MULHER DE BOMBACHA A participação feminina no tradicionalismo vai muito além de usar vestidos de prenda
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EBERLE:
DO OCASO AO
DESCASO
O avanço do tempo, desacompanhado da devida atenção ao patrimônio histórico, relegou os andares superiores do primeiro arranha-céu da região à sujeira dos pombos e ao acúmulo de entulhos
Futuro em jogo: a rodada final da dupla CA-JU na Série C |
Painel de Negócios: confira as ofertas e saiba como se faz um carro
André T. Susin/O Caxiense
Caxias do Sul, setembro de 2010 | Ano I, Edição 42 | R$ 2,50
Índice Fotos: André T. Susin/O Caxiense
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A Semana | 3
As notícias que foram destaque no site
Roberto Hunoff | 4
Oportunidades qualificação e treinamento em diversos setores da economia caxiense
Expectativa no comércio | 5 O laborioso caminho para a inauguração do San Pelegrino
Patrimônio dos pombos | 7
Excelente a cobertura do jornal O Caxiense, que mostrou a calamidade e a falta de respeito aos usuários do transporte coletivo urbano. Agora falta a Visate e a Secretaria de Transporte se sensibilizarem e voltar ao que era antes. O Caxiense, um jornal que tem o compromisso em levar as informações à comunidade. Rafael Bueno
O topo do prédio da Eberle, símbolo do progresso caxiense, está entregue ao abandono @Deiasusin Caxias do Sul estava precisando do jornalismo do @ocaxiense.Obrigada! #edição41
Artes | 10
A simplicidade fatal e o piano que toca a cidade
Guia do Caxias em Cena | 11
@jeanberlanda Diga NÃO ao jornalismo tendencioso, raivoso e inconsequente. Siga @ocaxiense. Isenção, coerência e informação com qualidade. #edição41
Uma caxiense encena o drama dos palcos e quatro cariocas revelam o sofrimento da guerra
Guia de Cultura | 12
@NadilceBeatriz @ocaxiense Parabéns O Caxiense. Sucesso. Caminhos abertos. #edição41
Cover de Beatles e Ramones; seleção de bailarinos e a rabugice por Woody Allen
História sem mofo | 14
Vítima do envelhecimento acelerado por mau acondicionamento, o Amarp ganha sala especial para rejuvenescer
@alexhaubrich Querem saber um bom jornal no RS? @ocaxiense Vale conhecer. #edição41
Herdeiras da tradição | 16
A nova mulher tradicionalista também usa bombacha
@rafaelgloria o @_Nonada_ Jornalismo Travessia também apoia o @ocaxiense! #edição41
Guia de Esportes | 18
A rodada final – e fatal – da Série C
O sonho da salvação | 19
@felipestoker @ocaxiense Eles deveriam colocar em linhas com bem menos tráfego. Chego quase atrasado todo dia. #sêniormidi #edição41
Rumo à Série B | 21
@eduardolied @ocaxiense Pô, muito bom ver a programação do cinema já com o trailer e a sinopse. #programaçãoonline
O Ju vai a Criciúma em defesa da honra e da história – só a vitória acaba com o pesadelo do rebaixamento Caxias enfrenta a hora decisiva do “Agora vai”
Renato Henrichs | 23
Brigas internas da Câmara de Vereadores são levadas à Justiça
Expediente
Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo
Assine
Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br
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O Caxiense
18 a 24 de setembro de 2010
Quero começar bem o meu final de semana, lendo pela manhã de sábado um material onde a qualidade e o conteúdo são os diferenciais, que enchem os olhos não somente com informações mas também com organização, bom gosto e autenticidade, em alto nível. Tudo isso em um jornal que honra a nossa cidade e merece o nome que tem: O Caxiense. Mateus J. B. Cassina Um conteúdo diferenciado dos demais meios de comunicação que possuímos em Caxias do Sul, mostra ao público jovem notícias que são importantes, com objetivo de nos manter cientes dos acontecimentos e nos dar uma visão simplificada e profunda sem tentar manipular nossa opinião para fins próprios! Camila Natchios Muito legais esses vídeos antigos. Parabéns pelo bom trabalho. Léo Mandelli Feira do Livro | Parece que foi ontem a última vez. Apesar de achar meio apertado, sempre tem coisas legais lá. Até amigo dos vendedores já fiquei. Felipe Stoker
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense
paula.sperb@ocaxiense.com.br
Julio Soares, Divulgação/O Caxiense
Julio Soares, Divulgação/O Caxiense
editado por Paula Sperb
A Semana
Ministro da Educação palestra em Caxias; FSG vai ampliar sede; Feira do Livro ganha forma
SEGUNDA | 13 de setembro Educação
Federalização da UCS: “Não é o caminho”, diz ministro
Durante reunião-almoço na CIC, na segunda (13), o Ministro da Educação (MEC), Fernando Haddad, falou rapidamente sobre a relação da pasta com a Universidade de Caxias do Sul. Se havia expectativa da federalização da UCS, esta caiu por terra quando Haddad afirmou que não existe nenhuma perspectiva quanto a isso, que “não é o caminho”.
TERÇA | 14 de setembro Pavilhões da Festa da Uva
Seis novas câmeras de segurança
Até o final de novembro, o monitoramento dos Pavilhões da Festa da Uva será reforçado. Uma licitação será aberta no dia 30 de setembro para a compra de seis novas câmeras de segurança. Atualmente, o parque conta com quatro câmeras. O monitoramento eletrônico se tornou mais necessário por causa das mudanças no estacionamento frontal e espaço para os ônibus.
Educação
FSG pretende ampliar sede
A Faculdade da Serra Gaúcha (FSG) está em expansão. Além do Centro de Práticas e da ampliação do Instituto Integrado de Saúde (IIS), a sede da faculdade, na Os 18 do Forte, tem planos de aumentar seu espaço físico. O diretor da FSG, Isidoro Ciconet Filho, afirma que um prédio nos arredores está em negociação para ser alugado. Será uma extensão do atual complexo, programada para o próximo semestre.
QUARTA | 15 de setembro Literatura
Feira do Livro na praça
Sob o tema Ler é iluminar-se, foi lançada na manhã de quarta-feira (15) a 26ª Feira do Livro de Caxias do Sul, que será realizada de 1° a 17 de outubro. São cerca de 300 atividades programadas, entre dança, música, teatro e palestras. O patrono desta edição será Marcos Fernando Kirst, que se define como “leitor perene e defensor da leitura”.
Serviço público
Prefeitura cria 169 vagas Cento e sessenta e nove novos ser-
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vidores devem ser incorporados nos próximos meses. Um projeto do Executivo aprovado pela Câmara na terça (14) cria vagas para saúde e assistência, obras, agricultura e pecuária, administração geral, administração econômica e financeira, fiscalização e vigilância e transporte. Os contratados substituirão servidores afastados por férias, licenças ou aposentadoria, além de suprir novas demandas.
QUINTA | 16 de setembro Visate
300 protestam contra retirada de 46
O Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários de Caxias do Sul organizou um protesto contra a falta de cobradores nos ônibus Sênior Midi que circulam pela cidade desde o final de agosto. A reivindicação do sindicato é a recolocação de cobradores dos novos, e menores, ônibus. Das 5h às 6h30, cerca de 300 pessoas, segundo o presidente da entidade, Tacimer Kulmann da Silva, bloquearam as garagens da Viação Santa Tereza (Visate) e realizaram uma assembleia. “Tínhamos 556 operadores na empresa. Foram retirados 46 operadores com os Sênior Midi”, reclama o sindicalista.
Blues Festival
Ingressos estão à venda Já estão à venda os passaportes para as três noites (25, 26 e 27 de novembro) da 3ª edição do Moinho da Estação Blues Festival – um dos eventos locais mais celebrados no ano passado. Os primeiros 200 passaportes custam R$ 60, e os 300 seguintes, R$ 80. Após, estarão disponíveis somente ingressos individuais: R$ 30 para a noite de quinta-feira e da sexta-feira e R$ 40 para sábado, estes ainda não estão à venda. Os ingressos são vendidos exclusivamente no Mississippi Delta Blues Bar.
SEXTA | 17 de setembro Título de eleitor
Últimos dias para colocar a documentação em dia Para quem precisa fazer a segunda via do seu título eleitoral, a Central de Atendimento ao Eleitor ( Garibaldi, 596) atenderá neste sábado, domingo e feriado, do meio-dia às 19h. Nesta eleição passa a ser obrigatório levar o título de eleitor e a carteira de identidade para votar. O prazo para encaminhar o pedido de um novo título eleitoral vai até a próxima quinta-feira (23).
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O Caxiense
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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br
Com a meta de ampliar a oferta de mão de obra qualificada e oportunizar emprego para camadas menos favorecidas da população, a Secretaria Municipal do Desenvolvimento Econômico, Trabalho e Emprego recebe, até sextafeira (24), inscrições para dois cursos. O focado em construção civil para mulheres objetiva oferecer capacitação para geração de trabalho e renda a fim de combater o desemprego e atender o conjunto de mulheres de Caxias do Sul, em especial aquelas vindas das camadas em maior situação de vulnerabilidade social ou situação de risco. Inicialmente haverá 200 vagas à disposição para cursos de 128 horas que garantirão habilitação para atividades de pintura predial interna e externa, aplicação de cerâmicas e assemelhados, assentamento de tijolos e regularização de paredes e pisos e instalação elétrica. Interessadas devem procurar a Coordenadoria da Mulher, junto ao Centro Administrativo Municipal, ou os Centros Regionais de Assistência Social. Outra iniciativa é a terceira edição do projeto Jovem Aprendiz TI. Para participar os jovens devem ter sido selecionados por empresas detentoras de sistema de redes. As inscrições devem ser feitas no Senac Caxias do Sul (Avenida Júlio de Castilhos, Bairro Cinquentenário), e há 30 vagas, que serão preenchidas a partir de critérios pré-estabelecidos.
Iniciativa privada
Em linha com a necessidade do mercado de capacitar mão de obra, a Produttare abriu estrutura em Caxias do Sul. A empresa de Porto Alegre, especializada em tecnologias e soluções para a gestão, atuará com consultorias e capacitação. Um de seus diretores, Junico Antunes, destaca que o diferencial está na condução dos cursos por meio de atividades teórico-práticas, com avaliação dos participantes a partir da apresentação dos trabalhos para consultores e representantes das empresas contratantes. Os cursos, com duração de 200 a 360 horas-aulas, contemplando de conteúdos básicos até plenos, estão focados em produção, qualidade, logística, inovação em produtos e processos, gestão empresarial e segurança.
Ação sindical
O Sescon-Serra Gaúcha e o Sincontec Caxias realizam o Projeto Capacitar para oferecer treinamentos práticos sobre as rotinas contábeis. Os treinamentos são direcionados a jovens que queiram ingressar no mercado de trabalho na área contábil. Assim como os demais setores econômicos, os escritórios contábeis também se ressentem de pessoas capacitadas. Inscrições pelo site www.sesconserragaucha.com.br.
Cooperação
A UCS e a Secretaria Estadual do Desenvolvimento e dos Assuntos Internacionais lançaram a Associação Gaúcha de Empresas Eletroeletrônicas (AGEEL). Seu objetivo é reunir, em rede de cooperação, indústrias eletroeletrônicas de pequeno e médio porte e diversas especialidades do segmento para o desenvolver ações conjuntas em busca de solução a problemas comuns.
Menos carro
A Marcopolo está incentivando os colaboradores das unidades de Caxias do Sul a deixarem seus automóveis em casa e a utilizarem os ônibus da companhia no Dia Mundial Sem Carro, comemorado em 22 de setembro. A meta é conscientizar os funcionários e, por meio deles, a comunidade para
a questão de cidadania e consciência ecológica. Nesta linha, os executivos que compõem a diretoria executiva, gerência, supervisores e coordenadores irão utilizar o ônibus como meio de transporte na quinta-feira. Diariamente, a Marcopolo transporta 5,6 mil colaboradores. Divulgação/O Caxiense
Propostas de qualificação
Local definido
O bem-informado jornalista Miron Neto, em sua coluna semanal na internet, dá uma boa notícia para os caxienses. Segundo ele, fonte ligada a assuntos aeroportuários – que é preservada - garante que o local do novo aeroporto da Serra está técnica e politicamente definido: o silêncio de Vila Oliva será quebrado pelo som dos aviões. O anúncio ocorrerá logo após o pleito de outubro. De um lado é de se comemorar; de outro, de se lamentar, porque um assunto de interesse comunitário acabou sendo usado politicamente para evitar desgastes da candidatura de Yeda Crusius à reeleição.
Cada vez maior
Projeto pronto A Voges Fundição apresentou, em Joinville, na Feira de Metalurgia, o projeto básico de sua nova unidade, que será construída no Distrito Industrial, com a desativação da operação existente na Rua Plácido de Castro. A empresa já obteve a Licença Prévia da Fundação Estadual de Proteção Ambiental e aguarda a
Licença de Instalação para que as obras se iniciem. Com a nova planta, a operação se prepara para dar um salto de quase 80% na capacidade produtiva, que deverá chegar a 66 mil toneladas anuais. A expectativa é de que a unidade, investimento de R$ 50 milhões, comece a operar parcialmente em 2011.
Competição contábil
De 24 a 26 de setembro, na Universidade de Caxias do Sul, ocorre o 26º Encontro de Integração dos Contabilistas do Estado. O evento é uma iniciativa da Federação dos Contabilistas do Rio Grande do Sul, com realização do sindicato local. O presidente da en-
tidade promotora, Sérgio Dienstmann, estima a participação de 1 mil pessoas. A principal atração são as competições esportivas, nas quais 16 sindicatos do estado competem nas modalidades de futsal masculino, vôlei feminino, bolão misto, bocha, canastra e rústica.
Atualização
A Seção Caxias do Sul da SAE Brasil (Sociedade de Engenharia da Mobilidade) projeta a participação de 400 profissionais e estudantes na 2ª edição do Seminário de Manufatura. As atividades ocorrerão terça-feira (21), a partir das 8h, no Intercity. As palestras centradas no tema Manufatura – Gestão e Inovação serão apresentadas por
especialistas ligados a montadoras de caminhões, encarroçadoras de ônibus e fornecedores do setor automotivo, como Scania, Mercedes-Benz do Brasil, Marcopolo e Suspensys. Segundo Ivan De Pellegrin, diretor geral do seminário, a programação ainda inclui mostra de produtos e serviços de 18 empresas e entidades de classe.
Curtas
Alusiva à Semana Farroupilha, a próxima reunião-almoço da CIC de Caxias do Sul terá como palestrante o comandante-geral da Brigada Militar do Estado do Rio Grande do Sul, coronel João Carlos Trindade Lopes. O encontro ocorrerá no dia 22, quartafeira, em função do feriado de 20 de setembro. A palestra terá como tema Data Farroupilha, a Brigada Militar no Rio Grande do Sul.
Ler é iluminar-se: esse é o tema da palestra do patrono da Feira do Livro 2010, Marcos Fernando Kirst, no Café com Informação do mês de setembro, que ocorre na quinta-feira (23), a partir das 8h. Jornalista e escritor, Kirst fala sobre os benefícios do hábito de ler no encontro promovido pelo Conselho da Mulher Empresária/Executiva da CIC de Caxias do Sul.
A Lupatech mantém firme sua estratégia de crescimento por meio de aquisições para aumentar ainda mais sua capacidade de fornecimento para as grandes corporações do segmento de petróleo e gás. Nesta semana anunciou a compra de 6,77% do capital da espanhola Vicinay Marine, S.L., empresa com sede em Bilbao, e líder mundial no fornecimento de sistemas de ancoragem, amarras e acessórios para plataformas petrolíferas, com receita de 100 milhões de euros em 2009. A Lupatech integralizará capital no valor de 12,5 milhões de euros no prazo de três anos.
Terceiro setor
O Instituto Elisabetha Randon Pró-Educação e Cultura teve 14 projetos selecionados, de um total de 91 projetos inscritos, para a terceira edição do Programa Rede Parceria Social vinculado à Secretaria da Justiça e do Desenvolvimento Social do Rio Grande do Sul. Os projetos selecionados terão as Empresas Randon como financiadora, dentro da Lei da Solidariedade, que permite a destinação de até 3% do ICMS a recolher para estas iniciativas. Dos 14 projetos, seis foram contemplados em 2009 e mantiveram o apoio neste ano.
Lançamento
A concessionária Eiffel Citroën promove, na quarta-feira (22), o lançamento em Caxias do AirCross. O veículo marca a entrada da montadora no segmento off-road com diversos diferenciais. Destaque para o fato de ser totalmente brasileiro, desde o projeto até a fabricação, e o primeiro feito no Centro de Produção de Porto Real do Grupo PSA, no Rio.
AVERGS - Associação Vêneta do RS - Rua Bento Gonçalves, 1283 sala 03 Fone (54) 3223 5083
Edital de Convocação
Convocamos os Srs associados, quites com a tesouraria, para uma Assembléia que será realizada no dia 27 de setembro de 2010 ( segunda-feira) AS 18:00, conforme determina o estatuto, tendo como local sua sede social cita no endereço acima, para apreciarem o seguinte: a) Eleição e aprovação da nova diretoria; b) Assuntos gerais; Caxias do Sul,16 de setembro de 2010. Tito Armando Rossi - Presidente.
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Gigante em construção
INAUGURAÇÃO
TRABALHOSA
Obras dos lojistas do San Pelegrino também não ficarão prontas em 30 de setembro. Nova previsão, extraoficial, é para outubro
André T. Susin/O Caxiense
A
por ROBIN SITENESKI robin.siteneski@ocaxiense.com.br movimentação era intensa em frente ao San Pelegrino Shopping na tarde de quarta-feira (15). Na Avenida Rio Branco e na Rua Machado de Assis, caminhões descarregavam material de construção. Andaimes ainda estavam do lado de fora – parte da obra que permanece embargada pelo Ministério do Trabalho, segundo a gerente regional substituta do órgão, Rosane Bolner – enquanto alguns operários descansavam. “Não vai ficar pronto dia 30. Só para outubro ou no final do ano”, prevê o construtor Eduardo Moreira Santos. Se a estimativa de Santos se confirmar, não será a primeira vez que a abertura do empreendimento é adiada desde que a Gazit comprou o prédio do jamais inaugurado Italian Shopping – a primeira previsão era para o segundo semestre de 2009. A duas semanas da última data anunciada, 30 de setembro, alguns lojistas correm contra o tempo para terminar as obras, enquanto outros mal as começaram. A rede McDonald’s afirma, via assessoria, que sua terceira operação em Caxias tem previsão de abertura para o dia 20 de outubro. As obras começaram no dia 14 de setembro. O restaurante, o McCafé e o quiosque, que provavelmente será no primeiro andar, empregarão cerca de 50 pessoas. A loja de materiais esportivos Kenpo Sports acelera as obras para o caso de ter que abrir no final do mês. “Trabalhamos de acordo com a última estimativa do shopping, mas, até o dia 30, nem com varinha mágica”, admite o proprietário, Julio Cesar Bettiato. O empresário revela que, enquanto o centro comercial não abre as portas, os lojistas pagam uma taxa de condomínio para manter os custos de divulgação, energia elétrica e água. A Kenpo está contratando 12 pessoas para trabalhar na nova loja. Sócio da Maxiburger, Valdir Lodi é outro a afirmar que não terá condições de abrir no dia 30. “Nossa loja está muito atrasada, mas já compramos todos os equipamentos, abrimos a empresa para o novo estabelecimento e vamos contratar pessoal (cerca de 16 funcionários).” Valdir observa que não é somente seu empreendimento que está com as obras fora do prazo. “Os restaurantes da praça de alimentação estão mais ou menos no mesmo patamar, inclusive porque temos os mesmos fornecedores.” Ele compara as obras do San Pelegrino às do Iguatemi, onde fica a matriz do Maxiburger. “Nos últimos 20 dias, a construção do Iguatemi estava muito mais atrasada.”
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O restaurante Pastine também não teria condições de começar a funcionar no dia 30 deste mês. “Está tudo encaminhado, a empresa foi contratada para fazer as obras. Acredito que em 20 ou 25 dias deve estar pronto”, revela Eduardo Oltramari, sócio da Pastine, que já contratou metade dos 10 funcionários de que precisará. A assessoria de uma das âncoras, a Renner, que terá sua terceira operação em Caxias, informa que a loja pretende abrir em outubro. Porém, já previa não inaugurar junto com o shopping, por estratégia de divulgação. Cerca de 30 pessoas serão empregadas pela Renner. O grupo Walmart já tem um hipermercado em Caxias do Sul, o Big, e abrirá um supermercado Nacional no shopping. “Nossos hipermercados oferecem uma grande variedade de produtos e serviços para o consumidor satisfazer a maior parte das necessidades em um só local – proposta conhecida como one-stop shopping. O supermercado terá como foco a venda de alimentos, especialmente os perecíveis, como hortifruti, padaria, açougue e fiambreria”, explica Marcos Rosa, diretor de operações da Walmart Brasil na região sul. O diretor afirma que o Nacional contratará 130 pessoas e deverá gerar outros 80 empregos indiretos, mas não revela o dia de abertura do supermercado, uma das lojas âncoras. Além das obras de instalação dos espaços comerciais, os lojistas dependem do poder público para começar a vender no San Pelegrino. Depois da conclusão das obras, os administradores do shopping devem pedir o Habite-se, autorização para a ocupação do prédio. O secretário de Urbanismo, Francisco Spiandorello, explica que o órgão tem nove engenheiros e arquitetos e cerca de 16 pessoas para fazer a fiscalização em Caxias. “Verificamos se tudo foi feito conforme o projeto aprovado pela prefeitura. Se tudo estiver certo, isso leva de dois a três dias.” O secretário da Receita Municipal, Ozório Alcides Rocha, afirma, no entanto, que o alvará demora mais tempo para ser concedido. “No mínimo uns 10 dias. Depois, a secretaria (da Receita) tem que visitar a obra para calcular quanto vai cobrar de Imposto Sobre Serviços, por causa da mão de obra utilizada na construção.” Concedido o Habite-se ao shopping, os lojistas precisam do alvará de livre funcionamento. “Dos 251 espaços comerciais (o shopping não confirma o número final), 40 já entraram com pedido de alvará, mesmo que isso só seja analisado depois do Habite-se”, afirma o secretário. Outra licença necessária é a ambien-
tal. Nestor Pistorello, substituto do secretário de Meio Ambiente, Adelino Teles, que está de férias, diz que o shopping já encaminhou um pedido para adiantar a permissão. “Eles pediram um Termo de Referência, que é um documento que explica tudo que é preciso fazer para receber a autorização.” O diretor-geral da pasta, Nerio Susin, conta que a liberação ambiental, que tem mais de 15 itens, leva cerca de um mês para ser concedida. Obras externas também deverão ser feitas antes da abertura do empreendimento. A primeira fase das medidas para minimizar o impacto no trânsito inclui o asfaltamento das ruas La Salle, Machado de Assis, Cremona e General Osório, a instalação de semáforos e a polêmica abertura de mais uma via na Avenida Rio Branco. O plano para as mudanças já foi aprovado pela prefeitura e as obras são de responsabilidade do shopping. “Pelo que sei, o empreendedor já contratou uma empresa para fazer os serviços. Mas antes de começar precisam sentar conosco para viabilizar a execução, por causa do trânsito”, afirma Jorge Dutra, secretário de Trânsito, Transportes e Mobilidade, acrescentando que o shopping já contratou outra empresa para fazer o laudo técnico dos asfaltamentos. A assessoria do San Pelegrino diz que, no momento, a administração do shopping prefere não se manifestar sobre o andamento das obras. O presidente da Associação de Moradores (Amob) do São Pelegrino, que juntou mais de 3 mil assinaturas contra a realocação das árvores para abrir espaço a mais uma pista na avenida – com redução de 70 centímetros das calçadas –, acredita que uma decisão sobre a retirada das 19 árvores ou da área de estacionamento da Rio Branco só será tomada em outubro. “Acho que a prefeitura irá esperar passar as eleições para começar uma nova rodada de negociações. De qualquer forma, não penso que o shopping abrirá em menos de 30 dias”, afirma Antíoco Sartor. Enquanto as obras prosseguem, mais lentamente do que se previa, comerciantes lamentam a possibilidade de perder as vendas do Dia da Criança. “Mas o importante é inaugurar bem, não inaugurar logo”, avalia o dono da futura livraria Nobel, Felipe Mauer. O representante da Amob também reconhece que aguardar mais um mês pela obra que começou em 1994 e promete gerar pelo menos 1 mil empregos é pouco. “Muito melhor do que antes, quando tínhamos um elefante branco no meio do bairro”, conclui Sartor.
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Descuido histórico
Primeiro arranha-céu da região, o prédio da antiga Eberle, apesar de ser tombado, está parcialmente abandonado
André T. Susin/O Caxiense
IMPÉRIO JOGADO AOS POMBOS
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por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br
neste andar que fica a melhor sala do prédio. A sala em que os funcionários da produção só pisaram em momentos realmente importantes. O auditório. Um espaço amplo e alto, cujas paredes antes exibiam os nomes em bronze de homens e mulheres que trabalharam na Eberle. Não há mais as letras, só buracos nas paredes, que descascam ao menor toque. Tudo está se esvaindo, como a própria história da empresa.
o 3º andar do imponente prédio da antiga Metalúrgica Abramo Eberle há uma sala enorme cheia de entulhos. Cadeiras, mesas, pedaços de madeira, vidro, penas e dejetos de pombas. No meio de tanta sujeira, escora-se na parede um grande quadro com a vista aérea da empresa em tempos pujantes, quando a metalúrgica que levou Caxias a ser conhecida internacionalOs dois andares acima da FAI mente pelos produtos Eberle movi- estão para alugar. A quantia pedida, sementava os trabalhadores da cidade. gundo o diretor da Imobiliária BassaAo lado da imagem, um quadro com nesi, José Carlos Bassanesi, está abaixo moldura sofisticada conserva a figura do preço do mercado: “O inquilino terá de Abramo Eberle. É preciso passar a que antecipar valores para reforma, mão para conseguir remover o pó do como telhado, pintura e parede. Estavidro que o protege. Abramo está sé- mos procurando um cliente especial. rio na foto. Veste terno e gravata, com Como é um prédio com problemas de um lenço dobrado no bolso. O cabelo locação, o valor é R$ 8 o metro quadraescuro está bem penteado e o bigode do, enquanto outros prédios podem está aparado. custar R$ 13”, explica Bassanesi. Tão abandonado quanto aquele quaComo as salas variam entre 1,3 mil dro do fundador da empresa, que em e 1,4 mil metros quadrados, o aluguel outros anos já foi o empresário mais ficará na média de R$ 10,8 mil. Uma rico de Caxias, estão alguns andares do limpeza para deixar os andares mais prédio, localizado no quarteirão entre apresentáveis aos futuros locatários já as ruas Sinimbu, Borges de Medeiros, está sendo iniciada. Na quarta-feira Os 18 do Forte e Marquês do Herval. O (15), pelo menos três homens trabaimóvel é patrimônio histórico de Ca- lhavam nos pisos superiores medindo xias desde 2006. os vidros, que serão trocados para eviNos corredores por onde milhares tar a entrada das pombas. de trabalhadores passaram grande parTocar no assunto “prédio da mete de suas vidas hoje circulam apenas talúrgica Eberle” provoca um efeito as pombas. E elas raramente são per- curioso nas pessoas. O mais difícil é turbadas. Acima do 1º andar, onde há conseguir com que a atual proprietária o estacionamento, e do 2º e parte do 3º, do imóvel, a Mundial, fale sobre o edionde instala-se a Faculdade dos Imi- fício. Inicialmente a empresa afirmou grantes (FAI), as visitas quase nunca que não queria expor o prédio em uma são permitidas. E pouquíssimos sabem reportagem por divergências – que esdo triste estado em que tão sendo discutidas na se encontram o quarto Justiça – com a inquilie o quinto pisos da me- “O prédio não na FAI. Dias depois, o talúrgica, onde ficava tem problemas coordenador de seguo setor administrativo rança da Mundial, Ferestruturais. da Fábrica 1, como era nandes Lucena, aceitou Haverá chamada. dar entrevista e adianrestauração de tou que nos próximos Os andares estão fachadas, meses os andares abanfechados desde 1992. E, donados do prédio, “o reposição de apesar de o prédio estar dormitório das pomno Centro, faz muito vidros e pintura”, bas”, como ele se refere, silêncio lá dentro. No anuncia Lucena serão reformados. “O 4º piso há tantos vidros prédio não tem problequebrados que chega a mas estruturais. Por ser ventar. Em uma sala enorme, tão gran- um prédio tombado, cabe à Mundial de que quase não se vê o fim, restaram a conservação e restauração, mantenapenas os armários de madeira com do as características arquitetônicas do portas altas. Algumas portas estão fora projeto original. Haverá restauração de de lugar, em pé. Outras têm ainda a fachadas, reposição de vidros, pintura. plaquinha com o nome dos diretores As janelas voltarão a ser amarelas. É que trabalhavam na sala. O carpete para trazer as origens”, explica. está rasgado, e parte do assoalho foi A Mundial, segundo Lucena, está retirada. Tudo range. Há pombas mor- buscando assessoria e orientação téctas – de algumas sobraram apenas os nica com o poder público, e, assim que esqueletos. O elevador, com grades de tiver autorização, iniciará o restauro. ferro, já não funciona há muitos anos. Os valores necessários para isso não Está parado em um dos andares, com são divulgados por ele – deverão ser duas pombas mortas em seu interior. calculados após a elaboração do proOs vidros que restaram nas janelas es- jeto. “O objetivo dessa restauração é tão muito sujos, como todo o lugar. É atender os compromissos assumidos preciso cuidar onde se pisa para des- junto à prefeitura em decorrência do viar dos dejetos de pássaros. Os ba- tombamento. A locação do imóvel nheiros são arrepiantes. Em alguns não viabilizará novos recursos para a maé possível nem entrar. nutenção necessária e também para a Por uma escadinha estreita chega- restauração do prédio”, salienta o coorse ao 5º andar. Uma placa mantém os denador de segurança. antigos dizeres: Fábrica limpa é fábrica Um edifício desocupado, conforme desenvolvida. É um dos poucos resquí- Lucena, não precisa obrigatoriamente cios originais da metalúrgica, além do de reforma, mas apenas de manutenportentoso cofre em uma parede. É ção preventiva, o que, segundo ele, 18 a 24 de setembro de 2010
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sempre foi feito. “Agora, por força do tombamento, a Mundial fará a restauração para garantir as características originais da arquitetura”, afirma.
1955: “Vivíamos cenário de cidade do interior e, de repente, acontece essa aquisição. Com ele entramos numa nova era, do neon, da luminária, que passaram a ter referência espacial a partir do relógio. Todo mundo queria ver a hora no relógio da Eberle”.
O secretário da Cultura e presidente da Comissão Específica e Permanente de Proteção ao Patrimônio Histórico e Cultural, Antonio Feldmann, ressalta que o tombamento Os primeiros andares do prédio, não tira a propriedade do prédio, ape- alugados pela FAI desde 2007, estão nas garante a conservação. Ele admite, em estado muito diferente dos restanporém, que a prefeitura tes. Para a instalação da não faz visitas para fisfaculdade, nenhuma calizar a Eberle. “É pré- “Não tem uma parede pôde ser derdio particular, só tem família em rubada. Mauro Trojan, fiscalização se tiver diretor da FAI, afirma: Caxias que risco de desabamento, “O investimento foi peque afete as pessoas na não tenha sado. Gastamos R$ 300 calçada. Se o proprietá- alguém que mil com o primeiro rio quer deixar fecha- trabalhou na andar e R$ 300 mil com do, vai ficar fechado, o segundo”. O chão está Eberle. Era uma a não ser em risco de lustro, e a cor da mamãe de Caxias”, desabamento”, afirma. deira original, segundo Para a auxiliar admi- lembra Rissi Trojan, foi buscada ennistrativa do Arquivo tre as camadas do assoHistórico João Spadari alho. “Esse piso tem 70 Adami, Elenira Prux, o prédio da anti- anos”, destaca. O verde claro das paga metalúrgica poderia ser melhor uti- redes também é igual ao da época em lizado, como é o caso do palacete quase que a metalúrgica funcionava. “Não em frente, na Sinimbu, onde morava tem nenhuma janela que não funcioAbramo Eberle – que hoje abriga a ne. Refizemos toda a parte hidráulica e imobiliária Ideal. O imóvel foi tomba- elétrica”, salienta. do na mesma época da fábrica. “Não O estacionamento parece-se muito temos a mentalidade de usar prédios com a antiga fábrica, com a única diantigos comercialmente. E são coisas ferença de que não há mais nenhuma que vamos para outros países visitar. máquina. De teto alto e janelas de viA Eberle tem potencial enorme, podia dros quadrados, abertos por uma corse transformar em centro de negócios. rentinha de ferro, o local preserva uma Cabe ao poder público preservar essa das placas antigas: Atenção: obrigatório memória, mas ele também tem os seus abafadores de ruído nessa área. Até um limites”, pondera Elenira. ano atrás, o estacionamento era admiO arquiteto e urbanista Roberto Fili- nistrado pela Mundial. A empresa não ppini diz que o prédio da metalúrgica teve mais interesse em bancar a estruEberle, projetado por Silvio Toigo na tura e um ex-funcionário da Eberle, década de 40, é um marco na arquite- Gilmar Rissi, assumiu o negócio. Ele tura regional e merece uma reforma. trabalhou por 25 anos na metalúrgi“Ele foi o primeiro arranha-céu da ca, seu primeiro emprego. “Não tem região. Construído com sistema ino- uma família em Caxias que não tenha vador, com tramado de concreto, que alguém que trabalhou na Eberle. Hoje permitiu estender a obra horizontal- ela seria o que é a Randon. Era uma mente e verticalmente. Tem caracterís- mãe de Caxias. Eu sempre adorei. Era ticas de estilo art déco, copiando gran- acolhedora, valorizava muito o ser hudes prédios da época, como o Empire mano. Hoje vemos funcionários defenState Building”, conta o arquiteto. dendo a empresa”, diz Rissi, relembranO mais marcante do prédio, segun- do: “Já vi esse prédio todo habitado. Na do Filippini, é o relógio, instalado em década de 90, chegou a ter 9,6 mil fun-
cionários”. O ex-diretor de compras Alberto Arioli entrou na Eberle, onde o pai e os irmãos já trabalhavam, em 1945. “Eu era bom de escrever, então fui para a correspondência.” Ele criou o Boletim Eberle, um informativo mensal que noticiava o que acontecia na fábrica aos funcionários. Era impresso, inclusive, na seção de tipografia da empresa. Depois, Arioli passou passou a subchefe de compras, cargo que ocupou por 24 anos. Trabalhava no quarto andar, onde ficavam os diretores. O mesmo local que hoje está abandonado. “Tinha uns 200 funcionários”, afirma. Para Arioli, que por muitos anos foi subordinado a Júlio Eberle, a empresa era uma potência, mas, infelizmente, as divergências entre os familiares trouxeram problemas. “Tinha 3 mil operários na época em que eu trabalhava. Eles sempre ajudavam muito os empregados. Era a melhor. Falavam ‘tu tem sorte de trabalhar no Eberle’. Pena que venderam e virou nada”, lamenta. No 5º andar, conforme Arioli, aconteciam as homenagens aos jubilados. “E também era um lugar para homenagear quando vinha alguém mais importante”, diz o ex-funcionário, decepcionando-se ao saber que os nomes em bronze não estão mais no auditório. Famosa na cidade, a metalúrgica Eberle iniciou em 1896, antes mesmo de Caxias se chamar Caxias – era então a Colônia de Santa Tereza. Abramo Eberle, aos 16 anos, comprou de seu pai uma funilaria. Trabalhava dia e noite fazendo lamparinas e outros artigos. Ao longo dos anos, ele acrescentou novos produtos, novas máquinas, novos sócios. A Ourivesaria e Funilaria Central de Abramo Eberle & Cia, primeiro nome da metalúrgica, começou a tornar-se conhecida. Com o crescimento da fábrica, passaram a ser produzidos também utensílios domésticos, artigos de montaria, talheres e cutelaria, botões, motores elétricos, lustres e artefatos sacros. Conforme o tempo foi passando e os negócios aumentando, outras fábricas administradas pelo mesmo dono, além da Fábrica 1, na Sinimbu, foram erguidas. AbraFotos: André T. Susin/O Caxiense
Quando um imóvel é tombado, seus proprietários não podem mais reformá-lo livremente nem demoli-lo. Como compensação por esse ônus, o poder público concede a eles índices construtivos, que variam de acordo com a área e a localização do prédio. Além disso, não precisam pagar IPTU. Olhando para os andares abandonados da Eberle, surgem duas questões. A primeira é por que a empresa que assumiu não investiu (ainda) os índices construtivos no prédio. A segunda é por que o poder público não faz nada quanto a isso, já que o prédio também é patrimônio da cidade. Liliana Henrichs, diretora do Departamento de Memória e Patrimônio Cultural, explica que a utilização desse potencial construtivo pode ser feita no próprio terreno ou transferida a outro local ou interessado, por meio de venda. A Mundial, segundo ela, vendeu seus índices. “Em decorrência do tombamento, a empresa proprietária recebeu como incentivo e direito decorrente da lei o potencial de 18.676 metros quadrados em índices construtivos. A empresa vendeu o potencial construtivo e realiza projetos para conservação do bem que serão avaliados”, responde. Lucena afirma que o investimento para os reparos que iniciará nos próximos meses virá desses índices construtivos. “Você apura esses 18 mil metros como receita para auxílio na restauração do prédio. Muito pouco já foi. Só alguma coisa que deu para fazer sem apresentação de projeto, por exemplo, um problema de telhado. O projeto de reformulação está sendo elaborado. Só esse dinheiro (dos índices construtivos que a empresa recebeu) não vai bastar, a Mundial vai bancar o restante. A prefeitura dá cinco anos para apurar o valor desses índices construtivos e depois apresentar um projeto e empregálos”, afirma Lucena. Nem ele nem Liliana aceitaram confirmar o valor dos índices recebidos pela Mundial com o tombamento, mas, segundo informa-
ções extraoficiais, cada índice equivale a R$ 85 ao metro quadrado, o que resultaria em R$ 1,5 milhão.
Quadros do fundador, Abramo Eberle, estão largados entre entulhos. No 4º piso, parte do assoalho foi arrancada. A fachada interna denuncia a má conservação
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Independentemente de quem é o culpado pelo esquecimento do prédio, além do próprio tempo, o fato é que grande parte dele está literalmente jogada às pombas. “A casinha pobre sobre o imponente prédio serviu para fomentar o mito regional de que o trabalho enriquece”, diz Loraine, falando sobre a réplica colocada no topo da metalúrgica, simbolizando a primeira funilaria de Abramo. Mas Abramo Eberle é a prova de que o poder não é para sempre. Em uma foto do informativo Eberle, criado por Arioli, na página chamada Visitas Ilustres, o Cônsul Geral do Canadá da época, Paul A. Theperge, conhece a metalúrgica em 1971. Na parede atrás dele, um grande quadro destaca a imagem de Abramo Eberle. O mesmo quadro que está hoje jogado nos entulhos.
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Studio Geremia, Arquivo Histórico Municipal/O Caxiense
pelo comércio de produtos e da captação de recursos da mão de obra. Mas uma coisa é certa: o trabalhador era valorizado”, diz a pesquisadora, recordando que todos que faziam 25 anos de trabalho recebiam um relógio de prata e os que completavam 50, de ouro. Loraine ressalta que a metalúrgica representava 50% de todo o parque industrial da região colonial. De 1922 a 1948, a empresa teve mais de 4 mil operários, sendo que em toda a região existiam 8 mil no total. “Não havia nada parecido com ela, não só no Brasil, mas em toda a América Latina. Era tão importante quanto as empresas Matarazzo, de São Paulo”, compara.
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mo faleceu em 1945, e a administração passou para os filhos José Eberle e, depois, Júlio Eberle. Segundo a pesquisadora Loraine Slomp Giron, a divisão na herança familiar acarretou em discórdia, o que levou o grupo a vender suas ações para o Grupo Zivi-Hércules. “A empresa não quebrou, mas sim, como as Torres Gêmeas, explodiu”, afirma Loraine, explicando que apenas em 1975 a ruptura entre Zivi e Eberle se efetivou, e a partir de 1982 a sigla Eberle passou a ser apenas uma fundação. “A empresa passara para outras mãos”, diz. Virou, mais tarde, Mundial S/A. “Na década de 90 tornou-se inviável manter uma atividade tipicamente industrial no Centro da cidade. Então o prédio foi desocupado e as atividades industriais transferidas para o Complexo Industrial de São Ciro”, conta Lucena, que trabalhou na empresa na época em que ainda era Eberle. “A Zivi era de uma cultura de Porto Alegre, sem muita ligação com a cidade. A Eberle era identificada com Caxias”, completa Rissi. No período em que foi administrada por Abramo Eberle (do início, em 1896, até a morte dele, em 1945), conforme Loraine, os operários eram tratados como parte de uma família e recebiam empréstimo para comprar a casa própria. “Abramo era um empresário cristão. Mas se fosse tão maravilhoso assim não poderia ter enriquecido tanto. A empresa passou de uma pequena funilaria para uma grande metalúrgica a partir do capital gerado
No 3º andar, funcionava o escritório central (acima, em 1945), hoje desocupado
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A Piedade dos anjos por Jônatas Luis Maria
Pratico tua beleza. Tua beleza toda que morre Diante à poesia e fenece, Flor do dia-a-dia. Lembro teus escapes, tuas fugas, Cada suicídio que cometera; Foram tantas noites violentas! Angustias divididas e dividimo-nos. Pedi aos anjos, condolente, que houvesse Um carinho ao menos, e tive tanto! Derramei-me então, ao fim do assunto, E rolou pelo chão uma carícia que não foi. Dê-me por favor um amuleto, Uma insígnia protetora certa. Dê-me uma noite de paz sem sonhar. Mostra um pedaço qualquer do amor. Mostra talvez com os olhos, Ao menos um signo a nos traduzir. Fala como se aprende com os erros Dizendo que a simplicidade das coisas, é sempre fatal.
Jair de Souza | Sem título |
Participe | Envie para artes@ocaxiense.com.br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.
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Na xilogravura de Jair de Souza, que integra o acervo do Centro de Atenção Psicossocial de Caxias do Sul (Caps Cidadania), o artista se inspirou em uma fotografia de revista. Na versão do artista, rica em detalhes, uma cidade imponente cresce ao redor de um mundo no qual não poderá mais caber. O movimento acelerado da cidade, segue o compasso de um som de piano. De onde surge a metrópole, um pianista bate forte nas teclas para que, logo adiante, a música as transforme em altos prédios, capazes de alcançar o céu e avançar sobre o mar.
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Guia do Caxias em Cena
por Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis
Fotos: Andrea Teixeira, Divulgação/O Caxiense
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Inspirado no livro Andorinhas de Cabul, de Yasmina Kadra, a peça carioca Kabul mostra quatro retratos de um Afeganistão traumatizado pela guerra
l El Truco de Olej | Sábado, 18h | Uruguaios de Montevidéu, os Bosquimanos Koryak apresentam seu teatro de bonecos ao contar a história de um menino que é ajudante do mestre de cerimônias de um circo, mas tem como sonho ser um grande mago. Os bonecos, que prometem uma experiência visual diferente, medem de 80cm a 5 metros de altura. Teatro Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Alice | Sábado, 20h | Sissi Venturin apresenta uma performance inspirada nos livros de Lewis Carroll, Alice no País das Maravilhas e Alice Através do Espelho. A interação com o público é frequente, todos são convidados de um banquete de desaniversário. A intenção não é contar a história de Alice, mas fazer com que todos se identifiquem com ela. Só para os maiores de 14 anos. Teatro do Sesc R$ 10 | Moreira César, 2.462 | 32215233 l La Hija de Rapaccini | Domingo, 20h | O teatro minimalista dos argentinos da Escenativa Teatro fala de um jovem vizinho de um cientista que trabalha com plantas em busca da imortalidade. O principal experimento é sua filha, por quem o jovem se apaixona. Classificação: 14 anos. Teatro Municipal R$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Criações | Segunda (20), 18h | A Cia Nazareno de Bonecos Sem Fronteiras traz para o feriado cenas
das tradições e culturas ítalo-gaúcha, afro-brasileira e mitológica, numa mistura onde samba, capoeira e contos de fada conversam com o público. O espetáculo caxiense foi apresentado em festivais pelo Brasil, Europa e Ásia. Teatro do Sesc R$ 10 | Moreira César, 2.462 | 32215233 l Torturas de um coração ou Em boca fechada não entra mosquito | Segunda (20), 20h | Um comédia musical vinda do Rio de Janeiro, pelas mãos do grupo Sarça de Horeb. A obra é de Ariano Suassuna, autor do Auto da Compadecida. A história traz realismo fantástico para uma visão bem-humorada sobre o preconceito na sociedade: todos disputam o amor de Marieta, mas ela só se casa se for com homem ilustre. Teatro Municipal R$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l O Príncipe Peralta | Terça (21), 14h e 16h | O teatro infantil é contemplado com esta peça carioca, que fala de um casal exilado do reino por seu amor ser proibido. A morte da rainha faz com que um deles volte para o reino e lute por uma nova ordem. Teatro Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l Em cena | Terça (21), 20h | História de toque metalinguístico, onde uma atriz, interpretada pela caxiense Maria do Horto Coelho, é arrancada da peça em que está atuando por dois homens – que só ela pode ver. Na busca para descobrir onde está e o que está acontecendo, ela lembra e re-
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lata fatos da vida. Teatro do Sesc Entrada franca | Moreira César, 2.462 | 3221-5233 l As aventuras do trem da leitura | Quarta (22), 14h e 15h30 | A caxiense C.i.a. Uerê apresenta espetáculo infantil e musical que é um estímulo à leitura de obras clássicas nacionais e internacionais. Teatro do Sesc Entrada franca | Moreira César, 2.462 | 3221-5233 l Kabul | Quarta (22), 20h30 | A peça carioca trata de dois casais afegãos que observam e sofrem as consequências da guerra. A diretora, Ana Teixeira, descreve a peça como um drama existencial. “O que fica de humanidade quando tudo foi confiscado? É a busca pela dignidade humana." Classificação: 16 anos. Teatro Municipal R$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l O aniversário da infanta | Quinta (23), 10h e 21h15 | O texto é de Oscar Wilde, que costumava contar histórias fantásticas aos seus filhos. Esta trata do aniversário de 12 anos de uma princesa, onde uma das atrações da comemoração traz reflexão sobre dois universos diferentes. Com Tina Andrighetti e Bob Valente. Classificação: 14 anos. Teatro do Sesc R$ 10 | Moreira César, 2.462 | 32215233 l A caravana da ilusão | Quinta (23), 16h | Teatro de rua de Porto Alegre, conta a história de uma viagem até um lugar
em que o caminho se bifurca. Os artistas se tornam responsáveis pelas suas escolhas e suas consequências. Praça Dante Alighieri Entrada franca A tecelã | Quinta (23), 20h | A peça mescla técnicas de manipulação de bonecos, vídeos e ilusionismo para contar a história de uma mulher que pode transformar imaginação em realidade. A Cia. Caixa do Elefante Teatro de Bonecos desenvolveu uma nova tecnologia de construção, acrescentando leveza e resistência aos bonecos, em escala humana, que contracenam com a atriz, criando ilusão de vida. Para maiores de 14 anos. Teatro Municipal R$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 l O auto da alta | Sexta (24), 10h30 | Espetáculo de teatro de rua da Ueba Produtos Notáveis põe os atores em pernas de pau para contar uma história de amor entre pessoas bem diferentes. Para isso, usam do improviso, da interação com o público e da música, com instrumentos feitos de sucatas de metal e plástico. Praça Dante Alighieri Entrada franca l Histórias de um canto do mundo ou Memórias de Porto Alegre e do RS | Sexta (24), 20h | A Cia de Solos & Bem Acompanhados, de Porto Alegre, traz histórias sobre lendas e tradições são contadas com roupagem musical. Parte da trilha sonora é executada ao vivo. Classificação: 10 anos. Teatro Municipal R$ 10 | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697
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Guia de Cultura
por Cíntia Hecher | editado por Paula Sperb
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Sony Pictures, Divulgação/O Caxiense
Cinema | Tudo pode dar certo
Diga tchau à quarta parede por Cíntia Hecher Esse é o termo que se usa quando um personagem de um filme fala com a câmera, ou seja, diretamente com o espectador. Em Tudo pode dar certo, o protagonista Boris Yellnikoff, faz uso deste recurso algumas vezes para confidenciar algo. Não que ele precise de amigos, os tem. Só que ninguém mais aguenta o velhote e suas verborragias, que vão de judeus à sua infância. Quem dá vida a Boris é Larry David, roteirista de comédia americano, um dos criadores do seriado Seinfeld (e grande inspiração para George Constanza) e da atual série Curb Your Enthusiasm. Milagrosamente, o personagem principal não é uma das funções acumuladas pelo diretor do filme, Woody Allen. Mas Boris pode ser considerado um alter-ego de Allen e um resumo de todos seus personagens nova-iorquinos. É mais um daqueles neuróticos e pessimistas. Boris é um gênio. Quase foi nomeado ao prêmio Nobel de Física. Ênfase no quase. O Q.I. dele é de 200 pontos. Com a genialidade, vem a arrogância e a falta de paciência com quem não é como ele. Boris sobrevive dando aulas de xadrez para crianças que costuma chamar de imbecis. Essa inteligência superior não o torna nada melhor do que ninguém, por mais que ele queira acreditar nisso. Pelo contrário, o deixa mais suscetível às falhas, principalmente as suas. A reação, obviamente, não é nada positiva. Mas ele tem uma máxima, quase um mantra, que é o que dá o título original ao filme: whatever works, algo como um “tanto faz”. Quando tudo apertar, lembre-se que a vida é mais simples do que parece. Não que Boris siga isso ao pé da letra, mas a ideia é boa. Funciona quando ele encontra uma jovem que fugiu de casa e acaba por alojá-la em seu apartamento. Melody (Evan Rachel Wood, de O Lutador e Across the universe) se encanta com o setentão inteligente e, mesmo sendo vítima de insultos frequentes, guarda sempre o melhor dele para si. Não vá muito na onda de que o frescor da ingenuidade loira e camponesa de Melody abrandará o coração gelado, divorciado e desesperançoso de Boris. Ela é que sai repetindo o que ouve da boca do gênio, filosoficamente. Mas ninguém muda ninguém, e aí está a beleza da coisa, do “tanto faz”. Cada um é do jeito que é e pronto. Tanto faz se agrada ou não, para alguém servirá. Como o filme, enfim, sem pretensão alguma de ser ele mesmo genial. O roteiro está nas mãos de Woody Allen desde os anos 70, mas só agora saiu do papel, novamente com Nova York como cenário, depois de anos filmando fora da terra natal. Tudo pode dar certo vai te fazer sorrir praticamente o tempo inteiro, aquele sorrisinho sacana de canto de boca, pensar um pouquinho e, principalmente, deixar fluir o gênio adormecido. Pode falar com a câmera, ela não responde. Mas te ouve que é uma beleza. l Tudo pode dar certo | Comédia. Quinta (16) a domingo (26), 20h | Ordovás Dirigido por Woody Allen. Com Larry David. 12 anos, leg..
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Boris (Larry David, um dos criadores de Seinfeld) conversa com o espectador em Tudo pode dar certo, de Woody Allen
CINEMA l REC 2 – Possuídos | Terror. 15h, 17h, 19h10 e 21h10 | Iguatemi No prédio onde pessoas foram brutalmente assassinadas no primeiro filme, o espanhol REC, uma equipe entra em busca da cura para um vírus aparentemente demoníaco. Dirigido por Paco Plaza e Jaume Balagueró. Com Manuela Velasco e Pep Molina. 16 anos, 85 min., leg.. l Resident Evil 4: Recomeço – 3D | Terror. 15h30 e 17h50 (dub.) e 20h e 22h10 (leg.) | Iguatemi Mais um filme sobre vírus, mas este vem do videogame. O filme, não o vírus. Zumbis, armamento pesado e mulheres bonitas agindo agressivamente. Dirigido por Paul W. S. Anderson. Com Milla Jovovich e Ali Larter. 16 anos, 97 min.. AINDA EM CARTAZ – A Origem. Ação. 21h40. Iguatemi | A Ressaca. Comédia. 14h e18h50. Iguatemi | Como Cães e Gatos 2: A Vingança de Kitty Galore – 3D. Comédia. 13h30. Iguatemi | Karatê Kid. Aventura. 13h40, 16h20 e 19h (dub.). Iguatemi | Meu Malvado Favorito. Animação. Segunda a sábado às 16h40min. Domingo e
feriado às 14h e 16h. UCS | Nosso Lar. Drama. 14h10, 16h40, 19h20 e 21h50. Iguatemi | O Aprendiz de Feiticeiro. Aventura. Segunda a sexta às 20h. Sábado, domingo e feriado às 19h. UCS | Os Mercenários. Ação. 16h10 e 21h20. Iguatemi | Par Perfeito. Ação. 14h20, 16h30, 19h30 e 21h30. Iguatemi | Primo Basílio. Drama. Quinta (23), 15h. Matinê às 3. Ordovás. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC453, 2.780, Distrito Industrial. 32095910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta.
Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Sessão de Cinema AD tem entrada franca. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.
DANÇA l Dança contemporânea | Até segunda (27) | A Cia. Matheus Brusa está com inscrições abertas para aulas gratuitas de dança contemporânea com o objetivo de selecionar bailarinos. Por telefone 3222-5538 ou email: matheusdc@ gmail.com. Cia. Matheus Brusa Júlio de Castilhos, 108, Lurdes l Bonecos - Sonhos e Memórias | Até sábado (25) | A escola de dança Ballet Margô recebe inscrições de meninos e meninas de até nove anos que sejam estudantes de escolas públicas, interessados em dança e arte. Será realizada uma audição para selecionar o elenco do espetáculo Bonecos - Sonhos e Memórias, aprovado pelo Financiarte. As inscrições são gratuitas e as vagas, limitadas. Ballet Margô
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Júlio de Castilhos, 108 | 3222-5338
música
EXPOSIÇÕES l Sensações e Emoções | A partir de quinta (23), 8h A dança é o tema da exposição de Cristiane Marcante. Com cores vibrantes e traços geométricos, as obras tem influências cubistas e da pop arte. A exposição fica aberta para visitação das das 8h às 22h. Espaço Cultural Ftec Entrada franca | Rua Gustavo Ramos Sehbe, 107 | 3027 1300 l Sobretudo | A partir de quinta (23), 20h O artista plástico Sandro Ka realizou este trabalho com diversas técnicas como colagens, associações e manipulações de imagens. Imagens do cotidiano, personagens de desenhos animados e repertório de brinquedos, imagens sacras e bibelôs compõem a obra. A visitação é de segunda a sexta, das 8h às 22h30. A exposição fica em cartaz até o dia 15 de outubro. Hall Superior – Campus 8 Entrada franca | RS-122, km 69 | 32899000
Quem puder curtir a noite de domingo, véspera de feriado, e imaginar que ganhou mais um sábado na semana, a dica é o show especial Beatles, onde a banda faz cover competente das canções clássicas do quarteto. Mississipi Delta Blues Bar R$ 10 (feminino) e 15 (masculino) | Augusto Pestana, 810 | 3028-6149 l Maratona Tequila Baby | Quinta (23), sexta (24) e sábado (25), 23h | A banda gaúcha de punk rock volta a Caxias em três shows especiais. Na primeira noite, o som vem dos álbuns Tequila Baby e Sangue, Ouro & Pólvora. Na sexta, é a vez de Punk rock até os ossos e A ameaça continua. O sábado encerra a maratona com músicas de Lobos não usam coleiras e um especial Ramones. Ingressos antecipados na Hot Music e na Black Label Tattoo. Passaporte na Ace of Spades. Vagão Bar R$ 20,00 (cada noite) e R$ 50,00 (passaporte para as três noites) | Coronel Flores, 789 | 3223-0007 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Agente Ed. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Bistrô. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Janis Project. Blues/rock. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá. 3222-2002 | Mr. Pop. Pop rock. Pepsi Club. 3419-0900 | O Legado. Pop nacional. Santo Graal. 3221-1873 | Ponto e Vírgula. Especial Semana Farroupilha. Badulê Ame-
¿Dóndes estás, Javier? por JOÃO ALFREDO
Anahi Fros, Divulgação/O Caxiense
AINDA EM EXPOSIÇÃO – Caminhos do Interior. De segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h, e aos sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697 | Mostra Mutirão 30 Anos – Te Encontro Lá. Até domingo, das 10h às 22h. Praça de Eventos – Shopping Iguatemi. 3289-9292 | O Beijo. De segunda a domingo, das 8h às 20h. Jardim de Inverno – Sesc. 3221-5233 | Trajetórias de uma percepção. Segunda a sábado, das 10h às 19h30, e domingos, das 16h às 19h. Até a quinta-feira (23). Catna Café. 3212-7348 e 3021-7348.
l Blackbirds | Domingo, 22h30 |
Exposição | Daniel Drexler
rican Pub. 3419-5269 | Projeto Antenna – 4ª Edição. Eletrônico. 23h. Havana. 3224-6619 | Só Batidão. Sertanejo universitário. 23h. Move. 3214-1805 | Sound DJ. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | The Headcutters. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Domingo: A4. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Constelação. Pagode. 23h. Havana. 3224-6619 | DJ Zonatão. Eletrônico. 19h. Zarabatana Café. 3228-9046 | Electromag Party. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Fabrício Beck Trio e DJ Cristhian Caje. Rock/latino. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Holiday Party. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Pagode Júnior. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Pietro Ferretti e Poder da Criação. Samba Rock. Santo Graal. 3221-1873 | Terça (21): Ana Jardim e Mayron de Carvalho. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Uncle Cleeds. Blues 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Quarta (22): 1º MS Stand Up Comedy com Iotti; show com Rafa Gubert e Tita Sachet. Blues 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Lázaro Nascimento e Ana Paula Chedid | MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta (23): Dan Ferretti Trio. MPB. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Franciele Duarte. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Mayron de Carvalho e Gustavo Reis. Pop rock. 22h. Eco Music. 3215.6890 e 8422.5803 | Só Batidão. Sertanejo universitário. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sexta (24): Caixa Azul. Alternativo. 23h. Aristos London House. 3221-2679 | Fullgas. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Juke Joint. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Lázaro Nacimento, Ana Chedid e convidados. MPB. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Pietro Ferretti e Bico Fino. Samba rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769.
Daniel Drexler encantou com seu Micromundo no Caxias em Cena
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No palco com dois halos luminosos que destacam instrumentos, Daniel Drexler encontrará seu violão e Javier Cardellino, seu conjunto de percussão e teclado. O nome do espetáculo: Micromundo. Será que já no título, o artista quer anunciar que cantará seu rinconcito? E, ao cantar a aldeia, já sabemos, o artista canta o mundo. Mais do que uma influência, Drexler transcreve a milonga, o candombe e outros ritmos platinos de forma totalmente peculiar e arrasta o pampa para o palco. Identifico nossa territorialidade em comum e, num segundo, sinto a ondulação do relevo requisitando o direito pelas partes de minha alma desgarrada. Quem foi ao teatro Pedro Parenti na noite chuvosa de sábado (11), a segunda da programação do Caxias em Cena, pôde experimentar um êxtase incomum ao cenário musical contemporâneo. Micromundo comprova que não é preciso estar na vanguarda para ser inovador, tampouco precisa apoiar-se em uma parafernália de equipamentos e recursos multimídia para surpreender no palco. Fundamental é o talento; e ele se impõe, sem grande esforço, logo na primeira canção, nas composições, voz e violão de Daniel, e na complexa percussão, que bem poderia requisitar más de dos manos, mas que se contenta com as de Javier Cardellino. Terminada a primeira música, Daniel, agachado, faz um vocalise bem próximo ao microfone, enquanto pressiona um dos pedais. Retoma o violão e dedilha as cordas. A percussão de Javier entra em cena e, assim, na hora, parecendo improviso, tudo ganha um sincronismo eletro-acústico – que eu diria sinfônico. Aquele acorde de violão passa a se repetir, Drexler canta e o vocalise de antes será seu próprio backing vocal, numa versão reloaded. Na canção seguinte, o público é convidado a acompanhá-lo nos refrões e seguem dois momentos marcantes. Ao executar a canção Peñalolén, Drexler faz um tributo ao bairro de Santiago do Chile onde viveu. Depois, revela-se inspirado pela frase de uma produtora gaúcha que ao deixá-lo no aeroporto, pede que ele não os esqueça, o que vira outra canção. Ele parece querer ressaltar sua nacionalidade, pois mostra uma característica muito cara a outros artistas uruguaios, contistas como Morosoli, Arregui, Benedetti, que alimentavam sua prosa de fatos cotidianos aparentemente corriqueiros. Três gurias de nove ou 10 anos vibram cada vez que termina uma canção. Eu aguardo pelo próximo momento inusitado e ele vem a galope. Drexler despluga o violão, pede que as luzes se apaguem e com Javier, codo a codo, misturam-se a plateia enquanto interpretam La única certeza que tengo. Os dois amigos se separam. Daniel cantaria à capela, mas Javier faz a percussão com os materiais que encontra no caminho. Na incerteza da escuridão da sala, é difícil deduzir de onde Javier retira os sons. “Donde estás, Javier?”, diz Daniel, e eles se reencontram no ponto de partida, sobre o palco, percussão corporal, uns pasitos e a plateia em êxtase. No bis, ouvimos uma canção inédita. Drexler, como que integrado a uma roda de amigos confessa: “estou nervoso”. Ao final, o último legado da voz suave e intimista, ele abre os braços, faz os agradecimentos e todos parecem querer parafrasear a produtora porto-alegrense, pedindo para que não nos esqueça. Já que habitávamos uma micro Itália, eu acrescentaria: torna, torna presto! 18 a 24 de setembro de 2010
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A arte de preservar
UM LUGAR PARA
FREAR O TEMPO
Mal guardado desde 2004, o Amarp ganhará o espaço merecido no Centro de Cultutra Ordovás. Solução para encerrar uma polêmica e dar início a uma nova etapa na história das artes visuais em Caxias Reforma na sala de exposições transformará o local na primeira galeria climatizada da cidade, o que amplia a variedade de exposições que poderão vir a Caxias
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por MARCELO ARAMIS marcelo.aramis@ocaxiense.com.br o outro lado do Atlântico, em uma luxuosa sala de visitas, uma jovem recebe mais de 8 milhões de admiradores por ano. Embora ela esteja longe de ser a única atração da casa, ninguém passa por lá sem visitar o seu aposento. Seus 503 anos de existência não foram suficientes para que decifrassem seu sorriso enigmático. E o mais moderno aparato tecnológico que garante o conforto da sua sala, também não foi capaz de preservar intacta a sua juventude. Enquanto mantém o ar de mistério, Mona Lisa se decompõe. O drama da mais famosa pintura do gênio Leonardo Da Vinci revela uma condição difícil de admitir, mas inerente às obras de arte: elas têm prazo de validade. A única solução para amenizar o desgaste pelo tempo é o acondicionamento adequado. E, nesse quesito, o Acervo Municipal de Artes Plásticas de Caxias do Sul (Amarp) começou mal. Constituído em 2004, o Amarp reuniu obras que integravam a Pinacoteca Aldo Locatelli e estavam distribuídas entre as casas de exposição municipais. As obras foram embaladas e colocadas em uma sala feita com divisórias no Salão de Artes, um pavilhão úmido, com piso de cimento e teto de zinco nos fundos do Centro de Cultura Dr. Henrique Ordovás Filho. Os dois desumidificadores instalados não davam conta de amenizar os estragos da umidade que escorria pelas paredes e da água que entrava pelas goteiras e empoçava no piso do salão. O acervo permaneceu ali por um ano. Em 2005, recebeu mais um espaço temporário: um antigo camarim no segundo
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andar do Ordovás, um espaço ainda longe do ideal, mas, pelo menos, livre de goteiras. As 634 obras que integram o Amarp permanecem nesse local até que se tenha um lugar adequado para guardá-las. E este dia está próximo. Conforme a coordenadora da Unidade de Artes Visuais da Secretaria da Cultura, Carine Turelly, o Ordovás passa por reformas que darão utilidade pública ao acervo. Estão sendo construídos três espaços: uma sala de reserva técnica, onde ficarão guardadas as obras; uma galeria de exposições e uma sala multiuso – para eventos e pequenas exposições. O projeto das reformas partiu de uma avaliação técnica realizada em 2005 pelo então coordenador do Núcleo de Acervo do Museu de Arte do Rio Grande do Sul (Margs), Ricardo Frantz. O laudo sugeriu uma área no térreo do Centro de Cultura para abrigar o acervo e definiu os equipamentos necessários para o acondicionamento adequado das obras. Carine esclarece que o Amarp não será uma exposição permanente, como se previa nos bastidores da cultura caxiense. “Muitas pessoas falaram isso, mas nunca foi o nosso projeto.” Segundo a coordenadora, as obras do acervo irão para a galeria em exposições temporárias, selecionadas por critérios como tema, técnica e período, além de poderem interagir com outras exposições. “As pessoas confundem acervo com museu. Acervo é um conjunto de obras e não um local de exposição. Existe uma reserva técnica que não fica permanentemente disponível para visitação”, explica Carine. A reserva técnica do Amarp, com 60,8 m², é um espaço equipado com
controle de umidade e temperatura. O tura, foi reformulada. A parede que local se divide em sala administrativa, dividia o espaço de 93,9 m² foi retirada sala de guarda e sala de manutenção. e o espaço recebeu teto de gesso e piso Na sala de guarda, um sistema de tri- novo. Conforme a diretora da casa, lhos permite o acesso e a visualização Maria Inez Périco, a galeria segue um de todas as obras, penduradas em telas projeto diferenciado no que se commóveis, sem qualquer para às casas de expotipo de embalagem. sições do município. No mesmo ambien- “As pessoas “Será a primeira galeria te, um local com pé climatizada de Caxias. confundem direito mais alto está Isso nos possibilita reservado para escul- acervo com trazer obras de outros turas e instalações. museu. Acervo acervos, por exemNos fundos, os antigos é um conjunto plo. No ano passado, banheiros estão sendo quando trouxemos o de obras e não transformados em sala acervo do Margs para de manutenção. “Esse um local de a Galeria Municipal, espaço foi apontado exposição”, diz tivemos que alugar clino laudo técnico como Carine Turelli matização. Esse tipo de ideal para essa finalidaexposições exige mais de porque já tem água do espaço”, compara encanada. Quando houver necessidade Maria Inez. de restauração, por exemplo, este trabalho deverá ser feito aqui, sem retirar Enquanto o lugar definitivo para as obras da reserva”, explica Carine. O o Amarp não fica pronto, a Secretaria acesso à reserva técnica é restrito, mas da Cultura organiza o arquivo e plaCarine afirma que a maneira como as neja soluções para ampliar o acesso do obras estão dispostas permite ainda a público à coleção e tornar a arte mais visitação para fins de pesquisa. Ao lado perene do que sua condição natural da reserva técnica, há uma sala de 55,6 permite. O projeto prevê a criação de m² que separa o espaço do Zarabatana um acervo virtual, que, conforme CaCafé. “Aqui podem ser feitos eventos, rine, ainda está sendo estudado. “Agora lançamentos de livros e exposições estamos organizando as obras, digitalimenores”, apresenta Carine. O espaço zando o acervo. No momento que timultiuso também resolve um proble- vermos todo esse material pronto, poma das exposições de pequeno porte deremos pensar em um programa para que vinham ocupando um corredor um banco de dados virtual.” Conforme do Centro de Cultura, com iluminação Carine, o acesso online ao acervo será deficiente e pouco favorável à aprecia- implantado em uma segunda etapa. ção das obras. “No primeiro momento, teremos um A Sala de Exposições do Ordovás, banco de dados interno. Precisamos que recebia exposições menores do ver se a ferramenta é funcional, se que as que ocupam a Galeria Munici- atende a demanda e como ela pode pal Gerd Bornheim, na Casa da Cul- ser utilizada. Depois que isso estiver
Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.
funcionando bem, vamos disponibilizar na internet. Não é um projeto tão simples”, explica Carine. Ela diz ainda que, nessa primeira etapa, estão sendo preenchidas “lacunas de informação” sobre as obras. “Esse é um trabalho constante. Os currículos dos artistas, por exemplo, precisam ser frequentemente atualizados. O próprio acervo é um órgão de pesquisa. E, para isso, é preciso fazer parcerias”, analisa Carine. O trabalho que a estudante Alessandra Baldissarelli realiza na Unidade de Teatro é fruto de uma dessas parcerias às quais Carine se refere. Concluinte do curso de Artes da Universidade de Caxias do Sul, Alessandra uniu o estagio obrigatório do seu curso, não remunerado, com o estágio remunerado que já fazia na Unidade de Artes Visuais. Ela trabalha em um projeto educacional a ser realizado com os alunos da Escola Preparatória de Dança, que funciona no mesmo prédio do Ordovás. As atividades, que incluem visitas monitoradas aos novos espaços e até uma pequena exposição do acervo, devem começar antes do final das obras. “As crianças passam por aqui todos os dias e convivem com essa bagunça da reforma. Eu achei importante introduzir conceitos de arte e falar sobre a importância do acervo e dos espaços que estão sendo construídos aqui”, explica Alessandra. O trabalho da estudante servirá também como projeto-piloto para o que deve ser o principal objetivo do Amarp: “ser voltado à pesquisa e à educação”, nas palavras de Carine.
As instalações elétricas foram trocadas e o local receberá uma nova sala de iluminação, assoalho e cobertura termoacústica. O teatro terá capacidade para cerca de 300 a 400 pessoas, conforme a formatação do palco. “O teatro poderá receber diversos tipos de atrações, cumprirá a demanda excedente da Casa da Cultura e vai atrair mais público para o Odovás”, afirma Maria Inez. O conjunto das obras no Centro de Cultura ultrapassa R$ 300 mil. O Amarp e a galeria têm um investimento de R$ 127,4 mil, do Ministério da Cultura e R$ 56,7 mil de contrapartida da prefeitura. No teatro, também viabilizado com apoio federal, será investido cerca de R$ 116 mil. O prazo para conclusão encerra no dia 25 de setembro, mas, conforme o contrato com a Unic Engenharia e Construção Ltda., empresa responsável pela execução, pode ser prorrogado por mais um mês. Por causa das limitações da estrutura antiga do prédio, foi necessária uma série de ajustes no projeto inicial, o que provavelmente vai adiar ainda maisa entrega. Com as obras, o Ordovás interrompeu a agenda de exposições. Por enquanto, com os eventos no Zarabatana Café e na sala de cinema Ulisses Geremia, Maria Inez comemora os números do “espaço de cultura com maior circulação em Caxias”. Em 2009, o Ordovás recebeu 55.811 visitantes. Este ano, até o final de agosto, 31.477 pessoas passaram por lá. “Ampliamos a programação para atrair mais visitantes. Mantivemos quem já frequentava e criamos opções para novos públicos.” A reforma, que cria mais três atrações para multiplicar os números de Maria Inez, anda em ritmo acelerado. De certeza, ela sabe que ainda há muito o que se fazer. Quanto à inauguração, a diretora do casa, acha difícil precisar uma data. Quem sabe, ainda neste ano? “Estamos ansiosos.” Fotos: André T. Susin/O Caxiense
Depois de seis meses de trabalho, a artista plástica Jane De Bhoni concluiu no início deste ano a avaliação do estado de conservação das obras do Amarp. Jane fez o levantamento de toda a coleção, fotografou as obras, limpou as telas e fez breves diagnósticos do estado de cada uma. Segundo a artista, “a maior parte do acervo é
de papel”, onde se encontram os pro- dições do acervo vão contribuir para blemas mais sérios de deterioração do que esse critério seja adotado por mais acervo, herança do tempo em que as artistas. No entanto, a consciência soobras ficaram no Salão de Artes. “Ca- bre o que significa um acervo é mais xias é uma cidade muito úmida e as importante. “O artista não está doangravuras são as obras que mais sofrem do, está guardando uma obra que vai com a umidade”, explica Jane. Ela afir- se tornar história. Quando se resgatar ma que algumas obras têm problemas aquilo que está no acervo, o que pregraves de fungos, como no caso das cisa aparecer é o seu melhor trabalho”. gravuras, e outras aprePara Jane, a sala de resentam riscos e molduserva, um espaço que ras em mau estado de “O artista não precisa estar em consconservação, mas, no está doando, está tante crescimento para geral, o acervo está bem guardando uma atender à demanda, é conservado. “A partir o primeiro passo para do momento que saí- obra que vai se alertar sobre a necessiram do Salão de Artes, tornar história”, dade de construção de as obras não deteriora- diz Jane De um novo espaço. “Nós ram mais”, afirma Jane. não temos um museu Bhoni, sobre a Durante o seu trade arte. Preferem consbalho com o Amarp, importância do truir prédios. Estamos Jane não fez nenhuma Amarp preservando as obras, restauração. “Não meque são a alma do muxemos em nada na esseu. É o processo natutrutura das obras. Nem nas molduras, ral para se ter um.” que fazem parte do conjunto da obra.” Embora saiba que o Amarp não é hoOutra reforma que movimenta mogêneo no que se refere à qualidade o Ordovás é a do Salão de Artes. De viartística, Jane prefere não fazer este lão das obras do Amarp o espaço será tipo de avaliação. A partir dos apon- transformado em teatro. Depois que as tamentos de Jane sobre o estado do obras do acervo foram retiradas de lá, acervo, caberá à Secretaria da Cultura o Salão teve essa mesma função. Com avaliar quais são as obras que mere- camarim, sala de iluminação e um siscem investimento em restauração, um tema de módulos, o lugar abrigou peprocesso delicado, caro e com vocação ças e palestras em palco italiano e oupara polêmica. tras no formato de arena. À primeira Conforme o regimento do Amarp, vista, nada de diferente do que a nova cada artista que expõe nos espaços estrutura permitirá. Porém, a umidapúblicos de Caxias tem que doar uma de prejudicava os eventos. Em dias de das obras da exposição para o acervo. chuva, a plateia precisava desviar das Durante muito tempo, a falta de condi- goteiras no telhado de zinco. E mesmo ções adequadas para guardar as obras em dias secos o espaço não servia. A serviu de justificativa para transformar falta de isolamento acústico tornava o a maioria das doações em presentes teatro um incômodo para os vizinhos. de grego, em geral, dados de má von- E o barulho da rua e da mesma vizitade. Jane tem cinco obras no Amarp nhança era trilha de qualquer espetáe elas representam os melhores traba- culo. “O Salão de Artes é a obra mais lhos de cada uma das suas exposições. profunda. Estamos reformando do Na expectativa de Jane, as novas con- chão ao teto”, afirma Maria Inez Périco.
As 634 obras do Amarp ficaram guardadas em uma sala climatizada, com acesso restrito para manutenção e pesquisa; O Salão de Artes finalmente será adequado como teatro
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Amor gaúcho
DE BOMBACHA
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Daiane, 11 anos, já tem sua própria égua
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por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br
avilhões da Festa da Uva. Sai a fruta que nomeia a maior festa da cidade. Entram os gaudérios, as prendas, os pingos, os cuscos. Representantes da maior comemoração do Rio Grande do Sul. Até 20 de setembro, Dia do Gaúcho, os Pavilhões viram espaço caxiense em homenagem à Semana Farroupilha e ao tradicionalismo. E, entre peões lidando com cavalos em provas campeiras ou preparando um mate de queimar a língua, há um perfume no ar. Passeando pelas centenas de barracas – a maioria em silêncio –, destacam-se algumas figuras femininas com figurino um pouco diferente: bombacha e bota. Traje muito mais adequado para o terreno acidentado repleto de barro e de “presentes” dos amigos equinos do que os delicados vestidos de prenda. Uma das poucas com o traje típico de prenda – mais comum entre as crianças – é Patrícia de Souza Zinn, 18 anos, chegando aos 19. Ela está na parte do acampamento que permite tal
O tradicionalismo feminino há tempos já não se veste só de prenda
vestimenta, o Pavilhão 1, com chão cimentado. Ladeada pela mãe, Rosa, que toma seu indispensável chimarrão, ela não faz parte de nenhum Centro de Tradições Gaúchas (CTG), mas pretende entrar no próximo ano. Patrícia diz que o carinho à tradição vem de berço, o que é confirmado com um aceno positivo da sorridente mãe. Ambas pensam que a participação de mulheres em eventos tradicionalistas é algo enriquecedor e bonito de se ver. “A mulher valoriza mais o lugar e ganha seu espaço”, resume Patrícia, ansiosa pela agitação maior, que vem no final de semana. “Tem baile”, explica. No acampamento do Rancho Vô Candinho, Karine Slongo acompanha de perto um porco inteiro sendo assado. A paixão dela é a cavalgada. Nunca foi prenda de CTG, mas sempre se interessou pelo lado campeiro da tradição. “É de família, desde pequena”, conta Karine. De bombacha, chapéu e lenço vermelho no pescoço, observa que a participação feminina no tradicionalismo cresce cada vez mais. “Antigamente, eram uma ou duas mu-
lheres. Talvez as prendas tivessem até um pouco de vergonha de botar bombacha”, analisa. Durante a terça-feira (14), Nicole Pasquale foi aos Pavilhões com o objetivo de entreter as dezenas de crianças que se amontoaram nas arquibancadas da cancha coberta para ver uma apresentação especial. A jovem de 17 anos junta-se aos peões no espetáculo. “A gente mostra bandeiras e como funcionam as provas com os cavalos.” Para prover de vestimentas essas meninas, alguns estandes oferecem trajes tradicionalistas. Em um deles, a vendedora Cristiane Silveira afirma que sempre participa destes eventos e que o comércio é amplo para esses produtos. As mais frequentes compras femininas são bombachas e, surpreendentemente, botas masculinas. “Vendemos como unissex, porque tem procura. E entre homens e mulheres o consumo é parelho”, conta Cristiane. Entre os tradicionais quiosques para alimentação no Pavilhão 2, junto com o comércio, a variedade é grande. Somente um dos estabelecimentos alardeia no cartaz a comida campeira. O
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restante varia entre xis, pastel, cocada e até a baianíssima tapioca. Nas lojas, há desde espaço exclusivo para venda de cuias de chimarrão até barracas com artefatos peruanos ou bolsas e bijuterias comumente encontrados pela cidade – e encantadores para mulheres, tradicionalistas ou não.
ela, é a reunião para tomar chimarrão e escutar música nativista. Rodeada pelos três filhos, Caren conta que nenhum deles participa de CTG, mas no ano que vem pretende colocar o trio em um. A filha menor, de nove anos, quer aprender a tocar gaita. “Tem que ter um toque feminino em tudo”, ressalta Caren.
Um dos responsáveis pelo Rejane Beatriz de Oliveira Ma- acampamento é Williams de Jesus, tos se interessou pelo tradicionalismo que destaca o papel de companheira por influência do mada mulher. “Ela ajuda rido, Wanderlei Nunes em tudo. Faz a boia, de Matos, com quem é “Antigamente, faz companhia e escasada há 15 anos. “Anquenta de noite, o que eram uma ou tes não chegava perto é fundamental”, brinca. nem de galinha. Hoje duas mulheres. Williams observa que até ando a cavalo.” A Talvez as prendas há tempo as mulheres filha Daiane, 11 anos, tivessem até um se envolvem nas provas acompanha em tudo e campeiras, mas diz que pouco de tem sua própria égua, ainda são poucas as freque monta de vez em vergonha de quentadoras das canquando. É uma de suas botar bombacha”, chas em campeonatos. diversões favoritas, as- diz Karine Adriana Costa de Jesim como botar lenha sus, tia de Caren, conno fogo e participar de firma a tradição gauuma boa roda de chimarrão. chesca de família. Ela não dorme no Rejane não dorme no acampamen- acampamento, mas é a última a sair e to, batizado de Retrato do Xucrismo. a primeira a chegar, por volta das 6h30. Nem os filhos dela. Eles voltam para “Não vou abrir mão da minha cama! casa no final da noite e ela retorna cedo Mas ajudo em toda a lida, faço comina manhã do dia seguinte. “Fico mais da”, justifica. Lugar de mulher, para ela, aqui do que em casa.” As poucas horas é no tradicionalismo. “Nós conquistaque Wanderlei, segurança do bar Paiol mos nosso espaço em tudo, aqui tamEspaço Nativo, fica sozinho são sufi- bém temos que estar representadas.” cientes para dar trabalho à esposa o dia Isso porque, de acordo com Adri, a seguinte inteiro. cultura gaudéria envolve mesmo. “É “Taí a importância da mulher. Se tão agradável ficar aqui, a gente perde não tiver uma, imagina a organização a noção do tempo, esquece de tudo.” como fica?”, diz Wanderlei. Naquele Adri não participa de outros eventos dia, o almoço saíra por volta das 14h, e tradicionalistas, mas há aproximadaRejane só conseguiu parar de trabalhar mente seis anos vai ao acampamento às 16h. Isso porque já tinha a pia ins- nos Pavilhões. No seu recanto, há uma talada. Antes, ela e a filha precisavam cozinha bem equipada com pia, gelapassear com louça suja pelo acampa- deira e forno elétrico. E ao lado da pormento para lavar tudo. ta fica o objeto mais representativo da Em outra barraca, o tradicionalis- presença feminina por ali: o espelho, mo é um dos elementos que unem a com chumaço de crina de cavalo que família. Caren Cristiane de Jesus Fer- serve de porta-pente. “Mulher gaúreira comparece à Semana Farroupilha cha é vaidosa também, não pode sair “porque é gaúcha e gosta da tradição”. mal na foto. Ela quer estar arrumada e O melhor do acampamento, segundo cheirosa”, reconhece.
Apesar do meio relativamente hostil, repleto de barro e desnível, a feminilidade campeia vistosa pelos Pavilhões. De acordo com Valda Traslatti de Mello, que há três horas assava um costelão com duas amigas, não importa onde se está, e sim como se apresenta. Ela que o diga, embonecada com bombacha, maquiagem nos olhos e um marcante batom vermelho. Valda lida com cavalos há 18 anos e coordena cavalgadas. Natural de São Francisco de Paula, desde pequena aprontava das suas para montar. “Botava a mesa do café da manhã e, enquanto estavam entretidos na comida, eu roubava o cavalo”, diverte-se. Ela é mais ligada na lida campeira, puxando gado e tratando terneiros – papel que, segundo ela, sempre foi feminino. “A mulher que faz essa parte, que cuida, que mata a galinha para comer.” Para Valda, vaidade é o elemento mais característico da mulher gaúcha, e ela se vê como exemplo. “Não monto a cavalo sem batom, brinco e perfume.” O vice-patrão do CTG Herdeiros da Tradição, Sérgio Bortolotto, assegura que a mulher é muito valorizada pelo movimento gauchesco. Para exemplificar, conta que a coordenação artística do CTG, que organiza invernadas e espetáculos de dança, fica por conta da esposa do patrão do grupo. Segundo Sérgio, o lugar mais comum de se encontrar mulher é mesmo na cozinha, mas há algumas aventureiras que laçam e jogam pelo CTG, em competições como truco e jogo do osso. Na Festa Campeira do Rio Grande do Sul, a equipe de jogatina teve uma delas como destaque entre os homens. “Foi quem fez mais pontos, aliás.” Sérgio compara os tempos. Antes, o trabalho da mulher era o serviço de casa e o dos arredores, como cuidar dos animais, enquanto o marido ia para o campo. Hoje, ela tem trabalho fora, mas o concilia com as funções do lar. “Não deixa de ser igual”, resume. Online | Veja uma galeria de fotografias da Semana Farroupilha em www.ocaxiense.com.br. Fotos: André T. Susin/O Caxiense
No meio deste campo aberto de informação, sobressai Suelen Castilas. De bombacha, boina preta e um pingente de cavalo adornando o colar, ela passeia pelos pavilhões. Aos 25 anos, revela que o interesse pelas tradições gaúchas é relativamente recente, descoberto por volta dos 18. Diferentemente da maioria, Suelen não foi influenciada pela família. Quem a trouxe para o lado gaudério da força foram amigos, frequentadores de CTGs e músicos nativistas. Shows deles e de outros artistas do gênero são destino constante da jovem. “Vivo bastante no tradicionalismo. O contato não é só na Semana Farroupilha, como muitas pessoas. É hábito”, alfineta. Hábito mesmo é acampar por lá há quase uma década. Loreni Maria Basso se muda para os pavilhões durante a Semana Farroupilha faz “uns oito, nove anos”. Ela, o marido, Paulo, e o filho Rafael, de 13 anos, que moram no bairro Cidade Nova. A outra filha, antes a mais envolvida com o tradicionalismo – dançava em CTG –, acabou deixando o costume depois que casou. A família, porém, manteve-se firme. Loreni, de chimarrão em punho, não pratica nem conhece quem o faça, mas considera admirável que mulheres se envolvam em provas campeiras, como de laço e gineteada. O marido provoca dela, dizendo que a mulherada “anda meio sem coragem” de participar dessas competições. É algo difícil de se ver, ele diz. Loreni passa o dia no acampamento em torno de café, chimarrão e atarefada com o preparo das refeições. Na quarta-feira (15), seria noite de “um porquinho de 25 quilos no rolete e chopp”. Ela sorri: “recebo amigos e vou lidando com as panelas”.
Nisso, ela lembra que tem outro serviço importante: tratar o galo que mantém junto ao acampamento, centro das atenções de um concurso criado para a escolha do seu nome. A única coisa ruim da Semana Farroupilha, para Loreni, é quando termina. “Para vir é uma empolgação. Desmontar tudo, uma tristeza. No último dia a gente fica até que dá, até o último sair.”
Karine (à esq.) nunca dançou em CTG – seu interesse é pela lida campeira. Adri (à dir.) ressalta que a “mulher gaúcha é vaidosa também, não pode sair mal na foto”
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Guia de Esportes guiadeesportes@ocaxiense.com.br
Fotos: André T. Susin/O Caxiense
por José Eduardo Coutelle
Caxias e Juventude decidem seu futuro simultaneamente, às 16h deste domingo, pela Série C do Brasileirão
FUTEBOL l Caxias x Brasil-Pel | Domingo, 16h | O jogo contra o Brasil de Pelotas definirá o destino do Caxias no futebol nacional: uma vitória o credencia à próxima rodada do campeonato; o empate obriga permanecer na terceira divisão no próximo ano e a derrota, um possível rebaixamento. O esquema 4-4-2, preferido por Julinho Camargo, sofre com as lesões dos laterais Alisson (duas fissuras na mão esquerda) e Edu Silva (tornozelo direito inchado). Julinho deve aguardar até o último momento para contar com a presença destes jogadores. Assim, a provável equipe que deve iniciar a partida é: Fernando Wellington no gol; Alisson, Anderson Bill, Cláudio Luiz e Edu Silva formando a linha defensiva; Renan, Edenilson, Itaqui e Marcelo Costa no meio campo; Aloísio e Rodrigo Paulista na ataque. Palacios, por sua vez, deve começar no banco. Caso o treinador grená não possa contar com os laterais, possivelmente Neto assuma o lado direito e Tiago Saletti o esquerdo. Estádio Francisco Stedile (Centenário)
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O Caxiense
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Ingressos: Arquibancada R$ 15, Acompanhante de Sócio R$ 20, Cadeira R$ 30, Estudantes, pessoas acima de 60 anos R$ 7 | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano l Criciúma x Juventude | Domingo, 16h | Sem mistérios, o técnico Beto Almeida viajou para Santa Catarina com o time definido para o confronto decisivo contra o Criciúma. O Juventude precisa vencer o jogo para garantir a permanência na Série C em 2011. Se empatar ou perder, será rebaixado para a Série D. A única dúvida de Beto era na zaga. Ele escolheu o volante Tiago Silva para o lugar do zagueiro Rafael Pereira, que rompeu os ligamentos do tornozelo esquerdo durante um treinamento no Jaconi. Dessa forma, o Ju joga com Jonatas; Bruno Salvador, Fred e Tiago Silva; Celsinho, Umberto, Éverton Garroni, Cristiano, Christian e Calisto; Ismael Espiga. A direção disponibilizou 10 ônibus para a papada, subsidiados pelo clube. Estádio Heriberto Hülse Ingressos: R$ 30 (torcida visitante) | 13 de Maio, s/nº, Comerciário - Criciúma (SC) | Informações: (48) 3437.3844
GOLFE l I Encontro dos Dirigentes de Golfe do RS | Sábado, 9h30 | O Caxias Golf Club sedia o evento que deve reunir dezenas de dirigentes de todo o Estado. A realização é da Federação Riograndense de Golfe em parceria com o clube. Se você ainda não tem os sapatos brancos, um saco com tacos e não sabe o que é um hole in one, esta é a sua chance de se aprimorar no mundo seleto do golfe. Você poderá começar uma carreira no esporte e se transformar num discípulo de Tiger Woods ou, na pior das hipóteses, um bom caddie para um amigo talentoso. Caxias Golf Club Entrada gratuita | Estrada do Golfe, 1.111, Fazenda Souza
FUTSAL l 8ª Copa Ipam de Futsal Feminino | Sábado, 19h, 20h, 21h e domingo, 9h, 10h e 11h | Só restam oito equipes disputando o título. A Escola Santa Catarina continua em uma boa fase. Sua última
vítima foi a sobre a Real Madames, que levou a goleada da rodada: 8 a 0. A UCS segue logo atrás, em 2° lugar. As meninas da universidade venceram o Sindicato dos Metalúrgicos por 5 a 0. No outro grupo, o BGF foi o único time a vencer. Em um jogo disputado, a atual líder bateu o Santa Catarina B por 2 a 0. Para se manter no topo da tabela, a BGF precisa de um placar positivo contra o União Flores da Cunha, resultado que não será nada fácil. Enxutão e Santa Catarina Entrada gratuita | Luiz Covolan, 1.560, Santa Catarina
HANDEBOL l Liga Nacional 2010 | Sábado, 19h | A Luna/UCS está entre as quatro primeiras, que se classificam para a fase seguinte. No último sábado, a equipe do técnico Gabriel Citton bateu a atual campeã da Liga, a Metodista/São Bernardo, por 26 a 25. Com a arquibancada cheia e moral em alta, o Luna terá mais facilidade para vencer o Praia Tênis Clube, 6º colocado. Ginásio Poliesportivo da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, s/nº, Petrópolis
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Ou vai ou racha
EM DEFESA M DA HONRA
André T. Susin/O Caxiense
Sob a ameaça do terceiro rebaixamento em quatro anos, o Ju parou de fazer contas. A solução é vencer em Criciúma
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Como diz o treinador Beto Almeida, “tenho que me preocupar da porta do vestiário para dentro. A direção faz o artin Luther King, pastor protestante e que estiver ao seu alcance para preserpolítico norte-americano, foi assassi- var o clube, a instituição. Temos é de nado em 1968 por ter a ousadia de so- manter a concentração em 120%”. Sem nhar. Ele viveu em uma sociedade ma- mistério, Beto definiu na quarta-feira joritariamente racista e seu discurso (15) o time que enfrentará o Criciúma mais célebre, para mais de 200 mil pes- de Argel Fucks – aliás, o ex-zagueiro soas, ecoa até hoje: I have a dream... Foi colorado e ex-treinador do Caxias, que dessa forma que ele entrou para a His- tem uma “admiração” enorme pelo tória, não só dos Estados Unidos, mas presidente grená Osvaldo Voges (para mundial. Guardadas as proporções, quem não entendeu: sim, é só ironia), neste domingo, o Juventude também não deve estar muito preocupado pois, poderá entrar para a História. De duas com qualquer resultado seu time esformas: manchando a trajetória de 97 tará nas quartas de final da Série C. anos de existência do clube com o des- Para simplificar: Tigre e Chapecoense censo ou conquistando têm 11 pontos; Caxias a salvação espetacular e Xavante, 9 pontos; longe de casa. Se não e o Ju é o último, com vencer o Criciúma em “Esta será uma 7. A Chapecoense já Santa Catarina, pela oportunidade disputou todos os seus última rodada da pri- para os jogadores jogos. O outro confronmeira fase da Série C to da última rodada é mostrarem que do Campeonato Brasientre Caxias e Brasilleiro, estará rebaixado são homens, Pe, e quem vencer gapara a quarta divisão e honrarem rantirá a classificação, do futebol nacional. a camisa”, diz alcançando 12 pontos. Não tem outro jeito. O Criciúma, mesmo o ex-presidente Nem é preciso a papaperdendo, entraria em da perder tempo com Carlito Chies segundo. Se o alviverde cálculos. A matemática vencer, empurra para já foi deixada de lado a Série D o derrotado faz tempo no Estádio Alfredo Jaconi. entre grenás e xavantes – estes, se emTudo se resume a uma palavra: vitó- patarem, morrem abraçados nesta fase, ria. O maior desafio do Juventude até e os catarinenses avançam na compeentão começará às 16h deste dia 19 de tição. Se o Tigre empatar ou ganhar, o setembro, no Estádio Heriberto Hülse, Ju é rebaixado. A segunda vaga ficaria em Criciúma. E é preciso sonhar. entre Chapecoense, Caxias e Brasil-Pe O pesadelo alviverde, apenas para (sobre estes dois, vale repetir: quem lembrar, começou antes da Série C. vencer, avança; se ocorrer empate, fiNo início do ano, quando o presidente cam na Série C em 2011; quem perder Milton Scola e seu grupo assumiram só não cai se o Ju for derrotado ou emum clube quase arruinado, a ideia era patar). usar o Gauchão como laboratório para Como no Jaconi a matemática já não a montagem de um time forte que, no é o que mais preocupa, Beto Almeida Brasileirão, brigaria para subir à Série cuidou de tomar as providências para B. Bons jogadores foram contratados, e armar seu time. Escolheu o substituto o técnico Osmar Loss, mantido após o do zagueiro Rafael Pereira, que sofreu Estadual – apesar de ter terminado em ruptura dos ligamentos do tornoze13º –, teve tempo para trabalhar. Não lo esquerdo durante o treino do dia 8 deu certo. Então chegou Beto Almeida, de setembro, no Centro de Formação que reorganizou. O futebol do Ju me- de Atletas e Cidadãos (CFAC). Será lhorou, mas os resultados não. Pode-se o volante Tiago Silva, 31 anos – além dizer que faltou, sim, um pouco de sor- dele, concorriam à vaga os zagueiros te. E até que o árbitro Vinícius Costa da Bressan, 17 anos, e Victor, 21 anos. Costa teve lá sua parcela de culpa, ao Tiago, de acordo com Beto, oscilará dar seis minutos de acréscimo no CA- durante a partida entre as funções de JU do dia 29 de agosto, no Centenário, zagueiro e volante, ou seja, alternado permitindo ao Caxias conseguir o em- a formação tática da equipe, conforme pate em 2 a 2 aos 49 minutos. as necessidades. A escalação já adiantada por Beto Almeida: Jonatas; Bruno Tudo isso já virou passado. Salvador, Fred e Tiago Silva; Celsinho, por FABIANO PROVIN fabiano.provin@ocaxiense.com.br
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Umberto, Éverton Garroni, Cristiano, Christian e Calisto; Ismael Espiga.
o Juventude sempre foi assim: se começou bem, foi embora. Agora, se começou mal... E claro que falamos também do sentimento da torcida, mas isso todos sabem que são coisas do futebol.” Presidente em 1999 e 2000 e chamado a reassumir o clube em seu momento mais difícil, Scola faz uma longa pausa quando questionado sobre o que representa o jogo em Criciúma. “Representa muita coisa. Não é a vida, porque não se morre. Mas é quase isso. Na verdade, representa um ano perdido na história do clube. Se o pior acontecer, 2011 será um ano que precisaremos nos reinventar”, afirma. E emenda: “Talvez aquele minuto a mais no CAJU possa representar o ano inteiro”. Sem a existência daquele minuto, e, consequentemente, o gol de empate sofrido, o alviverde estaria brigando pela classificação neste domingo, pois teria os 9 pontos que os grenás têm – e eles, por sua vez, estariam na condição do Ju, brigando para não cair. Scola, que começou a atuar no clube em 1992, a convite do ex-presidente e líder da construção do Estádio Alfredo Jaconi (entre 1972 e 1974) Willy Sanvitto, pensa em todas as respostas. O ano difícil – que ainda não acabou – afetou seu ânimo. Antes dos jogos, ele geralmente não fala no vestiário. Prefere conversar com o grupo somente depois do apito final. No domingo, deverá fazer diferente. “Eu sempre estou no vestiário, faço parte do time de outra maneira. Nossa direção acompanhou praticamente junta todos os jogos do ano. Vou pedir aos jogadores para terem tranquilidade, muita fé e coragem. Pensamento positivo e muita personalidade é o que levaremos, também, com nosso sangue e com nossa camisa para Criciúma”, diz Scola. Até este domingo, pelo menos, o Ju não pode deixar de sonhar. André T. Susin/O Caxiense
O cardiologista Francisco Michelin, papo fervoroso que escreve textos no site oficial do Ju, bota fé no treinador. Comentário de Michelin no dia 14: “Depositamos toda a nossa confiança no competente Beto Almeida e em seu grupo. Confiamos numa atuação cheia de dedicação, muita garra, na mescla de atitude e doação. Caberá aos jogadores darem a sua resposta positiva, sem medo de serem felizes. Assim, será um domingo de altas expectativas, no qual esperaremos que o Juventude volte a cumprir um de seus melhores desempenhos de todos os tempos. Afinal, também temos nossa história e tradição! Vamos torcer, rezar e pedir pelas bênçãos do Senhor!”. Dentro do vestiário, todos diriam amém. Diante do histórico até aqui, uma ajudinha divina seria mais do que bem-vinda. Afinal, o Ju venceu apenas três dos 25 jogos que disputou este ano (16 no Gauchão, duas na Copa do Brasil e sete na Série C), e o adversário de domingo está invicto em casa. Depois da conquista da Série B em 1994, o alviverde ficou 13 anos na primeira divisão, conquistou o Gauchão de 1998 de forma invicta e, no ano seguinte, o maior título de sua história, a Copa do Brasil, em pleno Maracanã. Em 1997, foi o 8º na Série A. Em 2002 e 2004, encerrou o Brasileirão em 7º. Em 2007, veio o primeiro rebaixamento. Em 2009, a queda para Série C. Agora, só resta evitar que o pior aconteça. O lateral esquerdo Calisto, 34 anos, um dos mais experientes do grupo, sabe o o quanto vale esta partida: “É o jogo da nossa vida”. Ele não foi titular em apenas um jogo do Ju este ano, contra o Veranópolis, no Estádio Antônio David Farina, pelo Gauchão.
Em 2002, quando defendia o Bahia, estar atentos para evitar que isso se reCalisto viveu uma situação semelhan- pita em Criciúma”, alerta. te. E com final feliz. “Era como essa em Para o goleiro Jonatas, 30 anos, a que estamos: precisávamos da vitória partida representa a defesa da honpara garantir a permanência na Série ra. “Respeitando o adversário, lógico, A. O jogo era contra a Portuguesa, em mas precisamos vencer para honrar São Paulo, no campo do Mogi Mirim, tudo o que foi feito até aqui. Estamos porque a Lusa tinha em nosso melhor moperdido o mando. mento, aumentamos a Quem perdesse cai- “Esse jogo segurança defensiva, ria. Fomos lá, jogamos representa criamos chances e fizebem e ganhamos de 4 a muita coisa. mos gols”, argumenta o 2”, recorda o lateral. arqueiro. “Será a partiNão é a vida, da para mostrar nosso A superação está porque não se valor.” O volante Umpresente na vida de Ca- morre. Mas é berto, 31 anos, capitão listo desde quando ele quase isso”, da equipe, diz que não começou a jogar bola. é hora de olhar para Garoto, trabalhava na diz o presidente trás. Acredita que é fabricação de mesas e Milton Scola possível garantir a percadeiras de vime em manência na Série C. Duque de Caxias, no “Esse jogo representa Rio de Janeiro. Ajudava no sustento muito, representa a imagem do grupo da casa. Diferentemente da maioria e do clube. Aposto que ninguém quer dos jogadores, que começam cedo no ter no currículo um descenso. Estamos mundo da bola, Calisto fez seu primei- focados, concentrados, e nada pode ser ro teste aos 17 anos, no Tamoio, time diferente disso.” carioca que não existe mais. Mas não foi como lateral, e sim como meia esNão é só a imagem do Juventude querda. Depois de passar pelo Duque que está em jogo, como diz o volante. Caxiense como volante, chegou ao Para Carlito Eugênio Chies, presidente América, onde passou a atuar como ala do clube nos anos de 1977, 1983, 1996 esquerdo. “Eram muitos os jogadores e 1997 e atual presidente do Conselho para o meio-campo. Então, o técnico Deliberativo, a partida em Criciúma Jair Pereira, na época, me lançou como representa o custo de um ano de futelateral, e eu me adaptei bem”, recorda bol. “E é elevado. Precisaremos investir Calisto, que jogou também no Vasco, para voltarmos à C se cairmos para a Botafogo, Atlético-MG e Rubin Kazan, Série D”, avisa. Por isso, a cobrança só da Rússia. Na sua opinião, o treinador pode ser antecipada: “Esta será uma Beto Almeida está certo em não mo- oportunidade para os jogadores mosdificar o esquema de jogo e a equipe trarem que são homens e honrarem a (quem iria falar mal do técnico, ainda camisa alviverde”. Parado ao lado do mais em uma hora dessas?). “Um fator carro no estacionamento do Jaconi no muito importante fez a moral do grupo final da fria tarde de quarta-feira (15), crescer: a bola voltou a entrar. Em dois Chies ainda tentava analisar como o jogos marcamos quatro gols. Está certo clube chegou nesta situação. “Ficamos que tomamos três. Então, precisamos em um grupo enroscado, parelho. Para
“Temos é de manter a concentração em 120%”, é o que os atletas alviverdes têm ouvido do técnico Beto Almeida
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Agora vai
Gol do Caxias pode vir nos minutos finais – e decisivos –, como contra o Criciúma, aos 31 minutos do 2º tempo, em 15 de agosto
Vencer ou
vencer É
por Marcelo Mugnol marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br
o Caxias com a bola. Faltam dois minutos para terminar a partida. A torcida de pé ainda grita, ainda empurra o time. Só a vitória importa. O goleiro Fernando Wellington está no meio do campo. Os outros 10 guerreiros do esquadrão grená encurralaram o Brasil de Pelotas. Acuados, os xavantes não sabem nem para onde mais isolar a bola. Um minuto para o final da partida. Marcelo Costa recebe no círculo central. Olha de um lado a outro. Enxerga Alisson voando pela lateral direita. Como se lançasse a bola com as mãos, Marcelo faz voar a pelota. A bola encontra o bico da chuteira de Alisson, que domina, levanta os olhos e cruza na área. A torcida silencia enquanto a bola alça voo. Coração na boca. Palacios lá em cima cabeceia pro chão, a bola desvia na zaga do Brasil de Pelotas e fica quicando na entrada da área. Itaqui chuta do jeito que veio. Pów! No travessão. A pelota sobe leve como uma pluma e desce pesada como uma bola de chumbo. Um bando de homens grenás e outros xavantes disputam aquele pedaço de couro branco com a mesma voracidade de uma matilha de lobos famintos. Mais uma vez a bola ricocheteia e sai da área. Marcelo Costa domina no peito e antes que a bola toque o gramado verde do glorioso estádio Centenário, o capitão
do Caxias dispara um canhão de direita. Imagine-se pendurado no alambrado. De olhos cravados na trajetória da bola. Mesmo incerto do destino, o grito de gol parece ter saído antes de a bola morrer exausta nas redes do Brasil de Pelotas. Não é só euforia de mais um gol de placa no Estádio Centenário. É o gol da classificação para a segunda fase da Série C. Gol com a assinatura da raça grená de ser Caxias. O jogo contra o Brasil de Pelotas, domingo (19), não será o mais importante da história grená. Mas pode servir de prefácio para a obra de maior sucesso do recente passado do Caxias. Vencer o Brasil colocará o clube na segunda fase da Série C – a temida segunda fase, a mesma em que o time grená caiu em 2009, diante do Guaratinguetá. Mas 2010 vai ser diferente. Precisa ser. “Agora vai” estampa os muros do estádio Centenário, as camisetas do time, o coração do torcedor. O ficcional relato acima suscita ainda mais o nível de ansiedade que essa partida provocará. O torcedor grená (aquele de coração, não o de finaleira de torneio) está acostumado às fortes emoções e não se importará nenhum pouco se a partida for decidida (em favor do Caxias, é claro), no último segundo do tempo regulamentar. Um momento decisivo como esse coloca todos na mesma condição. É como se do Julinho Camargo ao pre-
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Não há outra opção senão ganhar do Brasil de Pelotas, domingo, às 16h, no Centenário sidente Osvaldo Voges, passando pelos prestígio e carisma da exigente torciatletas, seguranças, torcedores e im- da grená, como Julinho conquistou. O prensa, todos tivéssemos de pisar em treinador parece cansado porque anda ovos. Porque o futebol é craque em tirando das costas dos jogadores parte driblar o imponderável, justo ao punir da pressão. “No início da semana teo displicente e habilidoso ao entregar mos trabalhado mais fisicamente porpara o perna de pau a chance de liqui- que quero aliviar um pouco a pressão dar uma partida. E essa é a graça do da moçada. Deixo a cobrança maior esporte. e os ajustes para trabalhar a partir da Muito clube já abriu metade da semana”, exa rodada na lanterna e plica Julinho. “A gente precisa terminou suspirando, aliviado, salvo da imi- vencer, mas Ainda na terçanente queda. E aí reside feira (14) da mesma não podemos o medo do Caxias. Terdecisiva semana , o minar a rodada com nos descuidar, treinador já havia dito chances de classificar e porque o que toda a estratégia cair para um túnel ver- Brasil quer para enfrentar o Bratiginoso com destino à sil de Pelotas estava o mesmo”, Série D. Supersticiosos montada. Julinho não batem na madeira três pondera Julinho é desses caras que decivezes quando ouvem Camargo de o que vai fazer com essa hipótese. Que o a bola rolando. Não caixão seja alviverde, pensa o futebol como murmuram os grenás. se fosse conduzido pelo ilusionista “Tenho dormido pouco e pensa- David Copperfield. Para ser aplicado, do muito”, revela Julinho Camargo. O tudo precisa ser idealizado, desenhado, treinador, sempre sorridente, de bem treinado e testado. E, é claro, para bom com a vida, parece cansado. Segue di- observador, 45 minutos bastam para zendo que anda feliz em trabalhar no entender que Julinho Camargo adora Centenário. E, se dependesse de mui- armar seu time para jogar no erro do to torcedor, Julinho não sairia mais do adversário. E não há segredo algum Caxias. Alguns andam até propondo nisso. uma vaquinha para manter o pensador Às vezes a torcida não enxerga que das quatro linhas mais temporadas no forçar o erro do outro time, ou estar clube. E faz tempo que um professor preparado para dar o bote, é mérito, é do mundo da bola não carrega tanto uma arma poderosa. O poder não se 18 a 24 de setembro de 2010
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revela apenas quando se está no ata- osso pra sopa” que insiste em jogar no que, mas quando o outro nos coloca seu time do bairro. Vale tanto quando sob ameaça. E não se trata de nenhum o Zidane sem cabeça. tratado bélico, colhido em alguma prateleira militar empoeirada. É quesAntes de começar a temida tão de bom senso, de filosofia até. Ou Série C, Julinho Camargo queria ao alguém acha que só o Caxias vai jo- menos uma coisa: chegar na última gar neste domingo no rodada com chances de Centenário? O Brasil classificação. E aí está. quer a mesma coisa “Todos os nossos O Caxias só depende que o time grená. O jogos têm sido dele para classificar-se. Brasil quer vencer para muito pesados. E mais, se contar com chegar à segunda fase. a ajuda do co-irmão alO Brasil virá comer a Todos têm viverde, ainda termina bola aqui. Resta saber sido decisivos. a primeira fase como se o Caxias vai permi- É muita pressão líder da Chave D. E detir. E aí reside o poder psicológica. Não pois? Bom depois é deda decisão. Não apenas pois, avisa Julinho. Não em ser o mais forte, o descansamos”, quer nem imaginar isso mais habilidoso, o mais diz Julinho agora. Mas a cabeça técnico. Muito mais do do torcedor começa a que a raça ou a habigirar, girar. Antes meslidade com a bola nos pés, vai vencer mo de o Caxias entrar em campo com quem lidar melhor com a pressão. o Brasil, tem muito grená ainda preso Talvez dizendo assim, de um jeito àquela partida de 2009, contra o Guamais rebuscado, o torcedor entenda ratinguetá. Remoer a dor é expor ainda por que Julinho Camargo está cansado. mais a ferida que já nem importa mais. Ou por que ele tem tentado amenizar Até porque o time paulista anda bem a pressão em cima do lombo dos seus faceiro na Série B. atletas. “Todos os nossos jogos têm Com o Juventude fora da briga por sido muito pesados. Todos têm sido uma das vagas à Série B, o Caxias terá decisivos. É muita pressão psicológica. de honrar a cidade. Se o alviverde já Nós da comissão técnica não descan- fora o mais popular depois do pedásamos, assim que acaba uma partida já gio, poderá cair no colo grená mais começamos a pensar na seguinte. Mas essa responsabilidade. Estar na Série os atletas precisam relaxar”, observa B é um outro estágio profissional. O Julinho. A cabeça fora do lugar pode Caxias vira um clube com muito mais reduzir um craque a um reles perna de visibilidade e possibilidade de crescipau. Basta um segundo de descontrole. mento. Não só do número de sócios A melhor cena dos últimos anos foi a (que não deveria depender dos resulcabeçada do francês Zinedine Zida- tados dentro de campo, mas infelizne no peito do italiano Materazzi, aos mente ainda depende – e muito), mas cinco minutos da segunda etapa da também de uma evolução no conceito prorrogação, na Copa de 2006, venci- de clube-empresa. Se a cereja do bolo da pela Itália. Pense naquela “carne de poder ser o acesso à Série B, a base é a
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formação de atletas. você sonhe ver no seu clube. No início da temporada, o Caxias Mesmo que Julinho queira fazer um tinha três perspectivas, três objetivos. certo mistério na forma como vai jogar Primeiro, jogar um bom Gauchão. “Fi- e com quais jogadores pretende contar, zemos a melhor campanha do clube não há muito a esconder. “A gente preem campeonatos estaduais, conquis- cisa vencer, mas não podemos nos destamos a vaga para a Copa do Brasil e cuidar, porque o Brasil quer o mesmo”, ficamos com o título de Campeão do pondera o treinador. O torcedor pode Interior”, justifica Julinho. O Gauchão ficar tranquilo porque em campo Juliserviria ainda para manter uma base nho vai montar um time para liquidar para a disputa da Série C. E assim está com o Brasil. Resta saber como vai se sendo. E a Copa Enio Costamilan, em comportar o torcedor grená. Resta sahomenagem a um dos mais importan- ber se o Centenário vai tremer durante tes dirigentes grená, tem servido para os 90 minutos com os gritos, cânticos dar ritmo de jogo para os atletas que e a charanga grená ou se a apatia vai podem até ser aproveitados na C e ain- conseguir domar a torcida em alguns da serve para integrar momentos cruciais da atletas sub-20 para o partida. elenco – e quem sabe Se a torcida manti“Fizemos a até serem conduzidos ver a mesma vibração aos profissionais em melhor do Renan, que brada 2011. por cada desarme; ticampanha em ver o mesmo fôlego do estaduais, Nada é por acaEdenilson, que corre conquistamos so nessa caminhada o tempo inteiro sem grená. Nem mesmo vaga para a Copa demonstrar cansaço os eventuais tropeços. do Brasil e título algum; tiver a mesma Osvaldo Voges já disse do Interior”, garra do Aloísio, que que este elenco é suem todas as justifica o técnico acredita perior ao que o clube bolas, mesmo quando tinha em 2009, que parece quadrada; tiver quase alcançou a Série a mesma lucidez do B. Julinho Camargo, sempre muito exi- Marcelo Costa, de apaziguar o time gente, reconhece as limitações do seu nos momentos delicados e empurrar a time. Se a equipe não tem conseguido moçada para dar o bote na hora certa; jogar com a mesma desenvoltura do tiver a fé inabalável da dupla de zaga Gauchão quem pode medir é o torce- Anderson Bill e Cláudio Luiz; o sonho dor. Lembrando que no futebol nada é do Caxias será realizado. Atravessar definitivo. Sem perder de vista a evo- esse deserto da Série C nunca foi tão lução do esporte, futebol não se ganha dolorido. Mas como diz quem confia com pura arte, nem pura exigência e entrega sua vida nas mãos de Deus: tática. Uma equipe bem armada, um quanto mais tempo demora para o conjunto coerente e equilibrado, colo- propósito de Deus revelar-se na vida ca no chinelo o exército de um homem da gente, maior é a graça. O detalhe é só de qualquer craque galáctico que que Deus não entra em campo.
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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br
Má leitura
CIC política
Se vocês fiscalizam a RGE como fiscalizam os pedágios, estamos roubados
A RGE demitiu leituristas e exigiu que todos cumprissem os 30 dias de aviso prévio. Muitos resolveram se vingar da empresa, mas prejudicaram os usuários caxienses: 5,3 mil contas foram faturadas com números inflacionados – e com o consumo sendo aferido apenas pela média. Agora, como ficou comprovado na audiência pública realizada pela Câmara de Vereadores, a RGE tenta juntar as penas espalhadas resolvendo o problema caso a caso.
Até sexta-feira (17), 19 candidatos haviam confirmado presença no CIC Debate – Fórum Político, que a entidade empresarial realizará nesta terça (21). Os candidatos a cargos de deputado federal e deputado estadual pela região terão oportunidade de expor propostas de trabalho à classe empresarial, embora o evento seja aberto à comunidade. Dos mais conhecidos, apenas o comunista Assis Melo (PC do B) não estava inscrito.
Vereador Édio Elói Frizzo (PSB), ao representante da Agergs (em nome da Aneel) na audiência pública sobre as contas da RGE
Na moita
Raro exemplo de estratégia e logística a realização da assembleia de funcionários da Visate, na madrugada de quinta-feira. Ninguém sabia de nada, a não ser o próprio Sindicato dos Trabalhadores em Transportes Rodoviários e colegas sindicalistas,
Incomunicável
Farroupilha André T. Susin/O Caxiense
Dois pontos ficaram claros na audiência pública: o alto preço da tarifa de energia elétrica e a dificuldade para fazer chegar qualquer tipo de reclamação à concessionária. Para este último problema, a reivindicação é que a RGE abra uma loja para atendimento ao público no centro da cidade, a fim de possibilitar ao consumidor um contato mais próximo – como alternativa ao inviável 0800 e à matriz da empresa, situada no bairro Floresta.
como dirigentes do Sindicato dos Metalúrgicos – que emprestou o seu indefectível caminhão de som para o evento. A ação do sindicato paralisou a cidade por hora e meia, até que se discutissem as reivindicações.
Brigas internas
Mal comparando...
Adicional
Oficialmente, o sindicato quer evitar demissões de cobradores, uma possibilidade alegada com a entrada em operação dos Sênior Midi. Apesar de a Visate ter acordado anteriormente de que não iria demitir ninguém. Durante a discussão da lei de diretrizes do transporte, no ano
Não foi desta vez
Acabou em frustração o primeiro voo internacional no Aeroporto Regional de Caxias do Sul. A operadora Infinity não conseguiu alugar um avião da Gol e a excursão que sairia daqui em direção a Buenos Aires foi cancelada.
passado, o vereador Assis Melo (PC do B) alertou para o fato de que o Sênior Midi não teria cobrador. Na semana passada, apresentou projeto que exige a presença de um cobrador em cada um desses ônibus. O sindicato se contentaria com outra coisa: um adicional de salário aos motoristas – pela dupla função.
Pela metade
Somente depois de aprovada proposta de aumento salarial de 2,8% pelos servidores municipais, o que deverá acontecer na assembleia marcada para o dia 27, é que o governo se ocupará da reivindicação dos médicos da rede pública municipal. Há quem garanta que o Sindicato dos Médicos pediu R$ 1 mil de abono para levar R$ 500. A exemplo do que ocorreu em Porto Alegre.
Como está
Fabio Berriel, Divulgação/O Caxiense
Diante do terceiro lugar do ex-governador Germano Rigotto na preferência do eleitor gaúcho na corrida ao Senado, segundo o Instituto Methodus, alguns peemedebistas caxienses começam a discutir o valor das pesquisas eleitorais. Questionam agora a quem interessa as pesquisas, quais as motivações que as envolvem e, mais que isso, qual a força efetiva que elas têm para influenciar (ou manipular) o eleitorado.
Constrangimento no Legislativo caxiense: um vereador denunciou o presidente da Câmara, Harty Moisés Paese (PDT), no Ministério Público. Em contrapartida, um funcionário da Casa vai entrar com processo contra aquele parlamentar por danos morais. Tudo iniciou com a compra e instalação de um televisor para cada bancada.
Para o usuário, a pergunta: qual será a repercussão dessa briga na definição da tarifa do transporte urbano? No ano passado, para manter o valor atual, houve a promessa de que
a Visate não iria demitir funcionários – mas também não contrataria. Agora, a ideia é que não haverá redução, mas também não haverá aumento no preço da passagem.
Dentro do limite
Na terra de Rigotto
Os comícios foram praticamente abolidos nesta campanha eleitoral. O candidato peemedebista ao governo do Estado, José Fogaça, é uma exceção. Ele vai comandar no próximo dia 29, em Caxias, ato público de encerramento de campanha, ao lado do candidato ao Senado Germano Rigotto.
A cidade foi escolhida por ser a terra natal de Rigotto e pelo fato de a prefeitura estar nas mãos da coligação PMDB-PDT, que busca o Palácio Piratini por meio de Fogaça e Pompeo de Mattos. Em Porto Alegre, o encerramento da campanha peemedebista será no dia 30.
Mobilização petista
O PT vai aproveitar a presença de Tarso Genro na cidade (ele estará na reunião-almoço da CIC no dia 27) para realizar não um comício, mas uma
atividade de mobilização. O encontro será à noite, em local fechado. Os candidatos ao Senado Paulo Paim e Abigail Pereira estarão presentes.
Longe do público
Avessa a atividades abertas, até por dificuldades de organização partidária, a candidata à reeleição Yeda Crusius não tem previsão para realização de
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ato público na cidade. A campanha da governadora se limitará a visitas agendadas e aos programas eleitorais de rádio e televisão.
O presidente do Sindicato dos Servidores Municipais, João Dorlan (foto), confia na aprovação da proposta encaminhada pelo governo Sartori. A tendência é essa, segundo ele. “Os servidores vão entender que o índice de 2,8%, dividido em duas vezes, não é o ideal, mas representa o possível. É preciso serenidade e equilíbrio para verificar os limites da negociação.” O Sindiserv brigava por 8,93% de aumento “real” de salário – além da correção trimestral da inflação com que o funcionalismo municipal continuará contemplado.
18 a 24 de setembro de 2010
O Caxiense
André T. Susin/O Caxiense
Dois homens armados roubaram, na quarta-feira (15) à noite, o dinheiro de sete cabines da praça de pedágio de Farroupilha. O roubo remete a um questionamento célebre do dramaturgo alemão Bertolt Brecht: “O que é um assalto a banco diante de um banco?”
A quem servem?
Tradicionalistas não perdoam, atacam. Muitos criticam a entrega, pela Câmara Municipal, da Medalha Honeyde Bertussi à 25ª região do movimento tradicionalista pelos 25 anos de realização da Semana Farroupilha. Garantem que o evento começou em 1985 por iniciativa de integrantes do CTG Campo dos Bugres, na pracinha de São Pelegrino. Nomes citados: Gilberto De Zorzi, João Fasoli, Guerino Pisoni Neto, Antioco Sartor, Sadi Camargo, entre outros.
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