OMU 119

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ANO 19 | EDIÇÃO 119

www.omundodausinagem.com.br

NA NUVEM Os novos métodos de

monitoramento de usinagem com a internet das coisas

ENTREVISTA Os desafios do carro elétrico

NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA Retomada cautelosa

TECNOLOGIA Engenharia robótica patenteada

EDUCAÇÃO Insper quer formar engenheiros

CONHECENDO UM POUCO MAIS Sustentabilidade na cadeia de suprimentos



EDITORIAL

E

stamos vivendo uma era de intensas transformações. Inteligência artificial, robótica, digitalização acelerada e novos paradigmas de

sustentabilidade impactam nossas relações e o modo como desenvolvemos projetos e como fazemos negócios. Esta edição de “O Mundo da Usinagem” reflete essas mudanças. Nas páginas que seguem, abordamos os avanços da robótica e o aperfeiçoamento dos sistemas cognitivos que tornarão as máquinas mais eficientes e inteligentes, compartilhamos um artigo que mostra como a internet das coisas está impactando os processos de usinagem e apresentamos uma entrevista especial que traz reflexões importantes sobre o desenvolvimento de carros elétricos. Mas não é só nos assuntos dessa edição que estamos abraçando a inovação. A revista que agora você tem em mãos também ganhou visual mais moderno e arejado para facilitar a leitura e o aproveitamento dos conteúdos. E como o mundo está ficando cada vez mais digital, a nossa periodicidade, na versão impressa, irá mudar. Agora teremos apenas duas edições físicas da revista ao ano. Daqui para frente, a maior parte dos nossos conteúdos irá para a web, em nosso novo site, que também ganhou cara nova e novo ritmo de atualizações, que você poderá conferir em www.omundodausinagem.com.br. Com estas iniciativas, embarcamos mais fortemente no mundo digital, reduzindo o consumo de papel e nossa pegada de carbono. Ou seja, encaramos a digitalização como parte da nossa evolução, sem abrir mão da qualidade e do prazer de uma boa leitura técnica. Essas mudanças acontecem no momento de virada da economia. Embora ainda estejamos num ambiente cercado de dúvidas, é possível notar a melhora nos indicadores econômicos e nas perspectivas para o País, como você poderá conferir na reportagem que fizemos ouvindo o setor metalmecânico. E como boas perspectivas atraem o espírito empreendedor, fizemos também uma reportagem sobre a entrada do Insper, umas das principais escolas de negócios do País, no mundo dos cursos de engenharia. Uma boa novidade para um país que precisa de bons profissionais para acelerar a retomada lá na frente. Boa leitura e aproveite as novidades!

O MUNDO DA USINAGEM

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EXPEDIENTE

O MUNDO DA USINAGEM é uma

COLABORADORES DESTA EDIÇÃO

publicação da Sandvik CorowBrasil, com

REPORTAGEM

distribuição gratuita

Denise Marson

para mais de 10.000 leitores qualificados. FOTOS RESPONSÁVEL

As fotos sem menção de crédito são do

Fábio Ferracioli - Gerente de Marketing

banco de imagem iStock.

da Sandvik Coromant. CTP, IMPRESSÃO E ACABAMENTO EDITORES

Pigma Gráfica

Vera Natale - Sandvik Coromant Claudio Sá - Conteúdo Comunicação

TIRAGEM 7.000 exemplares

PRODUÇÃO E PROJETO GRÁFICO Conteúdo Comunicação

CONTATO DA REVISTA OMU Você pode enviar suas sugestões

DIREÇÃO EXECUTIVA

de reportagens, críticas, reclamações

Cláudio Sá

ou dúvidas para o e-mail: faleconosco@omundodausinagem.com.br

DESIGN

ou ligar para: 0800 777 7500

Mariana Fabio

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Daniel Casanova

Esta edição está disponível no site

Bárbara Morais

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SUMÁRIO

SOLUÇÕES DE USINAGEM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

06

Internet das coisas e armazenamento de dados em nuvem aprimoram processos de monitoramento da usinagem

COMO FAZER . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

10

Escolha do método mais adequado impacta diretamente a eficiência do desbaste de cavidades

PRODUTIVIDADE . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

14

Torno automático: conheça as melhores estratégias para aumentar a produtividade do equipamento

ENTREVISTA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

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Os carros elétricos são tendência global mas há ainda o desafio da viabilidade econômica

NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA .. . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

26

Setor vê melhora do ambiente, mas otimismo vem acompanhado de cautela

TECNOLOGIA . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

30

Com elementos cognitivos, robótica avança na indústria

EDUCAÇÃO . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . .

34

Referência no ensino de economia e administração, Insper agora quer formar engenheiros

CONHECENDO UM POUCO MAIS . . . . . . . . . . . .

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Embora empresas globais adotem sistemas de controle, desafios ainda afetam a sustentabilidade na cadeia de suprimentos.

O MUNDO DA USINAGEM

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SOLUÇÕES DE USINAGEM

POR QUE MONITORAR A USINAGEM? Parafraseando Gary King, da Universidade de Harvard, enquanto dados são abundantes e fáceis de coletar, o valor real está no que você faz com eles POR ADIR ZONTA, DA SANDVIK TRADUZIDO E EDITADO POR VERA NATALE, EDITORA DA REVISTA

A

área de monitoramento de processo de usinagem tem sido motivo de estudo desde o final dos anos 70, em que dispositivos

instalados na máquina-ferramenta de maneira stand-alone, ou seja, que não necessitam de nenhum outro recurso auxiliar integrado, ou conectado, tomavam medidas de segurança, como a detecção de colisão para evitar danos em tempo real, tanto na máquina-ferramenta, quanto no componente em fabricação. Esses sistemas de monitoramento de processo de usinagem

tradicionais permitem a coleta de sinais ou dados, tanto diretamente do controle numérico da máquina, quanto com o auxílio de sensores externos de diversas maneiras. Os sinais são interpretados por meio de algoritmos específicos e imediatamente tomam ações em tempo real que interferem no processo de usinagem, com foco em eficiência, segurança e previsibilidade.

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Foto: Sandvik Coromant Suécia

SOLUÇÕES DE USINAGEM

Tais sistemas, porém, têm a desvanta-

rios, em configurar e manter o monitora-

gem de serem inflexíveis frente à varieda-

mento operacional. Dessa forma, essa nova

de de processos e também complexos de

tecnologia pode ser acessível não somente

serem conf igurados e mantidos de ma-

para grandes empresas, mas também para

neira adequada em diferentes máquinas

as de pequeno e médio porte.

Máquinas conectadas na fábrica da Sandvik Coromant em Gimo, Suécia

e componentes. Isso os torna inacessíveis para empresas de diferentes segmentos e

VANTAGEM COMPETITIVA

portes na indústria.

Quem nunca em nossa indústria passou

A boa notícia é que com o advento da

pela experiência de ter seu processo de

Internet das coisas veio a conectividade e

usinagem instável em função da variação

a chance de agregar esses dados em um

da dureza da matéria-prima e, consequen-

serviço de nuvem, em que é possível obter

temente, eventuais quebras de ferramen-

ajustes no processo de maneira mais confi-

tas? Ou também uma quebra inesperada

ável que o método tradicional. Outro ponto

do fuso da máquina acarretando em per-

positivo é a facilidade, por parte dos usuá-

da de faturamento pelo fato de a máqui-

O MUNDO DA USINAGEM

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CHAPÉU

O uso de serviço em nuvem facilita o monitoramento do processo para os usuários

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na estar parada? Essas situações típicas,

justamente o contrário do desejado.

existentes em nossa indústria, podem ser

Com a possibilidade de um monito-

solucionadas por um sistema de monito-

ramento adequado do processo é pos-

ramento mais eficiente.

sível fazer com que o valor de referência

Um exemplo muito comum de perda

estabelecido para a vida da ferramenta,

de tempo produtivo, que vale detalhar,

antes fixo e com base no pior cenário, se

é quando se def ine a vida da ferramen-

torne flexível e se adeque de acordo com

ta com base em quantas peças a ferra-

as condições atuais da matéria-prima em

menta deve produzir e também levan-

uso, evitando desperdícios e, por conse-

do em conta as características f ísicas

guinte, conferindo maior estabilidade ao

do material, como a dureza variada de

processo, redução de custos relativos à

uma mesma matéria-prima. Melhor ex-

manutenção e correção e melhor uso dos

plicando, o pior caso possível de varia-

recursos da máquina e da ferramenta.

ção da dureza do material é usado como

Uma das principais finalidades é ge-

referência pelo operador para essa def i-

rar um processo de produção comple-

nição e isso é conf igurado na máquina

tamente livre de erros e, portanto, mais

e dif icilmente será mudado até que al-

eficiente, eliminando a necessidade de

guém o faça manualmente. O resultado

os usuários definirem os limites, seja das

disso é a subutilização dessa ferramen-

ferramentas de corte, seja dos ciclos de

ta, com o encurtamento da vida útil da

usinagem. Isso agrega mais valor ao pro-

mesma ou até mesmo a redução de pe-

cesso de monitoramento de usinagem,

ças produzidas por ferramenta, ou seja,

tornando-o mais competitivo.

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SOLUÇÕES DE USINAGEM

MONITORAMENTO E SUSTENTABILIDADE

CONCLUSÃO

A população global está em rápido

gurança do processo, qualidade ruim da peça

crescimento. Estima-se que em 2040

e ferramentas subutilizadas estão a caminho

teremos um acréscimo de 2 bilhões aos atuais 7,2 bilhões de habitantes*, e haverá, portanto, uma grande pressão para melhor utilização dos recursos de nosso planeta, incluindo a maneira que nossa indústria utiliza esses recursos. Por outro lado, incidentes comuns como colisões, seleção incorreta de programas, ajustes incorretos, entre

No mundo metalmecânico, os dias de baixa se-

de serem eliminados. O controle contínuo do processo por meio do monitoramento de usinagem em tempo real traz maior eficiência, sustentabilidade e, portanto, reduz custos. Os níveis de utilização da máquina podem chegar a 85% devido à eliminação de paradas de máquinas não planejadas. Ao mesmo tempo, a eficiência da remoção de metal pode

outros, afetam diretamente o nível de

chegar a 95% em comparação com os 80%

desperdício em nossa indústria.

normalmente alcançados com a fabricação

Ambos os fatores tornam as solu-

convencional, sem uso do monitoramento em

ções para o monitoramento da usina-

nuvem que pode "ouvir" o que está aconte-

gem em tempo real e em nuvem, como

cendo no ambiente, verificar se tudo está indo

auxílio em prol de uma usinagem sustentável, capaz de gerar por tabela, um menor consumo de energia, maior qualidade das peças produzidas, maior controle de manutenção, prazos de fabricação menores, melhor previsão de custo por peça, estoque otimizado de ferramentas, enfim um maior nível de controle operacional. Em outras palavras, trata-se de uma tecnologia sustentável e não apenas do ponto de vista ambiental, mas também sob a ótica das pessoas e da excelência operacional.

como deveria e corrigir quaisquer desvios, com maior flexibilidade. Ao levar a instabilidade a um mínimo absoluto, o monitoramento do processo de usinagem em tempo real e em nuvem pode ser o catalisador para mudanças significativas na indústria da manufatura. Saiba mais: https://bit.ly/2cz4iwQ Vídeo link: https://bit.ly/2KNfTX0

Acervo pessoal

as da Sandvik Coromant, de grande

*Fonte: https://bit.ly/1PDG9Aa

Adir Zonta, gerente de Desenvolvimento de Negócios Digitais no Centro de Excelência Digital da Sandvik Machining Solutions, do Grupo Sandvik

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COMO FAZER

DESBASTE DE CAVIDADES Remoção de grandes volumes de material pode ser mais eficiente com escolha do método adequado POR FRANCISCO CAVICHIOLLI ILUSTRAÇÕES SANDVIK COROMANT (SUÉCIA)

N

a fabricação de moldes e matrizes é bastante comum a necessidade de operações

de alargamento de furos para se obter as cavidades especificadas no projeto final. A escolha do método para a usinagem

das cavidades deve levar em conta o tipo de ­ferramenta disponível, a capacidade da máquina que realizará a tarefa e a dimensão da cavidade desejada. Interpolação helicoidal (3D)

MÉTODOS Existem basicamente dois métodos mais comumente utilizados para essa finalidade. Um é o alargamento por interpolação circular, que muito se assemelha à interpolação/rampa helicoidal. As diferenças básicas entre esses dois métodos é que a interpolação helicoidal é realizada com movimentos simultâneos de 3 eixos (x, y e z), ou seja, usinagem 3D, e pode ser utilizada para abertura de furos a partir de superfícies sólidas. Enquanto que a interpolação circular

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Interpolação circular (2D)


COMO FAZER

é um método que trabalha com movimentos simultâneos de 2 eixos apenas (x e y) e com z constante, ou seja, é um método de usinagem 2D, e necessita de um furo pré-existente para sua aplicação. Na interpolação circular as forças de corte são predominantemente radiais e, na maioria das vezes, são usadas fresas a 90° para esse método.

Fresamento em mergulho interno

FRESAMENTO EM MERGULHO O segundo método é o fresamento em mergulho, ou plunge no termo em inglês. Esse método é uma operação de desbaste para agilizar a remoção de grandes volumes de material. Também é considerado uma usinagem 2D e, assim como a interpolação circular, é igualmente realizado a partir de um furo ou cavidade pré-existente, quando nos referimos à usinagem interna. É, do mesmo modo, muito

Fresamento em mergulho externo

utilizado na usinagem externa. A ESCOLHA DA FERRAMENTA O fresamento em mergulho pode ser realizado com fresas a 90° e também com conceitos de fresas com pastilhas redondas, mas as mais indicadas são as fresas para altos avanços, pois o ângulo de posição desse conceito favorece o direcionamento das forças de corte para o fuso da máquina. Fresas sólidas de metal duro com corte central também são uma alternativa eficiente para o fresamento em mergulho e são muito utilizadas em fresamento de retoque de raios de canto. Brocas com pastilhas intercambiáveis também podem ser utilizadas para operações de

Furação em mergulho

O MUNDO DA USINAGEM

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COMO FAZER

mergulho e, nesse caso, a recomendação é de que se escolha o menor comprimento de broca possível. Brocas com comprimento de 2 x D são uma boa alternativa. Em relação ao diâmetro da ferramenta, as brocas se tornam mais ef icientes que as f resas em diâmetros até aproximadamente 35mm. Acima disso, as f resas são opções mais ­produtivas. COMO APLICAR Em geral, o f resamento em mergulho é um método alternativo quando o f resamento

Processo de corte em mergulho, forças de corte direcionadas para o fuso

lateral não for possível devido às vibrações. Por exemplo: •  Quando o balanço da ferramenta for superior a 4x Dc •  Quando a estabilidade for ruim •  Para semiacabamento de cantos •  Para materiais de dif ícil usinabilidade, como o titânio, por exemplo. Ele também pode ser uma alternativa quando a potência ou o torque da máquina forem fatores limitantes.

Largura fresada e passo de deslocamento

O PROCESSO DE CORTE O f resamento em mergulho usa a extremidade da ferramenta para cortar ao invés da periferia, o que muda positivamente o sentido das forças de corte de predominantemente radial para axial. O método pode ser comparado a uma operação de mandrilamento com cortes interrompidos. Além disso, o consumo de potência e o ruído são baixos. A largura f resada (ae) varia de acordo

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Programação em “forma de gancho”


COMO FAZER

com o conceito da f resa e tamanho da

NOSSAS DICAS

aresta de corte da pastilha, por isso, é

•  A máquina horizontal facilita o escoa-

recomendado que se verif ique quais são

mento de cavacos.

as recomendações do fabricante para a

•  Use fluido de corte ou ar comprimido

f resa a ser utilizada.

para facilitar o escoamento de cavacos.

O passo de deslocamento ou passo

•  Em comparação aos métodos tradicio-

lateral (s) deve ser de no máximo 0,75 x o

nais, o fresamento em mergulho requer

diâmetro da ferramenta (Dc). Para mon-

um avanço por dente menor.

tagens de ferramentas muito longas,

•  Certif ique-se para que mais de um

acima de 4 x Dc, diminua o passo late-

­dente da fresa esteja em contato.

ral para 0,50 x Dc. O ae máximo também

•  Use fresas de passo extrafino.

deve ser reduzido em aproximadamente

•  Use a máxima ae – permitida para o

20%.

­tamanho da pastilha.

Não é recomendado um ciclo de fu-

•  Use s= 0.75 x Dc quando mover lateral-

ração, ou seja, retornar a ferramenta na

mente.

mesma coordenada de avanço, devido

•  Diminua gradualmente a profundidade

ao recorte que pode causar vibrações

do mergulho para minimizar as vibrações.

durante a retração.

•  Procure sempre deixar sobremetal cons-

Use um programa em “forma de gan-

tante para uma operação de acabamento

cho" para evitar um recorte no curso de

subsequente.

retorno. Avance 1 mm distante da parede

____________________________________________________________

no f inal do corte.

Conteúdo originalmente publicado na revista Ferramental, ed. 71 e adaptado para a revista OMU. Concedido pela editora Gravo para republicação.

DESAFIOS des ou furos profundos, no f resamento em mergulho o principal desaf io é o ­e scoamento de cavacos, que pode ser facilitado pela dimensão do furo inicial da cavidade. Recomenda-se que o furo

Foto: Renato Pizzutto

Como em outras operações em cavida-

seja pelo menos 1,5 vezes o diâmetro da f resa a ser ­utilizada. O uso de ar comprimido como meio ­r ef rigerante é preferível, em relação à emulsão, principalmente em cavidades mais profundas.

Francisco Cavichiolli Especialista de fresamento, fresamento de engrenagens e sistemas de fixação da Sandvik Coromant do Brasil

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PRODUTIVIDADE

TURBINANDO O TORNO AUTOMÁTICO Otimizar o tempo de ciclo da operação impacta a produtividade da máquina-ferramenta POR ALFREDO FERRARI

O

tempo do ciclo de trabalho na usinagem de peças é composto pela soma do tempo produtivo ou principal, em que ocorre o

arranque de cavacos, e o tempo improdutivo ou secundário, como para alimentação da barra, carga e descarga de peças pré-formadas (blanks), troca de estação porta-ferramenta, medição em processo, entre outros. O tempo produtivo pode ser otimizado através da aplicação de tornos cada vez mais avançados, da otimização dos parâmetros de corte (avanços e velocidades de corte), da aplicação de ferramentas de corte de alto rendimento compatíveis com o tipo de material, a operação a ser executada e a geometria da peça-obra, além da aplicação do fluido refrigerante ideal.

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Foto: Shutterstock

PRODUTIVIDADE

Peรงas torneadas de precisรฃo

O MUNDO DA USINAGEM

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PRODUTIVIDADE

O tempo improdutivo, responsável por

realizada manualmente. É importante rela-

influenciar no resultado da produtividade

tar que os avanços de barras acionados por

de um equipamento de usinagem, vem

pesos estão hoje reprovados por normas de

tendo nos últimos tempos profundos de-

segurança de trabalho em diversos países,

senvolvimentos, visando a sua redução

inclusive o Brasil (NR-12).

e aumentando a ef iciência de trabalho.

Para aumentar a produtividade dos

Projetos mais avançados de máquinas-

tornos automáticos horizontais de cabe-

-ferramenta, além de

çote fixo ou móvel,

dispositivos e acessó-

monofuso ou mul-

rios adicionais, que são agregados ao equipamento básico, resultam na redução dos tempos improdutivos. Uma tarefa que afeta signif icativamente na produtividade de tornos automáticos, quer sejam aqueles acionados através de cames, como os digitais a comando numé-

A ESCOLHA DO EQUIPAMENTO IDEAL DEPENDE FUNDAMENTALMENTE DO TAMANHO DA PEÇA-OBRA, DE SUA GEOMETRIA E DE SEU PESO. O GANHO DE PRODUTIVIDADE DEPENDE DE CADA APLICAÇÃO.

rico computadorizado

tifuso, foram desenvolvidos no início dos anos 60 os primeiros magazines automáticos de barras, que proporcionam as seguintes funções: guiar, alimentar e realizar a troca automática da barra. Tal desenvolvimento provocou um enorme aumento na produtividade

(CNC), é a da carga e descarga de barras

das tornearias automáticas. Quanto mais

ou de blanks.

comprida for a peça-obra e mais rápido for o tempo do ciclo de usinagem, maior

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MAGAZINE COM TROCA AUTOMÁTICA

será o ganho de produtividade do equipa-

DE BARRAS

mento. Segue um exemplo do resultado na

Desde os primeiros tornos automáticos até

usinagem de uma peça, comparando-se a

os dias de hoje são aplicados alimentado-

aplicação de um magazine com troca auto-

res de barras, em geral com até 3,0 metros

mática de barras com a de um alimentador

de comprimento e no máximo 80 mm de

de barras com troca manual:

diâmetro, acionados hidraulicamente ou

•  Te m p o d o c i c l o d e u s i n a g e m -

por pesos (gravidade), cuja troca de barra é

12 seg/peça

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PRODUTIVIDADE

•  Produção horária - 300 peças/hora

e dedicados a trabalhos em uma única

•  Comprimento da peça mais a largura do

peça ou a uma família de peças homotéti-

bedame de corte - 150 mm

cas ou semelhantes. Em geral, aplicam-se

•  Comprimento da barra - 3,0 metros

na usinagem de peças de pequeno e mé-

•  Tempo de troca automática no magazi-

dio porte em tornos automáticos a cames

ne - aprox. 30 segundos

e a CNC e na produção de grandes séries.

•  Tempo de troca manual com alimenta-

•  Alimentadores cartesianos de pórtico

dor - aprox. 4,0 minutos

(Gantry loader) - a peça é transportada

•  Aumento de produtividade - cerca

pela parte superior da máquina, sendo a

de 80 %

manipulação e troca das peças acabada e

Além do mais, os magazines com troca

bruta feita através de garras, montadas em

automática de barras permitem trabalhar

um mecanismo articulável. É um tipo de

até três turnos sem supervisão, diminuin-

alimentador de peças aplicado em tornos

do os custos de produção e aumentando a

CNC e muito recomendado para produzir,

rentabilidade da empresa.

de forma flexível, peças tipo Eixo. •  Robôs articulados - são posicionados na

CARGA E DESCARGA AUTOMÁTICA DE

frente da máquina e é uma solução utiliza-

BLANKS

da na produção de peças das mais diferen-

Peças pré-formadas, como forjadas, sinteri-

tes formas e tamanhos em tornos CNC, de

zadas e pedaços de barras cortados, podem

forma autônoma ou inseridos em células

ter um significativo aumento de produtivi-

flexíveis de manufatura.

dade pela aplicação do correto equipamen-

____________________________________________________________

to para realizar o carregamento da peça em

Conteúdo originalmente publicado no Canal de Conteúdo

colha do equipamento ideal depende fundamentalmente do tamanho da peça-obra, de sua geometria e de seu peso. O ganho de produtividade depende de cada apli-

"A Voz da Indústria". Republicação concedida pelo autor. Foto: divulgação

bruto e a descarga da peça usinada. A es-

cação. Os principais equipamentos e suas características aplicativas são: •  Magazines automáticos de alimentação - trata-se de projetos especiais de automatização, acionados geralmente através de componentes pneumáticos ou hidráulicos,

Alfredo Ferrari Vice-presidente da Câmara Setorial de Máquinas-ferramenta e Sistemas Integrados de Manufatura da ABIMAQ

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ENTREVISTA

O FUTURO DA MOBILIDADE É ELÉTRICO? Especialista na área de veículos híbridos e elétricos questiona alguns paradigmas e acredita que o Brasil deve criar seu próprio modelo POR DENISE MARSON

P

ressões ambientais, sobretudo na Europa, têm movimentado a indústria automotiva na direção do desenvolvimento de veículos

menos poluentes. Lá fora, a questão assumiu caráter mandatório: alguns países já estabeleceram datas-limite para que não sejam mais comercializados automóveis com motores a combustão. Enquanto isso, nosso País ainda carece de uma legislação específica, de regras mais claras e, principalmente, de um plano de ação para os próximos anos. Mas isso, na opinião de Ricardo Takahira, vice-coordenador da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil, não é necessariamente uma desvantagem. “O cenário pode parecer negativo, mas pode até ser positivo. Nenhum país do mundo tem o privilégio de ter opções de biocombustíveis e de uma matriz energética que, mesmo com as crises hídricas, é

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Foto: Divulgação

ENTREVISTA

Ricardo Takahira, vice-coordenador da Comissão Técnica de Veículos Elétricos e Híbridos da SAE Brasil

70 a 90% gerada por hidrelétricas – não te-

consultoria e integra diversas comissões

mos necessidade de queimar carvão. Quem

técnicas, incluindo o grupo de trabalho em

sabe um veículo híbrido flex ou híbrido a

que atua junto ao Ministério de Desenvolvi-

etanol pode gerar a eletrificação com bio-

mento, Indústria e Comércio Exterior (MDIC)

combustível?” Engenheiro eletricista pela

e também é o chairman do 7º Simpósio de

FEI, Takahira soma mais de 30 anos dedica-

Veículos Híbridos Elétricos da SAE Brasil,

dos à indústria automotiva, com passagens

programado para novembro deste ano. Suas

pela ABVE, Magneti Marelli, Continental,

ideias e observações sobre o tema podem

Visteon, Ford e SENAI. Atualmente, presta

ser conferidas na entrevista a seguir.

O MUNDO DA USINAGEM

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ENTREVISTA

Como anda a “corrida” pela mobilidade elétrica? Levando-se em conta as legislações europeias que determinam menor emissão de poluentes. É exatamente como foi colocado na pergunta: a exigência é ambiental e o atendimento às regras é da indústria. Ou seja, em conferências como a COP-21, COP-22

QUEM SABE UM VEÍCULO HÍBRIDO FLEX OU HÍBRIDO A ETANOL PODE GERAR A ELETRIFICAÇÃO COM BIOCOMBUSTÍVEL?

ou como a Rio+20, são definidos limites e prazos e isso faz com que a indústria tenha

lume vai amortizar todos os anos de inves-

que se adequar para continuar venden-

timento em pesquisa e desenvolvimento.

do produtos. Até 2030, talvez 30% da frota do mundo tenha que ser zero ou baixa

Como você classificaria o Brasil nesse

emissão – por “zero”, entende-se elétrico,

contexto?

enquanto o “baixa” seria o híbrido. Falan-

No Brasil, ainda estamos em uma fase de

do do mundo, vários países já definiram

def inição, pois não temos uma política

uma data para não poder mais comercia-

específica. Em 2017 acabou o Inovar-Auto

lizar veículos a combustão. Começou com

(Programa de Incentivo à Inovação Tecno-

a Noruega, que tem um percentual alto de

lógica e Adensamento da Cadeia Produti-

sua frota elétrica, mas não tem nenhuma

va de Veículos Automotores), e ainda não

montadora. Mas depois da Noruega, veio a

tivemos a publicação do Rota 2030, que

Alemanha, a França – e, ao todo, já são dez

seria a política industrial seguinte. Nesse

países. Os locais onde estão localizados os

âmbito, foi criado um grupo de trabalho

centros de desenvolvimento das montado-

específico para veículos híbridos e elétri-

ras de primeira linha acabam tendo que fo-

cos e, dentro dele, há alguns subgrupos

car suas engenharias para atender as ques-

para estudar as questões da política pú-

tões de mercado da indústria. E tem algo

blica, das baterias, da inf raestrutura, da

ainda mais significativo e ambicioso que é

capacitação da mão de obra, de regula-

não deixar circular (veículos a combustão)

mentação. O Brasil está atrasado, mas não

e alguns países já estão tentando definir

está de olhos fechados. A própria indústria,

uma data para isso. Esta seria uma política

junto com especialistas, está ajudando a

industrial: primeiro se exige um produto

desenhar essas novas políticas.

que atenda tecnicamente à exigência, que

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é o zero emissão e, se fizer toda a “lição

O que é preciso para o País ficar bem po-

de casa”, ganha um “prêmio”, que seria a

sicionado frente a esta nova tendência?

renovação de toda a frota. Com isso, o vo-

Regras claras e definição. Tem uma coi-

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ENTREVISTA

sa bastante estratégica: se não fizermos

apartamento, por exemplo? Tem muita coi-

nada, corremos o risco de sermos um mer-

sa a ser trabalhada e talvez essa questão de

cado consumidor de tecnologias ‘novas’

consumo individual não seja a prioridade.

obsoletas. O que seria isso? Por exemplo,

Eu acredito bastante em transporte públi-

um veículo a combustão já tem data para

co, em ter mais ônibus elétricos por meio

deixar de existir na Alemanha sem que

de mecanismos de licitação: os operado-

seus custos de ferramental e componen-

res, para continuarem, precisarão ter um

tes tenham sido devidamente amortiza-

percentual mínimo. O uso urbano é o que

dos. Se o nosso País não tem uma legis-

faz sentido, por vários motivos: a eficiência

lação clara, o que vai acontecer? Eles vão

na estrada do veículo elétrico ou híbrido é

mandar esse veículo para cá, porque eles

muito baixa, o que acaba expondo a ques-

ainda poderiam vender por aqui. O cená-

tão da autonomia. As eficiências do carro

rio pode parecer negativo, mas pode até

elétrico aparecem quando roda em ciclo

ser positivo. Nenhum país do mundo tem

urbano porque, ao frear, ele pode regene-

o privilégio de ter opções de biocombustí-

rar a energia térmica.

veis e de uma matriz energética que nós temos. Mesmo com as crises hídricas, de

Como as montadoras estão se preparando

70 a 90% de nossa energia é gerada por

e quais os principais desafios?

hidrelétricas – não temos necessidade de

No Brasil, é importação. Não tem ninguém

queimar carvão. Quem sabe um veículo

desenvolvendo um carro elétrico. Se for

híbrido flex ou híbrido a etanol pode gerar

para desenvolver um carro híbrido a etanol,

a eletrificação com biocombustível? Não

pode ser que faça sentido. Por isso, volto a

temos que acompanhar o mundo, temos

falar dos biocombustíveis, que seriam uma

que entender qual a melhor solução para

condição a favor, pois o carro elétrico de-

o Brasil. Nossa extensão territorial e nossas

pende de uma infraestrutura. Se eu fosse

condições climáticas são diferentes. Para

comprar um carro elétrico, alguém teria que

ficarmos bem posicionados, é preciso ter

me dar energia e só pode comercializar al-

uma posição clara das regras, mas tam-

guém autorizado pela Aneel (Agência Na-

bém olhar para o umbigo e ver todas as

cional de Energia Elétrica). Nossa cota ainda

possibilidades.

é muito pouco significativa: temos menos de 10 mil veículos, sendo que 90% desse to-

E qual seria o melhor caminho, na sua

tal é híbrido. Para o segmento de autope-

opinião?

ças, por exemplo, 50 mil seria um volume

Esse produto (carro elétrico) é muito de-

mínimo para que pudéssemos pensar em

pendente de infraestrutura. Como eu vou

localização (produção local). Com esse bai-

recarregar meu carro se eu moro em um

xo volume de importação, ficamos sujeitos

O MUNDO DA USINAGEM

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21


ENTREVISTA

SE NÃO FIZERMOS NADA, CORREMOS O RISCO DE SERMOS UM MERCADO CONSUMIDOR DE TECNOLOGIAS ‘NOVAS’ OBSOLETAS

que é a mais importante. Mas, com certeza, haverá uma maior tendência para o híbrido (não plug-in). Há o veículo elétrico a bateria (BEV, em inglês); o veículo elétrico híbrido (HEV, em inglês) e o veículo elétrico híbrido plug-in (PHEV, em inglês). Para que seja plug-in, é preciso ter infraestrutura. Se estiver na rua e acabar a bateria, como faz? Mesmo que seja uma recarga super-rá-

ao câmbio. Além disso, os veículos elétricos

pida, demora pelo menos uma meia hora.

lá fora têm outros subsídios. Em São Paulo

No Brasil, 90% dos carros são do tipo HEV,

(SP), por exemplo, o veículo híbrido é isento

e eles nem têm tomada para recarregar. Lá

de rodízio e paga só 50% do IPVA, mas isso

fora, há versões do tipo plug-in. Aqui, além

ainda é muito pouco em relação aos incen-

de ser híbrido não plug-in, quem sabe não

tivos que esses carros recebem lá fora. Até

teremos um híbrido flex. Há uma montado-

pouco tempo, o Imposto de Importação era

ra que já anunciou que trará esse veículo

de 35%, agora baixou para zero no puro elé-

para o Brasil e já existe um protótipo com

trico e vai de 4 a 7% no híbrido, dependendo

uma calibração feita para o etanol. Haverá

da eficiência energética. Agora há uma dis-

um rodando na USP, em São Paulo (SP), e

cussão sobre o IPI, que hoje é de 25%. En-

outro na UnB, em Brasília (DF).

tão os baixos volumes não são suficientes para que qualquer montadora aqui no Bra-

E o que seria o carro ‘conectado’? Há algu-

sil pense sequer em localização. É preciso

ma relação com o autônomo?

chegar a outro patamar para que se possa

O carro conectado proporciona uma siner-

fazer a transição tecnológica.

gia. No carro elétrico, é preciso saber aonde você quer ir e, se não tiver bateria, saber

22

|

Na sua opinião, como será o cenário em

onde estão os pontos para você recarregar.

termos de produção dos carros híbridos,

Para isso, é necessário ter uma conectivida-

elétricos e autônomos? Haverá uma

de. Por exemplo, eu não quero chegar em

maior tendência por carros híbridos em

um ponto de recarga onde já há outro veículo

um primeiro momento?

sendo abastecido, porque não leva o mesmo

Além desses, eu acrescentaria uma cate-

tempo que encher um tanque. Aí existe uma

goria de veículos chamados ‘conectados’,

outra ideia que é a de se criar um local em

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ENTREVISTA

que se possa fazer a troca da bateria: deixar a que está sem carga e pegar uma totalmente carregada. Seria o mesmo modelo de um botijão de gás. Isso talvez seja uma solução porque, até pouco tempo, o custo da bateria era cerca de 60% do preço do veículo. Se tivesse alguma forma de esse preço ser desvinculado do custo do carro, ainda que com essa desconfiança de a bateria não durar tanto quanto o próprio veículo, poderia ser vantajoso. O desejo do consumidor não é o carro elétrico ao preço que está, mas ele pagaria mais caro por um carro autônomo e/ou conectado. E não estou me referindo ao que ‘dirige’ sozinho. Há diferentes graus de autonomia: o carro que estaciona sozinho, por exemplo, tem autonomia nível 3. Há modelos disponíveis no Brasil que podem ter o chamado “chaveirinho”. Para quem mora em apartamento e precisa estacionar em vagas superapertadas, basta sair do carro, apertar o touch screen no chaveiro e ele ‘entra’ sozinho na vaga. Por esse conforto e pela conectividade de ter o Waze em uma tela de 7 polegadas, o consumidor está disposto a pagar. Já para ter um

O DESEJO DO CONSUMIDOR NÃO É O CARRO ELÉTRICO AO PREÇO QUE ESTÁ, MAS ELE PAGARIA MAIS CARO POR UM CARRO AUTÔNOMO E/OU CONECTADO

carro elétrico, apenas com o apelo da sustentabilidade, eu tenho minhas dúvidas.

Eu não posso citar nomes, mas há dois tipos de indústrias: um que está pergun-

E como os fornecedores da indústria auto-

tando ‘quanto tempo temos?’, no intuito

motiva convencional estão se preparando

de se preparar, e outro que está pergun-

para a crescente diminuição da demanda

tando ‘quanto tempo vai demorar’?, pois

por produtos e serviços ligados a motores

já tem uma solução e só está esperando

de combustão interna?

a hora certa. O primeiro tem que mudar o

O MUNDO DA USINAGEM

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23


ENTREVISTA

NÃO TEMOS QUE ACOMPANHAR O MUNDO, TEMOS QUE ENTENDER QUAL A MELHOR SOLUÇÃO PARA O BRASIL. NOSSA EXTENSÃO TERRITORIAL E NOSSAS CONDIÇÕES CLIMÁTICAS SÃO DIFERENTES

de de mobilidade urbana. Para ônibus, não depende da escolha do cidadão, mas de uma política pública do gestor de transporte. Por exemplo, a SPTRANS (de São Paulo, SP) soltou uma licitação, que tinha prazo de consulta pública até o último dia 25 de março. O texto não diz explicitamente que é um veículo elétrico, mas que deveria atender à PL 300/2017 (Nota: o Projeto de Lei propõe dez anos para que a f rota seja substituída por uma com combustível menos poluente). Não sei como os operadores irão responder. Mas essa é uma das possibilidades e faz todo o sentido, a meu

portfólio, se não, estará “morto”. O segundo

ver. Não é preciso mudar todos os ônibus,

tem uma solução lá fora, mas se transferir

mas a cada dez que estão em serviço, no

muito cedo, ele “mata” o feijão com arroz

primeiro ano, é possível ter pelo menos

que gera o faturamento atual e ainda não

um de ‘tecnologia limpa’. Esse ônibus cus-

vai faturar com o novo portfólio. Então, é

taria mais que o dobro do que o movido

superestratégico. Mas, sem uma definição

a biodiesel, mas o impacto com relação

clara de política, como fazer? Por exemplo,

às emissões, ao ruído e também à recu-

se hoje eu faço um motor a combustão V8,

peração de energia no “anda e para” do

eu posso me organizar e fazer um motor

trânsito faz com que seja mais interessan-

de dois tempos a etanol e colocar em um

te. É preciso contabilizar também outros

carro elétrico em uma versão que hoje se

ganhos que são intangíveis como o fato

chama range extended, e que gera uma

de que, talvez, a população não vá tanto

autonomia extra para a bateria.

ao médico por problemas respiratórios ou não fique com problemas de audição,

24

|

Quais são as principais preocupações no

sem contar as doenças profissionais que o

que diz respeito aos usuários e às cida-

motorista deixaria de sofrer. Outra questão

des?

são os aplicativos de transporte privado

Nós não temos esse conceito de qualida-

(tais como Uber, Cabify e 99, entre outros).

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ENTREVISTA

Pode ser que surja uma regulamentação

a WEG. Trata-se de uma inovação de pri-

mais para frente que obrigue que tenham

meiro mundo, feita no Brasil. Então, não

um carro de alta eficiência e baixa emissão

estamos tão mal, pois temos engenharia e

e, como o motorista não tem mais necessi-

know-how. Talvez a gente não tenha opor-

dade de ter a posse do carro, pode ser que

tunidades e nem a segurança de fazer um

ele utilize o veículo de uma locadora. Essa

investimento tão alto quando, na verdade,

economia circular, compartilhada, é uma

não existe mercado ainda. Com relação à

questão cultural. O brasileiro gosta muito

usinagem, existe um certo receio também.

de carro, mas pode mudar de hábitos se

Por exemplo: o alumínio é usinado, mas a

houver um aumento do congestionamen-

fibra de carbono não é. E como as baterias

to, por exemplo. Talvez ele deixe o carro

e os motores começam a pesar muito no

para o fim de semana, no uso com a famí-

carro, o aço começa a ser substituído por

lia. Mas creio que não seja uma mudança

materiais mais técnicos e mais leves. Isso

para esta geração, talvez para a próxima.

quando a bateria não acaba sendo parte do chassi.

Em termos de tecnologia, o que vem sendo produzido mundial e nacionalmente

Em sua opinião, o que precisa ser feito

em termos de eletrificação da mobilida-

para que haja um impulso nesta

de? Qual o status dessa tecnologia –

­produção?

pronta para ser usada, ou muita coisa

Primeiro, uma certeza de volume. Nin-

ainda em fase de testes?

guém vai mexer um dedo, se não tiver

Bateria é uma dependência do mundo,

forecast de volume, mesmo a usinagem

não é um problema só do Brasil. Assim

funciona desse jeito. As políticas públicas

como a eletrônica, que foi para a Ásia, e

devem ser definidas. Talvez uma data-li-

todo mundo perdeu o bonde. Agora eles

mite para se atingir determinada eficiên-

são tão competitivos que ninguém con-

cia energética. É isso o que nós, enquanto

segue tirar isso de lá. Motor, por exemplo,

grupo de trabalho (GP7) estamos buscan-

nós temos a WEG aqui, em Jaraguá do

do para os veículos híbridos e elétricos.

Sul (SC) e eles estão produzindo motor

Ainda não há uma homologação especí-

para ônibus, mas talvez não consigam en-

fica que diferencie o carro elétrico. E, com

trar no lobby do carro leve. Já a fábrica da

relação à política fiscal, talvez os critérios

MAN, em Resende (RJ), conseguiu fazer

mudem quando houver uma frota maior

um caminhão elétrico, em parceria com

acumulada.

O MUNDO DA USINAGEM

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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA

BONS VENTOS VOLTAM A SOPRAR Realizadas recentemente, feiras setoriais aquecem os negócios e apontam para um cenário promissor em 2018 POR DENISE MARSON

D

ivulgado na abertura da Feimec (Feira Internacional de Máquinas e Equipamentos), no último dia 24 de abril,

o balanço do primeiro trimestre de 2018 serviu para fundamentar a mensagem de otimismo que a entidade gostaria de transmitir aos participantes do evento realizado no São Paulo Expo, na Capital paulista. O levantamento mostrou um aumento no faturamento de 0,8% em relação ao mesmo período do ano passado – resultado influenciado diretamente pelas exportações, que cresceram 23% (em reais). Com isso, foi mantida a previsão de um crescimento acima de 5% para este ano, considerando-se que o mês de abril apresentasse um desempenho acima da média. “Se o mês de abril cair menos que o sazonal, a previsão poderá ser mantida. Mas poderá diminuir, se for muito ruim”, disse Mario Bernardini, diretor de competitividade da entidade. Para ele, a feira seria um bom termômetro.

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O MUNDO DA USINAGEM

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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA

Se depender do balanço final divulga-

institutos de pesquisas tais como FAAP,

do pela organização, as boas perspectivas

FEI, ITA, Instituto Mauá de Tecnologia,

poderão ser mantidas: a visitação superou

UFSC e USP, presentes na área chamada

“amplamente” a expectativa de 40 mil

Parque de Ideias.

pessoas e a grande maioria dos exposi-

Paulo Castelo Branco, presidente da

tores consultados comemorava negócios

Abimei, reforça o fundamental papel da

concretizados ou finalizados durante o

tecnologia nas feiras setoriais: “máquinas

evento – sem contar o expressivo número

de alta tecnologia, integradas com os ele-

de oportunidades geradas para o futu-

mentos de eletroeletrônica, automação

ro próximo. Uma terceira edição já está

e conectividade. Uma solução única que

confirmada para os dias 5 a 9 de maio de

ofereça tudo aquilo que a indústria brasi-

2020.

leira precisa para se tornar mais produtiva

A crença na recuperação da indústria

e competitiva”.

passa, sem dúvida, por investimentos para

28

|

que esta volte a ser produtiva e compe-

MANUFATURA AVANÇADA E INDÚSTRIA

titiva. Em discurso permeado por apelos

4.0

para que reformas estruturais, tais como

A tradicional Feira da Mecânica ocupou o

a da previdência e a tributária, avancem,

Expo Center Norte – sob o nome de Mecâ-

João Marchesan, presidente do Conselho

nica Manufacturing Experience – entre os

de Administração da Abimaq, destacou

dias 24 e 27 de abril. Assim como o evento

que “o País ensaia os primeiros passos

promovido pela Abimaq, a feira da Reed

para a retomada do crescimento. E, para

Exhibitions Alcantara Machado teve seu

que esta retomada seja sustentada ao

enfoque em experiências envolvendo no-

longo do tempo, é necessário ampliar

vas tecnologias e inovações que visavam

os investimentos produtivos”. Para ele, o

“tornar a Indústria 4.0 uma realidade no

futuro da tecnologia foi bem represen-

Brasil”. Para isso, reuniu especialistas que

tado no evento, que contou, mais uma

realizaram mais de cem palestras, organi-

vez, com o demonstrador da manufatura

zadas em diferentes arenas do conheci-

avançada – que teve recorde de visitação

mento, com destaque para a da Robótica,

–, além de promover a integração de em-

com curadoria do Instituto Avançado de

presas em clusters com universidades e

Robótica (I.A.R.) – um dos espaços com

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NEGÓCIOS DA INDÚSTRIA

maior visitação e que mostrou, em am-

verá crescer cerca de 3% até 2021. Ex-pre-

biente interativo, a aplicação de robôs in-

sidente do BNDES, Luiz Carlos Mendonça

teligentes.

de Barros também compartilhou do mes-

“Nossa meta, ao unir a universidade

mo otimismo para os próximos anos, para

com as empresas, foi mostrar que existem

os quais, acredita que haverá um impacto

muitas possibilidades oferecidas pela ro-

positivo para a indústria. “Historicamente,

bótica para prover soluções até então ini-

o Brasil cresce em média 3% ao ano, con-

magináveis para problemas crônicos da

siderando os períodos de baixa e de alta.

indústria”, diz Rogério Vitalli, diretor exe-

E devemos ter, já este ano, o PIB subindo

cutivo do I.A.R.

entre 2% e 3%, o que se prolongará para

Após o fechamento, a organização di-

os próximos cinco anos”, previu. Os dois

vulgou que, em apenas três dias de even-

especialistas, porém, alertaram para o fato

to, foram movimentados 85,5 milhões de

de que as variáveis no quadro político po-

reais em novos contratos entre 82 forne-

derão influenciar esses prognósticos.

cedores e 15 grandes compradores duran-

Ex-ministro da Fazenda e pré-candi-

te as rodadas de negócios. “Estamos satis-

dato à Presidência da República, Hen-

feitos por termos conseguido mostrar que

rique Meirelles concorda: “Estamos nos

a tecnologia, conectividade e eletrônica

recuperando, depois que a economia na-

por trás dos sofisticados robôs e demais

cional entrou em uma espiral de queda

equipamentos que foram expostos são os

e quase foi ao colapso. Precisamos evitar

verdadeiros pilares da Indústria 4.0”, afir-

propostas que deram errado no passado e

mou Igor Tavares, diretor de eventos da

buscar quem possa dar continuidade nas

Reed Exhibitions Alcantara Machado.

políticas de recuperação”, disse. Meirelles avaliou que a economia do Brasil come-

CENÁRIO POLÍTICO-ECONÔMICO E O

çou 2018 com “forte recuperação susten-

FUTURO DA INDÚSTRIA

tada pelo investimento dos empresários,

Entre as personalidades convidadas a pa-

não ancorada em crédito ao consumidor”.

lestrar durante a Mecânica, o ex-ministro

Segundo ele, o cenário deve levar o em-

da Fazenda Maílson da Nóbrega contri-

presário a acreditar na continuidade da

buiu com a indicação de que a taxa Selic

recuperação econômica e a investir na

pode terminar o ano em 6% e o País de-

produção.

O MUNDO DA USINAGEM

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TECNOLOGIA

ENGENHARIA ROBÓTICA®: A NOVA PROFISSÃO DA INDÚSTRIA AVANÇADA A digitalização da indústria abre campo para novas ocupações POR ROGÉRIO VITALLI, FUNDADOR DO I.A.R. (INSTITUTO AVANÇADO DE ROBÓTICA®)

N

a Indústria 4.0, tornou-se comum dialogarmos constantemente com máquinas programáveis que reduzem o tempo produ-

tivo, otimizam a capacidade de produção e ajudam a reduzir o risco de erros e de desperdício também. Mas, para os próximos anos, a tendência tecnológica tem apontado para um caminho ainda mais profundo: aquele em que a robótica vai conseguir reproduzir muitas das tarefas que, hoje em dia, ainda não consegue assimilar. Não faltam exemplos para ilustrar essa tendência, e eles vão

desde carros autônomos a sistemas de computação cognitiva e, portanto, há um pouco disso tudo representado nos mais variados setores de nossa sociedade. O segredo dessa significativa mudança da Indústria 4.0 consiste, justamente, em acrescentar elementos cognitivos nos sistemas, fazendo com que estes aprendam cada vez mais e reajam de acordo com a melhor resposta possível diante de uma variável ampla de decisões, e isso abre campo justamente para a Engenharia Robótica®, recém-patenteada.

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O MUNDO DA USINAGEM

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31


TECNOLOGIA

Outras áreas de atuação também estão

ra na indústria avançada, agronegócio, ou

asseguradas. A medicina e a administra-

onde os seres humanos não podem sobre-

ção são algumas delas, pois já são setores

viver. E podem assumir qualquer forma,

em que o elemento humano é fundamen-

embora alguns sejam feitos para se asse-

tal, mas profundamente amparado pela

melhar aos seres humanos na aparência,

tecnologia. O pensamento tem seguido

com o intuito de facilitar a aceitação, por

mais para o caminho das tarefas que po-

parte dos usuários, de robôs que imitam

dem ser mais bem trabalhadas por uma

comportamentos geralmente realizados

máquina, o que reduziria cada vez mais o

por pessoas.

trabalho manual das pessoas. Iremos nos

Esses robôs tentam replicar cami-

tornar, portanto, peças-chave na condução

nhadas, levantamentos, fala, cognição e,

das empresas, como elementos estratégi-

­basicamente, tudo o que um ser humano

cos e, consequentemente, com menos ta-

pode fazer. Atualmente, já se veem mui-

refas mecânicas e repetitivas. Há de se ob-

tos robôs construídos com inspiração na

servar que vamos estar diante de um novo

natureza, contribuindo para o campo da

cenário de aprendizado, planejamento e,

robótica biônica.

claro, adequações.

A Engenharia Robótica® também é usada em programas de aprendizagem multi-

32

|

CONCEITOS NA PRÁTICA

disciplinar baseados nas disciplinas STEM

A Robótica é um ramo interdisciplinar de

(Ciência, Tecnologia, Engenharia e Mate-

Engenharia Mecatrônica que inclui Enge-

mática), como uma ferramenta de ensino

nharia Mecânica, Engenharia Elétrica, e En-

para crianças e jovens. É uma forte aliada

genharia da Computação. Já a Engenharia

dessa tendência de se implementar uma

Robótica® trata do design, construção, ope-

cultura maker (aprender fazendo) nas es-

ração e programação de robôs, bem como

colas/universidades, e que promove o em-

sistemas de controle sofisticados, feedback

preendedorismo e a construção coletiva do

sensorial, inteligência artificial e o processa-

conhecimento.

mento dessas informações. Essas tecnolo-

A atmosfera aberta e colaborativa per-

gias são usadas para desenvolver máquinas

mite o compartilhamento de ideias com ou-

que possam substituir humanos.

tros pesquisadores, estudantes, professores

Os robôs podem ser usados em qual-

e promove uma comunidade envolvida e

quer situação e para qualquer finalidade,

apaixonada enquanto trabalham em desco-

mas hoje muitos são usados em ambientes

bertas inovadoras como em robôs-médicos,

perigosos (incluindo detecção e desativa-

planejamento de movimentos de robôs, in-

ção de bombas), processos de manufatu-

teração humano-robô e muito mais.

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TECNOLOGIA

ROBÔS INDUSTRIAIS NO MUNDO O maior produtor mundial de robôs industriais é o Japão. A capacidade de produção chegou a 156 mil unidades, o mais alto nível já registrado até hoje. Com base nessa pro-

I.A.R. EM RESUMO Fundado a pouco mais de dois anos, o I.A.R. (Instituto Avançado de Robótica®) ministra cursos de engenharia robótica® estruturados em dez níveis

dução, a JARA (Japan Robot Association -

de complexidade, com metodologia

Associação de Robôs do Japão) espera um

própria, focada na aprendizagem práti-

crescimento da ordem de 10% em produção

ca. O objetivo geral dos cursos básicos

e instalação até 2020. O Japão exportou cerca

e também dos de pós-graduação lan-

de 115 mil unidades em 2016 para o resto do mundo. Em cifras, são 309 bilhões de ienes (cerca de 2,7 bilhões de dólares) conquistados pelo governo e por empresas japonesas que já possuem um forte índice de robotização e inovação. A boa notícia, porém, é que esse cenário não é estático e apresenta sinais de mudança. A inevitável transformação digital pela qual

çados em 2017, é formar profissionais altamente qualificados para atender às demandas da Era 4.0 - desde projetos e implementação de células robóticas complexas, até a implementação de fábricas inteligentes no Brasil. Mantém parcerias com empresas e convênio de cooperação técnico-científica com universidades e escolas técnicas. Sua estrutura conta com uma unidade

passa o planeta afeta a todos. Mesmo aque-

móvel que vai até os locais e realiza trei-

les países em que a digitalização da indústria

namentos em laboratório com tecnolo-

ainda não está em fase tão avançada como a

gia de ponta. A patente da unidade mó-

do Japão já possuem inciativas nesse sentido,

vel foi recém-adquirida junto ao INPI

sunto, cursos específicos, entre outros, para se alinhar com as novas tendências e não perder competitividade dentro da cadeia produtiva. Dados de instituições como o IFR (International Federation of Robotics - Federação Internacional de Robótica), revelam que o Brasil já possui atualmente 10 robôs instalados no País para cada dez mil trabalhadores, comparado com oito robôs instalados no País para cada 10 mil no ano de 2015. Isso revela

sob número de processo: 905411218, junto com patente da marca “Engenharia Robótica®”, processo número 906638623, sendo motivo de muito orgulho para toda a equipe do I.A.R. Mais informações no site: https://iar.eng.br Foto: divulgação

promovendo discussões e debates sobre o as-

o aquecimento e crescimento do setor em nosso país.

O MUNDO DA USINAGEM

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EDUCAÇÃO

ENGENHARIA MÃO NA MASSA Tradicional no ensino de Administração e Economia, o Insper quer consolidar um novo jeito de formar engenheiros POR DENISE MARSON

A

o que tudo indica, uma nova geração de engenheiros está prestes a sair do “forno” do Insper – uma instituição que

se tornou notória pela qualidade dos seus cursos voltados a negócios e economia. Após um longo período de formatação, que envolveu pesquisas e o levantamento de doações, o ano de 2015 marcou a estreia das turmas de engenharia mecânica, engenharia mecatrônica e engenharia da computação. O mercado, por sua vez, está ansioso para descobrir como essa mão de obra jovem poderá contribuir quando chegar aos postos de trabalho. A expectativa é gigante, proporcional ao tamanho dos investimentos feitos ao longo dos anos e ao empenho da instituição para implantar um novo mindset (algo como “modo de pensar”, em tradução livre) à prof issão. Os cursos de engenharia do Insper são a materialização de industrial formado pelo Instituto Militar de Engenharia (IME), doutor em Economia pela Universidade de Chicago e um dos fundadores da instituição. Seu intuito era promover um tipo de

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© Créditos

um sonho antigo de Cláudio Haddad, engenheiro mecânico


Fotos: Insper - divulgação

Alunos podem experimentar processos de fabricação mais complexos em aulas práticas no Tech Lab O MUNDO DA USINAGEM

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EDUCAÇÃO

tariam de “entregar” ao mercado, foi a

dades do mercado e, para isso, baseou-

hora de criar um modelo para que esse

-se em pesquisas feitas pela Associação

engenheiro do século XXI fosse forjado.

Nacional de Pesquisa e Desenvolvimen-

A inspiração veio da Olin College, uma

to das Empresas Inovadoras (Anpei) e

faculdade de engenharia de Needham

pela Confederação Nacional da Indústria

(nas adjacências de Boston), nos Esta-

(CNI) para delinear o perf il do prof issio-

dos Unidos. A instituição se notabilizou

nal que a indústria estava procurando.

pelo currículo renovado, calcado princi-

Como resposta, surgiram necessidades

palmente na chamada engenharia “mão

que englobavam conhecimentos sobre

na massa” desde o início do curso, com

manufatura avançada, por exemplo o

bastante dedicação a projetos de desen-

conceito de big data, que, na concepção

volvimento de protótipos. “Foi de lá que

dos gestores, fugia do “padrão MEC” es-

veio a ideia dessa engenharia descons-

tabelecido para o currículo tradicional.

truída”, sintetiza o professor de design

Def inido o tipo de prof issional que gos-

para manufatura Alex Bottene.

© Créditos

formação mais alinhada com as necessi-

Um dos mais novos laboratórios, o Fab Lab oferece a possibilidade de fazer protótipos em diversos materiais 36 | WWW.OMUNDODAUSINAGEM.COM.BR


EDUCAÇÃO

SEIS VERTENTES

boratórios do Insper (leia mais no box).

Baseados na experiência em Needham,

Bottene acredita que o presidente da

os mentores dos cursos de engenharia do

instituição Cláudio Haddad estabeleceu

Insper elencaram seis vertentes que nor-

um estreito relacionamento com pesso-

teariam o curso desde a sua concepção:

as que acreditavam em sua percepção do

consciência de contexto – avaliar todos os

que poderia ser um curso de engenharia

pontos que envolvem o projeto antes da

inovador, reunindo visões da academia, da

entrega –, design cen-

indústria e da so-

trado no usuário, co-

ciedade. “Ele tinha

nhecimento técnico, relacionamento interpessoal, empreendedorismo e “aprender a aprender”, ou seja, que o profissional deve ter um aperfeiçoamento constante e continuar a estudar após a conclusão do curso. “Os co-

OS CONHECIMENTOS SÃO TODOS APLICADOS. POR EXEMPLO, O ALUNO APRENDE CÁLCULO AO FAZER SIMULAÇÃO DE PROTÓTIPOS

um networking de

ALEX BOTTENE - INSPER

e, hoje, temos um

pessoas que queriam investir em um estudo diferenciado. Foram necessários dez anos de doações para que os cursos fossem montados

nhecimentos são todos

fundo para mantê-

aplicados. Por exemplo,

-los”, explica Bot-

o aluno aprende cálculo ao fazer simulação

tene, acrescentando que outra chave do

de protótipos”, descreve Bottene.

sucesso está nas turmas reduzidas, de

Formado engenheiro de produção pela

apenas 40 alunos por engenharia. “Isso fa-

USP São Carlos, Bottene dá aulas para as

cilita a dinâmica, porque é muita energia

turmas de engenharia mecânica e de me-

envolvida em cada projeto.”

catrônica. Aos 31 anos, ele acumula experiências na área de manufatura e brinca que

MELHORES MENTES

já se tornou um especialista em montar

Bottene conta que a popularidade e a boa

laboratórios, tendo integrado a equipe res-

aceitação que os cursos vêm adquirindo

ponsável pelo Instituto Fábrica do Milênio,

permite que a instituição também possa

em São Carlos (SP), o laboratório de estru-

fazer sua contrapartida social. Com o intui-

turas leves (LEL) do Instituto de Pesquisas

to de “trazer as melhores mentes do Brasil”,

Tecnológicas (IPT) e, finalmente, os dois la-

o Insper tem se empenhado em selecionar

O MUNDO DA USINAGEM

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37


EDUCAÇÃO

Máquinas para usinagem permitem que os alunos construam protótipos mais sofisticados e com características mais próximas do produto final

38

|

alunos que demonstrem potencial por

fosse possível, o fortalecimento do fundo

meio dos resultados no Exame Nacional

de bolsas foi uma preocupação do funda-

do Ensino Médio (Enem) em todo o País.

dor do Insper, Cláudio Haddad, que, além

Estes candidatos são entrevistados, jun-

da contribuição via empresas, conta com a

tamente com sua família, e para eles são

colaboração de ex-alunos – uma estratégia

oferecidas bolsas de até 100%, incluindo

muito adotada em faculdades e universida-

auxílio-moradia e uma verba adicional para

des do exterior.

visita mensal aos familiares que estejam

Outra base de sustentação dos cursos

em outra cidade ou Estado. Para que isso

de engenharia está na formação dos cor-

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EDUCAÇÃO

pos docente e discente. No primeiro caso,

SOFT SKILLS

há um investimento muito forte na prepa-

E quais são as qualidades que o Insper

ração dos professores, que passam por um

está buscando em sua equipe? Quem

estágio na própria Olin College. Já a seleção

responde é o gerente de laboratórios Da-

dos alunos que farão parte da instituição é

niel Krás. A instituição avalia as compe-

feita em duas etapas: o vestibular propria-

tências técnicas, mas também privilegia

mente dito e, posteriormente, uma dinâmi-

as habilidades interpessoais (soft skills),

ca de grupo. “A primeira fase é técnica, que

para criar um ambiente em que alunos

é o primeiro filtro. A segunda é como uma

e professores possam desenvolver pro-

entrevista de emprego e tem caráter elimi-

jetos juntos. Para ele, e no caso especí-

natório”, explica Bottene. Adotado, a princí-

f ico de quem trabalha nos laboratórios,

pio, apenas pelas engenharias, o processo

o acolhimento é essencial. “O laboratório

seletivo deu tão certo que acabou sendo in-

tem que acolher. Quem chega com uma

corporado, a partir deste ano, também para

dúvida, vai ser atendido e será ouvido.”

os cursos de administração e economia.

Sua própria formação serve para ilus-

Daniel Krás, gerente dos laboratórios Insper

O MUNDO DA USINAGEM

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trar o tipo de profissional que a instituição

das turmas e, para isso, viabiliza as de-

procura. Formado em engenharia de con-

mandas dos professores. Depois disso, faz

trole e automação e também em filosofia,

o trabalho de pesquisa de equipamentos,

Krás ainda acumula uma pós em gestão de

de assistência técnica, garantias e outros

empresas. “Eu trabalho um pouco de cada

requisitos para garantir o fluxo das tarefas.

área: tenho sensibilidade na parte analítica,

Ao estar em contato diário com alu-

das ideias, também na parte de máquina,

nos, professores e também visitantes e

que envolve manutenção, desmontar CNC,

usuários eventuais do Fab Lab (veja box),

entre outras coisas.”

Krás é quem recebe mais f requentemen-

Krás explica que, pelo fato de o curso

te os feedbacks sobre os cursos e a es-

ser voltado para a parte prática, o “mão na

trutura da instituição. “Recebo reclama-

massa”, a demanda para a utilização de

ções e elogios de alunos, professores e

toda a estrutura é bastante alta. “A meta

usuários externos, mas a curva média é

é a de que 50% do tempo em aula ocorra

de que a gente está ganhando. A experi-

dentro do laboratório”, justifica. Seu traba-

ência tem sido mais rica a cada semestre

lho é garantir que tudo esteja à disposição

e isso é muito legal”, comemora.

ratórios de Automação, Pneumática e

rem usados nas etapas de prototipa-

Hidráulica e o de Ciências térmicas,

gem, ou seja, não têm a intenção de

fazem com que o método de aprendi-

desenvolver produtos finais, ainda que

Laboratórios reúnem o

zado "mão na massa" seja viável. Além

haja capacidade técnica para isso. Se-

maquinário mais avançado

deles, há um planejamento para que

gundo o professor Bottene, o que dife-

para que a experiência prática

haja um novo laboratório nas instala-

rencia o emprego de cada um deles é o

seja a mais real possível

ções do novo prédio, que atualmente

nível de conhecimento dos alunos: en-

está em fase de construção. “Almeja-

quanto o Fab Lab está voltado para uma

Na concepção dos cursos de engenha-

mos ainda ter um laboratório de im-

prototipação chamada rápida, em um

ria do Insper, os laboratórios são tão

plementação, em versão industrial,

ambiente chamado de maker space, o

(ou mais) importantes do que o famo-

que seja capaz de entregar produtos

Tech Lab requer um traquejo maior por

so quadro negro e as mesas e carteiras

finais, não apenas protótipos”, anteci-

parte dos usuários, por estar equipado

das salas de aula. Dedicados às enge-

pa o professor Bottene.

com maquinário mais sofisticado, como

nharias, o TechLab e o FabLab, além

Os dois laboratórios são complementa-

centros de usinagem, que podem desen-

de outros mais recentes como os labo-

res e ambos foram concebidos para se-

volver processos mais complexos.

MÃO NA MASSA E NAS MÁQUINAS

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© Créditos

EDUCAÇÃO


Foto: Leandro Arruda

EDUCAÇÃO

A estrutura do Fab Lab pode ser utilizada pelo público em geral, basta que o horário seja agendado e que o usuário leve seu próprio material

Alex Bottene, professor de design para manufatura dos laboratórios Insper

Abaixo, uma relação de alguns dos

te o emprego de cores, usada para

• Máquinas e equipamentos para

equipamentos disponíveis para as ex-

gerar protótipos e simular esforços

marcenaria

perimentações dos alunos:

e calorimetria, por exemplo

• Tecidos e insumos eletrônicos

• Centro de usinagem de pequeno

para os protótipos

Tech Lab

porte

• Máquina de prototipagem do tipo

• Robôs industriais

é um espaço aberto para receber

FDM (por deposição de material

• Gabinetes para ferramentas

quaisquer empreendedores ou

fundido), com rastreabilidade e

• Máquinas para lavagem de peças

makers, independentemente de

maior confiabilidade de medição

e outros acessórios de apoio

fazer parte ou não do Insper. Para

• Máquina para prototipagem que

Em sua concepção, o Fab Lab

usufruir da estrutura, basta fazer

permite transferir o modelo da

Fab Lab

uma inscrição, respeitar as regras

peça diretamente do programa

• Impressoras 3D

de segurança e levar o seu próprio

CAD. Tem precisão de 16 µm e

• Máquinas de corte a laser

material. A utilização por parte dos

imprime em multimateriais

• Router para a construção de

visitantes deve acontecer às quin-

• Impressora para gesso que permi-

maquetes

tas-feiras, das 13h às 19h.

O MUNDO DA USINAGEM

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CONHECENDO UM POUCO MAIS

SUSTENTABILIDADE NA CADEIA DE SUPRIMENTOS: MAIS COMPLEXO DO QUE PARECE Primeira pesquisa em larga escala sobre o tema, feita pela Universidade Stanford, indica que as boas práticas têm alcance mais limitado do que o consumidor pode imaginar. A boa notícia é que a pressão da sociedade civil organizada tem sido fator de peso POR AMÁLIA SAFATLE

C

omprar produtos com atributos éticos e de sustentabilidade não é tão simples quanto parece. É o que mostra a primeira

análise em larga escala sobre a oferta desses produtos, feita por pesquisadores da Universidade Stanford, na Califórnia. Enquanto mais da metade das empresas globais pesquisadas aplica práticas de sustentabilidade em alguma parte da cadeia de suprimentos, esses esforços tendem a ter um alcance muito mais limitado do que os consumidores podem imaginar, segundo nota divulgada no site da universidade, assinada por Rob Jordan.

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Foto: B.S. Halpern/T. Hengl/D. Groll - Wikimedia Commons - CC BY-SA 3.0

CONHECENDO UM POUCO MAIS

“Nossos resultados mostram um copo

tentável (ODS). Isso porque as cadeias de

meio cheio e meio vazio”, diz o coautor do es-

suprimentos corporativas têm o potencial

tudo, Eric Lambin, da Escola de Ciências da

de desempenhar um papel extraordiná-

Terra, Energia e Meio Ambiente de Stanford.

rio na consecução dos ODS, uma vez que

O artigo, publicado neste mês de feve-

atingem mais de 80% do comércio global

reiro na revista Proceedings of the National

e empregam cerca de um em cada cinco

Academy of Sciences, relaciona o forneci-

trabalhadores no mundo, segundo a nota.

mento de produtos éticos e sustentáveis

Ao analisar 449 empresas listadas publi-

com os Objetivos de Desenvolvimento Sus-

camente nos setores de produtos alimen-

Mapa mundi com as rotas comerciais marítimas mais intensas do mundo

O MUNDO DA USINAGEM

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CONHECENDO UM POUCO MAIS

tares, têxteis e produtos de madeira, os

do estudo, Joann de Zegher, um pós-dou-

pesquisadores descobriram, entre outras

torando na Stanford Graduate School of

conclusões, que:

Business. As empresas usam uma ampla

•  Mais de 70% do fornecimento de pro-

gama de estratégias, mas os esforços atu-

dutos considerados sustentáveis cobrem

ais têm alcance limitado.

apenas um subconjunto restrito de mate-

Olhando o copo cheio, os pesquisadores

riais. Por exemplo, uma empresa pode usar

descobriram que as empresas que atuam

materiais reciclados para a embalagem de

na ponta do consumo, sob pressão da so-

determinado produto, mas não lidam com

ciedade civil, estão mais próximas de ado-

o impacto causado ao longo da cadeia.

tar ao menos uma prática de fornecimento

•  Apenas 15% do fornecimento de produtos

sustentável. Assim, não é surpreendente

considerados sustentáveis se concentram

que as empresas sediadas em países com

em saúde, energia, infraestrutura, mudan-

muitas organizações não-governamentais

ça climática, educação, gênero ou pobreza.

ativas tenham maior probabilidade de ade-

•  Quase todas as práticas de forneci-

rir a boas práticas, de acordo com o estudo.

mento considerado sustentável abordam

“A pressão que os consumidores colo-

apenas um único nível na cadeia de supri-

cam nas empresas quando exigem produ-

mentos – geralmente fornecedores no pri-

tos mais sustentáveis pode estar valendo

meiro elo da cadeia, como varejistas que

a pena”, disse o autor principal do estudo,

compram de confecções. Muitas vezes, os

Tannis Thorlakson, do Programa Interdis-

processos remanescentes, desde o cresci-

ciplinar em Meio Ambiente e Recursos da

mento do algodão até o descarte da roupa,

Escola de Ciências da Terra, Energia e Meio

permanecem sem resposta.

Ambiente de Stanford.

•  Mais de um quarto do fornecimento de

“Espero que este documento sirva de

produtos considerados sustentáveis se apli-

ação para as 48% das empresas que não

ca a apenas uma única linha de produtos.

estão fazendo nada para enfrentar desa-

Por exemplo, uma empresa pode usar a

fios de sustentabilidade na cadeia de su-

certificação de comércio justo para somen-

primentos”, afirma.

te um tipo de barra de chocolate, entre os muitos produtos que vende. “O avanço dos objetivos ambientais e sociais nas cadeias de suprimentos pode tornar-se muito complexo”, diz o coautor

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____________________________________________________________ Conteúdo originalmente publicado no site "Página 22" do Centro de Estudos em Sustentabilidade da Fundação Getúlio Vargas. Republicação concedida pelo autor.


CONHECENDO UM POUCO MAIS

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NESTA EDIÇÃO

A revista "O Mundo da Usinagem" é uma publicação

REDE DE DISTIBUIDORES

da Sandvik Coromant no Brasil consolidada no

AUTORIZADOS SANDVIK COROMANT

mercado desde o ano 2000. É distribuída gratuitamente para leitores que fazem parte das principais indústrias de manufatura do País, além de escolas técnicas e universidades de engenharia mecânica. A revista aborda assuntos ligados ao setor metalmecânico e temas relacionados. Também é publicada no site: www.omundodausinagem.com.br ANUNCIANTES Hanna Tools - www.hannatools.net Sandvik Coromant - www.sandvik.coromant.com UNIMEP - www.unimep.edu.br WMTools - www.wmtools.com.br COLABORADORES DE CONTEÚDO Soluções de usinagem Adir Zonta - adir.zonta@sandvik.com Como fazer Francisco Cavichiolli - francisco.cavichiolli@sandvik.com Produtividade Afredo Ferrari - avferrari@uol.com.br Entrevista Ricardo Takahira - ricardo_takahira@hotmail.com Tecnologia Rogério Vitalli - vitalli@iar.eng.br Educação Daniel Krás - danielkbs@insper.edu.br Alex Bottene - alexcb@insper.edu.br Conhecendo um pouco mais Amália Safatle - amalia@pagina22.com.br CONTATO SANDVIK COROMANT Av. Das Nações Unidas, 21.732 | Jurubatuba | São Paulo - SP customer.service.br@sandvik.coromant.com Este impresso foi produzido na Pigma Gráfica uma empresa certificada FSC, comprometida com o meio ambiente e com a sociedade, fornecendo produtos com papel proveniente de florestas certificadas FSC e outras fontes controladas.

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Questionar o que existe e imaginar o que ainda não existe

Por cerca de 75 anos, fomos impulsionados pela determinação e curiosidade para solucionar os problemas de nossos clientes, focando em manufatura avançada em todos os seus estágios.

Os desafios nos levaram a desenvolvimentos que mudaram a indústria: a evolução do metal duro, a transição de pastilhas soldadas para intercambiáveis, soluções inteligentes com ferramentas integradas a sensores e o desenvolvimento de uma abordagem realmente inovadora para transformar tudo o que rompe com o tradicional. Podemos apenas imaginar o que está por vir, mas podemos ter certeza de que a velocidade da mudança nunca mais será reduzida. Sempre com um forte foco em P&D, uma vontade de questionar o que sabemos, repensar, renovar, melhorar e nunca ficar parado. Estamos sempre prontos, juntos com você. Together we shape the future of manufacturing.

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