Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado. Prezados irmãos da OCDS, OCD e demais leitores de nossa Revista Virtual Monte Carmelo, trazemos a todos vocês a primeira edição do ano de 2019. Louvamos e agradecemos a Deus por cada irmão que colabora conosco enviando-nos matérias e sugestões... É com grande alegria que fazemos nossa Revista Virtual e dedicamos cada número a vocês. Nesta edição, nosso irmão Giovani Mendes, na Seção Santo do Mês, nos convida a conhecer a história do Servo de Deus Salvador Rivera García, mais conhecido como Padre Chavita. Um carmelita que soube servir a Deus e à Igreja em todas as circunstâncias da vida... um exemplo também para nós carmelitas seculares. Nossa conselheira provincial Liz Lelis compar lha conosco o seu Testemunho ressaltando o tempo de graça, o tempo de esperança e o tempo de amar! Na Seção Espiritualidade, Liz também nos apresenta a experiência vivida no Re ro de Espiritualidade Carmelitana que teve como tema “Oração Teresiana: buscando meu amor, meu amado”; e relata ainda sua par cipação na reunião do colegiado delibera vo do Conselho Nacional do Laicato do Brasil ocorrida em São Paulo. Na Seção “A Voz da Igreja”, nosso presidente provincial, Luciano Dídimo, apresenta-nos o texto “O Carmelita Secular e a vivência da Quaresma”, ressaltando a importância deste tempo litúrgico para a verdadeira conversão. A temá ca da Campanha da Fraternidade de 2019 é também apresentada como forma de es mular a par cipação dos leigos nas Polí cas Públicas à luz da Palavra de Deus. A par r do ano de 2019, contaremos com as contribuições da Comissão de Psicologia da OCDS que apresentará matérias relacionadas à temá ca da Formação Humana. Nesta ocasião, nossa irmã Deborah Meireles Costa Guimarães, compar lha conosco ar go sobre “O amor na visão de Frankl”, enfa zando o sen do da permanência do amor na vida dos casais. Convidamos a todos a acompanharem a agenda OCDS que traz todos os nossos próximos eventos. Não deixem de par cipar! Desejamos a todos uma excelente leitura e que esta produza muitos frutos em nossos grupos e comunidades. Dúvidas, crí cas e sugestões de matérias podem ser enviadas pelo email: no ciasocds@gmail.com Um fraterno abraço e até a próxima edição...
Voz da Igreja
por Giovani Mendes, ocds Comunidade Flor do Carmelo de Sta Teresinha Fortaleza/CE
Salvador Rivera García, mais conhecido como "Padre Chavita", nasceu em Salva erra (Guanajuato), México, em 27 de junho de 1934. Em 10 de outubro de 1952, recebe o hábito de carmelita descalço com o nome de "Salvador do Imaculado Coração de Maria". Em 29 de junho de 1960 é ordenado sacerdote. Estuda em Roma a licenciatura em Espiritualidade e, em 1965, é des nado à missão e El Salto (Durango). Em 15 de maio de 1969, foi enviado pelos mestres do lugar a celebrar, com um dia de recreio no campo o dia do mestre. Ao a rar-se ao rio, sem dar-se conta de que se havia formado um banco de areia, padre "Chavita" (como era carinhosamente chamado) sofre uma dupla lesão de coluna, ficando tetraplégico, o que significa que não podia mover nem seus braços e nem suas pernas. Depois de alguns anos de hospitalização e de desolação interior, par cipa da fundação da Fraternidade dos Enfermos e Limitados Físicos (1972), conhecida como "La Frater". Fundará muitas "Frater" em dis ntas cidades do México e par cipará em congressos e a vidades,
promovendo sempre o espírito evangélico e dando aos deficientes sicos um papel a vo na missão evangelizadora da Igreja. Em 1976, com uma saúde mais estável e em cadeira de rodas, chega a Guadalajara (Jalisco). Em Guadalajara e desde Guadalajara, apesar da severíssima limitação sica, desenvolverá uma incrível a vidade pastoral e apostólica: confessava, ditava correspondências, celebrava a Missa, saía a visitar enfermos, redigia temas para estudos, planejava e realizava re ros espirituais, assessorava a Fraternidade de Enfermos e Limitados Físicos, viajava... Enfim: não parava. Aqui, como em todo o seu caminhar, tocou a muitos corações e propiciou mudanças profundas em muitas pessoas. Padre "Chavita" faleceu santamente, em Guadalajara (Jalisco) no dia 21 de dezembro de 1997, aos 63 anos.
Tempo de graça! Tempo de esperança! Tempo de amar!
Os olhos de uma criança possuem a beleza da pureza e da alegria, a beleza do amor e do afeto de quem as ama com verdadeiro carinho. Cresci em meio a uma família com avós e pais com nomes de santos: “Sede santos como Vosso Pai celeste é santo”, Mt 5; ou, em outra tradução: “Sede perfeitos como Vosso Pai celeste é perfeito”; ei- los: Joaquim e Maria da Assunção (avós paternos, Pedro e Maria do Rosário (avós maternos), Joaquim Geraldo e Quitéria (meus pais). O convite a ser santo, perfaz um caminho que vem com exemplos ao crescer, e com as histórias de nossos santos que cresceram no co diano das dificuldades, cresceram na vida em fa m í l i a , c re s c e ra m b u s ca n d o o alimento sagrado que somente Jesus revela a cada passo. E com Jesus, o crescer na oração se fez, sendo disponível aos mais necessitados, aos doentes, aos idosos, às crianças e àqueles que sempre es veram ao meu lado. No dia a dia, nas celebrações eucarís cas, catequese singular com formação e alegria, caminhar com São José e com Maria. Foi a família de Nazaré celebrada a cada Natal com a família de sangue, e, também mais tarde, a família religiosa, trazendo maior espiritualidade e olhar profundamente amoroso, para Jesus; ao lado do qual
crescia com toda a família. Unidos em oração, caminhamos os passos de uma espiritualidade que levava cada um de nós ao mais profundo celebrar: “Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo...” O caminhar com o Carmelo criou uma vida espiritual, sistemá ca, organizada que leva em seu coração a profundidade da vida em oração, amadurecendo o que trouxe do seio materno. No seio do Senhor, a oração se transforma, transubstancia plena e fecunda, com perseverança e fé. Os olhos de Deus, se refletem nos nossos para uma maior conversão; para uma vida que se faz vida em Jesus, quando São Paulo nos exorta a ver com os olhos do Espírito: Não sou eu que vivo, é Cristo que vive em mim. Conhecer os santos carmelitas, é conhecer a vida espiritual na Igreja e aqueles que dão sua vida pelo Cristo, par ndo de uma ro na de mazelas, de dificuldades, mas também de amor, esperança e caridade. Passa- se à sabedoria que a tudo refaz, a tudo faz vibrar e abrasa o ser que busca o Amado para N' Ele se transformar. Tudo é graça, especialmente a vida que trazemos, familiar, no trabalho, com amigos, com a Igreja e consequentemente com a espiritualidade Teresiana e Sanjuanina no Carmelo. É uma vida. É graça. É única. É na escolha do nome que fiz para com Deus ser uma: Liz da San ssima Trindade. Com o Espírito Santo, com o Deus Pai amado e, com o Deus Filho, Redentor da humanidade – Jesus, minha opção é de servir e amar, o quanto Ele me permi r. Bendito seja o Deus Uno e Trino, amado e adorado, luz e alegria de nossas vidas; graça infinita. Bendito seja! Bendito seja! Belo Horizonte, 08/03/2019. Liz Lelis Rocha – OCDS. Comunidade São João Da Cruz – Bh/ Mg/ Br.
por Luciano Dídimo, ocds Comunidade São José de Santa Teresa Fortaleza/CE
“Todos os anos, pelos quarenta dias da Grande Quaresma, a Igreja une-se ao mistério de Jesus no deserto." (Catecismo da Igreja Católica, nº 540). A palavra Quaresma vem do la m, quadragésima, e é u lizada para designar o período de quarenta dias que antecede a festa ápice do cris anismo: a Ressurreição de Nosso Senhor Jesus Cristo, comemorada no Domingo de Páscoa. Esta prá ca data desde o século IV. A cor litúrgica deste tempo é o roxo, que significa penitência e conversão. De acordo com a Carta Apostólica do Papa Paulo VI, aprovando o Novo Calendário Romano Geral, página 28, o tempo da quaresma começa na Quarta-feira de Cinzas e termina na Quinta-feira da Semana Santa (até a Missa da Ceia do Senhor, exclusive – Diretório da Liturgia – CNBB). Tradicionalmente, a Quaresma era contada da Quarta-Feira de Cinzas até o Sábado de Aleluia, somando-se 46 dias. Excluindo-se os seis domingos que não são dias com caráter penitencial, tem-se o número de 40 dias. Conforme o Catecismo da Igreja Católica, no nº 1438, “os tempos e os dias de penitência no decorrer do Ano Litúrgico (tempo da Quaresma, cada sextafeira, em memória da morte do Senhor) são momentos fortes da prá ca penitencial da Igreja. Estes tempos são par cularmente apropriados para os exercícios espirituais, as liturgias penitenciais, as peregrinações em sinal de penitência, as privações voluntárias, como o jejum e a esmola, a par lha fraterna (obras carita vas e missionárias)”. O Catecismo da Igreja Católica, em seu nº 1434, indica-nos as formas que o católico pode pra car seus atos de penitência: CIC, nº 1434: “A penitência interior do cristão pode ter expressões muito variadas. A Escritura e os Padres insistem sobretudo em três formas: o jejum, a oração
e a esmola que exprimem a conversão, em relação a si mesmo, a Deus e aos outros. A par da purificação radical operada pelo Ba smo ou pelo mar rio, citam, como meios de obter o perdão dos pecados, os esforços realizados para se reconciliar com o próximo, as lágrimas de penitência, a preocupação com a salvação do próximo, a intercessão dos santos e a prá ca da caridade «que cobre uma mul dão de pecados» (1 Pe 4, 8).» Todos os católicos devem cumprir os cinco preceitos da Igreja, os quais têm por fim garan r aos fiéis o mínimo indispensável do espírito de oração, da vida sacramental, do empenho moral e do crescimento do amor de Deus e do próximo. (Compêndio do Catecismo, 431). O quarto preceito da Igreja consiste em guardar a abs nência e jejuar nos dias marcados pela Igreja (Compêndio do Catecismo, 432). Dessa forma, o Código de Direito Canônico assim estabelece os dias de penitência: Cân. 1249 — Todos os fiéis, cada qual a seu modo, por lei divina têm obrigação de fazer penitência; para que todos se unam entre si em alguma observância comum de penitência, prescrevem-se os dias de penitência em que os fiéis de modo especial se dediquem à oração, exercitem obras de piedade e de caridade, se abneguem a si mesmos, cumprindo mais fielmente as próprias obrigações e sobretudo observando o jejum e a abs nência, segundo as normas dos cânones seguintes. Cân. 1250 — Os dias e tempos de penitência na Igreja universal são todas as sextas-feiras do ano e o tempo da Quaresma. Cân. 1251 — Guarde-se a abs nência de carne ou de outro alimento segundo as determinações da Conferência episcopal, todas as sextas-feiras do ano, a
não ser que coincidam com algum dia enumerado entre as solenidades; a abs nência e o jejum na quarta-feira de Cinzas e na sexta-feira da Paixão e Morte de Nosso Senhor Jesus Cristo. Cân. 1252 — Estão obrigados à lei da abs nência os que completaram catorze anos de idade; à lei do jejum estão sujeitos todos os maiores de idade até terem começado os sessenta anos. Todavia os pastores de almas e os pais procurem que, mesmo aqueles que, por mo vo de idade menor não estão obrigados à lei da abs nência e do jejum, sejam formados no sen do genuíno da penitência. Cân. 1253 — A Conferência episcopal pode determinar mais pormenorizadamente a observância do jejum e da abs nência, e bem assim subs tuir outras formas de penitência, sobretudo obras de caridade e exercícios de piedade, no todo ou em parte, pela abs nência ou jejum. Com referência ao cânon 1251, a CNBB afirma que o fiel católico brasileiro pode subs tuir a abs nência de carne por uma obra de caridade, um ato de piedade ou comutar a carne por um outro alimento. O cânon é bem claro ao afirmar que todos são obrigados a jejuar, pois compreende a idade de 18 a 60 anos. Porém, desde os catorze anos os adolescentes já podem fazer algum po de abs nência. Portanto, o quarto mandamento da Lei da Igreja está plenamente em vigor. A maioria dos católicos é obrigada a cumprir esse preceito, que não deve ser encarado como uma imposição, um sacri cio, mas sim, como meio de seguro de responder ao apelo de Jesus à conversão do coração. Desde os primórdios da nossa Ordem, a Regra de Santo Alberto já previa o jejum e a abs nência para os primeiros carmelitas, eremitas no Monte Carmelo: 15. Jejuai todos os dias, menos aos domingos, desde a festa da Exaltação da Santa Cruz até o dia da
Ressurreição do Senhor, a não ser que enfermidade ou debilidade sica ou outra causa razoável aconselhe sua dispensa, pois a necessidade não está sujeita à Lei. 16. Observai a abs nência de carne, a menos que a tomeis como remédio em caso de enfermidade ou debilidade. E já que pelas viagens, tereis que mendigar, amiúde, para vosso sustento, fora de casa podeis comer legumes preparados com carne, a fim privar de molés as a quem vos hospedar. Porém, fica autorizada a comida de carne em viagens. Para os carmelitas seculares, as Cons tuições da OCDS recomendam as prá cas de abnegação evangélica e a observância da penitência conforme o calendário litúrgico: Cons tuições OCDS, art. 22: O caminho da oração cristã exige viver a abnegação evangélica (Lc 9,23) no cumprimento da própria vocação e missão, já que “oração e vida cômoda são incompa veis” [20]. O secular assumirá a par r da perspec va da fé, da esperança e do amor, os trabalhos e sofrimentos de cada dia, as preocupações familiares, a incerteza e as limitações da vida humana, a enfermidade, a incompreensão e tudo aquilo que cons tui o tecido de nossa existência terrena. Procurará, ao mesmo tempo, fazer de tudo isso matéria para seu diálogo com Deus, para crescer numa a tude de louvor e agradecimento ao Senhor. Para viver auten camente a simplicidade, o desapego, a humildade e a completa confiança no Senhor, a Ordem Secular observa as prá cas de abnegação evangélica recomendadas pela Igreja. De par cular importância são aqueles dias e períodos do calendário litúrgico que têm caráter penitencial. Em nossa Província São José, também o Estatuto Par cular da OCDS, recomenda para a vivência espiritual do carmelita secular a penitência e a mor ficação:
Estatuto Par cular da OCDS – Província São José, art. 4º: A vida de oração, fundamento e exercício primordial do Carmelo, será cul vada pelo Carmelita Secular com o uso dos meios que a Ordem para isto determina, conforme a seguir elencados: (...) X – A PENITÊNCIA E MORTIFICAÇÃO - Porque a vida de oração e de união com Deus exige “manter o dinamismo permanente de conversão”. O Carmelita Secular cul vará o espírito de penitência e de mor ficação, segundo as indicações que se seguem: (...) b) pra cará algum exercício de penitência, segundo a tradição da Ordem, especialmente nas sextas-feiras do Advento e Quaresma, e em preparação às festas da Ordem, e quando possível o jejum e abs nência na Vigília da festa de Nossa Senhora do Carmo. Entretanto, devemos estar muito atentos para não pra carmos penitências exageradas, conforme muito bem nos advertem nossos pais Santa Teresa de Jesus e São João da Cruz: “Como já sabeis, não aprovo penitências excessivas, que, se forem feitas sem discernimento, pode provocar male cios à saúde” (Santa Teresa de Jesus – Caminho de Perfeição 15, 3). “Sobrecarregam-se de penitências excessivas e outras muitas prá cas extraordinárias, de todo arbitrárias, e imaginam que somente isto basta para chegar à união com a Sabedoria divina, sem a mor ficação dos seus ape tes desordenados” (São João da Cruz 1S, 4). Portanto, de nada adianta qualquer prá ca de penitência, se esta não nos levar à conversão do coração. “Sem ela, as obras de penitência são estéreis e enganadoras” (CIC, 1430).
O Papa Francisco, em sua Mensagem para a Quaresma de 2019, nos indica que o caminho para a verdadeira conversão é abandono do egoísmo, fazendo-nos próximos das pessoas em dificuldade, através da par lha de nossos bens materiais e espirituais: “Queridos irmãos e irmãs, a «quaresma» do Filho de Deus consis u em entrar no deserto da criação para fazê-la voltar a ser aquele jardim da comunhão com Deus que era antes do pecado das origens (cf. Mc 1,12-13; Is 51,3). Que a nossa Quaresma seja percorrer o mesmo caminho, para levar a esperança de Cristo também à criação, que 'será libertada da escravidão da corrupção, para alcançar a liberdade na glória dos filhos de Deus'. Não deixemos que passe em vão este tempo favorável! Peçamos a Deus que nos ajude a realizar um caminho de verdadeira conversão. Abandonemos o egoísmo, o olhar fixo em nós mesmos, e voltemo-nos para a Páscoa de Jesus; façamo-nos próximo dos irmãos e irmãs em dificuldade, par lhando com eles os nossos bens espirituais e materiais”” (Papa Francisco – Mensagem para a Quaresma de 2019). Na mensagem para a Quaresma de 2017, o Papa Francisco nos es mulou a par cipar das Campanhas de Quaresma: “Encorajo todos os fiéis a expressar esta renovação espiritual, inclusive par cipando nas Campanhas de Quaresma que muitos organismos eclesiais, em várias partes do mundo, promovem para fazer crescer a cultura do encontro na única família humana. Rezemos uns pelos outros para que, par cipando na vitória de Cristo, saibamos abrir as nossas portas ao frágil e ao pobre. Então poderemos viver e testemunhar em plenitude a alegria da Páscoa.” (Papa
Francisco – Mensagem para a Quaresma de 2017). No Brasil, anualmente no tempo da Quaresma é realizada a Campanha da Fraternidade, que é uma das maiores campanhas de solidariedade do mundo cristão. A Campanha da Fraternidade deste ano tem como tema: “Fraternidade e Polí cas Públicas”, como lema: “Serás libertado pelo direito e pela jus ça”. (Is 1,27), e tem como obje vo geral: Es mular a par cipação em Polí cas Públicas, à luz da Palavra de Deus e da Doutrina Social da Igreja para fortalecer a cidadania e o bem comum, sinais de fraternidade. Seguem abaixo, informações re radas do site da CNBB, onde constam informações importantes sobre o que é a Campanha da Fraternidade, como surgiu, e qual a sua relação com Quaresma: O QUE É A CAMPANHA DA FRATERNIDADE? A Campanha da Fraternidade é uma a vidade ampla de evangelização que ajuda os cristãos e as pessoas de boa vontade a concre zarem, na prá ca, a transformação da sociedade a par r de um problema específico, que exige a par cipação de todos na sua solução. Ela tornou-se tão especial por provocar a renovação da vida da Igreja e ao mesmo tempo resolver problemas reais. Seus obje vos permanentes são: despertar o espírito comunitário e cristão no povo de Deus, comprometendo, em par cular, os cristãos na busca do bem comum; educar para a vida em fraternidade, a par r da jus ça e do amor: exigência central do Evangelho. Renovar a consciência da responsabilidade de todos na promoção humana, em vista de uma sociedade justa e solidária. Os temas escolhidos são sempre aspectos da realidade sócio-econômico-polí ca do país, marcada pela injus ça, pela exclusão, por índices sempre mais altos de miséria. Os problemas que a Campanha visa ajudar a resolver, se encontram com a fraternidade ferida, e a fé, tem o compromisso de restabelecê-la. A par r do início dos encontros nacionais sobre a CF, em 1971, a escolha de seus temas vem tendo sempre mais ampla par cipação dos 16 Regionais da CNBB que recolhem sugestões das Dioceses e estas das paróquias e comunidades. QUAL É A RELAÇÃO ENTRE CAMPANHA DA FRATERNIDADE E A QUARESMA? A Campanha da Fraternidade é um instrumento para desenvolver o espírito quaresmal de conversão e
renovação interior a par r da realização da ação comunitária, que para os católicos, é a verdadeira penitência que Deus quer em preparação da Páscoa. Ela ajuda na tarefa de colocar em prá ca a caridade e ajuda ao próximo. É um modo cria vo de concre zar o exe rc í c i o p a sto ra l d e c o n j u n to, v i s a n d o a transformação das injus ças sociais. Desta forma, a Campanha da Fraternidade é maneira que a Igreja no Brasil celebra a quaresma em preparação à Páscoa. Ela dá ao tempo quaresmal uma d i m e n s ã o h i stó r i ca , h u m a n a , e n ca r n a d a e principalmente comprome da com as questões específicas de nosso povo, como a vidade essencial ligada à Páscoa do Senhor. QUAL O OBJETIVO DO TEMA DA CAMPANHA DA FRATERNIDADE DE 2019?
Conforme o presidente da CNBB, cardeal Sergio da Rocha, em seu pronunciamento durante cerimônia de lançamento da Campanha da Fraternidade 2019, “um dos principais obje vos da CF é contribuir para o conhecimento da importância do tema e promover uma par cipação maior na elaboração de polí cas públicas nos diversos âmbitos da vida social (saúde, educação, segurança pública, meio ambiente…) temas já trabalhados em temas anteriores. De tal modo, que esta Campanha, com um tema de caráter mais
abrangente, retoma e dá con nuidade a outras que veram temas mais específicos. Ela es mula o exercício consciente e responsável da cidadania, despertando o interesse pelas polí cas públicas, tema exigente e ainda pouco conhecido. Durante o tempo quaresmal, teremos a ocasião especial para conhecer melhor o tema desta Campanha. É importante refle r sobre o tema por meio de encontros de formação, palestras, debates e rodas de conversa. Há diversos modos de par cipar da vida polí ca, muito além da militância em par dos polí cos, como par cipação em conselhos paritários, em audiências públicas, em movimentos sociais e tantas outras inicia vas de cidadania responsável. as polí cas públicas devem assegurar e efe var direitos fundamentais da população, a começar dos mais pobres e vulneráveis. O bem dos pequenos e fragilizados é critério para assegurar se a polí ca está efe vamente a serviço do bem comum. Os pobres e excluídos não podem ser esquecidos; ao contrário, devem ser considerados com especial atenção e elaboração de polí cas públicas. O lema 'serás libertado pelo direito e pela jus ça', extraído do Profeta Isaías (Is 1,27) ilumina e anima esta Campanha, orientando as nossas ações. Mais uma vez, a Igreja não pretende oferecer soluções técnicas para os problemas sociais, nem se deixa guiar por ideologias ou par dos. Cumpre a sua missão profé ca nas condições concretas da história, oferecendo aquilo que tem de mais precioso: a luz da fé, a Palavra de Deus, os valores do Evangelho. A Igreja oferece critérios, princípios, valores é cos, a serem acolhidos na ação polí co par dária e demais inicia vas no âmbito polí co, tendo como grandes fontes a Palavra de Deus e a Doutrina Social da Igreja“. (Confira a no cia:h p://www.cnbb.org.br/cardealsergio-da-rocha-sabemos-que-uma-das-principaisexigencias-da-espiritualidade-quaresmal-e-afraternidade/). O papa Francisco enviou mensagem para a Igreja do Brasil sobre a Campanha da Fraternidade 2019. Para ele os cristãos devem buscar a par cipação mais a va na sociedade como forma concreta de amor ao próximo, que permita a construção de uma cultura fraterna baseada no direito e na jus ça. Aos que se dedicam na construção de polí cas públicas – governos e gestores públicos, o Papa Francisco exortou a que vivam “com paixão o seu serviço aos povos, vibrando com as fibras ín mas do seu atos e da sua cultura, solidários com o seus sofrimentos e esperanças”. Para o Santo Padre, citando mensagem
ao Congresso organizado pela CAL-CELAM, 1/XII/2017, é necessário que tenhamos “polí cos que anteponham o bem comum aos seus interesses privados, que não se deixem in midar pelos grandes poderes financeiros e mediá cos, sendo competentes e pacientes face a problemas complexos, conjugando a busca da jus ça com a misericórdia e a reconciliação”. (Confira a mensagem completa: h p://www.cnbb.org.br/papa-francisco-enviamensagem-a-abertura-da-campanha-dafraternidade-no-brasil/). Portanto nós, carmelitas descalços seculares, devemos procurar viver com amor tudo o que os preceitos da Igreja nos determinam e os documentos de nossa Ordem nos indicam para este tempo da Quaresma, fazendo nossos atos de penitência com simplicidade e discrição, celebrando o que a Liturgia da Igreja nos oferece (O cio próprio para a Quaresma), e par cipando da Campanha da Fraternidade proposta pela CNBB, tudo com a finalidade de buscar a conversão de nossos corações para, com a graça e a misericórdia de Deus, chegarmos um dia ao topo do Monte, como fizeram nossos santos do Carmelo! “O amor prova-se por feitos, então como posso provar meu amor? Grandes feitos estão fora do meu alcance. A única forma de provar meu amor é espalhando flores e estas flores são todos os pequenos sacri cios, cada olhar, cada palavra e cada pequeno ato de amor.” (Santa Teresinha do Menino Jesus e da Sagrada Face).
por Liz Lelis Rocha, ocds Comissão de Espiritualidade da OCDS
Oração Teresiana: “Buscando meu amor, meu Amado” (A busca de Deus, segundo a espiritualidade do Carmelo).
Oração para o Re ro Provincial Ó Santa Madre Teresa, iluminai- nos com sua força e perseverança com seu amor incondicional para descobrirmos o caminho sagrado que nos leva ao Divino Amigo. Aquele com quem queremos estar, Pois, sabemos que nos ama. Amém! Buscando meu Amado no SILÊNCIO. “Uma das exigências fundamentais para a realização de um bom re ro é a vivência do silêncio, ou seja, não há como se viver bem um momento de oração, se não houver a busca profunda e sincera de um silêncio interior. Todos nós sabemos disso, mas nem sempre nos esforçamos para fazer o silêncio necessário. Por isso, se não fizermos silêncio, estaremos tentando enganar a nós mesmos fingindo ser orantes, quando na verdade tudo não passa de um teatro de péssima qualidade, de uma men ra tão mal feita que não convence nem a nós, quanto mais aos outros... Mas, afinal de contas, por que o silêncio é tão importante assim para que possamos realizar bem, viver bem a experiência espiritual proporcionada por um re ro espiritual? Para responder a esta pergunta é
necessário lembrarmos qual é o real obje vo de um re ro, como este.” O Frei Marcos Matsubara – OCD, assessorou o Re ro Provincial, no CTE, conduzindo o “momento da experiência de Deus” nos caminhos do deserto interior, no qual “o tempo da oração é propício para que isso aconteça, pois, nos liberamos de uma série de a vidades ordinárias justamente para criar um espaço intenso da atuação de Deus em nossa vida. O Re ro veio trazendo pequenos módulos da busca do Amado até o viver com Deus, buscando a sarça ardente presente no espírito de cada ser.
II - Caminhando com Elias nos perguntamos, o que estou fazendo aqui? É o percurso da experiência na solidão e de estar na presença do Senhor. Ficar na presença do Senhor, mas, aguardar sua chegada: “O Senhor não estava no vento, nem no terremoto, nem no fogo.” O vento, o terremoto e o fogo eram símbolos an gos da teofania, portanto, cabe a nós não
esperarmos o extraordinário e sim a vida no co diano, pois, nossa vida é o verdadeiro milagre. “Eu procurava Deus nos livros, no milagre de falar pouco de mim mesmo, no jardim onde um melro passeava, nos campos onde o trigo, em julho, amadurece e amarela, na igreja quando não havia ninguém, e de repente ele chegou inesperado, com o coração nas mãos e disse: Por que me procuras? Às vezes deves saber me esperar...” (J Twardowski , in Affre amoci ad amare, poesia, Cercavo). Buscando meus amores – A busca de Deus (O Amor, a Fonte da San dade). Na Canção III do Cân co Espiritual, São João da Cruz, diz as seguintes palavras: “Para encontrar a Deus, não é suficiente orar de coração e de boca; não basta ainda ajudar-se de bene cios alheios; mas é preciso, juntamente com isso, fazer de sua parte o que lhe compete”. Deus nunca fará por nós, o que é da nossa competência. O evangelista Lucas, (12, 48), nos exorta: “a quem muito foi dado, muito mais lhe será exigido!” É o sair de si, o buscar Deus com suas limitações, abrindo olhos e ouvidos do espírito para N'Ele navegar. “Durante a noite no meu leito busquei Aquele a quem ama a minha alma; busquei-o e não o achei. Levantarme-ei e rodearei a cidade; buscarei pelas ruas e praças públicas aquele a quem ama a minha alma” (Ct 3, 1-2). A noiva do Cantares sabe- o bem. Ela o busca até encontrar e suas dificuldades são penosamente sofridas. Ela ainda diz que sua alma está “enferma de amor”, até encontrar o Amado. Sair de si, e buscar a si mesmo, buscar o outro em sua maior necessidade, celebrar com ele a vida, buscar a própria interioridade com o olhar profundo da reflexão e do se abrir ao Amado. III - Buscando o meu AMOR, meu Amado. “É impossível viver a fé cristã sem fazer de Deus o nosso centro. O cristão que não faz de Deus o seu centro torna-se um ex-cêntrico (uma pessoa estranha, esquisita, fora do seu centro, fora de lugar)”. Refle ndo na busca do “meu Amor, meu Amado”, fazer de Deus o centro de nossas vidas é possuir a finalidade de uma espiritualidade para viver a constante entrega e abandono em suas mãos. É fortalecer a si mesmo e também saber que na fraqueza é que se é forte em Deus. O Amado é a fortaleza, a sabedoria, a ciência e o amor pleno do coração. A “(...) espiritualidade é um processo de namoro entre um Deus amante e seu filho(a) amado(a). É o processo de in midade que causa em
nós amor e salvação. É processo de graça que vem do coração amante de Deus e começa quando eu descubro que Deus é uma pessoa, e sendo uma pessoa, devo entrar num profundo diálogo com ela. Assim, começo a experiência de amar e saber que sou amado por Ele. (...)”. Deus se torna uma necessidade para sua criatura amada, pois, Sua respiração se tornou a respiração da criatura. IV - A busca do Amado e o conhecimento do Cristo. Encontrar o Cristo se faz com o cristão que deseja realmente busca- Lo, e assim caminhar com Ele desde que o conheça. Como conhecer o Cristo? O que devo fazer? Como encontra- Lo se não o conheço? A vida espiritual, no Carmelo, na Igreja com sua vivência diária de Eucaris a, Liturgia das horas, orações aprovadas, oração mental, lec o divina... e tantas com nossos santos, nos conduz a encontrar a Cristo, mas a conhece- lo? Nem sempre. Nos abrir para permi r que entre e conceda sua Luz ao Espírito que habita cada ser é um caminho. Novamente exortando: abrir olhos e ouvidos do espírito para receber a Luz de Deus. O Cristo que habita cada ser. “Conhecer a Cristo - (Anthony de Mello). Conhecer a Cristo significa encontrá-lo. É como conhecemos alguém (é a única maneira de conhecer alguém – encontrando-a). Há uma diferença muito grande entre conhecer “a respeito” de uma pessoa (obter informações sobre ela) e conhecê-la de fato. Conhecer alguém só é possível quando o(a) encontramos em pessoa. Assim devemos pedir a graça de encontrar Jesus Cristo em pessoa. Não basta sabermos muitas coisas sobre Jesus, acumular informações a seu respeito através dos livros, palestras, cursos... É fundamental que o encontremos na nossa vida, fazendo a experiência de estar em in midade com ele. Isso precisa acontecer em algum momento da nossa existência. (...).” “Quer conhecer a Deus? Aprenda, então, a compreender as fraquezas e imperfeições dos irmãos. Mas como você pode conhecer a fraqueza alheia se não reconhece a própria? Como pode ver o sen do das próprias limitações se não recebeu de Deus a misericórdia que lhe dá o conhecimento dEle e de si mesmo? Não basta perdoar: é preciso perdoar com humildade e compaixão. Perdoar sem humildade é um escárnio, que nos supõe melhores do que os outros. Jesus desceu aos abismos de nossa degradação a fim de nos perdoar-nos, após descer, em certo sen do, mais baixo do que nós mesmos. Não nos compete
perdoar a outros do alto de nossos tronos sublimes, como se fôssemos deuses a olhá-los de cima dos céus. Nosso dever é perdoar-lhes nas chamas do nosso próprio inferno, pois Cristo, através do nosso perdão, desce mais uma vez para apagar a chama vingadora. Mas Ele não o pode fazer se não perdoarmos com a compaixão de Cristo. Ele não pode amar sem sen mento e sem coração. Seu amor é humano e divino ao mesmo tempo, e a nossa caridade será uma caricatura do seu Amor, se ela pretende ser apenas divina e não consente em ser também humana. Quando amamos o próximo com o amor de Cristo, não conhecemos mais o bem e o mal (que foi o que prometeu a serpente), mas somente o bem. Vencemos o mal no mundo pela caridade e pela compaixão de Deus e assim expulsamos do coração todo o mal.” (Thomas Merton) V - A busca de Deus é um desafio constante. A busca pelo Senhor, que é nossa felicidade e realização plena, nunca termina e recomeça a cada dia. É um caminho que não se esgota e deve ser trilhado com humildade, renovando-se a cada ciclo vivido, a cada etapa da vida. Deus quer ser buscado sempre: na infância, na adolescência, na juventude, na vida adulta e na maturidade de nossos dias. A cada etapa ultrapassada, somos convidados a nos aproximarmos cada vez mais dele. Assim, o ideal é sempre nos aprofundarmos no seu amor e provarmos da sua misericórdia, para que sejamos transformados por este mesmo amor do Senhor. Isso não significa que não haja dificuldades e até mesmo retrocessos. A cada queda somos convidados a reerguer-nos e recomeçar tudo outra vez...
«Ahora comenzamos y procuren ir comenzando siempre de bien en mejor». Santa Teresa de Jesus (F 29,32). Agora começamos... A ideia de começo, de “estar iniciando algo” deve sempre nos acompanhar. De fato, todo dia é um recomeço. VI – Percorrendo a história de Moisés, chegamos à sarça ardente que nos faz rar as sandálias e pisar o solo santo. Dentro de nós, o solo é santo? A terra é santa? Onde estamos como Moisés, com a dor e tumulto em nosso coração? O rar as sandálias nos faz pisar o solo sagrado que é estar na presença de Deus. Nos despir de nós mesmos e nos permi r experienciar Deus como o Amado que é para nosso coração. Bendito seja! Testemunho: Par cipar deste re ro foi um grande presente de Deus para mim. Experimentar o silêncio na oração traz uma grande paz. Ajuda-me a perceber o quanto estou “presa”, apegada a tantas coisas que não têm valor. Ensinam-me que o mais importante é estar na presença de deus, e isso é tudo que o meu coração mais precisa. Vários ensinamentos colocados me tocaram, mas com certeza o que foi mais forte, foi o desapego que preciso lutar para viver e que o encontro com Deus é o essencial, tudo mais não é tão importante assim. Muito obrigada, meu Deus, por todos que organizaram e es veram à frente deste re ro. Que o Senhor con nue abençoando, ungindo e conduzindo cada um. Amém! (Marinês Pereira da Silva – OCDS Campinas- SP).
Voz da Igreja
por, Deborah Meireles Costa Guimarães, ocds Psicóloga clínica e educacional com ênfase em Logoterapia Comunidade Santa Teresinha - Sete Lagoas-MG
Apresento neste trabalho uma pequena síntese extraído do ar go que desenvolvi, no término do curso de Logoterapia e Análise Existencial. O mesmo teve como tulo: “O amor na visão de Dr. Vicktor Frankl”. Trago o processo que norteou o trabalho, alguns aspectos da visão de Frankl sobre o amor e algumas conclusões referentes as falas dos casais e que estão inseridas na análise de dados. Diante de muitos ques onamentos ligados ao sen do do amor, o que mo vou a realização deste trabalho foi o desejo de aprofundamento na compreensão do sen do da permanência do amor na vida dos casais. Este trabalho foi norteado por uma pesquisa bibliográfica acerca das obras de Dr. Viktor Frankl e de autores como Dr. Thiago Aquino e Dra. Elizabeth Lukas, referências nos estudos da Logoterapia e Análise Existencial. Foi realizada uma pesquisa de campo, cujo método escolhido foi o da qualita va. A entrevista aberta foi o instrumento u lizado para o levantamento de dados. A amostra foi composta por quatro casais, cuja exigência solicitada, era que vesse no mínimo trinta e cinco anos de vida conjugal. O recorte definido para o estudo da temá ca não foi a liquidez do amor vivenciada no mundo contemporâneo, mas a permanência do amor na vida dos casais. A pergunta que norteou o trabalho foi “como transcorre a permanência do amor na vida do casal, à luz dos conceitos franklianos?” Para responder a essa pergunta buscou-se a Logoterapia e Análise Existencial, criada por Dr Viktor Frankl, que retrata o sen do da vida e a capacidade de autotranscedência, sendo o amor uma dessas manifestações de transcender. Assim, o tema proposto se descor na como: A permanência do amor na vida do casal, à luz dos conceitos de Dr Viktor Frankl.
À luz dos conceitos de Frankl, a visão de homem vai além do bio-psico-social. Acrescenta-se a dimensão espiritual, que o faz transcender frente ás situações da vida, ao possuir uma liberdade e responsabilidade ao dar suas respostas diante das suas escolhas. Tanto os homens e animais são cons tuídos pelas dimensões biológica, psicológica e social, porém, o homem se difere dele por possuir em seu ser a dimensão no é ca ou dimensão espiritual. Quando se fala na dimensão espiritual, não se fala de algo sagrado ou ligado à religiosidade, mas, como algo que permite ao homem essa capacidade de unicidade e de busca de sen do. Em sua obra Frankl diferencia dimensão espiritual e experiência religiosa. Para ele a experiência religiosa pode ser uma, dentre outras manifestações da dimensão noé ca ou dimensão espiritual. Frankl (1989) concebe o amor como uma das maneiras de encontrar realização e sen do na vida. Para Frankl (1990) o amor cons tui um ato especificamente humano. Amar significa dizer tu a alguém. E não significa apenas dizer tu a uma pessoa, mais ainda dizer sim a ela; portanto, não somente ocupar-se dela em sua essência, em sua singularidade; e unicidade (...) mais ainda reconhecê-la em seu valor, intrínseco (...) ver o seu poder o seu dever-ser. Vale ainda informar não vê-lo só efe vamente, é mais ainda como possa vir a ser e deva ser. Em outras palavras, para usarmos a bela frase de Dostóiweski, “amar significa ver a outra pessoa assim como Deus a pensou”. (Frankl, 1990, p.78)
Após a coleta de dados duas foram as categorias escolhidas para análise: amor como a mais alta forma de companheirismo; e a segunda, a presença do amor como “caráter de algo único”. Na fala dos casais com relação ao amor como
forma de companheirismo, pode-se perceber que o amor vivenciado por eles vai além de uma singularidade e unicidade, mas um reconhecimento de um valor intrínseco. É uma relação dialógica, confirmando o que diz Frankl; “nos parceiros de uma relação de amor autên co encontram-se integralmente as pessoas, em relação dialógica, na qual o tu exerce papel predominante.” (Frankl,1990, p.78). Percebe-se uma verdadeira vinculação, uma responsabilidade pela pessoa e não uma relação impessoal. Todas essas manifestações de companheirismo, citada pelos casais entrevistados, são explicitadas no que Frankl afirma ao dizer que: O amor significa o sen mento de uma vinculação ín ma; a relação monogâmica, na forma de matrimônio, representa o seu vínculo externo. Manter este vínculo em pé, no seu caráter defini vo, é o que se chama ser fiel. Isso pressupõe a capacidade de decidir por uma pessoa como cônjuge. Á relação monogâmica encerra uma dupla exigência: primeiro a da capacidade de se decidir por uma pessoa (excluindo todas as outras); segundo, a da capacidade de lhe prestar fidelidade. (FRANKL)
Vimos claramente, na fala desses casais enamorados a descoberta do amor que é a relação direta com o que há de espiritual na outra parte, fazendo-os conviver durante todos esses anos, o que d e m o n s t ra a m a i s a l t a fo r m a p o s s í v e l d e companheirismo. Frankl assim dizia: Quem ama de verdade, é como se visse através da “roupa” sica e psíquica da pessoa espiritual, para pôr os olhos nela própria. Por isso, já se não trata aqui de um “ po” sico que o excite, ou de um caráter anímico que porventura o apaixone; o que está aqui em apreço é o próprio ser humano, a companheira ou companheiro enquanto ser incomparável e insubs tuível. (Frankl,1989, p.176).
No que diz respeito ao amor como “caráter de algo único”, vê-se claramente o verdadeiro encontro de
p e s s o a p a ra p e s s o a . To r n a - s e v i s í ve l p e l o comportamento deles que o amor que os une, está realmente situado no que há de irrepe vel e único na pessoa de cada um deles que é “a pessoa espiritual como objeto da a tude de genuíno amor”. (Frankl 1989 p.178). Ele ainda confirma que: A pessoa espiritual como objeto de a tude de genuíno amor é, portanto, para o homem que ama realmente, insubs tuível, ninguém a podendo representar, dado o seu “caráter de algo único” e irrepe vel. Disto resulta, entretanto, que, simultaneamente o verdadeiro amor garante, por si só, a sua duração no tempo. (Frankl, 1989, p.178)
Ao procurar evidenciar os fatores que sustentam a permanência do amor na vida dos casais entrevistados, confirma-se a relevância do pensamento de Dr Viktor Frankl (1990, p.77) no que diz respeito ao amor como: “ponto alto da existência humana.” Viver por um amor é uma das formas de encontrar o sen do para a vida. É um valor experiencial, vivencial. Constatou-se portanto, que a permanência do amor na vida desses casais, tem como sustentáculo a capacidade de autotranscendência; no qual vivenciam o amor como “caráter de algo único”. A prá ca religiosa também foi citada por todos eles como um dos pilares de sustentação. Através da prá ca religiosa, esses casais demonstram-se vivenciar uma tolerância maior um com o outro, maior mo vação para viver e enfrentar as dificuldades, superar com mais facilidade desafios e manter-se emocionalmente saudável. Percebe-se a religião, como valor vivencial enaltecido por todos eles. Referências: Frankl, V. E (1989). Psicoterapia e sen do da vida-fundamentos da logoterapia e análise existencial. São Paulo: Quadrante. Frankl, V.E. (1990a). A questão do sen do em psicoterapia. São Paulo: Papirus.
por Liz Lelis Rocha, ocds Comissão de Espiritualidade da OCDS Conselheira da Província São José Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Atendendo à Circular 003/ 2018, redigida em Palmital aos 20 dias de dezembro de 2018, a OCDS, enquanto Organização afiliada ao CNLB – Conselho Nacional de Leigos no Brasil, foi representada por mim, Liz Lelis Rocha, hoje conselheira na Província São José, na reunião realizada entre os dias 22 e 24.02.2019, no Centro de Formação Sagrada Família, Rua Pe. Marche , 237 – Ipiranga – São Paulo – SP Fone (11) 2273 0352. A Pauta proposta foi a seguinte, na qual trabalhamos: 1. Avaliação e con nuidade do Ano do Laicato; 2. VII Encontro; 3. XXXVIII AGO; 4. Eleições do CNLB 2019-2022 (Processo Eleitoral); 5. Conjuntura Eclesial e Social 6. Informes e Comunicado 7. Outros A avaliação foi frutuosa e incen vadora para a con nuidade do ANO DO LAICATO, pois, os leigos descobriram maior valor de seus trabalhos em comunidade, levando a evangelização a recantos que não possuem sacerdotes ou religiosos, para uma maior ajuda, nos diversos ministérios com a beleza caracterís ca de cada região. A descoberta de um trabalho fraterno e comunitário marcou o CNLB, com a con nuidade efe va dos leigos presentes como apóstolos no serviço do Senhor. As Comissões ins tuídas apresentaram seus desafios, trabalhos e propostas para con nuidade nessa caminhada. Foi ins tuída a Comissão eleitoral para o processo das eleições que acontecerão no VII
Encontro para a nova presidência. O VII Encontro, acontecerá em Cuiabá - MT, de 20 a 23 de junho de 2019. Tema - CRISTÃOS LEIGOS E LEIGAS NA IGREJA E NA SOCIEDADE: UM NOVO OLHAR E UM NOVO AGIR. Iluminação Bíblica – Eu vi, ouvi e desci. (Cf. Ex 3, 7-8).
A Revista “UM OLHAR”, de fevereiro/ 2019, trata do Texto Base para o encontro, ressaltando temas desse “Olhar sobre o momento histórico de cristãos leigos e leigas vivendo na Igreja e na Sociedade” com suas crises e sua relação com o Sagrado. O processo para o VII Encontro vem acontecendo desde o ANO DO LAICATO, pois, o desafio é con nuar com a CAMPANHA DA FRATERNIDADE 2019, na qual vivenciamos Fraternidade e Polí cas Públicas. Viu- se a necessidade de maior formação e integração dos regionais tão diferentes em suas estruturas e tão semelhantes na realização de cada evento, inclusive para a realização de um curso com a Doutrina Social da Igreja (solicitado anteriormente – 2018). “Um Olhar” perpassa ainda, pelo Documento de Aparecida, se voltando aos “sinais dos tempos, ou seja, à presença do Espírito em nós, como comunidade eclesial e na história, que nos chama a nos estruturarmos de tal modo que sejamos sinais do Reino” (...). Daí nasce na fidelidade ao Espírito Santo que a conduz (a Igreja), à necessidade de uma renovação
eclesial, que implica reformas espirituais, pastorais e também ins tucionais. (DAp, n. 367). A conversão pastoral de nossas comunidades exige que se vá além de uma pastoral de mera conservação para uma pastoral decididamente missionária. (DAp, n. 370). Portanto, a metodologia do texto base para o encontro é o VER- JULGAR- AGIR. Vê – se no “ item IX O nosso agir: a noção de sujeito como condição básica para o ser e o agir do cristão” dissertando, “a busca de uma construção cole va” até o ser humano, como agente da história. “Item X – Agir como sujeito na Igreja e na Sociedade” na construção de um novo mundo e de uma nova história. Desejamos, portanto, ao CNLB, com a presença dos regionais e organismos afiliados, que o VII Encontro seja verdadeiro fruto do trabalho de cristãos, leigos e leigas em sua caminhada e ascese na Igreja de Cristo.
Voz da Igreja
por Giovani Mendes, ocds Comunidade Flor do Carmelo de Sta Teresinha Fortaleza/CE
Todos nós já ouvimos falar do Carmelo Descalço... Até mesmo pessoas não católicas sabem da existência das “carmelitas” (nossas queridas monjas). Suas vidas oferecidas totalmente a Deus, a opção pela clausura como meio especial para doar-se a esse Deus, sua vida de oração, rica e fecunda, causam ao mundo espanto e admiração. Será que não causam também um certo “temor”? Óbvio que não me refiro a “ter medo delas”. Falo do constante testemunho e apelo que suas vidas nos fazem: queiram ser santos como nós desejamos ser santas! O olhar e o sorriso de monja carmelita descalça são convites constantes, para nós leigos e leigas. Não que devamos deixar o mundo! Elas nos convidam à mesma espiritualidade, só que vivida de forma diferente, sem clausura, no meio da sociedade, mas com igual oração (ou, quem sabe, maior)! Assim, buscamos o Carmelo Descalço, por ser ele um belo “jardim de ricas flores para o Amado” e por ser ele também um for ssimo farol de fé e caridade que ilumina nosso caminho.
Tem lugar para mim, leigo e leiga, no Carmelo Descalço? Sim! O Carmelo é esse grande e belo monte, onde todos encontramos jardins para nosso encontro com o Amado! Os frades encontraram a Ordem Primeira, de vida religiosa consagrada e/ou sacerdotal. As monjas encontraram a Ordem Segunda, de vida
religiosa consagrada e clausura, para, de forma “mais ín ma” estarem com o Esposo. Para nós, leigos e leigas, Deus suscitou a Ordem Secular (an ga Ordem Terceira), isto é, “Ordem em meio ao mundo” (é o sen do da palavra “secular”), para que nós, leigos e leigas, vivendo no mundo, plantemos, nesse mundo, as mesmas “flores” encontradas pelos frades e monjas: a oração, o amor a Deus e à Sua Palavra, a meditação, a contemplação, a vida fraterna e o apostolado. Temos uma única Regra (de Santo Alberto de Jerusalém), igual à dos frades e monjas, portanto pertencemos ao tronco da Ordem Carmelita Descalça, não somos apenas um ramo ou um “agregado”. Somos carmelitas tais e quais os frades e monjas, só que temos um “es lo” nosso (relatado em nossas Cons tuições e Estatutos), próprio do leigo e da leiga. Bebemos da mesma fonte: espiritualidade marianacarmelitana-teresiana-sanjuanista. Vivemos, porém, “plantados” em “lugares” (situações de vida) diferentes. O Carmelo Descalço Secular é uma vocação no seio da Igreja. Não é apenas um “movimento de espiritualidade”, mas uma vocação, um chamado de Deus. Claro que é uma espiritualidade, porém, que não é diversa da dos frades e monjas (temos, inclusive, a mesma Regra). Em resumo: queremos ser carmelitas descalços seculares por querermos ser carmelitas descalços, porém, permanecendo no mundo, em nossos lares, no trabalho, no lazer, etc.
ajergI ad zoV COMUNIDADES COMPARTILHAM SUAS ATIVIDADES ATRAVÉS DOS GRUPOS DE WHATSAPP Os membros da OCDS que desejarem entrar nos grupos de WhatsApp, podem enviar suas solicitações para João Paulo: (85) 98805.3474. Grupos de WhatsApp da OCDS da Província São José: CARMELO JOVEM OCDS PROVÍNCIA SÃO JOSÉ NOSSOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, confira... h p://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com/
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NOITE ESCURA São João da Cruz Em uma noite escura De amor em vivas ânsias inflamada Oh! Ditosa aventura! Saí sem ser notada, Estando já minha casa sossegada. Na escuridão, segura, Pela secreta escada, disfarçada, Oh! Ditosa aventura! Na escuridão, velada, Estando já minha casa sossegada. Em noite tão ditosa, E num segredo em que ninguém me via, Nem eu olhava coisa alguma, Sem outra luz nem guia Além da que no coração me ardia. Essa luz me guiava, Com mais clareza que a do meio-dia Aonde me esperava Quem eu bem conhecia, Em lugar onde ninguém aparecia. Oh! noite, que me guiaste, Oh! noite, amável mais do que a alvorada Oh! noite, que juntaste Amado com amada, Amada, já no amado transformada! Em meu peito florido Que, inteiro, para ele só guardava, Quedou-se adormecido, E eu, terna o regalava, E dos cedros o leque o refrescava. Da ameia a brisa amena, Quando eu os seus cabelos afagava, Com sua mão serena Em meu colo soprava, E meus sen dos todos transportava. Esquecida, quedei-me, O rosto reclinado sobre o Amado; Tudo cessou. Deixei-me, Largando meu cuidado, Por entre as açucenas olvidado.