Aprender e estudar no ensino superior Cíntia Regina Lacerda Rabello. Extrato de: Aprendizagem na educação a distância: Dificuldades dos discentes de licenciatura em ciências biológicas na modalidade semipresencial / – Rio de Janeiro: UFRJ / Núcleo de Tecnologia Educacional para a Saúde, 2007, pg. 34-46
Aprendizagem: o que é e o que caracteriza a boa aprendizagem? Uma vez que o objetivo deste estudo é identificar as dificuldades na aprendizagem que os estudantes encontram na EAD, dois aspectos devem ser observados. Primeiramente, o que entendemos por aprendizagem e o que caracteriza uma boa aprendizagem. Em segundo lugar, é importante situarmos o aprendiz do ensino superior como um aprendiz adulto, com características e necessidades específicas. Em meio às diversas teorias e conceituações de aprendizagem, percebemos que a maioria delas entende a aprendizagem como um processo de aquisição de conhecimento e mudança de comportamento. Tomando o viés psicológico para formulação do conceito de aprendizagem, adotamos aqui a perspectiva cognitiva, em que a aprendizagem pode ser entendida como processo de aquisição por meio do qual incorporamos novas representações à memória permanente, ou mudamos aquelas que já possuímos (POZO, 2002, p. 88). Pozo também apresenta três características prototípicas da boa aprendizagem, definida como mudança duradoura, passível de transferência a novas situações, e conseqüência direta da prática realizada (idem, p. 60). Dessa forma, para esse autor, a aprendizagem será mais eficaz
[...] quanto maior e mais significativa for a relação que se estabelece entre a nova informação que chega ao sistema e os conhecimentos que já estavam representados na memória. Quanto mais organizado, ou menos isolado, se adquire um resultado da aprendizagem, maior será sua duração e possibilidade de transferência e mais eficaz resultará essa aprendizagem. (POZO, 2002, p. 88)
Afirma ainda que a aprendizagem depende do bom funcionamento de certos processos que podem otimizar ou minimizar sua eficácia, os “processos auxiliares da aprendizagem”. Dentre esses processos, encontramos a motivação, ou seja, o motivo para o qual o aluno se esforça para aprender; a atenção, que permite o estabelecimento do foco na tarefa de aprendizagem; a recuperação e a transferência das representações presentes na memória como conseqüência de aprendizagens anteriores, e a consciência e o controle dos próprios mecanismos de aprendizagem (idem, p. 88-9). Silva & Sá compartilham idéia semelhante ao afirmarem que a aprendizagem eficaz depende da adoção de estratégias cognitivas e orientações motivacionais que permitam ao indivíduo tomar consciência dos objetivos, dos processos e dos meios facilitadores da aprendizagem e tomar decisões apropriadas sobre que estratégias utilizar em cada tarefa e como modificá-las quando estas se revelarem pouco eficazes. Em síntese, saber aprender contribui para uma aprendizagem bem sucedida (1997, p. 17)