Edição 31

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André T. Susin/O Caxiense

Caxias do Sul, julho de 2010 | Ano I, Edição 31 | R$ 2,50

AIDS: O RISCO DE CONTAR COM A SORTE Com o avanço da medicina, a epidemia da doença já não parece tão assustadora – e justamente por isso continua tão perigosa

Padre Giordani: o sacerdote inabalável | Quadrinhos: histórias do Brasil na Copa, da euforia à tragédia | Roberto Hunoff: é tempo de inaugurações | Renato Henrichs: a campanha eleitoral e o Legislativo local


Índice

www.OCAXIENSE.com.br

As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4

Temporada de inaugurações no comércio

Templo do consumo | 5

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Caxias do Sul, junho de 2010 | Ano I, Edição 30 | R$ 2,50

DA

Roberto Hunoff: o otimismo do comércio não se abala | Renato Henrichs: a questão que deveria prender a atenção de Yeda em Caxias | A Copa em Quadrinhos: os vilões e heróis do Mundial | Imigração africana: Caxias acolhe estudantes e esperanças

André T. Susin/O Caxiense

A Semana | 3

ÁFRICA CAXIAS

PARA

A missão técnica enviada à Copa do Mundo voltou otimista: a cidade tem boas condições para ser subsede em 2014. E já sabe o que fazer para aumentar ainda mais suas chances

Grupo israelense investe R$ 100 milhões no San Pelegrino, uma promessa de sofisticação

Marta Detanico

André T. Susin/O Caxiense

Alerta de saúde | 7

Sensacional a edição. O Caxiense cada vez se superando mais e mais. Parabéns mesmo. Isto é jornalismo inteligente e com conteúdo.

O vírus da despreocupação enfraquece o combate à Aids

Razão social | 10

Categoria de empreendedor individual viabiliza o trabalho formal Acervo da Igreja de São Pelegrino/O Caxiense

A Copa em Quadrinhos | 12

@cristiansr @ocaxiense Todos os caxienses deveriam ler a reportagem sobre maus-tratos aos animais. Edição nota 11, 10 é muito pouco. Parabéns #edição30

O Brasil moleque e o fim da Era Dunga

Fé memorável | 14

O centenário de nascimento do padre Giordani

Guia de Cultura | 16

O cemitério colorido de Selister e a morte de Quincas no cinema

Artes | 18

@thamigriebler @ocaxiense Parabéns pela matéria e fotos! me emocionei muito ao ver o audioslide. #maustratosdeanimais @viniciusbusatta @ocaxiense Parabéns pela edição desse final de semana! #edição30

@danieldalsoto @ocaxiense Muitas capas acima da média! Difícil escolher, mas eu ficaria com a capa da 1ª edição, q marcou a chegada de um novo jornal! #enquete

Uma canção em versos despedaçados e um traje de retalhos costurados

Volta da praia | 19

O Caxias suou a camisa no litoral para revelar a Julinho pontos fracos e fortes

@Calebeborges O @ocaxiense tem as melhores notícias, com os melhores assuntos e o melhor website em organização de informações. SIGAM!

Copa 2010 | 20

Sonhos de Elano e Natanael e travessuras de Blatter, Teixeira e Havelange

Guia de Esportes | 21

Enquanto o Brasil se despede da África, o futebol amador movimenta campos e quadras de Caxias

Parabéns ao O Caxiense, o jornal que todos podem ler. Se todos tivessem consciência de participar de um projeto tão bom... Osni Carloni

NO SITE

Humor em Massa | 22

Adega da Memória – Edição 3 | Cumprimentos ao editor. Não resido em Caxias há 40 anos, no ano passado entrei na Adega dos Andreazza. Um marco vivo, sem igual, da história de uma das famílias que bravamente ajudaram a construir a nossa Caxias do Sul! Jose Andreazza Sehbe

O que o massagista do Juventude guarda dos seus 20 anos de clube

Renato Henrichs | 23

Como fica a Câmara caxiense em tempos de campanha eleitoral

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Confira em www.ocaxiense.com.br um vídeo com imagens raras do padre Giordani em diversas atividades nas décadas de 50 e 60 e nas comemorações de seu jubileu de prata, em 1964. Os filmes originais, em 16mm, foram disponibilizados pela Associação Arte e Cultura Aldo Locatelli e digitalizados pela Spaghetti Filmes.

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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O Caxiense

3 a 9 de julho de 2010

Agradecemos | Andréia Lúcia Susin, Gélson Frosi (Magrão) e Sociedade Recreativa São Pelegrino.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Maiara Calgaro, Divulgação/O Caxiense

paula.sperb@ocaxiense.com.br

Douglas Trancoso, Divulgação/O Caxiense

Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

editado por Paula Sperb

A Semana

Três licitações para reforma do Som & Luz; 15 prêmios do Ballet Margô Brusa; um projeto que busca soluções para inquéritos

SEGUNDA | 28 de junho Justiça

MP busca solução rápida em inquéritos A Justiça é cega, mas está sofrendo é com o excesso de processos sem solução que carrega nas costas. Somente na Vara de Família de Caxias cada juiz tem 38 mil processos. Para aliviar o peso desta carga, o Ministério Público atuou nesta semana no Projeto Conciliar, que promove audiências de uma hora para tentar resolver problemas sobre os quais o MP abriu inquéritos, mas não processos. Os promotores Adrio Rafael Paula Gelatti e Adriana Chesani firmaram acordos ou Termos de Ajustamento de Conduta.

Espetáculo Som & Luz

Licitação é aberta pela terceira vez

A Festa da Uva 2010, que teve redução de público, ocorreu sem uma das suas mais tradicionais atrações, apresentada desde 1995: o Som &Luz. As reformas não foram entregues no prazo necessário, dezembro de 2009, e turistas não puderam assistir ao espetáculo. Então, uma nova licitação foi feita. A obra, cujo prazo era junho de 2010, não aconteceu de novo, e

uma terceira licitação foi aberta. A verba do Ministério do Turismo está parada, aguardando solução.

TERÇA | 29 de junho São Leopoldo em Dança

Ballet Margô Brusa leva 15 prêmios

Vinte bailarinas e 14 coreografias renderam 15 prêmios para o Ballet Margô Brusa no 8º Festival São Leopoldo em Dança. O elenco caxiense concorreu com mais de 3 mil bailarinos de 130 companhias de dança do Brasil. Foram 10 primeiros lugares, 2 segundos (nestas categorias ninguém ganhou os primeiros) e um terceiro lugar. Jéssica Pistorello recebeu o prêmio de Bailarina Destaque do Festival.

QUARTA | 30 de junho Comunicação

Caxias terá novo canal aberto de TV Alternativas têm surgido em Caxias do Sul. No segmento comercial, o San Pelegrino Shopping, que recepcionou os lojistas nesta quarta, oferecerá novas lojas e cinemas. Na comunicação, a cidade terá mais um canal de

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televisão. A rede CNT, com sede em Curitiba (PR), deve começar a operar na cidade até o fim deste ano, transmitindo em sinal aberto (canal 31) e também pelo cabo. O investimento passa de R$ 4 milhões, e de início serão gerados entre 15 e 20 empregos. O extrato do contrato de concessão, válido por um período de 15 anos, foi publicado no Diário Oficial no dia 18. A assinatura ocorreu no dia 16, entre o ministro das Comunicações, José Artur Filardi Leite, e o sócio-gerente da Televisão Diamante Ltda. (afiliada da CNT), Sérgio Kunihiro Tokutsune. “Existe a ideia de expandir o sinal para todo o Rio Grande do Sul”, revelou o gerente de retransmissão da rede, Luiz Barcik.

QUINTA | 1°de julho Teatro

Prêmio de R$ 60 mil tem só quatro inscritos

Fica difícil reclamar das oportunidades na cultura em Caxias quando apenas quatro projetos concorrem ao prêmio de R$ 60 mil para montagem teatral. O número de interessados é muito pequeno em relação aos grupos de teatro existentes, que deveriam abraçar todas as chances de produzir cultura. No ano passado, foram 15 projetos inscritos no

prêmio. Que os vencedores, ou o vencedor, façam proveito. A comunidade certamente baterá palmas.

Ministério Público

Adoções ilegais são mais comuns do que as legais

De acordo com a promotora de justiça especializada do Ministério Público Adriana Chesani, o volume de adoções ilegais é maior do que as feitas legalmente em Caxias do Sul. O tempo de espera dos cerca de 200 – número que envolve casais e pessoas solteiras – habilitados pela Justiça para adoção na cidade aumenta em função das ilegalidades. O MP firmou dois acordos para evitar adoções ilegais em uma audiência que fez parte do Projeto Conciliar.

SEXTA | 2 de julho Trabalho

Prefeitura deve fazer concurso público Os aprovados nos concursos anteriores ainda estão sendo nomeados, mas o Município abrirá novo concurso público dentro de 15 ou 30 dias. Profissionais de nível médio e superior disputarão vaga para cerca de 20 cargos, como pedreiro, arquiteto, professor e médico.

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O Caxiense

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Pasta & Cia., Divulgação/O Caxiense

Especializada em massas e lanches, a Pasta & Cia passou por alterações visuais e adequações nas instalações elétrica, hidráulica, de iluminação e segurança. Com o investimento, os empreendedores Fabrício Zanella e Saul Amarante projetam incremento de 30% no negócio localizado no Prataviera Shopping.

A reunião-almoço de segundafeira (5) da CIC de Caxias do Sul será festiva. As comemorações dos 109 anos da entidade terão como principal atrativo a entrega do Troféu Ítalo Victor Bersani às empresas dos segmentos da indústria, comércio e serviços que mais se destacaram, conforme opinião dos associados e sindicatos patronais registrada em votação. As indicadas são Agrale, Colombo e Codeca, que terão seus cases apresentados no encontro.

Agrale

Única montadora com capital 100% nacional. Em sua história registra a produção de 365 mil motores a diesel, 72 mil tratores, 100 mil motos e scooters e mais de 71 mil caminhões e chassis.

Colombo

Fundada em 30 de novembro de 1959, em Farroupilha, é hoje uma das maiores organizações do varejo brasileiro de eletrodomésticos e móveis. Possui 342 filiais no RS, SC, PR, SP e MG. Com 6 mil colaboradores diretos e 30 mil indiretos, tem carteira superior a 2 milhões de clientes ativos.

Concessionária

A Scasul, integrante do grupo Scapini Transporte e Logística, atua desde o final de junho como concessionária Suzuki Veículos em Caxias do Sul, segunda operação da montadora no Estado. Localizada na Avenida Ruben Bento Alves, no bairro Sanvitto, a loja comercializa os modelos Grand Vitara, Jimny e SX4 e oferece toda a estrutura de pós-venda aos clientes.

O bairro São José abriga desde esta semana duas novas operações comerciais. A Ferragens Triches inaugurou loja no final da Moreira César para venda aos segmentos industriais e de serviços, atendendo empresas e públi-

O Iguatemi Caxias anuncia duas novas operações para o terceiro trimestre do ano. Em 1º de setembro começa a funcionar a Hope, uma das primeiras marcas de moda íntima do país. Será a 34ª unidade da rede, que atua no Brasil, Portugal e Israel. Também em setembro, mas ainda sem data definida, entra em operação uma loja da Le Lis Blanc, marca que representa uma das principais empresas de vestuário e acessórios de moda feminina de alto padrão no Brasil. A loja de 280 m² também terá peças de decoração e roupas para meninas.

A Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul foi fundada em 1975 com o objetivo de acelerar o progresso no município. Atualmente emprega 1.058 colaboradores e opera nas áreas de limpeza urbana (com coleta de lixo, varrição e capina), pavimentação e obras.

co final. Praticamente em frente está a segunda unidade da loja TaQi em Caxias. Ocupando espaço de 1,2 mil m² no Centro Comercial Alpha Center, a loja é especializada em material de construção e ferramentas. também marcará a instalação da subseção Serra Gaúcha do PMI-RS junto ao Bloco 71 da UCS. O PMI, fundado em 1969, é a principal associação internacional em gerenciamento de projetos, contando com mais de 240 mil associados em mais de 160 países.

Cardápios beneficentes

Cláudia Pontel, Divulgação/O Caxiense

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Codeca

O empresário Getúlio da Silva Fonseca assumiu a presidência do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul para o período 2010-2013. Diretor da Perfilline Componentes Metálicos, ele substitui a Oscar de Azevedo, que presidiu a entidade em dois mandatos. Sua diretoria executiva ainda contará com Carlos Zignani, Reomar Slaviero, Marcos Guerra, Norberto Fabris e Edson D’Arrigo (foto abaixo).

Parceria

A Universidade de Caxias do Sul e o PMI-RS (Project Management Institute - Capítulo Rio Grande do Sul), firmam na segunda-feira (5) parceria para a realização do curso de pósgraduação em Gerência de Projetos de Tecnologia da Informação. O ato

A Parceiros Voluntários realiza na segunda-feira (5) a segunda edição do jantar beneficente Temperando Parcerias. A confraternização, marcada para o restaurante Di Paolo a partir das 19h30, reunirá empresários e voluntários da cidade. A organização não governamental existe em Caxias do Sul há 11 anos e atende 82 entidades conveniadas por meio de 2 mil voluntários. Já a Associação de Dirigentes Cristãos de Empresas lança na terça-feira

A economia de Caxias do Sul cresceu 26% em maio sobre igual período do ano passado, mas apresentou queda de 2,8% na comparação com abril, resultado do efeito sazonal no segmento de serviços. No acumulado do ano o avanço é de 18,8% e, nos últimos 12 meses, 5,1%. Os dados são da CIC.

O Caxiense

Com o tema Origens, a 13ª edição da Sala de Visitas terá abertura oficial na quinta-feira (8). Neste ano a Associação Sala de Arquitetos, idealizadora do evento, resolveu inovar. Transferiu sua realização do Iguatemi Caxias para a Casa das Oficinas, na Estação Férrea, montou o Espaço Cultural e manteve o tradicional café para os visitantes. Por meio do slogan Você vai olhar para trás, para entender o que vem pela frente os profissionais da arquitetura fazem uma viagem no tempo e inspiram-se no passado para fazer criações para o futuro.

Mudanças

São José

Para mulheres

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Arquitetura Júlio, Objetiva, Divulgação/O Caxiense

Comemorações e homenagens

Gilmar Gomes, Divulgação/O Caxiense

Visual renovado

(6) a 8ª edição do evento gastronômico beneficente Tá na Mesa com a ADCE. No encontro, marcado para as 19h na Churrascaria Gaudério, serão apresentadas as entidades beneficiadas com os recursos obtidos pelo evento e as empresas e instituições que desenvolverão os 14 diferentes cardápios para os mais de 700 participantes. O jantar organizado pela associação ocorrerá no dia 7 de agosto, no Salão dos Capuchinhos.

Curtas

A indústria de alimentos Tondo investirá R$ 20 milhões na construção de fábrica para elaboração de biscoitos e na ampliação de sua capacidade de produção de misturas de bolo e panificação. O resultado será a abertura de 40 novos empregos. Em 2010 a empresa projeta faturamento de R$ 220 milhões, em alta

Repeteco

O empresário Orlando Marin foi reeleito para seu terceiro mandato à frente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho. A chapa única ainda traz como vice-presidentes os empresários Victor Borkoski e Eugenio Razzera.

de 10% sobre o ano anterior. A Marcopolo anunciou investimento de R$ 60 milhões. Erguerá unidade específica para a produção de componentes plásticos em Ana Rech e modernizará a área de pintura na fábrica da Ciferal, no Rio de Janeiro.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


André T. Susin/O Caxiense

Investimento de peso

GIGANTE

SOFISTICADO

Com inauguração marcada para 30 de setembro, shopping San Pelegrino movimenta a economia local

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Apenas 30% da antiga estrutura do Italian foi aproveitada, em uma área de 47 mil m²

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por PAULA SPERB paula.sperb@ocaxiense.com.br movimento sincronizado de degraus e corrimões de 16 escadas rolantes conduzirá caxienses entre os andares S2, S1, PT, P1, P2 e P3 do San Pelegrino Shopping Mall, no dia 30 de setembro, quando seus 115 espaços estarão abertos ao público. Para sair do estacionamento subsolo de 600 vagas e ir ao último andar, onde ficarão seis salas de cinema – duas serão 3D, da rede Cinépolis, que inaugurará 1,2 mil lugares no shopping em dezembro –, não será preciso necessariamente deslizar pelos cerca de 190 metros de degraus móveis que se cruzarão conduzindo consumidores para cima e para baixo. Para chegar lá, uma alternativa é avançar por cada um dos 96 degraus, queimando aproximadamente 100 calorias, 20% do total de um BigMac, lanche mais vendido da multinacional de fast food McDonald’s, que também estará instalada na praça de alimentação do San Pelegrino junto com Maxiburger, Doce Docê, Mini Kalzone, Sorvelândia, Pastine e outros. O tapete vermelho que recepcionou os lojistas na última quarta-feira (30) ficou com pegadas brancas de sapatos levemente sujos por cimento em pó. “Vocês têm que saber que estamos em obras ainda. Último dia de obras é 28 de setembro”, anunciou Luis Felipe Tavares, superintendente do shopping. Tavares, que pretende “virar caxiense” assim que a família puder se mudar para Caxias, está otimista com os resultados. “Em nenhum shopping do mundo só o empreendedor se sai bem. Vamos fazer uma administração muito transparente”, prometeu. Segundo ele, foram feitas pesquisas rigorosas na região para estabelecer o perfil do consumidor. No bairro São Pelegrino, estima-se que 63% dos moradores sejam de classe A e B. As lojas do shopping pretendem atender esta demanda dividida em áreas feminina e masculina. “Tem muita ciência, não é só vontade de empreender”, justifica o superintendente. Para que o shopping seja inaugurado na data anunciada, chegará a ter 700 operários trabalhando na área de 47mil m². Destes, 171 se dedicarão exclusivamente à obra do supermercado Nacional, uma das âncoras do San Pelegrino, junto a Renner, Americanas e Luigi Bertolli, que ocuparão cerca de 1,5 mil m² cada. Marcas renomadas, como Osklen, Carlos Miele e Kevingston, estarão lado a lado com as empresas locais. “Associar nossa marca com as de-

mais nos agrada muito”, diz Ivonei Pioner, sócio-proprietário da tradicional ótica e relojoaria que leva seu sobrenome. Para Ivonei, o segredo do negócio, que se mantém há mais de 40 anos, é acreditar no mercado caxiense e perceber que ele está se abrindo. “Basta notar pelos empreendimentos aqui no shopping, são totalmente novos”, observa. Financeiramente falando, as perspectivas também são boas para o negócio. “Imaginamos que tenha autossuficiência desde o primeiro mês, acreditamos no empreendimento”, conclui Ivonei. No largo corredor circular do térreo, próximo da Pioner, a Kenpo Sports também inaugurará seu espaço. “A loja vai seguir o perfil das outras, porém mais moderna. Pretendemos atingir um público que hoje não se consegue. Vai ser requintado, sofisticado, diferente do comércio de rua”, afirma o gerente Leandro Lazzari. A atmosfera auspiciosa animou os empresários como a claridade proporcionada pelas cúpulas de vidro da edificação. “Temos um shopping maravilhoso. Vamos abrir totalmente locado, faltam apenas seis lojas”, contou o superintendente Luis Felipe Tavares. Conforme Tavares, o San Pelegrino tem certificação do Green Building Council. A entidade certifica “prédios verdes” que, principalmente, respeitam normas de eficiência enérgica. “Será o primeiro shopping do Brasil a ter certificação internacional”, afirmou Daniel Bernd, presidente do grupo Gazit no Brasil. Um shopping verde, mas que eliminou três ligustros da calçada. O trio de árvores, antigas conhecidas dos transeuntes assíduos da Avenida Rio Branco, foi cortado no mês de maio. Entretanto, os reflexos no vidro da fachada do prédio são convidativos, distraem; a ausência não é sentida. Porém, a mudança não é a única na familiar avenida. A rua será alargada, o corredor de ônibus revitalizado, a Rua Machado de Assis terá mão única e quem sair de carro da garagem do shopping não voltará para a Rio Branco. Todas as mudanças serão custeadas pelo shopping, que quer reduzir os impactos que causará no trânsito da região, calculados a partir de um estudo encaminhado para a Secretaria de Trânsito, Transporte e Mobilidade. Os contatos entre Gazit e prefeitura de Caxias do Sul foram mediados pela Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego. “Acompanhamos o San Pelegrino e buscamos as liberações necessárias. Nossa secretaria articula junto aos outros órgãos”, explicou o secretário Guilherme Sebben, que 3 a 9 de julho de 2010

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mais”, explica Thiago Baisch, diretor de marketing e vendas da Colombo, que abrirá um estabelecimento focado em tecnologia e games. Antes de ser San Pelegrino, o shopping foi, ou deveria ter sido, Italian. Há Um empreendimento deste porte mais de 15 anos um grupo de lojistas não gera apenas desenvolvimento da caxienses iniciou o empreendimento, economia de uma cidade cada vez mais mas não o concluiu. O projeto foi adpróspera como Caxias. Pelo menos é quirido por R$ 35 milhões pelo Gazit, nisso que o empresário Felipe Meu- grupo israelense que tem mais de 600 rer, sócio-gerente da Livraria Nobel, negócios em 20 países. Atualmente, o acredita. “É o caminho investimento no shopara o país mudar, para pping se aproxima de a educação”, diz, ao ex- “Temos um R$ 100 milhões, já que plicar o porquê de in- shopping apenas cerca de 30% vestir em livros. “Gosto do que havia sido consmaravilhoso. muito do mercado catruído foi aproveitado. xiense, educado, culto, Vamos abrir De todos negócios da com grande potencial”, totalmente Gazit, 90% são shopacrescenta, citando locado, faltam ping centers ancorados qualidades que nem em supermercados. O apenas seis sempre a comunidade restante são residenreconhece em si. A li- lojas”, projeta ciais para a terceira vraria Nobel terá um Tavares idade, prédios para espaço de 236m² com consultórios médicos livros, jogos eletrônie empresas de energia cos, papelaria de alto nível, revistaria e e construção civil. A Gazit tem ações área infantil. O investimento girou em negociadas nas bolsas de Nova Iorque, torno de R$ 400 mil e R$ 500 mil, entre nos Estados Unidos, em Toronto, no franquia e construção, e Felipe espera Canadá, em Helsinque, na Finlândia, faturar R$ 80 mil por mês. e em Tel Aviv, em Israel. A atenção A sofisticação do San Pelegrino atrai da Gazit, agora, está voltada para Calojas e consumidores. “Nossa propos- xias. Além do San Pelegrino Shopping ta para Caxias é agregar valor. Na loja Mall, mais investimentos milionários premium, os produtos têm os mes- poderão ocorrer na cidade. “Estamos mos preços, as mesmas condições de avaliando outras oportunidades em pagamento, mas se mostra uma linha Caxias do Sul”, revelou o presidente de maior valor, se proporciona algo Daniel Bernd.

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O Caxiense

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Fotos: André T. Susin/O Caxiense

comemorava o fomento econômico gerado pelo San Pelegrino: “Entre 1 mil e 1,5 mil empregos diretos e indiretos serão gerados com o funcionamento do shopping”.

O superintendente Tavares vai “virar caxiense”; escadas rolantes somam 190 metros

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


André T. Susin/O Caxiense

A ameaça da Aids

DESCUIDO

PERIGOSO

O tratamento avança, mas as notificações de casos de Aids em Caxias não diminuem, chamando atenção para a falta de prevenção

O

A conscientização sobre a doença dá sinais de enfraquecimento

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br meu amor agora está perigoso. Mas não faz mal, eu morro mas eu morro amando.” Cazuza disse essa frase em uma de suas turnês, em 1987, quando descobriu que tinha Aids, a doença mais aterrorizante da década de 80. De lá para cá, algumas coisas mudaram em relação à Aids (sigla, em inglês, para síndrome da imunodeficiência adquirida). Os seus infectados, se antes eram rapidamente associados – como no caso de Cazuza – a homens que faziam sexo com vários parceiros, eram bi ou homossexuais e usavam drogas, hoje são em sua maioria heterossexuais (divididos igualmente entre homens e mulheres) com parceiros fixos. Outra mudança é que agora a Aids não soa mais como uma condenação à morte. Graças ao avanço dos medicamentos, alguns médicos arriscam a dizer que é possível levar uma vida normal, desde que a doença seja descoberta o quanto antes. Mas a ideia de que hoje a Aids tem tratamento fez com que se parasse de falar tanto no assunto e que o mal não parecesse mais tão grave quanto nos anos 80 de Cazuza. E, junto com um certo calar sobre o tema, há uma falta de prevenção. As pessoas insistem em não usar preservativo nas relações sexuais, expondo-se ao risco. Provas concretas disso são os números nacionais e regionais da Aids, que não têm crescido, mas também não têm diminuído. O Centro Especializado de Saúde (CES) de Caxias do Sul atende 2.339 pessoas com Aids. Este dado corresponde a pacientes das 48 cidades atendidas pelo CES na região, mas estima-se que o número de caxienses com a doença seja o equivalente a 60% deste total. E esta é a quantidade de pessoas em tratamento, pois o número de infectados pelo HIV não é notificado, nem nacionalmente. Sabe-se apenas que, atualmente, cerca de 180 mil pessoas recebem tratamento de Aids fornecido pelo Ministério da Saúde no país. No último boletim epidemiológico apresentado pelo ministério, o Rio Grande do Sul aparece como o Estado com a maior taxa de incidência de casos notificados da doença. Em 2008, para cada 100 mil habitantes havia 41,2 casos de Aids. E, segundo a Secretaria Estadual da Saúde, de janeiro a junho deste ano foram registrados 655 novos casos no Estado. “No Rio Grande do Sul está aumentando. Caxias segue o mesmo patamar. Pode ser que uma

das causas seja o maior número de diagnósticos”, afirma a diretora técnica do Serviço Municipal de Infectologia, Nicole Alberti Golin. “Somos o Estado que mais notifica, e notificar é um problema no Brasil inteiro. Às vezes, outros estados não têm condições, então não quer dizer que temos mais casos”, completa Lessandra Michelim, infectologista e coordenadora do serviço de infectologia da UCS, ressaltando que, mesmo assim, o número de pessoas com Aids em Caxias é alto e preocupante. O grupo de risco de Aids, como explica Nicole, não é mais composto por homossexuais, prostitutas ou usuários de drogas. “Esse perfil caiu por terra há muito tempo. A grande população infectada hoje é de heterossexuais. E a doença feminilizou. Um problema é que a mulher tem menos autonomia para exigir preservativo. Deixa ainda muito na mão do homem”, diz Nicole, completando: “Para fazer parte do grupo de risco basta ser sexualmente ativo”. As 2.339 pessoas com Aids na região, segundo ela, estão divididas quase igualmente entre homens e mulheres. “Há um ano eram 60% homens, 40% mulheres. Agora igualou. E a média de idade é entre 20 e 40 anos. São adultos jovens”, revela. “Há 10 anos a proporção era de nove homens para uma mulher. Hoje, está um para um”, confirma Lessandra. Nicole destaca o aumento de pessoas casadas que contraem a doença. “A Aids está aparecendo em monogamias agora. As mulheres são menos promíscuas, quando são casadas não usam preservativo. Mas os maridos não usam fora.” Conforme Lessandra, os jovens, como os adolescentes que estão começando a ter vida sexual ativa aos 12, 13 anos, são hoje o grande foco das campanhas. “Tive uma paciente que estudava num colégio particular da cidade, era de família rica. Era o primeiro namorado dela e ela achava que, como o menino era da turma dela e o conhecia há muito tempo, não precisava se cuidar. Daí o menino pegou Aids, e ela também. Focamos tanto nas escolas públicas, que não têm condição social muito boa, nem estrutura. Mas temos que lembrar que a Aids não tem classe social, não tem rosto, não tem como saber se a pessoa que está do nosso lado tem ou não tem”, ressalta. “Mesmo com todas as campanhas de prevenção temos incidência bem alta de casos novos em Caxias. Dá para dizer que na região quase todos os dias temos um caso novo. E as vezes é de 3 a 9 de julho de 2010

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Fotos: André T. Susin/O Caxiense

Soropositivos buscam conforto na Casa Madre Teresa; Neusa, diagnosticada em 2003, luta corajosamente contra a doença e o preconceito: “Na hora de pegar, ninguém teve vergonha”

gente muito nova, de 18, 20 anos. Ado- o telefone e ficou vagando pelo Centro, lescentes a partir dos 16 anos temos sem perspectiva de voltar para casa. A diagnosticado com frequência maior sensação era de que aquilo não estava do que gostaríamos. E isso tem doído acontecendo. “Ouvir falar da Aids é muito. Porque eles têm toda uma vida uma coisa, ter Aids é completamente pela frente.” diferente”, diz Suzana, Lessandra diz que hoje com 58 anos. outros grupos mui- “A Aids não tem Ela conta que não to atingidos na região classe social, não há parte do corpo que são os idosos – que tem rosto, não já não tenha doído por por causa do Viagra e causa da fragilidade tem como saber da reposição hormoque a doença causa, e nal voltaram a ter vida se a pessoa do que o maior problesexual, mas não usam nosso lado tem ma é a falta de contato preservativo – e, ain- ou não tem”, diz com as outras pessoas. da, os usuários de dro“A vida muda. Não se a infectologista gas, principalmente de leva uma vida normal”, crack, que embora não Lessandra afirma, contrariando injetável, muitas vezess os médicos. “A gente leva à prostituição e ao sente falta do abraço, sexo sem proteção. “O aumento de cra- do carinho. Tudo é limitado.” Suzana ck é o aumento de Aids.” não teve outros relacionamentos deAlém deles, há uma atenção espe- pois que se descobriu portadora do cial às gestantes que, se descobrirem HIV. “A gente foge das outras pessoas que têm a doença no exame pré-natal, para não precisar dizer que tem a doiniciam o tratamento ainda na ges- ença. Mesmo achando a pessoa ideal, tação, continuando durante o parto e a gente não fala. Mas acho que a prinas primeiras semanas de vida do bebê meira coisa quando se entra num rela(medicado preventivamente). Dessa cionamento tem que ser contar. E enforma as chances de que a doença pas- quanto eu não tiver coragem para fazer se para o recém-nascido são pratica- isso, prefiro ficar sozinha.” mente nulas hoje em dia. “Estimativas Além da dificuldade de se relacionar, do Ministério da Saúde, em um estudo o preconceito é o que mais machuca: realizado em 2006, apontam prevalên- “Tem gente que é capaz de atravessar a cia de infecção por HIV em 0,42% das rua quando vê um soropositivo. Já ouvi mulheres no momento do parto. Em dizerem ‘descobri que fulano tem Aids. Caxias, a taxa de transmissão da mãe E quantas vezes já tomei chimarrão para o bebê é de 0%, o que demonstra com ele!’. Até eu tive preconceito de a eficácia do pré-natal na região”, expli- mim. Teve uma época em que eu não ca Rosa Dea Sperhacke, coordenadora queria nem pegar alface com a mão do Laboratório de Pesquisa em HIV/ porque era eu que ia comer. Era tudo AIDS da UCS. “O importante é que de garfo e faca debaixo da torneira”, quando a mãe faça o pré-natal o par- conta. ceiro faça também. Já teve situações Os “inquilinos”, que é como Suzana de mães que pegaram Aids no final da costuma se referir ao vírus que carregravidez, contaminadas pelos parcei- ga no sangue, são para a vida toda. E ros. Eles não sabiam, a mãe amamen- ela tem consciência disso. “Hoje estou tou e o bebê pegou. Então a testagem com a imunidade boa, vou levando a deve ser do casal”, salienta a infectolo- vida, aprendendo a cada dia. Hoje me gista Nicole. amo mais do que nunca, mas preciso esquecer que os inquilinos existem.” Suzana contraiu Aids do marido, que há anos se tratava e não havia O marido de Luiza, 50 anos, era contado a ela. No dia em que ela des- caminhoneiro. Dias antes de morrer cobriu que tinha Aids, sumiu. Desligou de pneumonia no hospital, em 1998,

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os médicos descobriram que ele tinha conta. “No hospital passei Natal, passei Aids. Como Luiza sabia que por causa primeiro do ano. Meus amigos eram os disso estaria contaminada também, se médicos”, conta. desesperou. Ela lembra de ter recebido Diferente de Suzana, Luiza teve oua notícia do médico, em Vacaria, ci- tros relacionamentos depois que desdade onde morava, na porta da UTI. cobriu a doença. “Sempre com cami“Achei que ia morrer no outro mês.” sinha.” Mas ela prefere não contar aos Entre outros problemas, com o cho- parceiros que tem Aids, e para o último que da notícia, Luiza perdeu os cabelos alguém se encarregou de fazer isso. Ele e nunca mais menstruou. Ela e o mari- nunca mais apareceu na casa dela dedo eram casados há 15 anos, mas “ele pois que soube. andava por uns caminhos suspeitos”. Hoje, a quantidade de remédios que “Ele não acreditava em Aids, acha- Luiza precisa tomar diminuiu muito. va que era uma gonorreia trocada de São cinco comprimidos pela manhã e nome. Ele mudava de canal quando seis à noite. Mais duro do que ter ensurgia este assunto, não falava disso”, frentado tantas doenças, diz ela, foi ter relembra. encarado o abandono. “Eu tive que deiNo dia do velório do marido nin- xar a minha casa. Eles falavam: ‘aquela guém sequer deu a mão para Luiza, aidética foi embora para Caxias’”. Apeque viu a própria família lhe abando- sar disso, agora ela se sente melhor. “Os nar depois de saber que ela estava com bichinhos estão dormindo”, explica. o vírus. “Naquela época era muita ignorância. E eu tinha uma filha, com 12 Aos 30 anos, Márcia, hoje com anos, e todo mundo dizia que ela tinha 51, ficou sabendo que tinha Aids. Ela Aids também.” é a prova de que a doença não significa Com o tempo, muitas pessoas de mais sentença de morte, já que convive Vacaria acabaram sabendo da notícia – com o vírus há 20 anos. A diferença é “minha mãe contou para todo mundo”, que, dos 75 quilos que pesava, hoje não conta –, e Luiza se mudou para Caxias consegue passar dos 51. três anos depois. “As pessoas atravessaMárcia contraiu o vírus de um parvam a rua quando me viam. Ninguém ceiro. “Ele nunca me contou e a gente mais ia na minha casa, entrei em de- não se preveniu.” O casal se separou pressão.” quando ela descobriu, e os dois só se Aqui, Luiza conseguiu um emprego reencontraram há pouco tempo, na fila e tentava se ocupar o máximo possível de retirada de remédios do CES. Não para esquecer da dose falaram. ença. “Mas eu estava Quando recebeu o sempre mal, com as de- “A gente foge das teste de HIV com refesas baixas.” Para onde outras pessoas sultado positivo, Mária, levava uma pochete para não precisar cia teve vontade de sair com remédios. Chegou na rua e se atirar na dizer que tem a tomar 35 comprimifrente do primeiro cardos por dia, o que a a doença”, diz ro que passasse. Penfazia vomitar algumas Suzana, que sou no filho, na época vezes. “De 1998 a 2007 não teve mais adolescente, e diz que estive com o pé na só por ele não fez isso. relacionamentos cova.” O que a manteve de pé Luiza já nem lembra após a Aids foi o apoio do pai, que quantas doenças teve a obrigou a tomar os por causa da baixa imuremédios quando ela nidade. Bronquite, hepatite, diabetes não queria. “Eu só chorava. Queria – nesta última, quase perdeu a visão. morrer de uma vez.” Com a ajuda dos O caminho até o Hospital Geral era o três tipos de medicação que toma hoje, mais conhecido por ela, que ia até lá Márcia diz que só tem a agradecer a de ônibus, sozinha, e se internava por Deus por mais um dia.

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roleta-russa. A chance de pegar é mui- parceria com o Ministério da Saúde, to maior”, alerta Nicole. As três formas será pioneiro no país a realizar a metode relação sexual – oral, vaginal e anal dologia de coleta de amostra de sangue – podem transmitir o vírus. A infecto- em papel-filtro para diagnosticar HIV logista afirma que no CES de Caxias há e Sífilis. O projeto, chamado de Sentipacientes que contraíram das três for- nela Parturientes, pretende descobrir a mas. “O contato mucosa com mucosa prevalência das duas doenças em gestem risco real. Por isso que o preserva- tantes. Participarão da pesquisa 219 tivo tem que ser usado na relação in- maternidades em todo o Brasil, que ao teira. Com o beijo, a saliva sozinha não todo coletarão amostras de sangue de transmite, mas com sangue tem risco. cerca de 44 mil gestantes. Rosa Dea, Então, beijar e dividir o copo não tem a coordenadora do laboratório, explirisco, desde que não haja lesão”, escla- ca que a coleta de amostra de sangue rece. ocorre através de uma punção digital; O único meio para que uma pessoa em seguida, o sangue é gotejado em descubra se está com Aids é fazer o um cartão de coleta contendo papelteste HIV. Há, segundo Nicole, muita filtro; após a coleta, os cartões são engente que procura o Hemocentro de viados para a universidade, onde são Caxias não apenas para doar sangue, feitos os testes laboratoriais. “O papelmas para saber se tem o vírus. O que filtro requer pouco volume de sangue, é um grave erro. “A coleta para a doa- não necessita refrigeração e não é conção de sangue é para ver como o san- siderado material infeccioso. Permite gue está. Dão a certeza que o sangue é a ampliação do acesso ao diagnóstico, limpo ou não, se não for, não vão usar. pois as coletas podem ser realizadas Para diagnóstico de Aids o banco de em locais que não possuam infraestrusangue não é o local.” tura laboratorial, como em zonas ruO teste específico pode ser feito gra- rais e lugares de difícil acesso”, afirma. tuitamente no CES – que até alguns O papel-filtro, de acordo com ela, dias atrás estava localizado no final veio contribuir com o aumento da tesda Pinheiro Machado e hoje está na tagem no Brasil. “Atualmente, o MinisSinimbu, próximo ao Camelódromo. tério da Saúde estima em 630 mil as Não é preciso marcar horário e o exa- pessoas infectadas pelo HIV no país, me é sigiloso. Depois de uma orienta- sendo que aproximadamente 255 mil ção o paciente passa por uma coleta de não sabem ainda, pois não fizeram o sangue e em 15 ou 20 dias recebe o re- exame.” sultado. As Unidades Básicas de Saúde A infectologista Nicole gosta de di(UBSs) também fazem zer para seus pacientes o teste. que eles devem pensar Se o paciente tiver o “Quando a em formatura, casavírus, ele vai aparecer filhos e netos, empresa demite é mento, no exame. “O vírus pois a Aids deixou de pode ficar latente (es- discriminação. ser uma doença termitar lá mas não aparecer Assim como não nal para se tornar uma no teste). Mas isso dura pode deixar doença crônica. “Tem um mês, no máximo. como viver anos com a de empregar, Com os exames de hoje doença, combatendo o em dia já se detecta mas sabemos que vírus, mantendo-o sem mais rápido”, diz Ni- acontece”, agredir o organismo. cole, enfatizando que diz Maribel A expectativa de vida todo o tratamento para para quem tem Aids Aids é gratuito e os rehoje é muito boa.” médios são retirados no CES. Na Casa Madre Teresa, quando o Além da exatidão no diagnóstico, flash da foto tirada para esta reporas pesquisas relacionadas à Aids estão tagem disparou, Neusa resumiu isso avançando. Um projeto do Laboratório tudo em uma frase: “Uma foto para a de Pesquisa em HIV/Aids da UCS, em posteridade”. Fotos: André T. Susin/O Caxiense

“Meus Deus, como isso foi acon- algumas pessoas é melhor não contecer comigo?”, perguntava-se Neusa tar. Ainda toma um remédio para deJarduzin Gonçalves, 53 anos, quando pressão, um para dormir e o coquetel recebeu a notícia que era soropositi- para a Aids. Agitada, ela não para em va. Por um mês ficou fechada em um casa. “Aonde vou levo minha sacola de quarto, chorando e crochê para vender.” gritando. Ela diz ter Atualmente está namose contaminado com “As pessoas rando, mas tem vergoo homem com quem atravessavam a nha de dizer ao comvivia há oito anos, que panheiro que tem Aids. não gostava de usar rua quando me Não teme, porém, que preservativo – ele já fa- viam. Ninguém esta reportagem possa leceu, por causa da do- mais ia na lhe atrapalhar: “Assim ença. “Lembro que no minha casa, vai ficar até mais fácil dia em que fiz o exame, de contar”. Neusa foi a em 2003, vieram duas entrei em única das quatro entreenfermeiras e um mé- depressão”, vistadas que concordou dico para me dar a no- conta Luiza em aparecer na foto e tícia. Disseram ‘a não ser identificada (Suzaser que a gente esteja na, Luiza e Márcia são enganado, tu estás com HIV’.” nomes fictícios). “Na hora de pegar, Neusa pensou em dar um fim na pró- ninguém teve vergonha.” pria vida, fazer com que ela e os outros As quatro mulheres frequentam o parassem de sofrer. “Entrei em pânico mesmo grupo de apoio para portadopara contar para meus três filhos. Con- res do vírus. Grupo que não poderia tei para o mais velho, que disse: ‘a se- ter outro nome: Esperança. Uma vez nhora nos criou sem pai, nós vamos te por semana, elas e mais seis pessoas – ajudar’.” Hoje, ela concorda que a vida incluindo homens – se reúnem numa de quem tem Aids não é normal: “Por- salinha na Casa Madre Teresa, entidaque um dia dá isso, em outro dá outra de de assistência social ligada à Catecoisa, não dá nem para pegar frio”. dral, para conversar e fazer trabalhos A discriminação também faz a roti- manuais. A voluntária e coordenadora na mais difícil depois da doença. Neusa do Grupo Esperança, Maria Elizabetrabalhou no setor de limpeza de uma the Doncatto, conta que os particiempresa de Caxias, e, um dia, contou pantes sentem que, com o grupo, não para a secretária que tinha Aids. A se- estão sozinhos. “É um confessionário, cretária acabou contando para a chefe. eu brinco. A doença é muito difícil. “Ela não aceitou, porque era eu que Eu faço o possível para levantar a aulimpava os banheiros. E eu disse que toestima deles. Eu nunca os vi como eu limpava com luva. Daí ela me colo- soropositivos. Não tenho esse preconcou na rua, até os filhos ela não deixou ceito. Eles são pessoas. Só”, diz ela. “Já mais chegarem perto de mim”, relata. ouvi de alguns que quando vêm para Segundo a advogada Maribel Lannes cá lavam as mãos. Mas conhecendo Silva, casos de demissão porque a em- não tem isso. Existe um pré-julgamenpresa descobriu que o funcionário tem to. Ter Aids é ligado ao fato de que a Aids são muito comuns, e é possível pessoa foi imoral, desregrada, de vida pedir indenização por danos morais e desonesta. É quase como colocar um reintegração ao emprego. “Via de regra sinal naquela pessoa: ‘Esse aí deve ter não pode demitir. Quando a empresa aprontado’”, explica a colaboradora do toma conhecimento e demite é discri- grupo Lorena Basso. minação. Assim como não pode deixar de empregar, mas sabemos que aconteUma só relação sexual sem cace. A empresa pode alegar que não quis misinha é suficiente para pegar Aids a pessoa porque ela não se adequou ao se uma das pessoas tiver a doença. É perfil”, explica. possível não pegar, o que depende da Com isso, Neusa aprendeu que para carga viral do infectado. “Mas é uma

“A grande população infectada hoje são os heterossexuais. E a doença feminilizou”, diz a infectologista Nicole; “É um confessionário”, diz Maria Elizabethe, voluntária que coordena o grupo de apoio

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Benefícios formais

A costureira Raquel de Fátima da Costa, que trabalha em uma sala improvisada na garagem de casa, tem agora os mesmos benefícios de um pequeno empresário

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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br

m uma peça construída nos fundos de uma garagem no bairro Santa Fé, Raquel de Fátima da Costa, 33 anos, costura. “Era para ser outra garagem, mas eu expulsei o carro e coloquei a máquina de costura”, diverte-se. Tomou essa decisão há seis anos, depois de desistir da carreira de metalúrgica. “Quando resolvi ser costureira, não sabia costurar. Comecei a ir de firma em firma até encontrar uma que aceitasse me ensinar e passar serviço pra eu fazer em casa.” Raquel complementou a renda fazendo consertos e peças simples de roupas para a vizinhança e continuou procurando fábricas que pudessem contratar seus serviços. No mesmo ritmo que ela costurava, buscava alternativas para ampliar o negócio, até que passou a ser fornecedora de peças como camisetas e jaquetas para seis empresas. “Graças a Deus, trabalho eu tenho.” Como ninguém exigiu de Raquel o fornecimento de nota fiscal, ela também nunca se interessou em abrir uma empresa. Atuando na informalidade, a costureira não precisava se preocupar

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Registro como empreendedor individual permite que mais de 400 categorias profissionais saiam da informalidade com baixo custo

com o pagamento de encargos sociais e impostos, que poderiam até inviabilizar seu negócio. Este ano, estimulada pelo proprietário de uma das fábricas para a qual presta serviço, ela finalmente decidiu entrar para o mercado formal de trabalho. Assim, desde março, Raquel deixou de ser apenas costureira para se tornar empreendedora. Ela optou pela modalidade chamada empreendedor individual, categoria de contribuinte criada pelo governo federal no ano passado. Ela serve para definir pessoas que trabalham por conta própria, em casa, na rua ou em outro estabelecimento, mas não possuem uma renda mensal que justifique a constituição de uma empresa, o que tornaria o empreendimento economicamente inviável. É o caso de profissões como as de costureira, pedreiro, manicure e eletricista. No total, são mais de 400 categorias profissionais que podem ser enquadradas – quase todas aquelas atividades que podem optar pelo Simples Nacional para se regularizarem. O governo exige apenas que a renda não ultrapasse os R$ 36 mil anuais e que o empreendedor tenha no máximo um funcionário e não seja sócio ou titular

de outra empresa. As vantagens, em contrapartida, são muitas. O presidente da Federação Nacional das Empresas de Serviços Contábeis, Assessoramento, Perícias, Informações e Pesquisas (Fenacon), Renato Francisco Toigo, explica que os benefícios do trabalhador que adere à categoria de empreendedor individual são os mesmos de um pequeno empresário, porém, com gastos bem menores. Ele passa a contribuir com o Instituto Nacional de Seguridade Social (INSS) e imediatamente a ter os direitos relacionados à contribuição, como aposentadoria, auxílio-doença e licença-maternidade. Além disso, pode fornecer nota fiscal, o que lhe permite prestar serviço também a grandes empresas, onde o comprovante é uma exigência. “Ele não tem gasto nenhum com essa nota. Não há cobrança de impostos sobre ela.” Segundo Toigo, o empreendedor individual tem no máximo três investimentos com a formalidade: R$ 56,10 de INSS – 11% sobre o valor de um salário mínimo, que atualmente é de R$ 510 –, R$ 5 de Imposto Sobre Serviços de Qualquer Natureza (ISSQN), caso ele seja prestador de serviços, e

R$ 1 de Imposto Sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), para quem trabalha com comercialização de produtos. Uma pessoa que tiver todos esses gastos desembolsará cerca de R$ 62 por mês. O empreendedor individual que tiver um funcionário terá também outros dois encargos com o empregado. Além do salário, ele precisará pagar 11% de INSS mais 8% de Fundo de Garantia por Tempo de Serviço (FGTS) sobre a remuneração. Mas todos esses valores devem estar incluídos no limite de R$ 36 mil anuais de renda. Toigo explica que o governo federal criou a nova classificação ainda em 2009, após constatar a grande quantidade de trabalhadores informais no país. São cerca de 10 milhões de pessoas, o que representa aproximadamente 10 % de toda a força de trabalho brasileira. “O objetivo foi incluir esse grande número de pessoas em um sistema que lhes garanta no mínimo os benefícios básicos, como o INSS.” Não existe um levantamento que indique o número de trabalhadores informais em Caxias do Sul. O Observatório do Trabalho da Universidade de Caxias do Sul (UCS) está

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O prestador de serviços Darci Rech, 57 anos, que já foi funcionário de uma fábrica, trabalhador informal e proprietário de uma pequena empresa, diz que o novo sistema de contribuição foi o melhor que encontrou até hoje. Há 30 anos, ele realiza montagem e manutenção de máquinas utilizadas na fabricação de calçados, e este ano decidiu que seria um empreendedor individual. “Para quem não tem uma renda muito alta é muito vantajoso.” Darci chegou a ficar na informalidade por algum tempo. Mas, para ampliar o número de clientes e prestar serviço para grandes empresas, teve que regularizar a sua. Os custos eram elevados, mas não havia outra alternativa. No ano passado, a filha de Darci, a relações públicas Caroline Rech, chegou em casa com a novidade: apresentou ao pai um folder com informações sobre o funcionamento da contribuição individual. “Nós procuramos um contador para ter certeza de que a opção era viável e, quando recebemos a confirmação, meu pai aderiu imediatamente ao sistema.” Caroline não trabalha com o pai, mas o ajuda sempre que pode nos negócios. Ela garante que esse tipo de contribuição foi a melhor alternativa para Darci, que trabalha sozinho e não possui uma renda alta. “Em um mercado repleto de grandes empresas, custos elevados, entre outros entraves, é preciso achar meios para tornar-se competitivo. Por isso a escolha por menores impostos, menos custos fixos e perspectiva de maiores lucros.” Apesar das vantagens de contribuir como empreendedor individual, o número de adeptos ao sistema ainda é pequeno. A possibilidade existe desde 1º de julho de 2009, mas em Caxias há apenas 814 inscritos. Dois dos motivos apontados para justificar a baixa adesão: a desinformação e a dificuldade das pessoas em regularizar sua situação conforme as exigências legais da prefeitura. Por causa disso foi criado na cidade o Comitê do Empreendedor Individual. O grupo conta com representantes de cinco entidades (Microempa, Fenacon, Sescon, Sincontec e Sebrae), além da prefeitura. O objetivo da comissão é

divulgar as vantagens da formalização do trabalho e encontrar soluções que facilitem o acesso dos trabalhadores ao novo sistema de contribuição. Três secretarias municipais estão envolvidas no Comitê: a do Desenvolvimento, Trabalho e Emprego, a de Urbanismo e a da Receita. “São essas pastas que cuidam da concessão de alvarás, da fiscalização e do cadastro dos novos empreendimentos na cidade. Então, acredito que juntas elas podem contribuir muito na busca de uma solução para os entraves atuais”, explica o secretário de Desenvolvimento, Guilherme Sebben. Uma das primeiras medidas desse grupo foi criar regras para desburocratizar os processos dos empreendedores individuais. Além de um alvará provisório de 180 dias, enquanto o local de trabalho é avaliado pelo município, as pessoas que procuram a prefeitura para aderir ao novo sistema de contribuição recebem atendimento especial. “Não queremos que elas desistam de se inscrever por causa da dificuldade de vencer os trâmites burocráticos.” Sebben ainda não tem uma solução para os casos de atividades de alimentação, por exemplo, que são as que enfrentam maior dificuldade para conseguir o alvará devido à grande quantidade de exigências, como fornos e refrigeradores especiais, normalmente muito caros para quem vive da informalidade. “Sabemos das dificuldades dessas pessoas, mas é algo que precisamos cuidar muito porque essas pessoas lidam com comida, e isso é sério.” Apesar disso, ele não descarta a possibilidade de convidar a Secretaria da Saúde para participar das discussões e estudar regras mais flexíveis para os empreendedores individuais. “É possível chegarmos a um consenso, pois temos a consciência de que essas pessoas que atuam informalmente não vão abandonar seu ganha-pão só porque não conseguiram o alvará. Elas vão desistir de legalizar sua situação.” Apesar das dificuldades que podem ocorrer na formalização, a diretora financeira do Banco da Mulher, Neiva Nora, aconselha os trabalhadores a aderirem à contribuição como empreendedor individual. O Banco da Mulher é uma organização não governamental que empresta pequenas quantias em dinheiro – até R$ 4 mil – para pequenos empreendedores. Neiva relata que as dificuldades de crescimento para quem não tem o negócio legalizado são muito maiores do que as enfrentadas para conseguir um alvará, por exemplo. “Um trabalhador informal não tem como comprovar renda, portanto ele não pode conseguir empréstimo bancário para comprar uma máquina ou financiar um imóvel, itens que são importantíssimos para quem busca viver de um negócio próprio.” Neiva compara o registro de uma empresa a um documento de identidade. “O registro da empresa é a prova de que ela existe, dá credibilidade. Fica mais fácil para comprar, para vender e para ter o produto aceito no mercado. Assim como nós precisamos de um documento de identidade, a empresa também precisa do seu, que, nesse caso, é o registro formal, o CNPJ.”

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negociando com o Departamento Intersindical de Estatística e Estudos Socioeconômicos (Dieese) a realização da Pesquisa de Emprego e Desemprego em Caxias. O levantamento contabiliza as vagas formais e também as informais, mas atualmente é feito apenas em algumas regiões metropolitanas. Apesar da ausência de dados, o professor e pesquisador do Observatório do Trabalho Moisés Waismann diz que a maior parte dos trabalhadores informais está na área de serviços. “É o setor mais fácil porque a pessoa não precisa de máquinas, como na indústria. Para comprar maquinário é necessária uma certa formalidade.” O prejuízo de quem não tem os benefícios do registro legal é o mesmo em qualquer área de atuação, destaca Waismann. “Vamos pegar o exemplo da costureira. Pagando o INSS, ela vai ter pelo menos uma garantia caso fique doente, engravide ou queira se aposentar.”

Como empreendedor individual, o mecânico Darci Rech reduziu custos da sua empresa 3 a 9 de julho de 2010

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Fé monumental

O LEGADO DE QUEM

ACREDITOU

Evolução de São Pelegrino (e de Caxias) esteve diretamente ligada à atuação do padre Giordani, cujo centenário de nascimento é comemorado em 9 de julho

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Estátua em homenagem ao pároco foi feita pelo adversário político Bruno Segalla

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por RODRIGO LOPES uando Elda Fochesato, 87 anos, mudou-se para o casarão de número 192 da Avenida Itália, quase esquina com a Rua La Salle, em 1947, São Pelegrino era um bairro ainda acanhado. Simplórias casas de madeira, poucas ruas com calçamento, carroças dividindo espaço com passantes, raros veículos transitando, comércio e serviços em vias de desenvolvimento, a religião católica e o trabalho comunitário como principal elo entre as famílias da paróquia. Nesse cenário, um personagem já começava a escrever uma história que se integraria de tal forma à memória do lugar que hoje é impossível falar nele e não associá-lo a Eugênio Ângelo Giordani, ou simplesmente padre Giordani. E essa presença não está relacionada apenas à edificação do templo adornado pelas pinturas de Aldo Locatelli e à estátua de bronze que nomeia o largo defronte à igreja. No próximo final de semana, dia 9 de julho, quando se completam 100 anos do nascimento do pároco, na cidade de Encantado, muitos fiéis devem fazer coro a uma declaração proferida por Elda na última terça-feira (29). Durante um breve café no atual apartamento da moradora – não por acaso, quase em frente à igreja que frequenta desde a década de 40, quando funcionava junto a um casarão de madeira no entrocamento da Rua Feijó Júnior com a Avenida Rio Branco –, ela não titubeou: “Foi o padre mais atuante de Caxias até hoje, o que mais fez pelas pessoas”. A afirmação vem acompanhada de lembranças de um tempo em que a então dona de casa e costureira enxergava, do “lote” da antiga moradia, o pároco trabalhando ao lado dos peões, carregando madeiras, capinando, auxiliando na construção da igreja, orientando fiéis, organizando quermesses, entre uma série de outras funções. “Não tinha o que ele não fizesse. Tinha vezes que ele voltava de visitas a bairros carentes sem peças de roupa, pois tirava e dava para os pobres”, recorda Elda, que auxiliava na paróquia ora elaborando tortas, ora forrando os botões da batina do pároco. Essa série de atividades de Giordani, aliás, é que contribuiu para a mitificação da figura do sacerdote. De organizador de rifas a presidente do Aeroclube de Caxias do Sul, pode-se dizer que o fundador da freguesia (um termo usado na época) de São Pelegrino atuou em todas as frentes possíveis, um workaholic pioneiro. Uma trajetória que teve início oficial em 1º de janeiro de 1940, quando o jovem de 29 anos foi

apresentado pelo então bispo da Diocese de Caxias do Sul, Dom José Baréa, como o futuro pároco da comunidade de São Pelegrino – Giordani assumiu a paróquia em 1942 e permaneceu atuante pelos 43 anos seguintes. Para o atual pároco, Mario Benvenuto Pedrotti, que neste sábado completa 50 anos de ordenação religiosa, Giordani encontrou no bairro um terreno fértil para seu espírito empreendedor e zelo sacerdotal. “Da pequena igreja de madeira para o majestoso templo que ele mesmo idealizou, passando pelas obras de Locatelli, as portas de bronze de Augusto Murer, a réplica da Pietá, a construção do convento das Irmãs Carmelitas, as campanhas de coleta de alimentos e roupas, a criação do primeiro loteamento de casas populares, junto ao bairro Euzébio Beltrão de Queiróz, tudo passou pelo comando dele”, recorda. Pedrotti, que já atuava na paróquia quando Giordani morreu, em 6 de março de 1985, devido a um câncer no estômago, sucedeu-o de forma gradual: no dia 18 de março daquele ano assumiu como administrador paroquial; em 14 de dezembro foi nomeado pároco, e um dia depois, em 15 de dezembro, foi empossado no cargo, onde se mantém até hoje. Embora Giordani não privilegiasse segmentos de atuação, Pedrotti atenta para a importância que ele sempre conferiu à educação. Apoiou a presença das irmãs carlistas, com quem trabalhou na construção do Colégio São Carlos e do Instituto São Carlos, no bairro Marechal Floriano, próximo ao Estádio Centenário. “Também interessou-se pela vinda dos irmãos lassalistas para o bairro São Pelegrino e ajudou na construção das escolas municipais Madre Joana de Camargo, Ana Fadanelli e Dom Vital, hoje sob a tutela do Estado”, lembra. O sacerdote ficou bastante conhecido também por algumas peculiaridades, tanto durante as celebrações quanto nas atividades paroquiais. Uma das mais lembradas era o uso de uma moto para se deslocar entre um trabalho e outro nos bairros. Com uma canoa acoplada ao velocípede, Giordani transportava doentes, materiais de construção e tudo mais que fosse possível. “Vez por outra, aparecia para rezar as missas de tipoia no braço, resultado das quedas e pequenos acidentes com ela”, recorda o escritor e atual 1º secretário da Associação de Arte e Cultura Aldo Locatelli, Alvino Melquides Brugalli. Já à época da construção da igreja, pilotou um avião rumo a Pelotas, onde o pintor Aldo Locatelli trabalhava nas pinturas da Catedral do

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Studio Tomazoni Caxias, Acervo da Igreja de São Pelegrino/O Caxiense

renderam histórias muitas vezes distorcidas. Conforme Brugalli, Giordani costumava defender que os princípios filosóficos de uma política sadia são semelhantes à doutrina cristã, pois visam ao bem comum, à igualdade e à promoção social. “Giordani e Segalla não concordavam em certos pontos, mas respeitavam-se e admiravam-se. Esse era o diferencial daqueles tempos”, destaca. Tanto que Segalla foi o responsável pelo monumento ao amigo, inaugurado em 30 de abril de 1994, defronte ao templo. É lá dentro, aliás, aos pés da imagem de Nossa Senhora da Pietá, que o corpo do pároco repousa há 25 anos. “Sacerdos Credidit”, o epitáfio em latim sugerido pelo próprio no leito de morte, confirma o lema de uma vida: “o sacerdote que acreditou”. Online | Confira em www.ocaxiense. com.br um vídeo com imagens raras do padre Giordani em diversas atividades nas décadas de 50 e 60 e nas comemorações de seu jubileu de prata, em 1964. Os filmes originais, em 16mm, foram disponibilizados pela Associação Arte e Cultura Aldo Locatelli e digitalizados pela Spaghetti Filmes.

2.

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www.ocaxiense.com.br

Acervo da Igreja de São Pelegrino/O Caxiense

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Arquivo pessoal de Alvino Brugalli/O Caxiense

Ferrenho defensor da moral, Giordani proibia as mulheres de entrar na igreja sem o véu, repudiava comportamentos mais íntimos dentro da igreja (entenda-se por isso pessoas com a cabeça encostada no ombro do cônjuge ou namorado durante as missas), roupas decotadas e outras liberdades hoje perfeitamente toleráveis, mas que nas décadas de 50 a 70 eram uma afronta aos bons costumes. “Certa vez, vindo da rua, entrei na igreja sem o véu para me confessar e ele disse que eu estava dando mau exemplo”, recorda Elda. O pároco também opunha-se ferozmente a certas “evoluções” da sociedade. Em seus sermões dominicais, condenava o aborto, o divórcio e a liberdade sexual, não comungava com as ideias da ala progressista da Igreja, a esquerda e a ideologia marxista, muito menos aceitava algumas das reformas

da Igreja Romana, como a dispensa do recorda Brugalli. uso da batina – por sinal, utilizou-a até Vereador da atual legislatura pelo o final. Família, recato e solidariedade eram temas sempre obrigatórios nos PSDB, Daniel Guerra também conviveu com Giordani, discursos. porém bem distante A vida política mesdo viés político. Guerra clou-se ao sacerdócio “Foi o padre auxiliava-o nas missas entre os anos de 1956 e como coroinha – foi o 1963, quando Giordani mais atuante último a atuar com o integrou o Legislati- de Caxias até pároco. Conforme relavo pelo então Partido hoje, o que Democrata Cristão tou ao escritor Ampère mais fez pelas (PDC) por duas vezes, Maximino Giordani, com votação recorde – pessoas”, sobrinho do pároco e 3.497 votos em 1955 e diz Elda, autor de um livro sobre 2.824 votos em 1960. sua trajetória, “quando moradora de Dessa passagem firealizava os casamenSão Pelegrino cou o hábito bastante tos, padre Giordani uticomum entre diversos lizava um paramento políticos e autoridades todo festivo, com uma da época – e também das décadas se- imponente e pesada capa. Para que eu guintes – de se reunir com o pároco aos conseguisse colocá-la em suas costas, finais de semana para aconselhamento subia em uma cadeira. Depois, num e discussões partidárias. “Ovídio Dei- gesto de gratidão, ele agradecia com tos, Victor Faccioni, Valmir Susin, um disfarçado ‘tapa’ na face”. Falando em política, os embates idetodos buscaram apoio nele. Mesmo tendo abandonado a vida política tem- ológicos, principalmente com o sindipos depois, atuava nela nos bastidores”, calista e artista plástico Bruno Segalla,

Studio Geremia, Acervo da Igreja de São Pelegrino/O Caxiense

município. “Firmou um contrato para a pintura da Última Ceia escrevendo num papel de embrulho”, conta Brugalli em seu livro Portas de Bronze – Fé, Arte e História.

1. Cena ilustrativa de duas características do padre: trabalhar muito, fazendo de tudo, e nunca tirar a batina; 2. Em missão religiosa, Giordani discursa na saída do avião; 3. Sermões do pároco de São Pelegrino eram famosos pela rigidez. Ele condenava o aborto, o divórcio e a liberdade sexual, e era contra a ala de esquerda da Igreja; 4. Retrato do padre Eugênio Giordani em 22 de outubro de 1939

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Guia de Cultura

por Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

Buena Vista International, Divulgação/O Caxiense

guiadecultura@ocaxiense.com.br

CINEMA

l Do começo ao fim | Drama. Quinta (8) a domingo, 20h | Ordovás Polêmico, é a visão delicada de uma história de amor homossexual entre dois irmãos. Assista sem preconceito, do começo ao fim. Dirigido por Aluizio Abranches. Com Júlia Lemmertz e Fábio Assunção. 18 anos, 90 min.. l Kirikou – Os Animais Selvagens | Animação. Quinta (8), 14h e 18h30 | Sesc Cheio de cultura africana, o filme conta as aventuras de um garoto de aldeia ao enfrentar uma feiticeira má que roubou a água e o ouro da sua terra. Livre, 74 min.. l Marmaduke | Aventura. 15h | UCS Cão adolescente pula dos quadrinhos para o cinema numa história onde ele se muda com seus donos para a Califórnia, tem que aprender a conviver com um gato e se apaixona por uma linda cachorra de raça. Dirigido por Tom Dey. Com Lee Pace e Judy Greer. Livre, 87 min., dub.. l O Pequeno Narigudo | Animação. Terça (6), 14h e 18h30 | Sesc Mais um garoto que enfrenta uma bruxa. Sob um feitiço que o transformou em anão com um nariz enorme, ele se une a princesa, transformada em ganso, para quebrar os encantos. De 2003, é o primeiro longa-metragem de animação produzido na Rússia depois de 40 anos. Livre, 82 min., dub.. l Shrek Para Sempre | Animação. Pré-estreia. Quinta (8), 14h20, 16h40, 19h20 e 21h40 | Iguatemi O ogro verde passa por uma crise de identidade e, ao assinar um pacto com um duende, ele passa a viver em uma realidade completamente diferente da sua. Dirigido por Mike Mitchell. Com vozes de Mike Mayers e Eddie Murphy. Livre, 93 min., dub..

Quincas Berro D'Água, de Jorge Amado, morre no cinema, mas sobrevive no livro

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AINDA EM CARTAZ - Amor nos tempos do cólera. Drama. Quinta (8), 15h. Ordovás. Matinê às 3 | Cartas para Julieta. Romance. 14h20, 16h40, 19h20 e 21h40. Quinta (8), 18h40. Iguatemi | Eclipse. Aventura.

13h30, 16h10, 18h50 e 21h30 (dub.) e 13h50, 16h30, 19h10 e 21h50 (leg.). Iguatemi | Mary & Max. Animação. Sábado (3) e domingo (4), 20h. Ordovás | Plano B. Comédia romântica. 16h20 e 21h10. Iguatemi | Príncipe da Pérsia: As areias do tempo. Aventura. 13h40 e 18h40. Quinta (8), 13h40. Iguatemi | Robin Hood. Aventura. 17h e 20h. UCS | Toy Story 3. Animação. 14h, 14h30, 16h30, 17h, 19h, 19h30, 21h20 e 22h. Iguatemi INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2.462, Centro. 3221-5233.

TEATRO l As Aventuras de uma Viúva Alucinada | Domingo, 16h | Grupo Mundaréu, do Paraná, apresenta espetáculo inspirado no mamulengo, um estilo popular de teatro de bonecos. A história é sobre uma viúva cheia de dificuldades e dona de tamanha alegria que fez com que o próprio diabo a levasse para o inferno. Parque dos Macaquinhos Entrada franca | Dom José Barea, s/n°

FESTAS l 21ª Feira de Inverno | Até 18 de julho | Comprar roupas de inverno, trocar

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


os móveis, saborear a farta gastronomia italiana. Quer mais motivos para visitar a Feira de Inverno? O evento tem programação cultural e um telão com os jogos da Copa. Sábado: Almoço no Restaurante Polenta, Formaio e Vin. 12h. | Hora do Galito. 14h e 17h | Domingo: Almoço no Restaurante Polenta, Formaio e Vin. 12h. | Hora do Galito. 11h30, 14h e 16h. | Show da São Francisco Sat: Beto Mayer, Tchê Sarandeio e Banda Portal da Serra. 14h. Parque da Vindima – Flores da Cunha Entrada e estacionamento gratuitos l Festa do Vinho Novo | Até 18 de julho | Comunidade forquetense apresenta produtos de agroindústrias e artesanais. Também traz amostra da gastronomia, do turismo e da cultura local. Palco Principal – Sábado: I Encontro de Jipeiros da Festa do Vinho Novo. 10h. Coração Italiano. 11h30. Due Amicci. 12h30. Grupo Felice Personne. 13h30. Irmãos Ramos. 15h. Jeison Reis. 17h. | Pertille & Cia. 18h30. | Dirceu Pastori. 20h | Domingo: Coração Italiano. 11h. | Grupo Felice Personne. 12h. | Everson Casagrande. 13h30. | Desfile Temático. 14h45. | Coral Anima D'Itália. 16h30. | Coral Stella Alpina. 17h30. | Grupo de danças folclóricas Famiglia Trentina. 18h30. | Estação de Caxias. 19h30. Coreto – Sábado: Orquestra Municipal de Sopros de Caxias do Sul. 14h30. | Due Amicci. 17h30. Coral São Carlos. 19h. | Coração Italiano. 20h | Domingo: Coração Italiano. 14h. | Everson Casagrande. 16h30. | Coro do Samae e Coral da RGE. 17h30. | Anima D'Itália. 18h30. Coral Stella Alpina. 19h30. Palco Alternativo – Sábado: Irmãos Ramos. Nativista. 14h. | Raiz Galponeira. Nativista. 15h30. | Zé da Mata. Nativista. 17h. | Carla Cristine. Sertanejo universitário. 18h30. | Overkiss. Pop rock. 20h | Domingo: Albino Paulo e Alcides Machado. Sertanejo. 14h. | Zé da Mata. Nativista. 16h. | Getúlio de Castilhos e Grupo. Nativista. 17h30. | Antares. Pop rock. 18h30. | Ampex. Rock. 19h30.

EXPOSIÇÕES l Ártico | Até 11 de julho. De segunda a sábado, das 10h às 22h e domingo das 14h às 20h | Nei Maldaner registrou costumes locais e fenômenos da natureza do continente gelado ao extremo norte do planeta. Um dos exemplos expostos é a Aurora Boreal. Iguatemi Caxias Entrada franca | Rodovia RSC, 2.780, Km 3,5 | 3289-9292 l Felicidade | Quinta (8), 20h | Abertura da exposição de Leandro Selister, inspirada em imagens do Cemitério da Recoleta, em Buenos Aires. São 11 imagens de portas de mausoléus e suas versões nas telas do artista, em desenhos multicoloridos. É visão otimista da finitude da vida, cuja cer-

teza, segundo Salister, é motivo para sermos felizes agora. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h e sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal de Arte Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 AINDA EM EXPOSIÇÃO – Caxias do Sul, um olhar alviverde. De segunda a sexta, das 8h às 18h. Câmara de Vereadores. 3218-1600 | Caxias 1910. De segunda à sábado, das 9h às 17h. Museu Municipal. 3221.2423 | Retratos na Lona. De segunda a sexta, das 9h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 15h às 21h. Saguão do Ordovás. 3901-1316.

LITERATURA l Rodas de Leitura | Segunda (6) e terça (7), 13h30 | Coordenada pelo escritor Uili Bergamin, debate será sobre poemas de Mário Quintana e crônicas de Martha Medeiros. Encontrar a relação entre os dois autores, é um bom motivo para participar. Biblioteca Pública Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3214-5937

OFICINAS l Cenografia | Sábados (3 e 10), das 13h30 às 19h30 e domingos (4 e 11), das 10h às 12h e das 13h30 às 17h30 | A Unidade de Teatro disponibiliza 20 vagas para essa atividade, que faz parte do projeto Semear e Colher. A oficina será ministrada pelo cenógrafo Rodrigo Lopes, de Porto Alegre. Inscrições pelo telefone. Prefeitura – Sala de Treinamento Entrada franca | Alfredo Chaves, 1.333 | 3901-1316 l O coro, o corpo e a cena | Sábado, das 14h às 17h | Direcionada para cantores e atores, a atividade traz experimentos cênicos para coro, ministrada por Ana Fuchs. É o exercício da arte de cantar e atuar em conjunto. Ainda restam poucas vagas, mas você pode arriscar e aparecer lá para pleitear uma delas. Unidade de Música - Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316 l Vivência em Performance Arte | Sábado e domingo, das 15h às 19h | A oficina começou na sexta, mas se você quiser muito participar mande e-mail com currículo para a atriz Andressa Cantergiani, que ministra a oficina. Ela promete estudar cada caso e responder em seguida. O email é anatomiadaboneca@gmail.com. Teatro do Sesc Entrada franca | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

MÚSICA l Diego Max Giles | Sábado, 20h30 | Lançamento do álbum Alquimia Latino Brasileira. Diego é filho do com-

positor e instrumentista Lucio Yanel. Teatro Municipal R$ 5 e peça de roupa de inverno | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Guitar Clinic | Sábado, 16h | Workshop dos guitarristas Carlos Lichman e CJ, da banda de hard rock Réus Anjos. Ambos vêm de Porto Alegre para conversar sobre técnicas de guitarra e aproveitam para lançar seus mais novos CDs. O de Lichman, Genocide, e o de CJ, Rebel Son. Escola Allegro Entrada franca | Guia Lopes, 172 | 3225-7163 l Lázaro Nascimento | Domingo, 20h30 | O espetáculo Simplicidade traz 12 músicas que recheiam o álbum de mesmo nome, primeiro autoral de Lázaro. Na banda que o acompanha estão Juliano Moreira no violão e cavaco, Gustavo Viegas no baixo acústico, Vaney Bertotto na bateria, Marcelinho Silva na percussão e Luizinho Corrêa no acordeon. CDs estarão a venda por R$ 15. As músicas também estão disponíveis no site www.lazaronascimento.com.br. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316 l Mariko Nakahira | Quarta (7), 20h | Japonesa canta em português, italiano, espanhol, francês e inglês. No Brasil, ela interpreta canções como Garota de Ipanema, Mas Que Nada e uma versão em japonês de Lua Branca. Teatro Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Blackout. Música eletrônica. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Cabaret. Música eletrônica e latina. Pepsi Club. 3419-0900 | Cleber More. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 34195269 | Flashback. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Izequiel Carraro. Pop/eletrônico. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Janis Project e DJ Jorgeeenho. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Swing Natural. Pagode. 23h. Move. 9198-3592 | The Headcutters. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Velho Hippie. Rock. 22h. Zarabatana Café. 39011316 | Vini e Isack. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Domingo: DJ Negada Lucas. Música eletrônica. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Quarta (7): Alexandre Slide. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quinta (8): Andy Boy e Tiago Dandrea. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Sexta (9): A Célula e Mahabarata. Alternativo. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Baú do Rock com DJ Jaime Rocha e Creedence Cover. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Bete Balanço. Pop rock. 23h. Portal Bowling – Martcenter. 3220-5758 | Rafa Gubert e Tita Sachett. Rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149.

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Cinema | Quincas Berro D'água

A morte e a morte de um filme por PAULA SPERB “Que beleza, Jorge Amado! Que história linda para um lindo filme! O filme que talvez fosse a redenção do cinema pátrio, vítima do pitoresco, do samba, do rádio...”, escreveu o jornalista Sérgio Porto para o autor de A morte e a morte de Quincas Berro D'Água, em 1959, quando o livro foi lançado. O colunista da revista Manchete tinha toda razão. A adaptação virou o belo filme dirigido por Sérgio Machado, o mesmo de Cidade Baixa (2005), que também tem Walter Salles na produção executiva e onde o geografismo das ruas de Salvador são coadjuvantes da estória. No livro e no filme de 2010 as cores do Pelourinho, o Mercado Modelo, a Ladeira do Tabuão e o mar, terra de Iemanjá, são o retrato de uma porção do Brasil registrada por Jorge Amado. Como indaga a pesquisadora Ilana Seltzer Goldstein, em Uma leitura antropológica de Jorge Amado: dinâmicas e representações da identidade nacional, “Jorge Amado criou a Bahia ou a Bahia criou Jorge Amado?”. Responderia que as duas coisas. E tudo no filme é ambíguo assim. Joaquim Soares da Cunha, funcionário público aposentado, respeitável pai de família de classe média é Quincas Berro D'água, “o cachaceiro-mor de Salvador, o filósofo esfarrapado da rampa do Mercado, o senador das gafieiras, o vagabundo por excelência”. Quincas é interpretado genialmente por Paulo José que consegue dar vida a um morto e voz àquele que narra sem movimentar os lábios. Este, sem dúvida, o principal desafio da adaptação do livro amadiano para o cinema. A tarefa de caracterizar um morto que está vivo ou simplesmente morto– o resto é por conta da imaginação do leitor... – , junto da trupe formada por Curió, Pé-de-vento e Cabo Martim foi cumprida com êxito. O Quincas de Paulo José é a concretização da ilustração do artista e amigo de Jorge Amado, Calasans Neto. Na obra, o personagem tem dois perfis, um de terno alinhado e vívido, outro de roupa esfarrapada, garrafa na mão, em cores etéreas de uma morte que se aproxima. Quincas tem a morte de um burocrata comum e depois a morte de um homem aventureiro do mar, com o requinte sonhado. O surgimento do apelido de Joaquim aparece em uma cena de realismo fantástico, que poderia muito bem estar em Cem Anos de Solidão, de Gabriel Garcia Márquez, livro publicado quase uma década depois. Vanda (Mariana Ximenes), filha de Quincas, incorpora o sincretismo e a miscigenação. É católica, mas após entrar em um terreiro de umbanda se rende a cultura que lhe era estranha. Branca e casada, se envolve com um homem negro. Justo ela que condenava a vida do pai em meio ao povo. Exibido na semana passada no cinema GNC, Quincas Berro D'Água “morreu” quando a projeção ficou fora de foco por cerca de 15 minutos e precisou ser reiniciada para uma plateia de 8 pessoas. Depois a película “morreu” novamente quando saiu de cartaz antes da chance encantar o público. A não ser que entre em cartaz novamente em algum outro cinema como os do Ordovás e da UCS, o filme, diferente do personagem Quincas, não terá a morte que merece: as luzes se acendendo, sala lotada e espectadores satisfeitos. Enquanto isto não ocorre, a solução é ler o sucinto e genial livro de Jorge Amado. Online | Assista aos trailers dos filmes em cartaz – infelizmente, Quincas Berro D'Água já não está entre eles – em www.ocaxiense.com.br. 3 a 9 de julho de 2010

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Artes artes@ocaxiense.com.br

CANÇÃO DESPEDAÇADA por JÔNATAS LUIZ MARIA Estética minha, crua tal do pouco. Dizeres de prazer, por prazer de silenciar-se. História minha, tão minha, todo meu o crime. Ditos de afogar-se, entre adjetivos. Ecos do miado, do grunhido no céu da boca. Cacos do rugido, pedaços de pecado na língua, Artéria possuída de posse, de apóstrofe, De apóstolos em ceia sem assunto. Riscos do perdão no tecido da culpa. Venenos borrifados entre os gestos, Angústias, coloridas percorrendo sorriso Ligeiro a escorrer-se de si, e fugir pelo canto. Dói, a alma quando espera, em desespero, Cai o coração, apodrecido sobre as horas lentas, Desassossegos das linhas poéticas do gemido Instantâneo a instalar-se entre pausas da prosódia. Nem mesmo diabos comparam suas forças Na medida em que pela cara escorre toda vida, A saber, quem levaria, ao acaso, o desinteressante, Esquecido nos embalos d’ um berço, e sem poder sonhar.

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Fábio Balen

| Gato em traje de festa | Da pintura lúdica de Balen, onde a multiplicidade de cores é a marca estética, surge um gato branco sob fundo preto. Monocromáticos, cenário e personagem cedem destaque à roupa, onde o artista explora a sua fantástica paleta de cores. Nesse acrílico sobre tela, um traje de retalhos e costuras em bold assume o protagonismo da obra. A festa é das cores, o gato pop é convidado especial e o traje é de gala.

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Maurício Mano, Atlético-PR, Divulgação/O Caxiense

Trabalho na praia

No primeiro amistoso, o Caxias conseguiu uma surpresa boa – empate com o Atlético-PR –, que se repetiu contra o Paraná. Depois, veio a surpresa ruim: levou 3 do Marcílio Dias

FORTALECIMENTO GRENÁ Time do técnico Julinho volta da intertemporada com resultados interessantes dentro e fora de campo

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por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br raia nem sempre significa férias e descanso. Pelo menos não para os jogadores e a comissão técnica do Caxias. Nestes 10 dias de intertemporada em Balneário Camboriú, o time comandado por Julinho Camargo fez três importantes amistosos – sendo dois deles contra adversários teoricamente mais fortes. E o futebol realmente prega peças nos analistas que se arriscam a prever resultados. Contra o Atlético-PR, o Furacão, da elite do futebol brasileiro, e o Paraná, líder da disputadíssima Série B, a equipe grená não se intimidou. Conquistou dois empates: o primeiro em 1 a 1, o segundo em 0 a 0. Contra o modesto Marcílio Dias, porém, o improvável aconteceu: 3 a 0 para o time catarinense. Apesar da derrota como última recordação, Julinho se mostra satisfeito com a jornada no litoral: “Estou bem contente pelo trabalho que realizamos. Ele nos forneceu subsídios para apontarmos algumas falhas e acertos”. Entre os pontos positivos, talvez o mais importante nem seja relacionado estrita-

mente ao futebol. Um grupo vencedor precisa, entre outras coisas, ser unido. A proximidade fora de campo antecede a harmonia dentro dos gramados. E a oportunidade para isso foi criada, juntando os nove reforços e os jogadores remanescentes do primeiro semestre em um hotel. “Ganhamos em termos de amizade e companheirismo”, revela o treinador. “Além disso, por termos o jogador conosco 24 horas por dia, ficou mais fácil controlar a alimentação e também pequenas lesões dos atletas.” Restando apenas duas semanas para a estreia na Série C, consoante que ainda amargura grande parte da torcida e dirigentes grenás, há indefinições sobre o time que deve iniciar a partida contra o Brasil de Pelotas, no Estádio Bento Freitas. Nos três jogostreino, Julinho experimentou diversas formações táticas, com dois e com três zagueiros. “Trabalhamos muito em cima da mescla do elenco. Nossa preocupação era que o jogo fluísse através do treinamento”, conta o técnico. Essa dificuldade de estabelecer uma escalação inicial, porém, procede de algo bom: os diversos reforços que chega-

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ram. As novidades para este segundo mais importantes são o meia Marcelo semestre são o goleiro Matheus, os Costa, escolhido o melhor jogador do zagueiros Marcelo Oliveira e Cláudio Campeonato Gaúcho, e Itaqui, eleito Luiz, os laterais Tiaguinho e Edu Silva, um dos melhores volantes da compeo meia Marcelo Labarthe e os atacantes tição. Julinho não antecipa uma proRafael Grampola, Maiquel e Balthazar, vável escalação, mas já observou desquase um time completo. Mesmo com taques nos primeiros testes e considera todas essas contratações, Julinho não que a equipe atingiu um nível satisfanega a possibilidade de tório na parte tática. receber novos jogadores. “Ainda precisamos “Estamos com o elenco “Estamos com melhorar algumas fechado. Mas o nosso cluAcredito que o elenco fechado. coisas. be nunca pode estar de até a estreia (dia 17 Mas o nosso portas fechadas.” de julho) estejamos A partir desta semana, clube nunca com o time pronto.” já de volta à intimidade pode estar É bom mesmo que do Centenário, o Caxias esteja. O xará rode portas começa a trabalhar com mano do treinador mais intensidade na defi- fechadas”, grená, que guiava nição da equipe que deve diz Julinho, legiões em vez de ser titular no Brasileiro. sobre reforços jogadores e usava o Julinho terá a missão de segundo nome Cérepetir as boas atuações sar, diria que “a sorte do primeiro semestre sem a presença está lançada”. Com essa sentença o cédo meia-atacante Everton, emprestado lebre imperador conquistou a Europa e ao Internacional. Conforme o treina- boa parte do mundo civilizado há mais dor, Everton foi um dos responsáveis de 2 mil anos. Julinho quer um pouco por conferir o “equilíbrio” à equipe na menos: uma vaga na Série B de 2011. primeira parte do ano. Mas, se Everton Mas sabe que terá de insuflar o mesmo está longe, outros ficaram. Alguns dos espírito guerreiro em seus atletas. 3 a 9 de julho de 2010

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COPA MULTIMÍDIA | Jornalismo multimídia é oferecer conteúdo exclusivo, sem repetir o que se lê no jornal. No nosso site, cada jogo ganha um tratamento diferente de tudo o que se vê na web. Imagens dos jogos do Brasil são comentadas em áudio, e uma HQ é contada em versão animada. Acesse: www.ocaxiense.com.br

Marcelo Mugnol

marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br

A COPA DO MUNDO

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DE CADA UM

e um lado um garoto desejando um pai e uma mãe. De outro, um choro de menino que parece não entender por que a vida lhe pregou uma peça dessas, em plena Copa do Mundo. Um olhar de esperança que sonha mover montanhas. Outro, desolado, como se reconhecesse que o seu destino é assistir ao êxito dos colegas. Um pede espaço para virar protagonista. O outro sai de cena como o herói que morre antes do apito final. Vidas e destinos que se cruzam nesse mundo da bola. Elano não é gênio. Não nasceu com uma habilidade incomum. Nunca foi unanimidade nem no time do bairro. Nunca foi visto batendo na mulher, nem dançando funk agarrado numa metralhadora e cercado de mulatas vibrantes. Elano sempre pensou primeiro na família. Por um futuro melhor a eles, agarrou o primeiro malote de dinheiro que lhe jogaram como isca e foi parar na Ucrânia. Como a maioria dos garotos de 10 anos, Natanael adora chutar uma bola. No último domingo (27), passou a tarde correndo atrás de uma pelota de gomos azuis e brancos. Não era uma Jabulani, a bola da Copa, mas Natanael tinha a sede de vitória de Elano. “Tio, sabe que eu cansei menos depois que joguei mais com a cabeça e

menos com os pés?” Natanael pensa muito numa família, mesmo que ainda não tenha uma. Elano sentiu a mesma dor da infância quando o marfinense quase quebrou-lhe a perna. Quase a mesma incapacidade de ver a batalha da família que ganhava a vida cortando cana e não poder mudar aquilo num piscar de olhos. Nem por isso deixava de sorrir. Mesmo que não soubesse como seria o dia seguinte. Pelo menos ele via nos olhos dos pais uma estranha força que os conduzia juntos, ladeira acima.

Natanael nunca tinha visto esse olhar. Não pelo menos até a última terça-feira (29), quando enfim conheceu o casal que decidiu adotá-lo. A Copa do Mundo nem terminou e Natanael já encontrou uma razão para esquecê-la. Enquanto Elano sonha em jogar, nem que seja com meia perna, pelo menos mais uma partidinha, Natanael até torce pelo Brasil erguer o caneco, mas sonha de olhos acordados o dia em que poderá segurar as mãos do pai e da mãe que resolveram dar-lhe uma família. Entre a bola e o abraço apertado desses novos pais, Natanael prefere a sua Copa do Mundo. Porque esse jogo entre a família é pra vida inteira. Entendeu, Elano?

fabiano.provin@ocaxiense.com.br

Mal educado

Brincadeiras à parte, dizem na África do Sul que, terminada a participação de Portugal na Copa, o atacante Cristiano Ronaldo poderá se dedicar ao que mais gosta: ele mesmo. Em cada jogo a estatística do gajo era mais ou menos a mesma: passes certos, 12; chutes a gol, 5; olhadas no telão do estádio, 382. Após ser eliminado pela Espanha, enquanto saía do gramado, Cristiano disparou uma cusparada em direção a um cinegrafista. Ao retornarem para a terra do pastel de Belém, o craque levou mijada até do técnico. “Nenhum jogador está acima da seleção”, discursou Carlos Queiroz, ora pois.

Ruim

Pelé, em entrevista ao jornal alemão Der Tagesspiegel, disse que considera o argentino Diego Maradona um treinador ruim. “Não tenho problema com ele. Apenas não o acho um técnico bom. Ele tem uma vida incomum, e isso raramente é positivo para uma equipe”, discursou o Rei. Porém, temos de concordar que os hermanos estão jogando bem, seja mérito de Maradona ou não.

Agora, a Alemanha

Como os tequileiros mexicanos não conseguiram despachar a Argentina, segundo meu palpite da última edição, cabe agora aos alemães a façanha. Baita jogo, principalmente porque a Argentina quer vingar a eliminação na Copa de 2006, ocorrida nos pênaltis.

As bolas

Quer conhecer todas as bolas já usadas em Mundiais, desde 1930 até a odiada Jabulani? Dê uma espiada no infográfico especial do jornal americano The New York Times (digite assim mesmo: http:// migre.me/TDus). Aliás, o presidente da Fifa, Joseph Blatter, afirmou que a entidade está aberta a discutir sobre a Jabulani, bola que recebe críticas desde o final de maio, quando as seleções iniciaram a preparação para a competição. Alguma medida deverá ser tomada em breve, afirmou o dirigente. Provavelmente depois da Copa (!). Adidas, Divulgação/O Caxiense

Copa 2010

Fabiano Provin

Tecnologia

Blatter também disse que o uso da tecnologia a serviço da arbitragem deverá ser rediscutido em julho. A declaração foi dada após os erros que comprometeram os resultados das partidas entre México x Argentina e Alemanha x Inglaterra, pelas oitavas de final. Inclusive, pediu desculpas às federações mexicana e inglesa, que voltaram para casa mais cedo. Ah, as mudanças também serão discutidas depois da Copa. Antes eles contarão o dinheiro arrecadado com a competição.

Livro

O árbitro gaúcho Carlos Eugênio Simon, 44 anos, que está na 3ª Copa, revelou que prepara um livro sobre as suas participações em 2002, 2006 e 2010. Ele ainda não sabe se irá se aposentar ao término do torneio ou no final do ano.

Decepção

Nós, brasileiros, estamos tristes, inconformados com a eliminação da Seleção Brasileira. Não cabe, agora, tentar achar culpados. O mérito é do time holandês, que levou um chocolate no 1º tempo, se arrumou, voltou e deu um banho tático na equipe de Dunga no 2º. Está feita a revanche da Holanda após três Copas. Resta assistir os demais jogos este ano e torcer para que, em 2014, tudo seja diferente.

Money, money, money

A Fifa declarou antes da Copa do Mundo da África do Sul que teve lucro de US$ 196 milhões em 2009 (R$ 356 milhões) e que suas reservas já ultrapassaram US$ 1 bilhão. O argumento para tanto dinheiro é que, caso um Mundial seja suspenso, a entidade terá de devolver o dinheiro investido aos parceiros comerciais. Este ano, até o início de junho, o lucro com ações era de US$ 1,06 bilhão, valor que, segundo comunicado no site da Fifa, cobrirá “ape-

nas” os custos da entidade nos próximos 18 meses. Pelo menos uma parte dessa grana toda não ficará em Zurique, na Suíça, sede da Fifa. Parte dos lucros será repassada às confederações continentais (US$ 2,5 milhões para cada uma) e às associações nacionais associadas (US$ 200 mil cada; a CBF é uma delas). Isso sem contabilizar prêmios por colocação de cada seleção no torneio.

Denúncia!

Aliás, por falar em Fifa, fugindo um pouco da Copa, a edição da revista Carta Capital que chegou às bancas no final de junho traz uma entrevista com o jornalista esportivo inglês Andrew Jennings. Ele é autor do livro (em tradução livre) Falta! O Mundo Secreto da Fifa: Subornos, Compra de Votos e Escândalos com Ingressos. A obra é de 2006, mas repercute até hoje, pois compara a Fifa à máfia.

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Na entrevista, ele acusa o francês Joseph Blatter, atual presidente da entidade, e o brasileiro João Havelange, ex-presidente, de manterem um esquema de suborno envolvendo milhões de dólares. Havelange e Ricardo Teixeira, da CBF, seriam sócios em uma empresa para onde parte do dinheiro seria desviado. Jennings afirma ter provas como documentos e depoimentos de ex-dirigentes do alto escalão da Fifa.

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Guia de Esportes

guiadeesportes@ocaxiense.com.br Rafaela Conte, Divulgação/O Caxiense

por José Eduardo Coutelle

O Colégio Murialdo, em Ana Rech, será o ponto de partida e chegada da Rústica Rural – que inclui uma versão para as crianças – neste sábado à tarde

TÊNIS l 3° Tennis Cup Indoor | Sábado, 8h às 20h, e domingo, 9h e 11h | Ao abrigo do frio – isto é, se o inverno realmente chegar –, a pequena bola amarela atrai todos os olhares no campeonato indoor a partir da manhã de sábado. No domingo, os competidores fazem as finais, em diversas categorias. Academia Bohrer Entrada gratuita | Antônio Ribeiro Mendes, 2.800, Santa Catarina

RÚSTICA l Rústica Rural | Sábado, 14h | Este será um final de semana corrido, quero dizer, de corrida. Os atletas participam da Rústica Rural, de aproximadamente 6,7 quilômetros. A largada e a chegada ocorrerão em frente ao Colégio Murialdo, em Ana Rech. Para os pequenos, de 10 a 13 anos, será disputada a Minirrústica, prova com metade da distância. Corredores de fora da cidade ganham uma canja: podem se inscrever até 30 minutos antes da largada, no local. Colégio Murialdo Inscrição gratuita | Rio Branco, 1.595, Ana Rech

VÔLEI l Circuito da Serra de Voleibol | Sábado, a partir das 8h | A Serra entra em quadra – ou melhor, nas duas quadras do ginásio do RJ – neste sábado. Meninas da categoria infantil e meninos da mirim de times de Antônio Prado, Flores da Cunha, Gramado e Caxias disputam o campeonato regional. Os jogos devem seguir até as 18h, com a definição dos campeões. Recreio da Juventude Entrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525 l Campeonato Municipal Feminino | Domingo, a partir das 8h30 |

As cortadas e as defesas voltam a agitar o ginásio do Sesc pelo Municipal. Um dos destaques entre as 18 equipes é a Dakota, que antecipou alguns jogos e também a classificação: em 5 partidas, teve 4 vitórias e 1 derrota. Disputando a liderança da Chave A, as meninas da UCS enfrentam as da Associação Atlética Veranópolis, às 9h45. Domingo, 8h30: Santa Lúcia x CEEF | 9h45: Associação Atlética Veranópolis x Sincontec | 11h: AMSM x Maragatas | 12h15: Associação Atlética Veranópolis x UCS | 13h30: Flores da Cunha x AMSM | 14h45: Drogaria Bem de Vida x Associação Atlética Veranópolis | 16h: Maragatas x Flores da Cunha | 17h15: Uaná x Recreio da Juventude. Ginásio do Sesc Entrada gratuita | Moreira César, 2.462, Pio X

Ginásio do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Fátima

BASQUETE

l 8ª Copa Ipam de Futsal Feminino | Sábado, 19h, 20h e 21h e domingo, 9h, 10h e 11h | O União, líder da Segunda Divisão, que sofreu apenas um gol nas primeiras três rodadas, enfrenta o último colocado, o Camisa 10, que marcou somente um gol. Na categoria Principal, a última vaga do Grupo C ainda está aberta para a rodada seguinte. As meninas do Juventus, que ainda não conseguiram marcar no campeonato, precisam operar um verdadeiro milagre: vencer a equipe do BGF por pelo menos nove gols de diferença. Sábado, 19h: FZ Futsal x Primavera (Enxutão) | 20h: Camisa 10 x União (Enxutão) | 21h: BGF Futsal x Juventus (Enxutão) | Domingo, 9h: Força Pôr do Sol x UCS B (UCS) | 10h: ACBF x Sindicato dos Metalúrgicos (UCS) | 11h: 1° Grupo C x Santa Catarina (UCS) Enxutão e UCS Entrada gratuita | Enxutão: Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina; UCS: Francisco Getúlio Vargas, s/n°, Vila Olímpica, Petrópolis

l Jogos Escolares de Basquete | Quinta (8) e sexta (9), horário a definir | Os primeiros jogos do campeonato, que reúne alunos de 16 escolas da cidade, iniciam quinta-feira, na categoria mirim, masculino e feminino. Horários e locais dos jogos ainda estão sendo definidos pelas direções dos colégios. Ginásios do Sesi, UCS, Enxutão e Juvenil Entrada gratuita

XADREZ l Jogos Escolares de Xadrez | De domingo a terça (6), horário a definir | Técnicas de abertura e ataque serão postas à prova por cerca de 484 alunos de 20 escolas inscritas nos Jogos Escolares de Xadrez. No domingo, os estudantes da categoria juvenil masculino e feminino tentarão o xeque-mate. A programação segue até terça, com disputas entre as categorias infantil masculino e mirim e infantil feminino.

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FUTEBOL l Futebol Sete Master | Sábado, 9h45 e 10h45 | As chuteiras permaneceram no armário no último sábado. Há duas semanas consecutivas os jogos são adiados devido às chuvas. Neste sábado espera-se que o clima ajude, com muito sol e temperatura amena. Sábado, 9h45: Guerra x Marcopolo (Sesi), Gpaniz x Randon (Voges), Agrale x Master (Sesi) | 10h45: Fras-le x Madal (Sesi), Voges x Pisani (Voges), Lavrale x Neobus (Sesi). Quadras do Sesi e Voges Entrada gratuita | Sesi: Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Fátima; Voges: Grercio Reis, s/n°, Desvio Rizzo

l Campeonato Municipal | Sábado e domingo, 13h15 e 15h15 |

As equipes Águia Negra e Hawaí disputam a grande final do campeonato na categoria Suplente. O Kayser venceu a disputa pelo 3° lugar contra o Cristal sem entrar em campo – o adversário foi desclassificado pois sua equipe na categoria principal perdeu por WO. Já na Série Prata, faltando apenas um jogo para o fim da primeira fase, Esperança e Hawaí são as duas únicas já classificadas para a semifinal, em 1° (24 pontos) e 2° (22 pontos) lugares, respectivamente. Elas reservam para a última rodada o clássico que deve definir a primeira colocação. Mas a emoção maior fica por parte da disputa das outras duas vagas. Kayser, Bom Pastor, R. Unidos da Esperança e Águia Negra ainda brigam pela permanência no campeonato. SÉRIE SUPLENTE - Sábado, 13h15: Águia Negra x Hawaí (Municipal 2) | SÉRIE OURO - Sábado, 13h15: União de Zorzi x União Industrial (Municipal 2) | 15h15: Fiorentina x Goiás (Enxutão), Guarani x União Reolon (Municipal 1) | Domingo, 15h15: Cristal x Fonte Nova (Enxutão), Vindima x XV de Novembro (Municipal 1), Az de Ouro x Londrina (Sagrada Família), Século XX x São Victor Cohab (Sta. Corona) | SÉRIE PRATA - Sábado 13h15: Uruguai x R. Unidos da Esperança (Enxutão), Vera Cruz x Mundo Novo (Municipal 1) | Domingo, 13h15: Unidos x Kayser (Enxutão), Ouro Verde x Bom Pastor (Municipal 1), Hawaí x Esperança (Sagrada Família), Águia Negra x Atlético (Sta. Corona) Entrada gratuita l Campeonato Citadino Adulto | Terça (6), às 19h45 e 20h45 | O Águia Negra concluiu o último jogo da 2ª fase vencendo o Planalto, lanterna da Chave E, e segue na frente. Mas o 1º lugar do grupo pode ser ameaçado pelas equipes São Vicente e SER Real, que dependem somente das suas forças para se classificar à semifinal. Terça, 19h45: Puma x Torino | 20h45: SER Real x Planalto | Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina 3 a 9 de julho de 2010

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Comédias e dramas

de Massa Há 20 anos no Jaconi, o massagista Édson de Camargo começou cortando grama

O bem-humorado Massa é reconhecido por contar piadas e imitar os colegas

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André T. Susin/O Caxiense

Bastidores alviverdes

É

por Fabiano Provin fabiano.provin@ocaxiense.com.br contando piadas para descontrair o ambiente que ele se sente bem. Há 20 anos e seis meses trabalhando no Juventude, integra a seleta lista dos funcionários com mais de duas décadas de casa. Édson de Camargo, o popular Massa, está quase sempre de bom humor. Atento aos lances dos treinos, dá uma paradinha e conta: “Tu-tu-tu conhece aquela do por-por-português?” Ao contar a anedota, a gagueira some. Mas volta logo, e é motivo de brincadeira dos funcionários mais antigos e do pessoal da imprensa, que têm contato diário com ele. Hoje com 51 anos, Massa não esconde que seu começo no Ju foi engraçado. Prefere omitir momentos de tristeza. Massa trabalhava São Paulo de Rio Grande quando veio para Caxias ajudar o cunhado João Antônio Borges, o Vacaria, que cuidou durante anos do gramado do Jaconi. “Comecei cortando e pintando a grama. Além disso, fazia serviços gerais.” Antes de retornar para casa, o trabalho braçal era recompensado com uma boa conversa no antigo bar do estádio. “Ali nós tomávamos uns aperitivos, geralmente ‘limãozinhos’. O Seu Adão Pereira, que treinava os juniores, também frequentava o bar. Certo dia escutei que ele estava precisando de um massagista. Pensei, ‘essa é minha chance’. No outro dia falei com ele no estacionamento do estádio”, relata Massa. Marcos Cunha Lima, presidente do Juventude em sete temporadas, comandava, no final de 1989, as categorias de base. Foi ele quem liberou Massa para fazer um teste, depois de falar com Pereira. Aprovado, Massa foi contratado no ano seguinte e começou nos juniores. Conversando com o doutor Iran Cercato (o funcionário alviverde mais antigo, com 32 anos de casa), aprendeu muitas coisas. “Se existe uma pessoa à qual tenho gratidão é o doutor Iran. Ele me passou vários ensinamentos que levarei por toda a vida”, agradece Massa. Em 1991 surgiu a oportunidade de fazer um estágio com o grupo profissional de jogadores. O técnico era Hélio dos Anjos. “Ele gostou do meu trabalho e me efetivou. No final do ano ele foi embora, para o Vitória-BA, e, por sorte do destino, fiquei até hoje”, comemora. Natural de Vacaria e residente em

Caxias desde os 14 anos, o massagista, depois de efetivado, se especializou. É formado em massoterapia e tem cursos de primeiros socorros e de instrumentação de aparelhos de fisioterapia. Massa, além das piadas, conta histórias engraçadas presenciadas dentro e fora do Jaconi. Mas a maioria delas ele diz que não dá para contar. A mais “interessante” ocorreu em 1999, quando o Ju viajou para enfrentar o Bahia pelas quartas de final da Copa do Brasil. O grupo se preparava para entrar no campo e Massa estava à frente. “Na saída do túnel havia uma macumba com uma galinha viva, que estava com as pernas amarradas. Eu já tinha visto despacho com galinha morta, agora, viva, foi a primeira vez. Era uma completa, com pipoca, mel, velas, cachaça... Sabe o que eu fiz? Dei um chute no meio de tudo aquilo e entramos no gramado. E o feitiço virou contra o feiticeiro: empatamos o jogo e seguimos adiante na competição”, diverte-se. Outra história engraçada contada por Massa ocorreu em 1998 e envolve o técnico Cláudio Duarte. Era a primeira vez que Claudião treinava o Juventude e, ao chegar no estádio, todos o avisaram para se precaver com o massagista, que imitava todo mundo (outro dom de Massa). “Ele chegou e pediu se era verdade”, recorda Massa, que respondeu nervoso, “Nã-nã-não, é-é-é mentira deles”. Duarte, também gago, respondeu: “E-eu nem cheguei e-e tu já tá me-me imitando, ô seu...”. “Hoje posso rir disso, mas na época, até explicar que eu também sou gago...”, lembra o massagista do Ju. Massa confere aos títulos do clube as suas maiores alegrias – Série B em 1994, Gauchão em 1998 e Copa do Brasil em 1999. “Antes de trabalhar com os jogadores eu vivia fora do campo, via tudo das arquibancadas”, observa. Mas nem todas as suas histórias tiveram final feliz. Massa prefere esconder na memória o que aconteceu nos últimos anos. Primeiro, 2007, a queda para a Segunda Divisão. E principalmente o dia do rebaixamento para a Série C, 28 de novembro de 2009, após derrota por 2 a 1 para o Guarani: esse é considerado o pior da sua vida. “Foi muito ruim, um clima de velório no vestiário”, diz, interrompendo a fala para tirar os óculos e secar as lágrimas. Massa espera um futuro melhor para o Ju e não se importa em chorar, desde que seja de alegria, como fez em 1994, 1998 e 1999.

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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Oportunidade perdida

A partir desta terça-feira (6), não haverá transmissões ao vivo da sessões ordinárias da Câmara de Vereadores de Caxias. Elas serão gravadas e somente depois de retocadas (se for o caso de excessos nas manifestações dos parlamentares) irão ao ar, pelo canal 16 da televisão a cabo. A Mesa Diretora quer evitar o que aconteceu em 2002, quando a Câmara foi multada em R$ 21 mil. A Justiça Eleitoral alegou à época que vereadores estavam fazendo campanha para os telespectadores.

Tenho simpatia pela Dilma. Tenho simpatia pelo Serra. Tenho simpatia pela Marina. Eu sou muito simpático. Senador caxiense Pedro Simon (PMDB), ao ser cobrado por sua simpatia à candidatura Dilma Rousseff para presidente da República. Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Ao vivo não

Tudo limpo

O plenário da Câmara também estará livre este ano de propaganda eleitoral até as eleições de outubro. Por força de resolução da Mesa Diretora da Casa, amparada na legislação, está proibida a afixação de material publicitário, cartazes, faixas – enfim, nada que lembre a campanha eleitoral. A TV Câmara serve para divulgar as atividades dos vereadores – não de candidaturas.

Dois candidatos

Agora que houve acerto entre o vice-prefeito Alceu Barbosa Velho e o vereador Vinicius Ribeiro, surge uma questão nas rodas políticas da cidade: qual dos dois fará mais votos para uma vaga na Assembleia Legislativa pelo PDT caxiense? Se não houvesse desconfiança de que ambos poderão ser vítimas de canibalismo partidário, a pergunta seria: quem será eleito?

Um certo PMDB

A denominação Baile Municipal foi apropriada ao evento realizado sábado passado (26) no Clube Juvenil (na foto, o prefeito José Ivo Sartori dança com a primeiradama Maria Helena Sartori). Destacando o centenário da elevação

Orgulho ferido

da sede de Caxias à categoria de cidade, o baile comemorou também os 105 anos do clube social que sediou à época o histórico momento. Uma feliz coincidência de datas e cenários de vida, lembrados com delicadeza e respeito.

“Vocês não são gaúchos?”, perguntava a vereadora Geni Peteffi (PMDB) a todos os que consideravam absoluta perda de tempo a discussão e a votação, na Câmara de Vereadores, de moção de repúdio ao ex-jogador Sócrates por ele ter chamado os nativos do Rio Grande do Sul de “reacionários” em entrevista ao jornal inglês The Guardian. Geni diz que a moção – aprovada por unanimidade na sessão de quartafeira (30), foi inspirada pelo silêncio da governadora Yeda Crusius (PSDB). “Ela não saiu em defesa do Rio Grande. Claro, ela é paulista”, alfinetou.

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Campus avançado

Tramandaí vai ter ainda este ano um campus avançado da Universidade Federal do Rio Grande do Sul. Continua em estudo a criação de um campus avançado da região da Serra, cujo projeto é anterior ao movimento local por uma extensão da UFRGS em Caxias do Sul. A sede desse campus tanto pode ser na cidade como em Bento Gonçalves ou Farroupilha. Aliás, esta última pode levar vantagem na escolha por não ter um instituto técnico do governo federal.

Um exemplo

Sucesso misto

Para comemorar os 109 anos de fundação, a CIC concede nesta segunda-feira o Troféu Ítalo Victor Bersani a empresas do setor industrial, comercial e de serviços. Em que pese a importância da Agrale e de Lojas Colombo, as duas agraciadas da iniciativa privada, uma menção especial à Companhia de Desenvolvimento de Caxias do Sul (Codeca). É raro uma entidade empresarial reconhecer o trabalho de uma empresa de economia mista, controlada pela prefeitura, dirigida com segurança por Adiló Didomênico. Cristofer Giacomet, Divulgação/O Caxiense

A líder do governo na Câmara de Vereadores, Geni Peteffi, garante que não vai apoiar a candidatura Dilma Rousseff só porque o vice da afilhada de Lula é do PMDB. “Michel Temer nem é do PMDB. Ele é um desvio de rota, como o Jader, o Sarney, o Renan. O PMDB não fez coligação com o PT. Eles é que fizeram”, diz Geni.

Delicadeza e respeito

A inauguração do ramal ferroviário há 100 anos representou a conquista de um sonho para os caxienses que viam, naquele veloz transporte de 40 km/h, o definitivo rumo em direção à continuidade do progresso. Foi resultado de uma eficiente articulação político-comunitária no âmbito municipal, que teve eco nas instâncias estadual e nacional. Pena não se anunciar em 2010 outras auspiciosas obras, identificadas com os tempos de agora, como a definição do novo aeroporto e/ou a implantação do trem regional.

Causou surpresa na cidade a notícia de que o Hotel Villa Michelon, do Vale dos Vinhedos, teria fechado contrato com a FIFA para a Copa do Mundo 2014. O hotel do principal distrito vinícola de Bento Gonçalves já estaria reservado no período de 15 de maio a 15 de agosto daquele ano. A se confirmar a informação, mais uma vez ficaria comprovado que turismo se faz com ações práticas, às vezes silenciosas, com produtos adequados e sem badalações antecipadas.

Superestrutura

Aprovada pelos vereadores, foi sancionada esta semana pelo prefeito José Ivo Sartori lei que cria o cargo de chefe do setor de transportes na Câmara. Um setor que tem dois servidores agora terá também um chefe.

Patrimônio de cidadania O mais recente discurso de Pedro Simon não foi na tribuna do Senado, e sim em sua terra natal, na manhã de segunda-feira (28). Longa, mas recheada de histórias bem humoradas e afetivas, a fala de Simon foi a voz dos homenageados com a Medalha da Casa da Moeda do Brasil – Centenário da Cidade de Caxias do Sul. A distinção foi concedida a 17 personalidades e instituições que representam simbolicamente o conjunto da sociedade caxiense. Um patrimônio de cidadania que merece ser lembrado e relembrado.

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