MAÇONARIA
Como funciona e atua a ordem que congrega cerca de 3 mil pessoas em Caxias |S29 |D30 |S31 |T1° |Q2 |Q3 |S4
Caxias do Sul, maio de 2010 | Ano I, Edição 26 | R$ 2,50
CAXIAS
100 ANOS
Cenas de uma cidade avançada e conservadora, cosmopolita e provinciana, múltipla, enfim – e agora centenária
Roberto Hunoff: deixamos de trabalhar para pagar impostos | Renato Henrichs: vice-reitor eleito fala sobre regionalização da UCS | Grená: o dia em que o Caxias lotou mas não levou | Alviverde: mulheres apaixonadas
Índice
www.OCAXIENSE.com.br
Um resumo das notícias que foram destaque no site
Roberto Hunoff | 4
A partir de agora, trabalho não é exclusivo para impostos federais
Sociedade secreta | 5
M
P EM pres esqu Ó erva isador RIA m es um da IM a hi UC Ig stór S re RA ia gist nT de 13 ram E 5 an e os |S22|D23 |S24 |T25 |Q26 |Q27 |S28
Caxias do Sul, maio de 2010 | Ano I, Edição 25 | R$ 2,50
LOCATELLI REDESCOBERTO
50 anos depois da inauguração da Via-Sacra, testemunhos revelam como o pintor italiano, que se fotografava nas posições de Cristo, criou uma de suas obras mais complexas e admiradas
Os rituais e as influências da maçonaria em Caxias do Sul
Silas Abreu, Reprodução/O Caxiense
Fotos: André T. Susin/O Caxiense
A Semana | 3
Muito boa a matéria sobre a Via-Sacra do Locatelli! Como é bom ter um jornal como O Caxiense, iluminando fatos importantes que não estão nos holofotes. Gustavo Cemin
Caravaggio: por que a santa encanta | Roberto Hunoff: achatamento salarial puxa a geração de empregos | Renato Henrichs: Geni Peteffi quer liberar os peemedebistas caxienses do compromisso nacional com Dilma
Passado presente | 8 Um antigo armazém cheira a colônia em São Pelegrino
@thamigriebler @ocaxiense Ficou muito legal a contracapa de vocês! Espero mesmo que as pessoas se conscientizem mais a respeito dos animais! #edição25
Que Caxias é esta? | 9
As muitas cidades e muitas idades da centenária Caxias do Sul
100 anos, quatro olhares | 12
@NatBianchi @ocaxiense Parabéns, valorizar arte, história e cultura local, Caxias precisa disso! #edição25
Registros fotográficos comparam a Caxias da década de 1910 com a de 2010
Tudo ou nada | 14
Enlaces têm tradições modificadas em festas luxuosas ou comunitárias
@PaquitoMasia @ocaxiense Parabéns, excelente matéria, coincide com a bienal de foto. O Locatelli era um mestre da fotografia com pincéis, sua luz é DEMAIS! #edição25
Guia de Cultura | 16
Militares norte-americanos falam da morte, bailarinos caxienses dançam da infância à velhice
@anahifros Sugiro acesso ao podcast do @ocaxiense com comentários do @felipeboff, @m_aramis e @paulasperb sobre a edição 25. Excelente canal. #podcastdaredação
Artes | 18
O hibridismo da cabeçorra de uma mulher monstra
ocaxiense@ocaxiense.com.br
Guia de Esportes | 19 Xadrez e golfe, esportes ao alcance de qualquer um
A Associação de Cultura e Arte Aldo Locatelli (Scala) agradece a ampla reportagem sobre os 50 anos de entrega à devoção pública da “obra-prima” de Aldo Locatelli, como ele mesmo a definiu. Tratase, de fato, de uma obra de arte impactante e que nos remete a uma profunda reflexão sobre o Caminho do Calvário. Obrigado e cumprimentos ao jornalista Rodrigo Lopes e à editoria do jornal O Caxiense. Alvino Melquides Brugalli
Reforço alviverde | 20 Torcida: substantivo feminino
Lições de 2009 | 21
Lembranças de um estádio lotado motivam o Caxias para dar um passo a mais em 2010
Renato Henrichs | 23
O novo vice-reitor da UCS, José Carlos Köche, aposta na região
Realmente as capas d’O Caxiense estão sensacionais! Parabéns. Tenho maior orgulho de ser caxiense e constatar a vontade, que é característica do povo de nossa cidade, de um grupo de pessoas em colocar à disposição mais uma possibilidade de leitura, de categoria! Catia Regina Laner
Expediente
Filme sobre Caxias | Essa desculpa de não poder exibir comercialmente se já foi exibido antes é pura balela. Fosse assim, nenhum filme exibido em festival, mostra, premiere, poderia ser exibido em cinema comercial algum do mundo inteiro. Mesmo assim estou ansioso pra ver o filme, porque não acho demérito um olhar estrangeiro sobre nós. Acho um despropósito o filme não ter mérito de levar a seco 100 contos de réis. Lucas Lorenzo
No Site
Redação: André Tiago Susin, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
Assine
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
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O Caxiense
29 de maio a 4 de junho de 2010
Se essa desculpa for verdade, revela tremenda falta de planejamento, o que deveria envergonhar os responsáveis e quem acreditou neles. E lembremos: o lançamento do filme tinha sido prometido para a Festa da Uva. O atraso é bem maior que dois meses. Ramon Tisott Capa | Vista da Praça Dante Alighieri em três momentos: no canto inferior, à esquerda, em 1908 (Crédito da foto: Domingos Mancuso, Acervo do Arquivo Histórico Municipal); logo acima, em 1947 (Crédito da foto: Reno Mancuso, Acervo do Arquivo Histórico Municipal); e em 2010 (Crédito da foto: André T. Susin/O Caxiense).
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
paula.sperb@ocaxiense.com.br Maicon Damasceno/O Caxiense
André Susin/O Caxiense
André T. Susin, Divulgação/O Caxiense
editado por Paula Sperb
A Semana
Nem na Festa da Uva nem no aniversário: filme vai ficar para agosto; São Pedro ajudou a santa de Caravaggio; da 6ª Légua para o mundo, Soama aparece como favela de cães
O documentário Caxias do Sul: Tradição e Inovação de Um Povo, que teve um repasse de R$ 100 mil da prefeitura, não será lançado no mês em junho, como havia sido anunciado. Apenas um preview será exibido no dia 25, e somente em agosto os caxienses poderão saciar a curiosidade assistindo ao longa-metragem no GNC, que teve o valor do ingresso aumentado na semana passada. Na verdade, o documentário era prometido ainda para a Festa da Uva. As produtoras porto-alegrenses Infoco e CDI justificam o atraso pela rígida grade de exibição do GNC. O filme ganhará mais notoriedade ao ficar em cartaz no Iguatemi, mas a cidade o aguardava como presente de aniversário.
se, porque muitos trabalharam no feriado municipal de Nossa Senhora de Caravaggio. Com sol e temperatura agradável, fiéis caminharam até o santuário, em Farroupilha, na 131ª romaria, e foram recebidos por anfitriões preparados para o plantão de 11 missas, com distribuição de 100 mil hóstias – nem todos os romeiros comungam – e prontos para ouvir pecados em 21 confessionários. Cerca de 1 mil pessoas ligadas à igreja trabalharam no santuário, que originalmente seria dedicado a Santo Antônio. No Memorial dos Exvotos, paredes são forradas com fotos de fiéis que agradecem à santa por graças alcançadas. Há dois anos, o espaço ficava na igreja antiga e reunia muletas, cadeiras de rodas e coletes ortopédicos, que acabaram queimados por recomendação da Secretaria da Saúde. Por Nossa Senhora de Caravaggio, quinta-feira virou segunda para quem teve a rotina quebrada por um feriado com cara de domingo.
QUARTA | 26 de maio
QUINTA | 27 de maio
Caravaggio
Animais
SEGUNDA | 24 de maio
TERÇA | 25 de maio
História
Cultura
Sinos da cidade vão badalar Às 15h40 de 1º de junho os sinos de todas igrejas de Caxias do Sul vão badalar. O som lembrará o barulho da sineta do trem no momento exato de sua chegada há 100 anos. A data será continuamente celebrada durante o próximo mês, juntamente com a comemoração da elevação de Caxias à categoria de cidade, e dificilmente será esquecida. Desde o encarte do CD dos sambas-enredo do Carnaval 2010 caxiense a um espetáculo cênico e musical, a chegada do trem tem sido rememorada. Em Pare, Olhe, Escute, Orquestra, Coral e Cia. de Dança do município se apresentarão em um palco montado na Estação Férrea até o dia 6, sempre às 20h. Diferentemente da maioria das apresentações da Orquestra, a entrada não será gratuita. Custará R$ 10 e R$ 5 a meia entrada. Quem quiser um dos cerca de 300 lugares na arquibancada terá que pagar pra ver. Mas paga-se muito mais para participar do baile do dia 26, no Clube Juvenil, que recriará a ambientação do baile original que festejou a locomotiva. Os ingressos, limitados a 220 casais, custarão R$ 200 para não sócios do clube e R$ 180 para sócios.
Filme sobre Caxias será lançado com atraso
Muitas graças, 100 mil hóstias e 21 confessionários
Soama aparece ao mundo como “favela de cães”
São Pedro colaborou no dia em que Caxias do Sul quase parou. Qua-
O mapa do abandono animal ganhou mais um ponto. Caxias apare-
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ceu para o mundo em uma reportagem da agência Reuters que mostra a Sociedade Amigos dos Animais (Soama) como uma “favela de cães”. A chácara da entidade fica em São Virgílio da 6ª Légua, com centenas de casinhas para cachorros. O cenário lembra uma favela, mas não deve envergonhar a cidade. O que causa constrangimento é o modo como se lida com animais, abandonandoos, comprando em vez de adotar e evitando a castração. Não é à toa que a Soama tem cerca de 1.800 cães e gatos esperando por um novo dono.
SEXTA | 28 de maio Dissídio
Metalúrgicos pedem aumento de 10% A “melhor mão de obra do mundo”, como disse o presidente do Sindicato dos Metalúrgicos, Assis Melo, reivindica aumento real de 10%. Além disso, a categoria pede em sua proposta, com mais de 60 itens, a diminuição da carga horária para 40h semanais e piso de R$ 1 mil. O empresariado caxiense está mobilizado, e faz tempo, para evitar a redução da jornada. Por outro lado, o Sindicato já mostrou sua força muitas vezes. Um novo e difícil braço de ferro se anuncia.
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O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
Se encerra na quarta-feira (2) o prazo de inscrições para o II Seminário de Transporte Ferroviário de Cargas marcado para os dias 7 e 8 de junho na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. As inscrições são gratuitas e podem ser feitas pelos telefones (54) 3218-8042 e 3218-8061. O seminário objetiva debater o transporte ferroviário como agente indutor do desenvolvimento econômico e social e apresentar estudos e propostas para a reativação do modal de transporte de cargas sobre trilhos.
Gaúcho endividado
As famílias gaúchas estão com 73% de sua renda comprometida para pagamento de dívidas. É o que revela a Pesquisa de Endividamento e Inadimplência da Família divulgada esta semana pela Federação do Comércio de Bens e de Serviços do Rio Grande do Sul. O índice está sete pontos acima do registrado em abril. Do total de endividados, 9% reconheceram que não terão condições de pagar os débitos. As maiores dívidas se concentraram em cartões de crédito, com 71%, seguidos por carnês, 47%; crédito pessoal, 39%; e cheque especial, 25%. Mais de 44% dos gaúchos estão com a renda comprometida para pagamento de dívidas por mais de um ano.
Último dia de trabalho para o Estado A partir deste sábado (29) o brasileiro deixará de trabalhar para pagar exclusivamente impostos federais, estaduais e municipais neste ano. É o que garante o Instituto Brasileiro de Planejamento Tributário (IBPT) ao sustentar que 40,54% do rendimento bruto deste ano dos contribuintes estará comprometido com os organismos públicos. A expecta-
Intercâmbios
Com mais de 45 anos de atuação no Brasil, a Experimento Intercâmbio Cultural acaba de inaugurar, em Caxias do Sul, sua mais nova loja. Localizada na Avenida Rio Branco, o novo empreendimento oferecerá à população a oportunidade de estudar e/ou trabalhar em mais de 30 países em programas com duração de duas semanas a um ano. Para marcar o início da operação a empresa criou promoção que proporcionará intercâmbio grátis para o vencedor. Interessados devem acessar o site www.experimento.org.br/ promocao-caxias até 4 de junho.
Na mira da IBM
Caxias do Sul é uma das cidades gaúchas que está nos planos de expansão da IBM. A informação foi confirmada nesta sexta-feira, em Porto Alegre, pela direção da empresa durante evento organizado pelo Sindicato das Empresas de Informática do Estado. De acordo com a empresa o objetivo é atender demandas específicas de cada região. A IBM é considerada a maior e mais rentável empresa na área de TI do mundo.
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O Caxiense
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tiva de arrecadação para o ano é de R$ 1,2 trilhão. Por meio do Portal da Transparência tem-se a informação que a prefeitura de Caxias do Sul já arrecadou R$ 357.002.118,75 neste ano. A administração direta participa com R$ 279.280.366,70; o Samae com R$ 33.525.003,90; o IPAM com R$ 43.363.051,86; e a FAS com R$ 833.696,27.
Carga tributária cresce todo o ano De acordo com o estudo do IBPT, o brasileiro trabalha atualmente o dobro do que na década de 70 para pagar tributos. Naquele período se trabalhava 76 dias para pagar impostos. No seguinte subiu para 77 dias e, em 90, para 102 dias. O trabalho revela também que a carga tributária brasileira cresce a cada ano, exceto em 2009, em virtude da redução do Imposto de Renda Pessoa Física e de pequena diminuição de tributos sobre
o consumo, quando se trabalhou um dia a menos para o fisco. Os brasileiros estão entre os que mais pagam impostos no mundo (148 dias), perdendo apenas para a Suécia (185 dias) e França (149 dias). A diferença é que nestes países os serviços públicos realmente funcionam. Nos demais países a situação é a seguinte: Espanha (137 dias), Estados Unidos (102 dias), Argentina (97 dias), Chile (92 dias) e México (91 dias).
O avanço dos impostos no bolso do brasileiro
Consulta popular
36,98% 2003
37,81%
2004
38,35%
2005
39,72%
Fonte: IBPT
40,01% 40,51% 40,15% 40,54%
2006
2007
2008
2009
2010
Tecnologias limpas O ônibus Hybridus, veículo 100% brasileiro com tecnologia híbrida elétrica/diesel, será o destaque da Agrale no Challenge Bibendum 2010, que ocorrerá de 30 de maio a 3 de junho, no Rio de Janeiro. A montadora também apresentará o trator compactador 4230.4 apto a utilizar biodiesel B25. A Randon estará presente com um semirreboque sider
O vice-presidente executivo do Grupo RBS, Eduardo Sirotsky Melzer, será o palestrante da reunião-almoço de segunda-feira (31) da CIC de Caxias do Sul. O administrador falará sobre Tendências da comunicação: quem ganha com as novas tecnologias. O evento é alusivo aos 13 anos do Conselho da Mulher Empresária/Executiva da CIC.
que, acoplado a um caminhão, participará do rali de regularidade com percurso de 350 quilômetros. O Challenge é um evento internacional de caráter tecnológico-científico e contará com cerca de cinco mil pessoas. Pela primeira vez realizado na América Latina, o evento inclui debates a partir do tema mobilidade rodoviária sustentável.
Curtas
O Studio 7 Fotografia Profissional investiu em nova estrutura, agora sustentada por cinco estúdios montados em três andares e atendimento por equipe de 10 fotógrafos profissionais e maquiadores. Fundada em 1977 por Nadir e Rosângela Vanassi, desde o ano passado a empresa é administrada pelos filhos Gustavo e Amanda Vanassi.
Diversidade
Júlio Soares/Divulgação/O Caxiense
O Conselho Municipal do Desenvolvimento definiu, nesta semana, as prioridades do município para a inclusão nos investimentos do Estado por meio da consulta popular de 2010 para o Orçamento 2011. No segmento agropecuário as reivindicações são de melhorias na estrutura da Ceasa, criação de um Arranjo Produtivo Local (APL) para a bacia leiteira e mais atenção à fruticultura. Com relação a ciência e tecnologia a demanda é por um polo de inovação tecnológica e pesquisa na área da olericultura. Os participantes do encontro também defenderam APL’s para as áreas da construção civil, turismo e informática. Para o turismo a reivindicação é a instalação de 200 placas de sinalização turística no interior de Caxias do Sul. No dia 2, às 19h30, em Carlos Barbosa, ocorrerá a assembleia regional ampliada, com a definição final das demandas da região que irão para a consulta popular marcada para 23 de junho.
Ampliação
Gustavo Vanassi/Div./O Caxiense
Trem em debate
A 20ª edição da ExpoBento, que se inicia na quinta-feira (3), colocará à disposição dos visitantes mais de 15 mil itens ofertados por 400 expositores, projetando mais de R$ 25 milhões em negócios. A variedade também pode ser conferida nas atrações artístico-culturais que a feira oferece durante seus 11 dias de realização no Parque de Eventos de Bento Gonçalves. A expectativa da organização é superar os 170 mil visitantes do ano passado. A feira funcionará de segunda a sexta-feira, das 18h às 22h30; aos sábados e feriados, das 10h às 22h30min; e aos domingos, das 10h às 21h. Os ingressos custam R$ 5.
Dissídio na mesa
O Sindicato dos Metalúrgicos lançou nesta sexta-feira (28) a campanha salarial de 2010. Entre os 60 pontos relacionados, os mais significativos são o aumento real de 10%, as 40 horas semanais sem redução dos salários, piso de R$ 1 mil, insalubridade, 180 dias de licença maternidade e igualdade salarial entre homens e mulheres. De acordo com a entidade o percentual reivindicado se justifica na expectativa de crescimento de 5% a 6% na economia caxiense para este ano. Neste sábado (29), a partir das 9h30, na sede da entidade, ocorrerá assembleia extraordinária.
O Núcleo de Estudos Avançados da Faculdade da Serra Gaúcha realiza o 1º Seminário de Educação Financeira para promover uma reflexão sobre a importância da saúde financeira pessoal e das empresas. As inscrições devem ser feitas pelo fone 2101.6000. A programação ocorre na terça-feira (1º), das 18h às 22h.
Na segunda-feira (31), às 19h30 na CIC, o Sescon-Serra Gaúcha realiza a cerimônia de entrega oficial do Selo de Gestão da Qualidade Contábil e dos certificados individuais das etapas de treinamento para as turmas da região da Serra Gaúcha que implantaram o Programa Qualidade Necessária Contábil – Categoria Ouro.
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
André T. Susin/O Caxiense
Uma ordem e seus segredos
Ornamentos na loja Salvador Allende: a pirâmide com o símbolo da maçonaria (compasso, esquadro e a letra G), coluna grega de madeira e, ao fundo, a espada e a esfinge
OS ALICERCES
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DO PODER por ROBIN SITENESKI
oucos grupos são tão discutidos e cercados de mistérios, controvérsias e teorias da conspiração quanto a maçonaria. E poucos são tão presentes, às vezes de forma imperceptível, na sociedade. Quem passa pela Praça Dante Alighieri todos os dias, por exemplo, pode não reconhecer o formato de um de seus símbolos mais famosos, que aparece até na nota de um dólar norteamericano. Vista do alto, a praça lembra a pirâmide e o olho que tudo vê. A forma geométrica representa a união entre o microssomo, o individual, e o macrossomo do universo. O olho simboliza a parte visível da consciência. A ordem se vangloria de ter nomes influentes entre seus membros e sustenta que grandes personalidades da História – Jesus Cristo, inclusive – foram ou são maçons. Dom Pedro I, Simon Bolívar, Mozart, Allan Kardec, Giuseppe Garibaldi, Neil Armstrong, Barack Obama e até o prefeito José Ivo Sartori fariam parte do grupo. Como a diversidade desses nomes indica, a associação não tem um pensamento único. No Brasil, ela se divide em 300 potências maçônicas – que, entretanto, seguem os mesmos ritos instaurados no século XVIII. As origens
da maçonaria são controversas. De acordo com Marco Morel e Françoise Jean de Oliveira Souza, autores de O Poder da Maçonaria, alguns pesquisadores a remetem ao Éden. Tentar reconstituir a perfeição do jardim sagrado seria, portanto, um dos objetivos da ordem. Outros a ligam aos rituais de iniciação da pirâmide egípcia de Quéops, que teriam sido passados de geração para geração. O arquiteto do templo de Salomão, Hiran Abif, também influenciou a ordem. Ele dividiu os construtores em aprendiz, companheiro e mestre, denominação até hoje utilizada nos três primeiros níveis dos ritos da maçonaria simbólica. Os construtores se reconheciam, como ainda fazem os membros da maçonaria, por toques, sinais e palavras. Abif perdeu a vida por se recusar a revelar os segredos do nível mais alto, tornando-se exemplo para os maçons modernos. A conexão com Jesus viria da ligação com a Ordem dos Templários. Na Idade Média, a maçonaria passou a aceitar pessoas não ligadas à construção. Em 1717, quatro lojas, como são chamados os templos maçons, se reuniram e criaram a Grande Loja de Londres, loja-mãe da maçonaria universal, e com ela as regras que guiam a associação até hoje.
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Cercada de mistérios e repleta de nomes eminentes da sociedade, a maçonaria congrega cerca de 3 mil integrantes em Caxias Em Caxias do Sul, a ordem chegou há como dizer que estavam lá por caucom os imigrantes italianos. De acordo sa da ordem”, afirma. Sobre a relação com A Cruz e o Esquadro, Imigran- com a Igreja, a professora explica que tes Italianos e a Política, capítulo es- o conflito não foi gerado em Caxias. crito pela historiadora Loraine Slomp “Até o final da década de 1890, não Giron para o livro Cultura Italiana havia proibição de padres ou sacer– 130 anos, a primeira dotes fazerem parte loja caxiense abriu em da maçonaria. O Papa 28 de janeiro de 1886. “Me deixe em Pio VII lançou bulas Integrantes da pioneira contra a maçonaria e o qualquer cidade Loja Maçônica Força e carbonismo (sociedade Fraternidade entravam do mundo sem secreta italiana) e esse frequentemente em nada e em problema veio com atrito com a maioria 30 minutos os imigrantes. Isso foi católica. Com a proclamuito intenso. Tamestarei vestido e mação da República, bém houve atrito na diem 15 de novembro de com dinheiro tadura Vargas quando 1889, o futuro políti- no bolso”, o presidente proibiu, co das colônias estava garante Fiorini durante um ano, em sendo definido e páro1937, a atuação da macos e maçons se agreçonaria.” diam mutuamente. A Revolução FedeHoje, a maçonaria diz não ter conralista gaúcha, em 1883, fez com que flito com nenhuma religião. O grãoa loja fechasse entre 1890 e 1894. Para mestre da Grande Loja do Brasil, Eliana Rela, autora de Nossa Fé, Nossa Dorival Fiorini, explica que todas as História: igreja católica, maçonaria e crenças são aceitas. “A maçonaria não poder político na formação de Caxias é uma religião. É uma instituição filodo Sul, a influência da maçonaria na sófica que prima pelo aprimoramento política local não foi determinante. moral e intelectual de seus integrantes. “Houve altos e baixos. As pessoas Uma associação de homens livres e de que faziam parte do Conselho Muni- bons costumes.” Ele revela que existem cipal da época, coincidentemente ou maçons de todas as religiões. A ordem não, faziam parte da maçonaria. Não não obriga seus integrantes a seguirem 29 de maio a 4 de junho de 2010
O Caxiense
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nicas, que ensinam cidadania, mas não A reportagem visitou a loja do Terceiro os segredos da ordem. Milênio número 25 e a Salvador AllenNos ritos dos graus, os maçons es- de número 29, que dividem a mesma tudam temas diversos. “Uma pessoa sala alugada no bairro Panazzolo. Do normal deve ter conhecimento sobre lado de fora, duas colunas falsas e a pium assunto. Um maçom, sobre to- râmide com o olho que tudo vê anundos”, diz Fiorini. Irciam os templos. Na mãos são convidados antessala, ou Sala dos ou se oferecem para “Em Caxias, Passos Perdidos, onde dar palestras sobre as o prefeito, o são realizados jantares suas especialidades. que eles chamam de vice e mais da Como existem maçons ágapes, existem imiem todas as áreas, o metade do tações de arte egípcia, grupo tem uma boa secretariado fotos de irmãos vestiquantidade de fontes são maçons”, dos a caráter e até uma de informação. Alguns réplica da máscara de revela o assuntos, no entanto, Tutancâmon, que teria têm reservas. “Dentro grão-mestre sido maçom. de uma loja maçônica Ballesteros A loja do Terceiro não se pode discutir Milênio é parte do rito política, religião e fude York, que é o mais tebol, mas deve-se estudar política, praticado no mundo. A que leva o religião e futebol”, salienta, um tanto nome do ex-presidente chileno é do enigmaticamente, o grão-mestre. rito escocês. Ambas não têm janelas. O teto é recoberto por panos, e no centro Uma vez maçom, a pessoa passa do piso há um quadrilátero branco e a fazer parte de uma rede de favores po- preto que simboliza a dualidade entre derosa. “Me deixe em qualquer cidade o bem e o mal, de acordo com Ignácio do mundo sem absolutamente nada e Perin, mestre da loja do Terceiro Milêem 30 minutos estarei completamente nio que nos guiou na visita. Nas duas vestido e com dinheiro no bolso”, ga- lojas, uma pedra bruta e outra polida rante Fiorini. Ao contratar alguém, ele representam a evolução dos maçons. explica, um irmão sempre vai preferir Existe um lugar reservado para o outro irmão. Um maçom nunca deve grão-mestre da Grande Loja brasileira,
bins em cima, e sobre a mesa em frente ao local mais importante da loja, aquele reservado ao Sereníssimo, reúnemse uma espada, uma réplica de pirâmide, uma coluna grega e três velas. Este local está separado do restante da loja por três degraus, que simbolizam fé, esperança e caridade. A espada espantaria fluidos negativos. Outros objetos, presentes nas duas lojas, são o cinzel, o malho e o martelo, que é usado para iniciar e finalizar as sessões e representa o processo de modificação pelo qual os maçônicos passam. Durante as cerimônias nos templos, os irmãos devem usar terno branco e gravata preta, cores escolhidas por serem a ausência de cor, além dos adornos que identificam o grau de cada membro. Em Caxias do Sul, existem atualmente cerca de 12 lojas e 3 mil maçons. Os irmãos também utilizam a ordem para fazer caridade. Eles financiam os estudos uns dos outros, doam a instituições filantrópicas e a profanos (como chamam os não maçons) em momentos de necessidade. As boas ações são feitas sempre discretamente, sem que os beneficiados saibam da onde vem a ajuda. “A maçonaria não faz propaganda”, afirma o grão-mestre Fiorini. No entanto, ele revela o envolvimento da Grande Loja brasileira na ajuda humanitária aos desabrigados do Haiti André T. Susin/O Caxiense
uma ou outra doutrina, mas acreditar em um ser supremo, seja Deus ou Alá, é obrigatório. A maçonaria chama essa entidade de Grande Arquiteto do Universo. No mundo todo, no centro de cada templo, existe o livro que a associação considera de referência moral para aquela sociedade. No Brasil, é a Bíblia. Em um país muçulmano, pode ser o Corão. O grão-mestre salienta que para se tornar um irmão, como os maçons se referem uns aos outros, é preciso ser convidado. Uma vez aceito o convite, a instituição instaura uma sindicância para comprovar que o neófito é de boa moral e costumes. Só são aceitos homens de físico perfeito que acreditam em Deus. “Pessoas com problemas físicos não podem participar de nossos rituais. A investigação é feita discretamente, de forma que o candidato não saiba. Existem poucas vagas. Buscamos pessoas de qualidade, não quantidade,” explica Fiorini. Uma taxa de cerca de R$ 2 mil é paga pelo candidato para ser iniciado. Depois que ele se torna maçom, a mensalidade gira em torno de R$ 100. Passando pelo ritual de iniciação que simboliza a morte para a vida profana – e que o grão-mestre afirma ser específico de cada loja –, o neófito começa uma longa jornada através da hierarquia maçônica.
Colunas alusivas aos signos do Zodíaco circundam o quadrilátero no centro da loja, onde a Bíblia ocupa lugar de destaque
O Rito Escocês Antigo e Aceito, um dos mais praticados no Ocidente, tem 33 graus. Os três primeiros são chamados de simbólicos e podem ser completados em cerca de dois anos. Os ensinamentos entre o 4º e o 14º grau compõem a Loja da Perfeição. O capítulo Rosa Cruz se dá entre o 15° e o 18° grau. Do 19° ao 30°, denomina-se Conselho Kadosh, e o Consistório é o estágio final, do 31° ao 33°. Um maçom do grau mais elevado vai conversar com seus irmãos de acordo com os conhecimentos do de grau mais baixo. Um integrante pode passar pelos 33 graus em cerca de 10 anos se comparecer às reuniões e fazer o “tema de casa”, que deve ser entregue na loja. A elevação de um grau para o outro só acontece depois de prova oral. Segundo o grão-mestre, a verdadeira maçonaria é masculina, apesar de existirem linhas que aceitam a inclusão feminina. “Está reservada para as mulheres uma posição ao lado de cada homem”, justifica. A média dos aceitos é de 40 anos. Jovens entre 12 e 21 anos são convidados a ser demolay, para meninos, ou bethel, no caso das meninas. Essas são instituições paramaçô-
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deixar outro passar necessidade. Essas prerrogativas fizeram muitos políticos se aproximarem da associação. O governador cassado do Distrito Federal, José Roberto Arruda, flagrado recebendo propina, foi expulso da ordem. Quando um maçom age contra os ensinamentos da maçonaria, um tribunal de família é instaurado. O presidente da loja nomeia três irmãos que investigam o caso. O infrator pode ser “adormecido”, o que lhe tira o direito de frequentar as lojas, ou expulso, que faz com que seja considerado perjuro, aquele que não respeitou os juramentos. Nenhum irmão pode manter amizade com o perjuro, porque ele é considerado doente espiritualmente. No caso do ex-governador Arruda, Fiorini afirma que ele entrou na ordem erroneamente. Uma comunicação interna confidencial é enviada a todas as lojas, em português, francês, italiano, alemão e espanhol: o irmão não será mais bem visto por nenhum maçom no mundo. As lojas, assim como os irmãos, também possuem graduações. Entre 1 e 3, são simbólicas; entre 4 e 30, filosóficas; e do 30 ao 33, administrativas.
mesmo que ele não esteja presente, no oriente da loja York. Atrás desse local, quadros distribuídos em forma de pirâmide do Sol, da Lua e da pirâmide com o olho que tudo vê. No teto, a letra G, que significa a grande geometria do universo e o conhecimento, segundo o grão-mestre adjunto Pablo Ballesteros. Sobre a Bíblia, nos dois templos, ficam um compasso e um esquadro. O compasso indica o modo como o maçom deve ver o mundo: a mente deve ter abertura de 360º. O esquadro sinaliza a retidão com que os irmãos devem viver: o instrumento tem 24 marcações, uma para cada hora do dia. No canto do templo de York, há uma caveira e dois ossos de gesso cruzados. A loja do rito escocês é mais adornada. Colunas, uma para cada símbolo do Zodíaco, a circundam. Do teto desce uma corda com 81 nós, cada um com um significado secreto. A Bíblia fica sobre um pedestal no centro da loja. Incensos e velas estão espalhados pelo local. Em um outro pedestal, repousa uma réplica da Arca da Aliança – onde teriam sido guardadas as tábuas dos Dez Mandamentos –, com queru-
e em uma campanha para ajudar um hospital. “Trocamos todos os lençóis da Santa Casa de São Paulo. No palácio do governo do Estado, existe uma setor só para atender a maçonaria.” A ordem está presente em diversos países do mundo, da Índia ao Iraque, da Bolívia ao Japão. O grão-mestre revela que a relação com os diversos regimes é pacífica, mesmo naqueles marcadamente autoritários. “Acreditamos que os povos são livres para determinar seus governos”, explica. Ainda assim, políticos não hesitam em procurar a sociedade fechada para obter seu apoio. Fiorini revela que os três principais pré-candidatos à presidência, Dilma Rousseff, José Serra e Marina Silva, já têm reuniões marcadas com a Grande Loja. “Mas os políticos nunca sabem se tem ou não o apoio da maçonaria”, assegura. Atualmente, a associação prepara a abertura da Universidade Maçônica Universal. Com sede em São Paulo, a instituição começará a funcionar no segundo semestre deste ano. Fundada em 10 de maio de 2010, aceitará apenas maçons, e terá aulas a distância.
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com colunas e outros ornamentos que remetem à simbologia maçônica.” O grão-mestre Ballesteros revela as ligações atuais entre a política e a ordem. “Hoje em dia, a maçonaria não está mais tão ligada à política, apesar de profanos continuarem se aproximando da ordem por ambição. Em Caxias, o prefeito, o vice e mais da metade do secretariado são maçons”, afirma. Ele também conta que a cidade até hoje preserva traços da simbologia maçônica, sem revelar detalhes. “Nas casas antigas que foram demolidas os maçons colocavam uma ‘assinatura’, como um artista que pinta um quadro. Na praça Dante, até hoje existe o compasso e alguns círculos maçons, e a bandeira da cidade também tem um símbolo da ordem.” Apesar das histórias secretas, a maçonaria promove atualmente uma abertura parcial. A entrevista com Fiorini, por exemplo, foi oferecida ao jornal pela ordem. No site da Grande Loja do Brasil, muitas informações antes consideradas secretas agora estão ao alcance de todos. O grão-mestre dá entrevistas explicando e defendendo a maçonaria, e vídeos com perguntas e respostas sobre a ordem podem ser encontrados no YouTube. Mesmo assim, durante a visita da reportagem aos templos, a resposta mais ouvida foi “Isso eu não posso lhe explicar”. A ordem que intriga historiadores e desperta a curiosidade de leigos guarda muitos segredos por trás da pirâmide com o olho que tudo vê.
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Acervo pessoal de Pablo Ballesteros, Divulgação/O Caxiense
O vice-reitor e grão-mestre adjunto da Grande Loja do Brasil, Pablo Ballestros, diz que será uma oportunidade de maçons do mundo todo trocarem conhecimentos. “A base da instituição será a ciência da educação. A partir dela estudaremos arte, filosofia, psicologia, antropologia, sociologia, história e nanociência.” O primeiro curso será o de Maçonaria Simbólica, que agrupará os ensinamentos dos três primeiros graus em dois anos. Em 2011, deverá ser lançado o curso de Perfeição Maçônica. A universidade espera atender cerca de 1 mil alunos no primeiro ano. Em Caxias, a maçonaria negocia um terreno para abrigar o centro de estudos no bairro Jardim América. A ideia da universidade, aliás, nasceu aqui, na loja 25 do Terceiro Milênio. “Tudo começou por causa da necessidade da pesquisa sobre essas doutrinas, que têm grande impacto na realidade atual, a partir de um ponto de vista maçônico”, conta Ballesteros, salientando o poder exercido pela ordem no passado. “A maçonaria foi uma instituição que teve muita influência na história das independências latino-americanas. Existem símbolos maçônicos em todas as igrejas, em todos os templos”, afirma o grão-mestre. A professora Eliana Rela acredita que esses traços foram deixados, em grande parte, por causa da ligação entre a maçonaria e o positivismo. “A urbanização moderna foi influenciada pelo movimento positivista. Por isso, não é raro encontrarmos prédios públicos
O grão-mestre da Grande Loja, Dorival Fiorini, e o grão-mestre adjunto, Pablo Ballesteros
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Secos & molhados
A mescla de produtos é receita do estabelecimento. “São coisas que não se vê no mercado. Tem os chapéus, o fumo, as alpargatas. Tem que ser diferenciado, senão acaba quebrando”, diz o dono
prateleiras
DO tempo E
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por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br
ntre lojas de roupa, academia, lancherias e até uma boate de dançarinas, sobrevive no bairro São Pelegrino um armazém com cara de início do século passado. O Armazém Lain, na esquina das ruas Pinheiro Machado e Coronel Flores, foi aberto há mais ou menos 80 anos – Harry Lain, que cuida do negócio sozinho desde 1996, não tem certeza da data exata. O estabelecimento foi fundado por seu avô, Anúncio. Na época, vendiase tecidos e aviamentos em um lado, cachaça e fumo do outro. Também constavam na lista de produtos oferecidos café e alimentos como sardinha em salmoura. “Tinha um balcão de mármore e as prateleiras iam até em cima, ocupavam toda a parede”, aponta Lain, lembrando que a casa comercial tinha como clientes frequentes quem vinha da colônia para assistir à missa na Igreja São Pelegrino, então de madeira. “Não se via dinheiro. As pessoas traziam salame e trocavam por café. Faziam o almoço assim, antes de ir pra igreja.” Hoje, o Armazém Lain ainda conserva algo dos velhos tempos, mas, para sobreviver aos anos, à passagem da administração de pai para filho e ao crescimento da cidade, incorporou uma infindade de artigos. Quem precisar de produtos de limpeza, refrigerante ou salgadinhos industrializados, lá tem. Porém, não é isso o que mantém as portas abertas.
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Para o proprietário, o que mais atrai os clientes e o que tem mais saída é algo vendido por lá desde a época do seu avô: o fumo. Porque é um fumo especial, não encontrado facilmente em Caxias, muito menos na área urbana. “O pessoal da colônia vem pra cá pra comprar fumo em rama”, diz Lain, antes de mostrar um espaço separado do comércio. Aos fundos, uma pequena sala com jeito de depósito abriga grandes porções de fumo, enrolado como mangueiras negras e úmidas descansando em uma prateleira de madeira que cobre toda a extensão da parede. Um dos frequentadores fiéis do armazém é João Borges, um sorridente senhor que faz compras por lá há aproximadamente 20 anos. Ele leva de tudo, queijo, salame e, claro, o popular fumo. Nesses anos todos, chegou a conhecer os três donos que o lugar já teve. “Gosto de vir. É o único lugar que o cara se sente bem”, elogia. Essa familiaridade provavelmente é um dos fatores que mantêm o Armazém Lain de pé. A historiadora Tânia Tonet concorda. De acordo com ela, o lugar sobrevive por dois motivos: “primeiro porque vive em um bairro de extrema identidade. Segundo, porque é frequentado por um público que tem isso por hábito”. Tânia foi fonte de uma pesquisa realizada do Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul (Sindilojas) que calculou que, por volta de 1878, a sede da cidade contava com 10 armazéns como os dos Lain, chamados de secos e
Armazém em São Pelegrino mantém as características das casas de comércio dos tempos da colonização molhados, “pois vendiam de fazendas, que era como se chamava os tecidos, até produtos agrícolas”, explica Tânia. Nos travessões e léguas, havia mais 85 destes estabelecimentos. A importância da existência destes armazéns é considerada fundamental pela historiadora. “Foram essenciais para o desenvolvimento da cidade.” O Armazém Lain chama a atenção de Tânia por guardar resquícios da época da colonização, como ter vários produtos juntos, cestas, chapéus e alimentos. “Lembra muito os antigos armazéns. Adoro aquele lugar!” Feijão, alho e pinhão são vendidos a granel. “Comida é o que menos sai. Não tem preço para competir com os grandes mercados”, diz Lain, que trabalha atrás do balcão cercado por balas, palha para fumo e grandes potes com especiarias como camomila, canela e anis estrelado. Ao fundo, há uma estante forrada de velas de sete dias. Grande parte dos produtos, porém, não está em prateleira alguma. Dezenas de chapéus de palha ficam pendurados no alto da parede. Em diversos modelos, parecem mais decoração que objetos à venda. Para Lain, é um atrativo especial. “São coisas que não se vê no mercado. Tem os chapéus, o fumo, as alpargatas. Tem que ser diferenciado, senão acaba quebrando. A concorrência não é fácil. Os grandes mercados são monstros, como se vai competir com essa gente?” O Armazém Lain é, literalmente, um sobrevivente. Por volta de 1992, o lugar
foi vítima de um incêndio. Ladrões entraram no estabelecimento e, para não chamar atenção, acenderam velas com a intenção de iluminar discretamente o espaço. Ao irem embora, deixaram-nas acesas, o que provocou um fogaréu que só não teve consequências mais graves porque o teto é alto e porque uma das moças que trabalhava na boate em frente deu o alerta a tempo. “Nem sei o nome dela, mas sou grato”, sorri Lain. A permanência do armazém é uma questão em aberto. Negócio de família, não tem herdeiros diretos. Harry não tem filhos. “Aqui termina minha dinastia”, brinca. Dos parentes próximos, há uma irmã e um tio, que talvez possam tocar o negócio adiante se Lain resolver abandoná-lo. Mas é algo que ele nem chegou a pensar. Lain não imagina vender o local, sair dali, mudar para um apartamento. Atualmente, mora no andar de cima do armazém, casa que também foi de seu avô. “Vivi toda minha vida aqui, tenho quase 55 anos. Não sei se sairia. Não sei”, balbucia, olhando para a rua. O proprietário observa que Caxias vive em constante desenvolvimento e mudança: “a cidade mudou muito, não é mais a mesma. Acho até que deve ter mais gente de fora do que daqui. É outra história, outra cidade”. Por enquanto, Lain confia nos clientes antigos e no ambiente familiar de seu armazém. E, também, na receita que faz o lugar durar tantos anos: “é segredo de família”, diz o comerciante, sorrindo.
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100 anos
CIDADE
DOS SONHOS A
por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br
cidade muda e parece sempre a mesma. Há arranha-céus onde antes a mata virgem esparramava-se. Tailandeses põem sua cultura à mesa onde antes só havia massa, galeto e polenta. A jornada de trabalho se encerrava com o sol se pondo no horizonte. Hoje, o trabalho nunca termina, nem mesmo quando a noite invade o dia. Pode-se ouvir um trompetista revelar a tristeza de uma noite vazia em jazz com a mesma intensidade que o nono canta suas dores e saudades da Itália querida num trôpego dialeto. Caxias do Sul tem muitas cidades dentro dela. Mas, no final das contas, mesmo jovem, é quase sempre a velha Caxias. É como aquela mulher que perdeu muito cedo o marido e guarda um pequeno baú de boas lembranças embaixo da cama. Pode até renascer o amor em outro alguém. Pode até mudar de casa. Pode reinventar seus sonhos e desejos. Mas jogar fora o baú e suas memórias seria o mesmo que desperdiçar a própria vida com cachaça ou um
tiro no coração. Jogar fora o baú seria o mesmo que desprezar a história do maior amor da sua vida. Desprezo que ninguém nem cidade alguma merece. Porque desprezar a cidade é escarrar nas vidas que constroem a história de Caxias. Misteriosa terra de oportunidades e ruas sem saída. Viver em Caxias é aprender a escapar de labirintos. Onde resistir é mais do que uma sina. É preciso ser forte para não ser devorado. Não mais pelos animais selvagens daquela terra de ninguém. Mas devorado pelo sonho de outro alguém que, por mais bravura, conquista o que o primeiro da fila deixou escapar. Numa dessas poucas tardes de sol outonais, uma menina vendia balas de goma na Avenida Júlio de Castilhos. “Um real, tio. Quer?”, ofereceu, um tanto ansiosa. “É pra que esse dinheiro?”, perguntei. A menina, que não é tão menina assim, deve ter 17, 18 anos, desviou o olhar. Parecia envergonhada. Refiz a pergunta. Ela inspirou e, me olhando, disse: “É por um sonho, tio”. “Um sonho? Que sonho?”, insisti, surpreso. “Ah, isso é entre eu e Deus”, respondeu.
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Caxias do Sul tem muitas cidades dentro dela. Mas, no final das contas, mesmo jovem, é quase sempre a velha Caxias
Caxias é uma cidade onde os so- um fio de esperança. Na cadência do nhos valem de R$ 1 a R$ 1 bilhão. Mas rap revê sua vida como se escrevesse por R$ 1,99 pode-se almoçar ou com- um diário. Da Cohab para o mundo, prar droga. Um guarda chuva novo dispara: “Caxias é uma cidade violenvale R$ 20. Consertar o velho não sai ta. Quem anda pela periferia sabe, eu por menos de R$ 10, dependendo do já vi muita coisa. Já perdi muito amigo por causa do crime. estrago. Juçara poderia Mas também isso tudo ver seu sonho realizadepende muito do que do antes se vendesse “Conheço gente o cara quer da vida. Coou consertasse guarda- que mora nheço gente que mora chuvas. Mas para venna Vila do na Vila do Cemitério der esse tipo de produmas vive bem, melhor to iam pedir a ela firma Cemitério mas que muita gente em coregistrada, alvará, nota vive bem, bertura, não se envolve fiscal etc. E talvez fosse melhor que em problema nenhum, tarde demais esperar muita gente mas é porque vive na pela burocracia. Talvez boa. Eu mesmo, não seu sonho saísse voan- em cobertura”, do por aí. Ou tombasse diz o rapper JL fosse a música, já tinha diante do crime por me perdido. Não são uma bala de revólver. muitas as pessoas que Neste ano, 28 pessoas já foram assassi- se regeneram e às vezes nem dá tempo nadas em Caxias. Melhor vender balas pra mudar, porque o cara vai pra cade goma. deia ou é morto”. “Só um sonho pra manter o cara O sonho de JL é viver da música. vivo”, revela JL, 25 anos. JL não é a Muito em breve, 1 mil cópias do seu abreviação de nome de bandido. É o segundo CD, Eu Vivo pra Rimar, esnome de guerra de um sobreviven- tarão à venda por R$ 10 cada. JL não te. Um cara que encontrou na música precisa que cada uma das 412.053 pes-
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Fotos: André T. Susin/O Caxiense
JL lançará CD em breve: “Eu mesmo, não fosse a música, já tinha me perdido”; Osmar compôs um hino de destino incerto: “Fiz a música e não sei nem se vão aproveitá-la”
soas que vivem em Caxias comprem gresso, a pessoa vai pedir pela rua messeu disco. Mas quantos desses se iden- mo: “Se puder me ajudar, eu agradeço, tificam com o seu jeito de se ser, que viu? É que eu tava preso porque bati na se revela pela forma como ele se veste? minha mulher, na verdade nem bati, só “Caxias é uma cidade de consumido- peguei ela forte no braço, e como ela res que se apoiam muito no clássico. é magrinha ficou marca, sabe. Mas eu É só pensar em quantas empresas de não fiz pra machucar, é que era a secasacos de lã tem e tiveram em Ca- gunda vez que ela me dava um tapa no xias, a alfaiataria semrosto e nunca ninguém pre foi muito forte. As me bateu na cara, nem pessoas de uma classe meu pai. Então queria social mais alta se ves- “Caxias é ver se o senhor pode tem de um modo mais uma cidade me ajudar”. tradicional, mais chi- em que Esse é só mais um que. Agora, andando João Sem Rumo que as pessoas pelo Centro a gente vê aparece por aqui. “Caque as pessoas, de um sentem remorso xias é uma cidade invamodo geral, têm outras por estarem dida. Não só pelo novo, referências. É um caos, descansando”, porque isso seria bom. meio brega até, porque Invadida pelo outro afirma elas assistem televisão que não respeita a cie compram o que está Loraine dade, que não conhece na moda e misturam a cidade. Mas se Catudo. Caxias é 8 ou 80”, xias recebe 40 mil pesdefine Carolina De Barba, 24 anos, jor- soas por ano deixa de ser uma cidade nalista e estudante de Moda e Estilo, e passa a ser um dormitório”, conta a revelando mais uma faceta da cidade. historiadora Loraine Slomp Giron, 73 anos, não como quem dá uma aula, “Nunca pensei em ganhar di- mas como quem conta a um neto que nheiro com moda”, revela Carol. De- nem mora aqui como é a cidade onde pois de uma breve pausa, ela sorri, a avó vive. Loraine acha Caxias a senão resiste e cai na gargalhada. Como gunda cidade mais feia da região. “Farse tivesse dito uma bobagem, explica: roupilha é a mais feia, porque não tem “Nossa, só percebi depois, que coisa nem praça, mas depois vem Caxias. A mais Caxias o que eu disse”. E ainda cidade já foi bonita, quando tinha 3m x sorrindo encerra a piada de si mesma 3m”, ironiza. Não é pelas palavras, um “ganhar dinheiro com moda...”. Em Ca- tanto grosseiras, e de certo modo bem xias, negócio só é bom se dá dinheiro. caxienses, mas pelo olhar que Loraine De preferência muito dinheiro. Aliás, revela seu amor pela cidade. essa é a dinâmica da vida econômica “Falta amor por Caxias. A pessoa não só em Caxias do Sul, mas em mui- não ama aquilo que não tem sentimentas das cidades que mais prosperam no to de pertença. Quem vem de fora tem mundo. O PIB da cidade é de R$ 9,8 sentimento de usufruto. Por isso que bilhões, o que equivale a 5,68% do PIB ninguém pode se tornar caxiense. São estadual. Há quem esfregue os olhos até bem recebidos e eleitos. Pode até quando se depara com os índices de virar deputado ou prefeito, mas nunca crescimento de Caxias, pensando que será caxiense. É uma visão sociológica”, viu, por engano, relatórios da econo- define Loraine, dando de ombros a um mia chinesa. e outro que veem polêmica nessa sua Nesse Centro da cidade onde fervi- maneira de enxergar Caxias. “É um lham as lojas de roupas que comerciali- culto ser caxiense”, deixa escapar a hiszam a última moda da novela passada, toriadora. E sorri. “Parte da construção onde mais vende quem grita alto o va- mítica é a imagem e semelhança do lor da oferta, mais de 250 mil pessoas colono que nunca viveu, só trabalhou. transitam todos os dias. Alguns vieram Caxias é uma cidade em que as pessoas só com a passagem da vinda. A do re- sentem remorso por estarem descan-
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sando”.
tanto desconfiado. “Tu vê, já é quase dia do aniversário da cidade e só agora vieram me procurar, e ainda temos de gravar. Só não gravei porque não tenho como pagar sozinho um estúdio”, justifica, como se pedisse desculpas à cidade inteira. O hino tem cinco estrofes de oito versos. Entoada ao som de um refinado violão campeiro, a música diz no refrão:
Enquanto isso, no restaurante japonês um casal paga R$ 200 para comer sushi de salmão, atum e peixeprego, beber uma garrafa de vinho e uma dose de saquê. Em vez de cadeiras, um grande sofá. A mesa é mais baixa do que nos restaurantes convencionais, como os que servem churrasco, galeto ou bauru. Em vez de talheres de aço inox, pauzinhos de madeira. Os Das colônias és chamada Pérola dois pensam em adotar uma criança. Pelo brilho crescente e altivo Talvez duas. Na Vara da Infância e da Concebido da união de esforços Juventude disseram que eles precisam De migrantes e o povo nativo apresentar até atestado de sanidade Nossa bela e amada Caxias física e mental. Na fila existem outros Tu és obra de arte és cenário 200 casais. Onde estrelam teus feitos e glórias Osmar acaba de ver nascer a sua fi- Prá brilhar junto ao teu centenário lha. Sofia é uma menina linda, de cabelo moreno levemente ondulado nas Osmar não é músico de bar, diz pontas. Mesmo com sono, viu o pai não apoiar-se nas muletas da música conceder entrevista e tocar violão. Os- popular para virar celebridade. “Meu mar Ferreira é compositor. Nasceu em trabalho é cultural, de escolher bem Candelária e adotou Caxias por causa as palavras, tocar bem o instrumende um amor. Casado com Patrícia há to.” Não fosse de Candelária, pelo jeito 10 anos, chegou à cidade em 2007 e foi manso de falar poderia muito bem se conduzido, meio que por osmose, ao passar por um mineiro. E fica lá em epicentro da mobilização pelo prêmio Minas Gerais a fábrica da Fiat que fade Capital Brasileira da Cultura. Os- bricou os 63 Siena, 14 Palio e 31 Uno mar entrou no trem e sentou na janela. Mille que rodam pela cidade como táOfereceu de bate-pronto uma canção- xis. A frota toda, incluindo os carros da tema para o nobre título. E assim as GM e da Ford – que muita gente ainda portas da esperança se acha que poderiam ter abriram para Osmar. estabelecido suas fábriDepois de regravar o “Em Caxias cas aqui –, mais Renault Hino de Caxias, com- toda a eleição e Volkswagen, é de 277 por e gravar o tema da veículos, distribuídos é incerta. Não Capital da Cultura, aos em 65 pontos fixos mais 48 anos o compositor ocorrerá aqui 15 livres. Mas só 20% resolveu dar mais um de um mesmo deles têm ar condicioimportante passo na partido ficar 12 nado. construção da identiEdino não tem ar anos no poder”, dade da cidade. “Fiz condicionado em casa. um hino para o cente- diz João Ignacio Prefere o calor da lanário de Caxias, mas reira. Sentado numa me decepcionei pois poltrona confortável, não criaram um conao lado da esposa Flora, curso. Fiz a música e não sei nem se contou a história da sua vida. Desde a vão aproveitá-la”. vinda para Caxias, quando tinha três anos. Morava em Arco Verde com os Como se a parede tivesse ouvi- irmãos Ivo, Eloy e Nair, mais os pais, dos, assim que terminou seu lamento, João e Thereza. “Meu pai era um hoo telefone tocou. “Era da prefeitura, mem que enxergava longe. Nunca querem que eu vá lá mostrar a músi- perguntei a ele por que viemos para ca pra eles”, conta, orgulhoso, mas um Caxias, mas acho que ele já sabia que
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Edino e Flora fizeram a vida em Caxias trabalhando no armazém fundado pelo pai dele: “Era um consultório sentimental”
tinha mais oportunidades aqui do que em Arco Verde, onde hoje é Carlos Barbosa”, imagina Ildo Edino Chies, 77 anos. O pai tinha uma bodega, onde tudo se vendia, da miudeza aos miúdos da galinha. “Como eu não alcançava no balcão, meu pai fez um estrado de madeira para que eu pudesse pesar o milho, o feijão, a farinha, que era tudo a granel”, conta. Mais tarde, Edino seguiu no comando do armazém. “Se eu não tivesse arrumado uma mulher como ela, não sei o que teria sido”, confidenciou Edino, emocionado, enquanto a esposa Flora buscava pinhão cozido e refrigerante, na cozinha. “Aprendi a fazer de tudo, porque o Edino não estava sempre no armazém, né. Se ele tinha de ir no banco ou fazer alguma entrega, eu ficava sozinha e tinha de atender, porque senão a gente perdia o freguês”, explica Maria Flora De Ros Chies, 78 anos, que nasceu e cresceu na Rua Tronca, numa casa de madeira perto de onde fica hoje o 3º Grupo de Artilharia Anti-Aérea. O armazém não existe mais. Na esquina das ruas Tronca e Marechal Floriano um tapume esconde os escombros da velha bodega que reunia a vizinhança para comprar pão, botão de camisa ou panela, beber um pouco de cachaça ou fofocar sobre esse e aquele. “Era um consultório sentimental”, brinca Edino. Edino não usa o Twitter, nem mesmo sabe se é de comer ou mais uma doença dessas que aparecem de tempos em tempos. Mas vai ao su-
permercado. Na sua época o pão que bem pouco mais de 400 mil habitanmais vendia era o de quilo ou ¼ de tes. Enfim, voltando ao voto, o cienquilo. Enquanto vendia 50 pães de um tista político João Ignacio Pires Lucas, quilo, só com muito esforço saíam 10 42 anos, diz que o comportamento do pequenos, parecidos ao cacetinho de eleitor em Caxias é bem particular. Prihoje. “E no açougue não vendia de jeito meiro, é polarizado em duas correntes. nenhum filé mignon. Cansei de fazer Ou seja, não há uma terceira via na cichurrasco de filé mignon porque so- dade. Ou entra no trenzinho, ou segue brava”, diverte-se Edino. a pé. Ou entra na caçamba do camiE é no super, programa de caxiense, nhão, ou vai de BMW. “Em Caxias toda segundo a Carol – que tem 251 segui- a eleição é incerta e geralmente ocorre dores no Twitter –, onde se percebe uma alternância de poder. Não ocorremais uma particularidade da gente rá aqui o que já houve em Porto Aledaqui. “Sempre tem alguém que diz: gre, por exemplo, de um mesmo par‘sabe quem eu vi no super ontem?’. tido ficar 12 anos no poder. Em Caxias Acho muito chato isso. existe de 30% a 40% Parece que em Caxias dos eleitores que votam tem sempre alguém te “Tem gente que se em um candidato, 30% vigiando. Na verdade, acha e pensa que a 40% que votam em é uma cidade onde as outro candidato, e 10% pessoas adoram ver e é alguém, mas ou mais que transitam, serem vistas”, diz ela. quando passa do que mudam de opinião “Então é isso que expli- pedágio ninguém de uma eleição para ca por que todo mundo mais sabe quem outra”, analisa. vai sempre aos mesmos lugares? Tipo, hoje é é”, diz o relações Difícil não querer dia de ir a tal boate, públicas ser prefeito em uma ciamanhã naquela ou- Paulinho Silva dade cuja renda per catra?”, pergunto, de um pita é 80% superior ao jeito debochado. Carol índice brasileiro. “Mas sorri, pra depois rir e dizer, meio en- ainda tem muita gente que dorme na vergonhada: “Não sei, acho que sim...”. rua, e tu já percebeu que é nos mesmos Esse “não sei” da Carol, mesmo que lugares? Parece que ninguém enxerde um jeito atravessado, revela uma in- ga”, desfere Loraine. E complementa: certeza ainda maior da cidade. Maior “Caxias não tem um projeto político. do que o índice de 61% de nebulosida- Sempre tivemos prefeitos capatazes de de. Caxias do Sul tem 309.403 eleitores. obras, que para serem importantes eles Por isso tanta gente contesta o IBGE, têm de deixar obras”. Esta cidade não que diz que a cidade tem pouco, mas comporta mesmo uma terceira via. Ou
se defende uma ideia com unhas e dentes, mesmo que pareça insanidade e na contramão, ou se é terminantemente contra e ponto. Aprenda a aceitar a cidade com um barulho desses... Muitos homens e mulheres já fizeram história em Caxias. Outros fazem de conta que mudam a vida dos outros. “Tem gente que se acha e pensa que é alguém, mas quando passa do pedágio ninguém mais sabe quem é”, diz o relações públicas Paulinho Silva, “30 e poucos anos”, que sabe quem é in ou out nesta eterna Pérola das Colônias. Cidade do ônibus a hidrogênio e do agnolini. Caxias é uma cidade onde todos os sonhos são possíveis. E não precisa perguntar a José Ivo Sartori, Raul Randon, Milton Corlatti e tantos outros homens de sucesso em Caxias. Há uma legião de anônimos que saíram do almoxarifado e viraram gerentes, que largaram balde e vassoura para coordenar departamentos, que carregaram batata nas costas para pagar a faculdade. Gente daqui e de fora e que, assim como JL, tem um sonho que os alimenta e os mantém vivos. Se for para sonhar, que seja aqui. Uma cidade meio São Paulo, meio Pequim, meio Nova Milano (que, aliás, é distrito), onde continua sendo difícil jantar depois das 23h, comprar carne de churrasco às 13h de domingo e ver um filme do Woody Allen que não seja em DVD. Caxias é uma grande pequena cidade. Uma metrópole dentro da colônia. Um sonho, não?
ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL
PODER JUDICIÁRIO
Edital de Citação – Cível
1a Vara Cível – Comarca de Caxias do Sul
Prazo: 30 ( trinta ) dias. Natureza: Ação de Busca e Apreensão. Processo: 010/1.06.0011965-6 ( CNJ:. 0119651-30.2006.8.21.0010 ). Autor: Banco Finasa S.A. . Réu: José Fernando Papa. Objeto: Citação de José Fernando Papa, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no prazo de QUINZE ( 15 ) DIAS, a contar do término do presente edital ( art. 232, IV, CPC ), contestar, querendo, a presente ação, ciente de que, em não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 13 de Abril de 2010. SERVIDOR: Miriam Buchebuan Lima, Ajudante Substituta. JUIZ: Darlan Élis de Borba e Rocha
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O Caxiense
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1915
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O Caxiense
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Reno Mancuso, Acervo do Arquivo Hist贸rico Municipal/O Caxiense
Domingos Mancuso, Acervo do Arquivo Hist贸rico Municipal/O Caxiense
Reno Mancuso, Acervo do Arquivo Hist贸rico Municipal/O Caxiense
Domingos Mancuso, Acervo do Arquivo Hist贸rico Municipal/O Caxiense
Retrato do tempo
1947
CAXIAS DO SUL,
DOS ANOS 1910 A 2010
1947
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
André T. Susin/O Caxiense
Odacir Scalco, Col. Odacir Scalco – Foto Itália, Acervo do Arq. His. Mun./O Caxiense
1990
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1990 www.ocaxiense.com.br
André T. Susin/O Caxiense
Odacir Scalco, Col. Odacir Scalco – Foto Itália, Acervo do Arq. His. Mun./O Caxiense
Uma cidade, dois cantos, quatro olhares. Primeiro foi Domingos Mancuso. Em 1912, eternizou a brincadeira da criançada no leito da Sinimbu, na esquina com a Dr. Montaury, com o nascente São Pelegrino ao fundo; em 1915, fotografou o antigo Banco Pelotense dominando a esquina da Marquês do Herval com a Avenida Júlio. Os dois pontos foram revisitados por um de seus filhos, Reno, em 1947. Em 1990, Odacir Scalco repisou os passos dos Mancuso naquelas esquinas. E 20 anos depois, com os registros de André Tiago Susin para O Caxiense, completa-se o retrato daquilo que uma só fotografia é incapaz de mostrar: a passagem do tempo.
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Carina Pasqual, Divulgação/O Caxiense
Troca de alianças
DO COMUNITÁRIO ao
MILIONÁRIO Tradição não é mais a regra em casamentos que podem custar nada ou uma fortuna
c
por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br aminhar até o altar envolta no vestido branco mais bonito que se consegue imaginar, às vezes desde criança, e casar com o homem da sua vida é o sonho de muitas mulheres românticas. Decoração com as flores mais vivas, ambientação com as músicas mais canoras podem fazer da festa um momento memorável. Tudo isso, porém, tem um custo. E não é dos pequenos. Existe um profissional que cuida de todas arestas de um casamento, o organizador. Tudo para evitar qualquer incômodo e nervosismo, já comum dos noivos. De acordo com a organizadora há 15 anos, Lisete Alberici Oselame, da Interface Eventos, a função primordial é manter tudo em perfeita harmonia e equilíbrio. “O diferencial é a tranquilidade, para não deixar que aconteça nada de errado ou imprevisto”, explica Lisete. Um cronograma é composto para que detalhes não fiquem de fora. Desde o primeiro passo pela nave da igreja, músicas específicas ressoam em momentos como a entrada dos padrinhos, do noivo e a mais esperada: a da noiva. Arranjos de flores da época decoram a passagem e o altar. “Flor não pode faltar, é evidente. Pode inventar o que quiser, mas por favor, não pode faltar”, afirma Lisete. Quando os noivos chegarem ao local da festa, tudo estará como o sonhado. Mesas, cadeiras, sobre-toalhas, guardanapos, castiçais e até tapetes são itens normalmente alugados. Atualmente, organizadores são atraídos pela utilização de iluminação diferenciada como elemento de decoração. “Luzes e iluminação é bárbaro. Pode ser uma decoração tradicional, mas dependendo do posicionamento faz toda a diferença”, recomenda Lisete.
sariamente. Pode estar tudo bonito, diferente, não se gastar tanto e uma boa música segura a festa a noite inteira”, pondera Lisete. Ninguém quer que sua festa de casamento acabe logo após a sobremesa. Manter o equilíbrio entre todos os elementos também é papel da organização. Lisete compara o trabalho com o de um maestro. Os valores de cada instrumento dessa orquestra é que têm uma grande variação. De acordo com a organizadora Elisabeth Fichtner, a Beth, que trabalha neste ramo há cerca de 25 anos com aproximadamente duas centenas de casamentos no currículo, para uma recepção com aproximadamente 200 convidados, o custo pode variar de R$ 30 mil a R$ 100 mil.
A filmagem é um item dispendioso, em torno de R$ 1.400 e R$ 2 mil e, mais ainda, a fotografia, que, de acordo com Beth, “está caríssima, por menos de 4 mil não se faz um trabalho decente”. Para Beth, a tradicional mesa de doces não pode ficar de fora e merece um cuidado especial. “Coloco a quantidade de doces que a noiva escolheu, talvez até mais, mas nunca menos”, conta, arrematando com os valores, de R$ 3 mil a R$ 4 mil. A organizadora de eventos Neka, na certidão, Marinês Strapassoli, é adepta da originalidade. Ela diz que o seu trabalho é estar presente “do convite à calcinha”. Há 15 anos no mercado, ela opta por trazer uma ponta de loucura para seus casamentos. Claro, com o aceno positivo dos noivos. “Hoje em dia o casamento é bem eclético e isso é muito bom. Há noivas extremamente clássicas, mas há outras bem abertas a novidades. A festa tem que ter a assinatura dela, e não a minha”, explica. Quanto a valores, ela é relativamente mais modesta. Um casamento bem elegante para 100 convidados “Quem segura pode sair por R$ 15 uma festa? mil. “É, a gente faz milagre”, espanta-se. A Decoração explicação é que o seu luxuosa? Não não é oferenecessariamente. trabalho cido como um pacote Uma boa música pronto, mas todos os serviços são negociasegura a festa a dos individualmente. noite inteira”, Se acha que está caro, diz Lisete Neka pechincha.
Tendo a Praça Dante como altar, quatro casais se uniram em abril
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Comida, bebida e música devem ser da melhor qualidade. São imprescindíveis para uma boa recepção. O cardápio deve ser bem elaborado, seja do prato mais simples ao mais sofisticado, que podem variar de R$ 45 a até R$ 100 por convidado. Mesa farta já garante metade da diversão. Mas para manter os convidados animados e, principalmente, presentes, o segredo é a música. O mais comum é a contratação de um DJ, que toca canções selecionadas. Mais raramente, bandas menores realizam uma performance. “Quem segura uma festa? Decoração luxuosa? Não neces-
As organizadoras consultadas concordam em alguns pontos. Em primeiro lugar, maio não é mais mês das noivas, e faz tempo. Para Lisete, seus meses mais movimentados são de outubro a dezembro, mesma época citada por Neka. Para Beth, fica um pouco depois: “posso eleger mar-
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
ço como o mês das noivas”, brinca. Os motivos dados são, além da óbvia baixa temperatura, que intimida as roupas de festa, até o fato de que hoje em dia as noivas são independentes e trabalham. Maio é mês de serviço. Outro ponto é que as tradições não se mantiveram. O clássico arroz jogado na saída dos noivos agora é terminantemente proibido. Pode causar acidentes, como fazer convidados e noivos escorregarem. Até as pétalas de rosas também não possuem mais fãs. Beth é sucinta ao dizer o que é comum no momento: “nada!”. As músicas que tocam na cerimônia fogem bastante do clássico e dos violinos. Normalmente é um CD com canções escolhidas pelos noivos ou músicos com instrumentos mais simples, como violão e flauta.
em conjunto, cerimônias civis de casamento. Ao levar a documentação requisitada à prefeitura, os casais se candidatam a participar do evento, onde os cartórios de Registros Civis das 1ª e 2ª Zona são encarregados da legalização do casamento. O primeiro deles foi em 2005, no antigo Teatro de Lona da Universidade de Caxias do Sul. Com 80 casais, foi o maior até hoje. Seguiram-se cerimônias no Restaurante Comunitário e no bairro Fátima Baixo.
A novidade deste ano foi o primeiro casamento comunitário somente religioso, realizado na Praça Dante Alighieri na manhã de 24 de abril, um sábado, em parceria com o Governo do Estado. Aproximadamente 30 casais, já unidos no civil em cerimônias comunitárias, foram convidados a participar A valsa perdeu adeptos. Em um do evento, mas somente quatro aceitacasamento organizado ram comparecer à cepor Neka, a típica valrimônia, um católico e sa de apresentação dos No comunitário, três evangélicos. Janete noivos foi substituída se diz frustrada. “Seria decoração, por um número de sallindo. Decoração para sa. Em outro, a união vestidos e sapatos 10 e para 30 pessoas não foi celebrada por foram doados é a mesma, mas mais um padre, mas por um para os noivos casais seria tão bonito. amigo do casal. Esse Deu vontade de choque casaram na mesmo casal faz parte rar.” de uma banda e fize- Praça Dante, Guaciara dos Santos ram um show de duas em cerimônia Machado casou com horas para seus convi- religiosa inédita Leandro Lopes depois dados. O casamento, de 15 anos juntos. Eles que teve início às 18h ganharam tudo. Foram de um dia terminou às 6h do outro. “Se até as lojas de trajes e fizeram as pro12 horas não significa uma boa festa, vas e ajustes necessários de roupas que, não sei mais nada”, diz Neka. segundo ela, nunca teria condições de A Ave-Maria, porém, continua firme alugar. “O vestido era lindo, a roupa e forte. As clássicas lembrancinhas en- do meu marido também. Arrumaram tregues no final da festa, como amên- tudo direitinho.” Guaciara sentiu o doas e bem-casados, também se man- momento de felicidade como um breve têm favoritas. Uma das coisas em que respiro dos problemas que a rodeavam. organizadora não se mete é no vestido Com o marido desempregado, ela estada noiva, o mais pessoal dos acessórios. va com a sogra no hospital. Nem teve De acordo com Lisete, as opções ficam festa. “Foi chegar em casa, tirar a rouem torno de noivas que trazem o ves- pa e ir direto para o hospital”, lamenta. tido de algum local fora da cidade, do Mas ela não deixou de se sentir alegre, chamado “primeiro aluguel” e de levar e valeu a pena. Para Célia Ferreira Feruma ideia a uma costureira, o popular nandes e Alan Gomes o clima estava “mandar fazer”. Para ela, opinião sobre mais leve, mas não menos tenso. vestido só é dada quando requisitada. Ela ficou ansiosa porque chegou “É uma coisa muito da noiva. Quem dá atrasada e passou a noite anterior em muito pitaco é a mãe”, diverte-se. claro. De acordo com Célia, foi uma cerimônia muito bonita, com autoriEm contrapartida, há quem dades como o prefeito José Ivo Sartonão possa desembolsar tanto para rea- ri, sua esposa, Maria Helena e, reprelizar seu casamento, por mais sonhado sentando o Governo Estadual, Tarsila que seja. Uma opção é oferecida pela Crusius, filha da governadora. Só senSecretaria Municipal de Segurança tiu falta de público: poucas pessoas, Pública e Proteção Social. Através da “umas duas ou três”, entre convidaDiretoria de Segurança Alimentar e dos e curiosos, estavam presentes. Ela Inclusão Social (Sais), coordenada por também ganhou roupas e acessórios. Janete Tavares, são organizados casa- A comemoração foi um churrasco na mentos comunitários gratuitos na ci- casa dos noivos. Para Célia, casamento dade. Eles são realizados anualmente, é bom na praça, na praia, no campo, “por mais que supliquem para serem em qualquer lugar. “Que bom que essa feitos mais”, brinca Janete. Na fila de moda está pegando aqui”, alegra-se. espera, mais de mil casais. Os materiais necessários são obtidos Pode ser em uma igreja ricamenpor meio de convênios com lojas de te decorada com todos os convidados trajes para festas e floriculturas. Esses possíveis e uma festa de arromba. Pode estabelecimentos fazem empréstimos ser um casamento com a maior quande roupas dos noivos e de acessórios tidade e diversidade possível de casais como brincos e coroas. Algumas lojas na praça central da cidade e depois são mais desapegadas e oferecem ob- uma simples refeição com os amijetos necessários, como a Lenir Modas, gos mais chegados. Tudo isso só vem que doou 12 vestidos à Sais. Floricultu- a confirmar que não importa o lugar ras também doam a decoração. onde o casamento aconteça e como. O Durante o ano, casais interessados importante é o que fica depois que as se inscrevem no Sais para realizarem, luzes se acendem.
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INFORME COMERCIAL
AUTOMECHANIKA / IAA
Estão abertas as inscrições para as empresas interessadas em participar da 20ª Missão Técnico-Comercial do SIMECS ao exterior. A missão está programada para o período de 15 a 26 de setembro. O SIMECS está ultimando os preparativos para formar o grupo de empresários que em setembro visitará as feiras Automechanika em Frankfurt e IAA em Hannover, ambas na Alemanha. A Automechanika é uma feira voltada para o setor automotivo e especializada em equipamentos para oficinas, acessórios para automóveis, reparação de automóveis, plataformas elevatórias, carroçarias, pintura de veículos, entre outros. Enquanto isso, A IAA International é a Feira mais completa da indústria automotiva e terá a exposição de caminhões de carga, ônibus e trailers, logística, equipamento para garagem e automóveis. Além das feiras, o grupo também irá visitar institutos de tecnologia e empresas da Europa. Inscrições pelo fone: (54)3228.1855 OZIRES SILVA Um público superior a 200 pessoas, composto por empresários, representantes das empresas metalmecânicas e convidados prestigiou no dia 24 de maio a palestra do engenheiro Ozires Silva sobre Tecnologia, Empreendedorismo e Desenvolvimento. A palestra foi um dos eventos magnos que o SIMECS programou para este ano. Durante o encontro, Ozires destacou o empreendedorismo e a competitividade, bem como os desafios e oportunidades do mundo globalizado. Ex-ministro de Infraestrutura e ex-presidente da Petrobras, Ozires também relatou sua experiência à frente da Embraer tendo sido seu fundador e de que forma conseguiu colocar a empresa de aviação no cenário de destaque em nível mundial. “Acreditar sempre no sonho sem jamais desistir de um ideal.” Esta foi a mensagem final do palestrante para o expressivo público presente que em sinal de reconhecimento, retribuiu em pé, com forte e demorado aplauso. MISSÃO MAR DO NORTE O presidente do SIMECS, Oscar de Azevedo integrará a Missão Petróleo e Gás no Mar do Norte que visitará no período de 26 de junho a 04 de julho, a cidade de Aberdeen. A comitiva será liderada pela FIERGS através do Comitê de Competitividade em Petróleo, Gás e Energia,do qual o SIMECS faz parte. A viagem tem como objetivo desenvolver cultura e conhecimento para o Polo OffShore, aproximar empresas gaúchas de Petróleo e Gás com empresas européias, visando gerar conhecimento sobre a realidade tecnológica de outros mercados, proporcionando a difusão de informação para o setor, e consequentemente, a possibilidade de negócios entre as partes na formação de parcerias e outros modelos empresariais. ITÁLIA / PARCERIA Com objetivo foi estreitar contatos técnico-comerciais com empresas e entidades italianas, além de visitar a feira Lamiera, em Bolonha, os diretores do SIMECS Getúlio Fonseca e Odacir Conte estiveram na Itália durante o mês de maio. Através dos contatos feitos, o SIMECS deseja atrair a participação de indústrias italianas na região polarizada por Caxias do Sul. Foram visitadas pelo menos 13 empresas metalmecânicas. O que chamou a atenção foi o avançado processo produtivo e tecnológico destas indústrias, além da preocupação das mesmas com a preservação ambiental, utilizando modernos sistemas de tratamento de resíduos industriais. Também foram mantidos contatos com importantes entidades industriais como a Confindustria, Associação Industrial de Vicenza e a UCIMO - Associação de Fabricantes Italianos de Ferramentas, Máquinas, Robótica e Automação Industrial. FERRAMENTARIAS / ENCONTRO Aconteceu nesta sexta-feira, 28 de maio, no auditório da CIC em Caxias do Sul o 3º Encontro Nacional de Ferramentarias. As empresas metalmecânicas participaram do evento que teve a promoção conjunta do SIMECS, Simplás, Plastech Brasil 2011 e Associação Comercial e Industrial de Joinville. O encontro destinou-se aos empresários da cadeia produtiva de ferramentarias e teve como objetivo fomentar a discussão sobre temas comuns ao setor ferramenteiro nacional. No evento também foi abordado o planejamento estratégico do setor para os próximos 15 anos. Na oportunidade, foram desmembradas as ações para alcançar os objetivos definidos, visando colocar o Brasil em posição de destaque mundial na comercialização de moldes e ferramentas. DISTINÇÃO INDÚSTRIA 2010 As empresas Randon e Marcopolo, representadas pelo SIMECS, receberam no dia 26 de maio em Porto Alegre o prêmio Distinção Indústria 2010, promovido pelo sistema FIERGS/CIERGS. O Prêmio Distinção Indústria 2010, instituído em 1972, foi conferido aos seguintes produtos caxienses: Ônibus Rodoviário Geração 7, da Marcopolo, e o Graneleiro Randon Série 60 Anos, da Randon. Outras duas empresas, a Agrimec Agro Industrial e Mecânica, de Santa Maria e a BCM Engenharia, de Porto Alegre também foram agraciadas. Na edição deste ano a FIERGS premiou quatro produtos fabricados com avanços tecnológicos, design e inovação. DESGASTE DE MATERIAIS Desgaste de Materiais - Explicações e Soluções. Este foi o tema do evento realizado pelo SIMECS em seu auditório no dia 05 de maio. Na oportunidade, o professor e engenheiro Santiago Corujeira Gallo apresentou um “mapa de desgaste”, elaborado por estudiosos da tribologia e amplamente consolidado, no qual o profissional pode localizar o problema da sua peça e as possíveis soluções. O Objetivo da palestra foi compreender os mecanismos de desgaste adesivo e oxidativo para combatê-los ou aproveitá-los no aumento da vida útil de componentes de engenharia, ferramentas e outras peças metálicas. Participaram do evento os profissionais representantes das empresas do SIMECS envolvidos nos processos de produção e no projeto de peças. PROGRAMA DE SEGURANÇA CONTINUADA No mês de maio o SIMECS deu continuidade aos encontros do Programa Segurança Continuada, abertos a participação das empresas metalúrgicas. O tema abordado foi a NR - 5 CIPA. Nos dois encontros acontecidos os participantes puderam esclarecer dúvidas, debater problemas e soluções a serem implementadas no sentido de que a CIPA seja uma ferramenta atuante, auxiliando as empresas a atingirem seus objetivos de redução e eliminação de riscos presentes no ambiente laboral. Questões como obrigatoriedade e constituição de CIPA, bem como implementação do Processo Eleitoral, realização de curso, documentação legal e aspectos relevantes da Norma, foram apresentados. Por outro lado, o SIMECS informa que continua à disposição das empresas do seu segmento o atendimento da Assessoria em Saúde e Segurança Ocupacional. Contatos pelo fone: (54) 3228.1855. SIMECS - Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. Rua Ítalo Victor Bersani, 1134 - Caixa Postal 1334 Fone/Fax: (54) 3228.1855 – Bairro Jardim América. CEP 95050-520 – Caxias do Sul Rio Grande do Sul. www.simecs.com.br - simecs@simecs.com.br
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Guia de Cultura
por Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis
Oscilloscope Pictures, Divulgação/O Caxiense
guiadecultura@ocaxiense.com.br
O Mensageiro, filme sobre dois soldados encarregados de dar más notícias, tem sessão comentada no Ordovás. Uma boa notícia
CINEMA l A Hora do Pesadelo | Terror. 14h, 16h10, 18h40 e 21h | Iguatemi Freddy Krueger não cansou de assustar. Sete anos depois da última empreitada, quando enfrentou o mascarado Jason de Sexta-feira 13, o homem com luva de navalhas volta nesse remake do primeiro filme da série, de 1984, com direção e protagonista diferentes. 16 anos, 98 min., leg.. l Sex and The City 2 | Comédia romântica. 13h30, 16h20, 19h05 e 21h50 | Iguatemi Nesta sequência, as quatro amigas do seriado largam tudo (menos as roupas de grife) para passar uma semana de luxo, glamour e ostentação nos Emirados Árabes. De sapatos de salto pela areia, elas tentam resolver suas crises pessoais. 12 anos, 146 min., leg.. l Thelma e Louise | Drama. Terça (1), 15h | Ordovás Ridley Scott certa vez dirigiu um road movie em que Susan Sarandon e Geena Davis se tornariam eternamente ícones da força feminina e da capacidade de mudança. De armas em punho e batom vermelho. 12 anos, 130 min., leg.. Matinê às 3. AINDA EM CARTAZ - Alice no País das Maravilhas. Aventura. 14h20 e 17h (dub.). Iguatemi | Chico Xavier. Drama. 20h30. UCS. | Como treinar seu dragão. Animação. 16h40.
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Domingo, 16h. UCS | Fúria de Titãs. Aventura. 13h50, 16h40, 18h50 e 21h10 (dub.) e 14h10, 16h50, 19h10 e 21h30 (leg.). Iguatemi | Homem de Ferro 2. Ação. 19h20 e 22h (leg.). Iguatemi. 18h15 (dub.). UCS | Robin Hood. Aventura. 13h40, 16h30, 19h e 21h40. Iguatemi. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 32182255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316
TEATRO l Como agarrar um marido antes dos 40 | Comédia. Sábado e domingo, às 20h30 | Desesperada, advogada resolve ar-
ranjar um marido a todo custo antes de completar 40 anos – a idade que separa as solteiras das solteironas. Uma psicóloga e uma empregada completam o elenco, com dicas para que a alma gêmea seja fisgada o quanto antes. Teatro Municipal – Casa da Cultura R$ 20 (antecipado) e R$ 25 (público em geral) | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697
mio de Incentivo à Montagem é um bom motivo para desengavetar projetos. Inscrições na SMC, das 10h às 12h e das 14h às 17h, e edital, formulários e instruções na Unidade de Teatro, no Ordovás. Secretaria Municipal de Cultura Dr. Augusto Pestana, 50, São Pelegrino | 3901-1316 ou 3218-6192
l 12° Caxias em Cena | Inscrições segunda (31) | A programação dos 15 dias mais intensos do ano para o teatro caxiense está aberta para inscrições de projetos até segunda-feira. O Caxias em Cena 2010 já tem 151 inscrições que aguardam seleção. De 10 a 26 de setembro, peças teatrais, oficinas e palestras ocupam diversos palcos da cidade. O festival não é restrito a teatreiros caxienses. Chile, França, Argentina, Uruguai e Estados Unidos já garantiram seu espaço na programação. Informações no site www.caxias.rs.gov.br. Entrega de projetos na Unidade de Teatro, no Ordovás, ou pelo e-mail caxiasemcena@caxias.rs.gov.br. Unidade de Teatro - Ordovás Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 39011316
Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra, escreveu Caio Fernando Abreu, sobre a relação de Raul e Saul, colegas de trabalho que se aproximam pelo que têm em comum: a solidão. O Grupo Luna Lunera, de Minas Gerais, encena o texto ácido de Caio F.. Cazuza, Bebel Gilberto e Ângela Rô Rô compõem a trilha musical. Carlos Gardel canta nos momentos especiais. E a entrada é gratuita. Deixe as crianças em casa. Teatro do Sesc Entrada gratuita. Ingressos antecipados podem ser adquiridos no local. | Moreira César, 2462, Centro | 32215233
l Prêmio Anual de Incentivo à Montagem Teatral | Até 25 de junho | Concorrer a uma parte dos R$ 60 mil que a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) disponibiliza este ano para os trabalhos selecionados para o Prê-
l Aqueles Dois | Segunda (31), 20h |
l Play – Sobre Sexo, Mentiras e Videotape | Sexta (4), 20h | Inspirado no filme de Steven Soderbergh, de 1989, com os pop da época James Spader e Andie McDowell, encontra comparativo nessa história de confusão amorosa interpretada por atores globais como Maria Maya e Sérgio Marone. 14 anos. Teatro Municipal – Casa da Cultura
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
R$ 5 (comerciários), R$ 25 (estudantes e sênior), R$ 40 (empresários) e R$ 50 (público em geral) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697
EXPOSIÇÃO l O Outono no Rio Grande do Sul | A partir de quarta (2), das 8h às 20h | Cores que passeiam entre o laranja e o marrom em folhas caídas retratam os detalhes que só esta estação do ano apresenta. A inspiração foi tema do Concurso Sesc de Fotografias deste ano. Jardim de Inverno – Sesc Entrada franca | Moreira César, 2.462 | 3221-5233 l XXVI Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco | De sexta (4) a domingo (6), das 8h30 às 18h (sexta), das 10h às 16h (sábado) e das 10h às 17h (domingo) | O Clube do Fotógrafo de Caxias do Sulo comemora seus 30 anos em grande estilo. As 120 melhores imagens, selecionadas entre 2.094 fotografias de 568 fotógrafos de todo o país, ficarão em exposição até o início de julho. No final de semana, haverá a abertura do evento, além de atividades para os fotógrafos, como workshops e passeios pelos pontos turísticos e históricos de Caxias. Galeria de Arte – Casa da Cultura Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 AINDA EM EXPOSIÇÃO – A Espera. Até domingo, das 8h às 20h. Jardim de Inverno – Sesc. 3221-5233 | Marias e Madalenas. Sábado e domingos, das 15h às 21h. Saguão – Ordovás. 39011316 | Soul Art. Até sábado, das 17h às 21h. Galeria em Transição – Teatro Moinho da Estação. 8404-1713 | Vitrine da História. De terça a sexta, das 9h às 17h. Arquivo Histórico Municipal. 3218-6114.
LITERATURA
PAINEL l Sade e Masoch no Divã | Sábado, 18h | Sexualidades, neo-sexualidade, perversos, homoafetivos e simpatizantes na vida real e na poesia são temas do bate-papo que traz no título os nomes que deram origem às expressões sadismo e masoquismo. Com Caetano Fenner Oliveira e Marco de Menezes. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316
FILOSOFIA l Proust e a busca do tempo perdido | Quarta (2), das 18h às 19h40 | Marcel Proust levou 14 anos para escrever seu livro mais marcante, Em busca do tempo perdido. Em uma hora e 40 minutos, o filósofo Jayme Paviani fala sobre o autor e a obra, no curso Filosofia e Literatura – Leitura Recomendada de Textos Clássicos. Auditório do Bloco E – UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | 3218-2100
DANÇA l Solu{a}ções: dança e ações | Domingo, 15h e 20h30 | No espetáculo de estreia do Grupo de Estudos e Experimentação em Laban (GEEL), cinco pessoas revivem e simulam gestos da infância à velhice. Cada bailarino interpreta a si mesmo e o espetáculo mostra diferentes capacidades físicas e níveis de consciência corporal. A coreografia prima pela originalidade do movimento. Teatro do Sesc R$ 7 | Moreira César, 2462, Centro | 3221-5233
MÚSICA l Aeroilis e Os Oitavos | Rock.
20h | Categorizada como rock cristão, a banda catarinense Aeroilis não tem apelo gospel, mas conta com inspiração divina. Com influência de U2, Muse e Franz Ferdinand, a Aeroilis lança o seu segundo CD, Nada Mais Além. A banda caxiense Os Oitavos faz o show de abertura. Teatro do Sesc R$ 10 | Moreira César, 2.462, Centro | 3221-5233 l Lennon Z & The Sickboys | Surf music. Sábado, 22h30 | Quarteto faz um show ambientado nos anos 50, com figurino dos tempos da brilhantina e instrumentos como um baixo acústico estiloso. Esse som topetudo recorda o rockabilly de Carl Perkins, Jerry Lee Lewis e Bill Halley. Mississippi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810 | 3028-6149 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Chocantis. Pop rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Flash Back. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Jorje Macedônia e Paulo Bíglia. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Killer on the dancefloor. Música eletrônica. 22h. Havana Café. 3215-6619 | Libertá. Nativista, e outros gêneros. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Magnitude. Pagode. 23h. Move. 9198-3592 | Pearl Jam e Foo Fighters Covers. Rock. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Splash is party. Música eletrônica. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Ton e os Karas. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Ton Rock and Roll. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Domingo: Cédrik Damábiah. Música eletrônica. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Terça (1°): July Berti e Fulvio Mota. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quarta (2): Gustavo Reis e Dan Ferretti. Pop. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | HardRockers. Hard rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quinta (3): Fabricio Beck. Pop. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Rodrigo Campagnolo e Graziano. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Sexta (4): Back Doors Band. The Doors cover. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Dan Ferretti. Pop. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Rafa Gubert e Tita Sachet. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 30286149. Vinícius Guerra, Divulgação/O Caxiense
l Rodas de Leitura | Terça (1°), 13h30 | Confortáveis e informais almofadas aguardam interessados em ler, interpretar e dissecar textos de Clarice Lispector, Sérgio Faraco e Mário
Quintana. O escritor Uili Bergamin é mediador do debate. A proposta é de textos curtos e conversas longas. Biblioteca Pública Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697
Show de Lennon Z & The Sickboys relembra os tempos da brilhantina neste sábado no Mississippi
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Cinema | O Mensageiro
A missão sagrada da má notícia por CÍNTIA HECHER Ponha-se no lugar do sargento Will Montgomery (Ben Foster). Ele tem ainda três meses de serviço a cumprir, mas longe dos campos de batalha no Iraque. Lá, foi ferido em combate. O olho e a perna esquerdos não acompanham o ritmo do resto do corpo e merecem cuidado. Ele perdeu amigos na guerra. Voltou para casa. Para os braços da amada, que tem um noivo e nem pensa em deixá-lo. Chegava em seu pequeno apartamento e, sempre na escuridão, ouvia música no último volume. Seu mundo, agora. Sozinho, vazio. Durante os próximos meses, sua função é, de acordo com seu superior, realizar um dos serviços mais preciosos ao seu país. Ele foi escolhido, junto com o capitão Tony Stone (Woody Harrelson, que concorreu ao Oscar de Melhor Ator Coadjuvante por esse papel), para tomar parte de uma equipe de notificação de baixa. Montgomery se vê preso a um pager que bipa toda vez que ele tem que realizar seu trabalho: contar às famílias que um de seus entes queridos havia morrido em combate. Capitão Stone, já escolado no serviço, é quem passa as dicas. Não, as regras da operação. Stone é firme em se manter na linha durante a notificação, mas de resto é um mulherengo alcoólatra. Os dois criam laços à medida que convivem, um conhecendo o outro a seu jeito, respeitando as experiências. Logo que foi designado, Montgomery estranhou, esnobou, esperneou. Um homem de valor, herói de guerra, resignado a um serviço baixo desses? Achou que era fácil. Ouviu atentamente as instruções, mas não levava fé. Na sua primeira missão percebeu rapidamente que a função era nada fácil. Dolorida até para ele, que, via de regra, deveria manter distância dos notificados. Inclusive física. O toque poderia atrapalhar, demonstrar afeição. Eram soldados, afinal. Dois soldados impecavelmente vestidos, com suas boinas e caras fechadas, batendo na porta e jogando no colo da pessoa mais próxima do morto a pior notícia da sua vida. Lidar com isso não pode ser tarefa fácil. O padrão do comportamento dos militares existe para rebater a imprevisibilidade dos atingidos pelas palavras. Logo Montgomery descobre que não existe uma pessoa igual a outra na hora de reagir à tristeza. Todos são destruídos pela perda, mas cada um a seu modo. Até Montgomery ficar impressionado com uma viúva e sentir-se atraído por ela. Mesmo que seja considerado um herói, ele encontra mais coisas em comum com ela do que imaginava. Um herói também fica só, também sente falta, também é derrotado. Quer conversar sobre O Mensageiro num bate-papo amistoso, informal e interessante? Compareça à sessão deste domingo no Ordovás. Depois do filme, Germano Weirich, da livraria Do Arco da Velha, e eu, sua humilde escriba, comentaremos o filme. Apareça lá para tecer comentários espirituosos ou fazer questionamentos perturbadores. Acima de tudo, vá para se divertir. l O Mensageiro | Drama. Sábado e domingo, 19h30 e 22h | Ordovás Dois militares norte-americanos são responsáveis por dar a notícia da morte de soldados a seus familiares. Dirigido por Oren Moverman. Com Woody Harrelson e Ben Foster. 16 anos, 112 min., leg..
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Artes artes@ocaxiense.com.br
Simone Rosa | Sem título |
Formas femininas são acompanhadas por diferentes objetos, como o porta-retrato e o lustre, nas telas da artista Simone Rosa, que expõe suas obras produzidas de 2008 a 2010 até o dia 12 de junho, na Deccor & Arte, Rua Feijó Junior, 1006. Referências de diversos momentos da história da arte aparecem mescladas com produção em computador e acabamento de pintura dimensionando o fragmentado homem contemporâneo desde a técnica escolhida até o desenho final.
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A monstra por Natalia Borges Polesso
ncomodava-me um pouco ela estar sempre com a mesma roupa. Não, não. Fosse só a mesma roupa, tudo bem, mas era o mesmo cabelo amarrado com um coque. Ficava com a cara puxada para trás, como se estivesse num estado permanente de contentamento. O mesmo terninho preto também, o mesmo sapato, as mesmas meias esgarçadas. Parecia sempre limpa, sempre íntegra, embora usasse sempre aquela mesma farda. Além disso, outra coisa me incomodava. O tamanho da cabeça, levemente desproporcional. Ela parecia ter que equilibrar uma bolota em cima do pescoço fino e o corpo tíbio. Por vezes aparentava exaustão, aquela cabeça parecia-lhe uma carga demasiada. Além disso, tudo naquela cabeçorra era exacerba-
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do. Os olhos verdes eram como dois faróis incandescentes. A boca era um recinto barulhento, um salão de festas. Os dentes por certo não poderiam ser normais, eram centenas de agulhas. Os cabelos, um espinhal cerrado. Tudo demasiadamente grande. Perdão, o nariz era pequeno, nem tudo seria mal dimensionado, não fosse tão terrível junção. Mas enfim, me causava irritação quando nos encontrávamos. Sempre simpática, porém, tesa. Uma polidez quase marcial; solene demais. Então, todos os dias quando eu saía para a faculdade, lá estava ela na mesma parada de ônibus, em pé, segurando uma pastinha preta. Era impossível não notar tal figura, contudo eu a ignorei por bons meses. Até ela começar a me cumprimentar com toda aquela gravidade. Eu mexia a ca-
beça ou a mão, numa espécie de sinal abortado e seguia para o fundo do ônibus fingindo preocupação. No primeiro dia de aula do meu quinto semestre, o ser trajado em terninho preto, como sempre, entrou no mesmo ônibus que eu, como sempre, e, mais tarde, descobri que o destino final também era o mesmo, o que nunca fora. Na sala de aula, sentou a duas cadeiras de mim. Sorriu e abriu um caderno preto de capa dura, pegou uma bic azul e apoiou o cotovelo na classe. Eu não conseguia desviar meus olhos da monstra. Eu estava paralisada com a boca entreaberta e os olhos fixos. E a monstra ali, na minha frente sorrindo. Quero dizer, eu pensei que fosse um sorriso, mas pode ter sido apenas um espasmo ou gases. O fato é que ela ficou o tempo todo com o semblante imutável. E eu aborrecida, não, aborrecida não. Fosse
só a cara seria um aborrecimento, mas era todo aquele desconfiguramento da realidade. A monstrenga ali sorrindo de terninho preto, sorrindo para mim. Foi após fastidiosa explanação do professor quando eu passei a entender o por que do tamanho da cabeça dela. A propriedade da fala e a medida das palavras daquele ente eram tão ou mais refinadas que o que estava exposto na teoria em questão. A cabeçorra, afinal, devia ser para armazenar o cérebro. A monstra falava como quem envolve os ouvidos da gente com palavras de seda. Sua voz era tal qual um fio de mel escorrendo garganta abaixo. O vocabulário era complexo e acurado. E eu há cinco semestres muda. Há cinco semestres observando os outros. Naquele momento desejei ser a monstra mais que tudo.
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Guia de Esportes
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Caxias Golf Club, Divulgação/O Caxiesne
por José Eduardo Coutelle
No sábado, qualquer peão pode se inscrever no torneio aberto de xadrez; no sábado e no domingo, o nobre Caxias Golf Club abre seus campos a amigos de associados
GOLFE
XADREZ
l 3° Torneio MDS KIA Auto Estilo de Duplas | Sábado e domingo, 9h | Se você for amigo de algum associado do Caxias Golf Club, se prepare. Você poderá ser convidado a participar de um torneio de duplas neste final de semana. No campeonato, que é anual, cada sócio deve dividir os tacos com uma pessoa de fora do clube. Caxias Golf Club Entrada gratuita | Estrada do Golfe, 1.111, Fazenda Souza
l Jogos Abertos de Xadrez | Sábado, a partir das 13h30 | Não tem amigos que gostam de xadrez e pratica apenas com adversários virtuais? Pois neste sábado você terá a chance de tirar o pó do tabuleiro. Inscreva-se de graça, e na hora, no torneio que será disputado nas modalidades mirim, infantil, juvenil e livre (acima de 18 anos). Só não se esqueça que é preciso levar o seu material de jogo. Sede Campestre do Recreio da Juventude Entrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525
NATAÇÃO l Jogos Abertos de Natação | Sábado, a partir das 13h | As piscinas estarão abertas, no início da tarde de sábado, para atletas não federados de 7 a 14 anos, nas categorias crawl, costas e revezamento misto. A partir das 15h, os nadadores mais experientes caem na água, nas categorias infantil, juvenil, júnior, sênior e master. Vila Olímpica da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/n°, Petrópolis
RÚSTICA l 4ª Rústica Comunitária | Domingo, 9h e 9h45 | Um percurso de 7,7 mil metros aguarda os participantes da 4ª Rústica Comunitária, parceria da Secretaria Municipal de Esporte e Lazer com a UAB, neste domingo. Os atletas de fôlego mais curto disputam a minirrústica, de apenas 3,1 mil metros. Largada e Chegada na Igreja do bair-
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ro Cruzeiro Entrada gratuita | Travessão Solferino, Cruzeiro
FUTEBOL l Copa União | Sábado, 13h e 15h | Semifinais eletrizantes na categoria Juvenil. Os dois times que jogaram fora de casa venceram o primeiro jogo. O Pedancino bateu o Bevilacqua por 2 a 0 e o São Francisco conquistou vitória apertada de 3 a 2 contra o Forquetense. “Buscamos o título inédito. Nossa equipe é forte porque os meninos são praticamente os mesmos do ano passado”, conta o diretor de esportes do Pedancino, Jair Brandalise. Na categoria Sênior, o São Virgílio fechou a primeira fase em primeiro lugar e enfrenta o São Francisco pelo primeiro jogo da semifinal. Entrada gratuita l Campeonato Municipal | Sábado, 13h15 e 15h15, e domingo, 13h15 e 15h15 | A equipe Esperança segue com força total. É líder mais que isolada da Série Prata e ainda não conheceu o sabor amargo da derrota. Neste domingo, enfrenta o Reolon Unidos da Esperan-
ça. Será um desafio de muita fé. Na Série Ouro, o XV de Novembro é o líder. Entrada gratuita l 8ª Copa Ipam de Futsal Feminino | sábado, 19h, 20h e 21h e domingo, 9h, 10h e 11h | As meninas do Santa, que venceram os dois primeiros jogos, seguem líderes do grupo D. Seu ataque permanece com a pontaria afiada: foram 13 gols, contra Aparecida Futsal e sua irmã mais nova, a Santa Catarina B. Ginásio da Escola Santa Catarina e Enxutão Entrada gratuita | Matheo Gianella, 1.160, Santa Catarina e Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina l Campeonato Citadino Adulto | Terça (1°), 19h45 e 20h45, e quinta (3), 19h45 e 20h45 | Nesta terça inicia a última rodada da primeira fase do campeonato. Os dois primeiros colocados de cada grupo e os dois melhores terceiros garantem o passaporte para a próxima etapa. As equipes do São Vicente e do Torino entram em quadra tranquilas, já classificadas. Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina
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Paixão alviverde
A nova dirigente, Carla Pauletti, vai aos jogos com a mãe e herdou do avô o amor pelo clube esmeraldino
reforço REFORÇO
FEMININO feminino E
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por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br
ntre as décadas de 1940 e 1960 o Juventude ganhou uma força-tarefa bastante atuante fora de campo. Um grupo de torcedoras do clube esmeraldino, depois de desenvolver uma série de atividades, fundou a Ala Feminina. Com o passar dos anos, reuniu centenas delas, a maioria ativa na sociedade caxiense. Organização de eventos sociais e até campanhas de arrecadação de fundos para ajudar o time, comprar uniformes e pagar jogadores eram feitas pelas juventudistas apaixonadas. A Ala atuou até o final dos anos 1960. Passadas cinco décadas, e também para homenagear as pioneiras na divulgação das cores verde e branco, o Juventude cria o departamento Paixão Feminina, que terá como meta ampliar a participação das mulheres na vida do clube. Convidada pelo presidente Milton Scola há dois meses para o cargo, Carla Pauletti, 30 anos, torcedora mais do que identificada com o Ju, aceitou o desafio. Professora de Biologia na Escola Municipal José Protásio, no bairro Jardim Eldorado, e de danças de salão, ela já estava atuando no clube como diretora de marketing desde o início do ano. “Nosso objetivo é resgatar o trabalho feito no século passado. Elas eram muito atuantes”, destaca Carla. Segundo o vice-presidente de marke-
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ting, Mauro Trojan, dos cerca de 6,3 mil associados, 51% são homens e 49% são mulheres. “É praticamente um empate técnico. A tendência no futebol é desenvolver atividades para os torcedores do sexo masculino. Precisávamos de uma mulher para nos representar, identificada com o Ju”, argumenta Trojan. O primeiro passo de Carla foi pesquisar mais sobre o assunto, nos arquivos do Memorial alviverde e nos livros Assim na Terra como no Céu, de Francisco Michielin, e Juventude: A História do E. C. Juventude, de Mario Gardelin. “Quem estiver presente na solenidade de lançamento do departamento terá muitas surpresas”, convoca Carla. O evento será neste sábado à noite, no Personal Royal Hotel. No Memorial do Ju, fotos registram as atividades de algumas das primeiras integrantes da Ala Feminina, como Lisia Yara Torresini, Araci Costamilan, Iva Carraro, Romana Bragatti, Zélia Costamilan, Lorita Sanvitto e Enedi Alberti. “Pouca gente sabe que a primeira iluminação noturna do Estádio Alfredo Jaconi foi conseguida graças à arrecadação de fundos que elas promoveram”, revela Carla, que irá trabalhar ao lado das diretoras financeira, Elaine Sironi, comercial, Eliana Moretto, e cultural, Juliana Milan, além da vice-presidente, Hilda Marin. “Todos os homens que entravam no
Novo departamento tem a missão de repetir conquistas das mulheres juventudistas entre os anos 40 e 60 estádio ganhavam fitas alviverdes, que com orgulho a origem juventudista. eram colocadas na lapela dos paletós. “A mãe do seu Willy Sanvitto, nosso Naquela época, elas viajavam com os patrono que faleceu recentemente, era jogadores, faziam rifas e promoviam irmã do meu avô. Lembro de minha bailes glamourosos no Recreio da Ju- mãe, Maria Bernardeti Pauletti, conventude, sempre com o objetivo de ar- tar que o vô e o seu Willy trabalharam recadar dinheiro”, reforça. muito para a reformulação do Jaconi e Nesse contexto, o espara a construção da tatuto do departamento sede campestre”, rePaixão Feminina prevê “Nosso objetivo lata a torcedora, que a criação de ações para vai ao estádio sempre é resgatar o angariar fundos, orgaacompanhada da mãe. nizar eventos, valorizar trabalho feito no Sentada numa cadeira datas comemorativas século passado. do Salão Nobre Walter e promover atividades Elas (integrantes Dal Zotto, Carla fala de lazer e integração. O dos da Ala Feminina) tranquilamente primeiro trabalho será planos à frente do dese integrar ao calendá- eram muito partamento. Mas conrio das comemorações atuantes”, fessa que nunca havia dos 97 anos do Ju – a diz Carla se imaginado como fundação ocorreu em dirigente: “É difícil 29 de junho de 1913. A separar o torcedor da programação inclui a abertura da ex- parte profissional. Na verdade, acho posição fotográfica Caxias do Sul, um que vai me ajudar a trabalhar com paiOlhar Alviverde, no dia 24 de junho, xão”. Convicta de que a direção trabana Câmara de Vereadores caxiense, e lha unida e focada no objetivo de disum almoço comemorativo no Restau- putar a Série B em 2011, Carla diz que rante Tulipa (nos Pavilhões da Festa da o desafio é manter a constante troca de Uva), no dia 27 de junho, entre outros. informações com todos os setores do A primeira ação efetiva do novo depar- clube para encaminhar ações que ditamento será um jantar dançante no vulguem o Ju. “A marca Juventude foi salão da comunidade de São Romédio, deixada de lado, é verdade. A queda no dia 31 de julho. à Série C contribuiu para isso. Agora, vamos trabalhar para construir nosso Neta de um ex-conselheiro do retorno ao lugar de onde não deveríaclube, Ernesto Pauletti, Carla ressalta mos ter saído.”
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André T. Susin/O Caxiense
Reflexões grenás
O zagueiro Bill, que estava suspenso pelo terceiro amarelo, assistiu de camarote à luta do colega Edenilson contra o Guarantiguetá, no ano passado
AS LIÇÕES
DO QUASE j
por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br
á se passaram quase 10 meses do jogo decisivo que adiou o sonho do Caxias de retornar à Série B do Campeonato Brasileiro. Algumas coisas mudaram neste período. Muitos jogadores chegaram e partiram do clube e uma nova comissão técnica assumiu o comando da equipe grená. Porém, aquilo que mantém a alma de um time viva, aquilo que dá sentido a sua existência, em nada mudou. A torcida que lotou o Estádio Centenário naquela tarde de 16 de agosto do ano passado permanece fiel. Acompanhou e apoiou o Caxias desde os primeiros jogos-treino deste ano até os decisivos confrontos no Gauchão. Dois integrantes daquela equipe grená, treinada por Gilmar Iser, relembram o fatídico dia que culminou com a classificação do Guaratinguetá para a semifinal – o que deu automaticamente aos paulistas o bilhete de ingresso para a Série B. Estes dois personagens assumiram funções e posições bem distintas. Edenilson esteve em campo, enquanto Anderson Bill assistiu ao jogo dos camarotes. “Não joguei o segundo jogo porque levei o terceiro cartão amarelo. Joguei todas as partidas e na mais importante fiquei de fora. É horrível. A minha família (de Criciúma) veio toda para cá, para poder me ver jogar. Já estavam aqui quando eu fui para Guaratinguetá. Então, quando tomei o terceiro cartão, logo depois do
jogo eles me ligaram e me chamaram de um monte de coisas”, relembra o zagueiro. O Caxias precisava reverter o placar no Centenário. A herança de dois gols sofridos e nenhum marcado no estádio Dário Rodrigues Leite tornaria o jogo um épico se a equipe grená saísse vencedora. No primeiro jogo, Gilmar Iser mudou o esquema tático. Passou do tradicional 4-4-2 para uma formação com três zagueiros. O resultado: os paulistas permanentemente no ataque e dois gols marcados pelo zagueiro Anderson Rocha. “Acho que foi um erro nosso ter entrado em campo com essa formação porque a gente nunca havia jogado assim. Treinamos só uma vez antes do jogo a formação com três zagueiros. Para você jogar com essa tática é necessário treinar bastante, porque é uma formação muito difícil de fazer. Acho que esse foi um dos erros que fizeram com que a gente permanecesse na Série C”, acredita Bill. Embora o Caxias precisasse de três gols de diferença para vencer ou pelo menos igualar o primeiro resultado para ir para os pênaltis, Anderson Bill lembra que a equipe estava confiante. “A gente não podia se abater com a (primeira) derrota porque ia jogar em casa, e era um jogo muito importante para nós. Queríamos, mais do que tudo, colocar o nosso time na Série B, onde merece estar. A gente sempre brincava e ria. O momento era de não ficar triste, chegar no dia do
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Em busca de um 2010 diferente, Anderson Bill e Edenilson relembram o dia em que o Centenário lotou, mas não comemorou
jogo e apresentar um bom trabalho.” Logo no início do segundo tempo, Conforme Edenilson, a instrução re- Anderson Bill viu Rafael Crivellaro, cebida da comissão técnica era impor que entrara no lugar de Rafinha, coseu jogo ao adversário para buscar um locar uma bola na trave. Aos 18, Leangol logo no início. “A gente tinha essa dro Diniz finalmente abriu o placar e proposta de tentar fazer um gol até os reacendeu o sonho do Caxias de gal15 minutos do primeiro tempo para gar o último degrau para a Série B. “O abafar o time deles. Bindé começou a joContudo, não consegada lá no lado direto. guimos. Fomos para o “Fizemos toda Ele jogou para o Borja, intervalo, daí o profes- uma campanha, nas costas do zagueiro, sor mexeu na equipe e chutou cruzado, e todo um trabalho que marcamos o primeiro o Leandro Diniz colopara chegar gol”, lembra o volante. cou para dentro”, desBem antes disso, ao na hora, tão creve o zagueiro, que ingressarem no gra- perto, e não viu tudo de camarote. mado, os jogadores A pressão em busca do subir. É muito sentiram que a torcida gol que levaria o jogo aprovava a tática. “Eu triste”, lamenta para os pênaltis foi acredito! Eu acredito!”, Edenilson intensa. Mas ela abriu gritava um estádio lobrecha para um contado. “Quando você tra-ataque do Guaraolha para a arquibancada e vê mais de tinguetá: aos 42, a equipe paulista rou25 mil pessoas torcendo por você den- bou a bola no meio de campo; Diego tro de campo, não poder compensá- recebeu na ponta-esquerda, driblou o los com a vitória é uma situação muito zagueiro e cruzou de três dedos para triste”, desabafa Bill. Edu Pina mandar a bola para o fundo O primeiro tempo terminou e não da rede, igualando o placar no Centepassou do quase. As únicas chances nário. “A bola prensou com o Lacerda de gol vieram com Maiquel. A primei- e enganou o Muriel. Entrou bem no ra, aos 22 minutos, quando Leandro cantinho”, relembra Bill, entristecido. Diniz invadiu a área e cruzou para o “Infelizmente, na busca do segundo atacante, que finalizou para fora. A gol, acabamos levando um no contrasegunda, aos 45, quando Luciano Al- ataque. A gente foi mesmo prejudicameida cobrou falta da esquerda, Miro do pelo resultado do primeiro jogo. Se Bahia desviou de cabeça e Maiquel tivesse sido diferente, teríamos mais perdeu a dividida com o goleiro César. chance aqui”, completa Edenilson. O Caxias retornou ao vestiário com No segundo exato em que o árbitro peso redobrado sobre suas costas. Alício Pena Júnior ergueu o braço, 29 de maio a 4 de junho de 2010
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29 de maio a 4 de junho de 2010
André T. Susin/O Caxiense
decretando o 1 a 1, a Série B imedia- fortes e difíceis”, acredita. tamente se distanciou um ano do CaQuando aos demais competidores, a xias. “A minha mulher nunca gostou comissão técnica está buscando todas de futebol. Passou a gostar depois que as informações possíveis. E Julinho me conheceu. Ela chorava ao fim do já pode notar algumas de suas qualijogo contra o Guaratinguetá. Todas as dades. Na Chapecoense, ele destaca mulheres dos jogadores que estavam o comando do treinador Guilherme lá no camarote choraMacuglia e a velocivam”, conta Bill. “Fizedade do atacante Walmos toda uma campa- “Todas as dson. O Criciúma é nha, todo um trabalho mulheres dos considerado um time para chegar na hora, muito forte: “Tem um jogadores que tão perto, e não subir. treinador (Argel) que É muito triste”, ainda estavam lá no sabe montar muito camarote lamenta Edenilson. bem uma equipe e alguns bons jogadores, choravam”, Essa é uma hiscomo o zagueiro Evalrelata o tória que o Caxias do e o atacante Marcos não quer repetir nes- zagueiro Denner”. Para fechar, ta temporada, e para Anderson Bill Julinho destaca a rivaisso tem se preparado lidade crescente, nos desde o início do ano. últimos anos, entre o Ainda faltam algumas semanas para Brasil e o Caxias. “A disputa no Bento a estreia da equipe grená no campeo- Freitas vai ser muito difícil. A equipe nato. O primeiro jogo será no dia 17 de Pelotas é forte, e tem uma torcida de julho, contra o Brasil de Pelotas, no muito quente. Eles sabem utilizar esse Bento Freitas. O treinador Julinho Ca- detalhe.” margo já prevê grandes dificuldades Todo o preparo e a organização da nos jogos, principalmente nos fora de equipe que Julinho vem fazendo descasa. “Todos os adversários são clubes de seu ingresso no clube, em novemcom torcidas muito fortes. Além disso, bro do ano passado, tem como meta os treinadores são muito qualificados”, repetir o que o Caxias fez de bom na avalia. No formato do campeonato, primeira fase do Brasileiro de 2009, o Caxias está incluído na chave dos quando se classificou em 1º da sua times da região Sul, composta por chave, e adicionar aquela vitória que Juventude, Brasil, Criciúma e Chape- faltou no último jogo. “Quando vim coense. Apenas os dois melhores se para o Caxias eu tinha três grandes classificam às quartas de final. Apesar objetivos: fazer um bom Gauchão, de destacar a qualidade de todos os fortalecer o clube e subir para a Série adversários, Julinho se mostra mais B. Acho que me saí satisfatoriamente preocupado com os jogos contra o ar- bem nos dois primeiros”, revela o treiquirrival. “A diferença para o campeo- nador. Se Julinho conseguir concretinato do ano passado foi que não houve zar o último item dessa carta de intenCA-JU. O Juventude é um adversário ções, o torcedor poderá soltar aquele especial. Existe toda uma mística por grito adiado há um ano: “Série B, eu trás desse confronto. Serão dois jogos acredito!”.
Os 3 objetivos de Julinho: fazer um bom Gauchão, fortalecer o clube e subir à Série B
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
Placar
O novo vice-reitor da UCS, José Carlos Köche, deverá acumular a função de pró-reitor de Pesquisa, Inovação e Desenvolvimento, desdobramento da atual Pró-Reitoria Acadêmica, que continuará sob a responsabilidade de Evaldo Kuiava. A intenção é dobrar os investimentos da instituição nas áreas da pesquisa e cursos stricto sensu. A graduação será beneficiada em decorrência do maior número de mestrados e doutorados, focados no desenvolvimento industrial da região.
Ao forno
O acerto entre PT e PSB encerrou de vez a série de factoides que colocavam petistas da Serra como possíveis candidatos a vice na chapa de Tarso Genro ao governo do Estado. Só os pretendentes à candidatura e alguns correligionários, com doses diferenciadas de convicção, acreditavam na possibilidade. Indicado pelo PSB, o vice de Tarso Genro será o médico Beto Grill, exprefeito de São Lourenço do Sul e de Cristal.
Cuidados extremos
O Carnaval 2011 de Caxias do Sul poderá ter animação relativa, mas a organização já se mostra impecável. Até a ordem dos desfiles das escolas de samba está definida. O medo de alguns carnavalescos é que o excesso de cuidados possa engessar a festa.
Proveito político
Embora admita desconhecer alguma irregularidade, o vereador Rodrigo Beltrão (PT) quer informações sobre as atividades desenvolvidas pelo gabinete da primeira dama, Maria Helena Sartori (PMDB). O pedido, aprovado por unanimidade, demonstra que a visibilidade obtida pelo projeto Vigimama preocupa. A vereadora Denise Pessôa, também petista, salientou a necessidade de haver maiores cuidados em período eleitoral, “para que iniciativas públicas não sejam usadas em proveito político”. Maria Helena é candidata a uma vaga na Assembleia Legislativa nas eleições de outubro.
perguntas para
José Carlos Köche
O sub-reitor do Campus Universitário da Região dos Vinhedos, de Bento Gonçalves, foi eleito quinta-feira vice-reitor na segunda gestão de Isidoro Zorzi à frente da Universidade de Caxias do Sul
Sua eleição tem relação com a questão da regionalização da Universidade de Caxias do Sul? Acho uma sinalização forte que é dada, no sentido de consolidar a regionalização. Não só pelo fato de ser de Bento Gonçalves, mas porque tenho uma identidade grande com todo esse processo. Sempre trabalhei nele, desde a década de 1970, ainda quando a luta era pela federalização da UCS. Naquele tempo, propus incluir Bento e Vacaria no movimento, o que não foi uma tarefa fácil. Nem em Caxias nem em Bento. Ainda existe esse tipo de resistência em outras áreas? Havia uma certa resistência em ter alguém de fora de Caxias no cargo de vice-reitor. Mas, mesmo que o Conselho Diretor tenha protelado a decisão, certamente pelas dificuldades que enfrentava, o fato de ter sido escolhido, inclusive com alguns conselheiros defendendo a minha
Decimal
Igualdade salarial entre homens e mulheres, 180 dias de licença maternidade e 40 horas semanais de trabalho sem redução dos salários são alguns dos 60 itens da pauta de reivindicações da campanha salarial 2010 do Sindicato dos Metalúrgicos. Some-se a isso a reivindicação de aumento real de 10% nos salários da categoria. O slogan da campanha é esperto: “2010 tem quer ser 10”.
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indicação, mostra que as coisas mudaram. É claro que, além dessa busca de uma integração maior, de brigar pela consolidação da regionalização, também contou minha trajetória dentro da instituição, o fato de ter passado por diversos setores, de ter uma experiência administrativa e acadêmica. Mas ainda há problemas específicos diante do caráter regional da UCS? Existem. Alguns são sérios, em nível de fundações, algumas arestas que não foram resolvidas, coisas que não foram decididas. Há setores, centros inclusive, muito bairristas, muito paroquialistas. Foi uma luta abrir um curso de Engenharia em Bento. Mas o importante é que a Universidade esteja acima de tudo isso. Minha proposta é assumir a proposta que o reitor Isidoro Zorzi apresentou para essa segunda gestão, atender aos objetivos que ele colocou na plataforma dele, ao lado dele.
Resposta
Assessoria do SindiServ contesta informação de que a segunda rodada de negociações salariais com a administração tenha sido produtiva. Das 25 reivindicações, segundo o SindiServ, 13 obtiveram resposta – e não foram atendidos, como publicado na última coluna. Diz a assessoria que só dois foram acolhidos: o repasse da trimestralidade e as eleições da Cipa até agosto.
Professor do curso de Engenharia de Materiais e coordenador do Programa de Pós-Graduação em Materiais da UCS, Israel Baumvol recebeu esta semana, em Brasília, o título de comendador pela Ordem Nacional do Mérito Científico. A cerimônia de entrega contou com a presença do presidente Lula. A Ordem premia personalidades nacionais que se distinguiram por relevantes contribuições à ciência e à tecnologia.
Menos informação
Aposta da Globosat para exibição de reprises de alguns programas produzidos pela Globo, o canal Viva estará disponível em Caxias do Sul a partir do próxima dia 7, uma segunda-feira. A recepção será no canal 53, em que hoje é transmitida a programação da CNN. O canal internacional de notícias deixará de ser oferecido aos assinantes da NET.
Pelos 80
A Assembleia Legislativa abrirá suas portas, na próxima terça-feira, para homenagear, no Grande Expediente, os 80 anos do Instituto Estadual de Educação Cristóvão de Mendoza. A proposta da homenagem ao colégio – e, em decorrência, aos milhares de alunos que passaram por ele – tem assinatura da deputada Marisa Formolo (PT).
Apoio providencial
Ao contrário da leitura inicial, o acordo entre PP e PSDB no Rio Grande do Sul poderá ser benéfica para as pretensões do deputado federal Ruy Pauletti permanecer na Câmara Federal. Há quem garanta que, na falta de nomes de peso, lideranças progressistas da região estarão todas com o parlamentar tucano na eleição de outubro.
Feridas abertas
Deputado Alberto Oliveira (PMDB) – que desistiu de buscar a reeleição – admitiu à imprensa da Capital que escolheu Alexandre Postal como herdeiro de seus votos na região. Maicon Damasceno/O Caxiense
Desenvolvimento
Vereador Rodrigo Beltrão (PT), sobre o pedido de informações a respeito do trabalho desenvolvido na prefeitura pela primeira dama Maria Helena Sartori (PMDB)
Jonas Ramos/O Caxiense
De um total de nove integrantes do Conselho Diretor, José Carlos Köche foi eleito vice-reitor da Universidade de Caxias do Sul (UCS) com seis votos. Os dois representantes da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) no Conselho Diretor, Milton Corlatti e João Paulo Reginatto, votaram em José Carlos Avino. Segundo justificativa oficiosa,os votos ao ex-vice-reitor foram uma forma de prestigiar o representante da entidade empresarial na primeira eleição de Isidoro Zorzi.
Mérito científico
Queremos quantificar as ações do gabinete
A postos
O ex-prefeito Mário Vanin (PP) foi sondado para ser suplente da candidata do partido ao Senado, a jornalista Ana Amélia Lemos. Por vias transversas, duas décadas depois, Mário segue os passos da esposa. Em 1990, então no PFL, Vera Lúcia Menegotto Vanin foi suplente do candidato ao Senado Sanchotene Felice, hoje prefeito de Uruguaiana. Sanchotene e Vera fizeram 970 mil votos.
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O Caxiense
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