Edição 45

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Histórias para acordar

Em grande número na Feira do Livro, crianças ensinam os adultos a ler |S9 |D10 |S11 |T12 |Q13 |Q14 |S15

André T. Susin/O Caxiense

Caxias do Sul, outubro de 2010 | Ano I, Edição 45 | R$ 2,50

QUEM

representa

caxias Um sindicalista poderoso, um médico compenetrado, um advogado tradicionalista, uma professora recatada e uma filósofa inquieta defenderão os interesses da cidade na Câmara dos Deputados e na Assembleia Legislativa

O preço da derrota: o desabafo e os planos dos líderes locais que fracassaram nas urnas | Renato

Henrichs: a rearticulação das siglas após as eleições | Roberto Hunoff: a expectativa para o Dia da Criança


Índice

www.OCAXIENSE.com.br

A Semana | 3

As notícias que foram destaque no site

Roberto Hunoff | 4

Parabéns ao O Caxiense pela melhor cobertura das eleições 2010, com rapidez e agilidade, nos trazendo informação a cada minuto! Kely Melo

Comércio tem previsões animadas para o Dia da Criança

O sindicalista | 5

Assis Melo promete manter em Brasília o discurso que o tornou conhecido nas greves de Caxias

O médico | 7

Pepe Vargas, mais preocupado com o trabalho do que com a própria saúde, continua em campanha

O advogado | 9

André T. Susin/O Caxiense

Alceu Barbosa Velho leva a bombacha e a autoconfiança para a Assembleia

A professora | 11

Maria Helena sai novamente dos bastidores para ser protagonista no Legislativo gaúcho

A filósofa | 14

Marisa Formolo aprofunda as questões que considera importantes na Assembleia

@joaodorlan @ocaxiense Disparado a maior cobertura das eleições em Caxias do Sul. Parabéns, continuem ousados e arrojados. Os leitores agradecem. #eleições2010 @duani_lima @ocaxiense o único jornal da Serra que informou com eficiência e agilidade a apuração das urnas. Parabéns! #eleições2010 @_Smk93_ @ocaxiense Parabéns novamente pela ótima cobertura, excelente! Nunca tinha visto disso, impecável! #eleições2010

Artes | 16

O presente de uma canção e a escadaria da fé

@acpricchetti @ocaxiense Muito obrigada! Parabéns pela excelente cobertura nas eleições! #eleições2010

Ler e multiplicar | 17

Na Feira do Livro, as melhores lições de incentivo à leitura são infanto juvenis @anahifros Sem exageros, incrível a cobertura das eleições do jornal @ocaxiense. Nem uma ou outra falha técnica desmerecem todo o esforço. Nota 10! #eleições2010

Guia de Cultura | 18

Som pesado em DVD e letras leves no papel

Guia da Feira do Livro | 19 Lançamento de uma história que não acontece e autógrafos de best-sellers

@Dj_Danuza Parabéns pro @ocaxiense pelo show de cobertura!!! Se bem que o dia já foi cheio de parabéns e elogios pra equipe toda =D #eleições2010

Lamento das urnas | 20

Políticos caxienses de expressão analisam a derrota e reavaliam o futuro

@Elviz_ @ocaxiense Parabéns pela excelente cobertura…Jornalismo profissional!!! #eleições2010

Dupla Ca-ju | 21

Quem sai, quem fica e quem negocia no Juventude e no Caxias @insightcxs parabéns ao @ocaxiense pela informação minuto a minuto da apuração dos votos. #eleições2010

Guia de Esportes | 22

A bola laranja é a estrela das quadras

Renato Henrichs | 23

O PT vai presidir a Câmara? Daniel Guerra sairá do PSDB? O reflexo local das eleições

Fotos: André T. Susin/O Caxiense | Kalil: Marcos Eifler, Agência AL, Divulgação/O Caxiense

@kulmann @ocaxiense como sempre, dando show de cobertura… continuem assim #eleições2010

Expediente

Redação: André Tiago Susin, Camila Cardoso Boff, Cíntia Hecher, Fabiano Provin, Felipe Boff (editor), José Eduardo Coutelle, Luciana Lain, Marcelo Aramis (editor assistente), Marcelo Mugnol, Paula Sperb (editora), Renato Henrichs, Roberto Hunoff, Robin Siteneski e Valquíria Vita Comercial: Pita Loss e Cláudia Pahl Circulação/Assinaturas: Tatyany Rodrigues de Oliveira Administrativo: Luiz Antônio Boff Impressão: Correio do Povo

@cristiansr Parabéns @ocaxiense excelente a cobertura das eleições, rapidez, agilidade e muita imparcialidade. Parabéns a toda a equipe. #eleições2010

Assine

Para assinar, acesse www.ocaxiense.com.br/assinaturas, ligue 3027-5538 (de segunda a sexta-feira, das 8h às 12h e das 13h30 às 18h) ou mande um e-mail para assine@ocaxiense.com.br. Trimestral: R$ 30 | Semestral: R$ 60 | Anual: 2x de R$ 60 ou 1x de R$ 120 Jornal O Caxiense Ltda. Rua Os 18 do Forte, 422, sala 1 | Lourdes | Caxias do Sul | 95020-471 Fone 3027-5538 | E-mail ocaxiense@ocaxiense.com.br www.ocaxiense.com.br

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O Caxiense

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Erramos | Na página 23 da última edição, o nome do vereador comunista – agora eleito deputado federal – Assis Melo foi grafado equivocadamente como “Alceu Melo”. O Alceu destas eleições é o Barbosa Velho, também eleito – só que para a Assembleia. Agradecemos | Mateus Boff, que não era candidato a nada, mas anda sempre bem alinhado.

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


editado por Paula Sperb

A Semana

SEGUNDA | 4 de outubro Procergs

Ocorrências, remédios e matrículas pela internet

O diretor-presidente da Companhia de Processamento de Dados do Rio Grande do Sul (Procergs), Ademir Milton Piccoli, destacou na reunião-almoço da CIC a criação de serviços de internet em sua gestão, como a Delegacia Online, a Matrícula Online e Remédio em Casa.

TERÇA | 5 de outubro Passeio virtual

Conheça a Caxias do Sul de 1910 Um passeio virtual pela Praça Dante Alighieri e arredores no ano de 1910, com o uso de tecnologia de realidade virtual está disponível no Museu Municipal (Rua Visconde de Pelotas, 586, Centro) desde o dia 5 de outubro, das 9h às 17h, e até o dia 30 deste mês.

paula.sperb@ocaxiense.com.br

Trânsito

Festival de Blues

Economia

Foram acionados na terça-feira semáforos com tempo fixo de 15 segundos para travessia de pedestres nos cruzamentos da Rua Moreira César com a Avenida Rossetti e da Rua Moreira César com a Rua Visconde de Pelotas.

O documentário Hey Blues!, sobre o Blues Fetsival de 2009, deve ser lançado no final deste mês pela Spaghetti Filmes. Foram mais de 15 horas condensadas em um filme de 40 minutos.

O Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste (Simplás) programou para o período de 16 a 19 de agosto do ano que vem a realização da terceira edição da Plastech – Feira de Tecnologias para Termoplásticos e Termofixos, Moldes e Equipamentos, em Caxias do Sul. A meta é de alcançar a marca de 400 expositores, representando 700 marcas, o que representa o dobro dos números da edição de 2009.

Semáforos para pedestres são instalados

QUARTA | 6 de outubro Zona Azul

Recomendação é guardar tickets

O Ministério Público de Caxias do Sul reconheceu que não é válida a prorrogação do contrato feito entre Município e a Rek Parking, empresa responsável pelo estacionamento pago na cidade, o Zona Azul. Até que haja a decisão final, o promotor Adrio Gelatti recomenda que os clientes do Zona Azul guardem os tíquetes que comprovam despesas com a Rek Parking, pois a empresa poderá ser obrigada a ressarci-los.

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Spaghetti lança documentário

QUINTA | 7 outubro Greve na Lupatech

Simecs pede reflexão sobre PPR

Reunidos em assembleia na manhã de quinta-feira (7), os trabalhadores da Steelinject e da Microinox, empresas do Grupo Lupatech, aceitaram a proposta da diretoria e encerraram a paralisação, após dois dias sem trabalhar. Mas o protesto poderá provocar outro tipo de reação: o sindicato patronal quer fazer uma reflexão sobre o pagamento de PPR aos empregados do setor. Os operários das empresas que paralisaram receberão R$ 250 de Plano de Participação dos Resultados (PPR).

Plastech terá o dobro de expositores

SEXTA | 1º de outubro Calendário de eventos

Atividades de final de ano são apresentadas Na sexta (8), no Café Literário, as Secretarias da Cultura, Turismo e Grupo de Trabalho Caxias 2010 lançaram a 5ª edição da revista com a programação para os meses de outubro, novembro e dezembro, durante a Feira do Livro.

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O Caxiense

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Roberto Hunoff roberto.hunoff@ocaxiense.com.br

Alimentação encarece

Alegria do comércio

Este final de semana deverá ser caracterizado por movimento adicional nas lojas e supermercados da cidade. Tudo por conta do Dia da Criança, uma das datas mais representativas do comércio. A CDL trabalha com

O custo da Cesta de Produtos Básicos aumentou 2,49% em setembro na comparação com agosto, chegando muito perto dos R$ 482. Em valores absolutos o índice representa R$ 11,99 adicionais. O dado consta de levantamento realizado pelo Instituto de Pesquisas Econômicas e Sociais da Universidade de Caxias do Sul. A alta foi puxada pela área de alimentos, com 3,03%, com destaque para derivados de farinha de trigo: pão caseiro, com variação de 29,10%; e pãezinhos, 10,63%. Também houve elevação na maçã, 29,37%; frango inteiro, 8,53%; e cerveja, 7,08%. A alface registrou a maior queda de preços, na ordem de 17,80%, seguido pelo feijão preto, com 9,82%. Já os produtos não alimentares aumentaram 0,44%. Destaque para o creme dental, que ficou 7,21% mais barato no período.

estimativa de crescimento de 7% a 10% e de gasto médio de R$ 70. O cenário desenhado pelo Sindilojas é bem mais otimista. Trabalha com índice de crescimento médio de 15%, havendo estabelecimentos apontando até 30%.

Data dos importados

Agas, 70% dos brinquedos comercializados nos supermercados do RS são importados. A projeção é que as vendas de produtos relacionados ao Dia das Crianças representarão, em média, 3% do faturamento total dos supermercados gaúchos em outubro. Itamar Aguari Palácio Piratini Divulgação/O Caxiense

Já os supermercados gaúchos esperam vendas até 8% maiores. O presidente da Associação Gaúcha de Supermercados, Antônio Cesa Longo, atribui a expectativa ao baixo preço dos brinquedos, em média de R$10, e à variedade de opções. Segundo a

Vagas para mulheres

Estão abertas até sexta-feira (15) as inscrições para o Programa Mulher Aprendiz, que objetiva a o treinamento e capacitação de mão de obra feminina para atuar em diversos serviços na construção civil. Podem participar mulheres com 18 anos ou mais, interessadas em qualificar-se profissionalmente na área. O curso terá início no dia 18 e se desenvolverá até o mês de novembro. Existem 120 vagas e as selecionadas receberão vale-transporte, recreacionista e lanche para os filhos (caso necessário). Ao término do curso serão contratadas 30 mulheres. As inscrições devem ser feitas na RPP Construtora - Rua Dom José Barea, 2000.

Acelerada

Reforçar a atuação em mercados locais já atendidos, como São Paulo, Brasília e Rio Grande do Sul, e no Exterior, é uma das metas da Qualytool Consulting Group para o ano que vem. Outra estratégia, a partir da incorporação de uma empresa, contempla o fortalecimento da imagem do

O consumo de aço no Estado deve crescer em torno de 54% neste ano, totalizando 1,7 milhão de toneladas. Deste volume, Caxias do Sul consumirá perto de 50%, estima o presidente da Associação do Aço do Rio Grande do Sul, José Antônio Fernandes Martins. A caxiense PCP Serviços de Corte em Aço, fornecedora do segmento, já apura alta de 59% no processamento de bobinas.

Pelo segundo ano consecutivo, a Faculdade Fátima foi premiada com o Selo de Instituição Socialmente Responsável, concedido pela Associação Brasileira de Mantenedoras do Ensino Superior. A distinção, válida por um ano, deu-se pela participação da instituição no Dia da Responsa-

Faltam vagas

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bilidade Social, comemorado em 25 de setembro. Nesta data, mais de 80 voluntários, entre estudantes, professores e funcionários da Faculdade Fátima, envolveram-se em atividades e prestação de serviços gratuitos à comunidade do bairro Aeroporto, num total de 1.237.

Duas em uma

A pizzaria Nella Pietra abriu sua operação no Iguatemi Caxias do Sul com novidades: estreou o sistema de rodízio e instalou uma brinquedoteca. Mas no espaço com capacidade parta

200 pessoas também oferecerá o atendimento a la carte. Anexo à pizzaria funcionará a restaurante La Vaca Del Sur, com cardápio montado a partir da tradicional cozinha de Buenos Aires.

Curtas Paula Fiori, Palácio Piratini, Div./O Caxiense

O Caxiense

grupo como instituto de pesquisa, o Research Center. A empresa caxiense, que completa sua primeira década neste ano, tem como meta elevar o faturamento em 80%. Além do Brasil, Angola e Cabo Verde, a companhia tem clientes em Moçambique, na Argentina e nos Estados Unidos.

Reconhecimento

Existe, atualmente, em Caxias do Sul, defasagem de 3,5 mil vagas em creches públicas para atender crianças de zero a seis anos. Foi o que revelou o frei Jaime Bettega, um dos coordenadores do projeto Mão Amiga. Ele esteve na reunião-jantar desta semana do Simplás pedindo que o empresariado reverta parte do Imposto de Renda, permitido em lei, para o projeto, que já atende 586 crianças em 14 escolas parceiras. Pela iniciativa o valor das mensalidades, inferior ao praticado pelo mercado, é dividido de forma igual entre os pais dos alunos e a entidade que mantém o projeto. O religioso lembrou que, futuramente, apoio para ações como esta passarão a ser regradas pela ISO 26.000, que trata da responsabilidade social das empresas.

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Expansão

A Microempa e a Faculdade Anglo-Americano realizam o curso de Marketing Estratégico para Micro e Pequenas Empresas. A ação, exclusiva para associados da entidade, ocorrerá de 13 de outubro a 11 de novembro, no auditório da Microempa, à noite. A Pit Comunicação e Marketing ampliou sua carteira de clientes com a incorporação da Agrimar. As ações serão estendidas para as 11 filiais da rede

espalhadas pelo Rio Grande do Sul. A Agrimar é líder no mercado agrícola gaúcho, atuando na comercialização de máquinas e implementos. Danos e assédio moral no âmbito trabalhista será o tema central da reunião-almoço de quarta-feira (13), da CIC de Caxias do Sul. O assunto será apresentado pelo advogado Mauro Abreu Cunha, especialista na área trabalhista.

Pesquisa

A Universidade de Caxias do Sul inaugurou, esta semana, o Laboratório de Caracterização de Materiais 2, espaço que complementará e ampliará as pesquisas acadêmicas e cooperações com o setor produtivo de Caxias e região na área da engenharia de superfícies. De acordo com o coordenador do Programa de Pós-Graduação em Materiais, Israel Jacob Rabim Baumvol, os alunos não precisarão mais se deslocar aos grandes centros para o desenvolvimento de pesquisas. Os equipamentos foram adquiridos com recursos provenientes do CNPq e de um convênio entre a UCS, CIC de Caxias e sindicatos patronais associados. O convênio possibilitará, no futuro, a implantação de infraestrutura física da seção UCS do Instituto Nacional de Engenharia de Superfícies.

Freada

As vendas nacionais do varejo de material de construção cresceram apenas 1,5% em setembro na comparação com igual mês do ano passado e ficaram estáveis em relação a agosto último. Os dados são da Associação Nacional dos Comerciantes de Material de Construção. No ano, o setor acumula alta de 10,6%% e, em 12 meses, de 9,5%. A expectativa é de retomada forte nos três meses finais do ano, principalmente pelo fim da isenção do IPI sobre produtos do setor a partir de 30 de dezembro. Os preços tendem a subir até 8,5%.

Transferência

A Keko Acessórios acelera o processo de transferência de sua nova unidade em Flores da Cunha. Até o fim do mês os 428 colaboradores terão conhecido a fábrica, em ação que visa integrar e familiarizar a equipe ao novo espaço. A mudança deve se iniciar na última semana de outubro, e a inauguração está programada para abril de 2011, coincidindo com o aniversário de 25 anos da empresa.

Energia cara

É cada vez maior o descontentamento de lideranças empresariais de Caxias do Sul com os valores de energia elétrica cobrados pela RGE, concessionária que atende as demandas na Região. Projeta-se que os custos sejam até 25% superiores aos das demais empresas, como AES Sul e CEEE. De acordo com Orlando Marin, presidente do Sindicato das Indústrias de Material Plástico do Nordeste (Simplás), o custo da energia, em muitos casos, supera o valor pago à mão de obra industrial. Uma das saídas, que deverá ser reforçada em 2011, é a compra de energia no mercado livre.

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47.141 votos

O IMPERADOR

OPERÁRIO

Temido por empresários, cercado de conselheiros e calculista nas estratégias, Assis Melo agora conquista Brasília

André T. Susin/O Caxiense

A

Assis: “Vou fazer a minha parte”

por MARCELO MUGNOL marcelo.mugnol@ocaxiense.com.br

cenado...”, acusa Getulio da Silva Fonseca da Silva, presidente do Sindicato das Indústrias Metalúrgicas, Mecânicas e de Material Elétrico de Caxias do Sul primeira sessão da Câmara de Vereadores após a (Simecs). eleição parecia um tedioso ensaio de uma peça de Getúlio se refere à greve promovida pelo Sindicato teatro. Em cena, atores em descompasso, acometidos dos Metalúrgicos, capitaneado por Assis Melo, que de uma ressaca pós-eleitoral. Mas, dos três membros paralisou a Randon em fevereiro deste ano. “Tudo da Casa que concorreram este ano, apenas Assis foi planejado, até a prisão do Assis. A gente disse pra Melo (PC do B), 48 anos, teve motivos para come- ele que sabia das suas intenções de ser candidato, morar. Os demais foram parabenizados pela tenta- mas que não precisava chegar àquele ponto. Porque tiva com tapinhas nas costas e dizeres como “vamos ia pegar mal para ele...”, lembra Getúlio. em frente, quem sabe na próxima”. Por vezes se tinha A greve da Randon foi motivada pela desconfiana impressão de que a mesma frase ressoava pelo au- ça do Sindicato dos Metalúrgicos quanto ao valor a ditório praticamente vazio. Não fosse pela presença ser pago a cada funcionário da empresa por conta de uma dezena de voluntários da Casa Lar Filipe, do Programa de Participação de Resultados (PPR). declarada de Utilidade Pública por um projeto da Assis achava o valor muito baixo (cerca de R$ 70) em vereadora Geni Peteffi (PMDB), e aprovado pelo si- comparação ao prêmio concedido por outras emprelêncio da unanimidade, no conhecido “quem cala, sas do grupo, como a Fras-le, Suspensys, Jost e Masconsente”, o plenário teria quórum ter (próximos a R$ 1 mil, segundo o ainda mais reduzido. sindicato). A cena da prisão ocorreu Mas na plateia havia gente interes- “Aquilo tudo no dia 12 de fevereiro, quando Assis sada em ouvir Assis Melo se pronun- foi encenado. Melo foi levado para a delegacia e a ciar. Numa das primeiras filas, um Brigada Militar entrou em conflito senhor de cabelo e bigode alvos como Tudo foi com os manifestantes. a neve acenava positivamente com a planejado, até a Como um boxeador da envergacabeça sempre que algum parlamen- prisão do Assis”, dura de Muhammad Ali, que mestar elogiava a expressiva votação de diz Getulio, clava vigor e técnica apurada, Assis Assis. O novo deputado federal, por se esquiva. “Se o episódio da Randon sua vez, permanecia em silêncio, ora presidente do me favoreceu? Acho que não. Muita debruçado sobre a mesa (se o nobre Simecs, sobre a gente me criticava perguntando por par merecia mais atenção, ou reve- greve da Randon que eu estava indo contra o Seu Raul rência sua), ora esparramado na caRandon, um homem que gera tanto deira (acaso tivesse menor interesse emprego na cidade. Me chamaram por quem o elogiava). Assis foi o último a ocupar a até de baderneiro. Mas naquele momento não havia tribuna antes da abertura das votações do dia. Agra- outra coisa a ser feita, foi necessário fazer daquele deceu a todos que se envolveram na campanha, os jeito. Só acho que houve um tratamento diferente da votos recebidos, reafirmou seu compromisso com a imprensa. Quando era pra falar do sindicato, sempre luta pelos direitos dos trabalhadores e se disse orgu- nos colocavam como baderneiros e a empresa como lhoso por repetir o feito de um nobre par do passado, vítima. As cartas que um certo jornal aí publicava só Nadir Rossetti, que também saiu da Câmara de Ve- tinha gente falando mal do sindicato. Mas aí quando readores para a Câmara dos Deputados. o Déo Gomes escreveu uma carta falando bem do Quando voltava para o seu lugar, Assis foi inter- sindicato, da nossa atuação, não publicaram. Aí não pelado pelo admirador grisalho. “Somos amigos da dá, né?”, reclama. luta do sindicato e trabalhamos juntos na Marcopolo. Vim aqui dar um abraço nele. Espero que ele A bagagem cultural de Assis não dialoga defenda o direito dos trabalhadores e dos aposenta- com o cineasta Serguei Eisenstein, o diretor teatral dos, e lute ainda por habitação, educação e reforma Vsevolod Emilevich Meierhold ou os poetas Nicoda previdência”, pedia Luis Valdo do Nascimento, 59 lai Asseivebv e Vladimir Maiakovski. Assis pode não anos. Luis deixou a Câmara logo após o pronuncia- ter lido Maiakovski. Mas o poeta escreveu O Poetamento de Assis. Não viu o fim do primeiro ato pós- Operário para gente como ele. A palavra do soldador eleição. Estava satisfeito com a melhor cena da noite, que virou líder sindical reverbera em versos como: que aplaudiu silenciosamente como se reverenciasse O quê? Versos? Pura bobagem! / Para trabalhar não a Júlio César, o imperador romano. tens coragem. Questiona com a mesma veemência um fura-greve e o patrão que jura não poder pagar Mesmo formado dentro do partido comu- o PPR naquele ano. Maiakovski rebate o quase ofennista e dedicado às causas dos trabalhadores, Assis sivo questionamento do operário, dizendo, sobre a tem perfil de imperador. É temido pelos fura-greve categoria dos poetas, que ninguém como nós / ponha e pelos empresários. Não dá um passo à frente sem tanto coração / no trabalho. / Eu sou uma fábrica. / E antes checar a estratégia definida para cada situação. se chaminés / me faltam / talvez / sem chaminés / seja Anda sempre cercado de assessores e conselheiros preciso / ainda mais coragem. que podem lhe ajudar a confirmar suas escolhas. “Tu é um homem corajoso, hein?”. Teria dito o Mas, no final das contas, é preciso personificar a prefeito José Ivo Sartori (PMDB) ao vereador Assis ação. É preciso dizer que sem Assis nada teria sido Melo quando soube da candidatura à Câmara dos possível. Há quem sustente que a Randon serviu Deputados. Sentado na sala de reuniões do Partido de escada para sua candidatura à Câmara dos De- Comunista do Brasil, de costas para uma parede que putados. O resultado nas urnas parece referendar ostenta retratos de dois líderes admirados pelos caa desconfiança da época. “Aquilo tudo foi tudo en- maradas, Lênin e Marx, Assis conta essa e outras his-

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André T. Susin/O Caxiense

Sindicato dos Metalúrgicos, Divulgação/O Caxiense

Capitaneando um sindicato com 14.550 membros, Assis lidera piquetes como o da Lupatech, na semana que passou tórias que o conduziram ao Congresso Nacional. Lá ocupará a tribuna com as honras de deputado. “Estarei lá para garantir o desenvolvimento do país com geração de emprego e renda, iniciado pelo governo Lula”, prega. “Vou ocupar a tribuna nem que seja para falar no Congresso vazio, mas vou fazer a minha parte”, promete, como se lembrasse do dia anterior, em que falou para meia dúzia de pessoas na Câmara de Vereadores. A cara amarrada, o olhar fulminante e os gritos de silenciar até o mais rebelde dos grevistas se contrapõem ao jeitão sem graça de um homem que tem dificuldades em aceitar elogios. A cada aperto de mão e palavras gentis de felicitações sobre a conquista eleitoral, Assis agradece e olha para o chão. “Opa, colocaram até carpete aqui...”, dizia, enquanto abria a porta da sala de reuniões do PC do B. Ruborizado, revela a timidez que não se imagina nele diante de uma assembleia de trabalhadores. “O Assis é outro quando está numa manifestação. Não tem conversa. Numa mesa de negociações é diferente, temos como dialogar, mas quando ele está em cima daquele caminhão, ninguém segura. É isso que me incomoda nele, porque o Assis não tem limite. Se precisar brigar com a Justiça ou com a polícia para defender o que ele acredita, ele vai brigar”, diz Getúlio, o presidente do Simecs. “Sabe, para mim ele continua sendo o Assis de sempre, o homem por quem eu me apaixonei num piquete de greve. Não mudou nada”, conta Auzilia Melo, 47 anos, esposa de Assis e operadora de injetora. “Ele é um homem muito ca-

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rinhoso”, ela deixa escapar, com um ciso reivindicar se quisesse melhores encanto que parece o mesmo desde condições de trabalho no chão de fáquando se conheceram em um protes- brica. Nos anos 80, se reivindicava até to na Bepo, em São Marcos, em 1989. por um boné. Porque não havia tantos Assis não para em casa. Logo cedo utensílios de segurança como hoje. E o está no Sindicato dos Metalúrgicos, boné servia para que o couro cabeludo participando de algudos soldadores não fosma paralisação, como se alvejado pelas faíscas a recente manifestação “O Assis é muito incandescentes. Assis na Lupatech, também aprendeu ainda que correto. Se tiver por causa do PPR, ou nem sempre sugerir socumprindo a agen- de votar com o luções o coloca numa da interna. À tarde governo porque situação mais conforvai para a Câmara de vai ser melhor tável. Vereadores. E à noite Na Robertshaw (atual para a só chega em casa por Invensys), Assis foi devolta das 23h, ou ainda comunidade, mitido, em 1986, após mais tarde. “Eu quase vota a favor”, propor solução para nunca via o meu pai diz Geni (PMDB) um impasse no noturno quando era criança. da empresa. Com a perMas nos finais de seda do emprego, acabou mana sempre passamos bastante tem- aceitando um novo desafio. Há quem po juntos. Na temporada do campeo- sustente que a escolha errada naquele nato citadino, sempre vou nos jogos do momento poderia ter sepultado a carHawai com ele”, lembra Uelton, o filho reira de Assis dentro do movimento mais velho, de 16 anos, que votou pela sindical. Com todos os papéis encaprimeira vez nesta eleição e ajudou a minhados para trabalhar na Eberle, o eleger o pai. Assis e Auzilia têm ainda sindicato lhe convocou para uma ouuma filha, Kauana, de 10. “Meu pai tra missão. “Me disseram: ‘Assis, querejoga de centroavante, mas desses que mos que tu entre na Marcopolo. A emficam lá parado, sabe”, sorri Uelton, di- presa está crescendo e precisamos ter zendo que a vocação de Assis é mesmo líderes lá dentro. Vai lá que eles estão a política. “A única coisa que o meu pai precisando de gente’”, recorda. Mesmo me cobra é o estudo. Penso em ser en- assim, Assis manteve o compromisso genheiro.” marcado com a Eberle e foi até lá. Na hora de assinar os papéis, porém, disse Assis Melo terminou o segundo que havia esquecido a carteira de tragrau aos 43 anos. Nasceu em Monte balho e não ficou com o emprego. Alegre dos Campos e veio em 1978 O resto da história está aí. Assis enpara Caxias a fim de mudar a história trou na Marcopolo, onde cresceu e torda família. Aos poucos conseguiu tra- nou-se um dos mais atuantes presidenzer a mãe para morar na cidade, mes- tes que o Sindicato dos Metalúrgicos, mo sobre um terreno invadido, agora entidade com 14.550 membros efetiregularizado. Aprendeu que era pre- vos, já teve. Tempos depois, a Eberle

fechou suas portas. Teria terminado ali, quem sabe, a trajetória de Assis como sindicalista. Mas quis o destino que ele viesse a trabalhar na Marcopolo e, com a liderança que forjou a partir dali, tornar-se anos depois, em 2008, o vereador eleito com o maior número de votos em Caxias do Sul: 8.399. Em 2010, Assis foi mais uma vez convocado a encarar um novo desafio. O PC do B precisava de um forte candidato para a Câmara dos Deputados. “Se dependesse de mim eu teria terminado meu mandato como vereador, porque tenho aprendido muito. Mas o partido queria ter mais representantes em Brasília”, revela. “O Assis vai fazer falta aqui na Câmara”, confidencia a vereadora Geni Peteffi (PMDB), que está na sexta legislatura. “O Assis é muito correto. Ele vota no que é melhor para a cidade. Se ele tiver de votar com o governo porque vai ser melhor para a comunidade, vota a favor”, observa Geni. O deputado tem pela vereadora uma reverência poucas vezes vista na Câmara. Antes da sessão da última terça-feira (5), Assis solicitou uma pequena audiência a sós com ela, que é líder do governo na Câmara. “Eu disse ao Assis que confio que ele vá ser o parlamentar mais atuante aqui da região”, entrega Geni. A vereadora peemedebista não votará em Dilma Rousseff (PT) para presidente, ainda que seu vice, Michel Temer, seja do PMDB. Ela vai de José Serra (PSDB), discorda da aliança nacional em que seu partido se meteu. Mas Assis poderá ajudar o PMDB de Geni e do prefeito Sartori a manter-se firme e forte no poder – nesse caso, a contragosto dos peemedebistas gaúchos.

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André T. Susin/O Caxiense

120.707 votos

Na Câmara Federal, o deputado petista agora reeleito preside a Comissão de Finanças e Tributação

SERIEDADE

COMO RECEITA

O

por JOSÉ EDUARDO COUTELLE jeduardo.coutelle@ocaxiense.com.br

clima ainda é de ressaca, depois de mais uma vitória na carreira do deputado federal reeleito Pepe Vargas (PT). Poucas pessoas se encontram trabalhando em seu diretório regional na manhã de quinta-feira (7). Pepe é uma delas. Retirado em seu gabinete, delega funções para a campanha presidencial que reinicia. Lâmpadas fluorescentes iluminam as paredes brancas. Sobre a mesa, uma porção de papéis e documentos estão ao lado do pequeno netbook que o deputado carrega para todo lado. O semblante sério é amenizado pelo traje casual: calça jeans, camisa azul claro e jaqueta e sapatos marrons. Apesar de estar bem alinhado, ele diz

que não é uma pessoa preocupada com aparências. “Não sou um cara vaidoso. Sou muito apegado às minhas roupas, não gosto de ficar indo em lojas fazer compras. Se tenho tempo livre, prefiro fazer outras coisas, como ler ou ver um filme.” Em casa, o médico Gilberto José Spier Vargas, especializado em homeopatia, também parece não sossegar. Na manhã de terça, enquanto a mulher, a vereadora Ana Corso (PT), estava descontraidamente sentada na sala repleta de quadros e imagens nas paredes, o assoalho de madeira do apartamento próximo ao Parque dos Macaquinhos vibrava. Eram os passos de Pepe, indo de um cômodo a outro. Estava nervoso. Seu celular tinha problemas para receber e fazer chamadas – dois dias

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Sem tempo para cuidar mais da própria saúde, o médico Pepe Vargas investe todo seu fôlego na política depois, aliviado por ter conseguido salvar seus contatos, ele se dedicava a aprender a usar um novo aparelho. A preocupação do parlamentar tinha justificativa. Não há tempo para descanso nem para sua equipe. O telefone é a ponte entre ele e os colegas de partido. Apesar de recém ter vencido a eleição, Pepe lembra que a disputa do principal cargo do Brasil ainda está em aberto. “Nossa meta agora é eleger a Dilma”, explica. Para isso, está totalmente focado, conciliando a divisão de seu tempo entre Brasília e Caxias do Sul e região. Ana conta que, normalmente, na terça-feira Pepe acorda às 4h30 e se desloca ao Aeroporto Salgado Filho, em Porto Alegre, para embarcar às 7h para Brasília. Na quinta-feira de noite, o processo é o inverso. Retorna para

completar a agenda na Serra e passar um tempo com a família – Pepe e Ana tem duas filhas: Isadora, 21 anos, que faz Nutrição e filiou-se recentemente ao PT, e Gabriela, 15 anos. Essa rotina é só uma pequena parte do itinerário que o deputado enfrenta semanalmente. No Distrito Federal, sua atividade começa cedo pela manhã, logo após sair do hotel em que fica hospedado. Na capital brasileira, Pepe já morou também em repúblicas de deputados, apartamentos que dividia com colegas. Hoje em dia, com a responsabilidade de presidir a Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, às 8h ele já se encontra no Congresso, onde fica, às vezes, até as 22h. “Eu sou um cara que trabalha muito. Não sou preguiçoso, não. E o pior é que tem

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liderança nata e eu me apaixonei por ele”, conta Ana. Em 1989, a paixão virou casamento, e os dois seguiram juntos na militância de esquerda. A carreira política começou a deslanchar com mandatos de vereador – mais tarde, viriam os de deputado estadual, prefeito de Caxias e deputado federal.

datos como prefeito, Pepe não era tido como uma pessoa divertida. “Ele nos recebia no gabinete, mas normalmente não acatava nossos pedidos. Nos oito anos de governo, acatou apenas uma emenda encaminhada pela Câmara. Sempre nos disse que seguia o seu plano de governo”, relata a vereadora Geni Peteffi (PMDB). Diferenças ideológicas à parte, Geni considera Pepe um indivíduo cordial e parceiro, que se transformou “menos raivoso” após se tornar prefeito.

Mário André Coelho de Souza, Divulgação/O Caxiense

Nos períodos em que Pepe Vargas não desempenhava funções públicas, dedicava-se com mais intensidade à Medicina. Em dois momentos, de 1994 a 1995 e de 2004 a 2006, dividiu um consultório com o amigo e colega Para Pepe, a seriedade sempre de partido Marco de Menezes. Quando foi um fator chave, tanto na área médiMarco ingressou na faculdade, Pepe já ca quanto na política, que ele fez questinha se formado. “Meu primeiro con- tão de evidenciar. Trabalho e seriedade tato com ele foi num trabalho voluntá- foi o slogan de sua campanha. O semrio que o movimento estudantil e os Di- blante fechado é um escudo amalgaretórios Acadêmicos fizeram no bairro mado por mais de 20 anos se expondo Santa Fé. Isso foi em 1987, quando eu a críticas na vida pública. Aos poucos, estava no segundo ano da faculdade.” depois de uma hora de entrevista, a Marco lembra ainda com carinho do imagem de homem rígido cede lugar à tempo em que estavam mais próxi- do pai amoroso, que disponibiliza quamos. Define Pepe como uma pessoa se todo o tempo vago para o convívio extremamente dedicada aos pacientes, com a família. E ele se permite falar das sagaz e brilhante na capacidade clíni- atividades preferidas nas horas de laca. Entretanto, a proximidade nunca zer: acompanhar os jogos do Campeoextrapolava o ambiente profissional. nato Brasileiro pela TV, assistir filmes e “Sempre falávamos em sair para tomar ler obras de todos os tipos. “Leio tudo: uma cerveja, mas nunca o fazíamos. livros históricos, científicos, romanNossa relação sempre foi balizada por ces.” A atividade física, que mantinha questões práticas, até na área política. para cuidar da saúde, acabou perdenSó na homeopatia que tínhamos uma do espaço na agenda. “Eu caminhava, conversa mais teórica.” mas começou a doer “Pepe é uma pessoa a articulação do meu exigente e não tem te- “Pepe é uma joelho direito porque mor de cobrar nada. tive uma lesão jogando pessoa exigente Ele não permite desfutebol 15 anos atrás. cuidos com o papel a e não tem Vou ter de fazer algucumprir, e é antes de temor de cobrar ma outra atividade que mais nada um sujei- nada. Ele não dê impacto. Eu to capaz de coordenar nado bem, pratiquei não permite diversas atividades e natação quando jovem. permitir que cada pes- descuidos com o O problema é consesoa atue de maneira in- papel a cumprir”, guir tempo”, lamenta. dependente”, descreve descreve Ansélio Enquanto não conAnsélio Brustolin, chesegue esse tempo para fe de gabinete do depunadar, usa todo seu fôtado, que começou a trabalhar com ele lego para fazer política. E nem sempre em 1996. Apesar disso, Brustolin diz tão sisudo. Com os olhos mareados, que o parlamentar é bem humorado e diz como espera ser lembrado no futugosta de descontrair na hora adequada. ro: um cara que lutou pela redução da Mas nos momentos em que teve de pobreza e da fome e por uma sociedalidar com a oposição, nos dois man- de mais justa.

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uma parcela da população que acha humanitários no continente africano. que a gente não faz nada.” Neste mesmo período, Pepe desenvolA própria oposição reconhece o via consciência política e trabalhava trabalho e a seriedade do parlamen- na campanha para o MBD vencer nas tar petista. Nos últimos quatro anos urnas a ditadura militar. A família o Pepe foi colega do deputado Ruy encorajava a ingressar em movimentos Pauletti, que não consociais. “Meu pai teve seguiu a reeleição e uma ligação com o moestá concluindo o seu “Sou um cara vimento sindical e fez mandato pelo PSDB. que trabalha parte da comissão de Pauletti diz que, ape- muito. O pior emancipação de Nova sar das divergências Petrópolis. Dentro de ideológico-partidárias, é que tem uma casa se falava bastansua meta sempre foi o parcela da te contra a ditadura. atuação em conjunto população que Eles nunca disseram a favor do Estado. “A acha que a gente para eu não participar. minha relação com o A preocupação maior Pepe sempre foi boa. não faz nada”, dos meus pais era com Nós tivemos algumas diz Pepe meus estudos.” divergências, como no Em 1979, ano em caso dos aposentados, que foi reconstituíprincipalmente, e no caso do aeropor- da a União Nacional dos Estudantes to. Eu queria o fim do fator previden- (UNE), Pepe entra na universidade ciário, ele queria a manutenção. Eu e se liga aos movimentos estudantis. queria que o aeroporto fosse em Ca- Sem nunca deixar os estudos de lado, xias, o Pepe tinha preferência que fosse nem permitir que os companheiros em Farroupilha. Mas, fora isso, sempre o fizessem. “Dentro do nosso grupo, trabalhamos juntos, principalmente na o militante do movimento estudantil bancada do Rio Grande do Sul. Nós não podia ser uma pessoa que faltava a somos amigos. Nunca usei a minha fi- aula. Se um companheiro começasse a gura para criticar a do Pepe nem ele fez ficar descuidado nós íamos para cima isso comigo”, conta. dele.” Poucos anos depois, em 1983, Pepe já se tornara o único estudante Pepe Vargas nasceu no alegre membro da Executiva do Partido dos ano de 1958, quando o Brasil festejava Trabalhadores (PT), onde circulava os feitos de Pelé e Garrincha na Suécia. por um grupo formado por professoFilho de Mauro Diniz Vargas e Car- res, funcionários públicos e represenmen Spier Vargas, é caçula de quatro tantes de movimentos sindicais. irmãos. Nasceu e viveu a infância em Com apenas 28 anos, candidatouNova Petrópolis, onde cursou a pré- se a deputado estadual, em 1986. “Fui escola. Em seguida sua família mu- porque o partido precisava de um candou-se para Caxias, e Pepe ingressou didato para representar a cidade e tamna Escola Emílio Meyer para cursar o bém puxar alguns votos. Assim como primeiro ano do primário, hoje ensino eu, vários companheiros realizaram fundamental. Entretanto, não abando- essa função. Eu me formei em 85, e em nou a cidade natal. “Íamos para Nova 86 já estava disputando.” A partir daí, Petrópolis visitar meus avós. Sempre o petista manteve a vida profissional passava alguns dias das minhas férias paralelamente com a política. “Ser mélá”, lembra. dico não tem nada de mítico. Sempre Foi na adolescência, com 15 anos, conciliei as duas atividades.” que Pepe precocemente decidiu sua No fim da década de 80, conheceu profissão. “Quando li o livro As águas Ana Corso. “Eu fazia o curso de Artes, e a selva, do escritor Albert Schweitzer, e ele, Medicina. Atuávamos juntos no resolvi ser médico.” A obra conta a saga movimento estudantil pelo grupo chado próprio autor, que em uma missão mado Renovação, antes da legalização luterana foi prestar serviços médicos e dos partidos políticos. Ele tinha uma

Pepe decidiu ser médico aos 15 anos e, ao entrar na faculdade, engajou-se na política: “Ser médico não tem nada de mítico. Sempre conciliei as duas atividades”

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Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


André T. Susin/O Caxiense

43.120 votos

O vice-prefeito sabia o que esperar desta eleição: “Confiava no meu taco, sabia que tinha estrutura boa por trás, mais os louros da administração”

GAÚCHO DE LENÇO

ENCARNADO A

por VALQUÍRIA VITA valquiria.vita@ocaxiense.com.br

lceu Barbosa Velho, 53 anos, parece ser o tipo de pessoa que você não vai querer ver irritado. Os olhos escuros ressaltados pelas marcantes sobrancelhas olham fixamente para quem fala com ele. Mesmo quando sorri, os olhos de Alceu não mudam. Às vezes, não ri de volta quando recebe um sorriso. Mas talvez seja assim só com jornalistas. Na manhã de terça-feira (5), Alceu gravaria um programa de 30 segundos na TV Caxias, em agradecimento aos eleitores que o consagraram deputado estadual dois dias antes. O semblante sério e rígido mudou totalmente quando ele saiu de seu escritório de advocacia, próximo à Praça Dante, e caminhou umas cinco quadras até o estúdio da TV. Sem exageros, Alceu cumprimentou quase todas as pessoas que passaram por ele. Todos queriam apertar a mão do novo deputado. “Parabéns”, lhe diz um senhor, enquanto Alceu acena com a mão e fala rapidamente com a mulher, Alexandra, ao telefone: “Sim, já sei o que dizer. ‘Aqui quem vos fala é tal’... sim, amor. Tchau”, diz, referindose ao texto, que já estava memorizado para ser dito na televisão. “Baita votação!”, fala outro homem que passa por ele na calçada. “Vamos juntos em mais essa empreitada”, responde Alceu, sorridente. “Parabéns”, grita outro passante. “Ah, oi, tudo bem? Obrigado”, diz Alceu, virando e confessando: “Não faço a menor ideia de quem seja esse”. No elevador até o estúdio, mais uma ligação, em um dos dois celulares que não paravam de tocar. “Semana que vem tu passa lá no meu escritório para me dar um abraço que agora estou na corrida”, diz para a senhora que lhe telefonou. Quando Alceu chega na sala da TV Caxias, a produtora que o recebe não deixa de reparar: “Achávamos que vinha a caráter”, diz, referindo-se à roupa tradicionalista que o político costuma vestir. “Ah, mas não deu”, responde ele,

de calça jeans, tênis Nike, camisa jeans e jaqueta azul marinho. “Já tem o texto na cabeça?”, pergunta ela, recebendo resposta afirmativa de Alceu, que senta em frente a um cenário simples, põe o microfone na lapela, coloca os dois celulares no modo vibra call e cruza as mãos. Por alguns minutos, enquanto a gravação é preparada, ele encara a câmera seriamente. Quando o cinegrafista, que o chama de “doutor Alceu”, dá o sinal de positivo, ele dispara o texto, que, de fato, estava decorado. “Aqui quem vos fala é Alceu Barbosa Velho...”, diz alto e firme, sem gaguejar, seguindo com um agradecimento ao eleitorado e prometendo fazer de tudo para trazer recursos para a região que o elegeu. Um discurso simples, objetivo e certeiro nos 30 segundos. Exatamente como a personalidade de Alceu. Um homem que vai direto ao ponto nas respostas, é perfeccionista, não tolera atrasos e se diz adepto da filosofia de que nada é suficientemente bom que não possa ser melhorado. O envolvimento de Alceu com o tradicionalismo está em suas próprias raízes. Nascido no campo, em 17 de agosto de 1957, em São José dos Ausentes, à época distrito de Bom Jesus, aos 10 anos ele já acordava cedo para tirar leite das vacas, capinar e plantar. Na pequena propriedade do pai, Felicíssimo, e da mãe, Eunira, a família sustentava-se do gado e da agricultura. Nos finais de semana, a diversão de Alceu era pegar um pneu velho, subir no topo de um morro e largá-lo, só para vê-lo rolando e quicando morro abaixo. Não faltou companhia para essa diversão. Alceu teve 22 irmãos, pois Felicíssimo casou-se três vezes. Alceu viveu e trabalhou no campo com a família até completar 16 anos, quando cursou o ginásio em Bom Jesus. Em 1977, época do grande êxodo rural, Alceu passou no vestibular para Direito na UCS. A escolha, segundo ele, nunca lhe causou dúvidas.

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Rejeitado pelo PT, Alceu Barbosa Velho jurou vingança. Conquistou-a ao lado do PMDB, e agora saboreia uma vitória pessoal

“Ser advogado era o sonho da minha querido”, diz Marina ao saber da resvida.” Em Caxias, morou com um ir- posta do pai. A relação entre Alceu e os mão, dono de uma padaria. “Ele me dois filhos é muito próxima, e, mesmo dava cama, mesa e roupa lavada e eu com o divórcio, eles se veem quase diatrabalhava de padeiro.” Alceu fazia pão riamente. “Houve uma separação apeda meia noite às 6h, e durante o dia ia nas entre duas pessoas. Mas me dou para a faculdade. “Depois comecei a bem com a minha ex-mulher. Não tem vender doces da padaria em lancherias. nenhuma mágoa. Um relacionamento Foi assim que eu conheci Caxias. Era o não dar certo é a coisa mais comum, e que tinha. Eu não gostava. Se gostasse, eu, como advogado, sei quantas sepatinha ficado lá. Trabalhava porque era rações fiz”, explica. obrigado”, diz Alceu sobre o emprego O escritório de advocacia de Alceu que ocupou por três anos, até passar demonstra o apego aos filhos. Há muino concurso do Banrisul. “Aí começou tos fotos com eles, e os porta-retratos a melhorar a minha vida. Tive sucesso só dividem espaço com fotografias ao na carreira”, conta. Foi somente no fi- lado da atual mulher, Alexandra Balnal de 1986 que Alceu saiu do banco e disserotto, com imagens de compepassou a viver da advocacia, profissão tições de laço de que ele participou e que, além de prazer, lhe trouxe gene- com uma faixa onde se lê Inter Camrosos rendimentos. “No primeiro ano peão da Copa Libertadores. de advocacia eu já gaO principal valor que nhava o dobro do que ele diz passar aos filhos ganhava no banco”, re- “O cara chega é o respeito, tanto que lembra. os dois o chamam de assim: ‘eu não O que o fascinou no matei’. A polícia “senhor”. “Já viu coisa Direito foi o processo mais bonita que isso? E penal. Para Alceu, um diz que matou, eu toda vez que vejo a advogado nem sem- a Justiça diz que minha mãe digo ‘bênpre depende daquilo matou. Tenho que ção, minha mãe’, e ela que pensa, mas sim da ajudar a reparar responde ‘bênção, meu “verdade das pessoas”. filho’”, conta Alceu, “O cara chega assim: essa acusação”, que é a favor de uma ‘eu não matei’. A polí- diz Alceu chinelada nos filhos se cia diz que ele matou, necessário. “Não vou a Justiça diz que ele definir ele como uma matou, mas ele te diz que não matou. pessoa antiga, mas como alguém que Então alguém tem que representar dá valor aos valores”, diz Marina. ele. Eu tenho que ajudar a reparar essa A filha garante que, se durante a seacusação que estão fazendo contra ele”, mana Alceu parece ser muito sério, nos explica Alceu, conhecido por ter de- momentos de lazer é muito descontraífendido causas polêmicas. do: “Ele está sempre fazendo piadinha”. A jovem o considera perfeccionista, Alceu foi casado pela primeira mas “não a ponto de ser chato”. E Alvez por 22 anos e teve os dois filhos, ceu tem uma boa explicação para isso: Marina, hoje com 17 anos, e Eduardo, “Trabalhar em banco me trouxe rotina, 14 anos. Os dois moram com a mãe. e no banco não pode dar saldo R$ 0,1. “E eu religiosamente pago a pensão”, Tem que fechar o caixa, tem que ser diz, mesmo sem ser questionado sobre tudo certinho. Não admito pagar uma isso, demonstrando uma preocupação conta com um dia de atraso, não gosto de advogado. que quem me deve pague atrasado. E O dia mais feliz de sua vida foi quan- isso me dá ansiedade, porque às vezes do a primeira filha nasceu. “Ah, que as pessoas não são assim. E na admi9 a 15 de outubro de 2010

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apenas coloquei no meu folder realizações da administração, que é a minha administração”, rebate, dando ênfase às palavras “meu” e “minha”. “Eu fiz a minha campanha ‘solteirito’”, continua. “Alceu e Maria Helena (mulher do prefeito, também eleita deputada estadual) colheram, sem falsa modéstia, da participação da administração como um todo, não só do prefeito”, diz José Ivo Sartori.

No início deste ano, Alceu foi indicado pelo diretório municipal do PDT para concorrer a deputado estadual, enquanto o vereador e ex-secretário Vinicius Ribeiro teve de buscar esse Eunira Barbosa Velho é uma direito no diretório estadual. Começou senhora de 78 anos. Baixinha, de caaí um embate entre os dois, que teriam belos brancos e óculos, tem as mesmas que dividir votos. “Eu marcas de expressão tinha certeza que me nas bochechas que Alelegia, mesmo depois “Fui rejeitado ceu tem. “Ele é calmísde o Vinicius ter saído pelo PT e não me simo, um contador de candidato, da rebeldia conformei. Entre piada”, diz ela, que mudo partido. Eu confiava dou-se de São José dos no meu taco, sabia que aspas, eu jurei Ausentes para Caxias tinha estrutura boa por de morte o PT. há 18 anos e hoje mora trás, o meu partido me Disse: ‘agora em um apartamento, apoiou, mais os louros vocês vão me em um bairro tranquida administração”, diz lo, onde é visitada por Alceu, sem modéstia. pagar’”, lembra Alceu pelo menos uma Passada a vitória dele, o pedetista vez por semana. a única manifestação O gosto pela política de Vinicius sobre o surgiu nele, segundo a adversário é a seguinte: “Cada compa- mãe, na primeira vez que votou, quannheiro tem seu valor e sua história e ele do trabalhou como mesário. “E meu precisa ser respeitado como qualquer velho (Felicíssimo, que morreu quando outro colega de partido”. Alceu, que o filho tinha pouco mais de 20 anos) foi teve 43 mil votos, acha que se Vinicius subprefeito de São José dos Ausentes”, não tivesse concorrido ele teria ficado lembra. E a política segue na família. com pelo menos 20 mil dos 29 mil fei- Um dos irmãos de Alceu, Assis Tatos pelo vereador. deu Barbosa Velho, é vereador de São Outro colega de legenda, Gustavo Francisco de Paula, e o sobrinho Jaison Toigo – que também queria ser candi- Barbosa é secretário de Turismo de dato a deputado estadual – , comenta Caxias. sobre a especulação de que Alceu quer Todos os parentes se envolveram na se candidatar a prefeito nas próximas campanha para deputado. No domineleições, em 2012. “É natural que se go (3), a família se reuniu na casa de cogitem nomes. O partido discute in- Eunira para acompanhar a apuração ternamente, vejo que ninguém é candi- dos votos. “Nossa campanha foi frandato de si mesmo. Haverá negociações ciscana perto das outras. A gente usava para que se escolha o melhor candida- o mesmo adesivo de lapela dois dias to. Temos nomes fortes dentro do PDT, para economizar. Foi com essa campae o Alceu se encaixa dentro deles”, diz nha que eu vi que é possível eleger uma Toigo. pessoa com base no valor e não no diAlceu demonstra certa irritação ao nheiro”, conta a mulher, Alexandra, ser questionado se a imagem de Sarto- que foi motorista, fotógrafa e assessora ri o beneficiou na campanha. “Nunca de imprensa do marido. “O Alceu tem tive nenhum santinho, nem um pro- orgulho. Nunca gostou de pedir as coigrama eleitoral junto com Sartori. Eu sas”, acrescenta Eunira.

Alexandra e Alceu estão juntos há quatro anos, mas oficializaram a união no ano passado. Conheceram-se quando ela era assessora de imprensa na prefeitura e ele, vice-prefeito. “Admiro o caráter dele. A forma limpa como ele é. Sempre a mesma pessoa”, afirma a esposa. O descanso depois da campanha foi na chácara do casal, em Muitos Capões. Uma espécie de refúgio para Alceu, que troca o chimarrão da cidade pelo camargo de manhã cedo, anda a cavalo e faz a lida dos gados. “Lá acordamos cedo para tirar leite da vaca. Eu não sei fazer isso, daí meu pai faz para mim. Mas meu irmão já sabe. Cada um faz o seu ‘expresso’ na hora”, conta Marina. Até a comida preferida de Alceu, revelada pela mãe, é “bem de sítio mesmo”: arroz, feijão, carne de panela e moranga caramelada. Durante os finais de semana, geralmente acompanhado da esposa e dos filhos, Alceu participa de rodeios e cavalgadas. “Via de regra, é laço”, diz ele, que promoveu o polêmico corte de mais de 600 árvores, em 2008, para a construção da Cancha de Rodeios dos Pavilhões da Festa da Uva – o que, mesmo amparado pela legislação, foi considerado por muitos uma agressão ambiental. A forte ligação com o tradicionalismo, reconhece Alceu, foi um impulso para que ele conseguisse se eleger. “Fiquei feliz quando vi que tinha sete votos no Alegrete e nunca passei por lá, tenho certeza que isso foi dessa relação com o tradicionalismo. Todos os outros candidatos tinham só um partido. Eu tinha dois. O PDT e o partido da bombacha”, afirma, orgulhoso. “O Alceu não entrou no tradicionalismo depois da política, essa é a diferença dele. Ele é gaúcho nato e faz essa ligação entre o movimento e o poder público”, ressalta o coordenador da 25ª Região Tradicionalista, Jó Arse. No lombo do cavalo, atrás da mesa do escritório de advocacia, ao lado de Sartori ou na Assembleia Legislativa, a mãe, Eunira, aposta que mesmo com as mudanças que o aguardam ele continuará sendo a mesma pessoa. “Só o Alceu.”

Com a mulher, Alexandra; laçando no rodeio, uma de suas atividades de lazer favoritas; com os filhos, Eduardo e Marina

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Cláudia Macagnan, Divulgação/O Caxiense

Luiz Chaves, Divulgação/O Caxiense

Foi na presidência da subseção caxiense da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) que Alceu começou a sentir que a política lhe interessava. “Achei que se fosse vereador poderia contribuir mais”, recorda Alceu, que foi vereador de Caxias por dois mandatos, em 1996 e 2000, pelo Partido Democrático Trabalhista (PDT). Como todo pedetista, Alceu vê no falecido Leonel Brizola um modelo de inspiração, principalmente pela defesa da educação. “Foi só depois que eu me formei que minha vida se transformou.” No primeiro mandato, Alceu foi líder de governo de Pepe Vargas (PT). Quando o petista ia se reeleger, em 2000, sua esperança era ser convidado para ser vice, o que não se concretizou e, ao que parece, deixou uma mágoa profunda em Alceu. “Eu fui rejeitado pelo PT e não me conformei. Eles disseram o seguinte: ‘se nós podemos ganhar sozinhos, por que vamos levar vocês junto?’ Quando ouvi isso, entre aspas, eu jurei de morte o PT. Disse: ‘agora vocês vão me pagar’”, revela, batendo a mão na mesa do escritório. O chefe de gabinete de Pepe Vargas de 1999 a 2004, Ansélio Brustolin, explica que houve um esforço para que a composição PT e PDT saísse, mas um setor do PT recusou a ideia de ter um pedetista como vice-prefeito. “O nome mais cogitado na época era o de Alceu. Perdemos a aliança histórica com o PDT, que era importante para a esquerda. Prejuízo que se estende até os dias de hoje”, analisa Brustolin. Alceu diz que mesmo assim manteve a amizade com Pepe. “Essa bronca é política, nada no campo pessoal. Ele mesmo ainda fala de quanto ‘fio desencapado’ eu peguei. E é verdade. Eu fazia um trabalho mais de advogado do plenário do que de político, porque era uma cagada atrás da outra”, relata o pedetista. Em 2004, não com o PT, mas com o PMDB, Alceu entrou na chapa que concorria à prefeitura de Caxias, como

vice de José Ivo Sartori. E saíram vitoriosos. Por duas vezes. “Combinamos: um meio italianão e um meio gauchão. O Alceu sabe ser leal e fiel. Ele é ‘campanheiro’. Sabe fazer campanha. É ligeiro, tem formação e estrutura”, elogia Sartori.

Zatti Digital, Divulgação/O Caxiense

nistração sofro mais ainda. Detesto não cumprir horário. Quem trabalha comigo chega no horário e sai no horário”.


André T. Susin/O Caxiense

38.958 votos

No PMDB Mulher, que ajudou a fundar, Maria Helena cobrava a participação feminina na política. Coerentemente, teve de aceitar o desafio de se candidatar

POLÍTICA DO RECATO

P

por CÍNTIA HECHER cintia.hecher@ocaxiense.com.br

restes a completar 58 anos, a primeiradama de Caxias do Sul, Maria Helena Sartori (PMDB), contempla o passado com olhos cuidadosos de quem trabalhou por suas conquistas. No próximo ano ela assume uma cadeira na Assembleia Legislativa pela segunda vez, já que legislou de 2003 a 2006, mas por conta de sua suplência ao cargo. “Não há diferença porque eu trabalhei o período todo, assumi logo no começo do mandato. Mas é importante saber desde já, a sensação é boa”, sorri Maria Helena, para em seguida receber parabéns da senhora que lhe serviu uma xícara de café. O cenário é seu gabinete, uma sala destinada à primeira-dama na outra extremidade do gabinete do prefeito. Nela, tudo condiz com a imagem que Maria Helena passa: organização e discrição. Na mesa, poucos papéis (“assuntos a serem resolvidos”). O que mais se destaca é uma pequena pirâmide de um dourado antigo, com pedras vermelhas e azuis, extremamente delicada. Sorridente e simpática, a deputada eleita pelo PMDB com 38,9 mil votos – 30,5 mil só em Caxias – se define como tímida. Diz que não tem o perfil clássico do político, aquele expansivo e de fácil comunicação. “Admiro quem é assim com todo mundo”, gesticula, com as mãos para o alto. Nesta campanha, revela que tentou mudar bastante, se abrir mais. “Porque eu sou retraída me veem de forma mais afastada, mas de-

pois que me conhecem descobrem que a convivência é muito fácil.” Mauro Pereira, companheiro de campanha que concorreu a deputado federal (não se elegeu), diz que Maria Helena é muito séria, fiel e de poucas palavras. “Ela não chega, fala e brinca. Inclusive na hora que poderia, ela não brinca”, observa. Ele deduz que esse jeito de ser mais discreto advenha do que ela representa sendo primeira-dama. “A própria circunstância passa essa imagem.” A timidez de Maria Helena, porém, passa longe quando ela está na sua praia. Quando domina o assunto, sente-se tranquila e fala o que for necessário. Ela brinca que é o tipo de pessoa que chega atrasada e vai quase se escondendo para seu lugar. Já ouviu reclamação do marido por nem cumprimentar, mas, ela esclarece, foi por necessidade de chegar logo ao seu destino, não por falta de educação.

José Ivo Sartori, que empresta o sobrenome à mulher (de solteira, Migot), foi seu colega na Universidade de Caxias do Sul no curso de Filosofia. Maria Helena recorda a primeira conversa deles, durante a chamada em sala de aula. “Presente!”, ela se identificou, e ao saber seu nome o futuro marido jogou-lhe uma provocaçãozinha. “Ele disse: ‘toda mulher é Maria’. E eu respondi: ‘ou toda Maria que é mulher’. Bem discussão filosófica”, ri Maria Helena. Na universidade, eles foram companheiros nos estudos e no movimento estudantil. Quando Maria Helena en-

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Tímida, Maria Helena Sartori construiu a maior parte de sua trajetória política nos bastidores. Mas está pronta para, a seu modo, desempenhar o papel de protagonista

trou na faculdade, Sartori era presi- das eleições. A primeira das coincidente do Diretório Central dos Estu- dências foi exatamente no ano do casadantes (DCE). Ela passou a fazer parte mento. “Foi em véspera da convenção da diretoria da entidade estudantil. que definiria os candidatos a vereador. “Nada de nepotismo”, diz o marido, O casamento foi dia 9 de julho de 1976. com o habitual bom humor. Não teve nem lua de mel”, conta o maA época era outra, a rido, que naquele ano repressão corria solta se elegeu para o Legispelas ruelas da ditadu- “Porque eu lativo caxiense. ra militar. Maria He- sou retraída Em 1982 chegou o lena lembrou de um primeiro filho, Marme veem de show de Chico Buarcos. Maria Helena coque, trazido para Ca- forma mais ordenava o comitê da xias pelo DCE. Sartori afastada, mas campanha de Sartori teve que levar letras das depois descobrem para deputado estadumúsicas do cantor para O trabalho de parto que a convivência al. o quartel, e lá os milidurou 18 horas, conta tares decidiriam quais é muito fácil”, Sartori. A segunda ficanções poderiam ou diz Maria Helena lha, Carolina, nasceu não ser executadas na em véspera de eleições. apresentação. Era um “No dia 2 de outubro, circuito universitário do qual a ci- que em ano eleitoral é sempre data de dade fazia parte, e nele Chico cantou expectativa”, assinala a mãe. Depois de pela primeira vez sua canção-símbolo Marcos e Carolina, resolveu “parar a contrária à ditadura, Cálice, que ainda fábrica”, como gosta de dizer o marido. nem havia sido gravada. Para Maria Helena, uma fotograDo movimento estudantil Maria He- fia de Marcos quando tinha dois anos lena passou à política partidária. A fi- é extremamente simbólica. Sartori liação ao PMDB – então apenas MDB chegou em casa com uma camiseta – foi em 1974 (“ou 1975, por aí”), e o estampada com a frase “quero votar envolvimento foi como uma bola de para presidente” e vestiu-a no pequeneve. Ajudou a fundar o movimento nino. Marcos foi colocado em cima de PMDB Mulher, lecionou e participou uma mesa e, na hora da foto, estendeu do Cpers, comandando diversas greves a mão à frente. Para a mãe, aquela exdo magistério. Não me conceda des- pressão bonita do filho representa o cansar, era seu pensamento na época. início da luta pelas eleições diretas e as Maria Helena também fazia parte conquistas advindas. “Quando Marcos da coordenação das campanhas do teve idade para votar pela primeira vez, marido. Tanto que a vida familiar se já era para presidente.” confunde com a política e os fatos são marcados por datas dos calendários Todas as datas importantes fo9 a 15 de outubro de 2010

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Antonio Lorenzett, Divulgação/O Caxiense

Antonio Lorenzett, Divulgação/O Caxiense

Acervo Pessoal, Reprodução/O Caxiense

Maria Helena com Sartori e os filhos; o pai, Pedro, vive na mesma casa da primeira-dama; a família unida celebra a vitória mais recente ram marcadas pelas conquistas de Sartori na política, até que chegou a vez de Maria Helena se aventurar pelas urnas. Aconteceu em 2002, ao candidatar-se a deputada estadual pela primeira vez. O trabalho com o PMDB Mulher foi o que a levou a entrar na disputa. Tanto estimulava e pregava que o lugar da mulher é na política, fazendo acontecer, que não pôde negar quando foi instigada a, então, fazer o que tanto falava às outras. Segundo ela, foi “meio na pressão”, entre questionamentos próprios e incentivos alheios. A eleição de 2002 marca mais uma data em que a família e a política se confundem: foi a do primeiro voto da filha, duplo motivo de comemoração das mulheres da casa. Essa talvez tenha sido a época mais difícil para Maria Helena, por se ausentar seguidamente para cumprir a agenda na Assembleia Legislativa, em Porto Alegre. No mesmo período, Sartori vivia em viagem para Brasília para desempenhar suas funções de deputado federal. Então, os filhos, que sempre se viram entre campanhas eleitorais e pais politizados, sentiram na pele a ausência de ambos. A tradição familiar de saírem para jantar no mínimo a cada mês ou mês e meio foi ajustada à situação. Os filhos desciam a Serra, o pai chegava à Capital e Maria Helena os encontrava. O convívio da família, porém, nunca ficou restrito aos jantares mensais. Maria Helena mantém contato

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diário com os filhos. Ela explica que almoço de colônia, um evento a comisso não significa controle, mas preo- parecer, afinal, são prefeito e primeiracupação com o bem-estar. “Sou uma dama da cidade. mãezona até hoje, com os filhos granJuntos há 34 anos, José Ivo e Maria des.” Carolina diz que a mãe sempre Helena combinam personalidades diquer saber o que está acontecendo na ferentes, às vezes opostas. Ela, delicada vida deles. “Com certeza, ano que vem e tímida. Ele, extrovertido e brincaela vai ligar todos os lhão. Para o prefeito, os dias, ou eu vou para grandes predicados de Porto Alegre”, adianta “Ela tem sua mulher são a paa jovem de 23 anos, essas virtudes ciência e a tolerância. já acostumada com as exponenciais de “Dizem que sou difícil investidas telefônicas de conviver, sou muito mãe de família, da mãe. exigente e briguento. Maria Helena ri ao não guarda raiva Ela tem essas virtudes contar o episódio re- e rancor. E é um exponenciais de mãe de cente em que ligou pouco teimosa”, família, não guarda raipara o filho e ele não va e rancor.” descreve o atendeu o celular. DeSartori enche Maria pois de uma manhã de marido Sartori Helena de elogios: intentativas, ela estava teligente, preparada, pedindo à filha que a convicta do seu papel levasse ao apartamento do irmão. Sem e engajada na luta feminina. “E é um chave, a solução seria arrombar a por- pouco teimosa”, acrescenta, para conta. Até que Marcos retornou as ligações trabalançar. e explicou que esquecera o telefone em De grande importância na carreira casa. “Perguntam se eu vou superar política do marido, Maria Helena diz essa fase. A resposta é não”, diverte-se. que sempre foi muito participativa e Horas reservadas para o lazer são presente em discussões sobre questões escassas. Maria Helena tenta puxar políticas, tangentes a campanhas ou pela memória algo que goste de fazer rumos a serem tomados. Segundo Sarnos momentos de folga e não consegue tori, ela “sempre deu amparo”. se recordar. “Uma jantinha em casa, A relação com os filhos também recomidinha diferente, bem de vez em flete esse companheirismo. “É a mequando. Não tenho tempo para ter um lhor mãe do mundo”, resume Marcos. hobby.” O final de semana, descanso Quase sempre as pessoas acham ele sagrado para alguns, é sempre agita- mais parecido com o pai, mas o filho se do na família Sartori. Sempre há um vê também na mãe, em características

como ser “bem família”. Para Carolina, Maria Helena é uma boa ouvinte. “Conversa tranquila, sempre disposta a ouvir, mesmo que não concorde com a ideia.” Fora do lar, no terreno nem sempre amistoso da política, Maria Helena não identifica adversários. Não por receio, mas por sempre manter boas relações com todos, afirma. “Quando legislei e fui a primeira mulher líder do governo, mantive bom relacionamento com a bancada do PT. Tive sorte, pois o líder (do PT) era o deputado Flávio Koutzii, com quem sempre mantive diálogo bom, de alto nível. Tinha um histórico muito grande de luta pela democracia.” Cita também Raul Pont, ressaltando que as discussões que teve com ele sempre foram no âmbito político e ideológico. “Essas a gente supera.” Hoje, Maria Helena dedica suas tardes às funções de primeira-dama, envolvida em questões da administração municipal. Acompanha projetos, vai a inaugurações, participa de reuniões. Enquanto não assume a vaga de deputada, passa as manhãs em casa – o pai, Pedro, 92 anos, vive no andar de baixo da mesmo moradia. A sala de estar de Maria Helena reflete a do gabinete na organização, na serenidade dos móveis e na combinação das cores, que recentemente ganharam novos tons: o das orquídeas e violetas recebidas em comemoração à vitória nas eleições.

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Caxias do Sul, 9 a 15 de outubro de 2010

Ve铆culos

Im贸veis


43.860 votos

FILOSOFIA

NO PODER

Marisa Formolo orgulha-se de feitos pioneiros, mas refuta a valorização da diferença de gêneros na política

André T. Susin/O Caxiense

T

Curiosa desde pequena, Marisa faz da leitura um hábito

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por CAMILA BOFF camila.boff@ocaxiense.com.br

faculdade, escolhi Filosofia porque eu trouxe da minha infância um conjunto de perguntas que pensei que a Filosofia ia me responder. No fim, respondeu só algumas e ainda me deixou muito mais curiosa”, reflete.

rês dias após ser reeleita deputada estadual, Marisa Formolo (PT) recebia os cumprimentos de ascensoristas, serventes e assessores nos corredores da Assembleia Legislativa. Os paraA menina que tinha o apelido de béns vinham, na maior parte das vezes, Zé Perguntinha cobrava um relatório de mulheres. Ao saudar a deputada, dos parentes que chegavam da cidade a uma jornalista diz que Marisa não tem Nossa Senhora da Rocca, na 6ª Légua, medo das cores e elogia a echarpe com interior de Caxias, onde morava: como estampa de girassóis escolhida para eram as pessoas, o que compravam, aquele dia. Com uma entrevista para a como se vestiam, como se comportaTV marcada para antes da sessão ple- vam. Além do volume de indagações, nária, Marisa desce de seu gabinete, no ela lembra de ter aprendido ainda na 12º andar do Palácio Farroupilha, por- infância a garantir direitos. No terreno tando a tiracolo uma pequena bolsa da família, o pai, Laurindo Formolo, recheada de maquiagens. A vaidade e construiu uma escola em parceria com os cuidados pessoais fazem com que a os vizinhos. Marisa, então com seis aparência não denuncie seus 63 anos. anos, não tinha idade para ir à escola. Casada há quatro décadas, Marisa Para que pudesse aprender a ler e estem três filhos, que a descrevem como crever, sentava na escadaria e rondava uma típica mãe coruja. Às vezes se per- o prédio na esperança de ser convidamite assistir à novela, mas o que adora da para entrar, até finalmente receber mesmo é devorar livros. Marisa car- autorização para frequentar as aulas, rega traços de uma legítima mamma mesmo sem estar matriculada. “Mesmisturados a características de alguém mo não tendo a lei ao meu lado, eu inquieto que nasceu para a política. A conquistei o direito de aprender a ler e filósofa e pedagoga orgulha-se de ter escrever. Eu aprendi desde lá que a lei, sido a primeira mulher a ter assumido o direito e a justiça nem sempre estão o comando da prefeitujuntos. Porque era justo ra de Caxias, em 2000 que eu aprendesse a ler, – durante a ausência “Na ditadura eu tinha esse direito sob do prefeito Pepe Vargas eu tinha limites, o ponto de vista huma(PT). No entanto, acha no, mas eu tinha uma mas o exílio que quem sustenta a lei contrária a mim. É diferença entre gêneros real que eu vivi claro que somente fui na política está, na ver- foi em plena me dar conta disso dedade, ocultando uma democracia”, pois, quando adquiri o defesa ao conservadoconhecimento teórico, diz Marisa, rismo. mas a movimentação e Marisa fala muito sobre sua o equilíbrio desse tripé pausadamente, com saída da UCS sempre pautou a minha português impecável, vida”, analisa. pontuado pelo sotaque Depois de se empecaracterístico dos imigrantes italianos. nhar em causa própria, Marisa comeReflete antes de cada resposta e ilustra çou a buscar os direitos dos outros. Ao suas posições com a visão de teóricos sair da colônia para estudar em Caxias, da política e da psicanálise. Raramente envolveu-se com política estudantil e relaxa a postura ereta. Marisa é filósofa liderança juvenil católica. No ginásio, por formação e prática. Ao lembrar das para atender o desejo do pai, se formou experiências marcantes da infância, re- técnica em contabilidade, mas não laciona as brincadeiras ao ar livre com abriu mão de cursar, ao mesmo tempo, o aprendizado de química e física que o magistério. teve anos depois. Considera-se privileEra chegada a hora da Zé Perguntigiada por ter crescido no meio rural, nha ingressar na faculdade. Ao cursar atribuindo a isso o estímulo ao espí- Filosofia durante o período da ditadurito indagador e criativo. Empolga-se ra, Marisa perdeu professores para o tanto lembrando os questionamentos exílio, como Gerd Bornheim. Como que costumava fazer, desde a manei- presidente do Diretório Acadêmico ra como os passarinhos cantavam até de Filosofia, viu-se obrigada a prestar a posição do sol, que nem o toque depoimentos ao Departamento de Orinsistente de um celular a distrai. De dem e Política Social (Dops) e assistiu repente, parece se dar conta: “Quan- à prisão de colegas líderes estudantis. do fui escolher qual curso iria fazer na “Eu espero que nenhuma outra ge-

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que eles integrem correntes distintas no PT. “Nós temos diferenças internas no partido e visões políticas diferentes, mas quando a gente precisa tomar uma decisão sobre um tema ou problemática, essas diferenças não podem ser maiores do que o nosso compromisso político pelo interesse público”, explica Marisa. Pepe também admite divergências com a colega, mas é enfático: “Depois que tu te acostumas, é muito bom trabalhar com ela”. Na campanha para se reeleger deputada estadual, Marisa viu o antigo companheiro apoiar também outros candidatos da sigla, já que a candidatura dela não era a única lançada pelo PT de Caxias. Marcos Daneluz, vereador que concorreu pela primeira vez a uma vaga na Assembleia, acabou conquistando uma quarta suplência. Para ele, a disputa foi pacífica e fortaleceu o partido para as eleições municipais de 2012. Com objetivos mais imediatos, Marisa diz que a campanha não foi Walter Fagundes, Ag. AL, Divulgação/O Caxiense

Câmara de Vereadores, mas um arranjo partidário tornou-a vice de Pepe Vargas na disputa pela prefeitura. Para o ex-deputado padre Roque Graziottin (PT), a presença de Marisa na chapa foi essencial para o partido vencer aquela eleição. “Se não fosse ela, nós não teríamos ganhado, porque a Marisa agregou um segmento mais intelectualizado do partido.” Ingressando na vida pública diretamente em um cargo executivo, Marisa diz que enfrentou preconceito por ser mulher. “Como em todo lugar onde uma mulher começa uma função nova, ela precisa provar que sabe fazer no mínimo igual ou melhor que os homens. Eu acho que consegui isso sob o ponto de vista de trabalho”, argumenta, citando projetos e aprovações honrosas pelo Tribunal de Contas. De qualquer forma, apesar de ter atuado por muito tempo na academia, Marisa não poderia ser considerada inexperiente em administração. Além de a Divulgação/O Caxiense

ração tenha que passar pelo que pas- ria. Então, para organizar o processo samos para saber o que é a força da de estudo e aprendizagem, fui cursar democracia. Nós tivemos a aprendiza- Pedagogia. Continuei me indagando gem de se organizar em plena ditadura sobre o pensar filosófico e o fazer pepara sermos solidários entre si.” Nesse dagógico, e achei que precisava domimomento, cita Dilma nar os instrumentos de Rousseff e chora: “Eninvestigação. Daí fui quanto alguns dizem “Depois para a especialização que ela foi guerrilheira, que tu te em métodos e técnieu digo que foi guerrei- acostumas, cas de pesquisa. Para ra. Ela sobreviveu à torque eu pudesse buscar é muito tura e não denunciou de forma científica as os companheiros, lutou bom trabalhar respostas, eu percebi em nome da liberdade. com ela”, mais um limite: eu teHoje as pessoas não afirma o nho pensar filosófico, entendem o que é a a organização pedaex-prefeito democracia perante o gógica, tenho os inssofrimento da opressão Pepe Vargas trumentos de investida ditadura”. Conforme gação, mas não tenho vai criticando o que os instrumentos de chama de calúnias e denúncias sem intervenção para mudar a sociedade. sustentação à candidata petista à presi- Então fiz mestrado em Planejamento dência, as lágrimas dão espaço à defesa em Educação”, enumera. Acumulando enfática do projeto político do partido. especializações, Marisa ocupou cargos “O Estado brasileiro está sendo amea- de chefia na Universidade de Caxias do

Sempre com o apoio da família, Marisa diz que está ansiosa para ser, a partir de 2011, deputada de situação çado nesta campanha por um jogo de interesses de domínio econômico dos grandes grupos, que não querem permitir que os brasileiros, que nesse último governo conseguiram ser incluídos em direitos como o de comer e de estudar, continuem tendo esses direitos ampliados”, discursa. Marisa gosta de dizer que quebra paradigmas. Um deles foi o do modelo escolar vigente em Caxias na década de 1960, quando foi a primeira mulher a dar aulas no Colégio La Salle, até então exclusivo para rapazes. “Fazíamos na escola aquilo que se fazia na igreja, ou seja, os homens iam para um lado enquanto as mulheres iam para outro, como se a união em uma mesma escola gerasse promiscuidade, condutas imorais. Esse tempo fez com que houvesse uma discriminação muito forte na visão de gênero na nossa cultura regional, que tem muito da marca da imigração italiana e da imigração alemã, que é muito sexista e patriarcal”, analisa. Metódica e com uma maneira de pensar sistemática, Marisa lembra a progressão da vida acadêmica. “Fiz Pedagogia porque esse ato de pensar a vida e a educação, vindo da Filosofia, não me permitia ter o domínio metodológico necessário para o processo pedagógico ser do jeito que eu que-

Sul, sendo descrita por colegas e subordinados como líder com potencial de representação muito forte, responsável e criativa. Em 1994, um episódio da vida acadêmica acabou levando a professora e pesquisadora – que, apesar de não filiada, era reconhecida como integrante do PT desde o início da década de 80 – ao mundo da política partidária. Marisa representava a UCS em um congresso em João Pessoa (PB) quando foi comunicada por telefone de que havia sido demitida pelo então reitor Ruy Pauletti (PSDB). Surpresos, Marisa e outros 14 colegas reverteram a decisão na Justiça. “Nós provamos que fomos demitidos por perseguição ideológica. Depois do que eu passei na ditadura, não poderia encarar aquilo e ficar quieta.” Ela lembra que retornou à universidade por seis meses para concluir seus trabalhos, sem, no entanto, poder voltar à sala de aula. “Na ditadura eu tinha limites, mas o exílio real que eu vivi foi em plena democracia”, afirma. Enquanto Marisa classifica o ex-reitor como ditador, Pauletti chama a deputada de guerreira e minimiza: “Ela tinha muitos compromissos de ordem social e política, então o que houve foi um acordo, já que ela tinha tempo suficiente para se aposentar”, pondera. Em 1996, já aposentada, ela seria a candidata do movimento pastoral à

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família ser dona do Grupo L. Formolo, de serviços funerários, seu marido, Vilson Dalla Vecchia, é proprietário da Prolar Imóveis, imobiliária que administra condomínios na cidade. “A Marisa chegou a ser sócia da empresa, e a opinião dela sempre foi levada em consideração nos negócios. O sucesso é resultado do somatório da atuação dela”, diz Vilson. “Eu aprendi com o meu pai a valorizar cada centavo”, resume a deputada.

fácil e invoca mais uma vez a quebra de paradigma por ter sido eleita concorrendo com candidatos do próprio partido. Ao ocupar a tribuna da Assembleia Legislativa na quarta-feira (6), Marisa disse estar ansiosa para ser uma deputada de situação a partir de 2011, com a eleição de Tarso Genro (PT). E aproveitou para afirmar a coerência de sua atuação como oposicionista em seu “A visão primeiro mandato. Enquanto vice-pre- ideológica é mais Nos primeiros quatro feita, Marisa acumulou anos como deputada, segregadora. cargos em pastas do gointegrou comissões verno. Como secretária Tanto é que de Direitos Humanos, de Governo, trabalhou existe mais Agricultura e Saúde, na implantação do Or- anti-petismo além de criar emendas çamento Participativo parlamentares para do que na cidade. Foi ainda beneficiar a educasecretária de Segurança anti-mulherismo”, ção. Contra o governo Alimentar e de Edu- compara Marisa Yeda (PSDB), encabecação e diretora-presiçou lutas pelo fim dos dente da Codeca. E foi pedágios e pela fiscaa responsável pela prefeitura em 2000, lização do Daer e integrou a comissão quando Pepe se afastou para concorrer que pediu o impeachment da primeira à reeleição, tendo como vice outra mu- mulher a governar o Estado. “A visão lher, Justina Onzi. ideológica é mais segregadora do que Em 2004, Marisa foi a escolhida pelo a questão de ser homem ou mulher. O partido para dar continuidade ao tra- gênero define pouca coisa em relação a balho de Pepe, mas perdeu a eleição um perfil e uma conduta. Tanto é verpara José Ivo Sartori (PMDB). A par- dade que existe mais anti-petismo do ceria com Pepe ficou então para as dis- que anti-mulherismo”, constata, com putas à Assembleia e à Câmara, mesmo uma risada discreta. 9 a 15 de outubro de 2010

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Artes artes@ocaxiense.com.br

Presente

por Jonattan Oliveira deita de novo na cama e traduz-me uma canção bonita faz da minha face gota e peixe entre suas mãos convexas desenlaça minha armadura de fitas com um sorriso abotoado conta-me quem és agora critique meu mal humor matutino e repare no meu inglês prepare algo a fogo lento enquanto eu escolho os frutos fique perto depois de desfrutarmos um do outro sob a música corrente em tempo, suspenda-me do leito e me leve passear sobre você peça-me uma composição sem letra após apagar a luz afaste as vestes para eu desenhar teus traços no escuro conte seus sons às paredes e os entregue às fibras puras chame a mim como queira, por um nome novo, ou pelo título desse poema extemporâneo ESTADO DO RIO GRANDE DO SUL

PODER JUDICIÁRIO

Franciele Becher

Edital de Intimação de Cumprimento de Sentença (LEI 11.232/2005)

A igreja mais antiga de Porto Alegre é capturada pela lente da caxiense Franciele Becher, que mora há seis meses na Capital. Completamente branca como um vestido das noivas que sobem a escadaria para alcançar o altar, a igreja é imponente na Rua dos Andradas.

PRAZO de: VINTE (20) DIAS. Natureza: Execução de Sentença Processo: 010/1.06.0017923-3 (CNJ:.0179231-88.2006.8.21.0010). Exequente: Luizinha Clecir Scortegagna. Executado: Sonia Teresa de Jesus Bueno e outros. Objeto: INTIMAÇÃO de ROSIBEL COSTA DO CANTO, atualmente em lugar incerto e não sabido, para que o(a) (s) devedor(a) (es) pague(m), por depósito judicial ou diretamente ao credor (com recibo), no PRAZO de QUINZE DIAS, o débito indicado abaixo, mais correção monetária e juros de mora incidentes no período, sob pena de incidência de multa de 10% sobre o total e prosseguimento com penhora e alienação judicial de bens. VALOR DO DÉBITO: R$ 4.987,76 + R$ 151,63 (custas cumprimento de sentença) Caxias do Sul, 31 de agosto de 2010. SERVIDOR: Claudiomiro Agustini da Silva. JUÍZA DE DIREITO: Cláudia Rosa Brugger.

| Igreja das Dores |

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4ª Vara Cível - Comarca de Caxias do Sul

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Playground das letras

LEITURAS PARA o

P

por MARCELO ARAMIS marcelo.aramis@ocaxiense.com.br

ara mim livro é vida; desde muito pequena os livros me deram casa e comida. Foi assim: eu brincava de construtora; livro era tijolo; em pé fazia parede; deitado, fazia degrau de escada; inclinado, encostava num outro e fazia telhado. E quando a casinha ficava pronta eu me espremia lá dentro pra brincar de morar em livro (…).” Quem escreveu este texto cresceu, ficou ínti-

da praça, em palestras no auditório e bate-papos informais no Café Cultural. Na terça-feira (5), Poliana Carla Molon, coordenadora do Colégio Murialdo, foi à feira para comprar livros especializados em formação de pais. “Auxiliamos os pais na maneira de lidar com os adolescentes e motivá-los para a leitura, para os estudos”, justifica Poliana. Os adolescentes do Murialdo gostam dos best sellers juvenis de Mag Cabot, da saga Crepúsculo e da série nacional Fala Sério, de Talita Rebou-

a ver com a nossa comunidade. Encontramos relatos de uma família japonesa que se instalou aqui e implantou a cultura do alho. Então passamos a pesquisar.” O clube de mães confeccionou sacolas de tecido para os livros circularem no distrito de Vila Oliva, o catequista aproveitou a curiosidade sobre a matriarca da família japonesa, sepultada em pé, para ensinar sobre a morte em diversas culturas. “Na nossa realidade, a escola é o único lugar de acesso ao livro, ao vídeo, à cultura. E

lou uma banca no setor infantil e viu as vendas aumentarem 70% em relação ao comércio na loja. Entre livros que mais parecem brinquedos, ela percebe a importância dos polêmicos fantoches, maquetes e jogos que tornam as histórias um detalhe do livro. “São sempre as crianças que escolhem. Os pais só opinam quando o preço é muito alto, mas as crianças acabam convencendo. Por ser um brinquedo, não deixa de ser um livro. Com esses atrativos, os pais têm cada vez mais Fotos: André T. Susin/O Caxiense

RECREIO

Focada na formação de leitores, a Feira do Livro investe nas crianças. Elas são capazes de multiplicar a leitura e de levar os pais pela mão

Entre as crianças e adolescentes, a moda sãos os best selles e os livros-brinquedos. Ouvir histórias, costume antigo, continua em alta para essa geração

ma das palavras, derrubou telhados e um dia virou fabricante de tijolos de letras. Hoje, o relato apaixonado da escritora Lygia Bojunga Nunes está no painel de boas-vindas da 26ª Feira do Livro de Caxias do Sul. A casa montada na Praça Dante Alighieri tem teto de lona, diversos cômodos e paredes reforçadas com literatura. As amplas portas e janelas atraem curiosos – os moradores potenciais. E é deles a energia que ilumina o lugar. A Feira do Livro é diversificada, “um shopping de livros”, como descreve o médico Fábio Augusto Pinheiro Gomes, comprador assíduo. Atento ao desconto de 20% e aos saldos, Fábio já comprou 12 livros na feira deste ano, mas compra um pouco por vez. “Gosto de vir para a feira. É um momento especial, uma experiência diferente de comprar na livraria. É a chance de adquirir livros mais baratos e encontrar muita gente que gosta de ler.” Nas bancas, especialmente nas primeiras e últimas horas da tarde, o movimento é intenso. São leitores iniciados e estreantes, responsáveis por manter os best sellers no topo, que procuram por autoajuda e esoterismo ou garimpam preciosidades nos saldos. Na programação, sessões de autógrafos de livros de todos os gêneros. Intelectuais dividem espaço com o público diário

ças. “Eles estão na fase de gostar de ler o que está na moda. É sinal que ler também está na moda.” É adulto quem compra livros, promove os debates e organiza o evento. No entanto, as grandes letras coloridas espalhadas pelos canteiros e o objetivo principal de formar leitores anunciam que os lugares mais aconchegantes da casa foram construídos para crianças. A escritora Lúcia Hiraksuka recepcionou os alunos do 5° ano da Escola Municipal de Ensino Fundamental Erny De Zorzi, do distrito de Vila Oliva, no auditório da feira, na última terça (5). A escola foi uma das 23 aprovadas entre as mais de 60 inscritas nesta edição do programa Passaporte da Leitura. Com os 30 livros distribuídos pela Secretaria da Cultura desde abril, as crianças carregam Histórias tecidas em Seda debaixo do braço. No livro, Lúcia conta e ilustra lendas japonesas. Os olhos puxados dos personagens, a cultura nipônica e o bicho da seda não têm nada a ver com os olhos claros, o sotaque italiano e as plantações de hortifrutigranjeiros, realidade dos alunos do interior. No entanto, a professora Adriana Camelo Lucena conta que, quando o livro chegou à escola, a comunidade inteira passou a encontrar semelhanças entre as duas culturas. E o livro aproximou os continentes. “Pensamos o que as lendas do Japão tinham

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o livro se torna o elo da comunidade”, explica Adriana. Durante o encontro com Lúcia, o grande dia do projeto, as semelhanças entre os leitores e a escritora ficaram evidentes. “Nasci no interior de São Paulo. Meus pais trabalhavam no cultivo da seda, a mãe cozinhava em fogão à lenha e costurava a roupa de todos à mão. Mas tinha tempo para leitura em família. Hoje a realidade é outra. Mas tem algo que é igual na roça ou na cidade, em qualquer tempo, em qualquer cultura: o encantamento pelas primeiras descobertas.” Nessa edição da feira, Luíza Darsiê da Motta, coordenadora do evento, já viu passar mais de 2 mil crianças pelo Passaporte da Leitura. Ela garante que a feira procura atingir todos os públicos, mas têm uma dedicação especial aos jovens leitores. “Temos boas experiências de um trabalho que se faz o ano inteiro no incentivo à leitura. Um livro infantil é um bom começo inclusive para os adultos”, diz Luíza ao se referir aos projetos do Programa Permanente de Estímulo à Leitura. Quando fala de formação de leitores, Luiza não romanceia. “Leitura não é só fantasia, prazer, o mundo mágico dos livros. Trabalhamos a leitura como uma questão de saúde pública”. Rose Boss, da editora Correa, insta-

comprado livros para dar de presente.” A vendedora da livraria Do Arco da Velha, Flávia Kuver, diz que as crianças têm procurado cada vez mais cedo por livros avançados para suas idades. Para Flávia, o incentivo à leitura depende de como o livro é oferecido. “Os pais chegam aqui e pedem: ‘Quero um livro pra ele treinar matemática’. Quem se anima? Esses livros interativos são muito legais. Se apresentados pelo quanto são interessantes, conquistam qualquer criança”, vende Flávia. As boas vendas não se restringem à literatura infantil. O aumento de cerca de 70% é comemorado na maioria das 42 bancas de livros e na banca de tapioca, de Maria Margarete Rodrigues. “Estou aqui o ano inteiro, mas na feira vendo mais e o público é diferente. O público da feira se integra muito bem com a tapioca (?!)”, complica Maria Margarete, e filosofa: “Quem lê é curioso e tapioca é uma curiosidade em Caxias. Livro é cultura, e cultura também é comida”. Livreira desde a primeira edição da feira, Maria Helena Lacavo aproveita para atrair clientes. “É a oportunidade de se tornar conhecido, massificar a marca. É tirar o livro das quatro paredes e trazer para a praça, popularizar. A praça não é do povo? Então, quando está na praça, o livro também é.” 9 a 15 de outubro 2010

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Guia de Cultura

por Cíntia Hecher | editado por Paula Sperb

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Música | Hecatombe

Proporções nucleares por Cíntia Hecher Queridos headbangers, segunda-feira é o dia de vocês saírem de casa para fazerem o que sabem melhor. Como é véspera de feriado, aproveite e vá ao show da banda Hecatombe, que lançará seu primeiro DVD. No rebento, as filmagens se dividiram em um estúdio e, mais impressionante, no hangar do Aeroclube de Caxias do Sul. A estrutura do cenário, segundo o vocalista Mark Nicolau, foi realizada pela própria banda e mais três roadies. Era passar em ferro-velho, carregar caminhão pra cá, descarregar pra lá... o que talvez seja reflexo do peso das músicas. Trabalho pesado não se faz só com guitarras, baixo, bateria e vocal poderoso. O DVD mostra o que certamente aparece nos shows, sempre cheios de energia e de uma vontade de se expressar que beira o catártico. A diferença fica por conta da saída de um integrante, Moelevil. Este será o primeiro show da banda sem o guitarrista. Vale conferir as diferenças entre o antes e o depois. Nada que altere em demasia o som tirado pelo resto da banda, com Caldo na guitarra, Wood no baixo e Boll3t na bateria, prestes a comemorar 10 anos de estrada. Classifiquemos Hecatombe como metal, por mais que as influências dos meninos viajem de Pantera a Bon Jovi. Entremos, então, no mérito das letras, que tratam de sentimentos vazios e de que o que existe não é o suficiente. Detalhe para o idioma escolhido, inglês. Além das letras prontas para serem compreendidas sem dificuldade pelos gringos, toda a parte de depoimentos do DVD é com o pessoal da banda conversando nesta língua anglo-saxã. Alguns com mais facilidade que os outros. O tom é informal, uma conversa entre amigos num bar. Tudo para que a sonhada carreira internacional venha com naturalidade. Para quem gosta de som pesado mas extremamente bem elaborado e de uma arte cuidadosa, o DVD serve muito bem. No show, a banda promete músicas novas e cover de bandas como Rammstein, Pantera, Slipknot, Korn e Metallica, só para calcar mais ainda que as influências são várias e sempre competentes nas matérias peso e estilo. O significado literal da palavra hecatombe remete a chacinas e carnificinas. Ao olhar o agora quarteto, com umas carinhas de gurizada e olhinhos azuis brilhantes, nem se imagina que é exatamente esta a intenção deles. O tédio e a mesmice sucumbirão ao talento da boa música pesada, sem esteriótipos. l Hecatombe | Segunda (11), 23h | Show da banda para lançamento do DVD Crossing No-Fly Zone. Vagão R$ 15 e R$ 12 (com nome na lista e até meia-noite) | Coronel Flores, 789 | 3223-0007

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CINEMA l A Lenda dos Guardiões (3D) | Animação. 13h10, 15h10, 17h20 e 19h30 | Iguatemi Corujas tentam salvar seu reino e derrotar o inimigo. Dirigido por Zack Snyder. Livre, 87 min., dub.. l A Marcha dos Pinguins | Documentário. Domingo, 15h | Sesc Registro sobre a jornada dos pinguins imperadores até o local onde se reproduzem. Livre, 85 min.. l Tropa de Elite 2 | Policial. 14h, 15h20, 16h30, 19h, 20h20 e 21h30 | Iguatemi Capitão Nascimento, agora comandante, enfrenta novos inimigos. Dirigido por José Padilha. 14 anos, 117 min.. AINDA EM CARTAZ – Avatar – Edição Especial (3D). Aventura. 21h40. Iguatemi | Comer, rezar, amar. Drama. 13h30, 16h10, 18h50 e 21h50. Iguatemi | Flor do Deserto. Drama. 20h. Ordovás | Gente Grande. Comédia. 15h40. Iguatemi | Karatê Kid. Aventura. 20h. UCS | Meu Malvado Favorito. Animação. 16h. UCS | Nosso Lar. Drama. 13h40, 16h20, 18h40 e 21h10. Iguatemi | O Aprendiz de Feiticeiro. Aventura. 18h. UCS | O Monstro. Comédia. Quinta (14), 15h. Matinê às 3. Ordovás | O Pequeno Narigudo. Animação. Sábado, 15h. Sesc | Os vampiros que se mordam. Comédia. 18h e 20h. Iguatemi | O Último Exorcismo. Terror. 13h50 e 22h. Iguatemi | FEIRA DO LIVRO – Sábado (9): Scooby-Doo e o Rei dos Duendes, 18h. | Missão Quase Impossível, 18h. | Segunda (11): Surpresa em Dobro, 18h. | Terça (12): Up - Altas Aventuras. 16h. | Quarta (13): Putz, a coisa tá feia!. 18h. | Quinta (14): Tá Chovendo Hambúrguer. 18h. Sexta (15): Monstros Vs Alienígenas. 18h. Espaço do Sesi INGRESSOS - Iguatemi: Segunda e quarta-feira (exceto feriados): R$ 12 (inteira), R$ 10 (Movie Club Preferencial) e R$ 6 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Terça-feira: R$ 6,50 (promocional). Sexta-feira, sábado, domingo e feriados: R$ 14 (inteira), R$ 12 (Movie Club Preferencial) e R$ 7 (meia entrada, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos). Sala 3D: R$ 22 (inteira), R$ 11 (estudantes, crianças menores de 12 anos e sênior com mais de 60 anos) e R$ 19 (Movie Club Preferencial). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. RSC453, 2.780, Distrito Industrial. 3209-5910 | UCS: R$ 10 e R$ 5 (para estudantes em geral, sênior, professores e funcionários da UCS). Horários das sessões de sábado a quinta – mudanças na programação ocorrem sexta. Francisco Getúlio Var-

gas, 1.130, Galeria Universitária. 32182255 | Ordovás: R$ 5, meia entrada R$ 2. Luiz Antunes, 312, Panazzolo. 3901-1316 | Sesc: Entrada franca. Moreira César, 2.462. 3221-5233.

TEATRO l As Aventuras no Trem da Leitura | Sexta (15), 10h, 14h30 e 20h. Sábado (16) e domingo (17), 16h e 20h | A Cia Uerê apresenta um passeio de trem pelas histórias clássicas da literatura nacional. Sesc R$ 10, R$ 8 (antecipado) e R$ 5 (comerciários, estudantes e sênior) | Moreira César, 2.462 | l Stand Up Drama | Quinta (14), 20h30 | A inspiração são histórias de Paul Auster, do livro Achei que Deus fosse meu pai e um conto do uruguaio Mario Benedetti. Dirigido por Bob Bahlis. Teatro Municipal R$ 20 (público em geral) e R$ 10 (estudante e sênior) | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697

EXPOSIÇÕES l Cultura Tibetana nas peregrinações budistas | De segunda a sábado, das 10h às 19h30min e domingos ,das 16h às 19h | A arquiteta e fotógrafa Ilka Filippini apresenta o resultado de peregrinação budista na Ásia. Catna Café Entrada franca | Júlio de Castilhos, 2.854 | 3212-7348 e 3021-7348 l Las Calles de Havana | De segunda a sábado, das 8h às 22h | Edson Pereira aproveitou viagem à capital cubana para curso de cinema e registrou as ruas da cidade. Centro de Convivência – UCS Entrada franca | Francisco Getúlio Vargas, 1.130 | 3218-2100 l Quem é você? | 8h às 20h | Tiarlei Camargo e Cristiano Dub refletem sobre a construção da identidade na adolescência. Jardim de Inverno Sesc Entrada franca | Moreira César, 2.462. 3221-5233. AINDA EM EXPOSIÇÃO – Bez Batti – 70 anos. De segunda a sexta-feira, das 8h30min às 18h e aos sábados, das 10h às 16h. Galeria Municipal. 3221-3697 | Emoções. Sábado, das 10h às 22h, e domingo das 10h às 20h. Iguatemi Caxias. 3289-9292 | Eu vivo, e você? De segunda a sexta, das das 9h às 12h e das 13h30 às 19h. Sábados das 9h às 15h. Galeria Arte Quadros. 3028-7896 | Sensações e Emoções. Até 15 de outubro, de segunda a sexta, das 8h às 22h. Ftec. 3027-1300 | Sobretudo. De segunda a sexta, das 8h às 22h30. Campus 8. 3289-9000.

DANÇA l La Cueva | Sábado (9), às 17h e terça (12), às 16h Escola de Flamenco apresenta repertório variado na Feira do Livro. Palco Central Entrada franca

CIRCO l Circo Bremer | De segunda a sexta, 20h30. Sábados e domingos, 15h30, 17h30 e 20h30 | Villagio Iguatemi, ao lado da RGE R$ 20 (público em geral) e RS 10 (infantil) | (51) 8220-8737

MÚSICA l Orquestra Municipal de Sopros | Domingo, 20h e segunda (11), 20h30 | Espetáculo Salsa ao Mambo apresenta ritmos com merengue, pachanga e conga. Teatro Municipal Entrada franca | Dr. Montaury, 1.333 | 3221-3697 TAMBÉM TOCANDO - Sábado: Adriano Pasqual. Pop. 23h. La Boom. 3221-6364 | Blues de Bolso. Blues. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Carlos Zanettini. Folk. 22h. Overmundo. 3021-5025 | Libertá. Nativista. 22h30. Libertá Danceteria. 3222-2002 | Luana Pacheco. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | O Senhor do Tempo. Pop rock. Santo Graal. 3221-1873 | Ponto e Vírgula. Samba rock. 22h. Badulê. 3419-5269 | Samba House. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Trinity. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 32205758 | Tubarão 75. Surf music. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Urânius Blues. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | YTangos. Milonga/tango. 20h. Teatro Municipal. 3221-3697 | Domingo: Viegas Trio. Feira do Livro. 19h. | Segunda (11): Alemão Ronaldo. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Constelação. Anos 90. 23h. Havana. 3224-6619 | H5N1. Pop rock. 23h. Portal Bowling. 3220-5758 | Magnitude. Pagode. 23h. Move. 3214-1805 | Oltz. Rock. Santo Graal. 3221-1873 | Pietro Ferretti e Bico Fino; Fabrício Beck e Hernan Gonzales. Samba rock/latino. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Shine on the rocks. Eletrônico. Pepsi Club. 3419-0900 | Quarta (13): Marcus Koza. MPB. 19h. Baita-Kão. 3228-1666 | Prego Torto. Rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Os Blugs. Feira do Livro. 19h. | Quinta (14): Fabrício Beck. Pop rock. 22h. Bier Haus. 3221-6769 | Franciele Duarte. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Sexta (15): Electric Blues Explosion. Blues. 21h30. Zarabatana. 3228-9046 | Mãe do Norman e DJ Taty D. Rock. 23h. Vagão Bar. 3223-0007 | Rafa Gubert e Tita Sachet. Blues. 22h30. Mississippi. 3028-6149 | Banda Disco. Anos 70 e 80. 22h. Bier Haus. | Caixa Azul. Feira do Livro. 19h.

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Guia da Feira do Livro Literatura | Fazenda Santa Ana

Simplicidade das letras por PAULA SPERB

LANÇAMENTOS O melhor lançamento da Feira neste final de semana é História de não acontecer, de Reges Schwaab. São duas estreias em uma. É o primeiro livro de Reges Schwaab e também a primeira prosa de ficção publicada pela editora Modelo de Nuvem. Não fala de numerologia, mas o lançamento ocorre em uma data tão poética como o livro: 10.10.10. l Eu vou conseguir ficar na aula | Sábado 18h No seu primeiro livro, ilustrado pelo cartunista Adão Iturrusgarai, Nana Corte dá dicas de como permanecer na aula. Para adolescentes e adultos espertalhões. (Modelo de Nuvem) l História de não acontecer | Domingo, 17h A ordem dos capítulos da cópia original do livro foi ditada da forma mais simbólica possível, com cortes de estilete no papel. O artefato, que também pode infingir a dor, organizou os sentimentos de solidão em forma de palavras. A prosa breve surpreende pela densidade. (Modelo de Nuvem) l Do jeito certo | Terça (12), 16h Frei Aldo Colombo, o homenageado da feira, lança com Dom Itamar Vian um livro de parábolas modernas que resgatam valores da Bíblia e da tradição cristã. (Ed. Paulinas) LANÇAMENTOS E AUTÓGRAFOS: Sábado: Desejos Urbanos. Igor Luchese. Contos. Maneco. 11h. | Um dia de gato. Valesca de Assis. Infantil. Libre-tos. 11 h. | Lasanha. Igor Luchese. Jornal. BAG publicações. 14h | Ethernyt – Sob o domínio das sombras. Márson Alquati. Terror. Giz Editorial. 16h | O eclipse de Serguei. Gilson Corrêa. Romance. Biblioteca 24x7. 16h | Direito Civil – Obrigações. Alexandre Cortez Fernandes. Direito. Educs. 17h | Domingo: Nossa Senhora do Rosário – 132 anos de história. Luiz Damo. Católico. Lorigraf. 16h. | 101 Razões Emocionantes para a vida continuar após 2012. Zico Zugno. Científico. Ed. Maneco. 16h. | Espaço de Memórias – o envelhecer, a finitude, as conquistas. Helena Maria

Rizzon Mariani. Saúde. Educs. 17h. | Canto de sereia à beira do fantástico e Meu corpo Um amor-perfeito. LiaRosa Reuse. Poema. Scor Tecci. 18h. | Segunda (11): Direito Urbanístico. Adir Ubaldo Rech e Adivandro Rech. Direito. Educs. 17h. | Terça (12): Ernesto Bernardi, o dirigente comunista. Édio Elói Frizzo. Política. Educs. 17h | Quarta (13): @ Perdida do Email. Jairo Soares, Manuele Ceratti Silva e Paula Letícia Gaier. São Miguel. 16h. | Jovens e cotidiano – Trânsito pelas culturas juvenis e pela escola da vida. Nilda Stecanela. Educação. Educs. 17h | O livro de André. Biografia. André Francis Gupiani da Rosa. Maneco. 18h. | Quinta-feira (14): Moda em sintonia. Ana Mery Sehbe De Carli e Mercedes Lusa Manfredini. Moda. Educs. 17h. | Leitura e Produção Textual. Vanilda Salton Köche, Odete Maria Benetti Boff, Adiane Fogali Marinello. Letras. Educs. | Tempo de Amadurecer e Quadrantes. Flávio Luís Ferrarini. Infanto-juvenil. Maneco. 18h. | Sexta-feira (15): O Direito e a Morte – uma abordagem ética. Márcia Helena Caprara Lionço. Direito. Educs. 17h. | Crônicas Douradas. Lúcio Humberto Saretta. Esporte. Ed. Maquinária. 17h30. | Coleção Como Bem Ensinar. Conselho Autoral da Escola Caminhos do Saber. Educação. Vozes. 19h. |

DEBATES Os encontros mais aguardados da Feira ocorrem nesta semana. O titã Tony Belotto, que deve atrair público mais pela fama musical do que por fãs de seus livros, é recebido pelo patrono Marcos Kirst; Laurentino Gomes, autor de 1822, que já nasceu best seller, tem como anfitrião Nivaldo Pereira. Há também jornalismo, filosofia, humor e literatura infantil, todos com entrada franca. l De todo meu ser | Sábado, 15h | Palestra com Mônica de Castro, mediação de Vera Vanin, do Centro Cultural e Espírita Jardelino Ramos. l Desenho de humor, autores e livros | Sábado, 18h | Bate-papo com Reinaldo Figueiredo (Casseta & Planeta) e Adriana Antunes. l O que é a filosofia à maneira clássica | Domingo, 15h |

Palestra com Alan Formolo e Marina Poloni, do Centro Cultural Nova Acrópole. l Bussunda, um cara que tinha tudo para não ser nada | Domingo 18h | Bate-papo com Guilherme Fiuza, participação de Renato Henrichs e Valéria Martins. l No Buraco | Terça (12), 18h O patrono da feira, Marcos Fernando Kirst, recebe Tony Belotto para um bate-papo sobre o último livro do guitarrista dos Titãs. l A Criação Literária | Quarta (13), 17h Bate-papo com Cristovão Tezza e José Clemente Pozenato. l No país das maravilhas: um passeio com Alice pela literatura infantil e juvenil | Quinta (14), 18h Mesa temática com o escritor Caio Riter, as professoras Cecil Zinani e Salete R. dos Santos e Volnei Canônica, da Fundação Nacional do Livro Infantil e Juvenil. l Um repórter brasileiro na região mais perigosa do mundo | Sexta (15), 17h Bate-papo com o jornalista Luiz Antônio Araujo, autor de Binladenistão. l 1822 – Um novo olhar sobre a independência do Brasil | Sexta (15), 17h Laurentino Gomes, autor de 1822 e 1808, conversa com Nivaldo Pereira sobre suas obras, que desmitificam a história do Brasil. l Venha Ler Comigo Boas leituras merecem ser recomendadas e nada melhor do que conversar sobre livros saboreando um café. Trabalhadores da cultura, poetas e homenageados conversam com leitores, sempre no final da tarde, no Café Cultural. Sábado: Tadiane Tronca e Gilmar Marcílio. 19h. | Segunda (11): Fabiano Finco e Adriana Antunes. 18h30. | Quarta (14): Marcos Fernando Kirst e Frei Aldo Colombo. 18h. |

A beleza está nas coisas simples, dizem aqueles que buscam a qualidade do belo nas pequenas e singelas coisas da existência. Têm razão quando afirmam, inclusive no que diz respeito à Literatura. Fazenda Santa Ana, de Maria de Lourdes Gonçalves Avino, publicado pela editora Maneco, é um belo livro. Belo por ser simples: uma boa estória escrita com clareza cativante. Não comete o erro de buscar erudição onde não é necessário, não tem pretensão histórica ou experimental. É simplesmente um romance e, por não possuir mais do que a intenção de proporcionar momentos de lazer com a leitura, cumpre seu papel com êxito. Fazenda Santa Ana é o primeiro livro de Maria de Lourdes. A estreante colocou no papel muito mais do que as 400 páginas impressas da primeira edição. Como sementes, suas ideias precisaram de espaço para brotar. Depois de germinadas e crescidas, foram podadas para gerar um fruto aprimorado. Maria de Lourdes aprendeu muito ao ter que podar o próprio livro e tem consciência de que o resultado final ficou melhor do que o bruto. A personagem principal, Maria Clara é uma professora, assim como a autora, que se muda de Caridoso, em São Paulo, para lecionar em uma fazenda do tipo café-comleite, em Serrana. As cidades e a fazenda são ficção, mas a inspiração da personagem surge de um antigo sonho de Maria de Lourdes de passar pela mesma experiência de ensinar uma comunidade rural. E fazer mais do que apenas ensinar, tentar interferir de forma positiva na vida local. A heroica professora Maria Clara encarna esta missão, mas como toda mocinha enfrenta muitas dificuldades. São as vicissitudes que tornam Fazenda Santa Ana tão cativante. Não há um clímax no final, mas vários. Muitas páginas de tranquilidade indicam que algo emocionante surgirá na sequência, muito parecido com o turning point do cinema. O livro renderia uma adaptação para telenovela. Há todos os elementos necessários, a mocinha, mocinhos, a vilã, o mistério e a vingança final. Como Fazenda Santa Ana ainda não foi adaptado, portanto recomendo a leitura. Ideal para um feriado na praia, no campo, quando tudo que se deseja é entrar no universo de outro alguém e torcer pelo desfecho. l Fazenda Santa Ana Editora Maneco, 400 páginas, R$ 40.

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Desabafos eleitorais

REVÉS E REFLEXÃO Lideranças políticas da cidade, Germano Rigotto, Ruy Pauletti, Kalil Sehbe e Vinicius Ribeiro tentam assimilar a derrota e reavaliam suas posições no cenário político

o dia de amanhã.” O pedetista é pro- do ao invés de um guerreiro solitário”. fessor licenciado da Unisinos, diz que também recebeu, na manhã de terçaHá três anos e oito meses sem feira (5), a proposta de uma empresa mandato eletivo, o ex-governador Gerprivada para assumir um cargo admi- mano Rigotto (PMDB) ficou em ternistrativo no próximo ano. ceiro lugar na corrida ao Senado. Fez Para Vinicius, a der2.445.881 votos, contra rota começou, na re3.401.241 de Ana Améalidade, muito antes “Parece que lia Lemos (PP), que do dia 3 de outubro. O você está num ocupou a segunda vaga diretório municipal do trabalho de do Rio Grande do Sul, partido não aceitou sua atrás de Paulo Paim candidatura – queria brincadeira”, (PT). No dia seguinte dar exclusividade a Al- diz Pauletti, à eleição, Rigotto fez ceu –, e ela teve de ser decepcionado duras críticas à posihomologada pelo PDT com a atividade ção de sua legenda, que estadual. Ainda assim, classificou como sem o vereador vê dividen- parlamentar identidade e com visão dos positivos em seu em Brasília fisiológica. “O partiresultado nas urnas. do nos colocou numa “Por causa da votação sinuca de bico ao não expressiva (29.041 votos), tendo um concorrer à presidência. Fui boicotado cenário desfavorável dentro do parti- pela coligação nacional, que foi até à do, com todo o PDT de Caxias contra Justiça para tentar evitar a candidatura a gente, a decisão para candidatura (a própria.” prefeito) em 2012 passa por uma conO cientista político e professor da Walter Fagundes Agência AL/O Caxiense

Rigotto ficou em 3º para o Senado; Pauletti e Kalil fizeram menos votos do que em 2006; Vinicius enfrentou resistência dentro do próprio partido núncias rasteiras e safadas que sofri”, diz o deputado, referindo-se ao escândalo das passagens aéreas – em que alega ter sido, entre os 500 políticos apontados, o que menos se beneficiou da regalia. “Estou decepcionado não por não ter sido eleito, mas pela situação em que se vende uma imagem ao povo que não é real. Isso acontece com os governos do meu partido e com os dos outros.” Pauletti classifica como “destroçado” o PSDB do Estado, que acredita ter virado um anexo do governo. O parlamentar revela que tentou abandonar a carreira política ainda no primeiro mandato como deputado estadual. “Quis desistir de ser deputado porque achei que meu trabalho na visão comunitária era muito melhor. As coisas demoravam muito para acontecer.” Naquela época, o ex-reitor da UCS pediu para retornar à universidade no cargo de assessor para assuntos políticos, no qual atuara por quatro meses antes de concorrer à Assembleia. Segundo Pauletti, entretanto, o Conselho Diretor da instituição entendeu que

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Com a derrota nas urnas na última semana, Pauletti anunciou que não pretende voltar a pleitear cargos públicos. Quer voltar à universidade, afirma que a instituição é obrigada por decisão judicial a aceitá-lo novamente para o cargo de assessor. Dentro do PSDB, os lamentos pela derrota de Pauletti são ofuscados pela preocupação em eleger José Serra como presidente. “É um momento difícil e preocupante do partido no Rio Grande do Sul, mas só poderemos avaliá-lo depois do dia 31”, diz o presidente estadual do partido, Cláudio Diaz (outro que não se reelegeu para a Câmara). Se teve a vitória de Alceu Barbosa Velho, o PDT caxiense também somou duas derrotas. Não conseguiu eleger o atual deputado estadual Kalil Sehbe para a Câmara Federal nem o vereador Vinicius Ribeiro para a Assembleia. Kalil Sehbe teve 3.913 votos a menos do que na última eleição. Com o mandato terminando, ele agora tem esperança de fazer parte do governo Tarso Genro (PT). “Nunca sabemos

versa conosco”, acredita. Seu padrinho político, o chefe de gabinete da prefeitura, Edson Néspolo, concorda que a votação mostrou a força de Vinicius. Fábio Vanin, coordenador do curso de Ciência Política da Faculdade América Latina, avalia que a eleição deste ano pode mudar de forma permanente a carreira do vereador, que está em seu terceiro mandato. “Em 2012, ele não poderá se apresentar com a imagem da renovação. Será mais uma manutenção de poder.” Apesar de tanto Vinicius quanto Alceu alegarem que as eleições puseram fim às brigas internas no partido, o presidente estadual do PDT, Romildo Bolzan, continua demonstrando preocupação com a legenda. “Já conversei com o vice-prefeito e fiz um apelo para que ele fosse responsável pela reunificação do partido”, diz Bolzan, que acredita que o desempenho de Kalil também foi afetado por motivações locais. O presidente do PDT municipal, Luiz Carlos Muniz, diz que Vinicius deverá repensar sua postura: “Esperamos que ele decida ser um soldado para o parti-

UCS João Ignacio Pires Lucas acredita que a falta de posicionamento de Rigotto quanto à polarização DilmaSerra na disputa presidencial pode ter contribuído para o fracasso nas urnas. Quanto ao futuro, Pires Lucas avalia que o caminho do ex-governador talvez seja retroceder a uma candidatura para deputado estadual ou federal daqui a quatro anos. Para o sociólogo José Carlos Monteiro, uma aliança para emplacar o primeiro e o segundo voto ao Senado, como a que fez o PT com PC do B (representado por Abgail Pereira), poderia ter salvo a candidatura de Rigotto. Por enquanto, o peemedebista diz que, se for convidado, não aceitará cargo no governo federal ou estadual, e também descarta concorrer à prefeitura de Caxias em 2012: “Não há a mínima possibilidade.” Entretanto, quando a prefeitura de Porto Alegre foi mencionada, a resposta não foi tão enfática. Rigotto apenas disse “não”. Compreensível. Afinal, mais difícil do que assimilar um revés eleitoral é, a partir dele, projetar o próprio futuro político.

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André T. Susin/O Caxiense

não havia função que ele pudesse exercer. “Continuei trabalhando e fui entendendo que deveria participar com paciência, que o Legislativo não era o Executivo”, conta Pauletti, que depois se decepcionaria também com a atuação em Brasília. “Parece que você está num trabalho de brincadeira”, resume. O sociólogo José Carlos Monteiro acredita que a aliança com o PP, que tem grande inserção no interior do Estado – e, portanto, fortes concorrentes –, e o processo trabalhista movido por Pauletti contra a UCS foram prejudiciais na sua tentativa de reeleição. O tucano parece concordar com a primeira razão dessa análise (não queria a coligação proporcional com os progressistas), mas se justifica quanto à segunda: “Todos os reitores eram demitidos para receber seus direitos quando terminavam a administração. Depois de muitas tentativas de acerto, entrei na Justiça por quebra de contrato. Sei que isso teve custos políticos, mas não estou arrependido”. André T. Susin/O Caxiense

m meio ao batalhão de assessores, das respostas prontas, sempre previsíveis, e dos compromissos eleitorais, é difícil conseguir uma resposta realmente sincera de um político. Quando o jogo cessa temporariamente e as feridas de uma derrota ainda estão abertas, aqueles que dedicam a vida à representação política acabam demonstrando facetas pouco conhecidas, como é o caso dos candidatos caxienses Germano Rigotto (PMDB), Ruy Pauletti (PSDB), Kalil Sehbe (PDT) e Vinicius Ribeiro (PDT). Pauletti foi quem sofreu a maior queda no número de votos. O deputado federal, que se elegeu em 2006 com o apoio de 57.064 eleitores, alcançou 33.634 votos nestas eleições – só em Caxias, perdeu 13.446 votos de uma eleição para outra. “O meu partido é muito fraco na região e o desgaste do governo Yeda nos atingiu. Também houve um desgaste por causa de deAndré T. Susin/O Caxiense

E

por ROBIN SITENESKI robin.siteneski@ocaxiense.com.br


CA-JU DUPLA

Fabiano Provin

fabiano.provin@ocaxiense.com.br

Eliminado da Série C e rebaixado para a quarta divisão nacional, o Juventude não está fazendo contas. Na verdade, o pensamento no clube da Rua Hércules Galló, atualmente, é definir uma parceria administrativa e financeira para reestruturar a instituição – não há prazo para divulgar as tratativas encaminhadas somente pelo presidente do Conselho Deliberativo, Carlito Chies, e pelo presidente do Ju, Milton Scola. Ao mesmo tempo, Chies tenta fazer com que o nome de Scola seja consenso – ou melhor, que nenhum candidato ou chapa de oposição surja neste ano. Paralelamente, o vice-presidente de futebol, Juarez Ártico, toma as primeiras medidas visando a próxima temporada. Ele e o diretor de futebol, Raimundo Demore,

O grupo do Ju

Quem já foi

l Lateral direito Luiz Felipe – antecipou rescisão com o Ju. Foi apresentado pelo Guaratinguetá-SP. l Volante Júlio César – ao rescindir o contrato com o Ju, disse que iria para o Guaratinguetá, porém, foi para o ArtSulRJ. l Lateral esquerdo Calisto – acertou a saída antes do término do contrato, em 30 de novembro. l Lateral esquerdo Planchón – atuou somente em amistosos. Tinha contrato até 30 de novembro.

até 30 de novembro. A direção já contatou o atleta. l Zagueiro Fred – tem contrato até 30 de novembro. Depois de um Gauchão irregular, deu a volta por cima e tornouse titular. A direção já contatou o jogador. l Volante Éverton Garroni – tem contrato até 30 de novembro. Ganhou lugar com Beto Almeida. l Meia Christian – tem contrato até 30 de novembro. Ganhou lugar no time de Beto Almeida. l Atacante Ismael Espiga – tem contrato até 30 de novembro.

Quem já renovou

Os que devem ficar

l Volante Umberto – tinha contrato até 30 de novembro e, no final da manhã de quarta-feira (6), a direção do clube oficializou a permanência do atleta por mais uma temporada.

Com quem o Ju quer renovar

l Lateral Celsinho – tem contrato

l Goleiros – Carlão (contrato até 30/11/2010), Follmann (até 31/12/2012) e Jonatas (até 30/11/2011). l Zagueiros – Bruno Salvador (até 30/11/2011), Édson Borges (até 30/11/2011), Bressan (até 31/03/2013), Rafael Pereira (até 31/12/2011) e Victor (19/09/2011).

Qual será o time grená no Gauchão? A Copa Enio Costamilan, além de não deixar o grupo profissional do Caxias parado neste final de segundo semestre, está servindo para o técnico Julinho Camargo avaliar algumas peças que deverão ficar no Centenário para a próxima temporada. Do total de 24 jogadores à disposição para a Copinha, 13 têm contrato com a agremiação grená até o final deste ano, entre eles os zagueiros Neto, Tiago Saleti e Caçapa, os volantes Marcos Rogério e Renan e os atacantes Mauro e Balthazar. O primeiro a renovar foi o lateral esquerdo Edu Silva (foto), que fica até o fim de 2011. Ou seja, até o final de novembro, quando termina a Copinha,

o departamento de futebol grená provavelmente já terá definido quantos permanecem para a disputa do Estadual. Vale destacar que o atacante Éverton, que foi para o Inter e agora está emprestado ao Bahia, tem contrato até janeiro de 2013. Outro atacante, Palácios, com compromisso até fevereiro de 2012, foi para o ASA, de Alagoas. E o matador Cristian Borja (contrato até junho de 2011) está emprestado ao Flamengo. O goleiro Fernando Wellington, que ficaria até dezembro deste ano, rescindiu e também foi para o Bahia. O meia Marcelo Costa, que ficaria até o final de novembro deste ano, já está jogando pelo Goiás.

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negociam com os atletas escolhidos para permanecerem no Estádio Alfredo Jaconi para o Gauchão e, talvez, a Série D de 2011. O primeiro a renovar foi o volante Umberto (na foto, à direita, com Gustavo). Outros preferidos, com negociações já encaminhadas, são o zagueiro Fred e o lateral direito Celsinho. Os uruguaios Christian (meia) e Ismael Espiga (atacante) e o volante Éverton Garroni também têm prioridade da diretoria. A reapresentação dos profissionais será no dia 25. Do grupo que encerrou a participação na Série C, não se apresentarão o lateral direito Luiz Felipe (foi para o Guaratinguetá-SP), o volante Júlio César (retornou para o dono do seu passe, o ArtSul-RJ) e os laterais esquerdos Planchón e Calisto – liberados.

Comunicação ampliada

O departamento de marketing do Caxias lançou nesta semana o Informe Grená. Com periodicidade quinzenal, o informativo será enviado por e-mail para diretores, conselheiros, associados, colaboradores e imprensa, com o objetivo de comunicar tudo o que acontece dentro do clube. Além do dia a dia do Estádio Francisco Stédile, o Informe apresentará as promoções da loja oficial Espaço Grená.

Troca de faixas

l Volantes – Tiago Renz (até 31/08/2011) e Tiago Silva (até 30/11/2011). l Meias – Cristiano (até 10/05/2013), Fabrício (30/10/2010), Jander (30/10/2010), Marcos Paraná (até 30/11/2011) e Gustavo (até 31/01/2013). l Atacantes – Fausto (até 30/11/2012), Hiago (até 31/03/2013), Jean Coral (até 30/10/2010) e Júlio Madureira (até 30/11/2011).

A equipe Master do Juventude, que começou a ser montada no início de agosto, fará um amistoso às 10h deste domingo contra a categoria Veteranos do Corinthians de Mato Perso, distrito de Flores da Cunha. A partida será realizada no campo do alvinegro florense, campeão da categoria no município vizinho. Após a partida, haverá um almoço de confraternização. No Juventude, o departamento Master está sendo estruturado, com a criação um estatuto nos mesmos moldes do departamento Paixão Feminina. Extraoficialmente, o ex-centroavante Ferreira e o ex-lateral esquerdo Erickson encaminham a parte burocrática. Entre os ex-atletas que vestirão a camisa alviverde pelo time Master estão Plein, Dorotheo Silva, Claudinho, Lauro, Fernando Rech, Picoli (atual auxiliar técnico de Beto Almeida), Isoton, Humberto (atual treinador de goleiros), Márcio Angonese (treinador de goleiros do time juvenil), Alexandre e Ortunho.

Lembram dele?

No estaleiro

l Volante Lauro – tem contrato até 30 de novembro deste ano.

A comissão técnica

l Treinador – Beto Almeida l Auxiliares técnicos – Antonio Picoli e Michel Huff l Preparador físico – Rodrigo Squinalli l Preparador de goleiros – Humberto Flores Rodrigo Fatturi, S.E.R. Caxias/O Caxiense

Fabiano Provin/O Caxiense

Negociações e renovações: tempo de espera no Jaconi

Estão no departamento médico do Juventude os zagueiros Édson Borges (fez cirurgia após rompimento do tendão do tornozelo direito) e Rafael Pereira (teve rompimento dos ligamentos do tornozelo esquerdo); os meias Fabrício (sofreu fratura em um dedo do pé direito), Hiago (fraturou na fíbula do tornozelo esquerdo) e Jander (fez cirurgia nos ligamentos do joelho esquerdo) e o goleiro Follmann (teve fratura em um osso da mão esquerda).

O grupo do Caxias l Goleiros – Matheus (até 14/05/2013), Ricardo (até 31/12/2011) e Sidivan (até 20/08/2012). l Laterais direitos - Alisson (até 31/12/2012), Marcelo Oliveira (até 30/11/2010) e Thiaguinho (até 30/04/2011). l Zagueiros – Caçapa (até 30/11/2010), Neto (até 10/12/2010) e Tiago Saleti (até 20/11/2010). l Laterais esquerdos – Edu Silva (renovado até o final de 2011) e Ismael (até 30/11/2010). l Volantes – Edenilson (até 28/12/2013), Itaqui (até 10/12/2012), Marcelo Labarthe (até 30/11/2010), Marcos Rogério (até 30/11/2010), Michell (até 30/11/2010) e Renan (até

14/12/2010). l Meias – Diogo (até 30/11/2010), Rodrigo Paulista (até 31/12/2011) e Thiago Corrêa (até 05/11/2010). l Atacantes – Adriano (até 31/05/2011), Aloísio (até 10/12/2012), Balthazar (até 30/11/2010) e Mauro (até 30/11/2010).

A Comissáo Técnica

l Treinador – Julinho Camargo l Auxiliar técnico – Ivan Brito Soares l Preparador físico – Carlos Fabiano Mazolla Vieira l Auxiliar de preparação física – Marcelo Rohling l Preparador de goleiros – Rogério Maia de Brum

9 a 15 de outubro 2010

O Caxiense

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Guia de Esportes

guiadeesportes@ocaxiense.com.br

Claiton Stump, Divulgação/O Caxiense

por José Eduardo Coutelle

A UCS entra em quadra neste sábado

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O Caxiense

9 a 15 de outubro de 2010

FUTEBOL l Campeonato Municipal Infantil | Sábado, 14h30 e 16h | A 1ª rodada do campeonato iniciou com muitos gols. Ao todo foram 13 nos três jogos realizados. O Murialdo goleou a equipe do Galópolis por 4 a 0. Os meninos da CFA Caxias do Sul também mostraram o seu bom desempenho dentro de campo, vencendo o Sagrada Família por 3 a 0. O último jogo foi responsável pelo único empate da rodada: 2 a 2 entre G.E. Conceição e Projeto CAE. Neste final de semana, a equipe do Murialdo tira uma folga e dá lugar para os meninos do Águia Negra, que estreiam diante do Conceição. Sábado, 14h30: G.E. Conceição x Águia Negra (Municipal 1), Sagrada Família x Projeto CAE (Municipal 2) | 16h: C.F.A. Caxias do Sul x Galópolis Ativa (Municipal 1) Campo Municipal 1 e 2 Entrada gratuita | Av. Circular Pedro Mocelin, s/n°, Cinquentenário l Caxias x Estrela | Terça, 15h | Este é o primeiro jogo do returno da segunda fase de grupos. A equipe grená está no grupo com o Guaporense, Aimoré e Estrela e as duas primeiras equipes se classificam para a fase seguinte. O Caxias tem 3 pontos e ocupa a 3ª colocação. A vitória é vital para a

equipe grená galgar posições na tabela de classificação.. Estádio Centenário Entrada gratuita | Thomas Beltrão de Queiroz, 898, Marechal Floriano

BASQUETE l Campeonato Gaúcho Sub-17 Masculino | Sábado, 9h30, 11h30, 15h e 20h | A equipe da Universidade de Caxias do Sul (UCS) terá uma maratona de três partidas neste final de semana. A primeira é contra o Sinodal, penúltimo colocado na tabela. Depois é a vez de derrubar uma grande muralha. A equipe do União ocupa a 2ª colocação. A boa notícia é que no primeiro confronto no campeonato os meninos da universidade se saíram melhor: venceram a equipe de Porto Alegre por 62 a 39. Na sequência, a UCS tem seu último desafio do dia contra o Sogipa, que ocupa a 6ª colocação. Sábado, 9h30: UCS x Sinodal (UCS) | 11h30: UCS x União (UCS) | 15h: UCS x Sogipa (UCS) | 20h: Clube Juvenil x Sogipa (Juvenil) UCS e Clube Juvenil Entrada gratuita | Universidade de Caxias do Sul: Francisco Getúlio Vargas, 1.130, Petrópolis; Juvenil: Marquês do Herval, 197 l 3ª Edição da Arena de Basque-

te | Sábados, das 10h às 18h e domingo, das 11h às 18h | Para quem permanecer no feriadão em Caxias e quiser uma diversão gratuita, aí está uma boa opção. O estacionamento do Iguatemi será o palco do Arena Basquete. As atividades incluem arremessos livres e também guerrinha de cotonetes, piscina de bolinhas, tobogã inflável, jogos recreativos e surf mecânico. Este é o dia perfeito para sentir-se criança mais uma vez. Estacionamento do Shopping Iguatemi Entrada gratuita | RSC 453, nº 2.780, Km 3,5 l 2° Circuito RS de Streetball | Terça, às 9h30 às 18h | Assim como a ‘pelada’ é popular para os brasileiros, o basquete de rua é para os americanos. Esta será a segunda edição do evento organizado pela Associação de Basketball de Caxias do Sul e promete movimentar os Pavilhões da Festa da Uva. Na prática, o jogo é uma forma simplificada do basquete tradicional. Apenas uma tabela é usada e os times são formados por 3 jogadores cada. O objetivo é as equipes alcançarem 14 pontos ou somar o maior número no período de 8 minutos. Pavilhões da Festa da Uva Entrada gratuita | Ludovico Cavinato, 1.431, Nossa Senhora da Saúde

Semanalmente nas bancas, diariamente na internet.


Renato Henrichs renato.henrichs@ocaxiense.com.br

Interinidade

Ao natural

Temos responsabilidade, seriedade e alto nível para ocuparmos o cargo

Como o prefeito José Ivo Sartori (PMDB) ficará sem o vice, a partir de 1º de fevereiro de 2011 (data da posse dele na Assembleia Legislativa), chegou a ser colocado em dúvida o acordo firmado para a definição do próximo presidente da Câmara de Vereadores. Por esse acerto entre os parlamentares, um petista ocupará a presidência do Legislativo caxiense. E assumirá a chefia do Executivo municipal no caso de impossibilidade, viagem ou férias do prefeito Sartori.

A eleição para Assembleia Legislativa conduz naturalmente o vice Alceu Barbosa Velho para a disputa à prefeitura daqui a dois anos. O próprio Alceu reconhece isso (e gosta da ideia). Resta saber como as divisões internas no PDT vão administrar o interesse de outros pretendentes, derrotados nas urnas no último domingo.

Vereadora Ana Corso, diante da possibilidade de o PT assumir a presidência da Câmara no ano que vem.

Compromisso

O posicionamento claro de Tarso Genro a respeito do futuro dos pedágios nas rodovias concedidas deve ter contribuído para a votação do candidato petista entre eleitores da cidade e da região.

Day after

Mais adiante

André T. Susin/O Caxiense

O resultado das eleições do último domingo vai provocar trocas partidárias nas próximas semanas – algumas radicais. Uma delas: Daniel Guerra poderá sair do PSDB e assumir de vez o PT, partido com o qual está sintonizado na Câmara de Vereadores, seja na votação contrária a projetos de interesse do governo, seja nas críticas à administração municipal.

Mais importante foi a confirmação desse posicionamento (quer fechar a praça de Farroupilha, por exemplo), esta semana, depois de eleito. São coisas assim que emprestam confiança no trabalho do governador eleito.

Quarto suplente

Apesar de ter ficado com a quarta suplência da bancada petista para a Assembleia, o verador Marcos Daneluz não ficou satisfeito com a votação obtida – com apoio político e financeiro dos mais diversos candidatos a deputado federal do PT. Para muitos, Daneluz está sendo precipitado. Com o aval de 23.710 votos, está dentro do governo estadual – nem que seja daqui a dois anos.

Sartori entende que os partidos integrantes da base governista devem permanecer unidos para disputar a prefeitura em 2012. Discussão de nomes? Só no primeiro semestre daquele ano.

Eleito moral

O candidato Mauro Pereira está de tal forma satisfeito com a votação obtida para a Câmara dos Deputados que até parece que foi eleito. E foi, de fato, uma vitória: mais de 35 mil votos (mais que Pauletti e Kalil juntos), em apenas 25 dias de campanha. Com o agravante de figurar na lista dos que estavam pendurados à espera de decisão do Tribunal Superior Eleitoral.

Por cima

André T. Susin/O Caxiense

Diego Netto, Divulgação/O Caxiense

As mulheres foram o grande destaque das eleições deste ano em Caxias do Sul. Além de garantirem a recondução de Marisa Formolo (PT) e do retorno de Maria Helena Sartori (PMDB) a Assembleia, os eleitores caxienses somaram-se ao milhão e meio de gaúchos que optaram por Abgail Pereira (PC do B) para o Senado. Mesmo sem se eleger, Abgail foi vitoriosa na campanha. Também estará no governo Tarso e também será uma candidata natural à prefeitura em 2012.

Novo horizonte

A derrota de Ruy Pauletti pela reeleição à Câmara dos Deputados implicará no surgimento de um novo PSDB na cidade, a ficar sob o controle da ala do vereador, hoje secretário de Urbanismo, Francisco Spiandorello. Esse PSDB mais governista terá ainda a liderança de Osório Rocha e de Moacyr Bressan.

Segundo turno

O presidente estadual do PT, Raul Pont, comanda plenária, neste sábado, na sede caxiense do partido, a fim de vitaminar a candidatura Dilma Roussef no segundo turno. Depois do encontro, haverá caminhada no centro da cidade, culminando com uma visita à Feira do Livro. Raul Pont é tio do patrono do evento, Marcos Kirst.

Em compensação

Em relação ao novo local do aeroporto, não há a mesma confiança. Ao contrário do que foi alardeado pela governadora Yeda Crusius (PSDB) – de ter uma decisão técnica sobre o assunto –, Tarso Genro entende que a localização dependerá

de outras questões, inclusive políticas e econômicas. De qualquer forma, ele pretende chamar – mais uma vez – a comunidade regional para discutir o tema, visto por ele como de interesse de todo o Rio Grande do Sul.

Pelo poder Como vão se comportar em Caxias o PDT e o PTB, depois do assédio que sofrerão por parte do governador eleito Tarso Genro? Ou, por outra, alguém duvida que pedetistas farão parte do

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novo governo do Estado? Além, é claro, do ex-governador Alceu Collares, visto por muitos petistas como “nosso homem em Foz do Iguaçu”. 9 a 15 de outubro de 2010

O Caxiense

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