Revista Virtual Monte Carmelo - Nº 164 - Jul/Ago/Set - 2019

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Revista OCDS - Província São José

Jul/Ago/Set de 2019 - Nº 164

Pag. 15

ESPIRITUALIDADE Inabitação Divina: União Com Deus Pelo Amor Pag. 06

FORMAÇÃO HUMANA Adoecer e Florescer: Uma reflexão sobre o processo de DOR Pag. 12

CARTA CIRCULAR XVIII Encontro de Conselhos e Comissões da OCDS Pag. 28


EXPEDIENTE

SUMÁRIO

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Revista Virtual Monte Carmelo, nº 164 (Jul/Ago/Set de 2019) EDIÇÃO: Comissão de Comunicação da OCDS Província São José

EDITORIAL Palavra do Coordenador

COORDENADOR: João Paulo Matias Paiva

SANTO(A) DO MÊS Benigno de Sta Teresa do M.J. ESPIRITUALIDADE I Inabitação Divina ESPIRITUALIDADE II Vida Espiritual no Carisma FORMAÇÃO HUMANA Adoecer e Florescer

EQUIPE DE REDAÇÃO: João Paulo Matias Paiva Luciano Dídimo C. Vieira Wilderlânia Lima do Vale COLABORADORES: Giovani Carvalho Mendes Artur Viana Neto Aline de Moraes Lustosa Juliana Araújo Silva de Oliveira Fábio Barboza Silva de Oliveira Pedro Ferreira do Nascimento Matheus Ferreira Renata Jacques REVISÃO EDITORIAL: Artur Viana Neto

VOZ DA IGREJA IV CICLA SUR 2019 CONGRESSO DE CASAIS Somos seu pequeno rebanho...

DIAGRAMAÇÃO: Wilderlânia Lima do Vale FOTOS Congresso de Jovens: Romário Pinheiro

ESCOLA DE FORMAÇÃO Doutrina Social da Igreja CONGRESSO DE JOVENS ‘‘Deus é Jovem’’ CARTA CIRCULAR Assembleia Geral (Eleições) CENTENÁRIO Com. N.S. do Carmo e Sta Teresa NOTÍCIAS Comunidades e Grupos da OCDS MARKETING Livros OCDS

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ASSOCIAÇÃO DAS COMUNIDADES DA ORDEM DOS CARMELITAS DESCALÇOS SECULARES NO BRASIL DA PROVÍNCIA SÃO JOSÉ CNPJ: 08.242.445/0001-90

Colabore com a edição da nossa Revista enviando sugestões reclamações, notícias, testemunhos, artigos e poesias para: noticiasocds@gmail.com.


ajeEditorial rgI ad zoV

João Paulo Ma as Paiva, OCDS Coordenador da Comissão de Comunicação da OCDS

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo! Para sempre seja louvado!

Prezados irmãos da OCDS, OCD e demais leitores de nossa Revista Virtual Monte Carmelo, trazemos a todos vocês mais uma de nossas edições. Nesta ocasião, nosso irmão Giovani Mendes, na Seção Santo do Mês, nos convida a aprofundar a história do Venerável Servo de Deus Benigno de Santa Teresa do Menino Jesus, carmelita descalço que por meio do sacerdócio observou a Regra da Ordem e desenvolveu uma generosa a vidade pastoral. Na Seção A Voz da Igreja, nosso presidente Luciano Dídimo relata-nos a IV Conferência Interprovincial dos Carmelitas da América La na (CICLA) da OCDS que ocorreu na Argen na e teve como tema principal as Cons tuições da OCDS. Na Seção Espiritualidade, nosso irmão Artur Viana compar lha conosco reflexões sobre a inabitação divina, nas quais ressalta a vontade de Deus de unir-se com cada um de seus filhos. Para a Formação Humana, nossa irmã Aline Lustosa, nos propõe refle r sobre o processo de sofrimento humano diante da situação de adoecimento, e como esta experiência pode nos ajudar a crescer na fé. Nosso irmão Pedro Nascimento, nos relata ainda a realização do Módulo Doutrina Social da Igreja organizado pela Escola de Formação Edith Stein em São Roque/SP. O III Congresso de Casais OCDS é relatado pelos nossos irmãos Juliana e Fábio Oliveira, que ressaltam o desenvolvimento do tema: Matrimônio, caminho de san dade. Nosso irmão Matheus Ferreira, compar lha também a experiência do III Congresso de Jovens ocorrido em Fortaleza/CE e que teve como tema “Deus é jovem”. A comemoração dos 100 anos da Comunidade Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa no Rio de Janeiro, que marca também os 100 anos da OCDS no Brasil, é apresentada por nossa irmã Renata Jacques. Por fim, destacamos a Carta Circular do XVIII Encontro de Conselhos e Comissões OCDS que ocorrerá no mês de novembro e terá como tema “Confia no Senhor as tuas obras”. Convidamos também a acompanharem as no cias das comunidades e grupos OCDS, nossa agenda de cursos e os nossos lançamentos de livros. Desejamos a todos uma excelente leitura e que esta produza muitos frutos em nossos grupos e comunidades. Dúvidas, crí cas e sugestões de matérias podem ser enviadas pelo email: no ciasocds@gmail.com Um fraterno abraço e até a próxima edição...

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Voz da Igrejado Mês Santo(a)

Venerável Servo de Deus Benigno de Santa Teresa do Menino Jesus, Carmelita Descalço. (Inzago, em 23/07/1909 – Trezzo, 25 de outubro de 1937)

por Giovani Mendes, ocds Comunidade Flor do Carmelo de Sta Teresinha Fortaleza/CE

Resumo: Depois de fazer uma experiência de trabalho no mundo secular, entrou na Ordem dos Carmelitas Descalços. Ordenado sacerdote, foi reitor e vicemestre de noviços em Concesa (Milão). Observou a Regra de sua Ordem e serviu em uma a vidade pastoral generosa. Cuidou do ministério do confessionário, na Ação Católica e em fomentar vocações religiosas. Amava a província Lombarda dos Carmelitas Descalços, que lhe deu a vida. Morreu santamente de peritonite em 1937. Sua vida: O jovem carmelita Ângelo Calvi, nasceu em 23 de julho de 1909, em Inzago. Terceiro filho de pais muito pobres: Teresa e Francisco Calvi Ceserani. Cresceu em uma casa que par lhava o mesmo pá o com outras casas. Era uma criança e adolescente muito responsável, alegre e generoso. Ajudava muito sua mãe, lavando os pratos e panelas após as refeições de sua casa. Colaborou na criação de bichos da seda e cortando a grama nos campos para dar para as vacas. Também trabalho como aprendiz na oficina de carpinteiro. Mesmo com tanto trabalho para fazer, todas as manhãs, dirigia-se à Igreja Matriz de sua vila para saudar a Jesus na Eucaris a. Quando não estava no trabalho, em casa ou na carpintaria, ia à paróquia para orar. Era filiado à Ação Católica, movimento eclesial que se encontrava em expansão na diocese de Milão. Divulgava entre os amigos, com grande alegria e fervor, a devoção a Jesus na Eucaris a, promovendo

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com os companheiros do Oratório São Luís a adoração noturna na capela. Ângelo nha 15 anos quando um amigo seu, Carlos Caldarola, fez uma visita ao SantuárioConvento de Concesa de Trezzo, administrado pelos Carmelitas Descalços, onde ambos par ciparam da cerimônia de admissão de um grupo de novatos. Era o dia 14 de setembro de 1924. Ambos ficaram muito impressionados com a bela cerimônia e, a par r desse momento, floresceu a sua vocação para a vida religiosa. Seu amigo Carlos pediu admissão entre os filhos de Dom Bosco e nosso caro Ângelo Calvi entre os carmelitas. Ângelo nha 17 anos quando, em 22 de novembro de 1926, entrou no internato para os vocacionados (equivaleria hoje ao Aspirantado) aberto pelos Carmelitas em Cherasco, na província de Cuneo. Como havia abandonado a escola há anos para dedicar-se ao trabalho, ajudando sua família, era-lhe di cil acompanhar os estudos e equiparar-se aos demais companheiros. No entanto, sua vocação era verdadeira e, portanto, determinou-se a não perder o foco nos estudos. Mediante a intercessão de santa Teresinha do Menino Jesus, à qual ele sempre foi dedicado, seus esforços foram recompensados, de forma que alcançou o topo da classe em matéria de sucesso nos estudos. No início (quando enfrentava dificuldades em acompanhar as matérias), havia sido aconselhado a permanecer irmão leito ou a retornar à sua família, mas, ele decidiu firmemente tornar-se padre. Terminou o ensino médio em Cherasco, em 21 de junho de 1928, juntamente com outros cinco jovens. No convento de Concesa tomou o hábito


religioso, recebendo o nome de “Benigno de Santa Teresa do Menino Jesus”. Deu início ao seu noviciado, onde foi inserido na formação para a vida comum e específica dos Carmelitas Descalços. Em 26 de junho de 1929 fez a profissão religiosa simples, seguida da solene em 17 de julho de 1932. Con nuou seus estudos filosóficos e teológicos em Milão/ Piacenza. Seus colegas de classe afirmaram que jamais o viram com impaciência ou irritação, mas, sempre leve, suave e constante mesmo em circunstâncias adversas ou desfavoráveis. Recebia com humildade as correções, inclusive agradecendo quem o corrigia. Tornou-se muito querido pelos confrades mais velhos e doentes que sempre o chamavam quando era a sua vez de servir na enfermaria, pois ele sabia que ouvir com paciência, amor e ternura, bem como dar uma boa palavra vale mais do que quaisquer medicamentos. De resto, foi absolutamente um jovem religioso comum, sempre seguindo a máxima de sua padroeira, Santa Teresinha do Menino Jesus: “a san dade não consiste em fazer coisas extraordinárias, mas, em fazer coisas comuns de forma extraordinária”. A oração foi a base de sua vida espiritual e, através dela, adquiriu humildade, obediência e serenidade, bem como a es ma dos irmãos. Foi ordenado sacerdote em Piacenza em 26 de maio de 1935, cercado por seus familiares. Em junho de 1936 foi designado para o convento de Concesa Trezzo, em Adda, como vice mestre de noviços, subs tuindo o pároco doente como pastor assistente de Santa Maria Assunta, a igreja da localidade. Inumeráveis são os testemunhos rela vos a seu espírito de caridade para com os doentes, os deficientes, os deformados e deficientes mentais; comparecia a onde quer que fosse necessário como sacerdote. Foi um ano de muito trabalho e todos seus irmãos confrades foram capazes de conhecer e apreciar as suas virtudes. Jamais negligenciava a vida comunitária, nem a formação e a amizade fraterna com os noviços que lhe foram confiados, nem a caridade para com os irmãos idosos. Foi então que começou o calvário de sua doença. No final de setembro de 1937 sen u uma violenta dor no abdome, que foi diagnos cada como uma simples colite. Mesmo com a dor, con nuou a sorrir, ficar em silêncio e a caminhar do convento à paróquia.

Em 21 de outubro a situação piorou rapidamente, ficando a dor mais forte obrigando-o a ficar de cama. Dias depois ele foi levado às pressas para o hospital de Legnano, sendo colocado na sala de cirurgia. Assim que teve seu abdome aberto pela incisão cirúrgica, um jato de pus espirrou com tal força que manchou quase toda a sala de cirurgia. Os médicos e enfermeiras tentaram fazer o que era possível, no entanto, naquele tempo, ainda não havia sido inventada a penicilina. Foi dado o diagnós co de “peritonite tuberculosa”. Devido ao corte a dor aliviou, no entanto, a infecção progrediu rapidamente com febre alta, calafrio, tremores e ardência no corte. Nesta altura, Benigno já estava consciente da gravidade de seu quadro clínico e de sua hora chegara. Rodeado por alguns de seus irmãos de Ordem e por seu superior, ofereceu sua vida pela Província Lombarda dos Carmelitas Descalços, que, na época, estava em perigo de supressão, e, também, por um companheiro seu, frei Teófano Stela, missionário na Índia. Depois de receber os úl mos sacramentos e depois de renovar seus votos religiosos no Carmelo, já fraco ao extremo, decidiram transportá-lo de volta para o Convento de Concesa, com o consen mento de seus familiares que faziam-lhe companhia à sua cabeceira. Já em sua cela, pediu humildemente perdão a toda a comunidade por algum defeito seu ou contrariedade que tenha causado e, mesmo sen ndo muita dor, exclamou: “Me sinto feliz, muito feliz! É maravilhoso morrer carmelita, com o hábito da Virgem”! Após dizer isso, entregou sua alma jovem e pura a Deus. Era o dia 25 de outubro de 1937. Tinha 28 anos de idade. Seu funeral foi uma apoteose na cidade. A mul dão que acompanhava o féretro confirmava a reputação de san dade que o havia acompanhado sua vida.

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Voz da Igreja I Espiritualidade

Inabitação Divina: União Com Deus Pelo Amor por Artur da Santa Mãe de Deus, ocds Coordenador da Escola de Formação - Polo Nordeste

A grande novidade do Cris anismo é, em úl ma instância, anunciar um Deus que não apenas quer se comunicar conosco, estabelecer relações, aproximarse de suas criaturas, mas, além de tudo isso, anunciar um Deus que quer se unir a nós, e isso não somente de u m a fo r m a n a t u ra l , m a s , p r i n c i p a l m e n t e , sobrenatural. O grande evento da Encarnação do Verbo, a par r do qual é possível contemplar todos os demais mistérios do Filho encarnado, já explicita o desejo que Deus tem de se unir nós. A união hipostá ca, em que a natureza divina e a natureza humana de Cristo se unem inseparável e inconfundivelmente, foi a forma perfeita que Deus encontrou para poder se unir ao homem. Desta maneira, na pessoa divina do Verbo Encarnado, contemplamos um matrimônio (termo caro na linguagem mís ca) em que humanidade e divindade se unem, tornando-se uma coisa só e ao mesmo tempo permanecendo diferentes uma da outra. É necessário, desde já, esclarecer que a união com Deus só é possível porque Ele mesmo a quer e porque apenas Ele a pode tornar possível. Deus é infinitamente grande e poderoso, forte e santo e qualquer atributo que Lhe dermos será sempre na sua forma superla va. Da mesma maneira como o Senhor está muito acima das adje vações possíveis, o homem assume, em grau de inferioridade, todas as pretensas comparações. Esse abismo entre homem e Deus foi alargado ainda mais pelo pecado original, no entanto, antes mesmo da queda no Éden, o homem, uma vez criatura, já era infinitamente diferente de Deus e não suportaria, pelas próprias limitações de sua natureza, ver a sua glória e tampouco chegar a mais perfeita união com Ele. O homem, apenas por si, não seria capaz de Deus, nem O alcançaria sem que Deus mesmo viesse a ele. Desta maneira, todo esforço puramente humano para se unir ao Senhor já é um fracasso e igualmente o

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teria sido na realidade do homem imaculado. Contudo, Deus quis se unir a nós, então Ele mesmo empregou esforços, rebaixou-se, tornou-se homem e nos alcançou, nas profundezas de nosso abismo. E para que seu toque divino fosse delicado em nós, Ele ves u sua mão com a nossa carne, por meio da Encarnação do Verbo, e pela humanidade de Cristo, Deus nos tocou e se uniu a nós. São João da Cruz, brilhantemente, expressa essa realidade do toque divino pela Encarnação de Cristo: Este teu Filho Unigênito, oh mão misericordiosa do Pai, é o toque delicado com que me tocaste e me chagaste na força do teu cautério. (...) Oh, pois, tu, toque delicado, Verbo, Filho de Deus, que, com a suavidade do teu ser divino, penetras su lmente na substância d a m i n h a a l m a e , to ca n d o - a delicadamente, toda a absorves em em modos divinos de suavidade e doçura, das quais nunca se ouviu falar em Canaã nem foram vistas em Temã (Br 3, 22). Oh, pois, forte e de certa maneira excessivo toque delicado do Verbo, tanto mais delicado foste para mim quanto fendestes as montanhas e quebrastes os rochedos no monte Horeb com a sombra do teu poder e força que ia à tua frente, e tão doce e vivamente te manifestastes ao profeta no sopro de uma

1 Filipenses 2, 6-8. 2 Chama viva de amor 2, 16-17. 3 Apocalipse 7, 14.

brisa suave (I Rs 19, 11s). Oh brisa suave, sendo tão suave e delicada, diz, Verbo, Filho de Deus, como tocas suave e delicadamente, sendo tão terrível e poderoso? O homem que alvejou suas vestes no sangue do Cordeiro pode agora chegar à posse de Deus e ser possuído por Ele, pois a par r de agora, quando o olhar do Pai se volta para nós, enxerga em nossa alma os ves gios da passagem do seu Filho. De fato, fomos tocados por uma branda mão, mas esse toque delicado imprimiu em nós uma chaga cauterizada com um fogo de amor, e é essa cicatriz que nos garante a graça da união. O homem imaculado que ainda não possuía essa cicatriz da humanidade de Cristo não podia se unir a Deus em amor perfeito. Pela Encarnação do Verbo e pelo derramamento do seu sangue, o homem redimido, malgrado seus infinitos pecados pessoais, uma vez que possui a cicatriz da humanidade de Cristo, atrai para si não só os favores de Deus, como o seu ardente desejo de ser nosso e de que sejamos Dele. Ao nos avistar, o Pai contempla a imagem viva do seu Filho que foi impressa em nossa alma e, assim, deseja unir-se a nós, porque trazemos a marca de Cristo. A união com Deus se apresenta no evangelho como um explícito desejo de Cristo. O próprio Jesus, em sua oração sacerdotal, intercede pela unidade dos cristãos entre si e pela união mís ca destes com as Pessoas Divinas: Como tu, Pai, estás em mim e eu em , que eles estejam em nós,

4 João 17, 21b-23. 5 I Corín os 2, 7-10. 6 São João da Cruz – Ditos de Luz e Amor 106. MONTE CARMELO

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para que o mundo creia que tu me enviaste. Eu lhes dei a glória que me deste, para que sejam um, como nós somos um: eu neles e tu em mim, para que sejam perfeitos na unidade e para que o mundo reconheça que me enviaste e os amaste como amaste a mim. Essa glória de Cristo, da qual Ele nos fez par cipes pelo mistério de sua vida humana, não é outra senão o prêmio eterno que Ele tem reservado para nós desde sempre, cuja grandeza os olhos não podem vislumbrar, os ouvidos auscultar, nem o coração pressen r. Esse prêmio é já a posse de Deus com quem nos unimos na p e r fe i ç ã o d o a m o r ; a o alcançá-lo, teremos chegado ao fim úl mo da vida espiritual: seremos como deuses por par cipação, sendo-o Ele por natureza. Com efeito, Deus nos criou para Si e foi o primeiro a mover-se para nos unir a Si, pois é por meio dessa vida de união que Ele nos quer dar a imensa plenitude e incalculável felicidade de sua própria vida divina, e isso já nesta vida. Esse é o fim para o qual Deus orienta as almas e ao qual todas devem tender com todas as forças. Como dissemos, a graça da união só é possível porque Deus mesmo vem em nosso auxílio, e, pela humanidade de Cristo, Deus veio a nós de uma forma defini va e permanente, não apenas aperfeiçoando em nós a imagem e semelhança do seu ser, mas fazendo-nos realmente templos da sua presença. Desta maneira, o mistério da companhia de Deus deve ser entendido não só como sua habitação em nosso meio, por intermédio dos sinais visíveis e sensíveis de sua presença, mas, sobretudo, como sua inabitação em nós.

7 Chama viva de amor 1, 9. 8 Cân co Espiritual 1, 11.

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O mistério da inabitação toca o ponto central da vida interior, pois não é possível chegar aos mais altos graus da vida com Deus, a festa do Espírito Santo, sem viver com Ele, em in midade, no centro mais profundo, onde nem os sen dos, nem o demônio podem chegar. De muitos ensinamentos que devemos à espiritualidade carmelitana, a doutrina da inabitação de Deus na alma é o que mais se sobressai. Os mís cos carmelitas testemunham, em uníssono, que para se chegar à vida de glória que Deus nos tem reservado já nesta terra, basta percebê-Lo dentro de nós e estarmos com Ele nesse reino interior. Na verdade, toda vida espiritual se resume nisto: uma con nua descida às moradas mais profundas em busca da união com Aquele que está escondido no rincão mais secreto de nós mesmos. É importante reconhecer que sua presença, embora forte e real, é escondida e não evidente, e assim o é pela grande cegueira que temos, dado a nossa imperfeição, porém, à medida que vamos avançando nas moradas do castelo interior, que somos nós mesmos, guiados pela fé e pelo amor, vamos nos aproximando de Deus, e l o n g e d e O d e s c o b r i r, escondemo-nos como Ele, conforme escreve São João da Cruz: Quem quiser encontrar uma coisa escondida, há de penetrar escondido no lugar onde ela está escondida; ao encontrá-la, fica tão escondido quanto ela. Portanto, uma vez que teu amado é o tesouro escondido no campo da tua alma, pelo qual o sábio comerciante entregou tudo (Mateus 13, 55), convirá que tu, para O encontrar,

9 Cân co Espiritual 1, 9.


esquecidas todas as tuas coisas e alheando-te de todas as criaturas, te esconda no teu refúgio interior do espírito e, fechando atrás de a porta, isto é, a tua vontade a todas as coisas, ores a teu Pai que está oculto (Mateus 6, 6). E ficando assim escondida com Ele, sen -Lo-ás no escondimento, amá-Lo-ás e possui-Lo-ás no escondido, e escondidamente te deleitarás com Ele, mais do que aquilo que a língua e os sen dos podem alcançar.

seja, mal poderá compreendê-la, tal como não consegue pensar Deus, pois Ele mesmo disse que nos criou à sua imagem e semelhança.

No Carmelo, a vida in praesen a Domini é uma herança sagrada do santo profeta Elias, porém não é um chamado restrito aos carmelitas, aos mís cos ou aos religiosos. Conservar-se na presença de Deus e viver em seu obséquio é a própria razão da vida humana, enquanto vocação à san dade, de modo que todos os exercícios espirituais e ascé cos, todas as devoções e purificações, silêncios e desprendimentos tendem ao mesmo fim: conduzir a alma purificada à união com Deus, em cuja presença devemos estar con nuamente. Na doutrina teresiana, o mistério da inabitação de Deus na alma se apresenta abundantemente. A base sobre a qual se assenta todo o ensinamento teológico da obra Castelo interior ou Moradas é a certeza da vivência de Deus no reino da alma, na qual Ele ocupa as sé mas moradas. Ele, o Rei, é a grande realidade do castelo, o centro de gravidade que tudo atrai e para onde tudo se direciona, e a alma do justo não é outra coisa senão um paraíso onde Deus, segundo Ele diz, tem suas delícias. Que tal vos parece que será o aposento onde um Rei tão poderoso, tão sábio, tão puro e tão cheio de todos os bens se deleita? Eu não encontro outra coisa a que compare a grande formosura e capacidade de uma alma. O nosso entendimento, por mais agudo que

10 1 Moradas 1, 1. 11 Livro da Vida 23, 14; 25, 14; 29, 4.

Para Santa Teresa de Jesus, essa presença de Deus no castelo interior da alma não é uma simbologia vazia de realidade, é um fato, o qual cons tui a base de toda sua doutrina espiritual. Todavia, Santa Teresa tomou consciência dessa verdade não pelos tratados teológicos que discorriam sobre a inabitação divina, mas pela sua experiência de oração. Sen r-se con nuamente habitada, con nuamente acompanhada era algo que lhe fazia ques onar como isso era possível. A percepção de uma presença, no interior de si, e o reconhecimento de ser presença de Deus não foi algo evidente para Santa Teresa. Em sua autobiografia, em algumas passagens, ela fala da dificuldade que teve com certos diretores espirituais que punham em xeque a auten cidade de suas experiências mís cas e até mesmo lhe confundiam o espírito dizendo-lhe que as elocuções interiores, visões e sensações que ela nha eram “coisas do demônio”. Contudo, apesar dos ensinamentos contrários, Teresa não abriu mão da certeza de que a presença de Deus no mais profundo centro de sua alma era uma realidade, e uma realidade sensível. Eu não sabia que Deus estava em

12 Livro da Vida 18, 15. 13 Re ro O céu na fé nº 2. 14 Poema Buscando a Deus. MONTE CARMELO

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todas as coisas; por isso, no princípio, apesar de me parecer que Ele estava ali tão presente, achava que não era possível. Contudo, eu não podia deixar de acreditar que Ele estava ali, porque nha a certeza quase absoluta de ter compreendido a sua presença real. Os que não têm letras diziam-me que Ele estava presente só mediante a graça. Eu não podia acreditar nisso, porque, como digo, parecia-me que Ele estava ali presente, e fiquei angus ada. Quem me rou desta dúvida foi um grande letrado da Ordem do glorioso São Domingos, dizendo-me que Ele estava presente e como se comunicava conosco. Encheu-me de consolação. Além de falarmos do mistério que nos faz ser habitados pela presença de Deus, é necessário salientarmos que também nós somos habitantes de um mundo interior: o próprio abismo da imensidão de Deus, onde nos perdemos. Por isso, Santa Elisabete da Trindade, ao testemunhar sua profunda experiência com o mistério da inabitação, nos apresenta a San ssima Trindade como nossa morada, o nosso chez nous, a casa paterna de onde nunca devemos sair.

Alma, buscar-te-ás em mim e a mim, buscar-te-ás em . De tal sorte pôde o amor, alma, em mim te retratar que nenhum sábio pintor soubera com tal primor tua imagem estampar. Foste, por amor, criada formosa, bela e, assim, dentro do meu ser pintada. Se te perderes, minha amada, Alma, buscar-te-ás em mim. Porque Eu sei que te acharás em meu peito retratada, e tão ao vivo rada que, se te vires, folgarás vendo-te tão bem pintada. E se acaso não souberes onde hás de achar-me a mim, não andes daqui para ali; mas, se encontrar-me quiseres, a mim, buscar-me-ás em . Porque és meu aposento, minha casa e morada, bato a qualquer momento, se vejo no teu pensamento que a porta está fechada. Fora de não me hás de buscar, porque, para me encontrar a mim, nada mais do que chamar-me irei logo sem tardar-me, e a mim, buscar-me-ás em .

Dentre a obra poé ca de Santa Teresa de Jesus, há uma composição lírica que retrata bem e belamente a realidade espiritual de que estamos falando: o fato de também Deus ser habitado.

15 Imitação de Cristo, livro I, capítulo 24, nº 7. 16 João 14, 23.

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O poema apresenta, ar s camente, verdades teológicas bastante fundamentais de uma forma inovadora, pois, na composição, é o próprio Deus o eulírico, o qual se endereça à alma para lhe falar da mútua habitação que existe entre ambos. Nas primeiras três estrofes, Deus se apresenta como habitação da alma usando a imagem da tela. Ele é a tela sobre a qual o amor pintou a alma humana, individual, única e irrepe vel. A simbologia da tela evoca a delicadeza de sermos, aos poucos, desenhados no ser de Deus. À medida que a alma vai se unindo a Ele, pela caridade, esse mesmo amor, progressivamente, vai nos debuxando no ser divino. A


princípio, apenas um esboço, que, ao progresso do amor, vai se detalhando e avivando suas cores. Nas úl mas três estrofes, porém, Deus apresenta a alma como sua habitação, valendo-se da imagem da casa. A simbologia da casa já é, per se, uma representação evidente da ideia de morada, habitação. Ao morar em nossa casa interior, Deus se nos revela como companheiro, como familiar, como aquele que se aquece no calor do lar e que par cipa da in midade da casa. Novamente é o amor que atua nesse processo de união-habitação, pois é o “perfeito amor [que] faz ter perfeito acesso a Deus” e, além disso, é ele que atrai para dentro de nós a presença amorosa da San ssima Trindade: “Se alguém me ama, guardará minha palavra, e meu Pai o amará e a ele viremos e nele estabeleceremos morada.” Considerando toda essa reflexão, resumimos, em termos mais obje vos, o que vem a ser a mútua posse, de Deus e da alma, pelo amor. A união com Deus, em primeiro lugar, nunca seria possível sem a Encarnação do Verbo em nossa natureza, pois foi par cipando da nossa vida, que Cristo nos fez ser admi dos à par cipação da vida divina. Uma vez queridos por Deus, buscados por Ele e tocados pela sua divindade, nasce em nós um movimento de querêLo, buscá-Lo e tocá-Lo, um movimento cujo impulso parte de Deus mesmo. A oração é a porta do Castelo Interior, ou seja, não é possível chegar às profundezas das sé mas moradas (do centro mais profundo), onde habita o Senhor, se não trilharmos um caminho de fé e de amor crescentes no trato pessoal com Deus. É na oração que reconhecemos sua divina presença em nós e ao

mesmo tempo nos reconhecemos também como presença no seu ser divino. A oração nos faz amigos de Deus e verdadeiramente filhos, pois, com os olhos do amor, nós O reconhecemos como Pai querido, e é por essa relação de amor e entrega – que se exis r por nossa parte será sempre correspondida por Deus – que a união vai progredindo. A união é um processo medido pelo termômetro do Amor, do Amor que é Pessoa Divina, isto é, o Espírito Santo, o que faz operar nas almas as graças que procedem do Pai e do Filho. A vida de união com Deus não é outra coisa que viver constantemente na presença dos Três, sen -Los hóspedes de nossa alma, sabê-Los moradores nossos como eles são do paraíso. A inabitação divina, que é a vivência de Deus em nós pela própria entrega e concessão da alma, é o maior desejo de Deus para conosco e o caminho indispensável para a união de amor, que é o matrimônio espiritual.

Referências BÍBLIA. Português. Bíblia de Jerusalém. São Paulo: Paulus, 2011. CRUZ, São João da. Obras Completas. Portugal: Edições Carmelo, 2005. EUGÊNIO DO MENINO JESUS, Frei Maria. Quero ver a Deus. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. JESUS, Santa Teresa de. Obras Completas. Portugal: Edições Carmelo, 2015. KEMPIS, Tomás de. Imitação de Cristo. São Paulo: Ave Maria, s/d. MARÍN, Antonio Royo. Ser ou não ser santo... eis a questão: compêndio da obra Teología de la perfección cris ana. São Paulo: Ecclesiae, 2016 TRINDADE, Santa Elisabete da. Obras Completas. Portugal: Edições Carmelo, 2008.

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Espiritualidade Voz da Igreja II

Vida Espiritual no Carisma Teresiano-Sãojoanista por Lucas Anderson Oliveira, ocds Comunidade Flor do Carmelo de Santa Teresinha Fortaleza/CE.

Para uma autên ca vida espiritual temos que perceber dois pontos centrais de nossa espiritualidade, que consistem em nossa ação e na ação de Deus. Nem sempre agimos conforme o desejo de Deus para nossas vidas, quantas vezes fizemos escolhas que depois percebemos que não condiziam com a vontade de Deus? Quase sempre, o nosso humano, e por isso, nossa vontade humana, tende a falar mais alto que a vontade celeste, assim, o que nos ajuda a entender melhor os projetos de Deus, às nossas vidas é ter uma vida espiritual intensa e constante. Ter espiritualidade não significa apenas respeitar e acreditar em Deus, mas consiste na obediência total aos seus planos e projetos. É deixar o Senhor comandar a vida e ser susce vel a Sua vontade. Como falamos anteriormente, o nosso humano quer sempre falar mais alto que aqueles propósitos que vêm do alto, por isso é tão di cil entregar-se totalmente à vontade Daquele que nos ama. E para ter essa autên ca espiritualidade, não se desviando da obediência ao Senhor, não podemos

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deixar de rezar, ou seja, temos de ter uma oração constante, um diálogo incessante com o Divino Mestre. Ainda dentro dessa perspec va ambivalente de nossa vontade em relação à vontade de Deus, temos uma dis nção entre a vida espiritual e a vida carnal: a) Vida Espiritual: consiste em uma vida em que se busca a união com Deus, na busca constante por Sua vontade e na entrega sem reservas ao Seu infinito amor. b) Vida Carnal: contrária à vida espiritual, uma vida carnal procura sempre sa sfazer-se por nossa própria vontade, que tende a desejar as paixões e efemeridades do mundo. Aqui, teríamos os três inimigos: a carne, o mundo e o demônio, que em determinados contextos estão bem relacionados. Santa Teresa de Jesus ao escrever sobre as moradas, fala de maneira implícita e explícita dessas duas vidas e nas batalhas que travamos ao longo de nosso caminho em relação às duas. Escolher uma vida espiritual é escolher a cruz, é escolher o amor e o sacri cio. Para alcançarmos as sé mas moradas e o matrimônio espiritual com Deus, como nos apresenta a Santa, devemos escolher uma vida espiritual e reconhecer todos os desafios e consequências advindos dela.


Antes de avançarmos nessa espiritualidade fazse necessário trilharmos o caminho do autoconhecimento, porém, não é qualquer conhecimento, além do conhecimento de nós mesmos, precisamos do conhecimento de nossa vida em relação a Deus. É preciso refle r se a nossa busca das vontades de Deus está sur ndo efeito e se realmente nós as estamos buscando, e para que essa busca seja verídica, temos que tentar nos colocar de acordo com a vontade Daquele que nos ama, nos perguntando: será que Ele agiria da forma como eu estou agindo? Além disso, é preciso determinação, ou mais, de determinada determinação, como Santa Teresa nos disse, para encontrarmos Deus em todo e qualquer lugar, não nos ausentando de perto Dele nenhum momento. E a oração? A oração encontra um lugar especial na vida espiritual, porque a oração é o trato de amizade com Deus, como bem Santa Teresa nos colocou. Como podemos ter uma vida de entrega ao Senhor se não temos um contato diário e constante com Ele? A oração nos possibilita esse diálogo. É possível também que durante a oração façamos memória das obras que o Senhor realizou e realiza em nossas vidas, isso nos ajuda a estreitarmos o laço com Ele e a acreditar mais em Seu infinito amor. A vida espiritual não se resume apenas na oração, mas a oração se torna crucial, e até imprescindível aos demais aspectos da espiritualidade. Como estamos falando de oração podemos falar do tripé oracional de Santa Teresa de Jesus, que consiste no amor, no desapego e na humildade. O amor engloba tanto o amor ao Senhor, reflexo do amor Dele, quanto o amor ao próximo, reconhecendo no outro a face de Deus. Aqui se encaixa bem o segundo mandamento da lei de Deus, como bem é retratado no evangelho segundo Mateus, “amar ao próximo como a Ti mesmo” (Mateus 12, 30). É na

convivência fraterna e no amor ao próximo que podemos reconhecer essa dimensão essencial de nossa espiritualidade. Se eu não consigo amar ao próximo e enxergá-lo além de julgamentos será que eu amo realmente a Deus? O desapego é outro ponto oracional e espiritual bastante complexo, por isso, retomamos a noção de vida carnal que discu mos ao início do texto. Enquanto seres humanos, tendemos a nos apegar tanto a objetos quanto às situações e experiências, sejam elas boas ou ruins. Quantas vezes nos apegamos demais a bens materiais de forma que isso nos atrapalha em nossa convivência com Deus? Por outro lado, podemos não demonstrar apego nenhum a bens materiais, mas em nosso ín mo existem outros apegos. Quantas vezes nos prendemos às situações do passado que nos causam dor, sofrimento, e, muitas vezes, até o ódio em relação às outras pessoas? Por isso, faz-se tão necessário o desapego, não só material, mas também espiritual. Por fim, o úl mo elemento do tripé oracional de Santa Teresa é a humildade, aqui nos leva a pensar no reconhecimento de nós mesmos e de nosso lugar, pensando que todos são importantes para Deus, mesmo dentro de suas par cularidades. Não podemos e nem devemos ser melhores do que ninguém porque rezamos mais ou temos mais in midade com Deus. O Senhor nos ama da mesma maneira dentro de nossas idiossincrasias. Nem seremos os maiores e nem seremos os menores, para Deus seremos nós mesmos, dentro de nossos valores. Que saibamos dentro de nossas individualidades e por meio da oração, agir com total entrega e amor ao Senhor. Por meio do desapego, nos abramos a todas as potencialidades divinas dentro das nossas possibilidades, para que o Amado realize tudo por nosso meio, sendo humildes, a eternidade e o céu de Deus se farão em nós e por meio de nós. MONTE CARMELO

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Formação Voz da IgrejaHumana

Adoecer ee Florescer: Florescer: Adoecer Uma reflexão reflexão sobre sobre oo processo processo de de DOR DOR Uma por Aline de Moraes Lustosa* Comunidade São José de Santa Teresa Fortaleza/CE.

Este ar go vai refle r sobre o processo de so f rimento h u man o d iante d a situ ação d e adoecimento e pensar sobre as possibilidades de crescimento e desenvolvimento diante desse m o m e n t o . Ta m b é m s e r ã o a p r e s e n t a d a s considerações teóricas baseadas na experiência de vida de Santa Teresinha do Menino Jesus, que sempre viveu seu processo de adoecimento e crescimento com muita reflexão e entrega de uma vivência pessoal em amadurecimento humano e espiritual. O adoecer é um processo único e singular do i n d i v í d u o, q u e p ro d u z va r i a d a s fo r m a s d e enfrentamento. A doença pode e deve ser vista como um momento de crise, transição, uma oportunidade de mudança, aprendizado e também como uma nova forma de viver e de expressar-se de modo mais autên co e direto no mundo. Em um primeiro momento, o adoecimento leva o ser humano a uma vulnerabilidade da vida. É uma dor di cil de classificar, a própria palavra adoecer, em si mesma, já nos leva a uma reflexão. Ela vem do La m DOLENTIA: ato de sen r dor, de DOLERE: sofrer. Tudo isso remete a sen mentos nega vos, pois leva a crer em uma possibilidade de perda e de que tudo pode ser efêmero; mas também se pode pensar na palavra dor

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de outra forma: como ideia de amadurecimento. Basta pensarmos que a palavra adolescente, por exemplo, tem uma ligação direta com a palavra dolen a. Na verdade, é um processo de amadurecimento do ser humano. Diante desse contexto, muitas vezes, o ser humano, em meio à dor, busca o sen do para a vida de várias formas. Uma delas é a aproximação da espiritualidade: a palavra espírito deriva do hebraico ruah, que significa "sopro", literalmente associado a sopro de vida (SILVA, 2011). Par ndo desse princípio, a espiritualidade ajuda muito no processo de crescimento, pois se refere à busca pelo verdadeiro sen do da vida, que transcende o sofrimento enfrentado no momento. Essa busca é subje va, diferente para cada indivíduo, pois está relacionada ao amadurecimento de cada um, assim como à conexão pessoal com seu propósito de vida. Pensar sobre esse amadurecimento pessoal e espiritual remete à lembrança de Santa Teresinha do Menino Jesus, uma santa carmelita que teve em sua vida a marca da virtude singular, de amor a Deus e ao próximo. Passou por momentos de extremos limites de dor e sofrimentos causados por seu adoecimento ainda muito jovem e que foram suportados com muita


entrega, manifestando em sua vida o seu processo de maturidade e uma forma de florescer, em meio à dor. Uma pequena demonstração é sua simbologia, que traz rosas em sua imagem, revelando sua entrega antes da morte, aos 24 anos de idade. Ela disse às irmãs: "Farei cair uma chuva de rosas sobre o mundo!" Tais palavras simbolizam seu renascimento diante da entrega, em forma de graças. Trechos como esse, de conversas ín mas de sua vida, podem nos fazer esquecer que ela passou por sofrimentos sicos atrozes, incompreensões e uma grande provação espiritual. Descrevendo essa provação nos Manuscritos Autobiográficos, ela afirma: “Jesus permi u que uma escuridão negra como boca de lobo varresse minha alma e deixasse o pensamento do Céu tão doce para mim desde a minha infância, destruir minha paz e torturar-me…”. Olhando pela janela de onde estava, viu um “buraco negro” no jardim e confidenciou à Madre Superiora: “É num buraco como esse que eu me encontro, de corpo e alma. Oh! sim, que trevas! Mas estou em paz dentro delas”. Conforme esta citação é possível ver que, num primeiro momento, a dor pode parecer desintegradora e que depois desponta como um processo de aceitação e crescimento pessoal, fazendo com que a verdadeira confiança e entrega em Deus se fortaleça e permita uma vivência de crescimento pessoal e espiritual transformadora. Dessa forma, conhecendo mais a fundo a dinâmica e o significado das emoções con das nesse

processo, o ser humano pode tornar-se parte a va do momento, na medida em que ele se conecta, com tais emoções, no processo de entrega e confiança. Ele vai se permi ndo uma conexão que torna o ser humano em unidade com o divino, possibilitando uma melhor escolha de viver esse momento através de uma percepção de crescimento, mesmo diante de um processo doloroso. Nesse sen do, o processo de adoecimento e dor pode ser percorrido e entendido com um novo olhar. Não se trata de anular os sen mentos como se nada es vesse acontecendo, mas de passar por um período de aceitação, até porque para aceitar a dor é preciso vivê-la. Como lembra Rubem Alves, em seu livro Ostra feliz não faz pérolas, a exemplo das ostras, de acordo com o tamanho e a quan dade de grãos de areia, pouco a pouco, elas vão produzindo um líquido que encobre esses grãos, fazendo com que as areias pontudas parem de machucar e se transformem em pérolas. Nesse sen do, elas possuem uma beleza que, embora fascinante, tem uma história de dor. Diante dessa analogia, no momento de aceitação, é possível viver o adoecimento sem os porquês revoltados e aceitar o convite da vida para o crescimento e florescimento pessoal e espiritual. Dessa forma, é importante destacar que não se trata de algo simplista, tendo em vista que vivemos em uma sociedade que vive buscando anular e fugir do sofrimento e suas dores. Encarar o sofrimento não é uma tarefa suave, mas quem vive um processo de aceitação maior nesse momento também tem uma maior possibilidade de enxergar a vida de uma forma

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mais realista, vivendo com consciência os momentos bons e ruins, podendo, assim, facilitar esse processo de amadurecimento. Meditando ainda sobre essas experiências, é possível perceber novas descobertas e possibilidades, pois os momentos de dor favorecem reconhecer melhor o que muitas vezes não se percebe quando o ser humano está em um estado saudável. Novamente o escritor Rubem Alves ensina que “a saúde emburrece os sen dos e a doença faz os sen dos ressuscitarem”, ou seja, nesse caminho podemos refle r que a dor pode ser um grande motor de crescimento e novas possibilidades, como se vê na

vida de Santa Teresinha, que aceitou com humildade suas dores, limitações e, assim, conseguiu florescer, mesmo sendo demasiadamente humana diante dos aspectos dolorosos. Desse ponto de vista, pensar nesse processo é refle r uma ressignificação que o ser humano é capaz de alcançar: medo , coragem, amarras e liberdade em direção ao sen do da vida, pois o que aparentemente é contraditório é uma verdadeira riqueza de possibilidades, cuja compreensão ajuda e aumenta a flexibilidade e amplitude humanas diante da dor, construindo aceitação e crescimento em meio aos desafios da vida.

Contribuição para reflexão de Grupo sobre o tema Adoecer e Florescer: Uma reflexão sobre momento de dor.

círculo e, em uma caixa, inserir ras de papéis com breves situações dolorosas da vida (adoecimento, desemprego, luto, separação). A caixa passa entre os par cipantes do círculo ao som de uma música propícia à reflexão. Quando a música parar, quem ficar com a caixa vai re rar uma das ras de papéis e se dirigir ao quadro para escrever o que vem de aprendizado diante dessa situação dolorosa, depois abre para o grupo e solicita para quem quiser par cipar um exemplo de algo que tenha vivenciado semelhante à situação exposta e um depoimento do que floresceu (aprendizado) diante dessa dor. Depois fecha o tema fazendo um link com o que foi inscrito no quadro. Caso não exista uma situação real no grupo, pede-se para alguém comentar uma situação de que já ouviu falar e como foi superada.

➢ Sugestão: Sessão Pipoca com Filmes que revelam superação, e par lha de ideias ao final sobre as possibilidades de recomeçar e perseguir os obje vos de vida, mesmo frente aos momentos dolorosos. 1. Coach Carter 2. À procura da felicidade 3. Extraordinário 4. A vida é bela 5. A teoria de tudo 6. O lado bom da vida 7. Intocáveis 8. Uma Prova de Amor 9. Milagres No Paraiso 10. O Discurso do Rei ➢ Dinâmica de grupo Florescer e roda de conversa Obje vo: refle r aspectos co dianos da vida e poder perceber as possibilidades de ressignificar a dor. Procedimento: Colocar um Flipchart em meio a um

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*Aline de Moraes Lustosa Psicologia e Pedagoga, atua com desenvolvimento humano e organizacional e é Membro Fundadora do Projeto Com Amor e Grupo Pérolas Rosas, apoiando e trocando experiências sobre a vivencia oncológica.


rgIIgreja ad zoV Vozajeda

por Luciano Dídimo, ocds Presidente Provincial da OCDS

Aconteceu de 19 a 22 de setembro de 2019 a IV Conferência Interprovincial dos Carmelitas da América La na (CICLA) da OCDS. O evento contou com cerca de 80 par cipantes representando os países do Cone Sul: Brasil, Argen na, Uruguai, Paraguai, Chile e Bolívia, entre carmelitas seculares e frades delegados para a OCDS. A Conferência foi conduzida por Frei Alzinir Debas ani, ocd, Delegado Geral para a OCDS (a nível mundial), tendo como tema principal as Cons tuições da OCDS. Frei Alzinir proferiiu a palestra de abertura com o tema: "As Cons tuições da OCDS na história e na atualidade: fonte do carisma e da iden dade dos carmelitas descalços seculares". Em seguida, os par cipantes foram divididos em grupos, que ficaram encarregados de ler e debater determinados capítulos das Cons tuições, sendo ao final apresentadas as conclusões de cada grupo. Frei Alzinir encerrou o evento fazendo a síntese das conclusões dos grupos e fazendo suas considerações. Entre as demais a vidades vemos missas, passeios, recreios e momentos oracionais, onde nos confraternizamos, rezamos, nos diver mos e par lhamos nossas experiências e culturas. A CICLASUL é um evento que reúne, integra e fortalece os carmelitas seculares do Sul da América La na, fazendo com que tomemos consciência das realidades, desafios e as alegrias da vivência do carisma carmelitano no mundo secular em cada país. O V CICLA-SUL da OCDS será realizado em 2022 na Bolívia.

Par lhamos abaixo as fotos dos principais momentos vividos:

Frei Alzinir, fazendo a abertura da CICLA

Fabiana, presidente da OCDS da Argen na e Frei Daniel, Provincial da Argen na, dando as boas vidas aos par cipantes

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Entrada das bandeiras de cada país par cipante da CICLA

Missa com a liturgia de responsabilidade do Brasil, presidida por Frei Luis Fernando Negrão, ocd, delegado provincial para a OCDS

Oração inicial na abertura do evento

Luciano Dídimo, fazendo a primeira leitura

Nossa Senhora de Lujan, padroeira de Buenos Aires

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Frei Alzinir com a delegação brasileira


Carlos Vargas, presidente da OCDS no Brasil (Província Sul) e Luciano Dídimo, presidente da OCDS no Brasil (Província Sudeste)

Com Fabiana, presidente da OCDS na Argen na e anfitriã

Grupos de trabalho

Frei Alzinir e demais frades par cipantes do CICLA celebrando Basílica de Nossa Senhora de Lujan

Frei Alzinir fazendo o encerramento da CICLA

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Congresso Voz da Igreja de Casais da OCDS

III Congresso de Casais OCDS:

Somos Seu Pequeno Rebanho Senhor! por Juliana Araújo Silva de Oliveira, ocds e Fábio Barboza Silva de Oliveira, ocds Grupo Flor do Carmelo de Bauru/SP.

Nosso III Congresso de Casais OCDS realizou-se no Centro Teresiano de Espiritualidade em São Roque/SP, nos dias 30 de agosto a 01 de setembro de 2019. Contamos com a par cipação de 08 casais, desta vez a maioria que par cipou foi da região Sudeste, fomos o pequeno rebanho do Senhor e na simplicidade de tudo o que o Senhor preparou, vivemos em intensidade a graça deste momento com Ele, nosso cônjuge e com nossos irmãos. Iniciamos no dia 30/08 com a Santa Missa presidida por Fr. Rafael, OCD. Após o Jantar, foi a abertura do Congresso. Fábio falou sobre o tema do Congresso: Matrimônio, caminho de san dade e os casais se apresentaram para podermos nos conhecer melhor. Em seguida fomos para um momento muito especial com o Senhor. Rezamos Completas e Fr. Maycon expôs o San ssimo. Cada casal pôde adorar Jesus, colocar diante Dele sua vida, seu matrimônio, alegrias e preocupações. Durante este momento também vemos breves reflexões dos escritos de São Luís e Santa Zélia Mar n.

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Dia 31/08 começamos nosso dia rezando Laudes e em seguida par cipamos da Santa Missa presidida por Fr. Rafael, OCD.

Em seguida rezamos o Terço da Sagrada Família.

À tarde, nossos queridos irmãos Alessandra e Renato da Comunidade Sagrada Família de São Paulo nos presentearam com a palestra: O exemplo de São Luiz e Santa Zélia na educação dos filhos. E também trouxeram a relíquia peregrina deles, pudemos fazer um momento de oração com esses santos pais, modelo e luz de família para todos nós.

Nossa primeira palestra do dia foi com Fr. Maycon, OCD que nos falou sobre a Exortação do Santo Padre sobre o chamado à san dade no mundo atual. Trata-se de um documento muito valioso com muitas citações dos nossos santos, sugerimos no Congresso e agora falamos a todos: Casais, façam o estudo deste documento a dois, meditem sobre a vocação de vocês e busquem o crescimento mútuo.

Para completar a graça destes momentos vemos o Deserto para o Casal. Foi proposto que primeiramente ficassem sozinhos e escrevessem uma carta para seu cônjuge relembrando essa prá ca que MONTE CARMELO

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nhamos no Namoro, e depois se encontrassem no lugar marcado e entregassem a carta, par lhassem, pedissem perdão, rezassem juntos. Diferente dos Congressos anteriores, desta vez vemos Sessão Pipoca a noite, vimos o filme: Diário de uma Paixão. A história é um belo retrato da verdadeira essência do amor. Nos emocionou muito e fez refle r.

Dia 01/09 também começamos nosso domingo rendendo louvores ao Senhor rezando Laudes e par cipando da Santa Missa presidida por Fr. Rafael, OCDS. Nossos irmãos Wilson e Neide da Comunidade S. José de Sete Lagoas/MG nos deram uma bela contribuição falando sobre a Família de Nazaré: Espelho para o casal.

não nos desamparou em nenhum momento. Todos os obstáculos foram vencidos e depois da tempestade veio a paz. Como é maravilhoso ser conduzido por Deus!

Agradecemos aos casais Erasmo e Nádia, Izabel e João que fazem parte da Comissão e nos ajudaram mesmo de longe nos prepara vos deste Congresso. Ao Fr. Maycon, Alessandra e Renato, Wilson e Neide pelas palestras maravilhosas que nos ajudaram a adentrar ainda mais no caminho de san dade que é o nosso matrimônio. A Fr. Rafael que celebrou esses dias e a secretária Célia do Centro Teresiano que nos ajudou em tantos momentos. Rezamos pelos próximos casais que irão assumir a missão de coordenar a Comissão de Casais, que o Senhor os fortaleça e guie! Lutemos sem desanimar por nossas famílias! “Sede santos, porque Eu sou santo.” (Lv 11, 44)

Terminamos este momento rezando uma bela oração com as velas que carinhosamente eles preparam para nós. Que o Modelo da Sagrada Família guie sempre nossa caminhada matrimonial e em família! E a chama da fé esteja sempre acesa em nossos corações! Os casais fizeram a avaliação e encerramos mais este Congresso agradecendo a Providência Divina que

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jergI ad zoV Escola deaFormação

Escola de Formação Módulo Doutrina Social da Igreja por Pedro Ferreira do Nascimento Grupo Beato Frei Maria-Eugênio do Menino Jesus

Nos dias 25, 26, 27 e 28 de Julho, no Centro Teresiano de Espiritualidade, em São Roque - SP, a Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares (OCDS) realizou e estreou mais uma etapa da Escola de Formação Edith Stein, o V Módulo, que tratou sobre Doutrina Social da Igreja. A Escola de Formação reuniu lideranças, grupos e comunidades da Província São José para dias de estudo e aprofundamento pautados no Compêndio da Doutrina Social da Igreja, que reúne os principais pronunciamentos do magistério católico sobre o que implica a presença do fiel católico na sociedade, no contexto polí co, econômico, jurídico, cultural e internacional. Na tarde da quinta-feira (25), foi dado início com a aula inaugural sob o tema "O desígnio de amor de Deus a toda a humanidade", seguida da Santa Missa momento de profunda oração e entrega de todas as a vidades da Escola ao Bom Deus. Pela noite, o grupo refle u sobre "a missão da Igreja e Doutrina Social". O segundo dia foi dedicado à reflexão acerca da "pessoa humana e seus direitos" e dos "princípios da Doutrina Social da Igreja". Uma manhã extremamente proveitosa. Pela tarde, o objeto de estudo foi a família, enquanto célula fundamental da sociedade, fechando o dia com um olhar sobre a questão do trabalho humano, instrumento que, se bem aplicado, corrobora para a promoção da pessoa humana. Já o terceiro dia tratou dos temas: a vida econômica, a comunidade polí ca e a comunidade internacional, este úl mo, especialmente na perspec va de salvaguardar o ambiente. Também foram estudados os temas da "promoção da paz" e da "ação eclesial". As a vidades do dia foram coroadas por um momento de adoração eucarís ca, pela noite. Por fim, no domingo (28), a organização da Escola trouxe à reflexão a exortação apostólica a Alegria do Evangelho, do papa Francisco, destacando a dimensão social da evangelização do mundo e a necessidade de uma renovada força de testemunho cristão, que deve comunicar a felicidade que há em

caminhar com Jesus. Durante todo o evento, o clima foi de paz e alegria. O encontro fraterno, o compar lhar da riqueza da Ordem, a oportunidade de crescer intelectual e espiritualmente e a experiência da oração têm sido marcas qualificadoras da Escola de Formação. Muitos testemunhos permearam os dias da Escola. "Louvo a Nosso Senhor Jesus Cristo por estes dias. Estar na escola foi para mim grande alegria, local de aprendizado, de fazer comunhão, de estar em família. Que alegria brota do Carmelo Secular", assegurou um dos par cipantes que veio de Juara/MT. Outra par cipante assim testemunhou: “Louvo a Deus pela oportunidade de viver a experiência de contato com novos irmãos; gra ficante para mim conhecê-los e conviver nesses dias com todos! Aprendi bastante - disse ela - e levo na bagagem muitas reflexões". "A cada encontro amo mais o Carmelo e cada um dos irmãos e irmãs, pois me animam e ajudam na minha vocação e missão", afirmou outra par cipante. Enfim, não faltaram testemunhos e agradecimentos a Deus e à Ordem, por propiciar momentos tão importantes para a caminhada do povo de Deus, especialmente dos Carmelitas Descalços Seculares da Província São José. Por tudo isso, Deus seja louvado! E que possamos, no mundo, viver a amizade orante com Deus, sendo sinais vivos de Sua Presença no interior da alma em graça, para transformar nossa sociedade num local mais harmônico e mais crente em Deus.

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Voz da Igreja de Jovens da OCDS Congresso

III Congresso de Jovens Por Matheus Ferreira, ocds Secretário da Comissão de Jovens da OCDS

Louvado seja Nosso Senhor Jesus Cristo e bendita seja a Virgem do Carmo! A Comissão de Jovens do Carmelo Descalço Secular tem mo vos suficientes para engrandecer tudo o que por Deus foi realizado em nosso meio, como diz o salmista, grandes feitos têm nos proporcionado o Senhor. Em julho de 2019, mais precisamente nos dias 19, 20 e 21, o Senhor chamou uma parcela dos seus amados para mais uma vez subirem ao monte para o encontro do Amado e de suas criaturas. No hotel Wirapuru, no Condomínio Espiritual Uirapuru se realizou mais uma edição, sendo a terceira, do Congresso de Jovens Carmelitas promovido pela Ordem Carmelita Descalça Secular e organizado pela Comissão de Jovens da OCDS. O ano de 2019 trouxe à inspiração divina os ensinamentos do Santo Padre, Papa Francisco, acerca do protagonismo jovem e sua entrevista que virou livro, no qual serviu de tema para este Congresso, “Deus é Jovem”. Assim como a passagem do Apóstolo Paulo e sua exortação a Timóteo: “Ninguém te

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despreze por ser jovem” (I Tim 4,12) o qual moldou todo o congresso. É preciso olhar para aquilo que é próprio da juventude e tomar isso como uma verdadeira força de transformação pessoal, espiritual e social. O 3º Congresso de Jovens Carmelitas trouxe mais uma vez a oportunidade do silêncio próprio do carisma e a fraternidade própria dos irmãos como oportunidade de lançar novos desafios e sementes nos corações dos diversos par cipantes presente no evento, corações da ordem descalça, da an ga observância, de outros ramos espirituais, todos unidos pra expressar o júbilo da juventude. Com as palavras do assistente espiritual para o Carmelo Jovem, Frei Henrique (OCD), foram abertos os trabalhos do congresso. Tudo começa N'Ele e por Ele, e na eucaris a celebrada junto as monjas, mais uma vez o céu se fez presente e nos trouxe por meio de sua Igreja a oportunidade de perceber que a Igreja con nua jovem. O Evangelho de São Mateus nos trazia a monção "Felizes sois vós, porque vossos olhos veem e vossos ouvidos ouvem”. Verdadeiramente uma


oportunidade de celebração, não somente pelo congresso, mas pela fraternidade que naquele momento se fortalecia, corações jovens em um só ba mento, no compasso do Mestre.

Após o credenciamento, acolhimento e apresentação dos jovens das mais diversas comunidades, o Senhor nos chamou a ouvir que é bom ficar com o Senhor, é bom sempre estar com o Senhor, e quem nos permi u acesso a reclinar o cansaço no colo de Deus, foi o primeiro palestrante do evento, Frei Henrique, assistente espiritual dos jovens, que tão bem nos falou em cima da passagem de São Lucas “Fica conosco, Senhor, já é tarde e já declina o dia!” (24, 29b). Frei Henrique bem falava que muitas vezes é preciso abrir o coração para perceber a linguagem do amor de Deus. Mais uma vez nos sen mos embalados nas palavras do pregador a perceber o quanto Deus tem feito em nossa história e nossa caminhada. O caminho de Emaús é o caminho de todo cristão, o caminho de uma carmelita que deve sempre buscar reconhecer a voz de seu Amado.

Estávamos todos tocados pelo caminho iniciado, era chegado o momento de rar as sandálias para pisar em terra sagrada, era momento de subir ao monte para estar com Deus. A adoração se

aproximava como momento ápice da noite. O silêncio se fez e a oração contempla va era o sinal de que estávamos em casa, com irmãos sen amos pertencer a mesma família. O Senhor mais uma vez foi fiel e reunião seus filhos, ali a mesa estava posta, o Cordeiro em seu lugar, e ao redor desta mesa, corações famintos e sedentos pra saciar a vontade e o desejo de pertencer em todo o vigor juvenil a algo bem maior que sua própria compreensão. Fim do primeiro dia. Aos comemora vos do segundo dia, os trabalhos do Congresso se iniciaram com a oração das laudes e o momento mariano, pois nada melhor que começar o dia com o afeto da mãe, ainda mais quando esta mãe é para nós uma verdadeira irmã e mestra da oração. Alimentando a alma e posteriormente o corpo, é chegado o momento da segunda colocação do congresso e quem nos trouxe o caminho a ser percorrido foi o presidente da Ordem do Carmelo Descalço Secular, Luciano Dídimo, que de forma única falou que “Deus é Jovem “, inspirado no livro do Papa Francisco, ele nos fez viajar nas escrituras vendo o jovem rosto de Deus atuando na vida do seu povo, Deus é sempre novidade, traz sempre os renovos que precisamos na missão. Como não poderia deixar de faltar, Luciano arrematou sua apresentação nos animando por meio de sua poesia de que Deus se fará sempre jovem em nossa vida enquanto coragem vermos de trilhar os caminhos de Deus.

Como encerramento da manhã, foi a vez do jovem Arthur Viana em sua simplicidade e humildade, trazer em seu rico bojo forma vo o resumo em torno dos principais pontos fomentados no Sínodo da Juventude. Em palavras compreensíveis nos trouxe o compêndio dos trabalhos realizados pelos bispos e comissões juvenis que nortearam os próximos desafios a serem enfrentados pela Igreja no mundo todo por meio de sua juventude. Ser jovem, ser carmelita é estar conectado com os anseios do Espírito MONTE CARMELO

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Santo em sua Igreja e no caminhar da cole vidade cristã em comunhão com a fraternidade universal.

A tarde do dia 27 teve início com a contribuição de Frei Júnior (OCD), que nos trouxe acento para a dimensão da Afe vidade e Sexualidade no caminhar da juventude. É necessário estar atentos aos ba mentos da vida, aos seus movimentos, para tanto viver bem a afe vidade e a sexualidade, fundamental para caminhar em direção à felicidade e à san dade. Novos desafios estão surgindo no seio social e cada vez requer homens e mulheres maduros em todas as suas dimensões, que saibam como o transcurso de um rio respeitar os tempos, viver bem cada fase sem demora ou sem pressa, seguindo o tempo de Deus. É preciso olhar para o outro com sensibilidade de perceber um outro ser dotado de capacidades e potencialidades que precisam ser tocadas pelo amor de Deus. A afe vidade e a sexualidade são, portanto, um presente divino para tornar fecundo o carisma do amor, é para além do externo, é um olhar para dentro, estar saudável em corpo e em espírito.

O segundo momento da tarde foi um momento rico de contribuição par ndo de uma roda de mediação, de par lha de experiências, onde rapazes e garotas se dividiram para compar lhar suas histórias e realidades pessoais em torno da afe vidade e da sexualidade, como forma de juntos colaborarem uns

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com as histórias e percepções dos outros. Realmente momento de fortalecimento cole vo, onde com o auxílio e guia do casal de Fortaleza, João Paulo e Luciana, Deus achou uma forma de chegar aos corações, quebrar a midez e mostrar que juntos somos mais. O Carmelo não se constrói sozinho, é fruto da história e do amor doado de muitos.

Era vésperas do sábado, o peito cheio de alegria e gra dão, era momento de celebrar a Eucaris a no Carmelo de Santa Teresinha de Fortaleza, mas não bastasse a Eucaris a ser uma verdadeira experiência mís ca de encontro, naquela tarde havia um mo vo jubiloso a celebrar, as promessas defini vas da coordenadora da Comissão, Wilderlânia Lima, que na oportunidade fez promessas defini vas de fidelidade ao carisma teseriano sob o nome de Elisabeth do Coração da Sagrada Família, enriquecendo a noite com a mensagem de que Deus venceu, Deus sempre vence em nossas vidas.


Realmente um momento sublime de encontro vocacional poderia assim ser definido também. Jovens que começam sua caminhada em comunhão na mesma família que jovens par ndo para águas mais profundas. “Ó suma dita, sou carmelita”, eis o caminho a ser seguido. A p ó s a S a n ta M i s s a , a o m o m e n t o d e confraternização com a Comunidade São José de Santa Teresa, e o jantar, é chegado o momento de despertar a criança interior com o recreio carmelitano, desta vez um jogo de equipes, no qual um tabuleiro lançava o desafio de chegar ao céu. O jogo “Castelo Interior” foi uma feliz oportunidade de rejuvenescer ainda mais o espírito, es mulando a sadia compe ção e a fraternidade própria da juventude, porque também brincando se vai ao céu. O coração já apertava pelo momento da despedida que se aproximava, mas com a alegria de que Deus realmente renovava a juventude de todos os presentes naquele hotel.

No domingo dia 28 o despertar foi com gosto de quero mais, e mais Deus havia preparado para este congresso tão especial. Depois da Santa Missa dominical no Carmelo de Santa Teresinha, é chegado o momento de ouvir e encher o espírito com as palavras de uma mulher forte, inquebrantável e simples, uma verdadeira mãe. Irmã Bernadete (OCD) adentra o espaço trazendo o lema do Congresso de Jovens, “Ninguém te desprezes por serem jovens” (I Tim 4, 12). Quanto foi enriquecedor ouvir que o amor renova nossas forças para con nuar enfrentando todas as barreiras e dificuldades próprias da dimensão da vida juvenil. A juventude é a força que emana do coração de Deus e tudo transforma. Acolher tudo com amor, paciência, caridade, é um caminho para mostrar que a juventude é atuante, e que o carisma carmelitano

precisa con nuar. Irmã Bernadete lembrou a par r de sua história a alegria que é ter dentro do carisma a juventude convivendo com os mais velhos, o quão certeiro é esta junção e qual poderosa é a força e o vigor aliado com a sabedoria. Eis o caminhar carmelita que sempre se renova, a força caminha para sabedoria.

Depois de um breve intervalo é chegado o momento da úl ma colocação, conduzida pelo secretário da Comissão, Matheus Ferreira. “Vocação Carmelita, o Jovem e a A vidade Pastoral”, foi a temá ca de encerramento do congresso. Foram apresentados alguns pontos que precisam ser resgatados no atuar do jovem carmelita para que de fato ele se torne um jovem ousado e verdadeiramente possa assumir uma responsabilidade pastoral diante da realidade par cular de cada um. É necessário se inspirar em alguns personagens bíblicos que foram verdadeiros modelos de pessoas ousadas, que arriscaram o pouco que nha com a fé em Deus e conseguiram lograr êxito. Mais do que nunca o jovem Carmelita precisa conhecer seus caminhos e ser asser vo no que se propõe. É chegado o momento das despedidas, com a culminância da dinâmica de fraternidade todos os par cipantes puderam falar ao outro o quanto foi bom interceder por esta pessoa e construir laços mais sólidos e verdadeiros. Somos uma família e como família nos despedimos com o coração cheio de alegria e agradecimento por mais um congresso, certos de que Deus é e sempre será jovem, com suas surpresas, seu amor até o fim. Com confiança em Deus nos entregamos ao patrocínio da Virgem do Carmo, Mãe e mestra da Ordem que nos auxilie sempre mais no caminho de Deus, e como os discípulos de Emaús possamos ouvir docilmente e perceber com os olhos da alma a voz e a face deste Amor sempre jovem. MONTE CARMELO

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Voz da Igreja Carta Circular

Carta Circular XVIII Encontro de Conselhos e Comissões da OCDS (ASSEMBLEIA GERAL)

Carta Circular 03/2019 Fortaleza, 23 de setembro de 2019 Caros Presidentes e Coordenadores das Comunidades e Grupos da OCDS – Província São José. Com alegria e movidos pela graça de Deus, realizaremos de 14 a 17/11/2019 o XVIII Encontro de Conselhos e Comissões da OCDS (ASSEMBLEIA GERAL), com o tema: “Confia no Senhor as tuas obras“ (Pr 16,3) e lema: “O trabalho mais árduo é Ele quem faz, mas devemos ter a coragem de deixar que Ele o faça” (Papa Francisco, em 07/09/2019, em visita ao mosteiro de clausura das monjas carmelitas em Antananarivo - capital de Madagascar). Nesse encontro, faremos a nossa Assembleia Geral para Eleições, Avaliação e Planejamento da OCDS – Província São José. Será uma grande Assembleia Geral e ele va da Associação das Comunidades e Grupos OCDS – Província São José. Nessa assembleia, além das eleições para o próximo triênio, faremos a avaliação das a vidades realizadas no triênio passado e o planejamento das ações para o novo triênio.

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Para esse trabalho haverá um facilitador, que conduzirá a avaliação e planejamento de cada comissão de trabalho ou serviço. Faremos juntos a análise do que foi feito, a par r do que foi proposto no Encontro ocorrido para as eleições do triênio que agora se encerra, e pensaremos nas propostas para serem apresentadas e aprovadas na assembleia. Para esse fim, elaboramos um instrumental para cada serviço, que deverá servir de roteiro para cada análise. A g ra d e c e n d o e l o u va n d o a D e u s p e l a disponibilidade de cada um, seguem as seguintes orientações: 1. NOSSO ENCONTRO SERÁ DE TRABALHO. Iniciaremos com a missa de abertura no dia 14 de novembro, às 17h30min, seguida do jantar, apresentação das comunidades presentes e entrega do cargo e apresentação do relatório de a vidades desenvolvidas no triênio pelo atual Presidente. A Assembleia iniciará no dia 15 de novembro, com a realização das Eleições Provinciais. Em seguida passaremos à avaliação do triênio 2016-2019 e planejamento do triênio 2019-2022. 2. Conforme amplamente divulgado, por determinação dos Estatutos Par culares, somente os delegados das Comunidades Eretas


e em Formação terão direito a voto no processo eleitoral. No entanto, para avaliação e planejamento, TODOS PODEM E DEVEM PARTICIPAR. 3. Fiquem atentos à programação e horários, esse encontro é diferente do que temos experimentado, por isso precisamos ser pontuais para assegurar a produ vidade. INFORMAÇÕES

Ÿ INCREVER-SE COM RUTH: Whatsapp – 85

988572560/ e-mail – ruthleitevieira@gmail.com. Ÿ Efetuar pagamento através de depósito na Conta Bancária da Província, ou em espécie ou cartão de débito/crédito, no local. Ÿ Nome jurídico da OCDS: Associação das Comunidades da Ordem dos Carmelitas Descalços Seculares no Brasil da Província São José - CNPJ: 08.242.445/0001-90 Ÿ Dados da conta bancária: Banco Itaú S A (341) Agência: 0156 - Conta corrente: 06234-1

Ÿ DATA: 14 a 17 de novembro de 2019 Ÿ LOCAL: Centro Teresiano de Espiritualidade,

Fraternalmente,

Rodovia Raposo Tavares Km 64, em São Roque/SP Luciano Dídimo Camurça Vieira Presidente Provincial da OCDS - Província São José

Ÿ VALOR DA INSCRIÇÃO: R$ 480,00 (Depósito ou em

espécie) ou R$ 500,00 (cartão de débito ou crédito)

*** PROGRAMAÇÃO DIA 14/11/2019 (quinta-feira) 16:00h – Acolhimento 17:30h – Missa de Abertura 18:30h – Jantar 20:00h – Apresentação das Comunidades 20:30h- Abertura/Palavra do Presidente (Entrega do cargo/ prestação de contas e apresentação do relatório) – Luciano Dídimo 21:30h - Repouso DIA 15/11/2019 (sexta-feira) 06:30h - Adoração 07:00h - Missa com Laudes 08:00h - Café da Manhã 09:00h - Assembleia Geral Ordinária - Eleições – (condução: Comissão Eleitoral) 10:00h - Lanche 10:30h - Assembleia Geral Ordinária- (con nuação) 12:00h - Almoço 14:00h - Avaliação e planejamento do Conselho Provincial 16:00h - Lanche 16:30h - Avaliação e planejamento da Comissão de Formação 18:00h - Vésperas 18:30h - Jantar 20:00h - Noite Cultural 21:30h - Repouso

DIA 16/11/2019 (sábado) 06:30h - Adoração 07:00h - Missa com laudes 08:00h - Café da Manhã 09:00h - Avaliação e planejamento da Comissão de Jovens e da Comissão de Casais 10:00h - Lanche 10:30h - Avaliação e planejamento da Tesouraria, Controladoria e Captação de Recursos 12:00h - Almoço 14:00h - Avaliação e planejamento da Comissão Missionária, da Comissão Vocacional, da Comissão de Espiritualidade, da Comissão de Memória e da Comissão de Música. 16:00h - Lanche 16:30h - Avaliação e planejamento da Comissão de Comunicação e da Comissão de Psicologia. 17:30h - Momento Mariano 18:30h - Jantar 19:00h - Festa Temá ca DIA 17/11/2019 (domingo) 07:00h - Missa com laudes 08:00h - Café da Manhã 09:00h - Votação do texto conclusivo pela Assembleia 10:00h - Lanche 10:30h - Palavra do Presidente Eleito/Apresentação do Conselho Provincial e Comissões 11:30h - Encerramento 12:00h - Almoço

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Voz da Igreja Centenário

Há Cem Anos em Obséquio de Cristo por Renata Jacques, ocds Comunidade Nossa Senhora do Carmo - Rio de Janeiro

Cem anos se passaram desde que o primeiro grupo de leigos, desejosos de viver o Carisma contempla vo Carmelita se reuniu para dar início a Comunidade Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa, a primeira Ordem Secular do Carmelo Descalço do Rio de Janeiro e hoje a mais an ga a va do Brasil. A Ereção canônica foi concedida no dia 07 de setembro de 1919. Em 15 de outubro de 1921 ocorre a Instalação da Venerável Ordem Terceira Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa à rua Mariz e Barros Capela Nossa Senhora do Carmo, anunciada com alegria em periódicos da cidade. (foto 1)

Frei Serafim de Santa Teresa (foto 2) foi o primeiro diretor da Ordem. Prior e administrador dos frades carmelitas descalços. Foi o responsável pela construção da Basílica S a n t a Te r e s i n h a d o Menino Jesus, onde até hoje a Comunidade Nossa Senhora do Carmo faz suas reuniões.

A fundadora e o Carmelo São José, uma história entrelaçada pelo amor e doação A Senhorita Maria Clara Rabello Moreira, após a morte de sua mãe que foi sepultada com hábito

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Marrom da Venerável Ordem Terceira, seu coração se voltou profundamente a considerar aquele Marrom penitente. O marrom carmelita desperta em Maria Clara uma devoção filial por Santa Teresa. Então, começa a assis r missas no Convento de Santa Teresa e começa aí uma grande amizade com as irmãs carmelitas. À procura de um diretor espiritual conhece Frei Serafim de Santa Teresa. Este sugere à Maria Clara de fundar um movimento para jovens que resultou na Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo. Ela foi eleita fundadora e primeira priora e recebe o nome na Ordem Terceira de Ir. Maria Teresa. Cede sua própria casa para fundação de um novo convento carmelita, Carmelo São José, onde entra como a primeira noviça em 19 de março 1926 e recebe o nome de Ir. Teresa de Jesus. No dia 02 de outubro de 1930 faz a profissão solene de seus votos religiosos. (foto 3)

Sessenta dias após a profissão cai doente de uma anemia em estado fatal. Há uma grande afinidade entre Ir. Teresa de Jesus e Santa Teresinha do Menino Jesus e em seu leito de morte oferece-se como ví ma pelo Brasil e por nossos sacerdotes. Alguns já a considerava a “Teresinha” brasileira. Às 15 horas do dia 14 de dezembro de 1930 Ir. Teresa de Jesus, a querida Mimi, rompe o véu da vida para estar face a face com o Supremo Amor, esposo de sua alma.

Os frutos da Comunidade Vidas que deixaram suas marcas de amor ao Carmelo e a Deus na pessoa do próximo. Pertenceram à nossa Comunidade e hoje dão testemunho da


espiritualidade carmelita teresiana para a Igreja e para o mundo. - Madre Maria Teresa do Espírito Santo (Foto 4) Nome de ba smo Isa de Abreu. Nasceu na cidade do Rio de Janeiro em 16 de agosto de 1917. Foi neta do historiador Capistrano de Abreu e sobrinha de Madre Maria José de Jesus (Carmelo de Santa Teresa – RJ). É admi da na Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa, conforme nossos registros, em 11 de maio 1940 e recebe o nome de Ir. Maria Teresa do Espírito Santo. Trabalhava no abrigo social Horácio Lemos no bairro Santa Cruz, administrado pela prefeitura do Rio de Janeiro e que se encontrava em total abandono. Aconselhada por Dom Jaime de Barros Câmara, funda um ins tuto Servas dos Pobres. Em 1946 começa os trabalhos para a fundação da congregação que é hoje as Irmãs Carmelitas Descalças Servas dos Pobres do Brasil. Faleceu em 1989.

encontraram estava na Matriz Velha, de joelhos, no altar do Sagrado Coração de Jesus. Ao lhe perguntarem sobre o que estava fazendo responde: Estou na “mixa” do Colação de Jesus! Em 1916 se estabelece na Ilha de Paquetá (RJ) e fica noiva de um estudante de engenharia. Retorna a Campinas para estudar. Ouve o chamado de Deus e rompe o noivado. Lê História de uma alma da futura Santa Teresinha. Toma a resolução de também ser carmelita. Por ocasião do casamento de sua irmã Esther em 1920 vem para o Rio de Janeiro. Aí frequenta a Capela Nossa Senhora do Carmo, futura Basílica Santa Teresinha. É admi da na Ordem Terceira do Carmo em24 de novembro de 1923 e recebe o nome de Ir. Maria Benigna Consolata do Coração Eucarís co de Jesus. Em 24 de agosto de 1953 recebe a licença para a fundação de um novo Carmelo (Carmelo da Santa Face e Pio XII), a princípio em Taubaté, mas a providência divina o quis em Tremembé. Madre Carminha falece em 13de julho de 1966, ví ma de um derrame cerebral. Seu corpo se mantém intacto até os dias de hoje. Madre Carminha está em processo de bea ficação. (Foto 6 e Foto 7)

- Madre Maria Madalena de São José. (Foto 5) Chamava-se Lourdenise Goyanna. Nasceu no Paraná em 01de fevereiro de 1914.Foi admi da na Ordem Terceira de Nossa Senhora do Carmo, conforme nossos registros, em 07 de fevereiro de 1947 e recebe o nome de I r. M a r i a M a d a l e n a d o Espírito. Foi a coo fundadora da congregação das Irmãs Carmelitas Servas dos Pobres do Brasil. Faleceu em 12/05/1984. “Nossa” Madre Carminha Carmen Catarina Bueno nasceu em Itu (SP) no dia 25 de novembro de1898. Seus pais foram Teotônio Bueno e Maria do Carmo Bauer Bueno. Foi criada em Campinas (SP) pela avó paterna “Nhá Cota” (dona Maria Jus na Camargo Bueno). Aos 3 anos de idade, Carminha desaparece de casa. Quando enfim a

Toda a pesquisa foi realizada pela comissão histórica dos 100 anos, composta de membros de nossa comunidade. Contamos como fontes: · Arquivos da Comunidade Nossa Senhora do

Carmo; · Arquivo do Carmelo São José; · Livro “Carminha de Tremembé: Em fotos e poesias”; · CRUZ, Afonso de Santa. In: A Teresinha brasileira. Edições Rosário; 3ª Ed., 1982;

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A CELEBRAÇÃO DOS 100 ANOS No úl mo dia 7 de setembro, na Basílica Santa Teresinha do Menino Jesus na Tijuca- RIO DE JANEIRO, se reuniram comunidade seculares de todo o Brasil, frades Carmelitas, a comunidade e amigos para celebrar os 100 anos da fundação da Comunidade Nossa Senhora do Carmo. Unidos em Ação de Graças com os frades da Ordem dos Carmelitas Descalços, foi celebrada a Eucaris a presidida por Frei Alzinir Debas ani, delegado Geral para a OCDS, e concelebrada pelo Frei Emerson Santos Oliveira, pároco da Basílica Santa Teresinha, Frei Pierino Orlandini, Delegado Provincial para a OCDS, Frei Edglê Alves, Frei César Cardoso, e Frei Geraldo Afonso, Superior Provincial. Em uma celebração de alegria e gra dão, além de unidos em oração com as monjas carmelitas de todo o Brasil, foi recebida das mãos de Frei Alzinir uma benção Apostólica de Sua San dade, Papa Francisco, para a presidente da comunidade, Vera da Silva Fernandes OCDS, e para a Comunidade Nossa Senhora do Carmo. Frei Saverio Cannistrà, superior Geral da Ordem

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dos Carmelitas, escreveu uma carta belíssima, que foi lida ao final da celebração enfa zando que Frades, Monjas e Seculares formam uma só família Carmelita, buscando viver o Carisma de Santa Madre Teresa e viver em obséquio de Nosso Senhor Jesus Cristo. Após a Benção coma relíquia de Santa Teresinha do Menino Jesus e a chuva de rosas, convidados e amigos foram acolhidos em uma bela recepção e Exposição Histórica preparadas com carinho por cada membro da Comunidade. Nosso presidente provincial da OCDS, Luciano D í d i m o e s u a e s p o s a e s v e ra m p re s e n te s proporcionando muita alegria e gra dão da comunidade. As comunidades Santa Teresa (Rio de Janeiro), Santa Teresinha Doutora da Igreja (Niterói), São João da Cruz (Maranhão), São José (Petrópolis) e Santa Teresa e Nossa Senhora da Carmo (São Paulo) também nos ajudaram e estavam presentes nessa festa. Pois como diz Santa Madre “Quem ama sempre faz comunidade”. Que a Bem Aventurada Virgem do Monte Carmelo interceda a cada dia por seus filhos carmelitas!


ajeNotícias rgI ad zoV COMUNIDADES COMPARTILHAM SUAS ATIVIDADES ATRAVÉS DOS GRUPOS DE WHATSAPP

III Encontro Carmelitano “A alma que caminha no amor não cansa nem se cansa". Comunidade São José OCDS - Sete Lagoas/MG.

Peregrinação da Imagem de N.S. do Carmo. Grupo: Maria, Mãe e Mestra do Carmelo de Parnaíba/PI.

Passeio comunitário da Com. de Sta Teresa de BH, no sí o dos freis da An ga observância, junto com as irmãs carmelitas de Florença. Um dia de encontro, celebração e muita alegria.

Re ro da Com. Sta Edith Stein de Divinópolis – MG e Grupo Bem-Aventurada Virgem Maria do Monte Carmelo de Itaúna/MG. Tema: Em busca de Deus. Pregador: Frei Cléber, ocd.

Reunião do Grupo Pequena Via de João Pessoa/PB. Planejamento do Congresso N/NE da OCDS – 2020 com a par cipação da OCDS de Camaragibe/PB.

Re ro Vocacional do Grupo Sta Teresinha Pequena Flor do Carmelo de Macapá com a par cipação de Ana Maria Scarabelli, de Cara nga/MG.

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Reunião da OCDS de Mococa/SP com o Conselheiro Sebas ão.

Reunião da Comunidade São João da Cruz de Ibiapina/CE.

Celebração das Promessas da Comunidade Maria, Mãe e Rainha do Carmelo de Jabaquara/SP.

Reunião da Comunidade São José - Sete Lagoas/MG. Tema: "Família de Nazaré espelho para o casal".

Re ro anual da Comunidade Rainha do Carmelo de Fortaleza/CE.

VI Re ro do Silêncio do Grupo São José, de Petrópolis/RJ.

Celebração das Promessas Defini vas e Temporárias da Comunidade Flor do Carmelo de Santa Teresinha – OCDS – Fortaleza/CE.

Formação com Fr. Edízio sobre a Pequena Via de Santa Teresinha, via Skype, do grupo Flor do Carmelo de Bauru/SP.

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Grupo Nossa Senhora do Sorriso de Natal/RN agradecemos a Deus pelo dom da vida da Madre Maria de Jesus.

Reunião do Grupo Santa Teresinha do Menino Jesus - OCDS, da cidade de São Luís de Cárceres/MT.

Recreio Carmelitano OCDS e OCD em Fortaleza/CE.

Reunião do Grupo Cristo Rei do Universo de Propriá.

Re ro anual da Com. Flor do Carmelo de Santa Teresinha – Fortaleza/CE com Frei Gregório, ocd. ‘’Das trevas à luz: um caminho com S. João da Cruz.’’

Confraternização da Comunidade Nossa Senhora do Carmo e Santa Teresa de Jesus na residência de Haide, ocds, presidente da Comunidade.

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Re ro anual da Comunidade Santa Elisabete da Trindade - Montes Claros/MG.

Eleição do Conselho da Com. Nossa Senhora do Carmo – OCDS - de São Paulo.

Noites de Espiritualidade - Comunidade Santa Teresinha, Cara nga/MG.

Re ro Anual da Comunidade São José de Santa Teresa, Fortaleza/CE.

COMUNIDADES COMPARTILHAM SUAS ATIVIDADES ATRAVÉS DOS GRUPOS DE WHATSAPP Os membros da OCDS que desejarem entrar nos grupos de WhatsApp, podem enviar suas solicitações para João Paulo: (85) 98805.3474. Grupos de WhatsApp da OCDS da Província São José: OCDS PROVÍNCIA SÃO JOSÉ NOSSOS MEIOS DE COMUNICAÇÃO, confira... h p://ocdsprovinciasaojose.blogspot.com/

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‘‘Poema a Santo Elias’’ Elias, Profeta de Deus, Combate inflamado de zelo, Caminha em presença de Deus. Culto único e verdadeiro. Elias modelo da tradição, No Monte Carmelo formou, Com Maria sua missão, Vida divina iniciou. Elias, Homem do Carmelo, Modelo para o silêncio divino, Ao Deus dos exército anelo, Busca em tudo direito divino. Estela da Paz


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