Interface entre Metacognição e Enfermagem Marcos Antônio Gomes Brandão Extrato da tese de Doutorado: Associação entre a interação e a metacognição: características e perspectivas de uma comunidade virtual de enfermagem
Introdução Como contribuir com a enfermagem de modo a garantir que seu valor como prática social seja garantido na participação dos próprios aprendizes no processo ensino-aprendizagem? Como garantir que cenários consistentes com a aprendizagem possam ser oferecidos aos aprendizes de enfermagem? Entendemos que nossas contribuições em responder aos questionamentos da aplicação da metacognição à enfermagem atravessam nossa trajetória profissional e se intensificam a partir do Mestrado em Tecnologia Educacional nas Ciências da Saúde. No exercício da docência como professor de enfermagem fundamental, buscamos acrescentar à prática pedagógica as questões básicas e as concepções teóricas que foram aprendidas a partir do estudo e pesquisa em temas multidisciplinares da aprendizagem humana. Entre eles, as teorias e correntes teóricas da aprendizagem e os recursos, estratégias e instrumentais de aprendizagem. Alinhados ao referencial utilizado na dissertação de mestrado, prosseguimos por aplicar os aspectos da metacognição nas experiências e cenários de aprendizagem de sala de aula e campo de prática. Utilizamos preceitos da aprendizagem colaborativa para promover a participação[1] dos filiados à comunidade, quando estivemos na condição de moderar as discussões da comunidade virtual. Um preceito de destaque e interesse especial foi o de tornar explícitas as finalidades e justificativas do proceder do moderador. Na condição de moderador foi comum apreciarmos o que sabíamos sobre nossas próprias intenções com o moderar, e a partir daí registrar nas mensagens eletrônicas enviadas à comunidade. De modo complementar, na condição de moderador, alinhamos os aspectos relacionais e interativos que fazem da enfermagem uma disciplina relacional. Mesmo que não existissem clientes nesta comunidade virtual em particular, entendíamos ser de extrema importância cultivar no virtual as condutas humanistas que usualmente são defendidas como orientadoras para a prática da enfermagem. Portanto, cognição e emoção não eram tratadas de modo dissociado na comunidade virtual. Em última instância, fazíamos isto na intenção da manutenção de um ambiente propício a aprendizagem de valores da enfermagem. Podemos afirmar que desejávamos constituir um ambiente de aprendizagem e usávamos a auto-apreciação e a comunicação dessa como ferramentas de aprendizagem. Estávamos, também, buscando garantir cenários consistentes com a aprendizagem colaborativa e usávamos a expressão escrita de nossos processos metacognitivos para aproximar o outro de nossos pensamentos. Se na prática de moderar buscamos usar a metacognição como ferramenta, como pesquisador iniciamos questionamentos sobre a natureza da metacognição na comunidade virtual. Começamos a refletir de que modo poderia a expressão de metacognição causar interferência na comunidade. Conhecíamos alguma coisa sobre os elementos interferentes na interação e também sobre alguns que fundamentam o encontro com o cliente, como por exemplo, os preceitos éticos, a empatia, o respeito e a habilidade para comunicarse, falar e ouvir. Mas, até que ponto estas bases seriam suficientes para explicar uma modalidade de interação que se funda muito mais pela troca de idéias, ou seja, aquelas que são escritas em um teclado, são lidas em uma tela de computador, mas, que a produção depende de um voltar-se para a própria cognição? Aí nesta pergunta, estaria a gênese de nossas questões que buscavam estabelecer relações entre a metacognição e a participação na comunidade virtual. Ao passo em que agora nos aproximamos do que gerou uma tensão reflexiva no pesquisador, também precisamos buscar contribuições conceituais que possam dar conta da natureza conceitual e de atributos da metacognição.