OMU 120

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ANO 19 | EDIÇÃO 120

www.omundodausinagem.com.br

NOVO MÉTODO

A revolução do torneamento em todas as direções

PRODUTIVIDADE Obra de arte na manufatura avançada

ENTREVISTA O novo perfil do engenheiro 4.0

NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA Discriminação e bullying no trabalho

TECNOLOGIA Energia limpa com biomassa de madeira

EDUCAÇÃO O programa da Cummins na formação de jovens



EDITORIAL

E

sta segunda edição da revista “O Mundo da Usinagem” consolida o formato de apresentarmos ao leitor duas edições anuais impressas,

que complementam o conteúdo oferecido no site, de forma mais dinâmica e atualizada. A edição número 120 apresenta alguns dos temas mais atuais do mundo corporativo e da indústria da manufatura. Em entrevista com Renato Trindade, especialista do PageGroup, um dos maiores conglomerados globais de recrutamento executivo, debatemos o perfil do engenheiro 4.0 que as empresas estão buscando para contratações. Em outra reportagem, mostramos como o aprimoramento das tecnologias digitais está revolucionando a manufatura no setor metal mecânico, permitindo a produção de “obras de arte”, no que o especialista Alfredo Ferrari chama de manufatura avançada da indústria 4.0. Ainda no campo técnico, você encontrará nas páginas a seguir um artigo sobre o método PrimeTurning, a primeira solução de "torneamento em todas as direções" da indústria, que quebra paradigmas de uma operação de usinagem que permaneceu inalterada durante décadas. E ainda encontrará dicas de usinagem de cantos na seção “Como fazer”. Em “Negócios da Indústria” vasculhamos um tema que está fazendo barulho nas empresas: as políticas para evitar bullying e preconceito no ambiente corporativo e nos processos de seleção. Também nesta edição publicamos uma reportagem sobre o uso de biomassa de madeira para a produção de energia limpa e uma matéria especial que mostra como a Cummins está atuando para inserir jovens de baixa renda no mercado industrial. Esperamos que este material traga boas reflexões e inspiração para enfrentar o ambiente de rápidas transformações em que estamos imersos. Boa leitura!

O MUNDO DA USINAGEM

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EXPEDIENTE

O MUNDO DA USINAGEM é uma

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO

publicação da Sandvik CorowBrasil, com

REPORTAGEM

distribuição gratuita para mais de 10.000

Denise Marson

leitores qualificados.

Inês Pereira

RESPONSÁVEL

FOTOS

Fábio Ferracioli - Gerente de Marketing

As fotos sem menção de crédito são

da Sandvik Coromant.

do banco de imagem iStock.

EDITORES

CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO

Vera Natale - Sandvik Coromant

Pigma Gráfica

Claudio Sá - Conteúdo Comunicação TIRAGEM PRODUÇÃO E PROJETO GRÁFICO

7.000 exemplares

Conteúdo Comunicação CONTATO DA REVISTA OMU DIREÇÃO EXECUTIVA

Você pode enviar suas sugestões

Cláudio Sá

de reportagens, críticas, reclamações ou dúvidas para o e-mail:

DESIGN

faleconosco@omundodausinagem.com.br

Mariana Fabio

ou ligar para: 0800 777 7500

Daniel Casanova Bárbara Morais

Esta edição está disponível no site www.omundodausinagem.com.br

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SUMÁRIO

SOLUÇÕES DE USINAGEM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Novo método permite torneamento em todas as direções

COMO FAZER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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O passo a passo da usinagem de cantos

PRODUTIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Digitalização leva obras de arte para manufatura avançada

ENTREVISTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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O novo perfil do engenheiro 4.0 na perspectiva de um

headhunter

NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

26

Empresas criam programas para evitar bullying e preconceito no ambiente corporativo

TECNOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

32

A energia limpa da biomassa dos pellets

EDUCAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

38

O programa da Cummins para oferecer ensino profissionalizante a jovens carentes

CONHECENDO UM POUCO MAIS . . . . . . . . . . . . 44 Engenharia ganha curso para especialização em prevenção de incêndio

O MUNDO DA USINAGEM

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SOLUÇÕES DE USINAGEM

A REINVENÇÃO DO TORNEAMENTO Uma solução inteligente para a indústria do futuro POR OKIS BIGELLI ILUSTRAÇÕES SANDVIK COROMANT (SUÉCIA)

O

s desenvolvimentos tecnológicos em geral surgem para atender às necessidades do mercado que, de uma forma dinâ-

mica, evolui constantemente. O sucesso dessas novas tecnologias depende principalmente dos resultados práticos que são capazes de gerar nos processos fabris, tornando, de uma maneira geral, aquela atividade ou negócio mais competitivo e sustentável, nos aspectos tanto ambiental quanto financeiro e operacional. Além disso, também se espera que essas tecnologias superem desafios recorrentes da indústria, como a produtividade e flexibilidade. O método PrimeTurning™ é a primeira solução de "torneamento em todas as direções" da indústria, com um design inteligente,

e quebra paradigmas em uma operação de usinagem que permaneceu inalterada durante décadas.

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Foto: Shutterstock

SOLUÇÕES DE USINAGEM

Uma solução de torneamento comple-

tremidade oposta da peça (placa) ou vice-

tamente inovadora e revolucionária com

-versa, torneando "para trás" ou no sentido

novas ferramentas e um novo gerador de

oposto ao convencional.

códigos CNC nunca vistos na usinagem que

O menor ângulo de posição da pastilha,

permitem aumentar a produtividade da

projetado especialmente para isso, possibi-

máquina para um melhor custo-benefício.

lita dobrar efetivamente as taxas de avanço

O revolucionário método PrimeTurning permite tornear em todas as direções

e aumentar a velocidade em comparação TODAS AS DIREÇÕES

ao torneamento convencional, permitindo

Ao contrário do torneamento longitudinal

ganhos de produtividade consideráveis.

convencional, nesse novo método a ferra-

Isso é possível porque os ângulos de

menta de corte pode entrar na peça a par-

posição menores, ou os ângulos de ata-

tir do contraponta e remover o material, à

que maiores alteram a espessura do ca-

medida que se desloca em direção à ex-

vaco (hex), formando cavacos mais finos e

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Ferramenta conjugada CoroPlex TT para máquina multitarefas com pastilhas CoroTurn Prime para desbaste e acabamento

largos, capazes de afastar a carga e o calor

FERRAMENTAS E SOFTWARE

do raio de corte pastilha, o que resulta em

Estão disponíveis dois tipos de ferramen-

dados de corte mais elevados e maior vida

tas e pastilhas para esse método. O Coro-

útil da ferramenta. Além disso, uma vez

Turn Prime™ versão A, que dispõe de três

que o corte é realizado na direção oposta,

cantos a 35° e foi desenvolvido para opera-

não existe o problema de entupimento de

ções de desbaste leve, acabamento e per-

cavacos, um efeito comum e indesejável

filamento, e o CoroTurn Prime™ versão B,

do torneamento longitudinal convencio-

com os seus cantos ultrarrobustos, desen-

nal, em peças com cantos a 90°.

volvidos especificamente para operações

O método PrimeTurning™ permite o

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de desbaste e acabamento.

torneamento em todas as direções, o que

Ambas as opções de ferramentas dis-

significa que o torneamento convencional

põem de refrigeração interna de precisão,

também pode ser realizado, porém, ele

o CoroTurn Prime™ A, com refrigeração in-

apenas proporcionará resultados conven-

ferior e superior, enquanto que o CoroTurn

cionais em termos de produtividade.

Prime™ B tem refrigeração inferior. Como

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SOLUÇÕES DE USINAGEM

regra, a refrigeração inferior deve sempre ser aplicada para se obter uma melhor vida útil da pastilha e a refrigeração superior é utilizada para o controle de cavacos. Para que a metodologia PrimeTurning™ seja utilizada com a maior eficiência é necessária uma reprogramação CNC com técnicas de aplicação do conceito

Menor ângulo de posição altera a espessura do cavaco

para configurar as variáveis e os parâmetros corretos do processo. Com o intuito de simplificar, foi desenvolvido um gerador de códigos CNC que também ajuda a maximizar o processo através da aplicação de parâmetros e variáveis otimizados, garantindo a segurança do processo, com taxas de avanço e dados de corte recomendados. APLICAÇÃO A metodologia PrimeTurning™ e as ferramentas CoroTurn Prime™ são indicadas principalmente nos casos em que existe uma demanda por produtividade e a necessidade de redução de custo por peça, na produção de grandes lotes. Tanto o método quanto as ferramentas podem

O conceito PrimeTurning abrange método, ferramentas CoroTurn Prime e um software gerador de códigos CNC que garante a eficácia do processo. No lado esquerdo, O CoroTurn Prime tipo B, mais indicado para desbaste e acabamento, e à direita o tipo A para desbaste leve, acabamento e perfilamento.

ser implementados desde que o cliente seja capaz de utilizar as ferramentas com os dados de corte indicados e quando

ser realizado usando a mesmas ferramen-

os componentes estiverem rigidamente

tas. Ou seja, o torneamento convencional

­fixados para garantir a máxima estabili-

e o perfilamento com a mesma aresta da

dade e eficiência.

pastilha e lados diferentes do raio tam-

A flexibilidade dessa aplicação de tor-

bém podem ser realizados reduzindo as-

near em todas as direções significa que o

sim o número de ferramentas necessárias

torneamento convencional também pode

para o processo.

O MUNDO DA USINAGEM

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SOLUÇÕES DE USINAGEM

nos troca de ferramentas e um menor custo por peça. CONCLUSÃO O caminho rumo à indústria do futuro é a somatória da inovação tecnológica, produtividade e sustentabilidade. Colocar esses Percurso da ferramenta no método PrimeTurning em amarelo e no método tradicional tracejado

conceitos em prática é indispensável para o sucesso. Qualquer fábrica que não esteja maximizando a sua produtividade não é tão competitiva como poderia ser. Se as

A solução PrimeTurning™ é adequada

operações de torneamento são problemáti-

para a utilização em tornos CNC verticais

cas, e a empresa não está utilizando novas

ou horizontais, centros de torneamento

tecnologias, isso limita a capacidade de uti-

CNC e máquinas de torneamento-fresa-

lização da máquina e reduz seu potencial

mento multitarefas.

de produzir mais peças por hora. O uso de novas tecnologias, como o Pri-

BENEFÍCIOS

meTurning™, ajuda as empresas a acele-

Essa é uma solução revolucionária e inova-

rar o processo de usinagem e a aumentar

dora para torneamento de componentes

a eficiência produtiva, tornando-as mais

complexos ou simples. Seus benefícios pro-

competitivas no longo prazo.

porcionam um aumento de produtividade superior a 50% quando comparado ao torQuando falamos em torneamento em todas as direções com a mesma ferramenta, isso significa uma produtividade extraordinária, com o dobro da velocidade e das taxas de avanço, que proporciona maior remoção de material, mais peças

Foto: Renato Pizzutto

neamento convencional.

por ciclo, excelente controle de cavacos e maior vida útil das pastilhas devido ao menor ângulo de posição e eficiente utilização das arestas. O saldo final é maior utilização da máquina, menos paradas na produção, me-

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Okis Bigelli Especialista de produto e driver para Segmento Automotivo


ENTREVISTA

O MUNDO DA USINAGEM

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COMO FAZER

O DESAFIO DA USINAGEM DE CANTOS Acabamento de raios de canto sem vibrações POR FRANCISCO CAVICHIOLLI ILUSTRAÇÕES SANDVIK COROMANT (SUÉCIA)

A

usinagem de cantos, nas operações de desbaste ou mesmo nas operações de

acabamento, é sempre um desafio, pois é comum o surgimento de vibrações que irão comprometer a qualidade da superfície usinada e também a produtividade, ou seja, o tempo de execução da tarefa. Com a aplicação das técnicas corretas, seleção de ferramentas e definição de parâmetros de corte, a usinagem de cantos torna-se uma operação fácil de ser realizada. O QUE ISSO SIGNIFICA NA PRÁTICA? Na abertura de cavidades ou bolsões, quanto maior for o diâmetro da fresa utilizada para o desbaste e menores forem os raios de canto finais dessa cavidade, mais material teremos para remover nos cantos. A técnica de f resamento em mergulho pode ser uma técnica produtiva para a remoção do excesso de material.

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Fresamento em mergulho em cantos


COMO FAZER

Depois entramos com técnicas de retoque, ou rest milling no termo em inglês,

resultando em maior produtividade e menores tempos para a execução da tarefa.

para o acabamento final. Uma das técnicas para realizar o reto-

A ESCOLHA DA FERRAMENTA

que f inal dos cantos é o fatiamento, ou

A ferramenta mais utilizada nas operações

slicing em inglês, que recebe esse nome

de fatiamento e fresamento trocoidal são

por remover pequenas porções de mate-

as fresas sólidas de metal duro, devido à

rial remanescentes nos cantos e na área de

disponibilidade de pequenos diâmetros e

parede próxima a eles. A outra técnica para

à sua grande capacidade de profundidade

a operação de retoque é o fresamento tro-

de corte axial, ap, mas quando o desenho

coidal, que daremos mais detalhes.

do produto requer profundidades menores,

Essas duas técnicas de fresamento fo-

as fresas a 90° com pastilhas intercambiá-

ram originalmente desenvolvidas para o

veis ou mesmo as sólidas com acoplamen-

desbaste e o semidesbaste de materiais

tos roscados são alternativas mais viáveis.

dif íceis, como aços duros, ISO H, e ma-

Para grandes profundidades axiais,

teriais resistentes ao calor, ISO S. Porém,

onde as exigências de acabamento super-

também podem ser usados em outros

ficial nas paredes não são tão elevadas e/

materiais, especialmente em aplicações

ou marcas de usinagem são permitidas,

sensíveis às vibrações.

as f resas com pastilhas intercambiáveis de aresta longa, chamadas de long edge,

A TÉCNICA

também podem ser utilizadas.

Ambos os métodos estão baseados em pequena profundidade de corte radial, ae, que garante que apenas um dente da fresa estará em contato por vez no material. Isso gera menor força de corte resultando em menor tendência a vibrações. Outro fator positivo é a possibilidade de trabalharmos com grandes profundidades de corte axiais, ap. A pequena profundidade de corte radial ainda gera pouco calor na zona de corte, o que possibilita o aumento da velocidade de corte e também uma espessura máxima de cavacos, hex, pequena, que nos permite o aumento considerável da taxa de avanço,

Fatiamento de cantos e raios

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COMO FAZER

FRESAMENTO TROCOIDAL O fresamento trocoidal pode ser definido como uma operação de fresamento circular que inclui movimentos simultâneos de deslocamento à frente. A fresa remove "fatias" repetidas de materiais em uma sequência de percursos espirais contínuos da ferramenta no sentido radial. Isso demanda uma programação especializada, facilitada pelo uso de softwares de programação CAM, além de recursos da máquina-ferramenta para realizar a operação. Alguns benefícios desse método são:

Fresamento trocoidal

•  O arco de contato controlado gera baixas forças de corte permitindo altas profundidades de corte axiais, ap. •  Todo o comprimento da aresta de corte é utilizado, garantindo que o calor e o desgaste sejam uniformes e se dissipem, resultando em maior vida útil da ferramenta. •  Devido ao arco de contato pequeno, são utilizadas ferramentas multidentes, o que permite altos avanços da mesa. COMO APLICAR O fatiamento, assim como o fresamento trocoidal, usa alta velocidade de corte, vc, e alta profundidade de corte axial, ap, mas com contatos radiais pequenos, ae, e também baixo avanço por dente, fz. Para o fresamento trocoidal, o ap máximo deve ficar dentro de 2xDc e a velocidade de corte, vc, pode ser até 10 vezes maior que a velocidade aplicada no fresamento convencional.

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Baixa ae e grande ap


COMO FAZER

DEFINIÇÃO DE PARÂMETROS

NOSSAS DICAS •  Use o fresamento em mergulho para remover o excesso de material deixado nos cantos de cavidades. •  Remova o material remanescente com técnicas de retoque. •  Use fresas a 90° com pastilhas intercambiáveis ou fresas sólidas de topo. •  Use fresas com diâmetro máximo de 1,75 vezes o raio de canto a ser usinado. •  Copie/interpole o raio de canto. •  Em comparação aos métodos tradicionais, o fresamento trocoidal trabalha com

Definições para fresamento trocoidal

velocidades de corte mais altas. •  Calcule a taxa de avanço com base na espessura máxima de cavacos, hex, recomendada para a geometria da ferramenta.

Vfm = n x fz x zn

_____________________________________________________________ Conteúdo originalmente publicado na revista Ferramental, ed. 72, e adaptado para a revista OMU. Concedido pela editora Gravo para republicação.

Dvf = Dm - Dc Dvf Dm

x Vfm

Diâmetro máximo da fresa

Dc = 70% da largura do canal

Foto: Renato Pizzutto

Vf =

Passo de deslocamento

w = Máximo 10% de Dc Profundidade radial ae = 20% de Dc Profundidade axial ap = até 2xDc

Francisco Cavichiolli Especialista em fresamento, fresamento de engrenagens e sistemas de fixação da Sandvik Coromant do Brasil

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PRODUTIVIDADE

OBRAS-PRIMAS DA MANUFATURA As modernas máquinas-ferramenta digitais determinaram a rápida e fabulosa evolução tecnológica da manufatura POR ALFREDO FERRARI

A

indústria de manufatura no setor metalomecânico vem vivenciando uma nova revolução industrial nos últimos 40 anos.

Uma revolução tecnológica. Novos produtos vêm sendo introduzidos no mercado de forma intensa, com maior qualidade, visual mais atrativo, ótimo desempenho e muitas vezes produzidos de forma customizada, ou seja, atendendo ao desejo de poucos ou até de um único consumidor. Esta evolução se deu graças à célere informatização da manufatura, através dos controles digitais aplicados às máquinas, equipamentos e sistemas de desenvolvimento de produto e de controle da produção. É a era da manufatura avançada dentro dos conceitos da indústria 4.0.

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PRODUTIVIDADE

Impressora 3D

Manufatura Aditiva com Impressora 3D

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PRODUTIVIDADE

Centro de torneamento e fresamento

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Na realidade, os produtos de alta tec-

trabalhos estes desenvolvidos e maneja-

nologia produzidos atualmente são ver-

dos inteligentemente pelos atuais artistas,

dadeiras obras-primas a ponto de causar

os engenheiros e técnicos da Manufatura

enorme desejo aos seus consumidores.

Avançada. É o Renascimento no século XXI,

Automóveis, aviões, satélites, equipamen-

uma revolução na indústria, nas ciências e

tos para a medicina, próteses ortopédicas,

na tecnologia.

telefonia móvel, eletrodomésticos, entre

A evolução da máquina-ferramenta foi

tantos outros produtos, atingiram um ele-

decisiva para que a produção de peças se

vado nível de precisão, desempenho, con-

tornasse cada vez mais eficiente, produti-

forto e admiração.

va e flexível. Com novos materiais, compo-

Na época do Renascimento, nos séculos

nentes e conceitos construtivos, somados

XV e XVI, ocorreu a revolução das artes e da

às modernas ferramentas de corte de alto

arquitetura, quando artistas, como pinto-

rendimento e à evolução da eletrônica e dos

res, escultores e arquitetos produziram as

controles digitais, as máquinas-ferramenta

suas obras-primas, fruto de suas criativi-

passaram a ser eficientes centros de ope-

dades e genialidades, com a habilidade de

rações, com a finalidade de produzir peças

suas mãos. Passados séculos, vemos hoje

das mais diversas geometrias por completo

produtos maravilhosos sendo projetados

numa única fixação, desde as mais simples

por sistemas computacionais avançados

até as de elevada complexidade, eliminando

e produzidos por máquinas-ferramenta

assim operações posteriores. Como resulta-

digitais inteligentes, programadas e con-

do, mais produtividade, menores custos de

troladas através de softwares dedicados,

fabricação e maior qualidade.

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PRODUTIVIDADE

Centros de torneamento que fresam,

mecanismos para montagem, entre outros

fresadoras que torneiam, centros de usi-

conjuntos necessários para a produção se-

nagem de cinco eixos, retificadoras mul-

riada e flexível de bens duráveis.

tioperacionais, impressoras 3D para a

A evolução tecnológica é inexorável e a

manufatura aditiva e prensas que cortam

sua aplicação é a garantia do progresso in-

sem rebarba, são exemplos desta revolução

dustrial e da produção de obras-primas da

tecnológica. Hoje, a diversidade de oferta

engenharia de manufatura, como as três

de máquinas-ferramenta digitais, com

peças apresentadas.

Centro de usinagem de 5 eixos

base nos seus conceitos construtivos e nas sendo que a definição da aplicação ideal de equipamentos para atender a uma determinada necessidade de produção fica muito facilitada.

Foto: divulgação

suas capacidades operacionais, é enorme,

Dependendo dos trabalhos a serem realizados, as modernas máquinas-ferramenta podem ser aplicadas tanto de forma autônoma, como integradas em células de manufatura, intercomunicando-se com outros equipamentos, como sistemas de carga e descarga de peças, equipamentos de controle de qualidade, máquinas de gravação,

Alfredo Ferrari Engenheiro Mecânico, Vice-Presidente da Câmara Setorial de Máquinas-Ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura

O MUNDO DA USINAGEM

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ENTREVISTA

ENGENHARIA COM UM QUÊ DE HUMANAS Na opinião de Renato Trindade, gerente da consultoria global de recrutamento Page Personnel, os novos engenheiros precisam de uma formação mais global e analítica para trabalhar à frente das novas demandas da indústria. Apesar de essas características já serem exigidas pelo mercado de trabalho, as universidades ainda não estão preparadas para este novo perfil POR DENISE MARSON

O

s cursos de Engenharia ainda são muito tradicionais, focados em temas clássicos do setor e ainda com pouco espaço para

as inovações, como a automação, a robótica e a indústria 4.0. Este diagnóstico, feito por Renato Trindade – gerente da consultoria global de recrutamento para cargos de nível técnico e suporte à gestão Page Personnel – atesta para o descompasso existente entre as necessidades atuais do mercado e o perfil dos engenheiros formados na maior parte das universidades do País. Para ele, trata-se de um sintoma grave, uma vez que “a ausência de aproximação entre indústria e instituições de ensino não ajuda a despertar o interesse de jovens profissionais, além de não gerar um plano claro de recuperação e modernização para a indústria brasileira”. Nesta entrevista para O Mundo da Usinagem, o especialista também relaciona algumas características positivas para um engenheiro, tais como comunicação, gestão de conflitos, empatia, trabalho em grupo e algumas habilidades técnicas como administração, noções de marketing e finanças.

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Foto: Divulgação

ENTREVISTA

Renato Trindade, Gerente da consultoria global de recrutamento para cargos de nível técnico e suporte à gestão Page Personnel

Em sua própria trajetória profissional,

em uma grande instituição f inanceira,

Trindade sempre precisou aliar a área de

também teve a oportunidade de apren-

humanas de sua formação inicial – Jorna-

der sobre negociação, finanças, economia

lismo, com pós-graduação em Marketing

e adquiriu, como bônus, competências na

– ao ambiente empresarial que, muitas

área administrativa.

vezes, lida com ciências mais exatas. Ini-

Ao participar de um processo seleti-

cialmente trabalhando nos departamen-

vo na consultoria global de recrutamento

tos de comunicação, ele enveredou pela

Page Personnel, quando concorria a uma

área do marketing estratégico e comercial

vaga de coordenador de marketing espor-

e, durante um programa de treinamento

tivo, que ele descobriu seu potencial para

O MUNDO DA USINAGEM

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ENTREVISTA

atuar na área de recrutamento e seleção.

rantindo mão de obra qualificada para as

Hoje, aos 34 anos, ele comanda a divisão

futuras necessidades.

de Vendas, Marketing e Retail da empresa.

No Brasil, temos um longo caminho para avançar, porém, é algo extremamen-

Como estreitar o relacionamento entre

te importante para garantir o futuro das

empresas e universidades para que am-

empresas e, principalmente, da indústria

bas atuem juntas na formação do melhor

brasileira. Nos Estados Unidos essa parce-

profissional?

ria funciona muito

As relações entre em-

bem e com adap-

presas e universidades no Brasil ainda são muito incipientes, o que dificulta o avanço na formação de profissionais em novas tecnologias e tendências de mercado. Em países desenvolvidos, as empresas investem na formação de profissionais, não só na universidade, mas também durante o ensino fundamental.

ALÉM DE TER O PODER DE PLANEJAR E EXECUTAR, OS PROFISSIONAIS TAMBÉM PRECISAM TER PENSAMENTO ANALÍTICO, DE GESTÃO, ADMINISTRAÇÃO, COMUNICAÇÃO, ENTRE OUTRAS CARACTERÍSTICAS.

Essa aproximação tem

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e m erca dos. Em Estados nos quais a indústria é mais forte, o investimento na formação de profissionais desse setor é grande nas escolas e universidades da região. No Vale do Silício, por exemplo, empresas de tecnologia investem na formação de pro-

como objetivo capacitar e despertar, já na

fissionais, ensinando suas tecnologias e

formação básica, o interesse dos alunos em

garantindo que tenha profissionais bem

novas tecnologias.

formados para ingressarem nas empresas

O investimento na formação garante

22

tações por regiões

com alta capacitação.

profissionais capacitados e que irão aten-

Um bom exemplo que temos no Brasil

der às demandas do mercado com um

está no sistema Senai, com forte capaci-

custo de capacitação mais baixo e alta

tação técnica, no qual já vemos uma forte

qualidade, garantindo que não haja um

aproximação de empresas no investimen-

‘apagão’ de profissionais. Ambas as insti-

to da capacitação técnica de profissionais

tuições precisam se aproximar, gerando

garantindo, assim, mão de obra qualifica-

valor, mudando a grade de ensino, incluin-

da e especializada com um custo menor

do novas tendências no aprendizado e ga-

do que com engenheiros.

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ENTREVISTA

Recentes levantamentos mostram que o

Hoje, o engenheiro sai com uma capacita-

número de graduados em Engenharia no

ção semelhante à de 10 ou até 20 anos atrás,

País quadruplicou em 15 anos – passou de

sem espaço para os temas mais modernos

25 mil em 2001 para mais de 100 mil em

da indústria global. A formação não segue

2016. Entretanto, alguns especialistas ava-

o avanço do mercado, não só em questões

liam que esse aumento não trouxe um

técnicas, mas também em outras discipli-

grande impacto na inovação dentro do

nas necessárias para o mercado. Os enge-

setor produtivo. Na sua opinião, por que

nheiros têm muitas cobranças e precisam

há esse descompasso?

de um preparo que vai além do cálculo e

A indústria vem sofrendo muito com a crise

dos quesitos da engenharia. O mercado de-

econômica brasileira, isso fez com que as

seja profissionais que, além de ter o poder

oportunidades profissionais diminuíssem. A

de planejar e executar, também tenham

formação em Engenharia no Brasil é muito

pensamento analítico, de gestão, adminis-

bem vista pelo mercado, devido ao poder

tração, comunicação, entre outras carac-

de planejamento, de organização e de exe-

terísticas. Poucos prof issionais saem da

cução. Esses profissionais estão ganhando

faculdade com os conceitos da indústria

espaço em outros setores do mercado

4.0, algo novo ainda no Brasil e com baixo

como as áreas financeira, de serviços e de

investimento. A busca por profissionais com

tecnologia, entre outras. A carreira nesses

esse perfil é muito difícil, pela escassez de

outros setores tem se mostrado mais pro-

perfis com alto conhecimento. As universi-

missora do que o investimento profissional

dades precisam se modernizar, mudar sua

dentro da indústria, que sofre com o mo-

grade, olhar para o futuro e preparar seus

mento atual do Brasil. Os cursos de Enge-

estudantes para as mudanças que virão, tal-

nharia ainda são muito tradicionais, focados

vez com mais lentidão no Brasil, mas serão

em temas clássicos do setor e ainda com

tendência de mercado nos próximos anos.

pouco espaço para as inovações, como a automação, a robótica e a indústria 4.0. A ausência de aproximação entre indústria e instituições de ensino não ajuda a despertar o interesse de jovens profissionais, além de não gerar um plano claro de recuperação e modernização para a indústria brasileira. Atualmente, qual o grau de familiaridade que um estudante de engenharia tem com o conceito de indústria 4.0, por exemplo?

O MERCADO NÃO É UMA CIÊNCIA EXATA COMO A ENGENHARIA E ESSA ADAPTAÇÃO É ESSENCIAL PARA CRESCER E SOBREVIVER NESSE AMBIENTE

O MUNDO DA USINAGEM

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ENTREVISTA

Ultimamente, competências como lide-

estudados, testados e os resultados aufe-

rança e trabalho em equipe têm sido mui-

ridos. O engenheiro moderno precisa usar

to valorizadas. Em que medida o profis-

seu pensamento e raciocínio lógico para

sional de engenharia está trabalhando

momentos nos quais não existem estu-

essas habilidades?

dos prévios ou ações já definidas, tem de

O profissional de engenharia precisa bus-

pensar, se relacionar com diferentes áreas

car outras capacitações, como pós-gradu-

e perfis profissionais e se comunicar de

ação, MBA ou cursos específicos para de-

uma forma clara e empática, atuando em

senvolver outras habilidades necessárias

grupo e conseguindo entender a visão e

ao mercado de trabalho atual. Principal-

posição dos outros. O mercado não é uma

mente para os engenheiros que buscam

ciência exata como a engenharia e essa

posições fora da área técnica. A formação

adaptação é essencial para crescer e so-

ensina a projetar, planejar e executar den-

breviver nesse ambiente.

tro de um cenário técnico, com situações previsíveis, já estudadas pela engenharia.

O que as empresas estão esperando dos

O mercado apresenta cenários difíceis de

profissionais que vão contratar? Elas já

prever, não tendo uma forma de atuação

estão exigindo, por exemplo, conheci-

predefinida, sendo necessário a criativi-

mentos de robótica ou manufatura adi-

dade para resolução de problemas e con-

tiva (prototipagem)?

flitos. Na engenharia, tudo é muito estu-

O mercado tem um grande desafio, pois

dado e os cenários já foram desenhados,

as empresas querem profissionais altamente capacitados em novas tecnologias e tendências, porém, poucas aplicam

AS DEFICIÊNCIAS ESTÃO LIGADAS ÀS SOFT SKILLS COMO COMUNICAÇÃO, GESTÃO DE CONFLITOS, EMPATIA, TRABALHO EM GRUPO E ALGUMAS HABILIDADES TÉCNICAS COMO ADMINISTRAÇÃO, NOÇÕES DE MARKETING E FINANÇAS

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isso em seu dia a dia. A indústria ainda é muito carente no que diz respeito à automação, robótica e prototipagem. As grandes corporações multinacionais trazem a tecnologia de sua matriz para o Brasil, porém, encontram dificuldades em aplicá-la exatamente por não ter profissionais capacitados, o que leva à necessidade de capacitar esses profissionais fora do Brasil, ou até mesmo expatriar profissionais para trazer conhecimento para suas operações no País.


ENTREVISTA

O MUNDO DA USINAGEM

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25


NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA

CONSCIENTIZAÇÃO E RESPEITO Os processos seletivos e o relacionamento no ambiente corporativo podem ser contaminados por práticas de discriminação e bullying. Empresas como a BASF e a Meritor apostam em treinamentos específicos para impedir que isso aconteça POR DENISE MARSON

T

odo ser humano traz consigo algum grau de preconceito – consciente ou inconsciente – e isso pode afetar seus relacio-

namentos, inclusive no ambiente de trabalho. As vítimas podem estar entre as mulheres, os negros, dentro da população LGBT ou até entre os portadores de deficiência, mas a discriminação também pode ser direcionada a qualquer pessoa, quando ela acaba sendo descartada em um processo de contratação ou promoção com base em prejulgamentos, antes de uma análise isenta de suas qualificações técnicas, profissionais e comportamentais. O desafio de tratar temas tão delicados está sendo encarado pelos departamentos de recursos humanos de algumas empresas e os primeiros resultados positivos já estão aparecendo: mais inclusão, diversidade e representatividade.

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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA

Segundo dados da BASF, em 2017 as

e de soluções para agricultura e petróleo

mulheres representavam 29,5% do quadro

e gás, entre outros, tem como estratégia

de colaboradores na América do Sul, por

para 2021 alcançar um percentual entre

exemplo. Em relação aos cargos de lideran-

22% e 24% de mulheres em cargos de lide-

ça, a representatividade é de 27,1%. “Esses

rança. “Os resultados sul-americanos já são

números colocam a BASF América do Sul

considerados referência”, diz.

em destaque em relação às demais regiões

Esta importante conquista para as mu-

da empresa pelo mundo, já que a média

lheres dentro da BASF pode sinalizar mu-

global é de 25,5% – sendo 20,5% de mulhe-

danças importantes em relação ao cenário

res em cargos de liderança”, comemora

atual, no qual elas aparecem como a maio-

Bruno Barreto, consultor de diversidade

ria entre as vítimas de comportamentos

para a América do Sul. A companhia, que

desrespeitosos no trabalho. Foi isso o que

atua nos segmentos químico, de materiais

mostrou uma pesquisa, realizada entre 3

O MUNDO DA USINAGEM

|

27


Foto: Divulgação

NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA

pelo chefe direto do ofendido, 23% por funcionários do mesmo nível e apenas 6% dos episódios foram ocasionados por colaborador de função hierárquica inferior. O estudo aponta também que a maioria das ofensas (63%) é praticada por homens ante 37% por mulheres. Do ponto de vista dos funcionários, uma série de características pessoais podem motivar situações embaraçosas ou constrangedoras dentro da empresa. Entre as citadas, estão idade (26%), comportamento (timidez, extroversão etc.,

Bruno Barreto Consultor de diversidade da Basf para a América do sul

23%), peso (17%), raça (16%), aparência (tatuagem, piercing, 13%), religião ou crença (13%), gênero (12%), nacionalidade, região ou cidade (8%), sotaque (7%), orientação

28

|

e 15 de maio deste ano, pelo portal de car-

sexual (6%), estado civil (5%), gravidez (5%)

reira Vagas <www.vagas.com.br>. O estudo

e deficiência (3%), além da estatura (alta

procurou mapear o que classificou como

ou baixa), classe social, grau de instrução,

“preconceito e discriminação no trabalho”

região em que mora, nome, entre outros.

e para isso, selecionou uma amostra de

Por isso, os esforços da BASF para ga-

1.731 currículos cadastrados. Desse total,

rantir a diversidade não param na inclu-

50% revelaram já ter sofrido esse tipo de

são de mulheres. Barreto também cita o

problema. Essa base, composta por 861

grupo de afinidades voltado para negros

respondentes é formada, em sua maioria,

chamado BIG (Black Inclusion Group). “Por

por mulheres (55%), com idade média de

meio dele, foi realizada uma parceria com

34 anos, sem filhos (57%), com curso su-

a Universidade Zumbi dos Palmares, que

perior (56%) e ocupando cargos de nível

resultou na contratação de 13 estagiários

auxiliar/operacional (36%).

negros, que contam com mentoria dos

A pesquisa revela ainda, entre outros

membros do grupo, assim como iniciati-

dados, que 41% dos casos foram perpe-

vas de capacitação, como aulas de Inglês.

trados por um superior hierárquico, 30%

Adicionalmente, das 13 mil inscrições do

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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA

Foto: Divulgação

Programa de Trainee 2017, 23% foram de estudantes negros”, conta Barreto. Além do BIG, o programa chamado Meu Novo Mundo, em parceria com a Fiesp, foi responsável pela contratação de 80 jovens-aprendizes com deficiência severa. “Adicionalmente, instituímos um

dashboard de diversidade, por meio do qual podemos acompanhar mensalmente nossos resultados”, complementa. MAIS INCLUSÃO Fabricante do setor automotivo, a Meritor também ostenta um trabalho importante na inclusão de deficientes, pelo qual foi

Nathalia Molina Diretora Jurídica e Recursos Humanos da Meritor

notabilizada. “Atuamos de forma bastante intensa na questão diversidade. Somos referência na região pela inclusão dos tra-

nho. Atividades em equipe e treinamen-

balhadores com deficiência no mercado

tos funcionam bem. Além disso, o assunto

de trabalho, por exemplo”, lembra Natha-

deve ser tratado de forma clara e transpa-

lia Molina, diretora Jurídica e Recursos

rente sempre e a área de recrutamento e

Humanos da empresa. Primeira mulher

seleção participa de todo o processo, ga-

na diretoria da Meritor no Brasil – que

rantindo a lisura da escolha do candidato

já tem 62 anos de atuação no País – ela

final”, descreve Nathalia.

acredita que esse foi também um grande

A BASF aplica uma pesquisa de satis-

passo para uma inclusão ainda maior de

fação para avaliar seus processos seleti-

mulheres em cargos de liderança.

vos, principalmente nos programas de

Apesar de nunca ter recebido nenhu-

estágio e trainee e o seu feedback tem

ma queixa de candidato com relação à

se mantido positivo. “Nos preocupamos

discriminação dentro do processo seleti-

com o bem-estar de nossos colaborado-

vo, a empresa investe em treinamentos e

res e com a ética no ambiente de trabalho

orientações sobre diversidade para gesto-

e também no processo seletivo. Estamos

res. “A educação é sempre o melhor cami-

abertos e contamos com canais de de-

O MUNDO DA USINAGEM

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29


NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA

núncia disponíveis, em caráter confiden-

com os nossos ou com os quais fomos

cial, para eventuais queixas que possam

ensinados a acreditar serem os melhores.

surgir”, testemunha Barreto, acrescentan-

Com isso, a avaliação por competência

do que a política global de compliance da

pode sofrer interferências.”

empresa contempla um canal de denún-

Na BASF, toda a equipe de seleção já

cia 0800 e um Comitê de Compliance, de-

passou por treinamento sobre viés incons-

dicado especificamente a estes assuntos.

ciente, de forma a trazer a diversidade para

“Já recebemos queixas de colaboradores,

os processos seletivos. Atualmente, este

que foram apuradas de forma confiden-

tipo de capacitação é mandatória também

cial por empresa terceira, com medidas

para a liderança, de forma a atingir 100%

adequadas/legais cabíveis aplicadas”.

dos líderes do Brasil até o segundo trimestre de 2019. “Acreditamos que seja neces-

30

|

VIÉS INCONSCIENTE

sário exercer este papel educativo, afinal,

O caminho para chegar a este patamar de

a desconstrução é um trabalho contínuo.

qualidade e transparência no processo é

Mas também precisamos nos apoiar na lei

construído lentamente, e envolve muita

e coibir comportamentos que não corres-

informação. Tudo começa com a forma-

pondam com a legislação. Na BASF, por

ção de um time bem preparado de recru-

exemplo, o comportamento dos colabora-

tadores. Tanto na BASF quanto na Meritor,

dores em redes sociais tem impacto dentro

os colaboradores passam por treinamen-

da empresa, pois temos uma visão holística

tos específicos para trabalhar o chamado

do colaborador e de nossa marca empre-

viés inconsciente. “Em processos seletivos

gadora”, acrescenta Barreto.

e no relacionamento cotidiano, um pon-

O consultor de diversidade da empre-

to chave é trazer à consciência o viés in-

sa ressalta também a realização, dentro da

consciente, um conjunto de estereótipos

empresa, de treinamentos de compliance,

criados a partir de vivências e estímulos

antitruste, anticorrupção, comportamen-

que sof remos ao longo da vida, que po-

tais e sobre o código de conduta, entre ou-

dem culminar em julgamentos intuitivos”,

tros. “Por enquanto, o de viés inconsciente

explica Barreto. “Este viés consiste na

é mandatório somente para a liderança,

tendência em avaliarmos melhor pessoas

mas está em andamento um projeto para

que tenham gostos ou traços parecidos

que seja aplicado a toda a empresa”.

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NEGÓCIOS DAENTREVISTA INDÚSTRIA

O MUNDO DA USINAGEM

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31


TECNOLOGIA

SUSTENTÁVEL PELA PRÓPRIA NATUREZA Ao trabalhar com pellets de madeira para a geração de energia limpa, a Koala Energy, de Rio Negrinho (SC), prega o uso consciente dos recursos naturais e defende a eficiência do processo em uma série de aplicações POR DENISE MARSON

A

pressão para que se reduza a emissão de poluentes ainda não é sentida com muita força no Brasil, mas esta realidade tem

norteado muitas decisões em outros países, especialmente nos europeus. Foi isso que testemunhou o empresário brasileiro Sérde negócios. Ao conhecer de perto essas demandas, ele viu uma grande oportunidade de negócios: a geração de energia limpa por meio da queima de pellets de madeira.

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© Créditos

gio Klaumann, quando visitou o velho continente em uma viagem


Pellets: biomassa feita a partir de subprodutos de madeira que passa por processo de secagem e ĂŠ comprimida para adquirir o formato de pequenos cilindros

O MUNDO DA USINAGEM

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33


Foto: Acervo Pessoal

TECNOLOGIA

Dono da Koala Energy, sediada em Rio Negrinho (SC), Klaumann passou a produzir este tipo de biomassa em 2005, quando percebeu que o mercado de exportação de molduras de madeira para os Estados Unidos – atividade desenvolvida por sua empresa nos três anos anteriores – estava desaquecido. Desde então, toda a equipe vem assumindo o papel de evangelizadora desta tecnologia para o ainda incipiente mercado nacional. Com o intuito de divulgar as vantagens do uso da energia limpa gerada

Natan Bittencourt Gerente de produção da Koala Energy

pelos pellets, a empresa participou, em agosto, de um Grupo de Intercâmbio de Experiências (GIE) promovido pela Câmara de Comércio e Indústria Brasil-Alema-

AO TRABALHAR COM PELLETS DE MADEIRA PARA A GERAÇÃO DE ENERGIA LIMPA, A KOALA ENERGY, DE RIO NEGRINHO (SC), PREGA O USO CONSCIENTE DOS RECURSOS NATURAIS E DEFENDE A EFICIÊNCIA DO PROCESSO EM UMA SÉRIE DE APLICAÇÕES

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nha. Durante o evento, realizado em São Paulo (SP), a Koala Energy mostrou que este tipo de biomassa caracteriza-se por sua alta eficiência energética e que sua emissão de CO 2 é considerada neutra, uma vez que as árvores replantadas consumirão esses gases. Além disso, enfatizou a importância de se adquirir um produto certificado – eles possuem duas certificações: a ENplus, que garante a qualidade do produto, processos de fabricação e entrega ao cliente e a FSC - Cadeia de Custódia, que atesta a procedência do produto de uma fonte sustentável.


TECNOLOGIA

Para entender de que forma o pellet

abertura no mercado ao instalar seus pri-

pode gerar energia, é preciso conhecer os

meiros sistemas em residências, hotéis,

equipamentos chamados trocadores de

hospitais, lavanderias e, até mesmo, em al-

calor. Compostos por uma série de tubos,

gumas indústrias. “Hoje estamos fabrican-

eles são responsáveis por transmitir o po-

do em torno de 40 equipamentos por ano”,

der calorífico de um meio para outro – no

diz o engenheiro mecânico Natan Bitten-

caso do pellet, o calor é transmitido para

court, gerente de produção da empresa.

a água. Essa energia que é liberada na

Os equipamentos foram desenvolvi-

forma de calor pode ser quantificada por

dos com tecnologia nacional – baseada

duas formas: PCI (poder calorífico inferior)

em projetos de trocadores de calor com

e PCS (poder calorífico superior, que consi-

alta eficiência –, mas utilizam eletrônica

dera também a energia envolvida na con-

importada. “Os comandos são trazidos da

densação da água).

Itália”, conta Bittencourt. No país europeu, inclusive, encontram-se os maiores clien-

O MERCADO BRASILEIRO

tes da Koala.

Em um estudo publicado na revista “Ciên-

Atualmente, a Koala possui cerca de

cia da Madeira” no ano passado, os auto-

80 equipamentos instalados no Brasil. En-

res Dorival Pinheiro Garcia, José Cláudio

tretanto, seus pellets também podem ser

Caraschi e Gustavo Ventorim fizeram um

fornecidos para consumidores que utilizam

levantamento sobre o setor de pellets no

máquinas fabricadas por seus concorren-

Brasil. Segundo este trabalho, trata-se de

tes. “No geral, acredito que o mercado bra-

um mercado jovem, que havia produzido

sileiro deva ter em torno de 500 máquinas

75 mil toneladas em 2015 e que apresen-

a pellet. Estimo que o consumo no País

tava três problemas principais: “baixo con-

seja em torno de 5 mil toneladas por mês.

sumo interno, alto custo da energia elétri-

É um número estimado pela quantidade

ca e desconhecimento do produto pelos

de equipamentos disponíveis.”

consumidores”.

Com uma produção variando entre 5 mil

Inserida neste contexto, a Koala Energy

e 9 mil toneladas por mês, a Koala destina

– que é uma empresa familiar – depois de

88% desse total ao mercado internacional.

ingressar na produção dos pellets em 2005,

Os pellets podem ser fornecidos em em-

passou a fabricar também os trocadores de

balagens de 15 kg ou acima de 1 t, em uma

calor, em 2007. Com isso, encontrou maior

embalagem especial, que é retornável.

O MUNDO DA USINAGEM

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35


TECNOLOGIA

USO LIMITADO NAS INDÚSTRIAS

é que ele emite alguns gases a mais que

Com relação às aplicações industriais, a uti-

o pellet, porque ele não tem uma regula-

lização de pellets como geração de ener-

mentação, uma norma.”

gia limpa ainda não está muito difundida

Apesar de o cavaco de madeira ter um

– corresponde a apenas 15% da produção.

poder calorífico mais baixo, devido à maior

Entre as razões, Bittencourt aponta para o

umidade, seu preço representa 30 a 40%

preço, uma vez que há opções de combus-

do valor do pellet. “Por todas essas razões,

tíveis sólidos com valor mais competitivo.

considerando o manuseio a mais e o custo

“Hoje a indústria tem acesso a combustí-

do equipamento, muitas vezes, acaba com-

veis mais baratos como, por exemplo, o ca-

pensando mais usar o cavaco no mercado

vaco (resíduo não beneficiado provenien-

industrial”, observa Bittencourt.

te da produção da tora de madeira), que

No entanto, o gerente de produção ex-

não tem tanta industrialização. A questão

plica que o pellet é muito competitivo em

CONVERSÃO E COMPARAÇÃO DE ENERGIA Combustível

Valor

Unidade

Pci

Unidade

Eficiência (%)

Equivalência (R$/kW)

Elétrica

0,62

R$/kWh

1

kWh

98

0,63

GLP

4,5

R$/kg

13

kW/kg

87

0,4

Diesel (747 g/l)

4,15

R$/kg

12

kW/kg

80

0,43

Pellet (FOB)

0,65

R$/kg

5

kW/kg

75

0,16

PCI = poder calorífico inferior

ECONOMIA EM RELAÇÃO AO PELLET

36

|

Elétrica

63,87%

GLP

46,38%

Diesel (747 g/l)

50,65%

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TECNOLOGIA

mercados de indústrias menores, aquelas que não têm acesso a gás natural, ou quando a demanda térmica não é pelo vapor, e sim, pela água quente. Ele cita como exemplo, a aplicação muito bem-sucedida em

O QUE É PELLET ? Os pellets são um tipo de biomassa feito a partir de subprodutos de madeira. São oferecidos no formato de pequenos cilindros, com tamanhos variando

uma empresa nacional, considerada a maior

entre 6 e 8 milímetros de diâmetro e

fabricante de parafusos da América Latina.

10 a 40 milímetros de comprimento.

“Eles utilizam pellets para poder aquecer os

Segundo os fornecedores desse tipo

banhos de pré-tratamento do aço. Quando

de combustível sólido, esta geometria

chegam as bobinas do aço, eles têm que aquecer para fazer o pré-tratamento do arame”, descreve. “Eles escolheram o pellet, primeiro, porque não há vapor envolvido na operação, apenas água quente. Além disso, a temperatura desejada está por volta de 70ºC. Então é possível atingi-la com eficiência e ter menos perdas”. Até o momento, os melhores resultados

regular resulta em maior facilidade na queima e também possibilita que o processo seja automatizado. Seu potencial calorífico provém de seu processo de fabricação, quando a madeira – proveniente de reflorestamento – tem sua casca retirada, é cortada e passa por uma secagem até virar um pó que vai ser comprimido para que adquira sua forma final. Após essas ope-

obtidos com a adoção do pellet como fonte

rações, seu teor de umidade fica inferior

de energia estão, em sua grande maioria,

a 10%. Tudo isso deve ser feito sem o uso

no setor hoteleiro: alguns de seus clientes

de produtos químicos.

alcançaram economias que variaram entre 40 e 60%. Em sua cidade, Rio Negrinho (SC), também um hospital substituiu o sistema de aquecimento de GLP por pellets e teve economia de 55%. Bittencourt acredita que a geração de energia por meio dos pellets possa ser usada por lavanderias industriais, entre outras empresas. “Indústrias de isopor, por exemplo, que precisam de água para pré-aque-

Entre suas aplicações mais correntes estão a alimentação de lareiras residenciais, fornos, aquecimento de piscinas e também podem ser utilizados como insumo sanitário de madeira para animais (talvez seu uso mais conhecido). Para que seja comprovada a boa procedência do produto, é importante atentar para certificações que garantam, por exemplo, que não foi usada madeira de origem ilegal ou que não haja pro-

cer os moldes. Também pode ser aplicada

dutos químicos que possam trazer efei-

quando é necessário fazer um pré-trata-

tos nocivos para a saúde dos usuários

mento de pintura ou quando é preciso

e operadores, e para o meio ambiente,

mergulhar em algum fluido quente para

durante sua queima.

lavagem”, orienta o engenheiro.

O MUNDO DA USINAGEM

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37


EDUCAÇÃO

FUTURO COM PERSPECTIVA Cummins adota programa Formare, da Fundação Iochpe, e chega à quinta turma de alunos em curso profissionalizante voltado para alunos de baixa renda POR INÊS PEREIRA

A

possibilidade de ter uma profissão e condições para batalhar por um lugar ao sol no mercado de trabalho deveria ser direi-

to de todo jovem. Mas esta não é a realidade no Brasil. Segundo a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (Pnad Contínua), do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), cerca de 1,3 milhão de adolescentes de 15 a 17 anos estão fora da escola, enquanto outros 2 milhões de jovens estão atrasados. A notícia alentadora é que cada vez mais empresas, instituições e indivíduos descruzam os braços e investem esforços para transformar a estatística. A Fundação Iochpe, que atua na educação de jovens em desvantagem socioeconômica há mais de 25 anos, é um exemplo de transformação neste campo.

38

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Foto: Divulgação

EDUCAÇÃO

Por intermédio de seu Projeto Forma-

mecânica ”, diz Soraia Franco, gerente da

re, 46 empresas hoje são responsáveis p ­ or

área de Responsabilidade Social Corpora-

incluir mais de 1.340 jovens de baixa ren-

tiva, da empresa.

da no ambiente industrial brasileiro desde o início.

Alunos do programa de formação da Cummins

“Em 2011, criamos um grupo de trabalho para discutir como conseguiríamos

A Cummins, uma das maiores empre-

atuar na formação de jovens do Jardim

sas industriais com atuação no País, é

Cumbica, na região de Guarulhos (SP),

uma das companhias que se integrou a

onde a Cummins está instalada desde

esta iniciativa. “O Formare é um dos proje-

1971. Foi então que iniciamos contato com

tos que mais nos orgulham. Nós começa-

a Fundação Iochpe e conhecemos o Pro-

mos em 2013 e já formamos 80 assisten-

jeto Formare. Dois anos depois, inaugura-

tes de produção e serviços para indústria

mos a primeira turma”, conta Soraia.

O MUNDO DA USINAGEM

|

39


Foto: Divulgação

EDUCAÇÃO

O trabalho em conjunto com a fundação criou as condições para a área de Responsabilidade Social Corporativa da Cummins levar adiante seu projeto educacional, baseado no trabalho voluntário de seus colaboradores. Neste trabalho a quatro mãos, a Fundação Iochpe fornece materiais pedagógicos e qualifica os voluntários para serem coordenadores e educadores. “Temos voluntários de vários setores da Cummins — engenharia, recursos humanos, financeiro, jurídico. E durante o estágio, os líderes de produção

Soraia Franco Gerente da área de Responsabilidade Social Corporativa

40

|

buscam os jovens para ensinar a prática.” A adesão e a motivação são bastante fortes

POR DENTRO DO FORMARE CUMMINS

Básico

O curso Assistente de Produção e Serviços da In-

• Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade

dústria Mecânica (APSIM) reúne conteúdo teóri-

• Comunicação Oral e Escrita

co à prática profissional na forma de Estágio e

• Relacionamento e Trabalho em Equipe

Ocupação Especializada. Conheça a grade curri-

• Organização Empresarial

cular por módulo (duração de 11 semanas cada).

• Atendimento e Suporte ao Cliente

Para cada um dos níveis, os alunos são subme-

• Instrumentos de Medidas e Controle

tidos a provas de avaliação, além de trabalhos

• Desenho Mecânico

em sala de aula. Os jovens com baixo desempe-

• Tecnologia dos Ensaios e Materiais

nho recebem reforços, sob a supervisão dos vo-

• Inglês

luntários responsáveis, para garantir a reten-

• Dança

ção do conhecimento aplicado.

• Treinamento de Diversidade

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• Matemática Aplicada e Lógica


EDUCAÇÃO

— tanto no programa Formare quanto em

projeto educacional da Cummins é ser

tantos outros desenvolvidos pela área de

membro de uma família de baixa renda

Responsabilidade Corporativa — por con-

na comunidade do entorno de sua planta

ta dos valores já enraizados e de extrema

industrial. A empresa prioriza jovens nas-

importância para a companhia e seus co-

cidos em determinado período para con-

laboradores. “Para a Cummins, a evolução

cluírem o curso com 18 anos completos, ou

da Responsabilidade Corporativa se difunde

próximo de completar. “Isso para elevar as

com o progresso da empresa. Para gestão,

chances de obterem o primeiro emprego

há uma coordenadora dedicada ao pro-

ao término do programa Formare”, diz.

grama Formare, sendo que cada disciplina

Para a seleção, há provas com conteú-

ainda conta com um líder responsável pela

dos de Português e Matemática alinhados

editoração do projeto”, explica Soraia.

ao Ensino Fundamental II. Durante um ano, os jovens ficam de

EDUCAÇÃO INTEGRAL

segunda a sexta, das 7h às 16h30, nas ins-

A principal condição para f requentar o

talações da Cummins, tendo aulas teóri-

Intermediário

Avançado

• Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade

• Saúde, Segurança, Meio Ambiente e Qualidade

• Comunicação Oral e Escrita

• Comunicação Oral e Escrita

• Organização Empresarial

• Informática Aplicada

• Informática Aplicada

• Projeto Integrador

• Processos, Logística e Produção de Componentes

• Processos, Logística e Produção de Componentes

• Manutenção Automação Industrial

• Manutenção Automação Industrial

• Melhoria de Processos e Produtos

• Espanhol

• Motor Diesel

• Música

• Inglês + Intensivo

• Prática Profissional (PP) – Administrativo

• Música

• Orientação Profissional

• Educação Financeira • Prática Profissional (PP) – Fábrica

O MUNDO DA USINAGEM

|

41


EDUCAÇÃO EDUCAÇÃO

MAIS EDUCAÇÃO PARA A COMUNIDADE A Cummins desenvolve projetos em três

cas em três módulos — básico, interme-

frentes: Educação, Meio Ambiente e Jus-

diário e avançado. As matérias técnicas

tiça Social. Desenvolve diversos proje-

também dividem espaço com aulas de

tos nesses focos. Em 2007, a companhia

reforço em Português, Matemática, Física

construiu um prédio de 220 m2 voltado para os treinamentos profissionais e capacitação, além de outros projetos desenvolvidos, para os moradores do bairro do Jardim Cumbica, em Guarulhos. Entre as diversas ações educacionais para a comunidade, está o Pano pra Manga, um curso de corte e costura para os moradores que desejam desen-

e Química. A grade curricular tem suporte da ­Universidade de Tecnologia Federal do Paraná (UTFPR) e os jovens formados recebem certificado emitido pelo MEC”, segundo Soraia. A Cummins mantém o suporte de uma coordenação pedagógica, além de dar para os alunos uma bolsa-auxílio de meio salário

volver outra forma de geração de renda

mínimo, seguro de vida, refeição, transpor-

familiar, e que também oferece aulas de

te, uniforme e material escolar.

empreendedorismo. O projeto ganhou

No final do curso, os alunos passam por

pernas próprias e, hoje, funciona em

estágio de um mês no chão de fábrica para

uma oficina com autonomia e sob a ges-

aplicarem na prática o que aprenderam em

tão das próprias integrantes. Construída pela Cummins South America, em 1990, em parceria com o Governo do Estado, a Escola Victor Civita recebeu R$ 3,5 milhões da companhia para a reforma concluída esse ano. Tem cerca de 320 alunos, entre seis e 11 anos de idade, do Ensino Fundamental I. Nesse espaço, os voluntários da Cum-

sala de aula. Também fazem estágio na área administrativa e, na conclusão, entregam um trabalho. “Eles acabam vivenciando um pouco de tudo. Aprendem a conviver no ambiente corporativo e a ter o comportamento esperado na indústria. Assimilam diariamente os conceitos de tecnologia e inovação da

mins pilotam vários projetos de ensino,

indústria 4.0, pois estão no dia a dia da fá-

como a Roda da Leitura, o Clube da Ma-

brica”, explica Soraia.

temática, as aulas de inglês e o ensino digital, em que as crianças têm contato

CAPACITAÇÃO PARA O MERCADO

com o conhecimento digital por meio da

A Cummins não forma mão de obra vi-

metodologia gamification.

42

|

WWW.OMUNDODAUSINAGEM.COM.BR

sando apenas a demanda interna. “Cerca


EDUCAÇÃO

de 20% dos jovens ficam na empresa. Os

ficá-los para o mercado de trabalho e to-

demais vão para o mercado. É uma forma

dos os esforços têm sido de grande valor

de contribuirmos com uma mão de obra

para todos os envolvidos”.

qualificada”, diz Soraia.

Mas a história da Cummins com a res-

Dos alunos formados, cerca de 32 estão

ponsabilidade social é antiga, segundo So-

trabalhando e 42 prosseguiram nos estu-

raia. Desde que se instalou no Brasil, em

dos. A gerente destaca que diversos jo-

1971, a Cummins busca contribuir com o

vens sentiram-se motivados a prosseguir a

desenvolvimento social da comunidade

formação e entraram em faculdades pelo

onde está estabelecida, na cidade de Gua-

Prouni. “Esses mesmos jovens retornaram

rulhos (SP). Além de privilegiar a contra-

para a Cummins, como estagiários.”

tação de profissionais da região (cerca de

Para dar impulso ao programa, a em-

50% dos funcionários residem na cidade),

presa iniciou esse ano a busca de parcerias

estabeleceu parcerias com a Prefeitura e

com fornecedores da região para absorver

com o Governo Estadual, além de outros

parte dos alunos formados na Cummins.

órgãos municipais e entidades beneficen-

O Projeto Formare Cummins também mantém parceria com o Senai, que

tes, para auxiliar no atendimento às necessidades da população local.

recebe alunos com melhor desempenho

Com o objetivo de intensif icar ainda

para prosseguir a formação. “Estes jovens

mais os esforços para buscar mais impac-

têm potencial. A questão é abrir oportu-

to na sociedade e nos próprios negócios,

nidades para que eles se desenvolvam”,

em 2011 a área de Responsabilidade Social

­acredita Soraia.

Corporativa da Cummins ganhou uma ge-

O projeto de formação profissionali-

rência específica. “Desde então, iniciou-se

zante é valorizado pela comunidade. Para

um processo de expansão das atividades

se ter uma ideia, este ano a Cummins re-

para toda a América do Sul e houve ainda a

cebeu 1.340 inscrições para 20 vagas. “Eles

integração e o envolvimento de outras Uni-

se interessam, querem ter uma profissão

dades de Negócios da empresa, tais como

e se preparam para passar na prova. Esse

Cummins Emission Solutions, Cummins

é um efeito positivo, de querer estudar.

Filtration, Distribuição, Componentes e Ge-

Uma grande vitória e nos deixa muito or-

ração de Energia, além de novos parceiros

gulhosos. O objetivo da Cummins é quali-

comunitários”, conta Soraia.

O MUNDO DA USINAGEM

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CONHECENDO UM POUCO MAIS

ENGENHARIA CONTRA INCÊNDIOS Faltam especialistas e PUC-PR e outras universidades oferecem cursos na área POR DENISE MARSON

C

ursos de especialização sobre segu-

instituições vêm investindo em cursos de

rança contra incêndio podem valo-

formação nesta área. Um dos programas

rizar o currículo do engenheiro, uma vez

disponíveis no País é o curso de Engenha-

que o Brasil carece desse tipo de mão de

ria de Segurança contra Incêndio e Pânico

obra especializada.

oferecido pela Pontifícia Universidade Ca-

Incêndios em empresas são mais comuns do que imaginamos. Só neste pri-

Com turmas formadas por cerca de 20

sua fábrica de refrigeradores no interior de

alunos, o curso da PUC-PR é essencial-

São Paulo destruída pelo fogo e a Drogaria

mente prático e envolve a elaboração de

Pacheco viu um dos seus centros de dis-

projetos por meio de dimensionamentos

tribuição ser consumido pelas chamas em

e cálculos específicos. Ele foi estruturado

poucas horas no Rio de Janeiro.

para durar 18 meses, distribuídos em 360

Incêndios não consomem só patri-

horas. Desde 2009, a PUC-PR já formou

mônio. Eles quebram cadeias logísticas,

cerca de 120 especialistas. Ao todo, mais

afetam negócios de terceiros, quebram

de 200 prof issionais já f izeram o curso,

as pernas do abastecimento, mancham

no entanto, nem todos defenderam suas

a reputação das empresas e ocasionam

monografias. Para 2019, a previsão é a de

perdas de market share que muitas vezes

oferecer 30 vagas

longo prazo.

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instituição em Curitiba.

meiro semestre a Femsa Coca-Cola teve

se tornam difíceis de reverter mesmo no

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tólica do Paraná (PUC-PR) no campus da

O curso da PUC-PR foi criado em 2009 pelo mestre em Engenharia Civil Ivan Ri-

Apesar destes riscos consideráveis,

cardo Fernandes como trabalho de conclu-

há poucos engenheiros com especializa-

são de sua graduação em Engenharia Ci-

ção em prevenção e combate a incêndio

vil. “A segurança contra incêndio só passa

no Brasil. De olho nesta lacuna, algumas

a ser um problema depois que o incêndio

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CONHECENDO UM POUCO MAIS

ocorre”, diz o especialista. Fernandes vê no programa uma oportunidade de “conincêndio”, um tipo de bibliografia ainda

OUTRAS DEMANDAS E APRIMORAMENTOS

muito escassa no Brasil.

Com o intuito de contribuir com

tribuir com estudos científicos na área de

Além da PUC-RS, há outras especializa-

materiais para pesquisa sobre o tema de

ções ministradas no país. O curso também

prevenção a incêndios, foi criado o

é oferecido na Universidade Regional da

Instituto Sprinkler Brasil (ISB) – uma

Bahia (UNIRB), que tem a mesma estrutu-

organização sem fins lucrativos

ração do curso da PUC-PR e teve sua pri-

dedicada à divulgação de informações

meira turma este ano. Fernandes menciona, ainda, a Faculdade Assis Gurgacz (FAG) e a Universidade Estadual de Maringá (UEM) como outros locais em que ajudou a implantar esse tipo de formação. Para o especialista o aumento da oferta vem ancorado nas mudanças regulatórias sobre o tema. “O poder público tornou mais rigorosa a legislação preventiva e isto gerou a necessidade de que os profissionais da Engenharia e Arquitetura buscassem uma capacitação específica.” O professor acrescenta que esta atribuição profissional – Engenheiro de Segurança contra Incêndio – é regulada pelos conselhos de classe (CREA e CAU) e, por muitas vezes, não há uma padronização em âmbito nacional. “Alguns atos administrativos têm procurado balizar esta necessidade de multidisciplinaridade de conhecimentos como, por exemplo, a Resolução nº 1073/2016 do CONFEA, que visa justamente regulamentar a atribuição de títulos, atividades, competências e campos de atuação dos profissionais registrados no Sistema CONFEA/CREA”.

sobre a utilização de chuveiros automáticos para o combate ao fogo, os chamados sprinklers. Segundo Marcelo Lima, diretor-geral da entidade, dentre as principais vantagens com o uso desta tecnologia, pode-se listar o fato de os

sprinklers agirem automaticamente a partir de determinada temperatura, sem a necessidade de atuação humana, permitindo que o fogo não se alastre e fique limitado ao compartimento de origem, o que resulta em uma efetividade de 92%. O diretor da entidade vê com bons olhos iniciativas como a da PUC-PR, dada a falta desse tipo de profissional no País. “A maior parte das pessoas que atuam hoje aprenderam o que sabem na prática, entre acertos e erros. Como temos poucos profissionais preparados para atuar com as especificidades do nosso mercado, acabamos importando modelos internacionais que nem sempre se adaptam às nossas necessidades. Por exemplo, não temos registro no Brasil de projetos de prevenção e combate a incêndios em grandes silos, usados no agronegócio ”, avalia.

O MUNDO DA USINAGEM

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NESTA EDIÇÃO

A revista "O Mundo da Usinagem" é uma publicação da

REDE DE DISTIBUIDORES

Sandvik Coromant no Brasil, consolidada no mercado

AUTORIZADOS SANDVIK COROMANT

desde o ano 2000. É distribuída gratuitamente para leitores que fazem parte das principais indústrias de manufatura do País, além de escolas técnicas e universidades de engenharia mecânica. A revista aborda assuntos ligados ao setor metalmecânico e temas relacionados. Também é publicada no site: www.omundodausinagem.com.br ANUNCIANTES Expomafe - www.expomafe.com.br Hanna Tools - www.hannatools.net Okuma - www.okuma.com.br Romi - www.romi.com Sandvik Coromant - www.sandvik.coromant.com WMTools - www.wmtools.com.br COLABORADORES DE CONTEÚDO Soluções de usinagem Okis Bigelli - okis.bigelli@sandvik.com Como fazer Francisco Cavichiolli - francisco.cavichiolli@sandvik.com Produtividade Afredo Ferrari - avferrari@uol.com.br Entrevista Renato Trindade - renatotrindade@pagepersonnel.com.br Negócios da Indústria Bruno Barreto - basfcorp@maquinacohnwolfe.com Nathalia Molina - comunicacaorh.saopaulo@meritor.com Tecnologia Natan Bittencourt - natan@koalaenergy.com.br Educação Soraia Franco - falecom@.cummins.com Conhecendo um pouco mais Ivan Fernandez - ivan.r@pucpr.br Marcelo Lima - comunicacao@sprinklerbrasil.org.br CONTATO SANDVIK COROMANT Av. das Nações Unidas, 21.732 | Jurubatuba | São Paulo - SP customer.service.br@sandvik.coromant.com Este impresso foi produzido na Pigma Gráfica - uma empresa certificada FSC, comprometida com o meio ambiente e com a sociedade, fornecendo produtos com papel proveniente de florestas certificadas FSC e outras fontes controladas.

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ENTREVISTA CHAPÉU

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