116 Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISS nº 1518-6091 RGBN 217-147
Robô
otimiza usinagem automotiva
Solução surpreende na rebarbação de cabeçotes de motor
educação e tecnologia
Vem aí o Polo de Inovação em IoT, em São José dos Campos
negócios da indústria
Principais entidades do setor falam sobre perspectivas
entrevista
Os impactos da inovação disruptiva sobre a indústria e a sociedade
Quando o fluido refrigerante torna-se ferramenta líquida. When the coolantuma becomes a liquid tool.
Melhores resultados de usinagem
Menores custos de produção Maiores taxas de remoção de material
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sumário
edição 116 • abril/2017
10
4
soluções de usinagem 2 Dicas fundamentais para realizar o fresamento em rampa linear com ótimos resultados
Projetos
soluções de usinagem 1
Conheça o trabalho de engenharia conjunta da ABB e Sandvik Coromant para atender uma demanda automotiva
entrevista
16 22
expediente:
O especialista Julio Vidotti lança uma luz sobre o novo mundo da disrupção
negócios da indústria
Representantes do setor falam o que esperam para curto e médio prazos
O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação da Sandvik Coromant do Brasil, com circulação de seis edições ao ano e distribuição gratuita para 14.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. As fotos sem menção de créditos foram captadas no banco de imagem Shutterstock.
Fabio Ferracioli (Gerente de Marketing da Sandvik Coromant, América Latina) é responsável pela publicação da revista “O Mundo da Usinagem” Editora: Vera Natale (Sandvik Coromant)
Colaboraram nesta edição: Inês Pereira (coordenação editorial e reportagem); Samuel Cabral (edição de arte)
Jornalista responsável: Anatricia Borges - MTB 21 955/RJ Tiragem: 7.000 exemplares; Impressão: Pigma Gráfica Editora Ltda.
abril.2017/116
Acompanhe a REVISTA O MUNDO DA USINAGEM digital em: www.omundodausinagem.com.br Contato da Revista OMU Você pode enviar suas sugestões de reportagens, críticas, reclamações ou dúvidas para o e-mail da revista O Mundo da Usinagem: faleconosco@ omundodausinagem.com.br ou ligue para: 0800 777 7500
O que fazer
Desenvolvimento
12 Testes
Resultados
produtividade
Como a empresa Santa Helena melhorou seus processos com o sistema Lean
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educação e tecnologia
32
conhecendo um pouco mais
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nossa parcela de responsabilidade
Acordo tornará S. José dos Campos o novo polo de inovação e IoT do país
O Satélite SGDC levará segurança e banda larga a 100% do território nacional
A mensagem de Marcos Soto, gerente de Round Tools da Sandvik Coromant para América Latina
o mundo da usinagem
3
soluções de usinagem 1
A fábrica da centenária ABB em Guarulhos, São Paulo, é uma das unidades mais automatizadas da América Latina 4
o mundo da usinagem
abril.2017/116
Robótica aplicada à usinagem automotiva A ABB, em parceria com a Sandvik Coromant, revigora a produtividade de uma célula de rebarbação de cabeçotes em um importante player do mercado automotivo Por Inês Pereira e Vera Natale | Fotos Renato Pizzutto
A
digitalização na indús-
fábrica: a produtividade da cé-
Para alguns, é motivo de
vido ao aumento de rebarbas no
tria está em evidência.
preocupação, para outros como a ABB, multinacional suíço-sueca do ramo da automação, é muito
mais que um desafio. Representa
uma oportunidade de expandir toda sua expertise, construída ao
longo de seus 125 anos de histó-
ria, no desenvolvimento de solu-
O desafio foi buscar uma solu-
lula era diretamente afetada de-
ção com as solicitações da mon-
processo de fundição dos cabe-
célula de rebarbação, adicionar
çotes, gerando alto índice de manutenção dos equipamentos de usinagem, desgaste prematuro
das ferramentas de corte e o alto índice de manutenção das garras de manipulação.
tadora: resolver os problemas da ao processo outras operações de
rebarbação que eram realizadas manualmente, em virtude das novas exigências de produto; e,
por fim, otimizar o tempo de ciclo da célula.
ções de automação para diversos setores da indústria e com gran-
des benefícios como o caso de sucesso, realizado pela planta de
Guarulhos, na grande São Paulo, para uma grande montadora.
Em 2013, a unidade forneceu
uma célula de rebarbação com três robôs, que atendeu plena-
mente a demanda contratada.
Entretanto, alterações no processo em 2015 geraram a necessida-
de de adequações na célula às novas especificações.
A ABB Brasil já conhecia o ce-
nário que prejudicava o chão de abril.2017/116
Nelson Kumagai, à esquerda, e Charles Souza, ambos da ABB e Claudio Costa da Sandvik Coromant – expertise à prova em um intenso trabalho de engenharia conjunta o mundo da usinagem
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soluções de usinagem 1 Detalhe: por se tratar de uma
célula que já se encontrava em
operação, o ponto crítico do pro-
jeto era a instalação e o comis-
tecnologia nos devidos ramos de
tria para um trabalho de engenha-
muito relevante.
experiência da Sandvik Coromant
atuação, também teve um peso Para atingir o objetivo com os
sionamento da nova solução em
resultados esperados, a ABB di-
risco, visto que, em caso de difi-
desde a análise aprofundada da
tempo enxuto e com alto grau de
culdades, poderia afetar a linha de produção de motores.
A instalação dos robôs e dos
equipamentos,
por
exemplo,
ocorreu durante uma parada de
produção programada, no final
de 2015. “Coordenamos e atuamos em várias frentes de trabalho
vidiu o projeto em várias etapas,
situação-problema, revisão dos
processos como um todo e layout, passando pela definição de qual tipo de robô seria mais adequa-
do, desenvolvimento de projetos mecânico, elétrico, programação off-line, até a aquisição de equi-
pamentos, tryout de novas ferra-
(procedimentos de segurança, des-
mentas de corte, equipamentos
e elétrica, reprogramação de PLC
implementação efetiva da célula.
montagem e montagem mecânica & IHM, reprogramação de robôs,
validação dos processos de usinagem e tempo de ciclo), para que conseguíssemos alcançar nossos
e dispositivos até a validação e Dada a abrangência da solu-
ção requisitada, foi necessário recorrer a outros experts da indús-
ria conjunta. O conhecimento e a na área de ferramentas de corte
foram de grande auxílio. “A não
utilização de ferramentas de corte apropriadas e de alto desempe-
nho influenciariam diretamente no resultado final da solução que
estávamos propondo. Sendo as-
sim, procuramos por empresas de competência neste segmento
que pudessem desenvolver uma solução conjunta. O know-how da
Sandvik Coromant, sua infraes-
trutura e o seu comprometimento com o nosso projeto foram os fatores principais que nos levaram
a escolher a Sandvik como nosso parceiro para este desenvolvimento”, conta Nelson Kumagai,
objetivos”, constata Charles Sou-
za, líder de projetos da divisão de Robotics and Motion da ABB Brasil. “Apesar do cuidado extra que
impôs a sincronia dos processos, o projeto foi instalado, testado e validado no prazo acordado junto ao cliente”, complementa.
A preparação do projeto A larga experiência da equipe
ABB no fornecimento de células robotizadas para a indústria au-
tomotiva foi essencial para todas as etapas do projeto, focado em
desenvolver uma solução turnkey robusta e de alto grau de eficiên-
cia. Mas a parceria com outras empresas, igualmente reconhe-
cidas por sua competência em 6
o mundo da usinagem
O projeto foi instalado, testado e validado no prazo solicitado pelo cliente, de modo a não prejudicar a linha de produção dos motores. Na foto, close de robô similar, pronto para entrega, e que usou como base todas as referências do projeto automotivo abril.2017/116
Por dentro da empresa A ABB global desenvolve soluções para todos os
setores industriais, tais como o automotivo, papel e celulose, mineração, óleo e gás e indústria naval,
relés e outros produtos e sistemas para concessio-
modities. Seu extenso portfólio de produtos passa
R$ 10 milhões na ampliação e modernização da
além de soluções de eficiência energética e compor disjuntores, equipamentos de baixa, média e
alta tensão, transformadores, drives, conversores, inversores, motores e geradores, sistemas para car-
regamento de veículos elétricos, sistemas de automação, robôs, entre outros produtos e softwares. O
grupo ABB opera em cerca de 100 países e possui
nárias e indústrias. Recentemente, a ABB investiu fábrica de disjuntores de alta tensão, em Guaru-
lhos, aumentando sua capacidade de produção e
possibilitando a entrega de produtos com maior conteúdo local. Isso tornou a planta uma das mais automatizadas da ABB na América Latina.
A ABB é uma das principais fornecedoras para
132 mil colaboradores.
o maior projeto de mineração em andamento no
ção vem há muito tempo sendo prioridade para a
nectividade e Internet das Coisas foi aplicado ao
O tema da Indústria 4.0 que abarca a digitaliza-
ABB, que atualmente investe 6% do faturamento
em Pesquisa e Desenvolvimento (P&D). Metade
do seu portfólio já é baseado em softwares. Há mais
de 10 anos, o Sistema de Controle (800xA) vem servindo de plataforma de integração, controle e otimização para indústrias de todos os segmentos. Sendo totalmente voltada para a integração de in-
formações, a plataforma 800xA, permite a conexão
entre dados de campo e aplicações avançadas, se-
país. “A partir da sua concepção, o conceito de comáximo. Desde os elementos mais básicos de um
Sistema de Controle, como instrumentos de campo e motores, até o nível de operação através da plataforma ABB 800xA, o projeto foi desenhado para
que 100% dos dados de produção e manutenção
fossem disponibilizados e tratados pelos softwares da ABB”, conta Marcos Hillal, gerente de aplicação de automação para a indústria da ABB Brasil.
“Nossa perspectiva para 2017 é muito otimista.
jam elas locais ou na nuvem.
A companhia acredita na retomada da economia
gurada em 1954, em Guarulhos. Nessa planta estão
tecnologias, que farão parte de nosso portfólio, são
A primeira fábrica do Grupo no Brasil foi inau-
as áreas de robótica, transformadores e produtos
de média tensão, painéis, subestações de energia,
do país, no potencial e expertise que possui. Novas parte fundamental para tenhamos um ano promissor”, afirma.
gerente de linha de negócios da
conhecer os limites de aplicação
gem eram evidentes: baixa quali-
da ABB Brasil.
Claudio Costa, especialista de pro-
troca de consumíveis e eficiência
divisão de Robotics and Motion A Sandvik Coromant foi convi-
dada a participar desde o estudo inicial das ferramentas de corte
entre robô-ferramentas”, comenta
cessos do departamento de engenharia, da Sandvik Coromant.
que seriam adequadas ao proces-
Principais desafios
montadora. “A experiência foi
montadora era crítica e os proble-
so até a validação final no site da
muito gratificante, pois pudemos abril.2017/116
A situação vivida na planta da
mas ligados ao processo de usina-
dade do processo, alto índice de da produção comprometida devi-
do à manutenção das garras. “Direcionamos o desenvolvimento da solução considerando ferramentas
de corte com alta durabilidade e robustez, aliado a um novo proje-
to de garras igualmente robustas e o mundo da usinagem
7
soluções de usinagem 1 Fotos das ferramentas: Sandvik Coromant (Suécia)
As ferramentas de corte O projeto solicitado para a Sandvik
Coromant foi desafiador desde o início,
pois, pelo menos aqui no Brasil e até
FERRAMENTAS PARA MONTAGEM • Robot R0
aquele momento, não existia um histórico de aplicação de ferramentas de
corte para manuseio por robô. “Por esse
motivo, foi solicitado para a ABB algu-
mas peças para realização de testes, que ocorreram dentro da Sandvik Coromant
utilizando a estrutura do nosso centro de produtividade, em São Paulo/SP”,
CoroMill®790 e respectiva pastilha com interfa-
relata Claudio Costa.
ce serrilhada - primeira escolha para fresamen-
produto da Sandvik Coromant reco-
taxas de remoção.
Os engenheiros e especialistas de
to de cantos a 90 graus em alumínio e altas
mendaram algumas ferramentas com diversas geometrias. No Centro de Pro-
dutividade, em São Paulo/SP, utilizan-
do máquina-ferramenta CNC 3 eixos, a
• Robot R3
equipe desenvolveu programação, pre-
paração da máquina e operação para a realização da aplicação das ferramentas definidas inicialmente. “Somente a par-
tir dos resultados obtidos, começamos a
ter parâmetros para a indicação do melhor processo”.
Uma das ferramentas indicadas foi a
fresa CoroMill 790, com corte positivo e
suave, o que diminuiu o esforço sobre o robô. As pastilhas resistentes dessa fer-
ramenta também contribuíram para minimizar as vibrações que, em geral, ocor-
Cabeça de fresamento CoroMill®216 Ball Nose,
primeira escolha para usinagem de perfis 3D, e detalhes à direita, em vermelho, sobre possibilidade da pastilha ser usada tanto em posição central quanto periférica.
rem com o movimento do robô. “Dessa forma, foi possível atingir a vida útil da
aresta de corte, superando as expectativas do cliente”, conclui Claudio Costa.
Para atender às solicitações do pro-
jeto da ABB Brasil, foram feitas duas
montagens de ferramentas, batizadas de Robot R0 e Robot R3.
8
o mundo da usinagem
Coromant Capto EH, sistema de fixação
modular,que proporcionou alta rigidez e
estabilidade máxima à montagem Robot R3.
abril.2017/116
Divulgação
que forneciam maior estabilidade durante a manipulação dos cabeçotes”, explica Kumagai.
Para a Sandvik Coromant, o
processo precisava atender uma produção de 600 peças por aresta
de corte na rebarbação do cabeçote
do motor. Outro ponto de especial atenção era com relação à seguran-
ça no sistema de fixação, por conta das altas taxas de rotação e velocidades de deslocamento do robô.
Uma grande dificuldade apon-
tada pelo especialista era o fato de
o fundido ter uma superfície com muita areia, tornando-a muito abrasiva causando um desgaste prematuro na ferramenta. Outro
entrave, segundo ele, tinha a ver
O cobot Yumi, robô colaborativo, é destaque no Centro de Treinamento da ABB, em Guarulhos, e em eventos como o ABB Customer World, que aconteceu recentemente em Houston, no Texas
com as rebarbas: muito irregula-
tempo de ciclo mais de 10% abaixo
operações de rebarbação do cabe-
metal com altura entre 3,0 mm até
A redistribuição dos processos
“A satisfação dos nossos clien-
res e, por isso, deixando o sobre-
do ciclo anterior”, Kumagai.
çote”, acrescenta.
10,0 mm. (veja Box ao lado)
entre os robôs também foi reali-
tes é alcançada mediante aos
Os resultados
utilizar ferramentas, cujo diâme-
e o modo transparente que nos
Ainda hoje, após mais de um
ano de implementação da solu-
ção, a ABB comemora a mensuração do sucesso desse projeto: alta qualidade dos processos de rebarbação e redução do tempo de
ciclo com alta eficiência da célula resumem os benefícios entregues à
montadora. “Os resultados alcançados atenderam perfeitamente aos índices de qualidade exigidos pelo cliente. Vale ressaltar, ainda,
que a robustez da solução implementada possibilitou diminuir ex-
pressivamente o número de inter-
venções por manutenção na célula e contribuiu para alcançarmos um abril.2017/116
zada de forma que se pudesse tro cobria uma maior área de re-
moção das rebarbas. E isso contri-
buiu para a otimização do tempo
de ciclo da célula. “Os resultados obtidos a partir dos testes foram surpreendentes.
Conseguimos
um ótimo índice de qualidade com uma vida útil dos consumíveis bem superior ao esperado”,
resultados dos nossos projetos relacionamos com eles. Ficamos
satisfeitos em saber que, como empresa de soluções em automação, alcançamos nossos objetivos nesse projeto e estabelecemos referências positivas para opor-
tunidades de projetos futuros”, conclui o líder de projetos.
Por ser uma empresa multina-
comenta Charles Souza, líder de
cional, com escritórios de robóti-
and Motion da ABB Brasil. “Após
sempre busca compartilhar seus
projetos da divisão de Robotics
a finalização do projeto de su-
cesso, a própria montadora vem
agregando novas operações de rebarbação à célula robotizada,
automatizando ainda mais as
ca em mais de 50 países, a ABB
casos de sucesso entre todas as
suas unidades. “O conhecimento gerado nesse projeto serviu
como base para novos projetos no Brasil”, finaliza Kumagai. o mundo da usinagem
9
soluções de usinagem 2
Métodos dedicados -
rampa linear Conheça a técnica de fresamento em rampa, e saiba quando e como aplicá-la para obter os melhores resultados Por Francisco Cavichiolli – Ilustrações Sandvik Coromant (Suécia)
V
ia de regra, o uso de técnicas específicas garante melhor produtividade e precisão ao processo. Portan-
to, não se pode ignorar fórmulas e procedimentos baseados em estudos exaustivamente testados e, por isso, consolidados. Destacamos, como exemplo clássico, os moldes e as matrizes destinados a confor-
mação ou injeção dos mais diversos produtos — em sua maioria, componentes complexos devido ao formato
e demais características dos produtos finais a que se destinam. Isso torna sua manufatura única e impõe exi-
gências de processo, assim como a aplicação de técnicas avançadas para a realização de certas operações de usinagem. Entre as inúmeras técnicas está o fresamento em rampa, que é dividido em dois tipos: rampa linear, a qual abordaremos neste artigo; e rampa helicoidal, que falaremos na próxima edição. O que significa na prática? A usinagem ou fresamento
em rampa é uma técnica desenvolvida para abertura de cavidades estreitas ou bolsões, que ge-
ralmente não têm uma ou mais extremidades abertas. O método
de penetração inicial mais comumente utilizado, depois da furação, é o fresamento em rampa.
A usinagem em rampa linear,
com movimentos em dois eixos simultâneos na direção axial (Z) e em uma direção radial (X ou Y),
Como aplicar
• Ângulo de rampa (α)
ocorrem simultaneamente durante
(figura 1):
• Profundidade máxima de corte (ap)
• Comprimento mínimo para dado ap (lm)
• Diâmetro da fresa (Dc)
Entre as fresas com pastilhas inter-
capazes de realizar a usinagem em
a operação de usinagem em rampa: 1) Corte periférico com a pastilha guia;
2) Corte do fundo com a pastilha guia;
3) Corte do fundo com a pastilha guiada.
As forças de corte são axiais
e radiais. Há tensão adicional na
e aquelas com conceito de alto
de canais em cheio, que signifi-
avanço. Já entre as sólidas de me-
o mundo da usinagem
Há três processos de corte que
rampa são basicamente as de 90°;
as fresas com pastilhas redondas
10
trias para alto avanço.
é definida pelos seguintes fatores
cambiáveis, os conceitos de fresas
Figura 1
fresas com corte central ou geome-
tal duro ou de HSS, destacam-se as
ferramenta devido à usinagem
ca ae=Dc, criando forças radiais
grandes e longos cavacos.
abril.2017/116
dades maiores em um curto espaço (lm);
• Use ar comprimido para ex-
pulsar os cavacos. Quanto mais profunda e mais apertada for a
cavidade, maior será a importância desse recurso.
Figura 2: Processo de corte durante a usinagem em rampa linear
Nas fresas com pastilhas in-
tercambiáveis, o que determina
a capacidade de rampa de uma fresa, mais do que seu ângulo de
posição, é a distância entre a face
da aresta da pastilha e o topo do corpo da fresa. Dimensão AZ na figura 3.
• Ao atingir a profundidade fi-
seus catálogos de ferramentas ou
for seguida pela usinagem pla-
mativas com valores para a capa-
do por um comprimento igual
diâmetros de fresas.
a pastilha guiada saia do corte;
tas costumam disponibilizar em
nal, se a usinagem em rampa
manuais técnicos, tabelas infor-
na, mantenha o avanço reduzi-
cidade de rampa em função dos
ao diâmetro da fresa, para que
O maior desafio nessa técnica
O diâmetro da fresa (Dc) tam-
bém tem influência sobre a capa-
cidade de rampa. Quanto menor o diâmetro da fresa maior é sua
capacidade de rampa (ângulo α) e vice-versa, como ilustra a figura 4.
relação ao avanço linear;
Os fabricantes de ferramen-
Desafios
Figura 3
• Reduza o avanço para 75% em
• Reduza o raio de canto da fer-
ramenta para diminuir a área de contato;
de usinagem é o escoamento de
• A usinagem em rampa linear
Em máquinas com fuso hori-
treitos, com menos de 30 mm
pela própria ação da gravidade.
usinagem em rampa helicoidal
de ar comprimido como meio re-
• Consulte sempre as recomenda-
cavacos.
deve ser limitada a canais es-
zontal, o problema é minimizado
de largura, se o acesso para a
Mas, em máquinas verticais, o uso
for limitado;
frigerante é o mais indicado para expulsar os cavacos de dentro
das cavidades e evitar o que cha-
ções do fornecedor da ferramenta.
Renato Pizzutto
mamos de “recorte de cavacos” — quando os cavacos, não escoa-
dos para fora da região de corte, ficam batendo na aresta de corte
da ferramenta, provocando seu
D3
desgaste prematuro, geralmente, por lascamento da aresta. Nossas dicas
• Se possível, use fresas de
D3 Figura 4: efeito do diâmetro de corte (Dc) sobre o ângulo de rampa (α). abril.2017/116
diâmetros menores para realizar
usinagem em rampa. Dessa for-
ma, é possível atingir profundi-
Francisco Cavichiolli é Especialista de fresamento, fresamento de engrenagens e sistemas de fixação da Sandvik Coromant do Brasil o mundo da usinagem
11
produtividade
Melhorias
Projet
em moto contínuo A empresa Santa Helena aplicou o método Lean para garantir que suas inovações dessem frutos Por Alvair Torres Junior e Tânia Costa*
A
base para o sucesso de
simultânea com múltiplas alterna-
bora estável, é extremamente
estratégia, e muitos exem-
fluxo e a puxada. [significa fazer o
preendimentos que nele atuam
uma empresa é uma boa
plos mostram que a melhor estratégia é inovar. Utilizar o conceito
do desenvolvimento lean de produtos e processos nessa etapa fundamental pode ser a diferença en-
tivas. 4. Estabelecer a cadência, o
necessário quando necessário, ou
seja, reduzir ao máximo o estoque produzindo apenas aquilo que o cliente comprou]
A partir desses quatro pilares,
tre uma jornada próspera ou um
é possível desenvolver uma es-
saída. Em resumo, este conceito é
zo para a empresa com garantias
caminho que leve a um beco sem um sistema de negócios focado na
criação de fluxos de produtos ren-
táveis por meio da eliminação de
desperdícios, geração e aplicação do conhecimento útil.
Conforme o Lean Institute Bra-
sil, toda metodologia estratégica
tratégia de negócio no longo pra-
o da Santa Helena, que obteve
resultados inesperados em um tempo menor do que o previsto.
o cliente: 1. Desenvolver times de
Localizada em Ribeirão Preto, ela
e de antecipação de problemas. 3.
Seguir as práticas da engenharia 12
o mundo da usinagem
sobreviver. A forma que a Santa
Helena encontrou para se destacar nesse segmento foi por meio da inovação.
A inovação é um dos três pilares
jamento estratégico da empresa.
que atua há 74 anos no segmento
rar com forte apelo empreendedor
fatia de mercado suficiente para
provam esse argumento, como
de. Há exemplos reais que com-
de produtos e processos centra em
especialistas responsáveis. 2. Lide-
tir destaque – ou mesmo uma
de crescimento da Santa Helena,
Conhecendo a Santa Helena
quatro, todos focados no valor para
muitos diferenciais para garan-
de bons resultados e rentabilida-
necessita de pilares para ser sustentada, e o desenvolvimento lean
competitivo, exigindo dos em-
A Santa Helena é uma empresa
de alimentos à base de amendoim.
contabiliza um faturamento supe-
rior a R$ 500 milhões por ano e emprega mais de 1.500 colaboradores.
O mercado alimentício, em-
que foram estabelecidos no planeClaramente, esses pilares deram resultado, já que a Santa Helena é a líder de seu segmento. Apesar de ser óbvia a importância de inovar, nem
sempre é fácil pôr em prática o que se prega. O método lean de desen-
volvimento de produtos e proces-
sos auxiliou nessa difícil tarefa. A Santa Helena utilizou-se das ideias
lean de eliminação de desperdício, criação de fluxos contínuos, pu-
xados [como foi explicado acima, significa fazer o necessário quando abril.2017/116
tos
vimento. Dentre os desperdícios O que fazer
Desenvolvimento
Testes
Resultados
encontrados, citamos:
• Utilização de um processo empurrado.
• O fluxo não era contínuo.
• O processo estava desnivelado, o que gerava sobrecargas.
• Havia perda de tempo e de qualidade de forma desnecessária.
• Os tempos de espera – que
devem ser eliminados – eram muito altos.
• Havia muito retrabalho devido a defeitos não identificados.
• A movimentação (de pessoas e necessário] e rentáveis e criação de
etapa, a Santa Helena conseguiu
que suas inovações dessem frutos.
guns problemas:
valor para o cliente para garantir
Identificando problemas O primeiro passo que a empre-
sa precisou dar para garantir que
visualizar de forma mais clara al-
de informações) era excessiva.
• A taxa de sucesso dos lança-
mentos era aquém do objetivo estratégico
• A estrutura departamental era
• Os níveis de produção não eram
vas necessidades do mercado:
Na Santa Helena, a equipe foi
disfuncional com relação às no-
atingidos gerando estoques.
flexibilidade, rapidez, custos
orientada quanto aos conceitos
fluida e contínua foi identificar os
• Havia bloqueios de comunica-
e processos lean, possibilitando o
valor. Dessa forma, ela poderia
• As áreas apresentavam proble-
lução que garantissem a elimina-
• Havia competição pelos recur-
procedimentos mais robustos na
• O foco estava nos objetivos
todo o processo corresse de forma problemas atuais em seu fluxo de analisá-los e buscar formas de soção de desperdícios e a criação de geração de valor para o cliente.
O mapeamento se dá em duas
competitivos.
ção por todo o fluxo.
mas nas conexões entre elas.
sos com as atividades rotineiras. funcionais em vez de estar no processo.
do desenvolvimento de produtos
desenho de um mapa do estado futuro com fluxo em que o aprendizado em ciclos curtos está pre-
sente, os desperdícios eliminados e os problemas revelados mais
cedo em pequeno grau para sua eliminação precoce.
etapas: na primeira, desenha-se o
• Havia conflito não resolvido en-
do qual será possível localizar
visões que não eram conciliadas.
te e com os gaps atuais definidos, a
as áreas gerando retrabalhos.
iniciar o processo de materializa-
mapa do estado atual – por meio
tre os departamentos, diferentes
gaps entre o atual e o desejado e
• Havia pouca integração entre
desenha-se o mapa do estado
Esses são problemas identi-
revelar problemas; na segunda, futuro, ou seja, como se deseja o
ficados por meio dos sintomas
Após a realização da primeira
longo do processo de desenvol-
fluxo de valor da empresa.
abril.2017/116
dos desperdícios de recursos ao
Redefinindo a inovação Com um estado futuro em men-
Santa Helena estava pronta para
ção de sua nova visão do processo de desenvolvimento de produtos.
Nesse momento, o planejamento
era vital e foi promovido sob a ótio mundo da usinagem
13
produtividade
Resultados
ca lean empregando a ferramenta A3 — um passo a passo que utiliza
como base os conceitos do PDCA — P (plan: planejar); D (do: fazer); C (check: verificar); A (act: agir). A empresa obteve bons e sólidos resultados em seu projeto piloto:
A gestão visual permitiu o acompanhamento inte-
gral do fluxo e muito próximo dos eventos, o que permitiu a identificação dos bloqueios ao fluxo
contínuo e o encaminhamento de soluções para sua redução ou eliminação.
No documento, um encadea-
mento lógico é exposto e discutido pela equipe até atingir o consenso com base em dados e fatos coletados no local.
O A3, desenvolvido pela San-
ta Helena, originou as mudanças que fizeram com que a empresa
Aumento na produtividade por meio da redução
obtivesse resultados expressivos
nos foram otimizados, possibilitando o aumento de
cesso foi simulado utilizando-se
para a criação de fluxos de valor do produto.
dos recentemente, e cujas etapas
de desperdícios e de retrabalho, os recursos huma-
em pouco tempo. O novo pro-
seu emprego na geração de conhecimento essencial
produtos que tinham sido lança-
A substituição das opiniões internas pelas opiniões
dos consumidores possibilitou a eliminação de etapas que não agregavam valor e uma maior qualidade na entrega, de acordo com os próprios clientes.
Maior comprometimento com o cumprimento de prazos, focando na entrega com qualidade.
a equipe reproduziu com base no
aprendizado anterior, para ajustar as etapas da visão futura.
A empresa realizou o lean no
projeto Wonka, no qual obteve
grande sucesso (veja box ao lado).
Hoje, a Santa Helena prossegue
Redução drástica no tempo de desenvolvimento e
com a aplicação do método lean
lançou o mesmo número de SKUs — Stock Kee-
fazer com que a equipe continue
de Estoque — que havia sido lançado no ano an-
nuamente.
lançamento de produtos; em seis meses, a empresa
em sua fábrica, sempre atenta em
ping Unit, em português Unidade de Manutenção
aprendendo e melhorando conti-
terior inteiro.
O trabalho em células e a criação de um núcleo
de inovação aumentaram a satisfação e o entendimento do processo por parte dos colaboradores,
já que havia maior integração entre as áreas, e o
Artigo cedido pelo Lean Institute Brasil (www.lean.org.br)
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trabalho passou a ser considerado por fluxo, e não mais por departamento.
Aumento na taxa de sucesso dos lançamentos gra-
ças à identificação precoce dos problemas nos conceitos de produto, por meio dos protótipos como produto na utilização da aplicação do MPV. 14
o mundo da usinagem
*Alvair Silveira Torres Junior é Professor Doutor na FEA-USP e Especialista em Lean Management *Tânia Costa é Gerente Corporativo da Área de Operações e Logística da P&D / Qualidade abril.2017/116
entrevista
Reinventando o amanhã
Divulgação
O especialista em tecnologia explica porque a inovação disruptiva traz novos desafios à indústria Por Inês Pereira
N
o universo da inovação disruptiva por onde Ju-
lio Vidotti circula, o erro
é bem-vindo. Mais: é necessário.
Lá, o segredo não é mais a alma do negócio. As jovens startups apre-
sentam suas ideias antes mesmo de virarem produtos. Se precisar, mudam a rota na velocidade que
Julio Vidotti é mentor e investidor anjo de startups. Para ele, a disrupção é caminho sem volta
exigem as transformações e as de-
Foi para Harvard, onde fez uma
chadas ou divisórias, em espaços
dos negócios. De volta ao Brasil,
mandas do mercado. Sem salas fe-
compartilhados, nos cafés ou em qualquer lugar, sempre em movi-
mento, nascem novos modelos de negócios e formas inimagináveis de aplicar tecnologia.
Especialista em TI e enge-
nheiro de formação, Vidotti foi executivo da IBM por 12 anos,
saindo para abrir seu próprio ne-
gócio em automação comercial, em que ficou à frente até 2011. 16
o mundo da usinagem
“Vamos entrar numa nova
imersão profunda no mundo
onda, em breve, onde uma nova
em 2012, convidado a integrar o
delo recém-chegado e ainda não
HBS Alumni Angels do Brasil,
um grupo de investidores anjo, formado por ex-alunos de Harvard, iniciou o caminho que tri-
lha até hoje, ligado à inovação. “Já avaliei mais de 600 startups,
dei mentoria para mais de 100 e,
atualmente, invisto em oito”. Ele próprio é dono de uma startup, a Hubblefy [hubblefy.com].
disrupção vai destruir um moconsolidado. Será a disrupção da
disrupção. E esse processo po-
derá ser contínuo, a partir daí”. Acompanhe, a seguir, a Entre-
vista concedida pelo especialista à reportagem da Revista OMU.
Entre muitas opiniões sobre esse cenário de constantes redescobertas, Vidotti tem uma certeza: nada será como antes.
abril.2017/116
OMU: O que podemos entender como empresa dis-
cebeu a reportagem da Revista OMU] mostra o quanto
VIDOTTI: O conceito de disrupção tem a ver com des-
banco, o espaço promove e incentiva a inovação, não só
destruir a forma que determinado negócio era feito ante-
ganizações para conhecerem esse ecossistema novo, que
portamento de todo mundo? Então você pode dizer que
muito rapidamente. Tudo que está sendo desenvolvido
ruptiva e inovação disruptiva, que hoje tanto se fala?
a inovação disruptiva está no seu radar. Patrocinado pelo
truição. É um modelo completamente diferente que vai
para as startups, mas também trazendo empresas e or-
riormente. O negócio pegou? Viralizou? Mudou o com-
compartilha ideias, conhecimento e onde tudo acontece
houve uma disrupção, pois um modelo foi quebrado. E
no Cubo, eles estão observando e usando.
que nasceu hoje! Isso pode ocorrer em qualquer mercado,
OMU: Pode descrever a mentalidade disruptiva?
uma matéria dizendo que a Blockbuster, no passado, teve
versível. Fomos educados, nas últimas décadas, a não
lhões, e não quis. Como eles devem ter se arrependido...
datório. Essa é a primeira diferença entre a organização
OMU: As tecnologias disruptivas podem ser consi-
termo usado para designar essa mentalidade, tem dois
Atendem alguma demanda do mercado?
aprendizado; antecipe ao máximo a sua ideia, o seu pro-
pode ainda acontecer de uma nova startup quebrar algo como fez o Uber, o Airbnb, o Spotify, a Netflix etc. Eu li
VIDOTTI: Essa mentalidade é essencial e também irre-
a oportunidade de comprar a Netflix por uns poucos mi-
errar. No mundo da inovação, errar é permitido e man-
deradas uma tendência inevitável? Por qual razão?
tradicional e a disruptiva. Em resumo, mindset, que é o
pilares iniciais: erre bastante e rápido, pois isso vira
VIDOTTI: Sim, com certeza atendem. Por que, então, a
duto, o seu pré-produto. Não se concebia pensar dessa
ção que virou disrupção? A resposta é simples: aquilo
tar a ideia para o mercado o quanto antes e não mais
dependíamos da estrutura. É um caminho sem volta. A
que se levaria meses, até anos para apresentar; gastava-
rios, tornando o que se fazia mais fácil. Isso é irreversível.
gente para fazer. O apoio da tecnologia mudou tudo. É
OMU: Qual é o impacto da inovação disruptiva sobre
em um final de semana e, na seguinte, fazer ajustes, seg-
VIDOTTI: Hoje, já identificamos uma necessidade nas
conforme as novas demandas. O mindset traz à luz outra
to, com o risco de morrerem disruptadas. Os grandes
contratar profissionais até que é fácil. Mas há uma gran-
pessoas em TI cuidando de sistemas antiquados. Não
ção em uma startup ou em um grupo novo de corporate
surgiram as iniciativas pontuais, que começam a ocupar
nais por causa do mindset delas, o DNA não concebe,
indústria do táxi ficaria tão impactada por essa inova-
forma no passado. Nas startups, recomenda-se apresen-
era uma sucata, sem qualidade nem treinamento, e nós
guardá-la a sete chaves. Com isso, dá para antecipar algo
inovação disruptiva muda o comportamento dos usuá-
se uma quantidade enorme de dinheiro, um monte de
as estruturas convencionais?
possível criar o produto em algumas semanas, por no ar mentar ainda mais, dependendo do propósito, e moldar
organizações maiores de começarem a pensar no assun-
questão importante, que é com relação às pessoas. Para
bancos são um exemplo. Eles têm centenas, milhares de
de dificuldade de adaptá-los para trabalhar com inova-
conseguiram se modernizar de uma forma simples. Daí
venture. É muito difícil trazer pessoas das áreas tradicio-
os seus espaços: startups de cartão de crédito e de finan-
tem uma amarra.
cujo cartão de crédito sem anuidade é controlado 100%
OMU: Este seria o aspecto negativo da disrupção? O
Nenhum deles possui agência física. Iniciativa do Itaú,
VIDOTTI: Uma das principais preocupações que se dis-
empreendedorismo, em São Paulo, onde Julio Vidotti re-
questão de como ficarão os empregos. De forma geral
ciamento, como o Bank Fácil, atual Creditas, e o Nubank, por aplicativo de celular, só para citar dois exemplos.
que você avalia em termos de prejuízo para o mercado?
o Cubo [5 mil metros quadrados de coworking, startups e
cute quanto aos efeitos da disrupção é com relação à
abril.2017/116
o mundo da usinagem
17
entrevista existem duas vertentes na visão dos especialistas do Vale do Silício e dos países que estão estudando esse tema:
uma, que destaca que teremos impactos enormes na manutenção dos empregos atuais; e outra, que acredita que
surgirão novos modelos e formas de trabalho. Se pegar-
mos como exemplo o “efeito Uber”, observamos que se criou milhares de oportunidades para pessoas de diver-
sas classes sociais obterem uma remuneração extra dedicando horas variáveis de trabalho quando disponíveis. Provavelmente, alguns segmentos de mercado, como o bancário, sofrerão
VIDOTTI: Tomarei novamente o exemplo do NuBank,
um cartão de crédito que criou um app, não tem agência, não tem central de atendimento, mas é um cartão de crédito como qualquer outro. Por que tem fila de
clientes esperando? Você se cadastra, faz tudo pelo aplicativo, pode regular seu crédito aumentando ou
diminuindo, pode pagar a fatura do cartão antes e não
precisa falar com ninguém. Se precisar, pode fazê-lo pelo aplicativo ou, se for muito necessário, pelo
telefone. Mas tem um grupo enorme de pessoas lá que está preocupada com
com um alto nível de desemprego, pois não haverá a necessidade de agências para atendimento de clientes. Acredito que o mercado encontrará um balanceamento,
com o surgimento de novas for-
mas de trabalho de um lado, e o
desemprego de outro. Mas o traba-
lho da forma tradicional como a que
a experiência do usuário. Esse é o
No mundo da inovação, errar é permitido e mandatório. Essa é a primeira diferença entre a organização tradicional e a disruptiva
conhecemos hoje, batendo o ponto, 8 ho-
ras contínuas por dia, com certeza não existirá
mais na próxima geração. O livro Organizações Expo-
nenciais [Ismail Salim, Yuri van Geest e Michael Malone, HSM Ed.] é uma ótima leitura sobre o tema.
OMU: Muitas pessoas, inclusive a própria mídia,
confundem inovação e disrupção. Qual é a diferença conceitual? São excludentes? Ou podem coexistir? VIDOTTI: Existe inovação que não vai exatamente gerar
disrupção, não vai mudar o comportamento do merca-
do nem quebrar um nicho. Nem tudo que é inovador é disruptivo. Entretanto, um negócio disruptivo é sempre inovador. Conceitualmente, a inovação faz aquilo que já
era feito de um modo totalmente diferente e melhor. A disrupção, como diz o termo, destrói. Ela sempre estará apoiada em tecnologia digital como smartphones, tablets
etc. Sem isso, não se consegue escalar e criar uma rápida mudança no comportamento das pessoas.
OMU: Dos exemplos mais conhecidos, qual você
destacaria, além do Uber? O que essas empresas e seus modelos de negócios têm em comum? 18
o mundo da usinagem
foco maior das empresas disruptivas: melhorar continuamente
a experiência do usuário, diferentemente das empresas tradi-
cionais que, mesmo que tendo
o app, só usa para consultar algo
específico ou pagar uma conta. E
mais que isso, a maioria das pessoas
pensam que o Nubank veio pra resolver
um problema com cartões de crédito. Na mi-
nha visão é o embrião de um futuro banco. O cartão é
somente a porta de entrada para capturar seus clientes. Veremos o futuro chegar, sempre focando na melhoria contínua da experiência com o usuário.
OMU: Como a inovação tecnológica se insere na
indústria 4.0? O que vem sendo desenvolvido, que é considerado disruptivo? Internet das coisas entra nesse grupo? VIDOTTI: A IoT em si não é disruptiva, é uma nova tecnologia mas tem grande potencial para gerar disrupção. Para a indústria, a IoT é um passaporte enor-
me para a disrupção. A disrupção normalmente é associada a uma inovação com base em uso de tecnologia aplicada aos consumidores, mas também po-
derá ser aplicada dentro da indústria com novas ma-
neiras e processos de fabricação, como a chegada da impressoras 3D, que já começa a mudar os processos tradicionalmente utilizados até então. Nos processos fabris, os equipamentos vão se tornar inteligentes e
abril.2017/116
conectados, e isso já vem acontecendo em alguns paí-
quebra destes elos, de forma que uma única iniciativa de
cia na tendência da disrupção, gerará enormes impac-
quebra dos elos existentes entre atividades do consumi-
ses. A economia compartilhada, que também influentos na indústria de forma geral. Este tema é bastante
amplo e merece atenção especial por todos os gestores e empreendedores, caso contrário em curto espaço de tempo, de 5 a 10 anos, tais organizações poderão não
mais existir. Minha recomendação para estes próxi-
mos anos é de iniciar programas de inovação de fato — e não ficar simplesmente fazendo seminários sobre
o tema. E seguir os conceitos já testados de Corpora-
te Venture, em que se pode “contratar” e usar novas
desacoplar gere uma disrupção. O desacoplamento é a dor que eram tradicionalmente oferecidas em conjunto. Já observamos este movimento em diversos mercados,
dentre eles o automotivo, em que você não precisa mais comprar um carro para se transportar, ou não precisa se preocupar com manutenção do veículo, em que uma única mudança quebra toda a sequência da cadeia tradicional; um segundo exemplo, o segmento de seguros,
que viverá uma enorme transformação muito em breve.
tecnologias de startups evoluindo progressivamente o
OMU: Você pode traçar um panorama resumido sobre
do inovação rapidamente; ou “criar” startups dentro
efeitos evolutivos e disruptivos para as empresas?
prontas no mercado e buscam investimentos.
dware, uma caixinha) mudou o comportamento das
negócio; ou “acelerar” startups internamente trazen-
da organização; ou “investir” em startups que estão
OMU: Quais ramos de atividades apresentam maior potencial para disrupção? Pode apontar tendências para os próximos cinco anos? VIDOTTI: Sabemos que a inovação disruptiva poderá ocorrer em todos os segmentos do mercado. Conforme
estudos realizados em Harvard pelo professor Thales Teixeira, na primeira onda da disrupção digital foi quando surgiu o Google, o iTunes, a Netflix, o Kindle dentre outros, de-
o avanço da transformação digital dos negócios e seus VIDOTTI: Ao ser criado, o smartphone (que é um harpessoas completamente. Pode não ter sido tão rápido, foi uma evolução do celular, que também foi disrup-
tivo. Mas voltemos ao passado: antes do celular, teve o telefone fixo; e antes do telefone fixo tinha o quê? O e-mail foi uma disrupção que acabou com o correio,
assim como o Whatsapp foi uma disrupção do e-mail, embora ele ainda exista. Mas o Whatsapp é uma forma mais rápida, que também impactou a indústria de telefonia. Não se pagava para enviar
torpedos? Agora fazemos isso de gra-
sempacotando as ofertas anteriores para um novo modelo digital. A segunda onda ocorreu e continua acontecendo nos mercados
de turismo (hotéis, voos, servi-
ços) e também em finanças que
se baseou na desintermediação.
E estamos vivenciando agora a ter-
ça. Nesse sentido, o Whatsapp gerou uma disrupção para a Vivo, a Oi, a Tim... A minha filha peque-
Esse é o foco maior das empresas disruptivas: melhorar continuamente a experiência do usuário
ceira onda, referenciada pelo desaco-
plamento de um ou mais elos da cadeia
de fornecimento. Por exemplo, na indústria do
na, por exemplo, não conseguia
imaginar como era a vida da avó,
que nasceu no interior e não ha-
via energia elétrica naquela época
na região. Os jovens hoje não conse-
guem imaginar, e os nossos bisnetos,
daqui uns cinquenta anos, não vão nem
saber o que é cloud [tecnologia da nuvem]. Não
consumo, temos as fases de avaliação, escolha, compra
vai se falar disso, pois vai ser como a energia elétrica —
por uma indústria e sua rede de distribuição ou repre-
a energia elétrica?
e por fim o consumo, que tradicionalmente são feitos sentantes. Chama-se de desacoplamento (Decoupling) a abril.2017/116
as pessoas estão preocupadas em saber como funciona
o mundo da usinagem
19
entrevista OMU: Quanto tempo levará para que o modelo
do Inovativa, do MDIC do Governo — e assim por
VIDOTTI: Acredito que não viveremos mais esses
desde uma nova forma de desburocratizar proces-
do. Observe quanto tempo levou para a adoção
com um clique em um e-mail onde não precisa de
depois os celulares, na última década os smartpho-
nhecer firmas, até uma iniciativa que nos permite
em nosso país, e no mundo afora isso se multipli-
uma casa noturna em Nova York, ao vivo. Posso
simplificar a nossa vida, reduzindo tempo, redu-
melhor com as inovações que estão chegando.
mes no ecossistema de startups para fortes inicia-
OMU: As ferramentas de tecnologia acompa-
de finanças), as Edutechs (nas áreas de educação),
e dos novos modelos de negócios? Quais são
as InduTechs e não se para mais. É muita gente tra-
VIDOTTI: As ferramentas obrigatoriamente acom-
é irreversível, e quem ganhará com isso será a hu-
porque senão elas mesmas não sobrevivem. No
barrar estas iniciativas, por meio de tentativas de
2012, quando resolvi lançar uma nova empresa.
guirão se manter se não se adequarem e se apoia-
rupção ou startups. Quebrei a cara, foi difícil. Não
disruptivo se consolide na indústria mundial?
diante. Por exemplo, eu apoio startups que trazem
tempos de consolidação como ocorreu no passa-
sos de contratação, em que se assina um contrato
da energia elétrica no mundo, depois a telefonia,
certificado digital e nem de um cartório para reco-
nes, e agora a cloud. Existem mais de 4 mil startups
assistir pela web um show que está passando em
ca aceleradamente. Todas elas trazendo formas de
lhe garantir uma coisa, nossa vida será cada vez
zindo custos e aí por diante. Já surgiram novos notivas de inovação e disrupção, as Fintechs (na area
nham as necessidades crescentes do mercado
e aí vem as IoTTechs, as Insurtechs, as AgroTechs,
os maiores desafios, nesse sentido?
balhando e pensando em inovação. Esse processo
panham as necessidades crescentes de mercado,
manidade. Alguns países e organizações poderão
meu caso, estou neste mercado de startups desde
regulamentação, lobby etc., mas dificilmente conse-
Na época, não conhecia nada sobre inovação, dis-
rem ao novo comportamento do consumo.
conseguíamos entrada nas grandes organizações,
OMU: O que vem sendo desenvolvido aqui, nas
negócio com pequenas, até que resolvemos mu-
VIDOTTI: Temos observado iniciativas em prati-
completamente a tecnologia. Jogamos tudo fora
startups no Brasil se desenvolveu muito nestes úl-
do pedia isso. E o que veio para ser uma intranet
e Redpoint, do CAMPUS do Google, das Acelera-
sharepoint fazia na época, acabou virando um hub
startups brasileiras?
porque elas não estavam preparadas para fazer
dar tudo. Focar nas pequenas e médias, mudar
camente todos os segmentos. O ecossistema de
e construímos de novo do zero, porque o merca-
timos dois anos, com a iniciativa do CUBO do Itaú
dinâmica, muito mais simples e fácil do que um
doras, dos programas de inovação — à exemplo
para informações que estão dispersas no negócio.
20
o mundo da usinagem
Agora estamos escalando.
abril.2017/116
negócios da indústria
Que venham
Quem sobreviveu à tempestade no ano passado, arregaça
As entidades acreditam na retomada dos negócios e no fortalecimento gradual do setor
22
o mundo da usinagem
abril.2017/116
dias melhores
as mangas e sai em busca de soluções no mercado e junto ao governo Por Inês Pereira
D
epois de grandes dificul-
“O Brasil está passando pela
ta de números, o termômetro do
Além da enorme crise econô-
ta que o Risco Brasil caiu mais
dades enfrentadas pelo
maior crise de sua história.
ses política e econômica, o que o
mica, vivemos um momento de
país, decorrentes das cri-
setor metalmecânico espera para 2017? Esta é a pergunta que não
quer calar. Difícil fazer grandes
previsões, dado que definições importantes
são
aguardadas.
Ainda assim, os representantes das principais entidades arriscam seus palpites. Alguns mais confiantes, outros nem tanto,
pelo menos no que tange ao curto prazo.
Apesar de certa variação de
opiniões, todos sabem que muito dependerá do próprio esforço. Organizados em câmaras setoriais, lutam por representatividade junto ao Congresso. Interna-
mente, reveem as atividades de modo que prestem o suporte que necessitam os associados neste momento. Pensam estrategicamente e em bloco. Na mesma me-
dida, esperam que o governo faça
a sua parte — com políticas que favoreçam, entre outros aspectos,
grande incerteza política e estrutural. Muitas mudanças estão ocorrendo e muitas outras
estão a caminho, o que aumenta
ainda mais o grau de incerteza”, avalia Claudio Camacho,
vice-presidente de vendas da Sandvik Coromant para a Amé-
rica do Sul e Central. Incerteza que, após o termino do primeiro
A Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa) subiu mais de 60% no mesmo período de 12 me-
ses. A moeda brasileira também
se fortaleceu no período frente ao dólar. A cotação da moeda norte-
-americana recuou de R$ 3,93 em fevereiro do ano passado para R$ 3,10, um recuo de 21% no período.
Camacho, que também está à
frente do Sindicato da Indústria de
visualizar um cenário levemen-
ramentas em Geral no Estado de
que diminua: “Começaremos a te otimista. Os projetos que es-
tavam em processo de espera e que agora retomam a mesa de discussão. Isso certamente nos traz algumas possibilidades de
negócios. Este movimento nos abre novas perspectivas, já que
tradicionalmente a Sandvik Co-
romant é reconhecida pela sua grande oferta de valor e ganhos de produtividade”.
A saúde do país, diriam os
economistas, embora frágil, apre-
que resgatem estabilidade.
alguns exemplos do ponto de vis-
abril.2017/116
de 50% nos últimos 12 meses.
trimestre de 2017, ele acredita
o crédito às pequenas e médias
empresas, e reformas estruturais
Credit Default Swap (CDS) apon-
senta ligeira melhora. Para citar
Artefatos de Ferro, Metais e Fer-
São Paulo (Sinafer), observa que
as empresas, de uma forma geral, reduziram
drasticamente
seus
recursos humanos, o que só será
compensado em um primeiro momento, com ganhos expressivos de produtividade. “A constante intro-
dução de produtos novos, associa-
dos às novas tecnologias de pro-
cessos, são armas fundamentais que oferecemos para este ganho de produtividade tão necessário
neste momento.” Acompanhe, a seguir, o que dizem Abimei, Abimaq, CNI e Sinafer.
o mundo da usinagem
23
negócios da indústria
Divulgação
É hora de rever conceitos Por Paulo Castelo Branco, presidente da Abimei (Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais)
sor de águas, pelo menos no que
portados gera competitividade, e
O que precisamos daqui em dian-
tes locais a alcançar os mesmos
diz respeito à política econômica. te é dar os incentivos necessários para que se tenha condições de
Por fim, ao melhorar a sua
produtividade, a indústria nacio-
se fazer isso é por meio do in-
tanto aqui no Brasil como para o
vestimento em tecnologia. O país
se tornará muito mais forte com
enfrentou nos últimos dois anos
níveis de qualidade.
produzir dentro do Brasil.
A maneira mais eficiente de
A indústria de transformação
deveria impulsionar as fabrican-
este segmento tão vital, de modo que a indústria tenha condição
de produzir com mais eficiência,
nal passa a ser mais competitiva mercado exterior. Ou seja, é uma forma de alavancar as exporta-
ções por meio das importações de máquinas.
Esse cenário se aplica como
velocidade e qualidade.
nunca à indústria nacional. Com
um fim para essas dificuldades
te e veloz na produção, quando
não deixou de ser criativo e resi-
cos vislumbram, as últimas no-
visão ultrapassada, mas que infe-
alguns dos maiores desafios de
sua história no Brasil. E, embora ainda seja um cenário que pou-
tícias pelo menos têm indicado
que a confiança do empresariado
E o Brasil só será mais eficien-
abandonar definitivamente essa lizmente é predominante, de que
o maquinário importado repre-
suas peculiaridades, nosso setor liente durante tempos de dificul-
dades, e isso ficou mais claro do que nunca nos últimos dois anos.
Apesar de todas as dificulda-
senta um mal.
des, o setor foi capaz de se man-
preciso para se avaliar de modo
presa adquire uma máquina im-
faturamento e de pessoal sejam
para a indústria brasileira e, ao
uma velocidade 20% ou 30% maior,
começa a ser recuperada.
Este é, portanto, o momento
profundo o que de fato queremos mesmo tempo, definir como pretendemos voltar a crescer.
A principal pergunta é: Será
que cometeremos os mesmos erros
do passado, impulsionando o crédito sem qualquer pudor, incenti-
vando de modo insustentável e até irresponsável o consumo até que a
Ao contrário: quando uma em-
portada que é capaz de produzir a
com menos falhas na produção e agregando mais valor do que sua “equivalente” nacional, ninguém
perde. Como geradora de empregos, a indústria tem sua esmaga-
que finalmente o pior ficou para trás, e que agora todos podem começar a se planejar para um período com mais oportunidades.
Para que saltemos a um novo
Portanto, é falacioso dizer
tos, abraçar como nunca a globa-
consumo, não de bens de capital.
que esta crise tenha sido um divi-
presença dos equipamentos im-
o mundo da usinagem
inevitáveis, já é possível dizer
patamar, no entanto, é essencial
que importar máquinas rouba
24
uma realidade e tenham sido
dora força na produção de bens de
bolha estoure novamente?
Creio que não. Prefiro acreditar
ter unido e, embora as perdas de
empregos daqui. Ao contrário, a
abandonar os velhos preconceilização e, em alguns anos, olhar para trás e verificar com orgulho que tomamos a decisão correta.
abril.2017/116
Sem perspectivas em curto prazo Divulgação
Por Cristina Zanella, Gerente do Departamento de Competitividade, Economia e Estatística da Abimaq (Associação Brasileira da Indústria de Máquinas e Equipamentos)
ainda, mas pode haver uma reto-
parte dos programas teve a parti-
ainda que lenta. Com a liberação
tornou o crédito mais caro prin-
mada do consumo das famílias, do FGTS, a tendência é que as fa-
mílias deixem de se endividar ou
diminuam suas dívidas, e daí se
dê um fôlego ao consumo. Consequentemente, a indústria e o comércio sentirão esse movimento, ainda que pequeno.
Com relação aos investimentos,
A indústria de máquinas foi
um dos segmentos que mais sofreu com essa crise. Toda crise
leva, em um primeiro momento,
a uma contenção de investimen-
tos. E, nesse ponto, o primeiro setor a sofrer impacto é o da indústria de máquinas.
lhões, ou seja, uma queda de 43% em relação ao período de auge como de agora.
Estamos com alto nível de
ociosidade e alto índice de desemprego, o que reduz consumo
mente pelo setor agrícola, que possui uma participação importante na indústria de máquinas — cerca
de 20% do nosso setor — e que nesse ano terá uma boa safra.
No curto prazo, além do seg-
um fator positivo é que as emdos
equipamentos
Um problema grande é que
das, e havendo um aquecimento,
ções de atender a demanda em curto prazo por não conseguirem crédito — e hoje, a venda de máquinas é atrelada ao crédito.
Então o primeiro passo é, de alguma forma, tomar uma medida
para permitir que essas empresas adquiram créditos no mercado.
A Abimaq tem ido ao Congres-
go para a indústria. E espera que
pouco a demanda por máquinas, mas grandes investimentos para ampliação
de
produtividade
não estão acontecendo e não vão acontecer tão já.
Na parte de crédito, vimos re-
disponibilizando linhas de capi-
abril.2017/116
recido pelo governo.
ções de peças. Isso aumenta um
além de manutenções e substitui-
que vai crescendo e fazendo se Não estamos vendo melhoras
pode utilizar esse mecanismo ofe-
so levando propostas que possam,
centemente o BNDES fazer altera-
deixar de lado os investimentos.
pequenas e médias empresas, não
defasados,
e acarreta em famílias e indústrias endividadas. É uma bola de neve
do nosso setor, que é formado por
essas empresas não terão condi-
presas estão fazendo substituição
a média mensal foi de R$ 8,5 bi-
exportam. Entretanto, a maioria
final do ano, puxado principal-
ver um crescimento, vá ocorrer no
2013, se investia nesse país R$ 15 equipamentos, e no ano passado,
presas, que são aquelas que mais
muitas empresas estão endivida-
mento de máquinas agrícolas,
bilhões mensais em máquinas e
cipalmente para as grandes em-
nossa expectativa é de que, se hou-
Vimos três anos consecutivos
de queda de investimento. Em
cipação da TJLP diminuída, o que
ções nas politicas operacionais e tal de giro que, de alguma forma
atraem investimentos. Mas boa
de alguma forma, dar algum fôleo governo faça a sua parte. Afinal, estamos há três anos em quedas
consecutivas. Vimos muitas em-
presas fechar as portas, mas as que sobreviveram terão de criar mecanismos para se adaptar, qui-
tar suas dívidas, adquirir crédito
e ficar aptas para ter produtividade. É muita coisa lá para frente,
e em curto prazo não vemos um cenário promissor.
o mundo da usinagem
25
negócios da indústria
Miguel Ângelo
A prioridade é o emprego Por Robson Andrade, presidente da CNI (Confederação Nacional da Indústria)
estruturais que gerem estabili-
um grau de ociosidade alto, o que
dado com a emenda constitu-
momento em que a demanda in-
dade fiscal. O primeiro passo foi cional que limita o aumento dos gastos públicos por 20 anos. Mas
não há dúvida de que a aprovação da reforma da Previdência,
nos moldes em que o governo vem propondo, é imprescindível
para o equilíbrio orçamentário de longo prazo.
dificulta contratações. Mas, num terna patina, alguns segmentos
como o automobilístico, o de calçados e o de aço podem ter nas exportações o caminho natural
para que as empresas retomem a produção, recuperem-se financeiramente e criem empregos.
Apesar do alto grau de endi-
Para aperfeiçoar o ambiente
vidamento das famílias, o con-
mília a notícia de que perderam
rar entraves ao funcionamento
com a queda das taxas de juros
milhões de pessoas estão desem-
tratação de mão de obra. É impe-
da maior crise econômica que
que rege as relações de trabalho,
Isso tem de acabar. Não há, po-
das negociações coletivas e a re-
ao problema. Sua solução exige
Grandes projetos de infraes-
Em 2016, mais de 5 mil tra-
balhadores por dia deram à fa-
de negócios, o país precisa reti-
o emprego. Ao todo, mais de 12
adequado das empresas e à con-
pregadas no país, o pior efeito
rativo modernizar a legislação
enfrentamos na história recente.
com destaque para a valorização
rém, uma frente única de ataque
gulamentação da terceirização.
o retorno dos investimentos. É
trutura, que contratam trabalha-
questões centrais: a restauração
naturalmente afetados pela falta
economia voltar a crescer e a me-
para sair do papel e surtir efei-
começou a melhorar, mas o pro-
gócios. Estes dois aspectos preci-
petróleo e gás, após a liberaliza-
rápido avançarmos nas medidas
com a aprovação de medidas
É possível revigorar áreas com
que ponham o país de novo no
neamento e construção civil, com
fundamental equacionar duas
dores em larga escala, mas são
da confiança na capacidade de a
de confiança, demoram muito
lhora radical no ambiente de ne-
tos. Há esperanças no campo do
sam caminhar simultaneamente,
ção feita na lei que rege o setor.
pontuais e reformas mais amplas
resposta mais rápida, como sa-
rumo do crescimento.
ênfase em empreendimentos ha-
Para recuperar a confiança, é
indispensável adotar reformas 26
o mundo da usinagem
bitacionais.
A indústria ainda conta com
sumo pode melhorar um pouco
pelo Banco Central. Mas é preci-
so dar às empresas condições de renegociar suas dívidas financei-
ras com os bancos, para que elas ganhem fôlego e possam voltar
a ficar em dia com seus compro-
missos fiscais e trabalhistas. Também é essencial que o BNDES retome o financiamento de longo
prazo a custos compatíveis com a atividade industrial.
Pelos indicadores, o Brasil já
cesso será gradual. Quanto mais
citadas aqui, maior será a capacidade de criar empregos. Milha-
res de empresários identificam oportunidades até nos momen-
tos ruins e estão só à espera de
um cenário mais favorável para voltar a investir.
abril.2017/116
Atacando a crise de frente Renato Pizzutto
Por Claudio Camacho, presidente do Sinafer (Sindicato da Indústria de Artefatos de Ferro, Metais e Ferramentas em Geral no Estado de São Paulo) e da ABFA (Associação Brasileira da Indústria de Ferramentas em Geral, Usinagem, Artefatos de Ferro e Metais) e Carlos Martins, Gerente Executivo do Sinafer
tes em curto prazo — geralmente
deração das Indústrias do Estado
da legislação trabalhista, tributária
tamente, elaborarmos pleitos em
para atender as novas mutações
Claudio Camacho
e até programas de treinamentos mais longos que envolvam a gestão
Divulgação
do negócio, que abrangem desde a melhor administração dos recursos,
elaboração de estratégias, e capacitação de pessoas, entre outros — e
gap de conhecimento.
Dentro do Sinafer/ABFA, tam-
discutir, identificar e propor solu-
que o país está vivendo, com deses-
tímulo ao investimento, altíssima
carga tributária, juros elevados,
dificuldade de crédito e legislação trabalhista complexa, apoiar as mé-
dias e pequenas empresas é papel fundamental de entidades como a
câmaras setoriais, responsáveis por
ções para os maiores problemas do segmento a qual fazem parte,
Pesquisamos, entre as empresas
de nossa área, quais as necessidades de treinamento mais relevanabril.2017/116
mentadoras do MT e de ampla
participação na votação dos PL (na câmara dos Deputados e do
Senado) que podem influenciar
diretamente a dinâmica de negócios do nosso setor.
O setor tem duas datas referên-
CUT e 1 de novembro Força Sindi-
dos principalmente na preparação
para as negociações coletivas do setor junto aos trabalhadores.
Além dessas atividades, man-
de mão de obra qualificada, com
timos interesses do setor.
ciações Trabalhistas, discussões
esse último com trabalhos centra-
apoio jurídico, recursos humanos,
diversos fóruns propondo mudande negociação e na defesa dos legí-
Cabe ressaltar o papel funda-
cias de negociação com as duas
temos convênios e parcerias com
ças, modernização dos processos
das empresas do setor.
por exemplo, os grupos setoriais de
nossa. A entidade tem participado
de discussões e estudos dos mais
Sindicato, as demandas pontuais
de revisões das Normas regula-
cado, bem como às necessidades
um momento crítico como esse em
ternos que atendem, por meio do
treinamentos, a fim de reduzir este
bém intensificamos o trabalho das
das empresas a nós associadas. Em
ciadas e de seus departamentos in-
mental do Sindicato nas Nego-
O Sinafer e a ABFA estão sem-
pre atentos às mudanças do mer-
defesa do interesse de nossas asso-
nos baseamos nestas necessidades para montar uma grade de cursos e
Carlos Martins
de São Paulo (Fiesp), para, conjun-
o SENAI, no apoio à formação
o Instituto de Pesquisas Tecnoló-
grandes centrais, 01 de setembro
cal. Na reforma trabalhista que está
sendo proposta ao governo, carre-
ga uma série de sugestões conjuntas com outras entidades e Federa-
ções, com o objetivo de modernizar e flexibilizar as relações trabalhistas e criar novos empregos.
Nosso grande desafio como en-
gicas (IPT) e na preparação das
tidade, é continuar dando o suporte
vimento de seu produto e inserção
associadas e contribuintes, eliminan-
empresas associadas no desenvolno mercado internacional. Contamos, ainda, com a estrutura da Fe-
para o maior número de empresas do as barreiras existentes e criando novas oportunidades de negócios. o mundo da usinagem
27
educação e tecnologia
Brasil conectado à MCTIC firma parcerias com iniciativa privada e busca o passaporte definitivo para o futuro
IoT
Por Inês Pereira, com material-suporte de MCTIC e Ericsson
U
m acordo importante en-
dadãos, empresas e instituições.
os gestores públicos para co-
cia, Tecnologia, Inovações
para a formação do Polo de Ino-
ma o secretário de Política de
tre o Ministério da Ciên-
e Comunicações (MCTIC) e a Ericsson, empresa líder global em
tecnologia e serviços de comuni-
cação, vai criar um ecossistema
Este acordo foi o primeiro passo
vação em Internet das Coisas
(IoT), em São José dos Campos, no estado de São Paulo.
“Vamos convocar desenvol-
formado por startups, centros de
vedores para criar aplicativos
e universidades para pensar o
sidades para participar desse
pesquisas, empresas, operadoras tema Segurança pública — de ci-
28
o mundo da usinagem
para a área, chamar as univer-
desenvolvimento e convidar
nhecer as ferramentas”, afir-
Informática do MCTIC, Maximiliano Martinhão. O acordo
também contará com o apoio da prefeitura do município por
meio do Parque Tecnológico, parceiro da Ericsson para o
desenvolvimento de softwares
para cidades inteligentes.
abril.2017/116
“Acreditamos que trazer a
Internet das Coisas para São
Polo de Inovação em Internet das
Atualmente, novos serviços
Coisas uma realidade.
estão sendo realizados na cida-
criação do Polo de Inovação, é
Cidade inteligente
tiro e também sensores climáti-
ria, promovendo benefícios e a
xando de ser conhecida apenas
município, mas em todos os se-
do Instituto Tecnológico de Ae-
José dos Campos, por meio da
dar continuidade a esta parceinovação aberta, não só para o tores da indústria, do estado e da
sociedade. E segurança pública é
uma das áreas em que queremos fomentar com projetos, já alinhados à tecnologia 5G”, afirma Sergio Quiroga, presidente da Ericsson na América Latina e Caribe.
Uma vez que o acordo com
o MCTIC foi firmado e o projeto
está nascendo, a Ericsson busca parcerias com outras empresas e instituições que queiram investir
no desenvolvimento científico e
tecnológico do país para tornar o
abril.2017/116
São José dos Campos vai dei-
como a cidade sede da Embraer, ronáutica (ITA), entre diversos
centros de pesquisa e ensino,
de, como sensores de detecção de cos que medem a temperatura, a
umidade e os níveis de CO², além
da introdução de uma rede Wi-Fi pública e de um sistema de iluminação pública inteligente.
além de importantes empresas.
Pauta brasileira
na frente dos grandes centros
universo da Internet das Coisas, ou
atrás, foi a primeira cidade do
nhecido o atual momento, impulsio-
Como cidade inteligente, saiu
urbanos brasileiros e, cinco anos país a adotar um sistema de con-
trole e monitoramento desenvol-
vido pela Ericsson apoiado por aproximadamente 500 câmeras,
smart software de última geração e 205 quilômetros de cabos de fibra ótica.
A conexão definitiva do Brasil ao
Smart Era, como já está ficando conou a criação, em 2014, da Câmara de IoT — um fórum multissetorial com representantes do governo, da iniciativa privada, da academia e
dos centros de pesquisa para discu-
tir o desenvolvimento do mercado de Internet das Coisas no Brasil.
o mundo da usinagem
29
educação e tecnologia Agora, o MCTIC quer obter o
acelerar a implantação do merca-
a aproximação entre o Brasil e o
ção das políticas públicas. Para
aguardados para setembro, serão
mentar pesquisas e financiamen-
diagnóstico do setor e a construisso, solicitou um amplo estudo
estruturado em três fases: levantamento do mercado de Internet
das Coisas no mundo; definição
dos setores prioritários da eco-
do de IoT no país. Os resultados,
discutidos pela Câmara e vão compor o Plano Nacional de IoT para desenvolver tecnologias de Internet das Coisas até 2022.
Na Mobile World Congress
nomia brasileira para receber os
2017, uma das maiores feiras de
desenvolvimento de IoT; e a for-
em Barcelona, o ministro do MC-
investimentos necessários para o
mulação de ações voltadas para
tecnologia da Europa, realizada TIC, Gilberto Kassab, anunciou
Ericsson no futuro Além do polo de Segurança Pública, a Ericsson também lide-
ra outras três iniciativas voltadas para IoT e 5G: dez projetos de
continente europeu visando fo-
tos em IoT para convergência e
trabalho em conjunto, e capacitação. Esse namoro se dará por
meio de um acordo entre a Câ-
mara de IoT e a Aliança para a Inovação da Internet das Coisas (AIOTI), uma associação independente da indústria vinculada
à União Europeia, composta por 170 membros e organizada em grupos de trabalho que abordam
aplicações diretas e indiretas da internet das coisas.
Kassab também divulgou a pri-
pesquisa com universidades; colaboração para acesso à internet e
meira das cinco consultas públicas
ferência e protótipo para 5G.
internacional para o Plano Nacio-
ral, a Ericsson criou o Laboratório da Sociedade Conectada no Brasil,
é contar com a expertise de espe-
em projetos com impacto positivo para a sociedade, incluindo ações
e desenvolvedores para contribuir
prevenção contra desastres e monitoramento. Prestes a completar um
leiro prepara para lançar em setem-
mobilidade em áreas remotas, desenvolvimento de modelos de re-
que serão realizadas em âmbito
No ano passado, também em cooperação com o Governo Fede-
nal de Internet das Coisas. A ideia
que promove testes de novas tecnologias de Internet das Coisas (IoT)
cialistas, pesquisadores, empresas
voltadas para água inteligente, agricultura, proteção de floresta até
com o plano, que o governo brasi-
ano, o projeto é parte do Centro de Inovação da Ericsson, que bus-
bro, após a conclusão do estudo.
ca desenvolver parcerias com universidades, clientes, fornecedores e
Divulgação
agências de desenvolvimento, parceiros públicos e privados
envolvidos no desenvolvimento de soluções IoT no Brasil e na América Latina. Iniciativas que estão dentro dos 17 Objetivos de Desenvolvimento Sustentável (SDG) das Nações Unidas.
Com mais de 115 mil profissionais e clientes em 180 paí-
ses, a Ericsson combina tecnologias em escala global e liderança em serviços. Dá suporte a redes que conectam mais
de 2,5 bilhões de assinantes. De todo o tráfego mundial de
dados, 40% deles passa pelas redes da Ericsson. Está presente em mais de 50 países da América do Sul, América Central,
México e Caribe, com instalações completas, como unidade
de Produção e Centro de Inovação com atividades de pesquisa e desenvolvimento (P&D), além de Centro de Treinamento.
30
o mundo da usinagem
O foco principal do Lab de IoT, em São José dos Campos, será mobilidade e segurança abril.2017/116
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conhecendo um pouco mais
O país nas
alturas
O satélite que vai prover segurança e internet para 100% do território brasileiro está pronto para o lançamento Por Inês Pereira, com material-suporte da Visiona Tecnologia Espacial
I
nternet para todos os cidadãos
colocar o equipamento em órbita.
das comunicações nas áreas de
meta, o Governo Federal literal-
vai além da órbita terrestre: está
inclui o fim do risco de vazamen-
do país, de norte a sul. Com esta
mente pensa alto com o programa que, além de promover a in-
clusão digital, pretende fornecer
Em compensação, sua realização obtendo tecnologias espaciais críticas para a cadeia nacional.
Com vida útil de 18 anos, o
defesa e governamental, o que to de informações. O SGDC também vai auxiliar na fiscalização
das fronteiras do país, bem como
um meio seguro e soberano para
SGDC terá 90% da capacidade
forças armadas brasileiras, hoje
viços de banda larga, e o restante
um mesmo ponto fixo e girar na
Forças Armadas. O satélite ficará
panhando o movimento do plane-
as comunicações estratégicas das integralmente dependentes de satélites estrangeiros.
O Satélite Geoestacionário de
Defesa e Comunicações Estratégicas (SGDC) é parte do Programa
Nacional de Banda Larga. Um investimento da ordem de R$ 1,3
bilhão, gastos em todas as etapas
do projeto, incluindo as despesas com o foguete responsável por
32
o mundo da usinagem
destinada à banda Ka, para ser-
à banda X, de uso exclusivo das posicionado a uma distância de
36 mil quilômetros da superfície da Terra. Vai cobrir todo o território nacional e o Oceano Atlântico,
entrando em operação a partir do segundo semestre.
Do ponto de vista militar, o
satélite vai prover a segurança
das penitenciárias.
Por se encontrar sempre sobre
mesma velocidade da Terra, acomta, esse tipo de satélite é perfeito
para ser usado, sobretudo, para estabelecer uma rede de ações ou
de monitoramento e vigilância cobrindo toda a área de um país.
Principalmente tendo dimensões
continentais, como o Brasil, complementa a cobertura por fibras
abril.2017/116
Fotos Image Copyright © Thales Alenia Space / Arianespace / Visiona Espacial
ópticas — sem condição de prover
Absorção de tecnologia
sileiros. Atualmente, existem mais
cerca de trinta engenheiros traba-
com difíceis condições ao acesso
cante francês do satélite (Thales
serviço a todos os municípios brade dois mil municípios brasileiros para a rede de fibra ótica terrestre.
Assim, o país não precisa mais
usar satélites de terceiros, o que ocorre hoje.
Ao longo de todo o Programa,
cluiu aprendizado e transferência de tecnologia.
Entre as principais tecnologias,
lharam lado a lado com o fabri-
a equipe brasileira se capacitou
Alenia Space) em todas as fases
de órbita e atitude; Operações de
do projeto, desde a concepção até os testes finais de aceitação. Parte
do acordo entre as partes, que in-
Coordenadas do satélite
em operações de: Manutenção
cargas úteis; Análise de missão; Montagem, Integração e Testes
(AIT); Gerenciamento de projetos espaciais; Engenharia de sistemas (Controle de atitude e órbita, in-
cluindo propulsão; Supervisão de
Missão: Comunicação | Inteligência militar
bordo; Comunicações de servi-
Fabricante: Thales Alenia Space
e mecanismos); Suprimento de
Geração de energia: Painéis solares fotovoltaicos
Engenharia de subsistemas; Seg-
Plataforma: Spacebus 4000C4
à AIT - Garantia de Qualidade e
Referência orbital: Geocêntrica
da larga por satélite.
Operador: Telebrás
ço; Controle térmico e Estrutura
Massa: 5,800 kg
energia; Engenharia de carga útil;
Veículo de lançamento: Ariane 5, da Arianespace
mento Solo; Atividades de apoio
Local de lançamento: Centro Espacial de Kourou (Guiana Francesa)
Produto; Projeto de redes de ban-
Regime orbital: Geoestacionária
abril.2017/116
Juntos,Telebras, Ministério da
Defesa, Agência Espacial e Insti-
o mundo da usinagem
33
conhecendo um pouco mais tuto Nacional de Pesquisas Espa-
(com 49% do capital), empresa de
solida expertise para ser o braço
Tecnologia Espacial, integradora
comunicações, e a Embraer (com
desenvolvimento de novas solu-
ciais (INPE) — ao lado da Visiona de satélites brasileira — puderam
se capacitar no estado da arte da tecnologia de projeto e desenvol-
economia mista do setor de tele-
51%), empresa privada líder nos setores aeroespacial e de defesa.
A criação da Visiona, em 2012,
vimento de satélites, classe geoes-
corresponde a uma das ações se-
Gestora do Programa SGDC
Programa Nacional de Ativida-
tacionário.
— com lançamento programado
para o mês de abril, na base de Kourou, na Guiana Francesa — a
Visiona resulta da iniciativa do governo brasileiro de estimular a criação de uma empresa integra-
dora na indústria espacial. É uma joint-venture entre a Telebras
lecionadas como prioritárias no des Espaciais (PNAE) para aten-
der aos objetivos e às diretrizes
industrial do Brasil para projeto e
ções espaciais. Sua equipe detém a capacidade de desenvolver so-
luções espaciais para alavancar
o Programa Espacial Brasileiro, com o aumento progressivo do
conteúdo e participação da indústria nacional.
da Política Nacional de Desen-
O lançador Ariane 5
paciais (PNDAE) e da Estratégia
destino, na órbita terrestre, leva-
E, a partir da realização do
com 75 missões realizadas, da
volvimento das Atividades EsNacional de Defesa (END).
Programa SGDC, a Visiona con-
Fotos Image Copyright © Thales Alenia Space / Arianespace / Visiona Espacial
O SGDC vai chegar ao seu
do pelo Ariane 5, um lançador
fabricante Arianespace. Consi-
derado referência mundial na categoria de grandes lançadores,
com um elevado grau de precisão em suas missões, o Ariane 5 é capaz de transportar cargas úteis
com peso superior a 10 toneladas para
orbitas
geoestacionárias
(GTO) e mais de 20 toneladas para órbitas baixa (LEO). Esta
performance assegura ao Aria-
ne 5 uma alta taxa de eficiência nos lançamentos de satélites de telecomunicações.
O
foguete
Ariane 5 tem uma confiabilidade de 98.7%, com a impressionante
marca de 75 lançamentos segui-
dos bem-sucedidos. O SGDC
viajará à bordo do Ariane 5 em companhia do Koreasat-7, um
satélite da Coreia de Sul, que terá a missão de enviar a partir
da órbita serviços de vídeo e da-
dos para a Coreia e outro países,
como Filipinas, Índia, Indonésia Trinta engenheiros brasileiros acompanharam a construção do SGDC 34
o mundo da usinagem
e Sudeste Asiático.
abril.2017/116
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Sim estamos nos movendo!
*Por Marcos Soto
M
esmo sem nos darmos
conta, nunca estamos
no mesmo lugar. Nos
movemos constantemente, mes-
mo sem querer, e olha que não é uma distância pequena!
A terra se move, o sistema solar
se move, o universo se modifica!
E nós, muitas vezes, tendemos
a nos acomodar e a ficar parados,
muitas vezes inertes! Isso é a fa-
Do ponto de vista dos ne-
novo contexto? O que é possível
nárias que passaram por crises,
não trazem resultados satisfató-
mosa zona de conforto, preferi-
gócios, vemos empresas cente-
nossas vidas a nós o moldarmos.
guerras e sobreviveram. Isso não
mos deixar que o futuro molde Simplesmente administramos
as circunstâncias. Nos tempos de
vacas gordas, temos o retorno do
deve ser por acaso — seria por que elas se moveram?
E quanto às pessoas, aquelas
mercado sem nos preocupar em
que superaram suas dificuldades
do uma crise exige, apertamos o
haverá saída para uma fase difí-
investir no nosso negócio. Quan-
cinto e esperamos. E reclamamos, porque a tendência é nos deixar tomar pelo olhar pessimista.
Neste momento difícil que vi-
lho. Envolve riscos, desconforto, preocupações, entre outras coi-
sas e sentimentos desagradáveis.
Muito mais fácil seria não termos
frente e buscando alternativas ou novos desafios?
A situação que o nosso país
movermos no sentido amplo da palavra. É um desafio possível. Renato Pizzutto
o governo aja, a economia se reequilibre e os negócios se reaque-
çam para sair do lugar? Sim, é uma escolha. Mas nós podemos ir além de somente esperar.
Mudar o estado de coisas sig-
pre é possível.
O que eu preciso mudar nesse
o mundo da usinagem
caso. O fato é que depende de nós
rar que a crise política se resolva,
nifica levantar a cabeça e buscar
36
É obvio que não há uma re-
mais duras já vividas nas últimas
que nos expor ou arriscar aquilo que já conquistamos. Nem sem-
renovar e crescer?
entrarmos no ritmo da terra e nos
décadas. Por isso devemos espe-
Sair da zona de conforto dá traba-
Não estaria aí a oportunidade de
cil? O quanto estamos olhando a
criar as situações favoráveis. Isso vida, seja profissional ou pessoal.
Testar uma fórmula diferente?
ceita única, pois cada caso é um
se encontra talvez seja uma das
se aplica aos negócios e à nossa
rios? Talvez um ajuste na rota?
e conseguiram virar a mesa? Não
vemos, com oportunidades tão escassas, temos que nos mover e
fazer? Melhorar processos que
um novo ângulo. O que mudou?
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