Caderno das letras

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Caderno de Letras 2014/2015


A Luz

A Luz é a vida A Luz brilha no olhar A Luz faz crescer Tal como faz amar Eu gosto dela Faz-me sorrir Ajuda-me a adormecer E as rosas a florir A Luz é amarela cor da alegria A Luz aquece o coração E faz magia…

Mariana, Nº 12 - 5ºC


O jardim da minha avó Na casa da minha avó, que vive numa aldeia perto de Bragança, há um jardim muito grande. Ocupa a parte da frente e a do lado direito. Ao fundo, ergue-se uma espécie de muro formado por buxo e serve para separar o quintal do jardim. À frente do “muro”, existe uma grande e velha cerejeira. As cerejas tão pequenas parecem uns berlindes e são doces e deliciosas. Do lado direito, encontramos um canteiro com várias árvores de fruto, um roseiral, hortênsias, begónias, gladíolos, dálias, camélias, orquídeas e flores de “muguet”, que foram plantados pela minha avó. No verão, quando tudo está florido, o canteiro fica tão colorido que lembra um arco-íris. Também no jardim se estende um belo relvado verdejante e, em frente ao portão, imóvel, um triciclo em ferro forjado com um vaso de gerânios dá as boas-vindas a quem entra. Gosto de estar nesse jardim, tranquilo e agradável! É o jardim da minha avó.

Pedro Carvalho, N.º15 – 5ºC


Uma aventura inesquecível Os pássaros voaram, voaram até que, de repente, surgiu uma grande tempestade e foram parar a uma ilha tropical onde existia um vulcão. Como não parava de chover, estiveram lá durante alguns dias, já que os pássaros não conseguiam voar com o mau tempo. Para isso, construíram uma casa em cima de uma árvore com o que encontraram na ilha: paus, folhas, troncos, lianas, canas, flores… O Firmino (um espantalho por lá perdido) era quem comandava. Deu um nome a cada pássaro, pois eram todos idênticos. – Carvão, tu vais buscar comida! – ordenou o espantalho. – Veloz, tu e eu vamos construir a casa! – exclamou ele muito entusiasmado. –

E

tu,

Íris,

vais

buscar

os

objetos

necessários para construir a casa. – Ok! – responderam todos em conjunto. A casa demorou algum tempo a construir, mas conseguiram graças ao trabalho de equipa. – Ficou fantástica! E conseguimos acabá-la antes de anoitecer – elogiou o espantalho. A casa era revestida de madeira, decorada com flores por toda a parte e as escadas eram feitas com paus. No interior, as camas eram de folhas e a mobília de canas. O telhado era construído com lianas. O espantalho perguntou: – Quem tem fome? – Nós! – afirmaram eles. Depois de um jantar bem apetitoso, foram dormir para as suas confortáveis camas. No dia seguinte, acordaram com a casa toda desfeita. O chão estava a tremer. O espantalho, exaltado, gritou: – O vulcão está entrar em erupção, vamos ter de construir uma jangada!


Muito apressado, ordenou aos pássaros que levassem paus para o mastro, para a base e para os remos, e também comida. Em menos de dez minutos lançaram a jangada na água. Carregaram-na com o que precisavam e seguiram viagem. Quando se meteram à água, o vulcão explodiu. Depois de se afastarem daquela ilha, os pássaros levantaram voo com Firmino e viveram felizes para sempre. Sem a ajuda uns dos outros, este trabalho não teria sido possível. É por isso que é importante ter amigos! A amizade faz a união!

Sofia Simões Ferreira, Nº18 - 5ºC


«Nem tudo o que luz é ouro»

Era uma vez dois amigos: um corvo e um cão. Todas as tardes o corvo e o cão se encontravam no parque para conversar, brincar e falar dos seus donos. Ora um dia, quando o corvo e o cão falavam, este apostou que o seu dono era melhor do que o do corvo e que se passasse uma semana com ele ia querer ficar para sempre. O corvo pensou um pouco e acabou por aceitar. No dia seguinte, o dono do corvo e o dono do cão encontraram-se enquanto passeavam e, vendo como os animais gostavam do outro dono, decidiram trocar por uma semana de bicho. Então, no domingo, voltaram a encontrar-se no parque prontos para a troca. Cada homem levou o seu novo animal para casa. A caminho da sua nova casa, o cão apercebeu-se que o seu novo dono era um idoso que parecia ser viúvo e pobre, pois tinha as calças cheias de remendos. Ao chegar a casa, o canídeo ficou surpreendido: - Mas que espelunca é esta? - perguntou-se a si próprio. Para ele, aquela casa e o seu habitante não valiam nada comparados com o casarão e o aspeto do seu antigo dono. Por outro lado, o corvo tinha a mesma atitude de surpresa, pois o seu dono era um jovem lindo e solteiro com roupas de marca e com um casarão bem grande. - Uau! Comparada com a minha casa, este casarão é muito melhor! exclamou o corvo para si. Nos dias seguintes, o corvo queria algum carinho do seu novo dono, mas ele estava sempre ao telemóvel a dizer “Comprar, vender, comprar…!” e o pássaro ficava triste por não receber carinho. O homem podia ser muito rico, belo e jovem, mas não dava amor que chegasse aos animais. Nem tudo o que luz é ouro…


Entretanto, o cão estava a gostar muito do seu segundo dono que lhe dava mais carinho, amor e atenção e que se esforçava para lhe dar comida, mesmo sendo velho e pobre. No final da semana, o cão disse que o dono do corvo era maravilhoso e pediu-lhe para o ajudar a mudar o seu dono. O corvo podia ser das aves com pior fama e também das mais feias, mas tinha bom coração. No dia seguinte, o corvo, com a sua fala distorcida, explicou ao seu dono que queria que ele ajudasse a mudar a atitude do dono do seu amigo. Então, depois de ter passado muito tempo, os dois homens tornaram-se grandes amigos e auxiliaram-se mutuamente: o idoso dava conselhos ao jovem milionário que, por sua vez, o ajudava economicamente quando este tinha dificuldades. E assim os dois bichos viveram felizes com os seus maravilhosos donos!

Ulisses Miguel Maia Rodrigues, N.º 20, 5.º C


“As mãos da minha mãe”

As mãos da minha mãe são brilhantes, brancas e macias como seda. As mãos que, em criança, embalavam os meus sonhos, tão calmos e mágicos, e me acordavam serenamente. As mãos que sempre me ampararam. As mãos que tanto me ensinaram! As mãos trabalhadoras, que sempre tentaram que nada me faltasse. As mãos de que me vou lembrar e sentir a falta, quando crescer… Aquelas mãos de que me vou recordar eternamente. Aquelas mãos são os bons momentos que guardo no meu coração e na minha mente, mesmo quando me portava mal… As mãos que abraçam e dão amor. Este amor vou selar com um selo tão forte que nem a morte pode quebrar.

Miguel Rodrigues, N.º 20, 5.º C


O jardim da minha aldeia O jardim da minha aldeia localiza-se junto de um pinhal que tem muitas árvores. Perto, passa um pequeno ribeiro, tão azul como o céu em dias de sol. No jardim existe um banco construído por um grosso tronco de um velho carvalho e também diversos canteiros com flores, recortados com pauzinhos de madeira, onde passam alguns caminhos de pedra de granito. Nesse jardim, também crescem arbustos em forma de animais onde, às vezes, os namorados se escondem para dar os seus primeiros beijos! No centro, ergue-se uma fonte cheia de moedas com promessas que os namorados lá deixam. Os passarinhos que vivem no pinhal gostam muito de ir passear àquele jardim para comer bichinhos e cantar. No canteiro das roseiras existe um arbusto que tem dois troncos parecidos com as pernas de um gigante. Mas no inverno alguns dos arbustos ficam nus! O canteiro das tulipas tem um significado muito especial para o meu avô, pois foi ele que o plantou há muitos anos atrás. As estrelícias, cor de laranja e muito vaidosas, estão sempre à procura do sol. As roseiras são, ao contrário das urzes, muito cheirosas e andam sempre a espreitar os namorados. Os azevinhos, na altura do Natal, são muito convencidos, pois as pessoas usam-nos muito. Os catos são umas plantas muito tristes, pois picam e ninguém mexe neles! As urzes são flores roxas e bonitas, mas todas as outras do jardim as detestam, pois algumas têm um cheiro horrível! As tílias são flores amarelas por quem os amores-perfeitos têm muita consideração, pois estas uma vez salvaram um amor-perfeito de ser comido por um caracol! Os cravos túnicos têm muitas cores, são muito bonitos, por isso toda a gente tem inveja deles. Os amoresperfeitos são também de muitas cores, mas ninguém gosta deles por serem tão convencidos. As orquídeas são as plantas mais belas do jardim, as principais e toda a gente gosta delas, pois são muito chiques e dão aulas de moda às outras flores! Os girassóis, com pétalas de vitral, são umas flores extraordinárias, por isso as outras flores ficam com imensa inveja, pois toda a


gente lhes tira fotografias. As violetas luminosas são umas das preferidas da aldeia e todas as flores gostam delas, pois são muito humildes! Com esta variedade de flores, o jardim é tão colorido como uma pintura e o seu ambiente fresco e tranquilo orgulha todos os seus habitantes.

Carolina dos Santos Veloso, nº3, 5ºD


O jardim maravilhoso

No meu jardim há duas ameixoeiras, um limoeiro, uma laranja, uma figueira, uma oliveira e uma nespereira. Cada árvore tem uma história: foram plantadas por um membro da família. O limoeiro elegante e a laranjeira, sabe-se lá de onde vieram, mas a figueira do lado direito do jardim é a árvore da minha mãe. É alta e dá muitos figos apetitosos no verão, mal começa o mês de junho. A grande ameixoeira é a matriarca lá do sítio e é do meu pai. É tão alta, como uma casa de dois andares, tem um tronco firme e grosso, serve de habitat a alguns pássaros (um corvo, pardais e melros)! É a mais velha do jardim. No verão, fica cheia de ameixas, vermelhinhas como o sangue e muito apetitosas. Ao fundo, junto da murcha laranjeira, lá está a árvore do meu irmão, a oliveira. A árvore despida de folhas não costuma dar muitas azeitonas, mas é uma árvore bonita com tronco fino. No lado esquerdo, junto do muro, há pequenos canteiros que o meu pai plantou, o ano passado, com inúmeras flores e plantas. Também existe um baloiço ao pé do limoeiro, onde eu costumo brincar. Do lado direito, está a crescer uma pequena nespereira. Fui eu que a plantei e ainda dá poucas nêsperas, de tão jovem que é! O meu jardim é agradável e silencioso e estou muito feliz por o ter!

Maria João de Sá Godinho, N.º15, 5ºD


O valor da amizade Certo dia, Firmino ganhou vida (começou a andar e a voar) e os pássaros aproveitaram- no para viajar. Voaram, voaram... e encontraram um lugar maravilhoso. Um labirinto enorme cheio de flores e passarinhos. No fim, tinha uma parede com duas portas e o seu objetivo era chegar lá. Andaram até que alcançaram a parede. – Agora, qual a porta que iremos escolher, amigos? – Esta, esta! Tenho o pressentimento de que é esta – exclamaram os passarinhos em coro. Abriram a porta e encontraram um jardim, muito mágico. Um pássaro furioso argumentou: – Olhem, se fosse a vocês não vinha para aqui! Se a bruxa Maléfica vos vê, são presos para sempre num corpo de flor ou de sapo. Éramos humanos e espantalhos e acabamos por ficar como plantas ou animais. De repente, ouvem o relinchar de um cavalo e lá estava a Maléfica. Prendeu o espantalho numa torre, mas, por sorte, os pássaros acabaram por fugir. – Ajudem-me! – Vamos salvar-te, mantém a calma. Firmino ficou horas e horas fechado na torre gigante à espera de ser salvo. Mais tarde, apareceram os pássaros, já cansados de tanto voar para o salvar. Desamarraram-no da cadeira onde estava preso e voaram juntos para casa. Teve uma grande sorte em ter amigos tão bons, que são capazes de sofrer para o salvar.

Matilde Martins, Nº18, 5ºD


O Natal em casa dos meus tios Todos os anos a minha família festeja o Natal em casa dos meus avós ou dos meus tios. Naquele ano era em casa dos meus tios. A árvore era grande e bonita, estava coberta de enfeites coloridos e luzes brilhantes. Nas prateleiras a minha tia tinha uma coleção de bonecos de neve e à volta do presépio já se viam alguns embrulhos com papel colorido. A casa estava acolhedora e quente, pois os meus primos não deixavam apagar a salamandra. Jantámos e conversámos, depois fomos ver televisão e jogar jogos de tabuleiro. À meia-noite, começamos a abrir os presentes e a comer bolachas feitas pela minha tia e a minha prima. Quando abri o meu presente, vi que era uma máquina de fazer algodão doce. Eu adorei! A minha mãe começou a rir. – Foste tu? – perguntei eu. – Sim, gostaste? – quis saber a minha mãe. – Claro que sim! – exclamei. E a minha mãe acrescentou: – Eu sei que adoras algodão doce! Quase à uma da manhã, os meus primos receberam pistolas de brincar. Toda a gente já sabia em que é que aquilo ia dar. Então não é que eles começaram a acertar nos gatos?! Depois fomos para casa e um novo dia começou.

Rita Abrantes, Nº20, 5ºD


A minha avó

A minha avó, Rosa Maria, tem setenta e cinco anos. Ela é idosa, de estatura média e elegante. Seu rosto é oval e expressivo, rodeado de um cabelo castanho-dourado curto, mas farto como o topo de uma árvore. Tem olhos castanhos, vivos e amendoados. O seu nariz é saliente, logo seguido de uma boca pequena e bem desenhada. É inteligente, responsável, simpática, organizada, meiga, amável e altruísta. Também é muito vaidosa e um pouco teimosa. Gosta de vestir camisolas floridas. A minha avó Rosa é aquela pessoa que gostamos de ter sempre junto a nós.

Bruna Vicente, Nº 1, 5º E


A Maria

A Maria é uma menina com dez anos de idade. Ela é baixa, magra, bela e moderna como qualquer jovem do século XXI. O seu cabelo é escuro como uma azeitona, comprido e liso como o da minha boneca preferida. Tem o rosto oval e amigável. Os seus olhos, negros e brilhantes, possuem muita vivacidade. Tem o nariz pequeno e achatado como uma batata a murro. A sua boca é sorridente e carnuda como uma rosa. A Maria é uma rapariga simpática, amigável e verdadeira. Também é carinhosa, gentil, sincera e calma, tal como responsável e organizada. Ela é muito boa amiga e eu gosto muito dela.

Leonor Jordão, Nº 3, 5º E


Coimbra, 25 de janeiro de 2015

Exmo. Senhor Diretor Da Escola Básica dos 2º e 3º Ciclos Martim de Freitas

Eu sou a Kira Morozova, delegada de turma do 5ºF da escola que Vossa Excelência. dirige. Queria propor-lhe, em nome da minha turma, que autorize e financie uma visita de estudo a Évora, no próximo mês de maio, no âmbito da disciplina de História e Geografia de Portugal, uma vez que estamos a aprender matéria relacionada com essa cidade. Caso a nossa proposta seja viável, agradecia que me contactasse o mais brevemente possível, a fim de podermos prosseguir com este nosso projeto.

Com os melhores cumprimentos, Kira Morozova

Kira Morozova, Nº11, 5ºF


Coimbra, 25 de janeiro de 2015

Espero

que

esta

carta

te

encontrar

de

ótima

saúde.

Estou

entusiasmadíssima para te contar as novidades pois ainda não tinha tido tempo para o fazer. O meu professor de badminton disse-me que, na quarta-feira passada, fiquei em quarto lugar, com 13 pontos, e que ficara classificada para o torneio que vai ocorrer em fevereiro. Como deves calcular, fiquei satisfeitíssima porque este foi o meu primeiro torneio de badminton. Hoje fui jogar com o meu pai e ele disse que já estou a fazer um progresso notável neste desporto. Espero que me respondas brevemente.

Um abraço, Kira Morozova

Kira Morozova, Nº11, 5ºF


A minha mãe

A minha mãe é uma senhora alta, bonita e tem quarenta e dois anos. Ela tem o rosto oval. Os seus olhos são castanhos, vivos, brilhantes e lembram duas estrelas que cintilam sem parar. Tem uma boca vermelha, sorridente e pequena, sempre com um sorriso agradável, que me aquece o coração. O seu cabelo, liso e castanho, cai nos seus ombros como se fosse uma catarata. Tem mãos finas, claras e meigas, que trabalham noite e dia, dia e noite. A minha mãe, às vezes pode gritar um pouco mas, por outro lado, é perfeita. Ela gosta de fazer artesanato e de ajudar, mas o mais importante é ser minha amiga. Eu adoro a minha querida mamã com todo o meu coração!

Kira Morozova, Nº11, 5ºF


O meu irmão O meu irmão é um jovem rapaz de catorze anos e chama-se Tiago. Ele é alto, magro e forte. Tem o cabelo curto, liso e castanho como o chocolate. A sua cara é oval e tem um aspeto amigável. Possui olhos azuis, da cor do mar, uma boca pequena e um nariz estreito. Tem o pescoço grande e os braços compridos. As suas pernas, grandes e estreitas, parecem-se com canas de bambu. O meu irmão é simpático, amigável, mas também, às vezes, chato e teimoso. É, geralmente, um bocadinho tímido. O Tiago é muito boa pessoa e eu gosto muito dele.

Matias Batanete Marques, nº 15, 5º F


Os sete nobres irmãos

Era uma vez, numa aldeia distante, um homem e uma mulher que tinham sete lindos filhos. Nesse tempo, monstros terríveis abominavam o mundo e, um dia, o pior de todos eles apareceu na aldeia. Todos ficaram aterrorizados e a mãe e o pai dos sete jovens foram levados pelo gigante. O mais novo dos sete rapazes estava determinado a salvar os pais. Sabendo que o gigante era avarento, e com a ajuda dos irmãos, preparou-lhe uma armadilha. No dia em que não existissem nuvens no céu, os rapazes iriam à montanha onde o gigante descansava e usariam espelhos para refletir a luz do sol, para fazer o gigante pensar que era ouro. Quando este fosse buscar o ouro, eles teriam pouco tempo e era necessário todo o cuidado, pois os pais estavam numa gruta que o pé do gigante tapava. Os rapazes puseram o plano em prática. Como era previsto, o gigante foi buscar o ouro e eles foram a correr salvar os pais. Porém, o monstro reparou que era uma armadilha e gritou para que os seus companheiros viessem até ele. Rapidamente os ciclopes, os minotauros e as outras criaturas começaram a chegar. Os jovens e os seus pais viram-se encurralados e pensaram no que podiam fazer.


A certa altura, tais criaturas começaram a ficar com fome e a mãe ofereceu-se como distração, mas os filhos recusaram pois já tinham um plano: quando os monstros adormecessem, o mais alto dos filhos levantaria um dos seus irmãos de maneira a que ele conseguisse escapar por uma abertura no teto da gruta e pudesse desencadear uma violenta batalha entre aqueles seres. Os monstros, um por um, lá foram adormecendo. Já o rapaz que conseguira sair da gruta subiu a montanha, pegou em algumas pedras e regressou ao covil para ajudar pais e irmãos. Mandou as pedras à cabeça das várias criaturas que ali estavam, fazendo com que começassem a discutir. O plano foi bem-sucedido, porque os monstros começaram a lutar e acabaram por desmaiar. Os rapazes e os seus pais fugiram e nunca mais um ser humano viu um monstro sequer.

Eduardo José da Silva Pires Ferreira, N.º 6, 6.º A


Uma pequena luz que se torna enorme

Era noite de Natal e Matilde, uma menina de dez anos, elegante e alta, estava muito ansiosa por receber os seus presentes. Como ainda faltava algum tempo para a meia-noite, Matilde decidiu ir um bocadinho para o jardim. A certa altura, vê um menino triste e com as roupas rasgadas sentado no chão. Preocupada, vai ter com ele e pergunta-lhe: – Está tudo bem? – Não… vejo toda a gente muito contente por ter muitos presentes e peru assado para comer e eu… eu… não tenho nada – respondeu o rapazinho com lágrimas nos olhos. – Desculpa, tenho de ir. – Adeus! – retorquiu a Matilde. Depois desta conversa, a menina ficou a pensar no assunto durante algum tempo… Era meia-noite e a rapariga estava muito contente com os presentes que tinha recebido, mas como sabia que o menino que conhecera não tinha Natal, decidiu dar-lhe um dos seus melhores presentes. Sem hesitar, atravessou florestas e bosques de lés a lés… e parecia que não o ia encontrar, até que, já quando estava mesmo para desistir, avistou lá ao fundo uma pequena luz muito brilhante. Matilde exclamou: – Uau, que luz tão brilhante! Deve ser uma estrela ou se calhar um pote de ouro. Esperando que fosse um pote de ouro, a menina, muito curiosa, continuou em frente até chegar à luz.


De repente, muito impressionada, vê um menino deitado num monte de palha… e ela logo se lembrou que era o menino que tinha visto no jardim. Era o nascimento do Menino Jesus! Surpreendida, Matilde deu-lhe um beijinho e deixou-lhe a prenda.

Maria Eugénia de Teixeira Cruz Rosete, N.º 21, 6.º A


Nem tudo o que luz é ouro

Há milhares de anos os homens das cavernas eram pouco desenvolvidos. Viviam em selvas onde havia tudo o que procuravam. Até que um dia prestaram atenção a uma luz lá ao fundo no horizonte. Não sabiam do que se tratava, dando, por isso, algumas sugestões. – Será uma bomba? – perguntavam uns. – Não, aquilo é ouro! – corrigiam outros. Algumas pessoas só choravam por preverem a sua morte quando aquela enorme luz embatesse no planeta Terra. Os mais positivos diziam com toda a certeza que era ouro e já pensavam em dividi-lo por toda a população e em comprar muitos terrenos. Todos os dias, as pessoas se juntavam e olhavam para aquele estranho objeto. Brilhava imenso durante o dia, no seu posto de vigia, atento a tudo no planeta, mas de noite deixava o frio e o escuro tomarem conta da Terra. As suposições passavam de geração em geração, porém, com o tempo, a ideia predominante era que tal objeto era ouro. Então, partiram em busca do ouro. Andaram, andaram, andaram… e o ouro nunca mais parava de se movimentar, fazendo-os desistir. – Afinal, aquilo não é ouro!!! Gira à nossa volta! – exclamaram.


E ficaram com essa ideia durante anos e anos, até que surgiram novas tecnologias que permitiram descobrir o que era a tal luz. Era o Sol, ou seja, uma estrela muito brilhante que se confundia com ouro.

Pedro Afonso Lucas Sousa Cortês, N.º 27, 6.º A


Nem tudo o que luz é ouro

Estava a começar a escurecer e o Sol já estava naquele tempo entre a preguiça e o estar a dormir. Um menino ainda estava à procura de alguém que o pudesse acolher, ou dar uma esmola ou até um pequeno pedaço de pão, pois não tinha nem casa, nem esmola, nem um pequeno pedaço de pão. Vivia só nas ruas, sem amigos ou família. Ora, depois de toda a gente da terra o ter rejeitado, o menino começou a procurar um sítio onde pudesse escapar ao frio. Após muita procura, viu um feixe de luz muito reluzente e pensou para consigo: «Talvez seja ouro ou alguma coisa que eu possa vender e com isso ganhar algum dinheiro.» Encheu-se então de forças e começou a andar em direção a essa luz, uma luz que vinha de longe, de fora da cidade, envolvida por umas quantas estalagens. Toda a gente que o via passar murmurava: – Que estará este menino a fazer? – Só pode ser louco para estar aqui! O menino, que ouvira esses comentários, decidiu então ir pelo mato que havia nas proximidades. Pouco tempo depois, avistou por lá uns quantos lobos e escondeu-se entre os arbustos. Quando os lobos passaram perto dele, pararam, farejaram,


olharam e, como milagrosamente nada viram ou sentiram, continuaram o seu caminho. «Uff, que alívio!», pensou o menino e continuou a caminhar. Mal chegou ao sítio onde a tal luz brilhava, viu que não se tratava de ouro ou de alguma coisa que pudesse vender, mas sim de um bebé que era aquecido com o bafo de uma vaca e de um burro e tinha ao lado os seus pais, que o olhavam com ternura e alegria. Nesse instante, os tristes olhos do menino encheram-se de alegria e, atrás de uma parede, ficou mais um pouco a apreciar aquele momento mágico.

Carolina Monteiro Henriques da Cunha, N.º 3, 6.º B


Carolina Monteiro Henriques da Cunha, N.ยบ 3, 6.ยบ B


O mar

Ó mar azul Azul esverdeado Tu que nos levas a todo o lado Tu que és o nosso aliado.

Ó mar azul Azul esverdeado Dás-nos o peixe De todo o lado.

Ó mar azul Azul esverdeado És nosso amigo És nosso irmão.

Ó mar azul Azul esverdeado Ó mar azul Azul azulão.

José Miguel de Oliveira, N.º 15, 6.º B


Nem tudo o que luz é ouro

Em dias de inverno, Joel passeava no bosque perto de sua casa, uma casa muito pequena onde vivia com a sua irmã. Ele era um rapaz pouco alto, mas a sua bondade era enorme. Certo dia, os dois irmãos dirigiram-se ao tal bosque e sentaram-se numa grande pedra. Avistaram um lindo por do sol e um pastor com as ovelhas que por ali passava todos os dias a caminho da aldeia. De regresso a casa, depararam-se com um arbusto de amoras. A fome já apertava… e como não tinham nem uma migalha de pão em casa, comeram mais de dúzia e meia. Joel estava ótimo, já a sua irmã… nem por isso. Gritava com umas dores de barriga intensas, chorava ao sentir os vómitos e olhava pasmada para as

gigantescas

borbulhas

que

tinha

espalhadas

pelo

corpo.

Joel,

preocupadíssimo, não sabia o que fazer. Passaram dois, três, quatro dias e a sua irmã continuava muito doente. Joel, sentado no sofá velho de sua casa, pensava, pensava e repensava numa maneira de ajudar a coitada da irmã. Pensou em ir à farmácia mas não tinha dinheiro, pensou em ir pedir ajuda mas ninguém morava nas proximidades. As ideias tinham terminado, mas ele não desistiu de a salvar.


Enquanto assim estava desanimado, viu da sua janela uma pequena mas muito intensa luz, uma luz extraordinariamente brilhante. O primeiro pensamento do menino foi que poderia ser uma lanterna, no entanto, ninguém passava por aquele bosque. Então pensou que talvez fosse ouro. Foi-se aproximando da tal luz e nem queria acreditar no que estava mesmo à sua frente. Uma árvore que brilhava, era incrível. «Mas… o que seria?», pensava ele. Havia sido um anjo que olhava por aquela casa dia e noite que reparara que Joel precisava de ajuda. Assim, iluminou aquela árvore do bosque para curar a irmã do menino com os seus ramos milagrosos. O rapazinho, feliz, correu para casa a toda a velocidade, levando consigo um dos ramos que o anjo lhe entregara. Antes, porém, esse ser maravilhoso dissera-lhe: – Joel, nem tudo o que luz é ouro!.

Mariana Sofia Mendes Prata de Almeida, N.º 21, 6.º B


A pior refeição Era um dia chuvoso em meados de fevereiro, tinha havido aulas de manhã e os alunos estavam de rastos. Na hora de almoço, o João, o Silvino e o Renato foram ver a ementa. – Oh, é peixe com batatas e tomates! – exclamaram em coro. Eles foram almoçar sem alternativa de escapar ao sofrimento de comer peixe. Já no refeitório, o Silvino disse: – Nem era assim tão mau. – Até foi bom! – exclamou o João – Foi muito bom! – afirmou o Renato A tarde foi diferente, o sol começou a aparecer no céu e todos se divertiram. O Renato chegou a casa por volta das 19 horas e 30 minutos e reparou que a mãe estava a encomendar.... – Piza? – interrogou o Renato. – Porque penso que tu gostas e nós cá em casa todos nos deliciamos. – respondeu a mãe. – Faz antes uma comida mais saudável, como bacalhau com espargos e batatas cozidas!-exclamou o Renato. – Vou seguir o teu conselho. – disse a mãe. E assim foi, em casa do Renato agora só se come comida saudável e nutritiva e ele tem muito melhores resultados escolares e desportivos.

Afonso Miranda, Nº 1, 6ºB Cristiano Santos, Nº 7, 6ºB António Campos, Nº 5, 6ºB (Ano letivo 2013/2014)


Emily e Ema

A história começa como todas as outras… Era uma vez uma elefanta juvenil, chamada Emily, que se achava muito gorda, embora fosse a elefanta mais bonita e elegante de toda a savana. Todas as elefantas juvenis a seguiam e admiravam. Os elefantes, por estarem tão apaixonados, falavam entre si a respeito da tromba de Emily: “É fantástica! E aquela sua tromba… um espanto. Acho que estou apaixonado!” ou então “Fiu! Fiu! Valha-me o Santo Elefante! Que bela tromba, giraça! Até os meus olhos saltam das órbitas!” Todos os da sua idade a adoravam e até lhe davam os amendoins que encontravam. Claro que ela não os comia, por terem demasiadas calorias! O que muitos não sabiam era que ela, sempre que comia, ia logo vomitar tudo. Isto repetia-se a todas as refeições e quem sabia do sucedido confrontava-a: “Porque é que fazes isso? És uma das mais magras, quer dizer, és a mais magra da nossa espécie! Um destes dias pintas-te de amarelo às manchas castanhas e quase que pareces uma girafa de tão esquelética que te estás a tornar. Só te faz mal!” Por mais que lhe perguntassem se ela estava bem, Emily não respondia, ignorando todas as perguntas e conselhos. O que ninguém sabia, vou eu agora contar: Era verão e todos os elefantes estavam nas “Poças do Zec”. Nessa altura, Emily estava bem com o seu peso e não se preocupava com as tendências da moda e cuidados a ter com a silhueta. Estava ela, tranquila e relaxada, a passear o olhar pelas poças, eis que… vê um elefante “super-híper-mega-maxi-giro” (como ela pensava), elegante, musculado e alto que, ao reparar nela junto da geladaria, a repreendeu: “Olha lá, já sei que me achas giro (também todas me acham!),


mas pensas mesmo que tens alguma hipótese comigo, balofa? Se fosse a ti, procurava era um mamute como namorado! Ah!Ah!Ah!Ah!Ah!”. Ela ficou destroçada! A partir desse momento, Emily decidiu emagrecer e tornar-se muito bonita, para que todos os elefantes reparassem nela, especialmente o elefante das poças que elas descobriram que se chamava Groucho. Bem, voltando de novo à história… Ao contrário do que o leitor possa estar a imaginar, Emily não passou a praticar nenhuma dieta saudável, ou seja, ela escolhia as suas próprias dietas, pensando que fazia bem, embora essas fossem muito rígidas: exercício físico em excesso, alimentos baixos em calorias e, por vezes, apenas duas maçãs por dia. Ela estava a ficar muito doente, mas, sempre que via a sua imagem reflectida em algum rio ou riacho, afastava-se logo, achando-se muito gorda e feia. Emily planeava todos os dias o que ia comer, ou não! Os pais faziam tudo para que ela melhorasse e procurasse ajuda médica, mas ela não lhes prestava atenção, ignorando-os e trancando-se no quarto. Certo dia, o diretor da escola dirigiu-se à sala da turma de Emily. Ia acompanhado por uma elefanta um pouco forte, cujo nome era Ema. – Olá turma! Esta é a Ema, a nova aluna. Ela veio transferida de outra escola. Espero que a tratem bem e respeitem! – informou, ao entrar na sala, com a sua habitual voz grossa. – Sim senhor, Senhor Diretor! – responderam todos. – Ema, podes-te sentar ali, ao lado da Emily. E também realizas com ela o trabalho sobre a alimentação. – disse-lhe a professora. – A Emily depois explica-te tudo sobre o trabalho. Entretanto, tocou e todos saíram. No intervalo, Emily e Ema juntaram-se a falar sobre a ida da nova elefanta para aquela escola. – Eu vim para esta escola, porque não conseguia continuar na outra. Gozavam todos comigo, por ser gorda. Como a minha família não gostou disso, mudou-me de escola! – contou Ema, com resignação.


– Não te sentiste triste por sair daquela escola? – inquiriu Emily. – Por um lado, sim. Deixei a escola onde andei muito tempo. Por outro, não fiquei triste, como sou mais forte que as outras elefantas, tratavam-me mal. Não é fácil e como me irritava…-respondeu Ema- Vou-te confessar uma coisa… Nunca contei isto a ninguém, mas eu sofro de um problema comum. Tal como existem pessoas que sofrem de bulimia ou anorexia, eu sofro de compulsão alimentar. Quando me irrito ou fico ansiosa demais, como compulsivamente e é por isso que sou assim, forte. Já tentei controlar-me, mas acabei sempre por ter recaídas! – Sinto muito! Para dizer a verdade, eu também sofro de um problema alimentar. Sofro de bulimia. Aos poucos e poucos, estou a tornar-me anorética. Sempre que olho para algum riacho, vejo uma elefanta gorda e feia. Não tenho coragem para procurar ajuda e quando penso “Amanhã é que é!”, acabo por voltar ao mesmo. – contou Emily, a chorar. – Bem, eu vou ajudar-te, mas também me ajudas, não ajudas!? – pediu Ema, com um pequeno sorriso. – Claro! Vamos nos ajudar mutuamente e juntas vamos superar tudo! – explodiu Emily, enxugando as lágrimas. – Podemos depois dar o nosso testemunho para o trabalho! – recomendou Ema. Passaram o dia todo juntas, a combinar uma ida ao veterinário, para se aconselharem e marcarem novas consultas. No dia seguinte, depois das aulas, seguiram até ao veterinário, a passos um pouco rápidos, por já estarem atrasadas. – Os conselhos do Doutor foram ótimos. Temos consulta, outra vez, amanhã à tarde. E não podemos faltar! – exclamou Ema. Voltaram outra vez à consulta que se passou a repetir duas vezes por semana, depois das aulas. Após alguns meses de consultas e terapias de grupo com outros elefantes, as duas elefantas, Emily e Ema, começaram a melhorar e a passos largos! O trabalho que realizaram sobre a alimentação foi um êxito e toda turma adorou.


Bem, agora é só esperar que as duas elefantas fiquem boas e voltem a comer normalmente: várias refeições ao dia e em poucas quantidades, beber muita água e comer de tudo um pouco, neste caso, comer vários tipos de ervas, de gramíneas, de frutas e de folhas de árvores!

Ana Filipa Correia Santos, Nº4, 6ºB (Ano letivo 2013/2014)


O velho palacete

Num verão, os três primos Rita, Paula e José decidiram passar as férias juntos, perto do velho palacete abandonado. Foram os três sozinhos, já que tinham prometido ser responsáveis e autónomos. Partiram às sete horas da manhã, da casa da Rita. As mães deles, irmãs, estavam preocupadíssimas, mas acabaram por se acalmar. O palacete ficava numa ilha, quase deserta, mas muito bonita. Eles iriam para uma (quase) mansão, onde ficariam até uma semana antes de acabarem as férias. Quando chegaram, arrumaram logo as coisas e decidiram ir dar uma olhadela pela ilha. Ao passarem pelo velho palacete, viram uma placa que continha a seguinte frase: «Não entrar, ou então nunca mais verá o céu nem pisará a terra!». De repente, alguém tocou no ombro do José, que se arrepiou todo. – Ááááááhhhh!!!! – gritou. – Descansa, sou só eu – confortou-o a governanta (eles foram sozinhos mas na mansão havia uma governanta, claro).


Passaram os dois dias seguintes a arrumar as coisas e a porem os quartos à sua maneira. – Olhem lá, querem dar uma vista de olhos ao palacete? – perguntou a Paula, que era muito curiosa e aventureira. – Vamos a isso! ‘Tava a ver que nunca mais perguntavas! – exclamou a Rita. – ‘Bora lá! – acrescentou o José. E assim foram espreitar o palacete, todos contentes e entusiasmados. Entraram pé ante pé, sem um único pio, o respirar reduzido e por vezes até suspenso. Quando chegaram a um corredor, ouviram alguém exasperado a informar um homem: – Agora vieram para cá uns pirralhos para nos arreliar! Isto é inadmissível! Não vamos conseguir continuar a busca, chefe! Temos de os mandar daqui para fora, imediatamente. – Tens razão, Frank. Mas, se eles nos descobrem ‘tamos tramados, pá! Feitos ao bife! Vamos parar à prisão!- exclamou a outra voz. – Para conseguirmos encontrar a receita, precisamos de ter cuidado, e muito. Ao ouvirem aquilo, ficaram chocados. Estariam a ouvir os famosos ladrões de gastronomia Manchard e Frank, os ladrões mais temíveis do país? Haveria uma receita preciosa no palacete? Eles iriam descobrir. Todos os dias à noite, ouviam uns sons vindos do palacete. – Aqueles patifes querem afugentar-nos a todo o custo! – comunicou a Paula à Rita. – Mas nós não vamos deixar que eles nos assustem, nem por nada. Lá iam eles, todas as tardes procurar indícios da tal receita do melhor chocolate do mundo (entretanto eles tinham descoberto de que era a tal receita) e dos seus ladrões. Até que…Certo dia, suspeitando que alguém os vigiava, Manchard e Frank decidiram pregar uma partida ao trio. A dupla iria atirar os primos ao mar! – Hoje ‘tou com um mau pressentimento, por isso é melhor levarmos os telemóveis e, já agora uma navalha- sugeriu o José. – Podemos vir a precisar.


No palacete, espreitaram tudo, e quando chegaram às escadas, viram um vulto muito alto. Antes de prosseguirem o caminho, puseram o número da polícia na marcação rápida do telemóvel. Deram uns passos em frente e...... – Oh não, caímos numa armadilha! – gritou a Rita. Os homens encurralaram e prenderam os três. Depois, muito à pressa foram ligar o barco. O José resolveu telefonar nesse momento à polícia e a Rita, com a navalha, soltou o José e a Paula. Passados cinco minutos, apareceu o chefe da polícia para comunicar ao grupo que os ladrões tinham sido presos e iam a caminho da esquadra, que tinha sido recuperada a receita (que entretanto os ladrões tinham encontrado) e que agora eles estavam a salvo e poderiam passar o resto das férias em sossego. – Para vos recompensar, tomem estas medalhas e estas barras de chocolate – disse o chefe da polícia. E assim, em sossego (mas sempre a espreitar todos os cantos), passaram o resto das férias a divertirem-se.

Ana Filipa Correia Santos, Nº4, 6ºB (Ano letivo 2013/2014)


As 7 Tudo começou com as sete amigas Mariana, Marta, Cátia, Carolina, Inês, Margarida, Laura e Teresa. As sete estavam a tirar as coisas do cacifo para o último dia de aulas. – Vamos lá, já tocou! – avisou a Mariana. – A mãe da Marta vem buscar-nos, temos de nos despachar!-disse a Inês preocupada. – Até já deve ter chegado!-insiste a Inês tentando parecer a mais responsável. – Já estou aqui à espera há 15 minutos! Venham lá! – grita a mãe da Marta – Eu bem vos disse! – comentou a Inês. – Anda e cala-te! – resmunga a Teresa. Entraram no jipe da mãe da Marta. – Uma, duas, três, quatro, cinco, seis…. A Cátia? – pergunta a mãe preocupada. – Não sei, ela estava ainda agora connosco! – diz a Laura preocupada, estranhando o que estava a acontecer. – Vou lá ver na escola! Deve-se ter atrasado outra vez! – afirma a Margarida. Passados 20 minutos, a Margarida volta sem resultados. A mãe da Marta decidiu levá-las pensando que a Cátia já tinha ido para casa. – Depois ligam para casa dela pelo telefone fixo ou eu paro ali para vocês irem falar com ela ou com os pais para saber o que aconteceu! – diz a mãe. – Porque é que a casa da Cátia tem um placar a dizer vendido? – pergunta a Mariana intrigada. –Tens razão! Mas porquê? – concorda a Teresa. – Sinto que algo de mal aconteceu! – sublinhou a Margarida. – E o trabalho de Geografia? – pergunta a Laura.


– Pois falta a Cátia! Como vamos dizer ao "setôr" de Geografia que não fizemos o trabalho com a Cátia porque ela desapareceu? – pergunta a Mariana. – Não sei, logo pensamos numa solução! Agora vamos fazer o trabalho de geografia sobre a Dinamarca! Já para o computador! – ordena a Marta. – Hoje, para o lanche, fiz o que cada uma gosta para a Mariana fiz uma salada com cenoura, tomate e cebola; para a Carolina arranjei um iogurte; para a Laura um pão com ovo mexido; para a Marta umas rodelas de maçã, laranja e ananás; para a Inês uma posta de pescada; para a Teresa um chá caseiro e para a Margarida feijões vermelhos! – informou a mãe da Marta atarefada. – Boa! – dizem todas em sintonia. – A tua mãe é brutal! – exclama a Teresa. – Mais que brutal, fantástica! – reforça a Mariana. – D.. – escreve a Marta à procura de Dinamarca-Docelândia. – Han??? – dizem elas. – Carrega para ver o que é! – sugere a Margarida curiosa. – São imagens de uma ilha de doces que vai abrir hoje! A presidente não vos é familiar? Não posso! É muito perto daqui! – Que horror! Uma ilha de doces, não vamos cair nessa parvoíce só nos vai pôr gordas! – diz a Carolina. – Concordo! – dizem todas. Passada 1 hora. – E fim! Vamos ser as melhores! Tenho saudades da Cátia sinto que lhe aconteceu alguma coisa muito má e se ela não voltar! – lamentou-se a Mariana que era a que tinha mais afinidade com a Cátia. – Não chores! Ela há de voltar! Acredita! – diz a Teresa a tentar consolála. – Liga a TV! Vamos divertir-nos! – sugere a Laura a tentar animar. – Olha estão a falar sobre a Docelândia! Vamos ver! – exclama a Teresa entusiasmada. – Hoje vai abrir a nova ilha de Whashville, a Docelândia, vamos falar com a Presidente! Como se chama? – pergunta o apresentador. – Docinda. – diz ela.


– Sr.ª Docinda, porque decidiu pegar numa ilha deserta e torna-la nesta maravilha de doces? – indaga o jornalista, deliciado a comer a muralha de chocolate. – Eu acho que as pessoas devem comer mais do que gostam, mesmo que faça mal ou bem. Mesmo que se engorde estamos a fazer o que gostamos. – anuncia a Sr.ª Docinda com um ar convincente. – Mas e as crianças não devem crescer saudáveis? – pergunta o jornalista. – Não, pois as crianças são egoístas e parvas, pois só pensam em fazer o que lhes faz bem!!! – grita a Sr.ª Docinda. – Muito obrigado pela sua entrevista! A Docelândia têm chamado todo o mundo à atenção! Desde pobres a ricos. Estão todos lá! Venha e divirta-se. – conclui o jornalista. – Isto é horrível! – diz Marta. – Porquê? – perguntam todas. – Acabei de ler no computador que todo o mundo vai ficar a viver na Docelândia, deixando as suas obrigações. – comenta a Marta com um ar preocupado. – Isso é horrível! Temos que intervir! – afirmam as seis. As 6 decidiram ir de barco até à ilha. Quando chegaram não estava lá ninguém e os doces não existiam. – Não posso, foi uma armadilha! Olha, a imagem que aparecia no jornal era um cenário. E não existia nenhum jornalista era alguém mascarado. – conclui a Carolina descobrindo tudo. – Descobriram, mas não chega, pois as pessoas estúpidas como são acreditaram e agora vão morrer. – ameaça a Sr.ª Docinda aparecendo do nada. – Mas o que é que vai fazer às pessoas? – pergunta a Mariana preocupada. – Vão ser atiradas ao mar! AHAHAHA!!!! – disse Docinda com um riso maléfico. – Espera é a Cátia! – descobre a Laura. – Cátia! Porque estás a fazer isto? – pergunta Mariana.


– Vocês eram sempre as meninas saudáveis, deixando a gorda da Cátia para trás! Nunca me quiseram no grupo. Era sempre a das gorduras e óleos! – Mentira! Nós adoramos-te! – afirmam todas. – A sério? – pergunta ela arrependida. – Sim! Aceita as nossas desculpas. – pedem elas. – Sim, aceito………………….. – Acorda Cátia! É o último dia de aulas! – adverte a mãe de Cátia. – Mas…Afinal foi um sonho – descobre ela.

Laura Pinheiro, Nº15, 6ºB Teresa Marcelino, Nº18, 6ºB (Ano letivo 2013/2014)


As Estrelas

Tudo começou há muitos anos atrás. Alice era uma rapariga muito sonhadora, tinha uns longos cabelos ruivos como as cenouras, umas sardas castanhas e um sorriso que brilhava como as estrelas. Sentia-se muito triste pois o seu pai fora um dos escolhidos para combater na Segunda Guerra Mundial e tinha muito medo de não o voltar a ver. Uma noite Alice olhou pela janela e perguntou à mãe: – De onde vêm as estrelas? – De um sítio longe daqui chamado Espaté Maré. – respondeu a mãe. – Espaté Maré? A sério? E onde fica isso? – No fundo da Maré se procura o Ré...não sei onde fica, mas isto era o que a tua bisavó dizia. – E há alguma história? – perguntou Alice com curiosidade – Sim, conta-se que um jovem aventureiro numa viagem partiu e nunca mais voltou, o seu barco afundou-se numa “maré de tempestades”, vento, chuva, trovões e, por fim, um arco-íris do tamanho dos Himalaias. O rapaz voou com o vento e mergulhou no mar, quando acordou estava numa terra em que o céu era azul com uns pontos brancos, era lindo! “ O que são? “ perguntou ele, “ São estrelas “ explicou um homem de barbas que apareceu do nada “ Quero levá-las comigo, vão valer uma fortuna “ pensava o jovem


aventureiro. “ Tu não sais daqui vivo, nem com as minhas estrelas “ sussurrou e desapareceu. O jovem tentou levar todas as estrelas que via para dentro da sua bolsa, do seu chapéu e da sua camisola. Conta-se, também que ele bem tentou voltar a terra, porém o homem de barbas fez diversos feitiços, maldições e mesmo ataques que dificultaram a saída. Contudo, o jovem conseguiu sair com as estrelas, só que, ao chegar ao mar, elas colaram-se ao céu. Mas havia alguém que não queria que isso acontecesse... Então já te tinhas esquecido? O homem de barbas vingou-se, e levou-o de volta para Espaté Maré e nunca mais voltou. Tornar-se-ia escravo do homem de barbas. Há pessoas que afirmam ver o seu fantasma refletido no mar com um saco cheio de estrelas. Mas quem sabe? – Uau! Mãe, mas se ele nunca pode voltar como é que veem o fantasma? – Isso é mesmo um mistério. É óbvio que acreditou, pensou e nunca parou de sonhar! – respondeu a mãe. – Mas isso é possível? – estranhou a Alice. – Claro, se fizeres tudo para conseguires o que queres, irás chegar ao topo! – afirmou a mãe. – É isso que vou fazer, pensar, acreditar e nunca parar de sonhar! O pai irá voltar são e salvo. Pois ele é o mais forte! O pai nunca voltou, Alice cresceu, casou-se, teve filhos, e agora netos. Mas nunca deixou de pensar que o pai um dia viria. E quem sabe…

Laura Pinheiro, Nº 15, 6ºB (Ano letivo 2013/2014)


O mineiro

Há muitos anos, numa aldeia nos arredores de Coimbra, vivia um mineiro paupérrimo que trabalhava muito para poder sustentar a sua família. As minas onde ele trabalhava eram conhecidas pelo ouro que se encontrava nas paredes. Um dia, após horas e horas de trabalho, ele pensou que finalmente encontrara a solução para todos os seus problemas. Julgou que tinha encontrado uma pepita de ouro que iria valer milhares e milhares de escudos. Convencido disso, começou a gastar o pouco dinheiro que tinha em coisas que dantes pensava que nunca iria poder ter por causa dos seus problemas financeiros. Infelizmente, a pepita ainda não tinha sido avaliada para ter a certeza absoluta de que era ouro. O dia da avaliação chegou, por fim. O processo de avaliação demorava pouco, apenas duas horas. O mineiro estava ansioso e desesperado. Ele não sabia o que sentir, se medo, caso não fosse ouro, se alegria, caso se tratasse de ouro. Passadas duas horas de desespero, a avaliação terminou. Mal soube do resultado, ficou aterrorizado. Afinal, não era ouro. Ficara sem dinheiro. Nos dias seguintes, ele e a sua família não tiveram o que comer. Os filhos dele, vendo o que estava a acontecer, começaram a roubar comida para as refeições.


O mineiro estava fraco e não conseguiu resistir à fome e ao descontentamento por ter causado todo aquele sofrimento. E assim morreu um homem que tinha sido ganancioso e tão seguro daquilo que fazia. De facto, a ideia de se tornar rico prejudicou-o e trouxe-lhe a desolação quando soube que afinal não era ouro. Em suma, nem tudo o que luz é ouro.

Rita Veloso Cristóvão Santos, N.º 17, 6.º C


A princesa que não sabia rir

Era uma vez uma princesa que não sabia rir. O rei contratava bobos mas nem com os bobos ela ria. Um dia estava a princesa no seu jardim, quando ao longe apareceu uma figura muito pequenina a voar. A criatura era uma fada que lhe disse: – Eu sei o que tens e sei como resolver. – Estás a falar a sério? – perguntou a princesa – podes mesmo ajudar-me? – Eu não! – disse a fada – mas o feiticeiro bom pode. – Verdade? Que bom! – disse contente a princesa. – Sim estou a falar verdade, mas tem cuidado! Para chegares lá tens de passar pelas feras, depois pela bruxa e finalmente pelo gigante – avisou a fada. – Estou disposta a correr esse risco! – afirmou a princesa. – Estou a ver que és corajosa. Aqui tens um mapa – disse a fada ao mesmo tempo que lhe entregava o mapa. – Adeus, fada – despediu-se com um sorrisinho nos lábios. A princesa andou, andou e quando olhou para o mapa reparou que estava no sítio das feras. À sua frente encontravam-se cinco feras. Correu para trás 500 metros e depois voltou para o local das feras. Ficou espantada quando viu um leão a dormir a sesta. E continuou o seu caminho muito feliz. Seguidamente, viu uma bruxa que ficou toda vermelha após cinco minutos de luta. Mais uma vitória para a princesa. Continuou a andar, muito feliz. Caminhou durante toda a noite e não encontrou o feiticeiro nem o gigante. No dia seguinte de manhã, continuou a sua caminhada. Andou, andou até que bateu em qualquer coisa. Olhou para cima e viu o gigante.


Este, após quinze minutos de luta, começou a chorar como um bebé. A princesa ficou tão feliz que quase sorriu. Quando foi falar com o feiticeiro este disse-lhe que estava curada. Ficou muito feliz e voltou para casa a sorrir e a rir.

Pedro Miguel Carvalho Homem Santiago, 6ºC Ano letivo 2013/14


Nem tudo o que luz é ouro Era uma vez uma aldeia onde todas as crianças eram amigas. Na altura do Natal, juntavam-se todas para iluminar e decorar a povoação. Eram luzes por todo o lado, enfeites de Natal a luzir e, no meio da praça principal, uma árvore de Natal enorme. Todos eram felizes. Certo dia, durante a época natalícia, chegou à aldeia um casal que tinha um filho e uma filha. O menino chamava-se João e a menina Mariana. Eles achavam-se superiores aos outros por serem ricos e não queriam viver naquele local. Enquanto as outras crianças brincavam, os irmãos olhavam para elas com desprezo, achando que aqueles jogos eram para criancinhas. Uma rapariga chamada Luísa foi ter com eles e perguntou: – Querem vir brincar connosco? – Nós?! – responderam eles entre risos. – Claro que não! Já somos crescidos de mais. E mandaram-na embora. No dia seguinte, quando as crianças iam buscar os enfeites de Natal para decorar a aldeia, repararam que as caixas estavam vazias e algumas desaparecidas! O que teria acontecido? Procuraram por todo o lado e não as encontraram. – Já sei! Vamos perguntar ao João e à Mariana – disse alguém. E lá foram… – Sim, nós sabemos onde estão as caixas. Mas o Natal não é importante, não são precisas essas luzes ridículas! – responderam os irmãos. – Mas nós temos de enfeitar a aldeia, temos de a pôr a luzir – argumentou um rapaz chamado Afonso. – As únicas coisas que luzem são o ouro e os diamantes – afirmou Mariana, que era muito vaidosa. – Não, não é! – exclamou a Luísa. – O ouro, os diamantes podem brilhar, mas não tanto como as luzes do Natal, ou como brilha a amizade e o


carinho! Por favor, ajudem-nos. Se forem nossos amigos, vão ver que isso luz mais que o ouro! Venham ajudar-nos a enfeitar a aldeia. Luísa agarrou Mariana por um braço e Afonso fez o mesmo com o João. Ambos foram levados para a praça principal. Aí explicaram-lhes que todos os anos decoravam a aldeia e enfeitavam uma árvore de Natal enorme. Os irmãos decidiram devolver-lhes as caixas e o seu conteúdo e ajudar na decoração. A partir daí ficaram todos muito amigos. Mariana e João aprenderam uma lição, que decidiram partilhar com os seus novos amigos: – Fomos muito maus e achamo-nos superiores, tentamos acabar com o Natal na aldeia, mas aprendemos que nem todo o ouro do mundo brilha tanto como a magia do Natal e da amizade!

Ana Rita Saramago, N.º 4, 6.º D


Nem tudo o que luz é ouro

Numa cidade muito longe daqui, todas as pessoas viviam sem luz. Se calhar seria um problema para todos nós, mas quem lá vivia já estava habituado: trabalhar e comer à luz das velas, deitar-se muito cedo… Os pais de Daniel tiveram de emigrar para a cidade onde não havia luz, porque precisavam de trabalho. Felizmente, quando lá chegaram, viram muita gente a trabalhar. As diferenças foram igualmente notadas pelo Daniel, que ficou preocupado quando percebeu que não havia televisão, não se podia carregar o telemóvel, havia muita escuridão e era tudo muito aborrecido. O menino estava farto de ali estar e muito zangado disse aos pais que queria voltar para a outra cidade, a outra casa. Os pais ficaram bastante inquietos, pois não se podiam ir embora. Assim, procurando animar o filho, disseram-lhe que fosse para o parque da cidade depois das aulas, para brincar e jogar à bola com os outros rapazes. O Daniel acedeu. Logo que lá chegou, encontrou cinco rapazes que estavam a jogar à bola e perguntou-lhes se também podia jogar. Ficaram amigos. Todos os dias se encontravam no parque e brincavam, corriam e jogavam futebol. Depois de muito tempo, já habituado às diferenças, adorava viver naquela cidade. Tinha boas notas e não se preocupava em ver televisão ou jogar no telemóvel, só lhe interessava brincar com os seus amigos do parque da cidade. Entretanto, o Daniel e os pais tiveram de se ir embora. Ele ficou com pena de deixar o que tinha construído: a amizade com os rapazes do parque.


De regresso à cidade de onde tinham partido, o Daniel voltou a ter televisão, a poder carregar o telemóvel … a ter luz. Mas não tinha os seus amigos para brincar todos os dias depois das aulas. O Daniel pensara que viver sem luz era muito aborrecido, porém a sua opinião mudou depois da experiência que teve. Para ele, era ótima a ideia de viver sem eletricidade, só a luz da amizade lhe interessava.

Matilde Isabel Silva Simões, N.º 18, 6.º D


Nem tudo o que luz é ouro

Era uma vez duas flores que viviam no jardim de um castelo: a rosa e o girassol. A rosa era vermelha como a paixão, o amor e as paixonetas. O girassol era energético, cheio de vida. Infelizmente tinha de estar sempre a olhar para o sol, tinha de segui-lo, e disso se enfastiava, pois não podia falar com a rosa que era muito conversadora. Ora, um dia, para sorte do girassol, o céu estava nublado e este pôs-se a elogiar e a conversar com a rosa: – Então, bonita! É pena que só hoje possa olhar para ti, pois tenho sempre que seguir o sol. – Obrigada – respondeu a rosa – mas nem tudo o que luz é ouro! Quando acabar o outono vou passar apenas a mostrar os meus feios espinhos, mas tu continuarás lindo e forte como agora. – Mas o que te vai acontecer? Vais ficar sem pétalas para sempre? – Não. Na próxima primavera vão aparecer mais pétalas. E enquanto isso as pessoas vão passar por ti e dizer «Como não tínhamos reparado nele?!».

Daniel Lousada, N.º 5, 6ºF


Cabelos de oiro

Eram nove da noite quando a pequena filha de Bianchi, um pouco irrequieta, ansiava a chegada do pai. A menina tinha olhos azuis e cabelos loiros que davam brilho à Roma de inverno. Ouve-se o típico ranger da porta, e Bianchi entra em casa encharcado da chuva cristalina. Enrola-se numa toalha e, com a sua grave e forte voz, apressa-se a contar uma história: – Minha querida, hoje irás levantar voo e ouvirás um verdadeiro sonho pela primeira vez! – Ó pai, que disparate!-ria a menina à gargalhada. – Calma, já vais ver. A história chama-se "Cabelos de Oiro". Tudo começou com um grande cavaleiro que combatia, sem dó ou piedade, o terrível frio de inverno de Roma... – Aposto que o cavaleiro és tu. – voltou a menina , imaginando o seu pai cavaleiro. – Deixa-me acabar! O malvado frio de Roma entristecia, lentamente, cada pessoa, fazendo-as muitas vezes sofrer de desgosto. – Pobre coitadas…


– O cavaleiro não via outra saída a não ser fugir de Roma. – continuou Bianchi. – Assim fez. Procurava um raio de Sol. Nem que fosse o último que visse... Bastava um para acabar com aquele sofrimento gelado. Uma pausa surgiu entre Bianchi e a história, mas antes que a sua filha perguntasse o que se passava, ele continuou olhando para as nuvens: – Os dias passavam como os segundos do relógio. Até que um dia, o cavaleiro viu uma linda menina tão bela como mar ou o luar... Por ternura e compaixão à menina o cavaleiro levou-a para sua casa onde a cuidou com muito amor. Desde aí, jurou nunca mais a deixar até ao fim dos seus dias e, sem perceber, com os cabelos de oiro da menina o frio desapareceu juntamente com o seu desgosto. E nesse preciso momento, Bianchi sai do quarto.

João Paiva Castel-Branco, 6º G (Ano letivo 2013/2014)


O Monstro e o Mistério do Rio

Era uma vez, há muito tempo atrás, uma pequena aldeia muito bonita junto ao vale dos Montes Nevados. Nos arredores daquela aldeia, havia belos pomares que davam frutos deliciosos e muitas flores, cujo perfume era arrastado pela brisa que ali habitava. Todos eram felizes! Todos cantavam! Todos dançavam! Todos exceto um pobre monstro que era desprezado pelos aldeões. Ele era bondoso e, por mais que se esforçasse para fazer amizade, todos diziam: – Olhem para aquela criatura verde asquerosa! – Cheira tão mal! E está sempre com aquelas roupas rasgadas e … – Mas eu por dentro não sou mau – dizia ele, à beira das lágrimas. Pobre monstro, tão solitário! Se ninguém gostava dele como era, por que razão estaria ali? Pegou nas suas coisas monstruosas e foi-se embora. “Nunca serei feliz aqui“ pensou. Começou por caminhar, muito lentamente, sempre para cima sem saber o seu triste destino. Talvez fosse para o cume de um dos montes. Passavam dias e o pobre coitado ainda não sabia se devia parar. Um dia, tão cansado, desmaiou na neve branca que refletia os raios de sol. Acordou atordoado e com fome, mas, por sua sorte, desmaiara ao lado de um abrigo protegido por rochas que tinha espaço para fazer um quarto. Em


frente à gruta, corria um rio de águas límpidas. Isso permitia pescar e ter água pura para beber. Acabando por entrar, perguntou: – Está aqui alguém? Não ouviu resposta e começou a preparar a sua futura casa. Passaram dias, meses, anos e o monstro tinha criado o hábito de, no seu aniversário, expulsar a tristeza, chorando e deitando as lágrimas para o rio que corria até a aldeia. Ao chegarem lá, como era de costume, as lágrimas eram recolhidas do rio para as casas dos aldeões. Depois, quando bebiam água ficavam felizes sem motivo, satisfeitos sem fazer nada… Claro que, ao fim de alguns anos, se percebeu que era por causa da água. Infelizmente, não percebiam o que tinha a água ou porque era sempre naquele dia. Todos os anos chamavam cientistas diferentes e todos diziam o mesmo: “ Ao mesmo tempo é a água mais perfeita e mais esquisita”. Alguns aldeões começavam a afirmar que se tratava do “Mistério do Rio”. Até que um desses dias “especiais” chegou e um rapaz loirinho de olhos azuis decidiu subir o monte, caminhando nas margens do rio até chegar à nascente e desvendar o mistério. Mentiu à mãe, dizendo que ia acampar com os amigos e lá foi, com muita confiança. A certa altura, o rapaz encontra um monstro que chorava. – AAHHH…! – gritou o rapaz, preparando-se para fugir. –Tu és um aldeão? – perguntou o monstro. – Sim – respondeu, percebendo que não lhe iam fazer mal – vim desvendar o mistério do rio. Diz-se que a água anda estranha. O monstro riu-se. – Meu rapaz, este rio é o rio da Felicidade: transforma o triste em contente, o mau em bom. Estou a expulsar a minha tristeza deitando lágrimas para o rio e oferecer-vos felicidade, se é que me estás a perceber. – Sim, compreendo muito bem, exceto a parte de “expulsar a minha tristeza”. Houve silêncio. O monstro, apesar de não querer recordar a história, explicou ao miúdo.


O rapaz reconheceu a injustiça. Afirmou que tratavam mal o monstro e, mesmo assim, ele oferecia felicidade. Pegou na mão do monstro e levou-o até à velha praça da aldeia. – Atenção a todos! Muitas caras enojaram-se ao ver o monstro. – Quem está aqui connosco é mais um aldeão normal. – continuou o rapaz. – Vocês desprezam-no, mas é ele que vos dá a água da felicidade. – O quê? – Que parvoíce! O rapaz contou a história do monstro. Alguns pareceram acreditar. Infelizmente, a maior parte exigiu: – Prova-nos! Dizendo isto, a multidão parecia ter calado o monstro. – Tragam-me um copo de água – pediu. Uma menina correu até ao monstro e deu-lhe o pedido. – O meu desejo é ser um de vós. Então, chorou para o copo e bebeu…

KABUMMM!!!!!

O monstro transformara-se num rapaz, num Deus, num humano sobrehumano que nem eu, o narrador, consigo descrever. Agora todos percebiam o que sentia o monstro. Comparados com a sua nova

aparência

os

aldeões

eram

defeituosos.

Pediram

desculpa

e

agradeceram não só pela resposta do Mistério do Rio como pela felicidade oferecida. Passado algum tempo, o monstro voltou ao normal. Ninguém se importou com isso, até pelo contrário: a notícia correu de boca em boca, de país em país até o mundo todo saber a história do mistério e aprender esta importante lição de vida.

João Paiva Castelo-Branco, Nº16, 6ºG (Ano letivo 2013/2014)


A mudança

Teresa era uma menina de 7 anos que vivia no Alentejo, em Fronteira. Fronteira era uma terra pequenina, mas com vastos campos para serem cultivados e muitas colinas com animais. Teresa vivia num desses montes, rodeados de animais, da vaca e do porco até à galinha e ao pavão. Tinha uma casa muito grande e, à volta, pequenas casinhas com tábuas escritas. Todos os dias, quando acordava, ela e as suas quatro irmãs iam a correr, cada uma para uma casinha. Teresa costumava ir para a casinha com a placa “Vacas”. Entrava e um senhor velhote estava sentado num banquinho, ao lado das vacas, com um balde cheio de leite. Teresa levava o balde à sua irmã mais velha e juntas levavam-no para casa, para a mãe o ferver e o poderem beber. Todos os dias, Teresa fazia isto e ia para a escola. Mas aos 12 anos, Teresa teve de ir estudar para Coimbra. Foi viver para casa da terceira irmã, a irmã do meio, que já era casada e tinha um filho. No primeiro dia de escola, Teresa levantou-se, foi para a escola, para o 7º ano. Fez logo amigas, mas era muito diferente de todas porque não era uma menina da cidade. Com o passar dos tempos, Teresa foi-se habituando a viver na cidade, mas havia um dia em que ela podia ser a rapariga do campo. Todos os anos, na Golegã, ia um fim de semana inteiro para casa dos tios e vestia as suas botas grandes e o seu casaco de pelo e ia montar a cavalo com a família. Teresa, quando acabou o curso, casou-se e teve três filhos. Um dos filhos sou eu.


E, mesmo assim, todos os fins-de-semana, vamos a Fronteira, à sua casa grande e vemos os cavalos, as vacas, as galinhas e os pavões porque mesmo que sejamos diferentes dos outros, não significa que sejamos piores e não temos de mudar quem somos para que os outros gostem de nós.

Margarida Freitas, N.º 24, 6º G (Ano letivo 2013/2014)


Uma viagem entre eras

No fim do séc. XIX, no ano de 1893, na América havia um cientista chamado Barney Stone. Ele tinha uma boa vida: era novo, estava no início da sua carreira e, brevemente, iria pedir a sua namorada em casamento. Estava cada vez mais nervoso, à medida que o dia se aproximava, mas, quando este chegou, ele exclamou para si próprio: – É hoje! Vou pedir a minha amada em casamento! Já estava tudo preparado: o arranjo de flores, a caixa com o anel… Quando chegou a hora, Barney foi buscá-la a casa para irem dar um passeio os dois juntos e, quando ele se sentiu preparado, ajoelhou-se e perguntou-lhe: – Emily Cooper, aceitas casar comigo? Ela, emocionada, exclamou: – Claro, claro que aceito! Barney pôs-lhe o anel suavemente na sua mão, mas, nesse momento, um ladrão veio e, para lhe roubar o anel, esfaqueou-lhe a barriga e ela morreu. Berney pediu ajuda às poucas pessoas que passavam por lá e finalmente, chegaram médicos para a tratar, porém, tudo foi em vão, ela já estava morta. No funeral, Barney chorou muito com saudades de Emily e, nesse momento, veio-lhe uma ideia brilhante à cabeça: – Vou construir uma máquina do tempo para salvar a minha amada!


Ele trabalhou, trabalhou, trabalhou e ao fim de quatro anos, conseguiu acabá-la. Agora só faltava testá-la para ver se funcionava. Formou-se um turbilhão de luzes e faíscas e lá estava ele outra vez no dia do pedido de seu casamento. Agora, em vez de irem os dois para o parque, foram para um local mais movimentado, a praça principal da cidade. Quando ele a ia pedir em casamento, apercebeu-se de que se tinha esquecido das flores, por isso, pediu: – Emily, fica aí, não te mexas, tenho de ir só à florista! Quando ele saiu da loja, viu-a caída no chão. Tinha sido atropelada por uma carroça. Nesse momento, deitou-se no chão e abraçou-a com muita força. Percebeu que o destino não podia mudar a morte das pessoas. Então, voltou para o sítio onde estava a máquina do tempo e adormeceu lá, mas, sem querer, a sua mão carregou no botão de «Futuro muuuito distante»! Quando acordou, viu um monte de grutas à sua volta e apercebeu-se de que estava noutra era. Uma rapariga aproximou-se dele e disse: – Chamo-me Charllote Robinson, vem comigo conhecer a minha aldeia! Eles os dois aperceberam-se de que fora o seu reencontro. Dirigiram-se os dois para a aldeia e viveram o resto da sua vida juntos.

Rosa Silva, 6ºG (Ano letivo 2013/2014)


Salvador, o meu herói

Floresta cerrada. O clima era húmido e quente e a biodiversidade, abundante. O chilrear dos pássaros e o aroma das flores inalavam-se na minha mente. Estava de férias na floresta Amazónica, no Brasil. Lá conheci um jovem da minha idade, o Salvador, que também estava a fazer a mesma expedição. Com tanto por descobrir, decidi esgueirar-me daquela visita e explorar com ele os outros lugares da floresta. Contemplávamos a abundância verdejante daquele lugar, quando, de repente, uma seta caiu ao nosso lado. Andei por um bocado, quando vi uns homens a caçarem, mas não para comer os animais. Matavam-nos apenas por prazer e deixavam-nos ali caídos, mortos. Chamei o Salvador, que estava um pouco atrás de mim. Espantada com aquela atrocidade, decidi ir falar com eles e dizer-lhes que aquilo que estavam a fazer era desumano. Mas ele teve uma ideia melhor: chamou a polícia, que depois os foi buscar e decidiu ir a tribunal para proibir a caça naquele lugar. Após longas horas a defender a nossa opinião, conseguiu ganhar! O Salvador passou a ser o meu herói e, mais tarde, soube que ele decidiu ser advogado e «salvador» de animais.

Rosa Silva, Nº24, 7ºG


História de uma gaivota e do gato que a ensinou a voar O que aprendi com esta obra Esta obra, de Luís Sepúlveda, ensina-nos que o altruísmo, o caráter e o amor ao próximo são um tesouro raro. Fiquei admirado como o gato Zorbas acolheu e se comportou com kengah. Kengah era uma gaivota moribunda, vítima da poluição, ou seja, vítima da estupidez humana. Zorbas, a pedido de Kengah, cumpriu as promessas feitas. Deu e não recebeu. Deu coragem à Ditosa para vencer os seus medos, ensinando-a a voar. Ensinou-lhe que só é vencido quem desiste de lutar. Ditosa aprendeu a voar e ganhou a liberdade. O Zorbas sentiu-se feliz fazendo a gaivota feliz. A gaivotinha, na falta da sua família, sentiu nos gatos o amor e carinho que precisava para crescer. Zorbas adotou-a e deu-lhe aquilo de que ela necessitava. Esta fábula/parábola dá-nos lições de vida que devemos aprender e praticar. Ensina-nos como nos devemos comportar numa sociedade, onde o orgulho, o desrespeito e o egoísmo, infelizmente, dominam.

Valentim Garcia, Nº27, 7ºG


O Enigma da tia-avó Mary

Esta história passa-se em Wilton’s Solar, mas antes de tudo vou contar como é que os nossos anfitriões aí foram parar. Miguel e Mateus eram dois primos que, depois da infância, nunca mais se tinham encontrado nem comunicado um com o outro, tendo seguido rumos muito diferentes na vida. Mas, nesse dia, quase à mesma hora, receberam a notícia de que a sua tia-avó, Mary, tinha morrido, depois de uma curta estadia em Portugal (a tia-avó Mary morava em Inglaterra). Estavam incumbidos de se dirigir ao solar de Mary, com o propósito de ser escolhido, de entre eles, o futuro dono daquela propriedade e da numerosa herança da outrora grande investidora inglesa. À chegada, foram recebidos por um senhor alto e muito bem vestido, que se apresentou como sendo Johnson Bloom, advogado. – Para serem o escolhido devem, no prazo de dois dias, procurar um papel igual ao que se encontra naquela vitrina- divulgou Johnson apontando para um pequeno papel.- Poderão também recorrer a livros que possam conter algum indício. – Assim faremos, Johnson. Muito obrigado! – agradeceu Mateus.


Seguiram ambos para os quartos, para prepararem o local onde passariam os próximos dias. Enquanto no quarto ao lado Miguel começara rapidamente a busca (pois quanto mais rápido encontrasse o papel mais rápido conseguiria pagar as dívidas que já acumulava há tanto tempo e assim viver um pouco mais sossegado sem o governo atrás dele), Mateus relia o diário que seu pai lhe confiara e onde pensava ter lido qualquer coisa acerca daquela tia-avó tão inteligente. Vasculhou e encontrou. Era um enigma que, segundo o diário, era o que Mary transmitia para que os seus sobrinhos, caso morresse, utilizassem como pista. Podia ler-se: “A ele é dedicada uma canção/ Pela chaminé sai vapor/ Passou pelo mar/ e lá em baixo já fez furor”. Referia-se a algo que passava no solar e, logo a seguir, por mero acaso, Mateus divisou um mapa da propriedade, no qual se podia ver que, em tempos passados, um comboio passava por baixo da grande casa. Passou-se o primeiro dia, já descobrira uma pista e, assim, no segundo dia, preparou tudo o que lhe era necessário para a ida ao túnel desativado. Pegou no mapa, na lanterna e desceu ao “submundo”, sem que ninguém o soubesse. Percorreu vários quilómetros de caminho de ferro e, ao apontar com a luz da lanterna para o fundo dos carris, vislumbrou um brilho, muito intenso. Aproximou-se lentamente, à medida que o brilho ia aumentando tornando-se quase uma pequena fonte de luz, mostrando um cofre não muito grande, onde, depois de aberto, Mateus pôde ver um pedaço de papel como o que se encontrava na vitrina do dia anterior. Depois de ter feito o caminho inverso, dirigiu-se à sala de jantar, entregou o achado a Johnson, que rapidamente confirmou a sua autenticidade. O primo, que presenciara a cuidadosa análise do advogado, começou a chorar, levando as mãos à cabeça: – Oh! Estou perdido! Perdido! – Como assim, primo? – inquiriu preocupado Mateus. Miguel explicou-lhe que depois da empresa onde trabalhava ter fechado e de quase ter perdido a casa, começava a ficar “inundado” com dívidas.


– Não te preocupes mais! Podes vender ou arrendar a tua casa e vir viver para aqui. Em relação ao emprego, conheço um vizinho que precisa de um trabalhador. Não é a tua área, mas dá para um sustento. Também vou pôr a minha casa a arrendar e divido essa renda contigo. Espero que aceites. – sugeriu. Mateus convenceu Miguel com estas e outras palavras e agora, passados cinco meses, vivem em perfeita harmonia, como na infância, graças ao caráter altruísta de seu primo. Para Miguel, a descoberta do cofre, ao fundo de um túnel dos caminhos de ferro, tinha alterado a sua vida. No entanto, a compaixão de Mateus foi a sua verdadeira luz ao fundo do túnel e o caminho para uma nova vida.

Ana Filipa Santos, Nº4, 7ºH


A luz que vivia no fundo do túnel

Era uma vez uma luz que morava ao fundo do túnel, na Cidade das Luzes. Toda a gente tinha a mania de escrever sobre ela. Houve, até, uma escola de Coimbra que lançou um concurso de histórias sobre a sua vida pessoal. Mas por que razão todos gostariam de escrever sobre ela? Não podiam simplesmente escolher outra luz? Que grande chatice para a pobre coitada. – Pronto... Verás que um dia deixar-te-ão em paz, amiga – consolava a luz da consolação. – Eu não me importava – dizia a luz da fama – ficaria ainda mais famosa! Ouvia todos os dias as suas amigas e seus conselhos e respondia sempre da mesma maneira. – Eu não gosto que escrevam sobre mim nem sei que fazer para acabar com isso. Ela não se considerava interessante, muito menos tema de conversa e simplesmente não percebia aquele gosto que todos tinham de coscuvilhar a sua vida pessoal. Apenas desejava ser uma luz normal, com uma rotina normal. Gostava muito de ler no Parque Verde das Luzes, mas era impossível concentrar-se na leitura, pois estava constantemente a ser observada por outras luzes. Que frustração! Esta luzinha tinha muito medo da chuva, pois detestava transformar-se num arco-íris. Só de pensar que se poderia transformar em milhares de cores a pobrezinha gemia! Ela era única! Não podia mudar! Pensando melhor, acho que todas as luzes partilhavam este medo.


Um dia, enquanto lia um dos seus romances favoritos, a luzinha ouviu um maléfico trovão que soltava gargalhadas assustadoras. Depois, começou a chover. Ouvia-se um tamborilar desagradável que ecoava dentro do túnel. Para não falar do horrível assobio do vento. Rapidamente a Cidade das Luzes é invadido pelo medo e a tempestade não revela sinais de querer parar. Todas as luzes ficam aterrorizadas... Lágrimas caem dos seus rostos luminosos... As luzes estão abrigadas e perdem a sua beleza. De repente, as ruas ficam escuras e sombrias e os gritos de “felicidade luminosa” desaparecem no ruído da tempestade. É indiscutível o facto de ser um cenário perturbador. Passaram anos-luz e o terror mantinha-se na Cidade das Luzes. A luzinha do fundo do túnel sabia que tinha de fazer alguma coisa. Mas não sabia o quê! A luzinha concluiu que teria de manter a calma apesar de se achar incapaz. Então, muito cuidadosamente e em pezinhos de lã, começou a sair do seu pequeno refúgio. Ia passear, ler, mas aquilo de que gostava mais era, sem dúvida, da companhia de uma ou outra amiguinha luminosa. A luzinha do fundo do túnel sempre foi amorosa e carinhosa, desperdiçando, muitas vezes, as suas tardes apenas a consolar luzinhas mais frágeis, como a do pirilampo. Entretinham-se a falar, a tomar um chá quentinho e até a jogar às cartas, sempre com um ou outro comentário: – Ai, esta tempestade! Que grande chatice! – A quem o dizes, amiga! Há tempos que tento secar a roupa! – Tenho a certeza de que a tempestade parará em breve. – dizia sempre a luzinha do túnel. Despediam-se com um abraço grande e longo, aquelas amigas. A luzinha ficava muito satisfeita quando as suas companheiras, sem o conseguirem evitar, esboçavam um lindo sorriso. Aos poucos e poucos, foi conseguindo voltar à sua rotina que considerava ligeiramente monótona e a “felicidade luminosa” ia regressando às luzinhas que nem se apercebiam. Discretamente, o pânico deixou a Cidade das Luzes. “Hum... a luz do quarto do João tem estado mais alegre!”, pensava a luzinha do túnel, “Oh, e olhem só para a luz da timidez a exibir as suas pulseiras novas! Ehehe...”


Na verdade, o temporal não melhorara. Aliás, talvez tivesse piorado na opinião dos mais pessimistas. No entanto, ninguém reparara. Todas as luzes, sem exceção, não davam importância aquela insignificante tempestade. Ainda mais estranho para a luzinha do fundo do túnel, algumas chegavam a agradecer-lhe. Que comportamento mais bizarro! Estariam a ficar malucas? A paixão irritante de observar e descrever a sua vida pessoal claro que também regressou, para grande desilusão da luzinha. Numa tarde, enquanto meditava e refletia, compreendeu, subitamente, por que motivo todos faziam tal coisa. Ela era completamente normal, mas tinha as suas particularidades. Fora a única que permanecera firme durante a grande tempestade, mantendo a postura. Mais do que isso, dedicou-se a confortar todas as outras que necessitavam de apoio. Um símbolo de esperança, coragem e altruísmo! Era vista como um exemplo para todas as luzes! A luzinha sorriu. Percebeu que teria de continuar humilde e ser ela própria. Sentiu-se orgulhosa, pois aquilo fora sempre o que quisera: ser uma boa luzinha, a Luzinha do Fundo do Túnel.

João Paiva Castel-Branco, Nº 12, 7º H


Tempestade num copo de água

Estava um belo dia de sol. As pessoas passeavam, os pássaros cantavam e uma suave brisa corria por entre as árvores. O Rei estava sentado na sua grande cadeira de madeira ornamentada de ouro, a olhar para a cidade pela janela da sala. A sala era grande e acolhedora, recheada de prateleiras com livros até ao teto. Vários sofás estavam distribuídos pela sala. O Rei estava a pensar sobre variados assuntos relacionados com o seu Reino. Gerir as reservas de alimento, o armamento, o número de animais e, claro, as reservas de dinheiro e de ouro. O Rei continuava com estes pensamentos até que um mensageiro bateu à porta. Após o Rei ter permitido a sua entrada, o mensageiro começou a ler a mensagem. A mensagem dizia que as reservas de café no Império estavam muito baixas, quase a acabarem. Assim que o mensageiro acabou de ler a mensagem, mandou um salto, quando o Rei começou aos berros, a gritar como era possível estar a acabar e como é que ele ia governar o Reino sem o seu café matinal. Irritado, pegou na sua cadeira e atirou-a pela janela, partindo o vidro e caindo numa tenda do mercado ferindo uma pessoa. O Rei foi então reconhecido como “O Tempestuoso”, tornando-se este o seu cognome, devido às suas repentinas fúrias por motivos insignificantes.

Afonso Souto, Nº 2, 9ºB


Uma Tempestade Num Copo de Água

Toda gente sabe que a adolescência é difícil, principalmente uma rapariga chamada Ana. Quando perguntam a Ana o que acha desta fase, ela descreve-a da seguinte maneira. Um dos momentos mais horrorosos, infelizes, emocionais e loucos da vida de um ser humano. Aconteciam muitas situações em que Ana não sabia o que fazer, afogando-se num mar de hormonas, filmes românticos e chocolates. Estes momentos desencadeavam-se através de discussões com os pais, conversas confusas e estranhas com o seu melhor amigo, mas o extremo dos extremos é, sem margem de dúvidas, quando alguém diz algo que não devia sobre roupa. Cada vestido que não lhe serve, cada mala que não existe na cor certa ou cada camisa que a empregada passa mal a ferro são a receita para o início de uma tempestade. – Filha, estas a fazer uma tempestade num copo de água – dizia a mãe – o vestido fica-te lindamente! – Não mãe, não fica. Por cada sítio onde o tecido passa, ele deixa uma imagem aterradora, maléfica e infeliz do meu corpo. Nos grandes vestiários brancos em que se encontravam, os murmúrios dos abelhudos clientes da loja eram cada vez mais direcionados ao provador onde Ana se encontrava. Nessa noite, ao chegar a casa exausta, dececionada e triste, sentou-se a olhar para o telemóvel, à espera da mensagem que ainda não tinha recebido de um certo amigo. Isto continuava a ficar pior. – A adolescência é horrível e eu só quero que acabe. Na grande tempestade, os ventos não abrandavam e o sol não aparecia, Assim, é possível acreditar que o antes forte e polido vidro do copo se estava a partir, A água cai e a tempestade ganha.


Assim se sente Ana, que acha que não vai sobreviver à cruel e terrível adolescência.

Ana Luísa Figueiredo, 9ºB


À procura da luz

Era altura de Natal e eu, Maria Francisca, uma velha de setenta e cinco anos, estava deitada na minha cama, num canto da minha pequena casa, a ver o meu neto Xavier, um rapazinho muito solitário de oito anos, a decorar a árvore de Natal, melhor dizendo uma planta de cinquenta centímetros de Natal… As razões de termos apenas uma planta eram por sermos uma família muito pobre de três membros: eu, Xavier e o meu filho José, o único que tinha um trabalho, ainda que fosse muito mal pago; e também porque muitos dos gastos desta família eram medicamentos para a minha saúde, que cada dia estava mais débil. Mas, apesar de eu estar muito instável, havia alguém que me atraía a esta vida, e essa pessoa era Xavier, a criança mais positiva e inocente que alguma vez conhecera. A certa altura, ele olhou para mim e perguntou: – Avó, achas que este ano o Pai Natal nos vem visitar e entregar prendas? – Bem… – hesitei, pois sabia que este homem barbudo chamado de Pai Natal não existia, mas também não queria destruir um dos poucos sonhos que o meu neto tinha.- Xavier,-continuei- sabes que o Pai Natal é um senhor muito ocupado e tem de visitar muitas crianças em muito pouco tempo, por isso não


quero que fiques triste se ele não aparecer, mas lembra-te de que Jesus está sempre a olhar para ti e talvez ele diga ao Pai Natal para aparecer um dia… De repente, notei uma certa tristeza na carinha de bebé do meu netinho e percebi rapidamente que não tinha ficado satisfeito com a resposta que lhe acabara de dar, por isso mudei de assunto imediatamente. – Xavier, vamos até lá fora apanhar musgo para fazer o presépio, está bem? – De certeza que te consegues levantar, avó? – Se me ajudares consigo, meu querido. Levantei-me com a ajuda do rapaz, saímos de casa e, a certa altura, comecei a sentir-me tão mal, que rapidamente caí no chão. – Avó! – gritou Xavier. Felizmente, não fiquei muito tempo na terra molhada, pois o meu filho estava a chegar a casa e conseguiu levantar-me e levar para dentro. Deitou-me na cama e foi buscar água para me dar. Não pensei que esta dor fosse uma dor desconhecida, uma vez que já tive algumas assim, e a razão eram os medicamentos, que não faziam efeito, mas nunca tive a coragem de dizer ao meu querido filho que precisava de receitas novas, pois iria custar-lhe muito, por isso deixei-me estar, sem me preocupar com este dia: o dia da minha partida! – Mãe, não me deixes! – pediu o meu José, a chorar. Com as poucas forças que tinha disse-lhe que tudo iria ficar bem e que eles conseguiriam ultrapassar esta situação. O meu netinho aproximou-se e deu-me um beijo delicado e eu, esforçando-me, aproximei-me e sussurrei: – Xavier; Esquece o Pai Natal e lembra-te de Jesus, Esquece as prendas e lembra-te da luz. Vi uma lágrima a cair da sua face, sorri para ele, fechei os olhos e parti à procura da luz.

Carolina Monteiro, Nº 3, 9ºB


O 37 Autocarros. Um tema pouco apelativo, mas talvez aquele de que haja mais para falar. Pelo menos comigo, uma viagem de autocarro, nunca foi uma “simples viagem de autocarro”. Há sempre alguma irregularidade, seja no próprio meio de transporte, ou mesmo nas pessoas que o utilizam. Eu costumo utilizar o autocarro 37, é sempre o mesmo autocarro, com os mesmos motoristas e com os mesmos horários. No entanto, esta monotonia acontece sempre de 37 maneiras diferentes. Não percebo. Para começar, há sempre o perigo de nos calhar aquele motorista maldisposto e de má-fé que tem a frieza de fechar a porta na cara da pobre rapariga, que veio a correr o caminho todo, só para entrar no velho 37. Sim, já assisti! E às vezes até a D. Augusta vem na sua máxima velocidade para apanhar o autocarro, mas o caro motorista, mais uma vez, fecha-lhe a porta na cara. Além disso, também há o problema dos horários. Diz que vem às 17h35, mas acaba sempre por aparecer dez minutos depois. Obviamente, perde-se a paciência e já estamos suficientemente aborrecidos para sequer passar o cartão das viagens. Com tantos atrasos, podiam ao menos fazer um descontozinho. Ainda há outros aspetos negativos, como o autocarro cheio de gente e com um calor impossível, as pessoas que falam de mais e as que falam alto de mais! Podia enumerar mais 37 problemas, mas fico por aqui. Finalmente, chego à conclusão de que mais vale esticar as pernas e ir a pé.

Ana Teresa da Costa Fonseca, Nº5, 9ºB


A luz

Segunda-feira, dia 23, faltam dois dias para o natal e ainda estou a 10 horas de Nova Iorque, preciso de apanhar o primeiro avião se quero chegar a tempo a casa de estar finalmente por perto dos meus pais e da Raquel, minha mulher. Há um ano que não os vejo, pergunto-me se depois do que aconteceu na missão estou diferente, se o facto de ter perdido companheiros me tornou inseguro em relação a muita coisa. Provavelmente foi a pior missão que tivemos, a pior coisa que já vi e a pior coisa que senti, tenho saudades de estar em casa e de me sentir seguro, de não pensar que sempre que ouço um barulho forte é uma bomba a explodir, ou uma arma a ser descarregada e de me sentir seguro na rua, porque agora, sempre que me tocam para me chamar, quase agrido a pessoa. É com estes pensamentos que finalmente entro no avião, sinto-me sufocado por tantas vozes e tantos rostos, um empurra, outro ri, outro grita ao telefone, parece que estou novamente no quartel.


Encontro o meu lugar, sento-me, e fecho os olhos, pois só quero dormir para ver se a viagem passa rapidamente. Acordo com o barulho ensurdecedor das pessoas por causa da turbulência do avião, o meu coração dispara como uma arma. Impressionante como tudo o que me assusta me faz lembrar a guerra… Já sinto o verdadeiro cheiro da minha casa, Nova Iorque, agora só falta estar nela, e que o vazio que tenho dentro de mim seja preenchido por a presença daqueles de quem mais gosto. Volto a chocar com outra pessoa e volto a perder um pouco da minha paciência, mas continuo. Estou um pouco hesitante, como reagirei? Decidi ir primeiro a casa da minha irmã. Ainda não tenho prendas de natal, nem me sinto capaz de pensar em tal coisa. Bato à porta, abrem-na, é a Rita que fica a olhar para mim como se fosse um desconhecido, mas surge um sorriso no seu rosto, aquele sorriso que diz tudo. Abraça-me até ficar sem forças, já eu apenas me limito a ser agarrado. Estou sentado no sofá a ouvir a minha irmã, há talvez uma hora, até que finalmente me pergunta o que se passa, respondo de maneira calma, apesar de não ter calma nenhuma dentro de mim, limito-me a dizer que nada se passa é apenas cansaço, mas acabo por ouvir o que mais temia “Não estás bem, precisas de ajuda, talvez o que aconteceu na missão te tenha abalado um bocado.” Um bocado? O que vi e o que senti não me abalou, pelo contrário, parou a minha alma, não vivi mais a partir daí, só penso nisso. Levanto-me e dirijo-me ao quarto para evitar uma discussão, mas a minha irmã continua a insistir que devia consultar um psicólogo, e é aí que o candeeiro se parte, que reparo que fui eu e que estou a berrar e a dizer que não preciso de ajuda, enquanto ela chora. Saio porta fora, apanho um autocarro que nem vi para onde ia. Agora, deparo-me numa situação confusa, dou por mim à porta da minha casa, num momento de nostalgia e distúrbio vou em direção à porta, abro-a e os meus olhos vibram com a luz que vejo, a verdadeira luz de que necessitava, a Raquel a sair da cozinha, com os pratos de natal na mão, que num segundo vão parar ao chão!


Corre para os meus braços e agarro-a e percebo aí, que sim, que preciso de ajuda, mas não é de um desconhecido qualquer que apenas anota os problemas dos outros num bloco de notas, mas sim da minha mulher e da minha família.

Francisca Sousa, Nº8 9ºB


Uma aparente luz, uma verdadeira escuridão

Não passava de uma simples manhã como todas as outras. Não me recordo que dia da semana era, mas sei que o frio se instalara nas ruas da cidade. Tinha acabado de acordar, contudo já tinha guardado o cartão sobre o qual dormira e deitado fora o jornal com que me cobrira. As noites de Inverno não eram fáceis de enfrentar, sendo eu um sem-abrigo. Não devia passar das oito horas da manhã quando ele chegou. Era um homem simples com uma longa e velha barba. Tinha vestido um fato que lhe dava o "ar" de homem de negócios. Nunca cheguei a saber o seu nome, pois nunca mais nos voltámos a encontrar. O homem, com um certo cuidado e arrogância, caraterístico deste tipo de pessoas, chegou-se ao pé de mim e disse ter algo de meu interesse. Curioso, perguntei-lhe de que se tratava e este respondeu-me de uma forma calma e subtil. Afirmou que tinha uma maneira de me tirar da miséria e que, para isso, me bastava apenas realizar um voo na semana seguinte. Iludido com a ideia de me libertar daquela pobreza, decidi aceitar entrar neste negócio, que consistia em traficar heroína. Era uma verdadeira luz ao fundo do túnel! O homem com quem falara alojara-me num hotel, prometendo que tudo correria bem. Faria a viagem com mais três indivíduos, que eram experientes neste tipo de negócio. Supostamente, todo o sistema de segurança do aeroporto estaria desligado e seria tudo muito simples. Viajaríamos num avião de pouca carga, capaz de transportar no máximo cinquenta passageiros. Chegara o grande dia e sentia-me preparado. Não dormira a noite toda a pensar no que poderia acontecer. O embarque fora célere e, como dormira durante a viagem, tudo ocorrera rapidamente. Quando chegámos, pude ler numa placa que nos encontrávamos no México, país conhecido pela sua grande rede de distribuição de droga.


No México, não tive a oportunidade de conhecer muito a cidade onde me encontrava. Passara a maior parte do tempo no hotel e, a única vez que saí, foi para me dirigir, juntamente com os outros, ao fornecedor da heroína que iríamos transportar, até um matagal denso e húmido. Era lá que estava escondido o nosso fornecedor, perto de umas árvores marcadas com tinta vermelha. Acompanhado por dois indivíduos armados, o homem exigiu que lhe fornecêssemos primeiro o dinheiro e só depois este nos daria a droga. Era uma grande quantidade de heroína, aparentava ser mais de dez quilogramas. Intriguei-me como iríamos conseguir transportar tanta quantidade, mas a tranquilidade dos outros dois homens acalmou-me. Esta fora a minha última saída do hotel, pois, após cinco dias, os homens entraram no meu quarto e apenas ordenaram: – É hoje o dia! Faz as malas! Mesmo antes de poder perguntar o que fazia com os meus três quilogramas, já os dois homens escondiam a droga na minha mala. Acho que nem preciso de dizer que pouco espaço sobrou para a minha roupa. Saímos do hotel por volta das dez da manhã e não demorámos muito a chegar ao aeroporto. Este aeroporto não era o mesmo da outra vez. Este estava decrépito, velho e nem aparentava sequer ser um aeroporto. Embarcar e realizar o "check-in" foi um dos momentos mais tensos. Sentia-me perseguido por tudo e todos e o funcionário que verificara o meu passaporte olhara-me de uma forma assustadora, soltando umas palavras mexicanas. Apesar de todos estes tenebrosos momentos, a viagem não demorara, e rapidamente chegámos à minha cidade natal. Digo isto porque nunca mais voltei a ver a minha cidade natal desde que fiz esta viagem. Pois bem, estávamos prontos para ir buscar as nossas malas e concluir, desta maneira, a nossa missão, quando uma dúzia de seguranças se dirigiram até nós. Fiquei nervoso, mas tentei não o mostrar. Um dos seguranças, que aparentava ser o chefe, agarrou-me o ombro e perguntou: – O que levam nas vossas malas? – Nada, senhor agente, nada! – respondi. O polícia olhou-me nos olhos durante uns vinte segundos até que interrompeu o silêncio:


– Não tem nada? Com que então não tem nada... – o agente ria-se para os colegas de uma forma irónica e provocadora – Isso é o que vamos ver! Após tal frase nunca fui o mesmo. Agora escrevo sozinho na minha cela numa folha tão estragada como eu. Escrevo no chão imundo desta prisão, sujo e desgastado, embora lavado por minhas inúmeras lágrimas. Uma aparente luz ao fundo do túnel tornara-se numa enorme escuridão fechada por grandes e imponentes grades.

José Amorim, Nº11, 9ºB


“Há sempre uma luz ao fundo do túnel” Era dia 22 de dezembro e a noite já cobria a cidade de Londres, como um manto brilhante e escuro. Chovia imenso como era habitual. O frio penetrava na minha pele, o cansaço apoderava-se de mim e as nuvens escuras ofuscavam a luz das estrelas. Muitos motivos para sair da Academia de Bailado zangada… Mas eu, naquele dia, saí com um sorriso de orelha a orelha. E era um sorriso tão grande que, imaginem só, nem cabia na minha cara. O motivo? Tinha sido aceite na Academia Real de Manchester- a segunda melhor academia de ballet do mundo. Era o meu sonho prestes a concretizar-se! Só tinha que frequentar a Academia de Bailado por mais dois dias! No caminho para casa já pensava na prenda que ia oferecer á minha treinadora Ilda! Ela tinha 20 e poucos anos e era muito paciente connosco. Apoiava-nos e sempre nos obrigou a persistir! Todas queriam ser como ela! Era linda, com o seu cabelo castanho avelã que combinava mesmo bem com os seus grandes olhos verdes. E, claro, dançava mesmo bem! Já ganhara 11 prémios e quando não ganhava ficava sempre bem posicionada! Escolher uma prenda para ela não era fácil… tinha de ser algo ao seu nível. Na altura pensei comprar-lhe um fato de competição mesmo lindo! Era caro mas até aposto que ela ia adorar! Mas, acabei por lhe comprar num leilão as sapatilhas que a Katherine White usou em muitas competições. Para quem não sabe, Katherine White foi uma bailarina super famosa. Lembro-me da expressão facial de Ilda quando as viu. Ainda hoje não a consigo descrever… Quando os meus pais souberam que tinha sido aceite ficaram muito contentes e encheram-me de abraços e beijos. A minha mãe chorou…as mulheres são assim! A ideia de me pôr na Academia foi dela. Ela queria que eu fosse o que ela nunca pôde ser… Passado uma semana, às cinco da manhã, apesar do sol ainda estar preguiçoso, o dia já tinha começado para mim. Nesse dia, o autocarro foi-me buscar á paragem em frente á minha casa para irmos para a Academia Real de


Manchester. Eu estava muito carregada com a minha mala do ballet, cheia com o tutu, o body novo que tinha recebido no natal, as sapatilhas e muita comida! Lembro-me de que, quando o autocarro arrancou comigo lá dentro, a minha mãe gritou: - Tem Juízo! Eu ia sentada nos bancos de trás, ao lado de Ilda, que ia connosco para fazer a “integração”. No caminho para Manchester a paisagem era linda. Lembro-me de ter comentado com Ilda que adorava ver encostas íngremes e verdejantes. Acho que foi a última coisa que disse… A cerca de um quilómetro de Manchester o autocarro teve um acidente, despistou-se e caiu por uma encosta. Na altura foi uma tragédia… Muitas raparigas morreram e só eu e Ilda sobrevivemos… Não me lembro de nada, lembro-me apenas de estar no hospital, no mesmo quarto que Ilda e ouvir a minha mãe a chorar… Fiquei sem poder mexer as pernas. Um estúpido acidente tinha derrotado todas as vitórias. Já não podia andar e muito menos dançar ballet! Foi duro! Pensei em desistir…queria desistir! Os dias eram escuros e dolorosos. Depois pensei que, se tinha sobrevivido, por alguma razão era! A razão era não desistir, honrar as minhas colegas que não resistiram e a minha querida Ilda que numa altura destas me diria: “ Há sempre uma luz ao fundo do túnel” E foi o que fiz…Após dois meses infindáveis numa cadeira de rodas um médico ofereceu-se para me operar. Era um neurocirurgião de renome a quem hoje devo a minha recuperação. Consegui voltar a andar após três duros anos. Quanto á Academia Real de Manchester… nada me vai fazer desistir desse sonho! E é um sonho tão grande como a vontade que tenho de o alcançar… é um sonho que me faz viver !

Beatriz Marques Tomé, Nº12, 8ºB


Comida saudável VS Comida não-saudável, quem irá ganhar?

Nesta história, vou contar como decorreu uma enorme guerra entre a comida saudável e não saudável. Era mais um dia normal, ou seja, conflituoso e barulhento na cidade da comida “saudávelenãosaudável” situada na cozinha do Sr. Ernesto. Esta cidade está separada por um muro, o “muro das bolas de Berlim”, composto, tal como o nome indica, por uma parede espessa de bolas de Berlim, de todos os feitios: com creme, sem creme, com chocolate, enfim, uma infinidade de combinações. Este muro separa a parte Norte da parte Sul da cidade da comida “saudévelenãosaudável” que estão em guerra fria desde que a obesidade, o cancro e os problemas cardiovasculares se tornaram um problema bastante comum na nossa sociedade. Na parte Norte, situa-se a comida saudável, onde todos os alimentos são crus e simples, sem aditivos nem conservantes. Nesta parte da cidade, todos os alimentos estão em forma, com o IMC (Índice de Massa Corporal) entre os 18,5 e os 24,9. O líder desta parte da cidade é o ananás Fernanda que tem espinhos e que com eles combate os inimigos transformando-os em comida saudável. Na parte Sul, localiza-se a comida não-saudável com o IMC acima de 25. Nesta parte da cidade, todos os alimentos são alterados com aditivos e conservantes. Aqui existem muitos traidores, todos os que passaram da parte da comida saudável para a não-saudável, que são os alimentos transgénicos. Estes preferiram aliar-se à parte não-saudável, juntando-se a fragmentos de outros alimentos de forma a adaptarem-se às exigências dos consumidores, que levam uma alimentação não-saudável. Esta guerra tem uma particularidade: se um alimento matar outro, este segundo passa a pertencer à raça do primeiro. Por exemplo, se o ananás Fernanda matar a pizza Amílcar, esta irá passar para o lado da comida saudável, transformando-se num alimento saudável. É claro que esta guerra é uma luta entre comidas desarmadas, lutando apenas “corpo a corpo”. Luta de


batatas cozidas com batatas fritas, luta de sumo natural com sumo altamente modificado. Nesta guerra, o vencedor iria servir de alimento aos consumidores: se fosse a comida saudável, estariam todos em forma com o IMC localizado entre 18,5 e 24,9, sem doenças cardiovasculares, ou de qualquer outra espécie, relacionada com a má alimentação. Mas o principal objetivo da comida saudável era bastante ambicioso: queriam acabar com o cancro no mundo. Porém, se a comida não-saudável ganhasse iria haver, para sempre, problemas relacionados com a má alimentação e o cancro seria a principal causa de morte em todo o mundo. Passada uma longa e dolorosa guerra, surgiu o grande vencedor: a comida saudável. Assim, com a ajuda da Liga Portuguesa Contra o Cancro, conseguiram erradicar o cancro no mundo e todas as pessoas ficaram felizes e saudáveis. A comida não-saudável fora derrotada. Nunca mais haveria doenças relativas à má alimentação. E é por isso que se deve sempre escolher a comida saudável para o nosso prato quando comemos, pois teremos diversas ventagens se a ingerirmos, derrotando, de alguma maneira, doenças que, à partida, são consideradas incuráveis.

David Nogueira da Rocha, Nº5, 9.º A & João Manuel Canavarro, Nº12, 9.º A (Ano letivo 2013/2014)


Para bem crescer, bem terás de comer

A minha mãe sempre me disse «Tens que comer menos doces». «Está bem, está bem...» respondo-lhe eu. É por situações destas que eu invejo a sua simpreza de espírito. Alguns poderiam chamar-lhe burrice, mas, como é a minha mãe, não convém exceder limites. Começa logo pela primeira palavra: «Tens». Que fique bem claro que eu apenas «tenho» de me alimentar (não interessa como, desde que o faça) e dormir, tudo o resto é opcional. Como tal, a afirmação contradiz-se a si própria e não pode ser comprovada, por isso, é mentira, eu não tenho «que comer menos doces». Mas pensemos por um segundo que é verdade. Que acontecerá se não o fizer? Que mal tem uma cárie ou duas? Pois bem, instigado por esta dúvida, resolvi pesquisar que tipo de problemas o consumo excessivo de doces pode causar. Encontrei num site de notícias sobre saúde a resposta ao meu problema: 78% das pessoas que seguiam uma alimentação com alto nível glicémico sofrem de cancro do pâncreas, segundo um estudo feito pelo Annals of Epidemiology, nome bastante cómico dado o assunto do qual se trata, visto que a tradução portuguesa do nome da organização que publicou o estudo é Anais da Epidemiologia. Menos cómicas são as estatísticas. 78%?! Significa que, em cada 4 pessoas que gostem um bocadinho mais de doces, 3 delas terão cancro de pâncreas. Bom, a bem dizer, seriam 3,12 pessoas, mas como esse valor não é muito prático, decide-se arredondar às unidades. Dos vários problemas que os doces trazem, decidi enumerá-los, para facilitar a leitura: •

Cancro do pâncreas e da mama;

Obesidade;

Problemas dentários;

Diabetes;

Vício;

Anorexia monetária;


Começo a pensar que talvez tivesse sido melhor se eu tivesse escutado a minha mãe... Poupar-me-ia não só a saúde, como também o tempo que gastei a fazer esta pesquisa e este texto. Talvez agora, que já sei o desfecho...

António Godinho, 9º A (Ano letivo 2013/2014)


“A Roda Cósmica”

No Cosmos, cujo conhecimento ficou em grande parte a dever-se a Carl Sagan, estão integradas as galáxias, as estrelas, os planetas, os cometas, etc. Resumindo, é tudo o que conhecemos e muito mais. O ser humano também é um exemplo de um Cosmos que, à escala universal, é microscópico, sendo constituído por células em vez de estrelas e planetas. Estas, ao unirem-se, formaram tecidos que, por sua vez, originaram órgãos que garantem o correto funcionamento do organismo, o “Cosmos” humano.

Hoje vou falar-vos de um Universo especial, do qual depende o funcionamento do “Cosmos” humano. É conhecido por quase toda a gente mas nem sempre lhe é dado o devido valor, e chama-se Roda dos Alimentos. Este Universo é constituído por diferentes grupos, uns mais pequenos que outros. Se compararmos os diferentes grupos a galáxias, os alimentos serão os planetas.

Como surgiu então este Universo da Roda dos Alimentos? Os diferentes grupos da Roda dos Alimentos são formados por alimentos que foram alvo da seleção natural, proposta por Charles Darwin.

Esta seleção afetou a evolução dos alimentos, levando à eliminação de alguns deles que eram prejudiciais ao “Cosmos” humano e ao aparecimento de outros melhor adaptados para garantir o equilíbrio desse Cosmos. Quanto mais saudável para o organismo humano, maior o grupo. Por exemplo, os cereais e seus derivados e os tubérculos apresentam a maior proporção na Roda dos Alimentos, enquanto que as gorduras e óleos formam o menor grupo. Para preservar o equilíbrio no “Cosmos” humano devemos ter uma alimentação saudável, seguindo na nave da Vida através deste Universo maravilhoso. Para isso, devemos respeitar as regras do Universo, evitando acidentes. Se isso não for feito, podemos aumentar o risco de doenças terríveis, que destruirão o “Cosmos” de cada um. O Cancro é bom exemplo de como um acidente pode


perturbar o “Cosmos” humano. Este pode manifestar-se em diferentes sistemas do corpo humano, as nossas galáxias, assim como um buraco negro pode destruir o sistema solar.

Para evitar o aparecimento de cancro e de outras doenças perigosas, devemos ter uma alimentação saudável, ou seja, da qual façam parte de forma equilibrada alimentos de todos os grupos da Roda dos Alimentos. Desta forma, criamos defesas, os glóbulos brancos, verdadeiros “guerreiros” contra os “inimigos” do nosso Cosmos, invisíveis a olho nu mas com uma imensa capacidade destrutiva que atacam de forma silenciosa e de surpresa. Concluindo, o nosso organismo é um Cosmos que precisa de ser protegido para não ser extinto, e para isso o pequeno Universo da Roda dos Alimentos pode ser um aliado muito poderoso na luta contra os nossos inimigos.

Tiago Lé, Nº17, 9ºA (Ano letivo 2013/2014)


Guerra Corporal

Corpo humano… usamo-lo para correr, pensar, no entanto, apesar de muitos não se aperceberem, é o maior local de guerra do mundo. Todos os dias o nosso organismo procura, deteta e elimina ameaças. Todavia, com a aquisição de métodos saudáveis, pode diminuir-se o seu trabalho. Estava um dia normal no organismo do Arsénio. Ele encontrava-se muito feliz, no entanto, o seu organismo não podia dizer o mesmo, pois este tinha encontrado células de cancro. Arsénio era forte, preguiçoso e guloso, as suas práticas alimentares não eram as melhores: – Alerta! É uma célula cancerígena! Reúnam os melhores soldados, isto é uma emergência! Repito uma emergência! – gritou alarmado o Sargento Branco. – Caramba! Depois de tantos avisos que o Arsénio recebeu sobre as suas práticas alimentares, e agora nós é que sofremos! – disse o general Vermelho. Após estes acontecimentos, estava lançada a I Guerra Corporal Arseniana. Todos os glóbulos se colocaram em posição e começaram a recuar para as pernas para, daí, começarem a conquistar todo o corpo. A função dos glóbulos brancos era, obviamente, a de combate, por outro lado as hemácias forneciam mantimentos e as plaquetas eram os “cães de guerra”. Depois de conquistarem as pernas, parte mais fácil, tiveram grande resistência do exército cancerígeno na parte da bacia: – Recuem soldados, esta é uma daquelas batalhas muito complicadas. Temos de dar a volta se queremos chegar ao coração! – concluiu o Sargento Branco. – Foi um ótimo dia de batalha, soldados, agora descansem. – disse o General Vermelho. No dia seguinte, os glóbulos brancos sofreram muitas perdas e as hemácias ficaram sem mantimentos para os ajudarem: estava assim instalado o cancro. Dias depois Arsénio foi ao médico e foi diagnosticada a doença, este ficou destroçado e passou a semana deprimido.


No entanto, algo se passava no organismo do Arsénio. Depois de todo o sangue ter sido submetido ao controlo do cancro depois da derrota na “batalha da aorta”, surgiu um leucócito especialmente treinado para a guerra. Este chamava-se Leandro, o leucócito, e, sem nenhum leucócito do seu lado, pegou em várias plaquetas e disfarçou-se de célula cancerígena. Após uma grande subida acabou por chegar à base, o coração. Foi aí que se deu o célebre dia A. Depois da entrada no coração, Leandro, o leucócito, destruiu o reator principal da base das células cancerígenas e acabou por eliminá-las do organismo do Arsénio. Acabou assim a I Guerra corporal Arseniana e a vitória foi do organismo. Depois de o médico lhe ter dado alta, Arsénio seguiu uma dieta muito saudável e ficou livre de qualquer ameaça ao seu organismo.

Tiago Bessa Curado, 9º A Jaime Marques, 9º A (Ano letivo 2013/2014)


“Para bem crescer, bem terás de comer”

Os meus olhos assustados, fragilizados, com a última luz de vida escondiam o que outrora foram aqueles olhos azuis rejuvenescidos e ardentes. Como tinha saudade dos meus brilhantes cabelos loiros, sedosos e macios ao toque. Sempre fui a única culpada, ignorei tudo o que me diziam. Ouvia o que os professores diziam, o que os meus pais diziam, o que todos aqueles que realmente sabiam aconselhavam, no entanto, nada fazia para o mudar. Todos os erros que cometi estou a pagá-los agora. Era jovem e irresponsável, enquanto andava no secundário nunca comia na cantina da minha escola, fazia questão de me alimentar só de "comida de plástico" onde nada era natural. Tudo artificial e desvitaminado. Em casa, recusava-me a comer vegetais, trocava-os por fritos e a fruta por açúcares. E aí chegamos ao que sou hoje, uma rapariga de 18 anos com cancro do intestino. Pelas estatísticas, não irei poder saborear o paladar da comida por muito mais tempo. Esses erros, de que atrás falei, acarto agora com as suas consequências. Tento aproveitar cada dia como se fosse o último, ver cada raio de Sol como se fosse uma bênção, cheirar cada cheiro como se fosse uma dádiva. Neste momento a minha vida já não faz muito sentido, no entanto, tento usá-la para evitar que outros cometam os erros e as asneiras que cometi. Tento usar a minha vida, a minha experiência, o meu testemunho para alertar para os perigos e para que consigam corrigir a tempo e, acima de tudo, não se tornarem no bocado de carne perecível, com “prazo de validade” como me tornei. Por isso, muitas vezes digo: “Para bem crescer, bem terás de comer”…

Joana Cascão, 9º A João Sequeira, 9º A (Ano letivo 2013/2014)


A Razão pela qual digo não a Deus

Fiquei extasiado. Haviam-nos dito que podíamos dispersar pelo espaço onde nos encontrávamos. Novamente, fiquei extasiado. Olhava em volta e só via luz, luz, luz. Metaforicamente, é claro. Àquela hora da tarde, o sol ainda não se tinha posto, mas faltava pouco. Havia lojas, restaurantes, um homem de lata (pintara-se de dourado para parecer ouro - - mas a mim ele não me engana), pessoas conversando sobre as suas vidas, política, economia, ou mesmo conversando sobre nada. E, mais uma vez, luz. Tanta luz. Pensei em ir para cima, ver a estátua do Poeta. Oh!, quis o Destino, fatal como a paixão ardente, que eu, por alguma razão alheia ao meu propósito de ser, descesse o Chiado. Oh!, fatal destino! Que me foste tu mostrar! Comecei a minha descida ao Inferno. Na altura, não notei, era só luz, luz, luz. Mais lojas, mais restaurantes, mais pessoas conversando sobre tudo e sobre nada. À medida que fui descendo, o sol ia-se pondo, o ar que se alojava nos meus pulmões tornava-se mais frio. Passara já um terço da minha descida. Eram tantas as expetativas que tinha para aquela parte da peregrinação, dadas as maravilhas que já tinha visto, ouvido, sentido e degustado. Não fiquei dececionado, não ainda. As lojas eram ainda mais espantosas que as de cima, três milhões de vezes mais iluminadas e agitadas. As pessoas eram três vezes mais ricas do que as que passeavam por lá, no topo. As suas conversas, mais interessantes e interessadas

apenas

por

aqueles

suficientemente

cultos

para

as

compreenderem. A sua presença quase que ofuscava por completo os


malabarismos dos trapezistas e as melodias dos músicos de rua que pediam esmola. Talvez devido à sua insignificância aparente, as pessoas que por ali passavam pareciam não reparar neles. Mas eu sim. Agora, o crepúsculo aceso na Rua das Luzes e o ar, outrora quente e acolhedor, tornara-se quase tão pesado como as carteiras das mulheres à minha volta. Lá fui eu para o último troço da Rua Garrett, esperançado por encontrar melhor e maior. E o Chiado não me desiludiu. As lojas ainda mais ricas e cheias de pessoas, ainda mais abastadas do que as próprias boutiques onde compravam a roupa, a joalharia, o ouro ou só comparavam os preços para sua satisfação. E era tanta a luz proveniente deste novo Éden que descobrira... cegava-me total e profundamente. Já não via o céu, o sol se pondo, os meus colegas há muito desaparecidos, as dezenas de pedintes na rua, só... o Chiado e todo o seu esplendor. Até o ar me parecia mais quente e o vento, batendo-me na cara, soava a uma voz feminina, poderosa e cativante, envolvendo-me. Lá estava eu, finalmente, no último sétimo do meu trajeto. De bom humor, obviamente, cantando e trauteando. Já não se avistavam mendigos, nem malabaristas, nem músicos de rua há um bom bocado. Ao fundo, erguiase um magnífico centro comercial, que se estendia ao subsolo, acessível por meio de escadas rolantes. Gente entrava e saía, ia-se apinhando à entrada e ria-se estridentemente. Ainda antes, mesmo ao meu lado, encontrava-se uma gigantesca Zara, não menos luxuosa do que os outros estabelecimentos que já visitara. E, à direita da Zara, num degrau de mármore branco, um homem. Nem poderia dizer com toda a certeza que se tratava de um homem. A sua barba não era feita há pelo menos um mês, diria eu pelo seu estado. O casaco verde que vestia, em farrapos, era permeável ao frio e à humidade de janeiro. Os seus pés descalços eram os pés de um morto, a única coisa imóvel naquela rua por natureza movimentada. O cartaz que segurava deteve-me por um instante. Não me recordo do que dizia exatamente, mais um pobre coitado queixando-se da sua vida: o típico desempregado sem abrigo ou família nem lugar para onde ir, apenas a esperança de que uma alma caridosa passasse por si e lhe desse uma moeda. Preparava-me para o abandonar, quando os


seus olhos cansados, lívidos como o mármore onde se sentava, se levantaram e recaíram nos meus. E o peso do mundo desabou sobre mim. De um momento para o outro, a luz que me havia cegado o olhar desapareceu e a verdadeira natureza do mundo revelou-se-me clara como a água. Desde os fariseus passeando-se pelo Chiado até aos estabelecimentos onde comerciavam. O frio instalou-se e o sol há muito que já se deixara ocultar pelos altos edifícios. A Rua das Luzes era o lugar mais sombrio de toda a Criação. Olhei o homem nos olhos tão esquecidos por Deus, assentei ao de leve a minha mão no seu ombro e desci ao centro comercial sempre cabisbaixo; sentei-me de cócoras na berma da estrada e esperei, juntamente com os meus colegas que aí se encontravam, que nos viessem recolher.

António de Sá Godinho, 9ºA (Ano letivo 2013/2014)


Praga de formigas Por vezes deparo-me com uma formiga e inúmeras ideias me surgem. Cá em casa, este simples “bicho” é capaz de causar mais pânico do que um próprio sismo. Talvez pânico não seja a palavra ideal, mas, sim, um verdadeiro alvoroço. Digo isto porque um único e minucioso vestígio de uma invasão de formigas é o suficiente para o meu pai virar a casa “de pernas para o ar”. Já há algum tempo que falar sobre o aparecimento do tal inseto em casa com o meu pai deixou de acontecer. Isto acontece por várias razões, primeiro, mais de metade do meu armário de produtos é ocupado com os mais diversos frascos e latas “anti-formigas”. Nunca soube bem o porquê de o nosso armário estar ocupado desta forma, mas creio que o meu pai se sente mais seguro assim. Tal é a paranóia que, quando uma formiga é avistada a passear pelo soalho, em poucos segundos, as paredes adquirem um cheiro permanente e enjoativo, e os rodapés enchem-se de reacções químicas provocadas por aqueles produtos. Para além de ridículo, chega ao ponto de já ter ouvido o meu pai dizer que se ganhasse o euro milhões compraria todo o tipo de frascos, produtos, latas e latinhas que houvesse contra o simples bicho. Hoje em dia, eu, a minha mãe e o meu irmão já nos habituámos a esta paranoia. Acabamos por, de vez em quando, dizer que vimos uma data de formigas, quando na verdade não vimos, só para nos podermos rir com tais corridas e disparos do líquido-branco que o meu pai executa após o nosso chamamento. A meu ver, as formigas não são más de todo. Primeiro, são pequenas e consequentemente o incómodo que estas me provocam é quase inexistente. Segundo, sempre que precisarmos estas farão uma rápida e detalhada limpeza do nosso chão e da nossa despensa. Esta relação entre o meu pai e as formigas, na minha opinião, assemelha-se à relação entre o governo português e os jovens. De tal forma o meu pai impede as formigas de viverem e trabalharem em minha casa que estas são obrigadas a emigrar para bem longe dele. Além disso, as que arriscam permanecer em minha casa, todos os dias, ganham vontade de sair


como as outras. Da mesma forma que as formigas são erradicadas de minha casa também os jovens são constantemente obrigados a deixar a nossa pátria.

José Amorim, Nº11, 9ºB


Uma luz ao fundo do túnel

Chamo-me Joana e tenho vinte e quatro anos, uma boa média, licenciatura em medicina e muita dedicação e paixão para investir no meu futuro. Acontece que, à semelhança da maioria dos jovens portugueses, não tenho emprego. Às vezes conto as estrelas, tentando não perder a lua, leio o horóscopo e recuso-me a passar por debaixo de um escadote. Sou sonhadora, embora sonhe sempre com o mesmo, encontrar um posto de trabalho onde possa fazer o que sempre quis e aplicar os conhecimentos de toda uma vida. Passo os dias a sublinhar jornais, a enviar o meu Currículo para mil e uma empresas, mas, ao fim da semana, a caixa de entrada da minha conta de “e-mail” está vazia e todo o esforço que faço acaba por não ser recompensado. Os meus amigos pensam que sou tonta por me preocupar tanto, uma vez que os meus pais têm posses económicas, mas tudo o que eu quero é ser independente, auferir um salário, mesmo que seja mínimo, e ter a minha própria casa, ainda que seja humilde. Era noite de setembro quando tudo se passou. O céu estrelado deu-me esperança e por isso fiz o que fiz. Dirigi-me ao meu quarto e enchi uma mochila de escuteiro que por lá tinha com comida, roupa e material para construir uma tenda. Tudo aconteceu muito rapidamente, mas penso que foi melhor decisão que já tomei… Naquele momento senti-me potente, corajosa e acreditava que nada me podia impedir de lutar por mim, por um futuro e uma vida melhores.


Parti o meu velho porquinho mealheiro e retirei de lá o dinheiro necessário para dois bilhetes de comboio, escrevi apressadamente uma carta aos meus pais, simplesmente porque não gosto de despedidas, abri a porta e saí. Confesso que ainda hesitei, mas apercebi-me de que estava realmente a tomar a decisão certa. Lá fui eu, armada em heroína, percorrer o mundo de mochila às costas. Até à data vivia numa pequena aldeia e tive que percorrer alguns quilómetros a pé, até encontrar uma estação de comboio intercidades, que me deixaria em Lisboa, cidade que desconhecia totalmente! Os dias foram passando e cada vez me afastei mais da minha terra natal. Fui parando por vários parques de campismo, cheguei ao ponto de pedir boleia a pessoas desconhecidas, trabalhei em alguns cafés, mas para mim não era suficiente. Foi tudo tão difícil…Tive momentos de felicidade e considerei-me corajosa, mas também me senti assustada e impotente noutros. Duas semanas depois, estava em Espanha e não me perguntem como lá cheguei. Não me senti atrapalhada porque na minha aldeia sempre houve famílias espanholas e, por isso, conseguia falar minimamente bem e entender as pessoas à minha volta. O tempo foi passando cada vez mais depressa e já em Espanha repetia a rotina: Lia e relia jornais e propostas de trabalho. Com muito esforço e procura comecei a trabalhar no hospital da região, e apercebi-me de que naquele local se dava o início de uma grande carreira…

Marta Carvalhas Almeida. Nº13, 9ºB


Determinação que se transformou em esperança Determinação. Vontade de cumprir um objetivo. Essa palavra soou pela primeira vez aos ouvidos do pequeno Tomás. Determinado como era, decidiu nunca se esquecer dela e tentar sempre pô-la em prática, mesmo nas situações mais difíceis. À medida que foi crescendo, foi enfrentando várias provas: a escola, os amigos, a adolescência… mas sempre se lembrou daquela palavrinha, algo complicada e extremamente importante. E assim conseguiu sempre cumprir os seus objetivos e ia sempre estipulando novos, cada vez mais difíceis, mas que, com a sua determinação, sempre conseguia ter sucesso. Quando Tomás se tornou adulto, fazia uma lista de objetivos para cumprir, tanto a nível profissional, como familiar e social. Ia sempre aumentando a fasquia até que, um dia, influenciado por uma palestra sobre a pobreza e sobre as dificuldades no mundo, decidiu abdicar da sua vida profissional de sucesso e, parcialmente, da sua família, para se integrar num grupo cujo trabalho consistia na ajuda humanitária. Determinado como era, decidiu ainda ir mais além: enquanto os seus colegas iam só a África, ele ambicionava passar por todos os cinco continentes. Integrado no grupo, preparou a sua viagem para África, despediu-se da sua família e foi, de barco, com toda a corporação. Em solo africano, Tomás tentava sempre chegar a todas as pessoas que estivessem a necessitar de ajuda (e não eram poucas) e a sua determinação fazia sempre com que ele estivesse na vanguarda do grupo. Além disso, ensinava às pessoas que a determinação era essencial para ter sucesso e cumprir os seus objetivos para a vida. Mas havia uma coisa importante que Tomás se estava a esquecer. Depois da sua estadia em África, voltou para casa durante duas semanas, para poder estar com a família, pois tinha sido chamado para ser o representante da associação em vários continentes: Europa, Ásia e América. Fez essas viagens sempre determinado em ajudar o máximo possível e a


palavra que ele tinha aprendido quando era novo era o seu maior tesouro. Com ela, conseguia cumprir todos os seus objetivos. Só que algo mais forte o impediu. Depois dessas viagens, interessantes mas cansativas, Tomás voltou para casa. Passados dois dias começou com sintomas de gripe mas nada de especial. Passado uma semana, o seu estado piorou drasticamente. Ficou internado e à espera de diagnóstico. Como estava em Portugal, demorou mais do que o costume para saber os resultados (mas, se fosse em África, seria pior…). Mas, de certa forma, nem chegaram a sair. As análises detetaram uma doença, talvez terminal mas não identificada. Aliás, até à data ninguém se tinha infetado com tal doença. A única informação é que tinha de passar o resto da vida no hospital, ligado às máquinas. Foi um choque para Tomás. Para ele era o fim do mundo, até ao ponto que a palavra “determinação” deixou de existir para ele. Agora percebeu que, neste momento, a palavra mais importante era “esperança”. Há sempre uma luz ao fundo do túnel. Pouco ou nada valia ser determinado quando se tem de passar a vida fechado numa sala e deitado numa cama. Com o passar dos anos, até a palavra “esperança” se ia atenuando. A luz ficava cada vez mais fraca. Ele estava cada vez mais velho e a doença agravava mais. Além disso, ele sentia um peso na consciência por não ter cumprido totalmente o seu objetivo, pois a determinação não era suficiente. No entanto, esta afirmação “Há sempre uma luz ao fundo do túnel” era verdadeira, mesmo que a luz fosse muito ténue. E, desta vez, a esperança levou a melhor. Mais um dia normal no hospital. Tomás sempre cabisbaixo e desapontado com a vida. Mas, sem razão aparente, a esperança aumentou. A luz ficou mais forte. E tinha razão para tal. Um membro da associação a que Tomás pertencera e que tinha conhecimento do seu desejo, organizou uma angariação de fundos para dar a hipótese a Tomás para cumprir o seu objetivo: ir até à Oceânia. Conseguiu arranjar dinheiro para efetuar um voo num veículo especializado para doentes e arranjou a sua “estadia” num dos melhores hospitais de Sydney. Quando ouviu a notícia, Tomás ficou alegre e percebeu


que estava cada vez mais perto do seu objetivo. A luz ficava cada vez mais nítida. Partiram, Tomás e a sua família, e chegaram a Sydney em pouco mais de quatro horas. No entanto, passado uma semana, Tomás faleceu. Mas morreu consolado, pois tinha conseguido cumprir o seu grande objetivo e, desta vez, sem usar a determinação. Percebeu que a esperança é a última coisa a morrer e conseguiu fazer o que muitos não conseguem: chegar ao fundo do túnel.

Tiago Batanete Marques, Nº24, 9ºD


A tempestade

O mar, tal como todas as novidades, é inicialmente temido, mas com o surgimento de outras esse medo é substituído por conhecimento e experiência. A bordo da caravela o fenómeno que em breve tirará centenas de vidas aproxima-se a um ritmo indomável e velocidade esmagadora. Enquanto a presa navega por entre o violento Adamastor, a embarcação é rapidamente engolida pela tempestade. A proa e a popa facilmente são levitadas como que se um íman as puxasse. Muitos outros objetos, antes significativos, eram agora subvalorizados e não passavam de um borrão destruído por uma temerosa borracha. Neste momento, nada era mais importante que a própria vida de cada um dos marinheiros a bordo e afogados por uma certa perdição. “Cada um por si” é, de certo modo, a máxima que mais se adequa à situação agora vivida. A tempestade forma um redemoinho que engloba a superfície e até o mais remoto pedaço do mar, enquanto que os marinheiros são arrancados das suas casas por indefinidos meses, ou anos talvez. Os escassos fragmentos que restam da embarcação ainda semifixos e pessoas encalhadas sobrevivem. Estas presenceiam uma prisão perpétua de sofrimento e destino incerto. O bombordo e o estibordo são desfeitos em mil e uma partes que atingem sucessivamente cada pequena superfície da substância líquida e que se desmoronam, mergulhando no impetuoso desespero. As velas já flutuam e albergam uma dúzia de homens que, por enquanto, se encontram vivos. Por entre desespero e aflição, refugiam-se no convés e no porão que apesar de danificados ainda sobrevivem. Com o decorrer do tempo e destruição, a tempestade acalma, mas a miséria

não.

Os

restos

da

antiga

embarcação

encontram-se

agora

despedaçados e rasgados, como que se de facto fossem uma presa e o mar uma junção de perigo e fúria.


A via de comunicação arcaica era agora nada mais que pedaços soltos de madeira que chegam ao purgatório, onde até a bravura é esquecida. E, nas profundezas do oceano, a desgraça e o infortúnio reina.

Carolina Bezerra, Nº 6, 9º F


Uma Tempestade Inexorável

Acordei, levantei-me, tomei o pequeno-almoço e pus-me à janela e o tempo parecia estar normal. Mais tarde estava no sofá, quando reparei que o céu ficara plúmbeo, coberto de nuvens cinzentas, parecia estar a rebentar uma enorme tempestade. Num abrir e fechar de olhos, as gostas de água começaram a explodir como pequenos tiros, um relâmpago, que parecia a raiz de uma árvore, chocou fortemente no chão, causando um pequeno tremor de terra que fez com que todas as madeiras gemessem como se fossem despedaçar-se e sentia-se a tensão dos cabos repuxados. A chuva estava cada vez mais forte, era como uma explosão estrondosa de nuvens cheias de água pesada, os montes de terra eram devorados pela chuva e pelo vento. O vento frio e forte percorria tudo, chegando a entrar em minha casa, batia portas, brincava com papéis e fazia voar folhas que caiam das árvores que dançavam. Naquela imensa confusão, havia espalhados barulhos fortes, onde estavam incluídos grandes e assustadores relâmpagos, a chuva a bater loucamente na minha janela e o vento a assobiar alto. Tudo isto formava uma grande orquestra. O medo corria-me pelas veias até a tempestade parar e o sol aparecer, como se nada tivesse acontecido.

Eduarda Jorge da Silva, Nº 9, 9º F


Um Dia no Inferno

Ir à loja do Cidadão?! Nem pensar! Não aguento o tempo de espera infinito. Passam-se horas, dias, anos e, quando sou atendida, já Vladimir Putin desistiu da Ucrânia e o racismo deixou de existir... E para melhorar a situação, não podemos ir à casa-de-banho porque perdemos a vez e, assim, a bexiga começa a apertar e a apertar e a apertar cada vez mais, e quando damos conta, tinha havido tempo mais que suficiente para ir... Mas não vamos nessa altura porque o número está quase lá... Olhamos para o ecrã e na nossa cabeça gritamos "Anda! Rápido! Para o noventa e seis, para o noventa e seis!", mas ainda só vai no oitenta e quatro... "Passou!", gritamos interiormente! Mas passou para o oitenta e cinco... Para arranjar lugar, tornamo-nos em selvagens e corremos, empurramos e pisamos para ver quem chega primeiro. Mas começam a doer as pernas e temos necessidade de andar um pouco, damos umas voltas e, assim que chegamos ao nosso lugar, já os abutres tomaram conta da presa! Assim que, finalmente, chega o nosso número, somos atendidos por uma senhora com uma verruga no queixo e com cara de poucos amigos que se mostra indiferente ao nosso sofrimento e nos afirma que temos a senha errada, que temos de ir para o fim da chamada outra vez, e tudo se repete... Já para não falar do estacionamento! Logo que há um lugar livre a única regra que as pessoas cumprem é "cada um por si"! Resumindo, ficamos com dores nas pernas, as verrugas das mulheres começam a dar-nos a volta e aparece aquela enxaqueca causada pelo choro do bebé do lado que até se ouve na lua. E tudo isto para, no final, chegarmos à caixa certa, mas sem nos lembrarmos do motivo pelo qual lá fomos...

Maria Laura Alte da Veiga, Nº15, 9ºF


A Velha Formiga

Numa bela manhã de Junho, estava uma velha formiga sentada na sua velha rocha, a contar a velha história aos mais pequenos. – Tinha acabado de me casar e fui ver a casa nova. Era um T5, conseguem imaginar?! São cinco buracos! Estava pronto para começar uma família com a minha adorável esposa... – Comam uma bolachinha. – interrompeu ela. – São de manteiga! – Oh mulher, deixa-me contar a história! – resmungou ele. – Depois comemos. Ora bem, onde é que estávamos? Então eu tinha o meu novo lar, e foi aí que tudo começou, da luz fez-se sombra, do céu caiu água, de uma folha fiz navio. A minha casa e tudo o que a rodeava inundou-se, a água engoliu tudo, sem tempo de saborear as lembranças. Nuvens cobriram o céu, largando um trovão quando se encontravam. Os bebés choravam, as mulheres gritavam, os homens suplicavam, ninguém sabia o que fazer! As ondas dançavam como duas crianças alegres, sem parar, sempre a pular e a rodopiar, seguindo com o vento ao som da música que a Natureza tanto gosta, animais a falar e folhas aos encontrões umas nas outras como que se estivessem a bater palmas àquele espetáculo todo... Eu só pensava na minha amada e se a iria ver outra vez, se iria ver aquele sorriso que gosto tanto, que me faz sentir único e em segurança, se iria, mais uma vez, encontrar no seu olhar o norte da minha bússola, pois só ela me sabe guiar no rumo certo. Nesse momento senti a morte abraçar-me a alma, um arrepio navegar o meu frágil corpo e a vida a fugir-me pelos dedos, que por mais esforço eu fizesse, por mais que tentasse resistir, ela já estava demasiado longe, já seria impossível pegar-lhe outra vez. Mas uma força súbita fez-me agarrá-la de novo, a minha amada, pois ela e só ela me faz querer viver todos os dias. E como se por magia, a tempestade parou, o sol voltou a brilhar como se nunca tivesse parado, a chuva desapareceu, as nuvens foram dançando juntamente com o vento para bem longe dali e a terra absorveu a água até fazê-la desaparecer por completo. Tudo tinha voltado ao normal, exceto uma coisa, eu não estava normal. Naquele dia eu prometi a mim mesmo viver o dia como se fosse o último, criar


uma família, ser sempre feliz e amar cada vez mais a minha mulher, enchendoa de mimo até ao último dia! Nesse momento chegou a esposa com um copo de água na mão agitando-o, dando depois ao marido, dizendo a rir-se: – Estás a fazer uma tempestade num copo de água! Já estou farta de te dizer era apenas a Dona Odete a regar as plantas! Toma lá os comprimidos e não assustes mais os meninos.

Maria Laura Alte da Veiga, Nº15, 9ºF


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