Edição 40

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PREJUDICIAL À SAÚDE

Médicos que já não cumpriam o horário no Município retomam greve para pedir reajuste de 254% |S4 |D5 |S6 |T7 |Q8 |Q9 |S10

André T. Susin/O Caxiense

Caxias do Sul, setembro de 2010 | Ano I, Edição 40 | R$ 2,50

VÍTIMAS DO

TEMPO E DO

ABANDONO Um dado preocupante acompanha a evolução da parcela de idosos na população: crescem também as denúncias de abandono, negligência e maus tratos contra eles

Caxias em Cena: enfim, uma longa e variada temporada |

O Caxiense entrevista: os candidatos do PCB e do PMN ao Piratini


Índice

www.OCAXIENSE.com.br

A Semana | 3

As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4

Indústria segue perseguindo recordes, mas tem com que se preocupar

Parabéns ao O Caxiense pela inovação na transmissão do CA-JU. Juliana Rossa

Muito a dizer | 5

Milhares de estudantes e pesquisadores debatem a comunicação na UCS

Velhice maltratada | 6

André T. Susin/O Caxiense

Crescem as denúncias de agressões, negligência e abandono de idosos em Caxias

Impasse na saúde | 9

Médicos voltam à carga – sem cumprir a sua carga horária – por aumento de 254%

O Caxiense entrevista | 11

Humberto Carvalho (PCB) diz que será um comunista em um governo não comunista

@gutorech @ocaxiense Lendo a matéria sobre galerias imediatamente me imaginei entrando em uma delas, de São Pelegrino. Descrição perfeita! Parabéns! #edição39 @CianaMoraes Parabéns ao @ocaxiense, sempre melhorando! Adoro esse jornal! #edição39

O Caxiense entrevista | 13

Menos impostos e menos ajuda para o resto do país é o que quer Carlos Schneider (PMN)

Receita incrementada | 15

@MartaDetanico @ocaxiense Parabéns pela capa super criativa. Traduziram bem o que é o momento do futebol de Caxias #edição39

Guia de Cultura | 16

@MarcosDemori @ocaxiense mostrando por que cresce a cada dia... #CA-JUemvídeo

Restaurante Comunitário serve, além de refeições a R$ 1,50, espaço para a convivência

Gabriel Lain, Divulgação/O Caxiense

Cinema tem espíritos e fantasma; olhos verdes enxergam um mundo cinza

Artes | 18

A doce vindima da infância e uma amarga vindima tardia

A cena de Caxias | 19

Festival de teatro inclui a cidade no roteiro de peças nacionais e internacionais

Luta pela sobrevivência | 20

A primeira vitória que o Juventude precisa para se manter na Série C é contra o líder

@Manu_Henke Muito boa a cobertura do CA-JU do @ocaxiense! Parabéns! #CA-JUemvídeo

@dornel Muito massa a transmissão do @ocaxiense do CA-JU #CA-JUemvídeo

@carolknob Meu CA-JU inesquecível com certeza vai ser o de hoje. Torcendo através do @ocaxiense. #CA-JUemvídeo

Coração de torcedor russo | 21 A saga do Caxias mais parece uma trama Dostoiévski, mas pode ter final feliz

@Clariiiiissa @ocaxiense, Parabéns pela transmissão do CA-JU! Grande inovação de ouvir os comentaristas ao vivo! #CA-JUemvídeo

Guia de Esportes | 22

Senhoras se enfrentam na bocha e meninas disputam no handebol

Renato Henrichs | 23

Por que nenhum médico foi demitido?

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Leandro Trintinaglia e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


editado por Paula Sperb

A Semana

SEGUNDA | 30 de agosto Saúde

Melhorias ampliam serviços no Pompéia O Pronto Socorro do Pompéia, que realiza cerca de 6 mil atendimentos por mês, passa a contar com dois novos leitos de urgência e emergência, salas de observação, isolamenro, higienização, consultório e farmácia. A área do setor passou de 214,74 m² para 349 m². A partir das mudanças, os pacientes passarão por uma triagem médica que classificará a ordem de atendimento conforme o estado de saúde. Além disso, o setor de exames recebeu nova estrutura e, em breve, o PET/CT, um moderno aparelho de diagnóstico do câncer. As obras custaram R$ 3,6 milhões, provenientes de emendas parlamentares, recursos próprios do hospital e doações da comunidade por meio do projeto Amigos do Pompéia.

Infraestrutura

Relógios vão passar por revisão A temperatura de 53ºC é inconcebível para Caxias do Sul, mas é o que mostra o relógio digital da Praça Dante. Os relógios, que estariam com os fios oxidados vão passar por uma revisão.

TERÇA | 31 de agosto Sindiserv

Paralisação nas garagens da Secretaria de Obras Não é só os médicos que estão em greve (leia mais na página 9). O Sindicato dos Servidores Municipais (Sindiserv) iniciou a série de paralisações

setorizadas. Na terça (31), cerca de 100 funcionários das garagens da Secretaria de Obras pararam por 2h30. O Siniserv recusou a proposta de 2,4% da prefeitura. Quer ganho real de 8,9%.

Cancha Coberta

Estrutura ganha telhas translúcidas As provas campeiras que começam em 10 de setembro nos Pavilhões foram precedidas por uma mudança na Cancha Coberta. As antigas telhas foram trocadas por outras feitas de material translúcido. O material ampliou a claridade no interior da cancha, garantindo luminosidade uniforme.

QUARTA | 1º de setembro San Pelegrino Shopping

Obra na fachada continua embargada

A obra na fachada do San Pelegrino Shoppin Mall segue embargada pelo Ministério do Trabalho. De acordo com o gerente da unidade do ministério em Caxias do Sul, Vanius Corte, a administração do shopping ainda não apresentou os laudos técnicos para solicitar uma nova vistoria na construção. Sobre a previsão de inauguração no dia 30 de setembro, a administração do shopping afirma não ter nada a declarar.

Ônibus menores

Sindicato quer garantia de emprego dos cobradores

Os novos ônibus da Visação Santa Tereza (Visate), menores e sem cobradores, já estão causando manifestações. Durante uma reunião na tarde de terça (31), o Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários

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de Caxias do Sul e a Visate debateram o assunto. O presidente do Sindicato, Tacimer Kulmann da Silva, expôs à empresa a preocupação com a falta dos operadores de sistema nestes novos veículos. Segundo ele, a Visate afirma que nenhum funcionário será demitido por este motivo. Para tanto, o Sindicato pede um documento em que isto esteja garantido e legalizado.

QUINTA | 2 de setembro Cio da Terra

Documentário em outubro no Ordovás

A primavera trará para Caxias do Sul registros de 1982 quando 15 mil jovens se reuniram nos Pavilhões para discutir sobre a liberdade durante o Cio da Terra. O documentário que trata do episódio será exibido no Ordovás nos dias 29, 30 e 31 de outubro, mesmos dias em que ocorreu o encontro. Está programada também uma espécie de pré-estreia, que seria realizada no dia 28, com uma projeção no telão do Zarabatana Café. O Cio da Terra teve produção e direção de Cacá Nazario. O projeto foi financiado com recursos do Fumproarte e do Banrisul.

paula.sperb@ocaxiense.com.br

Contas de luz

RGE promete ressarcir valores pagos a mais

As cobranças inadequadas nas tarifas de energia elétrica de 5,3 mil residências de Caxias com vencimento em agosto, motivou a diretoria da Rio Grande Energia (RGE) a prestar esclarecimentos aos vereadores. O diretor-geral do grupo, Luís Henrique Ferreira Pinto, prometeu ressarcir os clientes que já pagaram faturas com esse problema e reimprimir aquelas com valores distorcidos.

IPTU

Câmara derruba veto do prefeito

A informação de que aposentados e pensionistas com mais de 60 anos, que recebem até três salários mínimos e têm apenas um imóvel não precisam pagar o IPTU precisará estar em todos os carnês. O veto do prefeito ao projeto de lei foi derrubado. O projeto é de autoria de Gustavo Toigo e Moisés Paese, ambos do PDT.

SEXTA | 3 de setembro Eleições Limpas

Greve do Sindiserv

Cartório Eleitoral pretende debater eleições

As paralisações setoriais dos municipários continuaram na quinta (2). Os alunos da Escola José Protásio Soares de Souza, no Jardim Eldorado, tiveram meio turno de aula tanto de manhã quanto à tarde. A Escola Sete de Setembro, na 6ª Légua, paralisou pela manhã. As UBSs Centro, Diamantino, Jardim Eldorado, Ana Rech, Cruzeiro e Esplanada abriram com duas horas de atraso.

A Justiça Eleitoral de Caxias aderiu nesta sexta (3) à campanha “Eleições Limpas”, movimento organizado pela Associação dos Magistrados Brasileiros (AMB) com o apoio do Tribunal Superior Eleitoral (TSE). Em audiência pública no Cartório Eleitoral, juízes e promotores responderam questões da população. Conforme o chefe de cartório da 16ª Zona Eleitoral, Marcelo Reginatto, o principal objetivo é esclarecer dúvidas sobre as eleições.

Duas escolas e seis UBSs paralisadas

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Opinião do leitor

Indústria aquecida

Reproduzo abaixo comentário enviado pelo leitor Iberê Marchiori sobre conteúdo publicado nesta coluna na semana passada em relação ao turismo em Caxias do Sul. É preciso acrescentar que suas observações são pertinentes e merecem apoio.

do público, como a Praça Dante, por exemplo, onde os vinhos premiados estariam à disposição para conhecimento, prova, e - o mais importante - venda para as pessoas interessadas? Que tal uma feira dos vinhos caxienses, com boa divulgação? Certamente seria - com o passar do tempo - mais “Prezado colunista: uma interessante atração. O turismo Li atentamente seu texto na edição nada mais é do que isso: criatividade deste sábado de O Caxiense, onde e promoções atraentes. Bento Gonçalaborda a questão do turismo no muves investiu e hoje colhe os frutos do nicípio e anuncia um coquetel na CIC sucesso. com os vinhos premiados este ano. Anualmente coleciono o resultado Pois aí está uma vinculação que me dos vinhos premiados, mas como é parece não tem sido bem aproveitada difícil encontrá-los para comprar. É pelas partes envolvidas. preciso ir até as vinícolas, o que nem Por que não se organiza uma espécie sempre é confortável e prático. Ficam de mostra, em local de fácil acesso estas linhas como tema para reflexão.”

Principal atividade econômica da cidade, a indústria sinaliza, cada vez mais, para resultados recordes no ano. A alta no ano bateu nos 32% e, em 12 meses, nos 14%. Na comparação dos meses, julho deste ano fechou com quase 43% de crescimento sobre o de 2009. Todos os indicadores industriais são positivos. Mas é importante destacar alguns em especial: as horas trabalhadas no ano cresceram 50%; as compras, 53%; as vendas, 43%; e a massa de salários, 18%. Logicamente que estes índices não se manterão, principalmente, no último trimestre do ano, porque em 2009 o desempenho neste período já foi melhor. Mesmo assim, a indústria de Caxias revela fôlego superior ao chinês para o crescimento.

Mas há riscos...

Nem tudo é alegria na indústria. A grande ameaça é a desindustrialização por conta das discrepâncias entre exportações e importações. Para Mauro Corsetti (foto), diretor do Departamento de Economia, Estatísticas e Finanças da Câmara de Indústria, Comércio e Serviços, este desequilíbrio precisa de correção, mas reconhece que nada vem sendo feito pelo governo para mudar a situação. Ele alerta que os impactos desta política podem se tornar irreversíveis no futuro. O mais preocupante é a perda de capacidade para gerar renda e novos empregos, migrando estes benefícios para o Exterior em função das importações. Parece que este tema merece atenção especial dos líderes dos sindicatos de trabalhadores!

Novidades gastronômicas

A Praça de Alimentação do Iguatemi acaba de agregar duas opções gastronômicas. A Nella Pietra Pizzaria traz como diferencial o sistema de rodízio, além do atendimento à la carte. A rede tem oito anos e atende média mensal de 30 mil pessoas em suas sete unidades. A Forneria Nella Pietra tem capacidade para 200 pessoas. Outra novidade é a Croasonho, que ocupa área de 110m². Essa é a oitava loja da rede, que tem como plano abrir mais 10 até o fim do ano.

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Razões do insucesso

O candidato do PMDB ao Governo do Estado, José Fogaça, estará na reunião-almoço de quinta-feira, 9, da CIC de Caxias do Sul. Ele apresentará as propostas de governo da Coligação Juntos pelo Rio Grande. Também estará presente o candidato ao Senado Germano Rigotto.

qualificação dos serviços. A agência é conduzida por Marcos Dias e Guilherme Balestro Boff. Com o objetivo de orientar mães e pais a organizar as finanças durante a gestação e com a chegada do bebê, a Mamis&Mimos realiza palestra gratuita sobre o tema. O evento acontecerá sábado, 11, a partir das 9h15, nas dependências da loja, com a presença do assessor de investimentos da Xp Investimentos, William Teixeira.

Joel Morais Batista é novo coordenador industrial da Unylaser Indústria Metalúrgica, do Grupo PCP Participações. O profissional já atuou na Agrale e Máquinas Sazi. A Unylaser A Associação Serrana de Reé uma das três maiores do Estado na prestação de serviços de corte térmico, cursos Humanos anuncia na quartaindustrialização e montagem de con- feira, 8, os escolhidos para o prêmio juntos e subconjuntos de metais. Destaques do Ano em Recursos Humanos. Em sua 18ª edição o prêmio A Gauthama Comunicação e destaca empresas nas categorias OrgaPosicionamento marcou a passagem nizacional, Empresa Cidadã, Profissiode seus cinco anos com reforço na nal e Estudantil. A entrega dos troféus equipe de trabalho. Foram agregados ocorrerá em jantar festivo no dia 28 de uma jornalista e um estagiário para a outubro.

Um novo banco iniciou suas operações em Caxias nesta semana. Com capital inicial de R$ 25 milhões, o Banco Randon atenderá, nesta primeira fase, clientes e fornecedores da hoje maior empresa da cidade. Ao final dos 12 meses a meta é de ter financiado de R$ 75 milhões a R$ 80 milhões, principalmente implementos rodoviários. No mesmo dia o grupo apresentou o Complexo

O presidente da Câmara dos Dirigentes Lojistas de Caxias do Sul, Luiz Antônio Kuyava aponta dois motivos para este cenário. Os constantes assaltos a estes estabelecimentos, em especial fora da cidade, embora aqui também haja registros, reduzem o movimento de clientes. Outra motivação é o fato de que joias são sinais de status ou poupança. Como se está saindo de uma crise o produto acaba se transformando em supérfluo.

Comemoração

A Hyva do Brasil, fabricante de cilindros hidráulicos e guindastes, comemorou na quinta-feira, 2, 15 anos de presença em Caxias do Sul. Marcou a passagem com investimento de 3 milhões de euros para iniciar a produção de guindastes de médio porte. O diretor-geral da empresa, Rogério De Antoni, projeta elevar em 40% a participação da Hyva no mercado, com vendas do segmento estimadas de 3,5 mil a 4 mil unidades em 2010.

Reforço na saúde

Instituição forte

de Recursos Humanos, investimento de R$ 12 milhões. O prédio de quase 5 mil m² abriga centros de saúde e educação, salas para a Associação e Cooperativa dos Funcionários e para entidades que prestam serviços ao público interno de mais de 11 mil pessoas. A diretoria do grupo (foto) recebeu autoridades, como o prefeito José Ivo Sartori, e convidados para marcar os dois momentos. Magrão Scalco, Divulgação/O Caxiense

Os resultados da pesquisa Identidade Regional da Serra Gaúcha serão mostrados na sexta-feira, 10, em seminário na CIC de Caxias do Sul. A iniciativa da Universidade de Caxias do Sul e do Polo de Moda da Serra Gaúcha objetiva construir informações que possibilitem aos designers e às empresas buscarem nos códigos e na iconografia da região elementos para o desenvolvimento de produtos diferenciados, com a valorização da identidade local. As pesquisadoras Bernardete Susin Venzon e Eliana Rela destacam a tradição de qualidade da Serra Gaúcha na fabricação de produtos, mas alertam para o aumento acirrado da competitividade no setor da moda, o que exige o desenvolvimento de artigos com valor agregado e design próprio.

O comércio respira aliviado desde o mês passado. Saiu do vermelho em julho, bem depois da indústria e dos serviços. O desempenho em 12 meses é apenas 0,79% superior, mas com projeções otimistas para o restante do ano. Há, no entanto, um segmento comercial que merece atenção e estudo especial. As óticas e joalherias apresentam desempenho negativo em todas as bases de comparação e, no ano, as vendas são 11,5% inferiores ao mesmo período de 2009. Em 12 meses o indicador chega aos 20%.

Curtas

Júlio, Divulgação/O Caxiense

Subsídios para a moda

Joias em baixa

A Unimed Nordeste/RS apresentará na quarta-feira (8) o projeto de ampliação e melhorias nos serviços do Pronto Atendimento 24 Horas Farroupilha. O projeto compreende a construção de três salas do centro cirúrgico ambulatorial, uma sala de recuperação com 14 leitos, outra de recuperação pósanestésica com quatro leitos e duas salas de endoscopia, além da central de materiais e esterilização. Os serviços, que serão consolidados ao longo do semestre, integram as instalações do Pronto Atendimento 24 Horas Farroupilha, inaugurado em outubro de 2009, na estrada de acesso a Caravaggio.

Prêmio

O presidente do Sindilojas, Ivanir Gasparin, foi eleito Administrador do Ano pelos participantes do 22º Fórum de Administração. A entrega do prêmio será no dia 22 de outubro em solenidade na CIC de Caxias do Sul.

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André T. Susin/O Caxiense

Intercom 2010

Um encontro entre pesquisadores brasileiros e norte-americanos deu início ao evento na quinta-feira (2)

Comunicar é preciso.

Pensar também é

Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação reúne 3.174 estudiosos da área

A

por CAMILA BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br imagem que nos passam e a que nós criamos de pessoas, empresas, lugares e produtos. Este jornal que você lê agora. A mensagem de uma música ou de uma peça de teatro. Os discursos que invadem a nossa sala via televisão nestes tempos de campanha eleitoral. O recado de aniversário que seu amigo posta na sua página de rede social. Se pode parecer exagerado afirmar que tudo é comunicação, há de se aceitar que ela está presente nessas e em tantas outras ações. E nada mais natural que haja pessoas refletindo sobre essa prática. Com esse propósito, 3.174 estudiosos e pesquisadores tomam conta do campus da Universidade de Caxias do Sul (UCS), desde sexta (3) até segundafeira (6), para participar do 33º Congresso Brasileiro de Ciências da Comunicação, realizado pela Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação, a Intercom. Todos os anos, a sociedade decide um tema a ser discutido no congresso. Nesta edição, 200 pesquisadores se reúnem em torno do título Comunicação, Cultura e Juventude. “Os jovens são os principais clientes das novas tecnologias e redes sociais, como o Twitter e o Facebook, mas também são vítimas no sentido da manipulação e dependência desses processos”, explica Antonio Hohlfeldt, presidente da Intercom. A realização do congresso na UCS é uma estratégia para tornar uma nova unidade da universidade, o Centro de

Ciências da Comunicação (CECC), mais conhecida. Se a pesquisa e o ensino do recém-nascido centro, criado em agosto de 2008, ainda não eram o bastante para atrair o evento, a persuasão ficou por conta da estrutura e engajamento da instituição. Com a aprovação da UCS como sede por parte Intercom, começou outro processo, o de comunicação interna. Afinal, alunos, gerentes, jardineiros, professores e motoristas precisariam entender o que milhares de pessoas fariam no campus da universidade em pleno feriadão de 7 de setembro. Estudantes de comunicação, pelo visto, assimilaram a mensagem. Frente à proposta de colocar em prática o que é ensinado diariamente na sala de aula, e com o benefício de não precisar pagar a inscrição no congresso, 400 alunos da UCS se tornaram voluntários, organizando e divulgando o evento. “Com a realização do Intercom, vamos fortalecer uma rede de relacionamentos para criar grupos de pesquisa que compartilhem o conhecimento. Quem sabe assim podemos ter um mestrado na área, contando com professores de outras instituições”, projeta a diretora do CECC, Marliva Vanti Gonçalves, uma das responsáveis pela organização do congresso na cidade. “E os nossos alunos agora sabem o que é participar de um congresso.” A professora também acredita que o evento possa despertar o interesse pela pesquisa nos estudantes de Jornalismo, Publicidade e Propaganda, Relações Públicas e Fotografia da UCS. “Os co-

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municadores têm que passar pela universidade, que tem que estar preparada para lançá-los no mercado de trabalho e ir além disso. É preciso entender o público para quem se produz e, para isso, atuar no mercado é insuficiente”, afirma. Em algumas universidades, esse interesse foi despertado pelo perfil dos cursos de graduação. Patrícia Dantas, 21 anos, é aluna de Publicidade e Propaganda na Universidade Federal de Pernambuco (UFPE). Em um dos alojamentos preparados para receber jovens acadêmicos como ela, a garota contava sua paixão pelo estudo da comunicação para as colegas de quarto. Patrícia estava ansiosa por sua segunda apresentação de artigo acadêmico em um congresso. Em Caxias, defendeu uma pesquisa sobre os supermercados que agregam valor à marca com a distribuição de ecobags, as sacolas ecológicas, sem fazer uma real diferença na preservação do meio ambiente. “Na minha turma, só eu me interesso por pesquisa. Os meus colegas reclamam de disciplinas como Realidade Brasileira, mas eu acho que são justamente essas que nos dão muito respaldo para trabalhar como publicitários”, conta a estudante, que veio sozinha de Recife. Somados ao fluxo habitual de hóspedes, os congressistas do Intercom ocuparam totalmente a rede hoteleira de Caxias. Para alunos de graduação, que representam 1.629 participantes, foram disponibilizados alojamentos no Campus 8 da UCS, na Vila Olímpica, no Sesc e no ginásio da sede recreativa da Marcopolo.

Se o tempo chuvoso deu as caras nesses dias, deve ter sido para não decepcionar os congressistas, que esperavam encontrar em Caxias clima frio, gastronomia italiana e belezas naturais, ou seja, a imagem que a região vende para quem vem de fora. A estudante de Jornalismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) Dora Moreira, 22 anos, captou a mensagem da face turística da Serra, mas ficou em dúvida se gostou do que viu. “Me desculpa, mas isso aqui não é Brasil. Fui a Gramado e parecia que tudo aquilo tinha sido construído para ser turístico, mas que não era nada de verdade. No aeroporto as pessoas me fizeram pensar que eu era um ET ou tinha uma sujeira do nariz, muito estranhas”, relatou a jovem. A exemplo de Patrícia, Dora também é uma das poucas de sua turma de faculdade que têm apreço pela teoria. “Se você não conseguir pensar o mundo em que vive, você será um comunicador falido”, sustenta a cearense. O discurso da jovem congressista está afinado com o do presidente da Intercom. “É importante que quem trabalha com comunicação se dê conta da responsabilidade social que tem. Uma mensagem colocada em circulação tem sobrevida e repercute nos públicos, é preciso refletir sobre isso”, defende Hohlfeldt. “Também temos que chamar a atenção do público leigo para o processo de comunicação. Os receptores têm que se dar conta que é preciso ter uma atitude crítica. Excesso de informação é prejudicial, e é importante que ele saiba escolher o que vai consumir”, conclui o pesquisador.

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Vidas abandonadas

TEMPOs

Adelaide deixou a casa em que morava com a filha e a neta para viver no Lar da Velhice: “Elas saía e chegavam tarde. E eu lá. Não morri porque não era para morrer”

PREOCUPANTES

C

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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

om a cabeça baixa e as mãos entrelaçadas, Maria (o nome é fictício; a história, infelizmente, não) nunca olha nos olhos de quem conversa com ela. Pequena e sensível, veste um conjunto de abrigo de lã e pantufas numa tarde em que não faz frio. Maria tem 90 anos, mas diz ter 60. Talvez por pensar que a idade e o tempo pararam antes de os maus tratos do filho e da nora começarem. Há dois anos, foi internada no hospital com a perna quebrada e as duas orelhas machucadas. Lá mesmo disse ter sido agredida pelo filho e pela esposa dele, que moravam com ela. Imediatamente, foi afastada dos dois e levada a uma casa asilar de Caxias do Sul. Entrar em um asilo é entrar em um lugar onde o tempo parece não passar. Tudo é lento e silencioso. Todos parecem frágeis. Peças delicadas que ao menor toque irão se quebrar. Na Casa de Repouso São José, onde Maria vive hoje, o silêncio da sala é quebrado apenas pela televisão, sintonizada na Globo. Na parede, um mural com as datas de aniversário dos moradores se destaca: há nascidos em 1924, 1926,

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1929. Há muitos sofás, tanto na sala quanto no pátio, sob a sombra. Mesmo com a televisão ligada, quase ninguém a assiste. Assim como muitos idosos, sentados lado a lado, que nem chegam a se falar ou a se olhar. Cada um parece estar em seu próprio mundo. Um mundo de lembranças. A inércia é quebrada na hora do lanche, quando uma funcionária traz xícaras de plástico com mingau. Todos os quartos da casa ficam com as portas abertas. Cada quarto tem três camas, um armário e uma televisão. Em um deles há um porta-retrato com uma foto de família, com uma idosa no centro, abraçada pelos parentes. Situações como a de Maria, que foi parar num asilo depois de sofrer maus tratos por pessoas da família, não são incomuns na cidade. Somente neste ano a Promotoria de Justiça Especializada de Caxias do Sul recebeu 148 casos que envolvem idosos. Entre eles, além das denúncias de violência física, há casos de abandono familiar, negligência e violência psicológica. O número parcial está quase igual ao de processos de idosos que tramitaram pela promotoria em todo o ano passado – 158. “Os casos que mais temos são de negligência e abandono. Às vezes o

À medida em que a população mais velha cresce, aumentam as denúncias de maus tratos, apropriação da aposentadoria e negligência

idoso pode se manter em casa, mas não um prejuízo imenso na qualidade de tem como ir no médico, no mercado, vida do idoso. Muitas vezes eu vou fazer comida, nem tomar banho sozi- averiguar uma situação que é denunnho. Em segundo lugar vêm os maus ciada como negligência ou maus tratos tratos, não só físicos, mas psicológicos, e, no decorrer da elaboração do laudo, do tipo dizer ‘inútil’, ‘fedorento’, ‘por também se constata a situação de exque não morre de uma ploração financeira”, vez?’”, conta Edemir diz Cláudia. Zatti Júnior, assessor da “Os casos que Os casos chegam promotoria. ao MP pelo Conselho mais temos são É comum e preocuou pela Secretaria da de negligência e pante também, segunSaúde, já que as Unido Cláudia Marroni, abandono. Às dades Básicas de Saúassistente social da vezes o idoso não de (UBSs) atendem os Fundação de Assis- tem como fazer idosos e percebem as tência Social (FAS), a agressões. Mas é poscomida, tomar exploração da aposensível denunciar diretatadoria do idoso. “A banho sozinho”, mente no Ministério apropriação indevida diz Edemir Público (fone 3228ocorre muito. Não só 2366) ou no Conselho para pedir empréstido Idoso (3215-4320). mos, mas se apropriam daquele diDepois da denúncia, o Ministério nheiro que seria da necessidade básica Público encaminha o caso à FAS, que do idoso, como comida, higiene, remé- após um estudo, se comprovar que a dio, e esse dinheiro não chega a ele”, ex- vítima não pode mesmo continuar plica Maria Luiza Bedin, presidente do morando com a família, a leva para Conselho Municipal do Idoso. “Teve o um asilo. Mas a opção pela internacaso de uma senhora de 80 anos que a ção numa casa asilar deve ser o último filha solicitou fazer o empréstimo e de- recurso, segundo Maria Luiza. Afinal, pois não ressarciu a ela conforme com- toda a referência e história de vida binara. Esses empréstimos na maioria de uma pessoa concentra-se na famídas vezes não são restituídos e causam lia e não numa casa onde ninguém a

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ra mulher de Alfredo apareceu no asilo isso. Que era um pai que abandonou a para visitá-lo. Ele pediu perdão por tê- família, que sumiu e depois voltou anos la abandonado. “E ela aceitou”, conta, mais tarde, isso acontece com bastante juntando as mãos, batendo palmas e frequência”, ressalta Zatti, do MP. começando a chorar. “Eu me arrependi Se o idoso não recebe visita no do que fiz”, confessa. asilo, não se questiona o porquê do Alfredo afirma que agora tudo está abandono. Algumas pequenas ilusões em paz. “Melhorar não precisa.” Só não também não são reprimidas. Lourdes, lembra da idade, e, quando a recepcio- por exemplo, toda vez que diz que vai nista do asilo, Margarete da Silva, con- voltar para casa na semana que vem, sulta em sua ficha e volta dizendo “83 ouve um “sim, a senhora vai”. A mesma anos”, ele abre bem os olhos fazendo coisa ocorre com os idosos que dizem cara de espanto: “83? Já? Vou até os 100 receber visitas dos filhos todo final nesta casa. Não se sabe quando se vai de semana quando, na verdade, estão morrer, né. Tem que ter vida em abun- sempre solitários. “Se vai evitar que dância, Jesus diz”, afirma Alfredo, hoje eles sofram...”, conforma-se Magda. evangélico. Tendo trabalhado com idosos duUma vez por semana, os idosos da rante anos, Maria Luiza, do Conselho, Casa São José fazem uma caminhada diz que o que mais a espanta é a indide poucas quadras. Três funcionárias ferença: “A pior coisa é quando as faos levam até o jardim na beira do lago mílias deixam eles de lado. É como se da CIC. Antes, fazem verificação da fossem invisíveis, deixassem de existir. pressão e alongamentos. O trajeto é E tudo o que eles querem é atenção, é percorrido muito lentamente. Demo- o olhar, dizer ‘eu ainda estou vivo’”. “Às ra tanto que até preocupa alguns: “Às vezes tem um número expressivo de vezes não querem passear. Dizem: ‘de filhos, cinco ou seis, e ninguém quer repente hoje minha filha venha’”, rela- cuidar quando o idoso precisa. Vejo ta a responsável pela educação física como um vínculo afetivo fragilizado. da casa, Daiane Vigolo. A maioria dos Por que não querer cuidar do seu pai idosos de lá, porém, não recebe visita. e da sua mãe, que te cuidaram a vida Nem em dia de passeio, nem em qual- inteira? Falta afeto”, completa Cláudia. quer outro. “Os familiares e os Sandro (nome fictíamigos têm muita im- “Os familiares cio), 70 anos, conta que portância para eles. e os amigos os três filhos o visitam São aquelas pessoas têm muita regularmente no Lar da que eles amaram a vida Velhice. Um deles mora inteira. Mas muitos importância no Rio de Janeiro, cidanão estão preocupa- para eles. Mas de onde Sandro viveu dos em visitá-los”, diz muitos não estão por alguns anos quanMagda Maria Grigol preocupados do era garçom. Com o Trés, administradora cabelo bem penteado e do Lar da Velhice São em visitá-los”, vestindo uma camisa, conta Magda Francisco de Assis. da cintura para cima O passado de quem Sandro ainda se parece está num asilo não muito com o garçom importa. Se foi um pai ou uma mãe que foi por 40 anos. Da cintura para amoroso ou ausente, não faz diferen- baixo, porém, está muito magro, com ça. “Muitos casos de negligência com as pernas atrofiadas. Precisa de uma idosos são reflexos do abandono do pai cadeira de rodas para se locomover. com os filhos no passado. Se percebe “Tive problema no pé, por causa de Fotos: André T. Susin/O Caxiense

conhece. “Muitas vezes eles vão sem Lourdes nunca se casou. Não por vontade própria, para um quarto que falta de pretendentes: “Quem eu quenão tem nada deles, a cama não é deles, ria não me queria. E quem me queria não tem mais o cheirinho, as coisinhas eu não queria”, resume. “Mas eu estou deles”, explica. Se for mesmo necessá- bem assim. Solteira.” rio mudar o idoso para Sem marido nem um asilo, a presidente filhos, Lourdes não redo Conselho ressalta a “O verso que cebe visita de ninguém. importância de se cer- te escrevi tirei Os irmãos, com pouca tificar de que a casa é diferença de idade, da palma acolhedora e amorosa, hoje são cuidados pee não apenas uma pres- da mão. los filhos que tiveram. A tinta tirei tação de serviço. Vaidosa, Lourdes usa “Me deram casa aqui. dos olhos. um colar de pérolas Achei bom. Muito verdes combinando A pena, melhor que na minha com um casaquinho de casa”, diz Maria, cuja do coração”, lã da mesma cor. Há aldenúncia de maus tra- recita Maria guns dias pediu a uma tos tramita no MP. das moças que trabaHoje, Maria dorme lham na casa se estava em um quarto com mais duas mulhe- precisando fazer mais uma plástica no res. “Minhas amigas.” Ela não é visita- rosto. da por nenhum dos filhos. Apenas um Ela não dá muita bola para a televiirmão, que não tem como abrigá-la são. “Na minha casa eu comprei uma em casa, aparece durante a semana. daquelas TVs mais caras. Mas ela está “Escreve um versinho pro meu mano. sempre desligada. Não gosto de TV”, E manda pra ele”, diz Maria. “O verso diz. “Eu gosto”, responde alto Maria, que te escrevi tirei da palma da mão. A que escutava a conversa. “Meus gostinta tirei... Ih. Eu sabia. Mas tô esque- tos são diferentes das outras pessoas”, cida...” Pouco depois, recomeça o ver- continua Lourdes. “Gosto de animaiso, e desta vez lembra dele completo: zinhos, de gatinhos e cachorrinhos. “O verso que te escrevi tirei da palma Quando vejo alguém judiar de algum da mão. A tinta tirei dos olhos. A pena, animal vou para casa e choro a noite do coração”. inteira”, conta. Lourdes acredita que vai voltar logo “Essa aqui é doente”, diz Lour- para casa. “Deixei minha casa fechada. des (nome fictício), 94 anos, sentada ao Semana que vem vou embora”, repete. lado de Maria. “Não sou doente nada”, Com Mal de Alzheimer e audição muiresponde Maria. Logo no início da to debilitada, ela provavelmente passaconversa, Lourdes faz questão de dizer rá os restos de seus dias no São José. que se sente muito bem: “Semana que A casa em que sonha voltar a morar já vem eu vou para casa. Vou sair daqui está alugada para outras pessoas. sã”. Ela conta que as melhores memóHá muitos anos, Alfredo (nome rias de sua vida são as de ter partici- fictício) separou-se da família. Casou pado dos bailes no Juvenil nas tardes com outra mulher e formou uma nova de domingo, nas chamadas matinês família, cortando os vínculos com a dançantes. Hoje, quando tem bailinho anterior. Anos depois, sofreu um acino asilo, Lourdes é uma das mais entu- dente vascular cerebral (AVC), e a casa siasmadas, pede sempre para as enfer- São José passou a ser seu novo lar. meiras da casa lhe arrumarem um par. Foi só há pouco tempo que a primei-

A hora do mingau na Casa São José é um dos momentos de atividade dos idosos em um lugar onde o tempo parece não passar

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Fotos: André T. Susin/O Caxiense

Lourdes acredita que voltará para sua casa (que já está alugada). Maria espera nunca mais ter que voltar

uma infecção, da diabetes. Tive que Deus sabe o que faz. Esta é a minha amputar os dedos. Agora não sinto cruz. Vamos enfrentando”. mais nada. Mas foi um sofrimento que “Igual a esse lugar acho que não tem. vou te contar”, relata. As refeições vêm na hora certa, prefiro Sandro foi convidado a se mudar aqui do que em casa”, diz Sofia (nome para o Rio depois de fictício), 80 anos. Ela trabalhar em clubes está no Lar da Velhice como Juvenil, Juventu- “A pior coisa desde o final do ano de e Samuara (serviço é quando as passado. Conta que que lhe deu a oportuni- famílias deixam o filho precisa viajar dade de servir inclusimuito. “Morei por 35 ve a presidentes, como eles de lado. É anos em Fortaleza. Castello Branco, Geisel como se fossem Trabalhava na cozie Médici, segundo ele). invisíveis, nha de um restauranLá, trabalhava na co- deixassem te. Quando voltei para zinha e fazia galeto e Caxias meu filho disse polenta para cariocas de existir”, diz que ia arrumar alguém e turistas. Divorciado, Maria Luiza para ficar comigo. Tenmorava com a seguntamos com duas emda mulher. Quando ela pregadas, mas não deu morreu, Sandro se desesperou. “Daí, certo. Ele não tinha como me cuidar. E com a depressão, quis voltar para Ca- dizia que se eu colocasse uma panela xias. Se acontecesse alguma coisa co- no fogo ia queimar”, explica. “Aqui eu migo, pelo menos eu estava aqui, onde vou ficar por muito tempo, até... até a tenho meus irmãos”, diz, sem mencio- morte me chamar”, completa. nar os filhos. Desde que chegou no asilo, Sofia De volta à cidade, Sandro morou na não foi mais para casa, mas diz que o casa de um amigo. Só os problemas de filho prometeu buscá-la no dia de seu saúde e a cirurgia no pé exigiam cuida- aniversário de 81 anos, no final deste dos e medicamentos constantes. “Vim mês. “Vai ter um churrasco. Vou passar parar aqui (no asilo) há dois anos”, meu aniversário em casa”, diz, sorrincompleta. do. “Ele é tudo para mim e eu sou tudo para ele. Somos nós dois e só.” Para quem não tem mais pelo Outra paixão de Sofia é a música. que esperar, o dia é programado, basi- Gosta de tangos, boleros e “músicas camente, pelos horários das refeições. de dor de cotovelo mesmo”. Na beiSandro levanta às 7h e toma café da ra da praia de Fortaleza, cantava para manhã. “Daí não tem nada para fazer. os clientes. Ao lembrar disso, começa Vejo televisão. Às 10h tem lanche, de- uma de suas preferidas: “Que beijinho pois tem almoço. Daí faço uma soneca doce, que ela teeem...” e troco o curativo todos os dias às 14h. Como Sandro, ela diz que não tem Às 16h tem lanche e às 18h, a janta”, muitas pessoas com quem conversar descreve. no asilo. “A maioria não tem assunto. Toda semana a Kombi do Lar da São dois ou três com quem a gente Velhice o leva até o Bar 13. “Lá tenho fala.”. O melhor dia, segundo ela, é a amizades com Deus e todo mundo. segunda-feira. Dia do bingo. Às vezes, Aqui, uns falam, outros não. Muitos Sofia dá sorte. O prêmio ao vencedor estão sem memória”, conta. Ao pensar pode ser um doce ou um salgadinho. se é feliz, Sandro abre as mãos num gesto de incerteza: “Agradeço pela saúO bingo também é uma das atide, pela memória boa. Quando posso, vidades preferidas de Adelaide (nome eu saio, para aliviar desse ambiente. fictício). Só perde para o crochê. Para

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qualquer lugar do asilo que vai com família. Trabalhamos com isso, que é sua cadeira de rodas a idosa carrega o que nos motiva a não ter casa asilar, uma bolsinha preta com os panos de porque lá só vão os de extrema necesprato que borda. “Vivo no meu quarto sidade”, argumenta. fazendo crochê, que aprendi aqui. Um A assistente social da FAS Cláudia pouco cochilo, um pouco faço crochê.” contabiliza no primeiro semestre deste Faz sete anos que Adelaide mora no ano 79 solicitações de estudos sociais Lar da Velhice. Aos 80 anos, ela sabe nas famílias feitas pelo Ministério Púque já viveu muito mais do que a ge- blico. Cláudia é a profissional que visiração anterior à sua. Viu o pai falecer ta a casa do idoso e faz as entrevistas. com 58 e a mãe com 44. Morava com Com o trabalho, descobre-se que o a filha e a neta, mas necessitava de agressor, na maioria das vezes, é um cuidados constantes, que as duas não familiar. Filho, enteado, neto, marido. tinham tempo de dar. “Sabe como é Mas o processo, até que vá para a Justihoje em dia... Elas saíam e chegavam ça e que se decida o que deve ser feito tarde. E eu lá. Eu não morri porque com a vítima, pode demorar. A não ser não era para morrer. Tive derrame, em casos extremos. “Já encontramos caía tombo, fazia todas as necessidades idoso quase indo a óbito. Às vezes é na cama. Tive um acidente com uma um caso urgente e não dá para esperar. chaleira, virei água quente na minha Por exemplo, o filho de um idoso foi a perna. Minha filha trabalhava, deixava Porto Alegre, e o pai, que tinha obesicomida e eu não podia esquentar. Daí dade mórbida, caiu e não conseguiu se ela achou que não podia mais me cui- levantar. Ele estava trancado em casa. dar e falou com uma assistente social”, Fomos naquele mesmo dia, depois conta, girando uma agulha de crochê que a FAS foi acionada pelos vizinhos”, entre os dedos. conta Cláudia. Em cima da cama de Adelaide há uma lembrança da filha. Um coração Falta de tempo, de vontade de gesso, com a inscrição “Mãe. A Rai- de cuidar, de respeito. Com a queda nha do Lar”. Algumas vezes, ela busca da taxa de natalidade, a proporção da Adelaide para passar os finais de se- população que pode ser vítima do desmana em casa. No Natal, também vê caso dos mais novos aumenta a cada a família. “Mas teve dia. “Somos um país dois finais de ano que de velhinhos, de cabeeu passei aqui, eles tilos brancos”, diz Maria nham medo que me “Quando posso, Luiza. Hoje, há 13 asilos desse alguma coisa”, eu saio, para cadastrados em Caxias revela. do Sul, e estima-se que aliviar desse 10% dos moradores da ambiente. Deus Adelaide ocupa cidade, cerca de 42 mil uma das vagas que a sabe o que faz. pessoas, sejam idosos. FAS compra em três Esta é a minha O crescimento dessa casas asilares da ci- cruz. Vamos fatia da população dedade. Segundo a premonstra que é preciso enfrentando”, sidente da fundação, melhorar, e muito, o Maria de Lurdes Gri- diz Sandro tratamento dado aos son, o gasto de R$ 33 mais velhos. O tempo mil ao mês com 46 de combater o abandoidosos é muito menor do que seria o de no e os maus tratos a idosos, começanum investimento em um asilo público. do pelo círculo social mais próximo de “Lá já tem os especialistas, equipe for- cada um, é agora. Quando a própria mada. E o digno é envelhecer com sua velhice chegar, será tarde demais.

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Doença crônica

No Postão, alguns pacientes tentam resistir à demora deitando-se nas cadeiras. Outros desistem do atendimento

A GREVE DE QUEM JÁ NÃO TRABALHA

O QUANTO DEVERIA

Normalmente, como admite seu próprio sindicato, os médicos já não cumprem a carga de 4 horas diárias. Agora, estão paralisados. Querem 254% de aumento

A

por ROBIN SITENESKI robin.siteneski@ocaxiense.com.br s peças se movem há bastante tempo. De um lado, o Sindicato dos Médicos luta, incansavelmente, por um aumento pouco provável: modificar o salário por 20 horas de trabalho semanais de R$ 2.114,43 para R$ 7.503,18 – nada menos do que 254,8% a mais – e instituir um plano de cargos e carreira. Do outro, a prefeitura, que sequer negocia com os sindicalistas, tenta acabar com a greve na Justiça. O tabuleiro: a saúde pública de Caxias do Sul, onde inúmeras pessoas, meros peões neste jogo, perdem dias de trabalho aguardando atendimento médico. Depois de uma parada de quatro meses – tempo que os advogados do Sindicato levaram para reverter a decisão judicial em primeira instância que impedia a continuidade da greve –, a disputa recomeçou na segunda-feira (30). Os primeiros movimentos, no entanto, foram feitos ainda no mês de abril – essa é a quarta paralisação dos médicos em 2010. Desde então, apenas uma “proposta” de aumento foi feita pelo Município, proposta esta que o poder público afirma ter sido apenas uma minuta, uma discussão interna. Não bastasse a tensão – e os inevitáveis prejuízos ao serviço –, há ainda um golpe baixo contra a população,

admitido pelo Sindicato e aceito pela prefeitura: os médicos trabalham apenas um quarto do tempo estabelecido em contrato. “Ninguém cumpre a carga horária, só no Postão, que é urgência e emergência. Em todos os bairros é uma hora e meia, duas no máximo”, assume o presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos Santos. “É uma obrigação deles cumprir o horário, fizeram concurso público para isso. (O descumprimento) faz parte de um processo histórico que se repete desde a criação da Secretaria”, afirma o procurador-geral do Município, Lauri Romário Silva. E ele não prevê solução em um futuro próximo. “A situação agora é aguda, grave e preocupante. O que nos prende a atenção no momento é a greve.” Cada consulta dos médicos do SUS em Caxias deveria durar 15 minutos. Para cumprir a carga de 4 horas, eles deveriam atender 16 pessoas. E atendem. Mas dedicam em média apenas cinco minutos para cada paciente, conforme o Sindicato. O presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio Grande do Sul (Cremers), Fernando Weber Matos, afirma que esse horário reduzido não é exclusividade caxiense. “Isso geralmente acontece porque o gestor público paga muito mal. Como o gestor não tem vontade

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política de pagar e exigir mais, ele finge que paga e faz um acordo para que o médico não precise cumprir o horário, mas uma meta de trabalho.”

cumprir a carga horária. Esta Secretaria jamais liberou e fiscaliza. Na medida em que tenho denúncia formal do não cumprimento de carga horária, eu aciono e verifico, e essa verificação está A secretária municipal da Saú- sendo feita, inclusive, pelo Ministério de, Maria do Rosário Antoniazzi, afir- Público.” Mas como está sendo feita, mou na última quarta-feira (1º) que a se o o próprio Sindicato segue admiSecretaria jamais autindo que não se cumtorizou os médicos a pre o horário? Neste trabalharem menos do momento, a entrevista que está em seus con- “Estamos sendo ao jornal, por telefotratos. “A Secretaria chantageados. O ne, é interrompida. A não libera médico para Sindicato nunca ligação cai. Minutos não cumprir carga hodepois, retomado o chegou a esse rária. É uma situação contato, Maria do Rohistórica, e no Brasil ponto. Quer sário afirma que não inteiro.” E a Secretaria prejudicar o discutirá o cumprifiscaliza o cumprimen- Sartori”, mento da carga horária to do expediente? “A dos servidores de sua reclama o Secretaria fiscaliza e Secretaria. a população também. procurador Lauri “Tu quer saber sobre Quando ela achar que cumprimento de carga está sendo lesada no horária, vamos abrir seu direito, nós temos um serviço de uma pauta em nível nacional. Tu quer ouvidoria aqui, que recebe denúncia, saber da greve, eu te dou as respostas. e, se for o caso, encaminhamos abertu- Estou tentando equacionar uma situra de sindicância e apuramos os fatos”, ação, não posso criar outro problema responde Maria do Rosário. agora. Essa situação nacional do cumA secretária alega que os médicos primento de carga horária tem que ser não cumprem a carga horária deter- discutida inclusive com o Ministério minada desde o governo anterior. “O da Saúde. Eu não vou entrar nessa pauSindicato dos Médicos me relatou que ta agora”, esquiva-se a secretária. houve um acordo em outros momenO secretário de Recursos Humanos e tos e que foram liberados para não Logística, Edson Mano, é mais solícito 4 a 10 de setembro de 2010

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implantação do sistema). Mas, se pagar R$ 7,5 mil, pode botar até um brigadiano no lado cuidando.”

espera – que, normalmente, é de duas horas no Postão, segundo o Sindicato dos Médicos. “Cheguei aqui às 8h30 e ainda não me chamaram”, protestou A investigação do Ministério Itamar às 14h50. Com uma infecção Público a que se referem os secretários no olho, que suspeitava ser conjuntivimunicipais é uma recomendação feita te, Itamar perdeu um dia de trabalho. em março de 2009. O MP pediu que E as perspectivas para ele não eram a prefeitura revisse o salário e verifi- boas. Uma placa indica o tempo de escasse o cumprimento da carga horária pera por atendimento no Postão. “Às dos médicos. Como, segundo a reco- 15:00 horas foi chamado usuário que mendação, “verificou-se desinteresse fez a ficha: às 6:50 horas”, anunciava a por parte da Administração Pública placa, com espaço para atualização dos Municipal em dar efetiva resolução horários. consensual às situações constatadas”, o Muitos desistem de aguardar. Perto inquérito público aguarda o andamen- das 15h, uma médica abre a porta da to da investigação para se tornar um sala de espera para adultos e chama processo. quatro nomes seguidos. Ninguém resExiste também uma ponde. Ela volta logo ação do MP contra a depois e, ao chamar prefeitura por causa “Quem se outro nome, finalde um contrato, fei- importa em mente consegue um to em 2004, entre a ter 50% do paciente. A situação só Faurgs e o município. não é mais grave por A contratação de 103 atendimento causa da determinamédicos – para tra- é a população. ção judicial que obriga balhar no Serviço de Quem não se 50% dos médicos a traAtendimento Móvel importa é o balhar durante a greve. de Urgência (SAMU), Os médicos atendem Projeto de Atenção em prefeito”, ataca em sistema rotativo. Saúde Bucal e Projeto Marlonei “Quem for trabalhar Pró Vida Caxias Saúde na segunda não vai na da Família – através da terça”, explica o presifundação seria ilegal, para os promoto- dente do Sindicato, Marlonei Silveira res, por incorporar servidores públicos dos Santos. Outro fator que ameniza sem concurso. um pouco a situação é que nem todos De acordo com o procurador-geral, os médicos das Unidades Básicas de Lauri Romário Silva, o Município não Atendimento (UBSs) são contratados poderia contratar servidores para pro- pelo município. A UBS do Centro, por gramas que não são permanentes. “A exemplo, está funcionando com capaprefeitura entende que está absoluta- cidade quase total. mente correta, que não pode criar es“Por enquanto, o atendimento não ses cargos para um programa que não está normal, mas também não é a meé do Município, que é federal, estadu- tade. Dois dos seis médicos da unidade al e municipal. O que fazer com esses participam da paralisação”, explica o servidores depois que os programas enfermeiro Fernando Bitencourt. Os acabarem?” outros médicos são contratados pelo Estado, pelo governo federal, pela FaLonge da retórica do campo murs ou são celetistas e não aderiram da batalha entre médicos e prefeitura, à greve. Itamar Antônio de Oliveira aguardava atendimento no Postão 24 horas na “Estamos sendo chantageados. O tarde de quarta-feira (1º). Itamar, que Sindicato dos Médicos nunca chegou trabalha na construção do San Pele- a esse ponto. O Sindicato quer prejugrino Shopping Mall, reclamava da dicar o Sartori. Agora querem que o

Sartori resolva tudo, em uma semana, 15 dias, um mês. Agora o Sartori é o Cristo crucificado”, reclama o procurador-geral, Lauri Romário Silva. Segundo Lauri, se a prefeitura perder no julgamento do recurso que impediu a greve dos médicos por quatro meses, vai recorrer ao Supremo Tribunal Federal. “Vamos até as últimas consequências.” O argumento da administração é que o Sindicato dos Médicos não pode negociar aumento pela categoria. “Os médicos são representados pelos servidores do Município. Seria inconstitucional tratá-los diferente dos demais servidores do quadro. Se for assim, cada categoria teria que ter um sindicato diferente. Eu iria liquidar com a prefeitura. A cada semana iríamos ter um sindicato discutindo aumento aqui.” O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul (Sindiserv), João Dorlan, diz que não recebeu qualquer proposta para os médicos. “Desde que assumimos que iríamos discutir a questão, em nenhum momento nas quatro rodadas de negociação eles levantaram o assunto, mesmo sabendo que nós estávamos dispostos a falar.” Para o sindicalista, a intenção da prefeitura não é negociar. “A tática da administração é ganhar tempo, mas quem perde com isso é a população.” Apesar das críticas à prefeitura, Dorlan diz que o Sindiserv não concorda com a reivindicação dos médicos. “Não podemos defender um aumento para os médicos em detrimento de toda a categoria (de servidores municipais).” Enquanto as peças ainda se movem, ambos os lados reconhecem os perigos de travar uma batalha como essa na saúde pública. “Temos que resolver isso o quanto antes porque a saúde está sangrando. Mas não vai ser chantageando que vamos resolver, com a faca no pescoço”, avalia Lauri. “Acho que isso vai se arrastar. Eles estão apostando que vão reverter na Justiça. Quem se importa em ter 50% do atendimento é a população, que está sofrendo. Quem não se importa é o prefeito”, ataca Marlonei. André T. Susin/O Caxiense

ao comentar a irregularidade no cumprimento da carga horária dos médicos. “Esse tema é polêmico, o Ministério Público também está nos cobrando. Existe uma discussão antiga, inclusive com a própria categoria, que está meio parada agora por causa da greve.” O secretário revela que a prefeitura irá modificar todo o sistema de ponto no município, e isso deve incluir os médicos. “Vamos mudar todo o cadastro, criando um novo crachá, lido por aproximação, e teremos que comprar mais de 100 relógios-ponto.” Segundo Mano, a instalação do novo sistema deve acontecer em seis meses. “Estamos terminando o sistema. Depois, iremos atualizar os cadastros e abrir licitação para gerar os cartões e comprar os relógios. Já temos licitação para levar internet a 50 locais para instalação dos relógios. Acredito que tudo deve estar pronto em seis meses.” Mano também afirma que pagar R$ 7,5 mil para os médicos causaria inclusive problemas legais. “É totalmente inviável. Não existe como o Município cumprir isso. Se fizesse, já entraria na Lei de Responsabilidade Fiscal, porque quando a folha de pagamento do Município chega a 48% da receita ele deve tomar medidas para impedir que a folha suba até chegar ao limite, 54%.” Atualmente, os gastos da prefeitura estão próximos dos 48%. “Hoje temos em torno de 43%, mas tem duas despesas que estão fora: a contratação da Faurgs (Fundação de Apoio da Universidade Federal do Rio Grande do Sul, pela qual trabalham para o Município 103 médicos) e as despesas com as escolas infantis (que, assim, como a Faurgs, é lançada na contabilidade como convênio, ficando de fora dos gastos com pessoal). O Tribunal de Contas está questionando isso, diz que deveria ser tudo despesa com servidores. Com a inclusão dessas duas, chegaríamos a 47%. Teríamos uma margem muito pequena para chegar aos 48%.” O presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei Silveira dos Santos, afirma que não se opõe à instalação de sistemas de controle de carga horária. “Vão ter que acreditar em nós (até a

Um placa informa o tempo de espera das consultas no Postão, que com a greve passou de duas para oito horas

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O Caxiense entrevista

“UM COMUNISTA NO

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GOVERNO, NÃO UM GOVERNO COMUNISTA” Humberto Carvalho defende isenção de IR nos salários, mas evita comentar sobre MST e não pagamento da dívida

por ROBIN SITENESKI, FELIPE BOFF, ROBERTO HUNOFF e RENATO HENRICHS umberto Carvalho não lembra o radicalismo do Partido Comunista Brasileiro (PCB) do passado. O advogado de 67 anos evita falar sobre Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST), não pagamento das dívidas externa e interna e relações com empresas norte-americanas. Carvalho dá sequência à série de entrevistas do jornal O Caxiense com os concorrentes ao governo do Rio Grande do Sul. O senhor afirma que somente a revolução é o caminho para o socialismo. Isso significa que, em um possível governo seu, o Estado se levantaria contra o governo federal? É preciso entender bem o que é, para nós, uma revolução. Revolução não é sair dando tiros por aí feito uma dúzia de loucos. Revolução é mudança radical das estruturas de uma sociedade. Isso acontece mediante um processo de organização popular, não depende da minha vontade ou da vontade do governo federal. Mas como iríamos ter uma revolução no Estado e um modelo capitalista na esfera federal? O nosso governo, se eventualmente formos eleitos, não vai ser um governo comunista, porque estamos nos limites do capitalismo. Vamos ter um comunista no governo, o que não se confunde com um governo comunista. Existem os limites constitucionais da ordem jurídica e também a chamada competência do Estado. O que pretendemos é dar realce ao poder popular. Por exemplo, a Constituição permite mecanismos de participação semidireta, como o uso do referendo e do plebiscito. A questão da Petrobras e do Pré-sal, por exemplo. Todo mundo sabe que o Pré-sal é uma fortuna fabulosa e isso pertence ao povo. Por que não se pergunta ao povo o que fazer com o Pré-sal?

Para Humberto, a revolução possível é a participação do povo

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Divulgação/O Caxiense

Qual o modelo de socialismo para o PCB, o da extinta União Soviética ou dos países sul-americanos como Venezuela e Cuba? Não existe isso, não importam modelos. Cada país constrói o seu modelo, porque é um processo muito próprio, característico daquele país, da sua cultura, da realidade histórica que ele está vivendo. Isso acontece também com o capitalismo. Candidato, não seria mais sensato para o partido tentar conseguir representação no Legislativo antes de concorrer sequer sem aliança ao governo do Estado? Acontece que, como na física, todos os espaços tem que ser ocupados na política. Se não, alguém ocupa esses espaços no teu lugar. Nós temos que aproveitar essas oportunidades para divulgarmos nossas ideias, debater e mostrar quem nós somos, o que pretendemos. Além de acabar com uma série de preconceitos que existem por aí. Qual será a posição do PCB em um 4 a 10 de setembro de 2010

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Nessa mudança, haveria redistribuição das terras, divisão dos latifúndios? Nós não somos contra a reforma agrária, muito pelo contrário, apoiamos porque é indispensável para a modernização do nosso sistema econômico. Qual a sua opinião quanto às isenções fiscais concedidas para grandes empresas e a guerra fiscal entre os estados? Em nível federal, também pleiteamos uma reforma tributária a partir do Imposto de Renda. Entendemos que renda é fruto do capital, portanto salário, aposentadoria e pensão não é renda. Salário é uma contraprestação de serviço. Aposentadoria e pensão são frutos de um contrato que o segurado faz com uma autarquia previdenciária, no caso o INSS. Esses não devem pagar IR, quem deve são os frutos do capital, os juros, os aluguéis, o arrendamento de terras etc. Aí tu vais te perguntar “e os altos salários e os executivos de empresas que ganham R$ 30 mil ou R$ 40 mil mês?”. Esses também não vão pagar imposto de renda, mas um imposto sobre altos ganhos. Queremos também acabar com a injustiça dos impostos indiretos.

O seu governo pagaria ou não as dívidas externa e interna? É preciso que se faça uma auditoria sobre a dívida. Antes do atual governo, a nossa dívida era com a União. Agora nós temos duas dívidas, a com a União e, graças ao empréstimo que foi feito pela senhora governadora com o Banco Mundial, temos a dívida com o BM. Nós queremos saber da legitimidade dessas dívidas, o que foi e o que deve ser efetivamente pago. O que for ilegítimo, vamos consultar a população para saber se vamos pagar ou não, porque esse dinheiro com que se pagam as dívidas é do povo.

mada, então temos que respeitar essa decisão e não nos metermos nela. Mas o senhor afirma que aqui o PCB não quer sair dando tiros. Veja bem, não importamos modelos. Há uma condição histórica muito peculiar da Colômbia que é a existência desta luta armada há mais de 40 anos. Não temos isso no Brasil. Os caminhos aqui terão características tipicamente brasileiras, respeitadas todas as características culturais nossas.

Qual a sua posição quanto a legalização das drogas e do aborto? Há uma política que, para o usuário Candidato, o PCB prega o rompi- se prevê tratamento e para o narcotramento de relações com países impe- ficante, cadeia. Mas não existe traficanrialistas, como os Estados Unidos. te sem usuário. A droga é um produto Como o senhor agiria em relação a capitalista, então, se eu quero combater empresas americanas com filiais ou o capitalismo, não vou liberalizar coifranquias no estado, como a GM, sas capitalistas. É preciso combater o McDonald’s ou Coca-Cola? tráfico e estudar caso a caso. Quanto ao Não temos preconceito com em- aborto, pessoalmente sou favorável, o presas estrangeiras. partido também. Deve O que não podemos ser realizado por clíniaceitar são as condicas visando a manuten“Revolução é ções que elas querem ção da saúde da mulher. impor. Por exemplo, mudança radical esse empréstimo com das estruturas de O senhor afirma que o Banco Mundial im- uma sociedade. o ideal seria que os pôs exigências que professores trabalhasIsso acontece são contrárias aos insem em um turno e teresses dos gaúchos, mediante um estudassem em outro. como a reformulação processo de Como isso seria viável da previdência pública organização para o Estado? estadual e das carreiPrimeiro temos que popular” ras públicas no Estado. preencher todas as vaEsse tipo de exigência gas existentes, que são nós não aceitaríamos muitas. A nossa ideia em hipótese alguma. é que o professor trabalhe em sala de aula em um turno, no outro trabalhe Qual a participação do PCB no Foro na escola, fique à disposição dos alude São Paulo, que ficou conhecido nos, corrija as provas, planeje suas aupor dialogar com as Forças Armadas las e realize pesquisas. De que adianta Revolucionárias da Colômbia (Farc), colocar em uma escola 10 computadoe qual a posição do partido em rela- res se os professores não sabem usar? É ção às Farc hoje? preciso permitir que eles façam cursos, É uma reunião de partidos progres- coisa que o atual governo não faz. sistas da América Latina que foi criado na década de 90 pelo então metalúrgi- Como o estado financiaria o seu placo Lula como uma forma de lutar con- no de manter os professores em sala tra o neoliberalismo. Hoje, parece que de aula somente por um turno? Isso ele se rendeu, mas nós continuamos aumentaria muito o número de conlutando. Sobre as Farc, é preciso enten- tratações? der que na Colômbia há uma guerra Nós não queremos fazer contratos, civil há mais de 40 anos. Sei que toda queremos preencher os cargos da cara imprensa burguesa repete que as Farc reira. Temos a ideia de criar fontes de são terroristas, ligadas aos narcotrafi- receita que não sejam impostos. Precantes, quando nós entendemos que é tendemos criar um mecanismo, pode justamente o contrário. Nós temos que ser uma letra do tesouro do Estado ou respeitar a autodeterminação de cada uma própria caderneta de poupança povo. Se o povo lá entente que uma das gaúcha, com um atrativo maior do que formas de melhorar a vida é a luta ar- a atual caderneta de poupança, e fazer

EDITAL DE 1º E 2º PRAÇA E INTIMAÇÃO 1º PRAÇA - 13 DE SETEMBRO DE 2010 ÀS 14H 2º PRAÇA - 23 DE SETEMBRO DE 2010 ÀS 14H LOCAL: ÁTRIO DO FÓRUM – CAXIAS DO SUL ANTÔNIO CARLOS FAUTH, Leiloeiro Oficial, devidamente autorizado, venderá em Hasta Pública, nas datas, hora e local acima mencionado, o bem a seguir descrito, oriundo do processo nº. 010/1.05.0016858-2 que MARA RECH GRANDI (Pp.Dr. João Antônio Pezzi) move contra ELTON ALLES E DERLI OLIVEIRA DA SILVA, em curso na 3a Vara Cível desta Comarca, chama interessados à arrematação em 1ª Praça pelo valor da avaliação e, em 2ª Praça, quando poderá ser por valor inferior, não sendo aceito preço vil.

com que as pessoas invistam ali. De posse deste dinheiro, vamos reformar escolas, melhorar os serviços públicos e ainda contar com o dinheiro oriundo dos impostos. Ainda temos uma indenização enquanto estado pelas perdas decorrentes dos efeitos da Lei Kandir. O PCB, o PCO, o PSTU e o PSOL tem programas de governo muito semelhantes, mas concorrem com candidaturas próprias nessas eleições. Por que não houve uma aliança, já que em uma eventual vitória de qualquer um dos três partidos os outros dois fariam parte da base do governo? Nós temos as melhores relações com os companheiros de todos esses partidos. Por questões legítimas em nível nacional dos nossos partidos, não foi possível uma coligação. Embora existam três ou quatro campanhas diferenciadas, estamos de fato numa frente anti-capitalista a favor do socialismo. Por outro lado, taticamente, nós, a esquerda, ficamos mais tempo na mídia (se referindo a propaganda eleitoral obrigatória) do que se estivéssemos coligados. Qual a sua resposta a crítica de que partidos menores só servem para vender apoio ou barganhar votos? Essa crítica não pode ser feita para nós. Nós temos 88 anos de existência, somos o partido mais antigo do país. A nossa história praticamente se confunde com a história da República. Os outros partidos é que são partidos de aluguel, porque eles se transformam diante de qualquer necessidade. O senhor criticou o governo Yeda, se não passar para o segundo turno, o PCB vai apoiar Tarso Genro (PT) já que Fogaça fez parte do governo Yeda? Aí teremos que estudar. Por enquanto não estamos no segundo turno. Em matéria de campanha eleitoral estamos um pouco longe. O PCdoB está com o PT na campanha para governador. O PT não procurou o PCB para fazer uma aliança? Não procurou porque sabem que fazemos oposição pela esquerda ao governo federal. Não porque a gente não goste do Lula, não gostamos do fato dele se entregar ao capital financeiro e a visão neoliberal. Ele manteve o mesmo plano econômico estabelecido pelo Fernando Henrique, que tanto mal causou à classe trabalhadora. Por isso não nos procuraram.

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eventual governo quanto ao agronegócio, a reforma agrária e o modo como a luta pela reforma agrária é feita pelo Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem-Terra (MST)? Na agricultura, nossa ideia é a diversidade, que é a melhor maneira de se manter o equilíbrio ecológico. Uma das nossas grandes preocupações é com o ecossistema do pampa. Quem passa por lá, mesmo de carro, vê que existe grande área de desertificação desses campos. A nossa ideia em relação a essas áreas desertificadas é plantar espécies nativas, para que elas se recuperem. Nós pretendemos incrementar o uso do Sistema Racional Voisin, que é um rodízio das áreas de pastoreio e uma diminuição dos potreiros de alimentação. Com isso, o gado se desloca menos, ou seja, gasta menos energia e aumenta seu peso. Além disso, tentaremos convencer o pecuarista a plantar forragem. Financiaríamos o plantio, a criação de silos e armazéns na própria fazenda. Com o tempo e com o aumento da produção passaríamos gradativamente para uma produção intensiva, aumentando a produção de carne, por exemplo, num menor espaço e mantendo o equilíbrio ecológico.

– UMA FRAÇÃO IDEAL DE TERRAS SEM BENFEITORIAS, com a área de 280m², contida dentro de um todo maior de 3,0 há, que fazia parte do antigo lote rural 98, do Travessão Leopoldina, em Ana Rech, município de Caxias do Sul, atualmente perímetro ou zona urbana, que confronta dentro de maior área: ao Norte, com terras de Aldo Mariano Boff; ao Sul, com terras de Américo Alberto Boff; ao Leste, ainda com terras de Américo Alberto Boff e, ao Oeste, com terras de Guerino Tartari e outro. Fração ideal cadastrada junto à Prefeitura Municipal, com o lote 001, da quadra 2311, para efeitos tributários. Imóvel com matrícula IO 168 do Cartório do Registro de Imóveis da 2ª Zona, desta cidade. AVALIADO EM R$ 40.000,00 ( QUARENTA MIL REAIS ). Ao arrematante cabe o pagamento da comissão de leilão. Contatos com o leiloeiro pelo fone 9166.8378. Por este edital ficam desde logo intimados os executados e cônjuges, se casados, caso não encontrados pelo Sr. Oficial de Justiça, conforme Provimento 04/2002, da Corregedoria Geral da justiça. Caxias do Sul, 03 de Agosto de 2010. Escrivã/Kátia Maria Riboli Dal Ponte – Juiz de Direito/Dr. Clóvis Moacyr Mattana Ramos. Antônio Carlos Fauth Leiloeiro Oficial – JUCERGS 136/97

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“Alguma coisa não está certa para ter que pagar pedágio” Carlos Schneider (PMN) quer levar seu pacto social para o governo e diminuir a desiguldade do RS em relação ao Brasil

André T. Susin/O Caxiense

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“Nós queremos separar esse lixo do Brasil”, diz Schneider, sobre moralização política

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por CAMILA BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br

a tarde do dia 24 de agosto, Carlos Schneider esteve na redação d’O Caxiense para falar sobre suas propostas de governo, dando continuidade à série de entrevistas com os candidatos ao Palácio do Piratini. O candidato do Partido da Mobilização Nacional (PMN) defende maior autonomia dos Estados e garante ter um plano para readequar a carga tributária ao orçamento do Rio Grande do Sul. Sobre as pesquisas de intenção de voto, defende que a divulgação de resultados expõe os candidatos a um constrangimento público. “É impossível ninguém querer votar em um candidato. E como é que alguém vai apoiar uma a campanha que não pontua nas pesquisas? Se eu tivesse o tempo de propaganda política na TV que o PT, PMDB ou PSDB tem, eu me elegeria.” O senhor nunca exerceu cargos públicos eletivos. Que experiência administrativa levaria ao governo do Estado? Se com toda a dita experiência dos candidatos que passaram pelo cargo, conseguiram causar todo esse furor na carga tributária, cobrando cada vez mais impostos, me parece justo que eu pleiteie um cargo para mostrar que não é aumentando impostos que se pode administrar o Estado. O que nós estamos pleiteando no Estado é uma readequação da matriz tributária no sentido que o setor do agronegócio seja desonerado e essa carga seja suportável para os outros setores. O Estado abre mão de uma série de tributos, enquanto a União vem garimpando outras siglas para impor uma tributação cada

vez maior. De tudo que se arrecada no Brasil, 70,1% fica com a União, 24,3% fica com os estados e o resto, 4,75%, fica com o município. O senhor chama o seu programa de governo de pacto social. O que isso significa? Quando a minha candidatura foi lançada na convenção nacional do partido, encontrei o ex-ministro José Delgado, do Superior Tribunal de Justiça. Foi uma ideia dele que partisse do Rio Grande do Sul, que sempre foi um Estado presente na vida política do país, partisse um pacto social eleitoral, ao invés de criar um programa de governo. Porque um pacto tu celebra com a sociedade, um programa tu simplesmente impõe. É um pouco, digamos assim, plagiado dos contratos sociais de Thomas Hobbes e JeanJacques Rousseau. É algo estabelecido de comum acordo por critérios entre partes de uma ação, mas é um programa embasado em pesquisas, e eu achei que isso soou bem. Um exemplo de proposta é a questão da população carcerária. Nós temos um déficit no nosso sistema prisional de 10 mil vagas. Mas me parece um pouco equivocado pensar em construir novas casas prisionais quando 34% dos presos estão lá por prisões cautelares. Então, devemos verificar se eles precisam realmente ficar presos. Porque cada um tem um custo para o Estado, de R$ 1,6 mil por mês, e muitas vezes tem presos condenados que já estão com a pena completamente cumprida. Mas eu sei que é muito complicado porque, para mim, o Estado está falido. O senhor fala em isenção tributária para alimentos. Como isso funciona-

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“O Estado vendeu praticamente todas as rodovias para a iniciativa privada, mas continua investindo”, aponta Schneider

ria, inclusive em relação ao impacto na arrecadação? É possível que o parlamento se envolva nisso para que os produtos sejam entregues com a mesma taxa de arrecadação em todos eles. Tu tens que trabalhar com valor agregado, desonerar os alimentos e fazer com que eles tenham os seus reflexos em outro ponto da cadeia e recuperar a economia. Fica evidente na fala dos outros candidatos que isso não está sendo feito. No caso do PMDB, em um dos debates o seu candidato disse que é totalmente contra o aumento de tributos. Já num outro programa, ele disse que era a favor da cobrança dos pedágios comunitários. Alguma coisa não está certa: ou o candidato está faltando com a verdade ou o partido manda no candidato. Por isso, entre tantas outras coisas, eu gostaria de ser governador por um único mandato. Se o povo achar que eu atendi as expectativas, ótimo. Se não, eu saio da vida política. Porque é possível reorganizar a casa e é possível transformar o Rio Grande em um estado competitivo, atraindo novos investimentos. Uma das suas propostas é o imposto único. Como isso funcionaria e como seria feita a divisão entre Município, Estado e Nação? O imposto único significa imposto de valor agregado. Na geração da operação comercial tem que estar destacado o que o contribuinte paga de imposto. E depois não se paga mais nada. Toda essa cadência tributária, de impostos não-cumulativos cobrados em cada etapa, da produção ao consumo, acaba com o imposto único. Porque isso emperra a máquina pública e a economia perde valor, qualidade e competitividade. Um exemplo é a questão dos pedágios, que não deixa de

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ser tributo. O Estado vendeu pratica- Mas a ajuda desses partidos não seria mente todas as rodovias para a inicia- importante para ganhar a eleição? tiva privada, mas continua investindo. Todas as forças políticas que tu agluNo tempo do Delfim Neto se criou tinares sempre serão bem-vindas para uma contribuição sobre combustíveis somar nessa proposta, desde que sejam na ordem de 25% para serem aplicados identificadas com a proposta de governa construção e manuno do PMN. Mas esses tenção de rodovias. Se partidos menores não essa contribuição tem “É possível querem fazer coligaesse caráter, alguma pelo seguinte: eles transformar o Rio ção coisa não está certa querem ganhar dinheipara tu ter que pagar Grande em um ro para poder pleitear pedágio. muitas atividades de estado candidatos das proporcompetitivo, Se os outros governacionais. atraindo novos dores não conseguiram, como o senhor investimentos”, Consta no plano de resolveria isso? governo o Programa acredita Eles aumentaram a Schneider Comida Urgente. O tributação e não utilique é e quais as difezaram a receita para os renças em relação a fins destinados. Se eu viesse a ser go- programas como Fome Zero e Bolsa vernador, iria remanejar as estruturas Família? tributárias. Eu quero participar desse O Bolsa Família é um programa do projeto porque ele é nosso, criado den- PT e o Comida Urgente é um progratro do PMN, com conhecimento base- ma do PMN. É uma experiência de ado em muitos anos de pesquisa. Eu Novo Hamburgo, que implantou esse discuto muito isso no palanque políti- sistema e foi considerado o programa co e já tem candidato que está usando alimentar mais perfeito do mundo. o mesmo discurso. Aí se utilizam do As pessoas que são atendidas são cameu discurso no espaço de televisão dastradas, recebem acompanhamento deles, que é muito maior que o meu, e nutricional. A comida não é uma doé claro que eles vão sair em vantagem. ação do Estado, é uma parceria com a Mas não vão fazer nunca porque eles iniciativa privada. O alimento é adminão sabem a essência de como se faz nistrado por um órgão gestor, que faz a isso. comida de dois em dois dias, ou todos os dias e oferece em locais diferentes. É A candidatura do PMN não tem co- um serviço comunitário gratuito para ligação. Não seria mais fácil colocar as comunidades mais pobres. Quem em prática o plano de eleger um go- estaria a cargo seria a primeira dama e vernante com a ajuda de outros par- os Coredes. Ele não distribui dinheiro, tidos menores? ele distribui valores. Nós, depois de eleitos, vamos convidar partidos que se identificam com o O plano também propõe a reforma nosso plano de governo, como o PTB, política, com término da reeleição o DEM, o PDT e o PV. para cargos executivos, aumento dos

mandatos de 4 para 5 anos e financiamento público de campanhas. Como viabilizaria isso a partir do Estado? Seria viabilizada a partir do Congresso Nacional. Os nossos candidatos a deputado federal do PMN do Estado levariam o debate ao parlamento para a construção de uma nova matriz. Sem a reforma partidária e política, não virá jamais uma reforma tributária que transita no Congresso há 20 anos e não sai das gavetas. E a reforma política tem que acabar com esse apadrinhamento de jogar receitas das regiões Sul e Sudeste para o Norte, Nordeste e Centro-oeste, dizendo que estes recursos servem para corrigir distorções regionais. São mais de R$ 100 bilhões que o Nordeste recebeu nos últimos dez anos a fim de corrigir as distorções sociais e me parece que a coisa continua cada vez pior. Nós somos a galinha dos ovos de ouro do Brasil que estão matando aos poucos. A desigualdade não está lá em cima, está aqui. Eu penso que cada estado deveria ter a sua autonomia, a sua independência política, econômica e social para gerir os seus problemas e a partir daí buscar as soluções dentro do mundo em que vive. Isso não soa um pouco como separatismo? Se se separar da discriminação é separatismo, que seja separatismo. Se é se separar da corrupção para um Estado melhor, que seja separatismo. Nós queremos separar esse lixo do Brasil para que a gente comece a moralizar a política. Se o senhor não chegar ao segundo turno, qual candidato o partido apoiaria? Eu não admito isso, quero ir para o segundo turno.

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Freguesia garantida

Na terça-feira (31), quando reabriu após 30 dias fechado para reformas, o restaurante serviu mais de 200 refeições

ALIMENTO PARA A

CONVIVÊNCIA À

por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br

s 10h40 da última terça-feira (31), Adair Vinturim Pereira se encosta na parede ao lado da porta de vidro ainda fechada. Com o bilhete número 19 nas mãos, aguarda pela principal refeição do dia. Debaixo do chapéu marrom, observa a tudo com olhos semicerrados – consequência de um acidente com solda, há dois anos. Mas não está impaciente. Aos 73 anos, o senhor de casaco cinza, de aparência simples, sorri. “Aqui a comida é muito boa, e ainda é fácil de vir, pois é próximo da parada de ônibus”, explica. A espera pela reabertura das portas do Restaurante Comunitário, que ficou 30 dias fechado para reformas, só não é mais tranquila do que a das 18 pessoas à frente dele. Estas ficam acomodadas em cadeiras plásticas em uma antessala, protegidas das instabilidades do clima lá fora. Para sorte de Adair e dos demais fregueses que começam a chegar, o dia está ensolarado, e a temperatura, amena. José Brasilino de Lima, 70 anos, organiza a pequena fila que começa a se formar na calçada da Rua Os 18 do Forte, ao lado da Praça da Bandeira. É um colaborador voluntário, responsável pela distribuição das senhas – um maço de papeizinhos numerados. A terça-feira foi o primeiro dia de trabalho de Brasilino ali. Mas ele já conhece um pouco do ofício, iniciado há mais de um mês no Restaurante Comunitário II, na Rua 20 de Setembro. O servi-

ço de Brasilino não é remunerado, mas lhe vale o almoço. Isso representa uma economia de R$ 7,50 por semana para o voluntário, que é motorista aposentado e proprietário da Gás Lima, microempresa de entrega de gás.

Já passam das 11h, e o movimento aumenta. Na fila, a aposentada Zilda Silva, 60 anos, diz que o restaurante não é só um lugar para saciar a fome, mas também um ambiente para conhecer novas pessoas. No período em que o estabelecimento, em São Pelegrino, esteve fechado para reformas, Zilda frequentou o Restaurante Comunitário II. “Fiz um monte de amizades lá no restaurante de baixo. Mas prefiro vir aqui. Meu ônibus para bem na frente.” Zilda é separada e mora sozinha. Para ela, a refeição diária por um preço acessível facilita muito sua vida. Não é por preguiça de cozinhar só para ela, mas pela dificuldade de ver o que colocar na panela. Ela convive com a deficiência visual há 36 anos e tenta interagir com o mundo da melhor forma possível. “Para mim é difícil fazer algumas coisas. Às vezes a salada não fica muito limpa”, brinca. A porta do Restaurante Comunitário está a minutos de ser aberta, e mais e mais pessoas continuam chegando. Uma em especial chama a atenção. Vestido com um traje social completo e bem alinhado, com direito a gravata e lenço, um senhor que completa 94 anos em outubro exibe a boa forma com passos curtos e firmes. Enquanto fala, o brilho do sol revela um dente de

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Restaurante Comunitário, que serve almoços a R$ 1,50, amplia o cardápio incluindo áreas para descanso e leitura

ouro no canto da sua boca. Ele entrega sua receita de longevidade: “Não fumo nem bebo. Gosto mesmo é de dançar. Sou um pé de valsa. Toda quarta e sábado vou num salão de dança”. Em seguida, acrescenta, com ar malicioso: “A coisa que mais gosto é de mulher.”

a sala de espera e outra para leitura. Uma das primeiras pessoas a ocupar o novo ambiente é Nicolau Filho. Ele descansa, após o almoço, em frente à TV, que transmite desenhos animados. “A comida é muito boa”, elogia. “Tenho de emagrecer uns 10 quilos. Fiz uma ponte de safena há seis anos. Quando Assim que o prefeito José Ivo como no restaurante, me controlo meSartori (PMDB) encerlhor. Em casa sempre ra a cerimônia de enfaço comida para sotrega das reformas no “Aqui a comida brar e acabo comendo restaurante, termina a mais”, explica. Nicolau, é muito boa, e espera. Adair paga R$ 63 anos, é artesão, tra1,50, recebe os talheres ainda é fácil de balha com couro. Suas envoltos em um saco vir, pois é principais obras são plástico e, ao passar próximo da porta-cuias e cintos. por uma catraca, se enIdosos que se manparada de caminha para o bufê. têm profissionalmente Em instantes, todos os ônibus”, explica ativos compõem boa 80 lugares estão ocu- Adair, cliente parte da clientela do pados. O almoço, que típico do lugar restaurante. É o caso tem pratos diferentes a Leônidas da Silva, 67 cada dia, ainda oferece anos, mais conhecido um copo de suco. “Todo o dia muda o pelo apelido, Negão. A poucas quacardápio. Só o arroz e o feijão que se dras dali, na Sinimbu, ele atende há 36 mantêm. Às vezes mudamos a carne. anos em uma carrocinha de cachorroNosso trabalho é o benefício das pes- quente. “Sou um dos que trabalham há soas”, diz a gerente, Inoema Biazus. mais tempo na região”, conta, sempre Passando às benfeitorias, a diretora sorrindo. do Departamento de Segurança AliJá passam das 13h30, e as portas do mentar e Inclusão Social (SAIS), Janete restaurante se fecham. Na última terçaTavares, conta que foram restaurados feira, 203 pessoas tiveram ali uma rea parte elétrica, esgoto, forro e pintu- feição completa por apenas R$ 1,50. E ra das paredes. “Antes, qualquer chuva Brasilino, o voluntário que entrega as inundava aqui dentro,” lembra. Os fre- fichas, pôde economizar trocando seu quentadores fiéis do restaurante nota- trabalho pela comida. “Gasta-se este rão mais uma mudança na estrutura: o valor somente em gás quando se preespaço. O refeitório foi um pouco re- para uma refeição em casa.” E olha que duzido com a criação de uma área para de gás ele entende. 4 a 10 de setembro de 2010

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Guia de Cultura

por Cíntia Hecher | editado por Paula Sperb

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Cinema | O escritor fantasma

Assombração do ofício por CÍNTIA HECHER Ah, o investigador solitário! Sempre ele que vê algo errado, recebe as pistas mais escabrosas e sai correndo, inconsequentemente, de encontro ao mistério. Sempre sozinho, não sabendo com quem contar e para que lado correr. Você sempre tenta ajudar, conversando com ele do outro lado da tela, contando com o fim de sua ingenuidade, ou, como também é comum, do seu completo azar. Em O Escritor Fantasma, você irá conversar com o Fantasma, interpretado por Ewan McGregor. Ele é um ghostwriter – explica-se aos desavisados: um escritor que faz seu trabalho sem divulgar o nome. No filme, ele é contratado para finalizar a “autobiografia” de Adam Lang (Pierce Brosnan, um dos 007), ex-primeiro ministro britânico que agora se ocupa mais de evitar sua presença nos tribunais de crimes de guerra. O Fantasma só entra nessa porque o predecessor morreu afogado nos Estados Unidos, ao sumir da balsa que liga a cidade com a ilha de Manhattan, em Nova Iorque. Assim, o substituto se envolve com um jogo de política, o novo local de trabalho e as companhias de Lang. O diretor Roman Polanski jogou nesta película aquela aura de mistério que ele sabe bem fazer, comprovada por O Bebê de Rosemary e Chinatown. Consegue mesclar situações de tensão enrijecedora e risadas despretensiosas, resultando um clima meio noir, meio Hitchcock. O Escritor Fantasma aponta para o isolamento. A casa do biografado fica numa praia bucólica, com paredes de vidro que protegem quem está do lado de dentro das intempéries. A metáfora mais forte reside aí: o político e o seu biógrafo resistem ao que os cerca. Há dois empregados asiáticos sempre à disposição. A função de um deles, pelo que parece, é varrer as folhas do deck, mesmo que o vento o impeça. E lá vai ele fazendo o que lhe foi ordenado, não importa os infortúnios do caminho. Nisso, os trabalhos dele e do Fantasma encontram suas semelhanças. Ambos com seus afazeres nada fáceis de cumprir nem prazerosos, mas ordens são ordens. E há a mulher de Lang, forte, eloquente e convincente. O Fantasma fica entre tudo e todos, meio que anestesiado, recebendo toneladas de informações em grande parte controversas. Bombardeios de todos os lados. Polanski fala da falta de noção de quem são os mocinhos e os bandidos da história. Quem sabe, reflexo do momento pelo qual passava durante a finalização do filme, em prisão domiciliar na Suíça sofrendo a possibilidade de deportação para ser julgado por um crime sexual de 30 anos atrás, nos Estados Unidos. Esse oceano a mais de distância talvez o ligue ao Fantasma, à política, ao que não é o que não pode ser. l O Escritor Fantasma | Suspense. De quinta (2) a domingo (12), 20h | Ordovás Dirigido por Roman Polanski. Com Ewan McGregor. 12 anos, 128 min., leg..

Online | Assista aos trailers dos filmes que estão em cartaz em www.ocaxiense.com.br.

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Ewan McGregor interpreta um ghostwriter no filme de Roman Polanski, O Escritor Fantasma

CINEMA l 400 Contra 1 – Uma história do crime organizado | Drama. 16h10 e 21h10 | Iguatemi Filme conta as origens da organização criminosa Comando Vermelho. Dirigido por Caco de Souza, Com Daniel de Oliveira e Daniela Escobar. 16 anos, 95 min.. l Como Cães e Gatos 2: A Vingança de Kitty Galore – 3D | Comédia. 13h30, 15h30, 17h30 e 19h30 | Iguatemi Por conta da maluquice de uma felina, doida para tomar conta do mundo, cães e gatos deverão unir-se em uma parceria nunca antes vista na história. Dirigido por Brad Peyton. Livre, 82 min., dub.. l Nosso Lar | Drama. 14h10, 16h40, 19h10 e 21h50 | Iguatemi Filme baseado em livro transcrito por Chico Xavier, onde o espírito André Luiz explica como é o lugar para onde foi depois de morto e seus sentimentos em relação aos que continuam vivendo. Dirigido por Wagner de Assis. Com Renato Prieto e Othon Bastos. 10 anos, 110 min.. AINDA EM CARTAZ – A Origem. Ação. 16h e 21h30. Iguatemi | Karatê Kid. Aventura. 13h40, 16h20, 19h e 21h40 (dub.) e 13h20 e 18h50 (leg.).

Iguatemi | Meu Malvado Favorito. Animação. 13h50 e 15h50. Iguatemi | O Bem Amado. Comédia. 14h e 18h40. Iguatemi | Os Mercenários. Ação. 17h40, 19h50 e 22h. Iguatemi | O Último Mestre do Ar – 3D. Aventura. 21h20. Iguatemi | Prenda-me se for capaz. Policial. Quinta (9), 15h. Matinê às 3. Ordovás | Salt. Aventura. 19h. UCS | Shrek Para Sempre. Animação. 14h e 16h. UCS. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Sessão

de Cinema AD tem entrada franca. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 39011316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2.462. 3221-5233.

teatro

l Amor por Anexins | Sábado, 20h30 | Comédia que passa no Rio de Janeiro de 1885, onde senhor faz uso de anexins para conquistar uma jovem viúva. Anexins não são um tipo exótico de flor, como pode parecer, mas sim um sinônimo para ditos populares. Sesc R$ 10 (público em geral) e R$ 5 (estudantes, sênior e comerciários) | Moreira César, 2.462 | 3221-5233 l Felinícias | Sábado e domingo, 20h | A inspiração vem do cinema, do diretor Federico Fellini e do cinema mudo. A história é de encontros e desencontros de um casal. Jessé Oliveira dirige Jonas Piccoli e Aline Zilli, com trilha de Gutto Basso. Teatro Municipal R$ 20 (público em geral) e R$ 10 (estudantes e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Solos Trágicos | Sexta (11), 20h30 | Abrindo do 12° Caxias em Cena, o espetáculo é dividido em seis trechos de tragédias, cada uma interpretada

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


por um único ator. Dialogando com eles, um coro de cinco atores. Textos de Ésquilo, Sófocles, Eurípedes, Shakespeare, Sartre, Michel Azama e Nelson Rodrigues. Censura 14 anos. Estação Férrea R$ 10 | Augusto Pestana, 50 | 3901-1381

exposições l Mostra Mutirão 30 Anos – Te Encontro Lá | Até 19 de setembro, das 10h às 22h | Fotos, depoimentos e peças como camisetas, bonés, máquinas de escrever e gravadores ilustram 30 anos de história da instituição de ensino. Praça de Eventos – Iguatemi Entrada franca | RSC-453, n° 2.780, Km 3,5 | 3289-9292

l Livro-Livre | Até 11 de setembro, das 15h30 às 20h30 | O troca-troca de livros desta vez têm ênfase na literatura gaúcha. A homenagem vai para o Dia do Gaúcho, comemorado em 20 de setembro. Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316 l Projeto UCS Autores | Quarta (8), 18h30 | A 1ª edição desta ação que pretende divulgar os talentos da literatura, da ciência e das artes da região conta com a presença de Igor Luchese. O escritor tem entre suas obras poesias, crônicas e aventuras gastronômicas. O autor aproveita para avisar do lançamento de seu livro Desejos Urbanos. Sala Florense – Bloco M da UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2100

MÚSICA l Gravaêh! | Inscrições até 13 de setembro Um ônibus que percorre o Estado levando a possibilidade de gravar um CD de músicas próprias é o que faz o projeto Gravaêh! da Ong Cirandar, de Porto Alegre. Até 13 de setembro é possível se inscrever no projeto. As bandas ou músicos selecionados poderão gravar no ônibus equipado quando o automóvel/estúdio estacionar em Caxias do Sul, no final do mês. Inscrições pelo site www.cirandar.org. br/gravaeh/ l Embalos de um feriado à noite | Disco. Segunda (6), 23h Não é preciso acordar cedo no feriado de 7 de setembro, então, nada melhor do que uma festa com a banda Disco. Vagão R$ 15 depois da meia-noite, R$ 12 com

Agradáveis dias cinzas

TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Beale Street. Blues. 22h30. Mississippi Delta Blues Bar. 3028-6149 | Boys e Boys. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 91043160 | DJ's Convidados. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Êxito Letal. Pop rock. Santo Graal. 3221-1873 | H5N1. Pop rock. 23h. Portal Bowling (Mart-center). 3220-5758 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Misstake e Dj Jorgeeeeenho. Rock. 23h. Vagão. 3223-0007 | Pagode Júnior. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Processo 4. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | You & Me. Eletrônico. 23h. Havana. 3224-6619 | Zé Bitter Rock. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Domingo: Domingueira. Eletrônico. 21h30. Zarabatana Café. 3228-9046 | Segunda (6): Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | DJ André Sarati. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Fullgas. Pop rock. 23h. Portal Bowling (Martcenter). 32205758 | Gustavo Reis; Fabricio Beck e Hernan Gonzalez. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | HardRockers. Rock. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Independence Day. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Robledo Rock e Ton Rock and Roll. Pop rock. Santo Graal. 3221-1873 | Quarta (8): Tiago e Ismael. MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Rodrigo Campagnolo e Graziano. Blues 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Valdir Verona. Música regional. 20h30. Zarabatana Café. 3228-9046 | Quinta (9): Bóra Balançá. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Charles Master. Rock gaúcho. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Gustavo Reis. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Sexta (10): A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Billy Rider. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Fabiano Mittidierri. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Saci Pererê. Samba rock. 21h30. Zarabatana Café. 3228-9046.

por MARCELO ARAMIS

Ana Rodrigues e Daniel Chiacos , Divulgação/O Caxiense

l Projeto Olhares II 2010 | Até 10 de setembro. De segunda a sexta, das 9h às 17h | Interessado em fotografar prédios históricos da cidade? Inscreva-se neste passeio que, por resultado, terá uma exposição dos trabalhos selecionados. Os inscritos devem comparecer no próximo sábado (11) em frente à Igreja Santo Sepulcro, das 14h às 17h, para confirmação de inscrição. A organização é da Associação dos Amigos da Memória e do Patrimônio Cultural de Caxias do Sul (Moúsai). Museu Municipal Visconde de Pelotas, 586 | 3221-4227, 9102-2283 ou 3220-9518 AINDA EM EXPOSIÇÃO – A Beleza de Ser. Até terça (7), das 9h às 21h. Sábados, domingos e feriados, das 15h às 21h. Saguão do Ordovás. 3901-1316 | Amor à Primeira Vista. De segunda a sexta, das 8h às 22h. Hall Inferior – Campus 8. 3289-9000 | Blues Jazz Dance. De segunda a sexta, das 9h às 12 e das 13h30 às 19h. Domingos, das 9h às 15h. Galeria Arte Quadros. 3028-7896 | Caminhos do Interior. De segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697 | O Beijo. De segunda a domingo, das 8h às 20h. Sesc. 3221-5233

LITERATURA

Exposição | Trajetórias de uma Percepção

nome na lista do Orkut e até meia-noite | Coronel Flores, 789 | 3223-0007

Natália Bianchi tem olhos verdes que não conhecem a própria cor. No entanto, detectam em si mesmos – e no mundo ao redor – uma infinidade de traços, contrastes, volumes e texturas imperceptíveis aos olhares comuns. Os olhos da artista acreditam ser cinzas claros, com contornos cinza escuro e riscados por fissuras de diversos tons, do preto ao branco. Disseram a Natália que as cores que ela vê chamam-se preto, branco e cinza. Sem referências para questionar ou confirmar a hipótese, ela aceitou as definições. A artista tem explicações precisas sobre a sua visão limitada das cores, já a complexidade do seu olhar apurado para as formas parece ser inexplicável e sem limites. Na sua exposição de estreia, Trajetórias de uma Percepção, Natália faz a autobiografia do seu jeito de ver. Em uma sala aconchegante no segundo piso do Catna Café, o laranja pálido dos tijolos e o vermelho vivo das luminárias pendentes sobre as mesas fazem cenário e luz cinematográfica para os sete quadros da exposição. Um filme em preto e branco. Um clássico. As obras são resultado de uma investigação do uso do preto e do branco para atender a uma necessidade de conforto visual. Portadora de acromatopsia, uma doença genética que limita a visão aos tons de cinza e causa sensibilidade à luz direta, Natália mostra uma série escura. O preto predomina e os cinzas e os brancos recortam detalhes e dão volume, profundidade e textura às composições. Quando criança, Natália escolhia qualquer canetinha para desenhar, preferia os contornos e raramente pintava os desenhos. Com o tempo, ela descobriu maneiras mais autênticas de preencher as formas. Hoje pinta um grande repertório de traços com sua restrita paleta de cores. Neta de costureira, Natália cresceu entre tecidos e desenhos de moda. Na escola, essas percepções criaram rebuscados volumes e sobreposições nos vestidos das bonecas que ela gostava de desenhar – traços elaborados demais para uma menina da sua idade. Cada retalho de renda que ganhou da avó é para a artista um pedaço de nostalgia. Em Trajetórias de uma Percepção, os tecidos sentimentais fizeram carimbos ou receberam espessas camadas de tinta preta. São musgos em uma montanha, nuvens carregadas, fissuras de caverna. E se modificam constantemente. Mutante como a própria obra, Natália, formada em Artes, pós graduada em Poética Visual e com um pé na moda, inicia com originalidade no mundo das artes plásticas. Ela pinta para agradar o próprio olhar, egoísmo sem o qual a arte não teria sentido. Nessa exposição, mais do que mostrar sua peculiar maneira de enxergar, a artista empresta a sua visão para quem estiver disposto a admirar a arte de um jeito diferente. Os olhos cinzas de Natália tiram o brilho da TV, repelem os dias de céu limpo, descansam na neblina e adoram nuvens de tempestade. Os olhos verdes de Natália só conhecem de nome as cores que eu enxergo. Mas têm o olhar mais profundo que eu já vi. l Trajetórias de uma percepção | De segunda a sábado, das 10h às 19h30, e domingos, das 16h às 19hté o dia 26 de setem

Nosso Lar, obra do espírito André Luiz psicografada por Chico Xavier, ganha adaptação para o cinema

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Em longa temporada, até 23 de setembro. Catna Café Entrada franca | Av. Júlio de Castilhos, 2.854 | 3212-7348 4 a 10 de setembro de 2010

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Artes artes@ocaxiense.com.br

POEMAS TARDIOS I por VALDIR DOS SANTOS

Busco no meio da tarde e há pássaros adormecidos que moram nas calçadas Gaiolas da memória deserta. Busco o sol do meio da tarde brasas vivas abastecem o verão e há águas paradas nos rios. Leitos abandonados Busco nas pedras as lembranças das tardes de infâncias e há crianças envelhecidas na praça esquecida. Vinhas da vida. Amarga vindima.

Vasco Machado | Filhos da Terra|

Participe | Envie para artes@ocaxiense.com.br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

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Neste óleo sobre tela, as roupas e o cenário rústico da paisagem rural mostram uma época remota e os hábitos simples do cotidiano dos imigrantes italianos. Um chinelo contemporâneo substitui os tamancos e aparece para mostrar que o antigo permanece vivo nos dias atuais. A mistura harmônica entre passado e presente na colônia e no campo é tema da exposição Caminhos do Interior, na Galeria Municipal (Ver Guia de Cultura, página 16).

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Walmick Campo, Divulgação/O Caxiense

Bruno Gulart Barreto, Divulgação/O Caxiense

Festival internacional

Releituras de Alice no País das Maravilhas e da técnica japonesa brunraku surpreendem pela inovação no 12º Caxias em Cena

Diversidade

no palco A

por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br

numerologia não é a maior fã do 12, não entrega a ele um significado cósmico. Felizmente, não são todos os que levam a numerologia ao extremo e enxergam o número por outro ângulo. Doze são os meses do ano e os algarismos do relógio. Para os cristãos, 12 são os apóstolos de Jesus na Santa Ceia. Na cidade, é época deste número com o 12º Caxias em Cena, espaço para espetáculos teatrais, musicais e de dança de todo o mundo. Desta vez, realizado entre 11 e 26 de setembro, ele reunirá 31 apresentações nos teatros Municipal, do Sesc e São Carlos, além de explorar os espaços da Praça Dante Alighieri, do Parque dos Macaquinhos e da Estação Férrea. A própria cidade é quem tem a maior oferta de espetáculo, são sete peças teatrais e uma apresentação musical. Porto Alegre, vem logo em seguida com sete espetáculos, incluindo a única apresentação de dança. Diversos estados brasileiros terão representantes nos palcos daqui, como Rio de Janeiro, Minas Gerais, Pernambuco, Paraná, São Paulo, Mato Grosso e Ceará. Representantes da Argentina, do Uruguai e da Espanha também estarão no 12º Caxias em Cena. Portanto, segue à risca seu título oficial de festival internacional que, de acordo com a coordenadora do evento e da Unidade de Teatro da Secretaria da Cultura, Ângela Lopes, foi uma característica adquirida sem a intenção. “Foi ganhando caráter internacional à medida que grupos do exterior foram se interessando”, explica. O período para inscrição dos interessados foi de fevereiro a maio deste ano, com cerca de 200 inscritos. A partir deles, foram selecionadas as apresentações, e a programação – apenas com grupos profissionais – foi definida. Ângela afirma que, mesmo assim, diversos grupos amadores tentam se

inscrever. Alguns grupos não passam por essa seleção e são convidados por participarem do Porto Alegre em Cena. O investimento da prefeitura é de R$ 200 mil no total. Todas as atrações têm preço popular ou são gratuitas, como os teatros de rua e espetáculos infantis. Escolas estão convidadas para agendar sessões e haverá valores promocionais para Ensino Médio e Educação de Jovens e Adultos (EJA) que tenham aula à noite.

O público aguardado varia de 6 a 8 mil interessados em apreciar as mais diferentes linguagens artísticas. A procura é ampla e diversificada, conforme Ângela, que afirma que o Caxias em Cena recebe inscrições de todo o Brasil. A diversidade poderia ser tema do evento, que reúne comédia, drama, intriga policial, teatro de bonecos, música pop chilena, dança contemporânea e reflexões filosóficas. Há atrações contemplando todas as idades, vontades e querências. De Porto Alegre, há a Cia. IN.CO. MO.DE-TE, que traz a peça O Gordo e o Magro vão para o céu, com a dupla de atores Carlos Ramiro Fensterseifer e Heinz Limaverde interpretando texto de Paul Auster. Como uma grande homenagem ao teatro de Samuel Beckett, a peça se desenrola em algum lugar não especificado que, de acordo com uma das diretoras, Liane Venturella, pode ser o céu, o inferno ou os Campos Elíseos. A única coisa definida, porém, é sua função: recebem ordens para construir um muro com 18 pedras e são observados sempre. “É uma brincadeira sobre o existencialismo”, resume Liane. Porém, esta não é uma comédia, por mais que associem isso à imagem do Gordo e do Magro. “Eles vivem uma outra situação, onde a obrigação não é fazer rir, até as piadas têm desgaste. Mas são duas figuras carismáticas e o público embarca na história.” A peça foi indicada a três categorias do Prêmio Açorianos 2008, com Heinz Limaverde levando o de

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Saem da coxia as mais variadas formas de artes cênicas para o 12º Caxias em Cena

Melhor Ator. Também de Porto Alegre, a performance Alice promete se destacar. Desde 2008 a diretora e atriz Sissi Venturin, junto à Cia. Espaço em Branco, estuda os meios da performance-arte, como o trabalho de Lígia Clark e Yoko Ono. Inspirado livremente nos livros de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho, criou uma performance com fragmentos do texto em que a Sissi se identifica pessoalmente. “Não pretendo de forma nenhuma contar a história e nem ser linear. O conteúdo é adulto disfarçado de infantil, tal qual o livro.” Segundo ela, há uma desconfiguração da distância entre palco e plateia. Todos são convidados a interferir. “Manuseiam, comem, bebem, participam de forma simples. O espectador se sente convidado a participar. Assim, extrapola a percepção dele sobre a obra.” O objetivo, diz Sissi, é que o espectador “se encontre na obra e a obra encontre ele”. Nas imediações caxienses, há a performance da conhecida atriz Maria do Horto Coelho, de 78 anos recém completos em agosto, o qual a define como uma “leonina danada”. Ouvindo João Bosco e derramando simpatia e eloquência, a senhora não está para brincadeira. Sua peça, Em Cena, foi escrita especialmente para ela por Maria de Lourdes Torres. É uma história de toque metalinguístico, onde uma atriz é arrancada da peça que está atuando por dois homens – que só ela pode ver. Na busca para descobrir onde está e o que está acontecendo, ela lembra e relata fatos da vida. Para Maria, isto representa o que fazer quando se é tirado do cotidiano. “Pode tanta coisa quando acontece o inusitado na nossa vida. Nós nos surpreendemos com nós mesmos.” Mais longe, do Rio de Janeiro, vem uma peça mais densa, chamada Kabul. A Cia. Amok Teatro apresenta, de acordo com a diretora Ana Teixeira, a segunda parte de uma

trilogia sobre a guerra no Afeganistão e o Talibã. Esta trata de dois casais afegãos que observam e sofrem as consequências da guerra. “É um drama existencial. O que fica de humanidade quando tudo foi confiscado? É a busca pela dignidade humana”, diz Ana. Há espaço para comparações com o Rio de Janeiro, que podem ser transferidas a qualquer cidade. “Vivemos numa cidade em guerra. Mesmo tão longe, é possível um reconhecimento.” Na trilha sonora, instrumentos afegãos dão o toque particular. “É dramaturgia musical”, afirma. E Ana ainda avisa sobre o espetáculo: “é bem diferente do que o público está acostumado”. Pense diferente quando imaginar uma técnica japonesa de teatro de bonecos, o brunraku, transformada. Não há fantoches, há atores sendo manipulados, enrolados em faixas brancas, da cabeça aos pés. Assim é O Cantil, peça inspirada no texto A Exceção e a Regra, de Bertolt Brecht. Ela rendeu uma indicação ao Prêmio Shell 2009 para o grupo Teatro Máquina, de Fortaleza, no Ceará, por conta da técnica desenvolvida coletivamente. “É realizada a manipulação direta de cabeça, tronco e braços. Isto exige uma sintonia muito forte entre os atores, entre quem indica o movimento e quem realiza, entre quem manipula e quem se deixa manipular. É um trabalho de bastante rigor e controle físico”, explica a diretora, Fran Teixeira. Além das apresentações, ainda será realizada uma oficina onde o corpo é visto como instrumento musical, no Colégio La Salle, e um encontro da Rede Brasileira de Teatro de Rua, no Zarabatana Café, no Ordovás. O sucesso deve estar garantido para um evento com tanto tempo de realização, que deve até possuir presenças cativas e ser aguardado por alguns. Depois das 12 badaladas, torçamos para que a carruagem não vire abóbora e todos continuem a prestigiar estas manifestações artísticas.

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André T. Susin/O Caxiense

Futuro em jogo

TRABALHO E

ESPERANÇA

Vitória diante da líder Chapecoense é o único resultado que deixará o Ju com chance de, na última rodada, evitar o rebaixamento à Série D

Beto Almeida gostou do desempenho do time no CA-JU, mas não do placar: “No vestiário não se fala mais nesse empate”

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Fabiano Provin fabiano.provin@ocaxiense.com.br ão há outra maneira de começar a escrever este texto: a situação do Juventude na Série C é crítica. Não é aquela que foi planejada pela direção no início do ano ou sequer a imaginada pelos torcedores, que vislumbravam um time brigando para passar à próxima fase da competição ou, pelo menos, longe do risco de cair de divisão mais uma vez. O Ju precisa ganhar os dois jogos que lhe restam e ainda torcer para que Caxias, Criciúma ou Brasil de Pelotas não cheguem aos 10 pontos na tabela. Para piorar, há um detalhe importante a ser lembrado: o alviverde ainda não ganhou no campeonato. A difícil missão da virada recomeça na tarde de domingo, diante da Chapecoense, no Estádio Alfredo Jaconi. Líderes, os catarinenses vêm a Caxias do Sul pensando em algo mais, como a classificação antecipada. O Ju, por sua vez, coloca em jogo a própria honra. Precisa permanecer na Série C. Para isso, o time, que conquistou apenas quatro pontos em seis jogos (quatro empates e duas derrotas), com aproveitamento de 22%, terá de ser ofensivo. Mais ainda do que foi no primeiro tempo do CA-JU 268, o baita clássico que terminou empatado em

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2 a 2 no dia 29 de agosto, no Estádio Centenário. Naquela partida o técnico Beto Almeida mudou seis jogadores e o esquema de jogo. Do 4-4-2 (que resultou na derrota por 1 a 0, em pleno Jaconi, para o Brasil-Pe), passou para um ousado 3-6-1. O lateral direito Celsinho entrou no lugar de Luiz Felipe, que fraturou um dedo da mão esquerda e passou por cirurgia; Bruno Salvador foi promovido a terceiro zagueiro; o volante Umberto, capitão no Gauchão, substituiu Tiago Silva, com dores musculares e gripado; o volante Éverton Garroni ocupou o lugar de Júlio César; o meia Christian assumiu a posição de Marcos Paraná; e outro hermano, Ismael Espiga (que fez um golaço, o segundo do alviverde no CAJU) tomou a vaga do renomado Fausto. O time foi anunciado por Beto Almeida 30 minutos antes do clássico. Contra a Chapecoense, não haverá novidades. O plano do treinador é manter a equipe que iniciou o CA-JU. “O crescimento da equipe é notório. Sabemos, jogadores e comissão técnica, que ainda podemos e devemos melhorar”, explica o treinador. Dessa forma, o Ju entrará em campo, às 16h deste domingo(5), com Jonatas; Rafael Pereira, Bruno Salvador e Fred; Celsinho, Umberto, Éverton Garroni, Cristiano,

Christian e Calisto; Ismael Espiga. que não poderiam aceitar a proposta Sobre o CA-JU, Beto, bastante pon- de jogo do Caxias, que fez muitas falderado, lembra que o grupo sentiu tas. Nos preocupamos em jogar, não muito o empate sofrido nos acrésci- entramos na ‘pilha’ deles. No vestiário mos. O Juventude ganhava do Caxias não se fala mais nesse empate. Hoje, por 2 a 1 quando Palácios decretou o os atletas precisam saber que a me2 a 2 aos 49 minutos do segundo tem- lhor maneira para se defender, dentro po – o árbitro Vinícius de campo, é ter a posse Costa da Costa deu de bola. E isso eu vi no seis minutos adicio- “O crescimento CA-JU, um time que nais. “A adrenalina es- da equipe é marcou forte e produteve muito alta. Agora, notório. ziu jogadas ofensivas”, a direção está trabaelogiou Beto Almeida. Sabemos lhando com o intuito É dessa maneira de preservar o clube. que ainda que o técnico quer sua Hoje, temos um vestiá- podemos e equipe contra a Chaperio focado no próximo devemos coense. Colocando em jogo. Estamos 120% prática na partida jogamelhorar”, diz concentrados”, garante das trabalhadas durano técnico papo, senta- Beto Almeida te os treinos, como foi do na sala de imprensa o caso do segundo gol do Jaconi após comanpapo contra o Caxias, dar um treino tático no gramado. numa bola lançada por Calisto para IsA “preservação” do clube a que o mael Espiga. “Um jogador concentratreinador se refere é, na verdade, uma do é capaz de produzir, de concluir a representação, encaminhada por diri- gol na hora certa e da melhor maneira gentes esmeraldinos à Confederação possível. Esse grupo comprou a ideia Brasileira de Futebol (CBF), questio- de vencer. Precisamos vencer. Mesmo nando supostos erros técnicos, falta de correndo riscos, teremos de atacar.” E critérios e de disciplina na condução atacar com o apoio da torcida: cada sódo clássico. A principal reclamação é cio do Ju tem direito a levar um amigo com relação aos seis minutos de acrés- de graça ao estádio, retirando o ingrescimo no segundo tempo. “Os jogado- so extra até o meio-dia de sábado no res entraram concentrados, sabendo Jaconi.

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André T. Susin/O Caxiense

Questões literárias

HERÓICA

NAÇÃO GRENÁ Superação é a primeira palavra da cartilha do Caxias nesta temporada e a arma para o acesso à Série B

Torcida comemorou o empate de 2 a 2 com o Juventude, domingo passado, no Centenário

t

por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br alvez falando da cena alguém confunda com um filme. Deitado numa cama, um homem olha para o teto. Não como se procurasse alguma rachadura; nem observando girar a hélice do ventilador. É um olhar vago, mas perene. Há uma certa tensão no ar, uma inquietude. Porém, é silenciosa. Não agride. Não amedronta. Mas incomoda. Estivéssemos falando apenas de mais um jogo de futebol, nada disso faria sentido. Se bem que no Brasil até pelada de final de semana tira o sono de muito marmanjo que um dia sonhou fazer carreira no Flamengo. Quase nunca uma partida de futebol é só um evento de 90 minutos. Fosse o Caxias não apenas um clube, mas também um personagem, muito intelectual diria que o esquadrão grená só poderia ter sido criado por Dostoiévski. Um autor russo e não um brasileiro. Não por ser do contra. Mas porque nem Machado de Assis, o mais célebre brazuca nessa Terra do Nunca Literária, nem Nelson Rodrigues, o anti-herói da Pátria de Chuteiras, tiveram talento para forjar uma alma tão sofrida, como se o fardo fosse sempre maior do que o clube pode suportar. É como se não houvesse saída e o destino fosse sempre um túnel escuro, cheio de areia movediça. Mas tem algo que aparece em Dostoiévski – mesmo a seu contragosto – e que forja a alma grená: a fé. Crer no possível, mesmo quando a realidade dá sinais de perdição e nenhum sinal de salvação. Mesmo silenciosos e cabisbaixos, os torcedores grenás não arredaram o pé do estádio Centenário na última tarde de domingo, dia do segundo CA-JU válido pelo Campeonato Brasileiro da Série C. Não havia torcedor grená que conseguisse esconder o sorriso antes de o árbitro apitar o início da partida. Mais do que a eminente vitória do Caxias, os grenás queria assistir a derrocada do Juventude, no ninho do Falcão. Aqueles dois gols-relâmpago

sofridos pelo Caxias em um intervalo de menos de um minuto ratificavam a doce ironia escrita com sangue pelo sádico Dostoiévski. É como se o autor russo revisitasse seu personagem para suscitar nele a alma de superação e nunca a de soberba. A soberba, diria Dostoiévski, deixem àqueles do lado de lá. E quando tudo parecia perdido, quando os alviverdes imaginaram que sairiam do Centenário ostentando suas máscaras de sorriso e superioridade, eis que Dostoiévski escreveu mais um capítulo da saga grená. Pintou de branco, azul e grená o estádio Centenário e entregou nos pés do colombiano Palacios a honra de empatar uma partida que a papada já dava por ganha. Não há clube no mundo que entenda melhor o peso do sofrimento, como o Caxias. Ao mesmo tempo, parece não haver clube por aí acostumado a dar a volta por cima, a buscar o impossível, como o Caxias. A história do clube é cheia de bons exemplos de superação. Mas só pra ficar com um, bem recente, citado por quem vive hoje o clube, vamos ficar com a recordação de Julinho Camargo, treinador do Caxias. “Lembrei muito, no intervalo do CA-JU, do nosso jogo contra o Porto Alegre, no Gauchão. Quis que eles se lembrassem também, porque foi um momento de superação da moçada”, conta, orgulhoso. Se alguém não lembra, foi aquela partida em que o Caxias perdia de 4 a 2 do modesto Porto Alegre. No final das contas Caxias 5, Porto Alegre 4. Há centenas de explicações metafísicas para isso, mas nada que Dostoiévski já não tenha escrito antes. Se o Caxias tivesse vencido o rival, em casa, o jogo contra o Criciúma, neste domingo, poderia ser encarado como mais uma partida de futebol. Nada mais. Mas a alma grená não permite. É preciso sempre uma boa dose a mais de emoção. O jogo contra o Criciúma vira então uma batalha. De um lado, o Caxias desejando ir para Santa

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Catarina a fim de roubar algum ponti- ao símbolo musical maior da entidade nho do time comandado pelo serelepe S.E.R Caxias, que a frase seja penduraArgel Fucks. De outro, o Tigre queren- da no alambrado para nenhum jogado apunhalar o Falcão pelas costas a dor esquecer da sina de perseguir dias fim de escapar de um possível rebai- melhores. xamento. Porque se o Tigre não bater Antes de vislumbrar um 2011 mais as perninhas e nadar, pode ser que seja frondoso, o Caxias precisa não perder ultrapassado pelo Periquito, que voou seus três últimos jogos (contra Criciúbaixo no CA-JU e quase deu o bote no ma, Chapecoense e Brasil de Pelotas), Falcão. torcer pelo tropeço da Chapecoense, na próxima rodada (contra o JuventuIndependente das teorias que de), e por um empate entre Brasil e Criaté o matemático Oswald de Souza ciúma, dia 12, e ainda por cima, vencer duvida (cujo twitter @oswaldsouza é o Brasil, dia 19, no Centenário. Só para fake), o treinador Junão ter de depender linho Camargo tem o dos outros para se classeu prognóstico. Sem “Eu dizia que não sificar à próxima fase. E prancheta, nem papel, teria jogo fácil. se tudo se encaminhar muito menos calculabem, mesmo com os Olha aí a dora científica, o prosolavancos patrocinafessor grená sabe que a Chapecoense, dos por Dostoiévski & caminhada para a pró- que todo mundo Cia. Ltda., quem sabe xima fase será muito dizia que era o o Caxias consiga enfim difícil. “Eu dizia antes entrar no trem da Série pior time... de começar o campeoB, que já tem data de nato que não teria jogo agora é líder”, partida, dia 22 de maio, fácil nessa chave. Olha analisa Julinho chegando ao destino aí a Chapecoense, que em 27 de novembro, de todo mundo dizia que um ainda improvável, era o pior time... agora é líder. Contra o mas sempre latente desejo de voltar Juventude eu sabia que teríamos muita para a Série A. dificuldade. Mas se é difícil pra gente e difícil para os outros times também. Mas aí é um outro sonho. PriNada está definido. Nem quem vai su- meiro, é preciso voltar à realidade. A bir, nem que vai cair. Só não pode cair setembro de 2010 que pode ficar mara Chapeconense, o resto, todo mundo cado na história grená como o mês em pode cair, até a gente”, confidencia Juli- que o Caxias confirmou o ingresso na nho Camargo. segunda fase da Série C. Porque depois Pois é, caro torcedor grená, quem dessa pedreira regionalizada, a peleia não se acostumou ainda que é no so- vai ser ainda mais porreta, com sotafrimento que se conhece melhor com ques de outros cantos e aquele frioziquem se anda, que atire a primeira pe- nho na barriga que antecipa o fim de dra. Mas é no CA-JU que se pode en- uma jornada. “Esse time é guerreiro, contrar a melhor da Série C 2010. Se o me orgulho muito dele. Sou grato a Caxias sonha mesmo em subir para a essa moçada que confiou em mim e Série B e ultrapassar o Juventude na as- mesmo com um resultado adverso, censão futebolística, é preciso prestar cumpriu o que combinamos no vestiatenção até na sombra e não se entre- ário”, diz Julinho. Entendeu, Dostoiégar de jeito nenhum, amigo e compa- vski, esse recado foi pra ti, que mesmo nheiro. O saudoso verso “Não tá morto escrevendo parte dessa história, ainda quem peleia”, poderia ser inserido no não acredita na redenção do teu perhino do Caxias. Mas se alguns acham sonagem. Tenha fé, Dostoiévski. Como que se trata de heresia e desrespeito demonstra ter essa legião de grenás. 4 a 10 de setembro de 2010

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Guia de Esportes Rafaela Conte, Divulgação/O Caxiense

Claiton Stumpf, Divulgação/O Caxiense

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por José Eduardo Coutelle

Torneio de bocha reúne jovens senhoras na 6ª Légua no sábado; meninas da Luna/UCS vão buscar reabilitação em casa na próxima quinta-feira (9)

FUTEBOL l Juventude x Chapecoense | Domingo, 16h | O Beto Almeida, pretende manter contra a Chapecoense a mesma equipe do CA-JU. Fausto permanece no banco de reservas. O Ju precisa vencer para fugir do rebaixamento. O time, no esquema 3-6-1: Jonatas; Rafael Pereira, Bruno Salvador e Fred; Celsinho, Umberto, Éverton Garroni, Cristiano, Christian e Calisto; Espiga. Estádio Alfredo Jaconi Torcida do Ju: R$ 10. Promoção: sócios em dia podem retirar um ingresso grátis na secretaria até meio-dia de sábado. Abertura dos portões: 14h | Hércules Galló, 1.547, Centro | 3027.8700 l Criciúma x Caxias | Domingo, 16h | A equipe grená viaja para Criciúma com um único objetivo em mente: se tornar líder do grupo. Para isso, terá que vencer a equipe da casa e torcer para que o rival Juventude arranque pelo menos um empate contra a Chapecoense. O time grená deve entrar em campo formada em 4-4-2. A provável escalação: Fernando Wellington; Alisson, Anderson Bill, Cláudio Luiz e Edu Silva; Marcos Rogério, Itaqui, Edenilson e Marcelo Costa no meio campo; Aloísio e Palacios.

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Estádio Heriberto Hülse Ingressos: R$ 30 e R$15 para estudantes e pessoas acima de 60 anos | Treze de Maio s/n, Comerciário, Criciúma - SC l Futebol Sete Série B | Sábado, 10h45, sexta (10), 18h | Neste sábado, Neobus e Keko abrem 3ª e última rodada da segunda fase. Os dois times estão na mesma chave, e brigam diretamente pela liderança. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima l Futebol Sete Master | Quarta, 18h45 | Marcopolo e Randon se enfrentam para decidir o título. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima

BOCHA l Jogos Abertos de Bocha ao Cepo | Sábado, 14h | O esporte exige força e precisão. As jovens senhoras devem arremessar uma bola de 2kg contra outras quatro sobre uma tora de madeira. São quatro equipes na disputa: São Luís, Santos Anjos, São João e Santa Corona. Quadra de São Luís da 6ª Légua Entrada gratuita

VÔLEI l Campeonato Estadual Masculino | Sábado, 14h | As vitórias por 3 x 1 contra o Ginástica e 3 x 0 contra o On Line credenciaram a equipe da UCS para a 2ª fase do campeonato. Ginásio Poliesportivo da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Petrópolis

FUTSAL l 8ª Copa Ipam de Futsal Feminino | Sábado, 19h, 20h, 21h e domingo, 9h, 10h | A ACBF se mantém no caminho das vitórias. No último fim de semana, conquistou a 4ª seguida, goleando por 7 a 1 o União Caxias. Sua próxima vítima – quer dizer, adversária – é a equipe do São Luiz, que venceu apenas uma partida em quatro jogos. Pela outra chave, o Santa não perdoou o Independente Serrano e aplicou o maior chocolate da rodada: 10 a 0. Escola Santa Catarina Entrada gratuita | Matheo Gianella, 1.160, Santa Catarina l Campeonato Estadual de Futsal Categoria Mirim Sub-13 | Terça, 11h, 15h e 18h |

Os meninos do Recreio da Juventude, que se classificaram em 1° na fase inicial, garantiram o direito de disputar os próximos jogos em casa. Recreio da Juventude Entrada gratuita | Atílio Andreazza, 3.525 l Campeonato Interbairros de Categoria de Base Masculino | Inscrições até 13 de outubro | Para participar (lembrando que é um torneio fechado para as associações) os times devem se inscrever na sede da União das Associações de Bairro (UAB). Serão disputadas as categorias sub-11, 13 e 15. União das Associações de Bairro Inscrição: R$ 80 | Luiz Antunes, 80, Panazzolo

HANDEBOL l Liga Nacional 2010 | Quinta (9), 17h | As meninas do Luna/UCS buscam a reabilitação no campeonato nacional contra o Santo André, jogando em casa. Para o time caxiense, em 6º, somente a vitória interessa. O treinador Gabriel Citton espera contar com o apoio da torcida. Ginásio Poliesportivo da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Petrópolis

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Embora lentas, permanecem as negociações de ordem jurídica entre as diretorias do Recreio da Juventude e do Recreio Guarany. O primeiro assumiria ativo e passivo do segundo, que já foi a terceira força entre os clubes sociais da cidade e conta hoje com apenas 150 associados.

Prefeito José Ivo Sartori (PMDB), ao comentar as relações do governo municipal com o Sindicato dos Médicos, responsável por mais uma greve da categoria. André T. Susin/O Caxiense

Pesquisa pessoal

Coordenada por uma empresa de Pelotas, campanha do candidato Assis Melo, que busca uma vaga na Câmara Federal pelo PC do B, adotou a estratégia da suposta pesquisa eleitoral. Cabos eleitorais percorrem os bairros em vans para ouvir os eleitores: quem melhor representa os trabalhadores? Você conhece Assis Melo? O que você acha do trabalho dele?

Não anda

Ônibus urbano Vila Kayser-Ana Rech, da Visate, leva em média uma hora e 20 minutos para fazer o trajeto. O tempo gasto dá uma ideia da morosidade do trânsito na Rua Sinimbu, objeto de queixa da concessionária Visate.

Compra e venda

Presidente do Sindipetro Serra Gaúcha, Paulo Tonolli, não vê termos de comparação entre o valor dos combustíveis em Caxias do Sul e São Paulo. “O preço de compra e de venda é um dos principais fatores”, explica, ao justificar a diferença média de 10% – para baixo – na capital paulista. “Vale lembrar que o álcool anidro (25% dele é adicionado à gasolina) vendido em São Paulo, base de produção e, por consequência, com custo menor, também interfere consideravelmente”, diz Tonolli.

Crítica populista

Tonolli lembra ainda que a base de cálculo do ICMS do Rio Grande do Sul e de São Paulo é diferenciada, mesmo com percentuais idênticos nesses estados. Mas o que mais dói no representante dos revendedores de combustíveis são as críticas, segundo ele infundadas: “Muitas vezes agentes políticos tentam levantar suspeitas sobre o tema de forma populista, a fim de jogar a opinião pública contra o setor”.

Direito de recomeçar

Entendimento e negociação ficam difíceis quando se dão dentro do impossível

Com o slogan “Todos têm o direito de recomeçar”, o Núcleo Estadual de Educação de Jovens e Adultos Novo Horizonte vai realizar dias 11 e 12 próximos uma série de atividades entre detentos dos regimes aberto e semiaberto da Penitenciária Industrial. Por meio de atividades educacionais, a coordenadora Juracema Mauer Velho pretende estimular um novo olhar sobre a realidade prisional. O projeto tem apoio da Superintendência dos Serviços Penitenciários (Susepe), da Coordenadoria de Educação e da própria Penitenciária Industrial de Caxias do Sul (PICS).

Primeira na substituição Caxiense formada pela Universidade de Caxias do Sul (UCS), Joseline de Vargas foi a primeira colocada no concurso para juiz substituto no Rio Grande do Sul.

Aposentadoria integral

O que mais surpreende (ou não) nas greves dos médicos da rede pública municipal é o fato de nenhum profissional da área ter se demitido até agora. Se a remuneração é tão ruim como prega o sindicato da categoria,

seria lícito esperar uma maciça debandada desses médicos da função pública. Isso não acontece talvez porque estejam de olho na aposentadoria com salário integral, entre outras vantagens oferecidas pelo Município.

Por falar em greve dos médicos, há quem garanta que a prefeitura somente conseguirá reassumir o controle da situação quando exigir rígido cumprimento de horário

desses servidores. Ou quando estabelecer como critério que o médico ganhe seu salário de acordo com o número de horas efetivamente trabalhadas.

Reparos

O site da prefeitura de Caxias do Sul apresenta erros e incongruências, constatadas pelo professor Luiz Carlos Sturtz. Por exemplo: - Caxias do Sul aparece nos documentos oficiais como Fundos de Nova Palmira, isso devia-se a sua localização ao sul das localidades de Nova Petrópolis, Picada Café e Nova Palmira. Caxias do Sul fica ao norte dessas antigas colônias alemãs. - Na mesma página da internet, aparece 1976 como o ano da criação da Universidade de Caxias do Sul. O certo é 1967 – e o professor Luiz Carlos Sturtz sugere a troca do termo criada para constituída.

Sob controle

Benefício no papel

Aposentados e pensionistas com mais de 60 anos que ganham até três salários mínimos e têm apenas um imóvel estão isentos de pagamento do IPTU. Para deixar bem claro esse benefício, a informação deve constar em todos os

carnês do tributo. O veto do prefeito a essa proposta dos vereadores Gustavo Toigo e Harty Moisés Paese, ambos do PDT, foi derrubado esta semana na Câmara. Com votos contrários de Alaor de Oliveira e Ari Dallegrave (PMDB) e Arlindo Bandeira (PP).

O que diz o Sindiserv?

O presidente Lula enviou ao Congresso, pela primeira vez em seu mandato, uma proposta de salário mínimo que não prevê qualquer aumento real. Para 2011, foi fixado o valor de R$ 538,15, prevendo-se apenas a reposição da inflação do período, que deve fechar

Só oficialismo

Ministro da Cultura, Juca Ferreira, veio a Caxias do Sul na segunda-feira para debater, na CIC, temas relacionados ao cenário cultural brasileiro. Mostrou consistência em seu discurso bem articulado, causando boa impressão ao público da entidade empresarial. Só não deu para entender como o representante maior da cultura oficial brasileira tenha passado pela cidade sem visitar sequer uma igreja ou um museu local.

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Onde o povo está

em 5,52% (INPC). Lula corre o risco de ter a oposição do Sindicato dos Servidores Municipais de Caxias do Sul, que não aceita os índices de aumento salarial oferecidos pelo governo Sartori – além da correção inflacionária a cada três meses.

Moradores do Jardelino Ramos, Antena e São Vicente têm encontro neste sábado com vereadores participantes do projeto Câmara vai aos bairros – uma forma de aproximação do parlamento municipal com os moradores. Se Assembleia Legislativa ou governo do Estado fizessem algo parecido, alguns candidatos à reeleição não enfrentariam tantas dificuldades, como enfrentam, para chegar ao eleitor.

Julio Soares, Objetiva, Divulgação/O Caxiense

Recreios

Necessidade

Apesar dessa falha de roteiro, é preciso reconhecer o trabalho do ministro Juca Ferreira no sentido de proporcionar acesso pleno à cultura para a população brasileira – ainda mais em um mercado cada vez mais dominado pelos produtos importados de outros países. Como disse o ministro em sua passagem por Caxias do Sul, cultura é uma necessidade básica fundamental e, por isso, um direito do cidadão.

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