Revista OCDS - Província São José
Set/Out de 2017 - N° 154
Monte Carmelo
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SANTO(A) DO MÊS Mártires do Porto de Rochefort
TESTEMUNHO Fernando Alcici, ocds
VOZ DA IGREJA Discurso do Papa Francisco
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EXPEDIENTE Revista Virtual Monte Carmelo, nº 154 (Setembro/Outubro de 2017)
SUMÁRIO
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EDIÇÃO: Comissão de Comunicação da OCDS Província São José
EDITORIAL Palavra do Coordenador
COORDENADOR: João Paulo Matias Paiva
SANTO(A) DO MÊS Mártires do Porto de Rochefort
EQUIPE DE REDAÇÃO: João Paulo Matias Paiva Giovani Carvalho Mendes Andréia Virgínia da Silva Luciano Dídimo C. Vieira Rosemeire Lemos Piotto
ESPIRITUALIDADE Santa Teresa de Ávila...
COLABORADORES: Márcia Barbosa de Souza Wilson Teixeira da Silva Fernando Alcici
MÊS MISSIONÁRIO Pequenas Obras da Misericórdia
REVISÃO EDITORIAL: Artur Viana do Nascimento Neto Paulo Gautiele Ribeiro
TESTEMUNHO Fernando Alcici, ocds
ARTE E DIAGRAMAÇÃO: Wilderlânia Lima do Vale
VOZ DA IGREJA Discurso do Papa Francisco CONG. DE ESPIRITUALIDADE da CICLA em São Leopoldo-RS NOTÍCIAS OCD Frades falecidos
ASSOCIAÇÃO DAS COMUNIDADES DA ORDEM DOS CARMELITAS DESCALÇOS SECULARES NO BRASIL DA PROVÍNCIA SÃO JOSÉ CNPJ: 08.242.445/0001-90
NOTÍCIAS Comunidades OCDS EVENTOS/MARKETING Livros de Formação OCDS
Colabore com a edição da nossa Revista enviando suas sugestões, reclamações, notícias, testemunhos, artigos e poesias para: noticiasocds@gmail.com
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Editorial
João Paulo Ma as Paiva, OCDS Coordenador da Comissão de Comunicação OCDS
Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado! “O mundo tem uma necessidade essencial do Evangelho de Jesus Cristo. Ele, através da Igreja, con nua a sua missão de Bom Samaritano”. (Papa Francisco)
Queridos irmãos da OCDS e demais leitores, com muita alegria trazemos a todos mais uma edição de nossa Revista Virtual Monte Carmelo, na qual par lharemos algumas matérias relacionadas, sobretudo, aos meses dedicados à Palavra de Deus e às Missões. Na Seção “Santo do Mês”, nosso irmão Giovani Mendes (CE) relata o testemunho dos Már res de Rochefort, carmelitas descalços mar rizados no período da Revolução Francesa. Andreia Virginia (MG), na Seção “Espiritualidade”, apresenta um paralelo entre Santa Teresa de Jesus, celebrada no dia 15 de outubro, e Santa Teresinha do Menino Jesus, celebrada no dia 01 de outubro, no qual percebemos o profundo amor a Deus presente na espiritualidade de cada uma delas. Por ocasião do mês missionário, nossos irmãos da Comunidade São José de Sete Lagoas (MG) par lham o trabalho realizado pela comunidade junto aos moradores de ruas, experiência prá ca das obras de misericórdia. E com muita alegria trazemos o Testemunho de nosso irmão Fernando Alcici (MG) que celebrou seu Jubileu de Prata no Carmelo Secular. Na Seção “A Voz da Igreja”, somos convidados a refle r sobre nossa Doutrina, com o discurso do Papa Francisco, por ocasião do XXV Aniversário do Catecismo da Igreja Católica. Nosso presidente Luciano Dídimo (CE) relata-nos ainda sobre a realização do Congresso de Espiritualidade da CICLA, realizado na cidade de São Leopoldo – RS, e que teve como tema “O Magistério do Papa Francisco e o Carmelo Teresiano”. Apresentamos também, nesta edição, nossas sinceras homenagens aos Frei Deneval e Antônio Perin, falecidos no mês de outubro. Não deixem de conferir as no cias de nossas comunidades/grupos OCDS. Desejamos uma excelente leitura a todos. Sugestões de matérias podem ser compar lhadas pelo email: no ciasocds@gmail.com.
Um fraterno abraço! Deus os abençoe!
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Santo(a) do Mês
Beatos Mártires do Porto de Rochefort (Revolução Francesa) por Giovani Mendes, ocds Comunidade Flor do Carmelo de Sta Teresinha Fortaleza/CE
BEATO JOÃO BATISTA DUVERNEUIL Padre Léonard de Angoulême - Már r. Nasceu em Limoges em 1737 BEATO MIGUEL LUIS BRULARD Viu a luz em Chartres, em 11 de julho de 1758. Már r do convento de Charenton BEATO TIAGO GAGNOT Uberto di S. Claudio, veio ao mundo em Frolois, em 09 de fevereiro de 1753. Már r de Nancy Os três, por caminhos diversos, seguiram a vocação ao Carmelo Teresiano. Sua vida na Ordem foi u m a g e n e ro s a p re p a ra ç ã o p a ra e n f re n ta r vitoriosamente seu futuro mar rio. Estoura a famigerada Revolução Francesa em 1792. Vários religiosos de diferentes ordens e congregações são perseguidos e aprisionados, entre eles nossos beatos carmelitas descalços. No dia 21 de outubro de 1793, vários encarcerados que ainda se negam a prestar o juramento ao governo revolucionário, contra a Igreja, são condenados à deportação para a Costa da África. Estes irmãos nossos, por sua fidelidade a Deus, à Igreja e ao Papa, foram objeto de hos lidades, condenação e - prisão. Os condenados seguem uma verdadeira Via Crucis até Rochefort, litoral oeste da França, donde par riam à deportação. A longa viagem até Rochefort é transformada num humilhante espetáculo, do qual os prisioneiros são expectadores e par cipes. Ao chegar a Rochefort percebe-se que os barcos que os transportariam até a África não estão em condições para realizar tal viagem. Assim, aqueles barcos negreiros, chamados de “pontões”, são transformados em prisões flutuantes sobre o mar. Lançados com muitos outros companheiros em um barco negreiro chamado “Os Dois Sócios”, veram que sofrer toda espécie de penalidades, privações e injúrias. Antes da subida dos prisioneiros aos barcos, uma úl ma inspeção. Foram recolhidos todos os
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objetos religiosos. Por fim, muitas Bíblias, crucifixos e livros de orações foram jogados ao mar... Rezar, somente às escondidas! Quatrocentas pessoas são amontoadas no dito barco. Entre estes estão nossos frades carmelitas... Sem ven lação, sem luz, sem espaço suficiente, sem alimentação, sem banheiros, são tratados sem compaixão. O tempo passa, a situação se torna insuportável e surge uma devastadora epidemia de fo. Nessa situação dramá ca, souberam exercitar com os demais prisioneiros os atos mais delicados de caridade e serviço. Esgotados pelos sofrimentos sicos e morais, consumaram seu mar rio: o Pe. João Ba sta em 01de janeiro de 1794, Pe. Miguel Luís em 25 do mesmo mês e o Pe. Tiago em 10 de setembro do citado ano. Estas mortes pela fé veram lugar na baía de Rochefort, no litoral atlân co de Charente-Mari me. Aos poucos a pequena Ilha Madame foi tornando-se cemitério de uma grande quan dade de már res. Foram bea ficados pelo Papa São João Paulo II em 01 de outubro de 1995. Oremos: Deus e Senhor nosso, que aos Beatos João Ba sta, Miguel Luís e Tiago, Presbíteros e companheiros de mar rio, destes a graça da fidelidade e do perdão nos momentos de sofrimento e de prova; concedei-nos, por sua intercessão, vivermos sempre fiéis à Vossa Igreja e abertos à reconciliação com nossos irmãos. Por nosso Senhor Jesus Cristo, Vosso Filho, na Unidade do Espírito Santo. Amém.
Espiritualidade
por Andréia Virgínia da Silva Comunidade São Jose - Sete Lagoas/MG.
Santa Teresa de Ávila e Santa Teresinha Faremos um paralelo entre duas estrelas do firmamento da Igreja: Teresa de Ávila e Teresa de Lisieux. Um dos comentários mais adequados que se poderia fazer a respeito de Santa Teresa de Jesus, a Grande, cuja festa se comemora em 15 de outubro, é o que tange à sua verdadeira grandeza de alma, e como esta difere da “imensa pequena” grandeza de Santa Teresinha do Menino Jesus.
diversos dons sobrenaturais, cuja amplitude pode ser avaliada pelos fenômenos da vida mís ca com ela ocorridos. Ou seja, visões, revelações, êxtases, todo um especial convívio com Deus, em que se percebe o refulgir colossal da graça, causando-nos a impressão de extraordinária personalidade que verdadeiramente nos deslumbra. Foi, de fato, uma grande dama, uma grande mulher, uma grande freira e grande santa.
Qualidades naturais e espirituais deslumbrantes
Tipo perfeito da religiosa matriarca
Quando se lê a vida de Santa Teresa, tem-se uma espécie de deslumbramento que nos leva a dizer: “Trata-se de uma avultada personalidade, com todas as suas potencialidades plenamente desenvolvidas”. Por ocasião de sua morte, um escritor, em carta a um amigo na qual contava algumas novidades, afirmou: “Morreu um grande homem, a freira espanhola Teresa de Jesus”. Tal era a impressão causada por ela a seus contemporâneos. Possuía inteligência vasta e privilegiada, ao mesmo tempo ma zada e forte, talhada para altos voos. Além disso, dotada de uma vontade firme e sensibilidade controlada por inteiro. A essa riqueza natural, a Providência acrescentou
Todas essas culminâncias, como montanhas superpostas, produziam tais sensações de assombro que, durante sua vida terrena, algumas pessoas talvez sen ssem certo receio de se acercar dela. E ra , e m ú l m a a n á l i s e , a g ra n d e z a d a personalidade humana num de seus exemplares mais privilegiados na ordem da natureza, refulgindo com sublimidades da graça, e dando uma ideia completa do que seria o po perfeito da religiosa matriarca. Pois Santa Teresa de Jesus tornou-se uma admirável matriarca. Ela foi, como mãe espiritual, aquilo que o patriarca é como o fundador de uma linhagem. Possuía quase todos os carismas e bênçãos de um patriarca, a ponto de nos fazer esquecer das MONTE CARMELO
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debilidades do sexo feminino e vermos nela uma espécie de querubim, com todas as eminências de um ser puramente espiritual. Assim foi Santa Teresa de Jesus, a Grande, dotada de todos os recursos psíquicos que caracterizam o equilíbrio ideal: força, repouso sobre si mesmo, plenitude, que se manifestava de modo extraordinário. Paralelo com Santa Teresinha Santa Teresinha do Menino Jesus, pelo contrário, representa de algum modo a aurora da época em que esse po de personalidade surgiu. Ou seja, a família de almas pequenas, profundamente admira vas das grandes almas, pelas quais nutrem respeito, procuram imitá-las, mas compreendem que no plano natural não lhes foi concedida a mesma plenitude. A santa de Lisieux nha acessos de midez, inibição e outros movimentos de alma complexos que, no âmbito humano, representam limitações. Por exemplo, quando a mãe a chamava do alto de uma escada, fazendo-o de modo risonho e acolhedor, ela a galgava num passo rápido; porém, se de maneira severa, ela ficava enregelada e não conseguia subir. Ora, se o fato ocorresse com Santa Teresa de Ávila, de uma ou outra forma, ela subiria a escada saltando os degraus. Donde Santa Teresinha afirmar que Deus não a atraía através de fenômenos extraordinários, como visões, êxtases ou revelações, e sim por meio de pequenas coisas feitas com amor, naturalidade, com confiança ilimitada na bondade do Al ssimo. A mesma música, com acentos de delicadeza Santa Teresinha do Menino Jesus fundou a pequena via que não poderia ter sido vivida com mais envergadura de alma, largueza de horizonte e plenitude de san dade do que ela própria o fez. Executou a mesma música magnífica de Santa Teresa de Ávila, contudo tocada em outro instrumento, mais delicado e suave. Não obstante, no fundo com austeridade, generosidade e entrega a Deus tão grandes que, quando se lê a vida de Santa Teresinha, chega-se a esta conclusão: por mais que Santa Teresa tenha sido colossal realizando coisas extraordinárias, Santa Teresinha foi colossal fazendo coisas pequenas. E esta úl ma caracterís ca não fica abaixo da primeira. Trata-se da maravilhosa variedade das obras de
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Deus, fazendo-nos compreender que cada um de nós, procurando san ficar-se naquilo para o que nasceu, deve estar tranquilo e sa sfeito, pois obedece à vontade do Criador. Deus glorificado na junção das duas Teresas Assim entendemos como Deus é glorificado na junção dessas duas Teresas; cada uma como que representa um capítulo da história da alma humana e uma forma de san dade da Igreja. Como disse, não se pode reputar que Santa Teresa do Menino Jesus fosse uma pessoa cheia de debilidades e carências. Porém, estava na aurora das almas da pequena via, que fazem coisas simples, comuns, modestas, despretensiosas, e podem alcançar uma grande san dade. A esse tulo ela deve ser considerada a que indica o caminho reto, fácil, para os pequenos. Estes, sem almejarem os grandes voos de Santa Teresa de Jesus, entretanto são capazes de tocar em alturas tão elevadas quanto ela logrou alcançar. Eis, portanto, um paralelo estabelecido entre as duas santas. Uma se explica pela outra. Se quisermos contemplar toda a grandeza de Santa Teresa de Ávila, consideremos Santa Teresinha. Se desejarmos aquilatar a riqueza da santa de Lisieux, analisemos a vida de sua predecessora. Tais são as maravilhas de Deus que devemos admirar e cujo alcance inteiro não raro escapa ao olhar humano. O espírito prá co não se opõe à contemplação Em geral, os fundadores das ordens contempla vas têm importante nexo com a causa contra-revolucionária, e Santa Teresa foi fundadora de um ramo da Ordem do Carmo. De fato, esta Ordem é uma só, embora esteja dividida em dois ramos (calçados e descalços). Ao conhecermos a infa gável a vidade de Santa Teresa, aliada à sua não menos intensa vida interior, compreendemos tratar-se de erro funesto pensar que o espírito prá co é o oposto do contempla vo, gerando a falsa ideia de que a piedade de uma pessoa realizadora e dinâmica deve diminuir na proporção de suas obras, e que o tempo por ela dedicado à oração prejudica seus empreendimentos. Conta-se que o abade trapista francês, Dom Chautard, autor do livro A alma de todo apostolado, certa vez se encontrou com Clemenceau, primeiroministro da França, e este lhe perguntou:
— Como o senhor tem tempo para fazer tanta coisa? A resposta do religioso: — Acrescente às minhas ocupações diárias a celebração da Missa, a leitura do breviário, outras tantas prá cas de vida de piedade, e então sobra tempo para as demais a vidades... Afirmação magnífica, à qual não falta aquela precisão francesa, que diz tudo em poucas palavras. Uma pessoa ávida dos minutos diria que dedicamos tempo exagerado à oração, e melhor serviríamos aos interesses da Igreja se comprimíssemos determinadas preces quo dianas. É uma ideia inteiramente equivocada, e o êxito notório de nosso apostolado pelo Brasil e o mundo prova que só o alcançamos porque dedicamos todo o tempo necessário à vida interior. Ou seja, se mais tempo a ela consagrássemos, resultados ainda mais prá cos e eficazes seriam ob dos. E acrescento: teríamos no mais alto grau os dons para cumprir nossa missão. Equilíbrio entre contemplação e ação Nesse sen do, há um episódio célebre na vida de Santa Teresa de Jesus que ilustra bem como a contemplação e a ação devem estar unidas. Certo dia recebeu ela, por obediência, ordem de preparar uma panqueca para o almoço das freiras. Para fritá-la, é necessário manusear a frigideira de modo a lançar a panqueca para o alto e fazê-la girar no ar, o que exige muita atenção de quem a prepara. Em determinado momento, entra uma freira na cozinha e vê Santa Teresa no auge de um êxtase, a face iluminada, transfigurada, e con nuando a fritar a panqueca. Quando terminou sua oração, o quitute estava pronto e muito bem feito. Vejo neste fato um belo símbolo do equilíbrio entre a contemplação e a ação. Quer dizer, quem desejar fazer boas “panquecas” em matéria de apostolado, reze fervorosamente; isto é, se orar, o apostolado dará bons frutos; sem oração, os frutos serão menores ou nulos. Temos, assim, colhido no admirável exemplo de Santa Teresa de Jesus, um princípio de ouro que toda alma chamada a uma vocação apostólica deveria gravar e cul var no seu interior. Santa Teresa de Ávila é a grande santa que colaborou para a renovação não só do Carmelo, mas da Igreja, que nesta oração, recitada no dia de sua festa, reconhece sua contribuição: “Ó Deus, que suscitastes Santa Teresa para ensinar à Igreja o
caminho da oração (…)”. Sua obra consiste em mostrar à Igreja que toda mudança passa pelo coração do homem que encontra em suas profundezas o castelo onde Deus habita. Tudo que se tem a dizer sobre Teresa Sanchez Cepeda y Ahumada é extraordinário. Ela viveu e ensinou a oração pessoal como sendo a busca de uma in midade maior com Deus. Escreveu como um poeta, cantando as glórias do Senhor do Céu e da Terra, depois de ter convivido mis camente com Ele. Reformou e aperfeiçoou o es lo de vida religiosa. Foi doutora em matéria de religião e de religiosidade. Ultrapassando os limites de si mesma, ela foi mais além: foi Santa. E uma grande Santa. Por isso mesmo é que ela é chamada de Teresa, a Grande. A reforma do Carmelo e sua experiência metódica da oração pessoal na busca de uma in midade com Deus formam seu maior legado deixado para os fiéis da Santa Igreja. Santa Teresa de Jesus é uma verdadeira mestra de vida cristã para os fiéis de todos os tempos. Ela nos ensina a ser incansáveis testemunhas de Deus, da sua presença e da sua ação. (Bento XVI) Santa Teresinha, chamada a maior santa dos tempos modernos, contribuiu para fazer ver à Igreja a necessidade de voltar a todo tempo à simplicidade evangélica, além de ter proclamado, de forma nova e ardente, que é o amor que a impulsiona e lhe dá vida. S a n t a Te r e s i n h a n ã o p r a c o u g r a n d e s mor ficações sicas. Ela se limitou apenas simplesmente às prescrições de sua Regra. Mas esmerou-se em outro po de mor ficação: fazer a toda hora, a todo instante, mil pequenos sacri cios. Jamais a vontade própria. Jamais o cômodo, o deleitável. Sempre o contrário do que os sen dos pediam. E cada um destes pequenos sacri cios era uma pequena moeda no tesouro da Igreja. Moeda pequena, sim, mas de ouro de lei: cada pequeno ato consis a no amor de Deus com que era feito. Caminho simples, caminho para todos. A missão de Santa Teresinha foi de nos mostrar uma vida em que pudéssemos todos trilhar. Fonte: h p://santossegundojoaocladias.blogspot.com.br Sociedade de Vida Apostólica de Direito Pon cio Regina Virginum Plinio Corrêa de Oliveira - Trecho extraído do Legionário 28/09/1947 Dom Eurico dos Santos Veloso – Arcebispo Emérito de Juiz de Fora
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Outubro - Mês Missionário
Pequenas Obras da Misericórdia por Andréia Virginia da Silva, Márcia Barbosa de Souza e Wilson Teixeira da Silva Comunidade São José - Sete Lagoas/MG
A experiência com nossos irmãos moradores de rua é a vivência do que Jesus tanto nos pede no santo evangelho “Cada vez que fizerdes algo a um destes meus irmãos mais pequeninos, a mim o fizestes” (MT 25,40), entender que o outro que esta ali é o Jesus abandonado, é o Jesus chagado moralmente, fisicamente, espiritualmente e psicologicamente. É reconhece-Lo nos pequenos gestos: no abraço, no aperto de mão, no agradecimento pela comida recebida, no pão repar do. Nosso Senhor, no Evangelho de Mateus, capítulo 25, ensina-nos sobre as obras de misericórdia. Tal passagem é famosa, profunda e desafiante. Hoje, são milhares de milhares de pessoas que passam fome, têm sede, não têm onde morar, necessitam de um conselho, um perdão e uma prece por elas. É muito fácil cobrar ou apenas dizer que as autoridades polí cas devem erradicar a sede e a fome do mundo, que as pessoas que possuem problemas devem procurar religiosos ou psicólogos, que parem de frescura. Na verdade, Jesus, quando se pronunciou sobre as obras de misericórdia, não falou apenas às autoridades polí cas, aos sábios ou aos doze, não falou apenas aos ricos. Cristo ensinou a todos sobre a prá ca do bem e deu também autoridade aos seus de fazerem obras grandiosas (Jo 14,12). Jesus nos deu uma autoridade, por isso o convite é de colocarmos a mão na consciência, pensarmos “o que eu posso fazer?”. “Mas eu sou pobre, como posso ajudar alguém?” Jesus orientou pobres e ricos a viverem as obras de misericórdia. Vamos pensar, vamos rezar, vamos abrir o coração e as carteiras e par lhar o que
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temos com os necessitados. De pouquinho em pouquinho, tomaremos gosto por viver as obras de misericórdia. Além de dar os passos, reze: “Vou visitar-Te, Senhor”, “Dá-me coragem!”, “Vou dar-Te de beber, mas, na verdade, a minha sede é que será saciada”. Isso mesmo! É isso que acontece quando realizamos, por graça de Deus, uma obra de misericórdia. Assim, de pouco em pouco, de passos e mais passos, com a ajuda do Senhor, o mundo será um pouco melhor. O Pai já realizou maravilhas neste mundo! Sua grande obra foi a salvação que nos foi dada por Seu Filho Jesus. Na força do Espírito Santo, Ele iniciou pequeno Seu trabalho, e hoje somos chamados a con nuar Sua obra. Diante da autoridade que o Senhor nos deu, iniciemos pequenas obras de misericórdia, sem a pretensão de sermos grandes. O Pai vê e se encarrega do resto. Sejamos dóceis e par lhemos o pouco que pensamos ter, pois esse pouco acaba sendo o muito para salvar aquele irmão. Os momentos vivenciados na Pastoral de rua, passam a ser vivenciados no dia-a-dia, quando você encontra com eles nas ruas, independente de como você está ou não com a doação, eles já conhecem, eles já te cumprimentam. Vivenciei essa experiência de uma forma muito forte certa vez, quando, do nada, eu ganhei um vasinho de flor de um morador de rua. Ele me viu na rua, me abraçou e veio me presentear, gestos assim que faz você entender que está no caminho certo, não importa o que os governantes fazem hoje, o que
importa é que façamos. Mas que façamos bem feito. Doando não apenas que comida que matar a fome, mas a comida que sustenta o espírito e o sico, acreditando que quando nos dispomos a ajudar, Deus proverá. Muitos se dispõem a ajudar, mas também há aqueles que cri cam, pois a trave que trazem nos olhos não permite enxergar Cristo naquele irmão. “Porque ve fome, e destes-me de comer; ve sede, e destes-me de beber; era estrangeiro, e hospedastes-me; estava nu, e ves stes-me; adoeci, e visitastes-me; es ve na prisão, e foste me ver. Então os justos lhe responderão, dizendo: Senhor, quando te vimos com fome, e te demos de comer? ou com sede, e te demos de beber? E quando te vimos estrangeiro, e te hospedamos? ou nu, e te ves mos? E quando te vimos enfermo, ou na prisão, e fomos ver-te? E, respondendo o Rei, lhes dirá: Em verdade vos digo que quando o fizestes a um destes meus pequeninos irmãos, a mim o fizestes” Mt. 25,35-40. A par do momento que percebemos Deus em nosso próximo (aquele que está na rua dormindo debaixo das marquises, no banco da praça, pedindo um trocado) não podemos julgá-los, mas AMAR, acolher, ouvir... É momento de aprendizado e
exercício, é este o amor que devemos ter com o próximo, como podemos negar um aperto de mão a um irmão que não toma banho há muitos dias e até mesmo um abraço, para quebrar o nosso orgulho, as nossas vaidades, pois se devemos amar a Deus no próximo, devemos fazer em seu nome e por Ele, pois “ É necessário que ele cresça e que eu diminua (Jo 3,30).” A nossa pastoral não se restringe apenas aos moradores de rua, mas também a tantos outros irmãos que encontramos pela noite e madrugada a fora, varredores de rua, lixeiro, catadores de reciclados, vigias que as vezes foram trabalhar e não veram condições de levar um lanche. Nos hospitais, quando vamos levar comida, não importa se quem está ali é um acompanhante de um doente, ou se é uma enfermeira ou um médico, nós não olhamos o nível social, a posição ou cargo que ocupa, nós queremos servir igualmente com a mesma alegria, com a mesma disponibilidade de ser ouvinte, de escutar a dificuldade que o outro está passando ali no hospital. A experiência que vivemos nas noites e madrugadas de pastorais é algo inexplicável. É olhar para o próximo sem julgar e condenar, com amor e perdão sem medida.
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Testemunho
Fernando de Carvalho Azevedo Alcici (Fernando de Santa Teresa de Jesus) Comunidade Santa Teresa de Jesus Belo Horizonte-MG
Celebração de um Jubileu de Prata no Carmelo Secular Celebrar o Jubileu de Prata Carmelitano é cantar as misericórdias do Senhor sobre mim nestes vinte e cinco anos de vida carmelitano-teresiana. Recordo os úl mos meses do distante ano de 1989, quando vivendo uma grande “falta” em minha vida, após alguns anos de afastamento da vida sacramental, mesmo sem ter deixado morrer a semente, saí à procura do meu Amado, querendo retornar a vida de oração. Inicialmente, morando perto do Santuário de São Judas, no bairro da Graça, ali encontrei o testemunho das Mestras de Santa Dorotéia, filhas dos Sagrados Corações, que me atraiu novamente para a vida sacramental e oração litúrgica. Comecei a par cipar da missa diária e querendo sempre mais. Nos meus distantes caminhos para o trabalho, encontrei um Carmelo, na proximidade da festa de Santa Teresa de Jesus. Deus respondia a minha busca, o meu desejo de maior in midade com Ele. Se era verdade que eu O buscava, muito mais Ele me atraía e me desejava, sem mérito algum de minha parte. Era o encontro do Criador e da criatura, exilada a alguns anos do seu Eu mais profundo, e da miséria com a Misericórdia. Como derramava lágrimas de alegria por causa da nossa reconciliação, lágrimas de tristeza, por ter ficado tantos anos aparentemente longe do Amado. Comecei em outubro de 1989 a par cipar da adoração Eucarís ca, da oração das Vésperas e da missa diária na Capela das Carmelitas de Santa Teresa, congregação filiada ao Carmelo Descalço, no retorno do meu trabalho. Tudo era novidade e me atraía, com todos os meus sen dos. Tudo nha gosto, cheiro, textura, som e prazer. Pensei: encontrei o meu lugar na Igreja, aqui é meu lugar! Novo sen do para a vida, maior alegria e força para viver o peso de uma dedicada vida aos doentes, aos amigos e à família. Tudo parecia novo, a realidade ganhava um novo colorido, amadurecia e descor nava uma nova maneira de viver e ver o mundo.
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No início de janeiro de 1990, houve capítulo dos Frades Carmelitas Descalços e a Teologia retornou a Belo Horizonte, com seus estudantes. Com eles, veio o propósito de dar inicio a comunidades seculares.
E aconteceu, fundaram-se três comunidades em Belo Horizonte, a 21 de junho de 1990 e eu que já frequentava o Carmelo do Planalto, incorporei ao grupo lá, sob a coordenação de Irmã Rosângela Fregonesi, carmelita de Santa Teresa e a assistência espiritual de Frei Luis Filipe Pi a Azinhais Mendes OCD. Foi criada uma coordenação provisória e eu escolhido como mestre de formação, apesar de então conhecer pouco nossa espiritualidade, mas ávido, lia os livros na frente. Tínhamos reuniões mensais, foi impressa a então norma de vida dos carmelitas descalços seculares, que íamos lendo e relendo e nunca faltava o canto da Salve Regina. O grupo foi crescendo em aprendizado e na absorção do es lo carmelitano de ser e foram perseverando aqueles que realmente eram chamados, mistério vocacional, dom de Deus e correspondência nossa. Os exemplos das irmãs Carmelitas de Santa Teresa, dos frades e das Monjas ajudavam a formar a iden dade camelitana laical, seja no convívio co diano, seja par cipando da vida litúrgica, re ros, encontros, recreios comunitários, além das leituras e oração. No segundo ano da vida carmelitana fui a São Roque (outubro de 1991), para o Congresso Provincial da OCDS, ainda muito simples, todo organizado pelos frades, tendo como líder e grande entusiasta, o querido frei Patricio Sciadini. Minha visão se ampliou, encontrando seculares de outros lugares, a maioria, idosos, eu o caçula, no local que sempre foi e será sempre minha paixão, o Centro de Espiritualidade Teresiano. Tudo era novidade para mim: a oração mental no es lo teresiano, Santa Teresa de Jesus, São João da Cruz, Santa Teresinha, mistério a me fascinar e atrair. Pensava também: quero entrar neste Castelo, chegar à sé ma Morada e havia irmãos a me es mular, a aumentar o meu desejo de uma vida de in midade
com o Senhor. O ano do quarto centenário de morte de São João da Cruz (1991) foi decisivo e serviu como incen vo nesta busca, um mergulho em suas obras. Há uma outra vida, a vida interior, que precisa ser desenvolvida, conhecida e trilhada, pensava eu nesta época. Elias foi uma figura que me atraiu e graças a meu “ecumenismo”, que buscava conviver com os frades da An ga Observância e as Carmelitas da Divina Providência, fui beber na sua Fonte e vi que não poderia ser teresiano-joanino, sem ser eliano, o homem de Deus. A regra de Santo Alberto, com seus valores, norteava minha vida e queria conhecê-la e compreende-la sempre mais. Em 14 de setembro de 1992, fiz as Primeiras Promessas no Carmelo Secular Teresiano, contando a par r desta vida o meu Jubileu de Prata e no dia 16 de setembro de 1995, as Promessas defini vas.
Com o tempo, vieram as funções na Comunidade como Presidente, ora como Mestre de formação e também na Província, como conselheiro provincial, presidente da comissão do Congresso Provincial e o melhor de tudo, um dos representantes do Brasil no Congresso Mundial do Carmelo secular, no México, em setembro de 2000, juntamente com cento e sessenta carmelitas de quarenta países. Meu coração vibrou de emoção e alegria, queria me comunicar e conhecer a todos e só nha uma linguagem, a do amor, já que não falava línguas, além do português e um limitado inglês. Sou muito grato ao Senhor por fazer parte desta linda família na Igreja e que a marcha do tempo sempre me encontre com aquele amor apaixonado pelo Carmelo dos primeiros tempos, por seus membros e pela sua espiritualidade. As misericórdias do Senhor eternamente eu cantarei, fazendo minhas as palavras de minha Santa Madre, Santa Teresa de Jesus, de quem levo o nome no Carmelo. MONTE CARMELO
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Voz da Igreja
Discurso do Papa Francisco por Ocasião do XXV Aniversário do Catecismo da Igreja Católica O vigésimo quinto aniversário da Cons tuição apostólica Fidei depositum, com a qual São João Paulo II promulgava o Catecismo da Igreja Católica, trinta anos depois da abertura do Concílio Ecumênico Va cano II, é uma significa va ocasião para verificar o caminho, entretanto percorrido. Não foi primariamente para condenar os erros que São João XXIII sonhara e quisera o Concílio, mas, sobretudo para permi r que a Igreja chegasse finalmente a apresentar, com uma linguagem renovada, a beleza da sua fé em Jesus Cristo. «É necessário primeiramente – afirmava o Papa, no seu Discurso de abertura – que a Igreja não se aparte do patrimônio sagrado das verdades, recebidas dos seus maiores; mas, ao mesmo tempo, deve também olhar para o presente, para as novas condições e formas de vida do mundo, que abriram novos caminhos ao apostolado católico». «O nosso dever – con nuava o Pon fice – é não só guardar este tesouro precioso, como se nos preocupássemos unicamente da an guidade, mas também dedicar-nos com vontade pronta e sem temor àquele trabalho que o nosso tempo exige, prosseguindo assim o caminho que a Igreja percorre há vinte séculos». «Guardar» e «prosseguir» são a incumbência que cabe à Igreja por sua própria natureza, a fim de que a verdade con da no anúncio do Evangelho feito por Jesus possa alcançar a sua plenitude até ao fim dos séculos. Tal é a graça que foi concedida ao Povo de Deus; mas é igualmente uma tarefa e uma missão, cuja responsabilidade carregamos: anunciar de modo novo e mais completo o Evangelho
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de sempre aos nossos contemporâneos. Assim, com a alegria que provem da esperança cristã e munidos do «remédio da misericórdia», vamos ao encontro dos homens e mulheres do nosso tempo para lhes permi r a descoberta da inexaurível riqueza encerrada na pessoa de Jesus Cristo. Ao apresentar o Catecismo da Igreja Católica, São João Paulo II afirmava que ele «deve ter em conta as explicitações da doutrina que, no decurso dos tempos, o Espírito Santo sugeriu à Igreja. É também necessário que ajude a iluminar, com a luz da fé, as novas situações e os problemas que no passado ainda não nham surgido» (Const. apost. Fidei depositum, 3). Por isso, este Catecismo cons tui um instrumento importante não apenas porque apresenta aos crentes os ensinamentos de sempre para crescerem na compreensão da fé, mas também e, sobretudo porque pretende aproximar os nossos contemporâneos, com suas problemá cas novas e diversas, da Igreja, comprome da na apresentação da fé como resposta significante para a existência humana neste momento histórico par cular. Assim, não basta encontrar uma nova linguagem para expressar a fé de sempre; é necessário e urgente também que, perante os novos desafios e perspec vas que se abrem à humanidade, a Igreja possa exprimir as novidades do Evangelho de Cristo que, embora con das na Palavra de Deus, ainda não vieram à luz. Trata-se daquele tesouro feito de «coisas novas e velhas» referido por Jesus, quando convidara os seus discípulos a ensinar o novo por Ele trazido, sem transcurar o an go (cf. Mt 13, 52). Uma das páginas mais belas do evangelho de São João é aquela que nos dá a chamada «oração sacerdotal» de Jesus. Antes de enfrentar a paixão e a morte, dirige-Se ao Pai manifestando a sua obediência na realização da missão que Lhe fora confiada. As suas palavras são um hino ao amor,
incluindo também o pedido de que sejam guardados e protegidos os discípulos (cf. Jo 17, 12-15). Ao mesmo tempo, porém, Jesus reza por todas as pessoas que no futuro hão de acreditar n'Ele, graças à pregação dos seus discípulos, para que também elas sejam congregadas e conservadas na unidade (cf. Jo 17, 20-23). Na frase «esta é a vida eterna: que Te conheçam a Ti, único Deus verdadeiro, e a Jesus Cristo, a quem Tu enviaste» (Jo 17, 3), toca-se o auge da missão de Jesus. Como bem sabemos conhecer Deus não é primariamente um exercício teórico da razão humana, mas um desejo inex nguível impresso no coração de cada pessoa. É o conhecimento que provem do amor, porque encontramos o Filho de Deus no nosso caminho (cf. Carta enc. Lumen fidei, 28). Jesus de Nazaré caminha conosco para nos introduzir, com a sua palavra e os seus sinais, no mistério profundo do amor do Pai. Este conhecimento fortalece-se dia após dia com a certeza, que nos dá a fé, de nos sen rmos amados e, consequentemente, inseridos num desígnio repleto de sen do. Quem ama quer conhecer melhor a pessoa amada, para descobrir a riqueza que se esconde nela e que dia a dia aparece como uma realidade sempre nova. Por este mo vo, o nosso Catecismo apresenta-se, à l u z d o a m o r, co m o u m a ex p e r i ê n c i a d e conhecimento, de confiança e de abandono ao mistério. Ao delinear os pontos estruturais da sua
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composição, o Catecismo da Igreja Católica retoma um texto do Catecismo Romano; assume-o, propondo-o como chave de leitura e concre zação: “A finalidade da doutrina e do ensino deve fixar-se toda no amor, que não acaba. Podemos expor muito bem o que se deve crer, esperar ou fazer; mas, sobretudo, devemos pôr sempre em evidência o amor de nosso Senhor, de modo que cada qual compreenda q u e q u a l q u e r ato d e v i r t u d e perfeitamente cristão, não tem outra origem nem outro fim senão o amor” (Catecismo da Igreja Católica, n. 25). Nesta linha de pensamento, apraz-me fazer referência a um tema que deveria encontrar, no Catecismo da Igreja Católica, um espaço mais adequado e coerente com as finalidades agora expressas. Penso concretamente na pena de morte. Esta problemá ca não pode ficar reduzida a mera recordação histórica da doutrina, sem se fazer sobressair, por um lado, o progresso na doutrina operado pelos úl mos Pon fices e, por outro, a renovada consciência do povo cristão, que recusa uma postura de anuência quanto a uma p e n a q u e l e s a g rave m e nte a dignidade humana. Deve afirmar-se energicamente que a condenação à pena de morte é uma medida desumana que, independentemente do modo como for realizada, humilha a dignidade pessoal. Em si mesma, é contrária ao Evangelho, porque voluntariamente se decide suprimir uma vida humana que é sempre sagrada aos olhos do Criador e cujo verdadeiro juiz e garante, em úl ma análise, é apenas Deus. Nunca homem algum, «nem sequer o homicida, perde a sua dignidade pessoal» (Carta ao Presidente da Comissão Internacional contra a Pena de Morte, 20/III/2015), porque Deus é um Pai que sempre espera o
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regresso do filho, o qual, sabendo que errou, pede perdão e começa uma vida nova. Por conseguinte, a ninguém se pode rar não só a vida, mas até a própria possibilidade de um resgate moral e existencial que re d u n d a e m p ro v e i t o p a ra a comunidade. Nos séculos passados em que se confrontava com uma pobreza dos instrumentos de defesa e a maturidade social não conhecera ainda o devido desenvolvimento posi vo, o recurso à pena de morte aparecia como consequência lógica da aplicação da jus ça que se devia seguir. No próprio Estado Pon cio, infelizmente, recorreu-se a este remédio extremo e desumano, descurando o primado da m i s e r i c ó rd i a s o b re a j u s ç a . Assumimos as responsabilidades do passado, reconhecendo que aqueles meios eram ditados por uma mentalidade mais legalista que cristã. A preocupação por conservar íntegros os poderes e as riquezas materiais levara a sobres mar o valor da lei, impedindo que se chegasse a uma maior profundidade na compreensão do Evangelho. Mas, permanecer neutros hoje perante as novas exigências de reafirmação da dignidade pessoal, tornar-nos-ia mais culpáveis. A q u i n ã o e sta m o s p e ra nte q u a l q u e r c o n t ra d i ç ã o c o m a doutrina do passado, porque a defesa da dignidade da vida humana desde o primeiro instante da concepção até à morte natural sempre encontrou, no ensinamento da Igreja, a sua voz coerente e autorizada. O desenvolvimento harmônico da doutrina, porém, requer que se abandone tomadas de posição em defesa de argumentos que agora se apresentem decididamente contrários à nova compreensão da verdade cristã. Aliás, como já recordava São Vicente
de Lérins, «talvez alguém pergunte: Não haverá progresso algum dos conhecimentos religiosos na Igreja de Cristo? Há, sem dúvida, e muito grande. Com efeito, quem será tão malévolo para com a humanidade e tão inimigo de Deus que pretenda impedir este progresso?» (Commonitorium, 23.1: PL 50, 667). Por isso é necessário reiterar que, por muito grave que possa ter sido o delito come do, a pena de morte é inadmissível, porque atenta contra a inviolabilidade e dignidade da pessoa. «A Igreja, na sua doutrina, vida e culto, perpetua e transmite a todas as gerações tudo aquilo que ela é e tudo quanto acredita» (Conc. Ecum. Vat. II, Const. dogm. Dei Verbum, 8). No Concílio, os Padres não podiam encontrar afirmação sinté ca mais feliz para expressar a natureza e missão da Igreja. Não só na «doutrina» mas também na «vida» e no «culto», é oferecida aos crentes a capacidade de ser Povo de Deus. Com uma sequência evolu va de verbos, a Cons tuição dogmá ca sobre a Divina Revelação exprime a dinâmica resultante do processo: «esta Tra d i ç ã o p r o g r i d e ( … ) , c r e s c e ( … ) , t e n d e con nuamente para a plenitude da verdade divina, até que nela se realizem as palavras de Deus». A Tradição é uma realidade viva; e somente uma visão parcial pode conceber o «depósito da fé» como algo de está co. A Palavra de Deus não pode ser conservada em na alina, como se se tratasse de uma velha coberta que é preciso proteger da traça! Não. A
Palavra de Deus é uma realidade dinâmica, sempre viva, que progride e cresce, porque tende para uma perfeição que os homens não podem deter. Esta lei do progresso – segundo a fórmula feliz de São Vicente de Lérins: « annis consolidetur, dilatetur tempore, sublimetur aetate – fortalece-se com o decorrer dos anos, cresce com o andar dos tempos, desenvolve-se através das idades» (Commonitorium, 23.9: PL 50, 668) – pertence à condição peculiar da verdade revelada, enquanto transmi da pela Igreja, e não significa de modo algum uma mudança de doutrina. Não se pode conservar a doutrina sem a fazer progredir, nem se pode prendê-la a uma leitura rígida e imutável, sem humilhar a ação do Espírito Santo. Deus que, «muitas vezes e de muitos modos, falou aos nossos pais, nos tempos an gos» (Heb 1, 1), «dialoga sem interrupção com a esposa do seu amado Filho» (Dei Verbum, 8). E nós somos chamados a assumir esta voz com uma a tude de «religiosa escuta» (ibid., 1), para permi r que a nossa existência eclesial progrida, com o mesmo entusiasmo dos primórdios, rumo aos novos horizontes que o Senhor pretende fazer-nos alcançar. Agradeço-vos este encontro e o vosso trabalho, peço-vos que rezem por mim e de coração vos abençoo. Obrigado! Fonte: h p://w2.va can.va/
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Congresso de Espiritualidade da Cicla O congresso foi dividido em duas partes, sendo a primeira com o tema: A SITUAÇÃO ATUAL DA ESPIRITUALIDADE, e a segunda LAUDATO SI, AMORIS LETITIA E O CARMELO.
Após a missa de abertura do Congresso, a qual foi concelebrada por nosso Delegado Provincial Frei João de Deus, Frei Marcos Juchem, ocd, Provincial da Província Nossa Senhora do Carmo deu suas palavras de boas vindas. Em seguida, Frei Francisco Javier Mena, Definidor para a América La na e Caribe, fez a apresentação do Congresso. por Luciano Dídimo, ocds Comunidade São José de Santa Teresa - Fortaleza/CE Presidente Provincial da OCDS
A Província Nossa Senhora do Carmo dos Frades do Carmelo Descalço realizou de 02 a 06/10/2017 no CECREI - Centro de Eventos Cristo Rei, na cidade de São Leopoldo-RS, o Congresso de Espiritualidade da CICLA (Conferência Interprovincial dos Carmelitas La no-Americanos), que teve como tema "O M a g i sté r i o E s p i r i t u a l d o Pa p a F ra n c i s co Espiritualidade da Alegria e do Compromisso: É tempo de caminhar". O Presidente da OCDS, Luciano Dídimo, foi o único representante do Carmelo Secular da Província São José-Brasil.
A primeira palestra teve como Tema: "Raízes da pastoral e da teologia do Papa Francisco na Teologia do povo"e foi proferida pelo teólogo jesuíta argen no
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P. Juan Carlos Scannone, SJ. A par r do Concílio do Va cano II que definiu a Igreja como "Povo de Deus", a teologia do povo estuda as relações entre o povo de Deus e os povos da Terra.
Na sequência na parte tarde o mesmo palestrante prosseguiu com o tema "O desafio de uma espiritualidade missionária". À noite, os congressistas fizeram a visita ao Mosteiro das Monjas Carmelitas de São Leopoldo, que receberam a todos com imensa alegria e um delicioso lanche.
No terceiro do dia do congresso P. Marcos Sandrini, SDB, salesiano, em sua conferência "Amoris Lae a: uma espiritualidade encarnada na comunhão familiar", falou sobre a família e levou várias pessoas para testemunharem suas diferentes realidades familiares. Em seguida Frei Eugênio Sainz de Baranda, ocd, abordou o tema "O desafio da vida consagrada no pensamento do Papa Francisco". Frei Eugênio é carmelita espanhol, com 60 anos de sacerdócio, sociologo, atualmente está na Bolívia. Ja foi provincial em Burgos e Presidente da Conferência Internacional de Vida Consagrada.
No dia 04/10, Frei Milton Mouhthon Altamiranda, ocd, ex- Provincial da Colômbia, nos falou sobre "A mundanidade espiritual que asfixia o ar puro do Espírito". O mundanismo espiritual, que se esconde por detrás de aparências de religiosidade e até mesmo de amor à Igreja, é buscar, em vez da glória do Senhor, a glória humana e o bem-estar pessoal. Na sequência Frei Gilmar Zampiere, OFMcap falou sobre "Laudato si: o significado da criação como parte da fa m í l i a h u m a n a . A p o nta m e nto s p a ra u m a espiritualidade ecológica". À tarde Frei Carlos Susin, OFMcap discorreu sobre "Grandes linhas da realidade social e eclesial na América La na: chaves para um discernimento evangélico", e na sequência Frei Antonio Barrios, ocd, proferiu palestra sobre "Laudato si a par r do Cân co Espiritual de São João da Cruz". MONTE CARMELO
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Na parte tarde, os membros par cipantes do Congresso foram levados em 3 ônibus fretados para um tour pela cidade de Porto Alegre, visitando a Catedra, a Igreja de Santa Teresinha dos Carmelitas e o Santuário.
suportou o cárcere com paciência, que perdoou seus algozes, colaborou com a reforma, e que exerceu cargos administra vos. Logo sua espiritualidade se adapta a todas as situações da vida. Cultura de reconciliação e encontro.
Finalizando o congresso, Frei Agus Borrel, ocd, Vigário Geral da Ordem proferiu a úl ma palestra falando sobre o Documento Capitular 'É tempo de Caminhar', um programa de renovação para o Carmelo Teresiano. Ele ressaltou que a Ordem precisa
No úl mo dia, 06/11, Frei Jorge Zurek, ocd, frade carmelita colimbiano, discorreu sobre "Convergências do magistério teresiano-sanjuanista no magistério do Papa Francisco". O palestrante falou sobre a cultura de encontro e reconciliação do Papa Francisco e a influência que vem exercendo nesse sen do na Colômbia, especialmente por ocasião de sua visita ao país. Fez um compara vo com Santa Teresa, no ambiente que ela vivia e sua a tude diante das estruturas da época, ressaltando a importância de Teresa ter se manifestado em seu tempo, sendo valente, com olhar cri co da sociedade espanhola. Fez ainda um compara vo com João da Cruz, que
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estar aberta à renovação, dar novas respostas a novos problemas e não se prender a estruturas obsoletas. Por isso os frades estão empenhados em estudar, revisar e atualizar suas cons tuições. O sexênio anterior foi preparatorio para o 5º centenário de Santa Teresa. Para este sexênio se recomenda o estudo da iden dade para que possibilite sua renovação e inserção na realidade, devendo observar o que a humanidade pede hoje a fim de verificar a direção que devemos avançar, traçando obje vos e estratégias para alcança-los. Frei Agus falou também dobre a vivência comunitária, que combate o individualismo e egoísmo, dando sen do de pertença, construção de algo em comum. Com relação ao relacionamento fraterno na comunidade os problemas detectados hoje são: a vismo, individualismo, falta do sen do de pertença. O segundo ponto abordado pelo Vigário Geral foi a iden ficação pessoal com o carisma. Cada um deve se apropriar do carisma. Não é questão de observância mas de interiorização. Sen r a alegria da vocação carmelitana. Para a renovação é necessário a conversão do coração, não adianta apenas mudar formas, linguagens e estruturas se não houver uma reforma interior. Elementos importantes na proposta de renovação: releitura das cons tuições pessoal e comunitariamente para nos ques onarmos se
estamos vivendo aquilo que está no texto. O texto das cons tuições é um mapa, um navegador que precisa ser atualizado porque os caminhos vão mudando com o tempo. É como um GPS que precisa ser atualizado constantemente. Como família carmelitana precisamos avançar juntos no processo de renovação. É tempo de caminhar com determinada determinação de não parar jamais!
Em suas considerações finais o Definifor Frei Javier Mena encorajou a todos a seguir caminhando em sintonia com as propostas da Igreja e do Papa Francisco! Somos parte de uma nova eclesialidade que o Espírito suscita através do Papa Francisco.
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Notícias OCD
Nota Falecimento Frei Deneval e Frei Antônio Perin “Comba o bom combate, acabei a carreira, guardei a fé.” 2 Timóteo 4,7 por Rose Lemos Pio o, ocds Comunidade Santa Teresinha - Passos/MG Vice-presidente Provincial da OCDS Coordenadora da Comissão de Formação OCDS
Nós, Carmelitas Descalços Seculares da Província São José, nos unimos aos frades e às monjas num momento de luto e saudades, mas também de imensa alegria, fé e esperança, pelo falecimento dos queridos frades, Frei Deneval e Frei Antônio Perin, falecidos nos dias 01/10/2017 e 16/10/2017, respec vamente. Frei Deneval muito jovem descobriu sua vocação ao Carmelo e logo se entregou ao serviço à Igreja e aos irmãos. Serviu no silêncio. Na discrição, no bom humor delicado e na valorização do que realmente importa nesta vida. Fazemos menção, em especial, pelo seu serviço à Ordem do Carmelo como Provincial que foi, e também ao carinho que teve com a Escola de Formação Edith Stein, sendo nosso professor mais de uma vez. Frei Antônio Perin entrou no Carmelo com 10 ou 11 anos, e mais tarde fez seus estudos em Roma. Ordenou-se em São Roque-SP, sua cidade natal. Serviu à Ordem atuando em vários setores. Foi ecônomo provincial por muitos anos. Deixou-nos enorme herança através dos livros que traduziu sobre Santa Teresa e outros santos de nossa ordem. Como, por exemplo, “As cem fichas de Santa Teresa”. Excelente cozinheiro, gostava de alegrar a comunidade com seus risotos e macarronada inimitáveis. Com a cara séria e um coração doce! Esse era frei Antônio! Combateram o bom combate com vigor e coragem! Com amor e dignidade levaram a Cruz que lhes foi reservada. Foram mestres além do que lhes foi pedido. Foram irmãos além da fraternidade. Freis Deneval e Perin, nossos agradecemos mais uma vez! Desta vez sabendo que vocês, estando na Pátria Celeste, podem muito mais do que fizeram aqui por nós. Podem a go ra p e d i r a D e u s p o r n ó s seculares e pela nossa missão na Igreja. Sejam intercessores de nossas causas diante do Bom Deus e junto com Santa Teresinha e Santa Te r e s a , p e d i m o s - l h e s q u e derramem sobre nós uma chuva de rosas! Amém!
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Notícias das Comunidades/Grupos OCDS COMUNIDADES COMPARTILHAM SUAS ATIVIDADES ATRAVÉS DOS GRUPOS DE WHATSAPP
Comunidade Sta Teresinha de Passos com frei José Cláudio, ocd
Lazer da Comunidade Flor do Carmelo de ST Fortaleza/Ce
Reunião com frei Aurilio, frei Luciano e postulantes e OCDS de Tagua nga-DF
Formação na Comunidade São José de ST Fortaleza-CE - Virtudes em Santa Teresa
Comunidade São José Aparecida-SP. com frei João de Deus e Haide (conselheira)
Comunidade Santa Face (Tremembé/SP), visita de Frei João de Deus e Haide (conselheira)
Comunidade Flor do Carmelo de ST - Fortaleza/Ce recebeu a visita de Ana Stela, Conselheira
2° Re ro da Comunidade São João da Cruz /MA. Tema: "Minha Mãe é a Virgem Maria"
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Re ro Anual da OCDS de Camaragibe com Frei Aurílio Ma as (ocd)
Comemoração de 5 Anos de História do Grupo São José - OCDS, de Petrópolis
Grupo Santa Teresa de Jesus - Tagua nga/DF Formação: "São João da Cruz", por Frei Claudiano.
Comunidade Santa Teresa de Jesus Campinho/RJ
Visita da Conselheira Mônica Dodt a Comunidade de Camaragibe/PE
Encontro das Comunidades/Grupo Do Rj com Frei Javier Mena - Definidor Geral
Comunidade Santa Teresinha - Sete Lagoas/MG Reunião de formação com o Frei Hudson.
Re ro Anual da Comunidade Beata Elisabeth da Trindade - Montes Claros/MG
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Comunidade N.S. do Carmo – Tijuca/RJ Celebrando 98 anos de fundação
Grupo Vinha do Senhor - Ribeirão Preto/SP Reunião de formação.
Comunidade Sta Teresinha do MJ - Cara nga/MG Formação sobre São João da Cruz.
Frei Cléber visita a Comunidade São João da Cruz - São Luís/MA
Admissões e Promessas da Comunidade de Bananeiras/PB com a OCDS de Camaragibe/PE.
II Encontro Carmelitano "Minha Vocação É O Amor", Comunidade São Jose de Sete Lagoas/MG
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Eventos
COMUNIDADES COMPARTILHAM SUAS ATIVIDADES ATRAVÉS DOS GRUPOS DE WHATSAPP Os membros da OCDS que desejarem entrar nos grupos de WhatsApp, podem enviar suas solicitações para Luciano Dídimo: (85) 988955966. Grupos de WhatsApp da OCDS da Província São José: · OCDS PROVÍNCIA SÃO JOSÉ
· CARMELO JOVEM
· CASAIS OCDS
NOSSOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, confira... (h p://www.ocdsprovsaojose.com.br/)
h p://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com.br/
h ps://www.facebook.com/pages/Ordem-Dos-CarmelitasDescal%C3%A7os-Seculares/132884536754686?ref=hl
COMISSÃO DE ESPIRITUALIDADE Dir-se-ia que na oração és como uma rainha que tem livre acesso ao Rei e que dele podes alcançar tudo o que pedires!" (Santa Teresinha) A Comissão tem a finalidade de interceder e promover a intercessão junto às Comunidades e Grupos por todos os nossos eventos, pelos nossos membros mais necessitados, pelas nossas autoridades, pela Ordem. O e-mail para o envio dos pedidos de oração é: intercessaoocds@gmail.com.
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Marketing
Lançamento 4º livro de Formação OCDS
PROMESSA DEFINITIVA 1º ano R$ 35,00 (a unidade)
PROMOÇÃO 05 unidades: R$ 150,00 (30,00 cada)
Nova edição revista e atualizada do livro de
2º livro de Formação OCDS
DOCUMENTOS DA OCDS
PROMESSAS TEMPORÁRIAS - 1º ano
1º livro de Formação OCDS
3º livro de Formação OCDS
PREPARAÇÃO PARA ADMISSÃO
PROMESSAS TEMPORÁRIAS - 2º ano
R$ 20,00
R$ 30,00
(a unidade)
(a unidade)
R$ 30,00 (a unidade)
R$ 30,00 (a unidade)
PROMOÇÃO Documentos OCDS 05 unidades: R$ 75,00 (15,00 cada) 10 unidades: R$ 120,00 (12,00 cada)
Formação OCDS I, II e III 05 unidades: R$ 125,00 (25,00 cada) 10 unidades: R$ 220,00 (22,00 cada)
Pedidos: livrosocds@gmail.com. Valor + Frete (Correios)
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Viver de amor Viver de Amor, é dar, dar sem medida, Sem reclamar na vida recompensa. Eu dou sem calcular, por estar convencida De que quem ama nunca em pagamento pensa!… Ao Coração Divino, que é só ternura em jorro, Em tudo já entreguei! Leve e ligeira eu corro, Só tendo esta riqueza tão apetecida: Viver de Amor! . Viver de Amor, guardar dentro do peito Tesouro que se leva em vaso mortal. Meu Bem-Amado, minha fraqueza é extrema, Estou longe de ser um anjo celes al!… Mas, se venho a cair cada hora que passa, Em meu socorro vens, A todo instante me dás Vossa graça: Vivo de Amor! . Viver de Amor é velejar sem descanso, Semeando nos corações a paz e a alegria. Timoneiro amado, a caridade me impulsiona. Pois te vejo nas almas, minhas irmãs. A caridade é minha única estrela E, à sua doce luz, navego noite e dia, Ostentando este lema, impresso em minha vela: “Viver de Amor!” . Viver de amor, enquanto meu Mestre cochila, Eis o repouso entre as fúrias da vaga. Oh! não temas, Senhor, que eu Vos acorde, Aguardo em paz a margem dos céus… Logo a fé irá rasgar Vosso véu, Minha esperança é ver-Vos um dia. A Caridade infla e empurra minha vela, Vivo de Amor!… . “Viver de Amor, estranha loucura”, Vem o mundo e me diz, “pára com esta glosa, Não percas o perfume e a vida que é tão boa, Aprende a usá-los de maneira prazerosa!” Amar-Vos é, então, Jesus, desperdício fecundo!… Todos os meus perfumes dou-Vos para sempre, E desejo cantar, ao sair deste mundo: “Morro de Amor!” . Morrer de Amor é bem doce mar rio: Bem quisera eu sofrer para morrer assim… Eis meu des no, eis meu céu: Viver de Amor!!! . (Obras Completas, Teresa do Menino Jesus e da Sagrada Face)