ANO 19 | EDIÇÃO 120
www.omundodausinagem.com.br
NOVO MÉTODO
A revolução do torneamento em todas as direções
PRODUTIVIDADE Obra de arte na manufatura avançada
ENTREVISTA O novo perfil do engenheiro 4.0
NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA Discriminação e bullying no trabalho
TECNOLOGIA Energia limpa com biomassa de madeira
EDUCAÇÃO O programa da Cummins na formação de jovens
EDITORIAL
E
sta segunda edição da revista “O Mundo da Usinagem” consolida o formato de apresentarmos ao leitor duas edições anuais impressas,
que complementam o conteúdo oferecido no site, de forma mais dinâmica e atualizada. A edição número 120 apresenta alguns dos temas mais atuais do mundo corporativo e da indústria da manufatura. Em entrevista com Renato Trindade, especialista do PageGroup, um dos maiores conglomerados globais de recrutamento executivo, debatemos o perfil do engenheiro 4.0 que as empresas estão buscando para contratações. Em outra reportagem, mostramos como o aprimoramento das tecnologias digitais está revolucionando a manufatura no setor metal mecânico, permitindo a produção de “obras de arte”, no que o especialista Alfredo Ferrari chama de manufatura avançada da indústria 4.0. Ainda no campo técnico, você encontrará nas páginas a seguir um artigo sobre o método PrimeTurning, a primeira solução de "torneamento em todas as direções" da indústria, que quebra paradigmas de uma operação de usinagem que permaneceu inalterada durante décadas. E ainda encontrará dicas de usinagem de cantos na seção “Como fazer”. Em “Negócios da Indústria” vasculhamos um tema que está fazendo barulho nas empresas: as políticas para evitar bullying e preconceito no ambiente corporativo e nos processos de seleção. Também nesta edição publicamos uma reportagem sobre o uso de biomassa de madeira para a produção de energia limpa e uma matéria especial que mostra como a Cummins está atuando para inserir jovens de baixa renda no mercado industrial. Esperamos que este material traga boas reflexões e inspiração para enfrentar o ambiente de rápidas transformações em que estamos imersos. Boa leitura!
O MUNDO DA USINAGEM
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EXPEDIENTE
O MUNDO DA USINAGEM é uma
COLABORADORES DESTA EDIÇÃO
publicação da Sandvik CorowBrasil, com
REPORTAGEM
distribuição gratuita para mais de 10.000
Denise Marson
leitores qualificados.
Inês Pereira
RESPONSÁVEL
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As fotos sem menção de crédito são
da Sandvik Coromant.
do banco de imagem iStock.
EDITORES
CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO
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Claudio Sá - Conteúdo Comunicação TIRAGEM PRODUÇÃO E PROJETO GRÁFICO
7.000 exemplares
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SUMÁRIO
SOLUÇÕES DE USINAGEM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Novo método permite torneamento em todas as direções
COMO FAZER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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O passo a passo da usinagem de cantos
PRODUTIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Digitalização leva obras de arte para manufatura avançada
ENTREVISTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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O novo perfil do engenheiro 4.0 na perspectiva de um
headhunter
NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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Empresas criam programas para evitar bullying e preconceito no ambiente corporativo
TECNOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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A energia limpa da biomassa dos pellets
EDUCAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .
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O programa da Cummins para oferecer ensino profissionalizante a jovens carentes
CONHECENDO UM POUCO MAIS . . . . . . . . . . . . 44 Engenharia ganha curso para especialização em prevenção de incêndio
O MUNDO DA USINAGEM
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SOLUÇÕES DE USINAGEM
A REINVENÇÃO DO TORNEAMENTO Uma solução inteligente para a indústria do futuro POR OKIS BIGELLI ILUSTRAÇÕES SANDVIK COROMANT (SUÉCIA)
O
s desenvolvimentos tecnológicos em geral surgem para atender às necessidades do mercado que, de uma forma dinâ-
mica, evolui constantemente. O sucesso dessas novas tecnologias depende principalmente dos resultados práticos que são capazes de gerar nos processos fabris, tornando, de uma maneira geral, aquela atividade ou negócio mais competitivo e sustentável, nos aspectos tanto ambiental quanto financeiro e operacional. Além disso, também se espera que essas tecnologias superem desafios recorrentes da indústria, como a produtividade e flexibilidade. O método PrimeTurning™ é a primeira solução de "torneamento em todas as direções" da indústria, com um design inteligente,
e quebra paradigmas em uma operação de usinagem que permaneceu inalterada durante décadas.
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Foto: Shutterstock
SOLUÇÕES DE USINAGEM
Uma solução de torneamento comple-
tremidade oposta da peça (placa) ou vice-
tamente inovadora e revolucionária com
-versa, torneando "para trás" ou no sentido
novas ferramentas e um novo gerador de
oposto ao convencional.
códigos CNC nunca vistos na usinagem que
O menor ângulo de posição da pastilha,
permitem aumentar a produtividade da
projetado especialmente para isso, possibi-
máquina para um melhor custo-benefício.
lita dobrar efetivamente as taxas de avanço
O revolucionário método PrimeTurning permite tornear em todas as direções
e aumentar a velocidade em comparação TODAS AS DIREÇÕES
ao torneamento convencional, permitindo
Ao contrário do torneamento longitudinal
ganhos de produtividade consideráveis.
convencional, nesse novo método a ferra-
Isso é possível porque os ângulos de
menta de corte pode entrar na peça a par-
posição menores, ou os ângulos de ata-
tir do contraponta e remover o material, à
que maiores alteram a espessura do ca-
medida que se desloca em direção à ex-
vaco (hex), formando cavacos mais finos e
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Ferramenta conjugada CoroPlex TT para máquina multitarefas com pastilhas CoroTurn Prime para desbaste e acabamento
largos, capazes de afastar a carga e o calor
FERRAMENTAS E SOFTWARE
do raio de corte pastilha, o que resulta em
Estão disponíveis dois tipos de ferramen-
dados de corte mais elevados e maior vida
tas e pastilhas para esse método. O Coro-
útil da ferramenta. Além disso, uma vez
Turn Prime™ versão A, que dispõe de três
que o corte é realizado na direção oposta,
cantos a 35° e foi desenvolvido para opera-
não existe o problema de entupimento de
ções de desbaste leve, acabamento e per-
cavacos, um efeito comum e indesejável
filamento, e o CoroTurn Prime™ versão B,
do torneamento longitudinal convencio-
com os seus cantos ultrarrobustos, desen-
nal, em peças com cantos a 90°.
volvidos especificamente para operações
O método PrimeTurning™ permite o
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de desbaste e acabamento.
torneamento em todas as direções, o que
Ambas as opções de ferramentas dis-
significa que o torneamento convencional
põem de refrigeração interna de precisão,
também pode ser realizado, porém, ele
o CoroTurn Prime™ A, com refrigeração in-
apenas proporcionará resultados conven-
ferior e superior, enquanto que o CoroTurn
cionais em termos de produtividade.
Prime™ B tem refrigeração inferior. Como
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SOLUÇÕES DE USINAGEM
regra, a refrigeração inferior deve sempre ser aplicada para se obter uma melhor vida útil da pastilha e a refrigeração superior é utilizada para o controle de cavacos. Para que a metodologia PrimeTurning™ seja utilizada com a maior eficiência é necessária uma reprogramação CNC com técnicas de aplicação do conceito
Menor ângulo de posição altera a espessura do cavaco
para configurar as variáveis e os parâmetros corretos do processo. Com o intuito de simplificar, foi desenvolvido um gerador de códigos CNC que também ajuda a maximizar o processo através da aplicação de parâmetros e variáveis otimizados, garantindo a segurança do processo, com taxas de avanço e dados de corte recomendados. APLICAÇÃO A metodologia PrimeTurning™ e as ferramentas CoroTurn Prime™ são indicadas principalmente nos casos em que existe uma demanda por produtividade e a necessidade de redução de custo por peça, na produção de grandes lotes. Tanto o método quanto as ferramentas podem
O conceito PrimeTurning abrange método, ferramentas CoroTurn Prime e um software gerador de códigos CNC que garante a eficácia do processo. No lado esquerdo, O CoroTurn Prime tipo B, mais indicado para desbaste e acabamento, e à direita o tipo A para desbaste leve, acabamento e perfilamento.
ser implementados desde que o cliente seja capaz de utilizar as ferramentas com os dados de corte indicados e quando
ser realizado usando a mesmas ferramen-
os componentes estiverem rigidamente
tas. Ou seja, o torneamento convencional
fixados para garantir a máxima estabili-
e o perfilamento com a mesma aresta da
dade e eficiência.
pastilha e lados diferentes do raio tam-
A flexibilidade dessa aplicação de tor-
bém podem ser realizados reduzindo as-
near em todas as direções significa que o
sim o número de ferramentas necessárias
torneamento convencional também pode
para o processo.
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SOLUÇÕES DE USINAGEM
nos troca de ferramentas e um menor custo por peça. CONCLUSÃO O caminho rumo à indústria do futuro é a somatória da inovação tecnológica, produtividade e sustentabilidade. Colocar esses Percurso da ferramenta no método PrimeTurning em amarelo e no método tradicional tracejado
conceitos em prática é indispensável para o sucesso. Qualquer fábrica que não esteja maximizando a sua produtividade não é tão competitiva como poderia ser. Se as
A solução PrimeTurning™ é adequada
operações de torneamento são problemáti-
para a utilização em tornos CNC verticais
cas, e a empresa não está utilizando novas
ou horizontais, centros de torneamento
tecnologias, isso limita a capacidade de uti-
CNC e máquinas de torneamento-fresa-
lização da máquina e reduz seu potencial
mento multitarefas.
de produzir mais peças por hora. O uso de novas tecnologias, como o Pri-
BENEFÍCIOS
meTurning™, ajuda as empresas a acele-
Essa é uma solução revolucionária e inova-
rar o processo de usinagem e a aumentar
dora para torneamento de componentes
a eficiência produtiva, tornando-as mais
complexos ou simples. Seus benefícios pro-
competitivas no longo prazo.
porcionam um aumento de produtividade superior a 50% quando comparado ao torQuando falamos em torneamento em todas as direções com a mesma ferramenta, isso significa uma produtividade extraordinária, com o dobro da velocidade e das taxas de avanço, que proporciona maior remoção de material, mais peças
Foto: Renato Pizzutto
neamento convencional.
por ciclo, excelente controle de cavacos e maior vida útil das pastilhas devido ao menor ângulo de posição e eficiente utilização das arestas. O saldo final é maior utilização da máquina, menos paradas na produção, me-
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Okis Bigelli Especialista de produto e driver para Segmento Automotivo
ENTREVISTA
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COMO FAZER
O DESAFIO DA USINAGEM DE CANTOS Acabamento de raios de canto sem vibrações POR FRANCISCO CAVICHIOLLI ILUSTRAÇÕES SANDVIK COROMANT (SUÉCIA)
A
usinagem de cantos, nas operações de desbaste ou mesmo nas operações de
acabamento, é sempre um desafio, pois é comum o surgimento de vibrações que irão comprometer a qualidade da superfície usinada e também a produtividade, ou seja, o tempo de execução da tarefa. Com a aplicação das técnicas corretas, seleção de ferramentas e definição de parâmetros de corte, a usinagem de cantos torna-se uma operação fácil de ser realizada. O QUE ISSO SIGNIFICA NA PRÁTICA? Na abertura de cavidades ou bolsões, quanto maior for o diâmetro da fresa utilizada para o desbaste e menores forem os raios de canto finais dessa cavidade, mais material teremos para remover nos cantos. A técnica de f resamento em mergulho pode ser uma técnica produtiva para a remoção do excesso de material.
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Fresamento em mergulho em cantos
COMO FAZER
Depois entramos com técnicas de retoque, ou rest milling no termo em inglês,
resultando em maior produtividade e menores tempos para a execução da tarefa.
para o acabamento final. Uma das técnicas para realizar o reto-
A ESCOLHA DA FERRAMENTA
que f inal dos cantos é o fatiamento, ou
A ferramenta mais utilizada nas operações
slicing em inglês, que recebe esse nome
de fatiamento e fresamento trocoidal são
por remover pequenas porções de mate-
as fresas sólidas de metal duro, devido à
rial remanescentes nos cantos e na área de
disponibilidade de pequenos diâmetros e
parede próxima a eles. A outra técnica para
à sua grande capacidade de profundidade
a operação de retoque é o fresamento tro-
de corte axial, ap, mas quando o desenho
coidal, que daremos mais detalhes.
do produto requer profundidades menores,
Essas duas técnicas de fresamento fo-
as fresas a 90° com pastilhas intercambiá-
ram originalmente desenvolvidas para o
veis ou mesmo as sólidas com acoplamen-
desbaste e o semidesbaste de materiais
tos roscados são alternativas mais viáveis.
dif íceis, como aços duros, ISO H, e ma-
Para grandes profundidades axiais,
teriais resistentes ao calor, ISO S. Porém,
onde as exigências de acabamento super-
também podem ser usados em outros
ficial nas paredes não são tão elevadas e/
materiais, especialmente em aplicações
ou marcas de usinagem são permitidas,
sensíveis às vibrações.
as f resas com pastilhas intercambiáveis de aresta longa, chamadas de long edge,
A TÉCNICA
também podem ser utilizadas.
Ambos os métodos estão baseados em pequena profundidade de corte radial, ae, que garante que apenas um dente da fresa estará em contato por vez no material. Isso gera menor força de corte resultando em menor tendência a vibrações. Outro fator positivo é a possibilidade de trabalharmos com grandes profundidades de corte axiais, ap. A pequena profundidade de corte radial ainda gera pouco calor na zona de corte, o que possibilita o aumento da velocidade de corte e também uma espessura máxima de cavacos, hex, pequena, que nos permite o aumento considerável da taxa de avanço,
Fatiamento de cantos e raios
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COMO FAZER
FRESAMENTO TROCOIDAL O fresamento trocoidal pode ser definido como uma operação de fresamento circular que inclui movimentos simultâneos de deslocamento à frente. A fresa remove "fatias" repetidas de materiais em uma sequência de percursos espirais contínuos da ferramenta no sentido radial. Isso demanda uma programação especializada, facilitada pelo uso de softwares de programação CAM, além de recursos da máquina-ferramenta para realizar a operação. Alguns benefícios desse método são:
Fresamento trocoidal
• O arco de contato controlado gera baixas forças de corte permitindo altas profundidades de corte axiais, ap. • Todo o comprimento da aresta de corte é utilizado, garantindo que o calor e o desgaste sejam uniformes e se dissipem, resultando em maior vida útil da ferramenta. • Devido ao arco de contato pequeno, são utilizadas ferramentas multidentes, o que permite altos avanços da mesa. COMO APLICAR O fatiamento, assim como o fresamento trocoidal, usa alta velocidade de corte, vc, e alta profundidade de corte axial, ap, mas com contatos radiais pequenos, ae, e também baixo avanço por dente, fz. Para o fresamento trocoidal, o ap máximo deve ficar dentro de 2xDc e a velocidade de corte, vc, pode ser até 10 vezes maior que a velocidade aplicada no fresamento convencional.
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Baixa ae e grande ap
COMO FAZER
DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS
NOSSAS DICAS • Use o fresamento em mergulho para remover o excesso de material deixado nos cantos de cavidades. • Remova o material remanescente com técnicas de retoque. • Use fresas a 90° com pastilhas intercambiáveis ou fresas sólidas de topo. • Use fresas com diâmetro máximo de 1,75 vezes o raio de canto a ser usinado. • Copie/interpole o raio de canto. • Em comparação aos métodos tradicionais, o fresamento trocoidal trabalha com
Definições para fresamento trocoidal
velocidades de corte mais altas. • Calcule a taxa de avanço com base na espessura máxima de cavacos, hex, recomendada para a geometria da ferramenta.
Vfm = n x fz x zn
_____________________________________________________________ Conteúdo originalmente publicado na revista Ferramental, ed. 72, e adaptado para a revista OMU. Concedido pela editora Gravo para republicação.
Dvf = Dm - Dc Dvf Dm
x Vfm
Diâmetro máximo da fresa
Dc = 70% da largura do canal
Foto: Renato Pizzutto
Vf =
Passo de deslocamento
w = Máximo 10% de Dc Profundidade radial ae = 20% de Dc Profundidade axial ap = até 2xDc
Francisco Cavichiolli Especialista em fresamento, fresamento de engrenagens e sistemas de fixação da Sandvik Coromant do Brasil
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PRODUTIVIDADE
OBRAS-PRIMAS DA MANUFATURA As modernas máquinas-ferramenta digitais determinaram a rápida e fabulosa evolução tecnológica da manufatura POR ALFREDO FERRARI
A
indústria de manufatura no setor metalomecânico vem vivenciando uma nova revolução industrial nos últimos 40 anos.
Uma revolução tecnológica. Novos produtos vêm sendo introduzidos no mercado de forma intensa, com maior qualidade, visual mais atrativo, ótimo desempenho e muitas vezes produzidos de forma customizada, ou seja, atendendo ao desejo de poucos ou até de um único consumidor. Esta evolução se deu graças à célere informatização da manufatura, através dos controles digitais aplicados às máquinas, equipamentos e sistemas de desenvolvimento de produto e de controle da produção. É a era da manufatura avançada dentro dos conceitos da indústria 4.0.
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PRODUTIVIDADE
Impressora 3D
Manufatura Aditiva com Impressora 3D
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PRODUTIVIDADE
Centro de torneamento e fresamento
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Na realidade, os produtos de alta tec-
trabalhos estes desenvolvidos e maneja-
nologia produzidos atualmente são ver-
dos inteligentemente pelos atuais artistas,
dadeiras obras-primas a ponto de causar
os engenheiros e técnicos da Manufatura
enorme desejo aos seus consumidores.
Avançada. É o Renascimento no século XXI,
Automóveis, aviões, satélites, equipamen-
uma revolução na indústria, nas ciências e
tos para a medicina, próteses ortopédicas,
na tecnologia.
telefonia móvel, eletrodomésticos, entre
A evolução da máquina-ferramenta foi
tantos outros produtos, atingiram um ele-
decisiva para que a produção de peças se
vado nível de precisão, desempenho, con-
tornasse cada vez mais eficiente, produti-
forto e admiração.
va e flexível. Com novos materiais, compo-
Na época do Renascimento, nos séculos
nentes e conceitos construtivos, somados
XV e XVI, ocorreu a revolução das artes e da
às modernas ferramentas de corte de alto
arquitetura, quando artistas, como pinto-
rendimento e à evolução da eletrônica e dos
res, escultores e arquitetos produziram as
controles digitais, as máquinas-ferramenta
suas obras-primas, fruto de suas criativi-
passaram a ser eficientes centros de ope-
dades e genialidades, com a habilidade de
rações, com a finalidade de produzir peças
suas mãos. Passados séculos, vemos hoje
das mais diversas geometrias por completo
produtos maravilhosos sendo projetados
numa única fixação, desde as mais simples
por sistemas computacionais avançados
até as de elevada complexidade, eliminando
e produzidos por máquinas-ferramenta
assim operações posteriores. Como resulta-
digitais inteligentes, programadas e con-
do, mais produtividade, menores custos de
troladas através de softwares dedicados,
fabricação e maior qualidade.
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PRODUTIVIDADE
Centros de torneamento que fresam,
mecanismos para montagem, entre outros
fresadoras que torneiam, centros de usi-
conjuntos necessários para a produção se-
nagem de cinco eixos, retificadoras mul-
riada e flexível de bens duráveis.
tioperacionais, impressoras 3D para a
A evolução tecnológica é inexorável e a
manufatura aditiva e prensas que cortam
sua aplicação é a garantia do progresso in-
sem rebarba, são exemplos desta revolução
dustrial e da produção de obras-primas da
tecnológica. Hoje, a diversidade de oferta
engenharia de manufatura, como as três
de máquinas-ferramenta digitais, com
peças apresentadas.
Centro de usinagem de 5 eixos
base nos seus conceitos construtivos e nas sendo que a definição da aplicação ideal de equipamentos para atender a uma determinada necessidade de produção fica muito facilitada.
Foto: divulgação
suas capacidades operacionais, é enorme,
Dependendo dos trabalhos a serem realizados, as modernas máquinas-ferramenta podem ser aplicadas tanto de forma autônoma, como integradas em células de manufatura, intercomunicando-se com outros equipamentos, como sistemas de carga e descarga de peças, equipamentos de controle de qualidade, máquinas de gravação,
Alfredo Ferrari Engenheiro Mecânico, Vice-Presidente da Câmara Setorial de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura
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ENTREVISTA
ENGENHARIA COM UM QUÊ DE HUMANAS Na opinião de Renato Trindade, gerente da consultoria global de recrutamento Page Personnel, os novos engenheiros precisam de uma formação mais global e analítica para trabalhar à frente das novas demandas da indústria. Apesar de essas características já serem exigidas pelo mercado de trabalho, as universidades ainda não estão preparadas para este novo perfil POR DENISE MARSON
O
s cursos de Engenharia ainda são muito tradicionais, focados em temas clássicos do setor e ainda com pouco espaço para
as inovações, como a automação, a robótica e a indústria 4.0. Este diagnóstico, feito por Renato Trindade – gerente da consultoria global de recrutamento para cargos de nível técnico e suporte à gestão Page Personnel – atesta para o descompasso existente entre as necessidades atuais do mercado e o perfil dos engenheiros formados na maior parte das universidades do País. Para ele, trata-se de um sintoma grave, uma vez que “a ausência de aproximação entre indústria e instituições de ensino não ajuda a despertar o interesse de jovens profissionais, além de não gerar um plano claro de recuperação e modernização para a indústria brasileira”. Nesta entrevista para O Mundo da Usinagem, o especialista também relaciona algumas características positivas para um engenheiro, tais como comunicação, gestão de conflitos, empatia, trabalho em grupo e algumas habilidades técnicas como administração, noções de marketing e finanças.
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Foto: Divulgação
ENTREVISTA
Renato Trindade, Gerente da consultoria global de recrutamento para cargos de nível técnico e suporte à gestão Page Personnel
Em sua própria trajetória profissional,
em uma grande instituição f inanceira,
Trindade sempre precisou aliar a área de
também teve a oportunidade de apren-
humanas de sua formação inicial – Jorna-
der sobre negociação, finanças, economia
lismo, com pós-graduação em Marketing
e adquiriu, como bônus, competências na
– ao ambiente empresarial que, muitas
área administrativa.
vezes, lida com ciências mais exatas. Ini-
Ao participar de um processo seleti-
cialmente trabalhando nos departamen-
vo na consultoria global de recrutamento
tos de comunicação, ele enveredou pela
Page Personnel, quando concorria a uma
área do marketing estratégico e comercial
vaga de coordenador de marketing espor-
e, durante um programa de treinamento
tivo, que ele descobriu seu potencial para
O MUNDO DA USINAGEM
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ENTREVISTA
atuar na área de recrutamento e seleção.
rantindo mão de obra qualificada para as
Hoje, aos 34 anos, ele comanda a divisão
futuras necessidades.
de Vendas, Marketing e Retail da empresa.
No Brasil, temos um longo caminho para avançar, porém, é algo extremamen-
Como estreitar o relacionamento entre
te importante para garantir o futuro das
empresas e universidades para que am-
empresas e, principalmente, da indústria
bas atuem juntas na formação do melhor
brasileira. Nos Estados Unidos essa parce-
profissional?
ria funciona muito
As relações entre em-
bem e com adap-
presas e universidades no Brasil ainda são muito incipientes, o que dificulta o avanço na formação de profissionais em novas tecnologias e tendências de mercado. Em países desenvolvidos, as empresas investem na formação de profissionais, não só na universidade, mas também durante o ensino fundamental.
ALÉM DE TER O PODER DE PLANEJAR E EXECUTAR, OS PROFISSIONAIS TAMBÉM PRECISAM TER PENSAMENTO ANALÍTICO, DE GESTÃO, ADMINISTRAÇÃO, COMUNICAÇÃO, ENTRE OUTRAS CARACTERÍSTICAS.
Essa aproximação tem
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e m erca dos. Em Estados nos quais a indústria é mais forte, o investimento na formação de profissionais desse setor é grande nas escolas e universidades da região. No Vale do Silício, por exemplo, empresas de tecnologia investem na formação de pro-
como objetivo capacitar e despertar, já na
fissionais, ensinando suas tecnologias e
formação básica, o interesse dos alunos em
garantindo que tenha profissionais bem
novas tecnologias.
formados para ingressarem nas empresas
O investimento na formação garante
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tações por regiões
com alta capacitação.
profissionais capacitados e que irão aten-
Um bom exemplo que temos no Brasil
der às demandas do mercado com um
está no sistema Senai, com forte capaci-
custo de capacitação mais baixo e alta
tação técnica, no qual já vemos uma forte
qualidade, garantindo que não haja um
aproximação de empresas no investimen-
‘apagão’ de profissionais. Ambas as insti-
to da capacitação técnica de profissionais
tuições precisam se aproximar, gerando
garantindo, assim, mão de obra qualifica-
valor, mudando a grade de ensino, incluin-
da e especializada com um custo menor
do novas tendências no aprendizado e ga-
do que com engenheiros.
WWW.OMUNDODAUSINAGEM.COM.BR
ENTREVISTA
Recentes levantamentos mostram que o
Hoje, o engenheiro sai com uma capacita-
número de graduados em Engenharia no
ção semelhante à de 10 ou até 20 anos atrás,
País quadruplicou em 15 anos – passou de
sem espaço para os temas mais modernos
25 mil em 2001 para mais de 100 mil em
da indústria global. A formação não segue
2016. Entretanto, alguns especialistas ava-
o avanço do mercado, não só em questões
liam que esse aumento não trouxe um
técnicas, mas também em outras discipli-
grande impacto na inovação dentro do
nas necessárias para o mercado. Os enge-
setor produtivo. Na sua opinião, por que
nheiros têm muitas cobranças e precisam
há esse descompasso?
de um preparo que vai além do cálculo e
A indústria vem sofrendo muito com a crise
dos quesitos da engenharia. O mercado de-
econômica brasileira, isso fez com que as
seja profissionais que, além de ter o poder
oportunidades profissionais diminuíssem. A
de planejar e executar, também tenham
formação em Engenharia no Brasil é muito
pensamento analítico, de gestão, adminis-
bem vista pelo mercado, devido ao poder
tração, comunicação, entre outras carac-
de planejamento, de organização e de exe-
terísticas. Poucos prof issionais saem da
cução. Esses profissionais estão ganhando
faculdade com os conceitos da indústria
espaço em outros setores do mercado
4.0, algo novo ainda no Brasil e com baixo
como as áreas financeira, de serviços e de
investimento. A busca por profissionais com
tecnologia, entre outras. A carreira nesses
esse perfil é muito difícil, pela escassez de
outros setores tem se mostrado mais pro-
perfis com alto conhecimento. As universi-
missora do que o investimento profissional
dades precisam se modernizar, mudar sua
dentro da indústria, que sofre com o mo-
grade, olhar para o futuro e preparar seus
mento atual do Brasil. Os cursos de Enge-
estudantes para as mudanças que virão, tal-
nharia ainda são muito tradicionais, focados
vez com mais lentidão no Brasil, mas serão
em temas clássicos do setor e ainda com
tendência de mercado nos próximos anos.
pouco espaço para as inovações, como a automação, a robótica e a indústria 4.0. A ausência de aproximação entre indústria e instituições de ensino não ajuda a despertar o interesse de jovens profissionais, além de não gerar um plano claro de recuperação e modernização para a indústria brasileira. Atualmente, qual o grau de familiaridade que um estudante de engenharia tem com o conceito de indústria 4.0, por exemplo?
O MERCADO NÃO É UMA CIÊNCIA EXATA COMO A ENGENHARIA E ESSA ADAPTAÇÃO É ESSENCIAL PARA CRESCER E SOBREVIVER NESSE AMBIENTE
O MUNDO DA USINAGEM
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ENTREVISTA
Ultimamente, competências como lide-
estudados, testados e os resultados aufe-
rança e trabalho em equipe têm sido mui-
ridos. O engenheiro moderno precisa usar
to valorizadas. Em que medida o profis-
seu pensamento e raciocínio lógico para
sional de engenharia está trabalhando
momentos nos quais não existem estu-
essas habilidades?
dos prévios ou ações já definidas, tem de
O profissional de engenharia precisa bus-
pensar, se relacionar com diferentes áreas
car outras capacitações, como pós-gradu-
e perfis profissionais e se comunicar de
ação, MBA ou cursos específicos para de-
uma forma clara e empática, atuando em
senvolver outras habilidades necessárias
grupo e conseguindo entender a visão e
ao mercado de trabalho atual. Principal-
posição dos outros. O mercado não é uma
mente para os engenheiros que buscam
ciência exata como a engenharia e essa
posições fora da área técnica. A formação
adaptação é essencial para crescer e so-
ensina a projetar, planejar e executar den-
breviver nesse ambiente.
tro de um cenário técnico, com situações previsíveis, já estudadas pela engenharia.
O que as empresas estão esperando dos
O mercado apresenta cenários difíceis de
profissionais que vão contratar? Elas já
prever, não tendo uma forma de atuação
estão exigindo, por exemplo, conheci-
predefinida, sendo necessário a criativi-
mentos de robótica ou manufatura adi-
dade para resolução de problemas e con-
tiva (prototipagem)?
flitos. Na engenharia, tudo é muito estu-
O mercado tem um grande desafio, pois
dado e os cenários já foram desenhados,
as empresas querem profissionais altamente capacitados em novas tecnologias e tendências, porém, poucas aplicam
AS DEFICIÊNCIAS ESTÃO LIGADAS ÀS SOFT SKILLS COMO COMUNICAÇÃO, GESTÃO DE CONFLITOS, EMPATIA, TRABALHO EM GRUPO E ALGUMAS HABILIDADES TÉCNICAS COMO ADMINISTRAÇÃO, NOÇÕES DE MARKETING E FINANÇAS
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isso em seu dia a dia. A indústria ainda é muito carente no que diz respeito à automação, robótica e prototipagem. As grandes corporações multinacionais trazem a tecnologia de sua matriz para o Brasil, porém, encontram dificuldades em aplicá-la exatamente por não ter profissionais capacitados, o que leva à necessidade de capacitar esses profissionais fora do Brasil, ou até mesmo expatriar profissionais para trazer conhecimento para suas operações no País.
ENTREVISTA
O MUNDO DA USINAGEM
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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA
CONSCIENTIZAÇÃO E RESPEITO Os processos seletivos e o relacionamento no ambiente corporativo podem ser contaminados por práticas de discriminação e bullying. Empresas como a BASF e a Meritor apostam em treinamentos específicos para impedir que isso aconteça POR DENISE MARSON
T
odo ser humano traz consigo algum grau de preconceito – consciente ou inconsciente – e isso pode afetar seus relacio-
namentos, inclusive no ambiente de trabalho. As vítimas podem estar entre as mulheres, os negros, dentro da população LGBT ou até entre os portadores de deficiência, mas a discriminação também pode ser direcionada a qualquer pessoa, quando ela acaba sendo descartada em um processo de contratação ou promoção com base em prejulgamentos, antes de uma análise isenta de suas qualificações técnicas, profissionais e comportamentais. O desafio de tratar temas tão delicados está sendo encarado pelos departamentos de recursos humanos de algumas empresas e os primeiros resultados positivos já estão aparecendo: mais inclusão, diversidade e representatividade.
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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA
Segundo dados da BASF, em 2017 as
e de soluções para agricultura e petróleo
mulheres representavam 29,5% do quadro
e gás, entre outros, tem como estratégia
de colaboradores na América do Sul, por
para 2021 alcançar um percentual entre
exemplo. Em relação aos cargos de lideran-
22% e 24% de mulheres em cargos de lide-
ça, a representatividade é de 27,1%. “Esses
rança. “Os resultados sul-americanos já são
números colocam a BASF América do Sul
considerados referência”, diz.
em destaque em relação às demais regiões
Esta importante conquista para as mu-
da empresa pelo mundo, já que a média
lheres dentro da BASF pode sinalizar mu-
global é de 25,5% – sendo 20,5% de mulhe-
danças importantes em relação ao cenário
res em cargos de liderança”, comemora
atual, no qual elas aparecem como a maio-
Bruno Barreto, consultor de diversidade
ria entre as vítimas de comportamentos
para a América do Sul. A companhia, que
desrespeitosos no trabalho. Foi isso o que
atua nos segmentos químico, de materiais
mostrou uma pesquisa, realizada entre 3
O MUNDO DA USINAGEM
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Foto: Divulgação
NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA
pelo chefe direto do ofendido, 23% por funcionários do mesmo nível e apenas 6% dos episódios foram ocasionados por colaborador de função hierárquica inferior. O estudo aponta também que a maioria das ofensas (63%) é praticada por homens ante 37% por mulheres. Do ponto de vista dos funcionários, uma série de características pessoais podem motivar situações embaraçosas ou constrangedoras dentro da empresa. Entre as citadas, estão idade (26%), comportamento (timidez, extroversão etc.,
Bruno Barreto Consultor de diversidade da Basf para a América do sul
23%), peso (17%), raça (16%), aparência (tatuagem, piercing, 13%), religião ou crença (13%), gênero (12%), nacionalidade, região ou cidade (8%), sotaque (7%), orientação
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e 15 de maio deste ano, pelo portal de car-
sexual (6%), estado civil (5%), gravidez (5%)
reira Vagas <www.vagas.com.br>. O estudo
e deficiência (3%), além da estatura (alta
procurou mapear o que classificou como
ou baixa), classe social, grau de instrução,
“preconceito e discriminação no trabalho”
região em que mora, nome, entre outros.
e para isso, selecionou uma amostra de
Por isso, os esforços da BASF para ga-
1.731 currículos cadastrados. Desse total,
rantir a diversidade não param na inclu-
50% revelaram já ter sofrido esse tipo de
são de mulheres. Barreto também cita o
problema. Essa base, composta por 861
grupo de afinidades voltado para negros
respondentes é formada, em sua maioria,
chamado BIG (Black Inclusion Group). “Por
por mulheres (55%), com idade média de
meio dele, foi realizada uma parceria com
34 anos, sem filhos (57%), com curso su-
a Universidade Zumbi dos Palmares, que
perior (56%) e ocupando cargos de nível
resultou na contratação de 13 estagiários
auxiliar/operacional (36%).
negros, que contam com mentoria dos
A pesquisa revela ainda, entre outros
membros do grupo, assim como iniciati-
dados, que 41% dos casos foram perpe-
vas de capacitação, como aulas de Inglês.
trados por um superior hierárquico, 30%
Adicionalmente, das 13 mil inscrições do
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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA
Foto: Divulgação
Programa de Trainee 2017, 23% foram de estudantes negros”, conta Barreto. Além do BIG, o programa chamado Meu Novo Mundo, em parceria com a Fiesp, foi responsável pela contratação de 80 jovens-aprendizes com deficiência severa. “Adicionalmente, instituímos um
dashboard de diversidade, por meio do qual podemos acompanhar mensalmente nossos resultados”, complementa. MAIS INCLUSÃO Fabricante do setor automotivo, a Meritor também ostenta um trabalho importante na inclusão de deficientes, pelo qual foi
Nathalia Molina Diretora Jurídica e Recursos Humanos da Meritor
notabilizada. “Atuamos de forma bastante intensa na questão diversidade. Somos referência na região pela inclusão dos tra-
nho. Atividades em equipe e treinamen-
balhadores com deficiência no mercado
tos funcionam bem. Além disso, o assunto
de trabalho, por exemplo”, lembra Natha-
deve ser tratado de forma clara e transpa-
lia Molina, diretora Jurídica e Recursos
rente sempre e a área de recrutamento e
Humanos da empresa. Primeira mulher
seleção participa de todo o processo, ga-
na diretoria da Meritor no Brasil – que
rantindo a lisura da escolha do candidato
já tem 62 anos de atuação no País – ela
final”, descreve Nathalia.
acredita que esse foi também um grande
A BASF aplica uma pesquisa de satis-
passo para uma inclusão ainda maior de
fação para avaliar seus processos seleti-
mulheres em cargos de liderança.
vos, principalmente nos programas de
Apesar de nunca ter recebido nenhu-
estágio e trainee e o seu feedback tem
ma queixa de candidato com relação à
se mantido positivo. “Nos preocupamos
discriminação dentro do processo seleti-
com o bem-estar de nossos colaborado-
vo, a empresa investe em treinamentos e
res e com a ética no ambiente de trabalho
orientações sobre diversidade para gesto-
e também no processo seletivo. Estamos
res. “A educação é sempre o melhor cami-
abertos e contamos com canais de de-
O MUNDO DA USINAGEM
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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA
núncia disponíveis, em caráter confiden-
com os nossos ou com os quais fomos
cial, para eventuais queixas que possam
ensinados a acreditar serem os melhores.
surgir”, testemunha Barreto, acrescentan-
Com isso, a avaliação por competência
do que a política global de compliance da
pode sofrer interferências.”
empresa contempla um canal de denún-
Na BASF, toda a equipe de seleção já
cia 0800 e um Comitê de Compliance, de-
passou por treinamento sobre viés incons-
dicado especificamente a estes assuntos.
ciente, de forma a trazer a diversidade para
“Já recebemos queixas de colaboradores,
os processos seletivos. Atualmente, este
que foram apuradas de forma confiden-
tipo de capacitação é mandatória também
cial por empresa terceira, com medidas
para a liderança, de forma a atingir 100%
adequadas/legais cabíveis aplicadas”.
dos líderes do Brasil até o segundo trimestre de 2019. “Acreditamos que seja neces-
30
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VIÉS INCONSCIENTE
sário exercer este papel educativo, afinal,
O caminho para chegar a este patamar de
a desconstrução é um trabalho contínuo.
qualidade e transparência no processo é
Mas também precisamos nos apoiar na lei
construído lentamente, e envolve muita
e coibir comportamentos que não corres-
informação. Tudo começa com a forma-
pondam com a legislação. Na BASF, por
ção de um time bem preparado de recru-
exemplo, o comportamento dos colabora-
tadores. Tanto na BASF quanto na Meritor,
dores em redes sociais tem impacto dentro
os colaboradores passam por treinamen-
da empresa, pois temos uma visão holística
tos específicos para trabalhar o chamado
do colaborador e de nossa marca empre-
viés inconsciente. “Em processos seletivos
gadora”, acrescenta Barreto.
e no relacionamento cotidiano, um pon-
O consultor de diversidade da empre-
to chave é trazer à consciência o viés in-
sa ressalta também a realização, dentro da
consciente, um conjunto de estereótipos
empresa, de treinamentos de compliance,
criados a partir de vivências e estímulos
antitruste, anticorrupção, comportamen-
que sof remos ao longo da vida, que po-
tais e sobre o código de conduta, entre ou-
dem culminar em julgamentos intuitivos”,
tros. “Por enquanto, o de viés inconsciente
explica Barreto. “Este viés consiste na
é mandatório somente para a liderança,
tendência em avaliarmos melhor pessoas
mas está em andamento um projeto para
que tenham gostos ou traços parecidos
que seja aplicado a toda a empresa”.
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NEGÓCIOS DAENTREVISTA INDÚSTRIA
O MUNDO DA USINAGEM
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TECNOLOGIA
SUSTENTÁVEL PELA PRÓPRIA NATUREZA Ao trabalhar com pellets de madeira para a geração de energia limpa, a Koala Energy, de Rio Negrinho (SC), prega o uso consciente dos recursos naturais e defende a eficiência do processo em uma série de aplicações POR DENISE MARSON
A
pressão para que se reduza a emissão de poluentes ainda não é sentida com muita força no Brasil, mas esta realidade tem
norteado muitas decisões em outros países, especialmente nos europeus. Foi isso que testemunhou o empresário brasileiro Sérde negócios. Ao conhecer de perto essas demandas, ele viu uma grande oportunidade de negócios: a geração de energia limpa por meio da queima de pellets de madeira.
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© Créditos
gio Klaumann, quando visitou o velho continente em uma viagem
Pellets: biomassa feita a partir de subprodutos de madeira que passa por processo de secagem e ĂŠ comprimida para adquirir o formato de pequenos cilindros
O MUNDO DA USINAGEM
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Foto: Acervo Pessoal
TECNOLOGIA
Dono da Koala Energy, sediada em Rio Negrinho (SC), Klaumann passou a produzir este tipo de biomassa em 2005, quando percebeu que o mercado de exportação de molduras de madeira para os Estados Unidos – atividade desenvolvida por sua empresa nos três anos anteriores – estava desaquecido. Desde então, toda a equipe vem assumindo o papel de evangelizadora desta tecnologia para o ainda incipiente mercado nacional. Com o intuito de divulgar as vantagens do uso da energia limpa gerada
Natan Bittencourt Gerente de produção da Koala Energy
pelos pellets, a empresa participou, em agosto, de um Grupo de Intercâmbio de Experiências (GIE) promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alema-
AO TRABALHAR COM PELLETS DE MADEIRA PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA LIMPA, A KOALA ENERGY, DE RIO NEGRINHO (SC), PREGA O USO CONSCIENTE DOS RECURSOS NATURAIS E DEFENDE A EFICIÊNCIA DO PROCESSO EM UMA SÉRIE DE APLICAÇÕES
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nha. Durante o evento, realizado em São Paulo (SP), a Koala Energy mostrou que este tipo de biomassa caracteriza-se por sua alta eficiência energética e que sua emissão de CO 2 é considerada neutra, uma vez que as árvores replantadas consumirão esses gases. Além disso, enfatizou a importância de se adquirir um produto certificado – eles possuem duas certificações: a ENplus, que garante a qualidade do produto, processos de fabricação e entrega ao cliente e a FSC - Cadeia de Custódia, que atesta a procedência do produto de uma fonte sustentável.
TECNOLOGIA
Para entender de que forma o pellet
abertura no mercado ao instalar seus pri-
pode gerar energia, é preciso conhecer os
meiros sistemas em residências, hotéis,
equipamentos chamados trocadores de
hospitais, lavanderias e, até mesmo, em al-
calor. Compostos por uma série de tubos,
gumas indústrias. “Hoje estamos fabrican-
eles são responsáveis por transmitir o po-
do em torno de 40 equipamentos por ano”,
der calorífico de um meio para outro – no
diz o engenheiro mecânico Natan Bitten-
caso do pellet, o calor é transmitido para
court, gerente de produção da empresa.
a água. Essa energia que é liberada na
Os equipamentos foram desenvolvi-
forma de calor pode ser quantificada por
dos com tecnologia nacional – baseada
duas formas: PCI (poder calorífico inferior)
em projetos de trocadores de calor com
e PCS (poder calorífico superior, que consi-
alta eficiência –, mas utilizam eletrônica
dera também a energia envolvida na con-
importada. “Os comandos são trazidos da
densação da água).
Itália”, conta Bittencourt. No país europeu, inclusive, encontram-se os maiores clien-
O MERCADO BRASILEIRO
tes da Koala.
Em um estudo publicado na revista “Ciên-
Atualmente, a Koala possui cerca de
cia da Madeira” no ano passado, os auto-
80 equipamentos instalados no Brasil. En-
res Dorival Pinheiro Garcia, José Cláudio
tretanto, seus pellets também podem ser
Caraschi e Gustavo Ventorim fizeram um
fornecidos para consumidores que utilizam
levantamento sobre o setor de pellets no
máquinas fabricadas por seus concorren-
Brasil. Segundo este trabalho, trata-se de
tes. “No geral, acredito que o mercado bra-
um mercado jovem, que havia produzido
sileiro deva ter em torno de 500 máquinas
75 mil toneladas em 2015 e que apresen-
a pellet. Estimo que o consumo no País
tava três problemas principais: “baixo con-
seja em torno de 5 mil toneladas por mês.
sumo interno, alto custo da energia elétri-
É um número estimado pela quantidade
ca e desconhecimento do produto pelos
de equipamentos disponíveis.”
consumidores”.
Com uma produção variando entre 5 mil
Inserida neste contexto, a Koala Energy
e 9 mil toneladas por mês, a Koala destina
– que é uma empresa familiar – depois de
88% desse total ao mercado internacional.
ingressar na produção dos pellets em 2005,
Os pellets podem ser fornecidos em em-
passou a fabricar também os trocadores de
balagens de 15 kg ou acima de 1 t, em uma
calor, em 2007. Com isso, encontrou maior
embalagem especial, que é retornável.
O MUNDO DA USINAGEM
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35
TECNOLOGIA
USO LIMITADO NAS INDÚSTRIAS
é que ele emite alguns gases a mais que
Com relação às aplicações industriais, a uti-
o pellet, porque ele não tem uma regula-
lização de pellets como geração de ener-
mentação, uma norma.”
gia limpa ainda não está muito difundida
Apesar de o cavaco de madeira ter um
– corresponde a apenas 15% da produção.
poder calorífico mais baixo, devido à maior
Entre as razões, Bittencourt aponta para o
umidade, seu preço representa 30 a 40%
preço, uma vez que há opções de combus-
do valor do pellet. “Por todas essas razões,
tíveis sólidos com valor mais competitivo.
considerando o manuseio a mais e o custo
“Hoje a indústria tem acesso a combustí-
do equipamento, muitas vezes, acaba com-
veis mais baratos como, por exemplo, o ca-
pensando mais usar o cavaco no mercado
vaco (resíduo não beneficiado provenien-
industrial”, observa Bittencourt.
te da produção da tora de madeira), que
No entanto, o gerente de produção ex-
não tem tanta industrialização. A questão
plica que o pellet é muito competitivo em
CONVERSÃO E COMPARAÇÃO DE ENERGIA Combustível
Valor
Unidade
Pci
Unidade
Eficiência (%)
Equivalência (R$/kW)
Elétrica
0,62
R$/kWh
1
kWh
98
0,63
GLP
4,5
R$/kg
13
kW/kg
87
0,4
Diesel (747 g/l)
4,15
R$/kg
12
kW/kg
80
0,43
Pellet (FOB)
0,65
R$/kg
5
kW/kg
75
0,16
PCI = poder calorífico inferior
ECONOMIA EM RELAÇÃO AO PELLET
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Elétrica
63,87%
GLP
46,38%
Diesel (747 g/l)
50,65%
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TECNOLOGIA
mercados de indústrias menores, aquelas que não têm acesso a gás natural, ou quando a demanda térmica não é pelo vapor, e sim, pela água quente. Ele cita como exemplo, a aplicação muito bem-sucedida em
O QUE É PELLET ? Os pellets são um tipo de biomassa feito a partir de subprodutos de madeira. São oferecidos no formato de pequenos cilindros, com tamanhos variando
uma empresa nacional, considerada a maior
entre 6 e 8 milímetros de diâmetro e
fabricante de parafusos da América Latina.
10 a 40 milímetros de comprimento.
“Eles utilizam pellets para poder aquecer os
Segundo os fornecedores desse tipo
banhos de pré-tratamento do aço. Quando
de combustível sólido, esta geometria
chegam as bobinas do aço, eles têm que aquecer para fazer o pré-tratamento do arame”, descreve. “Eles escolheram o pellet, primeiro, porque não há vapor envolvido na operação, apenas água quente. Além disso, a temperatura desejada está por volta de 70ºC. Então é possível atingi-la com eficiência e ter menos perdas”. Até o momento, os melhores resultados
regular resulta em maior facilidade na queima e também possibilita que o processo seja automatizado. Seu potencial calorífico provém de seu processo de fabricação, quando a madeira – proveniente de reflorestamento – tem sua casca retirada, é cortada e passa por uma secagem até virar um pó que vai ser comprimido para que adquira sua forma final. Após essas ope-
obtidos com a adoção do pellet como fonte
rações, seu teor de umidade fica inferior
de energia estão, em sua grande maioria,
a 10%. Tudo isso deve ser feito sem o uso
no setor hoteleiro: alguns de seus clientes
de produtos químicos.
alcançaram economias que variaram entre 40 e 60%. Em sua cidade, Rio Negrinho (SC), também um hospital substituiu o sistema de aquecimento de GLP por pellets e teve economia de 55%. Bittencourt acredita que a geração de energia por meio dos pellets possa ser usada por lavanderias industriais, entre outras empresas. “Indústrias de isopor, por exemplo, que precisam de água para pré-aque-
Entre suas aplicações mais correntes estão a alimentação de lareiras residenciais, fornos, aquecimento de piscinas e também podem ser utilizados como insumo sanitário de madeira para animais (talvez seu uso mais conhecido). Para que seja comprovada a boa procedência do produto, é importante atentar para certificações que garantam, por exemplo, que não foi usada madeira de origem ilegal ou que não haja pro-
cer os moldes. Também pode ser aplicada
dutos químicos que possam trazer efei-
quando é necessário fazer um pré-trata-
tos nocivos para a saúde dos usuários
mento de pintura ou quando é preciso
e operadores, e para o meio ambiente,
mergulhar em algum fluido quente para
durante sua queima.
lavagem”, orienta o engenheiro.
O MUNDO DA USINAGEM
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EDUCAÇÃO
FUTURO COM PERSPECTIVA Cummins adota programa Formare, da Fundação Iochpe, e chega à quinta turma de alunos em curso profissionalizante voltado para alunos de baixa renda POR INÊS PEREIRA
A
possibilidade de ter uma profissão e condições para batalhar por um lugar ao sol no mercado de trabalho deveria ser direi-
to de todo jovem. Mas esta não é a realidade no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 1,3 milhão de adolescentes de 15 a 17 anos estão fora da escola, enquanto outros 2 milhões de jovens estão atrasados. A notícia alentadora é que cada vez mais empresas, instituições e indivíduos descruzam os braços e investem esforços para transformar a estatística. A Fundação Iochpe, que atua na educação de jovens em desvantagem socioeconômica há mais de 25 anos, é um exemplo de transformação neste campo.
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Foto: Divulgação
EDUCAÇÃO
Por intermédio de seu Projeto Forma-
mecânica ”, diz Soraia Franco, gerente da
re, 46 empresas hoje são responsáveis p or
área de Responsabilidade Social Corpora-
incluir mais de 1.340 jovens de baixa ren-
tiva, da empresa.
da no ambiente industrial brasileiro desde o início.
Alunos do programa de formação da Cummins
“Em 2011, criamos um grupo de trabalho para discutir como conseguiríamos
A Cummins, uma das maiores empre-
atuar na formação de jovens do Jardim
sas industriais com atuação no País, é
Cumbica, na região de Guarulhos (SP),
uma das companhias que se integrou a
onde a Cummins está instalada desde
esta iniciativa. “O Formare é um dos proje-
1971. Foi então que iniciamos contato com
tos que mais nos orgulham. Nós começa-
a Fundação Iochpe e conhecemos o Pro-
mos em 2013 e já formamos 80 assisten-
jeto Formare. Dois anos depois, inaugura-
tes de produção e serviços para indústria
mos a primeira turma”, conta Soraia.
O MUNDO DA USINAGEM
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Foto: Divulgação
EDUCAÇÃO
O trabalho em conjunto com a fundação criou as condições para a área de Responsabilidade Social Corporativa da Cummins levar adiante seu projeto educacional, baseado no trabalho voluntário de seus colaboradores. Neste trabalho a quatro mãos, a Fundação Iochpe fornece materiais pedagógicos e qualifica os voluntários para serem coordenadores e educadores. “Temos voluntários de vários setores da Cummins — engenharia, recursos humanos, financeiro, jurídico. E durante o estágio, os líderes de produção
Soraia Franco Gerente da área de Responsabilidade Social Corporativa
40
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buscam os jovens para ensinar a prática.” A adesão e a motivação são bastante fortes
POR DENTRO DO FORMARE CUMMINS
Básico
O curso Assistente de Produção e Serviços da In-
• Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade
dústria Mecânica (APSIM) reúne conteúdo teóri-
• Comunicação Oral e Escrita
co à prática profissional na forma de Estágio e
• Relacionamento e Trabalho em Equipe
Ocupação Especializada. Conheça a grade curri-
• Organização Empresarial
cular por módulo (duração de 11 semanas cada).
• Atendimento e Suporte ao Cliente
Para cada um dos níveis, os alunos são subme-
• Instrumentos de Medidas e Controle
tidos a provas de avaliação, além de trabalhos
• Desenho Mecânico
em sala de aula. Os jovens com baixo desempe-
• Tecnologia dos Ensaios e Materiais
nho recebem reforços, sob a supervisão dos vo-
• Inglês
luntários responsáveis, para garantir a reten-
• Dança
ção do conhecimento aplicado.
• Treinamento de Diversidade
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• Matemática Aplicada e Lógica
EDUCAÇÃO
— tanto no programa Formare quanto em
projeto educacional da Cummins é ser
tantos outros desenvolvidos pela área de
membro de uma família de baixa renda
Responsabilidade Corporativa — por con-
na comunidade do entorno de sua planta
ta dos valores já enraizados e de extrema
industrial. A empresa prioriza jovens nas-
importância para a companhia e seus co-
cidos em determinado período para con-
laboradores. “Para a Cummins, a evolução
cluírem o curso com 18 anos completos, ou
da Responsabilidade Corporativa se difunde
próximo de completar. “Isso para elevar as
com o progresso da empresa. Para gestão,
chances de obterem o primeiro emprego
há uma coordenadora dedicada ao pro-
ao término do programa Formare”, diz.
grama Formare, sendo que cada disciplina
Para a seleção, há provas com conteú-
ainda conta com um líder responsável pela
dos de Português e Matemática alinhados
editoração do projeto”, explica Soraia.
ao Ensino Fundamental II. Durante um ano, os jovens ficam de
EDUCAÇÃO INTEGRAL
segunda a sexta, das 7h às 16h30, nas ins-
A principal condição para f requentar o
talações da Cummins, tendo aulas teóri-
Intermediário
Avançado
• Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade
• Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade
• Comunicação Oral e Escrita
• Comunicação Oral e Escrita
• Organização Empresarial
• Informática Aplicada
• Informática Aplicada
• Projeto Integrador
• Processos, Logística e Produção de Componentes
• Processos, Logística e Produção de Componentes
• Manutenção Automação Industrial
• Manutenção Automação Industrial
• Melhoria de Processos e Produtos
• Espanhol
• Motor Diesel
• Música
• Inglês + Intensivo
• Prática Profissional (PP) – Administrativo
• Música
• Orientação Profissional
• Educação Financeira • Prática Profissional (PP) – Fábrica
O MUNDO DA USINAGEM
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41
EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO
MAIS EDUCAÇÃO PARA A COMUNIDADE A Cummins desenvolve projetos em três
cas em três módulos — básico, interme-
frentes: Educação, Meio Ambiente e Jus-
diário e avançado. As matérias técnicas
tiça Social. Desenvolve diversos proje-
também dividem espaço com aulas de
tos nesses focos. Em 2007, a companhia
reforço em Português, Matemática, Física
construiu um prédio de 220 m2 voltado para os treinamentos profissionais e capacitação, além de outros projetos desenvolvidos, para os moradores do bairro do Jardim Cumbica, em Guarulhos. Entre as diversas ações educacionais para a comunidade, está o Pano pra Manga, um curso de corte e costura para os moradores que desejam desen-
e Química. A grade curricular tem suporte da Universidade de Tecnologia Federal do Paraná (UTFPR) e os jovens formados recebem certificado emitido pelo MEC”, segundo Soraia. A Cummins mantém o suporte de uma coordenação pedagógica, além de dar para os alunos uma bolsa-auxílio de meio salário
volver outra forma de geração de renda
mínimo, seguro de vida, refeição, transpor-
familiar, e que também oferece aulas de
te, uniforme e material escolar.
empreendedorismo. O projeto ganhou
No final do curso, os alunos passam por
pernas próprias e, hoje, funciona em
estágio de um mês no chão de fábrica para
uma oficina com autonomia e sob a ges-
aplicarem na prática o que aprenderam em
tão das próprias integrantes. Construída pela Cummins South America, em 1990, em parceria com o Governo do Estado, a Escola Victor Civita recebeu R$ 3,5 milhões da companhia para a reforma concluída esse ano. Tem cerca de 320 alunos, entre seis e 11 anos de idade, do Ensino Fundamental I. Nesse espaço, os voluntários da Cum-
sala de aula. Também fazem estágio na área administrativa e, na conclusão, entregam um trabalho. “Eles acabam vivenciando um pouco de tudo. Aprendem a conviver no ambiente corporativo e a ter o comportamento esperado na indústria. Assimilam diariamente os conceitos de tecnologia e inovação da
mins pilotam vários projetos de ensino,
indústria 4.0, pois estão no dia a dia da fá-
como a Roda da Leitura, o Clube da Ma-
brica”, explica Soraia.
temática, as aulas de inglês e o ensino digital, em que as crianças têm contato
CAPACITAÇÃO PARA O MERCADO
com o conhecimento digital por meio da
A Cummins não forma mão de obra vi-
metodologia gamification.
42
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sando apenas a demanda interna. “Cerca
EDUCAÇÃO
de 20% dos jovens ficam na empresa. Os
ficá-los para o mercado de trabalho e to-
demais vão para o mercado. É uma forma
dos os esforços têm sido de grande valor
de contribuirmos com uma mão de obra
para todos os envolvidos”.
qualificada”, diz Soraia.
Mas a história da Cummins com a res-
Dos alunos formados, cerca de 32 estão
ponsabilidade social é antiga, segundo So-
trabalhando e 42 prosseguiram nos estu-
raia. Desde que se instalou no Brasil, em
dos. A gerente destaca que diversos jo-
1971, a Cummins busca contribuir com o
vens sentiram-se motivados a prosseguir a
desenvolvimento social da comunidade
formação e entraram em faculdades pelo
onde está estabelecida, na cidade de Gua-
Prouni. “Esses mesmos jovens retornaram
rulhos (SP). Além de privilegiar a contra-
para a Cummins, como estagiários.”
tação de profissionais da região (cerca de
Para dar impulso ao programa, a em-
50% dos funcionários residem na cidade),
presa iniciou esse ano a busca de parcerias
estabeleceu parcerias com a Prefeitura e
com fornecedores da região para absorver
com o Governo Estadual, além de outros
parte dos alunos formados na Cummins.
órgãos municipais e entidades beneficen-
O Projeto Formare Cummins também mantém parceria com o Senai, que
tes, para auxiliar no atendimento às necessidades da população local.
recebe alunos com melhor desempenho
Com o objetivo de intensif icar ainda
para prosseguir a formação. “Estes jovens
mais os esforços para buscar mais impac-
têm potencial. A questão é abrir oportu-
to na sociedade e nos próprios negócios,
nidades para que eles se desenvolvam”,
em 2011 a área de Responsabilidade Social
acredita Soraia.
Corporativa da Cummins ganhou uma ge-
O projeto de formação profissionali-
rência específica. “Desde então, iniciou-se
zante é valorizado pela comunidade. Para
um processo de expansão das atividades
se ter uma ideia, este ano a Cummins re-
para toda a América do Sul e houve ainda a
cebeu 1.340 inscrições para 20 vagas. “Eles
integração e o envolvimento de outras Uni-
se interessam, querem ter uma profissão
dades de Negócios da empresa, tais como
e se preparam para passar na prova. Esse
Cummins Emission Solutions, Cummins
é um efeito positivo, de querer estudar.
Filtration, Distribuição, Componentes e Ge-
Uma grande vitória e nos deixa muito or-
ração de Energia, além de novos parceiros
gulhosos. O objetivo da Cummins é quali-
comunitários”, conta Soraia.
O MUNDO DA USINAGEM
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CONHECENDO UM POUCO MAIS
ENGENHARIA CONTRA INCÊNDIOS Faltam especialistas e PUC-PR e outras universidades oferecem cursos na área POR DENISE MARSON
C
ursos de especialização sobre segu-
instituições vêm investindo em cursos de
rança contra incêndio podem valo-
formação nesta área. Um dos programas
rizar o currículo do engenheiro, uma vez
disponíveis no País é o curso de Engenha-
que o Brasil carece desse tipo de mão de
ria de Segurança contra Incêndio e Pânico
obra especializada.
oferecido pela Pontifícia Universidade Ca-
Incêndios em empresas são mais comuns do que imaginamos. Só neste pri-
Com turmas formadas por cerca de 20
sua fábrica de refrigeradores no interior de
alunos, o curso da PUC-PR é essencial-
São Paulo destruída pelo fogo e a Drogaria
mente prático e envolve a elaboração de
Pacheco viu um dos seus centros de dis-
projetos por meio de dimensionamentos
tribuição ser consumido pelas chamas em
e cálculos específicos. Ele foi estruturado
poucas horas no Rio de Janeiro.
para durar 18 meses, distribuídos em 360
Incêndios não consomem só patri-
horas. Desde 2009, a PUC-PR já formou
mônio. Eles quebram cadeias logísticas,
cerca de 120 especialistas. Ao todo, mais
afetam negócios de terceiros, quebram
de 200 prof issionais já f izeram o curso,
as pernas do abastecimento, mancham
no entanto, nem todos defenderam suas
a reputação das empresas e ocasionam
monografias. Para 2019, a previsão é a de
perdas de market share que muitas vezes
oferecer 30 vagas
longo prazo.
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instituição em Curitiba.
meiro semestre a Femsa Coca-Cola teve
se tornam difíceis de reverter mesmo no
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tólica do Paraná (PUC-PR) no campus da
O curso da PUC-PR foi criado em 2009 pelo mestre em Engenharia Civil Ivan Ri-
Apesar destes riscos consideráveis,
cardo Fernandes como trabalho de conclu-
há poucos engenheiros com especializa-
são de sua graduação em Engenharia Ci-
ção em prevenção e combate a incêndio
vil. “A segurança contra incêndio só passa
no Brasil. De olho nesta lacuna, algumas
a ser um problema depois que o incêndio
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CONHECENDO UM POUCO MAIS
ocorre”, diz o especialista. Fernandes vê no programa uma oportunidade de “conincêndio”, um tipo de bibliografia ainda
OUTRAS DEMANDAS E APRIMORAMENTOS
muito escassa no Brasil.
Com o intuito de contribuir com
tribuir com estudos científicos na área de
Além da PUC-RS, há outras especializa-
materiais para pesquisa sobre o tema de
ções ministradas no país. O curso também
prevenção a incêndios, foi criado o
é oferecido na Universidade Regional da
Instituto Sprinkler Brasil (ISB) – uma
Bahia (UNIRB), que tem a mesma estrutu-
organização sem fins lucrativos
ração do curso da PUC-PR e teve sua pri-
dedicada à divulgação de informações
meira turma este ano. Fernandes menciona, ainda, a Faculdade Assis Gurgacz (FAG) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM) como outros locais em que ajudou a implantar esse tipo de formação. Para o especialista o aumento da oferta vem ancorado nas mudanças regulatórias sobre o tema. “O poder público tornou mais rigorosa a legislação preventiva e isto gerou a necessidade de que os profissionais da Engenharia e Arquitetura buscassem uma capacitação específica.” O professor acrescenta que esta atribuição profissional – Engenheiro de Segurança contra Incêndio – é regulada pelos conselhos de classe (CREA e CAU) e, por muitas vezes, não há uma padronização em âmbito nacional. “Alguns atos administrativos têm procurado balizar esta necessidade de multidisciplinaridade de conhecimentos como, por exemplo, a Resolução nº 1073/2016 do CONFEA, que visa justamente regulamentar a atribuição de títulos, atividades, competências e campos de atuação dos profissionais registrados no Sistema CONFEA/CREA”.
sobre a utilização de chuveiros automáticos para o combate ao fogo, os chamados sprinklers. Segundo Marcelo Lima, diretor-geral da entidade, dentre as principais vantagens com o uso desta tecnologia, pode-se listar o fato de os
sprinklers agirem automaticamente a partir de determinada temperatura, sem a necessidade de atuação humana, permitindo que o fogo não se alastre e fique limitado ao compartimento de origem, o que resulta em uma efetividade de 92%. O diretor da entidade vê com bons olhos iniciativas como a da PUC-PR, dada a falta desse tipo de profissional no País. “A maior parte das pessoas que atuam hoje aprenderam o que sabem na prática, entre acertos e erros. Como temos poucos profissionais preparados para atuar com as especificidades do nosso mercado, acabamos importando modelos internacionais que nem sempre se adaptam às nossas necessidades. Por exemplo, não temos registro no Brasil de projetos de prevenção e combate a incêndios em grandes silos, usados no agronegócio ”, avalia.
O MUNDO DA USINAGEM
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desde o ano 2000. É distribuída gratuitamente para leitores que fazem parte das principais indústrias de manufatura do País, além de escolas técnicas e universidades de engenharia mecânica. A revista aborda assuntos ligados ao setor metalmecânico e temas relacionados. Também é publicada no site: www.omundodausinagem.com.br ANUNCIANTES Expomafe - www.expomafe.com.br Hanna Tools - www.hannatools.net Okuma - www.okuma.com.br Romi - www.romi.com Sandvik Coromant - www.sandvik.coromant.com WMTools - www.wmtools.com.br COLABORADORES DE CONTEÚDO Soluções de usinagem Okis Bigelli - okis.bigelli@sandvik.com Como fazer Francisco Cavichiolli - francisco.cavichiolli@sandvik.com Produtividade Afredo Ferrari - avferrari@uol.com.br Entrevista Renato Trindade - renatotrindade@pagepersonnel.com.br Negócios da Indústria Bruno Barreto - basfcorp@maquinacohnwolfe.com Nathalia Molina - comunicacaorh.saopaulo@meritor.com Tecnologia Natan Bittencourt - natan@koalaenergy.com.br Educação Soraia Franco - falecom@.cummins.com Conhecendo um pouco mais Ivan Fernandez - ivan.r@pucpr.br Marcelo Lima - comunicacao@sprinklerbrasil.org.br CONTATO SANDVIK COROMANT Av. das Nações Unidas, 21.732 | Jurubatuba | São Paulo - SP customer.service.br@sandvik.coromant.com Este impresso foi produzido na Pigma Gráfica - uma empresa certificada FSC, comprometida com o meio ambiente e com a sociedade, fornecendo produtos com papel proveniente de florestas certificadas FSC e outras fontes controladas.
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