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Lalo de Almeida/Folha Imagem

EDITORIAL

Suprir, antes de uma missão é um dever, por menor que seja a necessidade. No buscar incessante da compreensão do que nos escapa, nossas realizações. Alcançada a meta podemos então descansar, mas só terá sentido se tivermos acrescentado algo de bom àquilo que tivermos encontrado. Especial, porém viável.

O Mundo da Usinagem

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O MUNDO DA

USINAGEM

Publicação da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil ISSN 1518-6091 RG BN 217-147

PRODUTIVIDADE

EDIÇÃO 2 / 2007

USINAGEM

Teoria e Prática, sobreposição contínua SUPRIMENTOS

Armazens inteligentes revolucionam logística Capa Foto: Arquivo Sandvik Coromant AB

03 EDITORIAL 04 ÍNDICE / EXPEDIENTE 06 SUPRIMENTOS: SKF 10 PONTO DE VISTA 14 PEQUENAS PEÇAS, GRANDE MERCADO 20 PRODUTIVIDADE: NOVOS SUPORTES NA PRODUÇÃO DA SULZER 26 OTS: SOLUÇÕES ESPECIAIS 30 INTERESSANTE SABER 34 INTERFACE: PREVIDÊNCIA PRIVADA 36 NOSSA PARCELA DE RESPONSABILIDADE 37 MOVIMENTO 38 DICAS ÚTEIS

GESTÃO

Oportunidades e desafios em pequenas dimensões

Izilda França

Publicação da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil ISBN 1518-6091 RG. BN 217-147

Arquivo Sandvik Coromant AB

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Arquivo Sulzer

ÍNDICE

O MUNDO DA

e-mail: omundo.dausinagem@sandvik.com EXPEDIENTE O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação mensal da Divisão Coromant da Sandvik do Brasil S.A. com circulação de seis edições por ano, tiragem de 11.700 exemplares, com distribuição gratuita. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. Conselho Editorial: Nivaldo Coppini, Francisco Marcondes, Heloisa Giraldes, Marlene Suano, Aryoldo Machado, Anselmo Diniz, Sidney Harb, Fernando de Oliveira e Vera Natale. Editora: Vera Natale Editor Chefe: Francisco Marcondes Jornalista Responsável: Heloisa Giraldes - MTB 33486 Propaganda: Gerente de Contas - Thaís Viceconti / Tel: (11) 6335-7558 Cel: (11) 9909-8808 Projeto Gráfico: AA Design Capa e Arte Final: 2 Estúdio Gráfico Revisão de Textos: Fernando Sacco Gráfica: Type Brasil

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SUPRIMENTOS

Experiência da SKF em logística vira frente de negócios rentável

Multinacional sueca cria a SKF Logistics Services para atender clientes globais e Brasil já faz parte da rota da divisão

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ara uma empresa global ser bem-sucedida, ela deve ter a logística em seu DNA. Esse é o caso do grupo SKF, multinacional de origem sueca. Dona de um faturamento de US$ 6,3 bilhões em 2005 e presente em mais de 160 países, a companhia aproveitou toda a sua experiência em abastecimento e distribuição intercompany para criar mais uma frente de negócios – a SKF Logistics Services. A idéia deu tão certo que, após dez anos de existência, a divisão de logística da SKF conseguiu faturar € 200 milhões em 2005 – isso já representa aproximadamente 5% do resultado total do grupo. Diante de todo esse sucesso, o grupo sueco decidiu colocar o Brasil na rota da Logistics Services. “Nós percebemos que alguns clientes globais que já utilizavam os serviços de nossa divisão tinham a

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necessidade de utilizá-los aqui no país”, explica Alessi Gabriel Braga, coordenador de logística da SKF do Brasil. O executivo conta que o foco de atuação da Logistics no país concentra-se nos segmentos industrial e de autopeças. Presente no país há um ano, a Logistics Services faz toda a gestão da importação, desembaraço, armazenagem (geral e alfandegária), transporte e distribuição. A divisão de logística está baseada na cidade de Barueri (SP). Lá está localizada a central de vendas e distribuição para todo o Brasil. São 14 mil m2 de área e 5 mil posições de pallets. “As necessidades dos clientes é que vão definir investimentos em novas parcerias e novas estruturas no país e até na América Latina” conta Braga. A Logistics Services conta atualmente com seis parceiros locais para realizar as operações de trans-


Arquivo SKF

“As necessidades dos clientes é que vão definir investimentos em novas parcerias e novas estruturas”, diz Alessi Braga.

porte, desembaraço, operação logística, despacho e aduaneira. O principal parceiro para as operações de armazenagem é o Grupo Martins, que realiza basicamente as operações de inteligência do armazém, enquanto as funções administrativas estão sob a responsabilidade da SKF. A expectativa da SKF Logistics Services no Brasil é faturar R$ 15 milhões nos próximos cinco anos. Para alcançar esse objetivo, a divisão de logística do grupo sueco vai concentrar as ações em empresas que possam utilizar toda a estrutura de distribuição que a divisão oferece na Europa. “Muitas companhias não querem se preocupar com armazenamento, distribuição e gerenciamento de transporte. Alguns clientes nossos procuram empresas do setor no mercado e acabam perdendo tempo e dinheiro, enquanto podemos resolver to-

da essa questão sem que eles tenham que se preocupar”, conta Braga. Para ele, “a grande preocupação é manter no Brasil a qualidade de serviços oferecidos no continente europeu”. O executivo conta que foram designados 60 profissionais nessa divisão logística e a SKF possui hoje capacidade de triplicar sua operação atual. As multinacionais que necessitam de suporte logístico em território nacional também podem beneficiar-se da mesma infra-estrutura. “Temos uma grandiosa capacidade de armazenamento, além de contar com parceiros em todo o país que podem realizar a distribuição intermodal, como é o caso do porto de Vitória”, explica Braga. Além da logística local, a SKF também tem uma equipe treinada para dar todo o suporte na Argentina, Colômbia, Peru, Venezuela e Chile. “Nós identifica-

mos também uma grande oportunidade no Brasil. Há uma série de empresas que já começaram a realizar exportações, mas acabam encontrando dificuldade na operação logística na Europa, Estados Unidos e Ásia”, completa. INÍCIO PROMISSOR Apesar de ter uma operação recente no Brasil, a Logistics Services já conta com um grande cliente na carteira – a Mirka Abrasivos, gigante multinacional de origem finlandesa. “Esse não é um tipo de serviço que pode ser implementado imediatamente e é por isso que estamos operando um contrato. Um projeto demora de quatro a seis meses para ser iniciado”, detalha Braga. Como a companhia finlandesa ainda não tem presença no país, todo o material ficará estocado no CD da SKF, em Barueri. “Essa empresa vai instalar uma uniO Mundo da Usinagem

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Arquivo SKF

Centro de distribuição da empresa em Barueri.

dade no país e vamos cuidar da distribuição dos produtos da empresa (lixas e rebolos automotivos) no Brasil”, explica o executivo. No final da década de 90, a SKF criou na Europa uma divisão de logística para cuidar exclusivamente destas operações, mas somente para o próprio grupo. Após um período de dois anos, abriuse a experiência para os clientes externos. A operação global da SKF Logistics Services conta com 1200 empregados, 28 centros de distri-

buição, embarques para 50 mil clientes-destino em 170 países e 30 mil linhas de pedidos diários. Saint-Gobain, Goodyear, Legris e Rockwell Automation são alguns dos clientes da SKF Logistics Services. Além de não terem que se preocupar com a questão logística, as companhias que já utilizam os serviços da SKF obtiveram redução de custo operacional e de inventário entre 30% e 40%.

Radiografia da SKF Logistics Services no mundo

Radiografia da SKF Logistics Services no Brasil

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€ 200 milhões de faturamento

Ricardo Morato

R$ 15 milhões de faturamento nos próximos cinco anos

1200 empregados

28 centros de distribuição

60 empregados

30 mil linhas de pedidos diários

1 centro de distribuição

50 mil clientes-destino em 170 países

14 mil m 2 de área de armazenamento

50 mil clientes-destino em 170 países

O Mundo da Usinagem


Alcance SKF O grupo sueco SKF é líder mundial nas plataformas de rolamentos, vedações, sistemas de lubrificação, mecatrônica e serviços na área de confiabilidade em manutenção. O grupo está presente em 160 países, com 83 plantas industriais espalhadas pelo mundo e 7 mil distribuidores autorizados. Além de rolamentos para as mais diversas aplicações (a SKF produz atualmente 60 mil tipos de rolamentos), o grupo oferece sofisticados equipamentos de monitoramento de condição de máquinas e ferramentas de manutenção, sistemas de lubrificação, vedações e componentes mecatrônicos, garantindo a otimização dos ativos de seus

clientes. A soma dos conhecimentos da SKF embutida nas suas soluções para uma manutenção pró-ativa, multiplica a performance dos equipamentos. Todos esses recursos e expertise somados aumentam o retorno nas operações industriais de nossos clientes. Além do setor industrial, o grupo também é líder em produtos e soluções para o setor automotivo, que engloba além de rolamentos, bombas d’água, kits de polias e tensionadores de correia, atuadores hidráulicos, cruzetas, rolamento com sensor ABS, entre outros. A companhia chegou ao Brasil em 1915, oito anos depois de sua

fundação na Europa. No país, a empresa é líder de mercado nos setores em que atua. A produção da unidade brasileira está concentrada na planta industrial de Cajamar, instalada às margens da rodovia Anhanguera, a 30 km da cidade de São Paulo. No Brasil, a SKF emprega 650 funcionários. O faturamento da unidade local em 2005 foi 10% superior ao registrado em 2004. No segmento industrial, a SKF tem clientes como Votorantim, Gerdau Açominas, Melhoramentos, Klabin, Petrobras e Bunge. Já no automotivo, a companhia atende grandes montadoras como Fiat, Ford, GM, Volkswagen, DaimlerChrysler, Volvo e Scania.


PONTODEVISTA

Prioridades da FIESP: indústria forte e Brasil desenvolvido! Há dois anos, em uma das numerosas ações que vem realizando em prol da indústria e do Brasil, a Fiesp criou eficaz ferramenta para o diagnóstico e formulação de propostas voltadas à solução de alguns problemas que emperram a nossa economia.

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rata-se do Indicador de Competitividade (IC-Fiesp), que leva em conta a análise de dados de 43 nações. Neste grupo, o País ocupa a desconfortável 39ª posição. As razões são de amplo e irrestrito conhecimento, ou seja, os altos impostos, os juros superlativos, o câmbio inadequado, a deficiência da infra-estrutura e o caráter obsoleto e oneroso da legislação trabalhista, dentre outros fatores que encarecem a produção. O mais grave é a incapacidade política de realizar, nos 18 anos desde a promulgação da Constituição de 1988, as reformas estruturais necessárias à correção de tais distorções. A boa notícia, no caso – independentemente das emendas cons-

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titucionais de modernização do arcabouço legal da economia e até mesmo do antígeno monetarista de combate à inflação que inoculou o Plano Real em sua gênese, cumpriu sua missão, mas nunca mais foi embora – é que há medidas mais simples, ágeis e eficazes para reduzir o hiato de competitividade entre o Brasil e outras nações com as quais concorremos. O ICFiesp, elaborado por seu Departamento de Competitividade e Tecnologia (Decomtec), soma-se a outros estudos da entidade que apontam interessantes caminhos, sendo que algumas das sugestões foram acatadas pelo setor público. Uma dessas medidas advindas de propostas e da mobilização política da Fiesp, postura que deno-


Alex Coi

minamos de legítimo exercício da autoridade produtiva, relaciona-se à redução de juros em algumas linhas de crédito do BNDES. Outro exemplo de medida eficaz independente de reformas constitucionais e longos processos de votação no Legislativo foi a redução da alíquota do ICMS na cadeia produtiva do trigo, sugerida pela Fiesp e adotada pelo Governo de São Paulo. A medida aumentou a competitividade do setor no Estado e reduziu o preço de vários produtos alimentícios. Também não depende de leis e processos burocráticos o desenvolvimento de clusters, análogos a experiências muito bem-sucedidas em outros países. Neste campo, a Fiesp realiza o programa Arranjos

Produtivos Locais (APLs), em parceria com o Sebrae. Já foram produzidos cerca de 80 estudos sobre o tema. Dentre outras medidas, foi elaborada, em parceria com o Governo do Estado de São Paulo e o Sebrae- SP, proposta ao Banco Interamericano de Desenvolvimento (BID), que prevê investimentos de US$ 20 milhões. Os Arranjos Produtivos Locais correspondem a uma concentração de empresas de uma determinada cadeia produtiva congregada em um mesmo território e região. Esta aglomeração, quando organizada, incrementa o desenvolvimento econômico, potencializando as vocações regionais e organizando as demandas locais. Os resultados até o momento são positivos nas regiões

atendidas, com o aumento de produtividade das empresas e a criação de empregos. A inovação é a base para agregar valor e o aumento da competitividade. Considerando esta premissa, a Fiesp empenhou-se muito e teve efetiva participação na aprovação automática de projetos de incentivos contidos na MP 255 (na qual foram incluídos os benefícios da “MP do Bem”) e promoveu um grande evento para a elaboração da “Carta São Paulo de Nanotecnologia”. Apesar de todo o esforço, muito ainda deve ser feito, pois, a partir de uma sondagem realizada pela entidade, foi constatado que 90% das empresas desconhecem, não utilizam e não se sentem capacitadas para a utiO Mundo da Usinagem 11


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ção dos investimentos públicos federais e a paulatina queda da carga tributária. A política cambial é estratégica nesse novo enfoque, para que o comércio exterior seja cada vez mais fator de crescimento e prosperidade. Para desencadear todo esse novo modelo de gestão econômica, são preponderantes as reformas estruturais e o controle dos gastos. Tais medidas podem ser traduzidas pela redução da despesa primária federal de 1,8% do PIB, já em 2007, e queda da despesa financeira de 2% do PIB. O investimento público da União passará de 0,6% do PIB, em 2006, a 3,2%, em 2010, contribuindo para reduzir os gargalos da infra-estrutura. Os exemplos relativos à atuação da Fiesp evidenciam a viabilidade da expansão econômica, multiplicação de empregos e ingresso do Brasil num processo consistente de desenvolvimento. Esta é a principal bandeira da entidade, que acredita e luta em favor da prosperidade de nosso país. Paulo Skaf Presidente da Federação das Indústrias do Estado de São Paulo (FIESP). Imagem cedida pelo autor

lização dos principais instrumentos de apoio à inovação. Também uma ação de grande importância que teve decisiva participação e mobilização política da Fiesp foi o encaminhamento, votação no Congresso Nacional e sanção presidencial da Lei Geral da Micro e da Pequena Empresa. Criamos ampla frente empresarial de apoio à matéria e acompanhamos todo o seu trâmite, pois entendemos sua importância para o desenvolvimento do País, geração de empregos e distribuição de renda. Outro exemplo emblemático da mobilização da Fiesp em prol da prosperidade é o estudo que encaminhamos recentemente ao presidente Luiz Inácio Lula da Silva, que transforma as metas de crescimento do PIB em parâmetro efetivo para os demais objetivos da política econômica. Trata-se de trabalho da Fiesp e do Iedi (Instituto de Estudos para o Desenvolvimento Industrial). Aspecto relevante da proposta é a coordenação das estratégias fiscais, tributárias, monetárias e cambiais. No campo fiscal, o foco passa a ser o superávit nominal da União (e não mais primário como hoje). Para isto, são imprescindíveis: redução das despesas financeiras; revisão geral dos gastos; novo modelo de gestão de ativos públicos; reforma previdenciária; e combate à ineficiência. Em primeiro lugar, o superávit nominal acentuará a trajetória de queda da relação “Dívida/PIB”, abrindo espaço ao declínio da taxa básica de juros. Ao mesmo tempo, será observado aumento do crédito ao setor privado, parte do qual será direcionado aos investimentos. Somam-se a isso a eleva-



GESTÃO EMPRESARIAL

Pequenas peças, grande mercado No mercado de usinagem, o segmento de micropeças é um dos que mais cresceram nos últimos anos o chegar à sua mesa de trabalho, não é incomum o engenheiro mecânico Bruno de Faria Mutão encontrar pedidos como: “Lote de 25 parafusos usinados de 1,5 mm de diâmetro por 6 mm de comprimento. Material: titânio”. O que para muitos é difícil até mesmo imaginar, qual o processo e que ferramentas utilizar, faz parte do cotidiano do engenheiro gerente de Qualidade da Hexagon, de Campinas (SP), fabricante de implantes e componentes ortopédicos. E esse mercado – o de peças pequenas ou micropeças – é um dos que mais cresceram recentemente em todo o mundo. A demanda vem dos setores de eletroeletrônica, informática, automotivo, de instrumentos de medição e, particularmente, implantes ortopédicos e odontológicos. “No caso de implantes na região da face, por exemplo, as peças são cada vez menores, pela tendência da medicina em recorrer a métodos menos invasivos”, explica Mutão.

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O gerente observa que a microusinagem impõe vários desafios aos profissionais, a começar pela impossibilidade de se ver a peça durante a operação. Há o desafio da fixação – em especial nas peças de pequenos diâmetros e maior comprimento, devido ao balanço –, mas a grande dificuldade é produção das roscas dos parafusos. Nesse caso, a ferramenta precisa “pentear” a peça com várias passadas para evitar que o cavaco enrole e danifique a rosca – o que não é incomum no caso de um aço inox F138, material pastoso mas que tende ao encruamento, muito usado em implantes ortopédicos. Já no caso do titânio, mais comum em implantes odontológicos e faciais, a maior dificuldade está na produção de furos. Wladimir Estanquiere, gerente de Produção da SIN – Sistema de Implante Nacional, de São Paulo, concorda e acrescenta que é necessário extremo cuidado na escolha do ponto de fixação da peça, pois uma opção errada pode dani-

ficá-la. A SIN produz peças de 1 a 6 mm de diâmetro com comprimento entre 2 e 20 mm, “mas 80% de nossa produção se concentra na faixa até 4,76 mm de diâmetro”, diz, e aponta outros desafios da microusinagem: definição do processo, escolha do ferramental adequado e usinagem de ligas duras, como as de cromo-cobalto. Estanquiere considera que a qualificação dos operadores e programadores é um dos grandes diferenciais das empresas do ramo, pois “não existe formação profissional no Brasil em centros de torneamento de micropeças”. A saída é buscar essa formação no exterior ou junto a fabricantes e distribuidores de máquinas no Brasil. “Leva-se de 5 a 6 anos para formar um profissional nessa área. Nós adotamos os multiplicadores de conhecimento”, diz, lembrando que está há 18 anos no setor e ainda continua aprendendo. Por outro lado, como as peças serão “implantadas” em seres humanos, o controle da qualidade


IMPORTADOS Em contrapartida, a importação legal – e principalmente a ilegal – invadiu alguns nichos de

Arquivo Sandvik Coromant AB

requer cuidado redobrado, em geral peça a peça. A SIN, inclusive, instalou uma sala limpa para higienizar e tratar quimicamente os implantes e componentes que fabrica. O sistema realiza 40 renovações totais de ar por hora, garantindo 10.000 partículas em suspensão por metro cúbico na área de acondicionamento e embalagem. Isso contribuiu para a empresa obter autorização da FDA (Food and Drugs Administration) para exportar para os EUA e o selo CE, para a Europa. “Hoje, temos escritório em Portugal e já exportamos para 21 países”, frisa Estanquiere. Aliás, várias empresas nacionais já exportam para cerca de 70 países. Segundo a ABIMO, entidade que reúne os fabricantes de equipamentos e acessórios médico-hospitalares e odontológicos, as exportações de equipamentos odontológicos, resinas, artigos para implantes e laser, totalizaram US$ 63 milhões em 2005 (+17% que em 2004). A estimativa para 2006 é de crescimento de 15%.

micropeças, como relata Waldir Magnani, diretor da Max Precision e da Special Quality. Há 31 anos no mercado de microusinagem, Magnani recorda que a invasão dos importados começou há uma década, e sua empresa é um reflexo disso: antes a produção de pequenas peças representava 70% do faturamento, volume que hoje não ultrapassa 20%. “Nosso mercado interno vem sendo abastecido por importações, principalmente nas áreas de eletrônica e informática. Armações de óculos então... Até em componentes viramos importadores”, lamenta. Magnani cobra do governo atitude mais firme na fiscalização dessas importações. Para ele, o governo é insensível aos problemas do setor industrial, só aumentando a carga tributária ao invés de diminuí-la. “Falta estratégia. Há quantas décadas não temos uma política industrial?”, questiona. A Max Precision e a Special Quality atendem vários setores: automobilístico, para o qual pro-

duz peças para injeção eletrônica e transmissão; microeixos para ferramentas elétricas; peças para componentes hidráulicos e pneumáticos, além do setor eletroeletrônico e o de implantes. “Nossa gama de produtos vai de 0,4 mm até 50 mm de diâmetro, com comprimento até 40 mm”, diz. Para a área de hidrômetros e medidores elétricos, fabrica peças de 0,4 mm de diâmetro e 5 mm de comprimento. FERRAMENTAS Boa parte das ferramentas utilizadas pela Max Precision foi desenvolvida internamente, assim como máquinas, dispositivos e porta-ferramentas. “Na área de microusinagem, até recentemente, contávamos com pouquíssimas opções de compra de ferramentas no mercado”, recorda-se, contando que nos últimos anos alguns fabricantes ampliaram a oferta, mas ainda sente falta de opções em algumas áreas, caso de canais internos e ferramentas para formar e de perfis especiais. Apenas 30% O Mundo da Usinagem 15


Arquivo Sandvik Coromant AB

Sistema CoroCut XS para microusinagem externa.

das ferramentas usadas na fábrica são adquiridas no mercado. Na SIN, as dificuldades para encontrar as ferramentas adequadas também eram comuns até recentemente. Para suprir suas necessidades, a empresa adquiriu, em 2003, uma afiadora CNC, na qual ainda fabrica alguns itens, como microbarras de torneamento, microbrocas, ferramentas de perfis especiais e brocas de perfil. Foi justamente para atender essa demanda que a Sandvik Coromant lançou há dois anos um programa para usinagem de peças pequenas. “Trata-se de uma linha completa”, afirma Antonio Giovanetti, especialista em Torneamento da Sandvik, de ferramentas para torneamento interno, externo e reverso, corte e canal, ranhuramento, rosqueamento. Inclui ainda barras de mandrilar, barras para abrir canais, ferramentas de torneamento interno com pastilhas intercambiáveis e brocas de metal duro inteiriço, atendendo, com várias classes, aos mais variados materiais, desde aços às mais diversas ligas. Em sua maioria, são ferramentas para peças de 6 mm a 32 mm de diâmetro externo. Especificamente para trabalhos em peças menores que 8 mm, foi desenvolvida a linha CoroCut XS, para usinagem interna e externa, podendo realizar furos a partir de 0,3 mm, incluin16 O Mundo da Usinagem

do pastilhas para torneamento, corte e canal e para abertura de roscas. “Com a criação dessa família, a Sandvik aumentou seu market share nesse segmento, que vem crescendo bastante em todo o mundo”, diz Domênico Landi, gerente da Sandvik Coromant, segundo quem a linha tem obtido boa receptividade, “por ser dedicada e otimizada para a produção de peças pequenas”. MÁQUINAS Se a oferta de ferramentas cresceu, a de máquinas não ficou atrás. De acordo com Alfredo Ferrari, diretor comercial da Ergomat, a produção de micropeças pode ser realizada em diferentes tipos de tornos automáticos: de cabeçote fixo ou móvel, monofuso ou multifuso, com acionamento a cames ou a CNC. Para Ferrari, “a escolha da máquina correta depende de vários fatores, como a geometria da peça, tolerância, grau de acabamento superficial (rugosidade), material, tamanho dos lotes e da verba disponível para o investimento”. A Ergomat conta com leque completo de máquinas para atender o setor, além de representar a japonesa Star Micronics, uma das líderes mundiais na produção de tornos automáticos CNC de cabeçote móvel. A Index oferece o TNL 12, fa-



Arquivo Sandvik Coromant AB

CoroCut XS para microusinagem interna.

bricado pela Traub, na Alemanha, nas versões de cabeçote móvel e de cabeçote fixo (TNL 12 K), com capacidade para usinar peças de 0,5 mm a 13 mm. “Já temos uma base instalada de 60 dessas máquinas no Brasil”, conta Ademar Sinji Ono, engenheiro de Aplicações da Index. Como resultado desse crescimento muitas empresas migraram para tecnologias mais sofisticadas, como os tornos de cabeçote móvel. “Esse tipo de peça requer um equipamento mais sofisticado que os tornos CNC tradicionais. Um de nossos clientes precisava fazer até cinco operações para produzir uma peça. Com o cabeçote móvel, a peça fica pronta numa única operação, ampliando a produtividade e diminuindo o refugo”. Segundo o engenheiro Ono, na Europa, os fabricantes de micropeças têm optado por configurações acima de 6 eixos (o TNL está disponível em até 11 eixos). Hoje, o segmento de microusinagem responde por 5% do faturamento da Index, mas a empresa está buscando novos nichos, visando ampliar essa participação. “Estamos estudando o mercado”, conta. Entre os segmentos analisados estão o eletroeletrônico, o automotivo e o de prestado18 O Mundo da Usinagem

res de serviços. O engenheiro reconhece, porém, que o segmento de implantes é ainda o principal nesse segmento. PERSPECTIVAS As fabricantes de micropeças estão confiantes numa expansão do setor, sobretudo em relação às exportações. “O setor descobriu que ou exporta ou morre”, disse recentemente o presidente da ABIMO, Djalma Rodrigues. Para tanto, é preciso investir e as empresas estão fazendo a sua parte, seja na participação em feiras no exterior ou em máquinas e equipamentos, caso das entrevistadas nessa reportagem: a Hexagon acaba de adquirir um torno de cabeçote móvel e a SNI mais do que dobrou o seu parque de máquinas em dois anos, saltando de 10 para 26 tornos. Além disso, cresce a aplicação de recursos em pesquisa e desenvolvimento. Segundo a ABIMO, em 2005, seus cerca de 300 associados investiram R$ 200 milhões em P&D. Prova desse empenho é que a ABIMO acaba de receber o Prêmio Excelência em Exportação 2006, concedido pela Apex-Brasil, órgão do governo voltado à promoção das exportações brasileiras. A entidade foi premiada na categoria Inserção de Novas Empresas no Esforço Exportador por ter viabilizado a inclusão de 73 empresas no processo de exportação, desde 2003, com incremento de 194% no volume de exportação do setor. A meta da entidade é de alcançar US$ 1 bilhão em contratos de exportação até 2010. De Fato Comunicações



PRODUTIVIDADE

Izilda França

Novos suportes na produção da Sulzer Engenheiros experientes retornam à universidade em busca de conhecimentos para ampliar a produtividade e a competitividade de suas empresas

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os corredores e salas de aula das faculdades de engenharia mecânica brasileiras é cada vez mais comum encontrar profissionais ligados a grandes empresas. O ambiente dos cursos de pós-graduação, antes praticamente reservado àqueles que pretendiam dedicar-se à vida acadêmica, aos poucos vai sendo alterado com a presença de engenheiros experientes, vindos de empresas como ZF, Eaton, Villares, MWM, Sulzer, entre outras, que retornam aos bancos escolares em busca de maior es-

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pecialização em suas áreas de atuação, conhecimento para ampliar a produtividade e competitividade das fábricas onde trabalham. Não chega a ser uma absoluta novidade. A presença de profissionais nos cursos de mestrado e doutorado já ocorria no passado e o que surpreende hoje é o número, que cresce a cada ano. Há algumas décadas, o diploma de engenharia era o suficiente para encontrar uma boa colocação e nela manter-se até a aposentadoria. Hoje, exigências impostas pela glo-


A usinagem de aços inoxidáveis duplex é comum na fabricação dos componentes.

balização, como maior produtividade, redução de custos, competitividade, etc., obrigam os profissionais a uma constante evolução – com total incentivo de seus contratantes, visando o tão desejado mínimo custo por peça. Ou como dizem os especialistas: atualmente não é mais o fornecedor que forma os seus custos e sim o mercado. Melhor dizendo: custo passou a ser resultado de benchmarking. Para atender a todo esse conjunto de requisitos e manter-se competitivo, é preciso aprofundar-se em todas os aspectos da produção.

Arquivo Sulzer

INTERESSE PESSOAL E NECESSIDADE PROFISSIONAL De certo modo, a trajetória de Márcio T. Gravalos, chefe da Engenharia da Sulzer Brasil, ilustra esse novo comportamento dos profissionais. Formado em engenharia industrial, em 1986, ele já havia retornado à universidade em 1997

para fazer uma especialização em engenharia de produção e, em 2005, ingressou num curso de mestrado na Unicamp. Gravalos tem grande interesse por usinagem desde que iniciou sua carreira profissional, há cerca de 20 anos. “Gosto de ver a ferramenta cortando, o cavaco saindo... E principalmente de conhecer detalhes do processo de usinagem”, conta. Aliás, se dependesse apenas de sua vontade, teria um laboratório completo para realizar pesquisas, conhecer as forças de corte, etc. A esse interesse pessoal recentemente somou-se a necessidade profissional. Trabalhando numa empresa especializada na produção de bombas para o setor petrolífero, a Sulzer Brasil tem como principal matéria-prima os aços duplex e superduplex, que apresentam algumas dificuldades para serem produzidos e usinados. De alta resistência à corrosão e com aplicação até certo ponto restrita, pouquíssimos estudos sobre o comportamento dos aços duplex estão disponíveis no mundo. No que se refere à usinabilidade, Gravalos diz ter encontrado apenas pesquisas sobre barras laminadas, matéria-prima muito distin-

Processos de usinagem que incluem torneamento, fresamento e furação. O Mundo da Usinagem 21


Izilda França

A análise da aresta de corte é um meio utilizado para monitorar a vida útil das ferramentas durante a usinagem.

ta dos fundidos utilizados na Sulzer, produzidos na fundição da filial brasileira, instalada em Jundiaí (SP). Mais comum são os artigos publicados sobre aços austeníticos que, embora semelhantes aos duplex em vários aspectos, apresentam grandes diferenças na usinagem. Esse foi um dos motivos que o levaram de volta à universidade. “Fui buscar o mestrado para contar com a orientação e o apoio dos professores da Unicamp”, explica. DESAFIOS NA USINAGEM No dia-a-dia, os aços duplex impõem diversos desafios, a começar pelo próprio processo de fundição, bastante complexo devido ao material ser nitrogenado. Quanto ao corte, é considerado dúctil, fácil de cortar. Porém, o aquecimento durante a usinagem pode facilmente levá-lo ao encruamento, formando uma camada de dureza superficial de cerca de 0,05 mm. Esse fenômeno dificulta bastante o acabamento, podendo comprometer as tolerâncias pedidas no projeto. Vale lembrar que todos os componentes das bombas 22 O Mundo da Usinagem

têm tolerâncias muito apertadas e as bombas são projetadas para operar continuamente por cinco/seis anos. Um problema num desses componentes pode paralisar uma plataforma de petróleo. Diante disso, faz-se necessário trabalhar com refrigeração e baixas profundidades de corte, evitandose a transferência de calor para o material. “É preciso ainda cuidado na escolha do revestimento da ferramenta, assim como da geometria, além de manter refrigeração constante e controle total sobre os parâmetros de corte”, explica. Não bastasse isso, é comum a existência de corte interrompido. Ou seja, de um lado um material que encrua, de outro o corte interrompido. A usinagem com corte interrompido exige o uso de ferramenta tenaz, que agüente a “pancadaria”. No entanto, as classes tenazes são menos resistentes ao desgaste. A escolha de uma geometria positiva contribuiria para reduzir o calor, mas ao mesmo tempo a existência de corte interrompido certamente fragilizaria a aresta. Gravalos acrescenta ainda outro


Izilda França

Muitos dos componentes são obtidos pelo processo de fundição que requer usinagens complexas para sua aplicação.

detalhe: a casca do material fundido é extremamente abrasiva. Portanto, são condições bastante distintas, que precisam ser atendidas, sob pena de ver o custo da usinagem crescer demasiadamente. Diferente de empresas que têm produção seriada, na Sulzer não se faz estudos estatísticos do tipo quantas peças é possível fazer com uma aresta. “Aqui, a questão é: quantas arestas são necessárias para produzir uma peça”, salienta. “Isso tudo nos levou a aprofundar o processo, buscando conhecer a matéria-prima, sua composição química, a microestrutura, etc. e, em seguida, a buscar melhorias em termos de ferramenta e condições de usinagem para trabalhar com esse tipo de material”, explica. Na Sulzer, é o próprio Gravalos quem se encarrega dos testes de ferramentas. “Só coloco na máquina ferramentas que tragam alguma vantagem técnica ao processo”, frisa. Foi elaborada inclusive uma tabela que registra, de um lado, as diversas ligas utilizadas na produção, seguidas das nomeações segundo as normas, e, de outro, os

parâmetros de corte que devem ser usados. “Esses dados foram obtidos em testes realizados aqui e na prática, não são dados de catálogo de fornecedor”, observa. Para se obter melhores resultados é fundamental também contar com o apoio de parceiros e fornecedores. A Sulzer Brasil tem contado com suporte semanal da Produs, distribuidora autorizada da Sandvik Coromant na região de Sorocaba e Indaiatuba. Carlos Eduardo Pereira, diretor da empresa, conta que tem promovido em conjunto com Gravalos e sua equipe, diversos testes, em especial com pastilhas wiper, bem como geometrias e classes voltadas para ligas especiais. Recentemente, a Sulzer aprovou também a utilização dos suportes Rigid Clamp, desenvolvidos pela Sandvik, para ser utilizados em conjunto com pastilhas com classe e quebra-cavacos para ligas de aço inoxidável. “Esses suportes foram testados e aprovados devido à segurança que oferecem para a usinagem desses materiais de difícil usinabilidade”, diz Pereira. Na seO Mundo da Usinagem 23


Fotos Izilda França

A usinagem conta com diversos tipos de ferramentas.

quência dos trabalhos, Pereira pretende dar início, em 2007, aos testes com as novas fresas R365 e com a broca CoroDrill 880. NA UNIVERSIDADE Nesse retorno aos bancos escolares, o engenheiro desenvolve uma tese sobre a usinabilidade e o comportamento de ligas especiais resistentes à corrosão para a produção de bombas. O trabalho está sendo realizado em parceria com Márcio Detone, também da Sulzer. Gravalos estuda a usinabilidade e Detone, a metalurgia das ligas dos aços duplex. As pesquisas não devem parar com a conclusão dessa tese. Gravalos explica que em geral não é possível abranger toda a complexidade de um assunto num único trabalho. Assim, quando ele e Detone concluírem esse trabalho ou24 O Mundo da Usinagem

tros funcionários da Sulzer darão prosseguimento aos estudos. “Já temos duas ou três pessoas aqui na empresa que estão sendo preparadas para dar continuidade aos estudos na universidade”, informa. A Sulzer Brasil dá total apoio aos estudos, seja com disponibilidade de horários dos funcionários, fornecendo os corpos de prova e as instalações. “Nós fundimos e usinamos os corpos de prova na empresa, usamos equipamentos, laboratório...”, conta. Ele acrescenta que um dos grandes incentivadores da iniciativa dentro da empresa é o gerente industrial, Marcelo Martins, doutor em metalurgia na área de aços duplex. Quando concluída, a tese deverá ser apresentada na Suíça, no Centro de Pesquisas do Grupo Sulzer. De Fato Comunicações


Empresa de origem suíça, a Sulzer chegou ao Brasil há 58 anos e, recentemente, transferiu todas as atividades no Brasil para JundiaíSP, onde produz bombas sob encomenda, tendo como principal mercado consumidor o setor de petróleo e gás. São diversos modelos de bombas que atendem todas as necessidades da exploração de petróleo e gás. Desde a do tipo barril, de 300 bar, que injeta água do mar no poço de petróleo, a 3 mil m de profundidade, às que succionam o óleo do poço, às que descarregam o petróleo na plataforma, etc. Com 500 funcionários, a Sulzer Brasil é considerada a unidade mais moderna do grupo para o teste e montagem de bombas. A filial - que adotou o método Lean Manufacturing - acaba de ganhar uma célula flexível para a produção de rotores de quaisquer portes. Além de atender o mercado nacional, exporta para a Alemanha, África do Sul,

Izilda França

A número 1 em montagem do Grupo Sulzer

EUA e Inglaterra. Quando da realização dessa reportagem, por exemplo, estavam sendo produzidos componentes para 24 bombas que seriam montadas na Inglaterra. “Nossa filial é muito competitiva dentro do grupo, inclusive em relação às filiais da China e da Índia”, diz Gravalos, particularmente no que se refere à qualidade, fundição e

usinagem. “Temos equipamentos e know-how para controlar os processos, assim como para garantir a qualidade dos componentes”. Para ele, a manutenção da competitividade é um dos motores que tem impulsionado as buscas por redução de custos e também dos investimentos que em breve modernizarão a fundição da filial brasileira.


Izilda França

OTS

Soluções Especiais Maximizando a Produtividade Com a globalização consumada da economia e a expansão dos mercados emergentes, uma forte pressão por preços tem levado as empresas a buscarem soluções para a redução de seus custos produtivos, não só para a maximização dos lucros mas, muitas vezes, como forma única para sua sobrevivência no mercado. 26 O Mundo da Usinagem

o princípio, as empresas, ao se verem perdendo competitividade, buscavam súbitas reduções de preços de aquisição como sendo a principal fonte para a solução do seu problema. Do ponto de vista de produção, sobretudo nos processos de usinagem, esta ação, além de não trazer os resultados esperados, devido ao baixo impacto dos preços de aquisição no custo da produção, ainda acabava por criar tensões no relacionamento em função das constantes e acirradas negociações de preço. Hoje, felizmente, já temos uma consciência formada de que embora seja importante comprar melhor, a empresa somente conseguirá tornar-se mais competitiva através do incremento e melhoria constante na sua produtividade.

N

Este cenário tem intensificado a busca por soluções através da aplicação de ferramentas de corte especiais, tanto nos investimentos em novos projetos, como na otimização de processos existentes. Buscaremos aqui abordar esta forma de maximização da produtividade nos processos de usinagem onde, com a utilização de soluções especiais, se obtém significativas reduções nos tempos de processo, seguidas pelo aumento da capacidade de produção instalada. Consideramos, como soluções especiais, ferramentas específicas, com características diferentes das ferramentas standard e fabricadas para atender necessidades específicas de um processo. Não é nossa intenção dar ênfase à utilização de ferramentas


especiais em detrimento de ferramentas standard, mas sim focalizarmos, como premissa, o aspecto da máxima produtividade e eficiência de custo do processo. A decisão pela utilização de uma solução especial, muitas vezes, está relacionada a uma característica do próprio produto a ser usinado e/ou do equipamento disponível para sua fabricação. Neste caso, podemos dizer que a solução especial é bem utilizada e aceita pelo usuário como condição sine qua non. Por outro lado, a busca frenética e perfeitamente justificável por sistemas de produção de alta flexibilidade, onde as ferramentas standard que conseguem usinar praticamente todos os tipos de peças e nos mais variados processos, pode fazer com que o usuário desconsidere as possibilidades da solução especial como fator fundamental para a maximização da produtividade. Normalmente, quando se trata da necessidade de uma ferramenta especial gerada pela característica do produto, o cliente final procura o fabricante de ferramentas, mas um bom fornecedor de soluções em usinagem e produtividade antecipa-se a estas necessidades do cliente e, analisando o processo de fabricação da peça, propõe não só as ferramentas considerando as características do produto mas, também, aquelas que de fato tornam o processo mais produtivo e eficiente em termos de custos. De forma geral, uma ferramenta especial conjuga várias ferramentas em uma só, gerando ganhos no processo pela redução do número de troca de ferramentas, redução do tempo de deslocamento das ferramentas e redução do

Izilda França

Ferramenta especial para usinagem de discos de freio

tempo de set up da máquina. Todos estes ganhos se expressam em aumento direto da produtividade do sistema e melhora conseqüente na relação custo-benefício. Todavia, quando temos uma ferramenta especial por característica do produto, estas vantagens podem não ser efetivas, pois a ferramenta especial trabalha exatamente como uma ferramenta standard; por exemplo, uma pastilha de metal duro com raio diferente dos padrões, ou uma broca com diâmetro intermediário aos normalizados são ferramentas especiais por suas diferenças, mas têm exatamente o mesmo conceito de uma standard. Uma ferramenta especial desenvolvida através de um estudo de engenharia focalizado em soluções de produtividade e com alto valor agregado é capaz de reduzir o tempo de produção de uma peça entre 30% e 50%. O usuário melhora a taxa de remoção efetiva de cavaco da máquina, reduzindo os tempos mortos. A foto acima mostra uma ferramenta especial desenvolvida para a usinagem de um disco de freio, componente produzido em gran-

des lotes. A ferramenta em questão, como pode ser visto, possui três pastilhas conjugadas e isso, somado à geometria do corpo da ferramenta, possibilita a substituição de quatro ferramentas standard, além de usinar duas pistas simultâneamente, o que proporciona um ganho no processo de 12 segundos/peça. Se considerarmos um volume de produção de 40.000 discos/mês, este ganho representa 133 horas/mês. Este é um exemplo clássico da aplicação de ferramentas especiais em um produto de escala. Contudo, as ferramentas especiais também podem ser aplicadas em peças com pequenos lotes de produção, desde que seja feito um estudo por grupo de produtos e análise de viabilidade econômica. Em alguns casos, envolvendo máquinas e processos especiais, a ferramenta especial se torna o componente principal e fundamental do projeto, sendo considerada com suas características já na fase de concepção da máquinaferramenta. Este é o caso da ferramenta ilustrada na foto da página 28, uma barra de mandrilar com possibilidade de avanços radiais, O Mundo da Usinagem 27


Izilda França

do tipo feed-out, utilizada na usinagem de blocos de motores para a indústria automobilística. A decisão sobre como deve ser concebida uma ferramenta especial vai depender sempre das características do produto, da máquinaferramenta e do processo, embora a experiência e competência do projetista envolvido no processo, bem como a qualidade de fabricação, sejam decisivas para o sucesso da solução escolhida. Por ser uma solução estratégica, muitos fornecedores de ferramentas costumam incluir as ferramentas especiais em sua linha de produtos. A Sandvik, por exemplo, tem nas soluções especiais uma das frentes que a ajudam manter-se na vanguarda do segmento e, por este motivo, possui uma equipe de profissionais altamente qualificados e com vasta experiência na área de desenvolvimento e projeto de ferramentas especiais. Com equipamentos de última geração, a empresa usa o Sistema Unigraphics como plataforma global de CAE/CAD/ CAM, e também os softwares AutoCad e Solid Edge para os trabalhos de pré-projeto e desenvolvimentos de ofertas para os clientes. Na área de fabricação, conta com máquinas-ferramenta modernas, com capacidade de usinar com até cinco eixos simultâneos e, o mais importante, profissionais experientes e continuamente treinados. 28 O Mundo da Usinagem

Barra de mandrilar do tipo feed-out

Um ponto que deve ser considerado com atenção na opção por soluções especiais é o prazo de fornecimento das mesmas. Contrariamente ao que ocorre com as ferramentas standard, os prazos de entrega para ferramentas especiais são elevados, pois dependem de fases de fabricação desenvolvidas especificamente para aquela ferramenta e dificilmente estas ferramentas são mantidas em estoque, mesmo em estágios de pré-fabricação. Muito embora os fabricantes de ferramentas busquem continuamente o desenvolvimento de processos e a aquisição de novos equipamentos para minimizar os prazos de fabricação das ferramentas especiais, estes sempre estarão muito distantes dos prazos de fornecimento das ferramentas standard, pois se trata, na verdade, de uma produção tipo ferramentaria, onde cada produto é um protótipo. Estes problemas de prazo, de fornecimento, podem, entretanto, ser minimizados, à medida em que o usuário se conscientize da complexidade de seu pedido e da necessidade de decisões rápidas, com o envolvimento, o mais antecipado possível, do fabricante de ferramentas. Fernando Oliveira



INTERESSANTESABER

Aqüífero Guarani: o maior reservatório de água doce do mundo?

O “mar de água doce” sob os pés dos brasileiros, que garantiria o suprimento de água potável do Brasil por 2500 anos, existe mesmo?

30 O Mundo da Usinagem

m maio de 1996 a imprensa divulgava, com grande alarde, a existência do maior reservatório de água doce do mundo – chamado de Aquífero Guarani –, bem em nosso território, como tende sempre a acontecer por conta de Deus que, como todos sabemos, é brasileiro. Mas uma consideração mais cuidadosa nos demonstra que não podemos usar a existência deste aqüífero como garantia de que podemos continuar desperdiçando água. A notícia de 1996 veio do geólogo uruguaio Danilo Anton que, reunido com colegas em um congresso em Curitiba-PR, sugeriu o nome de Aqüífero Guarani àquela imensidão de água subterrânea, em homenagem à população indígena que, em tempos passados, ocupara aquela área, geograficamente conhecida como Bacia do Paraná e Bacia do Chaco-Paraná. Tratam-se de 1 milhão e 200 mil km2 sob Argentina (255 mil km2), Uruguai e Paraguai (ambos

E

com 58.500 km2 cada um) e Brasil (840.000 Km2), capaz de cobrir os limites territoriais da Itália, França e Espanha! No Brasil, onde se situa 2/3 do aqüífero, ele passa sob os estados do Rio Grande do Sul, Santa Catarina, Paraná, São Paulo, Minas Gerais, Mato Grosso do Sul e Goiás. A água ali armazenada provém não apenas de fontes subterrâneas milenares como, também, de água de chuva, que vai perculando lentissimamente – por décadas e décadas – até atingir o reservatório. Avalia-se que a água hoje disponível no Aqüífero Guarani foi armazenada entre 50 e 10 mil anos. A alimentação do reservatório dá-se a partir de zonas conhecidas como “áreas de recarga”, que ocupam cerca de 150 mil km2, espalhados por diferentes locais do aqüífero. ESSA ÁGUA É POTÁVEL? É POSSÍVEL CONSUMI-LA? O estudo do aqüífero é bastante recente e ainda falta muito


Alex Coi

Área aproximada ocupada pelo Aqüífero Guarani no subsolo da América do Sul

para termos um quadro completo da situação. O que os cientistas já nos apontam é a necessidade de pensarmos em um “sistema” de aqüíferos, muito mais do que simplesmente um aqüífero isolado. Dependendo do lugar, a camada de rocha sobre o aqüífero pode variar de 50 a 1800 metros. A temperatura da água também varia muito, sendo normalmente quente: de 50 a 85º C. Os estudos mais recentes mostram como a formação regional do subsolo compartimentou o aqüífero em pelo menos quatro grandes porções, estruturalmente distintas entre si e, obviamente, a água nelas contida corresponde a tais diferenças.


Alex Coi

Esquema explicativo do mecanismo de regarga de águas subterrâneas

Muitas regiões já exploram as águas do Guarani há mais de cem anos e, por isso, já realizaram mais estudos. Na Argentina, por exemplo, onde o aqüífero se encontra a enorme profundidade, temos sobretudo águas termais, em alguns locais com uma salinidade muito mais elevada – de até 3 vezes – àquela da água do mar. A situação do Brasil é também muito díspar, com vários compartimentos independentes, embora, sobretudo no estado de São Paulo, a situação seja a mais factível de exploração humana. De fato, graças à formação rochosa deste estado, os movimentos de recarga, circulação e descarga das águas são bastante facilitados. Em Santa Catarina e Paraná, no entanto, grandes extensões do aqüífero apresentam águas salobras e não-potáveis. Vemos, portanto, que a situação do aqüífero Guarani é extremamente variável e, como vem apontando o geólogo gaúcho José Luiz Flores Machado, que defendeu doutorado sobre o aqüífero, ele não é aquele “mar de água doce” noticiado pela imprensa. Mas é urgente estudá-lo em detalhe e, sobretudo, saber como preservá-lo, principalmente suas áreas de recarga. Embora as águas não potáveis 32 O Mundo da Usinagem

apresentem um ótimo potencial para exploração turística, de águas minerais ou termais, claramente é a potabilidade que mais nos interessa para o futuro. Começam aqui os problemas, já que a melhor qualidade da água se verifica nas zonas de afloramento. Sua exploração possibilita agricultura de larga escala e, com ela, chega, dolorosamente, a poluição da recarga, pelo uso de fertilizantes e pesticidas. Sobre a área do aqüífero vive população estimada em 30 milhões de pessoas. Só no estado de São Paulo, cerca de 400 cidades já são abastecidas parcial ou integralmente pelo aqüífero Guarani, como Ribeirão Preto. Embora existam já algumas leis visando proteger o aqüífero, a maioria delas tenta coibir a urbanização, sobretudo nas áreas de mananciais, e outras atividades poluidoras nos municípios por ele abastecidos. As medidas, contudo, não são eficazes contra as substâncias tóxicas usadas na monocultura da soja e contra os efeitos da produção de álcool. Recentemente, sensibilizados pelos engenheiros agrônomos, os deputados do Mato Grosso do Sul proibiram projeto de usina no Pantanal. Desde 1999 existe o Projeto

de Proteção Ambiental e Desenvolvimento Sustentável do Aqüífero Guarani, iniciativa conjunta dos quatro países [Brasil, Argentina, Uruguai e Paraguai], do Fundo para o Meio Ambiente Mundial e da OEA, já investiu orçamento de US$ 13,4 milhões do Fundo Mundial do Meio Ambiente (GEF), para estudar a geologia de toda a região e a implantação de uma estrutura técnica e institucional com vistas à proteção e gestão do Aqüífero. O secretário geral do projeto, Luiz Amore, confia que o projeto de proteção ficará pronto em 2008, dentro do tempo estabelecido (2003-2007) já que a conscientização da sociedade vem ajudando muito seu desenvolvimento. Esse estudo básico será acompanhado de manejo responsável da prática agrícola nas cercanias das áreas de recarga. Uma delas, por exemplo, situa-se nas nascentes do rio Araguaia, área que engloba trechos de Goiás, Mato Grosso e Mato Grosso do Sul. Ali se pratica a agricultura intensiva de soja, algodão e milho, que recebem mais de 12 aplicações anuais de agrotóxicos. O sul não está isento, sendo necessário cuidados com o cultivo de arroz no Rio Grande do Sul, maçã em Santa Catarina e milho no Paraná. De qualquer maneira, cabe à população interessar-se pela questão, acompanhando e exigindo passos políticos, científicos e técnicos para a preservação e uso sustentável do patrimônio comum. Visite o site do Projeto Aqüífero Guarani: www.sg-guarani.org Equipe O Mundo da Usinagem



INTERFACE

A previdência privada no Brasil: conquistas e novos desafios

Os últimos anos trouxeram enormes avanços para os investidores que estão procurando garantir o sossego e a tranquilidade financeira no momento de sua aposentadoria.

34 O Mundo da Usinagem

o mesmo tempo em que a população tomou consciência de que o benefício do INSS será insuficiente para garantir uma sobrevivência digna – quem dirá, então, a manutenção de todo o padrão de vida adquirido no decorrer dos anos – os investidores em previdência privada concluíram que esta é a melhor forma de acumulação de recursos no longo prazo. O ano de 2005 representou um marco histórico para a previdência complementar no Brasil. A regulamentação da lei 11.053 e a aprovação da lei 11.196 foram medidas decisivas tomadas pelo governo para impulsionar o mercado e um sinal de que as autoridades elegeram, definitivamente, a previdência complementar como o melhor mecanismo para o fortalecimento da poupança de longo prazo no país. A primeira lei instituiu um novo regime tributário para que o investidor tivesse vantagens ao deixar seus recursos por longos períodos em previdência. É o que chamamos de regime regressivo, uma espécie de prêmio. Se o poupador deixar os seus recursos por apenas

A

dois anos, paga uma alíquota de 35% no momento do saque; essa taxa diminui 5 pontos percentuais a cada 2 anos, podendo chegar ao piso de 10% quando os recursos ficarem 10 anos acumulados. O novo sistema, além de conceder um dos tratamentos tributários mais avançados do mundo à previdência privada, mostrou a preocupação do atual governo em criar condições para que o país possa formar e sustentar uma estrutura sólida de investimentos de longo prazo, da mesma forma como ocorre nos países desenvolvidos, principalmente nos Estados Unidos. E essa preocupação, de certa forma, traduz-se em segurança para o investidor. Porém, caso o investidor não pretenda deixar seus recursos por mais de 10 anos, a lei 11.053 deixou a opção do regime progressivo, pelo qual será aplicada a tabela de imposto de renda no momento do saque. Em outras palavras, no momento em que resgatar seus recursos, ele poderá estar isento, pagar 15% ou 27,5%, dependendo do montante a ser recebido. Essa opção é perfeita para quem quer econo-


mizar a longo prazo, mas não pretende deixar seus recursos por mais de 10 anos. O prazo ideal de maturação deste investimento gira entre 4 e 6 anos. Tais medidas não estariam completas se o investidor não estivesse realmente seguro de que, ao final do período de acumulação, ele tenha a garantia de que possa usufruir de todos os recursos acumulados. Era ainda necessário criar mecanismos que pudessem dar ao investidor esta garantia. O primeiro desses mecanismos chegou ao Brasil com a aprovação da lei 11.196, que trouxe uma inovação ao estabelecer a blindagem dos planos de previdência complementar, além de permitir a utilização dos recursos para a compra de imóveis. A adoção do sistema de

blindagem, que nada mais é do que a separação dos recursos que os investidores direcionam para os fundos de previdência complementar do patrimônio das seguradoras, cria um importante meio de retenção de recursos. Essa medida é importante se lembrarmos dos ciclos de instabilidade pelos quais o Brasil passou nos últimos anos. A adoção desta medida mostra que estamos chegando a uma maturidade no campo econômico ao mostrar, ao investidor, sinais de confiança. E esses sinais são fundamentais para fortalecer o mercado como um todo. Todas essas medidas explicam o sucesso que a previdência privada encontrou junto ao público. Em 1996, o volume de depósitos em previdência privada somava

R$ 3 bilhões. Dez anos depois, esse índice já atingia a marca dos R$ 100 bilhões, com uma perspectiva de crescer continuadamente. E não é à toa que, entre os pais, a previdência privada vem conquistando um espaço significativo como formação de poupança para seus filhos. Muitos hoje abrem uma previdência privada para seus filhos, o que explica um crescimento superior a 100% no volume de captação desses produtos em novembro, se comparado com o mesmo mês de 2005. Osvaldo do Nascimento Presidente da Anapp (Associação Nacional da Previdência Privada) Diretor da Itaú Vida, Previdência e Capitalização


Homo Sapiens: Verdade ou Mito? stamos em 2007, com a facilidade de comunicação e transporte que faz do mundo um quintal, distâncias que inexistem no contexto virtual. Tudo se alcança com um simples click, todos ao alcance de todos, basta um endereço eletrônico e um meio de se conectar à rede. Informações cruzam mares e continentes em segundos e o acesso a elas produz aceleração. Afinal, decisões devem ser tomadas antes que os concorrentes o façam. O horário comercial tradicional está a um passo da extinção, pois se expandiu pelas madrugadas. Inputs eletrônicos executam as mais diversas transações seja a lua ou o sol quem brilha lá fora. Os serões são tão rotineiros que é difícil lembrar qual é mesmo o horário que se deve chegar ou partir. Aurora e pôr-do-sol são referências poéticas, que não ditam mais o ritmo humano como já fez um dia, quando ainda não éramos tão sapiens. Luzes fluorescentes fazem com que o dia dure o quanto quizermos. Um click em um interruptor e a noite vem. Ó fantástica tecnologia! O campo mostra a qualquer urbanóide que, longe de nosso nível de sapiência e do domínio da tecnologia, muitos seres se aquietam à medida que cai a tarde e assim que vem a penumbra adormecem empoleirados nas laranjeiras ou, quem sabe, se acostam nas cocheiras a espera de que o galo, sujeitinho atrevido, os despertem com seu cântico estridente ao romper da aurora. Imaginemos, então, quanto mais estes pobres animais, menos desenvolvidos, não poderiam fazer se pudessem evoluir para o estado sapiens.

E

36 O Mundo da Usinagem

A um toque do interruptor ou ao soar do bip de um rádio relógio, saltariam de seus poleiros, disparariam em direção ao ar, ou pasto, e poderiam voar ou pastar por muito mais tempo, ampliando sobremaneira seus prazeres, tudo o que só é possível enquanto desperto e, quando vencidos pelo cansaço, um outro click os colocaria imediatamente em total escuridão. Do bem que tudo isso poderia estender a eles, vem à mente uns poucos efeitos colaterais os quais, creio, a ciência humana ainda não contemplou: o que poderíamos fazer ao surgir o primeiro urubu com gastrite? A primeira tartaruga com síndrome do pânico? A primeira ema com pressão alta ou a primeira abelha diabética? Já imaginou um bicho da seda com claustrofobia? Um pardal poderia ter um ataque cardíaco em pleno vôo. Bem, como sapiens, obviamente acabariam encontrando seus próprios remédios. Ou não? Francisco Marcondes Editor chefe da revista O Mundo da Usinagem

Arquivo Sandvik Coromant

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MOVIMENTO SANDVIK COROMANT - PROGRAMA DE TREINAMENTO 2007 Mês

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Técnicas Básicas de Usinagem (Diurno - 14 horas em 2 dias) Técnicas Básicas de Usinagem (Noturno - 14 horas em 4 dias - das 19h00 às 22h30) Técnicas de Furação e Rosqueamento com fresa de metal duro - (14 horas em 2 dias) Escolha e Aplicação de Ferramentas para Torneamento (21 horas em 3 dias) Usinagem de Moldes e Matrizes (28 horas em 4 dias) Escolha e Aplicação de Ferramentas para Fresamento (21 horas em 3 dias) Otimização da Usinagem em Torneamento (28 horas em 4 dias) Otimização da Usinagem em Fresamento (28 horas em 4 dias) Tecnologia para Usinagem de Componentes Aeroespaciais e Superligas (14 horas em 2 dias) Técnicas Gerenciais para Usinagem (21 horas em 3 dias)

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O Mundo da Usinagem 31 Aços Roman . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 Amphora Química . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Blaser . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 12 Coopertec . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Deb’Maq . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 DMG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 05 Dynamach. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Haas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 33 Hanna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 HEF . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 IGM . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Kabelschlepp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 18 Kone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 MachSystem . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 08 Mazak . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 09 Meggatech . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 02 Okuma . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 19 Powermaq. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Probe . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Romi . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 13 Sandvik Coromant . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Stamac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 TAG . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Vitor Buono . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24

SANDVIK COROMANT - Atendimento ao cliente 0800 559698 38 O Mundo da Usinagem



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