações junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF) sobre a fórmula pela qual será disputada a Terceira Divisão em 2010. Apesar de ser grande a possibilidade de o modelo do ano passado se repetir (chaves regionais com cinco times, totalizando 20, sendo os 12 eliminados nas duas primeiras fases da Série C de 2009, os quatro rebaixados da B de 2009 e os quatro que subiram da Série D de 2009), não está descartada a formação de apenas dois grupos, com 10 equipes cada. Assim, de acordo com uma pré-lista não oficial, o Ju ficaria com Brasil-Pe, Caxias, Chapecoense-SC,

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Criciúma-SC, Gama-DF, ItuiutabaMG, Luverdense-MT, Macaé-RJ e Marília-SP. Na outra chave os times das regiões Norte e Nordeste: ABC-RN, Alecrim-RN, Águia de Marabá-PA, Campinense-PB, São Raimundo-PA, Paysandu-PA, CRB-AL, Fortaleza-CE, Salgueiro-PE e Rio Branco-AC. “São apenas suposições. Vamos aguardar a divulgação oficial da CBF, que não tem data para acontecer, e partir em busca de informações dos adversários. Todos querem se armar para disputar a Série C”, aponta o presidente alviverde. Na opinião de Scola, a mescla entre as regiões Sul, Sudeste e Centro-Oeste deve ser boa para dupla CA-JU, pois os clássicos regionais podem atrapalhar. “Se ficarmos separados pode ser mais fácil conquistar uma vaga cada um, teoricamente, é claro”, projeta. Agora, os dirigentes do Juventude não podem errar na escolha dos jogadores. A torcida, sofrida, abalada com dois rebaixamentos em três anos e nada satisfeita com o desempenho no Gauchão, quer um motivo para comemorar. Ou vários. Quem sabe o primeiro não seja disputar a Série B em 2011.

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Guia de Esportes

Torneio de tênis, com 186 atletas inscritos, movimenta as quadras do Clube Juvenil durante o fim de semana

TÊNIS l Brisa Open de Tênis | sábado e domingo, 8h | A competição que iniciou sexta (16) e segue até 25 de abril obteve a adesão de 186 inscritos nas categorias 1ª, 2ª e 3ª classes masculina, 1ª e 2ª classes feminina, sênior A e B e adolescentes entre 12 a 14 anos. Os jogos serão realizados nas quadras da Sede Esportiva do Clube Juvenil. No sábado e domingo eles começam às 8h e se estendem até as 18h. Os campeões e vices de cada categoria receberão troféus. Sede Esportiva do Clube Juvenil Entrada gratuita | Marquês do Herval, 197

VÔLEI l 1ª Etapa da Liga Estadual de Voleibol | sábado, a partir das 13h | Neste sábado será realizado na Sede Campestre do Clube Recreio da Juventude a 1ª Etapa da Liga Estadual de Voleibol Categoria Mais 35 Anos Masculino. Participarão equipes de Gravataí, Porto Alegre, São Leopoldo, Novo Hamburgo, Canoas e Caxias do Sul. As partidas da competição acontecem de abril a outubro. A fase classificatória será composta de nove partidas para cada equipe. Passam para a fase eliminatória somente as oito melhores colocadas na primeira fase. 13h: Gravataí x Amas, Recreio da Juventude x Sinodal B | 13h45: Gravataí x Sinodal A, Ulbra x Sinodal B | 14h30: Sogipa x Amas, Recreio da

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Juventude x Guaíba | 15h15: Sogipa x Sinodal A, Ulbra x Guaíba | 16h: Star x Amas, Recreio da Juventude x On Line | 16h45: Ulbra x Sinodal A, Star x On Line. Sede Campestre do Recreio da Juventude Entrada gratuita (necessário apresentar documento de identidade) | Atílio Andreazza, 3.525, Sagrada Família

FUTEBOL l Campeonato Municipal | sábado e domingo, 13h15 | Este final de semana inicia a quarta rodada do Campeonato Municipal de Futebol. Os jogos da segunda rodada que não foram realizados devido a chuva, serão realizados no dia 21 de abril nas séries Ouro e Prata e no dia 8 de maio na Suplentes. SÉRIE OURO - Sábado, 15h15: Vindima x União Industrial (Enxutão), Guarani x Fonte Nova (Serrano) | Domingo, 15h15: União de Zorzi x São Victor Cohab (Enxutão), Goiás x União Reolon (De Lazzer), Cristal x Londrina (S. Família), Az de Ouro x XV de Novembro (Reno). SÉRIE PRATA - Sábado, 13h15: Atlético x Esperança (Enxutão), Ouro Verde x Vera Cruz | Sábado, 15h15: Águia Negra x Bom Pastor (Serrano), Hawaí x Kayser (Fátima) | Domingo, 13h15: Mundo Novo x Ouro Verde (Municipal 2) | Domingo, 15h15: Kayser x Vera Cruz (Municipal 1), Bom Pastor x Hawaí (Fátima) SÉRIE SUPLENTE - Sábado, 13h15: Fonte Nova x Século XX (Municipal

1), São Victor Cohab x Bom Pastor (Serrano), XV de Novembro x Hawaí (Fátima) | Domingo, 13h15: União de Zorzi x Esperança (Enxutão), Águia Negra x Unidos (Municipal 1), R. Unidos da Esperança x Guarani (Municipal 2), Ouro Verde x União Reolon (De Lazzer), Az de Ouro x Kayser (Reno). Campos do Enxutão, Serrano, De Lazzer, Sagrada Família, Reno, Fátima, Municipal 1 e 2 Entrada gratuita l Copa União | sábado, 13h30 e 15h30 | Neste sábado acontece a sexta rodada da Copa União. Na categoria sênior, o Esporte Clube São Virgílio continua em ótima fase. A equipe é líder isolada, com cinco vitórias em cinco jogos. Na categoria juvenil, o São Francisco da 6ª Légua está na frente. A equipe está empatada em pontos com o Pedancino, ficando à frente apenas por um gol a mais no saldo. Juvenil, 13h30: São Cristóvão x São Francisco, Pedancino x Bevilacqa, Forquetense x Botafogo | Sênior, 15h30: São Virgílio x Conceição, São Francisco x Canarinho, Pedancino x Bevilacqua, Botafogo x Diamantino, São Cristóvão x Forquetense. Campo do time mandante Entrada gratuita l Futebol Sete Série A | sábado, 15h15 | A última rodada que define os times que avançam para a fase eliminatória do campeonato acontece neste sábado. Os quatro melhores classificados da

fase de grupos prosseguem na competição. A equipe Voges e Marcopolo estão empatadas com quatro pontos cada um na chave D. Já no outro grupo, a Randon é líder isolada com quatro pontos e está praticamente classificada para a fase seguinte. 15h15: Voges x Madal, Marcopolo x Guerra | 16h15: Fras-le x Agrale, Pisani x Randon Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

VELOCIDADE l 2ª Etapa do Campeonato Serrano | domingo, 8h | Neste domingo será realizado a 2ª Epata do Campeonato Serrano de Arrancadas, no Parque de Eventos de Vila Oliva. A organização espera cerca de 80 competidores distribuídos nas 11 categorias disputadas. As inscrições podem ser feitas até às 10h, no dia da prova, com o pagamento de uma taxa no valor de R$ 30. Na 1ª Etapa do Campeonato compareceram cerca de 2,3 mil pessoas para assistir o evento. A entrada custa R$ 5. O ambiente conta com praça de alimentação, área para churrasco, banheiros e estacionamento gratuito. Além disso, haverá um espaço livre para as pessoas que gostam de som automotivo e também a apresentação da banda FX2. Parque de Eventos de Vila Oliva Entrada a R$ 5 | BR-116, Km 145, nº 1.410, distrito de Vila Oliva | Mais informações com a Sozo Eventos Automotores, 3224-5613 ou 9112- 0972

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João Pratavieira, Divulgação/O Caxiense

guiadeesportes@ocaxiense.com.br


Preparativos grenás

T

O CENTENÁRIO

DESCANSA

Nas férias, o departamento de futebol segue trabalhando – e o presidente Osvaldo Voges anuncia um investimento mensal de até R$ 250 mil para a disputa da Série C

Voges: “Quem vier, não será por empréstimo. Não fazemos mais barriga de aluguel”

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Maicon Damasceno/O Caxiense

QUE NÃO

por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br arde de sol de outono. Centenário silencioso. Nenhuma bola estufa as redes. Sem atletas para disputá-la, silenciosamente ela segue trancafiada no armário. As redes foram erguidas e seguirão dependuradas no travessão até a volta dos treinamentos. É tempo de férias no Caxias. Férias do treinador orientando o time, da torcida invadindo o estádio. Entra em cena quem vive quase invisível durante os campeonatos. No centro do gramado, na última quarta-feira, estavam dois funcionários do Caxias irrigando o prado verde. Munidos de uma geringonça, ao estilo do Professor Pardal, a dupla empurrava o carrinho com uma mangueira jorrando água. Na terça-feira já tinham feito a mesma coisa. Repetem os gestos como se fossem goleiros zanzando pra lá e pra cá, naqueles treinamentos de tirar o fôlego. Quem procura por mais ação no Centenário precisa bater à porta da secretaria. Lá dentro, depois de passar por um estreito corredor, se vê outro time, em plena atividade. Mas antes que consiga tocar a maçaneta, a equipe de reportagem dá de cara com o líder dessa equipe. “E então, o que é que vocês querem? Não tenho muito tempo porque tenho de voltar para a empresa”, diz Osvaldo Voges, presidente do Caxias e diretor-presidente do grupo empresarial que leva seu sobrenome. Antes mesmo de ouvir a resposta, ele para em uma das salas do caminho e assina um documento – que não era o contrato de um novo atleta. Apesar da pressa, Voges aceita o convite para um bate-papo nas cadeiras do estádio. De terno cinza, gravata em desenho quadriculado e sapatos pretos lustros como espelho, o presidente faz um balanço do bom momento do clube. “Alcançamos a marca histórica de 3.300 sócios. Recorde na minha gestão. Peguei isso aqui com 600 sócios. Todo mundo está recebendo em dia, os jogadores já receberam suas férias. Ontem (terça-feira) o Julinho deve ter passado a vocês (da imprensa) todo o cronograma até a estreia na Série C. Não temos mais oficial de justiça batendo na porta do clube. O Caxias é isso aqui que vocês estão vendo...”, revela Voges. “Isso aqui” a que Voges refere-se é o clube em ação. Os funcionários molhando a grama, o assessor de imprensa confirmando uma entrevista no dia seguinte, Julinho Camargo, Ivan Soares e Júlio Soster afinando contratações e dispensas, o departamento de pessoal pagando – e pagando em dia – os atletas. “Não temos mais dificuldade em trazer jogador, temos em pagar o que os caras pedem. Tentamos o Gavião, o Preto, mas são atletas que se valorizaram demais. E não temos como trazer. Por outro lado, o Marcelo Costa e o Julinho Camargo receberam oferta para ganhar mais, mas resolveram ficar.” Voges antecipa que o orçamento do Caxias para a Série C será de R$ 250 mil, não mais. “No Gauchão foi de R$ 180 mil, né, Soster?”, pergunta o presidente, recebendo um aceno positivo do gerente de futebol. “R$ 180 mil 17 a 23 de abril de 2010

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bruto, com impostos. Essa é a nossa Se do outro lado da cidade ainda há realidade”, justifica. “Devemos trazer dúvidas na forma como o time deve se pelos menos uns quatro ou cinco joga- portar em campo e também com reladores de grupo e um ou dois titulares ção ao comandante da esquadra alvipara a série C.” Julinho verde, no Caxias todas Camargo, um dia antes, as peças estão bem deem entrevista coletiva “A alma do finidas. Se o presidente na Sala de Imprensa Caxias é o Osvaldo Voges é quem Adelar dos Santos Neas diretrizes trabalho. Teremos estabelece ves, dizia que as conde gestão e orçamento, tratações e dispensas limitações de Soster é quem tece os devem estar finalizadas orçamento, mas contratos a partir da até a data de reapresen- nunca vai faltar visão de jogo de Julitação do elenco, em 17 nho. Falar é fácil, ainda dedicação e de maio. “Quero poder mais quando essas pecontar com todo mun- empenho”, ças vêm funcionando do no início da prepa- diz Julinho muito bem. Mas quem ração, para não ter o acompanha o dia a dia mesmo problema que do clube percebe que tivemos quando muitos jogadores fo- este momento, de montagem de elenram chegando e ganhando forma ao co, mesmo a partir de uma base sólida longo do Gauchão.” como a do Caxias, deixa o treinador Esse trabalho silencioso, de ficar de estafado. olho no mercado do mundo da bola, é “Eu bem que queria chegar aqui e diessencial e mostra a nova forma como zer ‘tchau para vocês, volto só depois o Caxias enxerga o esporte. É assim das férias e vai ter um monte de gente que pensa Júlio Soster. De pouca fala, aqui fazendo o trabalho por mim’. Mas mas muita sensibilidade e visão, Sos- não é assim. Então, deixa eu ir porque ter é comedido ao falar das novidades. tenho muito trabalho ainda. Valeu, “Prefiro falar quando estiver tudo con- gurizada” despediu-se Julinho, bemfirmado.” Julinho Camargo deixa algu- humorado como sempre. Mesmo com mas pistas logo após a coletiva: “Que- uma penca de DVDs e fichas de jogaremos um meia, um meia-atacante, se dores para analisar, o treinador não vê não renovarmos com o Edu Silva va- a hora de chegar logo o dia da reapremos ter de buscar um outro lateral...”. sentação. “A alma do Caxias é o trabaE reticências. lho. Não vou esconder do torcedor que Na sequência, ainda na última terça- teremos limitações de orçamento, mas feira, antes da entrevista com Voges, nunca vai faltar dedicação e empenho Soster acrescentava mais um na lista de ninguém aqui.” de Julinho: “Além dessas posições proJulinho estufa o peito para falar curamos um volante”. No mesmo ins- desse sentimento que já disseminou tante em que Soster revelava mais uma pelo vestiário do clube. Com o seu necessidade, uma pessoa entrega a ele comando o torcedor viu o time lutar, o DVD de um zagueiro. “É pra quem?”, lutar sempre. Até o último minuto, indagou Soster. “Pediram para entre- seja contra Grêmio e Porto Alegre, no gar ao Julinho Camargo”, responde o primeiro turno, seja contra Pelotas e mensageiro. E tudo isso no mesmo dia Ypiranga, no segundo. Ou mesmo no em que chegava ao Centenário o pri- CA-JU. Falando em CA-JU, teve jornameiro reforço da Série C, Marcelo Oli- lista fazendo graça com a programação veira, 28 anos, que joga de zagueiro e do Caxias, que prevê seis amistosos lateral direito. durante a preparação. Um deles chegou a sugerir, brincando, é claro, que O clima é bom no Centenário. o Caxias convidasse o Juventude para

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um jogo-treino. Julinho apenas sorriu, encabulado com a piada.

não. Ela fica ali, presente”, filosofa Julinho. “Perdemos no que o futebol tem de bonito, o lado lúdico...”, complementa o presidente Voges.

Quando a conversa é séria, Julinho conta que deseja trazer ao clube jogadores que tenham um perfil bem Por alguns dias, o gramado do definido: “Primeiro, que estejam den- Centenário terá apenas a companhia tro do orçamento. Segundo, tem de ser de quem zela por ele e dos quero-queum cara comprometido. Terceiro, que ros. Mas dentro do departamento de seja um jogador competitivo. E quarto, futebol o ritmo vai será alucinante. A que esteja motivado, que queira vir jo- primeira saída, de Everton, é em parte gar ou permanecer no Caxias”. Se Vo- comemorada. O time perde em campo, ges vislumbra melhores caminhos para Julinho diz: “Temos de repensar taticao clube, boa parte desse sucesso passa mente o time, porque o Everton depelo resultado de Julinho em campo. sempenhava mais de uma função em “Fico muito feliz de ter feito a me- campo”. Entretanto, ganha em projeção lhor campanha da história do Caxias no mercado, defende Voges: “Quando no Gauchão, e fomos ainda Campeões foi a última vez que o Caxias empresdo Interior. Em 16 jogos, tivemos 10 vi- tou alguém para o Inter, com chance tórias, cinco empates e uma derrota. Se de venda e de se valorizar ainda mais? tu me perguntasse isso quando cheguei O Everton tem contrato conosco por no Caxias, nem nos melhores sonhos três anos”. Outros podem sair? Podem. eu imaginaria uma campanha des- Mas só se a oferta favorecer ao atleta e sas, que teve, se não me engano, 72% ao Caxias. “E quem vier, não será por de aproveitamento. Recebi ligações empréstimo. Não fazemos mais essa de de amigos meus de todos os lugares barriga de aluguel. Se vier é com direime parabenizando. Só que ninguém to federativo do Caxias. Senão, nosso entende o formulismo de um campe- discurso vai por água abaixo”, explica onato desses, mas fazer o quê?”, avalia Voges. Julinho. Sobre a queda, nos pênaltis, “Vou te dizer que seria bem mais diante do Ypiranga, o técnico admite fácil trazer gente por empréstimo, que é frustrante, mas fez questão de mas...”, pondera Soster, deixando no ar falar aos atletas ao final da partida que as reticências, como se dissesse “aí não, eles estavam de parabéns. “Mostrei a né?”. Porque Soster bem sabe que mais eles que não me esquecedo ou mais tarde – ci do que haviam feito como Voges aprendeu durante todo o campe- “A alma do na prática – o pai da onato. Quero que eles Caxias é o criança vai querer todescansem, desopilem mar de volta o rebento a parte psicológica, fi- trabalho. Teremos fruto de uma barriga quem com a família e limitações de de aluguel. “Querenão pensem em futebol orçamento, mas mos subir para a Série até a volta das férias.” B, mas com planejanunca vai faltar A lição que fica do mento. Poderíamos Gauchão, nas palavras dedicação e fazer um time miliodo treinador: “O futebol empenho”, nário, subir e deixar vai ser sempre impre- diz Julinho um monte de dívida visível”. “Fiquei alguns para o ano que vem. dias sem dormir depois Mas não é assim que do jogo contra o Ypiranga. A derrota a gente quer fazer futebol”, diz Voges, marca mais do que a vitória. Já ganhei já de pé, colocando um ponto final no vários campeonatos, mas depois de um bom papo de um entardecer chuvoso dois dias, tu esqueces. Mas a derrota, no Centenário.

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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Com Graziela Andreatta

Diante da condenação de alguns proprietários de postos de combustíveis, por formação de cartel, a Câmara tira da gaveta proposta antiga. Os vereadores querem facilitar a construção de novos empreendimentos derrubando lei que estipula distância mínima de 1.500 metros entre cada posto. A nova proposta possibilitaria uma distância de apenas 500 metros. Mais postos, mais concorrência e, teoricamente, preço menor.

Com Serra

Não vamos colocar em risco a administração do município Edson Mano, secretário de Recursos Humanos e Logística, ao descartar pedido de reajuste salarial de 240% feito pelos médicos da rede pública de Caxias do Sul Maicon Damasceno/O Caxiense

Mais perto

Saia justa

É prerrogativa do prefeito nomear e exonerar subprefeitos. Ao prever votação direta (não obrigatória) junto ao eleitorado do interior do município, o projeto do vereador Marcos Daneluz (PT) coloca o chefe do Executivo numa saia justa. Como demitir algum colaborador que não se adaptou ao cargo quando ele tem o aval da comunidade? – perguntam aqueles parlamentares contrários à proposta.

Para todos

Colisão

Em queda

Chamada do jornal Zero Hora, na edição de quinta-feira (15): “Baixa na Serra – Balanço indica queda de público na Festa da Uva. Evento mais popular de Caxias do Sul reuniu 10,89% menos visitantes em relação a 2008.” O destaque dado pelo jornal significa que campanha publicitária e ações de marketing não tiveram êxito na busca de mais público para a Festa. Apesar dos gastos polpudos com publicidade – cujos números, por sinal, não foram revelados.

Reféns da saúde

O exercício do direito de greve exige responsabilidade de quem o exerce, ainda mais em um serviço essencial como o da saúde. Por isso, é difícil que a população apoie nova paralisação dos médicos da rede pública municipal. Trata-se de um protesto que prejudica milhares de pessoas que nada têm a ver com ele. E essas pessoas não podem se tornar reféns de uma reivindicação desmedida (240% de aumento salarial para 20 horas semanais de trabalho). Em função da greve, o tempo de espera para atendimento a uma consulta no Postão 24 Horas chegou a seis horas. Os usuários das Unidades Básicas de Saúde foram obrigados a se dirigir ao centro da cidade.

Tietagem pluripartidária A vinda da ex-ministra-chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, dá uma ideia de como deve ser este processo eleitoral. Já no aeroporto ela foi cercada por cerca de 50 pessoas, entre políticos e militantes do PT, PC do B e CUT. Na CIC, foi recebida calorosamente pelo presidente da Casa, Milton Corlatti, pelo prefeito José Ivo Sartori (PMDB) e até pelo deputado Kalil Shebe Neto (PDT). Durante a palestra, em que tomou

quase todo o tempo listando os feitos do governo Lula, mais tietagem. Dilma arrancou aplausos da plateia de políticos e empresários em diversos momentos. Teria sido quase uma visita festiva, não fosse o discurso de Corlatti na abertura da reunião-almoço. Ele lembrou de reivindicações como o novo aeroporto e a retomada do transporte ferroviário e, ao final, entregou a Dilma uma carta com as queixas e pedidos da região.

O ecletismo da CIC evidencia-se na programação das reuniões-almoço. Nesta sexta-feira, recebeu, em encontro extraordinário, a pré-candidata à presidência Dilma Rousseff (PT). Na segunda-feira, será a vez de Aod Cunha, ex-secretário do governo Yeda Crusius, reconhecido pelo trabalho de coordenação do ajuste fiscal do Estado.

Mais fiscais

Vereador Daniel Guerra (PSDB) quer ampliar número de fiscais de trânsito. “Os reclamos da população, inclusive tomando caráter jocoso e depreciativo com relação ao trabalho de fiscalização, também nos impelem e motivam a sugerir o que ora fazemos”, diz Guerra. Pelos cálculos dele, Caxias precisaria ter entre 100 e 200 fiscais. Possui hoje apenas 58.

perguntas para

Marcos Daneluz

O vereador petista quer eleição direta para escolha dos subprefeitos no interior do município. A Câmara derrubou esta semana a inconstitucionalidade da proposta

Qual é o sentido de ser realizada eleição para subprefeito? O cargo de subprefeito, pelas características do interior, pela sua cultura extremamente comunitária, exige que o mesmo tenha, além de capacidade administrativa, uma forte relação com a sua comunidade. Precisa estar integrado às questões locais, ser partícipe do cotidiano, estar envolvido com os fatos comunitários, com o clube de futebol, com o clube de mães, ou seja, ser fornecedor de confiabilidade reconhecida. Em resumo, possuir uma história na comunidade. Desta forma, o escolhido não deixa de ter a confiança do prefeito, pois foi indicado numa lista quíntupla e terá apoio da sua comunidade. Mais do que isto, a própria comunidade vai se sentir mais responsável no apoio das atividades públicas e propostas governamentais. Uma eleição assim não cria um problema para o prefeito (seja ele qual for), na medida em que torna-se difícil exonerar alguém que foi eleito pela população? Exonerar sempre é constrangedor. Também é agora, no

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atual sistema. Na eleição direta os nomes serão indicados pelo prefeito, serão da sua relação de confiança e só será exonerado se não corresponder administrativamente. Se isso acontecer, a própria comunidade poderá pedir a troca. Creio que, desta forma, o prefeito diminui a possibilidade de errar. Mais, ele divide a responsabilidade com a própria comunidade. Diego Netto, Div./O Caxiense

Descobriu-se o motivo de o vereador Renato Nunes (PRB) acompanhar o posicionamento da oposição nas últimas votações ocorridas na Câmara. É uma forma nem tão sutil de pressão. Nunes entrou em rota de colisão com a responsável pela Coordenadoria da Segurança Alimentar, Janete Tavares, e quer vê-la fora do governo. Votar com a oposição seria uma forma de pressionar Sartori.

A Coordenadoria Vinhedos do PMDB, que reúne 15 municípios da Serra, descarta qualquer possibilidade de defesa de uma coligação com a candidata Dilma Rousseff. A tendência amplamente majoritária é por uma aliança com José Serra – depois que os peemedebistas se convencerem da total impossibilidade de candidatura própria à presidência da República, como alguns ainda sonham. Na última reunião, esta semana, o nome do secretário da Cultura, Antonio Feldmann, foi lançado para ocupar a coordenadoria. Diante dos compromissos neste ano com o aniversário de Caxias e os eventos programados, ele abriu mão da indicação – em favor de Guerino Pisoni Neto. A eleição será no dia 30.

O sr. é um crítico duro da administração Sartori. Ela deixa, de fato, a desejar ou é o papel de oposição que está sendo exercido? Não me considero um “crítico duro à administração Sartori”. Faço oposição forte em questões onde discordo administrativamente do governo. Porém, em muitas ocasiões, tenho votado a favor do próprio governo. Não me considero um vereador que faz oposição apenas para demarcar campo político. Quando faço críticas, procuro sempre apontar caminhos, soluções. Não faço oposição para promoção pessoal e do meu partido, sempre que faço é por acreditar que estou colaborando com a comunidade. Faço isso sempre reconhecendo humildemente minhas limitações. 17 a 23 de abril de 2010

O Caxiense

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