ONFIRE 64 | #whatsyoursurfface | Ago-Sept 2013

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w w w . o n f i r e s u r f m a g . c o m _ nº64| ano XI| Ago.Set.2013 bimestral| pvp cont 3€ [ iva 6% inc]



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#lifeontour

#coverstory Por norma somos nós, escravos editores, que andamos atrás dos surfistas e fotógrafos para conseguir as melhores fotos para cada ilustre número da ONFIRE. Mas cada vez mais os surfistas estão a assumir um papel altamente profissional, percebendo a importância de trabalharem com os fotógrafos locais quando fora do nosso país e sem um fotógrafo nacional com eles. Esse trabalho passa, não só por combinar sessões, como por fazer a ligação entre o fotógrafo e os media portugueses. Por isso mesmo, quando recebemos um whatsapp do Francisco Alves a perguntar se queríamos uma fotos dele em França e Mundaka ficámos todos excitados pois sabíamos que vinham lá bombas de certeza.. Passado uns dias recebemos um email de Damien Poullenot, o fotógrafo que trabalhou com o nosso Xico em terras francesas, com alguns previews do seu trabalho conjunto. E, no meio de muitas bombas, vinha esta tubo em La Graviére, a par com Supertubos, o mais famoso beachbreak da Europa (ou não se realizasse também aqui uma etapa do WCT).

Além de ser um momento extremo e altamente técnico de surf, esta foto tem dois outros pormenores que fazem dela aquela foto que qualquer editor procura: um fato de surf completamente diferente do habitual e, o melhor de tudo, a expressão do Francisco Alves dentro desta bomba francesa! O nosso Xico é daqueles surfistas que tem sempre um sorriso na cara 24h por dia e, em muitos anos, nunca vimos uma expressão sua que não envolvesse um esticar de beiços de orelha a orelha. Mas nesta foto, o surfista da Caparica mostra uma outra faceta sua e que espelha como poucas outras conseguem a intensidade deste momento! E isto só nos deu mais certezas do que sempre soubemos: Francisco Alves tem uma das caras mais plásticas do mundo do surf! Foi desta forma que Francisco Alves, que demorou anos a conseguir a sua primeira capa na ONFIRE, conseguiu agora a sua segunda capa num espaço inferior a dois anos que, estranhamente, ou não, coincide com a altura em que este grande surfista deu um salto gigantesco no seu surf, afirmando-se de vez como uma dos grandes nomes que poderá vir a representar o nosso país na mais alta arena do surf profissional, o WCT. photo by Damien Poullenot| Aquashot

A lesão de Tiago Pires deixou o melhor português de sempre fora do WCT mais tempo de que todos pensávamos mas, neste preciso momento, e depois de um estágio de surf nas Maldivas, o surfista da Ericeira está praticamente a 100%, pelo que o seu regresso oficial à alta competição acontecerá já no próximo evento, o WCT de Trestles (pelo meio Pires irá também ao Prime dos Açores). Quisemos saber qual o plano do nosso orgulho nacional para o restante ano, e, mais uma vez, Tiago Pires contounos os seus planos de como pensa requalificar-se para o WCT em 2014 em mais uma excelente entrevista! photo by Ricardo Bravo Red Bull Content Pool


#surftrip Apesar das Mentawai já serem tão conhecidas como os detalhes da Mona Lisa, ainda há alguns segredos, leia-se, ondas por descobrir! Um grupo de portugueses teve a sorte, a inteligência e a manha para descobrir uma direita praticamente desconhecida do mundo do surf. E, tal como manda a boa regra das ondas na Indonésia, essa direita era perfeita, tubular e daquelas que desenhamos nos nossos cadernos ainda hoje! E nós desvendamo-la (a onda não a sua localização) aqui! photo by João “Brek” Bracourt

#vidas O surfista de S.João do Estoril, Alexandre “Xaninho” Ferreira, é um dos golden boys da conhecida geração Esperanças, geração essa representada, na altura, por nomes como Tiago Pires. Ruben Gonzalez, João Macedo, David Raimundo, Nuno Telmo, Aécio Flávio, André Pedroso, entre outros. Uns bons anos mais tare, Xaninho continua a ser um dos mais conhecidos surfistas pois continua a mostrar o seu surf no free surf como em competição. Mas o percurso deste surfista não tem sido fácil e, agora, faz connosco uma pequena análise de como a sua vida passou desde do dia em que decidiu ser surfista profissional. photo by onfiresurfmag.com

#welovephotos O mais ingrato desta orgia de fotos é que temos a certeza que todos pensam que este é um dos artigos mais fáceis de fazer mas não podiam estar mais errados. Reduzir um arquivo com milhares de fotos a 20 ou 30 tendo em conta que estas têm de enquadrar uma com as outras na perfeição é árduo, mas altamente viciante principalmente quando vemos o resultado! Neste #welovephotos tens, como sempre, os melhores momentos de surfistas portugueses espalhados por mais de 20 páginas, onde todos eles esbajam surf do mais high performance e power que há! photo by carlospintophoto.com 11


Alguns dos “dourados”. photo by ONFIRE 12

Demorou mas chegou! Nos anos 90 o nosso país teve a primeira grande geração de surfistas profissionais portugueses. Esse grupo, apelidado de “geração de ouro do surf português”, que incluía sobrenomes como Almeida, Antunes, Gregório, Charneca, Anastácio, Matta, Leote, Zagalo, “do Bairro”, Herédia, Bento e muitos mais, dominou o competitivo circuito nacional da altura desde cedo e arrasou no mais difícil circuito que tinha ao seu alcance, o europeu. De seguida veio a geração esperanças de onde sobressaíram nomes como Tiago Pires, Ruben Gonzalez e outros bons surfistas mas apenas aqueles dois, cada um à sua escala, deixaram a sua marca a nível internacional. Surgiram pouco tempo depois as gerações vindas das escolas de surf e algumas outras pelo meio, mas a verdade é que só agora é que podemos assumir que temos uma segunda geração de ouro do surf português. Este grande grupo de surfistas dos 21 anos para baixo dominam a competitiva Liga MOCHE, dão cartas no circuito Pro Junior e têm vários surfistas dignos de correr o WQS com potencial genuíno de se qualificarem para o WCT, dando um passo em frente em relação à primeira “grande”, uma vez que o circuito europeu perdeu a expressão. Talvez o facto de estar a escrever este editorial no fim do primeiro dia de um WQS (em Lacanau) em que quase todos os portugueses passaram vários heats me tenha influenciado um pouco neste “statement” mas a verdade é que finalmente temos uma geração (e não talentos isolados) que pode levar o surf português ao topo! Força GROMS!!!

António Nielsen



(Quase) Todos nós passamos por uma altura da nossa vida em que temos de aceitar que o surf deixa de ser praticado diariamente. Se há uns, raríssimos, que só sentem esse momento por a velhice ter chegado – os Slaters e cia -, outros passam por isso quando entram no mundo do trabalho. Se o trabalho for ligado ao surf, então provavelmente “encaixam” surf com muita regularidade ou até quase diariamente (como é – obrigado a todos os santos – o meu caso). Um dos surfistas da nova geração da minha geração, Edgar Nozes, foi um dos que durante o final do ano passado teve de dar este passo. Voltou a estudar na universidade ao mesmo tempo que começou a gerir um dos mais emblemáticos cafés de Carcavelos, o Tricana. A sua adaptação a esta nova realidade tem sido engraçada, principalmente quando o “Maninho” passa o tempo todo em que está na água a dizer que tem feito pouco surf, que já não tem tanta pica, que está mais “forte”, etc, mas a verdade é que não há um dia em que a sua praia funcione que não esteja na água a destruir e a “infernizar” quem o rodeia com a sua ânsia de querer apanhar todas as ondas. E agora é mais grave pois usa a desculpa que tem de sair para ir trabalhar! Comum ao surfista que tem de optar por deixar a carreira de surfista profissional de parte e ao surfista que tem de passar a surfar menos vezes pois entrou no mundo do trabalho está, caso o surf venho de dentro, o amor pelas ondas. E esse vê-se não pelo número de dias que fazes surf (se bem que se poderes continuas obviamente a fazê-lo todos os dias) mas pela pica que tens para surfar sempre que tens oportunidade, esteja grande, pequeno, mau ou bom! Esses sim são os verdadeiros surfistas, e é este Amor por esta vida que tentamos transmitir em todas as edições da ONFIRE desde sempre. Este número, como é óbvio, não é excepção! Nuno Bandeira

14 _ Edgar Nozes, mesmo na vida de surfista-estudante-trabalhador, continua a apanhar as rainhas do dia da sua adorada praia de Carcavelos e dar tubos como este! photo by André Carvalho|Goma


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Arthur Schopenhaur foi um filósofo do séc. XIX que defendia que “viver é sofrer”, e por isso passou a sua vida isolado do mundo, sem relacionamento com os outros. Para ele, os seres humanos vivem perante a seguinte condição máxima universal, e essa a causa da miséria humana: desejar, saciar, entediar e desejar outra vez! António Silva não poderia estar no campo mais oposto no que diz respeito a encarar a vida que o deste filósofo, afinal este surfista do séc. XXI é um verdadeiro bon vivant, sempre feliz com tudo o que o rodeia. Mas, por incrível que pareça, segue a condição máxima que Schopenhaur defendia para a raça humana. Como? Vejamos: Silva deseja tubos perfeitos, faz tudo por saciar esse desejo, quando o consegue fica entediado e, consequentemente, parte à procura de mais pois já sente o desejo de novos tubos! Em Bali, Silva viveu este ciclo de Schopennhaur vezes e vezes sem conta graças aos cilindros perfeitos deste slab secreto! photo by Fred d’Orey _

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_18 Alguém um dia disse: “Talento é quando um atirador atinge um alvo que os outros não conseguem. Génio é quando um atirador atinge um alvo que os outros não vêem!”. É esta máxima que faz com que na vida existam casos fora de série e que conseguem chegar onde raros outros chegaram! Claro que para isso não basta apenas talento natural mas também trabalho, dedicação e muito esforço! Não sabemos quem disse essa grande verdade de vida mas sabemos uma coisa, Vasco Ribeiro é um dos raros casos de pessoas que atingem alvos que os outros não vêem! photo by carlospintophoto.com



A maior diferença entre uma vaca e o homem é que a vaca sabe como existir, como viver sem medo no presente e sem o peso do passado e a preocupação do futuro, escreveu Nietzsche, um outro complicado (ou não) filósofo do séc. XIX. No fundo, a vaca, ao contrário do homem, sabe realmente o que significa carpe diem (aproveita o dia) e consegue viver dessa forma, algo que o “super” inteligente ser humano não consegue! Nicolau Von Rupp, tal como 99.9999% da raça humana, enquadra-se, quer queiramos quer não, nesta ideia de Nietzsche mas em várias ocasiões da sua vida consegue o que raros seres humanos conseguem: ser melhor do que a vaca! Um desses momentos é quando está dentro de uma toca, onda a sua preocupação é apenas absorver toda a magia do momento. photo by carlospintophoto.com 20 |



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Para acabar esta lição de Filosofia, nada melhor que citar Petrarca, séc. XIV: “Quem quer silêncio e calma deve evitar mulheres, que são uma fonte permanente de problemas e discussão”! A conclusão a que chegamos é que é por isto que a filosofia não tem muito adeptos, afinal não são muitos os que estão dispostos a evitar mulheres pois, apesar dos problemas e discussões, estas têm características sem as quais não conseguimos viver! E, nós surfistas, tal como Pedro Boonman, temos uma grande vantagem, é que conseguimos encontrar o silêncio e calma dentro de água, logo, quando saímos do nosso momento, estamos ansioso por conviver com o sexo oposto! photo by Jorge Matreno



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Dia 18 de Maio Francisco Alves e Ana Sarmento venciam o MOCHE Pro Junior, uma etapa realizada no Porto que definia os campeões nacionais masculino e feminino na categoria de sub20. Carina Duarte e Miguel Blanco foram os vice-campeões das suas categorias, mostrando muito bom surf ao longo do evento.

Dia 31 de MAIO começava a terceira etapa da Liga MOCHE, o Allianz Ericeira Pro by O’Neill. Esta etapa teve ondas boas quase do início ao fim, apesar do forte vento on-shore. Na final estavam dois surfistas que nunca tinham vencido na Liga, Zé Ferreira e Tomás Fernandes. Ambos mostraram muito bom surf mas foi o local, Tomás Fernandes, que acabou na frente e venceu a etapa. A prova feminina também foi vencida por uma local, Carina Duarte, que mostrou o surf a que já nos habituou nos últimos anos. | photo by Jorge Matreno

No dia 14 de Junho perdia o último português em prova no DAKINE ISA World Junior Surfing Championship, evento que definia os campeões mundiais das categorias juniores. A prestação da equipa portuguesa foi mediana, sendo que os melhores classificados foram João Kopke, em 25º lugar nos sub18, João Moreira em 29º lugar nos sub16, e ainda Keshia Eyre e Teresa Bonvalot que terminaram em 13º nos sub18 e sub16 respectivamente da categoria feminina. A selecção portuguesa ficou com o 10º lugar.

Dia 17 de Junho começou o Los Cabos Open of Surf, uma etapa do WQS de 6 estrelas realizada em Los Cabos, México. Vários portugueses participaram neste campeonato mas o melhor foi Zé Ferreira, pois derrotou nomes de peso para terminar na 24º posição. Foi o primeiro resultado expressivo no WQS deste surfista, e a etapa foi vencida pelo americano Dillon Perillo.

A 24 de Junho terminava a prestação dos dois portugueses em prova no Quiksilver Saquarema Prime. Nicolau Von Rupp e Marlon Lipke estavam no mesmo heat e ambos perderam para Dion Atkinson e Heath Jorke, terminando em 37º e 25º respectivamente.

Dia 30 de Junho terminava a quarta etapa da Liga MOCHE, o Montepio Peniche Pro by Rip Curl, realizado no Pico da Mota, nos arredores de Peniche. A etapa teve boas ondas durante todo o campeonato e dois dos surfistas mais em forma de toda a prova chegaram à final, Miguel Blanco e Frederico Morais. Miguel mostrou bom surf mas Morais surfou noutro patamar, marcando inclusive uma nota 10, e conseguiu uma vitória “folgada”. Na prova feminina foi Teresa Bonvalot que venceu novamente, seguida de perto por Carina Duarte que acabou no segundo lugar. | photo by Jorge Matreno

No mesmo fim de semana terminou também o Festival SAL | Surf at Lisbon, o mais conhecido festival de filmes de surf do nosso país. Cerca de 3.600 pessoas visitaram as salas do Cinema São Jorge, fazendo desta edição do evento um enorme sucesso! | photo by André Carvalho|Goma


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Dia 5 de Julho o WQS Prime Mr Price Pro, realizado em Balito, África do Sul, seguia em frente, e dois dias mais tarde seria o australiano Julian Wilson a levantar a taça. Dois portugueses competiram nesta etapa, Nicolau Von Rupp e Marlon Lipke. O primeiro, a competir pela Alemanha, acabou por perder no primeiro heat enquanto que Marlon, que este ano já corre por Portugal, avançou até ao round 4 onde perdeu para um surfista local. Mesmo assim Lipke juntou aqui 1.300 pontos por ter terminado em 17º lugar e subiu alguns lugares no ranking.

Poucos dias depois, a 7 de Julho, terminou o primeiro Pro Junior do ano, o Sooruz Pro Junior, etapa de uma estrela. Os surfistas portugueses prometeram muito nos primeiros rounds mostrando muito bom surf mas foram “tombando” nas fases finais. Francisco Alves foi o melhor entre os nossos juniores, terminando em 5º lugar enquanto que Vasco Ribeiro e João Kopke terminaram em 9º lugar e Miguel Blanco em 13º. Já na prova feminina Carina Duarte conseguiu fazer o seu surf e conseguiu chegar à final, terminado em 4º lugar. photo by ASPEurope

Dia 28 de Julho foi a vez do Sopela Pro Junior, etapa de uma estrela realizada em Sopelana, Espanha. Pela primeira vez este ano um júnior português chegou à final, Tomás Fernandes, onde terminou em quarto lugar enquanto que o francês Diego Mignot levou o título. Outros portugueses tiveram resultados sólidos em Sopelana como Vasco Ribeiro (5º lugar), Francisco Alves (9º), João Kopke (13º) e Camila Kemp que chegou à final feminina e terminou em 4º lugar! | photo by ASPEurope

Dia 3 de Agosto, chegava ao fim o Gijon Pro Junior, etapa de uma estrela realizada Espanha. A participação portuguesa teria sido das piores dos últimos anos caso Miguel Blanco não tivesse feito o seu primeiro grande resultado no circuito. Não se deixando abater pelas derrotas dos seus conterrâneos, todas antes dos quartos de final, Blanco foi mostrando o seu melhor surf até à final, onde terminou em 2º lugar atrás do francês Nomme Mignon. Assim Blanco garantiu pontos suficientes para entrar no top5 do circuito pela primeira vez na sua carreira! | photo by ASPEurope

Dia 5 de Agosto terminou o Pawa Tube Fest 2013, um Special Event realizado em Pascolaes, México. Nicolau Von Rupp e João de Macedo tinham sido ambos convidados para participar neste campeonato de ondas pesadas mas Macedo esteve ausente por questões de saúde. Já Nicolau não deu qualquer hipótese aos outros grandes nomes no evento e venceu o campeonato, arrecadando assim o prize money de 7.000 USD. | photo by Pawa

Dia 12 de Agosto chegou ao fim uma das etapas do Pro Junior com mais nível até então, o Airwalk Lacanau Pro Junior, em França. Os franceses dominavam o circuito até aqui mas com presenças de surfistas fora da Europa neste evento apenas um chegou às meias finais. Entre os portugueses o melhor foi Vasco Ribeiro que terminou em 2º, ficando muito perto do vencedor Natxo Gonzalez e à frente de dois “internacionais”, Soli Bailey (Austrália) e Lucas Silveira (Brasil). Com este resultado, Vasco regressou ao top5 do circuito. Na prova feminina Carina Duarte mais uma vez foi a melhor ao terminar em terceiro na sua segunda final do ano! | photo by ASPEurope

Logo de seguida, começou o Sooruz Lacanau Pro, WQS de 5 estrelas. Os portugueses foram destaque entre os competidores e pela primeira vez em muito tempo tivemos dois surfistas nos quartos de final man-on-man. Vasco Ribeiro acabou por conquistar um brilhante 5º lugar, enquanto que Frederico Morais avançou até à final onde acabou em segundo! Parabéns aos dois!!! | photo by Damien Poullenot|Aquashot|ASPEurope

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Momentos desastrosos de surf ou realidades paralelas que apenas mentes sofisticadas como a nossa têm a capacidade de ver? Nós preferimos obviamente acreditar na segunda opção mas sabemos que a maioria prefere acreditar que este artigo é composto por fotos de momentos que correram mal com divagações líricas de um editor que bebeu vodka com Red Bull a mais!

Efeito Catapulta

photo by Pedro Mestre

Na escola temos de estudar Física, o que implica estudar o efeito-catapulta. Por vezes apanhamos professores que adoram trabalhos de grupo, o que não só nos lixa a vida como nos obriga a ir ao lado prático do objectivo do trabalho. João Pinheiro teve o azar de ter de fazer um trabalho sobre impulsão e o efeitocatapulta.“Tentei que o meu grupo o fizesse. Junteime à gordinha de óculos e à satânica da aula, e se há primeira lhe dei carinhos, à segunda ofereci um fígado de rato e uma mandíbula de vaca para ver se faziam a minha parte mas nem assim as conquistei!”.

VascoRibeirotreinaparaserHomem-Bomba photo by carlospintophoto.com

Vasco Ribeiro tem um futuro brilhante no surf, ninguém pode negá-lo! Mas, ao mesmo tempo, o surfista de São João do Estoril sabe que tem de ter um plano B pois a carreira de surfista profissional, como a de qualquer atleta, não dura para sempre e são raros os surfistas que aos 40 anos ainda continuam a viver como profissionais (apesar de acreditarmos que Vasco terá essa possibilidade)! Num certo dia no Reef, deparámos-nos com Vasquinho a sair de todas as ondas em posição de bomba! “Deve estar na brincadeira!” pensámos mas, ao fim de 40 ondas, Ribeiro continuava a aprimorar as suas bombas! “Não, isto já não pode ser só brincadeira, tem de ser algo mais!”, e decidimos questioná-lo. “Bom, como sabem todos necessitamos de um plano B e eu decidi ser Homem-Bomba!!!”. Ficámos em choque e por momentos até procurámos o turbante árabe e o Corão na bagageira do seu carro. “Tipo… Al-Cagada?!?”, dissemos em tom de piada mas todos borrados que ele não achasse piada nenhuma e rebentasse connosco (e com ele) logo ali! “Não!!! Tão loucos ou quê! Homem-Bomba do Circo! Conhecem o Homem-bala certo, aquele que se mete num canhão e é disparado pelo circo. Pois eu quero elevar essa posição para um novo patamar, o Homem-Bomba!”, contou-nos!!! Quisemos saber mais e ele acabou por nos contar que a ideia é ser também disparado de um canhão, mas este é mais largo para ele se conseguir enliar já na posição de bomba. Depois voará pelos céus do Circo mas, tal como acontece nos desenhos animados, o seu objectivo (e segredo) é furar a tenda para cair num colchão que estará “plantado” no meio de um lago com crocodilos e piranhas que não são alimentados há uma semana. Durante o seu voo, terá ainda agarrado às costas um fio cheio de foguetes para dar um efeito visual com maior impacto, “no fundo como se fosse um fogo de artifício humano”, confessou-nos entusiasmado! “E qual o sacrifício necessário para esse artifício?”, perguntámos.“Bom, tenho treinado a bomba em todas as surfadas e treino ainda no trampolim e na piscina. São muitas horas de dedicação e que, ao mesmo tempo, compensam para o surf pois, e não digam a ninguém, quero inventar o aéreo-bomba”! Tentámos descobrir mais sobre este manobra mas o Vasco fechou-se de tal forma em copas que só mesmo uma explosão o faria revelar mais sobre este projecto. Ainda fomos assistir a alguns treinos seus pelo que podemos assumir que ainda bem que Vasco tem um futuro brilhante no surf pois quer-nos parecer que nem o Circo da Reboleira quererá ter no seu espectáculo (e atenção que este tem um entediante número de corridas de tartarugas vs caracóis) o Vasco “HomemBomba-fura-tenda-aterra-no-lago-com-corcodilos-epiranhas-esfomeados-há-uma-seman” Ribeiro!

Rendido à realidade que tinha mesmo de fazer o trabalho, Pinheiro teve a ideia mais óbvia que qualquer surfista teria: usar o surf para estudar o efeito catapulta. “Fui para o line-up de Supertubos de bloco de mergulhador na mão pois assim conseguia escrever na água. Durante umas semana cada onda que apanhava fazia com que ela me catapultas do lip até à base e tirava as minas conclusões. Força do lip, direcção do vento, atrito, gravidade, etc, etc!”, descreveu-nos.“Já todos achavam que eu era maluco, de tal forma que sempre que vinha o vagalhão do dia já ninguém queria ir. Paravam e incentivam-me para ir. Queriam espectáculo e eu dava-lhes pois tinha mesmo de ter boa nota no trabalho!”, disse-nos. Quisemos saber se todo esse esforço tinha compensado no final, e qual a nota que tinha tido! “Bom…”, começou receoso, “…na verdade eu achava que tinha servido para muito mas acabei com um 10! E tudo porque o raio da gorda e da adoradora de morcegos souberam que me estava a empenhar de tal forma que não fizeram um cú da parte delas. A minha parte valia 10 e foi o que tivemos! Tive eu a matar-me para aquelas duas se sentarem à sombra da bananeira!”, contou-nos irritado mas ao mesmo tempo radiante de saber que já não tem de ter mais Física até ao fim da sua vida... Pelo menos até à próxima surfada em que der um não propositado efeito catapulta pois aí temos a certeza que a Física desse momento lhe regressará toda ao cérebro eheh!



Luís Perloiro “Lula” é um dos surfistas da nova geração portuguesa que maior evolução tem mostrado nos últimos tempos. Recentemente foi contratado pela Billabong, uma marca conhecida por ser muito selectiva no que toca a equipa de surf, para fazer parte do seu team. A ONFIRE falou com duas pessoas que o conhecem bem, Álvaro Costa, seu patrocinador de pranchas, e Enrique Lenzano ‘Kike’, seu treinador, para saber um pouco mais sobre este jovem talento.

_ 30 Se de frontside “Lula” é mais progressivo, de backside tem uma linha de surf impecável!

“Trabalho com o Lula desde 2008 e sempre me deu gozo, como treinador, trabalhar com ele. Está sempre focado e tem muita determinação, não gosta de falhar e quando falha desdobra-se para isso não voltar acontecer tanto em treino como em competição onde detesta perder, mas não o demonstra, guarda e faz reset para melhorar no próximo. O meu ponto de vista como surfista é simples: tenho gosto em ver o Lula a fazer surf. Gosto da sua linha de onda e do seu ‘estilo’, e sobretudo admiro a sua maturidade e consistência. Ele vai crescendo devagar, passo a passo, mas muito firme e isso é importante para mim como treinador dele.” Enrique Lenzano ‘Kike’, treinador da More Than Surfing School

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“O Lula está connosco na Polen há dois anos e é um dos miúdos que mais temos gostado de apoiar, sempre muito bem educado e correcto, é uma pessoa fácil de lidar e trocar ideias. Mesmo sendo ainda um jovem surfista, já revela ser bastante focado e trabalhador. Tanto ele como os pais e treinador têm compreendido a importância de investir em pranchas de forma consistente, e ter testado diversas pranchas dos nossos shapers - Nuno Cardoso, Jon Pyzel, Ricardo Martins, Brett Warner e Timmy Patterson - tem contribuído muito para a sua evolução. Acho que o Lula tem bem definido para onde quer ir, está a construir uma base muito sólida para ir crescendo como surfista e competidor, e com o seu empenho e dedicação e com os apoios certos, acreditamos que muita gente vai ouvir falar dele.” Álvaro Costa, POLEN Surfboards

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Kit de viagem da

Seventyone-percent

Protege-te Sempre, antes, durante e depois do Surf! [ 49.90 euros ]

Podes pensar que o staff da ONFIRE é muita metrosexual mas temos duas novidades para ti: vives na Era do Bronze e tens a pele da cara mais seca que a de um lagarto. Mais, se não acordas para a vida, corres o perigo de contrair cancro de pele! É forte esta declaração mas é verdade! Este kit de viagem é uma excelente iniciativa dos teus irmãos de ondas, franceses, que com o poderio francês da indústria cosmética desenvolveram quatro tipos de produtos que cuidam da tua pele antes, durante e depois do surf: 1) The Bomb Shot: energia natural numa pequena bisnaga para antes da surfada para mais energia e resistência! Tem na sua composição três ingredientes naturais principais: guaraná, açaí e maca. 2) Protector Solar: o que vem disponível neste kit é protecção 30 mas a seventyone tem um protector 50+, o que é mais indicado para zonas tropicais ou se tiveres uma pele muito clara! Muito resistente à água, tudo o que seja raios UVA e UVB nem tocarão na tua delicada pele. 3) After Sun: depois de um dia inteiro ao sol, a tua pele está imaculada no que diz respeito à agressão dos raios ultravioleta (se usaste o protector solar) mas está com sede! Aplica o hidratante da seventyone com vários ingredientes de hidratação essenciais para a saúde da tua pele! 4) Wipe Out: depois do surf é altura do creme wipe out, um gel que te alivia os músculos através do efeito analgésico do frio: criopterapia. Se ainda não te convencemos a usar estes produtos, boa sorte na roleta russa do melanoma! www.seventyone-percent.com

Rip Curl

Give Away

Mais uma edição, mais um belíssimo GiveAway, desta vez oferecido pelos nossos amigos da Rip Curl para o leitor mais atento da ONFIRE. O desafio é simples, tens de descobrir quem são os team riders da marca em Portugal e qual deles venceu uma etapa da Liga MOCHE este ano. Além disso tens de estar atento a onfiresurfmag.com pois é aí que vais encontrar o código Rip Curl GiveAway necessário para te candidatares a receber este belo pack, e um desafio adicional...

O primeiro leitor que enviar tudo correctamente para staff@onfiresurfmag.com será o grande vencedor! Boa sorte!

SurfersLaB

Vencedores

GiveAway

Não foi um desafio fácil para os concorrentes ao pack do Surfers Lab GiveAway mas foram muitos os que conseguiram juntar tudo o que se pedia. Só o mais rápido é que iria ficar com o prémio, e a grande vencedora acabou por ser a Danielle de Sá! Parabéns!



N Ã O S U R F A Q U I ! texto by Ricardo Vieira [ ricardovieira30@gmail.com ]

Surf é diversão? Não. Já não. Pelo menos não a maior parte do tempo e já não e nem para uma grande parte dos “aficionados”, dos amantes do mar. Agora surf é barulho, confusão, gritos e atropelos a esmo, mas de forma licenciada. Ao contrário do que pode parecer por essas praias fora, não se ensina surf, obriga-se os “alunos” a aprender, o que é uma coisa diferente. Não se ensina diversão, ensina-se competição da mais séria porque todos têm Kelly Slater para cumprir no seu futuro. Na água, sem freios nos dentes, gritam-se ordens de guerrilha, exacerbam-se - com autorização sem monitorização de capitanias e afins estratégias para causar mau estar entre “não alunos” e “intrusos” colhidos pela máquina de “professores-monitores” munidos de uma competência e civismo inquestionável, acima de qualquer suspeita, à prova de bala de fulminantes. Treina-se o olhar à malandro nos mais pequeninos, porque é daí que se torce o pepino e todos os outros, ensaia-se o sentimento cobarde de protecção da matilha - costas quentes - e na água soltam-se os altos gritos de intimidação maori, sem motivo algum, só porque sim, só porque faltaram paizinhos.

Espalha-se o que somos, espalhamo-nos nós. Insidiosos, letais, piores que um assumido derrame de petróleo. Contaram-me mais um caso passado há umas semanas numa praia a sul. O episódio foi tão triste como sempre é; numa praia pura, um ofendente caricato e acéfalo - a cumprir requisitos - e a pretender ensinar miúdos-alunos ao lazer quando a sua tendência natural apontava mais para o laser. Gritos, impropérios e peito oco enchido a ar barato. A praia cheia, os miúdos a ver, os alunos a tomar pulso ao “modelo”, a aprenderem a usar a “autorização” para impôr lei seca aos latosos que se atrevem a não fazer parte da aula. Contornos de uma situação tão descabida em si, mas tão digna de um spaghetti western. Depois meteu polícia marítima, a cumprir o devido. Anotou o bandido todo, “lapizou” onde vive, se vive, porque vive, que traumas na infância, dúvidas em relação à virilidade, se a família tinha toda o mesmo nariz, qual o número do pé, etc. Com o auto levantado, e a autoridade a tomar parte e a confessar que o escrevinhado era mesmo o bandido da história, talvez a coisa não fique por aqui. Mas o mais triste é que o dono da escola de surf, sempre presente, mirrou durante o desacato do seu monitor. Encolheu-se de ombros de tal forma que a t-shirt quase lhe descia até às pernas. Foi-se-lhe a língua para dentro da garganta, para casa. Deu o exemplo. O mau exemplo. Mais um. Será que não encontra melhor subalterno? Será que serve para estar à frente de uma escola, ou de qualquer coisa que seja feita com pessoas, animais, seres vivos de qualquer espécie? E porque não cria a Federação um sistema de pontos baseado em queixas feitas, apresentadas, fundamentadas com autos se preciso for, para revogar licenças homologadas (é mais amolgadas, mas tá-se bem...) a quem não as merece? Sempre tive orgulho em ser surfista, mas agora já não.


E fora do meio ofendo-me com quem me identifica de tal forma. Nego e renego liminarmente. Não sou de todo surfista nos moldes actuais. Sou de outra época. Sou de memórias velhas, outras gentes e tenho orgulho nisso. Mas as coisas evoluem e tal como já mudaram para pior, talvez um dia voltem ao caminho certo, talvez um dia as mentalidades sejam ajudadas com ideias novas, intenções bem intencionadas e projectos de natureza nobre.Talvez homens de boa vontade nos salvem de nós próprios a tempo. Ou talvez a salvação chegue na forma de um grande meteorito em direcção à terra.

ps _ Existirão sempre as excepções ao que é, infelizmente, a regra. Muitos monitores de surf serão, concerteza, pessoas com elevado sentido de pedagogia, com técnicas de interacção desenvolvidas e bem integradas na sociedade humana. Esses não estão reflectidos neste texto. RV

Um verdadeiro surfista não pensa muito se vale a pena ou não! Se há ondas, então o caminho é um: ir lá para dentro no matter what! photo by carlospintophoto.com


“ C o s ta de Ca pa kirra o u B o s ta da Ca r i ca ? ! . . . Quemdecide?!... t e x t o

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M i g u e l

P e d r e i r a

Muito recentemente, Portugal foi premiado como “melhor destino europeu de praia”, nos World Travel Awards. O mesmo concurso premiou Lisboa como a “melhor cidade europeia para estadias de curta duração”. E qual é a praia mais próxima do centro de Lisboa?... a Costa de Caparica, essa cidade tão descaracterizada quanto desdenhada pela maioria do país, embora os seus areais e pontões sejam provavelmente a zona mais frequentada por banhistas e surfistas em Portugal.Todo o ano e tanto em curtas como em longas estadias. Por portugueses e por estrangeiros. A Caparica não é vista como um destino “Prime” no que ao surf diz respeito, mas ali podemos encontrar algumas das melhores ondas para iniciação e aprendizagem do país (perguntem às dezenas de escolas ali existentes, bem como às outras dezenas que ali procuram espaço para dar as suas aulas no Verão!), clubes de surf activos e atentos, uma comunidade forte e madura e, em determinadas ocasiões especiais, até ondas incríveis! Há quem diga até que o melhor pico do Verão deste ano, na zona da Grande Lisboa, foi na Costa de Caparica!... em determinadas marés e ondulações, claro!... e como sei eu isto tudo?!... porque sou da Caparica. Moro no concelho de Almada há mais de 40 anos e, embora surfe um pouco por todo o país, foi na Caparica que aprendi a surfar e é ali que mais frequentemente usufruo do prazer de deslizar “por cima das águas”! Ora, embora concorde com o facto de a Costa estar descaracterizada, fruto de um programa POLIS iniciado e nunca terminado, conheço bem o seu potencial, as suas características naturais e o que poderia ser a Caparica num futuro breve. Não vou falar da incrível visão do arquitecto Cassiano Branco, de 1930, ou da catastrofista ideia deste governo de colocar na Trafaria o terminal de contentores de Lisboa, que iria acabar de vez com a ideia de turismo naquela pedaço de costa portuguesa, mas apenas de uma ideia tão simples como... coordenação! A frente urbana de praias da Costa de Caparica, entre a praia do INATEL e a Nova Praia, é actualmente a mais afectada pela erosão e pela falta de coordenação entre as cinco (exacto... 5!) entidades que supostamente regem esta zona. INAG, para as areias; Ministério do Ambiente, para as pedras e passadiço; Câmara Municipal de Almada, para os espaços e limpeza; Autoridade Marítima, para a protecção litoral; e ISN, para a vigilância das praias. Se todas se entendessem, viveríamos num mundo perfeito. O problema é que, além de não se entenderem, as ordens emanadas destas entidades são muitas vezes contraditórias e sobrepõem-se umas às outras! Ou seja, não há quem mande realmente, nem quem coordene! E no meio deste jogo de ténis de mesa a cinco mãos, estão os concessionários, obrigados a obedecerem a todos... surreal!... Por exemplo, devido à falta de areia nestas praias (por via do desassoreamento natural das praias no Inverno e da não reposição de areias na Primavera, como estava estipulado, com concurso público internacional lançado e adjudicado, mas interrompido por ordem directa do Ministério das Finanças, em Maio), alguns concessionários pediram reuniões com carácter de urgência ao comandante do Porto de Lisboa, antevendo um problema que veio a verificar-se – na maré cheia, praticamente não há areia nestas praias e, na maré vazia, pouca há. Isto, antes de começar a “época balnear” (outro conceito ultrapassado, num país que supostamente exporta sol e praia, mas enfim...) e devido à experiência de quem vive e observa diariamente a realidade daquelas praias. Embora essas reuniões não tivessem chegado a existir, as conversações davam a entender que, especificamente nessas praias sem areia, não iria haver a necessidade de colocar nadadores-salvadores este ano. Um conceito básico: não há areia – não há banhistas – não há necessidade de vigilância. Certo?... bem, para a maioria das pessoas sim, mas não para a Capitania do Porto de Lisboa, que enviou um despacho no sentido contrário aos concessionários, no dia 31 de Maio, às 23h!... a “época balnear” começava uma hora depois! É, no mínimo, falta de bom senso e de respeito!


Infelizmente, o futuro de uma das maiores surf zones do país, a Costa da Caparica, poderá ser tão negro quanto este dia de tempestade... Esperemos que não! photo by Jorge Matreno | ONFIRE

Outro exemplo dessa falta de bom senso deu-se com um episódio que colocou as praias da Costa de Caparica em todos os noticiários – as supostas algas que causavam comichões aos banhistas. Durante cinco dias as praias estiveram desertas por causa de um eventual problema, que nunca foi confirmado nem desmentido. Houve uma suspeita, uma recolha de águas para análises, um período de espera... e afinal era falso alarme!... mas nunca um dos três adjuntos do capitão do Porto de Lisboa deu a cara sobre o assunto (o capitão estava de férias), a esclarecer os cidadãos que, legitimamente e com receio, preferiram não arriscar. Só que, oficialmente, as praias não estavam encerradas! Mas ninguém veio dizer que sim ou que não... adivinhem quem pagou a factura?!... E as outras quatro entidades não vêm pedir explicações? Afinal quem manda verdadeiramente nas praias? Quem sai prejudicado, nestes casos, é o concelho de Almada, são as “praias da Costa de Caparica”, que estão “contaminadas”!... então, sendo a principal visada, para o bem e para o mal (mesmo sem culpa directa ou legislação que o obrigue), seria legítimo que a Câmara Municipal de Almada fizesse essa coordenação de vontades e tomasse as rédeas deste autêntico “cavalo à solta”. Porque a não decisão pode ser pior do que uma má decisão! E é exactamente isso que defende Miguel Inácio, dirigente do Caparica Surfing Clube (um dos mais antigos do país) e sócio do Café do Mar, na praia do CDS. “A afluência das pessoas à praia é proporcional à quantidade de areia e, em 2013, ambas são menores,” afirma o responsável. “Turismo de qualidade significa praias de qualidade, com bons acessos e condições para as pessoas estarem. Ora, com o desassoreamento das praias, o estacionamento pago e a falta de condições em geral, derivada da falta de coordenação entre estas entidades, não há qualidade! As pessoas chegam à entrada da Costa de Caparica e, nos semáforos, viram à direita, para S. João, ou à esquerda, em direcção à Fonte da Telha. Na realidade, o centro da Costa de Caparica e a sua frente urbana de praias, tem cada vez menos gente, porque descaracterizada e de difícil acesso. As pessoas vêm para a praia descansar, relaxar... não para ver se algum fiscal do estacionamento lhe anda a rondar o automóvel, a passar uma multa ou a rebocá-lo! Ou então só vêm uma vez, depois optam por outras praias!” A esperança deste e de outros dirigentes é que a Câmara Municipal de Almada tome finalmente nas mãos a responsabilidade de coordenar um património que é seu, até porque lançou recentemente um plano turístico para o concelho, onde o “Sol e Mar” é um do vectores principais. E, como sabemos, nestas áreas, nós, surfistas, temos um papel cada vez mais preponderante. Em boa verdade, não há mais afogamentos nas praias da Costa de Caparica devido à forte comunidade de surfistas locais ou de frequentadores das suas ondas. Quem de nós já não ajudou algum banhista mais incauto a sair de um agueiro, ou da zona de rebentação, ou mesmo trouxe algum para fora de água com a sua prancha?!... é que os nadadores-salvadores, embora cada vez mais profissionais e de excelente formação, não chegam para tudo, nem trabalham fora da tal “época balnear”. Enquanto o país não acorda para esta realidade, de termos utilizadores das nossas praias 365 dias por ano, criando um corpo de vigilância que trabalhe todo o ano, em parceria com os clubes de surf (como em países mais desenvolvidos, como a Austrália, França ou a África do Sul), está na altura de tomarmos conta do nosso património de uma vez por todas, acarinhando-o e deixando uma boa impressão aos seus utilizadores. Porque depois eles voltam. E assim a economia gira e todos teremos o que queremos... coordenação já! MP


by

MOCHEPROPORTUGAL Rip Curl _ WCT MASCULINO 9 A 20 Outubro _ Peniche| Cascais texto by ONFIRE

| photo by carlospintophoto.com

Pelo quinto ano consecutivo Portugal vai receber a elite do surf mundial numa etapa do World Championship Tour. Mas pela primeira vez desde que o circuito regressou ao nosso país, em 2008, a prova poderá ser realizada fora da zona de Peniche e arredores, ficando a Linha do Estoril como palco alternativo. O ano de 2013 é o 22º ano de circuito desde que a Association of Surfing Professionals dividiu o circuito em dois, sendo um que define o campeão mundial (WCT) e outro que qualifica os surfistas para o circuito principal (WQS). Fica patente a longevidade de Kelly Slater quando se verifica que o surfista da Flórida venceu o ano em que esta divisão se inaugurou, 1992, e venceu mais 10 vezes entretanto. E tendo em conta que Slater venceu duas das quatro primeiras etapas, é provável que o norte-americano chegue ao MOCHE PRO PORTUGAL by Rip Curl numa posição de revalidar o título, ou pelo menos na disputa. Kelly Slater tinha em Portugal um “Calcanhares de Aquiles”, pois até 2009 não tinha conseguido melhor do que um 17º lugar. Nos seus dois primeiros anos a competir em águas portuguesas, Slater foi mesmo eliminado pelos portugueses Bruno Charneca e Ruben Gonzalez. Até que em 2010 quebrou a sua própria maldição e venceu a final realizada na Praia dos Supertubos. Foi em 2009 que o circuito regressou a Portugal, apesar de te ser sido via uma licença “flutuante” da Rip Curl. Foi devido à filosofia/estratégia de marketing da Rip Curl que ASP atribuiu esta que foi a primeira licença do género. Surgiu assim a licença “Rip Curl Pro Search” que, como o nome indica, prevê a procura, neste caso de ondas perfeitas em locais diferentes! Nesse ano o “Search” ficou a conhecer bem os arredores de Peniche pois o campeonato passou por locais como o Lagide, Pico da Mota e Molhe Leste. Até que a Praia de Supertubos mostrou o que vale, e o penúltimo dia de prova foi um dos mais marcantes da História do surf português. Os melhores surfistas do planeta apanharam os “Super” com cerca de dois metros e meio, com ondas pesadas e perfeitas. Mick Fanning acabaria por vencer a prova no dia seguinte e pouco tempo mais tarde seria campeão mundial da ASP pela segunda vez. O impacto da prova de 2009 foi tão marcante que quando a prova de Mundaka, no País Basco, “caiu” por falta de consistência, Portugal ficou com a sua licença. Em 2010 mais uma vez a prova alternou entre o Pico da Mota e Supertubos, sendo mais uma vez um sucesso a todos os níveis. Já 2011 foi um ano especial para a praia de Supertubos pois, durante três dias consecutivos, esta praia deu ondas perfeitas durante todo o dia e em todas as marés. A etapa entrou para a história da ASP como a prova realizada em menos tempo e como a melhor etapa do ano, “derrotando” locais como Snapper Rocks (Austrália), Jeffreys Bay (África do Sul),Teahupoo (Tahiti) e Pipeline (Havai, EUA). Este festival de tubos culminou numa incrível final onde Adriano de Souza derrotou Kelly Slater em grande forma. Apesar da final anti-climática em 2012, em que muitos consideraram que Gabriel Medina deveria ter saído vencedor em vez de Julian Wilson, Peniche não desiludiu e “serviu” aos competidores das melhores ondas que se viu no circuito nesse ano. O destaque tem de ir para o primeiro dia de prova, quando as ondas estiveram excelentes e o público português marcou presença como antes nunca tinha marcado. Para 2013 a grande novidade foi a inclusão da Linha do Estoril como palco alternativo para o MOCHE PRO PORTUGAL by Rip Curl. Esta etapa nunca tinha saído de Peniche e arredores mas com a inclusão da etapa na Triple Crown MOCHE SERIES Cascais Trophy – Portugal 2013 criou-se esta possibilidade. Se por um lado em Peniche nunca faltaram condições para realizar esta prova, por outro a Linha do Estoril, mais propriamente a Praia de Carcavelos, com as ondulações certas recria condições parecidas às de Supertubos no seu melhor. Apesar dos cerca de 80 quilómetros que os separam, estas duas incríveis “surf zones” poderão complementar-se a acrescentar algo a este que tem sido um grande sucesso! Até lá! OF

_ Peniche, as ondas, o público, os surfistas e tudo o que os rodeia!

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O ano de 2013 não está a ser fácil para Tiago Pires. O arranque na Austrália foi bastante “morno” e logo a seguir contraiu uma lesão que o obrigou a faltar a quatro etapas do WCT. Mas o “Tigre Português” não baixou a cabeça, e uma vez recuperado voltou a vestir a “armadura de guerra” para recuperar um lugar que é seu no World Championship Tour. A ONFIRE falou com ele uns dias antes de voltar a competir para saber como estava o seu estado de espírito!!!

Warrior t e x t o ONFIRE + p h o t o i n t r o b y R i c a r d o photo retrato by carlospintophoto.com

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B r a v o / R e d

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C o n t e n t

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Saca, como te sentes neste momento? Sinto-me bem, já estou a surfar sem joalheira, sinto que a perna está quase sem dores. Finalmente sinto uma melhoria bastante grande, já consigo surfar praticamente normal mas claro que ainda tenho medo de arriscar em algumas manobras, em secções mais pesadas. De vez em quando tenho um pequeno desconforto no joelho mas, pelo que o Nuno (Morais) me diz, é normal. O ligamento não está habituado a esticar por isso é natural que provoque algumas dores, mas como é uma dor que passa acho que faz parte do processo e é bom sinal. A última vez que falámos o teu objectivo era competir no Tahiti, mas quando essa altura chegou não te sentiste pronto. Faz-nos um apanhado da altura em que tiveste de fazer uma decisão... Foi um processo de ir decidindo dia a dia. Fui às Maldivas onde consegui fazer um bom teste ao meu joelho. Vi que estava no bom caminho mas infelizmente ainda não me senti preparado para ir competir. Nos últimos dois dias apanhámos mar maior e foi aí que eu fiz bom surf mas ainda senti algumas dores. Estava com joelheira por isso percebi que para o mar pesado o joelho ainda não estava pronto! Nos dias mais pequenos senti-me normal mas no WCT não se vai apanhar ondas pequenas e eu preferi não ir para o Tahiti porque já sabia que ia com coisas na cabeça. Se o mar estivesse maior, se eu me magoasse a sério... era um risco. Depois de esperar três meses e meio só ia voltar quando estiver a 100%, confiante de que posso surfar com força e dar tudo o que tenho, senão não vale a pena recomeçar. Acho que foi uma decisão acertada.

Tiago Pires fez questão de não voltar a competir antes de ter confiança suficiente no seu joelho para voltar a arriscar manobras como esta. photo by Jorge Matreno 42 _

Estamos a menos de um mês de Trestles, já tens uma decisão sobre a tua participação nessa etapa? Eu não tenho uma decisão mas acho que com a evolução natural das coisas estarei pronto para ir a Trestles, já me sinto muito mais apto e entretanto vou competir aos Açores. Vai ser um bom teste, vou ver como é que o joelho reage quando estiver a surfar com pressão e a meter força nas manobras, a surfar mais no limite. Trestles será uma semana ou duas depois e dá-me mais tempo por isso estou confiante que vai dar para ir. Na altura tinhas meio ano competitivo pela frente e comentaste que a tua qualificação ainda estava mais dependente dos teus resultados do que, por exemplo, de um injury wildcard. Perdendo mais este campeonato, a coisa mudou de alguma maneira? Naturalmente as coisas não estão muito fáceis para o meu lado, vou competir em quatro provas e tenho apenas um 13º. No ano passado tive um 5º. Dois 13ºs e o resto foi tudo últimos lugares, foram sete provas em que tive últimos lugares. Neste momento tenho cinco provas com últimos lugares, matematicamente ainda posso ter um ano melhor que no ano passado ainda mas tenho quatro tiros para dar e os quatro têm de ser acertados. Vou ter que ter 9ºs para cima em todas as provas, sendo que 9ºs não chega. Vou precisar de ter bons resultados, tudo é possível, com uma final as coisas mudam completamente! Acho que ainda é possível, claro que sei que vai ser difícil.

ONFIRE Surf Tiago [ Saca ] Pires




Há uma nova geração de surfistas portugueses que está em vias de atacar o WQS, o que tens a dizer sobre eles? Não sei mas para ser sincero o único que vejo a correr o WQS é o Kikas (Frederico Morais), os outros ainda não estão a correr as provas lá fora. No México, por exemplo, além do Kikas só foi o Zé Ferreira... Eu acho que o resultado recente do Kikas (2º lugar no WQS de 5 Estrelas em Lacanau) tem de lhes dar motivação para eles acreditarem. É preciso ver também o que o Kikas anda a fazer para chegar lá, não só de surf se constroem os resultados. Acho que é todo um trabalho que está à volta dele que lhe dá esse estímulo todo para ele fazer uma final em ondas tão fracas. O Vasco também teve um bom resultado, eu penso que esses dois são os que estão realmente mais na mira para começarem a dar uns bons saltos no ranking. A única coisa que eu acho é que eles têm de baixar a cabeça e trabalhar. Achas que a experiência deles será muito diferente da tua uma vez que já lhes abriste de certa maneira o caminho? Vês muitas diferenças no percurso que esta geração terá de percorrer? Sim, acho que hoje em dia há uma necessidade de promoção que na minha altura não havia, com as redes sociais e tudo mais, acabas por começar a gastar tempo em coisas que não são preciosas para a tua carreira, gastas tempo, gastas energia. E hoje em dia os atletas expõem-se muito e, às vezes, quando te expões também mostras as tuas fragilidades. No meu tempo, felizmente, focávamo-nos muito naquilo que é nosso, que é o nosso trabalho e focávamo-nos em evoluir e mais nada. Hoje em dia os miúdos estão preocupados com os views, likes e followers. O surf também está ali... não sei, é uma nova maneira de coexistir mas eu penso que quem está mesmo com fome não liga nada a isso e vai atrás do que é preciso.

Não achas que hoje em dia é importante fazer isso por uma questão de “manutenção” de patrocínios? Não. Se o teu atleta ganha campeonatos, tu vais querer ter o atleta! Se é um fora de série, vais ter de o agarrar e tu vais ter de trabalhar o teu atleta. Ou então fazes um projecto com pés e cabeça, fazer um filme, qualquer coisa. Acho que se gasta muita energia a fazer pequenos vídeos e clips que pouco servem. Mas nem todos os surfistas são fora de série... Eu sei, mas gastando energia para umas coisas, não estás a trabalhar para outras! Acho que é uma realidade diferente, hoje em dia já quase toda a gente se rendeu às redes sociais, faz parte do jogo já. Mas eu vejo os miúdos muito preocupados com a imagem e pouco com o core, ir dropar umas à Cave, ir dropar uns vagalhos à Nazaré, ninguém fala disso... ir para o Havai dropar umas de cabeça, ganhar campeonatos lá fora, treinar no duro, consistentemente... não vejo muita gente a trabalhar preocupada com isso! Para terminar, a disputa pelo título mundial está “ao rubro”, em quem apostas? É difícil não apostar no Kelly, acho que é bastante possível que ganhe. Eu gostava que o Adriano de Souza ou o Mick Fanning conseguissem o título, apesar do Adriano já estar um pouco mais fora da disputa. Também gostava que o Kelly ganhasse, é um companheiro de equipa e merece todos os títulos e mais alguns, por aquilo que ele fez pelo desporto, por aquilo que ele representa como atleta. Tem 41 anos e está tão em forma que é realmente uma coisa única. OF

| 45 Foi nas Maldivas que Tiago Pires fez o teste final ao seu joelho e, apesar de não se sentir bem o suficiente para competir no Tahiti, mostrou estar com o surf no “pé”! photo by Ricardo Bravo/Red Bull Content Pool


A Indonésia tem mais de 11.000 ilhas mas as mais famosas estão nas Mentawai pois é nestas que se encontram algumas das melhores do m u n d numa pequena área. Mas, como é fácil imaginares, haverá certamente muitas pérolas secretas e uma delas é um dos segredos mais bem escondidos da Irmandade Portuguesa da Ericeira… Nesta surftrip, desvendamos essa pérola!...

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o s by João “Brek” Bracourt _ texto by ONFIRE e Miguel Fortes

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Foi no princípio da época de ondas, entre Abril e Maio, que o orador principal da Irmandade, Miguel Fortes, que tem horas incontáveis na mais famosa zona de surf do mundo que até já lhes perdeu a conta - às horas e ao número de vezes que já lá foi -, juntou os seus irmãos para mais uma procissão surfística. “Já perdi a conta de quantas vezes já lá fui, mas desde que abriram a fronteira aos Portugueses fui todos os anos excepto no ano em que os meus filhos nasceram”, confessou-nos sem ser no confessionário. Com tanta experiência no bucho não estranhámos quando, ao lhe perguntarmos como tinha surgido esta recente viagem, ele nos tivesse respondido da forma mais simples: “Foi só juntar a malta e marcar o barco e o avião!” Esta viagem da Irmandade Portuguesa às Mentawai começou como qualquer outra: um bando de irmãos vestidos a rigor - calção, chinelos de encaixe do dedo grandão do pé, t-shirt e, para alguns membros, chapéu -, no Aeroporto de Lisboa! Atravessar os céus da Europa e do Indico, viagem que pode demorar quase um dia tendo em conta as escalas e diferenças de fuso horário, pode ser desesperante para muitos mas para uma sólida Irmandade não há momentos aborrecidos! Comer, ver filmes e não esquecer as famosas brincadeiras que se inventam nos aviões para passar tempo (a mais famosa é a de carregar no botão para chamar a hospedeira do nosso compincha que dorme ferrado de óculos de sol e que é por isso acordado consecutivamente pela senhora de farda azul), é desta forma que se atravessa facilmente o planeta de um lado ao outro. O surf no paraíso duraria cerca de três semanas mas apenas os 11 primeiros dias estavam planeado pois seria durante esse tempo que teriam um poiso fixo! Fixo mas móvel, pois seria o espectacular barco do português que desbrava as ondas perfeitas da Indonésia há anos, Gonçalo Ruivo, a casa aquática da Irmandade. Depois de embarcados, o plano era mais incerto pois passariam os restantes dias em terra mas o seu novo poiso dependeria das previsões do swell. Como a vida gosta de nos trocar as voltas, a parte incerta do plano acabou por se tornar a mais certa pois o swell que tanto desejavam entrou e acabaram por ficar no resort mais perto do Segredo da Irmandade… Chegados a Padang, Sumatra, a Irmandade embarcou e começou a viagem que mais ansiedade causa no nosso meio! Pedro Rato, Aikon, Ricardo Almeida, Miguel Matos, Gil (do Guincho), João Soares, Xico Carvalho, Jorge Brioso, Tiago Caracol, Marco Esteves e o fotógrafo Brek, tentavam desesperadamente controlar a ansiedade da chegada ao paraíso. Se mesmo com mais de 10 temporadas na Indonésia é difícil controlar os nervos, imaginem quem vai lá pela primeira vez. Se havia um homem realmente calmo a bordo era o Capitão Gonçalo Ruivo, afinal estas águas são a sua casa há anos e gerir a ansiedade de chegar ao paraíso das ondas perfeitas por todo o lado é tarefa menos difícil para este exímio tube rider! Façamos agora um fast forward para uns meses mais tarde! Em conversa com Brek soubemos que a Irmandade tinha descoberto mais uma onda de sonho no mundo das ondas de sonho, e decidimos falar com Miguel Fortes para saber mais pormenores. Começamos a questioná-lo devagar, perguntando-lhe se estava no plano descobrir novas ondas durante a viagem. A resposta não tardou em ser um “pouco” evasiva… “Isso está sempre em mente para qualquer sítio que vá!”. Decidimos ser mais directos e tentar perceber como tinham, ao certo, chegado à onda. “Já tinha ouvido falar nela por alguns surfistas, sabes como é, sempre de antena no ar…”. Estávamos perante um Houdini do surf por isso tentámos outro caminho: “E sabes quem foi o primeiro a experimentar a onda?”, perguntámos. “Não sei mas acho que deve ter sido um aussie qualquer…”, evasão número três. Com estas respostas apenas ficamos a perceber que a onda, apesar de não estar nos “roteiros” surfisticos das Mentawai, já está nos roteiros de algumas Irmandades. “Sim, embora a onda ainda esteja no segredo dos deuses há algumas pessoas, poucas, que já a surfaram”. Depois de partir o gelo, lá conseguimos arrancar ao forte Fortes a informação de que ele já tinha surfado essa onda o ano passado com o Gonçalo Ruivo, pelo que percebemos que esta foi mais uma investida para ver o seu potencial máximo.

| 48 Sabemos alguns, mas não sabemos todos os pormenores que Pedro Rato tive de passar durante a cerimónia de juramento da Irmandade para ter acesso a esta onda. Mas sabemos duas coisas: que poucos conseguiriam passar nessa cerimónia, e que o sacríficio desse momento valeria tudo e mais alguma coisa, tal e qual como Rato veio a descobrir neste dia de sonho no Secret da Irmandade!



Nesse momento pairou-nos a questão sobre os juramentos que a Irmandade deveria ter feito para prometer que nunca divulgaria a localização da onda mas não tivemos coragem de perguntar pormenores sobre o ritual de silêncio pois esses envolvem, como a História tem provado ao longo dos séculos, situações tão macabras como adorar estátuas de pedra enquanto se dança nu em volta de gigantescas lareiras onde ardem os pêlos púbicos dos vários irmãos como sinal de sacrifício. Para desviar a nossa curiosidade sobre esses rituais, passámos à pergunta que sabíamos que iria ser respondida com entusiasmo: “Afinal, como é a onda?”.“Bom, o ano passado não estava a entrar tão bem como este ano e só este ano vi o potencial da onda. É uma direita tubular, rápida e não muito comprida que quebra em cima de um reef raso, embora o take off não seja muito difícil! Não é uma onda que dá muitas vezes pois precisa que alguns factores colaborem juntos.”, confessou-nos. “Factores como…”, tentámos desesperados para saber mais mas certos que esta pergunta veria mais uma magia de Fortes “Houdini”. “Bom… tem que estar swell de sul, maré cheia e vento norte, que não é muito frequente nesta altura do ano”. Nem acreditámos que tínhamos conseguido a resposta. Sentíamos que começávamos a ganhar a confiança do mais importante membro da Irmandade e que estávamos prestes a abrir a Arca Perdida do Surf… Procurámos saber mais, e quisemos saber se haviam outras ondas desconhecidas à volta, resposta que nos poderia ajudar a triangular a localização exacta do Segredo da Irmandade. “Sim, tem mais umas quantas ondas world class à volta…”. Fixe, o Houdini voltou! Tentámos dissimular tentando distrair Fortes com uma pergunta comum: “A onde pode ser comparada com alguma das ondas mais conhecidas das Mentawai?”. “Sim, é uma mini Riffles!”. De água na boca, afinal Riffles é uma das direitas mais tubulares da Indonésia, não conseguimos aguentar mais a pergunta dos 100.000 milhões, aquela mesma que te fez ler este texto até aqui: “Podem revelar a sua localização ou vão guardá-la no segredo dos deuses?”, perguntámos da forma mais casual possível e com aquele tom de “nem ‘tou preocupado com a resposta”… “Nem bêbado!”, respondeu Fortes de imediato! Já alguma vez tiveram aquela sensação de que tudo se encaminha para um sonho e de repente dás por ti a cair num interminável precipício? Se nunca tiveste então temos de te pedir desculpa pois sabemos que tiveste essa sensação ao perceberes que a Irmandade nunca se descoserá sobre a localização deste secret spot. Depois da resposta de Fortes ficámos desarmados e entrámos naquele registo depressivo de perguntas cliché. Ficámos a saber, para nos deixar ainda mais depressivos, que a sua próxima viagem será já para o ano e que, como não poderia deixar de ser, voltará a essa onda. “Sempre, adoro direita tubulares.”, foi a sua resposta. Ficámos também a saber que “sem dúvida” que Fortes tem como ideia procurar novas ondas tal como sem dúvida que não terá dúvidas no que responder quando para o ano lhe perguntarmos onde fica a nova onda que descobriu! Descobrimos ainda que houve muito Amor durante esta estadia, e que, ao contrário do que geralmente acontece, eram elas que queriam e eles que fugiam! Mas elas são sempre mais fortes e toda a Irmandade trocou vários beijos, com a senhora Coral! Chegámos à última pergunta cliché, aquela com que tentamos dar sempre um ar de graça mas rir já não fazia parte do nosso estado de espírito. “Algum episódio mais caricato que tenhas liberdade para contar?”. “Cuidado, em Padang, com os taxistas. Enquanto fomos ao McDonald’s comer deixámos as mochilas no carro e dois do nosso grupo ficaram sem menos umas rupias. Algo que pode acontecer em qualquer parte do mundo. De resto foi tudo tranquilo.” Foi sem tranquilidade nenhuma que terminámos a nossa tentativa de saber a localização do Segredo da Irmandade. Agora só nos resta esperar que para o ano consigamos enfiar-nos à socapa neste restrito grupo. Se o conseguirmos prometemos que vos traremos novidades sobre o novo Segredo da Irmandade, só não prometemos é que divulgaremos a sua localização exacta pois, off the record, ficámos a saber um pouco mais sobre os estranhos rituais de acesso à Irmandade… OF

| 50 Miguel Fortes não só é o Houdini no que toca a esquivarse das nossas perguntas quanto à localização desta pérola nas Mentawai, como é o Houdini quando diz respeito a desaparecer por longos segundos dentro de tubos aparentemente impossíveis, dos quais sai ileso para grande excitação do seu público! E, tal como Fortes, também Gonçalo Ruivo, na foto ao lado, é mestre em encontrar ondas desconhecidas e tubos pouco ou nada surfados!



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Seria tão difícil falar de Alexandre Ferreira “Xaninho” sem falar de surf como seria tocar em algumas das mais relevantes épocas do surf português s e m o m e n c i o n a r . O s e u t a l e n t o e p o s t u r a d e n t r o e f o r a d e á g u a n u n c a f o r a m p o s t o s e m c a u s a m a s n e m s e m p r e f o r a m s u f i c i e n t e s para levar a sua carreira até onde seria justo. Mas isso nunca impediu o surfista d e S. J o ã o d o E s to r i l d e c o m b a te r e t r i u n fa r, a l g o q u e fe z to d a a s u a v i d a e c o n t i n u a a f a z e r h o j e . F i c a a c o n h e c e r a h i s t ó r i a d e A l e x a n d r e F e r r e i r a .


Sabemos que começaste a surfar muito cedo mas que desde aí tiveste de fazer o teu percurso sem grandes ajudas. Podes falar um pouco sobre esse “tema”? A memória mais antiga que tenho do surf penso que é de 1989, com 9 anos, em Carcavelos. Ia de comboio com os meus amigos a partir de S. João e começou a chover torrencialmente por isso eles lembraramse de vestir o fato no comboio para ir a correr até à praia. Eu sempre tive uma estatura baixa e sempre tive uma grande dificuldade em arranjar fatos de surf do meu tamanho por isso tinha de surfar de calções de ganga e camisola de lã. Passei o maior frio da minha vida mas isso não me desmotivou. Ao fim de oito ondas comecei a cortar a onda, e senti-me logo a tentar cortar a onda agachado, já no “triming” e já a tentar fazer os floaters. No ano seguinte tive o meu primeiro fato. Não era do meu tamanho e tive de cortar as pernas e mangas. Na verdade era um fato de menina, tinha maminhas e feixe à frente, mas não era mau para a altura.. Comparando com os dias de hoje consideras que há muitas diferenças em relação à altura em que começaste? Sim, hoje em dia, olhando para trás, faltava-nos material. Para ter wax ainda íamos à loja Boomerang, na Parede, e quando não tínhamos dinheiro fazíamos com a cera de vela. Foi uma altura difícil. Como era o apoio da tua família? A minha mãe é uma mulher de armas. Criou dois filhos sozinha, nunca nos faltou nada para comer. Mas havia coisas que os meus amigos tinham e eu só usufruía através deles. Não me posso queixar muito também, estive sempre rodeado de grandes amigos. Mas não tinha muita coisa e a família não podia ajudar em coisas que precisava para evoluir no surf. Nunca mais me esqueço, uma vez arranquei numa onda no Guincho e meti para dentro de um tubo que, segundo os meus amigos, cabiam “10 Xaninhos” lá dentro. Mas caí, a prancha bateu-me na cabeça e levei 14 pontos. O meu pai vivia nos EUA e disse que eu nunca mais tocava numa prancha, mas dizer isso a um miúdo daquela idade não tinha grande efeito! Ao fim de pouco tempo começou a ser visível que tinhas jeito para o surf, começaste a ter apoios? Sim, na altura veio para cá o Maurício Pereira, um shaper brasileiro que vinha de um local onde o surf estava mais desenvolvido e acabou por ser um dos grandes impulsionadores dos talentos de S. João do Estoril. Ele era grande apreciador e ao mesmo tempo crítico do nosso surf, e foi quem desenvolveu as nossas pranchas. Foi aí que tive a primeira prancha feita mesmo para mim. Essa prancha para mim foi tudo na altura. Para mim o que te diferenciava de seres surfista a sério era teres uma prancha “costumizada” à tua medida. Se fosses à loja comprar uma prancha já não eras bem surfista a sério, do dia a dia. Essa prancha permitiu-me começar a surfar mais e melhor, e fazer amigos como José Gregório, Paulo do Bairro, Marcos Anastácio, Jorge Leote, Grego e Finininho do Guincho. Tiveste logo patrocínio da Atlântico? No início foi um apoio. Ali a filosofia era “nada cai do céu”. Fez-me metade do preço, 12 contos, mas tinha de lhe trazer um bloco. Então comprei uma prancha a um amigo meu, uma Papôa. Descascámos a prancha e ele fez-me essa 5’8”.

É raro Xaninho surfar nos Coxos mas quando lá vai deixa a sua marca. | 54




Além da Atlântico tinha o apoio da Marmota, uma loja em Carcavelos que era muito conhecida na altura e tinha vários patrocinados. Fui lá sozinho pedir patrocínio mas só no terceiro dia é que perdi a vergonha de entrar na loja. Davam-me acessórios, material técnico e t-shirts. Tive também apoio da “Wave Born” que era uma marca de S. João e também recebia umas t-shirts, mas depois acabou. Entretanto surgiu o Circuito Esperanças? Sim, foi em 1993, tinha eu 13 anos. Na altura, sem internet, surgiu um press release que circulou por fax e boca a boca a dizer que o conceito do Circuito Mirim no Brasil ia ser adaptado a Portugal e que tínhamos de estar todos federados e prontos para ir. Isso veio mesmo a calhar! Como correu? Para mim foi inacreditável, era um circuito de 7 etapas e eu cheguei à quarta e fui campeão, venci todos os heats nos sub14. E nos sub17 fiquei em 7º da geral no fim do circuito. Foi um grande impulso para mim. Na altura também apareceu o Portugal Radical e o Sem Limites, e, de repente, começamos a aparecer na televisão a fazer aquilo que mais gostamos.

Na Pedra Branca, como na Poça, o encaixe de Alexandre Ferreira nos tubos é perfeito e não fica atrás de muitos dos melhores tube riders nacionais. 57 |

E isso transformou-se em melhores condições dos teus patrocínios? Sim, a meio desse ano o Miguel Ruivo e o Gonçalo Lopes vieram ter comigo e disseram que iam receber uma marca australiana, a Hot Buttered, que na Austrália patrocinava muitos miúdos que mais tarde vim a conhecer. Eles “agarraram” em mim e No Ruben (Gonzalez) e, em conjunto com o próprio Miguel, uma vez que o Gonçalo acabou por sair, éramos os embaixadores da marca. Tinha pranchas, fatos, material técnico, roupa, tudo! De repente tinha tudo, tudo era fácil, não havia dinheiro por mês mas tinha as inscrições dos campeonatos pagas o que era uma grande ajuda. No ano a seguir subi de escalão, para os sub16, e apanhei com os mais velhos que eram principalmente o Ruben, (Pedro Monteiro) Pecas e (Luís Costa) Macaquinho. Andei o ano todo a fazer 3º e 4º lugar, fizemos os quatro quase todas as finais. Esse foi o ano em que o Tiago Pires venceu pela primeira vez, como tu tinhas feito no ano anterior. Houve quem esperasse uma grande disputa pelo título entre vocês os dois no ano seguinte, mas isso não se realizou. O que aconteceu? Não acompanhei! O nosso percurso competitivo tal como o percurso de vida muda quando novas coisas surgem. De repente mudei de liceu e tive novos amigos e, sob o risco de estar a ser injusto, poderão não ter sido as melhores influências. Muita coisa mudou. E apesar de ter tudo o que precisava para surfar, estava aqui. Na altura o Miguel falava-me em ir para a Austrália mas eu não tinha como, a minha estrutura familiar não permitia. Senti que houve uma quebra muito grande, não tinha dinheiro para ir a França por exemplo. Hoje em dia vejo os miúdos a viajar e a aprender imenso, vê-se uma evolução etapa a etapa. Eu estive ali uns anos na sombra. Quando perdi o patrocínio da Hot Buttered de repente estava sozinho, a usar as mesmas pranchas e fatos que antes. Depois desses anos de alguma estagnação quando é que voltaste a estar em destaque? Uns anos mais tarde o Vinicius Pereira, que era director do Circuito Esperanças, disse-me que se eu algum dia precisasse de alguma coisa que podia contar com ele e com a Lightning Bolt. Eu estava sem patrocínio por isso falei com ele e entrei na marca onde estive em duas alturas distintas. Nessa fase inicial estive dois ou três anos, e depois estive de 2007 até 2012.


Entretanto a tua carreira júnior chegou ao fim, como foi a transição? Ainda tive uns anos bons no Pro-Junior onde competi com surfistas como o Miky Picon, Patrick Beven, Ruben, Saca, Jonathan Gonzalez e outros, e esse foi um circuito onde tive bons resultados. Depois Comecei a correr o circuito Open mais a sério esse ano e ganhei uma etapa, no Guincho. Esse acabou por ser um grande ano para mim, 1999. Que fases/anos para ti se destacam na tua carreira além das que já falaste? Durante toda a minha vida sempre tive grandes quebras e grandes movimentos ascendentes, normalmente acompanhando a minha situação de patrocinado. Quando as marcas caíam eu caía, quando estava a ser bem apoiado corria sempre bem. Durante a segunda fase que estive na Lightning Bolt tive vários anos bons. 2009, por exemplo, foi um bom ano para mim, fui vice-campeão nacional, liderei o ano todo mas “morri na praia”. Também fiquei em terceiro no campeonato da Europa amador, em Jersey. Nessa fase também fiz algumas viagens. A primeira viagem foi à Austrália, que era um dos meus sonhos, fora da Europa só tinha ido a Marrocos. Depois fomos também a Cabo Verde e ao Havai. Sei que gostaste do Havai, como te safaste no meio de tanta gente? É um sítio onde me senti em casa. Sabia para o que ia, sabia que para ser bem sucedido tinha de ser ali. Tive grandes dicas por parte do Rory Russel (exPipeline Master e parte da equipa Lightning Bolt), que me explicou os truques todos. É uma coisa que posso revelar, ele sempre me disse que para se ser bem sucedido no Havai, e que fora de água tinha de ter duas coisas sempre à mão, uma era um saco de erva e outro um six pack (embalagem de seis cervejas). Na água só havia uma coisa a fazer, estar “away from the pack”. Então decidi que para os rabinhos não ia, nem ia mais para dentro. Fui para o segundo reef de Pipeline e fiquei à espera das minhas. E foi assim, apanhei umas boas. Outra coisa, não podes abrir a boca para não denunciar a tua pronúncia estrangeira, não digas nada, é o segredo! Até que o patrocínio, mais uma vez, acabou... Sim, no meu último ano ainda ganhava bem mas de um ano para o outro ia passar para t-shirts e autocolantes, para o team todo. E o que fizeste perante esse panorama? Fui trabalhar, sou técnico de fibras numa empresa de reparações de embarcações de recreio e pesca desportiva. É um trabalho que gosto e onde sinto o meu valor reconhecido... Hoje em dia és um dos veteranos da Liga MOCHE. O que te motiva a continuar a competir? Sou um dos veteranos com orgulho. Os objectivos que me propus foi correr do início ao fim. Rejuvenesce-me, o meu surf sempre cresceu dentro dos campeonatos, vi muitos heats, muitos erros a serem cometidos, sei qual é a fórmula do sucesso, e qual não é. Ainda há pouco tempo tirei um 5º lugar em Ribeira D’Ilhas e isso foi depois de um mês sem surfar. Para terminar, gostavas de ter algum trabalho ligado ao surf? Sim, possivelmente ligado a um clube e um dia partilhar esta experiência que foi um pouco “tirada a ferros” a uma nova geração. De uma maneira que eles queiram ouvir e que não seja impingida. Não gosto de estar a dizer as coisas sem que haja uma procura. OF

Um surfista não pode ser considerado bom se não meter pressão nas manobras, e Alexandre Ferreira utiliza essa sua arma para destruir secções mais criticas da onda. | 58




photo by carlospintophoto.com





The look... + Diogo Appleton, Marrocos. photos by carlospintophoto.com + Pedro Mestre



Bird harmony + Tomรกs Valente, Caxias. photos by carlospintophoto.com + Jorge Matreno


Jervis and Alves relaxed paddle + Raso moment... photos by carlospintophoto.com



John Junior, Carcavelos + Fun memoires... photos by AndrĂŠ Carvalho| Goma + carlospintophoto.com



Miguel Blanco, Guincho + Sand crowd photos by carlospintophoto.com + AndrĂŠ Carvalho| Goma




Tomรกs Fernandes surftrip prank + Frederico Morais, Supertubos photos by carlospintophoto.com



Rodrigo HerĂŠdia, Carcavelos

| photos by Jorge Matreno



Filipe Jervis, Guincho

| photo by carlospintophoto.com


Nicolau Von Rupp, Pedra Branca

| photo by carlospintophoto.com






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