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P EM pre esqu Ó ser isad RI va or A m es um da imi a h UC g istó S ra ria regi n de stra te 13 m 5a e no s |S22|D23 |S24 |T25 |Q26 |Q27 |S28
LOCATELLI REDESCOBERTO
50 anos depois da inauguração da Via-Sacra, testemunhos revelam como o pintor italiano, que se fotografava nas posições de Cristo, criou uma de suas obras mais complexas e admiradas
Caravaggio: por que a santa encanta | Roberto Hunoff: achatamento salarial puxa a geração de empregos | Renato Henrichs: Geni Peteffi quer liberar os peemedebistas caxienses do compromisso nacional com Dilma
Silas Abreu, Reprodução/O Caxiense
Caxias do Sul, maio de 2010 | Ano I, Edição 25 | R$ 2,50
Índice
www.OCAXIEnSE.com.br Fotos: André T. Susin/O Caxiense
A Semana | 3
Um resumo das notícias que foram destaque no site
Roberto Hunoff | 4 Novos empregos vieram junto com baixos salários
Sacra e prima | 5
Ao destacar as memórias da 2ª Guerra, o jornal demonstrou sensibilidade e interesse por histórias de vida que são inspiradoras. Liliana Alberti Henrichs
Depto. de Memória e Patrimônio Cultural
Kátia Campagnolo
A obra de Locatelli que registra o calvário de Cristo completa 50 anos em São Pelegrino
Museu dos Ex-Combatentes da FEB
135 anos bem cuidados | 10 Instituto da UCS preserva a bagagem de memória deixada pelos colonizadores italianos
Fé iluminada | 12
@cassianodedavid Reportagem “Memórias de guerra” é a melhor que já li até hoje num jornal de Caxias. Magnífico resgate da nossa história, parabéns! #edição24
Inovações premiadas | 14
@sabrinadidone Excelente matéria de capa. O lead está perfeito. Parabéns pelo excelente conteúdo, @ocaxiense. #edição24
Religiosos e estudiosos tentam explicar por que Nossa Senhora de Caravaggio magnetiza tantos fiéis Produtos da Marcopolo e da Randon conquistam reconhecimento e mercado
Questão preventiva | 15
@Sechaus Parabéns ao @ocaxiense e Valquíria pela matéria de capa. Nossos heróis esquecidos merecem. #edição24
guia de Cultura | 16
@viniciusbusatta E o @ocaxiense sempre surpreendendo! Sensacional esse final de semana! #edição24
Sindiserv quer ter certeza de que o Ipam, responsável pela saúde de 13 mil pessoas, é autossustentável Festa nas réplicas, seminário de leitura e aventuras adolescentes no cinema
Artes | 18
@eusouogabriel Hoje li @ocaxiense com calma. Adorei a matéria da Guerra, ficou muito tri! Mas não gostei da capa (ao contrario de 97% dos caxienses) #edição24
Os poderes da mão do pintor e da boca das Marias
guia de Esportes | 19
Taekwondo, motovelocidade, futebol e, no Dia do Desafio, um pouco de tudo
Confiança na subida | 20
Parabéns ao jornal O Caxiense pela matéria “Memórias de guerra”, Sou neto de ex-combatente. João Batista Detofol, esse é o nome de mais um herói de guerra brasileiro. Rafael Pedó
Trabalho dentro e fora de campo faz torcida grená acreditar que o Caxias vai, sim, para a Série B
NO SITE
Esforço coletivo | 21
Direção e comissão técnica trabalham para conduzir o Juventude de volta à Série B
Parabéns pela bela iniciativa e pela linda matéria que resgata a memória de nossos bravos irmãos. Para terem uma ideia, o assunto já chegou aqui em São Paulo pelas mãos de um amigo. Fran Neto
Renato Henrichs | 23
Geni Peteffi fala do que Fogaça não fala: a insatisfação com a aliança nacional PMDB-PT
Durante apuração da reportagem sobre a Via-Sacra de Locatelli, o repórter Rodrigo Lopes descobriu uma filmagem da inauguração das obras na Igreja São Pelegrino. O material foi digitalizado pela Spaghetti Filmes e está disponível no site: www.ocaxiense.com.br.
Expediente
Janete Kriger, Spaghetti Filmes, Rep./O Caxiense
Redação: André Tiago Susin, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
Assine
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
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O Caxiense
22 a 28 de maio de 2010
Agradecemos | Lissandro Stallivieri e Janete Krieger, da Spaghetti Filmes, e Alvino Melquides Brugalli. Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
A Semana
André Susin/O Caxiense
André Susin/O Caxiense
Fabian Tamura, Divulgação/O Caxiense
Cerca de 300 mil visitantes são esperados no Santuário de Nossa Senhora de Caravaggio
Câmara de Vereadores e prefeitura têm meta de reduzir leis de Caxias para 500; Caravaggio receberá fiéis no final de semana; Ponto se Safra atende em novo local
SEGUNDA | 17 de maio Transporte
Usuários respondem consulta popular A Associação dos Usuários de Transporte de Passageiros (Assutran) realiza uma consulta popular na Praça Dante Alighieri até o final da tarde deste sábado. Estão sendo entregues questionários com perguntas sobre a situação do transporte público caxiense como instalação de pontos de transbordo, financiamento do passe livre e outras gratuidades, desempenho da Viação Santa Tereza (Visate) e estrutura viária da cidade. O resultado da consulta deve ser conhecido até a próxima terça, dia 25. O passo seguinte é a organização de uma audiência pública, conforme o presidente da entidade, Cassiano Fontana.
Comércio
San Remo muda de endereço após 21 anos A videolocadora San Remo está de mudança. A partir do dia 27, novas portas se abrem na Rua Garibaldi, 937, ao lado do McDonalds, no Centro. Lá, continuará o aluguel de DVDs acrescido de um espaço onde serão comercializados acessórios como carteiras e bijuterias. Nos planos também está um lugar reservado a um terminal para pesquisar os filmes do acervo e um café. Porém, a revistaria será extinta. A San Remo soma 30 anos de atividade. O ponto atual, na Rua Borges de Medeiros, é casa da videolocadora há 21 anos.
TERÇA | 18 de maio Campanha do Agasalho
Pontos arrecadam 17.865 peças
A Campanha do Agasalho arrecadou, até o último levantamento, 17.865 peças doadas em vários pontos da cidade. A expectativa é de que a comunidade se mobilize mais nos próximos dias, para atingir a meta
de 180 mil peças. No cadastro da Fundação Caxias constam mais de 150 entidades que aguardam para serem contempladas com as doações. Até 20 de junho a comunidade pode doar agasalhos e calçados em mais de 500 pontos em lojas, bancos, escolas públicas, mercados, condomínios e outros, além de 300 ônibus da Visate.
QUARTA | 19 de maio Comércio
Fiscalização coíbe venda ilegal de guarda-chuvas Cerca de 150 guarda-chuvas foram apreendidos de vendedores ambulantes durante operação da Secretaria Municipal do Urbanismo (SMU). Após diversas denúncias de comerciantes formais, constatou-se um grande número de vendedores comercializando o produto. A Fiscalização alerta que serão mantidas as abordagens visando coibir tal prática. Os materiais apreendidos são de qualidade duvidosa e não possuem qualquer tipo de garantia.
QUINTA | 20 de maio Legislativo
Meta é reduzir leis de Caxias para 500 Foi assinado, nesta quinta, um Protocolo de Intenções entre o prefeito, José Ivo Sartori (PMDB), e o presidente da Câmara de Vereadores, Harty Moisés Paese (PDT) para consolidar a legislação municipal reduzindo e otimizando o número de leis. O motivo desta ação é o fato de existirem atualmente 8.062 normas no acervo da Câmara, muitas delas defasadas ou até conflitantes. A intenção é reduzi-las para cerca de 500. As leis serão separadas por áreas como direitos das crianças e dos adolescentes e portadores de deficiências. Depois desse trabalho será encaminhado um projeto de lei para aprovação. Serão substituídos termos em desuso mas que se encontram ainda em alguns documentos, como carro
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de praça (táxi) e dispensário (abrigo, asilo), e homogeneizar terminologias. Uma equipe de quatro servidores da Câmara e quatro do Poder Executivo se reunirá para organizar as leis para facilitar seu acesso e conhecimento.
SEXTA | 21 de maio Caravaggio
Missas serão celebradas em 12 horários Na 131ª romaria a Caravaggio, que ocorre neste final de semana e na quarta-feira (26) – dias em que são esperados 300 mil visitantes no santuário – haverá missas em 12 horários por dia. Às 6h, às 7h, às 8h, às 9h, às 10h30 (missa campal e procissão com a imagem de Caravaggio), às 12h, às 13h, às 14h, às 15h, às 16h, às 17h e às 18h. A venda antecipada de passagens de ônibus ocorre na rodoviária de Caxias do Sul, na agência Centro do Banrisul (na Rua Sinimbu) e nas lojas Par e Par Calçados (na Avenida Júlio de Castilhos, próximo à Praça Dante Alighieri, e na Rua Pinheiro Machado, atrás do Hospital Pompéia). A passagem até o Santuário custa R$ 5,85. Os horários dos ônibus não são definidos, já que os veículos partem assim que vão lotando. Para voltar a Caxias do Sul haverá seis pontos de venda de passagens no Santuário. O preço e o sistema de embarque da volta para Caxias é o mesmo. Para quem vai a Caravaggio de carro, a RS-453 na altura da sinaleira de entrada do bairro Desvio Rizzo até o viaduto no km 70 da RS-122 estará em meia pista. A pista da esquerda será destinada aos romeiros, e estará sinalizada por cones. “Vai ter policiamento com viaturas e motos, com o apoio de mais de 40 policiais rodoviários do pelotão de Porto Alegre. E tem a equipe de Farroupilha, cerca de 40 policiais. Haverá um monitoramento de madrugada, porque muita gente vem essa hora. E atenção especial para a rodovia dos romeiros, que liga Farroupilha a Caravaggio”, explica Carlos Alberto Guimarães, comandante do grupo rodoviário de Farroupilha.
Agricultura
Ponto de Safra muda de lugar
O Ponto de Safra passou a funcionar na Rua Bento Gonçalves, entre a Dr. Montaury e a Marquês do Herval, nesta sexta. De acordo com opiniões dos feirantes, o novo local tem pontos positivos e negativos. Serenite Scopel conta que o lado bom da mudança é que há mais espaço, as bancas não ficam amontoadas, e que a caminhonete fica estacionada logo atrás da banca, o que torna mais seguro. Em contraponto, a distância do maior movimento e das paradas de ônibus é vista com receio. “Hoje (sexta) a gente tem uns 30% a menos de lucro. Uns dizem que é a chuva, mas não é”, conta André Pedro Bufon. O Secretário de Agricultura, Nestor Pistorello, afirma que o motivo da mudança tem a ver com a falta de condições do local anterior (na Rua Dr. Montaury), além de reclamações do comércio desde 2005. “Antes os produtores tinham que chegar mais cedo para descarregar e estacionar seus caminhões em outro lugar, além do fluxo trancar a calçada. Agora eles podem trabalhar ao lado dos veículos, o que torna mais seguro”, explica.
Política
Pré-candidatos visitam Caxias
José Fogaça (PMDB) e Pompeo de Mattos (PDT) estiveram em Caxias na condição de pré-candidatos a governador e vice, respectivamente, na manhã de sexta-feira. Sobre coligações no plano nacional, Fogaça evitou tomar posição a respeito da provável aliança com Dilma Rousseff (PT). Pedágios, educação, segurança e o projeto Rumos 2015 também foram tratados na coletiva. No sábado, a governadora Yeda Crusius (PSDB) encontrará correligionários e imprensa. Yeda participa da Caravana 45, que prestará contas das atividades do PSDB no governo. Ela também estará no encontro do PSDB Mulher e no jantar comemorativo. Os eventos ocorrerão no sábado, no Clube União Forquetense. 22 a 28 de maio de 2010
O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
Energia superfaturada
Mais de 93% dos novos empregos gerados em Caxias do Sul no primeiro trimestre do ano foram ocupados por trabalhadores com remuneração de até dois salários mínimos. Nas faixas acima deste valor houve o fechamento de 450 vagas. É o que revela o Boletim Trimestral Mercado Formal de Trabalho, elaborado pelo Observatório do
Trabalho da Universidade de Caxias do Sul a partir de dados do Cadastro Geral de Emprego e Desemprego Ministério do Trabalho. De acordo com o coordenador do Observatório do Trabalho, Moisés Waismann, o objetivo do estudo é analisar os dados e mapear as características do emprego formal, sinalizando as tendências futuras.
Cobrança indevida
Preço dos pedágios
Segredo guardado a sete chaves, os estudos de custos que definem os preços cobrados nas praças de pedágios do País são desconhecidos inclusive pelo Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (DNIT). Foi o que admitiu esta semana, em Caxias do Sul, Paulo Sérgio Peterlini, dirigente do órgão federal, durante encontro da Sociedade de Engenheiros da Mobilidade. Participante de painel que discutiu as novas resoluções sobre os pesos limites para o transporte de cargas, Peterlini foi questionado se, ao invés da cobrança ser por eixo, não seria mais adequado e justo definir o preço pelos danos que cada veículo causa ao pavimento. Respondeu sucintamente: “Desconheço totalmente como é feito o cálculo dos pedágios. Por isso não sei o que dizer. O DNIT jamais foi consultado nesta questão.” Mais um bom tema para reflexão de todos os usuários.
Posse
Berenice Stallivieri/Div./O Caxiense
O Sindilojas Jovem empossou nova diretoria nesta semana. André Benedetti assume a presidência, tendo como vices os empresários Thiago Dal Pizzol e Virgílio Tonolli. A entidade tem como principal objetivo preparar e formar novas lideranças para o comércio varejista. Um dos principais projetos do Sindilojas Jovem é o Selo da Qualidade. A certificação é uma iniciativa pioneira no país por avaliar todo o sistema de gestão das empresas do varejo.
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Mais homens e jovens Dos 6.349 empregos formais gerados na cidade no primeiro trimestre do ano, 3.773 foram ocupados por homens e 2.576 por mulheres. Por faixa etária o destaque fica para quem tem de 18 a 24 anos, que conquistou 39% das vagas, e para quem tem até 17 anos, com mais 24%. Para quem tem mais de 65 anos houve o corte de 65 empregos. Quem possuía o ensino
Negócio A Agrale entregou 25 chassis modelo MA 15.0 para a empresa Princesinha do Sertão, de Feira de Santana (Bahia). Destinados ao transporte urbano de passageiros, os veículos contam com elevador e demais equipamentos para garantir acessibilidade aos usuários com necessidades especiais. De acordo com o diretor
Ferramentarias
A terceira edição do Encontro Nacional de Ferramentarias (Enafer) reunirá na sexta-feira (28), em Caxias do Sul, a cadeia produtiva de ferramentarias com o objetivo de fomentar a discussão sobre temas comuns ao setor. O evento é uma promoção conjunta do Sindicato das Indústrias
de vendas e marketing da montadora, Flávio Crosa, os modelos midibus permitem transportar mais passageiros do que o micro-ônibus e tem mais agilidade do que os ônibus convencionais para circular em regiões urbanas. Até abril a Agrale produziu 1.543 chassis de ônibus, dos quais 143 do modelo MA 15.0.
de Material Plástico do Nordeste Gaúcho, da Plastech Brasil 2011, do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico e da Associação Comercial e Industrial de Joinville. As atividades se desenvolverão a partir das 8h30 na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços.
O cônsul da Colômbia para Assuntos Comerciais e diretor da Proexport no Brasil, Carlos Eduardo Rodriguez, estará em Caxias do Sul na segunda-feira (24) para apresentar a palestra Invista na Colômbia. A atividade se inicia às 8h na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços. Além das oportunidades de investimentos, Rodriguez falará sobre as mudanças ocorridas no regime de investimentos, incluindo a nova legislação de zonas francas, as possibilidades de negócios resultantes da melhoria nas condições de segurança pública e do dinamismo da economia colombiana. Ainda de acordo com os organizadores, este novo cenário oferece atrativo especial às empresas brasileiras no que se refere a aproveitar a localização estratégica do país vizinho para exportar para outros mercados, graças aos tratados de livre comércio subscritos pela Colômbia.
Palestra
médio completo garantiu 46% das vagas, seguido pelos trabalhadores com ensino fundamental completo – 20%. O mercado de trabalho fechou 100 oportunidades para quem tinha o 5º ano fundamental. Por ocupação o maior número de vagas foi destinado a embaladores e alimentadores de produção e a vendedores e demonstradores. Elisiane Oliveira/Div./O Caxiense
Outro alerta veio do advogado Nelson Williams sobre a cobrança de 20% a título de contribuição previdenciária em situações em que o trabalhador está afastado das suas atividades, quer por motivos de saúde, quer por gozo de férias. Ele argumenta que já existe decisão judicial definitiva em âmbito federal determinando a devolução de valores pagos a mais para a Previdência. Para habilitar-se a receber créditos dos últimos 10 anos a empresa deve manifestarse até 8 de julho. Passada esta data o recebimento dos valores se reduz aos últimos cinco anos. De acordo com o advogado já existem 3,8 mil ações em andamento em todo o País.
Mercado
Jonas Ramos/Divulgação/O Caxiense
Os participantes da reunião-jantar promovida esta semana pelo Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho (Simplás) foram alertados sobre cobranças indevidas na conta de energia elétrica. O consultor Mauro Loeffler assegura que se paga 37,4% a mais do que realmente se deveria. Esta composição decorre da taxa de demanda, criada na década de 60, mas suprimida a partir de 1995 com a nova regulamentação do setor. No entanto, as concessionárias continuam cobrando os 20% adicionais. Sobre o índice incidem impostos, como Cofins, PIS e ICMS. Por fim, o consultor assegura que há reajuste indevido nas contas, que se dá quando a concessionária adquire energia elétrica por preço superior ao praticado pelo mercado e repassa a diferença ao consumidor. É um tema que merece a reflexão de todos os consumidores.
Achatamento salarial
Criador da Embraer e ex-ministro da Infraestrutura em 1990, Ozires Silva estará segunda-feira (24), em Caxias do Sul, para palestrar a convite do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico (Simecs). A partir das 16h ele falará no auditório da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços sobre Tecnologia, Empreendedorismo e Desenvolvimento. Atualmente, o empresário preside o Conselho Consultivo do World Trade Center de São Paulo e o de Administração da Pele Nova Biotecnologia. Também é reitor da Universidade de Santo Amaro.
Curtas O agente da Polícia Federal e coordenador do grupo de Prevenção ao Uso de Drogas e Delitos do Rio Grande do Sul, Osmar de Moraes, é o palestrante do Café com Informação de maio organizado pela Câmara de Indústria, Comércio e Serviços. Juntamente com o delegado-chefe da Polícia Federal em Caxias do Sul, Noerci da Silva Melo, e o presidente da Pastoral de Apoio ao Toxicômano Nova Aurora, João Roberto Baldasso Bossa, ele falará sobre o tema Um alerta à família caxiense: drogas, a árvore de muitos problemas. O encontro será na quinta-feira (27), das 8h30 às 10h, no restaurante subsolo da CIC. O diretor comercial do Tecon Rio Grande S.A, Thierry Rios, será o palestrante da reunião-almoço de segundafeira (24) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços. Falará sobre o tema Tecon Rio Grande: uma porta para o mundo. O encontro será alusivo aos três anos do escritório do Tecon Rio Grande em Caxias do Sul.
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Aldo Locatelli - Estudos, Reprodução/O Caxiense
Talento sagrado
Pintor italiano trabalhou de 1957 a 1960 nas 14 telas, desenhando esboços (como este, do quadro 10) e fotografando-se nas posições em que colocaria Jesus
VIA-SACRA, A OBRA-PRIMA
Há 50 anos, Aldo Locatelli entregava as 14 estações do calvário de Cristo, fazendo da Igreja São Pelegrino um roteiro ainda mais obrigatório para apreciadores da arte
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RODRIGO LOPES ia 21 de fevereiro, primeiro domingo da Festa Nacional da Uva 2010. No interior da Igreja São Pelegrino, parada obrigatória de turistas durante o evento, dezenas de visitantes registram fotos dos murais espalhados pelo teto, laterais e nave central. O arquiteto carioca Vagner Mendes Jr., 42 anos, é um dos que entram no templo pela primeira vez, a convite de amigos caxienses. Circula entre o altar, o fac-símile do Santo Sudário, as portas de bronze, o vestíbulo e a réplica da Pietá. Próximo à Estação 11 da Via-Sacra, Mendes observa o lado esquerdo da tela, bem abaixo, em letras quase imperceptíveis:
Aldo Locatelli, 1960. “Faz meio século que pintaram, né?” É. Pode parecer ironia, mas o aniversário de 50 anos de um dos mais importantes conjuntos artísticos do pintor italiano no Rio Grande do Sul foi lembrado por um turista do Rio de Janeiro, que não permaneceu mais do que meia hora no templo. E a data deve passar em branco por aqui neste final de semana, quando se completam exatas cinco décadas de exposição pública em Caxias. Pelo menos até a última sexta-feira, nenhum evento oficial estava previsto para celebrar o cinquentenário da obra-prima de Locatelli, como o próprio se referia às 14 telas pintadas durante os anos de 1958, 1959
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e 1960 em Porto Alegre. A ausência de uma placa e um certo desconhecimento da própria direção da paróquia sobre a solenidade de estreia podem ter contribuído para esse silêncio involuntário. Nem o atual pároco, padre Mario Pedrotti, nem a coordenação da Sociedade de Cultura e Arte Aldo Locatelli (Scala), entidade filantrópica ligada à paróquia, atentaram para o calendário. Foi durante o trabalho de apuração dos dados para esta reportagem que a inauguração das pinturas da Via-Sacra despertou o interesse de várias pessoas ligadas à igreja. A partir daí, a história ganhou novos contornos, impulsionou pesquisas e revelou algumas surpresas.
As 14 estações foram oficialmente entregues à Paróquia de São Pelegrino durante uma pomposa solenidade às 15h do dia 22 de maio de 1960. A opção de realizá-la no meio da tarde, contrariando os horários vigentes das missas, buscava obedecer à hora original do início do trajeto percorrido por Cristo durante a Via-Crúcis, do Pretório de Pilatos ao Monte Calvário. A cerimônia em São Pelegrino, conduzida pelo arcebispo de Florianópolis, Dom Felício César da Cunha Vasconcelos – que estava na cidade devido a uma novena em homenagem a Nossa Senhora de Caravaggio –, contou com as presenças do próprio Aldo Locatelli – que morava em Porto Alegre desde 22 a 28 de maio de 2010
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Fotos: Locatelli no Brasil, Luiz Ernesto Brambatti, Reprodução/O Caxiense
I. Condenado
V. O Homem Bondoso
II. Cruz e Vilipêndios
III. Queda - Pegadas de Sangue no Caminho da Dor
IV. O Encontro com a Mãe
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O Caxiense
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1954 e subiu a Serra acompanhado da Escritor e hoje 1º secretário da soesposa, Mercedes Biancheri –, do bispo ciedade Scala, Brugalli não recorda auxiliar de Caxias do Sul, Dom Cândi- detalhes específicos da cerimônia, mas do Maria Bampi, e dos padres auxi- após o contato d´O Caxiense foi o liares Waldomiro Minella, Ruy Bosa e principal responsável por coletar nos Sidney Zanettini. Todos sob a supervi- arquivos paroquiais informações presão detalhista do pároco Eugênio Gior- ciosas sobre a inauguração. “A data dani (1910- 1985), mentor absoluto da teria passado em branco se vocês não construção do templo e do trabalho tivessem buscado essa história”, disse à artístico desenvolvido pelo pintor ita- reportagem. liano no interior da igreja desde 1951. A partir da ampla cobertura reali“Padre Giordani fazia zada pela imprensa da questão de coordenar época, Brugalli compitudo o que dizia res- “Padre Giordani lou diversos registros peito às pinturas. E a fazia questão de dos jornais Correio do Via-Sacra era a menina Povo, Folha da Tarde e coordenar tudo dos olhos dele”, recorCorreio Riograndense, que dizia respeito além de outros perióda Minella, 76 anos. Já afixados nas pare- às pinturas. E a dicos não identificados. des do templo e pro- Via-Sacra era Naquele final de maio tegidos por um pano e início de junho de a menina dos escuro, os 14 quadros 1960, espoucaram maaguardavam havia olhos dele”, térias, artigos e notas quase uma semana pe- conta Minella generosas detalhando los olhares do público. a inauguração, o “fenoE que público. Fiéis de menal trabalho artístivários bairros da cidade, autoridades co” do italiano e a presença de persoeclesiásticas, políticos, empresários, nalidades locais no evento. Passaram músicos, fotógrafos, jornalistas, freiras, por lá a Rainha da Festa Nacional de irmãos, famílias da alta sociedade ca- Uva de 1958, Zila Turra, o então prefeixiense, jovens, crianças e toda sorte de to Armando Biazus e os 14 paraninfos curiosos lotaram a igreja para acompa- que auxiliaram no custeio das estações. nhar a inauguração. Uma mobilização Aliás, cada um desses patrocinadopoucas vezes vista na paróquia em um res (fossem casais, irmãos ou viúvas) domingo. acompanhava o descerramento da respectiva tela paga. A cada tela descerrada, o arObedecendo à ordem (e aos registros cebispo fazia uma espécie de medita- paroquiais), a Estação 1, Condenado, ção contemplativa defronte à pintura foi oferecida por Ítalo Corsetti e Sra.; – pode-se dizer que Vasconcelos rezou a Estação 2, Cruz e Vilipêndios, pela sua primeira Via-Sacra tendo como viúva Rosa Paulina Guidali Andreazza; motivação devocional uma obra de a Estação 3, Queda - Pegadas de Sanarte. Ao fundo, no mezanino, um coral gue no Caminho da Dor, por Genuína de cerca de 40 vozes entoava os cân- Corso e filhos; a Estação 4, Encontro ticos em latim então obrigatórios nas com a Mãe, por Dante Paternoster e celebrações. Alvino Melquides Brugalli Sra.; a Estação 5, O Homem Bondoso, tinha 29 anos em 1960 e era um dos in- por Jacó Gregoleto e Sra.; a Estação 6, tegrantes desse grupo de cantores, que Verônica, por Domingos Bianco e Sra., trazia na ponta da língua hinos como o João Bianco e Sra. e Egídio Bianco e Kirye, Glória, Credo, Sanctus, Bendic- Sra.; a Estação 7, Queda, por Antonio tus e Agnus Dei. Marchet e Sra.; a Estação 8, Encontro
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com as Piedosas Mulheres, por Ana Azevedo Maggi; a Estação 9, Queda, por Orestes Baldisseroto e Sra. Adélia Casanova; a Estação 10, Despojado de Suas Roupas, por Victório Cesa e Sra.; a Estação 11, Pregado na Cruz, por Dorvalino Galiotto e Sra.; a Estação 12, Crucificado, por Waldemar De Zorzi e Sra.; a Estação 13, Mãe Dolorosa, por Francisco Marchetto e Sra.; e, finalmente, a Estação 14, O Sepulcro, oferecida pela viúva Maria Gregoletto.
Alegre. “Numa manhã quente de janeiro daquele ano, ainda um candidato do vestibular, fui ver a obra do Locatelli e encontrei-o banhado em tintas. Como eu estava com uma garrafa de refrigerante na mão, ele disparou: ‘Juventude Coca-Cola, quando vocês vão me ajudar?’”.
Foi um bom presságio. Simon passou no vestibular daquele ano e logo teve Locatelli como professor de Arte Deco“A boa rativa. “Na condição de Todo esse frenesi receptividade e seus alunos, ele insisequivaleu ao êxito ob- os elogios da tia para que fôssemos tido por Locatelli ceracompanhar sua produca de um mês antes, crítica deixaram ção”, recorda. Posto isso, quando mostrou as Aldo seguro o jovem estudante de 14 telas primeiramen- para levar as arte rapidamente paste em Porto Alegre. A obras para sou a frequentar o ateliê exposição na capital do pintor, na Rua Dario foi uma espécie de tes- Caxias do Sul”, Pederneiras, 513, bairro te para conferir a rea- lembra Simon Petrópolis. O local era ção do público, já que uma espécie de cubo, o pintor não se sentia que recebia apenas iluseguro quanto ao conteúdo das obras. minação zenital e usava as paredes Mais do que isso, Locatelli tinha receio como único suporte para as imensas de que o realismo dramático das telas telas de 2m50cm por 1m80cm da Viachocasse os fiéis de uma cidade do in- Sacra. Ali, recorda Simon, Locatelli terior. O vernissage, ocorrido no espa- produziu também os murais para o ço Mata-Borrão, junto ao Pavilhão do Banco Auxiliar de São Paulo e o mural Serviço Estadual de Turismo (Setur), Fundação de Porto Alegre, em exposiocorreu em 3 de abril de 1960 e diluiu ção na Fiergs. esse temor. Nas duas semanas que se O ex-aluno de Locatelli conta que seguiram, a mostra foi um retumbante o ateliê também era lugar de peregrisucesso. “A boa receptividade e os elo- nação. As visitas costumavam passar gios da crítica deixaram Aldo confian- pela cozinha de Dona Mercedes, espote para levar as obras para Caxias do sa e responsável pela iguaria predileta Sul”, lembra o professor de História da do pintor: galeto em diversos pratos e Arte Círio Simon, 74 anos, que a pedi- com os mais variados temperos. Mas do de O Caxiense disponibilizou em o ambiente de trabalho era totalmente seu blog (www.profciriosimon.blogspot. insalubre. Estava localizado no fundo com) um artigo sobre os 50 anos da da inclinação, para onde escorria toda Via-Sacra. umidade do terreno, lembra o profesSimon conheceu Locatelli no verão sor. “Além de inalar constantemente o de 1958, aos 22 anos, quando o italiano cheiro de produtos químicos usados estava pintando o mural do 8º andar nas tintas, ele ainda consumia duas ou do prédio do Instituto de Belas Artes três carteiras de ‘mata-rato’ por dia. do Rio Grande do Sul (IBA-RS), hoje Acendia um cigarro no outro”, comInstituto de Artes da UFRGS, em Porto pleta Simon, relacionando esse con-
VII. Queda
Fotos: Locatelli no Brasil, Luiz Ernesto Brambatti, Reprodução/O Caxiense
VIII. Encontro com as Piedosas Mulheres
VI. Verônica
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IX. Queda
X. Despojado de Suas Roupas 22 a 28 de maio de 2010
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Alvino Brugalli, que integou o coro na inauguração da Via-Sacra, coleciona registros do acontecimento. Na semana passada, ele descobriu a existência de um filme da cerimônia
junto de fatores ao avanço do câncer dro que apresenta aos sedentos de paz, de pulmão que vitimou o pintor em de justiça e de Deus a água da vida. E 3 de setembro de 1962, aos 47 anos. vem através das mãos de uma criança, “Numa dessas visitas, fiquei intriga- simbolizando a pureza de coração.” Já do com uma série de o próprio Locatelli serpinturas viradas para viu como modelo para a parede. Diante da “Além de inalar a figura de Simão Ciriminha curiosidade, ele produtos neu, auxiliando Jesus a foi mostrando, uma químicos usados carregar a cruz, na Esa uma, as estações da tação 5. Via-Sacra e fazendo nas tintas, ele Servir de molde e comentários. Revelou consumia duas deixar-se fotografar nas que incluíra nas telas ou três carteiras mesmas posições de sua própria pessoa e al- de ‘mata-rato’ Cristo, aliás, era uma guns daqueles que lhe prática recorrente do eram mais próximos”, por dia”, conta pintor durante a feituex-aluno relata Simon. ra da Via-Sacra. Duas dessas fotografias mosUma das pessoas tram, respectivamente, mais próximas, nesse caso, era a filha Locatelli estendido no chão de ladriCristiana. Com sete anos em 1960, ela lhos, simulando segurar a cruz (foto de foi retratada na Estação 8, Encontro capa desta edição), e ajoelhado, com o com as Piedosas Mulheres. O quadro peso dela nas costas. Outra fonte para a é o primeiro à direita, logo na entra- composição eram os estudos, esboços da da igreja, e, segundo o sociólogo e que auxiliavam a definir o que seria escritor Luiz Ernesto Brambatti, foi transposto para as telas. Tudo isso para o último a ser pintado por Locatelli. conferir o realismo ímpar exigido pelo Também é o único em que a figura de padre Giordani na encomenda dos Cristo não aparece. Em seu lugar des- trabalhos. O paróco determinou aintaca-se uma menina oferecendo um da que Locatelli seguisse os preceitos pote de água a quem o observa. Autor científicos contidos no livro A Paixão do livro Locatelli no Brasil, publicado de Jesus Cristo Segundo o Cirurgião, pela editora caxiense Belas-Letras em do francês Pierre Barbet (médico do 2008, Brambatti explica que a omissão Hospital Saint Joseph, de Paris), pufoi intencional. “Trata-se de um qua- blicado no Brasil em 1954. Na obra, ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
Edital de Citação – Cível
1a Vara Cível – Comarca de Caxias do Sul
Prazo: 30 ( trinta ) dias. Natureza: Ação de Busca e Apreensão. Processo: 010/1.06.0011965-6 ( CNJ:. 0119651-30.2006.8.21.0010 ). Autor: Banco Finasa S.A. . Réu: José Fernando Papa. Objeto: Citação de José Fernando Papa, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no prazo de QUINZE ( 15 ) DIAS, a contar do término do presente edital ( art. 232, IV, CPC ), contestar, querendo, a presente ação, ciente de que, em não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 13 de Abril de 2010. SERVIDOR: Miriam Buchebuan Lima, Ajudante Substituta. JUIZ: Darlan Élis de Borba e Rocha
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segundo Brambatti, estão 40 anos de estudos sobre a crucificação de Cristo e o Santo Sudário – vem daí a minúcia verificada nos cortes, ferimentos e no flagelo de Cristo.
Com relação às vestimentas, o pesquisador cita o cirurgião: “Barbet afirma que Jesus estava nu ao ser crucificado, pois tratava-se de um costume romano. No entanto, nenhum artista ousou representar essa nudez de Jesus na cruz, por respeito, decência e estética. Todos preferiram considerar uma tanga, mais ou menos longa e artisticamente arranjada. Locatelli não fugiu à regra. Em todos os quadros, Cristo é pintado com um pano em volta da cintura. Também não encontramos auréolas ao redor da cabeça. A leitura de Barbet propiciou-lhe entender que estava se tratando de um homem crucificado e, portanto, precisava representálo como homem”.
Conforme Brambatti revela em seu livro, “como Locatelli pintou os quadros da Via-Sacra em diversas épocas, de 1958 a 1960, eles não seguiam a lógica objetiva das 14 estações. Locatelli não quis reproduzir as sequências tradicionais, quis criar formas próprias, incorporando elementos modernos à imagem, como o sapato (quadro 3), a lata de café (quadro 6) e uma vassoura (quadro 9)”. Outro ponto destacado pelo pesquisador são as cores. “Prevalece uma cor violácea, em Locatelli fez seu Todo esse preciotons de azul, de roxo e autorretrato na sismo de Locatelli, de cinza, nada semeporém, não resistiu à figura de Simão lhante às coloridas fipassagem do tempo. guras do teto e da Santa Cirineu ajudando Em 12 de novembro Ceia ou às tradicionais Cristo na de 2002, a Igreja deu figuras coloridas das Estação V e início ao processo de Vias-Sacras conhecirestauração das 14 espintou a filha das. Locatelli consetações, que vinham guiu dar um semblante Cristiana na sofrendo há anos com de névoa úmida à sua Estação VIII infiltrações na parede, obra, como se naquela rachaduras e a ação de sexta-feira o dia fosse fungos. Também forealmente cinzento. São quadros com ram contempladas as pinturas murais pouca luz. Como se a energia estivesse e a limpeza do mármore que reveste as se esvaindo”, comparou no livro. paredes internas. O trabalho estendeu-
Edital de Citação – Execução 3a vara cível - Comarca de Caxias do Sul
Prazo de: 20 ( vinte ) dias. Natureza: Execução de Título Extrajudicial. Processo: 010/1.07.0026391-0. (CNJ : .0263911-69.2007.8.21.0010) Exeqüente: Maria Bernardete Camargo Benato. Executado: Labor Análises Biomédicas Ltda e outros. Objeto: CITAÇÃO De Francoise Renee Oliva Grassi, CPF 437.862.600-44, atualmente em lugar incerto e não sabido, para que no PRAZO DE TRÊS (03) DIAS, efetue o pagamento do débito e demais cominações legais, ficando ciente (s) de que havendo o pagamento integral no prazo legal, a verba honorária arbitrada será reduzida pela metade. Poderá (ão) o (a) (s) executado (a) (s) oferecer EMBARGOS no prazo legal de QUINZE (15) DIAS , a contar do término do presente edital ( art. 232, IV, CPC ). No prazo dos embargos, reconhecendo o (a) (s) executado (a) (s) o crédito do exeqüente e comprovando o depósito de no mínimo 30% ( trinta por cento ) do valor exeqüendo, inclusive custas processuais e honorários advocatícios, poderá (ão) o (a) (s) executado (a) (s) também requerer seja ( m ) admitido (s) a pagar o restante em até SEIS ( 06 ) parcelas mensais, acrescidas de correção monetária e juros de 1% ( um por cento ) ao mês. Valor do Débito: R$ 1.512,70, em 08/10/2007. Caxias do Sul, 23 de Abril de 2010 SERVIDOR: Samira Virgili Quintino Losso JUIZ: Clóvis Moacyr Mattana Ramos
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Fotos: Locatelli no Brasil, Luiz Ernesto Brambatti, Reprodução/O Caxiense
XII. Crucificado
XI. Pregado na Cruz
se por quase dois anos e foi conduzi- Mas o terceiro rolo não decepcionou: do pela Scala, responsável também estavam lá, praticamente intactas, as pela implantação da Casa de Memória imagens de toda a celebração de desSão Pelegrino. O local cerramento das telas, abriga atualmente todo conforme a descrição o acervo do templo, “Locatelli acima. O material, caincluindo documenrente de informações tos sobre a história da conseguiu dar técnicas sobre quem construção, o envol- um semblante filmou e editou, foi vimento comunitário, de névoa úmida, reproduzido e digitaa atuação do padre como se naquela lizado na produtora Eugênio Giordani, os Spaghetti Filmes e será 10 anos em que Aldo sexta-feira o dia anexado ao acervo da Locatelli trabalhou nas fosse realmente Casa de Memória São pinturas e a evolução cinzento”, Pelegrino, juntamente do bairro São Pelegri- escreve Brambatti com os originais. no. Brugalli não revelou Falando em acervo, onde o filme esteve graças a esta reportagem um docu- repousando nos últimos 50 anos, mas mento precioso e até então desconhe- vibrou a cada imagem projetada no escido pela igreja acabou chegando às curinho do estúdio, como se voltasse mãos do 1º secretário da Scala, Alvino no tempo. Comemorava a descoberta Brugalli, na última terça-feira (18): três de um tesouro sobre a inauguração da rolos de filme em formato 16 milíme- Via-Sacra que ajudará a recolocá-la tros com as inscrições “Inauguração da em lugar de destaque na memória dos Via-Sacra de São Pelegrino”. Os dois caxienses. Para nunca mais ser esqueprimeiros, erroneamente identificados, cida. continham cenas de diversas atividaOnline | Confira no site www.ocades do padre Giordani na comunidade xiense.com.br o vídeo completo e exem meados dos anos 60, quando comclusivo da inauguração da Via-Sacra pletou o jubileu de prata de ordenação. em 22 de maio de 1960.
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XIII. Mãe Dolorosa
XIV. O Sepulcro
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135 anos de imigração
ESTUDO DA
MEMÓRIA
Pesquisando língua, canções, passaportes e até vestígios arqueológicos, instituto da UCS preserva a história da colonização italiana
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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br ama mia dame cénto lire che a la Mèrica vóglio ndar io vóglio ndar io vóglio ndar. Registrada com gravador e fita na década de 1980, no coral de uma família de Farroupilha, a estrofe da música Mama mia dame cénto lire – que diz “Minha mãe, me dá cem liras, que para a América quero ir, eu quero ir, eu quero ir” – é cantada desde a época em que os italianos vieram de navio para povoar as terras do nordeste do Rio Grande do Sul. No aniversário de 135 anos da Imigração Italiana em Caxias, a significativa canção tem letra, tradução e partitura disponível online, para que possa ser cantada ainda por muitos anos. Em 1973, um diplomata italiano veio a Caxias conhecer a Universidade de Caxias do Sul (UCS). O reitor da época designou a professora Cleodes Piazza Julio Ribeiro para acompanhálo, já que, neta de imigrantes, Cleodes falava italiano. Conversando com a professora, o visitante começou a indagar: “O que a universidade faz para resgatar esta história?”, disse, referindo-se à cultura da imigração italiana. E, diante da falta de resposta, continuou: “Como a sua avó guarda o fermento do pão?”. Cleodes se deu conta de que não sabia responder nenhuma das perguntas. Foi para casa e contou o que havia acontecido para a irmã, Maria Elena. Foi neste momento que as duas resolveram começar a estudar a história das mulheres da família. “O que não se concretizou, porque não dava para estudar as mulheres da casa sem estudar o seu contexto. Estudamos, então, a cultura da imigração”, conta Cleodes, explicando por que começou a se interessar pelo tema que deu origem ao atual Elementos Culturais da Imigração Italiana no Nordeste do Rio Grande do Sul (Ecirs), que faz parte do Instituto Memória Histórica Cultural da UCS. “É preciso saber quem somos e como tratar nossa identidade. O que fazer com a identidade, que não é estanque? Ela passa por estágios. Sendo que o primeiro deles é dos estrangeiros que entram em contato com o território para o qual não tem equipamento cultural adequado para interagir, eles vêm para o meio do mato. E o Ecirs, na tentativa de compreender a construção dessas identidades de imigrantes que se fazem brasileiros, que por um tem-
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po foram considerados cidadãos de segunda categoria, se solidariza com elas. Não fizemos muita fortuna em fóruns, não fizemos papers, como chamam na academia, o que fizemos foi devolver às comunidades a interpretação que fazíamos de como éramos”, explica Cleodes sobre o trabalho desenvolvido desde 1973. O início, conta a professora, não foi fácil. Quando ia nas comunidades entrevistar os colonos, eles a recebiam da janela, achando que o objetivo do trabalho era ridicularizá-los. “Lembro que demorei 15 dias para saber o que fazer. Até que tive um insight. Ia chegar falando dialeto vêneto. Deu certo. Expliquei que estávamos fazendo um trabalho para que nossos netos soubessem, respeitassem e não se envergonhassem da nossa cultura.” Em uma dessas entrevistas, realizada em 1980 e publicada no livro Cultura, Imigração e Memória: Percursos & Horizontes, Aleixo Piazza, nascido em 1913 em Nova Milano, Farroupilha, dá detalhes de alguns costumes do seu tempo de menino: “Polenta e pão jamais faltavam à mesa. Então, pela manhã fazíamos a colassion, ao meio-dia o disnar, à tarde a marenda e à noite a cena”. Além das entrevistas, Cleodes conta que foram realizados encontros para “superar o trauma do sotaque” nas comunidades da região. “Explicávamos o que distinguia um sotaque de outro, que é o território, a língua. Que esta língua era aprendida em casa, e que quem imigrou não conseguia dizer carro, ou carroça, porque, para isso, o aparelho fonador precisa se movimentar diferente. Não houve reconhecimento maior do que fazer com que eles aceitassem a língua.” Apaixonado pela área documental da fotografia, Aldo Toniazzo é fotógrafo do Ecirs desde o seu início. “Faço fotos de tudo o que diz respeito à etnia, gosto de chamar de ‘etnofotografia’, mesmo que essa palavra não exista. Tudo o que foi feito está arquivado, agora começa com a digitalização, já que até seis anos atrás fotografávamos com filme. Para digitalizar tudo vai uns dois anos, três. Nosso arquivo é grande”, explica Toniazzo. Luiza Iotti, diretora do Instituto, explica que além do Ecirs fazem parte do Instituto o Cedoc (Centro de Documentação), o Lepar (Laboratório de Estudo de Arqueologia), o Iris (resgate de imagem e som) e o Centro de Memória Regional do Judiciário. Todos os trabalhos feitos no Instituto – como
Passaportes e livro-registro estão à disposição para pesquisas
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Aldo Toniazzo, Divulgação/O Caxiense
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“É preciso saber quem somos e como tratar nossa identidade”, diz Cleodes. Em Santa Lúcia do Piaí, fotos do casario antigo ajudam o Ecirs a perseguir esse objetivo
pesquisas, livros, documentações, escavações – não têm visão de exaltação do passado e rejeição do presente, nem de preservar a tradição; mas sim, de preservar a memória. “É uma iniciativa da UCS que tem que ser louvada, em Caxias não há grande preocupação em preservar. Veja pelo que já se derrubou de prédios e patrimônios. Toda a luta pelo patrimônio histórico é complicada, e aqui tem-se a ideia de que ‘o novo é sempre melhor, para que preservar as coisas velhas?’”, afirma Luiza. Para o escritor José Clemente Pozenato, pesquisador do Ecirs, há sim uma preocupação com a preservação: “Só o fato de haver a Casa de Pedra, os museus, os prédios históricos, tudo isso é preservação da memória. Poderia preservar mais? Isso é da comunidade”, diz. Ele conta que no início do Instituto havia três áreas de pesquisa: uma dos dialetos, outra dos elementos culturais, da qual ele participou, e outra da história da região. “O mais importante foi ter conduzido o seminário de estudos dos processos culturais na região. Que tipo de identidade cultural é construída na região? É italiana ou já é brasileira? Isso que a gente escreveu ao longo destes anos. A linha de projeto Ecirs nunca fala da cultura italiana, porque não está no território italiano, portanto, se diz cultura da imigração italiana. Nós não somos italianos”, explica. Pozenato também desenvolve um estudo do talian, uma língua construída na região que mescla vários dialetos trazidos da Itália.“Não trabalhamos para preservar, quem faz isso é a sociedade, se ela percebe que talian não tem mais utilidade ela vai deixar de falar. É o conhecimento dessa língua com o objetivo de dar validade para que a cultura não seja ridicularizada, discriminada. Estudamos a permanência da língua, em que regiões e com que intensidade. Os de 70 anos, por exemplo, leem e até escrevem talian, os de 40 entendem mas não falam e os de 30 nem entendem nem falam”, conta, completando: “Temos que ajudar a comunidade a saber o que tem que manter e o que não. E que ela não tenha vergonha disso”. “Estimulamos sempre a autoestima, porque povo sem autoestima não vai para frente, não é livre o suficiente para ser criativo”, diz Cleodes.
Como, passados 100 anos, con- para serem destinados às regiões que tinuamos cantando canções italianas?, necessitavam ser povoadas. se perguntava Cleodes. Em pesquisa de Entre os passaportes está o da itacampo ela recolheu mais de 500 – en- liana Carmela Rimoli, que chegou no tre elas a que inicia esta reportagem –, Brasil em 1939. Carmela, com os cabealgumas em dialeto, algumas a capella, los escuros cortados na altura das oreoutras com acompanhamentos. “É um lhas, está séria na fotografia. Com ela acervo oral, passado através da memó- estão seus dois filhos pequenos, que ria. O nono cantava canções a eles, e vieram junto e já ocuparam o mesmo elas permaneceram. O repertório é tão retrato no passaporte. O menor deles grande porque se criava nova canção a aparece com o rosto desfocado, propartir de uma e porque as músicas se vavelmente porque se mexeu na hora misturam”, complementa a etnomusi- da foto. Há também o passaporte de cóloga do Ecirs, Patrícia Pereira Por- um italiano chamado Pattarelli Sisto to, que está fazendo a Oreste, que conta com transcrição das músiuma detalhada descricas para as partituras, “Estimulamos ção, como estatura, cor a digitalização das fitas sempre a dos olhos, formato do e o banco de dados que nariz, cor dos cabelos, autoestima, está à disposição no barba, bigode, e até a porque povo site da UCS. presença de algum siCleodes conta que sem autoestima nal particular no rosto. algumas vezes os co- não é livre o Oreste foi para “Bagé lonos se recusavam a – Brasile”, como consta suficiente para cantar. “Porque ouviam no documento. dizer que se cantavam ser criativo”, Outro documento aquilo era porque es- destaca Cleodes que retrata a imigratavam bêbados. Havia ção italiana é um livrodiscriminação de toda registro de entrada de ordem. O preconceito se constrói”, diz imigrantes que chegaram em Porto ela. Analisando as letras das músicas, Alegre. As folhas já estão amareladas, e a pesquisadora explica que é possível os nomes estão todos anotados à mão, perceber grandes lições: “Era passa- mas é possível lê-los claramente e há do o lugar da mulher, por exemplo. quem encontre parentes no registro. Porque falava da vassoura, da enxada. Para a coordenadora do Cedoc, MaHá coisas que só se diz cantando, e há rília Conforto, a partir do estudo descanções de duplo sentido também, le- ses passaportes é possível descobrir, tras com sentido malicioso, que faziam entre outros aspectos, as regiões da Itácom que o jovem descobrisse coisas lia que enviaram imigrantes para cá e sobre a anatomia feminina e sobre as as profissões que eles tinham. “As mais relações através das canções”. “Atrai comuns eram comerciante e agricultor. músicos, antropólogos, historiadores. Mas às vezes os funcionários da imiDá para estudar quais as escolhas har- gração não entendiam a profissão deles mônicas das vozes e a diversidade lin- e tinham a ideia de que colonos eram guística”, acrescenta Patrícia. todos agricultores, então colocavam isso. Tem famílias que têm sobrenomes Numa das salas da biblioteca alterados porque funcionários não enda UCS, fechados em pequenas caixas e tendiam o italiano e escreviam como devidamente identificados, estão guar- achavam que era”, conta. dados 1.600 passaportes de imigranO Cedoc é aberto à visitação e protes. Doações do consulado italiano em curado por pesquisadores, alunos e Porto Alegre. Nos antigos e frágeis do- interessados em fazer dupla cidadania cumentos, alguns com a inscrição Reg- italiana. “Tem relatórios endereçados no d’Italia na capa, só é possível tocar ao presidente da província, que hoje com luvas de borracha. Neles, nomes seria o governador, onde estão descomo Gaffurini, Gesmundo, Fiorenza, critos quantos imigrantes entraram, Massari, Toigo, Sassi, Sabatini, Ventu- no fim do século XIX e parte do XX, e ra, Bonifati. São de italianos que entre tem também as dívidas deles, as desig1910 e 1950 chegaram em Porto Alegre nações de funcionários que iam cobrar
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as dívidas destes colonos, que compraram lotes via Estado”, diz Marília. Numa revista de 1940 à disposição no Cedoc há o seguinte dado: entre 1884 e 1939 entraram no Brasil 510.533 italianos, número maior do que a população atual de Caxias. “É a nossa história. Onde se pressupõe a homogenização da cultura é importante este espaço para preservar a cultura das sociedades”, afirma a coordenadora. Enquanto se faz um trabalho de preservação da memória de costumes, a universidade também desenvolve um projeto arqueológico sobre a imigração italiana, o Lepar. Este ano, o Lepar está investigando as regiões com potencial arqueológico do início da imigração, ou seja, os locais onde há possibilidade de encontrar vestígios de unidades domésticas – casas e seus entornos – do século XIX. “Já encontramos vestígios de residências das primeiras unidades domésticas, de 1909, por exemplo. Achamos vestígios de moinhos antigos também. São estruturas que estão demolidas. Hoje, se pegar casa antiga, da década de 30, sabe-se que teve outra casa antes. Ela está no meio do mato, coberta de vegetação, e é isso que estamos procurando”, relata Maria Beatriz Pinheiro Machado, colaboradora do Lepar. Maria Beatriz não revela qual a localidade onde foram encontrados vestígios da casa de 1909, já que o local deverá se tornar patrimônio arqueológico e, portanto, será tombado. Os moradores daquela região, porém, ainda não sabem disso. A proposta é fazer um levantamento e depois mapear as regiões com potencial arqueológico até o final deste ano, para que sejam feitas as escavações. A partir delas será possível descobrir detalhes sobre seus moradores: “Pelos vestígios da cultura material podemos ver que técnicas construtivas eram utilizadas, que atividades produtivas eles tinham. Só com um vestígio de louça dá para saber com quem eles se relacionavam economicamente, estudando como ele chegou até lá, que meios eram utilizados para essa comunidade ter acesso a este utensílio”, diz Maria Beatriz. 22 a 28 de maio de 2010
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Espetáculo da fé
A representação do dia em que a camponesa italiana Joaneta Varoli ajoelhou-se aos pés da aparição de Maria, em 1432, ocupa o altar principal
O CARISMA DE
CARAVAGGIO por ROBIN SITENESKI
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s números da romaria de Nossa Senhora de Caravaggio em Farroupilha impressionam. Somente as pré-romarias reuniram cerca de 1.600 ciclistas, no dia 2, 600 cavalarianos, no dia 8, 100 jipes, no dia 9, 32.000 motoqueiros, no dia 16, e 200 carros antigos, no dia 25. Para este fim de semana e a próxima quarta-feira, dia da santa, a organização espera aproximadamente 380 mil romeiros. Não somente gaúchos, mas pessoas de todas as partes do Brasil e até do Exterior visitam Caravaggio, inclusive italianos que vão ao santuário para conferir a réplica do santuário original, localizada em seu país. A devoção já gerou até uma obra cinematográfica, dirigida por Fábio Barreto: Nossa Senhora de Caravaggio – O Filme. Toda essa popularidade começou graças aos imigrantes e transformou a igreja de Farroupilha no único santuário diocesano entre as 71 paróquias que fazem parte da Diocese de Caxias. O que muitos talvez não saibam é que a devoção à santa italiana começou na região por acaso. A aparição, segundo os registros da Igreja, aconteceu no dia 26 de maio de 1432 na cidade de Caravaggio, norte da
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Itália. Em um período conturbado no país: a província de Veneza e o ducado de Milão estavam em guerra. Naquele dia, por volta das 17h, a camponesa Joaneta Varoli foi colher pasto no prado. Por ter recolhido mais do que poderia carregar, a jovem caiu em prantos. Foi quando viu Maria, que pensou ser uma rainha. Nossa Senhora lhe pediu que se ajoelhasse para orar, ao que ela respondeu que não poderia, por ter muito trabalho. “A aparição convenceu Joaneta a rezar e também começou a chorar. Aquela região é muito seca e uma fonte surgiu onde Maria apareceu”, conta o padre Alcindo Trubian, que trabalha no santuário farroupilhense desde 1989. Joaneta era maltratada pelo marido, Francisco Varoli, que se converteu por causa do milagre. O santuário italiano de Caravaggio, foi construído sobre o local onde a Santíssima teria aparecido e até hoje tem uma fonte no subsolo. Em Farroupilha, foi feita uma réplica do original italiano. Imigrantes do norte da Itália chegaram a Linha Palmeiro, onde hoje é Caravaggio, em 1875. A primeira opção para ser padroeiro do que na época seria apenas um oratório de madeira foi Santo Antônio, mas o padre que rezava as mis-
Condensando em sua imagem apelo maternal, tradição familiar e hábito cultural, a santa deve ser visitada por 380 mil romeiros
sas não poderia estar na localidade no Volmir Comparin, a data da primeira dia dedicado ao santo porque trabalha- peregrinação é incerta. “Calculamos va também na Colônia de Dona Isabel, que deve ter sido na década de 1920.” atual Bento Gonçalves – cidade da qual De lá para cá, Caravaggio agigantouSanto Antônio é padroeiro. Pensaram se. Hoje, conta com dois restaurantes em escolher outra aparição de Maria, próprios (que podem atender cerca de mas não havia ima1 mil pessoas simultagens disponíveis. Essa neamente), um bar, a dificuldade fez com “Ela transmite casa dos padres (onde que a família de Natavivem seis religiosos), a mensagem le Fauro emprestasse a casa das freiras (com um quadro de Nossa de que a vida 20 devotas), um Curso Senhora de Caravaggio pode mudar Propedêutico para forpara adornar o orató- e melhorar se mação de padres (aturio, aberto em 1879. almente com nove aluacreditarmos Era para a imagem ser nos), a rádio Miriam devolvida assim que se em Deus”, (que transmite as misconseguisse outra, mas diz o padre sas) e uma loja de objeo quadro, pintado em Leomar Brustolin tos religiosos. Durante 1724, está no santuáa romaria, três trailers rio até hoje e serviu de serão transformados inspiração para a confecção da estátua em lojas e cerca de 20 confessionários pelo santeiro Pedro Stangherlin, em ficam à disposição dos romeiros. A 1885. Em 1889, o oratório foi substitu- equipe do santuário também é reforído por uma igreja, que fica à esquerda çada: cerca de 1 mil pessoas trabalham do santuário diocesano, inaugurado durante os dias de peregrinação. em 1973. O santuário recebe aproximadamente 1 milhão e meio de visitantes por O número 131 atribuído à ro- ano. Entre eles, o grupo da terceira maria de 2010 é, na verdade, uma re- idade Reviver, do Recreio da Juventuferência ao ano em que se iniciou a de, que vai a Caravaggio há dez anos. devoção, com a abertura do oratório. O casal Mirian e Jovir Zanbenedetti, Segundo o reitor do santuário, padre ambos de 70 anos, começou a frequen-
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res nascem com a possibilidade de ser Eva e se salvam se ‘transformando’ em Maria”, explana. A professora Natalia também diz que o papel da religião na sociedade não deve ser entendido apenas como demostrações de fé. “Na cultura brasileira, todas as religiões produzem e reproduzem representações sociais. Vai muito além de algo do espírito.”
ção é muito antigo. Existem exemplos dele na Bíblia e na Idade Média. A peregrinação tem um lado sagrado, que é o de sacrifício oferecido ou em agradecimento, ou em promessa. Também é preciso ser analisado como um processo profano por causa da questão da viagem em grupo e o prazer que há em quebrar a rotina e estar com pessoas que, naquele momento, formam um laço social forte. É desse aspecto profaO professor Rafael José dos no que o comércio se apropria.” Santos, mestre em Antropologia e O professor também avalia a particidoutor em Ciências Sociais, também pação da Igreja nesse processo. “É eviacredita que a identificação materna dente que a Igreja vai trabalhar de um contribui para a aceitação da Santíssi- ponto de vista religioso. Mas, direta ou ma. “A figura de Maria é uma imagem indiretamente, também se beneficia arquetípica muito forte: é a mãe vista de outros aspectos. Ela obtém lucros como intercessora. A ideia da mãe in- simbólicos com isso, como o prestígio”, tervindo com o pai é muito forte no afirma. imaginário popular.” O pesquisador O pároco da Catedral de Caxias, Lediz que, neste momento, a romaria omar Brustolin, não ignora o fato de também tem um caráter de reação à que nem todos os que participam da expansão das igrejas romaria têm motivapentecostais. “Não foções unicamente reliram criadas para isso, giosas. “Existe um ele“O crescimento mas o crescimento das mento cultural. Muitos tendências carismáti- das tendências são atraídos pelo escas criou uma produ- carismáticas porte e pelo grupo de ção cultural católica criou uma amigos. Por isso, não que constitui uma esraro encontrar não produção católica écatólicos pécie de ‘contrarreforna romaria”, ma contemporânea’, que constitui uma afirma o religioso que hoje é high tech. ‘contrarreforma A devota Zanete As igrejas evangélicas contemporânea’”, Deon, 51 anos, que que cresceram recentemora em Farroupilha analisa Rafael mente trabalham fune trabalha em Caxias damentalmente o lado do Sul, conta que sememocional, que é reforpre leva os amigos e çado nas peregrinações. Elas buscam parentes que a visitam para conhecer levar o fiel a um momento de catarse, o santuário. E Zanete explica assim o que, do ponto de vista antropológico, é motivo pelo qual vai a Caravaggio remuito semelhante a um show de rock.” gularmente: “É algo em que eu acredito Para Rafael, a romaria não pode ser e que mantém minha fé. Vir aqui me analisada somente como um elemento lembra que, apesar de tudo, não somos religioso. “O fenômeno da peregrina- órfãos de mãe.” André T. Susin/O Caxiense
tar o santuário ainda antes. “Viemos “Todo o símbolo religioso é multifordesde que éramos namorados, então, me. A Santíssima está muito associada já faz pelo menos 50 anos. Visitamos o à questão da ternura materna. Porém, santuário pelo menos uma vez por ano Deus, que não tem gênero, também é para pedir proteção”, conta Mirian. amor. Existe o elemento psicológico: Para o pároco da catedral de Caxias as pessoas veem nela uma mãe ou uma do Sul, Leomar Antônio Brustolin, nona que atende as necessidades dos autor do livro Maria, filhos”, analisa. Símbolo do Cuidado de Deus, a santa atrai “É algo em A Igreja Católica tantos fiéis por causa não considera Maria que eu acredito de um fator cultural. uma santa. Ela é mais “A aparição de Cara- e que mantém do que isso, é “santíssivaggio trabalha com minha fé. Vir ma”, por ter carregado a imagem comum de aqui me lembra Jesus durante nove mepaz na família, que é ses. Mas nem ela nem que, apesar de algo sempre atual. As qualquer outro santo pessoas se identificam tudo, não somos tem o poder para reacom o sofrimento de órfãos de mãe”, lizar milagres. O que Joaneta. Existe tam- diz Zanete eles fazem é conceder bém o fator de paz na graças e apontar o cacomunidade, de que minho para Deus. ela sugere uma fé não individualista”, O padre Paulo César Nodari, doutor afirma. O padre também acredita que em Filosofia, afirma que a aceitação de Caravaggio tem um significado espe- Maria para ser Mãe de Deus simboliza cial na região. “Em Caxias, representa o “sim” que toda a humanidade quer a unidade entre a fé, o trabalho e a re- dizer ao Senhor. A representação e o sistência, porque aqui sempre foi uma modo como a Igreja divulga a imaregião de muita pujança, de muito pro- gem de Maria são, para a doutora em gresso. Ela transmite a mensagem de História e especialista em relações de que a vida pode mudar e melhorar se gênero Natalia Pietra Méndez, análoacreditarmos em Deus.” gas ao modo de vida que a instituição O padre Valdir Thums, que trabalha propõe para as mulheres em geral. “A no santuário, associa a fé na santa aos Igreja Católica e outras criaram um laços familiares. “A devoção a Nossa pensamento dicotômico. Maria seria Senhora é vinda do berço. Ela tem um um ideal de mulher: mãe dedicada, deespaço muito grande na vida familiar”, vota, obediente e, de certa forma, subafirma. Para o padre Leonardo Inácio missa. Acima de tudo, ela cria o filho Pereira, formador do Curso Propedêu- de Deus sem que o ato sexual se cristico, a dedicação já extrapolou esses talize. Do outro lado temos o mito de círculos. “A tradição foge das origens Eva, que é causadora do pecado origiitalianas: o santuário recebe gente de nal por causa da curiosidade, que pode todas as raças, origens e culturas”, diz ser uma analogia ao conhecimento. Leonardo. Por conta da curiosidade, ela castigou Leomar ressalta que a popularidade todas as mulheres. ‘Parirás com dor’, de Maria tem a ver com a maternidade. está escrito na Bíblia. Então, as mulhe-
Inaugurada em 1973, a réplica farroupilhense do santuário italiano atrai 1,5 milhão de pessoas por ano
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Méritos da indústria
Geração 7, da Marcopolo, se destaca pelo design diferenciado; Chassis e peças de implementos rodoviários da Randon, como o graneleiro, são imersos em tanques de pintura
RETORNO
GARANTIDO
A
por ROBERTO HUNOFF roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
competência em responder de forma rápida e eficaz às demandas e, em muitos casos, antecipar-se ao que quer o cliente é um das principais características da indústria caxiense. O resultado é a conquista cada vez maior de fatias no mercado doméstico e no Exterior e o reconhecimento das inovações tecnológicas por meio de diferentes premiações. É o que se verá em Porto Alegre na próxima quarta-feira (26), feriado em Caxias do Sul, mas não para dirigentes da Randon e Marcopolo. As duas principais empresas da cidade receberão o Prêmio Distinção Indústria 2010, conferido anualmente pela Federação das Indústrias do Rio Grande do Sul (Fiergs) para destacar as principais tecnologias desenvolvidas no Estado. A considerar que nesta edição a cidade arrematou a metade dos prêmios. Para não parecer bairrista demais aí estão as duas outras empresas vencedoras deste ano: Agrimec, de Santa Maria, que desenvolveu um multicultivador e pulverizador canavieiro sob palha, e BCM Engenharia, de Porto Alegre, pelo produto denominado Coach, destinado ao controle e automação de centras hidrelétricas. A Marcopolo, maior fabricante mundial de carroçarias de ônibus, receberá o prêmio pelo desenvolvimento da Geração 7 de ônibus rodoviários. Lançado em agosto de 2009, depois de três anos de pesquisas e projetos, o novo modelo tem participação direta na recuperação das vendas das empresa. O diretor Rubens Bisi, de estratégias e desenvolvimento de negócios, relata que já foram entregues mais de 1,5 mil unidades, parte para clientes da Nigéria, Chile e Argentina. A maioria,
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no entanto, ficou no Brasil. Ele acrescenta que há em carteira mais de 800 pedidos, o que exige da encarroçadora a montagem média de 22 unidades diárias. “Temos produção cheia para os próximos dois meses.” A estratégia de marketing da Geração 7 contemplou a continuidade das vendas da versão anterior, até como forma de a empresa concluir ajustes no novo produto. Atualmente ela já responde por 70% da produção de ônibus rodoviários por meio de quatro modelos: Paradiso 1200 e 1050 e Viaggio 1050 e 900. A ideia inicial era de lançar as versões 1550 e 1350 neste ano, mas por opção estratégica a diretoria adiou para 2011. “Há uma demanda muito alta nos modelos ofertados. Por isso optamos por esperar mais um pouco para apresentar novidades. Mas se o mercado mostrar desejo por elas podemos antecipar, pois estão praticamente prontas para produção”, afirma Bisi. Quando lançou a Geração 7, a Marcopolo estabeleceu como meta aumentar de 43% para 60% a sua participação na produção nacional de ônibus rodoviários. No primeiro trimestre do ano a empresa superou seu objetivo, alcançando 65%. Dos 1.311 veículos rodoviários produzidos no Brasil, 863 saíram da fábrica de Ana Rech. Destes, 255 – em torno de 30% do total – seguiram para diferentes países. “As vendas estão superando as expectativas do período, porque o historicamente o segundo semestre é mais aquecido.” A Marcopolo investiu R$ 30 milhões no desenvolvimento da nova geração. Neste valor estão incluídas centenas de viagens feitas por funcionários da empresa na condição de passageiros. “Fomos sentir in loco o que desejava o usuário.” A pesquisa apontou que 50% dos
Randon e Marcopolo investem em inovações tecnológicas e são duplamente reconhecidas: em premiação e no aumento de vendas que viajam são mulheres, 90% têm de automático em granalha de aço; pré1,51 e 1,84 metro de altura e 29% têm tratamento para a remoção de todos os mais de 29 anos. Uma das medidas foi contaminantes, como óleos, graxas e tornar a poltrona adequada a este per- sólidos, da superfície dos chassis e das fil. Ganhou, na região da cabeça e do peças; imersão em tanques; e, por fim, pescoço, espuma visco-elástica, que uma segunda cobertura de acabamense molda ao corpo, novos apoios de to a pó. pernas e pés e os de braço estão mais Além da pintura, a Série 60 Anos se largos e macios, além de porta-copo destaca por novas sinaleiras traseiras, individuais. que contêm uma lente Na verdade o ônibus com triângulo retro-redifere em praticamen- “Há uma fletivo; para-lamas em te tudo do que há no demanda muito plástico injetado mais mercado. A começar resistentes; e vedação pela porta de separação alta nos modelos da caixa de carga por da cabine do motoris- ofertados. meio de tampas com ta do salão de ônibus. Por isso optamos perfis em PVC flexíveis Ela é deslizante, com por esperar mais que reduzem a perda vidros temperados de grãos no transporte. curvos transparentes, para apresentar A aceitação do proe mais larga. Os porta- novidades”, duto no mercado pode pacotes mais amplos e afirma Bisi ser medida pela cresprofundos e a iluminacente participação da ção interna seguem os empresa nas vendas napadrões de um avião. Para o frotista a cionais. Em 2008 a Randon respondeu grande vantagem é a redução no con- por 37,5% da produção de graneleiros. sumo de combustível de 5% a 6% e o Evoluiu para 42,5% no ano passado e aumento de quatro a seis passageiros chegou a 44% em fevereiro último. “A sobre as capacidades anteriores. nova série foi fundamental para este crescimento.” A Randon receberá a distinção Pelos cálculos de Fabris, a Randon já pela linha graneleira Série 60 Anos. O aplicou o novo sistema de pintura em principal diferencial é a nova pintura, cerca de 10 mil implementos rodovique confere maior padrão de qualida- ários. Inicialmente somente na linha de, durabilidade e resistência à corro- graneleira. Agora já a estendeu para são. Para alcançar este padrão a empre- outros modelos, como chassi de tansa investiu em torno de R$ 70 milhões ques e basculantes, e partes de siders numa linha de pintura e-coat. Com ela, (implemento rodoviário utilizado para a Randon dá cinco anos de garantia aos cargas secas), furgões e frigorificados. seus produtos. “Estamos entregando “A tendência é de cada vez mais fazer aos clientes semirreboques com a mes- uso deste processo.” Até porque, além ma preparação de superfície e pintura desta da Randon, há somente mais utilizada em automóveis e em cabinas duas linhas similares no mundo, amde caminhão”, define o diretor executi- bas da Alemanha. Com a diferença de vo da Randon Implementos, Norberto que a local é a maior e de mais avanFabris. O processo abrange preparação çada tecnologia, porque é mais recente da superfície por meio do jateamento que as alemãs.
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Prevenir ou remediar?
Presidente do Sindicato dos Servidores Municipais diz que preços da farmácia são altos. Diretor comercial diz que nunca recebeu reclamação
Instituto de Saúde
em apuros P
por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br
oucas cidades do Estado dispõem de um de plano de saúde próprio. Consultas médicas, odontológicas, internações, cirurgias e assistência farmacêutica são alguns dos serviços oferecidos para o funcionalismo público pelo Instituto de Previdência e Assistência Municipal (Ipam/Saúde), desde 1976. O plano atende 6 mil servidores e somando seus dependentes esse número sobe para 16 mil. O número crescente preocupa o presidente do Sindicato do Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv), João Dorlan da Silva. Ele aponta irregularidades de gestão e finanças no Instituto.“Queremos saber se o Ipam é autossustentável. Se fecharmos ano após ano no vermelho, não haverá mais receita”, diz. Após tentativas de diálogo sem resultado, o ultimato foi dado no dia 4 de maio, quando o Sindiserv entrou com uma representação pública junto ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público de Contas solicitando uma auditoria no Instituto. Foi encaminhado um documento contendo 37 itens a serem analisados. Entre os pontos principais estão a aprovação com ressalvas das contas do Instituto pelo Conselho Fiscal em 2008 e 2009, o recadastramento dos sócios, a nomeação de um funcionário para o cargo de Diretor de Saúde e os altos valores dos medicamentos da Farmácia do Ipam. “Sabemos que existem pessoas que saíram do serviço público e que ainda continuam usando o plano, pois a carteira sequer é recolhida”, afirma Dorlan. As respostas para essas questões surgem através da voz calma do presidente do Ipam, Carlos Alberto Rodrigues Machado. “Estamos no meio do andamento do recadastramento dos aposentados e pensionistas. Iremos
recadastrar todos os usuários do Ipam logo depois. Este é o próximo passo, que inclusive já deveria ter sido feito. Recebi como legado essa dívida da última gestão. Assumi a presidência em janeiro de 2009. O recadastramento, seguramente, deve iniciar no segundo semestre deste ano”, prevê. Em resposta ao questionamento do presidente do Sindiserv, Machado conta que no momento em que o funcionário é exonerado é recolhida a sua carteira de segurado e se faz a baixa no sistema. “Claro que pode haver casos em que o ex-assegurado diz ter perdido a carteira. Se o Dorlan informa saber de casos em que não assegurados continuam usando o serviço, por que ele não identifica essas pessoas? Daí tomaremos as providências cabíveis”, completa o presidente. A lei complementar 298 de dezembro de 2007 atualizou questões legais do Ipam e criou alguns cargos como o de Diretor de Saúde. Conforme o documento, suas funções seriam coordenar atividades dos serviços de saúde, acompanhar programas, elaborar estudos e apresentar relatórios periódicos. Entretanto, nunca alguém assumiu oficialmente esta função. Esta é mais uma das reivindicações do relatório do Sindserv. Carlos Machado contou, na tarde da última quinta-feira, que esse período de quase dois anos e meio chegou ao fim. “Já estou com o currículo de três nomes para o cargo de Diretor de Saúde aqui na minha mesa, e até final de maio definiremos quem assumirá o cargo”, informa.
Todo o funcionalismo público, mediante apresentação da carteira do Ipam e identidade tem direito a um desconto de 25% sobre os medicamentos nas Farmácias do Ipam. Ao contrário do que se pensa, a farmácia não é municipal, mas sim uma sociedade anônima, no qual o Instituto é o
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Sindiserv apresenta relatório com 37 itens de irregularidades do Ipam ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público de Contas e pede instauração de auditoria sócio majoritário com 99% das ações. os conveniados quanto para os profis“Atendemos uma média de mais de sionais de saúde. 1 mil pessoas por dia e nunca houve O diretor explica que a saúde finanreclamações com os nossos preços. ceira do Instituto está estável e posiO serviço é quase social, não visamos tiva. “O Ipam está equilibrado ecolucros extraordinários. Temos mais de nomicamente, mas já esteve pior. De 14 mil itens de mercado na farmácia. 2004 para 2005, ele acumulou déficit Eventualmente se pode de mais de R$ 3 miencontrar um medicalhões. Atualmente está mento mais caro”, diz “Queremos saber no zero a zero.” De foro diretor comercial, ma autossustentável, o se o Ipam é Zoraido da Silva. “SoIpam se mantém atramos fiscalizados pelo autossustentável. vés das contribuições Tribunal de Contas do Se fecharmos dos associados, que Município e do Estado, ano após ano no variam entre 6% do sapelo Conselho Regiolário (plano individual) vermelho,não nal de Farmácias do e 7,7% (familiar), e das Rio Grande do Sul e haverá mais suas aplicações finanpela Anvisa (Agência receita”, alerta ceiras. A prefeitura tem Nacional de Vigilância João Dorlan participação com o paSanitária)”, acrescenta gamento dos salário Zoraido. Surpreso com dos funcionários. Apea indagação dos altos preços levanta- sar de conseguir estabilizar as contas, dos por Dorlan, o diretor comercial se a grande preocupação é mantê-lo neste propôs a fazer uma pesquisa com os nível mesmo com o ingresso de novos 10 medicamentos mais vendidos pela assegurados. “Com a lei complementar farmácia e compará-los com o valor de 298 de dezembro 2007, que permite mercado. maridos de asseguradas se tornarem As ressalvas sobre as contas do Ins- dependentes, houve um ingresso de tituto em 2008 e 2009 junto ao Con- quase 1,3 mil homens. O período de selho Fiscal também são questiona- carência de um ano já expirou, agora das. Quem adicionou as ressalvas no eles podem realizar cirurgias que são ano de 2008, enquanto participava do pagas integralmente pelo plano”, inforConselho Fiscal, foi Osvaldo Cardoso ma o presidente Carlos Machado. de Siqueira, que hoje é diretor admiPor fim, em resposta ao ultimato nistrativo do Instituto. “Não é como do Sindserv sobre a implantação de construir uma ponte, que se sabe com uma auditoria do Tribunal de Contas certa precisão a quantidade de mate- do Estado no Ipam, que inclui todos rial e mão de obra necessária. Nunca os itens mencionados acima, sobrasabemos quem e quantas vezes vai fi- ram sorrisos nos rostos de Machado car doente e precisar dos serviços. Não e Osvaldo. “Estamos ansiosos com a dá para quantificar exatamente os gas- vinda do Tribunal de Contas do Estatos. Isto é uma ilegalidade?”, pergunta do. Eles costumam vir seguido aqui, Osvaldo. Algumas medidas como a inclusive a última visita foi no mês de padronização de tabelas estão sendo março. Todos os nossos balanços estão tomadas para estabilizar os números. disponíveis no site da prefeitura e são Porém, Osvaldo diz que não se pode encaminhados diretamente para o Sin“engessar os assegurados” e que o con- diserv e para o TCE”, conclui o diretor vênio deve ser interessante tanto para administrativo. 22 a 28 de maio de 2010
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Guia de Cultura
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O gaúcho Antes que o mundo acabe aborda a conturbada época da adolescência com delicadeza
CINEMA l Colcha de Retalhos | Drama. Quinta (27), 15h | Ordovás Enquanto passa tempo na casa da avó, jovem ouve relatos dela e de suas amigas sobre paixão e envolvimento, o que a deixa em dúvida sobre seu futuro casamento. Dirigido por Jocelyn Moorhouse. Com Winona Ryder, Ellen Burstyn, Anne Bancroft e Kate Nelligan. 16 anos, 116 min., leg.. Matinê às 3. l Fúria de Titãs | Aventura. 13h50, 16h30, 18h50 e 21h10 (dublado) e 14h10, 16h50, 19h10 e 21h30 (legendado) | Iguatemi Semideus da mitologia grega enfrenta a fúria dos deuses para salvar sua cidade. Dirigido por Louis Leterrier. Com Sam Worthington, Ralph Fiennes e Liam Neeson. 12 anos, 106 min.. l O Mensageiro | Drama/guerra. De quinta (27) a domingo, 20h | Ordovás Dois militares norte-americanos são responsáveis por dar a notícia da morte de soldados a seus familiares. Dirigido por Oren Moverman. Com Woody Harrelson, Samanatha Morton, Ben Foster e Steve Buscemi. 16 anos, 112 min., leg..
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AINDA EM CARTAZ - Alice no País das Maravilhas. Aventura. 13h40 e 16h10 (dub.) e 18h40 e 21h20 (leg.). Iguatemi | Chico Xavier. Drama. 20h30. UCS. | Como treinar seu dragão. Animação. 16h40. Domingo, 16h. UCS | Homem de Ferro 2. Ação. 14h20 e 17h (dub.) e 14h, 16h40, 19h20 e 21h50 (leg.). Iguatemi. 18h15 (dub.). UCS | Robin Hood. Aventura. 13h30, 16h20, 19h e 21h40. Iguatemi. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 32182255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316
TEATRO
l Ary Toledo | Quarta (26) e quinta (27), 20h30 | O comediante apresenta o espetáculo A Todo Vapor, em que conta piadas e anedotas populares. Teatro São Carlos R$ 20 (estudante e sênior), R$ 30 (antecipado) e R$ 40 (público em geral) | Feijó Júnior, 778, São Pelegrino | 32216387 l Programação cultural do Dia do Desafio | Quarta (26), a partir das 14h| Promovida pelo Serviço Social do Comércio (Sesc), a ação, além de estimular a realização de atividades físicas, apresenta diversas atrações culturais. Apresentação das crianças do Projeto Persucata. 14h | Boi de Mamão Teatro de Bonecos. Grupo Aprontação Experimental. 14h30 | Grupo EDZ. 15h | Banda Trip. Rock. 16h | Tonho Crocco. Samba rock. 17h. Parque dos Macaquinhos Entrada franca | Dom José Baréa, s/ nº, Exposição l Prêmio Anual de Incentivo à Montagem Teatral | Até 25 de junho | Projetos devem ser inscritos e pro-
tocolados na Secretaria Municipal de Cultura, de segunda a sexta-feira, das 10h às 12h e das 14h às 17h. Estão destinados R$ 60 mil para os trabalhos selecionados. Edital, formulários e instruções estão disponíveis na Unidade de Teatro, no Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho. Secretaria Municipal de Cultura Dr. Augusto Pestana, 50, São Pelegrino | 3901-1316 ou 3218-6192
135 ANOS l Festa nas Réplicas | Sábado e domingo | O evento, organizado pela prefeitura, comemora os 135 anos de imigração italiana, celebrando os valores e as tradições italianos com música, jogos, gastronomia e fé. Às 16h de domingo haverá um concerto especial (veja detalhes em Música). Sábado: jogos de tradição italiana. Durante todo o dia. | Domingo: Missa em italiano. 11h. Almoço colonial. 12h30. Salão Paroquial. Ingressos a R$ 25, somente antecipados, com Claudia (3901.1388 ou 3901.1288), na Secretaria Municipal da Cultura. Entrega de troféus e encerramento. 16h. Réplicas de Caxias 1885 – Pavilhões da Festa da Uva Ludovico Cavinatto, 1431 | 3221-1118
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Entrada franca | Dr. Montaury, 1333 | 3221-3697
EXPOSIÇÃO A Espera. De terça a domingo, das 8h às 20h. Jardim de Inverno – Sesc. 32215233 | Fragmentos. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h e sábado das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697 | Marias e Madalenas. De segunda a sexta, das 9 horas às 21 horas. Sábados, domingos e feriados, das 15 horas às 21 horas. Saguão – Ordovás. 3901-1316 | Soul Art. De terça a sábado, das 17h às 21h. Galeria em Transição – Teatro Moinho da Estação. 8404-1713 | Vitrine da História. De terça a sexta, das 9h às 17h. Arquivo Histórico Municipal. 3218-6114.
FILOSOFIA l Proust e a busca do tempo perdido | Quarta (26), das 18h às 19h40 | Palestra com o filósofo e professor doutor Jayme Paviani, parte do curso Filosofia e Literatura – Leitura Recomendada de Textos Clássicos. Auditório do Bloco E – UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | 3218-2100
DANÇA l UM | Sábado e domingo, 20h30 |
LITERATURA l Seminário Internacional de Literatura e Leitura – Memória: da oralidade à escrita | Segunda (24), às 19h30, e terça (25), manhã e tarde | O escritor uruguaio Ignacio Martinez fará a palestra de abertura do seminário, com o tema Los pueblos que no tienen memoria, sucumben hoy y no construyen su futuro, no plenário da Câmara de Vereadores, segunda-feira à noite. Na terça, o evento continua, de manhã e à tarde, na Biblioteca Pública Municipal Dr. Demetrio Niederauer, com a participação do professor Jayme Paviani, do escritor Delmino Gritti, da escritora e contadora de histórias Cléo Busatto, da chefe da Divisão de Obras Raras da Fundação Biblioteca Nacional do Rio de Janeiro, Ana Virgínia Teixeira da Paz Pinheiro, e da diretora da Biblioteca Pública do Estado, Morgana Marcon. Câmara de Vereadores e Biblioteca Pública Entrada franca | Alfredo Chaves, 1.323, 3218-1600 (Câmara) e Dr. Montaury, 1.333, 3221-3697 (Biblioteca)
FESTA l Fenawiki 2010 | Até domingo | Cerca de 120 expositores da feira farroupilhense dedicada ao kiwi, com gastronomia típica, shows, cultura e esporte na programação. Parque Cinquentenário Ingresso: normal, R$ 5; promocional, R$ 4. Sextas, das 14h às 22h, e sábados e domingos, das 10h às 22h. Ingresso para o Festival do Moscatel: R$ 35
MÚSICA l Orquestra Municipal de Sopros | Domingo, 16h | Regido pelo maestro Gilberto Salvagni e com participação dos solistas Juliano Brito e Patricia Vianna, o espetáculo Vicini per Sempre apresenta músicas italianas de todos os tempos. Pavilhões da Festa da Uva
l Fran Duarte e banda | MPB. Quinta (27), 21h | Série Grandes Nomes homenageia Secos & Molhados, banda brasileira que inovou a MPB musical e esteticamente com sucessos como O Vira, Sangue Latino e Assim Assado, entre outros. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Bipolar – Festa à Fantasia. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Blues de Bolso. Blues. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Bon Jovi Cover e Blindsnake. Hard rock. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | DJ Mause. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Escolha da Top Drag Brazzilian RS. Música eletrônica. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Flash Back. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Izequiel Carraro. Pop/música eletrônica. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Libertá e A Noite das Estrelas. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Rafa Schuler Trio. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 30286149 | Retrato Falado. Pop rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Rodrigo Bep. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Sunny Music. Pop anos 70 e 80. 23h. La Barra. 3028-0406 | Swing Natural. Pagode. 23h. Move. 91983592 | Terça (25): Billy Hide e Dan Ferretti. Pop. 22h. Bier Haus. 32216769 | Quarta (26): Rafa Gubert e Tita Sachet. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Arena. Sertanejo universitário. 22h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Yuri Silva e Juliano Moreira. Pop. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta (27): Flávio Ozelame Trio. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Vinicius Zanotto e Isaac Schatzhaup. Pop. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Sexta (28): Blues Heads. Blues. 21h30. Zarabatana Café. 39011316 | Cucastortas e Hábitos Groove. Rock/MPB. 23h. Vagão Bar. 32230007 | A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758. Warner Bros. Pictures, Divulgação/O Caxiense
l Rodas de Leitura | Segunda (24), 15h | Grupo de leitores é mediado pelo escritor Uili Bergamin. Biblioteca Pública Municipal
Espetáculo que mistura dança contemporânea, teatro e música, com 40 minutos de duração, apresentado pelos bailarinos da Cia. Matheus Brusa. Teatro Municipal – Casa da Cultura R$ 5 (estudante e sênior) e R$ 10 (público em geral) | Dr. Montaury, 1.333, Centro | 3221-3697
Entrada franca | Ludovico Cavinatto, 1.431 | 3221-1118
Os conflitos da mitologia grega são a base para Fúria de Titãs, em cartaz no Iguatemi
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Cinema | Antes que o mundo acabe
Carta ao filho por MARCELO MUGNOL Vá ao cinema desarmado. Antes que o mundo acabe, de Ana Luiza Azevedo, é um filme delicado sobre a adolescência. Idade em que os sonhos parecem possíveis, os amores são facas de dois gumes, e ser livre é pôr a cabeça para fora do ônibus e gritar. Tem um pouco de Os sonhadores, do Bertolucci e serve de prólogo para Houve uma vez dois verões, de Furtado. Daniel (Pedro Tergolina) é adolescente. Desses que que gente topa em qualquer esquina. Cresce em uma cidade pequena no interior do Rio Grande do Sul. Todos os seus problemas parecem ser os mais difíceis de entender e solucionar. Sua namorada não sabe mais o que quer, seu melhor amigo anda sendo acusado de roubo e anda flertando com sua namorada, e em meio a tudo isso, o pai deseja aproximar-se escrevendo-lhe cartas. Franz Kafka um dia escreveu uma carta ao seu pai. Escreveu-a em 1919, mas só alguns anos depois da sua morte, em 1924, a missiva virou livro. Carta ao pai revela uma relação de amor e ódio de um filho pelo pai, que ora admira esse mundo celebrado pelo pai autoritário, ora escarra em cima desse olhar complacente. Daniel, o pai, fotógrafo, que escolheu registrar a diversidade da vida antes que ela acabe, resolve reatar um relacionamento com o filho antes que o seu tempo acabe. "Teu pai não aguentaria ficar aqui e eu não suportaria viver longe daqui", explica Elaine, mãe de Daniel, interpretada por Janaína Kremer, a respeito dessa distância. Daniel fotografa a vida na Tailândia. Daniel, o filho, vive com um novo pai, sua mãe e a irmã Maria Clara, no interior do Rio Grande do Sul. Ana Luiza Azevedo, amparada pelo livro de Marcelo Carneiro da Cunha, cuja história é o fio condutor do roteiro do filme, não tece julgamentos. Não importa se o pai preferiu mudar o mundo com uma câmera na mão ao invés de criar o filho e ganhar a vida fotografando casamento. Importa a relação que se estabelece mesmo à distância. Amparados por cartas e fotografias, pai e filh criam uma deliciosa cumplicidade. O filme amadurece depois de um tempo. Estranha metáfora e sintonia com esse tempo de amadurecer da adolescência. Montagem (Giba Assis Brasil) e fotografia (Jacob Solitrenick) dialogam em camadas de sobreposições na tela. Enquanto isso, os Daniéis conversam sobre suas vidas, conhecem o universo um do outro. "Pai, tu já ficou de porre?", pergunta Daniel, o filho. "Não sei quem é o teu mellhor amigo, nem o time que tu torce" divaga Daniel, o pai. Aos poucos a namorada e o melhor amigo ficam no passado. Porque na adolescência o novo mundo é sempre mais intenso e desafiador que o dia de ontem. Envelhecer é dizer não. Os Daniéis insistem em dizer sim. l Antes que o mundo acabe | Aventura. 19h30 22h | Iguatemi Vivendo em uma cidade pequena, adolescente de 15 anos se vê cercado de decisões a tomar: problemas com a namorada, um amigo em apuros e o reaparecimento do pai que o abandonara. Baseado no livro infantojuvenil homônimo de Marcelo Carneiro da Cunha. Dirigido por Ana Luiza Azevedo. Montagem de Giba Assis Brasil. Com Pedro Tergolina, Eduardo Moreira, e Caroline Guedes. 10 anos, 102 min.. Online | Assista aos trailers dos filmes em cartaz na cidade em www.ocaxiense.com.br. 22 a 28 de maio de 2010
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Artes artes@ocaxiense.com.br
Victor Hugo Porto | Sem título |
A COLHEITA por JAYME PAVIANI Entre a casa e o bosque entre o prado e o riacho parte-se ao meio o perfil da visibilidade. Todos descansam à sombra desde há muitos séculos (pelo poder da mão do pintor). Fora o detalhe das roupas, as cores mantêm a paisagem a dor e a beleza da ação humana.
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Nesse painel que mistura carvão, serigrafia e colagem, Victor Hugo Porto resume o conceito da sua exposição Fragmentos, que segue até o dia 31, na Galeria Municipal. As Marias estreiam em preto e branco e dão espaço à experimentação. A característica boca das personagens sai do rosto para voar como um pássaro e é costurada por fios de lã. No entanto, a trama cria a forma do DNA. Geneticamente, Marias são incapazes de calar.
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Guia de Esportes
Sesc, Divulgação/O Caxiense
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Aulas de alongamento e outras atividades físicas integram a programação do Dia do Desafio, promovido pelo Sesc, na quarta-feira (26)
TAEKWONDO l 2ª Etapa do Campeonato Brasileiro de Taekwondo Songahm | Sábado, a partir 17h, e domingo, das 10h às 16h | A organização espera entre 350 e 400 lutadores, que disputam uma modalidade diferente do taekwondo olímpico. Ginásio do Juvenil Entrada gratuita | Marquês do Herval, 197, Madureira
MOTOVELOCIDADE l 3ª Etapa do Campeonato Serrano | Domingo, das 8h às 18h | A organização espera pelo menos 130 participantes em 11 categorias. O parque oferece espaços para churrasco e banheiros, e o lago estará liberado para jet skis. Como a pista não é coberta, caso chova a prova será adiada. Parque de Eventos de Vila Oliva R$ 5 | BR-116, Km 145, 1.410, distrito de Vila Oliva | Mais informações: 32245613 ou 9112-0972
VÔLEI l Campeonato Aberto de Voleibol Celso Silva Schaidhauer | Domingo, a partir das 9h |
Realizado pela Liga Caxiense de Voleibol, o campeonato tem jogos no Masculino, pela manhã, e no Feminino, no final da manhã e à tarde. Ginásio II da Vila Olímpica Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Vila Olímpica da UCS, Petrópolis
FUTEBOL l Campeonato Municipal | Sábado, 13h15 e 15h15, e domingo, 13h15 e 15h15 | 7ª rodada da categoria Suplente e 8ª rodada das categorias Ouro e Prata. Caso chova, os jogos podem ser transferidos. SÉRIE SUPLENTE - Sábado, 13h15: Águia Negra x Reino Unidos da Esperança (Enxutão), Kayser x Vindima (Municipal 1) | 15h15: União de Zorzi x Cristal (Enxutão), São Victor Cohab x Hawaí (Municipal 1) | SÉRIE OURO - Domingo, 13h15: União Industrial x União Reolon (Municipal 2) | 15h15: União de Zorzi x Cristal (Enxutão), Londrina x Fiorentina (Sagrada Família), XV de Novembro x Fonte Nova (De Lazzer), Vindima x Az de Ouro (Reno), Século XX x Guarani (Sta. Corona), São Victor Cohab x Goiás (Municipal 1) | SÉRIE PRATA - Domingo, 13h15: Mundo Novo x Reino Unidos da Esperança (Enxutão), Vera Cruz x Águia Negra (Sagra-
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da Família), Ouro Verde x Uruguai (De Lazzer), Hawaí x Unidos (Reno), Kayser x Atlético (Sta. Corona), Bom Pastor x Esperança (Municipal 1) Entrada gratuita l Copa União | Sábado, 13h30 e 15h30 | 11ª rodada e semifinais da categoria juvenil. Juvenil, 13h30: Bevilacqua x Pedancino, Forquetense x São Francisco | Sênior, 15h30: Conceição x São Cristóvão, São Francisco x Pedancino, Forquetense x Bevilacqua, Canarinho x São Virgílio, Juvenil x Botafogo Campo do time mandante Entrada gratuita l Futebol Sete Série A | Sábado, 15h15 | Decisão do campeonato: Voges x Randon. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nsa. Sra. de Fátima l Copa Ipam de Futsal Feminino | Sábado, 19h, 20h e 21h e domingo, 9h, 10h e 11h | 2ª rodada. Sábado, 19h: Independente Serrano x União Futsal | 20h: B.G.F. Futsal x UCS | 21h: Aparecida x Santa Catarina | Domingo, 9h: Força Jovem x UCS B | 10h: União Caxias x Santa Catarina B | 11h: Primavera x Por do
Sol Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina l Campeonato Citadino Adulto | Terça (25), 19h45 e 20h45 | Dois jogos serão disputados pela 6ª rodada na terça-feira: Floriano x Arsenal, às 19h45, e Associação Caxiense x Puma, às 20h45. Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina
DESAFIO l Dia do Desafio | Quarta (26), 8h | A ação promovida pelo Serviço Social do Comércio (Sesc) realizará, na quarta-feira, diversas atividades físicas em quatro pontos da cidade. Parque dos Macaquinhos: Alongamento. 8h | Aula de jump. 9h | Campeonato de ciclismo. Categorias Amador e Open. Pista de ciclismo. 9h | Aula de bike. 10h | Apresentação da Academia de Taekwondo Iron Gym. 11h | Alongamento. 13h. | Estacionamento da prefeitura: Campeonato de skate. 9h30 | Bairro Sagrada Família: Torneio de futebol de campo. 8h | Sesc: Baile da Terceira Idade. Das 14h às 18h. Academia. Das 8h às 20h. Atividades gratuitas
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Tensão pré-campeonato
o ano do
caxias gora vai. Mas vai aonde? Pra Série B, oásis grená no meio de um espinhoso e tedioso deserto. Não é preciso ir muito longe pra entender que novo mundo é esse que poderá surgir para o Caxias se o time subir na vida. O Juventude, eterno rival e sentido filosófico da existência grená, já figurou entre a elite. Não porque tinha dinheiro pra servir caviar antes do jantar, mas porque podia trazer craques do quilate de um Cafu. Isso faz tanto tempo que muito torcedor alviverde nem sabe mais se foi sonho ou realidade. Mas as fotografias estão lá pra confirmar como era a vida do Ju antes da queda. A vida depois da queda, o Juventude está aprendendo a passos lentos e certa resistência. Já o Caxias está convicto
Voges sabe que a ascensão virá dos pés dos jogadores, da maestria de Julinho Camargo e do trabalho de condicionamento físico, orientado por Fabiano Vieira. De nada ou quase nada serve fazer prognósticos em cima da tabela, nem agora nem durante o campeonato. Se antes havia uma certa ansiedade em saber quando, com quem e onde o Caxias ia começar a competir, agora acabou. Tá na tabela. O glorioso esquadrão grená estreia dia 17 de julho, sábado, às 20h, contra o Brasil, no estádio Bento Freitas, em Pelotas. “Bah, pedreira”, escarra aquele velho pessimista da geral. Por outro prisma, é hora de o Caxias mostrar mesmo que tem cacife pra subir. Se nos últimos confrontos o Caxias só perdeu lá, vai ser lindo começar vencendo o Brasil
gando em 4º lugar tá ótimo. Quando passar da terceira fase e ficar entre os quatro, aí o clube pode fazer o que quiser. Se o clube achar que tem de vender esse ou aquele, à vontade. Mas até lá tem de segurar todo mundo”, avalia Daniel Dalsoto, 29 anos, que herdou a paixão pelo time grená do pai e da mãe, e hoje integra a Forza Granata. Daniel é daqueles que ultrapassaram os limites de um torcedor. Não faz parte do coro de corneteiros, ou dos apoiadores sazonais que se lembram do Caxias apenas nos melhores momentos. Se não tem o que fazer em casa, e mesmo que o time não esteja em competição alguma, Daniel dá uma passadinha no Centenário, nem que seja para fazer um lanche no posto. Às vezes o jogador não percebe, mas a vibração de um torcedor pode mu-
mesmo que vou ficar’. Eu tinha uns 14 anos na época.” Em toda torcida de qualquer clube sempre tem o olhar de um cara que é mais técnico, mais razão, nem por isso menos passional. “É um ano bem diferente, sentimos que do primeiro semestre para o segundo vai ter uma continuidade. Todos parecem focados pra subir. Mas estamos há anos dizendo ‘esse é o ano, esse é o ano’. Se o Voges não está desgastado, a torcida está”, pondera Fernando Alves, 33 anos, o único grená da família de gremistas. “Quando o Caxias ganhou o título em cima do Grêmio meu irmão ficou um tempo sem falar comigo”, diverte-se. Para Fernando, o sucesso do Caxias vai depender da força do grupo, mais do que a qualidade de um ou outro atleta. “O comentário na arquibanMaicon Damasceno/O Caxiense
A
por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br
Torcedor acredita sempre, mas a continuidade do trabalho dentro e fora de campo deixa os grenás ainda mais confiantes
Organizada ou não, mas sempre unida, a torcida grená confia que o Caxias subirá para a Série B
de que a sua época de vacas magras, a cada dia que passa, parece mais distante. Até chegar o tempo em que o torcedor grená não saberá mais se foi um pesadelo ou realidade o fato de que UM DIA o clube tenha vivido maus momentos. Tem um pouco de torcida nesse discurso e outro tanto de fato. O Caxias vive um excelente momento fora de campo. Todo mundo está careca de saber que as contas estão em dia e blábláblá. Fato. No entanto, mesmo com o time colhendo bons resultados em campo, com uma equipe bem ajustada pelo enxadrista Julinho Camargo e seu fiel escudeiro Ivan Soares, a torcida anda temerosa – nem por isso menos sonhadora – com o futuro grená. Esse sentimento de “agora vai”, “esse ano temos de subir”, “é a hora do Caxias”, propagado principalmente pelo presidente Osvaldo Voges, é importante, mas não faz o resultado. O próprio presidente reconhece que seu papel é esse, motivar, mostrar a importância da competição, estimular, pagar em dia, dar as ferramentas ideais aos atletas. Mas
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rubro-negro, na casa deles. Não chamaria isso de um começo com o pé direito, mas uma invasão, com uma vigorosa voadora com as duas pernas arrombando a primeira das muitas portas lacradas que insistem em tornar incerto o futuro grená. É bom que a direção e os jogadores saibam que na arquibancada há uma legião de torcedores dispostos a apoiar o time. E sabe por quê? Porque poucas vezes na história do Caxias os eventos extra-campo motivaram um sentimento de tranquilidade como a Era Voges. Ao afirmar o sucesso de um momento não se apaga as conquistas do passado. Até porque a legião grená está careca, careca de saber que noutros tempos, mesmo com salários atrasados o Caxias foi Campeão Gaúcho. E é por isso que reafirmo, a divulgação da tabela é importante porque dá ao Julinho condições de planejar cada partida. Mas a ansiedade da torcida não é saber com quem o Caxias vai jogar, mas sim terminar esse ano com a vaga da Série B na mão. “O Caxias não precisa ser campeão. Pra mim, che-
dar uma partida. Porque a atenção do atleta está na bola, no adversário e nas poucas palavras que o treinador vocifera e ele consegue decifrar. Mas aquele coro que vem da arquibancada, muitas vezes, iniciado por uma pessoa que sentiu que era o momento de puxar o time pela mão, cria uma atmosfera de fervorosa tensão, como se o jogador quisesse comer a bola. Rafael Lucena, 30 anos, atual presidente da Falange Grená está na torcida organizada – entre idas e vindas – desde 1994. “Entrei na Falange porque vi que era a melhor ferramenta de ajudar o Caxias e estar sempre perto do clube.” Rafael, assim como Daniel, sempre acredita que dias melhores virão. E que todo ano, toda competição vai ser a melhor. “Acredito que o Caxias vá subir, independente do que o time fez no primeiro semestre”, defende. Rafael não chegou ao Centenário motivado por um amor grená herdado no berço. “Fui pro Caxias por escolha própria. Tinha dois times pra torcer na cidade, fui conhecer os dois. Quando vi o Caxias disse pra mim mesmo: ‘é aqui
cada é que o Gauchão tinha um time e não um grupo. Cada vez que o Julinho olhava no banco faltava o cara para ser o diferencial, que poderia entrar para incendiar o jogo.” Com relação aos reforços, Fernando gostaria de ver nesse time pelo menos um jogador mais experiente, e menos apostas: “Teria de vir alguém como o Alex Dias, um nome tarimbado. Não sei se seria esse o cara. Mas que não fosse só uma aposta. No ataque precisava de um matador, daqueles que assustam o adversário só de ver o nome do cara na escalação.” Fernando avalia o time com frieza, mas enxerga os pontos positivos. “O time se mostrou coeso. O Marcelo Costa destoa pela técnica, mas quando não esteve presente o time jogou o mesmo futebol. O Marcelo ajuda até no banco. Entre aspas, o Marcelo é o Lauro do Caxias.” Fernando é mais um dos muitos grenás que prometem ver todos os jogos em casa “e pelos menos três fora” porque acredita em dias melhores: “Não é 100% certo que vai subir, mas fica evidente que todos no clube estão focados pra isso”.
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André T. Susin/O Caxiense
Novos rumos
Treze jogadores desembarcaram no Jaconi, e mais um deve complementar o grupo do técnico Osmar Loss antes da competição nacional
Desta vez é para
ser diferente
O
por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br
principal objetivo em 2010 começou a ser traçado em fevereiro no Jaconi. A disputa da Série C, que exige uma equipe competitiva, com jogadores mais experientes, foi o segundo passo dado pela diretoria que assumiu o clube no primeiro dia de janeiro. O passo inicial, que incluiu a montagem de um time para disputar o Gauchão, foi em vão. O desempenho ficou muito abaixo do esperado – o Ju terminou a competição em 17º, entre 20 participantes. Com a divulgação da tão esperada tabela com os jogos da Série C até os ânimos mudaram na Rua Hércules Galló. “Agora a competição está viva, está dentro do vestiário”, resumiu o técnico Osmar Loss. Gripado e com a voz rouca, o treinador comentou, na manhã do dia 18, os jogos que seu time terá na fase classificatória da Série C. O Ju estreará em casa contra o Criciúma, no dia 17 de julho, às 16h, no Jaconi. O Ju está no Grupo 4, ao lado de Caxias, Brasil-Pe, Chapecoense e Criciúma. “Todos os jogos da Série C serão muito difíceis. Além de disputarmos um mini-Gauchão, teremos confrontos complicadíssimos em Santa Catarina. Mas, agora, temos outra equipe, bem diferente daquela que iniciou a temporada 2010”, resume Loss. A situação diferente a que o treinador se refere inclui reformulação do plantel profissional. Dos 31 atletas que encerraram a participação no Estadual, 13 “não foram convidados” a permanecer no clube para a disputa da Série C. Até a reapresentação, outros dois atletas saíram do Ju, restando 16 – na verdade 15, se contarmos a saída do volante, guerreiro, ídolo, Baixinho,
Lauro, que até a tarde de sexta não havia dado uma resposta à direção sobre a proposta de deixar de jogar e atuar como dirigente. A principal aposta nas contratações foi a zaga, que literalmente deixou a papada de cabelo em pé. A defesa alviverde tomou gol em todas as partidas do Gauchão e nos dois confrontos pela Copa do Brasil contra o Corinthians-PR. O vice-presidente de futebol, Juarez Ártico, havia anunciado no final do mês passado que a prioridade seria “arrumar a cozinha”, referindo-se à zaga. Dessa forma, desembarcaram no Jaconi os goleiros Jonatas e Gottardi; os zagueiros Bruno Salvador, Edson Borges e Rafael; o lateral direito Celsinho (vinculado ao Lajeadense, se apresentará assim que seu clube encerrar a participação na Segundona Gaúcha); e o lateral esquerdo uruguaio Planchón. Do meio para frente chegaram o volante Éverton Garroni; os meias Christian (uruguaio), Cristiano e Marcos Paraná; e os atacantes Júlio Madureira (exCaxias) e Ismael Espiga (uruguaio). Agora, sem pressa, Ártico quer contratar mais um centroavante, fechando em 14 as contratações para a disputa da Série C. O plano inicial era de trazer, no máximo, 10 atletas. Entretanto, a situação foi reavaliada. Os uruguaios vieram após o presidente Milton Scola aproveitar uma viagem de “férias” ao país vizinho para assistir jogos e receber informações sobre os jogadores. “Precisávamos de um pouco de raça no time”, resume Ártico. Juventudista de estirpe, Biriba, como é conhecido o vice de futebol, segue calmamente pelo pátio do Jaconi com seu cigarro na mão. Ressalta que o planejamento se iniciou em fevereiro devido ao atropelo do início do Estadual.
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Direção e comissão técnica analisam os adversários e integram os reforços em busca de dias melhores
“Acabamos arrematando o que tinha do vestiário. Do nosso grupo de cinco sobrado no mercado, pois todas outras equipes, quatro são treinadas por gaúequipes já tinham grupo formado. A chos. Daí podemos tirar uma prévia do parte técnica até que era boa, mas na que serão os confrontos”, opina Loss. parte física, algumas peças arrebenta- Além dele, são do Rio Grande do Sul ram. E tivemos um pouco de azar com Julinho Camargo (Caxias), Argel Fuos goleiros. Agora, está sendo diferen- cks (Criciúma) e Guilherme Macuglia te: montamos um time para 2011, te- (Chapecoense). A exceção é o paulista mos tempo para treinar. Se subirmos Fahel Júnior, que comanda o Xavante. para a Série B ou formos campeões da O Ju estreia em casa contra o Tigre, C – e estamos trabareforçado por Argel lhando intensamente com o atacante Marcos para que isso ocorra –, “Do nosso Denner (bem conhecivamos brigar pelo títu- grupo de cinco do em Caxias do Sul), o lo do Gauchão no ano volante Mika e o lateral equipes, quatro que vem, porque teredireito Bindé (ambos mos um time pronto”, são treinadas por ex-Caxias), o volangaúchos. Daí discursa Ártico. te Chicão (ex-Novo A direção buscou podemos tirar Hamburgo) e o zagueijogadores diferentes e ro Evaldo (ex-Ponte uma prévia gastou mais. A folha Preta), entre outros. O de pagamento dos jo- dos confrontos”, time de Chapecó, por gadores, que foi de R$ opina Loss sua vez, não investiu 150 mil no Gauchão, tanto e contratou mais praticamente duplicou. atletas locais. Ambas “Não queríamos as mesmas caras que equipes encerraram a participação no já jogaram aqui, nem jogadores em fi- campeonato catarinense e disputam nal de carreira. Precisávamos oxigenar. a Copa Santa Catarina, equivalente à A fotografia do time foi renovada”, sen- Copinha do segundo semestre disputencia Ártico. A maioria dos contratos tada em solo gaúcho. “Eles (os treinaassinados são até 2011, uma garantia dores) já afirmaram que a participação de que o discurso do dirigente está na copinha deles está servindo de lasendo seguido à risca. boratório para ajustar o time”, conta o atento Loss. Enquanto a preocupação no Do grupo do Ju, o Brasil foi o últiJaconi, atualmente, resume-se às con- mo a começar a montar a equipe para dições do tempo, a comissão técnica a Série C. Na semana que passou foram trata de conseguir informações sobre apresentados cinco reforços de uma só os adversários que o Ju irá enfrentar a vez, entre eles, o goleiro Luiz Müller, o partir de julho. Além dos profissionais, lateral esquerdo Betão e o lateral direimembros da diretoria e torcedores for- to Raulen (ex-Ju; disputou o Gauchão necem diariamente dados sobre Crici- pelo Veranópolis). O Caxias, que se úma, Chapecoense e Brasil, de Pelotas. reapresentou no dia 17, tem um base “Sobre o Caxias acompanhamos com a formada, pois iniciou ainda em deimprensa local. Com a tabela em mãos zembro a preparação para o Estadual. consigo levar a competição para dentro Agora, parte em busca de algumas pe22 a 28 de maio de 2010
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seguem para a final da 3ª Divisão, com previsão de ocorrer nos dias 14 e 21 de novembro. Os demais participantes da competição são Paysandu-PA, Rio Branco-AC, Fortaleza-CE, Águia-PA e São Raimundo-PA (Grupo A) e ABCRN, CRB-AL, Salgueiro-PE, AlecrimRN) e Campinense-PB (Grupo B).
Aliás, o Caxias será o segundo adversário do Ju na Série C. O clássico CA-JU será disputado no Jaconi, no dia 31 de julho. Ou seja, o alviverde inicia a competição com duas partidas em Sobre as contratações – a casa, o que pode representar vantagem maioria teve sua indicação –, Loss diz em relação às demais estar satisfeito. Denequipes. “Ressaltei que tro do cronograma de todos os jogos serão “Na Série C é trabalho, ele ressalta o difíceis. O clássico tem preciso iniciar tempo disponível para o caráter mais compe- voando. Não dá deixar os atletas “na titivo. Todas as partidas ponta dos cascos”. “Na serão decisivas”, argu- para esperar a Série C é preciso inimenta o técnico Osmar 4ª ou 5ª rodada ciar voando. Não dá Loss. O CA-JU da volta para alcançar um para esperar a 4ª ou será em 29 de agosto. nível técnico e 5ª rodada para alcanO planejamento do çar um nível técnico e comandante papo in- tático desejável”, tático desejável. Tudo clui a classificação para diz o técnico precisa estar acertado as quartas de final da para a estreia”, aponta competição. “Estamos Loss. Para aumentar a treinando com tempo, fizemos tudo chance de acertos, o Ju pretende fazer diferente. São 10 jogos para estarmos até sete amistosos, três deles em uma na Série B em 2011, sendo oito classifi- pré-temporada, provavelmente em catórios e dois mata-mata. Precisamos Santa Catarina. Os primeiros confrontrabalhar para que a segunda partida tos foram definidos nesta semana: em seja no Jaconi, caso avancemos”, pro- 12 de junho o Ju vai a Bento Gonçalves jeta Loss. enfrentar o Flamengo, de São ValenA Série C contará com um total de tim. No dia 16 vai ao Estádio Boca do 20 clubes divididos em quatro chaves Lobo jogar contra o Pelotas, e no dia 19 regionalizadas de cinco. Os dois pri- enfrenta o mesmo adversário no Jacomeiros colocados de cada grupo, após ni. A direção planeja ainda um amisjogos de ida e volta, se classificam para toso festivo para os 97 anos do clube, as oitavas de final. Quem avançar do fundado em 29 de junho de 1913. Até Grupo 4 enfrentará equipes do Grupo o distante 17 de julho, finalizadas todas C, composto por Gama-DF, Macaé- as 64 partidas da Copa e encaminhados RJ, Luverdense-MG, Ituiutaba-MG e todos os planos alviverdes, a garantia é Marília-SP. A partir daí o sistema de dada por Loss: “A torcida pode esperar disputa será o mata-mata. Entre as um Juventude bem diferente daquele oito equipes avançarão quatro para as que disputou o Gauchão.” Tomara que semifinais em outubro. Os vencedores ele esteja certo.
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André T. Susin/O Caxiense
ças específicas. Já chegaram ao Estádio Centenário o goleiro Matheus, o lateral direito Tiaguinho, o zagueiro Marcelo Oliveira e o atacante Balthazar.
Loss, avaliando a tabela: “Todos os jogos serão muito difíceis”
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
Na semana em que a Organização de Cooperação e Desenvolvimento Econômico indicou que os funcionários públicos brasileiros, em média, custam mais aos cofres públicos do que os de países ricos, o funcionalismo municipal conseguiu alguns avanços nas negociações salariais que vem travando com a prefeitura. Das 25 reivindicações apresentadas pela categoria, 13 já foram atendidas. Entre outros pleitos, o Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv) quer aumento real de salário, além das correções trimestrais da inflação.
Jogo eleitoral
Ao que tudo indica, o presidente Lula vetará o projeto que prevê o fim do fator previdenciário para cálculo de aposentadorias. Ao falar na XIII Marcha dos Prefeitos, em Brasília, Lula criticou o Congresso pela aprovação. E acusou todos os parlamentares que votaram a favor da extinção desse tipo de cálculo de estarem atendendo a um jogo eleitoral. “Tem gente que acha que ganha voto fazendo isso”, alfinetou. O “gente”, no caso, vale para os governistas (e, mais do que isso, petistas) caxienses Paulo Paim e Gilberto Pepe Vargas, que votaram pelo fim da prática no Senado e na Câmara Federal, respectivamente.
Local adequado
O vereador Renato Nunes (PRB), ligado à Igreja Universal, está preocupado com o problema da prostituição nas ruas centrais da cidade, em especial na Avenida Júlio de Castilhos. Mas atribui a duas reuniões da Comissão de Direitos Humanos da Câmara de Vereadores a diminuição de casos constrangedores naquela via. “Ficamos felizes que a situação tenha melhorado. Esperamos que as pessoas que queiram se prostituir façam isso em locais apropriados”, afirmou o parlamentar, sem destacar exatamente que locais seriam apropriados para a prática da chamada profissão mais antiga do mundo.
Enquanto houver miséria não vamos nos acomodar Luiz Pizzetti, presidente de honra da União das Associações de Bairros, na tribuna livre da Câmara de Vereadores
perguntas para
Geni Peteffi
Presidente municipal do PMDB, a vereadora não esconde sua decepção com algumas decisões nacionais e luta para manter o partido unido
Essa coligação PMDB-PDT para o governo do Estado pode repetir o êxito dos dois partidos na conquista da prefeitura de Caxias do Sul? Pode e vai repetir esse sucesso. A vinda de Fogaça e de Pompeo de Mattos, sexta-feira, serviu para mostrar que estamos unidos e temos força suficiente para eleger de novo o governador. É claro que muita coisa ainda deve ser resolvida, muita gente precisar entrar nos eixos. Quem abraçar a candidatura Dilma, na minha opinião, vai ter dificuldade para se eleger. Mas tem muita gente do PMDB, na cidade e no Estado, assumindo essa candidatura. Há como evitar isso? O PMDB de Caxias quer deixar a militância escolher. Já fizemos moções, mandamos para o nosso presidente estadual, Pedro Simon, para liberar os filiados. Como o Fogaça vai subir no palanque da Dilma se tem o Tarso como candidato? O problema vem lá de cima. Por sinal, vamos fazer uma moção de repúdio
UAB é participação
Todos os vereadores presentes à sessão de quinta-feira não cansaram de elogiar o trabalho da União das Associações de Bairros. Na oportunidade, a UAB ocupou a tribuna livre para comemorar seus 47 anos.
ao PMDB nacional, onde três ou quatro – Jader, Temer, Sarney – decidem pela metade da população do Brasil, que é a militância do PMDB. Quando eles viram que a Dilma estava chegando perto do Serra, resolveram que era hora de fechar o cerco e fazer a coligação. Diego Netto/O Caxiense
Aumento real
Como a senhora acha que o eleitor fica diante de toda essa confusão? Fica difícil. Mas, até as convenções vamos ver como as coisas vão ficar, vai se definir muita coisa, até a posição do PDT. Claro, está muito complicado. Mas, como disse o Fogaça, o diretório estadual vai decidir. Quem vota na Dilma vai votar no Fogaça? O PMDB deveria ter lançado candidatura própria para a presidência. Ele está perdendo algo que os caciques do partido não estão vendo: lançar um candidato próprio deixa uma marca, mostra posição. O eleitor quer e cobra isso. Lutamos tanto pelas Diretas, corremos riscos, e agora se entrega tudo à primeira oferta? Fico até sem vontade de fazer campanha este ano. Destaque unânime para a simplicidade, seriedade e coerência com que a entidade foi e é conduzida. “Não existe participação popular que não seja fundamentada na UAB”, ressaltou Rodrigo Beltrão (PT).
Mérito a eles
Eles são discretos, eles são atuantes, eles são fundamentais. E por isso Eoci Rogério Ribeiro, Luciano Suzin Camargo e Maria Clori Silva receberam esta semana a Medalha Mérito Comunitário – por suas ações voltadas ao comunitarismo. A aposentada Maria Clori Silva, por exemplo, criou uma cozinha comunitária, na qual, com a ajuda de voluntárias, fornece 70 almoços diários a pessoas carentes do bairro Santa Fé.
O maior engole...
Líderes do PP gaúcho acertaram coligação com o PSDB, em âmbito estadual, para cargos majoritários (os progressistas vão indicar o vice da chapa da governadora tucana Yeda Crusius). O acerto vale também para os cargos de senador e deputado federal. E aí mora o perigo para candidatos do PSDB a uma vaga na Câmara dos Deputados. Não sem razão, eles temem ser engolidos pelos progressistas.
Para facilitar
Câmara de Vereadores existe para legislar, criar leis e, às vezes, enxugar essas leis. É o que vai ser feito agora, com o processo de consolidação das leis do município, um trabalho comum entre os poderes Legislativo e Executivo. A ideia é reduzir o número das leis existentes – de 8 mil para apenas 500 – sem que o cidadão perca. Ao contrário, a intenção é racionalizar o acesso à legislação municipal, tornando a consulta mais ágil e mais segura. De certa forma, a elogiável medida reconhece que há excesso de leis (ou muitas alterações nelas).
Fator déficit
Ex-ministro da Previdência Social, o caxiense José Cechin calcula que o fim do fator previdenciário deve aumentar o déficit nas contas da Previdência em cerca de R$ 4 bilhões – só no primeiro ano. “Escalando durante 23, 24 anos, a despesa sobe para algo em torno de R$ 40 bilhões anuais”, diz Cechin.
Ainda que na condição de pré-candidatos, por força da legislação eleitoral hipócrita, pretendentes ao Palácio Piratini escolheram Caxias do Sul para reforçar suas campanhas. Na sexta-feira (21), o ex-prefeito de Porto Alegre José Fogaça, pré-candidato ao governo do Estado pela coligação PMDB-PDT, cumpriu roteiro que começou pela manhã, com um encontro com vereadores de ambos os partidos que o apoiam. Ao lado do pedetista Pompeo de Mattos, Fogaça esquivou-se de tomar partido sobre a posição dos peemedebistas gaúchos em relação à campanha presidencial. Defendeu apenas que o PMDB não deve liberar seus filiados a seguirem o rumo que quiserem – ele prega um caminho único, a ser definido após a convenção nacional.
André Susin/O Caxiense
Na rota de campanha José Fogaça e Pompeo de Mattos circularam pela cidade ontem sempre ao lado de candidatos do PMDB e do PDT – da cidade e de outros municípios. Chamou atenção a presença dos três pretendentes a uma vaga na Assembleia Legislativa pelo PDT: o vice-prefeito Alceu Barbosa Velho e os vereadores Vinicius Ribeiro e Gustavo Toigo. A governadora Yeda Crusius (PSDB) participa neste sábado da festa de aniversário do empresário Raul Anselmo Randon. Mas aproveitará para fazer política ao se integrar à Caravana 45, no Clube União Forquetense, em Forqueta, que incluirá a posse festiva da Coordenadoria Regional do PSDB/Serra, presidida agora por Raul Segalla.
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22 a 28 de maio de 2010
O Caxiense
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