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Publicação da Sandvik Coromant do Brasil

issn 1518-6091 rg bn 217-147

Gerenciamento de Ferramentas

Inteligência de processo amplia escopo convencional

ALÉM DA CHURRASQUEIRA

Cozinha também é lugar de homem

GÁS E PETRÓLEO

Segmento ignora desaceleração de mercado



Shutterstock

editorial

O mundo da usinagem ĂŠ composto por mĂĄquinas, ferramentas, materiais e pelo talento de pessoas que, com seu conhecimento e habilidades, enfrentam diariamente os desafios da manufatura. Entre essas pessoas destacou-se grandemente Juraj Bacic, a quem os editores dessa revista prestam uma singela homenagem.

O Mundo da Usinagem


Índice

53

Edição 11 / 2008

Publicação da Sandvik Coromant do Brasil

issn 1518-6091 rg bn 217-147

Gerenciamento de Ferramentas

Inteligência de processo amplia escopo convencional

ALÉM DA CHURRASQUEIRA

Publicação da Sandvik Coromant do Brasil ISSN 1518-6091 RG. BN 217-147 Pressfoto/Edison Vara

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Cozinha também é lugar de homem

GÁS E PETRÓLEO Capa Foto: Classe GC4225 Arquivo AB Sandvik Coromant

Segmento ignora desaceleração de mercado

03 editorial 04 ÍNDICE / EXPEDIENTE 06 GESTÃO EMPRESARIAL: cooperfer cresce com maturidade 12 gestão empresarial: gerenciamento de ferramentas 18 ots: gás e petróleo 26 ponto de vista: Ética e compliance 32 interface: cooperativas de trabalho 36 Interessante saber – notícias: techmei 2008 42 Interessante saber – notícias: Deb'maq 46 Interessante saber: homens na cozinha 50 nossa parcela de responsabilidade 52 MOVIMENTO 54 DICAS ÚTEIS

e-mail: omundo.dausinagem@sandvik.com EXPEDIENTE O MUNDO DA USINAGEM é uma publicação Sandvik Coromant do Brasil, ou ligue: 0800 770 5700 com circulação de doze edições ao ano e distribuição gratuita para 20.000 leitores qualificados. Av. das Nações Unidas, 21.732 - Sto. Amaro - CEP 04795-914 - São Paulo - SP. Conselho Editorial: Aldeci Santos, Anselmo Diniz, Aryoldo Machado, Edson Truzsco, Edson Bernini, Eduardo Debone, Fernando de Oliveira, Francisco Marcondes, Heloisa Giraldes, Marlene Suano, Nivaldo Braz, Nivaldo Coppini, Nixon Malveira, Vera Natale. Editora: Vera Natale Editor Chefe: Francisco Marcondes Editor do Encarte Científico: Nivaldo Coppini Jornalista Responsável: Heloisa Giraldes - MTB 33486 Secretário de Redação: Kazuhiro Kurita Propaganda: Gerente de Contas - Thaís Viceconti / Tel: (11) 2335-7558 Cel: (11) 9909-8808 Projeto Gráfico: AA Design Edição de Arte e Produção Gráfica: House Press Propaganda Revisão de Textos: Fernando Sacco Gráfica: Aquarela

O Mundo da Usinagem



gestão empresarial

Fotos: Izilda França

Cooperfer cresce com maturidade Cooperativa formada por antigos trabalhadores da Eaton é exemplo de como transparência e empreendedorismo são alicerces para o sucesso

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iante da decisão de terceirizar o departamento da ferramentaria da empresa Eaton - Divisão Transmissão, surgiu entre os funcionários a idéia de formarem uma cooperativa. Nasceu assim, em setembro de 1999, a Cooperativa dos Produtores de Artigos de Ferramentaria, ou Cooperfer, como é mais conhecida. Na época, 48 ferramenteiros se uniram para fundar a entidade, que continuou a prestar serviços para a empresa. A Eaton, por sua vez, forneceu estrutura e apoio necessários para que os ex-funcioná

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Fachada da nova sede da Cooperfer. Inaugurado em maio de 2008, o prédio conta com 4.400 m2 de área construída, auditório e salas para assembléias rios iniciassem suas atividades. As máquinas do antigo departamento, 120 no total, foram adquiridas por meio de comodato e um espaço ao lado da fábrica, localizada em Valinhos (SP), foi alugado para facilitar a logística das operações. Logo em seguida, outros dois departamentos (matrizaria e afiação) também passaram pelo processo de terceirização e foram agregados à nova cooperativa, aumentando também o tamanho do grupo. “Cinco meses após a fundação, éramos 64 cooperados. Hoje, já totalizamos 89 pessoas. Estamos

instalados em uma sede própria e renovando também nosso parque de máquinas”, afirma o conselheiro administrativo Vanildo César Biasotto. A demanda, que no início se restringia somente à antiga fábrica, também aumentou ao longo dos anos e atualmente a Cooperfer fornece para outras unidades da Eaton, além de empresas como Bosch, Sata Brasil, Thyssen Krupp e muitas outras, totalizando mais de 30 clientes. “A idéia é desenvolver ainda mais nossa carteira de clientes e, estando alocados


Acima: vista parcial da área de ferramentaria. Ao lado, da esquerda para a direita: Valdir Dezotti, vendedor técnico da Sandvik Coromant, Fausto Zanotti e Vanildo César Biasotto, conselheiros administrativos da Cooperfer

em uma planta mais moderna, logicamente nos tornamos mais competitivos para isso”, explica o também conselheiro administrativo Fausto Zanotti. O novo prédio, com 4.400 metros quadrados de área construída, foi inaugurado em maio de 2008 e é uma das grandes conquistas do grupo. Com um espaço maior, foi

possível aumentar a capacidade produtiva, facilitando também as operações logísticas e a adequação às normas de segurança buscadas pela cooperativa. Além disso, foram construídas salas e montado um auditório para 120 pessoas, onde são realizados assembléias, reuniões e treinamentos entre os colaboradores.

Atualmente no local são usinados dispositivos de fixação, moldes, peças seriadas, protótipos, matrizes, ferramentas, além de serviços de afiação e suporte em ferramentaria. O parque de máquinas é composto por tornos e fresas, convencionais e CNCs, mandriladoras e retíficas, planas e cilíndricas, nos quais sempre são incorporados novos softwares. A unidade possui também salas climatizadas para fabricação de calibradores e peças de precisão, bem como uma máquina O Mundo da Usinagem


Fotos: Izilda França

gestão empresarial

Operação de torneamento duro em produto destinado à forjaria tridimensional para controle metrológico com emissão de certificados rastreáveis à Rede Brasileira de Calibração. Mas nada aconteceu por acaso. Zanotti lembra que no início houve muitas dificuldades, principalmente em relação à legislação e à parte tributária. “O próprio conceito de cooperativismo era não só estranho como desconhecido por nós. Buscávamos informações na internet, através de artigos, livros e reportagens, e aos poucos a idéia foi ganhando forma. Se não fosse o empenho de todos os envolvidos, tudo que se vê hoje seria impossível”.

O vendedor técnico de ferramentas da Sandvik Coromant, Valdir Dezotti, que há oito anos fornece assistência para o grupo, reforça que “o crescimento aconteceu mediante uma grande experiência técnica de cada um. Não se trata somente de empreendedorismo, mas de honestidade e uma base sólida que só é possível quando os envolvidos sabem o que estão fazendo e onde querem chegar”. Autonomia e transparência Biasotto e Zanotti fazem questão de frisar que “cada integrante da Cooperfer tem direito a um voto, ninguém tem mais ou menos

poder. Todas as decisões são tomadas através de assembléias e os investimentos direcionados a partir do entendimento de um conselho, tudo com absoluta transparência. Além disso, anualmente é realizada uma auditoria independente, contratada pela Cooperfer para fazer a análise das finanças”. É importante salientar que todos os investimentos são revertidos ao capital integralizado de forma que, quando a cooperativa cresce, adquire novas máquinas ou equipamentos, cada cooperado está aumentando o capital proporcional à sua participação. Entretanto, os investimentos fazem parte de uma equação delicada. Investir em modernização ou na compra de novos equipamentos significa reduzir as retiradas (salários), ou seja, o crescimento depende do sacrifício de cada um. Muitas vezes para comprar

Usinagem de pequenos lotes de peças seriadas para obtenção de protótipos

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um novo torno é necessário que cada um trabalhe um pouco mais. No entanto, os benefícios sempre serão revertidos para os próprios cooperados. “Vale lembrar que benefícios não significam somente dinheiro no bolso, mas continuar sendo competitivo no mercado”, declara Biasotto. Trata-se de um exemplo de ges­tão, na qual cada um possui igual responsabilidade e, da mesma forma, retorno diante de suas decisões. No entanto, mesmo se tratando de uma cooperativa, existem muitos pontos em comum com as demais empresas, como a busca contínua pelo aperfeiçoamento e pela qualidade na linha de produção. É possível notar na fábrica um trabalho intenso envolvendo o descarte de resíduos a fim

Fotos: Izilda França

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Sala com temperatura controlada, possibilitando maior segurança na emissão de certificados de controle metrológico de cumprir as determinações impostas a todos que dese­jam obter o grau de certificação quanto às normas ambientais. Atualmente, a Cooperfer está sendo certificada pela ISO 9001 para, posteriormente, buscar a ISO 14001, metas que certamente serão alcançadas diante da serie-

dade e participação de todos os cooperados. Com um grupo de ferramenteiros de altíssima qualidade e equipamentos com excelente potencial, a Cooperfer mostra que, para alcançar objetivos, maturidade e transparência são fundamentais. Fernando Sacco Jornalista

Ferramentaria: uma questão de flexibilidade Processos repetitivos ou seriados não fazem parte da rotina de empresas especializadas em ferramentaria. Cada produto representa um desafio à competência técnica, já que se trabalha com configurações diferenciadas e uma variedade muito grande de processos. Com isso, é fundamental que a linha de ferramentas acompanhe a variabilidade

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da produção e a Cooperfer é um bom exemplo disso. Com uma vasta carteira de clientes e inúmeros processos acontecendo simultaneamente, tornou-se essencial um trabalho para diagnosticar as diferentes demandas da produção. “Conforme a necessidade, nós tra­ ze­mos a ferramenta mais adequada, sempre acompanhando os re-

sultados e o desempenho”, afirma o vendedor técnico Valdir Dezotti. “Podemos dizer, sem sombra de dúvida, que estamos atendendo às expectativas, tanto da produção quanto da qualidade do produto final, sempre fornecendo soluções para acompanhar a flexibilidade que existe na linha de produtos”, finaliza ele.



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Gerenciamento de ferramentas:

Shutterstock

muito além do controle logístico

Planejamento tecnológico também é um item indispensável para informações precisas para o gerenciamento de ferramentas 12 O Mundo da Usinagem

O

tema gerenciamento de ferramentas ainda hoje gera certa confusão em suas definições. Temas como controle de estoque, terceirização e dispensadores automáticos de ferramentas (Vending Machines) são vendidos em alguns casos como gerenciamento de ferramentas propriamente dito e levam a imagem de que ele está atrelado somente ao controle logístico das

ferramentas de corte. De fato, os temas citados fazem parte do gerenciamento de ferramentas, porém estão atrelados a uma área chamada planejamento logístico das ferramentas de corte. Não há dúvidas de que isso deva ser tratado com a devida importância para evitarmos fontes de desperdícios no chão-de-fábrica, mas o gerenciamento de ferramentas não é somente isso.


Fotos: AB Sandvik Coromant

O gerenciamento de ferramentas está dividido em três grandes áreas: planejamento tecnológico, planejamento logístico e planejamento estratégico. Com o objetivo de expandir o conhecimento sobre o gerenciamento de ferramentas para além do planejamento logístico, trataremos neste primeiro momento sobre o planejamento tecnológico, que é a área do gerenciamento de ferramentas relacionada à seleção e ao uso do recurso ferramenta de corte. Além disso, é responsável pela documentação técnica, envolvendo dados de corte, controle dos custos e vida da ferramenta. Se tomarmos como base dados de especialistas no setor, podemos afirmar que cerca de 70% das dificuldades encontradas (custos) no chão-de-fábrica são geradas na engenharia de processo. Creio que, de uma forma ou outra, sua empresa já realiza o planejamento tecnológico. A questão é: como? Um dos principais problemas atrelados a esta pergunta diz res-

Exemplo de tela de software gerenciador de ferramentas que auxilia na otimização do processo de fabricação como um todo, não apenas do ponto de vista logístico peito à informação. Processistas e programadores NC têm dificuldades de identificar as ferramentas disponíveis na empresa, gastando grande parte do seu tempo procurando, no chão-de-fábrica, ferramentas adequadas ao processo que estão desenvolvendo. Além disso, não há um devido feedback de informações ao planejamento por parte do chão-de-fábrica, como por exemplo otimização dos dados de corte realizada por um determi­ nado operador. Dessa forma, grande parte das informações geradas

no chão-de-fábrica é perdida, reduzindo o potencial de economia e de ganhos de produtividade. Aliados importantes Além da aplicação de normas e procedimentos que garantam a obtenção de informações e que facilitem a comunicação entre os setores, um fator primordial para um planejamento tecnológico bem executado é o banco de dados de informações sobre as ferramentas de corte, e nisso os sistemas gerenciadores de dados de ferramentas entram como um importante aliado. Atualmente, existem no mercado sistemas capazes de fazer interface com máquinas de presetting, sistemas CAD/CAM, simuladores Os sistemas gerenciadores de ferramentas disponibilizam informações precisas da área do planejamento, fazendo interface com diversos tipos de presetters O Mundo da Usinagem 13


Fotos: AB Sandvik Coromant

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de usinagem, sistemas ERP*, catálogos eletrônicos de fabricantes, sistemas de códigos de barras, chip de dados, sistema de armazenamento automático e até mesmo no próprio comando da máquina. É crescente o número de empresas que contam com modernos sistemas CAD/CAM para auxílio do planejamento de processos e na programação NC, o que permite economias significativas para a elaboração de processos e ferramental adequados. Porém, parte do potencial de economia é perdida pela falta ou desatualização de informações como dados de corte, dados geométricos e desenhos 3D de ferramentas. As interfaces entre um sistema gerenciador de dados de ferramenta com sistemas CAD/CAM e simuladores de usinagem permitem um maior dinamismo no Um dos pontos fortes dos sistemas gerenciadores de ferramentas é a possibilidade de promoverem uma fácil comunicação dos processistas com o chão-de-fábrica 14 O Mundo da Usinagem

Desenhos de ferramentas especiais (2D/3D) também podem ser administrados pelos sistemas gerenciadores. Ao lado, fresa especial planetária Sandvik Coromant para usinagem de eixo-comando desenvolvimento e simulação de processos. Além disso, garantem a melhoria contínua dos processos de fabricação como, por exemplo, a evolução contínua dos dados de corte, pois uma vez identificada uma melhora em determinado processo, essa informação já estará disponível aos demais programadores através da atualização do banco de dados. Banco de dados para alimentar soluções Outro diferencial que envolve os sistemas gerenciadores de dados de ferramentas é a grande facilidade de comunicação do processo com o chão-de-fábrica, pois as informações geradas no planejamento podem ser facilmente acessadas em uma presetter, armazenadas em um chip de identificação ou até mesmo

acessadas no próprio comando da máquina. Dessa forma, com um único banco de dados é possível alimentar todas as soluções que necessitam de informações sobre as ferramentas de corte. Exemplo de sucesso na aplicação de sistemas gerenciadores de dados de ferramentas, a GROB do Brasil situada em São Bernardo do Campo – SP, conta com um banco de dados centralizado e integrado com seus softwares de CAM e simulação/verificação, além de sua presetter. Sendo assim, todas as informações sobre os dados geométricos, desenhos 2D/3D e os dados de corte das ferramentas estão centralizados em um único local e disponibilizados para as soluções descritas acima. Segundo Maximiliano Wagner, gerente de usinagem da GROB do Brasil, os principais benefícios obtidos na adoção de um sistema gerenciador de dados de ferramentas integrado foi a redução do tempo de set up em função da disponibilidade de informações precisas sobre as ferramentas existentes, além de uma maior confiabilidade do processo de



AB Sandvik Coromant

gestão empresarial

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usinagem em decorrência da definição prévia de todos os parâmetros referentes às ferramentas de corte. Dessa forma, a empresa obteve uma redução de 85% das falhas na definição de ferramentas, ou seja, em retrabalhos devido à seleção incorreta de itens para montagem, acarretando um aumento de produtividade para a empresa. Um número cada vez maior de empresas no Brasil e no mundo está adotando sistemas gerenciadores de dados de ferramentas para auxílio na integração de diferentes setores da empresa, melhorando assim a comunicação entre eles e garantindo unificação e agilidade das informações.

E você? De que forma tem realizado seu planejamento tecnológico? Você está sendo eficiente na administração das informações geradas diariamente em sua empresa? Como você poderia melhorar a comunicação entre os setores que necessitam de informações de ferramentas? Pense nisso. Em edição posterior abordaremos o planejamento logístico com mais detalhes. Adir Zonta Junior M. Engº Consultor da Adept Systems *ERP – Enterprise Resource Planning (SIGE Sistemas Integrados de Gestão Empresarial)

Você Sabia?

Quer saber mais? Consulte-nos: Tel. 11 5049-2611 brasil@blaser.com www.blaser.com.br

Através de uma pesquisa realizada em 2007 foi possível observar alguns fatores relevantes sobre o gerenciamento de ferramentas dentro de uma amostragem de empresas do setor metal-mecânico no Brasil. Confira: • 50% das empresas consideram como definição do gerenciamento de ferramentas somente fatores relativos ao planejamento logístico; • 27% apresentam dificuldades no acesso de informações técnicas sobre as ferramentas existentes; • 18% apresentam a documentação das ferramentas em papel; • 55% das empresas não apresentam codificação de montagens de ferramentas; • 54% armazenam os dados de corte somente no programa NC. Fonte: UFSC

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OTS

Gás e petróleo

Agência Petrobras

novos desafios à cadeia produtiva

Desenvolvimento de materiais, máquinas e ferramentas promete aquecer ainda mais a indústria de gás e petróleo

A

descoberta de novas reservas de gás e petróleo na costa brasileira animou toda a cadeia envolvida no segmento petroquímico. Novos investimentos devem aquecer a indústria por muitos anos e os planos para elevar o Brasil à categoria de exportador de gás natural e petróleo são ambiciosos e animadores. Segundo José Formigli, gerente executivo de exploração e produção para o pré-sal da Petrobras, “a meta para 2017 é que os três projetos pilotos e as oito plataformas FPSO (sigla para unidade flu­ tuante de produção e estocagem de petróleo) encomendadas pela 18 O Mundo da Usinagem

Petrobras para a área de pré-sal estejam em produção”. Somente os blocos de Tupi e Iara devem gerar, ao todo, 10 bilhões de barris de petróleo e mais 120 milhões de metros cúbicos de gás por dia. Entretanto, para concretizar esse projeto, devem ser gastos centenas de bilhões de dólares. A Petrobras ainda não quantificou esses valores, mas sabe-se que eles serão bastante vultosos. Mesmo assim, o montante confirmado até 2012, US$ 112 bilhões segundo dados da empresa, é suficiente para aquecer toda a indústria voltada para o segmento. Mas quais serão os impactos e

desafios para o setor metal-mecânico tendo em vista o crescimento cada vez maior desse mercado e a descoberta de novas reservas? Em primeiro lugar, é necessário entender as barreiras geológicas que devem ser enfrentadas para a futura exploração do pré-sal. São dois mil metros de água, mais dois mil metros de sedimento e dois mil metros de sal para se alcançar as reservas de gás e petróleo. A essa profundidade, os materiais devem resistir a pressões altíssimas, em torno de 18 mil libras por polegada quadrada, o suficiente para esmagar uma caminhonete. Além disso, a temperatura pode


Gasoduto Urucu-Coari-Manaus, com 661 km de extensão e mais de R$ 3,5 bilhões em investimentos

Pressfoto/Edison Vara

Materiais Para lidar com agentes corrosivos e ambientes cada vez mais extremos, o desenvolvimento de novos materiais na área de exploração e perfuração tornou-se indispensável, principalmente diante das condições apresentadas

na camada denominada pré-sal. Segundo Carlos Suyama, engenheiro da Coopertratt, afiliada da Uniforja, maior fabricante de anéis, flanges e conexões de aço forjado da América Latina, “provavelmente na linha do présal devamos trabalhar com aços carbono, alto níquel e dúplex, materiais que apresentam alta resistência mecânica e resistência à corrosão”. A introdução do novo aço hiperdúplex também promete revolucionar o mercado. “Estes metais possuem diferentes teores de cromo e níquel em sua composição, oferecendo uma resistência mecânica 15% superior se comparado ao superdúplex, o que o torna ideal para ambientes ainda mais corrosivos”, destaca o engenheiro de aplicação Carlos Alberto Faggiani, da Sandvik Materials Technology.

Agência Petrobras

chegar a 300°C. A corrosão causada pela salinidade e pelas próprias características do produto também deve ser levada em conta. Perfurar nestas condições é tão difícil que a gigante Exxon Mobil abandonou, em 2006, um projeto de poço profundo por conta das altas taxas de calor e pressão. Mas nem tudo está perdido. Desafios como esse abrem novas perspectivas para o desenvolvimento de materiais e equipamentos mais resistentes, modernos e com novas características.

Plataforma P-53, extração de petróleo e gás a profundidades que chegam a 1.080 metros da lâmina de água O Mundo da Usinagem 19


ots Estima-se que serão consumidas mais de oito mil toneladas de chapas na construção de navios e dutos até 2013. A Usiminas, tradicional fabricante deste material, está investindo US$ 500 milhões para ampliar sua capacidade de fabricação, gerando um acréscimo de 500 mil toneladas, e outras empresas, como Gerdau Açominas e a CSN (Companhia Siderúrgica Nacional), também projetam grandes investimentos. Segundo dados do Sindicato da Indústria Naval, nos próximos oito anos o país deve construir 338 navios, a maioria para dar apoio às plataformas localizadas em alto-mar. Máquinas Equipamentos potentes, robustos e com grandes dimensões acabam se tornando quase uma unanimidade neste mercado, garantindo retornos em produtividade e segurança ao lidar com esses materiais.

Arquivo Okuma

A diminuição do teor de carbono nos aços empregados em dutos de transporte de gás e petróleo também é uma tendência. “Isso gera um aumento na resistência a fraturas, bem como uma sensível melhora na soldabilidade. Além disso, a resistência ao serviço ácido (corrosão) e capacidade de deformação plástica durante a operação também são melhoradas. Para compensar a diminuição do teor de carbono são acrescentados elementos microligantes, tais como o nióbio”, afirma Fúlvio Siciliano, metalurgista, especialista em aços microligados para a indústria de gás e petróleo e coordenador do programa de dutos da CBMM – Companhia Brasileira de Metalurgia e Mineração. Entretanto, além de acompanhar o desenvolvimento de novos materiais no mercado, é importante estar atento ao aumento na demanda dos materiais tradicionalmente usados, como as chapas grossas.

Okuma LOC-650: controle harmônico de velocidade do spindle e ciclos dedicados para a recuperação de rosca em tubos e luvas danificados são apenas alguns dos diferenciais 20 O Mundo da Usinagem


Arquivo Haas

Máquina Haas Modelo TL-4. Equipamento usado na indústria de gás e petróleo possui diâmetro torneável de 889mm e diâmetro da passagem de 274,6mm (10,81”) A Okuma, tradicional fabricante de máquinas operatrizes, fornece uma linha específica para o setor, denominada LOC (Lathe Oil Country), com destaque para os modelos LOC 500 e LOC 650. Segundo Glauco Bremberger, gerente técnico da Okuma Latino Americana, “alguns opcionais foram incorporados tendo como base necessidades apresentadas pelos clientes, entre eles o controle da velocidade de corte durante o rosqueamento, controle harmônico de velocidade do spindle e ciclos dedicados para a recuperação de rosca em tubos e luvas danificados”. Para atender às dimensões dos tubos de petróleo, a passagem pelo centro do spindle alcança até 22 polegadas, destaca Bremberger, além do próprio dimensionamento da máquina que é proporcional

à aplicação como um todo. Outra empresa que oferece soluções em usinagem para o segmento de gás e petróleo é a Haas, maior empresa de equipamentos CNCs dos EUA. “Em termos de tecnologias, as empresas têm buscado equipamentos cada vez mais automatizados e com alta capacidade para torneamento. Para esse mercado, nós temos explorado a linha de tornos CNC automáticos com uma grande passagem no eixoárvore”, afirma Tadeu Evangelista, gerente operacional da Haas Factory Outlet Curitiba. Ele destaca a linha TL, ou Toolroom Lathes, indicada para usinagem de metal duro e com opção de troca automática de até oito ferramentas, o que garante mais velocidade dentro do processo. O Mundo da Usinagem 21


ots “As mais indicadas para o segmento de óleo e gás são as pastilhas do grupo ISO M, com destaque para a linha 2000, próprias para os aços inoxidáveis e ligas especiais. Além disso, são muito utilizadas pastilhas do grupo ISO S para materiais mais resistentes ao calor, principalmente aqueles à base de níquel, os chamados “inconéis”. É importante destacar que os aços inoxidáveis apresentam uma capacidade de condução térmica ruim, gerando mais calor na zona de corte. Isso causa um desgaste da ferramenta e aumenta o risco de deformações plásticas das arestas de corte. Para contornar esse problema é necessário atentar para o ângulo de saída nas geometrias da pastilha, o que reduz consideravelmente as temperaturas. “O controle do desgaste é outro fator fundamental, já que a deposição de materiais através de perdas químicas advindas das

AB Sandvik Coromant

Usinagem A utilização de materiais mais resistentes também tende a tornar a usinagem um processo distinto, onde é necessário entender cada vez mais o material para que sejam empregadas ferramentas de forma adequada para proporcionar o melhor retorno em produtividade. “O acréscimo de cromo e de níquel torna as ligas mais abrasivas, gerando, conseqüentemente, um desgaste maior de ferramenta”, afirma Aldeci Santos, supervisor de marketing e treinamento técnico da Sandvik Coromant. A recomendação é utilizar os dados de corte dos catálogos como referência e testar os materiais a fim de encontrar as melhores faixas de avanço, profundidade e velocidades de corte. As pastilhas, por sua vez, acompanham o desenvolvimento de novos materiais e apresentam ângulos, coberturas e grãos diferenciados, mais adequados a uma usinagem hostil.

Classes de pastilha GC1125 e GC1515 também usadas na usinagem de peças da indústria de gás e petróleo 22 O Mundo da Usinagem



Agência Petrobras/Stéferson Faria

ots

Plataforma P-34, que opera no campo de Jubarte ferramentas pode alterar, por exemplo, a resistência à corrosão do material usinado”, afirma Rodrigo Magnabosco, professor titular do Departamento de Engenharia Mecânica do Centro Universitário da FEI. Segundo Glauco Bremberger, também é necessário estar atento aos cavacos gerados no processo de usinagem. “Acredito que a principal particularidade esteja relacionada com o aço utilizado na confecção da maior parte das peças deste setor, que produz um cavaco muito longo durante a usinagem, principalmente durante a operação de rosqueamento, o que nos fez utilizar unidades de bombea­ mento de óleo refrigerante com até 200 bar de pressão para auxiliar a quebra do cavaco. Em adição, devido à precisão necessária para a usinagem das roscas Premium, o conjunto máquina, ferramenta de corte, fixação da peça e processo de usinagem deve estar muito bem ajustado”, afirma. 24 O Mundo da Usinagem

“São materiais que podem custar até US$ 20 o quilo e, por isso, é difícil imaginar uma usinagem partindo de um bloco maciço, fazendo da precisão uma palavra de ordem. Caso contrário, o custo será um problema considerável”, afirma Magnabosco. “Nós precisamos de um bom acabamento e qualidade dimensional com o mínimo ou nenhum espaço para erro, e isso só pode ser alcançado através de um ótimo alinhamento entre máquina e ferramenta”, finaliza. Estar atento aos lançamentos e demandas deste setor garante respostas expressivas em um mercado em constante aquecimento. A máxima qualidade e confiabilidade de ferramentas, equipamentos e materiais abre novas portas, não apenas na promissora indústria brasileira, mas em todo o mundo. Fernando Sacco Jornalista



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pontodevista

Ética & Complia nc

e

Valores e regras para uma só finalidade “A nossa vida se desenvolve em um mundo de normas. Acreditamos ser livres, mas na realidade estamos envoltos em uma rede espessa de regras de conduta que desde o nascimento até a morte dirigem nesta ou naquela direção as nossas ações.” 1 26 O Mundo da Usinagem

A

Ética está relacionada à opção ou ao desejo de manter relações justas. O comportamento ético é aquele voltado para o bem e para a virtude, enquanto valores perseguidos por todos, traduzindo uma existência plena e feliz. A palavra ética, originária do grego “ethos”, traduz a visão do certo e errado, do bem e do mal. A ética é um conceito abstrato, enquanto a moral encerra um conceito normativo e é definida como o “conjunto de regras de conduta consideradas como válidas, éticas, quer de modo absoluto para qual-

quer tempo ou lugar, quer para grupos ou pessoa determinada” (Aurélio Buarque de Hollanda). Tanto são consideradas regras aquelas que disciplinam a convivência em um condomínio residencial quanto as regras de gramática de uma língua, e as regras de trânsito, os 10 mandamentos, as prescrições do médico ou os artigos de uma Constituição. 2 Certos comandos são considerados regras morais quando tomam por base os valores pré-estabelecidos de uma comunidade. Outros são considerados regras jurídicas,


, MAG POWERTRAIN A MAG POWERTRAIN combina operações, sistemas e equipamentos com o melhor desempenho tecnológico do mundo. Através do alto conhecimento em processos, fornece sistemas de manufatura agiles, linhas transfer e máquinas especiais. , MAG HÜLLER HILLE A MAG HÜLLER HILLE é especializada no desenvolvimento e produção de centros de usinagem, células de manufatura, e sistemas flexíveis, todos de última geração, para clientes renomados de diversos setores. , MAG HESSAPP Por mais de 60 anos, a MAG HESSAPP é conhecida como sinônimo em fabricação de tornos verticais do mais alto nível. Desde uma de linha de produtos sob demanda até os sistemas turnkey completos.

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ponto de vista quando visam estabelecer as obri- mentos exigem uma permanente gações e os direitos de determina- vigilância sobre o cumprimento dos indivíduos e coletividades. dos princípios éticos contidos As regras morais, bem como as no conjunto de normas internas regras jurídicas, se validamente ins- de uma empresa, bem como dos tituídas pela comunidade, quando preceitos legais e regulatórios a descumpridas levam o transgressor serem obedecidos por todos a ser punido. Ocorre que a aqueles que com ela se sanção apenas de cunho relacionam. moral não torna uma As corporações É t ic a norma socialmente efique não têm regras Complia & nce caz. Já a sanção regulaclaras e não têm conmentada e confiada a órtrole sobre a prática gãos institucionalizados é de fraudes e atos de capaz de produzir resultados corrupção estão fadadas a e servir de estímulo ao cumprimento desaparecer. No entanto, zelar pela da regra. reputação conquistada ao longo No mundo corporativo con- de anos exige das empresas muito temporâneo, a velocidade dos ne- mais do que a simples criação de gócios e a amplitude dos relaciona- regras e departamentos de geren-

ciamento de riscos e auditoria. As aspirações de uma empresa, seus valores e sua missão devem estar consolidados em um Código de Ética ou Código de Conduta, que encerrará em um corpo de normas a visão do que é bom para a comunidade com a finalidade de promover o bem-estar. A obediência e o respeito ao Código de Ética de uma empresa necessitam ser monitorados por programa abrangente e eficaz de controle da conformidade e de cumprimento das normas, também conhecido por seu termo inglês compliance. O sucesso do programa depende do envolvimento da alta administração das empresas, que



ponto de vista tos contribuem para a revisão e o aprimoramento do programa de compliance que se traduz no aprendizado contínuo da empresa com as suas experiências cotidianas. Todos esses procedimentos possibilitam o desenvolvimento pleno das empresas evitando o prejuízo patrimonial e abalos na reputação. É por intermédio de um conjunto de normas de cumprimento obrigatório que os diversos públicos têm certeza de que se relacionam com empresas capazes de demonstrar sua preocupação pela promoção do bem- estar. Neste sentido, a ética, embora não deva ser confundida com o conjunto das normas a que está relacionada, é responsável por refletir o sentimento de equilíbrio e justiça transposto nos valores e na missão das empresas.

Fotos: Edi Pereira

deve compreender a sua importância e acompanhar de perto sua implantação. O treinamento constante dos diversos públicos, bem como avaliação de desempenho, e a fiscalização dos atos para evitar fraudes e falhas de processos são os outros itens indispensáveis para a eficácia do programa. Os canais de comunicação das empresas (help lines), por sua vez, são auxiliares importantes na solução dos dilemas quanto ao correto comportamento dos colaboradores e sobre os valores e padrões éticos consolidados no Código de Conduta. Por fim, não podem faltar os procedimentos de investigação dos indícios de transgressão das normas, ferramentas essenciais na apuração, pela empresa, dos desvios de conduta que podem culminar na aplicação de sanções. Tais even-

Regina Ribeiro do Valle e Shin Jae Kim Sócias Responsáveis pelo Grupo de Compliance de TozziniFreire Advogados 1

Norberto Bobbio in Teoria da Norma Jurídica. Edipro 1ª Ed 2001 pág. 24 • 2 Bobbio Nota 1 pág. 26

Matéria captada pelo Depto. de Comunicação Corporativa da Sandvik do Brasil

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Cooperativas de trabalho empreendedorismo e profissionalização

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egundo dados da OCESP (Organização das Cooperativas do Estado de São Paulo), as cooperativas movimentaram R$ 15 bilhões em 2007. Atualmente, há 7,6 milhões de filiados às cooperativas rurais e urbanas. Em alguns países da Europa representa quase 70% do PIB (Produto Interno Bruto). No Brasil, apenas 6%, de acordo com a OCB – Organização das Cooperativas Brasileiras. 32 O Mundo da Usinagem

“O cooperativismo é uma forma econômica séria e tem grande potencial para crescer no país e contribuir com o desenvolvimento econômico-social, tanto na geração e melhor distribuição de renda quanto na profissionalização de diversos setores da economia”, analisa Maria Lucia Barros Arruda, diretora da OCESP, entidade que representa 1.035 cooperativas. Segundo ela, para profissio-

Trabalhadores de diversas áreas descobrem uma forma vantajosa de inserir-se no mercado e melhorar a qualidade de vida nalizar-se e sair da informalidade, trabalhadores de diversas áreas encontram nas cooperativas uma forma de organização vantajosa para inserir-se no mercado e melhorar sua qualidade de vida. Segundo levantamento da OCESP, em dezembro de 2007 eram 242 e movimentaram em torno de R$ 1 bilhão, considerando-se apenas os filiados à entidade. Calcula-se que mais de 200 mil


Atualmente, há 7,6 milhões de filiados às coopertativas rurais e urbanas. Em alguns países da Europa representa quase 70% do PIB trabalhadores participem destas cooperativas. Em todo o país, cerca de 680 mil. “As cooperativas de trabalho tiveram um grande crescimento após o advento da Lei 8.949/94, que deixa claro que não existe vínculo de emprego entre a cooperativa e seus associados, nem entre os cooperados e os tomadores de serviços, e também ganharam destaque como forma de ingresso no mercado com base no empreendedorismo”, observa Paulo Gonçalves Lins Vieira, consultor jurídico da OCESP. Mas, para Maria Lucia Arruda, o cooperativismo não pode ser encarado como o fim dos direitos trabalhistas. “É uma forma de combater o desemprego e a informalidade, abrindo novas oportunidades para quem deseja trabalhar”, justifica. Renda e não lucro Um dos fundamentos de tais cooperativas é o objetivo de renda e não de lucro. Na ausência de um único “dono” do empreendimento, o retorno financeiro é baseado na carga de serviço individual, sendo cada um remunerado de acordo com sua produção, pois todos os

sócios são empresários e administradores do seu próprio ofício. A motivação para serem criadas é a rápida geração de trabalho com distribuição eqüitativa de renda, reunindo profissionais congêneres ou em busca de uma nova área de atuação. Uma estrutura jurídica e um estatuto com regras claras servem de orientação para que se possa atuar de forma coletiva, onde cada sócio representa um voto nas decisões tomadas nas assembléias. Baseadas na integração de forças para o alcance de um objetivo comum, hoje várias cooperativas também investem na capacitação e desenvolvimento pessoal e profissional de seus cooperados, atraindo profissionais que viviam na informalidade. “Muitas também geram certas condições aos cooperados que suplantam os benefícios dos contratados pelo regime de CLT, como planos de saúde, odontológicos, de previdência privada, constituídos a partir de uma parcela dos resultados dos sócios, que têm como especial vantagem a autogestão da cooperativa, sem a interferência do capital de um ‘dono’ e nem do Governo”, destaca Inácio Junqueira Moraes Junior, presidente da Cenacope (Central Nacional das Cooperativas dos Profissionais da Educação) e do Sintracoop (Sindicato dos Trabalhadores em Cooperativas e Prestação de Serviços do Estado de São Paulo). “A cooperativa é, ainda, uma oportunidade para o profissional, acima dos 40 anos, poder atuar no mercado sem as restrições impostas

por muitas empresas que costumam optar por profissionais mais jovens. Enquadram-se principalmente nas atividades econômicas que não se agregam ao processo da CLT, devido às constantes mudanças na relação funcionário - empregador. As regras precisam se modernizar, pois está cada vez mais difícil contratar e demitir”, complementa Junqueira. Sob outro ângulo, as empresas contratam as cooperativas para se manter focadas no seu principal negócio e repassar para terceiros atividades secundárias como de limpeza, segurança e afiação de ferramentas, por exemplo, numa relação de contrato de serviços e não de pessoas. José Vicente Ramos, diretor de Planejamento Estratégico da agência de comunicação e marketing Bridge Merz, utiliza as cooperativas associadas à Centralcoop desde o início deste ano. “A diversidade de serviços em diferentes segmentos é fundamental, principalmente em projetos temporários, como pesquisas de campo que têm curtíssima duração, pois é possível atender a demanda de uma neces-

A cooperativa é constituída para o exercício de uma atividade econômica, ou seja, oferece um produto ou serviço para o mercado O Mundo da Usinagem 33


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As empresas contratam cooperativas para se manter focadas no seu principal negócio sidade específica e com eficiência. Este atendimento on demand por parte da Centralcoop tem dado uma resposta rápida para nossa empresa e nos permite focar em nosso negócio, que é a inteligência de mercado e planejamento estratégico, realizando assim um atendimento personalizado para nossos clientes”. Junqueira lembra que “a cooperativa deve ser uma parceira e contribuir na forma de gestão das empresas e não ser vista como uma opção para reduzir custos. Jamais o contratante poderá manter uma relação de subordinação, habitualidade e pessoalidade com o cooperado que realizar o trabalho”. Mais segurança Evandro Corado Oliveira, diretor presidente da Centralcoop, ressalta, porém, que na esteira das cooperativas sérias, que prestam serviços especializados ao mercado, também surgiram os ditos “aproveitadores”, que se apropriam do cooperativismo apenas para intermediar mão-de-obra e obter vantagens indevidas. “A simples intermediação de mão-de-obra é ilegal, conforme entendimento do Tribunal Superior do Trabalho (TST) e da Organi34 O Mundo da Usinagem

zação Internacional do Trabalho (OIT), pois a mão-de-obra não pode ser tratada como mercadoria. Assim, a cooperativa é constituída para o exercício de uma atividade econômica, ou seja, oferece um produto ou serviço para o mercado, resultante da organização do capital, trabalho, insumo e tecnologia. É importante ressaltar que a relação jurídica é formada entre a cooperativa e o contratante através de um contrato que deve apresentar no mínimo preço, prazo, quantidade e qualidade do produto ou serviço”, acrescenta Vieira. SegundoEvandro Oliveira, ainda há muitas cooperativas neste ramo que reúnem multiprofissionais de categorias diferentes e sem qualquer afinidade, como engenheiros e operadores de telemar­keting, o que não é recomendável. “O Projeto de Lei PLC 131/2008, em tramitação no Senado Federal, que deve ser votado até o final do ano e encaminhado para a sanção presidencial, propõe – entre outras mudanças – o caráter uniprofissional das cooperativas com foco numa área específica ou conexa, pois desta forma cria-se uma participação igualitária entre os sócios e objetivos afins”, explica. Para o presidente da Central­ coop, “é um marco regulatório

para dar segurança jurídica a todas as partes envolvidas, posicionando as cooperativas como elementos fomentadores do empreendedorismo e da geração de trabalho e renda de uma forma digna, garantindo os direitos mínimos para os sócios e credibilidade ao cooperativismo”. Outra iniciativa visa regular a atuação das cooperativas parte da OCESP. É o Selo de Conformidade, que deve ser lançado ainda em 2008. É um reconhecimento às cooperativas que cumprirem uma série de requisitos atrelados aos órgãos que regulamentam o cooperativismo e uma segurança para quem as contrata. O cooperativismo, portanto, evoluiu, ganhou novos rumos e se mantém tanto por princípio quanto por alternativa à falta de empregos. Porém, ressalta Evandro Oliveira, “é preciso separar o joio do trigo, principalmente em relação às cooperativas de trabalho, e moralizar esta atuação de uma forma legal para que se sobressaia o empreendedorismo dos que realmente optam por atuar no mercado neste sistema e não se deixe espaço para oportunistas e simples intermediá­rios de mão-de-obra”. Edna Vairoletti Jornalista



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Marcelo Moscardi

notícias

Techmei estreou com sucesso no circuito de feiras internacionais

Techmei 2008

encerra sua primeira edição e comemora resultados Exposição inédita trouxe máquinas e equipamentos de alta tecnologia para modernização do parque industrial do País. Negócios somaram R$ 80 milhões 36 O Mundo da Usinagem

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Feira Internacional de Tecnologia em Máquinas e Equipamentos Industriais (Techmei) estreou com sucesso no circuito de feiras internacionais. Idealizado pela Associação Brasileira dos Importadores de Máquinas e Equipamentos Industriais (Abimei) e organizado pela AM3 Feiras e Promoções, o evento alcançou seus objetivos. Diversas empresas realizaram muitos negócios, movimentando um total de R$ 80 milhões. A Feira reuniu milhares de

visitantes, empresários e técnicos do Brasil e exterior, que tiveram a oportunidade de conferir de perto um dos maiores e mais completos portfólios do mercado para modernização do parque industrial brasileiro. Nos 22 mil metros quadrados do Centro de Exposições Imigrantes, em São Paulo, 300 expositores do setor, de países como Japão, Taiwan, Coréia, China, Suíça, República Tcheca, Portugal, Itália, França e Alemanha, trouxeram o que existe de mais avançado



interessante saber em máquinas tanto para conformação de chapas e tubos de aço quanto para o segmento de plástico, ferramentas, periféricos, equipamentos para metrologia, robôs, manipuladores, softwares CAE/CAD/CAM industriais e sistemas de controle de automação, entre outras novidades. O presidente da Abimei, Thomas Lee, garante que “a Techmei veio para dar visibilidade às máquinas e equipamentos industriais de empresas novas, fabricantes nacionais e importadores, que não têm espaço nas poucas feiras nacionais existentes. A atual crise financeira mostra que o modelo capitalista está errado em ressaltar demasiadamente a ciranda financeira

e que o bom investimento se faz na produção. O que é direcionado ao setor produtivo se multiplica na forma de empregos e riqueza, enquanto o que é investido no mercado financeiro pode representar tanto um lucro exorbitante quanto perdas mais profundas e inesperadas. Para ajudar o setor produtivo a direcionar melhor os seus investimentos é que criamos a Techmei. Para dar à indústria brasileira a oportunidade de conhecer outras máquinas e comparar os ganhos de tecnologia e de eficiência, podendo assim fazer a melhor escolha para a sua empresa”. A AM3, organizadora da mostra, confirmou que a visitação de profissionais do Brasil e do

exterior foi altamente qualificada. “Ficamos muito satisfeitos com os resultados de nossa primeira feira, principalmente porque foi um desafio competir com várias outras já consolidadas no mercado. Valeu a pena. O sucesso do evento comprova isso”, comenta Caio de Alcantara Machado Jr., sócio-diretor da AM3. Palavras dos expositores A Andorinha, importadora exclusiva das marcas Amada (japonesa), Cosen (taiwanesa), ACE e AMS (indianas) e Advance (chinesa), fechou vários contratos importantes. “Foram comercializados centros de usinagem, tornos e serras de fita, tudo para pronta



Marcelo Moscardi

interessante saber

Presidente da Abimei, Thomas Lee (centro), com Caio de Alcantara Machado Jr. e Luis Augusto de Alcantara Machado, diretores da AM3 Feiras e Promoções entrega. A Techmei nos propor­ cionou excelentes negócios”, afirma Antonio Carlos Pereira, gerente de vendas da Andorinha. A Meggaforming, integrante do Grupo Megga, trouxe como novidade a máquina japonesa de corte a laser Amada e já está com dois contratos fechados para 30 e 60 dias. Arilson Brisolla, gerente comercial da empresa, comemora o resultado. “Nossos contatos e negociações foram excelentes na Techmei, valeu a pena participar”. A portuguesa Adira, com tradição de mais de 50 anos em máquinas-ferramenta, é representada no Brasil pela Só Máquinas, de Porto Alegre. Rogério Lammel, proprietário da empresa, explica que “foram vendidas para a Unylaser, de Caxias do Sul (RS), dois centros de corte a laser de última geração e ecologicamente corretos, uma vez que proporcionam grande economia de óleo e energia.“ A paulista Turretini, de Cajamar (SP), é grande importadora de máquinas, equipamentos de metrologia 40 O Mundo da Usinagem

e ferramentas. “Vendemos três tipos de tornos CNC para pronta entrega. Sempre participamos de feiras do setor e a Techmei agora faz parte do nosso cronograma”, comenta Mario Sanz, gerente-geral da empresa. A Simco. de Campinas (SP), importadora de máquinas operatrizes, é parceira da taiwanesa Pinnacle Machine Tool e representante da marca chinesa Quazar. Segundo o gerente comercial Adilson Fernandes Marques, a empresa vendeu dois centros de usinagem, dois tornos e uma fresadora, para serem entregues em 90 dias. “Apesar do momento mundial difícil, valeu muito a pena participar da Techmei”, constata ele. A Techmei 2010 já tem data definida. Ela será realizada de 15 a 18 de março nos pavilhões vermelho e verde do Expo Center Norte. A segunda edição da feira ocupará 30 mil metros quadrados, 50% a mais de área útil em relação à Techmei 2008. RP1 Comunicação



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Arquivo DEB’MAQ

notícias

DEB’MAQ inaugura moderno centro de distribuição Com projeto único e arquitetura inovadora, espaço de 23 mil metros quadrados de área construída será utilizado para armazenamento e teste de máquinas 42 O Mundo da Usinagem

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eferência no mercado nacional de máquinas-ferramenta, injetoras de plástico e máquinas para corte e conformação, a DEB’MAQ inaugurou em outubro um moderno centro de distribuição na cidade de Camanducaia (MG). A obra levou cerca de três anos para ser concluída e custou em torno de R$ 40 milhões. Além de armazenar máquinas, acessórios e peças para reposição, no local também são realizados montagem e testes de máquinas importadas

da Bulgária, Taiwan, China e Japão, que aqui recebem garantia e assistência técnica da DEB’MAQ, assim como as máquinas nacionais fabricadas pelas Indústrias Nardini, também comercializadas pela empresa. O prédio possui ainda área de assistência técnica e sala de treinamento para clientes, com orientações teóricas e práticas sobre o manuseio das máquinas, e espaço para eventos e workshops com 800 m². O centro de distribuição funciona



Arquivo DEB’MAQ

interessante saber

Mauro Trevisan, gerente de Marketing da DEB´MAQ, prevê crescimento com o centro inicialmente com 42 funcionários, mas a previsão é chegar aos 150, segundo o gerente de marketing da DEB’MAQ, Mauro Trevisan. “Para um futuro próximo, estamos estudando instalar uma fábrica no local”, comenta Trevisan. Atualmente, a DEB’MAQ conta com 12 vendedores diretos e mais 40 representantes estrategicamente distribuídos pelo Brasil. Projeto único e arquitetura inovadora O projeto arquitetônico se destaca pela beleza e modernidade, com espaços amplos cuidadosamente estruturados para recepção dos clientes e conforto dos funcionários. No terraço do prédio administrativo há um aconchegante espaço para eventos com jardim ao ar livre. O acesso se dá por meio 44 O Mundo da Usinagem

O projeto inclui espaços amplos e estruturados para a recepção dos clientes e conforto dos funcionários de um elevador decorado com aquário de peixes ornamentais. Há ainda um auditório para palestras e equipamento para videoconferência. Para os funcionários, também foi planejada toda uma estrutura com cozinha industrial, academia de ginástica e vestiários com duchas, um complexo que faz jus ao investimento. Sobre a DEB’MAQ Fundada em 1997, a DEB’ MAQ do Brasil Ltda. iniciou suas atividades focada no setor metal-mecânico, em princípio comercializando peças de reposição e prestando serviços de treinamento, assessoria e assistência técnica. Mais tarde, incorporou também aos seus negócios a comercialização de máquinas, desenvolvendo em 1999 uma marca própria, a Diplomat, conhecida pela tecnologia avançada e alta qualidade, atestada primeiramente com a certificação ISO 9002, obtida pela DEB’MAQ em 2000, e depois com a ISO 9001:2000, conquistada em 2003. Ainda em 2003, a empresa resolveu ampliar seu leque de negócios, iniciando suas atividades na Divisão de Plásticos e sedimen-

tando sua participação também nesse mercado a partir de 2006, com a comercialização de máquinas injetoras de termoplásticos e acessórios. Na área de prestação de serviços, criou em 2003 a UMDT – Unidade Móvel de Difusão Tecnológica –, que atende às mais diversas regiões do País na área de manufatura industrial, prestando consultoria e assistência técnica para o desenvolvimento de pequenas e médias empresas, além de promover a atualização, difusão e transferência de tecnologia para instituições de ensino técnico e de qualificação de mão-de-obra. Sua sede administrativa localiza-se no bairro do Brás, em São Paulo, onde está montado um dos quatro show rooms da empresa (os outros três, mantidos por representantes, ficam em Florianópolis, Porto Alegre e Curitiba). A DEB’MAQ possui ainda uma filial em Campinas (SP) e um centro de distribuição em construção (iniciada em 2006) na cidade de Camanducaia (MG), que opera parcialmente desde 2007. Também em 2007, com objetivo de expandir ainda mais sua atuação no mercado, inaugurou sua primeira loja em Caxias do Sul, que foi ampliada com a recente aquisição da DN Ferramentas, tornando-se uma das maiores do segmento no país em termos de variedade, agora com o nome de DEB’MAQ DN. Maurício Goes Jornalista da Atitude Assessoria em Comunicação



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Homens na cozinha

A cozinha e o ato de alimentar as pessoas sempre foram terrenos surpreendentes e muito contraditórios

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té o século XIX, no âmago das famílias ricas do mundo moderno, a nutrição estava a cargo de serviçais, tanto masculinos quanto femininos. Por outro lado, nas classes subalternas, ela sempre foi tarefa materna, com a mãe auxiliada por outras mulheres da família. Contudo, quando se tratava de preparar alimentos para os reis, os nobres e os papas, a cozinha estava sempre sob os cuidados de um homem. Qualquer pesquisa nos revela que os cozinheiros famosos foram sempre homens. Nos dias de hoje, a maioria dos 46 O Mundo da Usinagem

chefs de restaurantes é homem e apenas recentemente começam a aparecer as primeiras mulheres que a ele se equiparam, inclusive gerenciando cozinhas de locais importantes. Assim, a nossa tão conhecida frase “cozinha não é lugar de homem”, deve ser localizada no âmbito exclusivamente familiar onde, de fato, eles fazem de tudo para não entrar. Ou faziam? O site www. homemnacozinha.com cumpre o grato papel de mostrar que a história não é bem assim e que a contradição está velhusca e pron-

ta para ser aposentada. De fato, cada vez mais os homens se aventuram na cozinha, mesmo no ambiente doméstico. Não que eles estejam assumindo a inteira responsabilidade pela nutrição da família, mas já é freqüente que sejam eles a programar, realizar e oferecer os jantares mais importantes ou aquele almoço especial para os amigos. Não se trata, portanto, da masculina tarefa de acender as brasas do churrasco e ficar sofrendo perto da escaldante churrasqueira. Estamos falando do que os ameri-


met cooking”, temos elaborações complicadas, com carnes flambadas ao cognac, camarões ao molho de maracujá e creme de leite, risoto de flores de abóbora, pasta ao molho de vodka e salmão... Não apenas os novos lares começam a ter cozinhas adaptadas às sessões de divertimento do dono da casa como várias empresas captaram a nova tendência e ofe-

canos chamam, bem à francesa, de “gourmet cooking”, ou a cozinha de quem entende. É importante, aliás, distinguirmos, dentro da terminologia francesa, a diferença de “gourmet” e “gourmand”, o primeiro significando entendido em culinária e de bom gosto e o segundo... é o nosso conhecido “comilão”. E, na lista dos pratos do “gour-

Cozinheiro de brasa e facão

Rogério Mesquita/Foto Itália

O chimarrão e um caldo de feijão dão a largada. Há quem asse, outros servem, animam o encontro à base de picanhas, maminhas e aí surge a famosa costela, assada em forno à lenha por oito horas, especialidade que é servida a cada encontro. Também não faltam salsichão, costelinha de porco, saladas verdes, tomates e maionese de batatas. O dono da idéia, e do pedaço, é Wilson D’Agostini, sócio-diretor da ARWI, que nos diz que “a idéia surgiu da necessidade de ampliar o tempo de convivência entre os colaboradores da ARWI e os clientes.

D’Agostini no espaço reservado ao cultivo de ervas e temperos

A confraternização, o encontro e a partilha aproximam as pessoas. Os convidados são sempre os clientes e seus colaboradores. Geralmente ocorre em meio a um período de treinamento e aperfeiçoamento, para melhor aproveitamento com uso correto de nossos produtos. A atividade abre espaço para contatos entre colaboradores e clientes em um ambiente mais descontraí­ do”, explica. Percebemos, porém, que há mais que isso, pois no fundo do espaço de convivência, detectamos “O Cantinho da Gema”, onde ervas e temperos são cuidadosamente cultivados e seu perfume e sabor preservam a memória de dona Gema D’Agostini, mãe do idealizador. D’Agostini, de fato, só pode se a­venturar nessa empreitada porque, além da boa vontade, churrasquear é tradição familiar e ele também sabe fazer uma feijoada, carne de panela, moqueca de peixe e macarrão com galeto. E também faz o jantar de domingo na casa do pai, para 20, 25 pessoas. Passou em nosso teste, mas tudo isso ainda não convenceu a esposa. Em casa, só com ordem da patroa!

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Julio, Wilson, Lins e Felipe: amigos apreciam o resultado do trabalho do chef recem reuniões culinárias, em que seus funcionários podem ser “chef por um dia”, cozinhando diante de amigos e clientes e assim testan-

do, se não suas reais habilidades, ao menos a solidariedade dos presentes... Mas quantos desses novos chefs sabem fazer aquele arroz com feijão, carne moída bem soltinha e ovo frito com as bordas rendadas que povoam nossos sonhos como a “melhor comida do mundo, aquela da minha mãe”? Será que as próximas gerações sonharão de saudade daquela torta de escarola recheada de alho porró triturado, mangas verdes e rodelas de limão que só o papai sabia fazer?... Equipe OMU Shutterstock

Amarildo Dallegrave/Arwi

interessante saber

Receitinha gourmet Talharim 5 Queijos com Rúcula e Tomate Seco Ingredientes - 1 pacote de talharim - 200g de queijo prato ralado - 200g de queijo provolone ralado - 100g de queijo parmesão ralado - 100g de queijo gorgonzola em pedaços - 200g de queijo mussarela ralado - 200g de creme de leite - 1 cebola ralada - 1 colher de sopa de manteiga - 1 maço de rúcula - tomates secos a gosto - sal a gosto

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Modo de preparo Cozinhe o macarrão “al dente” e reserve. Na mesma panela derreta a margarina e doure a cebola, abaixe o fogo e acrescente todos os queijos mexendo para que eles derretam bem. Desligue o fogo, acrescente o creme de leite, coloque sal a gosto e jogue a rúcula já picadinha (como cheiro verde) sobre o macarrão. Disponha num refratário e decore com os tomates secos.



Que crise é essa?

N

ão se fala em outra coisa. O mundo está em crise e todos buscam uma forma de contorná-la e entendê-la, levantando uma nova questão: O que de fato está sendo ameaçado? A indústria continua produzindo de olho no Natal. Dados do IBGE revelam que entre agosto e setembro a produção industrial cresceu, em média, 1,7%. A venda de máquinas, por sua vez, apresentou alta de 15,78% até setembro, de acordo com a Abimaq. Entretanto, apesar de muitos investimentos estarem em curso, estatísticas como estas não significam que nada está acontecendo. Todos buscam um número, um dado que oriente e mostre que direção seguir, e, enquanto não o localiza, adotam medidas muitas vezes mais fortes do que talvez fossem necessárias. Nós do segmento metal-mecânico sempre buscamos a redução do custo total de usinagem, este é um fato. Se as vendas forem afetadas, a lucratividade precisa ser mantida, fazendo da redução de custos o objetivo a ser alcançado, agora mais do que nunca. Vamos colocar a lupa em nossos processos, pois crescer acompanhando o bom momento da economia não foi uma tarefa difícil, o desafio agora é transformar a crise em um momento de oportunidade, um desafio à competência, capaz de nos conduzir à superação e ao amadurecimento. Essa prática pode fazer cada um de nós sair na frente, ganhar em competitividade e, porque não, aumentar a lucratividade. Para tanto, devemos perder o temor da mudança e, da mesma forma, confiar em nossos parceiros, não apenas no que se refere a prazos, logística, e tantas outras variáveis e invariáveis. Precisamos perder o temor de acreditar nas parcerias e fornecer os máximos subsídios para traçar estratégias conjuntas.

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Estamos aqui para isso e as soluções não são poucas. O Programa de Incremento da Produtividade, mais conhecido como PIP, a utilização de ferramentas especiais, a revisão de antigos processos, o suporte dado através dos fornecedores (todos englobando o conceito de economia da manufatura) são soluções que não só garantem um diferencial competitivo, mas legitimam o poder que há nas parcerias. A crise é um bom momento para identificar gargalos e pensar no nosso posicionamento diante do mercado é fundamental. A grande verdade é que nenhum de nós tem certeza do que virá. Os números que tantos procuram só serão conhecidos após sua ocorrência – e a crise não é prova disso? Já é passado o momento das especulações, a hora é de agir. Fortalecer processos, investir no desenvolvimento e cultivar as parcerias – essa é a nossa parcela de responsabilidade. José Edson Bernini Gerente Nacional de Vendas Sandvik Coromant

Adriana Elias

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MOVIMENTO SANDVIK COROMANT – PROGRAMA DE TREINAMENTO 2009 Mês

TBU

TBU Noturno

UMM

TFR

EAFT

EAFT Noturno

EAFF

EAFF Noturno

OUT

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TUCAS

TGU

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Jan Fev

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22, 23 e 24

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13, 14, 15 e 16 10, 11, 12 e 13

03 e 04

17, 18 e 19

28, 29 e 30 05, 06, 07 e 08

19, 20 e 21 09, 10, 11 e 12

Dez TBU - Técnicas Básicas de Usinagem – Diurno e Noturno

OUT - Otimização da Usinagem em Torneamento

TFR - Técnicas de Furação e Roscamento com fresa de metal duro

OUF - Otimização da Usinagem em Fresamento

EAFT - Escolha e Aplicação de Ferramentas para Torneamento – Diurno e Noturno

TUCAS - Tecnologia para Usinagem de Componentes Aeroespaciais e Superligas

UMM - Usinagem de Moldes e Matrizes

TGU - Técnicas Gerenciais para Usinagem

EAFF - Escolha e Aplicação de Ferramentas para Fresamento – Diurno e Noturno

DPUC - Desenvolvimento de Processos para Usinagem Competitiva

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Anunciantes nesta edição O Mundo da Usinagem 53 Arwi. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 24 Atlas Máquinas. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 5 Autodesk. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 15 Blaser . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 16 Casa do Metal. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 21 CIMM. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 52 Cross Hueler . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 27 Deb´Maq . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 53 Diadur. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 38 Dormer . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 29 Dynamach. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 41 Efep. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 43 Esab. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 3ª capa Goodyear. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 17 Grob. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 11 Haas . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 9 Hanna . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 22 HDT . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 37 Hexagon . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 23 Intertech . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 39 Kabelschlepp. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 30 Kone . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 49 Maclin. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 40 Mazak. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 28 Mitutoyo . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 25 Okuma. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 35 ROMI . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 51 Sanches Blanes. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 20 Sandvik. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 4ª capa Sandvik Local. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 45 Selltis. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 2ª capa Stamac . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 47 Turrettini . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 31 Vitor Buono. . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . . 48

# CORRIGENDA: Na matéria “Parceria Man Ferrostaal e Prima Industrie”, publicada na Revista O Mundo da Usinagem nº. 52, o crédito das fotos da empresa Jost, à página 12, são de Rogério Mesquita/Foto Itália e não de Francisco Marcondes.

54 O Mundo da Usinagem



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