E po O m XC uc os, erca LUS ma do IVÍ S s ( de acr lux SIM ed o l ite oc O !) e al stá é pa cre ra s ce nd o
O NATAL QUE SÓ CAXIAS TEM
|S19 |D20 |S21 |T22 |Q23 |Q24 |S25
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Cenas e histórias emocionantes revelam o espírito comunitário que anima nossos festejos no interior
Roberto Hunoff conta os investimentos do Grupo Voges | Renato Henrichs trata das contas da Codeca | Paese fala da Câmara | Andreazza reabre a adega | Scola é a escolha alviverde | Edinho cuida do ninho de promessas
Maicon Damasceno/O Caxiense
Caxias do Sul, dezembro de 2009 | Ano I, Edição 2 | R$ 2,50
Índice
www.OCAXIENSE.com.br
A Semana | 3
VíDEOS (Acompanhe vídeos, áudio e fotos em www.ocaxiense. com.br/multimidia)
Um resumo das notícias que foram destaque no site Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
Roberto Hunoff | 4
As mulheres estão mais dispostas a gastar neste Natal
Segredos de Baco | 5
Uma preciosa coleção de recordações se esconde no subsolo de um casarão
Mercados emergentes | 7
O segmento de luxo vem ampliando sua exclusivíssima fatia na economia caxiense
Palavras políticas | 10
O cristianismo e o brizolismo do novo presidente da Câmara, Moisés Paese
Nosso Natal | 12
l Caxias do Sul também pode ser luxuosa. Há quem possa ter bolsas que custam R$ 14 mil ou um carro de R$ 1 milhão. E quem não pode ter, pode ver. A repórter Graziela Andreatta filmou a loja de carros importados Via Bella e a loja de acessórios femininos Victor Hugo. Assista, é puro luxo.
A vila que encanta pelo fulgor do espírito comunitário Os festejos batem à porta, emocionam e unem as pessoas
l Nem os duendes que desceram pela fachada do prédio Juvenil, nem o Papai Noel. As estrelas da Noite Encantada foram três crianças surdas da escola Hellen Keller, as que realmente cantaram – mesmo que na linguagem de libras.
Acordes clássicos | 16
Três personagens constroem um cenário do violão erudito na cidade
Guia de Cultura | 18
l O apito do trem anuncia: a Festa da Uva 2010 está chegando. Assista aos vídeos oficiais de divulgação do evento.
Desenhos japoneses no Ordovás, flamenco na Casa da Cultura e um festival de tudo na Estação
ÁUDIO
Artes | 21
Junto com a terceira edição impressa do jornal O Caxiense chega o podcast da Redação de número três. No programa, os repórteres e colunistas comentam as principais notícias da semana.
Lágrimas poéticas e indagações xilográficas e literárias sobre o que é o mundo
GALERIA DE FOTOS
Guia de Esportes | 22
Tacadas em Fazenda Souza, gols no Enxutão e corrida nas ruas
Imagens captadas pelo fotógrafo Maicon Damasceno em diversos pontos de Caxias do Sul mostram o Natal que só Caxias tem.
Engrenagens alviverdes | 23
Juventude grená | 25
@brunascomor E eu me arrumando para o lançamento de um vídeo que já está no YouTube. @ocaxiense vocês são rápidos! Bruna Scopel Moreira, às 17h43 de 15 de dezembro
Renato Henrichs | 27
@dep_aoliveira @ocaxiense chegou às minhas mãos. Está bonito, com conteúdo diferenciado e de qualidade. Parabéns à equipe. Deputado Alberto de Oliveira, às 13h42 de 15 de dezembro
(Acompanhe em www.twitter.com/ocaxiense)
Como o Juventude chegou à escolha de Milton Scola para a presidência Caxias acolhe suas promessas no coração do Centenário
Quatro décadas de Operação Golfinho não foram suficientes para planejá-la
@wagnerjo @ocaxiense parabéns para Grazi Andreatta. A matéria sobre os médicos está ótima. Aumento para os professores, esses merecem. Wagner J. de Oliveira, às 22h08 de 14 de dezembro
Expediente
Redação: Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Maicon Damasceno, Marcelo Aramis, Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora do site), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita. Comercial: Leandro Trintinaglia Circulação e Assinaturas: Fernanda Massignani Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo Tiragem: 10 mil Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sextafeira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br . Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 |Anual: 2x de R$ 60 ou uma de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
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O Caxiense
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@anahifros Parabéns a Grazi Andreatta, Cíntia Hecher e Mugnol. Segunda edição impressa de @ocaxiense dá vontade de levar na bolsa e fazer todos lerem. Anahi Fros, às 20h20 de 13 de dezembro @matheusantunes Impressionado com o esforço online do @ocaxiense. Podcasts, aúdios nos artigos, twitter... um belo início da sua caminhada! Matheus Antunes, às 11h12 de 12 de dezembro @danieldalsoto @ocaxiense Muito boa a edição do final de semana! Parabéns. A matéria do SER CAXIAS matou a pau. Daniel Dalsoto, às 14h29 de 14 de dezembro (Escreva para ocaxiense@ocaxiense.com.br)
S e m an alm e nte n a s b an c a s , di ar i am e nte n a inte r n e t .
A SemAnA
Flori Campos Verlinde, Semtur, Divulgação/O Caxiense
Capina química é rejeitada; ginásio e parque são projetados; e vôlei de praia é aguardado SEGUNDA | 14 de dezembro Transporte
Universidade pesquisará viabilidade do trem regional O Ministério dos Transportes contratou a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) para realizar estudo sobre a viabilidade da reativação da linha férrea entre Caxias do Sul e Bento Gonçalves. Conforme o Diário Oficial, o estudo custará R$ 400 mil.
TERÇA | 15 de dezembro Infraestrutura
Caxias do Sul ganhará ginásio multiuso A cidade terá um ginásio municipal multiuso de quase 19 mil m², com capacidade para até 6 mil pessoas. O ginásio está orçado em R$ 14.770.000. Conforme o secretário municipal de Planejamento, Paulo Dahmer, a construção faz parte da segunda etapa de revitalização do Estádio Municipal.
Caxias terá novo parque municipal
Os trabalhadores de asseio e limpeza reivindicam aumento de 9%. Na manhã de quarta, o sindicato da categoria promoveu assembleia em frente à Codeca. As atividades de coleta de lixo começaram três horas depois do normal. O fato prejudicou o serviço para cerca de 25 mil famílias em diversos bairros da cidade.
O distrito de Criúva, conhecido por suas potencialidades de turismo rural e de aventura, será o local do primeiro parque temático de Caxias do Sul. O Parque Municipal Palanquinhos ocupará área de 87 hectares e será voltado ao ecoturismo e à educação ambiental. A temática estará estruturada na cultura da população indígena que habitava aquela região, tanto que os prédios serão erguidos na forma de ocas, dando origem a uma aldeia. O parque deve ser inaugurado em 2011.
Mais espaço
Fórum de Caxias terá novo prédio O aumento do número de varas, de funcionários e de volume de trabalho são as razões para o novo prédio do Fórum de Caxias. As obras podem iniciar na metade do ano que vem, com previsão de dois anos para o término. O prédio terá oito pavimentos e disponibilizará pelo menos cinquenta novas vagas de estacionamento.
QUINTA | 17 de dezembro Glifosato
Capina química é rejeitada
Sustentabilidade
Por oito votos contra cinco, o projeto de implantação da capina química em Caxias foi rejeitado em reunião do Conselho Municipal de Defesa do Meio Ambiente (Condema). Segundo o secretário do Meio Ambiente, Adelino Teles, a capina química foi pauta da discussão de pelo menos quatro reuniões do Comdema. O projeto agora volta para a Câmara de Vereadores, que só poderá analisá-lo em fevereiro, por causa do recesso. A Codeca informou que vai aguardar o parecer da Anvisa referente ao uso de herbicida na capina para voltar a discutir o assunto.
A Universidade de Caxias do Sul (UCS) assinou acordo com órgão ligado ao Ministério da Ciência e Tecnologia para produção de bioetanol – combustível menos poluente à base de álcool. O acordo prevê uma produção mais barata do que a atual. Há 30 anos, a UCS estuda a produção de uma enzima capaz de produzir bioetanol. O responsável pelo estudo é o professor Aldo Dillon.
Lazer
Servidores da Codeca pedem aumento de 9%
QUARTA| 16 de dezembro Caxias lidera corrida pelo bioetanol
Parque em Criúva resgatará história indígena
Dissídio
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Segurança
Criminalidade será diagnosticada A Secretaria Municipal de Segurança Pública e Proteção Social pretende ter um diagnóstico sobre a realidade criminal em Caxias. O secretário Roberto Soares Louzada e o prefeito José Ivo Sartori (PDMB) entregaram ao Ministro da Justiça, Tarso Genro (PT), documento em que oficializam o pedido de repasse de R$ 350 mil para a realização do diagnóstico.
SEXTA | 18 de dezembro Esporte
Caxias receberá o vôlei de praia As melhores duplas de vôlei de praia do Brasil estarão em Caxias do Sul entre os dias 20 e 24 de janeiro de 2010, durante a Festa da Uva. O estacionamento externo dos Pavilhões será palco da primeira etapa do Circuito Banco do Brasil de vôlei de praia. Serão construídas sete quadras e arquibancadas cobertas.
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O Caxiense
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Roberto Hunoff
roberto.hunoff@ocaxiense.com.br | www.ocaxiense.com.br/roberto-hunoff
Natal com influência feminina
Guilherme Jordani/Saccaro/Div./O Caxiense
A Saccaro Móveis apresentou nesta semana seu novo modelo de negócio, denominado Concept Store Saccaro. A primeira loja-conceito da grife, que terá o comando de Daniela Palandi, foi aberta em Caxias do Sul, no Villagio Iguatemi. No desenvolvimento do modelo e na construção do prédio de arquitetura diferenciada a empresa familiar investiu R$ 5 milhões. O passo seguinte é a introdução deste sistema, ao longo de 2010, em suas 40 lojas localizadas no Brasil, das quais 21 são franquias e as demais ocupam espaço em estabelecimentos multimarcas. Dentre as novidades da loja está a possibilidade de criação de ambientes residenciais por meio de cortinas e o Atelier Saccaro, área exclusiva onde o cliente encontrará soluções completas, poderá customizar seu projeto e visualizar como cada peça irá compor os espaços. O empreendimento soma mais de 1,4 mil metros quadrados de área de loja e estacionamento com 50 vagas no subsolo.
O número de consumidores caxienses decididos a realizar compras natalinas em 2009 cresceu quatro pontos na comparação com a mesma data do ano passado. Pesquisa da Câmara dos Dirigentes Lojistas (CDL) de Caxias do Sul com frequentadores da área central mostrou que 91% têm a intenção de comprar neste Natal. “É
o índice mais otimista da série histórica iniciada em 2006”, definiu o diretor de Economia e Estatísticas da entidade, Miguel Fortes. O crescimento está diretamente ligado com as mulheres, que elevaram em cinco pontos sua intenção de compras na comparação com o Natal de 2008. O valor médio a ser gasto é de R$ 280.
O que vai sair
O destino do 13º
A pesquisa apontou que 63% dos entrevistados pretendem adquirir itens de vestuário, influência direta das mulheres, que também elencaram cosméticos e acessórios como preferenciais. Já os homens darão preferência a televisões, som e instrumentos musicais. A maioria, 39%, pretende pagar as compras à vista, tendência que marca mudança no hábito do consumidor, que em função da crise financeira do ano passado resolveu reduzir seu endividamento. Também é influência do aumento dos casos de inadimplência.
A CDL se preocupou em saber onde os consumidores aplicarão o 13º salário. O dado indica bem a situação financeira do caxiense: 56% usarão para pagar contas contra 33% do ano passado. Os que pretendem aplicar em compras são apenas 23% ante 65% do ano passado. Cresceu para 28% o número dos que pretendem investir em férias e viagens e caiu para 2% contra 10% do ano passado a aplicação de recursos do 13º salário em festas. Os que pretendem economizar somam 28%, índice que vem crescendo desde 2007 quando era de 9%.
Pretensão de compras (em %)
O novo conceito é a grande aposta da empresa para consolidar a meta de crescer 55% no ano que vem. É o que garante o diretor comercial João Saccaro. O planejamento é abrir mais nove lojas exclusivas, das quais cinco no exterior: México, Chile, Estados Unidos, Bolívia e Suriname, mercados onde a marca já é conhecida. Com isso, a participação do mercado externo no faturamento subirá para 18%, quatro pontos acima do projetado para 2009. Atualmente a Saccaro exporta para 27 países em cinco continentes. Para atender a demanda adicional a diretoria prepara investimento de R$ 2 milhões na ampliação da estrutura de fábrica e incorporação de novas tecnologias. A empresa tem capacidade atual instalada para produzir até 60 mil peças/ano. O empresário destaca que 70% das vendas ocorrem nas lojas, mas a representatividade dos segmentos de hotelaria e corporativo tende a crescer no próximo ano.
Fonte: CDL
Homens Mulheres 90 81 80 2006
Meta ousada
Disparidades
80 2007
Total
88
91 89
85 2008
2009
80
86
2006
2007
87 2008
91
2009
Curtas O empresário Luís Fernando Massenz Gomes toma posse oficial no dia 1º de janeiro na presidência da Associação dos Administradores da Região Nordeste. A diretoria ainda conta com Sandro Rufatto, diretor vice-presidente de Gestão Patrimônio; Ângela Cristina Francescato Ramalho, diretora vice-presidente de Promoções; e Jeverson Cristiano Taufer, diretor vice-presidente de Relações com a Comunidade. A CIC de Caxias do Sul lançou o Banco de Currículos com objetivo de atender às necessidades das empresas no momento da contratação de profissionais. O serviço reúne in-
formações sobre candidatos para diferentes áreas da indústria, comércio e serviços de Caxias e região. As organizações empresariais e sindicatos patronais e de trabalhadores da cidade com mais de 50 anos de atividades serão homenageadas pela Prefeitura de Caxias do Sul. A solenidade está marcada para terça-feira, 22, às 10h, no Centro Administrativo. Desde o início do mês a Prefeitura confere este reconhecimento, por meio de encontros nos sindicatos, às empresas e organizações representativas com 20 a 45 anos de atividades. A iniciativa é da Secretaria de Desenvolvimento Econômico.
A CIC de Caxias do Sul voltou a alertar senadores e deputados federais sobre os desequilíbrios do orçamento federal. Segundo o diretor de Economia, Finanças e Estatística, Mauro Corsetti, recursos para saúde, segurança e investimentos estão sendo preteridos em favor das despesas financeiras, gastos com pessoal e Previdência Social. Destaca que os gastos com pessoal crescerão para R$ 168 bilhões, sem que haja reversão, na mesma proporção, no aumento e na qualidade dos serviços prestados pelo governo. “Isto obriga a população a aumentar o seu endividamento, causando nova transferência de renda, desta vez para os bancos”, definiu.
Reconhecimento
A franquia Caxias do Sul da Unidas recebeu em São Paulo, nesta semana, o destaque nacional 2009 da rede de locadora de automóveis. A unidade foi campeã na geração de negócios entre os 70 franqueados da marca no Brasil. A franquia local está em operação desde 2006 sob o comando de Najla Pigozzi Saba e Rafaella Pigz-zi Saba Bertotto. Começou com 25 veículos e hoje conta com 50, renovados anualmente. A Unidas possui 130 pontos de atendimento no Brasil, com mais de 40 mil veículos nas ruas.
Posse
Tomaram posse, nesta semana, as diretorias da Associação das Indústrias de Móveis do Estado do Rio Grande do Sul (Movergs) e da Fimma Brasil 2011. A entidade representativa do setor moveleiro será presidida por Ivo Cansan, diretor da Multimóveis. Já a Fimma, feira internacional de máquinas e insumos para o setor madeira/móveis, marcada para o período de 21 a 25 de março de 2011, terá como presidente o empresário Juarez Piva, da Aluminox Componentes. A Fimma Brasil, realizada em Bento Gonçalves, é reconhecida como uma das cinco maiores do mundo no segmento madeira/móveis.
Investimento O Grupo Voges acaba de investir na modernização de sua fundição, localizada na Rua Dom José Baréa. Os equipamentos, importados da Finlândia, garantirão aumento da capacidade de produção e melhorias no processo de preservação do meio ambiente. Eles estão estocados no Porto de Rio Grande para desembaraço e chegam à cidade na primeira quinzena de janeiro. A fundição foi adquirida em 2003 junto à Mundial, sucessora de todos os ativos da Metalúrgica
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O Caxiense
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Abramo Eberle. Neste período a capacidade de produção se elevou de 14 mil para 36 mil toneladas ao ano, resultado de investimento de R$ 32 milhões, além dos R$ 18 milhões aplicados na compra dos ativos. O Grupo Voges interromperá a produção neste final de ano. Seus 1,9 mil funcionários entram em férias coletivas na segunda-feira, 21, e retornam ao trabalho em 4 de janeiro. Em torno de 80% dos negócios da fundição estão ligados à área automotiva.
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Modelo de negócio
Maicon Damasceno/O Caxiense
Descobertas arqueológicas
A memória
Em 1967, o patriarca Luiz Andreazza abriu as portas da cantina para a revista Manchete. Em dezembro de 2009, seu filho Davi reabriu-as para O Caxiense
adega da
Porão da família Andreazza, no coração de Caxias do Sul, é celeiro de raridades sobre a cultura do vinho e a trajetória da Festa Nacional da Uva
U
por RODRIGO LOPES m exemplar empoeirado da extinta revista Manchete forneceu a primeira pista. Datada de 4 de novembro de 1967, a edição, que trazia entre outras reportagens o Festival Internacional da Canção e a passagem da atriz norteamericana Kim Novak pelo Rio de Janeiro, abria espaço em três de suas 174 páginas para um simpático senhor de cabelos brancos, bastante hospitaleiro e profundo conhecedor de vinhos. Era Luiz Andreazza, fundador do Comércio de Tecidos e Ferragens Andreazza, em Caxias do Sul, e tio do então Ministro dos Transportes, Mário Andreazza. A matéria enfocava o acervo de cerca de 12 mil garrafas e as mais de mil espécies diferentes da bebida que seu Luiz mantinha caprichosamente no porão de casa e oferecia a amigos, turistas e visitantes ilustres desde 1918.
A mais famosa adega particular do da família. Aliás, a descoberta de fatos Brasil, segundo o texto assinado pelo e lugares pitorescos Brasil afora, como jornalista Sérgio Ross, mereceu até a adega em questão, ia diretamente ao encontro do slogan que o depoimento de um fez a fama da revista: destacado religioso loaconteceu, virou Mancal da época, Frei Tho- “Tá vendo o chete! más: “Conheço 55 paí- rótulo? Esse ses. Já assisti até à Festa Quarenta e dois do Vinho em Atenas, aqui foi feito anos depois de ganhar mas nas minhas an- em 1918”, projeção nacional na danças por este mundo mostra Davi, imprensa, a esquina de Cristo nunca vi coi- segurando a das ruas Pinheiro Masa mais original”. Rechado e Moreira César, cheada por imagens do garrafa de na divisa entre o bairro fotógrafo Domingos vinho mais São Pelegrino e o CenCavalcanti, a repor- antiga tro, continua a fazer tagem “O Bom Vinho parte da história e da dos Andreazza” trazia ainda declarações espirituosas do pro- evolução do comércio de Caxias do prietário (“Na minha adega não tem Sul. Ainda administrado pela família, nem água, o vinho tanto é melhor que o hoje Bazar e Ferragem Andreazza é atrai, quem bebe um copo quer repetir um dos mais tradicionais estabelecia dose”) e curiosidades sobre o casarão mentos da cidade. Porém, totalmente
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adequado aos novos tempos e demandas. Nada da farinha de mandioca a granel, tecidos ou dos chapéus de palha vendidos “a caderno” por seu Luiz e pela esposa, Anayde, ambos já falecidos – ele, em 1978, ela, em 1994. O que poucos clientes sabem é que lá embaixo, no subsolo do casarão anexo à loja, permanece preservado tal e qual descrito acima o mais rico acervo particular sobre a cultura do vinho e a história da Festa Nacional da Uva. É esse refúgio subterrâneo, alheio ao caótico vaivém urbano e praticamente desconhecido das novas gerações que O Caxiense traz novamente às manchetes. Ao contato inicial para resgatar essa trajetória, Davi Andreazza, 82 anos, um dos três filhos de seu Luiz, mostrou-se desconfiado. “Quase ninguém mais entra lá, não tem muita coisa, não”, desconversou. Insistimos uma,
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Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
duas, três vezes, até o consentimento. governadores, embaixadores, rainhas Um pequeno acidente doméstico com e princesas da Festa, personalidades Davi rendeu mais alguns dias de espe- do jornalismo e artistas plásticos de ra, recompensados depois com horas renome nacional e internacional perpreciosas no subsolo. correram os degraus Misto de museu partique levam ao “segredo cular, adega e sala para Uma parede da casa”. Entre goles degustação, o lugar temática de vinho e animados impressiona à primeira exibe os bate-papos, deixaram visita. Assemelha-se a também depoimentos um labirinto, com dois cartazes preciosos a respeito da acessos: um deles por originais adega. um alçapão secreto, es- da Festa O “Livro de Ouro de condido sob um tapete da Uva desde Luiz Andreazza” é oue uma poltrona no hall tra das relíquias mantida mansão; o outro a edição das por Davi. Acondipela cozinha. Ao final de 1950 cionado em um velho da escadaria íngreme saco plástico, com lodeste último, Dante gotipia em relevo, capa Alighieri “dá seu recado”. Esculpido de couro e páginas amareladas pelos em uma tabuleta no alto da porta, um anos, o exemplar reúne as impressões trecho de A Divina Comédia, mais de Di Cavalcanti (falecido em 1976), precisamente o que faz referência aos da jornalista e colunista social Gilda umbrais do inferno, anuncia: “lasciate Marinho, da pintora Djanira, dos exogni speranza voi che entrate” (aban- presidentes Ernesto Geisel e Arthur donai toda a esperança, vós que en- da Costa e Silva, entre tantos outros, trais). cujo tempo encarregou-se de apagar a Para qualquer apaixonado por vi- tinta e impossibilitar a identificação. nhos, no entanto, o lugar lembra Expoente das artes plásticas brasileimuito mais o paraíso. Intactas, a uma ras, Di Cavalcanti, por exemplo, foi temperatura média que não ultrapassa só elogios: “Meu destino é descobrir. os 20 graus, repousam, por exemplo, E abrem-se diante de meus olhos noamostras produzidas artesanalmente vos mundos. Nesta casa em que se pelo patriarca da família nas primei- apóiam os alicerces de uma adega maras décadas do século passado. Uma ravilhosa, eu descubro uma lição de breve circulada entre as prateleiras sabedoria”. Na mesma página, Djanira e Davi surge com o vinho mais an- (1914-1979) emendou: “Senhor Luiz, tigo da adega. “Tá vendo o rótulo? não tenho palavras para exprimir o Esse aqui foi feito em 1918”, mostra, que realmente sinto. Por isso deixo limpando a poeira da garrafa com os meus rabiscos, pois penso que assim dedos. O salão principal e as galerias exprimirei melhor o que só um artista laterais guardam, além do pó e do como o senhor nos dá: o sentimento odor típico, outras surpresas: aproxi- das coisas belas”. Ambos passaram madamente 15 mil garrafas, centenas por Caxias do Sul em 1969, por ocade garrafões, cestas, copos, cartazes, sião de um encontro regional de artes faixas, apetrechos de cutelaria e toda plásticas. “Lembro que ela (Djanira) sorte de souvenirs etílicos, coleciona- tremia muito ao escrever e desenhar, dos ao longo de quase 100 anos. já estava meio velha”, recorda Davi, Por onde se olhe, a homenagem a aos risos. Baco é explícita, das uvas pintadas por É tentando decifrar alguns garrantoda a extensão do teto às vigas com chos do livro e abrindo antigos álbuns inscrições “in vino veritas” ou “o vi- de fotos que ele rememora outra penho alegra o coração do homem bom”. culiaridade do lugar: a adega secreta Cachaças, aguardentes de cana, gras- dentro da adega. Após afastar algupas, whiskies, conhaques, rum, gim e mas garrafas, o herdeiro aponta para licores também têm vez nas pratelei- um pequeno orifício de vidro na paras. Outra relíquia é a coleção de car- rede de concreto. No compartimentazes originais da Festa to, foram estocados Nacional da Uva a parpelo patriarca, ainda tir da edição de 1950, “Nesta casa em à epoca da construção devidamente emoldu- que se apóiam da casa, os vinhos esrados e dispostos em colhidos para a comeuma parede temática os alicerces moração de suas bodas de uma adega do evento. de prata e ouro – ele foi aberto apenas nessas maravilhosa, Se hoje o local descubro duas ocasiões. “Agora restringe-se a enconsó quebrando a parede tros esporádicos rea- uma lição de para tirar os que sobralizados pelos netos do sabedoria”, disse ram”, explica. patriarca, nas décadas Di Cavalcanti Retirar ou organizar de 50, 60 e 70 era uma qualquer coisa, aliás, espécie de ponto turísafetaria a harmoniosa tico obrigatório. Não que funcionasse bagunça do lugar. Uma desordem que como espaço público. Era restrito a não impede vislumbrar detalhes quaconvidados da família, e costumava se escondidos. Ao final da entrevista, servir de ponto de encontro durante a Davi chama a atenção para um enorFesta da Uva, quando a cidade recebia me painel pintado a mão pelo irmão políticos e autoridades. “Muita gente Julio Cesar Andreazza, com algumas de fora vinha conhecer, passavam tar- inscrições borradas. “Tá enxergando des aqui bebendo e ouvindo histórias”, aqui os versos do poeta persa Omar lembra Davi, morador do prédio ane- Kayan? Diz assim: ‘Se és vivo, bebe, xo e um dos poucos a ainda entrar no pois morto não mais voltarás’.” espaço. Ex-presidentes da República, Precisava dizer algo mais?
Souvenirs completam decoração em homenagem ao vinho, presente em 15 mil garrafas
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Prazeres de consumo
A CAXIAS QUE É
PURO LUXO Uma Uma Ferrari, Ferrari, um um apartamento apartamento de de R$ R$ 11 milhão, milhão, um um avião. avião. Qual Qual oo seu seu objetp objeto de desejo? Seja o que qualfor, for,aacidade cidadetem tempara paravender vender
Rech, no portentoso hall de um prédio onde tem apartamentos à venda: “Caxias está começando a descobrir o luxo”
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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br ão 16h de uma quarta-feira. A médica Carla Regina Zanchettin, 33 anos, relaxa na cadeira de um salão de beleza chique da cidade enquanto escovam seu cabelo, arrumam suas unhas e maquiam seu rosto. Carla está impecável: bermuda de linho, salto muito alto e acessórios – entre eles um Rolex de ouro. Onde ela vai depois? Para casa, ficar com os filhos trigêmeos de dois anos e meio. “Muita gente me pergunta ‘qual teu compromisso hoje?’, e eu respondo: ‘ficar com meus filhos’. Não preciso de compromisso externo para me arrumar. Esse é meu básico”, explica. Carla não lava o cabelo em casa. Nunca. Para ela, esse é um trabalho para profissional. Por isso, vai ao salão de beleza pelo menos três vezes por semana. “Isso se eu não tiver compromisso depois. Quando surge alguma festa ou jantar, chego a vir aqui quase todos os dias”, ressalta a médica, que gasta pelo menos três horas com os rituais unha-cabelo-maquiagem. “Não é algo de que eu necessite. Mas gosto de fazer isso. E já que tenho o privilégio de poder pagar, por que não aproveitar?”, questiona. O cabeleireiro Sergginho Branchi, que cuida do visual da médica, garante que ela não é a única com esse perfil. Ele tem clientes que gastam até R$ 2,5 mil por mês. “Tem muita gente que não lava o cabelo em casa. Que prefere fazer isso no salão, com os produtos mais caros do mercado, mesmo que não tenha nenhum evento para ir depois. Isso eu considero luxo”, avalia Sergginho, que há dois anos e meio atende seus clientes em uma casa no bairro Cinquentenário, onde disponibiliza spa, um bistrô com café e refeições leves e até ambientes reservados para quem quiser usar o espaço simplesmente para relaxar enquanto espera ser atendido. Essa é apenas uma pequena amostra do que envolve o consumo de luxo em Caxias. Ele vai muito além das cadeiras dos salões de beleza. E movimenta tanto dinheiro que faz gastos como o da médica Carla parecerem trocado. Nesse segmento de carros importados, apartamentos milionários, joias e roupas de grife, o cabeleireiro é quem menos ganha. Para se ter uma ideia do tamanho do mercado e das cifras que ele envolve, o luxo no Brasil, que representa apenas 1% do consumo mundial nessa faixa, movimentou em 2008 US$ 5,99 bilhões, segundo levantamento da GfK Brasil em parceria com a MCF Consultoria e Conhecimento, especializada no segmento. A expectativa é de que essa fatia do varejo feche 2009 com um acréscimo de 8% sobre os valores do ano anterior. Não há informações específicas sobre Caxias, pois a cidade não possui lojas de luxo se avaliada pela perspectiva tradicional do setor. Mas, entre os bilhões que fazem crescer o comércio destinado aos ricos no país, há certamente contribuições caxienses. A cidade com o terceiro maior Produto Interno Bruto (PIB) do Estado – atrás 19 a 25 de dezembro de 2009
O Caxiense
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Há 12 anos Possebon resolveu investir no comércio de importados de alto padrão: “Não é um simples carro, é a materialização do sucesso”
de Porto Alegre e Canoas, respectivaO exemplo de D´Agostini ajuda mente – também tem consumidores a entender o comprador do mercado que fazem questão de selecionar o que de luxo, para quem o preço dos proirão comprar sem se importar com o dutos é secundário. Um dos maiores valor. especialistas do segmento no país, Essa seleção vai desde o carro novo o diretor presidente da MCF, Carlos até produtos mais simFerreirinha, define ples, como uma garraesse consumidor como fa de vinho. Proprie- “Se você lida “aquele que se permitário da Boccati, casa com milhões, te à manifestação do especializada na bedesejo, da aventura do bida, Julio D´Agostini ganha milhões. prazer”. lembra que há vinhos E se você ganha Ferreirinha classifica de qualidade a R$ 50. milhões, não vai como luxo “qualquer Mas ele já vendeu gar- se importar em produto que, de forma rafas de R$ 3,5 mil. geral, ficou entendido “Acabei de receber um gastar R$ 1 mil como tal: distribuição cliente que não compra em vinho”, seletiva, qualidade invinhos de menos de R$ calcula D’Agostini questionável, produção 100. E ele levou uma precisa, sinais de percaixa”, exemplificava feição, história, origio comerciante numa tarde de novem- nalidade ou comprometimento com a bro. excelência a longo prazo, entre outros D´Agostini acredita que um vinho aspectos”. caro, assim como uma série de outros Ou seja, mais do que um valor alto produtos considerados de luxo, está e um padrão de qualidade elevado, muito ligado à sensação que ele cau- são objetos ou serviços que carregam sa na pessoa que compra ou ingere a consigo um conceito. “Eles estimulam bebida. Na Boccati, as garrafas mais o consumo pelas sensações e percepcaras ficam armazenadas em pratelei- ções. É uma combinação entre qualiras individuais, na horizontal, como dade irrepreensível e estímulos emorecomendam os especialistas, em uma cionais”, explica. adega devidamente climatizada. No “O público que consome luxo é muiespaço, fechado por um portão de fer- to exigente. E produtos com alto paro decorado, ficam exemplares precio- drão de exigência são caros”, confirma sos de vinhos de entrada, acompanha- o empresário Gelson Palavro, 54 anos. mento e sobremesa dos mais diversos Ele e a mulher, a também empresária países. E a sensação de entrar nesse Gladis Tedesco Palavro, 47 anos, vialugar já é suficiente para estimular a jam uma ou duas vezes por ano para compra do que ele guarda. fazer compras nos Estados Unidos – Nenhuma das garrafas ali é barata Nova York ou Miami. E eles sempre sob o ponto de vista de um consumi- compram muito, principalmente prodor comum. Mas, para D´Agostini, dutos que não encontram em Caxias. essa diferenciação que faz algo muito O casal se enquadra perfeitamente caro para uns parecer quase de graça no que Ferreirinha define como compara outros é bem simples de enten- binação entre qualidade e emoção. der: “Se você lida com centavos, ganha Gladis, como a maioria das mulheres, centavos. Se você lida com milhões, é apaixonada por bolsas e sapatos e ganha milhões. E se você ganha mi- tem coleções desses artigos. Nem ela lhões, não vai se importar em gastar sabe quantos possui. “Na verdade, eu R$ 1 mil em vinho”. precisaria contar para saber”, confes-
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sa. Mas Gelson, ao contrário da mulher, busca principalmente o padrão de qualidade. “Aqui, você compra uma roupa pelo tamanho da cintura. Nos Estados Unidos, você escolhe por modelo, cor, largura e comprimento. Então, a roupa fica sempre perfeita, não precisa ficar mexendo”, justifica. O casal não faz compras apenas no exterior. Os dois também são clientes de lojas da cidade, como grande parte dos consumidores desse mercado considerado luxuoso. Mas admitem que a maior parte do dinheiro destinado às compras é gasto fora daqui. “Caxias tem um público muito grande que gasta muito dinheiro e poderia, sim, fazer suas compras aqui, se houvesse mais opções”, opina Gladis.
usar o avião quando tiver necessidade – ou desejo. “Suponhamos que o proprietário queira ir para Florianópolis com a família. Ele nos liga com uma hora de antecedência para dar tempo de conseguirmos as autorizações de voo, abastecer a aeronave e acionar o piloto. Em seguida, estará descendo em Florianópolis”, exemplifica o diretor operacional da Migra, Carlos Alberto Bertotto. O compartilhamento de aeronaves é a modalidade ideal para quem não necessita do avião a todo momento, pois, assim como os custos, seu uso também é divido. Mas ter esse serviço à disposição não é barato. Um jato, por exemplo, custa em torno de R$ 7 milhões. Se for dividido entre oito pessoas, cada uma delas pagará R$ 875 mil Uma das provas de que esse para adquirir a aeronave, mais cerca público local existe e se dispõe a gas- de R$ 15 mil por mês de condomínio, tar dinheiro em artigos de luxo é um além dos gastos por hora de voo, que negócio que está apenas começando são cobrados separadamente. no país e já tem clientes em Caxias: Bertotto não fala sobre seus clientes o compartilhamento de aeronaves. nem sobre as aeronaves disponíveis, Nos Estados Unidos, é um serviço que mas estima que 90% sejam empresácresce a cada ano e está rios e 10% pessoas que retirando clientes das gostam de pilotar e faempresas de táxis-aé- “Poder voar na zem isso por esporte. reos por causa de um hora que quiser, Ele argumenta que seu atrativo luxuoso: em para onde quiser, negócio vende necessivez de passageiro, o dade, e não luxo. E diz sem precisar cliente passa a ser um que, pela comodidade ficar no saguão dos donos do avião. oferecida, não custa A Migra Serviços do aeroporto, caro. Entretanto, adAéreos, que presta tem um valor mite que não é um seresse tipo de serviço em para qualquer um. incomensurável”, viço Caxias, explica que o “Poder voar na hora compartilhamento de estima Bertotto que você quiser, para aeronaves funciona onde quiser, sem precicomo uma cooperativa sar ficar no saguão do de uso. Os aviões são comprados e o aeroporto como todo mundo, tem um valor deles é dividido em cotas para valor incomensurável”, avalia o execuquatro ou oito pessoas. Cada um des- tivo. ses proprietários passa a pagar também uma espécie de taxa de condoApesar de todo esse potencial mínio para gastos como manutenção, de consumo, que vai de roupas a avipagamento do piloto e encaminha- ões, o mercado voltado para a classe A mento das burocracias que envolvem em Caxias ainda é o que Carlos Feros voos. Em troca, recebe o direito de reirinha chama de premium. Ou seja,
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to de quem pode como de quem não apropriados ao típo físico dos seus pode ter um deles. moradores. Também não dispensa um O proprietário Alessandro Posse- terno de grife e não vê problema em bon diz que não é muito fácil vender pagar preços elevados por produtos de carros, principalmente os de luxo, qualidade. “O dinheiro que você guarpara o público local. Segundo ele, até da não é seu. É do banco. Por isso, eu novembro, 48% dos veículos vendi- gasto o dinheiro que ganho. E gasto dos foram parar nas garagens de con- bem”, assegura. sumidores de fora de Caxias do Sul, Rech, que tem a imobiliária há 15 que descobriram a revenda ao passar anos, sempre trabalhou com valores na frente ou navegando pela internet. altos. Acostumado a negociar apar“Agora mesmo eu passei um e-mail tamentos avaliados em mais de R$ 1 sobre uma Ferrari de R$ 1,6 milhão milhão, ele tem certeza de que os conque estou negociando com um cliente sumidores de Caxias e da região abde fora. Se vai fechar o negócio, não sorveriam tranquilamente a demanda sei, mas espero que sim”, comentava de um mercado voltado para o consuPossebon numa chuvosa tarde de no- mo de alto padrão. vembro. “Caxias é o segundo maior polo O comerciante, que também cole- metal-mecânico do país, ou seja, tem ciona carros antigos – como um Mus- muito empresário. O rei da cebola, o tang 1964 vermelho recém trazido dos rei do alho, o rei de não-sei-mais-qual Estados Unidos –, decidiu investir no produto agrícola mora na região. Essa mercado de importados de alto pa- gente tem dinheiro. Só falta começar drão há 12 anos, a partir da própria a comprar. E comprar aqui”, entende. necessidade. Ele percebeu que não haRech acredita que o segmento de via revendas de importados em Caxias luxo em Caxias do Sul é pequeno aine resolveu arriscar. da devido à cultura dos moradores, Não se arrependeu. Possebon afir- que se preocupam muito em trabalhar ma que o número de consumidores para acumular riquezas e têm dificulde modelos importados vem crescen- dades em gastar o dinheiro. Mas, na do. E, com o dólar baixo, esse tipo de avaliação dele, em pouco tempo, esse veículo tem se tornado cada vez mais comportamento irá mudar radicalatrativo. “O preço não é o único item mente. “Tem muito rico que parece que diferencia um ter vergonha de gascarro importado. Ele tar. Mas a maioria das tem mais conforto, “O dinheiro pessoas quer ficar rica. segurança, design, Ninguém trabalha para estilo. As pessoas da- que você guarda ficar pobre. Então, nada qui estão se dando não é seu. mais justo do que aqueconta de que, se elas É do banco. les que conquistaram trabalharam tanto Por isso, eu gasto seu objetivo se darem para ganhar dinheiro, ao luxo de consumir”, podem comprar um o dinheiro simplifica Rech. carro desses, que não que ganho. Para o empresário, é um simples carro, E gasto bem”, a cidade tem todas as é a materialização do conclui Rech condições de absorver sucesso do cara”, aresse mercado milionágumenta. rio. “Caxias está começando a descobrir o luxo. Quando as Quando o assunto é materiali- pessoas daqui se derem conta do que zar o sucesso, o empresário Veldocir o dinheiro delas pode comprar, esse Rech, proprietário da Exemplo Imó- mercado vai explodir.” Aos aspiranveis, é expert. Consumidor de luxo tes a consumidor de luxo, Rech lemassumido, ele tem dificuldades, por bra uma máxima que até quem não é exemplo, para encontrar camisas nas tão rico assim já aprendeu: “Consumir lojas especializadas da região, onde, é muito prazeroso. E quando se tem segundo ele, os tamanhos não são bastante dinheiro, é melhor ainda”. Maicon Damasceno/O Caxiense
com produtos especiais, de valores xiense que nem tinha vindo à loja para mais altos e marcas de padrão nacio- comprar. Mas ela viu duas peças das nal e até internacional, mas que vende quais gostou muito e decidiu levar. Se também para consumidores de luxo e deu um presente e ficou feliz. E isso é não apenas para eles. que importa.” Esse é o caso de lojas como a Victor O gerente da Lacoste, Andrei Aps, Hugo, a Vivara ou a Lacoste, insta- acredita que o mercado de Caxias poladas no Shopping Iguatemi. Nacio- deria comportar valores até mais altos nalmente, nenhuma se enquadra no do que esses para atender aos moraque os especialistas dores da região e aos chamam de mercado executivos que visitam de luxo. Localmente, Pesquisa a cidade. “Muitos emno entanto, acabam informal presários brasileiros atraindo seus consue até estrangeiros que do Sindilojas midores. vêm para Caxias a traA bolsa mais cara em novembro balho compram aqui da Victor Hugo, por apontou um conosco, pois idenexemplo, custa R$ 14 aumento tificam a marca. São mil. Na Louis Vuitton, pessoas que poderiam um acessório pode va- de 10,8% até comprar uma grife ler R$ 50 mil. Recente- na venda de mais cara, desde que mente, a Gucci lançou itens de luxo fosse conhecida, mas um cinto de R$ 440 essa opção não exismil reais. Ou seja, nate na cidade. Ou seja, cionalmente, não há como competir compradores têm, faltam opções para nesse mercado tão exclusivo. Mas, em comprar”, analisa o gerente. Caxias, a Victor Hugo está diretamente relacionada ao status, e isso faz dela Uma pesquisa informal realizauma referência também para clien- da pelo Sindicato do Comércio Varetes de alto padrão. As proprietárias jista de Caxias do Sul (Sindilojas) enAna Ruth Friedrich e Andréia Farias tre os dias 10 e 12 de novembro deste apostam nisso para atrair as consu- ano apontou um incremento de 10,8% midoras. “Nove em cada 10 mulheres na venda de bens de consumo de alto querem uma Victor Hugo. E muitas padrão na cidade em relação a 2008. E podem ter. O que muda é o modelo a avaliação do presidente da entidade, que cada uma pode comprar. Na nossa Ivanir Gasparin, é que esse mercado loja, vendemos bolsas de R$ 400 a R$ 5 deve crescer, graças aos consumidores mil”, exemplifica Ana. de Caxias e da região que, segundo O mesmo acontece com a Vivara, ele, investem cada vez e com maior que não é sequer citada como referên- frequência em produtos de qualidade cia no principal site de luxo do país, e design diferenciados, independenteo Webluxo.com, apesar de possuir mente de quanto eles custam. Ou seja, joias de até R$ 100 mil. Segundo a ge- pessoas que podem investir no que o rente Sara Spier, isso acontece pois a especialista Carlos Ferreirinha chama loja tem acessórios a partir de R$ 300 de “aventura do prazer”, algo que quae peças que vão de simples alianças a se todo mundo adoraria fazer, mas só colares elaborados e ricos em pedra- alguns conseguem. rias – diferença que, na avaliação dela, Quem nunca parou ou pelo menos não tira das suas joias a categoria de reduziu a velocidade ao passar pela luxuosas. loja Via Bella? É difícil fazer o retorSara considera joia um artigo de no de saída do Shopping Iguatemi luxo em qualquer classe social, pois em direção ao Centro sem ser atraído seus consumidores não estão preocu- pela vitrine da revenda de automóveis pados com a necessidade ou valor do importados localizada ali em frente. produto, mas sim com a sensação que Lamborghinis, Porsches e BMWs se ele proporciona. “Eu fiz uma venda de revezam no espaço de exposição da R$ 40 mil para uma empresária ca- empresa, chamando a atenção tan-
A médica Carla Zanchettin se arruma no salão de beleza antes de ir para casa cuidar dos filhos trigêmeos
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Entrevista: Moisés Paese
ANTES DE TUDO, UM
CRISTãO Futuro presidente da Câmara de Vereadores pretende estreitar relações da população com a Casa – e começar obras para ampliá-la em 2010
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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br
concedeu a entrevista a seguir:
Quais são seus planos para comanristão e brizolista, mas jamais con- dar o Legislativo caxiense a partir de servador. É assim que se define e des- janeiro? creve sua inspiração política o futuro O plano maior é fazer aquilo que o presidente da Câmara de Vereadores presidente do Legislativo tem que fade Caxias do Sul, Harty Moisés Paese zer, por mais óbvio que isso pareça, (PDT), que assume a nova função em pois a primeira função do presidente 1º de janeiro de 2010. Embora Leonel é aquela parte administrativa da CâBrizola nunca tenha se notablizado mara. Temos uma estrutura grande, a por sua fé, Paese garante que vê mui- TV Câmara, funcionários e despesas. tas semelhanças entre o cristianismo Implantamos o PGQP, que é o Proe o partido fundado pelo mentor do grama Gaúcho de Qualidade e Protrabalhismo. dutividade, que possibilitará melhorar Paese é advogado, tem 35 anos e foi o atendimento ao público – afinal de eleito vereador com 3.557 votos. Exer- contas, o serviço essencial da Câmace o mandato pela primeira vez e toma ra é o atendimeno ao público – e faa frente do Legislativo zer isso com a maior com pelo menos dois economia possível de desafios: a missão de recursos. Tirando essa estreitar as relações “Para a parte administrativa, entre a Câmara e a po- comunidade, sendo uma casa polítipulação e a incumbên- de um modo ca por excelência, devo cia de iniciar as obras fazer com que, cada geral, de ampliação da Casa, vez mais, a Câmara previstas para serem político esteja alinhada, parrealizadas no ano que é político. ceira e, de preferência, vem. tendo a iniciativa de Já existe Embora ele e os bancar as principais essa antipatia companheiros da Mesa demandas da comuDiretora tenham sido natural” nidade e aproximá-la eleitos com o apoio de do Legislativo. Porque, todos os colegas, Paese para a comunidade, de não é uma unanimidade política. Sua um modo geral, político é político. Já trajetória pública passa pelo Diretório existe essa antipatia natural pelo que Central de Estudantes (DCE) da UCS, se ouve da política. Então, se trouxeronde foi acusado de desvio de dinhei- mos a população para cá, ela vai poder ro, e pelo Conselho Tutelar, para onde ver como a Câmara funciona e poderá foi eleito com votação histórica mas até fiscalizar de uma maneira melhor nunca chegou a atuar, pois foi repro- o trabalho que ela realiza. vado no teste psicotécnico. O vereador sustenta que sua idoneidade à frente Então seu objetivo é dar continuido DCE foi provada e ainda discute na dade ao trabalho já iniciado pela Justiça a reprovação no Conselho. Mesa Diretora atual? Paese enumera conquistas imporSim. Vamos ampliar esse espaço tantes em sua atuação na universida- para a comunidade – que já existe. E de, como a implantação de descontos temos também a ampliação do prédio para os cursos de graduação e para da Câmara, para atender a uma deterfamílias com mais de um filho matri- minação federal. Na próxima legislaculado na UCS. Tem na política uma tura serão 23 vereadores (se a populahistória de família, que começa pelo ção for como é hoje) ou 25 vereadores avô, três vezes vereador em Farroupi- (se a população passar de 450 mil halha, um tio que assumirá o Legislati- bitantes). Portanto, precisaremos de vo farroupilhense em 2010, um primo espaço físico, e a ideia é fazer isso que foi vice-prefeito daquela cidade e no ano que vem. Politicamente não o próprio pai, Renato Paese, que foi adianta inventar moda. Tenho de fazer vereador e também presidente da Câ- o que o presidente tem de fazer, o feimara de Vereadores de Caxias do Sul. jão com arroz. Tem coisas que não deO Caxiense conversou com o ve- pendem do presidente. Mas a Câmara reador na última quinta-feira à tarde, de Vereadores, como corpo político, em seu gabinete. Com tranquilidade, precisa estar ao lado de qualquer luta Paese tirou o casaco, pôs o celular no da comunidade, como, por exemplo, a modo silencioso, sentou-se em uma vinda do novo aeroporto regional para das cadeiras da mesa de reuniões e Caxias do Sul.
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Eleito com 3.557 votos, o advogado Paese é vereador de primeiro mandato
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Este é o seu primeiro mandato como vereador e você já está assumindo a presidência da Casa. Você se considera preparado para o cargo? Emocionalmente, sim. Seria até mentiroso eu dizer “sim, estou”, porque nunca exerci essa função. Mas tenho uma experiência dentro da Câmara de Vereadores praticamente desde criança. Meu pai ficou 12 anos aqui dentro, foi presidente da Casa. Então, a estrutura, o quadro funcional, muito disso eu conheço desde adolescente. E neste ano de 2009 a vice-presidência me ajudou muito a dominar a con-
o teste psicotécnico, no qual várias pessoas foram reprovadas. E você foi uma delas. Quanto tempo você chegou a trabalhar como conselheiro tutelar? Eu não assumi. O concurso tinha três etapas: prova objetiva de português e legislação – e eu fiquei em primeiro ou segundo –, o exame psicotécnico – que foi nada mais nada menos do que uma entrevista como essa que a gente está tendo – e a eleição. Eu e outros colegas reprovados no psicotécnico entramos com uma ação e conseguimos uma liminar para
Quando você foi presidente do DCE foi classificado como de direita. Agora, na Câmara, é tachado de moralista, conservador. Como você se definiria? Eu sou cristão. Até na política, antes da ideologia do meu partido, eu sou um cristão. Longe de mim me comparar a Jesus Cristo. Mas tenho como filosofia de vida imitá-lo, sim, por que não? Afinal de contas, eu acredito. E eu vejo o programa do meu partido, o PDT, no qual sou filiado desde adolescente, como um programa que segue muito esses princípios cristãos,
dução dos trabalhos. Mas totalmente a ocorrer divergências em relação aos preparado eu acredito que nenhum ser rumos que a administração deveria humano está para nenhuma função da tomar. Eu defendia uma coisa, outros vida. A gente vai se aperfeiçoando. E integrantes defendiam outra, e os coneu tenho como filosofia que no dia flitos foram inevitáveis. As denúncias de amanhã quero ser feitas na época eram melhor do que hoje e as mesmas que aconassim sucessivamente tecem em todo plei“Não adianta até o fim da vida. to de DCE, coisas do movimento estudantil, inventar moda. Você falou do seu Tenho de fazer de gente jovem. Mas pai, Renato Paese. Seu minha gestão teve cono feijão tio, Josué Paese Filho quistas importantes. (Kiko Paese), também com arroz. Porque é aquela velha será presidente da Câ- Tem coisas história: você joga um mara de Veredores de que não travesseiro de penas do Farroupilha em 2010. alto de um prédio, mas dependem É uma característica não consegue recolher do presidente” de família? todas as penas depois. Farroupilha teve em Na minha gestão conquase todas as suas leseguimos salvar cursos gislaturas um Paese na Câmara. Um que estavam sendo extintos, porque a primo meu, Carlos Mario Paese, ficou universidade de Caxias era a única que quase oito anos como vice-prefeito na- não tinha desconto para licenciaturas, quela cidade. O meu avô (Josué Paese), assim como desconto para aquelas faque na colônia nós chamávamos de mílias que tinham dois irmãos estunono, foi vereador três vezes em Far- dando. Então, ocorreram coisas boas roupilha. Minha família é oriunda de também. No movimento estudantil eu lá, da Linha Paese. Então, é algo que, de aprendi muito, amadureci. E aprendi, fato, acaba passando de pai para filho, principalmente, que na política você e eu sou muito adepto da teoria de que não consegue agradar todo mundo. Jeo meio faz o ser humano. As minhas sus Cristo não conseguiu agradar todo circunstâncias de vida me levaram mundo. É um período do qual não me a crescer com um pai que sempre fez arrependo. Pelo contrário, me orgulho política. Então, era quase obrigatório muito, tanto é que depois participei de que eu acabasse enveredando também outras eleições, me candidatei ao Conpara esse caminho. Enveredei e gostei. selho Tutelar, onde fui o mais votado. Fui presidente de grêmio estudantil, Sobre as denúncias de irregularidafui presidente do DCE, fui conselheiro des, houve controladoria interna, aututelar. E acho que foi o meio onde eu ditoria externa da UCS, porque o divivi que me fez ir para a política. nheiro do DCE é repassado pela UCS e ela exige comprovação, pois também O último cargo de presidente que precisa prestar contas ao seu Conselho você ocupou foi no Diretórico Cen- Diretor. E eles foram lá e fizeram tudo. tral de estudantes (DCE) da Univer- E não teve problema nenhum, foi mais sidade de Caxias do Sul (UCS) e você uma questão de política mesmo. teve votação recorde, na época. Mas teve alguns problemas também. Foi Você citou a eleição para o Conseuma gestão conturbada, uma parte lho Tutelar. E essa também foi uma da sua diretoria chegou a se afastar eleição polêmica, porque no ano em devido a denúncias de desvio de di- que você concorreu foi implantado
concorrer com o argumento de que o exame realizado era subjetivo. Ganhamos a liminar para poder concorrer, mas não conseguimos assumir. Esse é um processo que ainda está na Justiça. Mas não exerci a função de conselheiro tutelar. E fui advogar.
pois prioriza aquilo que para mim é fundamental se a gente quiser mudar qualquer coisa nesse país: o investimento em criança, em educação.
Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
nheiro. Que marca isso deixou na sua carreira política? Eu nunca pensei nisso. Movimento estudantil é conflituoso. É um momento da vida em que as pessoas ainda estão se formando ideologicamente e em termos até de personalidade. Nós ganhamos o DCE em uma época em que ele vinha, há muito tempo, sendo administrado por partidos mais de esquerda. Então, a oposição foi muito forte. O que aconteceu? Para ganharmos essa eleição, fizemos uma ampla aliança com diversas matizes partidárias. Mas depois começaram
Quem é a sua inspiração política? Leonel Brizola, por seu trabalho. Você pode observar os crimes, as doenças, os problemas relacionados ao meio ambiente. Tudo seria muito melhor encaminhado se todos os seres humanos que hoje são adultos e estão decidindo o futuro – não só na esfera pública, mas também na privada – tivessem tido uma formação adequada na infância.
Você é autor do projeto de lei que proíbe a realização do Carnaval de rua de Caxias durante o período da Quaresma. Você se considera um vereador conservador? Não. Até porque o projeto não é excludente. Ele não proíbe nada. Carnaval continua sendo algo que eu valorizo, que entendo como uma representação cultural de um segmento, Quais seus planos para o futuro na que, bem ou mal, no mínimo 10% da política? população caxiense gosta. E se tem Não tenho planos. Não faço planos. gente que gosta temos que respeitar, Eu não pensei em ser vereador. Classiindependentemente de ser minoria fico as coisas que acontecem na minha ou maioria. Mas também temos que vida como consequência, não como entender que há outro segmento da causa. Eu não acordei um dia e disse: sociedade caxiense – e eu não falo de “vou ser vereador, vou ser presidente religião. Tem pessoas que não acredi- da Câmara”. Aconteceu. E se acontetam em religião, que não gostam de ceu foi porque Deus assim quis. Não religião, mas elas têm caiu do céu, foi fruto de que concordar, no míum trabalho, de algo nimo, que o catolicis- “Longe de de bom que eu devo ter mo e o cristianismo mim me feito – e que aqui não são manifestações culme cabe dizer. Mas eu turais também. Então, comparar com não tenho como te diesse conflito de inte- Jesus Cristo. zer nem se daqui a três resses que se deu não Mas tenho anos vou concorrer à foi do Carnaval contra como filosofia reeleição, nem se quero a Quaresma. É até um ser deputado ou prefeicrime contra o Car- de vida to, porque a vida prenaval tirá-lo daquele imitá-lo sim, cisa ser vivida no dia período tradicional em por que não?” de hoje. O que eu vou que se realiza e colocáestar fazendo no dia lo numa época em que de amanhã vai depenele vai agredir não a religiosidade das der do que eu fizer hoje, e aí a gente pessoas, mas o sentimento daquelas vai ver se foi bom ou mau. Tenho uma que acreditam que aquele período profissão que eu adoro, adoro minha precisa ser preservado. Por que vamos família. Quero receber bem aquilo permitir algo que agride? Então, o que vier para mim, sabendo que se eu projeto é para pacificar, pois enquanto receber uma coisa ruim lá adiante vai não se regulamentar isso todo ano vai ser porque eu plantei assim. Eu tenho acontecer o conflito. E esse é um dos que aprender com isso, eu tenho que objetivos de uma lei. evoluir.
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Espetáculo da Simplicidade
Jaime, o pequeno Augusto e Daiana representam a Sagrada Família na emocionante encenação de fim de ano da Associação Artística Sempre Amigos de Ana Rech
O VERDADEIRO
BRILHO DO NATAL Na Vila dos Presépios, a luz desta época do ano é interior, espiritual e comunitária. E o encanto é natural
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por MARCELO ARAMIS marcelo.aramis@ocaxiense.com.br na Rech tem 40 mil habitantes. Só no centro da vila, são cerca de 20 mil. O número de trabalhadores na indústria superou o número de agricultores, mas ao bairro, que já desejou ser cidade, ainda cai bem o título de vila. Ana Rech conserva a marca da imigração italiana com as tradicionais casas de artesanato e restaurantes de culinária típica. Na Praça Pedavena, palco de encontros para o chimarrão de domingo, um presépio permanente mostra que a religiosidade também é valor cultivado por lá. E é no Natal que o bairro destaca o que mais o caracteriza como um vilarejo: o espírito comunitário. Há 19 anos, por iniciativa da Sociedade Amigos de Ana Rech (Samar), a associação de bairro mais antiga de Caxias do Sul, com 60 anos de atividade, os moradores decidiram tornar pública a sua fé. Tiraram os presépios de dentro de casa e levaram para o jardim. A ideia agradou os visitantes e o Encanto de Natal cresceu. No último ano, mais de 150 mil pessoas prestigiaram o evento. Daniela Boff, presidente da Samar, conta que o que atrai os turistas é a espiritualidade que a vila exala nesta época. “Os turistas
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vêm para o Sul ver o Natal de Gramado e Canela, que é lindo. Eles passam por Ana Rech em busca de algo que nada tem a ver com o luxo. O que eles querem ver aqui é justamente a simplicidade.” Foi nesse clima comunitário que, em 1979, um grupo de moradores da capela São Valentim constituiu a Associação Artística Sempre Amigos de Ana Rech. A capela – como é chamada uma localidade ao redor da igreja no interior – pertence a Flores da Cunha, mas a paróquia é de Ana Rech. Os jovens agricultores da comunidade se reuniam aos domingos em frente à igreja para se divertir. As brincadeiras de gata cega e jogo do lenço chegaram a virar grandes gincanas que atraíam os moradores das localidades vizinhas. Os mesmos jovens, dentre eles a massaiola Ivete Berti, 52 anos, eram responsáveis pela organização da liturgia nas missas. “Nós encenávamos o evangelho. Transcrevíamos o texto da Bíblia e adaptávamos para o teatro”, conta Ivete, uma das fundadoras e atual coordenadora do grupo. As esquetes tornaram-se tradicionais. Enrolado em lençóis, o grupo, que chegou a contar com 120 integrantes, recriava a história de São João e da Paixão de Cristo.
Há 10 anos, Ivete construiu um galpão no fundo do terreno. Espaço para jantares e outros eventos, o galpão ajuda a complementar a renda da família. Em época de apresentação, arredam-se as mesas e o local vira sede dos ensaios do grupo. Ivete é diretora, roteirista e um pouco mãe dos 60 integrantes da associação. O seu maior talento, no entanto, é a liderança. Quando o grupo começou a ser notado pela qualidade de suas apresentações, o elenco foi convidado a se apresentar no Encanto de Natal, em Ana Rech, e buscou aprimoramento. Eles participam de oficinas de teatro oferecidas pela prefeitura, tiveram aulas com artistas caxienses e o espetáculo já foi coordenado por diversas pessoas. Mas, durante as apresentações, é ao comando discreto de Ivete que os atores prestam atenção. “A gente já se conhece há muito tempo. Entendemos o que quer dizer cada gesto. A Ivete faz um sinal e a gente entra em cena mais seguro”, conta o agricultor Nadil Lidoni, 52 anos, que interpreta um dos pastores na encenação de Natal. O talento do grupo expandiu as apresentações para além da liturgia. Hoje o elenco se desdobra entre as encenações religiosas, a participação no desfile temático da Festa da Uva e outros três espetáculos: O Banco, Donna
Granda e A história de Ana Rech, que já foi apresentado nove vezes, sempre com casa lotada. “O grupo não é profissional do teatro”, Ivete faz questão de destacar, embora todos saibam que, pela experiência e pela qualidade que alcançaram em seus papéis, bem poderiam se considerar profissionais. O José da encenação de Natal em Ana Rech é Jaime Rech, 52 anos, membro do grupo desde 79. Na casa onde mora com a mãe de 75 anos, em Santa Bárbara, ele expressa a fé em cada cômodo. Nas paredes, os quadros de santos e de Jesus Cristo se confundem com as próprias fotos de Jaime; sorrisos vestidos de José, na Sagrada Família, e sofrimento profundo no olhar, preso na cruz durante as encenações da Paixão. No seu espaço preferido da casa, Jaime construiu um verdadeiro altar, que gosta de chamar de “cantinho do amor”. Desde que se recuperou do coma causado pela intoxicação por agrotóxicos, há 15 anos, Jaime intensificou a religiosidade cultivada pelo pai, falecido em 81. “Tínhamos uma Bíblia em italiano. Meu pai era analfabeto. Então, nos contava as passagens do evangelho através das figuras. Depois, quando aprendi a ler, descobri que a história era mesmo como ele contava.”
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co daquilo que a gente é. E o pastor é gusto, foram suficientes para Daniela uma pessoa simples, age como servo sentir-se segura com o bebê. Em poue não como patrão. Ele cuida de um co tempo, ele acordaria para mamar. rebanho que não é seu, porque ele é O colo de Maria poderia acalmar o parte desse rebanho”, choro e uma chupeta filosofa. escondida na bolsa de Na juventude, Nadil José deveria funcionar “O pastor é uma passou três anos no em caso de emergência. seminário em Vacaria, pessoa simples. O Menino Jesus onde era responsável Ele cuida de acordou logo no início pela horta e traba- um rebanho que da peça. Foi o Anjo lhava com doentes e Gabriel que o entregou não é seu, deficientes físicos. De nos braços da Virgem. tudo que aprendeu lá, porque é parte Deitado na manjedourelembra com carinho desse rebanho”, ra, distraiu-se com a profecia de Jango, o interpreta as fitas e estrelas que homem que cuidava crianças vestidas de Nadil da manutenção do seanjo balançavam como minário. “Aquele velho móbile sobre o berço. enxergava além de um Ao final do teatro, os palmo na frente do nariz. E o que ele personagens permaneceram em cena. me disse, eu guardo até hoje: Mesmo O público foi convidado a subir ao que tu não seja padre, tu ainda tem palco para prestigiar a Sagrada Famímuita coisa boa pra fazer na vida”. Na- lia. E Augusto chorou. Maria pegou o dil acha que sua participação no teatro bebê no colo. Preocupado, José tirou é uma maneira de fazer o bem e cum- a chupeta da bolsa. Maria fez que não prir o destino previsto pelo velho Jan- com a cabeça, aninhou o bebê no colo, go “enquanto Deus der vida e saúde”. roçou seu rosto no dele, e Jesus cedeu à ternura da jovem. Meia hora antes do espetáculo Para Daiana, interpretar Maria há do presépio vivo, a administradora 14 anos é inspirador. “Quando visto Daiana Carla Lovato, 26 anos, ainda aquele manto, me sinto uma pessoa não conhecia Augusto Tiago Zapa- mágica e especial.” Mais do que experolli, um mês, que faria o papel de Me- riência, a habilidade de Daiana com nino Jesus. Daiana estava ansiosa para bebês é instinto. A faculdade e os comver aquele que seria o seu 14º filho des- promissos profissionais adiaram o dede que viveu Maria pela primeira vez, sejo de ter um filho cedo. Se o novo aos 12 anos. “Normalmente os Meni- plano der certo, Daiana dará à luz danos Jesus chegam mais cedo. A gente qui a cinco anos, na época de Natal. precisa conversar com os pais para “Penso muito nisso: encerrar minha saber como é a criança e o que é pre- participação no presépio de Ana Rech ciso fazer caso ela chore”, dizia, com sendo a verdadeira mãe do Menino Jepreocupação maternal. Cinco minu- sus”, projeta Daiana. tos com Sheila Zaparolli, a mãe de AuAo final do espetáculo, o calor dos Maicon Damasceno/O Caxiense
Jaime vive com conforto, mas culti- me não vê Henrique. “Sonho em reuva as coisas simples e exalta com or- nir as 19 crianças que fizeram o papel gulho a situação da pobreza de berço. de Menino Jesus. Hoje nem todos esQuando ele nasceu, o pai desmanchou tão por aqui, e muitos devem ter tomaum capote para agasalhá-lo. Há 19 dos outros rumos. Seria uma emoção anos como José na dramatização do enorme reunir toda essa gurizada que, nascimento de Jesus, ele experimenta por um dia, foram meus filhos.” o outro lado da mesma cena ao segurar o bebê envolto em trapos. Apesar Momentos antes da penúltima de solteiro e sem filhos, tem jeito de encenação de Natal na Praça Pedavepai e é um dos poucos Josés que car- na, o agricultor Nadil Lidoni, um dos regam o Menino Jesus no Presépio pastores, tinha barro até as canelas. Vivo – geralmente, esse ato é exclusivo Não foi fácil pegar as ovelhas soltas de Maria. “Quando pego a criança no no campo para figurarem no especolo, sinto como se fosse meu filho. A táculo. Vida de pastor é assim. Entre emoção mais forte é quando apresento os cinco personagens que viveram o o bebê ao público. Naquele momento, papel, Nadil era o que tinha a maior é como se eu segurasse ovelha. Para descer a o próprio Cristo.” escada da praça, teve Há um ano, depois que carregá-la no colo. de estar três vezes em “A emoção “Tem que ter jeito com coma e passar por nove mais forte é o animal. No início as internações hospita- quando apresento ovelhas ficam meio aslares por causa de sesustadas, mas é só você o bebê ao quelas da intoxicação, fazer um carinho que Jaime desistiu do cul- público. É elas se acalmam”, entivo de parreiras. Hoje, como se eu sina. Nadil está acostudivide seu tempo entre segurasse o mado à vida no campo. o trabalho na comuniTrabalha no cultivo da próprio Cristo”, dade, que chama de fauva, cria porcos e galimília, e o início de um descreve Jaime nhas. “Eu estou sempre novo negócio. Inspiracom as unhas meio sudo no maior carpinteijas. Sempre trabalhei ro da História, ele abriu uma marce- na terra, é o que mais gosto de fazer.” naria. E se depender da seriedade com Nadil veio morar em Caxias em que encara o personagem, a empresa 1979 e logo ingressou no grupo Semtem grandes chances de prosperar. pre Amigos. Antes, quando morava Atrás de um dos porta-retratos do no Vale do Segredo, jamais havia exPresépio Vivo, Jaime guarda uma foto perenciado a vida de ator. “Vim de See um bilhete especial, assinado pela gredo para revelar um segredo aqui”, marca de um pezinho: Com carinho, diverte-se. Na habilidade com o trabado Menino Jesus Henrique Kloss Con- lho no campo, Nadil encontra a semerado. Ao meu “papai” José (Jaime). O lhança com o personagem de pastor. cartão é de 2006 e já faz tempo que Jai- “Colocamos no personagem um pou-
O ex-agricultor e hoje marceneiro Jaime, que interpreta Jesus no espetáculo de Páscoa, cultiva um altar particular em casa
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retorno durante o ano inteiro”, afirma Lacave, na BR-116, a 4 km do centro Luciane. Na frente da loja dela, na Pra- da vila. Ana Rech também não tem ça Pedavena, Ronei Scopel faz pão no hospedagem nem restaurantes sufiforno. “O pão tem um gosto diferente cientes para atender o número de vie dispensa mistura”, anuncia. A cada sitantes que cresce a cada edição. Mas fornada, o cheiro do pão atrai uma fila a falta de estrutura não é o que mais de clientes. Quase ninguém consegue preocupa os organizadores. Ampliar comprar na hora, mas eles fazem en- o evento sem perder o espírito comucomendas para a próxima remessa. nitário é um dilema maior. “O desaScopel atende na praça todos os finais fio é profissionalizar quem já particide semana, de manhã e de tarde, sem pa voluntariamente do evento. Ou se parar ao meio-dia. Durante o Encan- consegue manter a simplicidade com to de Natal, assa 10 fornadas – cerca que o Natal é feito aqui, ou se estanca de 250 pães – por dia. Se fizesse mais, o crescimento”, explica Daniela. Para venderia todos. Do outro lado da pra- o ano que vem, Ana Rech já tem uma ça, na feira de artesanato, Karla Mene- verba de R$ 500 mil aprovada pela Lei gotto Todescato atende em uma banca Nacional de Incentivo à Cultura (Lei de biscoitos. Ela representa a fábrica Rouanet), a ser captada no primeiro da mãe, localizada no distrito de Vila semestre. Nesse período, Daniela já Oliva. A empresa, que faz biscoitos es- terá passado o cargo de presidente da peciais para o Natal, Samar a um novo volunjá vendeu seus produtário. Mas a meta para a tos nas festividades de “Ou se consegue edição 2010, de gastar Gramado, mas optou manter a mais do que o triplo do por manter a banca deste ano e simplicidade com orçamento em Ana Rech. “Aqui manter a essência huse vende bem e se in- que o Natal é milde, continua sendo veste na divulgação feito aqui, ou responsabilidade sua. E do produto. Em Gra- se estanca de toda a comunidade. mado, o investimento No dia do penúltimo o crescimento”, é alto e se vende tanto espetáculo do Presépio que não conseguimos preocupa-se Vivo, o Papai Noel pasfabricar o suficiente Daniela sou uma tarde solitária para atender o evenem uma casinha monto”, explica Karla. tada no centro da praça. O mesmo dilema vivido por Karla e Desanimado, distribuia balas às pouScopel – o limite para o crescimento cas crianças que apareciam para fazer – é um desafio para os organizadores algum pedido. Em muitos lugares, do Encanto de Natal. “Ana Rech já não o personagem faria o maior sucesso cabe em Ana Rech”, sintetiza Daniela com a criançada. Mas em Ana Rech, Boff. Os problemas começam pela es- uma vila perdida no tempo em que o trutura viária. Nesta época, no início presépio era o centro das comemorada noite, os visitantes encaram engar- ções natalinas, Noel não passa de uma rafamentos que chegam até o Château figura decorativa. Maicon Damasceno/O Caxiense
holofotes haviam secado as lágrimas encontrarão um estábulo coberto por contidas de José. Uma delas resistiu um plástico preto, nenhuma luz acesa no canto do olho esquerdo. Refletia e uma faixa de protesto: RGE e Govera luz amarela do palco, mas, ainda no Municipal: que Deus lhes dê tudo assim, não brilhava tanto quanto o em dobro. “Nós não gostamos de ver olhar do personagem. o presépio assim. Mas Como não poderia ser essa é a nossa forma de diferente para um ca- “Penso muito manifestar nosso dessal tão sintonizado em nisso: encerrar contentamento. Fomos cena, Maria irradiava a injustamente tachados minha mesma luminosidade. de ladrões de energia, “A cada edição, é como participação no mas ninguém aqui fez se fosse a primeira”, presépio de Ana gato”, desabafa Caremocionou-se Daiana. mem. Ela não aceita a Rech sendo a justificativa da RGE, verdadeira mãe O brilho da Vila mas até concordaria dos Presépios sobrevi- do Menino Jesus”, com o corte se não tive aos blecautes. Mes- planeja Daiana vesse ocorrido de formo depois da determima abrupta. A iluminação da Rio Grande nação do presépio no Energia em cortar a ligação de 180 jardim de Carmem custou cerca de R$ presépios que funcionavam através 1 mil, e a família estaria disposta, caso da fotocélula nos postes de ilumina- fosse necessário, a gastar mais R$ 30 ção pública, a vila continua ilumina- mensais para bancar a energia partida pelo espírito de Natal. Conforme cular. “Não acenderemos uma luz até Daniela Boff, presidente da Samar, a o Dia de Reis. Não é por economia, é ligação nos postes era uma parceria por indignação com o corte violento entre a entidade, a RGE e o governo da parceria.” Mas o apagão não esmamunicipal. “Funcionou assim por 17 eceu o espírito de Natal da família e, anos e agora foi cortado com a alega- do jardim para dentro, o brilho perção de que a RGE não poderia se res- manece o mesmo. ponsabilizar por acidentes causados por possíveis curto-circuitos ligados O Encanto de Natal de Ana à iluminação pública”, explica. O pre- Rech é feito por pessoas que, em geral, sépio de Carmem Rech, na casa em trabalham voluntariamente. E a profrente à Praça Pedavena, está estam- gramação cresce e se profissionaliza a pado em um dos selos que os Correios cada edição. A artesã Luciane Baggio disponiblizam anualmente para cada Bacchi, 43 anos, participa da montaEstado divulgar sua cultura e turismo. gem do cenário para o nascimento de Os presépios de Ana Rech figuram em Jesus há 10 anos. O trabalho gratuito é seis dos oito selos do Rio Grande do também uma forma de mostrar o seu Sul. No entanto, os turistas que passa- talento. “É uma oportunidade para rem pelo jardim de Carmem para ver expressar as ideias. Na loja, nesta époum dos mais famosos presépios da vila ca, a gente faz propaganda que vai dar
O agricultor Nadil (C), que saiu da cidade de Segredo para revelar em Caxias seu talento de ator, encarna um pastor no Presépio Vivo
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Tradições comunitárias
celebração DO
INTERIOR cultura pode ser diferente, os rituais de cada comunidade também. Mas, no final, o objetivo acaba sendo um só: preparar o espírito para o Natal. É assim que as comunidades do interior de Caxias se organizam para comemorar a data. Tem Papai Noel, claro. Afinal, não dá para tirar essa alegria das crianças. Mas em lugares como Galópolis, Santa Lúcia do Piaí e Criúva, a grande estrela da festa é o Menino Jesus. Em Santa Lúcia, ele é tão importante que 120 pessoas se preparam durante o mês de dezembro só para anunciar o nascimento. Não é exagero. A encenação do presépio, que este ano acontece na noite do dia 24, às 22h, pouco antes da tradicional Missa do Galo, envolve os moradores de todas as comunidades que fazem parte do distrito. Sig-
à encenação do Natal Esperança de Santa Lúcia. A dedicação é tanta que eles fazem as cenas parecerem mesmo reais. O marido de Rosana, Tiago Mantovani, 28 anos, começa a deixar a barba crescer dois meses antes do Natal para interpretar José. Tem anjinho com o cabelo tão encaracolado quanto as figuras barrocas que enfeitam algumas igrejas e até o bebê que representa o Menino Jesus se acalma quando ganha o colo da Nossa Senhora. O segredo? O coração, garante o rei mago Paulo José Silvestro, 44 anos. “Não temos vocação nenhuma para ser atores. E as crianças agitam os ensaios o tempo inteiro. Mas, como a gente tem vontade de fazer bonito, no dia dá tudo certo.” O mesmo entusiasmo move os músicos do Terno de Reis, realizado em Criúva há quase 40 anos. Eles per-
tas espera a noite cair para começar as lias conseguem ser visitadas – apenas visitar as famílias, em um ritual bem aquelas que solicitam. Por causa disso, parecido com a Festa do Divino. este ano, quem for à igreja matriz da A cantoria começa do lado de fora. localidade no dia 23 de dezembro, às Lá, versos improvisa20h, poderá asssistir dos pedem que o dono a essa celebração anda casa abra a porta e tecipadamente. “Pela “Não somos receba os anunciadotradição, a gente só pores. Normalmente, o profissionais, deria fazer isso depois grupo é formado por mas fazemos do dia 25. Mas esse foi violeiros, violonistas e tudo com amor. o jeito que encontraacordeonistas, além de ram de contentar todo E isso faz duas duplas de cantomundo. Assim quem res – a primeira cria a apresentação não é de Criúva ou não os versos e a segunda emocionar ia receber o Terno de os repete. Eles cantam o público”, Reis vai poder celebrar sem parar até a poro nascimento de Jesus diz Rosana ta ser aberta. E nem como manda a tradisempre isso é rápido. ção açoriana e como se “Quando a família gosfaz desde antigamente ta da melodia, a gente fica até mais de por aqui.” uma hora cantando do lado de fora antes de abrirem a porta. E só fazem isso Quem não puder participar de fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
a
por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br
Nos distritos, o Natal bate de casa em casa, é cantado, rezado e encenado. É mais do que uma festa. É uma comunhão
Santa Lúcia se caracteriza para representar o nascimento de Jesus, anunciado em versos pelos moradores de Criúva
nifica que é muito difícil encontrar correm o distrito cantando para anunpor lá uma família que não tenha um ciar o nascimento de Jesus. Na verdaintegrante ou parente participando da de, o rito é bem mais antigo do que representação. isso, tem origem açoriana e foi trazido Ninguém escapa. Os mais antigos para a região pelos portugueses. Mas são convocados para os papéis de reis quatro décadas é o tempo que marca magos e pastores. As a retomada do hábito crianças assumem os que havia sido abandopapéis de anjinhos e nado. “Quando a o bebê ganha espaço O Terno de Reis não privilegiado no colo família gosta é a única celebração do de Maria – que, aliás, da melodia, Divino Natal de Criúcomanda o espetácu- a gente fica va, que tem encenação lo. Ela é Rosana Mado presépio, missas e até mais ria Fiorini Mantovani, apresentações de co35 anos, responsável de uma hora ral. Mas é a que melhor por coordenar todo o cantando do representa a cultura e grupo, a maioria agri- lado de fora”, a fé da comunidade. cultores. “Não somos Ganhou até uma igrediz Boca de Sino profissionais, mas fajinha, a Capela Santos zemos tudo com amor. Reis, situada na coE isso faz a apresenmunidade conhecida tação ficar bonita e emocionar o pú- como Boqueirão. E todo período de 25 blico”, conta Rosana, que diz ter visto de dezembro a 6 de janeiro um grupo diversas pessoas chorarem assistindo de músicos, cantores e instrumentis-
quando a gente ameaça ir embora”, relata o Mestre do Terno de Reis, Jorge de Oliveira Rodrigues, 66 anos, mais conhecido na vizinhança por Boca de Sino. E a festa não para por aí. Ela continua do lado de dentro, onde os músicos cantam em frente ao presépio, e só termina quando eles se despedem, também em forma de música. O ritual é repetido de casa em casa até amanhecer. “A bandeira dos Santos Reis não pode ficar exposta à luz do dia. Então, na última casa antes de amanhecer, lá pelas 5h, nós deixamos a bandeira e encerramos a cantoria. Como o povo já está acostumado, na casa que fica por último o dono prepara um cafezão da manhã antes da gente ir embora. No dia seguinte, voltamos a essa casa à noite para pegar a bandeira e seguir a anunciação.” Como Criúva cresceu e o número de músicos dispostos a celebrar o terno de Reis diminuiu, nem todas as famí-
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nenhuma dessas celebrações pode fazer como a comunidade de Galópolis, que até o dia 23 de dezembro realiza novenas quase todos os dias na igreja matriz para se preparar para o Natal. É um ritual levado tão a sério pelos moradores que até a presidente da associação do bairro, Maria Patricio Pinto, 46 anos, que é evangélica, se envolve. “Deus é um só”, ensina. O industriário Renato João Dall’Agnol, 48 anos, que sempre foi católico e aprendeu com a mãe a cultivar a fé, acredita no poder que o espírito natalino tem de unir as pessoas e caracteriza as novenas como um meio de fazer com que as pessoas se preparem para o principal acontecimento do Natal, que, para os cristãos, é o nascimento de Jesus. “O espírito da novena é desarmar as pessoas da raiva e do rancor, para deixarem o que têm de ruim para trás e se purificarem. E eu garanto que é bem melhor celebrar o Natal assim.”
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Nossa música
Para tornar-se um bom violonista é preciso dedicação e tempo, ensina Ivan Montanha: “O processo é desgastante”
A MELODIA DE UM
ESFORÇO N
por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br aturais de cidades diferentes, os três desempenham em Caxias do Sul atividades importantes no cenário da música clássica. Ivan Montanha é professor. Windsor Osinaga, instrumentista solo e arquivista da Orquestra Sinfônica da UCS. E César Andreatta, luthier. O trio compõe, informalmente, uma espécie de ciclo do violão erudito caxiense. O mundo da música clássica é pequeno, fechado e cheio de regras. É complicado defini-lo de maneira objetiva. “Só estudando e conhecendo os artistas é possível distinguir a música erudita da popular”, diz Windsor. “Para entendê-la é preciso compreender a sua estética”, diz Ivan. As definições vagas indicam que palavras não são suficientes para explicar o mais ilustre dos gêneros musicais. Algumas de suas características primordiais são o uso da partitura, que tem como função descrever a exata maneira de executar uma peça, e a alta qualidade técnica. A música clássica, que em toda sua história fez parte da nobreza e da corte, continua nos dias atuais pertencendo a uma minoria. Um dos expoentes da música erudita em Caxias, onde vive há 33 anos, o músico e professor Ivan Montanha é nascido no Paraná. Sua forma-
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ção musical se deu em São Paulo, em parte com o professor Henrique Pinto. Ivan, 45 anos, dirige a escola Pró-música, na qual, entre outras atividades, coordena coros e orquestras. “Caxias é polo de bons instrumentistas. É a região mais respeitada de música clássica do Rio Grande do Sul. É o local que tem mais festivais e concertos, em média três por ano, podendo chegar à 12. Além disso, a cidade tem bons construtores de violões”, conta. A calma é uma característica adquirida através de anos a fio do estudo do violão e da música. Ao descer a escadaria que leva à escola é impossível não perceber as intermitentes repetições da escala maior praticadas por uma aluna de piano. A secretária avisa que Ivan está terminando uma aula. O lugar é um ponto de encontro de outros músicos. Dois deles comentam sobre formar uma banda juntos. A aluna retoma o andamento, e repete a mesma sequência de notas por infindáveis vezes. Isso é estudar música: repetir, repetir e repetir. Tornar-se um bom violonista erudito exige muita dedicação e tempo. Conforme Ivan, o trabalho mecânico é desgastante e dolorido. “O aluno precisa estudar muitas horas por dia. A repetição dos exercícios é cansativa. Contudo, em poucos meses já se apresenta um resultado bem visível.” Muitas pessoas pensam encontrar no violão uma forma de relaxamento. Nada
Um professor, um arquivista de partituras e um luthier resumem a tradição do violão clássico na cidade
disso. Para o professor, música é igual a esforço. “O processo é desgastante e é necessário ter um bom controle sobre a parte física e emocional”, informa. Já com 20 anos de trabalho relacionado à música erudita, Ivan foi responsável pela criação da Associação Violonística Fernando Sor, que trabalhava se correspondendo com músicos de diversas regiões. Além disso, organizou festivais e concursos internacionais de violão erudito em Caxias do Sul. “O festival de 2001 foi um evento que incluiu músicos de toda América Latina. Teve palestras específicas de técnica e teorias.” Apesar disso, segundo ele, não há um movimento de violão clássico na cidade. O que existe é um empenho enorme de poucas pessoas para colocá-lo na pauta. Na falta de apresentações em concertos, os profissionais do violão erudito podem assumir diversas funções no mercado. Alguns seguem como produtores, arranjadores e regentes. Outros se tornam professores, ligando-se a universidades e conservatórios de música. E ainda há casos de profissionais que assumem funções específicas dentro do ambiente das orquestras. No mundo das partituras se encontra o violonista Windsor Osinaga. Em uma sala ampla e contígua à da orquestra da UCS, situada no Campus 8, ele exerce uma função que
geralmente não é percebida pelos admiradores da música clássica, mas é indispensável para sua perfeita execução. Windsor, 30 anos, é arquivista. Seu trabalho é organizar todas as partituras em pastas, divididas por peças e instrumentos. Apesar de não desempenhar o ofício por formação, diz que gosta dele. “O trabalho é bom, pois possibilita que eu assista aos ensaios da orquestra.” Windsor é de Pelotas. Fez o curso de extensão no Conservatório de Música da sua cidade natal e em seguida formou-se, em 2005, bacharel em violão clássico pela Universidade Federal de Pelotas. Há um ano está em Caxias. Como a maioria dos instrumentistas, começou com a música popular. Tocava guitarra em bandas de rock e metal. Com 18 anos, ao ouvir uma apresentação do compositor e violonista brasileiro Rafael Rabello, decidiu que estudaria violão clássico. “Quando ouvi Rabello tocando, disse pra mim mesmo: ‘é disso que quero viver’.” Mesmo com arquivos lotados de partituras a serem organizadas, ele é incapaz de ficar muito tempo longe do seu violão. Sentado em uma cadeira, Windsor simula dedilhar seu instrumento no ar. “Já faz um dia que não toco nele”, diz o violonista, contando sobre seu projeto de duo com a flautista Fabiana Magrinelli. “Ainda tenho de organizar todas essas pastas. Não sei como a antiga arquivista conse-
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Fotos: Maicon Damasceno/O Caxiense
guia desempenhar esta função sem cias provenientes das ferramentas da conhecer nada de música”, questiona. marcenaria. Esquadro, graminho, Muitas partituras estão incompletas e compasso, grosa, formão, plaina, rascorroídas pelo tempo. Páginas amare- padeira, serrote e martelo são alguns ladas denotam a sua longa vida dentro instrumentos do luthier, profissional de caixas, que muitas vezes não se en- ainda pouco reconhecido no Brasil. contram nas condições mais adequa- César Andreatta, 28 anos, é um deles. das. “Seguidamente, completo à cane- Fabrica violões clássicos e flamencos. ta alguma partitura ilegível.” Refugiado do movimento e dos baruApesar do seu desvio de função, lhos do centro da cidade, César mora Windsor não deixa de lado a prática no bairro Cinquentenário, e mantém do violão. “Antes, estudava cinco ho- seu ateliê fica na garagem. ras diárias. Agora me permito ficar Ao descer a rampa, originalmente menos tempo sobre o instrumento.” destinada ao carro, já se percebe a orContudo, eventos para ganização do ambiente apresentações são esde trabalho. No canto cassos na região. “O esquerdo da pequena profissional do violão “Caxias é sala usada como ateliê, clássico acaba se fi- polo de bons as ferramentas estão xando próximo às uni- instrumentistas. cuidadosamente disversidades”, comenta. É a região tribuídas por tamanho Apesar de a cidade ser sobre um armário enformadora de bons mais respeitada costado na parede. Ao instrumentistas, como de música centro está a bancada é o caso do Thiago clássica do de trabalho, e ao seu Colombo, considerado Rio Grande”, lado, a estufa para aro melhor violonista mazenar as madeiras gaúcho, ter bons pro- assinala Ivan na temperatura ideal. fessores e construtores Ali, onde sua única de violões, ainda ascompanhia é o canto sim não consegue manter uma agenda dos pássaros, César passa o dia projepermanente de apresentações de mú- tando e construindo violões. sica erudita. “A arte não se comunica César está produzindo seu vigésicom o público. Acho que nunca se co- mo instrumento. Tudo começou em municou. Mesmo no seu auge, acredi- 2001, quando ele resolveu estudar vioto que o concerto era mais um ponto lão clássico. Por necessidade de obter de encontro da alta sociedade”, diz ele. um instrumento de qualidade, resolLogo, a tendência é o estilo continuar veu fabricá-lo. A partir daí não parou sendo apreciado por poucos, e as apre- mais. O fato de já trabalhar como marsentações esporádicas permanecerem ceneiro tornou o processo mais fácil. vinculadas a grandes eventos. Com destreza nas mãos e confiança Conforme Windsor, o violão ainda no seu trabalho, o luthier comemora sofre mais que os outros instrumen- os novos pedidos que chegam a cada tos. Devido à sua estrutura, o músico dia. “Já sou bastante conhecido aqui necessita de muita técnica para conse- em Caxias. O mundo dos luthiers é guir tirar um som de qualidade. O ide- bem fechado. As lojas já indicam meu al para uma boa execução é a orques- nome para as pessoas que querem um tra de câmara, que é realizada com instrumento de alta qualidade.” Nesse poucos músicos em um local pequeno. momento, a campainha o interrompe. “O violão é um instrumento margi- Com sua voz mansa, César se desculpa nalizado. Ele não foi feito para emitir e vai atender os músicos que chegam muito volume. Por isso é importante com um violão para ser consertado. que as apresentações sejam realiza- “Trabalho bastante também com resdas em locais pequenos. No caso da tauração. Este aqui é fácil de arrumar. orquestra, é necessário microfonar o Certamente deixaram cair no chão e violão. Mas daí se perde grande parte quebrou o braço”, conta, com o instruda sua sonoridade e da técnica do ins- mento nas mãos. trumentista”, explica Os violões produzidos por César Assim como a maioria dos músicos, custam em torno de R$ 4 mil. O preWindsor não se imagina fazendo ou- ço se deve à alta qualidade. Ele fez o tra coisa. “Minha meta para o futuro é curso de luthieria na cidade de Cádiz, sempre aprender mais. Vivo a música encravada na costa sul da Espanha. pela música, não almejo enriquecer Seus instrumentos demoram em torno com ela.” Sobre viajar o mundo como de quatro meses para ficarem prontos, um solista, ele logo descarta a possibi- sem considerar o tempo de maturação lidade. “Para isso é preciso ser muito da madeira. “Depois de ficar um longo bom, muito técnico. E quero ter um período trabalhando em um violão, às local para chamar de lar. Ficar mais vezes tenho receio de entregá-lo para preso a uma região.” o comprador. Mas quando vejo que o Voltando à realidade da sua sala dono é um músico competente, fico repleta de pastas empilhadas sobre as tranquilo, porque sei que sairá algo mesas e arquivos encostados nas pare- bom”, relata. des, Windsor lamenta não ter trazido Sua dedicação à música fica clara ao seu instrumento para demonstrar al- manter as unhas delicadamente mais guns acordes característicos do gênero compridas na mão direita. Elas servem clássico. “Ia trazer o violão hoje. Mas para dedilhar as cordas. Com o violão vim na corrida e não deu tempo de nos braços, César parece transcender pegá-lo. Por sinal, conheces o César todas as questões da vida cotidiana. Andreatta? Foi ele quem fabricou meu Após tocar uma música, guarda cuiviolão.” dadosamente o violão dentro do estojo. “Esta é uma música do Villa Lobos, O som harmonioso do violão um dos grandes compositores brasileierudito cede espaço às dissonân- ros. Conhece?”
César (acima) constrói os violões que instrumentistas como Windsor utilizam 19 a 25 de dezembro de 2009
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Fabrício Fiel, Divulgação/O Caxiense
Dança no palco e na praça, desenhos japoneses e um festival com música e artesanato MÚSICA l AC/DC Cover RS | Rock. Sábado, 23h | Banda toca sucessos do AC/DC, como Jailbreak e TNT. Vagão Bar R$ 8 com nome na lista até meia-noite e R$ 10 sem nome na lista ou após meia-noite | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.natrilhadovagao.blogspot.com | 350 pessoas l Bete Balanço e Libertá | Pop. Sábado, 22h30 | A banda Bete Balanço tem no repertório sucessos de grandes nomes nacionais como Tim Maia e Barão Vermelho. O grupo Libertá tem repertório variado, que traz desde música gaúcha e sertaneja até MPB, passando pela axé music. Libertá Danceteria R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | 13 de Maio, 1.684, Cristo Redentor | 3222-2002 | 700 pessoas l Charque in blue | Blues. Sábado, 23h | Banda gaúcha mistura blues, jazz, soul e rock no seu repertório, com clássicos dos gêneros e também composições próprias. Mississippi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br l Família Lima | Sábado, 20h30 | Show apresentará o novo projeto da banda, Carmina Burana, além de músicas conhecidas de Legião Urbana, Mozart e Vivaldi, entre outros. O evento será realizado por conta do lançamento do tema da 19ª Fenakiwi, em Farroupilha. Também haverá chegada do Papai Noel. A Fenakiwi acontecerá de 7 a 23 de maio de 2010. Largo Carlos Fetter Entrada franca | Reamo Gazzoni, s/n, Centro | Farroupilha l Festa 80’s | Anos 80 e música eletrônica. Sábado, 23h | Na pista, discotecagem com os DJs residentes Léo Z e Elias Cappellaro e imagens com o VJ residente Gustavo Zanotto. No lounge, o som fica por conta dos DJs Marcelo Falcas e Daniel, com participação da DJ convidada Thais Scherer. No palco, show com a banda Retrato Falado. Pepsi Club R$ 20, com flyer R$ 15 (feminino) e R$ 35, com flyer R$ 30 (masculino) | Vereador Mário Pezzi, 1.450, Exposição | 3419-0900 | www.pepsiclub.com. br | 1.100 pessoas Espetáculo de flamenco será apresentado na Casa da Cultura
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l Folha Seca | Rock. Sábado, 23h | Banda de Sapiranga traz clássicos
do rock nacional e internacional, como Raul Seixas, Creedence Clearwater Revival, Elvis Presley, The Doors, entre outros. Depois, a festa continua com o DJ residente Eddy. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RSC-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas | www.portalbowling. com.br l Fullgas | Pop rock. Sábado, 23h | Banda apresenta covers de pop rock nacional e internacional. Absolut Bar R$ 5 | Euclides da Cunha, 355, Rio Branco | 9130-5331 l Ki Karisma | Pagode. Sábado, 22h | Grupo faz show com sucessos nacionais de pagode e samba. Expresso Pub Café R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Garibaldi, 984, Centro | 3025-4474 | 150 pessoas l Lady Jam | Rock and roll. Sábado, 23h | Banda caxiense traz covers de sucessos do rock, como Led Zeppelin, The Doors e Janis Joplin. Leprechaun Pub Entrada franca | Rua Pedro Craves, 102, Galópolis | 3284-1817 l Natal do Metal VII | Metal. Sábado, 23h | A comemoração natalina contará com os shows das bandas Pantera Cover, Enemywork e The Sceptic. O acústico fica por conta de Alexandre Slide. Roxx Rock Bar R$ 5 mais 2 kg de alimento não perecível | Júlio de Castilhos, 1343, Centro | 3021-3597 l Os Gaudérios Grupo Cultural de Artes Nativas | Nativista. Sábado, 20h | O grupo de dança, fundado em 1977, é formado por 27 integrantes, entre bailarinos, músicos e assistente, e divulga a cultura e o folclore gaúchos pelo Brasil. Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech l Poder da criação | Samba. Sábado, 22h30 | Banda traz sucessos do samba de raiz nacional. São Patrício Bar Entrada franca | Tronca esquina com Marechal Floriano, Centro | 3028-5227 | 50 pessoas l Uma tarde hardcore | Sábado, 15h | As bandas Aditive e Bele, de São Paulo, juntam-se aos gaúchos da P36 (São Marcos), Um Quarto (São
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Sebastião do Caí), Bjob (Farroupilha) e Eugênio e Fiver (ambas de Caxias) para shows de hardcore. Vagão Bar R$ 10 | Coronel Flores, 789, São Pelegrino | 3223-0007 | www.natrilhadovagao.blogspot.com | 350 pessoas l Virôzuera | Pagode. Sábado, 23h |Sucessos do pagode. Depois, festa com DJ Anderson. Europa Lounge Garden R$ 10 (feminino) e R$ 20 (masculino) | Feijó Júnior, 1.062, Via Decoratta | 3536-2914 ou 8401-2029 | 400 pessoas l Toco e Buja | Samba rock. Sábado, 22h | Bar realiza última festa do ano com acústico que traz sucessos de Jorge Ben e Tim Maia, entre outros. Badulê American Pub Isento de couvert artístico até 22h. Após, R$ 5 | Marechal Floriano, 1504, sala 1, Centro | 3419-5269 | 70 pessoas l Barracudas Project, COMMA e Greek Van Peixe | Domingo, 21h30 | Bandas caxienses realizam apresentações que mesclam rock com experimentações eletrônicas e future jazz, entre outros. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3209-1316 l Orquestra da UCS e Coro Infanto-Juvenil do Programa Florescer | Domingo, 19h | A orquestra da Universidade de Caxias do Sul apresenta interpretações de Mozart, Bach, Bizet e Puccini, divididas em obras eruditas, árias de ópera e peças sacras e natalinas, que contam com a participação do Coro Infanto-Juvenil do Programa Florescer, da Randon Igreja Sagrado Coração de Jesus Entrada franca | Avenida Sirius, s/n, Cruzeiro | 3289-9017 l Orquestra Municipal de Sopros | Domingo, 19h | Big Band da orquestra de sopros realiza apresentação Do Jazz ao Soul. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3209-1316 l Pagode Júnior | Pagode. Domingo, 20h | Grupo toca sucessos de grandes nomes nacionais, como Exaltasamba e Revelação, entre outros. Depois, discotecagem com DJ Anderson. Europa Lounge Garden R$ 10 ou R$ 5 com flyer (feminino) e R$ 20 ou R$ 10 com flyer (masculino) | Feijó Júnior, 1.062, Via Decoratta | 3536-2914 ou 8401-2029 | 400 pessoas l Tri Acústico | Nativista. Domingo, 18h | O grupo apresenta músicas instrumentais gaúchas no 19º Encanto de Natal. Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech l Alexon Mendes | Pop rock. Segunda, dia 21, 19h | Show acústico com o melhor do
pop rock nacional e internacional. Expresso Pub Café Entrada franca | Garibaldi, 984, Centro | 3025-4474 | 150 pessoas l Franciele Duarte | Blues. Terça, dia 22, 22h | Cantora caxiense canta sucessos nacionais e internacionais. Mississippi Delta Blues Bar R$ 8 (feminino) e R$ 10 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br l 37 Não é Febre | Pagode. Quarta, dia 23, 23h | Última festa do ano traz show com grupo que apresenta grandes nomes do pagode. Depois, mais sucessos com o DJ Anderson. Europa Lounge Garden R$ 10, com flyer R$ 7 (feminino) e R$ 20, com flyer R$ 15 (masculino) | Feijó Júnior, 1.062, Via Decoratta | 35362914 ou 8401-2029 | 400 pessoas l Fabrício Beck Trio | Rock. Quarta, dia 23, 22h | Trio do vocalista da banda Vera Loca traz sucessos do rock internacional. Mississippi Delta Blues Bar R$ 8 (feminino) e R$ 10 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br l Magnitude | Pagode. Quarta, dia 23, 23h | A festa tem show do grupo, que toca os sucessos do pagode e músicas próprias. Expresso Pub Café R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino). Com nome na lista, isento até meianoite. | Garibaldi, 984, Centro | 30254474 | 150 pessoas l Só Batidão | Sertanejo universitário. Quarta, dia 23, 22h30 | Banda caxiense faz show com os maiores sucessos do sertanejo universitário, como Victor & Léo e João Bosco & Vinícius. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 ou R$ 5 com flyer (feminino) e R$ 20 ou R$ 10 com flyer (masculino) | RSC-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas | www.portalbowling. com.br l Blackbirds | Rock. Quinta, dia 24, 00h30 | Comemorando o Natal, banda realiza tributo aos Beatles. Mississippi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta. com.br l Luv Mansion | Música eletrônica e black music. Quinta, dia 24, 23h59 | Show com a banda Seu Black, que traz sucessos da black music, do jazz e do soul. Na discotecagem, os DJs Naomi, Bacana e Anderson (Ultramen). Ingressos antecipados nas lojas Colombo Tech, Hip Skate e Trópico. Aloha R$ 15 o 1° lote, R$ 20 o 2° lote e R$ 25 no local (feminino) e R$ 20 o 1° lote, R$ 25 o 2° lote e R$ 30 no local (masculino) | Matteo Gianella, 1.442,
Santa Catarina | 3211-4116 | www. aloha.etc.br
Domit, que vem de Madrid, na Espanha, onde reside. A idealizadora do espetáculo é a bailarina Gisele Domit, que será acompanhada pelo guitarrista Giovanni Cappeletti, pela bailarina convidada Lisiane Sfair e por Oscar dos Reis. Ingressos antecipados na Escola Tablado Andaluz (fone 32231349) ou na secretaria da Casa da Cultura. Teatro Municipal Pedro Parenti – Casa da Cultura Percy Vargas de Abreu e Lima R$ 20 antecipado e R$ 25 na hora | Dr. Montaury, 1333, Centro | 3221-3697
l Noite de Natal | Música eletrônica. Quinta, dia 24, 23h59 | A festa de Natal virá direto de Barcelona, na Espanha, com a La Terrazza Tour. A festa terá open bar e café da manhã com Constelação. Havana Café R$ 40 a primeira remessa e R$ 60 a segunda (feminino) e R$ 150 a primeira remessa e R$180 a segunda (masculino) | Augusto Pestana, 145, São Pelegrino | 3215-6619 | www. havanacafe.com.br l Tributo a Queen | Rock. Quinta, dia 24, 23h | A banda Agente Ed faz show com repertório formado somente por sucessos do Queen. Roxx Rock Bar R$ 10 ou R$ 8 com nome na lista | Júlio de Castilhos, 1.343, Centro | 3021-3597 l A4 | Pop rock. Sexta, dia 25, 23h | Banda faz show especial de Natal com sucessos do pop rock nacional e internacional e também mostra músicas próprias. Após, o DJ residente Eddy comanda a festa. Portal Bowling – Martcenter R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | RSC-453 Km 2, 4.140 | 3220-5758 | 1.000 pessoas | www.portalbowling. com.br
NATAL
l Coro da UCS | Domingo, 18h e 19h45 | O coro da Universidade de Caxias do Sul homenageia o poeta argentino Ariel Ramirez com o espetáculo Navidad Nuestra. Na Igreja São Pelegrino, o espetáculo começa às 18h, e na de Nossa Senhora de Lourdes, às 19h45. Igreja São Pelegrino Entrada franca | Avenida Itália, 54, São Pelegrino | 3221-2567 Nossa Senhora de Lourdes Entrada franca | Angelina Michelon, 936, N. Sra. Lourdes | 3222-1636
l Rafa Gubert e Tita Sachet | Rock. Sexta, dia 25, 20h | Dupla faz acústico com sucessos nacionais e internacionais. Mississippi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e R$ 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810, São Pelegrino | 3028-6149 | www.msdelta.com.br
FESTIVAL l Manifestasol Movimentação Cultural | Sábado, 14h33 | O evento terá apresentações de Essência Crew B. Boys, Arte Sem Lona, Zingado Percussão, Hayet Escola de Dança, Cine Como Le Gusta e DJs Kauê, Abelhão e César. Serão realizadas oficinas de macramê, pipas, origami, samba de gafieira, malabares, mandalas, musicoterapia e estêncil em tecido. Haverá shows das bandas Ritu Votú, Por Natureza, Multiverso, Barracuda Project, Cucastortas, Ladrões de Diamante, A Célula, Organix, Caixa Azul, Pindorália, Us and Boobs e Lustrando os Trastes. Durante as atividades, terá exposições de arte, feira de trocas, artigos do evento à venda e um debate sobre download de músicas. Largo da Estação Férrea 1 kg de alimento não perecível | Augusto Pestana, s/n
DANÇA l De La Raiz | Sábado e domingo, 20h30 | Tablado Andaluz Caxias do Sul apresenta espetáculo de inspiração nas origens do flamenco, com Stefano
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l Escola de Dança Maristela Gadens e Grupo de Dança Amor Perfeito | Domingo, 17h | Os grupos fazem um espetáculo de danças folclóricas e natalinas dentro das atividades do 19º Encanto de Natal. O Grupo Amor Perfeito é formado por membros da Sociedade Caxiense de Auxílio aos Necessitados (SCAN). Praça Pedavena Entrada franca | Ana Rech
l Trovadores de Natal | Domingo, 18h | Espetáculo do grupo De pernas pro ar, de Canoas, traz apresentação teatral aberta ao público, como comemoração de final de ano do Centro de Cultura. Largo do Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzollo | 3901-1316 Encenação do Presépio Vivo | Terça, dia 22, 9h | Apresentação faz parte do Divino Natal de Criúva. Escola Municipal de Ensino Fundamental Aristides Rech Entrada franca | Linha Santa Catarina, Criúva | 3267-8075 ou 9907-9048 l Chegada do Papai Noel | Quarta, dia 23, 20h | Como parte do Divino Natal de Criúva, serão feitas também apresentação da Árvore Cantante pelo coral da Escola Estadual João Pilatti, encenação do Presépio Vivo, apresentação do Terno de Reis e, depois, haverá visitação aos presépios. Praça central Entrada franca | Criúva l Missa do Galo | Quinta, dia 24, 22h | Antes da missa, será realizada encenação natalina com atores da comunidade e Coral da Matriz. Em seguida,
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CINEMA l 2012 | Ficção. De sábado a quinta, 18h25 e 21h25 | O filme traz mais uma versão do fim do mundo, desta vez marcada pelas previsões maias de que no ano de 2012 o mundo acabará, tomado por catástrofes. Censura 12 anos, 161 minutos, legendado. Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 11 (inteira), R$ 7,50 (Movie Club Preferencial) e R$ 5,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos, sêniors com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional) Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 13 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6,50 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). RSC 453, 2.780 - Distrito Industrial | 3209-5910 l 2012 | Ficção. De sábado a quinta, 14h45, 18h05 e 21h15 | Censura 12 anos, 161 minutos, dublado. Pepsi GNC 2 - Shopping Iguatemi Caxias l A princesa e o sapo | Animação. De sábado a quinta, 14h20 e 16h20 | Jovem que deseja abrir seu próprio restaurante a todo custo se depara com um sapo que diz ser príncipe. Censura livre, 97 minutos, dublado. Pepsi GNC 1 - Shopping Iguatemi Caxias l Atividade Paranormal | Terror. De sábado a quinta, 14h10, 16h10, 18h10 e 20h10 | O filme conta a história de um casal de jovens que, ao se mudar para uma nova casa, passa por experiências paranormais inexplicáveis. Censura 14 anos, 86 minutos, legendado. Pepsi GNC 3 - Shopping Iguatemi Caxias l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 13h, 16h15, 19h25 e 22h30 | Filme em 3D, traz a história de um humano que vai ao planeta Pandora, e lá se encontra com uma raça humanoide chamada Na’Vi. A missão dele é impedir que os Na’Vi atrapalhem a extração de minerais, mas o confronto com os alienígenas fica em segundo plano depois que um deles salva sua vida. Classificação 12 anos, 166 minutos, legendado. Pepsi GNC 4 – Shopping Iguatemi Caxias l Avatar | Ficção científica. De sábado a quinta, 12h45, 16h, 19h10 e 22h15 | Classificação 12 anos, 166 minutos, dublado. Pepsi GNC 4 – Shopping Iguatemi Caxias
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l Encontro de Casais | Comédia. De sábado a quinta, 22h10 | Numa tentativa de salvar o casamento, um casal vai para um resort em uma ilha tropical para participar de terapia de casais. Como forma de ganhar um desconto, eles convidam mais três casais. Censura 14 anos, 113 minutos, legendado. Pepsi GNC 3 - Shopping Iguatemi Caxias
Andy Marshal, Divulgação/O Caxiense
fogos de artifício e nova apresentação do Coral. Igreja Matriz Entrada franca | Avenida Antonio Frizzo, s/n, Santa Lúcia do Piaí | 32661234 | www.santaluciadopiai.com.br
l Jogos Mortais VI | Terror. De sábado a terça, 18h15 e 20h | Sexto filme da franquia que aterroriza brincando com a vida de pessoas. Censura 18 anos, 100 minutos, legendado. UCS Cinema R$ 5,00 | Francisco Getúlio Vargas, 1130 | Galeria Universitária | O UCS Cinema informa que ficará fechado de 23 de dezembro até 31 de janeiro de 2010, voltando às suas atividades em 1° de fevereiro. l Lua Nova| Aventura. De sábado a quinta, 14h e 16h30 | Nova aventura da saga Crepúsculo, do vampiro adolescente Edward (Robert Pattinson), desta vez com uma entrada para o mundo de seus inimigos ancestrais: os lobisomens. Censura 12 anos, 130 minutos, dublado. Pepsi GNC 5 - Shopping Iguatemi Caxias l Lua Nova | Aventura. De sábado a quinta, 19h e 21h40 | Censura 12 anos, 130 minutos, legendado. Pepsi GNC 5 - Shopping Iguatemi Caxias l Matinê Anime Caxias | Anime. Sábado, 15h | Exibição de desenhos e seriados japoneses. Serão apresentados os animes Hayate no Gotoku, Higashi no Éden e School Rumble. Sala de Cinema Ulysses Geremia Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho Entrada franca | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares l Se nada mais der certo | Drama. Sábado e domingo, 20h | Jornalista com problemas financeiros junta-se a uma mãe solteira em depressão, a um taxista que julga precisar de ajuda psiquiátrica e a uma mulher que se veste como homem. Juntos, eles decidem aplicar um golpe. Filme nacional dirigido por José Eduardo Belmonte. Censura 16 anos, 120 minutos. Sala de Cinema Ulysses Geremia Centro Municipal de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho R$ 5 (público geral) e R$ 2 (estudantes e idosos) | Luiz Antunes, 312, Panazzolo | 3901-1316 | 100 lugares l Tá chovendo hambúrguer | Animação. De sábado à terça, 16h30 | Para acabar com a fome mundial, cientista cria clima relacionado à comida, com neve de purê e tempestade de hambúrgeres. Porém, um problema de proporções globais atrapalha seus planos. 88 min., dublado. UCS Cinema
Thais Scherer integra time de DJs que toca sucessos dos anos 80 no Pepsi Club, sábado
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Artes
três classes de
lágrimas de gigantes
por MARCO DE MENEZES há a lágrima ínfima
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que chega à terra como um fim esperado e limpo mas ainda assim é feito roupa nunca usada
Mara de Carli dos Santos
e descoberta ao acaso
| Sem título |
em meio às casacas negras e os cadarços sem par
Uma aproximação com o mundo – é o que propõe a xilogravura. A técnica, que utiliza uma chapa de madeira para reprodução, colabora com a necessidade da artista de usar o espaço a seu favor. A obra foi elaborada para o livro O mundo é o que é, de Gilmar Marcílio.
e essa lágrima limpa pende um filete fluido sempre em contato com o epicanto de seu dono e é um canto de triste essa lágrima pranto
P
AnaTOMIA por MARCO DE MENEZES orto Alegre, 14 de março de 1954. Mui digníssimo senhor. Alegra-me sobremaneira informar que seu filho passa bem. Instalei-o na pensão combinada, nos altos da rua combinada, um internatozinho de natureza familiar de nome Mioranzza, onde o moço poderá passar seus dias de estudo e, destarte, o local fornece três refeições diárias que me pareceram simpáticas. Quanto aos livros despachados, rogo-lhe que verifique se não houve engano na separação dos mesmos, talvez sua esposa tenha, no abafado da hora da mudança, enchido as caixas com material literário, digamos, não afim ao que seu filho deverá dedicar-se. Veja, não vieram os volumes do Gray ou do Spalteholz, que são aqueles que foram emprestados, segundo sei, pelo cirurgião-vascular amigo de vossa família, de forma que o moço não possui livro texto para as aulas da excelsa disciplina de Anatomia, não vamos lá submetêlo a vergonhas assim tão precoces. Em seu lugar encontrei alguns de um tal Henry Miller, livros que considero aliás – somente por um folheio de superfície – um tanto perigosos, e também vieram alguns volumes da coleção Os Pensadores, de encadernação azul-escura, Platão, Thomas Morus e Erasmo de Roterdã, salvo me engano, que de toda sorte pouco contribuiriam neste momento na formação de seu estimado moço. Creio, por suposto, tratar-se de um engano fácil de ser sanado. Mande-me, pela transportadora combinada, a caixa dos livros médicos, que assim que possível lhe remeto os volumes supracitados, os quais com certeza não são de seu moço, talvez de algum familiar que os tenha depositado em seu ancho galpão. Quanto às roupas, senti-me no dever de verificar o conteúdo das bagagens, está tudo certo, só me causou ligeiro estranhamento que todas as peças sejam de cor preta, mas sabe-se lá, esses rapazes são dados a certos modismos passageiros, em breve estará envergando a mais engomada e alva indumentária, como sói ensejar a área em que agora o
mesmo há de embrenhar-se. Os dias aqui estão de um colorido outonal, muito bons para se sair à rua, passear por nossos parques e alamedas, observar os estorninhos que passam em bando, coisas que muito agradariam ao senhor, e faço muitíssimo gosto que venha, assim que possível, para compartilharmos de sua mui sensível companhia. Quanto ao tudo mais, fique tranquilo, mando notícias de quando em quando, mas de antemão digo-lhe que o rapaz me pareceu muito empático, doce até, e lavro por ele um progressivo e amável cuidado, com estes arados que Deus Nosso Senhor nos deu. Saudações positivistas. Esse um seu criado, Dagmaro Felinto. Porto Alegre, 28 de outubro de 1954. Pai. A questão é que me perguntam, pai, padre, o que é, no fim das contas, o mundo, e digo não sei, é este pedaço de osso, tíbia, semilunar, esfenoide, não sei, a curva que a artéria descreve ao escandir-se da fáscia, é isso o mundo, eu digo que não sei. Se me perguntam, pai, padre, o que é o mundo, digo que não sei, como poderia sabê-lo, e isso, esta artéria é a femoral do mundo, é a poplítea, de qual ramo ela advém, e esses vãos vasos venosos e estes nervos, que talvez Bell, que talvez Willis, que talvez Bartolomeo Eustachi, pai, talvez algum anatomista obscuro da medievalidade tenha dissecado, ou sequer Vesalius, o grande, o príncipe dos anatomistas, pai de muitos, nem Nicolaus Steno, que dissecou cabeças de tubarão e que se tornou bispo, pai, padre, virou a face para a ciência como eu viro a minha face calosa de acnes e impinges para a ciência, o mundo é o que eu não sei o que é. E eles me perguntam pai, é isso, por trás das perguntas acadêmicas sempre muito retas, sempre muito limpas, sempre de avental, nem sangue eles têm nas mãos, mãos limpas e que fedem a formol, eles me perguntam de que serve uma parótida, padre, como se dá a circulação dos fluidos, de que é feita uma fáscia, pai, e aí subjaz a pergunta mortal que eu não consigo responder, honestamente não consigo. Abraços, teu filho.
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mas pranto quieto e liso e fixo uma lágrima que ora pelos sobreviventes. há a lágrima vasta manancial enchente catastrófica que deita na terra como uma planta que eclode ao contrário como um basto bólido de cristal amargo um vergalhão nas costas das coisas um capim voraz na relva doce e se quisermos que roupa fosse essa lágrima seria algo como um traje que de tanto uso esvoaça na cordoalha dos varais com a forma do corpo do dono dura mas veloz monolito em transição a raio fluxo que despega olho e pálpebras e mesmo o riso e mesmo a dor que despega as carnes da face que trata de dizer que por trás da máscara há o crânio vazio e nada nada mais é uma lágrima que falta, uma lágrima que falta. há a lágrima terceira mas esta é dos casados, dos feiticeiros e das corujas. é uma lágrima que basta às coisas. Poesia do livro Fim das coisas velhas, da editora Modelo de Nuvem 19 a 25 de dezembro de 2009
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Guia de esportes guiadeesportes@ocaxiense.com.br
Júlio Soares, Divulgação/O Caxiense
Rústicas movimentam guardas, no domingo de manhã, e civis, no sábado à noite
Competidores darão as últimas tacadas do ano no Caxias Golf Club durante o fim de semana
GOLFE l Torneio de Encerramento de Golfe | sábado e domingo, a partir das 8h | O torneio realizado pelo Caxias Golf Club celebrará o fim das atividades do clube neste ano. O campeonato, que é amador, terá disputas em duas modalidades: a 0/18 e a 19/36. Os números indicam a quantidade de tacadas necessárias para colocar o bola no buraco. O jogador precisa fazer duas rodadas completas, somando 18 buracos, para concluir a sua participação. Quem o fizer em menos tacadas é o vencedor. No fim dos jogos será realizada a cerimônia de premiação. O evento é aberto para todos os praticantes do esporte, sendo cobrada uma taxa de R$ 20 para a inscrição. Em média, competem de 20 a 28 jogadores. O campo tem nove buracos e uma área total de 5.866 jardas, pouco mais de 5.360 metros. Além disso, possui áreas com grama alta, morros, bancos de areia e lagos que exigem certa técnica do competidor. Caxias Golf Club Entrada gratuita | Estrada do Golfe, 1.111, Fazenda Souza |
BASQUETE l Jogos Finais do 18º Campeonato Brasileiro de Basquete Sub-15 Feminino | sábado, a partir das 8h |
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Este ano é a vez de Caxias sediar os jogos do Campeonato Brasileiro de Basquete Sub-15. As finais ocorrem neste sábado pela manhã. A atleta caxiense Thais Matté, da UCS/Galópolis/Pupila/Caxias, do Programa UCS Olimpíadas, foi novamente convocada para integrar a seleção gaúcha. O campeonato começou na terça-feira, dia 15. Os jogos da primeira fase foram divididos em dois grupos. As meninas do Rio Grande do Sul enfrentaram as equipes de São Paulo, Maranhão e Santa Catarina, que compunham o grupo A. O grupo B contou com as equipes do Paraná, Pernambuco, Rio de Janeiro e Mato Grosso. Sede Recreativa do Clube Juvenil Entrada gratuita | Rua Marquês do Herval, 197, Centro |
FUTSAL l Final do Campeonato Gaúcho de Futsal Feminino | sábado, 20h | É a primeira vez que uma equipe de Caxias chega à final do Campeonato Estudual de Futsal Feminino. O time Escola Santa Catarina/Prefeitura de Caxias perdeu o primeiro jogo da final por 3 a 1 para a equipe do Chimarrão, de Estância Velha, na casa do adversário. Uma vitória por qualquer resultado leva o jogo para a prorrogação. Mantendo o placar no tempo adicional, o time caxiense consagra-se campeão devido ao melhor retrospecto no campeonato. Centro Municipal de Esportes e
Lazer Professor Joel Bastos de Souza (Enxutão) Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina. Próximo à Casa de Pedra |
FUTEBOL l Finais do Campeonato Municipal de Fubebol Infantil | domingo, a partir das 14h30 | Devido às chuvas, a final do Municipal Infantil foi adiada para este domingo. As equipes do Projeto CAE e do Grêmio Esportivo Conceição se enfrentam na disputa do 3º lugar às 14h30. Mais tarde, às 16h, será realizado o jogo que define o campeão. O Centro de Formação de Atletas Caxias do Sul enfrenta o Esportivo Clube Águia Negra pela disputa do título. O campeonato, disputado por oito equipes, teve início em setembro. Enxutão Entrada gratuita | Rua Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina. Próximo à casa de Pedra |
CORRIDA l 3ª Rústica Noturna: Corrida dos Presépios | sábado, 20h30 | Correr de noite já está virando moda. A terceira edição da rústica noturna tem como tema este ano o Natal. A largada e a chegada serão em frente à subprefeitura de Ana Rech. Ainda estão abertas as inscrições, contudo,
apenas para atletas de fora de Caxias, que podem ser feitas até as 19h no local. É necessário apresentar um documento com foto e doar um brinquedo, que serão encaminhados para instituições de caridade. Os atletas correrão 6.700m, em no máximo 1h. A prova será realizada independentemente das condições climáticas. Os atletas serão divididos em 10 categorias por idade – a primeira compreende jovens de 14 a 17 anos, e a última, pessoas a partir de 60. Subprefeitura de Ana Rech, prefeitura de Caxias, Samae, Codeca, 12° BPM e Academia Vida Ativa apóiam o projeto. Praça Pedavena Inscrição: 1 brinquedo | Av. Rio Branco, s/n, fundos da praça | Em frente à subpreitura de Ana Rech | l Rústica de Integração da Guarda Municipal | domingo, 9h30 | A rústica em comemoração ao 12º aniversário da Guarda Municipal da Caxias do Sul será realizada neste domingo. Integrantes das guardas municipais de Porto Alegre, Novo Hamburgo e Esteio, além da anfitriã, inscreveram-se para a competição. A Brigada Militar de Caxias também participará do evento. As categorias disputadas serão 2.500m masculino e feminino. Na última edição, os competidores de Vacaria foram campeões. Enxutão Entrada gratuita | Rua Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina. Próximo à casa de Pedra |
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Maicon Damasceno/O Caxiense
Bastidores alviverdes
Arquiteto foi presidente do Juventude em 1999, ano da conquista inédita da Copa do Brasil contra o Botafogo, e em 2000
As escOlhAs
scOlA que leVARAm A
e
por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br
Novo presidente, indicado pelo Conselho Consultivo do Juventude, terá a missão de tirar o clube da 3ª Divisão
que fica no cargo até 31 de dezembro, Sérgio Florian, o Conselho Consultivo foi reativado. Isso porque em 2008, m julho, poucos juventudistas pen- no primeiro mandato de Florian, o savam em quem poderia ser o presi- grupo não se reuniu. “No início desdente que iria comandar o clube em te ano, Florian nos procurou e pediu 2010. E menos ainda a reativação do Consepoderiam prever que lho. Ele participou dos o time teria um de- A situação encontros e discutiu o sempenho tão fraco na financeira do futuro do clube”, conSérie B a ponto de ser ta o coordenador do rebaixado para a 3ª Di- clube piorou em Consultivo, Alfredo visão do Campeonato 2009. Nas duas Sehbe. O comandante Brasileiro. Mas foi em gestões de Sérgio do Ju em 1978 recorda julho que começou o Florian, a dívida, que, tradicionalmente, trabalho do Consecabe ao presidente falho Consultivo, grupo até outubro, era zer o seu sucessor. “Eu formado por 16 ex- estimada em fiz isso com João Fasopresidentes que tem a R$ 9,4 milhões li, e este com o Adelar função de assessorar a Santarem. O nome que presidência alviverde. Florian queria era o de Os ex-dirigentes, que encaminharam a Marcos Cunha Lima”, explica Sehbe. formação de uma chapa que saiu ven- Cunha Lima é um nome de consenso cedora na eleição realizada na noite da dentro e fora do Estádio Alfredo Jacoúltima quinta-feira, foi fundamental ni – tanto que foi presidente por sete para que Milton Scola recebesse oito anos (1992 a 1995 e 2002 a 2004). votos a mais que José Antônio Boff, o Entretanto, as atividades profissioBoffinho. Scola será, pela terceira vez, nais impediram que o preferido ocuo presidente do Ju. passe o cargo pela oitava vez na históEm julho, a pedido do presidente ria do clube. Uma comitiva visitou o
tabelião em seu escritório em algumas oportunidades, mas a mobilização não surtiu efeito. O segundo nome cogitado para suceder Florian era o do empresário Rudimar Borelli. Em um jantar com ex-presidentes, Borelli teria apresentado algumas pré-condições para assumir: “A permanência do Ju na Série B e o conhecimento dos dados gerais da instituição, inclusive financeiros”, revela Sehbe. Borelli acabou declinando do convite, também alegando compromissos profissionais. A partir desse momento houve um hiato, e o Conselho Consultivo começou a pensar em um novo nome. Tropeços inesperados ao longo do semestre culminaram com o rebaixamento do time para a Série C, a situação mais difícil da história do Juventude. Negociações com investidores e de atletas foram seriamente comprometidas. Portas foram abertas nos 13 anos em que o clube permaneceu na 1ª Divisão. Agora, foram abruptamente fechadas. Quem perde – e essa é uma opinião da maioria dos ex-presidentes – também é Caxias do Sul, que tinha mídia gratuita com o destaque
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do clube. “Acho que ocorreram dificuldades enormes nos últimos dois anos. A atual gestão recebeu o clube sem dívidas e, em dois anos, o quadro tornou-se preocupante. Em minha opinião, 50% das pessoas que atuam no futebol são movidas pela paixão. A outra metade, pela vaidade. Não existe razão”, desabafa Sehbe, que pretende deixar a coordenação do Conselho Consultivo no final do ano. A partir da queda para o abismo da Série C, que não reserva verbas de transmissão de jogos muito menos viagens custeadas pela Confederação de Futebol (CBF), o panorama mudou completamente no Jaconi. Antes disso, em 27 de outubro, deveria ter sido realizada a eleição do novo presidente. O processo eleitoral foi transferido para o dia 3 de dezembro devido à falta de candidatos. Na data marcada, novamente o pleito não ocorreu – e pelo mesmo motivo. Oficialmente, nenhuma chapa fora inscrita. Extra-oficialmente, duas chapas estavam com a nominata formada e a da oposição (Joelci Padilha) não se inscreveu pelo fato de a da situação (José Antônio Boff) ter “desistido”.
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aberta assinada por 16 ex-presidentes, Scola foi eleito o novo presidente – Boo Conselho Consultivo opinou que “as ffinho teve 56. dificuldades financeiras serão superaScola e Boffinho aguardaram o redas com muitos sacrifícios, com o en- sultado sentados, distantes um do xugamento de vagas nas mais diversas outro e rodeados de conselheiros simáreas do clube. Assim, não poderemos patizantes. Scola, de vez em quando, cobrar milagres da próxima gestão, conversava rapidamente com seu vice que buscará uma nova realidade com de futebol, Juarez Ártico. “Sabíamos equilíbrio entre receita e despesa, prio- que, se ganhássemos, a diferença serizando os déficits dos últimos anos e ria pequena. Trabalhávamos com o compromissos indispensáveis para a número de 88 votos. Pretendemos dicontinuidade do clube”. O documen- minuir o déficit e equilibrar a receita to encerra desta forma: “O Conselho e a despesa. Nossa proposta é montar Consultivo, atendendo a todos os seg- um time jovem, com a gurizada das mentos e anseios da família esmeral- categorias de base, mesclando alguns dina, apresenta apoio à chapa liderada jogadores experientes que nossa viabipelo dirigente campeão Milton Scola”. lidade financeira permitir”, prometeu O primeiro mandato de Scola como Scola. presidente foi em 1999, ano da maior O novo presidente, empossado após conquista do time, a Copa do Brasil. O o pleito e que oficialmente ocupará o segundo foi em 2000. Antes, em 1998, cargo a partir de 1º de janeiro, tamna conquista do Gauchão, integrou o bém quer o apoio da torcida – o dos departamento de futeconselheiros, pelo mebol do então presidente nos da maioria dos apA ideia de formar tos a votar, ele tem. A Gastão Brito. O Salão Nobre do Ja- um grupo de principal palavra desconi, ocupado por mais consenso, que tacada nas entrevistas de 160 pessoas, pulsaunião. “Clube e seria apresentado foi va desde as 19h30 de torcida precisam estar quinta-feira. Durante dois dias antes juntos para encarar a contagem dos votos, da terceira esse desafio. O maior muitos conselheiros sa- tentativa de patrimônio do Ju é a íram para fumar, junto sua torcida. Teremos eleição em 2009, ao acesso às cadeiras de ser criativos para fido estádio. Também do fracassou delizar os associados.” lado de fora um gruNas entrevistas, Scola po de 20 torcedores, a pediu um prazo ao tormaioria integrante da Mancha Verde, cedor alviverde: “Seis meses. Peço seis acompanhou o processo. Às 22h o meses para implantar minha proposta presidente do Conselho Deliberativo de trabalho”. O prazo vai até 30 de juanunciou o nome do executivo que irá nho de 2010. Ou seja, em julho, tudo liderar o clube em 2010. Com 64 votos, deve estar diferente no Juventude.' Maicon Damasceno/O Caxiense
Segundo o presidente do Conse- meros oficiais foram divulgados por lho Deliberativo, Francisco Rech, por Florian. Em 2008, o caixa fechou com orientação do Conselho Consultivo as R$ 2,75 milhões negativos. Neste ano, inscrições não aconteceram. O plano a situação piorou: de janeiro a outubro era montar um grupo de consenso, o déficit passou dos R$ 6,64 milhões, que seria apresentado acumulando, nas duas no dia 15 de dezemgestões de Florian, R$ bro, dois dias antes da “O nome que 9,4 milhões. No ano terceira tentativa de passado o Ju teve reFlorian queria eleição em 2009. A proceita de R$ 13,53 miposta de buscar uma era o de lhões e despesa de R$ unanimidade havia Marcos Cunha 16,28 milhões. sido apresentada aos Lima”, revela Em 2009, até outuconselheiros no dia 3 bro, gastou o dobro Alfredo Sehbe, de dezembro, em reu(R$ 12,71 milhões) nião do Conselho Deli- coordenador do que arrecadou (R$ do Conselho berativo. 6,06 milhões). Para Desde então, os ex- Consultivo este ano a previsão de presidentes do Conreceita contempla ainselho Consultivo se da R$ 4,05 milhões da reuniram quase que diariamente para venda de jogadores. Com isso, a previdefinir um candidato. Nova tentativa são de Florian é que o resultado negafoi feita com Cunha Lima, sem suces- tivo ao final do período seja de pouco so. Walter Dal Zotto Júnior (presiden- mais de R$ 6 milhões. O documento te em 2001 e 2005) e Milton Scola eram apresentado pela atual gestão também os principais apontados nos bastidores cita que o gasto médio mensal com o do estádio. No dia 15, data limite para futebol profissional foi de R$ 828 mil, protocolar a chapa, para surpresa de sendo R$ 388 mil com salários de atleSehbe, foi apresentado um segundo tas. O Juventude ainda tem a receber grupo, da situação, para concorrer à da incorporadora paulista Abyara, que presidência. Uma nova página era es- comprou a antiga sede campestre no crita na história do Ju: pela primeira final de 2007, R$ 14,37 milhões, divivez em 96 anos de fundação seria rea- didos em 20 parcelas. O valor total da lizada uma eleição para presidente. venda, na gestão de Iguatemy Ferreira Filho, foi de R$ 52,62 milhões. A dificuldade em convencer o suposto candidato também teve inApós a definição dos candidafluência financeira. O Conselho Con- tos para a terceira tentativa de eleição sultivo solicitou à atual direção uma – Milton Scola e José Antônio Boff, o prestação de contas, pois os boatos Boffinho (atual vice-presidente de pasobre a dívida do clube aumentavam trimônio do Ju) –, o trabalho nos basa cada dia. Na noite do dia 9 os nú- tidores foi ampliado. Em uma carta
Chapa de oposição encabeçada por Scola venceu a da situação, que tinha como candidato José Antônio Boff, na noite da última quinta-feira
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Sementes grenás
Antes de enfiar 4 a 0 no adversário e ganhar a Copa Serrana Sub-17, garotos do Caxias se reúnem com Edinho no vestiário
VISITA AO
NINHO
DO FALCÃO
E
por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br
dinho olha para o relógio, esfrega as costas da mão na testa, enxuga o suor e grita: “Aqui embaixo! Desce por aqui!”. Apressado, desce as escadas que saem do coração do Estádio Francisco Stedile, chamado carinhosamente de Ninho do Falcão Grená, e chega ao gramado. Atravessa o campo a passos largos, em direção à linha de fundo, rumo ao campo suplementar. Como um habilidoso e ágil camisa 10, Edinho dribla o repórter no círculo central e parte então para a lateral. Como um volante desconcertado o repórter se recompõe como pode, apressa o passo e tenta seguir no encalço do veloz Edinho. “Vem, vem. Pode entrar”, avisa, sem olhar pra trás. Dentro do vestiário, dezenas de garotos vestem calção e meias grená e chuteiras de várias cores. “Caraca, vai jogar de brinco?”, questiona Edinho, repreendendo um dos jogadores. Rapidamente o garoto tira o brinco, parecido com o que usa Robinho, atacante da Seleção Brasileira. A ansiedade na tarde quente de terça-feira não era só porque a garotada tinha mais um jogo pela Copa Serrana Sub-17. A inquietude revelava a tensão dos poucos minutos que antecediam a finalíssima do campeonato.
Antigo departamento de futebol amador moderniza-se, volta a receber incentivo do clube e promete formar craques dentro e fora de campo
Um empate daria o título ao Caxias – na partida anterior o esquadrão grená sub-17 já havia vencido a Associação Nova Prata na casa do adversário, por 2 a 0. Mesmo atencioso com a equipe de reportagem, Edinho olhava ao longe, vislumbrava vencer a partida e assim conquistar o segundo título em seis meses de trabalho. Porque quem vive do futebol sabe que um jogo não é só mais um jogo. Cada apito final de uma partida pode decretar também o fim de uma carreira. O alegretense Edson Machado, 49 anos, é mais conhecido no mundo da bola como Edinho. É um cara brincalhão e bem-humorado. Mas também joga duro se for preciso. Marca em cima a garotada, porque entende como é fácil ser displicente nessa idade. Uma dose de paciência e outra de disciplina parecem ser a fórmula de Edinho. Da bola, ele entende. Sabe que, se bater bem nela, com habilidade e respeito, ela não fica rebelde. Tratando a bola como ela merece é possível conduzi-la até onde Deus duvida. Pelo menos é o que reza a filosofia do futebol. Edinho é tarimbado. Passou por diversos clubes, do Internacional ao São Paulo. Do Bragantino, time do interior paulista, ao Estudiantes, de Altamira, no México. Por onde passa acaba levando um troféu pra casa. Tem título
de campeão da Copa São Paulo de Ju- conquistas passadas. Há seis meses, niores e também de estadual da mes- felizmente, iniciou o processo de reama categoria. Se fosse preciso listar os bilitação desse órgão vital. Rebatizado clubes e títulos nesta reportagem, não de Departamento de Futebol Formatisobraria espaço pra revelar um pouco vo, e carinhosamente conhecido como dessa garotada que hoje alimenta o so- Ninho do Falcão Grená, esse coração nho de vencer na vida. Sonho tão pre- pretende reconduzir o Caxias ao faro sente, e ao mesmo tempo tão distante do gol e, consequentente, aos títulos. na vida de tantos garotos Brasil afora. Mas no meio do caminho de um tíOs sonhos de Edinho no Caxias são tulo tem sempre uma pedra. Não a peilimitados. Soa estranho ouvir isso, dra de Drummond, o poeta, mas uma mas Edinho – mesmo pedra a ser lapidada. há apenas seis meses Lapidar um garoto trabalhando no Caxias “O Caxias não é apenas extrair – diz que se depender tem uma dele a melhor técnica, dele não sai mais do cluo melhor passe, ou a be. “Em função da mi- estrutura disciplina tática. Esse nha confiança no presi- sólida. trabalho de ourives dente (Osvaldo Voges), Melhor do que é formar o homem, o meu projeto no Caxias muitos clubes cidadão, não apenas é ilimitado. Aqui tenho o jovem atleta. “Priosolo fértil pra trabalhar de Série B rizamos a formação por muitos anos. O Ca- ou Série A”, do homem. De todos xias tem uma estrutura diz Edinho os garotos que estão sólida. Posso dizer que aí vamos revelar de é uma das melhores do 35% a 40%. Essa é a Brasil, até melhor do que muitos clu- média geral. Claro, por trabalharmos bes de Série B ou Série A”, compara. com qualidade, e não com quantidade, podemos até ter mais. Mas em tese O estádio Francisco Stedile, sempre perdemos 60% e por ‘n’ fatoou Centenário, não é apenas o pal- res. Por isso, priorizamos a formação co onde são realizados os jogos do do caráter. Nós obrigamos o atleta a Caxias. Dentro do clube pulsa um estudar, fazer curso técnico e curso de coração que andava debilitado, esta- línguas”, defende Edinho. fado, mas que já bateu acelerado por No Caxias, pelo menos desde que
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chael falar da família e se emociona. “Não estaria aqui se não fosse a minha família. Sei que muitas vezes eles gastaram comigo até o que não podiam pra que eu pudesse jogar futebol. Penso sempre em evoluir e aumentar meu salário pra ajudar eles”, agradece César. “Se não fosse pela minha família eu já tinha parado de jogar futebol”, diz Michael, como se tivesse sido resgatado do limbo, rumo ao paraíso.
por trazer outro jogador para a mesma função daquele que está na categoria de base do clube, vamos ter de dispensá-lo ou emprestá-lo a algum outro clube”, revela Edinho. O gerente de futebol formativo do Caxias parece tratar o assunto com frieza, mas essa frieza, na verdade, é profissionalismo. Além disso, baseia-se na lógica. Porque a fila anda. Sempre. Se dois novos atletas são incorporados a uma categoria, dois precisam sair. “Temos como comportar 50 atletas na categoria formativa. Não mais. Porque nosso foco é qualidade, não quantidade”, justifica Edinho.
Às vezes, o paraíso não é o futebol. E não é pelo salário. Porque no Caxias um garoto de 16 anos que assina contrato com o clube ganha o mínimo de R$ 650. “Quer ver uma coisa? Meu filho jogou oito anos no JuventuUm dia depois da vitória do de. E sabe como é, no futebol às vezes Caxias sub-17 sobre a Associação tem panelinha e daí só joga o filho do Nova Prata por 4 a 0, Edinho viajou Beltrano. Quando meu filho jogava lá, para a cidade do time derrotado. “Anficava no banco porque no lugar dele tes de viajar a São Paulo, de férias, fui tinha um filho de bacana que jogava a Nova Prata buscar dois atletas da Asde zagueiro e pulava duro como uma sociação pra jogarem no Caxias. Esse tábua. Aí chamei meu filho e disse: ‘o já é o início daquele novo trabalho que pai vai te comprar um material bem te falei naquele dia do jogo, do deparbala e tu vai voltar a estudar’. Dito e tamento que vai buscar novos talentos feito, meu filho, que tem 20 anos, vai pelo Brasil a partir de 2010”, antecipa se formar ano que vem em engenharia Edinho. E que essa busca por novos mecânica.” talentos seja também a de formar ciEssa história é contadadãos, como ele deda por Ivanir Valandro fende. Saraiva, 59 anos, o moPorque, como entorista do ônibus que Um dia depois sina Ivanir, do alto leva os jogadores do de vencer a de sua baixa formaCaxias para os treinos Associação ção escolar, às vezes fora do estádio. Ivanir é melhor largar da Nova Prata, conduziu o filho para bola e correr para um outro campo. Apo- Edinho viajou uma biblioteca. Porsentado pela Petrobras, à cidade do que driblar uma porta não seguiu transpor- time derrotado. na cara não é fácil, a tando petróleo da base menos que o barrado Trouxe 2 atletas de Canoas porque não possa se socorrer nos terminou o segundo para o Caxias livros. Mas como o asgrau. Felizmente o jogo sunto é a bola e as mana vida do seu filho viravilhas que um atleta rou. Mesmo fora do campo, o filho de bem preparado pode fazer com ela, Ivanir marcou um golaço pro pai. que o Caxias possa investir cada dia “Agora começa uma fase que cha- mais na Escola Técnica de Formação mamos no futebol de funil. Os atletas de Atletas de Futebol. Quem sabe não de último ano da categoria sub-20, tenhamos aqui uma revelação como o com idade mais avançada, serão ava- Dr. Sócrates, do Corinthians, um craliados. Se o treinador quiser optar que em campo e também fora dele.
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Edinho assumiu a formação de atletas, chegada. Acabou vindo pro Caxias e a garotada vai mesmo pra sala de aula. me convidou pra vir também”, recorSentados na cadeira, estudam a teoria da Michael, que divide o quarto com do esporte. Mesmo que eles achem es- o goleiro César e o zagueiro Diego tranho, é no quadro negro que o futu- Piva. César Roberto Johner, 17 anos, ro deles se desenha. O nasceu em Estância Departamento de FuVelha. Num desses dias tebol Formativo ocupa “Fui ver tão estranhos que toda parte do segundo an- minha família sorte é encarada com dar do estádio Frandesconfiança, César cisco Stedile. Edinho quando nos foi convidado a ir para revela que a estrutura deram férias, Porto Alegre fazer um comporta até 40 atle- mas antes teste no Grêmio. Acatas morando no está- disso fazia bou ficando no tricolor dio. São quartos bem por três anos e meio. equipados, com três uns dois anos Depois, foi para o Vascamas tipo box cada que não via”, co. Mas não teve uma um e banheiro para conta Michael boa passagem pelo cluuso comum. Tudo nobe carioca. vinho, com cheiro de reforma. A garotada recebe ainda três “Não gostava muito de lá, nem a refeições diárias. comida era boa”, recorda César. “Aqui é bem melhor, somos todos amigos. “Não penso em guardar dinhei- Nosso quarto está sempre cheio de ro pra alugar apartamento, porque é gente, não agora porque o pessoal está muito caro. Além disso, aqui tem a tia treinando e a gente, que tem fisioteraque lava e troca os lençóis uma vez por pia, vai descer daqui a pouco. A galera semana e também lava nossa roupa”, vem pra cá e fica jogando videogame, entrega Michael Silva Pinto, mato- vendo filme. Às vezes é tanto barulho grossense de 18 anos. Michael jogou que o guardinha lá de baixo vem peeste ano a Copa Arthur Dallegrave dir pra gente fazer silêncio”, conta. A pelo Caxias. Apesar da pouca idade, cobrança em campo é de adulto, mas já pode ser chamado de andarilho fora ainda sobra tempo pra resgatar do futebol. Com 15 anos saiu da casa uma certa infância perdida. dos pais, na cidade de Sinop, no Mato César e Michael aprenderam desde Grosso, hoje com 100 mil habitantes e cedo a se virar. Por isso é natural que distante 500 km de Cuiabá. eles ainda tenham na figura da tia que Michael saiu Brasil afora sendo lava suas roupas e lençóis, ou na tia guiado pelo faro da bola rolando no da cozinha, uma salvaguarda. As tias, gramado verde. Num belo dia acordou como as chamam, são a única figura no Santos de Pelé. Aí vem um conhe- feminina próxima deles. E é essa únicido e avisa que noutro time tem uma ca presença feminina que cuida, que vaga e que lá ele poderia ter mais su- ainda os faz lembrar como é bom ser cesso. E lá se ia Michael atrás do sonho filhos e receber cuidados da mãe. Não da bola. E assim foi, como se fosse um se trata de substituir a figura materna, caçador de diamantes, peregrinando mas de mantê-la viva. de cidade em cidade, até chegar em “Fui ver minha família quando nos Caxias do Sul. Antes de ser levado ao deram férias, depois do fim da Copa Caxias, teve uma breve passagem pelo Arthur Dallegrave, mas antes disso faJuventude. zia uns dois anos que não via. Agora, “Nem cheguei a jogar no Juventude, no Natal, como vamos ter poucos dias, porque o Ademir dos Reis, que treina- não compensa ir pro Mato Grosso”, va lá o time, saiu logo depois da minha desconversa Michael. César ouve Mi-
César (E) e Michael compartilham com outro colega um quarto no Estádio Francisco Stedile
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Renato Henrichs
renato.henrichs@ocaxiense.com.br | www.ocaxiense.com.br/renato-henrichs
Outros culpados
A surpreendente declaração do ministro Tarso Genro, da Justiça, na reuniãoalmoço extraordinária da CIC, é uma tentativa de apagar posicionamentos do passado. Para o pré-candidato do PT ao governo do Estado, a falta de segurança não é resultado da pobreza (e, por extensão, da necessidade de reformas sociais), mas da cultura da violência e da estética da morte, abraçadas pela sociedade. Tarso deixa o Ministério da Justiça em fevereiro para dedicar-se, com exclusividade, à campanha eleitoral.
Inconstitucionais
Será na próxima terça-feira a sessão extraordinária da Câmara que vai avaliar dois projetos que sofreram pedidos de vista na maratona realizada terça-feira – um trata de obrigações dos futuros conselheiros tutelares; outro dispõe sobre formas de cobrança de pavimentação de ruas. Na primeira sessão extraordinária realizada, os vereadores analisaram 42 projetos – e rejeitaram 21. Talvez em função da pressa, ficaram evidentes as contradições das votações. Alguns pareceres aprovados levam à necessidade de os vereadores analisarem melhor os problemas inconstitucionais que determinados projetos possam ter. E outros, rejeitados, pedem a mesma providência.
Opção ferroviária
Vencedora da licitação aberta pelo Ministério dos Transportes, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) pretende iniciar de imediato o estudo de viabilidade da reativação da linha férrea entre Caxias do Sul e Bento Gonçalves, o famoso (e enrolado) trem regional. O levantamento determinará, entre outras coisas, se a proposta de reativação do trem regional é, de fato, viável e se sua utilização será para o transporte de carga ou de passageiros. A instituição vai levar R$ 400 mil só para realizar esse trabalho - e outro tanto para verificar o potencial de uma possível reativação da linha ferroviária entre Maringá e Londrina, no Paraná. Tanto lá como aqui a linha férrea foi engolida pela opção brasileira, ainda nos anos JK, de privilegiar a malha rodoviária e, com isso, garantir a sustentação da indústria automobilística.
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Não foi por acaso que a Reitoria da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS) pediu a participação de lideranças regionais no encontro que manteve esta semana com a Comissão Temporária Pró-Universidade Pública da Câmara de Vereadores. Tudo levar a crer que a UFRGS, dentro de seus planos de expansão, tem um lugar para a Serra gaúcha – não unicamente para Caxias do Sul. Para exemplificar: dentro desse plano desse expansão, a instituição vai oferecer, em Tramandaí, cursos na área de energia eólica.
Se tem multa milionária, então o contrato é para 20 e não para 10 anos Vereador Renato Oliveira (PC do B), antes da aprovação da proposta de prorrogação do contrato com a Visate
perguntas para
Cleodes Piazza Júlio Ribeiro
A professora e pesquisadora aposenta-se após quase 45 anos lecionando na Universidade de Caxias do Sul. Ela começou a trabalhar na UCS em 1° de agosto de 1965. Após tanto tempo, foi dificil tomar a decisão de aposentar-se? Clifford Geertz, um dos intelectuais que têm orientado meu trabalho etnográfico e acadêmico, diz que não há nada mais inadequado a uma vida acadêmica do que a luta para não abandoná-la. Mesmo ele conclui: “Pelo menos tive tempo de construir a minha própria lenda!” Ora, assim eu encerro minha carreira na UCS: de bem com a vida, construí minha lenda. O que isso significa? Significa ter novos projetos e finalmente poder cultivar as relações que foram cultivadas ao longo dessa trajetória de quase meio século. Lembro de duas fases, dois momentos marcantes: estava presente, como professora, na cerimônia de fundação e
instalação da Universidade de Caxias do Sul e, como chefe de gabinete, participei das solenidades comemorativas aos 40 anos da instituição. Nesse período, recebi dois prêmios Rodrigo Mello Franco de Andrade, fui agraciada com o título de Cidadã Caxiense (uma das maiores honrarias que recebi), fui patrona da Feira do Livro de Caxias, o título de “cavallieri” da República italiana... Tudo isso é resultado de minha carreira acadêmica.
Não custa repetir
O diretor da Visate, Fernando Ribeiro, rompeu o eloquente silêncio (segundo a empresa, para não interferir no processo) para comemorar e agradecer a conquista da prorrogação do contrato de concessão do transporte coletivo. E deixou bem claro: redução das tarifas, tão lembrada nas discussões realizadas na Câmara, só com subsídios oficiais e uma revisão no atual sistema de benefícios. Segundo Ribeiro, 25% dos passageiros dos ônibus urbanos não pagam a tarifa. Essa gratuidade, claro, tem um preço. E quem paga por ele são os outros usuários.
Confiança no futuro da instituição? É bom que haja renovação. Os jovens precisam assumir seu lugar na História. Mas que tenham o mesmo empenho que nós tivemos na construção da Academia.
Carga pesada Maicon Damasceno/O Caxiense
A Companhia de Desenvolvimento de Caxias – Codeca – quitou esta semana a última parcela de impostos atrasados, herdados da administração da Frente Popular. O valor total da dívida (impostos em atraso no ínicio de 2005) era de R$ 3,37 milhões. Com a negociação feita pela direção atual da empresa, a dívida de PIS e Cofins foi parcelada. A última parcela teve desconto de 50%, de acordo com o Refis negociado com o governo federal, com base na Lei 11.941/2009.
Expansão regional
Luiz Chaves/Divulgação/O Caxiense
Compromisso honrado
Cobertor curto
Há 40 anos a Brigada Militar realiza a chamada Operação Golfinho, E há 40 anos não conseguiu planejá-la (talvez porque os governos não deixam). Todo fim de ano é a mesma loucura: a corporação transfere pessoal, viaturas, equipamentos, armamentos para o Litoral. De acordo com colaboradores da Brigada, não há um planejamento que preveja quantos soldados e que tipos de equipamentos serão necessários e para qual localidade os transferidos irão. Pela parte do governo estadual, não há previsão de aquisição de recursos específicos para essa operação. Eles são retirados das várias unidades da Brigada Militar, que já não contam com meios para realizar o mínimo necessário. Do policiamento de Caxias do Sul foram deslocados, nos últimos dias, 15 policiais para o Natal Luz de
Gramado, mais 15 policiais militares que trabalharão durante todo o veraneio como salva-vidas e mais 50 que atuarão no policiamento das praias. Com isso, obviamente, Caxias fica a descoberto. E – seria cômico se não fosse sério –, com a realização da Festa da Uva, a partir de fevereiro, será a vez de Caxias do Sul receber soldados de outras regiões do Estado. Eles vêm trabalhar aqui recebendo diárias baixíssimas e, ainda pior, sem conhecer a cidade, as características e peculiaridades do evento. Uma forma de minimizar os problemas por essa situação seria pagar horas-extras aos policiais que ficam na cidade. Mas, justamente neste período, elas foram reduzidas e transformadas em diárias para pagar aos PMs que vão trabalhar no litoral...
w w w . o c a x i e n s e . c o m . b r
Federações de empresas de logística e transporte de carga, de caminhoneiros autônomos e de taxistas publicaram esta semana outra nota a respeito das mudanças que o governo do Estado pretende fazer nos pedágios comunitários. Ao lado de diversos sindicatos de empresas de transporte, inclusive o Sindicato das Empresas de Veículos de Carga de Caxias do Sul, as entidades perguntam: - O pedágio comunitário é o melhor modelo. Por que o governo estadual quer mudá-lo? - A quem interessa acabar com o único modelo de pedágio que duplicou rodovias do RS com preços justos? A publicação da nota indica que a tendência de privatização dos pedágios comunitários voltou com carga total.
Pedetistas
A eleição de Harty Moisés Paese para a presidência da Câmara de Vereadores não significará qualquer mudança nos planos de Alceu Barbosa Velho. O vice-prefeito está disposto a concorrer a uma vaga para a Assembleia Legislativa no ano que vem, formando dobradinha com Kalil Sehbe Neto, que pretende brigar por um lugar ao sol na Câmara dos Deputados.
19 a 25 de dezembro de 2009
O Caxiense
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Fotos
A fotografia digital mudou o modo
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