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Parte I

O bairro tinha pequenas fábricas: de camas Patente e de cadeiras Thonet; pequenas metalúrgicas que fabricavam penicos e bacias; de refrigerantes e de gelo em barra para geladeirinhas de madeira; uma fábrica de fogões. Por ali se concentravam lojas de peças para tratores, caminhões e automóveis, revendas e oficinas de automóveis importados como Ford, GM e Renault, e uma fábrica de vassouras de uma família italiana. As residências, grande parte de casas geminadas, eram habitadas por imigrantes alemães, poloneses, portugueses, espanhóis e, sobretudo, italianos.

— Esta semana vamos comer peixe. Quem quer ir até o mercado? Preciso de alguém para carregar as compras.

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Ele e alguma irmã acompanhavam-na ao Mercado Público. Ela era prática, organizada e nem sempre consultava a lista preparada de véspera. Funcionava para tudo, era despachada e às vezes rápida, mas não quando baixava o espírito de porco canceriano: pedia as mercadorias, olhava, provava, pedia mais, e mais outra coisa, e no final ficava tudo espalhado no balcão e ela não levava nada. Mas sobre os peixes ela sabia muito bem que queria os de água doce: pintados (Pimelodus pintado), jundiás (Rhamdia quelen), grumatãs

(Prochilodus lineatus), piavas (Leporinus obtusidens), traíras (Hoplias malabaricus) e bagres marinhos.

Sebastião ficava com a cara colado nos vidros geladas do balcão, onde eram expostos os peixes e achava graça dos bigodes dos bagres: — parecem os do vizinho, que anda de polainas no domingo. Mas achava a sujeira meio nojenta.

— Agora vamos tomar um sorvete na Banca 40, avisava decidida.

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