Edição 37

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Índice

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A Semana | 3

As notícias que foram destaque no site

O LIXO MATA A FOME

Apesar dos diversos programas assistenciais, há quem busque entre restos o seu alimento |S7 |D8 |S9 |T10 |Q11 |Q12 |S13

Roberto Hunoff | 4

PIRATAS

NO AR

Prefeitura precisa investir em qualificação de mão de obra

Com programação muito comercial e pouco ou nada comunitária, pelo menos duas rádios ilegais funcionam despreocupadamente em Caxias

Caco Argemi, Divulgação/O Caxiense

PF e Anatel sabem das rádios ilegais, mas elas seguem no ar em Caxias

Campanha incerta | 6

Um cheque de R$ 2 mil pode custar a candidatura de Mauro – e do PMDB – à Câmara

Segurança com e sem farda | 7 Os bicos, ilegais, estão praticamente institucionalizados na Brigada Militar

PDT x PDT | 10

A briga entre Alceu e Vinicius

Gostaria de elogiar a iniciativa do jornal O Caxiense ao tratar da questão das rádios piratas. Na reportagem da qual fui fonte, o assunto aparece tratado sem preconceitos, colocando – e exemplificando – a diferença entre o que é desvio da função do rádio comunitário e o que é, mesmo sem a outorga legal, emissora com finalidade cidadã. Parabéns, portanto, ao jornal e à repórter. Luiz Artur Ferraretto

@rafaelalgures Parabéns ao @caxiense e seus integrantes pelas consequências da matéria sobre a Aapecan.É o jornalismo sendo usado do jeito que deveria ser. #aapecan @Kely_Melo Lendo @ocaxiense na correria que começou essa semana, só agora deu tempo de pegar o jornal que eu adoro ler!! #edição36

O Caxiense entrevista | 12

Candidato ao Piratini, Tarso Genro (PT) fala de pragmatismo, mudanças e contradições

Liderança distante... | 14

@CianaMoraes @ocaxiense Faz duas semanas que recebo O Caxiense em casa! Como é gostoso ter boa leitura garantida! Adorei a matéria com Gabriel Leonardelli #edição36

Presidente da milionária Aapecan mora no Paraná, onde trabalha como vigia noturno

Melhores Vinhos | 15

Clemente Tomazoni, Acervo Arq. Hist. Mun./O Caxiense

A busca pela identidade vinícola

Artes | 16

Duas obras, dois rios e uma ponte que os divide (ou os aproxima?)

História em foco | 17

Semana da Fotografia promove debate sobre tecnologia e preservação da memória

Guia de Cultura | 18

A origem da realidade no cinema e objetos que pensam na literatura

Guia de Esportes | 20 De futebol a pingue-pongue

Meta alviverde | 21

@nine_stecanella O @ocaxiense está muito bom nesta semana. E mais, é pra pensar nos nossos desperdícios! #edição36 @petersondanda Passei o olho no @ocaxiense agora e a diagramação me pareceu muito com a @carosamigos, muito interessante #edição36 @AlineZilli_Ueba Ehhhh amanhã tem @ocaxiense para dar conteúdo ao finde!!!! #edição36

Caxias deve ter mais 20 relógios digitais | E relógios que funcionam, quantos? Suani Campagnolo

Contra a Chapecoense, é hora de marcar

Desafio grená | 22

Caxias joga pela liderança com o Criciúma

Dinheiro jogado fora!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!!

Renato Henrichs | 23

Recreio Guarany, no ostracismo, pode ser vendido ao Recreio da Juventude

Rafael Victor Manfro

No Site

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

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André T. Susin/O Caxiense

Piratas à vista | 5

Renato Henrichs: decisão interna do TSE reduz ainda mais as esperanças de Mauro Pereira | Roberto Hunoff: Febramec projeta R$ 100 milhões em negócios | Quantos somos: recenseadores esquadrinham a cidade | Vôlei: as últimas chances do ex-time da UCS

Caxias do Sul, agosto de 2010 | Ano I, Edição 36 | R$ 2,50

Áudio | Escute no site www.ocaxiense.com.br os principais trechos da entrevista do candidato ao governo do Estado pelo PT, Tarso Genro. Questionado pelos jornalistas Renato Henrichs, Roberto Hunoff e Felipe Boff, Tarso abre uma série de entrevistas com os candidatos ao Piratini. Podcast | O Caxiense é o único jornal que cobre exclusivamente a dupla CA-JU e também é o único com um podcast dedicado aos times da cidade. Escute os comentários dos jornalistas Fabiano Provin e Marcelo Mugnol sobre os desempenhos grená e alviverde na Série C.

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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O Caxiense

14 a 20 de agosto de 2010

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


A Semana

editado por Paula Sperb

André T. Susin/O Caxiense

paula.sperb@ocaxiense.com.br

Livros saborosos, músicas doces e petiscos literários fundem gastronomia e cultura em evento promovido pela Biblioteca Municipal

SEGUNDA | 9 de agosto Segurança

Caxias terá 20 novas câmeras

Até o final deste ano, Caxias será monitorada por 20 novas câmeras de segurança. A ordem de início da instalação dos equipamentos foi assinada na segunda (9). Atualmente a área central é vigiada por 18 câmeras. O investimento, uma parceria entre o município e o Programa Nacional de Segurança Pública (Pronasci), é de R$ 1,2 milhão. Online | Veja quais são os pontos onde serão instalados os equipamentos em www.ocaxiense.com.br

Educação

“Vereador por um dia” terá 18 escolas

Todas as 18 escolas inscritas no programa “Vereador por um dia”, da Câmara de Vereadores participarão do projeto. Embora a Casa tenha 17 legisladores, a comissão organizadora optou por incluir todas escolas. Uma sessão ordinária será realizada em 18 de outubro com os políticos mirins. Online | Veja quais são as escolas que participarão do projeto em www.ocaxiense.com.br

TERÇA | 10 de agosto Eleições

Democratas sem candidato O partido Democratas (DEM) não tem mais candidato de Caxias do Sul

para esta eleição. O taxista Ayrton Corrêa, que disputaria o cargo de deputado federal pelo partido, foi desfiliado pelo Tribunal Superior Eleitoral (TSE) por estar com dupla filiação, além do DEM, com o Partido Humanista da Solidariedade (PHS). Com a saída de Corrêa, o DEM de Caxias já manifestou apoio ao candidato José Francisco Ferreira da Luz, o Zezo, de Santo Antônio da Patrulha, a deputado federal.

Dança

Abertas inscrições para o Caxias em Movimento

Jazz, ballet, dança contemporânea, dança de salão e outras modalidades serão vistas de 18 a 23 de outubro quando ocorrerá a mostra Caxias em Movimento. As inscrições podem ser feitas até 27 de agosto. No evento, serão esperadas 30 apresentações, cinco por dia. A inscrição é efetuada mediante entrega de uma ficha de inscrição, que pode ser encontrada na Cia. Municipal de Dança, ou pelo e-mail ciadedanca@caxias.rs.gov.br.

QUARTA | 11 de agosto Economia

Randon projeta nova receita, 21,4% maior

A retomada das vendas e a perspectiva positiva dos próximos meses determinaram a revisão das estimativas de receita da Randon para este ano. O grupo trabalha agora com a expectativa de atingir receita líquida consolidada de R$ 3,4 bilhões, incremento de 21,4% sobre a estimativa inicial

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e de 36% sobre os R$ 2,5 bilhões consolidados em 2009. O faturamento bruto total reprogramado é de R$ 5 bilhões, contra R$ 4 bilhões iniciais.

QUINTA | 12 de agosto Política

Paese reassume Câmara

Exatamente após uma semana fora do cargo de presidente da Câmara de Vereadores por causa de uma pneumonia, Harty Moisés Paese (PDT) reassumiu sua função na quarta (11). Durante sua ausência, Renato de Oliveira (PC do B) ocupou a presidência do Legislativo.

Cultura

Começa a Temporada de Teatro de agosto

Mulheres-palhaços e a história de Heitor Villa-Lobos tomam os palcos caxienses na temporada que começou na quinta (12) e segue até domingo (15). Os ciclos ocorrem sempre na segunda semana do mês, de abril a dezembro. Confira a programação no Guia de Cultura, página 18.

Biblioteca promove Saberes e Sabores da Literatura Na próxima terça (17), integrantes do Clube de Mães do bairro Rio Branco degustarão petiscos enquanto escutam música e leituras ligadas ao mundo gastronômico. Vai ter Como água para Chocolate (de Laura Esquível), Afrodite (de Isabel Allende) e canções de Chico Buarque, Belchior, Tom Jobim e

outros lembrando a gastronomia. O encontro promovido pela Biblioteca Pública será n’A Confeitaria, às 15h.

SEXTA | 13 de agosto UCS

Quase 50% de aumento no Restaurante Universitário

O preço do quilo do buffet do Restaurante Universitário da UCS, que custa hoje R$ 9,80 para estudantes, deverá aumentar nos próximos dias. O reajuste é previsto no contrato entre UCS e Ícaro Alimentações, empresa que gerencia o RU, e já deveria ter ocorrido no dia 1º de janeiro. As cláusulas de reajuste do contrato informam que o aumento deve basear-se em três índices: INPC, IPCA e IPC. Segundo o pró-reitor administrativo, Gilberto Henrique Chissini, o novo preço poderá ficar na média de R$ 14,40, índice baseado, além dos índices da inflação, em preços de restaurantes universitários de outras instituições do Estado. Se esse for o preço definido – restaurante e universidade ainda estão em negociação –, o aumento será de 46,93%. Mas o reajuste não deverá ocorrer de uma vez só, e sim, em parcelas.

Saúde

Gotinhas contra paralisia

Indolor, a vacina contra a paralisia infantil salva vidas. Neste sábado, ocorre a segunda etapa da vacinação contra a poliomielite em crianças menores de 5 anos, em 42 unidades básicas de saúde (UBSs) e em mais 108 pontos.

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Chamada ao poder público

Até domingo os estabelecimentos localizados no Iguatemi Caxias do Sul participam de mais uma edição do Ponto Mix de Inverno. Na megaliquidação os consumidores poderão encontrar produtos com até 70% de desconto. O objetivo é acabar com os estoques e abrir espaços para as novas coleções.

Negócios corporativos

Focada na compra, venda e fusão de empresas, a Synergy Fusões e Aquisições inicia suas atividades na Serra Gaúcha. Localizada em Flores da Cunha, a organização atenderá indústrias de grande e médio porte em qualquer estado do País. O objetivo dos sócios Cláudio Branchieri e Gerson Debarba é tornar a nova consultoria uma referência nos negócios entre empresas no que se refere a transações societárias.

O mercado formal de Caxias do Sul está próximo dos 160 mil trabalhadores. Há, no entanto, espaço para crescer mais desde que haja mão de obra qualificada. Na indústria metalúrgica são mais de duas mil vagas em aberto, no segmento de malhas e confecções outras mil e no comércio de combustíveis mais 300. É certo que a situação se estende aos demais setores produtivos da cidade. Na apresentação do desempenho semestral da economia caxiense por dirigentes da CIC e da CDL a questão foi tratada com preocupação. Para Alexander Messias, diretor do Departamento de Economia, Finanças e Estatísticas, este é um gargalo sério

que precisa ser resolvido. Segundo ele, as empresas não contratam mais por falta de pessoal qualificado. O também diretor Mauro Corsetti foi mais incisivo. Cobrou o envolvimento do poder público no assunto por meio de ações concretas que encaminhem soluções de longo prazo. Alertou que sem qualificação é eminente o aumento do cinturão de miséria na cidade. Portanto, já passou a hora de a prefeitura, por meio de suas secretarias, participar de forma mais decisiva na solução deste problema. Será mais fácil e menos dispendioso do que investir, futuramente, em ações assistenciais e quase sempre paliativas. Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Liquidação geral

Referência

Os empreendedores Agenor e Ana Paula Possamai estão à frente da nova loja Conceito que a Todeschini Móveis abre em Caxias do Sul. A inauguração do novo espaço, que servirá de parâmetro para as já existentes da rede, ocorre na quinta-feira (19). A loja comercializará todo o mobiliário Todeschini, residencial e comercial, além do mais recente lançamento, a linha Studio, desenvolvida especialmente para escritórios comerciais de médio e pequeno porte. Sua localização é estratégica: ao lado do Shopping Iguatemi.

Vem de Gramado...

O colunista Miron Neto, em seu site na internet, traz duas informações que merecem atenção especial das lideranças representativas de Caxias do Sul. A primeira é benéfica: ele faz a defesa de uma mobilização da Região das Hortências para que o novo aeroporto regional seja erguido em Vila Oliva. Entende que se a decisão for por Monte Bérico, a região de Gramado deve se preparar para mais 20 anos de espera até ser beneficiada com melhorias nesta área. A segunda bate de frente com interesses de Caxias do Sul: existem negociações adiantadas para a construção de um grande hotel, de alto luxo, dotado de campos de treinamento, visando atrair seleções que disputarão a Copa do Mundo de 2014.

Reconhecimento

Divulgação/O Caxiense

A Keko Acessórios, que prepara transferência para Flores da Cunha, fechou seu primeiro contrato de fornecimento para uma montadora localizada no exterior. A empresa foi homologada pela Nissan europeia como fornecedora de acessórios na linha de montagem da picape Frontier, chamada no continente europeu de Navara. Por meio de parceria com o distribuidor EGR Europe, a Keko enviará capotas marítimas para os modelos cabine simples e dupla montados na planta de Barcelona, na Espanha. Atualmente a empresa obtém 15% de sua receita no exterior. A meta para 2011 é elevar a 25%.

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Reciclagem

Em torno de 200 recicladores com atuação em 11 associações são aguardados para a primeira reunião-almoço da cadeia produtiva da reciclagem de Caxias do Sul. O encontro será sábado (14), no CTG da Codeca, a partir das 9h30. A programação consta de reunião de trabalho e formatura do curso de Capacitação de Separação de Ma-

terial Plástico, que envolveu mais de 150 recicladores. O curso de 10 horas-aulas, resultado de parceria da prefeitura com o Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste Gaúcho, visou à capacitação dos participantes para melhor identificação do material plástico, o que deve resultar em maior agregação de valor ao resíduo coletado.

Regularização

Com o objetivo de facilitar a regularização global dos débitos de ICMS, o governo do Estado instituiu o programa Ajustar-RS. Por meio dele empresas devedoras podem quitar os valores em atraso em até 120 meses e gozar do benefício de redução de 60% dos juros e da correção monetária e, em casos especiais, de até 50% das multas. Mas para tanto precisam aderir até 31

de agosto. Para expor o programa e a nova postura negocial da Procuradoria Geral do Estado, a Microempa e o Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico promovem palestras na quarta-feira, 18, cada qual em sua sede. Ambas terão a presença do Procurador do Estado em Caxias do Sul, Rafael Cândido Velasques Orozco.

Oportunidades

O pré-sal e suas oportunidades constitui o tema central de seminário organizado pelo Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul. O objetivo é disseminar informações sobre como o pré-sal mudará a vida e a economia brasileira e como as

empresas deverão se preparar para participar dessa nova etapa com competitividade. A atividade marcada para terça-feira (17), na CIC de Caxias do Sul, terá a participação de representantes da Petrobras, BNDES e da Associação Brasileira das Empresas de Construção Naval e Offshore.

Sem acordo

O dissídio dos comerciários de Caxias do Sul permanece sem solução. Nesta semana o Sindilojas e o Sindicato dos Empregados no Comércio apresentaram novas propostas visando

o acordo. Mas os números continuam distantes. Enquanto a classe patronal elevou o reajuste para 5,8%, os trabalhadores reduziram a pedida inicial para 9%.

Premiação

A Voges Metalurgia foi a única empresa de Caxias do Sul a figurar no grupo das 10 organizações finalistas do Prêmio Febramec Meio Ambiente 2010. Sua escolha deu-se pelo desenvolvimento do trabalho denominado Aplicação de areias descartadas de fundição em concreto betuminoso usinado a quente. As cinco vencedoras foram a Cerâmica Urussanga (SC), Correias Mercúrio (SP), e as gaúchas Indústria Metalúrgica Lorscheitter, de São Sebastião do Caí; Rexam Beverage Can South América, de Viamão; e Pelzer Sistemas do Brasil, de Gravataí.

Na sombra

Estudantes do 2º ano do Ensino Médio terão a oportunidade, na segunda-feira (16), de seguir empresários e profissionais de diversas áreas em Caxias do Sul. O Projeto Empresário-Sombra Por Um Dia, da Junior Achievement, realizado na cidade pelo Departamento de Jovens Empresários da CIC tem a proposta de aproximar os jovens do mercado de trabalho com uma experiência real do cotidiano das profissões. A atividade complementa o trabalho desenvolvido pelos estudantes com o Programa Miniempresa. O coordenador do projeto, Rodrigo Romanini, define a iniciativa como um miniestágio e desmistifica a imagem que os jovens têm de algumas carreiras.

Curtas De 19 a 21 de agosto, na Universidade de Caxias do Sul, ocorre o 13º Congresso Gaúcho de Educação Médica. A programação reunirá representantes da Escolas Médicas do Estado do Rio Grande do Sul, estudantes, docentes, profissionais da área da saúde e gestores. A Majorem Engenharia Financeira realiza terça-feira (17), a partir das 19h30, a primeira edição do evento Queijos, Vinhos e Mercado. O evento, que ocorrerá na Rua Miguel Muratore, 116, contará com a participação de diretores da Randon para apresentação dos números referentes aos resultados do segundo trimestre de 2010. O diretor de Logística, Administração e Finanças da Randon, Jaime Vergani, palestra na reuniãoalmoço de segunda-feira (16) da CIC de Caxias do Sul. Abordará o tema Uma gestão de qualidade vale ouro, referência à conquista da empresa do Prêmio Qualidade RS 2010, categoria Ouro, do Programa Gaúcho de Qualidade e Produtividade.

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Rádios piratas

FREQUÊNCIA ILEGAL SEGUE NO AR

Duas estações clandestinas de Caxias do Sul continuam funcionando, mesmo com o conhecimento da Anatel e da Polícia Federal

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por PAULA SPERB paula.sperb@ocaxiense.com.br m esquivo silêncio interrompe a música que conta uma história de traição e amor. São 19h em ponto. O que se escuta são chiados de uma estação mal sintonizada. Nesse horário, o comum de qualquer emissora de rádio brasileira é reverberar os acordes da releitura da canção O Guarani, de Carlos Gomes, que marca o começo do programa Voz do Brasil. Mas tanto Mania 87.9 FM como a Amiga 96.5 FM não retransmitem o programa oficial. As duas rádio ilegais, que seguem em funcionamento em Caxias do Sul, param a programação nesse horário provavelmente para escapar da fiscalização da Anatel, que confere se todas as emissoras estão transmitindo a Voz. Até as 20h, as duas rádios clandestinas passam imperceptíveis pelo aparelho de fiscalização da Agência Nacional de Telecomunicações. Ou nem tanto. Anatel e Polícia Federal (PF) sabem da existência das rádios piratas na cidade. Conforme o delegado Claudino Alves de Oliveira, da PF, em entrevista a jornal O Caxiense na edição 36, provavelmente rádios que já haviam sido fechadas estariam novamente funcionando – e de fato estão. “O pessoal está incorrendo em crime, vamos fechá-las, mas não tenho previsão”, explicou o delegado na quinta-feira (12). Segundo o coordenador da Anatel no Rio Grande do Sul, João Jacob Bettoni, a instituição é responsável por interromper as transmissões clandestinas, como está previsto em lei. Entretanto, a missão de fechar a rádio e abrir o inquérito é da Polícia Federal. A PF deve enviar os inquéritos para o Ministério Público

Federal (MPF), que é quem deve julgar os casos. Por causa de tantos caminhos entre a denúncia e o fechamento de uma rádio pirata, somados à confusão da legislação no que diz respeito à radiodifusão, um órgão passa a responsabilidade para o outro. A Anatel delega à PF a responsabilidade por fechar as rádios. A Polícia Federal, por sua vez, ao MPF. Enquanto isso, Amiga e Mania, sem caráter comunitário, seguem no ar. “No Estado, temos cerca de 500 municípios para fiscalizar. Mas temos agido para fechar essas estações. Não estamos dando conta de encerrar todas essas atividades clandestinas”, admite o coordenador da Anatel. “São vários inquéritos abertos, no mínimo três já foram encaminhados ao Ministério Público Federal”, justifica o delegado Claudino. Como as rádios continuam funcionando, imagina-se que os casos ainda não tenham sido encaminhados pelo MPF. De 2008 até a metade de 2010, cerca de 340 estações foram fechadas no Rio Grande de Sul, conforme a Anatel. Há situações – como quando as rádios estão instaladas em residências, por exemplo – em que a Anatel é impedida de encerrar as transmissões. Segundo a agência, foram 80 impedimentos neste mesmo período. Em Caxias do Sul, 13 estações foram fechadas. Nos últimos três anos, a PF fez 54 apreensões de equipamentos. Além de usar as ondas eletromagnéticas, que são um bem público, sem outorga do Ministério das Comunicações, as rádios Amiga 96.5 FM e Mania 87.9 FM também não se enquadram no conceito de rádio comunitária. De acordo com a Lei 9.612, de 1998, regu-

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lamentada pelo Decreto 2.615 do mes- pressão de todos os habitantes da remo ano, uma rádio comunitária opera gião atendida”. A programação musical em frequência modulada (FM), de bai- indica que as piratas caxienses não são xa potência (25 w) e cobertura restrita exatamente pluralistas. Apenas cana um raio de 1 quilômetro a partir da ções sertanejas, gaudérias e românticas antena transmissora. Amiga e Mania estão no repertório. Os locutores usam transmitem com uma potência cerca de o espaço para falar, mas sem qualquer quatro vezes superior. cunho informativo. Ainda conforme a lei, Em duas semanas de as comunitárias devem “Não estamos rádio-escuta, nenhuma explorar a radiodifu- dando conta notícia foi ouvida. Às são sem fins lucrativos. 10h49 de quinta-feira de encerrar Neste aspecto, ambas (12), foram ao ar cerca estações estão em de- todas essas de 5 minutos de contesacordo com a legisla- atividades údo incompreensível, ção mais uma vez. A clandestinas”, que encerrava assim: rádio Mania – que tem “Quarta tem que ficar admite o o mesmo telefone da com a roupa dentro de antiga União FM 91.7, coordenador casa, tô falando atrafechada pela PF em 12 da Anatel palhado aqui porque... de maio deste ano – vai que não dá certo? cobra R$ 200 mensais Vamos ouvir uma múpara veicular chamadas comerciais sica? Vocês já estão irritados comigo. quatro vezes ao dia em horários pré- Não façam isso. Ofereço pro Marcos, determinados. Para seis chamadas diá- pra Margarete e pro André, ô quarteto rias em horários diversos, o valor sobe bom! Eles já me conhecem, mas não para R$ 400. A novidade mais recente sabia que era eu. Eu que não conheço na programação comercial, além do eles, não faço a mínima ideia. É, ô... anúncio de uma advogada e de esta- (uma música entra na hora errada e belecimentos comerciais, é uma casa para) Pensa que é grande coisa, vê ao de religião afro que informa endereço vivo e pensa ‘que porcaria bem grane horário de atendimento. O anúncio de’. Vamos que vamos! Toca aí, Secreda Festa dos Comunicadores, agenda- tária!”. A música começa, seguida de da para ocorrer na próxima sexta-feira mais pedidos de ouvintes e uma ane(20) no Clube Calhambeque (Avenida dota. Rossetti, 205), segue sendo veiculado. O joga pra lá, esconde daqui, fecha e A rádio Amiga cobra entre R$ 50 e R$ reabre das rádios ilegais poderia virar 100 mensais para veicular seu anún- uma letra típica das músicas cômicas cios e oferecimentos entre uma música que tocam nas estações piratas de Cae outra. xias. Uma música que conta o causo A lei também diz que as estações de um empurra-empurra, que vem se comunitárias “devem ter uma progra- repetindo há tempos e sem data para mação pluralista, sem qualquer tipo sair da programação. Alguém precisa de censura, e devem ser abertas à ex- apertar o botão de desliga. 14 a 20 de agosto de 2010

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AMBIÇÃO

AMEAÇADA

Doação de R$ 2 mil em cheque de um cartório, em 2008, pode tirar o PMDB local da disputa à Câmara dos Deputados

O vereador Mauro se justifica: “A secretária dele preencheu um cheque do cartório ao invés do cheque pessoal e nós depositamos na conta de campanha”

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por CAMILA BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br ma doação indevida para a campanha eleitoral de 2008, quando se elegeu como o segundo vereador mais votado de Caxias do Sul, ameaça a aspiração de Mauro Pereira de se tornar deputado federal. Uma das principais lideranças do PMDB caxiense, Mauro se diz confiante na validação da candidatura e conta com o apoio do partido, mas a legislação sinaliza que a tão aguardada decisão do Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a ser divulgada até o fim do mês, não será favorável para o político. Durante a captação de recursos para a eleição municipal, Mauro recebeu uma doação para campanha de R$ 2 mil do tabelião Marcos Cunha Lima, proprietário de um cartório. “A secretária dele preencheu um cheque do cartório ao invés do cheque pessoal e nós depositamos na conta de campanha”, relembra Mauro. “Eu só assinei o cheque”, confirma o tabelião. Ao final da eleição, a 16ª Zona Eleitoral de Caxias do Sul não aprovou a prestação de contas do já eleito vereador. Mauro devolveu o dinheiro ao cartório e anexou o recibo ao recurso apresentado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), que acabou indeferido. “Eu não acatei

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aquilo porque era algo tão pequeno em relação ao que se gasta em uma campanha”, justifica. Em junho de 2009, Mauro recorreu então ao TSE, mas ainda não obteve a sentença. “O TRE não está liberando o registro da minha candidatura porque a minha prestação de contas da campanha passada não foi aprovada, mas isso porque ainda nem foi julgada em Brasília”, enfatiza Mauro. “Ao meu ver, o que está acontecendo hoje é uma vontade muito grande do TRE de moralizar, só que dentro dessa linha eles estão prejudicando as pessoas de bem. Eu poderia não ter declarado aquele cheque, mas, pelo contrário, eu declarei e depois devolvi, quis fazer uma campanha 100% transparente”, argumenta Mauro, visivelmente chateado. No entanto, a devolução do valor doado não resolve o problema, de acordo com a Resolução 22.715/08, que dispõe sobre a arrecadação e a aplicação de recursos por candidatos e prestação de contas nas eleições municipais de 2008. “A norma proíbe o candidato de receber, direta ou indiretamente, doações de cartórios de serviços notariais e de registro”, explica o chefe de cartório da 16ª Zona Eleitoral, Marcelo Reginatto. Uma consulta ao parágrafo único do inciso 13 do artigo 16 revela:

“o uso de recursos recebidos de fontes do diretório municipal do partido foi vedadas constitui irregularidade insa- irrestrito. “A candidatura dele é imnável e causa para desaprovação das portante para que a gente possa eleger contas, ainda que o valor seja resti- alguém da região”, avalia a vereadora tuído”. “O dono do cartório poder ou Geni Peteffi, presidente da sigla em Canão doar o cheque como pessoa física xias. “O partido até agora não pensou é uma questão de interpretação da re- em outra possibilidade. Se acontecer solução”, completa Reginatto. de ele não poder se candidatar, vamos A contestação da candidatura de ter que sentar e conversar”, informa. Mauro pelo TRE não impediu que ele A conversa, porém, poderá ser tarde recebesse os números da conta bancá- demais. O julgamento do recurso está ria e do CNPJ necessários para concor- previsto para o fim de agosto, a partir rer. Porém, a campanha do dia 19. Caso Mauro eleitoral dele ainda é seja impedido de contímida. “Nós estamos “O que está correr, o PMDB não esperando para colocar acontecendo é terá tempo para regisa campanha na rua por- uma vontade trar outro candidato, que existe um probleo que deve ocorrer soma, a falta de recursos. grande do TRE mente até 60 dias antes Ao mesmo tempo, a so- de moralizar, do pleito. O partido ciedade não aceita gas- só que estão que polariza as disputos excessivos, o que, na prejudicando as tas pela administração verdade, não tem nemunicipal com o PT cessidade. Quem tem pessoas de bem”, desde 1996 tem traditrabalho feito ao longo defende-se Mauro ção em colocar um redos anos, com pouco presentante da cidade tempo de campanha na Câmara dos Depujá consegue colocar o nome na urna”, tados, com três mandatos de Germano defende o candidato, que planeja dis- Rigotto e um do atual prefeito José Ivo tribuir material e instalar seu comitê a Sartori. Além disso, Caxias é a cidade partir de terça-feira (17). natal do senador Pedro Simon, um dos Quando Mauro manifestou a von- nomes de maior projeção do partido tade de se lançar candidato, o apoio na política nacional.

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Legislação implacável


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Serviço público & privado

PROTEÇÃO

FORA DA LEI

A

por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br lei diz que sua atividade é contínua e inteiramente devotada. Enquanto está de serviço, não pode estar filiado a nenhum partido político. Para ingressar na função, o profissional precisa indispensavelmente ser brasileiro, possuir ilibada conduta pública e privada. Além disso, tem que ser aprovado em testes que incluem avaliações intelectuais, de saúde, capacitação física e psicológica. Todos esses atributos compõem a identidade do policial militar, responsável por proteger a sociedade. Por seis horas diárias, ele arrisca sua vida no combate ao crime, mas em

muitos casos o trabalho continua em uma segunda jornada, na qual os coturnos e a farda são trocados por um traje discreto. Para complementar a renda mensal, policiais fazem bico em horário inverso ao da Brigada Militar (BM), como seguranças de mercados, farmácias, lotéricas, postos de gasolina, entre outros estabelecimentos. Não se trata do caso de um PM em particular, mas da maioria – “quase todos”, assegura uma fonte graduada da corporação. Na zona norte da cidade, um soldado vestido à paisana vigia o comércio que o contratou. Ele já trabalhou para diversos locais na região. O policial caminha na rua em frente à loja em uma tranquila tarde de quartafeira (11). Grande parte dos moradores

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Apesar de proibidos, os bicos de PMs como seguranças de estabelecimentos comerciais são aceitos pela sociedade e tolerados pela corporação conhecem e cumprimentam o brigadiano, que, mesmo de modo privado, oferece sensação de segurança à comunidade. Há cerca de duas décadas na BM, ele revela que desde o primeiro ano começou a fazer bicos. “Quando se tem filhos e esposa é difícil sobreviver com apenas o salário de militar. Talvez mais da metade dos soldados façam bico. Somos privilegiados, pois a cidade é bastante grande e oferece muito serviço”, constata. Seu turno de trabalho é exigente. O soldado faz 12 horas corridas na Brigada a cada dois dias, e, na folga, fica de nove a 10 horas no bico. Quando está de serviço na corporação, um outro colega o cobre no trabalho de vigilante. E esta é apenas uma das atividades

do soldado. No final de semana, ele se ocupa fazendo a segurança de outro estabelecimento. “Todo mundo se sente sobrecarregado. Ou se faz, ou não. Ou se vive mais ou menos, ou do jeito que dá. Mas, apesar dos bicos, meu trabalho principal é na Brigada. Se tiver de faltar devido ao serviço, adio o bico”, garante. Enquanto acena para um morador conhecido, o soldado explica que é muito vantajoso para os estabelecimentos contratar policiais. “O bandido sempre visita o local que vai assaltar duas ou três vezes antes. Se vai roubar uma ferragem, ele vai lá e compra uns parafusos ou outra coisa bem baratinha. Se percebe que existe um vigia policial ele não se arrisca, escolhe ou-

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Bonato só tomará providências quando houver “constrangimento à sociedade” ou “dano à Brigada”

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tro lugar.” Uma das razões para a cres- mero de policiais que faziam bico era cente demanda dos bicos, segundo o bem menor. “Entrei na BM ganhando PM, é o aumento da impunidade. Ele sete salários mínimos e meio. Hoje esse conta que os métodos dos assaltantes número baixou para dois e meio.” Em têm evoluído nos últimos tempos. “Se 2010, o governo estadual investiu cero bandido não oferecer risco à socie- ca de R$ 180 milhões a mais no saládade, é logo liberado. A juíza pergunta rio dos policiais militares gaúchos, um para o policial que o prendeu: ‘Ele rea- reajuste de 12,5%. Porém, junto com giu à prisão? Desacatou o aumento, cresceu a o policial? Tentou fucontribuição tributágir?’. Se disser que não, “A Brigada ria deles, de 5% para então ele é solto. Isso 7,5%. Conforme Paulo é que virou acontece muito hoje. Nascimento da Silva, Além disso, é muito o bico do assessor da associação fácil comprar um rádio policial militar. de Cabos e Soldados do no Paraguai que pega a Ele ganha RS, o Piratini prometeu frequência da polícia, e um novo repasse, no quase o dobro assim eles sabem quanvalor de R$ 111 mido as viaturas estão do seu salário lhões, para 2011, mas a chegando”, relata. categoria irá lutar para lá”, constata que esse número pelo Leonel Lucas O argumento do menos se iguale ao despresidente da Associate ano. ção de Cabos e Soldados do RS, Leonel Saindo da alçada estadual, uma posLucas, é o mesmo do policial entrevis- sibilidade de aumento salarial, ainda tado. Segundo ele, o valor do salário é em aberto, provém da união dos PMs a primeira causa do bico. “A Brigada é de todo o país e será votada nos próque virou o bico do policial militar. Ele ximos dias. A luta das corporações ganha quase o dobro do seu salário lá. estaduais é pela aprovação do Projeto Hoje, 85 % dos policiais de todo Brasil de Emenda Constitucional 300 (PEC fazem outra atividade, e o Rio Grande 300), que atualmente tramita no ConGrande do Sul segue esse número. O gresso. Ele determina um piso salarial policial que tem outra atividade não de R$ 3,5 mil para todos os policiais presta um bom serviço nem para a Bri- militares, civis e bombeiros no Brasil. gada, nem para o bico. No final, quem O presidente da Câmara dos Deputaperde é o cidadão”, revela. Conforme dos, Michel Temer (PMDB), já confiros dados da associação, o salário base mou que a votação em segundo turno do soldado em início de carreira é R$ será realizada nos dias 17 e 18 de agos344,21. A esse valor é somado o adicio- to, independentemente do quórum. nal por risco de vida, de 222%, e outros abonos. A cifra final é de R$ 1.172,82. O comandante do 12º BPM, A condição de incorruptibilidade tenente-coronel Luiz Roberto Bonafica à mercê da questão financeira e da to, lembra que toda a atividade não formação do profissional. O Rio Gran- relacionada à saúde ou à educação é de do Sul, de acordo com a associação, proibida na carreira militar, conforestá no topo da triste tabela dos piores me as Leis Complementares número salários de todas as polícias militares 10.990, 10.991 e 10.992, de 1997. “Todo Brasil, atrás apenas do Rio de Janei- dos sabiam qual seria o salário quando ro. E a maior ironia é que, conforme ingressaram na corporação. O bico é Leonel, o PM gaúcho é tido como o irregular e ilegal”, reforça o comandanmais reconhecido do país. te. Apesar da declaração firme, Bonato Contudo, essa situação nem sempre diz que não irá iniciar uma cruzada foi assim. O presidente da entidade contra os PMs que fazem bico. Apenas lembra que quando ingressou na Bri- quando houver “constrangimento à sogada Militar, em 1990, o salário gaúcho ciedade” ou “dano à Brigada Militar” é era o terceiro melhor do Brasil, e o nú- que serão tomadas providências.

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“A pergunta que se faz é: por que explica que a contratação de um PM determinadas pessoas podem ter essa para vigilância privada tem seus prós segurança?”, analisa Bonato. O coman- e contras. “O soldado é uma pessoa dante explica que o civil que contrata muito melhor preparada, mas o custoum policial militar acredita que tam- benefício não compensa. Como embém terá os serviços da BM. Se esse presário, eu não faria isso. Ele corre o soldado por um lado ganha um com- risco de sofrer ações trabalhistas, pois plemento salarial, por outro coloca sua não pode assinar a carteira.” Com relavida e sua carreira na ção ao policial, Pitroski corporação em risco. conta que se ele for fla“Se um policial for fe- “Todos sabiam grado em trabalho irrerido (durante o bico), gular pode sofrer uma qual seria o não receberá nenhum punição administratiapoio da Brigada. Ele salário quando va, que varia conforme não pode usar arma- ingressaram na o caso. O oficial diz mentos. E o que mais corporação. O que em Porto Alegre nos preocupa é que o o número de PMs que bico é irregular maior número de morfazem bico tem dimites de PMs ocorrem e ilegal”, diz o nuído devido à fiscaliquando eles estão no comandante zação frequente em babico”, afirma. res e restaurantes, mas Bonato adianta que enquanto o Legalmente, porEstado tiver o segundo tanto, quando aceita o emprego do pior salário da categoria no país essa Estado, o brigadiano se fecha para situação continuará existindo. “Eles quase todas as outras atividades. As precisam sobreviver, é apenas uma únicas opções permitidas são na área questão salarial”, completa. da saúde, como enfermeiro ou médico, e na educação, como professor O comandante do Corpo de – alternativas que se tornam distantes Bombeiros, tenente-coronel Júlio Cédesse PM que ingressou apenas com o sar Marobin, revela que muitos dos ensino médio completo. Diante disso, soldados não conseguem se manter em algumas medidas foram tomadas para Caxias devido ao custo de vida da cidaafastar o policial do trabalho ilegal. Há de. Ele apresenta como possível saída cerca de dois anos foi aberta a possi- para o problema a ampliação do probilidade de aumento na remuneração jeto Polícia Cidadã, no qual o PM fica com o cumprimento de horas extras. O inserido em uma comunidade e não policial pode fazer no máximo três por tem a despesa do aluguel. “Temos de dia, e recebe R$ 14 por hora. O coman- encontrar alternativas. A lei exige atividante Bonato acredita que elevando dade exclusiva, mas não atende plenaesse número o índice de procura por mente o servidor”, avalia. Outra opção atividades paralelas diminua. citada por Marobin, que esteve à frente O tenente-coronel Erlo Pitroski, co- do comando do 12° Batalhão de Polícia mandante do Grupamento de Super- Militar (BPM) por dois anos e meio, é visão de Vigilância e Guarda da BM, a diminuição do contingente, que per-

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mitiria um aumento salarial. “Acho lizar a função, os policiais cobram um que poderíamos ser menos e melhor preço mais baixo, pois, segundo ele, valorizados. Aproximadamente 50% usam a estrutura do Estado. “Se você da atividade se ganha no número de passar em frente a qualquer casa lotérimilitares e 50% na motivação. Se redu- ca vai ver que tem um brigadiano preszíssemos pela metade o policiamento, tando serviço. Eles vendem o trabalho aumentaríamos os salários e igualaría- particular e passam com a viatura da mos o potencial com a valorização do Brigada. Assim, o custo se torna bem policiais”, sugere. menor”, explica. Seguindo esse raciocínio, o PM teConforme o sindicalista, os bicos ria toda a sua energia dedicada ao feitos por brigadianos vêm provotrabalho da segurança pública. Maro- cando uma onda de desemprego na bin projeta que, além de não precisar categoria. E Claudiomir sustenta essa fazer o bico, o brigadiano teria tempo afirmação com números: Caxias do Sul para estudar e, com isso, até melhorar tem aproximadamente 3,5 mil vigilana sua compreensão sobre direitos hu- tes formados, e somente 1,5 mil estão manos e crescer dentro da instituição. empregados. Todos fizeram o curso de O resultado seria uma polícia menos 120 horas-aula em 18 dias seguidos, truculenta e mais eficiente. “O PM é realizado por escolas especializadas. uma peça fundamental para a corpora- Como resposta às queixas que fez à ção. Ser comandante é quase como ser BM, o líder dos vigilantes diz que foi um pai: dar ao policial o que ele preci- recomendado a denunciar os policiais sa sem permitir que se que fazem a atividade desvirtue”, acredita. ilegal. Entretanto, ele “Poderíamos ser afirma que esta não é A alternativa de menos e melhor a política do sindicato. diminuição da tropa, valorizados. Se “Não é nosso interesse se pode parecer intebater de frente com esressante por um lado, reduzíssemos ses policiais, inclusive por outro geraria um pela metade o por medo de retaliagrande problema. Para policiamento, ção”, justifica. onde iriam a metade aumentaríamos Apesar da insatisdos policiais militares fação dos vigilantes, a em exercício? Prova- os salários”, situação dos bicos na velmente, direto para sugere Marobin Brigada Militar não o bico em tempo intetende a mudar. É aceita gral, concorrendo com pela comunidade e toos seguranças formados. O presidente lerada pelo próprio comando da cordo Sindicato Profissional dos Vigilan- poração. Sem a possibilidade de um tes de Caxias do Sul, Claudiomir da reajuste salarial significativo à vista, Silva Brum, conta que há anos vem policiais continuarão trabalhando em apresentando à Brigada Militar notas dois turnos. De farda, por toda a sociede repúdio sobre o trabalho irregular dade. Em traje civil, e ilegalmente, dede PMs no ramo. Claudiomir reclama fendendo apenas quem tem dinheiro que, além de serem proibidos de rea- para contratá-los.

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Querela trabalhista

INIMIGOS NA TRINCHEIRA Candidatura dupla do PDT à Assembleia Legislativa expõe a disputa interna entre o vice-prefeito Alceu e o vereador Vinicius

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Alceu: “Não há eleitorado para os dois. Um pode dançar, ou os dois”

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por ROBIN SITENESKI robin.siteneski@ocaxiense.com.br entar eleger dois deputados estaduais, o vice-prefeito Alceu Barbosa Velho e o vereador Vinicius Ribeiro, dividindo o apoio dos 10.905 filiados do Partido Democrático Trabalhista (PDT) – o maior da cidade em número de correligionários – e uma parcela dos votos entre 310 mil eleitores caxienses, é uma escolha arriscada. Mas a disputa de Alceu e Vinicius vai ainda além de cadeiras na Assembleia Legislativa. O verdadeiro prêmio poderá ser entregue daqui a dois anos: a cabeça-de-chapa na eventual coligação com o PMDB nas próximas eleições municipais. A briga entre os dois expoentes trabalhistas na cidade esquentou com a decisão do diretório municipal de apresentar somente um nome, o de Alceu, para estas eleições. A indicação de Vinicius teve de vir pelo PDT estadual. Desde então, Alceu lança farpas pelo Twitter, questionando até o estado civil do adversário. Vinicius adotou a tática de não comentar o “fogo amigo”, mas o clima nos bastidores do partido, estampado também no rosto de ambos, é de constrangimento. “Não tenho nenhuma dúvida de que o candidato que vale é o indicado pelo diretório municipal. O outro é um candidato furão”, ataca Alceu. “Cada um luta com as armas que tem. Só estou me fortalecendo com esse episódio”, rebate Vinicius. O desgosto de Vinicius com a situação tem raízes antigas. “Todas as conversas que o partido tinha desde 2006, mas principalmente depois da eleição de 2008, giravam em torno do projeto do PDT da minha candidatura”, garante. Nas últimas eleições presidenciais (2006), o vereador foi candidato a deputado federal – Kalil Sehbe se reelegeu deputado estadual – e, apesar de não ter vencido, conquistou votação expressiva, 31.215 votos. Apesar disso, Vinicius diz que não queria uma cadeira na Câmara Federal. “Não era meu objetivo naquela eleição. Em 2004, fui o vereador mais votado em Caxias, e era o meu momento de concorrer a deputado estadual. Em nome de uma sugestão da juventude estadual e da Coordenadoria Regional do partido fui candidato a federal.” Na época, as conversas nos bastidores do partido de Brizola eram que em 2010 Kalil concorreria à vaga em Brasília, como de fato está fazendo, e Vinicius disputaria a Assembleia. No início de 2009, segundo o vereador, as discussões internas giravam em torno de cinco

candidaturas: a dele, a de Alceu e as de Gustavo Toigo, Pedro Incerti, ambos vereadores, e Edson Néspolo, chefe de gabinete da prefeitura. Vinicius acredita que a troca da Executiva do partido, no mesmo ano, tenha contribuído para a sua não indicação. De acordo com Alceu, a sua candidatura foi “uma construção do partido”. “A ideia de me candidatar veio do meu partido. Essa ideia foi se alastrando e, de repente, isso foi levado ao diretório, porque tinha mais postulantes. Houve uma eleição no diretório e uma parcela que estava junto comigo entendeu que deveria ter uma candidatura representando aquelas pessoas.” As pré-candidaturas de Alceu, Vinicius e do vereador Gustavo Toigo se mantiveram até a conferência municipal do PDT. Em 17 de março, o partido se reuniu para escolher sua nominata à Assembleia. O primeiro assunto votado foi se o PDT caxiense deveria apresentar um ou mais concorrentes ao cargo. Segundo Alceu, 26 dos 45 votos (o líder do governo na Câmara, Pedro Incerti, foi o único com direito a dois votos) apontaram que a sigla deveria ter só um candidato. Depois disso, foi escolhido o nome do representante. Alceu venceu, com 25 votos. Vinicius foi indicado por 13 votos e Toigo recebeu seis. Apesar da derrota, Vinicius e Toigo não desistiram. No dia 28 de julho, o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan Júnior, veio a Caxias. Em uma reunião somente com Alceu, Vinicius e Toigo, Bolzan esperava colocar fim ao impasse, que já havia se tornado público. “Achávamos que as três candidaturas eram inviáveis. O diretório estadual queria duas, e o municipal, uma. Toigo desistiu da candidatura logo no começo da reunião, foi o primeiro a falar”, revela o presidente. “O diretório estadual veio a Caxias porque entendeu que três candidaturas eram muito pesadas para a cidade. Foi uma conversa políticopartidário-eleitoral. Pensando em preservar minha imagem, meu trabalho como vereador, e fazer com que o partido saísse o menos chamuscado possível do período pré-eleitoral, resolvi retraçar meu planejamento. Na vida política, é preciso fazer escolhas”, justifica Toigo. Mas as chamas já haviam tomado conta do PDT caxiense. Diferentemente de Toigo, Vinicius perseguiu o desejo de ser candidato. Apoiado pela juventude do partido e pela coordenação regional, Vinicius teve a candidatura aprovada pelo PDT gaúcho em 26 de julho. Tanto ele quanto Toigo e Alceu afirmam que a deci-

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Julio Soares, Objetiva, Divulgação/O Caxiense

são do diretório estadual é a que pre- para cada um. Essa é que é a verdade. valece. “A palavra final é do diretório Fica mal para os dois”, queixa-se Alceu. estadual”, diz Toigo. “Várias instâncias indicam nomes para a convenção esDificuldades semelhantes às tadual e o encontro aprova os nomes do PDT podem ser enfrentadas por ou não”, explica Vinicius. “O diretório outra sigla com dois candidatos a deestadual decide, mas quem conhece a putado estadual, o Partido dos Trabaaldeia são os índios, não os caciques. lhadores (PT). Concorrendo à reeleiA candidatura dele foi uma imposição ção, Marisa Formolo deverá dividir do diretório estadual que a gente tem votos do eleitorado petista com o vereque respeitar, porque a última palavra ador Marcos Daneluz. A avaliação do é deles”, conforma-se Alceu. partido, segundo Daneluz, é que exisMesmo assim, o PDT municipal tem eleitores simpáticos ao projeto do continua apresentando Alceu como PT que não votaram em candidatos da candidato preferencial. “O candidato legenda para a Assembleia nas últimas oficial do diretório de Caxias é o Alceu. eleições. “O Pepe fez 124 mil votos para Praticamente 90% do partido – não deputado federal em 2006. Marisa fez somente o diretório, a militância tam- 54 mil para estadual. Existem 70 mil bém – estão com o Alceu. O partido votos para angariar”, calcula Daneluz. está mais unido do que nunca”, garan- Ele afirma que a disputa interna pelas te o presidente do PDT caxiense, Luiz vagas ocorreu de forma tranquila. “Até Carlos Muniz. existiam pessoas que entendiam que o Muniz considera o pleito de Vinicius melhor era ter apenas uma candidatuuma “candidatura avulsa”. “Ninguém ra. Mas não houve embaraço algum no é candidato de si mesmo. Existe uma processo.” entidade da qual tu fazes parte. Se não Marisa, porém, acredita que tendo for assim, crie um partido e se coloque só um candidato na região a possibicomo candidato. Vinicius saiu muito lidade de vitória seria maior. “Gostaria chamuscado. Especialmente nós, os que tivéssemos uma única candidatura mais velhos, cobramos postura.” Ape- porque o candidato, certamente, teria sar de dizer que “deve ser dado um mais votos. O certo é que na história, passo de cada vez” e que “depende da quando o PT ou o PMDB lançaram votação nesta eleição”, o presidente candidato único, este se elegeu”, arguprojeta Alceu como candidato à prefei- menta. Apesar disso, Marisa afirma tura em 2012, em uma parceria com o que não vê problemas em disputar voPMDB. “Hoje, a aposta do PDT é em tos com outro petista. cima do Alceu. Ele é o “Ninguém de nós do que melhor representa PT vai se constranger No PT, Marisa o partido.” com a campanha de O vice-prefeito é Formolo, que outro companheiro. mais cauteloso. “Eu sou busca a reeleição, É importante manter candidato a deputado as conquistas de 2006. estadual porque esta é e o vereador O partido não decide a eleição que tem hoje. Marcos Daneluz se terá uma ou duas Daqui a dois anos o também dividem candidaturas, sempre meu partido vai decidir o eleitorado para trabalha com a ideia de se vou ser candidato ou ter candidatos que posnão. Mas todo candida- a Assembleia sam ter vitórias”, diz a to que ganhar eleição se Legislativa deputada. No PDT, no fortalece, todo que perentanto, o clima é difeder, enfraquece”, analirente. sa Alceu. As consequências do desacordo in“O partido precisa tomar consterno, porém, são imediatas. O valioso ciência de que não são duas candidatempo da propaganda política obriga- turas excludentes. Elas vêm a somar”, tória no rádio e na televisão, que co- chama a atenção o presidente Bolzan. meça na próxima terça (17), deverá ser Os próximos dias devem seguir tensos atentamente cronometrado por Alceu entre os trabalhistas, mesmo que o pree Vinicius. Cada um terá 10 segundos. sidente municipal e o candidato Alceu “É evidente que nós dois vamos dis- desmintam que o PDT esteja dividido. putar os votos do partido. Ter duas “O partido está unido, 90% comigo. candidaturas enfraquece. Onde você Tem um candidato avulso indicado já ouviu falar que dividindo fortalece? por Porto Alegre e o candidato do PDT Penso que não há eleitorado para os de Caxias. É simples. As pessoas fazem dois. Penso que um pode dançar, ou essa divisão porque querem. Divisão os dois. E se fosse só um, era certo que seria se tivesse 20 para cada lado”, diz se elegeria. Mas vou me eleger, com ou Alceu. “Sempre entendi que o melhor sem furão”, afirma Alceu. Ambos can- para o partido seria manter a vice-predidatos pedetistas buscarão um eleitor feitura, ter um deputado federal e um diferenciado. estadual. A atitude que ele e o partido Vinicius confia em angariar votos tomaram gera prejuízos tanto para o dos jovens, dos idosos, dos movimen- PDT quanto para o governo municitos esportivos e dos escoteiros. Alceu pal”, critica Vinicius. acredita que o movimento tradicioAté o dia 3 de outubro, no entanto, nalista e aqueles que acompanharam qualquer avaliação sobre as conseseu trabalho nos últimos anos deve- quências da desavença interna estará rão votar nele. Reclama, porém, que contaminada pelo fervor eleitoral. O a divisão interna também prejudicou pleito deste ano deverá apontar – muia arrecadação de sua campanha. “Cla- to mais do que se algum dos pedetistas ro que atrapalha ter dois candidatos. ocupará uma cadeira na Assembleia Quando você tem uma campanha só – o resultado de uma briga pessoal. E, você é uma coisa. Por exemplo, tinha também, o caminho para as próximas muita gente que ia dar dois, aí dá um eleições municipais.

Vinicius: “A atitude gera prejuízos tanto para o PDT quanto para o governo” 14 a 20 de agosto de 2010

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O Caxiense entrevista

“EU SOU MUITO

E PRAGMÁTICO” Candidato do PT ao Piratini, Tarso Genro, que articulou a aliança nacional com o PMDB, diz que é preciso “governar com os partidos e suas contradições”

por RENATO HENRICHS, ROBERTO HUNOFF e FELIPE BOFF m uma sala no 4º andar de seu comitê central, em Porto Alegre, o candidato a governador do PT, Tarso Genro, recebeu O Caxiense na tarde de segundafeira (9). Ex-prefeito da Capital (duas vezes), ex-presidente do PT (chamado ao cargo para aplacar o escândalo do mensalão, em 2005) e ex-ministro (da Educação, das Relações Institucionais e da Justiça), o advogado são-borjense de 63 anos tenta pela terceira vez chegar ao Piratini. Primeiro a atender o jornal, Tarso abre a série de entrevistas com candidatos ao governo estadual. O governo Olívio Dutra (PT) adotou a estratégia de não incentivar a atração de grandes conglomerados empresariais, optando por estimular a economia solidária, de pequenos projetos, em especial no campo. Qual será a sua política nesse sentido? O Estado tem condições de não só incentivar a economia solidária e fazer um vasto programa de agregação de valor à agricultura familiar como também de atrair grandes investimentos. Na época em que o Olívio governou a situação aqui no Estado era muito polarizada. Havia uma visão do empresariado local de que as duas coisas se opunham. Na verdade, com as mudanças de paradigma no desenvolvimento econômico que o presidente Lula desenvolveu, já ficou absolutamente demonstrado que as coisas são compatíveis e até complementares. Nós vamos atrair grandes investimentos, seja de fora do Estado, seja de fora do país. O que o senhor acha da guerra de incentivos fiscais entres os estados? Temos que usar induções tributárias para combater os desequilíbrios regionais, gerar competitividade para nossas empresas e incentivar a inovação tecnológica. São os três elementos importantes para que não se pense que indução tributária é algo que você dá para alguém. Isso tem uma finalidade. E essas induções têm que ser acompanhadas no seu resultado para ver se geraram um ciclo virtuoso.

Caco Argemi, Divulgação/O Caxiense

Induções quer dizer reduções? Quer dizer também, mas não só. A guerra fiscal é deplorável, mas é uma realidade. É a mesma coisa que a globalização, tem o lado bom e o lado ruim. A guerra fiscal é boa quando você ganha. Quando gera crescimento em cima de uma batalha que travou com outro Estado. Mas é perversa e negativa porque tende também a esvaziar a arrecadação estadual a partir da necessidade de criar essas induções ou isenções. A globalização é a mesma coisa. Tem o seu aspecto positivo, porque gera uma socialização da tecnologia, integração do desenvolvimento, abre mercados, mas também sufoca as economias locais quando elas não estão preparadas para reagir. O governante precisa ter equilíbrio para saber que passo dar perante essas duas realidades, que são incontornáveis.

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Quando o senhor fala em mudança O Caxiense

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de paradigma, significa que o gover- mos, ele não vai existir. Esse é o com- delito, e nem que esses que você citou processo, é também uma mudança de no Lula entendeu melhor isso? promisso que nós assumimos. sejam. paradigma importante. Eu me sinto Entendeu de uma forma superior a muito mais maduro, e acho que o Rio qualquer governo precedente. A eco- Como o senhor vê a aliança do PT Mas também não são inocentes... Grande está mais maduro para crescer nomia brasileira nunca foi tão inter- com o PMDB na candidatura DilmaNão cabe a mim julgar isso. Estou no ritmo do Brasil e com as mesmas nacionalizada como agora. O Brasil Temer? Coloca o senhor em uma po- dizendo que são figuras que se torna- pretensões. nunca tirou tanta sição desconfortável? ram contraditórias no cenário político vantagem da globaliNão, eu fui um dos nacional, e isso é natural em todos os O PT cresceu com várias tendências zação, à medida que “A globalização autores dessa aliança. partidos. internas. A questão de tendência já é entrou nela com um não é nem um Quando fui coordenauma fase superada no partido? projeto de desenvol- bem, nem um dor político de governo, Essa aliança não implica em uma Não é superada, apenas muda sua vimento, e não apenas formei, sob a orientação oposição diferenciada ao PMDB no conformação. As tendências foram imrecebeu seus efeitos, mal, é um fato do presidente, a alian- Estado, onde o PT é seu adversário portantes até que o PT conseguiu conscomo no governo an- histórico, e os ça PT, PMDB, PDT, PC histórico? tituir um corpo político majoritário terior. do B e PR, apenas para É que no Rio Grande do Sul o PMDB com um programa viável e capaz de tipaíses têm que nos partidos mais se tornou o centro de referência anti- rar o país da letargia. Hoje o que existe saber entrar nela falar O próprio PT entenconhecidos. A entrada PT, anti-esquerda. Hoje o PMDB está no PT é mais movimento do que tendeu isso melhor do para amealhar do PMDB no governo se dentro do governo Yeda. Não é de gra- dências. Até porque, com muitos manque nos tempos do a sua parte” deu sob a minha coor- ça que o governo mais desastrado que datos parlamentares, as tendências se governo Olívio? denação política, minha ocorreu aqui tenha sido do PMDB na tornam um pouco velhas. Os mandaAcho que até os tue do nosso candidato a época do Britto (Antônio Britto, hoje tos têm a sua lógica própria e é difícil canos entenderam melhor. A globali- vice-presidente, Michel Temer. Essa é no PPS). Isso gera essas contradições, que funcionem de uma forma harmôzação tutelada pelo capital financeiro uma aliança nacional necessária, por- transformando o PMDB no centro da nica dentro das tendências respectivas. é um fenômeno recente. O desenvolvi- que ninguém governa sem o PMDB, articulação de centro-direita e o PT Tem disputas eleitorais que os mandamento mais agudo começa no fim da sem o centro. A não ser que vá gover- no coordenador da frente de centro- tos têm que fazer. Se não fizerem, desadécada de 70. Primeiro, era vista como nar com o antigo PFL, como quer fa- esquerda aqui no Estado. parecem, aquelas pessoas deixam de se uma espécie de portal do paraíso, era zer o Serra e como fez o governo FHC. eleger. Eu integro hoje um movimenvendida pelos neoliberais dessa forma. Nós preferimos uma aliança contradi- Se a eleição fosse hoje, segundo o Ibo- to nacional chamado Mensagem, que Depois, começou a se ver a globaliza- tória com o PMDB, que é um partido pe, o senhor e José Fogaça (PMDB) detém a Secretaria Geral do partido e ção como um mal absoluto, e os paí- centrista, do que ficar subordinados ao iriam para o 2º turno. Como é que o ajudou a mudar a correlação de forças ses começaram a desenvolver políticas César Maia e ao Jorge Bornhausen (lí- senhor pretende assegurar uma vitó- internas. protecionistas de novo. A globalização deres do DEM, antigo PFL). ria no 2º turno? não é nem um bem, nem um mal, é um As pesquisas também dizem que no O que o senhor achou da da Dilma no fato histórico universal, e os países têm Na entrada do PMDB no governo o 2º turno eu já teria maioria, entre 4 e 8 primeiro debate presidencial? que saber entrar nela para amealhar a senhor já pensava pontos. Contrariamente ao que estão dizensua parte. Ou seja, compartilhar dela em tê-lo como vice do os analistas, acho que os dois se saí“Aquele pedágio trazendo vantagem para o país. à presidência? Mas de qualquer modo ram bem, tanto o Serra como a Dilma. Sim. O PMDB (de Farroupilha) teria que haver aliança Mas isso favoreceu a Dilma, porque ela Olívio se elegeu, em 1998, com um deve ter o vice na se transformou com outro candidato. é quem está na frente. O debate não slogan que dizia que seu adversário chapa porque é a Ah, mas certamente trouxe nenhum prejuízo para a candiera o pedágio e ele era o “caminho”. única forma de se no símbolo de nós vamos fazer. Não ne- datura da Dilma... Mais adiante, remodelou os con- comprometer, de se um apartheid cessariamente com outro tratos de pedágio, mas manteve o integrar de maneira econômico e candidato, mas com ou- Mas se o senhor tivesse gostado mesmodelo privado. Como o senhor vai plena ao governo e social. No modelo tras expressões políticas. mo do desempenho dela iria dizer convencer o eleitor de que não acon- de reforçar sua funTemos uma tradição, por que só trouxe benefício, não que não tecerá o mesmo com a sua promessa ção de fiel da balan- que propomos, ele exemplo, de ter uma alian- trouxe prejuízo. de dar fim aos pedágios privados? ça centrista. O Brasil não vai existir” ça muito forte com setores Eu sou muito pragmático em termos O que ocorreu no governo Olívio foi precisa de um forte do PP no interior, que são políticos. Tenho que olhar um debate a uma determinação judicial que pediu partido de centro, profundamente ligados à partir da questão eleitoral. São estilos que ele fizesse algumas modificações nacional, mas homogêneo. Homoge- pequena agricultura, gostam do gover- diferentes. Nenhum dos dois tem o caimportantes na época. Pretendo con- neidade que o PMDB ainda não tem, no Lula e nos apoiam. Temos que pro- risma, o treino político ou a capacidavencer o eleitor a partir da sensatez. mas deve perseguir. Ter um vice-presi- curar também os partidos que ficarem de de verbalização do Lula. Ambos são Vou manter e respeitar os contratos, e, dente vai permitir que o PMDB, a mé- fora do debate, lideranças que tenham políticos de alto nível, mas com uma no curso desse respeito, o que me dá dio prazo, se transforme em um par- simpatia pelo nosso programa. É assim linguagem mais técnica, o que leva a dois anos de prazo, vamos fazer uma tido centrista estável e mais coerente. que iremos atuar, até para já ir moldan- este debate equilibrado. discussão com as autoridades locais, do uma maioria na Assembleia. prefeitos, empresários e movimento Mas essa aliança não é por demais O senhor acredita no déficit zero do social, para adotar um outro modelo. contraditória, já que envolve pee- Qual é a diferença do Tarso Genro de Rio Grande do Sul, confia nisso para medebistas como José Sarney, Renan 2002 (ano de sua última disputa pelo ter condições de receber um Estado O senhor já tem uma ideia de que Calheiros e Jader Barbalho? Piratini) para o Tarso Genro de 2010? em condições de governabilidade? modelo é esse? Mas e qual é o outro partido que Acho que hoje todos somos outros, Só se eu tivesse como te responder Temos três elementos importantes, pertenceria a uma aliança que não te- porque o Brasil é outro. o seguinte: este déficit zero que está aí que o próprio movimento de Caxias nha lideranças glosadas, criticadas e é déficit na saúde, na coloca. Primeiro é que a proposta seja contraditórias como essas? Não existe. E o Rio Grande do Sul educação, na seguran“Preferimos ponto a ponto; segundo é que os pedá- Como disse o presidente Lula, “eu te- é outro? ça... Dívidas que o gogios sejam comunitários, tenham uma nho que governar com os partidos que Também, com suas uma aliança verno tem com a saúde, fiscalização direta dos Coredes (Con- estão aí”, com os partidos que elegem grandezas e mesqui- contraditória quase R$ 2 bilhões, por selhos Regionais de Desenvolvimento); pessoas e adquirem posição de força nhezas, debilidades não cumprir as normas e terceiro, utilizar a experiência do go- no Congresso. Para não governar as- e centros de progres- com o PMDB constitucionais. Uma verno federal nas licitações, que pro- sim, só numa ditadura. Tem que se go- so. O presidente Lula do que ficar coisa é você defender porcionou preços até 50% menores do vernar com os partidos e suas contra- mudou o paradigma subordinados a sanidade fiscal do Esque os pedágios atuais. Agora, qual é a dições. Aliás, todos os partidos têm as da política brasileira. ao César Maia tado, que todos nós demoldagem técnica adequada, isso tem contradições internas, não só o PMDB. Mostrou que é possífendemos, e outra é dique ser feito pelos técnicos, e não pelos vel construir consenso e ao Jorge zer que as coisas estão políticos. Até o PT? dentro de uma certa Bornhausen” resolvidas. Não estão. Passamos por uma crise política nos diversidade, crescer Na verdade, apenas não E esse modelo não vale para situações dois primeiros anos do presidente Lula distribuindo renda, se pagou coisas, então como Caxias-Farroupilha... que mostrou que temos contradições sem cair naquela visão financeirista de se manteve um certo equilíbrio. Temos Não. Ali tem um elemento simbólico também. Eu tive um papel de bombei- que a estabilidade se consegue apenas que conseguir uma sanidade fiscal com importante. Aquele pedágio se trans- ro relativamente importante naquela através da recessão econômica. O Con- o Estado crescendo. formou no símbolo de um apartheid oportunidade. Com isso não estou selho de Desenvolvimento Econômico Online | Ouça trechos da entreviseconômico e social. Aquele pedágio vai dizendo que qualquer um daqueles e Social que o presidente organizou, ta em www.ocaxiense.com.br terminar. No modelo que nós propo- companheiros seja culpado de algum e eu fui o grande gerente dele nesse

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André T. Susin/O Caxiense

Lucro filantrópico

Com um serviço profissional, composto por 20 atendentes de telemarketing e 13 motoboys para coletar doações, entidade arrecadou R$ 3 milhões dos caxienses em 2009

VIGILANTE, MAS

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NEM TANTO por GRAZIELA ANDREATTA

presidente da Associação de Apoio a Pessoas com Câncer (Aapecan), com sede em Caxias do Sul, não mora em Caxias. Ele também não vive em nenhuma das 11 cidades onde a entidade tem filiais e postos de atendimento. Emilio de Oliveira, que assina todos os documentos e balanços da empresa, reside em Jacarezinho, município de 40,5 mil habitantes do interior do Paraná, a 880 quilômetros daqui. Na cidade onde mora, Emilio é vigilante e técnico em segurança. E diz, com orgulho, que atua na área há 30 anos. Já trabalhou como vigia na Câmara de Vereadores e na agência da Caixa Econômica Federal da cidade. Hoje presta serviço em uma empresa privada no turno da noite. É isso mesmo: o presidente da milionária Aapecan, que arrecadou pelo menos R$ 7.758.464,51 – conforme os balanços de sua sede, em Caxias, e de cinco de suas filiais no Estado –, é vigilante noturno. No Paraná. Evangélico, Emilio diz que frequenta os cultos da Igreja Quadrangular e costuma doar dinheiro à Legião da Boa Vontade (LBV) e a uma entidade da região de Jacarezinho que ajuda pessoas com problemas relacionados a álcool e drogas. Para o vigilante, a Aapecan é mais uma das organizações que auxilia sem receber compensação financeira pelo trabalho, afinal, a diretoria da associação não é remunerada. O presidente da entidade caxiense nunca morou em Caxias, fez toda a vida em Jacarezinho, onde já concorreu duas vezes, sem sucesso, a vereador. Emilio conta que conheceu a Aapecan “através de um amigo”, que teria lhe entregue materiais gráficos e o incentivado a conhecer o trabalho realizado com os doentes. “Tivemos reuniões em Caxias e eu sugeri que quando surgisse uma vaga na diretoria eu estaria disponível para trabalhar.” E, simples assim, virou presidente.

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Ele não acompanha de perto o trabalho da entidade que preside, obviamente, porque mora no Paraná. Mas diz que fica a par de tudo nas viagens que faz a Caxias. Também não sabe precisar com que frequência se desloca para cá, mas garante que está aqui “sempre que precisa”. Diz que participa de reuniões com o contador, a diretoria e os pacientes, e não se incomoda com as idas e vindas, pois “quem não vive pra servir não serve pra viver”. Emilio atendeu O Caxiense gentilmente. Nas duas vezes em que foi contatado, por telefone, respondeu a todas as perguntas e se despediu com um “Deus te abençoe”. Mas, apesar dessa aparente disponibilidade, localizá-lo não foi fácil, porque a própria Aapecan não quis fornecer seu telefone nem seu endereço. O diretor executivo da Aapecan, Paulo Siqueira Vasques, jamais mencionou ao jornal que o presidente morava no Paraná e participava pouco do dia a dia da organização. Emilio afirmou desconhecer as reportagens d’O Caxiense sobre a Aapecan. Disse também que não conhece todos os membros da diretoria. “Parece que teve uma troca ali, mas eu não sei quem assumiu”, justificou. Durante a entrevista, lembrou-se apenas do vice-presidente, Odanir Antonio Tomazzo, que morreu em maio, vítima de câncer – Tomazzo era escritor e ocupava uma cadeira na Academia Caxiense de Letras, que chegou a presidir entre 2003 e 2007. Emilio não soube dizer à reportagem os nomes do tesoureiro e do secretário da entidade que preside. O presidente da Aapecan também alegou desconhecer outras informações importantes a respeito de funcionários, como o supervisor de recursos humanos, Cláudio Ciusz, que chegou a ser preso em 2006 sob suspeita de integrar uma quadrilha responsável pelo desvio de pelo menos R$ 30 milhões de duas organizações não governamentais que atuavam no auxílio a pessoas com câncer no Paraná.

Presidente da milionária Aapecan mora no interior do Paraná, a 880 km de Caxias, onde trabalha como vigia noturno

As ONGs eram o Grupo de Apoio a Pessoas com Câncer (GAPC) e a Associação Brasileira de Assistência a Pessoas com Câncer (Abrapec), que mantinham 50 filiais em todo o Brasil e usavam um sistema de telemarketing para arrecadar dinheiro, exatamente como faz a Aapecan. Na época, 16 pessoas foram presas e indiciadas. Ciusz era o chefe de arrecadação das organizações em Foz do Iguaçu. Ele ficou preso alguns dias e depois foi liberado. Mas o processo foi remetido ao Ministério Público de Curitiba, que denunciou Ciusz, junto com os outros indiciados. O caso tramita na 2ª Vara Criminal da capital parananse. Ciusz conversou com O Caxiense por telefone, mas apenas por alguns minutos. Disse que veio para Caxias porque gosta de atuar em ONGs. Mas não quis falar sobre a prisão no Paraná, por entender que o fato “não vem ao caso”. A entidade para a qual Ciusz trabalha hoje nunca demonstrou ter arrecadado R$ 30 milhões, como as ONGs paranaenses. Mas somente a matriz, em Caxias, captou no ano passado R$ 3.083.160,52 em doações da comunidade e alguns eventos. Apenas 1/3 desse total foi gasto em filantropia. Por causa da alta arrecadação e das queixas de pessoas que não gostam da abordagem das atendentes de telemarketing para pedir dinheiro, a entidade passou a ser objeto de duas investigações. Uma delas foi realizada pelo Conselho Municipal de Assistência Social, que produziu um relatório no qual aponta problemas na prestação de contas da Aapecan. O documento foi entregue ao Ministério Público Estadual. O segundo procedimento foi instaurado pelo próprio MP, que remeteu o caso a Porto Alegre, onde está sendo apurado pela Promotoria Especializada Criminal. Na quinta-feira (11), em sua reunião ordinária, os conselheiros decidiram procurar novamente o MP para obter informações sobre o andamento da investigação.

Nesse mesmo dia, o Conselho Municipal de Saúde também se reuniu e decidiu anular o atestado de pleno e regular funcionamento que havia sido concedido à Aapecan pelo presidente do órgão, Paulo Cardoso Alves. Como ele havia assinado o documento sem consultar os demais conselheiros, a certificação foi considerada inválida. A secretária municipal da Saúde, Maria do Rosário Antoniazzi, também apresentou um estudo realizado pelo departamento jurídico da Secretaria a respeito da Lei 12.101, regulamentada em 20 de julho deste ano, que rege a filantropia no país. Segundo a análise, a Aapecan não poderia ser considerada entidade de saúde nem que o Conselho tivesse aprovado. “Para ser entidade de saúde tem que ter convênio com a Secretaria Municipal de Saúde e ofertar serviços do Sistema Único de Saúde em um percentual mínimo de 60%. Não tenho absolutamente nada contra a Aapecan, mas de acordo com a lei em vigor no país hoje ela não é uma entidade de saúde”, diz Maria do Rosário. O atestado de pleno e regular funcionamento não dá às entidades nenhum tipo de vantagem tributária. Mas é um pré-requisito importante para que elas possam, por exemplo, concorrer a verbas públicas. É também um documento necessário para que uma empresa possa requisitar ao Ministério da Justiça o certificado de filantropia, o que lhe daria vantagens no pagamento de impostos. O presidente da Aapecan, Emilio de Oliveira, afirmou que telefonaria ao diretor executivo, Paulo Siqueira Vasques, para buscar mais informações sobre os fatos que ele diz desconhecer em relação à entidade. Também se colocou à disposição da reportagem para conversar assim que vier a Caxias. Só não prometeu uma data para a entrevista, porque, segundo Emilio, já estamos no mês de agosto e este ano ele não deve mais vir à cidade, “a menos que tenha alguma emergência”.

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Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Melhores Vinhos

Anselmo comemora os cinco troféus dos vinhos Don Giusepp, resultado do trabalho cuidadoso do pai Edson: “Em todos os segmentos tem que ver o produto como um filho”

incentivo que

VALE OURO Q

por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

uando a vinícola Don Giusepp foi chamada para receber cinco premiações na noite do Concurso dos Melhores Vinhos de Caxias na quarta-feira (11), Anselmo Pelicioli Cembrani, de sete anos, terno e sapato pretos, e dois dentes da frente faltando, pegou um dos prêmios, foi até a beira do palco e ergueu o troféu com as duas mãos num gesto que lembrou o babuíno erguendo Simba no filme O Rei Leão. O pai de Anselmo e proprietário da Don Giusepp, Edson Antônio Cembrani, fala rápido, gesticula muito, e quase a cada frase cita o apoio da família para o sucesso da vinícola que mais recebeu prêmios nesta 13ª edição do concurso. Foram dois troféus de ouro, para vinho branco de mesa e tinto vinífera, e três troféus de prata, para rosado de mesa, branco vinífera e tinto vinífera engarrafado. “A gente está sempre entre os melhores. Ninguém gosta do segundo lugar, verdade seja dita. Fazemos tudo com qualidade, desde o parreiral. Em todos os segmentos tem que ver o produto como um filho. É o teu nome que está no mercado”, diz Cembrani. A cantina familiar, que fica em Forqueta, produz vinhos de mesa (produzidos com uvas comuns) e vinhos finos (produzidos com uvas viníferas). Como trabalha com os dois segmentos, Cembrani diz que sente-se seguro em afirmar que se tivesse ficado apenas no ramo dos vinhos de mesa, não teria se mantido no mercado. “Porque tem uma grande parcela do público que busca o que tem de melhor, que está tendo paladar mais apurado para vinhos viníferas”, explica. A projeção

da Don Giusepp é continuar investindo nos vinhos finos e nos espumantes, mas Cembrani diz que sabe das dificuldades: “O mais difícil hoje é vender. O trabalho na conquista do mercado é de formiguinha. São muitos concorrentes e somos uma marca nova, que surgiu em 2006”, explica.

Nesta edição do Melhores Vinhos – evento realizado todo ano pela Secretaria da Agricultura, Pecuária e Abastecimento com a Rede de Vinícolas de Caxias do Sul (Revinsul) – foram analisadas 229 amostras, de 55 cantinas, em sete categorias, entre elas, o suco de uva. Quem recebeu troféu de ouro somou pontos superiores a 90. Troféu de prata foi entregue para quem ficou entre 85 e 89.5, e bronze para 80 e 84.5. As amostras foram avaliadas por 32 enólogos. Élio Damir Bampi, proprietário da vinícola que leva seu sobrenome, especializada em vinhos de mesa, recebeu quatro prêmios no concurso (ouro para vinho branco de mesa e tinto vinífera, e prata para branco vinífera e tinto vinífera engarrafado). Bampi se orgulha de ter sido premiado desde o primeiro concurso. “Ano passado recebemos cinco medalhas de ouro”, diz, sorrindo. Ele atribui o reconhecimento à boa matéria-prima – 40 mil m² de parreirais cobertos no interior de Forqueta – ao cuidado e dedicação na elaboração do vinho, feita pelo próprio filho, e aos serviços de um bom enólogo. Delto Garibaldi, responsável técnico pelos Vinhos Bampi, foi o enólogo destaque desta edição. O prêmio é atribuído ao enólogo responsável pela amostra com a maior nota no concurso. Para Bampi os vinhos em Caxias me-

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Concurso estimula cantinas a aprimorar seus produtos e a buscar a identidade vinícola que Caxias ainda não tem

lhoraram consideravelmente. “A gente sabe que tem vinho bom. É que nem por um time bom para jogar e vencer a partida. Por isso para nós não foi surpresa hoje. Quem não tem vinho bom, tem que patinar, porque as empresas não vão querer engarrafar”, diz o proprietário, cuja produção de vinhos é vendida quase inteiramente a granel.

tão pesada quanto os vinhos daqui. Para o presidente da Revinsul, Caxias tem empresas apostando forte nos espumantes e nos sucos de uva, dois mercados, segundo ele, em franca ascensão: “Mas por enquanto. Sabemos que vai saturar. Quem não estiver bem preparado vai sofrer mais”, prevê Gasparin.

O enólogo Nelson Rotta Randon gosta tanto de vinhos que a gravata que escolheu para assistir a premiação tinha desenhos de garrafas, uvas, folhas de parreira e saca-rolhas. Ele diz que o vinho caxiense está resgatando o poderio e a qualidade que tinha antigamente. “Hoje a tecnologia voltou às pequenas cantinas que haviam esquecido de progredir. Estamos nos assemelhando aos bons vinhos do Velho Mundo, como França e Itália.” O investimento se reflete na qualidade dos vinhos, segundo Randon, a ponto de ficar “difícil premiar poucos”: “Temos vinhos aqui que na avaliação nacional despontam entre os 15 melhores há vários anos. Além disso, o concurso aumenta o interesse em engarrafar, o que significa mais ganhos”. A melhora na qualidade do vinho, segundo o enólogo André Gasparin, foi uma obrigação às empresas que quiseram manter-se no mercado. “A vitivinicultura no geral evoluiu bastante com a abertura do mercado e Caxias também acompanhou. A dificuldade ocorre pela antiguidade do mercado mundial do vinho, que precisa ter padrão de qualidade, clientela e preço”, diz ele, ressaltando as dificuldades em manter-se entre a concorrência, principalmente entre os importados – que não precisam carregar carga tributária

Na opinião do enólogo Luiz Antenor Rizzon, que coordenou a banca dos avaliadores do concurso, falta em Caxias uma identidade para o vinho. Hoje há muitos produtores vendendo uvas para cantinas, e Rizzon propõe um modelo diferente: que eles produzam também o binho. “A grande quantidade de variedade lançada no mercado não faz com que a gente tenha identidade do nosso vinho. Principalmente dos vinhos finos. Quando se começa a conhecer, muda de variedade. Eu acho que teria que se buscar qual uva que se adapta bem, qual a aptidão enológica da região. Essa busca da identidade é o maior desafio da nossa vitivinicultura.” Para ele, um vinho produzido na Terceira Légua, por exemplo, tem características que não existem em vinhos de nenhum outro lugar do mundo, e são justamente essas peculiaridades que precisam ser buscadas. “Produzimos vinhos de uma maneira geral. E o vinho realmente são uma bebida distinta. O que faz dele diferente é essa identidade”, diz. Despertar nos vitivinicultores o orgulho de saber que seu produto tem qualidade suficiente para ser premiado é o objetivo do concurso dos Melhores Vinhos, um primeiro passo para buscar esse reconhecimento que almeja Rizzon. 14 a 20 de agosto de 2010

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Artes artes@ocaxiense.com.br

Ponte sobre o rio adaga por Marco de Menezes

fosse rio cortaria a face jovem que ali se espelha fosse rio cortaria os pés dos pés de salso chorão que ali declinam a sede fosse o rio cortaria ao meio-dia os cascos dos cavalos a ponta das esporas o áspero das botas fosse rio insistiria na face do jovem que agora se inclina como um chorão sobre a água insistiria sobre as ramas da beira

sentiria os pés cansados a mover e a sombra e a luz amarela dentro de si, rio âmbar e como âmbar acolheria este corpo tragaria o pálido jovem acolheria suas modestas incertezas como um cardume de dúvidas como o movimento de folhas aquáticas como as pedras cegas do fundo e a mancha deixada lá por uma estrela Do livro Fim das coisas velhas, editora Modelo de Nuvem, 96 páginas, R$ 20. Leia a resenha na página 19.

Participe | Envie para artes@ocaxiense.com.br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

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Vasco Machado

| Costeando o Rio Uruguai | Na obra de Vasco Machado, marcada pelo regionalismo gaúcho, os hábitos do homem do campo, o cenário dos pampas e os detalhes do cotidiano são temas recorrentes. Nesse óleo sobre tela, três gerações passam lentamente pelo Rio Uruguai. Nas telas de Vasco, costuma-se andar devagar, um jeito de conseguir capturar a paisagem e aprisionar o tempo.

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Remy Bisol, Acervo do Arquivo Histórico Municipal/O Caxiense

Acervos em transição

TECNOLOGIA DIGITAL, MEMÓRIA ANALÓGICA Semana da Fotografia realiza oficinas e debate a estética e a importância do registro fotográfico como documento histórico

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por Cíntia Hecher cintia.hecher@ocaxiense.com.br dito popular que uma imagem vale mais do que mil palavras nunca esteve tão em voga. Com a fotografia digital tudo permite-se ser clicado, registrado, corrigido e divulgado com velocidade impressionante. Ou deletado. O mercado também é amplo, criando possibilidades dessa geração de imagens para diversos segmentos. Moda, publicidade, eventos, filmes, jornalismo. Incontáveis possibilidades à distância de um clique. Para discutir o avanço da fotografia digital e celebrar a memória da fotografia analógica, Caxias dedica uma semana inteira na sua programação cultural. Iniciativa que merece ser documentada. De acordo com a fotógrafa Liliane Giordano, o mercado está em franca expansão. Ela trabalha com cursos de fotografia e conta que a procura e a quantidade de alunos é grande. “Quatro ou cinco alunos vão montar seus próprios estúdios”, diz, para comprovar esse crescimento. Liliane afirma que esse avanço se deve à facilidade de informação. “As pessoas estão vivenciando esse mundo praticamente 100% visual. Uma foto transmite e resume uma informação”, diz Liliane. Muitas atividades são oferecidas para responder à procura por atualização. “Há para todos os públicos e todos os gostos.” O diferencial é a busca por equipamentos, que não se resumem a uma simples câmera digital amadora, mas sim a amadoras avançadas, semi-profissionais e até as profissionais em si, o que resulta em alto investimento. Com isso, a linha entre o hobby e a adoção da fotografia como meio de vida torna-se mais tênue. A própria Liliane é exemplo. Ela conta que depois de 17 anos entre computadores, após se formar em Informática, decidiu se dedicar ao que sempre gostou. “Com o primeiro salário do meu primeiro emprego comprei uma câmera.” Amor a essa arte também motivou o bancário Joel Jordani, falecido neste ano, quando começou a desenvolver paralelamente suas atividades fotográficas em 1975. Ele foi um dos fundadores do Clube do Fotógrafo Amador. Segundo seu filho, Guilherme Jordani, o que era inicialmente um passatempo abriu caminho para o mercado. “Ele era solicitado pelo olhar diferenciado, singular. Era um verdadeiro apaixonado. No acervo dele há desde nu artístico a macro de flores e insetos.” Joel teve os passos seguidos pelo filho, sempre envolvido e acompanhando o pai, que conside-

ra um grande artista. “Ele dizia a foto era a expressão do espírito dele, da sua liberdade”, diz Guilherme. Outro fundador do Clube do Fotógrafo é Aldo Toniazzo, que responde pelas fotografias do projeto Elementos Culturais da Imigração Italiana no Nordeste do Rio Grande do Sul (Ecirs), da Universidade de Caxias do Sul (UCS). Para ele, a fotografia é muito mais importante como documento do que arte. “Mas quando podem ser arte? Eis a questão. Tem muito camarada que aperta botão e se acha artista. Fotografar é registrar a memória.” Admirador dos velhos tempos, ele conta que a fotografia analógica é muito mais interessante, pelo trabalho criterioso que exige. “Tinha que saber fotografar, se especializar mais... Porque não tinha como saber o resultado na hora. Hoje se está bom, está bom, se não, deleta.” No Instituto Memória Histórica Cultural (IMHC), que ampara o Ecirs, há uma exposição com algumas de suas fotos tiradas por conta do projeto. Toniazzo explica que o seu trabalho é realizar um levantamento cultural. “Andei no interior, meio do mato, peral, lugares perigosos. Numa dessas até caí numa cova em um cemitério. Nem sei se tinha alguém dentro, quando vi já estava fora”, brinca. Ele aponta uma foto de alguns baldes onde se armazenava água, bacias e uma espécie de pia rústica de cozinha, característica da colônia. “Tu não conhecia né? Se não fosse a foto tu não ia saber como é”, explica. Toniazzo classifica a fotografia contemporânea como volátil, referindo-se à manipulação e armazenamento digital. “Hoje a fotografia é mentirosa. Foto é documento, para o bem ou para o mal.” Quem viveu a fotografia na cidade foi Mauro de Blanco, atualmente com 87 anos. Ele veio para Caxias como retocador de fotos, a convite de Giacomo Geremia. Como fotógrafo, diz que “passou por tudo”: moda, jornalismo, crianças, eventos e fotografia industrial. Hoje, ele quase não sai de casa, diz que “a carga dos anos” o impede, e abandonou a fotografia. “Eu não enjoei dela, ela que enjoou de mim!”, brinca. O mercado atual lhe causa estranheza. “Qualquer um se estabelece e diz que é fotógrafo, qualquer um diz que é professor. Está tudo diferente.” Para Mauro, tudo está muito acessível, com câmeras em telefones, máquinas minúsculas que até crianças usam. “A fotografia tradicional acabou”, sentencia. Para celebrar essa atividade, sera realizada, de 16 a 22 de agosto,

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a primeira Semana da Fotografia. De acordo com uma das organizadoras, Carine Turelly, da Unidade de Artes Visuais da Secretaria Municipal de Cultura, a programação vai oferecer eventos gratuitos e abertos ao público. O primeiro dia, terça-feira, terá uma reunião do Clube do Fotógrafo na sala de cinema do Ordovás, às 19h30, onde os membros debaterão a XXVI Bienal de Arte Fotográfica Brasileira em Preto e Branco, realizada de 4 a 6 de junho, e mostrarão alguns de seus trabalhos. Na quarta, às 19h30, a mesa redonda formada pelas professoras Cleodes Maria Piazza Julio Ribeiro e Silvana Boone e pelo fotógrafo Aldo Toniazzo terá como tema Fotografia – documento, estética e memória. No dia seguinte, será realizada uma edição especial do Caminhos da Memória, a partir das 19h, saindo do Museu Municipal. A caminhada percorre os prédios históricos do Centro para que os participantes possam fotografar. Na sexta, das 19h às 22h, é vez de uma oficina de light painting, técnica em que se desenha com uma luz, geralmente lanterna, em um ambiente escuro e com tempo maior de exposição da máquina fotográfica, ministrada por Myra Gonçalves e Liliane Giordano. Será na Casa das Oficinas, na Estação Férrea, com vagas limitadas, apenas 30. No sábado, das 8h às 12h, a oficina também fica por conta de Myra Gonçalves e Liliane Giordano, com 20 vagas para interessados em aprender sobre Revelação Fotográfica em Preto e Branco, no laboratório do Cetel – Bloco T, na UCS. De acordo com Carine, a programação busca atingir várias públicos. “Não pode ficar aquém da comunidade.” A ideia é partilhar um olhar histórico e significativo da cidade, para fomentar a linguagem da fotografia em Caxias. Para o presidente do Clube do Fotógrafo, Adriano Soldatelli, a oportunidade é ideal para resgatar um pouco do que a fotografia representa na história como memória. Fotografias que traduzem a história da cidade são, segundo Soldatelli, registros que ninguém apaga. “Mostram a evolução da cidade. A diferença é brutal. E mostrar é diferente de só falar. Sem as fotos, ninguém saberia se algo é verdade.” Segundo Soldatelli, “um simples registro pode marcar uma época.” Fotografias marcam espaço, tempo, local. Marcam sentimentos, sensações, desejos. O mestre Henri Cartier-Bresson, definiu perfeitamente a missão de quem tem uma lente entre o olhar e o seu objetivo: “fotografar é colocar na mesma linha de mira a cabeça, o olho e o coração”.

Remy Bisol revelou a foto de um teste de flash no seu estúdio, em 1965. Em tempos digitais, essa fotografia provavelmente teria sido excluída dos arquivos 14 a 20 de agosto de 2010

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Guia de Cultura

por Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

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Steven Vaughan, Divulgação/O Caxiense

Cinema | A Origem

O tamanho dos seus sonhos por CÍNTIA HECHER Que ninguém comece a gritar “toca Raul” com essa, mas preciso mencionar um trecho de uma de suas músicas. Em Prelúdio, o Maluco Beleza canta que um sonho que se sonha só é só um sonho que se sonha só, mas sonho que se sonha junto é realidade. Parece que Christopher Nolan, diretor de A Origem, ouviu esse som e criou um filme para ilustrar essa frase. Nele, Dom Cobb, interpretado por Leonardo Di Caprio, é o melhor no que faz: roubar informações. Não é um espião normal, pois o negócio dele é entrar na mente das pessoas enquanto sonham e lidar com as situações apresentadas pelo subconsciente para conseguir o que quer. Cobb é atormentado pela lembrança da esposa, que o torna vulnerável e imperfeito, mostrando que o mocinho pode ter várias facetas. Para realizar o trabalho de sua vida, que permitirá a ele se reunir novamente com seus filhos, o buraco é mais embaixo. Nada de cavocar segredos, mas sim colocar uma ideia na mente de um jovem empresário. Plantá-la, como uma semente. Torná-la contagiante, como uma doença. Daí vem o título, tanto em inglês (Inception) como em sua versão competente em português, fato que, convenhamos, não é lá muito comum. A ideia terá que ser inserida tão profundamente que o dorminhoco em questão pense que ele mesmo a criou. Para isso, uma equipe especial é utilizada. Entre eles, a arquiteta Ariadne (Ellen Page, a adolescente grávida de Juno) é recrutada. Todo um equipamento, sedativos e técnicas são apresentados para injetar um pensamento que crie raízes e vingue. O filme é quase metalinguístico se levarmos em conta que cinema, afinal, é feito de sonhos. Toda a atmosfera de uma sala manda o recado: quando as luzes se apagarem, fique confortável e deixe-se levar. Em A Origem, o sonho que se sonha junto é tão realidade que há o perigo de se perder no labirinto do que é ou não real. “O maior perigo é perder a noção da realidade”, diz Cobb. A realidade é um conceito abstrato e os sonhos refletem isso, com sua maneira de nos envolver. Não importa, porém, se é tudo real, tudo sonho ou meio a meio. O importante é que esse filme nos prende com filosofia, ação, romance e a crença de que tudo é possível. Se Fernando Pessoa tem em si todos os sonhos do mundo, Nolan tem um sonho dentro de outro sonho dentro de mais um sonho. A música-chave do filme, um aviso, é Non, Je Ne Regrette Rien, na interpretação histórica de Edith Piaf. A música fala sobre não se arrepender de nada e começar do zero. Lugar mais perfeito que um sonho para recomeçar não há. l A Origem | Suspense. 13h10, 16h, 18h50 e 21h40 | Iguatemi Dirigido por Christopher Nolan. Com Leonardo Di Caprio e Marion Cotillard. 14 anos, 148 min., leg.. Online | Assista aos trailers dos filmes que estão em cartaz em www.ocaxiense.com.br.

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O Caxiense

14 a 20 de agosto de 2010

Em A Origem, um espião especializado em roubar ideias é convocado a implantá-las na mente humana através dos sonhos

CINEMA l Cinema Paradiso | Drama. Quinta (19), 15h | Ordovás Para comemorar o aniversário de um ano do projeto Matinê às 3, este clássico italiano onde homem volta à cidade natal e relembra seu crescimento e envolvimento com o cinema. 14 anos, 123 min., leg.. l O Aprendiz de Feiticeiro | Aventura. 14h, 16h30, 19h e 21h20 | Iguatemi Feiticeiro combate o mal diretamente de Manhattan. Para ajudá-lo contra arqui-inimigo, ele recruta jovem para aprender tudo o que sabe. Dirigido por Jon Turteltaub. Com Nicolas Cage e Monica Belucci. 10 anos, 101 min., dub.. l O Pequeno Nicolau | Comédia. Quinta (19) a domingo. 20h | Ordovás Inspirado em uma história em quadrinhos francesa, filme fala de menino que se apavora ao pensar que a mãe está grávida e o novo irmãozinho tirará toda a atenção que lhe é dada. Dirigido Laurent Tirard. Com Maxime Godart e Valérie Lamercier. Livre, 91 min., leg.. l Os Mercenários | Ação. 14h10,

16h40, 19h10 e 21h15 | Iguatemi Junte astros de filmes de ação que protagonizaram clássicos como Rambo, Mestres do Universo, Duro de Matar, Carga Explosiva, Exterminador do Futuro, Romeu tem que morrer etc. com Mickey Rourke e uma atriz brasileira (Gisele Itié) para lembrar que o conflito do filme tem algo a ver com a América Latina. Filmado no Brasil. Nenhum macaco foi maltratado ou dado de presente durante as filmagens. Dirigido por Sylvester Stallone. Com Sylverster Stallone e Jason Statham. 16 anos, 90 min., leg.. AINDA EM CARTAZ – Boleiros, era uma vez o futebol. Comédia. Sábado, 15h. Cinema AD. Ordovás | Eclipse. Aventura. 21h30 (dub.). Iguatemi. 20h. Domingo, 17h30. (dub.). UCS | Meu Malvado Favorito – 3D. Animação. 13h30, 15h40, 17h50, 20h e 22h. Iguatemi | Meu Malvado Favorito. Animação. 13h40, 15h50, 18h e 20h10. Iguatemi | O Segredo dos Seus Olhos. Drama. 20h. Ordovás | Salt. Ação. 18h40 e 22h10. Iguatemi | Shrek Para Sempre. Animação. 14h20 e 16h20. Iguatemi | Toy Story 3. Animação. 16h30. Domingo, 15h30. UCS | INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Prefe-

rencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255. | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2.462. 3221-5233.

TEATRO l A Comédia dos Erros | Quinta (19), 20h | Adaptada de Shakespeare, a peça trata da vida de dois pares de gêmeos idênticos separados na infância, que se

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reencontram na vida adulta. A apresentação comemora o Dia do Artista de Teatro e lança a programação oficial do 12º Caxias em Cena. Teatro Municipal R$ 10 (público em geral) e R$ 5 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Cinta-Liga/Desliga | Sábado e domingo, 20h | Núcleo Trompas de Falópio apresenta trio de palhaças, Aline Tanaã, Grasi Muller e Odelta Simonetti, em busca de um pretendente amoroso. Teatro do Sesc R$ 10 (público em geral), R$ 8 (antecipado) e R$ 5 (comerciários, estudantes e sênior) | Moreira César, 2.462 | 32215233 l O torto e o duplo | Sexta (20), 20h | Zica Stockmans transformou seu projeto de pós-graduação em um monólogo. A inspiração para a personagem é o que observou durante sua pesquisa: mulheres de rua. Participação de Marcelinho Silva na percussão. Casa de Teatro – Tem Gente Teatrando Entrada franca | Olavo Bilac, 300 (esquina com Regente Feijó) | 3221-3130 l Revista da Casa | Sábado, 20h30| A segunda edição deste evento traz expoentes de diversas artes da cidade. Na música, Projeto Ccoma, Tita Sachet com Marcelinho Silva, Lázaro Nascimento e Gustavo Viegas, Marcos de Ros e Luiz Ortiz com Viviane Pasqual. Na literatura, contação de história pela Elaine Pasquali e recital de poesia com Marco de Menezes. No cinema, uma animação de Janete Kriger. No teatro, os bonecos de Paulo Nazareno. Na dança, Cris Lisot. Nas artes plásticas, arte digital do fotógrafo do jornal O Caxiense, André Tiago Susin, sobre obra de Rita Brugger. Casa de Teatro – Tem Gente Teatrando R$ 20 (público em geral) e R$ 10 (estudante, sênior e membro da classe artística) | Olavo Bilac, 300 (esquina com Regente Feijó) | 3221-3130

PALESTRA l Luz do Verbo | Quarta (18), 20h | Marco de Menezes e Nivaldo Pereira realizam mais uma edição, desta vez com o tema Se oriente (pela constelação de Hesse). Junto a projeção de imagens, o ator Maquiam Silveira fará leituras dramáticas do autor Herman Hesse e seu romance Sidarta. Swami Sagara e grupo tocam mantras indianos, com presença de Vini Rocha, Tomás Seidl e Fernanda Módena. Livraria Arco da Velha Entrada franca | Os 18 do Forte, 1.690 | 3028-1744

EXPOSIÇÕES l A Beleza de Ser | De segunda a sexta, das 9h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 15h às 21h |

O fotógrafo Ângelo Coffy mostra sua arte entre 21 obras de fotógrafos brasileiros que retrataram o cotidiano dos portadores da síndrome de Down. Saguão do Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316 l Mostra da Oficina de Decoração com Garrafas Pet | De segunda a sexta, das 8h30 às 18h30. Sábados, das 8h30 às 12h30 | Resultados da oficina ministrada no Programa O Bairro Faz, em Forqueta, ministrada por Dirce Binotto. Espaço Cultural da farmácia do IPAM Entrada franca | D. José Baréa, 2.202 | 4009-3150 l 4ª Mostra Caxiense de Plastimodelismo | Sábado e domingo, das 10 às 21h | Montar minúsculos aviões e carros é o hobby dos expositores reunidos pela quarta vez em Caxias. Quem quiser ver corre o risco de virar um modelista ou de ganhar alguns dos brindes que serão sorteados. MartCenter Entrada franca | RSC-453, 4140 | 32271977 l Tempo de Costurar | Mostra de patchwork, técnica de origem egípcia, com trabalhos de artistas da Associação Brasileira de Patchwork e Quilt. Hall – Campus 8 Entrada franca | RS-122, km 69 | 32899000 AINDA EM EXPOSIÇÃO – Abstrato Contemporâneo. De terça a sábado, das 17h às 21h. Galeria em Transição. 8404-1731 | Arte em Rede. De segunda a sexta, das 8h30 às 18h e sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal – Casa da Cultura. 3221-3697 | Pequenas Crises. De segunda a sexta, das 9h às 21h. Casa de Teatro – Tem Gente Teatrando. 3221-3130 | Um olhar sobre a CIC. Segunda a sexta, das 9h às 21h. Sábados e domingos, das 15h às 21h. Ordovás. 3901-1316

LITERATURA l Coleção Palavra Rimada com Imagem | Segunda (16), das 18h30 às 21h | Rosinha Campos, autora e ilustradora vai falar sobre livros infantis. Uma pesquisa sobre o cordel, baseada na obra do poeta Leandro Gomes de Barros, e o cordel em sala de aula também são temas da conversa. As inscrições estão encerradas. Secretaria Municipal de Cultura Entrada franca | Augusto Pestana, 50 | 3901-1388 l Criúva, um povoado brasileiro | Quinta (19), 18h | Lançamento do livro de Luiz Antônio Alves sobre a história e o patrimônio cultural do interior da região serrana, focando-se no distrito caxiense de Criúva. Secretaria Municipal de Cultura Entrada franca | Augusto Pestana, 50 | 3901-1388

Literatura | Fim das coisas velhas

MÚSICA l Upir Rock Festival | Rock. Sábado, 16h | As bandas Fire Symphony, Bistro, Enemywork e Baby Sitters tocarão seus sons que vão do rock clássico ao metal mais pesado, passando pelo hard rock. A abertura fica por conta da The Essence. Eco Music Bar R$ 10 (antecipado) e R$ 15 (na hora) | Os 18 do Forte, 2.187 | 3215-6890 l Villa-Lobos, o menino Tuhu | Sábado, 20h30; domingo, 17h e 20h30| O grupo de teatro Expressão, do colégio La Salle Carmo e os coros e a orquestra do La Salle Caxias apresentam homenagem ao maestro e compositor Heitor Villa-Lobos, levando mais de 100 participantes ao palco. O musical foi contemplado pelo Financiarte 2009. Teatro Municipal R$ 5 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Ana Jardim e Mayron de Carvalho. MPB. 22h. Buku's Bar. 3221-2225 | Blackout com Gogo Boys. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Blues de Bolso. Blues. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Danny Vincent e Robson Fernandes. Blues. 22h30. Mississippi 3028-6149 | Estação Inverno. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Gringos & Troianos e Anjo Negro. Rock gaúcho. Aristos London House. 3221-2679 | Killer on the dance floor. Música eletrônica. 23h. Havana. 3215-6619 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Maria do Relento e Charlotte Rock. Rock. 23h. Vagão. 32230007 | Pagode Júnior. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Pietro Ferretti e Bico Fino. Samba rock. Santo Graal. 3221-1873 | Seresteiros do Luar. Chorinho. 21h30. Zarabatana Café. 32289046 | Ton & Os Karas. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Segunda (16): Made in Brazil. Rock nacional. 20h30. Casa da Cultura. 3221-3697 | Terça (17): Pietro Ferretti e Bico Fino. Samba rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | yTangos. Tango. 20h. Casa da Cultura. 3221-3697 | Quarta (18): Carol Soul e Cris Oltz. Pop rock. 22h. Aristos London House. 3221-2679 | Dan Ferretti. MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta (19): César de Freitas e Banda. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Lurrie Bell. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Ton Rock and Roll e Robledo Rock. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Sexta (20): Ana Jardim e Mayron de Carvalho . MPB. 22h. Santo Graal. 3221-1873 | FlashBack. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Los Infernales. Latina. 23h. Vagão. 3223-0007 | Pietro Ferretti e Bico Fino. MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Rafa Gubert e Tita Sachet. Blues 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Rutera, Natural Dread e Por Natureza. Reggae. 23h. Aristos London House. 3221-2679 |

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Não confie na tentativa de explicar um poema por PAULA SPERB A figura de Alberto Caeiro tomando um mate é perfeitamente possível após a leitura das 96 páginas de primorosa poesia de Marco de Menezes em Fim das coisas velhas. O heterônimo de Fernando Pessoa conversa em harmonia com o poeta que se lê nas páginas do livro da editora Modelo de Nuvem. Principalmente nos poemas que flaneam sobre a natureza dos pampas. No cenário urbano, outra pessoa do escritor português se identifica melhor com Menezes. É Álvaro de Campos surpreendido pela modernidade. Mas Marco de Menezes tem algo que Álvaro de Campos não possui: uma serenidade de quem veio do interior, mora na cidade e entende as coisas como elas são, sem pressa. Essa dicotomia tratada na poesia regionalista (universal!) entre campo e cidade aparece também no livro através das diferenças entre Uruguaiana e Caxias do Sul, passado e presente. A natureza sulista presente em alguns poemas lembra muito Augusto Meyer de Poesias (1924-1925) quando faz uso da imagem dos chorões (árvores) tocando a água. Ao usar datas (Maio de 32, Velha na janela 2009), endereços (Arquíloco do Pio X, Rua Santana, 1890) e referências culturais pessoais (Corto Maltese, Stan Lee, Roberto Bolaño, Andy Kaufman), sente-se incorporado um Tyrteu Rocha Vianna, como em Saco de Viagem, que surge nos poemas mais curtos. Há também um certo romantismo, como não, na poesia de Marco. Uma figura feminina delicada, curvilínea, angelical, etérea que flutua – quase é possível ouvir sua voz – entre as quatro divisões do livro: Torvelinho, Os pátios, Como um peixe de parede, Ítaca, Itaqui. Marco de Menezes segue o pensamento do crítico Ezra Pound, em A arte da poesia, quando busca a “palavra exata”. Rizoma, bólido, plâncton, falésia são palavras usadas, entre tantas outras, que exprimem o significado preciso sem metáforas. Ainda com Ezra Pound, o “objeto natural” é o símbolo perfeito, afinal. Até plantas e objetos ultrapassam sua condição através da vontade – a força que move os seres vivos em direção à sobrevivência como explicaria Max Scheler em sua filosofia antropológica. “uma planta há que não sabe que é planta posto que inclina algumas folhas sobre a mesa e bica a mesa (que afinal é uma mesa que ignora ser mesa e pensa ser rio) toca com a ponta de suas folhas a madeira da mesa esta planta se pensa um flamingo.” Temos que concordar com T. S. Eliot e não confiar na tentativa de explicar um poema. Por isso, leia Fim das coisas velhas, com destaque para o poema que leva dá nome ao livro. l Fim das coisas Velhas | De Marco de Menezes, 96 páginas. Editora Modelo de Nuvem, 2009, R$ 20. 14 a 20 de agosto de 2010

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Guia de Esportes

guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Claiton Stumpf, Divulgação/O Caxiense

Viviane Zenato, Divulgação/O Caxiense

por José Eduardo Coutelle

Equipe da UCS, 6ª colocada na Liga Nacional de Handebol, recebe o UnC/Concórdia neste sábado; no domingo, o Campeonato de Arrancadas movimenta Vila Oliva

FUTEBOL l Chapecoense x Juventude | Domingo, 15h30 | Contra a Chapecoense, pela Série C, o técnico Osmar Loss pode voltar a escalar Bruno Salvador na zaga – ele cumpriu suspensão contra o BrasilPe por ter sido expulso no CA-JU. No meio-campo, a dúvida é com relação a Marcos Paraná ou Gustavo. É provável que Loss opte por Gustavo, o que dá uma garantia maior de marcação no setor. Ambos se lesionaram no treino do dia 11, porém, trabalharam normalmente no dia seguinte. O time do Ju, que busca a primeira vitória na competição, deve ter Jonatas; Luiz Felipe, Bruno Salvador (Fred), Rafael Pereira e Calisto; Júlio César, Tiago Silva, Gustavo (Marcos Paraná) e Cristiano; Júlio Madureira e Fausto. Estádio Índio Condá Ingressos: Geral R$ 20, arquibancada coberta R$ 30, Cadeira R$ 40, Estudantes R$ 10 | Clevelândia, Centro, Chapecó (SC) l Caxias x Criciúma | Domingo, 15h30 | O Caxias pode assumir a ponta da tabela nesta rodada. Enfrenta o Criciúma, o atual líder do grupo, no Centenário. Em caso de vitória grená, as duas equipes ficarão empatadas em número de pontos. A provável escalação de Julinho Camargo: Fernando Wellington; Alisson, Neto, Cláudio Luiz e Edu Silva; Itaqui, Edenilson, Marcelo Costa e Renan; Adriano e Aloísio. Estádio Francisco Stedile Ingressos: Arquibancada R$ 15, acompanhante de sócio R$ 20, cadeira R$ 30, estudantes e pessoas acima de 60 anos R$ 7 | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano l Futebol Sete Série B | Sábado, a partir das 10h | Neste sábado, as equipes disputam a última rodada da primeira fase, que irá classificar os dois primeiros times de cada grupo para a etapa seguinte. Os times Romamar e Meincol venceram os seus três jogos e já garantiram

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a sequência no campeonato. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima l Campeonato Municipal | Sábado, 13h15, 15h15 | O último sábado (7) apresentou a campeã na Série Prata. O palco do embate foi o campo Municipal 1, e o Hawaí venceu por 5 a 2 o Águia Negra. Na Série Ouro, as semifinais começam neste fim de semana. Municipal 1 Entrada gratuita l Campeonato Integração 2010 | Sábado, 13h30 e 15h30, domingo, 13h45 e 15h45 | Somando a pontuação de todas as categorias, o Palmeiras segue na frente com três pontos de vantagem sobre o 2° lugar, o Aliança. Essa pequena vantagem pode ser ameaçada no confronto de ambos deste final de semana, pela 3ª rodada. A equipe do Santa Lúcia folga. Quatro dos cinco times participantes entram em campo, em quatro categorias diferentes, no mesmo local e no mesmo horário: Madrid x Estrela, Palmeiras x Aliança. Campo do time mandante Entrada gratuita

TÊNIS l 2ª Etapa do Ranking Interno de Tênis | Sábado e domingo, a partir das 9h | Final de semana agitado para os amantes do tênis. Serão disputadas partidas eliminatórias das oitavas de final do ranking interno do Clube Juvenil. Ao todo, 29 jogos serão realizados. Os vencedores prosseguem para a fase seguinte, que ocorre nos dias 21 e 22 de agosto. Sede Recreativa Clube Juvenil Entrada gratuita | Marquês do Herval, 197

BASQUETE l Campeonato de Basquete Jogos do Sesi | Sábado, 9h30 |

A definição do campeão se iniciou no último final de semana. A equipe da Voges bateu a Randon por 64 a 40 no primeiro jogo. Para colocar as duas mãos na taça, a Voges precisa vencer novamente neste sábado. Depois dessa derrota por 24 pontos de diferença, a Randon deve atacar com todas as suas forças para levar a decisão para um terceiro confronto. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

PINGUE-PONGUE l Jogos Abertos de Pingue-Pongue | Sábado, 13h | A pequena bolinha reúne esportistas neste sábado. Os jogos terão 12 competidores na categoria Elite Masculino, 29 na categoria Ascenso Masculino e sete na Feminina. Para não perder nenhum lance, a dica é assistir aos jogos de uma diagonal da mesa. Enxutão Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina

HANDEBOL l Liga Nacional de Handebol Feminino | Sábado, 19h | A equipe da UCS recebe em casa neste final de semana a UnC/Concórdia em mais uma partida pela Liga Nacional, e o técnico Gabriel Citton terá que administrar a ausência de atletas. A central Danielle Jóia, que se recupera de uma lesão na coxa, e a pivô Aline Marques, no joelho, não jogam. Por outro lado, o técnico contará com a armadora-esquerda Karoline Souza e a ponta Adriana Cardoso de Castro, que se reintegraram ao grupo na última semana. Com dois pontos conquistados em três jogos, a UCS está em 6º. Ginásio Poliesportivo Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/n°, Petrópolis

FUTSAL l 8ª Copa Ipam de Futsal Femini-

no | Sábado, 19h, 20h e 21h e domingo, 10h e 11h | Quem vencer o confronto entre as equipes BGV e Sindicato dos Metalúrgicos deve ocupar temporariamente a 1ª colocação da chave D. Isso porque as meninas da ACBF, atuais líderes, só jogam na semana seguinte. No outro grupo, o Independente Serrano, que fez apenas um gol em três jogos, tenta marcar o seu primeiro ponto na tabela contra o vice-líder União Flores da Cunha. Escola Santa Catarina Entrada gratuita | Matheo Gianella, 1.160, Santa Catarina l Campeonato Futsal Master | Terça (17), 18h30 e 19h30 | As equipes Marcopolo e Voges não tiveram muito trabalho para se classificar entre as primeiras colocadas do seu grupo. Com ambas somando 10 pontos em quatro jogos, apenas o saldo de gols colocou um pouquinho à frente a Marcopolo. Na chave B, a Randon foi a única a vencer todas as partidas. Nesta terça-feira, as quatro melhores equipes disputam a permanência na campeonato e, consequentemente, uma vaga na final. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

MOTOVELOCIDADE l 5ª Etapa do Campeonato Serrano de Arrancadas | Domingo, das 8h às 18h | As motos mais rápidas de Caxias voltam a disparar neste final de semana. A disputa entre diversas categorias prometem muita velocidade e pneus fritos. Haverá espaço destinado para quem curte som automotivo e o lago estará liberado para o uso de jets skis. Caso chova, a 5ª etapa será realizada juntamente com a 6ª, no dia 19 de setembro. Outro motivo para os amantes das duas rodas visitarem o evento é que o ingresso estará concorrendo ao sorteio de uma moto de competição. Parque de Eventos de Vila Oliva Entrada: R$ 5 | BR-116, Km 145, 1.410, distrito de Vila Oliva

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André T. Susin/O Caxiense

Vencer ou vencer

O último e único gol alviverde foi de Cristiano, na estreia em casa contra o Criciúma, no dia 18 de julho

JU BUSCA O CAMINHO

D

DO GOL por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br

isputado por clubes das Séries A, B e C do Campeonato Brasileiro, depois da excelente campanha pelo Linense, na Série A-2 do Campeonato Paulista deste ano, o atacante Fausto foi oficializado como atleta do Juventude no dia 2 de junho como 14º reforço para a disputa da terceira divisão. Aos 29 anos, o jogador, que começou a carreira no futebol como zagueiro, interessou aos dirigentes alviverdes pelo fato de ter sido o artilheiro em São Paulo – marcou 24 gols em 25 jogos, fazendo com que o time da cidade de Lins dispute em 2011, depois de 57 anos, a primeira divisão. Em Caxias do Sul, Fausto só balançou as redes nos treinamentos. Quase fez contra o Criciúma, no CAJU e contra o Brasil, de Pelotas. Contra a Chapecoense, domingo, às 15h30, no Estádio Índio Condá, em Chapecó (SC), Fausto quer desencantar. Sondado por outras equipes, foi do Juventude que ele recebeu uma atenção especial desde o primeiro contato, em meados de janeiro deste ano. O atacante afirmou que a opção pelo clube esmeraldino ocorreu em função do projeto apresentado pela diretoria.

“Treinamos, fizemos tudo certo. Agora, precisamos de uma vitória para virar o turno com chances de buscar a classificação. Depois da Chapecoense teremos três jogos em Caxias do Sul”, explica Fausto Luís Momente Silva, natural de Mirandópolis (SP). No dia 22 o Ju receberá o Brasil-Pe; no dia 29, vai ao Estádio Centenário para o CAJU 268; e, no dia 5 de setembro, faz o jogo de volta contra os chapecoenses. A última rodada será contra o Criciúma, no dia 19 de setembro, na casa do treinador Argel.

Mas antes de planejar os próximos confrontos o Ju precisa garantir três pontos em Santa Catarina. Se não vencer a Chapecoense, pode ver o sonho de disputar a Série B na próxima temporada mais distante. O time do técnico Osmar Loss soma três pontos em três jogos disputados. Marcou apenas um gol (com Cristiano), no empate em 1 a 1 contra o Criciúma, na estreia pela Série C. Com passagens por Linense-SP, Goiás, União Bandeirante-SP, Aschassenburg (Alemanha) e Rodos (Grécia), Fausto revela que o grupo de jogadores tem conversado bastante dentro e fora do vestiário. “Temos de continuar crian-

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Em três jogos pela Série C, time de Osmar Loss balançou a rede apenas uma vez. Contra a Chapecoense, Fausto quer desencantar do oportunidades. Estamos jogando pelo time do Linense, marcou 29 gols. bem, produzindo, mas está faltando o gol. O torcedor está cansado de ouvir O atacante afirma que é um jodesculpas. O torcedor quer resultados”, gador com presença na área. Canhoto, discursa o atacante que foi profissiona- tem facilidade para bater forte na bola lizado pelo América, de Rio Preto (SP), e para cabecear. “Gosto de ficar dentro em 1998. Lá, ele atuou nas categorias da área. Se me acionarem, tenho conde base sempre como zagueiro. Foi no dições de fazer muitos gols”, promete ano seguinte que ele despontou como o jogador, que é titular no Ju ao lado matador. de Júlio Madureira. Na primeira passaFausto muda o tom e gem pelo Linense, em “Gosto de baixa a cabeça quan1999, o então técnico ficar dentro do é perguntado sobre Raimundinho viu em da área. Se como fica depois de Fausto características sair do Jaconi, após de atacante. Depois de me acionarem, um dia de trabalho. treinar na nova posição, tenho condições “É claro que estou estreou e fez gol logo aos de fazer muitos um pouco chateado. três minutos de partida. gols”, diz o Estou treinando e “Vida de centroavante é jogando bem. Evito assim: com pressão. No centroavante falar em casa sobre futebol a pressão existe o do Ju o assunto”, resume tempo todo, o que serve Fausto, pai da Júlia, para deixar os jogadores de cinco meses. Ele em alerta, cientes de que o comprome- acredita que o ponto alto da sua cartimento e a busca pelos resultados não reira ainda está por vir, mesmo depois devem ser esquecidos. Talvez esteja fal- de já ter marcado tantos gols. Fã do tando um pouco de entrosamento. Fiz atacante Luís Fabiano, ele quer marcar muitos gols pelo Linense porque atua- seu primeiro gol em jogos oficiais pelo va lá há quatro anos”, contextualiza o alviverde contra a Chapecoense. Com jogador que, na Série A-3 do Paulistão Fausto, o Juventude precisa reencone na primeira fase da Série C de 2008, trar o caminho do gol. 14 a 20 de agosto de 2010

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Fabiano Provin/O Caxiense

André T. Susin/O Caxiense

Mais um clássico

Técnico grená Julinho Camargo encara Argel, de recente e turbulenta passagem pelo vestiário do Centenário, que veio conferir de perto o último CA-JU

CHEGOU A HORA

Caxias e Criciúma se enfrentam domingo pela liderança do grupo D da Série C

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por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br á quem passe horas, dias, semanas com a cara colada no aquário. Como se procurasse as respostas de todas as cruéis dúvidas. Sejam elas reais ou imaginárias. Afinal de contas, imaginar problemas é a fertilidade de quem não tem mais o que fazer. Aqueles peixes dançando como se soubessem que estão sendo observados e, por isso mesmo, divertem-se com um ar blasé. Enquanto isso, a vida segue a mil por hora, nas costas desse ocioso observador. Nada disso parece fazer sentindo quando se transporta a paranoia de ver peixinhos nadando num aquário para o trabalho que se exerce dentro de um campo de futebol. Mas é possível, porque por mais que alguns duvidem, o futebol é uma extensão da vida. E não tem nada de paixão nessa dissertação, é pura observação da vida como ela é. Sem os traumas de um olhar ocioso e mero contemplativo. Porque uma partida de futebol não é apenas um bando de jogadores disputando uma bola branca de couro contra outros tantos. Entre um passe e outro ou enquanto a bola sobrevoa o campo, o jogador espera. E pensa. Alguns confundem o tempo, ansiosos tremem antes da pelota estufar seu peito. Outros, corrigem o posicionamento e em fração de segundos, planejam tudo o que irão fazer assim que a bola chegar até eles. Alguns podem chamar isso tudo de talento, dom, bênção de Deus. Outros chamam de trabalho, suor, esforço, dedicação. Se você pudesse perder um pouco mais de tempo na sua vida e prestar atenção no bobo que só assiste os peixes nadando e comparar com o olhar de vontade que outros demonstram ao brigar por suas conquistas, logo saberia quem vai vencer neste domingo o

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confronto entre Caxias e Criciúma. De um lado, um clube que tem uma torneira dourada que despeja quantias infinitas de recursos. De outro, um clube que pensa, planeja e executa conforme suas pernas podem dar os próximos passos. O Criciúma deu ao seu treinador Argel Fucks o que ele quis, como se o presidente Antenor Angeloni ouvisse o ensinamento de Jesus Cristo que diz: “Dai a César o que é de César”. Angeloni segue pagando pra ver. E cobra resultados. Afinal de contas, o que Argel pediu ele foi lá e fez. Por isso, Argel até deu uma balançadinha no cargo quando caiu fora da final da Copinha Santa Catarina. Só que agora está em jogo a Copa do Mundo dos Desesperados. Dos times quase fora de série. Dos clubes que desejam um lugar melhor ao sol em 2011. Em se tratando de bons resultados, Caxias e Criciúma estão na dianteira. Não só porque estão na vice-liderança e liderança (respectivamente, pelo menos até domingo), mas sobretudo porque vem demonstrando que vai ser difícil se sobrepor a eles. Ninguém bateu o Criciúma (não ainda) e o Caxias só perdeu na estreia, diante do Brasil de Pelotas, porque deu um apagão geral na galera antes de terminar o jogo. Estudiosos da bola dizem que o jogo entre Caxias e Criciúma vai ser o melhor até agora disputado no grupo D da Série C. A torcida também sabe e reconhece seu papel nessa luta. Julinho Camargo, homem sério, mas sempre de bem com a vida, que atende a imprensa em dias de sol ou chuva, temporal ou frio de renguear cusco, na alegria ou na derrota, convoca o torcedor a lotar o Centenário, domingo. “Eu gosto muito da nossa torcida, cara. Sei da importância deles e reconheço que eles estão sendo muito importantes nessa sequência de invencibilidade

aqui no Centenário.” O Caxias está invencível em casa há nove jogos e pretende estender essa marca para além dos domínios da Série C. O clima no Centenário é muito bom. Durante os treinamentos, Julinho Camargo pega pesado. Chama a atenção, corrige, orienta. E repete, exaustivamente a mesma coisa até o time inteiro entender. Para a partida contra o Criciúma a ordem é vencer. Primeiro, porque o jogo é em casa. Segundo, para encostar no próprio Criciúma que tem sete pontos, três a mais do que o Caxias. E terceiro, porque o Tigre, como é conhecido o clube de camiseta listrada de amarelo e preto, também virá pra ganhar o jogo. “Eu respeito muito o Argel. Acredito que o time dele vem pra jogar e não se defender, porque é do estilo do seu treinador. Quando o Argel veio aqui no Centenário quando treinava o São José, também veio pra cima”, acredita Julinho. O que Julinho não dá bola e prefere fazer de conta que não existe é a mania de provocador, de armar barraco fora de campo, de cutucar o adversário com joguinho de palavras antes das partidas, protagonizada por Argel Fucks. “Olha, pra mim isso nem existe... Caxias e Criciúma são dois clubes maiores do que essa provocação. E meus jogadores são maduros o suficiente para não caírem nessa”, dá de ombros, Julinho. E olha que até o mais brincalhão da turma grená, Edenilson, mais conhecido como Ed, fala sério quando o assunto é a língua afiada do Argel. “Sei que ele diz coisas por aí, mas eu nem dou bola. A gente tem é de ir pra cima deles e fazer o nosso jogo”, argumenta, enquanto assiste aos colegas treinando cobranças de falta. “E o teu gol, Edenilson, vai sair?”, provoca o repórter. “Tá demorando, né...”, diz, sorrindo

e assistindo a Marcelo Costa guardar mais uma na cobrança de falta. “Mas vai sair”, acredita Edenilson. Sem mistérios, Julinho Camargo e Argel antecipam com quem vão jogar o clássico do momento no Grupo D da Série C. O Caxias está confirmado com Fernando Wellington, Alisson, Neto, Cláudio Luiz e Edu Silva. No meio, Renan, Itaqui, Edenilson e Marcelo Costa. No ataque, Adriano e Aloísio. O Criciúma deverá jogar com a seguinte formação: Agenor; Fábio Santana, Rogélio, Nino e Reinaldo; Júlio César, Mika, Diogo Oliveira e Márcio Guerreiro; Lins e Lincom. Se vencer, o Criciúma dispara, se empatar também. Mas o Caxias não quer sofrer para se classificar. É por isso que a equipe grená anda trabalhando, estudando e planejando. Passou duas semanas se preparando para esse confronto. Pode inventar o que quiser fora de campo, pode gritar, pode latir. Mas dentro de campo é que aparece o resultado da dedicação. Domingo vai ficar bem fácil identificar quem desperdiça o tempo observando peixinhos nadar e quem trabalha para superar seus próprios limites. O técnico Julinho Camargo quer muito um bocadinho de sol. “Nosso time anda precisando jogar no seco, faz tanto tempo que nem lembro mais...”, brinca. Aloísio, o atacante que vem amadurecendo seu lugar na equipe e comprovando que ele é o cara de referência na frente, diz que joga se estiver 100%. E se precisar, Aloísio vai nadar em campo para confirmar a boa fase. Que assim seja e com muitos gols grenás pra deixar o pessoal do Tigre só assistindo. Online | Leia a crônica de ficção de Marcelo Mugnol sobre este jogo em www.ocaxiense.com.br

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Desvio de rota

Nada menos que 18 integrantes da Guarda Municipal entraram na Justiça contra determinações de um ex-diretor da guarnição. Há guardas com mais de dois processos – todos questionando as ordens desse ex-chefe, hoje em desvio de função na Junta Militar, com FG 8 e outras vantagens funcionais. Uma das determinações dadas, no passado, ao guarda lotado no Aeroporto Municipal: permanecer na cabeceira 33 da pista à noite, sem capa, sem rádio, sem arma.

Clube índio

Em situação financeira delicada (hoje conta com apenas 150 associados contribuintes), o Recreio Guarany busca alternativas para garantir o destino de seu considerável patrimônio. O tradicional clube – o terceiro mais

Pelos cálculos da Fundação de Assistência Social, há 53 mendigos adultos e 13 jovens, hoje, nas ruas de Caxias do Sul. É um número difícil de ser reduzido. Por mais intenso que seja o trabalho do serviço de abordagem dos educadores da FAS, esses pedintes recusam-se a buscar uma alternativa de vida. Para desespero de moradores e comerciantes – em especial do centro da cidade –, que reclamam da presença deles. E esse é um problema de competência de toda a comunidade, não só do poder público municipal.

Na expectativa

O vereador Mauro Pereira (PMDB) poderá sofrer até o dia 19, data limite para que o Tribunal Superior Eleitoral resolva sua situação. A campanha do candidato a uma vaga na Câmara não vai para as ruas enquanto não houver a decisão do TSE. Para conseguir o registro eleitoral, Mauro deve não só apresentar suas contas referentes à campanha eleitoral passada como também vê-las aprovadas. O que até agora não aconteceu – por um erro administrativo bobo.

Território livre

Material do vice-prefeito Alceu Barbosa Velho (PDT), em conjunto com Kalil Sehbe (PDT), inclui os dizeres “Governador Fogaça”, “Senador Rigotto” e “Dilma presidente”. Ao que consta, os candidatos pedetistas à Assembleia Legislativa e à Câmara Federal seguem orientação partidária. Mas, na colinha, não colocam os números nem de Fogaça, nem de Rigotto, nem de Dilma.

Novo discurso

Amadurecimento. Esta é a palavrachave utilizada pelo candidato do PT ao governo do Estado, Tarso Genro, para justificar as contradições (outro termo recorrente) verificadas na presente campanha eleitoral – em todos os níveis.

Dentro e fora

A discussão a respeito do financiamento público de campanhas, defendido por determinados políticos, mostra-se cada vez mais inútil. Afinal, com os assessores de deputados em pleno trabalho para garantir a reeleição de seus chefes, as campanhas já estão sendo financiadas pelo contribuinte.

Esmola

importante da cidade, como diria Paulo Gargioni – poderá ser absorvido pelo Recreio da Juventude. Essa, ao menos, é uma das possibilidades, já em estudo pelo conselho deliberativo do RJ.

Pedro Simon faz escola. Essa é a primeira impressão diante da desculpa dada pelo candidato do PMDB ao Senado, Germano Rigotto, ao recusar o convite para discursar no almoço da candidatura tucana, segunda-feira, na Capital. Alguns peemedebistas garantem que essa é a orientação do diretório nacional do partido. Rigotto garante que, até o dia da eleição, não vai subir em palanque de candidato algum para a presidência da República. E isso que ele nem estudou no Colégio Murialdo.

Nós pagamos

CIC e Daer deverão vistoriar, na próxima semana, a situação atual da Rota do Sol. Segundo o vice-presidente de Comércio da CIC, Nelson Sbabo, não se trata de apenas averiguar as condições da rodovia, mas também cobrar a complementação das pendências verificadas em vários trechos delas.

Ex-governador Germano Rigotto (PMDB), candidato ao Senado, ao tentar justificar sua anunciada ausência no almoço em torno de José Serra (PSDB), marcado para esta segunda-feira (16), em Porto Alegre

Murialdinos

Conclusão do encontro entre taxistas, vereadores e o administrador do Aeroporto Regional, que discutiu esta semana a situação do novo serviço de vans no local: o lado de fora é da competência da Secretaria Municipal de Trânsito, Transportes e Mobilidade. O lado de dentro, do Departamento Aeroportuário do Estado. Por esse motivo, as vans permanecem. O DAP autorizou o serviço, ainda que de forma temporária.

Contra os buracos

Assim como o Fogaça, acho que temos de nos concentrar na eleição estadual

Reprodução, André T. Susin/O Caxiense

Não só a gasolina é mais barata em Porto Alegre. O estacionamento rotativo pago também é mais caro aqui em relação ao que é cobrado na Capital. A meia hora de estacionamento no Área Azul (o nome adotado pelo sistema lá) custa R$ 0,50. Aqui, no Zona Azul, fica em R$ 0,65. Na proporção, uma hora no Área Azul porto-alegrense fica por R$ 1. A hora cheia no Zona Azul caxiense custa R$ 1,30. Alguém pode explicar ou justificar os motivos dessa diferença?

André T. Susin/O Caxiense

30% mais caro

Ligustros ao chão

Funcionários da Secretaria Municipal do Meio Ambiente se dedicaram durante esta semana a podar ligustros ao longo de algumas quadras da Rua Sinimbu. O resultado não é dos mais atraentes. Só sobraram o tronco das árvores,

como mostra a foto. Se é para eliminar a tão questionada espécie, não seria melhor cortá-las de vez? E substituí-las, é claro, por árvores nativas que possam embelezar a cidade de forma harmônica.

Cedência eleitoral

Ao contrário do que se vê nas ruas, a Brigada Militar não deve estar com problemas de efetivo. Não fosse assim não teria cedido para o comitê eleitoral Fogaça-Pompeo, em Porto Alegre, o capitão Juliano Amaral. O ex-comandante da BM em Flores da Cunha cuida da segurança pessoal do candidato a vice-governador, Pom-

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peo de Mattos, durante a campanha eleitoral. Nada contra Juliano – que já demonstrou ser um oficial competente –, mas é mesmo necessário que cada comitê eleitoral de candidatos ao governo do Rio Grande do Sul tenha outros oficiais cedidos pela Brigada Militar? 14 a 20 de agosto de 2010

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