O aluno, o estudar e o aprender Yara Curvacho Malvezzi Extrato da dissertação de mestrado (2000) intitulada: CONCEITUANDO O ESTUDAR E O APRENDER: Com a palavra, internos de medicina
Tanto alunos quanto professores têm seus conceitos sobre o estudar e o aprender. Não existe uma só interpretação de fatos e situações. Cada pessoa tem sua própria percepção, sua própria maneira de vivenciar experiências, do lugar em que se encontram. E é essa variedade de opiniões e sentimentos interagindo com opiniões e sentimentos de outros indivíduos que enriquece o mundo das idéias, impulsionando-nos para novas percepções. Dessa forma, EKLUND-MYRSKOG (1997) admite que a interação que surge entre professores, alunos e a própria proposta educacional da instituição de ensino podem influenciar os estudantes quanto ao modo de entender o seu estudar e a sua aprendizagem. MIRA Y LÓPEZ (1968) defende que é possível “estudar sem aprender” e “aprender sem estudar” e REZZANO (1987, p.xi) alicerça esta idéia quando associa o aprender a uma decisão pessoal do aluno: “O sonho dourado de todos os estudantes, de aprender sem estudar, não é um mito: a fixação espontânea de conhecimento se realiza sempre que no ato de aprender intervém o interesse ou a emoção, ou ambos juntos”. Tais afirmativas poderiam ser consideradas polêmicas. Como separar o aprendizado do estudo? Na verdade, o que ocorre é que a mesma palavra comporta diferentes significados. Dito de outra forma, cabe perguntar: “O que é estudar? O que é aprender?”O espaço de discussão amplia-se ainda mais quando se dá voz ao aluno, sujeito das ações. Assim, é dessas ações que nos deteremos a seguir, relacionando-as ao modo como os alunos demonstram entendê-las, tangenciando algumas idéias que os próprios professores fazem delas.
O Estudar “Que o ato de estudar, no fundo, é uma atitude frente ao mundo (...) não se reduz à relação leitor-livro ou leitor-texto (...) e também é sobretudo pensar a prática e pensar a prática é a maneira de pensar certo”(FREIRE, 1974). Para este autor, o sujeito da ação de estudar é o aluno, valorizado em sua individualidade, de quem se exige uma postura crítica e uma inserção na realidade. O estudante toma decisões e age, fundamentado na análise de uma realidade que transcende os limites tradicionais (escola, livro, professor, por exemplo). Dessa forma, o modo como o aluno percebe o estudar vai determinar uma série de outras ações quanto à busca e ao tratamento de informações, gerando conseqüências no seu agir. O contraste entre um estudar que objetiva a obtenção de uma “coleção de afirmações” ouuma “coleção de idéias” foi estabelecido por BARNES (1995). Este autor identificou dois modos de estudo: o aquisitivo e o interativo. No estudo aquisitivo, o aluno entende o conhecimento como algo permanente e pronto, que deve ser possuído. Transforma o estudo em um aglomerado fixo de idéias e teorias que precisa ser armazenado. “Aluno e aula são estranhos um ao outro, pois o primeiro se tornou apenas o