Edição 44

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Um bom lugar pra ler um livro O enredo, os autores e os protagonistas da 26ª Feira do Livro de Caxias do Sul

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Foto: André T. Susin/O Caxiense

Caxias do Sul, outubro de 2010 | Ano I, Edição 44 | R$ 2,50

A arte de Bez Batti: como tornar o basalto suave | Roberto Hunoff: construção civil a caminho do

milhão de metros quadrados | Renato Henrichs: 7,6 mil caxienses procuraram o Cartório Eleitoral à toa


Índice Guilherme e Joel Jordani, Florense/O Caxiense

www.OCAXIENSE.com.br

A Semana | 3

As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4

Cerca de 15 mil imóveis estão em construção na cidade

Talento lapidado | 5

O escultor Bez Batti comemora 70 anos expondo suas vitórias sobre o basalto

Pensamento jovem | 8

Adolescentes aprendem a filosofar em uma olimpíada do conhecimento

Quero elogiar a ótima matéria sobre o Caxias em Cena. Um jornal que não divulga apenas a cultura, mas também reflete sobre a mesma. Márcio Ramos

Os caminhos do voto | 9

@LeandroUCS Matéria sobre a reestruturação da UCS nesta última edição do @ocaxiense muito interessante! #edição43

Como as coligações definem o destino das escolhas dos eleitores

Faxina interrompida | 11

Apesar do apoio da sociedade, Lei da Ficha Limpa segue emperrada no Supremo

@Clariiiiissa Oba, a Feira do Livro vai começar! Quero ir lá! Já estou olhando a programação que @ocaxiense divulgou! #versaoonline

Artes | 12

Um quadro realista e uma cabeça insondável @renattaz Com mais tempo pra acompanhar @ocaxiense online. Viciei e favoritei! Parabéns, equipe e obrigada! #versaoonline

André T. Susin/O Caxiense

Feira de ideias | 13

Clima de otimismo abre a temporada de caça aos leitores

Guia da Feira do Livro | 15 Livros para comprar, histórias para ouvir e debates para pensar

@MarcodeMatos @ocaxiense sempre ajudando nas horas necessárias! Belo trabalho resulta em reconhecimento! Parabéns. #edição43

Música na estrada | 17

Estúdio itinerante estaciona em Caxias para gravar CD de bandas locais

@wagnerjo Acabei de ler a matéria do @ocaxiense sobre as mudanças na UCS. Parabéns, matéria muito bem apurada. #edição43

Guia de Cultura| 18

A Flor do Deserto no cinema e as cores de Picasso na dança flamenca

@jolidandi É um dos poucos veículos que abordam informação e arte com bom senso e bom gosto. #edição43

Debate fundamental | 20

Quase uma centena de conselheiros discute o futuro do Juventude

Saldo da gestão | 21

Osvaldo Voges avalia os ganhos e explica as perdas grenás

No Site

Eleições ao vivo | Acompanhe neste domingo, a partir das 8h, a cobertura especial das eleições, com transmissão ao vivo de Caxias do Sul e Porto Alegre no site www.ocaxiense.com.br. Entrevistas com os candidatos, análises de cientistas políticos e a apuração dos votos, com comentários de Renato Henrichs e Roberto Hunoff.

Guia de Esportes | 22

Promessas do basquete se apresentam no Juvenil e na UCS

Renato Henrichs | 23

Vem aí, na Câmara de Vereadores, uma lei anti-fumo

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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O Caxiense

2 a 8 de outubro de 2010

Nota do editor | Apesar de nossos esforços – que, além de inúmeros contatos telefônicos, incluíram visitas aos comitês centrais dos candidatos, em Porto Alegre –, José Fogaça (PMDB) e Yeda Crusius (PSDB) não receberam O Caxiense a tempo de completar a série de entrevistas com os concorrentes ao Piratini. Nota da Mundial | A respeito da reportagem sobre o estado de conservação da antiga Metalúrgica Eberle (Império jogado aos pombos) publicada na edição 42, a Mundial, proprietária do prédio, envia nota ao jornal: O Grupo Mundial S/A, detentor da marca Eberle Fashion, informa que está desenvolvendo um projeto em parceria com o Departamento de Patrimônio Histórico e Cultural da cidade que prevê a restauração do telhado e das janelas, assim como a substituição dos vidros, pintura do prédio, impermeabilização das juntas de dilatação das marquises, retirada de placas de propaganda e limpeza do ambiente, referente ao prédio localizado na Rua Sinimbu, n° 1606, centro de Caxias do Sul. Agradecemos | Felipe Mello (fotografado por André T. Susin para nossa capa), que não é candidato a nada nesta eleição. | Revista Florense, da Florense Móveis, e fotógrafo Guilherme Jordani, por permitir a republicação da reportagem sobre Bez Batti nesta edição.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


editado por Paula Sperb

A Semana

Encerrando o ciclo de palestras com os candidatos ao governo do Estado, Tarso Genro (PT) esteve nesta segunda-feira (27) na CIC para apresentar seu plano de governo e receber as demandas da classe empresarial da região. O candidato afirmou que será, caso eleito, integrante de um grupo de choque para garantir a instalação do aeroporto regional de cargas e passageiros. Quanto aos pedágios, Tarso reafirmou a posição de reorganizar o modelo atual e extinguir a praça entre Caxias do Sul e Farroupilha. “Infelizmente não será imediatamente, pois vamos ter que honrar os contratos ainda por dois anos, mas teremos tempo de negociar”, alegou, classificando os contratos de “hostis e com negociações políticas obscuras”.

e Fiscalização (Casf) do Financiarte, da Secretaria Municipal da Cultura. São sete comissões responsáveis pela análise de mérito e escolha dos projetos culturais que serão contemplados pelo financiamento em 2011. Cada comissão é formada por cinco pessoas, sendo o coordenador indicado pela Secretaria, um auxiliar convidado pelo coordenador e três eleitas. As inscrições estarão abertas de 13 a 19 de outubro, na Secretaria da Cultura. Para inscrever-se é necessário apresentar comprovante de residência, RG, CPF e certidão negativa, expedida pela Receita Municipal, além de currículo comprovando conhecimento teórico e atuação prática por pelo menos dois anos na área cultural da comissão que pretende integrar. Os integrantes das comissões recebem uma ajuda de custo por hora trabalhada e projeto analisado. A eleição será no dia 22 de outubro, na Casa das Oficinas da Estação Férrea. Qualquer pessoa da comunidade com mais de 18 anos de idade poderá votar.

TERÇA | 28 de setembro

QUARTA | 29 de setembro

Greve dos médicos

San Pelegrino

A tentativa de conciliação entre prefeitura e Sindicato dos Médicos, que deveria ocorrer nesta quartafeira (29), às 15h30, foi transferida para o dia 5, segundo o procuradorgeral do município Lauri Romário Silva. A audiência entre as entidades foi adiada porque a juíza da Vara da Fazenda Pública, Maria Aline Brutomesso, está licenciada.

Depois de um e-mail equivocado, em que anunciava a abertura de sua loja no San Pelegrino Shopping para quinta (30 de setembro) – data anteriormente prevista pelo shopping –, a assessoria da rede Americanas informou que a inauguração será no dia 28 de outubro. A loja, 15ª da rede no Estado, terá 1.086 metros quadrados, e representa um investimento de R$ 2 milhões. “Temos que analisar com calma porque queremos anunciar uma data de abertura e cumprir”, declarou sexta-feira (1°) o superintendente do shopping, Luiz Felipe Tavares, que estima abri-lo em data próxima da anunciada pelas Americanas.

SEGUNDA | 27 de setembro Eleições 2010

CIC completa ciclo de palestras com candidatos

Audiência da prefeitura com Sindicato é transferida

Financiarte

Comissões de avaliação recebem inscrições Está lançado o edital para formação das Comissões de Avaliação, Seleção

Americanas anuncia abertura em 28 de outubro

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QUINTA | 30 de setembro Monumento ao Imigrante

Prefeitura faz projeto para cercar área

A degradação do Monumento Nacional ao Imigrante vai obrigar a prefeitura de Caxias a tomar providências. A principal, que prevê a construção de um muro ao redor do monumento, ainda é só uma intenção, mas deve afastar as pessoas que usam o espaço como ponto de encontros sexuais – conforme revelou O Caxiense na edição 35 –, devolvendo a área aos visitantes. Conforme o secretário de Cultura, Antonio Feldmann, o projeto de cercamento é discutido internamente, junto com outras ações.

Miss Mundial Infantil

Duas caxienses disputam final na Turquia

Duas meninas de Caxias do Sul estão na final da disputa do concurso de beleza internacional Little Miss World, o Miss Mundial Infantil, que ocorre na Turquia, dia 7. As informações são do site de notícias G1. Segundo o site, Larissa Piardi, 7 anos, e Rafaela Marini, 11 anos, devem chegar na Turquia nesta quinta, uma semana antes do concurso, que terá 70 candidatas e escolherá a criança mais bonita do mundo.

Greve dos bancários

Segundo dia tem 16 agências paradas

No segundo dia da greve nacional, mais bancários aderiram à paralisação em Caxias do Sul, e 16 agências pararam os serviços: Banco do Brasil (Centro, Lourdes), Caixa Econômica Federal (Centro, 20 de Setembro, Lourdes, Capuchinhos, Imigrante, São Pelegrino, Pio X), Banrisul (Capuchinhos, São Pelegrino, Pio X,

paula.sperb@ocaxiense.com.br Alfredo Chaves), Santander (Centro), Itaú (Centro) e Bradesco (Imigrante). A classe solicita 11% de reajuste nos salários. No entanto, a Federação Nacional dos Bancos (Fenaban) oferece somente 4,29% de aumento.

SEXTA | 1º de outubro Ministério Público

Projeto pretende fortalecer proteção aos idosos O Dia Mundial dos Idosos não foi esquecido pelo Ministério Público, que inicia um projeto liderado pelo promotor Adrio Gelatti para fortalecer a rede de proteção aos idosos garantindo qualidade mínima nos serviços de casas asilares. Existem três órgãos que fiscalizam essas casas, segundo Gelatti. O Ministério Público, a Vigilância Sanitária e o Conselho Municipal do Idoso. A ideia é que esses órgãos possam cooperar na atuação. No Estado, estima-se que há 350 asilos e a população de idosos é cerca de 1,3 milhão.

Prefeitura

Despesas com pessoal estão próximas ao limite Com receita líquida de R$ 793,69 milhões de setembro de 2009 a agosto de 2010, a prefeitura contraiu dívida de R$ 124,85 milhões para obras de infraestrutura, mas o que preocupa são os gastos com pessoal. Cerca de 42,5% da receita da cidade está comprometida com essa despesa, ou seja, R$ 338 milhões, que devem chegar a 47% somando gastos com 103 médicos contratados pela Faurgs e escolas infantis. O limite legal para esses custos é de 54%. De acordo com o controlador Gilmar Santa Catarina, as contas apontam uma condição favorável para que o orçamento de 2011 fique em torno de R$ 1 bilhão.

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O Caxiense

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Comércio fechado

Em função do processo eleitoral deste domingo o comércio varejista não deve funcionar. Quem quiser abrir não poderá utilizar a mão de obra de funcionário, e o atendimento terá de ser feito exclusivamente pelos proprietários. A orientação é do Sindicato do Comércio Varejista de Caxias do Sul. A Constituição Federal e o Código Eleitoral estabelecem que os dias das eleições são considerados feriados nacionais para todos os efeitos legais.

Enganou-se quem imaginou que o boom da construção civil de Caxias do Sul ocorreria em 2008. Já no ano passado o número de projetos aprovados pela Secretaria Municipal do Urbanismo superou a marca de 889 mil m². Pois até agosto de 2010 já são quase 751 mil m² e 1.215 projetos. Para o secretário municipal do Urbanismo, Francisco Spiandorello, não será difícil bater a marca de 1 milhão de m².

“Vivemos um período impressionante na construção civil de Caxias do Sul”, define. Ele calcula que mais de 15 mil imóveis estão atualmente em construção na cidade. Para Spiandorello, parte desta expansão decorre do programa More Legal, de regularização de imóveis. A meta desta administração é legalizar 10 mil dos 40 mil lotes irregulares existentes. No momento, 1.570 m² estão em processo de legalização. Iza Lorenzi, Divulgação/O Caxiense

Reforço

1 milhão de metros quadrados

Em seu processo de renovação e ampliação do seu mix de lojas, o Prataviera Shopping ganhou duas novas operações. A Sexy Secret é especializada em peças exclusivas e diferenciadas da moda feminina e em cosméticos de renomadas grifes. A iniciativa é da empresária Liliane Farias. Outra novidade é a loja da Mormaii, consagrada grife de surfwear que abriu sua terceira franquia na cidade e quarta no Rio Grande do Sul. À frente deste negócio estão as empreendedoras Maura Modena Barcarolo e Paula Cristina Modena.

Qualificação

Com carteira formada por cerca de 50 clientes distribuídos no Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná e São Paulo, a Buffon, Martins Consultoria, de Caxias do Sul, ampliou sua sede e passa a oferecer novas soluções ao mercado corporativo. O objetivo dos sócios Marta Buffon Martins e Airton Martins é elevar em 10% a carteira de clientes. Uma das novidades é a estruturação de espaço específico na sede para estudo, desenvolvimento e treinamento dos colaboradores visando qualificar o atendimento aos clientes.

Em recuperação

Gilmar Gomes, Divulgação/O Caxiense

Lenta, mas gradualmente, a indústria vitinícola de Caxias do Sul inicia um processo de recuperação de seu espaço no cenário nacional. Prova esta na presença de duas amostras caxienses dentre as 16 mais representativas da safra de 2010 apresentadas pela Associação Brasileira de Enologia em evento que reuniu mais de 750 apreciadores de vinhos em Bento Gonçalves. A Cooperativa Vitivinícola Aliança foi destacada por um vinho branco elaborado com a variedade chardonnay. Já a Vinhos Piagentini emplacou uma amostra de vinho tinto de uvas cabernet franc, uma das mais elogiadas na 18ª Avaliação Nacional. Dentre as 80 melhores amostras, que representaram 30% das 260 inscritas, a Piagentini ainda teve incluídos dois vinhos à base de uvas chardonnay e merlot. A Aliança também se destacou com mais uma amostra de chardonnay. Outra amostra premiada com raiz caxiense foi a Rasip, pertencente ao empresário Raul Randon. A vinícola foi destacada por um vinho tinto de uvas pinot noir.

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Lotação

A 19ª Mercopar está marcada para o período de 19 a 22 de outubro. Mas os 3 mil leitos dos hotéis de Caxias do Sul já estão reservados para atender expositores e visitantes da feira. A opção é buscar vagas em hotéis de cidades vizinhas, que oferecem mais cinco mil acomodações em Bento Gonçalves, Flores da Cunha, Farroupilha e Garibaldi, entre outras.

Liderança

O consumo de aço no Rio Grande do Sul deve crescer, neste ano, mais de 50%, somando volume superior a 1,6 milhão de toneladas. Deste total cerca de 800 mil é transformada em produtos em Caxias do Sul. A projeção foi feita pelo empresário José Antônio Fernandes Martins, presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul, que realizou encontro na cidade. Do total consumido no Estado em torno de 300 mil toneladas será de insumo importado.

Mão de obra jovem

Ação social

A Fundação Marcopolo promove neste sábado (2) a 10ª edição da tradicional ação social Um dia feliz, que envolverá mais de 1,5 mil crianças e adolescentes de diferentes instituições de Caxias. Com auxílio

de mais de 100 voluntários da empresa, da comunidade e de alunos da Escola de Formação Profissional Marcopolo, haverá atividades culturais e recreativas e distribuição de lanches e refrigerantes.

Destaque turístico

A Secretaria Municipal de Turismo entregou nesta semana o troféu aos Destaques do Turismo Caxiense. Trata-se de uma homenagem aos profissionais, lideranças, empreendedores e personalidades da área turística que atuam em Caxias do Sul e difundem o potencial da cidade. Os premiados Cultural: Cleodes Piazza Júlio Ribeiro Prata da Casa: Carlos Henrique Iotti Gastronomia: Restaurante Chateau Lacave

Gastronomia Noite: La Barra Cocina Y Mucho Más Agência Receptiva: Milletour Viagens e Turismo Guia de Turismo: Francisca Morgan Transporte Turístico: Expresso Caxiense Organização: Festa da Uva Hotelaria: InterCity Premium Acessibilidade: Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais Empreendedorismo: Museu da Cooperativa Forqueta

A 26ª Pesquisa de Salários e Remuneração e de Indicadores de Gestão da Associação de Recursos Humanos da Serra Gaúcha traz um dado que, certamente, está a merecer atenção dos líderes empresariais. Os resultados da amostra realizada junto a 116 empresas da região apontam que 47% dos quadros funcionais são formados por trabalhadores da chamada Geração Y, com até 30 anos. A geração anterior, a X, representa 46% da força de trabalho e corresponde aos colaboradores entre 30 e 49 anos. Os baby boomers, profissionais com mais de 50 anos, são 7%.

Gerações ARH Serrana

Curtas

A Escola José Gazola lança na quarta-feira (6) o caderno Perfil Moda Inspirações + Tendências Inverno 2011. A atividade será na CIC de Caxias do Sul a partir de 19h30.

O diretor-presidente da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs), Ademir Milton Piccoli, será o palestrante da reunião-almoço de segunda-feira (4) da CIC de Caxias do Sul. Ele apresenta O Sindicato da Indústria de o case da Procergs, que em menos de Material Plástico da Região Nordeste quatro décadas tornou-se referência apresenta segunda-feira (4) a 3ª edi- nacional em governo eletrônico. ção da Plastec Brasil, confirmada para 2011, em Caxias do Sul. O encontro A ADVB/RS promove, em Porto será no Personal Royal Hotel a partir Alegre, nos dias 6 e 7 de outubro o curdas 9h30. À noite, na CIC, a entidade so de Gestão de Indicadores e Perforpromove reunião-jantar. Dentre os te- mance em Vendas. A apresentação será mas estarão os programas de financia- feita pelo consultor Ricardo Karsten, mento do BNDES. sócio-diretor da Beringer Consulting.

Especializada

O Grupo Herval reforçou sua presença em Caxias do Sul com a abertura da Beden Sleep Comfort, localizada na Rua Sinimbu. Na loja especializada em produtos para dormir os consumidores encontrarão uma linha completa de colchões e box spring com marca própria, assim como complementos, formados por travesseiros, lençóis, colchas e outros. A unidade caxiense é a segunda franquia aberta em dois meses.

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Pedra de toque

O HOMEM QUE ENCAROU

Divulgação/O Caxiense

A ROCHA

Desafiado ainda guri pela rigidez do basalto, João Bez Batti não temeu as lascas afiadas da vida de artista. Ao cabo de uma custosa escalada, aprendeu a domar a matériaprima impenetrável. Nesta semana, o escultor inaugura em Caxias do Sul a exposição que celebra seus 70 anos. Não poderia haver lugar mais apropriado: uma cidade erguida sobre o basalto. Pedra que em suas mãos se torna suave, que em seus olhos fulgura com novas cores, que em sua boca ganha novos nomes. O “basalto cacau” é sua última descoberta, ainda saboreada com encanto: “É uma coisa muito linda, é um chocolate”, diz o artista

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Guilherme e Joel Jordani, Florense/O Caxiense

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Bez Batti enfrenta o adversário que o escolheu: “Nasci escultor”

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por FELIPE BOFF felipe.boff@ocaxiense.com.br s mãos de dedos grossos e palmas arranhadas pelas cicatrizes da teimosia são uma boa metáfora do trabalho e da vida do escultor João Bez Batti. Mostram a aspereza do caminho que escolheu, viver de arte, e as marcas da interminável batalha com o adversário pelo qual diz ter sido escolhido, o basalto. Do violento confronto com uma das rochas mais duras da natureza brotaram cabeças insondáveis, pombas serenas, tenras visões de maternidade, paisagens lunares e bólidos intrigantes. Obras que há anos vêm percorrendo algumas das principais cidades do país e, a partir de quarta-feira (6), farão de Caxias do Sul o ponto de partida de uma exposição comemorativa ao aniversário do artista que se aproxima (leia mais no Guia de Cultura, página 18, e na seção de Artes, página 12). O cansaço dos braços e das mãos calejadas, que já não permite ao escultor de 69 anos – completa 70 em 11 de novembro – prescindir de ajudantes para polir suas peças, desaparece quando Bez Batti fala de sua relação com o basalto. Até um ano e meio atrás, o “encantador de pedras” (um dos epítetos aplicados a ele) acordava, comia, dormia e trabalhava dentro de um casarão erguido por imigrantes italianos no final do século XIX com pesados blocos basálticos no interior de Bento Gonçalves. Mas a afeição a essa construção não era tão grande quanto a que tem à rocha como matéria-prima, o que fez Bez Batti se mudar dali. A nova moradia, com ateliê anexo, fica a alguns quilômetros de distância e ainda integra – e enriquece – o roteiro turístico Caminhos de Pedra. Em casa, o artista generosamente retira suas obras do lugar para oferecê-las à apreciação dos visitantes. Só não gosta de dar explicações. Para Bez Batti, a arte deve se explicar sozinha aos olhos, ao coração e, no seu caso, às mãos – “pode tocálas”, incentiva. “O mais ignorante dos ignorantes pode passar em frente a uma obra e, de repente, parar: sentiu uma emoção estética!”, ensina. Bem mais complexo é tentar explicar o artista, um enigmático senhor grisalho de gestos contidos e discurso labiríntico. Mas o próprio Bez Batti, involuntariamente, indica um caminho para desvendá-lo. “Ao mesmo tempo em que estou polindo a pedra, estou me autolapidando”, reflete. Para entendê-lo, portanto, é preciso esculpi-lo. Muito antes do polimento, ato definitivo do escultor sobre o basalto domado, deve-se lembrar o primeiro encontro do homem com a pedra. Homem que, então, era menos que um guri. A rocha se apresentou a Bez Batti aos quatro anos de idade, nas pequenas formas arredondadas que compunham uma praia de seixos no Rio Taquari. Aquela visão, talvez sua mais antiga lembrança, o arrebatou. “Hoje eu sei: foi minha primeira emoção estética”, recorda. E foi tão forte que selou ali mesmo seu destino. Daí o artista dizer que foi o basalto quem o escolheu, e não o contrário. “Fui contaminado pelos seixos. Sou filho do rio. Nasci escultor.” Entretanto, o pai biológico, um imigrante italiano também chamado João Bez Batti, logo lhe mostrou que a rigidez não era característica exclusiva das pedras. Desaprovava o fascínio do guri pelos seixos que catava e escondia no mato, imerso na construção de um mundo imaginário. E o gosto de João Bez Batti filho pelo desenho, subsequente à descoberta da beleza basáltica, era motivo de desgosto para João Bez Batti pai. Tanto que não lhe permitia rabiscar páginas em branco. Essas eram reservadas às lições da escola. Que desenhasse na contracapa do caderno e nas margens das folhas usadas. Ou num papel de embrulhar pão que restasse em casa. O incipiente talento artístico tampouco era justificativa para aliviar a criança das obrigações da vida rural em Volta do Freitas, localidade de General Câmara onde a

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família se instalara ao deixar sua terra natal, Venâncio Aires. “Eu queria olhar os passarinhos, os peixes. Mas tinha que trabalhar de sol a sol cortando lenha ou na capina”, conta o escultor.

o artista. A figura da mulher – talvez inspirada nas lembranças de uma mãe compreensiva e de uma atenciosa professora primária que lhe ensinava cantigas de roda – aparece mais claramente nas peças sobre a materni“É um trabalho dade, em que imprime brutal. Tens que surpreendente maciez à ver o que é uma rocha, e nos reluzentes torsos. lasca de basalto.

Assim como reage o basalto, Bez Batti também pode irromper em lascas. Elas surgem estrepitosas ao comentar o atual cenário das artes. “Nunca se falou nem se escreveu tanto de arte. Mas é muita arte ruim. É como o que acontece no futebol. Eu sou do tempo do Garrincha!”, brada em desencanto. Sua antipatia predileta

infância. “Sou um guri de quase 70 anos. Nunca deixei morrer meus sonhos de criança.” A obsessão pelos seixos é prova disso. Bez Batti acostumouse a percorrer 30 quilômetros para ir ao Rio das Antas, prolongamento do Taquari, e catar novas pedras – hábito que, recentemente, vem abandonando: “Tem lugares que eu nem vou mais para não chorar. O rio está destruído pelas barragens”. Os seixos não se destinam às esculturas, feitas de rochas maiores. São para a coleção que ele espalha cuidadosamente dentro e fora de casa, abrindo-lhes espaços sob as árvores, nas margens da estrada de acesso, por todo canto. Também se infiltram no ateliê, entre as maquetes de gesso que dão forma às ideias do artista antes de ele partir para a luta com o basalto. Em sua etapa mais feroz, esse duelo precisa ser travado ao ar livre, pois a fuligem que emana do mineral ferido pela serra de disco diamantado tornaria o ambiente do ateliê irrespirável. É fora de casa, debruçado em um rústico balcão de madeira, que Bez Batti encara mais um bloco rochoso e toma fôlego para enfrentá-lo. “Toda vez que eu vou para frente da pedra, a vontade é a mesma, de fugir”, admite. Como mais de quatro décadas de trabalho com o basalto são experiência suficiente para lhe insuflar a coragem Fotos: Guilherme e Joel Jordani, Florense/O Caxiense

Sem o tempo desejado para observar a natureza e ainda inábil para transmitir diretamente suas formas É vidro, é uma ao papel, Bez Batti reJá em seus primeinavalha, era o corria à mãe com um ros passos na vida adulpedido invariável: que- estilete do índio”, ta e extenuado pelo ria um desenho para descreve o rigor religioso que o poder copiar. Vencida escultor subjugara no colégio – pelo cansaço, a descendo qual acredita ter tidente de alemães e lurado proveito apenas da xemburgueses Francisca Borchaidt se lição de disciplina, que aplicaria ao seu punha a fazer a única figura que sabia, ofício mais tarde –, Bez Batti resolveu um pato. Nas mãos de Bez Batti, o pato declarar de vez o amor pela arte. Aos original se multiplicava sempre com 18 anos, foi estudar desenho com o esum traço diferente aqui e acolá, em cultor Vasco Prado (1914-1998), mestentativas de aperfeiçoá-lo. Francisca tre a quem homenagearia depois com só se livrou dos patos quando o meni- coloridas maçãs de pedra. Para custeno conheceu um colega de escola que ar sua dedicação à arte, arrumara um sabia desenhar barcos. Dali em diante, serviço burocrático nos Correios, que o lápis do filho só queria navegar pelo cumpria com eficiência a fim de gapapel, imitando o intenso tráfego flu- nhar mais tempo livre para desenhar. vial da época. A cada dia, porém, os interesses pela Aos 12 anos, Bez Batti foi subitamen- escultura e pelo emprego se chocavam te apartado de seu idílio com a beira do mais. Recusava promoções para evitar Taquari e seus seixos. Embarcado em responsabilidades que o desviariam de um vapor para Porto Alegre, foi morar sua escalada artística.

ti ao longo de toda a carreira, abrindo feridas custosas de sarar. “Sobreviver de arte é uma loucura. Hoje, acho que um jovem de talento acaba caindo fora, não resiste. E na escultura é mais difícil, é a arte mais onerosa. Fomos à falência muitas vezes e aguentamos.” A última frase de Bez Batti é pronunciada no plural naturalmente, como um tácito reconhecimento ao amparo de Schirley. Até que a família atingisse relativa estabilidade, a mulher garantia o sustento da casa dando aulas na escola primária e se desdobrava para cuidar dos filhos Melissa (que depois, a exemplo da mãe, se formaria em Direito) e Diego (que seguiria a influência do pai, tornando-se artista plástico). “Foi uma opção nossa, de o João fazer só arte. Só fiz a minha parte. Alguém tinha que ter os pés no chão, ser racional. Ele tinha que ser só emotivo. Pode parecer pretensão, mas também considero meu o trabalho dele”, diz a companheira do escultor.

Até um ano e meio atrás, o basalto era também a casa de Bez Batti, que transforma a pedra em bólidos intrigantes e cabeças insuspeitas

com parentes e estudar em um colégio de padres. Encarou a mudança forçada como castigo paterno. Impossível saber se a imagem que guardou dos pais, já falecidos, é fiel à realidade ou tratase de fruto da visão maniqueísta de uma criança contrariada. Certo é que a infância vivida num lugar “culturalmente miserável”, como diz o artista, e cercada da incompreensão de familiares e conhecidos gravou sulcos profundos na sua alma e influenciou boa parte de sua obra. “Meu pai foi muito cruel. Essa é uma marca que ficou na minha arte.” As pedras que passaram por suas mãos confirmam. As inúmeras cabeças – que nos últimos tempos têm predominado em seu trabalho – são quase sempre sorumbáticas, com “olhos de espanto, de revelação”, como as descreve. “Na verdade, eu queria fazer uma cabeça que agredisse, que fosse uma blasfêmia”, confessa. À expressão mínima das bocas, Bez Batti dá uma singela razão: “A coisa mais difícil é fazer a boca. Sempre fica por último, porque não sei fazê-la, é um problema para mim. Eu queria fazer uma boca serena”. As cabeças surgem sempre de uma ideia de rosto feminino, revela

Em 1976, mais de uma década depois de casar com uma moça dois anos mais nova, Maria Schirley, foi empurrado por Vasco Prado a resolver o dilema. Prado cedeu seu ateliê para a primeira exposição individual de Bez Batti com uma condição, que foi imediatamente cumprida quando a mostra se encerrou: ele deveria largar o emprego e se entregar exclusivamente à arte. “O artista não pode ter nada paralelo, não pode ter outra profissão. Eu trabalho de sol a sol e é muito pouco. Às vezes durmo duas horas por noite, já pensando nas próximas esculturas”, justifica. A exposição de estreia foi de peças em madeira. A rocha já o intimava para os embates de estudo, mas o artista saía sempre derrotado. Bez Batti se dobrava à resistência da pedra e achava que seria impossível domá-la. Seu êxito teve de ser talhado vagarosamente. “Esculpir o basalto é um processo laborioso, que exige todas as minhas forças. Levei 20 anos para dominá-lo. É um trabalho brutal. Tens que ver o que é uma lasca de basalto. É vidro, é uma navalha, era o estilete do índio”, relata. As lascas afiadas e as dificuldades da vida de artista açoitaram Bez Bat-

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é pelas instalações: “É juntar cocô e co- necessária, assim vão nascendo mais locar num museu. Para que fazer mais e mais obras de arte. Além disso, há o museus se não tem arte? O Iberê (o estímulo da busca pela matéria-prima, artista plástico gaúcho Iberê Camargo, que é recompensadora. Em 2006, ele 1914-1994) é que dizia: achou três novas varie‘eu só conheço instaladades basálticas – que ção elétrica e instalação batizou de cacau, grafi“Toda vez que hidráulica’”. te e tigrado. AdmiranMas a arte contem- eu vou para do essas rochas como porânea merece algu- frente da pedra, tesouros, Bez Batti mas concessões do es- a vontade é a anseia pelas próximas cultor apaixonado pela “Para mim, mesma, de fugir”, esculturas. arte antiga africana. Os é rejuvenescedor enquadros do filho Diego admite Bez Batti, contrar uma nova cor convivem bem com as um descobridor no basalto. É disso que peças do pai. Atrás dos de variedades eu sobrevivo”. torsos nus, um punk basálticas chuta o escudo de um Voltando a expolicial. Na sala-galeria por em Caxias do Sul, que mantinha no antio artista encontra uma go casarão, uma impenetrável cabeça motivação a mais. “Depois de 42 anos se deixava emoldurar, ao fundo, por pesquisando a rocha eu descubro que uma tela reunindo Marilyn Monroe, Caxias está sobre basaltos fantásticos. Jesus Cristo e uma ovelha premiada. Então, para mim, Caxias ainda é a PéO inevitável choque de gerações não rola das Colônias.” desassossega Bez Batti. Ainda mais depois da chegada dos netos: Maria, 12 * A versão original desta reportagem foi anos, filha de Diego, e Nathan, cinco publicada no outono de 2007, sob o tíanos, filho de Melissa. tulo Retrato do artista autolapidado, no Nathan se diverte acompanhando o número 17 da revista Florense (www. avô que jamais abandonou a própria florense.com). 2 a 8 de outubro de 2010

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André T. Susin/O Caxiense

Sobre a brevidade da vida

BALADA

Alunos da escola visitante, Divino Mestre, de Paraí, transformaram profundas reflexões em música na sua apresentação

FILOSÓFICA “

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por PAULA SPERB paula.sperb@ocaxiense.com.br

om diaaaa!”, exclamou o professor ao microfone. “Boooom dia”, responderam os 58 adolescentes que participaram da etapa regional da 3ª Olimpíada de Filosofia do Rio Grande do Sul, na Universidade de Caxias do Sul (UCS), no último dia 25. Enquanto prestavam atenção no coordenador da atividade, o professor e mestre em Filosofia Vanderlei Carbonara, os estudantes do ensino médio pareciam não notar os tímidos feixes de luz que lutavam para romper a barreira das persianas nas quatro janelas do auditório do Bloco E, da UCS. Mesmo sem perceberem, os jovens têm algo em comum com a luz natural da primeira manhã de sábado primaveril do ano. Assim como os raios do sol mais audaciosos que encontraram frestas para iluminar discretamente a sala, os estudantes ousaram refletir e apresentar seus pontos de vista sobre um tema que instiga os filósofos – ou melhor, a humanidade – desde sempre, a vida. E assim, iluminaram a si próprios quando respondiam, em grupos, ao problema proposto na Olimpíada: “É preciso saber viver? O que precisamos saber para cuidar da vida?”. Vanderlei explica que a questão foi escolhida porque a Filosofia “diz respeito à vida”. “O mais importante não é aprender o que disseram os filósofos, isso vem depois. O que a Filosofia pode levar de melhor para um estudante de ensino médio é aprender a começar a pensar filosoficamente.” O conhecimento teórico é consequência do interesse pela disciplina despertado pela prática de filosofar. “Não basta

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só ter opinião. É preciso buscar, num segundo momento, o que já se pensou sobre isso. E é aí que o estudante vai olhar para a tradição filosófica. Esse problema filosófico mobiliza primeiro a aprender a filosofar e depois a aprender a Filosofia”, acrescenta o professor da UCS.

Os adolescentes refletiram de forma tão pertinente que é possível conectar as apresentações – vídeos caseiros, powerpoints e até uma banda de música – ao pensamento de grandes filósofos. “Podemos começar com os gregos, quando Platão escreve o Alcebíades, em que o tema é o cuidar de si, o cuidado com a saúde, o cuidado com as relações, como cuidar de si para depois cuidar da cidade”, explica Vanderlei. Na obra, Sócrates é tutor de Alcebíades, que se prepara para ser um administrador público em Atenas. “Depois, na tradição grega, podemos destacar em Aristóteles a felicidade como fim último da ética. Para ser ético não é só seguir a norma, mas aprender a ser feliz.” Os trabalhos apresentados na Olimpíada também se conectam a Epicuro, com a busca do prazer e o afastamento da dor e do sofrimento, e, mais contemporâneo, a Foucault. “Foucault resgata a ideia grega do cuidado de si dentro de uma dimensão de reflexão sobre a sexualidade e passa a tratar sobre o que significa o cuidado de si”, esclarece Vanderlei. Sobre o “cuidar do outro”, há também Levinas, que trata de pensar sobre si mesmo ao perceber o outro como o “outro eu”; Hans Jonas, que fala da questão do meio ambiente na Filosofia, sobre “como vamos impactar as gerações que

De tênis coloridos e calça jeans, estudantes evocam Platão, Aristóteles, Epicuro e Foucault na 3ª Olimpíada de Filosofia

ainda não nasceram”. 16 anos, colega de Shaiane no 3º ano Falando assim pode parecer difícil do colégio Rachel Grazziotin. ou monótono para quem não gosta de Filosofia, mas não para os alunos Todas as escolas de Caxias fodo professor e filósofo Elson Mendes ram convidadas para participar da 3ª Ferreira, da Escola Estadual de Ensino Olimpíada de Filosofia do Rio Grande Médio Rachel Grazziotin, representan- do Sul, organizada pelo Fórum Sul de te caxiense na OlimpíaFilosofia, que reúne da – o outro participancursos de graduação te foi o Divino Mestre, “Não basta só ter gaúchos, catarinenses de Paraí, que trouxe 55 opinião. É e paranaenses. Depois estudantes. “Eu sempre preciso buscar o da etapa regional, retrabalho com os alunos alizada aqui, em Frea ideia da praticidade, que já se pensou. derico Westphalen e que toda técnica tem É aí que o em Passo Fundo, hauma teoria por trás. A estudante vai verá a final em Porto Filosofia deve ser base olhar a tradição Alegre, na Pontifícia para qualquer formaUniversidade Católição humana. O pensa- filosófica”, diz ca (PUC), no dia 16 mento tem que estar na Vanderlei de outubro. Em 6 de base de qualquer edunovembro, também cação”, ressalta Elson, na PUC, acontecerá que incentiva os adolescentes a refletir: uma espécie de encontro internacional “Sempre pergunto: ‘o que vocês fariam com trabalhos da Olimpíada do RS e de diferente se tivessem pensado an- do Uruguai, país que tradicionalmentes?’”. te incentiva o ensino da Filosofia nas escolas – diferentemente do Brasil, que A turma de Elson apresentou só tornou obrigatório o ensino da disum vídeo filmado na casa de uma das ciplina em 2008. alunas com reflexões sobre sanidade, Filósofos mirins de calça jeans, tênis demência, consumismo, drogas e vida coloridos, jaquetas de moletom, chasaudável, intitulado Admirável vida péus nos meninos e unhas fluorescennova, referência ao livro Admirável tes nas meninas, como se viu na UCS, mundo novo, de Aldous Huxley. “Sig- continuarão a refletir sobre a vida. Lunifica dois mundos como uma vida cas Dutra gostou muito de participar nova, dois tipos de vida em um mesmo da competição filosófica, mas fez uma mundo”, explica a estudante Shaiane ponderação. “Achei que podia ter mais Vieira Bruschi, 17 anos, que gosta de escolas de Caxias participando”, disse, Filosofia porque a disciplina permite ao constatar que a sua escola foi a úni“pensar bastante”. Os alunos de Elson ca da cidade. Como quantidade não são unânimes ao dizer que a aula en- significa qualidade, os alunos da Rasina a pensar. “Ele faz a gente ter uma chel Grazziotin, orientados por Elson, reflexão sobre os assuntos, não só ter a devem representar Caxias na etapa finoção do cálculo”, opina Lucas Dutra, nal da Olimpíada de Filosofia.

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Matemática eleitoral

PARA QUEM

VAI SEU VOtO

Com as coligações proporcionais, votar em um candidato pode significar a eleição de outro, de um partido diferente

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por VALQUíRIA VItA valquiria.vita@ocaxiense.com.br ntre 8h e 17h deste domingo (3), cerca de 310 mil eleitores caxienses comparecerão às 880 seções eleitorais da cidade para eleger um presidente, um governador, dois senadores, 31 deputados federais e 55 estaduais. Cada eleitor precisa digitar na urna seis votos, que deverão ser somados até as 20h do mesmo dia, quando serão conhecidos os novos representantes políticos para os próximos quatro anos e, no caso dos senadores, oito anos. Mas, para que os candidatos sejam eleitos e ocupem uma das tão almejadas cadeiras no Palácio do Planalto, Palácio Piratini, Senado, Câmara dos Deputados e Assembleia Legislativa, o processo é muito mais complicado do que uma simples soma de votos. As responsáveis por tudo isso são as coligações, feitas com naturalidade por políticos, mas muitas vezes mal compreendidas por grande parte do eleitorado. Pouco se fala delas. Por exemplo: você sabia que, para a presidência, o PT está na coligação Para o Brasil Seguir Mudando (com mais nove partidos), ao mesmo tempo em que para o governo do Estado faz parte da coligação Unidade Popular pelo Rio Grande (com mais três partidos), mas não está coligado com nenhum partido nas candidaturas a deputado federal e estadual? Outro exemplo: para a presidência, o PT do B está na coligação O Brasil pode mais (com mais cinco partidos); para o governo do Estado, faz parte da coligação Confirma Rio Grande (com mais sete partidos), para deputado federal integra a coligação Rio Grande Afirmativo (com mais sete partidos) e para deputado estadual faz parte de uma quarta coligação, a Grande Rio Grande (com mais seis partidos). Portanto, ao

votar em um deputado federal do PT do B, ajuda-se a eleger candidatos de mais sete partidos, mas, ao votar em candidatos a deputado estadual pelo PT do B, ajuda-se a eleger candidatos de mais seis partidos. Todas essas coligações são praticamente impossíveis de serem acompanhadas pela maioria dos eleitores, segundo o cientista político e professor da UCS José Carlos Monteiro. Somado

Para eleger presidente e governador o raciocínio é simples, e utiliza-se o critério do sistema majoritário. Vence no primeiro turno o candidato que alcançar 50% dos votos mais um, ou seja, mais do que a soma dos votos de todos os outros candidatos. Caso isso não aconteça, os dois mais votados vão para um segundo turno – neste ano, se houver, será no dia 31 de outubro –, em que o mais votado

a isso está o problema de que a população entende que o voto é pessoal, ou seja, votam apenas pelo candidato. “E depois dizem que fulano fez menos votação e entrou, e acham injusto. Mas é só porque não entendem a questão da coligação. A população, no geral, vota no candidato. Um pouco vota partidariamente, e normalmente são votos da esquerda”, diz Monteiro, recomendando aos eleitores que façam um esforço de atentar-se nas coligações na hora de votar. “Mas esse é o problema dessas coligações: para presidente é uma, para governo do Estado é outra, e as proporcionais são outras. E isso complica o eleitor”, ressalta.

vence. Para eleger senador o processo é ainda mais direto: são eleitos os mais votados. Mas para eleger deputados federais e estaduais utiliza-se o sistema proporcional, um tanto mais complexo. É onde entram as coligações. “É um sistema de cálculo que valoriza não só candidaturas individuais, mas a composição das chapas partidárias”, explica Fabio Vanin, coordenador do curso de Ciência Política da Faculdade América Latina (FAL). O primeiro cálculo feito depois da votação resulta no quociente eleitoral, que define quantos votos cada coligação tem que fazer para conseguir uma vaga. Para obter o quociente eleitoral

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divide-se a quantidade de votos válidos (sem contar brancos e nulos) pela quantidade de vagas – para o Rio Grande do Sul, 31 vagas para deputados federais e 55 para estaduais. “Para calcular a proporcional dos deputados federais pega-se os votos de todos os candidatos a deputado federal, mais os votos na legenda, e divide-se pelo número de vagas. Nas proporcionais pode votar só no partido, voto que não vai para candidato específico, mas entra nesse cálculo”, explica o chefe do Cartório da Zona Eleitoral Coordenadora de Caxias, Marcelo Reginatto. Depois do quociente eleitoral, chega-se ao quociente partidário, para saber quantas vagas cada coligação conquistou. Divide-se o número de votos que a coligação recebeu pelo quociente eleitoral. Com esse resultado, a coligação distribui as cadeiras asseguradas aos mais votados dos partidos. “O eleitor, quando escolhe candidato a deputado, dá dois votos com o mesmo voto. Porque ao mesmo tempo que ele está definindo o tamanho da representação do partido na Câmara e na Assembleia, ele está dando preferência a um deputado”, analisa o cientista político e professor da FAL Rodrigo Giacomet. Há algumas críticas ao sistema proporcional. Uma é que, ao votar em um candidato de determinado partido, pode-se estar ajudando a eleger outros. Outra é que candidatos com menos votos às vezes conseguem se eleger, enquanto outros mais votados não. Isso porque uma coligação obteve mais vagas do que outra, beneficiando os menos votados. “Acontece muito o efeito Enéas, que fez mais de 1 milhão de votos e puxou candidatos com 600 votos. Isso é normal com o sistema proporcional”, diz Vanin. Giacomet explica que nesse sistema existem duas disputas: uma entre partidos e outra entre os candidatos do

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vai repercutir nos Estados, que vão ter as suas prioridades próprias”, opina o professor da UCS. Vanin arrisca-se a fazer previsões sobre o que esperar desta eleição: “No governo do Estado a maior disputa vai ser quem vai para o segundo turno com Tarso Genro (PT). Mas a emoção mesmo vai ser a da presidência, se haverá ou não segundo turno”, acredita Vanin. “A gente entra na última semana e as pesquisas não nos oferecem dados suficientes para isso (prever definições)”, pondera Giacomet.

Rodolfo Stuckert, Divulgação/Agência Câmara/O Caxiense

Além dos deputados, este ano elegeremos dois senadores, que se juntarão a Pedro Simon (PMDB) - na metade de seu mandato. Em 2006, havia apenas uma vaga para senador, quando Simon elegeu-se com 1.862.560 votos. “Essa é a grande expectativa. Temos três candidatos muito competitivos e só duas cadeiras. O que se espera é que o candidato eleito seja também o mais votado da história do Rio Grande do Sul, com cerca de 3 milhões de votos”, prevê Giacomet. Assim como o Rio Grande do Sul, todos os outros Estados do Brasil elegerão dois senadores este ano. Isso porque em uma eleição renova-se 2/3 do Senado, e na seguinte, 1/3. O que significa que nas eleições de 2014 escolheremos apenas um senador. A função dos senadores, que recebem salário de R$ 16,5 mil, é basicamente fiscalizar o presidente, o vice e os ministros,

José Cruz, Divulgação/ABr/O Caxiense

do que embates dentro dos próprios votos, e o menos votado Marco Maia, partidos, como o do PDT, que lançou com 70.983 votos. Ou seja, Maia foi dois candidatos de Caxias a deputado eleito com 200.956 votos a menos do estadual, podem acabar atrapalhando. que Manuela. De todos os candidatos Segundo Giacomet, tradicionalmen- a deputado federal vitoriosos em 2006, te Caxias elege dois deputados estadu- o que atingiu menor votação foi Ruy ais e dois federais, “mas isso não é uma Pauletti (PSDB), com 57.064 votos. regra”. Hoje, tem dois Naquele ano, o partido representantes na Astucano coligou-se com sembleia Legislativa PL, PPS e PFL (atual “Depois dizem – Kalil Sehbe (PDT) e DEM), mas, além do Marisa Formolo (PT) que fulano fez PSDB, apenas o DEM – e dois na Câmara menos votação e conseguiu eleger depudos Deputados – Pepe entrou, e acham tados federais. Vargas (PT) e Ruy Na última disputa injusto. Mas é só Pauletti (PSDB). Para para a Assembleia Leesta eleição, 10 par- porque não gislativa, o eleito que retidos lançaram can- entendem a cebeu menor votação foi didatos de Caxias do coligação”, Berfran Rosado (PPS) Sul. Ao todo, são 24. O – hoje candidato a vidiz Monteiro PSOL é a legenda que ce-governador de Yeda mais tem candidatos Crusius (PSDB) –, com locais a deputado fe25.141 votos. O partideral e estadual – dois e três, respec- do, coligado com o PSDB, conseguiu tivamente. fazer mais três deputados estaduais. A Monteiro cita o exemplo da coligação maior votação individual foi a de Pauentre PSB, PR e PC do B para deputado lo Borges (DEM), com 113.151 votos federal. O partido comunista, segundo – 88.010 a mais que Berfran. Mesmo ele, tem dois candidatos muito fortes, sem coligação – diferentemente do que o que pode resultar em sobras de vo- aconteceu para deputado federal –, o tos para eleger candidatos do PSB, por então PFL, além de Borges, elegeu mais exemplo, que talvez não se elegessem um deputado estadual, com 37.904 vosozinhos. “Se o partido é fraco, é van- tos. O PT também foi o partido que tagem se coligar”, diz, ressaltando que mais elegeu candidatos à Assembleia, as coligações de qualquer nível têm o um total de nove. objetivo de juntar forças. “O PV (que, assim como outras sete siglas, não tem É importante ressaltar, diz coligação para federal), por exemplo, Monteiro, que a primeira função dos Guerreiro, Divulgação/O Caxiense

Ana Paula Aprato, Divulgação/O Caxiense

partido, que precisam dividir votos. “O principal adversário, muitas vezes, está dentro de cada partido.” O voto proporcional, conforme o cientista político, é um dos principais pontos da reforma eleitoral, pois ele diminui a responsabilidade do político com o eleitor: “Não fica claro quem é o representante da cidade, por isso o eleitor não sabe de quem cobrar e o eleito não sabe a quem prestar conta”, afirma. É importante ter em mente que o voto, portanto, vai para o candidato e para a sigla: “Vai para o partido para definir a quantidade de vagas que este vai ter, mas a definição de quais candidatos entram é dos eleitores, porque são os mais votados que entram”, explica Vanin. Nas últimas eleições, em 2006, o quociente eleitoral da Assembleia foi de 108 mil votos, e o da Câmara, 198 mil, segundo Giacomet. “Houve crescimento de 4,67% no eleitorado de 2006 a 2010, mas isso depende muito da variação das abstenções. Temos questões que poderiam aumentar essa taxa, como a exigibilidade maior na documentação para votar este ano (que acabou derrubada pelo STF) e o fato de a eleição ter começado mais tarde. Os candidatos demoraram para conseguir financiamentos para campanha”, observa. “O número de abstenções sempre aumenta. É muito difícil fazer previsão em relação a isso”, completa o chefe do cartório. Giacomet projeta que este ano o

Neste domingo, os eleitores escolhem seus representantes na Assembleia Legislativa, no Palácio Piratini, no Palácio do Planalto, na Câmara dos Deputados e no Senado

quociente eleitoral deverá ser de 110 mil votos para que cada partido eleja um representante na Assembleia. “Mas um deputado não precisa de tantos votos para se eleger. A cada 110 mil, seu partido terá direito a uma cadeira”, explica. Segundo o site do Tribunal Regional Eleitoral (TRE), 341 candidatos disputam as 31 vagas de deputado federal no Estado, e 626 brigam pelas 55 vagas de estadual. A Câmara dos Deputados e a Assembleia, onde trabalharão os eleitos pelo sistema proporcional, são as sedes de representação política dos estados e municípios. A quantidade de cadeiras que candidatos caxienses devem ocupar nestas eleições, conforme Monteiro, está estritamente ligada à força de suas coligações, assim como o peso dos candidatos que estão dentro delas. “Acredito que temos chances de duas cadeiras para deputado federal e de três para estadual”, afirma, destacan-

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ainda não é partido forte para fazer legenda própria. Um candidato do PV talvez não consiga 70 mil votos sozinho e daí não vai se eleger, enquanto um candidato de uma coligação pode levantar 50 mil votos e se eleger”, compara Monteiro. “Quem tem coligação teoricamente tem mais chance. A coligação fortalece, porque reúne vários partidos que vão somar votos de todos os candidatos”, ressalta Reginatto. Analisando-se casos das eleições de 2006 fica mais fácil exemplificar como funciona, na prática, essa diferença de votos. Há quatro anos, a deputada federal mais votada do Rio Grande do Sul, Manuela D’Ávila (PC do B), estava na coligação que envolvia o partido comunista e o PT. Ela recebeu 271.939 votos. O PC do B elegeu apenas Manuela para deputada federal, mas o PT elegeu seis candidatos – foi, por sinal, o partido gaúcho que mais fez deputados federais, sendo o mais votado deles Pepe Vargas, com 124.686

deputados é fiscalizar o Poder Executivo. Eles também sugerem e aprovam ou não projetos do governo, além de debaterem os principais temas das questões nacionais. “Matéria financeira não é de competência do Legislativo. Por exemplo: aposentadoria, que não é projeto de deputados. ‘Se for eleito vou construir estrada não sei aonde’, isso também não é de competência de deputados, e sim do Executivo. Mas tem-se essa ideia, o que é resquício dos governos autoritários”, salienta. O deputado estadual, que vai receber salário de R$ 11,5 mil, fiscaliza o governador, o vice e os secretários e ajuda a elaborar o orçamento estadual. O deputado federal, que vai receber salário de R$ 16,5 mil, tem as mesmas funções do estadual, só que em nível nacional. Para Monteiro, o primordial destas eleições é a decisão do presidente: “O que mais está relacionado com a vida do cidadão é a decisão da presidência. Porque é a decisão da política econômica do país. Depois disso é que se

ajudar nas decisões sobre a utilização do dinheiro público, acordos internacionais e elaboração de leis que dizem respeito aos eleitores de seu Estado. Como certas recomendações nunca são demais, a juíza eleitoral da Zona Coordenadora de Caxias, Zenaide Pozenato Menegat sugere levar, neste domingo, a “colinha” com os números dos candidatos. E alerta para que todos prestem atenção nos votos para senador. Afinal, se o eleitor digitar duas vezes o mesmo número para este cargo, anulará o segundo voto. “Não há duplicidade de votos. Voto de legenda não existe para senador”, enfatiza a juíza. Depois que cada eleitor fizer a sua parte, basta esperar que a matemática seja realizada e a noite de domingo traga os resultados dos vencedores. Online | Veja como estão formadas as coligações e acompanhe a cobertura ao vivo em www.ocaxiense.com.br.

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José Cruz, Divulgação/ABr/O Caxiense

Faxina política

O presidente do Supremo, ministro Cezar Peluso, poderia ter desempatado votação sobre a candidatura de Joaquim Roriz (PSC), na última quarta-feira (29)

Limpando

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a casa por Robin Siteneski robin.siteneski@ocaxiense.com.br

ão é fácil aprovar um projeto de lei de iniciativa popular. No caso do Ficha Limpa, a tarefa de recolher o mínimo de 1,3 milhão de assinaturas, 1% do eleitorado, precisou de envolvimento de 48 entidades, de sindicais a pentecostais. A movimentação, que gerou a aprovação da lei por unanimidade no Senado, foi feita para definir o que torna uma pessoa inelegível. No texto original da Constituição de 88 existem poucos casos previstos para impedir alguém de concorrer às eleições, definindo basicamente os prazos para descompatibilização partidária. No entanto, o artigo 14, inciso 9, indicava que uma lei complementar estabeleceria outros casos de inelegibilidade. A Constituição foi reforçada em 1994 pela Emenda Constitucional número 4, que incluiu a obrigação de probidade administrativa e de vida pregressa compatível sem, no entanto, definir o que seria essa compatibilidade. “O Tribunal Superior Eleitoral (TSE) teve que editar uma súmula dizendo que não bastava a Constituição afirmar que era necessário ter vida pregressa compatível, porque cada juiz tem um conceito do que é isso”, explica o promotor do Ministério Público (MP) e professor de direito eleitoral Rodrigo López Zílio. A situação começa a mudar em 2006 por causa do julgamento do então candidato a deputado federal Eurico Miranda (PP), cargo que disputa novamente em 2010. O TSE aprovou a candidatura do ex-presidente do Vasco contrariando a postura do TRERJ, que havia negado seu registro por não ter postura moral. A Associação dos Magistrados Brasileiros pediu ao Supremo Tribunal Federal (STF) que cada juiz definisse o que é vida pregressa compatível.

O STF voltou a reforçar a necessidade de uma lei, o que fomentou a criação do movimento Ficha Limpa. A lei, publicada no Diário Oficial no dia 7 de junho deste ano e comemorada pelas 1.581.799 pessoas que assinaram o pedido para o projeto, define, entre outras coisas, que qualquer político condenado por um colegiado – TREs e TSE – está inelegível por diversos crimes como corrupção eleitoral, contra o meio ambiente e tráfico de influência. A impossibilidade de candidatura permanece por oito anos após o cumprimento da pena. Antes da nova legislação, era preciso ser condenado em última instância para perder os direitos políticos. “É um avanço porque consegue ser um contraveneno para evitar as infinidades de recursos. E quem trabalha com direito sabe que tiramos recursos como quem tira coelho da cartola”, define Rodrigo, que teve um de seus livros citados pelo procurador-geral da República, Roberto Gurgel, no seu parecer do julgamento do ex-governador do Distrito Federal, Joaquim Roriz (PSC), no STF. O caso Roriz foi exatamente o que levantou a polêmica sobre a possibilidade de aplicar a lei nas eleições do dia 3. O político renunciou ao mandato para não perder os direitos políticos e, condenado pelo TSE, recorreu ao STF alegando que o Ficha Limpa não poderia valer para o pleito deste ano. “A questão central é o tempo. A Constituição estabelece que leis que mudam o processo eleitoral entrem em vigor quando publicadas, mas só são aplicadas um ano depois”, afirma o professor de direito constitucional Paulo Weschenfelder. Também é de um ano o prazo para candidatos se filiarem e mudarem o domicílio eleitoral. Aplicar o Ficha Limpa em 2010

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Mesmo levando 16 anos para ser criada, Ficha Limpa, lei que impõe critérios para barrar políticos nas eleições, enfrenta dificuldades para ser aprovada no STF seria mudar as regras do jogo no meio da partida. Foi assim que entenderam cinco dos ministros do Supremo no dia 24, quando julgavam o argumento de Roriz. “Embora tenha a boa intenção de moralizar a vida pública, acho que é uma coisa intransponível. Não podemos combater a ilegalidade com a ilegalidade”, acredita Weschenfelder. No entanto, outros cinco ministros entendem que a lei poderia ser aplicada nessas eleições por especificar casos de inelegibilidade previstos na Emenda Constitucional de 1994 e não mudar o processo eleitoral. Se o tribunal decidir pela validade da norma depois de 3 de outubro, a lei pode causar modificações na política nacional. “Antes de 2009, se um político perdesse o registro depois das eleições, os seus votos iam para a legenda. Agora, são nulos”, explica Rodrigo. A perda de votos válidos tornaria necessário refazer o cálculo que aponta quantos votos cada partido precisa para eleger deputados federais e estaduais. “Veja o risco para a sociedade: vamos às urnas sem saber se o voto vai ser válido ou não.” “O Ficha Limpa é parte de um processo que não vai parar. Mostra que a sociedade acordou, que não aceita mais tanta corrupção”, diz a diretora do Movimento de Combate à Corrupção Eleitoral (MCCE), Jovita José Rosa, que revela também que as entidades que viabilizaram o Ficha Limpa já estão planejando um projeto de reforma política de iniciativa popular. O cientista político João Inácio Pires avalia com mais cautela os impactos da aprovação da lei. “Os descaradamente ficha suja devem sair de cena, o que não quer dizer a visão fisiológica, o loteamento político e a troca de favores não vá continuar. O mal político sempre encontra maneiras de seguir se reproduzindo”, afirma e ressalta que

quem deveria cuidar do fato se os candidatos foram condenados são os eleitores. “Se tivéssemos partidos políticos com esse compromisso (de não eleger pessoas condenadas), não aceitariam registrar esses candidatos”, ressalta o promotor Rodrigo López Zílio. Apesar de todo o barulho, a definição se o Ficha Limpa vale ou não para essas eleições ainda deve demorar. O processo de Joaquim Roriz foi arquivado nesta quarta (29) porque o ex-governador retirou a candidatura e indicou sua mulher para o pleito. Os ministros decidiram julgar o Ficha Limpa quando outro processo semelhante chegasse à mais alta corte do país. Na realidade, por lei, todos os registros de candidatura deveriam ter sido julgados em até 45 dias antes das eleições. Para acabar com a polêmica, o Supremo poderia simplesmente validar o julgamento do tribunal inferior, o TSE, como sugeriu o ministro Gilmar Mendes no julgamento do dia 24. O presidente do tribunal, Cezar Peluso, poderia ter usado o voto de minerva para desempatar a votação. Outra possibilidade seria julgar uma ação de inconstitucionalidade. “Mas alguma entidade entraria com uma ação de inconstitucionalidade contra uma lei que teve um milhão de assinaturas e que a imprensa diz que é a salvação do mundo todos os dias?”, duvida Rodrigo. O promotor acredita que o Supremo só definirá a questão quando um substituto para o ministro Eros Grau, que se aposentou no dia 2 de agosto, for nomeado. “Enquanto isso, os candidatos continuam concorrendo por sua conta e risco, sem saber se poderão assumir os cargos se eleitos.” O risco para os eleitores de ter seus votos anulados pode ser evitado, basta conhecer os políticos em quem pretendem votar. 2 a 8 de outubro de 2010

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UM QUADRO

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por CLÁUDIO B. CARLOS (CC) pai, a mãe e eu ao redor da mesa, agradecíamos a parca refeição que a mãe, sisuda, dividia às colheradas. O pai dizia que poderia ser pior e eu, menino, não imaginava qual quadro pudesse ser mais tristemente realista do que a deprimente cena do nosso almoço. A morte chegou fria e cortante numa manhã de agosto, mostrando-me que o vazio da mesa não beira o vazio do corpo. Fome e morte. Causa e consequência. Cresci e carreguei comigo, já com moldura apodrecida, a infeliz tela. Trêmulas pinceladas duma divindade chamada destino. Do livro O Uniforme, Ed. Maneco, 2007.

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de Citação - JULIANE LUEDKE 3ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: 20 (vinte) dias. Natureza: Cobrança Processo: 010/1.06.0017023-6 (CNJ:.0170231-64.2006.8.21.0010). Autor: Paulo C. Neumann & Cia Ltda. Réu: Sucessão de Lindolfo Luedke e outros. Objeto: CITAÇÃO de Juliane Luedcke, atualmente em lugar incerto e não sabido, para, no PRAZO de QUINZE (15) dias, a contar do término do presente edital (art. 232, IV, CPC), contestar, querendo, e, não o fazendo, serão tidos como verdadeiros os fatos articulados pelo autor na inicial. Caxias do Sul, 15 de setembro de 2010. SERVIDOR: Samira Virgili quintino Losso. JUIZ: Carlos Frederico Finger

ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Edital de Intimação

5 Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

Prazo de: VINTE (20) dias. Natureza: Cobrança - Fase de cumprimento de sentença Processo: 010/1.05.0036212-5 (CNJ:.0362121-29.2005.8.21.0010). Autor: Condominio Residencial Campos Verdes. Réus: Isabel Consuelo Ravizzoni Ravanello e Darci Luiz Ravanello. Objeto: intimação do réu Darci Luiz Ravanello, da penhora e avaliação efetuada sobre o imóvel a seguir descrito, para, querendo, oferecer impugnação no prazo de QUINZE (15) dias: “APARTAMENTO nº 201, localizado no terceiro pavimento ou primeiro andar do Condomínio Edifício Campos Verdes, situado na rua La Salle, 646, nesta cidade, com área privativa real de 160,26m², imóvel registrado sob a matrícula nº 111.353, Livro nº 2 - RG, fls.01, do Cartório de Registro de Imóveis da 1ª Zona - Caxias do Sul/RS, avaliado em R$ 270.000,00 (duzentos e setenta mil reais).” Caxias do Sul, 18 de agosto de 2010. SERVIDOR: Rosane Zattera Freitas. JUIZ: Silvio Viezzer.

João Bez Batti

| Bez Batti – 70 anos | Caxias do Sul tem a honra de abrir, na próxima quarta-feira (6), a exposição comemorativa ao aniversário do escultor João Bez Batti – que depois segue para Porto Alegre e São Paulo. Estarão à mostra 32 peças do artista, célebre por trabalhar com uma das matérias-primas mais duras que poderiam se apresentar a um escultor, o basalto. As cabeças (foto acima) compõem a maior parte das obras que poderão ser vistas na Galeria de Arte Gerd Bornheim (leia mais no Guia de Cultura), mas também haverá bólidos e outras esculturas abstratas. Em sua fase atual, Bez Batti vem privilegiando o basalto cacau – mais uma variedade da rocha descoberta por ele no interior de Bento Gonçalves, onde vive e trabalha.

Participe | Envie para artes@ocaxiense.com.br o seu conto ou crônica (no máximo 4 mil caracteres), poesia (máximo 50 linhas) ou obra de artes plásticas (arquivo em JPG ou TIF, em alta resolução). Os melhores trabalhos serão publicados aqui.

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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Energia literária

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As LUZES DA PRAÇA DANTE

Com 31 lançamentos de editoras locais, em 17 dias de evento, a 26ª Feira do Livro aproveita a boa temporada para impulsionar o comércio e atrair novos leitores

A

por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br ssim como a energia elétrica que acende a lâmpada e clareia a escuridão, o conhecimento adquirido através das páginas impressas elucida a alma. Partindo dessa premissa, o título “Ler é iluminar-se” defere todo o sentido para o tema da 26ª edição da Feira do Livro, que iniciou na última sexta-feira. Para o passante comum ou ainda o frequentador assíduo, que aproveita a oportunidade para adquirir novos livros por um preço acessível, o evento se resume aos 17 dias de atividades. Para os operários que montaram a estrutura, esse número aumenta para mais de 30, e para os organizadores da feira, a atividade dura o ano inteiro. Há seis anos consecutivos na dianteira da segunda maior feira do Estado está Luiza Motta. Ela é a coordenadora do Programa Permanente de Estímulo (PPEL) e da Feira do Livro. Poucos dias antes da abertura da feira, ela confere os detalhes da montagem dos toldos e barracas, o cronograma da programação, as agendas dos escritores. “Divido todo o meu tempo entre as atividades da secretaria (da Cultura) e a feira. Tomo comprimidos todos os dias para dormir e para me acordar”, diz ela. O seu fôlego de trabalho exaustivo pode ser conferido através dos números. A Praça Dante Alighieri foi transformada em 3 mil metros de área coberta, com 42 bancas de livros e mais de 300 atividades culturais, que incluem sessões de autógrafos, oficinas, palestras, mesasredondas, shows musicais, apresentações teatrais e contação de histórias. Toda essa estrutura é apenas uma parte do evento. A feira é algo bem maior do que pilhas de livros enfileirados em estantes que aguardam um comprador. Ela representa o processo final da composição literária da cidade. Lá estão reunidos os escritores, que aproveitam a ocasião para lançar as suas obras, as editoras encarregadas das publicações, os livreiros com a comercialização, os leitores ávidos por novas histórias, e, por fim, o livro, protagonista de todo esse enredo. Assim, a feira fecha um ciclo completo, desde a premissa inicial de uma obra até os múltiplos sentidos que dela resultam. O presidente da Associação dos Livreiros, Cristiano Bartz Gomes, conta que a entidade tem uma parceria constante com a feira. “Participamos no processo de seleção dos convidados, sugestão de escritores e escolha do patrono”, diz ele. Para o setor, a fei-

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ra é o evento sazonal que proporciona um aumento significativo das vendas. “Calculamos 30% de aumento no setor. São muitos os atrativos para o leitor: o desconto, as facilitações com cheques pré-datados. Muitos leitores brincam que deixam de adquirir livros meses antes para comprá-los na feira.” E isso realmente afeta o bolso quando se trata de cifras substanciais. Com os pagamentos à vista, o comprador economiza 20% do valor total de um título. Na compra de um livro de R$ 30, por exemplo, os R$ 6 economizados podem ser investidos na compra de saldos ou em um lanche no café da feira. Com apenas três meses de existência e pelo menos 10 anos de elaboração, a Associação dos Livreiros conta atualmente com 12 livrarias associadas na cidade. “Estamos com uma campanha para agregar todas da região”, explica Cristiano. E a previsão para o futuro é positiva. “A gente tem percebido um crescimento das vendas ano a ano. Os próprios números da feira comprovam isso.” Somente na última edição, 71 mil livros foram comercializados. Para esta edição, Luiza Motta espera que o índice possa chegar aos 75 mil, ou seja, um aumento de 5,6% em relação ao ano passado. Guilherme Ramos Martinato torce para que esta previsão esteja certa. Ele é sócio-administrador da livraria Do Arco da Velha. Há cinco anos no mercado, o estabelecimento sempre participou da feira. No início de forma modesta, com apenas uma barraca. Este ano, Guilherme terá três: uma para os livros adultos, outra para os usados e saldos e uma para os infantis. Segundo ele, isso se deve ao aumento gradativo do mercado livreiro na cidade. Mas são nos 17 dias de feira que o movimento fervilha em seu comércio. “Digamos que dobra o número de livros vendidos neste período. Isso se deve em parte a grande procura dos saldos, alguns que chegam a custar três ou até um real.” Além dos descontos, todo o clima criado pela concentração das livrarias no centro da cidade, além dos autores presentes, contribui para que as pessoas ingressem no mundo das histórias e adquiram novos livros. Guilherme conta que diversos tipos de consumidores aparecem nas suas barracas. “Alguns aguardam o momento da feira para comprar um monte de livros. Outros, que não têm proximidade, acabam descobrindo que existe este mundo. Temos muitos clientes que não tinham o hábito de ler e agora estão 2 a 8 de outubro de 2010

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Paulo Iroquez Bertussi e Lisana Bertussi lançam na feira a terceira edição de Causos do Boi Voador, com estórias dos Campos de Cima da Serra

lendo um livro por mês. E não há idade para começar. Claro que a formação desde pequeno é importante. Mas tem muita gente bem crescida que acaba começando.” E para isso, títulos não faltam. Somando apenas os lançamentos das editoras Belas Letras, Modelo de Nuvem, Maneco e Editora da Universidade de Caxias do Sul (Educs), 31 livros serão apresentados ao público. Praticamente todos os gêneros são contemplados: infantis, infanto-juvenis, fotográficos, biográficos, romances, ilustrações, prosas, poesias, didáticos, científicos e históricos. Gustavo Guertler, editor da Belas Letras, conta que a feira é um momento especial que oferece forte apelo para a leitura. “Muitas pessoas que vão lá não são frequentadores de livrarias. O importante é trazê-las para o mundo da leitura”, diz ele. E é exatamente isso o que a escritora Tadiane Tronca tenta fazer. Apesar de já ter lançado o seu último romance, Script, no dia 17 de setembro no Boteco 13, a obra será um dos destaques da feira. O livro teve cerca de 10 anos de maturação e a autora começou a escrevê-lo em 2007. “Há uns dois anos atrás, eu achava que o livro estava pronto. Ainda hoje eu mexeria alguma coisinha nele”, revela a autora. Misturando fatos históricos com ficção, Tadiane reconstruiu a Caxias das décadas de 40 e 50 sob o olhar das radionovelas. Os leitores mais detalhistas reconhecerão em alguns personagens traços de pessoas reconhecidas da cidade. Mas não é só de obras inéditas ou recém lançadas que vive a feira. Causos do Boi Voador, de Lisana Bertussi e Paulo Iroquez Bertussi, terá a sua ter-

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ceira edição pela editora Educs. O livro bastante em poucas linhas.” Admiraconta diversas histórias das pessoas dor de poetas como Manoel de Barros, simples que moram em várias locali- Carlos Drummond de Andrade, Gardades dos Campos de Cima da Serra. cia Lorca, João Cabral de Melo Neto e Lisana explica que esses ‘causos’ são Fernando Pessoa, Ferrarini revela que literatura oral, mentiras entre aspas, o seu processo de criação não segue portanto ficção. Connenhuma programaforme a autora, o livro ção. “Sento na frente é um projeto antigo Muitas pessoas do computador e digo, da Universidade de que vão lá não são ‘vou ter de escrever’. É Caxias do Sul (UCS), mais um trabalho de frequentadores da década de 80, e foi ida do que vinda, tenho lançado em sua pri- de livrarias. O de ir buscar o texto. Se meira edição no ano importante é você conseguir ficar de 1991. “Gravamos trazê-las para sem escrever, tu não és todas as entrevistas e escritor”, diz ele parao mundo da depois esse material fraseando Drummond. foi redigido”, lembra. leitura”, afirma Para o poeta MarO co-autor e mari- Gustavo Guertler co de Menezes, que do de Lisana, Paulo irá lançar o livro Ode Bertussi, revela que o paranoide pela editolivro veio da necessidade de registrar ra Modelo de Nuvem, não existe uma essa manifestação popular e eternizá- hora exata para começar a escrever. la em páginas escritas. “Os contadores Os poemas surgem por si só. “Não me de causos são algo quase inédito no planejo, e tampouco acredito no que Estado. Na fronteira não se encontram chamam de inspiração. Às vezes fico mais. Isso faz parte do dia a dia do in- dois meses sem escrever uma linha. terior da região e está desaparecendo à No meu dia a dia, em intervalos entre medida que é substituído pelo tema da uma coisa e outra, aparecem os versos”, novela. Temos certeza que eles vão se revela. extinguir, por isso fizemos o registro.” Além disso, Marco conta que é comum ser acordardo no meio da noite Outro autor que estará na Feira por novos poemas. Entretanto, ele não do Livro é Flávio Luis Ferrarini. O es- atribui isso a nenhuma entidade ou critor irá lançar dois livros pela editora esoterismo, mas sim a um estado em Maneco: um de poesias chamado Qua- que a sua consciência está mais liberdrantes, e o outro, Tempo de amadu- ta. Marco é homeopata de formação, recer, crônicas direcionadas para o pú- trabalha como médico auditor do SUS blico infanto-juvenil. Publicitário por e clínico geral no setor de urgência e formação e amante das letras, Ferrari- emergência. Neste ambiente, centenas ni conta que a herança de sua profissão de histórias contribuem para a criação pode ser percebida na sua obra. “A pu- da sua arte. “De certa forma o paciente blicidade é basicamente criatividade, fica desnudo diante de mim. Tenho um assim como a escrita. Aprendi a dizer material humano privilegiado”, conta.

Para completar o time de escritores, um em especial ganha destaque. Marcos Fernando Kirst é o patrono da Feira do Livro. Ele estará presente nos próximos 16 dias pelos corredores da feira. Natural de Ijuí e formado em Jornalismo pela Universidade Federal de Santa Maria, Kirst conquistou a homenagem após compartilhar 18 anos da sua vida com Caxias do Sul, cidade que o acolheu. Agora sua missão transcende a elaboração de histórias e passa a ser a divulgação do evento como um todo. Para isso, o escritor acredita que é importante conquistar novos leitores, principalmente o público juvenil. “O livro exerce uma atração muito forte nas crianças. Mas a partir da adolescência a trincheira é esvaziada devido aos outros estímulos recebidos. É preciso seduzir os adolescentes. O livro precisa dialogar com o leitor. Talvez se deva diminuir o Machado de Assis e aumentar os best-sellers”, sugere. Mas a maior preocupação que aflige a todos os envolvidos, e principalmente a coordenadora da feira, Luiza Motta, escapa das mãos do homem e da fantasia do escritor. Somente São Pedro poderá ajudar a fazer com que o clima instável da primavera não prejudique a feira. “No ano passado um ciclone foi anunciado que chegaria em Caxias. Entrei em contato com os Bombeiros e a Defesa Civil. Revisamos toda a estrutura da feira e fechamos os corredores. O resultado foi que o vendaval passou pelos lados”, lembra. Desta vez, Luiza irá combater a força do clima com armas mais sutis e poderosas. Ela diz que o Frei Aldo Colombo, escritor homenageado do evento, prometeu rezar uma Ave Maria por dia, durante toda a feira, pedindo tempo bom.

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Guia da Feira do Livro

por José Eduardo Coutelle

André T. Susin/O Caxiense

guiadecultura@ocaxiense.com.br

Feira do Livro promove diariamente sessões de autógrafos, bate-papo com autores e debates literários no auditório e Café Cultural

LANÇAMENTOS

Na primeira semana de feira, 31 autores autografam seus livros na Praça Dante Alighieri. As sessões, que acontecem na Sala da Autógrafos e no Café Cultural, têm entrada franca. Confira a programação. l Filosofia, Ética e Educação – De Platão a Merleau-Ponty | Sábado, 17h | O 36° livro do escritor e professor Jayme Paviani apresenta as diferenças entre a visão filosófica de dois autores, um do início e o outro da superação da metafísica. (Educs) Sala de Autógrafos l Minha Cidade Querida: Uma História de Caxias do Sul | Domingo, 16h | Com texto de José Clemente Pozenato e ilustrações de Rita Brugger, o livro conta a história de Caxias para o público infantil. (Belas Letras) Café Cultural l Os Olhos de Quem Vê | Segunda (4), 18h | Tânia Tonet, Charles Tonet e Diogo Osório Coelho foram os responsáveis por escrever a biografia de um dos maiores empresários caxienses, exemplo da força do setor metal-mecânico da cidade. Fotografias históricas recheiam a obra. (Belas-Letras) Auditório Lançamentos E AUTÓGRAFOS - Sábado: Contos da Mais-Valia e outras taxas. Paulo Tedesco. Contos. Dublinense. 16h. | A Comunicação na Justiça Brasileira. Edvânia Kátia e Flávio Damiani. Direito. Pandion. 16h. | A culpa é dos teus pais. Maristela Deves. Romance-policial. AGE. 17h. | Domingo: O Narcisismo na Contemporaneidade. Miguel Juchem. Psicanálise. Imprensa Livre.

16h. | Mulher e Literatura – História, Gênero, Sexualidade. Cecil Jeanine Albert Zinani e Salete Rosa Pezzi dos Santos. Ensaios. Educs. 17h. | Transcendência. Valdecir de Oliveira. Novela. Quártica. 17h. | Orações de um Ateu. Leandro Angonese. Poesia. Maneco. 18h30. | Segunda (4): Violência, um discurso que a mídia cala. Marlene Branca Sólio. Comunicação. Educs. | Comunicação, Psicanálise e Complexidade – abordagem sobre as organizações e seus sujeitos | Psicanálise/Comunicação/Sociologia. Educs. | Terça (5): Mídia, cultura e contemporaneidade – análises e angulações. César Steffen e Kênia Pozenato. Comunicação. Educs. 17h. | Quarta (6): Universo acadêmico em gêneros discursivos. Tânia Maris de Azevedo e Neires Maria Soldatelli Paviani. Letras. Educs. 17h. | Literatura infantil: de ponto a ponto. Flávia Brocchetto Ramos. Didático/teórico. CRV. 17h. | Os se7e segredos do sucesso em vendas. César Augusto Verdi. Marketing. Maneco. 18h. | Quinta (7): Na entrada-das-águas – Amor e Liberdade em Guimarães Rosa. Alessandra Rech. Comunicação. Educs. 17h. | O óbvio não é o bastante. Tito Armando Rossi. Cooperativismo. Calabria. 18h. | Sexta (8): Vida, Amor, Educação e seus novos caminhos. Volnei Flávio Soldatelli. Educação. Gráfica Calabria. 17h. | Estigma – Cultura e atitudes linguísticas | Vitalina Maria Frosi, Carmen Maria Faggion e Giselle Olivia Mantovani Dal Corno. Letras. Educs. 17h. | Obstetrícia em Caxias do Sul – da Colônia à Universidade (1875 – 2000). Marco Túlio Zanchi e José Mauro Madi. História. Maneco. 18h.

DEBATES l Pintando com Palavras – Iberê Camargo e a Literatura | Sábado, 16h30 |

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Paulo Ribeiro, Mara De Carli e Silvana Boone conversam sobre pintores que também expressavam a sua arte através literatura. Iberê Camargo e outros artistas serão os objetos de estudo. Auditório da Feira Entrada franca

Hermes Bernardi Jr., discutem o que é considerado politicamente correto na literatura infantil. Auditório da Feira Entrada franca

l Filosofia e Literatura | Sábado, 18h |

A formação do leitor literário na família, na escola e na comunidade será o tema da abertura do evento. Participarão a presidente do Conselho Deliberativo do Proler, Elizabeth Serra, a escritora especialista em Literatura Brasileira Nilma Lacerda e a Coordenadora Nacional do Proler, Ira Maciel. Teatro Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333, Centro

O escritor Jayme Paviani e Márcia Tiburi debatem sobre as inter-relações dos autores que escreveram suas obras filosóficas de forma literária e viceversa, como Theodor Adorno e JeanPaul Sartre. Auditório da Feira Entrada franca

l 17º Encontro Estadual de Leitura (Proler) | Quinta, 20h |

l Caminhos que levam à descoberta de sua força interior por meio do texto literário | Domingo, 15h30 | O debate literário apresenta um estudo sobre os mitos e os arquétipos dos heróis sob a ótica da psicologia. Com Marilene Caon Pieruccini, Alice Cristina Velho Brandão, Luci Barbijan e Cláudio Troian. Auditório da Feira Entrada franca

l Narrativas contemporâneas | Sexta, 18h | Paulo Ribeiro apresenta Daniel Galera, escritor contemporâneo radicado em Porto Alegre. Ele irá falar sobre a carreira, em particular sobre suas obras que transitam entre o videogame e as histórias em quadrinhos. Auditório Entrada franca

l Litteris Te Deum | Domingo, 17h30 | O grupo de estudos literários formado por Leandro Angonese, Luis Narval e Uili Bergamin irá falar sobre a literatura como fator de transformação pessoal e cultural. Auditório da Feira

O programa é um bate-papo informal, com temática livre, realizado no Café Cultural, entre dois escritores convidados. Eles falam sobre as obras que estão lendo atualmente ou sobre aquelas que marcaram as suas vidas.

l O que é politicamente (in) correto na Literatura Infantil | Quarta, 18h | Os integrantes da Associação dos Escritores e Ilustradores de Literatura (AEILIJ) Márcia Leite, Jacira Fagundes e Flávia Ramos, sob coordenação e mediação do escritor e ilustrador

l Venha Ler Comigo

Sábado (2): Gustavo Guertler e Maristela Deves. 18h. | Domingo (3): Rúbia Frizzo e Mônica Montanari. 18h. | Segunda (4): Eduardo Dall'Alba e Domingas Colombo Giacomin. 18h. | Terça (5): Rejane Rech e Uili Bergamin. 18h. | Quinta (7): Nivaldo Pereira e Camila Cornutti. 18h. | Sábado (7): Tadiane Tronca e Gilmar Marcílio. 19h | 2 a 8 de outubro de 2010

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Caxias do Sul, 1 a 8 de outubro de 2010

Im贸veis

Ve铆culos


André T. Susin/O Caxiense

Música itinerante

Inspirado em um projeto da viúva de John Lennon, o estúdio ambulante leva música por onde passa

TRILHA PARA

E

VIAGEM por Cíntia Hecher cintia.hecher@ocaxiense.com.br

ra uma vez quatro rapazes que viajavam em um submarino amarelo, chegaram a Pepperland e salvaram o paraíso colorido com sua música. Em Caxias, desde o domingo (26), um ônibus amarelo está na cidade. O intuito não é chegar ao destino do Yellow Submarine, mas há semelhanças. Também são quatro rapazes, não de Liverpool, mas de Porto Alegre, que levam música para onde passam com um estúdio de gravação itinerante. Não são os Beatles, mas sim a equipe do projeto Gravaêh!. Dez bandas da cidade tiveram quatro horas cada para gravar até três músicas autorais. O produtor Eduardo de Moraes explica que o ônibus é inspirado no The John Lennon Educational Tour Bus, projeto da viúva do líder dos Beatles, Yoko Ono. Não se tem notícia de outros ônibus que funcionem como estúdio além do inglês e do brasileiro. Desde 2008, o ônibus percorre cidades gaúchas com a ONG Cirandar, que trabalha com bibliotecas comunitárias e estímulo à leitura. De acordo com Eduardo, a ideia era percorrer todo Estado em dois anos, mas não ficar somente nisto. “Queremos que esta ferramenta de cultura perdure”, afirma. Ele explica que, além dos serviços do estúdio, o ônibus também leva oficinas educativas. A criançada de escolas das cidades visitadas tem oportunidade de saber como é o trabalho dos músicos, além de participarem de rodas de leitura e contação de histórias. Também são realizados debates entre a comunidade e os músicos com o pessoal do Gravaêh!, para discutir a cultura local e o projeto. Quem trouxe o ônibus amarelo para a cidade foi a vereadora Denise Pessôa (PT). Denise afirma que pretende agendar uma volta do ônibus pela

cidade para atingir mais a periferia. “É tudo menos um ônibus”, brinca a vereadora, ao falar sobre as tantas atividades que acompanham o Gravaêh!. Das 24 inscrições para as gravações, as 10 bandas selecionadas foram Ale Carminatti e Banda Lisérgica, Barracuda Project, Bob Shut, Caixa Azul, Cucastortas, Magnitude, Mahabharata, Oltz, The Sceptic e Velho Hippie. Se alguma dessas bandas não fosse confirmada, abriria espaço para as duas suplentes escolhidas, Som em Arte e Banda 90º.

Na tarde de domingo, a gravação da primeira banda, Velho Hippie, que devia iniciar às 17h, começou às 19h15, depois de uma ligação elétrica ao poste de luz nos trilhos do trem na Estação Férrea e a preparação de todos os equipamentos. Um “gato oficial”, como disse Eduardo. O ônibus é dividido em três espaços. Primeiro, a parte do motorista, o Maverick. “Sem ele não tem banda”, diz Eduardo. Na outra ponta do ônibus, uma mesa de som e um computador para gravação das músicas, frigobar vermelho, com cara de antiguidade, e espaço otimizado: bancos são baús, com equipamentos de som dentro. Temático, o local tem como puxadores de gavetas e portas guitarras em miniatura. O estúdio em si fica na parte central do veículo e ocupa o maior espaço. Forrado com espuma para evitar a propagação do som, tem ar condicionado, uma montoeira de fios e tomadas e uma bateria eletrônica. Para a Velho Hippie, a diferença entre o estúdio móvel e o tradicional está no tempo disponível. “Neste temos quatro horas para gravar, no outro tivemos seis anos”, brinca o baterista, Eduardo Binda. Na segunda-feira (27) pela manhã, Guido Bracagioli, baixista do trio instrumental Mhabharata, afinava um

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Ônibus amarelo estaciona em Caxias durante uma semana para gravar CD de bandas locais instrumento nada típico que utiliza em algumas canções, a cítara. Tudo pela sonorização oriental. O saxofonista Juliano Travi disse que a experiência de gravar em um ônibus era peculiar. “É diferente, mas a qualidade é boa e dá oportunidade para interagir com outras bandas e ter contato com outro pessoal.” O som que eles fazem, segundo o baterista Guilherme Santi, não tem como rotular. “É um fusion jazz, mistura muita coisa, como funk. As composições são bem pensadas, para várias ambientações. Tem música boa para dançar e para curtir em casa.” Enquanto isso, o motorista Maverick posicionava duas caixas de som do lado de fora do ônibus para quem quisesse acompanhar as músicas. Mas não era somente pelo áudio que isso podia ser feito. A parede de vidro do aquário de um estúdio comum é normalmente de frente para a mesa do técnico, mas no ônibus é virada para a rua. Quem passava podia observar os músicos tocando seus instrumentos. Para organizar, o responsável é o produtor musical Robson Serafini, músico porto-alegrense. Ele é colega do técnico de som e baterista, Ed, na banda Moby Dick, cover de Led Zeppelin, além de acompanhar outros grupos. Ele conta que há uma audição uma semana antes do ônibus chegar na cidade onde as bandas foram selecionadas. “É uma espécie de pré-produção, uma reunião em que a gente conversa, vê a estrutura das músicas, cria um vínculo”, diz Robson. Ele observa a afinação dos músicos, já que alguns deles levam instrumentos e mostram o que vão gravar. Porém, Robson afirma que Caxias do Sul teve a audição mais fraca, onde quatro das 10 bandas selecionadas não mandaram representantes e ninguém levou instrumento. “É bom a gente se familiarizar com o som, sentir a dinâmica da banda. Uma gravação em quatro

horas é trabalho de ninja”, sorri. Na tarde da segunda-feira, a banda Barracuda Project, da mistura de rock com batidas eletrônicas, (a primeira do Gravaêh! com este estilo, diz Ed) teve parte de sua gravação acompanhada por uma turma da Escola Estadual de Ensino Fundamental Coronel José Pena de Moraes, vizinha da Secretaria da Cultura. A empolgação foi grande, com todos dançando e, com aquela ingenuidade inerente aos pequeninos, houve espaço para gritarem seus pedidos, onde figuraram Calypso e Lady Gaga. A Barracuda Project existe desde 2008 e, com as gravações do projeto, veem mais uma maneira de divulgar seu trabalho e uma oportunidade para não gastar com estúdio. De acordo com o guitarrista Pablo Lucena, as músicas selecionadas para o Gravaêh! têm cada uma um enfoque diferente, “com outros astrais do que já gravamos, dá uma ideia geral do que é a banda”. Segundo Pablo, a seleção feita pelo projeto foi boa. “Reflete bem as bandas e trabalhos autorais do cenário musical de Caxias.” Como resultado, cada banda leva 30 CDs com suas gravações. Ainda com data a marcar, depois da masterização das canções, o ônibus volta a Caxias para entregar esse material, além de uma coletânea com os trabalhos da cidade para pessoas que colaboraram e apoiaram o projeto. Isso em ritmo de festa, nada formal. Os Beatles também já passearam de ônibus em sua Magical Mistery Tour. Não que cada banda que passe pelo estúdio itinerante do Gravaêh! os tenha como referência. O bom é saber que há um espaço para a musicalidade gaúcha, pronta a ser representada com qualidade e criando oportunidades. Pepperland é aqui, e em tantas outras cidades do Estado. Here, there, everywhere. 2 a 8 de outubro de 2010

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Guia de Cultura

por Cíntia Hecher | editado por Marcelo Aramis

guiadecultura@ocaxiense.com.br

Walter Wehner, Divulgação/O Caxiense

Cinema | Flor do Deserto

Intolerância ao que merece por Cíntia Hecher Esse filme vai tocar principalmente as mulheres. Não que homens não sairão emocionados da sala de cinema, mas as mulheres se sentirão particularmente lesadas. Porque Flor do Deserto é tocante sem ser piegas. Mexe com os brios femininos. A história é de Cinderela. Uma pobre somali, que vive em Londres sem conhecer direito a língua inglesa, é descoberta por um grande fotógrafo de moda durante seu trabalho como faxineira de uma lanchonete. Ela ganha o mundo e o conquista com sua beleza. Seria simples e bem conto de fadas se fosse esse um resumo fidedigno da vida da ex-modelo Waris Dirie. Mas não. O tapa na cara começa quando ela foge da família nômade, encrustada no deserto da Somália, por não querer casar com o marido que a comprou do pai. Ela atravessa o mar de areia para se refugiar na casa da avó, que a manda para Londres. Anos se passam e a jovem somali acaba abandonada, comendo do lixo e dormindo na rua. Isso até conhecer uma jovem maluquete, Marylin, funcionária de uma loja de roupas. Depois de segui-la feito um cachorrinho de olhos tristes, as duas se tornam amigas e Waris vai morar com ela. A convivência com uma londrina típica, festeira e descolada vai entrando em choque com a cultura africana da imigrante. É aí que o público conhece o que de fato mudou a vida de Waris, que não foi a fuga aos 13 anos ou o encontro com o fotógrafo. As cicatrizes não são somente emocionais, mas físicas. Aos três anos, como toda menina somali, Waris foi circuncidada. Para ser uma boa mulher, ela teve os grandes e pequenos lábios, assim como o clitóris, dilacerados. Quem realizou a cirurgia primitiva foi a sua própria avó. Tradição familiar, cultural, que seja, é de uma violência sem tamanho. É podar a feminilidade do jeito mais cru possível, proibindo pelo resto da vida qualquer espécie de prazer ou naturalidade quanto à sexualidade. É guardar o sexo para o marido, que na noite de núpcias arrebenta os pontos que unem o que restou da genitália da esposa. Essa forma rudimentar de assegurar decência feminina é a maior denúncia do filme e, principalmente, de Waris, que se tornou embaixadora da ONU lutando contra a mutilação feminina. Flor do Deserto – que é o significado do nome da ex-modelo – emociona. A luta contra uma cultura milenar que oprime e traumatiza a mulher é mais uma questão apontada do que uma bandeira erguida. Antes que pedir o fim dessa prática brutal, o filme lembra que ela existe, como algo alheio à nossa preocupação. Dignidade e respeito não devem ser ganhos por meio de força, mutilação e um fio a arrematar. A delicadeza de uma flor diante da aridez do deserto nos dá essa esperança. l Flor do Deserto | Drama. Sábado, domingo e de quinta (7) (30) a domingo (10), 20h | Ordovás Dirigido por Sherry Horman. Com Liya Kebede. 14 anos, 120 min., leg..

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2 a 8 de outubro 2010

Baseado na autobiografia da modelo Waris Dirie, Flor do Deserto discute a violência da mutilação das mulheres na Somália

evitar uma guerra. Dirigido por Chris Columbus. Livre, 123 min..

CINEMA l Avatar – Edição Especial (3D) | Aventura. Pré-estreia. 21h | Iguatemi Feito especialmente para o cinema 3D, o filme das pessoas azuis em um planeta distante ameaçado pelos humanos volta a Caxias. Com cenas extras. Dirigido por James Cameron. 12 anos, 171 min., leg.. l Comer, rezar, amar | Drama. 13h30, 16h10, 18h50 e 21h30 | Iguatemi Baseado no livro homônimo, fala de uma mulher recentemente divorciada que descobre os prazeres da vida ao viajar pelo mundo. Dirigido por Ryan Murphy. Com Julia Roberts e Javier Barden. 12 anos, 140 min., leg.. l Feira do Livro | De sábado a sexta (8) | Nem só de literatura vive a Feira. A criançada pode aproveitar e também assistir filmes diariamente no Sesi, às 18h. Confira a programação: l Alice no País das Maravilhas | Animação. Sábado | Desenho da Disney baseado no livro de Lewis Carroll. Dirigido por Clyde Geronimi, Wilfred Jackson e Hamilton Luske. Livre, 75 min.. l Percy Jackson e o Ladrão de Raios | Aventura. Domingo | Filho de deus da mitologia grega com humana aperfeiçoa seus poderes em campo de treinamento para tentar

l O Fada do Dente | Comédia. Segunda (4) | Jogador de hockey vira fada do dente, mas realiza o trabalho do seu jeito. Dirigido por Michael Lembeck. Com Dwayne Johnson (The Rock) e Julie Andrews. Livre, 103 min.. l Planeta 51 | Animação. Terça (5) | Astronauta descobre planeta habitado por pequenos seres verdes que o temem e luta para não fazer parte do Museu de Alienígenas Invasores do local. Dirigido por Jorge Blanco e Marcos Martinez. Livre, 87 min.. l Xuxa e o Mistério de Feiurinha | Infantil. Quarta (6) | A princesa Feiurinha desaparece e Chapeuzinho Vermelho pede ajuda às princesas dos contos de fada para encontrá-la. Dirigido por Tizuka Yamasaki. Livre, 82 min.. l Turma da Mônica em: Cine Gibi | Infantil. Quinta (7) | Personagens de Maurício de Souza se divertem em diversas histórias, que pulam do gibi para a tela de cinema. Dirigido por José Márcio Nicosi. Livre, 70 min.. l Por água abaixo | Animação. Sexta (8) | Rato da alta sociedade de Londres acaba nos esgotos da cidade, onde existe a cidade Ratópolis, espécie de submundo. Dirigido por Sam Fell, Henry Anderson e David Bowers. Li-

vre, 85 min.. Espaço do Sesi Entrada franca | Pinheiro Machado, 3.251 | 3225-6388 l Gigante | Quarta (6), 19h30 | UCS Cinema Circuito Universitário de Cinema exibe filme uruguaio sobre segurança tímido de supermercado que se apaixona pela faxineira do lugar. Dirigido por Adrián Biniez. 84 min., leg.. l Os vampiros que se mordam | Comédia. 14h, 16h, 18h, 20h e 22h | Iguatemi Sátira que deixa a história da saga Crepúsculo, além de outros filmes sobre o tormento de ser adolescente, engraçadinha. Dirigido por Jason Friedberg e Aaron Seltzer. Com Matt Lanter. 14 anos, 84 min., leg.. AINDA EM CARTAZ – Gente Grande. Comédia. 13h40, 16h20, 19h e 21h10. Iguatemi | Karatê Kid. Aventura. 18h. UCS (a sessão de quarta (6) não será exibida) | Meu Malvado Favorito. Animação. 16h. UCS | Nosso Lar. Drama. 14h10, 16h40, 19h20 e 21h50. Iguatemi | O Aprendiz de Feiticeiro. Aventura. Segunda a sexta às 20h15. UCS (as sessões de terça (5) e quarta (6) não serão exibidas) | O Último Exorcismo. Terror. 16h50 e 21h40. Iguatemi | Resident Evil 4: Recomeço – 3D. Terror. 14h20 (dub.) e 16h30 e 18h40 (leg.). Iguatemi | Wall Street: o dinheiro nunca morre. Drama. 13h50 e 19h10. Iguatemi. INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e

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quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sêniors com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC-453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Galeria Universitária. 3218-2255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316.

EXPOSIÇÕES l Bez Batti – 70 anos | Quarta (6), 20h | Abertura da exposição que comemora os 70 anos do artista plástico de Bento Gonçalves, conhecido por suas esculturas em basalto. A visitação pode ser feita de segunda a sexta-feira, das 8h30 às 18h e aos sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

AINDA EM EXPOSIÇÃO - Emoções. Até 10 de outubro, de segunda à sábados, das 10h às 22h, e domingos das 10h às 20h. Iguatemi Caxias. 32899292 | Sensações e Emoções. Até 15 de outubro, de segunda a sexta, das 8h às 22h. Espaço Cultural Ftec. 3027-1300 | Sobretudo. De segunda a sexta, das 8h às 22h30. Hall Superior – Campus 8. 3289-9000.

DANÇA

l Picasso | Sexta (8), 20h30 | Espetáculo da escola de flamenco La Cueva com dança e música flamenca para caracterizar as fases das obras do pintor Pablo Picasso, com direção de Elisabete da Cunha. Os bailarinos serão Aline Estades Beteli, Eliandro Martins, Ilda Arbex, Juliana Strey e Renata Pontalti, além de alunos em formação da escola. No vocal, Juliano Brito, na percussão Edemur Pereira e André Oroño e na guitarra flamenca, Gustavo Viegas. Teatro Municipal R$ 20 (público em geral) e R$ 10 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

CIRCO l Circo Bremer | De segunda a sexta, 20h30. Sábados e domingos, 15h30, 17h30 e 20h30 | Vinte artistas se dividem em apresentações de Globo da Morte, trapézio, palhaços e show de mágica. Villagio Iguatemi, ao lado da RGE R$ 20 (público em geral) e RS 10 (infantil) | (51) 8220-8737

LITERATURA l Livros para Ouvir | Quarta (6), 14h | Projeto da Biblioteca Municipal e da Associação de Pais e Amigos dos Deficientes Visuais (Apadev), que promove sessões com audiodescrição (AD) de filmes, convida o patrono da Feira do Livro, Marcos Kirst a falar sobre o fazer literário e a importância da leitura. Sala de Cinema – Ordovás Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316

música l Lennon Z & The Sickboys Trio | Sábado, 21h30 | Tire a saia rodada e a gomalina do armário. A festa é anos 50, com canções de Elvis Presley, Jerry Lee Lewis e mais clássicos da época ao som da banda de rockabilly. Zarabatana Café Entrada franca | Luiz Antunes, 312 | 3901-1316 l Anderson Silveira e Tatiéli Bueno | Sexta (8), 21h | Dupla lança álbum de música nativista intitulado Do Rio Grande do Passado ao Rio Grande do Futuro. O show mostra canções que misturam instrumentos típicos na música tradicionalista com saxofone, guitarra semi-acústica e teclado, entre outros. Como músicos convidados, Lázaro Nascimento (violões e guitarra), Ismael Conceição (baixo), Vaney Bertotto (bateria e percussão), Luizinho Corrêa (acordeon) e Diego Andrade (piano e teclado), além das participações de Loma Pereira (voz), Pedro Júnior da Fontoura (declamação), Iuri Siva (sax

alto), Rodrigo Maciel (violino), Emerson Aguiar (viola), Wagner Rezer (violino) e Marcos Detoni (cello). UCS Teatro R$ 10 (público em geral) e R$ 5 (estudantes) | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2309 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom Snooker. 3221-6364 | Banda Disco. Anos 70 e 80. 22h. Bier Haus. 32216769 | Divas do Cinema. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Electric Blues Explosion. Blues/rock. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Gustavo Reis. Pop rock. 22h. Badulê American Pub. 3419-5269 | Half Moon Band. Janis Joplin Cover. Aristos London House. 3221-2679 | Izzie Louise. Rock. Santo Graal. 3221-1873 | Jack Brown. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Ksamba. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Lord Thanos. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Orquestra Municipal de Sopros. Clássica. 10h30. Feira do Livro | Promo Drinks. Eletrônico. 23h. Studio 54 Mix. 9104-3160 | Samuel Sodré. Infantil. 15h. Feira do Livro | Saturday. Eletrônico. 23h. Havana. 3224-6619 | Domingo: Aurélio e Seus Cometas. Blues 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Samuel Sodré. Infantil. 15h30. Feira do Livro | Viegas Trio. Rock. 19h. Feira do Livro | Terça (5): Vini e Isack. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quarta (6): Ton Rock and Roll e Robledo Rock. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Quinta (7): Los Medonhos. Sertanejo universitário. 22h. Portal Bowling. 3220-5758 | Sargento Wilson. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Sexta (8): Blackbirds. Tributo a Beatles. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Pietro Ferretti e Bico Fino. Samba rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Os Blugs. Pop rock. 19h. Feira do Livro. Carol Ferreira, Divulgação/O Caxiense

l Eu vivo, e você? | Sábado, 11h | As cores da artista plástica Cristiane Marcante em trabalhos que representam a vida, com curadoria de Mona Carvalho. De segunda a sexta, das 9h às 12h e das 13h30 às 19h. Sábados das

9h às 15h. Galeria Arte Quadros Entrada franca | Feijó Júnior, 975 | 3028-7896

Espetáculo do Grupo La Cueva percorre as fases da pintura de Picasso com dança e música flamenca

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Divulgação/O Caxiense

Tempo de planejar

Encontro realizado por mais de duas horas na noite de 30 de setembro, serviu para Carlito Chies tentar mobilizar conselheiros abalados pelo segundo rebaixamento consecutivo

O JU PROCURA

UM RUMO S

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por Fabiano Provin fabiano.provin@ocaxiense.com.br

entado à frente de 87 conselheiros do Juventude, o presidente do Conselho Deliberativo, Carlito Chies, falou pausadamente. Citou números, ouviu opiniões, concordou com uns, discordou de outros. No meio da explanação da reunião extraordinária, na noite do último dia de setembro de 2010 – mês que ficará marcado para sempre na história do clube pelo fato de ter sido rebaixado à Série D –, colocou as cartas na mesa: todos, independente de corrente ou facção, precisam pensar no Juventude como um todo. “Vamos deixar as glórias e os ressentimentos para trás”, sustentou. Além disso, Chies anunciou a formalização de uma parceria nas áreas administrativa e financeira, a qual deve ser finalizada até o dia 10 de outubro. A partir daí, e com a manutenção da atual diretoria, é que o ano de 2011 começaria a ser planejado. Chies, presidente do Ju em 1977, 1983, 1996 e 1997, sugeriu no encontro que Milton Scola permaneça por mais um ano à frente da instituição. “Se tiver um candidato que acha ter capacidade para assumir, venha falar comigo”, pondera, olhando para outros cinco ex-presidentes que compareceram à reunião – Marcos Cunha Lima, Alfredo Sehbe, Iguatemy Ferreira, Gilson Tonet e Milton Machado. Scola não esteve no Salão Nobre Walter Humberto Dal Zotto por estar viajando a negócios particulares. “As tratativas dessa parceria são realizadas por Scola e por mim. Assim que tivermos uma definição, faremos o anúncio. Temos até o final de outubro para definir a presidência, porém, o momento não é de

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oposição, mas sim de união. Acredito que o Juventude não deva mudar a diretoria agora. Isso só faria a instituição perder tempo”, frisa Chies. A proposta apresentada pelo presidente do Conselho ainda prevê a realização de um encontro com exdirigentes dos últimos 10 anos. “Seja no setor do futebol, administrativo ou marketing. Volto a dizer: todos precisam se unir em prol do Juventude. Juntos, com discussões produtivas, poderemos decidir nosso futuro de uma forma organizada. Não estamos organizados o suficiente para estruturar o clube. Precisamos definir um planejamento para podermos trabalhar aqui dentro”, sustenta Chies. Ao final da reunião, durante entrevista à imprensa, fez um pedido: para que não seja criado um clima de euforia em relação à parceria. “Queremos criar a estrutura necessária para que o Juventude seja um clube equilibrado”, projeta. O equilíbrio a que o conselheiro se refere também está voltado para os cofres esmeraldinos. Para o próximo ano, será preciso fazer um corte de 50% nos gastos de todo o clube. Para se ter uma ideia, na Série C, a folha de pagamento do futebol profissional era de R$ 293 mil, incluindo comissão técnica. Chies também apresentou alguns números aos conselheiros: em 10 anos, desde 2001, o clube investiu um total de R$ 147 milhões, e arrecadou R$ 107 milhões. Ou seja, o déficit (não prejuízo) é de R$ 40 milhões. Nas categorias de base, o clube teve receitas de R$ 26,4 milhões, somando negócios de atletas que estavam no Ju desde 1996, ficando com R$ 20 milhões no caixa. Porém, o departamento amador gastou

Conselho Deliberativo do clube aposta na manutenção da atual diretoria para iniciar processo de reestruturação o mesmo valor (R$ 20 milhões) na última década. “Tenho adoração em ver a gurizada porque cresci aqui dentro, jogando bola. Depois da venda da sede campestre, nossa maior receita foi a comissão sobre a venda do Tiago Silva (que retornou ao Ju este ano), do Naldo e do Felipe Alvim, que somou R$ 2,8 milhões”, cita Chies.

que permaneceu no cargo na temporada seguinte. Por telefone, Florian preferiu não comentar o atual momento do clube. “Estou afastado, procurando dar um tempo. Estou procurando um pouco de tranquilidade para respirar um pouco, pois 2009 foi um ano difícil, que deixou muitas feridas”, resume o ex-presidente, que no ano passado tentou encaminhar um sucessor, José Na verdade, o que o ex-presidente Antônio Boff, o Boffinho, seu vicepretende, após o encontro, é ver qual presidente de patrimônio. No pleito será a repercussão do histórico do dia 17 de que foi dito no Salão dezembro de 2009 – Nobre. Chies quer, “Todos precisam nunca na história do também, que haja um se unir. Juntos, Juventude houve uma interesse maior da ci- com discussões eleição presidencial – dade. “Precisamos ter Milton Scola, apoiado pressão de todos os produtivas, pelo Conselho Conlados, seja do prefeito, poderemos sultivo, venceu a chapa de vereadores, dos em- decidir nosso de Boffinho com uma presários, enfim. Temos futuro de forma diferença de oito votos. de ter condição de disNo ano passado, o putar um campeonato e organizada”, pleito também estava não morrer. E um cam- prega Chies marcado para o final peonato decente, pois o de outubro, porém, foi futebol no Brasil se retransferido duas vezes sume às Séries A e B. A terceira e quar- pela falta de candidatos – havia ainda ta divisões praticamente não existem, a iminência de o clube ser rebaixado são inviáveis”, desabafa o presidente do para a Série C, o que realmente adiou o Conselho Deliberativo. Chies assumiu processo até dezembro. Até agora, em o cargo em março deste ano – seu ante- 2010, sabendo que no próximo ano as cessor foi Francisco Rech – e conta que únicas competições confirmadas são o passou seis meses atuando nos basti- Gauchão e a Série D, só existe um candores, “para evitar que a reunião fosse didato: Scola, que já manifestou publiuma batalha”. Questionado sobre o fato camente que pretende permanecer à de a palavra união não ter sido defen- frente da instituição, nem que tenha de dida antes no clube, Chies, 64 anos, passar por uma eleição. Mas Chies não foi enfático: “A exclusão de pessoas, quer uma eleição. Quer que o nome do inclusive de ex-presidentes integrantes atual presidente seja referendado para do Conselho Consultivo, começou em enfrentar, talvez, o ano mais difícil da 2008”. história alviverde. Scola não estará soNaquele ano, o primeiro do Ju na Sé- zinho, se depender de Chies. Afinal, o rie B, o presidente era Sérgio Florian, Ju precisa encontrar seu rumo.

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Maicon Damasceno/O Caxiense

As virtudes da bola

EM ROTA

Presidente rebate a cobrança: “Como vou segurar um cara que ganha R$ 8 mil aqui se oferecem para ele, num clube de Série A, R$ 35 mil? Um dia quem sabe a gente consiga”

DE SUBIDA O

por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br

futebol tem um elemento encantador e ao mesmo tempo devastador. E poucas vezes esse sentimento parece aflorar de modo tão intenso. Quem só enxerga o esporte do lado de fora do estádio, às vezes pela televisão, jamais será fisgado. Mesmo homens estudados, que costumam controlar grandes empresas, como é o caso do presidente Osvaldo Voges, só notam essa particularidade do esporte quando estão imersos nele. “Só me dei conta da paixão do futebol depois que vim trabalhar com o Caxias”, revelou Voges certa vez. Sem adentrar muito um ambiente pertinente aos escritores, poetas e filósofos, é preciso mencionar que paixão não é amor. Há quem confunda. E sem ser piegas, paixão, segundo o Houaiss (que não é nome de jogador libanês, e sim de dicionário de português) é afeto ou entusiasmo muito intenso por algo ou por alguém. Enquanto que, sobre o amor, o mesmo dicionário diz: afeto, carinho, ternura, dedicação, demonstração de zelo, fidelidade. A paixão se manifesta depois de um gol ou quando o time ergue a taça de campeão. Desse sentimento o Caxias e tantos outros clubes transbordam. Mas o amor exige dedicação, zelo e fidelidade. Ou seja, independe dos resultados. Independe de onde o time esteja, ou com quem venha a jogar. “O verdadeiro sócio é o que acompanha o ano todo. Por isso não temos feito desconto em valor de ingresso, porque nosso pensamento é privilegiar o associativismo”, defende Voges, tentando incutir um pensamento de amor ao clube, em detrimento da paixão. Talvez isso seja mais difícil do que

pagar todas as dívidas do Caxias. Dívidas que somavam R$ 24,5 milhões quando ele assumiu o cargo, em 2007. O presidente já disse que não sabe de onde vem tanta teimosia em resolver a vida grená. Quem sabe da índole herdada da ascendência germânica. Ou do amor que aprendeu a ter pelo clube.

Enxerga-se na gestão de Voges a dedicação em reerguer o Caxias; zelo em não colocar os pés pelas mãos; e fidelidade em honrar com o compromisso que tomou para si. Só não enxerga quem não quer. Mesmo que seja difícil engolir mais um ano sem chegar à Série B, não tem como esquecer dos benefícios da gestão dele. “Sei que nessa hora tem muita gente querendo destruir o que estamos fazendo, sei que tem muita gente querendo nos puxar para baixo, mas o Caxias hoje vive um outro momento. A Kanxa (empresa de material esportivo) já nos procurou para renovar o contrato, e podemos escolher entre eles e mais dois fornecedores. Estou liberando os jogadores que eu quero, sem ficar na mão de ninguém. Somos um clube que paga em dia. Não subimos ainda, mas como entidade, como clube, estamos muito bem. Nós somos fruto do nosso próprio sucesso”, afirma Voges, em tom de desabafo. Sucesso. Essa palavrinha mágica dita pelo presidente não se refere apenas aos resultados em campo. E, contrapondo um certo ranço que Voges diz existir na cidade, de muitas correntes do pensamento futebolístico que tentam induzir a ideia de que o Caxias somente frustrou sua torcida em 2010, o clube colheu, sim, bons resultados. Voges enumera-os: “Fomos campeões do Interior no Gauchão, fizemos uma

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Osvaldo Voges revela como driblar as dificuldades, espantar a frustração e seguir em frente

campanha muito boa. Fomos vicePara 2011, o Caxias terá o Gaucampeões do Gauchão Sub-20. Co- chão, a Série C e a Copa do Brasil. “Do locamos no mercado da Série A e da copeiro ao treinador, vamos manter Série B vários jogadores. Não subimos todos os profissionais”, promete Voges. ainda, mas tem gente aí que precisa en- Do elenco, é preciso dizer que alguxergar que o futebol não é mais ama- mas transações estão sendo negociador, é muito mais comdas diretamente pelo petitivo, e ficar na Série presidente. PrincipalC não é tão fácil assim. “Sei que nessa mente no que se refere Estamos trabalhana Everton (emprestahora tem muita do. A frustração já foi. do ao Bahia), Cristian O clube continua sua gente querendo Borja (emprestado ao vida”, prega, lembrando destruir o que Flamengo) e Edenilson mais uma vez todo o estamos fazendo, (destaque da tempoinvestimento na infrarada e cobra criada no mas o Caxias estrutura do Caxias. Ninho do Falcão GreO orçamento gre- hoje vive um ná). “Um deles eu prená para 2010 foi de R$ outro momento”, tendo negociar, porque 8 milhões. Olhando diz Voges queremos fazer caixa”, assim por cima, diviantecipa o dirigente. dindo essa quantia por Além disso, revela que mês, julga-se que seria possível con- para 2011 novos e promissores jogadotratar jogadores mais caros etc. No en- res devem ganhar mais espaço, como tanto, o gestor Voges explica que nem Pedro Henrique, destaque da categoria todo esse valor está disponível para o de base, que já vem conquistando seu futebol profissional. É preciso ponde- lugar na Copa Enio Costamilan. rar, segundo o presidente, uma fatia “Eu sou o que mais queria subir para considerável que vem sendo utilizada a B. Fico muito chateado com as crítipara o pagamento das dívidas contra- cas que o Caxias vem sofrendo, porque ídas por direções anteriores. “Neste tem gente querendo nos nivelar por ano, 30% da receita estava comprome- baixo. O Caxias pode não ter subido, tida com as dívidas. Para 2011, espera- mas começa a ser destaque na mídia. mos poder reduzir para 25%. Cada ano Nós sofremos como o Juventude porfica menor, mas essa é a herança que que a iniciativa privada não apoia. assumi. E não tem outro jeito. Tenho Louvamos quem nos incentiva, mas de pagar”, conforma-se. precisamos de mais apoio. A folha do Ainda sobre dinheiro e resultado em Criciúma é o dobro da nossa. A da campo, Voges lembra a cobrança que Chapecoense é menos. Mas as duas cisofreu mais uma vez por negociar jo- dades apoiam seus times. O apelo degadores antes da Série C. “Como vou les é maior do que o nosso”, constata. E segurar um cara que ganha R$ 8 mil finaliza: “Fico feliz porque nosso time aqui se oferecem para ele, num clube está em rota de subida”. Voges parece de Série A, R$ 35 mil? Um dia quem entender como driblar as dificuldades, sabe a gente consiga segurar, mas não espantar a frustração e seguir em frenhoje.” te, dosando paixão e amor ao clube. 2 a 8 de outubro 2010

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Guia de Esportes

guiadeesportes@ocaxiense.com.br

por José Eduardo Coutelle

FUTEBOL

Rodrigo Fatturi, Div./O Caxiense

l Caxias x Novo Hamburgo | Sábado, 15h30 | Embalada na competição, a equipe grená enfrenta o Novo Hamburgo. O time treinado por Julinho Camargo lidera a chave 2 da Copa Enio Costamilan com 14 pontos e já está classificado para a próxima fase, com três rodadas de antecipação. No último jogo, o Caxias venceu o Cerâmica por 2 a 0, com gols de Aloísio e Tiago Saletti. Agora, tem o desafio de vencer uma das melhores defesas do campeonato. Em sete partidas disputadas, o Novo Hamburgo sofreu apenas cinco gols – dois deles no empate contra o próprio Caxias na primeira fase. Estádio Centenário R$ 10 e R$ 5 (estudantes e pessoas acima de de 60 anos) | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano

O Caxias, de Edenilson, é lider na Copinha

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O Caxiense

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l Futebol Sete Série B | Sábado, a partir das 12h45 às 17h45 | Esta rodada já pode definir quem avança para a próxima fase e quem sai da disputa antecipadamente. Este pode ser o caso da Keko, que perdeu o seu último jogo e precisa da vitória para se reabilitar. Na primeira rodada, o time foi derrotado pela Tecbril por 6 a 4. Agora é a vez de enfrentar a Eaton, atual líder da chave. Já no grupo 16, a Romamar segue na dianteira da tabela. No primeiro jogo venceu o AP Demore por 3 a 1, e agora pega o Luna ALG. Sábado, 12h45: Keko x Eaton | 13h45: Sulbras x Neobus | 14h45: Luna ALG x Romamar | 15h45: Moferko x Tecbril | 16h45: Jost x Dambroz | 17h45: AP Demore x Suspensys Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Nossa Senhora de Fátima l Campeonato Municipal Infantil | Sábado, a partir das 14h | Sete equipes disputam o título da se-

gunda edição do campeonato. A bola começa a rolar logo após a abertura oficial, às 14h, no Campo Municipal 1. Os meninos do Grêmio Murialdo e Galópolis Ativa serão os primeiros a pisar no gramado. Sábado, 14h30: Grêmio Murialdo x Galópolis Ativa (Municipal 1), G.E. Conceição X Projeto CAE (Municipal 2) | 16h: CFA Caxias do Sul X E.C. Sagrada Família (Municipal 1) Campo Municipal 1 e 2 Entrada gratuita | Avenida Circular Pedro Mocelin, s/n°, Cinquentenário

FUTSAL l Campeonato Sesi Série B | Sábado, das 14h às 18h | Neste sábado ocorre o último jogo da 2ª fase. As equipes Romamar, Guerra e Eaton já estão classificadas, todas com 6 pontos. O grupo 8 é o único em que todos os times ainda disputam vagas. A equipe Moferko é a atual líder, com 4 pontos, e um empate contra a Intral já a credencia para a próxima fase. A Sumig está em segundo, e pode se classificar dependendo apenas das suas forças. Para isso, é imprescindível vencer a Soprano. Centro Esportivo do Sesi Entrada gratuita | Cyro de Lavra Pinto, s/nº, Fátima

BASQUETE l Campeonato Gaúcho Mirim Masculino | Sábado, 9h e 16h | Os meninos da UCS voltam às quadras neste sábado para dois jogos válidos pelo Campeonato Gaúcho. Primeiro enfrentam o Campo Bom, penúltimo lugar na tabela, e em seguida a Sogipa, que está na briga direta pela liderança. Sábado, 9h: UCS x Campo Bom (Clube Juvenil) | 16h: UCS x Sogipa (UCS) Clube Juvenil e UCS

Entrada gratuita | Marquês do Herval, 197, e Francisco Getúlio Vargas, 1.130 l Campeonato Gaúcho Sub-15 Masculino | Sábado, 11h, 14h, 20h e 21h | Apenas uma vitória separa os times do Juvenil e da UCS na tabela. Ocupando a 4ª colocação, o time da universidade tentará se impor sobre a Sogipa, que está uma colocação e 3 pontos à frente. O Juvenil inicia diante de uma pedreira: o Grêmio Náutico União, que venceu todas as suas 11 partidas. Sábado, 11h: Juvenil x União (Juvenil) | 14h: UCS x Sogipa (UCS) | 20h: Juvenil x Sogipa (Juvenil) | 21h: UCS x União (UCS) Clube Juvenil e UCS Entrada gratuita | Marquês do Herval, 197, e Francisco Getúlio Vargas, 1.130 l Campeonato Gaúcho Sub-17 Masculino | Sexta (8), 19h e 21h | O Juvenil não tem mais grandes pretensões no campeonato, mas uma vitória sobre o Sinodal serviria para tirar o time caxiense da lanterna. Em 10 jogos, o Sinodal perdeu todos. O Juvenil, em 8 partidas, venceu apenas uma: contra o próprio Sinodal. Logo em seguida, o time da casa enfrenta o União. Sexta, 19h: Juvenil x Sinodal | 21h: Juvenil x União Clube Juvenil Entrada gratuita | Marquês do Herval, 197

VÔLEI l Campeonato Estadual Feminino | Sábado, 10h | A UCS sedia mais uma etapa da competição. O time da casa disputa a chave C,com Grêmio Náutico União, Sogipa, Logemann e Colégio Sinodal. Ginásio Poliesportivo da UCS Entrada gratuita | Francisco Getúlio Vargas, 1.130

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Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Passada a campanha eleitoral, a Câmara de Vereadores retorna à normalidade. Na próxima semana, inicia a discussão a respeito de uma proposta que vai dar o que falar: a de proibição total do fumo em locais públicos. A proposta dos vereadores Vinicius Ribeiro (PDT) e Renato Nunes (PRB) mereceu um substitutivo de Elói Frizzo (PSB), mais conciliatório.

Julio Soares, Divulgação/O Caxiense

Presidente do Sindicato dos Médicos, Marlonei dos Santos, ao reconhecer que agora espera qualquer tipo de contraproposta da prefeitura à reivindicação salarial da categoria.

Aliás

A campanha eleitoral provocou estragos consideráveis no cotidiano do Legislativo caxiense. Com quatro vereadores na disputa por vaga na Assembleia (Vinicius Ribeiro e Marcos Daneluz) e na Câmara Federal (Mauro Pereira e Alceu Melo), as sessões ordinárias encolheram. Esta semana, por exemplo, duraram em torno de uma hora cada. Pouquíssimos projetos foram incluídos na Ordem do Dia pela Mesa Diretora.

Pecar por excesso

De olho

Do presidente da CIC, Milton Corlatti, ao justificar a realização da série de encontros com candidatos a cargos eletivos este ano, promovida pela entidade empresarial (contra o silêncio de outras entidades, como a comunitarista UAB):

Clauri Flores e Guiovane Maria (PT), Edi Carlos de Souza (PSB) e Pedro Incerti (PDT) são os grandes interessados locais no resultado da eleição para a Assembleia e Câmara Federal. Eles são os suplentes à espera de uma vaga, caso vereadores candidatos sejam eleitos.

Por conciliação

Do dia 30 (quinta-feira) passou para 5 de outubro (terça-feira) a audiência de conciliação, mediada pela juíza Maria Aline Brutomesso, entre o Sindicato dos Médicos e a administração municipal. Mas o entrave para um entendimento entre as partes permanece. Está claro que o governo Sartori não reconhece o presidente da entidade, Marlonei dos Santos, como interlocutor dos profissionais da saúde.

“Somos apartidários, mas não apolíticos. Preferimos pecar por fazer do que por omissão”, afirmou Corlatti segunda-feira (27), quando a CIC recebeu – com boa plateia – a visita do postulante petista ao governo do Estado, Tarso Genro.

Voto aberto

No encontro de Tarso com associados da CIC, segunda-feira (27), o ex-vice-presidente da Marcopolo (atualmente no Conselho de Administração) José Fernandes Martins saudou o

candidato como “nosso querido futuro governador Tarso Genro”. Foi uma espécie de abertura de voto ao candidato petista. Embora nem precisasse.

Otimismo eleitoral

Os números da economia caxiense, divulgados esta semana, não poderiam estar em fase mais positiva. Um crescimento de 13,5% no acumulado do ano. Um aumento de 5,1% somente em agosto. Esse cenário leva a um clima de André T. Susin/O Caxiense

Promoções na Brigada

Com a promoção a coronel, o tenente-coronel Luiz Roberto Bonato está apto a assumir o 5º Comando Regional da Serra. Para substituir Bonato no comando do 12º BPM, o major Leonel Bueno, promovido a tenente-coronel, deixa o comando do 36º BPM de Farroupilha. E o capitão Jorge Ribas, promovido a major, assume o subcomando do 12º.

Trabalho inútil

Quem sabe um bolo de glacê, com morango por cima?

Serviço irregular

Quantas pessoas foram atingidas pela cobrança equivocada de energia elétrica e quais as medidas tomadas para ressarcir os consumidores lesados? Essas explicações foram solicitadas à concessionária RGE pela Comissão de Direitos Humanos, Cidadania e Segurança da Câmara Municipal. O pedido de informações foi aprovada na sessão de terça-feira passada. A RGE deve explicar também os motivos do atraso na entrega das contas. Muitas delas têm chegado ao consumidor depois de vencido o prazo de pagamento.

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otimismo e explica determinadas posições governistas nas pesquisas sobre a preferência do eleitorado. Com dinheiro no bolso, o eleitor (mesmo que empresário) tende a votar no governo. A comprovar no resultado das urnas neste domingo.

De maio até o último dia 30 (quintafeira), 7.639 caxienses procuraram o Cartório Eleitoral para a reimpressão (segunda via) do título. Por decisão do Supremo Tribunal Federal (STF), na quinta-feira, a preocupação de garantir o documento para a eleição de domingo revelou-se desnecessária. O eleitor poderá votar com qualquer documento com foto.

Contrariedade

A bancada oposicionista da Câmara (os petistas Rodrigo Beltrão, Ana Corso e Denise Pessôa, o comunista Renato Oliveira e o franco atirador Daniel Guerra) não conseguiu emplacar o voto de contrariedade à realização de obras viárias na Avenida Rio Branco, contra a vontade de moradores do bairro São Pelegrino. Oito integrantes da situação impediram que frutificasse a proposta apresentada por Rodrigo Beltrão. O que não deveria evitar uma explicação mais razoável da prefeitura sobre o que, afinal, pretende fazer no entorno do futuro San Pelegrino Mall – de estreitamento de calçadas a cortes de árvores. Isso é, de fato, motivo para contrariedade.

Casa ampliada

O presidente Harty Moisés Paese pretende entregar ainda este ano as obras de ampliação do prédio da Câmara de Vereadores. Com quase 30 anos, a edificação precisou de adequações à nova realidade do município (que hoje tem o dobro da população de 1982, quando foi inaugurada). O novo espaço vai abrigar serviços recentes da Casa, como a TV Câmara e o Centro de Memória.

Marketing impuro

E vamos às urnas. Depois de uma campanha sem graça, marcada pela utilização desenfreada de esquemas do marketing político e pelo uso também desmedido da máquina pública. Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Meio termo

Na cola de Sartori O exemplo vem de Dilma. Nos últimos dias da campanha, o candidato Alceu Barbosa Velho (PDT) investiu na condição de vice-prefeito da cidade – e colou seu nome ao governo do município. Passou a distribuir “santinhos” em que afirma ter ajudado a fazer, entre outros, o Postão 24 Horas, o Viaduto Campo dos Bugres, a coleta de lixo mecanizada, o asfaltamento de 100 quilômetros de estrada do interior e o início da barragem do Marrecas – todas obras relevantes do governo municipal. Em contrapartida, o material de campanha de Maria Helena Sartori, também candidata a uma vaga na Assembleia Legislativa, a coloca ao lado do marido prefeito – bem cotado junto ao eleitor caxiense – com a chamada simples e direta: “Juntos podemos mais”.

2 a 8 de outubro de 2010

O Caxiense

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