ONFIRE 62 | #surfersarecoolcats | Apr-May 2013

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w w w . o n f i r e s u r f m a g . c o m _ nÂş62| ano XI| Abr.Mai.2013 bimestral| pvp cont 3â‚Ź [ iva 6% inc]

S F i l i p e J e r v i s

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| Na Luta Por um Lugar no Topo

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*O SGX é performance de peso baixo. Utilizando o neoprene exclusivo da Billabong AX1 Superflex, combinado com caracteristicas inovadores, sentes o fato como uma segunda pele.O novo SGX desta estação é até à data o nosso fato mais leve e flexível.



PROGED SA: infoproged@proged.com





Aura, SA 21 213 85 00


Provavelmente o desejo do fotógrafo da ONFIRE, Carlos Pinto, em fotografar neste spot da linha do Estoril era mais forte que o de Filipe Jervis em aqui surfar. Não que esta onda seja má mas só dá com determinada maré e tamanho de mar. Mas o cenário é absolutamente deslumbrante e um dos poucos na nossa costa que dá para encaixar surf com meio urbano e que, no fundo, é isso mesmo que representa este pedaço de costa português! Esta foi a segunda sessão neste pico para fazer esta foto. Na primeira o enquadramento saiu perfeito mas as manobras saíram boas mas não tão perfeitas quanto o cenário, e por isso Jervis foi novamente surfar a “famosa” esquerda da Azarujinha! O que vale é que só muito raramente é que Jervis não produz fotos insanas apenas numa sessão, acontece, mas é muito raro mesmo! Quando esta foto nos chegou à redacção houve uma que ficou comprometida: a que iria ser capa. O motivo deste “dropino” foi simples, esta foto do Jervis representava também a oportunidade de colocar na capa o surfista que faz também o Spotlight da edição, uma combinação que infelizmente nem sempre é possível! Foi assim que Jervis, sem querer, dropinou um outro surfista, cujo nome não vamos revelar, para fazer a sua segunda capa na ONFIRE. photo by carlospintophoto.com

#coverstory

Agora que não podes ver o melhor surfista português de sempre a surfar pois está lesionado, nada como estar em contacto com ele através de mais uma grande entrevista. Neste Life on Tour, Tiago Pires falanos, entre outros assuntos, do momento em que um site comunicou que o seu principal patrocinador iria fazer despedimentos mundiais - e onde o seu nome estava envolvido -, e do momento em que foi receber em ombros o seu grande amigo Adriano de Sousa após a sua vitória em Bell’s Beach. photo by Ricardo Bravo/Quiksilver

#lifeontour

ONFIRE

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A DERIVA


Filipe Jervis é um dos melhores surfistas portugueses, não há ninguém que possa dizer o contrário. É, neste momento, o surfista que melhor domina as várias vertentes dos aéreos, ninguém pode dizer o contrário. Foi vicecampeão europeu mas, a nível de resultados, está numa fase mais crítica. O seu free surf garante-lhe um mediatismo gigante mas o surfista do Guincho ambiciona, procura e trabalha exaustivamente para mostrar resultados competitivos que façam mais justiça ao seu surf. Podes ficar a saber, neste Spotight, como é que Jervis vai continuar a trabalhar por um lugar no topo!

Numa altura em que o surf em Portugal estava para lá de mau, Pedro Boonman, João Kopke e Filipe Jervis decidiram arrancar para a onda mais performance do planeta, Lower Trestles, Califórnia, EUA. Descobriram um dos sítios mais boa onda do mundo (dentro e fora de água), ficaram chocados com a pobreza extrema que se vive na famosa rua das estrelas, Hollywood, alimentaramse a hambúrgueres durante 11 dias e, o mais importante, surfaram Lowers praticamente sem crowd nenhum todos os dias! Fizeram ainda questão de registar fotograficamente os momentos que mais os marcaram, e são também esses registos pessoais que também podes ver nestas páginas!

Todos amamos fotos, sim todos, não há uma única excepção. Por exemplo, Marlon Lipke não só ama fotos como é viciado nelas, ao ponto que faz sempre umas caras estranhas para as lentes. A carantonha que fez ao fotógrafo para esta foto é um reflexo disso mesmo pois só um surfista muito à vontade no mundo das lentes se expõe desta forma eheh. Em mais um excelente #welovephotos tens, como sempre, os melhores (e muitas vezes mais curiosos) momentos de surf e lifestyle de surfistas portugueses que, como tu e nós, amam fotos!

photo by carlospintophoto.com

instagram by Pedro Boonman

photo by carlospintophoto.com

#spotlight

#surftrip

#welovephotos



13 Tiago Pires, conectado! photo by carlos pinto photo.com

Enquanto juntava a ONFIRE a mais uma rede social, contemplava a abertura que o meio do surf tem a este tipo de plataformas. A prova disso é que nenhum surfista profissional ou grande marca, por mais conhecido e expressivo que já seja, sequer considera não estar presente no mínimo no Facebook, Twitter e Instagram. Além disso, em casos como instagram por exemplo, os surfistas e marcas que os patrocinam foram dos primeiros a juntar-se à “festa” e por consequência influenciaram surfistas um pouco por todo o lado a também fazerem parte. Isto confirmou-se recentemente com uma nova aplicação chamada Vine, a tal que juntava às redes da ONFIRE. Ao longo das últimas semanas já me tinha “cruzado” duas ou três vezes com “ela” através de posts no Facebook e Instagram e a curiosidade obrigou-me a descarregar e conhecê-la. É provável que tenha ajudado o facto de o primeiro post que vi ter a presença da Alana Blanchard mas o que é certo é que muito rapidamente confirmei que a maior parte das marcas e muitos surfistas conhecidos já estavam presentes. Uma das marcas estava a “postar” clips de 7 segundos de uma surfada em Teahupoo, enquanto ela estava a decorrer. O surf é um desporto/estilo de vida que vive de imagem e todas estas aplicações contribuem para chegar a mais pessoas de uma maneira mais actual e moderna. Será que algum dia vai aparecer a tendência de voltar às bases e ignorar este tipo de comunicação? Não sabemos por isso até lá podes seguir a ONFIRE da maneira que mais desejares, pelo teu telefone, computador ou simplesmente, como estás a fazer agora, a folhear a revista! Enjoy!

António Nielsen


Reza a História que nos primeiros anos da Psicologia em Portugal uma mulher sofria de paralisação das pernas apesar de todos os exames indicarem que ela não estava paralisada. Um dos primeiros psicólogos portugueses defendia que era uma doença da mente, e decidiu prová-lo, para grande chacota do seus colegas “senhores doutores”! A sua técnica foi simples, brilhante, engraçada e com uma forte componente sexual… Uma vez no seu consultório, o psicólogo mandou todos saírem e fechou a porta ficando a sós com a mulher. Dirigiu-se a esta começando por lhe dizer como estava bonita, ao mesmo tempo que desapertava o botão da camisa… Resultado, a mulher meteu-se em pé e correu a mil à hora para fora do consultório! No surf o poder da mente não é menor e o exemplo que se segue quase, quase, quase me fez lembrar a história acima. Estávamos na Califórnia e o (meu) principal objectivo era filmar. Numa dessas surfadas, Pedro Boonman deu aquele que foi o seu melhor aéreo reverse da viagem e, depois de o filmar, sentei-me na areia. Quando Boonman acabou a rotação demoníaca, mergulhou e quando veio ao de cima olhou para mim. Viu-me deitado. Bateu na água e nesse momento disse ao (Filipe) Jervis: “Vais ver que não vai entrar em mais nenhuma manobra até ao dim da surfada!”. Assim dito, assim feito, Boonman passou meia hora a cair, pois tinha a mente focada na manobra “perdida”.. Isto para dizer reconfirmar que não há nenhuma força mais poderosa que a da mente, e, como já perceberam, não me refiro a levitação, leitura de pensamentos ou dobrar colheres sem lhes tocar, mas sim ao poder que esta tem em controlar todo o desempenho físico do nosso corpo. Antes da situação acima, Boonman estava num ritmo incrível de surf: fluido, rápido e power, encaixava técnica com performance tudo em cima de uma prancha nova em folha. A sua mente devia estar a 150% no que motivação dizia respeito e tudo lhe saía certo mas, depois da filmagem falhada (na sua mente), passou rapidamente para os 200%… negativos! É certo que a resolução do “caso Boonman” não passou por um ameaço psicológico de violação mas sim por uma descrição e confrontação da e com a situação. Longe de ser ou de me querer armar em psicólogo, este caso foi tão flagrante que não pude deixar de confrontar Boonman com o sucedido. E o melhor foi ver que ele compreendeu o que aconteceu, e desde aí tem vindo a trabalhar o lado “psi” do seu surf.. São episódios como este que podes ler na Surftrip desta edição da ONFIRE, uma viagem que, como já percebeste, teve tanto de físico como de psicológico, afinal, não é o surf um equilíbrio delicado destes dois fenómenos? Nuno Bandeira

14 Qualquer surfista quando está com a cabeça no sítio certo está preparado para o seu grande objectivo: elevar o nível de surf. Quando está nessa zona mental, Pedro Boonman mete o seu surf aéreo num novo patamar, tal e qual como aconteceu durante esta sessão de free surf em Leça da Palmeira! photo by carlospintophoto.com



Em média, uma pessoa engole cerca de 295 vezes enquanto almoça ou janta. Vasco Ribeiro gosta de estar fora da média em tudo o que faz, e se no campo surfístico já todos sabemos como se destaca do grosso dos surfistas, só mesmo quem já teve o prazer de almoçar ou jantar com Vasco é que tem conhecimento que ele se destaca dos outros por comer o triplo. Isto faz com que o surfista da Poça engula cerca de 885 vezes em cada refeição, rebentado assim com a média. Só não damos a Vasco a alcunha de “Garganta Funda” porque sabemos que há muitas mentes perversas por aí e que nos iam interpretar muito erradamente! Sues tarados! photo by carlospintophoto.com

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Sabias que no mundo inteiro existem mais de 1830 tipos de pulgas, e que a maior tem quase 10 cm de comprimento? Mas a ONFIRE descobriu recentemente uma nova espécie, e já enviámos provas fotográficas e filmicas para a National Geographic e para a Associação para a Conservação de Espécies em Perigo de Extinção pois acreditamos que este espécimen é uma raridade e que tem obrigatoriamente de ser protegido. Muitas vezes visto aos saltos pelas ondas da Praia Grande, tomis valentipulus, vulgarmente conhecido como Tomás Valente, mede cerca de 165 cm e dá saltos aos quais chamámos slob! Se o vires por aí, protege-o a todo o custo abraçando-o! photo by Jorge Matreno



Se não queres fazer parte do anúncio: “Eu ainda sou do tempo em que… enviava emails para as revista de surf a dar Feedback!”, o que basicamente significa que deves ter os teus sacos genitais a roçar o chão, então tens de seguir o progresso e esse é o Instagram! A ONFIRE já se modernizou, apesar dos nossos sacos não terem subido, e foi por isso que, desde o número passado, o Feedback passou para Instafeed! Fica com a melhor selecção dos últimos dois meses!

1. O magnata dos surfcamps L-Point, Alexandre Grilo (@alexandregrilo), parece andar à procura de um novo spot para o seu próximo empreendimento surfístico. Encontrou esta onda e chamou-lhe “The Bay” mas “esqueceu-se” de dizer ao mundo onde ficava…

2. A picardia de Frederico Morais (@fredericomoraiis) no Instagram com o fotógrafo da casa ONFIRE, Carlos Pinto, é gigante, e, apesar de perder 99% das vezes, volta e meia Morais até se engana e tira uma foto que rivaliza com as do nosso fotógrafo!

3. João Pinheiro (@joaocorreirapinheiro), como todos os surfistas, adora tubos, sejam grandes ou pequenos. Nós não somos excepção e foi por isso que seleccionámos este Instagram para a as páginas da OF.

4. Esta foto só poderia ter sido tirada por três surfistas, Edgar Nozes, Marcos Anastácio ou João Kopke (@joaokopke). O artista foi mesmo o grom Kopke!

5. O treinador Nuno Telmo (@nunotelmo), da Surftechinque, capta todos os momentos dos seus treino… Este momento de Diogo Appleton, derivado do facto do surfista ter decidido abraçar e beijar com toda a pujança as rochas de Santo Amaro, nunca passaria ao lado do Instagram do Telmo!

6. Quando vimos este shots do quiver de Gabriel Medina da Pukas (@pukassurf) comentámos que queríamos uma. Como resposta recebemos o símbolo de uma mão a fazer fixe mas o que queríamos era mesmo uma prancha!

7. Se te dissermos que este Instagram é do Cabo Raso não precisamos de dizer muito mais para descobrires quem é o autor pois não? Isso mesmo Ruben “Raso Explorer” Gonzalez (@rubengonzi).

8. Não poderíamos ter ficado mais felizes quando recebemos a informação de que a Sabrina Heath (@sabrinaheath) tinha feito um #onfiresurf a esta foto recheada de perfeição! Isto sim, foi começar bem o dia de trabalho!!!

9. Completamente viciado nas ondas de sua casa, Ericeira, Tomás Fernandes (@tommyfernandes) é também viciado no pôr-do-sol da sua terra! 20_

btw [ aka by the way caso sejas ignorante como nós] | Se quiseres ver os teus Instagrams preservados para os próximos séculos nas páginas da ONFIRE então tens de escrever nas tuas fotos #onfiresurf



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28 de Março começou o mais importante circuito de surf em Portugal, a LIGA MOCHE. Realizado na Costa da Caparica, o MEO Caparica Pro by Rip Curl foi uma das etapas mais difíceis de realizar dos últimos anos devido ao excesso de swell. Quase todos os melhores surfistas do nosso país estiveram presentes mas o grande vencedor foi o local Francisco Alves que assim conseguiu a sua primeira vitória no circuito e a liderança do mesmo. Frederico Morais terminou em segundo lugar enquanto que Vasco Ribeiro e João Guedes ficaram empatados em 3º lugar. Já a prova feminina foi vencida por Camila Kemp, também uma estreia no primeiro lugar do podium da Liga. photo by carlospintophoto.com

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1 de Abril foi o dia que Tiago “Saca” Pires competiu pela 9º vez no WCT contra o seu amigo Mick Fannig no Rip Curl Pro Bells Beach (sem mentira). Saca seria assim eliminado no round 3, terminando em 13º lugar. No entanto o seu grande momento foi no round anterior contra o top4 do ranking Michel Bourez quando Tiago mostrou muito bom surf para vencer o heat com uma média de 17.57 contra 17.27. O vencedor da prova seria Adriano de Souza que derrotou o rookie Nat Young na final. photo by ASP

21 de Abril terminou em Leça da Palmeira o Sumol Porto Pro, segunda etapa da Liga MOCHE. A prova tinha-se iniciado dois dias antes na Praia Internacional e, pelo meio, teve um dia quase sem ondas, onde apenas se realizou uma Expression Session e alguns heats da categoria feminina. O último dia teve boas ondas e na final encontraram-se os dois primeiros classificados do ranking de 2012, Vasco Ribeiro e Frederico Morais. Ambos mostraram muito bom surf mas Frederico teve mais ritmo, venceu e assumiu a liderança do circuito. Nas meias finais ficaram dois surfistas da nova geração, Miguel Blanco e Tomás Fernandes, que também mostraram excelente surf até aí! A prova feminina foi vencida pela surfista de 13 anos Teresa Bonvalot, um nome que promete dominar o circuito muito em breve! photo by carlospintophoto.com

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3 de Maio realizou-se na Califórnia o Billabong XXL Awards. Shane Dorian e Shawn Dollar foram os grandes vencedores das principais categorias mas também Greg Long, Keala Kennelly e Chris Shanahan. Portugal estava representado por dois surfistas, João Macedo e António Silva. Os dois surfistas da Praia Grande estavam entre os cinco melhores das categorias Biggest Wipeout, no caso de Macedo, e Biggest Wave, no caso de António. Nenhum dos dois foi premiado mas ambos estão de parabéns por terem chegado a esta fase! photo by Billabong XXL

11 e 12 de Maio realizou-se o Rip Curl Grom Search na Costa da Caparica, um de dois campeonatos que dará acesso a duas vagas para o Grom Search Europeu, uma masculina e uma feminina de sub16. O grande favorito era Guilherme Fonseca mas este surfista acabou por perder nas meias finais. O vencedor da categoria sub16 foi João André, do Porto, que fica assim na “pole position” para conseguir a vaga. Nos sub14 foi João Moreira que venceu, enquanto que Guilherme Ribeiro levou os sub12 e Teresa Bonvalot venceu a categoria feminina.

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uma inacreditável forma de filmares dentro de água!

Camera

DriftHD G h o s t [ 350.00 euros ] Vais alucinar com esta camera! Tentámos, mas não conseguimos MESMO arranjar outra forma de começar este texto sobre a Drift HD Ghost! Há tanto de espectacular a dizer sobre este inovador produto para filmares dentro (ou fora) de água que nem sabemos por onde começar! Bom, comecemos pelo obrigatório: a qualidade da imagem é de sonho! Quando vires o resultado no computador ou TV nem vais acreditar que essa qualidade veio de uma câmera tão pequena. O segredo do sucesso está no facto do design da lente ser composto por sete elementos que captam a luz e as cores da forma perfeita! Outra grande vantagem da Drift HD Ghost, o topo de gama da marca, é que não precisas de a colocar numa caixa estanque pois toda ela já é estanque (até três metros)! Só tens de a colocar na prancha, braço, cabeça, pé, joelho ou onde quiseres, e, filmar! Também já incorporado na câmera está um écran LCD onde podes ver tudo em tempo real antes de gravar. Podes ainda rever o que gravaste, o que é perfeito para refazeres o plano que tinhas em mente mas que não saiu tão bem como querias. Mas sem dúvida que uma das grandes bombas da Drift HD Ghost é o controlo remoto, e que nesta versão da câmera funciona nas das direcções, ou seja, dá informação à câmera do que queres fazer e recebe informação do que a câmera está a fazer, tudo através de um código de luzes. Assim, através do comando, ficarás a saber através de uma cor se a câmera está em modo de fotografia, filme, timelapse ou sequência. Podes, obviamente, tirar fotos ou iniciar e parar a gravação. O comando funciona até uma distância de 10 metros. Mais há mais! Acredites ou não, podes também controlar a câmera através do teu smartphone. Para tal só tens de sacar a Drift Mobile App para o teu telemóvel, e podes ver o que a tua camera irá filmar, mudar os settings, filmar, fotografar e rever tudo através do telemóvel. Quanto ao modo de filmagem tens quatro à tua escolha: 1080p HD (até 30fps) e 720p (até 60fps - o que se traduz em slowmotions espantosos), os mais comuns e que são o equivalente ao formato 16:9, 960p (até 50fps) mas que é um formato 4:3, ou ainda em VGA, que te permite filmar a 120fps mas que já não é HD. A nível de fotografia, em resolução máxima as fotos têm 11 pixéis. As outras opções são 8 e 5 megapixéis. Segundo a marca, a bateria da Drift HD Ghost é a que aguenta mais tempo em todo o mercado deste tipo de cameras: 3 horas de gravação. Com um peso pluma de 167 gramas e um tamanho inferior ao da tua mão, quando a levares para dentro de água nem sentirás que tens algo a mais contigo. Se queres filmar as tuas surfadas e tudo o que a elas está associado - ou se quiseres filmar outra coisa qualquer que te passe pela mente - esta é a forma de o fazeres! Assim que meteres as mãos na Drift HD Ghost acredita que nunca mais vais queres outra! w w w. d r i f t i n n ova t i o n . c o m

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SUPERBrand

GiveAWAY

Este mês os nossos leitores estão cheios de sorte pois os nossos amigos da SUPERBrand estão a oferecer esta prancha modelo Clay Marzo (6’2” x 19” x 2.31” squash). Para ganhar apenas tens de responder aos nossos desafios.

1_ Dizer quem é o teu team rider preferido, nacional e internacional, da marca SUPERBrand;

2_ Ir ao site da ONFIRE procurar o código SUPERBrand GiveAWAY que estará disponível a partir do último dia do mês de Maio;

3_ Ir ao Instagram da SUPERBrand Europa (@mattashapes) fazer “follow”.

Dia 10 de Junho vais encontrar uma imagem deste GiveAway. É lá que vais encontrar a pergunta final que tens de responder e juntar o resto das informações que te pedimos.

Depois é só juntar tudo isto e enviar para staff@onfiresurfmag.com. O primeiro leitor a enviar tudo correcto e der a melhor resposta à pergunta 3 será o vencedor, e terá esta prancha nova da SUPERBrand nos pés muito em breve! Boa Sorte! s t a f f @ o n f i r e s u r f m a g . c o m


*Volcom Stone apresenta “Strange Brains”, uma série na web feita pelos surfistas.


O carve de frontside é o forte do seu surf, mas o seu backside não fica atrás.

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Ricardo Pinto é um dos “habitués” do Guincho, aquele tipo de surfista que se vê na água no dia muito bom e no dia muito mau. Os seus companheiros de surfada são alguns dos melhores surfistas do país, nomes como Frederico Morais, Zé Ferreira, Filipe Jervis e companhia. A ONFIRE pediu ao nosso entrevistado deste mês, Filipe Jervis, para falar um pouco sobre o seu amigo! “O Ricardo, mais conhecido como Macaco, é um dos meus melhores amigos e provavelmente a pessoa com quem eu mais surfo. Tenho vindo a acompanhar a evolução dele durante estes últimos anos, e sem dúvida que deu um grande salto. Quando éramos mais novos entrou em alguns campeonatos Esperanças e chegou mesmo a entrar nuns quantos Nacionais. Sem dúvida que, a surfar, o forte dele são os carves de frontside. Sendo uma pessoa com uma estrutura física bastante bem constituída, o power surf destacou-se desde sempre. Ultimamente tem tentado umas manobras diferentes, mas acima de tudo o que distingue o Macaco do resto das pessoas que não fazem surf profissionalmente, é a pica e a vontade de surfar que tem. Então se for no Guincho, a praia local dele, esteja quase flat e com vento ou estejam 2.5 metros offshore, está lá sempre presente.” FJ

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n o m e Ricardo Pinto c a l Guincho i d a d e 23 anos

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*Personaliza a cor do teu grip com mais de 60 combinações possíveis.


FREDERICOMORAISJUNTA-SEÀIRMANDADEDOABADE | 28

photo by carlospintophoto.com

Voltaram os mais sinistros, estranhos, engraçados, duvidosos, parvos, criativos, inspiradores, aspiradores e sabemos lá mais o quê momentos espantosos, isto tentando traduzir o nome desta rubrica à letra, apenas porque nos apetece! Mas atenção, o que é sinistro, estranho, etc, não são os momentos de “surf” em si pois esses são momentos naturais que correram mal aos surfistas em causa. O que é sinistro, estranho e tudo mais são as histórias - verídicas ou não cabe a ti perceber - que inventámos (ou não…) sobre cada um desses momentos! Diverte-te ou fica em choque com os dois momentos espantosos que se seguem!

“CUCU,TOUAQUI”

photo by carlospintophoto.com

Há pranchas mágicas e há pranchas com manias! As primeiras são aquelas que quando te metes em pé parecem que fazem parte de ti, tal a sua resposta aos teus movimentos. Sentes-te imparável e o melhor surfista do mundo, e a tua evolução com uma prancha dessas é tremenda. As segundas, as com manias, são as que parecem querer sempre puxar para a mesma manobra. São difíceis de domar e muitas vezes têm de ser colocadas de lado. E depois há as pranchas mágicas com manias, e estas são uma dor de cabeça e um pau de dois bicos. Recentemente Ruben Gonzalez teve uma dessas pranchas! “Foi sem dúvida a melhor prancha da minha vida mas ao mesmo tempo a pior!”, contounos. Pelo que percebemos, quando a prancha estava num dia bom, respondia que nem um relâmpago a tudo o que Ruben pedia. Carves, aéreos, tubos, ondas grandes, ondas pequenas, vagalhões, beachbreaks, point breaks, não interessava. “Bastava dizer-lhe: tubo, paulada, aéreo, e ela encaixava tudo na perfeição como se fosse um jogo de vídeo! Foi num dia desses que consegui um dos meus quatro título nacionais!”, desvendou-

Cortes de cabelo estranhos são a tendência deste ano mas quando vimos o novo corte de Frederico Morais durante esta surfada na Praia Grande, percebemos que o seu novo corte de cabelo era muito mais que uma moda! Como podes ver na foto, o “estilo” adoptado, em que apenas o topo da cabeça é rapado em circulo perfeito, é secular, ou não fosse este o “penteado” adoptado pelo nobres homens de fé, os abades! Teria Morais adoptado uma forte convicção religiosa? Se sim, seria Frederico “O Abade” Morais, o primeiro surfistaabade? E como se faz um corte de cabelo à abade? A resposta às duas primeiras questões surgiram quando Morais saiu da água. Depois da surfada, o jovem abade, exibiu uma certa pança de abade, aquela que nos faz dizer que um gajo parece estar grávido, quando tirou o fato. Se tínhamos dúvidas, quando vimos Morais vestir uma longa, quente e pesada túnica castanha com uma corda a fazer de cinto e que na ponta tinha uma cruz, ficámos quase com certezas absolutas da sua conversão... Tivemos essas certezas quando Morais se sentou no Bar do Fundo, do Manuel Cotta, a comer alarvemente e a beber o melhor vinho tinto da casa. “Quando o Abade Morais vem cá o meu lucro dispara 300% tal é o que, como bom abade, come!”, contou-nos Cotta. Pela web, não só descobrimos que Morais é o primeiro surfistaabade, como descobrimos que se candidatou à Irmande do Abade Português. Contactámos o mais alto abade nacional (em cargo) que nos disse que para Morais ser aceite na Irmandade tinha de ter mais de 100 quilos, um requisito obrigatório! “Sim, é verdade, ainda não sou oficialmente um abade. Quero-o muito mas engordar não é fácil, principalmente sendo surfista profissional.”, contou-nos Morais. Questionado sobre como pretendia conciliar a carreira de surfista com a conversão religiosa disse-nos: “É uma questão difícil pois adorava ser abade, não tanto pelo corte de cabelo, mas pelas peregrinações a pé e pela pinga mas… pensei muito, falei com família, e decidi que primeiro está o surf. Mas vou tentar conciliar os dois. Vamos ver...”. Quanto ao mistério de como fazer o corte de cabelo: “Pois... isso é um dos segredos dos abades e como tal não posso revelar!”. Ficámos desiludidos, afinal Morais ainda não é abade, mas respeitámos. Bebemos uma pinga de tinto com ele e demos-lhe um “Amén” de despedida!

nos.“Mas havia dias que parecia que tinha o diabo dentro de si!”, continuou. Segundo percebemos, nos dias não, a prancha de Ruben gostava de contrariar o surfista e/ou de brincar às escondidas. “Não sei o que era pior. Quando me contrariava era mau - muitas vezes dizia-lhe, vamos para a direita nesta, e ela arrancava para a esquerda - mas quando estava numa do brincar ao “Cucu” é que me passava!!!”, disse-nos. “Eu ia num tubo, por exemplo, e do nada ela saía-me debaixo dos pés e escondia-se algures. De repente aparecia do nada e dizia em tom de gozo; “Cucu, tou aqui!!!!”, e eu fulo da vida!”. Pelo que viemos a apurar, o sítio preferido para ela se esconder era nas costas de Ruben, o que deixava o surfista totalmente desnorteado. “Muitas vezes passava dias com a sensação que tinha algo nas minhas costas mas nunca via nada. E vim a descobrir que não era só na água quw ela fazia este jogo, muitas vezes fazia-o fora de água!”, rematou. Ruben acabou por ter de colocar a prancha de lado pois não podia confiar nela a 100%. “Sim fico triste por ter tomado esta medida drástica pois quando estava em dia sim era mágica… Volta e meia ainda vou surfar com ela mas mal se arma em brincalhona, garagem com ela outra vez!”, confessou-nos com uma lágrima no canto do olho.


*Personaliza a cor do teu grip com mais de 60 combinações possíveis.


ASMINHASMELHOREST-SHIRTS NUNCAFORAMDEMARCASDESURF texto by Ricardo Vieira [ricardovieira30@gmail.com]

O não pode mod de lux que p res o velho m surfar, o elo e d , um refe as qu inh car ria u vi A esc e te lev veres eiro ro d s: um e olha p a n é fá à per um ara spo apa cil n fei a te da rti rt ão ção nd r e vo am é? v ph das a e t en últi en oto on er de m by das es u r m ca to m rlo do sp i

Amigo Ricardo: Antes de mais, desculpa a demora em te informar que continuo “vivo”, mas só agora começo realmente a assentar pensamentos. Espero que esta carta – em papel verdadeiro e com selo do correio, quem diria, na era da informática! - te encontre – e à tua família – de boa saúde e com ânimo de viver esta vida, coisa que já tive mais, mas já lá vamos. Aqui na Suécia corre tudo bem, a minha oferta de emprego revelou ser ainda um pouco melhor do que o falado, com mais algumas regalias do que o esperado. Não me preocupo com casa, pagam-na, assim como às outras despesas. Fizeram questão de que tivesse quintal, com jardim relvado e puseram lá todas as ferramentas, novas, necessárias para que me entretenha a escavar terra e a evitar minhocas. Levaram-me a um stand da (…) para escolher um carro. Não puseram limite de preço (acreditas?!). Lembras-te do marreco em que andava ainda há seis meses? Que gastava dois litros aos cem?! Dois litros de óleo de motor, porque de gasolina eram mais uns dez em cima! Andavas tu a sugerir-me um bidon bem derramado nos estofos e ficar a vê-lo a arder na praia ao pôr-do-sol. Ah… bons tempos. Tu e essa tua loucura que não é de adulto e a maralha toda lá do bairro a ajudar à guerra. E agora tenho um (…) novo em folha?!. Outra coisa engraçada é que não preciso de fazer a barba em casa, tenho direito a barbeiro mesmo ao lado da empresa. E no escritório, todos os dias às 10h30 passa a senhora dos bolos e café, mesmo lá dentro ao pé de nós. Sabes quanto custa um bolo e um café? Zero. E tenho um kart com o meu nome e tacos de golfe!!! Para as competições mensais da empresa. Imagina tu, logo eu de tacos de golfe! Tu que dizias que eu era mais taco de basebol e me aconselhavas calmantes fortes (os do teu cão, maluco!) e o lado de fora das grades da prisão. Pareço um beto agora, penteadinho e a andar em cima da relva sem me multarem. Já não me conheço…mas já lá vamos. Aqui pouco se faz, temos de nos habituar a estes dias e noites intermináveis, a este fenómeno que nos faz parecer lagartos à procura de sol. E às vezes fico triste. Tenho tudo e ando triste. Já te aconteceu? Teres tudo, não teres de lutar por nada e ainda assim te sentires um miserável?! Às vezes…sei lá… às vezes gostava mais de estar aí. É tão estranha a mente humana. Tenho uma vida perfeita aqui, não me falta nada e se faltar peço por telefone e amanhã já tenho e no entanto, de vez em quando, apetece-me largar tudo e apanhar o primeiro avião daqui para fora. Aqui há lagos, mas não há ondas nem cheiro a salitre. Há pessoas, mas…não são bem pessoas, são certinhas demais, correctos até cansar, de dobrar o pijaminha antes de sair de casa. É, sem dúvida, primeiro mundo. Mas são frios. Esqueceram-se do amor a um canto. E são silenciosos até doer – parecem o meu carro novo. Gostava de estar contigo, to m com o Valdemar Barata, com o Júlio Porém e a Maria o as ro s? o.co r ia t Cor de rosa a chupar imperiais na esplanada da ca s d pho s o to praia (a propósito já pagaste o que lá devíamos?). n Morro por dentro. Morro de sede no deserto rodeado por água. Quero ir embora. Quero ir ter convosco, agarrar num marreco qualquer e irmos todos surfar a algum lado. Quero ouvir gritos de idiotas no trânsito e dentro de água. De pensar nas mãezinhas deles. Quero procurar lugar para estacionar e não encontrar. Quero deixar a barba crescer até onde me apetecer e depois pagar para cortá-la. Quero comprar os meus próprios bolos e nem sequer gosto de café! Não preciso de um kart aos trinta anos e o taco nº2 mesmo com luva faz-me calos! Quero respirar fundo, gritar, cantar na rua e não me acharem maluco. Sabes que se vendem casacos e t-shirts da (…) e da (…) aqui num centro comercial? (Marcas de surf na Suécia, nunca pensei) Que tenho dinheiro para comprar tudo e pela primeira vez não quero? Salva-me, amigo. Diz-me que está tudo melhor por aí, que posso voltar e encontrar trabalho. É só isso que eu quero. Quero-vos a vocês. Não quero luxos. As minhas melhores t-shirts nunca foram de marcas de surf. RV _30


PROGED SA: infoproged@proged.com


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Miguel

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O Surf está na moda. Mas o Surf em Portugal está muito na moda. Multiplicam-se as actividades do e para o Surf, os investimentos aumentam e nunca se falou tanto desta “nossa” actividade como agora. Literalmente. As conversas sobre o Surf têm vindo a proliferar um pouco por todo o país, numa necessidade crescente pelo conhecimento desta forma de estar na vida, por oposição ao desporto, que também é... conferências, palestras, debates, dos quais a segunda edição do Sagres Surf Culture, no início de Maio, em Sagres, foi um dos pontos altos. O Surf está a ser falado e pensado. E isso é óptimo! Se a isto acrescentarmos os festivais de cinema de Surf como o Portuguese Surf Film Festival e o SAL – Surf At Lisbon, ambos também na segunda edição, e toda uma cultura de exposições de arte ligada ao Surf, ainda um pouco “underground” mas com tendência a crescer, percebemos que o Surf em Portugal não está apenas na moda... está a atingir uma fase de maturidade! A cimentar esta ideia está ainda a faceta competitiva da “modalidade”. O campeonato que atribui os títulos nacionais – a Liga Moche – duplicou o seu prize-money de 2012 para 2013 e tem cada vez mais marcas não endémicas a querer entrar no projecto, com troféus paralelos muito apetecíveis. Mas a “cereja no topo do bolo” desta faceta será o Moche Series – Cascais Trophy – Portugal 2013, uma série de eventos internacionais que colocarão o nosso país no centro do mundo do Surf ao longo dos meses de Setembro e Outubro próximos. O último WCT feminino do ano, duas etapas Prime do circuito de qualificação masculino e um WCT masculino, com um troféu e prémio respectivo para o melhor atleta no cômputo dessas três etapas masculinas, colocam Portugal a competir de igual para igual com a todapoderosa Triple Crown havaiana!... Tudo isto em plena crise financeira europeia, com a austeridade que se conhece, mas numa verdadeira Parceria Público-Privada positiva para todas as partes implicadas. Uma PPP das boas!... 3 milhões de Euros de

investimento, dos quais apenas 25% públicos e os outros 75% privados... só para nos situarmos, o estudo de impacto sócio-económico do Rip Curl Pro Portugal 2012, em Peniche, aponta para um retorno directo de 8 Milhões de Euros na economia local, com um investimento (mais uma vez PPP) de 1,6 Milhões... sem contar com o retorno mediático e a promoção da região em todo o mundo... estou muito curioso por saber o resultado do mesmo estudo para o Moche Series deste ano!... Ou seja, o Surf em Portugal está a mostrar um dos caminhos possíveis para a saída da tão famigerada crise, que tanta gente tem afectado e tanta fome tem espalhado! Sim, fome! O Surf português e os seus dirigentes, as autarquias envolvidas nestes eventos todos (até Mafra mostra querer acordar de um verdadeiro pesadelo!) e provavelmente todos os praticantes de Surf em Portugal, estão a colocar em prática e a apoiar a fórmula que já todos entenderam como certa para uma eventual recuperação da crise... só um grupo ainda não entendeu isso: o governo! No dia seguinte à apresentação do Moche Series, em Carcavelos, o governo apresentou,com toda a pompa e circunstância, no Centro Cultural de Belém, a sua “Estratégia Nacional para o Mar”. Cheia de boas intenções e de números impressionantes!... Sobre o Surf?... nem uma palavra... É, no mínimo, falta de “timing”... Entretanto, o Surf cresce e trata de si, cada vez mais coeso, plural, rico na sua diversidade cultural e a apontar aquilo que tão bem sabe – os caminhos para a saída dos tubos! MP



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Em Portugal, até no Verão somos obrigados a usar a borrachinha a tempo inteiro, caso contrário habilitamo-nos a apanhar uma “bela” doença! Para que não fiques 15 dias com o nariz agarrado ao papel higiénico, só tens de escolher uma destas vestimentas para que passes os próximos meses a surfar quentinho, solto e confortável. Nós mostramos-te as opções, tu escolhes!

Billabong | SGX

[ 3/2mm _ 270.00 € ] Os melhores materiais japoneses compõem este modelo perfeito para o nosso Verão da Billabong. Com um sistema de fecho no peito redesenhado, o SGX tem também as costuras colocadas em pontos estratégicos. O objectivo é simples: garantir uma maior flexibilidade e conforto, que juntamente com a sua excelente capacidade térmica fazem do SGX uma grande opção para quem procura uma segunda pele de Verão! www.billabong.com

C-Skins | Wired Seris

Body Glove | Pr1me

[ 3/2mm _ 289.00 € ] O modelo Pr1me é um dos sucessos absolutos da Body Glove mas a marca decidiu levar este modelo para um novo patamar. Redesenharam o fato tornando-o num dos mais elásticos do mundo! A sua capacidade térmica acompanha a sua flexibilidade, e tens ainda todos os pormenores de um topo de gama incorporado neste topo de gama da Body Glove! www.bodyglove.com

Deeply | Performance

[ 3/2mm _ 289.99 € ] Este é o fato preferido do WCTista e Pipemaster de 2011, Kierren Perrow, assim como dos restantes patrocinados da marca, logo sabes que tens pela tua frente uma excelente opção! Todas as costuras externas são seladas com neoprene líquido, o seu neoprene é o exclusvo da marca, o C-Flex Ultra Stretch, e todo o painel do peito (que vai até ao início dos joelhos) tem um neoprene interior que aumenta a tempeatura nesta zona. Sem dúvida nenhuma mais uma excelente opção a considerares para o Verão! www.c-skins.com

[ 3/2mm _ 99.90 € ] Dando uma maior atenção ao detalhe, os novos fatos da gama Performance da Deeply, uma marca portuguesa de fatos, passaram a ser construídos com um neoprene mais elástico e leve. Todo os modelos possuem agora os novos painéis Plexus-Ultraspan nos ombros, mangas e pernas. Com um preço muito abaixo da média, tens de ter em conta esta hipótese! http://ipaper.sportzone.pt/SportZone/SportZone/Deeply2013/


O’Neill | Gooru Fuze [

3/2mm _ 200.00 €

O novo Gooru Fuze da O’Neill foi pensado para ser o mais leve, flexivel e quente para temperaturas como as do nosso Verão! Com o novo sistema de fecho da marca, o F.U.Z.E, todos os restantes materiais são os mais leves da marca que inventou os fatos de surf. Este é também um dos modelos preferidos de surfistas como Jordy Smith, Cory Lopez ou Timmy Reyes, os principais team riders da O’Neill. www.oneill.com

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Rip Curl | Ebomb Pro+

[ 3/2mm _ 299.95 € ] Este é o fato que a marca australiana apresenta para o nosso Verão. Todo ele fabricado com o famoso neoprene E3 da marca, e que é caracterizado pela sua flexibilidade e leveza extrema, a Rip Curl adicionou mais E3 para criar a máxima mobilidade com o mínimo de restrições! Um bom exemplo desta aplicação é na zona dos joelhos. Um fato com uma elasticidade incrível e que mantém uma excelente temperatura para qualquer dia do nosso Verão! www.ripcurl.com

Xcel | Infiniti Comp [ 3/2mm _ 270.00 € ]

O facto de ter um painel único frontal e traseiro sem costuras e que vai desde o peito aos dos joelhos faz com que este fato tenha uma flexibilidade gigante. O “Comp” no modelo diz muito sobre o fato pois sendo um modelo pensado para competidores é obrigatoriamnete um fato leve e altamente flexível. Com selagem premium e ThermoBamboo incorporado no peito e zona infeior do corpo, tens também a garantia de uma óptima temperatura paras os próximos seis meses que se avizinham! www.xcelwetsuits.com

C R É DITOS O N F I R E S U R F 6 2 The Freakin’ Director Nuno Bandeira | The Psycho Editor António Nielsen Editores de Fotografia António Nielsen + Carlos Pinto + Nuno Bandeira | Art Nerd Marcelo Vaz Peixoto Fotógrafo Residente Carlos Pinto [www.carlospintophoto.com] | Photo maniacs Bruno Smith . Diogo Soutelo João Pedro Rocha . Jorge Matreno . Pedro Ferreira . Sérgio Villalba . Tó Mané | Escribas colaboradores João Rei Marcos Anastácio . Miguel Pedreira . Mikael Kew . Ricardo Vieira . w . Zaca Soveral Contabilidade Remédios Santos | Departamento Comercial António Nielsen Proprietário Magic Milk Shake Produção Audiovisual, Lda | NIPC 506355099 Impressor Lisgráfica | Distribuição Vasp | Tiragem MÉDIA 10.000 exemplares | Revista bimestral #62 Registo no ERC nº 124147 | Depósito legal nº 190067/03 Sede da Redacção|Sede do Proprietário Rua Infante Santo nº39, 1º Esqº, 2780-079 Oeiras Mail staff@onfiresurfmag.com | Interdita a reprodução de textos e imagens.


texto by ONFIRE

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O Sata Airlines Azores Pro é a primeira de três etapas que constituem o MOCHE Series e a única que não se realiza em Portugal Continental. Situada na costa Norte da Ilha de São Miguel está a Praia dos Areais de Santa Bárbara, um beach break de luxo que tradicionalmente tem recebido o Sata Airlines Azores Pro. A ilha de São Miguel é um pequeno paraíso surfistico, com boas ondas, água morna e bons acessos por toda a ilha. Alguns dos picos mais conhecidos do lado Norte são a praia do Monte Verde, em Ribeira Grande, e os areais de Santa Bárbara. A já quase extinta esquerda de Rabo de Peixe quebra um pouco mais a oeste tal como outros picos, como os Mosteiros. Para este encontra-se a mais longa onda da Ilha, a esquerda de Santa Iria, juntamente com muitos outros picos menos conhecidos. No lado Sul encontra-se a onda mais “urbana” de São Miguel, o beach break do Pópulo, e ainda algumas pérolas como Ribeira Quente. Mas não só de ondas vive este local, a sua beleza natural é única no mundo e suas praias, fajãs e culinária atraem viajantes de todo o planeta. A primeira edição deste grande evento realizou-se em Agosto de 2009 na Praia do Monte Verde. Este WQS de 6 estrelas atraiu muitos dos principais candidatos à qualificação para o World Championships Tour (WCT), e ainda contou com alguns tops desse mesmo circuito, como o “nosso” Tiago “Saca” Pires. Saca representou muito bem as cores portuguesas neste evento, conseguindo a única nota 10 do campeonato e um terceiro lugar. Infelizmente, acabaria derrotado por Jadson André que fez a final com o seu conterrâneo William Cardoso, o eventual vencedor da prova. O ano seguinte foi o mais difícil de todos, devido à falta de swell. Durante vários dias a organização não conseguiu fazer mais do que alguns heats do primeiro round dos homens e a prova feminina, que foi vencida pela australiana Laura Enever. No entanto, a beleza natural e a promessa que as etapas seguintes fossem realizadas a partir de Setembro, fez com que os competidores mantivessem a vontade de regressar à famosa Ilha Verde. O evento de 2011, na altura designado de Billabong Azores Island Pro, foi o campeonato que meteu a ilha no mapa do surf mundial. Há quem diga que nos Açores se pode viver as quatro estações do ano em apenas um dia e foi isso que aconteceu nesta etapa, que na altura tinha o estatuto de Prime. Frio, calor, sol, chuva e um tornado, tudo passou por esta etapa mas as ondas estiveram perfeitas. Os areais de Santa Bárbara receberam elogios dos melhores surfistas do mundo, e o mítico Mark Occhilupo, webcaster nesta etapa, considerou a onda de nível de WCT, comentando inclusive que a beleza natural deste local era algo que se podia encontrar em poucos locais do mundo. Entre tubos para a esquerda e para a direita e secções para surf high-performance, nada falhou nesta prova que teve como justo vencedor o ex-campeão do mundo CJ Hobgood. Este norteamericano tinha “caído” do WCT uns meses antes, e esta vitória foi fundamental para voltar a entrar no semestre seguinte. A passagem dos surfistas portugueses por esta prova foi abaixo do que se esperava e apenas Marlon Lipke, que compete com passaporte alemão, passou do round 2. Já em 2012, Tiago Pires novamente se mostrou um grande representante da bandeira portuguesa e obteve um dos seus melhores resultados do ano, um 9º lugar. Mais uma vez com excelentes ondas, São Miguel mostrou a sua perfeição e o surf foi do mais alto nível. Messias Félix foi o surpreendente vencedor desta edição do Sata Airlines Azores Pro, WQS 6 estrelas, numa final 100% brasileira onde Wiggolly Dantas acabou em segundo lugar. Em 2013 esta etapa faz parte do MOCHE SERIES Cascais Trophy e volta à categoria de PRIME. Além de Tiago Pires, poderemos vir a contar com a presença de surfistas portugueses como Frederico Morais, Vasco Ribeiro, Filipe Jervis, Francisco Alves, João Guedes, Eduardo Fernandes, entre outros, como potenciais wildcards..

Frederico Morais poderá não ter seeding suficiente para competir nesta etapa e, nessa caso, ficará dependente de um wildcard. Bottom turn numa das gemas “escondidas” nos Areais de Santa Bárbara. 36



ONFIRE

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A DERIVA


O ano de 2013 será o sexto de Tiago Pires no WCT. Desde que se qualificou, no final de 2007, muita coisa mudou na elite. Muitos surfistas entraram e saíram, provas desapareceram e reapareceram no calendário da ASP e o número de participantes diminuiu de 44 para 32. Mas o português tem segurado a sua vaga com resultados sólidos, à espera da sua vez de conseguir uma vitória. Será em 2013?

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O N F I R E

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p h o t o

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R I C A R D O

B R AV O / Q U I K S I LV E R


Tiago, o início deste ano foi melhor que uns, pior que outros. Conta-nos como foi este arranque... Em termos de pontos foi exactamente igual ao ano passado, os resultados foram idênticos. O início de época é sempre difícil porque nunca estás bem ciente daquilo que vais apresentar. E a verdade é que só consegui ter acesso às minhas pranchas novas lá na Austrália. Fui duas semanas antes, ainda fiz o WQS de Newcastle mas infelizmente esteve um tempo muito mau este ano, com muitas tempestades. Foi difícil experimentar as pranchas e tive pouco tempo para tentar melhorar o meu material. Não querendo dizer que tive más pranchas, pois acabei por competir com pranchas boas, mas até lá estive sempre muito indeciso e acabei por não entrar na competição a transbordar de confiança em relação ao meu material, que é o que se pretende. Acho que em termos técnicos estive bem, acho que surfei bem, notou-se se calhar talvez alguma falta de confiança em alguns momentos, que foi fulcral. Certas ondas em que não podia ter caído e caí, se calhar tinha mudado completamente os meus resultados, nomeadamente no meu primeiro heat com o Medina e o Perrow. Depois de fazer a minha melhor manobra e a melhor onda, caí. Contra o CJ foi a mesma coisa, na minha melhor onda também caí na finalização. Atribuo essas quedas a pequenas faltas de confiança na minha cabeça, que me levam a ir para a manobra um bocadinho baralhado. Se calhar com falta de ritmo, falta de surf, falta de manobras, para poder ter também bem claro na minha memória que estilo de manobra quero fazer para conseguir fazê-la o melhor possível. E foi isso que ditou um bocadinho os meus infortúnios. Manobras arriscadas é o que se espera dos surfistas do WCT, consideras que foi um erro fazê-las naqueles momentos? Acho que todos sabemos que o WCT é um circuito difícil, que é preciso arriscar muito e mostrar que estamos soltos. Mas a verdade é que há alturas em que devemos ser mais conservadores, porque já fizemos manobras que nos vão dar a pontuação e acabamos por estragar o total da onda numa queda. É sempre complicado, na nossa cabeça a nota não saiu, achamos sempre que podemos fazer mais, e eu acho que este ano inconscientemente entrei um bocado com um instinto matador, numa de fazer grandes notas e conseguir grandes scores e acabei por ser prejudicado por aí, por ter arriscado demais. Aquela onda contra o CJ, bastava ter feito uma manobra normal que teria se calhar um 8 e acabei por cair e ter um 6 e tal. Pequenos erros que se mostraram bastante fulcrais depois mas temos de passar por eles para perceber o que se passou, na altura parece que tudo está a correr bem e não conseguimos tirar este estilo de análise no momento. Tu analisas cada heat ao pormenor, ou só passas por ele superficialmente e “siga” para o próximo? Acho que todos nós, que estamos ali, somos competidores experientes, todos gostamos de tirar as nossas elações de cada heat pois é importante não deixar passar a lição para não voltar a errar. Também serve para, quando fazemos heats excelentes, tentar perceber o que se passou e guardar isso para nós, não querendo viver demais a felicidade de ganhar um heat com um grande score pois acho que é aquilo que nós estamos ali para fazer. Analiso bastante, para além de viajar com um camera man que me filma sempre, ainda temos a facilidade dos heats on demand, onde toda a gente consegue analisar bem, é perfeito para analisares e tentares melhorar o teu jogo para o próximo contacto. Antes de Snapper saiu a “famosa” notícia que dizia que a Quiksilver ia despedir parte do team. Neste assunto tiveste um envolvimento maior do que costumas ter neste tipo de temas. Sendo véspera de um campeonato, isso jogou com o teu psicológico ou desconcentrou-te de alguma maneira? Não me desconcentrou minimamente. Envolvi-me porque vi o meu nome envolvido, vi a minha fotografia na notícia e achei ridículo. Hoje em dia a liberdade de expressão toma proporções às vezes descabidas, e achei que os meus fãs não merecem ver aquelas coisas e que devia ter uma reacção. Foi o que fiz mas não mexeu minimamente no meu psicológico. Sei o que tenho com a Quiksilver e se um dia vier a saber alguma coisa não vai ser através dos media. Achei ridícula a situação e revoltou-me um bocado porque hoje em dia estamos muito expostos àquilo que os jornalistas querem fazer. Às vezes acho que os jornalistas também têm de levar na cabeça, não são só os atletas e as marcas, se fizerem um mau trabalho também precisam de sofrer com as consequências.


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Saca considera Hossegor uma segunda casa e poucos surfistas no WCT conhecem t達o bem os cantos desta casa! photo by pacotwo



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E que tal um “high speed floater” para preparar mais um grande carve? photo by Testemale/Quiksilver

Este ano regressaste a Margaret River, uma etapa que foi importante para o tua qualificação para o WCT. O que achas do facto de que esta onda, que muitos não consideram ser muito boa, ter passado a WCT em 2014? Acho que estamos a atravessar uma fase difícil e hoje em dia é cada vez mais difícil suportar campeonatos num universo de alguns milhões. Surgiu ali uma hipótese de segurar mais um campeonato durante uns anos. Há dinheiro do Estado e é um investimento muito grande da parte deles para terem os melhores surfistas do mundo lá. A ASP ainda nos consultou, nós debatemos e foi votado que sim, o consenso geral é que queremos campeonatos. Há grande risco de desaparecerem campeonatos, como foi o caso de JBay, por isso não queremos ficar sem campeonatos. Margaret, apesar de não ser uma onda de sonho, é uma onda boa quando está no seu melhor, que é o que vão tentar assegurar. E foi por isso que voltei este ano pois pode ser um bom treino para o ano que vem, já não ia lá há cinco ou seis anos e gosto de surfar ali. Apesar de ser um sítio complicado de chegar, tens de viajar bastante, às vezes está muito on-shore e acaba por não ficar grande coisa, mas a realidade é que é um sítio onde o meu surf sobressai bastante, são ondas fortes, ondas de linha. Mesmo ao lado está The Box, uma onda considerada com o “slab” original. Há possibilidade de se realizar lá alguma fase do WCT? Sim, é uma possibilidade, aliás este ano eles queriam fazer lá a partir dos quartos de final se houvessem condições, já para testar um bocado para o ano que vem! Fala-nos de Bells. No teu heat contra o Michel Bourez as condições faziam lembrar muito as ondas da Ericeira, isso deu-te alguma confiança adicional? Bells é Bells, é aquilo que se vê, eu sabia que ia ter um heat difícil pois o Michel é um dos adversários mais difíceis que se pode apanhar lá. Estou com um seeding mau este ano por isso vou apanhar sempre surfistas de topo logo no início e sabia que ia ter de entrar com tudo naquele heat. Havia algumas dúvidas, o mar estava a subir e eu ia com uma prancha que só tinha surfado uma vez nela. Mas acho que estava com uma vontade muito grande de não perder no segundo round, não queria ir para casa com dois resultados muito maus. Comecei logo ao ataque e aquela onda correu logo bem. Abrir um heat assim, muda tudo? Não muda rigorosamente nada, até porque eu nem sabia as minhas notas. Subi para o jetski e só queria ir apanhar as minhas ondas. Era a única coisa em que me estava a concentrar e a pensar. Estava super concentrado em finalizar bem as minhas ondas porque ali em Bells a finalização conta muitos pontos, tentei fazer a onda sem cair e finalizar bem naquela secção que é muito difícil de surfar, principalmente quando está grande. Tentei gerir o heat o melhor possível, estar no sítio certo à hora certa, só ir na onda certa. Foi um heat que me correu muito bem mas mesmo assim o Michel ia virando no fim! Aí dá para perceber onde a nossa cabeça tem de estar. Ele precisava de 9.6 e teve 9.5, eu melhorei a minha pontuação e ele ficou a precisar de 9.8 mas quem dá 9.5 também dá um 9.8 por isso acabou por ser um heat muito disputado e serve para mostrar a competitividade do circuito! O Rip Curl Pro Bells Beach foi um campeonato com notas muita altas e com heats decididos com médias altíssimas. Achaste que a escala estava no ponto ou em alguns heats os júris deixaram-se ficar sem grande margem de erro? Acho que a escala subiu bastante e houve heats que, sem dúvida, ficaram sem margem. No heat do Parko houve notas que eu não achei que eram noves e acabaram por condicionar um bocado o resultado. Achei que podiam ter dado para outro lado, mas no final do dia são os júris que mandam! Em determinadas alturas achei um bocado ridículo, estar a ver tantos 9s e até o 10 do Parko, achei que nunca seria o 10, às vezes eles metem-se num lugar de onde não conseguem sair e acabam por se ver obrigados a dar notas descabidas, a meu ver. A nível geral acho que foi um bom campeonato, não tinha mudado grandes coisas na minha perspectiva, talvez o Joel tivesse passado aquele heat com o Raoni, mas não sei, é sempre um bocado estranho pontuar tubos em Bells. Foi um bom campeonato e o Mineirinho foi um grande vencedor, provou durante todo o campeonato que estava com muita fome, que o surf dele estava encaixado na onda. Achei mesmo que ele e o Jordy foram os surfistas do campeonato, juntamente com o Joel que se “retirou” mais cedo.


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A Austrália é o sítio ideal para começar o ano a soltar o rail! photo by carlospintophoto.com

Foste buscar o Adriano de Sousa à borda de água quando ele venceu, alguma vez tinhas feito isso antes? Era o que tu esperavas ou é mais “pesado” do que tinhas antecipado? Nunca tinha feito, por acaso ele é bastante leve e foi por isso que eu fui (risos). Foi muito engraçada a primeira parte na areia, a parte de subir as escadas já não achei tanta piada e depois a parte até ao palco, que ainda são uns 30 metros, já não achei piada nenhuma, já estava mesmo a sofrer (risos). Quando o larguei no palco ia caindo para o lado! Mas pelo Mineirinho valeu a pena, eu tenho convivido bastante com ele este ano, ele até me albergou em Margaret, e é uma pessoa espectacular, grande coração, humilde e trabalhador, e gosto desse tipo de pessoa, sinto-me bem com ele. Quando chegou a altura de voltar para Portugal estavas com vontade ou nem por isso? A Austrália é um país com altas ondas, apetecia ficar mais alguns dias mas a realidade é que já estava lá há 6 ou 7 semanas e já estava com vontade de ir para casa. Estava com uma certa esperança de ser brindado com altas condições em casa mas não tem estado grande coisa. Este Inverno foi horrível, estive cá desde Janeiro a Fevereiro e houve poucas ondas boas. Deu uma semana muito boa em Janeiro mas infelizmente tinha marcado as minhas férias com a minha namorada, e não estive cá. Pensei que, como ia estar cá mais dois meses ia apanhar altas de certeza mas só deu mais um dia bom! Isso também não deve ter ajudado a manter aquele ritmo de surf, que era uma das coisas que queiras fazer diferente este ano, mais surf, menos treino... Não ajudou de certeza, passei mais tempo no ginásio e fui umas vezes a Peniche. Mas depois de alguns dias assim começas a saturar, todos os dias a ir e voltar, fazer um surf e voltar cansado sem ter apanhado boas ondas. Pesa. Quando as ondas estão boas em casa é sempre muito mais fácil.

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Railway significa, como sabes, linha de comboio. Filipe Jervis, João Kopke e Pedro Boonman atravessaram durante 11 dias a linha de comboio mais famosa do mundo surfístico, aquela que dá acesso à inacreditável onda de Lower Trestles, Califórnia, EUA!

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photos by John “Johnny” Gonzalez _ instagrams by ALL _ texto by Nuno Bandei

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“Hey! BJ!”, gritou-me quando me viu pela primeira vez. “BJ is my name and this is spot!”, rematou. Dei-lhe um sorriso amarelo, encolhi os ombros e continuei a filmar. “O maluco da praia!”, pensei! Jervis, Boonman e Kopke usufruíam do seu segundo dia de surf em Lower Trestles perfeito e praticamente sem crowd. Já tínhamos percebido que o ambiente desta parte da Califórnia nada tem a ver com a agressividade que se vive dentro ou fora de água em Portugal, onde todos parecem estar mal com todos e onde a agressividade verbal (e muitas vezes física) rein “Portugueses Go HOME!”, gritava 11 dias depois o mesmo gordo de 200 quilos, como sempre agarrado à sua minúscula câmera de filmar, ligada a uma bateria portátil que por sua vez estava encaixada na bicicleta desdobrável deste atípico californiano. “Your boys suck!!!”, gritava na minha direcção ao ver que Jervis não lhe passava cartuxo quando saía da água! Há sempre um maluco em cada praia. Como já perceberam, este é o de Lower Trestles - informação confirmaram pelos locais. Desde que o sol nascia até que desaparecia, este personagem passava filmava tudo e todos em Lowrers. “Tenho mais de 12 horas de surf filmadas só de ontem!”, dizia orgulhoso a Jonnhy, o fotógrafo que não tinha carro nem telemóvel mas que aparecia em todo o lado de bicicle . Se o gordo stressava cada vez que me via a apontar a câmera para o line-up, dentro de água Jervis stressava com o aluguer do nosso carro e com o seu surf aéreo. Jervis tinha passado os últimos meses a treinar a técnica do seu carve e, ao fim de dois dias, dizia desanimado que já não sabia dar aéreos! “Enquanto não tirar isto do carro da cabeça não vou estar a 100% no surf, tenho a certeza!”, desabafava. Quando na quarta noit regressámos a San Clemente, terra onde fica Lowers, montados naquele que seria o nosso carro até ao final da estadia, Jervis dormiu descansado. Um conselho: certifiquemse sempre que têm o cartão de crédito com plafond pois ali o que vale é mesmo o plástico! Quase que acham estranho pagarmos o que quer que seja com dinheiro vi No dia seguinte, o triângulo de esquerda e direita de Lowers esperava-nos novamente e Jervis parecia um surfista novo! Não que estivesse a surfar mal até aí mas via-se que não estava a 100%! Mas mal tirou o problema do carro da cabeça ficou a 100%, aliás, a 150%. Jervis passava sempre uma boa meia hora a aprimorar o seu bakcside, depois voltava às esquerdas… É normal, quando um surfista treina muito uma vertente do seu surf, que a vertente que melhor domina diminua de rendimento mas é só uma questão de tempo até o equilíbrio se restaurar, agora num nível acima pois, a nova vertente, neste caso o carve de Jervis, já passou a ser constante. Em Trestles, Jervis subiu esse degrau de evolução pois (re)começou a voar como sempre o fez e agora com o power surf perfeitamente incorporado no seu surf! Jervis está numa altura fulcral da sua carreira mas o seu potencial para vingar é gigante!!! Aquele monte ali atrás é o campo de treinos do exército americano e muitas vezes as surfadas em Lower Trestles são ao som de canhões. Pedímos ao Filipe Jervis para não voar muito, não fossem confundi-lo com um avião estranho e virar os canhões na nossa direcçã Jervis não foi capaz de o fazer, e passou os 11 dias a brincar com o seu (e nosso) destino! 48 |

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Aos 22 anos, Jervis já viajou por diversas vezes à volta do mundo, e apesar de nunca ter estado nos EUA, valeu-nos já ter boas temporadas havaianas. Essa experiência d vida poupou-nos no mínimo uma pesada multa. Quando chegas a um cruzamento nos EUA tens de olhar para o outro lado da estrada para veres o semáforo. Quem não sabe disso assume que, não vendo o semáforo no sítio habitual (em Portugal), é um cruzamento sem semáforos e, não vendo um sinal de STOP, assume que tem prioridade. Resultado, não paras! Não fosse o Jervis a berrar “PÁRA!!!”, e a nossa primeira estadia nos EUA seria, muito provavelmente, no Hospit Há dezenas de ondas à volta de Trestles, seja a 5 minutos a pé, a 10 de carro ou mesmo a 45 minutos ou uma hora (e muitas mais há a qualquer outra distância) mas o famos pico de Lower Trestles é, tal e qual como dizem, um wave magnet! Quebre com 20cm ou dois metros, a onda é performance absoluta. Mesmo não apanhando o idílico swell de sul, o pico é inacreditavelmente fun! Tínhamos decidido que não queríamos ficar presos a Lowers mas quando três goofys têm perante os seus olhos uma das esquerd mais perfeitas do mundo para treinar, e praticamente sem crowd - e o que havia era estupidamente acolhedor -, é difícil sair dali. Fizemos investidas a outros picos, para norte e para sul, surfámos boas ondas com pouco e, mais uma vez, amigável crowd mas o íman de Lowers levava sempre a melhor! A verdade é que não houve um único dia, excepto os dois de flat, sem que Jervis, Boonman e Kopke surfassem Lowers! Não chegaríamos a apanhar o swell de sul, aquele que faz as direitas de Lowers serem de sonho e as esquerdas mais curtas mas igualmente apetecíveis. O que um swell de oeste ou noroeste fez de Lowers é transformar as esquerdas em sonhos de goof tornados realidade. As direitas são, com esses swéis e para os locais, um pouco menos apetecíveis mas acreditem que também são incrivelmente “funs”! Quem melhor usufruiu das direitas foi João Kopke, não só aproveitando o facto de todos quererem ir para a esquerda, como certificando-se que se colocava no restrito pico de Lowers ao lado dos surfistas locais que ele sabia que só arrancavam para a esquerda. Este que era o grom da viagem, é um dos surfistas portugueses mais interessantes que poderás conhecer! Foge do estereótipo do comum dos surfistas em tudo menos numa coisa: o seu vício pelo surf. Dono de um saber quase enciclopédico e, infelizmente, incaracterístico para os putos da sua idade, adora música clássica (estuda contrabaixo no conservatório), política e história. A avidez e força com que defende o seu ponto de vista é tão intenso como a sua vontade de estar constantemente dentro de água a surfar. Muitas das nossas investidas de carro para outras praias, como Ocean Beach (40 minutos para sul) ou Salt Creek (1h para norte), transformavam-se em verdadeiras viagens mentais com discussões ávidas sobre o rumo da civilização e do Ser Humano! Além da típica música de hoje em dia, não foram raras as vezes em que as colunas do nosso carro “soltavam” música dos anos 80, com Pink Floyd ou Queen como favoritos, grupos que estão também entre os favoritos de Jervis (a par com o hip hop)!

Quando dissemos que João Kopke tinha de começar a incorporar rotaçõ mais rápidas e voos mais altos ele fez isso mesmo. Lower Trestles é a onda perfeit a para corrigir erros técnicos. 50 |

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pke é um estudioso, um ambicioso da vida e um trabalhador nato, e a sua postura no surf não poderia ser diferente. Verdade seja dita, é mais difícil aceitar um argumento político diferente do seu do que uma crítica ao seu surf. Se no primeiro caso nem 11 dias de viagem serviram para que mudasse nem que fosse um pouco a sua opinião sobre alguns aspectos da sociedade em que vivemos, já no surf foi exactamente o ontrário! Kopke treinava o seu frontside de uma forma altamente metódica, e numa semana corrigiu de uma forma impressionante vários detalhes no seu surf, algo difícil de fazer em tão pouco tempo! Aliás, de dia para dia fazia-o. Quando ao fim do dia, ao sabor de uma Corona, analisávamos as filmagens, na surfada seguinte a preocupação de Kokpe era corrigir os erros apontados, e conseguia-o de uma forma inacreditável. Kokpe era também o mais novo da viagem, e como tal “sofria” na divisão das tarefas mésticas. Lavar a louça, meter e tirar a mesa, ir buscar isto ou aquilo, arrumar a casa, tudo servia de pretexto para que o grom sofresse, tal e qual como manda a boa tiqueta de uma surftrip! O ritmo diário era tal que de noite para noite variava o “soldado” que caía redondo no sofá antes de jantar. A caminhada para Lowers é longa, e se da primeira vez a famosa linha de comboio é excitante de ver, ao fim de uns dias é sinónimo de que ainda falta metade do caminho para fazer, com pranchas, fatos, comida, água e tudo mais às costas! Se há algo que vale a pena adquirir na Califórnia é uma bicicleta. Se no Hawaii há quem compre um carro podre (mas funcional) para o vender antes de abandonar as ilhas, a mesma linha de pensamento é válida para aqui mas para uma bike. Fazer o caminho para Lowers duas vezes por dia, passar o dia inteiro a surfar e não chegar a casa sem mais uma longa paragem no Supermercado, pois todos os dias teimávamos em esquecer-nos de algo importante para o dia seguinte, e juntando ainda o facto de s 4:30 da manhã o Boonman acordar todos com as suas conversas de Skype em alto e bom som, resultavam num cansaço incontrolável. Quando o grom da viagem cai no erro de adormecer antes do jantar, transforma-se ainda mais no alvo a “abater”. A arma escolhida para a cena que poderás ver no clip da Califórnia que sairá no site da ONFIRE foi uma banana, e o carrasco foi o Boonman... E mais não adiantamos! Se algum dia viajares com o Boonman não durmas no mesmo quarto que ele! Não por se agarrar a ti à noite - esse episódio clássico ficou ao cargo do Kopke que se enroscou no Jervis pois sonhava com a sua namorada – mas por, como disse, o “homem” acordar às 4:30 da manhã – ao fim de 11 dias ainda culpava o jet lag – e meter-se a falar ao Skype como se fosse o único Ser na Terra. Uma vez que não conseguíamos combater isso, aproveitámo-lo a nosso favor para dar surfadas para lá do matinal. Se não enfiámos um Xanax na Corona diária do Boonman foi porque todos queriam aproveitar a perfeição californiana ao máximo. Mas, na Califórnia, mais concretamente nas ruas de Los Angeles, e mais concretamente ainda na ruas de Hollywood, irás ver personagens bem mais “excitadas” que Boonman. Excitadas nem é o termo correcto pois se Boonman é um poço de pica natural, estas personagens são poços sem fundo de drogas e álcool. Talvez não haja nada mais real nos filmes que retratam os EUA que as cenas de pobreza deste país. A rua das estrelas é, durante a noite, invadida por putos completamente alterados e por sem-abrigos. Estranhamente ninguém chateia ninguém, mas também em cada esquina há um carro da polícia – e se há uma lição que rapidamente aprendes é que nos EUA não se brinca com a Lei -, mas vês algumas das situações mais marcantes da tua vida. Umas são tão absurdas que quase chegam a ser cómicas, outras são de deixar lágrimas nos olhos, mas todas têm a mesma base: uma pobreza extrema e condições de vida inimagináveis, tudo no país mais rico do mundo!

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Zé Ferreira só passou três dias connosco mas manteve o nível de surf que Jerivs, Boonman e Kopke vinham a manter nesta que é uma das ondas por onde passam constantemente alguns os melhores do mundo. | 53


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| 55 Pedro Boonman já voa alto e com rotações rápidas. Faltava-lhe começar a incorporar as variantes dos aéreos e tendo aquele que é sem dúvida o surfista português que melhor domina essas variantes ao seu lado, o seu amigo Jervis, e estando em Lower Trestles, foi só uma questão de tempo até fazê-lo. Slob abusado!

Ver uma mulher em fim de gravidez deitada na rua, completamente alterada e a alucinar rtemente é, se pensares na vida que supostamente lá vem, angustiante.Essa noite tsmbém não acabou sem vermos um sem-abrigo debaixo de um cobertor a executar movimentos sincronizados... Não sei se o semáforo estava verde há muito tempo, mas só arrancámos quando resolvemos o mistério: o sem-abrigo não estava a ter um ataque mas bater uma valente pívia, ali, no meio da rua e debaixo de uma paragem pública de autocarro. Foi difícil não rir... Ao fim de algum tempo a ver tanta desgraça, rir é uma forma do nosso cérebro lidar com uma realidade dura. E o facto de minutos antes termos visto outro sem-abrigo de cú enfiado no lixo e a berrar sabe-se lá o quê, também não ajudou! Dentro de água, Boonman seguiu o caminho dos seus compatriotas, mostrando que o u surf está ao nível dos melhores nacionais. O seu grande cavalo de batalha é mesmo o lado psicológico, e pode ser o grande travão ao seu enorme potencial. Em Lowers encaixou todo o seu surf de frontside e backside, voando pelos céus de Trestles ao mesmo tempo que largava água pelos mesmos. Um dos momentos psicológicos mais engraçados de Boonman foi quando decidiu fazer a sua primeira tatuagem, marcando para todos nós um momento obrigatória de uma viagem à Califórnia. Fazer uma tatoo aqui é como ir a Roma e ter de ver o Papa, com a diferença que é quase impossível ver este Senhor em Roma enquanto que naquele pedaço de terra há uma tatto shop a cada 50m nas ruas de Hollywood. Apostámos que mal Boonman sentisse a primeira picada iria ou fugir, ou bater no tatuador ou desmaiar, mas o chef Boonman (que ratou que jantássemos bem todas as noites) teve uma reacção inesperada: petrificou! Assim que a agulha lhe tocou, perguntámos-lhe como se sentia... Acreditem, nem um único músculo da sua cara se mexia! Nunca nenhum de nós tinha visto alguém petrificado, e vemos ali esse prazer! Boonman olhava para o infinito, inerte como um ser inanimado. Chamámo-lo três vezes e nem um pestanejar obtivemos! Se Boonman consegue concentrarse desta forma para aguentar a dor, tem uma arma gigante dentro de si. Tem de perceber que no dia em que conseguir usar esta capacidade rara da forma correcta no seu surf (e vida) poderá ser um dos surfistas mais fortes psicologicamente que já existiu. A nossa estadia na Califórnia não acabou sem o Zé Ferreira passar uns dias connosco, a viver um pouco do nosso dia a dia e onde se integrou muito facilmente. Passeou o seu surf também por Trestles, e apesar de não surfar há uns dias não foi necessário mais do que uma sessão para voltar ao seu ritmo. “Portugueses Go Home!”, eram estas as palavras que ecoavam na minha mente no regresso a Portugal. Aquele Ser disforme deve ter ficado radiante quando no dia seguinte a este episódio já não viu lá os portugueses mas será que vai ficar radiante quando para o ano nos voltar a ver na “sua” terra? No primeiro dia que cheguei a Portugal fui à Praia da Torre, dos poucos sítios onde havia umas ondas surfáveis. 200 gajos na água, e a primeira vez que olho para o mar vejo um surfista a dropinar outro. Quando chegaram ao fim da onda, embrulharam-se e, depois de uma troca de galhardetes verbais, ainda trocaram umas bolachada, voltando depois para o pico. “Se ao menos fossem só estes dois os malucos cá do sítio...”! NB

btw: um gigantesco obrigado à agência de viagens Tagus pela ajuda na viagem e pela paciência nas dezenas de trocas de datas e pormenores das datas!

T A GUS Praça de Londres, nº 9C 1000-092 Lisboa e. lisboa.pl@viagenstagus.pt t. 217618920 w w w . v i a g e n s t a g u s . p t


Para

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chegar

ao

topo

um surfista precisa de reunir diversos factores. O p r i m e i ro q u e s e reve l o u e m F i l i p e J e r v i s fo i o ta l e n to n a t u ra l , s e g u i d o i m e d i a t a m e n t e p o r u m f o r t e a p o i o e e s t r u t u ra f a m i l i a r. S e g u i u - s e a i n d a o a c o m p a n h a m e n t o p o r u m a e q u i p a s ó l i d a , a vontade de querer ganhar e os patrocinadores de peso. Uma vez reunidos todos estes factores, Filipe evoluiu de esperança s u r f p o r t u g u ê s p a r a u m d o s c i n c o m e l h o r e s s u r f i s t a s n a c i o n a i s d a a c t u a l i d a d e . A sua mediatização é digna do seu surf mas os seus resultados a i n d a n ã o e s t ã o à a l t u r a d o s e u f r e e s u r f. Os próximos anos serão cruciais para este surfista cujo objectivo é chegar ao topo A ONFIRE quis saber um pouco mais sobre a vida deste surfista e como é a sua luta pelos seus objectivos!


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O N F I R E

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_59 A praia do Guincho é uma segunda casa para Filipe Jervis e é onde faz o seu melhor surf.

Filipe, sempre tiveste um forte acompanhamento por treinadores excepto durante uma fase que durou cerca de uma ano e meio. Sentiste muita falta desse trabalho? O mais difícil, quando não tens treinador, é a disciplina, e era esse o maior medo dos meus pais. Se ia conseguir fazer isto sozinho, acordar às 7 da manhã e ir surfar quando o mar está nojento. Mas eu tinha a certeza absoluta que ia conseguir fazer isso, e fiz. Óbvio que é crucial uma pessoa ter treinador para ser um atleta de alta competição. Ou pelo menos um mentor, um gajo atrás de ti a aconselhar-te. Chegou ali a uma fase em que precisava de um mentor que é o papel que o Rodrigo Sousa tem neste momento. Há quem diga que tens o surf mais moderno de Portugal. Trabalhas muito essa área ou não mais que o resto? Este ano começámos a trabalhar muito no power surf. Voltou a ser uma coisa importantíssima no mundo da competição. Por isso eu deixei os aéreos um bocado de parte e sei que foi a melhor coisa que podia ter feito pois senti imensa diferença no power. Não consegues fazer as duas coisas? Eu não resisto, estou a treinar e o Rodrigo diz-me, por exemplo, para fazer a primeira manobra power em todas as ondas que apanhar. Mas se eu apanhar aquela secção perfeita não consigo resistir. Não quero deixar de dar aéreos pelo surf power pois acho que é uma coisa que identifica muito o meu surf. Estou super atento aos aéreos que se estão a fazer. No outro dia tentei dar o que o Jack Freestone deu em Bali, na final do World Juniors. Tentei e magoei-me no dedo (risos) mas são coisas que me dão muito prazer, tentar fazer coisas que ninguém tenta. O pessoal está tão focado nos campeonatos e power surfing e adaptar-se ao critério de competição, e depois deixam essa parte de lado. Eu gostava de saber transmitir o surf de aéreos que eu tenho em competição mas muitas vezes o mar não está fácil para dar aéreos. Gosto de inventar e procuro estar ao mesmo nível que outros lá fora a nível de aéreos. Dei um stalefish nos Açores que me deu imenso prazer, já tinha acertado alguns mas nunca tinha sido filmado. Agora o que está no topo é dar aéreos “full rotation”, é isso que tento sempre treinar um bocado, excepto quando estou a treinar o surf power. Eu sei que vai ser crucial em competição, se estiver a precisar de um 8 pontos, sei que mais facilmente vou conseguir dar duas manobras power e conseguir esse 8 do que dar um grande aéreo e também ter o 8, pois a probabilidade de o aterrar é muito menor. Já acertaste alguma aéreo mais complexo num heat? E se sim, achas que os júris pontuam bem os aéreos? Acho que não, mas também acho que se desse eles não iam notar a diferença desse para um aéreo mais básico. Tentei no ano passado, um slob no primeiro dia do campeonato de Carcavelos, foi por muito pouco que não acertei. Queria mesmo aterrar porque gostava de saber o que me iam dar. E o surf de rail, achas que já é bem valorizado? Acho que sim, a prova disso são os resultados do (Frederico Morais) Kikas. Os carves deles são bem contabilizados, porque têm de ser! Sei que tem havido alguma discrepância nas tuas notas na Liga, queres aprofundar um pouco esse tema? Tenho vindo a acompanhar isto há alguns anos e as minhas notas realmente dão imensa discussão. Nunca falei com um chefe de júris porque achei que mais cedo ou mais tarde ia parar. Mas voltou a acontecer na Costa por exemplo, tenho ondas em que recebo notas de 4.5 a 7.5... Estive para ir falar com eles no Porto mas acabei por não ir. Quem sai prejudicado sou eu, apesar de tirarem a mais alta e a mais baixa dentro das outras notas também há uma grande discrepância, não devia ser tão grande. Acaba por jogar com a tua auto-estima e com a tua confiança. Penso que fiz uma onda que até foi boa, que pode começar a movimentar o teu heat e sai-te um 3.70. Ser um dos melhores e mais mediáticos surfistas do nosso país traduz-se numa boa recompensa financeira e estabilidade ou, no teu caso, ainda não? Tenho um projecto com a Ericeira Surf & Skate que me abriu imensas portas. É a maior cadeia de lojas de surf em Portugal e uma das maiores mesmo saindo do surf. Não podia estar mais contente com isso, a minha imagem está em todo o lado, dento das lojas e em placards gigantes, e acho que isso é bom pois os miúdos vão comprar coisas de surf ou skate, e a minha imagem está sempre lá. E a realidade é que entrámos na crise há dois anos e o que eu recebo dá para fazer aquilo que quero, pelo menos o mínimo. Tenho ambições maiores, gostava de poder viajar mais e fazer mais campeonatos no estrangeiro. Mas compreendo esta fase e sei que ainda não dá para ter esse investimento em mim. Estou a trabalhar para que um dia consiga viver independente, ter as minhas contas para pagar, a minha casa e o meu carro pois neste momento ainda vivo com os meus pais. Não estou a dizer que isso seja uma coisa má mas com 22 anos já começo a pensar em ter a minha casa. Estou a trabalhar para isso, para um dia ter a minha família, os meus projectos, ainda não dá mas sei que algum dia há de chegar esse dia.


A surftrip da ONFIRE aos Mentawai, “Star Quality”, proporcionou algumas imagens que ainda hoje são do melhor que já passou pelo arquivo da ONFIRE. 60



O que ganhas é tudo novamente investido no surf ou estás a guardar para o futuro? Tudo o que ganho é investido no surf. Seja numa viagem ou algo do género, para viver o meu dia a dia, nunca me faltou nada mas chega o final do ano e se sobrar guardo para mim e uso no próximo ano. O que é que os teus patrocinadores exigem de ti? Sendo uma marca nacional eles vão dar cada vez mais importância ao circuito nacional. Porque é uma Liga extremamente mediática e sendo uma cadeia de lojas nacional faz sentido que o meu nome esteja no topo. Isso e ter resultados no WQS europeu. Acima de tudo tenho de apresentar bom surf. É obvio que tenho os meus bónus por certos resultados, e quero lutar por eles, é sempre bom no ano a seguir ter isso no meu budget, basicamente é isso. Não tens incentivos extra para vídeo e fotografias nas revistas? Era bom ter “photo incentive” pois, sabendo eu que sou relativamente mediático, eram mais uns “trocos”. Mas não faço as coisas pelo dinheiro, faço por mim, porque gosto de fazer aquilo. Trabalhar com as revistas e com os fotógrafos e tentar coisas novas! Gosto de apresentar trabalho, mostrar que estou aqui a fazer alguma coisa. O que tem feito mais pela tua carreira, os resultados ou as fotos e os vídeos? As pessoas esquecem-se muito rapidamente dos resultados de campeonatos... Há quem diga que “só és tão bom como o teu último resultado”... Exactamente, acho que hoje em dia já ninguém se lembra que fui vice-campeão da Europa, que é uma coisa que a única pessoa que conseguiu melhor foi o Saca, e que o Vasquinho igualou o ano passado! Vou tirando os meus resultados, mesmo que não tire os melhores resultados, tento sempre destacar-me durante o dia. Mas na verdade a sensação que tenho é que as pessoas falam mais de mim pelo meu surf nos vídeos e fotos e pelo dia a dia dentro de água. O meu surf não é muito associado à competição porque, tirando o ProJunior, nunca tive resultados expressivos vários anos seguidos, como ser campeão de esperanças várias vezes ou campeão nacional. O Pro-Junior Europeu é um circuito que sempre foi um enorme desafio para os portugueses. Mesmo tu nunca estiveste no top16 e de repente saltaste logo pela disputa pelo título. Consegues perceber o que fizeste esse ano para dar o “salto”? Foi um ano em que andava a treinar bastante, na altura com a Surftechnique. Havia uma pressão acrescida por ser o meu último ano no Pro-Junior pois nunca tinha feito nada naquele circuito. Comecei muita mal o ano, com um 33º, mas era uma etapa de uma estrela. Depois fomos para França e treinámos muito. Sentia-me bem, estava com pranchas boas, focado e preocupado apenas naquilo que consigo controlar, o meu surf e as ondas que apanhava. Deixei de pensar em quem eram os meus adversários e como estava o mar pois são coisas que não dava para controlar. Cheguei a Sopelana super relaxado e a sentir-me bem e começou aí um ciclo, os heats começaram a correr bem, mesmo heats difíceis, e passei todos em primeiro até chegar à final. Na final perdi para o Charly Martin mas foi o primeiro resultado bom da minha vida.. Logo numa das etapas mais valiosas... Sim, era uma etapa de três estrelas e disparei no ranking. Depois fui para as Canárias com o (Nuno) Telmo e consegui ficar com o ritmo com que estava em Sopelana, esse relaxe todo. Fui passando heats e chegou ali um momento em que sabia que ia à final. Entretanto o Charly tinha perdido muito cedo. O mar estava “a minha cara” com uma esquerdinha a funcionar bem. Fui à final com o Ramzi Boukhiam, apanhei as melhores ondas do heat e venci. Tacticamente fui perfeito, joguei muita bem com a prioridade e apresentei surf. Foi o melhor momento da minha vida a nível de surf. Ainda hoje vejo aquilo no youtube e fico emocionado porque foi um sentimento que nunca tinha sentido antes na vida. Ter os meus amigos todos, a irem-me buscar aos ombros à agua... ser a primeira pessoa da nossa geração a ganhar um Pro-Junior europeu! O Kikas, Zé Ferreira, Francisco Alves, (João Kopke) Zanguito, todos vestidos a irem-me buscar, foi a melhor sensação da minha vida. Tenho a certeza que se daqui a 10 anos vir aquela filmagem ainda vai me cai uma lágrima na mesma (risos). _62

Se há um aspecto do surf de Filipe Jervis que evoluiu muito nos últimos anos foi o surf de backside. Rasgada nos Coxos.




65 Poucos surfistas em Portugal têm uma estatística tão alta de aéreos acertados. Big air reverse nos Mentawai.

E o que aconteceu na última etapa? Depois fui para Lacanau com uma situação que nunca tinha acontecido na minha vida pois tinha os media todos em cima de mim. Era “Filipe Jervis lidera ranking europeu”, “Filipe Jervis pode ser campeão europeu”, “Filipe Jervis isto, Filipe Jervis aquilo!”. Tenho a certeza que se fosse o Vasco ou o Kikas a lidar com aquela situação não iam vacilar porque eles desde sempre estiveram habituados a estar no topo, a disputar títulos mas aquilo para mim era uma coisa nova! A verdade é que deixei-me afectar um bocado pois sabia que só precisava de passar dois heats e bloqueei. Nesse heat estava o Miguel Blanco em primeiro e um francês em segundo, e o Miguel a dizer “puto, eu vou marcar este gajo até ao fim da minha vida para tu seres campeão mas mexe-te!” Eu bloqueei e não consegui fazer surf. Acabei por perder. Mesmo assim a sorte esteve do meu lado pois facilmente podia nem ter ficado com o segundo lugar mas os outros candidatos perderam como eu, acusaram todos a pressão. Já o Charly não tinha pressão, foi lá, fez o surf dele, ganhou e veio-se embora com a taça! Eu desapareci durante um dia, estive a tarde toda enfiado num sítio a “atrofiar-me” todo. Apesar disso tudo fui vice-campeão da Europa, ninguém tinha feito isso excepto o Saca, que ganhou. Aprendi com isso, aprendi a lidar mais com a pressão e se fosse hoje se calhar não ia vacilar. Para o surf e objectivos que tens era de esperar que já tivesses ganho uma etapa da Liga, o que achas que te falta? Sentes uma forte pressão para que isso aconteça? Tenho muita tendência para pôr pressão em mim mesmo. Não tenho de fazer as coisas para provar a ninguém a não ser a mim próprio e consequentemente aos meus patrocinadores. Mas acho que continuo a vacilar nos momentos errados, quanto mais para a frente vou mais vacilo. Vi isso no ano passado fiz três 5º, um 3º e um 9º. Naquela transição do 5º para o 3º aconteceume sempre mais ou menos o mesmo. Não estive em sintonia com o mar, fiz decisões erradas, apanhei ondas más, excepto quando fiz o 10 no Guincho, que é o sítio onde surfo todos os dias. Acho que ultimamente a minha decisão na escolha de ondas não tem sido a melhor, a minha adaptação ao mar também não tem sido a melhor. No Porto meti na cabeça que ia fazer esquerdas e quando dei por mim na água as esquerdas acabaram. Não consegui adaptar-me a tempo e perdi. Mas continuei a trabalhar. Acredito que quem se vai dar bem são aqueles que se vacilam num campeonato, na segunda-feira vão estar lá para trabalhar outra vez e se calhar o triplo. É aí que eu estou a apostar mais, em não desistir por nada. Para terminar, há quatro anos, quanto fizeste o teu primeiro Spotlight na ONFIRE, comentaste que o que te faltava para atacar o WQS e cumprir os teus objectivos era a parte psicológica. Passados estes anos sentes uma grande evolução nesse departamento? Sem dúvida, mas sei que ainda tenho que continuar a trabalhar. Tenho noção que tenho surf para estar no top e que não estou porque a minha cabeça não deixa. Eu era uma pessoa com a auto-estima e autoconfiança super baixa e isso afecta. Tens de ser humilde mas ao mesmo tempo tens de ter a confiança para pensar que és o melhor, que ninguém te vai ganhar. Essa é a parte que trabalhei muito, continuo a trabalhar e acho que vou continuar a trabalhar para o resto da minha vida (risos). OF



Alex Botelho, Frontside Air, Secret Spot. | photo by Jorge Ferreira


Acรกcio Grandela, Backside barrel, Supertubos. | photo by Pedro Soares



JosĂŠ Ferreira, Slob. Guincho. photo by carlospintophoto.com



Surfing the web! + Frederico Morais, Power Tail Out, Guincho. photos by carlospintophoto.com



Tomรกs Fernandes, Frontside bottom, Coxos. | photo by carlospintophoto.com



Gonzalez’s chillin’ moment. + Ruben Gonzalez, Frontside Air, Praia Grande. photos by carlospintophoto.com



Francisco Alves, Extreme Frontside Reentry, Hossegor. photo by Baptist Haugomat




Nicolau Von Rupp, Frontside Air, Crismina. photo by carlospintophoto.com





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