Mr. Mojo Risin’
poemas de Jim Morrison tradução de Lucas Rolim
I am a guide to the Labyrinth Monarch of the protean towers on this cool stone patio above the iron mist sunk in its own waste breathing its own breath
Eu sou um guia ao Labirinto Monarca das torres proteanas neste pátio de pedras calmas sobre a neblina de ferro mergulhado na própria ruína respirando o próprio hálito
THE OPENING OF THE TRUNK —Moment of inner freedom when the mind is opened & the infinite universe revealed & the soul is left to Wander dazed & confus’d searching here and there for teachers & friends.
ABERTURA DO DORSO —Momento de liberdade interior quando a mente está aberta & o universo infinito revelado & a alma livre para vagar atordoada e confusa procurando aqui & ali por mestres & amigos.
What are you doing here? What do you want? Is it music? We can play music. But you want more. You wnat something & someone new. Am I right? Of course I am. I know you want. You want ecstasy Desire & dreams. Things not exactly what they seem. I lead you this way, he pulls thay way. I’m not singing to an imaginary girl. I’m talking to you, my self. Let’s recreate the world. The palace of conception is burning. Look. See it burn. Bask in the warm hot coals. You’re Young to be old You don’t need to be told You want to see things as they are. You know exactly what I do Everything
O que você faz aqui? O que deseja? Música? Nós podemos tocar música. Porém você quer mais. Você quer algo & alguém novo. Estou certo? É claro que estou. Eu sei o que você deseja. Você quer êxtase. Desejo & sonhos. As coisas não exatamente como parecem. Guio você por este caminho, ele desvia para aquele. Não canto a uma garota imaginária. Estou falando com você, meu eu. Vamos recriar o mundo. O palácio da concepção queima. Olhe. Veja-o queimar. Aqueça-se nas quentes brasas acesas. Você é muito jovem pra ser velha Não precisa que a digam Que você quer ver as coisas como elas são. Você sabe exatamente o que eu sei Tudo
POWER I can make the earth stop in Its tracks. I made the Blue car go away. I can make myself invisible or small. I can become gigantic & reach the farthest things. I can change the course of nature. I can place myself anywhere in space or time. I can summon the dead. I can perceive events on other worlds, in my deepest inner mind, & in the minds of others. I can I am.
PODER Posso fazer a terra parar em suas rotas. Eu fiz os carros azuis partirem. Posso me fazer invisĂvel ou pequeno. Posso tornar-me gigantesco & tocar as coisas mais distantes. Eu posso mudar o curso da natureza. Posso estar em qualquer lugar no tempo ou espaço. Posso invocar os mortos. Eu posso notar eventos em outros mundos, no mais profundo de minha mente, & nas mentes de outros. Eu posso Eu sou.
Moment of Freedom as the prisioner blinks in the sun like a mole from his hole a child’s 1st trip away from home That moment of Freedom
Momento de Liberdade quando o prisioneiro pisca no sol como a toupeira de seu buraco uma criança na 1ª viagem longe de casa Aquele momento de Liberdade
The grand highway is crowded w/ lovers & searchers & leavers so eager to please & forget.
A grande rodovia estĂĄ lotada c/ os que amam & os que buscam & os que deixam tĂŁo preocupados em agradar & esquecer.
Wilderness.
Selva.
A man rakes leaves into a heap in his Yard, a pile, & leans on his rake & burns them utterly. The fragrance fills the forest children pause & heed the smell, which will become nostalgia in several years
Um homem ajunta as folhas num monte em seu quintal, uma pilha, & se apoia sobre o ancinho & as queima por completo. A fragrância enche a floresta crianças pausam e atentam ao cheiro, que se tornarå nostalgia em muitos anos.
Now is blessed The rest Remembered
Abençoado Ê o agora O que sobra Lembrado
he enters stage: Blood boots. Killer storm. Fool’s gold. God in a heaven. Where is she? Have you seen her? Has anyone seen this girl? snap shot (projected) She’s my sister. Ladies & gentlemen: please attend carefully to these words & events It’s your last chance, our last hope. In this womb or tomb, we’re free of the swarming streets. The black fever which rages is safely out those doors My friends & I come from Far Arden w/dances, & new music Everywhere followers accrue to our procession. Tales of Kings, gods, warriors and lovers dangled like jewels for your careless pleasure I’m Me! Can you dig it. My meat is real. My hands—how they move balanced like lithe demons My hair—so twined & writhing The skin of my face—pinch the cheeks My flaming sword tongue spraying verbal fire-flys I’m real. I’m human But I’m not an ordinary man No No No
ele sobe ao palco: Botas de sangue. Tempestade assassina. Ouro de tolo. Deus num paraíso. Onde ela está? Você a viu? Alguém viu esta moça? Ela é minha irmã. Senhoras e senhores: peço que prestem muita atenção a estas palavras & eventos É sua última chance, nossa última esperança. Neste útero ou tumba, estamos livres do enxame das ruas. A febre negra que assola está a uma distância segura para fora daquelas portas Meus amigos & eu viemos do Arden distante c/danças, & Nova música Em toda parte seguidores se ajuntam à nossa procissão. Estórias de Reis, deuses, guerreiros e amantes balançando como joias para o seu desatento Eu Me sou! Pode você cavar. Minha carne é real. Minhas mãos—como se movem balançando como demônios ágeis Meu cabelo—tão embaraçado & contorcendo A pele do meu rosto—aperte as bochechas Minha língua de espada flamejante Espalhando vagalumes verbais Eu sou real. Eu sou humano Mas não sou um homem comum Não Não Não
(Trecho de “Self Interview”)
[...] Listen, real poetry doesn’t say anything, it just ticks off the possibilities. Opens all doors. You can walk through anyone that suits you. . . . and that’s why poetry appeals to me so much- because it’s so eternal. As long as there are people, they can remember words and combonations of words. Nothing else can survive a holocaust but poetry and songs. No one can remember an entire novel. No one can describe a film, a piece of sculpture, a painting, but so long as there are human beings, songs and poetry can continue. If my poetry aims to achieve anything, it’s to deliver people from the limited ways in which they see and feel. [...] Ouça, a verdadeira poesia não diz coisa alguma, apenas sinaliza as possibilidades. Abre todas as portas. Você pode caminhar pela que melhor lhe servir. …E é por isso que a poesia me atrai tanto – porque é tão eterna. Enquanto houver pessoas, elas poderão lembrar palavras e combinações de palavras. Nada mais pode sobreviver a um holocausto senão a poesia e as canções. Ninguém consegue descrever um filme, uma escultura, uma pintura, mas enquanto houver pessoas, as canções e a poesia poderão continuar. Se a minha poesia objetiva alcançar algo, é livrar as pessoas do modo limitado com que veem e sentem. Jim Morrison Los Angeles, 1969-1971
Jim Morrison (1943-1971) foi uma das grandes presenças do século XX. Poeta, cantor e compositor, publicou quatro livros, gravou sete albuns com a banda The Doors e viajou pelos Estados Unidos, Europa, Canadá e México levando sua música e poesia.
Lucas Rolim Nasceu e vive em Teresina (PI), onde produz junto aos outros poetas do coletivo “Tensão, Tesão & Criação”, eventos cujo núcleo centralizase na poesia e seus desdobramentos. Veicula seus textos através de impressos e publicações artesanais independentes. É autor dos fanzines poéticos “Tetrapoemas” (três volumes, 2015), “Esquizofrenia” (2015), “No Panorama do Tempo o Menino se Alarga” (2016) e “Besouro” (org. em parceria com Demetrios Galvão, vol. 1, 2016). Também apareceu em jornais, blogues e revistas eletrônicas. e-mail: olucasrolim@outlook.com
Os poemas deste livreto foram retirados do volume I do livro The Lost Writings of Jim Morrison, intitulado Wilderness (Ed. Vintage Books, 1989), que reune a poesia do artista.