ESPECIAL PARA GUARDAR
Uma tabela exclusiva mostra os caminhos do Brasil para chegar ao Hexa na África |S5 |D6 |S7 |T8 |Q9 |Q10 |S11
OS RISCOS
André T. Susin/O Caxiense
Caxias do Sul, junho de 2010 | Ano I, Edição 27 | R$ 2,50
DO INGREDIENTE
OCULTO
Na cidade que mais produz hortifrutigranjeiros no Estado, o uso intenso de agrotóxicos planta uma dúvida sobre a saúde dos alimentos
Roberto Hunoff: abril freia expansão da atividade econômica no ano | Renato Henrichs: Câmara de Vereadores discute formas diversas de preconceito | Pare, Olhe, Escute: impressões cruzadas na linha do trem
Índice
www.OCAXIENSE.com.br Ulysses Geremia, Acervo Arquivo Histórico Municipal/O Caxiense
A Semana | 3
Um resumo das notícias que foram destaque no site
Roberto Hunoff | 4
Economia volta a acumular crescimento depois de 10 meses apurando desempenho negativo
Em algum lugar do passado | 5 Do tempo dos cinemas de rua, restaram os prédios e a saudade
Cultura itinerante | 6
Como tropeiros paulistas influenciaram a tradição gaúcha e fundaram cidades da região
Acervo CTG Ginetes da Tradição, Divulgação/O Caxiense
Lavoura arcaica | 8
Por trás da grande produtividade agrícola de Caxias estão os agrotóxicos – usados sem controle nem fiscalização
Tabela da Copa | Especial Os sete jogos do Brasil para chegar ao Hexa
Artes | 15
Um inconsciente em preto e branco e o negociante de ossos
Guia de Cultura | 16
Por que Pare, Olhe, Escute é uma encruzilhada futura e uma parada obrigatória
Guia de Esportes | 18
MAÇONARIA
Como funciona e atua a ordem que congrega cerca de 3 mil pessoas em Caxias |S29 |D30 |S31 |T1° |Q2 |Q3 |S4
Caxias do Sul, maio de 2010 | Ano I, Edição 26 | R$ 2,50
CAXIAS
100 ANOS
Cenas de uma cidade avançada e conservadora, cosmopolita e provinciana, múltipla, enfim – e agora centenária
Gostaria de deixar registrado os mais calorosos parabéns ao Jornal O Caxiense pela edição 26 e suas belas reportagens, em especial a do repórter Marcelo Mugnol (Cidade dos Sonhos), a melhor matéria que já li sobre nossa cidade. Daniel Gustavo Basso
Roberto Hunoff: deixamos de trabalhar para pagar impostos | Renato Henrichs: vice-reitor eleito fala sobre regionalização da UCS | Grená: o dia em que o Caxias lotou mas não levou | Alviverde: mulheres apaixonadas
@cristiansr Excelente vídeo sobre Caxias vale assistir, parabéns @ocaxiense e @marcelomugnol pelo documentário #edição26 @ale_muraro “..mesmo jovem é quase sempre a velha Caxias”. Dá gosto ler uma reportagem com essa intensidade, viu, @marcelomugnol. #edição26 @Sechaus @ocaxiense Cara, vcs têm que divulgar isso. Isso é case. Assinar um jornal pelo twitter, com desconto para assinatura. #assinatura @anahifros Só digo uma coisa: fazer a assinatura do @ocaxiense via Twitter não só cabe em 140 caracteres como ainda sobra espaço. #assinatura
ocaxiense@ocaxiense.com.br
Vá passear na colônia de bicicleta
No ano da Biodiversidade do Planeta, Marcelo Mugnol fez uma radiografia graciosa sobre a biodiversidade dos seres viventes de Caxias. Com a maestria que lhe é peculiar. Obrigada ao Marcelo e ao Caxiense pelo belo exercício de jornalismo holístico. Vera Mari Damian
Colheita uruguaia | 19
Scola foi buscar no país vizinho o reforço da tradicional garra platina
A paixão é grená | 21 75 anos de emoções eternizados em DVD
Quero dizer a vocês a alegria que me deu ao ver o especial da municipalização de Caxias 100 anos. Tenho certeza que todo caxiense de verdade vai se emocionar muito com esta história, que faz parte de cada um que se foi e nos deixou essa herança magnífica. A sociedade deve ter a obrigação de prestigiar este evento que foi aclamado e digno de dias de ansiedade e preparação do mesmo povo há 100 anos. Jonas Martins da Costa
Renato Henrichs | 23 Vereadores colocam o preconceito em pauta
Documentário Caxias 100 anos | Nossa, parabéns, muito legal! A gente sai da colônia, mas a colônia nunca sai (do coração) da gente. Giovana Sebben
Expediente
Redação: André Tiago Susin, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
Parabéns Marcelo, o documentário resumiu muito bem o que é a nossa Caxias. Michele Frantz A mobilização da comunidade de Galópolis no feriado de Corpus Christi foi registrada em vídeo pelo fotógrafo André Tiago Susin e pelo repórter Robin Siteneski.
Assine
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
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O Caxiense
5 a 11 de junho de 2010
Agradecemos | A atriz Sônia S. Mariani (nossa capa), Zica Stockmans, diretora da escola de teatro Tem Gente Teatrando (fone: 3221.3130) e Guilherme Meneguzi dos Santos, Paulo César Carvalho e Reinoldo Bëlinger (Tabela da Copa).
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
paula.sperb@ocaxiense.com.br Fotos: André T Susin/O Caxiense
editado por Paula Sperb
A Semana
Em Galópolis, fé afugentou chuva e deixou tapetes, que lembram até a Copa, intactos no Corpus Christi; no Centro, procissão sobre tapete de cobertores incentivou solidariedade
SEGUNDA | 31 de maio Conselho Tutelar
Reeleitos são 50%
Num universo de 309.403 eleitores, apenas 10.966 votaram no domingo passado para eleger os 10 conselheiros tutelares para o mandato que vai até 2013. Todos os candidatos que buscavam renovar seus mandatos alcançaram a reeleição. Assim, metade das vagas permanecerá com atuais conselheiros. Na Macrorregião Sul foram eleitos Rosane Curto, Marcos Antonio Castilhos Abreu, Cleusa de Fátima Oliveira da Silva, Marien Regina Andreazza e Giane Neitzke Kuhn; na Norte, Cleonice de Fátima Andrade, Terezinha Marli Pescador Andreazza, Zeferino de Freitas, Paulo Roberto Borges e Daiane da Cruz.
TERÇA | 1° de junho Ipam
Cargo de diretor de saúde ainda está vago O Instituto de Previdência e Assistência Municipal (Ipam) não passa
bem. Depois de ter 37 itens de irregularidades apontados pelo Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv) ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público, o Ipam segue sem diretor de saúde – cargo que deveria ter sido preenchido em 2007. Conforme Carlos Alberto Machado, presidente do Instituto, três currículos para o posto estavam sendo analisados, e o nome seria divulgado nesta semana. Seria, porque não foi. Conforme Edson Néspolo, chefe de gabinete do prefeito, somente dentro de 15 dias o Ipam vai ter um diretor de saúde. Desejamos melhoras.
QUARTA | 2 de junho Vinicultura
Concurso elegerá melhores vinhos
Caxias do Sul é mais conhecida pela uva do que pelo vinho. Redes de supermercados e lojas especializadas oferecem muitos vinhos gaúchos, mas poucos caxienses. O Concurso dos Melhores Vinhos de Caxias do Sul foi lançado nesta quarta e premiará, no dia 11 de agosto, as bebidas escolhidas pelo júri. Prova de que Caxias
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tem bons vinhos é a vinícola Bampi, que já recebeu prêmios com as cinco amostras que inscreveu em 2009 e foi procurada por empresas de fora do Estado em reconhecimento aos selos.
Soama
Município é condenado por degradação Depois de mostrar o nome de Caxias ao mundo como cidade onde há uma “favela de cães”, a preocupante situação da Sociedade Amigos dos Animais (Soama) atingiu a prefeitura. O Município foi condenado a pagar uma indenização por danos ambientais e providenciar a reformulação da chácara. A ação civil pública foi movida pela titular da 1ª Promotoria de Justiça Especializada, Janaína De Carli dos Santos. A Soama comemora, mas aposta que a prefeitura irá recorrer.
QUINTA | 3 de junho Corpus Christi
Tapetes lembram Copa do Mundo No feriado religioso, a comunidade
de Galópolis celebrou sua fé com os tradicionais tapetes de serragem, que lembravam não só motivos católicos, mas também a Copa do Mundo e até os 50 anos de Brasília. Voluntários confeccionaram os tapetes durante a madrugada com a certeza de que não choveria, já que “nunca chove” nessa data. No Centro, uma procissão de cerca de 1 quilômetro, da Catedral a São Pelegrino, reuniu milhares de fiéis. Mais de 2 mil cobertores formaram o tapete que serviu a uma causa solidária: os agasalhos foram doados. Online | Mini-documentário mostra o envolvimento dos voluntários de Galópolis
SEXTA | 4 de junho Transporte
Consulta segue sem resultado Feita entre 17 e 22 de maio, a consulta popular da Associação dos Usuários de Transporte de Passageiros ainda não tem conclusão. O presidente da entidade, Cassiano Fontana, atribui a demora ao número de questionários preenchidos: 5.440. Ele promete o resultado para a segunda quinzena do mês.
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O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
O Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul já havia apontado queda nos salários pagos na cidade. Nesta semana a informação se confirmou com a apresentação do Índice de Desempenho Industrial pela CIC. A massa salarial avançou somente 0,6% em 12 meses, enquanto as horas trabalhadas saltaram 8,6%. Isto que a atividade agregou 8.176 novos trabalhadores no mesmo período.
Noivas em destaque
Fernando Maccagnan, Div./O Caxiense
Em torno de 4 mil pessoas visitaram a Vitrine Requinte Noivas & Festas, no InterCity Premium Caxias. A programação foi marcada por desfiles, exposição de produtos e serviços para noivas e festas, e mostra fotográfica de casamentos.
Sala de Visitas
Ancorada no tema Origens, com objetivo de unir-se às comemorações festivas de junho da cidade, a Associação Sala de Arquitetos de Caxias do Sul lança na segunda-feira (7) a Sala de Visitas 2010. O evento ocorre a partir das 20h, no Largo da Estação Férrea. A 13ª edição da mostra está programada para o período de 8 de julho a 9 de agosto, também no Largo da Estação.
Celular na preferência
Assim como em 2009, o celular será o presente mais ofertado no Dia dos Namorados deste ano. Na sequência estão roupas, sapatos e acessórios, perfumaria e cosméticos, flores, chocolates e doces, joias e relógios e eletrônicos. Com menor participação aparecem eletrodomésticos, CDs, livros e DVDs, e decoração e artigos para casa. É o que revela a Pesquisa de Expectativa Empresarial realizada pela Confederação Nacional do Comércio Varejista.
Vermelho e azul em abril
Depois de um trimestre marcado por seguidos resultados positivos, a economia de Caxias do Sul, assim como a nacional, freou sua expansão. O fim da isenção do IPI sobre os veículos e o aumento das taxas de juros fizeram com que abril expusesse a primeira fratura do ano na comparação com o mês imediatamente anterior. No entanto, sobre abril do ano passado o nível de crescimento foi robusto,
embora a base de comparação seja bastante prejudicada. O segmento de serviços foi o único a crescer sobre abril: 3,5%. Mas há motivos para comemorar. A economia saiu do vermelho depois de 10 meses seguidos e já aponta incremento de 2,7% no acumulado de 12 meses. Em 2010 a variação positiva é de 18,2%. Para o ano aposta-se em crescimento superior à média nacional, projetada de 5% a 7%.
Continuará crescendo
Comércio ainda patina
Na avaliação dos dirigentes da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços e da Câmara dos Dirigentes Lojistas, o ritmo deve continuar crescente, independente das ameaças que vêm da Europa, onde a crise instalada na Grécia se espalha para outros países. A grande aposta é no mercado doméstico, que se mostra consistente, principalmente pela ascensão de novos consumidores. Isto se comprova na geração de empregos. Caxias tem hoje 157,7 mil empregos formais. Nos últimos 12 meses a média mensal é de 1 mil novas vagas. A indústria é a maior geradora de postos de trabalho.
O comércio é o único setor produtivo que ainda apresenta desempenho negativo: em 12 meses, 3%; no ano, 5,1%. Mas o presidente da CDL, Luiz Antônio Kuyawa, é enfático ao sustentar que em maio esta situação muda, porque o Dia das Mães foi de boas vendas. O problema está na inadimplência. Em abril os valores não pagos aumentaram 47% na comparação com igual mês do ano passado, passando dos R$ 4 milhões. O lado bom de abril é que os cancelamentos de inadimplentes cresceu 40%, com pagamento de R$ 3,7 milhões de valores em atraso.
Economia de Caxias do Sul
Fonte: Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul
Mês atual / mês ano anterior Acumulado 12 meses 26,7 19,8 19,4 0,0
-10,0
-1,4 -7,3
-3,1 -10,1
-4,3 -5,9
-5,7 -7,5
-6,0
2,5 -7,2
-5,1
-3,3
22,4
-1,8
-0,1
2,7
-7,1
mai/09 jun/09 jul/09 ago/09 set/09 out/09 nov/09 dez/09 jan/10 fev/10 mar/10 abr/10
Passagem de graça
Para comemorar o aniversário de Caxias do Sul, a Gol oferecerá gratuitamente o trecho de ida para viagens que tenham a cidade como destino. Os bilhetes promocionais são válidos em voos partindo de Recife (PE), Fortaleza (CE), Salvador (BA), São Paulo (Congonhas), Rio de Janeiro (Santos Dumont) e Curitiba (PR) nos dias 22 e 23 de junho. Para ter direito à promoção a compra deve ser feita até 8 de junho no site www.voegol.com.br.
Em defesa do trem
O presidente da Estrada de Ferro Paraná Oeste (Ferroeste), Samuel Gomes, palestra na reuniãoalmoço de segunda-feira (7) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul (CIC). Ele falará sobre o tema Ferroeste: avanços e desafios. O evento abre oficialmente a programação do II Seminário de Transporte Ferroviário de Cargas, que ocorre no auditório da CIC nos dias 7 e 8 de junho.
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O Caxiense
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Criatividade Objetivando sensibilizar os namorados para as compras do dia 12 de junho, os principais shoppings da cidade investem em promoções. O Prataviera saiu do tradicional. Criou a campanha denominada Namorados Prataviera Shopping sonham acordados e dormem juntinhos, que brinda com uma fronha dupla exclusiva os clientes que fizerem compras acima de R$ 120
Valorização
A 13ª edição do concurso Melhores Vinhos de Caxias do Sul, lançada nesta semana, se insere num movimento que busca a revalorização desta atividade econômica, fundamental para a cidade no passado, mas principalmente fomentar nos empresários do setor a preocupação com a qualidade de seus produtos. Sabidamente o nível geral dos vinhos caxienses, excetuando-se algumas marcas, ainda está muito distante da média de outras cidades, que já há mais tempo iniciaram programas de qualificação. O trabalho da Secretaria Municipal da Agricultura, em conjunto com Revinsul, rede que congrega uma dezena de vinícolas, precisa se tornar mais incisivo para que os viticultores caxienses saiam da condição de simples produtores para se tornarem empresários. É preciso abandonar a ideia de vender o vinho a granel para terceiros e investir no engarrafamento, criando marca e ganhando o mercado como já fazem centenas de vinícolas de cidades vizinhas e da região da Fronteira. A qualidade dos vinhos locais poderá ser conhecida no dia 11 de agosto quando ocorrerá a premiação dos melhores. O concurso terá a participação de 55 cantinas.
Mobilização Estadual
15,2
Júlio, Fotobjetiva, Divulgação/O Caxiense
Queda na remuneração
em qualquer uma de suas 40 lojas. A expectativa da administração é a de incrementar as vendas em 15% em relação à mesma data de 2009. O Iguatemi Caxias do Sul resolveu unir Copa do Mundo e Dia dos Namorados. Distribuirá mais de R$ 20 mil em prêmios entre clientes que investirem a partir de R$ 150 em compras até 13 de junho. As notas devem ser trocadas por cupons.
A Secretaria Municipal do Turismo organizou para este sábado (5), das 20h às 22h, na Cooperativa Vinícola Forqueta, a celebração do Dia do Vinho, data comemorada em todo o estado. O Dia do Vinho é resultado do projeto Eventos Integrados e Integradores, fomentado pelo Ministério do Turismo em parceria com a Fundaparque de Bento Gonçalves e Sindicato dos Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares Região Uva e Vinho. A programação, com mais de 140 atividades, vai até este domingo em Bento Gonçalves, Caxias do Sul, Flores da Cunha, Garibaldi e Monte Belo do Sul.
Gestão de pessoas
A experiência da Petrobras e do Grupo Light no processo de gestão de pessoas será o ponto central do 3º Fórum de Gestão de Pessoas que a Associação Serrana de Recursos Humanos (ARH Serrana) realiza na quinta-feira (10), no Intercity Hotel, em Caxias do Sul. O fórum tem como tema Mudanças promovendo lideranças. O presidente da ARH Serrana, Francisco Batista, salienta que o evento quer transmitir o sentido de evolução que as empresas buscam, realizando uma transformação que combine as necessidades individuais das pessoas com as da organização.
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Reno Mancuso, Col. Reno Mancuso, Acervo do Arquivo Histórico Municipal/O Caxiense
Giácomo Geremia, Col. Suely Bascú, Acervo do Arquivo Histórico Municipal/O Caxiense
Passado cultural
Companheiros de projeção: a Praça Dante tinha em seu entorno o Guarany (à esquerda, na década de 50), na Marquês do Herval, e o Central (à direita, em foto de 1947), na Júlio
CENAS
A
MEMORÁVEIS por ROBIN SITENESKI
sétima arte já esteve muito mais próxima dos caxienses. Em uma época em que assistir a um filme não era um programa acompanhado de lanche em uma rede de fast food, a magia do cinema começava com a abertura de uma cortina de veludo. Salas muito ornamentadas, filmes antecedidos pela apresentação de cinejornais e a troca de figurinhas e gibis entre os adolescentes antes das sessões compunham o cenário de então. Quem teve a oportunidade de sentar na poltrona – muitas vezes, de madeira – de um cinema de rua não esquece. A professora de Artes Visuais da UCS Ana Mery Sehbe De Carli frequentava o Guarany, o Central ou o Ópera pelo menos uma vez por semana: nas matinês de domingo, que exibiam dois filmes seguidos. As histórias extrapolavam a tela. Havia romance: “Íamos ao cinema em turmas. Os meninos sentavam na fileira de trás e as meninas, na da frente. Somente quando as coisas começavam a ficar ‘mais sérias’ ocupavam poltronas lado a lado.” E também aventura: “Uma vez, um guri jogou uma galinha do mezanino do Guarany no meio de uma sessão. Foi uma confusão enorme. Tiveram que parar o filme e até o dono do cinema foi ver o que tinha acontecido.” Jones Silva, projecionista do Cine Imperial (durante 15 anos), do Ópera (por dois anos) e, atualmente, do Centro de Cultura Ordovás, sente saudade dos cinemas de rua. “Daquele tempo ficaram as histórias boas, filmes bons e muita nostalgia”, afirma. Silva experimentou a diferença de trabalhar com as máquinas antigas e as modernas. “Antigamente existiam dois aparelhos por sala. Cada rolo de película tinha até 25 minutos de filme
e, do lado de fora do cinema, existiam luzinhas que se apagavam quando cada rolo terminava. Então, as pessoas que chegavam atrasadas decidiam se ainda iam ver o filme ou não.” A projeção mais longa que Silva fez foi de Ben-Hur (1959), que tinha 16 rolos. Até a metade da década de 80, também exibia o cinejornal Canal 100 antes dos filmes. “O atrativo era ver as jogadas de futebol na tela grande.” Como todo projecionista, ele assistia ao mesmo filme inúmeras vezes. “Quando exibia os Loucademia de Polícia não dava risada das piadas. Quando algum momento engraçado se aproximava, eu saía da sala de projeção para ouvir a risada das pessoas. Isso era muito divertido”, lembra. Para preservar recordações como as de Silva, as professoras Kenia Pozenato e Loraine Slomp Giron escreveram o livro Cinema: lembranças. Elas contam que, no primeiro cinema caxiense, os filmes exibidos vinham no lombo de mulas. O Teatro Velho, que ficava na esquina das ruas Visconde de Pelotas e Os 18 do Forte, não possuía projetor próprio. Quando foi aberto, no final do século XIX, a sétima arte era itinerante: viajando de cidade em cidade, os espetáculos cinematográficos eram montados onde houvesse público. Mas não demorou muito para que essa situação mudasse. Na década de 1910, Caxias ganhou projetores fixos nas salas de exibição. Uma delas era o cinema Apolo. Inaugurado em 1921, com capacidade para 1,8 mil pessoas, o Cine Theatro Apolo era uma imponente construção de madeira com pé direito de mais de 15 metros. Destruído por um incêndio em 1927, foi reconstruído em apenas oito meses. Loraine conta que a origem e o tipo dos filmes mudaram nas décadas se-
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Saudades, belos prédios e histórias inusitadas do tempo em que os cinemas ficavam mais perto dos cinéfilos
guintes. “Antes de 1930, viam-se muitos que tínhamos na época. Não íamos aos filmes europeus, principalmente fran- shoppings passear e acabávamos venceses e alemães. Depois, Hollywood do um filme. Saíamos de casa especifipassou a dominar, intocável.” camente para ir ao cinema.” Hoje, apesar de os cinemas terem Para ela, a extinção dessas salas se saído do coração da cidade, parte de deu por diversas razões. A principal foi seu legado ainda pode ser vista ao ca- a falta de películas que atraíssem públiminhar pelo Centro. Dois prédios his- co, a partir da década de 70. Durante a tóricos na Praça Dante Alighieri são ditadura militar, filmes violentos e ouespeciais para os saudosistas. Inaugu- tros que beiravam a pornografia invarado em 1927, o antigo Cinema Cen- diram as telas. “Além disso, houve um tral – onde agora atende a loja Manlec decréscimo no poder aquisitivo, a tele– ainda impressiona em seu estilo ne- visão se popularizou e os cinemas, que oclássico, com estátuas eram muito grandes, gregas. A poucos pasnão tinham dinheiro sos dali, no ponto que para manutenção. No hoje é da loja Deltasul, “Não é a mesma inverno, as pessoas não cinéfilos frequentavam coisa assistir a iam ao cinema porque o Guarany. as salas não tinham ar um filme com O Cine Imperial, 1 mil pessoas e condicionado”, relata. entre 1950 e 1996, fiEm Caxias, o mocava no prédio da atu- com 30 ou 40, mento que marca o fim al farmácia do Círculo como ocorre dos cinemas de rua foi Operário, na Visconde hoje”, compara a última sessão do Cine de Pelotas. O cinema a professora Teatro Ópera, em 4 de fechou, mas a sala de janeiro de 1993: Dráexibição ainda fun- Kenia Pozenato cula de Bram Stocker, ciona – agora, é usada dirigido por Francis para atividades interFord Coppola. Foi apenas do grupo hospitalar. Outro edifício nas o começo do drama sobre o que conservado é o do Cine Teatro Real, na deveria ser feito com o prédio. A traesquina da Avenida Júlio de Castilhos ma se alongou por quase um ano até com a Feijó Júnior, ao lado da Praça que, em 23 de dezembro de 1994, um João Pessoa. O local, hoje ocupado incêndio sem causas identificadas acapela loja Makro, abrigou o cinema de bou com o que restava do Ópera, que 1,5 mil lugares entre 1950 e 1982. deu lugar a um prédio-garagem. A professora Kenia ressalta, porém, A coordenadora da recém-lançada que o legado dos cinemas de rua é Especialização em Cinema da UCS, bem maior do que os prédios históri- Eulália Isabel Coelho, a Biba, lembra cos. “Eles influenciaram a cultura e a com nostalgia dos antigos cinemas. economia da cidade. Além disso, mui- “A distribuição dos filmes ficou mais tos casamentos começaram ali.” Kenia concentrada. Hoje, está nas mãos de lembra que a experiência de ir ao ci- três ou quatro empresas. Os cinemas nema também era diferente. “Não é a de rua pareciam menos massificados mesma coisa assistir a um filme com e ousavam mais na escolha dos filmes. 1 mil pessoas e com 30 ou 40, como Deixaram a saudade de um tempo em ocorre hoje. Era o único divertimento que ir ao cinema era mais glamouroso.” 5 a 11 de junho de 2010
O Caxiense
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De SP para o RS
Acervo CTG Ginetes da Tradição, Divulgação/O Caxiense
NONONO
Dança adaptada do ritual de intimidação dos índios Ibiraiara, que batiam com um porrete no chão
caminho da
tradição
Cultura tropeira disseminou costumes
A Edital de Interdição
1a Vara de Família – Comarca de Caxias do Sul.
Natureza: Interdição. Processo: 010/1.09.0024604-1. ( CNJ:. 0246041 – 40.2009.8.21.0010 ). Requerente: Manoel José Souza Marrachinho. Requerido: Gabriela Bastiani Marrachinho. Objeto: Ciência a quem interessar possa de que foi decretada a INTERDIÇÃO do REQUERIDO (A): Gabriela Bastiani Marrachinho, por sentença proferida em 16/10/2009. LIMITES DA INTERDIÇÃO: alcance total. CAUSA DA INTERDIÇÃO: incapacidade total e permanente da parte interditanda para reger sua pessoa e administrar seus bens, por sofrer de doença codificada na classificação internacional de doenças sob nº CID 10 G40.9; G84; F84; F72. PRAZO DA INTERDIÇÃO: ilimitado. CURADOR (A) NOMEADO (A): Manoel José Souza Marrachinho. O prazo deste edital é o do art. 1.184 do CPC. Caxias do Sul, 28 de maio de 2010. SERVIDOR: Geovana Zamperetti Nicoletto. JUIZ: Antônio Claret Flôres Ceccato.
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O Caxiense
5 a 11 de junho de 2010
por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br história do gaúcho campeiro apaixonado por cavalos nasce de mistura de diferentes culturas. Conforme o historiador Luiz Antônio Alves, grande parte do Rio Grande do Sul foi povoado por tropeiros paulistas, mais precisamente de Sorocaba. O início da corrida do ouro em Minas Gerais na metade do século XVIII foi uma das causas da vinda dos sorocabanos para o RS. Os problemas para transportar o minério foram diminuídos com a descoberta de manadas de equinos e bovinos nos pampas da América. Milhares de cabeças de gado começaram a ser transportadas para Sorocaba. Luiz Antônio Alves explica que nestas vindas, algumas pessoas trouxeram suas famílias compostas por portugueses, índios, negros e mamelucos. Juntamente com os militares encarregados de defender a fronteira, essa população se estabeleceu na região, formando inicialmente o que se conhece hoje por gaúcho. “Para se ter uma ideia, das 300 sesmarias do Estado, dois terços delas eram compostas por paulistas. Pode-se dizer que o gaúcho é um paulista disfarçado”, brinca o historiador. Com o passar do tempo, os descendentes desses tropeiros começaram a fazer o transporte do gado para Sorocaba. O percurso traçado foi por cima da serra pois era o caminho mais próximo. As famílias dos tropeiros foram responsáveis pelo início de muitas das cidades do Rio Grande do Sul nesta região, como é o caso de São Francisco de Paula. A partir das pesquisas de Paixão Côrtes e Barbosa Lessa, criadores do Movimento Tradicionalista Gaúcho (MTG), foram resgatados elementos comuns, restituídas a música e a dança tropeira. Fazendo parte dessa mis-
celânea cultural, as tradições italianas e alemãs fundiram-se como um novo elemento e enriqueceram ainda mais a cultura popular. Alves cita como exemplo a adição da polca, dança alemã, e do uso do acordeon. A proximidade entre essas duas culturas ligadas pelos tropeiros atravessa gerações e está sendo retomada pelo trabalho de pesquisadores das duas cidades. Alves acompanhou o CTG Ginetes da Tradição, de Ana Rech, em uma apresentação na cidade paulista, durante a Festa Tropeira, no final de semana dos dias 29 e 30 de maio. Na sexta (28), a Academia Sorocabana de Letras realizou um encontro com o intuito de estreitar o relacionamento entre os municípios. O coordenador da 25ª Região Tradicionalista, Jó Arse, diz que a presença paulista no Estado influenciou a cultura do gaúcho, através dos seus costumes e indumentária em determinado grau. “Os tropeiros tiveram uma forte contribuição na criação do tradicionalismo. Hoje temos muitos dos seus descendentes. Mas isso não quer dizer que seja uma cultura paulista, porque ela foi desenvolvida aqui no Rio Grande do Sul”, acredita Arse. A própria origem do chimarrão é discutida. O jornalista e pesquisador sorocabano Sérgio Oliveira conta que certa vez um pesquisador gaúcho afirmou que o mate era original de Sorocaba. “Temos dois bairros chamadas Congonhal na cidade. E o que é congonha? Erva-mate. Esses são elementos discutíveis, mas é difícil chegar a uma conclusão.” Mesmo com esses elos de ligação cultural, o pesquisador conta que o legado foi deixado quase que exclusivamente para os descendentes dos tropeiros, ao contrário do Rio Grande do Sul, em que se tornou popular, através do resgate feito pelos CTGs.
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
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5 a 11 de junho de 2010
O Caxiense
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O INVISÍVEL É O QUE PREOCUPA Caxias se destaca pela produção de hortifrutigranjeiros. Mas, assim como o restante do país, não tem controle nem fiscalização sobre o uso de agrotóxicos
Produtos químicos aplicados nas plantações, como as de caqui, podem causar danos aos agricultores, ao meio ambiente e aos consumidores
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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br esta época do ano, tudo o que se escuta em São Gotardo são os cachorros e alguns tratores. Grandes plantações, principalmente de maçã e caqui, na sua maioria já colhidos, enfeitam a paisagem. Dentro de um galpão escuro da propriedade de Luciano Ricardo Buffon, armazenados em embalagens plásticas com símbolos assustadores nos rótulos, ficam guardados elementos que completam o cenário rural. São os defensivos agrícolas. Conhecidos também como agrotóxicos, ou, como preferem os mais práticos, venenos. Quantos? Buffon para ao contá-los mentalmente: “Mais de 20”. Desde que se conhece por gente, como ele mesmo diz, Buffon lida com os produtos que livram de doenças as plantações de alho, cebola, caqui, pêssego e ameixa. Não conhece nenhum agricultor das redondezas que já tenha tido problemas decorrentes do contato com os químicos. Há alguns anos, ele lembra que foram feitos exames de sangue nos moradores da região para verificar se havia contaminação. Nada foi encontrado, segundo Buffon. “Medo eu não tenho. Só sei que tem que se cuidar, né?” Lá pela metade deste mês, na época da plantação do alho, Buffon e o irmão mais novo iniciarão o ritual da preparação do defensivo agrícola. Quando o alho chegar na casa do consumidor, na hora de colocá-lo na panela, é provável que ele nem pare para pensar que desde que era apenas uma semente o vegetal já recebia tratamento com agrotóxicos. “As sementes são colocadas dentro de um saco de estopa, que é deixado de molho por quatro horas dentro de uma bombona, onde tem água e o produto
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que usamos. São 200ml de produto a cada 100 litros d’água. Daí se tira as sementes e se deixa secar por uma hora”, explica ele. O produto usado nas sementes do alho de Buffon é o Vertimec, da suíça Syngenta. A página da internet da empresa tem um visual limpo, com imagens de plantas florescendo. Logo na abertura do site, há um apelo: “Haverá nove bilhões de pessoas no nosso planeta em 2050. Como vamos alimentá-las?”. A Syngenta é uma das gigantes multinacionais europeias ou norte-americanas – além dela, há nomes como Basf (Alemanha), Monsanto (EUA), Dow (EUA) e DuPont (EUA) – que controlam o mercado de agrotóxicos do mundo. Todas, naturalmente, procuram passar uma imagem de consciência ambiental. Voltando a São Gotardo: depois que o alho tratado com Vertimec for plantado, até novembro, época da colheita, ele receberá cerca de oito aplicações de outro agrotóxico, feitas com um pulverizador colocado no trator. Quando a última delas for realizada, será preciso esperar ainda 21 dias para consumilo. “Eu não conseguiria produzir alho hoje sem agrotóxico, porque não controlaria as doenças. Bom, até daria para produzir, mas ficaria de uma classe tão baixa que não teria valor no mercado”, justifica, completando com uma frase um pouco irônica: “Não se consegue fazer fruta limpa sem usar agrotóxico”. Caxias do Sul é a maior produtora de hortifrutigranjeiros do Estado. O uso de agrotóxicos é igualmente proporcional à grande produção. Caxias, junto com a região fumageira de Santa Cruz do Sul, faz parte das maiores consumidoras de agrotóxicos do Rio Grande do Sul. Entretanto, quase
não há fiscalização: tanto para saber se engenheiro agrônomo da Secretaria os produtores estão aplicando os de- Municipal da Agricultura. “São cultufensivos corretamente, de forma a não ras novas e com pouca área”, diz Enio colocar em risco a própria saúde e o Ângelo Todeschini, engenheiro agrômeio ambiente, quanto para analisar se nomo da Emater Regional. Em cono que chega em nossas mesas está apto trapartida, para culturas como milho, para o consumo. O tomate, arroz, soja e único acompanhamenmaçã há marcas de to realizado é um es- “Não se agrotóxicos de sobra. tudo por amostragem consegue fazer “No mundo, tudo é cifeito em nível federal, frão”, completa Todesfruta limpa pela Agência Nacional chini. de Vigilância Sanitá- sem usar Hillebrand afirma ria (Anvisa), com o agrotóxico”, que, por ora, existe Programa de Análise justifica o apenas uma ideia de de Resíduos de Agrofazer análise de resíprodutor tóxicos em Alimentos duos dos produtos de (Para). Dados da últi- Luciano Buffon, Caxias na Secretaria da ma avaliação disponí- de São Gotardo Agricultura. “Com um vel, de 2008, revelam grupo de uva de mesa que 64,36% das amosjá fizemos análise do tras de pimentão apresentavam índices nível de agrotóxicos de 13 produtores acima do limite máximo de agrotóxi- da cidade, e deu bem abaixo do permicos, além de resíduos não autorizados tido em todos.” para a cultura. Depois do pimentão, Por enquanto, aos agricultores que vieram o morango, com 36,05%, a uva, vendem diretamente, em feiras ou com 32,67%, e a cenoura, com 30,39%. em pequenos mercados, por exemplo, Na prática, isso significa que dois de não é exigida nenhuma certificação de cada três pimentões e um de cada três que os alimentos estejam dentro dos morangos, cachos de uva ou cenouras padrões adequados para consumo. “É estariam contaminados, podendo fa- na base da confiança”, diz Todeschini. zer mal ao consumidor. “Quem industrializa tem certificação”, Algumas culturas de Caxias não pas- acrescenta. sariam no teste da Anvisa. Não necesAlém dos agrotóxicos que não são sariamente por causa do nível de resí- usados nas culturas corretas, ocorduos químicos, mas porque utilizam re também contrabando de produtos produtos não licenciados para elas. Por proibidos no Brasil, mas que existem exemplo: para tratar couve-flor, rúcula, no Paraguai, Uruguai e Argentina, caqui, figo, kiwi, amora e framboesa, segundo Jaime Luiz Lovatel, coordepraticamente não há agrotóxicos regis- nador do curso de Agronomia da Unitrados no Ministério da Agricultura. versidade de Caxias do Sul (UCS). Ele “Infelizmente o pessoal acaba usando gosta de chamar as legislações referenoutro agrotóxico. O custo para essas tes aos defensivos químicos de “Babilômultinacionais registrarem no Minis- nia”, por causa da confusão entre o que tério é grande, então para elas não há pode num país e não pode no outro. interesse”, explica Flávio Hillebrand, O Brasil se tornou o maior consu-
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Agricultura & saúde
midor mundial de agrotóxicos, em termos de valor comercializado, mas esse dado alarmante, de acordo com Lovatel, se dá devido à extensão territorial. Tirando essa questão, não se pode dizer que o Brasil utiliza mais agrotóxicos que outros países. O que acontece é que aqui o controle é muito menor. “Lá fora fazem estudos, são meticulosos. Quando se proíbe lá, leva-se de cinco a dez anos para convencer o governo a tirar (o produto do mercado) daqui também. O Brasil tem tolerância maior que outros países. É porque lá faz menos mal? Não, é porque aqui não respeitamos as regras do jogo. E aqui tem impunidade”, diz o coordenador. Em 30 de maio deste ano, uma reportagem do jornal O Estado de S. Paulo denuncia que o Brasil é o principal destino de agrotóxicos banidos no Exterior. Nas plantações brasileiras são usados pelo menos 10 produtos proibidos na União Europeia, Estados Unidos e Paraguai, assegura a publicação. Em sua edição brasileira do mês de abril, o Le Monde Diplomatique destaca que nos últimos dez anos o mercado de agrotóxicos no Brasil cresceu 176%, quase quatro vezes mais que a média mundial, e que as importações brasileiras desses produtos aumentaram 236% entre 2000 e 2007. Para explicar o porquê do uso de agrotóxicos, em tom didático, Lovatel diz que as três classes de seres vivos – humanos, animais e plantas – estão sujeitas a doenças. Os homens são tra-
tados com remédios; os animais, com onde há. Se queremos ter maçã aqui, vacinas; e as plantas, com agrotóxicos. tem que aplicar agrotóxico duas vezes “Toxicologicamente é tudo igual, só por semana”, explica Lovatel. muda a concentração, porque os eleO coordenador afirma que, em Camentos químicos usados são os mes- xias, culturas de frutas como pêssego, mos. Só que o homem, quando é para maçã e uva exigem grande quantidade tratar dos outros, não de veneno, assim como toma tantas precaunos hortigranjeiros a ções quanto tomaria “Lá fora fazem aplicação maior se dá se fosse um remédio estudos, são no tomate, na batata e para ele. Não respeita no pimentão. O tomate, meticulosos. O os períodos de carênque é a hortícola mais cia (tempo entre a apli- Brasil tem consumida do mundo, cação do agrotóxico e tolerância a maçã e a uva vinífera o consumo), não usa maior. Aqui não são muito sensíveis às a dosagem correta de pragas, segundo Todesrespeitamos as agrotóxico”, observa, chini. Mesmo assim, revelando duas das regras do jogo”, isso não significa nequestões mais graves critica Lovatel cessariamente que elas deste debate atualmensejam os vegetais que te. chegam ao consumidor Lovatel explica que existem quatro com mais resíduos químicos. “Mesmo grandes grupos de veneno: os mais tó- com carga grande de agrotóxicos, a xicos, de faixa vermelha, são chamados princípio, o que chega na mesa é segude Classe 1; os altamente tóxicos, de ro, se forem observadas as recomendafaixa amarela, de Classe 2; os modera- ções”, salienta. damente tóxicos, de faixa azul, fazem parte da Classe 3; e os tóxicos, de faixa Os agrotóxicos se dividem em verde, Classe 4. “Isso se sabe pelo rótu- pesticidas (combatem insetos em gelo da embalagem”, assinala. ral), fungicidas (agem nos fungos) e O clima úmido de nossa região pro- herbicidas (utilizados para ervas danipicia o aumento de doenças nos vege- nhas). “O mais usado aqui é o herbicitais, o que faz com que Caxias tenha da Glifosato, também conhecido pelo maior propensão de fungos nas planta- nome Roundup. Na uva, maçã, pêsseções do que em outras cidades do Bra- go, caqui, em tudo se usa. Depois dele sil. “Todas as plantas, na sua origem, vêm os fungicidas, os cúpricos, e os innão precisam de fungicidas. No seus seticidas, que são os mais tóxicos. São habitats elas não têm doenças, mas o usados no tomate e na batata”, ressalta homem leva culturas para as regiões o engenheiro agrônomo do Município
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Flávio Hillebrand. “Não existe mais gente carpindo. Nas lavouras, tudo é tratado via Glifosato”, completa o coordenador do curso de Agronomia da UCS. Durante anos, Lovatel desenvolveu testes com agrotóxicos. Colocava diferentes dosagens de produtos na água e aplicava nas plantas. Eram os anos 70 e, na época, toda a proteção usada eram luvas. Um dia, um agrônomo apareceu no local dos testes e descobriu que um dos produtos manuseados por Lovatel era o temido agente laranja (produto cancerígeno). “Tive problemas sérios de saúde. Contaminação crônica, como muitos outros tiveram. Hoje, os produtos não entram (no mercado) sem passar por testes”, conta o engenheiro agrônomo. Muitos danos à saúde foram ocasionados por testes e uso de agrotóxicos desde que eles começaram a surgir, na metade do século passado. Quando Raimundo Bampi tinha 10 anos, no final da década de 50, viu a mãe plantar 500 mudas de cebola na propriedade onde eles viviam, em São Virgílio da 2ª Légua, para serem consumidas pela família. Logo começaram a aparecer lagartas nas cebolas, e o pai de Bampi foi à cidade comprar um produto para acabar com elas. O vendedor indicou um que era muito bem vendido, e diante da pergunta do pai de Bampi, “Não é veneno?”, disse que não. “Ele deu para eu passar. E passava aquele pó com a mão mesmo. Depois subia em árvore pra comer laranja, não tomava
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O agricultor Buffon manuseia mais de 20 agrotóxicos, entre eles o Vertimec, usado na cultura do alho
cuidado”, relembra Bampi. fazer com que os produtores usem os O produto foi tão eficiente que as meios de proteção. “Eu diria que uns lagartas desapareceram. No ano se- 20% deles se protegem”, afirma. Mas, guinte, a família comprou a mesma antes de se fazer a óbvia pergunta de marca. Naquela época, o Sindicato dos “por que não usam?”, pense na seguinTrabalhadores Rurais estava recém ini- te situação: imagine-se trabalhando 10 ciando, e um técnico agrícola apareceu horas por dia no sol, usando macacão, na propriedade da família. Ele revelou botas, máscara e luvas. que o inseticida eficiente e barato era Aldrin, um composto à base de DDT “Os produtores são aconselha(sigla de Dicloro-Didos, a gente não pode fenil-Tricloroetano), obrigar. Já tentamos que causava malefícios “Não existe mais de tudo. Até sermão à saúde a longo prazo. gente carpindo. de padre sobre isso já “Era cumulativo no teve”, diz Lovatel. “O Nas lavouras, organismo, e demoque me chama atenção rava 40 anos para sair tudo é tratado via é o descaso dos agricompletamente do Glifosato”, cultores com o manusolo. Daí não usamos constata o seio dos agrotóxicos. mais”, lembra Bampi, Utilizam sem os equicoordenador explicando que foi despamentos de proteção ta forma que os agro- do curso de individual mínimos, tóxicos foram introdu- Agronomia fumam durante a aplizidos nas plantações: cação e muitas vezes sem o conhecimento mexem os produtos dos estragos que eles poderiam pro- com as mãos”, afirma Cesar Pasqual, vocar. “Hoje, se pedir para as pessoas médico do trabalho e toxicologista. de 80 anos, elas não vão dizer que pas- Todeschini, da Emater, acrescenta que sam veneno, mas que passam remédio. além disso é importante a orientação Porque era falado assim. Foi simples de como guardar os produtos nas proconvencer os agricultores a usá-los. A priedades, em local exclusivo, seco, produção aumentou, a aparência me- ventilado e com chave, “para que só lhorou e a mão de obra diminuiu”, re- quem tenha acesso seja quem vá aplilata. car”. Bampi conta que, aparentemente, Além do uso de proteção e do armanão teve problemas por ter aplicado zenamento dos produtos, é necessário Aldrin com as próprias mãos: “Mas devolver as embalagens dos agrotóximuito colega nosso morreu. Demorou cos vazias. “Por lei, elas deveriam ser muito tempo para entender o perigo”. devolvidas às lojas, mas, como muitas Hoje, Bampi é presidente do Sindica- não têm estrutura, a campanha de coto dos Trabalhadores Rurais. Ele acre- leta de embalagens da Secretaria da dita que 50 anos foi tempo suficiente Agricultura faz com que os caminhões para melhorar bastante a qualidade de passem no interior para recolhê-las trabalho dos agricultores, pois nos dias uma vez por ano. Logo que o produto atuais os produtos são usados de forma acaba, elas têm que ser lavadas três vediferente, existe proteção, orientação zes, o que reduz a 0,01% o resíduo na técnica e pesquisas. “Nós alertamos o embalagem”, diz Hillebrand. produtor dos riscos que corre, porEm 2009, foram 100.220 embalagens que ele é o maior prejudicado, já que recolhidas em Caxias, de 366 produtoé quem manipula. Para o consumidor, res – 49 mil embalagens a mais que no vem com menor intensidade”, explica, ano anterior. dizendo que o Sindicato convence os trabalhadores a observarem as inforQuando é questionado se usa mações técnicas com o argumento de a proteção correta na hora da aplicaque assim a aplicação não será “tão pe- ção do produto, Buffon, o produtor de rigosa”. São Gotardo, meio que ri, meio que A maior dificuldade, para Lovatel, é desconversa: “Não seguimos à risca
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sempre”. “Fiscalizar todo o agricultor chado, onde está escrito “veneno”. Ela é mais uma lei que ninguém cumpre”, não sabe dizer quais são os defensivos resume Bampi. químicos utilizados nos 30 hectares de Em um artigo na mesma edição do maçã, caqui, ameixa e pêssego da famíLe Monde Diplomatique que traz os lia, também em São Gotardo. “São toperturbadores dados sobre os agro- dos nomes complicados. Só sei que não tóxicos, destaca-se um estudo que poluem a natureza como antigamente.” comprovou que os trabalhadores ru- Marlei conta que as pessoas costumam rais apresentam taxas maiores para afirmar que os Mazzochi têm um canalguns tipos de câncer, além de asma, tinho do terreno onde plantam frutas doenças neurológicas e manifestações para consumo próprio. “É absurdo reprodutivas adversas. “Em 1990 a Or- isso. Comemos os mesmos. Agora não ganização Mundial da Saúde (OMS) se sente mais medo. São produtos que estimava que ocorressem anualmente vão fazer a defesa das frutas, não vão no mundo 3 milhões de intoxicações fazer mal. Acredito que não existe genseveras, incluindo 1 milhão de casos te que planta o que não pode ser conão intencionais, com 20 mil mortes, mido”, diz, embora acrescentando que sendo 70% desses casos por exposição o odor de alguns agrotóxicos – como ocupacional”, diz o jornal. um que tem “cheiro de peixe morto” – Pasqual conta que hoje existem pes- é incômodo. quisas que relacionam o uso de agroA agricultora nem imagina a produtóxicos ao aumento da incidência de ção sem o uso dos defensivos: “Acho câncer. Além disso, eles podem con- que nem dá. Você conhece alguém que tribuir para o crescimento de doenças produz maçã sem agrotóxico?”, quesneurodegenerativas, como epilepsia, tiona. esclerose múltipla, doença de Parkinson e doença de Alzheimer. “Vai de as alternativas para não utilizar uma simples alergia até a morte por agrotóxicos, mesmo que ainda tímicâncer ou suicídio”, diz o médico. das, vem crescendo a cada ano. Além “Tem muitas referências que de os dos produtos orgânicos, cultivados há agrotóxicos seriam cancerígenos. Na cerca de 10 anos no Estado, existem a região fumageira de produção integrada – Santa Cruz e em Bento que tem mais cobranGonçalves se soube de “Se pedir para ças e rigidez no uso dos casos de pessoas que as pessoas de 80 defensivos, o que ocortentaram se suicidar re muito nas maçãs de anos, elas não ingerindo os produtos exportações – e opções ou que ficaram depres- vão dizer que para controles de prasivas por causa do con- passam veneno, gas. “Tem o processo tato com eles”, comple- mas que passam de macho-esterilidade ta Hillebrand. (que deixa os machos remédio. Porque Quem ingere os alidas moscas estéreis) e mentos com agrotóxi- era falado assim” a chamada confusão cos também não está relata Bampi sexual, em que é borlonge dos riscos. “Na rifado feromônio na nossa região, produtos plantação, o que deixa como morango, tomate, maçã, pêssego o macho da mosca que causa as larvas e alface são os que mais podem estar nas frutas perdido. Isso já está sencontaminados. Os efeitos podem ser do feito”, explica Enio Todeschini, da alergia, má formação fetal, alteração Emater. do sexo dos fetos, neoplasias (proli“Hoje, não sei como haveria a possiferação celular anormal)”, enumera o bilidade de abastecer a população sem toxicologista. agrotóxicos. Visualizamos alternativas para não usar, só que isso demanda geNa propriedade de Marlei Ma- rações. Mas vai chegar o dia em que eszzochi e do marido, Renato, os agro- ses venenos vão ser banidos”, acredita o tóxicos ficam guardados num local fe- sindicalista Bampi.
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Tabela da Copa
RUMO AO HEXA SĂŁo sete jogos para o Brasil chegar ao sexto tĂtulo mundial
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Arte: Luciana Lain, Marcelo Aramis | Fotos: AndrĂŠ T. Susin/O Caxiense
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Fábio Grison
| Da 26ª Bienal da Foto em P&B | O cotidiano e a natureza, tão ricos em cores, são captados pelas objetivas de fotógrafos que se dedicaram a registrar em preto e branco. Escalas de cinza, como no princípio das técnicas da revelação fotográfica, transformam momentos atuais em saudosistas. São 120 fotos em p&b, da 26ª Bienal Brasileira da Arte Fotográfica em Preto e Branco, expostas na Casa de Cultura, até 2 de julho.
VALORES INCONSCIENTES por MARCELO MOURA
A
casa está em péssimas condições, situada não se sabe bem onde... Falo daqueles sonhos que não são lembrados, me refiro aos que vivem sem estarem despertos. Ela está lá, ainda de pé, e assim deve permanecer, pois abriga uma fortuna. Incontáveis quilos de dinheiro, de todas as partes do mundo, cobrem o chão, sobem pelas paredes desgastadas. Nesse mesmo chão repousa um casal, eles se olham
fixamente, não perceberam que lhes faltam os braços e as pernas, estão juntos e podem admirar suas íris. Começa a chover, o telefone toca, o dinheiro não se move. O negociante de ossos aparecerá, entrará usando uma capa, que lhe proporciona um corpo e seu chapéu, que lhe confere um molde de rosto. Assim que a chuva começar ele abrirá a porta de madeira e arrastará para dentro sua caixa repleta de restos mortais... Crânio
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destruído por um projétil, aquela ossada com perfurações nos punhos, pés e peito. O negociante não ficará muito, verá o telefone cheio de poeira em uma mesa e dois esqueletos incompletos no chão. Ele pegará duas moedas, abrirá sua caixa e voltará pra o lugar de onde não gostaria de ter vindo. Sozinho em sua mansão o milionário carregou o trinta e oito cromado. Ligou para um número aleatório, precisava conversar com
alguém, ninguém atendeu... Sempre que procuram por explicações eu ofereço vários tempos. Estava tudo vazio, a mansão, a garrafa de vodka e sua vida, em condição contrária se encontrava o tambor da arma, ele não se daria outra chance de sofrer. Os vidros da cristaleira estremeceram com o disparo, mas o homem não morreu, a bala não chegou a estourar sua cabeça, antes que isso pudesse acontecer ele desapareceu, não havia mais corpo. Seu túmulo sempre esteve vazio. 5 a 11 de junho de 2010
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Guia de Cultura
por Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis
Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense
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Pare, Olhe Escute põe a Orquestra Municipal de Sopros, o Coral Municipal e a Cia. Municipal de Dança em uma encruzilhada desafiadora: superar a si mesmos
Espetáculo | Pare, Olhe, Escute
Encruzilhada futura por RENATO HENRICHS A placa Pare Olhe Escute costuma estar colocada em encruzilhadas, quando rodovias secundárias cruzam com ferrovias e não há um viaduto ou semáforos para garantir a passagem prioritária do trem. No caso do espetáculo montado pela Orquestra Municipal de Sopros, Coral Municipal e Cia. Municipal de Dança, a alusão é óbvia. Os grupos artísticos mantidos pela prefeitura também quiseram homenagear a passagem dos 100 anos da chegada do trem com um espetáculo para ver, escutar e se emocionar - além de refletir, ainda que involuntariamente, sobre as condições oferecidas pela atividade artística em nosso meio. Conseguem seu intento com raro brilho. O espetáculo surpreende pelos cuidados de produção, pelo arrojo e pelo bom desempenho dos participantes. É claro que não há uniformidade. Alguns quadros funcionam mais que outros (aquele número estatísticodramático sobre o rádio destoa dos demais números musicais e coreografias). Alguns artistas apresentam melhor resultado (com destaque para a bailarina Andrea Spolaor). Pelo volume sonoro, a orquestra se impõe aos demais grupos, por exemplo. Mas essas constatações não tiram o mérito da realização. Ao contrário, há uma certa coerência em todos esses aspectos, na medida em que o trabalho pretende expor, com diferentes graus de sutileza artística, a presença e a importância do trem para o desenvolvimento da cidade. Enfim, uma boa forma de assinalar esse marco histórico de Caxias. E é aí que todos os envolvidos na produção acabam também por cair numa encruzilhada. A partir desse espetáculo, os três grupos terão a responsabilidade de trilhar caminhos mais amplos e ainda mais ousados. Pare, Olhe, Escute serviu para demonstrar, e não pela primeira vez, que Caxias do Sul pode e deve comemorar não apenas por sua grandiosidade industrial ou comercial nesses seus 100 anos. Bons espetáculos culturais como esse também podem se tornar referência daqui para a frente. Veja o serviço sobre o espetáculo na página 17.
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CINEMA
l Príncipe da Pérsia: As areias do tempo | Aventura. 14h, 17h10, 19h30 e 22h | Iguatemi Enquanto os Piratas do Caribe se preparam para novas (e lucrativas) aventuras no cinema, o produtor Jerry Bruckheimer convoca um príncipe medieval para ganhar vida na telona. Em mais uma aventura em que um escolhido deve salvar o mundo, Jake Gyllenhaal interpreta o personagem principal. Baseado no clássico videogame, pioneiro nos movimentos realistas dos personagens, o filme promete show de efeitos visuais. 12 anos, 116 min., leg.. l Vidas que se cruzam | Drama. A partir de quinta (10), 20h | Ordovás O mesmo roteirista de Amores Brutos e 21 Gramas agora também dirige um roteiro seu. Emocionalmente denso é adjetivo básico de Guillermo Arriaga, que conta a história de várias pessoas que, mesmo separadas por anos e locais, são conectadas de alguma forma. 12 anos, 116 min., leg.. AINDA EM CARTAZ - A Hora do Pesadelo. Terror. 19h20 e 21h20. Iguatemi | Alice no País das Maravilhas. Aventura. 14h20 e 17h (dub.). Iguatemi. 16h40. Domingo, 16h. UCS | Chico Xavier. Drama. 20h30. UCS. | Fúria de Titãs. Aventura. 13h50, 16h40, 18h50 e 21h10 (dub.) e 14h10, 16h50, 19h10 e 21h30 (leg.). Iguatemi | Homem de Ferro 2. Ação. 18h15 (dub.). UCS | O Mensageiro | Drama. Sábado e domingo, 20h. Ordovás | Robin Hood. Aventura. 13h40, 16h30, 19h e 21h40. Iguatemi | Sex and The City 2. 13h30, 16h20, 19h05 e 21h50. Iguatemi. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crian-
ças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 32182255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316
TEATRO l O Aniversário da Infanta | Quarta (9) e quinta (10), 20h | Tina Andrighetti e Bob Valente interpretam peça baseada em conto de Oscar Wilde, dirigida por Jessé Oliveira. O irlandês Wilde, famoso por sua língua afiada e seu homossexualismo reprimido, já fora casado. Dessa união, teve dois filhos, para quem escreveu contos como este. Teatro do Sesc R$ 10 | Moreira César, 2.462, Centro | 3221-5233 l Le Donne Curiose | Sexta (11), 20h | A curiosidade matou o gato. Mas não há de matar mulheres doidas para saber o que tanto seus maridos conversam, reunidos e trancados em uma casa. Proibidas de entrar, só lhes resta imaginar o assunto dos homens. Quem não entende o dialeto talian precisa fazer o mesmo exercício. A peça é do tradicional grupo caxiense Miseri Coloni. Estação Férrea Entrada franca | Augusto Pestana, s/n° | 3224-1955
l Neneco contra o Mago do Lixão | Sábado, 16h | Na peça, de um planeta muito sujo nasce um mago que planeja invadir a Terra. Ele considera fácil tomar conta dela porque ninguém dá bola para a preservação da natureza. Um menino que reaproveita lixo para construir coisas é a salvação. O texto e a direção é da Zica Stockmans. UCS Teatro Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2309 l Paranoia | Sexta (11), sábado (12) e domingo (13), 20h | A sit down comedy da cidade, com os atores da Cia 2, faz suas últimas apresentações. Só a primeira cena já vale o ingresso. Em um banheiro público, vários personagens conversam sobre intimidades – cada um na sua privada. Esquetes apresentam o que há de engraçado e trágico no comum. Teatro do Sesc R$ 10 (geral) e R$ 5 (estudantes, sênior e comerciários) | Moreira César, 2.462, Centro | 3221-5233 l Prêmio Anual de Incentivo à Montagem Teatral | Até 25 de junho | Quem tem projeto para peça teatral pode concorrer a uma parte dos R$ 60 mil que a Secretaria Municipal de Cultura (SMC) disponibilizará este ano para os trabalhos selecionados. Inscrições na SMC das 10h às 12h e das 14h às 17h e edital, formulários e instruções na Unidade de Teatro, no Ordovás. Secretaria Municipal da Cultura Dr. Augusto Pestana, 50 | 3901-1316 ou 3218-6192
FOTOGRAFIA l Conversas sobre fotografia | Segunda (7) e terça (8) | Profissionais da fotografia discutem sobre suas especialidades e profissões
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em dois dias reservados para a arte de expressar por meio de imagens. Os melhores trabalhos serão expostos. A programação é gratuita e será realizada na sala de cinema do Ordovás. PROGRAMAÇÃO - Preservação, proteção e manutenção da fotografia fine art ou obra de arte. Com Livia Grecca. Segunda (7), 19h30 | Fotógrafos e Artistas – Mesa de debate. Carlos Gandara, Mariana Silva da Silva e Rochele Zandavalli. Terça (8), 20h30 | Oficina de fotografia na caixa de fósforo. Liliane Giordano e Myra Gonçalves. Terça (8), das 9h às 12h e das 14h às 17h. l Oficina de introdução à fotografia digital | Sexta (11), às 19h30 e sábado (12), das 9h às 12h e das 13h30 às 16h30 | Se, de todas as funções da câmera digital, o “automático” é a única que você sabe usar, provavelmente essa oficina lhe interesse. Mas você deve levar a própria câmera. O professor Gustavo Pozza garante o resultado. Clube do Fotógrafo R$ 120 | Coronel Flores, 810, Térreo | 8401-2738
EXPOSIÇÃO l No tempo dos trilhos | De terça (8) a sábado, das 17h às 21h | Mais uma das atividades que remetem aos 100 anos da chegada do trem à Caxias, essa exposição traz fotografias em preto e branco feitas por associados ao Clube do Fotógrafo. Galeria em Transição – Teatro Moinho da Estação Entrada franca | Augusto Pestana, s/n° | 8404-1713 l XXVI Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco | Domingo, 10h às 17h | Primeiro dia da exposição, que vai até 2 de julho, das 120 fotos premiadas pela Bienal. Galeria Municipal – Casa da Cultura Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 AINDA EM EXPOSIÇÃO – Vitrine da História. De terça a sexta, das 9h às 17h. Arquivo Histórico Municipal. 3218-6114.
LITERATURA l Rodas de Leitura | Quinta (10), 14h | Na Semana do Meio Ambiente, ecologia é assunto literário, para adultos e crianças. Parque Municipal Mato Sartori Entrada franca | Rua Do Guia Lopes, 28 | 3224-8093
OFICINA l Maquiagem para fotografia e vídeo | Sábados, de 5, 12, 19 e 26 de junho, das 9h às 13h | Professor do curso Sequencial de Fotografia da UCS e reconhecido maquiador, Pepe Pessoa dará aulas com dicas que vão desde caracterização de
personagens até maquiagem para estúdio ou em área externa. Tem Gente Teatrando R$ 400 à vista ou 2 cheques pré-datados de R$ 200 | Olavo Bilac, 300, esquina com Regente Feijó | 3221-3130 e 9169-7586
vem com apelo social no clipe dirigido pelo colombiano Daniel Vargas: Adote um cachorro. As respostas podem estar nos olhos dele. Havana Café Fem.: R$ 20, com nome na lista R$15; Masc.: R$ 40, com nome na lista R$ 25 | Augusto Pestana, 810 | 3215-6619
FILOSOFIA
l Quinta Sinfônica | Quinta (10), 20h | Concerto tradicional da Orquestra Sinfônica da UCS tem regência do maestro americano Claire Fox Hillard e com participação do solista Darcio Gianelli, da Orquestra Sinfônica do Estado de São Paulo, no trombone. UCS Teatro Ingressos retirados antecipadamente mediante a doação de 1 kg de alimento não-perecível | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2309
l Albert Camus e o absurdo | Quarta (9), das 18h às 19h40 | Nome que reflete a consciência crítica, Camus traz o absurdo como assunto na sua obra, em particular no livro O Mito de Sísifo, personagem da mitologia grega condenado a empurrar eternamente uma grande pedra até o topo de uma montanha. A professora doutora Neires Maria Soldatelli Paviani é a palestrante. Auditório do Bloco E – UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | 3218-2100 l Especialização em Cinema: Significação Fílmica e Fazer Cinematográfico | Até 30 de junho | A Universidade de Caxias do Sul, que já oferecia noções e técnicas de cinema para os cursos de Comunicação, promete aprofundar conteúdos teóricos e práticos, como história do cinema mundial, cores, fotografia e roteirização. Os cineastas Carlos Gerbase e André Costantin, Fernando Mascarello (Unisinos) e Myra Gonçalves (UFRGS/UCS) estão entre os professores. As aulas serão realizadas de agosto desse ano a julho de 2012. Secretaria-Geral de Pós-Graduação UCS 24 parcelas de R$ 316 | Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária | 3218-2800
DANÇA l Dança contemporânea | Sexta (11) , das 11h às 16h | A professora é a italiana Lucia Citterio, que bailou no país natal, na Bélgica, na França. Ela dá aulas que começam na sexta mas se estendem pelo sábado, no mesmo horário, e retoma atividade na segunda (14) e terça (15), das 15h às 20h. São 15 vagas à disposição, com inscrições gratuitas pelo email ciadedanca@caxias.rs.gov.br ou pelo telefone 3901.1316, juntamente com a entrega um breve currículo. Conheça o trabalho de Lucia em www. luciacitterio.net/wp/produzioni. Cia. Municipal de Dança – Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312
MÚSICA l Projeto Ccoma e Projeto Antenna | Música eletrônica. Sábado, 22h | A festa comemora o lançamento do videoclipe Dogs are gods, do Projeto Ccoma (www.projetoccoma.com), formado pela dupla Roberto Scopel no trompete e Swami Sagara na percussão. A música homenageia os cães e o clipe foi filmado nas ruas de Caxias e na chácara da Soama. O future jazz
l The Beats | Domingo, 21h | Os argentinos considerados o melhor cover de Beatles do mundo voltam à Caxias em sessão única. No espetáculo Inesquecível, figurinos impecáveis e som tão próximo ao do quarteto original que impressiona nomes como o do produtor George Martin. UCS Teatro R$ 60 e R$ 30 (estudante e sênior) | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 32182309 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Acústico John. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Agente Ed, Beijo Vulgar e Miss Take. Rock. Roxx Rock Bar. 3021-3597 | Izequiel Carraro. Pop/ eletrônica. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Libertá e Artimanha. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Ponto e Vírgula. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Rosa Tattoada e Fighter. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Só Batidão. Sertanejo universitário. 23h. Move. 9198-3592 | Ton & os Karas. Rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Vicca. Pop rock. 23h. Pepsi Club. 3419-0900 | Y Tangos. Tango/milonga. 21h30. Zarabatana Café. 3901-1316 | Domingo: Negada Lucas. Música eletrônica. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Segunda (7): Orquestra Municipal de Sopros. Concertos Didáticos. 15h. Estação Férrea. 9184-0996 | Terça (8): Alexandre Slide. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Charlotte Acústico. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quarta (9): Bóra Balançá. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Flávio Ozelame Trio. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Pacific 22. Blues/rock. 20h. Estação Férrea. 9971-3479 | Vini e Isack e Pietro Ferretti. Pop. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta (10): Black XB. Pop. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Os Blugs. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Sexta (11): Blues Beers. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | H5N1. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Os 4 Gaudérios e Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Os Replicantes e Ligante Anfetamínico. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007.
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Espetáculo | Pare, Olhe, Escute
Parada obrigatória por MARCELO ARAMIS A ideia de reunir a Orquestra Municipal de Sopros, o Coral Municipal e a Companhia Municipal de Dança não poderia gerar outra expectativa que não de um ótimo espetáculo. Em uma arena construída sobre os trilhos nos fundos da Estação Férrea, os três melhores produtos da Secretaria da Cultura redimem a cobrança de ingresso para um evento público e comemorativo à chegada do trem. As estreitas – e lotadas – arquibancadas não são o lugar mais confortável para assistir um concerto, uma tenda não favorece a acústica de qualquer orquestra ou coral, o cascalho não é um bom solo para performances de dança contemporânea. No entanto, o cenário justifica os improvisos. Não haveria local mais adequado para relembrar a chegada do trem do que ali. E o espaço foi aproveitado ao máximo. Seriam necessários outros dois pares de olhos para acompanhar os personagens que circulam no corredor de embarque, abrem janelas, descem do teto, invadem a plateia. Com larga experiência na atuação cênica, o Coral Municipal repete o show de criatividade já visto nos ótimos Celebration e Beatles: A Razão e a Paixão. Afinados com a Orquestra do maestro Gilberto Salvagni, os cantores fazem percussão com os pés e mãos, em uma peça folclórica, criada pela maestrina Cibele Tedesco. Em Il Trovatore – a única música italiana do espetáculo, acreditem – um integrante do coral acompanha a orquestra com o som de um esmeril. Dirigida por Cristina Nora Calcagnotto, a Cia de Dança, mais avessa às narrativas lógicas, encarnou personagens teatrais com maestria. Na metade do espetáculo, que mistura fatos reais e imaginários para contar cronologicamente a história de Caxias, as cortinas sobre os trilhos se abriram lentamente e eu cruzei os dedos para não ver entrar aquele trenzinho dos passeios turísticos na Festa da Uva. Deu certo. Sobre um carrinho deslizante, a bailarina Andrea Spolaor tem a energia da própria locomotiva. De um lado para o outro, a Cia. dança sobre um original vagão e faz a sua performance mais “contemporânea” do espetáculo. Andrea também emociona o público em uma performance ao lado do saxofonista Bruno Gelmini. De uma janela do segundo andar, Bruno faz solo em Air, de Sebastian Bach. Na outra, a bailarina ignora a gravidade e dança sobre a soleira como se estivesse no linóleo. Os únicos “forasteiros”, como a peça chama os milhares que vieram para Caxias a partir da chegada do trem, são os portoalegrenses Cristiano Carvalho e Luciana Rossi, do grupo de dança aérea Nós no Ar. Ao som de All I Ask of You, interpretada por Franciele Zimmer e Jean Brandão, o casal antecipa aplausos em um dos pontos altos do espetáculo. Pare, Olhe, Escute se aventura por narrativas que pouco ou nada têm a ver com Caxias, seleciona música sobre trens desconhecidos, investe na visão romântica do caxiense sobre a sua história. E é qualquer coisa menos óbvio. Quando vejo lágrimas na plateia, sinto que, de alguma forma, a arte cumpriu o seu papel. l Pare, Olhe, Escute | Sábado (5) e Domingo (6). 20h. | Estação Férrea Ingressos no local a R$ 10 e R$ 5 (estudantes e sênior). Rua Augusto Pestana, 50 | Fone: 3901.1386 5 a 11 de junho de 2010
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Guia de Esportes
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por José Eduardo Coutelle
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CICLISMO
BASQUETE
FUTEBOL
l 1° Passeio Ciclístico Caminhos da Colônia | Domingo, 9h30 | Aproveite o domingo para pedalar. É de graça e as inscrições podem ser feitas na hora, até 15 minutos antes da largada: 9h30, em frente ao pórtico dos Pavilhões. O trajeto é de 15 quilômetros, passando por Nossa Senhora da Saúde, Linha 30, Santa Justina e Otávio Rocha (nos três últimos, com direito a estrada de chão). A chegada será no Grêmio Esportivo Otávio Rocha, com chuveiros para banho. Lá os participantes receberão um lanche e um copo de vinho – afinal, o passeio homenageia o Dia Estadual do Vinho – ou suco de uva. Ah, claro: as vinícolas localizadas no roteiro estarão abertas para visitação, degustação e venda de produtos. Só não beba demais, pois o trajeto muitos vezes se torna íngreme e exige certo preparo físico do ciclista. Caso chova, as bicicletas terão de ficar em casa. Do pórtico dos Pavilhões até Otávio Rocha Inscrições gratuitas | Largada: Ludovico Cavinatto, 1.431, Nsa. Sra. da Saúde
l Campeonato Estadual Masculino | Quarta (9), 14h30 | Quarta é dia de clássico caxiense: Juvenil x UCS. As duas representantes da cidade se enfrentam pela quarta rodada da competição. Sede Recreativa do Clube Juvenil Entrada gratuita | Marquês do Herval, 197
l Copa União | Sábado, 13h e 15h | Na Juvenil, já chegou a hora da decisão: é Pedancino (que bateu o Bevilacqua por 2 a 1) contra São Francisco da 6ª Légua (que goleou o Forquetense por 5 a 3), às 13h. Na Sênior, a Copa União está quase lá. As semifinais serão disputadas em partidas únicas, às 15h: São Virgílio x Bevilacqua e Juvenil x Pedancino. Campo do mandante Entrada gratuita
l 8ª Copa Ipam de Futsal Feminino | Sábado, 20h e 21h, e domingo, 9h e 10h | Destaque para a missão do Juventus, domingo de manhã, contra as meninas do Sindicato dos Metalúrgicos: marcar seu primeiro gol no campeonato. Sábado, 20h: Camisa 10 x Primavera Futsal (Santa Catarina) | 21h: Juventus x Sindicato dos Metalúrgicos (Santa Catarina) | Domingo, 9h: União x Força F. Por do Sol (Enxutão) | 10h: Força Jovem x F.Z. Futsal (Enxutão) Entrada gratuita
l Campeonato Municipal | Sábado, 13h15 e 15h15, e domingo, 13h15 e 15h15 | A chuva estragou a festa dos boleiros no último domingo. Só os jogos de sábado foram realizados. Na Série Suplente, ainda é cedo para definir os classificados, mas Hawaí e Águia Negra despontam em seus grupos. Na Ouro, a Fiorentina continua a triste sina de derrotas: em 7 jogos, conseguiu apenas um empate. Na Prata, o Esperança mantém a invencibilidade e segue confiando no próprio nome. Entrada gratuita
l Campeonato Citadino Adulto | Terça (8), 19h45 e 20h45 | O time do São Vicente permanece insuperável, com três vitórias em três jogos na Chave A. Nesta terça à noite, a equipe do Marechal Floriano luta para se manter no topo da Chave C contra o Águia Negra, que está na Chave D, a mais disputada do campeonato: a definição do líder desse grupo sairá do confronto entre a Associação Caxias e a Puma Futsal. Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina
O Caxiense
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TÊNIS l Torneio Aberto de Duplas | De quinta (10) a domingo (13), a partir das 9h | Convide um(a) amigo(a) e se inscreva. Ligue para 3221-5225 ou envie e-mail para sedeesportiva@clubejuvenilcaxias.com.br até segunda-feira (7). A taxa para se divertir em quadra: R$ 70. As raquetadas serão em diversas categorias – entre elas, Pró-Am (profissional), 1ª, 2ª e 3ª classe, sênior, veterano, infantil (até 14 anos) e feminino, incluindo duplas mistas. Sede Recreativa do Clube Juvenil Entrada gratuita | Marques do Herval, 197
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Apoio estrangeiro
Maicon Damasceno/O Caxiense
LA RAZA
ALVIVERDE Entre os 14 reforços para a disputa da Série C, três foram buscados no Uruguai
O
por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br primeiro trimestre deste ano, como se não bastasse à papada o retrospecto das últimas três temporadas, foi muito ruim. Para tentar amenizar a situação e melhorar o grupo para a conquista do objetivo de 2010, que é assegurar uma vaga para a disputa da Série B no próximo ano, a direção partiu em busca de atletas diferenciados. Durante a renovação do time, negociada ainda antes do término do Gauchão, um pouco da nova filosofia já pôde ser percebida: ficaram os atletas que realmente vestiram a camisa alviverde. E chegaram outros comprometidos com a causa pregada pelo vice-presidente de futebol, Juarez Ártico, e pelo presidente, Milton Scola. Entre eles, três jogadores uruguaios. Os dirigentes ponderam que nem todos os reforços vieram para ser titulares. O Juventude precisava de uma oxigenada, de uma sacudida. Agora, montar o time que entrará em campo para enfrentar Criciúma-SC, Chapecoense-SC, Caxias e Brasil-Pe na primeira fase da Série C é um problema do técnico Osmar Loss, que já realiza os primeiros coletivos no Centro de For-
mação de Atletas e Cidadãos (CFAC) após o longo período de trabalhos físicos e técnicos. “Eu não sabia quem iria trazer. O que eu queria era dar novamente ao grupo um espírito guerreiro, de luta”, explica Scola. Depois do 13º lugar no Estadual (entre 16 equipes), ainda ecoam no Estádio Alfredo Jaconi as críticas sobre a falta de gana e raça nos primeiros meses deste ano. “No intervalo da partida com o Esportivo, por exemplo, o que o Osmar falou para os jogadores... Voltaram a campo e parecia que nada tinha ocorrido”, lamenta Ártico, percebendo que algo deveria ser feito para o segundo semestre. No início de abril o presidente alviverde anunciou que viajaria de férias para o Uruguai, para passear com a família e conhecer novos vinhos – é produtor do tinto Prelúdio, com videiras cultivadas no distrito de Fazenda Souza. Mas, na verdade, ele estava em busca de jogadores. “Precisávamos de uma nova filosofia. Não necessariamente são titulares, mas sim atletas que têm garra. Temos a necessidade de vitórias, e os hermanos têm esse espírito inigualável. Isso estava faltando muito aqui dentro”, elogia e, ao mesmo tempo, constata Milton Scola. Para que a
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Scola saiu de férias para provar vinhos no país vizinho. Voltou trazendo jogadores
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André T. Susin/O Caxiense
Pela manhã, bem cedo, antes do treino, e à tarde, depois de suarem a camisa, Christian, Planchón e Ismael Espiga são vistos no Jaconi tomando mate
empreitada não fosse feita “às escuras”, empresário. Os três, que vêm jogar no o dirigente alviverde tentou contato Brasil profissionalmente pela primeira com uma pessoa que pudesse acom- vez, garantem que a principal dificulpanhá-lo e orientá-lo sobre possíveis dade da mudança, a adaptação, já está contratações. “Nesse aspecto, fui atrás superada. do Vanzini. Vi que ele Os atletas destateve afinidade com o cam que o clima caJu quando passou por Ex-volante do xiense é semelhante aqui.” ao do Uruguai. SemeJu em 2007, lhante. “Lá, é mais frio, último ano O volante Marco principalmente em Vanzini atuou no Ju- do clube na julho. Mas basta coloventude em 2007, últi- primeira divisão, car bastante roupa que mo ano do clube na Sé- o uruguaio tudo fica tranquilo”, rie A. “Ele foi o último brinca Christian, que Marco Vanzini estrangeiro do grupo. não teve a mesma faSentia nele compro- ajudou nas cilidade em seu último metimento”, cita Scola. contratações clube, o Foolad. Na verComo deixou raízes dade, o problema não no Rio Grande do Sul foi com o clube, mas – tem escritório de representações em com o país: Irã. “A cultura e os costuPorto Alegre e seguidamente visita a mes são muito diferentes. Estranhei Serra –, Vanzini ajudou o presidente muito. Além disso, a comunicação lá na viagem ao Uruguai. “Ele também é só no inglês”, conta o meia-atacante. mostrou-se indignado com a atual Em Caxias do Sul, ele garante que tudo situação do Ju”, complementa Scola. foi rápido. Basta falar com calma que Dentro das possibilidades do clube, ele entende direitinho. “Só não me perno final de abril o dirigente partiu em gunte coisas muito rápido que no enbusca de jogadores não somente para tiendo nada”, diz, sorrindo, depois de o momento, mas também para o futu- treinar no CFAC e tomar um banho no ro. “Assisti a alguns jogos deles, mos- vestiário do Jaconi. traram raça. Precisamos de um time Todos se dizem admiradores do forte.” Além do Ju, outras duas equipes fútbol brasileiro. Para Christian, os contrataram atletas do país vizinho, to- boleiros aqui são mais técnicos. “Agotalizando cinco jogadores na Série C, ra é preciso assimilar o que o treinaconforme levantamento da Confede- dor quer para que tudo dê certo lá na ração Brasileira de Futebol (CBF). Na frente e, claro, eu mostre meu trabalho primeira divisão são dois, e na Série B, e conquiste uma vaga entre os titulaoutros cinco. res”, avisa o meia, que veio para Caxias Em 29 de abril, desembarcaram no com a namorada. Se qualquer torcedor Jaconi os dois primeiros reforços im- chegar no Jaconi e quiser identificar os portados: o meia Camejo Yeladian uruguaios depois de um treino – ou Christian Apharam, 26 anos, e o ata- antes –, basta procurar o trio que está cante Ismael Sandor Espiga Coccolo bebendo mate (o nosso chimarrão). Carmelo, 31 anos. No dia 18 de maio Tradicional também no Uruguai, a foi a vez do lateral esquerdo (que tam- bebida não foi abandonada na Serra. bém atua como zagueiro) Ruben Car- “Tomo duas vezes por dia, no início da los Planchón Faureau, 27 anos – este, manhã e no final da tarde. O Ismael e o inclusive, negociado com Vanzini, seu Planchón bebem menos”, revela Chris-
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O Caxiense
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tian, nascido em Montevidéu.
no Uruguai com a esposa, Macarena. “Vou trazê-las assim que encontrar um apartamento. Sinto muito a falta delas. Quando Dolores completou um ano eu já estava em Caxias. Não pude festejar seu aniversário”, lamenta o atleta, que ameniza a saudade com ligações telefônicas e pela internet.
Menos falante, o atacante Ismael Espiga concorda que o futebol uruguaio seja mais raçudo. Experiente, teve passagens por clubes do Equador, Colômbia, Chile e México. Sobre Caxias, até aqui, considera uma cidade tranquila. “Quando morei no México, a cidade lá tinha 3 milhões de habitanPlanchón ainda não trabalha tes. Ficava perto da fronteira com os com o restante do grupo no CFAC Estados Unidos, muita gente”, recorda. porque faz um trabalho separado de No Brasil, os jogadores que ele mais recuperação física. “Quero estar em observa são os laterais, que têm mais forma o mais rápido possível. O temqualidade para cruzar as bolas para a po que me resta aproveito para desárea do que em outros países. Casado, cansar no hotel. Ainda não conheço Ismael veio com a mulher, e considera bem a cidade”, complementa. Sobre o forte o atual período de treinos. Nas futebol brasileiro, “muy hábil”, o lateral horas de folga, gosta de circular de car- cita como ponto positivo a velocidade ro pela região. “Meu primeiro passeio dos atacantes. “No Uruguai, a primeira foi a Bento Gonçalves. Bonita cidade”, coisa a fazer é defender. Aqui é o conelogia o atacante nascido em Carmelo, trário”, compara. Cabe salientar que a na região oeste do Uruguai, quase na seleção uruguaia foi a primeira a sediar fronteira com a Argentina. e a conquistar uma Copa do Mundo, O terceiro reforço a chegar ao Jaconi em 1930, feito repetido em 1950 na foi o lateral esquerdo Planchón. Aos fatídica partida que, para eles, ficou 27 anos, o jogador, que gosta de atu- conhecida como Maracanazo. Cerca ar como zagueiro e é natural de Dolo- de 200 mil pessoas lotaram o estádio res (também na região oeste do país), para a final entre Brasil e o time olímfará no Juventude sua pico do Uruguai, que primeira atuação fora venceu por 2 a 1 e sido Uruguai. Para ele, a “No Uruguai, lenciou o palco onde o adaptação foi simples: a primeira coisa Ju conquistou, quase 50 achou a cidade boa a fazer é anos depois, seu maior para viver e com clima título, a Copa do Brasil semelhante ao do país defender. Aqui (1999). de origem. “O clube é é o contrário”, Para retomar esse grande. Vim para cá compara o espírito conquistador pela proposta, pelo lateral e reanimar a papada projeto de trabalho, a ir ao Jaconi, a opção que é subir para a Sé- esquerdo foi mudar. E bastante, rie B. Todos os compa- Planchón pois a direção contranheiros sabem disso”, tou mais do que um conta, alinhando-se ao novo time (goleiros, zaperfil de profissional comprometido gueiros, laterais, volante, meias e ataque o presidente Milton Scola procu- cantes). Reforçou-se com esse trio de rava. Outro pensamento que não sai da uruguaios, “exemplos de vigor, brio e cabeça de Planchón é a família. Ele tem vontade”. Palavras do presidente Miluma filha, Dolores, de um ano, que está ton Scola.
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André T. Susin/O Caxiense
Cinematografia grená
A bola e os gols são coadjuvantes na tela, onde os personagens falam de um clube de “três cores, duas histórias e uma só paixão”
JOGO DE CENA
a
por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br tores não costumam levar jeito com a bola nos pés. Ainda mais se for para carregar nas costas a vida de um craque. Alguém se lembra do vexame do ator André Gonçalves que conseguiu a façanha de tornar Garrincha um perna de pau? O filme Garrincha – Estrela Solitária desmoraliza até o Ruy Castro, autor da biografia sobre o gênio de pernas tortas. Tentar interpretar um jogador de futebol é como tirar o improviso do jazz, a batuta de um maestro ou, indo bem para o nível popular mesmo, esfregar casca de banana pra sarar uma ferida. Não vale de nada. E nada contra esse povo do cinema e do teatro. Assim como Garrincha não chegava diante de um zagueiro, pisava o pé na bola e declamava “Ser ou não ser, eis a questão” como se estivesse dentro de Hamlet, uma das tragédias de Shakespeare, ninguém espera que o Marcelo Casagrande (artista caxiense, mesmo jovem, esquecido por muitos), por melhor ator que seja, consiga carregar nas costas não só a personalidade, mas a habilidade com a bola nos pés de um Bebeto, ídolo da torcida grená. Bebeto fez muito torcedor chorar. Os grenás de felicidade e os adversários, de profunda tristeza. No filme S.E.R Caxias – 75 Anos, lançado na última terça-feira (1º), Bebeto está lá. Infelizmente não em movimento, não estufando as redes com seu chute forte e preciso, que deixaria hoje Roberto Carlos (o lateral esquerdo, não o cantor), com vergonha do índice de aproveitamento do craque grená. Pra quem não sabe ou nunca viu uma foto do Bebeto, assista ao filme com roteiro,
textos e narração de Gladir Azambuja, radialista da Rádio Caxias. O Bebeto é o jogador com queixo protuberante, como se tivesse sido lapidado por um moveleiro de beira de estrada e não um escultor. Há quem diga que, conforme o ângulo, ele seria um meio-irmão do Didi Mocó. Pô, mas aí não, né! Carrinho por trás é cartão vermelho. Gladir é a voz do rádio que vibra com os gols da dupla CA-JU e esmorece diante das derrotas alviverdes e grenás. Não é por que fez o filme sobre o Caxias que seu coração é mais grená. “No ano passado fiz um trabalho parecido também no Juventude. A cada mês, durante a Série B, editávamos um vídeo com os melhores momentos do time. No final do ano, caso o Juventude tivesse subido para a Série A, lançaríamos um DVD”, revela, acrescentando que se sente bem frequentando tanto o estádio Alfredo Jaconi quanto o Francisco Stedile, mais conhecido como Centenário. Como rever a história de um clube sem desvelar seu maior símbolo, que como um bom camisa 10, bateu no peito, chamou o jogo pra si e com muita habilidade serviu os companheiros, deixando-os na cara do gol. Na cara e na coragem, Stedile assumiu o compromisso de erguer, em seis meses, um estádio. E assim nasceu o Centenário. E não é por que essa história está no filme sobre o Caxias que ela vira heroica. Poderia ser em qualquer clube, mas o destino (ou um sopro de lucidez de Deus, diriam alguns), quis que o coração do Seu Stedile pendesse mais para as cores grená, azul e branca. E assim o Caxias disputou, em 1976, o Campeonato Brasileiro, figurando entre a elite
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Documentário retrata a trajetória de 75 anos do Caxias
no futebol nacional. uma lucidez que deixaria Hamlet ru“O vídeo é conduzido pela linha do borizado. tempo, da história do clube. PontuS.E.R Caxias – 75 Anos não é um amos os principais momentos e nos filme para ser exibido em cinema de aprofundamos na maior conquista do shopping center. Assim como não são clube, até hoje, o Campeonato Gaú- as produções de gente como Wong cho em 2000”, explica Kar-Wai ou Kim KiGladir, logo após a sesDuk, só pra mencionar são, que teve direito a “Não é um DVD dois cineastas orientais, pipoca e refrigerante. ou do brasileiro Edude futebol que Enquanto atendia O ardo Coutinho, que Caxiense, o radialista mostra jogadas, assim como Gladir, é e também roteirista, gols. É um filme também um documenouvia aliviado os elo- que tem na força tarista. S.E.R Caxias – gios e ponderava críti75 Anos não tem cenas dos depoimentos cas e sugestões. “Nossa de explosões de carros, Gladir, eu tinha que te seu melhor não tem cenas de luta dizer isso, ficou muito momento”, impraticáveis por seres bom. Me emocionei revela Gladir humanos em condições muito, está no vídeo normais de temperatutoda a nossa paixão ra e pressão, nem abusa pelo clube”, disse uma torcedora. “Gla- da sensualidade dos corpos femininos. dir, faltou tu narrar um gol”, cutucou Também não é um vídeo motivacional outro torcedor. “Vou narrar sim, na fi- para aprender a lidar com as fobias nal da Série C”, despistou Gladir. desse mundo pós-moderno. Há quem perceba um tom carS.E.R Caxias – 75 Anos é um filregado de melancolia ao assistir ao me sobre a vida de um clube de “três filme. O presidente Osvaldo Voges foi cores, duas histórias e uma só paixão”, o primeiro, ainda na abertura da ses- como narra Gladir. Um filme sobre um são, a comentar sobre isso. É como se batalhão de personagens, todos protahouvesse uma nuvem preta a perse- gonistas a seu tempo e posicionamento guir toda a trajetória grená. “Não é um em campo (ou mesmo fora dele). MuiDVD de futebol que mostra as jogadas, tos anônimos, como Floriano Prezzi os gols. É um filme que tem na força Neto, mesmo jovem já careca, que apados depoimentos seu melhor momen- rece em uma das muitas fotografias em to. E revela sim, um certo sofrimento preto e branco que revelam momentos de um clube que ainda espera pelo seu felizes da trajetória grená. Na plateia, melhor momento, seu oásis”, argumen- Borja, Bill, Renan e Edenilson acompata Gladir. “Mas o futebol tem dessas nhavam a tudo com os olhos cravados coisas. A Ponte Preta nunca ganhou na tela, talvez passasse outro filme nas nada. Nada. E olha só a paixão que os suas cabeças. Quem sabe o filme que torcedores têm pelo clube...”, pondera poderá ainda ser realizado em 2010, o Caio Prataviera, após a sessão, com da ascensão do clube à Série B. 5 a 11 de junho de 2010
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5 a 11 de junho de 2010
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
Escolha de Sofia
Os eleitores que participarem da votação da Consulta Popular vão priorizar iniciativas que deveriam ser atendidas normalmente, sem necessidade de qualquer tipo de mobilização de incentivo à participação popular. A consulta reforça a ideia de que o brasileiro paga impostos demais, com um retorno diminuto na forma de serviços básicos à população. Porque o dinheiro é mal aplicado.
Edição histórica
Depois de 43 anos, a Editora Abril resolveu lançar a reimpressão da revista Realidade, apreendida pela censura em 1967. Era uma edição especial sobre a mulher brasileira. Entre as várias matérias consideradas atentatórias à moral e aos bons costumes está um depoimento da atriz caxiense Ítala Nandi: “Confissões de uma moça livre”. Lidas hoje, as palavras de Ítala soam ingênuas – mas sempre francas.
Problema sem fim
A prefeitura (ou seja, o contribuinte caxiense) repassa mensalmente à Soama R$ 35 mil. Ao que tudo indica, esse dado não foi levado em consideração pela juíza Maria Aline Brutomesso ao determinar que o governo municipal faça melhorias na chácara mantida pela entidade e também ao exigir indenização pelos dados ambientais verificados no local. A situação da chácara exige medida mais drástica. Ou uma nova tentativa de conscientizar o caxiense para os problemas decorrentes da manutenção de um abrigo com 1,8 mil cães e gatos.
Senador Pedro Simon, ao cumprimentar Caxias do Sul pelos 100 anos de elevação à categoria de cidade, esta semana, no Senado Federal
perguntas para
Renato Nunes
Vereador do Partido Republicano Brasileiro (PRB) e pastor da Igreja Universal do Reino de Deus, o presidente da Comissão de Direitos Humanos propõe uma frente parlamentar contra o preconceito
Reunião promovida esta semana pela Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Segurança, presidida pelo senhor, debateu o preconceito. Esse é um problema tão sério, que mereça uma atenção especial do Legislativo? Muito sério. As pessoas têm preconceito até de falar em preconceito, não querem abordar esse assunto. Mas temos a obrigação de falar nele, pela quantidade de pessoas que sofrem preconceito ou discriminação de pele, de raça, de religião, de opção sexual... Até por morarem em determinado bairro, muitas pessoas sofrem discriminação. E quem a comete? Muitas vezes, pessoas que estão à nossa volta, no dia a dia, no trabalho. Até o meio evangélico, ao qual eu pertenço, enfrenta problemas desse tipo, o que é um absurdo. Afinal, todos creem num mesmo Deus, acreditam na mesma Bíblia. O que a comissão pretende fazer para eliminar esse problema? Vamos propor uma frente parlamentar ou até mesmo uma comissão permanente para tratar de combater todo e qualquer tipo de preconceito ou discriminação, buscando igualdade. O maior problema diz respeito ao negro. Temos aí a questão das cotas nas faculdades, que precisa ser estimulada. O negro sempre foi desfavorecido. Oitenta por cento
Ferroviário
No momento em que Caxias comemora os 100 anos da chegada do trem e a CIC encabeça a articulação para a implantação do transporte ferroviário de carga aqui, é oportuna a proposta do deputado Ruy Pauletti (PSDB) na Câmara Federal. Ele quer a ampliação da Ferrovia NorteSul, inserindo novos trechos, até Rio Grande, incluindo no trajeto Caxias do Sul, Porto Alegre e Pelotas. Assim, a Norte-Sul teria sua extensão ampliada de 2.760 quilômetros para 4.475 km. A ferrovia inicia no Pará e segue até São Paulo.
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deles são discriminados. E isso é uma questão de cultura. Depois vem a situação econômica de cada um. Mas o negro foi trazido para o Brasil e nem dentro de uma igreja ele podia entrar porque diziam que ele, escravo, não tinha alma. A Câmara de Vereadores aprovou esta semana projeto de sua autoria que torna obrigatória afixação de cartaz nas portarias de hospitais em que é lembrado artigo da Constituição assegurando acesso de religiosos. Por quê? Foi uma coincidência a discussão do projeto esta semana. Mas ele atende fundamentalmente aos evangélicos. Nós – porque eu sou pastor da Igreja Universal há 25 anos – enfrentamos muita resistência em portarias de hospitais particulares. Já aconteceu comigo: de ser barrado na entrada, mesmo apresentando identificação de pastor. Agora vai ter nas portarias esse lembrete: “é assegurada nos termos da lei a prestação de assistência religiosa nas entidades civis e militares de internação coletiva”. Ora, existem determinadas religiões que têm passe livre, mas quando os evangélicos são chamados para fazer uma visita, para dar assistencia religiosa a pacientes, são barrados. Livre acesso não é um direito de um ou outro, é um direito de todos.
Em débito
Ainda do senador Pedro Simon (PMDB) ao falar em plenário, em Brasília, sobre os 100 anos de Caxias do Sul: “Eu me emociono ao falar da minha terra Caxias do Sul, porque eu sou fruto daquela cidade. Por mais que eu louve aquela gente, seu espírito de luta, sua capacidade de trabalho, sua dedicação, seu sentimento de religiosidade, jamais eu pagarei o débito que tenho com aquela gente que me ajudou a forjar o meu caráter”.
Quase lá
A campanha de vacinação contra a gripe H1N1 imunizou, até esta sextafeira, 174.302 caxienses. Pode parecer um número alto à primeira vista, mas ficou distante da meta inicial de 200 mil vacinas feitas. As faixas etárias dos 30 aos 39 e dos dois aos cinco anos estão com índices de imunização abaixo do esperado pelas autoridades. Apesar disso, a campanha não será prorrogada pela Vigilância Sanitária da Secretaria Municipal da Saúde. Em compensação, doses da vacina continuam à disposição da população caxiense nas Unidades Básicas de Saúde.
Organização
O ex-vereador Vitor Hugo Gomes cuida da organização da campanha eleitoral do pré-candidato ao governo do Estado pelo PT, Tarso Genro, em toda a região. O trabalho é acompanhado por Miguel Dall’Alba, coordenador regional do partido. Em Caxias do Sul, a campanha de Tarso ficará sob o comando do presidente municipal, o ex-vereador Alfredo Tatto.
Grande Jayme
O professor e poeta Jayme Paviani completou nesta sexta-feira 70 anos de idade. É um dos intelectuais mais ativos e renomados do Estado. Em mais de 15 livros publicados, Paviani coloca à disposição do público sabedoria, conhecimento e generosidade. Andréia Copini, Divulgação/O Caxiense
Em assembleia realizada quarta-feira, em Carlos Barbosa, foram elencados 14 projetos prioritários da região, que serão submetidos à votação na Consulta Popular, marcada para o próximo dia 23. O governo do Estado destinou pouco mais de R$ 8 milhões para os 31 municípios englobados pelo Corede-Serra, em áreas prioritárias como saúde, educação e segurança. Esse valor representa algo em torno de R$ 260 mil reais para cada um. Praticamente nada.
Eu sinto que estou no crepúsculo de minha vida e Caxias está na alvorada de sua existência
Alcione Tonella, Div./O Caxiense
Prioridades da consulta
Crime habitacional Secretarias de Segurança Pública e Proteção Social, Habitação e de Trânsito, Transporte e Mobilidade Urbana discutiram com representantes de órgãos de segurança da cidade, esta semana, ações para evitar futuras invasões em áreas públicas e particulares. Segundo o secretário Roberto Louzada, da Segurança Pública, surgiram ideias e posições com participação efetiva de órgãos específicos, “que tem por finalidade evitar esse tipo de crime”. Ampliar o trabalho da Secretaria da Habitação poderia ser uma forma (não discutida no encontro).
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