ROTEIRO DE INVERNO
Ainda pouco explorado, o interior de Caxias mostra que também pode encantar turistas |S24 |D25 |S26 |T27 |Q28 |Q29 |S30
André T. Susin/O Caxiense
Caxias do Sul, julho de 2010 | Ano I, Edição 34 | R$ 2,50
Criada para ajudar doentes sem recursos financeiros, a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) chama mais atenção pela fortuna que arrecada para si: R$ 3 milhões ao ano, com superávit de R$ 503 mil
Eleição cara: candidatos locais devem gastar R$ 12 milhões | Memória restaurada: Patronato em reforma No escuro da espera: reformulação do Som & Luz | Roberto Hunoff: formalização do trabalho na praça
Índice
www.OCAXIENSE.com.br
A Semana | 3
HISTÓRIA PRECIOSA
Antes do vinho, Caxias fabricava cervejas como Pérola, Zebú, Caxiense Branca e Crioula Dupla
As notícias que foram destaque no site
|S17 |D18 |S19 |T20 |Q21 |Q22 |S23
Caxias do Sul, julho de 2010 | Ano I, Edição 33 | R$ 2,50
Uma semana para formalizar – de graça – pequenos negócios
Do tostão ao milhão | 5
Candidatos de Caxias, somados, deverão gastar mais de R$ 12 milhões na campanha
Para conhecer Caxias | 7
Roteiros turísticos do interior ainda são caminhos a descobrir (para muitos caxienses, inclusive)
Fora de cartaz | 11
Espetáculo Som & Luz, ausente na Festa da Uva, ainda aguarda reformulação
Instinto sobre tela | 12
Fotos: André T. Susin/O Caxiense
Usuários do Caps mostram as descobertas de pintar In Sana Mente
Balanço intrigante | 14
Com meio milhão de reais de superávit, as contas da Aapecan chamam a atenção
Passado restaurado | 17
O sombrio prédio de mais de 80 anos do antigo Patronato passa por reformas
Guia de Cultura | 18
Comédia Ao Quadrado no teatro e um expoente europeu no cinema
SÉRIE B
A dupla CA-JU começa sua escalada para deixar para trás a terceira divisão nacional
Espetacular a capa desta edição. Baita jogada! Aos caxienses: agora, e sempre, é a vez das torcidas fazerem seus papeis. Otávio Valente Ruivo
André T. Susin/O Caxiense
Jonei Marcos Stuhlert, Divulgação/O Caxiense
Roberto Hunoff | 4
Roberto Hunoff: as empresas daqui entre as Melhores e Maiores da revista Exame | Deixa para depois: as importantes decisões que terão de aguardar a eleição passar | O que não está nos livros: histórias cotidianas da Biblioteca Municipal
RUMO À
@gabileonardelli @ocaxiense A matéria sobre a cervejaria da minha família ficou perfeita. Obrigado e parabéns pra toda a equipe! #edição33 @viniciusbusatta @ocaxiense Parabéns pela matéria sobre a Biblioteca Municipal, me fez recordar a minha época de ensino fundamental, onde ia lá toda semana! #edição33 @cristiansr Um jornal inteligente, criativo e sempre com assuntos interessantes a cada edição. Eu leio, assino e recomendo #edição33 @fsvanin Muito boa reportagem do Jornal @ocaxiense desta semana sobre o impacto das eleições no andamento dos governos #edição33 @vipessatto Parabéns ao @ocaxiense pela capa dessa semana e pela matéria ‘’Renovado para a batalha’’, sensacional!! #edição33
Artes | 20
O olhar de quem espera e a carta de quem cansou de esperar
Pausa alviverde | 21
@MartaDetanico @ocaxiense Capa sensacional. Parabéns, vocês se superam a cada edição #edição33
De folga, o Ju avalia a estreia contra o Criciúma e pensa no Caxias
Guia de Esportes | 22
No futebol amador, a torcida é por tempo bom no fim de semana
@_JuVieira MEU DEUS! Que capa mais linda essa do @ocaxiense! #edição33
Expectativa no Centenário | 23 Time grená enfrenta a Chapecoense em momento decisivo antes do CA-JU
@FelipeBavaresco Agora não ficarei mais longe de Caxias! Acabei de assinar o @ocaxiense e tenho a certeza de que vou saber tudo o que ocorre na cidade, lá no PR! #assinaturas @ale_muraro Pronto. Acabei de assinar @ocaxiense. abrirei a caixinha do correio com gosto. #assinaturas
Expediente
Redação: André Tiago Susin, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), Graziela Andreatta, José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
Assine
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
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O Caxiense
24 a 30 de julho de 2010
@Kely_Melo Comecei a ler o @ocaxiense há pouco tempo, mas estou adorando, indico pra quem gosta de uma leitura inteligente. #assinaturas
Duas reportagens desta edição ganham uma extensão multimídia no site. A primeira é a do turismo, escrita pelo repórter José Eduardo Coutelle. As belas imagens capturadas pelo fotógrafo André T. Susin mostram as belezas que podem ser vistas nos roteiros do interior de Caxias do Sul. A segunda é uma galeria de fotos do prédio de mais de 80 anos que é desconhecido de muitos caxienses, o antigo Patronato Agrícola.
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
A Semana
editado por Paula Sperb
paula.sperb@ocaxiense.com.br
SEGUNDA | 19 de julho Intercom 2010
Hotéis estão lotados
O Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação (Intercom), que será realizado na UCS, começa apenas daqui a dois meses, mas os hotéis da cidade já estão praticamente lotados para os dias do evento, de 2 a 6 de setembro. Por causa disso, além dos hotéis de Caxias e região, a organização disponibilizou alojamentos no Campus 8 da UCS, na Vila Olímpica, no Serviço Social do Comércio (Sesc) e na Sede Recreativa da Marcopolo para os congressistas vindos de todo o país. Desses locais, apenas a sede da Marcopolo ainda tem vagas disponíveis. No Intercity Hotel, por exemplo, restaram apenas as suítes. Dos 118 quartos, 100 já estão ocupados para a data. Assim como no Hotel Ibis, cujos 140 quartos já estão reservados.
TERÇA | 20 de julho Tecnologia
Belas Letras lançará livros para iPhone
Pensando nos avanços da tecnologia no mercado editorial, a editora caxiense Belas Letras lançará livros
para iPhone em setembro. As obras em formato digital custarão cerca de US$ 1,99 – a versão impressa é vendida, em média, por R$ 19,90.
Cidade
Relógios são desativados
Talvez o único consolo de quem transita pelas ruas do Centro de Caxias nesses dias congelantes fosse olhar para os relógios que indicam a temperatura, respirar fundo e encarar o frio. Desde a terça, os caxienses foram privados de ter a informação sobre a hora e temperatura. Os relógios foram desativados pela prefeitura temporariamente porque o contrato com a empresa que prestava manutenção foi encerrado – até agora, não apareceu nova inteessada.
QUARTA | 21 de julho Justiça
Caxias tem 5 cartórios irregulares
Deu até no Jornal Nacional. O Conselho Nacional de Justiça (CNJ) aponta que 5.561 cartórios estão irregulares no Brasil. Em Caxias, dos 13 existentes, cinco estão em situação irregular. O problema é a falta de um titular nomeado em concurso público. Antes da Constituição de 88, o titular do cartório era escolhido
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pelo Executivo, mas isso mudou em 1994. O CNJ também determina que os administradores provisórios – deve haver concurso público para esses cargos – não podem ultrapassar o teto salarial do serviço público estadual no Rio Grande do Sul, de R$ 24,1 mil.
Lei Orgânica
Revisão deve ser concluída neste ano
As discussões sobre a Lei Orgânica do Município foram retomadas, mais uma vez, na Câmara de Vereadores. Em 2009, foram registradas 700 sugestões da comunidade, que foram avaliadas pelo vereador Ari Dallegrave (PMDB). Ele organizou-as por afinidade com áreas, capítulos e artigos. O trabalho levou 6 meses. Cada artigo será debatido pela comissão responsável e a previsão é de que a revisão seja concluída ainda nesta ano.
QUINTA | 22 de julho
e a retirada de árvores na Av. Rio Branco. Conforme o presidente da Associação, Antíoco Sartor, o objetivo é fazer “pressão política”.
Cinema
3D estreia no sábado
Finalmente os caxienses poderão usar os óculos típicos de filmes 3D. O GNC deve – “deve”, porque a estreia seria na sexta e já foi transferida uma vez – estrear uma sala com a tecnologia no sábado, às 11h, com o filme Toy Story 3. O ingresso custará R$ 22, e é bom não reclamar – afinal, a reclamação anterior era a falta de um cinema 3D. O investimento foi de R$ 500 mil. e o próximo filme deve ser Meu malvado favorito, em agosto. Veja a programação completa no Guia de Cultura, na página 18.
SEXTA | 23 de julho Câmara de Vereadores
Avenida Rio Branco
Estagiários ganharão aumento
Sem levar em conta os benefícios que o San Pelegrino Shopping trará, como a geração de 1,5 mil empregos, a Amob do São Pelegrino já reuniu cerca de 2 mil assinaturas contra a diminuição das calçadas
Desde 2004 sem reajuste, os 40 estagiários da Câmara de Vereadores devem receber um aumento de 41%, passando de R$ 550 para R$ 775,50. Conforme o presidente da casa, Harty Moisés Paese (PDT), é uma questão de “justiça”, que deve ser aprovada por todos vereadores.
2 mil assinaturas contra mudanças
24 a 30 de julho de 2010
O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
O Prataviera Shopping firmou contrato para a instalação de uma operação da Criart Escola de Artes Decorativas. A instituição tem duas dezenas de operações em funcionamento no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Minas Gerais e a partir do segundo semestre também em São Paulo e no Rio de Janeiro. Com sede em Porto Alegre,
a escola tornou-se referência no Estado em ensino profissionalizante para decoradores, projetistas, paisagistas, desenhistas de móveis e iniciantes apreciadores do segmento. De acordo com a diretora administrativa e pedagógica da Criart, Mayra Lhullier Ramos, a cidade e região carecem de profissionais preparados nessas áreas.
Incentivo à formalização
O Comitê Municipal do Empreendedor Individual (EI) realiza, de 26 a 31 de julho, a Semana da Formalização, com o objetivo de divulgar a nova a figura jurídica e incentivar os trabalhadores de pequenos negócios a se formalizarem. Além de postos permanentes localizados no Sebrae, Microempa e no Sescon-Serra Gaúcha, será montado um ponto de formalização na Praça Dante Alighieri. O atendimento gratuito será feito das 9h às 18h, de segunda à sexta, e das 9h às 17 no sábado. Para ser um empreendedor individual é necessário faturar no máximo até R$ 36 mil por ano e não ter participação em outra empresa como sócio ou titular.
Qualificação a distância
A Conducere Educação Corporativa, de Caxias do Sul, fechou parceria com a Gestum Conhecimento Competitivo, de Pelotas, para atuar no ensino on-line. Serão oferecidas soluções de ensino a distância, videoconferência e jogos corporativos. O diretor da Conducere, Jocelito Salvador, assegura que a educação on-line surge como alternativa e complemento ao ensino presencial e à didática tradicional. A empresa caxiense, há sete anos no mercado, tem foco na educação corporativa por meio de palestras, treinamentos abertos, in company ou consultorias.
Recorde superado
A Randon superou a marca de R$ 1,7 bilhão de receita líquida consolidada no primeiro semestre do ano. O valor corresponde a incremento de 47% sobre igual período de 2009 e de 17% na comparação com o primeiro semestre de 2008, ano de vendas históricas da empresa: R$ 3,1 bilhões líquidos. Já a receita bruta total dos primeiros seis meses de 2010 foi de R$ 2,584 bilhões, incremento de 49%. Os números oficiais do semestre, com dados de produção e rentabilidade, serão conhecidos em 9 de agosto. Até esta data o mercado espera por revisões da empresa em suas projeções iniciais para o ano: receita líquida de R$ 2,8 bilhões e bruta de R$ 4 bilhões.
Cooperação gráfica
A Rede da Indústria Gráfica do Rio Grande do Sul é a mais nova proposta de trabalho inserida no programa Redes de Cooperação, realizado pela Universidade de Caxias do Sul e Secretaria do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais do governo do Estado. A nova rede congrega 10 gráficas e tem como foco de trabalho dar sustentabilidade aos negócios por meio de ações associativas que gerem serviços de alto padrão na impressão de imagem e criação, com investimentos na preservação do meio ambiente. O programa, que já tem 10 anos de atuação, atende atualmente 500 empresas dos segmentos da indústria, comércio e serviços na região de abrangência da UCS e envolve mais de 7.500 empregos.
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O Caxiense
24 a 30 de julho de 2010
Público
Antecipação de tendências
Com expectativa de receber 2 mil visitantes, o 7º Integramoda terá como grande diferencial a sua amplitude, que passa a ser estadual. A iniciativa do Comitê de Estilo do Sindicato das Indústrias de Fiação, Tecelagem e Malharias da Região Nordeste e do Núcleo de Moda do Sindicato das Indústrias do Vestuário e do Calçado do Nordeste Gaúcho ocorre na terça e quarta-feira (27 e 28) com o objetivo de apontar as propostas da moda Outono/Inverno 2011. Considerado o maior evento de
O superintendente do San Pelegrino Shopping Mall é o convidado da edição de julho do Café com Informação, iniciativa do Conselho da Mulher Empresária/Executiva da CIC. No encontro de quinta-feira, 29, a partir das 8h30, na CIC, ele falará sobre o tema Os notáveis empreendimentos urbanos e suas influências no cotidiano das pessoas.
lançamento de tendências para a indústria têxtil do Sul do Brasil, o Integramoda será realizado na forma de workshops, desfiles e exposição de produtos na Câmara de Indústria, Comércio e Serviços de Caxias do Sul. Jacquard, formas tridimensionais, misturas de malhas (fios finos e lanosos que dão a sensação de calor) e materiais sintéticos (remetendo à preservação ambiental) são algumas das texturas e padrões que irão compor os looks que serão apresentados no evento.
Curtas
Mais de 1,5 mil pessoas já visitaram a Sala de Visitas 2010, mostra de arquitetura e decoração que se desenvolve na Estação Férrea. Também foram arrecadados em torno de 200 quilos de alimentos não perecíveis para entidades assistenciais. As primeiras beneficiadas foram o Lar da Velhice São Francisco de Assis e a Pastoral de Apoio ao Toxicômano Nova Aurora.
Conquista
A Soprano, de Farroupilha, por meio de sua unidade de cilindros hidráulicos localizada em Caxias do Sul, passa a constar na lista de fornecedores da Scania. A unidade foi homologada pela multinacional sueca para fornecer equipamentos que se integrarão aos caminhões dotados de caçambas basculantes destinados à mineração. O contrato inicial estabelece a compra de 800 unidades ao longo do primeiro ano, gerando faturamento médio de R$ 2,3 milhões.
Reforço na equipe
Decidida a alcançar faturamento de R$ 100 milhões neste ano, a diretoria da Keko Acessórios contratou Cesar Franceschi como diretor de mercado, que responderá pelo marketing e pelas vendas nacionais e internacionais. Entre as principais ações para chegar à meta estão o aumento das exportações de 15% para 25% do faturamento total, ingressar no mercado americano, reconquistar e ser mais agressivo na revenda de acessórios multimarcas e expandir a rede de revendas autorizadas, passando de 10 para 50 lojas até o final de 2011. Franceschi já atuou em empresas como Forjas Taurus, Perto S/A (Grupo Digicon), Andreas Stihl e ATP Tecnologia.
quem busca informações de como atuar A Regional Serra da Associação no mercado financeiro. Mais informa- de Dirigentes Cristãos de Empresas proções pelo telefone (54) 3021.5404. move na quinta-feira (29) reunião-jantar com o frei Jaime Bettega. Ele falará a A Associação de Engenheiros, partir das 19h30, na CIC, sobre EspirituArquitetos, Agrônomos, Químicos e alidade nas empresas. Geólogos de Caxias do Sul promove quinta-feira (29) a primeira edição do O diretor-presidente da Visate projeto Papo de Mestre. O arquiteto Sig será o palestrante da reunião-almoço de Bergamin falará a partir das 20h no Es- segunda-feira da CIC. Abordará o tema A Maesthria Gestão e Processos paço Cultural da Dell Anno (Avenida Visate, a responsabilidade da prestação realiza sábado (24) dois cursos para Itália, 631). de serviço.
Mudanças no comando A Guerra reestruturou seu modelo de gestão diretiva a partir do desligamento do diretor-geral, Rodmar Cardinalli, que estava no cargo desde junho de 2008 quando a empresa passou ao comando do Grupo Axxon. A principal mudança é a posse de Marcos Guerra (foto), ex-sócio da empresa e até então diretor comercial e de marketing, na vice-presidência do Conselho de Administração, presidido por Nicolas Wollak. O novo organograma inclui ainda Alex Sandi como diretor de administração e finanças;
Fábio Paludo como diretor industrial; e Gilmar Marinho na área comercial. Com o desligamento de Rodmar Cardinalli, a diretoria contratou a consultoria Galeazzi & Associados, especializada em reestruturações de empresas, para conduzir o processo durante um ano, renegociou dívidas financeiras, reorganizou a produção e adotou estratégia comercial mais agressiva para aumentar as vendas. Para o cargo de diretor-presidente foi contratado Luiz Antônio Felício, diretor da Galeazzi.
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Gilmar Gomes, Divulgação/O Caxiense
A EJRos Brasil, empresa com sede em Caxias do Sul, constituiu nova unidade de negócio. A EJRos Call Center oferece serviços como a realização de pesquisas de satisfação, pesquisas de reação e pós-vendas, SAC e ouvidoria, televendas, reativação de clientes inativos, confirmações para eventos e atualização de cadastros, entre outros. A empresa trabalha há mais de 10 anos em soluções de gestão, qualidade e comunicação ao mercado.
Profissionalização
Simone Chassot Loureiro, Divulgação/O Caxiense
Expansão
Eleições = milhões
É TEMPO DE
CALCULAR Passa dos R$ 12 milhões a previsão de gastos dos candidatos de Caxias às eleições de 2010 durante o período eleitoral
N
VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br os próximos dias Caxias do Sul vai ser inundada por santinhos. Rostos de políticos serão distribuídos por mãos rápidas nas ruas, lotarão a caixa de correio da sua casa e adentrarão a janela do seu carro. Tudo isso, claro, vai custar muito dinheiro. Somando-se o valor que todos os 27 candidatos de Caxias a deputado estadual, federal e senador pretendem gastar, chega-se a R$ 12,076 milhões. E a maioria dos políticos diz que irá priorizar a confecção de material impresso para propaganda de sua candidatura. Haja papel. Depois disso, eles citam gastos com gasolina e com as pessoas envolvidas na campanha. Os custos dos candidatos da cidade variam, literalmente, de R$ 2 mil a R$ 2 milhões. Tantos santinhos, cartazes, banners, comitês, comícios e jingles são pagos com doações de pessoas físicas e jurídicas, de outros candidatos, dos comitês financeiros de campanha, dos partidos, da receita da realização de eventos ou do próprio candidato. As doações ocorrem até o dia das eleições. O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) estipulou uma série de regras para que essas contribuições sejam o mais transparentes possíveis, além de serem rigorosamente fiscalizadas depois da votação. Não importa qual cargo está concorrendo, qualquer candidato precisa prestar contas do que arrecadou e do que gastou. A diferença é que candidatos à presidência se reportam ao TSE, e os demais, ao Tribunal Regional Eleitoral (TRE-RS). A prestação de contas vai até 30 dias depois das eleições, ou seja, 2 de novembro. Para quem disputar o segundo turno, a data é 30 de novembro. Entre as regras está o limite para doações de pessoas físicas, que não podem ultrapassar 10% do rendimento bruto do doador no ano anterior ou exceder o teto de R$ 50 mil. Pessoas jurídicas podem doar até 2% do faturamento bruto declarado à Receita Fede-
ral (estão vedadas doações de pessoas jurídicas que começaram a existir em 2010). Apesar de grande parte da arrecadação dos candidatos vir de doações de pessoas jurídicas, algumas entidades não podem doar. São elas: entidades de utilidade pública, sindical, beneficente, religiosa, esportiva ou estrangeira; órgão da administração pública ou fundação mantida com recursos provenientes do poder público; concessionário ou permissionário de serviço público; entidade sem fins lucrativos que receba recursos do Exterior ou recursos públicos; sociedades cooperativas, cujos cooperados sejam concessionários ou permissionários de serviços públicos e estejam sendo beneficiados com recursos públicos; além de cartórios de serviços notariais e de registro. Para receber qualquer tipo de doação, o candidato deve criar uma conta bancária própria para os gastos com sua campanha. Essa conta é aberta para a eleição, e depois dela deve ser encerrada. “O dinheiro para todas as despesas tem que passar por essa conta”, ressalta o chefe de cartório da 16ª Zona Eleitoral, Marcelo Reginatto. O candidato, portanto, precisa depositar o que recebeu para depois retirar e aplicar esse valor na campanha. Em outras eleições, já ocorreram problemas por conta disso em Caxias, segundo Reginatto. “Assim como gastos com campanha antes da criação dessa conta, que não podem ocorrer. O candidato não pode receber dinheiro nem um dia antes de ter essa conta”, alerta. Caso alguma quantia apareça misteriosamente na conta de um candidato, esse dinheiro não pode ser usado de forma alguma, pois doações anônimas são proibidas. A quantia vira sobra de campanha. Como todas as contribuições precisam ser identificadas, os doadores ganham um recibo eleitoral, que é confeccionado e distribuído pelo partido. “Esse recibo aparece na prestação de contas. Já recebemos denúncias, por exemplo, de gráficas que não receberam o pagamento. Daí vai ser
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analisado se o material que a gráfica confeccionou está na prestação de contas”, afirma Reginatto. Este ano, pela primeira vez vão ocorrer doações via internet. O recibo para esse tipo de transação será um formulário eletrônico.
didato a estadual pelo PC do B. Pepe Vargas, candidato a deputado federal pelo PT, explica que o partido fixou um teto para o custo da campanha: R$ 1,5 milhão. “Se eu conseguir arrecadar o teto, ótimo. Mas não vamos gastar tudo isso, vai ser de acordo com o que arrecadar. E não vou me A soma de R$ 12 milhões resulta endividar para fazer campanha eleitode uma consulta feita por O Caxien- ral”, diz Pepe. Na campanha de 2006, se aos candidatos, que informaram quando se elegeu para a Câmara dos suas previsões. O número, portanto, é Deputados, Pepe gastou R$ 206 mil. uma estimativa, que só “Acho que pelo menos poderá ser verificada isso vou captar. Mas após as eleições. Tudo Todas as obviamente vou gastar dependerá de quanto mais do que na campamovimentações cada político irá arrenha passada”, compara. cadar. Apenas Mauro financeiras dos Marcos Daneluz, Pereira, que concorre a candidatos devem candidato a deputado deputado federal pelo passar por estadual pelo PT, esPMDB; Kalil Sehbe, pera arrecadar dinheiuma conta a federal pelo PDT; ro com amigos e com Claudenir Biglia, a es- bancária criada eventos. “Vai ser R$ 50 tadual pelo P-SOL; e especificamente mil no máximo. Nossa Arino Maciel, a federal, para a campanha campanha é pé na estambém pelo P-SOL, trada, andamos muito não quiseram informar e conversamos muito. uma previsão de gastos. Para incluir Panfletos simples, faixinha, adesivo. as campanhas deles na conta geral, Não vamos alugar grandes comitês no utilizou-se como parâmetro previsões Centro. Esse estilo de campanha de de campanhas passadas ou de outros grandes eventos nunca foi meu”, afircandidatos do partido. Para Mauro, a ma. referência foi o valor que a candidata Com uma campanha focada nas ciGeni Peteffi, do mesmo partido e con- dades da região, o candidato a depucorrendo ao mesmo cargo, gastou na tado estadual pelo PSDB Daniel Boreleição de 2006 (R$ 61 mil); para Ka- ghetti Furlan orçou os gastos em R$ lil, o que ele gastou na eleição passada 200 mil. “Vai ser em material gráfico e para deputado estadual (R$ 306 mil); logística desse material, a distribuição e para Maciel e Biglia, o mesmo valor dele na região”, aponta. Ruy Pauletti, que os outros dois candidatos do parti- que concorre à reeleição para deputado que estão concorrendo informaram do federal pelo mesmo partido, diz que (R$ 10 mil). vai gastar R$ 350 mil – sua campanha A frase mais pronunciada pelos 27 anterior custou R$ 208 mil. “Vão ser candidatos foi “vou gastar o que arre- gastos 50% em Caxias, 50% no Estacadar”. Por isso grande parte deles teve do. Em placas e em pessoal”, resume dificuldades para fazer sua previsão – a Pauletti. A candidata a deputada esmaioria ainda não começou a receber tadual Maria Helena Sartori (PMDB) doações. “Orçar é a coisa mais fácil que também prevê despesas maiores este tem, o problema é achar dinheiro para ano. Em 2006, concorrendo ao mesmo gastar. Existe previsão estadual, no cargo, Maria Helena gastou R$ 165 mil. máximo de R$ 800 mil, mas isso nem “Vai ser uns R$ 250 mil”, diz ela. falar, é superprojetado. Vai chegar a R$ “Faço a campanha com os pés no 200 mil”, estima Guiomar Vidor, can- chão. Dentro do que captar de apoia24 a 30 de julho de 2010
O Caxiense
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dores. Aqueles que dão o valor são os que estão patrocinando essa campanha”, diz Kalil Sehbe, sobre os outros candidatos. O pedetista ressalta que o dinheiro não será gasto, mas sim “investido”, e que o principal destino dele serão os recursos humanos, com as pessoas que se dedicarão à campanha. “O grosso da campanha são os materiais como folders, banners e faixas”, afirma outro pedetista, Alceu Barbosa Velho, candidato a deputado estadual, que pretende gastar R$ 100 mil. “Se eu conseguir mais, amplio. Mas acho que não chegará a isso.” O PSB fez uma previsão de R$ 800 mil, no máximo, para candidatos a deputado estadual, mas o candidato José Antonio Adamoli diz que sua campanha está estimada em R$ 150 mil. “Vai ser gasto na produção de um panfleto padrão, depois em adesivos para carro, para lapela, além de deslocamento. Mais adiante, em faixas”, enumera Adamoli. Seguindo a lógica, a previsão de gastos é menor em partidos menores, como o P-SOL. “Vou gastar uns R$ 10 mil, quando muito. Não temos partido em Caxias, só em Porto Alegre, e os dados ainda não vieram. Do meu bolso não vou colocar”, diz Aurora Jesus Oliveira, candidata a deputada estadual pela sigla. “Vou investir em material de propaganda e combustível. Não se compra militância. Com os partidos grandes, tudo é pago pelo partido, e nós não temos isso”, completa ela. “O gasto vai ficar em torno de R$ 10 mil.
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O Caxiense
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É um partido novo, com receita não de arrecadação. O meu mandato é volmuito grande. Vamos trabalhar com tado para o povo, para os aposentados. o que se tem”, salienta Lucas de Souza, Até o momento, não tenho arrecadacandidato a deputado federal pelo P- ção nenhuma”, diz Paim. SOL. “A estimativa é bem baixa porque A cifra dos R$ 2 milhões também é a gente é do trabalho, a contribuição a projeção de Germano Rigotto, canvem dos trabalhadores que apoiam. didato a senador pelo PMDB. “É camViagens e atividades panha curta. O lado de campanha e matepositivo é que o custo rial de propaganda de Nesta eleição é menor. Não terei cogrande visibilidade, mitê próprio, vou protambém haverá não tem como. A noscurar otimizar o masa campanha é mais de prestação de terial gráfico. O gasto militância, com o pan- contas parciais, maior é a estrutura de fleto de mão em mão e nos dias 6 de programas de rádio e as visitas nas cidades”, televisão. E não pode agosto e 6 de afirma Arino Maciel, mais dar brindes, onde candidato a deputado setembro, se economiza bastante federal pela mesma si- ampliando a (estão vedados na camgla, ressaltando que os fiscalização panha eleitoral a concabos eleitorais serão fecção, utilização e disvoluntários. tribuição de camisetas, Na previsão, quem mais gastará se- chaveiros, bonés, canetas e brindes)”, rão os três candidatos de Caxias ao Se- ressalta Rigotto, que em 2006 concornado. “A campanha dos nosso sonhos é reu à reeleição para governador, gasa do financiamento público, mas temos tando R$ 3,2 milhões no total. que buscar apoio privado. É uma campanha cara. Orçamos a candidatura em O limite de gastos dos candidaR$ 2 milhões”, explica a candidata do tos, de acordo com o chefe de cartório PC do B, Abgail Pereira. “Vai ter muita Marcelo Reginatto, se não for estipulaviagem pelo Estado todo, então tem lo- do pela legislação – como ocorreu este comoção, hospedagem, alimentação. E ano –, é limitado por cada partido no tem todo o marketing na TV. É horário momento da candidatura. “Esse limite eleitoral gratuito, mas não é gratuito, é estabelecido por cargo, não por cansó a veiculação, porque são peças ca- didato. E na hora da prestação de conríssimas”, destaca ela. tas, é conferido também se o limite foi Cerca de R$ 2 milhões também será respeitado”, esclarece. Se o valor ultrao gasto do candidato a senador pelo passar o máximo, o candidato terá que PT, Paulo Paim. “Mas tem dificuldade pagar multa no valor de 5 a 10 vezes a
quantia em excesso, podendo responder por abuso de poder econômico. Para intensificar o controle, nesta eleição também haverá prestação de contas parciais. Nos dias 6 de agosto e 6 de setembro, os candidatos vão informar o total de arrecadação e de despesas até aquele momento, sem precisar especificar de quem foram as doações. Vale lembrar tudo o que se caracteriza gasto eleitoral (fora dessa lista, portanto, se considera gasto ilegal): confecção de material impresso de qualquer natureza e tamanho, propaganda, aluguel de locais para a promoção de atos de campanha, despesas com transporte de candidato e de pessoal a serviço das candidaturas, correspondências e despesas postais, despesas de instalação, organização e funcionamento de comitês e serviços necessários às eleições, remuneração a quem prestar serviços às candidaturas ou aos comitês, montagem e operação de carros de som, realização de comícios ou eventos, produção de programas de rádio e televisão, realização de pesquisas pré-eleitorais, criação de páginas na internet, multas aplicadas, até as eleições, aos partidos ou aos candidatos por infração da legislação eleitoral, doações para outros candidatos ou comitês financeiros e produção de jingles, vinhetas e slogans para propaganda eleitoral. Online | Veja em www.ocaxiense. com.br quanto cada candidato estima gastar nesta eleição
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Roteiros a explorar
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CAXIAS O interior do município oferece um belo cardápio de gastronomia típica, história, vinho e aventura
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aproximadamente 60 quilômetros do Centro, pouco mais de uma hora de carro, se encontra um dos mais belos roteiros turísticos da região. E ainda se está em Caxias. Avançando pela Rota do Sol, uma placa indica o desvio para uma estrada de chão batido, sinuosa, mas em bom estado. A cidade é deixada para trás, e campos com uma relva levemente amarelada podem ser contemplados. Em alguns minutos se chega à rua central, esta calçada com pedras, da sede do distrito de Criúva. A guia turística Guadalupe Pante, 27 anos, conduz os visitantes até o Cânion dos Palanquinhos. A 200 metros do desfiladeiro, ele ainda não pode ser visto. O caminho final deve ser vencido a pé. Aproximando-se da borda, o impacto da água das diversas quedas quebra o silêncio, e em poucos passos se vislumbra a beleza da falha geológica – sem dúvida, um acerto divino. No ponto mais alto, o cânion chega a medir 150 metros. No fundo, a vegetação divide espaço com as águas do arroio Caixão. É um cenário belíssimo para caminhadas, rapel ou um simples passeio. Assim como Criúva, outras regiões de Caxias oferecem roteiros turísticos bastante variados. Em direção a Flores da Cunha, as vinícolas, os produtos artesanais e a gastronomia compõem o Caminhos da Colônia. Dividindo o espaço entre Forqueta e Farroupilha,
em outra extremidade da cidade, o penho do poder público em atrair esse Vale Trentino revela lindas paisagens, perfil de visitante fica evidenciado na onde se pode conhecer todo o processo ocupação quase permanente dos hotéis da produção de vinho. Em Ana Rech, e na realização do calendário de evena herança do tropeirismo é uma das tos em parceria com várias secretarias marcas. A outra são os famosos presé- da prefeitura. “Estamos trabalhando pios, na época do Natal – o secretário em um calendário unificado. Isso pode municipal de Turismo, Jaison Barbosa, ser percebido no Calendário de Evenconta que apenas uma agência de tu- tos de Caxias do Sul. Temos mais de rismo levou cerca de 800 pessoas para 2 mil programados para este ano. No conhecerem Ana Rech último verão tivemos nas festividades do final a 1ª etapa do Circui“Estamos fazendo to Banco do Brasil de do ano passado. Em outro ponto da com que as Vôlei de Praia. Logo cidade, a 3ª Légua apreem seguida o Salão entidades olhem senta a parte histórica Gaúcho de Turismo, da colonização euro- para a cidade, e depois a Festa Campeia em Caxias. Lá os daí vendemos os peira (Fecars). Eles turistas podem conhe- nossos roteiros”, ajudaram a atrair o cer museus, vinícolas e turismo no período diz Jaison, também uma bela gruta do verão. Este é um no roteiro da Estrada do enfatizando os trabalho feito por diImigrante. Por fim, na eventos de Caxias versas entidades. O zona urbana de Caxias, turismo não pode ser o roteiro La Cittá perconsiderado algo isocorre os pontos mais conhecidos pela lado”, diz o secretário Jaison. população local, incluindo a Igreja de Os eventos, que beneficiam a rede São Pelegrino, o Museu Municipal, a hoteleira, restaurantes e o comércio em Casa de Pedra, o Museu do Imigrante geral, servem também de oportunidae o Museu Bruno Segalla, entre outros. de para divulgar outras atrações. “CaCom todas essas opções, é impossível xias tem muita força através dos seus dizer que Caxias não é uma cidade tu- eventos. Estamos fazendo com que rística. Para todos os lados que o visi- as entidades olhem para a cidade, daí tante se deslocar, encontrará um lugar vendemos os nossos roteiros. Através a ser apreciado. disso, naturalmente, essas pessoas vão consumir os nossos produtos. Quando Apesar de todos esses destinos, passamos a fomentar as pessoas, elas a cidade tem como foco principal o começam a enxergar. Se não houverem turismo de negócios e eventos. O em- políticas públicas, tudo fica muito mais
difícil”, argumenta o secretário. A diretora executiva do Sindicato de Hotéis, Restaurantes, Bares e Similares da Região da Uva e do Vinho, Márcia Ferronato, corrobora o discurso de Barbosa, e diz que o investimento em um turismo baseado nos eventos e negócios é importante para a cidade. “Traçando sua estratégia e dando visibilidade, Caxias tem chance de crescer muito mais. Quem não se mostra não vai ser conhecido nem procurado. Esse turista consome gastronomia e outros produtos. Talvez não procure muito os roteiros”, pondera Márcia. Os 3.148 leitos dos 22 hotéis de Caxias tiveram, no ano passado, média de ocupação de 60,43%, sendo de segunda a quinta os dias mais requisitados. Márcia conta que a variada culinária da região, que inclui mais de 100 cafés, churrascarias e as tradicionais galeterias, é outro forte atrativo. “Caxias tem uma procura maior devido a sua diversidade. Ela traz uma competitividade única para a região”, completa. A esta multiplicidade de opções é que se soma o agradável contato com a natureza e a adrenalina da íngreme e escorregadia descida ao fundo do Cânion dos Palanquinhos. São essas sensações que Guadalupe Pante, formada em Turismo pela UCS e especialista em Caminhada e Canionismo pela Associação Brasileira das Empresas de Ecoturismo e Turismo de Aventura, apresenta aos turistas em Criúva. Nos primeiros passos usando um bastão André T. Susin/O Caxiense
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Cânion dos Palanquinhos, que atinge a altura de 150 metros, é uma das atrações do distrito de Criúva
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O orquidário de Lídia é uma das referências do roteiro da Estrada do Imigrante
de caminhada como auxílio, porém, o deslumbramento com a paisagem cede lugar à atenção nos movimentos. A mata é fechada, e a água escorre pelas folhas e pelo chão no estreito caminho, recheado de barro, pedras e musgo. O prazer está no risco implícito da aventura. Para os trechos mais complicados, a guia Guadalupe explica onde colocar cada pé, a inclinação ideal do corpo e o ponto certo para apoiar o bastão. Em minutos, as águas do arroio, encobertas pela vegetação, revelam a exuberância de seu fluxo. Apesar de parecer perigoso, Guadalupe diz que nunca aconteceram grandes problemas. “O mais comum são cãibras ainda no momento em que as pessoas estão se alongando”, conta. De volta ao topo, a condutora apresenta outro ponto turístico da região: o Memorial Bertussi. Os dois irmãos gaiteiros que conquistaram incontáveis fãs com a música tradicionalista gaúcha estão imortalizados desde 2008 no obelisco de 30 metros de altura, que
pode ser visto de Vacaria à noite, e nas o que é horocópio? Daí me disseram estátuas esculpidas em cobre. Honeyde que horocópio é aquele aviãozinho peBertussi faleceu em 1996, e seu cor- queno que tem um catavento em cima”, po está enterrado junto ao memorial. diverte-se Adelar, encerrando a anedoAdelar, seu irmão, ainda mora na resi- ta com uma risada. A poucos minutos dali se encontra dência pintada de laranja bem ao lado a residência de Ivan do monumento. Aos 77 Siqueira, outra parada anos, ele divide o temobrigatória. Entre mapo entre cuidar de suas “Temos um cegas e gramíneas que cabeças de gado e tocar vocabulário todo alcançam a altura dos a famosa gaita. Se o tu- próprio aqui”, diz joelhos, ao lado da esrista tiver sorte, consetreita rua de saibro, fica guirá encontrá-lo em o músico Adelar a propriedade deste casa. Na última terça- Bertussi, que tem personagem quase mífeira (20), Adelar esta- casa ao lado do tico da região. De longe va lá, e aproveitou o lu- monumento que parece um local pouco minoso dia de sol para receptivo, ermo. Um se aquecer em frente a o homenageia casebre de madeira, sua residência. É no ve- em Criúva com cães que ladram rão que o lugar recebe em resposta a qualquer mais turistas, conta o simpático gaiteiro, que conquista qual- sinal de movimentação. Essa impresquer visitante com a simplicidade de são logo se dissipa com o bom humor suas histórias. “Temos um vocabulário do senhor que veste chapéu e um patodo próprio aqui. Esses dias me fala- letó surrado pelo tempo. Há 45 anos ram que um horocópio passou voando Ivan e a esposa, Angelina, que espia cheio de sordado. Daí perguntei: mas pela janela, moram em Criúva. E ele
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brinca: “só vou me mudar daqui quando for para o cemitério”. Aos 67 anos, vive da criação de gado nas suas terras, que somam 300 hectares. De uma caixa em frente à casa corre um filete d’água até o chão. É ali que o folclórico morador sacia a sede dos turistas e presta informações sobre o “buraco”, que é como ele chama o cânion. Os cachorros o acompanham, agora dóceis, oferecendo-se até para um carinho na cabeça. Outra atividade que encanta os visitantes, conforme apresenta Guadalupe, ocorre em um bosque composto por araucárias, criúvas (os arbustos que dão nome ao distrito) e muitos cipós. É uma caminhada noturna. O ambiente é permanentemente úmido. O musgo cobre as árvores, e o chão é repleto de folhas. Durante o dia a luz é escassa, e pode-se ouvir o canto de diversos pássaros. À noite, a escuridão é total. Seguindo um cabo de aço que indica o trajeto a percorrer, cada pessoa anda sozinha os 600 metros apenas guiada pelo tato. “O intuito é promover um
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breve momento de isolamento e refle- forja do bisavô. xão”, explica Guadalupe. Outro estabelecimento do roteiro é Próximo ao meio-dia, o restaurante a Vinícola Grutinha. Marcelo Sirtoli, Casa Verde, pertencente à família da 26 anos, administra o negócio com a guia, situado na sede de Criúva, prepa- família. “Estamos meio parados com ra a refeição para os visitantes. Os pais o turismo. Até uns dois anos atrás eles de Guadalupe, Átila Pante, 68 anos, e costumavam vir bastante. Fazíamos Cláudia Praslatti, 56 anos, servem um degustação de vinhos e servíamos saalmoço tipicamente campeiro. Um dos lames e queijos picadinhos”, conta. “Se clientes é o morador Roberto Roma- aqui todos pegassem juntos...”, contini, 37 anos, que já fez a trilha do ar- nua, mas não chega completar a frase. roio Caixão, com duração entre seis e “Meu tio fez a gente decorar a história oito horas, e dá uma dica importante: da igreja para contar aos turistas”, re“Recomendo para quem tem uma boa vela Marcelo, com os olhos marejados condição física, tem de estar bem pre- ao lembrar do esforço de Valmor Sirparado”. toli (que morreu recentemente) em promover a região. De frente para as Assim como o turismo de aven- instalações da vinícola se encontra a tura vem conquistando seu espaço, as paisagem composta pela BR-116 com demais atividades tendem a crescer Galópolis ao fundo. Marcelo diz que os também. A coordenadora do Mestrado moradores não se mostram empenhaem Turismo da UCS, Márcia Cappella- dos em divulgar o roteiro. “Estamos no dos Santos, diz que Caxias tem to- desanimados. Quando tu corres atrás, dos os ingredientes para uma receita os outros dizem que estás só pensando de sucesso. “Temos uma excelente rede em si”, desabafa. Mesmo sem o apoio hoteleira, bons sistemas de transportes turístico, a família vem avançado na e comunicação, além de agências de produção de vinho. Em 2002, lanturismo. Caxias tem atrelados os seus çou a marca Tradição, que já ganhou atrativos culturais, históricos, sociais e prêmios no concurso dos Melhores gastronômicos”, ressalta. Segundo ela, a Vinhos de Caxias do Sul. “Vendemos formação de profissiobastante para São Paunais de turismo na unilo, mas Porto Alegre é versidade e o trabalho o nosso principal mer“Temos uma dos setores público e cado.” privado alavancam este excelente rede Outro exemplo que desenvolvimento. En- hoteleira, bons dá certo mesmo sem tretanto, Márcia lembra sistemas de ser impulsionado exque é vital a participaclusivamente pelo tutransportes e ção da comunidade. rismo é o Orquidário “Primeiro é preciso que comunicação”, Pebi. Ao lado de uma os caxienses acreditem ressalta Márcia, pequena residência se que a sua cidade tem professora de encontra uma estufa potencial turístico. Isto repleta de orquídeas. Turismo está ligado ao acolhiA simpática dona, Límento. É um trabalho dia Teresa Mugnani, que nós temos de aju60 anos, dá atenção às dar a desenvolver, criar a percepção valiosas plantinhas, única fonte de rende que a sua cidade tem atrativos e que da da família. A estrutura é rústica, e ele (o morador de Caxias) precisa co- o chão de terra é um fator que agrada nhecer. É preciso despertar essa cons- muitos visitantes. “Todos os dias vêm ciência. Caxias não é um indutor como pessoas aqui. Recentemente vieram Bento e Gramado, mas tem toda essa duas senhoras de Curitiba e duas de potencialidade, muito a mostrar.” Minas Gerais. Excursões é que vêm muito pouco”, relata. No roteiro da Estrada do ImiA vida de Lídia sempre esteve ligada grante, apesar das belíssimas paisagens às orquídeas, mas ela começou a vie do número de estabelecimentos vol- ver do seu comércio apenas no ano de tados para o turismo, alguns morado- 1998. Hoje, a proprietária do orquidáres reclamam do isolamento e da falta rio tem mais de 45 mil plantas, dentre de apoio. Ademir Zinani, 61 anos, é 600 espécies diferentes. A mais cara é a dono de uma pousada e do Museu que Paphiopedilum, que chega a custar R$ carrega seu sobrenome. O casarão de 1,5 mil. madeira, moradia da família por décaApesar de as mulheres serem tidas das, foi construído em 1915 pelo bisa- como maiores admiradoras das flores, vô de Zinani, que veio da Itália com são os homens os principais compraesposa e quatro filhos. Ademir, que dores. “Eles costumam levar várias. serve café colonial e vende artesanato São mais colecionadores”, observa Lífeito por ele mesmo, diz que não seria dia. O negócio, com pouco mais de possível sobreviver somente da ativi- 10 anos, vai tão bem que ela e os dois dade turística. “Também tenho par- filhos, pretendem construir mais uma reirais e planto milho, feijão e arroz. estufa. Apesar do foco no comércio em Para viver só do turismo é preciso de si, ela diz que recebe um bom número mais turistas. Por que não colocam um de turistas. Recentemente um comônibus para trazer os turistas?”, lança a prador de fora fez a felicidade da empergunta, sem destiná-la a alguém em preendedora, levando 250 orquídeas. específico. O fato é que a antiga casa da “Ele pagou bastante, mas demos um família, de três andares e arquitetura bom desconto”, lembra, com um sorritipicamente italiana, dispõe de objetos so de satisfação. interessantes que muitas pessoas nunO que Lídia e os demais moradores ca viram. Lá se pode encontrar, entre do interior ainda esperam é que o tuoutras coisas, diversos tipos de lampi- rismo também floresça. O convite aos ões, um rádio à válvula, baterias de te- visitantes, inclusive caxienses, está feilefones antigos, um arado e até a antiga to.
A cultura campeira está na gastronomia (foto de cima) e na música de Adelar (abaixo)
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Silêncio nas réplicas
As velhas arquibancadas, hoje desmontadas, deverão ser substituídas por uma estrutura coberta, segundo os planos do secretário de Turismo, Jaison Barbosa
O SHOW PRECISA
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CONTINUAR por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br
uem foi aos Pavilhões da Festa da Uva este ano sentiu falta de uma atração tradicional. O espetáculo Som & Luz, apresentado durante o maior evento caxiense, desta vez ficou fora de cartaz. O motivo, de acordo com o secretário municipal de Turismo, Jaison Barbosa, foi a necessidade de uma reformulação. Basicamente, por segurança. Engenheiro por formação, Jaison observou a precariedade da estrutura ao assumir, por meio da Secretaria, a responsabilidade pelo espetáculo. “Aquilo colocava o visitante em risco”, afirma. A situação comprometia inclusive a capacidade da arquibancada, originalmente para 300 pessoas. “A estrutura estava tão deteriorada que não se aproveitava 40 lugares.” A principal causa para esse desgaste seriam as intempéries, já que a arquibancada ficava ao ar livre. O pouco uso, limitado aos meses de Festa da Uva, também contribuiu para a falta de manutenção. O resgate deve vir por meio de contribuição federal. O Ministério do Turismo designou uma verba de aproximadamente R$ 700 mil para a “reforma” do espetáculo. Porém, de show contando a história da imigração, o Som & Luz virou uma novela. No próximo dia 30, será aberta uma licitação para tentar escolher uma empresa que execute as obras da reformulação. Essa é a terceira vez que o processo licitatório é realizado, já que das outras vezes surgiram empecilhos. Primeiro, uma empresa chegou a ser selecionada, mas, como não poderia cumprir os
prazos, desistiu do contrato. Para que o recurso federal não fosse perdido, foi necessário pedir uma prorrogação e abrir nova licitação. A segunda vencedora também abandonou a obra alegando que não conseguiria cumprir o contrato no período estipulado.
A dificuldade em encontrar uma construtora interessada se deve, segundo Jaison, a uma particularidade desse mercado. “Embora a obra custe mais de R$ 500 mil, é necessária uma grande empresa, que trabalha com grandes contratos, acima de R$ 2 milhões”, argumenta. O secretário de Turismo diz que para continuar contando com o repasse, novamente próximo do fim do prazo, recorreu a contatos durante o Salão Nacional de Turismo. Contando com a compreensão do governo federal, a licitação terá como prazo o fim de 2010. “A minha intenção é até antes, para que as obras comecem até o final deste ano.” Porém, se mais esta tentativa falhar e nenhuma empresa se candidatar, a atitude a ser tomada pela Secretaria de Turismo já está definida. Será imputada a inexigibilidade de licitação, e uma empresa será escolhida pela prefeitura para realizar o serviço. No novo projeto, cujo custo total passará de R$ 1 milhão, segundo o secretário, consta um prédio moderno de dois andares. No primeiro piso, de acordo com a planta, ficarão os banheiros, um restaurante e uma ala que serviria como local para degustação. No andar superior, fechada com vidro, estará a arquibancada, comportando
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Ausência sentida na Festa da Uva, o Som & Luz ainda aguarda obras para reformulação
340 assentos. “Foi removida toda a A única coisa que pode parar o show arquibancada antiga. Melhor do que é uma tempestade de raios. Bauri lemfazer uma, como dizem, ‘gambiarra’, é bra que os Pavilhões da Festa da Uva construir uma nova”, explica o secre- são uma espécie de para-raios natural, tário. Ao centro, serão reservados dois por conta dos pinheiros. “Se tem temespaços, um para o camarote VIP, ou- pestade muito próxima, esperamos tro para a cabine com os controles téc- passar. Não tendo raio, o show acontenicos do espetáculo. ce até debaixo de chuva. Até fica mais O prédio servirá para todo o ano, bonito, com a água batendo nos reflecom planos de ocupação constante, e tores.” não somente a cada dois anos. O secreO secretário Jaison Barbosa diz que tário avalia que “inúmeros pequenos o equipamento será renovado. O que eventos” poderão ser sediados lá, como não será alterado é o espírito do evenencontros gastronôto, que existe para conmicos e peças teatrais. tar a história e recordar “Tudo que remeta o Prefeitura a imigração italiana visitante à questão his- abrirá no dia 30 utilizando as réplicas tórica da colônia será a terceira das antigas casas, que bem-vindo, pois agrega remetem à primeira presença artística ao licitação para rua de Caxias. O texto a reforma, que espetáculo.” do Som & Luz, criado O primeiro andar quase perdeu pelo escritor José Clecontará com uma en- verba federal de mente Pozenato, será trada para facilitar o mantido. “Existe um acesso de cadeirantes, R$ 487,5 mil grande respeito pelo que terão uma área re- pelo atraso primeiro texto”, obserservada na frente. “É va Jaison. Os cenários um bom espaço, onde serão reformulados, os cadeirantes ficarão confortavelmen- mas sua essência não será tocada. Com te instalados”, diz Marcelo Bauri, asses- fins de manutenção do local e do essor técnico da Secretaria e responsável petáculo, como já era de costume, será pela parte mecânica do Som & Luz. cobrado um ingresso dos espectadores – “porque nós precisamos coletar um Bauri controla os equipamen- fundo”, destaca o secretário. tos que dão o nome ao espetáculo. Ele O novo Som & Luz provavelmente define o processo técnico como uma estreará na próxima Festa da Uva, em transmutação de dados de um compu- 2012. Até lá, resta torcer – e cobrar – tador em impulso elétrico, de forma e para que as obras de reformulação encor, que normalmente é feita com tran- fim sejam realizadas. E imaginar o requilidade. “Conhecendo e entendendo sultado: “Vai ficar bonito”, prevê Bauri, um pouco de elétrica se resolve tudo”, observando as plantas do projeto no afirma, sorrindo. computador. 24 a 30 de julho de 2010
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Pinceladas notáveis
AS CORES DA SUBJETIVIDADE
Mestre do abstrato, Wassily Kandinsky, que pintou Farbstudie Quadrate (E), defendia a subjetividade. Adelino Silva, autor de Às Cegas (D), venda os olhos para explorar a sua
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MARCELO ARAMIS marcelo.aramis@ocaxiense.com.br pintor holandês Vincent Van Gogh, que teve suas obras valorizadas somente após a morte, por suicídio, teve uma vida turbulenta e depressiva. Autor de grandes obras, entre as mais valiosas da história da arte, Van Gogh comia tinta e bebia aguarrás. A história oficial conta que ele cortou a orelha esquerda, enviou-a a uma prostituta e depois pintou um autorretrato. O francês Paul Gauguin, outro grande artista, morreu de sífilis anos depois de uma tentativa frustrada de suicídio. Aos 35 anos, desistiu de uma vida de riqueza para viver de pintura. Morreu pobre e depressivo. Gauguin morou em Arles, França, com Van Gogh. Novos estudos sobre a vida de Van Gogh supõem que foi Gauguin quem cortou a orelha do amigo, com um golpe de esgrima, após uma discussão. Gauguin e Van Gogh, gênios desequilibrados como diversos outros artistas famosos, viveram sobre uma corda bamba: de um lado a loucura, do outro a razão. No centro de equilíbrio, a arte. Exemplares da intuição artística, da criatividade inexplicável e o mundo sombrio da inspiração também podem ser vistos na exposição In Sana Mente, no terceiro andar da prefeitura, até o dia 30 deste mês. A arte, como busca pelo equilíbrio, é ferramenta básica das oficinas ministradas no Centro de Atenção Psicossocial (Caps Cidadania). O órgão do Sistema Único de Saúde (SUS) atende
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cerca de 250 usuários com transtornos mentais graves. O Caps oferece tratamentos com psiquiatras, psicólogos, assistentes sociais, terapia ocupacional e oficinas terapêuticas. Os trabalhos expostos no saguão da prefeitura são resultado de seis anos de trabalho com oficinas de arte e pintura. São 40 obras – acrílicos sobre tela, xilogravuras e guache sobre madeira, de 33 usuários do Caps. Homero Ribeiro, um dos artistas plásticos que ministra oficinas de pintura, explica que nas suas aulas não há cobrança técnica nem rigidez estética. “Dentro da condição de cada um, eles trabalham em estado de liberdade, o que os ditos ‘normais’ não têm.” Como artista plástico, Homero atribui às obras do Caps o mesmo mérito artístico de qualquer outra obra. Quando fala em liberdade, ele se refere à ausência de amarras que a arte acadêmica, por exemplo, impõe ao artista. “Nós aprendemos a pintar em um só sentido, a limpar os pincéis antes de trocar de tinta... Aqui, cada um pinta à sua maneira, pela liberdade da intuição.” Homero diz que auxilia os usuários conforme a dificuldade de cada um, mas o objetivo principal é influenciar o mínimo possível na obra. “Eu tenho por base não interferir com o meu estilo no trabalho deles. O que eu trago é um desafio.” Adelino da Silva, 49 anos, autor do acrílico sobre tela que abre a exposição, teve dificuldade desde o primeiro contato com a tela em branco. “Ele travava. Tinha medo
Exposição In Sana Mente, de 33 artistas com transtornos mentais, propõe uma reflexão sobre o fazer e o valor artístico
de fazer algo errado”, conta Homero. na pintura. “Também quer dizer que A proposta feita a Adelino foi que ele estou tentando me aposentar. Já fiz vádesenhasse de olhos vendados. A vi- rias perícias, mas o INSS não quer dar são escureceu e Adelino soltou o traço. a minha aposentadoria.” Homero já ti“Com os olhos fechados ele se libertou nha avisado que talvez Alcides desviasdas amarras do certo e do errado. De- se o assunto da conversa. pois, tirou a venda e coloriu. De alguMarcel Soares, 30 anos, entrou no ma forma, saiu uma figura humana, Caps em 2008, depois de um histórique ele já tinha trabalhado antes, em co de repetidas internações em clínicas uma série de rostos, em psiquiátricas. “Doze um quadro adquirido vezes na Paulo Guedes, pela UCS.” Ao avaliar “Aqui, cada em Ana Rech, e uma o resultado da obra, um pinta à sua em Niterói”, recorda intitulada Às Cegas, maneira, pela Marcel. “Nas primeiras Homero explica que a vezes foi muito traumápredileção de Adelino liberdade da tico. Depois me acostupelos rostos vem da intuição”, diz mei. Eu não queria ir, necessidade de buscar Homero Ribeiro, mas meu estado mental a si mesmo. “Ele repe- sobre a didática já avisava que eu pretiu os rostos para buscisava ser internado.” car a identidade dele. É das oficinas do Marcel pintou uma tela o que o doente mental Caps sem título, mas disse perde dentro de uma que se hoje fosse dar clínica, quando passa a nome ao quadro – uma ser um número de prontuário.” mulher vestida de preto, segurando Alcides Henrique de Gois, 35 anos, um crucifixo – chamaria de A Gótica. pintou no quadro Abstrato uma fi- “Representa a juventude entrando na gura humana em traços simples so- religião, não de uma forma católica, bre um fundo de pinceladas fortes e mas uma aproximação com Jesus”, exdesalinhadas. Em um livro publicado plica Marcel. A figura humana do quapela prefeitura, com o mesmo título dro tem uma auréola divina e, como da exposição, cada quadro tem uma explica o artista, é alguém que crê, uma breve descrição. O texto diz que Alci- irmã de Jesus. Marcel diz que a religiodes pintou esta tela em um momento sidade, que se destaca na sua arte, tamturbulento, enquanto esforçava-se para bém já o levou para a clínica. “Quando conter a irritação. Na tela, traços e co- surtava, saia gritando o nome de Jesus. res são oscilantes como o estado men- Aí me internavam.” Desde que entrou tal de Alcides. “É o meu pai”, revelou no Caps, Marcel tem aprimorado o auo artista sobre o homem que aparece tocontrole e não precisou mais ser in-
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ternado. “O trabalho que faço aqui me ajuda a ter paciência.” A artista plástica Ângela Garahy também ministra oficinas de arte no Caps e tem uma história para cada obra. Na instigante pintura de Marly Beatriz de Lima, 53 anos, a artista usou apenas três cores, rabiscou formas simples – uma mancha preta, um arabesco vermelho, um grande olho e quatro traços laranjas. Ela deixou a tinta escorrer pela tela e não se preocupou em preencher o fundo. “A Marly pinta um quadro por encontro. Nesse, não fez o desenho, começou direto com o pincel”, conta Ângela. Na hora de dar nome ao quadro, a artista de pinceladas rápidas e displicentes surpreende pela profundidade da inspiração. Sob o título Mulher de costas, o quadro se revela. Na perspectiva de Marly, que não admite ser vista pelas costas, o poder do olhar ultrapassa o limite da posição dos olhos. “Ela está de costas, mas está vendo tudo”, analisa Ângela. Marcos André Martins, 43 anos, pintou um palhaço e assinou “Marco”. “Insisti para que ele deixasse um espaço para a assinatura, mas não tem tela nenhuma em que caiba o nome dele”, diz Ângela. Ela conta que a obra é uma espécie de autorretrato. “Ele pintou a imagem de como acha que é visto pelos outros”, analisa Ângela. Para os outros, o palhaço da tela faz uma careta. Na obra de Teodoro César Rosa e Silva, uma palavra estrangeira flutua sobre um mar agitado. “Ele fala inglês e francês fluentemente, estudou história, 1.
filosofia... É um desafio trabalhar com portagem, Marcelo desenhava um carele, pela minha ignorância em relação ro com traços precisos, a partir de um ao conhecimento que ele tem”, diz Ân- recorte de revista. Em In Sana Mente, gela. Do conhecimento que adquiriu ele expõe um acrílico sobre tela onde nos livros, Teodoro entalhou incógni- dois elefantes passeiam na superfície tas em xilogravura, uma abstrata flor- do Sol. Agora com traços imprecisos, olho-pássaro-planta. No a obra de Marcelo acrílico sobre tela sem remete aos desenhos título, a palavra que na- “Os usuários do Pequeno Príncivega sobre o maremoto passam a pe, de Saint-Exupèry, do inconsciente é sad – acreditar mais onde o planeta paretriste, em inglês. cia pequeno porque neles mesmos. Elson Eugênio de o príncipe era retraLima, 47 anos, é autor Eles acreditam tado grande. Vinícius do Autorretrato como que são capazes e trabalhava de cabeça Faraó. Quando pintou, a família acredita baixa. Sobre a mesa, acreditava ser o próprio organizava miçangas mais neles”, diz soberano. “Elson é Raul e alfinetes a serem Seixas: Eu nasci há 10 Lourdes Osório aplicados meticulosamil anos atrás. Ele diz mente sobre uma bola ter recordações de todas de isopor. Na exposias suas vidas passadas. A cada dia que ção, o artista que assina Vini, expõe o vinha no Caps ele era alguém de uma quadro O Gramado das árvores, um vida passada. É difícil ele aparecer aqui desenho com traços infantis onde cada com a sua identidade atual”, conta Ân- cor respeita rigidamente os contornos. gela. Maluco beleza, Elson prefere ser Quase no final da entrevista com Ânuma metamorfose ambulante. Já assu- gela, Vinícius, ainda desviando o olhar, miu a identidade de Deus, Jesus e ou- levantou a cabeça para responder uma tras personalidades do seu mundo real. única pergunta da entrevista. “Pode colocar no jornal.” A manifestação Enquanto conversava com O de Marcelo resumiu-se a um tímido Caxiense, Ângela acompanhava o “tchau”, um grande passo para quem trabalho de Marcelo Lopes Ferreira, pouco fala, mas melhora a cada dia. 31 anos, e Vinícius Carpeggiani, 26 Exceto pela condição de saúde menanos. Ambos permaneceram em si- tal, os pacientes do Caps não têm nada lêncio e não respondiam às perguntas em comum. A coordenadora Lourdes dirigidas a eles. Marcelo e Vinícius têm Susin Osório explica que o atendimenalgo em comum, comunicam-se pou- to no centro, que busca a reabilitação co verbalmente e ficam intimidados na psicossocial, se baseia mais nos sintopresença de estranhos. No dia da re- mas e na condição social e mental de
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cada usuário do que no diagnóstico das doenças. A situação de transtorno mental grave enquadra usuários com sofrimento intenso, dia a dia comprometido, baixo grau de autonomia e vida social empobrecida. “São casos onde há a necessidade da intervenção de uma equipe interdisciplinar”, diz Lourdes. “Tudo o que acontece aqui tem um projeto terapêutico singular. Cada um é cada um.” Para Lourdes, a maior contribuição do trabalho realizado no Caps é o resgate da individualidade dos usuários. “Eles adquirem mais autonomia e respeito da família. Passam a acreditar mais neles mesmos. Acreditam que são capazes e a família acredita mais neles.” Durante uma aula, ao lado de Ângela, Homero desafiou a turma: “Quem é maluco levanta a mão!”. Ninguém se manifestou, apenas Homero e Ângela levantaram as mãos. “Um dos usuários disse: ‘maluco é quem rasga dinheiro e come cocô!’”, conta Homero. Os quadros da exposição estão à venda por valores entre R$ 60 e R$ 80. O valor arrecadado será revertido para a manutenção das oficinas. Em uma sala do Caps, há cerca de 300 obras catalogadas. São pinceladas de Van Gogh, viagens de Dalí, formas de Mondrian, cores de Frida Kahlo. As obras que ilustram esta reportagem são de renomados pintores e de artistas do Caps. A proposta é uma comparação estética que revela que mérito é um termo subjetivo, valor artístico é imensurável e arte é mesmo coisa de maluco. 7.
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1. Sonho, de Helena Bolfe; 2. Composition with red yellow blue and black, de Piet Mondrian; 3. Caras e bocas, de Juliano Aver Maciel; 4. Self Portrait Facing Death, de Pablo Picasso; 5. Palhaço, de Marcos André Martins; 6. Sem Título, de Teodoro César Rosa e Silva; 7. Ícaro, de Henri Matisse; 8. Mulher de Costas, de Marly Beatriz de Lima
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Assistência bem-sucedida
Na sede da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan), no bairro Universitário, beneficiados elogiam o serviço
FILANTROPIA
LUCRATIVA C
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por GRAZIELA ANDREATTA graziela.andreatta@ocaxiense.com.br
om a justificativa de coletar dinheiro para ajudar vítimas de uma doença grave, a Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan) captou em 2009 R$ 3.083.160,52 – tudo proveniente de doações de empresas, pessoas físicas e eventos. Nenhuma outra entidade da cidade conseguiu arrecadar tanto. Mas apenas R$ 1.010.621,18, ou seja, 1/3 do valor doado, foi gasto em filantropia. Enquanto a maioria das organizações filantrópicas consegue não mais do que empatar as contas, a Aapecan fechou o último exercício com superávit – o que em uma empresa sem fins lucrativos pode ser traduzido como lucro –, e bastante significativo: meio milhão de reais. A Liga Feminina de Combate ao Câncer, que tem a mesma função social que a Aapecan, arrecada por ano cerca de R$ 100 mil – 30 vezes menos. Em contrapartida, aplica todo esse dinheiro no auxílio aos doentes. Apesar da diferença de valores, as duas atendem mensalmente em Caxias o mesmo número de pacientes: entre 450 e 500. A diferença está na concepção das duas entidades. A Liga é uma organização não governamental sem fins lucrativos, que não possui funcionários e também não telefona às pessoas para pedir dinheiro, como faz a Aapecan. Por isso, toda a sua verba vem de eventos beneficentes, como bailes, jantares e almoços, realizados pelas 80 voluntárias. A Liga não tem sede própria. Faz todos os atendimentos em uma sala cedida no Hospital Geral. Os profissionais que atendem os doentes fazem isso de graça, e as visitas domiciliares são realizadas pelas próprias voluntárias em seus automóveis, com gasolina paga por elas mesmas. A Aapecan, por sua vez, embora se apresente como uma associação civil
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de direito privado sem fins lucrativos e econômicos, é uma empresa de invejável desempenho financeiro, com uma estrutura profissional de coleta de dinheiro e funcionários remunerados. E sua única fonte de renda são as doações da comunidade.
Os custos da Aapecan são divididos entre atendimento aos pacientes, psicólogo, assistentes sociais, gastos em gasolina e salários e encargos de 50 funcionários, entre eles 20 profissionais de telemarketing e 13 motoboys – que, conforme o balanço da empresa, foram de R$ 1.166.769,75 em 2009. Os atendentes de telemarketing ligam para as pessoas pedindo ajuda para a entidade ou para algum paciente que esteja precisando de alimentação especial ou remédios. Depois, um motoboy vai até a casa de quem foi contatado para buscar a doação, na maioria das vezes dinheiro. Em momento algum a Aapecan deixa claro aos doadores para quem telefona ou em seu site que se trata de uma empresa e que, portanto, apenas parte do dinheiro arrecadado será transferida aos pacientes. Pelo contrário, ela se apresenta como uma Sociedade Civil de Interesse Público, nome que se confunde com Organização da Sociedade Civil de Interesse Público (OSCIP). Na primeira entrevista feita por O Caxiense com a entidade, sua assessora chegou a afirmar que a Aapecan era uma OSCIP. Se tivesse essa tipificação, a Aapecan teria de prestar contas todos os anos ao Ministério Público Federal, que fiscalizaria os seus gastos e poderia até fechá-la em caso de problemas. Como ela não possui a certificação, não passa por esse controle rigoroso. O diretor executivo da Aapecan, Paulo Siqueira Vasques, dá uma resposta inexata sobre a classificação da entidade: “A única diferença entre ser OSCIP ou não é que na OSCIP a di-
A Aapecan captou R$ 3 milhões em doações em 2009 para atender pacientes com câncer, mas seu balanço informa que gastou só 1/3 com despesas filantrópicas retoria pode ser remunerada”. Na rea- ano passado, atendeu 431 pacientes solidade, as OSCIPs podem optar entre mente em Caxias, e atualmente possui remunerar ou não seus diretores. Nes- mais de 3 mil cadastrados em todo o se último caso, podem solicitar isenção Estado. de alguns impostos – por isso a maioA assistente social Cassiana Weber ria decide não pagar a diretoria. Mas afirma que são feitas visitas diárias às essa não é a única particularidade. A famílias cadastradas. Além disso, são lei que criou esse tipo desenvolvidos projetos de classificação para as de terapia em grupo, ONGs teve como ob- “O balanço palestras nas escolas, jetivo regulamentar o de uma empresa uma campanha perterceiro setor para evimanente de incentivo é diferente do de tar que organizações à doação de medula ósusassem a filantropia uma ONG. Nesses sea e distribuição de recom o intuito de des- R$ 625 mil em médios, cestas básicas e viar dinheiro. Como caixa está o vales-transporte. “Nós vantagem, as empresas temos como critério valor do centro certificadas recebem procurar atender todos isenções tributárias e terapêutico”, os pacientes oncológipodem firmar parce- afirma Vasques cos que nos procuram rias para receber verbas e que tenham renda de públicas com menos até quatro salários míburocracia. Em contrapartida, passam nimos.” por um tipo de fiscalização mais rigorosa, o que dificulta as fraudes. Na sede da Aapecan, um prédio Vasques diz que a Aapecan pres- alugado no bairro Universitário, são ta contas ao Ministério da Justiça, ao prestados diversos serviços de assisConselho Municipal de Assistência So- tência social, psicologia e orientação cial e ao Conselho Municipal de Saúde. jurídica. Nesse lugar também é feita a Mas, de todos esses órgãos, o único distribuição de remédios e dos vales para o qual a diretoria da entidade já para alimentação e transporte. Na represtou contas foi o Conselho de As- cepção, é comum encontrar os paciensistência, que descredenciou a empresa tes beneficiados. No dia em que a reno ano passado e produziu um docu- portagem foi ao local para fazer fotos, mento no qual aponta problemas no vários deles elogiaram o atendimento. relatório financeiro apresentado por Na sede, um quadro mostra uma ela. imagem aérea da chácara e fotos de O diretor executivo alega que não eventos de integração com os doentes pode gastar tudo o que ganha em fi- naquele local. O micro-ônibus da enlantropia, como faz a Liga Feminina de tidade fica estacionado em frente ao Combate ao Câncer, porque tem gas- prédio, com os demais automóveis. Ou tos administrativos altos para manter seja, o patrimônio e os projetos de que os funcionários e a infraestrutura de fala o diretor executivo são visíveis, e atendimento aos pacientes. A entidade as pessoas que usam essa estrutura possui uma chácara em Fazenda Souza aprovam o atendimento. – onde são realizadas terapias de gruAo comentar o balanço de 2009 da po –, um micro-ônibus que leva do- entidade, publicado em jornal de 15 entes e familiares até esse lugar e mais de março deste ano, Vasques apresenta três carros para deslocamento dos pro- valores e informações diferentes. No fissionais que visitam os pacientes. No balanço da Aapecan consta, por exem-
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Reprodução/O Caxiense
André T. Susin/O Caxiense
Entidade tem 20 profissionais de telemarketing para pedir doações e 13 motoboys para a coleta; Vasques chegou a Caxias em 2003. Três meses depois, abriu a Aapecan
plo, que ela usou R$ 1,01 milhão em filantropia em todo o ano passado. Ao receber a reportagem, no entanto, Vasques apresentou um relatório no qual demonstra gastos de R$ 560 mil, quase metade do valor declarado. A diferença, segundo ele, deve-se às despesas administrativas. “Aqui (no relatório apresentado por ele) estão só os gastos com medicamentos, suplementos alimentares e cestas básicas. Nesse balanço que está publicado nós temos o combustível usado nas visitas domiciliares, temos um projeto Seja um Doador de Medula Óssea, com o qual temos uma despesa muito grande com folder, folhetos, cartazes e combustível, e o salário das assistentes sociais e da psicóloga.” No balanço, porém, as despesas administrativas estão demonstradas em separado (o que é correto). De acordo com Vasques, o salário da psicóloga e das assistentes sociais é diferente dos demais na hora de lançar no balanço porque elas trabalham somente com os pacientes, enquanto os atendentes de telemarketing, por exemplo, se relacionam com o público em geral. Já o material gráfico do projeto de medula é, na verdade, uma cartilha produzida pela Assembleia Legislativa do Rio Grande do Sul, a partir de um projeto da Aapecan, que apenas supervisionou sua confecção. No dia anterior à entrevista com Vasques, a assessora de comunicação da entidade, Silvia Rodrigues, havia mostrado uma cartilha sobre o tema, usada pela Aapecan em campanhas de incentivo à doação de medula, e explicado que o material havia sido feito pela Assembleia. O deputado Carlos Gomes (PRB), que era presidente da Comissão Mista Permanente de Participação Legislativa Popular quando a publicação foi produzida, confirmou à reportagem d´O Caxiense que a cartilha foi confeccionada com verba pública.
O fato mais estranho no ba- mas não em despesa administrativa. lanço da Aapecan, entretanto, aparece Entra como saldo do caixa”, remendou. sob a rubrica Caixa. O documento pu- As explicações de Vasques são incomblicado afirma que a empresa contava, patíveis com qualquer contabilidade em 31 de dezembro de 2009, com R$ – e, naturalmente, estão em desacordo 612.618,55 em caixa. Isso significa que com o balanço publicado pela própria a empresa teria, nesta data, uma pe- Aapecan. quena fortuna em dinheiro vivo guarO superávit da Aapecan, conforme dada em seus cofres. A explicação de seu balanço, foi de R$ 503.056,29 no Vasques para isso é incompreensível exercício de 2009. Um feito e tanto se do ponto de vista contábil: ele afirma comparado ao desempenho de outras que esse valor não estava em caixa, e entidades filantrópicas. Na maioria sim havia sido utilizado na compra de delas, o superávit, quando existe, é bens – e esses bens não teriam sido ad- mínimo, pois praticamente todos os quiridos em 2009, mas em 2008. valores arrecadados são transforma“O balanço de uma dos em ações filantróempresa é diferente do picas. Afinal, o objetibalanço de uma ONG. Conforme seu vo dessas instituições Nesses R$ 625 mil (na balanço, em 31 de não é sobrar dinheiro. verdade, R$ 612 mil) dezembro de Quanto maior a sua que estão em caixa está receita, maior a ajuda incluído o valor que 2009 a Aapecan que elas prestam. Na pagamos pelo centro deveria ter a Aapecan, o superáterapêutico, que entra pequena fortuna vit não foi usado para como investimento, e de R$ 612 mil ampliar o número de não como despesa”, arpacientes de câncer gumenta Vasques. Na em dinheiro beneficiados. Paulo linguagem contábil, vivo no caixa Siqueira Vasques afirporém, a rubrica Caixa ma que isso não foi sempre tem o mesmo possível porque todo significado, seja no balanço de uma o dinheiro que sobrou foi aplicado na ONG, de uma empresa ou de uma ins- compra de bens. Mas o balanço da tituição pública. Refere-se ao dinheiro Aapecan, mais uma vez, mostra uma em espécie, em moeda corrente, em informação diferente. O Imobilizado – poder daquela organização – os valores rubrica onde constam todos os bens de depositados em um banco, por exem- uma empresa – passou de 274,43 mil plo, são declarados separadamente. em 2008 para R$ 377,01 mil em 2009. Cinco minutos antes, o diretor havia Ou seja, o Imobilizado cresceu pouco dito que a chácara fora comprada em mais de R$ 100 mil. Faltariam ainda R$ 2008 e, por isso, não estava no balanço 400 mil para a conta fechar. do último ano. Ao ser lembrado disso, justificou assim: “Mas os carros e o O Caxiense conversou com o ônibus que compramos em 2008 não contador Renato Toigo, que é diretor entram como despesa, entram nesse da Fenacon, a federação nacional dos caixa aqui”, disse, apontando para o contabilistas, para esclarecer dúvidas balanço. Anteriormente, ele havia afir- sobre os balanços. Sem comentar o mado também que o ônibus tinha sido caso específico da Aapecan, por quescontabilizado nas despesas adminis- tões éticas, ele explica como deve ser trativas. “Ele entra sim como despesa, um balanço correto. “A demonstração
do balanço de uma empresa pressupõe que relate a fiel existência dos bens, dinheiro e obrigações de qualquer organização, seja ela uma empresa ou uma entidade. A contabilidade é a mesma, independentemente da natureza da organização”, afirma. Toigo explica que os bens de uma organização devem ser apresentados no balanço no item apontado como Imobilizado, e jamais no Caixa. “Dinheiro se guarda em dois lugares: no banco ou no caixa. Se no balanço diz que há dinheiro em caixa, ele tem que apresentar toda a quantia declarada em dinheiro vivo. Se ele não tiver, algo está errado.” Em 2009, divergências sobre a prestação de contas da Aapecan motivaram um relatório do Conselho Municipal de Assistência Social, que optou por não renovar o Certificado de Pleno e Regular Funcionamento da entidade. A justificativa para o descredenciamento é que o Conselho considerou que a entidade era de saúde, e não de assistência social. Mas, como havia itens inexplicados no balanço da organização, os conselheiros decidiram produzir um documento apontando os supostos problemas e o entregaram ao Ministério Público, que ainda não chegou a uma conclusão sobre o caso – a última informação é de que foi remetido a Porto Alegre, pelo fato de os promotores entenderem que sua abrangência é estadual. Na região, o procedimento administrativo já passou pelas mãos de seis promotores. “Decidimos fazer o relatório por dois motivos, principalmente: primeiro, porque a arrecadação deles é muito alta; segundo, porque na prestação de contas deles constava que eles haviam gasto R$ 815 mil em filantropia, mas demonstravam a destinação de apenas R$ 444 mil. Onde foram parar os outros quase R$ 400 mil?”, contesta Eloisa Corso, assistente social integrante do
Edital de Leilão Único e Intimação
Átrio do Fórum - Caxias do Sul Comarca de Caxias do Sul Juizado Especial Cível
AÇÃO: Execução nº. 010.3.06.0008437-7. AUTOR (ES): DANIEL GAJARDO. RÉU(S): ADÃO PEREIRA VARGAS e ANDERSON ARTUR REUSDIRFER VARGAS. OBJETO: VENDA EM LEILÃO ÚNICO DIA 10 DE AGOSTO DE 2010, ÀS 11h25min. SEGUINTE (S) BEM (NS): Os direitos que o executado possui sobre o veículo GM/VECTRA GLS, Placas IFN-6057, Renavam 662645073, ano/modelo 96/97 e um veículo, a diesel, importado, marca Asia, modelo Hi-Topic, ano/modelo 1995/1996, chassi KN2FAD2A1SC059967, placas BLZ-6992, RENAVAM 652747507. Avaliado em R$ 15.000,00 (quinze mil reais); O bem está depositado com a executada, sito à Rua Emílio Ernesto Schimidt, n° 117, fundos, Bairro Esplanada, nesta. COMUNICAÇÃO: Leilão único com lanço igual ou superior ao valor da avaliação de acordo com Enunciado 79, de 29/11/2006. Ao arrematante, cabe o pagamento de comissão ao Leiloeiro. Informações pelos fones: (54) 3212.1673 - 9166.8378. Por este edital ficam desde logo intimados os executados, caso não encontrados pelo Sr. Oficial de Justiça, conforme Portaria 04/2002, da Corregedoria Geral da Justiça. Caxias do Sul, 30 de junho de 2010. Escrivã : Ângela Girardello Bureska. Juiz de Direito: Dr. Leoberto Narciso Brancher
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Conselho e da comissão que analisou as contas da entidade. Ana Paula Flores, que também integra o Conselho e estava na equipe que avaliou a condição da Aapecan, entende que muitas das despesas apresentadas pela entidade como filantrópicas não podem ser classificadas dessa maneira. “Entidades filantrópicas de educação, por exemplo, dão bolsas de estudo; as de saúde dão consultas. O Pompéia atende pacientes do Sistema Único de Saúde (SUS). Gasolina não é filantropia”, aponta Ana Paula. O descredenciamento da Aapecan não impede a entidade de funcionar nem de continuar arrecadando dinheiro. O que muda é que ela perde o controle social. Ou seja, não precisa mais prestar contas ao Conselho Municipal de Assistência Social, porque não está mais subordinada a ele. Ao mesmo tempo, também não pode mais requerer certificados de utilidade pública, concedidos pelo Estado e pela Federação, ou elaborar projetos para concorrer a verbas públicas. Por isso, este ano a diretoria da organização procurou o Conselho Municipal de Saúde, no qual conseguiu recuperar o Certificado de Pleno e Regular Funcionamento. O presidente do Conselho, Paulo Cardoso Alves, argumenta que a concessão do documento foi aprovada em assembleia com os demais conselheiros depois de visitas à entidade, quando ficou constatado que ela realmente ajuda pacientes com câncer, e após análise do balanço publi-
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cado em jornal. “Não vimos nenhum necessidade da população. Ele afirma problema com a entidade. Pelo contrá- que toda a sua renda pessoal vem de rio, por isso concedemos”, justifica. comissões que recebe intermediando Alves diz que desconhece o relatório compra e venda de automóveis. “Eu do Conselho Municipal de Assistência tenho clientes em todo Estado, vários.” Social, e alega que se a entidade comeEntretanto, Vasques conta que não ter alguma irregularidapossuiu uma revende os conselhos saberão da. Faz todas as tranao analisar suas contas. A “Se no balanço sações por e-mail e secretária municipal da diz que há telefone. E dá a enSaúde, Maria do Rosário dinheiro em tender que não segue Antoniazzi, que também todas as formalidades integra o Conselho, é caixa, tem que legais nessa atividade. cautelosa ao comentar o apresentar em “Eu tenho uma emcaso. Mas garante que foi dinheiro vivo. Se presa, mas a despesa contrária à concessão do não tiver, algo para manter uma emcertificado para a Aapepresa hoje, aluguel, can e promete acompa- está errado”, funcionário e um nhar o trabalho da enti- diz contabilista monte de encargos... dade. Se você for manter a empresa aberta, cada Há cinco anos em Caxias, a Aa- nota fiscal de um carro que você emite, pecan foi fundada por seu diretor exe- o seu lucro vai. Então, é melhor trabacutivo, o paranaense Paulo Siqueira lhar do jeito que eu trabalho, porque Vasques. Ele conta que chegou à cidade pelo menos o que eu ganho é meu, não em 2005, para trabalhar com compra tem que dar satisfação para o governo, e venda de automóveis, pois o valor porque o governo não ajuda você, não dos carros aqui seria maior do que em me ajuda, não ajuda ninguém.” outras cidades. Três meses depois de As integrantes da Liga Feminina de se estabelecer, fundou a entidade, que Combate ao Câncer também não são cresce a cada ano: já tem 11 unidades remuneradas – sua renda pessoal vem no Estado e está prestes a abrir a déci- de outras atividades. Porém, como os ma segunda. recursos da ONG são escassos, acabam Vasques diz que criou a Aapecan tendo que usar o próprio dinheiro para porque já realizava trabalho voluntário cobrir os gastos com o serviço volunno Paraná e se comovia com a situa- tário. ção dos pacientes com câncer. Garante A vice-presidente Fátima Cirena que não recebe dinheiro da entidade, Müller, que foi presidente por quatro que se expande, segundo ele, por uma gestões, conta que as voluntárias pa-
gam contribuições espontâneas todos os meses para ajudar a pagar algumas despesas da Liga. “Gasto em gasolina nós nem computamos nas contas da entidade, porque fazemos tudo com o nosso carro e pagamos do nosso bolso. As contribuições que recolhemos entre nós são para comprarmos algumas flores de vez em quando.” Fátima lembra que a Liga existe há 26 anos e sempre procurou trabalhar em parceria com o sistema público, fornecendo, na medida do possível, remédios e atendimentos de apoio que não são oferecidos pelo SUS em quantidade suficiente. “Trabalhamos em parceria com o HG e procuramos complementar os serviços.” A presidente da Fundação de Assistência Social (FAS) de Caxias, Maria de Lurdes Grison, prefere não se manifestar a respeito da Aapecan. Apenas recomenda que, antes de ajudar qualquer entidade, as pessoas procurem se informar sobre elas, saber como trabalham, quantas pessoas atendem e de que maneira o serviço é prestado. Maria de Lurdes ressalta que há várias ONGs realizando um trabalho importante na cidade, mas que muitas vezes são desconhecidas por não fazer publicidade das suas realizações. “Não posso dizer às pessoas quem elas devem ajudar. Mas posso aconselhar que elas se informem bem, conheçam a história das entidades e das pessoas que trabalham nelas e direcionem a ajuda a quem realiza um trabalho sério.”
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Fotos: André T. Susin
Patrimônio Arquitetônico
Prédio de 4 andares foi inaugurado em 1928 por Getúlio Vargas. Distante da cidade, tinha a função de disciplinar através da lida no campo
TESOURO EM RUÍNAS
Com 82 anos, prédio tombado do antigo Patronato Agrícola Municipal é restaurado
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CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br ma fachada um dia imponente se esvaiu durante anos diante dos maus tratos do tempo e de vândalos. Desde o início deste ano, o passado está sendo reconstruído para dar espaço ao futuro. No bairro Marechal Floriano, a velha estrutura aos fundos da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae) terá uma nova chance. Tombada pelo Patrimônio Histórico caxiense em setembro de 2003, o antigo Patronato Agrícola Municipal tem a aparência de um castelo, com quatro andares. O último é reservado a uma torre, que abriga somente um quarto que, hoje em dia, tem acesso restrito devido ao estado precário do seu piso. A visita ao prédio, em companhia da coordenadora administrativa da Apae, Elisabeth Leite Marin, mostrou que mesmo a ação dos anos não tirou o esplendor do lugar. Em meio a entulhos e poeira, vê-se resquícios do que um dia foi referência arquitetônica na cidade. Cada escadaria tem um corrimão diferenciado, as janelas têm detalhes que lembram mosaicos. A vista da sacada mais alta tira o fôlego de quem observa a cidade. “Imagina como era na época, quando não tinha nada em Caxias?”, questiona Elisabeth. Ela conta que o local foi escolhido para abrigar o Patronato por conta da distância do centro do município. Hoje em dia, inimaginável. Tantos prédios, tanta evolução. A cidade engoliu o passado. O Patronato foi inaugurado em julho de 1928 com a presença do então governador do Estado, Getúlio Vargas. A inauguração ocorreu mesmo com as obras inacabadas. Uma placa de mármore celebrando tal visita ainda resiste, pendurada em uma parede. Os patronatos agrícolas tinham por função educar ou corrigir por meio da vida no campo. Aqui em Caxias, o mérito era educativo quando passou a abri-
gar 12 meninos carentes em agosto do mesmo ano. Era uma espécie de orfanato que ensinava atividades agrícolas. Com a decadência do formato e uma nova visão do governo federal sobre educação, os patronatos brasileiros tiveram seu fim decretado. O de Caxias teve vida curta, fechado na primeira metade dos anos 30. Doado ao município, foi assumido pela então Ordem dos Irmãos Josefinos e, depois, pelas irmãs do Sacré-Couer de Marie. Várias entidades passaram pelas paredes do Patronato, como a creche da Comissão Municipal de Amparo à Infância (Comai) e alojamento de funcionários do Departamento Autônomo de Estradas e Rodagem (Daer), enquanto construíam a ponte sobre o Rio das Antas. Em 1963, o prédio foi ocupado pelo Instituto Mário Totta, futura Apae. A doação das terras para a Apae foi presente de Natal, realizada em 24 de dezembro de 1969. A instituição ocupou o prédio até 1981. Por pouco tempo, em 1992, o Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia do Rio Grande do Sul (Crea) se instalou na ala norte do prédio e realizou uma pequena reforma. Desde então, total abandono. A restauração do antigo Patronato serve para conservar uma parte importante da história do município. De acordo com o arquiteto responsável pela obra, Carlos Mesquita Pedone, o principal não fica somente na preocupação com a questão legal de manter um prédio tombado o mais original possível. Segundo ele, há diversas maneiras de reformar prédios com essas características e ainda assim torná-los modernos e funcionais. Porém, a preocupação maior é com a manutenção do que Pedone reconhece como patrimônio da cidade. “É referência para a cultura da cidade, não só para a história”, avalia. Para Pedone, o antigo patronato é “obra de excelência, com valor histórico, cultural e arquitetônico”. Ao encarar o desafio de reformar
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uma casa de mais de 80 anos, os arquitetos da empresa contratada utilizarão como base a técnica de construção da época, reparando no modo de pensar da arquitetura dos anos 20. Tudo baseado em pesquisas no Arquivo Municipal e em documentos de Porto Alegre sobre patronatos. “É como se ouvisse uma história contada por uma tia, uma avó. É ouvir o passado”, explica Pedone. Conforme o projeto original, a caracterização é o objetivo, mesmo depois de tantas reformas no prédio realizadas por outros inquilinos. Segundo Pedone, “o que for possível reconstruir como em 1928 vai ser feito”. O arquiteto afirma que estruturalmente o Patronato está muito bem. O pior dano sofrido foi a cobertura de uma das alas que desabou. O novo prédio terá um bloco com banheiros, uma cozinha, acessibilidade para cadeirantes, área de instalação elétrica e estará dentro de todas as normatizações preventivas a incêndios. Basicamente, a parte física continuará o mais fiel possível à original, mas o prédio será atualizado, dotado de facilidades para seu novo uso. Pedone define isto como “restauro crítico”. “A estrutura do prédio foi pensada como orfanato, mas hoje vai ter outro uso”, explica Pedone. A previsão de liberação do edifício será entre 12 e 14 meses. O diretor de patrimônio da Apae, Elói Tondo, pensa que o processo pode levar até mais do que isso, por conta do trabalho praticamente artesanal a ser realizado. Segundo ele, o prédio foi desocupado pela Apae pela dificuldade de locomoção entre os andares, feitas somente por escadarias já antigas, com degraus de madeira que, hoje, se encontram intransitáveis em sua maioria. Com o tombamento do antigo patronato, a Apae recebeu do Município uma espécie de bônus, chamado índice construtivo. É uma forma de incentivo para proprietários não se desfazerem de imóveis, mas sim investir na recupe-
ração. Esse índice foi, então, vendido, o que resultou no dinheiro necessário para a reforma do prédio. “A Apae não tinha condições de se manter e fazer a reforma”, explica Tondo. Depois de pronto, o prédio ainda não tem destinação certa. O responsável por isso é Tondo, que tem a incumbência de buscar um inquilino que se adapte ao prédio. O futuro locatário deve se manter lá por temporadas, não somente por breves momentos. As ideias que mais comumente surgem são escritórios, como de contabilidade ou advocacia. Um espaço artístico, como um ateliê, ou algo na área cultural, como um bar ou uma biblioteca, também seriam bem vindos. Com isso, o patrimônio cultural em forma de patronato será preservado e o aluguel viria para complementar a renda da instituição. “A Apae vive carente de dinheiro”, lamenta o diretor de patrimônio. Ao olhar de fora o antigo Patronato, o que fica é uma sensação lúgubre, de casa mal-assombrada. A coordenadora Elisabeth concorda, mas brinca com a ideia: “fantasma por aqui ninguém viu, mas já se ouviu muito barulho assustador”. Isso porque vândalos se arriscam subindo muros para ter acesso ao casarão, maculando paredes com rabiscos e assinaturas. “Nem todos os estragos aqui foram causados pela exposição ao tempo”, diz a coordenadora administrativa da Apae, apontando para janelas com vidros quebrados. Quem não respeita o passado definitivamente não terá um bom futuro. Sorte que ainda há quem se preocupe com a manutenção da história e perceba que essa conversa de que quem vive de passado é museu está desatualizada. Online | Mesmo existindo há mais de 80 anos em Caxias do Sul, muitos moradores não conhecem o Patronato. Veja a galeria de fotos em www.ocaxiense.com.br 24 a 30 de julho de 2010
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Guia de Cultura
por Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis
Music Box Films, Divulgação/O Caxiense
guiadecultura@ocaxiense.com.br
Lisbeth Salander, interpretada por Noomi Rapace, é uma personagem brutal em Os homens que não amavam as mulheres
na, às 11h. Livre, 113 min..
CINEMA
l A Lenda da Vida | Infantil. Quinta (29), 14h e 18h30 | Sesc Garota traz à vida lenda irlandesa ao procurar irmão perdido. Dirigido por John Sayles. Com Jeni Courtney e Pat Slowey. Livre, 103 min.. l A Rainha | Drama. Quinta (29), 15h. Matinê às 3 | Ordovás Se estiver com a agenda livre na quinta à tarde, aproveite para conferir a reação da Rainha da Inglaterra, Elisabeth II, à morte da Princesa Diana, que causou grande comoção popular no país. Dirigido por Stephen Frears. Com Helen Mirren e Michael Sheen. 97 min., leg.. l Predadores | Terror. 14h, 16h40, 19h e 21h20 | Iguatemi O predador de aparência assustadora, aquele original, dos anos 80, retorna às telas acompanhado de novas raças alienígenas assassinas. Já Dutch, personagem do governator Arnold Shwarzenegger, não volta. Contentese com as pessoas jogadas em um planeta que serve de campo de caça para os predadores. Dirigido por Nimrod Antal. Com Adrien Brody e Laurence Fishburne. 14 anos, 107 min., leg.. l Toy Story 3 | Animação 3D. 13h30, 16h e 18h30 (dub.) e 21h (leg.). Sábado e domingo, sessão extra às 11h | A aventura agora poderá ser vista também em 3D, com ingresso mais caro. Será que o Buzz Lightyear voará para fora da tela? Confira, inclusive, nas sessões matinais do final de sema-
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O Caxiense
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2.462. 3221-5233.
AINDA EM CARTAZ – Eclipse. Aventura. 13h50, 16h10 e 18h50 (dub.) e 21h40 (leg.). Iguatemi | Encontro Explosivo. Comédia romântica. 17h, 19h30 e 21h50. Iguatemi | Plano B. Comédia. 18h10. UCS | Príncipe da Pérsia. Aventura. 16h e 20h. Domingo, também às 14h. UCS | Shrek Para Sempre. Animação. 13h40, 14h20, 16h20, 16h50, 18h40, 19h20, 21h10 e 21h30. Iguatemi | Toy Story 3 (em 2D). Animação. 14h30. Iguatemi INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César,
TEATRO l Ao Quadrado | Sexta (30) e sábado (31), 20h30 | O próprio elenco da Cia. 2 escreve e dirige as cenas do espetáculo. Em quatro histórias, a comédia satiriza as relações que as pessoas constroem na vida. E na morte também, como não. Os assuntos variam de bastidores de um programa de TV infantil a um casal sobrevivendo à TPM, passando por uma aula de orientação sexual e um julgamento pós-vida, sob perspectiva pouco religiosa. Teatro Municipal R$ 20 (na hora) e R$ 10 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Cabarecht | Sábado, às 20h e 22h e domingo às 19h | O musical é inspirado na obra de Bertold Brecht, dramaturgo alemão, lembrando os cabarés da terra germânica no início do século 20. Com Cida Moreira, Antônio Carlos Brunet e Zé Adão Barbosa. A primeira sessão do sábado já está esgotada. Corra para garantir ingresso para as outras. Teatro Municipal R$ 30 (público em geral) e R$ 15 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697
EXPOSIÇÕES AINDA EM EXPOSIÇÃO – Diseg-
ni. De segunda a sábado, das 10h às 19h30 e domingos das 16h às 19h. Catna Café. 3221-5059| Felicidade. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h e sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal de Arte – Casa da Cultura. 3221-3697 | In Sana Mente. Segundas a sextas, 10h às 16h. Saguão – Centro Administrativo. 3218-6001
FESTA l 9° Festa do Pescador | Até 8 de agosto | A colônia de férias caxiense dá um bom motivo para descer a serra no inverno. Arroio do Sal oferece seminários, diveros pratos com peixes e atrações culturais. Tradicionalmente, 80% dos participantes da festa são de Caxias. Parece verão. Programação - Quinta (29) - Fórum Regional da Pesca. 9h. | Fórum de Turismo Alminorte. 10h. | Palco Gastronomia com Lúcio Alexandre. 11h30. | Banda Barbarella. 21h. | Sexta (30) - Palestra Selimar. 9h. | Palco Gastronomia com Elis Cardoso. 11h30. | Abertura da Mostra Cavalo Crioulo. 14h. | Seminário CDL. 16h. | Shalon em Cena. 19h. | Abertura Oficial. 19h30. | Gravação do Galpão Crioulo. 20h. | Banda Woods. 22h l 5º Jantar-Baile de Kerb | Sábado, 20h | A Associação Cultural Germânica de Caxias do Sul promove a quinta edição do jantar que celebra a cultura alemã na cidade. O show fica por conta do Musical Real. No cardápio, comida típica alemã, como linguiça e cuca.
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Salão da Comunidade Nossa Senhora do Carmo R$ 35 (individual e não incluso bebida) | Dante Pelizzari, 1.448 | 3213-2559 e 3222-2704
OFICINAS l A voz do profissional | Domingo, das 14h30 às 17h30 | A cantora e pianista Cida Moreira, da peça Cabarecht, ministra aula de preparo técnico vocal, com exercícios respiratórios e fonoaudiológicos, baseados na respiração, na sustentação, na articulação e na ressonância. São 3 horas de aula para 25 a 30 interessados maiores de 14 anos e que tenham objetivo artístico, estudem ou trabalhem na área. Teatro Municipal R$ 80 (desconto de 20% para associados à Acat) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l O profissional da voz e do texto | Sábado, das 9h às 12h | Ministrada pelo ator, diretor e professor de teatro Zé Adão Barbosa, da peça Cabarecht. De olho em quem usa a voz como instrumento profissional, a aula estudará a partitura vocal do texto dramático. Serão abordados sub-textos, intenções, curvas, pausas, ritmos e maneiras de interpretar Shakespeare, Tcheckov, Beckett e Nelson Rodrigues. São 20 vagas. Sala de Ensaio R$ 80 (desconto de 20% para associados à Acat) | Júlio de Castilhos, 1.526 | 3221-0261
MÚSICA l Artescambo | Domingo, das 16h às 19h | O primeiro brique de cacarecos musicais será espaço para troca e venda de materiais relacionados à música, desde revistas e livros sobre o assunto até instrumentos usados. Você pode levar também vinis, CDs, fitas K7 e DVDs, entre outras quinquilharias relacionadas ao tema. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3228-9046 l Filipe Catto e Festa Bionika | Sábado, 20h30 e 23h | O show mostra, no Teatro do Sesc, as músicas do álbum Saga, com som baseado nas canções provenientes da fronteira gaúcha. Depois do espetáculo, a festa continua no Aristo's London House. Com set do DJ Jorgeeeeenho e convidados, a festa do grupo sujeito_ coletivo tem como tema o filme Blade Runner. Quem for nas duas festas tem preço promocional: R$ 20 pelo combo. Teatro do Sesc R$ 15 (na hora), R$ 10 (antecipado), R$ 7,50 (estudantes e sênior) e R$ 5 (comerciários) | Moreira César, 2.462 | 3221-5233 Aristo's London House R$ 14 (na hora) e R$ 10 (antecipado ou antes da meia-noite) | Marquês do Herval, 1.677 | 3221-2679 l Zé Bitter Rock Band | Quinta (29), 21h30 | Show que faz parte da série Grandes Nomes, desta vez homenageando o extitã Nando Reis. Na banda, os músicos Mauro Camargo (também atende pelo alter-ego Zé Bitter Rock) no violão e vocal, Rafinha Dias na guitarra, Ale Carminatti no baixo, Maurício Pezzi
Cinema | Os homens que não amavam
no teclado e André Quadros na bateria. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3228-9046
as mulheres
Do amor, da brutalidade, do enigma
TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Adriano Pasqual. Pop/Eletrônico. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Andy & The Rockets. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Dan Ferretti. MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Folha Seca. Pop rock. 23h. Portal Bowling . 3220-5758 | Gala Gay Caxias 2010. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Pagode Júnior. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Preview Winter Festival. Eletrônico. 23h. Havana. 3215-6619 | Projeto Samba House. Eletrônico/ samba. Pepsi Club. 3419-0900 | Matanza e Torvo. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | The Trippers. Rock. 22h. Leeds Pub. 3238-6068 | Toco e Buja. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Domingo: Carlos Zanettini. MPB. 18h. Aristos London House. 3221-2679 | Velho Hippie e DJ Cédrik Damábiah. Rock e eletrônico. 18h e 19h30. Zarabatana Café. 3228-9046 | Terça (27): Flávio Ozelame Trio. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Graal. Indie rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quarta (28): Dan Ferretti. MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Nei Van Sória. Rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Quinta (29): Ópera Pampa. Nativista/rock. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Pietro Ferretti e Bico Fino. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Victor Hugo e Samuel. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sexta (30): Blackbirds. Tributo a Beatles. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Cokeyne Bluesman Power. Blues. 21h30. Zarabatana Café. 3228-9046 | Dan Ferretti. MPB. 22h. Aristos London House. 3221-2679 | Defaulen's Music. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Poder da Criação. Samba. 22h. Bier Haus. 32216769 | Rebeldes. Rockabilly. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Retrô Rock 80's com DJ Jaime Rocha. Anos 80. 23h. Havana. 3215-6619 |
por CÍNTIA HECHER
Douglas Trancoso, Divulgação/O Caxiense
l Roteiro para TV e Cinema | Sábado, das 10h às 12h30 e das 14h às 16h30. Domingo, das 10h às 12h30 | O professor Roger Bundt ministrará curso intensivo com ênfase na pesquisa e gênese de ideias, estrutura de roteiro, personagens, diálogos e construção de cenas. Os interessados formarão turma de no máximo 20 pessoas e devem se enquadrar em pré-requisitos como assistir a muitos filmes, gostar de cinema e não discriminar filmes de maneira alguma. Na sexta (30), sábado (31) e domingo (1º de agosto), o atendimento será indivi-
dual. No último dia, apresentação dos roteiros e entrega de certificados. Tem Gente Teatrando R$ 400 à vista ou 2x de R$ 200 | Olavo Bilac, 300, esq. Regente Feijó | 32213130 e 3027-3102
Mistério? Suspense? Este é um gênero superestimado, cheio de clichês, lugares comuns, enrolação. Normalmente, descobre-se o final do filme logo no começo, pelos detalhes, iscas que o diretor vai deixando para fisgar os mais atentos. Ou não, já que às vezes é tudo evidente mesmo. Quando um filme consegue surpreender de verdade, ele me encanta. Não somente fazer roer as unhas, mas obriga um suspiro a sair no momento de uma descoberta. Foi o caso de Os homens que não amavam as mulheres, do diretor Niels Arden Oplev. Não é o melhor filme de suspense já feito, mas foge do óbvio. É baseado no primeiro livro, de mesmo nome, da chamada Trilogia Millenium, do escritor sueco Stieg Larsson. Não li o livro, então não oferto qualquer tipo de comparação. Até porque tenho a firme opinião de que literatura e cinema têm linguagens diferentes, merecendo, desta forma, olhares diferentes. E não necessariamente um filme fiel ao seu predecessor literário signifique grande coisa. Exemplo é a versão cinematográfica já clássica e indispensável de Stanley Kubrick para O Iluminado de Stephen King. Fidelidade não é matéria essencial. O filme, falado em sueco, se passa na nórdica Estocolmo, terra da tal síndrome e da Greta Garbo. Lá, o editor da Revista Millenium, Mikael Blomkvist (Michael Nykvist), sofre julgamento por denunciar falsamente um rico empresário. Enquanto isso, ele tem a vida investigada por uma hacker contratada, Lisbeth Salander (Noomi Rapace): jovem arredia, coberta de piercings, roupas pretas, coturnos e uma ampla tatuagem de dragão. Este trabalho é para checar a precedência de Blomkvist e, por fim, convidá-lo a solucionar um mistério. Quem o contrata é o patriarca da Família Vanger, Henrik, obcecado pelo desaparecimento da sobrinha. O detalhe é que isso aconteceu há 40 anos. O local é a Ilha Hedeby, cujo acesso é feito por uma ponte, única via disponível. Qualquer filme com ponte é encantador, pelo significado que ela carrega. É a travessia. É o passar por ela e nunca mais ser a mesma pessoa. O velho Henrik desconfia que um de seus familiares está envolvido com o sumiço da jovem. Os Vanger são definidos, em dado momento, como um “bonito e desagradável bando”. Nenhuma família é perfeita ou normal, logo se vê. Todo mundo tem segredos. Para decifrar a charada, a hacker Lisbeth se envolve. Ela não tem somente um visual agressivo, mas a gênese violenta. Mesmo com seus próprios conflitos, ela se sente atraída de alguma forma para aquela ilha e para a história da jovem desaparecida. Logo, o que era um simples capricho de um senhor octogenário revela-se uma trama mais complexa. Mais, não se conta. Como é de praxe, um sucesso europeu logo recebe versão americana. Há boatos de que o diretor desse remake seria David Fincher. É notória sua maestria em thrillers, onde podem ser citadas obras competentes do gênero guiadas por ele, como Seven, Clube da Luta e Zodiac. É esperar para ver. O americano. O sueco já pode – e deve – ser conferido. Os homens que não amavam as mulheres | Suspense. Sábado, domingo e de quinta (29) a domingo, 20h | Ordovás
Em Ao Quadrado, da Cia 2 , o próprio elenco escreveu e dirigiu as cenas, sátiras das relações humanas, na vida e após a morte
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Jornalista e investigadora particular tentam descobrir mistério sobre crime acontecido há 40 anos. 24 a 30 de julho de 2010
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Artes artes@ocaxiense.com.br
Caro Senhor
PrÍNCIPE ENCANTADO
E
por MARIANA KORMAN screvo pra te dizer, mesmo que o senhorito não se importe, que parei de acreditar em destino e tô com preguiça demais pra traçar meu próprio futuro. Sim, isso mesmo! Parei de te esperar há muito tempo, mas só agora comecei a duvidar da tua existência. Pronto, ufa. Foi mais fácil do que eu pensei. Sei que tu deve me imaginar como mais uma dessas mulheres cheias de rancor que queimam o sutiã na praça pública, mas nem sou – adoro meus sutiãs, aliás. Venho em paz, levanto a bandeirinha branca: me rendi. Tenha dó, esperar até a meia noite por um Papai Noel bom velhinho e receber em casa um velho pedófilo fantasiado e com um bigode falso descolando é frustrante. Tenho certeza de que tu és pura lenda, prince charming: não acredito em mais nada que venham me repetindo desde que sou criança. Sabe como é: sem expectativa, sem frustração. Imagino que isso seja um baque na tua auto-estima, rapaz, desde os primórdios esperado pelas donzelas virgens e ingênuas de enredo de comédia romântica. Todas elas são a mesma, e eu não sou como as outras (no mau sentido também). Elas procuram por um salvador, eu não! Se é pra ter salvação, vou pra igreja, que dá menos trabalho. Até porque, salvação implica sacrifício, e não sou eu que vou ficar ajoelhada no milho por nãoseiquantotempo para purificar o espírito, mesmo que isso me proporcione um casamento com o homem da minha vida e, no juízo final, uma vaga ao lado de jesusinho amado com direito a free-pass pra suíte presidencial de deus. De qualquer jeito, não leva tudo isso pro lado pessoal! É uma escolha própria, digna de respeito. Pensa bem! Nós dois vamos ter muito tempo livre pra buscar nossos sonhos, engrandecer o intelecto e até cuidar um pouquinho mais da aparência (certo que esse teu cabelinho requer mais atenção que todos os itens citados juntos). Tudo isso sozinhos, é certo, mas não se pode ganhar sempre. Pelo menos saio dessa estagnação de esperar que um personagem de Flaubert pule pra fora do livro do nada. Vamos sair em busca de nossa felicidade, então, já que podemos nos mexer. E, se nossos caminhos se cruzarem, quem sabe a gente não possa beber um chopp juntos. Abraço sincero, Mariana.
Participe | Envie para artes@ocaxiense.com.br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.
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O Caxiense
24 a 30 de julho de 2010
Raul Rodrigues | Rosto |
Na obra que integra a exposição In Sana Mente, que fica no terceiro andar da prefeitura até o dia 30 (veja na página 12) Raul Rodrigues, usuário do Caps, expõe os traços bem marcados do olhar. Ao descrever a xilogravura, um dos processos mais complexos das artes plásticas, o artista resume: “Tu pega uma ferramentinha e entalha o desenho na madeira. Depois passa uma tinta na madeira, coloca uma folha de papel por cima, passa a mão no papel, tira a folha e pronto. É fácil. Igual um carimbo”. No trabalho de Raul, a arte segue passos simples. Inspiração é que não tem receita. Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
André T. Susin/O Caxiense
Folga na Série C
Volante Júlio César (acima), destaque contra os catarineses, é presença garantida no meio-campo. Contra o Caxias ele deve ter um novo companheiro no setor, Tiago Silva
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Fabiano Provin fabiano.provin@ocaxiense.com.br
s entrevistas na sala de imprensa do Estádio Alfredo Jaconi no início da noite do dia 18 de julho foram todas no mesmo tom, de jogadores a dirigentes. O empate em 1 a 1 com o Criciúma, na estreia da Série C do Campeonato Brasileiro, não foi considerado satisfatório. Principalmente pelo fato de o discurso durante a preparação para a competição ter sido no sentido de que o fator local seria fundamental para a conquista de vitórias. Está certo que o Juventude encontrou um adversário muito bem postado em campo, entretanto, o técnico papo, Osmar Loss, acredita que o time poderia ter pressionado o Criciúma ainda no primeiro tempo. Agora, além de rever a partida, a comissão técnica do Ju trabalha para ajustar o time que terá, como próximo desafio, o clássico CA-JU, no dia 1º de agosto. Na segunda-feira após o empate, os jogadores que atuaram ganharam folga. Porém, Loss foi ao estádio. Ele preparou um tape do jogo para ser apresentado aos atletas. “Assisti toda a partida na noite de segunda (dia 19). E fiquei com um sentimento ainda maior de frustração. Encontramos o Criciúma fechado, tivemos produção,
e estávamos bem defensivamente. No primeiro tempo, o Criciúma teve apenas uma cabeceada do atacante. Na etapa final, além da falta que resultou no gol, ocorreram outras duas finalizações”, enumera Loss. O treinador fez a seguinte leitura da situação: o trabalho deve ser repetido, pois a bola não irá sempre bater na trave. “Será trabalhando que iremos produzir mais durante os jogos”, opina. Loss e o auxiliar técnico, o ex-zagueiro Antônio Picoli, assistiram a seis partidas do time catarinense antes da estreia na Série C. “Tivemos um jogo bom para vencer, principalmente no primeiro tempo. O gol que sofremos desestabilizou um pouco o grupo, que demorou para reagir. Foi um jogo equilibrado, como serão todos os da Série C. A definição será sempre nos detalhes”, diz o treinador. Picoli ressaltou que a partir de agora as ações devem ser voltadas para o aperfeiçoamento do que já foi trabalhado com o grupo, sejam as jogadas de triangulação pelas laterais com Luiz Felipe e Calisto ou as armações pelo meio com Cristiano e Marcos Paraná. “Esse time vai crescer muito com a sequência de treinos e de jogos. Contra o Criciúma esperávamos duas possibilidades do Argel armar o meio-campo: ou em forma de losango
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Produção do time do Juventude contra o Criciúma foi considerada boa, porém, deveria ter sido eficiente
ou de quadrado. Ele optou pela segunda opção, o que mudou um pouco nossa movimentação no setor. Cada jogo será diferente, e nosso próximo é um clássico, que mexe muito com o emocional dos atletas”, analisa Picoli. O habilidoso meia Cristiano, citado pelo auxiliar técnico, será o principal desfalque para o CA-JU do dia 1º de agosto. O jogador, que veio do Metropolitano-SC, foi expulso na estreia da terceira divisão e está fora do segundo jogo em casa do Ju – na terceira e quarta rodadas o alviverde atuará fora, contra o Brasil-Pe (dia 8 de agosto) e contra o Chapecoense (dia 14 de agosto), respectivamente. “É uma perda importante, mas temos peças de reposição. Meu objetivo é manter a equipe com a mesma formatação, independente de quem seja o escolhido para a vaga”, pondera Loss. O mais cotado para ocupar a meia, ao lado de Marcos Paraná, é o uruguaio Christian Yeladian, de características bem ofensivas. Fabrício, lesionado, está fora dos planos. Outra possibilidade, já utilizada por Loss em amistosos e contra o Criciúma, é o lateral direito Celsinho, que vinha fazendo essa função de armador no Lajeadense. Se quiser reforçar o setor, o volante Gustavo torna-se opção. Mas são apenas suposições, pois o treinador esmeraldino terá até momentos
antes da partida para definir quem jogará o clássico. Outra novidade na equipe, no meio-campo, contra o Caxias, pode ser a entrada do volante Tiago Silva, que teve a documentação regularizada junto à Confederação Brasileira de Futebol (CBF). Ele atuaria ao lado de Júlio César. O mesmo ocorreu com o lateral esquerdo Planchón, uruguaio que até então é o reserva imediato de Calisto. Para o zagueiro Édson Borges, passada a ansiedade e o nervosismo da estreia, os atletas devem manter a concentração. Independentemente de quem seja escalado, todos, em sua opinião, devem estar preparados. “Olhando o tape do jogo do Criciúma vimos que não ganhamos um ponto pelo empate, mas perdemos três. Como não ganhamos no Jaconi, teremos de buscar fora esses pontos. Vimos também que nosso time está bem agrupado, evitando oferecer espaços para o adversário. Ficamos muito tempo treinando e, talvez, entramos em campo um pouco afobados, com muita vontade de fazer as jogadas. Isso não voltará a acontecer”, projeta. Tomara que Borjão, como é chamado pelos colegas, esteja certo. Para chegar à Série B restam nove jogos. O Ju precisa ser eficiente, caso contrário ficará para trás. 24 a 30 de julho de 2010
O Caxiense
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Guia de Esportes
guiadeesportes@ocaxiense.com.br
André T. Susin/O Caxiense
por José Eduardo Coutelle
FUTEBOL
FUTSAL
l Caxias x Chapecoense | Sábado, 15h30 | Após a derrota na rodada de abertura da Série C, contra o Brasil de Pelotas, o Caxias busca os primeiros pontos diante de sua torcida. A equipe grená deve entrar em campo novamente utilizando três zagueiros. A diferença será uma postura mais ofensiva dentro do gramado. Aloísio poderá assumir o ataque no lugar de Mauro. Edenilson também tem chances de entrar. O atacante Adriano, última contratação a chegar no Centenário, será opção no banco. Estádio Centenário R$ 15 para a torcida do Caxias. Estudantes e pessoas acima de 60 anos pagam R$ 7. Sócios com mensalidade em dia não pagam ingresso. Torcedores da Chapecoense pagam R$ 30 | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano
l 8ª Copa Ipam de Futsal Feminino | Sábado, 19h, 20h e 21h e domingo, 9h, 10h e 11h | A ACBF, única a vencer na chave D, folga nesta semana e deixa em aberto a liderança do grupo. O confronto entre as meninas da BGF e do União pode definir um novo líder temporário. Na chave E, as jogadoras do Santa Catarina B precisam apenas de um empate contra o União Flores da Cunha para se manter na ponta. Escola Santa Catarina e UCS Entrada gratuita | Santa: Matheo Gianella, 1.160, Santa Catrina; UCS: Francisco Getúlio Vargas, s/ n°, Petrópolis
l Futebol Sete Série B | Sábado, a partir das 12h | Os 37 times já estrearam no campeonato e agora retornam às quadras para o início da segunda rodada. A CNCS, que sofreu a maior goleada do campeonato até então (7 a 1), tenta a reabilitação contra a Soprano, que venceu na estreia. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Fátima
Sábado é dia de a torcida grená apoiar o Caxias em casa
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O Caxiense
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l Campeonato Municipal | Sábado, 13h15, 15h15 | A bola não rolou no último final de semana. Por causa da chuva, Esperança, Kayser, Hawaí e Águia Negra adiaram a definição dos finalistas na Série Prata. Os atletas da Série Ouro ficaram mais uma semana de molho, e se o tempo colaborar disputam a 12ª rodada. Diversos campos Entrada gratuita
l Torneio Interdistrital | Domingo, a partir das 9h | Após os rapazes entrarem em quadra no último final de semana, agora é a vez das meninas. Na modalidade masculina, as equipes de Ana Rech, Galópolis B e Forqueta foram as três primeiras colocadas, respectivamente. A competição é realizada todo ano em comemoração ao mês do agricultor. Ginásio de Esportes da Parada Cristal Entrada gratuita | BR-116, Km 137, Parada Cristal l Campeonato Futsal Feminino | Segunda (26) e quinta (29), 18h45 e 19h45 | A 3ª rodada se inicia segundafeira. A equipe da Marcopolo deve estrear contra o time da Intral, que começou com o pé esquerdo, perdendo por 4 a 1 para a Neobus. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima l Campeonato Futsal Master | Terça (27), 18h30 e 19h30 |
As duas primeiras rodadas do campeonato foram marcadas por escores elásticos. Em quatro jogos a bola balançou as redes 44 vezes, uma média de 11 gols por partida. Nesta terça, a 3ª rodada promete um festival de gols. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Fátima
MINIGOLFE l Minigolfe Modular | Diariamente, até 22 de agosto | Quem não tem a possibilidade de praticar o esporte nos grandes campos acompanhados por seu caddie tem a chance de experimentar a versão em miniatura do esporte. O Iguatemi oferece alternativa no período de férias escolares. O minigolfe conta com nove pistas de jogos, com graus de dificuldade que aumentam a cada nova etapa. O funcionamento é simples: cada participante tem direito a jogar em cada uma das pistas até completar todo o circuito. Na última, caso o jogador acerte o buraco em uma única tacada, terá a oportunidade de jogar uma rodada extra. Shopping Iguatemi R$ 10 por partida | RSC-453, 2.780, Km 3,5
VELOCIDADE l 5ª Etapa do Campeonato Serrano de Arrancadas | Domingo, a partir das 8h | Devido à chuva, os motores ficaram desligados no último final de semana. A atividade foi adiada para este domingo, e deve ocorrer caso o tempo colabore. Além das motos, o lago do Parque de Eventos de Vila Oliva estará aberto para jet skis. Parque de Eventos de Vila Oliva R$ 5 | BR-116, Km 145, Vila Oliva
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
André T. Susin/O Caxiense
Estreia em casa
Sem Everton, emprestado ao Inter, e Cristian Borja, que foi para o Flamengo, o Caxias precisou recompor o time para a Série C. Mas acertar o setor de ataque ainda é um desafio
A garra presente
em campo
A
Marcelo Mugnol marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br
falta. Sempre haverá um torcedor reclamando a falta de alguém em campo. Fosse por isso, teríamos 120 homens de cada lado e não apenas 11. Teríamos gente até de bengala na mão. Um queria ver o Paulinho em qualquer uma das laterais. Outro, preferia o Bebeto enfiado entre os zagueiros adversários. Da safra mais recente, há quem sinta a falta de Cristian Borja e Everton. E essa é uma estranha e curiosa relação que só o futebol nos revela com tanta intensidade. Do dia pra noite aparece do nada mais um jogador diante do olhar ansioso do torcedor grená. Ele fala com um estranho sotaque, ainda mais em terra de gringo, vem lá da Colômbia (terra mais difamada do que apreciada) e diz que faz gols como gente grande. Levante o braço qual foi o torcedor que ao ver pela primeira vez o Borja em campo disse “esse é o nosso centroavante”, “era bem ele que a gente queria”. Aí, no ano seguinte, aparece um outro desconhecido. Cabelo rastafári, como se fosse de uma banda de reggae, Everton vinha do futebol da Suíça (terra do chocolate, das vaquinhas e dos relógios). Alguém se lembra da estreia do Everton? Pelo que se viu em uma partida, tinha gente duvidando que ele fosse bom de bola. Mas aí entram dois elementos importantes nessa trama: o tempo e a glória. Jogo após jogo, a torcida viu o xadrez do Julinho Camargo deslizar em campo. Paciência, regada por muito trabalho, resulta em glória. Não como uma celebrização banalizada, mas uma euforia apaixonada revelada em muitos momentos pela belíssima jogada, mesmo que não convertida em gol, mas, sobretudo, no momento mais inebriante de uma partida de futebol, a bola estufando as redes. Em poucas partidas do Gauchão, a torcida gre-
ná parecia ter esquecido da falta dos mesmo atacantes de sempre, citados pelos corredores do estádio Centenário, como Bebeto, Washington, entre outros. E então, como em qualquer clube pequeno (palavra que não diminui a grandeza do glorioso Caxias) desse Brasilzão afora, esses jogadores de destaque foram assediados. E não apenas o Borja e o Everton, e disso o presidente Osvaldo Voges nunca escondeu. Como também foram sondados o Anderson Bill, o Marcelo Costa, o Edenilso, e por aí vai. Porque, como foi dito antes, com paciência e trabalho, a glória sempre aparece. O Caxias, também já revelou em mais de um momento o recém reeleito presidente Voges, é um clube que sempre terá como objetivo revelar jogadores e assim pretende continuar a atrair atletas. Com restrição orçamentária, o Caxias precisou emprestar Everton e Borja. O primeiro, foi para o Inter, o segundo, para o Flamengo, do Rio de Janeiro. Os dois podem vir a disputar uma vaga no time titular de seus clubes na Série A. E de alguma forma, o Caxias parece voltar a aparecer no cenário nacional, com o objetivo que lhe está sendo atribuído pelo presidente: revelar jogadores. Enquanto isso, cabe aos que ficam e aos que chegam ocupar esse lugar vazio nos corações aflitos dos torcedores grenás. Everton e Borja entenderam muito bem a alma do torcedor grená. Mesmo quando não faziam partidas brilhantes, não deixavam de lutar, de acreditar sempre. Quem vestiu pelo menos uma vezinha só a camisa grená devia saber que no Caxias nada é fácil. Não se vence um Campeonato Gaúcho com uma mão nas costas, chupando cana e assobiando ao mesmo tempo. É preciso garra, mesmo pra quem sobra talento, como é o caso de Marcelo Costa.
O primeiro jogo diante da torcida, neste sábado, será decisivo com a proximidade do CA-JU
Fora de campo, seja através do ge- Vieira, que convive diariamente com os rente de futebol, Júlio Soster, seja pelo atletas, às vezes até de uma forma mais talento do treinador Julinho Camargo, intensa que o próprio Julinho Camaro Caxias vai recompor o time. Como go. “O trabalho no início da semana, novas peças em mãos, ganha também depois de uma derrota, ainda mais da novas possibilidades de jogar. E mes- forma como perdemos, é sempre mais mo que isso deixe a difícil. Até o meio da torcida do Caxias um semana tem jogadores pouco ansiosa e preosentem muito e é “A torcida precisa que cupada com o futuro preciso estimular eles, grená nessa Série C, ter paciência. fazê-los dar a volta por Julinho faz questão de Se você lembrar cima. Principalmente o frisar: “A torcida preci- bem, o Everton pessoal do ataque, que sa ter paciência. Porque sentindo muito a não fez uma boa anda se você lembrar bem, pressão”. o Everton não fez uma estreia, precisou boa estreia no Caxias, de dois, três jogos Azar da Chapecoprecisou de dois, três para se soltar”, ense que virá estrear na jogos para se soltar. Da Série C logo na casa do diz Julinho mesma forma o Neto Caxias, que vem more o Edu Silva”, recordido de uma derrota e da Julinho, citando as precisa mostrar serviço partidas desses jogadores no Gauchão. diante do seu torcedor. Azar da ChapeNa estreia da Série C, Mauro começou coense que vai encontrar uma torcida a partida contra o Brasil de Pelotas e louca de ansiedade pelo grito de gol e depois foi substituído por Aloísio. O para entoar os cantos que embalam o Caxias teve o domínio da partida, e no esquadrão grená. Azar da Chapecoensegundo tempo, como lembra Julinho, se que vai enfrentar um Caxias mais a equipe grená poderia muito bem ter agressivo em campo, não no sentido feito gol em Pelotas. Mas não fez. E no de dar pontapé, é óbvio, mas com uma final, como em toda trágica história do postura pra frente, de quem vai se imfutebol, quem não faz, leva. O Caxias por em campo. “Tudo isso, é claro, sem saiu de lá com um banho de água fria. perder a organização”, enfatiza Julinho “O que deixou o torcedor mais sur- Camargo. preso foi a circunstância da derrota. Cada partida desta Série C é uma dePorque tivemos o jogo nas mãos, mas cisão. Mas essa contra a Chapecoense alguns jogadores cometeram erros que parece ser ainda mais intensa. Porque não podemos repetir. Não quero ter o Caxias pega na sequência o Juvende corrigir velhos problemas, quero tude, que vai folgar nesta rodada. Ou evoluir. Se for para errar que sejam em seja, o esquadrão grená vai enfrentar coisas novas. Mas tenho conversado o Juventude em vantagem de pontos durante toda a semana com eles e não caso vença a Chapecoense, e com a muda em nada a nossa programação chance de atropelar o rival em pleno para esse jogo contra a Chapecoense”, Estádio Alfredo Jaconi. Se o torcedor avalia Julinho, após um treinamento, pensar melhor, mesmo com o coração no meio da semana que antecedia a apaixonado, vai perceber que é preciso partida contra o time catarinense. lamentar menos a falta e apoiar quem E como anda a cabeça do jogador, estiver em campo. Seja Aloísio, Mauro, depois desse tropeço na estreia? Com Palacios, Lê, ou mesmo Adriano, rea palavra, o preparador físico Fabiano cém contratado pelo Caxias.
* A coluna de Renato Henrichs volta a ser publicada no dia 31 de julho.
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