Edição 32

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A NOVA

Caxias do Sul, julho de 2010 | Ano I, Edição 32 | R$ 2,50

CAXIAS DE TODOS OS DIAS

André T. Susin/O Caxiense

Com 65 bairros e 403 loteamentos, a cidade não para de crescer. Enquanto a construção civil comemora, o poder público e o setor de serviços tentam acompanhar o ritmo acelerado da expansão

Renato Henrichs: constrangimento na troca de comando da BM | Roberto Hunoff: o custo de vida é cada vez mais alto em Caxias | Jayme Paviani: a sabedoria que vem com o verso | Homeopatia: de graça e sem filas


Índice

www.OCAXIENSE.com.br Fotos: André T. Susin/O Caxiense

A Semana | 3

As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4

Renner do Prataviera se destaca entre as 124 lojas da rede no país

Cidade em expansão | 5

65 bairros e 403 loteamentos dão a medida da urbanização vertiginosa de Caxias

Leitura obrigatória a todos os adolescentes a matéria sobre a Aids. Admiro e respeito toda a equipe do jornal, muito bem feito a cada edição. Cristian Rodrigues

Alternativa inexplorada | 8 Desde os anos 90 o Município oferece atendimento homeopático de graça, mas a procura ainda é baixa

@duani_lima Parabéns ao @ocaxiense. Jornalismo local com qualidade!

Poesia como filosofia | 10

A letra mansa do sábio Jayme Paviani

A Copa em Quadrinhos | 12 Como a Holanda venceu a bravura e a Fúria bateu a Alemanha

@jornalisi Parabéns, @val_borboleta pela matéria especial no @ocaxiense! Se você não vê o perigo, não quer dizer que ele não exista. #edição31

Copa 2010 | 14

Canalhices da bola e hipocrisias da CBF @_Rogi_ E nos quadrinhos de @ocaxiense, lê-se o seguinte: “Felipe Melo, o brucutu da Era Dunga” UHAUHA! nota 10. #edição 31

Efeitos especiais | 15

Rede mexicana Cinépolis marca a estreia do cinema 3D em Caxias

Guia de Cultura | 16

@josemar_almeida @ocaxiense Parabéns pela excelente matéria “A Imagem da Superação”, #edição30 e ao lindo trabalho da profe Tere da Apae.

A fúria lírica na música e o amor livre no cinema

Artes | 18

O último grito do consumismo e o último voo antes da morte

@wagnerdias Ótima reportagem sobre a Maçonaria #edição26

Marketing grená | 19

Um slogan (e muito mais) para empurrar o Caxias na Série C

@afonso_motta Eis um dos melhores investimentos a se fazer para educação #passaportedaleitura

Guia de Esportes | 20

Fim de semana para conferir o que a dupla CA-JU aprendeu nas “férias” @Clariiiiissa Com isso, cada vez mais são formados os novos leitores! #passaportedaleitura

Amistoso histórico | 21

Depois de 17 temporadas, a torcida alviverde tem a última chance de ver – e agradecer – o ídolo Lauro

Renato Henrichs | 23 A ciranda na BM e a briga Assurcon x Agergs

Prêmio de incentivo ao teatro só tem 4 inscritos | Esse é o resultado daquela doação de R$ 100 mil. Os artistas locais estão completamente desestimulados. Ninguém está a fim de entrar na fila, passar por uma burocracia enorme pra ganhar R$ 20 mil. E mais... na hora do lançamento dos projetos locais, apoio zero. Lissandro Stallivieri

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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O Caxiense

10 a 16 de julho de 2010

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


paula.sperb@ocaxiense.com.br Maicon Damasceno/O Caxiense

Divulgação/O Caxiense

Maicon Damasceno/O Caxiense

editado por Paula Sperb

A Semana

Caxias pode ter parque de 90 hectares, nos moldes do Mato Sartori; Tarso promete fim do pedágio de Farroupilha; projeto de lei combate o descumprimento da meia-entrada

SEGUNDA | 5 de julho

TERÇA | 6 de julho

Entretenimento

Ambiente

Mais uma casa de shows de rock vai fechar em Caxias do Sul. Em 2008, o Revival Rock Bar, que funcionava desde 2001, no número 1.343 da Avenida Júlio de Castilhos, no Centro, fechou. Agora, no mesmo local, o Roxx Rock Bar, inaugurado em abril de 2009, encerra suas atividades. Conforme o proprietário, Kenny Marciano, atualmente o bar abria só aos sábados. O Roxx ainda não tem oficialmente um novo dono e, conforme o atual, propostas estão sendo estudadas. “Teve proposta pra continuar algo de rock, mas o mais certo é pagode”, adianta. O últmo dia de funcionamento será neste sábado, com shows de diversas bandas que passaram pelo palco do Roxx. Há quem veja na notícia uma esperança de revival do Revival.

É preciso preservar a natureza e Caxias pode ter um novo parque ambiental de 90 hectares. A promessa é do secretário do Meio Ambiente, Adelino Teles. Segundo ele, a prefeitura deve anunciar a área dentro de dois meses. Uma grande empresa de Caxias construirá o empreendimento em consequência de infrações ambientais. A previsão do término das obras é de 180 dias. Apesar de o motivo da criação do parque ser danos ambientais causados por uma empresa, 90 hectares de preservação é motivo para comemorar.

Roxx Rock Bar encerra atividades

Cultura

R$ 1,8 milhão para 10 “pontos de cultura” O Ministério e a Secretaria Municipal da Cultura disponibilizam R$ 1,8 milhão para criação de 10 “pontos de cultura” em Caxias do Sul. Podem ser inscritos projetos de instituições da sociedade civil, como associações, cooperativas, sindicatos, entidades sem fins lucrativos, de caráter cultural ou com histórico de atividades culturais, cujo trabalho contribua para a inclusão social e a construção da cidadania, seja gerando emprego e renda, seja fortalecendo as identidades culturais. Interessados devem comparecer na Secretaria Municipal da Cultura (Augusto Pestana, 50, São Pelegrino), de segunda a sexta-feira, das 10h às 16h. Durante o período de inscrições, nas quartas-feiras, das 17h às 19h, serão realizadas reuniões coletivas para esclarecimento de dúvidas sobre o programa. Online | Leia o edital em www.ocaxiense.com.br.

Secretário promete parque de 90 hectares

QUARTA | 7 de julho Eleição

Tarso promete acabar com pedágio de Farroupilha O caminho entre Caxias do Sul e Farroupilha sem pedágio é o que muitos desejam e uma promessa de campanha do candidato a governador Tarso Genro (PT). Como toda promessa, deve ser anotada e cobrada. Tarso disse que se eleito não vai renovar os contratos que vencem em 2013 e que um modelo comunitário deve ser adotado. O petista ouviu queixas de lideranças locais sobre os pedágios e questionou, em clima de campanha: “Por que é que, com todos esses problemas, os candidatos do PMDB e PSDB têm tanto prestígio na Serra? Me fale sobre política, não sobre questões técnicas”. O ex-ministro esteve em Caxias para cumprir agenda que incluiu caminhada pelo Centro e reunião com Central dos Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB).

Educação

Mobilização para extensão da UFRGS em Caxias A Comissão Temporária Especial Pró-Universidade Pública da Câmara de Vereadores está tentando mobili-

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zar a região para trazer a Caxias uma extensão da Universidade Federal do Rio Grande do Sul (UFRGS). No dia 23 de julho deve ser realizada uma reunião no Legislativo caxiense com lideranças de toda a região. O presidente da Comissão, Assis Melo (PC do B), conta que estão sendo enviados convites do encontro a prefeitos, vereadores e lideranças sindicais das cidades vizinhas. Além deles, serão convidados deputados e representantes da UFRGS.

Trânsito

Trânsito no acesso a Ana Rech será discutido

O trânsito das ruas de Caxias tem causado reclamações frequentes. O acesso a Ana Rech não é excluído do problema – que antes de tudo é uma questão de educação e respeito entre motoristas e pedestres. A Câmara de Vereadores de Caxias do Sul realizará uma audiência pública para discutir os problemas de trânsito no acesso a Ana Rech pela BR-116. O encontro será em 19 de julho, às 18h, na igreja de São Cristóvão. Além dos vereadores e dos moradores, devem participar representantes das empresas instaladas na região, da prefeitura, do Departamento Autônomo de Estradas de Rodagem (Daer) e do Departamento Nacional de Trânsito (Dnit).

QUINTA | 8 de julho Cultura

Desrespeito à meia-entrada pode ter punição maior

Desde 1993, por lei, quem é estudante tem direito a pagar meiaentrada em espetáculos culturais e esportivos. Mas na prática isso não ocorre em Caxias do Sul. Para tentar reverter esta situação, a vereadora Denise Pessôa (PT) protocolou projeto que pune severamente os infratores: de advertência e multa de 100 VRMS (R$ 193,70) a suspensão do alvará de localização. Além disso, a proposta prevê que a carteira de estudante pode ser confeccionada nos grêmios estudantis e que os locais de vendas de ingresso passem a ter um aviso sobre a lei. O projeto será encaminhado para a Comissão de Constituição, Justiça e Legislação. Após receber um parecer, poderá ser votado. Esse processo pode levar cerca de 30 dias, conforme a vereadora. Como a prefeitura e o Procon não estão fiscalizando, a única saída é aumentar a penalidade contra os infratores.

SEXTA | 9 de julho Eleições

Habitação

Caxias do Sul convoca 3,6 mil mesários

Portadores de deficiências e idosos podem morar com mais segurança e acessibilidade. Basta o prefeito aprovar o projeto que passou com unanimidade na Câmara. A proposta do vereador Alaor de Oliveira (PMDB) prevê que o térreo de construções populares seja reservado para deficientes e idosos. Atualmente, nos prédios populares, os apartamentos são distribuídos por meio de um sorteio, o que impede que as pessoas consigam escolher em que andar irão morar. Como nesses edifícios não há elevador, o acesso por escadarias fica complicado para alguns moradores. O projeto de Alaor passou por todas as comissões, sempre recebendo pareceres positivos.

Os mesários já estão sendo convocados para o 1º turno das eleições, no dia 3 de outubro. Cerca de 3.600 pessoas trabalharão em 880 seções. A cidade contará com 143 locais de votação. Os mesários que trabalharem no 1º turno deverão repetir a função caso haja 2º. Quem não puder trabalhar deve apresentar pedido de dispensa em até cinco dias úteis após o recebimento da convocação para o juiz da zona eleitoral em que deveria ser mesário. Além de participar do processo democrático, trabalhar como mesário tem outras vantagens. “O mesário recebe dois dias de folga por turno, direito assegurado por lei, e vale-alimentação de R$ 20”, explica o chefe da zona eleitoral coordenadora de Caxias do Sul, Marcelo Reginatto.

Térreo pode ser reservado a idosos e deficientes

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Liderança em vendas

PGQP

Inflação reacende O custo de vida de Caxias do Sul fechou o semestre com alta acumulada de 4,05%, de acordo com o Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da UCS. Em 12 meses, o índice é de 6,49%, o mais elevado dentre os principais indicadores de inflação do país. Em junho, ao contrário de maio que apresentou deflação, o Índice de Preços ao Consumidor teve eleva-

ção de 0,68%. Dos sete grupos de consumo que compõem o estudo, as altas mais significativas deram-se em saúde e higiene pessoal, com 3,24%, e alimentação com 0,51%. No primeiro grupo os preços foram puxados pelas despesas médicas, odontológicas e hospitalares, com aumento médio de 3,50%. Na alimentação destaque para bebidas, com incremento 2,20%. Magrão Scalco, Divulgação/O Caxiense

Em visita à sede administrativa das lojas Renner, em Porto Alegre, um fato surpreendeu os integrantes da CDL Jovem de Caxias do Sul. Em um dos painéis digitais da sala do presidente – e caxiense - José Galló aparecia o ranking das lojas que mais vendiam. Na quarta (7), às 16h45, a loja campeã de vendas, na frente das demais 124 unidades espalhadas pelo Brasil, era a do Shopping Prataviera. Sobre a nova Renner em Caxias, no San Pelegrino Shopping Mall, Galló comentou que a loja será “compacta”, uma tendência da empresa em investir em estabelecimentos menores. A Renner lançará um cartão de crédito próprio com as bandeiras Master e Visa. Atualmente o cartão da loja, uma espécie de fidelidade e não de crédito, é o que mais oferece vantagens com parcelamento em até oito vezes. No Visa e Master as compras só podem ser parcelada em três vezes. Espera-se que com o cartão de crédito personalizado as vantagens sejam ampliadas. Até o final do ano a Renner espera ter 132 lojas, sete a mais do que atualmente. Em 2009 a empresa faturou R$ 3.2 bilhões.

Roteiros festivos

Divulgação/O Caxiense

Produtos a preço de fábrica, gastronomia e programação cultural têm sido os principais motivadores do grande movimento de visitantes na 21ª edição da Feira de Inverno, que ocorre em Flores da Cunha até 18 de julho. Os principais segmentos são os de malhas e confecções, móveis e vinhos. A feira funciona aos sábados das 10h às 21h e, nos domingos, das 10h às 20h, sem cobrança de ingresso ou de estacionamento. Apresentações culturais, exposição de produtos, artesanato, shows regionais e nacionais, gastronomia diversificada e o ambiente colonial, com o pão saindo quentinho dos fornos. Assim é a Festa do Vinho Novo, que segue até dia 18, aos sábados e domingos, em Forqueta, em Caxias do Sul. O objetivo é fomentar o turismo e evidenciar a cultura da região por meio de desfiles temáticos que retratam a história das comunidades do interior. Para manter a tradição é servido o vinho novo elaborado nesta safra. No domingo à tarde também é oferecido café colonial na estrutura montada junto à Cooperativa Forqueta.

Empreendedorismo

Até domingo (11), no Shopping Iguatemi, funcionará a feira do Programa Miniempresa, realizado pelo Departamento de Jovens Empresários da CIC de Caxias do Sul. São 13 escolas participantes, responsáveis pela exposição e venda de produtos idealizados durante o programa. Na programação deste sábado consta palestra, a partir das 15h30, sobre Educação ambiental: o destino do lixo, com Tiago Tessari, da Codeca.

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Justa homenagem

O fundador e presidente das Empresas Randon, Raul Anselmo Randon, foi distinguido com a Medalha do Mérito Farroupilha. A homenagem é da Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, que anualmente reconhece o trabalho desenvolvido por lideranças no cenário econômico e social.

Dentre as iniciativas do empresário estão o Programa Florescer, que garante atendimento a crianças em situação de vulnerabilidade social e a filhos de trabalhadores do grupo. Na foto, o homenageado com sua esposa, Nilva, ao lado do presidente da Assembleia Legislativa, Giovani Cherini, e esposa.

Mais um

A Lupatech anunciou novo contrato com a Petrobras. Dessa vez no valor de R$ 140 milhões para execução em 18 meses para fornecimento de cabos de ancoragem de plataformas. Os equipamentos serão fornecidos pela

unidade de São Leopoldo. Com este contrato, o volume atual de pedidos firmes da companhia é da ordem de R$ 2,5 bilhões, sendo aproximadamente R$ 466 milhões para conversão em receitas nos próximos 12 meses.

Duas décadas

Em comemoração aos seus 20 anos de fundação, o Centro Empresarial de Flores da Cunha promove, de 12 a 16 de julho, palestras visando à integração e promoção do conhecimento. Sob o slogan “Você no centro da informação”, as palestras serão apresentadas diariamente, exceto na quarta-feira, a partir das 19h30, na sede da entidade. Na terça-feira ex-presidentes da en-

tidade participarão de painel sobre o desenvolvimento econômico de Flores da Cunha nos últimos 20 anos e a participação do Centro Empresarial neste processo. Na sexta-feira a atividade ocorre às 11h30, na Escola de Gastronomia UCS-ICIF, com a presença de José Paulo Dornelles Cairoli, presidente da Federasul, falando sobre Rumos da economia.

Primeiro ano

O Umai-Yoo comemorou seu primeiro ano de atividades nesta quarta-feira (7) com boas notícias. A principal novidade é a contratação do chef consultor e professor de gastronomia Felippe Sica, que terá a missão

de reformular o cardápio de thai food do restaurante. Ainda neste mês de julho os sócios Jamur Bettoni e João Carlos da Silva Ferreira pretendem concluir a reformulação de todo o sushi bar.

O presidente do Conselho Diretor do Programa Gaúcho da Qualidade e Produtividade (PGQP), Ricardo Felizzola, será o palestrante da reunião-almoço de segunda-feira (12) da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços (CIC) de Caxias do Sul. Ele abordará o tema Gestão da qualidade, inovação e sustentabilidade. A reunião integra a programação do 16º Seminário Dia da Qualidade Caxias, que deverá reunir mais de 250 participantes. Das 8h às 17h30, na CIC, especialistas e consultores se revezarão em palestras e apresentação de cases, proporcionando debate sobre inovação e criatividade sob diferentes pontos de vista.

Comércio debate

De quarta a sexta-feira (14 a 16) ocorre a 5ª edição da Semana do Comércio e Serviços de Caxias do Sul. Por meio de palestras apresentadas à noite o objetivo do evento é o de estimular debates sobre assuntos pertinentes dentro do comércio e promover a integração dos profissionais. Os ingressos custam um quilo de alimento não-perecível (exceto sal) ou R$ 5. Os encontros têm início programado para às 19h30 na Casa da Cultura (14), auditório do Sesc (15) e Salão Paroquial de Ana Rech (16).

Propostas da CIC

Os diretores-executivos das 21 entidades empresariais filiadas à CIC de Caxias do Sul estarão reunidos na quarta-feira (14), a partir das 15h. Um dos objetivos do 1º Encontro de Executivos de Entidades Sindicais Filiadas à CIC é a análise de vários projetos de lei em tramitação na Câmara Municipal, Assembleia Legislativa e Congresso Nacional e que são do interesse da classe empresarial. A partir dessa análise, a ideia é sistematizar uma pauta de reivindicações a ser apresentada aos candidatos a cargos políticos de Caxias e Região nas próximas eleições, contendo sugestões de emendas aos projetos existentes ou a apresentação de novos, com o objetivo de extinguir, neutralizar ou minimizar os efeitos negativos sobre as empresas e suas atividades.

Curtas

As jornalistas e consultoras de moda Patrícia Parenza e Patrícia Pontalti são as convidadas do primeiro encontro do evento Somando Ideias, promovido pelo Conselho da Mulher Empresária/Executiva da CIC Caxias do Sul. O encontro será na quarta-feira (14), às 19h15.

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Os sentidos da expansão

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CRESCIMENTO para

todos os lados

André T. Susin/ O Caxiense

O ritmo frenético da urbanização caxiense, em praticamente todas as direções, desafia a infraestrutura

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br uando a dona de casa Sueli Acauan, 59 anos, e o marido se mudaram para um terreno atrás da Marcopolo, em Ana Rech, há 15 anos, não tinham vizinhos. Foi somente há pouco mais de um ano que eles começaram a perceber movimentação nos terrenos próximos, com o surgimento do loteamento Villa Alpina. “Mudou para melhor. Antes eu tinha medo. Era muito sozinha aqui. No inverno ficava só fechada em casa. Se eu precisasse, quem ia me acudir? Logo, estou cheia de vizinhos”, diz Sueli, contente. O nome do novo loteamento, segundo a moradora, faz referência a uma empresa, chamada Alpina, que vendeu os terrenos para a Marcopolo, que, por sua vez, vendeu-os para a urbanizadora Rodobrás, que transformou o pacato local num loteamento residencial. Como o lugar se tornou mais conhecido por causa dos novos moradores, Sueli conta que agora as correspondências estão chegando. “Antes a gente tinha que ir atrás.” Outra mudança é que todas as ruas hoje têm nome, diferentemente do tempo em que Sueli e o marido se instalaram ali. Vizinhos diretos Sueli ainda não tem nenhum, mas terá em breve, pois exatamente ao lado de sua casa há uma construção. E algumas ruas abaixo ficam as residências dos primeiros moradores do Villa Alpina. “Morar nessa tranquilidade era tudo o que eu queria”, conta o eletrotécnico Edivaldo Sutil, 28 anos. Há três anos o ex-morador do bairro São Caetano comprou um terreno e construiu uma casa no novíssimo loteamento, onde vive com a esposa há alguns meses. “Era barato e o lugar era bom.” Sutil mostra as construções vizinhas e até já sabe quem serão os novos moradores, mas diz que isso ainda vai demorar, porque as obras estão apenas começando. Além dele, há somente uma outra casa na rua com pessoas morando. O restante são obras cheias de pedreiros. O correio ainda não chega na casa de Sutil. Uma vez por mês ele precisa ir até a agência buscar as correspondências, com exceção das contas de água e luz. “Essas sempre chegam”, diz, aos risos. A rua da casa dele já tem nome, escrito a mão numa placa. Numa rua de paralelepípedo com uma goleira de paus improvisada na calçada fica a residência do casal Claudir, 41 anos, e Eli Bittencourt, 42 anos. Há dez anos o casal comprou um terreno e construiu uma casa de tijolo à vista no loteamento Villa Madrid, no bairro Charqueadas. O loteamento iniciou praticamente ao mesmo tempo em que Claudir e Eli se mudaram. “Lembro que tinha só três moradores. Nossa família foi a quarta”, diz ela. Eli é natural de Cacique Doble, e Claudir, de Machadinho. Os dois compraram o lote por meio de uma urbanizadora: “Os terrenos hoje são bem valorizados. Na época que a gente comprou era bem mais barato. A zona oeste é uma área muito boa da cidade, que cresce muito”, diz ele. “E a gente foi testemunha desse crescimento”, completa a esposa. 10 a 16 de julho de 2010

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André T. Susin/ O Caxiense

“Era barato e o lugar era bom. Morar nessa tranquilidade era tudo que eu queria”, diz Edivaldo, que trocou o São Caetano pelo loteamento Villa Alpina, em Ana Rech

Tanto o Villa Alpina quanto o Villa Madrid são reflexo do acelerado processo de crescimento pelo qual Caxias do Sul passa atualmente. Uma lei do final de 2008 delimitou os 65 bairros do município, e para os próximos anos é muito difícil que novos bairros surjam. São os loteamentos dentro desses bairros, antes desocupados, que ganham novos moradores. Como ocorreu com Claudir e Eli Bittencourt há dez anos, no bairro Charqueadas, e de Edivaldo Sutil, recentemente, no bairro Ana Rech. Há uma grande confusão entre as denominações de bairros e loteamentos, observa Sandra Mara de Brum, arquiteta e urbanista da Secretaria de Planejamento. “Um bairro tem que ser composto de vários loteamentos. Os loteamentos e núcleos habitacionais, como o Cânyon, alguns chamam de bairro. E não são. Assim como Ana Rech e Forqueta, que alguns chamam de distritos, mas são bairros”, afirma. “Num bairro, há vários loteamentos e áreas vazias que no futuro vão ser habitadas. Eles que aumentam a população do bairro.” No Charqueadas, por exemplo, até as placas estão equivocadas. Uma delas diz “Bairro Planalto Rio Branco”, sendo que este é apenas um loteamento dentro do Charqueadas, assim como o Villa Madrid. É difícil, até entre os setores ligados à construção civil, dizer se há um

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lado para o qual a cidade está crescen- quem habita esses bairros é de pessoas do mais. Com o Plano Diretor de 2007 vindas de fora de Caxias, na maioria foi detectado que o avanço habitacio- das vezes: “Uma vez eram as pessoas nal poderia se dar nos sentidos leste e que vinham dos Campos de Cima da oeste do município. Três anos depois, Serra. Agora mudou. É da Metade Sul a maior previsão é que a expansão se do Estado. E tem também as da cidade consolide a leste, segundo Sandra. mesmo, que moravam na área central “Entre alguns bairros que poderão ser e se mudaram para um terreno mais alvo deste crescimento barato.” estão os atuais São VirSandra explica que a gílio, Diamantino e o “No futuro, sede urbana de Caxias leste do bairro Cruzei- Caxias e hoje está num platô ro”, diz a urbanista. (uma área plana no Farroupilha A ampliação do pealto), e a região leste rímetro urbano, com vão se integrar está em outro platô. Ela o último Plano Dire- e nem vai dar arrisca dizer que fututor, contribuiu para a para saber ramente um novo núocupação imobiliária cleo pode se criar a lesqual é qual”, desses novos locais. te. “E esses platôs vão Hoje são 230 km² de prevê a ser ligados. Podemos área urbana. A altera- arquiteta Sandra conseguir o mesmo peção ocorreu porque “as rímetro de Caxias para áreas urbanas estavam o lado de Santa Lúcia e estranguladas”, como diz Sandra, e al- Vila Oliva. Dá para duplicar esta área gumas já com características urbanas a leste”, diz, prevendo muitos anos à foram encaixadas no novo perímetro. frente. “Como a localidade de Parada Cristal, O que deve potencializar a expansão a oeste, que era área rural, e hoje não é que a Secretaria do Planejamento premais. O Vila Lobos e o Vergueiros, que vê a Leste é se o polêmico aeroporto já são dois loteamentos regulares, ao regional for construído em Vila Oliva sul, assim como o bairro Nossa Senho- – inclusive, os mapas do Plano Diretor ra da Saúde. E Desvio Rizzo e Forque- já reservam um espaço para o aeroporta. Essas regiões ampliaram.” to no distrito. Bairros que cresceram muito nos úlA região leste, nas imediações do timos anos, de acordo com ela, são o já bairro Parada Cristal, também é, para citado Desvio Rizzo, o Cidade Nova e o Andressa Perozzo, arquiteta e urbanisMariani. “Onde tem muitos loteamen- ta da Rodobrás, uma região que protos regulares”, acrescenta. O perfil de mete crescer, e onde a empresa tem

projetos de loteamentos sendo desenvolvidos. “Como em Farroupilha já estamos encostados, a tendência é para o lado de Parada Cristal, Ana Rech. Mas a gente aposta também na região passando o bairro Cruzeiro e no bairro Nossa Senhora da Saúde”, afirma, dizendo que o restante da cidade está saturado. A localização dos loteamentos executados pela urbanizadora, na maioria residenciais, tem mudado, assim como os locais de crescimento da cidade. “A Rodobrás executou muitos loteamentos no Desvio Rizzo e atrás dos Pavilhões, como no Parque dos Vinhedos e no Moinhos de Vento, onde tinha muita área para trabalhar. E agora está começando na Parada Cristal, região pouco explorada que aos poucos vai se consolidando. Está faltando opção”, ressalta Andressa. Para Maria Fernanda de Oliveira Nunes, pesquisadora do Núcleo de Estudos Urbanos da UCS, por causa dos fortes investimentos em habitação, que impulsionaram os vários setores da construção civil, os últimos anos têm se destacado em Caxias pela forte expansão urbana. “O crescimento mais acelerado tem ocorrido em dois eixos principais que partem do centro da cidade nos sentidos de Farroupilha e Flores da Cunha. E os bairros mais procurados para novas construções são justamente os localizados nessas áreas”, acredita ela.

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O crescimento dos bairros próximos aos limites com essas duas cidades contribuem, segundo a professora, para uma tendência de quebra de demarcações reconhecíveis. “O limite com Farroupilha é mais harmônico, pois representa a união de áreas urbanas, regradas por leis municipais. Já com Flores da Cunha o limite urbano de Caxias encosta na área rural e representa a descontinuidade de uma possível expansão mais coordenada”, diz Maria Fernanda. “No futuro, Caxias e Farroupilha vão se integrar e nem vai dar para saber qual é qual, mais ou menos como Canoas e Porto Alegre”, completa a arquiteta Sandra. Áreas mais distantes do Centro, explica a professora Maria Fernanda, vem sendo adquiridas por valores mais acessíveis. “O preço é o maior impulso na ocupação de uma área”, explica. Situações de periferia em seu sentido pejorativo, de área menos nobre (o termo periferia designa o contorno ou as áreas ao redor do centro urbano de uma cidade), estão ocorrendo cada vez menos, de acordo com a professora. “As áreas com infraestrutura deficiente são menos atrativas para a população que necessita de transporte coletivo, escolas, hospitais. Existem casos como o do Desvio Rizzo, onde recentemente foi implantado um empreendimento residencial sem a devida previsão de infraestrutura urbana. Nesses casos a própria população acaba pressionando o poder público para a implantação e melhoria dos serviços.” Para o gerente de projetos da Secretaria da Habitação, Manoel Marrachinho, Caxias, felizmente, é uma cidade onde o fenômeno da urbanização ocorre com a miscigenação das classes sociais: “Com raríssimas exceções, não temos regiões para uma ou outra classe. Temos uma cidade uniformemente distribuída”, avalia.

se dá em todas as direções.” Ele diz que o crescimento homogêneo da cidade em todos os seus bairros ainda vai ocorrer por muitos anos, porque a área urbana permite isso. “A preocupação hoje está voltada em como vai se dar a ocupação das área das bacias, que seguem em direção a leste. Temos que aproveitar as áreas urbanas possíveis e evitar essas regiões. Porque é a água que todos nós bebemos”, diz Tregansin. Marrachinho concorda, afirmando que o leste da cidade, em direção a Vila Seca, é para onde menos se pode avançar por causa dos recursos hídricos: “As maiores bacias de captação estão naquele lado e há uma tendência natural de menor ocupação do solo, menos edificações e loteamentos.” O censo de 2010 deve trazer números surpreendentes sobre o crescimento populacional de Caxias do Sul, mas por alguns dados já é possível ter uma noção de quanto a cidade está aumentando. Por exemplo, a quantidade de novas ligações de água realizadas pelo Serviço Autônomo Municipal de Água e Esgoto (Samae). Os bairros que mais solicitaram o Samae no ano passado foram Santa Fé, com 126 novas ligações, Desvio Rizzo, com 113, Kayser, com 74, e Nossa Senhora de Fátima e Ana Rech, ambos com 53 ligações. O transporte também precisa se adaptar à expansão, e a Viação Santa Tereza (Visate) criou oito novas linhas nos últimos cinco anos: Perimetral Leste, Perimetral Oeste, Vila MaestraLinha 40- Nossa Senhora da Saúde, Planalto Rio Branco-Madrid-Rosário, Glória-Caravaggio, Parque Oásis-Jardim Alpes-Parque Verde, Fátima-Victório Trez-Parque Oásis e Vivenda dos Imigrantes. Além delas, outras linhas já existentes se adaptaram para atender algumas novas localidades. A demanda da Visate é apenas mais um exemplo do desafio que se impõe a Caxias diariamente: fazer com que a infraestrutura consiga acompanhar o ritmo da construção de novas moradias. André T. Susin/ O Caxiense

Uma fila de pessoas aguardavam impacientes nas cadeiras do corredor da Secretaria do Urbanismo para falar com o secretário Francisco Spiandorello no início da tarde de terça-feira

(6). Todos para conseguir algum tipo cretaria da Habitação, afirma que Cade autorização para construir: con- xias se alastra para o lado oeste, em forme explica Spiandorello, reflexo direção a Farroupilha, e ressalta que do crescimento vertiginoso de Caxias. isso não é uma tendência, mas uma Mas vertiginosa mesma é a rotina da realidade em todos os bairros dessa Secretaria de Urbanismo. O secretário região, como Desvio Rizzo, Forqueta, conta que estava na prefeitura desde as Cidade Nova. “O principal motivo é 7h10 daquela manhã e que não tinha que são áreas que ao longo de muitos nem almoçado. Para conversar com ele anos foram disponibilizadas para paré preciso intercalar perguntas com o celamento e expansão através do Plano telefone que toca sem parar e com as Diretor, que recentemente foram ampessoas que entram a todo instante em pliadas. Nos próximos anos, devemos sua sala para lhe fazer notar uma expansão solicitações. também na zona norte, Spiandorello ressalta “O preço é nos bairros depois da que além dos 65 bairros o maior Rota do Sol, em direde Caxias, existem hoje impulso na ção a Flores da Cunha”, 403 loteamentos (entre explica. regulares e irregulares) ocupação de Há, porém, uma e 58 pedidos de novos uma área”, parte do crescimento loteamentos estão em explica Maria que a prefeitura não tramitação. Só este ano, Fernanda, consegue prever com entre regularizados e exatidão, como diz o encaminhados para pesquisadora gerente de projetos da regularização já foram da UCS secretaria: o impacto 24 loteamentos. “Nós que os programas pújá regularizamos neste blicos direcionados às ano 1 milhão e 200 mil metros qua- classes média e baixa poderá trazer. “O drados”, calcula. Os pedidos de lotea- provável é que esses imóveis de valor mentos residenciais aumentam muito econômico de venda definido acabem em três áreas, segundo Spiandorello: possibilitando a densificação das áreas “Desvio Rizzo, Cruzeiro e Diamantino. periféricas, que hoje são vazios, mas Essas são regiões que eram preserva- que comportam esse perfil de empredas, antigamente de área rural, e que endimento”, conta. se transformaram em área urbana, ou Ele explica que se os padrões atusimplesmente eram áreas urbanas que ais de implantação desses programas não chamavam atenção”. – como o Caxias Minha Casa, vincuAlém desses três pontos, um em lado ao Minha Casa, Minha Vida, do cada região da cidade, o secretário governo federal – forem mantidos, a cita outros locais que inflaram rapida- tendência não será outra a não ser a mente e apresentam grandes índices ampliação da população em áreas cada de construção: Centro, São Pelegrino, vez mais afastadas da zona urbana. Rio Branco, Fátima, Nossa Senhora “Serão dois eixos prioritários: em diredo Rosário, Santa Fé, Pioneiro, Colina ção a Farroupilha e a sudeste da cidade, Sorriso, Pio X, Forqueta, Esplanada, na região adiante do bairro Cruzeiro.” São Victor Cohab, Panazzolo, Lourdes O presidente do Sindicato da Indúse Bela Vista. O avanço das obras fica tria da Construção Civil de Caxias do comprovado nas aprovações de proje- Sul (Sinduscon), Rafael Tregansin, pretos pela secretaria: este ano já foram fere ser mais genérico. Em vez de di864 projetos (residenciais, comerciais e zer lado leste ou lado oeste, afirma que industriais) que ganharam licença para Caxias cresce simplesmente para todos sair do papel. os lados. “Não tem área de expansão determinada. O que limita são as exceManoel Marrachinho, da Se- ções do Plano Diretor. O crescimento

Há dez anos, a família de Claudir e Eli foi a quarta a morar no loteamento Villa Madrid. “Os terrenos hoje são bem valorizados”, diz ele

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Saúde natural

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HOMEOPATIA

Tratamento alternativo é oferecido gratuitamente pelo município, mas interesse é escasso

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PÚBLICA

por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br palavra homeopatia vem do grego e carrega nas 10 letras o significado “os semelhantes curam-se pelos semelhantes”, o princípio básico desta terapia. Isso porque a homeopatia tem como objetivo fazer com que o corpo cure por si, sem ajuda de remédios alopáticos normalmente receitados, como os antibióticos, por exemplo. Ainda há preconceito e dúvida sobre o método, não somente por parte da população mas também de profissionais da saúde. Mesmo assim, a homeopatia é digna de confiança a ponto de ser uma alternativa oferecida pelo Sistema Único de Saúde (SUS). No Brasil, esse serviço público é oferecido desde 1992. Aqui, com investimento da prefeitura, teve início com o primeiro mandato do exprefeito Pepe Vargas (PT), coincidentemente ou não, médico homeopata. Em Caxias, as consultas podem ser realizadas no Centro Especializado de Saúde (CES), na Rua Sinimbu, próximo à Praça da Bandeira. De segunda a sexta, estão disponíveis oito consultas diárias – duas novas e seis de retorno, ou seja, revisões e acompanhamentos. Mesmo gratuito, o serviço não é bastante utilizado. De acordo com a diretora geral do CES, Denara Rodrigues, o motivo pode residir, principalmente, na falta de confiança no método. “Muitas pessoas não acreditam.” Realizar uma consulta é simples e só é necessário agendamento com a administração do CES, com posse do cartão do SUS. Não precisa ter encaminhamento de outro médico. “Não tem demanda reprimida. Sai daqui com dia e hora marcados”, explica Denara. A diretora alerta que, infelizmente, nenhum medicamento homeopático é oferecido pelo SUS e não há nenhum convênio com farmácias de manipulação. “No serviço público, não pode delimitar farmácia particular para paciente”, explica. Cerca de 160 consultas de homeopatia poderiam ser feitas no CES mensalmente, mas o número é extremamente inferior. Na terçafeira (6), havia apenas um paciente agendado. Na quarta (7), três. “Não temos esse fluxo. Há pouquíssimas consultas. A população ainda não está preparada”, diz Denara. A única profissional desta terapia atendendo no CES é a homeopata Geslainer Vallejo França. Ela explica que uma consulta pode durar de poucos minutos até quase uma hora, dependendo do paciente. Na

conversa inicial, há uma avaliação da pessoa como um todo, são questionadas características do comportamento e temperamento do indivíduo. O lado emocional é pesquisado, como também o sono, o apetite e a temperatura do corpo. “Novento por cento do remédio é delineado por essas características”, explica a médica. O tratamento, segundo Geslainer, é bem específico. “O mesmo problema em pessoas diferentes exige remédios diferentes.” Por isso é importante uma primeira conversa bem abrangente, onde todos os aspectos são levados em conta, não somente os físicos. A homeopatia é uma terapia que pode ser utilizada para combater praticamente todas enfermidades. Ela encurta doenças de vírus, como a gripe, por exemplo. O paciente fica doente por menos tempo e os sintomas não evoluem para uma pneumonia ou para outra complicação respiratória. Deve-se ter atenção em casos de enfermidades mais severas, como câncer em metástase ou em pessoas que já fizeram uso de muita medicação. O tratamento varia de acordo com o tempo em que o paciente convive com a doença. Quanto mais a doença persiste no corpo, mais demorado ele é. “Tudo que é crônico vai embora cronicamente e tudo que é agudo vai embora agudamente. Essa é a lei da homeopatia”, explica Geslainer. A resposta varia, obviamente, de organismo para organismo. Os casos mais comuns de atendimento no CES são de problemas emocionais como depressão, além das respiratórias rinite e asma. Crianças com problema de aprendizado também são um grupo comum nas consultas. Não há limite de idade para o tratamento da homeopatia. De acordo com ela, quanto mais cedo se começa, mais saúde se conserva para toda vida. O ideal seria tratar com homeopatia desde a barriga da mãe. Isso porque homeopatia é, antes de tudo, preventiva. “Ela gera saúde. Traz o equilíbrio para a pessoa. Se todos a adotassem, haveria mais saúde do que a população geral tem hoje e o SUS seria menos utilizado. Essa seria a grande vantagem”, avalia a homeopata. A população faria uso cada vez menos de remédios. A prevenção seria a resposta para uma boa saúde. Geslainer resume os medicamentos como “basicamente energéticos e que estimulam a autocura”. Economia financeira também é uma vantagem para o paciente. Medicação homeopática tem custo menor em comparação com

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Geslainer atende Laurileni e Leonardo no Centro Especializado de Saúde. “O mesmo problema em pessoas diferentes exige remédios diferentes”, explica a médica

o remédio alopático. “São bem mais baratos e acessíveis”, confirma a homeopata do CES. Pode ser consumido em glóbulos, em pó e líquido. Algumas pomadas homeopáticas também já estão disponíveis no mercado. O tratamento não tem prazo para terminar, o que acaba criando um vínculo entre paciente e médico. No CES, o acompanhamento é mensal. Um dos pacientes de Geslainer é Rafael da Silva Pereira. O adolescente de 17 anos frequenta a pequena sala no segundo andar do CES há cinco meses. Na primeira vez que botou os pés lá, foram longos minutos de conversa sobre detalhes da sua personalidade e histórico médico. Desde aquele dia, uma vez por mês retorna ao consultório para avaliação e para retirar uma nova receita. Rafael tem rinite desde criança. Enquanto consultava diferentes médicos

e fazia diversos tratamentos, sofria sem encontrar um tratamento satisfatório. Agora ele toma o conteúdo de um vidro do remédio homeopático receitado e isso o mantém imunizado pelo mês todo, às vezes mais. Além de Rafael, a mãe, Laurileni, e o irmão, Leonardo, frequentam o CES. E as respostas eficazes da homeopatia mantêm a família na lista de pacientes. “Vem dando resultado. E como! E é bem melhor do que ficar levando injeção o tempo todo”, diz Rafael. A farmacêutica do CES, Carolina Karam Brum, faz uso da homeopatia com seus dois filhos, de nove e de três anos. Ela conta que ainda durante a primeira gravidez começou o uso preventivo dessa terapia. Carolina orgulhosamente afirma que a filha mais velha só fez uso de antibióticos uma

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vez na vida, durante uma crise de dor de ouvido. No mais, nada de alopatia. “Antibiótico jamais. Só se estiver morrendo.” Carolina é farmacêutica homeopata, por isso a utilização desde cedo dessa terapia. Frequentemente, diz ouvir o jargão do meio “água pura será que cura?”, vindo principalmente de outros profissionais da saúde descrentes do poder de uma mistura abundante de água com um elemento natural específico. “Homeopático é natural. Alopático é pura química.” Há diversas técnicas de produção desses medicamentos. Basicamente, o que é chamado de tintura-mãe (extrato do princípio ativo da fórmula) é diluído em água, em diferentes concentrações para diferentes efeitos. A origem dos elementos reside nos três reinos da natureza, Animal, Vegetal e Mineral. “Para picada de abelha, o remédio é o

veneno dela diluído em muita água”, exemplifica Carolina. A farmacêutica ainda revela que há uma espécie de vacina homeopática contra a H1N1, que seus filhos fizeram uso. Ela não, infelizmente, por ser obrigada a se vacinar com a dose comum por ser funcionária pública. A confiança nos saldos positivos é total. “Homeopatia trata quase tudo. Não reverte câncer, mas dá mais qualidade de vida a quem tem.” O tratamento homeopático é a opção para quem é adepto de uma vida mais natural ou para quem já tentou de tudo nos consultórios e nada funcionou. Um voto de confiança ou a última esperança, não importa. O fácil acesso pode desmistificar e, quem sabe, até curar uma população que sofre constantemente em filas para atendimento médico.

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Patrimônio cultural

Além da filosofia e da literatura, tecnologia, política e até futebol figuram entre as leituras de Paviani. “Pode ser que haja alguém que leia mais que ele. Eu não conheço”, conta a esposa, Neires

VERSOS

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por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br

o dia 4 de junho o professor Jayme Paviani comemorou sete décadas de uma vida dedicada ao aprendizado. Não somente ao aprendizado dos milhares de alunos que passaram por suas aulas, mas também o dele. Em constante evolução, não é agora, na maturidade, que ele pretende parar. O saber acumulado até aqui impressiona. Paviani é formado em Filosofia e Direito (profissão que chegou a exercer, por mínimos seis meses), mestre e doutor em Linguística e Letras e pósdoutor em Metafísica e Epistemologia. E compartilha seus conhecimentos há mais de 45 anos. Em 1° de março de 1965, recém formado no Bacharelado e Licenciatura em Filosofia da Universidade de Caxias do Sul, estreou na mesma UCS como professor de disciplinas que ainda quando aluno sabia que viria a lecionar: Estética e Filosofia Geral. “Eu sabia que ia ser convidado porque não tinha professor”, ri Paviani. Nos bancos acadêmicos também nasceram grandes amizades. O professor Luiz Carlos Bombassaro, aluno de Paviani na década de 70, é uma delas. Bombassaro já era familiarizado com o Paviani poeta quando foi apresentado por Ari Trentin ao livro Onze Horas Úmidas. “A poesia foi questão importante na nossa aproximação. É uma

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conjunção de universal e particular.” Foi assim que Paviani, poeta de extrema sensibilidade, que considera ter qualidade reconhecida porém pouco divulgada, tornou-se mestre, depois amigo e colega de Bombassaro.

Bombassaro diz que Paviani o entusiasmou a estudar, pela curiosidade por todos os assuntos, não somente filosóficos. “É alguém que reflete e toma a filosofia a partir de questões para mostrar como está vinculada com a vida. Mais que transmitir filosofia, ele transformava a aula em si em filosofia”, lembra. Anos depois, Paviani foi um dos responsáveis por convidar Bombassaro a lecionar na UCS, comprovando o que o discípulo pensa do mestre: é um incentivador, sempre aberto a promover a entrada de pessoas na vida acadêmica. “Ele tem um lado prático e idealista na questão da construção de um espaço acadêmico de qualidade em Caxias. Não é simplesmente um sonhador, é um idealista que propõe e faz projetos. Ao mesmo tempo que recolhe frutos, está sempre semeando em abundância.” A admiração aumenta com mais duas virtudes reconhecidas em Paviani, a disponibilidade e a simplicidade. “Difícil publicizar uma relação de sentimento e intimidade. Amizade é condição indizível, não se transforma em palavras”, diz Bombassaro.

Com 70 anos recém completados, o professor e poeta Jayme Paviani continua aprendendo Nascido em Nova Pádua, Paviani foi levado a Flores da Cunha pelo espírito empreendedor e pela paixão do pai pela política. Mas a sua estadia por lá foi breve. Um ano e meio depois, com 11 anos, estava interno no Seminário Nossa Senhora Aparecida, em Caxias do Sul. É um lugar que considera muito importante na sua formação. “A gente estudava todas as humanidades e as ciências naturais. Tive aula de astronomia por um semestre. Estudavase literatura, música e as línguas grego, latim, italiano, inglês e francês. Tinha uma abertura científica e cultural muito grande.” Ainda seminarista, despertava olhares da atual esposa, a professora Neires Maria Soldatelli Paviani. Mas se conhecerem mesmo só na faculdade, onde ela era acadêmica de Letras e ele, professor. “A gente se encontrou e foi espetacular. Até hoje está sendo”, romanceia Paviani. Neires recorda que o que mais lhe chamou a atenção no futuro marido foi a eloquência. “Gostava de ouvi-lo.” Paviani era um jovem comunicativo que comentava livros e filmes. Como ela não tinha muita oportunidade de assistir algo no cinema e estava se iniciando no mundo da leitura, as conversas eram fascinantes. Tornaram-se amigos e, mais tarde, namorados. Por influência dele, ela começou a ler mais e a conhecer obras diferentes, como da feminista Rosemari

Muraro. “Não que ele fosse feminista, nem eu das mais ferrenhas. Mas ele sabia reconhecer que mulheres e homens têm seus papéis e que não se trata de um ser superior ao outro. A luta é dos dois, lado a lado.” O casamento teve suas peculiaridades: a cerimônia simples, somente para familiares e poucos (três ou quatro) professores da faculdade, realizouse numa incomum quinta-feira. Desde lá, Neires tornou-se companheira e primeira leitora de seus livros. Como boa professora de português, revisa o léxico. Neires também o vê como um amigo fiel e generoso, um pai carinhoso e justo, um profissional muito exigente consigo mesmo. “São diferentes papéis, mas no fundo é a mesma pessoa”, diz ela. A professora destaca uma característica marcante do marido, que é o fato de não relaxar, sempre estar com a cabeça funcionando. “É a preocupação personificada”, brinca. Outra marca de Paviani é a constante leitura. Para ele, tudo é importante, é objeto de estudo e reflexão. Sempre com um olhar crítico, mas não afeito a pré-julgamento. “Pode ser que haja alguém que leia mais que ele. Eu não conheço”, garante Neires. E entrega as frustrações do marido: ele gostaria de ter estudado mais línguas e de aprender a nadar. Informações que só a intimidade do casamento revela. Depois

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de uma vida juntos, Neires afirma: “Se tivesse que voltar e decidir, optaria por viver com ele de novo”. Da união, nasceram dois filhos. A psiquiatra Mônica e o dentista e violinista Leonardo. A filha deu-lhes dois netos, Martina e Enzo, alvos da corujice de Neires e Paviani. “A vida dela agora são eles”, brinca Paviani, referindo-se com leve ciúme à relação de Neires com os netos. Ciúme, aliás, nunca foi característica dele como marido. Sempre foi tranquilo e aberto. “É um companheiro agradável, que sempre procura ver algo positivo no que eu faço, me apoia”, atesta Neires. Os filhos têm formação musical. Mônica aprendeu a tocar piano, e Leonardo, piano e violino – este último, instrumento que toca na Orquestra Sinfônica da UCS. “Todos deveriam ter educação estética. Deveria se aprender na escola o ABC da música, não somente para ouvir a música erudita, mas também a popular. Mas, quando a música é autêntica, não tem muita diferença entre as duas”, reflete Paviani. O professor admite, porém, que não leva jeito para a arte musical, preferindo a literatura. Atualmente, Paviani se prepara para lançar o 30° livro, contando-se os escritos por ele e com outros autores. A nova obra é de caráter científico.

encontramos em canções – considera Caetano Veloso e Chico Buarque exemplos de poetas – e da mais elaborada, como a de Carlos Drummond de Andrade e de Fernando Pessoa, que faz refletir. “É forma de conhecimento e revela o pensamento sobre o mundo, não é simplesmente passatempo.” A literatura, enfim, é uma das paixões de Paviani. A outra é o cinema. Fã de nomes clássicos como Luis Buñuel, Federico Fellini e mais ainda de Alfred Hitchcock, já deu palestra em cinemas da cidade: antes da sessão, falava um pouco do filme e convidava para um debate ao final da projeção. Não tem um favorito, mas indica um que viu recentemente, o alemão A Fita Branca. Por definição própria, Paviani seria um intelectual, mas ele reluta em se declarar assim. “Em Caxias é quase ofensa, parece que é pejorativo.” Então prefere dizer que é um professor, cujo chão é a pesquisa e o lugar onde se sente mais à vontade, a sala de aula. “Me defino como um estudioso”, sintetiza. Ele brinca que tentar resumi-lo é complicado por conta do seu signo astrológico. “Sou de gêmeos, sempre gosto de duas coisas”, ri. Com a aposentadoria cada vez mais perto, Paviani pretende ler muitos livros, escrever tantos outros e, quem sabe, se dedicar mais à comunidade. “Tenho tantos projetos que não sei quantos eu vou realizar.” Em constante atividade e dono de uma personalidade fascinante, o professor se considera feliz e amadurecido. “Eu, mesmo quando estou angustiado, me sinto feliz, porque faço reflexões a respeito disso. Ser gente é ser angustiado. Há a angústia positiva, que nos faz ir à luta e conquistar a vida, e há a negativa, que é patológica. Como dizia Nietzsche, graças ao fato do homem ser angustiado ele atingirá as estrelas.” Sem o menor sinal de que vá parar um instante sequer, Paviani vê até na morte um impulso para a vida. E repassa aquela que julga a melhor definição de sabedoria: entender a si e aos outros, e não somente possuir muitos conhecimentos. Na sua simplicidade, o estudioso segue arrebatando com suas palavras, frequentemente absorvidas pelos desavisados de boca aberta e queixo no chão. Arquivo Pessoal de Jayme Paviani/O Caxiense

Segundo Paviani, uma das coisas que vieram com a maturidade foi a falta de pressa. Antes, queria tudo para ontem. Agora, sabe esperar o momento certo. E usa como exemplo seus escritos poéticos. “Um poema tem que ser perfeito. Às vezes nasce perfeito, quase pronto, o que é muito raro. Outros precisam de muito trabalho e elaboração para permanecerem.” Paviani fala com propriedade: vê na poesia um afazer delicado, artesanal e sempre em mutação. O que ele gostaria mesmo de escrever fica em segundo plano devido aos compromissos que vão surgindo. Além de suas atividades normais como professor e pesquisador, sempre há uma crítica, uma orelha de livro, uma apresentação. Atualmente, Paviani é coordenador do Mestrado em Educação da UCS. “Até o final do ano. Depois vou tentar passar adiante, mas não sei se me deixam”, acrescenta.

Por ser muito requisitado para con- sentindo o cheiro do pão no forno”, ferências e palestras, ele não consegue enumera. se dedicar à poesia de modo constante. E ainda houve grande influência Passa meses sem escrever uma linha e de um professor do seminário que de repente ela surge, quando ele tem frequentou, chamado padre Ilário tempo e senta em frente ao computa- Pandolfo. Ele corrigiu os primeiros dor. São períodos em que se põe a es- poemas escritos pelo jovem Paviani. crever e passa semanas No primeiro que contrabalhando direto. A segue recordar, cujo inspiração pode vir de “Literatura é tema era a Páscoa, o lugares diversos. Sepadre cortou um verso gundo Paviani, para uma expressão e mudou uma palavra. escrever uma poesia é riquíssima de “Percebi naquele exato necessário viver uma uma cultura. momento o que seria emoção forte ou entrar E a essência trabalhar um poema. em contato com obras Poesia é pensamento e de outros poetas, que da literatura sentimento se confunpodem suscitar uma está na dindo.” ideia. Em casa, ele guarda poesia”, material inédito para diz Paviani De acordo com três livros, com temáo poeta e professor tica diferente. “É outra Donaldo Schüler, a obra poética de fase, onde um aspecto é a mulher, com Paviani desempenha um papel muito suave toque erótico de vez em quanimportante no cenário regional, que o do”, explica. Entre anotações e estrofes, faz recordar do grupo Matrícula, com- um poema com 964 versos, escrito em posto por ele, José Clemente Pozenato, duas semanas. “Ia para o computador Oscar Bertholdo, Ari Trentin e Delmi- e não parava. Quis parar e decidi não no Gritti. O nome do grupo vem do fazer mil versos, porque senão teria livro publicado em conjunto em 1967. feito mais.” O quilométrico poema está Schüler aponta para a mistura lite- em obras há três anos. Uma mudança ratura-filosofia que Paviani apresenta, aqui, outra ali, uma dica de amigo acotrazendo influência do filósofo alemão lá e, agora, comparando versão inicial e Martin Heidegger, hermético na abor- atual, há grande diferença. Isso porque dagem a temas metafísicos, com certa um poema pode necessitar de reparos obscuridade. Também há influência de tempos em tempos, até chegar ao de Platão, objeto de estudo em que ponto de satisfação total do autor. Paviani é autoridade nacional. Paviani admite que, talvez por esse motivo, sua Para se tornar um bom escritor, poesia não seja tão acessível. “Uma vez, sabe-se, é necessário ser um bom leinuma escola, um aluno perguntou por tor. Paviani lê constantemente. O livro que a minha poesia é tão difícil. Ime- do momento é Criação Imperfeita, de diatamente tive uma resposta: porque é Marcelo Gleiser. O tema é física, o que simples. Minha poesia é depurada, ela mostra a tendência interdisciplinar do não é descritiva, é sugestiva”. Para justi- professor. Outros assuntos que chaficar, até citou Platão: atingir o simples mam sua atenção são tecnologia, políé difícil. tica e, por mais que se possa estranhar, Entre teóricos da filosofia, Schüler futebol. destaca uma influência mais local e Leitor desde a adolescência, comeconhecida, a regionalidade. A região çou pela literatura brasileira, depois foi sempre aparece, de uma forma de ou- conhecendo a europeia, a americana e, tra, nas poesias já publicadas de Pavia- por fim, a latino-americana. “Literatuni. Ele não saberia dizer se esse seria a ra é uma das manifestações culturais característica principal de seus versos, mais importantes, é uma expressão rimas sem dúvida aponta que há algo em quíssima de uma cultura. E a essência seus poemas que reflete a imagem da da literatura, no meu modo de ver, está Serra. Isso vem das experiências pes- na poesia”, define. soais. “Desde criança vendo os vales Ele destaca a importância da poesia com névoa, a paisagem, os costumes, mais popular, acessível, como a que

O filósofo em conversa com Paulo Freire (D), no Chatêau Lacave, e ao lado da mulher, Neires, aos 32 anos, na terra natal Nova Pádua

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Marcelo Mugnol

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Nunca antes na história das Copas...

A final da Copa do Mundo, a ser disputada a partir das 15h30 de domingo entre Holanda e Espanha, será marcada por novidades. Será a primeira final dos espanhóis. Será a primeira final europeia fora do continente. Será o primeiro duelo entre os times numa Copa. E uma das equipes será campeã mundial pela primeira vez. Nunca antes na história da competição (plagiando nosso presidente da República, que discursa com frequ-

ência “Nunca antes na história deste país”) ocorreram tantas “primeiras vezes”. Minha opinião? A Espanha tem um time com muita qualidade do meio para frente, com Xabi Alonso, Xavi, Iniesta e Villa. Ganharam a Eurocopa, trocaram de treinador e continuaram crescendo. Sempre se diz que a Espanha vai chegar, e nunca chega. Desta vez eles chegaram. Azar dos holandeses. ¡Viva España!

da sua disciplina vinha o Tio Jorginho, e puxava os moleques pela orelha até o cantinho do quarto, onde tinha um punhado de milho. Era ajoelhar, sem rezar. Mas o objetivo era sempre a humilhação. Tudo em nome da canonização do futebol. Até porque chega de arte, porque a arte é inútil. Pra que divertir se a diversão de gente como o Dunga é assustar as crianças com caretas e malcriações de toda sorte. Tivesse Dunga um parque de diversões a maior atração seria o Trem Fantasma. Fossem personagens de desenho, Dunga não seria um anão, mas a encarnação do Dick Vigarista, e Jorginho, Muttley, o Rabugento. E nem perder a dupla masoquista sabe. Jorginho e Dunga saíram irados e abraçados pra chorar no vestiário. Ao final da partida entre Holanda e Brasil, entre choros de tristeza e choros de raiva, a bola ficou ali, desprezada. A bola pode até ficar balançada pelo toque de um jogador mais afável, amoroso, refinado e de olhos azuis, como Sneijder. Mas a pegada de um canalha é sempre arrebatadora. A bola não quer um vencedor, quer sentir-se idolatrada. Quer sentir-se única, como de fato é. Porque todas as atenções do mundo se recaem sobre ela. Por onde quer que ande há um torcedor suspirando pela bola. E ela sabe muito bem a quem se entrega. Portanto, o segredo não é ocupar os espaços e jogar como se estivesse num campo de batalhas. É preciso um tanto de ternura, é verdade, mas a bola não resiste a um bom canalha, que faça com ela o que até ela duvida.

Se conquistarem a Copa do Mundo 2010, os jogadores da seleção espanhola ganharão, cada um, 600 mil euros (ou R$ 1,3 milhão). A Real Federação Espanhola de Futebol combinou o prêmio no início do ano com o grupo, que está a uma vitória (no tempo normal, na prorrogação ou nos pênaltis) de embolsar a pequena fortuna. Parte do dinheiro sairá dos prêmios entregues pela Fifa. Os jogadores espanhóis já prometeram destinar parte dos euros para ações de caridade, especial-

mente na África. Os germânicos, derrotados na semifinal por 1 a 0 pelos espanhóis (com um gol do zagueiro Puyol, aquele mesmo que não cortou o passe de Iarley e deixou Gabiru fazer o gol da vitória do Inter sobre o Barcelona na final do Mundial Interclubes de 2006), receberão cada um o prêmio de 100 mil euros (R$ 220 mil), de acordo com a Federação Alemã de Futebol. Se fossem tetracampeões, embolsariam 250 mil euros (R$ 550 mil).

Duelo de marcas

Discurso hipócrita

A Adidas (que comprou a norteamericana Reebok), além de ser fornecedora oficial da Fifa – incluindo aí a Jabulani –, foi a marca que mais apareceu entre as seleções do Mundial de 2010. No total, foram 12 times com a identidade alemã das três listras (África do Sul, Argentina, Alemanha, Dinamarca, Eslováquia, Espanha, França, Grécia, Japão, México, Nigéria e Paraguai). Em segundo veio a americana Nike, com nove (Austrália, Brasil, Coreia do Sul, Eslovênia, Estados Unidos, Holanda, Nova Zelândia, Portugal e Sérvia), seguida da também alemã Puma, com sete equipes (Argélia, Camarões, Costa do Marfim, Gana, Itália, Suíça e Uruguai). A Umbro, inglesa recentemente adquirida pela Nike, vestiu a Inglaterra. A espanhola Joma estampou o fardamento de Honduras e a americana Brooks, do Chile. Fecha a conta das 32 seleções a italiana Legea, que equipou a Coreia do Norte. Na final da Copa, o confronto entre as marcas que mais vestiram atletas na África do Sul: Nike (Holanda) x Adidas (Espanha).

O presidente da CBF, Ricardo Teixeira, criticou a idade avançada dos jogadores do Brasil na África do Sul e citou Alemanha, Espanha, Argentina e Gana como exemplos de países que apostaram em atletas com menos de 23 anos. Por isso, após a eliminação brasileira, citou “renovação” como foco de trabalho do novo técnico da Seleção. Nomes não faltam: Leonardo (ex-Milan), Felipão (Palmeiras), Mano Menezes (Corinthians), Ricardo Gomes (São Paulo). Vale lembrar que as cinco gestões do senhor Ricardo Teixeira (está na 6ª, fica até o final da Copa de 2014), presidente da CBF desde 1989, ex-genro de João Havelange (ex-presidente da Fifa), foram marcadas por escândalos e denúncias de corrupção. A assinatura de contratos absurdos, em especial com a Nike (em 1996, por US$ 160 milhões), até hoje não foi totalmente esclarecida. E ele quer criticar a idade dos jogadores que Dunga chamou? Mas não foi Teixeira quem contratou Dunga em julho de 2006? Tá de sacanagem com o bruxo.

Camisa de craque

Se não pode vencê-los... vista a camisa deles. As duas primeiras pessoas que fizerem uma assinatura trimestral (R$ 30) d’O Caxiense ganham uma camiseta exclusiva em homenagem à Holanda. Vai torcer para a Espanha? Sem problemas. O Caxiense também dá uma camiseta da terra de Cervantes aos dois primeiros que assinarem o jornal. É só mandar um e-mail para ocaxiense@ocaxiense.com.br para assinar e escolher a sua. As peças foram criadas por Valter Oliveira (9145-0336 ou camisetasexclusivas@uol.com.br), com apoio do Ponto de Cultura Agosto 17 (Montaury, 1.127, 3221-3585).

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.

Felipe Boff/O Caxiense

A BOLA QUER UM

N

fabiano.provin@ocaxiense.com.br

Me ajudava uns 15 dias

marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br

ão é de hoje. Ninguém mais dá bola pra bola. A menos que seja pra difamá-la. Afora isso, a bola não tem a menor importância. O que importa é a coerência tática, os blocos que avançam e os blocos que defendem. A estrutura da imobilidade. O alicerce da inabalável certeza da conquista. Enquanto isso, a bola fica por ali, disponível, insinuando-se ao primeiro canalha que venha com graça chutá-la com vontade. A malícia no trato com a bola morreu com a canonização do futebol. Não confunda, irmão, o que os marmanjos fazem com a bola nos pés e o que eles aprontam fora das quatro linhas. Esqueça do Bruno, goleiro do Flamengo. Esqueça do Adriano, ex-atacante do Flamengo. Esqueça do outro atacante do Flamengo, o Vagner Love (o cara que tem a metáfora da sacanagem até no nome). Nesta estranha Copa da África – Copa das contradições e não da coerência, como pregava Dunga – até o Robinho perdeu a malícia. Não se aproximava da bola chamando-a pra dançar e fazer firulas com ela até o dia raiar. Robinho não era mais o canalha de sempre. Portava-se como o traído, o corno. Daí a ira, a raiva, o desejo de trucidar o adversário. Robinho, mesmo traído, de vez em quando ainda brigava contra a mente embaralhada e voltava a ser canalha. Fez gols nesta Copa tratando a bola com carinho e marotagem. Mas a alegria de ser moleque foi deixada de lado porque, nesta Copa, o Tio Dunga tinha sempre a varinha de marmelo atrás da porta do vestiário. E quando escapava

Fabiano Provin


Fotos: Conceito Comunicação, Divulgação/O Caxiense

Pipoca com tecnologia

Cinépolis inaugurou no mês passado oito salas de cinema em Ribeirão Preto (SP) (fotos), o primeiro investimento da rede no Brasil

NOVO ROTEIRO

de cinema O

por José Eduardo Coutelle jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br

estrondoso sucesso comercial do filme Avatar, dirigido e produzido por James Cameron, colocou em ebulição o mercado cinematográfico mundial. A nova tecnologia digital que possibilita ao espectador a ilusão de estar assistindo uma imagem em tridimensional, com a real sensação de profundidade, levou o público para dentro das telonas, agora com um tamanho ainda maior e com avançados recursos sonoros. Apesar da tecnologia já estar difundida em Porto Alegre, nas redes Unibanco Arteplex, Cinemark, GNC e Cinesystem, foi necessário a vinda de uma multinacional mexicana para que a tecnologia chegasse à Caxias do Sul. Os cinéfilos ou pessoas que apenas buscam entretenimento de qualidade não precisarão mais se deslocar até a capital gaúcha para poder viver essa experiência. Derrubando a hegemonia do GNC Iguatemi na cidade, a rede Cinépolis ocupará o sexto andar do San Pelegrino Shopping Mall, que será inaugurado no próximo dia 30 de setembro, na avenida Rio Branco, em São Pelegrino. O cinema, que irá dividir o espaço do último andar com um restaurante e outro estabelecimento comercial ainda não definido, já tem uma possível data de lançamento. O superintendente do shopping, Luis Felipe Tavares, informa que as primeiras sessões devem ocorrer ainda no mês de dezembro, pro-

vavelmente no dia 15, podendo haver prorrogações. Tavares não esconde o seu entusiamo com o negócio pioneiro na cidade e diz que o cinema será um dos grandes alavancadores de público do shopping. “Se Caxias estivesse repleta de cinemas de boa qualidade, ainda assim seria um negócio muito atrativo. Ele terá uma tecnologia nova com muitos recursos. Serão seis salas de cinema com estrutura stadium, sendo duas em 3D. Só por isso já é uma coisa maravilhosa. A localização também será um fator interessante.” Este talvez seja um dos principais argumentos para conquistar os consumidores de filmes. Apenas oito quadras separam o shopping da praça Dante Alighieri. Em poucos minutos, uma pessoa pode chegar do Centro até o shopping sem a necessidade de ir de carro ou pegar um ônibus. Entretanto, em Caxias, que tem mais de 200 mil veículos, deixar o carro na garagem e sair a pé não é um hábito. Caso as 1,2 mil poltronas das seis salas do Cinépolis estejam ocupadas, fato comum em dias de estreias de grandes produções, o estacionamento de 750 vagas do shopping poderá sofrer superlotação. Apesar dessas previsões iniciais, as obras do novo cinema ainda não começaram. O único documento que Tavares tem é uma planta básica que determina onde as salas serão construídas. Para dar prosseguimento à construção é necessário que a Cinépolis entregue um projeto complementar que indica, entre outras coisas, a exata po-

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Ainda este ano, a rede mexicana Cinépolis deve inaugurar duas salas de projeção 3D no San Pelegrino

sição das poltronas, com a localização Gael García Bernal e Salma Hayek reda primeira fila e a distância entre elas, centemente obtiveram o glamour e os a decoração interna, o tipo de carpete tapetes vermelhos de Hollywood. As e eventualmente a colocação de cor- novelas da Televisa e o lendário seriado tinas. O passo seguinte é a instalação Chaves, até hoje transmitidos pela SBT, dos equipamentos de som e a tela. Para continuam fazendo sucesso. Apesar isso, antes de tudo, é disso, é a primeira vez preciso construir paque uma rede de cineredes especiais para “Se Caxias mas se instala em solo o isolamento acústi- estivesse repleta brasileiro. co das salas. Tavares de cinemas de A Cinépolis está em acredita que ainda esta franca expansão por boa qualidade, semana, a partir de todo o mundo. Até terça-feira (13), deva ainda assim seria abril deste ano, a rede receber as definições e um negócio muito possuía 227 cinemas dar início à construção. atrativo”, diz o espalhados pelo terriCaso a inauguração se tório mexicano, além superintendente confirme na data prede estar presente na vista e a programação do shopping Guatemala, Costa Rica, seja a mesma realizada El Salvador, Panamá, no cinema de Ribeirão Colômbia, Índia e mais Preto - o único da rede que já está em recentemente no Brasil. Com um fafuncionamento no Brasil - os especta- turamento de US$ 650 milhões no dores caxienses poderão experimentar ano passado, a empresa fundada por o cinema 3D ainda em dezembro, com Enrique Ramirez Miguel, em 1947, é os filmes As Crônicas de Nárnia: A a maior rede de cinemas da América Viagem do Peregrino da Alvorada, Latina e a quarta no mundo. A previTron - O Legado e As Viagens de são para futuras inaugurações, conforGulliver. me o site da empresa, inclui mais 212 salas no México, 14 no Peru, seis em Não é de hoje que os produtos Honduras e nove em El Salvador. No mexicanos, incluindo audiovisuais e ci- Brasil, a experiência da Cinépolis é nematográficos, ultrapassaram as bar- mais recente. A rede estreou o seu prireiras culturais e ingressam no Brasil. meiro cinema em Ribeirão Preto (SP) O conceituado cineasta Luis Buñuel e o no dia 18 de junho, há menos de um inovador Alejandro González Iñárritu mês. Os novos investimentos incluem representam dois períodos distintos da a construção de salas em Belém, São produção cinematográfica mexicana Paulo, Barueri, Salvador, Manaus e Rio que conquistaram o mundo. Os atores de Janeiro. 10 a 16 de julho de 2010

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Guia de Cultura

por Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

guiadecultura@ocaxiense.com.br

Luiza Lemmertz, Divulgação/O Caxiense

Cinema | Do começo ao fim

Livre-arbítrio para amar por CÍNTIA HECHER Para uma noite de uma estreia tão polêmica, o cinema estava modestamente habitado. Pela bilheteria, 15 pessoas na hora em que a porta da sala se abriu. Até a primeira imagem povoar a tela, 35 presentes. Talvez o tempo ruim da quinta-feira tenha espantado os candidatos a espectadores. Ou seria o tema? Sinto informar que, por mais que tenha ouvido tantos rótulos por aí, Do Começo ao Fim não é um filme gay. É simplesmente um filme sobre amor e, como se descobre logo no início, sobre livre-arbítrio. Terceiro longa-metragem dirigido por Aluízio Abranches, o mesmo de Um Copo de Cólera e As Três Marias, esse teve a firmeza do diretor para ser realizado do jeitinho que fora concebido. Não aceitou ideias para transformar os protagonistas em primos ou, quem sabe, irmãos de sexos diferentes. Não. Ou era com dois irmãos homens ou nada feito. O resultado não decepciona. Francisco (João Gabriel Vasconcellos) é o mais velho, filho de Julieta (Julia Lemmertz) com o argentino Pedro (Jean Pierre Noher). Cinco anos depois, quem surge é Thomás (Rafael Cardoso), filho dela com Alexandre (Fábio Assunção). Thomás nasce de olhos fechados e a reação calma da mãe foi a de confiar que o filho abriria os olhos quando estivesse preparado. Foi a primeira lição sobre o tal do livre-arbítrio. A primeira vez que resolveu encarar o mundo, quem estava na sua frente, o observando de perto, era Francisco. A família era feliz, de comercial de margarina. Dois meio-irmãos extremamente carinhosos um com outro, dentro de uma família também carinhosa. Até que a mãe observa, percebe que algo está diferente, fica com a conhecida pulga atrás da orelha. Mas recorda da primeira lição de coisas da vida que deu aos seus pequenos: livre-arbítrio. Ela só faz questão de ensinar também que a vida tem dois lados, o lado bom e o outro. Não cita a palavra ruim, nota-se. “Para entender nosso amor ia ser preciso virar o mundo de cabeça pra baixo”, diz Thomás. As dúvidas aparecem, o ciúme, a saudade que consome, estimula, rasga. Francisco prometeu que cuidaria de Thomás para todo o sempre. Do Começo ao Fim mostra o amor incondicional, que nada separa ou diminui. O filme foi muito criticado por mostrar um incesto homossexual com aceitação normal de pais e amigos. Bobagem. Isso se chama, na verdade, respeito em relação ao sentimento dos outros. Ninguém tem que apontar o dedo e julgar. Tem mais é que invejar um sentimento verdadeiro no meio de tantos falsos brilhantes. E eu bem que ouvi suspiros ao final da sessão... l Do começo ao fim | Drama. Quinta (8) a domingo, 20h | Ordovás Um filme polêmico. O trailer no YouTube já foi visto mais de 1 milhão de vezes. O longa-metragem é a visão delicada de uma história de amor homossexual entre dois irmãos. O laço de amor incondicional começa ainda na infância e passa pelas fases de amadurecimento. Assista sem preconceito, do começo ao fim. Dirigido por Aluizio Abranches. Com Júlia Lemmertz e Fábio Assunção. 18 anos, 90 min..

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10 a 16 de julho de 2010

Do começo ao fim mostra um relacionamento homossexual e incestuoso. É um filme sobre amor e livre-arbítrio

CINEMA l As Aventuras de Azur e Asmar | Animação. Terça (13), 14h e 18h30 | Sesc Animação francesa sobre dois meninos criados como irmãos, um nobre e outro filho da ama-de-leite do primeiro. Eles se reencontram, já adultos, mas como rivais na busca pela Fada dos Djins. Dirigido por Michel Ocelot. Livre, 99 min.. l Brichos | Animação. Quinta (15), 14h | Sesc Aventuras de um jaguar, um quati e um tamanduá, adolescentes convivendo na fauna brasileira. Bom para conhecer os bichos típicos do nosso país. Dirigido por Paulo Munhoz. Livre, 77min.. l Encontro Explosivo | Comédia romântica. 22h | Iguatemi Tem paixão, tem emoção, tem aventura. Mulher solitária conhece homem em avião e acaba entrando de gaiato na viagem dele, um agente secreto em missão. Quanto mais surreal, melhor. Dirigido por James Mangold. Com Tom Cruise e Cameron Diaz. 12 anos, 115 min., leg.. l Matinê Anime Caxias | Anime. 15h | Ordovás Série de três filmes da arte japonesa. O primeiro é Urayasu Tekkin Kazoku, uma comédia em que um garoto convive com personagens estranhos, como um professor raquítico e uma vizinha que parece o Frankestein. Depois é a vez do suspense Kara no Kyoukai, sobre uma onda de suicídios sem motivação aparente. Para finalizar, Eureka Seven, com aqueles robôs gigantes controlados por humanos. AINDA EM CARTAZ – Cartas para Julieta. Romance. 21h20. Iguatemi | Eclipse. Aventura. 13h30, 16h10, 18h50 e 21h30 (dub.) e 13h50, 16h30,

19h10 e 21h50 (leg.). Iguatemi | Marmaduke. Aventura. 15h. UCS | Pão e Tulipas. Comédia. Quinta (15), 15h. Ordovás. Matinê às 3 | Robin Hood. Aventura. 17h e 20h. UCS | Shrek Para Sempre. Animação. 13h40, 14h20, 16h20, 16h50, 18h40, 19h20, 21h10 e 21h40. Iguatemi | Toy Story 3. Animação. 14h, 14h30, 16h40, 17h, 19h e 19h30. Iguatemi INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2.462. 3221-5233.

TEATRO l O Vale dos Sonhos | Quinta (15) e sexta (16), 19h | Criança viaja do seu quarto para um vale encantado, onde tem que salvar a luz do arco-íris do vilão. Teatro Municipal – Casa da Cultura R$ 15 (público em geral) e R$ 7,50 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Zão e Zoraida | Sexta (16), às 15h30 e sábado (17) e domingo (18), 20h | Dois palhaços muito atrapalhados

se encontram e partem em busca da Felicidade Eterna, com muita música, alegria e magia. A peça é obra do grupo Produtos Notáveis, com Aline Zilli, Bruno Zilli e Jonas Piccoli e com os músicos Kevin Brezolin e Rodrigo Guidini. Teatro do Sesc R$ 10 (público em geral) e R$ 5 (comerciários, estudantes e sênior) | Moreira César, 2.462 | 3221-5233

FESTAS l 21ª Feira de Inverno | Até 18 de julho | Espante o friozinho comprando agasalhos e se fartando com a gastronomia italiana. Quem não quiser aproveitar, pode assistir aos últimos suspiros da Copa do Mundo em telão. Sábado: Almoço no Restaurante Polenta, Formaio e Vin. 12h. | Hora do Galito. Às 14h e às 17h | Domingo: Almoço no Restaurante Polenta, Formaio e Vin. 12h. | Hora do Galito. Às 11h30, às 14h e às 16h. | Show da Rádio Pop Show: Alma Nova, Doce Pecado, O Quinto e Só Batidão. 14h. Parque da Vindima – Flores da Cunha Entrada e estacionamento gratuitos l Festa do Vinho Novo | Até 18 de julho | Comunidade de Forqueta mostra o que tem de melhor em produtos de agroindústrias e artesanais, além da gastronomia local. Palco Principal – Sábado: Due Amicci. 11h30. | Irmãos Ramos. 12h30. | Grupo da Amizade. 14h. | Grupo de Filó Felice Personne. 17h30. | Fare Amicci. 19h. | Zo Scarpon. 20h. | Banda Encanto – Noite Italiana. 20h30. Clube União Forquetense | Domingo: Desfile temático. 10h. | Coral Anima D'Itália. 11h30. | Everson Casagrande. 12h30. | Grupo da Amizade. 13h30. | Famiglia Trentina. 14h30. | Inês Rizzardo. 18h. | Ragazzi Dei Monti. 19h30.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Coreto – Sábado: Coral Tirol. 14h30. | Due Amicci. 17h. | Grupo da Amizade. 18h. | Coral São Carlos. 19h. | Grupo de Filó Felice Personne. 20h | Domingo: Everson Casagrande. 14h. | Coral Anima D'Itália. 15h. | Felice Personne. 17h30. | Coração Italiano. 18h30. | Grupo da Amizade. 19h30. Palco Alternativo – Sábado: Pedro Lucas. Nativista. 14h. | Irmãos Ramos. Nativista. 17h. | Antares. Pop rock. 18h30. | Malucos Mimordão. Pop rock. 20h | Domingo: Albino Paulo e Alcides Machado. Sertanejo. 14h. | Getúlio de Castilhos e Grupo. Nativista. 15h. | Metrose. Pop rock. 17h30. | Vórtice. Rock. 19h.

EXPOSIÇÕES AINDA EM EXPOSIÇÃO – Ártico. Sábado, das 10h às 22h e domingo das 14h às 20h. Iguatemi Caxias. 32899292 | Caxias 1910. De segunda à sábado, das 9h às 17h. Museu Municipal. 3221.2423 | Felicidade. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h e sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal de Arte. 3221-3697 | Retratos na Lona. Sábado e domingo, das 15h às 21h. Saguão do Ordovás. 3901-1316.

OFICINAS

l Dança Contemporânea | Quarta (14) e quinta (15), das 15h às 20h e sexta (16), das 11h às 16h | Bailarina e coreógrafa Magali Sander Fett, integrante do Bremer Tanztheater, da Alemanha trabalhará com exercícios de aquecimento no chão e improvisação para composição cenográfica. Inscrições gratuitas pelo email ciadedanca@caxias.rs.gov.br. Anexe um breve currículo. Cia. Municipal de Dança Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

l III Festival de Música de Câmara de Caxias do Sul | Domingo, segunda (12), terça (13) e sexta (16) | Durante o dia, o festival oferece cursos para músicos, alunos ou profissionais. A programação didática inclui orientação para grupo de música de câmara, com e sem orientação para prática de instrumento, orientação para grupo vocal e master class de canto para solistas cantores. As inscrições, somente presenciais, devem ser feitas até segunda (12) no Campus 8. À noite, espetáculos para o público em geral. Domingo: Quinteto Villa-Lobos, do Rio de Janeiro. 20h | Segunda (12): Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. 20h | Terça (13): Olinda Allessandrini e Trio Cantos a La Noche. 20h. Teatro Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 Sexta (16): Maratona Musical. Encerramento com Quarteto de Cordas da Cidade de São Paulo. 16h. Clube Juvenil Entrada franca | Marquês do Herval, 197 | 3223-6122 l Festa de Despedida | Sábado, 23h | O Roxx fecha as portas e estampa uma promessa no cartaz da última festa: show com todas as bandas que passaram pelo bar em uma só noite. Mais realista, o proprietário Kenny Marciano informa que cerca de 10 bandas passarão pelo palco, fora as apresentações acústicas. O importante é que rock and roll can never die, já diria Neil Young. Roxx Rock Bar R$ 10 | Júlio de Castilhos, 1.343 | 30213597 l The Beaters | Rock. Sexta (16), 23h | Banda argentina que faz cover competente daqueles quatro rapazes que sairam de Liverpool para conquistar o mundo. Os hermanos se caracterizam durante o show, mudando de roupas para marcar as fases dos Beatles.

Céus mais altos por CÍNTIA HECHER

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Balonê. Anos 80. Pepsi Club. 34190900 | Creedence Clearwater Revival Tribute. Rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | DJ Fabrício Peçanha. Eletrônico. 23h. Havana. 3215-6619 | Izequiel Carraro. Pop/ eletrônico. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Magnitude. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Opera Liz. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Paulo Bíglia e Jorje Macedônia – Tributo a Cazuza. Rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Ricco Rock Fest – Agente Ed, Bipolar, Fighter e Lacross. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Rutera. Reggae. 22h. Aristos London House. 3221-2679 | Sarau do Desespero – Lançamento Zine Da Gaveta n° 5. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Seresteiros do Luar. Chorinho. 22h. Zarabatana Café. 3901-1316 | Ton & os Karas. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Vibe – Irmãos Rasta, Pura Ousadia e Sem Razão. Reggae, pagode e eletrônico.23h. Quinta Estação. 84113535 e 9181-4011 | Zé Bitter Rock. Pop rock. 22h. São Patrício. 3025-5227 | Domingo: Dente de Leão. Rock. 18h. Zarabatana Café. 3901-1316 e 22h. Aristos London House. 3221-2679 | Terça (13): Dia Mundial do Rock – Ligante Anfetamínico, Ton & os Karas, Mouai, Iron Maiden Cover e Lacross. Rock de diversos estilos. 21h. Vagão Bar. 3223-0007. | Hardrockers. Hard rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Prego Torto. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quarta (14): Flávio Ozelame Trio. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quinta (15): Gustavo Reis e Mayron de Carvalho. Rock nacional. 22h. Aristos London House. 3221-2679 | Kenny Brown. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Só Batidão. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sexta (16): Disco. Anos 70 e 80. 23h. Portal Bowling. 32205758 | Fabrício Beck Trio. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Rutera. Reggae. 17h. Zarabatana Café. 3901-1316. Maicon Damasceno, Divulgação/ O Caxiense

l Dramaturgia | Quintas (15 e 22), sextas (16 e 23) e sábados (17 e 24), das 14h às 17h e das 18h às 21h | A oficina será ministrada por Valter Sobreiro, ator, diretor e escritor paranaense. Inscrições no Ordovás, fone 3901.1316 (20 vagas). Espaço Multicultural Entrada franca | Pinheiro Machado, 2.978 | 3025-7600

MÚSICA

Música | Antithesis

Vagão Bar R$ 15 (nome na lista e até meia-noite) e R$ 20 (na hora) | Coronel Flores, 789 | 3223-0007

Anaxes é uma fortaleza em forma de planeta, com uma lua orbitando ao seu redor, dia de 26 horas e clima temperado. Deixando nerdismos de Star Wars de lado, também responde por Anaxes uma banda de metal progressivo competente e com lançamento do primeiro CD na noite de sábado, no Teatro Municipal. De nome Antithesis, combina peso, melodia e letras inteligentes. A banda, formada em 2005, é notícia em websites conceituados do meio, como Whiplash! e Heavynroll Messenger. Em 2008, fez o show da abertura da americana Symphony X no bar Opinião, em Porto Alegre. Os integrantes interagem com estilos musicais bem diferenciados, o que traz um ar mais evoluído do que aqueles que vestem a viseira e só enxergam exemplares de músicas que tocam. O vocalista Guilherme Antonioli canta em mais duas bandas de metal, uma delas – Tierramystica – com um toque latino e andino. Benhur Vieira Lima, no baixo, também toca na heavy metal Híbria. O guitarrista Bruno Pinheiro Machado vem de som mais tranquilo, como o puxado para o blues, funkeado e pop rock. Cássio Vianna é um garoto-prodígio. Toca todos os instrumentos competentemente e ainda é capaz de vender bala na entrada do show, de tão multifacetado. No álbum, responde pelos teclados e guitarra. O baterista Thiago Caurio traz o peso. Não só pelo pedal duplo, não. Também por ouvir Pantera e coisas do gênero. Ele também toca na banda paulista Astafix, de influência do metal e do hardcore, liderada pelo ex-guitarrista do CPM22 e com o guitarrista caxiense Paulo Schroeber. Para entender a mistura, o progmetal vem da junção dos estilos rock progressivo e heavy metal. O primeiro tem como baluartes Pink Floyd, Yes e Rush. Som mais elaborado, longo, quase erudito. O segundo é rápido e rasteiro, com peso e sem papas na língua. Pode-se até adjetivar com agressivo, mas no sentido da performance enérgica. Agora o álbum propriamente dito. São 10 faixas, todas composições próprias e com letras em inglês. Os assuntos tratados não se aproximam do otimismo: são citados abandono, tristeza, solidão e perda. Campeã de referências é a mentira. A primeira faixa, Cause/Consequence, é a escolhida para o primeiro clipe, ainda na fase de elaboração. A faixa 6, Evoking, carrega uma boa definição que serve para todo o álbum, extremamente passional: “I mix blood with tears, rage, confusion and hapiness”, traduzido livremente como uma mistura de sangue com lágrimas, raiva, confusão e felicidade. Aos poucos, o álbum transita para um recomeço, algo mais esperançoso. No show de lançamento, que o baterista Thiago considera histórico para a banda, vão ressoar pelo teatro todas as canções do álbuns. Como bônus, a participação da cantora Patricia Vianna, também presente na faixa 2 do álbum, To Believe. Além disso, uma homenagem pela passagem do dia em que se comemoraria o aniversário do vocalista de heavy metal Dio, recentemente falecido, e um medley com sons que influenciaram a banda. Se conselho fosse bom... conhecemos o ditado. Mas aconselho firmemente a ouvir Anaxes. Um pouco de lirismo sempre cai bem. Acompanhado de fúria, então, é mistura perfeita. l Anaxes | Progmetal. Sábado 20h |

Antithesis lança seu primeiro CD, Anaxes, com 10 composições próprias: solidão, fúria e um pouco de lirismo

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Lançamento do CD Antithesis. Teatro Municipal R$ 10 ou R$ 20 (ingresso + CD) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 10 a 16 de julho de 2010

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Artes artes@ocaxiense.com.br

Jane De Bhoni | Material Girl |

Sob as cores vibrantes do hedonismo, Jane pinta o prazer do consumo. Esta obra integra a série Obsessões, que critica a incessante busca pelo status e pelo prazer. Neste acrílico sobre tela, Jaguar, Louis Vuitton e Dolce & Gabbana são as grifes das máscaras que criam personagens fictícios na fantasia da vida real.

UM AMOR

DE PRIMAVERA A

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por PABLO HERNÁN PINTO BALLESTEROS

chuva moída e teimosa dançando e tentando penetrar pelas janelas do quarto obrigava-o a fechar suas pálpebras num silêncio quieto. Mas um ventinho jovem, enamorando as saias de espuma das coquetes gotas penduradas no vidro, mantinha suas lembranças abertas, brincando de fadas, até fazê-lo voltar ao passado, numa espécie de voo enlouquecido, rengueando como se fossem velhos navios nos braços das ondas do tempo. Sem dúvida, era um dia qualquer de primavera, ou melhor, um violeta entardecer, com sol cansado de vagabundear pelo território cósmico. Um pedaço de lua espiava a terra com falsa timidez, e as árvores da praça cobriam-se com seus pijamas de sombras. Lembrava muito bem aquela tarde, aterciopelada pelo nervosismo das palavras que esperavam na plataforma da garganta e que, com a mágica inimitável da juventude, seriam empurradas para o ar e transformarse-iam em realidade, quando ela aparecesse no anguloso horizonte da rua por onde costumava caminhar. Que

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lhe diria? Essas poucas frações de minutos o acusavam de covarde, pois, ensaiados os discursos tantas e tantas vezes, agora se tumultuavam numa confusa revolução cerebral. Ela estava aí, na sua frente, limpa como uma papoula no meio do jardim do Éden; branca em sua juventude de moça virgem de pecados mortais e apetitosa em sua geografia; a visão desafiante era um convite para o suicídio amoroso que aconteceria quando o medo fosse embora para deixar passarem as palavras. Eu quero enamorar-te; desejo beijar teus cabelos com o orvalho dos meus lábios; tenho medo que desapareças entre a cumplicidade das sombras deitadas no chão e que espionem tuas pernas e disfarcem teu corpo. Amo-te, mas meu amor é tão infantil que não sabe te abraçar e abrir teus ouvidos para que respondas ao que ardentemente desejo escutar: sim... Ela, segundo lembrava, apenas desenhou um sorriso em seus olhos de espuma e o rosto transformou-se na promessa tão esperada; lembrou que como um torpe Frankenstein, tropeçando nas folhas mortas, beijou-a devagar e demoradamente. Foi um momento de tanta alegria que lhe pa-

receu ter se transformado no gigante Golias, derrotando o pequeno David. Seus lábios moveram-se como torpedeando os tempos presentes para chegar a esse adorado passado. Não eram frases construídas nem palavras soltas, era a beleza do momento, quando iniciou a mais doce aventura de sua existência, e que dera como frutos filhos formosos que cuidaram como se fossem joias emprestadas por Deus, simplesmente para que descobrissem que a vida é um mistério que tem em cada esquina uma surpresa ainda mais mágica. No tremor parkinsoniano dos braços teve, por alguns instantes, os rostos adorados dos filhos, e os terços de suas brincadeiras, grudadas como orações na emoção de sentir-se esposo e pai; construtor e co-criador dessas pequeninas vidas, produtos do amor com Letícia. Que dor! Ela me deixou também num dia de primavera, tão lentamente morreu que até os filhos desapareceram na bagunça do mundo moderno. Letícia foi para o céu e os filhinhos para o mundo perverso da realidade. Como tenho saudades dela e dos seus frutos, que também foram e são meus frutos!

Seu Antonio, é hora de dormir, falou a enfermeira do asilo de velhos, sem perceber que rompeu o poema de amor que seu Antonio estava vivendo. Levantou-se com o mesmo cansaço de inverno, caminhou com passos tristes para sua cama fria e solitária, insípida, assexuada, mas companheira dos últimos minutos da idade... Há um raro desenho nos lábios dele, observou a velha enfermeira do asilo, chamando a atenção do médico jovem, que apenas assinou o óbito, como quem anota indiferenças num caderno escolar. A velha enfermeira insistiu até conseguir a esmola de uma rápida olhada do geriatra que, nesse miraculoso instante, descobriu que seu Antonio, 92 anos, já não estava mais sozinho na terra, e sim namorando sua Letícia por lá, nos espaços incógnitos da vida eterna. Vamos avisar os filhos, talvez apareçam, acabou falando a velha, enquanto um silencioso Pai Nosso floresceu em seu peito, acostumado às despedidas finais... Do livro Contos no Exílio (2007), publicado em português e espanhol.

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André T. Susin/O Caxiense

mobilização grená

Conclamar a torcida ao Centenário, que promete se tornar uma festa nos dias de jogo, é o objetivo principal das novas estratégias da direção do clube

MarKeTIng

da esperança

m

por Marcelo Mugnol marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br anhã de quarta-feira (7). No vestiário do estádio Centenário, os atletas vestem o fardamento que o clube vai usar durante a Série C. No lado de fora, a imprensa aguardava por mais um corriqueiro treino do Caxias. Assim que o primeiro jogador pisa no gramado, aquele estranho tédio matinal de quem foi cobrir mais um coletivo da equipe grená é subitamente interrompido por um zumzumzum. Alguns perguntavam ao assessor de imprensa Luiz Carlos Erbes se o time tinha antecipado o jogo-treino. Quando se percebeu que o grupo de jogadores iria posar para uma foto, teve quem desdenhasse da cena, dizendo que o Caxias está no clima do “já ganhou”. Para terminar com a polêmica, entrou em campo o novo contratado do Caxias. Fernando Silveira trabalha há 25 dias no clube, mas só na última quarta pisou no gramado do Centenário. Entrou de sola, mas sem perder a classe, como se incorporasse o Falcão, o maior gênio da camisa 5 canarinho, hoje um sisudo comentarista. Fernando já chegou perguntando aos jornalistas o motivo de tanta surpresa e piadinha. O novo coordenador de marketing do Caxias, paciente e sério, explicou que se tratava de uma simples fotografia. Os jogadores posariam para uma foto que será disponibilizada

no site, porque o torcedor quer saber quem são os atletas do clube. O site grená vai mudar, aliás, como, muita coisa está mudando neste novo Caxias. “O clube tem hoje um departamento de marketing estratégico, e não só para receber demandas”, sintetiza Fernando, 39 anos, natural de Porto Alegre. O coordenador até tentou esquivar-se do novo desafio na vida, mas quanto mais tratava o futebol como espetáculo e entretenimento, e via a marca do Caxias como a marca de uma empresa, mais o presidente Osvaldo Voges gostava da ideia de tê-lo trabalhando no clube. Na entressafra de Gauchão e Série C, tinha uma certa Copa do Mundo lá na África. Enquanto o zangado Dunga tentava arrancar a taça dos cofres da Fifa, no Centenário um grupo de pessoas liderado por Fernando trabalhava para criar uma campanha de marketing. Campanha essa que terá a todo instante um desdobramento, uma evolução, uma nova iniciativa, sempre associada ao torcedor e ao seu desejo de ver o Caxias em novos patamares. “Quando estávamos acertando minha vinda, o Osvaldo Voges me perguntou para que time eu torcia. Eu disse a ele que, por ser de Porto Alegre, não torcia para ninguém aqui. Então não teria envolvimento emocional. E ele me respondeu: ‘É isso mesmo que eu quero. Porque paixão sobra aqui no

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Campanha de comunicação entra em campo para empurrar o Caxias

Caxias, podemos ter 30 mil torcedores vão funcionar, já prevê o coordenador emocionados em campo’”. de marketing, mas com certeza tudo o Assim que a campanha caiu na boca que se está planejando visa a valorizada torcida, virou jargão. Não há gre- ção da marca Caxias. ná que não repita o “Agora vai” assim que ouve ou lê o slogan que aos pouDepois do Fórum Grená (espaço cos vai sendo espalhado pela cidade. de discussão do torcedor do Caxias) O primeiro ponto de divulgação dessa ter conhecido e aprovado a nova camnova ideia de ser torcedor do Caxias é panha, foi a vez da comissão técnica o estádio. “A pessoa que vier aos jogos conhecer esse plano. Segundo Fernando Caxias no Centenário vai encon- do, o treinador Julinho Camargo bate trar um local diferente do que viu, por um bolão também quando o assunto é exemplo, na última partida do Gau- comunicação. Uma das ideias de Julichão, contra o Ypiranga”, explica Fer- nho é aproveitar o marketing do clube nando. Diferente porque, visualmen- para ajudar a criar os vídeos motivate, o Centenário estará pintado com cionais usados antes das partidas. as cores da campanha Todas as sugestões “Série B, Agora Vai” e serão avaliadas e de“O clube tem também porque ir aos senvolvidas no melhor jogos do Caxias vai ser hoje um momento. No entanto, uma festa. o que todo mundo já departamento “Como não sou do sabe, antes mesmo de a futebol, tenho a pos- de marketing bola rolar pela Série C sibilidade de ver o estratégico, e não do Campeonato Brasiesporte de um jeito só pra receber leiro – e, para isso, não diferente. Acho isso demandas”, precisa ser doutor em positivo. Por exemplo, marketing – é que o não queremos mais sintetiza bom desempenho em o torcedor do Caxias Fernando Silveira campo vai contribuir, entrando cinco minue muito, com o sucesso tos antes da partida. da campanha. Por ouVamos ter animador de torcida, nar- tro lado, o trabalho de comunicação rador, distribuição de brindes, além de não vai parar por nada, porque será outras promoções para envolver mais sequencial e contínuo. “Não estamos a torcida com o clube e fazer de cada gastando dinheiro à toa. É para o forjogo um espetáculo”, anuncia Fernan- talecimento da marca”, avisa o coordedo. Nem todas as ideias ou iniciativas nador Fernando. 10 a 16 de julho de 2010

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Guia de Esportes

guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Daiane Nardino, Divulgação/O Caxiense

por José Eduardo Coutelle

BASQUETE l Campeonato Estadual Infantil Feminino | Sábado, 8h30 e 16h30| A UCS disputa a 1ª etapa contra Colégio Farroupilha e Colégio Sinodal. Ginásio Sociedade Recreativa Amigos de Galópolis Entrada gratuita | Edviges Galló, s/n°, 1.829, Galópolis l Jogos Escolares | Sábado, segunda e terça, horários a definir | A gurizada mostra o que aprendeu em quadra. Ginásios do Sesi, UCS, Enxutão e Juvenil Entrada gratuita

VÔLEI l Copa RS Feminina | Sábado, a partir das 9h | Na primeira chave estão UCS, Frederico Logemann e Geraldo Santana. No outro grupo jogam Veranópolis, Colégio Sinodal e Bento Vôlei. Ginásio Poliesportivo da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/n°, Petrópolis, Vila Olímpica l Campeonato de Voleibol Masculino do Sesi | Sábado, a partir das 13h | A 4ª rodada irá definir um novo líder. As equipes Marcopolo e Randon disputam a permanência no topo. Entrada gratuita | Rota do Sol, Km 73, Linha São Giácomo

RUGBY l Serra x San Diego B | Sábado, 15h | O Serra perdeu o último jogo para o Novo Hamburgo, e também a possibilidade de avançar à próxima fase. Precisa ainda mais do carinho da torcida. Escola da Natureza Entrada gratuita | Quinto Slomp, s/n°, Forqueta, próximo à entrada do Campus 8 da UCS

FUTSAL l Campeonato Futsal Série A | Terça (13), 18h45 e 19h45 | Os líderes do campeonato, Marcopolo e Agrale, se enfrentam pela terceira rodada da segunda fase da competição. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

FUTEBOL Neste sábado, pela manhã e à tarde, o infantil feminino da UCS enfrenta o Farroupilha e o Sinodal

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l Juventude x Grêmio | Sábado, 18h30 | Festa de despedida para o ídolo Lau-

ro. Provável time: Jonatas; Luiz Felipe (Celsinho), Rafael Pereira, Edson Borges e Calisto; Júlio César, Lauro, Cristiano e Marcos Paraná; Júlio Madureira e Fausto. Estádio Alfredo Jaconi Ingressos: R$ 10 para a torcida do Ju (os primeiros 5 mil serão personalizados em homenagem a Lauro) e R$ 20 para a do Grêmio (serão disponibilizados 4 mil bilhetes, sendo que toda a ferradura norte foi reservada) | Hércules Galló, 1.547, no Centro | Telefone: (54) 3027.8700 | l Caxias x Pelotas | Domingo, 11h| Oportunidade para Julinho testar o último reforço da temporada, o meia Thiago Correia. Provável escalação: Fernando Wellington; Anderson Bill, Cláudio Luiz, Neto; Edenilson, Ismael; Marcos Rogério, Itaqui, Marcelo Costa, Renan; Lê. Estádio Francisco Stedile Ingressos a R$ 10 na Sala dos Sócios, noo Posto do Caxias e na bilheteria do clube, a partir das 9h | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano l Futebol Sete Master | Sábado, 10h45 | O jogo entre a Madal e a Fras-le completa a 2ª rodada do campeonato. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima l 8ª Copa Ipam de Futsal Feminino | Sábado, 19h, 20h e 21h e domingo, 10h e 11h | ACBF iniciou vencendo por 2 a 1 o Sindicato dos Metalúrgicos. UCS e Santa Catarina empataram 1 a 1. Na 2ª divisão, União continua com 100% de aproveitamento. Cabe à equipe Pôr do Sol a difícil tarefa de vencê-la. Escola Santa Catarina e UCS Entrada gratuita | Matheo Gianella, 1.160, Santa Catarina e Francisco Getúlio Vargas, s/n°, Petrópolis l Campeonato Citadino Adulto | Terça (13) e quinta (15), às 19h45 e 20h45 | São Vicente e Os Deva e Águia Negra e Associação Caxias fazem as semifinais. Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina l Campeonato Municipal | Sábado, 13h15, 15h15 | Recuperação dos jogos da 2ª rodada. Enxutão, Municipal e Fátima Entrada gratuita l Futebol Sete Série B | Sábado, a partir das 10h | Os 37 times que disputam o campeonato se enfrentam em 10 chaves. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

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Jogo histórico no Jaconi

A HORA DA

despedIDA

Volante Lauro, que jogou 17 temporadas pelo Ju, irá vestir pela última vez a camisa do clube do coração

Maicon Damasceno/O Caxiense

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Ele sabe que se quiser continuar a jogar futebol terá de procurar outro time. “Há três meses eu não jogo bola. Estou le tem contrato até 30 de novembro de treinando em uma academia para não 2010 com o Juventude. No site oficial perder o ritmo. Quero fazer uma boa do clube, a foto dele está ao lado dos apresentação de despedida, porque sei outros seis volantes que integram o que a torcida do Juventude é exigente”, grupo de atletas profissionais. Entre- preocupa-se o ídolo papo que nasceu tanto, Lauro não joga mais pelo Ju. O em 20 de junho de 1973 e tem 1,68m clube que ele aprendeu a amar e defen- de altura. O recado, em tom de despeder dentro e fora de campo irá fazer dida, é para que os juventudistas conuma festa de despedida, com sorteio tinuem apoiando o clube, mesmo nos de um automóvel zero quilômetro, momentos mais difíceis, como o atual, venda de ingressos temáticos e criação às vésperas de iniciar a árdua disputa de camisa comemorativa, entre outras da Série C. “O Juventude precisa volnovidades que só quem comparecer tar para a Série B e, depois, para a A. ao Estádio Alfredo Jaconi a partir das É um time grande que irá reencontrar 18h30 de sábado (10) poderá conferir. o caminho das vitórias”, projeta, com Lauro irá vestir a camisa com o núme- otimismo, o pai de João Pedro, quatro ro 571, a quantidade de vezes que ele anos. atuou com as cores verde e branco. O O ciclo vitorioso a que Lauro se rejogo festivo, ou amistoso, será contra o fere começou em 1993 com a chegada Grêmio, segundo clube em que Lauro da multinacional Parmalat. Depois da mais atuou, e servirá como preparação conquista da Segunda Divisão nacioà disputa da Série C, a partir de 17 de nal, quatro anos depois, veio o título julho. invicto do Gauchão. Lauro não recorda No ano seguinte, em direito da primeira “Há 3 meses não 1999, a Copa do Brasil. vez que vestiu a cami- jogo bola. Quero O Baixinho é o únisa do Ju. Mas lembra fazer uma boa co atleta, ao lado do do dia em que chegou ex-goleiro Humberto em Caxias do Sul, vin- apresentação, – treinador de goleido de Alegrete. Tinha porque sei que ros da categoria júnior 17 anos, havia passado a torcida do –, a ter todos os granpor alguns clubes, não Juventude é des títulos da história fez testes, passou direto recente juventudista. e começou na catego- exigente”, diz Entre idas e vindas, ria Juvenil. Iniciou nos o Baixinho Lauro atuou 17 temJuniores e começou a poradas pelo clube que ganhar oportunidades completou 97 anos no no time profissional. No início de 1994 dia 29 de junho. Aliás, o jogador foi o participou pela primeira vez da Copa modelo que desfilou a nova camisa tiSão Paulo de Futebol Júnior, quando tular, apresentada em evento realizado o Ju terminou em 5º lugar. Ao lado de no Havana Café. Ao subir no palco foi outros jogadores como o ex-goleiro ovacionado pelos torcedores presentes Humberto, Lauro Antônio Ferreira da e não se importou em tirar dezenas de Silva, hoje com 37 anos, foi para o time fotos e conceder outros tantos autógraprofissional. No final daquele mesmo fos. ano sagrara-se campeão da Série B. “Foi um momento especial, como tanDepois de ganhar a Série B e tos outros de que tive dentro do Jaconi. o Estadual pelo Ju, Lauro foi para o E agora terei outro momento especial, Palmeiras. Com o time de Luiz Felipe o qual não tenho a mínima noção do Scolari conquistou a Copa Mercosul que vai acontecer. Estou ansioso para em 1998. Um ano depois voltou para esse jogo de despedida. Muitas coisas Caxias do Sul, levantou a taça da Copa passam em minha cabeça”, revela o do Brasil e viu a “virada de mesa” da Guerreiro, assim apelidado pela papa- Confederação Brasileira de Futebol da pelo empenho sempre apresentado (CBF) em 2000, que acabou salvando o dentro das quatro linhas. Ju do rebaixamento. Em 2001 foi para o Etti-Jundiaí (hoje Paulista), onde saLauro ainda não decidiu sobre grou-se campeão da Série A2 do Paua proposta da direção para tornar-se listão (segunda divisão) e da Série C. um auxiliar técnico ou, ainda, atuar De lá foi para o Grêmio, passou pela junto ao departamento de marketing, Ulbra (atual Universidade) e, desde uma espécie de garoto propaganda do 2004, está no Ju. Em 2007, como não clube que lhe abriu as portas em 1990. houve “tapetão”, o alviverde caiu para por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br

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André T. Susin/O Caxiense

O guerreiro Laurinho manteve o preparo físico na academia para mostrar a saúde de sempre no amistoso contra o Grêmio

a Série B. Quase retornou em 2008, sucumbiu e, no ano passado, não resistiu: está na Série C. Um abismo que pode ser mais profundo do que se imagina, pois a famigerada Série D foi recentemente criada e está logo ali – bastam alguns tropeços na fase classificatória da Terceira Divisão para que o filme de terror se torne realidade. “Espero que o clube volte para os trilhos. Fico triste com isso porque sempre atuei em equipes vencedoras aqui no Juventude”, diz, enquanto aguardava o filho João Pedro sair da escola. Religioso, Laurinho, como também é chamado carinhosamente pela torcida, afirma que Deus usou o Juventude para abençoar a sua vida. “Sei que tudo o que tenho hoje eu devo ao Juventude. Minha casa, minha carreira e, principalmente, minha família, pois

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conheci minha esposa em Caxias do Sul, e meu filho nasceu aqui”, repete o Baixinho, que tornou-se evangélico em 1995. Poucos profissionais do mundo da bola têm a consciência do que um ídolo representa para milhares de torcedores como Lauro. Ele discursa: “O cidadão Lauro foi criado pelo Juventude. Tenho plena consciência de que a papada fez o Lauro. Eu joguei muitas vezes empurrado pela torcida. É por isso que eu jogo, por um ideal”. A festa programada para Lauro neste sábado será inesquecível, garante o vice-presidente de marketing do clube, Mauro Trojan. Entre as novidades está o sorteio de um Clio zero quilômetro para os sócios com as mensalidades em dia. A promoção fará parte da segunda etapa da campanha

Papo Quente, que visa a adesão de novos associados. Quem se cadastrar até sábado pela manhã e pagar a primeira mensalidade concorrerá ao automóvel. Os ingressos serão outro atrativo: personalizados, virão dentro de uma cartela que contará um pouco da trajetória de Lauro no Ju. Associados não pagam para entrar, porém, quem quiser o suvenir terá de desembolsar R$ 10 – preço a ser cobrado à torcida alviverde. Além disso, estão programadas outras “surpresas”, garante Trojan. O modelo da camisa a ser usada por Lauro, que jogará no máximo 25 minutos da partida, será no modelo do líbero do vôlei, ou seja, com cor diferente. Uma edição especial e limitada do traje será comercializada posteriormente na loja oficial do Ju. Recentemente, o volante que marcou

26 gols com a camisa alviverde também foi homenageado pelo Consulado Juventudista Papos da Capital com um almoço em Porto Alegre, em maio deste ano. Em fevereiro de 2007, o ídolo recebeu o título de Cidadão Caxiense, concedido pela Câmara de Vereadores. Homenagens para Lauro nunca serão em excesso, afinal, ninguém vestiu tantas vezes o manto alviverde e o defendeu com todas as forças. Agora, Lauro sabe que será a última vez que atuará pelo Ju. Pelo menos dentro das quatro linhas. Portanto, não se esqueça: a festa começa às 18h30 de sábado. Chegue mais cedo ao Jaconi, faça sua parte, leve a família. Lauro merece esta homenagem e faz um desabafo: “Estou com saudade de vestir a camisa do Juventude”. Uma pena que será a última vez.

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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Livre iniciativa

A Associação dos Usuários de Rodovias Concedidas da Serra (Assurcon) permanece atenta não só a respeito dos pedágios nas rodovias da região, mas também sobre irregularidades cometidas pela Agência Reguladora dos Serviços Públicos Delegados do Rio Grande do Sul, a omissa Agergs. A Assurcon entrou com representação esta semana junto a agência, Ministério Público Estadual e Ministério Público de Contas do TCE para reclamar da falta de controle e fiscalização do trabalho das concessionárias. O trabalho deveria ser feito pela Agergs, não estivesse a agência tão vinculada ao governo do Estado. O documento tem a intenção de, no mínimo, constranger os integrantes da agência – perante a sociedade e seus familiares.

Precisa haver ações da polícia no quadrilátero da penitenciária, principalmente no horário da saída desses detentos do regime semi-aberto Veadora Ana Corso (PT), ao falar na Câmara sobre as mortes ocorridas no entorno da Penitenciária Industrial de Caxias do Sul André T. Susin/O Caxiense

Representação

Obrigação legal

“Esta entidade está inconformada e intraquila diante da manifesta resistência dessa agência em cumprir a sua obrigação legal de fiscalizar as obras e serviços das concessionárias dos polos, e inclusive de assegurar o direito às concessionárias à homologação do reajuste anual das tarifas”, diz o documento assinado pelo presidente Paulo Schneider e pelo secretário Agenor Basso, da Assurcon. “A consequência poderia ocasionar desequilíbrio econômico e financeiro contratual, caso os seus estudos justifiquem algum percentual de atualização ou reajuste do valor da tarifa dos pedágios e não obtenham autorização para praticá-lo”, observa a associação.

Por sinal

O candidato ao governo do Estado Tarso Genro prometeu voltar a Caxias no próximo dia 7 para firmar compromisso de campanha pelo fim do pedágio de Farroupilha. O petista diz que vai respeitar os atuais contratos com as concessionárias, mas que não pretende renovar aqueles que expirarem em 2013. A intenção é mudar o modelo dos pedágios – que passariam a ser comunitários, como o da praça de Portão, mantido a contragosto pelo Daer.

Exploração

Estagiários do Legislativo clamam por aumento. Ganham R$ 550 por seis horas de trabalho. Não têm reajuste desde 2006. E nem correção trimestral da inflação.

Ao agricultor

O prefeito Sartori e o secretário da Cultura, Antonio Feldmann, lançaram na sexta-feira (9) a revista Caxias 2010 referente aos meses de julho, agosto e setembro. O destaque são os eventos comemorativos aos colonos e agricultores, celebrados em julho. A programação completa está no site www.caxias.rs.gov. br. Somente em julho, são mais de 40 festas de interior programadas.

Ciranda na BM A redução de 17,3% no número de homicídios, verificada no primeiro semestre deste ano em relação a mesmo período em 2009, e a queda nos assaltos ao comércio e ao transporte coletivo não puderam ser comemoradas pelo comandante do 12º. Batalhão de Polícia Militar de Caxias do Sul, tenente-coronel Júlio César Marobin. Em meio a esses dados positivos, uma ocorrência lamentável: a morte de um motoqueiro, o frentista Sidnei Marcelo Gross, baleado por soldado da BM após ter fugido de abordagem policial no dia 4. O episódio foi considerado um erro técnico inadmissível em uma corporação cujo efetivo é formado por profissionais do primeiro time.

Marobin, por sua vez, vai assumir o comando do Corpo de Bombeiros em Caxias do Sul, no lugar do tenente-coronel José Francisco Barden da Rosa, que dirigirá o Colégio Tiradentes, estabelecimento de formação de soldados, mantido pela corporação.

A morte do rapaz de 25 anos provocou mudanças radicais no comando local da Brigada Militar, mesmo que Marobin se encontrasse em licença, por estar fazendo um treinamento na capital do Estado. Por sugestão do subcomandante da Brigada no Estado, coronel Jones Barreto dos Santos, a governadora Yeda Crusius substituiu Marobin pelo tenente-coronel Luiz Roberto Bonato, que vinha chefiando o gabinete do comandante-geral da BM, José Carlos Trindade.

Próximas etapas no comando da Brigada: até o final do ano, o coronel Telmo Machado de Souza, comandante regional, irá para a reserva. Deverá ser substituído, então, por Bonato, promovido a coronel. O novo comandante do 12º, por sua vez, será Leonel Bueno. E, caso Tarso Genro seja eleito governador, Marobin ocupará cargo no Palácio Piratini. Essa última possibilidade talvez ajude a explicar, também, a troca de cadeiras ocorrida na Brigada Militar em Caxias do Sul.

Constrangimento. Esta foi a palavra mais repetida para classificar o clima reinante na cerimônia de troca de comando da Brigada Militar, realizada na Câmara de Vereadores. “Em alguns casos não há como voltar atrás”, declarou o novo comandante do 12º BPM , tenentecoronel Luiz Roberto Bonato, ao reconhecer a falha do soldado que atingiu o frentista.

Estação Ferroviária passa para o município

Representantes do IPHAN e da Secretaria de Patrimônio da União vieram em peso para Caxias nessa semana. Em reunião com a prefeitura, decidiram de uma vez por todas repassar as áreas da antiga Rede Ferroviária Federal ao município. Ficou acertado inclusive data para assinatura do termo de cessão de uso. Será até o final de julho.

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Mesmo de propriedade do governo Federal, sucessor da extinta RFFSA, a prefeitura encampou a área da Rede Ferroviária no bairro São Pelegrino. Transformou o local que era usado como ponto de droga e prostituição em um espaço de arte e cultura. Além da Secretaria da Cultura, abriga também uma Biblioteca Infantil e um Salão de Artes e de Oficinas.

Nunca voar fez tão bem. O slogan da nova empresa aérea Laguna, sediada em São José dos Campos (SP), poderá estar nos céus de Caxias do Sul a partir do ano que vem. Ainda não há informações a respeito das linhas, mas sabe-se que a Laguna pretende operar aqui, o que seria muito saudável para estabelecer concorrência com a Gol, empresa que hoje reina sozinha no mercado local – e, com isso, pratica os preços (altos) que quer nos voos para São Paulo.

Passaporte

O prefeito não parece estar preocupado com a mobilização do Sindicato dos Servidores Municipais por aumento real de salário (além da correção trimestral da inflação com que a categoria é contemplada). Na quinta-feira, enquanto a entidade promovia ato público no Largo Euclides Triches, ele prestigiou, na Secretaria da Cultura, o lançamento da sexta edição do Passaporte da Leitura, em que 780 obras foram entregues a 26 escolas municipais.

Por 8,93% de aumento As bandeiras da CUT predominaram na manifestação de integrantes do Sindicato dos Servidores Municipais na quinta-feira à tarde. Alguns manifestantes portavam faixas com dizeres como “Administração Sartori: o governo dos Ccs, terceirizados e estagiários”. Os dizeres deixam claro que não há preocupação em unir forças numa mobilização que tem cunho políticoeleitoral no lugar de reivindicação salarial, embora este seja o mote.

Senadora Ana Amélia

Lideranças peemebistas da região são as primeiras a reconhecer o equívoco cometido pela coligação PMDBPDT. Ao apresentar candidatura única ao Senado (a de Germano Rigotto), abre espaço para um adversário (embora no quadro político atual não se saiba mais quem é adversário de quem). Diante da necessidade de se votar em dois candidatos, o raciocínio desses peemedebistas passa pela seguinte lógica: quem vota em Paim, não vota em Rigotto – e vai acabar votando em Ana Amélia Lemos. Quem vota em Rigotto, não vota em Paim – também abrindo uma brecha para Ana Amélia. A candidata do PP poderá ser duplamente recompensada. O prejudicado? As urnas dirão.

Concursados

Primeiro no concurso para o cargo, o jornalista Fábio Rausch, de Porto Alegre, assume na próxima semana a assessoria de imprensa da Câmara. Também são de fora os demais aprovados em concursos da Casa: a RP vem de Balneário Camboriú e a assessora legislativa é da capital gaúcha.

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Daniel Marenco/Folhapress /O Caxiense Danilo Verpa/Folhapress/O Caxiense

Danilo Verpa/Folhapress/O Caxiense

Alexandre Gondim/JC Imagem/Folhapress/O Caxiense

157 mil desabrigados, 57 mortos, 95 municípios atingidos por enchentes em Alagoas e Pernambuco:

AJUDE!

Envie de graça pelos Correios alimentos não perecíveis, roupas, calçados, tendas e produtos de higiene em pacotes que não excedam 30 quilos evite embalagens frágeis.

Endereço para Alagoas: Coordenadoria Estadual de Defesa Civil Rua Lavenère Machado, 80 Trapiche da Barra - Maceió/AL CEP 57010-383 Endereço para Pernambuco: Corpo de Bombeiros Av. João de Barros, 399 Boa Vista - Recife/PE CEP 50050-902

Danilo Verpa/Folhapress/O Caxiense


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