Edição 22

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CARREIRA EM ALTA

Expansão do setor e paixão por voar atraem candidatos a piloto de avião |S30|S1° |D2 |S3 |T4 |Q5 |Q6 |S7

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet. Maicon Damasceno/O Caxiense

Caxias do Sul, abril de 2010 | Ano I, Edição 22 | R$ 2,50

MAIS VERDE, MENOS CINZA Em processo acelerado de urbanização, Caxias necessita de um projeto de arborização e conscientização ambiental

Renato Henrichs comenta a ida de comitiva caxiense para a África do Sul | Roberto Hunoff fala do prêmio do Sebrae concedido a Sartori | Na entressafra, Caxias e Ju semeiam o futuro | A herança musical de Elpídio se cala


Índice

www.OCAXIENSE.com.br Fotos: Maicon Damasceno/Ocaxiense

A Semana | 3

Um resumo das notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4

Marcopolo interrompe produção para refletir sobre o trabalho em equipe

Força artística | 5

Vanguarda caxiense nos palcos com o espetáculo idem[variáveis]ibidem

TWITTER

(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)

Caxias do Sul, abril de 2010 | Ano I, Edição 21 | R$ 2,50

A Ca pesa O V xia r d A s a e su LO ind as a c de R D on sva O qu nta C ista g E mo ens, NT rad o c RO ore ora s c ção on de vic tos |S24 |D25 |S26 |T27 |Q28 |Q29 |S30 Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

Alerta ambiental | 7

Arborização precária da cidade é resultado da falta de planejamento e de consciência da população

NO CAMINHO

DO TRÂNSITO SEGURO

Edição 21 | @sabrinadidone Excelente edição de @ocaxiense sábado. A abertura da matéria sobre o trânsito é genial. Sabrina Didone, em 26 de abril @danieldalsoto Edição do final de semana do @ocaxiense mais uma vez com uma bela reportagem de capa. Parabéns! Daniel Dalsoto, em 26 de abril

Artes | 13

@lidiarribeiro @ocaxiense Moro no centro e adorei a matéria: “A vida no Centro”. Um outro olhar sobre modos de vidas de pessoas que buscam sempre o diferente. Lidia Ribeiro, em 24 de abril

A última balada | 14

@mmocelin ADOREI a capa d’@ocaxiense!!! Lerei-o JÁ! Marcus Vinicius dos Reis, em, 24 de abril

Uma reflexão sobre os desacertos cotidianos entre pedestres e motoristas indica como eles podem tomar o rumo de uma relação melhor

Sonhando alto | 10

Renato Henrichs revela carta do PDT local que pede exclusividade a Alceu Barbosa Velho | Roberto Hunoff analisa o aumento das demissões | Duas décadas de Mancha Verde | Paulinho, personagem da memória grená

Aeroclube realiza desejos de infância e prepara para a promissora carreira de piloto A arte da rima e a luz das pioneiras Tradicional loja de discos e reduto de colecionadores, a antiga Discoteke Elpídio silencia no Centro

@fgremelmaier @ocaxiense parabéns pela educativa capa. Não é preciso uma palavra sequer. Secretário Felipe Gremelmaier, em 24 de abril

Guia de Cultura | 16

A Alice de Carroll no País de Tim Burton, com um toque Disney

@NewagersProp Show na capa “O Caxiense”. Agência NewAgers Propaganda, em 24 de abril

Semeadura grená | 18

Greve dos médicos | @luvicenzi @ocaxiense SINCERAMENTE: essa greve fere o juramento da Medicina, de salvar a todos, deixando a população à sorte. Lu Vicenzi, em 28 de abril

O Caxias prepara o terreno para a Série C – e para o futuro

Investimentos alviverdes | 21

@biapoletto @ocaxiense sempre impecável em suas matérias. Agora, sobre o Sindicato dos Médicos... Bianca Poletto, em 29 de abril

Ju leva estudantes ao estádio em busca da meta de 10 mil sócios

Guia de Esportes | 22

Mercado Público em Caxias | @sayform Vai dar falatório. Acho q o pessoal do camelô vai chiar. Sammy Formighieri, em 27 de abril

Sábado é dia de CA-JU no Centenário – pela categoria Sub-20

Renato Henrichs | 23

Rádio Comunitária | @charlestonets @ocaxiense Vocês não acham um absurdo a rádio da UCS ser entregue à UAB? Porque os únicos que não usam a estrutura são os alunos de jornalismo. Charles Tonet, em 26 de abril

Vereador Alaor de Oliveira (PMDB) já está escalado para conhecer a infraestrutura da Copa do Mundo 2010

ORKUT Gostaria de parabenizá-los pela reportagem sobre os 20 anos da torcida Mancha Verde. Parabéns pelo jornal, cada vez melhor! Renata Corso, em 24 de abril

Expediente

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PODCAST

Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

(Escute em www.ocaxiense.com.br/multimidia)

Assine

(Veja em www.ocaxiense.com.br/multimidia)

Os jornalistas Fabiano Provin e Marcelo Mugnol comentam as novidades sobre Juventude e Caxias direto da redação do jornal O Caxiense.

TRAILERS

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120

Assista aos trailers dos filmes em cartaz nos cinemas de Caxias do Sul e confira a programação completa.

Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

trânsito seguro) foi publicada sem o crédito: Maicon Damasceno/O Caxiense.

O Caxiense

30 de abril a 7 de maio de 2010

Erramos | A fotografia de capa da edição 21 (No caminho do

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .


A Semana Maicon Damasceno/O Caxiense

Diego Netto, Divulgação/O Caxiense

Greves dos médicos e dentistas prejudicam população que depende do SUS

Diagnóstico aponta melhorias para Av. Júlio de Castilhos; Comissão discutiu na Câmara de Vereadores a paralisação dos médicos, que terminou na Justiça

SEGUNDA | 26 de abril Comunicação

UAB assumirá rádio comunitária A Rádio Comunitária Cidade Universitária 87.5 FM passará da Universidade de Caxias do Sul (legalmente, a rádio é da Associação Pró-Campus e a UCS faz parte de seu Conselho) para a União das Associação de Bairros de Caxias (UAB). A concessão está em fase de negociação e a universidade está aguardando que a UAB se adeque à legislação de uma rádio com caráter comunitário. A UAB deve providenciar um local para a rádio, já que, para que a entidade assuma a 87.5 FM, sua sede deve estar dentro do perímetro de um quilômetro do alcance do sinal. A mudança ocorrerá, segundo a diretora do Centro de Ciências da Comunicação da UCS, Marliva Vanti Gonçalves, porque a rádio Cidade Universitária não tem cumprido seu papel de comunitária.

Saúde

Município prepara dossiê para ministro A secretária municipal da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi, está preparando um dossiê para entregar ao ministro da Saúde, José Gomes Temporão. Nos documentos, ela pretende incluir tabelas que mostram a situação financeira do setor em Caxias do Sul, além de informações e reportagens de jornais sobre as greves dos médicos que atendem pelo SUS no município e começaram nova paralisação nesta segunda. Maria do Rosário conta que já encaminhou à Secretaria Estadual documentação semelhante. A secretária quer que a União e o Estado revejam os valores encaminhados, pois têm sido insuficientes. Ela teme que, com a greve, as finanças da saúde, que já estão complicadas, se agravem.

Comércio

Projeto quer melhorar Av. Júlio de Castilhos Um projeto do Sebrae, com apoio das entidades Sindilojas e Câmara de

Dirigentes Lojistas (CDL) e da prefeitura, deve tornar a Avenida Júlio de Castilhos um lugar mais agradável para quem passa por ela, principalmente para fazer compras. O diagnóstico mostra pontos fortes e fracos e o que pode ser feito para melhorar a via. Conforme a gestora do programa, Noeli Marta Turcatel, a Júlio de Castilhos é a primeira rua de Caxias escolhida para a pesquisa. Participaram da avaliação 293 estabelecimentos ao longo da avenida. Além disso, foram feitas filmagens das calçadas, das fachadas das lojas, das vitrines e até do interior de algumas delas.

Saúde

Dentistas entram em greve segunda Os 40 dentistas que atendem pelo SUS em Caxias prometem iniciar uma greve de três dias a partir de segunda. Apenas os serviços de emergência no Pronto Atendimento 24 horas serão mantidos. O presidente do Sindicato, Sergio Callegari, explica que a reivindicação é salarial. Segundo ele, o piso para 20 horas em Caxias é de aproximadamente R$ 2 mil, e há um movimento nacional da categoria que pede cerca de R$ 7,5 mil.

TERÇA | 27 de abril

QUARTA | 28 de abril

Habitação

Greve no SUS

Lista do Funcap pode ser zerada

Legislativo propõe comissão

O loteamento popular Campos da Serra deve finalmente zerar a lista de espera do Fundo da Casa Própria (Funcap), meta que vem sendo buscada há 17 anos. A lista não recebia inscritos desde 1993, mas, mesmo assim, a produção de moradias populares não dava conta da quantidade de gente que esperava por financiamento público. Segundo o secretário municipal da Habitação, Flávio Cassina, o loteamento terá 900 unidades, entre apartamentos, casas, sobrados e terrenos, e atenderá a cerca de 900 famílias com renda de até três salários mínimos.

Comércio

Vereador propõe criação de Mercado Público A sugestão para criação de um Mercado Público em Caxias foi protocolada nesta terça pelo vereador Gustavo Toigo (PDT). O local indicado para a construção é o das garagens da Secretaria de Obras e Serviços Públicos, atualmente instaladas na Rua Visconde de Pelotas, que em breve serão transferidas. A área do Mercado caxiense, segundo a proposta, abrigaria o Ponto da Safra, o Camel Shopping Tropical (Camelódromo), artesãos e outros segmentos inspirada no modelo do Mercado Público de Porto Alegre.

A reunião promovida na terça pela Comissão de Saúde e Meio Ambiente da Câmara de Vereadores foi o primeiro encontro aberto entre a prefeitura e o Sindicato dos Médicos para discutir a greve da categoria. A única solução prática, proposta pelo presidente da Comissão, o vereador Renato Oliveira (PC do B), foi a criação de uma comissão para avaliar soluções para o impasse. A comissão, que seria composta por membros do poder Executivo e Legislativo, Sindicato dos Médicos de Caxias do Sul, Conselho Municipal de Saúde e União das Associações de Bairros, depende da aprovação da prefeitura. Os demais membros já se manifestaram favoráveis à proposta. Durante a reunião, o presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos Santos, apresentou uma proposta de aumento salarial que foi elaborada pela Secretaria Municipal da Saúde e entregue ao Sindicato no dia 30 de março. O documento oferece uma gratificação de 46% sobre o salário-base (R$ 2 mil) e mais uma gratificação por produtividade. A proposta mantém a gratificação “até entrar em vigor o plano de cargos, carreiras e salários”, outra reivindicação da classe médica. Conforme Marlonei, o Sindicato aceitaria a proposta, caso a prefeitura a oficializasse. Conforme o secretário Edson Mano, uma alternativa seria o repasse

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de aumento conforme a inflação. A outra possibilidade é criar um novo cargo de médico, com carga horária reduzida (hoje os médicos trabalham 20 horas semanais). A aprovação dessa proposta dependeria do projeto de reclassificação de cargos e salários. “Para ter uma ideia, um aumento de 1% no salário de todos os servidores equivale a um impacto de R$ 200 mil por mês”, pondera Mano.

Greve no SUS

Justiça determina volta dos médicos Por determinação do Poder Judiciário, os médicos do SUS devem voltar ao trabalho, encerrando a greve que pede aumento salarial de 240%. A medida atende a uma ação do Município, com a finalidade de manter o atendimento médico à população caxiense. Conforme o procuradorgeral do Município, Lauri Romário Silva, a ordem, expedida pelo juiz Sérgio Fusquine Gonçalves, obriga todos médicos grevistas voltarem ao trabalho em até 24 horas após o recebimento do documento. Caso os médicos não voltem, o Sindicato dos Médicos deverá pagar multa de R$ 50 mil por dia de descumprimento.

QUINTA | 29 de abril Comércio

Dia das Mães é aposta para superar crise O desempenho econômico do comércio caxiense ainda não teve alta suficiente para superar a crise de 2009. Para isso, o comércio aposta no Dia das Mães. “A primeira quinzena de maio é o segundo período mais forte do ano. Então, a tendência é de recuperação”, explica o diretor Câmara de Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul, Miguel Frederico Fortes. Ele acrescenta que a data também é um indicativo importante do movimento econômico durante o inverno. Comunicado | Em virtude do feriado do Dia do Trabalho, 1º de maio, no qual parte do comércio estará fechada, O Caxiense circula excepcionalmente nesta sexta-feira, dia 30.

30 de abril a 7 de maio de 2010

O Caxiense

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

A partir de maio o Hospital Saúde contará com nova unidade de internação, ampliando em 15% sua capacidade de atendimento. Isto representa acréscimo de 16 leitos e a abertura de novos postos de trabalho. A ampliação se deve à saída da Clínica de Repouso que ocupava a área térrea do prédio.

Fabricante de materiais de fricção para ônibus e caminhões, a Duroline investirá R$ 10 milhões neste ano em processos e automatização para elevar em 40% a sua capacidade de produção. Sairá dos volumes atuais de 100 mil jogos/mês de lonas de freios, que estão no seu limite, para 140 mil. O volume aplicado é o mesmo do ano passado, mas que teve como prioridade o desenvolvimento de produtos e tecnologias. O quadro atual de 280 funcionários subirá para 300 no

Homenagem

A Cooperativa de Consumo dos Condutores Autônomos de Veículos Rodoviários de Caxias do Sul (Coocaver) completou 30 anos de atuação junto à comunidade caxiense. A passagem da data foi marcada por homenagem da prefeitura a partir de sugestão dos sindicatos dos Transportadores Rodoviários Autônomos de Bens e dos Taxistas. Vanessa Oliveira/Div./O Caxiense

Campanha

Capacitação A Universidade de Caxias do Sul (UCS) está selecionando acadêmicos dos cursos de Administração, Ciências Contábeis, Comércio Internacional e Engenharias para prestar consultorias a microempresas da região. O trabalho integra o projeto Negócio é Negócio, que o Serviço Brasileiro de Apoio às Micro e Pequenas Empresas (Sebrae) do Rio Grande do Sul está implantando no Estado em parceria com as instituições de ensino superior com o objetivo de diagnosticar os pontos fortes e fracos das empresas com até quatro funcionários e oferecer soluções individuais. O objetivo da UCS será atender a 9,3 mil micro-negócios de todos os setores nas regiões da Serra, Hortênsias e Campos de Cima da Serra.

Mercados fechados

Neste sábado, 1º de maio, feriado Dia do Trabalho, os supermercados de Caxias do Sul não poderão abrir as portas com empregados. A decisão atende ao acordo coletivo firmado em 2009 entre o Sindicato de Gêneros Alimentícios de Caxias do Sul e o Sindicato dos Empregados no Comércio. Só poderão funcionar os estabelecimentos com atendimento exclusivo dos proprietários.

Treinamento

Termina nesta sexta-feira, dia 30de abril, o treinamento oferecido pela fabricante de móveis corporativos Marelli para 28 consultores de vendas da sua rede de lojas. O programa busca proporcionar uma capacitação continuada à equipe de vendas com objetivo de qualificar o atendimento e os serviços prestados pela rede em todo o Brasil e na América Latina. Os consultores conheceram a empresa caxiense, o processo fabril e os produtos detalhadamente e participam de diversos módulos envolvendo diferentes temas.

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O Caxiense

30 de abril a 7 de maio de 2010

Considerado o segundo Natal do comércio, o Dia das Mães movimenta o setor varejista de Caxias do Sul. No Shopping Iguatemi Caxias a data ganha incentivo extra: a promoção Presente dos Sonhos. Lançada no dia 24 de abril, a campanha sorteia, diariamente, às 20h,

Dívida

decorrer do ano. De acordo com o diretor comercial Nelson Fagherazzi, a empresa elevará suas vendas em 30% sobre o ano passado, que foi 20% superior a 2008. Ele recorda que a Duroline tem mantido média de expansão anual de 30% nos últimos cinco exercícios. Aponta como uma das razões para a expansão a preocupação da empresa em inovar tecnologicamente e partir para a condição de fornecedora de conjuntos de frenagens e não apenas lonas.

um vale-compras de R$ 1.000 para serem utilizados nas lojas do shopping. No dia 9 de maio serão sorteados cinco vales-compras, totalizando R$ 20 mil. Para participar, os clientes devem trocar R$ 200 em compras por um cupom e responder a uma pergunta.

A indústria moveleira exportadora do Rio Grande do Sul cobra do governo federal R$ 22 milhões de ressarcimento de créditos de impostos. O pleito foi apresentado pela diretoria da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul à Superintendência Regional da Receita Federal em Porto Alegre. A reivindicação figura na lista de medidas para que o Estado volte a

apresentar bons números nos negócios internacionais. Os dados indicam que no primeiro trimestre de 2010 houve tímido crescimento de 2% nas exportações, ainda muito distante das perdas de 30% registradas no ano passado. Atualmente, a apreciação para devolução dos créditos pode se estender por até três anos, prazo capaz de comprometer a saúde financeira e a manutenção de empregos.

Gestão

Nova agroindústria

A caxiense Geconsul - Gerenciadora, Engenharia e Consultoria, será responsável pelo gerenciamento da obra de construção do Shopping Pátio Chapecó, em Santa Catarina. O investimento de R$ 70 milhões resultará em empreendimento de 120 lojas, com cinema e praça de alimentação em área construída de 38 mil m². A Geconsul tem 23 anos de atuação no gerenciamento de obras.

Localizada no distrito caxiense de Santa Lúcia do Piaí, a C.V. Embutidos da Serra será inaugurada nesta sextafeira, 30 de abril. A unidade agroindustrial, de propriedade dos empreendedores Cássio e Valdir Borkert, processará embutidos suínos, como salame, salsichão, linguiça, torresmo e morcilha branca. Além disso, também deverá comercializar cortes de pernil e costela.

Escolha

O empresário Nadir Pedro Rizzi, da empresa Rizzi & Cia Ltda, foi eleito e empossado presidente do Conselho Deliberativo da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC) para a gestão 2010/2012. Ele sucede André Vanoni de Godoy. O empresário Alcides Perini, do Sicredi, foi eleito vice-presidente e José Quadros dos Santos, da Serrana Materiais de Construção, secretário. O conselho ainda será integrado por Edson D’Arrigo, Eduardo Quissini, Euclides Sirena, Getúlio Fonseca, Ivanir Gasparin, Jair Canevese, José Veronil Alves, Luis Antônio Oselame, Marcelo Ayala, Maria Glória Mezzomo, Mauro Bellini, Nelson Lisot, Rafael Tregansin, Remo Boff, Ricardo Polo, Severo Signori e Shirlei Omizzolo. Greice Tedesco/Div./O Caxiense

Investimento

Expansão vinícola

A Vinícola Salton, de Bento Gonçalves, adquiriu 700 hectares na região de Santana do Livramento, para ampliação de sua produção própria de uvas. Neste ano a intenção é de plantar 30 hectares de uvas brancas Chardonnay para a elaboração de espumantes. A empresa atua naquela região desde 2001 por meio de parceria com 35 produtores de Bagé e Livramento, que lhe vendem a produção proveniente de 300 hectares.

Ação inédita A Marcopolo interromperá nesta sexta, 30, das 16h45 às 19h45, a produção de suas duas unidades de Caxias do Sul. Todos os colaboradores serão reunidos no Centro Poliesportivo do SESI para uma ação inédita. Denominado de O trabalho em equipe como chave para o sucesso da Marcopolo, o encontro objetiva valorizar o SIMPS (Sistema Marcopolo de Produção Solidária). Oscar Schmidt, o “Mão Santa” do basquete brasileiro, estará presente à atividade. O programa surgiu em 1986 depois que Paulo Bellini (foto), atual presidente do Conselho de Administração da Marcopolo,

viajou ao Japão com o objetivo de conhecer a filosofia de administração e de produção lá utilizadas. No retorno reuniu todos os colaboradores e compartilhou as novidades que havia visto na viagem, incentivando a equipe a pensar na forma de colocar em prática as ideias que consideravam aplicáveis na Marcopolo. Rapidamente surgiram vários grupos de melhorias, que deram origem ao SIMPS. “O programa é um divisor de águas na Marcopolo, pois conseguiu modernizar e tornar a empresa mais competitiva em termos de qualidade e produtividade”, define Bellini.

S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .

Divulgação/O Caxiense

Novos leitos


Inovação no linóleo

Maicon Damasceno/O Caxiense

INFORME COMERCIAL

FAP / DECISÃO JUDICIAL\

O SIMECS por meio de sua Assessoria Fiscal e Tributária, ajuizou ação de mandado de segurança contra os aumentos da contribuição previdenciária, relativos às alterações do grau de risco das empresas – RAT - e da aplicação do FAP, os quais poderiam fazer com que as empresas tivessem um incremento de até 600% em relação ao que vinha sendo recolhido em dezembro de 2009. Este significativo aumento deve-se ao fato de o Poder Executivo, por meio do Decreto no. 6.597/2009 ter alterado o grau de risco de inúmeras empresas, de leve para grave (de 1% para 3%), ou de médio para grave (de 2% para 3%) e sobre os mesmos ainda fazer incidir o índice do FAP que pode ser de até 2,00%. Diante de tamanha ilegalidade, o SIMECS, visando resguardar os princípios constitucionais tributários, obteve uma vitória expressiva no âmbito do Poder Judiciário, o qual reconheceu, por meio de sentença prolatada em 19 de abril de 2010, nos autos do processo nº. MSC 5000256-73.2010.404.7107, que a aplicação do FAP é ilegal e suspendeu sua aplicação sobre os índices do RAT. A ação foi patrocinada pelo escritório Balen, Bridi & Advogados Associados, em pareceria com os advogados Miguel Plescth e Ézio de Sales, beneficiando mais de 1.000 filiados. PALESTRA ESPECIAL / OZIRES SILVA “Tecnologia, Empreendedorismo e Desenvolvimento.” Este será o tema da palestra especial que o SIMECS realizará no dia 24 de maio para um público de empresários, representantes das empresas do seu segmento e convidados. A palestra que acontecerá às 16 horas no auditório da CIC em Caxias do Sul será um dos eventos magnos que o SIMECS programou para o ano de 2010. O empreendedorismo e a competitividade, bem como os desafios e oportunidades do mundo globalizado ganharão destaque neste encontro. Ex-ministro de Infraestrutura, Ozires Silva foi presidente da Embraer e da Petrobras. Atualmente é Presidente do Conselho Consultivo do World Trade Center de São Paulo; Presidente do Conselho de Administração da Pele Nova Biotecnologia S.A. e de várias outras empresas. As inscrições são restritas às empresas representadas pelo SIMECS através do fone: (54) 3228.1855. ENCONTRO NACIONAL DAS FERRAMENTARIAS As empresas metalmecânicas representadas pelo SIMECS estão sendo convidadas a participar do 3º Encontro Nacional de Ferramentarias, dia 28 de maio em Caxias do Sul. O evento é uma promoção conjunta do SIMECS, Simplás, Plastech Brasil 2011 e Associação Comercial e Industrial de Joinville. O encontro destinase aos empresários da cadeia produtiva de ferramentarias e tem como objetivo fomentar a discussão sobre temas comuns ao setor ferramenteiro nacional. No evento também será abordado o planejamento estratégico do setor para os próximos 15 anos. Na oportunidade, serão desmembradas as ações para alcançar os objetivos definidos, visando colocar o Brasil em posição de destaque mundial na comercialização de moldes e ferramentas. Inscrições pelos fones: (54) 3228.2422 e 3228.1251. INTERCÂMBIO NA ITÁLIA No início de maio os diretores Getúlio Fonseca e Odacir Conte viajam para a Itália onde irão estreitar o acordo envolvendo o SIMECS e a Associação Industrial de Vicenza. Para tanto, o SIMECS aplicou uma pesquisa junto às suas empresas visando identificar as principais necessidades no processo técnico-comercial. As empresas do SIMECS que responderam a pesquisa desejam desenvolver novos produtos, melhorar os atuais, melhorar o processo de qualidade e o desenvolvimento de novas tecnologias. Além de Vicenza, o SIMECS possui parceria com a Associação Industrial de Belluno e AIMAP de Portugal. A propósito, o SIMECS recebeu a visita de representantes do Instituto Italiano para o Comércio Exterior o qual manifestou interesse em firmar parceria técnico-comercial entre a UCIMO - Associação de Fabricantes Italianos de Ferramentas, Máquinas, Robótica e Automação Industrial e o SIMECS.

Estudantes fizeram a seleção em 2009 e, em 2010, foram convidados a dançar no Sesc Pompéia (SP)

ESTUDOS DE

RODAPÉ

Grupo ArticulAÇÕES, gerado nos bancos acadêmicos do curso de Educação Física da UCS, amplia o debate em torno do movimento e da dança contemporânea

h

por RODRIGO LOPES á um ano, quando nove acadêmicos de Educação Física da Universidade de Caxias do Sul começaram a desenvolver as primeiras atividades junto ao recém criado Grupo ArticulAÇÕES, tudo parecia ser apenas uma extensão do currículo normal da graduação – encontros periódicos para investigar posturas corporais relacionadas às atividades do curso. Aparentemente simples na teoria, muito mais abrangente na prática, o ArticulAÇÕES, uma das frentes do programa Ciências e Artes

do Corpo, despertou nos alunos o estudo do movimento dando um novo impulso ao caráter interdisciplinar da formação em Educação Física, exatamente o que a coreógrafa e professora Sigrid Nora vislumbrava ainda no plano das ideias. Esse, aliás, foi o desafio proposto pela direção do Centro de Ciências da Saúde da UCS para a sua implementação. Além da docência, outras iniciativas poderiam contribuir para dar um diferencial ao curso. Menos de um ano depois, em 24 de fevereiro último, a resposta não poderia ter recebido um

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PETRÓLEO E GÁS MAR DO NORTE Atento às oportunidades que o desenvolvimento da indústria naval de Rio Grande devem trazer ao Estado, especialmente para o segmento metalmecânico da serra gaúcha representado pelo SIMECS, o presidente Oscar de Azevedo, integrará a comitiva gaúcha que irá desembarcar em terras escocesas. A Missão Petróleo e Gás no Mar do Norte que visitará a cidade de Aberdeen, estava programa para o mês de abril. Porém, devido a erupção do vulcão islandês foi transferida para o período de 26 de junho a 04 de julho. O objetivo da viagem é desenvolver cultura e conhecimento para o Polo OffShore, aproximar empresas gaúchas de Petróleo e Gás com empresas européias, visando gerar conhecimento sobre a realidade tecnológica de outros mercados, proporcionando a difusão de informação para o setor, e consequentemente, a possibilidade de negócios entre as partes na formação de parcerias e outros modelos empresariais. A missão é uma iniciativa do Comitê de Competitividade em Petróleo, Gás e Energia da FIERGS, do qual o SIMECS faz parte. MISSÕES TÉCNICO-COMERCIAIS Já estão surgindo empresas interessadas em participar das Missões Técnico-Comerciais do SIMECS para o exterior. O SIMECS está ultimando os preparativos para formar o grupo de empresários que em setembro visitará as feiras Automechanika em Frankfurt e IAA em Hannover, ambas na Alemanha. A Automechanika é uma feira voltada para o setor automotivo e especializada em equipamentos para oficinas, acessórios para automóveis, reparação de automóveis, plataformas elevatórias, carroçarias, pintura de veículos, entre outros. Enquanto isso, A IAA International é a Feira mais completa da indústria automotiva e terá a exposição de caminhões de carga, ônibus e trailers, logística, equipamento para garagem e automóveis. Mais Informações pelo fone: (54)3228.1855 PALESTRA DESGASTE DE MATERIAIS No dia 05 de maio, às 16 horas e 30 minutos o SIMECS realizará em seu auditório a palestra sobre: Desgaste de Materiais - Explicações e Soluções. No evento será apresentado, entre outras informações, um “mapa de desgaste”, elaborado por estudiosos da tribologia e amplamente consolidado, no qual o profissional pode localizar o problema da sua peça e as possíveis soluções. O Objetivo da palestra é compreender os mecanismos de desgaste adesivo e oxidativo para combatê-los ou aproveitá-los no aumento da vida útil de componentes de engenharia, ferramentas e outras peças metálicas. O evento destina-se aos representantes das empresas do SIMECS envolvidos nos processos de produção e no projeto de peças. Será Palestrante, Santiago Corujeira Gallo, Doutor em Metalurgia e Materiais pela Universidade de Birmingham (Reino Unido) e engenheiro mecânico pela Universidad Tecnológica Nacional (Argentina). Inscrições fone (54) 3228.1855. CAPACITAÇÃO DE FORNECEDORES Um expressivo público participou no dia 28 de abril no auditório do SIMECS da palestra sobre Capacitação de Fornecedores. O evento teve como objetivo instrumentalizar as empresas metalúrgicas para uma melhor relação cliente/fornecedor. O encontro também mostrou uma adequada interpretação e desdobramento dos requisitos dos clientes, para as áreas de desenvolvimento, fabricação e fornecimento de PPAP – Processo de Aprovação de Peças de Produção, por meio da implementação de ferramentas técnicas e de capacitação gerencial, permitindo o seu ingresso como fabricante e fornecedor no competitivo mercado de peças, componentes e serviços do setor automotivo. A palestra foi apresentada por João José Bastos, graduado em Administração de Empresas pela Universidade de Caxias do Sul. SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 - Caixa Postal 1334 Fone/Fax: (54) 3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul Rio Grande do Sul. www.simecs.com.br - simecs@simecs.com.br

30 de abril a 7 de maio de 2010

O Caxiense

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aval melhor. O grupo foi um convidado especial do Projeto Primeiro Passo, do Sesc Pompéia, em São Paulo. O ArticulAÇÕES apresentou a composição cênica idem[variáveis] ibidem e foi um dos destaques da programação exatamente por seu caráter de vanguarda, já que foi gestado em um meio acadêmico, com alunos de Educação Física dispostos a experimentar as múltiplas possibilidades do movimento.“Não para se tornarem obrigatoriamente bailarinos, mas para descobrirem o que a investigação desses movimentos pode agregar à sua formação”, complementa Sigrid.

Jonas Ramos, Divulgação/O Caxiense

convidados o Clube Ballroom, Ney Moraes Grupo de Dança, a Cia. Municipal de Dança de Caxias do Sul, o coreógrafo Vanilton Lakka, de Minas Gerais, e o grupo Independentes e Cia.. No domingo à tarde, a partir das 14h, o Teatro Municipal abriga uma mesa temática sobre estéticas corporais. O encontro reunirá profissionais da dança, de Educação Física, bailarinos, criadores, diretores, coreógrafos e comunidade artística em geral. “Nossa meta é aproximar pessoas com interesses comuns e incentivar redes de cooperação”, resume Sigrid. Para a acadêmica Juliana Martini CamazzoO espetáculo idem[variáveis]ibidem, la, 19 anos, integrar o ArticulAÇÕES é uma que poderá ser conferido pelo público caxien- oportunidade para descobrir outras possibilise neste sábado (1º) e domingo (2), parte de dades de atuação, visto que o programa inclui estudos a respeito de citações desde dança clássica e conde texto em dança. Os movitemporânea, história da arte, “Aprendemos mentos pendulares que abrem composição coreográfica, lutas a composição, por exemplo, a transformar marciais e até capoeira. “Percetêm como referência a obra gestos isolados bo que o campo da Educação do alemão Thomas Plischke. Física vai muito além do rendiOutra releitura é a da coreo- do cotidiano mento e da boa forma”, avalia. grafia da canção What We Did em algo bem “Aprendemos a transformar Last Summer, do músico bri- mais amplo”, diz gestos isolados do cotidiatânico Robbie Williams. Além o estudante de no em algo bem mais amplo. de Sigrid, assinam as quatro É uma consciência nova que variáveis da montagem os co- Educação Física surge”, completa Diego Busin, reógrafos Ney Moraes, Magda Diego Busin 25 anos, também participante Bellini e Verônica Gomezjurado grupo, ao lado dos colegas do. O título da apresentação, Agnaldo Maciel, Jennifer Casaque mescla partes de outras coreografias, faz grande, Julio Gardini, Lander da Silva, Mariareferência aos trabalhos científicos de pesqui- na Sirtoli, Nicole Giovanella e Viviane Viégas. sa que utilizam trechos de outros autores e Todos participaram de uma seleção em obras de modo normativo, incluindo idem e março de 2009 e seguem com os estudos no ibidem no rodapé do texto. grupo até a conclusão do curso de Educação As duas apresentações do final de sema- Física. “Já temos até uma fila de espera”, comena, no entanto, integram uma proposta bem mora Sigrid ao mencionar a boa aceitação do mais ampla do Programa Ciências e Artes do projeto entre os alunos. Já que quando os inCorpo. A intenção é abrir espaço para outras tegrante se formam não há encerramento das manifestações locais de dança e fomentar as atividades do grupo, novos integrantes, novos discussões em torno do movimento. Na sequ- conceitos e novas experimentações devem ência do ArticulAÇÕES entram em cena como guiar o ArticulAÇÕES.

Edital DE INTIMAÇÃO DE EDER BERTOLLO e OSCAR SANTO BERTOLLO

5ª Vara Cível – Comarca de Caxias do Sul. Prazo de: 30 dias. Natureza: Cobrança. Processo: 010/1.05.0124185-2. Autor: Joao Carlos Finger. Réu: Eder Bertollo e outros. Objeto: INTIMAÇÃO dos requeridos EDER BERTOLLO e OSCAR SANTO BERTOLLO para que o(a) (s) devedor (a) (es) pague (m), por depósito judicial ou diretamente ao credor (com recibo), no PRAZO DE QUINZE DIAS, o débito indicado de R$ 25.070,88, mais correção monetária e juros de mora incidentes no período, sob pena de incidência de multa de 10% sobre o total e prosseguimento com penhora e alienação judicial de bens.

Maicon Damasceno/O Caxiense

Caxias do Sul, 10 de Agosto de 2009. Servidor: Rosane Zattera Freitas. Juiz: Zenaide Pozenato Menegat.

Edital de Citação - Cível 6ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de vinte (20) dias. Natureza: Cobrança Processo: 010/1.08.0024150-1 (CNJ: 0241501-80.2008.8.21.0010). Autor: Instituição Comunitária de Crédito da Serra. Réu: Lauro Antônio Cegieuka e outros. Objeto: CITAÇÃO de Lauro Antônio Cegieuka e Lauro Antônio Cegieuka, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, e, não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 08 de abril de 2010. ESCRIVÃ: Zélia Thomasini. JUIZ: Sérgio Augustin.

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Até se formarem no curso de Educação Física, alunos fazem parte do grupo, que passará por renovação

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Preocupação ambiental

A

A ÁRVORE DA

CONSCIÊNCIA

Maicon Damasceno/O Caxiense

A carência de verde na zona urbana revela a urgência de um planejamento de arborização

No São Victor Cohab, pinheiro foi salvo, mesmo ficando no meio da rua

por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

cinza revela, entretanto, falta de planejamento para melhor arborizar a cidade. E o cenário ganha um agravante que parece ser cultural: boa parte dos habitantes de Caxias ainda não tem o hábito de cuidar e valorizar as árvores.

trás dos pés do casal que compõe o Monumento ao Imigrante há uma pequena árvore. Não se tem conhecimento de alguém em Caxias que saiba o significado exato da planta, banhada A engenheira agrônoma e coem bronze como o resto da escultura. ordenadora do curso de Ciências A obra, entregue em 1954 e inaugura- Biológicas da Universidade de Caxias da pelo então presidente Getúlio Var- do Sul, Luciana Scur, acredita que é gas num dia em que praticamente toda importante que as vias públicas deem a cidade se reuniu para ver tal feito, foi espaço às árvores, desde que as plantas executada pelo gaúcho Antonio Carin- não entrem em conflito com a cidade. gi. O escultor faleceu há quase 30 anos, Para isso, a espécie plantada deve ser e com ele, aparentemente, perdeu-se muito bem pensada, evitando que atraa explicação do porquê da escolha da palhe a fiação, a tubulação e a circulaarvorezinha – que só é pequena se for ção das pessoas e veículos. Em 1998, comparada à estátua dos imigrantes, Luciana participou da elaboração de pois tem mais de um metro de altura. uma cartilha de normas de arboriza“Pode ser que simbolize uma árvo- ção de Caxias, e conta que foi lá que re podada a machadada, mas isso não se verificou que muitas das nossas vias tem como saber”, diz a diretora do De- públicas, pela largura das ruas e das partamento de Memória e Patrimô- calçadas, simplesmente não compornio Cultural, Liliana Henrichs. “Isso é tam árvores. “Infelizmente, essa é a muito pessoal do que realidade do Centro. pensou o artista. RealGostaríamos de ter mente não me lembro “Na Matteo mais árvores, mas se de já ter visto esta árvo- Gianella, das a situação urbana não re”, completa a pesquiprivilegia o espaço de160 mudas que sadora Loraine Slomp las, elas passam a ser Giron. “É o suporte do plantamos, acho um problema”, diz Luimigrante. Uma árvore que umas ciana, que acredita que cortada. É muito em- 10 vingaram. o ligustro foi uma espéblemático. E ninguém cie mal escolhida para As pessoas tem conhecimento disa zona urbana. “Mas so”, opina a jornalista quebram”, nem tem como criticar, Vera Mari Damian. conta o secretário elas foram selecionadas A existência da enigpor pessoas que não mática árvore foi lemtinham conhecimento brada e apontada por Vera, que dá a ela e não previam que a cidade cresceria um significado próprio: o crescimento tanto como cresceu. As calçadas eram de nossa cidade está alicerçado na des- maiores, não tinha tantos carros, tantruição das matas. Não há como con- tos fios”, pondera. firmar se foi essa a ideia que Caringi De acordo com Elton Leonardo Bolquis implicitamente transmitir. E há, do, biólogo da Secretaria do Meio Aminclusive, quem tenha uma interpreta- biente do Estado (Sema), a cidade não ção oposta: ao invés de ser símbolo de tem déficit de áreas verdes, mas sim destruição, a planta representa renova- de arborização nos passeios públicos, ção, vida nova. e isso é consequência de um problema antigo. “É a falta de planejamento Desde a construção do mo- a longo prazo. Por exemplo: plantar numento, porém, é indiscutível que a árvores nativas pra substituir as exóticidade perdeu muito de seu verde. Ao cas, só terá efeitos daqui a 15 anos. O longo dos anos, as vastas áreas arbo- que é diferente de Porto Alegre. Lá, são rizadas na região central foram obri- árvores grandes e velhas com árvores gadas a dar lugar a casas e prédios, e novas ao lado. Se planta do lado porhoje o crescimento de Caxias ameaça a que mais dia menos dia elas (as planpreservação desses espaços verdes nos tas mais antigas) vão cair, daí já vai ter bairros. as outras. A nossa cidade teria que se Em meados de 1950, foram planta- planejar para que, quando as árvores dos na cidade inúmeros ligustros – ár- atingissem uma idade avançada, elas já vores de grande porte, tronco grosso fossem substituídas, e não que se espee muitas folhas. No final dos anos 90, rasse isso acontecer”, explica Boldo. esses ligustros começaram a ser retiraA pouca arborização em Caxias, sedos da área urbana pelo poder públi- gundo ele, é em boa parte responsabilico, que alegava – e ainda alega, pois dade das administrações públicas, que os existentes continuam sendo remo- vão empurrando a questão uma para a vidos – diferentes motivos para esse outra. O biólogo diz que, se um proprovidência radical. Entre eles está o cesso de arborização iniciasse agora de que as árvores cresceram demais, e em Caxias, os resultados seriam vistos por isso atrapalham a fiação das ruas daqui a uns 20 anos. Além do tempo e a tubulação subterrânea. Outro dos que a árvore demora para crescer, deve mais citados é que elas causam alergia ser levada em consideração as dificulnas pessoas. No lugar dos ligustros es- dades que ela enfrenta. Boldo ressaltão sendo plantadas árvores nativas de ta que a vida das plantas na cidade é pequeno porte, que se adaptariam me- muito mais curta, porque a adaptação lhor ao ambiente urbano. é diferente do que em seu ambiente Por conta dessa campanha de subs- natural. Por exemplo: uma pitangueira tituição vegetal, existe a impressão de pode viver 100 anos na natureza. Na que Caxias do Sul está menos arbori- cidade, dependendo da quantidade de zada, pois muitas mudas ainda demo- poluentes, vive no máximo 20 anos, rarão anos para crescer. A paisagem além de enfrentar a depredação cau-

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sada por quem mais deveria defendê- tar sempre sendo substituídas. Num las, os habitantes. “Tem as pessoas que mesmo ponto do Centro, conta o secortam só porque adoram fazer isso cretário, já foi necessário plantar uma com as plantas, aquelas que raspam ao árvore cinco vezes, por causa do estraredor das árvores ao cortar a grama, as go das pessoas e dos carros. “Se não que furam com furadeira, que colocam estragassem, de 2005 para cá elas já óleo na raiz, produto químico para se- teriam ficado adultas. Bom, não adulcar. O povo gosta de ter a fachada da tas, mas pré-adolescentes. Na Matteo loja bonita pra ser vista, não quer que Gianella, das 160 mudas que plantagalho suje a parede, não quer folhas no mos, acho que umas 10 vingaram. As chão... Existem diversas situações que pessoas quebram. É uma luta inglória mostram que as pessoas não querem para conscientizar. Mas se elas vão ter árvores. Enquanto for assim, difi- quebrar dez vezes, nós vamos plantar cilmente vai haver um projeto de arbo- dez vezes”, diz. rização”, alerta. Enfim, Caxias não se destaca na arA historiadora Loraine concorda que borização urbana, mas há um dado a falta de cuidado com as árvores em que é o orgulho do secretário do meio Caxias seja cultural, principalmente ambiente: hoje, o município tem 42 em relação à prática do corte. Ela conta metros quadrados de área verde por ter feito um levantamento para conta- habitante. Fica atrás apenas de Curitibilizar o número de serrarias existentes ba, que contabiliza 50 metros quadrana cidade entre 1890 e 1910. Descobriu dos. “Porto Alegre não está nem perto que em nenhum outro lugar do Esta- de nós. Lá é arborizado na zona urbado existiam tantas como aqui, por ser na, nós somos em tudo”, explica Teles. um negócio muito lucrativo: eram 70 Segundo Luciana, no entanto, as áreas serrarias. “E o curioso é que muitos verdes no perímetro de maior densipinheiros da cidade foram exportados dade populacional estão restritas aos para Buenos Aires. Lá, muitas constru- grande parques, Cinquentenário, Mações foram feitas com madeira de Ca- caquinhos e Mato Sartori. As demais xias. Se cortou muito. Quando eu era estão nos bairros e no interior: “Por menina, ia de Caxias a Farroupilha e isso, o cidadão que circula no Centro era um pinheiral só. Hoje não sobrou jamais vai dizer que temos 42 metros nem para fazer chá”, relata. quadrados de área verde por pessoa, Conforme Luciana, ainda vigora a porque não enxerga isso”, diz a engecultura de que é menheira agrônoma. lhor retirar a árvore enO secretário Teles quanto ela é pequena, “As pessoas diz que está sendo elapara que não incomo- não querem borado um plano dide depois. “Tem que retor de arborização ter árvore. haver uma conscientiurbana. Ele estima o zação de que a árvore Enquanto prazo mínimo de um tem a função ecológica, for assim, ano para que seja feito de melhorar a qualida- dificilmente este levantamento por de do ar e de ser um um engenheiro floreshaverá projeto local para refúgio da tal, com a ajuda de esfauna; a função psico- de arborização”, tudantes. “Esse dado, lógica, de que quando afirma Boldo de quantas árvores há a pessoa caminha por na zona urbana, nunuma via arborizada se ca existiu em Caxias, e sente bem mais tranquila; e a função será importantíssimo”, adianta Teles. educativa, já que plantar uma árvore e ensinar os filhos a fazerem isso é ajuNo meio de uma rua no bairro dar a formar cidadãos mais conscien- São Victor Cohab há um enorme pites”, enumera Luciana. Boldo destaca, nheiro. Os paralelepípedos contornam além desses benefícios, a amenização a árvore, assim como os carros, que do calor e dos poluentes emitidos por precisam desviá-la. A área do bairro veículos e indústrias. era toda arborizada há alguns anos, “tudo mato”, segundo os moradores. Não há dados de quantas árvo- O pinheiro não foi arrancado graças res existem em Caxias. O que se tem a uma proibição legal. “Eu sei que o é um levantamento da Secretaria Mu- Ibama, há uns dois anos, quando a rua nicipal do Meio Ambiente (Semma) foi aberta, não deixou que cortassem”, sobre o que foi plantado nos últimos conta a moradora Lurdes Maria Kunsanos. De 2005 a 2009 foram coloca- ler. “Não foi cortada porque é uma árdas 55.700 mudas na zona urbana. vore nativa. O pinheiro não atrapalha Em 2010, até agora, 1.760. “Plantamos nem um pouquinho. Até ajuda os caras árvores nativas. Por exemplo: na ros a diminuírem a velocidade”, aprova Rua Garibaldi, são todas pitanguei- outra moradora, Dalva Zorzi. ras. Onde tem fiação, são árvores de Teoricamente, não se corta árvores pequeno porte, como araçá. Do outro sem autorização, sob pena de multa. lado das ruas, sem a fiação e onde não Mas a penalidade só pode ser aplicada existe tubulação de esgoto, são planta- se a pessoa for pega em flagrante. A Sedas as que crescem mais rápido, como cretaria Municipal do Meio Ambiente ipês e canela branca”, explica o secretá- (Semma) faz, segundo Teles, uma “cririo Adelino Teles. “Não poderia colo- teriosa avaliação” para permitir ou não car sempre a mesma espécie na mesma o corte. A equipe responsável por essa quadra, porque caso uma delas pegue tarefa é composta por dois biólogos, uma doença, há o risco de se perder dois engenheiros florestais, um engetodas as árvores daquela rua”, contra- nheiro agrônomo e um técnico agrícoargumenta Boldo. la. Os seis técnicos não circulam pela O objetivo da Secretaria é chegar cidade, apenas autorizam os processos. a 150 mil mudas na zona urbana até Conforme números da Secretaria, só 2012. Porém, as plantas precisam es- neste ano foram emitidas 49 licenças

Aos pés do Imigrante, a planta podada intriga: signo da devastação ou da renovação?

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José Zugno, Divulgação/O Caxiense

A esquina da Dr. Montaury com Os 18 do Forte, fotografada por Zugno há cerca de 10 anos (esquerda) e hoje: ligustros foram cortados para dar lugar a mudas de outras espécies

para corte de árvores em áreas públicas (entre exóticas – vindas de outros países – e nativas – originárias do território brasileiro) e 147 para corte em áreas particulares, como dentro de pátios, por exemplo. Cada autorização, porém, pode ser para mais de uma árvore – ou seja, o número de plantas abatidas com aval do poder público é bem superior do que 196. E o total de cortes, levando-se em conta os que são feitos clandestinamente, certamente é muito maior. “Quem cortar pode ter seriíssimos problemas, podendo sofrer multa de R$ 500 para cima, até um processo penal”, diz o professor de Direito Ambiental da UCS Gilson César Borges de Almeida. Até mesmo dentro do pátio de casa, segundo o professor, é necessário solicitar à Semma a liberação para o corte. “É melhor se precaver, para evitar transtornos. ‘Mas não é assegurado o direito de propriedade?’, alguém pode perguntar. Sim, mas o uso da propriedade deve atender a função social, e uma delas é atender o meio ambiente. Então pode usar o patrimônio, só que quando ele afetar o interesse da coletividade, no caso da flora, da água e outros, precisa ter licença do órgão ambiental”, explica o professor. “Toda a vez que se cortar uma árvore nativa tem que repor 15 árvores, no mínimo. Ou se faz essa reposição, ou

se compra área do tamanho que cortou e faz área de preservação. Nas exóticas, deve-se doar cinco árvores. Mas se não for em área pública pode ser cortada sem problema”, esclarece Boldo. Em relação aos loteamentos, é preciso preservar uma área institucional de 15% de todo o terreno. “O município toma conta dessa área. Pode virar uma praça, um parque”, explica o secretário municipal de Urbanismo, Francisco Spiandorello. O professor Almeida cita o conceito de direito ambiental simbólico, que considera o grande gargalo do problema ecológico que vivemos, quando é questionado sobre a eficiência da fiscalização dessas normas. “Temos hoje uma farta legislação em matéria ambiental, mas muitas vezes ela não é aplicada devidamente em função da falta de servidores para essa tarefa e cai em desuso. Olha o tamanho de nossa cidade”, diz o professor. “Escolhi esta sala justamente por causa do verde”, diz a jornalista Vera Damian, do sexto andar de um grande edifício comercial, ao olhar pela janela. As árvores que Vera consegue ver todos os dias, há oito anos, desde que começou a trabalhar ali, são do bairro Rio Branco. “Só que antes tinha bem menos prédios”, suspira. Vera lamenta o corte de árvores dos

últimos anos, principalmente dos ligustros. E conta que se envolveu muito com a questão: “Eles foram acusados de ser alergênicos por causar polinose de primavera. Mas era absurdo, porque o ligustro floresce no início do verão”, questiona, arriscando dizer que do final dos anos 1990 para cá teriam sido cortadas cerca de cinco mil árvores na região central. Para ela, o que falta em Caxias é a consciência que têm os moradores de Porto Alegre, por exemplo. Considerada uma das cidades mais arborizadas do país, por ter 1,2 milhão de árvores apenas em vias públicas – quase uma árvore por habitante –, a Capital, segundo Vera, é cheia de pessoas engajadas. “Elas se organizam, participam. Aqui em Caxias, nada. Esse corte vai continuar, porque ninguém se manifesta, ninguém fala nada. Caxias é uma cidade que não tem olhos para isso”, explica. Outra pessoa que se preocupava muito com isso em Caxias, relata Vera, era o engenheiro agrônomo José Zugno, falecido em 2008. “Ele era um ativista, mas um ativista técnico. Não se importava com a política, mas com a questão”, recorda a jornalista. Por 12 gestões, sendo a primeira delas em 1949, Zugno foi secretário da Agricultura em Caxias, encarregado principalmente das praças e jardins da

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cidade. “Até quando não se falava em ecologia, ele tinha essa preocupação. A arborização sempre foi uma briga, mesmo depois que ele se aposentou. Ele via toda essa movimentação de corte de árvores, sobretudo dos ligustros, e defendia que eles não eram o problema, tinham apenas que ser tratados. Não concordava em substituir essas árvores grandes por arvorezinhas e achava que essa história da alergia era uma desculpa para cortar”, conta o filho de Zugno, Ricardo. O engenheiro agrônomo, ao lado de um ambientalista, organizou o projeto do Parque dos Macaquinhos nos anos 50. Foi ele, aliás, quem trouxe de Porto Alegre os macaquinhos que habitaram por alguns anos a ilha no lago que havia no parque – e que deram o nome popular ao parque, oficialmente chamado Getúlio Vargas. Zugno também foi o responsável pelos plátanos que embelezam as ruas do entorno. Por conta de seu envolvimento ambiental, Zugno – que mantinha uma coluna no Correio Riograndense sobre agricultura – chegou a se afastar do cargo de secretário na década de 70, quando o prefeito Victório Trez autorizou o corte de árvores da Júlio de Castilhos para a colocação de árvores mais floridas, as estremosas. “Quando cortam uma árvore, é como um amigo que se vai”, costumava dizer Zugno.

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Clube do ar

APRENDER A

VOAR Um sonho de criança que pode ser realizado ainda na adolescência: ser piloto de avião

Instrutores e alunos praticam os procedimentos de voo até torná-los “automáticos”. Em Caxias, as aulas são dificultadas pelo clima, o 7º pior entre os aeroportos do país

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por ROBIN SITENESKI uando tinha aproximadamente 13 anos, Bruno Gil ganhou um rádio a pilha. Se seus pais achavam que o garoto queria ouvir a banda do momento ou o programa humorístico da moda, estavam enganados. O menino passava horas com a orelha grudada no radinho sintonizado em uma só estação: a da torre de controle do Aeroporto Regional de Caxias do Sul Hugo Cantergiani. Assim como no caso de Gil, o amor pela aviação, segundo instrutores de voo e alunos do Aeroclube de Caxias do Sul, começa cedo para a maioria dos pilotos. Eles o descrevem como algo que “está no sangue”, “um vício”. Mas suprir essa “necessidade” é um desafio: tornar-se piloto de avião não é fácil, nem barato. Para começar, o interessado (ou a interessada) deve fazer o curso de Piloto Privado (PP) – que Gil começou com a idade mínima, 16 anos –, no qual aprenderá as noções básicas de funcionamento e segurança de aviões. Depois de quatro meses de aulas teóricas, o candidato terá de provar seus conhecimentos recém-adquiridos: a Agência Nacional de Aviação Civil (Anac) aplica uma prova teórica e os aprovados têm de passar também por exames médicos, como eletroencefalograma, e psicotécnico antes de sequer sentar numa cabine de piloto.

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O instrutor de voo do Aeroclube de Caxias Maurício Tubino reconhece as dificuldades de concluir o curso que, segundo a Anac, custa em torno de R$ 7 mil. Apesar do alojamento gratuito oferecido aos alunos em Caxias, muitos desistem antes de chegar às aulas práticas. “A média de quem termina o curso é bem baixa”, explica. Só depois de passar na prova teórica e nos exames médicos – prestados em Canoas – é que os alunos passam a ter contato com o manche. O curso de PP exige pelo menos 35 horas de voo, depois das quais o aspirante a piloto deve novamente provar seus conhecimentos à agência que regula o setor. Com o sonhado brevê de piloto privado nas mãos, Gil começou o curso de Piloto Comercial (PC), que custa cerca de R$ 26 mil, de acordo com a Anac. As 150 horas de voo que teve de cumprir foram antecedidas por outros quatro meses de aulas teóricas, e a busca pela nova habilitação acabou exigindo bem mais dele: Gil passou a trabalhar no aeroporto, ocupando diversas funções (chegou, inclusive, a cortar grama), até que, depois de formado no PC, se tornou instrutor de voo no aeroclube. Trabalhar na área logo após completar os estudos é uma necessidade para qualquer um que queira seguir carreira na aviação. Empresas aéreas, tanto as

de transporte de passageiros quanto as executiva. agrícolas, exigem experiência, traduzida por um número mínimo de horasA Associação Brasileira de voo. A TAM, por exemplo, só aceita Aviação Geral (Abag) estima que a em seus processos de seleção candida- aviação executiva ganhe, em média, tos com pelo menos 1.500 horas-voo 150 aeronaves por ano até 2011, manou 1 mil para quem tendo o ritmo assutem curso superior de mido em 2009. Para a Ciências Aeronáuticas. A Associação entidade, o motivo do No Rio Grande do Sul, Brasileira de crescimento acima da essa formação é ofe- Aviação Geral média mundial, que se recida somente pela manteve relativamente estima que a PUCRS, pioneira nesta estável durante a crise graduação no Brasil, aviação executiva financeira internaciodesde 1994. ganhe 150 aviões nal, é a descentralizaCom mais tempo de por ano até 2011, ção da economia do voo na bagagem, Gil foi país. ritmo acima da contratado pela Migra A Embraer (Empresa Serviços Aéreos, uma média mundial Brasileira de Aeronáuespécie de cooperativa tica), terceira maior em que os sócios divifabricante de aviões dem o uso e o custo de manutenção e comerciais do mundo, aumentou em operação dos aviões, incluindo a re- 40 o número de unidades entregues muneração dos pilotos. Paralelamente, em 2009, comparativamente ao ano fez aulas de pilotagem de avião bimo- anterior. Foram 244 aviões – 115 deles, tor. “Os cursos não são difíceis, mas jatos executivos. A companhia espera tem que estudar”, conta. que sejam 137 desse modelo em 2010, Aos 22 anos, Gil vê o sonho que o fazendo crescer os 16% que o segmenembala desde os oito, quando voou to representa em sua receita. pela primeira vez, se concretizar no ar. De acordo com a Anac, a frota naEm fevereiro deste ano, saiu da Migra cional de aeronaves, que, além de avie começou a trabalhar para a Randon ões, inclui helicópteros, balões e um como co-piloto, transportando clien- dirigível, cresceu 18,5% entre 1999 e o tes e executivos da empresa. Gil pilo- primeiro semestre de 2009, chegando ta, agora, para um dos segmentos que a 12.178 unidades. No mesmo períomais crescem no setor: o da aviação do, a frota das companhias aéreas que

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xias, o avião – que terminou pegando fogo durante uma Festa da Uva, no dia 17 de março de 1950 –, não foi o único recebido pela cidade. A milésima aeronave da CNA, um HJV Cap 4, também foi destinada ao aeroclube – atualmente, encontra-se em manutenção.

completada pela inscrição Rufatto, formando o nome do mecânico, Franklin Rufatto, 88 anos, hoje aposentado, mas ainda morando no aeroclube. A hélice do Seringueiro, que nos modelos modernos é feita de alumínio, é de madeira e só funciona com partida manual. Dentro do avião não existem dezenas de mostradores no painel. Apenas quatro são suficientes para que ele voe: um que mostra a quantidade de combustível, um velocímetro, um altímetro e um que aponta a temperatura do motor. Entretanto, não é qualquer dia que esse avião pode fazer o “circuito”; somente com tempo bom.

Mas é outro avião antigo doado pela campanha, o Piper J-3 Club, ou simplesmente “Seringueiro”, o sonho de pilotagem da maioria dos alunos e instrutores. O avião já tinha esse apelido quando chegou do Aeroclube do Amazonas, em 1942. Foi, também, o primeiro a pousar no Aeroporto Hugo Cantergiani, para onde o aeroclube se transferiu em 1959 – a primeira sede O circuito é como os instrutores foi no Cinquentenário, onde hoje fica chamam o voo que repetem centenas a AABB. Essa aeronave não é o que se de vezes durante os cursos de piloto espera de qualquer coisa que, nos dias privado e comercial. Eles são feitos a de hoje, possa alcançar os céus – e por 1 mil pés de altura. Os aprendizes deisso tanto atrai os pilotos. vem percorrer esses circuitos até que O avião amarelo é feito de uma estru- os procedimentos de voo se tornem tura principal de madeira revestida de “automáticos”. “No começo é difícil, um tubo de aço. Tem dois lugares, um mas depois é como se você ligasse uma atrás do outro. As asas são fixadas na chave”, descreve o aluno José Romano. parte de cima da estrutura. Enquanto E no início não deve ser fácil meshoje em dia elas geralmente são feitas mo. Antes de tirar o avião do hangar, de fibra de carbono, as do Seringueiro os aprendizes têm que checar, acomsão de lona revestida panhados do instrutor, de DOC, um composdezenas de itens de seto químico que estica “No começo gurança. Depois de tae enrijece o plástico. é difícil, mas xiar (pilotar o avião no Essa parte da estrutura chão) até o final da pisdepois é como é fundamental, pois é ta, mais uma dezena de onde fica armazenado se você ligasse itens devem ser recitao combustível, que na uma chave”, dos em voz alta. Quanaviação é o Avgas, mais diz José Romano, do a aeronave estiver resistente às temperano ar, outra checagem, sobre os turas a que pode ser desta vez sem cola: os submetido durante o procedimentos alunos têm que saber voo. de cabeça os elementos da aviação O motor do avião de segurança de voo. histórico tem apenas 65 Hps e duas velas por cilindro. Na A segurança não é uma exigênparte da frente, além do prefixo PP- cia feita somente aos alunos. Pilotos, TRA, também presente nas asas, está mesmo depois de completado o curso escrito o nome do fabricante do mo- superior ou o de avião bimotor, devem tor: Franklin. Essa identificação foi realizar uma prova prática, uma teóriMaicon Damasceno/O Caxiense

fazem transporte regular de passagei- vis e militares não chegou a tirar brevê, ros e carga cresceu 27%, de 435 para porque às vésperas das provas, em ou554 aeronaves. Esse aumento fez com tubro de 1917, o Brasil entrou na Prique a agência, temendo uma eventual meira Guerra Mundial e os aviões do escassez de mão de obra especializa- aeroclube foram novamente cedidos da no Brasil nos própara fins bélicos. ximos quatro ou cinco O Aeroclube do Braanos, oferecesse bolsas O Aeroclube de sil expediu os brevês de estudo. O progra- Caxias do Sul de piloto para todo o ma começou em 2008, país até a criação, em recebeu a no Rio Grande do Sul, 1931, pelo governo e em 2010 irá manter primeira Vargas, do Departa240 bolsistas em 19 aeronave mento de Aeronáutica aeroclubes brasileiros, da campanha Civil (DAC), substituíespalhados por oito esdo em 2005 pela Anac. organizada pelo tados. Seis aeroclubes Foi sob a supervisão são gaúchos, e o único magnata Assis do DAC que nasceu, da região serrana é o de Chateaubriand em Canoas, o primeiro Caxias, presente desde aeroclube gaúcho, em o primeiro ano. Assim 24 de maio de 1933. como faz com os pilotos, a Anac fiscaAs escolas enfrentavam muitas diliza a situação das escolas de aviação ficuldades na aquisição de aeronaves. brasileiras. Mas nem sempre o setor Até hoje, a maioria dos aviões que seraéreo recebeu tanta atenção. No início vem de instrumento de aprendizado é da profissionalização da aviação nacio- consignada pelo governo brasileiro e nal, a situação era bem diferente. até mesmo pelo argentino – são os aparelhos conhecidos como “aero-hermaQuando a primeira escola de nos”. Por isso, na década de 40, foi criapilotagem brasileira foi idealizada, em da a Campanha Nacional de Aviação assembleia no extinto jornal A Noite, Civil (CNA) ou Campanha para Dar de Irineu Marinho, seus fundadores Asas à Juventude Brasileira. Idealizada não faziam ideia que nos anos seguin- pelo magnata da mídia Assis Chateautes as aeronaves adquiridas com muito briand, a mobilização levantou fundos esforço seriam pouco utilizadas para a para a compra de aeronaves e implanformação de pilotos. O Aeroclube do tação de aeroclubes. Aproveitando os Brasil, que até hoje funciona em Jaca- preços baixos de aviões que estavam repaguá (RJ), foi fundado em 14 de ou- sendo trocados por outros mais motubro de 1911. Sua primeira diretoria dernos para combater durante a Seteve Alberto Santos Dumont, que pilo- gunda Guerra Mundial, a CNA distritou o 14 Bis pela primeira vez em 1906, buiu mais de 1 mil aeronaves e fez com como presidente e sócio fundador. que o número de aeroclubes no país Já no ano seguinte a sua abertura, passasse de 40 para cerca de 300 em os aviões da escola, comprados com aproximadamente uma década. recursos públicos, foram cedidos para Foi essa iniciativa que motivou a espionagem na Guerra do Contestado, criação do Aeroclube de Caxias do Sul. que aconteceu em Santa Catarina e no A escola, inaugurada em 9 de fevereiro Paraná entre 1912 e 1916. A recupera- de 1941, ganhou a primeira aeronave ção das aeronaves adiou para depois do da campanha. Doado pelo industrial conflito a formação da primeira turma pernambucano Othon Lynch Bezerra de alunos. Entretanto, esse grupo de ci- de Mello e batizado de Duque de Ca-

O Aeroclube de Caxias foi inaugurado em 1941, no Cinquentenário, onde hoje fica a AABB. Em 1959, transferiu-se para a sede atual, no aeroporto regional

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Acervo Aeroclube de Caxias do Sul, Divulgação/O Caxiense Maicon Damasceno/O Caxiense

ca e exames médicos periodicamente do que a maioria dos instrutores. para manter a permissão de voar. E Aos quatro anos, Romano deixou a aeronaves devem ter seus motores re- terra natal com a família fugindo da visados a cada 50 horas de voo, receber Guerra de Libertação, que começou uma inspeção técnica a cada 100 e ser em setembro de 1964 e durou dez anos levadas para uma oficina autorizada – a colônia portuguesa só se tornou inpela Anac e indicada pelo fabricante dependente em 1975. No país vizinho, a cada 2 mil horas, o que é chamado a África do Sul, que também vivia um de total break, porque o avião é total- momento político instável, sob o regimente desmontado à procura de pro- me do Apartheid, permaneceu apenas blemas. dois anos. Em 1977, finalmente, muTodas essas manutenções fazem com dou-se para o Brasil. que o Aeroclube de Caxias tenha pelo Romano formou-se em Adminismenos um de seus seis aviões constan- tração de Empresas, mas continuou temente fora de seu hangar. Os instru- curioso pela aviação. “Sempre gostei tores explicam que isso de voar (como passaé bom: significa que geiro), mas tinha dúestá se voando bastanvidas se gostaria de pite. É, afinal de contas, “Fiz tudo como lotar”, lembra. Quando isso o que mais querem um voo normal perdeu o emprego em os alunos iniciantes e só lembrei que uma multinacional por que ainda não tiveram causa da crise financeiestava voando aulas práticas. Além de ra, em janeiro de 2009, estar no lugar do piloto solo quando descobriu que não era na cabine de um avião, estava pousando. o único com esse deseeles imaginam o dia É uma sensação jo em sua família. que vai ficar em suas Ao visitar os pais incrível”, memórias para sempre: na Europa e anunciar o do primeiro voo solo. define Sandi a vontade de estudar para se tornar piloto, Das 35 horas de soube que este também voo exigidas pelo curso de piloto priva- era um sonho de infância de seu pai. do, os alunos passam, em média, entre Romano incentivou-o a tentar alcançar 18 e 22 horas voando acompanhados. esse objetivo e o aposentado, que tem Os instrutores dizem que um aspirante mais de 60 anos, acabou tirando o breestá pronto para “solar” quando conse- vê de piloto privado antes do filho. Ao gue pilotar sem que o mais experiente voltar ao Brasil, quando decidiu correr precise tocar nos controles. O dia em atrás do velho desejo, Romano expeque eles voam solo pela primeira vez é rimentou uma dificuldade pela qual inesquecível e envolto por uma tradi- o pai também deve ter passado: a de ção ritualística. acompanhar o ritmo dos colegas, em Assim como o uso do nome de guer- média 20 anos mais novos. ra – herança da aviação militar, que “Dá pra notar a diferença. Os guris pode ser um sobrenome ou apelido e pegam as coisas mais rápido, princié mais conhecido, entre os colegas de palmente o que exige coordenação profissão, do que aquele que consta na motora. Mas é só no começo, depois, certidão –, o dia do voo solo tem uma aprendemos mais ou menos no mesmo cerimônia repetida em todos os cantos ritmo”, diz o moçambicano, que solou do Brasil. No Aeroclube de Caxias, tem com 18 horas de voo, em, fevereiro lugar certo: é numa pedra enorme que deste ano. quem acabou de solar senta para levar A estreia é relembrada em detalhes. um banho de óleo usado de avião. Deveria ter acontecido em um sábado, Os alunos que aguardam o primeiro mas foi no dia seguinte por causa do voo solo não são avisados do dia em mau tempo. Após completar o circuito isso vai acontecer, apesar de seus co- “pousando curto” (utilizando somente legas saberem com antecedência. Em a cabeceira da pista) três ou quatro veCaxias, a imprecisão é quase inevitável: zes, o instrutor Wagner Dalbosco saiu o aeroclube está localizado no sétimo da aeronave e lhe disse: “Está contigo. pior aeroporto do país em condições Tu já sabes o que fazer, só não faz bodo tempo. O instrutor de voo Rodrigo bagem”. Romano conta que levantou Sandi, 27 anos, lembra que no dia em voo normalmente, falando em voz alta que voou solo tinha passado horas pi- o que o instrutor normalmente pediria lotando na companhia do professor. para checar, “mínimos atingidos, 60 “Não sabia quando ia acontecer. Ti- cabra, 65 altitude flap...”, mas a emoção nha feito o circuito algumas vezes na- viria em seguida. “Quando passei da quele dia e quando pousei, no final da velocidade de aceleração, olhei pra trás tarde, o instrutor me pediu para voar e não tinha ninguém. Tive vontade de sozinho. Fiz tudo como se fosse um dar risada e gritar.” voo normal e só lembrei que estava voAo chegar ao hangar, ele foi recebido ando solo quando estava pousando. É com o tradicional banho de óleo: “Não uma sensação incrível”, lembra Sandi. sei o que tinham misturado naquilo. Enquanto taxiava de volta ao hangar Parecia cheiro de alho que tinha ficado do aeroclube, viu a movimentação da no sol por 10 dias. Mas a sensação era turma. que preparava o óleo mais anti- de ‘cheguei, consegui, eu tomei o bago que encontrou para “lavar” o amigo nho de óleo’”. no ritual de passagem. Apesar do longo caminho que tem pela frente para engrenar uma carreira José Romano, 39 anos, não é o es- na aviação, Romano se sente à vontatereótipo de uma pessoa de seu país de de para dar um conselho a quem quer origem. O moçambicano de aproxima- ser piloto: “É preciso escutar o que o damente 1m75cm é loiro e tem olhos instrutor diz, acreditar na própria caazuis. Tampouco é o aluno típico do pacidade e estudar”. E completa: “É um Aeroclube de Caxias: tem mais idade privilégio poder voar”.

Banho de óleo em Anúncio Michelin, em 1954; o velho Piper J-3 Club, o Seringueiro

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Artes artes@ocaxiense.com.br

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Ironia

por MARCELO MOURA

ão é fácil aprender a arte da rima, pode ser mais complicado do que se imagina. É preciso aprender, ter conhecimento, é necessário ler, chegar a um desenvolvimento. Quem sabe rimar não é necessariamente um gênio, nem merece qualquer prêmio. Alguns rimam amor com dor, algo sem real esplendor, outros combinam hipoteca e bicicleta, coisa de fraco poeta. Quando se sabe rimar é possível fazer poesia, concebida ao raiar do dia, recitada em casa vazia. A estrutura não importa, pode se rimar até na redação mais torta, Drummond de Andrade não se revolta.

Vera Zatti

| Homenagem às Mulheres |

Neste acrílico sobre tela, Vera Zatti pinta o pioneirismo feminino em Caxias do Sul. No centro, Giggia Bandera (Luíza Eberle) aparece entre lamparinas – as primeiras peças fundidas pela Metalúrgica Eberle. As lamparinas expõem rosas brancas, que homenageiam Adelina Zambelli, a primeira florista da cidade.

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Comércio em rotação

Jacir decidiu encerrar as atividades: “Não é por estar com problemas financeiros, mas sim para ter rumos novos”

música de

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despedida por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br

rosto de Jim Morrison – líder da banda The Doors, aquele que cantava “This is the end, my only friend” no início dos anos 70 –, estampado na capa do álbum Weird Scenes Inside the Gold Mine, observa os últimos momentos de vida da loja dedicada à música. John Lennon também aguarda, ao lado de Bob Dylan, o derradeiro instante em que será encaixotado. Após 35 anos, a Via CD’s, que nasceu com o nome de Discoteke Elpídio, abrirá pela última vez suas portas nesta sexta-feira (30). A flor, com pétalas violetas, dentro de um pequeno vaso sobre o balcão, é de plástico. Em caixas no chão, junto à parede, estão alguns discos de vinil. Sobre eles, vários CDs ficam alinhados em desnível na estante para melhor serem manuseados. O ambiente exíguo é decorado com pôsteres de bandas internacionais e quadros, entre eles

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um que eterniza uma apresentação da Orquestra Sinfônica de Amsterdã e seu gigantesco órgão. Mesmo com o fim iminente, a morte anunciada, a fé ainda está presente, quase disfarçada entre os discos remanescentes, em frases curtas gravadas em pequenos pedaços de papel. “Eu tudo posso naquele que me fortalece”, “Não diga a Deus que tens um grande problema... diga ao problema, eu tenho um grande Deus”, declaram as folhas brancas coladas na parede por Jacir. Ao fundo da loja, detrás do balcão, ela aguarda que consumidores aproveitem a liquidação e comprem o restante dos CDs e DVDs. Jacir Brittes Farias, 64 anos, é natural de Porto Alegre. Em 1968, ela e o marido, Elpídio Raupp Farias, deixaram a Capital para tentar a vida em Caxias. Os dois trabalharam nas lojas Colombo até o ano de 74, quando resolveram concretizar um antigo sonho: abrir uma loja de discos. O endereço escolhido foi a galeria Jotacê,

Depois de 35 anos, a antiga Discoteke Elpídio, hoje Via CD’s, fecha suas portas

com saída para a Rua Visconde de Pelotas – atualmente, o espaço é ocupado pela lancheria Fatty, que substituiu os antigos ‘bolachões’ de vinil por uns de farinha. “Este era o hobby do Elpídio. Meu marido era apaixonado por música de qualidade, que incluía desde as boas orquestras até os clássicos gaúchos. Ele tinha um ótimo ouvido. Ganhou o seu primeiro LP com 10 anos”, relembra, saudosista, a proprietária. Muitos anos se passaram e a loja se consolidou no comércio musical de Caxias. A Discoteke Elpídio vendia muitos discos, de música clássica a trilhas de novelas brasileiras. “Meu marido era hiper conhecido na cidade. Muitas pessoas queriam descobrir uma música e vinham perguntar pra ele qual era. A pessoa cantava só um pedacinho e o Elpídio já descobria e dizia o nome”, conta Jacir. Vários artistas visitaram as instalações da loja em suas mais de três déca-

das de funcionamento. Dos músicos, a comerciante lembra mais dos tradicionalistas José Mendes e César Passarinho. Mas também vieram as atrizes Patrícia Pillar e Glória Pires. “Aconteceu uma história bem engraçada com a Patrícia Pillar”, relembra. “Ela veio comprar uns discos e pagou com cheque. O Elpídio era uma pessoa muito detalhista, e fez uma cópia dele para guardar de recordação.” Histórias de Elpídio, por sinal, é o que não falta. Jacir explica que seu marido sempre teve a preocupação de trazer coisas novas para a cidade. “Um dia, quando estávamos ouvindo a rádio Guaíba ao voltar da praia, tocou uma música de piano muito boa. Quando chegamos em casa, Elpídio ligou para a rádio para descobrir o nome do pianista. Responderam que era um músico cubano chamado Enrique Chia. Então meu marido mandou uma carta para ele, em Cuba, dizendo que tinha gostado muito da sua música. Dias depois, recebemos a resposta

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cha e da sertaneja. Tenho outras coi- esses tempos comprei um disco do Belsas, mas o meu forte são esses dois”, chior”, lembra. O advogado enaltece comenta. Silvino Hoffman tem 59 anos as vantagens da qualidade do som do e é jardineiro. Começou a comprar vinil em comparação ao CD e os seus discos em 1988 e nunca mais parou. encartes. Entretanto, lamenta a ine“Antes comprava as fitas K7, mas um xistência de alguns títulos. “Eu estava amigo me disse que elas se desmagne- procurando um disco do Sérgio Samtizavam com o tempo”, explica. Ele es- paio em vinil e não encontrei em lugar pecula que tenha mais de 5 mil discos nenhum. Daí fui procurar na internet em casa, incluindo a coleção completa e baixei.” do Teixeirinha e muitos da dupla ToniA questão do espaço que incomoda co e Tinoco. “Viajo bastante e compro Silvino também preocupa o estudante discos em todos os lugares. Um cara universitário Diego Santini Vebber, 28 de Goiânia já me ofereceu R$ 4 mil anos. Só que a solução para ele não é pela minha coleção há uns quatro anos construir uma sala adequada, como atrás, mas não aceitei.” pretende o jardineiro, mas se desfazer Mas todos esses discos também aca- de sua coleção. “Tenho cerca de 380 baram se tornando um problema para vinis, incluindo Jovem Guarda, músiSilvino. Onde armazenar cinco mil cas dos anos 50, um pouco de clássiLPs? “Não tenho um local adequado cos, sertanejo e gaúcho. Só coisa boa. para guardá-los. Quero construir uma O problema é que não tenho lugar em sala para isso”, planeja. Além de dis- casa para guardar”, explica. O estudancos, ele coleciona também toca-discos, te, que se forma analista de sistemas no módulos e pretende comprar um gra- final deste ano e trabalha como profesmofone. “Tenho um monte de caixas sor em cursos de informática, já adquide som. Num só aparelho tenho seis, riu vários discos na Via CD’s. “Quando e quero colocar mais seis, todas ligadas passava na frente da loja, dava uma num único módulo.” E para ocupar olhada. Se encontrasse alguma coisa com toda essa potência, Silvino tem lá interessante, comprava.” Diego consuas raridades. “O disco mais caro que corda com Mário Carpena sobre a quacomprei foi um do Lelidade do som do vinil, ôncio e Leonel. Paguei mas explica que pode R$ 300. Ele foi gravado “Tem a pirataria armazenar todas as em 61. Acredito que e a internet, mas músicas de sua coleção vale mais de R$ 1 mil, isso sempre vai em um pequeno player mas acho que o vendede mp3. Assim como a existir. Levanto às primeira loja de discos dor não sabia”, conta. Outro colecionador é 7h e vou deitar de Caxias, o estudante o advogado Mário Oli- às 23h30. Quero pretende encerrar suas veira Carpena, 58 anos. me aposentar atividades de colecio“Vou na loja do Elpídio nador e vender todos desde que ela ficava na agora”, conta a os discos. Só que, para galeria”, relembra. Com comerciante isso, vai usar a interuma coleção um pouco net. “Montei um site mais modesta que a de em janeiro. Conforme Silvino, Mário possui cerca de 1,5 mil vou tendo um tempinho de sobra, vou discos de todos os gêneros, principal- construindo-o. Ainda não divulguei o mente de samba, tango e músicas dos meu material. Estou primeiro fazenanos 70 e 80. “Andei procurando algu- do um teste. Preciso definir o valor de mas coisas e não encontrei por lá. Mas cada LP antes.” Maicon Damasceno/O Caxiense

com um catálogo e mais alguns CDs Müller, é um deles. “O disco é quadrido pianista”, relata. fônico, ou seja, roda em quatro canais. A loja vivenciou todas as mudanças Na antiga loja tínhamos um aparelho tecnológicas de armazenamento de de som com quatro caixas para tocar áudio, incluindo os clássicos vinis, fi- estes discos.” tas K7, CDs e DVDs. No ano 2000, a Apesar de Jacir comercializar os noDiscoteke mudou o seu nome para o vos formatos, o LP manteve seu espaço atual, Via CD’s. Motivo: os filhos Ra- especial devido ao seu charme e à quafael e Andréia iriam lidade sonora. Na Via tomar conta do negóCD’s, eles variam de R$ cio e acharam que este “Meu marido 10 a R$ 500 reais. “Este seria um nome mais (Elpídio) era disco dos Beatles (Sarmoderno. Entretanto, gent Pepper’s Lonely apaixonado nenhum deles assumiu Hearts Club Band) vale de fato a loja, e Elpí- por música de R$ 450. Temos também dio continuou tocan- qualidade. Tinha a primeira edição deste do o negócio até 2006, um ótimo ouvido. disco do The Doors (o ano em que faleceu. já mencionado Weird Ganhou o 1º LP “Meu marido morreu Scenes Inside the Gold de infarto. Ele não era com 10 anos”, Mine). Colecionadores estressado nem tinha relembra Jacir dão muita importância colesterol alto. Estava pelo fato de ser o pribem de saúde. Costumeiro. É para clientes mava jantar apenas um pãozinho com especiais. Custa R$ 480”, informa. chimia e um copo de suco. Fazia exerO fechamento da loja provocará uma cício. Normalmente ia a pé para a loja. grande mudança na vida de Jacir, que Num sábado, indo para o trabalho, ca- dedicou muito tempo e esforço por um minhou alguns passos e caiu. O infarto sonho. “Quantas lojas fecharam?!”, infoi fulminante, sem origem definida. E daga Jacir. “Estamos fechando por opeu sei por que ele faleceu. Morreu por- ção. Meu filho não quer que eu fique que era a hora dele. Cada pessoa tem aqui sozinha. O trabalho é envolvente. o seu tempo”, conforma-se Jacir. Em Música é coisa boa. Não é por estar 2008, a loja mudou-se, por comodida- com problemas financeiros, mas sim de e em busca de mais segurança, da para ter rumos novos que vou fechar galeria para o shopping Triches, onde a loja. Tem a pirataria e a internet, mas estará instalada até a tarde desta sexta- isso sempre vai existir. Levanto às 7h feira. e vou deitar às 23h30 todos os dias. Quero me aposentar agora. Cuidar da No meio da semana, segundo minha horta e do meu cachorro Beeas contas de Jacir, restavam em tor- thoven”, explica. no de 15 mil álbuns, entre LPs, CDs e DVDs. Ela pega uma obra rara nas Alguns clientes tradicionais mãos, um disco com composições do ficaram surpresos com a decisão de fealemão Robert Schumann, que viveu char a loja. Foi o caso de Silvino, que, no século 19. “O disco já tem 34 anos e acompanhado da esposa, comprou alnunca foi rodado. É um disco virgem. guns álbuns em sua última visita. “Faz Conservamos no plástico original para muito tempo que compro discos na não estragar”, menciona. Assim como Discoteke. Acho que há uns 25 anos. esse, a loja possui outros exemplos. Sou um grande colecionador de LPs. O álbum Gypsy, do maestro Werner Gosto muito da música regional gaú-

Raridades em vinil, ponto forte da loja, podem custar até R$ 500. “É para clientes especiais”, explica Jacir

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Guia de Cultura Walt Disney Pictures, Divulgação/O Caxiense

guiadecultura@ocaxiense.com.br

A versão do diretor Tim Burton para a obra de Lewis Carroll abre espaço, no absurdo de sua narrativa, para um toque Disney

CINEMA l Homem de Ferro 2 | Ação. 14h20, 16h50, 19h20 e 21h50 (legendado) e 14h10, 16h40, 19h10 e 21:40 (dublado) | Iguatemi Milionário Tony Stark sofre pressão para compartilhar sua tecnologia com as forças armadas. Tony reluta em divulgar o segredo por trás da armadura de ferro. Com Robert Downey Jr. e Gwyneth Paltrow. 12 anos, 117min.; leg.. l Guerra ao Terror | Guerra. 20h30 | UCS As missões e conflitos internos de um esquadrão antibombas do exército americano no Iraque. Ganhador de 6 Oscars, incluindo o de melhor filme. Dirigido por Kathryn Bigelow. 128min., leg.. l O Fabuloso Destino de Amélie Polain | Quinta (6) | Comédia/ Romance. 15h | Ordovás Jovem se muda para Paris para trabalhar como garçonete. Ela encontra uma caixinha cheia de itens pessoais escondida no banheiro de sua casa e decide entregá-la ao dono. Dirigido por Jean-Pierre Jeunet. 122min., leg..

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l Quase dois irmãos | Terça (4), 20h | Durante a Ditadura Militar presos convivem na Penitenciária da Ilha Grande, na costa do Rio de Janeiro. Dois jovens representam os intelectuais e a formação do Comando Vermelho. 102min. Sesc Entrada franca | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 32182255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316

AINDA EM CARTAZ - A Fita Branca. 20h. Ordovás | Caçador de Recompensas. Comédia romântica. 16h20 e 21h15. Iguatemi | Chico Xavier – O Filme. Drama. 13h40, 16h10, 18h50 e 21h20. Iguatemi | Como treinar seu dragão. Animação. 16h40. UCS. | O Livro de Eli. Ação. 18h15. UCS | Uma Noite Fora de Série. Comédia. 13h50 e 19h30. Iguatemi.

PALESTRA

INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780,

l Brasil: entre passado e futuro, com Emir Sader | Sexta (7), 13h30 | O cientista social Emir Sader falará sobre a primeira década do país no novo século com enfoque nos desafios para alcançar desenvolvimento nos aspectos sociais, econômicos e culturais. O título da palestra é o mesmo do livro lançado recentemente. O evento é uma realização do Centro de Estudos, Pesquisa e Direitos Humanos Direitos Humanos (MNDH). Auditório do Bloco H - UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1130 |3027-7794

EXPOSIÇÕES l Fragmentos | Quinta (6), 20h | Abertura da exposição do artista

plástico Victor Hugo Porto. Galeria Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Caxias Cultural | Quarta (5), 8h30 | Abertura da mostra fotográfica realizada pela Unidade de Artes Visuais, até 31 de maio. De segunda a sexta, das 8h30min às 18h30min, e sábados, das 8h30min às 12h30min. Farmácia do IPAM Entrada franca | Dom José Barea, 2.202 | 3222-9270 l Calendário Ecológico | Até sexta (15) | Exposição dos desenhos premiados no concurso com o tema As belezas de nossos parques. Ibis Hotel Entrada franca | João Nichele, 2335 | 3209-5555 AINDA EM EXPOSIÇÃO – Desenhos. Até 18 de maio. Campus 8 – UCS. 3289-9000 | Vitrine da História. De terça a sexta, das 9h às 17h. Arquivo Histórico Municipal. 3218-6114

LITERATURA l Rodas de Leitura | Segunda (3), 15h | Grupo de leitores é mediado pelo

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escritor Uili Bergamin na leitura de Clarice Lispector além do romance, em diferentes gêneros literários. Biblioteca Pública Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l 2º Sarau Literário | Terça (4) | Os vencedores do 43° Concurso Anual Literário recitam trechos de suas obras e discutem literatura e novos autores. Zarabatana Café Entrada Franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316 l Projeto Livro-Livre | Terça (4) | Leitores podem trocar seus livros usados por outras obras e renovar a biblioteca. Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316 l Conversando com os netos | Terça (4) | Lançamento do livro de Odacir Klein. Secretaria Municipal da Cultura Entrada franca | Augusto Pestana, 50 | 3901-1381 l Força Estranha | Sexta (7), 17h | Nelson Motta autografa seu livro mais recente. Do Arco da Velha Livraria e Café Entrada Franca | Os Dezoito do Forte, 1.690 | 3028-1744 l 11º Concurso de Trovas e Poesias Literárias | Até 7 de maio | Edição tem como tema O meio ambiente nos trilhos da história de Caxias contada em versos. Inscrições na Secretaria Municipal do Meio Ambiente (Semma) ou pelo site www.caxias. rs.gov.br. Semma Av. Rubem Bento Alves, 8.303 | 39011416, ramal 221

DANÇA l Idem [Variáveis] Ibidem | sábado e domingo , 20h30 | Espetáculo de dança com o grupo ArticulAÇÕES, da Universidade de Caxias do Sul, e convidados. Teatro Municipal – Casa da Cultura Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697

CURSO l Carlos Drummond de Andrade e o sentimento do mundo | Quarta (5), das 18h às 19h40 | Palestra com o poeta Eduardo Dall’Alba, parte do curso Filosofia e Literatura – Leitura Recomendada de Textos Clássicos. Auditório do Bloco E – UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | 3218-2100

TRADICIONALISMO

l 22° Rodeio Crioulo Nacional de Caxias | 7 a 16 de maio | Programação terá concurso de dança, declamação, provas de rédea, laço e shows. Pavilhões da Festa da Uva Ingressos: De segunda a quinta, entrada franca. Quinta a partir das 18h e sexta, R$ 3, sábado e domingo, R$ 4, das 8h às 24h | Ludovico Cavinatto, 1.431 | 3221-1118

FESTA l Fenawiki 2010 | 7 a 23 de maio | Cerca de 120 expositores, gastronomia típica, shows, cultura e esporte são as atrações da maior festa farroupilhense. Parque Cinquentenário Ingressos: Normal, R$ 5. Promocional R$ 4. Ingresso para o Festival do Moscatel: R$ 35 | Sextas, das 14h às 22h, e sábados e domingos, das 10h às 22h | Av. Prefeito Arno Domingos Busetti, s/ nº, Cinquentenário | Farroupilha

MÚSICA

Reinventando Alice, mais uma vez

l Ato Show do Dia do Trabalhador | Sábado | Comemoração pelo 1º de Maio. Pavilhões da Festa da Uva Entrada franca | Ludovico Cavinatto, 1.431 | 3901-1388

por NATALIA BORGES POLESSO

l Cantar e Viver o Brasil | Quarta (5), 10h, 15h e 20h | Espetáculo do grupo de Curitiba (PR), recomendado para jovens de 13 a 17 anos. Casa da Cultura Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Bruno Pinheiro Machado e Gabriel Lopes | Quinta (6) | Lançamento do CD Colagem. Casa da Cultura R$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 32213697 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Andy & The Rockets. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | ToolBox. Hard rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Izequiel Carraro. Pop/música eletrônica. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Saturday Night. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Vintage. Anos 70, 80 e 90. 23h. La Barra. 3028-0406 | Agente Ed e DJ Tati D. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | The Rovers e The Yesterdays. Led Zeppelin e Beatles cover. 23h. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Acústico John. 22h30. Badulê Bar. 3419-5269 | Agent Ed e Dj. Tati D. 23h. Vagão Bar. 32230007 | Domingo: DJ Zonatão. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Terça (4): Fernando Aver Jazz Trio. 22h. Leeds Pub. 3238-6068 | Quarta (5): Bóra Balançá. Sertanejo universitário. 22h. Portal Bowling. 3220-5758 | Ana Paula Chedid e Lazaro Nascimento. Voz e violão. 20h. Ordovás. 3901-1316| Sexta (7): Identidade e Velocettes. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Dinamite Joe. Rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Bob Shut. 22h. Leeds Pub. 3238-6068. Marvel Studios, Divulgação/O Caxiense

l Estância da Leitura | Sexta (7) | Projeto tem como foco a formação de leitores com um olhar para a literatura tradicionalista. 22º Rodeio Crioulo Nacional - Pavilhões Ludovico Cavinatto, 1.431 | 3221-1118

Cinema |Alice no País das Maravilhas

Era briluz! As lesmolisas touvas roldavam e reviam nos gramilvos. Estavam mimsicais as pintalouvas. E os momirratos davam grilvos. “Foge do Jaguadarte, o que não morre! Garra que agarra, bocarra que urra! Foge da ave Fefel, meu filho, e corre do frumioso Babassura!” Estranhou alguma coisa? Essas palavras parecem não fazer sentido e, de fato, assim soltas, não fazem! É um poema nonsense de Lewis Carroll, Jabberwoky, ou Jaguadarte, na tradução de Augusto de Campos. A surpresa do filme de Tim Burton, Alice no País das Maravilhas, vem ao encontro desse delírio. Desde 1903 até agora já são mais de 30 versões, entre filmes e animações. Na de Tim, Alice é uma jovem nobre de 19 anos que está prestes a se casar com um lorde. Inquieta com a ideia, ela se refugia no jardim da festa onde o pedido de casamento acontecerá. É lá que ela revê o coelho branco e daí, você já sabe. Ela o segue e acaba caindo num buraco que leva a Wonderland, porém, nada está como deveria. A rainha vermelha dominou o país e despedaçou o espírito de seus habitantes. Alice é a escolhida para restituir a paz. O problema é que ela não se lembra de nada que viveu lá anos atrás e, antes de tudo, precisa reconstruir a sua identidade. A costura do filme, feita com o Jaguadarte e citações como o que tem um corvo em comum com uma escrivaninha? dão o tom absurdo da narrativa, que por si só já constitui uma história inteiramente nova. No entanto, os personagens continuam os mesmos: a rainha vermelha e a rainha branca, o famigerado chapeleiro doido, a lebre de março, tweedledee e tweedledum, a lagarta, o misterioso gato de Cheshire, todos, é claro, devidamente reformulados na estética timburtoniana. O diretor usou, magistralmente, referências dos livros, Alice no País das Maravilhas e Alice através do espelho, de alguns dos filmes e animações. Muitos personagens vêm carregados de referências dos desenhos originais do livro, feitos por John Tenniel. Outras referências são da versão animada de 1951 – aquela mais conhecida, da Disney. O toque Walt Disney não pode passar batido, é claro, e aí é que entra a tal moral da história e aquela mensagem, para alguns dos espectadores ávidos e fãs da maluquice de Carrol, incomodamente ética. No entanto, ela não compromete a originalidade do enredo. É apenas o toque Disney, sabe como é. Em suma, a junção do mundo absurdo de Carroll e da fascinante execução estética de Burton é um privilégio dos tempos e dos recursos modernos. Ah, claro! Se é um desatino tentar explicar a Alice de Carroll, o que dizer então da Alice Carroll-Burton. l Alice no País das Maravilhas | Aventura. 13h30, 16h, 18h30 e 21h (dublado), 14h, 16h30, 19h, 21h30 (legendado) | Iguatemi Uma Alice adolescente se desespera ao saber que será pedida em casamento e, ao fugir, segue um coelho branco e chega ao País das Maravilhas, lugar que não lembrava já conhecer. Dirigido por Tim Burton. Com Johnny Depp, Mia Wasikowska, Helena Bonham Carter, Crispin Glover, Anne Hathaway e Marton Csokas. 10 anos, 108 min., dub. e leg..

Tony Stark, o milionário que virou super-herói com sua armadura de ferro, sofre pressão pública para revelar sua tecnologia

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Online | Assista aos trailers dos filmes em cartaz na cidade em www.ocaxiense.com.br.

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Entressafra grená

HORA DE

SEMEAR

O Caxias investe na melhoria das condições de trabalho para colher bons e valorosos frutos

Itacir, feliz com a missão de cuidar do gramado: “Ah, qual é o gringo que não gosta de trabalhar na terra...”

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por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br hovia como não chovia há muito tempo em Caxias do Sul. Aguaceiro de verão derramado sem piedade em cima das pobres cabeças dos torcedores grenás. Parecia que todas as nuvens carregadas de chuva haviam sido amarradas nas quatro torres de iluminação do estádio Centenário. Enfurecidas, faziam despencar do céu muita água. No intervalo da partida entre Caxias e InterSM, na abertura do Gauchão 2010, um só homem aventurava-se a pisar sobre o gramado verde que resplandecia de tão molhado. Agarrado a um bastão de ferro, o homem cravava o gramado. Com carinho, mas sem perder a fúria. Nas cadeiras, os poucos torcedores ainda secos, por causa da cobertura do estádio, cochichavam. Além da tristeza pela derrota do time, pelo menos até aquele momento, estavam todos surpresos com a voracidade daquele homem que lutava contra a natureza. Sua missão era mais difícil do que a dos atletas, que quase nadavam em campo, ele precisava ajudar o gramado a drenar aquela inundação. “Como eu fiz a drenagem do campo, sabia onde tinha de furar. Porque aquela chuva toda não ia drenar sozinha. A drenagem tu só enxerga funcionando depois de um tempo que a chuva para. E naquele dia a chuva não parava nenhum minuto”, ensina Arno Sckenal, 55 anos, natural de Augusto Pestana, perto de Ijuí, e trabalhando no Caxias desde 1996. Arno comia uma maçã enquanto contava essa história. Mesmo com aquela chuvarada toda, o grama-

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do foi absorvendo a água que se acumulada, graças aos seus golpes profundos. Mesmo assim, o árbitro da partida resolveu paralisar a partida. Mas essa história já foi contada inúmeras vezes. E, para quem não lembra, o jogo dividido em dois dias terminou 1 a 1. Arno trabalhava na quartafeira (28) à tarde, cortando a grama do campo suplementar do Caxias. Aquele que fica atrás do estádio e no passado era apelidado de Carecão. “O time que ganhou o campeonato em 2000 treinava no Carecão, que tinha esse nome porque não tinha grama, era só terra”, explica Vanderlei Bersaghi, o Pé, supervisor de futebol do Caxias. “Mas conversa aí com o Arno que ele vai te contar tudo que tu precisa porque foi ele quem fez o gramado aqui dentro”, sugere Pé ao repórter. “Aqui dentro”, no caso, é o gramado principal do Centenário. “Quando cheguei aqui no Caxias, em 1996, só tinha terra revirada, não tinha grama, nada”, recorda Arno. Vinte anos depois da inauguração do estádio é que o Caxias enfim contratava um profissional para fazer a drenagem que perdura até hoje. “É muito boa”, classifica Arno, sem falsa modéstia. Sentado no muro que separa o campo suplementar do estacionamento dos jogadores e da comissão técnica, ele diz gostar muito de trabalhar no Caxias. “O pior presidente com quem já trabalhei foi o Rafael Bandeira dos Santos, do Grêmio. Pra não nos cumprimentar ele dava toda a volta no estádio se fosse preciso. E o melhor foi o Fábio Koff, também do Grêmio. Se a gente fosse na casa dele fazer algum trabalho no jardim

nos convidava pra tomar café ou almo- meiro andar do estádio Centenário, çar junto com ele”, revela. Júlio Soster, gerente de futebol do cluEnquanto Arno come sua maçã e be, revela os números do investimento relembra suas passagens por Grêmio grená: “Ah, vamos gastar uns R$ 48 mil e Internacional até chegar ao Caxias, em despesas no gramado e material, outro guardião do gramado grená tra- como as telas que vão dividir os três balha no lado oposto do campo. Senta- campos”. Isso só para repaginar o exdo no seu cortador de grama, que todo Carecão e atual Campo Suplementar, mundo insiste em chamar de tratorzi- com jeito e pompa de Centro de Treinho, ele apara o terreno. Itacir Plachi, namento. 60 anos, nascido em Antônio Prado, O espaço foi compartimentado em diz trabalhar no Caxias por paixão. Ele três áreas de treino. E no meio desse tinha uma pequena serralheria onde complexo será construída uma casahoje funciona a academia de muscula- mata de onde a comissão técnica terá ção dos atletas do Cavisão privilegiada. xias. “O clube não me “Não adianta, tem de cobrava aluguel e eu “O time que investir, porque é ferranão cobrava o serviço ganhou o menta de trabalho para para o clube, e ainda os jogadores. Um time campeonato podia fazer trabalho competitivo precisa ter pra fora”, conta Itacir. em 2000 treinava as ferramentas ideais”, Fez isso por quatro no Carecão, justifica Soster. anos até ser convidado que não tinha Enquanto dribla a servir ao Caxias, mas os insistentes telefograma, era só dentro de campo. Não nemas, fruto de um como atleta – restrição terra”, conta o trabalho exaustivo na que não se deve a falta supervisor Pé caça de jogadores para de habilidade com a a montagem dos elenbola, mas é que não se cos do profissional e da sabia muito bem se Itacir aguentaria base grená – além de resolver pendêncorrer 90 minutos. Então lhe deram a cias, que Soster prefere chamar de “inatribuição de cuidar do campo. “Ah, gratas heranças” –, o dirigente revela qual é o gringo que não gosta de traba- mais planos do Caxias. “Além dessa relhar na terra...”, conta, sorrindo. organização do campo suplementar, o presidente Osvaldo Voges acaba de me Arno e Itacir viram, cada um a autorizar a investir R$ 12 mil na reforseu tempo e com sua maneira de ver a ma das duas academias de musculação, vida, o Caxias viver bons e maus mo- uma da base e outra dos profissionais. mentos. “Teve época aqui que a gente E no dia 18 de maio vamos inaugurar pedia um saco de fertilizante e não vi- o novo refeitório”, enumera. Antes de nha de jeito nenhum. Agora não, tudo a bola voltar a rolar no Centenário, que a gente precisa tem”, comemora os gramados principal e suplementar Itacir. Lá do alto do escritório, no pri- estarão verdinhos, mesmo com a pro-

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defende Itacir, deixando seu lado torcedor falar mais alto. Falando em idas e vindas, Everton, o atacante de tranças rastafári, veloz e habilidoso, revelado pelo Caxias através do olhar apurado de Julinho Camargo, é o grande exemplo do que deseja o clube grená. Emprestado ao Internacional – onde poderá ser campeão da Libertadores da América –, o atleta tem contrato de três anos com o Caxias. “Pode ter gente que ficou surItacir explica o processo da presa com o caso do Everton, porque semeadura da mesma forma que Soster foi rápido, mas o trabalho que nós quefala dos investimentos. Os dois reve- remos é esse. Tudo vem ao seu tempo, lam, ao detalhar todo o trabalho que se mas pode ser que isso vire rotina no tem no cuidado com o Caxias. Quando chegramado e com a estrugamos aqui tinha de tura do clube, o mesmo “Queremos ajeitar o vestiário do zelo de um enólogo ao mais visibilidade profissional, equipá-lo fazer o vinho. O perna com as coisas que os ao Caxias de pau não diferencia jogadores precisam. azevém de capim seco, para que a Nosso estágio, agora, assim como o mau be- garotada venha é trabalhar na base. bedor de vinho não di- jogar aqui”, Conseguimos particiferencia bordô de pinot par da Punta Cup, vaprega o gerente noir. Mas Itacir e Soster, mos jogar a Taça BH a mesmo sem consegui- de futebol, a Copa Santa Catarina rem fazer gol de bicicle- Júlio Soster e pretendemos voltar a ta, batem um bolão. E jogar a Taça São Paulo. quando amparados pela Queremos mais visibisólida defesa de Arno, então, não tem lidade ao Caxias para que a garotada pra ninguém. “O azevém fica melhor venha jogar aqui”, explica Soster. com o frio”, acrescenta Itacir. E pensar que a responsabilidade de a No Centenário, por enquanto, a me- bola rolar suave para dar conta de renos que venha um jogador de Fortale- alizar todo o planejamento de Soster, za para encorpar o elenco, só Edenil- de transformar o Caxias em celeiro de son tem pavor do inverno. Se depender atletas, passa justamente pelo trabalho do desejo de Itacir, porém, frio não fal- de Itacir, Arno e sua equipe. Mãos ástará – pelo bem do gramado, é claro. peras, cuja terra nem sempre é fácil de Nada contra o prata da casa que vem tirar debaixo das unhas, são tão gentis atiçando dirigentes Brasil afora. “Acho no trato do gramado quanto um passe que o Edenilson tem de ficar mais no de Marcelo Costa ou a assinatura de Caxias, pelo menos até o final da Série um cheque de Osvaldo Voges usando C, porque assim ele vai aparecer mais”, uma caneta Montblanc.

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ximidade do inverno. “Estamos preparando os campos para plantar sementes de azevém. Primeiro a gente corta bem a grama com a máquina normal, depois passa outra que corta bem rente, revirando a terra, aí a gente limpa o gramado e depois planta a semente de azevém. E depois, com outra máquina, a gente espalha areia, que tem a função de empurrar a semente para bem perto da raiz”, ensina Itacir.

Funcionários preparam os campos de treinamento para o plantio de azevém

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Dias melhores virão

Marilê, moradora do Caixa de Fósforo: “quem mora nos bairros tem um casa-dormitório, quem mora no Centro tem uma casa-casa. E isso faz toda a diferença”

Primeira visita guiada no estádio foi realizada na tarde de quarta-feira, dia 28 de abril, com 120 alunos da Escola Municipal Senador Teotônio Vilela

O FUTURO VISITA

o JACONI A

por Fabiano Provin fabiano.provin@ocaxiense.com.br

pós dois rebaixamentos em três anos e queda no número de associados, o Juventude quer se reerguer. Para isso, o departamento de marketing tenta fazer a sua parte. E não apenas criando projetos, contatando empresas, buscando patrocínios para as camisas alviverdes. Mas semeando a ideia, junto às crianças, de que é possível tornar-se torcedor de um clube que foi vencedor, caiu e quer ser vitorioso novamente. “Pesquisas internacionais mostram que a fidelização acontece geralmente entre os seis e 12 anos. Ou seja, é nessa época que a gurizada escolhe o time que irá torcer”, resume o vice-presidente de marketing, Mauro Trojan. Fora a venda de atletas, outras três ações são responsáveis por aumentar o saldo da conta de clubes de futebol: associados, licenciamento da marca e patrocínios. “Todas as áreas estão contempladas, mas a principal é o sócio, o juventudista”, conta Trojan. Há quase três meses o marketing do Ju lançou a Papo Paixão, campanha de planos que pretende chegar aos 10 mil associados – ou algo muito próximo desse número – até 18 julho, quando se inicia a Série C do Campeonato Brasileiro. Hoje, o clube tem cerca de 6,2 mil papos que pagam em dia suas mensalidades. “No início da década eram mais de 12 mil. Estamos na Série C com uma situação financeira difícil. Só iremos superar

esses desafios com o apoio da torcida. Podemos chegar aos 20 mil sócios. Sei que isso não vai ocorrer até o final de 2010, mas 10 mil até a Série C é possível. Quem sabe os 20 mil não sejam atingidos no ano do centenário, em 2013?”, questiona o dirigente. Para alcançar esse objetivo foi criado o projeto Escola. O Juventude, em contatos com a Secretaria Municipal de Educação e a 4ª Coordenadoria Regional de Educação, ofereceu-se para agendar visitas de alunos de colégios municipais e estaduais ao Estádio Alfredo Jaconi. “Já temos 43 escolas cadastradas. Isso é muito bom”, comemora Trojan. A primeira a abrir o ciclo de atividades foi a Escola Municipal Senador Teotônio Vilela, do bairro Nossa Senhora das Graças, na zona sul da cidade. Na tarde de quarta-feira (28), 120 crianças se divertiram muito: assistiram a um vídeo institucional no Salão Nobre Walter Dal Zotto, passaram pelo vestiário, conheceram os jogadores, foram ao gramado (onde correram como atletas), visitaram o Memorial e, por último, receberam brindes. “Cada criança que vier ao Jaconi por esse projeto ganhará um cartão de sócio válido por um ano. Nosso objetivo é entrar na casa dessas crianças, trazer pais, irmãos, a família, todos para o Juventude”, projeta o vice-presidente de marketing, que desempenhou a mesma função nas duas primeiras gestões do presidente Milton Scola, em

Projetos do departamento de marketing do Juventude têm foco em crianças de escolas das redes municipal e estadual de ensino

1999 e 2000. Os professores que acompanharam os estudantes fizeram uma avaliação interessante, como Luiz Roberto de Paula, que leciona há dois anos na Teotônio Vilela: “Essa ação é importante porque as crianças passam a conhecer o Juventude. No bairro, a maioria das famílias veio de outras cidades, com Grêmio a Inter na cabeça. Isso aqui, para eles, é algo inesquecível, uma fuga da rotina. Vão comentar em casa e na escola por muito tempo. E, sem dúvida, dessa turma irão sair muitos juventudistas”. Para a professora Sheila Uez, a oportunidade é excelente. “Nossa escola tem alunos, no geral, muito carentes, que dificilmente já estiveram em um estádio. É bom para o desenvolvimento deles”, resume a educadora. Toda a criançada gostou da visita, mesmo quem não era juventudista. Para Camila Rodrigues Gomes, 9 anos, “a seção das taças” (Memorial) foi a que mais chamou a atenção. Franciele de Lima da Silva, 8 anos, gostou da sensação de pisar no gramado. Entre os guris, uma afirmação e uma descoberta. Gilberto Oliveira Carvalho, 8 anos, já conhecia o Jaconi, mas das arquibancadas. “Daqui do campo é diferente.” Já o pequeno Luciano Schutz de Oliveira, 9 anos, que sonha ser jogador de futebol, disse, na ensolarada tarde de quarta-feira, que amou o passeio. “A partir de agora sou juventudista. Vou falar pro meu pai que fui até entrevistado no estádio.”

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Além do agendamento de visitas, jogadores do grupo profissional farão palestras nas escolas que estão se cadastrando junto ao clube. A segunda frente de trabalho organizada por Trojan envolve o licenciamento da marca Juventude. Atualmente, 150 produtos ostentam o símbolo alviverde em seus rótulos, mas apenas 10% são cadastrados. “O Flamengo, do Rio, por exemplo, depois de conquistar o Brasileirão no final do ano passado, vendeu mais de 100 mil camisas. Imagine o tamanho do retorno para o clube”, cita o dirigente. Os patrocínios completam o tripé de ação planejado pelo vice de marketing. A direção alviverde já encaminhou negociações com Banrisul e Grupo Fátima para renovar as parcerias para o segundo semestre. “É provável que isso ocorra. Buscamos mais dois para a camisa”, anuncia Trojan. Sobre a publicidade estática, ele conta que a houve uma reformulação, e o Jaconi foi dividido em setores. Nessa área, ele não adianta nomes, mas admite tratativas com três empresas. “Todas as ações de marketing, em resumo, são voltadas para que tenhamos mais sócios.” Atualmente, todos os contratos vigentes geram cerca de R$ 100 mil mensais aos cofres do Ju. Com projeção de ter uma folha de pagamento de R$ 250 mil para a Série C, Trojan e sua equipe terão de trabalhar muito para aumentar o saldo. Pelo menos as sementes, dentro do Jaconi, estão sendo cultivadas.

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Guia de Esportes

Juventude e Caxias voltam a se enfrentar, neste sábado, pela categoria Sub-20. No clássico anterior, disputado no Centenário no dia 19 de abril, o placar foi de 1 a 1

TÊNIS l Aberto de Tênis de Caxias do Sul | Sexta, sábado e domingo, a partir das 9h | O campeonato, que tem apoio da Federação Gaúcha de Tênis, conta com quase 230 inscritos. Recreio da Juventude Entrada gratuita (necessário apresentar documento de identidade) | Atílio Andreazza, 3.525, Sagrada Família

RÚSTICA l Corrida do Trabalhador | Sábado, a partir das 8h30 | A tradicional Corrida do Trabalhador – prova classificatória para a Rústica Estadual do Sesi e, consequentemente, para a São Silvestre – será realizada na manhã deste sábado. A organização prevê a participação de 400 a 500 atletas. A largada e chegada da prova ocorrerão em frente ao Sindicato dos Metalúrgicos. Para a comu-

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nidade em geral, será promovida uma caminhada, às 8h30, de 2,4 mil metros. A minirrústica, de 3,5 km, inicia às 9h30, e a rústica, de 7 km, às 10h10. Sindicato dos Metalúrgicos Entrada gratuita | Bento Gonçalves, 1.513

FUTEBOL l Juventude x Caxias | sábado, 15h30 | Neste sábado tem clássico CA-JU pelo Campeonato Gaúcho Sub-20. Os torcedores do Juventude devem entrar pelo Portão 2, e os da equipe grená, pelo 5. Estádio Alfredo Jaconi Entrada: 1kg de alimento não perecível | Hércules Galló, 1.547, Centro l Torneio de Futsal | Sábado | Mirim, 10h: Recreio x AMSM, ACBF x AFF | 11h40: AMSM x AFF, Recreio x ACBF | 13h40: ACBF x AMSM | 14h30: Recreio x AMSM | Infantil, 10h50: Recreio x AMSM,

ACBF x AFF | 13h: AMSM x AFF, Recreio x ACBF | 15h20: ACBF x AMSM | 16h: Recreio x AFF Recreio da Juventude Entrada gratuita (necessário apresentar documento de identidade) | Atílio Andreazza, 3.525, Sagrada Família l Campeonato Municipal | Sábado e domingo, 13h15 e 15h15 | Sexta rodada. Caso chova forte, as partidas serão adiadas. Campos Municipal 1 e 2, Fátima, S. Família, Serrano, Enxutão, Reno e De Lazzer Entrada gratuita l Copa União | Sábado | Oitava rodada da competição. Juvenil, 13h30: São Francisco x Bevilacqua, Botafogo x São Cristóvão, Pedancino x Forquetense | Sênior, 15h30: São Virgílio x Juvenil, Bevilacqua x Canarinho, Forquetense x S. Francisco, Conceição x Diamantino, Pedancino x S. Cristóvão. Campo do time mandante Entrada gratuita

l Campeonato Citadino Adulto | Terça (4) e quinta (6) | Terça, 19h45: Vila Amélia x Torino | 20h45: Juventus x ASF | Quinta, 19h45: Planalto x Arsenal | 20h45: Acadêmicos/UCS x Puma Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

ATLETISMO l Jogos Escolares | De quinta (6) a sábado (8), das 8h30 às 16h | Estudantes caxienses irão disputar, nas categorias mirim, infantil e juvenil, provas de corrida, salto em altura e distância, arremesso de peso, lançamento de dardo e disco, revezamento 4 x 100m, entre outros, nos naipes masculino e feminino. São esperados pelo menos 1,2 mil atletas. Caso chova, as provas serão adiadas para a semana seguinte. Centro Poliesportivo do Sesi Entrada franca | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Uma comitiva de caxienses embarca dia 6 de junho para a África do Sul. É a Missão Copa 2014, que terá a participação de empresários, representantes de entidades e do poder público. A ideia é conhecer a infraestrutura montada por cidades sul-africanas para a realização da Copa do Mundo deste ano, já que Caxias do Sul pretende ser “campo base” do evento na próxima competição mundial. O vereador Alaor de Oliveira (PMDB) representará a Câmara Municipal. Na prefeitura, há uma disputa interna para definir quem irá: o secretário de Esportes e Lazer, Felipe Gremelmaier, ou o responsável pela pasta do Turismo, Jaison Barbosa?

Em Nova Palmira

Por força de leis municipal (proposta pelo vereador pedetista Gustavo Toigo) e estadual (do então deputado peemedebista José Ivo Sartori), 20 de maio é o Dia da Colonização Italiana. Este ano a data será comemorada em Nova Palmira, remanescente única das colônias iniciais do município. Aliás, vale lembrar que a primeira denominação de Caxias do Sul foi “Colônia aos fundos de Nova Palmira”. A Câmara de Vereadores realizará sessão solene no local, antecedida de missa a ser celebrada por Frei Jaime Bettega, filho da terra.

Cidade que cresce

Duas medidas diferentes para constatar o tamanho da cidade. O primeiro trimestre do ano registrou 156 mil postos formais de trabalho – consequência direta do crescimento de 16% na economia nesse período. O novo aterro sanitário de Rincão das Flores, que entra em operação neste fim de semana, vai receber 330 toneladas de lixo orgânico por dia.

Custo-benefício

Se o Pepe falar que poste é gente, vocês acreditam Vereador Mauro Pereira (PMDB), ao criticar a bancada petista da Câmara e o deputado Pepe Vargas (PT) sobre o fator previdenciário Luiz Chaves, Div. /O Caxiense

Tudo pela Copa

“Com um salário tão ruim, como o sindicato da categoria alega, por que até agora nenhum médico se demitiu da rede pública municipal de saúde?” pergunta um leitor do jornal O Caxiense. A resposta é óbvia: porque os vencimentos não são assim tão baixos, principalmente se forem levados em conta benefícios como aposentadoria com salário integral e o número de horas cumpridas efetivamente no exercício da função. Uma situação que deverá ser devidamente fiscalizada pela prefeitura a partir da vitória obtida na Justiça contra a paralisação da categoria.

E agora?

Comparativo

Sem maiores pretensões, com menor envolvimento comunitário e verbas limitadas de divulgação, a Feira Internacional de Cultura e Artesanato Mãos na Terra reuniu 85 mil pessoas no Centro de Eventos da Festa da Uva, durante o período de 16 a 25 de abril. Um público desse tamanho

Dois pesos

A TV Câmara entendeu não ser pertinente transmitir a Conferência Municipal de Habitação, importante debate público travado no fim de semana passado, sob a alegação de que o Legislativo estava apenas cedendo espaço físico ao evento. Mas, ao que sabe, a Câmara não promove a Festa da Uva, o que não impediu a transmissão do corso alegórico pelo canal 16. Afora isso, a TV tem se notabilizado pelo espírito democrático e sem exibicionismos dos programas.

implica em inevitável comparação ao número de visitantes da recente Festa da Uva (560 mil pagantes no parque), limitado diante do que foi investido em publicidade - em boa parte nos órgãos de imprensa que depois chamaram a atenção justamente para a queda de público no evento caxiense.

Aliás

Do secretário da Habitação, Flávio Cassina, na Conferência Municipal de Habitação: “A habitação adequada é pré-requisito para o pleno exercício da cidadania. Caxias está fazendo a sua parte”. No evento, a oposição torceu o nariz para o reconhecimento da gerente de projetos da Secretaria Nacional de Habitação, Maria do Carmo Avesani. Ela parabenizou Caxias pelo padrão elevado das moradias populares e pelo serviço social prestado à comunidade.

Alguns profissionais da rede pública municipal da saúde ficaram em situação delicada depois de determinado pela Justiça o fim da paralisação da categoria. É que, apesar de exercerem cargos de confiança, aderiram ao movimento liderado pelo Sindicato dos Médicos. O corporativismo falou mais alto.

Campanha aberta

Caxias do Sul está na rota dos précandidatos. Na segunda-feira, Ana Amélia Lemos – que vai disputar uma vaga no Senado pelo Partido Progressista (PP) – vai proferir palestra na Faculdade América Latina. Falará sobre o tema Brasília - a redemocratização na perspectiva do jornalismo político aos alunos do curso de Ciência Política. Na terça-feira, será a vez do précandidato ao governo do Estado e exprefeito de Porto Alegre, José Fogaça (PMDB), que terá encontro reservado com o comando peemedebista local para estruturação da campanha por aqui.

perguntas para

Ivanir Gasparin

Em combinação com Sebrae, CDL e prefeitura, presidente do Sindilojas faz um diagnóstico sobre a situação do comércio na Avenida Júlio de Castilhos

O que o Sindilojas pretende fazer para, digamos, revitalizar o comércio da Júlio? Levar adiante o projeto do Sebrae do qual somos apoiadores, que já diagnosticou algumas mudanças necessárias na avenida e agora deverá apontar ações a serem feitas no sentido de recuperar os atrativos da Júlio. A revitalização de uma área comercial, como é o caso da Avenida Júlio, envolve trabalho do poder público, na manutenção de estrutura das vias

públicas, condições de segurança, trafegabilidade, etc, e da iniciativa privada, com a conservação dos estabelecimentos comerciais e investimentos em modernização e atrativos para o público. Uma questão relevante é que, antigamente, o dono do ponto comercial e o dono da loja eram a mesma pessoa. Hoje isso mudou bastante, e é necessária uma parceria maior entre locador e locatário para investir nesses estabelecimentos. No projeto com o Sebrae, trabalharemos inicialmente com cerca de 50 empresários daquela avenida, para gerarmos um relatório do que de fato precisa ser feito. Isso, claro, com a parceria dos órgãos públicos e da própria comunidade empresarial. Qual o grau de responsabilidade que os lojistas têm em relação à segurança noturna no centro da cidade se, por

exemplo, apagam as vitrines e cerram suas portas a partir das 19h? Apagar vitrines e cerrar portas a partir das 19h não é causa da falta de segurança, é consequência. Infelizmente, uma quantidade muito significativa dos comerciantes do Centro, na Avenida Júlio ou não, já teve alguma má experiência por falta de segurança, com roubos, assaltos e até mesmo vandalismo. Os comerciantes fecham os estabelecimentos neste horário (e às vezes até mais cedo no inverno, quando anoitece antes) para proteger seu empreendimento e sua equipe de trabalho. Reduzir a visibilidade dentro das lojas à noite é uma maneira que o comerciante utiliza para evitar que sua loja chame a atenção nesse horário, justamente para evitar que

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se torne um alvo. A abertura do calçadão foi uma conquista também do Sindilojas e se provou que o maior movimento de pessoas e veículos melhora a segurança. Durante o período de vendas de Natal isso aparece também, mais gente e lojas abertas até mais tarde, mas a segurança do Centro é reforçada. O comércio procura encontrar meios de buscar mais segurança para o Centro, com ações como a colocação de câmeras de vídeo em pontos estratégicos, medida realizada pela Comissão de Segurança, que possui entidades privadas em sua composição e nesse momento é presidida por mim. No entanto, mesmo atuando para melhorar a segurança, sabemos que essa responsabilidade não é dos lojistas. Berenice Stallivieri, Div. /O Caxiense

Qual é o maior problema enfrentado hoje pelos comerciantes da Júlio de Castilhos? O maior problema é a falta de segurança, embora seja mais grave em algumas áreas da Avenida Júlio de Castilhos, como na altura do bairro São Pelegrino. Precisamos de um choque de iluminação e de segurança.

30 de abril a 7 de maio de 2010

O Caxiense

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