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Revista Digital Olho Latino nº 21 Peru e Brasil: Focos da Arte
Revista Digital Olho Latino nº 21 - novembro de 2010 ISSN 1980-4229 Edições Anteriores: www.olholatino.com.br/revistadigital Editor: Paulo de Tarso Cheida Sans Jornalista responsável: Luciene Sans Conselho Editorial: Alex Roch Celina Carvalho Euclides Sandoval Luciene Sans Tiago Carvalho Sans Arte e diagramação: Luciene Sans Foto da capa de novembro de 2010: Silvio Zamboni.
Os artigos e reportagens assinadas não refletem necessariamente a opinião da revista, sendo de responsabilidade exclusiva de seus autores. Não pode ser reproduzida sem autorização do editor. Revista Digital Olho Latino é uma publicação do Museu de Arte Contemporânea Olho Latino. Alameda Prof. Lucas Nogueira Garcêz, 511 Parque das Águas - Estância de Atibaia, SP. CEP: 12941-650 www.olholatino.com.br Contato: museu@olholatino.com.br
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O presente número da Revista Olho Latino tem como capa e ensaio fotográfico a colaboração do artista visual e fotógrafo Silvio Zamboni, cuja participação é muito importante para nós, enriquecendo a nossa equipe de colaboradores. As fotos registram aspectos de sua visão sobre o Peru. O prof. Dr. Zamboni é um profissional muito ativo que já faz parte da memória da pesquisa nacional. Fundou e presidiu a Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas no Brasil e publicou o livro A Pesquisa em Artes – um paralelo entre arte e ciência, pela Editora Autores Associados. Desde 2002 tem se dedicado à linguagem fotográfica, desenvolvendo vários projetos que vão desde a publicação de livros até instalações usando fotografias e foto objetos. Entre suas publicações constam um ensaio fotográfico intitulado “Pirenópolis, pedras janelas quintais” pela Editora Plano, o livro “Poesia Visual”(2002), “Silvio Zamboni PB”, ensaio em preto e branco(2005), “A Fotografia Neo concreta”(2007) e “Reflexo Transparência”(2009). A mostra “Espacios Liberados” exposta no Instituto Cultural Norte Americano em Lima, Peru, apresenta gravuras de duas Pontifícias Universidades Católicas, as do Peru e de Campinas. A significativa mostra conta com a professora Zoila Reyes da PUC Peru como uma das organizadoras e mentoras. Esta mostra apresenta um panorama atual da gravura resultante do ensino superior apresentando possibilidades para o entendimento e apreciação da arte da gravura. Como surpresa muito positiva, quem nos brinda com a sua colaboração é o crítico de arte Juan Peralta, cuja participação em nossa revista amplia horizontes e dignifica ainda mais o nosso corpo de colaboradores. Juan é professor da Especialidade de Gravura da Faculdade de Arte da PUC Peru, é membro da direção cultural do Instituto Cultural Peruano Norte Americano e possui uma rica participação curatorial. É historiador de arte e tem inúmeros artigos e ensaios publicados em revistas especializadas e em livros, como no do Museo de Arte de San Marcos. A seguir está a informação sobre a maior mostra itinerante realizada no Brasil, exposta em 27 capitais simultaneamente, que a Caixa Brasil está proporcionando para o público brasileiro. Esta mostra apresenta parte do grandioso acervo de arte da Caixa Econômica Federal. Trata-se do início da comemoração dos 50 anos que a Caixa completa em 2011 e as mostras itinerantes terão votos populares para a escolha de obras que irão circular nas Galerias da Caixa Cultural participando das comemorações no próximo ano. Outro assunto é sobre a Gravura Brasileira, palestra do prof. Dr. Paulo Cheida Sans proferida no Centro Cultural Brasil - Peru, em Lima. Para ilustrar a palestra, além das apresentações de vídeos, foi realizada também uma exposição didática de gravuras de alunos do Curso de Artes Visuais da PUC-Campinas. Esperamos contribuir com nossos assuntos para o deleite do leitor. Boa leitura! Paulo Cheida Sans
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EXPOSIÇÃO
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“Espacios Liberados” PUC Peru - PUC Campinas Juan Peralta
ACERVO
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“Galeria CAIXA Brasil” o significativo Acervo em mostras simultâneas Luciene Sans
EVENTO
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Gravura Brasileira: palestra no Centro Cultural Brasil - Peru Paulo Cheida Sans
CAPA
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Imagens do Peru: aspectos da visão de Silvio Zamboni Silvio Zamboni
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EXPOSIÇÃO
“Espacios Liberados” PUC Peru - PUC Campinas
Juan Peralta
Juan Peralta
Vista parcial da mostra.
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uiero establecer algunos alcances en referencia a la muestra colectiva “Espacios liberados” en la que participaron exponentes del Grupo Olho Latino (exlumnos de la PUC-Campinas, Brasil) y de la Especialidad de Grabado de la Facultad de Arte de la PUCP (Perú), programa realizado en la Galería ICPNA San Miguel, del 18 de noviembre al 19 de diciembre de 2010. 4
Mi primera observación es que en esta exposición pudimos constatar tres conjuntos de trabajos distintos y totalmente definidos: 1) Trabajos de los alumnos de la PUCP –de diferentes años-, con ciertas tendencias experimentales en sus ejecuciones y planteamientos, propios de un proceso formativo universitario que promueve la generación de un Olho Latino nº21
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Vista parcial da mostra.
grabado en la que se adiciona un plus a las prácticas tradicionales, poniendo de manifiesto el interés por el camino de la investigación productiva y visual. 2) El de los docentes PUCP, algunos con propuestas resueltas desde el campo de lo tradicional y otras con una visión más compleja en torno a las visiones de la gráfica con una tendencia más conceptualista. 3) Finalmente, las estampas de los exalumnos de la PUC-Campinas, cuya experiencia del grabado la desarrollan durante un semestre, como parte de Olho Latino nº21
un programa formativo de arte integral. Este grupo presentó unidad y solidez en la propuesta al construir desde la xilografía y bajo el concepto del módulo tripartito, identidades, personajes o entes que terminaron alterados al producirse en la misma disposición del montaje, un intercambio de sus partes con las de otras unidades (para mayor detalle, ver imágenes) que hicieron del conjunto una propuesta lúdica. Esta exposición mostró en su conjunto, la situación del grabado actual, el cual viene atravesando una 5
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Vista parcial da mostra.
serie de transformaciones en sus producciones y conceptos, una convivencia en el que converge y alterna lo tradicional con lo experimental. Si bien hay riesgos y desplazamientos en el que se aprecia una mirada abierta del grabado y gran audacia, aún hace falta marcar una agresividad más contundente que permita llamar la atención a un público mayor (como el nuestro) que aún la desconoce como tal y en un mercado del arte que la posiciona como una producción menor siempre a merced de manifestaciones como la pintura o la escultura. En ese sentido – y con esto terminola frase del grabador Plinio Ávila que 6
aparece en el tríptico de la muestra es válida y nos debería conducir a una práctica más radical, la misma que abriría un cuestionamiento en torno al sistema del arte pero sobre todo a sus sistemas educativos o formativos. “…al no profundizarse en los derroteros que desde la teoría y la praxis justifiquen una liberación de tal índole, los argumentos que cimientan dichas entusiastas opiniones (que, por otra parte, generalmente se quedan en un nivel enunciativo) se acogen invariablemente a la vieja, aunque eso sí, ahora más relativa dependencia respecto de la pintura y la escultura. Los criterios esgrimidos por estos supuestos garantes de la gráfica pasan Olho Latino nº21
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por la “fama” previa que otorgan las artes de mayor predicamento social, aplazando por tanto, una vez más su acercamiento a al realidad de lo que se puede hacer u hacen los artistas grabadores más comprometidos con el medio. En definitiva, la obra gráfica queda de nuevo validada como complemento, aunque sea genuino, exclusivo moderno de una obra ajena al grabado...” * * *
Vista parcial da mostra.
Exposição: “Grabados: Espacios Liberados”. Curadoria: Paulo Cheida Sans. Expositores: . Peru: Alberto Agapito, Máximo Antezana, Maritza Danos, Cristina Dueñas, Olga Flores, Diego Gianella, Nancy La Rosa y Juan Salas, Claudia Martinez, Miguel Mendoza, Verónica Noriega, Santiago Quintanilla, Zoila Reyes, Carolina Salinas, Fabiola Vizcardo. María José Añorga, Ana Carolina Arévalo, Jorge Efraín, Solange Calderón, Vania Castagnino, Helga Elsner, Mayra Flores, Franco Galliani, Mónica Galván, Diego Girao, Valentina Mayolo, Ana Masias, María Isabel Mercado, María Isabel Mercado, María Estefanía Miranda, Alexandro Mozombite, Diego Orihuela, María Claudia Ortiz, Bettina Paredes, Miguel Ángel Poma, Luis Rojas, Gabriela Rubio, Ivet Salazar, Mariana Sanchez-Salazar, Alvaro Simons, Fabli Soto, Mauricio Sotomayor, Rodrigo Tafur, Diego Tenorio, María Alejandra Ugaz. . Brasil: Alex Roch, Cibele Marion Sisti, Celina Carvalho, Elika Ito, Flávia
Bresil Palhares, Lisa França, Maricel Fermoselli, Paulo Cheida Sans, Regiane Capp Couto Buccioli, Suely Arnaldo, Walcirlei Siqueira e Young Koh. Período da mostra: 18 de novembro a 19 de dezembro de 2010. Visitação: de terça-feira a sábado, das 11h às 20h. Local: Instituto Cultural Peruano Norte Americano (ICPNA). Endereço: Av. La Marina 2469 - San Miguel - Lima, Peru.
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ACERVO
“Galeria CAIXA Brasil”
o significativo Acervo em mostras simultâneas Luciene Sans
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m homenagem ao Dia Cada capital receberá obras de Nacional da Cultura artistas renomados que compõem o Brasileira, a Caixa Econômica Federal acervo da CAIXA, como Di apresenta a abertura da maior mostra Cavalcanti, Aldemir Martins, Djanira, simultânea já realizada no país no dia Portinari, Paulo Cheida Sans, Glauco 05 de novembro. A Rodrigues, Antonio “Galeria CAIXA Poteiro, Abelardo Brasil” é composta por Zaluar, Tomie Ohtake, A “Galeria CAIXA parte do seu acervo Brasil”, que mostrará 600 Francisco Rebolo, obras de arte pelo artístico e será exposto Cícero Dias, Antonio território brasileiro, é a nas 27 capitais Bandeira, Newton maior mostra simultânea brasileiras, como parte Cavalcanti, Yara já realizada no país. das comemorações dos Tupinambá, Renina 150 anos da CAIXA. As Katz, Rui Faquini e exposições serão montadas nas cinco tantos outros, totalizando 600 obras de unidades da CAIXA Cultural (Brasília, arte, entre pinturas, gravuras, Curitiba, Rio de Janeiro, Salvador e São fotografias, serigrafias, desenhos e Paulo) e em museus e galerias de arte outras técnicas. de instituições parceiras nas demais A maior mostra simultânea já cidades. realizada no país é um convite para Nas unidades da CAIXA Cultural presenciar boa parte da história da arte haverá oficinas para alunos de escolas brasileira, retratada pelo jogo de cores, públicas e particulares, instituições que sombras, técnicas, mensagens, cuidam de idosos e pessoas com originalidade e indubitável talento dos necessidades especiais, além de visitas artistas que compõem a “Galeria monitoradas. CAIXA Brasil”. 8
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Acervo CAIXA
Antônio Poteiro - As três raças no Brasil - 1999, Pernambuco.
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Acervo CAIXA
Acervo Artístico CAIXA
Acervo CAIXA
Di Cavalcanti - Independência - 1969, Independência.
Acervo CAIXA
João Câmara - Século XVIII - 1998, Coleção V Centenário do Descobrimento do Brasil.
O acervo da CAIXA, composto por quase 2 mil obras entre pinturas, esculturas, tapeçarias, fotografias e gravuras, formou-se por meio de aquisições de coleções temáticas. O ano de 1968 marca o início dessa formação, quando a CAIXA começou a encomendar obras de renomados artistas brasileiros. Dentre as obras que foram incorporadas ao longo dos anos estão as do acervo do extinto Banco Nacional da Habitação (BNH), as obras da Coleção Brasília e a coleção do V Centenário, além de algumas doações de artistas expositores. As obras estão divididas por coleções:
Paulo Cheida Sans - A Borboleta e os Confetes - 2004. 10
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Acervo CAIXA
Yara Tupynambรก - Maria do Vale - Tema Natal, Goiรกs.
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A primeira coleção é composta por obras de 37 artistas consagrados, adquiridas para ilustração de bilhetes da Loteria Federal em datas comemorativas. Djanira foi a primeira artista contratada, seguida por Di Cavalcanti, Glauco Rodrigues, Newton Cavalcanti, Carlos Scliar, Wellington Virgolino, Aldemir Martins, entre outros. Em 1986, veio a incorporação do BNH à CAIXA, formando a segunda coleção, que é composta por 246 obras de artistas como Anita Malfatti, Tarsila do Amaral, Manabu Mabe, Vicente do Rego Monteiro, Milton Dacosta, Alfredo Volpi, dentre outros. A terceira coleção, formada por 60 obras de artistas como Carlos Bracher, Glênio Bianchetti, Eduardo Zimmermann, Cláudio Tozzi e Athos Exposição: Galeria CAIXA Brasil. Período da mostra: 05 a 28 de novembro de 2010. Locais: Aracaju – SE Memorial do Tribunal de Justiça de Sergipe Praça Olímpio Campos, nº 417, Centro. Belém – PA Museu Histórico do Estado do Pará Praça Dom Pedro II, s/nº, Palácio Lauro Sodré – Cidade Velha. Belo Horizonte – MG Museu de Artes e Ofícios – MAO Praça Rui Barbosa, s/nº – Praça da Estação. 12
Bulcão, foi adquirida em 1987, ano em que Brasília foi elevada à condição de Patrimônio Cultural da Humanidade pela UNESCO. Por fim, em 1998, a CAIXA iniciou a composição de mais uma coleção, com o tema “V Centenário do Descobrimento do Brasil”, adquirindo cinco obras de autoria dos artistas Carmela Gross, João Câmara, Siron Franco, Roberto Aguilar e Daniel Senise. Em 1999, ampliando a formação desta coleção, foram analisados projetos de artes plásticas e escolhido o artista Antônio Poteiro com aquisição de três obras. Vale a pena conhecer parte desse acervo por meio da Galeria CAIXA Brasil e apreciar a riqueza cultural brasileira. * * * Boa Vista – RR Centro Gastronômico Multicultural de Boa Vista Rua Floriano Peixoto, s/n. Centro. Brasília – DF CAIXA Cultural Brasília SBS Q. 04 - Lotes 3/4 – Anexo Campo Grande – MS MARCO – Museu de Arte Contemporânea de MS. Rua Antônio Maria Coelho, nº 6000, Parque das Nações Indígenas. Cuiabá – MT Museu de Arte e de Cultura Popular – Centro Cultural UFMT Olho Latino nº21
Av. Fernando Corrêa, s/n – Coxipó Curitiba – PR CAIXA Cultural Curitiba Rua Conselheiro Laurindo, 280 Florianópolis – SC Fundação Hassis Rua Luiz da Costa Freysleben, 87 – Itaguaçu Fortaleza – CE IACC – Centro Dragão do Mar de Arte e Cultura Rua Dragão do Mar, 81 – Praia de Iracema Goiânia – GO Museu de Arte de Goiânia – MAG Rua 1, n° 605 – Bosque dos Buritis – Setor Oeste João Pessoa – PB Estação Cabo Branco, Ciência, Cultura e Artes Av. João Cirilo Silva, s/n - Altiplano Cabo Branco Macapá – AP Museu Histórico do Amapá Joaquim Caetano da Silva Avenida Mário Cruz, 376 – Centro Maceió – AL Memorial à República Avenida da Paz, s/nº - Jaraguá Manaus – AM ICBEU – Instituto Cultural Brasil – Estados Unidos Avenida Joaquim Nabuco, nº 1286 – Centro Natal – RN Fundação Cultural Capitania das Artes Avenida Câmara Cascudo, nº 434 – Centro Palmas – TO Fundação Cultural do Estado do Tocantins - Galeria de Artes Mauro Cunha Quadra 103 Norte, Avenida LO 02 – Conj. 01 – n.57/59 - Centro
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Porto Alegre – RS Museu de Arte do Rio Grande do Sul Ado Malagoli – MARGS Praça da Alfândega, s/nº – Centro Porto Velho – RO Casa de Cultura Ivan Marrocos Rua Carlos Gomes, 563 – Caiari Recife – PE Museu do Estado de Pernambuco Av. Rui Barbosa, nº 960 – Graças Rio Branco – AC Galeria de Arte Juvenal Antunes Rua Senador Eduardo Assmar 1291 – Calçadão da Gameleira Rio de Janeiro – RJ CAIXA Cultural Rio de Janeiro Avenida Almirante Barroso, 25 - Sobreloja - Centro Salvador – BA CAIXA Cultural Salvador Rua Carlos Gomes, nº 57 - Centro São Luís – MA Convento das Mercês / Fundação José Sarney Rua da Palma, 502 – Desterro - Centro Histórico São Paulo – SP CAIXA Cultural São Paulo Praça da Sé, 111 – 2º andar. Centro Teresina – PI Complexo Cultural Theatro 4 de Setembro - Clube dos Diários Rua Álvaro Mendes, s/n, Centro Vitória – ES Universidade Federal do Espírito Santo Av. Fernando Ferrari n. 514 – Campos Goiabeiras
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ACERVO EVENTO
Gravura Brasileira:
palestra no Centro Cultural Brasil - Peru Paulo Cheida Sans
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enho muita simpatia pelo Peru, pela cidade de Lima, pela região Miraflores, pelos artistas e pelo povo peruano. Viajar para o Peru me fez bem, passei por momentos belíssimos e inesquecíveis. Tive a oportunidade de conhecer o Centro Cultural Brasil – Peru da Embaixada do Brasil, em Lima. Surpresa positiva foi ver de perto um pouco do Brasil em outro país. Quando adentrei no espaço me senti no Brasil, pelo idioma adotado, “jeitinho” brasileiro do local e pela enorme TV que exibia vídeos sobre a cultura brasileira. Fui com a minha esposa e companheira, a artista Celina Carvalho, que sempre me auxilia, e como combinado encontramos com a professora do Curso de Especialidade em Gravura da PUC Peru, Veronica Noriega, aluna do CCBP, para nos auxiliar nos serviços de montagem da mostra de gravuras do Curso de Artes Visuais da 14
Pontifícia Universidade Católica de Campinas, que ilustraria a minha palestra. O tema “A Gravura Brasileira” é muito amplo, mas tinha que fazê-lo de modo sucinto para passar o máximo de informações no tempo despendido para a minha palestra. Assim, a exposição de gravuras que levei estava servindo de referência como um breve exemplo ao ensino da gravura no Brasil, possibilitando aos ouvintes a oportunidade de conhecerem algumas temáticas e técnicas variadas que a gravura oferece. Com a exposição montada, a diretora do CCBP, Rozenilda Falcão de Melo, a coordenadora pedagógica, Adriana Domenico, e eu recebemos o público no auditório. O ambiente ficou lotado emanando um clima de harmonia e de interesse. Após ser apresentado pela Diretora aos ouvintes iniciei a minha fala. Inicialmente expliquei sobre as gravuras expostas no local e sobre a Olho Latino nº21
Gravura de Bruno Ribeiro Campos.
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Gravura de Jack Darelly.
gravura como força insubstituível na Arte. A gravura pode ser feita de vários modos, mas sempre se origina do uso de uma matriz em madeira, metal ou em outros materiais. Para ser um gravador é importante que o artista seja um escultor, desenhista e pintor ao mesmo tempo porque é necessário ter muita habilidade e também, é claro, possuir uma imaginação fértil. Em rápidas “pinceladas” mostrei em vídeo um pouco da história 16
universal da gravura, iniciando pela difusão da religião e mencionando os grandes artistas imortais como o holandês Rembrandt, com sua característica inconfundível em aliar o claro e escuro, o alemão Albrecht Dürer e suas minuciosas gravuras, o espanhol Francisco de Goya e a crônica da época, e de outros artistas que celebraram a gravura como Arte. No Brasil os pioneiros modernistas, Oswaldo Goedi, com suas xilogravuras noturnas, e Livio Olho Latino nº21
Abramo, com seus temas sociais, foram lembrados. As gravuras de Marcelo Grassmann e sua imagética medieval, somando com os depoimentos de Renina Katz e Fayga Ostrower foram outros focos significativos. Rubem Grilo foi mencionado como um dos principais gravadores da atualidade pela sua carreira dedicada intensamente a essa modalidade artística. Como não poderia faltar, a gravura popular do pernambucano J. Borges,
gravador reconhecido internacionalmente como um dos mestres do cordel, ocupou espaço a parte. Depois, foi a vez de mencionar as realizações do Museu Olho Latino, sediado na Estância de Atibaia, SP, especializado em gravura, que fundei com Celina Carvalho em 2001. Para explicar sobre o Museu Olho Latino se fez necessário mencionar a minha atuação artística. Num breve relato gravado em vídeo foi exibida a minha carreira como artista
Gravura de João Carlos Dias Santos.
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Gravura de Juliana Scarpin.
gravador e também sobre a situação curatorial que ocupo hoje. Sou o responsável por um dos principais eventos sobre gravura no Brasil, que é a Bienal Nacional de Gravura – Olho Latino, que estará sendo apresentada em sua 5ª edição em 2011. No vídeo foram mostradas várias mostras de gravura que realizei como curador do Acervo Olho Latino nas Galerias da Caixa nas cidades de São Paulo, Rio de Janeiro, Brasília, Salvador e Curitiba. Algumas obras do acervo foram mostradas, sendo um dos destaques a artista Maria Bonomi. 18
Por fim, na noite de 04 de novembro de 2010, encerrei a minha participação respondendo algumas perguntas sobre o estimulante tema e tivemos uma confraternização com os ouvintes, bebericando um pouquinho de vinho e muita conversa sobre o Brasil. Conheci funcionários da Embaixada do Brasil que lá estavam e uma outra boa surpresa foi contar com a presença da gravadora profa. Olga Flores, da PUC Peru, que me apresentou uma importante artista escultora brasileira, Myriam Nemes de Montiel, que reside no Peru há Olho Latino nº21
Celina Carvalho
Paulo Cheida Sans durante a palestra.
mais de 40 anos e que assistiu a tudo com muita atenção, revivendo um pouco de nosso país em minha apresentação. Numa atmosfera muito brasileira, com amizade, alegria e entusiasmo,
guardo em minha memória mais essa passagem profissional de poder colaborar um pouco com a difusão da gravura brasileira. * * *
Palestra: Gravura Brasileira de Paulo Cheida Sans Exposição: Gravuras dos alunos do Curso de Artes Visuais da PUCCampinas. Expositores: Aline Lima, Ana Paula de Miranda e Souza, Ana Paula Gasparini, Bianca Lamberti, Brisa Gregório Alves, Bruno Ribeiro Campos, Cabelin, Caio Boteghim, Camila F. Silva, Carolina Alves, Fernando Henrique Talarico, Gabriela Pires, Ítalo Maia, Jack Darelly, João Carlos Dias Santos, Juliana Cristiane Monteiro, Juliana Scarpin, Kpell, Marcele Campanini, Mariana Martins, Mirian Lacerda, Nazareth Almeida, Ricardo de Castro Pereira, Talita F. Silva, Tatiana Cristina Brandini, Wu Hui-Ching e Yuly Marty. Data: 04 de novembro, às 19h. Entrada franca. Local: Auditório do Centro Cultural Brasil – Peru Av. Benavides, 1180, Miraflores, Lima, Peru. Olho Latino nº21
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CAPA ARTIGO
Imagens do Peru:
aspectos da visão de Silvio Zamboni
divulgação
Silvio Zamboni
Silvio Zamboni.
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ssas fotos fazem parte de uma exposição que é o resultado do ensaio fotográfico, realizado nos meses de março e abril de 2006, em várias cidades do Peru. O artista explora novos assuntos, como paisagens naturais, e objetos artísticoantropológicos.
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Colaboradores desta edição:
Juan Peralta Berrios - Historiador de arte, crítico, curador e agente cultural. Professor da PUC Peru. Trabalha na direção cultual do ICPNA. Conferencista e autor de várias publicações. Reside em Lima, Peru.
Luciene Sans - Jornalista, poeta e assessora de imprensa do Museu Olho Latino. Jornalista responsável pela Revista Digital Olho Latino.
Paulo Cheida Sans - Professor do Curso de Artes Visuais da PUCCampinas. Doutor em Artes Visuais pela Unicamp. Curador do Museu Olho Latino.
Silvio Zamboni - Artista visual e fotógrafo, pioneiro no uso de microcomputadores em arte no Brasil. Doutor em Artes pela USP. Idealizador e presidente da Associação Nacional de Pesquisadores em Artes Plásticas.
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